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P R O TEÇ Ã O E

SELETIVIDADE

Rua Rio de Janeiro, 47 Jardim Bela Vista


Mogi Guaçu - SP CEP 13840-210
CNPJ - 05.279.147/0001-86
Fone/Fax: 19 - 3818 2591
ÍNDICE

1 – Filosofia de proteção dos Sistemas Elétricos 03

1.1 – Exploração de Um Sistema de Energia Elétrica 03

1.1.1– Programas de Geração 03

1.1.2 – Esquemas de Interconexões 03

1.1.3 – Conjunto Coerente de Proteções 03

1.2 – Tratamento Estatístico dos Defeitos 04

1.3 – Aspectos Considerados na Proteção 05

1.4 – Análise Generalizada da Proteção 06

1.5 – Características Gerais dos Equipamentos de Proteção 07

1.6 – Características Funcionais Releamento 09

2 – Princípios Fundamentais dos Relés 11

2.1 – Definição e Classificação dos Relés 11

2.2 – O Relé Elementar 12

2.3 – Qualidades Requeridas de Um Relé 14

3 – Instrumental de Proteção 15

3.1 – Relés de Proteção 15

3.1.1 – Definição 15

3.1.2 – Classificação 15

3.2 – Condições Operativas 20

3.3 – Identificação das Funções de Proteção 21

3.4 – Conceituação dos Valores das Grandezas de Acionamento e Rearme 21


na Operação dos Relés

3.5 – Características Construtivas Comuns nos relés 22

3.6 – Princípios de Funcionamento de Relés 23

3.7 – Ajuste dos Relés de Corrente 26


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4 – Fundamentos de Coordenação Proteção e Seletividade 33

4.1 – Procedimento para Estudo de Seletividade 33

4.1.1 – Introdução 33

4.1.2 – Generalidades 33

4.1.3 – Requisitos de Operação 33

4.1.4 – As Funções 33

4.2 – Fusíveis 34

4.2.1 – Quanto a Tensão de Empregos, os Fusíveis Podem ser Classificados em: 34

4.2.2 – Quanto a Operação dos Fusíveis, Eles Podem Ser Distinguidos em: 34

4.2.3 – Curvas Características 36

4.2.4 – Considerações Finais 37

5 – Disjuntores Secos em Caixa Moldada 37

5.1 – Características Principais 37

5.2 – Considerações Sobre o Emprego 38

6 – Disjuntores Secos de Baixa Tensão, Tipo Força 40

6.1 – Características Principais 40

6.2 – Considerações Sobre o Emprego 43

7 – Relés Térmicos 43

7.1 – Generalidades 43

7.2 – Considerações Sobre o Emprego 43

8 – Proteção de Transformadores 44

9 – Proteção de Motores 47

10 – Proteção de Cabos 50

11 – Relés de Sobrecorrente de Terra 52

12 – Coordenação de Relés de Sobrecorrente em Série 54

13 – Coordenação dos Fusíveis com Relés 59

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1 – FILOSOFIA DE PROTEÇÃO DOS SISTEMAS
1.1 EXPLORAÇÃO DE UM SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA
Em oposição ao intento de garantir economicamente a qualidade do serviço e assegurar uma
vida razoável às instalações, os concessionários dos Sistemas de Energia Elétrica defrontam-
se com as perturbações e anomalias de funcionamento que afetam as redes elétricas e seus
órgãos de controle.

Se admitirmos que, na fixação do equipamento global, já foi considerada a previsão de


crescimento do consumo, três outras preocupações persistem para o concessionário:

a elaboração de programas ótimos de geração;


a constituição de esquemas de interconexão apropriados;
a utilização de um conjunto coerente de proteção.

1.1.1 PROGRAMAS DE GERAÇÃO

Devem realizar o compromisso ótimo entre:

a) a utilização mais econômica dos grupos geradores disponíveis;

b) a repartição geográfica dos grupos em serviço, evitando as sobrecargas


permanentes de transformadores e linhas de transmissão, e assegurando nos
principais nós de consumo uma produção local suficiente ao atendimento dos
usuários prioritários, na hipótese de um grave incidente sobre a rede.

1.1.2 ESQUEMAS DE INTERCONEXÃO

Mesmo fugindo, por vezes, à condição ideal de realização da rede em malha, devido a razões
como a extensão territorial e o custo, deve-se tentar atingir os objetivos seguintes:

a) limitação do valor da corrente de curto-circuito entre fases a um valor compatível


com a salvaguarda do material constitutivo da rede; por exemplo, 40 kA em 380
kV em 220 kV, etc.;

b) evitar, em caso de incidente, inadmissível transferência de carga sobre as linhas ou


instalações que permanecem em serviço, impedindo-se com isso sobre
aquecimento, funcionamento anárquico das proteções, ruptura de sincronismo
entre as regiões ou sistemas interligados.

1.1.3 CONJUNTO COERENTE DE PROTEÇÕES

Para atenuar os efeitos das perturbações, o sistema de proteção deve:

a) assegurar, o melhor possível, a continuidade de alimentação dos usuários;

b) salvaguardar o material e as instalações da rede.

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No cumprimento dessas missões ele deve:

- tanto alertar os operadores em caso de perigo não imediato, como retirar de


serviço a instalação se há, por exemplo, um curto-circuito que arriscaria
deteriorar um equipamento ou afetar toda a rede.

Verifica-se, assim, que há necessidade de dispositivos de proteção distintos para:

a) as situações anormais de funcionamento do conjunto interconectado, ou de


elementos isolados da rede (perdas de sincronismo, por exemplo);

b) os curtos-circuitos e defeitos de isolamento.

1.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DEFEITOS


As estatísticas conhecidas nem sempre são completamente coerentes, segundo as diversas
fontes consultadas. No entanto, algumas informações são particularmente úteis, por exemplo,
nas fases de planejamento. No entanto, deve-se ter cuidado de lembrar nas análises, por
exemplo, que a incidência de certos tipos particulares de defeito dependem da localização;
assim, em lugares extremamente secos, como áreas desérticas, as faltas à terra são mais raras,
ao passo que em outros locais elas constituem maioria.

Como indicação, em certo sistema de 132/275 kV, registrou-se a seguinte distribuição de


faltas (em percentagem e capacidade instalada), em um ano recente:

Equipamento Percentagem do Total Anual

Linhas aéreas (acima de 132 kV) 33% ou 1 falta/80 km

Cabos (se incluídos as muflas) 9% ou 2 (3) faltas/80 km

Equipamento de manobra 10% ou 1 falta/450 MW

Transformadores 12% ou 1 falta/15 MW

Geradores 7% ou 1 falta/40 MW

Equipamento secundário (TC, TP, relés,


29% ou 1 falta/150 MW
fiação, etc.)

Ainda para outro sistema de muita alta-tensão constatou-se, recentemente:

a) desligamentos devidos a descargas atmosféricas: 10-20% do total;

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b) tempo médio de interrupção de fornecimento aos usuários, em período de 10 anos,
devido a tempestades, foi de 2,3 min/ano, devido ao total de defeitos, foi de 12
min/ano;

c) os defeitos fugitivos ou passageiros constituíram 95% dos casos totais, e desses, 85%
foram do tipo fase-terra.

É fácil verificar-se que para um sistema com boa coleta de dados estatísticos, devidamente
tratados, pode-se prever um sistema de proteção adequado, dentro de riscos razoáveis.
Voltaremos ao assunto quando da aplicação dos diversos dispositivos de proteção. No
entanto, é bom indicar que atualmente as falhas em um sistema elétrico podem distribuir-se,
aproximadamente, em:

falhas devidas a natureza elétrica diversa, 73%;


falhas de atuação de relés e outros dispositivos automáticos, 12%
falhas devidas a erros de pessoal, 15%.

1.3 ASPECTOS CONSIDERADOS NA PROTEÇÃO


Na proteção de um sistema elétrico, devem ser examinados três aspectos:

1) operação normal,
2) prevenção contra falhas elétricas,
3) e a limitação dos efeitos devidos às falhas.

A operação normal presume

inexistência de falhas do equipamento,


inexistência de erros do pessoal de operação,
e inexistência de incidentes ditos “segundo a vontade de Deus”.

Sendo, pois, fútil – se não antieconômico – pensar-se em eliminar por completo as falhas,
segundo as estatísticas que apresentamos, providências devem ser tomadas no sentido de
prevenção e/ou limitação dos efeitos das falhas.

- Algumas providências na prevenção contra as faltas são:

previsão de isolamento adequado,


coordenação do isolamento,
uso de cabos instruções de operação e manutenção, etc.

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- A limitação dos efeitos das falhas inclui:
limitação da magnitude da corrente de curto-circuito (reatores);
projeto capaz de suportar os efeitos mecânicos e térmicos das correntes de defeito;
existência de circuitos múltiplos (duplicata) e geradores de reserva;
existência de releamento e outros dispositivos, bem como disjuntores com suficiência
capacidade de interrupção;
meios para observar a efetividade das medidas acima (oscilógrafos e observação humana);
finalmente, freqüentes análises sobre as mudanças no sistema (crescimento e
desdobramento das cargas) com os conseqüentes reajustes dos relés, reorganização do
esquema operativo, etc.

Verificar-se, pois, que o releamento é apenas uma das várias providências no sentido de
minimizar danos aos equipamentos e interrupções no serviço, quando ocorrem falhas elétricas
no sistema. Contudo, devido à sua situação de verdadeira “sentinela silenciosa” do sistema,
justifica-se a ênfase do presente estudo.

1.4 ANÁLISE GENERALIZADA DA PROTEÇÃO


Basicamente, em um sistema encontram-se os seguimentos tipos de proteção:

proteção contra incêndio,


proteção pelos relés, ou releamento, e por fusíveis,
proteção contra descargas atmosféricas e surtos de manobra.

