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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

GESTÃO DE RISCOS ELÉTRICOS

FÁBIO ÂNGELO BORGES

NOVEMBRO 2013

1
SUMÁRIO

RESUMO 10
1 INTRODUÇÃO 11
1.1 Delineamentos do Problema 11
1.2 Objetivos deste Estudo 12
2 REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS 13
2.1 Eletricidade 13
2.1.1 Lei de Ohm 14
2.2 Choques elétricos 14
2.3 Consequências do choque elétrico 20
2.3.1 Tipos de choques elétricos 21
2.3.1.1 Choque estático 21
2.3.1.2 Choque dinâmico 21
2.4 Arcos Elétricos 23
2.5 Campos Eletromagnéticos 23
3. ACIDENTES 25
3.1.2 Riscos de queda 25
3.1.3 Riscos no transporte e com equipamentos 25
3.1.3.1 Veículos no trajeto para os locais de trabalho em campo 25
3.1.3.2 Veículos e equipamentos para elevação de cargas e cestas 25
aéreas
3.1.4 Riscos de ataques de insetos e animais 26
3.1.5 Riscos em ambientes fechados 26
3.1.6 Riscos ergonômicos 27
3.1.6.1 Biomecânicos 27
3.1.7 Organizacionais 27
3.1.8 Psicossociais 28
3.1.9 Ambientais 28
3.1.10 Riscos ocupacionais 28
3.2 Cenários gerais das condições de trabalho 30
3.3. Estatísticas 32
3.3.1 Impactos dos Acidentes 32
3.3.2 Evolução dos Acidentes 36

2
3.4. Acidentes típicos com energia elétrica 42
3.4.1. Acidentes de geração 42
3.4.2. Acidentes de distribuição 42
3.4.3. Acidentes de transmissão 42
4. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 44
4.1 Equipamentos utilizados como EPI 44
4.1.1 Vestimenta com proteção ao fenômeno Arco-Elétrico 44
4.1.2 Proteção da cabeça 45
4.1.3 Capacete tipo aba frontal com viseira 45
4.1.4 Óculos de segurança para proteção (lente incolor) / Óculos de 46
segurança para proteção (lenta com tonalidade escura)
4.1.5 Luva isolante de borracha 46
4.1.6 Manga de proteção isolante de borracha 47
4.1.7 Calçado de proteção tipo condutivo 48
4.1.8 Vestimenta de proteção tipo condutiva: Utilizada para proteção do 48
empregado quando executa trabalhos ao potencial
5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA – EPC 49
5.1 Equipamentos utilizados como EPC 49
5.1.1 Cone de sinalização 49
5.1.2 Fita de sinalização 49
5.1.3 Grade metálica dobrável
5.1.4 Baqueta Isolante 50
5.1.5 Manta isolante e cobertura isolante 50
6 PRIMEIROS SOCORROS 51
6.1 – Atendimentos a Vítimas de Choque Elétrico 51
6.2.1 – Avaliação inicial por socorrista treinado 55
6.3 – Atendimentos a Lesões Traumáticas 54
6.3.1 Fratura 54
6.3.2 Entorse 54
6.3.3 Distensão 54
6.3.4 Luxação 55
6.4 – Atendimentos a Queimadura 55
6.4.1 - Tipos de queimaduras 55
6.4.2 - Queimaduras de 1º grau 55

3
6.4.3 - Queimaduras de 2º grau 56
6.4.4 - Queimaduras de 3º grau 56
6.5 – Atendimentos a Parada Cardiorrespiratória 57
6.5.1 Desobstrução das Vias Aéreas 57
6.5.2 Respiração Artificial (Boca a Boca) 58
6.5.3 Massagem Cardíaca 59
6.5.3.1 Verificação do Pulso 59
6.5.3.2 Compressão Torácica 59
6.5.3.3 Reanimação Cardiopulmonar (RCP) 60
7 NORMAS REGULAMENTADORAS 61
7.1 Normas Brasileiras NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa 61
Tensão
7.2 Normas regulamentadora – NR-10 “Segurança em instalações e 62
serviços em eletricidade”
8 MECANISMOS DE GESTÃO DE RISCOS ELÉTRICOS 65
8.1 Medidas de controle 65
8.2 Seguranças em projetos 66
8.3 Seguranças na construção, montagem, operação e manutenção. 67
8.4 Seguranças em instalações elétricas desenergizadas 68
8.5 Seguranças em instalações elétricas energizadas 68
8.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT 68
8.7 Habilitações, qualificação, capacitação e autorização dos 69
trabalhadores.
8.8 Proteções contra incêndio e explosão 69
8.9 Sinalizações de segurança 70
8.10 Procedimentos de trabalho 70
8.11 Situações de emergência 71
8.12 Responsabilidades 71
9 CONCLUSÃO 72
10 REFERÊNCIAS 73
ANEXO 75
ANEXO 1 75
ANEXO 2 82
ANEXO 3 85

4
5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Percurso da corrente elétrica através do corpo humano. 19


Figura 2 - Riscos Ocupacionais 29
Figura 3 - Custo Total de acidentes de trabalho por ano 34
Figura 4 - Pirâmide de acidentes 35
Figura 5 - Acidentes Fatais das Empresas próprias x Empresas Contratadas 37
Figura 6 - Taxa de Freqüência x Taxa de Gravidade 39
Figura 7 - Nº Acidentes Fatais Típicos por 100.000 trabalhadores Setor Elétricos 40
Figura 8 - Nº Acidentes com Arco elétrico por Área de 2000 a 2010 40
Figura 9 - Vestimenta com proteção aos fenômenos arco-elétrico. 45
Figura 10 - Capacetes de proteção para a cabeça. 45
Figura 11 - Capacete tipo Aba frontal com viseira. 46
Figura 12 - Óculos de proteção 46
Figura 13 - Luva isolante de borracha. 47
Figura 14 - Manga de proteção isolante de borracha. 48
Figura 15 - Calçado de proteção condutivo. 48
Figura 16 - Vestimenta de proteção tipo condutiva. 48
Figura 17 - Cone de sinalização. 49
Figura 18 - Fita de sinalização. 49
Figura 19 - Grade metálica dobrável. 50
Figura 20 - Baqueta Isolante 50
Figura 21 - Manta Isolante e Cobertura Isolante. 50
Figura 22 - Tipos de imobilização 55
Figura 23 - Queimaduras de 1º grau 56
Figura 24 - Queimaduras de 2º grau 56
Figura 25 - Queimaduras de 3º grau 56
Figura 26 - Camadas da pele. 57
Figura 27 - Desobstrução das vias aéreas 58
Figura 28 - Respiração boca a boca 59
Figura 29 - Verificar pulsação 59
Figura 30 - Compressão cardíaca 60

6
Figura 31 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de 82
risco, controlada e livre.
Figura 32 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de 83
risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação
física adequada.

7
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Unidades Elétricas 14


Tabela 2: Resposta do ser humano às variações de corrente em miliampéres. 16
Tabela 3 - Relação de acidentes com afastamento x acidentes sem afastamento 36
Tabela 4: Cores das luvas identificando classe de tensão de operação em 47
serviços em eletricidade.

8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação das Normas Brasileiras Técnicas


ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica
CLT - Código das Leis Trabalhistas
COGE – Fundação Comitê de Gestão
NBR - Normas Brasileiras Técnicas
NR10 - Norma Regulamentadora número 10
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PIE - Prontuário de Instalações Técnicas
PPP - Perfil Profissiográfico Previdenciário
PPRA - Plano de Prevenção de Riscos Ambientais.
SEB - Sistema Elétrico Brasileiro

9
RESUMO

Tendo em vista que a eletricidade é uma das maiores vilãs quando o


assunto é segurança do trabalho, o estudo em questão tem por objetivo fazer um
levantamento dos métodos de gestão de risco elétricos. Inicialmente este trabalho
faz um levantamento dos riscos elétricos existentes, descrevendo suscintamente
cada etapa. Associado aos riscos elétricos está o estudo dos EPI's e EPC's
apropriados para cada caso de acidentes elétricos. Por fim, serão apresentadas
as medidas de primeiros socorros apropriadas para cada caso de acidentes, a
enfatização quanto à necessidade do uso das normas de segurança para que as
atividades possam ser cumpridas de forma satisfatória, preservando desta forma
a integridade física e a saúde dos colaboradores.

Palavras-chave: Eletricidade. Legislação. Segurança.

10
1 INTRODUÇÃO

1.1 Delineamento do Problema


Energia é insumo fundamental para o funcionamento de uma economia. De
sua disponibilidade e eficiência dependem inúmeros setores produtivos,
principalmente em economias industrializadas. Cada fonte de energia possui sua
importância que varia de país para país, ou a cada momento da trajetória do
desenvolvimento de uma nação.
A energia elétrica é uma dessas importantes fontes energéticas, tanto para
o crescimento da economia, como para o bem estar e o desenvolvimento de sua
população, no entanto, a eletricidade é um agente de risco grande causador de
acidentes, cujas vítimas não são apenas os profissionais que operam os sistemas
elétricos, mas também os usuários comuns que a utilizam como fonte de energia
presente nos transformadores, motores, ferramentas e outros equipamentos.
Como uma manifestação de energia, a eletricidade é difícil de ser
controlada, exigindo que os requisitos de segurança sejam parte integrante dos
processos, em suas diferentes etapas, começando pelo projeto e passando pela
execução, operação, manutenção, reforma e ampliação das instalações e
serviços. Desta forma, todos os serviços devem ser executados por pessoal
qualificado, com o instrumental adequado e em boas condições de uso atendendo
os manuais dos fabricantes, normas técnicas e procedimentos internos da
empresa.
Evidencia-se então a importância da NR10 e de outros mecanismos de
gestão de segurança no estabelecimento de condições mínimas objetivando a
implementação de medidas de controle de forma a garantir a segurança dos
trabalhadores que atuam diretamente no sistema elétrico ou daqueles que apenas
interajam com o mesmo.

11
1.2 Objetivos deste Estudo
O principal objetivo deste estudo é de, por meio de uma análise da
legislação vigente, relacionar os mecanismos de gestão de risco na área de
eletricidade. Para tal, é feita uma revisão sobre os acidentes mais comuns
relacionados com eletricidade, os EPI's e EPC's utilizados para minimização dos
riscos e as medidas a serem tomadas nos primeiros socorros.
Para finalizar, faz-se uma apresentação de forma bem sucinta dos
procedimentos gerenciais mais comuns na área de gestão de riscos elétricos.

12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta etapa do trabalho, será apresentada a revisão das obras


bibliográficas disponíveis sobre o tema em questão. O objetivo é informar ao leitor
informações básicas, porém essenciais ao bom entendimento da problemática
tratada nesta obra.
.
2.1 Eletricidade
Segundo KAZUHITO (1998) a palavra “eletricidade” pode ser entendida
como parte da Física em que se analisam os fenômenos elétricos de uma forma
geral.
A demanda de energia elétrica em nossa civilização tem aumentado de
forma significativa e tende a aumentar ainda mais. No mundo atual, é
praticamente inconcebível o dia a dia das pessoas sem eletricidade. Crianças e
adultos usam a energia elétrica para as mais variadas atividades. Dispositivos
elétricos que utilizam tanto pouca quanto muita energia são corriqueiros. No meio
industrial temos uma produção industrial que ano a ano vêm batendo recordes de
produtos fabricados. O sustentáculo desta modernidade é a eletricidade sendo a
mesma o elemento de vital importância para o desenvolvimento do mundo atual.
Entretanto, a eletricidade, tão necessária à humanidade, é uma grandeza
física sempre associada à energia elétrica e esta não é visível ao olho humano,
considerada como um risco físico muito perigoso, pois quando não se toma as
devidas precauções, acidentes podem ocorrer, ocasionando perdas patrimoniais,
lesões irrecuperáveis e até mesmo o óbito.
Assim, gerenciar os riscos em atividades no setor elétrico nada mais é que
conhecer os potenciais riscos e trabalhar em medidas de controle para evitar
estes acidentes.
Um dos riscos mais comum e o maior no setor elétrico é o de origem
elétrica, podendo ser de maneira direta ou indireta como quedas, queimaduras
indiretas e incêndio.
Portanto, para conhecer melhor estes riscos é preciso entender alguns
conceitos envolvendo eletricidade.
Os acidentes elétricos podem causar imensos prejuízos à saúde, podendo
causar levar a pessoa à morte.

13
Gerenciar os riscos em atividades no setor elétrico nada mais é que
conhecer os potenciais riscos e trabalhar em medidas de controle para evitar
estes acidentes.
Um dos riscos mais comum e o maior no setor elétrico é o de origem
elétrica, podendo ser de maneira direta ou indireta como quedas, queimaduras
indiretas e incêndio.
Entretanto, para conhecer melhor estes riscos é preciso entender alguns
conceitos envolvendo eletricidade.

2.1.2 Lei de Ohm


Um dos importantes conceitos, a Lei de Ohm, nada mais é que uma relação entre as
grandezas tensão, corrente e resistência elétrica, portanto ela estabelece que a corrente
elétrica que atravessa um condutor está em proporção direta à diferença de potencial e em
proporção inversa à resistência do condutor. As unidades de tensão (diferença de potencial),
corrente elétrica e resistência estão na Tabela 1.

