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COMANDANTE-GERAL DO CBMMG

CORONEL BM EDGARD ESTEVO DA SILVA

CHEFE DO ESTADO-MAIOR
CORONEL BM ERLON DIAS DO NASCIMENTO BOTELHO

ELABORAÇÃO
MAJ BM HEITOR AGUIAR MENDONÇA
CAP BM FABRÍCIO EDUARDO DALFIOR
1° TEN BM FABRÍCIO GOMES CAMBRAIA
1° TEN BM ELTON FERREIRA DE ASSUMPÇÃO
2° TEN VETERANO BENEDITO EDUARDO LIMA
2° SGT BM EMERSON DAVID BARROSO LINS
3° SGT BM THAYNÁ MAFRA DE ALMEIDA
3° SGT BM SANDRO NOBRE RABELO

REVISÃO DE TEXTO
1º TEN BM FLÁVIO ANDERSON DE BRITO

DIAGRAMAÇÃO
CAP BM ELISEU WASHINGTON G. MARQUES
3º SGT BM FLÁVIA SILVA CAMILO

CAPA
3º SGT BM DENNIS HENRIQUES PEÇANHA
Todos os direitos reservados ao CBMMG.
É permitida a reprodução por fotocópia para fins de pesquisa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C787 Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.


Manual de Bombeiros Militar – Salvamento Aquático.
1.ed. Belo Horizonte: CBMMG, 2022.

93 p. il.

1. Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. 2.


Manual . 3. MABOM. 4. Salvamento Aquático. I. Título.

CDD 797

Ficha catalográfica elaborada por Andreia Júlio CRB6/2095

Versão digital disponível em:


https://drive.google.com/drive/folders/1fcGcAkMW85FFbiPs0QLGqdErdgejOIlk?usp=
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PREFÁCIO

O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), em sua história recente,


tem buscado constantemente o desenvolvimento doutrinário de suas temáticas
operacionais, com vistas ao aperfeiçoamento técnico de seus militares em benefício
da população atendida em todo o território Mineiro.

Neste sentido, o Manual de Bombeiros de Salvamento Aquático apresenta de forma


sistematizada um conteúdo diversificado, atualizado e já consolidado no âmbito
institucional, integrado às ementas das disciplinas e difundidos nos diversos cursos
ofertados pelo CBMMG. Ainda, os conteúdos se alinham àqueles aplicados pelos
demais Corpos de Bombeiros, tornando a temática uníssona entre os agentes
envolvidos em toda a cadeia do Salvamento Aquático, que se estende da prevenção
ao suporte de vida intra-hospitalar.

Segundo dados recentes da ONU, os afogamentos tiram a vida de aproximadamente


236.000 pessoas por ano em todo o mundo, sendo que em Minas Gerais são
registradas aproximadamente 1.500 ocorrências anualmente. Tal fato extrapola o
desafio ordinário do atendimento de ocorrências da instituição, sendo encarado como
problema de saúde pública.

Assim, atuar de maneira preventiva no enfrentamento ao problema, tendo como norte


a gestão do risco de desastre, é essencial para o seu controle efetivo, e
principalmente, preservar o bem maior, que é a vida. De maneira clara, a temática se
insere no portfólio institucional de Proteção e Defesa Civil e ganha força ao passo que
fortalece e padroniza a doutrina institucional voltada à cultura de prevenção e
autoproteção.

De forma interativa e contextualizada, as ações preventivas e as técnicas de


salvamento são apresentadas também em formato de vídeos, acessíveis por meio da
leitura de QR-CODE. A inovação permite a pronta reprodução e veiculação do seu
conteúdo, garantindo a efetiva disseminação padronizada do treinamento por meio de
mídias digitais, permitindo ainda o seu trânsito entre plataformas variadas, cada vez
mais presentes na rotina organizacional.
Por fim, o desenvolvimento doutrinário e o aperfeiçoamento das práticas são um
processo em constante movimento e construção. A aplicação dos conteúdos aqui
apresentados, além de garantirem a eficiência do atendimento à sociedade, como
objetivo primordial, permitem também a avaliação e retroalimentação das práticas
adotadas pela corporação na temática do Salvamento Aquático.

Comando-Geral em Belo Horizonte, 28 de dezembro de 2022.

(a) EDGARD ESTEVO DA SILVA, CORONEL BM


COMANDANTE-GERAL
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APH Atendimento Pré-Hospitalar


BVM Bolsa-Válvula-Máscara
CBMMG Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DEA Desfibrilador Externo Automático
FPS Fator de Proteção Solar
ILS International Life Saving Federation
IML Instituto Médico Legal
ITO Instrução Técnica Operacional
MABOM Manual de Bombeiros
MASA Mergulho Autônomo e Salvamento Aquático
NORMAM Normas da Autoridade Marítima
OMS Organização Mundial da Saúde
PCR Parada Cardiorrespiratória
PR Parada Respiratória
PVC Polyvinyl chloride - Policloreto de Polivinila
RCP Ressuscitação Cardiopulmonar
RPA Remotely Piloted Aircraft - Aeronaves Remotamente Pilotadas
SAV Suporte Avançado de Vida
SBV Suporte Básico de Vida
SOBRASA Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático
TRM Traumatismo Raquimedular
United States Lifesaving Association – Associação Americana de
USLA
Salvamento
UTI Unidade de Terapia Intensiva
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Infográfico ................................................................................................. 18


Figura 2 - Utilização do Saco de Arremesso ............................................................. 30
Figura 3 - Salvamento direto ..................................................................................... 31
Figura 4 - Tipos de nadadeiras.................................................................................. 34
Figura 5 - Máscara semifacial ................................................................................... 35
Figura 6 - Snorkel ...................................................................................................... 36
Figura 7 - Flutuador tipo Lifebelt................................................................................ 37
Figura 8 - Flutuador tipo FlutRescue ......................................................................... 38
Figura 9 - Mosquetão do flutuador Lifebelt ................................................................ 38
Figura 10 - Argola do flutuador Lifebelt ..................................................................... 39
Figura 11 - Corpo do flutuador Lifebelt ...................................................................... 39
Figura 12 - Cinto ou alça do flutuador Lifebelt ........................................................... 40
Figura 13 - Corda do flutuador Lifebelt ...................................................................... 40
Figura 14 - Socorrista equipado com flutuador Lifebelt para pronto emprego ........... 41
Figura 15 - Apito ........................................................................................................ 42
Figura 16 - Técnica de Entrada Japonesa - Salvamento Aquático............................ 46
Figura 17 - Técnica de Entrada Pranchada - Salvamento Aquático .......................... 46
Figura 18 - Técnica de deslocamento e aproximação ............................................... 47
Figura 19 - Técnica do Nado de Aproximação .......................................................... 47
Figura 20 - Técnica do "Canivete" ............................................................................. 48
Figura 21 - Salvamento de vítima submersa ............................................................. 50
Figura 22 - Técnica de pernada tipo "Tesoura" ......................................................... 51
Figura 23 - Reboque com utilização de nadadeiras .................................................. 52
Figura 24 - Posicionamento da vítima durante o reboque ......................................... 52
Figura 25 - Técnica de desvencilhamento ................................................................. 53
Figura 26 - Técnica de reboque peito cruzado .......................................................... 54
Figura 27 - Reboque utilizando o flutuador do tipo "life-belt" ..................................... 55
Figura 28 - Utilização da técnica "isca-viva" para salvamento aquático em águas
rápidas ...................................................................................................................... 56
Figura 29 - Retirada de vítima da piscina .................................................................. 57
Figura 30 - Retirada da vítima da água ..................................................................... 58
Figura 31 - Comunicação Gestual ............................................................................. 61
Figura 32 - Afogado Grau 1 ....................................................................................... 67
Figura 33 - Verificação de pulso com oxímetro ......................................................... 67
Figura 34 - Afogado Grau 2 ....................................................................................... 68
Figura 35 - Administração de O2............................................................................... 68
Figura 36 - Afogado Grau 3 ....................................................................................... 69
Figura 37 - Posição lateral de segurança .................................................................. 69
Figura 38 - Administração de O2............................................................................... 70
Figura 39 - Administração de O2............................................................................... 70
Figura 40 - Ventilação de Resgate ............................................................................ 71
Figura 41 - Ressuscitação cardiopulmonar - RCP .................................................... 72
Figura 42 - Atendimento a vítimas de afogamento com suspeita de trauma associado
.................................................................................................................................. 73
Figura 43 - Roupão Sanitário .................................................................................... 79
Figura 44 - Roupa seca para mergulho autônomo .................................................... 80
Figura 45 - Moto Aquática ......................................................................................... 85
Figura 46 - Bote inflável ............................................................................................ 85
Figura 47 - Barco....................................................................................................... 86
Figura 48 - Salvamento com uso de Moto Aquática .................................................. 87
Figura 49 - Desova Aquática ..................................................................................... 89
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 11
2 FINALIDADE E OBJETIVOS ...................................................................... 12
3 CONCEITOS E PROCEDIMENTOS ........................................................... 13
3.1 Caracterização da atividade ..................................................................... 13
4 EPIDEMIOLOGIA DO AFOGAMENTO ....................................................... 16
5 PREVENÇÃO A AFOGAMENTOS ............................................................. 20
6 QUALIFICAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL DO GUARDA-VIDAS.......... 25
6.1 Aptidões físicas ......................................................................................... 25
6.2 Treinamento técnico.................................................................................. 28
6.3 Aspectos psicológicos e sociais.............................................................. 28
6.4 Alimentação, hidratação e composição corporal ................................... 29
7 TIPOS DE SALVAMENTOS ....................................................................... 30
7.1 Classificações do salvamento aquático .................................................. 30
7.1.1 Quanto ao contato com a vítima .............................................................. 30
7.1.2 Quanto ao tipo de socorro empregado .................................................... 31
7.1.3 Quanto aos locais de atuação do salvamento aquático ........................ 32
8 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO ........ 34
8.1 Nadadeiras ................................................................................................. 34
8.2 Máscara semifacial .................................................................................... 35
8.3 Respirador (SNORKEL) ............................................................................. 36
8.4 Flutuador .................................................................................................... 37
8.5 Protetor solar ............................................................................................. 42
8.6 Apito ........................................................................................................... 42
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO .............................................. 43
9.1 Processo de afogamento .......................................................................... 43
9.2 Fases do salvamento aquático ................................................................. 44
9.2.1 Tipos de entrada na água ......................................................................... 44
9.2.1.1 Entrada de ponta ......................................................................................... 45
9.2.1.2 Entrada em pé ............................................................................................. 45
9.2.1.3 Entrada japonesa......................................................................................... 45
9.2.1.4 Entrada pranchada ...................................................................................... 46
9.2.2 Nado de Aproximação ............................................................................... 47
9.2.3 Manobra de aproximação: canivete ......................................................... 48
9.2.4 Abordagem da vítima ................................................................................ 49
9.2.4.1 Vítima na superfície ..................................................................................... 49
9.2.4.2 Vítima submersa ou inconsciente ................................................................ 49
9.2.5 Nado de reboque ....................................................................................... 51
9.2.6 Técnicas de desvencilhamento ................................................................. 52
9.2.6.1 Agarramento pela frente, nos cabelos ou pescoço ...................................... 53
9.3 Técnicas de salvamento sem o uso de equipamentos .......................... 53
9.3.1 Apenas um socorrista: reboque peito cruzado....................................... 53
9.3.2 Mais de um socorrista: Reboque pelas axilas ........................................ 54
9.4 Técnicas de salvamento com uso de equipamentos ............................. 54
9.4.1 Reboque com flutuador ............................................................................ 55
9.4.2 Isca-viva ..................................................................................................... 56
9.5 Retirada da vítima ...................................................................................... 57
9.5.1 Retirada de vítimas de piscinas ............................................................... 57
9.5.2 Retirada de vítimas de balneários ............................................................ 58
9.6 Meios de improviso e de fortuna .............................................................. 58
9.7 Técnicas de comunicação ........................................................................ 59
9.7.1 Comunicação Sonora ................................................................................ 59
9.7.2 Comunicação Gestual ............................................................................... 60
10 CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO ...................................................... 62
11 TRATAMENTO............................................................................................ 65
11.1 Afogamento grau resgate ......................................................................... 66
11.2 Afogamento Grau 1 ................................................................................... 67
11.3 Afogamento Grau 3 ................................................................................... 69
11.4 Afogamento Grau 4 ................................................................................... 70
11.5 Afogamento Grau 5 .................................................................................... 71
11.6 Afogamento Grau 6 .................................................................................... 71
12 ATENDIMENTO A VÍTIMAS DE AFOGAMENTO COM SUSPEITA DE
TRAUMA ASSOCIADO.................................................................................73
13 CONDUÇÃO PARA ATENDIMENTO HOSPITALAR .................................. 74
14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS
RISCOS ASSOCIADOS ...............................................................................76
14.1 Riscos ......................................................................................................... 77
14.1.1 Riscos Biológicos...................................................................................... 77
14.1.2 Riscos Químicos (toxinas e metais pesados) ......................................... 78
14.1.3 Riscos físicos............................................................................................. 78
14.2 Materiais/Equipamentos específicos para contato com águas
poluídas........................................................................................................79
14.2.1 Para águas rasas ........................................................................................ 79
14.2.2 Para águas profundas poluídas que necessitem de mergulho
autônomo.. .................................................................................................. 80
14.3 Ações e condutas ...................................................................................... 80
15 OPERAÇÕES COM EMBARCAÇÕES ....................................................... 84
15.1 Ações de Salvamento ................................................................................ 86
16 OPERAÇÕES COM AERONAVE ............................................................... 88
16.1 Lançamento de Guarda-Vidas (desova aquática) ................................... 88
16.2 Emprego de cesto tipo Puçá..................................................................... 89
17 EMPREGO DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS (RPA) ....... 90
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO 11

1 INTRODUÇÃO

Devido às suas características naturais e localização de bacias hidrográficas


relevantes, o estado de Minas Gerais, considerado a “caixa d’água do Brasil”,
apresenta corpos hídricos de água doce em toda a sua extensão territorial. De norte
a sul, de leste a oeste mineiro, é vislumbrada a existência de rios, córregos, lagos,
cachoeiras e demais corpos d’água naturais, como também a presença de represas e
corpos d’água artificiais, elaborados e construídos pela sociedade para diversos fins
e utilizações.

A água, com uma multiplicidade formidável de emprego, é utilizada desde a


manutenção da vida, geração de energia, transporte até as atividades de recreação
acessíveis à maior parte da população mineira.

Nesse contexto, o estado de Minas Gerais também se destaca pela quantidade de


balneários e locais para entretenimento, incluindo piscinas e todo tipo de reservatório
de água com a finalidade de lazer, considerando que os riscos aos quais os banhistas
estão submetidos, se verificam nos mais variados ambientes.

Tendo em vista a expressiva utilização de tais locais por parte da população mineira,
é necessário que o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) normatize
e doutrine sua tropa com vistas à devida execução de ações de prevenção e
salvamento em casos de afogamentos, como também oriente condutas de
autoproteção para a população em geral.

Este Manual de Bombeiros, de forma clara e direta, se posiciona como norteador das
condutas e ações a serem empregadas nas atividades de Salvamento Aquático em
todo o território mineiro, com demonstrações visuais simplificadas dos procedimentos
técnicos devidos ou de possível emprego nas mais variadas situações, trazendo
também orientações gerais de prevenção a afogamentos para a população em geral.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 12

2 FINALIDADE E OBJETIVOS

Este Manual de Bombeiros (MABOM) tem por finalidade instruir e padronizar as ações
práticas desenvolvidas pelos militares do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
(CBMMG) em ocorrências de prevenção e atendimento envolvendo o Salvamento
Aquático, considerando as ações ordinárias da corporação em resposta operacional,
bem como operações de guarda-vidas e prevenção em balneários, planejadas
previamente.