Um estudo de proteção leva, pois, em conta as seguintes considerações principais:

a) elétricas, devidas às características do sistema de potência (natureza das faltas,


sensibilidade para a instabilidade, regimes e características gerais dos equipamentos,
condições de operação, etc.);

b) econômicas, devidas à importância funcional do equipamento (custo do equipamento


principal versus custo relativo do sistema de proteção);

c) físicas, devidas principalmente às facilidades de manutenção, acomodação (dos relés e


redutores de medida), distância entre pontos de releamento (carregamento dos tc, uso
de fio piloto), etc.

É importante dizer-se que o releamento, principal objetivo deste estudo, minimiza:

o custo de reparação dos estragos;


a probabilidade de que o defeito possa propagar-se e envolver outro equipamento;
o tempo que o equipamento fica inativo, reduzindo a necessidade das reservas,

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a perda de renda e o agastamento das relações públicas, enquanto o equipamento está
fora de serviço.

Isso tudo, a um custo da ordem de 2-5% daquele correspondente aos equipamentos


protegidos. É, pois, um seguro barato, principalmente considerando-se o tempo usual para
depreciação dos equipamentos.

1.5 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS EQUIPAMENTOS DE


PROTEÇÃO
Há dois princípios gerais a serem obedecidos, em seqüência:

1) Em nenhum caso a proteção deve dar ordem, se não existe defeito na sua zona de
controle (desligamentos intempestivos podem ser piores que a falha de atuação);

2) Se existe defeito nessa zona, as ordens devem corresponder exatamente aquilo que se
espera, considerada que seja a forma, intensidade e localização do defeito.

Disso resulta que a proteção por meio de relés, ou o releamento, tem duas funções:

a) função principal – que é a de promover uma rápida retirada de serviço de um elemento


do sistema, quando esse sofre um curto-circuito, ou quando ele começa a operar de
modo anormal que possa causar danos ou, de outro modo, interferir com a correta
operação do resto do sistema.

Nessa função um relé (elemento detetor-comparador e analisador) é auxiliado pelo disjuntor


(interruptor), ou então um fusível engloba as duas funções (Fig. 1.1)

Figura 1.1 Conjunto relé-disjuntor

b) função secundária – promovendo a indicação da localização e do tipo do efeito,


visando mais rápida reparação e possibilidade de análise da eficiência e características
de mitigação da proteção adotada.

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Dentro dessa idéia geral, os chamados princípios fundamentais do releamento compreendem
(Fig. 1.2):

releamento primário ou de primeira linha;

releamento de retaguarda ou de socorro;

releamento auxiliar.

a) o releamento primário é aquele em que: uma zona de proteção separada é estabelecida


ao redor de cada elemento do sistema, com vistas à seletividade, pelo que disjuntores
são colocados na conexão de cada dois elementos; em caso de falha da proteção
principal; se isso de fato ocorre, obviamente, prejudica-se a seletividade, mas esse é o
mal menor.

Figura 1.2 Zoneamento da proteção

b) o releamento de retaguarda, cuja finalidade é a de atuar na manutenção do releamento


primário ou folha deste, só é usado, por motivos econômicos, para determinados
elementos do circuito e somente contra curto-circuito. No entanto, sua previsão deve-
se à probabilidade de ocorrer falhas, seja, na corrente ou tensão fornecida ao relé; ou
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na fonte de corrente de acionamento do disjuntor; ou no circuito de disparo ou no
mecanismo do disjuntor; ou no mecanismo do disjuntor; ou no próprio relé, etc.

Nestas condições, é desejável que o releamento de retaguarda seja arranjado


independentemente das possíveis razões de falha do releamento primário. Uma observação
importante é que o releamento de retaguarda não substitui uma boa manutenção, ou vice-
versa.

c) o releamento auxiliar tem função como multiplicador de contatos, sinalização ou


temporizador, etc.

1.6 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DO RELEAMENTO


Sensibilidade, seletividade, velocidade e confiabilidade são termos comumente usados para
descrever as características funcionais do releamento.

Por vezes há certas contradições na aplicação conjunta desses termos; assim, por exemplo, a
velocidade de operação dos relés pode ter que ser controlada devido a razões de coordenação
com a velocidade de operação de outros relés em cascata, etc.

a) A velocidade ou rapidez de ação, na ocorrência de um curto-circuito, visa a:

diminuir a extensão do dano ocorrido (proporcional a RI2t);

auxiliar a manutenção da estabilidade das máquinas operando em paralelo;

melhorar as condições para re-sincronização dos motores;

assegurar a manutenção de condições normais de operação nas partes sadias do


sistema;

diminuir o tempo total de paralisação dos consumidores de energia;

diminuir o tempo total de não liberação de potência, durante a verificação de dano, etc.

Evidentemente, relés rápidos devem ser associados a disjuntores rápidos, de modo a dar
tempo de operação total pequeno. De fato, com o aumento da velocidade do releamento, mais
carga pode ser transportada sobre um sistema, do que resulta economia global aumentada
(evita-se, às vezes, a necessidade de duplicar certas linhas: ver Fig. 1.3).

b) Por sensibilidade entende-se a capacidade da proteção responder às anormalidades nas


condições de operação, e aos curtos-circuitos para os quais foi projetada.

É apreciado por um fator de sensibilidade, da forma

k = I cc min/I pp,

onde, e por exemplo,

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Fig. 1.3 Relacionamento da potência transmitida e velocidade do releamento

I cc min = calculada para o curto-circuito franco no extremo mais afastado da seção de


linha, e sob condição de geração mínima;

Ipp = corrente primária de operação da proteção (valor mínimo da corrente de


acionamento ou de picape, exigida pelo fabricante do relé).

O valor de k 1,5 a 2, é usual.

c) Define-se confiabilidade como a probabilidade de um componente, um equipamento


ou um sistema satisfazer a função prevista, sob dadas circunstâncias.

A longa inatividade, seguida de operação em condições difíceis, exige do equipamento de


proteção simplicidade e robustez, e isso traduz-se em fabricação empregando matéria-prima
adequada com mão-de-obra não só altamente capaz mas também experimentada.

d) Por seletividade entende-se a propriedade da proteção em reconhecer e selecionar


entre aquelas condições para as quais uma imediata operação é requerida, e aquelas
para as quais nenhuma operação ou um retardo de atuação é exigido.

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EXERCÍCIOS
1 - Para cada uma das condições seguintes, e conforme esquema da Fig. 1.4, indicar quais
disjuntores devem atuar. Supor inicialmente que só a proteção remota ou distante atue.
Repetir o problema supondo que ambas as proteções, local e remota, sejam usadas.

Condições Proteção remota Proteção remota e local

a) Falta em f1 e o disjuntor
9 falha na abertura

b) Falta em f2 e falha do
relé diferencial de barra

c) Falta em f3 e o disjuntor
5 falha na abertura

d) Falta em f4 e o disjuntor
3 falha na abertura

Fig. 1.4

2 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS RELÉS


Os relés constituem a mais poderosa ferramenta do Engenheiro de proteção. Por isso vamos
inicialmente conhece-los como instrumental e, posteriormente, analisar suas utilizações
específicas.

2.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS RELÉS


Segundo a ABNT, o relé é um dispositivo por meio do qual um equipamento elétrico é
operado quando se produzem variações nas condições deste equipamento ou do circuito em
que ele está ligado, ou em outro equipamento ou circuito associado.
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Outras normas definem o relé como um dispositivo cuja função é detectar nas linhas ou
aparelhos faltosos, perigosas ou indesejáveis condições do sistema, e iniciar convenientes
manobras de chaveamento ou dar aviso adequado.

Há uma grande variedade de relés, atendendo ás diversas aplicações, porém eles podem ser
reduzidos a um pequeno número de tipos, didaticamente falando.

Assim, podemos classificar os relés, basicamente:

a) quanto ás grandezas físicas de atuação: elétricas, mecânicas, térmicas,óticas, etc.;

b) quanto á natureza da grandeza a que respondem: corrente, tensão, potência,


freqüência, pressão, temperatura, etc.;

c) quanto ao tipo construtivo: eletromecânicos (indução), mecânicos (centrífugo),


eletrônicos (fotoelétrico), estáticos (efeito Hall),etc.;

d) quanto á função: sobre e subcorrente, tensão ou potência, direcional de corrente ou


potência, diferencial, distância, etc.;

e) quanto á forma de conexão do elemento sensor: direto no circuito primário ou através


de redutores de medida;

e) quanto ao tipo de fonte para atuação do elemento de controle: corrente alternada ou


continua;

f) quanto ao grau de importância: principal (51 ASA) ou intermediário (86 ASA);

g) quanto ao posicionamento dos contatos (com circuito desenergizado): normalmente


aberto ou fechado;

h) quanto á aplicação: máquinas rotativas (gerador) ou estáticas (transformadores), linhas


aéreas ou subterrâneas, aparelhos em geral:

i) quanto á temporização: instantâneo (sem retardo proposital) e temporizado (mecânica,


elétrica ou eletronicamente, por exemplo).

2.2 O RELÉ ELEMENTAR


Seja um circuito monofásico, contendo uma fonte de tensão (U), alimentando uma carga (Z),
do que resulta uma corrente circulante (I) (veja a Fig.2.1). Nesse circuito foi introduzido um
relé elementar, do tipo eletromecânico: uma estrutura em charneira, composta de um núcleo
fixo e uma armadura móvel á qual estão solidários o contato móvel e uma mola, o que obriga
o circuito magnético ficar aberto em uma posição regulável. O núcleo é percorrido por um
fluxo proporcional á corrente do circuito, circulando na bobina do relé, e isso faz com que
seja possível que o contato móvel feche um circuito operativo auxiliar (fonte de corrente
contínua, nesse caso), alimentando um alarme (lâmpada) e/ou o disparador do disjuntor
colocado no circuito principal, sempre que Fe > Fm.

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Por motivos de projeto, o valor I deve ser limitado e assim, sempre que excede um valor
prefixado Ia (denominado corrente de atuação, de picape, de acionamento ou de operação do
relé), o circuito deve ser interrompido, por exemplo, pelo fornecimento de um impulso de
operação (Iap) enviado à bobina do disparador do disjuntor, ou pelo menos, ser assinalada
aquela ultrapassagem por um alarme (lâmpada, buzina).

