1 - INTRODUÇÃO: 5
2 - TIPOS DE CALDEIRAS: 5
3 - COMPONENTES: 11
3.1 - TUBULÕES: 12
3.2 - TUBOS: 16
3.3 - COLETORES E DISTRIBUIDORES: 17
3.4 - SUPERAQUECEDORES: 18
3.5 - CHICANAS E DEFLETORES: 19
3.6 - VÁLVULAS DE SEGURANÇA E ALÍVIO: 20
3.7 - INVÓLUCRO DA FORNALHA: 22
3.8 - CHAMINÉS: 23
3.9 - REFRATÁRIOS: 23
3.10 - EQUIPAMENTO E DISPOSITIVOS AUXILIARES: 24
3.10.1 - DUTOS DE AR E GASES: 25
3.10.2 - JUNTAS DE EXPANSÃO: 25
3.10.3 - PRÉ-AQUECEDORES DE AR. 26
3.10.4 - SOPRADORES DE FULIGEM: 29
3.10.5 - QUEIMADORES: 31
3.10.5.1 - BLOCO REFRATÁRIO: 31
3.10.5.2 - MAÇARICOS: 32
3.10.5.3 - MATERIAIS: 32
3.10.6 - ECONOMIZADOR: 33
4.3.7 - FADIGA: 42
Caldeiras
8 - INSPEÇÃO: 48
9 - LEGISLAÇÃO: 57
11 - REGISTRO DE INSPEÇÃO: 58
12. ANEXOS: 60
2
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Caldeiras
12.1 - ANEXO I NR - 13 60
12.2 - ANEXO II - LISTA DE VERIFICAÇÃO. 82
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Curso de Inspetor de Equipamentos
Caldeiras
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Curso de Inspetor de Equipamentos
Caldeiras
1 - INTRODUÇÃO:
Depois da água, o vapor é o fluido mais utilizado nos processos industriais e na área de
conforto térmico. Sua utilização se dá em diferentes condições e para os mais variados fins, tais
como:
A principal função de uma caldeira é receber água líquida e energia gerando vapor. Isto é
conseguindo pelo aquecimento de uma certa quantidade de água no interior da mesma. O vapor
pode ser gerado tanto eletricamente como pela queima de combustíveis em sua fornalha.
A produção de vapor por uma caldeira é, pois, uma operação necessária em quase todos
os processos industriais, além de estar presente também em muitos estabelecimentos comerciais
e hospitalares.
2 - TIPOS DE CALDEIRAS:
Basicamente são dois tipos de caldeiras, quais sejam, caldeiras elétricas e caldeiras a
combustão.
Caldeiras elétricas são equipamentos mais simples e, em média, mais baratos do que as
caldeiras a combustão de mesma capacidade e pressão de geração. Elas não requerem muito
espaço para a sua instalação, e, muitas vezes, dispensa pessoal exclusivo para o seu
acompanhamento operacional. Sua eficiência não varia significativamente com a carga. A
temperatura máxima em contato com este tipo de equipamento é a temperatura do vapor, o que
faz com que a sua taxa de deterioração e a necessidade de manutenção sejam reduzidas, uma
vez que não há grande quantidade de refratários ou internos para serem trocados. Elas não
geram vapor superaquecido, apenas vapor saturado e água quente. Também não poluem a
atmosfera e tem baixo nível de ruído.
Já as caldeiras a combustão, além de se rem mais caras, exigem normalmente, mais
espaço para sua instalação e pessoal especializado para a sua operação. Elas são submetidas a
temperaturas elevadas e, estão sujeitas a diversos tipos de deterioração em várias de suas
partes. Isso faz com que seja fundamental: o seu acompanhamento operacional, a inspeção e a
manutenção; de forma periódica. Elas também sofrem grande variação de eficiência conforme a
sua carga operacional. Além disso, elas podem ser projetadas para gerar não somente vapor
saturado, mas também vapor superaquecido em qualquer pressão e cargas variadas. Isto as
torna, praticamente, a única opção para grandes indústrias que necessitam de vapor para
aquecimento e para movimentação de equipamentos. Estes tipos de caldeiras poluem a atmosfera
e trabalham gerando grande nível de ruído.
As caldeiras a combustão se dividem, basicamente em dois tipos básicos: caldeiras
fogotubulares e caldeiras aquatubulares.
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Caldeiras
Também conhecidas como flamotubulares, estas calde iras caracterizam-se por serem
equipamentos simples que trabalham com pressões e taxas de vaporização limitadas, destinando -
se a pequenas produções de vapor.
O modelo mais comum é constituído de um corpo cilíndrico com dois espelhos fixos, nos
quais os tubos contidos no seu interior são mandrilados ou soldados. Estes tubos internos são um
tubo central de fogo, normalmente de diâmetro maior que os demais, que se dispõem em duas ou
mais passagens, por onde fluem os gases. A água, entrando no corpo cilíndrico e envolvendo os
tubos, é aquecida pelo fogo e pelos gases que circulam no interior dos tubos, até a sua
vaporização. Este vaso externo é o determinante da pressão de operação e, quanto maior a
espessura de sua chapa, maiores a pressão do vapor e seu custo . A sua capacidade máxima de
geração e pressão é restrita a 30 t/h e 20 Kgf/cm², respectivamente. Já a sua manutenção, como
dito anteriormente, é mais fácil, uma vez que consiste basicamente da troca de tubos, como num
permutador de calor.
As figuras a seguir mostram caldeiras do tipo flamotubular.
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Caldeiras
Elas têm como característica: a produção de vapor, pelo aquecimento de água que circula
no interior dos tubos. Permitem a produção de grand es quantidades de vapor, em alta pressão e
temperatura. Elas trabalham em todas as faixas de pressões, variando entre muito, baixa pressão
e pressões supercríticas, conforme tabela abaixo:
Estas caldeiras são constituídas por um tubulão superior chamado tubulão de vapor e um
ou mais tubulões inferiores denominados tubulões de lama. Interligando os tubulões têm -se
tubulações dispostas na forma de feixes tubulares e paredes de água. E ntre os tubos do feixe
tubular, ou entre este e as paredes de água se encontra a fornalha, onde é queimado o
combustível escolhido.
Em operação elas transformam a energia potencial dos combustíveis em energia calorífica,
a qual é transformada em vapor.
As superfícies dos tubos expostas ao fogo na fornalha, suportam temperaturas entre 1.200
e 1.600 ºC. Os tubos das paredes de água que também se encontram nesta região são capazes
de absorver calor radiante até 112.000 kcal/cm² hºC.cm, esfriando o refratário que envolve a
fornalha.
Os gases em combustão com temperaturas abaixo de 800 ºC são conduzidos por chicanas
para a parte anterior da fornalha, onde o calor é transferido por convecção para as superfícies de
aquecimento secundário.
Nas zonas radiantes, o calor se transfere diretamente do fogo para as superfícies de
aquecimento e, nas zonas de convecção, o calor se transfere dos gases aquecidos para a
superfície de aquecimento.
Com a finalidade de melhorar o rendimento das caldeiras, os gases quentes, exa uridos da
zona de convecção são aproveitados, primeiramente, para o aquecimento da água de alimentação
e depois para o pré-aquecimento do ar necessário à combustão.
As figuras a seguir, mostram vários tipos de caldeiras aquatubulares:
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Caldeiras
2.2.1 - FUNCIONAMENTO:
O funcionamento básico do sistema água -vapor numa caldeira aquatubular será descrito a
seguir, tomando-se por base as figuras abaixo:
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Caldeiras
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Caldeiras
Para entendermos este funcionamento, usare mos o modelo básico, que é composto pelos
tubulões superior e inferior, pelos tubos ascendentes e descendentes e pela fornalha. O tubulão
superior opera com água até o seu nível médio (cerca de 50%) e o tubulão inferior, afogado, ou
seja, cheio de água. Os tubos ascendentes encontram -se voltados para o lado da fonte de energia
enquanto que, os tubos descendentes, estão na posição oposta, ou seja, não recebem parcela
significativa da energia.
Observando-se a figura, podemos concluir que a transferência de calor e a formação de
vapor se darão apenas nos tubos ascendentes, na face exposta à fonte de energia. Como
conseqüência imediata, um diferencial de peso específico se estabelece entre a água dentro dos
tubos na zona radiante e a água encontrada nos tubos, na zona de convecção. A água com maior
peso específico dos tubos descendentes empurra a água com menor peso específico dos tubos
ascendentes para o tubulão de vapor, iniciando -se então uma circulação natural, a uma
velocidade adequada para a operação da c aldeira.
Ao chegar ao tubulão superior e encontrar a superfície livre, o vapor sairá do seio do
liquido, separando-se e sendo acumulado. Enquanto isso, toda a água líquida passa,
obrigatoriamente, pelo tubulão inferior. Conseqüentemente, todos os depósit os que porventura
possa se formar no interior da caldeira, se acumularão neste vaso.
