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SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ADM.

PENITENCIÁRIA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
COMANDO GERAL

Portaria n. 286/2017

Aprova manual da Corporação referente à


operações envolvendo produtos perigosos.

O Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás,


no uso de suas atribuições legais, nos termos do inciso II do art.11 da lei Estadual n.
18.305, de 30 de dezembro de 2013,

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar o Manual Operacional de Bombeiros – Operações


envolvendo Produtos Perigosos.

Art. 2º O Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar deverá


adotar as providências visando inserir o manual ora aprovado nos conteúdos
programáticos dos cursos ministrados na Corporação, conforme conveniência.

Art. 3º A Secretaria Geral e o Comando Geral de Gestão e Finanças


providenciem o que lhes compete.

Art. 4º Esta portaria revoga o Manual Operacional de procedimentos


para atendimento de emergências com produtos perigosos. Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás, 2016.

Art. 5º Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação em


Boletim Geral da Corporação.

PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE

Comando Geral, em Goiânia, 22 de setembro de 2017.

Carlos Helbingen Júnior – Coronel QOC


Comandante Geral
MANUAL OPERACIONAL DE BOMBEIROS
PRODUTOS PERIGOSOS
Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás

CEL BM QOC Carlos Helbingen Júnior

Comandante da Academia e Ensino Bombeiro Militar


Cel QOC Sérgio Ribeiro Lopes

Comissão de Coordenação e Elaboração


Cap QOC Wanderley Valério de Oliveira
1º Ten QOC Alex Divino Pereira
1º Ten QOC Hugo de Oliveira Bazílio
1º Ten QOS CBMERJ Luciana de Almeida Cabrita
1º Ten QOC Luciano de Lion Mendes Pimentel
2º Ten QOC Licurgo Borges Winck
2º Ten QOC CBMMT Anderson Luiz do Amaral dos Santos
Asp CBMAP Aldo Nahum Cardoso
Cb QP/Combatente Pyterson Kazaer Morais Aires

Colaboradores do CETESB
Edson Haddad – Técnico CETESB
Anderson Pioli – Técnico CETESB

Equipe de Revisão Ortográfica


1º Ten QOA/Administrativo Roberto Luís Menezes Soares

Fotógrafia
Comunicação Social – CBMGO/BM-5

Foto de Capa
1º Sgt/Combatente Aylon Ferreira Serbêto
Sd QP/Combatente Alessandro Moreira Ribeiro
Participação nos fluxogramas
Cb QP/Combatente Aistein Alves Oliveira

Goiânia/GO
2017
M294 Manual operacional de bombeiros: produtos perigosos /Corpo de Bombeiros Militar do
Estado de Goiás. – Goiânia: - 2017.
123 p. : il.

Colaboradores.

1. Operações envolvendo Produtos perigosos. 2. Goiás (Estado) - Corpo de


Bombeiros Militar.

CDU: 616-083.98
PREFÁCIO

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás tem experimentado nos


últimos anos um grande avanço em todas as áreas, destacando-se aqui a parte
operacional, motivo pelo qual todo planejamento estratégico da instituição converge
a isso, visto que a qualidade no atendimento ao público é a prioridade da
Corporação. Para termos unidade em nossas ações, a padronização de
procedimentos é de vital importância para obtenção de elementos que nos canalize
à melhoria deste processo referente ao atendimento externo.
Nessa senda, o CBMGO tem investido no ensino para formar uma tropa com
conhecimento elevado no que tange aos procedimentos operacionais mais atuais
praticados pelas instituições de ponta do Brasil e do mundo, pois acreditamos que
uma excelente formação profissional ampliará a capacidade e a qualidade do
atendimento ao público. Além disso, o avanço na instrução de Bombeiros Militares
perpassa pela política do Governo do Estado de Goiás no que ser refere à
qualificação do servidor público.
A estatística do número de ocorrências envolvendo produtos perigosos entre
os anos de 2007 a 2016 é superior a 1.591 atendimentos realizados pelo CBMGO, o
que reforça a necessidade de investimentos realizados na área, pois somente com
treinamento, repetição e trabalho em equipe poderemos melhorar ainda mais a
qualificação de nossos militares nesta especialidade. A finalidade deste manual
envolvendo o atendimento a produtos perigosos é de levar o conhecimento mais
atual praticado dessa natureza a todos que desejarem desfrutar desta leitura.
Com a atualização do manual temos a certeza que essa jovem e vibrante
Corporação encontra-se no caminho correto para tornar-se eficiente e eficaz, pois o
planejamento estratégico adotado para os próximos anos dará a sustentabilidade
necessária a um crescimento ordenado de todos os setores e em especial ao
ensino, tão vital na construção de uma instituição melhor para todos nós.

Parabéns aos bombeiros goianos por mais esta conquista.

Carlos Helbingen Júnior – Cel QOC


Comandante Geral do CBMGO
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – ATENDIMENTO ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 1


Seção 1 – Finalidade e estatística 1
CAPÍTULO 2 – DEFINIÇÕES E TEORIA QUÍMICA APLICADA A PRODUTOS PERIGOSOS 3
Seção 1 – Química, matéria e estados físicos 3
Seção 2 – Reações Químicas 6
Seção 3 – Substâncias orgânicas e inorgânicas – ácidos e bases 7
Seção 4 – Glossário 8
CAPÍTULO 3 – IDENTIFICAÇÃO 12
Seção 1 – Formas de identificação de Produtos Perigosos 12
CAPÍTULO 4 – NÍVEIS DE CAPACITAÇÃO DO PROFISSIONAL HAZMAT 25
Seção 1 – Capacitação dos respondedores 25
CAPÍTULO 5 – ORGANOGRAMAS E SISTEMAS DE TRABALHO 29
Seção 1 – Funções dos respondedores 29
CAPÍTULO 6 – SEQUÊNCIA OPERACIONAL 33
Seção 1 – Sequência padrão de atendimento às ocorrências 33
Seção 2 – Zoneamento das Áreas de Trabalho – ZAT 34
Seção 3 – Isolamento 35
Seção 4 – Estacionamento 37
Seção 5 – Descontaminação 39
CAPÍTULO 7 – NÍVEIS DE PROTEÇÃO OU TRAJES 47
Seção 1 – Fatores, requisitos e equipamentos de proteção a serem utilizados no atendimento
envolvendo produtos perigosos 47
CAPÍTULO 8 – PROCEDIMENTOS E PADRÃO DE ATENDIMENTO 52
Seção 1 – Casos suspeitos de ebola 52
Seção 2 – Suspeita de atentado utilizando produto perigoso: 53
Seção 3 – Formas de contenção/confinamento: 54
Seção 4 – Transbordo de combustível em caminhão tanque: 70
Seção 5 – Transporte e armazenamento com Gás Liquefeito de Petróleo – GLP: 78
Seção 6 – Ocorrências envolvendo incêndios urbanos: 85
Seção 7 – Procedimentos para atendimento a ocorrência envolvendo gás tóxico AMÔNIA: 87
Seção 8 – Atendimento envolvendo EXPLOSIVOS: 96
CAPÍTULO 9 – PRIMEIROS SOCORROS ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS 105
Seção 1 – Primeiros socorros para vítimas de produtos perigosos 105
CAPÍTULO 10 – PADRÃO DE ATENDIMENTO 107
Seção 1 – Procedimentos envolvendo produtos perigosos 107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111
1

CAPÍTULO 1 – ATENDIMENTO ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS

Seção 1 – Finalidade e estatística

Objetivos
 Apresentar a importância do atendimento e a padronização do atendimento
envolvendo produtos perigosos; e
 Apresentar a evolução dos acidentes envolvendo produtos perigosos no estado
de Goiás, atendidas pelo CBMGO.

Finalidade
Este presente manual tem como finalidade estabelecer procedimentos
necessários para aqueles que respondem a emergências envolvendo produtos
perigosos - PP e a padronização dos termos aplicados nessa atividade no âmbito do
Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.

Estatística
Os acidentes envolvendo produtos perigosos - PP são uma preocupação de
política pública, das empresas que fazem o seu manejo, dos locais de pesquisa, da
população e do meio ambiente que sofrem os maiores riscos de contaminação
(OLIVEIRA, 2011), seja pelo material perigoso encontrado nos acidentes em seus
estados físicos, como: sólido, líquido ou gasoso. Conforme documentação de
acidentes envolvendo PP registrados no estado de Goiás pelo Corpo de Bombeiros
Militar no dia a dia (SIAE, 2017), observou-se uma grande quantidade de
ocorrências envolvendo este tipo de material, consequentemente provocando danos
e prejuízos ao meio ambiente.
No entanto, por serem ocorrências de alta periculosidade e de riscos
específicos, é necessário que as pessoas envolvidas na produção, no transporte,
armazenamento, na utilização e no descarte do produto químico, conforme seu ciclo
químico (FUNDACENTRO, 2017), tenham o mínimo de conhecimento do risco que
corre ao fazer o seu uso inapropriado.
No sentido de ilustrar a problemática social que resulta da falta de
conhecimentos no manuseio de produtos químicos, trazemos alguns dados
2

brasileiros que apontam equívocos causados pela falta de informação. Um primeiro


exemplo refere-se ao acidente radiológico ocorrido há mais de 30 anos na capital do
estado de Goiás. Foi um grave acidente envolvendo o material nuclear Césio 137
em que a população, as atividades econômicas e o meio ambiente foram afetados, e
ainda o são até os dias atuais, pois tal acidente colocou em risco várias gerações
por causa dos efeitos do acidente.
Alguns aspectos que contribuíram para o agravamento do referido acidente
foram a falta de conhecimento dos catadores de papel que romperam a fonte, a
carência de informação das pessoas em lidar com os riscos, ausência de gestão no
sentido de gerenciamento dos riscos pelas instituições que atenderam o acidente e o
equívoco do hospital que abandonou o equipamento com a fonte de material
radioativo (IAEA, 1988).
Outro exemplo da falta de conhecimentos no manuseio de PP tem relação
com o seu uso. No Brasil pode ser observado, por meio dos dados disponibilizados
pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, um
crescimento dos acidentes envolvendo PP entre os anos de 2006 e 2010 (IBAMA,
2010). O estado de São Paulo, no período 1978/2015, apresenta um grande número
de ocorrências, notando-se que, a partir de 1996, acontece mais de uma ocorrência
por dia (CETESB, 2016). Já no estado de Goiás, entre os anos de 2007 e 2016,
houve uma grande quantidade de acidentes atendidos cujos dados foram
compilados pelo Corpo de Bombeiros Militar do estado de Goiás (SIAE/COB, 2017),
conforme figura abaixo:

Figura 1 - Número de acidentes de acordo com o ano.


Fonte: Organizada a partir de dados do SIAE/COB, 2017.
3

CAPÍTULO 2 – DEFINIÇÕES E TEORIA QUÍMICA APLICADA A PRODUTOS


PERIGOSOS

Seção 1 – Química, matéria e estados físicos

Química é uma ciência que tem como objeto de estudo a matéria e suas
transformações. Matéria é tudo aquilo que possui massa e ocupa lugar no espaço
(Atkins & Jones, 2006). Entre os vários tipos de matérias existentes, tem se aquelas
que se enquadram como Produtos Perigosos.
A unidade fundamental da matéria é o átomo. Quando dois ou mais
átomos se unem por meio de ligações químicas, podem formar moléculas,
compostos íonicos ou metais. Essas moléculas e compostos podem interagir entre si
e formar uma substância. Quando duas ou mais substâncias se misturam, temos o
que chamamos de materiais (Santos, 2005).
Um Produto Perigoso, quando na forma de substância ou material, pode
ser encontrado nos estados sólido, líquido e/ou gasoso, e apresentar propriedades
físicas tais como: ponto de fusão, ponto de ebulição, densidade e viscosidade.

Substâncias Material
(mistura de
Substância Substância Substância duas ou mais
atômica iônica molecular substâncias)

Figura 2 – Representação microscópica dos materiais e das


diferentes classes de substâncias com o uso de modelos atômicos
de Dalton.
Fonte: Pyterson Kazaer Morais Aires.

Os materiais sólidos apresentam forma fixa e volume constante. Seu


manuseio é fácil e mais seguro, quando comparado aos estados líquido e gasoso.
Devido à proximidade dos seus átomos e da intensa força atrativa entre eles,
apresentam maior dificuldade de entrarem em combustão.
4

Já os líquidos apresentam volume constante, porém sua forma altera de


acordo com o recipiente que o comporta. Essa flexibilidade em sua forma torna o
seu manuseio um pouco mais difícil. Suas moléculas, íons ou átomos, se encontram
próximos uns dos outros, porém a uma distância superior que no estado sólido, e
submetidas a uma força atrativa menor, que possibilita o escoamento entre elas e
até mesmo o seu desprendimento, como ocorre nos líquidos inflamáveis, que a
temperatura ambiente, libera grande quantidade de vapor.
Por fim, no estado gasoso, as moléculas, íons ou átomos, estão muito
afastados um dos outros e sob influência, quase nula, de forças atrativas. Sua
viscosidade é extremamente baixa e se expalham com muita facilidade, ocupando
todo o volume e assumindo a forma do ambiente em que estejam. Essas
características fazem os materiais gasosos, serem os mais perigosos e difíceis de
manusear.
Em uma transformação, seja ela química ou física, quando um material
recebe/absorve energia na forma de calor, trata se de um processo endotérmico e
quando libera energia, é um processo exotérmico (Atkins & Jones, 2006).
A matéria, por influência da temperatura, pode mudar de estado físico. Um
material no estado sólido, ao absorver determinada quantidade de energia de uma
fonte de calor (por exemplo), passa para o estado líquido. Esse fenômeno é
denominado Fusão. O líquido, se este material, continuar recebendo energia, irá se
tornar gasoso, num processo denominado Vaporização.
Em caminho reverso, um material gasoso pode perder energia para o meio e
se transformar em líquido, processo denominado de Liquefação. Se a perda de
energia continuar até determinado patamar, poderá fazer esse mesmo material se
tornar sólido, denominado como Solidificação.
A passagem direta do estado sólido para o estado gasoso e vice e versa,
chama-se Sublimação.

Figura 3 – Representação gráfica dos estados físicos e suas


transformações.
Fonte: qesenaima.blogspot.com.br.
5

A temperatura em que ocorre a passagem do estado físico sólido para o


líquido é denominado ponto de fusão. Já a temperatura em que ocorre a passagem
do estado líquido para o gasoso é denominado ponto de ebulição.
Substâncias apresentam pontos de fusão e ebulição específicos enquanto os
materiais apresentam faixas de temperatura de fusão e ebulição. O conhecimento
desses pontos permite determinar o estado físico da substância ou material, em
temperatura ambiente.
Outra importante propriedade é a densidade. Ela consiste na razão entre a
quantidade de massa da matéria pelo volume que ocupa. Materiais mais densos
tendem a se concentrarem em regiões mais baixas, enquanto os menos densos se
concentram nas regiões mais altas (Atkins e Jones, 2006).
Gases com densidade superior ao ar ambiente tendem a se concentrar nas
regiões baixas, é caso do GLP – gás liquefeito do petróleo, e os agentes extintores
com densidade menor que os produtos líquidos, tendem a serem mais eficientes
devido a cobrirem toda a superfície do produto. Ao combater um incêndio em um
produto inflamável como a gasolina, utiliza-se espuma no lugar da água, pois
está ultima se mostra ineficiente devido sua densidade ser superior.
Outra propriedade da matéria a ser considerada no atendimento envolvendo
PP é a viscosidade do material. A viscosidade consiste na resistência que um fluido
tem em escoer. Quanto maior a viscosidade, menor sua capacidade de escoamento
e consequentemente, mais fácil de realizar sua contenção. Por outro lado, quanto
menor sua viscosidade, maior será sua capacidade de escoer e mais difícil será de
realizar sua contenção.

Figura 4 – Líquidos com viscosidades diferentes. Da esquerda para a direita aumenta a viscosidade.
Fonte: http://www.manutencaopreditiva.com.
6

Em caso de derramamento, por exemplo, os materiais líquidos de baixa


viscosidade como a gasolina, etanol e entre outros, se espalham com grande
facilidade, e sob efeito da gravidade, escoam até os locais mais baixos, parando
somente quando encontram alguma barreira de contenção ou é absorvido pelo solo.

Seção 2 – Reações Químicas

Uma reação química é a transformação qualitativa da matéria, na qual


ocorrem mudanças na composição química de uma ou mais substâncias reagentes,
que podem ser neutras ou danosas ao organismo humano e ao meio ambiente.
Essa transformação resulta em um ou mais produtos, que podem apresentar
características neutras ou danosas aos dois.
Para que uma reação ocorra vários fatores devem ser considerados, entre
elas estão: a necessidade de haver contato entre os reagentes e energia suficiente
para romper a barreira de reação denominada energia de ativação (Atikins e Jones,
2006).
A técnica de abafamento contra um fogo consiste no impedimento do
contato entre os dois reagentes, material combustível e o comburente. Sem esse
contato não há chamas devido o interrompimento da reação. A reação também é
interrompida quando jogamos água sobre o fogo. A água reduz a temperatura do
material em combustão, de tal forma que retira a energia necessária para promover
a continuidade da reação.
Toda reação química pode ser representada por uma equação química. Na
equação química as substâncias que se encontram antes da seta consistem nos
reagentes e aquelas que se encontram após a seta consistem nos produtos.

2 CH4 + 2 NH3 + 3 O2 → 2 HCN + 6 H2O

Metano Amônia Oxigênio Cianeto de Água


Hidrogênio

Altamente tóxico e letal

Figura 5 – Equação da reação de síntese do Cianeto de Hidrogênio.


Fonte: Atkins e Jones, 2006.
7

Uma reação pode ocorrer em diferentes velocidades. Tudo depende dos


fatores externos existentes e das substâncias envolvidas. Algumas reações levam
século para ocorrer, como a formação do petróleo, enquanto outras, milésimos de
segundos como os explosivos.
A velocidade da reação é afetada diretamente pela temperatura e a superfície
de contato. Quanto maior a temperatura e/ou a superfície, maior será a velocidade
em que ocorre determinada reação. Assim, em ocorrências onde houver formação
de gases tóxicos, se a temperatura ambiente for alta (um incêndio), a concentração
desses gases deverá estar elevada.

Seção 3 – Substâncias orgânicas e inorgânicas – ácidos e bases

Dentro do contexto de atendimento envolvendo PP, as emergências químicas


se destacam, em volume, pela grande variedade de substâncias existentes,
utilizadas diariamente na economia. Essas substâncias podem ser classificadas
como orgânicas e inorgânicas, porém ambas apresentam funções ácidas, alcalinas e
oxidantes.
Substâncias orgânicas são aquelas que, obrigatoriamente, possuem átomo de
carbono em sua estrutura (toda substância orgânica tem carbono, mas nem toda
substância que possui carbono é orgânica, como por exemplo, o dióxido de carbono
CO2, um gás inorgânico produto de processos de combustão). São encontradas nos
organismos vivos, fontes de energia (combustível como a gasolina) e que podem ser
sintetizadas em laboratório (Solomos, 2006).
Substâncias inorgânicas são aquelas que não possuem o átomo de carbono
como elemento central. São de origem tanto mineral como animal. Seus compostos,
em geral, são pequenos, quando comparados com os orgânicos e a água é sua
principal representante (Atkins e Jones, 2006).
Esses dois grupos de substâncias apresentam tanto as funções ácida e
básica, como característica comum. No entanto, os ácidos inorgânicos são, em
geral, considerados mais perigosos, devido a sua acidez elevada. Uma forma de
identificar se uma substância pertence a uma função ou outra é através da
determinação de seu Ph.
8

Ph, ou potencial hidrogeniônico, é uma escala usada para indicar a


concentração dos íons H+ em uma solução. Como pode ser visto na figura 6, seu
valor varia de 0 a 14. Para valores de Ph <7, temos soluções ácidas. Quanto menor
o Ph, mais ácida é a solução. Já para valores de Ph >7, temos soluções alcalinas
(ou básicas). Quanto maior o valor de Ph, mais alcalina é a solução. Soluções com
Ph‟s entre 0 e 1 e entre 13 e 14, possuem a característica comum de serem
corrosivas. Por fim, líquidos com Ph = 7 são considerados neutros (Atkins e Jones,
2006).

Figura 6 – Escala de Ph.


Fonte: http://wikiciencias.casadasciencias.org

Em geral, essas substâncias são transportadas concentradas. Na


necessidade de intervenção, um dos meios de reduzir os perigos existentes é
através da diluição, por meio, sempre que possível, da adição de água. Ao realizar
esse processo, deve-se ter o cuidado da água ser adicionada em excesso,
considerando que a diluição de ácidos e bases, em muitos casos, é extremamente
exotérmica, podendo provocar explosões, colocando em risco todos ao seu redor.
Outra forma é através da neutralização, no entanto necessita de mão de obra
qualificada e especializada. Se o material é ácido, adiciona-se uma base ao meio e
se alcalino, adiciona-se um ácido. Para que a neutralização seja eficiente, deve-se
considerar a concentração, o volume e o Ph do material derramado.

Seção 4 – Glossário

Objetivos:
 Elencar termos específicos e as definições para emergências envolvendo produtos
9

perigosos.

1 – Absorção: É a fixação de uma substância, geralmente líquida ou gasosa, no


interior da massa de outra substância, em geral sólida. Pode ser definida também
como a penetração de uma substância no interior da estrutura de outra.
2 - Adsorção: É uma operação de transferência de massa, a qual estuda a
habilidade de certos sólidos em concentrar na sua superfície determinadas
substâncias existentes em fluidos líquidos ou gasosos, possibilitando a separação
dos componentes desses fluidos. É a fixação das moléculas de uma substância
(adsorvato) na superfície de outra substância (o adsorvente).
3 – Acidente ambiental: evento inesperado e indesejado que afeta direta ou
indiretamente a saúde e a segurança da população ou de outros seres vivos,
causando impactos agudos ao meio ambiente.
4 – Acidente tecnológico: evento inesperado e indesejável que envolve tecnologia
desenvolvida pelo homem e tem a capacidade de afetar direta ou indiretamente a
saúde e a segurança dos trabalhadores, da população, ou causar impactos agudos
ao meio ambiente.
5 – Carga perigosa: é toda carga mal acondicionada para transporte, oferecendo
risco de acidente. Considera-se também quando o Produto Perigoso não é
transportado dentro das condições legais de segurança.
6 – Contaminante: qualquer material perigoso que esteja presente no meio ambiente
ou em pessoas e/ou outros seres vivos e apresente riscos a saúde ou degradação
do meio ambiente.
7 – Contaminação: processo de transferência de um material perigoso, de sua
nascente até às pessoas, animais, meio ambiente, ou equipamentos, que podem
atuar como um portador.
8 – Contaminação cruzada: processo pelo qual um contaminante é levado para fora
da zona quente e contamina pessoas, animais, meio ambiente ou equipamentos.
9 – Contenção: ações tomadas para manter material na embalagem ou reduzir o
montante a ser liberado.
10 – Corredor de redução de contaminante: área normalmente localizada no interior
da zona morna, onde a descontaminação é realizada.
11 – Descontaminação: processo físico e/ou químico que consiste em reduzir e
prevenir a propagação de contaminantes em pessoas, animais, meio ambiente ou
10

equipamentos envolvidos no atendimento.


12 – Descontaminação de emergência: processo físico para imediata redução da
contaminação de indivíduos em potencial risco de vida, com ou sem
estabelecimento formal de corredor de descontaminação.
13 – Dique de contenção: utilização de uma ou mais barreiras para conter ou
confinar o deslocamento de líquido.
14 – Emergência com produtos perigosos: ocorrências em que PP encontrados em
diferentes estados físicos e natureza química, biológico e radioativo, podendo
oferecer perigo à saúde, segurança da população, ao meio ambiente e ao
patrimônio, requerendo assim intervenções imediatas. Tais eventos podem ser
encontrados quando envolver o transporte, o armazenamento, a produção, a sua
utilização e o descarte do resíduo perigoso formado. Essas ocorrências podem gerar
incêndios, explosões, pequenos ou grandes vazamentos ou derramamentos de
materiais perigosos.
15 – Equipe de intervenção: grupo de profissionais treinados e especializados, com
a finalidade de entrar na área quente, a fim de conter o acidente ambiental, realizar o
salvamento e mitigar os riscos potenciais.
16 – Equipe de descontaminação: grupo de profissionais treinados e especializados,
com a finalidade de realizar descontaminação de equipes, vítimas e objetos
contaminados por materiais perigosos oriundas da área quente.
17 – Equipe de suporte: grupo de profissionais treinados e especializados em
diversas áreas (comunicações, logísticas, proteção respiratória, pessoal,
emergências médicas e toxicológicas, análises laboratoriais, meteorologia e
operações de defesa civil), a fim de dar o apoio necessário para as operações de
intervenção e descontaminação.
18 – Estanqueidade: São métodos e técnicas utilizadas para restringir o produto ao
seu recipiente ou embalagem.
19 – Evento Adverso com Produtos Perigosos – EAPP: transtorno às pessoas, bens,
serviços e ao ambiente de uma comunidade, causado ou potencializado por produto
perigoso.
20 – Exposição: processo pelo qual as pessoas, animais, meio ambiente e
equipamentos, estão sujeitos ou entrem em contato com produto perigoso; processo
pelo qual as pessoas ficam sujeitas aos efeitos da radiação, podendo ser irradiadas
e/ou contaminadas pelo material radioativo.
11

21 – Hazmat: abreviação de “Hazardous Materials” (materiais perigosos), termo


originário da língua inglesa. Designa às substâncias químicas e aos trajes ou artigos
respondedores para ocorrência com PP.
22 – Limites de inflamabilidade: existem dois tipos de limites de inflamabilidade, a
concentração mínima necessária à queima de combustível para o qual é possível a
propagação da chama, conhecido como o limite inferior de inflamabilidade – LII, e a
concentração máxima necessária à queima de combustível para o qual a
propagação da chama é possível, conhecido como o limite superior de
inflamabilidade – LSI. Os gases ou vapores combustíveis só queimam quando sua
percentagem em volume estiver entre os limites (inferior e superior) de
inflamabilidade, que é a "mistura ideal" para a combustão.
23 – Manual da ABIQUIM: livro de referência às indústrias químicas, produzido pela
Associação Brasileira da Indústria Química, escrito em linguagem simples, para
orientar a equipe de emergência nas ações iniciais na cena do incidente.
24 – Produto perigoso: é todo material de natureza química, radioativa ou biológica
encontradas nos estados sólido, líquido ou gasoso, que pode afetar de forma nociva,
direta ou indiretamente, o patrimônio, os seres vivos ou o meio ambiente.
25 – Segurança química: refere-se à proteção das pessoas e do meio ambiente, em
todo o ciclo de vida dos produtos químicos: produção, transporte, armazenamento,
utilização e descarte de resíduos.
26 – Trajes encapsulados: trajes que protegem completamente o respondedor, como
botas, luvas e máscaras.
27 – Trajes não encapsulados: trajes que protegem o respondedor de salpicos ou
respingos de líquidos perigosos.
28 – Transporte fracionado: quando a carga está separada em compartimentos por
embalagens exclusivas.
29 – Transporte a granel: recipiente que contém a carga é a própria estrutura da
carroceria.
30 – ZAT – Zoneamento de Área de Trabalho: local onde serão realizados os
trabalhos de intervenção, descontaminação e suporte.
12

CAPÍTULO 3 – IDENTIFICAÇÃO

Seção 1 – Formas de identificação de Produtos Perigosos

Objetivos:
 Identificação de Produtos Perigosos no Brasil e no mundo;
 Familiarizar a tropa com as simbologias de identificações de PP.
1 – Identificação ONU

No mundo existem várias formas de identificações de PP, uma delas hoje no


Brasil é a identificação através do número da Organização das Nações Unidas –
ONU, que devido a influências internacionais, como a dos países integrantes e do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, a classificação de
PP no Brasil foi regulamentada no Decreto n. 96044/1988 – Regulamento do
Transporte de Produtos Perigosos – RTPP. Os riscos físicos e químicos
predominantes desses produtos são classificados de acordo com as instruções
complementares aprovadas pela Resolução da Agência Nacional de Transportes
Terrestres - ANTT n. 5232/2016, que revoga a Resolução n. 420/2004. Esses
produtos são classificados em classes e subclasses de acordo com o quadro abaixo.

Denominação de classes e subclasses


de risco de produtos perigosos – Resolução 420/2004 - ANTT
Classe Subclasse Exemplos
1.1. Substâncias e artefatos com risco de
explosão em massa
1.2. Sustâncias e artigos com risco de
projeção, mas sem risco de explosão em
massa
1.3. Sustâncias e artigos com risco de fogo
e com pequeno risco de explosão ou de
Foguete, dinamite e pólvora.
1. Explosivos projeção, ou ambos, mas sem risco de
explosão em massa
1.4. Substâncias e artigos que não
apresentam risco significativo
1.5. Substâncias muito insensíveis, com
risco de explosão em massa
1.6 Artigos extremamente insensíveis, sem
risco de explosão em massa
2.1. Gases inflamáveis
2. Gases 2.2.Gases não inflamáveis, não tóxicos GLP, oxigênio e amônia.
2.3. Gases tóxicos por inalação
3. Líquidos inflamáveis Líquidos inflamáveis Óleo diesel
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Classe Subclasse Exemplos


4.1. Sólidos inflamáveis, substâncias
autorreagentes e explosivos sólidos
4..Sólidos inflamáveis,
insensibilizados Trinitrotolueno, sódio
substâncias autorreagentes e
4.2. Substâncias sujeitas à combustão metálico, alumínio pó e
explosivos sólidos
espontânea carbeto de cálcio
insensibilizados
4.3. Substâncias que em contato com a
água emitem gases inflamáveis
5. Sustâncias oxidantes; 5.1. Sustâncias oxidantes
Nitrato de amônio e ureia
peróxidos orgânicos 5.2. Peróxidos orgânicos
6. Substâncias tóxicas e 6.1. Substâncias tóxicas Agrotóxicos
substâncias infectantes 6.2 Substâncias infectantes Vírus
7. Materiais radioativos Materiais radioativos Césio-137
8. Substâncias corrosivas Substâncias corrosivas Soda cáustica
9. Substâncias e artigos Amianto
Substâncias e artigos perigosos diversos
perigosos diversos Ascarel
Quadro 1 - Denominação de classes e subclasses de risco de produtos perigosos – Resolução
5232/2016 - ANTT
Fonte: Oliveira, 2011.

1.1 – Painel de Segurança: figura de cor laranja que é utilizado para o transporte
rodoviário de PP. Possui a parte inferior destinada ao número de identificação do
produto (Número ONU) e a parte superior destinada ao número de risco.

a) número ONU: numeração estabelecida pelas Nações Unidas, do qual o Brasil é


signatário, em que os números correspondem a cada produto, sendo constituído por
quatro algarismos, conforme a Portaria n. 204, de 20 de maio de 1997, do Ministério
dos Transportes; e
b) número de risco: constituído por até três algarismos, este número determina o
risco principal que é o 1º algarismo e os riscos secundários do produto que é o 2º
e/ou 3º algarismo.

Observações:

– Na ausência de risco subsidiário, deve ser colocado como segundo algarismo


“zero”;
– No caso de gás, nem sempre o primeiro algarismo significa o risco principal;
– A duplicação ou triplicação dos algarismos significa intensificação do risco, por
exemplo: 80 - corrosivo; 88 - muito corrosivo; 888 - altamente corrosivo;
– Quando o painel de segurança não apresentar número, significa que a carga
transportada é mista, ou seja, existe mais de dois produtos perigosos sendo
transportados;
– Quando for proibido o uso de água no produto, deve ser indicado com a letra X no
início do número.
14

Número de risco

Número ONU
Figura 7 – Painel de segurança.

1.1.1 – Significado do 1º algarismo:

2 Gás
3 Líquido inflamável
4 Sólido inflamável
5 Substâncias oxidantes ou peróxidos orgânicos
6 Substância tóxica
7 Substância radioativa
8 Substância corrosiva

1.1.2 – Significado do 2º algarismo:

0 Ausência de risco
1 Explosivo
2 Emana gás
3 Inflamável
4 Fundido
5 Oxidante
6 Tóxico
7 Radioativo
8 Corrosivo
Perigo de reação violenta resultante da decomposição espontânea ou de
9
polimerização

1.2 – Rótulos de Risco (principal e subsidiário): representam símbolos e/ou


expressões emolduradas, referentes à natureza, manuseio ou identificação do
produto. O símbolo representa uma figura convencional, usada para exprimir
graficamente um risco.
15

CORES SIGNIFICADO
Vermelho Inflamável
Verde Gás não inflamável/não tóxico
Laranja Explosivo
Amarelo Oxidante
Vermelho/amarelo Peróxido
Azul Perigoso quando molhado
Branco Venenoso/tóxico/infectante
Preto/branco Corrosivo
Amarela/branco Radioativo
Vermelho/branco Combustão espontânea
Vermelho/branco listrado Sólido inflamável
Quadro 2 - Código de cores – NBR 7500/2012

Classe 1 – Explosiva

Classe 2 – Gases
16

Classe 3 – Líquidos Inflamáveis

Classe 4 – Sólidos inflamáveis – Substâncias sujeitas à combustão


espontânea ou que emitem gases inflamáveis em contato com a água

Classe 5 – Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos


17

Classe 6 – Substâncias tóxicas e substâncias infectantes

Classe 7 – Materiais radioativos

Classe 8 – Substâncias Corrosivas

Classe 9 – Substâncias e artigos perigosos diversos


18

2 – Diamante de Hommel

Sistema de identificação de acordo com a norma internacional NFPA 704-M,


que foi elaborada para instalações fixas, como depósitos com tanques de
armazenagem, tambores, vagões ferroviários e recipientes pequenos, outros tipos
de embalagens transportadas no comércio normal, não sendo utilizados nos
transportes rodoviários e ferroviários. Não é obrigatório o uso no Brasil, mas
atualmente têm-se observado com certa frequência, principalmente em empresas do
setor e instituições de ensino.

Fonte: NFPA 704/2012.

2.1 – Resumo do sistema de classificação de perigos

a) perigos para a saúde (azul):


Risco Descrição Exemplos
Materiais que em pouco tempo podem causar a morte ou danos
Acrilonitrila
4 permanentes, mesmo que a pessoa tenha recebido pronto atendimento
Bromo Paration
médico
Anilina
Materiais que em curto espaço de tempo podem causar danos
Hidróxido de
3 temporários ou residuais, mesmo que a pessoa tenha recebido pronto
sódio
atendimento médico
Ácido sulfúrico
Materiais que pela exposição intensa ou continuada podem causar Bromobenzeno
2 incapacitação temporária ou possíveis danos residuais, a não ser que o Piridina
paciente receba imediata atenção médica Estireno
Materiais a cuja exposição causam irritação, porém somente leves lesões Acetona
1
residuais, mesmo que a vítima não tenha recebido tratamento Metanol
Materiais a cuja exposição em condições sob o fogo não oferecem perigo
0
maior do que o de material combustível comum
19

b) perigos de inflamação (vermelho):


Risco Descrição Exemplos
1,3-Butadieno
Materiais que se vaporizam rápida ou completamente à pressão
Propano
4 atmosférica e temperatura ambientes normais e se queimam facilmente
Óxido de
no ar
etileno
Líquidos e sólidos que podem se incendiar sob quase qualquer Fósforo
3
temperatura ambiente Acrinonitrila
Materiais que devem ser moderadamente aquecidos ou expostos a 2-Buranona
2
temperatura ambiente relativamente alta, antes haja ignição Querosene
Sódio
1 Materiais que devem ser pré-aquecidos antes de ignição Fósforo
vermelho
0 Materiais que não ardem

c) perigos de reatividade (amarelo):


Risco Descrição Exemplos
Peróxido de
Materiais que por si só são capazes de detonar facilmente ou de ter uma
4 benzoíla
decomposição explosiva ou reação a temperaturas e pressões normais
Ácido pícrico
Diborano
Materiais que por si só são capazes de ter reação de detonação ou
Óxido de
explosão; porém requerem uma forte fonte de ignição; ou devem ser
3 etileno
aquecidos e confinados antes do início; ou reagem explosivamente com
2-Nitro-
água
propadeno
Materiais que por si só são normalmente instáveis e facilmente sofrem
Acetaldeído
alteração química violenta, sem detonação; ou podem reagir
2
violentamente com a água; ou podem formar misturas potencialmente
Potássio
explosivas com água
Materiais que por si só são normalmente estáveis, podendo tornar-se
1 instáveis a temperaturas elevadas; ou reagir com água, com liberação de
alguma energia, porém não violentamente
Materiais que por si só são normalmente estáveis, inclusive quando
0
expostos ao fogo e que não reagem com água

d) especial (branco): losango destinado a informações especiais a respeito do


produto. Por exemplo, podem indicar que o produto é radioativo, mostrando o
símbolo padronizado da radioatividade, ou usualmente reativo com água, mostrando
a letra W em grande tamanho, com traço diagonal cruzando.
20

3 – Pictogramas
Sistema de classificação de modelo europeu, criada pela Comunidade
Europeia em Bruxelas, em 1993, muito encontrado em laboratórios de pesquisa.

Fonte: Comunidade Européia (CE) – Bruxelas, 1993.

4 – Globally Harmonized System – GHS


Sistema criado pela ONU para harmonizar as diferentes normas existentes no
mundo (mesmo produto, classificação diferente), ou seja, é um sistema de
classificação e rotulagem de produtos perigosos harmonizados entre os outros
sistemas de classificação global.
21

Fonte:DESENVOLVIMENTO..Disponível.em:<.http://www.desenvolvi
mento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=818>. Acesso
em: 04 de Janeiro, 2013.

5 – Erros de identificação e transporte inadequado de produtos perigosos

Conforme o Decreto 96044/88 e a Resolução 5232/2016 da Agência Nacional


de Transporte Terrestre com suas instruções complementares regulamentam o
transporte rodoviário de produtos perigosos no Brasil. A identificação de forma
correta para o transporte terrestre, o manuseio, a movimentação e armazenamento
de produtos perigosos é utilizada pela NBR 7500/2013, o que nem sempre é
22

respeitada conforme figuras abaixo:

Figura 8: Erro de identificação no painel de segurança – cor errada.