O MABOM ainda apresentará, de acordo com as características das ocorrências de


Salvamento Aquático, os procedimentos mais recomendados para cada situação
específica.

Apresenta ainda os seguintes objetivos específicos:

a) conceituar termos e características predominantes da atividade;


b) apresentar e caracterizar os equipamentos de salvamento aquático;
c) apresentar e diferenciar os tipos de salvamento e suas variações;
d) definir parâmetros de comunicação entre militares empenhados na atividade.
3 CONCEITOS E PROCEDIMENTOS 13

3 CONCEITOS E PROCEDIMENTOS

O planejamento das ações e operações de Salvamento Aquático observará os


conceitos e procedimentos descritos a seguir.

3.1 Caracterização da atividade

a) Lagos: porção variável de água doce represada, circundada por uma porção
de terra, cuja depressão de terra se dá por ocorrência natural ou por ação
antrópica, permanentemente inundada, sendo a água confinada e acumulada
naturalmente por recursos de nascentes naturais, cursos d’água e captação de
chuvas, variando em tamanho e profundidade. Geralmente, é formada e
consolidada a longo prazo (MINAS GERAIS, 2008).

b) Lagoas: balneário natural, que se diferencia dos lagos principalmente pela


área da superfície, extensão e profundidade consideravelmente menores.
(MINAS GERAIS, 2008).

c) Açudes: porção de água formada pelo barramento de uma nascente ou curso


d’água, geralmente para fins de irrigação, dessedentação, entre outros.
Denomina-se açude o conjunto constituído pela estrutura de barramento e o
respectivo reservatório de água formado (MINAS GERAIS, 2008).

d) Represas: com características construtivas similares aos açudes, diferencia-


se pelo seu tamanho consideravelmente maior, sendo seu represamento
transversal à direção de escoamento das águas, formando um reservatório a
montante, permitindo o controle de vazões a jusante por meio de estruturas
controladoras da descarga. Objetiva a geração de energia em grande escala
ou abastecimento hídrico em larga escala (MINAS GERAIS, 2008).

e) Rios com água corrente: curso de água em canal natural, de fluxo


permanente, que corre na superfície terrestre (MINAS GERAIS, 2008). Os rios
possuem correnteza variável e podem desaguar em outro de maior volume e
extensão, além de mares e/ou lagos. Devido às suas características naturais,
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 14

são de grande importância para as atividades humanas, devido à sua


capacidade de transporte, fonte de energia elétrica, renovação de recursos
hídricos e disponibilidade de recursos naturais, entre outros. Variam muito em
profundidade, largura e extensão. Por sua grande disponibilidade em todo
território, são locais com grande índice de utilização para fins diversos e,
consequentemente, denotam maiores índices de afogamento.

f) Áreas inundadas: formadas devido ao transbordamento das águas de leito


natural de um curso d’água ou lagoa, em virtude do aumento da vazão de
escoamento superficial, podendo ter relação com o aumento das chuvas
(MINAS GERAIS, 2008). Geralmente são acompanhadas por desastres
naturais associados.

g) Córregos: assim como os rios, são cursos de águas naturais, porém, com
extensão e profundidade menores, que geralmente desaguam em cursos
maiores e mais volumosos.

h) Cachoeiras: são quedas de água corrente de um rio devido à depressão


abrupta de seu curso natural, variando em altura, volume e profundidade.
Devido à ação da água ao longo do tempo, as quedas ocorrem em poços de
profundidade variável. Amplamente utilizadas como opção de lazer, estão
associadas a acidentes com traumas diversos, em decorrência de quedas de
altura, choques mecânicos etc.

i) Poços: podem ser de formação natural, variando principalmente em


profundidade, localizados em locais de quedas d’água em cursos de rio e mais
associados ao lazer; e artificiais, formados pelo cavamento do solo que atinge
aquíferos artesianos, geralmente associado à subsistência (MINAS GERAIS,
2008).

j) Piscinas: reservatórios de tamanho e profundidade variados, construídos em


alvenaria ou material pré-fabricado, geralmente utilizados para lazer em clubes
e residências. Em alguns casos, acidentes de afogamento são associados a
traumas, principalmente em piscinas com menor profundidade.
3 CONCEITOS E PROCEDIMENTOS 15

k) Alcançar: é simplesmente tentar alcançar a vítima da margem, estendendo-se


um bastão, uma escada, um pedaço de algum objeto flutuante, desde que o
bombeiro não adentre a água, exceto acidentalmente. Neste caso, o risco é
obviamente baixo.

l) Arremessar: é o ato de atirar algum objeto flutuante a um nadador. Na


enchente, isso se refere ao lançamento de uma “sacola de arremesso”, um dos
equipamentos que as equipes de salvamento em enchente possuírem no
momento.

m) Remar: refere-se ao uso de embarcações compatíveis com o salvamento em


enchentes.

n) Nadar: consiste em nadar até a vítima e rebocá-la. Considerando o elevado


grau de risco envolvido, deve ser a última opção a se considerar. Ressalta-se
que o uso de helicópteros é possível. Contudo, nos casos de balneários, deve
ser criteriosamente avaliado.

o) Salvamento: emprego de ações com objetivo de salvar algo ou alguém,


incluindo o autossalvamento.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 16

4 EPIDEMIOLOGIA DO AFOGAMENTO

Conforme previsto no Protocolo de Atendimento Pré-Hospitalar do CBMMG, o


afogamento é a aspiração de líquido não corporal por meio das vias aéreas superiores,
devido à imersão ou submersão, podendo ainda se diferenciar em afogamento
primário, sendo o mais comum e que não possui causa precipitante e afogamento
secundário, que é causado por uma patologia ou incidente anterior que o ocasiona
(MINAS GERAIS, 2017).

O afogamento não deve ser confundido com o ato de engolir água, quando esta passa
exclusivamente pelos tratos do sistema digestivo, ou seja, por vias naturais.
Afogamento é a aspiração, com a entrada de água pelas vias aéreas superiores
(SZPILMAN, 2019).

Anualmente no mundo morrem quase 236.000 pessoas vítimas de afogamento, sendo


que mais de 90% das vítimas ocorrem em países de baixa e média renda, e mais da
metade dessas mortes estão entre menores de 25 anos, dentre essa população, as
crianças com menos de 05 anos de idade são as que apresentam maior risco de morte
(OMS, 2017).

O afogamento é a terceira principal causa de morte em todo o mundo para pessoas


de 05 a 14 anos. Apesar desses trágicos dados, a prevenção por afogamento recebe
relativamente pouca atenção e destinação de escassos recursos (OMS, 2017).

Ressalta-se ainda, que no Brasil, cada óbito causado por afogamento traz um custo
médio de R$ 210.000,00. Esse gasto se refere a todo o processo de intervenção em
vítimas de afogamento, abrangendo o início das ações de prevenção, as ações de
salvamento e o tratamento das vítimas fatais ou não (SZPILMAN, 2019).

Entretanto, muitos casos que têm causa inicial de afogamento não são contabilizados
como tal. Seja um caso simples, com a liberação imediata da vítima no local ou após
rápida análise clínica, sem que o todo tenha sido verificado, ou mesmo em casos mais
graves em que o óbito por afogamento se torna uma ocorrência de recuperação de
cadáver ou desaparecimento. Essa carência de dados fidedignos relativos aos
4 EPDEMIOLOGIA DO AFOGAMENTO 17

afogamentos não se reserva apenas ao Brasil, mas sim à natureza do incidente e em


qualquer lugar onde ele possa ocorrer.

Nesse contexto, o afogamento deve ser entendido como um problema de saúde


pública, que carece de estratégias preventivas para seu controle, sua identificação e
principalmente para a consolidação dos seus dados epidemiológicos, visando ao
diagnóstico mais preciso da realidade e extensão do problema.

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA, 16


brasileiros se afogam diariamente. Desses casos de afogamento notificados 90%
ocorrem em águas naturais, com maior incidência em água doce, representando 75%
desse total. Considerando a rica disponibilidade hídrica superficial do estado de Minas
Gerais, aproximados 586,528 Km², onde se listam os rios, lagos, cachoeiras, córregos,
lagoas e represas, o estado representa grande potencial de se destacar
negativamente na composição das estatísticas (SZPILMAN, 2019).

Em complementação às estatísticas que compõem a epidemiologia do afogamento,


8,5% dos afogamentos ocorrem em águas artificiais, como: piscinas, recipientes
contendo líquidos, banheiras e até mesmo lavatórios e, 1,5 % das ocorrências têm
relação com transportes por embarcações (SZPILMAN, 2019).

Os casos de afogamento ainda ocorrem por desconhecimento dos riscos, desrespeito


aos limites pessoais e desconhecimento de como agir em mais de 80% dos casos,
em sua maioria, com a associação ao uso e abuso de bebidas alcoólicas ou outras
drogas entorpecentes, reforçando as características de um problema de saúde pública
(SZPILMAN, 2019).

Em média, a cada 90 minutos um brasileiro morre vítima de afogamento, sendo que


pessoas com até 29 anos representam quase 50% do número de vítimas fatais, de
modo que os adolescentes compõem o grupo de maior risco, havendo a morte de uma
mulher a cada 06 homens vitimados (SZPILMAN, 2019).
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 18

Figura 1 - Infográfico

Fonte: elaboração própria


4 EPDEMIOLOGIA DO AFOGAMENTO 19

Por fim, considerando todo o processo que envolve as ações de prevenção e


intervenção nos casos de afogamento, o CBMMG registrou nos anos de 2020 e 2021,
o somatório de 1367 ocorrências com relação direta a afogamentos propriamente ditos
(MINAS GERAIS, 2022).

Dessa maneira, é possível traçar os fatores de risco e até mesmo o padrão de vítimas
comuns ao afogamento como sendo o sexo masculino, idade inferior a 14 anos, que
faz uso de álcool, de baixa renda familiar e baixo nível educacional, em ambiente rural,
com maior exposição ao meio aquático, e que adota comportamento de risco em
balneários sem supervisão adequada (SPILZMAN, et. al., 2012).

Ante a isso, todos esses dados epidemiológicos são subsídios suficientes para se
pensar e entender o afogamento como problema de saúde pública. Assim, é possível
estabelecer planos e diretrizes para a redução dos riscos e aumento da prevenção
que, diretamente, irá reduzir os números de afogamentos, bem como possibilitar a
redução de gastos, sejam eles públicos ou privados, relacionados ao tratamento das
vítimas.

Nesse sentido, o presente Manual descreve e demonstra os procedimentos


recomendados de prevenção, intervenção e tratamento adequados a cada caso.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 20

5 PREVENÇÃO A AFOGAMENTOS

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA, no


Brasil, ocorre aproximadamente 1000.000 (cem mil) casos de afogamento e 5.700
morrem afogadas todos os anos. Além disso, deve-se destacar que atualmente o
afogamento é a 2ª causa de morte no Brasil em crianças de 1 a 9 anos, 3ª na faixa de
10 a 19 anos e 4ª na faixa de 20 e 29 anos.

Estima-se que mais de 85% dos casos de afogamento podem ser prevenidos pela
supervisão, ensino de natação, tecnologia, regulamentação e educação pública.
Sendo assim, ações preventivas são a maneira mais eficaz de se evitar a ocorrência
de afogamentos em seus diferentes graus. Os reflexos de tais ações podem ser
observados não só na redução da mortalidade como também na morbidade (lesões
decorrentes da doença) por afogamento (SZPILMAN, 2019).

A United States Lifesaving Association (USLA) – Associação Americana de


Salvamento Aquático –, estima que para cada resgate realizado existam 43 casos de
prevenção realizados pelos guarda-vidas em praias.

Embora não haja ambientes de água salgada no estado de Minas Gerais, os dados
apresentados pela USLA podem ser avaliados de maneira análoga. Exemplo disso,
durante um dia de empenho de guarda-vidas em balneários, vários afogamentos
podem ser evitados sem haver sequer a necessidade de realização de algum tipo de
salvamento.

Existem diversas formas de prevenir afogamentos. De maneira global, tais medidas


podem ser divididas entre aquelas anteriores à exposição ao risco, e as exequíveis no
cenário em que há o ambiente aquático.

A prevenção a afogamentos deve começar muito antes do livre contato com a água.
Isso pode ser feito, por exemplo, por meio da oferta de aulas de natação para crianças,
desde os primeiros anos de vida, e através de campanhas educativas junto à
população, sejam em escolas, eventos diversos ou mesmo veiculando informações
por meio da imprensa falada, escrita e televisionada, dentre outras. O assunto deve
5 PREVENÇÃO A AFOGAMENTOS 21

ser abordado no decorrer de todo o ano, intensificando-se as campanhas nos períodos


anteriores às temporadas de verão e de férias.

A fim de empregar com maior eficiência as ações preventivas, é muito importante que
sejam avaliadas as peculiaridades de cada região, bem como os fatores que
influenciam no índice de afogamentos. Conhecer o ambiente aquático da área de
atuação e os locais mais comuns aos afogamentos, os períodos mais críticos e o perfil
das vítimas, são informações fundamentais para se traçar estratégias de ação e
prevenção.

Segundo estatísticas de ocorrências atendidas pelo CBMMG, na distribuição dos


registros referentes à MASA separados por mês, observa-se um aumento
considerável a partir do mês de agosto, atingindo os números mais elevados no
período de novembro a março, caracterizado por temperaturas mais elevadas em todo
estado. Tais dados demonstram que a temperatura é uma variável de influência nas
ocorrências que envolvem o ambiente aquático.

Tratando-se da ação no próprio cenário, em que há um risco potencial, pode-se


qualificar as maneiras de prevenção da seguinte forma:

a) prevenção ativa: qualquer ação de prevenção que inclua sinalização de risco


ou a indicação de áreas adequadas/inadequadas para banho, placas com a
profundidade da piscina e informações complementares como a utilização de
bandeiras de sinalização, colocação de cercas, uso de ralo anti-hair, e outros;

b) prevenção reativa: qualquer ação de prevenção direcionada a um indivíduo


ou a um grupo, com a intenção de interromper um afogamento iminente, tais
como: o uso de apito ou advertência de um guarda-vidas a um banhista em
área de risco.

Devido a extensão do estado de Minas Gerais, bem como ao grande número de rios,
balneários, cachoeiras e outros ambientes aquáticos, fica inviável a presença
constante de guarda-vidas em cada um desses locais. Sendo assim, atuar
preventivamente se torna ainda mais importante. As unidades responsáveis pelas
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 22

localidades devem elaborar um plano anual de intervenção. Ações de orientação à


população, palestras e entrevistas, levantamento e sinalização dos ambientes
aquáticos da região e, o empenho de equipes nos locais de maior índice de
afogamentos, principalmente durante a temporada de verão e feriados.