Nas caldeiras trabalhando com pressões superiores a 140 Kgf/cm², o diferencial de peso
específico estabelecido é baixo, produzindo uma velocidade de fluxo imprópria para a operação.
Nestes casos, utilizam -se bombas para recirculação forçada de água.
O vapor desprendido do tubulão superior é chamado de saturado, pelo seu conteúdo, com
água. O retorno deste vapor para um feixe tubular chamado superaquecedor, na zona de calo r
radiante, permite que mais calor adicionado ao vapor saturado evapore os últimos traços de água
e o transforme em vapor seco ou superaquecido.
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Caldeiras
Caldeiras críticas e supercríticas são aquelas isentas de tubulõ es. As primeiras possuem
um separador de água, e nas segundas a água passa numa tubulação contínua, para a fase do
vapor. Obviamente, o fluxo de água é alimentado por bombas.
3 - COMPONENTES:
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Caldeiras
3.1 - TUBULÕES:
Eles estão divididos em dois gr upos, quais sejam, tubulão superior ou de vapor e tubulão
inferior ou de lama. O tubulão superior é um vaso de pressão cilíndrico cuja finalidade é separar,
acumular o vapor d'água gerado e receber a água de alimentação da caldeira. Convém ressaltar
que podem existir caldeiras com mais de um tubulão superior. Com a finalidade de melhorar a
qualidade do vapor gerado. Estes tubulões são dotados de dispositivos especialmente projetados
para reduzir a presença de umidade no vapor, conhecida como internos do tu bulão, que são
confeccionados em aço carbono, atuando sobre o fluxo água -vapor das seguintes formas:
Força da gravidade;
Força inercial;
Força centrífuga;
Filtração;
Lavagem.
Os internos, cujo funcionamento se baseia nas três primeiras formas, são chamad os de
dispositivos primários de separação de vapor, sendo próprios para uso em pressões de gerações
médias e baixas. Neste caso, enquadram -se os ciclones, as chicanas e os labirintos.
Já os dispositivos de funcionamento baseados em filtração e lavagem, sã o dispositivos
secundários de separação de vapor que se tornam imprescindíveis quando da geração de vapor
em altas pressões. A chamada "filtração", ocorre num conjunto de placas corrugadas ou grelhas,
também conhecidas como telas. A eficiência deste proces so, depende, fundamentalmente, da
área e percurso do fluxo no acessório, do tempo de contato e da velocidade do vapor nos
elementos, que deve ser baixa.
De uma forma geral, as bocas de visita dos tubulões têm fechamento de dentro para fora e
sede elíptica. Isto para permitira a introdução da tampa no tubul ão. É freqüentemente também
que, para compensar o aumento de tensão provocado pela furação dos tubos, a espessura da
chapa do tubulão superior na região de mandrilagem desses tubos seja maior. As figuras a seguir
mostram os diversos acessórios internos de um tubulão superior e, esquematicamente, um corte
transversal de um tubulão superior.
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Caldeiras
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Caldeiras
Os tubulões são dispostos horizontalmente em uma caldeira sendo que, o tubulão inferior,
possui uma leve inclinação no sentido da descarga de fundo, cuja fi nalidade é facilitar a remoção
da lama.
A estes tubulões são fixados os tubos por onde escoam a água e o vapor gerado. Esta
fixação é feita através de mandrilagem, que consiste na expansão do diâmetro de um tubo através
da ação mecânica de roletes calcado s sobre a superfície interna dos tubos. A expansão do
diâmetro do tubo provoca a sua fixação no tubulão por interferência. Alguns projetos exigem que a
extremidade do tubo seja alargada. Neste caso, utiliza -se uma mandriladora com dois conjuntos
de roletes, conforme as figuras a seguir.
Quanto maior o número de roletes, melhor e mais uniforme é a dilatação do tubo. Uma
quantidade insuficiente de roletes pode provocar escamação, trincas, encruamento,
tensionamento excessivo ou irregular e vazamentos.
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Caldeiras
A mandrilagem de um tubo deve ser controlada para evitar falhas por expansão excessiva.
Quando da troca de um tubo, devem ser verificados os diâmetros do tubo novo (interno ou
externo) e do furo do tubulão, uma vez que, após ter sofrido excessivas mandrilag ens, o tubulão
pode apresentar um alargamento de seus furos de tal monta que prejudique a fixação do tubo
novo.
A mandrilagem pode ser feita manualmente ou com ferramenta pneumática. Contudo,
quando for necessária a substituição de um tubo, é recomendável que a mandrilagem seja feita
manualmente. Isto porque a utilização de uma mandriladora pneumática, devido às vibrações e ao
excessivo esforço, pode causar o afrouxamento das mandrilagens dos tubos vizinhos.
Em caldeiras de alta pressão, após a mandrilage m, é efetuada uma solda de selagem
entre os tubos mandrilados e o tubulão.
Após um tubo ter sido removido, o técnico de inspeção deve verificar se não ocorreram
avarias no tubulão e nos ressaltos do furo (grooves). Eventuais avarias podem ser reparadas
utilizando-se um procedimento, qualificado pelo fabricante ou elaborado por profissional habilitado.
3.2 - TUBOS:
Os tubos de uma caldeira são os elementos de maior volume. Para se ter uma idéia, em
uma caldeira cuja produção de vapor seja de 100 t/h, pod emos encontrar mais de 1.800 tubos,
cada um deles com mais de 10 metros de comprimento. Esse conjunto de tubos, que neste tipo de
caldeira possui o diâmetro variando entre 50 e 75 mm, vai formar o que chamamos de fornalha da
caldeira.
Os tubos das caldeiras são construídos em aço carbono, sendo a especificação mais
comum a ASTM A - 178, que é a especificação para tubos de aço com costura. Para esta solda de
costura dos tubos só se admite o processo por resistência elétrica.
Para se impedir a passagem de gases através da parede de tubos, são soldadas as
chapas entre eles, chapas estas chamadas aletas ou chapas de selagem. Desta forma, os tubos
passam a formar um painel ao qual se dá o nome de "parede d'água". Este tipo de montagem tem
sido muito utilizado em projetos modernos, sendo todas as paredes laterais da caldeira montados
em forma de painéis. As figuras a seguir, mostram este tipo de construção.
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Caldeiras
Os coletores são elementos tubulares onde se fixam os tub os de uma parede ou painel. Os
distribuidores interligam os coletores aos tubulões. Em geral, estes elementos estão submetidos
aos gases quentes, sendo protegidos por refratários. A figura a seguir mostra um diagrama,
mostrando a disposição de coletores e distribuidores em uma caldeira.
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Caldeiras
A fixação dos tubos de uma parede ou painel aos coletores pode ser por solda ou por
mandrilagem. No caso de fixação por mandrilagem, é necessária a existência de uma abertura na
parede oposta do coletor para possibil itar a instalação de mandriladora. Esta abertura chama -se
"portaló" que possui sede elíptica, tal qual o tubulão. A figura a seguir exemplifica a montagem de
tubos em coletores.
3.4 - SUPERAQUECEDORES:
vapor uma vez que a presença d e umidade pode vir a provocar a erosão destas máquinas. Logo,
para que esta umidade seja retirada do vapor gerado, é necessário que este vapor seja
superaquecido, ou seja, que ele tenha a sua temperatura elevada além do seu ponto de ebulição
para uma dada pressão. Esta etapa se dá em um componente chamado de superaquecedor.
O superaquecedor nada mais é do que um conjunto de serpentinas, dentro das quais
circula o vapor saturado a ser superaquecido. Eles são, geralmente, colocados na zona de
radiação de chama, onde o fluxo de gases é mais quente.
Devido aos coeficientes de troca térmica, a temperatura da parede metálica dos tubos das
paredes d'água é praticamente igual à da água que circula no interior dos tubos. Na verdade, não
importa quão alta está a tem peratura da chama ou dos gases externos aos tubos; enquanto
houver água no interior do tubo, a temperatura da parede metálica será próxima à da água.
Nas pressões usuais de operação das caldeiras, a temperatura da água é de, no máximo,
480 ºC. Logo, esses tubos são especificados em aço carbono.
No caso dos superaquecedores, não existe água na fase líquida dentro dos tubos sendo a
temperatura da parede metálica bem superior a temperatura do vapor. Desta forma, à medida que
houve necessidade de se aumentar à temperatura do vapor, começou a aparecer os projetos de
superaquecedores onde era preciso aumentar o limite de resistência à fluência dos tubos. Com
isso, começaram a ser utilizados tubos em aços -liga, carbono-molibdênio e cromo-molibdênio. A
figura abaixo mostra um exemplo de disposição de serpentinas de um superaquecedor.
São elementos cuja finalidade é direcionar a passagem dos gases quentes; de forma a
termos um melhor aproveitamento desses gases. Eles são normalmente construídos em alvenaria
(tijolos refratários) ou em chapas de aço carbono.
