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GUIA MÉDIA TENSÃO:

Dimensionamento de Cabos

Cálculo da capacidade
de corrente e fatores de
correção dos valores para cabos
isolados tabelados na norma
ABNT NBR 14039: 2021

AUTORES: JOÃO J. A. DE PAULA | MATHEUS B. DA CUNHA

PRODUÇÃO E EDIÇÃO APOIO


Educação
Revista
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Autores
JOÃO JOSÉ ALVES DE PAULA

Engenheiro Eletricista, com mestrado em Engenharia Elétrica (cabos isolados


de média e alta tensão), atualmente engenheiro especializado da Alubar, foi con-
sultor técnico, Gerente de Produto da Prysmian, Gerente de Tecnologia da Gene-
ral Cable Brasil, Diretor Técnico da Nexans Brasil e Gerente Técnico da Alcatel,
trabalhou também na Forest (General Cable) e na Alcoa, com 38 anos de experi-
ência no ramo de condutores elétricos, sendo responsável por Desenvolvimen-
to de Produtos e Materiais, Engenharia de Produto, Engenharia de Processos,
Engenharia de Aplicações, Assistência Técnica, Marketing Técnico, Gestão da
Qualidade e Controle de Qualidade. Durante todos esses anos, trabalhou conti-
nuamente na elaboração de Normas Técnicas Brasileiras para cabos e sua ins-
talação, e contribuiu também com normas internacionais sobre cabos elétricos,
em estreita colaboração com centros de pesquisa e desenvolvimento de outros
países.

MATHEUS BARROS DA CUNHA

Engenheiro eletricista, trabalha com estudos de proteção elétrica e projetos


de instalações elétricas.

POTÊNCIA 2
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

SUMÁRIO
1. Introdução 05

2. Capacidade de Condução de Corrente de Cabos de Média Tensão 06

3. Elaboração das Tabelas de Capacidade de Corrente e de


Fatores de Correção - Procedimentos Gerais 09

4. Dimensionais dos Cabos 12

5. Instalações 17

6. Metodologia Comum a Todas as Instalações 20

6.1 Resistência elétrica do condutor 20

6.2 Resistência térmica da isolação 23

6.3 Resistência térmica da cobertura 23

6.4 Fator de perdas da blindagem 23

6.4.1 Formação trifólio ou cabo tripolar 24

6.4.2 Formação plana horizontal de cabos unipolares 26

6.4.3 Instalações que não são em trifólio nem disposição plana (banco de dutos) 30

6.4.4 Determinação de RS 31

7. Resistência Térmica Externa (T4) e Capacidade de Corrente 32

7.1 Métodos A e B (A1, A2, B1, B2) Instalação ao ar livre 32

7.2 Métodos C e D - Cabos em canaletas 38

7.3 Método E - Cabos em eletrodutos ao ar livre 41

7.4 Métodos F e G (F1, F2, G1, G2) Cabos em dutos enterrados 49

7.4.1 Método F1 - Valores calculados de capacidade de corrente 57

7.4.2 Método F2 – Valores calculados de capacidade de corrente 59

7.4.3 Método G1 - Cálculo da resistência térmica externa e da capacidade de corrente 61

7.4.4 Método G2 - Cálculo da resistência térmica externa e da capacidade de corrente 62

7.5 Método H - Cabos diretamente enterrados - cabo tripolar ou cabos unipolares em contato 63

7.5.1 Três cabos unipolares enterrados, em formação plana e em contato 64

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7.5.2 Três cabos singelos enterrados em formação trifólio 65

7.5.3 Um cabo trifásico enterrado 66

7.5.4 Resultados 67

7.6 Método I - Cabos unipolares diretamente enterrados e espaçados 68

8. Fatores de Correção 71

8.1 Fator de correção para diferentes temperaturas do ambiente 71

8.2 Fator de correção para diferentes resistividades térmicas do solo 73

8.3 Fator de correção para diferentes profundidades de enterramento 74

8.4 Fator de correção para agrupamento de cabos ao ar livre 76

8.5 Fator de correção para agrupamento de cabos do Método F1 83

8.6 Fator de correção para agrupamento de cabos do Método F2 86

8.7 Fator de correção para agrupamento de cabos do Método G1 89

8.8 Fator de correção para agrupamento de cabos do Método G2 91

8.9 Fator de correção para agrupamento de cabos do Método H 95

Bibliografia 99

POTÊNCIA 4
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1. Introdução
Os componentes de uma instalação elétrica com dimensionamento mais complexo são os cabos e con-
dutores. Uma vez escolhida a constituição do cabo – metal do condutor, tipo de isolação etc. –, deve ser
definida a seção do condutor e essa definição é feita considerando alguns fatores: capacidade de condução
de corrente em regime permanente, queda de tensão, capacidade de curto-circuito, seção mínima e até
mesmo levando em conta o aspecto econômico.
O dimensionamento da seção do condutor por capacidade de condução de corrente é o mais com-
plexo e, por isso, algumas normas técnicas sobre instalações elétricas trazem valores tabelados, já calcu-
lados previamente. E é o que ocorre na norma ABNT NBR 14039. Entretanto, é impossível tabelar valores
para todas as situações, e muitas vezes o projetista fica sem uma fonte para que possa definir o valor da
seção a ser utilizada.
Assim, além de demonstrar como foram obtidos os valores tabelados na NBR 14039:2021, de modo
que em revisões futuras dessa norma se saiba como esses valores foram definidos, este texto traz a
metodologia que pode ser utilizada pelo projetista para o dimensionamento dos cabos de média tensão
ao menos para as instalações mais comuns, semelhantes àquelas instalações para as quais os valores
foram tabelados.

Foto: ShutterStock

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2. Capacidade de Condução de
Corrente de Cabos de Média Tensão
No início da utilização da energia elétrica, havia uma incerteza quanto à máxima corrente elétrica que
um condutor poderia transportar. A sistematização da definição desse valor foi feita em 1957 por Neher e
McGrath, em um artigo apresentado no AIEE Summer General Meeting e transformada na norma IEC 287
ainda na década de 1960, que hoje é a série de normas IEC 60287, normas essas utilizadas praticamente
por todos os países do mundo, embora ainda haja em uso muitas tabelas empíricas, até anteriores à edi-
ção da primeira norma IEC.
A premissa para a chamada “ampacidade” ou capacidade de condução de corrente ou, simplesmente,
capacidade de corrente dos cabos elétricos é que o condutor não deve ultrapassar uma certa tempera-
tura. No caso de condutores isolados, essa temperatura é dada pela isolação (ou sistema semicondutora
– isolação – semicondutora, no caso dos cabos isolados de média e alta tensão). Uma vez atingida uma
certa temperatura pelo condutor, estando o condutor em contato com a isolação, parte da isolação tam-
bém estará sujeita a essa temperatura.
A temperatura máxima de um material de isolação é aquela em que não há deterioração das caracte-
rísticas mecânicas, físicas e químicas do material exposto indefinidamente a essa temperatura. É um valor
que geralmente não é bem definido, mas as normas nacionais, internacionais e estrangeiras estabelecem
claramente valores máximos. No caso de cabos de média tensão, as normas técnicas da ABNT somente
permitem o uso do XLPE (ou sua variante, o TR XLPE) e do EPR (ou suas variantes, HEPR e EPR 105). As
temperaturas máximas em regime permanente desses materiais são de 90 ºC para o XLPE, TR XLPE, EPR
e HEPR e de 105 ºC para o EPR 105. Assim, essas são as temperaturas máximas em regime permanente
para os condutores desses cabos.
Esses condutores, também especificados pelas normas ABNT, somente podem ser construídos com
cobre (estanhado ou não) e alumínio. Por efeito Joule, com a passagem da corrente elétrica, o condutor
aquece-se e não pode ultrapassar os valores máximos estabelecidos de temperatura; portanto, para um
dado cabo, em uma dada instalação, a temperatura máxima limita o valor da corrente máxima: a capacida-
de de condução de corrente. Claro que, dependendo da instalação, o aumento de temperatura não ocorre
simultaneamente com o aumento de corrente, mas os valores tabelados pela NBR 14039 consideram que
a temperatura dada pela passagem da corrente já foi atingida (regime permanente).
Foto: ShutterStock

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Um cabo de média tensão isolado tem, basicamente, uma das duas construções:

Figura 2.1 – Tipos de cabos de média tensão previstos

Nota: É preciso fazer a diferenciação entre “cabo” e “condutor”. O condutor é o elemento central, que
transporta a corrente elétrica. Já um cabo pode ter um ou três condutores, no escopo deste tex-
to. Um cabo unipolar (primeira figura) tem um só condutor, enquanto um cabo tripolar (segunda
figura) tem três condutores.
O calor gerado no condutor migra pelas camadas do cabo até dispersar-se no ambiente; esse am-
biente é o ar livre ou a terra, no caso de cabos enterrados. Assim, para a determinação da capacidade de
condução de corrente, constrói-se um circuito térmico análogo a um circuito elétrico, onde:

Tabela 2.1 - Analogia entre circuito térmico e circuito elétrico


Circuito Térmico Circuito Elétrico
Diferença de Temperatura Diferença de Potencial (Tensão)
Quantidade de Calor Corrente Elétrica
Resistência Térmica Resistência Elétrica
Fonte de Calor Fonte de Corrente

POTÊNCIA 7
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Para o cabo unipolar, o circuito térmico é representado por:

Figura 2.2 – Exemplo de circuito térmico

R = resistência elétrica do condutor, em corrente alternada (Ω/m)


I = corrente elétrica (A)
J = quantidade de calor por segundo
θa = temperatura ambiente (oC)
θ = temperatura no condutor (oC)
T1 = resistência térmica da isolação, incluindo semicondutoras (K.m/W)
T3 = resistência térmica da cobertura (K.m/W)
T4 = resistência térmica externa do cabo (K.m/W)
λ1 = relação entre as perdas na blindagem e as perdas no condutor

Tratando esse circuito com as leis dos circuitos elétricos, chega-se a uma expressão que relaciona a
corrente aos demais parâmetros:
(2.1)

sendo:
(2.2)

Fixando a temperatura no condutor como a temperatura de operação máxima, dada pelo material da
isolação, usa-se esse resultado para determinar qual a máxima corrente elétrica que pode circular por
esse cabo. Colocando a expressão em função dessa corrente:

(2.3)

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O valor da corrente assim determinado é também conhecido como “capacidade de condução de cor-
rente a 100% de fator de carga”, pois é o valor que, percorrendo continuamente o condutor, leva sua tem-
peratura à máxima permitida. Valores maiores de corrente podem ser obtidos quando o fator de carga é
menor que 100%, para certos ciclos de carga, mas esse é um outro assunto.
Note-se que essa expressão para a capacidade de corrente não é única para cada cabo, depende
de cada circuito térmico: a capacidade de corrente do condutor ou dos condutores de um cabo não
depende somente do cabo, mas também da instalação, representada por sua temperatura ambiente,
resistência térmica externa e eventuais distâncias entre condutores e cabos, que serão utilizadas no
cálculo das variáveis da expressão da capacidade de corrente.
Portanto, para o cálculo da capacidade de condução de corrente, é preciso antes calcular a resistência
elétrica do condutor, as resistências térmicas e todos os demais valores. A metodologia de cálculo desses
valores para uma série de instalações é dada nas normas IEC 60287-1-1:2014 e IEC 60287-2-1:2015, além
de ser dada também na norma ABNT NBR 11301:1990, mas essa última está um tanto desatualizada em
relação às normas IEC.

3. Elaboração das Tabelas de


Capacidade de Corrente e de Fatores
de Correção - Procedimentos Gerais
Foram consideradas as seguintes variações quanto à constituição dos cabos:
a) Condutor de cobre não estanhado e alumínio, de seção circular. Foi definida uma ca-
pacidade de corrente para cada seção de condutor formado por cada um desses dois
metais.
b) Isolação de EPR, XLPE, TR XLPE, HEPR e EPR 105. Foram tabelados os menores va-
lores obtidos, calculados com o EPR, XLPE, TR XLPE, HEPR (temperatura do condutor
de 90 oC) e os valores obtidos com o EPR 105 (temperatura do condutor de 105 oC).
c) Espessura de isolação plena e coordenada (a espessura coordenada é um pouco
menor que a plena e pode ser utilizada em algumas construções, e em outras não
pode ser utilizada). A menor capacidade de corrente foi tabelada.
d) Classes de tensão 3,6/6 kV, 6/10 kV, 8,7/15 kV, 12/20 kV, 15/25 kV e 20/35 kV. A ca-
pacidade de corrente pouco varia em função da classe de tensão, mas foi adotado
Foto: ShutterStock

o menor valor.
e) Blindagem metálica de fios de cobre não estanhado helicoidais, cada fio com diâ-
metro de 0,7 mm, com aterramento em um ou mais pontos. O menor valor obtido
de capacidade de corrente foi tabelado.
f) Foram considerados circuitos com e sem transposição e o menor valor de capaci-
dade de corrente encontrado foi tabelado.
g) Não foi considerada a existência de capa interna em nenhum cabo.
h) Cobertura de PVC ou polietileno. O menor valor de capacidade de corrente foi o
tabelado.

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Assim, nota-se que os valores tabelados são bastante conservadores e pode ocorrer que, para casos
específicos, a capacidade de corrente seja maior que os valores tabelados e pode ser vantajoso um di-
mensionamento particular.
Foram tabelados valores de capacidade de corrente para seções de 10 mm2 a 1.000 mm2 para:
◗ condutores de cobre com temperatura máxima de operação de 90 oC
◗ condutores de cobre com temperatura máxima de operação de 105 oC
◗ condutores de alumínio com temperatura máxima de operação de 90 oC
◗ condutores de alumínio com temperatura máxima de operação de 105 oC
Onde não indicado o contrário, foi adotado o procedimento de tabelar o menor valor de capacidade de
corrente e de fatores de correção que resultassem também no menor valor de capacidade de corrente.
Utilizando esse critério, algumas simplificações foram feitas:
1) Calculados os valores de capacidade de corrente para as várias classes de tensão, materiais de isola-
ção e cobertura, espessuras de isolação coordenada (quando a seção o permitia) ou plena e cobertura
de PVC e polietileno, verificou-se que os menores valores ocorriam para isolação em EPR (ou HEPR),
no caso de temperatura máxima do condutor de 90 oC, espessura coordenada e classe de tensão
3,6/6 kV ou 6/10 kV e cobertura de PVC. Assim, as tabelas de capacidade de corrente foram calcula-
das para cabos com isolação em EPR ou HEPR (temperatura máxima de 90 oC) ou EPR 105 (única alter-
nativa para temperatura máxima de 105 oC), espessura coordenada da isolação, classe de tensão 3,6/6
kV para a seção 10 mm2 e 6/10 kV para as demais e cobertura de PVC. Os valores de capacidade de cor-
rente tabelados valem para todas as classes de tensão, respeitado o limite de seção Foto: ShutterStock
mínima do condutor para cada classe, mas podem também ser
calculados, o que geralmente leva a um valor maior
de capacidade.
2) 
Calculados os valores de capaci-
dade de corrente dos cabos com
a blindagem aterrada em dois ou
mais pontos ou em um só ponto
ou em “cross-bonding” e com ou
sem transposição nas disposições
de cabos unipolares em formação
plana, foi adotado para cada seção de cada metal do condutor (cobre ou alumínio) e cada tempe-
ratura máxima (90 oC ou 105 oC), o menor valor resultante.
3) A maioria dos fatores de correção foi determinada calculando-se a capacidade de corrente na nova
situação e dividindo-se pelo valor da capacidade de corrente tabelada. Por exemplo, os valores de
capacidade de corrente dos cabos enterrados foram calculados com uma resistividade térmica do ter-
reno de 2,5 K·m/W, conforme informado na própria norma NBR 14039. Para a determinação do fator de
correção para outras resistividades térmicas do terreno, foram recalculados os valores de capacidade
de corrente com o valor de outra resistividade térmica para cada seção, metal e temperatura máxima
do condutor, dividindo-se o resultado pelo valor tabelado para a resistividade de 2,5 K·m/W e o menor
valor desse quociente foi adotado como fator de correção. Quando a diferença entre o menor valor
e o maior valor desse quociente variava muito, os fatores foram dados em faixas de seções nominais,
de modo a manter a diferença em uma porcentagem menor, conforme informado em notas ao final
das tabelas de fatores de correção.

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Com todas essas aproximações, fica claro que o uso dos valores aqui tabelados pode resultar em um
valor de seção do condutor muito diferente daquele que seria obtido com um cálculo feito especificamen-
te para a instalação em questão. Como os valores tabelados são sempre os mais conservadores, a seção
obtida pelo uso destas tabelas será sempre igual ou maior do que aquela realmente necessária.
Algumas variações entre as constantes reais e as utilizadas provocam pouca diferença no resultado,
outras são mais significativas. Por exemplo, a resistividade térmica do terreno tem grande influência no
resultado da capacidade de corrente dos cabos enterrados, mas geralmente é desconhecida e, ainda por
cima, varia com a umidade.
Outros valores, como a resistividade térmica dos materiais do cabo, geralmente desconhecida e de
difícil medição, trazem pouca influência. É preciso considerar sempre os valores que resultam em maior
segurança: a temperatura ambiente deve ser a máxima prevista, não uma média; a resistividade térmica
do solo deve ser a máxima com solo seco; o cálculo deve ser feito para o cabo mais quente da parte mais
desfavorável da instalação.
Não foram previstos valores de capacidade de condução de corrente para cabos armados ou com
capa metálica. Foram previstos vários métodos de instalação, a maioria já existente em versões anteriores
da NBR 14039, mas é totalmente impraticável prever todas as instalações possíveis.
Por exemplo, os valores para cabos em eletrodutos foram obtidos considerando eletrodutos de PVC,
que têm maior resistividade térmica, de modo que os resultados são conservadores e podem ser usados
quando o eletroduto for de polietileno ou de metal não magnético, mas não existem valores para cabos
instalados em eletrodutos ferromagnéticos; foram previstos valores de capacidade de corrente para ca-
bos em banco de dutos e canaletas enterradas de determinadas dimensões, de modo que não se aplicam
a instalações semelhantes, mas com outras dimensões; não foram previstos valores de capacidade de
corrente para cabos enterrados em valas preenchidas total ou parcialmente com “backfill”.

