Você está na página 1de 45

Gestão e Conservação da Agua.

UCM Cuamba

Hidrologia para Irrigação


Hidrologia para Irrigação
- Ciclo Hidrológico e seus elementos
- Clima Moçambicano e sua relação a irrigação
- Balanço Hidrológico
- Definições dos elementos do ciclo hidrológico
- Estimativa de caudal e precipitação confiável
Ciclo Hidrológico e os seus elementos

P = precipitação I = Infiltração
E = evaporação S = armazenamento de
E.T. = evapotranspiração água
R = Escoamento superficial
G = Escoamento subterrâneo
Clima Moçambicano
e sua relação a irrigação
Características do Clima Moçambicano
Flutuação de temperaturas Anuais
– Tempo seco/Tempo Chuvoso
– Distribuição de Chuva
– Variabilidade de Chuva no tempo Chuvoso
– Variabilidade de Caudal nos rios
Distribuição de Chuva
em Moçambique
– Locais secos/Locais
Chuvosos

– Efeito das Zonas


altas/montanhosas
Variabilidade de Chuva no tempo Chuvoso
(duas épocas bem distinguidos)
Min p-80% Max Average
Jan 30 104 925 245
– Consequência para a irrigação Feb 46 94 669 225
• Períodos de seca durante Mar 49 77 570 207
o tempo chuvoso, Apr 21 45 303 116
• Intensidade de Chuva May 0 26 143 59
Jun 0 25 144 54
Jul 0 16 185 63
Aug 0 12 247 36
Sep 0 0 55 15
– Consequências para os Rios
Oct 0 0 95 23
• Caudal durante tempo chuvoso Nov 0 17 223 73
• Caudal duranta tempo seco Dez 0 111 526 222
Year 872 1044 1886 1323
Precipitação para Irrigação: confiável e
efectiva
No dimensionamento dum sistema de rega
temos que tomar em conta a contribuição da
precipitação para cobrir as necessidades de
água da cultura. Dois conceitos são
fundamentais:
Precipitação confiável baseado em critérios de risco
ou probabilidade de ocorrência.
Precipitação efectiva que é a parte da precipitação
que a cultura usa para sua evapotranspiração.
Variabilidade de Caudal nos rios
– Tempo Chuvoso
• Alta variabilidade
• Cheias!

– Tempo seco
• Agua vem de onde?
• Baixa variabilidade
• Curva de retenção

– Quando medir caudais?


Balanço Hídrico
Definições dos elementos do ciclo:
precipitação
Os aspectos mais importante da precipitação são:
Duração: mais longe significa mais escoamento superficial
Intensidade: Mais alta significa mais escoamento superficial
Frequência: determina períodos de seca (potencial para
irrigação suplementar).
A precipitação é o mais variável dos elementos
climatéricos:
Variabilidade entre os anos (anos secos e anos com cheias)
Variabilidade dentro do ano (irregularidade dentro da
época de chuvosa)
Variabilidade no espaço (influência de altitude e do mar)
Definições dos elementos do ciclo: intercepção

Intercepção = a parte da precipitação que é


interceptada pelas copas das árvores e pela
manta vegetal e retorna à atmosfera por
evaporação
= parte da precipitação que é assim impedida
de atingir o solo.

Intercepção é grande nas florestas


Definições: evaporação e transpiração

Evaporação = processo de passagem de água do


estado líquido ao estado gasoso (E)
Transpiração = a evaporação da água absorvida
pelas plantas e por elas eliminada nos diferentes
processos biológicos (T).
Evapotranspiração = o conjunto de evaporação e
transpiração (ET = E + T)
4 factores climáticos que determinam demanda
evaporativa da atmosfera:
Radiação solar, humidade, vento, temperatura
4 factores para demanda
evaporativa
Definições: Evapotranspiração
As necessidades de água ou evapotranspiração
duma cultura é normalmente expressado em
mm/dia, mm/ mês, ou mm/ciclo de crescimento
• ET = evapotranspiração: efeito combinado de transpiração da
planta e evaporação do solo adjacente
• ETo = evapotranspiração de referência: ET de uma relva
uniforme com uma altura de 8-15 cm em condições óptimas de crescimento
• ETm = evapotranspiração máxima: ET duma cultura num
certo fase de desenvolvimento com condições óptimas de crescimento nas
condições climatéricas predominantes
• ETa = evapotranspiração actual: ET nas condições actuais de
crescimento (ETa<ET)
Definições: Infiltração, percolação e
drenagem
Infiltração = o movimento da água para dentro do solo,
marcado pela acção da gravidade e pelo potencial capilar
3 processos interdependentes:
A entrada do solo
O armazenamento no solo
O movimento através do solo (percolação e drenagem)
Rios: Bacias e lenções freáticos