Fonte: Daniel Campos Correia.

Figura 9: Erro de identificação no painel de segurança e rótulo de risco – número de risco


incompatível.
Fonte: Daniel Campos Correia.
23

Figura 10: Transporte e identificação inadequada.


Fonte: Daniel Campos Correia.

Figura 11: Transporte inadequado e erro de identificação no painel de segurança e rótulo de risco.
Fonte: Daniel Campos Correia.
24

Figura 12: Erro de identificação no painel de segurança.


Fonte: Daniel Campos Correia.

Figura 13: Transporte inadequado, em vez de gás inflamável é transportado água.


Fonte: Daniel Campos Correia.
25

Figura 14: Transporte inadequado (alimento junto com produtos perigosos).


Fonte: Daniel Campos Correia.

CAPÍTULO 4 – NÍVEIS DE CAPACITAÇÃO DO PROFISSIONAL HAZMAT

Seção 1 – Capacitação dos respondedores

Objetivos:
 Apresentar os níveis de capacitação;
 Saber os limites de atuação de cada profissional.

Existem diferentes níveis de capacitação técnica, divididos em cinco níveis de


competência, no entanto as diferenças é que determinarão os limites de atuação de
cada profissional dentro da emergência, garantindo assim a segurança e a qualidade
do atendimento.

Nível I – Básico/Alarme/Reconhecimento
Ao término do Curso de Formação de Praças – CFP e Estágio de Adaptação
de Cabos - EAC, na qual esses militares do CBMGO farão a atividade de
reconhecimento do evento. Entretanto, é o pessoal que no exercício de suas
26

funções normais podem deparar-se com emergência envolvendo PP, tendo


capacidade de:

a) reconhecer a presença de tais produtos perigosos;


b) identificar à distância sinais de vazamentos;
c) proteger-se;
d) não adotar ações operacionais práticas;
e) acionar equipes de emergência; e
f) realizar o isolamento inicial do local.

Respondedores capacitados com esse nível de capacitação não podem


atuar dentro da zona de redução de contaminante e na zona de exclusão, e não
tem competência para o uso de Equipamento de Proteção Individual - EPI específico
para Evento Adverso com Produtos Perigosos - EAPP.

Nível II – Operações
Ao término do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos – CAS e Estágio de
Adptação de Sargentos - EAS, o militar respondedor é responsável pelo primeiro
atendimento ou resposta a emergências com produtos perigosos, tendo capacidade
de:

a) proteger-se;
b) empregar métodos formais de identificação de PP e recipientes envolvidos, além
de prever seus comportamentos e condições que a cercam;
c) realizar preventivamente o isolamento específico do PP do incidente, sem
participação direta no controle de vazamento;
d) definir as áreas de proteção;
e) planejar resposta inicial, empregando ações defensivas, empregando os materiais
e sua adequação para emergência com PP;
f) estabelecer e aplicar procedimentos de controle de cena, incluindo zonas de
controle, a descontaminação de emergência e comunicações; e
g) auxiliar os técnicos em emergência com PP.

O respondedor desse nível será a pessoa que responde a um EAPP, com a


27

finalidade de proteger as pessoas próximas, listar as situações do meio ambiente e


bens e os efeitos da liberação do produto.
Nível III – Técnico
Ao término do Curso de Formação de Oficiais – CFO e Curso de Habilitação
de Oficiais de Administração – CHOA, o militar respondedor a EAPP realizará o
processo de resposta, com base no risco por ele analisado e de liderança na
ocorrência, tendo capacidade de:

a) utilizar todos os tipos de EPI;


b) redefinir áreas de isolamento e de proteção;
c).selecionar e coordenar os procedimentos que serão aplicados na
descontaminação;
d) controlar a utilização dos equipamentos e roupas de proteção disponibilizada;
e) empregar métodos informais de identificação de PP;
f) realizar a análise meteorológica do cenário do EAPP;
g) empregar ações ofensivas para emergências com PP; e
h) dispor acerca do emprego do pessoal nas operações no EAPP.

Nível IV – Especialista
Suporte técnico avançado e independente nas emergências. São Oficiais e
Praças, que se habilitam na função de consultoria e assessoria para os Técnicos e
Comandantes de Incidentes HAZMAT, auxiliando no processo de tomada de
decisões. Realiza atividades de salvamento complexo, uso de equipamentos de
proteção respiratória compatíveis com a realidade da ocorrência, monitoramento
ambiental, transbordo e descontaminações.

a) o auxílio prestado para os técnicos pelos especialistas se dá nos quesitos de


segurança do local, compatibilidade química, processos de descontaminação e
contenção, reatividade, consequências de contaminação, dosagem, perímetros de
segurança, contaminação cruzada e entre outros; e
b) existem diversos tipos de especialistas, definidos pela área de especialidade,
como comando em emergências com produtos perigosos, contenção, transbordo,
identificação, descontaminação, explosivos, gases inflamáveis, gases não
inflamáveis, não tóxicos, gases tóxicos, líquidos inflamáveis, sólidos Inflamáveis,
28

substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos, substâncias tóxicas e substâncias


infectantes, material radioativo, substâncias corrosivas, substâncias e artigos
perigosos diversos.

Nível V – Gerenciamento/Comandante de Incidentes HAZMAT


Oficial responsável pelo comando de incidentes – CI extraordinários com PP.
Além de conhecerem o conteúdo do nível especialista, possuem conhecimentos
para desenvolver ações utilizando a ferramenta do Sistema de Comando de
Incidentes – SCI. O Oficial do nível de Comando de Incidentes HAZMAT é
responsável por todas as ações no incidente, incluindo:

a) desenvolvimento de estratégias;
b) desenvolvimento de táticas;
c) comando de execução das estratégias planejadas; e
d) comando de execução das táticas planejadas.

É de competência do Comandante do Incidente - CI, do Chefe de Operações,


Planejamento e Logística, com a aprovação do primeiro, a articulação com outros
órgãos para obtenção de recursos e liberação dos mesmos para eventos de vulto. A
Corporação recorrerá, sempre que possível, à empresa responsável pelo PP ou
outras instituições especializadas que possam complementar as informações
técnicas operacionais, visando minimizar os danos causados pela emergência.
29

CAPÍTULO 5 – ORGANOGRAMAS E SISTEMAS DE TRABALHO

Seção 1 – Funções dos respondedores

Objetivos:
 Informar cada função dos respondedores no Zoneamento de Área de Trabalho -
ZAT.

Em operação envolvendo PP, deve-se trabalhar com uma equipe


especializada nessa natureza de atendimento, o que exigirá dos integrantes
treinamento voltado a essa atividade. As equipes devem seguir as funções
representadas a seguir:

Chefe de
Operações

Agente de
Segurança

Equipe de Intervenção
Equipe de
– atendimento Equipe de Suporte
Descontaminação
– reconhecimento

Líder de
Líder de Intervenção Líder de Suporte
Descontaminação

Auxiliares de Auxiliares de
Intervenção Descontaminação

Ajudantes de
Descontaminação

Auxiliares de
Auxiliares de
Proteção
Comunicação
Respiratória

Auxiliares de
Auxiliares de Análises
Operações de
Laboratoriais
Defesa Civil

Auxiliares de
Auxiliares de
Emergências
Meteorologia
Médicas

Auxiliares de
Logística
Quadro 3: Sistema de trabalho.
30

1 – Chefe de Operações: responsável pelas ordens e decisões no local da


ocorrência, coordenando as ações das equipes de emergência
(intervenção/descontaminação/suporte). As decisões deverão ser apoiadas nas
informações geradas pelo Agente de Segurança, pois este detém toda a cronologia
e informação de suporte no local. O Chefe de Operações deverá ser sempre que
possível qualificado ou especializado na área de PP ou gerência de desastres,
sendo preferencialmente a autoridade local responsável pela Defesa Civil, visto ser
legalmente competente para atuação no nível municipal, respondendo pelas
informações transmitidas para os órgãos de imprensa.

2 – Agente de Segurança: profissional treinado e especializado, a fim de gerenciar


informações, procedimentos e necessidades das equipes envolvidas. Deverá deter
todas as informações transmitidas pelos chefes de equipes, a fim de gerar subsídios
para o Plano de Segurança de Área – PSA. Terá livre acesso entre as zonas quente,
morna e fria, devendo para isso estar devidamente equipado.

3 – Líder de Intervenção: profissional treinado e especializado, que irá chefiar a


intervenção, ou seja, os procedimentos na zona de exclusão. O líder compõe a
equipe de intervenção, que será dividida em equipe de atendimento e equipe de
reconhecimento para a melhor aplicação de recursos e procedimentos de
contenção/confinamento e salvamento.

4 – Auxiliar de Intervenção: profissional treinado e especializado, que irá auxiliar ao


líder da intervenção em seus procedimentos.

5 – Líder de Descontaminação: profissional treinado e especializado, que irá


determinar o processo, equipamentos, concentração dos químicos neutralizantes e
técnica empregada. Este profissional irá também determinar o local a ser
estabelecido o corredor de redução de contaminação e seu layout, além de
possíveis mudanças por agentes externos, como as variações de risco. Deverá
acompanhar todo o processo de descontaminação primária e secundária, ou seja,
aquela realizada no próprio local do evento, assim como a incumbência de levar
todo o material contaminado para empresa ou local a ser descontaminado e
posteriormente devolvido à origem, ou destinar os materiais contaminados ao
31

descarte adequado. Será responsável pela devolução dos materiais totalmente


descontaminados aos respectivos proprietários ou detentores da carga.

6 – Auxiliar de Descontaminação: profissional treinado que executará os


procedimentos determinados pelo Chefe de Descontaminação.

7 – Ajudante de Descontaminação: profissional encarregado de exercer a ligação


das equipes descontaminadas e a zona fria. Serão responsáveis pelo auxílio na
retiradas de botas, luvas, equipamentos de proteção respiratória e roupas de
proteção. Serão responsáveis ainda pela lavagem de campo, nos casos necessários
e determinados pelo Chefe da Descontaminação.

8 – Líder de Suporte: profissional treinado e especializado, que irá colher e gerenciar


as informações, de forma generalizada, a fim de subsidiar ao Agente de Segurança.

9 – Auxiliar de Meteorologia: responsável pelas informações meteorológicas, como


direção e velocidade do vento, umidade do ar, possibilidade de chuvas, mapa de
nuvens (fotos de satélites) etc. Deverá passar informações de 20 em 20 minutos
para o Líder de Suporte.

10 – Auxiliar de Comunicações: responsável pelas comunicações via rádio ou


telefonia móvel/celular no local do evento, transmissão e recebimento de ordens,
informações e necessidades com os órgãos e autoridades envolvidas.

11 – Auxiliar de Proteção Respiratória: Responsável pelo controle dos equipamentos


de proteção respiratória, como cilindros, máscaras, filtros e etc. Deverá atentar para
o tempo de duração dos cilindros utilizados, realizar todos os testes de segurança
antes da utilização pelas equipes, providenciar a substituição e/ou recarga dos
cilindros, além de todas as ações pertinentes ao uso de proteção respiratória.

12 – Auxiliar de Operações de Defesa Civil: Responsável pelas operações de defesa


civil no local de emergência, ou seja, contatos com empresas e órgãos em sua área,
a fim de obtenção de recursos necessários a operação. Deverá ser esta função
desempenhada, se possível, pelo subchefe da Regional de Proteção e Defesa Civil
32

da OBM da área.

13 – Auxiliar de Análises Laboratoriais: Responsável pelo acolhimento da amostra


do material e posterior análise em laboratórios de órgãos ou empresas
especializadas, a fim de possibilitar a identificação do material ou produto, através
de ensaios laboratoriais.

14 – Auxiliar de Emergências Médicas e Toxicológicas: Profissional da área médica


responsável pelo atendimento no local de emergência. Será o responsável pela
aplicação dos “Kits Hazmat” específicos para os produtos envolvidos na ocorrência.
Sua presença será obrigatória em casos de hemotóxicos, organofosforados e outros
de risco iminente.

15 – Auxiliar de Logística: Responsável pelo controle de todo o pessoal envolvido e


suas respectivas funções, além de todo o material empregado nas operações, com
exceção dos equipamentos de proteção respiratória. Deverá preencher relatório
padrão e remeter ao Líder de Suporte ao final das operações, ou quando lhe
solicitado. Deverá também providenciar e controlar o fornecimento das etapas de
alimentação e líquidos para a manutenção das atividades no local de trabalho.
33

CAPÍTULO 6 – SEQUÊNCIA OPERACIONAL

Seção 1 – Sequência padrão de atendimento às ocorrências

Objetivos:
 Identificação;
 Isolamento;
 Salvamento;
 Contenção/confinamento; e
 Descontaminação.

Quadro de definição de atribuições legais


Corpo de Bombeiros

Guarda Municipal –
Polícia Rodoviária

Aterro Sanitário –
Órgão Ambiental
Órgãos

Transportador
Polícia Militar

Prefeitura
ABIQUIM
Trânsito
Militar

CNEN
Atividades

Identificação Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim

Isolamento Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Sim

Salvamento Sim Não Não Não Não Não Não Não Não

Contenção Sim Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim

Descontaminação Sim Não Não Não Sim Não Sim Não Sim
Zona Quente/Exclusão Sim Não Não Não Não Não Sim Não Não
Zona Morna/Redução de
Sim Não Não Não Não Não Sim Não Não
contaminação
Zona Fria/Apoio Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Quadro 4: Atribuições legais.

O quadro acima relata que os Corpos de Bombeiros Militares são os únicos


órgãos responsáveis por todas as fases de atendimento, no que se refere ao
atendimento a ocorrências envolvendo PP, sendo ainda o único responsável
diretamente pelas ações de salvamento e resgate de vítimas contaminadas
decorrentes do acidente.
34

Seção 2 – Zoneamento das Áreas de Trabalho – ZAT

Objetivos:
 Controlar os níveis de contaminação no atendimento às ocorrências.

2.1 – Zona quente ou zona de exclusão:


Local onde está localizada a origem do acidente. Neste local o risco é
iminente, devendo ser isolado, tendo somente o acesso às equipes de intervenção.

2.2 – Zona morna ou zona de redução de contaminação:


Local que servirá de ligação entre as zonas quente e fria. Neste local será
montado o corredor de descontaminação, tendo o acesso somente às equipes de
descontaminação.

2.3 – Zona fria ou zona de suporte:


Local externo ao acidente, onde o risco será mínimo ou inexistente. Nele
deverão estar localizadas todas as equipes de suporte, além dos órgãos de
imprensa e de apoio, como Defesa Civil municipal e outros. Neste local será também
montado o posto de comando, local de presença do coordenador.

Figura 15 – ZAT.
35

O zoneamento deverá seguir os seguintes fatores e parâmetros:

– direção e velocidade dos ventos;


– topografia do local;
– lençol freático e recursos hídricos da região;
– população local;
– características do material;
– previsões e condições meteorológicas; e
– tempo previsto de trabalho.

Seção 3 – Isolamento

Objetivos:
 Apoiar na segurança dos respondedores, das vítimas, do patrimônio e do meio
ambiente, garantindo a permanência de gerações futuras.
Deverá ter inicialmente de 50 a 100 metros de raio, e posteriormente serem
reavaliados para fins de segurança dos respondedores, vítimas, população e
equipamentos. Os fatores que irão influenciar no aumento ou diminuição do raio de
isolamento inicial são:

a) velocidade e direção do vento;


b) aspectos meteorológicos;
c) reatividade de produtos envolvidos compatíveis ou não; e
d) topografia e hidrografia da região.

Entretanto, a figura abaixo representa ações de proteção, ou seja, a Zona da


ação protetora ou Plano de Segurança de Área - PSA, onde indicará o isolamento:
36

Zona Quente

Zona morna

Zona fria

Posto de
Comando

Figura 16 – Zona de Segurança de Área - PSA.


Fonte: ABIQUIM, 2015.

Representação de acidente com PP e ilustração da zona de ação:

O L

Figura 17 – Zona de Ação Protetora ou Plano de Segurança de Área - PSA.


Fonte: ABIQUIM, 2015.

- Fatores que podem influenciar no dimensionamento do isolamento:


a) Se for dia ou noite;
b) Se há incêndio;
c) Grandes derramamentos;
d) Velocidade do vento;
e) Se o produto ao entrar em contato com água libera gases ou vapores tóxicos por
inalação.
37

Observação:
- O manual da ABIQUIM poderá ser utilizado, devendo ser consultada a tabela de
isolamento (guia verde);
- Quando o produto for identificado, a Ficha de Informação de Segurança do Produto
Químico – FISPQ é de uso obrigatório. Porém, para o melhor atendimento, faz-se
necessário obter todas as informações do PP, podendo ser consulado o manual
NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health, do Instituto Nacional
de Segurança e Saúde Ocupacional e dentres outras formas de identificação.

Seção 4 – Estacionamento

Objetivos:
 Posicionar de forma segura as viaturas de emergências para a efetivação do
atendimento.
Cuidados devem ser tomados quanto ao posicionamento de viaturas no local
dos eventos com produtos perigosos, pois existem peculiaridades específicas de
ocorrências dessa natureza:

4.1 – Ao perceber que o cenário da emergência se aproxima, deve-se posicionar a


viatura o mais distante possível do material perigoso, para que seja providenciada
sua identificação, podendo ser utilizado binóculo para leitura do painel de segurança
e rótulo de risco, quando existir. Recomenda-se a distância de 100m para os casos
de produtos químicos e 300m para explosivos, para o estacionamento inicial da
primeira viatura que comparecer ao local do acidente até que se consiga obter a
identificação do produto. Posteriormente, após a identificação, pode-se remanejar o
posicionamento e estacionamento de acordo com a distância mínima preconizada
pelo manual da ABIQUIM atualizado. Deve-se levar sempre em consideração a
direção do vento, tendo como regra básica o posicionamento com o vento pelas
costas. É importante que essa posição possa variar durante o desenrolar da
ocorrência, devendo a viatura ser mudada de posição sempre que a direção do
vento mudar.
38

Figura 18 – Direção do vento.


Fonte: CETESB, 2016.

4.2 – As viaturas devem ser estacionadas distantes de áreas mais baixas em


relação ao produto. Esta regra vale tanto para líquidos quanto para gases, devendo
também ser levada em consideração a presença de bueiros, porões e tubulações,
onde o material pode espalhar e acumular, comprometendo assim a segurança dos
bombeiros respondedores e viaturas. As condições causadas pelo acidente com
produtos perigosos podem modificar-se rapidamente. Um tambor sinalizado como
„„inflamável‟‟ pode também ser venenoso (outros riscos subsidiários), ou uma nuvem
de vapor em suspensão pode cobrir a aparelhagem. No entanto, não se deve
posicionar-se tão próximo até que uma avaliação completa tenha sido realizada.

Figura 19 – Acidente envolvendo ácido clorídrico em Quirinópolis/GO, grandes riscos de


contaminação de viaturas e respondedores.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
39

Seção 5 – Descontaminação

Objetivos:
 Reduzir a contaminação dos respondedores, vítimas, equipamentos e dentre outros.

Consiste na retirada física dos contaminantes impregnados nos equipamentos


de proteção individual e coletivo, equipes de intervenção, equipe de
descontaminação e vítimas, ou ainda da troca de sua natureza química perigosa
(através de reações químicas) por outra de propriedades inócuas. Entretanto, é um
processo minucioso e não requer rapidez em sua execução.

5.1 – Tipos de descontaminação:


a) descontaminação física: realizada por meio da retirada das partículas físicas em
forma de sólidos, poeiras ou particulado, com o uso de escova ou vassoura de
cerdas macias, a fim de reduzir a quantidade do material envolvido, como é
realizado na cavação, explanação, filtração, aspiração, drenagem e incineração; e

b) descontaminação química: realizada através de reações químicas com o uso de


soluções pré-estabelecidas, denominadas A, B, C, D e E, conforme abaixo, e
realizando com isso a neutralização ou transformação química ou ainda a troca das
propriedades perigosas por outras inócuas. Entretanto, esse tipo de
descontaminação não deve ser realizado diretamente sobre a vítima.

- Soluções para a descontaminação:

Solução A (Solução alcalina):


 5% Carbonato de sódio;
 5% Fosfato trisódico;
 3Kg de cada para 60L de água.

Solução B (Solução de oxidante):


 10% de hipoclorito de cálcio;
 5,4Kg para 60L de água.
40

Solução C (Solução alcalina leve):


 5% de Foslato Trisódico;
 3Kg para 60L de água;
 Pode ser utilizada para enxague das soluções “A” e
“B”.

Solução D (Solução ácida):


 750ml de Ácido Clorídrico diluído para 60L de água.

Solução E (Água e Sabão):


 Solução simples de água e sabão neutro.

O quadro de incompatibilidade para a descontaminação envolvendo produtos


perigosos em campo segue abaixo.

Soluções para descontaminação


Família / Grupo Químico Solução para descontaminação
Ácidos inorgânicos, PCB (bifenila policlorada) A,E
Metais (mercúrio, chumbo, cádmio, etc) B, E
Pesticidas, fenóis clorados e dioxinas B, E
Inorgânicos (cianetos, amônia) B, E
Solventes e organoclorados A, C, E
PBB (bifenila policbromada) ou PCB A, C, E
Óleos e graxas C, E
Bases, álcalis e cáusticos D, E
Radioativos E
Substâncias infectantes A, B, E
Outros contaminantes A, B, E
Quadro 5: Quadro de incompatibilidade química – Redução de contaminação.
Fonte: CETESB, 2017.

5.2 – Métodos de descontaminação


Pode ser realizada por meio de diversos métodos, sendo que a escolha do
método mais apropriado a cada situação dependerá da natureza específica da
substância envolvida. No entanto, em algumas situações, apenas um método será
suficiente, enquanto que em outras será necessária à combinação de métodos.
41

a) diluição: consiste na redução da concentração do contaminante a níveis não


perigosos, que pode ser realizada com a utilização de água. É eficiente,
principalmente, se o produto não penetrar na roupa. Esta técnica é a mais
comumente aplicada.

b) dissolução: consiste na adição de uma substância intermediária durante o


processo de descontaminação. Por exemplo, a utilização de querosene como
produto intermediário para descontaminação de óleo combustível.

c) surfactação: aplicado para melhorar a limpeza física. É importante instrumento de


checagem da dissolução. Fosfato trissódico é o agente surfactante mais comumente
utilizado. Detergentes industriais também podem ser utilizados;

d) neutralização: normalmente utilizado em substâncias corrosivas. Por exemplo,


quando ácido está envolvido, uma base pode ser utilizada para a descontaminação
e vice-versa. Sempre lembrando que existe a concentração do produto, a reação
físico-química, a quantidade do produto a ser neutralizado;

e) solidificação: técnica baseada na aplicação de agentes gelatinizantes, os quais


solidificam o contaminante, facilitando a remoção; e

f) aeração: técnica simples e eficiente, realizada por meio da aplicação de vapor


d‟água no material contaminado. Apresenta bons resultados em produtos voláteis.

5.3 – Procedimentos/protocolos de descontaminação


Os modelos são realizados quando houver necessidade, sendo 3 tipos de
leiaute (layout) para montar os corredores de descontaminação:

a) Modelo 1 – Risco Leve – Básico (layout H): modelo de corredor de


descontaminação básico e de risco leve, dividido em 7 estações, onde cada uma
delas tem materiais específicos e procedimentos a ser executados pelas equipes na
zona morna ou de redução de contaminação, conforme quadros e figuras abaixo:
42

Estação Materiais Procedimentos


Tambores e
Dispensa de
1 sacos
equipamentos
plásticos
Piscina
Lavagem e
plástica,
rinsagem das
soluções,
2 botas, luvas e
escovas de
roupas
pelo e bomba
capsuladas
costal
Sacos Remoção das
3 plásticos e botas e luvas
banqueta externas
* A partir da Estação n. 3, o socorrista irá para a
Estação n. 4 (caso retorne para a zona quente) ou
passar diretamente para a base n. 5 (caso seja
substituído por outra equipe)
Troca de
Cilindro reserva,
cilindro de ar
fita adesiva,
4 e retorno para
luvas e botas de
a zona quente
reserva
Remoção das
botas e luvas
Sacos plásticos internas e
5
e banqueta roupa
encapsulada

Retirada do
Sacos plásticos
6 EPR
e banqueta
Água, sabão Lavagem de
7 neutro, mesa, campo
toalhas e roupão

O efetivo está condicionado às características da unidade operacional do


Corpo de Bombeiros Militar que atenderá o evento, o que determinará alterações no
número da equipe de intervenção, descontaminação e suporte.

Figura 20 – Layout H.
43

- Procedimentos nas estações:

Estação 1: depositar os equipamentos utilizados em campo (ferramentas, materiais


coletados, instrumentos de medição e rádios), separados por tipo ou grau de
contaminação. Os equipamentos que não podem ser descontaminados no local
(principalmente aparelhos elétricos ou eletrônicos) deverão ser embalados em
invólucros apropriados;

Estação 2: lavar botas e luvas. Lavar completamente a roupa de proteção externa e


máscara autônoma. Esfregá-las com escovas de mão ou escovas de cerdas macias
e utilizar a solução de descontaminação apropriada ou detergente e água.
Embrulhar o conjunto de válvulas da máscara autônoma com plástico para evitar o
contato com a água. Lavar o cilindro com esponjas ou pano. Enxaguar com água. O
produto resultante da lavagem (resíduos) deverá ser embalado em tambores ou
contêineres, para posterior descarte;

Estação 3: remover botas e luvas externas e depositá-las em invólucros plásticos;

Estação 4: fechar o fornecimento de ar e desconectar a traqueia da máscara;


remover o cilindro de ar e colocá-lo em recipiente adequado. Instalar outro cilindro
carregado. Complementar equipamento de proteção. Esta estação é utilizada
apenas pelos bombeiros que retornarão à zona principal;

Estação 5: remover a roupa de proteção com o auxílio de um integrante da equipe


de descontaminação. Colocá-la em invólucro plástico;

Estação 6: remover a máscara facial e colocá-la num invólucro plástico. Evitar


contato da mão com o rosto. Remover o restante do aparelho autônomo. Remover a
roupa interna e colocá-la num invólucro plástico. Esta roupa deve ser removida o
quanto antes, uma vez que há a possibilidade de que uma pequena quantidade do
contaminante tenha contaminado as roupas internas durante a remoção da roupa de
proteção;

Estação 7: lavar as mãos e o rosto vigorosamente e tomar banho. Observar que os


contaminantes envolvidos podem ser altamente tóxicos, corrosivos ou capazes de
serem absorvidos pela pele.
44

Figura 21 – Estação 1. Figura 22 – Estação 2.

Figura 23 – Estação 3. Figura 24 – Estação 4.

Figura 25 – Estação 5. Figura 26 – Estação 6.

Figura 27 – Estação 6. Figura 28 – Estação 7.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
45

Figura 29 – Corredor de redução de contaminação, básico, risco leve com sete estações.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

b) Modelo 2 – Risco Moderado – Padrão:


Estação Materiais Procedimentos
Tambores e sacos Dispensa de
1
plásticos equipamentos
Piscina plástica, Lavagem das botas
2 soluções, escovas de de segurança e
pelo e bomba costal roupas
Piscina plástica,
Rinsagem das botas
3 soluções, escovas de
e roupa
pelo e bomba costal
* A partir da Estação n. 3, o socorrista irá para a Estação n. 4
(caso retorne para a Zona Quente) ou passar diretamente
para a base n. 5 (caso seja substituído por outra equipe)
Cilindro reserva, fita Troca de cilindro de
4 adesiva, luvas e botas ar e retorno para a
de reserva Zona Quente
Sacos plásticos e Remoção das botas
5
banqueta de segurança
Remoção da Roupa
Banqueta, cabides e
6 encapsulada e
lonas plásticas
capacete
7 Mesa Retirada do EPR
Remoção da
8 Sacos plásticos
máscara facial
Remoção da
9 Sacos plásticos
vestimenta interna
Água, sabão neutro,
10 mesa, toalhas e Lavagem de campo
roupão
Uniforme reserva e
11 Troca de uniforme
mesa
46

c) Modelo 3 – Avançado – Risco Extremo:


Estação Materiais Procedimentos
Tambores e sacos
1 Dispensa de equipamentos
plásticos
Piscina plástica, soluções,
Lavagem da cobertura das
2 escovas de pelo e bomba
botas e luvas externas
costal
Piscina plástica, soluções,
Rinsagem da cobertura das
3 escovas de pelo e bomba
botas e luvas externas
costal
4 Sacos plásticos Remoção das fitas adesivas.
Sacos plásticos e Remoção da cobertura das
5
banqueta botas
6 Sacos plásticos Remoção das luvas externas
Piscina plástica, soluções,
Lavagem das botas de
7 escovas de pêlo e bomba
segurança e roupa
costal

Piscina plástica, soluções,


8 escovas de pelo e bomba Rinsagem das botas e roupa
costal

* A partir da Estação n. 8, o socorrista irá para a Estação n. 9 (caso


retorne para a Zona Quente) ou passar diretamente para a base n.
10 (caso seja substituído por outra equipe)
Cilindro reserva, fita
Troca de cilindro de ar e
9 adesiva, luvas e botas de
retorno para a Zona Quente
reserva
Sacos plásticos e Remoção da bota de
10
banqueta segurança
Banqueta, cabides e lonas Remoção da Roupa
11
plásticas encapsulada e capacete
12 Mesa Retirada do EPR
Bacia plástica, solução
13 química, reserva de água e Retirada das luvas internas
sacos plásticos
14 Sacos plásticos Remoção da máscara facial
Remoção da vestimenta
15 Sacos plásticos
interna
Água, sabão neutro, mesa,
16 Lavagem de campo
toalhas e roupão
17 Uniforme reserva e mesa Troca de uniforme
47

CAPÍTULO 7 – NÍVEIS DE PROTEÇÃO OU TRAJES

Seção 1 – Fatores, requisitos e equipamentos de proteção a serem utilizados


no atendimento envolvendo produtos perigosos

Objetivos:
 Selecionar os níveis de proteção conforme o risco;
 Saber os equipamentos a serem utilizados para cada traje;
 Observar os fatores de risco na escolha correta do traje.

São equipamentos destinados a evitar contaminação das equipes de


atendimento a eventos envolvendo produtos perigosos. Podem ser classificados
como encapsulado e não encapsulado, de acordo com os níveis de proteção.

1.1 – Fatores a serem considerados no uso da roupa de proteção:

a) risco do agente perigoso agressor;


b) características toxicológicas, físicas e químicas;
c) vias de penetração no organismo;
d) concentração do material perigoso no ambiente;
e) disponibilidade de equipamentos/recursos;
f) treinamento do pessoal envolvido nas ações;
g) tempo de exposição do respondedor ao agente contaminante;
h) tipo de trabalho requerido; e
i) fatores meteorológicos, como vento, chuva, temperatura, dentre outros fenômenos
ambientais.

1.2 – Requisitos para o uso dos trajes de proteção:

a) resistência contra as substâncias;


b) não sofrer danos por esforços mecânicos, como cortes e furos;
c) não deve ser afetada por “diferenças de temperaturas”;
d) retardante de chamas;
48

e) dielétrica/isolante;
f) proteção contra poeiras químicas, biológicas e radioativas;
g) não acumular calor interno; e
h) não impedir movimentação ou comunicação.

Observação:
As roupas de proteção contra contaminação foram desenvolvidas para
proteger a pele do usuário da contaminação acidental. No entanto, não existe
tecido capaz de resistir a todos os materiais perigosos, assim será utilizada de
acordo com o risco existente no acidente e deve-se definir o grau de proteção
exigido na operação independente do estado físico do PP.

NÍVEIS DE PROTEÇÃO

– Nível A ou encapsulada valvular:


Nível de proteção utilizado quando a proteção para a pele, olhos e trato
respiratório deve ser altíssima, é totalmente encapsulada valvular. Indicada quanto
ao risco de vazamento de gases, vapores, nuvens ou contaminantes dispersos no ar
ou substâncias desconhecidas.

 Equipamentos indicados para compor o traje Nível A:


a) equipamento autônomo de pressão positiva;
b) roupa de proteção, totalmente encapsulada;
c) luvas de proteção química interna e externa;
d) botas quimicamente resistentes, com palmilha, caneleira e biqueira em aço;
e) capacete de uso interno (opcional);
f) macacão de algodão de uso interno; e
g) rádio de comunicação intrinsecamente seguro.
49

Figura 30 – Nível A ou Encapsulada Valvular.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Nível B ou encapsulada não valvular:


Traje indicado quando o maior nível de proteção respiratória é necessário,
como o sistema de proteção autônomo. No entanto, possui nível menor de
proteção para pele e para os olhos quando comparado ao encapsulado valvular.
Não oferece totalmente proteção para gases/vapores, mas sim para líquidos ou
sólidos que estejam em suspensão, ou seja, é indicado quando não existem
contaminantes dispersos no ar. Portanto, é o nível mínimo de proteção
recomendado em situações de início de entrada, até que o risco seja descoberto e
avaliado.

 Equipamentos indicados para compor o traje Nível B:

a) equipamento autônomo com pressão positiva;

b) roupa de proteção (uma ou mais peças);

c) luvas internas e externas de proteção química;

d) botas com resistência química com palmilha e biqueira de aço, ou bota interna ou
externa de proteção química;

e) capacete de uso interno;

f) rádio de comunicação intrinsecamente seguro.


50

Figura 31 - Nível B ou Encapsulada não Valvular - Treinamento.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Nível C ou não encapsulado:


Traje indicado quando o contaminante é conhecido e sua concentração
medida ou monitorada, estando às proteções respiratórias de acordo com os
padrões mínimos para proteção eficiente. No entanto, essa proteção é indicada para
sólidos e líquidos que não desprendem vapores.
Esse nível de proteção, dependendo do produto perigoso e da situação,
poderá ser utilizado o equipamento de proteção respiratória autônomo – EPRA.

 Equipamentos indicados para compor o traje Nível C:


a) máscara facial e filtro apropriado;
b) roupa com resistência química (macacão, conjunto de duas peças com capuz,
roupa descartável, dentre outros);
c) luvas externas com resistência química;
d) luvas internas com resistência química;
e) botas externas com palmilha e biqueira de aço;
f) botas internas com resistência química;
g) roupas internas;
h) capacete;
i) rádio de comunicação intrinsecamente seguro; e
j) máscara de fuga (opcional).
51

Figura 32 - Nível C ou não Encapsulada.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Nível D:
Traje utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais não
sujeitos a riscos de contaminação, não prevenindo contra riscos envolvendo
produtos perigosos.

 Equipamentos que compõem o nível D:


a) macacões, uniformes ou roupas de trabalho;
b) botas ou sapatos de couro ou borracha resistentes a produtos perigosos;
c) óculos ou viseiras de segurança; e
d) capacete.

Figura 33 – Nível D.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
52

CAPÍTULO 8 – PROCEDIMENTOS E PADRÃO DE ATENDIMENTO

Seção 1 – Casos suspeitos de ebola

Objetivos:
 Direcionar o atendimento aos órgãos responsáveis;
 Executar o atendimento de forma segura.

O Ministério da Saúde e a ANVISA estabelecem condutas para atendimento a


casos suspeitos e confirmados em estabelecimento de saúde e transporte de
pacientes.
O ebola é uma doença de notificação compulsória imediata. A notificação
deve ser realizada pelo profissional de saúde ou pelo serviço que prestar o primeiro
atendimento ao paciente, pelo meio mais rápido disponível, de acordo com a
Portaria n. 1.271, de 6 de junho de 2014.
Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente às autoridades de
saúde das Secretarias Municipais, Estadual e à Secretaria de Vigilância em Saúde,
pelo telefone 0800-6446645, e-mail notifica@saude.gov.br ou formulário eletrônico
no site da SVS.

- Sequência de atendimento a ser realizada pelo CBMGO:

a) acionar a viatura devidamente preparada e tripulada por equipe treinada, que já


deve sair da OBM utilizando o EPI adequadamente;
b) chegar ao local de atendimento em residência ou em via pública, munido de kit
para vestir a vítima (roupa de nível C impermeável ou não encapsulada) e levá-la até
a viatura para remoção até o Hospital de Referência (Hospital de Doenças Tropicais
– HDT);
c) não realizar procedimentos na vítima até a chegada ao hospital;
d) após deixar a vítima no HDT, não retirar o EPI; e
e) a equipe deverá prosseguir na viatura com o EPI utilizado até o local de
desinfecção da viatura que deverá ser realizado por equipe designada pelo
Comando desta operação.
53

- Sugestão de viatura para caso de Ebola:

Figura 34 – Viatura equipada (envelopada) para caso de Ebola.


Fonte: Record.

Seção 2 – Suspeita de atentado utilizando produto perigoso:

Objetivos:
 Acionar outras instituições caso necessário;
 Executar sequência correta do atendimento conforme sua natureza.

Na suspeita de atentado utilizando produto perigoso, se o criminoso estiver no


local, o respondedor atenderá a ocorrência com o auxílio de polícia especializada.
Considerando que nessas ocorrências não se conhece o material utilizado no
atentado, deve-se no primeiro momento o respondedor, detectar a presença de
radiação ionizante. Caso não haja presença de radiação, dever-se-á coletar
amostras para verificar a existência de agentes biológicos e por último realizar a
descontaminação química.
54

Seção 3 – Formas de contenção/confinamento:

Objetivos:
 Saber utilizar substâncias de baixo custo para contenção.
 Otimizar o uso de equipamentos e o efetivo.
 Utilizar a melhor técnica de contenção.