POTÊNCIA 11
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Neste texto, procurou-se jamais desrespeitar as normas IEC 60287, mesmo quando havia alternativas
aparentemente mais corretas, somente utilizando outras metodologias quando essa série de normas não
tenha previsto o caso em questão, quando essa série de normas não previu certos detalhes, conforme
descrito ao longo deste texto. Mesmo assim, é preciso saber que não há metodologia comprovada, nem
na série de normas IEC 60287, nem em outras fontes, para vários tipos de instalação bastante comuns.
A IEC padronizou o cálculo da capacidade de condução de corrente e das variáveis envolvidas, bem
como das constantes utilizadas, em uma série de normas, entre as quais aquelas utilizadas para a con-
fecção das tabelas da NBR 14039, que são a IEC 60287-1-1:2014, a IEC 60287-2-1:2015 e a IEC 60287-
2-2:1995. Existe uma norma brasileira, a ABNT NBR 11301:1990, que foi baseada na então norma IEC
287:1982, mas essa norma da ABNT não foi aqui utilizada na maioria das vezes por estar um tanto desa-
tualizada em relação às revisões pelas quais as normas IEC passaram, já que foi publicada há 30 anos.
Existem tabelas de capacidade de corrente e fatores de correção em um Anexo da norma construtiva
de cabos, a IEC 60502-2:2014. Essa norma foi utilizada como comparação em vários casos, mas suas ta-
belas não foram adotadas porque:
1) É um anexo informativo, e não normativo, da IEC 60502-2
2) Alguns valores dessa norma eram duvidosos e a IEC não soube explicá-los
3) Não existem tabelas para cabos isolados com EPR 105
4) As tensões de isolamento da IEC são 3,6/6 kV, 6/10 kV, 8,7/15 kV, 12/20 kV e 18/30 kV. Isso não cau-
saria muito problema, mas, a rigor, faltariam as classes 15/25 kV e 20/35 kV existentes nas normas
brasileiras
5) Não existem, na IEC 60502-2, valores de capacidade de corrente para algumas instalações muito
comuns no Brasil
6) Os valores de capacidade de condução de corrente somente são dados para seções de condutor até
400 mm2, faltando as seções maiores, até 1.000 mm2 – ou, pelo menos, as seções 500 mm2 e 630
mm2, muito utilizadas no Brasil
Por fim, a metodologia aqui utilizada não foi comparada com a metodologia usada na edição anterior
da NBR 14039 porque não existe registro dessa metodologia. Ao que tudo indica, os valores das edições
anteriores foram adaptados de catálogos de fabricantes de cabos, sem uma metodologia definida.
A metodologia normatizada não é didática, supõe-se que o usuário conheça o tema, que é bastante
complexo. Nos últimos anos surgiram vários softwares de cálculo, porém, para um uso correto dessas
ferramentas, também é necessário que o projetista conheça a metodologia. Os valores foram tabelados
para auxiliar a maioria dos projetistas na maioria das instalações, com um cálculo excepcionalmente rápi-
do, mas sempre devem ser mantidas em mente as possíveis imprecisões inerentes.
Este Guia pode auxiliar os projetistas a calcular valores mais precisos para as instalações previstas nas
tabelas, entretanto é preciso lembrar que não é possível tabelar toda e qualquer alternativa e, assim, os
valores são válidos para as instalações mais corriqueiras, mas não para todas.

4. Dimensionais dos Cabos


Os detalhes dimensionais dos cabos são essenciais para o cálculo da capacidade de corrente. Essas
dimensões variam um pouco entre os cabos produzidos por fabricantes diferentes, mas essas variações
não são suficientes para afetar o valor da capacidade de corrente do cabo em uma instalação. Assim, as

POTÊNCIA 12
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DIMENSIONAMENTO DE CABOS

dimensões foram padronizadas, utilizando dados existentes em normas ABNT para a construção de cabos
de média tensão.
A norma brasileira ABNT NBR NM 280:2011 estabelece a resistência máxima do condutor em cor-
rente contínua a 20 oC para cada seção padronizada de cobre ou alumínio e, partindo desse valor, os
fabricantes de condutores elétricos projetam-nos, resultando em um diâmetro final não normatizado. É
verdade que existem diâmetros mínimos e máximos especificados nessa norma, mas ela traz valores
diferentes dos de sua norma de base, a IEC 60228:2004, além do que os diâmetros máximos aí espe-
cificados são, em geral, muito maiores que o os valores reais.
Entretanto, existe a norma ABNT NBR 6251:2018, que estabelece o que chama de “diâmetro fictício
do condutor”, somente para o cálculo da espessura de capas e da cobertura, sendo um único valor para
cobre ou alumínio e para qualquer classe de encordoamento. Como esses diâmetros fictícios aproximam-­
se mais dos valores reais dos diâmetros dos condutores, foram esses que foram utilizados no cálculo
dimensional dos cabos.

Tabela 4.1 - Diâmetros do condutor de cobre ou alumínio adotados


Seção Diâmetro do Seção Diâmetro do Seção Diâmetro do
mm2 Condutor mm mm2 Condutor mm mm2 Condutor mm
10 3,6 95 11,0 400 22,6
16 4,5 120 12,4 500 25,2
25 5,6 150 13,8 630 28,3
35 6,7 185 15,3 800 31,9
50 8,0 240 17,5 1.000 35,7
70 9,4 300 19,5

As espessuras utilizadas para a isolação e semicondutoras foram as espessuras mínimas especifi-


cadas nas normas construtivas dos cabos, particularmente a norma ABNT NBR 6251:2018. Quanto às
semicondutoras, foi utilizado o valor normatizado de espessura mínima de 0,4 mm. A espessura da isola-
ção foi tomada dessa mesma norma, e varia conforme a classe de tensão, material da isolação e tipo de
isolação (plena ou coordenada), conforme tabelas seguintes. A espessura da cobertura foi calculada em
função do diâmetro fictício, conforme metodologia descrita no Anexo B da norma ABNT NBR 6251:2018,
tendo sido calculada como:

(4.1)

onde D é o diâmetro fictício abaixo da cobertura. Para qualquer cálculo novo que se queira fazer, pode-­
se utilizar o diâmetro real abaixo da cobertura ou a espessura da cobertura fornecida pelo fabricante do
cabo, uma vez que pequenas variações nesse valor não trazem diferenças no valor final da capacidade
de corrente.

POTÊNCIA 13
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Tabela 4.2 - Espessura plena da isolação para EPR, HEPR e EPR 105
Seção nominal Espessura da isolação (mm)
do condutor Tensão de isolamento do cabo Uo/U (kV)
(mm2) 3,6/6 6/10 8,7/15 12/20 15/25 20/35
10 3,0 - - - -
16 3,0 3,4 - - - -
25 3,0 3,4 4,5 - - -
35 3,0 3,4 4,5 5,5 - -
50 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
70 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
95 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
120 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
150 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
185 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
240 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
300 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
400 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
500 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
630 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
800 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
1.000 3,2 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
Fonte: ABNT NBR 6251:2018

Foto: ShutterStock

POTÊNCIA 14
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Tabela 4.3 - Espessura coordenada da isolação para HEPR e EPR 105


Seção nominal Espessura da isolação (mm)
do condutor Tensão de isolamento do cabo Uo/U (kV)
(mm2)
3,6/6 6/10 8,7/15 12/20 15/25 20/35
10 2,5 - - - - -
16 2,5 2,5 3,5 5,2 - -
25 2,5 2,5 3,0 4,7 - -
35 2,5 2,5 3,0 4,0 6,2 -
50 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 8,2
70 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 7,5
95 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 7,5
120 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 7,5
150 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 7,5
185 2,5 2,5 3,0 4,0 5,5 6,5
240 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
300 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
400 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
500 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
630 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
800 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
1.000 2,8 2,8 3,5 4,5 5,0 6,5
Fonte: ABNT NBR 6251:2018

Tabela 4.4 - Espessura plena de isolação para XLPE e TR XLPE


Seção nominal Espessura da isolação (mm)
do condutor Tensão de isolamento do cabo Uo/U (kV)
(mm2)
3,6/6 6/10 8,7/15 12/20 15/25 20/35
10 2,5 - - - - -
16 2,5 3,4 - - - -
25 2,5 3,4 4,5 - - -
35 2,5 3,4 4,5 5,5 - -
50 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
70 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
95 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
120 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
150 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
185 2,5 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
240 2,6 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
300 2,8 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
400 3,0 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
500 3,2 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
630 3,2 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
800 3,2 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
1.000 3,2 3,4 4,5 5,5 6,8 8,8
Fonte: ABNT NBR 6251:2018

POTÊNCIA 15
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

A blindagem metálica aplicada sobre a blindagem semicondutora da isolação foi considerada como
sendo formada, como já foi dito, por fios de cobre helicoidais de diâmetro 0,7 mm. A norma ABNT NBR
6251:2018 especifica uma seção mínima de 6 mm2 para essa blindagem, mas, se a seção de blindagem
for maior, como deve ser para muitos casos em função das correntes de curto-circuito, a capacidade de
corrente do cabo reduz-se um pouco.
Assim, utilizou-se o Anexo B da norma IEC 60502-2:2014 como referência. Nessa norma, as seções de
blindagem sugeridas são as da tabela seguinte.

Tabela 4.5 - Seções da blindagem sugeridas pela IEC 60502-2:2014


Seção do condutor, mm2 16 25 35 50 70 95 120 150 185 240 300 400
Seção da Isolação EPR 3 3 4 4 4 5 5 5 6 6 7 8
blindagem, Isolação 16 16 16 16 16 16 16 25 25 25 25 35
por veia, mm2 XLPE

Supõe-se que há uma incorreção nessa tabela. As seções menores devem ter sido consideradas como
tendo blindagem com fita de cobre e as seções maiores para blindagem com fios de cobre, caso contrário,
cabos trifásicos isolados com XLPE deveriam ter blindagem com fita de cobre de seção muito elevada
para permitir essa construção. Portanto, essa tabela deveria ter sido escrita como:

Tabela 4.6 - Seções da blindagem modificadas


Seção do condutor, mm2 16 25 35 50 70 95 120 150 185 240 300 400
Seção da Blindagem fita 3 3 4 4 4 5 5 5 6 6 7 8
blindagem, Blindagem fios 16 16 16 16 16 16 16 25 25 25 25 35
por veia, mm2

Como essa tabela não cobre todas as seções da NBR 14039, foi adotado:

Tabela 4.7 - Seções da blindagem adotadas


Seção do Condutor Seção da Blindagem
2
10 mm 6 mm2
16 mm2 ≤ S ≤ 120 mm2 16 mm2
150 mm2 ≤ S ≤ 300 mm2 25 mm2
S > 300 mm2 35 mm2

POTÊNCIA 16
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

5. Instalações
Tentou-se manter as mesmas instalações previstas na norma ABNT NBR 14039:2005. Os métodos A e
B foram abertos em A1, A2, B1 e B2, sendo os métodos A1 e B1 relativos a instalações protegidas do sol,
equivalentes aos métodos A e B da ABNT NBR 14039:2005, e os métodos A2 e B2 relativos a instalações
expostas ao sol.
Os métodos F e G, relativos a cabos instalados em eletrodutos diretamente enterrados ou a cabos ins-
talados em eletrodutos embutidos em concreto (banco de dutos) e enterrados, foram desmembrados em
métodos F1 e G1 (cabos em eletrodutos diretamente enterrados) e métodos F2 e G2 (cabos instalados em
eletrodutos embutidos em concreto e enterrados). Assim, as instalações previstas são:

Tabela 5.1 - Instalações previstas


Ambiente Disposição Método
A1
Ar livre A2
B1
B2

C
Canaleta fechada no solo


D

Eletroduto ao ar livre E


Um eletroduto enterrado F1

Banco de dutos
enterrado, três F2
condutores por duto

POTÊNCIA 17
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Ambiente Disposição Método


Eletrodutos espaçados e
G1
enterrados, um cabo por duto

Banco de dutos enterrado,


G2
um cabo por duto

H
Diretamente enterrado

Na NBR 14039:2005, os espaçamentos não são definidos nos métodos B e D, são de um diâmetro
do duto para o método G e de um diâmetro do cabo para o método I. Foi utilizado, então, um diâmetro
externo do cabo ou duto entre as superfícies dos cabos ou eletrodutos para todos os casos em que há
espaçamento, resultando em uma distância do dobro desse diâmetro entre centros (distância axial).
As dimensões das valas dos métodos C e D são de 500 mm de largura e de 500 mm de profundidade
e são adequadas até ao maior diâmetro possível dos cabos.
Os diâmetros dos dutos não estão definidos na ABNT NBR 14039:2005. A IEC 60502-2:2014 utiliza
“diâmetro interno com 1,5 x diâmetro externo do cabo e espessura de 6% desse seu diâmetro interno”.
Fica um pouco fora de foco, pois pode haver mais que um cabo por duto.
Conforme a norma ABNT NBR 14039:2005, as taxas máximas de ocupação de eletrodutos por cabos
de média tensão são:
> 40% no caso de um cabo;
> 30% no caso de dois ou mais cabos.
Chamando t = 0,40 e 0,30 para taxas de ocupação de 40% e 30%, respectivamente, o diâmetro interno
mínimo do eletroduto deve ser:

(5.1)

onde “ne” é o número de cabos por eletroduto e De é o diâmetro externo desses cabos.

POTÊNCIA 18
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Entretanto, alguns dutos existentes são:

Tabela 5.2 - Dutos de PVC Tabela 5.3 - Dutos de Polietileno


iâmetro Diâmetro Espessura Diâm. Int. Diâm. Ext.
D Diâm. Int.
Polegadas mm mm mm mm mm
1/2” 12,7 1,8 9,1 110 95,2
3/4 “ 19,1 2,3 14,5 126 107,5
1” 25,4 2,7 20 141 121
1 1/4” 31,75 2,9 25,95 161 135,5
1 1/2” 38,1 3,0 32,1
2” 50,8 3,1 44,6 Outros fabricantes fazem
2 1/2” 63,5 3,8 55,9 dutos com o mesmo “nome”,
3” 76,2 4,0 68,2 mas dimensões totalmente
4” 101,6 5,0 91,6 diferentes.

e o maior diâmetro de um cabo atinge quase 130 mm, o que levaria a um duto não tabelado.
Assim, juntando-se a expressão acima e o estabelecido para a espessura pela IEC 60502-2:2014,
adotou-se:

(5.2)

(5.3)
sendo:
Dd = diâmetro interno do duto, mm t = 0,4 para um cabo no duto ou t = 0,3 para
mais que um cabo no duto
Do = diâmetro externo do duto, mm
Foi adotado duto de PVC por ter resistividade
De = diâmetro externo do cabo, mm térmica maior que o polietileno.
ne = número de cabos no duto

A NBR 14039:2005 prevê que as dimensões do banco de dutos do método F sejam de 300 x 300 mm
e foram essas as dimensões adotadas para o método F2, pois são adequadas até para o maior diâmetro
possível dos cabos.
A NBR 14039:2005 prevê que as dimensões do banco de dutos do método G sejam de 500 x 500 mm
ou de 480 x 480 mm em locais diferentes dessa norma; foram usadas dimensões 480 x 480 mm para uni-
formização, no método G2. Essas dimensões são adequadas até para o maior diâmetro possível dos cabos.
Para cabos e dutos diretamente enterrados, foi mantida a profundidade de 900 mm da ABNT NBR
14039:2005.
Evidentemente, em um cálculo para uma instalação específica, devem ser consideradas as dimensões
reais dos eletrodutos e bancos de dutos utilizados.

POTÊNCIA 19
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

6. Metodologia Comum
a Todas as Instalações
Com poucas exceções (que, quando ocorrerem, serão informadas neste texto), todas as variáveis de-
pendem do cabo e não da instalação, a menos da resistência térmica externa (T4), que depende muito da
instalação. Alguns parâmetros, como o fator de efeito de proximidade da resistência elétrica e a indutância
utilizada no cálculo do fator de perdas da blindagem, dependem da configuração dos condutores e da
distância entre eles.

6.1 Resistência
elétrica do condutor
Da seção 2.1.1 da norma IEC 60287-1-1:2014:

(6.1)

R’ = Resistência elétrica em c.c. na temperatura de operação (Ω/m)

Ro = Resistência elétrica em c.c. a 20 oC (Ω/m)

α20 = 3,93 x 10-3 oC-1 para o cobre e 4,03 x 10-3 oC-1 para o alumínio

θ = Temperatura máxima no condutor (90 oC ou 105 oC)

A resistência elétrica máxima do condutor em corrente contínua a 20 oC (Ro) é especificada nas normas
ABNT NBR NM 280 e IEC 60228, para cada seção, nas classes de encordoamento 1 (condutor de cobre,
cobre estanhado ou alumínio sólido), 2 (condutor rígido encordoado ou compactado de cobre, cobre es-
tanhado ou alumínio), 5 (condutor flexível de cobre ou cobre estanhado) ou 6 (condutor extraflexível de
cobre ou cobre estanhado). Os cabos isolados de média tensão têm o condutor de cobre, em geral não
estanhado, ou de alumínio, na classe 2 de encordoamento, sendo em geral compactado nas seções 10
mm2 a 630 mm2 e não compactado nas seções 800 mm2 e 1.000 mm2, e foram essas as formações utiliza-
das na NBR 14039:2021. Assim, foram utilizados os seguintes valores, para cabos de cobre não estanhado
ou alumínio:

POTÊNCIA 20
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Tabela 6.1 - Resistência elétrica máxima


do condutor em c.c. a 20 oC
Seção Ro (Ω/km) Seção Ro (Ω/km)
(mm ) Cobre Alumínio
2
(mm ) Cobre Alumínio
2

10 1,83 3,08 185 0,0991 0,164


16 1,15 1,91 240 0,0754 0,125
25 0,727 1,20 300 0,0601 0,100
35 0,524 0,868 400 0,0470 0,0778
50 0,387 0,641 500 0,0366 0,0605
70 0,268 0,443 630 0,0283 0,0469
95 0,193 0,320 800 0,0221 0,0367
120 0,153 0,253 1000 0,0176 0,0291
150 0,124 0,206
Fonte: ABNT NBR NM 280:2011 e IEC 60228:2004

Nota: a resistência elétrica máxima em corrente contínua a 20 oC é dada em Ω/km nas normas ABNT
NBR NM 280 e IEC 60228 e deve ser convertida para Ω/m para ser utilizada nos cálculos.

Da seção 2.1.2 da norma IEC 60287-1-1:2014:

(6.2)

f = frequência (60 Hz)


ks = 1
(6.3)

Esta última expressão somente é válida para xs menor que 2,8 e isso ocorre para qualquer seção do
condutor da NBR 14039:2021.

Da seção 2.1.4.1 da norma IEC 60287-1-1:2014:

(6.4)

kp = 1 para condutor de cobre e 0,8 para condutor de alumínio

POTÊNCIA 21
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

(6.5)

dc = diâmetro do condutor
s = espaçamento entre condutores adjacentes

Essa última expressão somente é válida para xp menor que 2,8 e isso ocorre para qualquer seção do
condutor da NBR 14039:2021.