Fig. 2.1 Relé elementar

Sabemos dos princípios da conversão eletromecânica que a força eletromagnética (Fe)


desenvolvida através do entreferro ( ) pelo fluxo no núcleo, e provocada pela corrente I na
bobina do relé, segundo a fórmula de Picou, neste tipo de estrutura, é

Fe ~ KI2,

onde K leva em conta a taxa de variação da permeância do entreferro, o número de espiras, e


ajusta as unidades, convenientemente.

Por outro lado, existe a força da mola (Fm), opondo-se ao deslocamento da armadura.

Há, pois, no relé:

órgãos motores (bobina);

órgãos antagonistas (mola, gravidade);

órgãos auxiliares (contatos, amortecedores) do que resulta, no releamento, a presença de :

a) elemento sensor – ou detector – às vezes chamado elemento de medida que responde


às variações da grandeza atuante (I);

b) elemento comparador – entre a grandeza atuante (Fe) e um comportamento pré-


determinado (Fm);

c) elemento de controle – efetuando uma brusca mudança na grandeza de controle, por


exemplo, fechando os contatos do circuito da bobina de disparo do disjuntor.

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Graficamente, uma função I(t) pode mostrar o funcionamento do relé [Fig. 2.2(a)], a partir de
um instante (t1) em que a corrente de carga inicial (Ii) começa a crescer, atingindo após certo
tempo (t2) o valor da corrente de acionamento (Ia). Durante um intervalo de tempo (t3 – t2) o
disjuntor atua abrindo o circuito, com o que em (t3) a corrente começa a decrescer; ao passar
por (t4), onde Fe < Fm, o relé abre seu circuito magnético.

Fig. 2.2 Gráficos auxiliares

Denomina-se relação de recomposição (dropaute, percentagem de relaxamento) do relé o


valor Kd = Id/Ia, e que varia entre 0,7-0,95 na prática, conforme o tipo de relé. A esse valor de
corrente de desatracamento corresponde um tempo de retorno do relé à sua posição inicial, e
que é importante em certas aplicações, como veremos mais adiante.

Verifica-se, pois, que para um relé atuar é preciso haver uma força residual:

FT = (Fe – Fm) > 0, e que está representada na Fig. 2.2(b), onde:

Fe = característica eletromecânica da bobina ~ Kl2;

Fm = característica mecânica da mola de restrição ~ Kx;

Feo = força eletromagnética de atuação: e + Fm0;

Fm0 = esforço inicial da mola;

e = compensação de atrito do eixo, peso próprio da armadura, etc.

Outros tipos de estruturas, algo mais sofisticadas, serão apresentadas adiante. No entanto, o
princípio básico de funcionamento dos relés é o acima descrito.

2.3 QUALIDADES REQUERIDAS DE UM RELÉ


Para cumprir sua finalidade, os relés devem:

a) ser tão simples (confiabilidade) e robustos (efeitos dinâmicos da corrente de defeito) o


quanto possível;

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b) ser tão rápidos (razões de estabilidade do sistema) o quanto possível,
independentemente do valor, natureza e localização do defeito;
c) ter baixo consumo próprio (especificação dos redutores de medida);
d) ter alta sensibilidade e poder de discriminação (a corrente de defeito pode ser inferior
à nominal, e a tensão quase anular-se);
e) realizar contatos firmes (evitando centelhamento e ricochetes que conduzem a
desgaste prematuro);
f) manter sua regulagem, independente da temperatura exterior, variações de freqüência,
vibrações, campos externos, etc.;
g) ter baixo custo. A título de comparação são dados valores tirados de uma proposta de
fabricante, em valores relativos;

relé de sobrecorrente, instantâneo, monofásico 1,0 pu

relé de sobrecorrente, temporizado, trifásico 3,5 pu

relé de sobrecorrente, temporização, direcional 6,5 pu

relé para fio piloto 12,0 pu

relé de distância, de alta velocidade 56,0 pu

Nas condições acima, obviamente, há aspectos contraditórios que devem ser considerados em
cada caso.

3 – INSTRUMENTAL DE PROTEÇÃO

3.1 RELÉS DE PROTEÇÃO


3.1.1 Definição: Normas ANSI C37.90-1978 / ABNT

Relé é um dispositivo por meio do qual um equipamento elétrico é operado quando se


produzem variações nas condições deste equipamento ou do circuito em que está ligado e /ou
em outro(s) equipamento(s) ou circuito(s) associado(s).

3.1.2 CLASSIFICAÇÃO

Os relés podem ser classificados em cinco categorias, auto explicativa, a saber:


a) Relés de Proteção;
b) Relés de monitoração ou supervisão;
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c) Relés de programação;
d) Relés de regulação;
e) Relés Auxiliares.
Para essas cinco categorias podemos ainda acrescentar outras sub-classificações, como segue:

a) Quanto as grandezas físicas de atuação:

- elétricas;
- mecânicas;
- térmicas;
- óticas;
- etc.

b) Quanto a natureza das grandezas a que respondem;

- corrente;
- tensão;
- potência;
- freqüência;
- pressão;
- temperatura;
- etc.

c) Quanto à construção:

- eletromecânicos;
- mecânicos;
- eletrônicos;
- estáticos;
- térmicos;
- etc.

d) Quanto à função:

- sobrecorrente;
- sobretensão;
- subtensão;
- direcional;
- diferencial;
- distância:
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- seqüência negativa
- freqüência;
- etc.

e) Quanto à natureza de alimentação:

- C.A.(AC);

- C.C (DC).

f) Quanto ao grau de importância:

- Principal : (Primária);

- Intermediário ou retaguarda (Back-up): (Secundária).

g) Quanto a posição dos contatos:

- Normalmente aberto;

(NA / NO)
a ou

- Normalmente fechados

(NF / NC) b ou

h) Quanto a forma de conexão ao elemento sensor:

- Relés Primários – conectados ao circuito primário;

- Relés Secundários – conectados através de redutores de medida como TCs e/ou


Tps.

i) Quanto a aplicação:

- Máquinas Rotativas Motores

Geradores

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- Máquinas Transformadores

Capacitores

Reatores

Conversores

- Linhas de transmissão e de distribuição;

- Etc.

j) Quanto a temporização:

Instantâneas – Serão considerados como tais, aqueles que possuírem o tempo de operação
inferior a 10 (mseg).

Obs.:

1 - Hoje já existem relés, comercialmente difundidos que operam em tempo extremamente


curto; p/ ex.

- Relés “reed” que apresentam top 3 mseg.

2 - São considerados relés de alta velocidade aqueles que possuem um tempo de operação,
compreendido entre 5 a 40 mseg.

3 - Temporizados: Serão considerados como tais, aqueles que permitem um controle em


seu tempo de operação. A temporização pode ser considerada mecânica ou
eletricamente e se classificam da seguinte forma:

- Tempo definido – D.T.

- Tempo inverso – I.T.

- Tempo muito inverso – V.I.T

- Tempo extremamente inverso – E.I.T.

- Tempo moderamente inverso - M..I.T

- Tempo associado: definido e inverso – I.D.M.T.

Obs:

Para relés de sobrecorrente, esta classificação é amplamente utilizada, acrescentando-se ainda,


as características do tempo curto, e tempo longo.

As várias famílias de curvas originadas para cada uma dessas características, são geradas a
partir de equações previstas nas normas ANSI C 37.90 para relés “Americanos” e BS – 142
ou ICE 255 para relés “Europeus”.

18
Fazendo-se comparação mais direta entre essas duas normas, verifica-se pequena discrepância
entre as correspondentes características de operação desses relés. Esse fato exige que, quando
se pretende utilizar um desses relés num projeto, deve-se verificar nas curvas fornecidas pelos
fabricantes em seus manuais de instrução, se os valores encontrados são compatíveis com os
desejados.

Observar e fazer esta comparação para diversas curvas e em diversos tapes disponíveis no
relé, pois pode ocorrer coincidências de valores apenas parcialmente, entre os valores
medidos ou esperados e os apresentados nos catálogos do equipamento.

Essas várias características podem ser graficamente interpretadas conforme mostram as


figuras 3.1; 3.2; 3.3:

Fig. 3.1 – Característica Tempo Definido.

Fig. 3.2 – Característica Instantâneo

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Fig. 3.3 – Característica Tempo Inverso

3.2 – CONDIÇÕES OPERATIVAS


Ainda de acordo com a Norma ANSI C37-90, a operação dos relés, devem ocorrer dentro de
alguns parâmetros nominais, listados abaixo:

a) Temperatura ambiente: 20 °C a + 55°C;


b) Altitude: 1.500m;
c) Sobretensões em R.P.: 110% VN para operação AC;
d) Faixa de tensão de operação: 85 – 110% VN para operação DC;
e) Capacidade de condução dos contatos: 30A;
f) Isolamento 600 V com tensão aplicada 1 min. 1500 V (relés estáticos – Ver SWC);
g) “Surge Withstand Capability = SWC”

SWC é teste de isolamento recomendado especificamente para relés estáticos que


basicamente consta da aplicação de uma onda oscilatória na freqüência de 1 MHz,
com tensão de 2,5 KV (valor de crista) e com envoltórios de decaimento de 50% do
valor de crista, num tempo de 6 seg. A impedância da fonte deverá ser de 150 ± 5%
| |.

h) Outros – Interferências por freqüências de radio (RF) e influências devido a vibrações,


são regulamentadas conforme normas ANSI C37.98/IEEE-501.

20
OBS.:

A Norma Brasileira ABNT, não possui ainda instruções específicas sobre as condições
operativas dos Relés de Proteção, de forma que recomendamos observarem as existentes nas
Normas ANSI ou IEC.