Por fim, embora seja fundamental orientar a população de acordo com o perfil do
ambiente aquático da região, também se faz necessário explanar sobre os riscos de
afogamento em outras localidades. Dados apresentados pela SOBRASA, em 2016,
evidenciam que 3% dos afogamentos registrados possuem como vítima os turistas,
sendo que 10% desse número é composto por indivíduos mineiros. Ou seja, o fato de
Minas Gerais não possuir praias, não afasta a responsabilidade do alerta sobre os
cuidados durante uma viagem de férias no litoral do país. Dentre as orientações
preventivas a todo público usuário de piscinas e balneários, podemos citar:

Em rios e balneários:

a) banhe-se em rios e balneários que disponham do serviço de guarda-vidas;


b) respeite as sinalizações visuais de segurança, isolamentos de área de risco de
afogamento, sinalizações sonoras e orientações dos guarda-vidas;
c) em rios de corredeiras não entre na água e, se embarcado, (deslocamento,
pescarias) use sempre colete salva-vidas;
d) antes de entrar em embarcações, certifique-se de que o condutor seja
habilitado, de que a lotação esteja adequada e de que a embarcação possua
boa condição estrutural para navegação;
e) em rios sem corredeiras, os banhistas devem manter a água no máximo à altura
da cintura ou utilizar colete salva-vidas, lembrando-se de que a profundidade
em rios pode aumentar repentinamente;
f) NUNCA entre na água após a ingestão de bebidas alcoólicas;
g) evite alimentos pesados antes de entrar na água;
h) certifique-se de que possua prática, condição física e técnica antes de realizar
natação em rios e balneários. Caso contrário, mantenha-se em local seguro;
i) se estiver em perigo, mantenha a calma, flutue e acene por socorro e não nade
contra a correnteza;
5 PREVENÇÃO A AFOGAMENTOS 23

j) não entre na água para salvar; acione rapidamente o guarda-vidas ou ligue 193;
lance material flutuante e aguarde a presença de um profissional.

Em casa e piscinas residenciais:

a) durante todo o tempo em que utilizam piscinas residenciais, as crianças devem


ser mantidas sob a supervisão de adultos e à distância de um braço;
b) caso precise se afastar da piscina ou banheira, não deixe a criança sozinha,
sem a devida supervisão;
c) áreas de serviço, portas de banheiros ou quintais com piscinas devem ter
acesso restrito;
d) caixas d’água, poços, sanitários, cisternas, máquinas de lavar ou qualquer
recipiente com água devem estar fechados;
e) recipientes diversos: tanques, bacias ou banheiras, mesmo que parcialmente
preenchidos, devem ser esvaziados.

Em piscinas de uso comum (não residenciais):

a) durante todo o tempo em que utilizam piscinas de uso comum, as crianças


devem ser mantidas sob a supervisão de adultos e à distância de um braço,
mesmo na presença de guarda-vidas;
b) utilize piscinas de uso comum com guarda-vidas certificado pelo CBMMG,
devidamente equipado;
c) sucção de cabelo e partes do corpo deve ser evitada com uso de ralos
antiaprisionamento e precauções de desligamento do funcionamento da
bomba;
d) não execute brincadeiras que aumentem o risco de trauma e perda súbita da
consciência;
e) não execute mergulhos de cabeça em locais rasos ou competições de prender
a respiração embaixo d’água.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 24

Em cachoeiras:

a) banhe-se em cachoeiras que disponham do serviço de guarda-vidas;


b) respeite os isolamentos de área de risco de afogamento, as sinalizações
visuais e sonoras de segurança e as orientações dos guarda-vidas;
c) NUNCA salte de partes altas da cachoeira;
d) cuidado com o limo nas rochas, ele pode fazer você escorregar e cair sobre as
pedras e, eventualmente, na água;
e) cuidado com buracos e fundos de lodo, você pode afundar inesperadamente;
f) não execute brincadeiras que aumentem o risco de trauma e perda súbita da
consciência;
g) NUNCA mergulhe de cabeça;
h) NUNCA entre na água após a ingestão de bebidas alcoólicas, ou utilização
medicações que causem alteração psicomotora, lentidão ou letargia;
i) evite alimentos de difícil digestão antes entrar em águas para se banhar.
7 TIPOS DE SALVAMENTOS 25

6 QUALIFICAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL DO GUARDA-VIDAS

A atividade de guarda-vidas se apresenta como um campo prático e de


conhecimentos técnicos interdisciplinares, considerando que este profissional
necessita estar em plenas condições de saúde para que seja capaz de executar suas
atividades diárias, estando preparado fisicamente, dominando conhecimentos
relacionados ao Salvamento Aquático e APH, geografia e outros tantos específicos à
atuação de salvamento a vítimas afogadas. Além disso, é necessário que esse
profissional mantenha um bom relacionamento social com a população, a fim de
realizar trabalhos preventivos eficientes também por meio de sua capacidade de
relacionamento interpessoal.

Desde 1948, a Organização Mundial de Saúde apresenta o conceito amplo de saúde.


Este é definida como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, não se
tratando apenas da ausência de doença. Para que um indivíduo se encontre
completamente saudável, é necessário que as suas condições físicas estejam de
acordo com as suas necessidades diárias, que o seu estado psicológico seja capaz
de manter uma boa convivência com as pessoas à sua volta, sejam elas pertencentes
ao seu ciclo de convivência pessoal ou profissional.

A fim de garantir melhores condições de trabalho, tem-se realizado campanhas de


promoção da saúde, prevenção de doenças e vigilância das ações do indivíduo.
Nesse cenário, é indispensável atentar-se às qualificações necessárias para a boa
execução da atividade, bem como os riscos a ela associados. Neste capítulo serão
apresentadas algumas das especificidades relacionadas às qualificações e à saúde
dos guarda-vidas.

6.1 Aptidões físicas

Segundo Fergitz (2007) o treinamento físico:


[...] constitui-se num instrumento essencial para a manutenção da saúde e,
como consequência, o melhor desempenho da atividade. Assim, o militar
saudável é sinônimo de eficiência na prestação de serviço, visto que a prática
de atividade física influencia, diretamente, seu dia-a-dia profissional, seja no
alívio de tensões advindas do serviço, na disposição para o cumprimento de
missões, na redução do número de militares afastados temporariamente do
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 26

serviço, na promoção da integração e do espírito de corpo entre grupo, ou no


aumento da auto-estima (FERGITZ, 2007, p. 75).

Alguns dos benefícios da prática de exercícios físicos foram sistematizados por Porto
(2002), dos quais podemos destacar os benefícios no ambiente profissional, entre eles
o aumento da produtividade, melhoria na capacidade para o emprego de esforços,
maior eficiência muscular, dentre outros.

A prática regular de exercícios físicos está vinculada a melhorias


psicocomportamentais nos âmbitos pessoal, profissional e social. Todavia, é
importante frisar que as adaptações fisiológicas e psicomotoras esperadas, dependem
de treinamento físico contínuo, gradual e direcionado para as atividades profissionais
a serem exercidas, com ênfase nas capacidades físicas mais demandadas em sua
atuação.

Um estudo realizado por Silva (2001), evidenciou algumas das capacidades físicas
essenciais à atuação do guarda-vidas, tais como: força de membros inferiores,
velocidade, resistência muscular localizada, resistência anaeróbica, resistência
aeróbica, coordenação, equilíbrio e flexibilidade.

Tendo em mente o desenvolvimento das capacidades supracitadas, é fundamental


que o guarda-vidas inclua em seus treinamentos diários diversas atividades. Como
exemplos práticos, pode-se citar:

a) atividades de força de membros superiores, inferiores e core (abdômen). Neste


ponto são cabíveis exercícios direcionados de musculação, por exemplo.
Importante ressaltar que o fortalecimento de core não deve ser negligenciado,
já que tais atividades promovem a preservação da coluna do guarda-vidas,
aspecto relevante, considerando-se a demanda do profissional para carregar
vítimas pesadas, equipamentos, embarcações, dentre outros;
b) treinamento aeróbico tanto na corrida, como na natação;
c) treinamento anaeróbico: sprints de até 100m, incluindo aqueles realizados na
natação;
7 TIPOS DE SALVAMENTOS 27

d) flexibilidade, principalmente de membros superiores, com o propósito de


aumentar a amplitude de movimento das braçadas durante o nado de
aproximação e, assim, aumentar a sua eficiência.

Ainda, na Matriz Curricular Nacional que estabelece ações formativas dos


profissionais de segurança pública, no que tange às funções técnicas e procedimentos
específicos do Salvamento Aquático, em seu item 3.8.3, define-se que o profissional
que realiza salvamento aquático deve ser dotado de resistência física para
desempenhar suas funções adequadamente.

Por fim, no que tange a preparação física do guarda-vidas, vários estudos apontam
os impactos do aumento da idade sobre o condicionamento físico desses
profissionais, levando-os à diminuição da capacidade laborativa. Redução de
aspectos como: força, potência e resistência anaeróbica são os mais evidenciados.

A fim de minimizar essas perdas, é muito importante que o guarda-vidas mantenha a


sua rotina de atividades físicas ao longo de sua carreira e, também, dedique-se ao
treinamento técnico.

No mesmo sentido, a ILS - International Life Saving Federation estabelece


competências básicas recomendadas para que o guarda-vidas designado para
proteger a vida por meio das ações de salvamento.

São definidas as seguintes competências básicas:

a) natação por 50m em menos de 50 segundos, com a cabeça acima da água;


b) natação por 400m em menos de 9:00 minutos sem usar equipamento;
c) realização de apneia por 25m, recuperando durante o percurso três (3) objetos
colocados a 5m de distância da extremidade mais profunda da piscina;
d) correr-nadar-correr, de forma a realizar a sequência de correr 200m, nadar por
200m e novamente correr por 200m, em sequência, em 8 minutos;
e) com o uso de equipamento, executar consecutivamente o salvamento da vítima
em uma piscina de 25m, respeitando a seguinte sequência em menos de dois
2 minutos: técnica de entrada na água - nado de aproximação por 25m, com a
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 28

cabeça acima da água - mergulho livre para recuperação de um


manequim/pessoa adulta, a uma profundidade mínima de 1,5m - retirar do
fundo o manequim/pessoa e realizar o reboque por, no mínimo, 25m até a
borda da piscina.

Apesar de reconhecer que diversas organizações extrapolam tais capacidades


técnicas mínimas, dada a expertise e capacitação de seus membros, os padrões
mínimos são estipulados visando o mais alto nível de preparação.

6.2 Treinamento técnico

Composto por diversas segmentações, o treinamento técnico engloba desde as


técnicas específicas de resgate, até a sinalização das áreas de atuação e as ações
preventivas junto aos banhistas. É recomendado que os guarda-vidas se dediquem à
obtenção de novos conhecimentos, bem como à reciclagem de técnicas
corriqueiramente já praticadas. Adiante, serão apresentadas algumas instruções que
devem ser realizadas pelos profissionais que atuam no salvamento aquático,
garantindo-se a plena capacidade de execução das técnicas empregadas nos
diversos tipos de salvamento.

6.3 Aspectos psicológicos e sociais

A saúde psicológica dos guarda-vidas, considerando a natureza do serviço bombeiro


militar, deve ser um dos pontos de atenção. A todo tempo estes profissionais são
submetidos a eventos estressores, sendo necessário manter a calma, mesmo diante
de situações em que a população se encontra, na maioria das vezes, em pânico. O
trabalho do guarda-vidas começa muito antes da entrada na água. Ele é responsável
por reconhecer a sua área de trabalho e sinalizá-la de maneira correta; realizar ações
de prevenção, por meio de conversas com os banhistas; repreender atitudes
inseguras por parte dos populares; dentre outras ações.

O guarda-vidas precisa manter o bom relacionamento com a população e, por isso,


uma das suas qualificações é a sociabilidade. É necessário ser simpático, solícito e
educado com os banhistas, principalmente no direcionamento da palavra. Por outro
7 TIPOS DE SALVAMENTOS 29

lado, em situações de risco, o guarda-vidas precisa adotar uma postura firme, a fim
de coibir determinadas condutas.

O salvamento aquático em si determina ações rápidas, nos momentos em que a vítima


está em situações de risco extremo. Sendo assim, o guarda-vidas precisa apresentar
um elevado nível de atenção difusa, grande capacidade de tomada de decisões
conscientes, bem como a habilidade de colocar em prática, corretamente, os
procedimentos e técnicas previamente treinados.

6.4 Alimentação, hidratação e composição corporal

A ingestão de nutrientes de acordo com as demandas fisiológicas dos indivíduos,


propiciada pela alimentação, é essencial para a manutenção da boa saúde,
principalmente das capacidades físicas. (BRASIL, 2014).

Ainda, as necessidades nutricionais das pessoas, principalmente quando


correlacionamos com as funções que elas desempenham, são muito variáveis,
dependendo da idade, sexo, tamanho e nível de atividade física desempenhada.
(BRASIL, 2014).

Sendo assim, a alimentação, bem como a hidratação, influi diretamente em diversos


aspectos, tais como, disposição do indivíduo, composição corporal, qualidade do
sono, energia para a prática de exercícios físicos, concentração e assimilação de
conhecimentos.

No caso da alimentação e hidratação dos guarda-vidas, deve-se ter uma atenção


especial considerando sua capacidade de atuação e pronta resposta. As quantidades
de água ingerida devem ser ainda maiores, tendo em vista as exposições excessivas
ao calor. Por esse motivo, o ideal é que esse profissional sempre mantenha em seu
posto de trabalho pontos imediatos de hidratação e reposição energética.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 30

7 TIPOS DE SALVAMENTOS

A seguir serão apresentadas as classificações relacionadas aos tipos de salvamento


aquático.

7.1 Classificações do salvamento aquático

Inicialmente podemos classificar o salvamento aquático quanto ao contato entre o


profissional e a vítima, quanto ao tipo de socorro empregado, bem como quanto ao
local de realização do salvamento.

7.1.1 Quanto ao contato com a vítima

Salvamento Indireto: é a modalidade de salvamento em que o guarda-vidas oferece


socorro à distância. Mesmo sabendo que possui plenas condições físicas, técnicas e
psicológicas para realizar o salvamento de forma direta, sempre que possível, deve-
se evitar o contato corporal com a vítima, oferecendo-lhe uma maneira segura de sair
da água, tais como: uma corda, saco de arremesso, uma boia ou um equipamento
flutuante. É comprovado que o afogado se sente mais seguro apoiando-se em um
material flutuante do que no próprio guarda-vidas. Entretanto, vale destacar que esse
método não deve ser uma constante e, em hipótese alguma, um meio de se omitir ao
dever de salvar.

Figura 2 - Utilização do Saco de Arremesso

Fonte: elaboração própria


7 TIPOS DE SALVAMENTOS 31

Salvamento Direto: é a modalidade de salvamento em que o profissional mantém


contato direto com a vítima, fato que exige, além de treinamento adequado, preparo
físico, técnico e psicológico.

Figura 3 - Salvamento direto

Fonte: elaboração própria

7.1.2 Quanto ao tipo de socorro empregado

Salvamento simples: é aquele caracterizado pela ação de um ou mais profissionais


no resgate da vítima, sem a utilização de equipamentos de proteção individual, de
flutuação, tração ou propulsão.

Salvamento com equipamento: é aquele caracterizado pela ação de um ou mais


guarda-vidas no resgate da vítima, com a utilização de equipamentos de proteção
individual, de flutuação, de tração ou de propulsão. Destacamos, dentre esses
equipamentos, as pranchas, as bóias, os tubos de salvamento (flutuação), as cordas
e cabos (tração), nadadeiras (propulsão) e os demais equipamentos individuais
(máscara, snorkel, acessórios de neoprene, dentre outros).

Salvamento com embarcação: é o salvamento realizado com a utilização de


embarcações (botes infláveis, lanchas, barcos e motoaquáticas). A aproximação
nesse tipo de salvamento deverá ser bastante rápida. Entretanto, além de habilidade
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 32

técnica para se evitar o risco de choque da vítima com a embarcação (casco, leme ou
hélice), deve-se atentar para que o deslocamento de massa de água não venha a
piorar a situação.