Da seção 2.1 da norma IEC 60287-1-1:2014:

(6.6)

R = Resistência elétrica em c.a. na temperatura de operação (Ω/m)


Nota: A disposição do Método G é:

e as distâncias entre as fases são 2·Do, 2·Do e . A IEC 60287-1-1:2014, seção 2.1.4.1, somente
prevê variação de distância entre condutores na horizontal, fazendo . Como um valor menor
para s resulta em um valor maior para yp, que resulta em um valor maior para a resistência elétrica, o que
resulta em um valor menor para a capacidade de corrente, para esta disposição foi adotado s = 2·Do.

POTÊNCIA 22
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

6.2 Resistência térmica da isolação


De 4.1.2.1 da norma IEC 60287-2-1:2015:


(6.7)
T1 = Resistência térmica da isolação (K·m/W)
t1 = Espessura da isolação somada às espessuras das camadas semicondutoras (mm)
dc = Diâmetro do condutor (mm)
ρT = Resistividade térmica do material da isolação
ρT = 3,5 K·m/W para XLPE e TR XLPE
ρT = 5,0 K·m/W para EPR, HEPR e EPR 105
A expressão aqui utilizada é referenciada na IEC 60287-2-1:2015 como aplicável a “single-core cables” e a
estamos aplicando a cabos unipolares e multipolares. Note-se que foi considerado o desenho mais moderno de
cabos multipolares e a blindagem em cada veia torna-o, praticamente, um cabo unipolar; a blindagem em cada
veia provê uma isoterma que é, na verdade, o requisito para que se use essa expressão. De qualquer forma, no-
te-se que nenhuma outra expressão dessa norma é prevista para cabos multipolares com blindagem individual.

6.3 Resistência térmica da cobertura


IEC 60287-2-1:2015 – 4.1.4.1:

(6.8)

T3 = Resistência térmica da cobertura (K.m/W)


t3 = Espessura da cobertura (mm)
D’a = Diâmetro abaixo da cobertura (mm)
ρT = Resistividade térmica do material da cobertura
ρT = 3,5 K.m/W para polietileno (dado aqui como informação)
ρT = 5,0 K.m/W para PVC (valor utilizado).

6.4 Fator de perdas da blindagem


O fator de perdas na blindagem depende da disposição dos condutores, dos cabos serem ou não trans-
postos e da blindagem estar aterrada em um só ponto ou em dois ou mais pontos. Se aterrada em mais de
dois pontos, é assumido que a distância entre os pontos de aterramento seja aproximadamente a mesma. Se
aterrada em “cross-bonding”, foi assumido que há três seções de transposição, completando o “cross-bon-
ding”; dessa forma, esse tipo de aterramento é considerado semelhante ao aterramento em um único ponto.

POTÊNCIA 23
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Como as fases têm os condutores blindados individualmente, seja um cabo unipolar ou tripolar, as per-
das na blindagem são calculadas sempre para condutores unipolares.
Com a blindagem aterrada em dois pontos, só se consideram as perdas por corrente circulante (λ’1) e
com a blindagem aterrada em somente um ponto ou em “cross-bonding”, só se consideram as perdas por
correntes parasitas (λ’’1).
Para cada caso, foram calculados os possíveis valores do fator de perdas e adotado o maior deles,
embora quando há mais que um fator de perdas (na horizontal, sem transposição com aterramento em
dois pontos, IEC 20287-1-1:2006, 2.3.3) seja permitido utilizar o valor médio (IEC 60287-2-1:2015, 4.2.4.2.1).

6.4.1 Formação trifólio ou cabo tripolar


6.4.1.1 Três cabos unipolares em formação trifólio ou cabo tripolar com a blindagem aterrada em ao
menos dois pontos
Na formação trifólio (que também é a formação de cabos tripolares), existe a transposição natural entre
os condutores.

(6.9)

λ1 = Fator de perdas na blindagem


R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
RS =Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da
blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
X = reatância indutiva da blindagem (Ω/m)

Embora a IEC 60287-1-1:2014, em 2.3.1, especifique que X é a reatância da blindagem por unidade de
comprimento do cabo, estabelece seu cálculo sem levar em conta o aumento de comprimento devido à
torção das veias:

(6.10)

ω = 2·π·f, onde f = frequência (60 Hz)


s = distância entre os eixos dos condutores (mm)
d = diâmetro médio da blindagem (mm)

6.4.1.2 Três cabos unipolares em formação trifólio ou cabo tripolar com a blindagem aterrada em
somente um ponto ou em “cross-bonding”
Na formação trifólio (que também é a formação de cabos tripolares), existe a transposição natural entre
os condutores.

POTÊNCIA 24
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Com a blindagem aterrada em um só ponto, somente se consideram as perdas por corrente parasita (λ’’1):

(6.11)

(6.12)

(6.13)

Nota: nessa expressão, ρs é dado em Ω·m. Na NBR 11301, esta expressão é:

e, portanto, com ρs em Ω·mm2/m

(6.14)

(6.15)

(6.16)

Δ2 = 0

POTÊNCIA 25
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

RS = Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da


blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
ts = espessura da blindagem = diâmetro dos fios da blindagem = 0,7 mm
Ds = diâmetro externo da blindagem (mm)
d = diâmetro médio da blindagem (mm)
ω = 2·π·f, onde f = frequência (60 Hz)
s = distância entre os eixos dos condutores (mm). Para cabos unipolares em trifólio, é o diâmetro exter-
no de cada cabo e para cabos tripolares é o diâmetro antes da reunião, sobre a blindagem.
ρs = resistividade elétrica do material da blindagem na sua temperatura de operação; no caso, blinda-
gem de fios de cobre, em Ω·m:

(6.17)
θ = temperatura máxima de operação do condutor (90 oC ou 105 oC)

6.4.2 Formação plana


horizontal de cabos unipolares
6.4.2.1 Três cabos unipolares equidistantes em disposição horizontal, com transposição, com as
blindagens aterradas em ao menos dois pontos

(6.18)

(6.19)

RS = Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da


blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
X1 = reatância indutiva da blindagem (Ω/m)
s = distância entre os eixos dos condutores (mm)
d = diâmetro médio da blindagem (mm)
ω = 2·π·f, onde f = frequência (60 Hz)

POTÊNCIA 26
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

6.4.2.2 Três cabos unipolares equidistantes em disposição horizontal, sem transposição, com as
blindagens aterradas em ao menos dois pontos
Cada um dos cabos tem um fator de perdas ( λ’11, λ’12 ou λ’1m ) e escolhe-se o maior deles:

(6.20)

(6.21)

(6.22)

(6.23)

(6.24)

(6.25)

RS = Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da


blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
s = distância entre os eixos dos condutores (mm)
d = diâmetro médio da blindagem (mm)
ω = 2·π·f, onde f = frequência (60 Hz)

POTÊNCIA 27
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

6.4.2.3 Três cabos unipolares em disposição horizontal, com ou sem transposição, com as blinda-
gens aterradas em somente um ponto ou em “cross-bonding”
Calculam-se os três valores para λ’’1 e adota-se o maior:

(6.26)

(6.27)

(6.13)

(6.14)

a) cabo central

(6.28)


(6.29)

Δ2 = 0

b) cabo externo com a fase adiantada

(6.30)

POTÊNCIA 28
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

(6.31)

(6.32)

c) cabo externo com a fase atrasada


(6.30)


(6.33)


(6.34)

RS = Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da


blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
ts = espessura da blindagem = diâmetro dos fios da blindagem = 0,7 mm
Ds = diâmetro externo da blindagem (mm)
d = diâmetro médio da blindagem (mm)
ω = 2·π·f, onde f = frequência (60 Hz)
s = distância entre os eixos dos condutores (mm). Para cabos unipolares em trifólio, é o diâmetro exter-
no de cada cabo e para cabos tripolares é o diâmetro antes da reunião, sobre a blindagem.
ρs = r esistividade elétrica do material da blindagem na sua temperatura de operação; no caso, blinda-
gem de fios de cobre, em Ω·m:

POTÊNCIA 29
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

(6.17)

θ = temperatura máxima de operação do condutor (90 oC ou 105 oC)

Nota: a expressão de β1 diferencia-se daquela da NBR 11301 porque aqui está-se usando o valor da
resistividade em ohm·metro, em vez de ohm·mm2/m

6.4.3 Instalações que não são em trifólio


nem disposição plana (banco de dutos)
No Método G2:

Como este Método não é previsto na IEC 60287-1-1, a única forma que pode ser deduzida para o cál-
culo das perdas na blindagem é para os cabos com transposição e com a blindagem aterrada em dois
pontos e somente essa disposição será considerada, sendo isso dito nas notas de rodapé das tabelas de
capacidade de corrente.
Da mesma forma que em 6.4.1.1 e 6.4.2.1:

(6.9)

λ1 = Fator de perdas na blindagem


R = Resistência elétrica do condutor, em c.a., na temperatura máxima de operação do condutor (Ω/m)
RS = Resistência elétrica da blindagem (igual em c.a. ou c.c.) na temperatura máxima de operação da
blindagem, definida em 6.4.4 (Ω/m)
X = reatância indutiva da blindagem (Ω/m)

POTÊNCIA 30
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Na verdade, os cálculos de X ou X1, respectivamente em 6.4.1.1 e 6.4.2.1, são o mesmo, ou seja:

(6.35)

O GMD (distância média geométrica) para esta configuração em duto é:

(6.36)

em que Do é o diâmetro externo do duto.

6.4.4 Determinação de RS
O parâmetro de entrada é a seção da blindagem, que é normalmente considerada como a soma das
seções dos fios da blindagem, sem considerar o fator de torção. Como o passo de aplicação dos fios da
blindagem, em geral, fica entre 6 e 10 vezes o diâmetro médio da blindagem, o fator de passo varia entre
1,129 e 1,048, respectivamente. Adotou-se o fator mais conservador de 1,129.
A temperatura de operação da blindagem pode ser obtida por sucessivas iterações, iniciando-se com
um valor arbitrário, calculando a capacidade de corrente do cabo e recalculando a temperatura da blin-
dagem. Entretanto, adotou-se o estabelecido na norma ABNT NBR 6251 para o cálculo da corrente de
curto-circuito, onde a temperatura da blindagem é 5 oC menor que a temperatura do condutor. Isso prati-
camente não causa qualquer efeito no resultado da capacidade de corrente.

Assim, o cálculo de RS faz-se por:

(6.37)

ρ20 = Resistividade a 20 oC dos fios da blindagem = 0,017241 Ω.mm2/m


α20 = Coeficiente de temperatura a 20 oC para a resistência elétrica dos fios da blindagem
α20 = 3,93 ·10-3 oC-1
θ = Temperatura máxima do condutor em regime permanente (90 oC ou 105 oC)
SS = Seção da blindagem (mm2)

POTÊNCIA 31
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

7. Resistência Térmica Externa


(T4) e Capacidade de Corrente
A metodologia para o cálculo de T4 depende fundamentalmente da instalação. As instalações para as
quais a capacidade de corrente foi tabelada são, tanto quanto possível, aquelas já previstas na norma
ABNT NBR 14039:2005.
Nota: As tabelas da ABNT NBR 14039:2005 foram feitas para cabos até 8,7/15 kV e acima de 8,7/15 kV.
Como a capacidade de corrente difere muito pouco em função da classe de tensão, foi decidido
não fazer essa divisão. A maioria dos cálculos foi feita para a classe 6/10 kV que, além de cobrir
faixa maior de seção de condutores, apresenta resultados mais conservadores, tendo sido, tam-
bém, a classe de tensão escolhida pela IEC 60502-2. Somente para a seção do condutor de 10
mm2 foi utilizada a classe 3,6/6 kV, uma vez que a classe 6/10 kV inicia-se pela seção 16 mm2.

7.1 Métodos A e B (A1, A2, B1, B2)


Instalação ao ar livre
Método A: ◗ Cabos unipolares justapostos (encostados) na horizontal
◗ Cabos unipolares justapostos em trifólio
◗ Cabos tripolares
Método B: ◗ Cabos unipolares espaçados
As possibilidades, conforme IEC 60287-2-1, Tabela 2, ou ABNT NBR 11301, Tabela 6, são, para cabos
de média tensão:

Tabela 7.1 - Constantes Z, E e g


Nº Descrição Z E g Modo Instalação
Single cable
Também aplicável a cabos espaçados (1) Cabo tripolar
1 horizontalmente quando o 0,21 3,94 0,60 (2) Unipolares
espaçamento for ≥ 0,75 De espaçados

3 Three cables in trefoil 0,96 1,25 0,20 (3) Trifólio

4 Three cables touching, horizontal 0,62 1,95 0,25 (4) Três cabos
em contato
7 Three cables touching, vertical 1,61 0,42 0,20

8 Three cables spaced, De* vertical 1,31 2,00 0,20 (2) Unipolares espaçados

9 Single cable 1,69 0,63 0,25 (1) Cabo tripolar

10 Three cables in trefoil 0,94 0,79 0,20 (3) Trifólio na parede


De* = diâmetro externo do cabo.

POTÊNCIA 32
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Quando os cabos estão dispostos no mesmo plano poderiam estar na horizontal ou na vertical. Na nota
1 da NBR 14039:2005, lê-se: “Nos métodos A e B, o cabo é instalado com convecção livre (sobre isola-
dores, bandejas, leitos etc.) e a distância a qualquer superfície adjacente deve ser de no mínimo 0,5 vez
o diâ­metro externo do cabo, para cabo unipolar, ou no mínimo 0,3 vez o diâmetro externo do cabo, para
cabo tripolar, sem levar em consideração o efeito da radiação solar direta”. Para contemplar a instalação 7
da Tabela anterior, a distância deveria ser de 1,0 vez o diâmetro externo do cabo, o que leva a crer que se
está considerando que os cabos estejam dispostos na horizontal, que, aliás, é sua disposição mais comum.
Note-se, também, que a mesma nota não considera os números 9 e 10 da Tabela anterior, com os cabos
presos diretamente em paredes (embora essas situações apresentem menores capacidades de corrente).
Assim, esta Revisão adotou:
◗ Método A, 3 cabos unipolares em trifólio: número 3 da Tabela 2 da IEC 60287-2-1 ou Tabela 6 da
ABNT NBR 11301;
◗ Método A, 3 cabos unipolares na horizontal, encostados um ao outro: número 4 da Tabela 2 da IEC
60287-2-1 ou Tabela 6 da ABNT NBR 11301;
◗ Método A, um cabo tripolar: número 1 da Tabela 2 da IEC 60287-2-1 ou Tabela 6 da ABNT NBR 11301;
◗ Método B, 3 cabos unipolares na horizontal, espaçados de 2·De ou um diâmetro entre as superfícies
dos cabos: número 1 da Tabela 2 da IEC 60287-2-1 ou Tabela 6 da ABNT NBR 11301 (pois nessas tabe-
las é informado que esses valores também se aplicam a grupos de cabos espaçados horizontalmente
quando o espaço entre suas superfícies for de no mínimo 0,75·De).
Poderiam ser tabelados somente os valores para cabos protegidos do sol e ser adotado um fator de
correção de 0,85 para os cabos expostos ao sol, mas isso pode levar a uma diferença de até 10% que,
multiplicada pelas porcentagens de diferenças adotadas até aqui (quanto à classe de tensão, material de
isolação, cobertura) aumentaria a diferença para uma porcentagem ainda maior.
Para os cálculos com exposição ao sol foram adotados 1000 W/m2 para a intensidade da radiação solar
(H), conforme recomendado pela IEC 60287-2-1:2015, seção 4.2.1.2, e 0,6 para o coeficiente de absorção
da radiação solar pela superfície do cabo (σ), conforme IEC 60287-2-1:2015, Tabela 3, para a cobertura de
PVC – valor mais conservador que para o polietileno).
Metodologia para o cálculo de T4 (seção 4.2.1 da IEC 60287-2-1:2015):

(7.1)

(7.2)

(7.3)

(7.4)

POTÊNCIA 33
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Inicia-se o cálculo com = 2 e itera-se até que a diferença entre o resultado e o anterior seja
menor ou igual a 0,001.

(7.5)

Metodologia para o cálculo da corrente (seção 1.4.4.1 da IEC 60287-1-1:2014):

(7.6)

com:
Z, E, g = fatores da tabela anterior (Tabela 2, IEC 60287-2-1:2015)
De* = diâmetro do cabo em metros
H = 1.000 W/m2 para instalação exposta ao sol e H = 0 para instalação abrigada do sol
T1 = resistência térmica da isolação (K·m/W)
T3 = resistência térmica da cobertura (K·m/W)
λ1 = Fator de perdas na blindagem
Δθ = diferença entre a temperatura máxima do condutor (90 oC ou 105 oC) e a temperatura ambiente (oC ou K)
σ = 0,6 (coeficiente de absorção da radiação solar, Tabela 4, IEC 60287-1-1:2014)
n = 3 para cabos tripolares e n = 1 para cabos unipolares

Os cálculos foram realizados considerando-se:

1) Cabo tripolar, aterramento da blindagem em 2 pontos


2) Cabos unipolares em trifólio, aterramento da blindagem em 2 pontos
3) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato, com transposição, aterramento da blindagem
em 2 pontos
4) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato, sem transposição, aterramento da blindagem
em 2 pontos
5) Cabo tripolar, aterramento da blindagem em 1 ponto
6) Cabos unipolares em trifólio, aterramento da blindagem em 1 ponto
7) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato, com ou sem transposição, aterramento da
blindagem em 1 ponto
8) Cabos unipolares em disposição horizontal, espaçados de 2 De, com transposição, aterramento da
blindagem em 2 pontos
9) Cabos unipolares em disposição horizontal, espaçados de 2 De, sem transposição, aterramento da
blindagem em 2 pontos
10) Cabos unipolares em disposição horizontal, espaçados de 2 De, com ou sem transposição, aterra-
mento da blindagem em 1 ponto para instalação abrigada do sol (A1 e B1) e exposta ao sol (A2 e B2).