Observações:
O vazamento/derramamento de um material perigoso líquido tenderá a
acumular-se no solo, dando origem à formação de uma poça. O tamanho dessa
poça dependerá da sua taxa de alimentação, das características do produto, do
tipo de solo e da presença de obstáculos.
O evento subsequente quando se forma a poça, é a evaporação do produto,
diluindo no meio ambiente. A taxa de evaporação dependerá do tamanho da poça,
da troca térmica com o ar e o solo, da velocidade do vento, do tipo de solo e
das características do produto, como a volatilidade e pressão de vapor do
material.
Quanto maior o tamanho da poça maior será a taxa de evaporação do
produto. No entanto, torna-se fundamental conter o líquido derramado,
propiciando uma taxa elevada de evaporação e a formação de uma nuvem muito
concentrada na atmosfera.
A velocidade do vento também influencia a taxa de evaporação. Uma maior
velocidade do vento propicia uma maior remoção dos vapores acima do líquido,
acelerando o processo de evaporação.
Este manual apresentará três técnicas para o controle de derramamentos de
produtos líquidos, como desvio, dique de contenção e retenção de produto.
A técnica de desvio consiste no deslocamento controlado de um líquido de
uma área para outra, na qual os efeitos ao homem e ao ambiente possam ser
reduzidos. A técnica de dique de contenção consiste na utilização de uma ou mais
barreiras, para conter ou controlar o deslocamento de líquidos de uma área para
outra. Na técnica de retenção consiste na contenção temporária de um líquido em
uma determinada área.
55

Fatores para aplicar a melhor tática:


- Tempo disponível para as ações;
- Disponibilidade de recursos humanos e materiais;
- Potencial de risco oferecido pelo produto.
Exemplo:
Uma equipe de resposta identifica um escoamento de óleo diesel na direção
de uma drenagem natural e a uma velocidade que não permitirá a construção de um
dique. No local não existe recursos humanos e materiais suficientes para a
construção de diques ou de um tanque de retenção. Nesse caso, a equipe poderá
concluir que o desvio daquele produto será a ação mais apropriada para o controle
do seu deslocamento, de forma a impedir que a mesma possa atingir a drenagem
natural.

3.1 – Desvio
Podem ser utilizados diversos substratos como barreira (terra e areia), para
desviar material perigoso. O desvio é realizado antes da chegada do líquido ao local
a ser protegido, a utilização desses materiais é muito prática e quase sempre,
estarão disponíveis.
O desvio deve ser construído de maneira adequada. Um pequeno desvio,
cada respondedor deverá utilizar ferramentas para cavar e preparar o solo. No
mesmo momento em que um respondedor prepara o solo, o segundo respondedor
recolhe e amontoa o material recolhido nos locais escolhidos e um terceiro
respondedor realiza a sua compactação. Assim, continuar até que o desvio esteja
terminado.
Poderão ser utilizados equipamentos pesados para a construção de um
desvio, em casos envolvendo grandes derramamentos de líquido.

3.2 – Construção de dique de contenção


Em locais de armazenamento ou tanques fixos, existem normas técnicas
específicas que regulamentam a construção do dique de contenção, de acordo com
produto perigoso ali armazenado. Os respondedores, no momento da ocorrência,
deverão construir o dique, não apenas as partes interna e externa, mas também
quando o acidente envolver o transporte. Contudo, não há normas específicas para
tal construção, e sim orientações gerais.
56

– Características:
A primeira característica na construção do dique de contenção é que poderá
ser construído com qualquer material disponível nas proximidades do
derramamento/vazamento, mas o respondedor deverá tomar cuidado para que o
produto perigoso a ser contido não reaja com o material do dique. Entretanto, podem
ser utilizados na construção materiais comuns como areia, terra, pedras,
substâncias compatíveis de baixo custo (cimento, cal virgem e entre outros)
ou detritos diversos, sendo assim, é uma atividade de baixo custo e que exigirá
pouca mão de obra, contando com duas a quatro pessoas.

Figura 35 – Acidente atendido pelo CBMGO em Quirinópolis envolvendo ácido clorídrico.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Em caso de agravamento do acidente ou em situações mais severas, pode


ser utilizado qualquer material ensacado para a construção da contenção, como
sacos de areia/terra ou serragem. Entretanto, o respondedor tem que ter ciência de
que com o passar do tempo poderá haver a contaminação da sacaria devido à
penetração do produto perigoso, e para evitar ou mitigar tal contaminação e
formação de resíduos, pode-se cobrir o dique de contenção com lonas fabricadas
em plásticos resistentes.
57

Figura 36 – Acidente atendido pelo CBMGO em Quirinópolis envolvendo ácido clorídrico.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Para a construção do dique de contenção deve-se respeitar sempre que


possível os seguintes aspectos:

a) no início do processo, o material mais pesado deve reforçar a base;


b) em seguida, a camada mais leve por cima;
c) utilizar lonas plásticas, quando houver tempo, podendo ser colocada entre as
camadas internas e externas do dique; e
d) para estabilização, além de compactado, recomenda-se que a base da barreira de
contenção tenha o dobro de sua altura.

– O que dever ser considerado na construção da barreira de contenção:

a) tempo necessário para conter o material perigoso derramado;


b) quantitativo de pessoal e materiais; e
c) quantidade derramada e o quanto ainda poderão derramar.

No momento em que se escolhe a técnica para o dique de contenção, o


próximo passo é decidir se vai ser realizado de forma manual ou por meio de
equipamentos pesados, como retroescavadeira, pá carregadeira, dentre outros,
que podem ser solicitados na prefeitura local ou acionados pelo Plano de
58

Contingência. No entanto, para evitar-se o agravamento do acidente, o respondedor


solicitará outros setores para verificar a existência de cabos elétricos, dutos e
tubulações de água, enterrados na região do evento.

Figura 37 – Acidente atendido pelo CBMGO em Quirinópolis envolvendo ácido clorídrico, com o uso
de pá mecânica na contenção.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Cuidados, condições e medidas:

a) o tipo de barreira dependerá da taxa de produto derramado ou vazado, da


velocidade de deslocamento e da quantidade de produto envolvido, ou seja, em
líquidos mais densos ou de baixa velocidade de deslocamento, podem ser contidos
em BARREIRAS CIRCULARES;

b) caso o produto perigoso seja inflamável, o respondedor deverá adotar medidas


necessárias para evitar a ignição por componentes elétricos, principalmente quando
envolve energia estática ou energia do próprio maquinário utilizado na construção.
Porém, para o mesmo risco, aplica-se a espuma química ou sintética para evitar a
concentração ideal de explosividade/inflamabilidade no ambiente;

Cuidado:
Em sitações com inflamáveis, não se deve utilizar Roupas
confeccionadas em plástico, a menos que ofereçam também proteção térmica
contra “Flash Over”, caso contrário, somente usar roupa de proteção térmica
com EPRA.
59

c) quando o líquido possuir característica física de baixa viscosidade e o solo


apresentar alta permeabilidade, os recursos de recolhimento do PP ou contenção
devem ser mobilizados o mais rápido possível;

d) os materiais perigosos que se deslocam em alta velocidade no meio ambiente


podem ser confinados com barreiras construídas em área baixa no terreno, em
forma de letra V;

e) em operações de atendimento são comuns as barreiras de contenção sofrerem


alterações, devido à pressão exercida do produto e por causa da ação das chuvas,
necessitando de reparos constantes e de quantidade maior de material para a
construção do dique. No entanto, para prevenir essas ações, é aconselhável
construir o segundo dique de contenção próximo ao primeiro, evitando o
transbordamento do PP.

3.3 – Retenção
Em ocorrência envolvendo PP, não havendo a possibilidade de construção de
um desvio ou de diques, torna-se a melhor opção a retenção do produto
derramado/vazado em uma vala/bacia/tanque de contenção.
Logo, a retenção consiste em uma contenção temporária de um líquido em
uma determinada área, onde o mesmo poderá ser absorvido/adsorvido,
neutralizado, diluído ou transferido para outro local.
Devido o fluxo do produto e do pequeno número de respondedores em
campo, não é viável a construção de um desvio ou de um dique. Assim, a retenção
do material perigoso é a técnica mais indicada, podendo ser realizada de duas
maneiras:

Primeira opção: Retenção do produto na própria caixa de drenagem de águas


pluviais.

- Critérios:
1ª ação: É o revestimento da caixa com uma lona, a qual deverá ser escorada por
objetos pesados ou areia e pedra.
60

- Finalidades:
1ª - Impedir que o produto atinja a tubulação de saída da caixa;
2ª - Minimizar a contaminação da caixa, reduzindo a geração de resíduos.

2ª Ação: Aplicação de água no fundo da caixa, até aproximadamente 50 cm abaixo


do nível do solo.

- Objetivo: Manter o produto longe da tubulação de saída da caixa de drenagem,


mantendo-o na superfície da água.

3ª Ação: Realizar o controle do fluxo de produto.


Eficiente apenas para os produtos líquidos que sejam insolúveis e menos
densos que a água, que são a maioria dos solventes, do petróleo e seus derivados
claros como a gasolina e óleo diesel, e escuro como óleos lubrificantes ou
combustíveis.

Observação:
Produto contido na caixa poderá evaporar, criando um risco adicional. Em
casos de pequenas quantidades tenham sido derramadas, pode-se cobrir o produto
com lonas. Para o caso de grandes derramamentos, pode-se aplicar espuma sobre
o material contido, para prevenir a sua evaporação.

Segunda Opção: é a retenção do material derramado/vazado em uma vala


escavada no solo e revestida com lona plástica, com objetivo de evitar a
contaminação do solo.

- Critérios: A construção da vala de contenção dependerá dos recursos humanos e


materiais disponíveis, da quantidade de produto derramado e do tempo, realizada
por meio de equipamentos pesados como pás-carregadeiras ou retroescavadeiras.

3.4 – Contenção no ar atmosférico


Acidentes envolvendo a liberação de gases, vapores ou de materiais
particulados, é o estado da matéria que apresenta grande mobilidade no ambiente
e pode se mover rapidamente dependendo:
61

- Velocidade e direção do vento;


- Umidade e temperatura;
- Potencial para atingir grandes áreas, podendo requerer a evacuação de pessoas
nas proximidades.
Uma vez formada, a nuvem se deslocará com o vento e se diluirá na medida
em que se misturar com o ar, até o instante em que a concentração do produto,
inflamável ou tóxico, não represente mais um risco potencial.

As dispersões de uma nuvem na atmosfera se processam basicamente


devido a:

- Função da velocidade do vento;


- Temperatura ambiente;
-.Presença de obstáculos e das características do produto e do
derramamento/vazamento.

A atmosfera é caracterizada por dois tipos de turbulências, como a Vertical e


Horizontal:

- A Turbulência Vertical é provocada pela temperatura, existente entre diferentes


altitudes, acarretando num fluxo contínuo de correntes de ar. Isto significa que um
produto vazado, seja no instante inicial do vazamento ou decorrido algum tempo
para sua dispersão na atmosfera, tende a subir, pois encontra estratos mais frios,
provocando assim a diluição da pluma.
- A Turbulência Horizontal é provocada basicamente pela ação do vento que tem o
efeito de empurrar a nuvem na direção das correntes horizontais, gerando
alargamento da pluma em razão do ingresso de ar lateral. No entanto, a temperatura
ambiente é o principal fator que determina a dispersão de uma nuvem na atmosfera
e não o vento.
A temperatura ambiente durante o dia é maior do que à noite, por isso as
correntes de ar verticais são bem mais intensas durante o dia. Assim, nuvens
formadas durante o período diurno tendem a se dissipar mais rapidamente do que
as nuvens formadas durante o período noturno. No período noturno, além das
62

dificuldades em se visualizar a nuvem ou mobilizar recursos, as condições


ambientais não são favoráveis à dispersão do produto na atmosfera.

Procedimentos:

1º procedimento:
- Aplicação de uma neblina d’água sobre a nuvem na atmosfera, de modo a
restringir ao máximo o seu espalhamento no ambiente. Esta neblina d´água deve
estar posicionada entre a nuvem e a população a ser protegida.

Figura 38 – Acidente atendido pelo CBMGO em Goiânia/GO envolvendo gás tóxico, com o uso de
neblina d‟água na contenção, 2009.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

A eficiência desta ação será maior quando o produto envolvido for solúvel
em água, como ocorre com a amônia, ou se o produto reagir com a água, como
ocorre com o cloro, cuja reação gera a formação de ácido clorídrico. Ao se aplicar
neblina d‟água sobre a nuvem ocorrerá a sua solubilização e deposição do resíduo
no solo.
Já quando envolve materiais insolúveis em água, como o GNV/GLP, a
neblina d'água deverá ser utilizada, pois atuará como um bloqueio físico ao
deslocamento da nuvem.
63

2º Procedimento:

- Aplicar um Sistema de Ventilação, possibilitando a diluição do PP.


Quando envolve espaços confinados, deve-se promover a exaustão dos
vapores por meio de exaustores intrinsecamente seguros, visando evitar possível
ignição de gases ou vapores inflamáveis.

3.5 – Contenção na água


Efeitos indesejados acontecem quando PP entram em contato com a água,
alguns produtos poderão reagir quando entrarem em contato com a água,
resultando na formação de outro material, que muitas vezes são mais tóxicos do
que os produtos que reagiram.
Devido à solubilidade do PP em água, quando derramados em algum corpo
d´água, irão misturar e se distribuírem na coluna de água, o que dificultará as ações
de contenção e remoção. Assim as ações de resposta terão caráter passivo, ou
seja, será realizado através de monitoramento da qualidade do corpo d´água e a
orientação da população que vive nas adjacências da contaminação.
Outra possibilidade de contaminação é quando PP for insolúvel/imiscível na
água, como os derrames de petróleo, de combustíveis (óleo diesel, gasolina,
querosene) e da grande maioria dos óleos lubrificantes, que possuem densidade
menor do que a da água. Assim, verificar a possibilidade de contenção e
recolhimento.

Figura 39 – Acidente atendido pelo CBMGO em Goiânia/GO envolvendo derivados de petróleo,


contaminação do Rio Meia Ponte.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2015.
64

Esses procedimentos deverão ser realizados junto ao agente causador do


acidente e aos órgãos fiscalizadores correlatos.
Conforme algumas literaturas, o comportamento dos produtos na água está
relacionado a três propriedades, como a pressão de vapor, densidade e
solubilidade. Ainda podem apresentar um perigo potencial ao homem e/ou meio
ambiente. Esses perigos estão associados a:

- Toxicidade por inalação;


- Inflamabilidade;
- Radioatividade;
- Corrosividade;
- Carcinogenicidade;
- Ecotoxicidade;
- Bioacumulação e Persistência.

Ações de contenção e recolhimento em corpos d´água aplicam-se,


normalmente, para produtos insolúveis e mais leves/baixa densidade, ou seja, o
contaminante fica na superfície da água, como “sobrenadantes”.
Já para os produtos solúveis ou miscíveis, os procedimentos para contenção
serão viáveis se o corpo d´água for de pequeno porte.

Procedimentos:
A contenção de PP é realizada por meio de barreiras de contenção e
materiais absorventes. Esse procedimento será realizado quando o corpo d´água
apresenta reduzidas dimensões e/ou vazões.
65

Figuras 40 – Acidente atendido pelo CBMGO em Goiânia/GO envolvendo derivados de petróleo,


contaminação do Rio Meia Ponte, contenção com uso de mantas absorventes.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2015.

Estes métodos de contenção são eficientes quando utilizados com estrutura


logística apropriada e material suficiente no tocante à quantidade de contaminante.
Deverão ser consideradas as condições meteorológicas como as precipitações
hídricas e as dimensões e/ou vazões quando for utilizar as barreiras de contenção.
Caso esteja chovendo e a velocidade de vazão esteja alta, não serão aplicáveis os
adsorventes.

Figura 41 – Contenção inadequada de uso de mantas absorventes.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2015.

Tem observado em algumas emergências no exterior o uso de novas técnicas


de atendimento, como o uso de biorremediação e a queima in situ
(queima controlada do PP na superfície da água).
66

A biorremediação tem por finalidade acelerar a biodegradação do óleo,


enquanto que a queima in situ, de forma controlada e intencional, remove por
combustão a substância da superfície da água transferindo o resíduo à atmosfera.
Como são técnicas que ainda estão sendo avaliadas e não são amplamente aceitas,
caso haja interesse em utilizar tais técnicas, o órgão ambiental estadual ou federal
deverá ser consultado.

3.6 – Estanqueidade
Procedimentos que podem ser utilizados vários equipamentos, como
batoques, massas de vedação, tiras de borracha, fitas adesivas especiais e
equipamentos improvisados. Esses recuros podem ser utilizados para estancar
vazamentos em tanques, tambores e tubulações.

- Os batoques geralmente são utilizados junto com martelo, de preferência de


borracha ou de material não faiscante. Também são confeccionados em diversos
materiais como madeira, PVC, Teflon, Latão e Alumínio.

Cuidado: Caso não houver a possibilidade de descontaminação dos batoques de


madeira após serem utilizados, devem ser descartados e incinerados. Esse reparo é
provisório, e tem como finalidade de permitir a transferência do material para outro
local ou recipiente que não ofereça risco de contaminação.

Figura 42 – Contenção com tiras de borracha para estanqueidade de vazamento Químico –


Treinamento GOPP/COPP.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2012.
67

Em uma ocorrência envolvendo tubulações for encontrado um buraco/furo


entre uma ou duas válvulas de controle de fluxo, estas deverão ser fechadas, de
modo a se isolar o trecho envolvido. Após a queda da pressão e da taxa de
vazamento, o orifício poderá ser vedado com batoques, tiras de borracha e/ou
fitas adesivas (CETESB, 2017).

Figura 43 – Conjunto de batoques.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2012.
Os respondedores envolvidos na contenção do PP devem ter uma elevada
capacidade de improvisação e que seja familiarizada com as técnicas para envitar
contaminação.
Outro reparo provisório seria as massas de vedação, como resinas, do tipo
epoxi, ou de material que, ao se adicionar água, formará uma “pasta” que deverá ser
aplicada diretamente sobre o vazamento a ser estancado.
Observações:
- Cerca de quatro horas após a aplicação do reparo a água evapora e a “pasta” vai
se danificar, voltando o vazamento.
- A massa de vedação deve ser aplicada em embalagens de pequeno porte, pois
estas não suportam colunas de produto acima de dois metros.
- Os materiais utilizados devem ser compatíveis com os PP envolvidos nos
acidentes.
68

Figura 44 – Acidente atendido pelo CBMMS com a utilização de massa de vedação - sabão.
Fonte: Nayara de Souza Olarte, 2017.

3.6 – Absorvente/adsorventes

São classificados em quatro grupos:


- Orgânicos naturais: extraídos de matérias orgânicas, é aplicado diretamente
sobre os PP a serem absorvidos sem que tenham sofrido qualquer tipo de
tratamento químico ou físico.
Exemplos: cortiça, palha, feno, bagaço de cana-de-açúcar, casca de coco, entre
outros.
Desvantagens: em determinadas condições podem absorver água.

- Orgânicos naturais manufaturados: de origem orgânica que, após tratamento


físico, adquirem propriedades oleofílicas aumentando a capacidade de
absorção/adsorção.
Exemplos: turfa, celulose, sabuco de milho e semente de algodão, entre outros.

- Orgânicos sintéticos: são produtos orgânicos obtidos industrialmente por meio de


processamento físico e químico.
Exemplos: espuma de poliuretano, fibras de polietileno e polipropileno, copolímeros
especiais, fibra de nylon, entre outros.
69

Observação:
Em geral possuem capacidade de absorção, em média até 70 vezes o seu
peso em óleo enquanto que os absorventes orgânicos naturais ou
manufaturados absorvem no máximo 15 vezes o seu peso em óleo.

Minerais: são de origem inorgânica extraídos diretamente da natureza ou após


tratamento químico ou físico.
Exemplos: sílica, terra diatomácea, argila, perlita, vermiculita, cinza vulcânica, entre
outros.
Importante que todos os materiais absorvente/adsorventes estejam
desidratados, para melhor realizar a contenção.

Figura 45 – Absorvente/adsorventes sintéticos e orgânicos – Treinamento GOPP/COPP.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2012.

Figura 46 – Absorvente/adsorventes sintéticos e orgânicos – velocidade de


contenção – Treinamento GOPP/COPP.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira, 2012.
70

Seção 4 – Transbordo de combustível em caminhão tanque:

Objetivos:
 Atender ocorrência utilizando ferramentas e técnicas aplicáveis sem correr risco de
explosão/inflamabilidade;
Na operação de transbordo de combustível em caminhão tanque envolvido
em acidente, devem-se observar fatores importantes que alteram a inflamabilidade
de tanques, tais como:

 Fontes de calor dentro e/ou próximas aos tanques;


 Resfriamento e ventilação dos tanques;
 Controle de pressão do tanque;
 Ponto de fulgor do combustível;
 Controle de concentração de oxigênio.

Antes de início da operação de transbordo e destombamento de carreta-


tanque, serão executados 4 (quatro) procedimentos de forma cuidadosa:

 Estruturação do Sistema de Comando de Incidentes – SCI;


 Os respondedores devem estar utilizando todos os Equipamentos de
Proteção Individual (Capacete, Capa de aproximação, balaclava e luvas);
 Deve ser montada linha de combate a incêndio;
 Utilizar, sempre que possível, o explosímetro/detector de gases.

Após verificar a identificação, isolamento, possíveis contenções/confinamento


secundários e salvamento, será executada a seguinte sequência operacional.

1. Abafamento com Espuma (se houver vazamento);


2. Aterramento de Emergência;
3. Transferência da Carga;
4. Desvaporização dos Tanques;
5. Destombamento/Içamento;
6. Contenção Final.
71

Abafamento com Espuma

Ocorrendo perda de contenção de líquido inflamável em acidentes, o risco de


incêndio no cenário acidental passa a ser uma constante. No entanto, até que o
produto derramado possa ser recolhido, medidas de segurança e controle da
atmosfera inflamável devem ser imediatamente implantadas.
Aplicação de uma camada de espuma de combate a incêndio, conhecido
como líquido gerador de espuma (LGE).
Como todas as medidas de mitigação e de controle emergencial, a técnica de
abafamento de líquidos inflamáveis pela aplicação de espuma mecânica requer
manutenção constante, uma vez que a camada de espuma, com o tempo, tende a
se dissipar, necessitando de nova aplicação, a fim de manter a cobertura expandida.
Cabe ao comandante da operação (Comandante do Incidente - CI), ou ao
responsável pela segurança operacional, autorizar e acompanhar a execução dessa
ação de mitigação e controle emergencial envolvendo o derramamento de líquidos
inflamáveis.

Figura 47 - Esquema de procedimento para aplicação de espuma após a transferência da carga.


Fonte: Adaptado de ABNT NBR 14064, 2014.
72

Figura 48 – Acidente atendido pelo CBMGO em Goiânia (Anel Viário) envolvendo álcool anidro,
com o uso de LGE.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Aterramento de Emergência

Deve ser realizada uma operação de aterramento. Essa operação é


necessária para evitar que a diferença de cargas elétricas, que seria a eletricidade
estática acumulada por conta do atrito do ar com o veículo durante o deslocamento,
sirva como fonte de ignição quando do transbordo de produtos.
O aterramento deve ser realizado com uma barra de material condutor,
comumente de cobre, de preferência com 1,5 a 2 m de comprimento e 1,5 cm de
diâmetro. Esta deve ser inserida no solo, preferencialmente, em uma parte mais alta
do terreno, contra o vento, antes do equipamento a ser protegido.
No caso da ilustração, um cabo de conexão, de material condutor, deve ser
fixado primeiramente ao tanque do veículo sinistrado em uma parte de metal (1),
sem pintura, lembrando que a maior parte dos veículos já possui locais específicos
para se proceder ao aterramento, e em seguida à barra fixada na terra (2). É
importante que a fixação ocorra primeiramente no tanque e somente então na barra,
para que, caso haja um fagulhamento nessa primeira descarga, ela ocorra em local
menos provável de conter uma atmosfera inflamável.
Tanto o veículo avariado (3) quanto o que recebe a transferência (4) devem
ser aterrados e, após, deve-se estabelecer outro cabo de conexão, dessa vez entre
73

os dois veículos (equalização), com o objetivo de igualar as cargas. O tempo de


relaxamento de cargas pode ser de alguns minutos a até algumas horas,
dependendo do tipo de produto transportado, do tipo de terra utilizada para o
aterramento, da umidade relativa, do tempo de deslocamento que o veículo sofreu,
do tamanho do tanque, e entre outros.

Figura 49 - Sistema e sequência de Aterramento.


Fonte: Adaptado de Marshal, 2005.

Figuras 50 - Acidentes atendidos pelo CBMGO envolvendo líquidos inflamáveis em Goiânia -


Aterramentos.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Transferência da Carga

A bomba utilizada para o transbordo deve ser intrinsecamente segura e,


quando conectada aos veículos, deve estar devidamente aterrada. Caso sejam
74

utilizados recipientes para recolhimento de vazamentos diretamente do tanque,


estes devem ser preferencialmente de metal e estar também aterrados.
Igualmente, ferramentas manuais de metal devem ser encostadas em objetos
de metal aterrados antes de entrarem na zona quente/exclusão, de modo a evitar
que sua eletricidade estática inicie uma ignição.

Figura 51 - Esquema de procedimento de transferência do combustível.


Fonte: Adaptado de ABNT NBR 14064, 2014.

Figuras 52 - Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo líquidos inflamáveis em Goiânia


– Transbordo.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
75

Desvaporização dos Tanques


Após a transferência da carga, deve-se adicionar espuma aos tanques e
dessa forma abatendo os vapores inflamáveis, bem como cobrindo a superfície dos
líquidos, realizando abafamento e consequentemente diminuindo o processo de
vaporização.
Sempre após a desvaporização de tanques, faz-se necessário o
acompanhamento com medição da atmosfera inflamável através de explosímetros.

Atenção: Jamais se deve utilizar o agente extintor à base de dióxido de


carbono (CO2(g)) para inertizar os tanques contento produtos perigosos, devido
à possibilidade de geração de fontes de energia, como centelhas, e assim
ocasionando a combustão do material perigoso.

Figura 53 - Esquema de procedimento para aplicação de espuma após a transferência da carga.


Fonte: Adaptado de ABNT NBR 14064, 2014.

Figura 54 - Acidente atendido pelo CBMGO/Líquidos inflamáveis. Desvaporização de tanque.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
76

Destombamento/Içamento
O destombamento ou içamento de cargas e veículos consiste no emprego de
guinchos e/ou guindastes, com o objetivo de colocar em posição de rodagem
veículos que tenham tombado por ocasião de acidentes. Trata-se de operações
delicadas, que envolvem riscos como o rompimento dos vasos, a queda ou o
solavanco do recipiente, ou o rompimento dos cabos, que podem chicotear.
Para equipamentos de transporte de carga contendo líquidos, guinchos
potentes podem ser utilizados, porém deve-se evitar ao máximo a ocorrência de
arraste e atrito, inclusive dos cabos com o tanque.
O tranco ocasionado pela operação de destombamento deve ser minimizado,
pois mesmo tanques transbordados de material inflamável e aparentemente vazios
contêm vapores inflamáveis. Para aumentar a segurança no trabalho com
recipientes vazios que antes continham material inflamável, deve-se aplicar espuma
para abater os vapores inflamáveis.
Para minimizar o solavanco durante a operação de destombamento, deve-se,
dentro do possível e quando utilizado guincho, contrapor um segundo guincho na
direção oposta àquela para a qual o equipamento de transporte de carga será
destombado. Dessa forma, ele exerce uma força contrária que minimizará os efeitos
da tração exercida pelo guincho.
Deve-se evitar o arraste de veículos tombados, pois o atrito do metal com o
substrato pode ocasionar ignição, a qual pode ser evitada aplicando-se uma camada
de espuma na área de arraste do equipamento de transporte de carga.
Em todas essas situações, convém que, durante essas operações, mesmo as
pessoas diretamente envolvidas com o atendimento emergencial mantenham uma
distância segura do local.
77

Figura 55 - Destombamento com uso de guindastes e guinchos.


Fonte: ABNT NBR 14064, 2014.

Figura 56 - Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo líquidos inflamáveis em Goiânia


– Destombamento/Içamento.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Contenção Final
A absorção é um processo físico em que um material coleta e retém o outro,
com a formação de uma mistura, podendo ser acompanhado de uma reação
química.
78

A contenção nas emergências químicas envolvendo líquidos inflamáveis pode


ser realizada com terra, areia ou outros materiais que estejam disponíveis no local,
tais como serragem.

Figura 57 - Esquema de procedimento de contenção final.


Fonte: Adaptado de ABNT NBR 14064, 2014.

Figura 58 - Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo líquidos inflamáveis em Goiânia


– Contenção final.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Seção 5 – Transporte e armazenamento com Gás Liquefeito de Petróleo – GLP:

Objetivos:
 Saber atender ocorrência envolvendo várias modalidades de acidentes com GLP,
79

como envasamento de vasilhames em empresas, transporte, domicílio, comercial e o


seu uso clandestino;

- No envasamento do GLP:
AÇÕES A SEREM REALIZADAS
– Colete o maior número de informações possíveis relativas à ocorrência de
todas as fontes possíveis;
– Informe ao Centro de Operações da chegada ao local da ocorrência (caso
A
necessário, solicite apoio);
– Todos os militares deverão estar devidamente equipados; e
– Avalie a necessidade de expansão operacional conforme SCI.
– Estabeleça uma linha de combate a incêndio por medida de segurança,
devendo ter alcance sobre os bombeiros em atuação;
– Realize o corte de demanda de gás, por meio de fechamento da chave de
distribuição, válvula de corte ou similar; e
B
– Constatada a presença de vítima no local, inicialmente priorize a segurança
dos bombeiros, adentrando após estabilizar e confinar o incêndio, com o
emprego de técnicas de resgate a vitimas em ambientes confinados (resgate
rápido e instável).
– Se houver incêndio no local, propicie o resfriamento dos cilindros
adjacentes ou daqueles armazenados, além de garantir o isolamento físico
entre a área afetada e os demais materiais. Evite o combate com jatos de
C
água diretamente em pontos de vazamento ou dispositivos de segurança, pois
poderá haver congelamento, com consequente vulnerabilidade das peças que
compõem o cilindro.
– Caso não seja constatada a presença de chamas no ambiente, sempre que
possível, antes de adentrar no local sinistrado, utilize o detector de gás; e
– Caso a válvula de segurança do cilindro P-13 (plug-fusível) ainda não tenha
rompido, utilize o estancador de gás para o transporte rápido e seguro até
D
área externa e ventilada.
– No caso de cilindros danificados ou expostos a riscos diversos, utilize o
estancador de gás para transporte, rápido e seguro, propiciando o isolamento
em relação aos demais recipientes.
80

AÇÕES A SEREM REALIZADAS

– Quando o plug-fusível já houver se rompido do cilindro e não for constatado


incêndio no local, deve ser realizada a prevenção com linhas de mangueira
externas à edificação, propiciando a ventilação do ambiente, empregando
outras técnicas possíveis de ventilação forçada, com o objetivo de dispersar
E o GLP, evitando que atinja a concentração dentro da faixa de explosividade, o
que poderá ocasionar explosões ambientais.
Quando for constada a instabilidade do ambiente, diante da concentração dos
gases, deve ser realizada ventilação, com equipamento intrinsicamente seguro
(sem geração de fontes de calor).
– Após o término dos salvamentos e/ou combate a incêndio, orientar os
funcionários da empresa e brigadistas quanto aos riscos decorrentes, se
F
houver, para que possam adotar as ações em suas esferas de
responsabilidade.

Figura 59 – Instrução em empresa que faz envasamento de gás inflamável.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
81

– No transporte do GLP:
AÇÕES A SEREM REALIZADAS

A – Idem envasamento GLP.

– Estabeleça uma linha de combate a incêndio por medida de segurança,


devendo alcançar os bombeiros em atuação; e
B
– Constatada a presença de vítima no local, realize o emprego de técnicas de
resgate, aliadas à retirada e presos a ferragens, se for o caso.
– Havendo incêndio no local, realize o combate a incêndio direto, com a
utilização de jato neblinado, evitando a aplicação de jatos de água
C diretamente em pontos de vazamento ou dispositivos de segurança, pois
poderá haver o congelamento, com consequente vulnerabilidade das peças
que compõem o cilindro. (aqui)
– Caso não seja constatada a presença de chamas, sempre que possível
utilize o detector de gás; e
– Caso a válvula de segurança do cilindro P-13 (plug-fusível) ainda não tenha
D
rompido, utilize o estancador de gás para o transporte rápido e seguro,
especialmente dos cilindros danificados, favorecendo o isolamento da carga
de incêndio, proporcionando na sequência o resfriamento do cilindro.
– Quando o plug-fusível já houver se rompido do cilindro e não for constatado
incêndio no local, deve ser realizada a prevenção de sinistros com linhas de
E mangueira, com o objetivo de dispersar o GLP, evitando que atinja a
concentração dentro da faixa de explosividade, o que poderá ocasionar
explosões ambientais.
– Os cilindros devem ser mantidos em posição vertical o tempo todo; e
– Certifique-se de que a empresa responsável pelo transporte já tenha sido
F
contatada, para que possam assumir as ações em sua esfera de
responsabilidade.
82

Figura 60 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo transporte de gás inflamável.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

Figura 61 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo transporte a granel de gás inflamável.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.
83

– Em edificações residenciais e comerciais:


AÇÕES A SEREM REALIZADAS

A – Idem envasamento GLP.

– Realize o corte do fornecimento de energia da edificação, desligando a


chave geral;
– Estabeleça uma linha de combate a incêndio por medida de segurança,
B devendo alcançar os bombeiros em atuação; e
– Constatada a presença de vítima no local, priorize a segurança dos
bombeiros, adentrando após estabilizar e confinar o incêndio, com o emprego
de técnicas de resgate a vitimas em ambientes confinados.
– Em se tratando de incêndio no local, empregue as técnicas de combate a
incêndio. Inicialmente, busque confinar as chamas para realizar a retirada dos
cilindros em segurança. Havendo a presença de chamas no cilindro, evite o
C
combate com jatos de água diretamente em pontos de vazamento ou
dispositivos de segurança, pois poderá haver congelamento, com consequente
vulnerabilidade das peças que compõem o cilindro.
– Caso não seja notada a presença de chamas, sempre que possível utilize o
DETECTOR DE GÁS, procedendo pela abertura de portas e janelas, no intuito
de dispersar o gás confinado;
– Caso a válvula de segurança do cilindro P-13 (plug-fusível) ainda não tenha
se rompido, utilize o estancador de gás para o transporte rápido e seguro até
área externa e ventilada, proporcionando imediatamente o resfriamento do
D recipiente; e
– Quando o plug-fusível já houver se rompido e não for constatado incêndio no
local, deve ser realizada a prevenção com linhas de mangueira externas à
edificação, propiciando a ventilação do ambiente, empregando outras técnicas
possíveis de ventilação forçada, com o objetivo de dispersar o GLP, evitando
que atinja a concentração dentro da faixa de explosividade, o que poderá
ocasionar explosões ambientais.
– Ao término do atendimento à ocorrência, manter a área isolada, se for
E julgado necessário por impor riscos, orientar o proprietário ou responsável pela
edificação a contatar a empresa fornecedora do cilindro, informando o fato.
84

Figuras 62 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo edificações domiciliares e comerciais de


gás inflamável.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

– Em caso de uso clandestino de GLP:


AÇÕES A SEREM REALIZADAS
A – Idem envasamento GLP.
– No caso de ocorrência em ambientes fechados, adotar as medidas
referenciadas para as edificações residenciais e comerciais; e
B
– Estabeleça uma linha de combate a incêndio por medida de segurança,
devendo alcançar os bombeiros em atuação.
– Havendo incêndio no local, realize o combate a incêndio direto, antes de
acessar o foco do vazamento, priorizando o resfriamento do recipiente de
GLP, com a utilização de jato neblinado e evitando a aplicação de jatos de
C
água diretamente em pontos de vazamento ou dispositivos de segurança,
pois poderá haver congelamento, com consequente vulnerabilidade das
peças que compõem o cilindro.
– Caso não seja constatada a presença de chamas, sempre que possível
utilize o DETECTOR DE GÁS, procedendo pela abertura de portas e janelas,
no intuito de dispersar o gás confinado; e
– Caso a válvula de segurança do cilindro P-13 (plug-fusível) ainda não tenha
D se rompido, utilize o estancador de gás para o transporte rápido e seguro até
área externa e ventilada, proporcionando imediatamente o resfriamento do
recipiente.
85

AÇÕES A SEREM REALIZADAS

– Quando o plug-fusível já houver se rompido e não for constatado incêndio


no local, deve ser realizada a prevenção de sinistros com linhas de
E
mangueira externas à edificação, propiciando a ventilação do ambiente,
empregando outras técnicas possíveis de ventilação forçada, com o objetivo
de dispersar o GLP, evitando que atinja a concentração dentro da faixa de
explosividade, o que poderá ocasionar explosões ambientais.

– Certifique-se de que o fato já tenha sido comunicado às autoridades


F policiais competentes, visando dar responsabilidade sobre a destinação ou
providências quanto ao imóvel e demais bens.

Seção 6 – Ocorrências envolvendo incêndios urbanos:

Objetivos:
 Informar os cuidados a serem tomados quando houver incêndio urbano, no sentido
de liberação de substâncias perigosas devido à combustão, e PP encontrados
armazenados.

As ocorrências de incêndios urbanos estão intimamente relacionadas às de


Produtos Perigosos. No atendimento aos diversos tipos de incêndios urbanos, sejam
eles confinados ou não, o bombeiro militar/respondedor/hazmat deve estar sempre
atento à presença de PP, seja ele desde um botijão de GLP, presente em
praticamente todos os tipos de edificações residenciais, seja com presença de
cianeto, resultante da combustão de alguns materiais de acabamento.
Em incêndios urbanos industriais há liberação de grandes quantidades de
gases inflamáveis e extremamente tóxicos, é um “coquetel” de gases que
competem entre si na intoxicação das vítimas, dentre eles o gás cianídrico, que está
presente quando envolve a combustão de plástico, acrílico, espuma de
poliuretano e em beneficiamento de minérios.
Entretanto, os primeiros socorros, quando envolve o cianeto, têm que ser de
forma imediata, com o uso do antidoto nitrito de amila. As vítimas contaminadas
têm que ser levadas imediatamente ao hospital para serem aplicados, de forma
86

intravenosa, os antídotos nitrito de sódio e tiossulfato de sódio, a fim de amenizar a


intoxicação respiratória. No entanto, os hospitais têm a necessidade de possuir os
antídotos a pronto emprego e os profissionais da saúde treinados para o
atendimento.
O Coordenador de Operações fica responsável para verificar nos hospitais e
empresas a existência dos antídotos compatíveis com a contaminação.