Tabela 1 - Unidades Elétricas


SÍMBOLO SIGNIFICADO UNIDADE
V Tensão Volts (V)
I Corrente Ampéres (A)
R Resistência Ohms ( )

Ou seja, da lei de Ohm tem-se que: I = V/R.


Segundo essa lei, para uma dada tensão, que geralmente é fixa (110, 220,
440 volts), quanto maior for a resistência elétrica menor será a corrente.
Por exemplo, para uma tensão de 110 volts e uma resistência de 10, a
corrente elétrica será de 11 A. Conservando a tensão e aumentando a resistência
para 20, a corrente será reduzida à metade, ou seja, 5,5 A.

2.2 Choque elétrico


Choque elétrico é risco proveniente da eletricidade, e de acordo com a
FUNDACENTRO:

14
"É o efeito patofisiológico que resulta
da passagem de uma corrente
elétrica, chamada de corrente de
choque, através do organismo
humano, podendo provocar efeitos da
importância e gravidades variáveis,
bem como fatais" (FUNDACENTRO).

O corpo humano nada mais é do que uma resistência à passagem de corrente elétrica,
ou seja, para ocorrer qualquer acidente, como um choque elétrico em uma pessoa, é
necessário que passe pelo seu corpo uma determinada corrente e, conforme o lugar por onde
passa e o tempo de contato dessa corrente, ter-se-á a gravidade e o tipo de efeito do acidente
(KINDERMANN, 1995).
A resistência elétrica do corpo humano depende de diversos fatores, como exemplo
variação da tensão aplicada, tipo de pele, os meios internos como vasos sanguíneos e sistema
nervoso, tipo de contato e condição da pele.
Existem dois tipos principais de resistência do corpo humano, sendo a cutânea (da
pele) a que oferece maiores variações de valores, dependendo da espessura da pele no local,
da umidade da pele, variando de 1.000 a 100.000 Ohms, podendo atingir valores maiores. A
outra resistência, a dos meios internos, varia menos, de 500 a 1.000 Ohms aproximadamente.
Portanto, a resistência elétrica do corpo humano varia de 1.500 a 100.000 Ohms, em média.
O efeito da corrente elétrica depende dos seguintes itens:
 Percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;
 Estado de saúde do indivíduo;
 Tensão elétrica;
 Pressão do contato;
 Tempo de exposição;
 Grau de ressecamento da pele do indivíduo;
 Intensidade da corrente elétrica;
 Área de contato do choque elétrico;
 Espécie da corrente elétrica;
 Frequência da corrente elétrica;
 Por quais órgãos vitais a corrente elétrica transita;

15
 Região do choque no corpo humano;
 Constituição física do indivíduo;
 Outras condições.
Considerando que uma corrente de 25 miliampères pode causar acidentes fatais, e
considerando-se uma resistência de 1.500 Ohms para o corpo humano, tem-se:
V=IxR (1)
Utilizando a Equação (1), temos que V = I x R = 0,025 x 1.500 = 37,5V. Portanto, uma
tensão de 37,5 volts já poderá causar acidentes fatais em casos especiais de contato. A
Tabela 2 enumera a resposta do ser humano às variações de corrente em miliampéres.

Tabela 2. Resposta do ser humano às variações de corrente em miliampéres.


Intensidade Estado Possível de Pertubarções Resultado Final
(miliampéres) Choque Possíveis Provável
1 Normal Nenhuma Normal
1a3 Normal Pequena sensação Normal
desagradável
3a9 Normal Sensações Normal
dolorosas;
contrações
musculares
violentas; dificuldade
de respirar;
perturbações
circulatórias.
9 a 20 Morte aparente Sensação de Restabelecimento
choque ou Morte
desagradável;
contrações
musculares.
20 a 100 Morte aparente Sensação Restabelecimento
insuportável; ou Morte
contrações
musculares

16
violentas; asfixia;
perturbação
circulatória;
desmaios.
Acima de 100 Morte aparente Desmaios; asfixia Morte
imediata; fibrilação
ventricular.
Fonte: KINDERMANN, 1995
O tempo de contato com a corrente é muito importante na gravidade dos acidentes,
porque, como foi visto na tabela anterior, determinadas intensidades de corrente produzem
contrações musculares que levam à asfixia e à fibrilação ventricular, o que, por tempo
prolongado, causa acidente fatal ou então, dificulta a recuperação. Estima-se em menos de 2
minutos o tempo de choque em que as contrações musculares levam à asfixia.
O choque elétrico é um estímulo rápido ao corpo humano, ocasionado pela passagem
da corrente elétrica, que circulará pelo corpo, transformando-o em um circuito elétrico, devido
à diferença de potencial ser suficiente para vencer a resistência elétrica oferecida pelo mesmo.
E conforme demonstrado na segunda tabela, quão intenso a intensidade desta corrente mais
grave ele será. Além disso, a trajetória tomada pela corrente elétrica no corpo humano é outro
fator que determina a gravidade do choque, sendo os de maior gravidade aqueles em que a
corrente elétrica passa pelo coração.
As consequências são diversas podendo ocasionar contrações violentas dos
músculos, a fibrilação ventricular do coração, lesões térmicas e não térmicas, podendo levar a
óbito como efeito indireto as quedas e batidas, etc. A morte por asfixia ocorrerá, se a
intensidade da corrente elétrica for de valor elevado, normalmente acima de 30 mal e circular
por um período de tempo relativamente pequeno, normalmente por alguns minutos. Daí a
necessidade de uma ação rápida, no sentido de interromper a passagem da corrente elétrica
pelo corpo. A morte por asfixia advém do fato do diafragma da respiração se contrair
tetanicamente, cessando assim, a respiração. Se não for aplicada a respiração artificial dentro
de um intervalo de tempo inferior a três minutos, ocorrerão sérias lesões cerebrais e possível
morte (FERRANO, 1995).
A fibrilação ventricular do coração ocorrerá se houver intensidades de corrente da
ordem de 15 mal que circulem por períodos de tempo superiores a um quarto de segundo. A
fibrilação ventricular é a contração disritimada do coração que, não possibilitando desta forma
a circulação do sangue pelo corpo, resulta na falta de oxigênio nos tecidos do corpo e no

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cérebro. O coração raramente se recupera por si só da fibrilação ventricular. No entanto, se
aplicarmos um desfibrilador, a fibrilação pode ser interrompida e o ritmo normal do coração
pode ser restabelecido. Não possuindo tal aparelho, a aplicação da massagem cardíaca
permitirá que o sangue circule pelo corpo, dando tempo para que se providencie o
desfibrilador, na ausência do desfibrilador deve ser aplicada a técnica de massagem cardíaca
até que a vítima receba socorro especializado.
Além da ocorrência destes efeitos, podemos ter queimaduras tanto superficiais, na
pele, como profundas, inclusive nos órgãos internos. Por último, o choque elétrico poderá
causar simples contrações musculares que, muito embora não acarretem de uma forma direta
lesões, fatais ou não, como vimos nos parágrafos anteriores, poderão originá-las, contudo, de
uma maneira indireta: a contração do músculo poderá levar a pessoa a, involuntariamente,
chocar-se com alguma superfície, sofrendo, assim, contusões, ou mesmo, uma queda, quando
a vítima estiver em local elevado. Uma grande parcela dos acidentes por choque elétrico
conduz a lesões provenientes de batidas e quedas.
O percurso da corrente no corpo humano tem grande influência para as consequências
do choque elétrico, pois é mais difícil reanimar uma pessoa com fibrilação ventricular, que
exige um processo de massagem cardíaca de difícil execução, do que uma pessoa que tem
uma asfixia e que pode ser reanimada com o processo de respiração artificial.
O percurso da corrente elétrica através do corpo humano depende da
posição de contato do indivíduo com a instalação (circuito) energizada ou que
venha a ficar energizada, podendo ser o mais variado possível. A Figura 1 mostra
vários os percursos possíveis da corrente elétrica pelo corpo humano.

18
Figura 1. Percurso da corrente elétrica através do corpo humano.
Fonte: Fundacentro.

Outros fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são as


características da corrente elétrica. Vimos que a intensidade da corrente era um
19
fator determinante na gravidade da lesão por choque elétrico; no entanto,
observa-se que, para a Corrente Contínua (CC), as intensidades da corrente
deverão ser mais elevadas para ocasionar as sensações do choque elétrico, a
fibrilação ventricular e a morte. No caso da fibrilação ventricular, esta só ocorrerá
se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto e específico do ciclo
cardíaco. As correntes alternadas (CA) de freqüência entre 20 e 100 Hertz são as
que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hertz, usadas nos sistemas
de fornecimento de energia elétrica, são especialmente perigosas, uma vez que
elas se situam próximas à freqüência na qual a possibilidade de ocorrência da
fibrilação ventricular é maior.
Portanto os fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são o
percurso da corrente elétrica, as características da corrente elétrica e a
resistência elétrica do corpo humano.

2.3 Consequências do choque elétrico


Segundo KINDERMANN (1995) ,os danos causados pela passagem da
corrente elétrica podem ser:
 Inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiração
produzindo parada respiratória;
 Alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação ventricular e uma
conseqüente parada cardíaca;
 Queimaduras profundas, produzindo necrose do tecido;
 Alterações no sangue provocadas por efeitos térmicos e eletrolíticos da
corrente elétrica;
 Perturbação no sistema nervoso;
 Contrações musculares;
 Retenção sanguínea;
 Seqüelas em vários órgãos do corpo humano.
Todas as manifestações citadas anteriormente podem ocorrer
simultaneamente se ocorrer o contato direto com a rede elétrica. Choques
elétricos são considerados perigosos independentes da sua intensidade, podendo
até mesmo, levar a pessoa à morte. A duração do choque elétrico é enquanto

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existir o contato direto da pessoa com o sistema energizado ou enquanto este
estiver ligado.

2.3.1 Tipos de choques elétricos


A corrente do choque elétrico pode produzir no corpo humano efeitos
diversos, dependendo do equipamento utilizado.
Segundo Kindermann (1995), o choque elétrico que aterroriza o ser
humano está dividido nas seguintes categorias:

2.3.1.1 Choque estático


Segundo CPNSP , o choque estático é conhecido como o choque elétrico
obtido pela descarga de um capacitor.
Geralmente, as cargas elétricas ficam acumuladas nos capacitores
parasitas dos equipamentos ou em linhas de transmissão desligadas. Portanto,
este choque se dá pelo escoamento destas cargas elétricas no corpo humano.
Neste caso, o corpo humano é o condutor que faz a ligação entre os dois
terminais das placas com polaridades diferentes. A corrente é rápida, decai
exponencialmente de acordo com a constante do tempo do circuito.
Neste caso, dependendo do nível de energia das cargas acumuladas, o
choque elétrico pode ser ou não fatal.
O efeito capacitivo está presente nos mais diferentes materiais e
equipamentos com os quais o homem convive.

2.3.1.2 Choque dinâmico


Segundo CPNSP, este tipo de choque pode ser definido como o choque
tradicional, obtido ao tocar um elemento energizado da rede de energia elétrica.
Este choque se dá devido a:
 Tocar acidentalmente na parte viva de condutor energizado;
 Defeito, fissura ou rachadura na isolação;
 Defeito, fissura na isolação, conseqüentemente energizando outros
componentes do equipamento, tal como a carcaça;
 Acidente na rede de energia elétrica, tais como queda do condutor.

21
Este tipo de choque que mencionamos acima é considerado o mais
perigoso, pois a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a
corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo
resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a
manutenção da corrente passando pelo corpo, os órgãos internos vão sofrendo as
conseqüências e perdendo sua capacidade de resistir. Isto se dá pelo fato de o
choque elétrico produzir diversos efeitos no corpo humano, como os
apresentados a seguir:
 Elevação da temperatura dos órgãos do corpo humano devido ao
aquecimento produzido pela corrente do choque;
 Tetanização dos músculos do corpo humano;
 Superposição da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras
que comandam o organismo humano, criando uma pane geral;
 Comprometimento do coração, quanto ao ritmo de batimento cardíaco e
possibilidade da fibrilação ventricular;
 Efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue dentro do corpo
humano;
 Comprometimento da respiração;
 Prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua
devida posição;
 Comprometimento de outros órgãos, tais como: rins, cérebro, vasos,
órgãos genitais e reprodutores.
Alguns órgãos, aparentemente sadios, só vão apresentar sintomas devido
aos efeitos do choque elétrico algum tempo depois, podendo apresentar
sequelas, que muitas vezes não são relacionadas com o choque, devido ao
espaço de tempo decorrido desde o acidente.

22
2.4 Arcos Elétricos
Muito foi falado anteriormente a respeito choque elétrico,mas ele é
somente um dos tipos de riscos, um outro importante risco no setor elétrico são os
arcos elétricos.
O arco elétrico, também conhecido como arco voltáico, caracteriza-se pela
ruptura de um meio isolante, como por exemplo o ar, por meio de sua ionização
quando dois materiais apresentam uma grande diferença de potencial a uma
pequena distância.
Geralmente este arco é formado em manobras de dispositivos elétricos, ou
seja, na conexão e desconexão destes dispositivos, como por exemplo em
chaves seccionadoras secas, mas também é perceptível em caso de curto-
circuito.
Apesar de ser de curtíssima duração no ser humano este arco pode
ocasionar queimaduras, devido à alta energia térmica liberada, destruindo os
tecidos do corpo, podendo estas ser de segundo ou terceiro grau,
Mas também, ele pode queimar roupas e provocar incêndios, emitindo vapores de
material ionizado e raios ultravioletas.
O operador por tanto deve tomar muito cuidado ao realizar uma manobra,
pois além destes riscos podem desprender-se partículas incandescentes e
queimarem os olhos, e até mesmo em determinadas situações, uma onda de
pressão também pode se formar, sendo capaz de empurrar e derrubar quem
estiver próximo ao local da ocorrência.