POTÊNCIA 34
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Os itens de 1 a 7 dizem respeito ao método de instalação A (A1 ou A2) e os itens 8, 9 e 10 referem-se


ao método de instalação B (B1 ou B2).
As tabelas de capacidade de condução de corrente são duas, cada uma dividida em duas partes:

◗ Temperatura máxima no condutor de 90 oC


Condutor de cobre
Condutor de alumínio
◗ Temperatura máxima no condutor de 105 oC
Condutor de cobre
Condutor de alumínio
fazendo com que haja uma só capacidade de condução de corrente para cada seção do condutor para
cada uma dessas quatro divisões, para cada método de instalação (A1, A2, B1 e B2). Assim, para reduzir
os 7 valores calculados para cada método A (A1 ou A2) e os 3 valores calculados para cada método de
instalação B (B1 ou B2), foram tomados os menores resultados encontrados para cada seção. Por exemplo,
para a temperatura máxima no condutor de 90 oC, cabo com condutor de cobre, instalação A1 (Método de
Instalação A, abrigado do sol), obteve-se:

MÉTODO A (EM CONTATO)


Aterramento em 2 Pontos Aterramento em 1 Ponto
Seção Horizontal Horizontal Horizontal
mm
2
Tripolar Trifólio Com Sem Tripolar Trifólio Com ou Sem
Transposição Transposição Transposição
16 113 113 115 115 113 113 115

25 148 148 151 151 148 148 151
35 181 180 185 184 181 181 185
50 219 218 224 223 219 219 224
70 272 272 279 278 273 273 280
95 332 333 341 340 333 335 343
120 384 386 395 393 385 387 398
150 437 438 447 443 439 442 453
185 498 502 512 505 501 507 520
240 588 593 604 594 592 601 616
300 670 677 689 675 676 688 705
400 767 778 786 760 779 799 817
500 869 885 890 856 885 913 933
630 978 1001 1003 958 999 1038 1060
800 1090 1122 1120 1064 1117 1169 1190
1000 1194 1234 1229 1161 1227 1292 1314

POTÊNCIA 35
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Os valores ressaltados são os menores e foram aqueles colocados nas tabelas de capacidade de con-
dução de corrente, indicando-se que esses valores valem para:

◗ Cabos unipolares em trifólio ou na horizontal;


◗ Com ou sem transposição;
◗ Com a blindagem aterrada em um só ponto (ou em “cross-bonding”) ou em dois ou mais pontos.

Os valores são, portanto, conservadores, embora possa haver valores tabelados até 13% menores que
os valores calculados (seção 1.000 mm2).
Comparação com os valores atuais (sem exposição ao sol) da ABNT NBR 14039:2003, condutor de
cobre, isolação EPR 90 oC:

Método A:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 86 87 --- -1,1% ---
16 113 114 118 -0,9% -4,2%
25 148 150 154 -1,3% -3,9%
35 180 183 186 -1,6% -3,2%
50 218 221 225 -1,4% -3,1%
70 272 275 279 -1,1% -2,5%
95 332 337 341 -1,5% -2,6%
120 384 390 393 -1,5% -2,3%
150 437 445 448 -1,8% -2,5%
185 498 510 513 -2,4% -2,9%
240 588 602 604 -2,3% -2,6%
300 670 687 690 -2,5% -2,9%
400 760 796 800 -4,5% -5,0%
500 856 907 912 -5,6% -6,1%
630 958 1027 1032 -6,7% -7,2%
800 1064 1148 1158 -7,3% -8,1%
1000 1161 1265 1275 -8,2% -8,9%

As variações foram muito pequenas, exceto talvez nas maiores seções, mas os novos valores são me-
nores e, portanto, mais conservadores.

POTÊNCIA 36
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Método B:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 104 105 --- -1,0% ---
16 136 137 137 -0,7% -0,7%
25 179 181 179 -1,1% 0,0%
35 219 221 217 -0,9% 0,9%
50 264 267 259 -1,1% 1,9%
70 329 333 323 -1,2% 1,9%
95 400 407 394 -1,7% 1,5%
120 461 470 454 -1,9% 1,5%
150 514 536 516 -4,1% -0,4%
185 583 613 595 -4,9% -2,0%
240 678 721 702 -6,0% -3,4%
300 767 824 802 -6,9% -4,4%
400 844 959 933 -12,0% -9,5%
500 943 1100 1070 -14,3% -11,9%
630 1048 1258 1225 -16,7% -14,4%
800 1152 1411 1361 -18,4% -15,4%
1000 1250 1571 1516 -20,4% -17,5%

As diferenças foram grandes nas seções 400 mm2 e maiores, mas não foi possível identificar o motivo.
Entretanto, como a comparação com a IEC 60502-2 foi consistente, a metodologia atual foi considerada
correta. De qualquer forma, os novos valores são menores e, portanto, mais conservadores.

POTÊNCIA 37
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

7.2 Métodos C e D - Cabos em canaletas


As instalações de cabos em canaletas previstas pela NBR 14039 são:

Método C: ◗ Cabos unipolares justapostos (encostados) na horizontal

◗ Cabos unipolares em trifólio

◗ Cabos tripolares

Método D: ◗ Cabos unipolares espaçados

As canaletas têm uma das faces exposta ao meio ambiente, coberta por uma tampa. As dimensões das
canaletas são 500 x 500 mm (as figuras anteriores não estão em escala).
O cálculo da capacidade de corrente de cabos em canaletas no solo é definido, na IEC 60287-2-1,
iniciando-o por:

(7.7)

sendo:

WTOT o calor total dissipado (W/m)


p = o perímetro da canaleta menos a largura de cima (m), ou seja, o dobro de sua altura mais sua largura
WTOT é calculado pelo produto de ncc·R·(1+λ1)·I2, sendo essa corrente, em uma primeira iteração, a
corrente calculada ao ar livre para o Método A (no caso do Método C) ou para o Método B (no caso do
Método D). Haveria uma metodologia alternativa, que seria partir dos valores calculados para cada alter-
nativa utilizada no cálculo dos métodos A e B e adotar os menores resultados. Entretanto, o resultado é
praticamente o mesmo, com diferenças menores ou iguais a 1%. O valor de ncc é sempre igual a 3.
Calculado Δθtr, soma-se esse valor ao valor da temperatura ambiente e, com essa nova temperatura
ambiente (ou Δθ = θ – θa – Δθtr ) recalcula-se a corrente (como se fosse ao ar livre), recalcula-se o calor dis-
sipado e assim por diante, até que o valor final convirja. Para o Método C, parte-se dos valores calculados
para o Método A1 e isso levou a que a disposição (cabos unipolares encostados e na horizontal, cabos
unipolares em trifólio ou cabos tripolares), e o aterramento da blindagem (em um ou dois pontos) fosse

POTÊNCIA 38
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

diferente entre diferentes seções. As variáveis utilizadas para o cálculo da corrente foram as mesmas uti-
lizadas em cada caso do Método A, conforme a tabela seguinte:
Seção Condutor Cu Condutor Al Condutor Cu Condutor Al
mm2 θ cond. = 90 oC θ cond. = 90 oC θ cond. = 105 oC θ cond. = 105 oC
10 T T T T
16 T T T T
25 T T T T
35 T T T T
50 T T T T
70 3 3 3 3
95 3 3 3 3
120 3 3 3 3
150 3 3 3 3
185 3 3 3 3
240 3 3 3 3
300 3 3 3 3
400 H H H 3
500 H 3 H 3
630 H H H 3
800 H H H H
1000 H H H H

T = Trifólio, com aterramento da blindagem em 2 pontos


3 = Cabo tripolar, com aterramento da blindagem em 2 pontos
H = Disposição horizontal, em contato, aterramento da blindagem em dois pontos e sem transposição

Para o Método D, parte-se dos valores calculados para o Método B1 e, como nesse último os menores
valores resultantes para a corrente sempre fossem da instalação sem transposição e com aterramento da
blindagem em 2 pontos, esta foi a disposição utilizada também no Método D, utilizando, por exemplo, o
coeficiente de perdas na blindagem para essa disposição.
Conforme a IEC 60287-2-1:2015, seção 4.2.6.2, p “é a parte do perímetro da canaleta que é efetiva para a
dissipação de calor. Qualquer porção do perímetro exposta à radiação solar não é, portanto, incluída no valor de
p”. Certamente, os cabos não estão expostos à radiação solar, de modo que o valor da corrente ao ar livre con-
siderado para a primeira iteração foi aquele dos métodos A1 e B1, para os métodos C e D respectivamente, mas
a canaleta pode estar ou não exposta ao sol, de modo que foi tomado o perímetro menos a dimensão da tampa.
Como o resultado é calculado de forma iterativa, as iterações foram feitas até que o valor da corrente
de uma iteração fosse igual ao valor da corrente da iteração anterior. O problema é que nem sempre o
valor converge e quando o resultado variava entre dois valores próximos entre iterações sucessivas, foi
adotado o menor deles.
Há muitas críticas a esse procedimento, que não leva em conta, por exemplo, a resistividade térmica
do terreno, mas não cabe a uma norma como a NBR 14039 criticar outra norma (IEC 60287-2-1).
Comparando com os valores da NBR 14039:2005:

POTÊNCIA 39
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Comparação com os valores atuais da ABNT NBR 14039:2003, condutor de cobre, isolação EPR 90 oC:
Método C
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 78 80 --- 2,50% ---
16 101 104 107 2,88% 5,61%
25 131 135 138 2,96% 5,07%
35 159 164 166 3,05% 4,22%
50 190 196 199 3,06% 4,52%
70 236 243 245 2,88% 3,67%
95 286 294 297 2,72% 3,70%
120 328 338 340 2,96% 3,53%
150 369 382 385 3,40% 4,16%
185 419 435 437 3,68% 4,12%
240 488 509 510 4,13% 4,31%
300 551 575 578 4,17% 4,67%
400 602 658 661 8,51% 8,93%
500 669 741 746 9,72% 10,32%
630 736 829 836 11,22% 11,96%
800 804 916 927 12,23% 13,27%
1000 862 996 1009 13,45% 14,57%

Método D
Seção Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Condutor Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm 2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 93 92 --- -1,09% ---
16 123 120 120 -2,50% -2,50%
25 164 156 155 -5,13% -5,81%
35 202 189 187 -6,88% -8,02%
50 246 226 221 -8,85% -11,31%
70 309 279 273 -10,75% -13,19%
95 379 336 329 -12,80% -15,20%
120 439 384 375 -14,32% -17,07%
150 492 433 423 -13,63% -16,31%
185 561 491 482 -14,26% -16,39%
240 656 569 560 -15,29% -17,14%
300 745 643 633 -15,86% -17,69%
400 823 734 723 -12,13% -13,83%
500 922 829 817 -11,22% -12,85%
630 1028 932 920 -10,30% -11,74%
800 1134 1031 1013 -9,99% -11,94%
1000 - 1126 1108 - -

POTÊNCIA 40
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

7.3 Método E - Cabos


em eletrodutos ao ar livre
Nesse método pode haver três cabos unipolares (em trifólio ou não) ou um cabo tripolar dentro de um
eletroduto, lembrando que estão sendo considerados somente cabos sem capa interna e sem armação.

O circuito térmico para três cabos unipolares no eletroduto é:

T1 = resistência térmica da isolação (K.m/W)


T3 = resistência térmica da cobertura (K.m/W)
T4’ = resistência térmica entre o cabo e o duto (K.m/W)
T4” = resistência térmica do duto (K.m/W)
T4’ ” = resistência térmica externa do duto (K.m/W)
λ1 = fator de perdas na blindagem
R = resistência elétrica do condutor, em corrente alternada e na temperatura de operação permanente (Ω/m)
I = capacidade de condução de corrente (A)
θ = temperatura do condutor (oC)
θa = temperatura ambiente
θ1 e θ2 = temperatura para cálculo da temperatura média no duto (oC)

Equacionando:

POTÊNCIA 41
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

O circuito térmico para um cabo tripolar no eletroduto é:

Equacionando:

O valor de θa já contém a influência do sol:

σ = coeficiente de absorção da radiação solar da superfície do eletroduto (σ = 0,6)


Do* = diâmetro externo do eletroduto (metros)
H = intensidade da radiação solar (H = 1.000 W/m2)

Dos equacionamentos, a capacidade de condução de corrente resulta:

n = número de condutores por cabo (1 para unipolar, 3 para tripolar)

Note-se que “3” é o número de condutores dentro do eletroduto, sejam esses condutores de três ca-
bos unipolares ou um cabo tripolar. Assim, pode-se chamar:

ncc = número de condutores dentro de um eletroduto.

(7.8)

Como a última parcela da soma do denominador é sempre multiplicada por 3, a NBR 11301 já calcula as
resistências térmicas externas multiplicadas por 3; por isso, na NBR 11301, esse número desaparece dessa

POTÊNCIA 42
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

parcela do denominador. Entretanto, fazendo isso, o valor de T4 no numerador também fica multiplicado
por 3, afetando bastante o resultado de cabos em eletrodutos ao ar livre expostos ao sol. Isso não fez
diferença na NBR 14039:2005 porque nessa não há valores para dutos ao sol.
Os diâmetros (interno e externo) dos eletrodutos foram estabelecidos conforme a Seção 5 deste texto.
A resistência térmica externa é dada por:

(7.9)

A resistência térmica T4’ é dada por:

(7.10)

onde:

U = 1,87 – V = 0,312 – Y = 0,0037 (está-se considerando duto de PVC, ou seja, plástico)


θm = temperatura média dentro do eletroduto (oC)
Df = diâmetro equivalente do cabo ou grupo de cabos no eletroduto (mm)

1 cabo no eletroduto: Df = De (diâmetro externo do cabo)


2 cabos no eletroduto: Df = 1,65 ∙ De
3 cabos no eletroduto: Df = 2,15 ∙ De
4 cabos no eletroduto: Df = 2,50 ∙ De

ou seja, para um cabo tripolar, Df = De e para três cabos unipolares, Df = 2,15 · De .

Nota:A expressão para o cálculo de T4’ é uma simplificação feita originalmente por Neher-McGrath
e, assim como nesse artigo, a IEC 60287-2-1 estabelece que o cálculo é válido para cabos com
diâmetro externo de 25 mm a 100 mm (na verdade, no artigo original de Neher-McGrath, seria
válido para cabos com diâmetro externo nessa faixa caso fossem cabos tripolares, usando o diâ-
metro equivalente para cabos unipolares; por exemplo, 2,15 ∙ diâmetro para 3 cabos unipolares).
Entretanto, como não há alternativa normatizada para o cálculo de T4’ para diâmetros fora da
faixa dada, foi utilizada a mesma expressão mesmo para cabos com diâmetro de cerca de 10 mm
(pelo artigo original, 2,15 ∙ 10 = 21,5 mm, bem próximo dos 25 mm).
A temperatura média no eletroduto é calculada como a média entre a temperatura na superfície do(s)
cabo(s) e a superfície interna do eletroduto. Como essas temperaturas não são conhecidas no princípio,
adota-se uma temperatura e calcula-se T4’ , T4 e a capacidade de condução de corrente I. Utilizando-se o
circuito térmico do cabo, calcula-se nova temperatura média no eletroduto e refazem-se as determinações

POTÊNCIA 43
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

de T4’ , T4 e da capacidade de condução de corrente I. Após algumas iterações, a temperatura média no


eletroduto converge para um único valor.

Para isso, é preciso calcular θ1 e θ2 dos circuitos térmicos:

e a temperatura média resulta em:

(7.11)

O valor de é dado por:

(7.12)

onde:

ρd = resistividade térmica do eletroduto = 6,0 K·m/W para o duto de PVC


Do = diâmetro externo do eletroduto (mm)
Dd = diâmetro interno do eletroduto (mm)

O valor de é determinado conforme segue. Calcula-se primeiramente o coeficiente de dissipação


térmica h:

(7.13)

Do* = diâmetro externo do duto, em metros

Considerando que o duto está a, pelo menos, 0,3 m de distância de qualquer parede:

Z = 0,21 E = 3,94 g = 0,60 (Tabela 2, IEC 60287-2-1:2015)

POTÊNCIA 44
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Em seguida, calcula-se o coeficiente KA:

(7.14)

Do* = diâmetro externo do duto, em metros


n = número de condutores do cabo ou de cada cabo dentro do eletroduto
(3 cabos unipolares: n = 1; 1 cabo tripolar: n = 3)

O fator Δθds é calculado para instalações expostas ao sol:

(7.15)

σ = coeficiente de absorção da radiação solar do eletroduto (PVC = 0,6)


Do* = diâmetro externo do eletroduto, em metros
H = intensidade da radiação solar, adotada igual a 1.000 W/m2, quando houver sol, e zero quando não
houver.
n = número de condutores do cabo dentro do eletroduto
(3 cabos unipolares: n = 1; 1 cabo tripolar: n = 3)
Nota: Conforme a IEC 60287-2-1:2015, para o cálculo de considera-se o eletroduto como cabo;
assim, substituindo-se De* por Do* para o cálculo de KA e Δθds:

porém, dessa forma não se consideram todas as resistências térmicas até esse ponto, faltando o T4’ e o T4” .
Conforme a NBR 11301:

POTÊNCIA 45
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Porém, na NBR 11301, T4’ e T4” estão multiplicados por 3, o que não parece correto para cada duto, e
nesse cálculo essas resistências térmicas não foram multiplicadas por 3.
Isso só é encontrado na NBR 11301 e, nesse caso, restou a dúvida se “n” não deveria ser sempre 3. Na
NBR 11301, n é claramente o número de condutores no cabo (o número de condutores no eletroduto é
dado por nx ). Dada a omissão da IEC 60287-2-1:2015 sobre esse ponto, seguiu-se a NBR 11301, para que
o cálculo tivesse respaldo em alguma norma técnica.
Calcula-se iterativamente o valor da diferença entre a temperatura superficial do eletroduto e a tempe-
ratura ambiente, iniciando-se por até que após sucessivas iterações, a diferença entre o valor
obtido em uma delas e o valor obtido na iteração anterior seja menor ou igual a 0,001:


(7.16)

Finalmente, calcula-se o valor de T4’” por:


(7.17)

Do* = diâmetro externo do eletroduto, em metros

Assim, o cálculo de T4 é duplamente iterativo, seguindo-se os seguintes passos para os cabos tratados
neste texto:
(a) Calcula-se h e T4”
(b) Adota-se uma temperatura média no eletroduto (por exemplo, θm = θ – 20 oC)
(c) Calcula-se T4’
(d) Calcula-se KA e Δθds
(e) Calcula-se ( ΔθS )2 1/4 fazendo ( ΔθS )1 1/4 = 2
(f) Calcula-se ( ΔθS )3 1/4 usando ( ΔθS )2 1/4, e assim sucessivamente, até que a diferença entre um cálculo
e seu anterior seja menor ou igual a 0,001.
(g) Calcula-se T4’”
(h) Calcula-se a capacidade de corrente por (7.8)
(i) Calculam-se as temperaturas antes e depois da resistência térmica T4’ utilizando o circuito térmico:

POTÊNCIA 46
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

( j) Calcula-se a temperatura média no interior do eletroduto por:

(7.11)

(k) Volta ao item (c)


(l) O cálculo é encerrado quando o valor da capacidade de corrente calculado é igual ao anterior, sem
casas decimais.
Nota: O numerador da raiz quadrada que define a capacidade de condução de corrente não pode ser
menor que zero e isso acontece quando o produto σ·Do*·H·T4 é maior que a diferença entre a
temperatura do condutor e a ambiente ( Δθ ). Isso ocorre em alguns casos, mas, nos casos em
que não ocorre, a capacidade de corrente na instalação exposta ao sol é muito menor que na-
quela protegida do sol, não fazendo sentido utilizar-se cabos em eletrodutos expostos ao sol, de
modo que este tipo de instalação não era e continua não sendo prevista nas tabelas de capaci-
dade de corrente normatizadas na NBR 14039.
Comparando os vários resultados, com espessura coordenada e plena e para várias classes de tensão,
não houve alterações significativas. Assim, foram adotados os valores da classe 3,6/6 kV para 10 mm2 e
6/10 kV para as demais seções. Como o valor para espessura coordenada é alguns ampères menor, foi
adotada espessura coordenada e, portanto, EPR, usando-se o EPR 105 quando a temperatura do condu-
tor for 105 oC e espessura plena quando não se define valor de espessura coordenada para a seção do
condutor em questão.