As chicanas melhoram a troca térmica, distribuindo o calor dos gases. Já os defletores
reduzem o turbilhonamento, direcionam os gases e facilitam o fluxo, eliminando as perdas de
carga. As figuras a seguir mostram, esquematicamente, o fluxo de gases em uma caldeira e o
detalhe das bocas de acesso às regiões das chicanas.
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Caldeiras
São válvulas que evitam que a pressão da caldeira ultrapasse a p ressão máxima de
projeto. Caldeiras de pequeno porte possuem válvulas que podem ser acionadas manualmente.
Caldeiras maiores possuem válvulas acionadas pelo painel de controle. A maioria das válvulas
não permite acionamento pelo operador e abre automaticam ente quando a pressão de operação
da caldeira ultrapassa a pressão para a qual a válvula está regulada. A figura a seguir mostra,
esquematicamente, uma válvula de segurança e alívio.
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Caldeiras
De uma forma geral, caldeiras de grandes capacidades (da ordem de 2 00 t/h), possuem
mais de uma válvula de segurança e alívio. Uma disposição típica é aquela onde se tem uma PSV
no superaquecedor e duas outras no tubulão. Neste caso, uma vez que cada válvula abre a uma
pressão ligeiramente superior à da válvula anterior, a primeira válvula a abrir é a do
superaquecedor, o que faz com que um fluxo de vapor nas serpentinas seja garantido. Se a
pressão da caldeira continuar subindo, uma das válvulas do tubulão se abrirá. Se necessário, as
três ficarão abertas. Se a primeira válvula a abrir fosse a do tubulão, poderia ocorrer
superaquecimento dos tubos do superaquecedor, conforme mostra a figura a seguir.
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Caldeiras
Nos projetos mais modernos, o refratamento interno com tijolos é substituído por um
isolante térmico (lã de rocha ou concreto refratário) e os tubos por painéis de parede d'água.
Estes painéis são mais leves e usam uma pequena quantidade de material refratário, o que faz
com que a temperatura de operação da caldeira seja atingida mais rapidamente. A figura abaixo
mostra este tipo de invólucro.
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Caldeiras
3.8 - CHAMINÉS:
São dutos verticais destinados a garantir a circulação dos gases de combustão das
caldeiras para a atmosfera.
As chaminés podem ser construídas em tijolos, concreto armado ou aço. Quando
construídas em concreto, é necessária a utilização de um revestimento de tijolos ou concreto
refratário. Por outro lado, as chaminés de aço, devem possuir um revestimento com ref ratário
antiácido, de forma que seja evitada a corrosão por condensação de gases ácidos na chaparia da
chaminé. Outros tipos de chaminés construídas de aço usam revestimento refratário para resfriar
a chaparia e permitir a utilização a utilização de espess uras de chapas menores.
3.9 - REFRATÁRIOS:
São materiais cerâmicos, usados sob a forma de tijolos ou concreto monolítico, cuja
finalidade é proteger as partes pressurizadas das caldeiras da incidência de chama, bem como,
para evitar perdas de energia pa ra o exterior da caldeira.
Existem duas grandes classes de refratários, quais sejam, tijolos e concretos isolantes e
tijolos e concretos refratários.
Os tijolos e concretos isolantes são, em geral, leves e possuem baixa densidade e
resistência mecânica, sendo usados, basicamente, para impedir a troca térmica (isolantes
térmicos).
Os tijolos e concretos refratários são duros e possuem alta densidade e baixa
permeabilidade, sendo usados, primordialmente, para vedação de gases e proteção contra a
incidência de chama. A figura a seguir mostra a utilização de concreto refratário para vedação de
gases junto ao tubulão.
Em tubos horizontais, como nos tubos do piso de uma caldeira, são colocados refratários
para evitar que haja vaporização da água, o que viri a a impedir a circulação da mesma na parte
superior do tubo, provocando o seu superaquecimento. Este fenômeno é conhecido como "steam
blanketing" e será visto posteriormente. As figuras a seguir mostram este fenômeno.
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Caldeiras
Os refratários usados em calde iras são do tipo sílico-aluminosos, que consistem de uma
mistura de sílica e alumina. Quanto maior a quantidade de alumina, maior a resistência à
temperatura, ao passo que, quanto maior o teor de sílica, maior é a resistência à condensação
ácida. Este é o motivo pelo qual usam -se refratários de alta alumina junto aos queimadores
(porcentagem de alumina superior a 80%) enquanto que, nas chaminés, são mais indicados
refratários com altos teores de sílica. Os refratários de alta alumina são mais caros que os d e alta
sílica.
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Caldeiras
São equipamentos, como a própria definição denota, utilizados, na grande maioria das
vezes, para melhorar a performance das caldeiras. Os dispositivos mais comuns serão mostrados
a seguir.
A junta de expansão deve possuir um isolamento térmico na sua superfície externa para
evitar o resfriamento do seu fo le. Caso isso aconteça, os gases de combustão no interior do duto
podem se condensar sobre a superfície do fole e provocar a sua corrosão. Na figura abaixo é
mostrado, em detalhe, um dos modelos de junta de expansão mais confiáveis.
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Este tipo de pré-aquecedor vem sendo substituído por unidades mais compactas: os pré -
aquecedores regenerativos.
Estes pré-aquecedores são constituídos por um mo tor que opera em baixa rotação (2 a 3
rpm), girando um rotor inteiramente metálico que contém cestos que atuam como
"transportadores" de calor.
O princípio de funcionamento consiste no fato de os gases quentes aquecerem uma massa
metálica (cestos). Conforme o rotor gira, a massa metálica aquecida é colocada em contato com o
ar frio, transferindo o calor acumulado para este ar que entra na caldeira. A operação é contínua,
ou seja, é, se aquecendo, a outra metade, aquecida anteriormente, está em contato com o ar frio,
aquecendo este e resfriando -se. O que torna o processo ininterrupto é a existência de diversos
cestos, que giram em torno de um eixo, ora passando pelo duto de gás quente, ora passando pelo
duto de ar frio. Em resumo, podemos dizer que, em cada giro completo do rotor, o conjunto recebe
calor dos gases quentes e cede calor ao ar frio. A figura a seguir ilustra esta operação.
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Caldeiras
Para se fazer à vedação entre os cestos rotativos e as paredes dos dutos existem chapas
finas flexíveis, fixas ao conjunto rotativo. Estas chapas são reguláveis, de forma a se deixar uma
folga suficiente para a rotação do conjunto sem sobrecarregar o acionamento mecânico. A
corrosão dessas chapas provoca a perda da eficiência do pré -aquecedor, devido às fugas de
gases de um duto para o outro.
Eles têm por finalidade manter as superfícies de troca térmica limpas de cinzas e fuligem.
São chamados também de ramonadores e têm, em geral, a forma tubular possuindo diversos
tubos ao longo de seu comprimento para a saída de vapor em forma de jato.
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Caldeiras
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Caldeiras
3.10.5 - QUEIMADORES:
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Caldeiras
Proporcionar uma mistura mais homogênea entre o combustível e o ar devido ao seu formato
(bocal);
Contribuir para aumentar a eficiência da combustão, pois recebe calor da chama e o transmite
à mistura a ser queimada, ajudando na ignição do combustível e na estabilidade da
combustão. Por isso, torna -se difícil iniciar a queima, quando o bloco refratário se encontra
frio, durante a partida;
Servir para formar o corpo da chama, impedindo ou reduzindo a incidência nos tubos.
3.10.5.2 - MAÇARICOS:
Estes tipos de maçarico podem ser de queima simples ou de queima combinada. De uma
forma geral, os queimadores de óleo possuem, além do maçarico propriamente dito, um bloco de
refratários conhecido com bloco primário ou "boca do queimador", no interior do qual o maçarico
se projeta. O maçarico é à parte do queimador onde se verifica a queima do óleo e consistem
essencialmente de duas pecas, quais sejam, o bico e o corpo do maçarico.
Os maçaricos de queima combinada são os mais em pregados em refinarias. No mesmo
queimador podem ser usados tanto os óleos como o gás. Já quando é utilizada a queima
simultânea de óleo a gás no maçarico, ou seja, em queima combinado gás -óleo, a operação não é
muito fácil, devido às dificuldades de se ma nter a queima estável.
3.10.5.3 - MATERIAIS:
durante o uso é possível que o bico seja submetido à têmpera. Já os bicos dos queimadores a
gás, quando sujeitos ao ataqu e por cinzas fundidas, devem ser especificados em aço inoxidável
50 Cr - 50 Ni. As figuras a seguir mostram tipos de queimadores utilizados em caldeiras.
3.10.6 -
ECONOMIZADOR:
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Caldeiras
Devido à importância das caldeiras para a operação das industrias que necessitam de
vapor, deve-se procurar evitar a possibilidade de processos corrosivos no sistema de geração de
vapor.