- Procedimentos:
 A intervenção das guarnições deverá ser realizada por EPI de combate a
incêndio e luvas;
 Deve-se considerar que todo incêndio há uma chance em potencial de envolver
materiais perigosos, nos quais sempre existirá risco de flash, explosão,
contaminação, intoxicação, dentre outros; portanto, tais vestimentas oferecerão
proteção parcial no caso dessas ocorrências:

Figura 63 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo edificação industrial de alimentos em


Nerópolis/GO.
Fonte: Wanderley Valério de Oliveira.

 EPRA deverá ser utilizada sempre com pressão positiva;


 O equipamento autônomo de proteção respiratória deverá ser utilizado pelos
seguintes aspectos, em casos de inalação:

– poderão existir gases e vapores asfixiantes e/ou tóxicos;


– poderá haver deficiência de oxigênio;
87

– no caso de flash, poderá haver queimadura de vias aéreas; e


– cerca de 90% das intoxicações ocorrem pelas vias aéreas.

No dia a dia, o Corpo de Bombeiros Militar atende diversas ocorrências deste


porte, e são vários os fatores que deverão ser considerados na cena e que
influenciarão na resposta, como:

– crescente demanda de produtos perigosos na produção de bens;


– estocagem/armazenamento cada vez maior desse tipo de produto;
– onde exista a presença de produtos perigosos, os incêndios possuem um potencial
de risco muito elevado;
–.em várias partes do Brasil e do mundo existem históricos de incêndios com
produtos perigosos em que houve inúmeras vítimas, entre elas bombeiros militares;
e
– tais eventos poderão trazer impactos ambientais, sociais e econômicos graves.

Devido às diversas circunstâncias que podem ser encontradas nos incêndios


é de fundamental importância que seja realizado o reconhecimento da cena,
colhendo as informações necessárias para a realização de planejamento prévio e
definição das estratégias, ações e táticas a serem utilizadas antes da execução do
combate propriamente dito. Assim, evita-se colocar em risco a guarnição de
bombeiros militares e a possível exposição ao material perigoso.
Em incêndios abertos, com grande aeração, e/ou que se tenha a perspectiva
de haver PP, deve-se procurar estacionar a viatura a distância inicial que
proporcione segurança e, após a verificação da topografia do terreno, fazer ou
determinar o estabelecimento das viaturas, observando sempre que possível às
características do acidente/incidente. Em se tratando de ocorrência de incêndio
envolvendo PP, seguir os prescritos nesta norma.

Seção 7 – Procedimentos para atendimento a ocorrência envolvendo gás


tóxico AMÔNIA:

Objetivos:
 Saber quais os equipamentos a serem utilizados em diferentes modalidades de
88

ocorrências;
 Conhecer formas de atendimentos/procedimentos conforme o risco do vazamento.

- EQUIPAMENTOS de proteção
Em ambientes confinados ou fechados a roupa de proteção para a entrada da
equipe de intervenção na zona quente, deverá ser realizada com o Nível de
Proteção A (Encapsulado Valvular), com ar fornecido por Equipamento de Proteção
Respiratória Autônomo (EPRA), devido a concentração do gás em caso de
vazamentos ser capaz de superar os limites admissíveis de exposição.

Figura 64 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo gás refrigerado amônia em edificação
industrial de alimentos em Senador Canedo/GO.
Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

Em casos de vazamentos em ambientes não confinados, em ações de


salvamento e contenção, desde que se tratem de ações rápidas e os respondedores
não permaneçam por muito tempo na zona quente, a roupa de proteção Nível C
pode ser utilizada com luvas e botas de proteção química junto com o EPRA.
89

Figura 65 – Tubulações e válvulas externas envolvendo a manipulação de gás tóxico amônia,


edificação industrial de refrigeração – Trindade/GO.
Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

- FLUXOGRAMA simplificado para o atendimento

Figura 66 – Fluxograma simplificado para atendimento a ocorrência envolvendo gás tóxico amônia.
Fonte: Aldo Nahum Cardoso/Artigo Científico, 2017.
90

- ISOLAMENTO e evacuação de segurança

A “nuvem branca” que se desenvolve com vazamentos mais significativos de


amônia, devido à interação com a umidade do ar, é um indicador pobre da dispersão
do gás. Concentrações perigosas de amônia podem se estender muito além da
nuvem branca visível, tal como uma mistura de ar-vapor que pode ser incolor e
permanecer próximo do solo.
O isolamento e a evacuação para ocorrências envolvendo amônia devem
ser realizadas conforme as medidas fixadas na tabela abaixo, correspondendo a um
raio a partir do local do vazamento, levando em consideração os aspectos
meteorológicos, velocidade e direção do vento, temperatura, bem como a dimensão
do vazamento.

PEQUENOS VAZAMENTOS GRANDES VAZAMENTOS


(até 200 Litros) (mais que 200 Litros)
NOME DO
ONU Isolamento Evacuação de Isolamento Evacuação de
PRODUTO
Inicial (em pessoas Inicial (em pessoas
todas as todas as
direções) direções)
DIA NOITE DIA NOITE

1005 AMÔNIA 30 m 100 m 100 m 60 m 600 m 2,2 Km


Vazamento relacionado ao transporte: Considerar isolamento e evacuação inicial de 1600 m
Tabela 1 – Isolamento de segurança para casos de acidentes com amônia.
Fonte: (FISPQ, 2014; NIOSH, 2003).

- MONITORAMENTO da concentração do gás

Antes da entrada da equipe na zona quente e após as ações de contenção,


a exemplo de fechamento de válvulas, é necessário o monitoramento da
concentração do gás tóxico no ambiente.
A liberação da área para os reparos definitivos, nos recipientes ou
equipamentos danificados, somente deverá ocorrer após a aferição de uma
concentração menor que 5 ppm.
91

- Medidas de combate a INCÊNDIO

a) Em caso de fogo em instalações, a prioridade é parar o vazamento, fechando as


válvulas que controla o fluxo do gás. Utilize água em jatos neblinados, pó químico
e CO2(g) para a extinção das chamas adjacentes aos cilindros e válvulas.
b) Em casos de grandes incêndios resfrie os recipientes a uma distância segura,
tomando cuidado de não extinguir as chamas. Se não houver riscos, retire a fonte de
ignição e cilindros da área. Caso não seja possível continue a resfriar os
recipientes até o fim do incêndio, sendo indicado o uso de água em jatos
neblinados e espuma.
c) Na hipótese de tanques de armazenamento estarem envolvidos, o combate
deve ser feito a uma distância segura ou usando canhões monitores não
tripulados, uma vez que o aquecimento do gás contido provocará aumento de
pressão e o potencial risco de ruptura ou explosão dos recipientes (BLEVE).

- Utilização de água para combater “NUVEM” de amônia

O uso de água para se aproximar e se proteger de uma liberação de amônia


deve ser feito com fluxo de jato neblinado que promoverá uma “cortina” protetora.
Essa proteção também protegerá as pessoas que moram nas adjacências das
empresas que fazem o manejo do gás tóxico. A equipe de intervenção, nesse caso
deve ser composta por 5 (cinco) respondedores, um líder ao centro o qual será
responsável por direcionar e auxiliar na contenção, flanqueado por dois chefes de
linha e um auxiliar em cada mangueira.

BOMBEIROS

Figura 67 – Aproximação utilizando jato neblinado e composição da equipe de intervenção.


Fonte: Aldo Nahum Cardoso/Artigo Científico, 2017.
92

Deve-se regular a angulação dos esguichos para obter o jato mais largo,
assim como realizar rápidas e amplas rotações com o esguicho para aumentar o
taxa de absorção. A equipe de intervenção deve forçar os vapores para baixo,
porém evitar passar pelas poças de amoníaco. Chegando próximo à fonte, o líder da
equipe de intervenção, ou o responsável técnico da empresa deve fechar a válvula
que controla o fluxo do gás.
O procedimento também pode ser usado como auxílio, protegendo os
respondedores enquanto realizam o salvamento de vítimas que podem estar sob a
nuvem tóxica.
É possível variações na composição da equipe de intervenção e no número
de linhas de mangueiras, dependo da dimensão do vazamento.

Figura 68 - Ataque ofensivo utilizando jato neblinado para aproximação e salvamento.


Fonte: Aldo Nahum Cardoso/Artigo Científico, 2017.

A tabela abaixo relaciona número de linhas e diâmetro de mangueiras com a


devida pressão e vazão para o ataque em uma nuvem de amônia, com a finalidade
de aproximação tanto para contenção do vazamento como para atuação de
salvamento.
Diâmetro de Pressão Vazão
Número de linhas
Mangueira (PSI) (GPM)
02 1 ¹/² 100 95
Tabela 2 – Uso de água para aproximação e proteção em caso de vazamento de amônia.
Fonte: Confeccionado a partir de informações do Departamento de Bombeiros de Mennesota, EUA.

- Vazamentos relacionados ao TRANSPORTE

a) No caso de acidente de transporte ocorrendo vazamentos, as viaturas devem


aproximar-se contra o vento ou lateralmente, posicionando-se à uma distância
93

segura do ponto de liberação, o qual dependerá das condições de vento e tamanho


da nuvem de vapor. A água para contenção do gás, deve ser aplicada por canhões
monitores não tripulados.

Figura 69 – Contenção de vazamento de amônia em acidentes no transporte.


Fonte: Aldo Nahum Cardoso/Artigo Científico, 2017.

b) Quando não houver vazamento, os tanques devem ser cuidadosamente


inspecionados, procurando por sinais de danos, especialmente nos pontos de
solda.
c) A equipe de reconhecimento deve aproximar-se cuidadosamente, evitando as
extremidades do tanque e as aberturas de emergência. Caso seja necessário
realizar o destombamento do veículo, os militares devem apenas acompanhar e
orientar o procedimento, devendo o produto ser primeiramente descarregado,
para reduzir a pressão do tanque e a possibilidade de uma falha na estrutura do
mesmo.
d) Sempre consulte os especialistas em contêineres e engenheiros antes de mover
um tanque danificado.

- Utilização de LONA para contenção de vazamentos

a) Método de contenção e controle para alguns acidentes de vazamento de amônia


que resulta em menos ameaça à vida e ao meio ambiente do que quando ocorre
quando se utiliza água. Os respondedores devem cobrir os pontos de vazamento
dos recipientes, cilindros e tubulações, com uma lona.
b) Os respondedores devem usar um ventilador assim como é usado para fazer a
ventilação de pressão positiva em incêndios estruturais, na direção da nuvem, para
mover os vapores de amônia para longe dos bombeiros, os quais devem se mover
94

em sincronia para cobrir o vazamento, sendo também ação importante para fornecer
ar fresco para as vítimas que podem estar sob o gás.

Figura 70 – Utilização de lonas para conter e reduzir a dispersão de amônia


Fonte: Aldo Nahum Cardoso/Artigo Científico, 2017.

c) Os respondedores devem se posicionar um em cada canto frontal da lona, usando


hastes para estender a lona para frente e sobre a liberação sem entrar na nuvem
densa de amônia, e um terceiro bombeiro, na parte traseira da lona para guiar o
movimento e, em seguida, fixar a lona em ponto seguro.
d) Lonas secundárias podem ser usadas para reforçar a contenção. Podendo
assim, a partir de então, encontrar a fonte do vazamento, controlar e conter o
vazamento do gás.
d) A nuvem de gás voltará a condensar, voltando o produto à fase líquida, o qual
arrefecerá então o recipiente, reduzindo a temperatura e a pressão, diminuindo
assim a vaporização e dispersão do produto. A preocupação a favor do vento será
minimizada pelo fato do vazamento ser controlado e contido na área de liberação.
e) Se não houver perigo à vida e ao ambiente na direção do vento, permita que a
amônia dissipe para a atmosfera.
f) Os respondedores devem ser treinados neste procedimento antes de executá-lo.

- Descontaminação

a) Descontaminação dos respondedores: poderá ser utilizado solução de água e


sabão e uma escova de cerdas macias lavando sempre de cima pra baixo. Em
95

seguida enxaguar até que o contaminante seja completamente removido.


Posteriormente remover a roupa e o EPRA.
b) A descontaminação deverá seguir esse Manual Operacional de Bombeiros -
Procedimentos para Atendimento de Emergências com Produtos Perigosos,
respeitando o Zoneamento de Área de Trabalho e suas estações.
c) Descontaminação da vítima: Remover toda a roupa e lavar com água e sabão e
enxágue cuidadosamente, cubra a vítima para prevenir o estado de choque.
d) Colocar os materiais contaminados em sacos de polietileno.

- Recolhimento do material perigoso

a) É de responsabilidade da própria empresa em que ocorrer o acidente.


b) A retenção do produto vazado é uma medida que visa à redução dos impactos
ambientais, sendo necessário reter a água utilizada, direcionando-a para um tanque
de retenção, onde deverá ser efetuada a equalização do resíduo.

Figura 71 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo gás


refrigerado amônia em edificação industrial de alimentos em
Goiânia/GO, 2009.
Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

c) Diques também podem ser feitos para conter derrames, podendo ser utilizados
solo fino e areia.
96

- Liberação do local

Deve-se acionar o órgão ambiental, bem como peritos no composto químico


amônia, antes que as guarnições do Corpo de Bombeiros Militar deixem o local.
Uma avaliação mais detalhada deve ser realizada da situação, caso não haja
necessidade de mais desdobramentos, deve-se encerrar a ocorrência.

Seção 8 – Atendimento envolvendo EXPLOSIVOS:

Objetivos:
 Conhecer formas de atendimentos conforme os riscos e as fases de procedimentos.

Introdução:
O grau mais alto de cuidados e precaução é exercido pelos responsáveis pela
fabricação, manuseio e transporte de explosivos. No entanto, também é
essencial ter um conhecimento geral sobre explosivos e princípios operacionais para
atendimento inicial e combate a incêndios envolvendo esse tipo de produto. Isso
ocorre porque a 'pessoa responsável' pode não estar no local na hora do sinistro ou
pode não ser conhecedor de todo o complexo de atendimento a grandes
ocorrências. Portanto, diante de uma ocorrência envolvendo produtos explosivos,
deve ser feito contato com os responsáveis pelo material (proprietários e
transportadores), visando assessoria técnica e mobilização de recursos necessários
para atender a ocorrência.
Em situações de crime deve-se acionar grupamentos especializados. No
geral as ocorrências que envolvam explosivos são atendidas pelos esquadrões
anti-bombas da Polícia Militar, principalmente referente a roubos a bancos, que
são mais frequentes. Em locais específicos, como aeroportos e em eventos que
envolvam crime internacional, a competência é da Polícia Federal. E em algumas
situações específicas, como grandes eventos, como a Copa do Mundo de Futebol,
Olimpíadas e Copa das confederações, o Exército Brasileiro – EB pode ser
encarregado da segurança relacionado a explosivos.
A explosão é um fenômeno muito rápido, para o qual não há tempo de
reação. Assim, as ações durante a emergência deverão ser preventivas e incluem o
97

controle dos fatores que podem gerar um aumento de temperatura (calor), choque e
fricção.
8.1 – Segurança
• Deve-se sinalizar e isolar a área num raio mínimo de 100 (cem) metros se não
houver fogo. No caso de fogo e/ou explosão isolar a área num raio mínimo de 600
(seiscentos) metros. Isole as áreas em torno da zona suspeita de risco e mantenha
controle estrito sobre o acesso a ela. Se for confirmado que os explosivos estão
envolvidos em incêndio, uma zona de exclusão avaliada pelo risco deve ser
montada e todos devem retirar-se da mesma;
•.Essas distâncias podem ser aumentadas ou diminuídas uma vez que as
informações foram recolhidas e uma avaliação de risco realizada. Todo o pessoal
não essencial deve ser excluído da zona de risco;
• Avaliar riscos devidos a sistemas de segurança como cercas eletrificadas e cães
de guarda;
• Identificar distâncias seguras para estabelecer zonas de risco teóricas associadas
à quantidade permitida, divisão de perigo, e dentre outros;
• Verificar e explorar a existência de barreiras fixas e maciças que possam ser
utilizadas como reforço de segurança em caso de explosão com emissão de
projéteis. Considerar, porém que paredes e veículos, em caso de explosão, podem
oferecer pouca proteção uma vez que só param projéteis pequenos e qualquer onda
de explosão pode virar veículos, demolir paredes e, ao fazê-lo, criar mais projéteis;
• Utilizar os equipamentos de proteção necessários para assegurar a proteção
adequada, considerando que os EPI‟s de combate a incêndio oferecem proteção
limitada. Considerar ainda riscos secundários das substâncias explosivas, como
toxicidade. Fazer sempre o uso de equipamento autônomo de proteção respiratória
com pressão positiva;
• Nenhuma transmissão de radiofrequência deve ser permitida dentro de um raio
de 10 metros do dispositivo eletro-explosivo. Os serviços de emergência que utilizem
conjuntos de veículos com uma potência radiada efectiva superior a 5 watts não
devem transmitir a menos de 50 metros do equipamento danificado. Todos os
transmissores não essenciais devem ser desligados ou removidos a uma distância
superior a 50 metros;
•.Todos os recursos devem ser dispostos de maneira que permitam sua
movimentação e retirada de forma ordenada e rápida, considerando a altura livre
98

disponível, largura, retornos para viaturas, resistência do piso (evitar atolamentos e


colapso da via) e restrições de carga.

8.2 – Avaliação
• Verificar/avaliar as características ou riscos estruturais que as operações de
combate a incêndio ou salvamento possam estar sendo submetidas, incluindo o
potencial de propagação do incêndio ou de produção de grandes quantidades
de fumaça e de produtos tóxicos; existência ou inexistência de compartimentação;
aberturas desprotegidas; áreas subterrâneas; possibilidade de colapso estrutural e
distância para residências e outras edificações ou riscos.
• Quem é a pessoa responsável pelo local e quais os contatos existentes em caso
de não permanência dos especialistas no local e horário do incidente, como em
acidentes durante o transporte ou fora do horário de expediente e feriados;
• Acesso a uma cópia atualizada do plano de emergências;
• O uso de equipamentos de comunicação móvel criaria um perigo?
•.Reúna todos os dados técnicos que forneçam informações gerais sobre as
propriedades e a natureza física das substâncias;
• Verificar o acesso e as saídas seguras, como rotas de fuga, dentro da edificação
ou cenário e nas suas intermediações;
•.Verificar os sistemas preventivos existentes na edificação, como chuveiros
automáticos, exaustores/controle de fumaça, hidrantes, compartimentação e
segurança estrutural, instalações de apoio, EPI‟s e dentre outros;
•.Verificar a segurança dos locais para estabelecimento de áreas de suporte e
atendimento a vítimas;

Figuras 72 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo explosivos, Sanclerlândia/GO, 2017.


Fonte:.http://g1.globo.com/goias/noticia/adolescente-fica-gravemente-ferido-apos-rojao-explodir-em-
carroceria-de-caminhonete.ghtml.
99

• Verificar distância/ viabilidade de pontos de abastecimento de água;


• Estabelecer pontos de encontro designados para atendimento inicial;
• Considerar a dependência da velocidade e direção do vento;
• Os avaliar constantemente o risco representado pelos explosivos e a eficácia de
procedimentos. A avaliação não é um processo único, mas deve ser contínua
durante todo o incidente à medida que as circunstâncias mudem ou novas
informações são recolhidas;
• Após a avaliação, se necessário, o Comandante de Incidentes deve ajustar o plano
de resposta, alterar/implementar medidas de controle e comunicar as mudanças a
todo o pessoal.

8.3 – Outros perigos


• Presença de oleodutos ou gasodutos próximos ao local do incidente;
• Gases comprimidos;
• Transformadores elétricos, subestações e entre outros riscos;
• Potenciais danos ambientais - identificar cursos de água, interceptores e sistemas
de drenagem de plantas e entre medidas;
• Deve-se prever o máximo de eventos possíveis, planejando a resposta para cada
evento previsível. Uma vez previstos essas situações, os recursos adequados de
pessoal e equipamentos devem ser solicitados para fornecer uma resposta rápida e
eficiente ao incidente.

8.4 – Procedimento de operação padrão genérico

Fase 1 – Mobilização e encaminhamento


• Implantar o Sistema de Comando de Incidentes - SCI com todas as informações
disseminadas e demais características da ferramenta em pleno funcionamento;
• Deixar todos os atendentes cientes das características do local do incidente e das
propriedades dos explosivos envolvidos;
• Considerar as táticas de chegada e de aproximação, como abordagem lenta,
procurando indicadores de risco visuais e sonoros dentre outras medidas;
• Identificar tipo e quantidade de explosivos;
100

• Considerar se os meios de combate a incêndio podem ter reações adversas, como


a incompatibilidade do material com a água, dissolução de substâncias tóxicas na
água, e dentre outras informações químicas;
• Avaliar a proximidade de zonas habitáveis;
• Avaliar se existe risco imediato à vida;
• Identificar os suprimentos de água;
• Identificar as zonas de risco;
•.Tomar em consideração quaisquer características locais que possam constituir
risco consequente, assim como nas instalações industriais na vizinhança ou
características de aumento de tráfego de pessoas por conta do horário ou da
existência de eventos/locais de reunião de público nas imediações;
• Obter os dados de contato dos especialistas e das empresas responsáveis pelo
produto;
• Avaliar se os recursos são suficientes;
• Começar a avaliação do risco com as informações disponíveis, como por exemplo,
informações do acionante, indicadores visuais e sonoros.

Fase 2 – Coleta de informações


• Avaliar os riscos imediatos da tripulação e da via pública a partir de um local
seguro;
•.Consultar os especialistas e responsáveis pelo produto a respeito do tipo e
quantidade de explosivos envolvidos, da localização dos explosivos e de situações
de risco à vida e outros perigos;
• Considerar se as medidas já tomadas são apropriadas;
• Estimar e solicitar recursos adicionais;
• Implementar todos os salvamentos imediatos que sejam necessários após uma
avaliação de risco;
• Solicitar à polícia o controle do isolamento;
• Implementar ou iniciar planos de emergência;
• Considerar se existem outros perigos significativos presentes, como por exemplo,
gases pressurizados, subestações eléctricas e dentre outros;
• Verificar se há risco de vários incidentes simultâneos.

Fase 3 – Planejando a resposta


101

• O Comandante de Incidentes deve assegurar que uma avaliação de risco é


realizada para desenvolver o plano de resposta, incluindo medidas de controle
adequadas e relevantes;
• Identificar os principais objetivos:
- Salvar vida; e
- Evitar que o fogo se espalhe para os explosivos.
• A prioridade do comandante de incidentes deve ser a evacuação de todos na zona
de risco;
• Uma vez que os explosivos estejam envolvidos no incêndio, a aplicação de água
não os extinguirá. Nesse caso, adota-se a estratégia defensiva;
• Se os explosivos estiverem envolvidos em incêndio, uma zona de exclusão
avaliada por risco deve ser montada e todos, incluindo as guarnições que atendem
ao sinistro, devem se retirar;
• Se os explosivos não estiverem envolvidos em incêndio, o combate a
incêndios deve limitar-se à prevenção da propagação do fogo em estruturas ou
outras áreas que contenham explosivos;
• Utilizar os equipamentos de proteção necessários para assegurar a proteção
adequada, considerando que os EPI’s de combate a incêndio oferecem proteção
limitada. Considerar ainda riscos secundários das substâncias explosivas, como
toxicidade. Fazer sempre uso de equipamento autônomo de proteção respiratória
com pressão positiva.

Fase 4 – Resposta
Considerações à medida que o incidente se desenvolve e o plano de resposta
é implementado:
• Assegurar que todo o pessoal tenha conhecimento do sinal para evacuação;
• Se uma explosão ocorreu, explosões secundárias podem ocorrer por algum
tempo considerável depois;
• O combate a incêndios secundários após uma explosão inicial não deve ocorrer até
que haja confirmação de que não existem mais explosivos no local;
• O combate a incêndios devem ser realizado de modo a evitar a propagação do
fogo;
102

Figuras 73 – Acidente atendido pelo CBMGO envolvendo explosivos, Morrinhos/GO, 2012.


Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

• Esteja ciente de que explosivos que foram submetidos à onda de explosão podem
ter permanecido intactos. Não se aproxime ou manuseie esses explosivos não
detonados;
• Se tratar de um incidente no local do operador de uma exposição de fogo de
artifício, o local deve ser tratados como se potencialmente contenha explosivos da
Subclasse 1.1, a não ser que haja confirmação confiável de que eles não contêm
explosivos ou contêm apenas explosivos da Subclasse 1.4;

Figuras 74 – Prevenção realizada pelo CBMGO envolvendo explosivos, Trindade/GO, 2010.


Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

• Não devem ser combatidos os incêndios que se propagaram a edifícios ou áreas


com explosivos de Subclasses 1.1, 1.2 ou 1.3;
103

Figuras 75 – Acidente atendido pelo CBMERJ envolvendo explosivos, 2012.


Fonte: Wanderley Valério Oliveira.

• Se houver qualquer dúvida sobre a natureza ou localização dos explosivos


envolvidos, o fogo não deve ser combatido e o pessoal deve se retirar para uma
distância segura;
• A prioridade é salvar vidas, no entanto, todas as pessoas tem que serem retiradas
de forma imadiata.
Considerações gerais:
- assegurar a existência de comunicações eficazes durante todo o incidente;
- garantir que as guarnições operem com um mínimo de pessoas na zona de risco;
- não entrar na zona de risco, a não ser que seja instruído a realizar tarefas.

Fase 5 – Encerramento do incidente


Riscos residuais: é possível que os explosivos permaneçam ativos após o incêndio
ter sido extinto, mesmo que tenham sido envolvidos em um incêndio muito intenso.
As partes não explodidas também podem ter sido projetadas a uma distância
considerável. Basta pisar nesses explosivos, particularmente detonadores, pode
gerar atrito suficiente para detoná-los, causando ferimentos graves.
O Perito de Incêndio deve ser informado sobre a localização, condição, tipo e
envolvimento real de quaisquer explosivos no incidente.

Particularidades
Sob nenhuma circunstância as tampas do recipiente devem ser abertas
durante o combate a incêndios, mesmo que o fogo pareça estar somente do lado de
fora. As tampas/portas dos recipientes não devem ser abertas durante pelo menos
24 horas e o recipiente deve ser tratado como uma fonte potencial de explosão
104

durante todo esse prazo. Ao atender um incidente no local, todas os recipientes


devem ser tratadas como contenedores de explosivos da Categoria 1.1, a não ser
que haja confirmação confiável do contrário.
Os explosivos de peróxido improvisados ou caseiros podem ser
encontrados nos incidentes mais rotineiros, como em incêndios domésticos e
incêndios de automóveis. Eles são detonados facilmente por choque, impacto,
choque de chama, faíscas e até mesmo eletricidade estática. Se existe suspeita de
que explosivos caseiros podem estar presentes, deve ser considerado o seguinte:
- Não toque em nada suspeito especialmente pós brancos em recipientes;
-.Não pise em nada, os explosivos de peróxido podem explodir quando
pisados em formas especialmente granuladas;
- Considere táticas defensivas se nenhuma vida estiver em risco;
- Preservar a cena e quaisquer provas potenciais;
- Estabelecer isolamento e proteger o local;
- Informar à Polícia Militar sobre a suspeita.
105

CAPÍTULO 9 – PRIMEIROS SOCORROS ENVOLVENDO PRODUTOS


PERIGOSOS

Seção 1 – Primeiros socorros para vítimas de produtos perigosos

Objetivos:
 Realizar procedimentos de primeiros socorros envolvendo ocorrências com produtos
perigosos.

Os primeiros atendimentos deverão seguir às premissas relacionadas às vias


de contaminação como a inalação, ingestão, injeção, absorção/adsorção.

a) acionar atendimento qualificado (USA – Unidade de Suporte Avançado Terrestre);

b) Retirar a vítima do local contaminado utilizando os equipamentos específicos,


conforme os riscos existentes no acidente;

c) Iniciar a descontaminação da vítima:


- remover roupas e sapatos contaminados, tomando cuidado com possível
aderência na pele;
- enxaguar a região contaminada com muita água, caso seja líquido, lavando em
seguida com água e detergente neutro;

Figuras 76 – Acidente envolvendo produtos perigosos, 2013.


Fonte: Rogério Silva Matos.

- não jogar água no produto perigoso caso esteja no estado sólido (pó) e reduzir a
contaminação utilizando pano seco;
106

- em caso de contaminação do globo ocular, manter as pálpebras da vítima


abertas e enxaguar com muita água;

d) monitorar sinais vitais da vítima quando puder;


- administração de antídoto conforme identificação do contaminante;
- iniciar Avaliação Primária da vítima:
(A) abertura de vias aéreas e controle e estabilização da coluna cervical, se
necessário;
(B) verifique se há ventilação e oxigenação da vítima;
(C)checar pulso, controlar hemorragia externa e iniciar Reanimação
Cardiorrespiratória caso necessário;
(D) checar o nível consciência de vítima;
(E) manter a vítima aquecida tomando cuidado com a compatibilidade química
entre o contaminante e o material utilizado para proteção da vítima;

e) permanecer em lugar ventilado;

f) não provocar vômito ou administrar qualquer tipo de paliativo;

g) jamais tentar realizar a descontaminação na vítima com qualquer tipo substâncias


incompatível, com exceção da água;

h) transportar a vítima para um hospital de referência, informando as


características do material perigoso;

i) atentar para os riscos de contaminação secundária e cruzada utilizando os


Equipamentos de Proteção Individual adequados.
107

CAPÍTULO 10 – PADRÃO DE ATENDIMENTO

Seção 1 – Procedimentos envolvendo produtos perigosos

Objetivos:
 Realizar a sequência procedimentos de atendimento envolvendo ocorrências com
produtos perigosos.

 Introdução:
A primeira resposta no atendimento à ocorrência envolvendo produtos
perigosos poderá ser realizada por qualquer OBM da respectiva área de atuação,
pois todos os bombeiros militares têm capacidade técnica de formação e
aperfeiçoamento, o que equivale ao Nível de Atendimento/Capacitação II. Os
Oficiais de Comando e Administrativos formados a partir de 2006 têm formação
equivalente ao Nível de Capacitação III – Técnico, podendo assim realizar vários
procedimentos especificados acima. Entretanto, a resposta especializada/
gerenciamento será acionada pelo Coordenador de Operações quando o evento
fugir do controle, exigindo atuações mais técnicas e específicas. Quando acontecer
o acidente ambiental envolvendo produtos perigosos, sempre que possível o órgão
ambiental responsável pela região deverá ser acionado imediatamente, para fins de
fiscalização e atendimento.

1.1 – Acionamento ou registro de todas as informações sobre emergência


envolvendo materiais perigosos no Centro Operacional de Bombeiros: são feitas as
identificações internas, como as documentações necessárias para o manejo do
produto e externas, como rotulagem e placas de identificações, condições
meteorológicas, aclive ou declive, vazamento ou derramamento, incêndio e outros
perigos. Quando não houver identificação do produto perigoso no acidente,
identifique algum dano causado ao meio ambiente pelo produto perigoso, como
morte de animais, ambiente seco, barulho estranho, cheiro estranho ou qualquer
outra informação que possa identificar o material perigoso.

1.2 – Estabelecimento da ferramenta Sistema de Comando de Incidentes, com a


108

instalação do Posto de Comando.

1.3 – Gerenciamento e controle do cenário da ocorrência: o respondedor aproxima-


se com cuidado, posicionando e estacionando viaturas no cenário da ocorrência, de
acordo com o SCI, estabelecendo a área de apoio, perímetro de isolamento,
zoneamento de área de trabalho e segurança, e assim realizar o início das ações de
proteção pública.

1.4 – Identificação do material perigoso: com ou sem identificação dos recipientes de


armazenamento a granel, fracionado ou em instalações fixas, de acordo com seu
ciclo de vida, deve-se observar todos os tipos de classificação internacional do
produto perigoso, sinalizando o local caso, o acidente seja envolvido transporte.
Poderá ser utilizado o manual da ABIQUIM, a Ficha de Informação de Segurança do
Produto Químico – FISPQ e o manual de NIOSH – National Institute for
Occupational Safety and Health, do Instituto Nacional de Segurança e Saúde
Ocupacional.

1.5 – Avaliação dos riscos e monitoramento dos perigos potenciais: o produto


perigoso poderá alterar-se com a combustão e liberação de gases tóxicos e
inflamáveis nos incêndios, como reatividade de produtos incompatíveis ou não,
corrosividade, radiações ionizantes e risco biológico. Entretanto, esse
monitoramento e identificação poderão ser realizados com acompanhamento de
equipamentos específicos, como tubos colorimétricos, detectores de gases,
fotoionizador, medidores de pH, cromatógrafos, dentre outros equipamentos.

1.6 – Operacionalização das ações: aplicar técnicas, táticas e estratégicas para


contenção/confinamento e salvamento, com pessoal capacitado e equipamentos
específicos para atuação. Existem várias técnicas ou ações de confinamento, como
a absorção, adsorção, cobertura, represamento, construção de dique ou bacia de
contenção, diluição, dispersão, retenção e supressão. No entanto, para contenção
de vazamento e derramamento, poderão ser aplicadas técnicas de neutralização,
vedação/estancamento e redução/alívio da pressão, solidificação a aspiração, como
transbordo.
109

1.7 – Corredor de redução de contaminação: para montá-lo com suas estações, são
exigidos vários fatores, como a complexidade ou dimensão do acidente, seleção do
local ideal de fácil locomoção, direção do vento, capacitação técnica, equipamentos,
efetivo, dentre outros fatores. Antes de usar as soluções para descontaminação, é
mais aplicável retirar o excesso de material perigoso, em atenção aos estados
físicos.

1.8 – Recomendações finais: importantes e obrigatórias, pois a maioria das


ocorrências envolvendo produtos perigosos não é semelhante, extrapola tempo e
espaço, nem sempre há equipamentos específicos, nem mão de obra qualificada,
além da infinidade de produtos circulando em todos os lugares. No entanto, a
análise crítica, avaliação, síntese, perícia e instrução pós-evento se faz necessária
para melhorar a eficiência de futuros atendimentos, a fim de mitigar as
consequências do acidente, não apenas no presente momento do evento, mas
também para futuras gerações.
110

Figura 77 - Fluxograma para atendimento de emergências envolvendo produtos perigosos.


Fonte: Wanderley Valério de Oliveira e Alex Divino Pereira.
111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIQUIM, Associação Brasileira da Indústria Química. Manual para Atendimento a


Emergências: Guia para as primeiras ações em acidentes. 6. ed. São Paulo: [s.n.],
2011. 340 p.

ABNT NBR 14064. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Transporte rodoviário


de produtos perigosos - Diretrizes no atendimento à emergência. 2014.

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policia militar: MTB 25 emergências em vasos pressurizados. São Paulo, 2006.

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1

*
2

a
3

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E ADM PENITENCIÁRIA


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
COMANDO GERAL

Portaria n. 119/2017 – CG
Aprova manual referente ao Sistema de Comando
de Incidente – SCI no âmbito da Corporação.

O Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás,


no uso de suas atribuições legais, nos termos do inciso II do art.11 da lei Estadual n.
18.305, de 30de dezembro de 2013,

RESOLVE:
Art. 1º Aprovar o Manual Operacional de Bombeiros – Sistema de
Comando de Incidentes – SCI.

Art. 2º O Comando da Academia e Ensino Bombeiro Militar deverá


adotar as providências visando inserir o manual ora aprovado nos conteúdos
programáticos dos cursos ministrados na Corporação. Conforme conveniência.

Art. 3º A Secretaria Geral e o Comando Geral de Gestão e Finanças


providenciem o que lhes compete.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação em


Boletim Geral da Corporação.

PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE

Comando Geral, em Goiânia, 16 de maio de 2017.


4

MANUAL OPERACIONAL DE BOMBEIROS


SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE – SCI

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás


CEL BM QOC Carlos Helbingen Júnior

Comandante da Academia e Ensino Bombeiro Militar


CEL BM QOC Sérgio Ribeiro Lopes

Comissão de Coordenação e Elaboração


TC BM QOC Emerson Divino Gonçalves Ferreira
2º TEN BM QOC Jonathan Alves Soares
2º TEN BM QOC Joel Varela do Nascimento Neto
3º SGT BM QPC Oneil Evangelista de Sousa

Colaboradores
TC BM QOC Claison Alencar Perreira
MAJ BM QOC Antônio Carlos Moura
MAJ BM QOC Hélio Loyola Gonzaga Júnior
1º TEN BM QOC Ricardo de Souza Oliveira

Equipe de Revisão Técnica


TC BM QOC Emerson Divino Gonçalves Ferreira
2º TEN BM QOC Jonathan Alves Soares
2º TEN BM QOC Joel Varela do Nascimento
3º SGT BM QPC Oneil Evangelista de Sousa

Equipe de Revisão Ortográfica


1º TEN BM QOA/Administrativo Roberto Luís Menezes Soares

Arte/Contracapa
SD BM QOC Alex Salvíno Dias

Goiânia–GO/2017
5

M294 Manual Operacional de Bombeiros: Sistema de Comando de Incidentes /Corpo de


Bombeiros Militar do Estado de Goiás. – Goiânia: - 2017.
85 p. : il.

Vários colaboradores.

1. Histórico do Sistema de Comando de Incidente. 2. Definições, Princípios, Funções,


Instalações e Recursos do Sistema de Comando de Incidentes. 3. Estrutura do Sistema de
Comando de Incidentes. 5. Ciclo do Planejamento Operacional. I. Goiás (Estado) - Corpo
de Bombeiros Militar.