2.5 Campos Eletromagnéticos


Por fim, um risco menos conhecido, são os efeitos do campo
eletromagnético.
O campo eletromagnético é formado basicamente por dois campos, o
elétrico e magnético, que são gerados a partir da corrente elétrica alternada em
condutores, que são comuns nas redes de transmissão, distribuição e até mesmo
dos equipamentos eletrodomésticos, que no Brasil possuem uma oscilação na
frequência de 60hz.
Os danos causados pelo campo eletromagnético são mais perceptíveis
quando se trabalha em sistemas de elevados nível de tensão, como em redes de
distribuição e transmissão.

23
Os efeitos do campo elétrico são os mesmos já mencionados quando
tratado no choque elétrico, já o campo magnético, possui efeitos com
características térmicas, que agridem o trabalhador e apesar de não haver
comprovações científicas, em redes de alta tensão a radiação advinda do campo
eletromagnético, pode ocasionar danos permanentes nas células, tecidos e
órgãos do trabalhador, como câncer, leucemia e tumores no cérebro.
É certo que, quando não tomadas medidas de controle,o trabalhador
exposto a alta radiação, poderá apresentar danos e até mesmo irreparáveis.
Este cuidado deverá ser em especial aos trabalhadores que possuam próteses
metálicas, devido à fonte térmica (radiação) promover aquecimento intenso em
objetos metálicos, podendo ocasionar necroses ósseas e em trabalhadores que
apresentam equipamentos eletrônicos, como por exemplo, marca-passo e
aparelhos auditivos, ocasionando disfunções e mau funcionamento, por
apresentar interferência nos circuitos elétricos destes componentes.

24
3 ACIDENTES

Nesta etapa do trabalho, serão apresentados os acidentes típicos de


origem elétrica com a sua posterior consequência. a revisão das obras
bibliográficas disponíveis sobre o tema em questão. O objetivo é informar ao leitor
informações básicas, porém essenciais ao bom entendimento da problemática
tratada nesta obra.

3.1.2 Riscos de queda

As quedas constituem uma das principais causas de acidentes no setor

elétrico, ocorrem em conseqüência de choques elétricos, de utilização

inadequada de equipamentos de elevação (escadas, cestas, plataformas), falta ou

uso inadequado de EPI, falta de treinamento dos trabalhadores, falta de

delimitação e de sinalização do canteiro do serviço e ataque de insetos.

3.1.3 Riscos no transporte e com equipamentos

Abordaremos os riscos de acidentes envolvendo transporte de

trabalhadores, e o deslocamento com veículos de serviço, bem como a utilização

de equipamentos. Podemos citar os casos em que:

3.1.3.1 Veículos no trajeto para os locais de trabalho em campo

É comum o deslocamento diário dos trabalhadores até os efetivos pontos

de prestação de serviços. Esses deslocamentos expõem os trabalhadores aos

riscos característicos das vias de transporte.

3.1.3.2 Veículos e equipamentos para elevação de cargas e cestas aéreas

Nos serviços de construção e manutenção em linhas e redes elétricas nas

25
quais são utilizados cestas aéreas e plataformas, além de elevação de cargas

(equipamentos, postes) é necessária a aproximação dos veículos junto às

estruturas (postes, torres) e do guindaste (Grua) junto das linhas ou cabos.

Nestas operações podem acontecer acidentes graves, exigindo cuidados

especiais que vão desde a manutenção preventiva e corretiva do equipamento, o

correto posicionamento do veículo, adequado travamento e fixação, até a

operação precisa do equipamento.

Além disso, deve se evitar a utilização de veículos inadequados a

realização das atividades de trabalho, já que esta inadequação pode agravar os

riscos.

3.1.4 Riscos de ataques de insetos e animais

Na execução de serviços em torres, postes, subestações, leitura de

medidores,em serviços de poda de árvores, e outros, podem ocorrer ataques de

insetos, tais como abelhas, marimbondos e, formigas.

Além disso, sobretudo nas atividades externas de construção, supervisão

e manutenção em redes elétricas, o trabalhador deve atentar à possibilidade de

picadas de animais peçonhentos, como por exemplo, cobras venenosas, aranhas,

escorpiões e até mesmo mordidas de cães.

3.1.5 Riscos em ambientes fechados


Os trabalhos em espaços fechados, como caixas subterrâneas e estações

de transformação e distribuição, fechadas, expõem os trabalhadores ao risco de

asfixia por deficiência de oxigênio ou por exposição a contaminantes, que podem

acontecer na execução de atividades no setor elétrico.

Nestes ambientes pode ocorrer a presença de gases asfixiantes como,

26
por exemplo, monóxido e dióxido de carbono, e/ou explosivos como o metano,

vapores de combustíveis líquidos. Estes contaminantes originam-se por formação

de gases orgânicos oriundos de reações químicas nos esgotos e presença de

agentes biológicos de putrefação existentes nesses ambientes, e, ainda, de

vazamentos de combustíveis dos tanques subterrâneos de postos de

abastecimento e da canalização de gás combustível.

Além desses riscos, nos trabalhos executados em redes de distribuição

de energia elétrica subterrâneas, devido à proximidade com redes de esgoto e

locais encharcados, existe a possibilidade de contaminação por agentes

biológicos.

3.1.6 Riscos ergonômicos


São significativos, nas atividades do setor elétrico os riscos ergonômicos,

relacionados aos fatores:

3.1.6.1 Biomecânicos

São posturas não fisiológicas de trabalho provocadas pela exigência de

ângulos e posições inadequadas dos membros superiores e Inferiores para

realização das tarefas, principalmente em altura, sobre postes e apoios

inadequados, levando a intensas solicitações musculares e ósseas, levantamento

e transporte de carga, entre outros.

3.1.7 Organizacionais

Referem-se à pressão no tempo de atendimento a emergências ou a

situações com períodos de tempo rigidamente estabelecidos, realização rotineira

de horas extras, trabalho por produção, pressões da população com falta do

27
fornecimento de energia elétrica.

3.1.8 Psicossociais

A elevada exigência cognitiva necessária ao exercício das atividades

associada à constante convivência com o risco de vida devido à presença do risco

elétrico, e também do risco de queda (neste caso sobretudo para atividades em

linhas de distribuição, e transmissão, que são executadas em grandes alturas).

3.1.9 Ambientais

É representado pela exposição ao calor, radiação, intempéries da

natureza, agentes químicos, físicos e biológicos, e outros. Os levantamentos de

saúde do setor elétrico mostram que são freqüentes na atividade as lombalgias,

as entorses, as distensões musculares, e manifestações gerais relacionadas ao

estresse.

3.1.10 Riscos ocupacionais


Os riscos ocupacionais referem-se aos agentes existentes nos ambientes

de trabalho, capazes de causar danos à saúde do trabalhador, neste contexto

podemos citar como exemplo, ruídos, calor e radiação solar. Veja a abaixo a

figura ilustrando uma tabela, com a classificação dos principais riscos

ocupacionais em grupos, de acordo com a sua natureza e a padronização das

cores correspondentes:

28
Figura 2 - Riscos Ocupacionais
Fonte: Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no
Estado de SP.

29
3.2 Cenários gerais das condições de trabalho
As empresas do primeiro mundo introduziram o processo de terceirização

nas atividades de trabalho, dedicando-se à agilidade e ao enxugamento da

organização e concentrando todos os seus esforços para a especialização do

corpo técnico na busca da excelência dos seus produtos e serviços. Contudo, no

Brasil, grande parte das decisões de terceirizar ou estabelecer contratos com

prestadoras de serviços foi e está sendo fundamentada na redução de postos de

trabalho, substituição da mão-de-obra com diminuição de salários, redução no

pagamento de encargos sociais, na eliminação de benefícios, enfim fundamenta-

se quase que exclusivamente na redução dos custos e na busca do lucro máximo.

Baseado nas inspeções de segurança e saúde realizadas nos últimos

anos nos diversos estados do país, em informações prestadas pelos sindicatos e

trabalhadores, e nos registros existentes nas delegacias e subdelegacias do

trabalho pode tecer um diagnóstico de precarização das condições de trabalho

que apresenta as características abaixo:

- deficiente integração entre contratante e prestadoras de serviço;

- cooperativas constituídas em desacordo com a legislação vigente;

- prestadores de serviço realizando atividades fim das contratantes;

- prestadores de serviço sem capacitação e experiência necessária para

execução dos serviços;

- prestadoras de serviço em desacordo com a atividade constante em contrato

celebrado com a contratante, repercutindo na constituição e funcionamento da

CIPA e SESMT;

- informalidade na relação empregatícia, ou seja, falta de registro dos

trabalhadores;

30
- controle do tempo na execução dos serviços;

- excesso de jornada de trabalho;

- não concessão de descanso semanal;

- inexistência do controle de jornada de trabalho;

- remuneração dos trabalhadores baseados na produção;

- trabalho individual em serviços com eletricidade;

- trabalhadores exercendo várias funções ao mesmo tempo, o que pode incidir no

aumento de índices de acidentes;

- pressão no trabalho por parte das empresas e dos consumidores para liberação

dos serviços;

- execução de serviço sem respectiva ordem de serviço;

- ausência ou deficiência de procedimentos para execução de serviços;

- não pagamento de adicional de insalubridade e periculosidade aos

trabalhadores;

- inserção de trabalhadores escolaridade insuficiente para realizar serviços em

eletricidade em substituição à mão-de-obra capacitada;

- treinamento deficiente e não específico para a atividade a ser executada;

- trabalhadores na área de risco elétrico sem a capacitação necessária (sobretudo

nas prestadoras de serviço);

- não fornecimento de equipamentos de proteção individuais adequados,

principalmente para os trabalhadores de prestadoras de serviço;

- falta de equipamento de proteção coletiva e ferramental adequado (escadas,

sistemas de aterramento temporário, ferramentas manuais, etc.);

- uso de veículos inadequados;

- transporte precário de trabalhadores.

31
O processo de precarização das condições de trabalho vem trazendo

prejuízos à classe trabalhadora e ao país promovendo a desorganização do

trabalho e o agravamento dos índices acidentários nos citados setores. O controle

desse processo de precarização é de capital importância e preocupação do

ministério do trabalho e emprego (MTE), devido ao elevado índice acidentário e a

seu impacto social e econômico.

3.3. Estatísticas

De acordo com a fundação COGE (Fundação Comitê de Gestão


Empresarial), que desde 1999, faz um levantamento estatístico do sistema
elétrico brasileiro (SEB) com relação a acidentes do trabalho, no ano 2010, o
contingente de 104.857 empregados próprios do setor conviveu, no desempenho
diário de suas atividades, com riscos de natureza geral e riscos específicos,
registrando-se 741 acidentados do trabalho típicos com afastamento, acarretando,
entre custos diretos (remuneração do empregado durante seu afastamento) e
indiretos (custo de reparo e reposição de material, custo de assistência ao
acidentado e custos complementares com interrupção de fornecimento de energia
elétrica, por exemplo), prejuízos de monta para o Setor de Energia Elétrica, da
ordem de centenas de milhões.

3.3.1 Impactos dos Acidentes

Em 2010 foram perdidas 558.824 horas em decorrência dos acidentes

com lesão, que se comparadas com as 383.360 horas perdidas em 2009,

mostram um aumento de 46%, observando-se que o aumento de horas

trabalhadas (3%), não acompanhou esse crescimento. Contudo, este valor

continua bastante inferior (40%) ao valor de 925.984 horas de 2008. Esta

quantidade de horas perdidas em 2010 equivale ao total de horas trabalhadas

durante um ano de uma empresa do porte das concessionárias ENERGISA

32
BORBOREMA, ELETROACRE, CPFL SANTA CRUZ (empresas de distribuição).

Com base neste estudo apoiado na teoria de Heinrich e, na Pirâmide

de Bird voltado à realidade dos acidentes no Brasil, que considera ainda os

acidentes sem perda de tempo e os acidentes com e sem danos materiais, o

custo dos acidentes no Setor Elétrico Brasileiro seria da ordem de: R$

55.994.164,80.

Calculando o custo mínimo estimado com os acidentados de 2010,


considerando-se às 558.824 horas de trabalho perdidas, obtemos o seguinte:
Custo Mínimo Estimado – CME = 5 (dias perdidos* x salário médio/dia no setor)
CME2010 = 5 x (47.920 x R$ 102,92) = R$ 38.104.811,50**.
Observações:
* dias perdidos = horas de trabalho perdidas (558.824) dividido pela carga horária
diária de trabalho (8h/dia).
** hipótese conservadora uma vez que foi utilizado o multiplicador 5. A literatura
técnica disponível indica que o custo indireto de um acidente pode variar de 5 a
50 vezes o seu custo direto.