A corrosão no sistema de vapor, turbina e condensador, podem aparecer de forma
uniforme, e, na maior parte das vezes, na forma localizada por pites ou alvéolos. A corrosão
localizada é extremamente perigosa, porquanto mesmo os tubos novos, ou relativamente novos,
poderão furar com a conseqüente parada do equipamento para trocá -los. Esta parada, além do
prejuízo do equipamento, acarreta um prejuízo de valor incalculável, que é a parada da planta,
quando não houver caldeira reserva.
As incrustações nas tubulações das cald eiras poderão acarretar falta de refrigeração das
paredes dos tubos, ocorrendo elevação localizada de temperatura e, como conseqüência,
estufamento e rompimento do tubo. Prejuízos de grande monta são decorrentes do constante
aumento do consumo de óleo para gerar uma mesma quantidade de vapor em uma caldeira que
apresenta incrustações.
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Caldeiras
- Meio Ácido:
Fe Fe 2+ + 2e
2H + 2e H2
Fe Fe2+ + 2e
HOH + ½ O 2 + 2e 2 OH -
3Fe + 4H 2O Fe3O4 + 4 H2
2NaSO3 + O2 2 NaSO4.
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Caldeiras
N 2 H 4 + O 2 2 H 2 O + N 2.
Concentrações elevadas de hidróxido de sódio (soda cáustica acima de 5%) podem migrar
para fendas ou locais, onde a magnetita foi previamente destruída, reagindo diretamente com o
ferro, conforme a reação seguinte:
Fe + 2NaOH Na2FeO2 + H2
Este tipo de corrosão ocorre quando a parede do tubo da caldeira recebe um fluxo de calor
muito elevado ou quando o tubo tem circulação deficiente. Nesta condição ocorre uma
concentração de hidróxido de sódio, no filme, junto à parede aquecida, que provoca alta s taxas de
corrosão, às vezes associada à espessa formação de magnetita. Este problema é maior em tubos
horizontais que recebem calor na parte superior.
É a formação de uma grande bolha de vapor que restringe ou impede a circulação de água
no tubo. Com a falha da circulação ocorre superaquecimento da parede provocando alteração
metalúrgica e corrosão interna.
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Caldeiras
É uma forma de corrosão sob tensão que provoca trincas intercristalinas (entre os grãos de
estrutura cristalina do aço).
Ocorre em locais tencionados (estojos, rebites, soldas com dureza elevada, mandrilagens
e elementos calandrados ou conformados), submetidos a concentrações elevadas de soda
cáustica.
As concentrações de soda usua is em água de caldeira não são suficientes para provocar a
fragilização. Entretanto, em locais de vaporização elevada ou onde haja expansão da água
(vazamentos, por exemplo), pode ocorrer aumento localizado da concentração de soda.
Ocorre em caldeiras operando a pressões elevadas (da ordem de 125 bar - 1.800 psi). A
formação do hidrogênio está associada a depósitos porosos e aderentes à superfície metálica e a
variações no pH da água da caldeira. Com pH baixo pode ha ver ataque do ferro com liberação de
hidrogênio atômico. Usualmente, o hidrogênio formaria molécula e sairia da caldeira junto com o
vapor. Entretanto, a condição de pH, a pressão elevada e alguns contaminantes no depósito
podem impedir a formação de moléc ula e o átomo de hidrogênio pode permear na estrutura
cristalina do aço. A difusão do hidrogênio nos aços e os mecanismos de fratura e fragilização são
ainda mal compreendidos. É usual explicar a fratura de elementos de caldeira por hidrogênio, pela
formação de metano, devido à reação do hidrogênio com o carbono da ferrita (fase cristalina do
aço). É aceito que o metano formado provoca pressurização localizada a ponto de provocar o
rompimento. Sabe-se, entretanto, que outros mecanismos de fragilização podem existir.
Uma das teorias supõe que o hidrogênio enfraquece a coesão entre os átomos. Outra
supõe que os átomos de hidrogênio alojam -se em locais de desalinhamento de empilhamento dos
átomos de ferro (discordâncias) e impedem a movimentação dos planos de átomos. Como a
movimentação dos planos é a responsável pelo comportamento dútil, o aço adquiriria
comportamento frágil.
Agentes quelantes são substâncias adicionadas à água de caldeira que reagem com
impurezas (cálcio, magnésio, ferro e cobre) e formam sais solúveis e estáveis termicamente.
Desta forma, a formação de depósitos pode ser praticamente eliminada. Estes produtos, quando
usados em concentração elevada, podem provocar corrosão. O uso de tratamento com agent e
quelante exige muito cuidado no controle. Existem casos de falhas graves em caldeiras onde
ocorreu concentração alta, porque os operadores adicionavam um excesso de agente quelante
para compensar elevações ocasionais na dureza da água. A corrosão geralme nte se apresenta de
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Caldeiras
forma uniforme, ocorrendo em locais de maior velocidade, podendo apresentar, também, forma
alveolar.
4.2.6 - "HIDE-OUT":
A conseqüência do hide -out é a falta de refrigeração das paredes do tubo, onde ele se
estabelece, contribuindo para que seja atingido seu ponto de amolecimento. Nestas condições o
tubo sofre estufamento e pode se romper. Há formação do chamado "joelho" ou "laranja" nos
tubos.
4.3.1 - OXIDAÇÃO:
Exposto ao ar, o aço-carbono pode trabalhar em temperaturas de até 480 ºC, sem
apresentar oxidação acentuada. Esta temperatura é próxima das temperaturas usuais do vapor de
alta pressão gerado nas caldeiras. A combustão nos queimad ores faz com que o teor de oxigênio
nos gases que circulam na caldeira seja baixo. Esta atmosfera pouco oxidante não provoca
corrosão externa significativa dos tubos da caldeira.
A oxidação pode ser acentuada nos superaquecedores ou em tubos com deficiênc ia de
circulação ou com incidência de chama. Neste caso, forma -se um óxido negro, fortemente aderido
à superfície metálica.
A temperatura de fusão das cinzas pode ser elevada a ponto de não causar problemas, se
o excesso de ar de combustão não ultrapass ar 3%.
O piso refratário sofre a ação das cinzas fundidas e do óleo derramado pelos maçaricos.
Este óleo é lançado sobre o piso em condições anormais de queima. Os resíduos de óleo e cinzas
difundem pela estrutura do refratário, formando novas fases cerâm icas. Algumas fases têm
volume maior que a fase original.
Uma das formas de corrosão mais conhecidas e mais graves é aquela devida à
condensação de ácido sulfúrico.
O enxofre é encontrado no combustível, principalmente, sob a forma de sulfatos, sulfetos e
mercaptans. Combustíveis contendo compostos de enxofre liberam SO 2 durante a queima. O SO 2
pode se transformar em SO 3 que, por sua vez, se transforma em H 2SO4 quando absorve água. O
SO2 se transforma em SO 3 de acordo com a reação abaixo:
SO2 + 1/2 O 2 SO 3
Fe2O3
V 2 O5
O SO2 reage com o oxigênio não usado na combustão e forma o SO 3. Esta reação não é
possível em temperaturas elevadas, da ordem de 550 ºC (temperatura para máxima conversão de
SO2 para SO 4) e auxílio de catalisadores. O s catalisadores mais indicados são o pentóxido de
vanádio (V 2O5) e o óxido de ferro (Fe 2O3). Estas condições são aquelas que existem nas fornalhas
das caldeiras. Na região do "bank" da caldeira a temperatura dos gases é bem próxima à
temperatura de 550 ºC e as cinzas que recobrem os tubos são ricas em pentóxido de vanádio e
óxido de ferro.
Para a transformação de SO 3 em ácido sulfúrico é necessário que o SO 3 reaja com a água.
Os gases de combustão são ricos em vapor d'água que reagem com o SO 3, de acordo com a
reação abaixo:
O ácido formado estará sob a forma gasosa nos gases de combustão. Ao longo da caldeira
os gases vão se resfriando ao trocar calor com os tubos. Quando a temperatura cai abaixo da
temperatura de condensação do áci do, este se liquefaz e se deposita nas paredes e tubos da
caldeira. A temperatura de condensação, também chamada de temperatura de ponto de orvalho,
é geralmente próxima de 180 ºC. Esta temperatura é variável em função de teor de enxofre do
combustível e das condições de operação da caldeira.
Existem tabelas e gráficos que estima o ponto de orvalho, a partir do teor de enxofre e das
condições de queima da caldeira. Também podem ser usados instrumentos especiais que,
introduzidos nos dutos de gases medem a t emperatura de condensação.
As paredes mais sujeitas à condensação ácida são os dutos de gases, os pré -aquecedores
e a chaminé.