CDU: 005.931.1
6

Prefácio

Nos últimos anos o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás tem


procurado se aperfeiçoar, crescer e se fortalecer na missão de melhor servir a
população. Investindo diuturnamente na busca de novos conhecimentos, tanto na
parte de planejamentos, quanto na área operacional. Neste contexto, pode-se dizer
que estamos dando um grande avanço com a implantação do Sistema de Comando
de Incidente - SCI na gestão de nossas ações de resposta. Uma ferramenta de
resultados consolidados, já empregados por diversas instituições de segurança, bem
como por diversos Corpos de Bombeiros do Brasil e de vários países do Mundo.
Poder hoje contar com esta ferramenta em nossa instituição é algo
imprescindível perante uma sociedade que tem evoluído a passos largos.
Promovendo, a cada dia, diversas situações de riscos, muito das vezes de grandes
proporções. Exigindo assim, dos agentes de segurança a elaboração de ações de
prevenção e de resposta, cada vez mais eficientes e eficazes na proteção de suas
vidas, do meio ambiente e na manutenção da ordem.
O conteúdo deste manual trás uma serie de orientações que podem ser
empregadas desde uma simples e rápida ocorrência, que corresponde a grande
maioria dos atendimentos realizados pelo CBMGO, bem como nas situações de
maior magnitude e/ou complexidade, pois estas exigirão de nós maior capacidade
gerencial em razão do grande numero de recursos de resposta.
O sistema de gestão proporcionado com o emprego do SCI frente a um
evento é indubitavelmente viável e favorável para nós. Pois, oferece uma
estruturação hierárquica/sistêmica bastante funcional, coerente e moldável a
qualquer magnitude, complexidade e natureza do incidente.
Assim sendo, esperamos que este manual venha padronizar as ações de
prevenção e de resposta do CBMGO, tanto nas operações planejadas ou
inesperadas. Por conseguinte, que também possa proporcionar aos comandantes e
chefes de socorros, melhor gestão, administração e otimização dos recursos e a
comunicação entre os envolvidos durante uma resolução de um incidente.
7

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – CONCEITO E HISTORICO DO SCI
Seção 1 Conceito de SCI 01
Seção 2 Histórico do SCI 01
No Mundo 02
No Brasil 04
Em Goiás 04
CAPÍTULO 2 – PRINCÍPIOS DO SCI
Seção 1 Princípios básicos do SCI 07
Terminologia Comum 08
Alcance de Controle 08
Organização Modular 09
Comunicações Integradas 10
Plano de Ação do Incidente 10
Cadeia de Comando 11
Comando Unificado 11
Instalações Padronizadas 12
Manejo Integral dos Recursos 13
Quanto a categoria 13
Quanto ao estado no incidente 14
CAPÍTULO 3 – INSTALAÇÕES DO SCI
Seção 1 Principais instalações do SCI 15
Posto de Comando (PC) 15
Área de Espera (E) 17
Área de Concentração de Vítimas (ACV) 18
Base (B) 19
Acampamento (A) 20
Helibase (H) 20
Heliponto (H1) 21
CAPÍTULO 4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SCI
Seção 1 Composição da Estrutura Organizacional do SCI 22
Da Estruturação 22
Das denominações quanto às posições na estrutura do SCI 23
Estrutura Organizacional Básica do SCI 23
8

Do Comando do incidente (C.I) 24


Das funções do Comandante do Incidente (C.I.) 25
Da decisão de expandir ou contrair a Estrutura 26
Estrutura expandida do SCI 27
Seção 2 Da Composição da Estrutura Organizacional do SCI 27
Staff de Comando 27
Oficial de Segurança 28
Oficial de Informação Pública 29
Oficial de Ligação 30
Staff Geral 30
Seção de Operações 31
Área de Espera 32
Área de Concentração de Vítimas 33
Divisão 33
Grupo 33
Seção de Planejamento 34
Unidade de Recursos 35
Unidade de Situação 35
Unidade de Documentação 36
Unidade de Desmobilização 36
Unidade de Especialistas 36
Seção de Logística 36
Unidade de Comunicações 38
Unidade Médica 38
Unidade de Alimentação 38
Unidade de Suprimentos 38
Unidade de Instalações 38
Unidade de Apoio Terrestre 39
Seção de Administração e Finanças 39
Unidade de Tempo 40
Unidade de Provedoria 40
Unidade de Custos 40
9

CAPÍTULO 5 – CICLO DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL


Seção 1 O Ciclo Operacional – Ciclo “P” e suas Etapas 41

Ciclo “P” 41

Resposta Inicial 42
Primeira Resposta 42
Briefing do Incidente 43
Reunião Inicial do Comandante do Incidente 44
/Comando Unificado
Reunião de Desenvolvimento dos Objetivos 44
Reunião do Comando e STAFF’S 46
Preparação para Reunião Tática 47
Reunião Tática 47
Preparação para Reunião de Planejamento 48
Reunião de Planejamento 49
Preparação e Aprovação do PAI 50
Briefing Operacional 50
Execução do Plano e Avaliação do Progresso 52
Períodos Operacionais 52
CAPÍTULO 6 – INSTRUMENTOS DE CONSULTA E REGISTROS
Seção 1 Tarjeta de Campo 54
1º Passo: Informar a Base de sua Chegada ao 54
Incidente
2º Passo: Assumir e Estabelecer o Posto de 54
Comando
3º Passo: Avaliar a Situação 55
4º Passo: Estabelecer o Perímetro de Segurança 55
5º Passo: Estabelecer os Objetivos 56
6º Passo: Determinar as Estratégias e Táticas 56
7º Passo: Determinar as Necessidades de 56
Recursos Adicionais e o Estabelecimento das
Instalações
8º Passo: Preparar as Informações para Transferir 57
o Comando
Seção 2 Formulários 57
Formulário SCI 201 – Briefing do Incidente 58
10

Formulário SCI – 202 – Objetivos da Resposta 62


Formulário SCI 204 – Designações Táticas 66
Formulário SCI 205 – Plano de Comunicação 68
Formulário SCI 206 – Triagem de Vítimas 69
Formulário SCI 211 – Lista de Registro 71
Formulário SCI 215 – Planejamento Operacional 72
Formulário SCI 219 - (cartão “T”) 74
Formulário SCI 234 – Matriz de análise de 75
trabalho
CAPÍTULO 07 – ESTUDO DE CASO
Seção 1 Estudo de Caso 77
Situação do Incidente: Acidente de trânsito 77
1

CAPÍTULO 1 – CONCEITO E HISTÓRICO DO SCI

Seção 1 – Conceito de SCI

Objetivos
 Apresentar aos leitores o conceito do que vem a ser o “Sistema de Comando de
Incidentes – SCI;
 Descrever o histórico e evolução do SCI no Mundo, no Brasil e em Goiás;
 Iniciar o entendimento quanto ao assunto que será tratado ao longo deste manual.

Conceito de SCI
Sistema de Comando de Incidentes – SCI. Podemos aqui conceituar como
sendo uma ferramenta de gerenciamento padronizado de incidentes, independente
da natureza, amplitude e/ou complexidade do evento, permitindo ao seu usuário o
emprego de uma estrutura organizacional integrada capaz de suprir as adversidades
e demandas dos incidentes, únicos ou múltiplos, sem interferir nos limites
jurisdicionais da(s) instituição (ões) de resposta (SENASP, 2008. P. 19).
Podemos conferir os conceitos do SCI observando as palavras que formam
essa expressão:
 Sistema: Conjunto de mecanismos, aparelhagem, equipamentos e pessoal
dispostos de forma a interagir para o desempenho de uma determinada tarefa.
 Comando: ação e efeito de impulsionar, designar, orientar e conduzir os
recursos.
 Incidente: evento de causa natural ou provocado por ação humana que
requer a intervenção de equipes dos serviços de emergência para proteger vidas,
bens e ambiente.

Seção 2 – Histórica do SCI

Objetivos
 Apresentar o histórico do Sistema de Comando de Incidentes no Mundo, no
Brasil e em Goiás (CBMGO);
2

 Demonstrar sua trajetória de evolução e aceitação por parte de vários órgãos e


instituições.
 Descrever os vários tipos de emergências e/ou eventos não planejados em que
se pode realizar a aplicação do SCI em sua gestão.

O Sistema de Comando de Incidente – SCI não é algo novo e experimental,


sua estrutura atual foi concebida após longa fundamentação teórica e prática
discutida e aplicada em múltiplos eventos por diversos países do mundo.

No Mundo
O Sistema de Comando de Incidentes (SCI) começou a ser trabalhado nos
anos de 1970, em resposta a uma série de incêndios florestais que praticamente
destruíram o Sudoeste da Califórnia (EUA). Naquela época, a falta de conceitos
unificados e modelos sistêmicos de emprego de recursos fizeram com que a
resposta dos diversos órgãos envolvidos no incidente resultasse em problemas
operacionais graves.
Diante disto, as autoridades de municípios, de condados e do próprio governo
estadual que estavam envolvidas se juntaram para formar um grupo de trabalho que
ficou conhecido como Firefighting Resources of Califórnia Organized for Potential
Emergencies (FIRESCOPE) para discutir os assuntos e encontrar alternativas de
melhoria.
Este grupo de trabalho concluiu que o maior problema naqueles incêndios
florestais não estava na quantidade nem na qualidade dos recursos envolvidos, mais
sim, na dificuldade em coordenar ações de diferentes órgãos e jurisdições de
maneira articulada e eficiente.
Desta forma, foram identificados inúmeros problemas comuns às respostas a
sinistros envolvendo múltiplos órgãos e jurisdições, como por exemplo:
 Ausência de estrutura de comando clara, definida e adaptável às situações;
 Dificuldade em estabelecer prioridades e objetivos comuns;
 Falta de uma terminologia comum entre os órgãos envolvidos;
 Falta de integração e padronização das comunicações;
 Falta de planos e ordens consolidados.
3

Os esforços do FIRESCOPE resultaram no desenvolvimento do modelo


original do SCI para gerenciamento de incidentes.
Este modelo originalmente desenvolvido para combate a incêndios florestais
evoluiu para um sistema aplicável a qualquer tipo de emergência e, muito do
sucesso do SCI é resultado da aplicação direta de uma estrutura organizacional
comum e princípios de gerenciamento padronizados.
A seguir, destacamos algumas datas e acontecimentos que marcaram a
história e a evolução do Sistema de Comando de Incidentes:

DATA ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS

1970 Grandes incêndios na Califórnia em um período de 13 dias destruíram


700 edificações com 16 óbitos.

1971 Investimento em pesquisa com o intuito de melhorar a eficiência no


emprego de recursos.

Incremento nas pesquisas de melhoria do SCI por parte do


Departamento de Meio Ambiente e Proteção contra Incêndios da
1972 Califórnia, Centro de Operações de Emergências do governo da
Califórnia, Corpos de Bombeiros dos condados de Santa Bárbara e
Ventura e da cidade de Los Angeles.

1973 Lançamento da 1ª versão do Sistema de Comando de Incidentes

1976 Denominações, procedimentos e funções das instituições que formavam


o FIRESCOPE passam a serem adotadas.

1980 SCI passa a ser utilizado e adotado por outras esferas do governo.

1981 SCI passa a ser adotado como padrão de resposta nacional para
atendimento a emergências e desastres.

A Agência Federal de Gerenciamento de Emergência (FEMA) e o


Departamento de Segurança Interna tornam obrigatório o uso do SCI em
2003 ocorrências de desastres naturais ou provocados pelo homem assim
como também incidentes envolvendo terrorismo e produtos perigosos.

Tabela 01: Acontecimentos Históricos do SCI no EUA (Fonte: Manual de SCI/DF).


Vale destacar ainda que no mundo o SCI é bastante utilizado no Reino Unido
e por algumas agências no Canadá. A ONU também reconhece esta ferramenta
como de real importância para o desenrolar das ocorrências de sinistros e eventos
envolvendo grande concentração de pessoas.
4

No Brasil
Com a participação em cursos de profissionais de diferentes instituições que
trabalham com emergências ocorreu o envolvimento e produção de conhecimento
com a finalidade de introdução desta ferramenta para resolver os problemas de
coordenação das ações de respostas a diversos desastres no Brasil. Com isso,
Estados brasileiros iniciaram o processo de estudo e de implantação da ferramenta
destacando-se:
Santa Catarina, que através da união de esforços entre a Defesa Civil
estadual e a Universidade de Santa Catarina iniciaram o estudo e o processo de
implantação da ferramenta, utilizando seus princípios, mas com outra denominação:
Sistema de Comando de Operações (SCO). O Estado do Paraná também seguiu
esta denominação.
São Paulo onde o Corpo de Bombeiros, após o estudo e análise do SCI,
resolveu utilizar seus princípios, porém também com outra denominação: Sistema de
Comando em Operações de Emergência (SICOE). Neste Estado os exercícios
simulados com o objetivo da aplicação constante da ferramenta são bastante
utilizados.
Rio de Janeiro adotou os princípios e a nomenclatura usada nos Estados
Unidos da América em relação ao Sistema de Comando de Incidentes.
Distrito Federal local de integração entre órgãos que compõem o Sistema de
Segurança Pública e Defesa Social estabelecendo um sistema de gerenciamento
unificado, coordenado pela Secretaria de Segurança Pública do DF para situações
críticas com envolvimento de órgãos diversos para a sua resolução.

Em Goiás
A implantação da ferramenta SCI se fortaleceu a partir da primeira turma de
Oficiais da Corporação formados no Curso de Sistema de Comando de Incidentes
no ano de 2008 junto ao CBMDF. Essa turma foi composta por militares que
passaram a difundir a ferramenta e empregá-la em diversos tipos de ocorrências.
Ao longo dos anos o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás tem
buscado colocar em prática sua aplicação junto às principais operações
institucionais (eventos planejados e de grande emprego de recursos) como a
Operação Férias (durante os meses de julho), Operação Cerrado Vivo (de junho a
novembro/período de estiagem), Operação Carnaval, Operação Romaria do Divino
5

Pai Eterno e mais recentemente a Operação Goiás contra o Aedes (com quase 02
anos ininterruptos de duração) cujo seu sucesso tem se dado especificamente pelo
gerenciamento proporcionado pelos conhecimentos do SCI. Como também, já fez
sua utilização em vários eventos temporários de grande monta como o Show de
Paul McCartney em 2013, na realização do SENABOM 2014 e 2015, e da
Solenidade de reinauguração do Estádio Olímpico, entre outros eventos.

Foto 01: PC. 42ª Operação Férias. Foto 02: PC. Evento Campal - Op. Romaria/2015.

A Corporação também já teve a oportunidade e a experiência de se fazer o


emprego do SCI em situações de operações não planejadas, nas quais requereram
o emprego e a gestão de uma grande quantidade de recursos. Podemos aqui citar:
Incêndio na unidade de processamento de carnes e derivados de aves e suínos da
cidade Rio Verde, incêndio em loja atacadista da região de campinas da cidade de
Goiânia, Incêndio em indústria farmoquímica na cidade de Anápolis, incêndio
florestal no Parque Nacional das Emas e no Parque Estadual da Serra de Caldas
Novas.

Foto 03 e 04 – Incêndios em indústria de derivados de aves e suínos, Rio Verde – GO.


6

Fotos 05 e 06: Incêndio em loja atacadista de Goiânia – GO.

Exemplos de outros eventos (não esperados) cabíveis do uso do SCI

Incêndios em edificações com grande densidade


Incêndios em instalações e depósitos de inflamáveis
Incêndios florestais em áreas de preservação ambiental que fuja do controle dos
órgãos que têm atribuições específicas para combatê-los
Explosões
Tremores de terra
Acidentes no transporte aéreo, rodoviário, ferroviário, aquático e metroviário
Incidentes com produtos perigosos
Acidentes em estruturas industriais
Acidentes com múltiplas vítimas
Acidentes com vítimas em estruturas colapsadas
Intoxicações coletivas
Acidentes relacionados a substâncias e equipamentos radioativos
Desastres de contaminação de mananciais e sistemas de abastecimento de água
Desastres relacionados a riscos de colapso ou exaurimento de recursos energéticos
Tabela 02: Tipos de eventos cabíveis do emprego do SCI
7

CAPÍTULO 2 – PRINCÍPIOS DO SCI

Seção 1 – Princípios básicos do SCI

Objetivos
 Dar conhecimento dos 09 (noves) princípios básicos que norteiam o Sistema de
Comando de Incidentes;
 Descrever as características, particularidades e importância de cada um dos 09
princípios dentro da Estrutura do SCI.

Os 09 Princípios norteadores do SCI


Considerando as particularidades dos órgãos envolvidos em um incidente, a
necessidade de entendimento entre os responsáveis, a complexa e a dinâmica da
natureza dos desastres desde sua origem, o SCI traz e adota 9 (nove) princípios que
permitem assegurar um deslanche rápido, coordenado e efetivo dos recursos
disponíveis e utilizáveis, minimizando os ruídos de comunicação e a alteração das
políticas e dos procedimentos operacionais próprios das instituições envolvidas,
solucionando e/ou mitigando os efeitos deste evento adverso sobre as pessoas
atingidas por eles. Sendo eles:

Figura 01: Os nove princípios norteadores do SCI. (Fonte: Manual de SCI/DF)


8

Princípio 1 – Terminologia comum


Para se evitar dificuldades logísticas e de comando, o SCI adota linguagem
única para nomes, recursos e instalações. Esta terminologia comum faz com que
todos os envolvidos possam se comunicar de forma eficiente e clara (ser entendido
e entender o outro), facilitando o desencadeamento de ações e, consequentemente,
a resposta por parte dos envolvidos. ABT ou
Caminhão
• O uso de terminologia comum ajuda a de Incêndio?
definir:
 As funções organizacionais;
 As instalações do incidente;
 As descrições dos recursos;
 Os títulos de posições;
 A execução das ordens.

Foto 07: Auto Bomba Tanque do CBMGO


(Fonte: BM/5 - CBMGO).

Para tanto, as comunicações devem ser feitas em linguagem simples e clara


para que todos entendam. Devendo ser evitado o uso dos códigos de rádio (Código
Q) ou jargão específicos a uma agência.

Princípio 2 – Alcance de controle


Este princípio garante o gerenciamento de pessoas, onde cada profissional
envolvido no incidente não pode ter sob seu comando um número grande de
indivíduos, Sendo assim, o SCI considera que o número de indivíduos que uma
pessoa pode ter sob sua supervisão direta e de no máximo 07(sete).

Figura 02: Limite máximo de Controle.


9

A medida que os recursos forem chegando, torna-se necessária a expansão


da estrutura do SCI de forma que o Alcance de Controle seja sempre mantido.

Figura 03: Modelo da Estrutura de Expansão do SCI deficiente quanto ao controle de alcançe

Princípio 3 – Organização modular


De acordo com o incidente certas atividades e funções precisam ser
desenvolvidas e gerenciadas para se ter uma boa resposta. A organização modular
considera o tipo, magnitude e complexidade do incidente, sendo que a sua
expansão ocorre:

De baixo para cima, à medida que os


recursos são designados na cena, e seu
estabelecimento se dá de cima para baixo, de
acordo com as necessidades e prioridades
determinadas pelo comandante do incidente.

Esta organização modular não é rígida, permitindo que as posições de


trabalho possam somar-se (expansão) ou serem retiradas (contração) com facilidade
de acordo com evolução do incidente. Bem como, os objetivos do incidente
determinarão as dimensões da estrutura organizacional. De forma que as
funções/posições serão ativadas conforme necessidade e disponibilidade de
recursos e de forma que cada elemento deva ter uma pessoa encarregada.
10

Nos incidentes não planejados, o primeiro a chegar à cena com capacidade


operacional assumirá todas as funções, as quais serão ativadas e delegadas com a
chegada das equipes de apoio.

Princípio 4 – Comunicações integradas


Este princípio garante que o fluxo de informações em um incidente possa ser
transmitido da melhor forma possível para garantir o bom andamento das ações.
Aspectos como tamanho do evento, tipos e quantidades de redes,
terminologia, canais e as frequências comuns ou interconectadas garantem que as
comunicações sejam integradas.
Podemos citar alguns exemplos de redes que podem ser estabelecidas em
um incidente: Rede de Comando, Táticas/Administrativas, Terra-ar, Ar-ar, suporte
médico, estratégicas entre outras.
As comunicações podem ser facilitadas por meio:
- Do desenvolvimento e uso de um plano
comum de comunicação.
- Da interoperabilidade dos equipamentos,
procedimentos e sistemas de comunicação.

Já nos primeiros momentos de um


incidente, é de fundamental importância
construir um sistema integrado de
comunicação de voz e dados (equipamentos,
sistemas e protocolos).

Foto 08: Comunicação via rádio

Princípio 5 – Plano de Ação do Incidente – PAI


O Plano de ação do incidente (PAI) é um planejamento que abordará
objetivos, estratégias, táticas requeridas para determinado período operacional. Na
maioria dos incidentes, dada sua curta duração, o PAI não precisa ser escrito, mais
sim, elaborado mentalmente.
Normalmente os períodos operacionais não são superiores a 24 (vinte e
quatro) horas. Desta forma, estes objetivos, estratégias, táticas devem ser definidos
de acordo com o período operacional, pois as demandas e, consequentemente, o
emprego dos recursos pode variar com a evolução ou não do incidente.
11

• Cada PAI deve conter:

MATRIZ DE TRABALHO DE UM SCI


 O que se quer;
Objetivos  Características: atingíveis, mensuráveis e flexíveis;
 Orienta todas as ações em um incidente.
 Como chegar aos objetivos (aos resultados);
Estratégias  São influenciadas pelos recursos e prioridades traçadas;
 Verificar possibilidade: “e se não der certo”.
 Quem;
Táticas  O que;
 Onde e quando.

Princípio 6 – Cadeia de comando


A cadeia de comando garante que cada pessoa responda e informe somente
à(s) pessoa(s) designada(s) sejam elas: o comandante do incidente, oficial, chefe,
encarregado, coordenador, líder ou supervisor, proporcionando assim a eficácia no
cumprimento das ordens e evitando distorções na comunicação e duplicidade de
ordens por setores diferenciados.

Figura 04: Cadeia de Comando.

Princípio 7 – Comando unificado


O comando unificado permite a coordenação por mais de uma instituição com
competência técnica e jurisdicional em um incidente. Ele permite a realização de
acordos para facilitar o gerenciamento onde cada instituição conserva sua
autoridade, responsabilidades e obrigações.
12

Embora as decisões sejam tomadas em conjunto, todo incidente deve haver


um líder situacional, que geralmente será da instituição de maior pertinência ou
competência legal no incidente.

Foto 10: Reunião na Sala de Comando da Op. Romaria (CB, PM, SMT, Prefeitura M.). Fonte:
Relatório Operação Romaria – 2016.

Princípio 8 – Instalações padronizadas


Características como localização precisa, denominação comum, boa
sinalização e em locais seguros permitem que as instalações padronizadas possam
facilitar o trabalho dos envolvidos em SCI. As instalações que podem ser
estabelecidas em um incidente são: Posto de Comando (PC), Base (B), Área de
Espera (E), Área de Concentração de Vítimas (ACV), Heliporto (H1), Helibase (H) e
Acampamento (A).

Fotos 11, 12,13 e 14: Tipos de Instalações (PC, E, ACV e B)


13

Princípio 9 – Manejo integral de recursos


Este princípio trata da gestão de forma eficiente dos recursos disponíveis em
um incidente. Mais afinal o que são recursos? Dentro do contexto do SCI, são
equipamentos e/ou pessoal pronto para ser usados em um incidente.
Os recursos podem ser combinados de diversas formas e originar diferentes
categorias, como segue abaixo:

Quanto à categoria
 Recurso único: Equipamento e seu complemento em pessoal que pode ser
designado para o incidente para uma finalidade específica.

Foto 15: Exemplo de recurso único.

 Equipe de intervenção: Conjunto de recursos únicos da mesma classe e


tipo com um só líder e empenhados para atuarem em uma finalidade específica.

Foto 16: Exemplo de equipe de intervenção.


14

 Força-tarefa: Qualquer combinação de recursos únicos de diferentes


classes ou tipos, subordinados a um só líder e atuando numa tarefa específica.

Foto 17: Exemplo de força-tarefa.

Quanto ao estado no incidente:


 Designados: São recursos que estão trabalhando no incidente sob a
direção de um supervisor;
 Disponíveis: São recursos cadastrados que estão prontos para serem
designados. Encontram – se na área de espera;
 Indisponíveis: São recursos que não disponível nem pronto para
deslocamento (p.ex.: questões de manutenção, períodos de descanso).
15

CAPÍTULO 3 – INSTALAÇÕES DO SCI

Seção 1 – Principais instalações do SCI

Objetivos
 Apresentar as instalações do Sistema de Comando de Incidentes;
 Descrever as características de cada uma das instalações do SCI;
 Descrever dentre as instalações quais são essenciais em qualquer aplicação do
SCI.

Toda e qualquer operação para que se tenha êxito faz – se necessário a


disponibilização e emprego de vários recursos, bem como a gestão e o emprego
correto de cada um. No entanto, para que isto venha ocorrer com maior eficiência e
organização na gestão do emprego dos recursos é importante a ativação e
identificação de certas instalações e seções. Desta forma o SCI define
espaços/instalações específicos capazes de fornecer uma condição ideal de
acomodação, tanto da parte operacional, quanto de apoio e comandamento do
Incidente. Sendo:

Posto de Comando (PC)


Local onde são exercidas as funções de comando dentro da estrutura do SCI.
Independentemente do tamanho ou complexidade do incidente devemos estabelecer
esta instalação.
O PC, a princípio, em um incidente não planejado, estará identificado por um
símbolo em formato retangular de fundo alaranjado com as letras “PC” em preto, nas
medidas de 90 cm x 110 cm. Ele também pode ser representado através de um
cone sobre a viatura de referência escolhida para este fim.
16

Figura 05: Representação Simbólica do Posto de Comando.

Mesmo em incidentes de maior complexidade o posto de comando pode ser


ativado em uma estrutura fixa, ou móvel, desde que possibilite a montagem de
recursos mínimos, capazes de apoiar o Comandante ao acesso às informações do
incidente para tomada de decisão em discussão com seus Staffs.

Fotos 18 e 19: Exemplos de PC usado pelo CMBGO. (Fonte: BM/5 – CBMGO).

Considerações sobre o Posto de Comando


 Deverá ser estabelecido em local seguro (de preferência na zona morna),
longe de ruídos, da confusão que normalmente acompanha um incidente, possibilitar
expansão e segurança.
 Deve possibilitar uma visão integral da cena do incidente (dentro do
possível) e permitir a expansão caso requerido;
 Deve permitir o controle de acesso para garantir a segurança nos
incidentes; Informação de sua ativação e localização assim que for estabelecido;
 Sinalização, de modo a ser identificado por todas as pessoas que estejam
envolvidas na resposta ao incidente;
17

 Disponibilidade de comunicação.
Para ativação de uma estrutura fixa e completa de um PC, caso o evento
venha exigir e permitir, é recomendado que nele tenha os seguintes recursos:
 Mapas e croquis do evento;
 Identificação das instalações;
 Coletes e/ou braceletes de identificação das funções;
 Lápis, caneta, marcadores e pincel atômicos;
 Painel e formulários do SCI (capitulo 6);
 Manual do SCI;
 Planos de Emergências e POP (natureza do evento);
 Cartões para controle dos recursos (T- Cards);
 Mesas e cadeiras;
 Pontos de energia, internet;
 Computadores e impressora,

Área de Espera (E)


A área de espera é um local para onde se dirigirem os recursos operacionais
disponíveis, bem como os recursos solicitados, quando de sua chegada ao
incidente.
É também o local onde ocorre a recepção inicial e o cadastramento dos
recursos. Esta instalação é essencial no gerenciamento dos recursos porque
proporciona controle e segurança aos respondedores que estão aguardando o
momento de serem empenhados.

Foto 20: Exemplo de uma área de espera. (Fonte: BM/5 – CBMGO).


18

A área de espera é identificada por um círculo (com 90 cm de diâmetro) com


fundo amarelo e um “E” de cor preta em seu interior.

Figura 06: Representação simbólica da área de espera.

Área de Concentração de Vítimas (ACV)


É o local que permite a triagem inicial bem com a definição de prioridade de
transporte dentro de um SCI. Ela também deve permitir o monitoramento para
possível reclassificação de vítimas.
Podemos dividir as funções da área de concentração de vítimas em 4 (quatro)
vertentes: transporte, estabilização, triagem e manejo de mortos.
A área de concentração de vítimas é identificada por um círculo (com 90 cm
de diâmetro) com fundo amarelo e um “ACV” na cor preta em seu interior.

Figura 07: Representação simbólica da Área Foto 21: Exemplo de uma área de concentração de
de Concentração de Vítimas vítimas
.
19

Figura 08: Exemplo ideal de uma área de concentração de vítimas.

Na grande maioria das ocorrências em que forem empregadas as


instalações do SCI, as que são usadas mais freqüentemente são: Posto de
Comando (PC), a Área de Espera (E) e a Área de Concentração de Vítimas
(ACV).

Base (B)
A Base é uma instalação utilizada em grandes incidentes, sendo o lugar onde
se realizam as funções logísticas primárias, como almoxarifado, reparo de
equipamentos, etc. Geralmente há somente uma Base em cada incidente, no
entanto, existem eventos em que pode haver Bases auxiliares, como nos incêndios
florestais, que muitas vezes atuam em mais de uma frente de combate. A Base, pela
sua característica, muitas vezes é um bom local para se instalar o PC.
A base é identificada por um círculo (com 90 cm de diâmetro) com fundo
amarelo e um “B” de cor preta em seu interior.

B
Figura 09: Representação simbólica da Base Foto 22: Exemplo de uma Base
20

Acampamento (A)
É o lugar equipado e preparado para proporcionar ao pessoal um local para
alojamento, alimentação e instalações sanitárias.
Este acampamento pode fazer parte da base (B). Dependendo do tipo de
incidente, podemos ter vários acampamentos, cada um com seu encarregado.
O acampamento é identificado por um círculo (com 90 cm de diâmetro) com
fundo amarelo e um “A” de cor preta em seu interior.

A
Figura 10: Representação simbólica do Foto 23: Acampamento da Op. Férias / CBMGO
Acampamento

Helibase (H)
É o lugar onde são realizados os serviços de estacionamento, abastecimento
e manutenção de helicópteros.
A Helibase é identificada por um círculo (com 90 cm de diâmetro) com fundo
amarelo e um “H” de cor preta em seu interior.

H
Figura 11: Representação simbólica da Foto 24: Helicóptero em manutenção
Helibase.
21

Heliponto (H1)
Diferentemente da helibase, esta instalação será o local de realização de
pouso, aterrissa, carregar e descarregar pessoas, equipamento e materiais.
O heliponto é identificado por um círculo (com 90 cm de diâmetro) com fundo
amarelo e um “H1” (“H2”, “H3”...) de cor preta em seu interior.

H1
Figura 12: Representação simbólica para um Foto 25: Exemplo de zona de pouso de helicóptero.
Heliponto. (Fonte: BM/5 – CBMGO)
22

CAPÍTULO 4 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SCI

Seção 1 – Composição da Estrutura Organizacional do SCI

Objetivo

 Apresentar aos leitores como é a composição básica e expandida da estrutura


Organizacional do SCI, a qual permeia boa parte da sistemática do SCI;
 Citar as denominações, padronizadas, recebidas de acordo com os níveis das
funções ativadas;
 Apresentar e descrever as principais funções a serem tomadas e exercidas pelo
Comandante do Incidente - C.I.

Da Estruturação
O sistema de gestão padronizada proporcionado no emprego correto da
ferramenta SCI, para gerenciamento de situações emergências ou não emergências
(eventos planejados) de pequena ou grande monta, é algo bastante favorável aos
órgãos responsáveis pela resposta. Pois oferece uma estruturação hierárquica/
sistêmica, funcional e moldável a qualquer situação de resposta ou de prevenção,
independente da magnitude e/ou complexidade que venha se transformar. Ou seja,
durante o desenrolar de um atendimento simples de emergência, ou de prevenção
de um evento, essa situação poderá evoluir ou não; o que ira exigir do comando da
situação, a expansão de sua estrutura de resposta (mais recursos), retração
(dispensa dos recursos) ou a finalização da estrutura inicial.
Para Mintzberg (2003.p.12) em seu livro “Criando Organizações Eficazes”, a
estrutura de uma organização pode ser definida simplesmente como a soma pelas
quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como se dá a coordenação entre
essas.
Desta forma, a empregabilidade da ferramenta estrutural e organizacional do
SCI, como um todo, permite significativamente melhor direção, eficácia e eficiência
na gestão dos recursos e consequentemente alcance e êxito nos objetivos e
resultados propostos.
23

Das denominações quanto às posições na estrutura do SCI


Para que se tenha uma melhor e maior coordenação e organização dos
envolvidos, ao ser ativado e empregado o SCI, há um título diferente para cada
função/nível ativado dentro da estrutura organizacional do SCI, devendo ser de
conhecimento de todos os envolvidos.
Nível Título

COMANDO Comandante do Incidente

STAFF DE
Oficiais
COMANDO
Lideres

STAFF GERAL Chefe


SEÇÕES s
Chefes
SETOR Coordenador

DIVISÃO/GRUPO
Supervisores
1.1.

UNIDADES

Lideres
Eq. de Intervenção
F.Tarefa/R. Único

INSTALAÇÕES Encarregados

Figura 13: Denominações das funções quanto aos níveis da estrutura do SCI.

Estrutura Organizacional Básica do SCI


A maior parte das ocorrências diárias atendidas pelo CBMGO inicia de certa
forma pequena e com o emprego de poucos recursos (pessoal, viaturas e/ou
equipamentos), as quais, na grande maioria, finalizam em poucos minutos/horas.
Contudo, outras se evoluem exigindo do comandante a solicitação e o emprego de
mais recursos e consequentemente o comandamento sobre esses.
Tomando como base o princípio que o militar mais antigo da(s) primeira(s)
guarnição(ões) de resposta a situação, é o responsável de assumir oficialmente e
formalmente o comando da operação como um todo, até a chegada de uma
autoridade superior, uma ocorrência ou evento, por mais simples que sejam, desde
24

seu início, faz se necessário a definição de um comandante e a efetivação de uma


estrutura básica de SCI com definição e distribuição de funções. A qual poderá se
expandir de acordo com número e disponibilidade de pessoal e a evolução da
situação.
Para tanto, uma estrutura básica do SCI é constituída de 07 sete funções
distribuídas em 03 posições, capazes de otimizar, no início, a divisão rápida de
responsabilidades e consequentemente a coordenação e aplicação dos recursos,
sendo essas funções inicialmente cumulativamente exercidas pelo comandante do
incidente, e de acordo com a necessidade, esse poderá delegar a outras pessoas
essas atribuições.
 Posição 1 O Comando (Único ou Unificado);
 Posição 2Staff de Comando (composto pelos Oficiais de Informações
Públicas, Segurança e de Ligação); e
 Posição 3Staff Geral (constituída pelas Seções funcionais principais:
Operações, Planejamento, Logística e de Adm. e Finanças).

COMANDO
(ÚNICO OU UNIFICADO)
OFICIAL DE RELAÇÕES
PÚBLICAS

OFICIAL DE SEGURANÇA

OFICIAL DE LIGAÇÃO

SEÇÃO DE SEÇÃO DE SEÇÃO DE SEÇÃO DE ADM.


OPERAÇÕES PLANEJAMENTO LOGÍSTICA E FINANÇAS

Figura 14: Estrutura Organizacional Básica – SCI.

Do Comando do incidente (C.I):


Qualquer que seja a situação ou evento, bem como sua complexidade e/ou
magnitude, sempre deverá haver, desde o início das ações, um Comandante do
Incidente (C.I). O qual deve assumir a responsabilidade pelas ordens e ações até
que se tenha a chegada e a transferência do comando a uma autoridade mais
competente.
A ativação do SCI se dará desde as primeiras atitudes tomadas pelo C.I,
conforme a Tarjeta de Campo (capítulo 6), sendo importante também nesse
25

momento observar os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) específicos à


natureza do incidente. Após levantamento geral das informações, aplicação inicial
dos recursos e completo estabelecimento das instalações, em incidentes de maior
complexidade e longa duração, as ações subsequentes se darão a partir de Planos
de Ação do Incidente (PAI) definidos e implementados pelo C.I, para cada ciclo
Operacional – Ciclo “P”, (capítulo 5).
Inicialmente, em um atendimento a uma emergência, o C.I desempenhará
basicamente todas as funções. Contudo, com a chegada de reforços e à medida que
o incidente cresça em magnitude ou complexidade, o C.I deverá providenciar,
conforme as necessidades e disponibilidade de recursos, a ativação das demais
seções e os responsáveis para dirigi-las. Esta necessidade independe dos limites
institucionais dos respondedores, reforçando a importância do trabalho integrado
das instituições.
Para tanto, o Comando do Incidente (C.I), poderá ser Único ou Unificado,
devendo ser exercido, pela(s) pessoa(s) que possuir (em) a máxima autoridade legal
dentro do Sistema de Comando, e ser plenamente qualificado para conduzir os
trabalhos e a resposta ao incidente.

Das funções do Comandante do Incidente (C.I)


Como já descrito, o C.I deverá ser exercido por uma pessoa com autoridade
legal e que tenha capacidade e qualificação para conduzir os trabalhos.
No SCI o C.I administra a organização do Incidente repassando a seu Staff as
diretrizes necessárias para devida execução das ações planejadas por ele,
principalmente nos incidentes ou eventos de grande proporção.

Nível: Comando Denominação: Comandante do Incidente (C.I)

Características: Deve ser uma pessoa segura, objetiva, decidida, mentalmente


ágil e flexível para ouvir e aceitar sugestões. Deve ter uma ampla visão
estratégica e a capacidade de delegar funções de forma apropriada e oportuna
para manter o alcance de controle.

FUNÇÕES/RESPONSABILIDADES
 Assumir o comando e estabelecer o PC;
 Garantir a segurança do pessoal e de todo o perímetro do incidente;
 Avaliar as prioridades do incidente;
26

 Determinar os objetivos operacionais e as estratégicas a serem empregadas;


 Estabelecer uma estrutura organizacional apropriada conforme os recursos
disponibilizados, mantendo e respeitando o alcance de controle;
 Desenvolver e executar o Plano de Ação do Incidente (PAI);
 Administrar os recursos por meio da coordenação das atividades da Equipe
Geral e de Comando;
 Coordenar as ações das instituições que se incorporem ao Sistema;
 Aprovar as solicitações de recursos;
 Autorizar a divulgação das informações para os meios de comunicação
pública;
 Solicitar a desmobilização, quando necessário;
 Manter um quadro de situação que mostre o estado e a aplicação dos
recursos;
 Encarregar-se da documentação e do controle de gastos e apresentar o
Relatório Final.