Calculando o Custo Total Estimado – CTE2010 = [50 x (69.853 x R$

109,10)] que na hipótese menos conservadora, considerando-se os acidentes

sem perda de tempo e os acidentes com e sem danos materiais, o mesmo seria

da ordem de R$ 381.048.115,00.

O Custo Total Estimado dos acidentes do trabalho com empregados

próprios das empresas – R$ 381.048.115,00 – representa, por exemplo, o

investimento necessário para a construção de 6 PCHs – Pequenas Centrais

Hidrelétricas de 30 MW cada, que poderiam atender a uma demanda de cerca de

750.000 habitantes.

Esse custo representa o investimento em 6.570 km de Redes de

Distribuição em média tensão – Spacer Cable.

33
O Custo Total Estimado poderia representar, ainda, o montante

aproximado necessário para a construção de 1.361 km de Linhas de

Transmissão, em 230 kV, circuito simples, incluindo: levantamento topográfico

projeta de engenharia, materiais e construção.

Gráfico de Custo Total Estimado de Acidentes do Trabalho por Ano no

Setor Elétrico Brasileiro nos anos de 2001 a 2010:

Figura 3 - Custo Total de acidentes de trabalho por ano


Fonte: Previdência Social

Os acidentes fatais, ao longo dos anos, têm como causas


principais: queda, origem elétrica e veículos. Tais causas podem ser evitadas,
especialmente as duas primeiras, que dependem exclusivamente do cumprimento
de procedimentos técnicos de trabalho (planejamento da segurança no trabalho,
observação das frentes de trabalho, procedimentos de trabalho escritos - o passo
a passo, treinamento da força de trabalho, além do compromisso gerencial, e
outros), elementos constantes do SGTS – Sistema de Gestão do Trabalho
Seguro.

34
Para tanto, é preciso priorizar ações nas atividades que
tenham potencial de causar acidentes com conseqüências graves (fatais e
incapacidade permanente total), ainda que eles não tenham ocorrido. Assim, o
foco de atuação na gestão de segurança do trabalho deve ser desenvolvido ao
longo da faixa de risco alto (cor vermelha) que percorre todas as camadas da
pirâmide, conforme preconiza o SGTS.

Figura 4 - Pirâmide de acidentes


Fonte: Previdência Social

35
3.3.2 Evolução dos Acidentes

Cumpre destacar que o Setor Elétrico Brasileiro registrou no ano de 2010


uma taxa de freqüência de acidentados próprios de 3,58 o mesmo ocorrendo em
2009, o que representa a ocorrência de, menos de, 4 acidentados típicos por
milhão de horas trabalhadas no setor. Este desempenho já se aproxima da meta
padrão anual menor que 3,00 estabelecida para o SEB.
Quanto à taxa de gravidade de acidentados das empresas, esta teve um
pequeno aumento, passando de 238 em 2009 para uma taxa de gravidade de 337
em 2010, valor este que representa a segunda menor taxa de toda a série
histórica do SEB.
O aumento da taxa se deu em função da ocorrência de acidentes com
conseqüência fatal nas empresas com atividades predominantemente Geradoras /
Transmissoras, que em 2009 não tiveram acidentes fatais.
A apuração dos acidentes com lesão sem afastamento vem sendo
continuada, conforme pode ser observado na tabela abaixo:

Tabela 3 - Relação de acidentes com afastamento x acidentes sem afastamento


Relação entre Acidentados com Lesão com Afastamento e Acidentados com Lesão sem Afastamento
Ano 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Acidentados com 1435 1241 1047 1059 985 1008 1007 840 906 851 781 741
Afastamento
Acidentados sem 1023 1009 991 826 1050 964 1026 918 897 901 763 651
Afastamento
Relação 1,40 1,23 1,06 1,28 0,94 1,05 0,98 0,92 1,01 0,94 1,02 1,14
Fonte: Previdência Social.

Em 2010, a relação aumentou, confirmando a necessidade de uma


melhora na apuração dos acidentes sem afastamento, uma vez que esses
acidentes deveriam ser em número bem maior que os acidentes com
afastamento, conforme indicado nas pirâmides de acidentes.

Na análise de acidentes de empregado próprios com afastamento,


observa-se que apenas 5,9% dos acidentes, foram de origem elétrica. Este valor
representa uma pequena redução em relação ao ano anterior (2009) que era de
6,4%. Ainda na análise dos acidentes, verificamos que 7% das condições
ambientes de insegurança que contribuíram para ocorrência dos acidentes, foram

36
decorrentes de métodos ou procedimentos arriscados. Estes com uma pequena
redução se comparados aos 10% em 2009.

As empresas com taxas de acidentes com a força de trabalho


(empregados próprios e de contratadas) acima da média/mediana do Setor
Elétrico Brasileiro devem efetuar a análise e monitoramento do seu sistema de
gestão da segurança e saúde no trabalho e, se for o caso, redirecionar programas
ou identificar novas ações, inclusive de comparação com as práticas bem
sucedidas das empresas líderes de mesmo porte.

No que se refere aos acidentados de contratadas, num contingente de


127.584 empregados, permanece a necessidade destacada nos relatórios de
2001 a 2009, ou seja, de um esforço maior por parte das empresas contratantes
no sentido da apuração sistematizada e mais rigorosa dos dados estatísticos e de
ações efetivas para a sua efetiva prevenção. Os serviços terceirizados têm
influência marcante nas taxas de acidentes do Setor Elétrico Brasileiro,
especialmente na taxa de gravidade, tendo sido registrados um total de 75
acidentes com conseqüências fatais em 2010. Esse total representa o terceiro
ano consecutivo de aumento nesse valor e o maior apresentado desde 1999. Se
somado às 7 ocorrências de acidentados de conseqüência fatal com empregados
próprios, teremos um total de 82 fatalidades, valor que representa o segundo
maior na série histórica, ficando atrás apenas de 2006 que foi 93 fatalidades.

Figura 5 - Acidentes Fatais das Empresas próprias x Empresas Contratadas


Fonte: Previdência Social.

37
No gráfico acima se entende como empresas próprias, os dados referentes aos
trabalhadores das empresas de energia seja de geração, distribuição, ou mesmo transmissão,
já as empresas contratadas se referem às empresas terceirizadas no setor de energia elétrica.
É notável que os índices referentes às contratadas sejam bem piores, o que se deve a falta de
fiscalização por parte das empresas contratantes nos serviços executados pelas contratadas,
a falta de capacitação técnica adequada dos empregados em termos de procedimento de
trabalho, ou mesmo falhas no setor de segurança do trabalho das empresas contratadas.
A taxa de freqüência: 4,68 dos acidentes típicos com afastamento das
contratadas apresentaram uma melhora em relação a 2009 (5,41), mas a taxa de
gravidade de contratadas: 1.683 continuam elevadas e, é superior às taxas de
gravidade de acidentes com pessoal próprio registradas em todo o histórico do
Setor Elétrico Brasileiro, ou seja, desde o ano de 1977 (época esta, em que a
prevenção de acidentes no Brasil ainda era incipiente).

Figura 6 - Taxa de Freqüência x Taxa de Gravidade


Fonte: Previdência Social

No gráfico acima os dados estatísticos foram calculados da seguinte forma:


Taxa de freqüência de acidentados com lesão com afastamento:
Número de acidentados com lesão com afastamento por milhão de horas‐

38
homem de exposição ao risco, em determinado período.

Onde: HHER significa Horas-homem de exposição ao risco.


Taxa de freqüência de acidentados com lesão com afastamento de
contratada: Número de acidentados com lesão com afastamento vezes um
milhão, por horas‐homem de exposição ao risco (estimada como 2.000 vezes o
número de empregados de contratadas), em determinado período.

Taxa de gravidade: Tempo computado por milhão de horas‐homem de


exposição ao risco, em determinado período.

Taxa de gravidade de contratada: Tempo computado (estimado como

6.000 x total de mortes + 500 x total de acidentados típicos graves + 30 x total de

acidentados típicos leves) por milhão de horas‐ homem de exposição ao risco

(estimada como 2.000 vezes o número de empregados de contratadas), em

determinado período.

Outras Informações Gráficas relativas ao ano de 2010:

39
Figura 7 - Nº Acidentes Fatais Típicos por 100.000 trabalhadores Setor Elétricos
Fonte: Previdência Social

Obs.: Não existem dados de empregados das contratadas para períodos anteriores a 2003.

Figura 8 - Nº Acidentes com Arco elétrico por Área de 2000 a 2010


Fonte: Previdência Social.

De acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia

40
Elétrica (ABRADEE), a energia elétrica provocou acidentes pelo contato acidental
com fios da rede das concessionárias. Em 2010 foram 856 acidentes com 305
mortes, no ano 2011 foram 818 acidentes no total com 315 mortes e, em 2012
foram um total de 930 acidentes resultando em 326 mortes.
Os resultados de 2012 também ficaram abaixo da média dos últimos 12
anos para o setor. A ABRADEE relatou ainda que, em 2001, houve uma morte por
acidente com rede elétrica para cada 451 mil habitantes - média que, se fosse
mantida, resultaria em 432 mortes em 2012. “Considerando os 326 óbitos
apurados, é razoável afirmar que foram evitadas 106 mortes”. Além disso, a
gravidade das lesões em acidentes não fatais também diminuiu no período.
Segundo a ABRADEE, tanto a freqüência quanto a gravidade dos
acidentes têm diminuído ao longo dos últimos anos. A principal causa em 2012,
segundo o balanço, foram acidentes com construção e manutenção predial, que
causaram 82 mortes. Esses acidentes ocorreram normalmente nos fins de
semana, com pessoas sem a qualificação adequada que tentam fazer os
chamados "puxadinhos". A segunda razão foi à ligação elétrica clandestina, os
chamados "gatos", que causaram 60 mortes. A Instalação de antena de TV
causou 19 mortes, e pipas, 4 mortes.
É importante salientar, especialmente, o processo de terceirização no
setor e naquelas de maior risco tenha aumentado o potencial causador de
acidentes graves. Vale ressaltar a necessidade de uma ação educativa
(treinamentos de eletricistas e encarregados) nas empresas contratadas. Embora
nos últimos anos tenham apresentado uma tendência de redução contínua das
taxas de acidentes das empresas contratadas ou terceirizadas.
É válido ressaltar a importância dos dados estatísticos, no processo de
melhoria contínua na Gestão da Segurança e da Saúde nas empresas do setor, a
fim de que suas metas possam ser realmente atingidas e até mesmo superadas,
dando-se ênfase às ações preventivas e/ou corretivas e às ações “pró-sociedade”
do Ministério de Minas e Energia, da ELETROBRAS, do Ministério do Trabalho e
Emprego, da ANEEL, dos sindicatos e de outros agentes que atuam na promoção
da segurança do trabalho e da saúde no SEB.

41
3.4. Acidentes típicos com energia elétrica
São acidentes ocorridos com os trabalhadores na execução das atividades em
eletricidades sejam elas no nível de geração, transmissão, ou distribuição da energia elétrica.

3.4.1. Acidentes de geração


Os acidentes de geração possuem como causas imediatas a exposição de partes
energizadas e a falta de isolamento ou delimitação da área de risco. As causas básicas de tal
acidente são a falta de supervisão, inexistência de padrões de segurança para determinadas
tarefas e a execução do trabalho em condições de risco e sem acompanhamento.
Exemplo típico de acidente de geração: O empregado estava debruçado sobre a tampa da
turbina, realizando reparo em chave-bóia, utilizada para comandar bomba de drenagem. O
empregado retirou a proteção que envolvia o relé de acionamento, expondo fiações
energizadas com 127 VCA. Ao esticar o braço para concluir o reparo na bóia, veio a tocar
nessa parte energizada, havendo o aterramento elétrico através de seu corpo. Como estava
com o queixo apoiado em estrutura metálica sobre a qual estava debruçado, sofreu vários
espasmos decorrentes do contato elétrico. Soltou-se sozinho do contato elétrico. Houve lesões
decorrentes do choque (queimadura no braço e boca) e lesão aberta na boca e gengiva.

3.4.2. Acidentes de distribuição


Os acidentes de distribuição possuem como causas imediatas a falta de
equipamentos de proteção individual pertinente à atividade (luva isolante de borracha com luva
de proteção). As causas básicas estão relacionadas com a supervisão inadequada, motivação
inadequada à energização acidental dos equipamentos.
Exemplo típico de acidente de distribuição: O eletricista ao subir na escada para efetuar
reparos na iluminação pública, recebeu choque elétrico no cabo mensageiro, caindo ao solo. O
eletricista foi encaminhado ao hospital para exames, sendo constatado apenas um pequeno
corte na cabeça e luxação no pé esquerdo, sendo liberado após algumas horas.

3.4.3. Acidentes de transmissão


Os acidentes de transmissão possuem como causas imediatas a realização da
manutenção sobre a estrutura energizada sem as devidas proteções, falta de bloqueio do
religamento da rede logo abaixo, quebra da ponta do poste. As causas básicas estão

42
relacionadas com a falta de isolamento ou desenergização da rede de distribuição na área de
possível contato com a linha de transmissão e o comprometimento da estrutura pelo tempo.
Exemplo típico de acidente de transmissão: A equipe de manutenção de Linhas de
Transmissão efetuava a substituição de cruzetas em regime de linha desenergizadas, em uma
estrutura, 69 KV. Em dado momento houve a quebra do topo do poste de concreto fazendo
com que os cabos viessem a tocar na Rede Primária da Distribuição, em cruzamento logo
abaixo, levando 3 eletricistas a sofrerem choque elétrico.