3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES DE PROTEÇÃO


Ainda sobre o item “Classificações de Relés de Proteção” quanto as funções por ele exercidas,
(3.1.2-d), existem na realidade uma infinidade de tipos de relés que são agrupados segundo às
várias funções apresentadas e que são identificadas através de alguns símbolos ou através de
uma numeração, largamente difundida nos meios técnicos da área, e que são conhecidos como
numeração ANSI ou NEMA, a qual apresentamos a seguir: observe que alguns equipamentos,
como disjuntores, dispositivos de controle, chaves seccionadoras, chaves de comando, etc.,
também se fazem presentes nesta listagem.

A ABNT não possui também uma normalização completa sobre, identificação, utilização e/ou
recomendações nas aplicações de relés de proteção. De forma que é muito usual encontramos
em projetos nacionais, relés representados pelas suas numerações ANSI ou até mesmo pelos
símbolos utilizados e/ou apresentados nas normas IEC, BS, VDE, JS, etc.

A norma IEC recomenda alguns símbolos, que já possuem boa penetração nas representações
encontradas em projetos e/ou esquemas de proteção, principalmente quando tal projeto está
vinculado ao fornecimento de equipamentos a ser efetuado por um fabricante europeu. Assim,
são comumente encontradas simbologias IEC tais como:
I >> - Sobrecorrente instantâneo
I> - Sobrecorrente temporizado
U> - Sobretensão
U< - Subtensão
Z< - Subimpedância
I - Corrente diferencial, etc.

3.4 CONCEITUAÇÃO DOS VALORES DAS GRANDEZAS DE


ACIONAMENTO E REARME NA OPERAÇÃO DOS RELÉS
a) Valor de “Pick-up)

O valor de “pick-up” ou de acionamneto, correspondente ao valor da grandeza que faz com


que o relé seja atuado, ainda que lentamente, porém produza comutação na posição de seus
contatos.

b) Valor do “Drop-out” ou “Drop-obb”

21
O valor de “Drop-out” ou “drop-off” ou de restabelecimento, corresponde ao valor da
grandeza que libera o relé para uma nova operação, ou seja, que restitua a posição inicial aos
seus contatos.

c) Valor de “Reset Ratio”

O valor do “Reset ratio” ou relação de rearme, corresponde a grandeza que mede a capacidade
de recomposição do relé. Matematicamente ela é dada por:
dro − out
R=
pick − up

Para relés eletromecânicos, este valor de R está compreendido em média entre: 65% < R <
92% enquanto que para relés estáticos, encontramos a faixa de 85% < R < 98%.

Como o leitor classifica a qualidade de um relé em função de seu fator R? Analisar.

3.5 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS COMUNS NOS RELÉS


a) Bandeira ou “Target”

É uma unidade do relé capaz de sinalizar ou identificar a sua atuação. Normalmente é operada
por um sinal DC.

b) Unidade de Selo (e Sinalização)

Esta tem a finalidade de manter atuado o relé, quando seus contatos principais caracterizam
uma atuação; esta unidade evita o efeito de reconhecimento dos contatos principais do relé.
Para alguns fabricantes, esta unidade vem acoplada a sinalização e são identificadas nos
diagramas de comando através de:

SI - “Seal-in unit” p/ex. para relés GE

ICS - “indicador contact switch p/ex. para relés W, etc.

Normalmente a operação desta unidade é feita por sinal DC e usualmente encontramos


valores típicos de tapes de correntes de 0,2 (1,0) – 2,0 A para sua atuação.

Ainda, devemos observar que esta unidade está em série com a bobina de abertura do
disjuntor e que portanto, poderá introduzir uma queda de tensão para esta bobina (TC = trip.
coil) podendo comprometer sua operação. Os valores de correntes e tensões envolvidos nestes
casos, devem ser rigorosamente analisados. Verificar esquemas de comando de abertura de
disjuntores, apresentados no CAP.

22
3.6 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DE RELÉS
a) Princípios da Indução Eletromagnética

Conceitual e construtivamente, este é um dos tipos mais simples de relés de proteção. Baseia-
se no princípio de funcionamento de um motor de indução, que recebendo uma tensão (ou
corrente) em seu enrolamento primário ou em sua bobina, cria um fluxo que se fecha pelo
núcleo, induzindo um torque eletromagnético em seu secundário, que usualmente é um rotor,
na forma de um disco, ou um tambor, etc.

Existem dois tipos básicos de relés que utilizam este princípio: Tipo Disco e Tipo Copo de
Indução.

b) Relés Eletromecânicos – Tipo Disco de Indução

Consistem fundamentalmente de uma bobina, que apresenta várias derivações ou TAPES e


que está montada sobre um núcleo ferromagnético, o qual possui um pequeno entreferro
(GAP), por onde passa um disco, normalmente de alumínio, o qual recebe o fluxo
concatenado no núcleo, conforme se pode observar na figura abaixo.

No núcleo, existe uma pequena saliência, sobre a qual se coloca um anel curto-circuitado ou
em alguns casos, até mesmo uma bobina, chamada “bobina de sobreamento”, a qual tem a
finalidade de produzir uma defasagem entre os fluxos aí originados e que incidirão sobre o
disco. Esta defasagem é fundamental e é responsável pela existência da força elétrica que dará
origem ao conjugado magnético que acionará o disco e conseqüentemente colocando em
operação o relé.

Fig. Relé tipo disco de indução

23
Conforme se pode ver, o disco está solitário a um eixo apoiado sobre um sistema de baixo
atrito, a este eixo está presa uma mola espiral, que desenvolve uma ação de restrição ao
movimento do disco, permitindo assim estabelecer uma condição de controle para a operação
do relé, isto é se ação magnética for maior que a força mecânica da mola, o disco gira e o eixo
deslocará um contato móvel (-) montado sobre si, até se encontrar com um outro fixo (+),
caracterizando a completa operação do relé.

Podemos encontrar ainda, um dispositivo em forma de um “dial” que regula a distância entre
as posições dos contatos móvel e fixo. Evidentemente, para um mesmo pulso de corrente ou
tensão, o tempo de fechamento dos contatos será maior ou menor, dependendo da distância
relativa entre eles; assim, esse dispositivo será um controlador do tempo de operação desses
relés e é chamado Dial de Tempo (D.T) ou Alavanca.

Um imã permanente na forma U, normalmente envolve parte do disco e atua sobre o mesmo
como se fosse um freio magnético permitindo um aumento ou uma redução na ação de
restrição ao seu movimento. É um recurso auxiliar utilizado na regulagem do relé.

Matematicamente, podemos equacionar a operação destes relés da seguinte forma:

1) Força elétrica responsável pelo conjugado motor ou torque eletromagnético. Consideremos


uma tensão ou corrente alternada aplicada a bobina do relé e seja o fluxo magnético
concatenado ao núcleo dado por:

φ = φm . cos ωt (1)

No anel de curto ele se subdivide em duas componentes, defasadas entre si de um ângulo α,


tal que:

φ1 = φ m1 . cos ωt (2)

φ2 = φ m 2 . cos ωt (3)

Esses fluxos incidindo sobre o disco, que é um material condutor de resistência R e de


reatância de dispersão X desprezível, induz tensões e correntes parasitas de circulação no
disco, dadas por:

dφ1
e1 = − (4)
dt

dφ 2 (5)
e2 = −
dt

e portanto, correntes proporcionais a:

e 1 dφ1 (6)
i1 = 1 = − ≈ ωφ m1 sen ωt
R R dt

24
e 1 dφ 2 (7)
i2 = 2 = − ≈ ωφ m 2 sen (ωt + α)
R R dt

De acordo com as leis do eletromagnetismo, a ação de um fluxo pulsante sobre um condutor


(disco) conduzindo uma corrente, induz neste, forças proporcionais ao produto do fluxo pela
corrente ou seja
(8)
F ≈ φi

E como no caso, conforme mostrado na figura a seguir, temos dois fluxos e duas correntes
distintas, então a força resultante será

FR = F2 - F1 = φ2 i1 - φ1 i2 (9)

Fig. Interrelação entre fluxos e correntes no disco de indução

Substituindo as equações 2, 3 e 6, 7 na equação 9, e desenvolvendo teremos para força


resultante:

FR ≈ ωφ m1 φ m 2 sen α (10)

o que nos mostra que esta força possui uma dependência da freqüência do sistema, ω = 2πf,
da intensidade dos fluxos induzidos sobre o núcleo φm1 φm 2 os quais são funções dos
valores das grandezas AC que alimentam o relé, tensão ou corrente e ainda, que ela somente
existirá se houver a defasagem α entre esses fluxos.

Evidentemente, esta força será responsável pelo torque magnético imposto ao disco que
contrabalançado com a ação Km total de restrição, permite escrever a equação de operação do
relé:

T = K ' φ m1 φ m 2 sen α − K m (11)

Se por construção, tivemos φ m1 φ m 2 φ m e α = 90o, então temos o máximo conjugado


magnético induzido e a equação ficará então reduzida a:

25
(12)
T = K1' φ 2m − K m

Assim, se o relé considerado for de corrente, teremos uma bobina de baixa impedância,
possuindo vários TAPES, e que será conectada ao secundário de um TC que a alimentará com
uma corrente, a qual será responsável pela indução do fluxo φm e portanto, uma equação de
operação do relé de corrente, dada por:

T = K1 I 2 - K m (13)

e analogicamente, se o relé for de tensão, teremos uma bobina de alta impedância conectada
ao secundário de um TP, cuja tensão aplicada induzirá o fluxo φm e portanto obtendo uma
equação de operação similar a anterior, ou seja

T = K2 V2 - Km (14)

Importante é observar que em ambas equações (13) e (14), a grandeza de operação é derivada
do fluxo φm existente no núcleo e variável com o quadrado de seu valor. (Eq. 12).

É portanto, imprescindível que no projeto construtivo desse relé o dimensionamento


ferromagnético deste núcleo, seja tal que não atinja o nível de saturação, em nenhum das
condições previstas para sua operação, caso contrário, a medição comparativa entre os torques
estará completamente distorcida e teremos certamente uma operação indevida do relé.