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4.3.6 - FLUÊNCIA:
Fluência pode ser definida como uma deformação que ocorre com materiais tencionados a
alta temperatura, por longo período de tempo. Em caldeiras, os elementos mais sujeitos à fluência
são os tubos do superaquecedor. A fluência pode se manifestar sob a forma de aumento do
diâmetro dos tubos e por flambagem. Com o aumento do diâmetro, advém a redução de
espessura de parede e o rompimento pela pressão interna.
4.3.7 - FADIGA:
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Caldeiras
Quando a trinca atinge um tamanho crítico, o metal rompe rapidamente, provocando a marca
irregular.
Em caldeiras, a fratura em baixa temperatura será encontrada em elementos rotativos de
bombas e sopradores. Alguns elementos de tub ulação e partes estruturais submetidos a
oscilações também poderão apresentar trincas de fadiga. Os locais mais propícios à fratura são os
cordões de solda.
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Na fadiga sob fluência, o material é submetido a variações de tensão em alta temperat ura.
A resistência do aço à fadiga e à fluência, diminui bastante com a elevação da temperatura. Isto
significa dizer que o número de ciclos de tensionamento necessário para a fratura é menor em
temperatura elevada. Em determinadas condições de temperatura e nível de tensão, o número de
ciclos pode ser da ordem das dezenas e coincidir com o número de variações de pressão
ocorridas na caldeira.
O trincamento assume a forma de trincas perpendiculares `a superfície, trincas estas
transgranulares e em número e levado.
4.3.10 - SUPERAQUECIMENTO:
Superaquecimento pode ter diversas causas, como por exemplo, incidência de chama,
falta ou deficiência de circulação de água, "steam blanketing" e depósitos internos.
O superaquecimento pode provocar oxidação acentuad a e diminuição da vida útil à
fluência. Alguns fenômenos metalúrgicos tais como a precipitação de fases e carbonetos, a
esferoidização, a grafitização e o crescimento de grão são promovidos pelo superaquecimento.
Estes fenômenos modificam as propriedades mecânicas do aço, alterando limites de resistência e
alongamento e provocando rompimentos na pressão de operação.
Uma avaria particularmente conhecida do pessoal de manutenção de caldeiras é a
chamada "laranja". É provocada pelo superaquecimento localizad o de um tubo. Forma-se quando
um depósito interno (óxido, graxa, óleo arrastado pela água ou sais incrustados) não permite a
refrigeração de um trecho do tubo.
A tensão de escoamento cai localizadamente e a pressão interna provoca o crescimento
de uma protuberância na parede superaquecida.
As laranjas, geralmente, ocorrem na zona de radiação da caldeira, no lado dos tubos
voltado para a chama. Quase sempre são devidas à deficiência no tratamento da água. A figura a
seguir mostra, esquematicamente, uma l aranja em tubo de caldeira.
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Materiais como o AISI 410, quando empregado em bicos de queimadores, podem trincar
durante as operações de remoção da lança do queimador. Quando se encontra sem os fluxos de
óleo e vapor, o bico do queimador fica sem refrigeração, atingindo temperaturas superiores a 900
ºC. Ao ser removida, o bico entra em contato com o ar frio externo, resfriando -se bruscamente.
Com isso, as tensões térmica s geradas pelo resfriamento provocam o trincamento dos bicos.
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Queimar combustível com baixos teores de enxofre e sódio por 12 horas antes do
apagamento da caldeira;
Efetuar lavagem e neutralização, incluindo hidrojateamento d o pré-aquecedor;
Secar a caldeira com acendimento dos queimadores, com combustível com baixo teor de
enxofre;
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Sabe-se que a excessiva incrustação nas paredes internas dos tubos de uma caldeira
submete o metal a um superaquecimento, provocando deformações plásticas localizadas,
conhecidas por laranjas, que podem le va-los até mesmo à química destes equipamentos, limpeza
esta que pode ser alcalina ou ácida.
Este tipo de limpeza é utilizado, com o objetivo de remover: óleos, graxas ou vernizes,
aplicados durante a montagem das caldei ras ou após a sua manutenção. Visa também, neste
último caso, a remover depósitos pouco aderentes de óxido de ferro. Esta operação é conhecida
como boiling out.
Em caldeiras que já estão em operação, são usadas, principalmente, para facilitar a
operação de limpeza ácida posterior, condicionando os depósitos existentes, tornando -os porosos.
As substâncias mais usadas na limpeza química alcalina são as mencionadas a seguir:
soda cáustica;
barrilha ou carbonato de cálcio;
fosfatos;
dispersantes;
tensoativos;
etc.
Este tipo de limpeza tem como objetivo a remoção dos depósitos que não podem ser
retirados pela limpeza alcalina. Essa remoção pode ser feita por solubilização ou deslocamento do
depósito. Dependendo da natureza quími ca do depósito, são utilizados diferentes ácidos
inorgânicos ou orgânicos.
Como os ácidos podem, após remover os depósitos, corroer os vários tipos de aço
utilizados em caldeiras, costuma -se adicionar inibidores às soluções dos ácidos. Assim, no caso
do emprego do ácido clorídrico, usa -se como inibidor de corrosão a dietiltiouréia.
Evidentemente, o tempo despendido para a realização da limpeza química ácida, varia em
função da quantidade de incrustação.
Após a limpeza química ácida, é recomendável uma ne utralização. Esta operação tem o
objetivo de conseguir a passivação das superfícies metálicas limpas.
Uma lavagem química ácida compreende, em geral cinco etapas, as quais são:
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passivação.
Dentre os fatores que fazem com que a operação de lavagem química seja eficiente, estão
os mencionados a seguir.
c) Concentração.
d) Circulação - Existem dois tipos de circulação usados na limpeza química das caldeiras: difusão
e correntes térmicas.
Na limpeza ácida, a caldeira deve ser acesa para o aquecimento da água a uma
temperatura de 60 ºC e, em seguida, ser apagada. Após uma hora, deve -se dosar o ácido
necessário.
Na circulação forçada, um tanque intermediário e uma bomba centrífuga são usados,
sendo a solução injetada pelo f undo da caldeira, fluindo pela pare superior, retornando, então, ao
tanque intermediário.
Durante a realização da lavagem química ácida, o técnico de inspeção deve fazer o
acompanhamento da taxa de corrosão do processo mediante a instalação de cupons de c orrosão
em locais onde há a circulação.
Ao final da lavagem, o técnico de inspeção deve solicitar a remoção de um trecho de tubo
para proceder a uma inspeção visual interna a fim de se certificar que a limpeza foi eficiente.
8 - INSPEÇÃO:
Antes de iniciar a inspeção é muito importante que o técnico de inspeção conheça bem as
características principais do equipamento a ser inspecionado. Além disso, ele também deve
familiarizar-se com os desenhos e croquis existentes e conhecer o histórico do equipamento
através dos relatórios disponíveis.
É aquela realizada com o equipamento em condições normais de operação. Isto faz com
que se tenha mais tempo disponível para outras tarefas de inspeção, durante, por exemplo, uma
parada para manutenção.
Este tipo de inspeção deve ser feito diariamente e, registrados em lugar apropriado. Itens
como a carga da caldeira, tipo de combustível utilizado bem como seus teores de contaminantes
(se for possível), além de quaisquer outros dados releva ntes devem ser registrados.
De uma forma geral, o roteiro a ser seguido pelo técnico de inspeção durante a inspeção
de uma caldeira em operação deve levar em conta as etapas listadas a seguir.
8.1.1 - PREPARATIVOS:
Ler relatório emitido pela operação, atentando para as principais variáveis de processo que
impliquem diretamente no monitoramento de deterioração;
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Outras indicações de avarias graves são o aumento da tempe ratura dos gases de combustão
(medidos na chaminé), queda na temperatura do vapor gerado e necessidade de aumento de
carga térmica para a manutenção dos níveis de geração do vapor. Todos estes sinais podem
significar vazamentos de vapor, de gases ou queda das paredes direcionais.
Sempre que estes vazamentos forem de grande porte, torna -se imperativo a parada da
caldeira, uma vez que, dessa forma, evita -se o agravamento dos problemas e o aumento tanto do
risco operacional como do custo da manutenção.
8.1.4 - TESTES:
Com a caldeira em operação, o único teste a ser realizado é o das válvulas de segurança
das caldeiras. Estes testes devem ser realizados a cada doze meses, conforme recomenda a NR -
13, nos seus itens 13.5.3 e 13.5.4, para que a caldeira possa ter sua campanha prorrogada.
Existem dois procedimentos de teste de válvula de segurança, quais sejam:
Convencional: que é realizado com elevação de pressão até a sua abertura (o chamado
"pop"). Neste teste, o comportamento da válvula pode ser observad o durante sua abertura e
fechamento;
Alternativo: que utiliza um cilindro hidráulico acoplado com a haste e que possui a finalidade
de indicar a pressão de abertura, dispensando o "pop", sem, no entanto, proporcionar a
possibilidade de se observar o seu co mportamento durante a abertura e fechamento.