Salvamento com aeronave: é o salvamento realizado com a utilização de aeronaves.


As aeronaves de asas rotativas são mais adequadas ao serviço de salvamento
aquático, uma vez que integram velocidade e manobrabilidade, ou seja,
deslocamentos verticais e horizontais precisos, muito utilizados para salvamento em
cachoeiras, exigindo por sua vez muita perícia dos pilotos e auxiliares, devido à
dificuldade do acesso.

Salvamento conjugado: é aquele caracterizado pela ação dos mais variados meios
e/ou materiais de salvamento aquático, visando facilitar o serviço do guarda-vidas em
sua atividade, como exemplo: atuação simultânea de embarcações, aeronaves e
viaturas (Unidades de Resgate).

7.1.3 Quanto aos locais de atuação do salvamento aquático

Salvamento em rios e águas correntes: caracterizado pela existência de água


corrente, pedras como natureza de fundo que alteram o curso da água ao longo do
balneário, causando refluxos e remansos que oferecem riscos adicionais, incluindo a
sucção de vítimas para cavidades profundas devido ao aumento da vazão da água
em determinados pontos. Exige maior perícia, resistência física e conhecimento do
guarda-vidas. Poderá demandar ainda, emprego adicional de embarcação e do
profissional de mergulho com todo equipamento apropriado.

Salvamento em cachoeiras: possuem a particularidade relacionada à “cabeça-


d’água”, fenômeno causado pelo surgimento repentino de grande volume d’água,
principalmente em rios que têm o leito estreito e “coneado”. No verão, com muito calor
durante o dia, pode chover à tarde ou à noite em outro local, aumentando
abruptamente o volume da correnteza no leito do rio. São sinais desse fenômeno:
deslocamento de folhas secas, materiais flutuantes, sons associados à tempestades
e presença de nuvens cinzas e carregadas próximas à cabeceira do rio. Não raro,
exigirá do guarda-vidas uma experiência com vítimas politraumatizadas, considerando
7 TIPOS DE SALVAMENTOS 33

os mecanismos de traumas associados. Além do afogamento propriamente dito,


muitas vezes será necessário o apoio de aeronaves, devido à gravidade das lesões.

Salvamento em praias: ainda que não se integre a realidade do teatro de operações


do CBMMG, devido às características geográficas e territoriais do estado, é
necessário que o guarda-vidas tenha conhecimento das suas especificidades, tais
como cuidado com corrente de retorno, rebentação de ondas, variação das marés,
dentre outros.

Salvamento em piscinas: exige do guarda-vidas o conhecimento adicional do


funcionamento das piscinas, da existência e localização da casa de máquinas, dos
pontos de vazão de água (ralos), e da proximidade de equipamentos energizados. É
necessário ainda, orientar quanto a comportamentos de risco, como saltos
acrobáticos, sendo indispensável a realização de inspeção tridimensional na piscina
(largura, comprimento e profundidade). Em resumo, é importante assumir o local
destinado à prevenção livre de qualquer situação que comprometa a segurança.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 34

8 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO

Os equipamentos utilizados nas operações de Salvamento Aquático são ferramentas


utilizadas para proporcionar maior segurança e eficiência nas ações. Entre os
equipamentos utilizados, incluem-se os materiais para o resgate propriamente dito,
bem como o uniforme do guarda-vidas, já que pode ser inserido nesse contexto, por
facilitar a visualização do profissional em meio aos banhistas, servindo de referência
na busca de informações diversas ou mesmo para um eventual pedido de socorro.
Dentre os equipamentos que potencializam as ações do guarda-vidas e facilitam no
resgate de uma vítima, os mais conhecidos são as nadadeiras, a máscara semifacial
com snorkel e o flutuador, conforme a seguinte descrição.

8.1 Nadadeiras

São utilizadas pelo guarda-vidas com o objetivo de fornecer maior velocidade de


deslocamento na água e, consequentemente, um reboque mais eficiente. As
nadadeiras oferecem maior propulsão com emprego de menor esforço por parte do
guarda-vidas. Predominantemente, elas são compostas de borracha, resistente à
ação dos raios ultravioleta, garantindo-se também leveza e durabilidade. Além disso,
é importante que possuam flutuabilidade positiva, isto é, densidade menor que a da
água.

Figura 4 - Tipos de nadadeiras

Fonte: elaboração própria


8 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO 35

Para a conservação do material, as nadadeiras devem ser lavadas com água doce e
sabão neutro, não devendo secar com as palas apoiadas no solo ou ser seguradas
ou penduradas pelos calcanhares. É importante que a identificação seja feita sem
alterações ou danos às características do material. Nadadeiras com palas maiores e
mais rígidas fornecem maior propulsão, porém, oferecem maior resistência causando
maior desgaste físico ao profissional.

8.2 Máscara semifacial

A utilização da máscara semifacial permite uma melhor visualização do ambiente


subaquático. Para tanto, é necessário que ela tenha um encaixe adequado junto ao
rosto do guarda-vidas e tirantes de fácil regulagem que possibilitem vedação
adequada. As máscaras atuais, para maior durabilidade, são feitas de silicone e
apresentam vidros temperados. Para maior eficiência e facilidade na ação de
compensação de pressão e desalagamento, não devem possuir um grande volume
interno, considerando-se que, no caso de mergulhos, exigirá maior exalação de ar
pelo guarda-vidas para manter equilibradas as pressões interna e externa.

Figura 5 - Máscara semifacial

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 36

8.3 Respirador (SNORKEL)

A função do equipamento é proporcionar um nado mais confortável ao profissional no


salvamento aquático. Enquanto a vítima permanercer na superfície, o olhar do guarda-
vidas deve se manter direcionado a ela. Com o uso regular do snorkel, o profissional
poderá, em paralelo à superfície da água, manter as suas vias aéreas submersas. Por
outro lado, nos casos em que a vítima se encontrar submersa, o profissional terá a
possibilidade de nadar com o olhar direcionado para o fundo, mantendo sua
respiração regularmente.

O snorkel é constituído de plástico rígido, com bocal de borracha ou silicone. Visando


eficiência, o seu diâmetro, formato e comprimento devem apresentar dimensões
adequadas, para que não ofereça ao seu usuário resistência no processo de
respiração e de deslocamento na água. Para tanto recomenda-se que seu diâmetro
possua cerca de 18 milímetros, com curvas suaves e que seu comprimento tenha, no
máximo, 40 centímetros, evitando-se pressões hidrostáticas muito altas. Conforme
Figura 6

Figura 6 - Snorkel

Fonte: elaboração própria


8 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO 37

8.4 Flutuador

Os flutuadores são equipamentos utilizados durante as operações de salvamento


aquático e, quando empregados de forma correta, oferecem ao profissional muitas
vantagens. Dentre elas estão:

a) proporcionam melhor flutuabilidade, tanto para o guarda-vidas quanto para a


vítima, de modo a diminuir o desgaste físico de ambos;
b) possibilitam ao guarda-vidas que, no momento da abordagem, não tenha
contato físico direto com a vítima, de modo a evitar a necessidade do uso de
técnicas agressivas de desvencilhamento e contenção, como o judô aquático;
c) permitem que mais de uma vítima seja resgatada por um único socorrista;
d) facilitam a ação de abertura de vias aéreas enquanto se faz o reboque da vítima
inconsciente, potencializando sua sobrevida;
e) possibilitam maior contato visual e verbal com a vítima durante o reboque,
assim como também na avaliação de seus sinais vitais.

Atualmente, existem no mercado diversos modelos de flutuadores, dentre eles:

a) Flutuador tipo Lifebelt;


b) FlutRescue;

Figura 7 - Flutuador tipo Lifebelt

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 38

Figura 8 - Flutuador tipo FlutRescue

Fonte: elaboração própria

O flutuador do tipo Lifebelt é o mais utilizado no CBMMG e é constituído pelas


seguintes partes:

a) mosquetão e argola: peças metálicas localizadas nas extremidades do


equipamento. O mosquetão, após se conectar à argola localizada na
extremidade oposta, permite o fechamento adequado do dispositivo;

Figura 9 - Mosquetão do flutuador Lifebelt

Fonte: elaboração própria


8 EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO 39

Figura 10 - Argola do flutuador Lifebelt

Fonte: elaboração própria

b) corpo: parte central do equipamento que, por ser leve e flexível, permite o
“abraçamento” da vítima. É constituído de espuma expandida microporosa de
PVC ou de polietileno.

Figura 11 - Corpo do flutuador Lifebelt

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 40

c) cinto ou alça: localizado na extremidade distal do cabo ou corda, permite que


o flutuador seja preso ao profissional. É constituído por nylon e possui cerca de
50 mm de largura.

Figura 12 - Cinto ou alça do flutuador Lifebelt

Fonte: elaboração própria

d) cabo ou corda: com cerca de 2,5 metros de comprimento, composto(a) por


material de flutuabilidade positiva, une o corpo do flutuador ao cinto, de modo
que permite uma maior distância de segurança entre o profissional e a vítima,
reduzindo o risco oriundo do contato físico entre ambos.

Figura 13 - Corda do flutuador Lifebelt

Fonte: elaboração própria


8 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO SALVAMENTO AQUÁTICO 41

A inspeção e preparo do equipamento antes das operações são imprescindíveis e


garantem que o salvamento seja realizado da melhor forma possível. Para a inspeção,
devem ser observados os seguintes pontos:

a) checar a integridade do corpo do flutuador;


b) tensionar o cinto e o cabo para verificar sua resistência;
c) inspecionar o mosquetão, verificando a flexibilidade da mola durante a
abertura.

Após a inspeção, é importante deixar o material preparado para uso, de maneira que
o socorrista consiga efetuar o salvamento assim que houver o acionamento.

Figura 14 - Socorrista equipado com flutuador Lifebelt para pronto emprego

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 42

8.5 Protetor solar

Indispensável para manutenção da boa saúde, o produto é utilizado para proteção do


profissional contra a ação do sol durante o serviço de guarda-vidas. Pode ser
encontrado na forma de gel, loção ou creme e possui diversos fatores de proteção
solar (FPS), aumentando-se a proteção na medida em que se aumenta o FPS.

8.6 Apito

Equipamento obrigatório para o serviço de guarda-vidas é utilizado


predominantemente na comunicação entre profissionais e banhistas, através dos
silvos emitidos. Dependendo da quantidade de sons emitidos, silvos curtos ou longos,
uma informação é transmitida.

Figura 15 - Apito

Fonte: elaboração própria


9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 43

9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO

Muitas vezes, as medidas de prevenção apresentadas não são suficientes para


impedir que um afogamento aconteça. Nesses casos, é necessário que o guarda-
vidas esteja preparado para agir conforme os procedimentos tratados nos tópicos a
seguir.

9.1 Processo de afogamento

O processo de afogamento envolve três fases distintas que podem ser interrompidas
por meio da intervenção em sua ocorrência.

Angústia: é a primeira fase do processo de afogamento. Nela, os banhistas são


capazes de se manter na superfície da água empregando técnicas de natação ou com
uso de equipamentos flutuantes. Contudo, apresentam dificuldade de se deslocarem
até um local seguro. São capazes de gritar, acenar por socorro ou se moverem em
direção à ajuda de terceiros. No entanto, em um primeiro momento, essas pessoas
não percebem o real perigo a que estão submetidas. E na medida que a força do
nadador se esgota, o estado de angústia evolui para uma outra fase.

Pânico: na fase do pânico, devido à fadiga, completa falta de habilidade natatória ou


algum comprometimento físico, o banhista é incapaz de manter sua flutuabilidade. Ele
concentra toda sua energia na respiração, de forma que não consegue chamar por
socorro. Devido à ineficiência das ações da vítima, o estágio de pânico raramente dura
muito tempo. Por isso, o socorrista deve reagir rapidamente. Logo após a fase do
pânico, a vítima entrará na última fase do processo de afogamento, denominada
submersão.

Submersão: nessa fase, diferentemente do pensamento da maioria das pessoas, as


vítimas de afogamento não flutuam em decúbito ventral, mas sim submergem em
direção ao fundo do balneário. Uma vez ocorrida a submersão, a chance de um
resgate bem-sucedido diminui consideravelmente. Isto demonstra a importância de os
socorristas estarem atentos para que a intervenção ocorra ainda na fase da angústia
ou do pânico.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 44

9.2 Fases do salvamento aquático

Todo bombeiro militar, por meio de treinamento e adaptação, deve estar apto a realizar
um salvamento aquático. O conhecimento e preparo adquiridos precisam abranger
qualquer ambiente aquático (piscinas, lagoas, rios e cachoeiras), a qualquer tempo e
com o emprego dos equipamentos disponíveis. O procedimento do salvamento
aquático propriamente dito é descrito nas fases a seguir.

Estas etapas indicam a sequência de ações do bombeiro militar para que o


salvamento possa ser realizado com êxito:

a) entrada na água;
b) nado de aproximação;
c) manobra de aproximação (canivete);
d) abordagem da vítima (na superfície ou submersa);
e) nado de reboque;
f) técnicas de desvencilhamento.

9.2.1 Tipos de entrada na água

Existem quatro tipos de entrada consideradas para a atividade de salvamento


aquático. São elas: a entrada de ponta, a entrada em pé, a entrada japonesa e a
entrada pranchada.

Considerando a realidade da atividade de salvamento aquático frente às


características hidrográficas do estado de Minas Gerais, as entradas mais utilizadas
são a pranchada e a japonesa, pois permitem que o militar não perca o contato visual
com a vítima.

Muitos lugares não apresentam boa visibilidade, não sendo recomendado efetuar
saltos, pois podem conter pedras, bancos de areia, galhadas etc.

Portanto, o profissional deve ser capaz de analisar e escolher a melhor entrada, de


acordo com cada situação, de forma a executá-la de maneira segura e cuidadosa,
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 45

evitando-se qualquer tipo de lesão. Por isso, é importante ressaltar a ação de


reconhecimento do local em que irá atuar.

9.2.1.1 Entrada de ponta

A entrada de ponta é o mesmo salto realizado comumente por atletas nas piscinas.
Apresenta a grande vantagem do ganho de deslocamento do socorrista, chegando
mais rapidamente à vítima. Entretanto, a entrada de ponta só pode ocorrer em
piscinas, e desde que apresentem profundidade adequada. A desvantagem desta
entrada é a perda momentânea do contato visual com a vítima.

9.2.1.2 Entrada em pé

Consiste em dar um passo longo à frente, com as pernas esticadas, juntando-as em


seguida. É utilizado por guarda-vidas que se encontrem em posição elevada em
relação aos banhistas, a exemplo de pontes ou plataformas. Também pode ser
utilizado no salvamento com a aeronave, mediante algumas adaptações e tomadas
de posição específicas.

9.2.1.3 Entrada japonesa

A entrada japonesa é uma entrada em pé, na qual o socorrista consegue manter a


visualização da vítima o tempo todo, uma vez que sua cabeça não adentra o meio
líquido. É executada, inicialmente, com uma perna flexionada à frente e com os braços
cruzados; posteriormente, ao se alcançar a água, os braços devem ser descruzados
e abertos, permanecendo a cabeça fora d’água e ininterrupto o contato visual com a
vítima. Esse tipo de entrada é recomendado para piscinas e margens de rios de
conhecida profundidade e inexistência de pedras e galhos que possam oferecer riscos
ao guarda-vidas.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 46

Figura 16 - Técnica de entrada Japonesa - Salvamento Aquático

Fonte: elaboração própria

9.2.1.4 Entrada pranchada

A entrada pranchada consiste em um salto horizontal semelhante à entrada de ponta.