43
4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo


empregado, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho. A empresa é obrigada a fornecer ao empregado, gratuitamente, EPI adequado ao
risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:
• Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de
acidentes do trabalho ou de doenças ocupacionais;
• Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
• Para atender situações de emergência.
Com advento do novo texto da Norma Regulamentadora nº10 a vestimenta passa a ser
também considerado um dispositivo de proteção complementar para os empregados, incluindo
a proibição de adornos mesmo estes não sendo metálicos.

4.1 Equipamentos utilizados como EPI:

4.1.1 Vestimenta com proteção ao fenômeno "Arco-Elétrico“


A vestimenta de proteção será obrigatória para trabalhos com energia elétrica em
situações onde possam ocorrer arcos elétricos com capacidade de provocar queimaduras e
ignição das roupas. A quantidade máxima de energia (cal) por centímetro quadrado (cm 2) que
a pele humana consegue suportar é 1,2.
A vestimenta de proteção é extremamente importante, pois queimaduras fatais
poderão ocorrer a distância de 3m . Cerca de 60% dos acidentes fatais envolvendo energia
elétrica são causados por queimaduras.

44
Figura 9 - Vestimenta com proteção aos fenômenos arco-elétrico.
Fonte: CPN,2004

4.1.2 Proteção da cabeça:


Utilizado para proteção da cabeça do empregado contra agentes meteorológicos
(trabalho a céu aberto) e trabalho em local confinado, impactos provenientes de queda ou
projeção de objetos, queimaduras, contato acidental com circuitos elétricos energizados e
irradiação solar. É constituído de material isolante.

(a) Aba Frontal (b) Aba Total


Figura 10 - Capacetes de proteção para a cabeça.
Fonte: CPN,2004

4.1.3 Capacete tipo aba frontal com viseira:


Utilizado para proteção da cabeça e face, em trabalho onde haja risco de explosões
com projeção de partículas e queimaduras provocadas por abertura de arco voltaico.

45
Figura 11 - Capacete tipo Aba frontal com viseira.
Fonte: CPN,2004

4.1.4 Óculos de segurança para proteção (lente incolor) / Óculos de segurança para
proteção (lente com tonalidade escura).
Utilizado para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e
raios ultravioletas e proteção contra efeitos do arco voltaico.

(a) Lente incolor (b) Lente com tonalidade escura


Figura 12 - Óculos de proteção

4.1.5 Luva isolante de borracha


Utilizada para proteção das mãos e braços do empregado contra choque em trabalhos
e atividades com circuitos elétricos energizados.

46
Figura 13 - Luva isolante de borracha.
Fonte: CPN,2004

Obs.: As luvas isolantes não devem ser utilizadas isoladamente, isto é, sem as
luvas de cobertura.

Pela Tabela 4, observa-se que as luvas isolantes são classificadas por


classes por meio de uma tarja com cores diferenciadas conforme o nível de
tensão de exposição.

Tabela 4. Cores das luvas identificando classe de tensão de operação em serviços em


eletricidade.
TIPO CONTATO TARJA
Classe 00 500 V Beje
Classe 0 1000 V Vermelha
Classe I 7,5 kg Branca
Classe II 17 KV Amarela
Classe III 26,5 KV Verde
Classe IV 36 KV Laranja
Fonte: CPN,2004

4.1.6 Manga de proteção isolante de borracha


Utilizada para proteção do braço e antebraço do empregado contra choque elétrico
durante os trabalhos em circuitos elétricos energizados.

47
Figura 14 - Manga de proteção isolante de borracha.
Fonte: CPN,2004

4.1.7 Calçado de proteção tipo condutivo


Utilizada para proteção dos pés quando o empregado realiza trabalhos ao potencial.

Figura 15 - Calçado de proteção condutivo.


Fonte: CPN,2004

4.1.8 Vestimenta de proteção tipo condutiva: Utilizada para proteção do empregado


quando executa trabalhos ao potencial
Utilizada para proteção do empregado quando executa trabalhos ao potencial.

Figura 16 - Vestimenta de proteção tipo condutiva.


Fonte: CPN,2004

48
5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVOS – EPC

No desenvolvimento de serviços em instalações elétricas e em suas proximidades


devem ser previstos e adotados equipamentos de proteção coletiva.
Equipamento de proteção coletiva é todo dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel
de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos
trabalhadores usuários e terceiros.

5.1 Equipamentos utilizados como EPC

5.1.1 Cone de sinalização


A finalidade é sinalizar áreas de trabalho e obras em vias públicas ou rodovias e
orientação de trânsito de veículos e de pedestres, podendo ser utilizado em conjunto com a
fita zebrada, sinalizador strobo, bandeirola, etc.

Figura 18 - Cone de sinalização.


Fonte: CPN,2004

5.1.2 Fita de sinalização


É utilizada para delimitação e isolamento de áreas de trabalho.

Figura 18 - Fita de sinalização.


Fonte: CPN,2004

49
5.1.3 Grade metálica dobrável
É utilizada como isolamento e sinalização de áreas de trabalho, poços de inspeção,
entrada de galerias subterrâneas e situações semelhantes.

Figura 19 - Grade metálica dobrável.


Fonte: CPN,2004

5.1.4 Baqueta Isolante


É utilizado para isolar o operador do solo durante operação do equipamento guinda
uto, em regime de linha energizada.

Figura 20 - Baqueta Isolante


Fonte: CPN,2004

5.1.5 Manta isolante e cobertura isolante


É utilizados para isolar partes energizadas da rede durante a execução das tarefas.

(a) Manta isolante (b) Cobertura isolante


Figura 21 - Manta Isolante e Cobertura Isolante.
Fonte: CPN,2004

50
6 PRIMEIROS SOCORROS

De maneira geral, a prestação de ajuda ao seu semelhante na forma de


primeiros socorros é algo tão inerente à natureza humana que a sua omissão é
tratada como crime em diversos países do mundo inclusive no Brasil, como
mostra o Código Penal, em seu artigo 135, quando diz que “... omissão de socorro
consiste em deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal,... à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente
perigo... Pena: detenção de 1 a 6 meses ou multa”.
A prestação dos primeiros socorros às vítimas de acidentes elétricos é de
fundamental importância e não deve ser posta em segundo plano sob qualquer
hipótese ou condição. A própria NR-10, em seu artigo 12, lembra que: “as ações
de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem
constar do plano de emergência da empresa” e que “os trabalhadores autorizados
devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a
acidentados, especialmente por meio de reanimação cardiorrespiratória”.
O socorrista treinado deve agir com bom senso, tolerância, calma e ter
grande capacidade de improvisação. O primeiro atendimento mal sucedido pode
levar vítimas de acidentes a sequelas irreversíveis.

6.1 – Atendimento a Vítimas de Choque Elétrico


Segundo ROSA, os choques elétricos são descargas de corrente elétrica
que passam através do corpo humano, que assume características de condutor,
com facilidade de transferência de elétrons. Quando essa corrente passa pelo
corpo humano provoca efeitos que chamamos de choque elétrico. A sensação de
choque elétrico surge quando passam pelo corpo corrente de intensidades
superiores a 1 mA; acima de 10 mA, a vitima não consegue se soltar do ponto
energizado,observando-se dor e contração muscular; a intensidade da corrente a
partir de 30 mA sujeita a vítima a efeitos graves, como a fibrilação ventricular e
parada cardiopulmonar .Existem diversos fatores que podem determinar a
gravidade do choque elétrico como intensidade da corrente, tempo que essa
pessoa fica em contato com a corrente, frequência da corrente, trajeto percorrido
no corpo pela corrente e sensibilidade do individuo, podendo ocorrer desde uma

51
ligeira contração superficial até uma violenta contração muscular que pode
provocar a morte.
Segundo ROSA ao analisarmos as causas dos acidentes com eletricidade,
vemos que na maioria das vezes ocorre uma condição insegura e o
desconhecimento ou negligência aos princípios fundamentais sobre os
fenômenos elétricos. Os eventos causam, a cada ano, mortes e danos a
trabalhadores, que requerem atendimento de emergência. Esses eventos por
choque elétrico, na sua grande maioria, ocorrem em ambientes de trabalho e
podem resultar nas seguintes lesões:
a) Paralisia da musculatura respiratória com asfixia e morte perto dos quatro
minutos;
b) Fibrilação ventricular que tende a evoluir para assistolia (parada cardíaca) em
pouco tempo;
c) Queimaduras eletrotérmicas e térmicas; e
d) Quedas, pancadas, fraturas e ferimentos.

6.2.1 – Avaliação inicial por socorrista treinado


Antes de qualquer outra atitude no atendimento às vítimas, deve-se
obedecer a uma sequencia padronizada de procedimentos que permitirá
determinar qual o principal problema associado com a lesão ou doença e quais
serão as medidas a serem tomadas para corrigi-lo. Essa sequencia padronizada
de procedimentos é conhecida como exame do paciente. Durante o exame, a
vítima deve ser atendida e sumariamente examinada para que, com base nas
lesões sofridas e nos seus sinais vitais, as prioridades do atendimento sejam
estabelecidas. O exame do paciente leva em conta aspectos subjetivo, tais como:
• Local da ocorrência
• A(s) vítima(s) e seu estado de consciência
• As testemunhas
• Mecanismos da lesão
• Deformidades e lesões
• Sinais como presença de sangue, vômito etc.
As informações obtidas por esse processo, que não se estende por mais
do que alguns segundos, são extremamente valiosas na sequencia do exame,
que é subdividido em duas partes: a análise primária e secundária da vítima.

52
A análise primária é uma avaliação realizada sempre que a vítima está
inconsciente e é necessária para se detectar as condições que colocam em risco
iminente a vida da vítima. Na análise primária, realiza-se um exame que consiste
em verificar:
 Se a vítima está consciente;
 Se a vítima está respirando;
 Se as vias aéreas estão desobstruídas;
 Se a vítima apresenta pulso.
Este exame deve ser feito em 2 minutos ou menos. Se a vítima não estiver
respirando, mas apresentar batimentos cardíacos (pulso), iniciar a respiração
artificial conforme o procedimento. Caso não haja sinal de pulso, iniciar a RCP
segundo o procedimento.
A análise secundária tem como principal propósito descobrir lesões ou
problemas diversos que possam ameaçar a sobrevivência da vítima, se não forem
tratados convenientemente. É um processo sistemático de obter informações e
ajudar a tranquilizar a vítima, seus familiares e testemunhas que tenham interesse
pelo seu estado, e esclarecer que providências estão sendo tomadas. Na análise
secundária, realiza-se um exame que consiste em verificar:
 Avaliar o nível de consciência.
 Avaliar os 4 sinais vitais: pulso, respiração, pressão arterial (PA), quando
possível e temperatura.
No caso de acidente de qualquer natureza, é necessário avaliar os três (3)
sinais diagnósticos:
 Tamanho das pupilas;
 Enchimento capilar (perfusão sanguínea das extremidades);
 Cor da pele.

Além dos exames descritos anteriormente, ao encontrar uma vítima de acidentes,


os seguintes exames físicos devem ser realizados:
 Pescoço;
 Cabeça;
 Tórax;
 Abdômen;

53
 Pelve;
 Membros inferiores;
 Membros superiores;
 Dorso.

6.3 – Atendimentos a Lesões Traumáticas


As lesões traumáticas podem ser em ossos, articulações e músculos. E
podem ocorrer durante a execução de uma atividade por um profissional em
eletricidade, quando o mesmo ao sofrer um choque elétrico pode vir a desfalecer
ou não e, em consequência disso sofrer uma queda implicando muitas vezes em
lesões traumáticas.
Tipos de lesões:

6.3.1 Fratura
Fratura é o rompimento total ou parcial de qualquer osso. Existem dois
tipos de fatura:
 Fechadas: sem exposição óssea.
 Expostas: o osso está ou esteve exposto.

6.3.2 Entorse
É a separação momentânea das superfícies ósseas articulares, provocando o
estiramento ou rompimento dos ligamentos.

6.3.3 Distensão
É o rompimento ou estiramento anormal de um músculo ou tendão.

6.3.4 Luxação
É a perda de contato permanente entre duas extremidades ósseas numa articulação.
Os sintomas característicos da luxação são: dor local intensa, hematoma, deformidade da
articulação e inchaço.
Os primeiros socorros a serem aplicados na vítima são: manipular o mínimo possível o
local afetado, não colocar o osso no lugar, proteger ferimentos com panos limpos e controlar
sangramentos nas lesões expostas, imobilizar a área afetada antes de remover a vítima, se

54
possível, aplicar bolsa de gelo no local afetado e encaminhar para atendimento hospitalar. A
Figura 54 mostra as principais imobilizações provisórias.