Compararam-se as seguintes disposições:


1) Cabo tripolar, com as blindagens aterradas em dois ou mais pontos;
2) Cabos unipolares em trifólio, com as blindagens aterradas em dois ou mais pontos;
3) C
 abos unipolares em formação plana “horizontal”, com as blindagens aterradas em dois ou mais
pontos e com transposição;
4) C
 abos unipolares em formação plana “horizontal”, com as blindagens aterradas em dois ou mais
pontos e sem transposição;
5) Cabo tripolar, com as blindagens aterradas em um único ponto;
6) Cabos unipolares em trifólio, com as blindagens aterradas em um único ponto;
7) C
 abos unipolares em formação plana “horizontal”, com as blindagens aterradas em um único ponto
e com ou sem transposição.

Os menores valores de capacidade de condução de corrente foram encontrados para:


◗ Condutor de cobre, temperatura máxima no condutor de 90 oC ou 105 oC: um cabo tripolar com as
blindagens aterradas em dois ou mais pontos até a seção 120 mm2 e cabos unipolares em formação
plana “horizontal”, com as blindagens aterradas em dois ou mais pontos e sem transposição para
seções 150 mm2 e maiores;

POTÊNCIA 47
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

◗ Condutor de alumínio, temperatura máxima no condutor de 90 oC: um cabo tripolar com as blinda-
gens aterradas em dois ou mais pontos até a seção 185 mm2 e cabos unipolares em formação plana
“horizontal”, com as blindagens aterradas em dois ou mais pontos e sem transposição para seções
240 mm2 e maiores;
◗ Condutor de alumínio, temperatura máxima no condutor de 105 oC: um cabo tripolar com as blinda-
gens aterradas em dois ou mais pontos até a seção 240 mm2 e cabos unipolares em formação plana
“horizontal”, com as blindagens aterradas em dois ou mais pontos e sem transposição para seções
300 mm2 e maiores;
e estes foram os valores tabelados. Isto faz com que, às vezes, a capacidade de corrente calculada
para outros casos difira bastante dos valores tabelados; por exemplo, para a seção 1000 mm2, condutor de
cobre e temperatura máxima do condutor de 90 oC, o valor tabelado é de 817 A e o valor calculado para
cabos unipolares em trifólio, com as blindagens aterradas em um único ponto é de 949 A, ou seja, o valor
tabelado é 14% menor que o valor real, calculado para essa última disposição.
Comparando com os valores da NBR 14039:2005, considerando condutor de cobre e isolação de EPR
90 oC:

Capacidade de Corrente(A) Variação (%)


Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 69 67 --- 3,0% ---
16 90 87 91 3,3% -1,2%
25 117 112 117 4,3% -0,1%
35 142 136 139 4,2% 2,0%
50 170 162 166 5,0% 2,5%
70 211 200 205 5,3% 2,7%
95 255 243 247 5,1% 3,4%
120 294 278 283 5,7% 3,8%
150 330 315 320 4,9% 3,3%
185 375 357 363 5,0% 3,3%
240 438 419 425 4,5% 3,1%
300 494 474 481 4,2% 2,7%
400 550 543 550 1,3% 0,0%
500 615 613 622 0,3% -1,1%
630 683 686 698 -0,4% -2,2%
800 755 761 780 -0,8% -3,2%
1000 817 828 849 -1,4% -3,8%

POTÊNCIA 48
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

7.4 Métodos F e G (F1, F2, G1, G2)


Cabos em dutos enterrados
Método F:

F(a) F(b) F(c)

F(d) F(e) F(f)

Método G:

G(a) = G1 G(b) = G2

Do = diâmetro externo do duto.


Resistividade térmica da terra = ρ4 = 2,5 K∙m/W
Resistividade térmica do concreto do banco de dutos (quando existir) = ρC = 1,2 K∙m/W
Os diâmetros (interno e externo) dos eletrodutos foram estabelecidos conforme a seção 5 deste texto.
O Método F foi dividido em Método F1 e Método F2, sendo:
F1 = F(a), F(b), F(c) – Cabos em eletroduto único enterrado
F2 = F(d), F(e), F(f) – Cabos em eletroduto único em banco de duto enterrado

POTÊNCIA 49
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

O Método G foi dividido em Método G1 e Método G2, sendo:


G1 = G(a) – Cabo unipolar em dutos espaçados, um cabo por duto
G2 = G(b) – Cabo unipolar em dutos espaçados em banco de dutos, um cabo por duto

Os circuitos térmicos são semelhantes aos do Método E e, portanto, a corrente é calculada por:

(7.8)

onde ncc é o número de condutores por eletroduto, sendo então ncc = 3 para o Método F e ncc = 1 para
o Método G.

n = 1 para F(a), F(b), F(d), F(e), G(a) e G(b) e n = 3 para F(c) e F(f)

A resistência térmica externa é dada por:


(7.9)

e calculam-se da mesma forma para todos os casos:

(7.10)

onde:

U = 1,87 – V = 0,312 – Y = 0,0037 (está se considerando duto de PVC, ou seja, plástico)


θm = temperatura média dentro do eletroduto (oC)
Df = diâmetro equivalente do cabo ou grupo de cabos no eletroduto (mm)

1 cabo no eletroduto: Df = De (diâmetro externo do cabo)


2 cabos no eletroduto: Df = 1,65 ∙ De
3 cabos no eletroduto: Df = 2,15 ∙ De
4 cabos no eletroduto: Df = 2,50 ∙ De

Portanto, para um cabo unipolar (Método G) ou um cabo tripolar (Método F) no eletroduto, Df = De e


para três cabos unipolares no eletroduto (Método F), Df = 2,15 ∙ De.

POTÊNCIA 50
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

A temperatura média no eletroduto é calculada como a média entre a temperatura na superfície do(s)
cabo(s) e a superfície interna do eletroduto. Como essas temperaturas não são conhecidas no princípio,
adota-se uma temperatura (por exemplo, temperatura do condutor menos 20 oC) e calcula-se T’4 , T4 e a
capacidade de condução de corrente I. Utilizando-se o circuito térmico do cabo, calcula-se nova tempe-
ratura média no eletroduto e refazem-se as determinações de T’4 , T4 e da capacidade de condução de
corrente I. Após algumas iterações, a temperatura média no eletroduto converge para um único valor.
Nos métodos F e G, existem três circuitos térmicos possíveis (chamando n = número de condutores por
cabo e ncc = número de condutores por duto, estejam estes condutores em cabos unipolares ou tripolares):

F(a) F(b) F(d) F(e)

Equacionando:

n=1 ncc = 3

F(c) F(f)

POTÊNCIA 51
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Equacionando:

n=3 ncc = 3

G(a) = G1 G(b) = G2

Equacionando:

n=1 ncc = 1

Assim, para o cálculo da temperatura média no eletroduto:

(7.11)

POTÊNCIA 52
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Calculam-se as temperaturas nos pontos 1 e 2 por:

com:

Método Método Cabos n ncc
Unipolares 1 3
F1
Tripolares 3 3
Unipolares 1 3
F2
Tripolares 3 3
G1 Unipolares 1 1
G2 Unipolares 1 1

Foi considerado duto de PVC, de modo que: U = 1,87 V = 0,312 Y = 0,0037

(7.12)

onde:
ρd = resistividade térmica do eletroduto = 6,0 K.m/W para o duto de PVC
Do = diâmetro externo do duto (mm)
Dd = diâmetro interno do duto (mm)

A resistência térmica é calculada de um modo para eletroduto diretamente enterrado e de outro


modo para eletroduto embutido em concreto e enterrado (banco de dutos). Para o caso de eletroduto di-
retamente enterrado com 3 cabos unipolares ou um cabo tripolar por eletroduto – método F1, casos F(a),
F(b) ou F(c) –, calcula-se por:

POTÊNCIA 53
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

(7.18)

(7.19)

ρ4 = Resistividade térmica da terra (2,5 K.m/W)


Do = diâmetro externo do eletroduto (mm)
L = profundidade de enterramento do eletroduto (mm)

No caso de existir somente um cabo unipolar por eletroduto, estando os eletrodutos diretamente en-
terrados e espaçados entre si – método G1 ou G(a):

(7.20)

No caso de banco de dutos enterrado:

F(d) F(e) F(f) G(b) = G2

(7.21)


(7.19)

POTÊNCIA 54
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Do = diâmetro externo do duto (mm)


L = profundidade de enterramento do eletroduto (mm)
ρ4 = Resistividade térmica da terra, considerado igual a 2,5 K.m/W
ρc =Resistividade térmica do concreto do banco de dutos, considerado igual a 1,2 K∙m/W

(7.22)

(7.23)

LG = distância entre o centro geométrico da seção reta do banco de dutos e a superfície do solo (mm)
rB = raio equivalente do banco de dutos (mm)
x = menor dimensão da seção reta do banco de dutos (mm)
y = maior dimensão da seção reta do banco de dutos (mm)

N = número de eletrodutos com cabo(s) carregado(s) no banco de dutos

Nota: Definição de “N”

Pela NBR 11301, N = número de eletrodutos com cabo(s) carregado(s) no banco de dutos e pela IEC
60287-2-1:2015, N = número de cabos carregados no banco de dutos.
Devido às definições diferentes entre a ABNT e a IEC, a dúvida foi discutida com George Anders, autor
de livros sobre o assunto, colaborador do IEEE e IEC, etc. e com Francisco de León (especialista no assun-
to, da Universidade de Nova York), e o resultado foi:

POTÊNCIA 55
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Nesse último caso, utiliza-se o fator F, considerando o cabo 1 como o mais quente:

O fator F leva em conta o aquecimento mútuo entre os cabos, enquanto o segundo termo de diz
respeito às diferenças das resistividades térmicas dos materiais. Assim, N = 3. Da mesma forma, quando
houver mais dutos com cabos carregados, o mesmo ocorre; por exemplo:

N=6

Portanto, fazendo o cálculo da capacidade de corrente conforme descrito, a definição da NBR 11301 é
a correta.

O valor do fator F, necessário para considerar-se o aquecimento mútuo entre os cabos, é obtido pelo
método das imagens. Por exemplo, na figura abaixo representam-se cabos numerados de 1 a 6 ou eletro-
dutos contendo cabos carregados, numerados de 1 a 6, e respectivas imagens em relação à superfície do
solo, numeradas de 1’ a 6’:

POTÊNCIA 56
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

O fator F é definido por:


(7.24)

que é então o produtório da divisão da distância do cabo mais quente à imagem de cada um dos
demais pela distância do cabo mais quente aos demais cabos. O cabo mais quente é normalmente iden-
tificado por simples inspeção (na figura anterior, seriam os cabos 3 ou 4, que resultam no mesmo fator F).
Quando a identificação não é tão óbvia, calculam-se os fatores F para os principais candidatos e escolhe-­
se aquele que resulta em um maior valor para F.

Assim, para F(d), F(e), F(f): F = 1


Para G(b):
L’ = L – Do d12 = d13 = 2·Do
d12 ’ = 2·L’ + 2·Do = 2·L – 2· Do + 2·Do = 2·L

7.4.1 Método F1 - Valores


calculados de capacidade de corrente
As disposições possíveis no método F1 são:

F(a) F(b) F(c)

POTÊNCIA 57
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Foram calculadas as capacidades de corrente para:

1) Instalação F(a) com aterramento das blindagens em dois pontos e com transposição;

2) Instalação F(a) com aterramento das blindagens em dois pontos e sem transposição;

3) Instalação F(a) com aterramento das blindagens em um ponto, com ou sem transposição;

4) Instalação F(b) com aterramento das blindagens em dois pontos;

5) Instalação F(b) com aterramento das blindagens em um ponto;

6) Instalação F(c) com aterramento das blindagens em dois pontos;

7) Instalação F(c) com aterramento das blindagens em um ponto.

e tabelados os menores valores encontrados, que foram:

Temperatura Metal do Seções do Aterramento da


do Condutor Condutor Condutor Disposição Blindagem Transposição
o
C mm2

10 a 95 F(c) 2 Pontos ---


90 Cobre
120 a 1000 F(a) 2 Pontos Sem Transposição

10 a 95 F(c) 2 Pontos ---


90 Alumínio
120 a 1000 F(a) 2 Pontos Sem Transposição

10 a 95 F(c) 2 Pontos ---


105 Cobre
120 a 1000 F(a) 2 Pontos Sem Transposição

10 a 120 F(c) 2 Pontos ---


105 Alumínio
150 a 1000 F(a) 2 Pontos Sem Transposição

Isso faz com que o valor tabelado possa ser bem menor que o valor calculado para cada instalação
específica; a maior diferença ocorre para a seção 1.000 mm2, onde, por exemplo, para o caso de condu-
tores de cobre com temperatura de 90 oC, a menor capacidade de corrente, de 551 A, ocorre para cabos
unipolares em formação plana com a aterramento da blindagem nas duas extremidades e sem transposi-
ção, que foi o valor tabelado, mas o cálculo para cabos unipolares em trifólio e com aterramento em um
só ponto resulta em 647 A. Assim, a diferença pode chegar a 15%.

POTÊNCIA 58
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Comparando-se os novos valores tabelados com os anteriores, da NBR 14039:2005, para condutores
de cobre com temperatura de 90 oC no condutor:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 59 55 --- 7,3% ---
16 75 70 72 7,8% 4,8%
25 97 90 92 7,5% 5,2%
35 116 108 109 7,3% 6,3%
50 137 127 128 8,0% 7,1%
70 167 154 156 8,8% 7,4%
95 200 184 186 9,0% 7,8%
120 227 209 211 8,8% 7,8%
150 251 234 236 7,4% 6,5%
185 282 263 265 7,2% 6,4%
240 324 303 306 7,0% 5,9%
300 361 340 342 6,2% 5,5%
400 394 382 386 3,1% 2,1%
500 434 426 431 1,9% 0,8%
630 475 472 477 0,6% -0,4%
800 517 517 525 0,0% -1,5%
1000 551 555 565 -0,6% -2,4%

7.4.2 Método F2 – Valores


calculados de capacidade de corrente
As disposições possíveis no método F2 são:
F(d) F(e) F(f)

POTÊNCIA 59
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

ou seja, três cabos unipolares em formação plana ou trifólio em um único eletroduto ou um cabo tripo-
lar em um eletroduto. O eletroduto é embutido em concreto, formando um banco de duto com um só duto.
Os cálculos foram realizados considerando o aterramento da blindagem em somente um ou em mais
que um ponto e com e sem transposição dos cabos unipolares, tendo sido tabelados os menores valores
encontrados de capacidade de corrente para cada seção, sendo esses menores valores:

Condutor de Cobre Condutor de Alumínio


θcond = 90 oC θcond = 105 oC θθcond = 90 oC θθcond = 105 oC
Cabos tripolares com 10 mm2 10 mm2 10 mm2 10 mm2
aterramento da blindagem a a a a
nas duas extremidades 95 mm2 95 mm2 120 mm2 120 mm2
Cabos unipolares em
formação plana com 120 mm2 120 mm2 150 mm2 150 mm2
aterramento da blindagem a a a a
nas duas extremidades e 1.000 mm2 1.000 mm2 1.000 mm2 1.000 mm2
sem transposição

Isso faz com que o valor tabelado possa ser bem menor que o valor calculado para cada instalação es-
pecífica; a maior diferença ocorre para a seção 1.000 mm2, onde, por exemplo, para o caso de condutores
de cobre com temperatura de 90 oC, a menor capacidade de corrente, de 575 A, ocorre para cabos em
unipolares em formação plana com a aterramento da blindagem nas duas extremidades e sem transposi-
ção, que foi o valor tabelado, mas o cálculo para cabos unipolares em trifólio e com aterramento em um
só ponto resulta em 674 A. Assim, a diferença pode chegar a 15%.
Comparando com a NBR 14039:2003, que só traz valores para o Método F em geral, para condutores
de cobre com temperatura de 90 oC no condutor:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 63 55 --- 14,5% ---
16 81 70 72 15,7% 12,5%
25 104 90 92 15,3% 12,8%
35 124 108 109 15,0% 13,9%
50 147 127 128 15,6% 14,7%
70 179 154 156 16,3% 14,8%
95 214 184 186 16,3% 15,0%
120 243 209 211 16,3% 15,2%
150 269 234 236 14,9% 13,9%
185 301 263 265 14,4% 13,6%
240 345 303 306 13,8% 12,7%
300 383 340 342 12,7% 12,1%
400 417 382 386 9,2% 8,1%
500 458 426 431 7,6% 6,4%
630 500 472 477 5,9% 4,8%
800 541 517 525 4,6% 3,0%
1000 575 555 565 3,5% 1,7%

POTÊNCIA 60
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Evidentemente, as correntes são maiores que no Método F1, uma vez que o concreto do banco de
dutos tem resistividade térmica menor que a do solo.

7.4.3 Método G1 - Cálculo da


resistência térmica externa e
da capacidade de corrente
A disposição do Método G1 é um cabo unipolar por eletroduto, com os eletrodutos enterrados a 900
mm de profundidade, dispostos na horizontal e espaçados de duas vezes o diâmetro externo do eletrodu-
to, em terreno com resistividade térmica de 2,5 K∙m/W:

Foi calculada a capacidade de corrente considerando:

a) aterramento da blindagem em dois pontos, com transposição;


b) aterramento da blindagem em dois pontos, sem transposição;
c) aterramento da blindagem em um só ponto, com ou sem transposição.

Os menores valores encontrados são os que foram tabelados.

As perdas na blindagem com aterramento em um só ponto são bem menores que em dois pontos e há
forte influência nessas perdas entre (a) e (b) – aterramento em dois pontos, com e sem transposição. Isto
não causa grandes diferenças na capacidade de corrente para as seções menores, mas a diferença vai
crescendo conforme aumenta-se a seção, chegando a 40% de diferença entre o menor valor (b) e o maior
valor (c) para a seção 1000 mm2. Por isso, em 6.2.5.1.5 da ABNT NBR 14039:2021, foi colocado um alerta
de que usar os valores tabelados para grandes seções de condutor pode levar a diferenças significativas
no resultado.