Porém, nesta técnica, deve-se manter o corpo paralelo à água, projetando os braços
para frente com uma mão sobre a outra, de modo que a palma da mão que se encontra
à frente, protegendo o rosto do profissional, toque a água primeiro, seguida pelo tórax.
Nesta entrada, a cabeça se mantém o tempo todo fora da água, assegurando o
contato visual com a vítima.

Figura 17 - Técnica de entrada Pranchada - Salvamento Aquático

Fonte: elaboração própria

Essa modalidade é a mais indicada para acesso a águas turvas ou de baixa


visibilidade, inclusive quando não se conhece a região. A vantagem desta entrada,
assim como a japonesa, é que o profissional não perde contato visual com a vítima,
pois permanece na superfície do meio líquido.

Outro tipo de entrada pode ser realizado em balneários que possuam acesso por plano
rampante, onde o guarda-vidas realiza o monitoramento visual fora da água, sendo
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 47

possível que ele se desloque até a margem com seu equipamento, e com a água já
na altura das pernas, se equipe e proceda com o nado de aproximação.

Nesse tipo de entrada, o guarda-vidas também mantém contato visual ininterrupto


com a vítima, e pode escolher o melhor local para acessar o balneário, reduzindo
consideravelmente o tempo de resposta e o primeiro contato com a vítima.

Figura 18 - Técnica de deslocamento e aproximação

Fonte: elaboração própria

9.2.2 Nado de aproximação

É o deslocamento do guarda-vidas até a vítima ou próximo a ela, para a execução do


salvamento. Essa técnica consiste em um nado semelhante ao nado crawl, porém
com a cabeça do socorrista o tempo todo fora da água, para que não se perca o
contato visual com a vítima.

Figura 19 - Técnica do Nado de Aproximação

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 48

A cabeça fora da água no nado de aproximação ocasiona um arrasto muito maior em


relação ao nado crawl, o que leva a um gasto energético excessivo. Sendo assim, o
guarda-vidas, mesmo tendo que ser ágil no salvamento, deverá sempre dosar a
energia despendida na aproximação, levando-se em conta a consequente abordagem
e reboque da vítima.

9.2.3 Manobra de aproximação: canivete

A manobra de aproximação denominada “canivete” é uma técnica muito eficaz quando


o profissional precisa realizar um salvamento e não possui o material necessário. Esse
tipo de abordagem só é possível de ser realizada em águas límpidas, pois a
visibilidade é essencial para sua execução. O nado de aproximação é realizado no
percurso até a vítima que ainda está na vertical e se debatendo na superfície; o
socorrista deve nadar até ela com a cabeça fora da água, mantendo-a no campo de
sua visão e ao se aproximar, deve executar o “canivete” para ganhar profundidade e
evitar contato físico indesejado com a vítima.

Figura 20 - Técnica do "Canivete"

Fonte: elaboração própria

O socorrista deve realizar a manobra “canivete” a uma distância de segurança de


aproximadamente 1,5 metro da vítima. O estado de aflição comumente encontrado
nessas situações pode ocasionar ações precipitadas, quando, por instinto, a vítima
tenta se agarrar ao socorrista, dificultando o resgate. Depois de submergir, de frente
para a vítima, o guarda-vidas deve colocar as mãos nos joelhos dela, forçando-a girar
180º graus, deixando-a de costas, para então rebocá-la.
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 49

9.2.4 Abordagem da vítima

A abordagem é o contato direto ou indireto que o socorrista terá com a vítima, seja
por meio de equipamentos (descrito nas Fases do Salvamento) ou, em último caso,
corpo a corpo. Essa abordagem deve ser extremamente cautelosa, para que a vítima
não agarre o socorrista, impedindo-o de realizar as ações de salvamento. A seguir,
serão apresentados os procedimentos para abordagem de vítimas, tanto na superfície
do meio líquido, quanto àquelas já submersas.

9.2.4.1 Vítima na superfície

Com a intenção de acalmar e orientar a vítima, a abordagem é iniciada com contato


verbal. Dessa forma, ela se sentirá mais segura, reduzindo-se o risco de contato físico
com o socorrista. Ainda, para minimizar o risco de ser agarrado pela vítima, o
socorrista deve manter a distância de segurança e conhecer técnicas de
desvencilhamento, ações que tornarão a operação mais segura. O contato deve ser
feito, preferencialmente, de forma indireta com a utilização do flutuador, que será
entregue para a vítima. Na ausência do flutuador, o contato deve ser feito corpo a
corpo, o que exigirá cuidado redobrado, visto que o guarda-vidas estará mais próximo
da vítima, que poderá agarrá-lo, dificultando o resgate.

9.2.4.2 Vítima submersa ou inconsciente

Nesse caso, o socorrista deve identificar o local do afogamento e o ponto exato de


submersão da vítima, e verificadas as condições de segurança do local, buscar a
vítima no fundo do balneário e trazê-la à superfície. Considerando as características
predominantes de balneários, principalmente quanto ao conhecimento da natureza de
fundo e a baixa visibilidade da água, faz-se necessária uma análise acurada anterior
à ação de salvamento, com vistas a reduzir os riscos à ação do guarda-vidas. Para
tanto, testemunhas oculares idôneas são fundamentais no processo de coleta de
informações prévias à atuação do guarda-vidas.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 50

Figura 21 - Salvamento de vítima submersa

Fonte: elaboração própria

Do mesmo modo, o salvamento pode ser realizado com uso de equipamentos. Em


seguida, a estabilização deve ser realizada, afastando-se as vias aéreas da vítima do
contato direto com a água e iniciando-se a avaliação do seu estado. Caso esteja em
parada respiratória, ainda na água devem ser realizadas 10 insuflações de
emergência, se possível, que serão mais eficientes no salvamento realizado em
duplas. Após a avaliação da vítima, o guarda-vidas efetua o reboque.

Não é recomendada a ventilação de resgate por socorristas desequipados: sem


nadadeiras, lifebelt, dentre outros equipamentos que auxiliam na flutuação em locais
onde não consigam ficar de pé. Caso o socorrista esteja devidamente equipado,
mesmo que sozinho, poderá realizar as insuflações de resgate na vítima com
eficiência e segurança.

Vítimas que apresentem suspeita de TRM ou outros traumas, geralmente estarão


inconscientes, desorientadas e respirando com dificuldade, apresentando reflexos de
tosse ou vômitos. Os guarda-vidas, equipados com nadadeiras, lifebelt e máscara com
snorkel, devem se deslocar ao encontro da vítima. No caso de vítima submersa,
devem mergulhar para encontrá-la e trazê-la até a superfície, já com as mãos
posicionadas na região do pescoço dela, de forma a estabilizar ao máximo a coluna
cervical.

Já na superfície, o guarda-vidas avaliará a respiração da vítima. Caso esteja ausente,


posicionará o lifebelt na região das escápulas, promovendo uma espontânea
hiperextensão e liberação das vias aéreas, e iniciará imediatamente, até 10
insuflações de resgate, se possível.
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 51

Posteriormente, a vítima será imobilizada em prancha longa e transportada até a


margem para continuidade do atendimento pré-hospitalar, conforme protocolo
específico.

9.2.5 Nado de reboque

O nado de reboque é aquele utilizado pelo guarda-vidas para conduzir o afogado até
a margem. No reboque, que pode ser realizado com ou sem o emprego de nadadeiras,
o socorrista deve permanecer atento à vítima e à proximidade da margem, sempre
intercalando o olhar entre ambos.

Nado de reboque sem nadadeiras: quando o socorrista não dispõe de equipamentos


para auxiliar no socorro à vítima, o reboque é realizado com o movimento de pernas
conhecido como pernada tipo “tesoura”, que fornece maior propulsão e conservação
de energia, também podendo ser utilizado o estilo de pernada “livre”, fundamento do
nado “crawl”, caso o guarda-vidas tenha possibilidades de executá-la com segurança
e eficiência.

Figura 22 - Técnica de pernada tipo "Tesoura"

Fonte: elaboração própria

O braço livre pode auxiliar no nado, aumentando o deslocamento do socorrista com a


vítima.

Nado de reboque com nadadeiras: a pernada com nadadeiras é a mesma realizada


no nado crawl, variando apenas em frequência e amplitude, a depender
principalmente do tipo de equipamento utilizado. O socorrista permanece lateralizado,
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 52

com as pernas levemente em posição diagonal, considerando o próprio peso da vítima


rebocada sobre o corpo do guarda-vidas.

Figura 23 - Reboque com utilização de nadadeiras

Fonte: elaboração própria

As imagens mostram como a cabeça da vítima fica fora da água durante o nado de
reboque, passando uma sensação de segurança e permitindo que ela consiga respirar
melhor.

Figura 24 - Posicionamento da vítima durante o reboque

Fonte: elaboração própria

9.2.6 Técnicas de desvencilhamento

Muitas vezes, ao se aproximar demasiadamente de uma vítima aflita, o guarda-vidas


poderá ser agarrado por ela. Embora essa situação deva ser evitada, mantendo-se a
distância de segurança correta durante a abordagem no salvamento, é necessário que
o socorrista saiba se livrar no caso de um contato indesejado.
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 53

9.2.6.1 Agarramento pela frente, nos cabelos ou pescoço

É o caso mais comum, considerando o padrão de deslocamento e abordagem


utilizado no Salvamento Aquático. Simultaneamente, o guarda-vidas deve segurar a
mão da vítima e girar para fora, distanciando-as de seu corpo, torcendo-lhe o braço.
Posteriormente, o guarda-vidas se afasta e faz nova aproximação.

Figura 25 - Técnica de desvencilhamento

Fonte: Próprio autor

As técnicas de desvencilhamento devem ser evitadas ao máximo, pois a sua utilização


indica que o socorrista cometeu erros ao se aproximar da vítima. Além disso, o
procedimento pode ocasionar lesões na vítima e no próprio socorrista.

9.3 Técnicas de salvamento sem o uso de equipamentos

Reboque é o deslocamento do profissional, já com a vítima, até a margem do meio


líquido, para em seguida proceder a sua retirada. Durante esta fase, o socorrista deve
analisar a situação da vítima, tranquilizá-la e mantê-la com as vias aéreas fora da
água, dando suporte para não haver submersão da face. Quando executado sem o
uso de equipamentos, o reboque pode ser feito de duas formas: reboque peito cruzado
ou reboque pelas axilas. A escolha do método dependerá do número de socorristas
presentes na água.

9.3.1 Apenas um socorrista: reboque peito cruzado

Neste tipo de salvamento, o braço do guarda-vidas abraça a vítima por cima do ombro
e posiciona sua mão debaixo da axila oposta. Dessa forma, o dorso da vítima entrará
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 54

em contato com a lateral do corpo do socorrista. Recomenda-se que o profissional


assegure este contato durante todo o nado de reboque, mantendo sempre as vias
aéreas da vítima fora da água e protegidas, em especial nos casos de ondas grandes
e marolas. Para auxiliar no deslocamento, o socorrista utiliza sua mão livre e a técnica
de pernada.

Figura 26 - Técnica de reboque peito cruzado

Fonte: Próprio autor

9.3.2 Mais de um socorrista: reboque pelas axilas

Nessa técnica, o primeiro socorrista procede à abordagem como se estivesse sozinho,


realiza o “canivete” e gira a vítima; posteriormente, passa o seu braço direito por baixo
da axila direita da vítima, apoiando-lhe a mão na região da escápula esquerda. Em
sequência, o segundo socorrista passa o braço esquerdo por baixo da axila esquerda
da vítima e entrelaça seus dedos na mão do primeiro socorrista. Desta forma, os dois
socorristas poderão visualizar a vítima e mantê-la estabilizada.

9.4 Técnicas de salvamento com uso de equipamentos

Alguns equipamentos podem auxiliar nas operações de salvamento aquático, como o


flutuador tipo lifebelt e nadadeiras. Para que esses materiais possam ser utilizados de
maneira mais eficaz, foram desenvolvidas algumas técnicas específicas para o
salvamento com o socorrista equipado. As técnicas são descritas a seguir.
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 55

9.4.1 Reboque com flutuador

O reboque com a utilização de flutuador é mais fácil e mais seguro que o reboque sem
uso de equipamentos. O guarda-vidas, tendo inspecionado e preparado seu material
anteriormente, ao avistar um possível afogamento, inicia o seu deslocamento,
conforme imagens da Figura 27. Após liberar a corda do equipamento, o socorrista
solta o flutuador ao seu lado e faz a entrada na água. À medida que o socorrista realiza
o nado de aproximação, o flutuador é conduzido em condições para uso no resgate.

Figura 27 - Reboque utilizando o flutuador do tipo Lifebelt

Fonte: elaboração própria

Ao se aproximar da vítima, o socorrista mantém distância de segurança, recupera o


flutuador pela corda (sem perder contato visual com a vítima) e estabelece um primeiro
diálogo, acalmando-a. Em seguida, o socorrista deve oferecer o flutuador à vítima e
pedir para que ela o coloque embaixo das axilas, ou envolvê-la com o corpo do
equipamento. Vale destacar, que o flutuador não deve ser arremessado, pois pode
causar algum ferimento na vítima.

O socorrista então deve prender o mosquetão do flutuador na argola, de modo a


envolver o corpo da vítima. Como os flutuadores normalmente possuem duas argolas,
é possível regulá-lo de acordo com o tamanho da vítima.

Após efetuar o posicionamento correto do flutuador, deve-se rebocar a vítima até a


margem ou borda. O socorrista deve se posicionar atrás da vítima, o mais próximo
possível, segurando firmemente o flutuador. É importante frisar que não se deve
segurar apenas o mosquetão ou a argola.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 56

No reboque, o socorrista deve estar atento à vítima e à margem, sempre intercalando


o olhar entre ambos. Também deve-se ter em mente que a vítima pode perder a
consciência ou até mesmo escorregar pelo flutuador. Além disso, é necessário
procurar o melhor lugar para retirá-la, considerando que correntezas ou correntes de
retorno dificultam o nado e o direcionamento.

9.4.2 Isca-viva

A técnica denominada “Isca-viva” é utilizada na abordagem e retirada de vítimas em


águas rápidas (correnteza de rios ou enchentes). Portanto, somente deverá ser
realizada após minuciosa avaliação do cenário e descartada as opções de resgate por
terra, pelas margens ou com a utilização de embarcação. A técnica envolve muitos
riscos, pois exige do socorrista elevado preparo físico e técnico específico para o
salvamento em águas rápidas. O profissional deverá se aparelhar com todos os
equipamentos de proteção individual necessários para o salvamento em águas
rápidas e portar o colete flutuador específico, com o devido sistema para conexão do
cabo de resgate nas costas em uma argola de aço, criando assim, o sistema de isca
viva, como demonstrado no vídeo abaixo.

Figura 28 - Utilização da técnica "isca-viva" para salvamento aquático em águas rápidas

Fonte: elaboração própria

O cabo de resgate que cria o sistema de isca viva ficará com o primeiro guarda-vidas,
que estará nas margens ou sobre uma superfície estável. No momento em que a
vítima passar em frente ao segundo guarda-vidas, ele executará uma entrada
pranchada e, com o nado ofensivo, vai ao encontro dela. O cabo não deve ser
tensionado até que o segundo guarda-vidas faça contato direto com a vítima e sinalize
o resgate. Posteriormente, o primeiro guarda-vidas tracionará o cabo de resgate,
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 57

trazendo o segundo guarda-vidas e vítima até a margem. É recomendado que após a


abordagem da vítima, o cabo seja ancorado em ponto específico, considerando a
possibilidade do aumento da força da correnteza.