3.7 AJUSTE DOS RELÉS DE CORRENTE


A maioria dos relés tem uma faixa de ajuste que os torna adaptáveis a uma larga faixa de
circunstâncias possíveis.

Fig. 3.4 – Esquemático de conjunto relé-disjuntor

26
Há normalmente dois ajustes (Fig. 3.4):

a) ajuste de corrente – feito seja pelo posicionamento do entreferro, ou pelo


tensionamento da mola de restrição, por pesos, por tapes de derivação da bobina, etc.;
é o que se chama ajuste de tape;

b) ajuste de tempo – é feito regulando-se o percurso do contato móvel (chamado ajuste


do dispositivo de tempo – DT), ou por meio de dispositivos de temporização diversos.

Embora esses ajustes sejam feitos independentemente, a interdependência é mostrada nas


chamadas curvas tempo-corrente, fornecidas no catálogo do fabricante (Fig. 3.5). No eixo
vertical são mostrados os tempos, em geral em segundos; no eixo horizontal aparecem as
correntes de acionamento, em múltiplos de 1 a 20 vezes o tape escolhido, em geral. Assim
o tape escolhido passa a ser o valor de atuação do relé, ou seja, o valor para o qual o relé
começa a atuar e realmente operaria seus contatos em um tempo infinito; por motivos de
segurança (problemas de atrito, por exemplo), costuma-se fazer com que a grandeza de
defeito representante pelo menos uma vez e meia o valor de atuação (fator de
sensibilidade). Como indicação, e em igualdade de condições de escolha, em um relé de
característica de tempo inverso, o valor de atuação ou picape deve ser escolhido na parte
mais inversa das curvas, ou seja, múltiplo baixo e dispositivo de temporização alto.

Fig. 3.5 – Aspecto das curvas, tempo-corrente dos relés

Um típico relé de sobrecorrente é mostrado na Fig. 3.6 (tipo RSA, da CdC). Nele vêem-se
duas armaduras; uma delas recebe a bobina com os tapes de tempo inverso e a outra
corresponde à atuação instantânea do relé. Nesse modelo o disco gira continuamente, para a
corrente nominal; se há corrente de falta, uma peça metálica (armadura de embreagem) é
27
atraída pela armadura da bobina e, com isso, engrena o quadro embreagem, contendo um
parafuso sem fim, com o setor dentado portador de uma haste que, ao subir, bate na palheta de
disparo, com o que fecham os contatos do relé. Se a corrente de defeito é muito violenta, um
ressalto de regulagem do elemento instantâneo atua diretamente sobre peça em balanço,
fechando os contatos do relé, sem temporização.

Verifica-se que, a partir da equação universal dos relés, pode-se mostrar que o conjugado (C)
de um relé de corrente é

c = k1 I 2 − K 2 ,

onde K2 pode significar uma mola de restrição, um imã permanente uniformizador da


velocidade do disco, etc, dependendo da concepção física do relé.

Fig. 3.6 – Visa esquemática do relé de corrente RSA da CdC

28
ANEXO I
Nomenclatura Asa (American Standard Association)

01 – Elemento principal (master element)

02 – Relé de partida ou fechamento temporizado (time-delay starting, or closing-relay)

03 – Relé de verificação ou interbloqueio (checking or interlocking relay)

04 – Contactor principal (master contactor)

05 – Dispositivo de interrupção (stopping divice)

06 – Disjuntor de partida (starting circuit breaker)

07 – Disjuntor de anodo (anode circuit breker)

08 – Dispositivo de desconexão da energia de controle (control power disconnecting device)

09 – Dispositivo de reversão (reversing device)

10 – Chave de seqüência das unidades (unit sequence switch)

11 – Reservada para futura aplicação

12 – dispositivo de sobrevelocidade (over-speed device)

13 – Dispositivo de rotação sícrona (synchornous-speed device)

14 – Dispositivo de sobvelocidade (under-speed device)

15 – Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou freqüência (speed or frequency,


matching device)

16 – Reservado para futura aplicação

17 – Chave de derivação ou de descarga (shunting, or discharg, switch)

18 – Dispositivo de aceleração ou desaceleração (accelerating or decelerating device)

19 – Contactor de transição partida-marcha (starting-to-runing transition contactor)

20 – Válvula operada eletricamente (eletrically operated valve)

21 – Relé de distância (distance relay)

22 – Disjuntor equalizador (equalizer circuit breaker)

23 – Dispositivo de controle de temperatura (temperature control device)

29
24 – Reservado para futura aplicação

25 – Dispositivo de sincronização ou de conferência de sincronismo (synchronizing, or


synchronism-check, device)

26 – Dispositivo térmico do equipamento (apparatus thermal device)

27 – Relé de subtensão (under voltage relay)

28 – Reservado para futura aplicação

29 – Contactor de isolamento (isolator contactor)

30 – Relé anunciador (annunciator relay)

31 – Dispositivo de excitação em separado (sparate excitation device)

32 – Relé direcional de potência (directional power device)

33 – Chave de posicionamento (position switch)

34 – Chave de seqüência, operada por motor (motor-operated sequence switch)

35 – Dispositivo para operação das escovas ou para curto-circuitar os anéis do coletor (brush-
operting, or slip-ring short-circuiting device)

36 – Dispositivo de polaridade (polarity device)

37 – Relé de subcorrente ou subpotência (undercurrent or under power relay)

38 – Dispositivo de proteção de mancal (bearing-protective device)

39 – Reservado para futura aplicação

40 – Relé de campo (field relay)

41 – Disjuntor ou chave de campo (field circuit breaker)

42 – Disjuntor ou chave de operação normal (running circuit breaker)

43 – Dispositivo ou seletor de transferência manual (manual transfer or selector device)

44 – Relé de seqüência de partida das unidades (unit sequence starting relay)

45 – Reservado para futura aplicação

46 – Relé de reversão ou balanceamento corrente de fase (reversephase, or phase-balance,


curret relay)

47 – Relé de seqüência de fase de tensão (phase-sequence voltage relay)

48 – Relé de seqüência incompleta (incomplete sequence relay)


30
49 – Relé térmico para máquina ou transformador (machine, or transformer, thermal relay)

50 – Relé de sbrecorrente instantâneo (instantaneus over current, or rate-of-rise relay)

51 – Relé de sobrecorrente-tempo CA (a-c time over current relay)

52 – Disjuntor de corrente alternada (a-c circuit breaker)

53 – Relé para excitatriz ou gerador CC (exciter or d-c generador relay)

54 – Disjuntor de corrente continua, alta velocidade (high-speed d-c circuit breaker)

55 – Relé de fator de potência (power factor relay)

56 – Relé de aplicação de campo (field application relay)

57 – Dispositivo para aterramento ou curto-circuito (short-circuiting or grounding device)

58 – Relé de falha de retificação (power rectifier misfire relay)

59 – Relé de sobretenção (overltage relay)

60 – Relé de balanço de tensão (voltage balance relay)

61 – Relé de balanço de corrente (current balance relay)

62 – Relé de interrupção ou abertura temporizada (time-delay stopping, or opening, relay)

63 – Relé de pressão de nível ou de fluxo, de líquido ou gás (liquid or gaz pressure, level, or
flow relay)

64 – Relé de proteção de terra (grund protective relay)

65 – Regulador (governor)

66 – Dispositivo de intercalação ou escapamento de operação (notching, or jogging, device)

67 – Relé direcional de sobrecorrente CA (a-c directional overcurrent relay)

68 – Relé de bloqueio (blacking relay)

69 – Dispositivo de controle permissivo (permissive control device)

70 – Reostato eletricamente operado (electrically operated rheostat)

71 – Reservado para futura aplicação

72 – Disjuntor de corrente contínua (d-c circuit breker)

73 – Contactor de resistência de carga (load-resistor contactor)

74 – Relé de alarme (alarm relay)


31
75 – Mecanismo de mudança de posição (position changing mechabism)

76 – Relé de sobrecorrente CC (d-c overcurrent relay)

77 – Transmissor de impulsos (puse transmitter)

78 – Relé de medição de ângulo de fase, ou de proteção contra falta de sincronismo (phase


angle measuring, or out-of-step protective relay)

79 – Relé de religamento CA (a-c reclosing relay)

80 – Reservado para futura aplicação

81 – Relé de freqüência (frequency relay)

82 – Relé de religamento CC (d-c reclosing relay)

83 – Relé de seleção de controle ou de transferência automática (automatic selective control,


or transfer, relay)

84 – Mecanismo de operação (operating mechanism)

85 – Relé recptor de onda portadora ou fio-piloto (carrier, or pilot-wire, receiver relay)

86 – Relé de bloqueio (locking-out relay)

87 – Relé de proteção diferencial (differential protective relay)

88 – Motor auxiliar ou motor gerador (auxiliary motor, or motor generator)

89 – Chave separadora (line switch)

90 – Dispositivo de regulação (regulating device)

91 – Relé direcional de tensão (voltage directional relay)

92 – Relé direcional de tensão e potência (voltage and power directional relay)

93 – Contactor de variação de campo (field changing contactor)

94 – Relé de desligamento, ou de disparo livre (tripping, or trip-free, relay)

95 a 99 – Usados para aplicações específicas, não cobertos pelos números anteriores.

32
4 – FUNDAMENTOS DE COORDENAÇÃO PROTEÇÃO E
SELETIVIDADE
4.1 PROCEDIMENTO PARA ESTUDO DE SELETIVIDADE
4 .1.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta as características principais dos dispositivos de proteção por


sobrecorrente de uso mais genérico, suas vantagens e desvantagens, objetivando orientar a
utilização adequada dos menos. Como nosso objetivo é somente estudo dos dispositivos de
proteção por sobrecorrente, diremos, para simplificação de linguagem, apenas dispositivos de
proteção.

4.1.2 GENERALIDADES

Antes de considerarmos isoladamente cada dispositivo de proteção, consideraremos a seguir


as características gerais a eles associadas.