POTÊNCIA 61
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Comparando com a NBR 14039:2003 para condutores de cobre com temperatura de 90 oC no condutor:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 66 63 --- 4,8% ---
16 84 81 83 3,3% 0,8%
25 107 104 106 2,5% 0,6%
35 127 124 126 2,3% 0,7%
50 149 147 148 1,4% 0,7%
70 180 178 181 1,1% -0,5%
95 213 213 215 -0,1% -1,0%
120 239 241 244 -0,7% -1,9%
150 256 270 273 -5,1% -6,1%
185 283 304 307 -6,8% -7,7%
240 319 351 355 -9,1% -10,1%
300 349 394 398 -11,3% -12,2%
400 360 447 452 -19,4% -20,3%
500 389 502 507 -22,6% -23,4%
630 416 561 568 -25,8% -26,7%
800 444 623 632 -28,7% -29,7%
1000 467 678 688 -31,2% -32,2%

Entretanto, essa comparação não tem muito sentido, uma vez que o cálculo atual considera os meno-
res valores, que resultam para instalações com aterramento da blindagem em dois pontos e sem trans-
posição e os valores da NBR 14039:2003 – que não se sabe como foram calculados – valem para os
métodos G1 e G2 atuais.

7.4.4 Método G2 - Cálculo da resistência


térmica externa e da capacidade de corrente
Neste Método, a disposição dos cabos unipolares nos eletrodutos em banco de concreto é:

POTÊNCIA 62
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

O cálculo das perdas na blindagem dos cabos nessa disposição não é previsto na IEC 60287-1-1, que
só prevê disposição em trifólio ou horizontal. Assim, somente foi possível utilizar a única metodologia
conhecida, que pode ser deduzida, considerando transposição e blindagem aterrada em dois ou mais
pontos. Portanto, para o Método G2, foi calculado somente um valor para a capacidade de corrente de
cada seção, para cada material do condutor e cada temperatura no condutor.
Comparando com a NBR 14039:2003 para condutores de cobre com temperatura de 90 oC no condutor:
Capacidade de Corrente(A) Variação (%)
Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 73 63 --- 15,9% ---
16 93 81 83 15,1% 12,3%
25 119 104 106 14,3% 12,1%
35 142 124 126 14,2% 12,3%
50 166 147 148 13,3% 12,5%
70 201 178 181 13,1% 11,2%
95 238 213 215 11,9% 10,8%
120 268 241 244 11,3% 9,9%
150 290 270 273 7,3% 6,1%
185 321 304 307 5,6% 4,6%
240 362 351 355 3,3% 2,1%
300 398 394 398 1,1% 0,1%
400 417 447 452 -6,8% -7,8%
500 451 502 507 -10,1% -11,0%
630 486 561 568 -13,4% -14,5%
800 518 623 632 -16,8% -18,0%
1000 545 678 688 -19,6% -20,8%

7.5 Método H - Cabos diretamente


enterrados - cabo tripolar ou cabos
unipolares em contato

POTÊNCIA 63
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

A capacidade de condução de corrente para essas disposições é dada por:

onde n = 3 para cabos tripolares e n = 1 para cabos unipolares.

A profundidade de enterramento é de 900 mm, da superfície do solo ao centro do cabo ou do trifólio,


e a resistividade térmica do terreno adotada foi 2,5 K∙m/W, mantendo o que foi adotado na edição da NBR
14039 de 2005.
Os cálculos foram realizados considerando-se:

1) Cabo tripolar: aterramento da blindagem em 2 pontos


2) Cabos unipolares em trifólio: aterramento da blindagem em 2 pontos
3) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato: com transposição, aterramento da blinda-
gem em 2 pontos
4) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato: sem transposição, aterramento da blinda-
gem em 2 pontos
5) Cabo tripolar: aterramento da blindagem em 1 ponto
6) Cabos unipolares em trifólio: aterramento da blindagem em 1 ponto
7) Cabos unipolares em disposição horizontal, em contato: com ou sem transposição, aterramento da
blindagem em 1 ponto
A capacidade de corrente tabelada é a menor encontrada entre essas 7 alternativas.

7.5.1 Três cabos unipolares enterrados,


em formação plana e em contato

A IEC 60287-2-1:2015 prevê duas metodologias (os números são aqueles das seções dessa IEC):

4.2.4.2.1 Metallic sheathed cables


4.2.4.2.2 Non-metallic sheathed cables

POTÊNCIA 64
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Como os cabos têm uma blindagem metálica sob a cobertura, seria lógico utilizar 4.2.4.2.1, porém em
4.2.4.2.2 está escrito que “... é usada para cabos sem capa metálica que tenham uma blindagem de fios
de cobre ...”.
O conceito é a aplicação de 4.2.4.2.1 quando for assumido que há uma camada metálica que causa
um isoterma e a aplicação de 4.2.4.2.2 quando a camada metálica não for suficiente para causar uma
isoterma. No cálculo da resistência térmica da isolação (T1), foi assumido que existe uma isoterma e, por
coerência, deveria ser utilizado 4.2.4.2.1. Entretanto, como o cálculo conforme 4.2.4.2.2 resulta em um
valor maior para a resistência térmica externa T4 e, portanto, um valor menor de capacidade de corrente,
esse foi o método utilizado:

onde ρT é a resistividade térmica do terreno, e:

onde L é a profundidade de enterramento e De é o diâmetro externo do cabo.

Essa metodologia é aplicável somente para u ≥ 5, o que é o caso (a IEC não define metodologia
para u < 5).

7.5.2 Três cabos singelos enterrados


em formação trifólio

A IEC 60287-2-1:2015 prevê três metodologias (os números são aqueles das seções da IEC):

4.2.4.3.2 Metallic sheathed cables


4.2.4.3.3 Part-metallic covered cables
4.2.4.3.4 Non-metallic sheathed cables

4.2.4.3.2 e 4.2.4.3.3 têm a mesma expressão para o cálculo de T4, na primeira há alteração de T3 e na
segunda há alteração de T1 e T3.

POTÊNCIA 65
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Como os cabos têm uma blindagem metálica sob a cobertura mas não há uma cobertura total feita pela
blindagem da superfície abaixo dela, há espaços entre os fios, seria lógico utilizar 4.2.4.3.3. Essa seção é
aplicável quando os fios cobrem 20% a 50% da circunferência abaixo da blindagem (no caso das seções
de blindagem adotadas, essa cobertura varia entre 45% e 79%), mas também é dito que os fios devem ter
um passo longo, de 15 vezes o diâmetro abaixo da blindagem, o que é cerca do dobro do valor normal-
mente utilizado. Por isso, foi utilizada a seção 4.2.4.3.4, que diz que “This formula is used for non-metallic
sheathed cables having a screen of spaced copper wires and ...”:

onde ρT é a resistividade térmica do terreno, e:

onde L é a profundidade de enterramento e De é o diâmetro externo do cabo.

7.5.3 Um cabo trifásico enterrado

A IEC 60287-2-1:2015 especifica a metodologia:

onde ρT é a resistividade térmica do terreno, e:

onde L é a profundidade de enterramento e De é o diâmetro externo do cabo.

POTÊNCIA 66
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

7.5.4 Resultados
Fazendo os cálculos para as 7 situações previstas em 7.5, as menores correntes são obtidas para a
instalação horizontal, com aterramento em dois pontos e sem transposição, tendo sido esses os valores
tabelados. Por exemplo, para condutor de cobre e temperatura no condutor de 90 oC, obteve-se:

Aterramento em 2 Pontos Aterramento em 1 Ponto


Seção Horizontal Horizontal Horizontal
mm2 Tripolar Trifólio Com Sem Tripolar Trifólio Com ou Sem
Transposição Transposição Transposição

10 66 65 65 64 66 65 65

16 84 83 82 82 84 83 83

25 108 106 105 105 108 107 105

35 128 127 125 125 129 127 125

50 151 149 147 147 152 150 148

70 184 181 178 178 184 182 179

95 219 216 212 211 220 217 214

120 248 244 240 238 249 245 242

150 277 271 266 262 278 274 270

185 310 304 297 293 313 308 303

240 357 350 340 334 360 355 349

300 399 390 379 370 403 397 390

400 444 433 417 401 452 447 436

500 492 481 460 440 503 498 486

630 541 529 504 478 555 552 537

800 591 578 548 516 608 607 589

1000 633 620 584 547 654 654 633

Quanto maior a seção, maior a diferença entre o menor e o maior valor, chegando a uma diferença de
16% na seção 1.000 mm2.

POTÊNCIA 67
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Comparando com a NBR 14039:2005, para condutor de cobre e temperatura no condutor de 90 oC:

Capacidade de Corrente(A) Variação (%)


Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 64 65 --- -1,5% ---
16 82 84 84 -2,4% -2,4%
25 105 107 108 -1,9% -2,8%
35 125 128 128 -2,3% -2,3%
50 147 150 151 -2,0% -2,6%
70 178 183 184 -2,7% -3,3%
95 211 218 219 -3,2% -3,7%
120 238 247 248 -3,6% -4,0%
150 262 276 278 -5,1% -5,8%
185 293 311 312 -5,8% -6,1%
240 334 358 360 -6,7% -7,2%
300 370 402 404 -8,0% -8,4%
400 401 453 457 -11,5% -12,3%
500 440 506 511 -13,0% -13,9%
630 478 562 568 -14,9% -15,8%
800 516 617 628 -16,4% -17,8%
1000 547 666 680 -17,9% -19,6%

7.6 Método I - Cabos unipolares


diretamente enterrados e espaçados

Conforme a IEC 60287-2-1:2015:

Nota: na verdade, esta é a expressão para um cabo enterrado (o central), com o efeito do aquecimento
dos outros dois cabos embutidos, calculado pelo método das imagens.

POTÊNCIA 68
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

ρ4 = resistividade térmica do solo, K·m/W


L = profundidade de enterramento, mm
De = diâmetro externo do cabo, mm
s1 = separação interaxial de dois cabos adjacentes, mm

Para o tabelamento dos valores de capacidade de condução de corrente, foram adotados ρ4 = 2,5
K·m/W, L = 900 mm e s1 = 2· De.

Os cálculos foram realizados considerando-se:


1) Com transposição, aterramento da blindagem em 2 pontos
2) Sem transposição, aterramento da blindagem em 2 pontos
3) Com ou sem transposição, aterramento da blindagem em 1 ponto

A capacidade de corrente a ser tabelada é a menor encontrada entre estas 3 alternativas, que sempre
é o caso de “sem transposição, aterramento da blindagem em 2 pontos”. Por exemplo, para condutor de
cobre e temperatura no condutor de 90 oC:
Aterramento em 2 Pontos Aterramento em 1 Ponto
Seção mm2
Com Transposição Sem Transposição Com ou Sem Transposição
10 68 68 68
16 87 87 87
25 111 110 111
35 132 131 133
50 155 154 157
70 188 187 191
95 223 221 228
120 251 249 258
150 275 270 289
185 307 300 326
240 349 340 378
300 387 375 425
400 415 395 483
500 455 429 547
630 495 464 616
800 535 497 689
1000 569 525 755

A diferença de resultados chega a ser de mais de 30% para a seção 1.000 mm2.

POTÊNCIA 69
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Comparando com a NBR 14039:2003, para condutor de cobre e temperatura no condutor de 90 oC:

Capacidade de Corrente(A) Variação (%)


Seção
Novos Atual (Novo - Atual)/Atual
mm2
Valores ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV ≤ 8,7/15 kV > 8,7/15 kV
10 68 78 --- -12,8% ---
16 87 99 98 -12,1% -11,2%
25 110 126 125 -12,7% -12,0%
35 131 150 149 -12,7% -12,1%
50 154 176 175 -12,5% -12,0%
70 187 212 211 -11,8% -11,4%
95 221 250 250 -11,6% -11,6%
120 249 281 281 -11,4% -11,4%
150 270 311 311 -13,2% -13,2%
185 300 347 347 -13,5% -13,5%
240 340 395 395 -13,9% -13,9%
300 375 437 439 -14,2% -14,6%
400 395 489 491 -19,2% -19,6%
500 429 542 544 -20,8% -21,1%
630 464 598 602 -22,4% -22,9%
800 497 655 660 -24,1% -24,7%
1000 525 706 712 -25,6% -26,3%

As diferenças são muito significativas, mas não se conhece a metodologia utilizada pela NBR
14039:2005. No cálculo atual, estão sendo considerados os menores valores obtidos; usando-se os maio-
res, as diferenças diminuem, mas continuam significativas.

POTÊNCIA 70
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

8. Fatores de Correção
8.1 Fator de correção para diferentes
temperaturas do ambiente
A expressão geral para o cálculo da capacidade de condução de corrente dos cabos considerados
neste Guia é:

Desprezando a influência do sol (quando existir) e da variação da temperatura na resistência térmica


externa:

sendo Δθ = θ – θa = temperatura do condutor – temperatura ambiente


Se a temperatura ambiente mudar, pode-se corrigir a corrente, grosseiramente, por:

sendo:

pois:

sendo:

θ = temperatura do condutor (90 oC ou 105 oC)


θa = temperatura ambiente usada nas tabelas de capacidade de corrente
(30 oC ao ar livre ou 20 oC no solo)
θ2 = nova temperatura ambiente

POTÊNCIA 71
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Esse método simplificado é adequado para a maioria das instalações, pois a aplicação do fator ou o
cálculo preciso da capacidade de corrente em uma dada temperatura ambiente resultam em uma diferen-
ça menor que 5%. Entretanto, para instalações ao ar livre e expostas ao sol, essa diferença pode chegar a
15% e, por isso, foram calculados fatores para as instalações expostas ao sol, calculando-se a capacidade
de corrente na temperatura ambiente de 30 oC e em outras temperaturas e dividindo o valor em outra
temperatura pelo valor a 30 oC para chegar-se ao fator.
Esse cálculo foi feito para todas as seções de condutor (exceto para 10 mm2 - 3,6/6 kV, para facilitar os
cálculos), para cobre e alumínio e para temperaturas no condutor de 90 oC e 105 oC, calculando-se um fa-
tor mínimo para cada uma dessas duas últimas temperaturas, e foi adotado, conservadoramente, o menor
fator encontrado:
Instalação Abrigada do Sol Instalação Exposta ao Sol
Temperatura
Isolação de Isolação de
Ambiente Isolação de Isolação de

EPR, HEPR, XLPE EPR, HEPR,
o
C EPR 105 EPR 105
ou TR XLPE XLPE ou XLPE TR
10 1,15 1,13 1,15 1,13
15 1,12 1,10 1,12 1,10
20 1,08 1,06 1,08 1,06
25 1,04 1,03 1,04 1,03
35 0,96 0,97 0,92 0,94
40 0,91 0,93 0,83 0,88
45 0,87 0,89 0,73 0,82
50 0,82 0,86 0,62 0,75
55 0,76 0,82 0,49 0,68
60 0,71 0,77 0,31 0,60
65 0,65 0,73 --- 0,51
70 0,58 0,68 --- 0,40
75 0,50 0,63 --- 0,25
80 0,41 0,58 --- ---

Os fatores para instalações expostas ao sol são maiores que para instalações abrigadas do sol para
temperaturas do ambiente menores que 30 oC e menores que para instalações abrigadas do sol para
temperaturas do ambiente maiores que 30 oC. Conservadoramente, e para evitar dúvidas do projetista,
para instalações expostas ao sol e temperaturas ambiente abaixo de 30 oC, foram adotados os mesmos
valores dos fatores para instalações abrigadas do sol.
Acima de 60 oC de temperatura ambiente para condutores com temperatura de 90 oC, o valor de
resulta negativo para várias seções do condutor, o mesmo ocorrendo para o caso de
temperatura ambiente acima de 75 oC para condutores com temperatura de 105 oC e, por isso, a tabela
não contempla fatores para essas temperaturas do ambiente.

POTÊNCIA 72
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Já para instalações enterradas, foi adotado o método simplificado:


Temperatura Isolação de Isolação de

Ambiente EPR, HEPR, XLPE
EPR 105
o
C ou TR XLPE
10 1,07 1,06
15 1,04 1,03
25 0,96 0,97
30 0,93 0,94
35 0,89 0,91
40 0,85 0,87
45 0,80 0,84
50 0,76 0,80
55 0,71 0,77
60 0,65 0,73
65 0,60 0,69
70 0,53 0,64
75 0,46 0,59
80 0,38 0,54

Decidiu-se pelo uso do método simplificado para que os resultados não diferissem significativamente
dos valores dados pela NBR 14039:2005, NBR 5410 e IEC 60502-2.

8.2 Fator de correção para diferentes


resistividades térmicas do solo
O cálculo é feito para os Métodos de Instalação F1, F2, G1, G2, H e I.
Foi feito recalculando-se a capacidade de corrente com resistividades térmicas do solo de 1 – 1,5 – 2
– 3 – 4 K·m/W para:
◗ Todas as seções entre 16 e 1.000 mm2 (a seção 10 mm2 – 3,6/6 kV foi excluída para simplificar os cál-
culos)
◗ Condutor de cobre e alumínio
◗ Temperatura do condutor 90 oC e 105 oC

Os cálculos foram feitos para as mesmas condições adotadas para o cálculo da capacidade de cor-
rente tabelada. Por exemplo, a capacidade de corrente tabelada do Método H, a menor encontrada, foi
calculada para cabos unipolares em disposição horizontal, com a blindagem aterrada em dois pontos e

POTÊNCIA 73
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

sem transposição e foi para essa disposição que foram calculadas as capacidades de corrente para as
diversas resistividades térmicas do solo para a obtenção dos fatores de correção.
A capacidade de corrente resultante do cálculo com esses outros valores de resistividade térmica foi
dividida pelo valor tabelado, resultando em 4 fatores para cada seção do condutor e para cada resistivi-
dade térmica alternativa:

◗ Um para condutor de cobre e temperatura do condutor 90 oC;


◗U
 m para condutor de cobre e temperatura do condutor 105 oC;
◗ Um para condutor de alumínio e temperatura do condutor 90 oC;
◗U
 m para condutor de alumínio e temperatura do condutor 105 oC.

O valor adotado do fator de correção para cada resistividade térmica foi o menor encontrado. Por ser
conservador, o uso desse fator pode resultar em uma capacidade de corrente até cerca de 11% menor que
o valor real.
Os resultados, usando essa metodologia, foram:

ρsolo (K·m/W) 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0


Método F1 1,24 1,14 1,06 0,93 0,83
Método F2 1,14 1,09 1,04 0,94 0,85
Método G1 1,31 1,18 1,08 0,93 0,82
Método G2 1,15 1,09 1,04 0,94 0,85
Método H 1,45 1,23 1,09 0,91 0,80
Método I 1,44 1,23 1,09 0,91 0,80

8.3 Fator de correção para diferentes


profundidades de enterramento
Este cálculo é feito para os Métodos de Instalação F1, F2, G1, G2, H e I.
Foi feito recalculando-se a capacidade de corrente com profundidades de 700 mm, 1200 mm, 1500
mm e 2.000 mm para:
◗ Todas as seções entre 16 e 1.000 mm2 (a seção 10 mm2 – 3,6/6 kV foi excluída para simplificar os cál-
culos)
◗ Condutor de cobre e alumínio
◗ Temperatura do condutor 90 oC e 105 oC

POTÊNCIA 74
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Os cálculos foram feitos para as mesmas condições adotadas para o cálculo da capacidade de cor-
rente tabelada. Por exemplo, a capacidade de corrente tabelada do Método H, a menor encontrada, foi
calculada para cabos unipolares em disposição horizontal, com a blindagem aterrada em dois pontos e
sem transposição e foi para essa disposição que foram calculadas as capacidades de corrente para as
diversas profundidades de enterramento para a obtenção dos fatores de correção.
A capacidade de corrente resultante do cálculo com estes outros valores de profundidade de enterra-
mento foi dividida pelo valor tabelado, resultando em 4 fatores para cada seção do condutor e para cada
profundidade de enterramento alternativa:
◗ Um para condutor de cobre e temperatura do condutor 90 oC;
◗U
 m para condutor de cobre e temperatura do condutor 105 oC;
◗ Um para condutor de alumínio e temperatura do condutor 90 oC;
◗U
 m para condutor de alumínio e temperatura do condutor 105 oC.