9.5 Retirada da vítima

Uma vez realizada a abordagem e o reboque da vítima até a margem, é necessário


retirá-la do meio aquático. A seguir, serão apresentadas as técnicas de retirada de
vítimas de piscinas com bordas retas.

9.5.1 Retirada de vítimas de piscinas

Após realizar o reboque, chegando à borda, o socorrista irá passar as mãos por baixo
das axilas da vítima, segurando-a rente à piscina e colocando suas mãos em cima
das mãos da vítima. Ainda segurando os braços da vítima na borda, o socorrista se
retira da água e, em seguida, cruza o seu braço e segura nos punhos da vítima.
Posteriormente, retira a vítima da água, fazendo-a girar 180º e ficar sentada de costas
para o socorrista. Na sequência, com os dois braços por baixo das axilas e uma das
mãos apoiando o queixo da vítima, fará o deslocamento para trás, afastando a vítima
da piscina. O socorrista então apoiará as costas da vítima e, protegendo a sua cabeça,
a deitará lentamente. Em seguida, colocará a vítima na posição lateral de segurança.

Figura 29 - Retirada de vítima da piscina

Fonte: elaboração própria

Nessa posição, a vítima deve estar deitada na lateral e de frente para a piscina, pois
visualizar o meio líquido e perceber que está fora dele, contribuirá para que ela se
sinta mais segura e se acalme. Além disso, a posição lateralizada para o lado direito
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 58

permite um melhor escoamento da água do pulmão esquerdo, facilitando a respiração


e recuperação da vítima.

9.5.2 Retirada de vítimas de balneários

Na retirada de vítimas da água em balneários que possuam plano rampante, é


possibilitado ao guarda-vidas caminhar para fora da água. A imobilização é realizada
de maneira a preservar o estado da vítima, e deve ser utilizada nos casos em que não
haja suspeita de trauma adicional.

Figura 30 - Retirada da vítima da água

Fonte: elaboração própria

9.6 Meios de improviso e de fortuna

As técnicas de improviso no salvamento aquático são empregadas quando se


considera que o uso das técnicas tradicionais pode gerar demasiado risco para os
socorristas ou ser ineficiente no contexto do salvamento em questão.

Entretanto, apesar de serem adequados a cada caso prático, os meios de improviso


seguem princípios gerais e, em certa medida, podem ser sistematizados. Isso posto,
faz-se necessária a reprodução desse conhecimento entre os profissionais, para que
saibam, inclusive, como e quando improvisar no salvamento aquático.

Nos meios de fortuna, uma vez que se busca diminuir os riscos para o socorrista, não
há contato direto entre ele e a vítima. Dessa maneira, utilizando-se de alguma
ferramenta, procura-se estabelecer o contato indireto com a vítima. Nesse momento,
deve-se guiar pelo princípio fundamental dos meios de improviso, garantindo-se
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 59

estabilidade (posição correta, equilibrada e segura sobre a superfície da água) e


flutuabilidade (permanência sobre a superfície da água) para a vítima. Assim, por
exemplo, podem ser utilizados diversos materiais: boias, pranchas de natação,
cordas, garrafas pet vazias, hastes, entre outros.

9.7 Técnicas de comunicação

Para o desenvolvimento de ações de prevenção de maneira efetiva, bem como para


o acionamento breve e mobilização de recursos de resposta nos casos em que o
afogamento ocorre, a comunicação clara, célere e efetiva será fator preponderante no
sucesso das ações dos guarda-vidas.

9.7.1 Comunicação sonora

De maneira prática e simplificada, o apito pode ser utilizado para estabelecimento de


comunicação tanto entre guarda-vidas empenhados em seus postos de trabalho,
quanto entre profissionais e banhistas, considerando a facilidade de emprego e
alcance de um número maior de pessoas.

Deste modo, com foco em estabelecer alertas aos banhistas e suprimir riscos durante
a atuação dos guarda-vidas, o apito deverá ser empregado da seguinte maneira:

a) utilização de 2 (dois) silvos curtos: advertência ao banhista, devendo ser


utilizado em situações em que o banhista necessite ser orientado para que
retorne a área de segurança delimitada previamente ou quando esteja
adotando comportamentos de risco, como saltos em locais indevidos. Como
exemplos, nos casos de banhistas estejam fora da área de segurança
delimitada pelas boias, nadando próximo a correntes, saltando em locais
próximos a pedras ou de baixa profundidade etc.;

b) utilização de 1 (um) silvo longo: sinalização para acionamento de resgate ou


quando se confirma um afogamento em andamento. Quando utilizado, os
guarda-vidas devem identificar o local onde ocorre o afogamento e empregar
as ações de resposta necessárias.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 60

9.7.2 Comunicação gestual

Para os casos em que há necessidade de comunicar situações diversas, com um


número maior de informações a serem repassadas, mantendo-se a clareza e
celeridade da informação, deve ser empregada a comunicação por gestos.

Esse tipo de comunicação torna-se necessário principalmente nos casos que a


comunicação sonora se apresenta ineficaz dadas as características do local, distância
entre os envolvidos, localização dos postos ou até mesmo a limitação de informações
possíveis de serem transmitidas por meio do apito.

A comunicação gestual permitirá uma visualização a distâncias maiores, maior clareza


na informação a ser transmitida e, além disso, uma gama maior de informações que
podem ser definidas por meio dos gestos.

É, portanto, recomendável que previamente ao empenho dos guarda-vidas, todos


tenham ciência dos sinais e seus significados, e da mesma maneira, saibam executá-
los. Do mesmo modo, nas ações de prevenção, o público alvo também deve ser
orientado quanto aos gestuais de comunicação, uma vez que esses sinais também
serão direcionados aos banhistas em situações diversas.

Por meio de uma recomendação e padronização entre os diversos atores envolvidos


no Salvamento Aquático, a SOBRASA define os sinais de direção e posicionamento
e sinais de situação, adequados para emprego em cada evento, com vistas a facilitar,
acelerar e efetivar a comunicação de forma padronizada durante as ações de socorro
(SZPILMAN et. al., 2017).

Considerando as características dos balneários em que o CBMMG realiza suas


operações, alguns dos sinais estabelecidos pela SOBRASA serão utilizados, a saber:

a) gesto 1 - Feito pelo guarda-vidas que se encontra dentro da água: um dos


braços levantado, estático, perpendicular à superfície e com a palma da mão
voltada para o guarda-vidas fora da água, indica necessidade de apoio de outro
guarda-vidas no local;
9 TÉCNICAS DE SALVAMENTO AQUÁTICO 61

b) gesto 2 - Feito pelo guarda-vidas que se encontra dentro da água: mãos


levantadas, cruzando os antebraços acima da cabeça, com as mãos
espalmadas voltadas para o guarda-vidas fora da água, indica que a vítima
encontra-se submersa, sendo necessário acionamento de suporte avançado;
c) gesto 3 - Feito pelo guarda-vidas tanto dentro da água quanto fora da água:
mão que direciona o local do socorro estendida horizontalmente, paralela à
água e outro braço estendido verticalmente fazendo um giro horário indica a
necessidade de socorro imediato e o local onde a vítima se encontra;
d) gesto 4 - Feito pelo guarda-vidas fora da água: os dois braços levantados e
estendidos verticalmente, voltados para a água, indica a necessidade de o
guarda-vidas localizado dentro da água se afastar do guarda-vidas que emite
o sinal;
e) gesto 5 - Feito pelo guarda-vidas fora da água: um braço levantado e estendido
verticalmente, voltado para a água indica a necessidade de o guarda-vidas
localizado dentro da água se aproximar do guarda-vidas que emite o sinal;
f) gesto 6 - Feito pelo guarda-vidas fora da água: um braço estendido
horizontalmente para direção desejada, paralelo ao solo, com a palma da mão
voltada para o guarda-vidas localizado dentro da água, com o outro braço na
vertical, perpendicular ao solo, movimentando-se horizontalmente indica a
necessidade e a direção do deslocamento, devendo o guarda-vidas prosseguir
para a direção apontada pelo braço estendido paralelo ao solo;
g) gesto 7 - Feito pelo guarda-vidas fora da água: ambos os braços estendidos
horizontalmente, paralelos ao solo, com a palma da mão voltada para a água
indica que o guarda-vidas na água deve parar no local onde está.

Figura 31 - Comunicação gestual

Fonte: adaptado de Szpilman et. al. (2017)


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 62

10 CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO

Os afogamentos podem ser classificados por diferentes variáveis. É possível


diferenciá-los quanto ao local onde ocorrem, quanto às causas e quanto à gravidade
de cada caso (SZPILMAN, 2019).

O local de afogamento se diferencia entre água salgada (praias litorâneas), água doce
(rios, córregos, lagoas, quedas d’água) e outros tipos de líquidos/ambientes.
Considerando a realidade do estado, e sua já mencionada disponibilidade hídrica, o
afogamento em água doce é o que representa os dados mais significativos do
incidente.

Quanto à causa, os afogamentos se dividem em primário e secundário. Afogamento


primário é aquele no qual a aspiração de líquido pelas vias aéreas ocorre sem que
haja uma causa precipitante, causando o quadro de asfixia, e ocorre em
aproximadamente 90% dos casos (MINAS GERAIS, 2017).

De acordo com os dados da SOBRASA, considerando a inexistência de uma patologia


anterior, esse tipo de afogamento está intimamente associado à falta de capacidades
natatórias dos indivíduos e habilidades básicas, ou até mesmo a uma superestimação
de suas capacidades ou subestimação do ambiente (SZPILMAN, 2019).

O afogamento secundário, por sua vez, exige que anteriormente ao incidente haja
uma patologia causadora, seja esta clínica ou traumática, que impeça o indivíduo de
se manter na superfície ou manter a sua capacidade de flutuabilidade (SZPILMAN,
2019).

Nessa seara, compreendem-se os afogamentos associados ao uso ou abuso das


bebidas alcoólicas, que comprometem o sistema nervoso e respostas motoras
adequadas, seguidos pelos cenários que oferecem riscos como balneários profundos,
locais com terrenos acidentados ou elevações, que podem ser fatores determinantes
num acidente fatal.
10 CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO 63

Nesse sentido, para identificar qual a situação e o acometimento à saúde da vítima


após o afogamento, foi definida uma metodologia de classificação e tratamento,
conforme sinais e sintomas apresentados. A vítima é classificada em diferentes graus,
recebendo em cada um deles o tratamento mais adequado para seu quadro clínico.

Quanto à gravidade, os afogamentos se dividem em 7 graus, com progressivo


agravamento do quadro à medida que se aumenta o grau, sendo proporcional também
à complexidade do tratamento indicado para cada caso.

Conforme protocolo P-501 relacionado ao afogamento, regulado pela ITO 23 -


Atendimento Pré-Hospitalar, os afogamentos se dividem conforme o Quadro 1 e a
Figura 32 abaixo:

Quadro 1 - Grau do Afogado

Grau Sinais

SEM tosse, SEM espuma na boca / nariz NEM dificuldades


0 - Grau de Resgate
na respiração

1 Tosse SEM espuma na boca / nariz.

2 POUCA espuma na boca / nariz.

GRANDE quantidade de espuma na boca / nariz,


3
COM pulso radial.

GRANDE quantidade de espuma na boca / nariz,


4
pulso radial NÃO PALPÁVEL.

5 Parada RESPIRATÓRIA, COM pulso CAROTÍDEO.

6 Parada cardiorrespiratória (PCR).

Já cadáver Afogamento > 1 hora e/ou sinais evidentes de morte.

Fonte: adaptado de (SZPILMAN, 2019).


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 64

Figura 32 - Fluxograma: identificação dos graus de afogamento

Fonte: elaboração própria


11 TRATAMENTO 65

11 TRATAMENTO

Quando da retirada da vítima do meio aquático, faz-se necessário realizar o


tratamento adequado ao caso específico, identificando-se o Grau de Afogamento de
acordo com a sua gravidade e adotando-se o respectivo tratamento detalhado,
preconizado no protocolo P-602, contido na ITO 23 - Atendimento Pré-Hospitalar.
Conforme o Quadro 2 a seguir:

Quadro 2 – Tratamento

Grau Sinais Tratamento

- Susto;
Resgate - Sem tosse, sem espuma, - Avaliação, orientação seguida de liberação
sem dificuldade respiratória

- Repouso;
- Tosse; - Aquecimento;
1
- Sem espuma - Confortar e tranquilizar o paciente;
- Liberação após a recuperação

- Oxigênio a 5L/min, com catéter nasal;


- Repouso;
- Pouca espuma na boca e
2 - Aquecimento;
no nariz
- Confortar e tranquilizar o paciente;
- Encaminhar para o hospital

- Oxigênio a 15L/min, com máscara de não-


- Muita espuma na boca e reinalação;
3 no nariz; - Posição lateral de segurança sobre o lado direito;
- Presença de pulso radial - Aquecimento;
- Encaminhar para o hospital

- Oxigênio a 15L/min, com máscara de não-


reinalação;
- Muita espuma na boca e
- Observar respiração: caso evolua para PR, utilizar
4 no nariz;
oxímetro;
- Ausência de pulso radial
- Posição lateral de segurança sobre o lado direito;
- Encaminhar para o hospital
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 66

- Trate na sequência ABC (afogamento presenciado)


ou CAB (afogamento não presenciado);
- Ventilar com BVM com oxigênio a 15L/min,
- PR (ainda há sinal de monitorando com oxímetro;
5
circulação sanguínea) - Se retornar a respiração espontânea, tratar como
grau 4;
- Se a PR evoluir para PCR, realizar RCP conforme
protocolo específico

- Trate na sequência ABC (afogamento presenciado)


ou CAB (afogamento não presenciado);
- Ao retirar o paciente da água, caso o socorrista
verifique PCR, efetuar 10 ventilações de resgate com
a vítima ainda na água, caso seja possível realizar
6 - PCR
com segurança;
- Após retirar da água, realizar VOS e fornecer 5
ventilações de resgate;
- Verificar ABC, e caso não haja pulso, realizar RCP
com DEA, conforme protocolo específico;

- Afogamento superior a 1h,


Já cadáver - Acionar perícia
ou sinais evidentes de óbito

Fonte: adaptado de Minas Gerais (2017)

11.1 Afogamento grau resgate

Vítima sem tosse, sem espuma na boca/nariz, sem dificuldade na respiração.

a) libere a vítima do local sem maiores recomendações, somente, se o paciente


estiver consciente e orientado, sem alterações na frequência cardíaca (BPM),
na respiração (IRPM), na ausculta pulmonar e, se após análise, não houver
presença de sintomas de afogamento, doenças ou traumas associados;

b) libere a vítima do local com recomendações de ser acompanhada por médico


a nível ambulatorial, se, após resgate, a vítima apresentar pequenas queixas.
11 TRATAMENTO 67

11.2 Afogamento Grau 1

Vítima não apresenta espuma na boca e nariz:

a) repouso, aquecimento e medidas que visem o conforto e tranquilidade do


paciente;
b) monitore sinais vitais e realize ausculta pulmonar;
c) libere a vítima do local, com recomendações de ser acompanhada por médico
a nível ambulatorial, se após 15 a 30 minutos de observação do paciente, ele
esteja sem queixas, sem tosse, com sinais vitais dentro dos parâmetros de
normalidade, perfusão capilar e ausculta pulmonar normais;
d) caso o paciente não melhore após a observação, encaminhe-o para unidade
de saúde.