4.1.3 REQUISITOS DE OPERAÇÃO

Os dispositivos de proteção devem operar no mínimo tempo possível de modo a reduzir os


danos equipamentos, pessoal, assegurar a estabilidade do sistema e a atuação deve ser de
modo a desligar o mínimo necessário de circuitos para isolar o defeito, isto é, devem atuar
seletividade e coordenados.

4.1.4 AS FUNÇÕES

As funções principais destes dispositivos de proteção:

- interrupção :
Devem ser capazes de interromper as correntes anormais (curto
circuito e sobrecarga) por ação independente da operação do sistema.
- Detetora :
Devem detectar convenientemente as condições anormais e comandar
a interrupção das mesmas.
- Manobra :
Além das funções principais de proteção, devem possibilitar a
mudança de configuração por ação da operação do sistema.

33
4.2 – FUSÍVEIS
4.2.1 QUANDO A TENSÃO DE EMPREGO, OS FUSÍVEIS PODEM SER CLASSIFICADOS EM:

- Fusíveis de baixa tensão (classe 600V)

- Corta circuitos de distribuição (até 25 kV)

- Corta circuitos de força (acima de 25 kV)

Os fusíveis de baixa tensão são largamente empregados na proteção de motores de baixa


tensão ou circuitos auxiliares (tipos NH, DIAZED).

Os corta circuitos de distribuição, empregados na proteção de até 25 kV na proteção de


transformadores e de circuitos alimentadores, são construídos de maneira adequada a
montagem em postes ou cruzetas (chaves matheus). Os de força, empregados em tensões
superiores a 25 kV, aplicados na proteção de transformadores e circuitos, são montados para
emprego em subestações.

Os corta circuitos são dispositivos de interrupção que associados a elos fusíveis (elementos
sensores), executam a função de proteção. Eventualmente possuem dispositivos que permitem
manobras. Os elos fusíveis empregados nos corta circuitos de distribuição são os tipos K, T e
N. Nos de força, o tipo EF. Não é rígida esta divisão, havendo corta circuitos de força
destinados a circuitos de distribuição.

4.2.2 QUANTO A OPERAÇÃO DOS FUSÍVEIS, ELES PODEM SER DISTINGUIDOS EM:

- Limitador;

- Não limitador;

Os fusíveis limitadores se caracterizam por terem um tempo de atuação inferior a 0,5 ciclo
para correntes elevados, de modo a limitar o valor da corrente de defeito a valores inferiores à
corrente de curto circuito que existiria sem a sua presença.

As capacidades de interrupção atribuídas aos fusíveis se referem às correntes disponíveis, ou


seja, à corrente de curto circuito que circularia sem a atuação do fusível limitador.

34
Fig. 2.1

A figura 2.1 mostra a operação deste fusível atuando em aproximadamente 0,25 ciclo. Este
valor é geral, desde que a corrente disponível seja de valor próximo à sua capacidade de
interrupção. Um ponto importante a salientar é que quando maior for o tamanho do fusível
limitador mais tempo leva a interromper a corrente e assim, tanto menor será o efeito
limitador.

Com efeito, os maiores fusíveis fundem tão pouco antecipadamente na onda de corrente, que
o efeito limitador é virtualmente nulo, embora eles possam interromper o valor de 200.000
ampéres, VMQ simétrico, a eles atribuição. Portanto, devemos entender, não é qualquer
tamanho de fusível que pode ser usado para limitar o nível de curto circuito a um determinado
valor abaixo daquele que de outra forma deveria ser atribuído ao sistema. Qualquer que seja
esse desejado nível inferior, existe sempre um fusível com um certo valor máximo acima do
qual o efeito “limitador” será insuficiente. Isto se aplica a todos os fusíveis limitadores de
corrente disponível hoje em dia.

O efeito é obtido nos fusíveis de baixa tensão por efeito térmico que funde o elo. Alguns
fusíveis de média tensão conseguem este efeito por meio de sensores eletrônicos alimentados
por transformadores de corrente, que monitoram a derivada da onda de corrente, podendo
assim, com a corrente ainda baixa, se antecipar a comandar um explosivo que rompe o elo
fusível antes da corrente atingir o valor máximo.

35
4.2.3 CURVAS CARACTERÍSTICAS

As curvas características dos fusíveis são, usualmente, representadas num sistema de


coordenados “tempo x corrente” conforme ilustrado na figura 2.2. A curva característica
completa de um fusível é composta dos seguintes elementos: (ver figura 2.2).

- curva “corrente x tempo mínimo de fusão” que, como o seu nome indica, relaciona a
corrente que circula no fusível como tempo mínimo para o qual ele funde, ou
“queima”, como se diz usualmente.

- Curva “corrente x tempo máximo de fusão”, que é obtida adicionando-se à curva


acima a margem de tolerância (em corrente admitida pelo fabricante).

Fig. 2.2

- curva “corrente x tempo total para a extinção do arco”, que é obtida adicionando-se à
curva “corrente x tempo máximo de fusão” o tempo necessário para a completa
extinção do arco.

- Curva “corrente x tempo curta duração” que relaciona a corrente que circula no fusível
com o tempo máximo permissível para que este fique enfraquecido no caso de
sobrecargas de curta duração.
36
4.2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O emprego de fusíveis ou outros equipamentos de proteção deve ser analisado em caso


particular, tendo em vista principalmente os seguintes fatores, inerentes ao fusível;

- é um dispositivo de proteção contra curto circuito;

- é o dispositivo de proteção de mais simples operação e de custo relativamente baixo;

- não é de ação repetitiva, deve ser trocado a cada operação, e há a possibilidade de ser
substituído inadequadamente;

- necessita de dispositivos auxiliares para impedir a operação em duas quando da


queima do fusível de apenas uma fase. (Relé 46);

- é o dispositivo protetor que atua mais rápido para correntes elevadas.

- pode ter sua característica alterada por uma corrente de defeito que foi insuficiente
para queimá-lo ou que foi interrompida antes por outro fusível;

- não permite manobras à distância;

- o tempo de reposição do circuito defeituoso é longo pois depende da troca do fusível;

- não se pode ensaiar o comportamento do fusível usado, limitando-se a testes por


amostragem;

5 – DISJUNTORES SECOS EM CAIXA MOLDADA


Tendo em vista a grande diversidade dos disjuntores em caixa moldada, bem como as
constantes evoluções que vem sofrendo, serão apenas salientados alguns pontos principais
relativos à sua aplicação, devendo o leitor se referir a catálogos específicos, fornecidos pelos
fabricantes, quando forem especificar ou decidir pelo seu emprego. São empregadas na faixa
de 15 a 3000 A, em circuitos classe 600V.

5.1 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS


A maioria destes disjuntores utiliza em elemento bimetálico afim de obter uma curva de
disparo com temporização de longa duração (LTD). Esse elemento é o responsável pela
proteção contra sobrecargas, podendo atuar em curto circuitos moderados e não é ajustável.
Possuem também um elemento de ação magnética com atuação instantânea, ajustável nos
disjuntores grandes e médios.

Esses tipos de disjuntores em caixa moldada, possuindo elementos de disparo instantâneo, não
permitem obter um coordenação perfeita a não ser que, entre disjuntores consecutivos exista

37
uma impedância suficientemente elevada, que garanta níveis diferentes de correntes, para
curtos localizados logo após cada um desses disjuntores.

Modelos mais recentes destes disjuntores tem substituído o elemento térmico, sem ajuste e de
operação imprecisa, por sensores eletrônicos com elementos de longo tempo de operação
(STD), instantâneo com ou sem retardo e várias possibilidades de ajustes. Alguns modelos
dispõem ainda de fusíveis ainda de fusíveis limitadores associados ao disjuntor propriamente
dito, possibilitando a utilização destes dispositivos em locais de elevado de curto circuito.

5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO


O uso destes equipamentos está sendo cada vez mais difundido, sendo empregado como
opção à chave fusível convencional ou aos disjuntores secos tipo força, tanto em virtude de
seu desenvolvimento quanto ao seu custo que já se torna competitivo com a solução
convencional.

Os seguintes fatores recomendam seu emprego:

- podem ser ensaiados durante as manutenções preventivas, assegurando maior


confiabilidade ao seu desempenho.

- podem ser associados a dispositivos que permitam seu comando a distância ou seu
desligamento por ação de outras proteção.

- prestam-se ao uso conjunto com disjuntores secos tipo força, conseguindo-se plena
coordenação.

- aqueles que possuem fusíveis limitadores associados, são de forma que não permitem
a operação em duas fases. A queima de um fusível comando a abertura do disjuntor.

Uma restrição que convém ser salientada é os disjuntores de caixa moldada, sem retardo no
elemento instantâneo, não são compatíveis com o arranjo em cascata. Com efeito um disjuntor
deste tipo pode facilmente operar mais rápido que o disjuntor principal, sendo portanto
forçado a interromper toda a corrente de curto circuito disponível.

38
39
6 – DISJUNTORES SECOS DE BAIXA TENSÃO, TIPO FORÇA
6.1 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
São tensão (600 V) que envolvem correntes relativamente altas (200 a 4000 A), com nível de
curto circuito da ordem de 100 KA.

Compõem-se basicamente de dois dispositivos básicos. Um com as funções de interrupção e


manobra o outro com função detetora. Os disparadores são dispositivos sensores que são
incorporados ao disjuntor propriamente dito de modo a permitir a utilização optativa de
disparadores diferentes, ou mesmo trocá-los quando for necessário alterar as características de
atuação da proteção.

Os disparadores mais comuns, responsáveis pela deteção das sobrecorrentes ou curto circuitos
e comando da abertura do disjuntor, são dispositivos colocados em série com os contatos do
disjuntor e atuam por dupla ação magnética.

Os disparadores apresentam curvas características no plano tempo-corrente representadas por


faixas, devido às tolerâncias dos fabricantes. Quando esta faixa se localiza na parte superior
do gráfico o disparador é denominado de temporizado de longa duração (LTD), e quando ela
se localiza na parte inferior do gráfico denotando tempos de atuação extremamente curtos, o
disparador chama-se temporizado de curta duração (STD). Estas características estão
mostradas na figura 2.6 que apresenta também as do elemento instatâneo.