O valor adotado do fator de correção para cada profundidade foi o menor encontrado. Por ser con-
servador, o uso desse fator pode resultar em uma capacidade de corrente até cerca de 4% menor que o
valor real.

A NBR 14039:2005 prescreve que:


6.2.11.4.3 Como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra, os cabos devem ser instalados,
em terreno normal, pelo menos a 0,90 m da superfície do solo. Essa profundidade deve ser aumentada
para 1,20 m na travessia de vias acessíveis a veículos e numa zona de 0,50 m de largura, de um lado e
de outro dessas vias. Essas profundidades podem ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos
estiverem protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem sem danos as influências externas a
que possam ser submetidos.
Portanto, embora a profundidade mínima padronizada seja 0,9 m, pode haver profundidades menores.
A IEC 60502-2 traz fatores para até 3 metros de profundidade, o que parece ser um pouco excessivo.
Decidiu-se padronizar os fatores para 700 mm, 1.200 mm, 1500 mm e 2000 mm, devendo ser notado que
a variação do fator entre profundidades próximas é pequena.
Os resultados usando essa metodologia foram:

Profundidade (m) 0,7 1,2 1,5 2 NOTA

Método F1 1,02 0,97 0,94 0,91 Dependendo da instalação


e da seção do condutor, o uso
Método F2 1,02 0,96 0,94 0,91 destes fatores de correção
pode resultar em uma capaci-
Método G1 1,02 0,96 0,93 0,90
Fator de dade de condução de corrente
correção Método G2 1,03 0,95 0,92 0,88 até cerca de 4% menor que o
valor real, calculado conforme
Método H 1,01 0,97 0,94 0,92
IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1.
Método I 1,02 0,96 0,93 0,90

POTÊNCIA 75
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

8.4 Fator de correção para


agrupamento de cabos ao ar livre
Existe uma norma IEC própria para o cálculo destes fatores, a IEC 60287-2-2:1995.

A IEC 60364-5-52 traz fatores, repetidos na NBR 5410; a NBR 14039:2005 também traz fatores, mas
não se conhece a fonte de nenhum deles.
A única metodologia conhecida, normatizada ou não, é dada pela IEC 60287-2-2, bastante restrita e
confusa, que é a fonte do desenvolvimento a seguir. Entretanto, no próprio título dessa norma, é citado
que a metodologia é válida para cabos protegidos do sol; assim, esses fatores somente são aplicáveis ao
Método A1, não existindo fatores de agrupamento para o Método A2.

Esta norma IEC somente define como chegar a fatores de agrupamento para:
◗ 2 ou 3 cabos tripolares na horizontal
◗ 2 ou 3 conjuntos de trifólios na horizontal
◗ 2 ou 3 cabos tripolares na vertical
◗ 2 conjuntos de trifólios na vertical

Portanto, não é possível definir fatores de agrupamento para cabos unipolares espaçados, conforme
prevê a tabela 34 da NBR 14039:2005, que foi, então, suprimida. Portanto, não existem fatores de agrupa-
mento para os métodos A2, B1 e B2.
É possível estabelecer fatores para a tabela 35 da NBR 14039:2005, mas os fatores calculados pela IEC
60287-2-2 não coincidem com os valores dessa norma ABNT. Como não se sabe a fonte dos valores da
NBR 14039:2005, tabelas totalmente novas foram criadas.
Portanto, segue a metodologia, interpretação, comentários e resultados usando a IEC 60287-2-2:1995:
1) Da tabela 1 da IEC 60287-2-2:1995, toma-se o valor de hi/hg. O termo hi é o coeficiente de dissipação
térmica utilizado no cálculo pela IEC 60287-2-1 e hg é o coeficiente de dissipação térmica do cabo mais
quente de um grupo.

Como essa tabela é um tanto confusa, simplificamos, construindo a tabela seguinte. Para essa simpli-
ficação, em alguns casos a tabela da IEC 60287-2-2 traz uma expressão que foi convertida em valores.
Por exemplo, para e/D e menor que 2, para dois cabos multipolares na vertical, h i/h g é dado por
1,085∙(e/D e )-0,128. O valor de e/D e foi dividido em faixas e o maior valor de hi/hg dessa faixa foi adotado, o que
resulta no maior valor de T4g/T4i, o que resulta no menor valor do fator de agrupamento Fg, o que resulta
na menor capacidade de corrente.
A última linha da tabela 1 da IEC 60287-2-2 traz um fator para casos em que e/D e for menor que 0,5,
porém não informa como usar esse fator. Essa informação não foi colocada na ABNT NBR 14039:2021,
mas foi adicionada uma observação no pé da tabela de fatores de agrupamento, informando que “o afas-
tamento mínimo de qualquer superfície deve ser de 0,5· D e ”.

POTÊNCIA 76
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Uma consequência dessa metodologia é que a opção lógica para se definir um fator de agrupamento
para a disposição horizontal e outro para a disposição vertical, multiplicando-os, não deve ser utilizada.
Construiu-se, então, a seguinte tabela:
Grupo Esquema Ilustrativo Espaçamento h i/h g
e ≥ 0,5·D e 1
2 cabos tripolares na horizontal
e < 0,5·D e 1,41
e ≥ 0,75·D e 1
3 cabos tripolares na horizontal
e < 0,75·D e 1,65
2 grupos formados por cabos e ≥ D e 1
singelos em trifólio, na horizontal e < D e 1,2
3 grupos formados por cabos e ≥ 1,5·D e 1
singelos em trifólio, na horizontal e < 1,5·D e 1,25
e ≥ 2·D e 1
1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,03
2 cabos tripolares na vertical D e ≤ e < 1,5·D e 1,09
0,5·D e ≤ e < D e 1,19
e < 0,5·D e 1,35
e ≥ 3,5·D e 1
3·D e ≤ e < 3,5·D e 1,03
2,5·D e ≤ e < 3·D e 1,05
3 cabos tripolares na vertical 2·D e ≤ e < 2,5·D e 1,08
1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,13
De ≤ e < 1,5·D e 1,19
0,5·D e ≤ e < D e 1,31
e ≤ 0,5·D e 1,57
e ≥ 3,5·D e 1
3·D e ≤ e < 3,5·D e 1,02
2,5·D e ≤ e < 3·D e 1,03
2 grupos formados por cabos 2·D e ≤ e < 2,5·D e 1,05
singelos em trifólio, na vertical 1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,07
D e ≤ e < 1,5·D e 1,11

0,5·D e ≤ e < D e 1,17
e < 0,5·D e 1,39
e é o espaçamento (ver figuras da tabela) e D e é o diâmetro externo do cabo.
◗ Para a configuração usam-se os fatores para:

uma vez que a distância horizontal é de 0,5·De, conforme a primeira linha da Tabela 1 da IEC 60287-2-2:1995.

POTÊNCIA 77
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Construíram-se então duas tabelas, uma para cabos unipolares em trifólio e outra para cabos tripolares:

◗ Cabos unipolares em trifólio:

Grupo Esquema Ilustrativo Espaçamento 1) 2) h i/h g


2 grupos formados por cabos e ≥ D e 1
unipolares em trifólio, na horizontal e < D e 1,2
3 grupos formados por cabos e ≥ 1,5·D e 1
unipolares em trifólio, na horizontal e < 1,5·D e 1,25
e ≥ 3,5·D e 1
3·D e ≤ e < 3,5·D e 1,02
2,5·D e ≤ e < 3·D e 1,03
2 grupos formados por cabos 2·D e ≤ e < 2,5·D e 1,05
unipolares em trifólio, na vertical 1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,07
D e ≤ e < 1,5·D e 1,11
0,5·D e ≤ e < D e 1,17
e < 0,5·D e 1,39
e ≥ 3,5·D e 1
3·D e ≤ e < 3,5·D e 1,02
2,5·D e ≤ e < 3·D e 1,03
2 conjuntos de grupos com 2·D e ≤ e < 2,5·D e 1,05
2 trifólios na vertical 1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,07
D e ≤ e < 1,5·D e 1,11
0,5·D e ≤ e < D e 1,17
e < 0,5·D e 1,39
e ≥ 3,5·D e 1
3·D e ≤ e < 3,5·D e 1,02
2,5·D e ≤ e < 3·D e 1,03
3 conjuntos de grupos com 2·D e ≤ e < 2,5·D e 1,05
2 trifólios na vertical 1,5·D e ≤ e < 2·D e 1,07
D e ≤ e < 1,5·D e 1,11
0,5·D e ≤ e < D e 1,17
e < 0,5·D e 1,39
1)
e = espaçamento; D e = diâmetro do cabo unipolar que forma o trifólio
2)
O afastamento mínimo de qualquer superfície deve ser de 0, D e
NOTA: Estes são os agrupamentos normatizados pela IEC em sua norma IEC 60287-2-2 e se outras
formas de agrupamento forem utilizadas, os fatores devem ser procurados na literatura espe-
cializada (normas técnicas estrangeiras, artigos técnicos ou livros).

POTÊNCIA 78
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

◗ Cabos tripolares:
Grupo Esquema Ilustrativo 3) Espaçamento 1) 2) h i/h g

2 cabos tripolares na horizontal e ≥ 0,5·De 1


e < 0,5·De 1,41
3 cabos tripolares na horizontal e ≥ 0,75·De 1
e < 0,75·De 1,65
e ≥ 2·De 1
1,5·De ≤ e < 2·De 1,03
2 cabos tripolares na vertical De ≤ e < 1,5·De 1,09
0,5·De ≤ e < De 1,19
e < 0,5·De 1,35
e ≥ 3,5·De 1
3·De ≤ e < 3,5·De 1,03
2,5·De ≤ e < 3·De 1,05
3 cabos tripolares na vertical 2·De ≤ e < 2,5·De 1,08
1,5·De ≤ e < 2·De 1,13
De ≤ e < 1,5·De 1,19
0,5·De ≤ e < De 1,31
e < 0,5·De 1,57
e ≥ 2·De 1
2 conjuntos de grupos com 2 cabos 1,5·De ≤ e < 2·De 1,03
tripolares na vertical De ≤ e < 1,5·De 1,09
0,5·De ≤ e < De 1,19
e < 0,5·De 1,35
e ≥ 3,5·De 1
3·De ≤ e < 3,5·De 1,03
2,5·De ≤ e < 3·De 1,05
2 conjuntos de grupos com 3 cabos 2·De ≤ e < 2,5·De 1,08
tripolares na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 1,13
De ≤ e < 1,5·De 1,19
0,5·De ≤ e < De 1,31
e < 0,5·De 1,57
e ≥ 3,5·De 1
3·De ≤ e < 3,5·De 1,03
2,5·De ≤ e < 3·De 1,05
3 conjuntos de grupos com 3 cabos 2·De ≤ e < 2,5·De 1,08
tripolares na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 1,13
De ≤ e < 1,5·De 1,19
0,5·De ≤ e < De 1,31
e < 0,5·De 1,57
1)
e = espaçamento; De = diâmetro do cabo tripolar
2)
O afastamento mínimo de qualquer superfície deve ser de 0,5·De
3)
Os espaçamentos verticais e horizontais são mínimos para o uso do fator
NOTA: Estes são os agrupamentos normatizados pela IEC em sua norma IEC 60287-2-2 e se outras
formas de agrupamento forem utilizadas, os fatores devem ser procurados na literatura espe-
cializada (normas técnicas estrangeiras, artigos técnicos ou livros).

POTÊNCIA 79
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

2) Calcula-se:

T4i = resistência térmica externa calculada conforme IEC 60287-2-1


θ = temperatura do condutor (oC)
θa = temperatura ambiente (oC)
W = perdas Joule de um cabo tripolar ou um cabo unipolar

Portanto:

Cabo tripolar:
Cabo unipolar (para formar o trifólio):

Esse coeficiente é:

A IEC 60287-2-2 define o numerador como cable surface temperature rise, mas o correto é cable sur-
face temperature.

3) Calcula-se:

Iniciando com , faz-se um cálculo iterativo, até a convergência para o valor final.

4) Calcula-se o fator de agrupamento:

Este fator foi calculado para cabos tripolares e cabos unipolares em trifólio ao ar livre nas mesmas
condições utilizadas na construção das tabelas de capacidade de corrente. Calculou-se o fator para ca-

POTÊNCIA 80
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

bos com condutor de cobre e alumínio e com temperatura do condutor de 90 oC e 105 oC, tomando-se os
menores fatores (que, aliás, resultaram quase iguais). Com isto, chega-se aos seguintes fatores:
Grupo Esquema Ilustrativo Espaçamento 1) 2) h i/h g

2 grupos formados por cabos e ≥ De 1,00


unipolares em trifólio, na horizontal e < De 0,93
3 grupos formados por cabos e > 1,5·De 1,00
unipolares em trifólio, na horizontal e < 1,5·De 0,92
e ≥ 3,5·De 1,00
2,5·De ≤ e < 3,5·De 0,99
2 grupos formados por cabos 2·De ≤ e < 2,5·De 0,98
unipolares em trifólio, na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 0,97
De ≤ e < 1,5·De 0,96
0,5·De ≤ e < De 0,94
e < 0,5·De 0,88
e ≥ 3,5·De 1,00
2,5·De ≤ e < 3,5·De 0,99
2·De ≤ e < 2,5·De 0,98
2 conjuntos de grupos com 1,5·De ≤ e < 2·De 0,97
2 trifólios na vertical De ≤ e < 1,5·De 0,96
0,5·De ≤ e < De 0,94
e < 0,5·De 0,88
e ≥ 3,5·De 1,00
2,5·De ≤ e < 3,5·De 0,99
3 conjuntos de grupos com 2·De ≤ e < 2,5·De 0,98
2 trifólios na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 0,97
De ≤ e < 1,5·De 0,96
0,5·De ≤ e < De 0,94
e < 0,5·De 0,88

1)
e = espaçamento; De = diâmetro do cabo unipolar que forma o trifólio
2)
O afastamento mínimo de qualquer superfície deve ser de 0,5·De
NOTA: Estes são os agrupamentos normatizados pela IEC em sua norma IEC 60287-2-2 e se outras
formas de agrupamento forem utilizadas, os fatores devem ser procurados na literatura espe-
cializada (normas técnicas estrangeiras, artigos técnicos ou livros).

POTÊNCIA 81
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Grupo Esquema Ilustrativo 3) Espaçamento 1) 2) h i/h g

2 cabos tripolares na horizontal e ≥ 0,5·De 1,00


e < 0,5·De 0,89
3 cabos tripolares na horizontal e ≥ 0,75·De 1,00
e < 0,75·De 0,84
e ≥ 2·De 1,00
1,5·De ≤ e < 2·De 0,99
2 cabos tripolares na vertical De ≤ e < 1,5·De 0,97
0,5·De ≤ e < De 0,94
e < 0,5·De 0,90
e ≥ 3,5·De 1,00
3·De ≤ e < 3,5·De 0,99
2,5·De ≤ e < 3·De 0,98
3 cabos tripolares na vertical 2·De ≤ e < 2,5·De 0,97
1,5·De ≤ e < 2·De 0,96
De ≤ e < 1,5·De 0,94
0,5·De ≤ e < De 0,91
e < 0,5·De 0,85
e ≥ 2·De 1,00
2 conjuntos de grupos com 1,5·De ≤ e < 2·De 0,99
2 cabos tripolares na vertical De ≤ e < 1,5·De 0,97
0,5·De ≤ e < De 0,94
e < 0,5·De 0,90
e ≥ 3,5·De 1,00
3·De ≤ e < 3,5·De 0,99
2,5·De ≤ e < 3·De 0,98
2 conjuntos de grupos com 2·De ≤ e < 2,5·De 0,97
3 cabos tripolares na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 0,96
De ≤ e < 1,5·De 0,94
0,5·De ≤ e < De 0,91
e < 0,5·De 0,85
e ≥ 3,5·De 1,00
3·De ≤ e < 3,5·De 0,99
2,5·De ≤ e < 3·De 0,98
3 conjuntos de grupos com 2·De ≤ e < 2,5·De 0,97
3 cabos tripolares na vertical 1,5·De ≤ e < 2·De 0,96
De ≤ e < 1,5·De 0,94
0,5·De ≤ e < De 0,91
e < 0,5·De 0,85
1)
e = espaçamento; De = diâmetro do cabo tripolar
2)
O afastamento mínimo de qualquer superfície deve ser de 0,5·De
3)
Os espaçamentos verticais e horizontais são mínimos para o uso do fator
NOTA: Estes são os agrupamentos normatizados pela IEC em sua norma IEC 60287-2-2 e se outras
formas de agrupamento forem utilizadas, os fatores devem ser procurados na literatura especializada
(normas técnicas estrangeiras, artigos técnicos ou livros).

POTÊNCIA 82
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

8.5 Fator de correção para


agrupamento de cabos do Método F1
Método F1: Um cabo tripolar ou três cabos unipolares (em trifólio ou na horizontal) dentro de um ele-
troduto enterrado.
Os fatores são calculados para 2 a 4 eletrodutos, com distâncias entre dutos variando de zero (espaça-
mento entre eixos igual ao diâmetro exterior do eletroduto), 200 mm, 400 mm, 600 mm e 800 mm, todos
os dutos dispostos paralelamente na horizontal. Considerou-se que se houver mais que 4 eletrodutos, ou
seja, mais que 4 circuitos trifásicos, o sistema é complexo o suficiente para merecer o cálculo da capaci-
dade de corrente pela IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1, e não o uso de tabelas.
Os valores de capacidade de corrente tabelados para este Método foram os menores obtidos entre os
cabos e disposições possíveis e foram:

Seção Condutor de cobre Condutor de alumínio Condutor de cobre Condutor de alumínio


mm2 a 90 oC a 90 oC a 105 oC a 105 oC

16 3 3 3 3

25 3 3 3 3

35 3 3 3 3

50 3 3 3 3

70 3 3 3 3

95 3 3 3 3
120 H H H 3

150 H H H H

185 H H H H

240 H H H H

300 H H H H

400 H H H H

500 H H H H

630 H H H H

800 H H H H

1000 H H H H
3 = tripolar com blindagem aterrada em 2 pontos
H = horizontal, com blindagem aterrada em dois pontos, sem transposição

Para o cálculo dos fatores de correção foram utilizados os mesmos cabos e disposições por seção da
última tabela, calculando-se o novo valor da capacidade de corrente com a proximidade de outros eletrodutos

POTÊNCIA 83
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

e dividindo esse valor pelo valor tabelado para a corrente. Assim, encontrou-se um valor para cada seção
de cobre a 90 oC, alumínio a 90 oC, cobre a 105 oC e alumínio a 105 oC e tomou-se o menor de todos os
valores encontrados. Por exemplo, para dois eletrodutos separados por 200 mm, encontrou-se o valor
mínimo de 0,80. Entretanto, como esses valores mínimos encontrados variam significativamente entre se-
ções maiores e menores, foi criado um fator para seções até 150 mm2 e outro para as seções superiores
do condutor.