(a) Colar cervical (b) Tipóia (c) Talas


Figura 54 - Tipos de imobilização

6.4 – Atendimentos a Queimadura


É uma lesão produzida no tecido de revestimento do organismo, por agentes térmicos,
elétricos, produtos químicos, radiação ionizante e animais peçonhentos. A gravidade de
uma queimadura não se mede somente pelo grau da lesão (superficial ou
profunda), mas também pela extensão da área atingida. Queimaduras de 1º, 2º e
3º graus podem apresentar-se no mesmo acidentado. O risco de vida
(gravidade do caso) não está no grau da queimadura, e sim, na extensão da
superfície atingida. Quanto maior a área queimada, maior a gravidade do caso.

6.4.1 - Tipos de queimaduras

6.4.2 - Queimaduras de 1º grau


As queimaduras de 1º grau podem ser tratadas sem recurso ao hospital, a não ser que
atinjam uma área muito grande ou seja em bebés e idosos. Este tipo de queimadura melhora
em 3 dias. As queimaduras de 1º grau atingem somente a epiderme, provocando dor local e
vermelhidão da área atingida, conforme pode ser visto na Figura XXX.

Figura 23 - Queimaduras de 1º grau

55
6.4.3 - Queimaduras de 2º grau
As queimaduras de 2º grau são as mais dolorosas porque afetam uma parte da derme
e da epiderme, conforme se pode ver na Figura 55. Demoram a curar cerca de 3 semanas e
não deixam marca. Se forem mais profundas doem menos e demoram mais tempo a
regenerar. Podem deixar cicatrizes. E apresentam dor local, vermelhidão e bolhas de água.

Figura 55 - Queimaduras de 2º grau

6.4.4 - Queimaduras de 3º grau


As queimaduras de 3º grau afetam até aos tecidos subcutâneos. Os tecidos ficam
brancos ou escurecidos. A cicatrização é muito lenta se os tecidos não forem substituídos por
cirurgia. Normalmente atinge a epiderme, derme e alcança os tecidos mais profundos,
podendo chegar até ao tecido ósseo.

Figura 55 - Queimaduras de 3º grau

Figura 56 - Camadas da pele.

Na ocorrência de queimaduras, os primeiros socorros a serem aplicados na vítima


são:
56
• Isolar a vítima do agente agressor;
• Diminuir a temperatura local, banhando com água fria (1ºGrau);
• Proteger a área afetada com plástico;
• Não perfurar bolhas, colocar gelo, aplicar medicamentos, nem produtos caseiros;
• Retirar parte da roupa que esteja em volta da área queimada;
• Retirar anéis e pulseiras, para não provocar estrangulamento ao inchar.
• Encaminhar para atendimento hospitalar;
No acontecimento de queimaduras elétricas, os primeiros socorros são:
• Desligar a fonte de energia elétrica, ou retirar a vítima do contato elétrico com luvas de
borracha e luvas de cobertura ou com um bastão isolante, antes de tocar na vítima;
• Adotar os cuidados específicos para queimaduras apresentados anteriormente, se
necessário aplicar técnica de Reanimação Cardiopulmonar (RCP).
• No caso de queimadura nos olhos, lavar com água em abundância durante vários minutos e
vedar o(s) olho(s) atingido(s) com pano limpo;
• Encaminhar para atendimento hospitalar.

6.5 – Atendimentos a Parada Cardiorespiratória


É a ausência das funções vitais, movimentos respiratórios e batimentos cardíacos. A
ocorrência isolada de uma delas só existe em curto espaço de tempo; a parada de uma
acarreta a parada da outra. A parada cardiorrespiratória leva à morte no período de 3 a 5
minutos. Os sintomas presentes são: Inconsciência e ausência de movimentos respiratórios e
batimentos cardíacos. Os primeiros socorros a serem aplicados na vítima são:

6.5.1 Desobstrução das Vias Aéreas


Para desobstruir as vias aéreas, deve-se:
• Remover dentadura, pontes dentárias, excesso de secreção, dentes soltos etc.;
• Colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e com a outra fazer uma pequena força para
elevar o queixo;
• Estender a cabeça da vítima para trás até que a boca abra.

57
Figura 27 - Desobstrução das vias aéreas

6.5.2 Respiração Artificial (Boca a Boca)


A respiração artificial deve ser feita da seguinte forma:
• Encostar o ouvido sobre a boca e nariz da vítima, mantendo as vias aéreas abertas;
• Observar se o peito da vítima sobe e desce, ouvir e sentir se há sinal de respiração;
• Manter a cabeça estendida para trás, sustentando o queixo e mantendo as vias aéreas
abertas;
• Pinçar o nariz da vítima;
• Inspirar, enchendo bem o peito, e colocar sua boca de forma a vedar completamente, com
seus lábios, a boca da vítima;
• Aplicar um (1) sopro moderado com duração de um (1) a dois (2) segundos respirar e aplicar
mais um (1) sopro;
• Observar se quando você sopra o peito da vítima sobe;
• Aplicar uma respiração boca a boca a cada cinco (5) ou seis (6) segundos;
• Continuar até que a vítima volte a respirar ou o atendimento médico chegue ao local.

Figura 28 - Respiração boca a boca

6.5.3 Massagem Cardíaca

6.5.3.1 Verificação do Pulso


58
Para se verificar o pulso, deve-se:
• Manter a cabeça da vítima estendida para trás, sustentando-a pela testa;
• Localizar o Pomo de Adão com a ponta dos dedos indicador e médio;
• Deslizar os dedos em direção à lateral do pescoço para o lado no qual você estiver
posicionado (não utilize o polegar, pois este tem pulso próprio);
• Sentir o pulso da carótida (espere 5 – 10 segundos). A carótida é a artéria mais
recomendada por ficar próxima ao coração e ser acessível.

Figura 58 - Verificar pulsação

6.5.3.2 Compressão Torácica


Realizar este procedimento somente quando tiver certeza de que o coração da vítima
parou. Devem-se seguir os seguintes procedimentos:
• Colocar a vítima sobre uma superfície rígida;
• Ajoelhar-se ao lado da vítima;
• Usando a mão próxima da cintura da vítima, deslizar os dedos pela lateral das costelas
próximas a você, em direção ao centro do peito, até localizar a ponta do osso esterno;
• Colocar a ponta do dedo médio sobre a ponta do osso esterno, alinhando o dedo indicador
ao médio;
• Colocar a base da sua outra mão (que está mais próxima da cabeça da vítima) ao lado do
dedo indicador;
• Remover a mão que localizou o osso esterno, colocando-a sobre a que está no peito;
• Entrelaçar os seus dedos, estendendo-os de forma que não toquem no peito da vítima.
• Posicionar seus ombros diretamente acima de suas mãos sobre o peito da vítima;
• Manter os braços retos e os cotovelos estendidos;
• Pressionar o osso esterno para baixo, cerca de aproximadamente 5 centímetros;
• Executar 15 compressões. Contar as compressões à medida que você as executa;
• Fazer as compressões uniformemente e com ritmo;

59
• Durante as compressões, flexionar o tronco ao invés dos joelhos;
• Evitar que os seus dedos apertem o peito da vítima durante as compressões.

Figura 30 - Compressão cardíaca

6.5.3.3 Reanimação Cardiopulmonar (RCP)


Deve-se seguir os seguintes procedimentos no caso de reanimação cardiopulmonar:
• Aplicar 2 sopros moderados após as 15 compressões;
• Completar 4 ciclos de 15 compressões e 2 sopros e verificar o pulso. Se não houver pulso,
manter o ciclo iniciando sempre pelas compressões no peito. Continuar verificando o pulso a
cada 4 ou 5 minutos. Se o pulso voltar, faça apenas a respiração boca a boca;
• Continuar com aRCP, inclusive durante o transporte, até que a vítima volte a respirar, a ter
pulso ou até que o atendimento médico chegue ao local.

60
7 NORMAS REGULAMENTADORAS

A lei 6514 de 22/12/1977, alterou o capítulo V do Título II da Consolidação


das Leis do Trabalho - CLT, relacionado à Segurança e Medicina do Trabalho,
determinando então que caberia ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer
disposições complementares às normas, tendo em vista as peculiaridades de
cada atividade ou setor de trabalho.
No dia 08 de junho de 1978, o Ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, aprovou a
Portaria 3214 que criou as Normas Regulamentadoras - NR, referentes a
Segurança e Medicina do Trabalho.
São as Normas Regulamentadoras - NR que regulamentam e fornecem
diretrizes e parâmetros no âmbito da segurança e medicina do trabalho. São
elaboradas por comissão tripartite, formada por representantes do Governo, dos
empregados e dos empregadores.
As Normas Regulamentadoras - NR, são de observância obrigatória para
todas as empresas e o não cumprimento acarretará ao empregador a aplicação
das penalidades previstas na legislação pertinente.

7.1 Norma Brasileira NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão


A norma brasileira de instalações elétricas em baixa tensão, mais
conhecidas pelo rótulo NBR 5410, completou, em outubro de 2013, 72 anos de
história.
Sua primeira edição é de 1941. Os textos preliminares que deram origem a
este documento inaugural foram uma versão revisada do Código de Instalações
Elétricas da antiga Inspetoria Geral de Iluminação, datado originalmente de 1914,
e um anteprojeto elaborado por uma comissão de especialistas. Ambos
resultaram num projeto cuja aprovação formal como norma se deu então em
outubro de 1941, sob o título Norma Brasileira para a Execução de Instalações
Elétricas.
A NBR 5410 é baseada na norma internacional IEC 60364 – Electrical
Installations of Buildings. A filosofia e os aspectos conceituais são os mesmos. A
Versão mais recente desta norma é de 1997.

61
A NBR 5410 aplica-se a instalações novas e reformas de instalações
existentes, fixando as condições mínimas que as instalações devem possuir,
garantindo desta forma um funcionamento adequado, visando principalmente a
Segurança das pessoas, bem como, de animais domésticos e a conservação de
bens.

7.2 Normas regulamentadora – NR-10 “Segurança em instalações e serviços


em eletricidade”
É uma Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho,
fiscalizada pelo Ministério do Trabalho, que trata da Segurança em Instalações e
Serviços em Eletricidade, uma revisão da Norma de 1978 – Portaria 598,
oficializada no Diário Oficial – 08/12/2004. Em linhas gerais a NR-10 prega a
segurança do trabalhador, ou seja, qualquer empregado não deve correr riscos de
choque elétrico, de queimadura ou de qualquer outro efeito que os serviços com
eletricidade possam causar. As Normas Regulamentadoras - NR, são de
observância obrigatória para todas as empresas e o seu não cumprimento
acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação
pertinente.
Desde a publicação do novo texto da NR-10, por intermédio da Portaria
598/04, do Ministério do Trabalho e Emprego, aumentou de forma espetacular o
interesse sobre a segurança em instalações e serviços com eletricidade. Em
baixa ou alta tensão, a energia elétrica está presente na vida e trabalho de todos
nós e perceber os riscos associados à sua utilização é fundamental para a
construção de ambientes mais seguros.
As estatísticas oficiais não apresentam informações detalhadas sobre os
acidentes relacionados direta ou indiretamente com o contato ou proximidade de
circuitos elétricos. Porém, os relatos das empresas, dos jornais e alguns estudos
específicos servem-nos como alertas para a adoção de medidas urgentes para
proteção dos trabalhadores e da população como um todo.
Podemos concluir, que a eletricidade, além de ser a fonte da lesão em
instalações específicas, canteiros de obra e frentes de trabalho, merece
campanhas permanentes para alertar a população quanto à necessária distância
das redes elétricas.

62
A regulamentação trabalhista, em seu novo texto, veio trazer uma
esperança, pois estabeleceu critérios mais rígidos, tanto para as instalações
quanto para as pessoas que trabalham com eletricidade. É importante registrar
que muitas medidas de controle já existiam no texto antigo da norma trabalhista
de segurança, e além de pouco aplicadas, menos ainda eram fiscalizadas.
Tendo em vista que o texto da mesma já havia completado 20 anos e que
no decorrer desse tempo os processos, as técnicas e os equipamentos sofreram
uma evolução gradativa, hoje já bastante significativa, parece-nos óbvio que os
preceitos da referida Norma Regulamentadora necessitavam de atualização para
se adaptarem à atual realidade.
Um aspecto que nos parece ser de suma importância na atualização da
NR-10 é a adoção de regra internacionalmente reconhecida e levada em
consideração nas grandes empresas em todo o mundo em serviços que envolvem
eletricidade, a regra de dois homens. Certas atividades e operações envolvendo
eletricidade não podem, sob o ponto de vista da segurança no trabalho, ser
executadas por trabalhador isolado.
Segue abaixo a síntese das principais alterações presentes na nova NR-
10:
 Ampliação do foco preventivo com definição de controle e sistemas
preventivos;
 Ampliação da abrangência, atingindo geração transmissão, distribuição e
consumo, incluindo as fases de projeto, construção, montagem, operação,
manutenção e trabalho nas proximidades;
 Definição e formalização de profissionais habilitados, qualificados,
capacitados e autorizados;
 Regulamentação de proteção contra incêndios e explosões;
 Grande ênfase em sinalização;
 Necessidade de formalizar procedimentos de trabalho;
 Definição de responsabilidades e conseqüências;
 Instituição de treinamento básico de 40 horas (genérico) e de
treinamento específico para alta tensão (sistemas de potência), também de 40
horas;

63
 Toda documentação necessária deve ser assinada por profissional
habilitado.
Devemos trabalhar bastante este tema, estimulando os profissionais de
segurança a conhecerem um pouco mais sobre os perigos da eletricidade e as
principais medidas de controle.
Acredita-se que, com essa mudança, o Brasil tenha sido colocado nos
patamares internacionais de segurança em eletricidade.