Da decisão de expandir ou contrair a Estrutura


Além de dar coordenação, controle e agilidade aos trabalhos dos seus
subordinados, todas as ações e decisões tomadas pelo C.I deve estar norteada e
focadas em 02 preocupações:
a) 1ª preocupação Proporcionar o tempo todo condições ideais de
segurança e proteção à vida dos envolvidos na ação, bem como as vítimas e a
comunidade afetada;
b) 2ª preocupação Suas decisões e ordens (estratégia) devem buscar a
estabilização do incidente o quanto antes, a minimização dos efeitos do incidente
sobre a área afetada e proximidade (preservação dos bens), concomitante a
otimização eficiente dos recursos na parte de resposta.

Portanto, inicialmente a decisão de expandir ou contrair a Estrutura


do SCI é única e exclusiva do C.I, que frente a estas preocupações e seus
objetivos traçados irá verificar/autorizar a solicitação ou não de mais
recursos para serem empregados na resposta planejada. E caso esses
recursos supere seu poder de alcance e/ou controle, o mesmo deverá ativar
uma ou mais seções (Planejamento, Operações, Logística e Administração
e Finanças) e seus chefes, conforme for necessário. Onde, cada chefe de
Seção, por sua vez, deve verificar a necessidade de expandir ou não sua
estrutura interna.
27

Estrutura expandida do SCI


Pouquíssimas situações de emergência em um evento planejado se farão
necessário a ativação completa de uma estrutura expandida do SCI. Na grande
maioria dos atendimentos se tem a utilização/ativação de parte das Seções de
Operação/Planejamento, parte da Seção Logística e rara vezes, se ativa a Seção de
Administração e Finanças que frequentemente é absolvida pela Seção Logística ou
de Planejamento.
Contudo, quando se é possível (há disponibilidade de recursos humanos) e a
situação se faz necessário para eficácia da resposta, é imprescindível à efetivação e
expansão da Estrutura Organizacional, por parte do C. I.

Figura 15: Organograma da Estrutura de SCI Expandida, com as cores padronizadas de identificação
de cada setor (coletes e/ou braçadeiras).

Seção 2 – Da Composição da Estrutura Organizacional do SCI


Objetivo

 Apresentar aos leitores as demais seções, setores e unidades que compõem a


estrutura Organizacional do SCI;
 Descrever as principais funções desempenhadas por cada Seção, Setor,
Divisão/Grupo, e Unidades que compõem a estrutura Organizacional do SCI.

Staff de Comando
Staff de comando são atribuições de funções que serão necessárias para
apoiar o Comandante no Incidente. Essas funções incluem como missão a
28

segurança no local, criação de uma área comunicação interna e de divulgação das


informações junto à mídia.

Figura 16: Staff de Comando no Organograma da Estrutura do SCI.

Cada uma dessas funções devem ser exercidas por uma única pessoa,
podendo estes, de acordo com a complexidade do incidente, serem auxiliados por
outros respondedores. Como também um oficial poderá acumular duas ou mais
funções no incidente, estas funções e responsabilidades seguem descritas abaixo:

OFICIAL DE SEGURANÇA:

Nível: Staff de Comando Denominação: Oficial de Segurança

FUNÇÃO: Ser os olhos do C.I no monitoramento e avaliação constante das


condições de risco e de segurança durante os trabalhos e ações das equipes de
respostas ao incidente.

RESPONSABILIDADES
 Identificar e mitigar situações de risco;
 Garantir que mensagens de segurança e relatórios informativos sejam emitidos;
 Exercer autoridade emergencial para deter ou evitar medidas arriscadas;
 Participar da elaboração e revisar o Plano de Ação do incidente sugerindo
medidas de segurança, bem como identificar falhas que poderão implicar na
segurança das ações;
 Registrar as situações inseguras e repassar ao C.I medidas de segurança
específicas para as pessoas que irão atuar perante a estas situações;
 Indicar assistentes qualificados para avaliar riscos especiais;
 Iniciar a investigação preliminar de acidentes dentro da área do incidente;
 Revisar e aprovar o plano médico;
 Participar de reuniões de planejamento do Plano de Ação.
29

OFICIAL DE INFORMAÇÃO PÚBLICA:

Nível: Staff de Comando Denominação: Oficial de Informação Pública

FUNÇÃO: Ser o elo do C.I com a mídia ou com outras instituições que estejam
buscando informações diretas do incidente.

RESPONSABILIDADES
 Buscar e obter informações precisas a cerca do incidente e da operação;
 Estabelecer uma área para recepção e tratativas com a imprensa;
 Prever um local para acomodar e assistir com informações, os familiares das
vítimas envolvidas.
 Desenvolver e preparar informações precisas, acessíveis e oportunas para uso
em relatórios informativos a ser enviada a imprensa/mídia;
 Ficar atento quanto às restrições e informações a serem repassadas a
imprensa;
 Obter a aprovação do C.I para divulgação das notícias;
 Estabelecer, identificar e informar local (afastado do PC) e horário para
divulgação das informações;
 Enviar relatórios informativos periodicamente para a mídia;
 Assumir pessoalmente ou identificar e escalar profissional preparado para
exercer a função de porta voz junto à imprensa;
 Organizar coletivas e intermediar as entrevistas dadas pelo C.I;
 Organizar visitas ao local e entrevista ou relatórios que se façam necessários à
imprensa;
 Monitorar e encaminhar informações para a mídia que possam ser úteis para o
planejamento de incidente;
 Manter informações resumos e/ou apresentações atualizadas sobre o incidente;
 Disponibilizar informações sobre o incidente ao pessoal da imprensa;
 Participar de reuniões de planejamentos;
 Controlar o acesso da imprensa na área quente e junto ao P.C.

OFICIAL DE LIGAÇÃO:

Nível: Staff de Comando Denominação: Oficial de Ligação

FUNÇÃO: Ser o elo do C.I com outras organizações/instituições que estão


30

envolvidas/auxiliando diretamente no atendimento. Ou que se faça necessário o


contato externamente ao P.C, como autoridades políticas entre outras.

RESPONSABILIDADES
 Atuar como ponto de contato perante os representantes das
organizações/instituições que estão auxiliando diretamente no atendimento;
 Identificar um representante (pessoa de contato) de cada instituição envolvida;
 Manter um registro das Instituições que participaram no auxílio ao atendimento,
bem como, elaborar uma lista de contato dos representantes das instituições
(telefone, celular, e-mail);
 Ajudar a estabelecer e coordenar os contatos interinstitucionais;
 Monitorar as operações do incidente a fim de identificar problemas
Interorganizacional atuais e futuros;
 Atender as solicitações do comando, estabelecendo os contatos externos
necessários;
 Participar em reuniões de planejamento, informar o status atual dos recursos.
Incluir limitações e capacidade dos recursos da agência;
 Fornecer informações e requisitos de desmobilização específicos da agência.

Em uma situação de um incidente complexo ou de grande magnitude, os


Staffs de Comando podem precisar de apoio de pessoal para auxiliar na execução
das tarefas. Assim, conforme a disponibilidade de pessoal deve providenciar esse
apoio junto ao C.I, organizá-los a fim de garantir a eficiência máxima de obrigações.

Staff Geral e suas composições


O Staff Geral está subordinado diretamente ao C.I sendo responsável pelos
aspectos funcionais da estrutura do Comando do Incidente. É constituído pelas
Seções de Operação, Planejamento, Logística e Adm/Financeira, as quais possuem
divisões específicas. Para tanto, devido a suas importâncias perante a estrutura
organizacional, segue abaixo algumas diretrizes gerais relacionadas às funções dos
Chefes de Seções:
 Somente uma pessoa será designada para exercer a função de Chefe de
cada Seção, podendo esta ser apoiada por outros integrantes no incidente;
31

 Se uma função não for preenchida, esta poderá ser exercida cumulativa
por outro chefe ou até mesmo pelo C.I.;
 As funções no Staff Geral podem ser ocupadas por qualquer pessoa
qualificada proveniente de qualquer instituição ou agência;
 Os Chefes das Seções respondem diretamente e unicamente ao C.I;
 Os Chefes das Seções podem trocar informações entre si ou com
quaisquer indivíduos dentro da estrutura, desde que por meio da cadeia de
comando.

Staff Geral.
Figura 17: Staff Geral do Comando na Estrutura Organizacional Básica do SCI.

Das Seções e suas responsabilidades:

SEÇÃO DE OPERAÇÕES:

SEÇÃO DE OPERAÇÕES
FUNÇÃO: Administrar e realizar a execução de todas as ações e operações
táticas de resposta ao incidente.

Nível: Staff Geral Denominação: Chefe da Seção de Operações

RESPONSABILIDADES (Chefe/Seção)
 Reportar diretamente com o C. I;
 Obter um rápido relatório da situação junto ao C.I;
 Definir a estrutura organizacional interna de sua Seção;
 Garantir a segurança das operações táticas, definidas no PAI;
 Desenvolver e executar a parte operacional do PAI em conjunto com a Seção
de Planejamento;
 Supervisionar e administrar a execução da parte operacional do PAI;
32

 Verificar e solicitar, ou não, a necessidade de recursos adicionais para apoiar


as operações táticas, junto ao encarregado da área de espera ou ao Chefe da
Seção Logística;
 Aprovar a liberação de recursos usados em tarefas operacionais ativadas;
 Fazer ou aprovar mudanças oportunas no PAI;
 Apoiar o C.I no desenvolvimento dos objetivos de resposta do PAI;
 Manter contato estreito com o C.I, informando – o acerca de atividades
especiais na operação. Bem como, com o pessoal operacional subordinado e
outras agências envolvidas no incidente.

O Plano de Ação do Incidente (PAI) é quem oferecerá orientações


necessárias quanto à necessidade ou não de expansão da Seção Operacional; que
geralmente é ditado pela quantidade de recursos táticos envolvidos e pelo princípio
do “Alcance de Controle”.

A Seção de Operações
para melhor e maior eficácia de
suas ações poderá ativar algumas
funções/posições. Esse arranjo
deve ser modular, flexível e dentro
do controle de alcance. Podendo
assim em sua expansão estar
construída de uma Área de
Espera - E, uma Área de
Concentração de Vítima - ACV, e
diversos setores, grupos e
divisões, entre outros. Figura 18: Seção de Operações e suas subdivisões no
Organograma do SCI.

Área de Espera
É o local onde os recursos mobilizados irão chegar e ficar à espera para
serem empregados na operação. Para sua ativação e localização deve-se ater as
características descritas na Seção 1 do Capitulo 3.
Cabe ao encarregado da Área de espera as seguintes funções:
 Delimitar e sinalizar adequadamente a área de espera;
33

 Cadastrar os recursos mobilizados que se encontram no local ou já


empregados;
 Prestar orientações iniciais sobre o incidente às equipes que chegarem à
área de espera;
 Orientar as pessoas ou equipes sem treinamento ou conhecimento em SCI
com informações básicas para que possam integrar ao sistema;
 Controlar a situação dos recursos em formulários próprios e repassar
continuamente ao Chefe de Operações;
 Designar os recursos disponíveis conforme solicitações;
 Estruturar equipes de intervenção, Recursos únicos ou Forças-Tarefas
conforme a necessidade e solicitação por parte do Chefe de Operações.

Área de Concentração de Vítima


Local definido para o encaminhamento das pessoas feridas/atendidas a fim
de serem assistidas e socorridas. Devendo, também, ter a atenção para sua
ativação e localização conforme as informações descritas no Seção 1 do Capitulo 3.

Divisão
Grupo de trabalho que tem como responsabilidade de atuar dentro de uma
posição geográfica definida (lado Norte, Lado Sul). Pode ser composta por uma
força tarefa, equipe de intervenção ou recursos únicos.

Grupo
Grupo de equipes que tem o papel de atuarem com designação específica,
exemplo: Grupo de Busca de desaparecidos. Pode ser composto por uma força-
tarefa equipe de intervenção ou recursos únicos.

Divisões e Grupos são implementados em um incidente quando o


número de Forças Tarefa, Equipes de Intervenção ou Recursos Únicos
excedem o alcance de controle do Chefe. Podem ter responsabilidades
funcionais específicas (Grupo) ou desempenhar funções em uma área
geográfica delimitada (Divisão).
34

SEÇÃO DE PLANEJAMENTO:

SEÇÃO DE PLANEJAMENTO
FUNÇÃO: Recolher informações sobre a situação e o status dos recursos, avaliá-
las e processá-las para elaboração do PAI principalmente para definição dos
objetivos e prioridades, conforme estabelecidas pelo C.I.

Nível: Staff Geral Denominação: Chefe da Seção de Planejamento

RESPONSABILIDADES (Chefe/Seção)
 Reportar diretamente com o C.I.;
 Determinar a estrutura organizacional interna de sua Seção;
 Obter um rápido relatório da situação junto ao C.I.;
 Coletar e administrar todos os dados operacionais relevantes para o incidente;
 Supervisar a preparação do PAI;
 Fazer sugestões para o C.I. e a Seção de Operações no preparo do PAI;
 Incorporar planos de trânsito, saúde e comunicação e outros de apoio ao PAI;
 Conduzir e mediar às reuniões de planejamentos;
 Remanejar o pessoal dentro da organização do SCI;
 Compilar e exibir informações sobre o incidente;
 Estabelecer os requisitos de informações e os cronogramas para os relatórios
das unidades (ex: Unidades de recursos e situações);
 Determinar a necessidade de recursos especializados;
 Agrupar e desagrupar as forças-tarefas e a brigadas de emergência não
atribuídas às operações;
 Estabelecer sistemas de coleta de dados especializados, conforme necessário
(ex: meteorologia);
 Reunir informações sobre estratégias alternativas;
 Oferecer previsões periódicas possíveis aos incidentes;
 Informar mudanças expressivas no status do incidente;
 Supervisionar a preparação do plano de desmobilização.

A disseminação de informações pode ser feita na forma do PAI, em relatórios


informativos formais ou em apresentações de mapas ou quadros de status.
35

O Chefe desta Seção


poderá ativar e ter sob sua
responsabilidade os líderes das
unidades de Recursos, Situação,
Documentação, Desmobilização
e de Especialistas.

Figura 19: Seção de Planejamento e suas


subdivisões no Organograma do SCI.

Unidade de Recurso
Responsável por registrar e monitorar o estado de todos os recursos
operacionais, inclusive pessoal e equipamentos designados para o incidente. O
Líder da unidade de Recursos terá o controle macro dos recursos, principalmente na
situação de haver mais de uma área de espera no incidente, tendo por atribuição:
 Manter o registro de todo o pessoal designado e recursos táticos em um
incidente, sendo o formulário SCI 219 ferramenta importante para esse controle;
 Estabelecer as necessidades de recursos no incidente;
 Controlar a requisição de recursos;
 Controlar o uso, o ajuste e a manutenção dos recursos;
 Desmobilizar os recursos;
 Identificar o custo-benefício de cada recurso utilizado.

Unidade de Situação
Acompanhar a evolução do Incidente, analisando seu desenvolvimento,
processando informações sobre a sua posição atual através de apresentações e
resumos sobre a situação, mapas e projeções.
O Líder da Unidade de Situação tem como obrigação tomar conhecimento do
status geral da situação, preparando possíveis evoluções do incidente, mapas e
informações de inteligência, devendo publicar e disseminar as informações
internamente ao Chefe da Seção de Planejamento. A unidade poderá ainda ativar
36

encarregado pela manutenção dos quadros de situação, observadores de campo e


outros especialistas (metereologistas, etc.).

Unidade de Documentação
É responsável por toda parte escrita do Plano de Ação, mas também registra,
controla e arquiva toda a documentação relacionada com o incidente. Como também
é responsável de prover as cópias necessárias.

Unidade de Desmobilização
Cabe a essa unidade a organização dos recursos de forma segura e
equilibrada, a fim de evitar um excesso ou um subdimensionamento. Além de ajudar
a efetuar a desmobilização do pessoal de maneira ordenada, segura e rentável,
quando deixa de haver necessidade de seu uso no incidente.

Unidade de especialistas
Serve para reunir pessoas com conhecimentos especializados necessários
para cooperarem na execução das ações do PAI em situações especiais.

SEÇÃO LOGÍSTICA

SEÇÃO LOGÍSTICA
FUNÇÃO: Prover todos os recursos necessários e/ou exclusivos para atender o
alcance dos objetivos e prioridades da Operação; bem como, a todos os que estão
envolvidos na resposta do Incidente. É indispensável em operações extensas ou
de grande duração.

Nível: Staff Geral Denominação: Chefe da Seção Logística

RESPONSABILIDADES
 Definir lugar, planejar e organizar a Seção Logística;
 Definir tarefas preliminares aos seus subordinados;
 Notificar à unidade de recursos acerca das unidades que serão ativadas,
incluindo nomes das pessoas empregadas e suas localizações;
 Administrar toda a logística ali instalada;
 Participar e oferecer comentários logísticos para confecção do PAI;
37

 Revisar o PAI e fazer uma estimativa das necessidades da Seção para o


período operacional seguinte;
 Compor os setores e proporcionar informação sumária aos coordenadores e
aos líderes das unidades;
 Identificar os serviços e as necessidades de apoio para as operações
planejadas e esperadas;
 Prover instalação, transporte, comunicação e principalmente suprimentos;
 Prover manutenção e abastecimento dos equipamentos;
 Prover alimentação e atendimento médico (para as equipes de socorro) e todos
os recursos fora do incidente;
 - Avaliar, sugerir adequações e supervisionar o desenvolvimento dos planos de
comunicações, saúde e trânsito;
 Coordenar e processar as solicitações de recursos adicionais;
 Ter conhecimento e informar ao C.I acerca das capacidades disponíveis de
serviços e apoio. Bem como, ter uma estimativa das necessidades futuras de
serviços e apoio;
 Solicitar recursos adicionais, conforme necessário;
 Receber o Plano de Desmobilização da Seção de Planejamento;
 Recomendar a descarga de recursos da unidade de acordo com o Plano de
Desmobilização;
 Supervisionar a desmobilização da seção e dos recursos associados;
 Assegurar o bem-estar geral e a segurança do pessoal da Seção de Logística.

A Seção Logística em uma


situação de maior complexidade
poderá se subdividir em 02 Setores:
de Apoio e Serviços, cujos
coordenadores tem o papel de
supervisionar as unidades,
conforme organograma ao lado,
necessárias para divisão e
otimização dos trabalhos.
Figura 20: Seção de Logística no Organograma do SCI
38

Unidade de Comunicações
Deve providenciar recursos a fim de poder proporcionar um canal confiável e
seguro para comunicação e troca de informações, sendo esta restrita ao pessoal
que esteja operando em determinado cenário, ou que tenha alguma relação de
causa e efeito com a situação.
Deve ainda, desenvolver um Plano de Comunicação, distribuir e manter todos
os equipamentos de comunicações sob controle e se encarregar do Centro de
Comunicações do Incidente.

Unidade Médica
Deverá desenvolver um Plano Médico e recursos necessários para
atendimento de primeiros socorros e de atenção médica intensiva ao pessoal
envolvido na resposta do incidente. É também responsável pelo plano de transporte
médico do incidente (por terra e/ou ar) além de confeccionar o relatório das ações
médicas durante o incidente.

Unidade de Alimentação
Responsável pelo levantamento e provento quanto à necessidade de
alimentos e água potável para todas as instalações do incidente e a todos os
recursos ativos dentro da Seção de Operações, para isto a unidade pode provê-los
mediante contratação de serviços de terceiros.

Unidade de Suprimentos
Responsável por relacionar todo o pessoal, equipamentos e materiais. Além
de armazenar, manter e controlar os materiais distribuídos, bem como no ajuste e
conserto dos equipamentos.

Unidade de Instalações
Responsável pela instalação e manutenção de qualquer estabelecimento
requerido para apoiar o incidente. Provê as pessoas que vão trabalhar nas bases e
acampamentos. Além disto, provê apoio de segurança às instalações e ao incidente,
sempre que solicitado.
39

Unidade de Apoio Terrestre


Oferece transporte e se encarrega da manutenção dos veículos designados
para o incidente.

SEÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

SEÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS


FUNÇÃO: Administrar todos os aspectos financeiros de resposta ao incidente.
Principalmente no que se refere à indenização de horas trabalhadas (pessoal e
maquinário e/ou equipamentos) e controle de aquisições (orçamentos e compras).

Nível: Staff Geral Denominação: Chefe de Adm. e Finanças

RESPONSABILIDADES
 Buscar se inteirar do Incidente junto ao C.I;
 Definir tarefas preliminares aos seus subordinados;
 Planejar a organização da Administração das finanças do Incidente;
 Planejar um Plano de operacionalização das finanças do incidente;
 Participar das reuniões de confecção do PAI;
 Manter contato constante e diário com os chefes das seções no que diz
respeito a assuntos financeiros;
 Coletar informações pertinentes para controle e confecção de relatórios
informativos junto às seções e instituições envolvidas;
 Fornecer análise financeira de custo, conforme solicitado e necessário;
 Determinar a necessidade de se estabelecer e operar uma reserva
reembolsável para atender a área do incidente;
 Garantir que os registros de ponto do pessoal e de controle de horas
trabalhadas de máquinas equipamentos estejam sendo preenchidos com
exatidão;
 Garantir que toda a documentação obrigatória que foi iniciada em relação ao
incidente esteja preparada e preenchida adequadamente;
 Informar o C.I. sobre todas as questões financeiras relacionadas ao incidente e
que precisam de atenção ou acompanhamento.

Nem todo o incidente precisará de uma seção financeiro/administrativa, a


seção financeiro-administrativa somente será ativada quando houver a parte de
40

recursos financeiros envolvidos, como horas trabalhadas, contratação e/ou aluguel


de equipamentos ou veículos ou quando às instituições envolvidas tiverem
necessidade.
Para a Seção é bastante importante que seja
instalado algumas unidades padronizadas.
Principalmente em situação em que o incidente
poderá resultar em Decretação de situação de
emergência ou Estado de Calamidade Pública. Para
tanto ela encontra-se subdividida em 03 unidades:
Tempo, Provedoria e de Custos.
Figura 21: Seção de Adm. E
Finanças no Org. do SCI
Unidade de Tempo
Responsável por registrar todos os horários do pessoal empregado na
resposta e apoio ao incidente.

Unidade de Provedoria
Responsável pelo gerenciamento do trâmite dos documentos administrativos
relacionados com a contratação e aluguel de equipamentos, os contratos de
materiais e outros insumos. É responsável pelo relatório das horas de uso dos
equipamentos.

Unidade de Custos
Responsável por colher toda a informação sobre custos e apresentar
orçamentos e recomendações que permitam economia de gastos.
41

CAPÍTULO 5 – CICLO DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL

Seção 1 – O Ciclo Operacional – Ciclo “P” e suas Etapas

Objetivo

 Apresentar aos leitores como se dá todo o processo de reuniões e de


planejamento, denominado ciclo P, para confecção de um Plano de Ação do
Incidente (PAI);
 Descrever passo a passo todas as ações e responsáveis perante a construção
do PAI;
 Apresentar e descrever as principais funções a serem tomadas e exercidas por
cada Staff do Comando ou Staff Geral para formalização e construção do PAI.

Ciclo “P”

Esta ferramenta é utilizada em eventos que demonstrem necessidade de uma


formalização do Plano de Ação de Incidente, sendo desenvolvida conforme a figura
abaixo.

Figura 22: Ciclo “P”. Fonte: Gerenciamento de Desastre / Minsterio da Ingeração Nacional
42

Resposta Inicial

O período de Resposta e Avaliação Inicial ocorre em todos os incidentes,


inicia-se quando ocorre o Incidente/Evento, e sua notificação, passando pelo
acionamento das equipes de primeira resposta, até a chegada e atuação destas, e a
devida passagem de comando, caso chegue uma autoridade superior no local.

 Primeira resposta

Figura 23: Ciclo “P” – Primeira Resposta.

As equipes que chegam primeiramente à cena com capacidade operacional


são chamadas de equipes de primeira resposta, sendo geralmente coordenadas
pelo integrante de maior precedência hierárquica no local.
As respostas de menor complexidade, que tenham duração reduzida, podem
ser frequentemente coordenadas mediante um plano de ação mental, utilizando
basicamente os passos descritos na “Tarjeta de Campo” (Capítulo 6), a partir do
momento em que o controle da situação se torna inviável de ser realizado apenas
mentalmente, surge à necessidade de formalizá-lo, sendo utilizado para tanto,
inicialmente, o Formulário SCI-201 (Formulário de Briefing de Incidente).
43

 Briefing do Incidente

O formulário SCI – 201 (Briefing do Incidente) serve como uma ótima


ferramenta de gerenciamento para incidentes/eventos de menor vulto e/ou rápida
atuação, que estatisticamente representam a maior parcela de atendimento da
Corporação, pois facilita o registro da situação em curso, a descrição dos objetivos
da resposta inicial, das ações em curso e planejadas, dos recursos atribuídos e
solicitados, da estrutura de organização no local e da possível evolução do
incidente. Sendo também essencial para o planejamento futuro de incidentes de
maior complexidade e longa duração.
O formulário SCI - 201 é muito útil, também, durante o processo de
transferência de comando, pois propicia ao novo Comandante do
Incidente/Comando Unificado a informação necessária sobre a situação do incidente
e os recursos empregues, e acima de tudo funciona como o Plano de Ação de
Incidente (PAI) para pequenos eventos e para a resposta inicial dos incidentes de
maiores complexidade, permanecendo em vigor até que se conclua as ações de
resposta ou até que seja criado um novo PAI.

Ações realizadas:
- Obter um briefing do incidente (Situação
atual, atribuições, instalações
estabelecidas, recursos utilizados e
solicitados);
- Determinar os objetivos organizacionais,
de resposta inicial e futuros;
- Estabelecer as estratégias e táticas a
serem utilizadas;
- Verificar se os recursos operacionais são
suficientes para resposta e, caso
necessário, solicitar e organizar os
recursos adicionais na cena;
Coordenador: C.I/Comando Unificado
Participantes: C.I/Comando Unificado e
Staff de Comando e Geral, se disponível.
Figura 24: Ciclo “P” – Briefing do Incidente.
44

 Reunião Inicial do Comandante do Incidente/Comando Unificado


Nesta fase, caso seja estabelecido o Comando Unificado, ocorre à reunião
entre os representantes de cada instituição que fará parte do comando, e serão
discutidas e planejadas as tarefas atinentes a cada uma delas dentro de um único
plano.
Caso o incidente não necessite da formação de um Comando Unificado, as
atividades de planejamento serão desenvolvidas pelo Comandante do Incidente.

Ações realizadas
- Analisar o desenvolvimento das
operações atuais;
- Estipular os papéis e responsabilidades
de cada organização;
- Ativação das funções necessárias do
STAFF;
- Definir o local do PC e demais
instalações que serão utilizadas, caso
estas não tenham sido definidas ou
estejam em locais inadequados;
- Definir a duração do período operacional
e dos turnos de trabalho;
- Definição de outros elementos chaves
do Comando de acordo com a
necessidade;
Coordenador: Membro do Comando
Unificado;
Participantes: Integrantes do Comando
Unificado.
Figura 25: Ciclo “P” – Reunião Inicial CI/CU.

Reunião de desenvolvimento dos objetivos


Neste momento, o Comandante do Incidente/Comando Unificado irá definir as
prioridades da resposta, identificar as limitações e restrições e a partir daí fará a
revisão dos objetivos do incidente criados e realizará as devidas adequações e, caso
45

necessário, o desenvolvimento de novos objetivos, devendo se atentar a duração do


período operacional estabelecido.
A definição dos objetivos é fundamental para o desenvolvimento das
atividades que serão realizadas, devendo ser:

 Específicos e claros: expressando de forma clara o que se quer alcançar;


 Alcançáveis/viáveis: possíveis de serem alcançados com os recursos
existentes, e solicitados, dentro do período correspondente;
 Observáveis: visíveis diretamente ou por meio de seus efeitos ou de
instrumentos;
 Avaliáveis: o enunciado deve conter parâmetros que permitam verificar em
que quantidade e qualidade foram alcançadas os objetivos;
 Flexíveis: podem alterar conforme a evolução do incidente.

Exemplos de Objetivos de Incidente:


Segurança:
 Impedir que pessoas não autorizadas adentrem nas áreas sinistradas e de
atuação de equipes de respostas;
 Fazer as devidas sinalizações e controle de trânsito para evitar novos
incidentes.

Busca e Salvamento:
 Localizar e evacuar todas as vítimas da edificação;
 Realizar a retirada das vítimas presas em escombros ou ferragens.

Atendimento Pré Hospitalar:


 Estabelecer a triagem e monitoramento médico às vítimas;
 Realização de transporte das vítimas para o hospital.

Combate a Incêndio:
 Realizar o confinamento, isolamento e/ou extinção das chamas;
 Realizar a proteção de uma edificação com risco de se incendiar;
 Realizar as atividades de rescaldo na edificação.
46

Ações realizadas
- Estabelecer as prioridades do incidente;

- Identificar Limitações e Restrições;

- Estabelecer os objetivos do incidente para o


período operacional proposto;

- Estabelecer as tarefas que serão realizadas


pelos membros dos STAFF’s que foram
ativados.

Coordenador: C.I/Comando Unificado ou


CSP (se disponível)

Participantes: C.I/Comando Unificado


membros do Staff de Comando e Geral,
necessários.
Figura 26: Ciclo “P” – Reunião de
Desenvolvimento dos Objetivos.

Reunião do Comando e STAFF’S

Neste momento o Comando do Incidente/Unificado apresentará suas


decisões e repassará as ordens aos integrantes do STAFF de Comando e Geral.
Esta reunião deve esclarecer e ajudar a garantir o entendimento relativo às
decisões, objetivos, prioridades, procedimentos e atribuições funcionais (tarefas) que
foram discutidas e acordadas pelo Comando Unificado.
Ações realizadas
- Revisar e discutir as decisões, prioridades,
restrições, limitações, objetivos e procedimentos
com os membros dos STAFF’s;
- Repassar as tarefas de cada integrante do Staff
de comando e Staff geral;
- Verificar o andamento das ações em aberto,
em relação a períodos operacionais anteriores;
Coordenador: C.I/ Comando Unificado ou CSP
(se disponível);
Participantes: C.I/Comando Unificado,
membros do Staff de Comando e Geral, Líder
da Unidade de Situação e Documentação
Figura 27: Ciclo “P” – Reunião do Comando e Staff´s
47

Preparação para Reunião Tática

Nesta fase o Chefe da seção de operações e o Chefe da seção de


planejamento fazem uma revisão dos objetivos do incidente traçados, e caso
necessário, esboçam uma Matriz de Análise de Trabalho, que servirá como registro
das estratégias e táticas estabelecidos para cumprir os objetivos atribuídos.

Ações realizadas

- Desenvolver as estratégias e táticas


para cada objetivo traçado;

- Desenvolver estratégias e táticas


alternativas;

- Desenvolver a análise de riscos


presentes;

Coordenador: O CSP promove o


processo;

Participantes: Não há participantes, não


se trata de uma reunião, mas sim um
período para organização.

Figura 28: Ciclo “P” – Preparação para


Reunião Tática.

Reunião Tática

Nesta fase o Chefe da Seção de Operações apresenta a Matriz de Análise de


trabalho contento as estratégias e táticas definidas, para alcançar os objetivos
operacionais traçados, e o Oficial de Segurança explanará sobre a análise de riscos
desenvolvida, aos integrantes dos STAFF’s e líderes das unidades ativadas, e
coletarão informações necessárias visando que o trabalho desenvolvido seja
aprovado quando apresentado ao Comandante do Incidente na Reunião de
planejamento.
48

Ações realizadas:

- Informar o status das operações atuais;

- Apresentar estratégias, táticas e os


recursos necessários;

- Identificar estratégias alternativas;

- Apresentar o estado dos recursos;

- Identificar os riscos potenciais e orientar


sobre medidas de prevenção;

- Apresentar e discutir sobre os aspectos


logísticos.

Coordenador: CSP

Participantes: CSP, CSO, CSL, CSA/F,


Oficial de Segurança, Líderes das
unidades, (Conforme necessidade).
Figura 29: Ciclo “P” – Preparação para Reunião
Tática.

Preparação para reunião de planejamento


Neste momento os membros do Staff de comando e Staff Geral se preparam
para apresentar ao Comandante do Incidente/Comando Unificado o planejamento
desenvolvido e ações tomadas de acordo com as tarefas que lhes foram
repassadas.

Ações realizadas
- Finalizar as análises e planejamentos
necessários para apresentação;
Coordenador: O CSP promove o
processo;

Participantes: Não há participantes, não


se trata de uma reunião, mas sim um
período para organização.
Figura 30: Ciclo “P” – Preparação para Reunião Tática.
49

Reunião de Planejamento
Nesta etapa os membros do Staff de comando e Staff geral, fornecem uma
descrição geral do plano tático para cumprir as tarefas emitidas pelo Comando.
O Chefe da seção de operações apresenta o plano proposto para revisão e
comentários e discute a estratégia e as táticas que foram consideradas e escolhidas
para cumprir da melhor forma as ordens do comando para o próximo período
operacional, discutirá igualmente, de forma breve, de que forma o incidente será
gerido juntamente com as atribuições de trabalho, os recursos e o apoio necessário
para atender o plano proposto.
Esta reunião permite ao Comando e staff discutir e resolver qualquer assunto
e preocupação antes de aprovação do PAI e após ser realizada a revisão e
atualizações, os participantes na reunião de planejamento comprometem-se a apoiar
o plano.
Ações realizadas
- Apresentação do plano de ação pelo
Chefe da seção de operações incluindo
estratégias, táticas, contingências,
recursos, estrutura da organização e
considerações de gestões gerais;
- Garantir que todas as tarefas atribuídas
foram cumpridas;
- Aprovar taticamente o plano proposto;
- Apresentar situação e ações realizadas
relacionadas aos aspectos de segurança,
logística e finanças.
Responsável: C.I/ C. Unif ou CSP

Participantes: C.I/C. Unif., Staff de


Comando, Staff Geral, Lideres de unidade
(conforme necessidade).
Figura 31: Ciclo “P” – Reunião de
Planejamento.
50

Preparação e Aprovação do PAI


Momento em que todos os membros realizam os últimos ajustes para concluir
as tarefas que lhes foram atribuídas para a inclusão no PAI, todo esse processo
deve ser realizado o mais breve possível, e para isso ocorrer de forma mais célere, é
importante que seja estabelecido prazos para conclusão, pois o material ainda deve
passar novamente por revisão e aprovação do comando para depois de aprovado
ser apresentado durante o briefing operacional.

Ações realizadas
- Finalização de preenchimento dos
formulários que serão utilizados,
principalmente SCI 202 (Objetivos da
resposta) e SCI 205 (Plano de
comunicação);
- Conclusão e apresentação das tarefas
pelos membros do STAFF;
- Revisão, aprovação e assinatura do
PAI;
Coordenador: CSP

Participantes: Não há participantes, não


se trata de uma reunião, mas sim um
período para finalização dos trabalhos e
aprovação.
Figura 32: Ciclo “P” – Preparação e Aprovação
do PAI.
Briefing operacional
Neste momento é apresentado o PAI, devidamente aprovado aos
respondedores, repassando a todos os integrantes suas atribuições, objetivos a
serem alcançados, subordinações, plano de comunicação a ser utilizado e o período
que irão realizar suas atividades.
Sempre quando houver a passagem à mudança de turno é importante que os
responsáveis pelas equipes passem as informações sobre a atual situação do
incidente para o chefe da seção de operações e para seus substitutos, para realizar
51

as devidas adequações ao plano proposto e verificar a eficiência do planejamento


realizado.
O plano de ação do incidente apresentado vai conter os formulários
necessários para estabelecer a devida organização e facilitar o controle no incidente,
sendo que em eventos de maior complexidade e/ou longa duração alguns
formulários recebem um maior destaque:
 Formulário SCI – 201 (Briefing do incidente).
 Formulário SCI – 202 (Objetivos da resposta)
 Formulário SCI – 205 (Plano de comunicações)
 Formulário SCI 211 – (Lista de registro)
 Formulários SCI – 234 (Matriz de análise de trabalho);

Outros formulários podem ser utilizados de acordo com a necessidade, por


exemplo: Formulários SCI – 206, no caso de incidentes envolvendo múltiplas
vítimas, o SCI 214 (Designações táticas) e 215 (Planejamento Operacional), são
alguns destes.

Ações realizadas
- Apresentação do PAI;
- Repasse de atribuições a todos os
respondedores;
- Esclarecimento de dúvidas;
Responsável: CSP;

Participantes: CI/Comando Unificado,


Staff de Comando, Staff Geral,
Coordenadores, Supervisores e Líderes
da seção de operações, e Líderes de
unidades (Conforme necessidade).

Figura 33: Ciclo “P” – Briefing Operacional.


52

Execução do plano e avaliação do progresso


Após sanadas todas as dúvidas e todos estarem cientes de suas tarefas o
PAI é executado e a partir daí todo o progresso será avaliado para as devidas
adequações, e caso o evento/incidente demande mais períodos operacionais, será
desenvolvido um novo ciclo, devendo ser traçados os novos objetivos e novas
designações.

Ações realizadas
- Execução do plano proposto;
- Avaliação do progresso da operação;
- Realização de adequações nas
estratégias e táticas, caso seja
necessário;
- Acompanhamento do desenvolvimento
das atividades para conclusão dos
objetivos;
- Fornecimento de relatórios dos membros
dos STAFF’s para o Comando sobre a
situação de sua seção no incidente.