A seqüência das válvulas a serem testadas; devem seguir a ordem decrescente de suas
pressões de abertura de projeto.
Caso ocorra, a pressão em que a válvula apresentar passagem de vapor antes de sua
abertura e durante a elevação de pressão;
Pressão de abertura da válvula;
Comportamento durante a abertura da válvula;
Pressão de fechamento da válvula;
Comportamento durante o fechamento da válvula;
Pressão em que, após o fechamento, a válvula apresente estanqueidade.
A inspeção em paradas pode ser dividida em duas etapas, quais são: preparação e estudo,
e execução da inspeção propriamente dita. Ela tem a finalidade principal de observar as
condições físicas do equipamento.
Logo, para se proceder a uma inspeção em parada de manutenção, deve ser seguido o
procedimento a seguir:
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a) FORNALHA:
Realizar pré-teste hidrostático para verificar vazamentos nas mandrilagens dos tubulões e
aqueles ocasionados por possíveis furos em tubos da parede d'água e do piso;
Inspecionar os tubos quanto à corrosão e presença de laranjas;
Inspecionar as aletas dos tubos das paredes, do piso e teto quanto à presença de furos e
perda de espessura;
Realizar medição de espessura pelo método de ultra -som nos tubos das paredes, do piso, teto
e coletores.
b) "BANK":
c) SUPERAQUECEDOR:
d) TUBULÕES:
Inspecionar os tubos de interl igação com os coletores superiores das paredes laterais;
Realizar medição de espessura pelo método de ultra -som;
Inspecionar visualmente e através de medição de espessura pelo método de ultra -som os
tubos de interligação com o coletor de entrada do superaq uecedor;
Realizar ensaio interno por partículas magnéticas em todas as soldas longitudinais e
circunferenciais e em todos os bocais de BV's, PSV's e conexões;
Realizar ensaio por líquido penetrante nas soldas das conexões externas.
e) SERPENTINA DE PRÉ-AQUECIMENTO:
f) QUEIMADORES:
g) RAMONADORES:
h) DUTOS DE AR E GASES:
i) PRÉ-AQUECEDOR DE AR A VAPOR:
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J) PRÉ-AQUECEDOR DE AR A GÁS:
Inspecionar visualmente quanto à corrosão dos tubos, presença de incrustações, furos e perda
de espessura através de martelamento;
Verificar a integridade dos espelhos;
Inspecionar visualmente a estrutura e chicanas quanto à corrosão e presença de trincas e de
incrustações.
k) PRÉ-AQUECEDOR DE AR REGENERATIVO:
Inspecionar visualmente os cestos da parte fria, interm ediária e quente quanto à corrosão,
presença de incrustações, perda de espessura dos elementos de troca térmica e trincamentos
em sua estrutura;
Inspecionar os cestos da parte fria, intermediária e quente através de pesagem;
Inspecionar visualmente as sela gens radiais e axiais quanto à corrosão, trincas e sua fixação.
l) REVESTIMENTOS REFRATÁRIOS:
8.2.4 - TESTES:
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Caso ocorra, a pressão em que a válvula apresentar de vapor antes de sua abertura e durante a
elevação de pressão;
2) pressão de abertura da válvula;
3) Comportamento durante a abertura da válvula;
4) Pressão de fechamento da válvula;
5) Comportamento durante o fechament o da válvula, uma vez que a válvula deve fechar de uma
só vez, não se admitindo que a válvula fique "batendo" (fechando e abrindo até o fechamento
total);
6) Pressão em que, após o fechamento, a válvula apresente estanqueidade.
Todas as espessuras encontradas devem estar acima do valor mínimo admissível, sem risco
de atingi-lo durante a campanha seguinte, considerando que a taxa de corrosão anterior se
manteve. O critério para avaliação da espessura dos tubos adota como base a diferença entre
a espessura nominal e a sobre -espessura de corrosão de projeto. Ao se atingir este valor de
espessura, faz-se de novo o cálculo seguindo -se o código de projeto do equipamento;
As deformações circunferenciais localizadas (laranjas), de uma forma geral, não deverão ser
aceitas;
Teste hidrostático é considerado aceito se, durante o período mínimo de trinta minutos, não se
observar indícios de vazamento e queda de pressão nos manômet ros de teste. No caso de
teste hidrostático estrutural serão admitidos vazamentos em juntas e mandrilagens desde que,
a pressão de teste de estanqueidade, tais vazamentos não persistirem;
A camada de incrustação no interior dos tubos das paredes d'água, va por e superaquecedor;
deve ser totalmente removida no caso da realização de uma limpeza química. Uma fina
camada em algumas regiões pode ser aceita após uma rigorosa análise, sendo então
realizado um estudo, junto com a operação, quanto ao período da próxi ma campanha e sua
severidade.
8.3.2 - REFRATÁRIO:
Deverá ser removido o refratário que estiver friável e que, quando raspado, apresentar uma
perda de espessura superior a 1/3 da original ou ainda se a penetração do estilete for superior
a 1/3 da espessura original;
Nas regiões onde o refratário possua trincas com abertura superior a 5 mm, deve ser
verificado o estado da chaparia externamente quanto a avarias (pintura queimada,
deformações ou furos) e realizar martelamento no refratário para verificar sua fixação. Caso
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sejam detectadas avarias na chaparia e/ou refratário solto, este deverá ser substituído
abrangendo uma região que permita sua perfeita ancoragem;
Verificar se, quando da existência de ancoragem exposta, há ataque químico no refratário
remanescente. Em caso afirmativo, substituir toda a área. Se o refratário remanescente estiver
firme, verificar se o estado da chaparia externa no local quanto a deformações e/ou queima da
pintura. Havendo avarias na pintura, substituir o refratário;
Havendo queda de material, se a perda de espessura não for superior a 1/3 da original e o
refratário estiver firme, o mesmo só deverá ser substituído se houver dano na chaparia
externa.
O teste final de PSV's é considerado aceito se a pressão de abertura encontrar -se dentro
do intervalo especificado pelo código ASME para sua pressão de projeto e a diferença relativa
entre a pressão de abertura e de fechamento for menor ou igual a 7% para as PSV's localizadas
no tubulão e 4% para aquel as localizadas no superaquecedor. Todas as PSV's deverão
apresentar estanqueidade à pressão de operação da caldeira. Esta ocorrência é indício que a
sede da válvula pode ter sido arranhada ou danificada. A causa deste tipo de dano, pode ser a
presença de óxidos e sujeira no tubulão superior.
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9 - LEGISLAÇÃO:
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11 - REGISTRO DE INSPEÇÃO:
Para cada caldeira deverá ser mantido um registro que contenha todas as informações
referentes à mesma, desde a sua documentação de projeto e montagem, até as ocorrências
desde o início da operação da caldeira.
Após cada inspeção deverá ser emitido um relatório onde deverão ser menci onadas todas
as observações acerca dessa inspeção, bem como os reparos executados e as recomendações
para os serviços a serem executados na parada seguinte. É mostrado abaixo, um exemplo de
itens a serem descritos na elaboração do relatório de inspeção.
1 - INTRODUÇÃO:
1.1 - DADOS TÉCNICOS.
1.2 - COMENTÁRIOS GERAIS.
4.7 - AR DE SELAGEM.
4.8 - CONDICIONAMENTO DE ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO:
4.8.1 - CONDENSADOR DE ÁGUA PARA DESAERAÇÃO.
4.8.2 - DESAERADOR DE ÁGUA.
4.8.3 - ACUMULADOR DE ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO.
4.8.4 - AQUECEDORES DE ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO.
4.9 - PROTEÇÃO TÉRMICA DOS SISTE MAS ANEXOS.
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4.10 - TUBULAÇÃO.
6 - ENSAIOS DINÂMICOS.
10 - CONCLUSÕES.
11 - EQUIPE DE INSPEÇÃO.
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12. ANEXOS:
12.1 - ANEXO I NR - 13
NR - 13
D.O.U. de 26/04/95.
13.1.1 Caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e acumular vapor sob pres são
superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, excetuanto -se os
refervedores e equipamentos similares utilizados em unidades de processo.
13.1.2 Para efeito desta NR, considera -se "Profissional Habilitado" aquele que tem competência
legal para o exercício da profissão de engenheiro nas atividades referentes a projeto de
construção, acompanhamento de operação e manutenção, inspeção e supervisão de
caldeiras e vasos de pressão, em conformidade com a regulamentação profissional
vigente no País.