Estas características são combinadas de modo a obter a característica de atuação desejada. As


figuras 2.7 e 2.8 ilustram estas combinações, sendo que a primeira mostra uma característica
LTD combinada com instantânea e a segunda uma outra combinando uma LTD com STD e
instantânea.

40
Características de Operação dos Disparadores

Fig. 2.6 Ajuste dos Disparadores

Características Combinadas dos disparadores


Fig. 2.7

41
Disparadores Combinando LTD, STD e Instantâneo

Fig. 2.8

Neste último caso, para correntes entre I1 e I2 o disparador atuaria num tempo relativamente
longo segundo a característica LTD e finalmente para correntes superiores a I3 o disparador
atuaria instantaneamente (nas características instantâneas é costume indicar-se o tempo que o
disjuntor demora para interromper o arco).

Os disparadores são definidos pela sua “corrente nominal” que é a corrente máxima que
podem suportar em regime contínuo de funcionamento. Geralmente os disparadores (LTD)
são calibráveis entre 80% a 160% da corrente nominal. A percentagem de ajuste aplicada à
corrente nominal do disparador fornece-nos a “corrente de acionamento” que é o mínimo
valor de corrente necessário para o acionamento do mecanismo de abertura do disjuntor.

42
6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO
Disjuntores deste tipo são freqüentemente utilizados na entrada de centros de controle de
motores (CCM), em quadros distribuidores de baixa tensão, na proteção secundária de
transformadores e outros menos usuais. As opções comuns ao uso são o emprego de chaves
fusíveis ou disjuntores em faixa moldada. A decisão sobre seu emprego deve ser tomada
considerando-se principalmente os seguintes fatores:
- confiabilidade desejada;
- flexibilidade requerida;
- seletividade;
- economia;
- instalações já existentes.

Como nos disjuntores em caixa moldada, novos modelos destes disjuntores tem substituídos
os disparadores pneumceletromecânico por sensores eletrônicos ligados a transformadores de
corrente que entre outras apresentam as seguintes vantagens:
- pode ser incorporado elementos de falta a terra ;
- a operação é mais precisa ou seja as faixa das características de operação são mais
estreitas;
- existem mais flexibilidade de ajuste ou seja, maior quantidade de ajustes permite
conseguir uma curva de operação mais aproximada da ideal.
- maior facilidade de mudança das características nominais dos sensores, quando houver
necessidade, por mudança da carga a ser protegida.

7 – RELÉS TÉRMICOS
7.1 Generalidades
Em motores de média e baixa tensão é bastante comum o emprego de fusíveis associados e
contactores e relés térmicos. É usual também o emprego de disjuntores secos em caixa
moldada como alternativa ao emprego de fusíveis. Em baixa tensão os relés térmicos podem
ser diretores. Diretos quando ligados diretamente no circuito de força e indiretos quando
ligados a transformadores de corrente.

7.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O EMPREGO


Os relés térmicos são de uso muito difundido já que proteção térmica é essencial aos motores
e está presente em quase todos eles. Uma observação importante é que os relés térmicos
atuam sobre os contactores que possuem capacidade de interrupção limitada; assim o térmico
só pode atuar dentro do limite de interrupção do contactor. Também os relés são construídos
para suportar a corrente de sobrecarga durante o tempo de operação próprio, geralmente, só
até 10 vezes a sua corrente nominal. A partir destes limites, a corrente deve ser interrompida
pelos fusíveis ou pelo disjuntor.
43
8 – PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
Na proteção de transformadores, por dispositivos de proteção sensores de corrente
(considerados no estudo de seletividade), observamos os seguintes critérios:

- ajustamos ou escolhemos os dispositivos de proteção de mo que a corrente de


acionamento dos mesmos, quer instalados no primário ou no secundário seja no
mínimo 1,2 vezes a corrente nominal do transformador. Se o transformador puder
trabalhar com uma certa sobrecarga, através da utilização de meios que melhorem a
troca de calor entre os enrolamentos do mesmo e o ambiente (ventilação forçada por
exemplo), ajustamos ou escolhemos tais dispositivos sensores, de modo que corrente
de acionamento seja, no mínimo 1,2 vezes está máxima corrente admissível.

- se o transformador não possuir proteção no secundário, os dispositivos de proteção do


primário no secundário, os dispositivos de proteção do primário podem ser ajustados
no máximo para 2,5 vezes a corrente de plena carga do transformador.

- se o transformador possuir dispositivos de proteção no secundário, estes podem ser


ajustados no máximo para 2,5 vezes a corrente de plena carga do transformador e os
dispositivos de proteção do primário podem ser ajustados de modo que atuem para
uma corrente não superior 4,0 vezes a corrente de plena carga do transformador se a
impedância deste for superior a 6%, 6,0 vezes a corrente de plena carga do
transformador se a impedância deste for inferior a 6%.

- as curvas tempo x corrente dos dispositivos de proteção devem proteger a “curva


térmica” do transformador, até o ponto ANSI.

O ponto ANSI pode ser tirado da tabela 3.1. As normas ANSI estabelecem valores máximos
de corrente de curto circuito simétrico, que os transformadores devem suportar, durante
determinados tempos.

Tabela 3.1
Impedância Icc Tempo (segundo)

4% ou menor 25 x corrente nominal 2

5% 20 x corrente nominal 3

6% 16,6 x corrente nominal 4

7% ou maior 14,3 ou menos x corrente nominal 5

- os dispositivos de proteção devem ser ajustados de forma a deixar circular a corrente


transitória de magnetização do transformador (8 a 10 vezes a corrente nominal)
durante 0,1 segundos. Admitamos que ao ser ligado o transformador ao sistema, a
corrente transitória de magnetização dure aproximadamente 0,1 segundos, e durante
esse tempo, o dispositivo de proteção não deve, obviamente, operar, pois se operasse
seria impossível energizar o transformador.

44
- Os dispositivos instantâneos de proteção, instalados no primário de um transformador,
não devem operar para corrente máxima que flui através do transformador, na
ocorrência de um curto circuito nos terminais do secundário (corrente de curto circuito
trifásico, subtransitória assimétrica máxima).

Esta corrente deverá ser obtida multiplicando a corrente simétrica subtransitória (I"d)
pelo fator de assimetria (função da relação X/R no ponto de defeito).

- os dispositivos de proteção de um transformador devem ser ajustados ou escolhidos,


de modo a coordenarem com os dispositivos de proteção dos circuitos que derivam da
barra conectada ao secundário do mesmo.

Como dispositivos de proteção utilizados no secundário de transformadores temos: relés de


sobrecorrente temporizados, fusíveis, relés térmicos, disjuntores secos tipo força (esses dois
últimos somente quando a tensão do secundário do transformador é menor ou igual a 600
volts), etc.

Como dispositivos de proteção utilizados no primário de transformadores temos: relés de


sobrecorrente com elementos temporizado e instantâneo, relés térmicos, fusíveis, etc.

45
Fig. pag. 27

Na figura 3.2 mostramos em um gráfico tempo x corrente, as curvas de operação dos diversos
dispositivos de proteção e a curva térmica do transformador.

Convém salientar que os valores sugeridos de máxima corrente de acionamento (2,5 ou 4,0 ou
6,0 vezes a corrente de plena carga) não devem ser ultrapassados. Entretanto, quase sempre é
possível ajustar os dispositivos de proteção temporizados, para correntes acionamento
menores, melhorando-se desta forma a proteção desejada.

46
É bastante comum ajustarmos esses elementos para uma corrente de acionamento entre 1,2 e
1,5 vezes a corrente de plena carga do transformador.

Consideremos, em seguida, um circuito de distribuição alimentando vários transformadores. É


também comum ajustarmos os dispositivos de proteção temporizados para um corrente de
acionamento igual a 1,5 vezes a soma das correntes pela carga dos vários transformadores e,
em seguida, verificamos se as demais condições descritas anteriormente são satisfeitas,
mesmo para o transformador de menor capacidade.

9 – PROTEÇÃO DE MOTORES
Para proteção de motores elétricos, por dispositivos de proteção sensores de corrente
(consideradas no estudo de seletividade), observamos os seguintes critérios:

- ajustamos ou escolhemos os dispositivos de proteção de modo que a corrente de


acionamento dos mesmos seja de 1,05 a 1,10 vezes a corrente de plena carga do
motor. Se o motor puder trabalhar com uma certa sobrecarga, definida por um fator de
serviço (F.S>), sendo esta sobrecarga admissível continuamente, ajustamos ou
escolhemos tais dispositivos sensores de modo que a corrente de acionamento seja, de
1,05 a 1,10 vezes a máxima corrente admissível (F.S. x Corrente de plena carga).

- as curvas tempo x corrente, dos dispositivos de proteção, devem proteger a curva


térmica do motor. Na ausência de melhores informações, costumamos proteger o
ponto do Rotor Bloqueado (definido pela corrente de partida e pelo tempo máximo
admissível com o rotor bloqueado).

- os dispositivos de proteção devem ser ajustados ou escolhidos de forma a deixar


circular a corrente de partida do motor, durante o tempo de partida.

- os dispositivos instantâneos de proteção não devem operar para a corrente de partida


assimétrica, que se obtêm multiplicando-se a corrente de partida simétrica, pelo
mesmo fator de assimetria, função da relação X/R.

Na proteção de motores por sensores de sobrecorrente, são utilizados principalmente os


seguintes dispositivos de proteção:

- relés térmicos associados a relés de sobrecorrente instantâneos (função 49/50).

- fusíveis associados a relés térmicos.

- disjuntores secos tipo força (se o motor for de B.T.) associados a relés térmicos.

- só fusíveis (motores pequenos, normalmente em B.T.).

Na figura 3.3 mostramos um motor conectado a uma barra. Para o motor em pauta,
escolhemos como proteção relés térmicos e fusíveis.