Figura 34: Ciclo “P” – Execução do Plano e


Avaliação do Progresso.
Períodos Operacionais
Em linhas gerais, o Período Operacional é o período de tempo em que deve
ser acomodado o Plano de Ação do Incidente. Assim que o período operacional
termina, um novo PAI deve estar pronto para cobrir o próximo período operacional.
Os Períodos Operacionais são determinados pelo CI e podem variar de acordo com
as necessidades e peculiaridades do incidente.
As decisões acerca da extensão de um Período Operacional são afetadas
por:
 O tempo necessário para cumprir com os objetivos;
 A disponibilidade de recursos;
 A participação de outras organizações ou instituições de apoio disponíveis,
 Considerações ambientais (luz natural, clima, meteorologia, etc.);
53

 Evolução do incidente (contaminação de fontes de água ou alimentos,


explosões, constantes abalos sísmicos, deslizamentos, aparição de fogo, etc.) e
aspectos de segurança.
54

CAPÍTULO 6 – INSTRUMENTOS DE CONSULTA E REGISTROS

Seção 1 – Tarjeta de Campo

Objetivo

 Apresentar aos leitores a Tarjeta de Campo, a qual deve ser utilizada em toda e
qualquer natureza de atendimento, principalmente por parte do comandante de
socorro;
 Apresentar os 08 passos a serem observados para execução da Tarjeta de
Campo.

A tarjeta de campo consiste nas ações que deverão ser realizadas pelo
primeiro respondedor que chega com capacidade operacional na cena e assume o
comando, visando organizar de forma rápida e eficiente a resposta ao incidente, e
serve como um facilitador nos casos de transferência do comando.
A aplicação da tarjeta de campo engloba os 8 passos abaixo relacionados:

1º Passo - Informar a base de sua chegada ao incidente


As equipes que foram designadas para o incidente deverão, assim que
chegar ao local determinado, informar ao centro de operações sobre sua chegada e
pedir informações sobre as ações a serem realizadas e a quem deverão se
apresentar.

2º Passo - Assumir e estabelecer o posto de comando


O primeiro respondedor, que assume o comando do incidente, ao chegar ao
local, deve informar ao centro de operações sobre sua chegada e a presença das
demais equipes, bem como informar seu contato e confirmar a existência do evento,
informar também sobre o local de apresentação das equipes que estão em
descolamento, bem como o local do Posto de Comando, podendo este ser
estabelecido inicialmente na própria viatura do comandante (Viatura de referência).
55

3º Passo - Avaliar a situação


Logo após assumir e estabelecer o Posto de Comando o comandante do
incidente, juntamente com os membros da equipe que escolher, deverão fazer o
mais breve possível o reconhecimento da situação, devendo considerar alguns
aspectos:
 Natureza do incidente;
 O que ocorreu;
 Ameaças presentes;
 Tamanho de área afetada;
 Possível evolução;
 Como isolar a área;
 Capacidade operacional;
 Lugares adequados para estabelecer as instalações necessárias.

4º Passo - Estabelecer o perímetro de segurança


Nesse momento o comandante do incidente deverá fazer o zoneamento das
áreas de atuação, realizando a devida evacuação dos locais, caso necessário,
controle do trânsito e separando os locais que serão de acesso restrito, zona de
segurança e os locais de livre permanência, evitando dessa forma a exposição de
pessoas não autorizadas à risco e controlando de forma criteriosa os acessos,
possibilitando uma maior facilidade de gerenciamento das ações no incidente.
Quando for estabelecer o perímetro de segurança é importante considerar
aspectos como locais que apresentam riscos de desmoronamento, explosões,
quedas, área afetada entre outros, sendo que o perímetro pode ser dividido da
seguinte forma:
 Zona quente – Local que apresenta riscos consideráveis e que apenas
os respondedores devidamente autorizados e portando EPI’s necessários atuarão.

 Zona Morna – também chamada de zona de segurança, local de acesso


restrito aos que estão respondendo ao incidente, que apresenta pouco risco, sendo
o local ideal para realizar o gerenciamento do incidente e realizar o controle das
vítimas e incidentes envolvendo múltiplas vítimas, sem que haja interferências
externas, podendo ser estabelecido nesta zona também um local para receber a
imprensa.
56

 Zona fria – Local que não apresenta riscos aos respondedores e nem a
população sendo de trânsito livre. Local de maior indicação para ativação das
instalações do SCI (E, B, A, H, H1).

5º Passo - Estabelecer os Objetivos


O comandante do incidente, verificando os recursos disponíveis na cena,
deverá estabelecer de forma clara os objetivos que deseja atingir.
Os objetivos estabelecidos devem ser atingíveis, específicos, observáveis e
avaliáveis.
As ações, que devido à falta de recurso, não podem ser ainda realizadas,
formarão o leque de ações planejadas, que serão realizadas assim que os objetivos
iniciais forem concluídos e/ou quando chegarem recursos adicionais que possibilitem
a execução destas.

6º Passo - Determinar as estratégias e táticas


Assim que os objetivos forem estabelecidos deve ser verificado como eles
serão atingidos (estratégias) e por quem (tática).
A estratégia consiste no método utilizado para atingir o êxito no objetivo
determinado no pré-estabelecido, antes de determinar qual estratégia será utilizada
é importante verificar os recursos disponíveis que serão aplicados taticamente na
resposta.
7º Passo - Determinar as necessidades de recursos adicionais e o
estabelecimento das instalações.
Consiste nos recursos que irão apoiar as equipes que estão atuando em
busca de atingir os objetivos traçados, bem como os que irão atuar nas ações
planejadas, que não haviam sido executadas devido à falta de recursos, além dos
que servirão de apoio para o bom andamento e manutenção das equipes com
qualidade no incidente.
Os recursos solicitados podem ser equipes, que atuarão como recursos
únicos, equipes de intervenção ou força tarefa, bem como ferramentas,
equipamentos, alimentos, aparelhos de comunicação e suprimentos diversos,
necessários para operação.
Sabendo da solicitação de recursos adicionais e verificando a atual situação
no local, as instalações que forem necessárias devem ser estabelecidas.
57

8º Passo - Preparar as informações para transferir o comando


Todas as ações realizadas pelo comandante do incidente deverão ser
passadas diretamente para o comandante que assume, devendo ser transmitido
informações sobre a situação do incidente, organização atual, objetivos traçados,
ações implementadas, ações planejadas, recursos empenhados e solicitados, plano
de comunicação atual, instalações estabelecidas, situação das vítimas e provável
evolução do incidente.
Assim que ocorre a transferência do Comandante do incidente, deve ser
informado ao Centro de Operações a mudança, bem como aos que estão atuando
no incidente.

Seção 2 – Dos Formulários do SCI

Objetivo

 Apresentar aos leitores os tipos de Formulários empregados e utilizados numa


estrutura do SCI;
 Apresentar as funções e as aplicações de cada formulário durante a execução
de um SCI;
 Apresentar as informações e as finalidades de cada um dos formulários em
apoio ao SCI.

Os formulários são instrumentos de registro que facilitam controlar e organizar


os incidentes, seja ele planejado ou não.
Os formulários serão utilizados de acordo com a complexidade do incidente, a
partir do momento em que as dificuldades de gerenciamento e controle vão surgindo
eles se tornam mais essenciais.
Para fins de padronização no âmbito da Corporação, serão adotados modelos
e especificação de formulários, devendo ser elaborados em 3 formatos:
I. Tamanho papel A4, produzido em blocos, papel branco ou reciclado,
gramatura de 75g/m², visando facilitar o preenchimento manualmente ou por
equipamento de impressão digital a laser ou tinta;
58

II. Tamanho 120 cm de largura por 80 cm de altura, feito em papel com


gramatura mínima de 180g/m²; lona com gramatura mínima de 280g/m², com trama
de 9x9 e fio 1000x1000; placas de PVC de no mínimo 2 mm; os materiais descritos
acima deverão receber tratamento de plastificação, permitindo o preenchimento com
pincel marcador para quadro branco, sem que haja na limpeza dos dados algum
prejuízo na impressão digital padrão dos formulários; e
III. Formato especial tipo “T” utilizado no formulário SCI-219, que poderá ser
produzido em papel com gramatura mínima de 240g/m², ou em PVC com espessura
mínima de 1 mm, devendo receber tratamento de plastificação para facilitar a
colocação e limpeza de dados sem danificar a impressão digital do formulário.
Os formulários são assim nomeados:
I – formulário SCI 201, dividido em 4 páginas;
II - formulário SCI 202, dividido em 4 páginas;
III - formulário SCI 204;
IV - formulário SCI 205;
V - formulário SCI 206;
VI - formulário SCI 211;
VII – formulário SCI 215;
VII - formulário SCI 219; e
IX – formulário SCI 234.

Em atendimentos cotidianos, que demandem a utilização de uma


formalização do incidente, e que sejam de menor complexidade e rápida resolução,
os mais utilizados são os Formulários SCI – 201, SCI – 205 e SCI – 206;

Formulário SCI 201 – Briefing do Incidente


O formulário SCI 201 fornece ao Comandante do incidente, informações
básicas sobre alguns aspectos importante do incidente como, situação atual,
objetivos, ações implementas e planejadas, organização, recursos empenhados e
solicitados.

O formulário SCI 201 se dividi em 4 folhas:


59

I. Folha 1 (Croquis): destina-se a fornecer um breve resumo do incidente,


além de esboços de croquis da abrangência do evento, que posteriormente pode ser
convertido no mapa de situação do incidente;
II. Folha 2 (Resumo das Ações): destina-se a apresentar um resumo das
ações e dos objetivos propostos, servindo de seguimento contínuo de avaliação da
resposta;
III. Folha 3 (Organização Atual): destina-se a apresentar a organização atual
dos recursos, através do uso da organização modular;
IV. Folha 4 (Resumo dos Recursos): destina-se a apresentar um resumo da
situação dos recursos empregados, além de mostrar os recursos solicitados,
podendo ser utilizado como importante ferramenta para controle de recursos.
60
61

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do incidente Escreva o nome indicado para o incidente
2 Elaborado por Escreva o nome e a função de quem preencheu o
formulário
3 Data Escreva a data – dia/mês/ano
4 Hora Escreva a hora – formato 24 horas
5 Mapa/Croqui Mostrar a zona de atuação total da operação,
áreas afetadas, suas divisões, andamento da
resposta, representação das instalações e
recursos alocados.
6 Situação Atual Descreva resumidamente o incidente, abordando
os aspectos mais importantes do atendimento.
7 Objetivos de Escreva quais são os objetivos a serem
resposta inicial, alcançados durante a resposta inicial, quais as
Ações ações foram implementadas e quais são as ações
implementadas e futuras que devem ser realizadas na operação.
62

Ações planejadas.
8 Organização Atual Faça o organograma da operação, apresentando a
estrutura organizacional com a distribuição dos
recursos no incidente.
9 Recurso Escreva o nome do recurso.
9 Identificação Escreva a identificação do recurso (nome do
recurso, prefixo, nome do fornecedor, etc).
9 Data/hora Escreva a data e hora que o recurso foi solicitado.
Solicitação
9 Hora de entrada Escreva a data e hora que o recurso se
apresentou no incidente.
9 No local Marque com “X”, caso o recurso esteja presente
no incidente.
10 Observações Escreva brevemente a localização do recurso,
atividade que está realizando, e status do recurso,
caso não esteja atuando.

Formulário SCI – 202 – Objetivos da resposta


O formulário SCI 202 serve para descrever os objetivos para o período
operacional, as estratégias que serão utilizadas para conquistar os objetivos
propostos, os recursos necessários, e estrutura organizacional (organização
modular), inclui também a previsão de tempo e considerações de segurança para
serem utilizadas durante o período operacional. Ele é dividido da seguinte forma:
I. Folha 1: conterá objetivos específicos para o período operacional, que está
sendo planejado; previsão de tempo e mensagem geral de segurança;
II. Folha 2: conterá a estratégia para atingir os objetivos do período
operacional planejado;
III. Folha 3: apontará os recursos necessários para o período operacional
planejado, para qual designação e o local a ser empregado; e
IV. Folha 4: constará o esboço da estrutura organizacional para o período
operacional.
63
64
65

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do incidente Escreva o nome indicado para o incidente.
2 Data Escreva a data - dia/mês/ano.
3 Hora Escreva a hora – formato 24 horas.
4 Período Informar a duração do período operacional
Operacional proposto, escrevendo o número do período
operacional correspondente, data e hora de início
e data e hora de sua finalização.
5 Objetivos Escreva quais são os objetivos específicos a
específicos para o serem alcançados durante o período proposto.
período
operacional
6 Previsão do tempo Informe a previsão meteorológica para o período
operacional proposto.
7 Mensagem geral Relate os principais riscos existentes e informe os
de segurança cuidados e precauções que devem ser aplicadas
nas ações de resposta.
8 Elaborador por Escreva o nome e função de quem preencheu o
formulário.
9 Aprovado por Escreva o nome e função de quem aprovou o
preenchimento do formulário.
10 Estratégias Escreva as estratégias propostas para alcançar
cada objetivo traçado para o período operacional
proposto.
11 Recursos Escreva os recursos necessários, de acordo com
necessários cada objetivo e estratégia montada, para o
período operacional proposto.
12 Designações de Escreva as designações específicas do recurso
trabalho (ex: evacuação de pessoas, tratamento de
vítimas, retiradas de vítimas presas, etc).
13 Localização Escreva o local onde o recurso será utilizado.
14 Organização Faça o organograma da operação, apresentando
66

a estrutura organizacional com a distribuição dos


recursos no incidente para o período operacional
proposto.

Formulário SCI 204 – Designações táticas


Consta a designação de trabalho dos recursos, mostrando onde devem atuar,
bem como contatos dos responsáveis.

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do Escreva o nome indicado para o incidente
incidente
2 Período Informar a duração do período operacional
Operacional proposto, escrevendo o número do período
operacional correspondente, data e hora de início
e data e hora de sua finalização.
3 Setor Escreva a identificação do Setor
4 Divisão/ Grupo/ Escreva o identificador de Divisão/Grupo/FT/EI/RU
FT/EI/RU
67

5 Pessoal de Escreva o nome do Chefe de Operações e do


Operações Coordenador de Setor e Supervisor de Divisão ou
nível correspondente.
6 Recursos Cada linha neste quadro pode ter um anexo em
designados para separado com uma lista de designações (SCI 204).
este período Escreva as informações sobre os recursos
designados à Divisão ou Grupo para este período.
6 Identificador de Liste o identificador
Equipe de
Intervenção /
Força Tarefa /
Recurso Único
6 Líder Escreva o nome do líder
6 Número de Informe o contato do responsável pela equipe
Contato (fone ou rádio)
6 Número de Escreva o número total do pessoal designado para
pessoas a equipe de intervenção, força-tarefa ou recurso
único.
6 Observações Marque com um ”X” caso for ser anexado algum
Anexo SCI 204. A necessidade do Anexo SCI 204
será determinada pelos Chefes de Operações e de
Planejamento.
7 Designações Escreva as estratégias a atingir durante o período
operacional pelo pessoal designado à determinada
Divisão, Grupo, Força-Tarefa, Equipe de
Intervenção ou RU.
8 Instruções Escreva qualquer problema de segurança,
Especiais para precauções específicas a seguir ou qualquer outra
Divisão / Grupo informação importante.
9 Comunicações Informe o nome e função do responsável pela
equipe, qual o canal e tipo de rádio que será
utilizado e contatos telefônicos com o código DDD.
10 Elaborado por Escreva o nome e função de quem preencheu o
68

formulário
11 Aprovado por Escreva o nome e função de quem aprovou o
preenchimento do formulário

Formulário SCI 205 – Plano de Comunicação


Serve para identificar quem está falando com quem, como, quando, por
que meio etc., além de controlar os meios de comunicações utilizados no
atendimento ao incidente.

Quanto ao seu preenchimento: :


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do Escreva o nome indicado para o incidente
incidente
2 Data e Hora de Escreva a data (dia/mês/ano) e hora (formato
Elaboração 24horas).
3 Período Informar a duração do período operacional proposto,
Operacional: escrevendo o número do período operacional
69

correspondente, data e hora de início e data e hora


de sua finalização.
4 Utilização Escreva o(s) tipo(s), canal, frequência e a função dos
Básica de equipamento(s) de rádio designados e utilizados no
Canais de incidente.
Rádio
4 Tipo de Rádio Escreva o tipo de rádio que será utilizado (Exemplos:
Nextel, HT, Talk About e Outros).
4 Canal Escreva os números dos canais de rádio designados.
4 Função Escreva a quem foi designado cada número de canal
(por exemplo, Comandante, Chefe de Seção,
Coordenador do Setor, Supervisor de Divisão, Líder
de Força-Tarefa, Líder da Unidade de Alimentos,
etc.).
4 Frequência Escreva o número da frequência de rádio designada
a cada função especificada.
4 Celular Escreva o número do celular, informando o código
DDD, número e a operadora de telefonia.
4 Designação/ Esta linha deve incluir uma narrativa informando a
Observações designação acrescentando situações especiais.
8 Preparado por Escreva o nome e função de quem preencheu o
formulário
9 Aprovado por Escreva o nome e função de quem aprovou o
preenchimento do formulário

Formulário SCI 206 – Triagem de vítimas


Utilizado para controle de dados das vítimas na ACV, permite anotar
em qual gravidade a vítima foi encontrada, nome, idade e referências sobre
transporte, como para onde foi levada, horário e por quem.
70

Quanto ao seu preenchimento:


úmero Título Instruções de preenchimento
1 Nome do Escreva o nome indicado para o incidente
incidente
2 Data Escreva a data de elaboração - dia/mês/ano
2 Hora Escreva a hora de elaboração – formato 24 horas
3 Período Informar a duração do período operacional proposto,
Operacional escrevendo o número do período operacional
correspondente.
4 Data e hora de Escreva a data e hora de início do período
início operacional proposto.
4 Data e hora de Escreva a data e hora de término do período
término operacional proposto.
5 Nome das Informe o nome da vítima e em seguida o sexo e
vítimas idade.
6 Triagem / Identifique qual a prioridade de atendimento da vítima
Método START seguindo o método START de triagem.
71

7 Transporte Identificar para onde foi transportada a vítima, que


horas, e por quem?
8 Elaborado por Escreva o nome e função de quem preencheu o
formulário
9 Aprovado por Escreva o nome e função de quem aprovou o
preenchimento do formulário

Formulário SCI 211 – Lista de registro


Utilizado para controle dos recursos, permitindo ao Comandante do Incidente
saber quais recursos estão disponíveis, indisponíveis e designados.

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do Escreva o nome indicado para o incidente.
incidente
2 Local de Escreva o nome do local de registro (ex: Área de
registro espera, Posto de Comando, etc)
3 Data e hora Escreva a data (dia/mês/ano) e hora (formato 24
horas) de elaboração
72

4 Instituição Escreva o nome da instituição que pertence o


recurso.
4 Identificação do Identifique o recurso seguindo formato apresentado
recurso proposto.
4 Prefixo ou Escreva o prefixo do recurso ou tombamento.
Tombamento
5 Data e hora da Escreva a data e hora do registro do recurso.
solicitação
6 Nome do chefe Escreva o nome do líder.
7 Número de Escreva o número total de pessoas referente ao
pessoas recurso especificado, incluindo o líder.
8 Contato de Escreva o telefone/rádio de contato do responsável
telefone ou pela equipe.
rádio
9 Estado dos Identifique qual o Estado atual do recurso, caso
recursos esteja designado, informe o local da designação.
10 Elaborado por Escreva o nome e função de quem realizou o
preenchimento do formulário.

Formulário SCI 215 – Planejamento Operacional


Serve para realizar o levantamento dos recursos necessários para cumprir os
objetivos traçados, sendo que os recursos necessários deverão estar à disposição
do Chefe de Operações para aplicação tática no incidente:
I – REC: quantidade de recursos requeridos, ou seja, que serão
necessários para aplicação no plano tático planejado;
II – TEM: recursos existentes no incidente e disponíveis para a
operação planejada; e
III – NEC: diferença entre os recursos requeridos e os disponíveis.
73

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do Escreva o nome indicado para o incidente.
incidente
2 Data Escreva a data de elaboração - dia/mês/ano.
2 Hora Escreva a hora de elaboração – formato 24 horas.
3 Período Informar a duração do período operacional proposto,
Operacional escrevendo o número do período operacional
correspondente, data e hora de início e data e hora
de sua finalização.
4 Divisão/Grupo Preencha o identificador da unidade de trabalho
/ Outro local conforme demonstrado no mapa de trabalho: divisão,
grupo, operações aéreas, coordenação etc.
5 Designação de Identifique o trabalho a ser desenvolvido. Cada
trabalho Divisão/Grupo ou outra atividade tem que ter
instruções claras sobre o que é seu trabalho.
6 Tipos de Identifique os recursos apropriados requeridos para
74

recurso completar as designações de trabalho.


7 Responsável Escreva o responsável pela Divisão/ Grupo/ FT/ EI/
RU.
8 Equipamentos Identifique equipamentos especiais que há na equipe
Especiais que possam ser utilizados no incidente. EPRA,
Desencarceradores, etc.
9 Local Identifique a localização específica que os recursos
devem ser (PC, atuação, base).
10 Horário de Informe o horário em que serão necessários os
Chegada recursos no local informado para atuação.
11 Preparado por Escreva o nome e função de quem preencheu o
formulário.

Formulário SCI 219 - (Cartão “T”),


Este formulário é utilizado para realizar o controle dos recursos envolvidos no
incidente pela parte de planejamento.
Deverá ser entregue ao Encarregado da Área de Espera para posteriormente
ser encaminhado ao Líder da Unidade de Recursos, no Posto de Comando.
75

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Instituição Escreva o nome da instituição a que pertence o
recurso.
2 Recurso único, Escreva a qual categoria o recurso pertence.
Equip. de
Intervenção/ Força-
Tarefa
3 Local de registro Escreva o nome do local de registro (ex: Área de
espera, Posto de Comando, etc)
4 Data e hora de Escreva data (dia/mês/ano) e hora da chegada do
chegada recurso (formato 24h).
5 Nome do Escreva o nome do Líder e o telefone/rádio de
Líder/Contato contato.
6 Nome dos recursos Escreva o nome dos recursos (equipes de
e/ou pessoas intervenção, força-tarefa ou recurso único) e/ou
nome das pessoas.
7 Local de Localização onde o recurso poderá ser
designação designado.
8 Hora estimada de Escreva a hora (formato 24h) estimada de
chegada chegada do recurso.
9 Anotações Escreva outras qualificações das pessoas
registradas no formulário. Ex.: Especialista em
salvamento em altura ou terrestre, em Incêndio
urbano, etc.
10 Local designado Localização onde o recurso foi designado.
11 Hora Escreva a hora que o recurso foi designado.
12 Situação Escreva as condições dos recursos: disponíveis,
indisponíveis ou designados.

Formulário SCI 234 – Matriz de análise de trabalho


É elaborado com a finalidade de estabelecer as estratégias e táticas a serem
discutidas nas reuniões táticas e posteriormente colocadas em ação.
76

Quanto ao seu preenchimento:


Número Título Instruções de preenchimento
1 Nome do incidente Escreva o nome indicado para o incidente.
2 Data Escreva a data de elaboração - dia/mês/ano.
2 Hora Escreva a hora de elaboração – formato 24
horas.
3 Período Informar a duração do período operacional
Operacional proposto, escrevendo o numero do período
operacional correspondente, data e hora de início
e data e hora de sua finalização.
4 Objetivos da Escreva os objetivos da resposta, incluindo a
Operação/ hora, informe situações relevantes para as ações
Resultados futuros, bem como os problemas presentes.
desejados
5 Estratégias Escreva possíveis estratégias para atingir o
Opcionais objetivo determinado (Como fazer).
6 Táticas/Trabalhos Descreva quem, o que, onde e quando se devem
escritos realizar os trabalhos.
10 Elaborado por Escreva o nome e função de quem realizou o
preenchimento do formulário.
77

CAPÍTULO 07 – ESTUDO DE CASO

Seção 1 - Estudo de Caso

Objetivos:

 Apresentar através de um exemplo a condução de todas as etapas da Targeta


de Campo;
 Facilitar a aprendizagem do leitor através do estudo de caso.

Situação/Natureza do Incidente: Acidente de trânsito

Por volta de 18h do dia 28/04/2017, ocorreu um acidente na rodovia BR-153,


entre as cidades de Goiânia e Teresópolis, envolvendo um ônibus de transporte
interestadual com 30 passageiros e um caminhão transportando óleo diesel, devido
ao impacto da colisão várias pessoas que estavam no ônibus ficaram presas nas
ferragens do veículo, algumas em estado grave e outras estáveis, porém com
ferimentos diversos, o motorista do caminhão também ficou preso nas ferragens do
veículo, existe também um grande vazamento de óleo diesel em direção ao Ribeirão
João leite, que fica as margens da rodovia, e, além disto, há um grande
engarrafamento na rodovia, que é a principal rota de ligação entre Goiânia e
Anápolis.
O Centro de Operações, após receber a notificação do evento/incidente,
acionou:
 01 Viatura de Salvamento Avançado - (ASA - 66) - CBMGO;
 01 Caminhão de busca e salvamento – (ABS – 20) - CBMGO;
 01 Caminhão de combate a incêndio – (ABT- 45) - CBMGO;
 01 Ambulância com médico, suporte avançado - (USA - 30) - CBMGO; e
 01 Ambulância de resgate, sem médico - (UR-158) - CBMGO.

Assim que as equipes acionadas chegaram ao local, foi constado que lá já


havia
 02 Viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF – 01 e PRF – 02);
 01 Caminhão de Combate a Incêndio/Concessionária da rodovia (ACI – 01);
 01 Viatura de atendimento de resgate e salvamento da Concessionária da
rodovia – (URS – 01);
78

 01 Ambulância sem médico para suporte básico – (USB - 01) – SAMU.

Organização da operação utilizando os passos da Tarjeta de Campo

1º – COB! Informo que chegamos ao local do incidente e confirmo a existência de


um acidente envolvendo dois veículos pesados, contendo múltiplas vítimas, assim
que tiver mais informações irei repassando a central.

2º – Informo que sou o militar de maior precedência hierárquica no local e estou


assumindo o comando do incidente, e que minha viatura, ASA – 66 (Viatura de
referência), está designada como Posto de Comando, estando localizada no KM 25
da rodovia, informe para equipes que ao chegarem ao local não realizarem ações de
resposta sem antes apresentarem para este comandante no PC.

3º - Avaliação da situação
 Confirmação da natureza – Acidente de trânsito envolvendo ônibus x
caminhão;
 Ameaças presentes – Pessoas presas nas ferragens do ônibus e caminhão,
tombamento do caminhão com vazamento de combustível, vazamento de
combustível para Ribeirão João Leite, risco de incêndio no caminhão e de
acidente na rodovia devido ao trânsito intenso de veículos.
 Área afetada – Km 26 à Km 27 da Rodovia e parte do Ribeirão João Leite as
margens da rodovia.
 Perímetro de segurança – Local avaliado e verificado os pontos onde serão
realizadas as delimitações das zonas de atuação no incidente.
 Instalações Padronizadas - Local avaliado e verificado os pontos onde serão
estabelecidas as instalações padronizadas que serão necessárias no
incidente.

4º – Estabelecimento do perímetro de segurança


 Zona quente (zona de risco e de acesso restrito) – Estabelecida a contar
do local que encontra-se os veículos até 15 metros destes.
 Zona morna (zona de segurança e de acesso restrito) – Estabelecida do
limite externo da zona quente até 50 metros desta.
79

 Zona fria (zona de livre acesso) – Inicia no limite externo da zona morna e
abrange todas as demais áreas.

5º– Estabelecimento dos objetivos


 Realizar a retirada das vítimas que estão presas nas ferragens dos veículos;
 Realizar a prevenção a um possível incêndio no caminhão;
 Realizar o controle do trânsito pra evitar novos acidentes;
 Conter o vazamento e propagação do combustível para o manancial;
 Realizar o tratamento e triagem das vítimas retiradas;
 Realizar o transporte das vítimas para unidades de saúde.

6º – Determinar estratégias e táticas para os objetivos criados


 Objetivo: Realizar a retirada das vítimas que estão presas nas ferragens dos
veículos
 Estratégia: Utilização de recursos pessoais especializados e equipamentos
de desencarceramento para realizar a retiradas das vítimas.
 Tática: Montagem de uma força tarefa de salvamento (ABS-20 e URS-01)

 Objetivo: Realizar a prevenção a um possível incêndio do caminhão.


 Estratégia: Montagem de linha de ataque de combate para realizar
resfriamento e prevenir incêndios.
 Tática: Utilização de recurso único - (ABT - 45)

 Objetivo: Realizar o controle do trânsito pra evitar novos acidentes


 Estratégia: Realizar o fechamento da via em ambos os lados com utilização
de viaturas e cones.
 Tática: Utilização de uma Equipe de intervenção - (PRF-01 e PRF-02)

 Objetivo: Conter o vazamento e propagação do combustível para o


manancial
 Estratégia: Realizar a contenção e propagação do combustível utilizando
serragem e materiais de contenção de vazamento.
 Tática: Utilização de Recurso único - (ACI-01)
80

 Objetivo: Realizar o tratamento e triagem das vítimas retiradas


 Estratégia: Montagem de uma área de concentração de vítimas, com a
triagem realizada por um médico e o tratamento por pessoas especializadas.
 Tática: Utilização de uma Força Tarefa – (USA-30 e UR-158)

 Objetivo: Realizar o transporte e triagem das vítimas retiradas


 Estratégia: Montagem de uma área de concentração de vítimas, com a
triagem realizada por um médico, e o tratamento por pessoas especializadas.
 Tática: Utilização de uma Força Tarefa – (USA-30 e UR-158)

 Objetivo: Realizar o transporte das vítimas para unidade de saúde


 Estratégia: As equipes de suporte básico e avançado que chegarem ao
incidente, deverão aguardar na área de espera até serem acionadas para
pegarem as vítimas triadas e tratadas na área de concentração de vítimas
para transportá-las para unidade de saúde
 Tática: (USB-01)

7º – Solicitação de recursos adicionais e montagem das instalações


padronizadas necessárias.
 Objetivo: Realizar a retirada das vítimas que estão presas nas ferragens dos
veículos
 Equipes atuando: ABS - 20 e URS - 01
 Recurso a solicitar: 01 Caminhão de Busca e Salvamento
01 Viatura de Salvamento Avançado

 Objetivo: Realizar a prevenção a um possível incêndio no caminhão.


 Equipes atuando: ABT - 45
 Recursos a solicitar: Para esse objetivo não haverá necessidade de solicitar
recursos

 Objetivo: Realizar o controle do trânsito pra evitar novos acidentes


 Equipes atuando- PRF-01 e PRF-02
 Recursos a solicitar – 01 viatura da policia rodoviária federal
81

 Objetivo: Conter o vazamento e propagação do combustível para o


manancial
 Equipe atuando: ACI-01
 Recursos a solicitar: 01 caminhão de combate a incêndio
01 viatura da agência de meio ambiente local

 Objetivo: Realizar o tratamento e triagem das vítimas retiradas


 Equipes atuando – USA-30 e UR-158
 Recursos a solicitar – 01 Ambulância de resgate ou suporte básico

 Objetivo: Realizar o transporte das vítimas para unidade de saúde


 Equipes a serem utilizadas – USB-01
 Recursos a solicitar – 05 ambulâncias de resgate ou suporte básico
02 ambulâncias de suporte avançado
01 helicóptero com apoio médico.

Instalações para o incidente:


 Posto de Comando:
 Área de espera;
 Área de concentração de vítimas;
 Zona de Pouso de Helicóptero.

8º – Passagem de comando
 Resumo do incidente
o Acidente envolvendo caminhão transportando óleo diesel x ônibus de
transporte interestadual com diversas vítimas, com tombamento e
princípio de incêndio no caminhão e vazamento para o manancial João
Leite

 Objetivos da resposta inicial


o Realizar a retirada das vítimas que estão presas nas ferragens dos
veículos;
82

o Realizar a prevenção a um possível incêndio no caminhão;


o Realizar o controle do trânsito pra evitar novos acidentes;
o Conter o vazamento e propagação do combustível para o manancial;
o Realizar o tratamento e triagem das vítimas retiradas;
o Realizar o transporte das vítimas para unidades de saúde.

 Ações implementadas
o Perímetro de segurança estabelecido;
o Montagem das equipes e estabelecimentos inicial das ações de
resposta com os recursos existentes no local;
o Área de espera e Área de Concentração de Vítimas estabelecidos;
o Solicitação de recursos adicionais realizada.

 Ações planejadas
o Realizar o transporte das vítimas que forem retiradas das ferragens;
o Montagem das equipes de resposta com os recursos adicionais que
forem chegando ao incidente;
o Estabelecer uma Zona de Pouso de Helicóptero
o Aquisição de equipamentos de comunicação (Rádios) para otimizar
comunicação no incidente.
o Aquisição de suprimentos para equipes que estão no local.

 Organização atual
83

 Recursos no local
o 01 Viatura de Salvamento Avançado (CBMGO) – ASA-66
o 01 Caminhão de Salvamento (CBMGO) – ABS-20
o 01 Caminhão de Combate a Incêndio (CBMGO) – ABT - 45
o 01 Ambulância com médico para suporte avançado (CBMGO) – USA -
30
o 01 Ambulância sem médico para resgate (CBMGO) – UR-158
o 02 Viaturas da Polícia Rodoviária Federal – PRF – 01 e PRF – 02
o 01 Caminhão de Combate a Incêndio da Concessionária da rodovia –
ACI - 01
o 01 – Unidade de salvamento e regate básica da Concessionária da
rodovia – URS – 01
o 01 – Ambulância sem médico para suporte básico (SAMU) - USB-01

 Recursos solicitados
o 01 Caminhão de Busca e Salvamento;
o 01 Viatura de Salvamento Avançado;
o 01 Viatura da polícia rodoviária federal;
o 01 Caminhão de combate a incêndio;
o 01 Viatura da agência de meio ambiente local;
o 06 Ambulâncias de resgate ou suporte básico;
o 02 Ambulâncias de suporte avançado;
o 01 Helicóptero.
84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Defesa Civil. Gerenciamento de Desastres – Sistema de Comando em


Operações. Florianópolis. 2010. 82 p.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretária Nacional de Defesa Civil.


Sistema de Comando em Operações, Guia de Campo. 2010. 61p.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretária Nacional de Segurança


Pública. Sistema de Comando em Incidentes. 2008. p.19.

GOIÁS, Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. 1º Comando Regional BM.


1ª CIBM. Relatório Final da Operação Romaria do Divino Pai Eterno – 2016.
Anexos.

DF. Manual de Sistema de Comando de Incidentes – SCI do Corpo de


Bombeiros Militar do Distrito Federal – CBMDF. 2011. 147 p.

GOIÁS. Norma Operacional n. 14 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de


Goiás – CBMGO. 2014. 55 p. http://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads
/2016/12/NE-03.pdf.

GOIÁS. Seção de Comunicação – BM/5 do Corpo de Bombeiros do Estado de


Goiás – CBMGO. 2017. 16 Fotografias.

GUESSER, Alberto Araripe. O Sistema de Comando em Operações (SCO) como


ferramenta de gestão para o comando, controle e coordenação de respostas
de emergências não rotineiras na Polícia Rodoviária Federal (Especialização).
Florianópolis: UDESC, 2015. 96 p. http://biblioteca.cbm.sc.gov.br/biblioteca/index.
php/component/docman/docdownload/636-alberto-araripe-guesser.

MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco


configurações. 2.ed.São Paulo: Atlas, 2003.

RIO DE JANEIRO. Procedimento Operacional Padrão do Sistema de Comando e


Controle Operacional – CBMERJ. 2013. 16 p.
85

UNITED STATES DEPARTMENT OF, HOMELAND SESECURITY – FEMA. ISC –


300, ISC Intermediário para incidente em expansão, Manual do estudante. 2013
89p.
08/10/21, 22:40 L12608

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012.

Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil -


PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e
Defesa Civil
-
SINPDEC e o Conselho Nacional de
Vigência Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; autoriza a criação de
sistema de informações e monitoramento de desastres;
Conversão da Medida Provisória nº 547, de 2011) altera as Leis nºs 12.340, de 1º de dezembro de 2010,
10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro
de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de
dezembro de 1996; e dá outras providências.

O VICE–PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
no exercício do cargo de
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço
saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO i

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC, dispõe sobre o Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC,
autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres e dá outras providências.

Parágrafo único. As definições técnicas para aplicação desta Lei serão estabelecidas em ato do Poder
Executivo federal.

Art. 2º É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios adotar as medidas necessárias à
redução dos riscos de desastre.
(Regulamento)

§ 1º As medidas previstas no
caput
poderão ser adotadas com a colaboração de entidades públicas ou
privadas e da sociedade em geral.

§ 2º A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção das medidas preventivas e
mitigadoras da situação de risco.

CAPÍTULO Ii

DA POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL - PNPDEC

Seção I

Di
retrizes e Objetivos

Art. 3º A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação voltadas à
proteção e defesa civil.

Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial, desenvolvimento urbano,
saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência
e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.

Art. 4º São diretrizes da PNPDEC:

I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para redução de desastres
e apoio às comunidades atingidas;

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 1/11
08/10/21, 22:40 L12608
II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação;

III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de desastres;

IV - adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados
a corpos d’água;

V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres no
território nacional;

VI - participação da sociedade civil.

Art. 5º São objetivos da PNPDEC:

I - reduzir os riscos de desastres;

II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres;

III - recuperar as áreas afetadas por desastres;

IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e defesa civil entre os elementos da
gestão territorial e do planejamento das políticas setoriais;

V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil;

VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos sustentáveis de urbanização;

VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e vulnerabilidades a desastres, de


modo a evitar ou reduzir sua ocorrência;

VIII - monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos, geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros
potencialmente causadores de desastres;

IX - produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de ocorrência de desastres naturais;

X - estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e rural, tendo em vista sua conservação e a proteção
da vegetação nativa, dos recursos hídricos e da vida humana;

XI - combater a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e de risco e promover a realocação da


população residente nessas áreas;

XII - estimular iniciativas que resultem na destinação de moradia em local seguro;

XIII - desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;

XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de prevenção e de resposta em situação


de desastre e promover a autoproteção; e

XV - integrar informações em sistema capaz de subsidiar os órgãos do SINPDEC na previsão e no controle


dos efeitos negativos de eventos adversos sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente.