13.1.4 Constitui risco grave e iminente a falta de qualquer um dos seguintes itens:
13.1.5 Toda caldeira deve ter, afixada em seu corpo, em local de fácil acesso e bem visível,
placa de identificação indelével com, no mínimo, as seguintes informações:
a) fabricante;
b) número de ordem dado pelo fabricante da caldeira;
c) ano de fabricação;
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13.1.6 Toda caldeira deve possuir no estabelecimento onde estiver ins talada, a seguinte
documentação, devidamente atualizada:
13.1.7 O "Registro de Segurança" deve ser constituído de livro próprio, com páginas numeradas,
ou outro sistema equivalente onde serão registradas:
13.1.7.1 Caso a caldeira venha a ser cons iderada inadequada para uso, o "Registro de
Segurança" deve conter tal informação e receber encerramento formal.
13.1.8 A documentação referida no subitem 13.1.6 deve estar sempre à disposição para
consulta dos operadores, do pessoal de manutenção, de ins peção e das representações
dos trabalhadores e do empregador na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes -
CIPA, devendo o proprietário assegurar pleno acesso a essa documentação.
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13.1.9 Para os propósitos desta NR, as caldeiras são classificadas em trê s categorias:
a) caldeira de categoria "A" são aquelas cuja pressão de operação é igual ou superior a
1.960 kPa (19,98 Kgf/cm²);
b) caldeiras da categoria "C" são aquelas cuja pressão de operação é igual ou inferior a
588 kPa (5,99 Kgf/cm²) e o volume int erno é igual ou inferior a 100 litros;
c) caldeiras da categoria "B" são todas as caldeiras que não se enquadram nas
categorias anteriores.
13.2.3 Quando a caldeira for instalada em ambiente aberto, a "Área de Caldeiras" deve
satisfazer os seguintes requisitos:
13.2.4 Quando a caldeira estiver instalada em ambiente confinado, a "Casa de Caldeiras" deve
satisfazer os seguintes requisitos:
13.2.5 - Constitui risco grave e iminente o não atendimento aos seguintes requisitos:
a) para todas as caldeiras instaladas em ambiente aberto, as alíneas "b", "d" e "f" do
subitem 13.2.3 desta NR;
b) para as caldeiras da categoria "A" instaladas em ambientes conf inados, as alíneas "a",
"b", "c", "d", "e", "g" e "h" do subitem 13.2.4 desta NR;
13.2.6 Quando o estabelecimento não puder atender ao disposto nos subitens 13.2.3 ou 13.2.4
deverá ser elaborado "Projeto Alternativo de Instalação", com medidas complementares
de segurança que permitam a atenuação dos riscos.
13.3.1 Toda caldeira deve possuir "Manual de Operação" atualizado, em língua portuguesa, em
local de fácil acesso aos operadores, contendo no mínimo:
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Curso de Inspetor de Equipamentos
Caldeiras
13.3.3 A qualidade da água deve ser controlada e tratamentos devem ser implementados,
quando necessários, para compatibilizar suas propriedades físico -químicas com os
parâmetros de operação da caldeira.
13.3.4 Toda caldeira a vapor deve estar obrigatoriamente sob operação e controle de o perador
de caldeira, sendo que o não atendimento a esta exigência caracteriza condição de
risco grave e iminente.
13.3.5 Para efeito desta NR, será considerado operador de caldeira aquele que satisfizer pelo
menos uma das seguintes condições:
13.3.9 Todo operador de caldeira deve cumprir um estágio prático, na operação da própria
caldeira que irá operar, o qual deverá ser supervisionado, documentado e ter duração
mínima de:
13.3.10 O estabelecimento onde for realizado o estágio prático supervisionado, deve informar
previamente à representação sindical da categoria profissional predominante no
estabelecimento:
13.3.11 A reciclagem de operadores deve ser permanente, por meio de constantes informações
das condições físicas e operacionais dos equipamentos, atualização técnica,
informações de segurança, participação em cursos, palestras e eventos pertinentes.
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Caldeiras
a) materiais;
b) procedimentos de execução;
c) procedimentos de controle de qualidade;
d) qualificação e certificação de pessoa l.
13.4.1.1 Quando não for conhecido o código do projeto de construção, deve ser
respeitada a concepção original da caldeira, com procedimento de controle do
maior rigor prescrito nos códigos pertinentes.
13.4.2 "Projetos de Alteração ou Reparo" devem ser conc ebidos previamente nas seguintes
situações:
13.4.4 Todas as intervenções que exijam mandrilamento ou soldagem em partes que operem
sob pressão devem ser seguidas de teste hidrostático, com características definidas
pelo "Profissional Habilitado", citado do subitem 13.1.2.
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13.5.2 A inspeção de segurança inicial deve ser feita em caldeiras novas, antes da entrada em
funcionamento, no local de operação, devendo compreender exame interno e externo,
teste hidrostático e de acumulação.
13.5.3 A inspeção de segurança periódica, constituída por exame interno e externo, deve ser
executada nos seguintes prazos máximos:
c) 24 (vinte e quatro) meses para caldeiras de categoria "A", desde que aos 12 (doze)
meses sejam testadas as pressões de abertura das válvulas de segurança;
d) 40 (quarenta) meses para caldeiras especiais conforme definido no item 13.5.5.
13.5.5 As caldeiras que operam de forma contínua e que utilizam gases ou resíduos das
unidades de processo, como combustível principal para aproveitamento de calor ou
para fins de controle ambiental, po dem ser consideradas especiais quando todas as
condições seguintes forem satisfeitas:
13.5.6 Ao completar 25 (vinte e cinco) anos de uso, na sua inspeção subseqüente, as cald eiras
devem ser submetidas à rigorosa avaliação de integridade para determinar a sua vida
remanescente e novos prazos máximos para inspeção, caso ainda estejam em
condições de uso.
a) pelo menos uma vez por mês, mediante acionamento manual da alavanca, em
operação, para caldeiras das categorias "B" e "C";
a) sempre que a caldeira for danificada por acidente ou outra ocorrência capas de
comprometer sua segurança;
13.5.10 A inspeção de segurança deve ser realizada por "Profissional Habilita do", citado no
subitem 13.1.2, ou por "Serviços Próprio de Inspeção de Equipamentos", citado no
Anexo II.
13.5.11 Inspecionada a caldeira, deve ser emitido "Relatório de Inspeção", que passa a fazer
parte de sua documentação.
13.5.12 Uma cópia do "Relató rio de Inspeção" deve ser encaminhada pelo "Profissional
Habilitado", citado no subitem 13.1.2, num prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar do
termino da inspeção, à representação sindical da categoria profissional predominante
no estabelecimento.
j) recomendações e providências;
k) data prevista para a nova inspeção da caldeira;
l) nome legível, assinatura e número de registro do conselho profissional do
"Profissional Habilitado", citado no subitem 13.1.2, e nome legível e assinatura de
técnicos que participaram da inspeção.
13.5.14 Sempre que os resultados da inspeção determinarem alterações dos dados da placa de
identificação, a mesma deve ser atualizada.
13.6.1 Vasos de pressão são equipamentos que contêm fluidos sob pressão interna ou
externa.
13.6.1.1 O campo de aplicação desta NR, no que se refere a vasos de pressão, está
definido no Anexo III.
13.6.2 Constitui risco grave e iminente a falta de qualquer um dos seguintes itens:
13.6.3 Todo vaso de pressão deve ter afixado em seu corpo, em local de fácil acesso e bem
visível, placa de identificaçã o indelével com, no mínimo, as seguintes informações:
a) fabricante;
b) número de identificação;
c) ano de fabricação;
d) pressão máxima de trabalho admissível;
e) código de projeto e ano de edição.
13.6.4 Todo vaso de pressão deve possuir, no estabelecimento onde estiver instalado, a
seguinte documentação devidamente atualizada:
13.6.5 O "Registro de Segurança" deve ser constituído por livro de páginas numeradas, pastas
ou sistema informatizado ou não, com confiabilidade equivalente, onde serão
registradas:
a) todas as ocorrências importantes cap azes de influir nas condições de segurança dos
vasos;
b) as ocorrências de inspeção de segurança.
13.6.6 A documentação referida no subitem 13.6.4 deve estar sempre à disposição para
consulta dos operadores, do pessoal de manutenção, de inspeção e das
representações dos trabalhadores e do empregador na Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes - CIPA, devendo o proprietário assegurar pleno acesso a essa
documentação, inclusive à representação sindical da categoria profissional
predominante no estabelecimento, quando formalmente solicitado.
13.7.1 Todo vaso de pressão deve ser instalado de modo que todos os drenos, respiros, bocas
de visita e indicadores de nível, pressão e temperatura, quando existentes, sejam
facilmente acessíveis.
13.7.3 Quando o vaso de pressão for instalado em ambiente aberto a instalação deve
satisfazer as alíneas "a", "b", "d" e " e" do subitem 13.7.2.
13.7.4 Constitui risco grave e iminente o não atendimento às seguintes alíneas do subitem
13.7.2:
13.7.5 Quando o estabelecimento não puder atender ao disposto no subitem 13.7.2, deve ser
elaborado "Projeto Alternativo de Instalação" com medidas complementares de
segurança que permitam a atenuação dos riscos.