64
8 MECANISMOS DE GESTÃO DE RISCOS ELÉTRICOS

Após a promulgação da nova NR-10, várias modificações foram


implantadas nas empresas. Tais experiências de diversos profissionais servem de
subsídio para outras empresas que estão iniciando as implantações das medidas
da NR-10.
Esta etapa deste trabalho sintetiza alguns dos procedimentos adotados por
instituições empresariais que consideram a segurança do trabalhador uma
prioridade na rotina laboral.

8.1 Medidas de controle


As medidas preventivas de controle visam à conservação da integridade
física e mental do trabalhador.
Os procedimentos usuais para inserção de medidas de controle são:
 Utilização de técnicas de análise de riscos, tradicional em segurança e saúde
do trabalho, para providenciar medidas preventivas e estabelecer e divulgar
procedimentos. Ver modelo simplificado no Anexo 1;
 Elaborar diagramas unifilares para as instalações elétricas de seus
estabelecimentos, ou seja, identificar todas as características do sistema, de
preferência separado do projeto elétrico;
 Elaborar e disponibilizar prontuário de instalações elétricas.
O LAUDO DE INSTALAÇÕES TÉCNICAS, juntamente com o RELATÓRIO
DE INSTALAÇÕES TÉCNICAS e outros documentos, compõe o PRONTUÁRIO
DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS (PIE), o qual é um documento exigido na NR-
10, subitem 10.2.4, para empresas com carga instalada acima de 75kW. O PIE é
um manual com as indicações úteis, onde estão contidas as informações, em
pastas distintas, sobre o gerenciamento desta ação e sua gestão, os sistemas e
instalações elétricas, suas plantas da empresa com a disposição de suas diversas
instalações, os diagramas gerais, memórias de cálculos estabelecidos para as
instalações elétricas, relatórios de vistorias técnicas e análises de campo, laudos,
contratos e contratações, planilhas de planejamentos, investimentos, os planos
para as atividades em manutenções e instalações, fotos, projetos de implantações
ou alterações programadas e suas especificações, orientações de manutenções e
65
segurança, dados sobre Análises Preliminares de Riscos, PPP - Perfil
Profissiográfico Previdenciário, PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional, PPRA - Plano de Prevenção de Riscos Ambientais, etc.
Levantamento e Responsabilidade – Engenheiro eletricista e do Engenheiro de
Segurança do trabalho.
 Estabelecer responsabilidades e formalizar, pois mais importante do que
indicar responsáveis é fazer com que todos tenham consciência de suas
responsabilidades;
 Estabelecer e divulgar procedimentos para prevenção e adoção de medidas de
proteção coletiva;
 Os serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do
trabalho devem definir os equipamentos de proteção individual adequados a cada
atividade, com os devidos certificados de aprovação e oficializar por meio de
documentos a entrega dos mesmos aos trabalhadores;
 Analisar e buscar fornecedor para as vestimentas, adequadas a cada atividade;
 Estabelecer e divulgar procedimentos vedando o uso de adornos e orientar os
supervisores.

8.2 Seguranças em projetos


As medidas de segurança em projetos estabelecem e divulgam
procedimentos para projetos de instalações elétricas.
Os procedimentos usuais para inserção de medidas de segurança em
projetos são:
 Elaborar projeto elétrico para todos os serviços, inclusive para os de
manutenção ou de readequação de espaços (troca de layout), oferecendo assim,
maior segurança e outros subsídios para os trabalhadores responsáveis pela
execução destes serviços;
 Adotar como procedimento de trabalho a utilização de dispositivos de
seccionamentos e impedimento de reenergização para todos os trabalhos em
eletricidade, quando for tecnicamente viável;
 Adotar a prática de aterramento temporário nos serviços com eletricidade em
todos os seus estágios, onde seja permitida sua execução;

66
 Encaminhar cópias de todos os projetos elétricos ao setor responsável para
que todos os profissionais da área tenham acesso aos referidos projetos.
 Elaborar memorial descritivo do projeto contemplando a lista de requisitos
constantes do item 10.3.9 da norma, descritos abaixo, de forma a garantir a
segurança de todos os envolvidos nestes serviços.
Itens da NR-10, item 10.3.9:
a) especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos,
queimaduras e outros riscos adicionais;
b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos:
(Verde - “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado);
c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos,
incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento,
dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais
indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;
d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos
componentes das instalações;
e) precauções aplicáveis em face das influências externas;
f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto,
destinado à segurança das pessoas;
g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação
elétrica.

8.3 Seguranças na construção, montagem, operação e manutenção


Adotar procedimentos nos serviços de construção, montagem, operação e
manutenção em eletricidade, garantindo a segurança e a saúde dos trabalhadores
e usuários.
Esta etapa consiste em elaborar laudo das instalações elétricas,
anualmente, com correção de não conformidades encontradas, estabelecer e
divulgar procedimentos e treinar os funcionários, inspecionar e testar
equipamentos, dispositivos e ferramentas mantendo o cronograma, realizar um
estudo e readequar a identificação de todos os painéis elétricos e, além disso,
providenciar análise das condições operativas destes painéis, fazendo sua
imediata manutenção onde se fizer necessário. Elaboração do laudo ergonômico
das atividades em instalações elétricas.
67
8.4 Seguranças em instalações elétricas desenergizadas
Instruir e estabelecer procedimentos para trabalhos envolvendo instalações
elétricas energizadas. Nesta etapa deve-se estabelecer e divulgar procedimentos
conforme item 10.5.1 da norma, descritos abaixo:
a) seccionamento;
b) impedimento de reenergização;
c) constatação da ausência de tensão;
d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores
dos circuitos;
e) proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo I da
norma NR-10);
f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.
Além do descrito acima, deve-se realizar treinamento de segurança para os
funcionários.

8.5 Seguranças em instalações elétricas energizadas


Instruir e estabelecer procedimentos para trabalhos envolvendo instalações
elétricas energizadas. Nesta etapa deve-se promover treinamento no curso básico
de segurança em instalações e serviços com eletricidade com carga horária
mínima de 40h e aproveitamento satisfatório; estabelecer e divulgar
procedimentos para acesso às zonas controladas e de risco; utilizar técnicas de
análise de riscos para providenciar medidas preventivas e estabelecer e divulgar
procedimentos. Ver modelo de treinamento no Anexo 2 e zonas controladas, no
Anexo 3;

8.6 Trabalhos envolvendo alta tensão - AT


Adotar procedimentos para trabalhos envolvendo alta tensão, garantindo
Assim que seus trabalhos estejam cientes e preparados para os riscos inerentes à
determinada atividade.
Nesta etapa deve-se instruir formalmente com conhecimentos que
permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções
cabíveis; promover treinamento no curso complementar de segurança no sistema

68
elétrico de potência (SEP) e em suas proximidades com carga horária mínima de
40h e aproveitamento satisfatório.
A participação neste curso é obrigatória, ter participado com
aproveitamento satisfatório do curso básico citado anteriormente.
Deve-se ainda adotar como procedimento a emissão de ordem de serviço
para todos os serviços em eletricidade; adotar procedimentos específicos,
detalhados e assinados por profissional autorizado na realização dos serviços em
instalações elétricas energizadas em alta tensão; submeter a testes elétricos ou
ensaios laboratoriais periodicamente os equipamentos e ferramentas utilizados
para trabalhos em alta tensão.

8.7 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores


Promover treinamentos adequados aos profissionais da eletricidade,
atendendo as determinações da norma e, além disso, garantindo aos mesmos
maior segurança e conhecimento dos riscos a que estão expostos.
Nesta etapa deve-se promover treinamento no curso básico de segurança
em instalações e serviços com eletricidade com carga horária mínima de 40h e
aproveitamento satisfatórios para os profissionais considerados qualificados e, por
consequência, autorizados; promover treinamento no curso básico de segurança
em instalações e serviços com eletricidade com carga horária mínima de 40h e
aproveitamento satisfatórios, para o profissional considerado qualificado e
habilitado e, por consequência, autorizado; promover um curso de capacitação
para o profissional sem qualificação, o chamado prático. É importante salientar
que este curso poderá ser facilitado por profissional qualificado e habilitado;
providenciar imediatamente a adequação da forma de contratação dos
profissionais em eletricidade. Estes empregados devem estar registrados como
eletricistas e, além disso, nos seus registros devem constar inclusive as suas
atribuições; manter junto ao médico do trabalho da empresa um controle sobre as
condições físicas e psicológicas dos profissionais em eletricidade; promover
treinamentos de segurança e reciclagem bienal, ou periodicamente, de acordo
com as necessidades da Instituição.

8.8 Proteção contra incêndio e explosão


Adotar procedimentos de proteção contra incêndio e explosão, instruindo

69
os seus profissionais e garantindo um retorno ágil e correto nas ocorrências
indesejadas.
Nesta etapa deve-se providenciar junto aos serviços especializados em
engenharia de segurança e em medicina do trabalho um estudo de readequação
do sistema preventivo de incêndio, principalmente nas áreas envolvendo
eletricidade, como por exemplo, subestações; providenciar aterramento de
máquinas e equipamentos; estabelecer e divulgar procedimento para serviços em
instalações elétricas nas áreas de risco.

8.9 Sinalização de segurança


Estabelecer procedimentos de sinalização, tornando o ambiente e suas
proximidades mais seguros.
Nesta etapa deve-se estabelecer e divulgar procedimentos de sinalização,
sendo que os serviços especializados em engenharia de segurança e em
medicina do trabalho devem adotar procedimentos para inspeção; adotar
sinalização de segurança em todos os trabalhos envolvendo eletricidade, mesmo
naqueles considerados elementares, como serviços de manutenção.

8.10 Procedimentos de trabalho


Estabelecer procedimentos de trabalho, buscando aperfeiçoar a execução
dos trabalhos em eletricidade.
Nesta etapa deve-se estabelecer e divulgar procedimento para
planejamento de serviços; criar e divulgar procedimentos para emissão e
acompanhamento de ordens de serviço; adequar, ou seja, redimensionar os
serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho
de acordo com o número de empregados e grau de risco da empresa, conforme
NR-4; promover treinamentos de segurança em eletricidade para o supervisor da
equipe de manutenção, sendo que o mesmo não é um profissional qualificado,
conforme estabelecido na norma; desenvolver treinamento específico de liderança
para o supervisor da equipe de manutenção elétrica; estabelecer procedimentos
de análise prévia e planejamento antes da execução de qualquer trabalho
envolvendo eletricidade; utilizar técnicas de análise de riscos para providenciar
medidas preventivas, estabelecer e divulgar procedimentos relativos à segurança.

70
8.11 Situação de emergência
Criar e implantar procedimentos de emergência, bem como preparar
tecnicamente seus profissionais para possíveis ocorrências indesejadas.
Nesta etapa deve-se implantar o mais breve possível o plano de
emergência e de evacuação no campus; providenciar imediatamente
treinamentos de segurança específicos de resgate e primeiros socorros a vítimas
de acidentes, para todos os profissionais da eletricidade; desenvolver método de
resgate padronizado e treinar todos os profissionais da área elétrica; providenciar
imediatamente treinamentos de segurança específicos de prevenção e combate à
incêndios nas instalações elétricas para todos os profissionais da área elétrica.

8.12 Responsabilidades
Criar e implantar procedimentos, definindo assim, responsabilidades da
contratante e de seus contratados.
Nesta etapa deve-se criar um manual de procedimentos para execução de
trabalhos por empresas terceirizadas no campus; instruir formalmente os
trabalhadores das contratadas sobre os riscos a que estão expostos; exigir das
terceirizadas o cumprimento de normas específicas de segurança para trabalhos
em eletricidade dentro do campus; acompanhar e fiscalizar todo e qualquer
trabalho envolvendo eletricidade, contratados com empresas terceirizadas.

71
9 CONCLUSÃO

Devido ao alto número de acidentes de trabalho no Brasil, é de


fundamental importância a aplicação das leis vigentes no que tange às normas
regulamentadoras, principalmente, em se tratando de acidentes do trabalho.
A nova NR-10, bem como todos os mecanismos de controle de acidentes
devem ser implantados de forma rigorosa e consciente, para que, dia após dia, os
trabalhadores sejam conscientizados da sua importância e os números de
acidentes do trabalho, principalmente relacionados à fenômenos elétricos, sejam
drasticamente reduzidos.
Apesar dos preceitos das normas regulamentadoras, a conscientização do
trabalhador é fundamental. É necessário que haja treinamento e capacitação
contínua, de modo que a saúde do trabalhador seja conservada.
O objetivo deste trabalho é de, por meio de uma análise da legislação
vigente, relacionar os mecanismos de gestão de risco na área de eletricidade.
Com o cumprimento do objetivo proposto, espera-se que este trabalho sirva de
fonte de consulta para que profissionais da área de segurança possam
desenvolver um trabalho consciente, seguro e, principalmente, com amor ao ser
humano.

72
10 REFERÊNCIAS

FERRARO, Nicolau Gilberto. Eletricidade, história e aplicações. 8.ed. São


Paulo:Moderna, 1995.