Figura 33 - Afogado Grau 1

Fonte: elaboração própria

Figura 34 - Verificação de pulso com oxímetro

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 68

11.3 Afogamento Grau 2

Vítima apresenta tosse e pouca espuma na boca e nariz:

a) oxigênio a 5 l/min - com cateter nasal ou, se incômodo ao paciente, máscara


facial simples;
b) aquecimento corporal, posição de segurança sobre o lado direito, repouso e
tranquilização da vítima;
c) encaminhar para unidade de saúde.

Figura 35 - Afogado Grau 2

Fonte: elaboração própria

Figura 36 - Administração de O2

Fonte: elaboração própria


11 TRATAMENTO 69

11.4 Afogamento Grau 3

Vítima apresenta tosse e muita espuma na boca e nariz:

a) oxigênio a 15 l/min, com máscara de não reinalação;


b) posição lateral de segurança sobre o lado direito e aquecimento corporal;
c) monitore os sinais vitais e ausculta pulmonar;
d) encaminhamento para o hospital e/ou acionamento de apoio de suporte
avançado de vida, conforme preconiza a ITO 23 - Atendimento Pré-Hospitalar.

Figura 37 - Afogado Grau 3

Fonte: elaboração própria

Figura 38 - Posição lateral de segurança

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 70

Figura 39 - Administração de O2

Fonte: elaboração própria


11.5 Afogamento Grau 4

Vítima com muita espuma na boca e nariz e não apresenta pulso radial:

a) oxigênio a 15 litros/min, com máscara de não reinalação, no local do acidente.


b) monitore a respiração com atenção - pode haver parada respiratória; utilize o
oxímetro de pulso;
c) posição lateral de segurança sobre o lado direito e aquecimento corporal;
d) monitore os sinais vitais e ausculta pulmonar.
e) encaminhamento para o hospital e/ou acionamento de apoio de suporte
avançado de vida, conforme preconiza a ITO 23 - Atendimento Pré-Hospitalar.

Figura 40 - Administração de O2

Fonte: elaboração própria


11 TRATAMENTO 71

11.6 Afogamento Grau 5

A vítima está em Parada Respiratória - PR:

a) verifique o sinais e proceda conforme detalha o protocolo P-602, contido na ITO


23 - Atendimento Pré-Hospitalar, para vítimas de afogamento em parada
respiratória;
b) ventile o paciente usando BVM com O2 a 15 l/min e utilize oxímetro de pulso;
c) após retornar à respiração espontânea, posicione sobre o lado direito e trate
como grau 4 e aguarde deslocamento se não tiver Unidade de Resgate (UR)
disponível, se UR disponível, transporte para unidade de saúde.

Figura 41 - Ventilação de Resgate

Fonte: elaboração própria

11.7 Afogamento Grau 6

Vítima em parada cardiorrespiratória - PCR:

a) verifique o sinais e proceda conforme detalha o protocolo P-602, contido na ITO


23 - Atendimento Pré-Hospitalar, para vítimas de afogamento em parada
cardiorrespiratória;
b) realize RCP;
c) acionar Suporte Avançado de Vida (SAV);
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 72

d) após sucesso da RCP, com retorno da consciência, trate como grau 4 e


transporte para unidade de saúde.

Figura 42 - Ressuscitação cardiopulmonar - RCP

Fonte: elaboração própria

Alguns aspectos devem ser observados para o melhor desenvolvimento do tratamento


adequado a cada vítima. Nos casos em que o socorrista presencia o processo de
afogamento, retirando a vítima da água por meio do salvamento aquático, deve-se
executar o procedimento como indicado acima.

Caso o socorrista tenha o primeiro contato com a vítima quando esta já estiver fora da
água, o atendimento deve ser iniciado pela verificação do pulso, permitindo que casos
de PCR sejam identificados de maneira mais célere.

E para os casos em que o paciente ainda estiver na água e não apresentar


movimentos respiratórios, o socorrista deverá fornecer até 10 ventilações antes da
retirada da água, quando for possível executar o procedimento com segurança.
12 ATENDIMENTO A VÍTIMAS DE AFOGAMENTO COM SUSPEITA DE TRAUMA ASSOCIADO 73

12 ATENDIMENTO A VÍTIMAS DE AFOGAMENTO COM SUSPEITA DE TRAUMA


ASSOCIADO

Considerando as características do balneário, somadas à avaliação inicial do estado


de saúde da vítima de afogamento, e sinais considerados a partir do mecanismo da
lesão, os socorristas podem se deparar com uma vítima de afogamento com trauma
associado, como ocorre em alguns casos de afogamento secundário, que advêm de
uma causa precipitante. Esse tipo de ocorrência é mais comum em locais com a
presença de quedas d’água, devido à variação de altura nas áreas utilizadas pelos
banhistas.

De acordo com o MABOM APH - Volume I, nos casos em que se identificar sinais de
trauma associado e, em observância aos procedimentos definidos, as seguintes ações
deverão ser realizadas pelos socorristas (MINAS GERAIS, 2018).

Primeiro passo: abordagem do paciente, estabilizando-se a cervical e realizando o


giro para se verificar a respiração. Ato contínuo, mantendo-se a estabilização da
cervical, alinha-se a vítima ao nível da superfície da água e coloca-se o colar cervical.
Em seguida, com a vítima estabilizada pelos socorristas 2 e 3, o socorrista 1 realiza a
colocação da prancha por baixo da vítima, e em ato contínuo, os dois flutuadores,
devidamente dispostos sob a prancha longa pelos socorristas sendo um na altura do
tórax e outro próximo ao joelho do paciente. Os guarda-vidas auxiliares, com a vítima
estabilizada, posicionam os tirantes e posteriormente o imobilizador de cabeça. Por
fim, a vítima será socorrida seca e aquecida para que, em seguida, seja reavaliada.

Figura 43 - Atendimento a vítimas de afogamento com suspeita de trauma associado

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 74

13 CONDUÇÃO PARA ATENDIMENTO HOSPITALAR

Uma adequada previsão e preparo que permitam levar o equipamento médico à vítima
ao invés de conduzi-la ao hospital podem garantir um tempo determinante para quem
sofre um afogamento. Nos casos em que o afogado aspira pequenas quantidades de
água, poderá se recuperar de maneira gradativa e natural quando retirado do meio
líquido. São diversos os cuidados médicos exigidos para cada caso, incluindo
acompanhamento até o hospital, tratamento e prognóstico.

Porém, qualquer atendimento, mesmo aqueles que demandarem suporte médico


avançado, se dará predominantemente no local do incidente, de modo que as
decisões acerca do atendimento vão se basear na observação de aspectos como:

a) estado de consciência da vítima;


b) local do afogamento;
c) classificação do afogamento.

Caso a vítima esteja consciente ainda dentro da água, será resgatada e conduzida
para a área seca para que sejam iniciados os procedimentos de primeiros socorros.
Entretanto, caso a vítima esteja inconsciente, são exigidos cuidados complementares.
Faz-se necessário verificar a profundidade da água, a fim de avaliar possíveis traumas
na cabeça e na coluna; checar a respiração e, caso esteja ausente, iniciar ciclos de
até 10 ventilações; verificar ainda outros motivos para a perda da consciência, dentre
eles: ataque cardíaco, mal súbito ou outro mal. Na área seca, o socorrista poderá
inferir de forma adequada o grau de afogamento e fornecer o SBV (suporte básico de
vida).

Após o resgate, avaliação inicial e primeiro atendimento, o socorrista adotará 4


possíveis procedimentos, conforme previsto no protocolo de atendimento pré-
hospitalar, dentre eles estão:

a) liberar a vítima sem maiores recomendações: indicado para afogamentos


de Grau Resgate. Nesses casos, os afogados não apresentam maiores
complicações, a respiração e a circulação voltam ao normal após o período de
13 CONDUÇÃO PARA ATENDIMENTO HOSPITALAR 75

observação, e os pacientes não apresentam outras variações significativas em


seus dados vitais;
b) liberar a vítima e recomendar acompanhamento médico a nível ambulatorial:
indicado para afogamentos de Grau Resgate e Grau 1. O afogado, após
resgate, apresenta pequenas queixas e pequenos traumas associados, dispõe
de meios próprios para se locomover ao hospital e pequenos traumas que o
impossibilitam de andar;
c) acionar o suporte básico/avançado de vida e encaminhar diretamente para o
hospital: qualquer paciente com trauma associado e vítimas de afogamento a
partir do Grau 1, com exceção àqueles que após 30 minutos de observação
não mais apresentem queixas ou alterações em seus sinais vitais, devendo,
entretanto, recomendar acompanhamento médico a nível ambulatorial. O
encaminhamento ao hospital dessas vítimas se deve ao fato de que os efeitos
adversos da presença de água nos pulmões podem se manifestar tardiamente.
Além disso, é necessário ainda encaminhar ao atendimento pacientes que
perderam a consciência, que tenham suspeita de comorbidades que ofereçam
complicações e que apresentem dificuldades de locomoção.
d) quando o paciente se encontra submerso a mais de 1 hora ou apresenta sinais
evidentes de óbito, tais como rigor mortis e livor mortis: o socorrista não inicia
nenhuma manobra de ressuscitação e solicita apoio adequado de órgão
competente para encaminhamento do corpo ao Instituto Médico Legal (IML).

Todo e qualquer atendimento hospitalar só será possível se o socorrista realizar os


primeiros procedimentos, sendo esses, portanto, o elo mais importante da cadeia de
socorro. Durante o atendimento intra-hospitalar é importante informar, entre outros
dados, a temperatura da água, o tempo de submersão e se a vítima apresentou
parada respiratória ou parada cardiorrespiratória.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 76

14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS RISCOS


ASSOCIADOS

Tendo em vista o dever constitucional atribuído ao Bombeiro Militar, considerando-se


riscos, peculiaridades e principalmente a possibilidade de se resgatar a vítima com
vida, não são raros os casos de conflito na tomada de decisão relativa ao salvamento
em águas poluídas ou impróprias para banho.

Decidir entre atuar ou cessar os esforços de busca e salvamento de uma vítima é


notoriamente difícil, pois não existe fator único que determine a interrupção ou
continuidade das ações. Por outro lado, tendo em vista os riscos envolvidos frente à
improvável projeção de êxito na execução da atividade, não é viável a exposição ao
perigo sem que haja evidência clara de possibilidade de vida da vítima. Em algumas
situações, por exemplo, lesões traumáticas maciças, rigor mortis, putrefação ou
submersão por tempo superior a 1 hora, fica clara a impossibilidade de se encontrar
uma pessoa com vida.

Diante disso, é necessário um estudo por parte do CBMMG para conceituar os riscos
da atividade, bem como uma gestão adequada das operações em ambientes dessa
natureza.

Considerando a necessária previsão de segurança para o efetivo empenhado nas


ocorrências, as ações operacionais que envolvem o planejamento para atuação e
salvamento de vítimas em águas poluídas e balneários impróprios para banho devem
levar em consideração diversos fatores.

Inicialmente, é primordial definir quais são aquelas águas impróprias para banho. As
águas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) terão suas
condições avaliadas nas categorias própria e imprópria. As águas consideradas
próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias: excelente, muito boa e
satisfatória, variando de acordo com critérios estabelecidos pela RESOLUÇÃO nº 274,
de 29 de novembro de 2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente. (BRASIL,
2000).
14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS RISCOS ASSOSSIADOS 77

As águas serão consideradas impróprias quando no trecho avaliado for verificada a


ocorrência de critérios também estabelecidos pelo CONAMA, dentre os quais, para o
CBMMG, vale destacar:

a) incidência elevada ou anormal na região de enfermidades transmissíveis por


via hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias;
b) presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos
sanitários, óleos, graxas e outras substâncias, capazes de oferecer riscos à
saúde ou tornar desagradável a recreação;
c) floração de algas ou outros organismos, até que se comprove que não
oferecem riscos à saúde humana;
d) outros fatores que desaprovem, temporária ou permanentemente, o contato
primário, por exemplo: derramamento de óleo e extravasamento de esgoto;
ocorrência de toxicidade e, no caso de águas doces, a presença de moluscos
transmissores potenciais de esquistossomose, dentre outras doenças de
veiculação hídrica.

14.1 Riscos

Todos os fatores anteriormente citados estão vinculados a riscos específicos que


darão as características necessárias ao balneário para que sejam definidos como
impróprios para banho, com segue:

14.1.1 Riscos biológicos

Caracterizados por patologias como amebíase, giardíase, criptosporidíase,


gastroenterite, febres tifóide e paratifóide, hepatites virais A e B, cólera, leptospirose,
esquistossomose. São doenças causadas especificamente por microrganismos vivos,
de veiculação hídrica, que podem ocorrer pela ingestão ou pelo contato direto com a
pele e mucosas das pessoas envolvidas.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 78

14.1.2 Riscos químicos (toxinas e metais pesados)

São considerados riscos químicos aqueles relacionados com a presença de toxinas


existentes em águas, a exemplo daquelas produzidas pelas algas cianofíceas ou
cianobactérias que proliferam em águas poluídas pelo esgoto humano. O contato
direto com a pele pode resultar em irritação ou erupções, inchaço dos lábios, irritação
dos olhos e ouvidos, dor de garganta, inflamações nos seios da face e asma. Ingerir
água com cianobactérias tóxicas pode provocar náuseas, vômitos, dores abdominais,
diarreias, complicações no fígado e fraqueza muscular.

Ainda se inserem no rol dos riscos, aqueles relacionados com o despejo de resíduos
químicos, agrotóxicos e metais pesados em rios e represas, nem sempre de fácil
identificação, por se desenvolverem de forma lenta, além de contaminarem peixes e
outros animais. Os metais pesados podem causar doenças relacionadas ao sistema
nervoso e sensorial. Contatos frequentes e ingestão de águas contendo metais
pesados podem fazer com que esses elementos se acumulem no organismo da
pessoa, aumentando a possibilidade de doenças.

Em algumas ocasiões, o despejo destas substâncias químicas no ambiente é de


tamanha proporção que ocasiona intoxicações agudas e danos graves à saúde.

14.1.3 Riscos físicos

Relacionados à presença de objetos que podem causar lesões abrasivas e


perfurocortantes como galhos, metais e rochas. Além disso, águas com temperaturas
muito baixas podem causar hipotermia em caso de exposição por período prolongado.
Como exemplo de locais que oferecem riscos aos militares empenhados em
operações, podemos citar: vertedouros de barragens; barragens de rejeitos/lagoas
tóxicas de refinarias, mineradoras e indústrias; atuação em corredeiras significativas,
realizada sem treinamento ou aparato específico; águas com concentrações de
materiais químicos ou biológicos capazes de causar óbito ou doença grave, sendo a
condição atestada por laudo de órgão competente; outras situações semelhantes, no
que se refere à presença de substâncias biológicas/químicas e ambiente de alta
letalidade.
14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS RISCOS ASSOSSIADOS 79

Sendo assim, para a adequada atuação em águas com as características


mencionadas, que oferecem riscos diversos aos envolvidos, tornam-se indispensáveis
a utilização de equipamentos específicos e a adoção de medidas complementares,
visando garantir a segurança das operações.

14.2 Materiais/equipamentos específicos para contato com águas poluídas

Dentre esses materiais, se encontram os utilizados em águas rasas e os utilizados em


águas profundas, conforme explicação a seguir.