13.7.5.2 Quando não hou ver acordo, conforme previsto no subitem 13.7.5.1, a
intermediação do órgão regional do MTb, poderá ser solicitada por
qualquer uma das partes e, persistindo o impasse, a decisão caberá a
esse órgão.
13.7.7 O "Projeto de Instalação" deve conter pelo menos a planta baixa do estabelecimento,
com o posicionamento e a categoria de cada vaso e das instalações de s egurança.
13.8.1 Todo vaso de pressão enquadrado nas categorias "I" ou "II" deve possuir manual de
operação próprio ou instruções de operação contidas no manual de operação da
unidade onde estiver inst alado, em língua portuguesa e de fácil acesso aos
operadores, contendo no mínimo:
13.8.3 A operação de unidades que possuam vasos de pressão de categorias "I" ou "II" deve
ser efetuada por profissional com "Treinamento de Segurança na Operação de
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Caldeiras
Unidades de Processo", sendo que o não ate ndimento a esta exigência caracteriza
condição de risco grave e iminente.
13.8.4 Para efeito desta NR será considerado profissional com "Treinamento de Segurança na
Operação de Unidades de Processo" aquele que satisfizer uma das seguintes
condições:
13.8.9 O estabelecimento onde for realizado o estágio prático supervisionado deve informar
previamente à representação sindical da categoria profissiona l predominante no
estabelecimento:
13.8.10 A reciclagem de operadores deve ser permanente por meio de constantes informações
das condições físicas e operacionais dos equipamentos, atualização técnica,
informações de segurança, participação em cursos, palestras e eventos pertinentes.
13.8.11 Constitui condição de risco grave e iminente a operação de qualquer vaso de pressão
em condições diferentes das previstas no projeto original, sem que:
a) materiais;
b) procedimentos de execução;
c) procedimentos de controle de qualidade;
d) qualificação e certificação de pessoal.
13.9.1.1 Quando não for conhec ido o código do projeto de construção, deverá ser
respeitada a concepção original do vaso, empregando -se procedimentos de
controle de maior rigor, prescritos pelos códigos pertinentes.
13.9.2 "Projetos de Alteração ou Reparo" devem ser concebidos previamente nas seguintes
situações:
13.9.4 Todas as intervenções que exijam soldagem em p artes que operem sob pressão devem
ser seguidas de teste hidrostático, com características definidas pelo "Profissional
Habilitado", citado no subitem 13.1.2, levando em conta o disposto no item 13.10.
13.9.5 Os sistemas de controle e segurança dos vasos de pressão devem ser submetidos à
manutenção preventiva e preditiva.
13.10.1 Os vasos de pressão devem ser submetidos a inspeções de segurança inicial, periódica
e extraordinária.
13.10.2 A inspeção de segurança inicial deve ser feita em vasos novos, antes de sua entrada
em funcionamento, no local def initivo de instalação, devendo compreender exame
externo, interno e teste hidrostático, considerando as limitações mencionadas no
subitem 13.10.3.5.
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Caldeiras
13.10.3.1 Vasos de pressão que não permitem o exame interno ou externo por
impossibilidade física devem ser alternativamente submetidos a teste
hidrostático, considerando-se as limitações previstas no subitem 13.10.3.5.
13.10.3.2 Vasos com enchimento interno ou com catalisador podem ter a periodicidade
de exame interno ou de teste hidrostático ampliada, de forma a coincidir
com a época da substituição de enchimentos ou de catalisador, desde que
esta ampliação não ultrapasse 20% do prazo estabelecido no subitem
13.10.2 desta NR.
13.10.3.3 Vasos com revesti mento interno higroscópico, devem ser testados
hidrostaticamente antes da aplicação do mesmo, sendo os testes
subseqüentes substituídos por técnicas alternativas.
13.10.3.7 Quando não houver outra alternativa, o teste pneumático pode ser
executado, desde que supervisionado pelo "Profissional Habilitado", citado
no subitem 13.1.2, e cercado de cuidados especiais, por tratar -se de
atividade de alto risco.
13.10.5 A inspeção de segurança extraordinária deve ser feita nas seguintes oportunidades:
a) sempre que o vaso for danificado por acidente ou outra ocorrência que comprometa
sua segurança;
b) quando o vaso for submeti do a reparo ou alterações importantes, capazes de alterar
sua condição de segurança;
c) antes do vaso ser recolocado em funcionamento, quando permanecer inativo por
mais de 12 (doze) meses;
d) quando houver alteração de local de instalação do vaso.
13.10.6 A inspeção de segurança deve ser realizada por "Profissional Habilitado", citado no
subitem 13.1.2, ou por "Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos", conforme
citado no Anexo II.
13.10.7 Após a inspeção do vaso, deve ser emitido "Relatório de Inspe ção", que passa a fazer
parte da sua documentação.
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13.10.9 Sempre que os resultados da inspeção determinarem alte rações dos dados da placa de
identificação, a mesma deve ser atualizada.
ANEXO I - A
1.1 - Pressão:
1.1.1 - Pressão Atmosférica.
1.1.2 - Pressão interna de um vaso.
1.1.3 - Pressão manométrica, pressão relativa e pressão absoluta.
1.1.4 - Unidade de pressão.
3 - OPERAÇÃO DE CALDEIRAS.
Carga horária: 12 horas.
6 - LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO.
Carga horária: 4 horas.
ANEXO I - B
1.1 - Pressão.
1.1.1 - Pressão atmosférica.
1.1.2 - Pressão interna de um vaso.
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Caldeiras
2 - EQUIPAMENTOS DE PROCESSO.
Carga horária: estabelecida de acordo com a complexidade da unidade, mantendo um mínimo
de 4 horas por item.
2.3 - Bombas.
2.5 - Compressores.
2.7 - Fornos.
2.8 - Caldeiras.
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Caldeiras
3 - ELETRICIDADE.
Carga horária: 4 horas.
4 - INSTRUMENTAÇÃO.
Carga horária: 8 horas.
5 - OPERAÇÃO DE UNIDADE.
Carga horária: estabelecida de acordo com a complexidade da unidade.
6 - PRIMEIROS SOCORROS.
Carga horária: 8 horas.
7 - LEGISLAÇÃO E NORMALIZAÇÃO.
Carga horária: 4 horas.
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ANEXO II
a) existência de pessoal próprio da empresa onde estão instalados caldeira ou vaso de pressão,
com dedicação exclusiva a atividades de inspeção, avaliação de integridade e vida residual, com
formação, qualificação e treinamento compatíveis com a atividade proposta de p reservação da
segurança;
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ANEXO III
a) qualquer vaso cujo produto "P.V." seja superior a 8 (oito) onde "P" é a máxima pressão de
operação em kPa e "V" o seu volume geométrico interno em m 3, incluindo:
b) vasos que contenham fluido de classe "A", especificados no Anexo IV; independente das
dimensões e do produto "P.V".
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ANEXO IV
1 - Para efeito desta NR os vasos de pressão são classificados em categorias segundo o tipo de
fluido e o potencial de risco.
1.1 - Os fluidos contidos nos vasos de pressão são classificados conforme descrito a seguir:
CLASSE "A" :
- fluidos inflamáveis;
- combustível com temperatura superior ou igual a 200 ºC;
- fluidos tóxicos com limite de tolerância igual ou inferior a 20 ppm;
- hidrogênio;
- acetileno.
CLASSE "B" :
-fluidos combustíveis com temperatura inferior a 200 ºC;
- fluidos tóxicos com limite de tolerância superior a 20 ppm.
CLASSE "C" :
- vapor de água, gases asfixiantes simples ou ar comprimido.
CLASSE "D" :
- água ou outros fluidos não enquadrados nas classes "A", "B" ou "C", com temperatura
superior a 50 ºC.
1.1.1 - Quando se tratar de mistura, deverá ser considerado para rins de classificação o
fluido que apresentar maior risco aos trabalhadores e instalações co nsiderando-se sua
toxidade, inflamabilidade e concentração.
1.2.1 - Vasos de pressão que operem sob a condição de vácuo deverão enquadrar -se
nas seguintes categorias:
1.3 A tabela a seguir classifica os vasos de pressão em categorias de acordo com os grupos
de potencial de risco e a classe de fluido contido.
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"C"
- vapor d'água
- gases asfixiantes I II III IV V
simples.
- ar comprimido.
"D"
- água ou outros
fluidos não II III IV V V
enquadrados nas
classes "A", "B" ou
"C", com
temperatura superior
a 50 ºC.
NOTAS:
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13 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
2 - PEREIRA, Carlos Augusto Arentz, SANTÉRIO, Edison Luis, LANGEMANN, Virgílio. Geração e
Distribuição de Vapor. Petrobrás - Petróleo Brasileiro S.A.
3 - SALLES, Marcelo. Inspeção de Caldeiras - Teoria. Petrobrás Brasileiro S.A Rio de Janeiro.
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