47
Fig. 3.3

48
Fig. 3.4

Na figura 3.4 mostramos em um gráfico tempo x corrente as curvas dos dispositivos de


proteção e a curva térmica do motor.

49
10 – PROTEÇÃO DE CABOS
Os dispositivos de proteção de um circuito, devem proteger além do equipamento alimento
pelo mesmo, os cabos utilizados como meio de transporte para a energia.

Assim sendo qualquer que seja o dispositivo detector de faltas utilizado, relé, disjuntor seco,
fusível, etc., o mesmo deve proteger também os cabos.

Os cabos isolados têm seus limites de aquecimento dados por linhas inclinadas no plano
tempo-corrente. Portanto, verificar a coordenação entre o dispositivo de proteção e o cabo, é
necessário que não haja interseção entre a e b, da figura 3.5., onde:

a) linha representativa do cabo;

b) linha característica de operação do dispositivo de proteção incluído tempo de


eliminação da falta (tempo de abertura do disjuntor ou de início ao fim de queima de
um fusível).

Como exemplo, tomemos o circuito da figura 3.5., protegido neste caso por relés. Vemos que
o cabo 1/0 não é protegido pelo relé. Será necessário efetuarmos a troca do cabo por outro da
bitola superior (no caso 3/0 AWG).

50
Fig. 3.5

- sobre e sub-tensão;

- sobre velocidade;

- perda de sincronismo.

Vários relés foram estudados e projetados, sendo os mesmos hoje em dia amplamente
aplicados, com a finalidade de proteger os geradores elétricos contra tais anormalidades de
funcionamento.
51
Os relés considerados na coordenação são os relés de sobrecorrente, normalmente com
retenção, considerados como de proteção de retaguarda.

Proteção de retaguarda:

É aconselhável que o grupo de relés do circuito do gerador inclua, também outros relés que
possam oferecer uma proteção de retaguarda ao mesmo, para faltas nos sistemas adjacentes,
isto é, tais relés deverão operar quando uma falta nesses sistemas (como por exemplo nas
barras) não eliminada pela ação dos próprios relés desses sistemas.

Ale, disso, na ausência de relés diferenciais para as barras, estes relés constituem a única
proteção contra faltas entre fases, nas barras.

Como função secundária, também poderão oferecer uma proteção de retaguarda para os relés
diferenciais do gerador.

Do que foi explicado, pode-se compreender que os relés usados para esta proteção de
retaguarda, deverão operar seletivamente com os relés existentes nos sistemas adjacentes.

Isto significa que nas centrais elétricas, eles deverão operar coordenados com os relés
utilizados nos circuitos de saída.

11 – RELÉS DE SOBRECORRENTE DE TERRA


Quando o tipo de conexão dos transformadores de força for tal que bloqueie a passagem de
corrente de seqüência zero (por exemplo - ) o relé de terra situado conforme indicado na
figura 3.9 não “sente” um curto para a terra no secundário do transformador, e portanto não
precisará, evidentemente, coordenar com a proteção situada no secundário do mesmo.

Em geral os relés de sobrecorrente de terra são calibrados para uma corrente de acionamento
muito menor do que as dos re lês de fase.

A corrente de curto circuito para a terra circulando no sistema poderá ser detectada por um
relé de sobrecorrente ligado ao circuito residual de três transformadores de corrente (veja
figura 3.10) ou no secundário de um transformador de núcleo em janela, através do qual
passam os três condutores de fases (veja figura 3.11). O último arranjo denominado “ground-
sensor é mais rápido que o primeiro pois não está sujeito aos erros dos transformadores de
corrente, portanto, é idealmente adaptado à proteção de circuito alimentadores. Os relés de
sobrecorrente, que ligados aos circuitos resituais de transformadores de corrente, quer usados
no esquema “ground-sensor”, podem ter características temporizadas ou instantâneas.

52
Fig. 3.9

Fig. 3.10

53
Fig. 3.11

12 - COORDENAÇÃO DE RELÉS DE SOBRECORRENTE EM


SÉRIE
Suponhamos dois relés de sobrecorrente de fase em série conforme ilustrado na figura 4.1
Evidentemente que no caso de um curto circuito em F, desejamos que o relé A opere em
primeiro lugar.

A fim de obter a desejada seletividade de operação entre os relés A e B, é necessário que a


curva característica do primeiro figure abaixo da curva característica do segundo no plano
“tempo x corrente” (veja figura 4.1) com uma margem de 0,4 segundos.

Consideremos, por exemplo, a subestação indicada na figura 4.2, e suponhamos que, para
um curto circuito em F, desejamos que o disjuntor A abra primeiro do que o disjuntor B.
Verificamos, pela figura, que a corrente máxima de curto circuito simétrica (I’) através do
disjuntor A será de 3000 ampéres, enquanto através de cada disjuntor será obtida se o
espaçamento entre as curvas características dos relés em A e B for de 0,4 segundos para as
condições da máxima corrente de curto circuito, conforme esquematizado na figura 4.3. O
valor de 0,4 segundos para as condições da máxima corrente de curto circuito, conforme
esquematizado na figura 4.3. O valor de 0,4 segundos é obtido da seguinte maneira:

Tempo de operação do disjuntor 0,13 segundos

Tolerância do fabricante 0,10 segundos

Fator de segurança 0.17 segundos

TOTAL 0,40 segundos

54
Fig. 4.1

55
Fig. 4.2

É necessário tomar cuidados especiais ao efetuar a coordenação seletiva de dois relés de


sobrecorrente, aplicados a circuitos que estejam separados por transformadores ligados em
triângulo-estrela. Um curto circuito entre duas fases no circuito B da Figura 4.4 resultará
na circulação de correntes de valores diferentes nas fases correspondentes do circuito A.
Por exemplo um curo entre as fases 1 e 2 originará a circulação de ma corrente, nas fases
1 e 2 do circuito B, igual a 1,0 pu.

Neste caso as correntes nas fases 1, 2 e 3 do circuito A seriam, na mesma base,


respectivamente iguais a 1,15; 0,58 e 0,58, portanto, um relé de sobrecorrente na fase 1
do circuito A “sentiria” uma corrente de curto circuito 1,0/0,87 = 1,16 daquela sentida por
outro relé na fase 1 do circuito B. Consideraremos na figura 4.5. Uma vez calculado o
valor da corrente de curto circuito para um outro circuito entre duas fases no ponto F, que
será igual a 0,87 da corrente de curto circuito trifásico no mesmo ponto, estamos aptos a
localizar o ponto K, na curva característica do relé B. Porém quando ocorrer este curto o
relé em A poderá estar sentindo uma corrente de curto circuito igual a 1,16 vezes aquela
sentida pelo relé B, ou seja igual à corrente de curto circuito trifásico. Isto significa que o
espaçamento mínimo de 0,4 segundos entre duas curvas características dos relés, deve ser

56
considerado entre os pontos L e M conforme indicado na figura 4.5. Com efeito, em
termos de corrente de curto circuito trifásico, os relés em A e B “sentem” no mesmo
instante, para um curto entre duas fases em B, uma corrente de curto circuito igual a 1,0 e
0,87 respectivamente. A coordenação pode ser simplesmente feita coordenando a
característica do relé A com a característica do relé B deslocada, esta última, de 16%, em
corrente, para à corrente, para à direita.

Se prevalecer a relação 0,58, ou seja se o curo entre fases no circuito em B resultar que
um relé no circuito A sinta apenas 58% da corrente sentida por outro relé, n mesma fase,
em B a coordenação não será prejudicada já que, neste caso, o relé em B terá o seu
acionamento acelerado em relação aquele situado em A.

Fig. 4.4

57
Fig. 4.5

58
13 – COORDENAÇÃO DOS FUSÍVEIS COM RELÉS
Quando num sistema industrial, um fusível se encontra em série com um relé de
sobrecorrente, dois casos podem ocorrer:

- o relé de sobrecorrente está localizado entre a fonte alimentadora e o fusível;

- o fusível está situado entre a fonte alimentadora e o re lê de sobrecorrente.

No primeiro caso haverá uma operação seletiva entre estes dois dispositivos de proteção,
quando para um curto circuito F, o fusível opera primeiro que o relé de sobrecorrente ou,
exprimindo-nos de uma forma mais precisa, desde que o fusível queime antes que o disjuntor
abra. No segundo caso, será obtida essa seletividade desde que o disjuntor abra antes que o
fusível queime ou altere suas caracterísitcas.

A operação coordenada e seletiva do fusível e do relé de sobrecorrente poderá ser obtida, no


primeiro caso, desde que a curva característica do relé de sobrecorrente seja de tal maneira
selecionada que fique espassada no mínimo de 0,2 segundos da curva “tempo total para
extinção do arco” do fusível no plano “corrente x tempo”.

Com efeito, neste último caso, se ocorrer um curto circuito no ponto F, circulará uma corrente
de curto circuito no fusível, sendo que o tempo máximo de operação do mesmo é fornecido
pela sua curva “tempo total para extinção do arco”.

Contudo, simultaneamente, a mesma corrente de curto circuito estará circulando no primário


dos transformadores de corrente e sensibilizando o relé de sobrecorrente que iniciará o
movimento do disco no sentido de fechar seus contatos, Para que tal aconteça, mesmo por
efeito da inércia é aconselhável a margem de 0,2 segundos.

No segundo caso, a operação coordenada e seletiva dos dois dispositivos de sobrecorrente


será obtida desde que a curva “tempo curta duração”, do fusível fique no plano “corrente x
tempo” imediatamente acima da curva característica do relé de sobrecorrente, acrescida do
tempo de interrupção do disjuntor a ele associado.

Com efeito no caso de um curto circuito o relé deverá operar e o disjuntor disparar, de acordo
com o seu tempo de operação (que poderá ser de 8, 5, 4, 3 e 2 etc. ciclos).

Enquanto se processam essas duas operações o fusível não de verá ser afetado. Para isso, é
suficiente que a curva “tempo de curta duração” esteja acima da curva característica do relé
sobrecorrente acrescida do tempo de interrupção do disjuntor.

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