FUNDACENTRO. Recomendação Técnica de Procedimentos (RTP 05).


Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/recomendacao-tecnica-
de-procedimento/publicacao/detalhe/2012/9/rtp-05-instalacoes-eletricas-
temporarias-em-canteiros-de-obras. Acesso em 05/11/2013.

KAZUHITO, CARLOS, FUKE, Os Alicerces da Física - Eletricidade; Editora


Saraiva. 1998.

KINDERMANN, Geraldo. Choque elétrico. 2.ed. Porto Alegre: Sagra DC


Luzzatto,1995.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

CPNSP - COMISSÃO TRIPARTITE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO


SETOR ELÉTRICO NO ESTADO DE SP, Norma regulamentadora 10 - Curso
básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade - Manual de
treinamento, 2005.

REASEF - Relatório Estatístico de Acidentes no Setor Elétrico da Fundação


COGE (Fundação Comitê de Gestão Empresarial) - www.funcoge.org.br

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) -


http://www.abradee.com.br

CPN - COMISSÃO TRIPARTITE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO


NO ESTADO DE SÃO PAULO - Manual de treinamento curso básico segurança em
instalações e serviços com eletricidade - NR 10, 2004.

73
MSET - Manual do Setor Elétrico e de Telefonia, 2002;

ROSA, A. G., Norma regulamentadora nº 10 – Segurança em Instalações e


Serviços em Eletricidade, Dissertação de Monografia para obtenção do título de
bacharel em engenharia elétrica, Faculdade de Engenharia Elétrica, Universidade
Federal de Uberlândia, 2010.

74
ANEXO

ANEXO 1 - MODELO DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

75
Horário da atividade:
ANALISE PRELIMINAR DE RISCO 07h00min as 18h00min

Empreendimento Numero da Ano: Revisão: 01


NOME DA UNIDADE OPERACIONAL APR: 136
Contratada: Subcontratada: Sistema: SIG Referência: AMBULÂNCIA
RAMAL 2
Área: Área Local: Pátio do galpão de Período de Validade: 29/06/2010 Período de Revalidação: Página 76 de 87
Industrial ferragem 29/07/2010
Assinaturas para revalidação: Encarregado: /SESMT da Contratada: /Gerenciadora de SSO:
Obs.: A referida APR terá validade durante 30 dias, podendo ser revalidada por mais 30 dias mediante aprovação de um TST da gerenciadora.
Descrição da atividade: Serviços em Eletricidade MT
EPI’S APLICAVEIS EPC’S APLICAVEIS PROCEDIMENTOS APLICAVEIS
X AVENTAL DE X PROTETOR X
LUVA PIGMENTADA CONE PROC DE APR
RASPA DE CONCHA
PROTETOR X
BOTINA DE PROTEÇAO
LUVA P/ ELETRICISTA DE PROC PARA ISOLAMENTO DE AREA
PVC FÍSICA (TELA)
INSERÇÃO
BOTINA DE X LUVA DE RASPA / PROTETOR PLACA DE X
X ÓCULOS CONTRA IMPACTO
SEGURANÇA VAQUETA FACIAL SINALIZAÇÃO
X BOTINA - RESPIRADOR CORRENTE
BIQUEIRA DE MACACÃO TIKEN COM DE ÓCULOS AMPLA VISAO
AÇO VÁLVULA SINALIZAÇÃO
RESPIRADOR
CAPA DE TRAVA
MANGOTE DE RASPA C/ FILTRO OUTROS (ESPECIFICAR):
CHUVA QUEDA
MECÂNICO
X CAPACETE X BOTINA
MÁSCARA DE PÓ LINHA DE
COM BIQUEIRA CAPUZ DE SOLDADOR
PFF2 VIDA
JUGULAR METATARSO
RESPONSAVEL PELA ELABORAÇÃO DA APR – Analise Preliminar de Riscos
NOME FUNÇÃO TELEFONE

Responsável pela atividade Encarregado SESMT da contratada Gerenciadora de SSO


(nome/assinatura/data) (nome/assinatura/data) (nome/assinatura/data) (nome/assinatura/data)

76
Horário da atividade:
ANALISE PRELIMINAR DE RISCO 07h00min as 18h00min

Empreendimento Numero da Ano: Revisão: 01


NOME DA UNIDADE OPERACIONAL APR: 136
Contratada: Subcontratada: Sistema: SIG Referência: AMBULÂNCIA
RAMAL 2
Área: Área Local: Pátio do galpão de Período de Validade: 29/06/2010 Período de Revalidação: Página 77 de 87
Industrial ferragem 29/07/2010
Assinaturas para revalidação: Encarregado: /SESMT da Contratada: /Gerenciadora de SSO:

Obs.: A referida APR terá validade durante 30 dias, podendo ser revalidada por mais 30 dias mediante aprovação de um TST da gerenciadora.

Descrição da atividade: Serviços em Eletricidade MT

77
SEVERIDADE
CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO 1 2 3 4 5
INSIGNIFICANTE PEQUENO MODERADO MAIOR CATASTRÓFICO
5 CLASSIFICAÇÃO NÍVEL DE
11 (M) 16 (A) 20 (A) 23 (EX) 25 (EX) MEDIDAS / DIRETRIZES
QUASE CERTO DE RISCO RISCO
4
7 (M) 12 (M) 17 (A) 21 (EX) 24 (EX) 21 a 25 EXTREMO ELIMINAR / EVITAR
PROBABILIDADE

PROVÁVEL
3
4 (B) 8 (M) 13 (A) 18 (A) 22 (EX) 13 a 20 ALTO GERENCIAR PROATIVAMENTE
POSSÍVEL
2
2 (B) 5 (B) 9 (M) 14 (A) 19 (A) 6 a 12 MEDIO GERENCIAR ATIVAMENTE
IMPROVÁVEL
1
1 (B) 3(B) 6 (M) 10 (M) 15 (A) 1a5 BAIXO MONITORAR
RARO

Horário da atividade:
ANALISE PRELIMINAR DE RISCO 07h00min as 18h00min

Empreendimento Numero da Ano: Revisão: 01


NOME DA UNIDADE OPERACIONAL APR: 136
Contratada: Subcontratada: Sistema: SIG Referência: AMBULÂNCIA
RAMAL 2
Área: Área Local: Pátio do galpão de Período de Validade: 29/06/2010 Período de Revalidação: Página 78 de 8
Industrial ferragem 29/07/2010
Assinaturas para revalidação: Encarregado: /SESMT da Contratada: /Gerenciadora de SSO:
Obs.: A referida APR terá validade durante 30 dias, podendo ser revalidada por mais 30 dias mediante aprovação de um TST da gerenciadora.
Descrição da atividade: Serviços em Eletricidade MT

78
SEVERIDADE
CLASSIFICAÇÃO DE
RISCO 1 2 3 4 5
INSIGNIFICANTE PEQUENO MODERADO MAIOR CATASTRÓFICO
5 CLASSIFICAÇÃO NÍVEL DE
11 (M) 16 (A) 20 (A) 23 (EX) 25 (EX) MEDIDAS / DIRETRIZES
QUASE CERTO DE RISCO RISCO
4
7 (M) 12 (M) 17 (A) 21 (EX) 24 (EX) 21 a 25 EXTREMO ELIMINAR / EVITAR
PROBABILIDADE

PROVÁVEL
3
4 (B) 8 (M) 13 (A) 18 (A) 22 (EX) 13 a 20 ALTO GERENCIAR PROATIVAMENTE
POSSÍVEL
2
2 (B) 5 (B) 9 (M) 14 (A) 19 (A) 6 a 12 MEDIO GERENCIAR ATIVAMENTE
IMPROVÁVEL
1
1 (B) 3(B) 6 (M) 10 (M) 15 (A) 1a5 BAIXO MONITORAR
RARO

MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE RISCO - APR


Fases das Atividades Risco Conseqüências Medidas de Segurança

Manutenção dos  Choques e  Queimaduras,  Constatar a ausência de tensão;


Transformadores Arcos Elétricos Parada Cardíaca e  Utilizar aterramento temporário na entrada e saída do transformador antes da
 Campo Morte. execução das tarefas.
Elétrico

Manutenção de Painéis e
Quadros Elétricos BT (troca  Queimaduras,  Toda manobra ou substituição de componentes elétricos é obrigatório o uso da
de fusíveis, componentes  Choques e Parada Cardíaca e Luva de borracha e sua proteção;
Arcos Elétricos Morte.  Retirar a proteção de Contatos Indiretos e recoloca-lo após a execução do serviço;
elétricos, etc..)
 O desligamento total do painel ou parcial (de circuito) deve ser feito respeitando as
seguintes etapas: Desenergização, Sinalização de Manutenção, Constatação de Energia e

79
Operação. E no final da tarefa deve ser retirada a Sinalização de Manutenção e a refeita a
Reenergização;
 Somente deve ser executado o serviço na ausência da Constatação de tensão;
 Pessoas próximas devem ficar afastadas de no mínimo 0,70 m Zona Livre.

80
81
ANEXO 2 - MODELO DE PROGRAMA DE TREINAMENTO

1. CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS


COM ELETRICIDADE
Para os trabalhadores autorizados: carga horária mínima – 40h:
Programação Mínima:
1.1. Introdução à segurança com eletricidade.
1.2 Riscos em instalações e serviços com eletricidade:
a) o choque elétrico, mecanismos e efeitos;
b) arcos elétricos; queimaduras e quedas;
c) campos eletromagnéticos.
1.3 Técnicas de Análise de Risco.
1.4 Medidas de Controle do Risco Elétrico:
a) desenergização.
b) aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário;
c) equipotencialização;
d) seccionamento automático da alimentação;
e) dispositivos a corrente de fuga;
f) extra baixa tensão;
g) barreiras e invólucros;
h) bloqueios e impedimentos;
i) obstáculos e anteparos;
j) isolamento das partes vivas;
k) isolação dupla ou reforçada;
l) colocação fora de alcance;
m) separação elétrica.
1.5 Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039
e outras;
1.6 Regulamentações do MTE:
a) NRs;
b) NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade);
c) qualificação; habilitação; capacitação e autorização.
1.7 Equipamentos de proteção coletiva.

82
1.8 Equipamentos de proteção individual.
1.9 Rotinas de trabalho – Procedimentos.
a) instalações desenergizadas;
b) liberação para serviços;
c) sinalização;
d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento;
1.10 Documentação de instalações elétricas.
1.11. Riscos adicionais:
a) altura;
b) ambientes confinados;
c) áreas classificadas;
d) umidade;
e) condições atmosféricas.
1.12 Proteção e combate a incêndios:
a) noções básicas;
b) medidas preventivas;
c) métodos de extinção;
d) prática;
1.13 Acidentes de origem elétrica:
a) causas diretas e indiretas;
b) discussão de casos;
1.14 Primeiros socorros:
a) noções sobre lesões;
b) priorização do atendimento;
c) aplicação de respiração artificial;
d) massagem cardíaca;
e) técnicas para remoção e transporte de acidentados;
f) práticas.
1.15 Responsabilidades.

2 CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO


DE POTÊNCIA (SEP) E EM SUAS PROXIMIDADES.

83
É pré-requisito para freqüentar este curso complementar, ter
participado, com aproveitamento satisfatório, do curso básico definido
anteriormente.
Carga horária mínima – 40h
Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente
para as condições de trabalho características de cada ramo, padrão de
operação, de nível de tensão e de outras peculiaridades específicas ao tipo
ou condição especial de atividade, sendo obedecida a hierarquia no
aperfeiçoamento técnico do trabalhador.
Programação Mínima:
2.1 Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP.
2.2 Organização do trabalho:
a) programação e planejamento dos serviços;
b) trabalho em equipe;
c) prontuário e cadastro das instalações;
d) métodos de trabalho; e
e) comunicação.
2.3 Aspectos comportamentais.
2.4 Condições impeditivas para serviços.
2.5 Riscos típicos no SEP e sua prevenção:
a) proximidade e contatos com partes energizadas;
b) indução;
c) descargas atmosféricas;
d) estática;
e) campos elétricos e magnéticos;
f) comunicação e identificação; e
g) trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais.
2.6 Técnicas de análise de Risco no SEP
2.7 Procedimentos de trabalho – análise e discussão.
2.8 Técnicas de trabalho sob tensão:
a) em linha viva;
b) ao potencial;
c) em áreas internas;
d) trabalho a distância;

84
e) trabalhos noturnos; e
f) ambientes subterrâneos.
2.9 Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação,
verificação,ensaios).
2.10 Sistemas de proteção coletiva.
2.11 Equipamentos de proteção individual.
2.12 Posturas e vestuários de trabalho.
2.13 Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e
equipamentos.
2.14 Sinalização e isolamento de áreas de trabalho.
2.15 Liberação de instalação para serviço e para operação e uso.
2.16 Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de
acidentados.
2.17 Acidentes típicos – Análise, discussão, medidas de proteção.
2.18 Responsabilidades.

85
ANEXO 3 - ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA

Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Figura 31 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as


zonas de risco, controlada e livre.

86
Figura 32 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as
zonas de risco, controlada e livre, com interposição de
superfície de separação física adequada.
onde:
ZL = Zona Livre
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de
técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de
todos os dispositivos de segurança.

87

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