Seção II

Das Competências dos Entes Federados

Art. 6º Compete à União:

I - expedir normas para implementação e execução da PNPDEC;

II - coordenar o SINPDEC, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 2/11
08/10/21, 22:40 L12608
III - promover estudos referentes às causas e possibilidades de ocorrência de desastres de qualquer origem,
sua incidência, extensão e consequência;

IV - apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios no mapeamento das áreas de risco, nos estudos de
identificação de ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre e nas demais ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação;

V - instituir e manter sistema de informações e monitoramento de desastres;

VI - instituir e manter cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de
grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;

VII - instituir e manter sistema para declaração e reconhecimento de situação de emergência ou de estado de
calamidade pública;

VIII - instituir o Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;

IX - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, bem como dos riscos
biológicos, nucleares e químicos, e produzir alertas sobre a possibilidade de ocorrência de desastres, em articulação
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

X - estabelecer critérios e condições para a declaração e o reconhecimento de situações de emergência e


estado de calamidade pública;

XI - incentivar a instalação de centros universitários de ensino e pesquisa sobre desastres e de núcleos


multidisciplinares de ensino permanente e a distância, destinados à pesquisa, extensão e capacitação de recursos
humanos, com vistas no gerenciamento e na execução de atividades de proteção e defesa civil;

XII - fomentar a pesquisa sobre os eventos deflagradores de desastres; e

XIII - apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de material didático-pedagógico relacionado ao


desenvolvimento da cultura de prevenção de desastres.

§ 1º O Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil conterá, no mínimo:

I - a identificação dos riscos de desastres nas regiões geográficas e grandes bacias hidrográficas do País; e

II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito nacional e regional, em especial
quanto à rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos
e à produção de alertas antecipados das regiões com risco de desastres.

§ 2º Os prazos para elaboração e revisão do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil serão definidos em
regulamento.

Art. 7º Compete aos Estados:

I - executar a PNPDEC em seu âmbito territorial;

II - coordenar as ações do SINPDEC em articulação com a União e os Municípios;

III - instituir o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil;

IV - identificar e mapear as áreas de risco e realizar estudos de identificação de ameaças, suscetibilidades e


vulnerabilidades, em articulação com a União e os Municípios;

V - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das áreas de risco, em articulação com a
União e os Municípios;

VI - apoiar a União, quando solicitado, no reconhecimento de situação de emergência e estado de calamidade


pública;

VII - declarar, quando for o caso, estado de calamidade pública ou situação de emergência; e
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 3/11
08/10/21, 22:40 L12608
VIII - apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levantamento das áreas de risco, na elaboração dos
Planos de Contingência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos de prevenção e alerta e de ações
emergenciais.

Parágrafo único. O Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil conterá, no mínimo:

I - a identificação das bacias hidrográficas com risco de ocorrência de desastres; e

II - as diretrizes de ação governamental de proteção e defesa civil no âmbito estadual, em especial no que se
refere à implantação da rede de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico das bacias com risco de
desastre.

Art. 8º Compete aos Municípios:

I - executar a PNPDEC em âmbito local;

II - coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local, em articulação com a União e os Estados;

III - incorporar as ações de proteção e defesa civil no planejamento municipal;

IV - identificar e mapear as áreas de risco de desastres;

V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupações nessas áreas;

VI - declarar situação de emergência e estado de calamidade pública;

VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a intervenção preventiva e a
evacuação da população das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis;

VIII - organizar e administrar abrigos provisórios para assistência à população em situação de desastre, em
condições adequadas de higiene e segurança;

IX - manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos extremos, bem como sobre
protocolos de prevenção e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstâncias de desastres;

X - mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na ocorrência de desastre;

XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil;

XII - promover a coleta, a distribuição e o controle de suprimentos em situações de desastre;

XIII - proceder à avaliação de danos e prejuízos das áreas atingidas por desastres;

XIV - manter a União e o Estado informados sobre a ocorrência de desastres e as atividades de proteção civil
no Município;

XV - estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços,


organizações não governamentais e associações de classe e comunitárias nas ações do SINPDEC e promover o
treinamento de associações de voluntários para atuação conjunta com as comunidades apoiadas; e

XVI - prover solução de moradia temporária às famílias atingidas por desastres.

Art. 9º Compete à União, aos Estados e aos Municípios:

I - desenvolver cultura nacional de prevenção de desastres, destinada ao desenvolvimento da consciência


nacional acerca dos riscos de desastre no País;

II - estimular comportamentos de prevenção capazes de evitar ou minimizar a ocorrência de desastres;

III - estimular a reorganização do setor produtivo e a reestruturação econômica das áreas atingidas por
desastres;

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 4/11
08/10/21, 22:40 L12608
IV - estabelecer medidas preventivas de segurança contra desastres em escolas e hospitais situados em áreas
de risco;

V - oferecer capacitação de recursos humanos para as ações de proteção e defesa civil; e

VI - fornecer dados e informações para o sistema nacional de informações e monitoramento de desastres.

CAPÍTULO III

DO SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL - SINPDEC

Seção I

Disposições Gerais

Art. 10. O SINPDEC é constituído pelos órgãos e entidades da administração pública federal, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e pelas entidades públicas e privadas de atuação significativa na área de proteção e
defesa civil.

Parágrafo único. O SINPDEC tem por finalidade contribuir no processo de planejamento, articulação,
coordenação e execução dos programas, projetos e ações de proteção e defesa civil.

Art. 11. O SINPDEC será gerido pelos seguintes órgãos:

I - órgão consultivo: CONPDEC;

II - órgão central, definido em ato do Poder Executivo federal, com a finalidade de coordenar o sistema;

III - os órgãos regionais estaduais e municipais de proteção e defesa civil; e

IV - órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de governo.

Parágrafo único. Poderão participar do SINPDEC as organizações comunitárias de caráter voluntário ou outras
entidades com atuação significativa nas ações locais de proteção e defesa civil.

Seção II

Do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC

Art. 12. O CONPDEC, órgão colegiado integrante do Ministério da Integração Nacional, terá por finalidades:

I - auxiliar na formulação, implementação e execução do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil;

II - propor normas para implementação e execução da PNPDEC;

III - expedir procedimentos para implementação, execução e monitoramento da PNPDEC, observado o


disposto nesta Lei e em seu regulamento;

IV - propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescentes, gestantes, idosos e pessoas com
deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e

V - acompanhar o cumprimento das disposições legais e regulamentares de proteção e defesa civil.

§ 1º A organização, a composição e o funcionamento do CONPDEC serão estabelecidos em ato do Poder


Executivo federal.

§ 2º O CONPDEC contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e da
sociedade civil organizada, incluindo-se representantes das comunidades atingidas por desastre, e por especialistas
de notório saber.

CAPÍTULO IV
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DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 13. Fica autorizada a criação de sistema de informações de monitoramento de desastres, em ambiente
informatizado, que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os integrantes do SINPDEC visando ao
oferecimento de informações atualizadas para prevenção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de
desastre em todo o território nacional.

Art. 14. Os programas habitacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem
priorizar a relocação de comunidades atingidas e de moradores de áreas de risco.

Art. 15. A União poderá manter linha de crédito específica, por intermédio de suas agências financeiras oficiais
de fomento, destinada ao capital de giro e ao investimento de sociedades empresariais, empresários individuais e
pessoas físicas ou jurídicas em Municípios atingidos por desastre que tiverem a situação de emergência ou o estado
de calamidade pública reconhecido pelo Poder Executivo federal.

Art. 16. Fica a União autorizada a conceder incentivo ao Município que adotar medidas voltadas ao aumento
da oferta de terra urbanizada para utilização em habitação de interesse social, por meio dos institutos previstos na
Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
na forma do regulamento.

Parágrafo único. O incentivo de que trata o


caput
compreenderá a transferência de recursos para a aquisição
de terrenos destinados a programas de habitação de interesse social.

Art. 17. Em situações de iminência ou ocorrência de desastre, ficam os órgãos competentes autorizados a
transferir bens apreendidos em operações de combate e repressão a crimes para os órgãos de proteção e defesa
civil.

Art. 18. Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se agentes de proteção e defesa civil:

I - os agentes políticos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela direção
superior dos órgãos do SINPDEC;

II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e direção de órgãos ou entidades públicas prestadores
dos serviços de proteção e defesa civil;

III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou função pública, civis ou militares, com atribuições
relativas à prestação ou execução dos serviços de proteção e defesa civil; e

IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas ou prestadores de serviços voluntários que


exercem, em caráter suplementar, serviços relacionados à proteção e defesa civil.

Parágrafo único. Os órgãos do SINPDEC adotarão, no âmbito de suas competências, as medidas pertinentes
para assegurar a profissionalização e a qualificação, em caráter permanente, dos agentes públicos referidos no
inciso III.

Art. 19. Aplicam-se ao Distrito Federal as competências atribuídas nesta Lei aos Estados e aos Municípios.

Art. 20. A ementa da


Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010,
passa a vigorar com a seguinte redação:

“Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos


Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de resposta e
recuperação nas áreas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para
Calamidades Públicas; e dá outras providências.”

Art. 21. Os arts.


4º e 5º da
Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010,
passam a vigorar com a seguinte
redação:


Art. 4º
São obrigatórias as transferências da União aos órgãos e entidades dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para a execução de ações de resposta e
recuperação, observados os requisitos e procedimentos previstos nesta Lei.

§ 1º As ações de que trata o


caput
serão definidas em regulamento, e o órgão
central do SINPDEC definirá o montante de recursos a ser transferido, mediante depósito
em conta específica mantida pelo ente beneficiário em instituição financeira oficial federal,

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 6/11
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de acordo com sua disponibilidade orçamentária e financeira e com base nas informações
obtidas perante o ente federativo.

§ 2º No caso de execução de ações de recuperação, o ente beneficiário deverá


apresentar plano de trabalho ao órgão central do SINPDEC no prazo máximo de 90
(noventa) dias da ocorrência do desastre.” (NR)


Art. 5º
O órgão central do SINPDEC acompanhará e fiscalizará a aplicação dos
recursos transferidos na forma do art. 4º .

...........................................................................................................................................................

§ 2º
Os entes beneficiários das transferências de que trata o
caput
deverão
apresentar ao órgão central do SINPDEC a prestação de contas do total dos recursos
recebidos, na forma do regulamento.

§ 3º Os entes beneficiários manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados da


data de aprovação da prestação de contas de que trata o § 2º , os documentos a ela
referentes, inclusive os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursos
financeiros transferidos na forma desta Lei, ficando obrigados a disponibilizá-los, sempre
que solicitado, ao órgão central do SINPDEC, ao Tribunal de Contas da União e ao
Sistema de Controle Interno do Poder Executivo federal.” (NR)

Art. 22. A
Lei nº 12.340, de 1o de dezembro de 2010,
passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 3º-A,
3º-B
e
5º-A:


Art. 3º-A.
O Governo Federal instituirá cadastro nacional de municípios com áreas
suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, conforme regulamento.

§ 1º A inscrição no cadastro previsto no


caput
dar-se-á por iniciativa do Município
ou mediante indicação dos demais entes federados, observados os critérios e
procedimentos previstos em regulamento.

§ 2º Os Municípios incluídos no cadastro deverão:

I - elaborar mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de


deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos;

II - elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil e instituir órgãos


municipais de defesa civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão
central do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC;

III - elaborar plano de implantação de obras e serviços para a redução de riscos de


desastre;

IV - criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar a edificação em áreas


suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos; e

V - elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização, estabelecendo diretrizes


urbanísticas voltadas para a segurança dos novos parcelamentos do solo e para o
aproveitamento de agregados para a construção civil.

§ 3º A União e os Estados, no âmbito de suas competências, apoiarão os


Municípios na efetivação das medidas previstas no § 2º .

§ 4º Sem prejuízo das ações de monitoramento desenvolvidas pelos Estados e


Municípios, o Governo Federal publicará, periodicamente, informações sobre a evolução
das ocupações em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto,
inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos nos Municípios
constantes do cadastro.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 7/11
08/10/21, 22:40 L12608
§ 5º As informações de que trata o § 4º serão encaminhadas, para conhecimento e
providências, aos Poderes Executivo e Legislativo dos respectivos Estados e Municípios e
ao Ministério Público.

§ 6º O Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil será elaborado no prazo


de 1 (um) ano, sendo submetido a avaliação e prestação de contas anual, por meio de
audiência pública, com ampla divulgação.”


Art. 3º-B.
Verificada a existência de ocupações em áreas suscetíveis à ocorrência
de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos, o município adotará as providências para redução do risco, dentre
as quais, a execução de plano de contingência e de obras de segurança e, quando
necessário, a remoção de edificações e o reassentamento dos ocupantes em local
seguro.

§ 1º A efetivação da remoção somente se dará mediante a prévia observância dos


seguintes procedimentos:

I - realização de vistoria no local e elaboração de laudo técnico que demonstre os


riscos da ocupação para a integridade física dos ocupantes ou de terceiros; e

II - notificação da remoção aos ocupantes acompanhada de cópia do laudo técnico


e, quando for o caso, de informações sobre as alternativas oferecidas pelo poder público
para assegurar seu direito à moradia.

§ 2º Na hipótese de remoção de edificações, deverão ser adotadas medidas que


impeçam a reocupação da área.

§ 3º Aqueles que tiverem suas moradias removidas deverão ser abrigados, quando
necessário, e cadastrados pelo Município para garantia de atendimento habitacional em
caráter definitivo, de acordo com os critérios dos programas públicos de habitação de
interesse social.”


Art. 5º-A.
Constatada, a qualquer tempo, a presença de vícios nos documentos
apresentados, ou a inexistência do estado de calamidade pública ou da situação de
emergência declarados, o ato administrativo que tenha autorizado a realização da
transferência obrigatória perderá seus efeitos, ficando o ente beneficiário obrigado a
devolver os valores repassados, devidamente atualizados.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no


caput
, ocorrendo indícios de
falsificação de documentos pelo ente federado, deverão ser notificados o Ministério
Público Federal e o Ministério Público Estadual respectivo, para adoção das providências
cabíveis.”

Art. 23. É vedada a concessão de licença ou alvará de construção em áreas de risco indicadas como não
edificáveis no plano diretor ou legislação dele derivada.

Art. 24. O inciso VI do art. 2º da


Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
passa a vigorar acrescido da seguinte
alínea
h :

“Art. 2º ....................... .............................................................................................

..........................................................................................................................................................

VI - ....................
.......................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

h)
a exposição da população a riscos de desastres.

....................................................................................................................................................”
(NR).

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 8/11
08/10/21, 22:40 L12608
Art. 25. O art. 41 da
Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VI:

“Art. 41.
..........................................................................................................................................

.............................................................................................................................................................

VI -
incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos
geológicos ou hidrológicos correlatos.

..............................................................................................................................................................”
(NR)

Art. 26. A
Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 42-A e 42-B:


Art. 42-A.
Além do conteúdo previsto no art. 42, o plano diretor dos Municípios
incluídos no cadastro nacional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de
deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos deverá conter:

I - parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a


diversidade de usos e a contribuir para a geração de emprego e renda;

II - mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de


grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;

III - planejamento de ações de intervenção preventiva e realocação de população


de áreas de risco de desastre;

IV - medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e à mitigação de


impactos de desastres; e

V - diretrizes para a regularização fundiária de assentamentos urbanos irregulares,


se houver, observadas a
Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009,
e demais normas federais e
estaduais pertinentes, e previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da
demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política
urbana, onde o uso habitacional for permitido.

§ 1º A identificação e o mapeamento de áreas de risco levarão em conta as cartas


geotécnicas.

§ 2º O conteúdo do plano diretor deverá ser compatível com as disposições insertas


nos planos de recursos hídricos, formulados consoante a
Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de
1997.

§ 3º Os Municípios adequarão o plano diretor às disposições deste artigo, por


ocasião de sua revisão, observados os prazos legais.

§ 4º Os Municípios enquadrados no inciso VI do art. 41 desta Lei e que não tenham


plano diretor aprovado terão o prazo de 5 (cinco) anos para o seu encaminhamento para
aprovação pela Câmara Municipal.”


Art. 42-B.
Os Municípios que pretendam ampliar o seu perímetro urbano após a
data de publicação desta Lei deverão elaborar projeto específico que contenha, no
mínimo:

I - demarcação do novo perímetro urbano;

II - delimitação dos trechos com restrições à urbanização e dos trechos sujeitos a


controle especial em função de ameaça de desastres naturais;

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 9/11
08/10/21, 22:40 L12608
III - definição de diretrizes específicas e de áreas que serão utilizadas para
infraestrutura, sistema viário, equipamentos e instalações públicas, urbanas e sociais;

IV - definição de parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a


promover a diversidade de usos e contribuir para a geração de emprego e renda;

V - a previsão de áreas para habitação de interesse social por meio da demarcação


de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de política urbana,
quando o uso habitacional for permitido;

VI - definição de diretrizes e instrumentos específicos para proteção ambiental e do


patrimônio histórico e cultural; e

VII - definição de mecanismos para garantir a justa distribuição dos ônus e


benefícios decorrentes do processo de urbanização do território de expansão urbana e a
recuperação para a coletividade da valorização imobiliária resultante da ação do poder
público.

§ 1º O projeto específico de que trata o


caput
deste artigo deverá ser instituído por
lei municipal e atender às diretrizes do plano diretor, quando houver.

§ 2º Quando o plano diretor contemplar as exigências estabelecidas no


caput
, o
Município ficará dispensado da elaboração do projeto específico de que trata o
caput
deste artigo.

§ 3º A aprovação de projetos de parcelamento do solo no novo perímetro urbano


ficará condicionada à existência do projeto específico e deverá obedecer às suas
disposições.”

Art. 27. O art. 12 da


Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979
,
passa a vigorar com a seguinte redação,
renumerando-se o atual parágrafo único para § 1º :

“Art. 12.
..................................................................................................................................

§ 1
º
O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma
de execução, sob pena de caducidade da aprovação.

§ 2º Nos Municípios inseridos no cadastro nacional de municípios com áreas


suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto de que trata o
caput
ficará vinculada ao atendimento dos requisitos constantes da carta geotécnica de
aptidão à urbanização.
Vigência

§ 3º É vedada a aprovação de projeto de loteamento e desmembramento em áreas


de risco definidas como não edificáveis, no plano diretor ou em legislação dele derivada.”
(NR)

Art. 28. O art. 3º da


Lei nº 8.239, de 4 de outubro de 1991,
que regulamenta os §§ 1º e 2º do art. 143 da
Constituição Federal, que dispõem sobre a prestação de Serviço Alternativo ao Serviço Militar Obrigatório, passa a
vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º e 5º :

“Art. 3º
............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................................

§ 4º
O Serviço Alternativo incluirá o treinamento para atuação em áreas atingidas
por desastre, em situação de emergência e estado de calamidade, executado de forma
integrada com o órgão federal responsável pela implantação das ações de proteção e
defesa civil.

§ 5º A União articular-se-á com os Estados e o Distrito Federal para a execução do


treinamento a que se refere o § 4º deste artigo.” (NR)
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 10/11
08/10/21, 22:40 L12608
Art. 29. O art. 26 da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, passa a vigorar acrescido do seguinte § 7º :

“Art. 26.
...........................................................................................................................................

............................................................................................................................................................

§ 7º
Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios da
proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos
obrigatórios.” (NR)

Art. 30. Ficam revogados os


arts. 1º ,

e
17 da Lei 12.340, de 1º de dezembro de 2010.

Art. 31. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com exceção do disposto no
§ 2º do art. 12 da Lei
nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979,
que entrará em vigor após decorridos 2 (dois) anos da data de sua publicação
oficial.

Brasília, 10 de abril de 2012; 191º da Independência e 124º da República.

MICHEL TEMER

José Eduardo Cardozo

Luiz Antonio Rodríguez Elias

Izabella Mónica Vieira Teixeira

Alexandre Navarro Garcia

Alexandre Cordeiro Macedo

Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.4.2012

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12608.htm 11/11
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 07/12/2020 | Edição: 233 | Seção: 1 | Página: 16
Órgão: Ministério do Desenvolvimento Regional/Gabinete do Ministro

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 36, DE 4 DE DEZEMBRO DE


2020

Estabelece procedimentos e critérios para o


reconhecimento federal e para declaração de
situação de emergência ou estado de
calamidade pública pelos municípios, estados e
pelo Distrito Federal.

O MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL,


no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da
Constituição Federal, e o disposto nos incisos I e X do artigo 6º da Lei n.
12.608, de 10 de abril de 2012, e sua regulamentação, resolve:
Art. 1º Estabelecer procedimentos e critérios para o reconhecimento
federal e para a declaração de situação de emergência ou estado de
calamidade pública pelos municípios, estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Instrução Normativa,
considera-se:
I - proteção e defesa civil: conjunto de ações de prevenção,
mitigação, preparação, resposta e recuperação destinadas a evitar desastres e
minimizar seus impactos sobre a população e a promover o retorno à
normalidade social, econômica ou ambiental;
II - ações de prevenção: medidas e atividades prioritárias
destinadas a evitar a instalação de riscos de desastres.
III - ações de mitigação: medidas e atividades imediatamente
adotadas para reduzir ou evitar as consequências do risco de desastre;
IV - ações de preparação: medidas desenvolvidas para otimizar as
ações de resposta e minimizar os danos e as perdas decorrentes do desastre;
V - ações de resposta: medidas emergenciais, realizadas durante
ou após o desastre, que visam ao socorro e à assistência da população
atingida e ao retorno dos serviços essenciais;
VI - ações de recuperação: medidas desenvolvidas após o desastre
para retornar à situação de normalidade, que abrangem a reconstrução de
infraestrutura danificada ou destruída, e a reabilitação do meio ambiente e da
economia, visando ao bem-estar social;
VII - desastre: resultado de eventos adversos, naturais, tecnológicos
ou de origem antrópica, sobre um cenário vulnerável exposto a ameaça,
causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes prejuízos
econômicos;
VIII - situação de emergência: situação anormal, provocada por
desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento
parcial da capacidade de resposta do poder público do ente federativo atingido;
IX - estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por
desastre, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento
substancial da capacidade de resposta do poder público do ente federativo
atingido;
X - ameaça: evento em potencial, natural, tecnológico ou de origem
antrópica, com elevada possibilidade de causar danos humanos, materiais e
ambientais e perdas socioeconômicas públicas e privadas;
XI - vulnerabilidade: exposição socioeconômica ou ambiental de um
cenário sujeito à ameaça do impacto de um evento adverso natural, tecnológico
ou de origem antrópica;
XII - risco de desastre: potencial de ocorrência de evento adverso
sob um cenário vulnerável;
XIII - gestão de risco de desastres: medidas preventivas destinadas
à redução de riscos de desastres, suas consequências e à instalação de novos
riscos;
XIV - gestão de desastres: compreende o planejamento, a
coordenação e a execução das ações de resposta e de recuperação;
XV - plano de contingência: documento que registra o planejamento
elaborado a partir da percepção do risco de determinado tipo de desastres e
estabelece os procedimentos e responsabilidades;
XVI - desastre súbito: são eventos adversos que ocorrem de forma
inesperada e surpreendente, caracterizados pela velocidade da evolução e
pela violência dos eventos causadores;
XVII - desastre gradual: são eventos adversos que ocorrem de
forma lenta e se caracterizam por evoluírem em etapas de agravamento
progressivo;
XVIII - ações de socorro: ações que têm por finalidade preservar a
vida das pessoas cuja integridade física esteja ameaçada em decorrência do
desastre, incluindo a busca e o salvamento, os primeiros-socorros e o
atendimento préhospitalar;
XIX - ações de assistência às vitimas: ações que têm por finalidade
manter a integridade física e restaurar as condições de vida das pessoas
afetadas pelo desastre até o retorno da normalidade;
XX - ações de restabelecimento de serviços essenciais: ações que
têm por finalidade assegurar, até o retorno da normalidade, o funcionamento
dos serviços que garantam os direitos sociais básicos aos desamparados em
consequência do desastre;
XXI - evento adverso: desastre natural, tecnológico ou de origem
antrópica;
XXII - evento adverso natural: desastre natural considerado acima
da normalidade em relação à vulnerabilidade da área atingida, que podem
implicar em perdas humanas, socioeconômica e ambientais;
XXIII - evento adverso tecnológico: desastre originado por
condições tecnológicas decorrentes de falhas na infraestrutura ou nas
atividades humanas específicas consideradas acima da normalidade, que
podem implicar em perdas humanas, socioeconômicas e ambientais;
XXIV - evento adverso antrópico: desastre decorrente de atividades
humanas predatórias ou consideradas acima da normalidade, que podem
implicar em perdas humanas, socioeconômicas e ambientais;
XXV - dano: resultado das perdas humanas, materiais ou
ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos
ecossistemas, como consequência de um desastre;
XXVI - prejuízo: medida de perda relacionada com o valor
econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias de
desastre;
XXVII - perda: privação ao acesso de algo que possuía ou a
serviços essenciais; e
XXVIII - recursos: conjunto de bens materiais, humanos,
institucionais e financeiros utilizáveis em caso de desastre e necessários para o
restabelecimento da normalidade.
CAPÍTULO I
DOS CRITÉRIOS PARA SUBSIDIAR A DECLARAÇÃO DE
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA OU ESTADO DE CALAMIDADE EM CASO DE
DESASTRES
Art. 2º O chefe do Poder Executivo do município ou do Distrito
Federal poderá declarar situação de emergência ou estado de calamidade
pública quando for necessário estabelecer uma situação jurídica especial para
execução das ações de resposta e de recuperação em áreas atingidas por
desastre.
§ 1º A declaração a que se refere o caput poderá ser realizada pelo
chefe do Poder Executivo do estado, no caso de desastres resultantes do
mesmo evento adverso que atinjam mais de um município concomitantemente.
§ 2º O Decreto de declaração de situação de emergência ou estado
de calamidade pública deverá estar fundamentado em parecer técnico do
órgão de proteção e defesa civil do município, do estado ou do Distrito Federal,
e estabelecerá prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar de sua
publicação.
§ 3º O parecer técnico de que trata o § 2º deverá contemplar os
danos decorrentes do desastre e fundamentar a necessidade da declaração,
baseado nos critérios estabelecidos nesta Instrução Normativa.
Art. 3º Quanto à intensidade, os desastres são classificados em três
níveis:
I - nível I: desastres de pequena intensidade;
II - nível II: desastres de média intensidade; e
III - nível III: desastres de grande intensidade.
§ 1º São desastres de nível I aqueles em que há somente danos
humanos consideráveis e que a situação de normalidade pode ser
restabelecida com os recursos mobilizados em nível local ou complementados
com o aporte de recursos estaduais e federais.
§ 2º São desastres de nível II aqueles em que os danos e prejuízos
são suportáveis e superáveis pelos governos locais e a situação de
normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível
local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais.
§ 3º Os desastres de nível II são caracterizados pela ocorrência de
ao menos dois danos, sendo um deles obrigatoriamente danos humanos que
importem no prejuízo econômico público ou no prejuízo econômico privado que
afetem a capacidade do poder público local em responder e gerenciar a crise
instalada.
§ 4º São desastres de nível III aqueles em que os danos e prejuízos
não são superáveis e suportáveis pelos governos locais e o restabelecimento
da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada
das três esferas de atuação do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e,
em alguns casos, de ajuda internacional.
§ 5º Os desastres de nível III são caracterizados pela concomitância
na existência de óbitos, isolamento de população, interrupção de serviços
essenciais, interdição ou destruição de unidades habitacionais, danificação ou
destruição de instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e obras
de infraestrutura pública.
Art. 4º Os desastres de nível I e II ensejam a declaração de situação
de emergência, enquanto os desastres de nível III ensejam a declaração de
estado de calamidade pública.
Art. 5º Os desastres de nível III são caracterizados pela
concomitância na existência de óbitos, isolamento de população, interrupção
de serviços essenciais, interdição ou destruição de unidades habitacionais,
danificação ou destruição de instalações públicas prestadoras de serviços
essenciais e obras de infraestrutura pública.
CAPÍTULO II
DOS CRITÉRIOS PARA RECONHECIMENTO FEDERAL DE
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA OU ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA
Art. 6º O reconhecimento federal se dará por meio de portaria do
Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, mediante requerimento do
chefe do Poder Executivo do município, do estado ou do Distrito Federal
afetado pelo desastre.
§ 1º O requerimento deve explicitar:
I - as razões pelas quais o chefe do Poder Executivo do município,
do estado ou do Distrito Federal deseja o reconhecimento;
II - a necessidade comprovada de auxílio federal complementar,
data e tipo de desastre;
III - a especificação dos benefícios federais a serem pleiteados para
atendimento às vítimas de desastres, conforme disposto em legislação; e
IV - deve contemplar a fundamentação legal e estar acompanhado
dos seguintes documentos:
a) decreto de declaração de situação de emergência ou estado de
calamidade pública do ente federado solicitante;
b) Formulário de Informações do Desastre, conforme o estabelecido
no Anexo I desta Instrução Normativa;
c) Declaração Municipal de Atuação Emergencial e/ou Declaração
Estadual de Atuação Emergencial, conforme o estabelecido nos Anexos II e III
desta Instrução Normativa, demonstrando as medidas e ações em curso,
capacidade de atuação e recursos humanos, materiais, institucionais e
financeiros empregados pelo ente federado afetado para o restabelecimento da
normalidade;
d) parecer técnico do órgão municipal ou do Distrito Federal e,
quando solicitado, do órgão estadual de proteção e defesa civil;
e) Relatório Fotográfico, conforme o estabelecido no Anexo IV desta
Instrução Normativa, contendo fotos datadas, legendadas, com boa resolução,
preferencialmente georreferenciadas e que, obrigatoriamente, demonstrem a
relação direta com os prejuízos econômicos e, quando possível, com os danos
declarados; e
f) outros documentos e registros que comprovem as informações
declaradas e auxiliem na análise do reconhecimento federal.
§ 2º Os documentos mencionados neste artigo deverão ser
enviados ao Ministério do Desenvolvimento Regional via Sistema Integrado de
Informações sobre Desastres (S2ID), devidamente assinados por técnicos
habilitados em suas referidas áreas de atuação, conforme estabelecido em
norma específica deste Ministério, observados os seguintes prazos:
I - no caso de desastres súbitos: 10 (dez) dias da ocorrência do
desastre; e
II - no caso dos desastres graduais ou de evolução crônica: 10 (dez)
dias contados da data do decreto de declaração de situação de emergência ou
estado de calamidade pública.
§ 3º Todos os documentos enviados para análise de
reconhecimento federal por meio do S2ID devem estar assinados por técnicos
habilitados em suas referidas áreas de atuação, a fim de subsidiar a análise
processual.
Art. 7º Quando flagrante a intensidade do desastre e seu impacto
social, econômico e ambiental na região afetada, a Secretaria Nacional de
Proteção e Defesa Civil poderá reconhecer sumariamente a situação de
emergência ou o estado de calamidade pública com base apenas no
requerimento e no decreto do respectivo ente federado, com o objetivo de
acelerar as ações federais de resposta ao desastre.
Parágrafo único. Quando o reconhecimento for sumário, a
documentação prevista no inciso IV do § 1º do art. 6º deverá ser encaminhada
ao Ministério do Desenvolvimento Regional no prazo máximo de 15 (quinze)
dias da data de publicação da portaria de reconhecimento.
CAPÍTULO III
DOS CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DOS PEDIDOS DE
RECONHECIMENTO FEDERAL
Art. 8º A análise das solicitações de reconhecimento federal
obedecerá aos seguintes critérios:
I - verificação do cumprimento dos prazos para envio da
documentação conforme disposto nos incisos I e II do § 2º do art. 6º da
presente Instrução Normativa; e
II - verificação da documentação encaminhada ao Ministério do
Desenvolvimento Regional, por meio da Secretaria Nacional de Proteção e
Defesa Civil, solicitando o reconhecimento de situação de emergência ou o
estado de calamidade pública, conforme o art. 6º da presente Instrução
Normativa.
§ 1º A verificação do cumprimento dos critérios e dos documentos
enviados para reconhecimento será executada na Folha de Verificação
Documental do S2ID, nos campos destinados às anotações de cada
documento solicitado, conforme se segue:
I - Formulário de Informações do Desastre: será verificado o correto
preenchimento dos itens 1 ao 7, inclusive dos campos de anotações de cada
item com os detalhamentos solicitados, e a correlação dos danos e prejuízos
com o reconhecimento da situação anormal;
II - Declaração Municipal de Atuação Emergencial ou Declaração
Estadual de Atuação Emergencial: será verificado o correto preenchimento dos
itens das referidas Declarações e a correlação das medidas e ações em curso,
capacidade de atuação e recursos humanos, materiais, institucionais e
financeiros empregados pelo município afetado com a solicitação de
reconhecimento da situação anormal declarada, com o objetivo de averiguar o
caráter complementar dos recursos que poderão vir a ser disponibilizados pela
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil em caso de reconhecimento;
III - Relatório Fotográfico: verificação das fotografias do desastre,
preferencialmente georreferenciadas, como forma de auxílio ao entendimento
da amplitude e da intensidade do evento adverso no cenário vulnerável
afetado;
IV - parecer do órgão de defesa civil: será analisada a
fundamentação apresentada pelo órgão de proteção e defesa civil do
município, do estado ou do Distrito Federal em relação à declaração de
situação anormal e aos danos e prejuízos apresentados no Formulário de
Informações do Desastre e demais documentos de que trata o art. 6º desta
Instrução Normativa;
V - decreto de declaração de situação de emergência ou estado de
calamidade pública do ente federado solicitante: verificação do decreto
conforme parâmetros apresentados no art. 6º desta Instrução Normativa;
VI - requerimento: será verificado se o documento contém as razões
pelas quais a autoridade do Poder Executivo municipal, estadual ou do Distrito
Federal deseja o reconhecimento e a indicação da norma que estabelece o
reconhecimento federal como condição indispensável de obtenção do recurso
ou benefício social pleiteado como medida de resposta, restabelecimento de
serviços essenciais ou recuperação nos casos decorrentes do desastre
declarado; e
VII - outros: este campo da Folha de Verificação Documental refere-
se aos documentos descritos no art. 6º, os quais serão verificados e analisados
em relação aos dados e informações apresentados no Formulário de
Informações do Desastre, Declaração Municipal de Atuação Emergencial e/ou
Declaração Estadual de Atuação Emergencial, considerando-se o caráter de
esclarecimento e detalhamento que tais documentos podem fornecer para o
dimensionamento do desastre ocorrido.
§ 2º A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil poderá
devolver o processo para ajustes, os quais serão informados na Folha de
Verificação Documental, estipulando o prazo para o retorno automático do
processo e a continuidade da análise, com ou sem o cumprimento dos ajustes
solicitados.
§ 3º Quando o município, o Distrito Federal ou o estado se
equivocarem na codificação do desastre, a Secretaria Nacional de Proteção e
Defesa Civil poderá fazer a devida adequação, reconhecendo a situação
anormal com base na codificação correta e comunicando à autoridade local
para que realize o ajuste em seu ato original.
Art. 9º A solicitação de reconhecimento federal em grupos de
municípios, encaminhados à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
pelos órgãos estaduais de proteção e defesa civil, obedecerá aos mesmos
critérios e condições para análise e reconhecimento, estabelecidos no art. 8º
desta Instrução Normativa, observando o seguinte:
I - caso algum dos municípios do grupo esteja com Formulário de
Informações do Desastre ou a documentação em desacordo com o
estabelecido na legislação pertinente, o mesmo será desagrupado em razão do
não cumprimento dos critérios e condições para reconhecimento federal,
permanecendo no S2ID sem prejuízo aos demais; e
II - toda a documentação enviada poderá ser providenciada pelo
órgão estadual de proteção e defesa civil ou pelas Secretarias Estaduais, à
exceção dos Formulários de Informações do Desastre municipais agrupados,
de responsabilidade municipal.
Art. 10. Na fase de análise do reconhecimento, a Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil poderá se utilizar de outros instrumentos
oficiais, além da documentação obrigatória enviada pelo município, estado ou
Distrito Federal, com o intuito de comprovar os dados informados e melhor
instruir o processo.
CAPÍTULO IV
DO RECURSO AO INDEFERIMENTO DA SOLICITAÇÃO DE
RECONHECIMENTO
Art. 11. O ente federado que discordar do indeferimento do pedido
de reconhecimento poderá apresentar recurso administrativo por meio do S2ID,
dirigido ao Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, no prazo de 10
(dez) dias do recebimento da notificação oficial.
§ 1º O recurso administrativo deverá ser fundamentado, indicando a
legislação, as razões e justificativas, bem como outros documentos
comprobatórios do pedido de reexame.
§ 2º Caso o Secretário não reconsidere a decisão no prazo de 5
(cinco) dias, o recurso será encaminhado para decisão do Ministro de Estado
do Desenvolvimento Regional.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 12. Constatada, a qualquer tempo, a presença de vícios nos
documentos apresentados, ou a inexistência da situação de emergência ou do
estado de calamidade pública declarados, a portaria de reconhecimento será
revogada e perderá seus efeitos, assim como o ato administrativo que tenha
autorizado as transferências obrigatórias realizadas, ficando o ente beneficiário
obrigado a devolver os valores repassados, atualizados monetariamente, e
sujeito às demais penalidades previstas em lei.
Art. 13. A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil adotará a
classificação dos desastres constante da Classificação e Codificação Brasileira
de Desastres, conforme Anexo V desta Instrução Normativa.
Art. 14. Os casos omissos ou excepcionais serão analisados pelo
Ministro do Desenvolvimento Regional.
Art. 15. Os anexos da presente Instrução Normativa encontram-se
disponibilizados no sítio eletrônico do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Art. 16. Fica revogada a Instrução de Normativa n. 2, de 20 de
dezembro de 2016, do extinto Ministério da Integração Nacional.
Art. 17. Esta Instrução Normativa entra em vigor sete dias após a
data de sua publicação.

ROGÉRIO MARINHO
Este conteúdo não substitui o publicado na versão certificada.

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