Bacia hidrográfica = Unidade natural de gestão e analise de


água
Área da bacia (km2) = uma parte da precipitação que caiu nesta
área e que vai abastecer o rio (outra parte saiu por meio de
evapotranspiração)
Rios: Bacias e lenções freáticos

Linha da separação de água defina a área da bacia (topográfico)


Mas as vezes a linha da separação de água não coincide com a linha de separação
freática
Escoamento Subterrâneo: aquíferos
Hidrogeologia
Aquífero = uma formação geológica que
permita a circulação e o armazenamento de
água nos seus espaços vazios.
Aquíferos mais importantes:
Constituídos por depósitos aluvionares em vales
ou planícies
Escoamento subterrâneo: intrusão agua
salgada

Água doce tem menos peso do que água salgada:


=> água doce fica em cima
Escoamento subterrâneo: conflitos

.
Escoamento superficial
Escoamento superfícial é mais importante para
irrigação:
==> o caudal confiavel no tempo de necessidade de
rega mais alta determina o dimensionamento dum
sistema de regadio
Diferentes tipos de escoamento:
Escoamento de base (base de irrigação na epoca seca)
Escoamento intermedio
Escoamento directo (causa das cheias)
Uma hidrograma mostra estes tipos de
escoamento
Hidrograma
Escoamento de superfície do Rio
O escoamento depende dos diferentes
factores:
Intensidade de precipitação (I)
Capacidade de infiltração do solo (f)
Teor de humidade do solo (e)
Capacidade de retenção específica do
solo.
Forma da bacia, vegetação e uso da terra
Água no solo e na cultura (1)
• O solo funciona como um reservatório de água para a cultura.
• Este reservatório é preenchido por meio de irrigação e chuva
e esvaziado pela planta (transpiração) e pela evaporação a
partir da superfície do solo
• Cada tipo de solo tem a sua própria capacidade de
armazenamento determinada pela sua textura.
• A textura do solo é definida pelas proporções de argila
(partículas menores que 0,002 mm), limo (partículas entre
0,002 e 0,05 mm) e areia (partículas entre 0,05 e 2 mm) que
ele contém
• Em solos arenosos a capacidade de armazenamento é
relativamente pequeno se comparado ao de solos argilosos.
Água no solo e na cultura (2)

Três estados do solo:


• Saturação - o solo está completamente cheio de água, sem ar deixado nos
poros. Isso pode ocorrer depois de fortes chuvas ou irrigação.
• Capacidade de campo (CC) - O conteúdo depois de cerca de 1-2 dias depois
que o solo estava saturado, quando o excesso de água foi drenado do solo
devido às forças da gravidade. Bastante água e ar estão disponíveis para a
planta
• Ponto de murcha permanente (PMP) - o reservatório do solo está vazia e
não há água restante que a cultura pode usar.
Conversões básicos e magnitudes de
parâmetros
Necessidade de rega dum campo regado em
Moçambique:
Evapotranspiração entre 3 – 8 mm/dia -> 5 mm/dia =
50 m3/ha/dia
Perdas durante aplicação de água (infiltração
profunda e escoamento superficial) = ca. 70% da ET
==> necessidade de água para rega = 8,5 mm/dia = 85
m3/ha/dia = 1 litro/segundo/ha
Fontes de água para rega
Os mais importantes:
Grandes rios com caudal permanentes
Pequenos rios permanentes
Rios efémeros (sem caudal no rio numa parte
do ano, mas com poços ou bolsas de água)
Lagoas naturais e artificiais
Água subterrânea
Caracteristicas de fontes de água
CINCO CARACTERISTICAS:

Caudal: grandeza,
variabilidade
Disponibilidade de água
Qualidade: salinidade,
sedimentos
Ocorrência de cheias
Investimento para
aproveitamento da fonte de
água
Características grandes Rios com caudal
permanente
Normalmente rios de montanha ou rios alimentados por
infiltração de massivos de areia cheio de agua subterrânea (R.
Bobole, Lumane)

Caudal (grandeza, variabilidade): relativamente baixa


Disponibilidade de água: relativamente estável
Qualidade (salinidade, sedimentos): Rios de montanhas:
grande quantidade de sedimentos e ate pedras nas
enxurradas
Ocorrência de cheias: menores
Investimento p/ aproveitamento da fonte de agua: bons
lugares para açudes (nas áreas montanhosas)
Características Rios efémeros
Exemplos: maioria dos riachos mas também rios bastante
grandes (R. Licuari, R. Muda etc)

Caudal (grandeza, variabilidade): sem caudal no rio numa


parte do ano, grande variabilidade
Disponibilidade de agua: muito variavel, agricultura irrigada
precisa de ajustar o calendário agricola a este variabilidade
Qualidade (salinidade, sedimentos): Muitos sedimentos no
tempo chuvoso (erosão!)
Ocorrência de cheias: sim
Investimento p/ aproveitamento da Fonte de agua:
barragens p.e. em rio Muda
Rio Licuari: Novembro 2006
Rio Licuari: cheia Janeiro 2007
Características de lagoas
Lagoas naturais (antigos braços de rios) e artificiais (p.e
Mandruzi)

Caudal (grandeza, variabilidade): caudal entra


normalmente no tempo de chuvas e cheias
Disponibilidade de agua: limitada, para calcular o
potencial para rega tem que ser feito um balanço de água
Qualidade (salinidade, sedimentos): bom
Ocorrência de cheias: depende da fonte de alimentação
Investimento p/ aproveitamento da fonte de agua: só por
bombagem se pode tirar a água
Características de Água subterrânea
Caudal (grandeza, variabilidade): pequena
Disponibilidade de agua: em geral pouca por
isso utilizado como fontes de água potável. Mas
há excepções como camadas de grande
espessura de areia que alimentam rios e baixas
(machongos)
Qualidade (salinidade, sedimentos): nas
planícies em geral salgada. Pequenos
aproveitamentos por meio de furos/poços etc.
Investimento p/ aproveitamento da Fonte de
agua: Para abastecimento de água potável por
meio de bombagem
Analise de variabilidade
Há 3 Indicadores estatísticas relevantes na hidrologia e climatologia:

Valor media: refira a condições medias no tempo ou espaço


Calculado como: m = ∑xi/n
xi = observações individuais (i =1, ….., n) num certo espaço de tempo, p.e
escoamentos anuais sobre 20 anos, alturas hidrométricas medias mensais de
mes de Janeiro durante 25 anos, etc.
n = numero de observações

Desvio Padrão: medida de variação dentro duma serie de observações


Calculado como: s = √[∑(xi –m)2/(n-1)]

Coeficiente de variação: expressa o desvio padrão como uma fracção ou


percentagem do valor media
Calculado como: CV= (s/m)*100
Caudal ou Escoamento confiável

Caudal confiavel (Q80% ou Q75%):


Q80% é aquele caudal que tem uma probabilidade de 80 % de ser atingida ou
excedida. Quer dizer o caudal minimo que pode ser esperado 4 anos em 5
anos. So um ano em 5 se pode esperar que o caudal é menor que Q80%

Risco em projectos de rega:


Normalmente se aceita um risco de 20% (1 em 5 anos) ou 25% (1 em 4 anos)
que a disponibilidade de água (caudal disponivel) é menor que o caudal
confiavel