A variação de distância entre os eletrodutos e a variação do número de eletrodutos é levada em conta


no fator F, calculado pelo método das imagens.

Esse fator F considera o aquecimento mútuo entre cabos ou eletrodutos. É definido pela IEC 60287-2-
1:2015 (seção 4.2.3.3.1) não muito claramente e mais bem explícito na norma ABNT NBR 11301:1990 (seção
10.5.1), porém seria válido somente para cabos ou eletrodutos sem contato um com o outro e no presente
cálculo dos fatores há o caso de eletrodutos em contato. A rigor, não existe metodologia, normatizada ou
não, para agrupamento de cabos ou eletrodutos encostados um no outro.
Esses casos não são tratados pela IEC 60287-2-1, de modo que os desenvolvimentos a seguir não são,
estritamente, cobertos por essa norma.
Assim, a resistência térmica externa de grupos de cabos ou eletrodutos enterrados em contato ou sem
contato entre si, nesta revisão da NBR 14039, foi calculada utilizando a mesma metodologia.

Essa decisão é baseada em duas fontes:


a) O artigo original de Neher-McGrath, que deu origem à série de normas IEC 60287 previa essa meto-
dologia para grupos de cabos enterrados, estivessem eles em contato ou não;
b) Estudos mais recentes concluem que essa metodologia é aplicável a qualquer forma de agrupamen-
to de cabos subterrâneos. No artigo técnico “An improved formula for external thermal resistance of
three buried single-core metal-sheathed touching cables in flat formation”, de George J. Anders e
outros, publicado no IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 24, número 1, janeiro de 2009, lê-se:

“... the Neher/McGrath methodology employs the principle of superposition for the calculation of ampa-
cities of buried cables regardless of cable arrangement (either touching or spaced formation)” e conclui
que “the existing IEC relation for the external thermal resistance of spaced cables and, thus, the related
Neher/McGrath approach, both based on the superposition principle, represent far better options for the
touching cable...”
Concluindo, a metodologia seria considerada adequada não somente para cabos (ou eletrodutos) en-
terrados e espaçados, mas para qualquer disposição de cabos ou eletrodutos enterrados. Assim, sejam
cabos unipolares ou multipolares ou eletrodutos:

POTÊNCIA 84
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Calculando as capacidades de corrente, através dos fatores de agrupamento do Anexo B da IEC 60502-
2, este não parece ter sido o método utilizado nessa norma; entretanto, por comparação semelhante com
a IEC 60364-5-52 (reproduzida na ABNT NBR 5410), esse cálculo mostra-se perfeitamente aderente.
Para comparação com a IEC 60364-5-52 e NBR 5410 (embora essas sejam normas para baixa tensão, o
fator de correção de agrupamento não deve ser diferente para baixa e média tensão), foram calculadas as
capacidades de corrente para um cabo e para 2 e 3 cabos encostados com a expressão anterior, obtendo
o fator de correção K dividindo o resultado para 2 e 3 cabos pelo resultado para um cabo. Foi considera-
do um cabo de 3 condutores de cobre, isolados com HEPR, temperatura máxima no condutor de 90 oC,
cobertura de PVC, enterrado em solo com resistividade de 2,5 K.m/W, temperatura 20 oC, profundidade
de 700 mm, nas seções 1,5 mm2 a 630 mm2. Os fatores obtidos e os fatores da NBR 5410 são:

2 condutores 3 condutores
K médio obtido 0,76 0,63
K – NBR 5410:2004 (Tab. 44) 0,75 0,65

(parece que a tabela 44 da NBR 5410 dá os fatores de 0,05 em 0,05: 0,75 – 0,70 – 0,65 – 0,60 – 0,55 – ...).

Por tudo isso, para este caso e todos os demais onde cabos ou eletrodutos estejam em contato, foi
utilizado o método das imagens, fazendo:

sendo ρ4 a resistividade térmica do terreno e:

L = distância do centro do duto à superfície do solo (mm)


Do = diâmetro externo do duto (mm)

sendo dp1’, dp2’, dp3’, ... as distâncias entre o cabo ou eletroduto de referência (aquele ou um daqueles
mais quente) e as imagens dos demais e dp1’, dp2’, dp3’, ... as distâncias entre o cabo ou eletroduto de refe-
rência (aquele ou um daqueles mais quente) e os demais cabos ou eletrodutos.

POTÊNCIA 85
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Com isso, os fatores de agrupamento resultantes foram:

Número S Espaçamento entre os centros dos dutos (mm)


de dutos mm Encostados
2
200 400 600 800

10 a 150 0,84 0,88 0,91 0,93


2 0,80
185 a 1000 0,80 0,85 0,88 0,90

10 a 150 0,74 0,80 0,84 0,87


3 0,68
185 a 1000 0,69 0,75 0,80 0,83

10 a 150 0,69 0,76 0,81 0,84


4 0,62
185 a 1000 0,64 0,71 0,76 0,80

NOTA: Dependendo da instalação, o uso destes fatores de correção pode resultar em uma capacidade
de condução de corrente até 7,5 % diferente do valor correto, calculado conforme IEC 60287-1-1
e IEC 60287-2-1.

8.6 Fator de correção para


agrupamento de cabos do Método F2
O Método F2 trata de três cabos unipolares na “horizontal” ou em trifólio ou um cabo tripolar em um
duto embutido em concreto (banco de duto):

POTÊNCIA 86
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

As disposições que resultaram nas menores correntes e cujos valores de capacidade de corrente fo-
ram tabelados são:

3 = Tripolar, Aterramento blind. 2 Pontos


H = Horiz., Aterramento 2 Pontos, Sem Transposição
Seção Cu Al Cu Al
mm2 90 oC 90 oC 105 oC 105 oC
16 3 3 3 3
25 3 3 3 3
35 3 3 3 3
50 3 3 3 3
70 3 3 3 3
95 3 3 3 3
120 H 3 H 3
150 H H H H
185 H H H H
240 H H H H
300 H H H H
400 H H H H
500 H H H H
630 H H H H
800 H H H H
1000 H H H H

Foram calculados os valores de capacidade de corrente para as mesmas disposições para:

POTÊNCIA 87
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

para cabos com condutor de cobre a 90 oC, alumínio a 90 oC, cobre a 105 oC e alumínio a 105 oC e
tomou-se o menor de todos os valores encontrados para todas as seções de condutor (note-se que os
valores de base foram calculados para 1 eletroduto em banco de dutos de 300 x 300 mm e para o cál-
culo dos fatores, devido a haver mais eletrodutos no banco de dutos, esse banco tem dimensões 480
x 480 mm).

Para este cálculo, foram calculados os fatores F e T4 como:

Para F(h): F = 9,055 Para F(i): F = 90,55 Para F( j): F = 910

ρc = resistividade térmica do concreto = 1,2 K·m/W


ρ4 = resistividade térmica do solo = 2,5 K·m/W
N = número de eletrodutos com cabo(s) carregado(s) no banco de dutos
Do = diâmetro externo do duto (mm)
L = profundidade de enterramento do eletroduto (mm)

LG = distância entre o centro geométrico da seção reta do banco de dutos e a superfície do solo (mm)
rB = raio equivalente do banco de dutos (mm)
x = menor dimensão da seção reta do banco de dutos = 480 mm
y = maior dimensão da seção reta do banco de dutos = 480 mm

POTÊNCIA 88
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Método de
Referência F2
3 cabos unipolares
ou um cabo tripolar
por eletroduto

≤ 150 mm2 0,84 0,73 0,65


>150 mm2 0,81 0,69 0,61

NOTA: Dependendo da instalação e da seção do condutor, o uso destes fatores de correção pode re-
sultar em uma capacidade de condução de corrente até cerca de 7% menor que o valor correto,
calculado conforme IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1.

8.7 Fator de correção para


agrupamento de cabos do Método G1
O Método G1 trata de três cabos unipolares, um em cada duto, estando os dutos espaçados do dobro
do diâmetro do duto entre eixos ou pelo diâmetro do duto entre superfícies.

A resistência térmica externa ao duto é calculada por:

ou, em sua forma mais geral:

sendo ρ4 a resistividade térmica do terreno e:

Do = diâmetro externo do duto (mm)


L = profundidade de enterramento do eletroduto = 900 mm

POTÊNCIA 89
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Para o cálculo do fator de agrupamento, a variação da quantidade de eletrodutos afeta somente o fa-
tor F (e, portanto, a resistência térmica externa do duto), enquanto a variação da distância entre os dutos
afeta a resistência em corrente alternada R, o fator de perdas na blindagem λ1 e o fator F (e, portanto, a
resistência térmica externa do duto).

Nota: A capacidade de corrente para espaçamento de duas vezes o diâmetro do duto pode ser menor
que o valor para espaçamentos maiores para cabos de baixa seção do condutor e o inverso para
cabos de alta seção. Isso porque, para seções maiores, o dobro do diâmetro do duto fica mais
comparável aos outros espaçamentos e as perdas na blindagem metálica são bem maiores no
caso de seções maiores, principalmente no caso sob cálculo, que é sem transposição. Assim, os
fatores variam de maior que 1 para as seções menores a menor que 1 para as seções maiores
em vários casos.

Como informação adicional, foram tabelados fatores para 3 eletrodutos com distâncias entre si de 200,
400, 600 e 800 mm, já que os valores tabelados de capacidade de corrente são relativos também a 3
eletrodutos, mas a uma distância entre eixos dos dutos do dobro do diâmetro do duto.
Para o cálculo dos fatores de correção foram utilizados os mesmos cabos e disposições por seção que
resultaram nos valores tabelados de capacidade de corrente (aterramento da blindagem em dois ou mais
pontos e sem transposição), calculando-se o novo valor da capacidade de corrente com a proximidade
de outros eletrodutos e dividindo esse valor pelo valor tabelado para a corrente. Assim, encontrou-se um
valor para cada seção de cobre a 90 oC, alumínio a 90 oC, cobre a 105 oC e alumínio a 105 oC e tomou-se
o menor de todos os valores encontrados. Entretanto, como esses valores mínimos encontrados variam
significativamente entre seções maiores e menores, foram criados fatores por faixa de seção do condutor.
Os fatores variam muito entre uma seção e outra, de modo que, mesmo subdividindo a tabela de fato-
res por várias faixas de seção, ainda assim existem grandes diferenças entre o valor real para cada seção
do condutor (e se de cobre ou alumínio, com temperatura de 90 oC ou 105 oC) e o valor mínimo tabelado.
Número Seção Espaçamento entre centros dos dutos (mm)
de Dutos mm 200 400 600 800
2

10 a 50 1,06 1,10 1,12 1,14


70 a 150 1,00 1,01 1,02 1,02
3
185 a 400 0,97 0,93 0,92 0,92
500 a 1000 0,97 0,92 0,89 0,88
10 a 50 0,92 1,00 1,05 1,09
70 a 150 0,86 0,91 0,95 0,97
6
185 a 400 0,82 0,83 0,85 0,86
NOTA: Dependendo
500 a 1000 0,82 0,81 0,81 0,82 da instalação e da seção
10 a 50 0,85 0,95 1,02 1,07 do condutor, o uso destes
70 a 150 0,79 0,87 0,91 0,95 fatores de correção pode
9
185 a 400 0,75 0,79 0,82 0,84 resultar em uma capa-
500 a 1000 0,74 0,76 0,78 0,80 cidade de condução de
10 a 50 0,81 0,93 1,00 1,05 corrente até 15% menor
70 a 150 0,75 0,84 0,90 0,93 do que o valor correto,
12 calculado conforme IEC
185 a 400 0,71 0,77 0,80 0,83
60287-1-1 e IEC 60287-2-1.
500 a 1000 0,70 0,74 0,77 0,78

POTÊNCIA 90
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

8.8 Fator de correção para


agrupamento de cabos do Método G2
Os valores de capacidade de corrente para o Método G2 foram calculados para a disposição:

Os fatores de correção serão calculados para:

As marcas vermelhas identificam o eletroduto de referência. Note-se que a primeira figura é diferente
da figura para a qual foram determinados os valores da capacidade de corrente: essa primeira figura tem
uma distância axial entre os eletrodutos de 200 mm, enquanto para o cálculo dos valores de capacidade
de corrente foi utilizada uma distância igual ao dobro do diâmetro externo do eletroduto. Na segunda
figura (6 eletrodutos) e na terceira figura (9 eletrodutos), o fator F resulta em um valor menor se o duto de
referência escolhido fosse aquele imediatamente acima dos marcados nas figuras.
Para a primeira figura, λ1 é calculado para aterramento da blindagem em dois pontos e com transpo-
sição, conforme já informado em 7.4.4 deste texto. Nas outras duas figuras, considera-se que os circuitos
estejam dispostos horizontalmente, com blindagem aterrada nas duas extremidades e sem transposição.

Para o cálculo da reatância, na primeira figura, usa-se:

e nas demais, calcula-se X conforme 6.4.2.2 deste texto (conforme IEC 60287-1-1:2014, seção 2.3.3),
utilizando-se s = 200 mm.

POTÊNCIA 91
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Cálculo do Fator F

a = 760 mm b = 480 mm c = 200 mm

Referência: duto 2

d21 = c = 200 mm
d23 = c = 200 mm

(L = profundidade do duto 2)

a = 760 mm b = 480 mm c = 200 mm d = 680 mm

POTÊNCIA 92
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

d12 = c = 200 mm
d13 = c = 200 mm
d14 = c = 200 mm

POTÊNCIA 93
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Os valores de rB resultam em:

Número de eletrodutos rB
com cabos carregados (N) (mm)
3 263,84
6 299,19
9 373,77

Os fatores de correção mínimo e máximo podem diferir por até 24%. Por isso, os fatores foram divididos
por três faixas de seção do condutor, para que a diferença não passasse de 10%:



Seção S
mm2

10 ≤ S ≤ 120 0,99 0,78 0,67


150 ≤ S ≤ 300 0,95 0,71 0,61
400 ≤ S ≤ 1000 0,94 0,67 0,57

NOTAS: 1. Dependendo da instalação e da seção do condutor, o uso destes fatores de correção


pode resultar em uma capacidade de condução de corrente até cerca de 10% menor que
o valor real, calculado conforme IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1.
2. Dimensões diferentes do banco de dutos ou da distância entre dutos afetarão fortemente
o fator de correção, de modo que, havendo essas diferenças, os valores da capacidade
de corrente devem ser calculados conforme IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1.
3. Na segunda e na terceira figura, o fator foi calculado para o caso das três fases do circuito
na disposição horizontal

POTÊNCIA 94
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

8.9 Fator de correção para


agrupamento de cabos do Método H
Os valores de capacidade de corrente tabelados para o Método H são os menores para a disposição
em trifólio ou tripolar com aterramento da blindagem em uma ou duas extremidades e para disposição
horizontal de cabos unipolares encostados um ao outro, com a blindagem aterrada em uma ou duas
extremidades e com ou sem transposição, todos diretamente enterrados. A disposição que resultou nos
menores valores foi a horizontal, com a blindagem aterrada em ao menos dois pontos e sem transposição
e, portanto, esta é a disposição para a qual se calculam os fatores de correção para agrupamento.
Foram estabelecidos valores para dois circuitos (6 cabos), três circuitos (9 cabos) e quatro circuitos (12
cabos), todos encostados um ao outro, na horizontal.
Como os valores para determinação da capacidade de corrente (1 circuito) foram calculados através da
resistência térmica externa calculada por:

sendo ρT a resistividade térmica do terreno e:

onde L é a profundidade de enterramento e De é o diâmetro externo do cabo.


não há como inserir o fator F de agrupamento na expressão de T4. Há três opções:
1) Modificando a expressão original:

e inserindo o fator F:

2) Inserindo o fator F na primeira parcela da soma, como é feito para cabos em eletrodutos embutidos
em concreto:

POTÊNCIA 95
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

3) Utilizando o método das imagens, mesmo os cabos estando em contato, pelos motivos já explicados
na seção 8.5 deste texto:

ou

sendo ρ4 a resistividade térmica do terreno e:

L = distância do centro do duto à superfície do solo (mm)


De = diâmetro externo do cabo (mm)

A opção escolhida foi esta última, já que a inserção do fator F nas outras duas não tem base em nenhu-
ma bibliografia e, conforme descrito em 8.5 deste texto, esta seria a forma mais correta.

Os fatores de correção são calculados dividindo a capacidade de corrente calculada com este valor de
T4 para 6, 9 e 12 condutores pela capacidade de corrente calculada desta mesma forma para 3 condutores
(note-se que os valores de base da corrente são recalculados desta mesma forma).

Para 1 circuito (3 cabos), que será tomado como base:

POTÊNCIA 96
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Para 2 circuitos (6 cabos):

Para 3 circuitos (9 cabos):

POTÊNCIA 97
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Para 4 circuitos (12 cabos):

Número de condutores isolados


6 condutores isolados 9 condutores isolados 12 condutores isolados
0,76 0,65 0,58
NOTAS: 1. Dependendo da instalação e da seção do condutor, o uso destes fatores de correção pode
resultar em uma capacidade de condução de corrente até 3% menor que o valor correto,
calculado conforme IEC 60287-1-1 e IEC 60287-2-1.
2. Exemplo de cabos encostados para este Método:

POTÊNCIA 98
GUIA MÉDIA TENSÃO
DIMENSIONAMENTO DE CABOS

Bibliografia
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bles – Calculation of the current rating – Part 1-1: Current rating equations (100% load factor) and
calculation of losses – General, 2014.
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tage electrical installations – Part 5-52: Selection and erection of electrical equipment – Wiring
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[11] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Norma NBR 6251 – Cabos de potên-
cia com isolação sólida extrudada para tensões de 1 kV a 35 kV, 2018.
[12] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Norma NBR NM-280 – Condutores
de cabos isolados, 2011.

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