14.2.1 Para águas rasas

Botas impermeáveis e roupão sanitário com total isolamento de membros inferiores.

Figura 44 - Roupão Sanitário

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 80

14.2.2 Para águas profundas poluídas que necessitem de mergulho autônomo

Roupa seca para mergulho com capacete de mergulho com fonia subaquática,
garantindo-se o completo isolamento do mergulhador em relação ao meio externo
poluído, inclusive de suas vias aéreas superiores, conforme detalhamento em
Instrução Técnica Operacional específica.

Figura 45 - Roupa seca para mergulho autônomo

Fonte: elaboração própria

14.3 Ações e condutas

Com base em pesquisas e dados acadêmico-científicos é improvável a


sobrevivência/ressuscitação de afogados com mais de 30 minutos de submersão em
águas com temperatura superior a 6ºC. Considerando os tempos de submersão como
também a temperatura média das águas em Minas Gerais, que é em torno de 23ºC,
ficam estabelecidas as seguintes ações e condutas operacionais de
resgate/recuperação de vítimas em águas poluídas:

a) condutas a serem adotadas em caso de processo de afogamento presenciado


pelo guarda-vidas ou testemunha ocular idônea, com tempo de submersão em
águas poluídas de até 30 minutos, na seguinte ordem:
14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS RISCOS ASSOSSIADOS 81

1) alcançar - essa técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo,


escada, ganchos ou outros artefatos disponíveis, desde a margem e sem
contato com a água poluída;
2) lançar - técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como
boia circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem e sem
contato com a água poluída;
3) caminhar - tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima
usando equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário), sem
contato direto com a água poluída, para em seguida executar o resgate;
4) remar - utilização de uma embarcação para efetuar o salvamento (caso a
correnteza permita) ou mesmo na realização de busca de superfície em uma
área maior, sem contato direto com a água poluída, para em seguida executar
o resgate;
5) nadar/mergulhar - caso haja possibilidade real de sobrevivência do afogado,
não tendo a roupa seca para mergulho, entrar na água somente se tiver a
localização exata ou visualização da vítima e, se o ambiente não oferece alto
risco, como: vertedouros de barragens e represas, barragens de rejeitos, e
lagoas tóxicas de refinarias, mineradoras, indústrias, entre outros. Com
disponibilidade de roupa seca, o guarda-vidas deverá utilizá-la conforme
procedimento descrito em Instrução Técnica Operacional específica.

As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência


estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de alguma das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar) com total enfoque na
segurança, deverá ser cumprida a ação subsequente.

b) condutas a serem adotadas em caso de afogamentos com mais de 30 minutos


de submersão em águas poluídas, na seguinte ordem:

1) alcançar - essa técnica se caracteriza por alcançar a vítima com um remo,


escada, ganchos ou outros dispositivos disponíveis, desde a margem e sem
contato com a água poluída;
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 82

2) lançar - técnica que compreende arremessar algum dispositivo flutuante, como


boia circular com corda, saco de arremesso ou lifebelt, desde a margem e sem
contato com a água poluída;
3) caminhar - tratando-se de locais rasos, consiste em caminhar até a vítima
usando equipamento apropriado (botas impermeáveis, roupão sanitário), sem
contato direto com a água poluída, para em seguida executar a recuperação
da vítima;
4) remar - utilização de uma embarcação para efetuar a recuperação (caso a
correnteza permita) ou mesmo a realização de busca de superfície em uma
área maior e sem contato direto com a água poluída, para tentar localizar o
corpo da vítima e em seguida fazer a recuperação;
5) nadar/mergulhar - somente com roupa de exposição adequada (roupa seca
de mergulho com total proteção ao contato com a água poluída), conforme
procedimento descrito em doutrina operacional específica.

As condutas descritas acima deverão ser executadas de acordo com a sequência


estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das ações
(alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), com total enfoque na
segurança, deverá ser cumprida a ação subsequente.

c) condutas a serem adotadas em caso de incidentes com veículos submersos


em águas poluídas, com a possibilidade de se encontrar vítimas vivas, devido
à formação de bolsão de ar no seu interior, na seguinte ordem:

1) localizar - consiste em localizar o veículo e possíveis vítimas, sem que se tenha


contato com a água;
2) nadar/mergulhar - com disponibilidade de roupa seca o guarda-vidas deverá
utilizá-la. Não tendo a roupa seca para mergulho ou roupão sanitário/bota
impermeável (para locais rasos), entrar na água somente se tiver a localização
exata ou visualização do veículo, e ainda, que haja possibilidade de vítima no
interior, e o ambiente não ofereça alto risco como vertedouros de barragens e
represas, barragens de rejeitos e lagoas tóxicas de refinarias, mineradoras,
indústrias ou outro local de alta letalidade.
14 ATUAÇÃO DO GUARDA-VIDAS EM ÁGUAS POLUÍDAS E OUTROS RISCOS ASSOSSIADOS 83

Em caso de não saber a localização exata ou na ausência de visualização do veículo,


entrar na água somente com roupa seca para mergulho (conforme procedimento
descrito em doutrina operacional específica) ou roupão sanitário/bota impermeável
(para locais rasos).

As condutas descritas anteriormente deverão ser executadas de acordo com a


sequência estipulada. Caso não seja possível ou viável a execução de algumas das
ações (alcançar, lançar, caminhar, remar e nadar/mergulhar), com total enfoque na
segurança, deverá ser cumprida a ação subsequente.

d) condutas a serem adotadas em caso de afogamento com mais de 1 hora de


submersão em águas poluídas.

Esses casos serão considerados recuperação de cadáver. As buscas deverão ocorrer


somente com equipamentos apropriados (roupa seca) com total isolamento da água
poluída, conforme procedimento descrito em doutrina operacional específica. Não
havendo equipamento de proteção apropriado para atuação em águas poluídas,
realizar somente buscas de superfície com embarcação ou outros materiais.

Em todos os casos em que as vítimas sejam resgatadas em até 1h, independente de


método utilizado para retirá-la, deve-se iniciar as manobras de RCP, conforme ITO 23
- Protocolo de APH.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 84

15 OPERAÇÕES COM EMBARCAÇÕES

As ações que se desenvolvem durante uma operação de Salvamento Aquático podem


variar em nível de exigência física, logística e nível de complexidade, principalmente,
de acordo com a extensão da área a ser coberta. Dessa forma, para que seja dada a
resposta mais eficiente e adequada à situação, uma simples ocorrência de
afogamento pode exigir um esforço potencializado quanto ao emprego de técnicas e
equipamentos adequados.

O emprego e uso de embarcações nas águas brasileiras é regulado pela Norma


Reguladora Nº 30. O emprego de embarcações nas atividades desenvolvidas pelos
trabalhadores aquaviários, aqui incluídos os socorristas em operações de prevenção
e salvamento aquático, deve se dar mediante criterioso planejamento, disponibilidade
logística e condições de segurança, atendendo aos pressupostos das legislações
vigentes.

Conforme previsto na norma regulamentadora, cabe ao comandante da embarcação


conhecer as normas vigentes relativas ao emprego da embarcação, dar ciência
dessas regulamentações aos demais envolvidos, e fazer com que as normas sejam
cumpridas (BRASIL, 1994).

Desse modo, para o bom andamento da operação, cabe ao militar mais antigo e
devidamente credenciado para a condução da embarcação, coordenar o seu correto
emprego e garantir a segurança dos demais membros da guarnição e da vítima.

Vale destacar, que as atividades de salvamento aquático, por sua especificidade, se


diferenciam das atividades de mergulho autônomo. Contudo, considerando o
desenvolvimento das ocorrências dessa natureza, é importante elencar a NORMAM
15, editada pela autoridade Marítima Brasileira, que visa à fiscalização de atividades
de mergulho e o respectivo emprego de embarcações. Nesse contexto, destaca-se
que a norma também deve ser observada no planejamento de operações de
salvamento aquático com o uso de embarcações.
15 OPERAÇÕES COM EMBARCAÇÕES 85

Evidencia-se, portanto, que a Autoridade Marítima Brasileira fiscalizará os serviços de


mergulho que exijam o emprego de embarcações, e que tal fato pode configurar uma
variável no atendimento de uma ocorrência de salvamento aquático.

Sendo assim, em atenção às normatizações vigentes, é possível definir ações


adequadas para o devido emprego de embarcações e equipamentos de diversos tipos
nas atividades de salvamento aquático. Nesse cenário, vale lembrar ainda que, para
todos os casos e tipos de embarcação, os Equipamentos de Proteção Individual,
juntamente com capacete e colete, serão obrigatórios.

Inicialmente, as embarcações apropriadas para a referida atividade são:

Figura 46 - Moto Aquática

Fonte: elaboração própria

Figura 47 - Bote inflável

Fonte: elaboração própria


MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 86

Figura 48 - Barco

Fonte: elaboração própria

15.1 Ações de salvamento

A Moto aquática permite a aproximação da vítima de maneira mais ágil e controlada,


devendo ser tripulada por dois guarda-vidas simultaneamente e acompanhada do uso
da prancha de resgate aquático (SLED).

O piloto faz a aproximação da vítima, mantendo-a perpendicular à lateral da moto


aquática, a uma distância de segurança de aproximadamente 3 metros. Em seguida,
o socorrista auxiliar desembarca e faz a abordagem, consoante aos procedimentos
citados anteriormente, e conforme as condições da vítima.

A vítima, desde que afastada a possibilidade de existência de trauma, deverá ser


rebocada mantendo-se as vias aéreas pérvias, ser colocada no SLED em decúbito
ventral, paralela à superfície da água. Posteriormente, o socorrista colocará os braços
por cima da vítima, segurando firmemente as alças do SLED. O guarda-vidas deverá
se posicionar por cima da vítima, mantendo-a segura e estabilizada durante o
deslocamento.
15 OPERAÇÕES COM EMBARCAÇÕES 87

Figura 49 - Salvamento com uso de Moto Aquática

Fonte: elaboração própria

Botes infláveis e embarcações metálicas com motor de popa, devido a sua


constituição física e ao mecanismo de propulsão, exigem maiores cuidados quando
da proximidade com as vítimas.

Mantendo-se o sentido do deslocamento, já com o motor de popa desligado e a uma


distância de segurança de 1,5x maior do que o comprimento da embarcação, o piloto
fará a aproximação da vítima com a utilização de remos, perpendicular à lateral da
embarcação. Em seguida, o guarda-vidas no interior do bote e apoiando-se sobre a
lateral, abordará a vítima, estendendo e passando-lhe os braços por baixo das axilas
para segurá-la pelo tórax. Já sob domínio do primeiro socorrista, a vítima terá suas
pernas seguradas e alçadas para dentro da embarcação pelo segundo socorrista, que
manterá a outra mão no manete do motor de popa.

Já no interior da embarcação, a vítima terá seus sinais vitais e nível de consciência


aferidos para recebimento do atendimento adequado.

Em águas correntes, deverão ser priorizadas as embarcações a motor, em detrimento


ao uso de remo, garantindo-se maior segurança à operação.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 88

16 OPERAÇÕES COM AERONAVE

Em locais de difícil acesso e que conferem maior risco e complexidade para o


salvamento por via aquática, e verificada a necessidade e oportunidade conforme
protocolo aeromédico, as aeronaves poderão ser utilizadas em ações de salvamento.
O emprego de aeronaves de asas rotativas em atividades de salvamento aquático se
dará principalmente em locais de difícil acesso, devido à versatilidade e celeridade no
acesso e transporte da vítima (MINAS GERAIS, 2019).

Assim, o empenho da aeronave poderá ocorrer para atendimento de vítimas de


qualquer grau de afogamento, do local da ocorrência ao local do atendimento pré-
hospitalar, conforme descrito na Instrução Técnica Operacional que trata do emprego
de aeronaves nas operações de bombeiro (MINAS GERAIS, 2019).

O salvamento pode ocorrer, preferencialmente, através do emprego de equipamento


adequado ou, em segunda opção, por meio do Helocasting (lançamento de militar na
água). Utilizando-se do Helocasting, há a necessidade do mergulhador ou tripulante
operacional possuírem conhecimentos específicos à realização do salvamento, com
a devida previsão de apoio por via aquática ao mergulhador empregado.

16.1 Lançamento de guarda-vidas (desova aquática)

Antes de realizar o salto da aeronave, os riscos envolvidos deverão ser considerados


e reduzidos.

Inicialmente, os tripulantes deverão se certificar de que o local destinado ao salto, bem


como à submersão do socorrista, oferece segurança para tal, considerando-se a
profundidade e a natureza de fundo. Certificada a segurança para o salto, o socorrista
fará a conferência do seu equipamento individual necessário para o salvamento, que
devem ser lançados ao balneário antes da entrada do guarda-vidas, propriamente
dita. Isso se deve ao fato de que os equipamentos acoplados ao corpo do guarda-
vidas podem se soltar durante o salto, ocasionando riscos à aeronave e aos
tripulantes. Verificados os critérios de segurança, o socorrista realiza o “passo do
gigante” projetando-se PARA FRENTE (NUNCA PARA CIMA), protegendo a face
16 OPERAÇÕES COM AERONAVES 89

com o antebraço direito, e a região pélvica com a mão esquerda, mantendo essa
posição até a entrada na água.

Figura 50 - Desova Aquática

Fonte: elaboração própria

Ao emergir, o guarda-vidas sinalizará as condições de segurança para o tripulante


operacional e, posteriormente, procederá com a equipagem, quando necessário
aproximação e abordagem da vítima. Na impossibilidade de remoção por via aérea, o
socorrista aguardará o suporte por via aquática, que deverá ser previamente
estabelecido.

16.2 Emprego de cesto tipo Puçá

O helicóptero deverá se aproximar do local onde a vítima se encontra e fazer o


lançamento do mergulhador na água. O guarda-vidas realizará a aproximação e
abordagem da vítima, garantindo no primeiro atendimento a sua estabilização. Em
seguida, o tripulante operacional lança o Puçá, que será submergido pelo socorrista,
para que a vítima seja colocada dentro do equipamento.

Após sinalização de segurança do socorrista na água, o tripulante operacional faz


contato com o piloto, que procederá com a evacuação até a área segura.
MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO 90

17 EMPREGO DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS (RPA)

Considerando ainda a dificuldade de acesso a locais específicos e a necessidade de


realização de planejamento, definição de rotas de acessos, entre outras variáveis,
Aeronaves Remotamente Pilotadas Classe - 3 poderão ser empregadas em
operações de busca e salvamento aquático, conforme previsão na Instrução Técnica
Operacional nº 27 (MINAS GERAIS, 2019).

Sendo assim, os militares capacitados para operação, e devidamente empenhados


em ocorrências dessa natureza, poderão utilizar o equipamento no intuito de localizar
vítimas em balneários de maior extensão e sem cobertura vegetal; poderão realizar
plotagem de coordenadas para auxílio na operação aérea tripulada; e ainda, realizar
monitoramento constante em balneários extensos, onde a oferta de guarda-vidas seja
superada pela grande demanda de áreas a serem observadas.

Todavia, vale reforçar ainda que, devido a condições meteorológicas desfavoráveis,


insuficiência logística e condições adversas do ambiente, o emprego de RPA pode ser
vedado.

Quartel em Belo Horizonte, 28 de dezembro de 2022

(a) Edgard Estevo da Silva, Coronel BM


Comandante-Geral
REFERÊNCIAS 91

REFERÊNCIAS

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critérios de balneabilidade em águas brasileiras. Publicada no DOU nº 18, de 25
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