Caudal confiavel = o caudal minimo que pode ser


esperado ou ultrapassado com uma certa
probabilidade
Método pratico para estimar caudal
confiável
Põe os dados originais de caudal numa ordem
descendente. Quer dizer, o valor maior do caudal se
atribui o nr.1, que é depois o maior fica com nr.2,
etc., até o valor mais baixo vai ficar com nr. mais
grande (n).
Agora, ha uma regra/formula simples:
P (Q≥Qi) ≈ i/(n+1)
A probabilidade que um caudal Qi seria o caudal
minimo que se pode esperar (quer dizer caudal
actual ≥ Qi) é estimado por i/(n+1)
Exemplo simples de estimar caudal confiável
Station number 110.00
Station name Gilé Luluti Lat. -15.86
River name Nam írroè Long. 38.38
Basin area 2,010.00 km 2
Number of complete years 17.00
caudal
m e dio P (Q≥Qi) =
anos i
annual i/(n+1)
(m 3/s ) Qi
1964/65 0.32 1 9.33 0.06
1965/66 2.48 2 7.42 0.11
1966/67 2.28 3 7.33 0.17
1967/68 4.62 4 4.62 0.22
1968/69 7.42 5 2.94 0.28
1969/70 9.33 6 2.85 0.33
1970/71 0.37 7 2.82 0.39
1971/72 1.76 8 2.69 0.44
1972/73 2.85 9 2.48 0.50
1973/74 7.33 10 2.28 0.56
1974/75 0.85 11 1.76 0.61
1975/76 2.69 12 1.74 0.67
1976/77 2.82 13 1.25 0.72
1977/78 2.94 14 0.89 0.78 ≈ Q75%
1978/79 0.89 15 0.85 0.83 ≈ Q80%
1979/80 1.25 16 0.37 0.89
1980/81 1.74 17 0.32 0.94
Precipitação Confiavel
Precipitação Confiavel = a precipitação minima
que pode ser esperado ou ultrapassado com
uma certa probabilidade
P80% ou P75% representem um risco de 20% e
25% que a precipitação é menor que a
precipitação confiavel
Há varios metodos para estimar a precipitação
confiavel:
FAO metodo (CROPWAT)
Recursos de Agua,
Armazenamento e reservatórios
Sobre a quantidade de água que uma fonte pode
fornecer se encontra muitas ideias erradas e
investimentos feitos que tem pouco sentido
Ha varias ideias e conceitos erradas:
“ aquela água nunca seca”. Uma dica que todos nos
conhecemos
Ligado a isto: Uma sobrestimação da disponibilidade de
fonte de água
Uma falta de clareza sobre os objectivos de
armazenamento de água
Mesmo se tem armazenada água numa albufeira, muitas
vezes não há ideia como se pode aproveitar
Conceitos fundamentais
Água armazenada: Água em stock, está morta,
é volume, não se pode renovar, uma vez
consumido já não existe mais

Água que corre: “água viva”, é caudal, se


renova, nunca acaba
Balanço de água
Conceito fundamental por qualquer situação
de rega ou de aproveitamento de água.

Por qualquer periodo é valida a seguinte


equação:

Água que entre =


Água que sai + mudança no armazenamento
Exemplo: Balança de água dum reservatório

2 l/s

Stock: 7.2 m3

1 l/s
stock: 3.6 m3

Inicialmente no reservatorio: 3.6 m3

Depois uma hora:


Entrou: 2*3,600 = 7,200 l = 7.2 m3
Saiu: 1*3,600 = 3,600 l = 3.6 m3
Mudanca em stock= Entrada-Saida = 7.2- 3.6 = 3.6 m3
agora no reservatorio: 3.6 + 3.6 = 7.2 m3
Tipos de armazenamento
Armazenamento natural
No solo + em cîma de terra (arrozais)
Água subterrâneo
Lagoas e baixas naturais
Poços e bolsas nos rios e riachos

• Armazenamento artificial
– albufeiras de barragens
– “represas”
Objectivos e usos de reservatórios
Uso de água:
electricidade,
água para consumo humano,
para gado,
para irrigação,
ou tudo um conjunto? Interesses contraditórios.
Atenuar cheias: são reservatórios muito grandes
Armazenar água para uso posterior

Você também pode gostar