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Sebenta de Hidrologia

Definição de Hidrologia: A Hidrologia define-se como a ciência da água, que abrange


o estudo da quantidade de água, distribuição e características da mesma nas terras emersas,
assim como, da sua relação com o ambiente e os seres vivos.

Ciclo Hidrológico

O ciclo hidrológico, também conhecido como ciclo da água, é o processo contínuo de


circulação da água na Terra, onde esta (água) pode aparecer nos mais variados estados: sólido,
liquido e gasoso. No começo este envolve a evaporação da água dos oceanos, lagos, rios e solo
para a atmosfera, a formação de nuvens, a precipitação (como chuva, neve ou granizo), a
infiltração da água no solo, a percolação da água para os lençóis freáticos, o escoamento
superficial dos rios de volta para os oceanos e o retorno da água para a atmosfera através da
transpiração das plantas e da evaporação do solo.

O ciclo hidrológico pode ser dividido em diferentes etapas: Evaporação: a energia solar
aquece a superfície da água nos oceanos, lagos, rios e solo, fazendo com que a água se
transforme em vapor e se eleve para a atmosfera; Condensação: o vapor de água na atmosfera se
resfria e se condensa para formar gotículas de água, que se agrupam para formar nuvens;
Precipitação: as gotículas de água nas nuvens se unem e aumentam de tamanho até que caiam
para a superfície da Terra como chuva, neve, granizo ou orvalho; Escoamento: a água
precipitada pode se mover pela superfície da Terra, formando riachos, córregos e rios que fluem
de áreas mais elevadas para áreas mais baixas, eventualmente chegando aos oceanos;
Infiltração: parte da água precipitada se infiltra no solo, penetrando nas camadas porosas e
alimentando os lençóis freáticos. A água subterrânea armazenada nos aquíferos é uma
importante fonte de água para poços e nascentes; Transpiração: as plantas absorvem a água do
solo por meio de suas raízes e liberam-na em forma de vapor através de seus poros foliares, num
processo chamado de transpiração; Evapotranspiração: é a soma da evaporação da superfície da
água e da transpiração das plantas. É uma forma combinada de devolução da água para a
atmosfera.

1 Hugo Miguel Guerreiro Abreu e Ana Márcia Correia


O ciclo hidrológico é um processo natural e fundamental para a manutenção do
equilíbrio dos ecossistemas terrestres. Ele regula a distribuição de água doce na Terra, influencia
o clima e desempenha um papel importante no fornecimento de água potável, na agricultura e
em vários setores económicos (grande importância da água nos mais variados fatores
quotidianos do ser humano). É importante ressaltar que o ciclo hidrológico pode ser afetado por
fatores como mudanças climáticas, desmatamento, poluição e uso inadequado dos recursos
hídricos, o que pode ter impactos significativos nos ecossistemas e nas comunidades humanas.
Portanto, a gestão sustentável dos recursos hídricos é essencial para garantir a disponibilidade
de água doce a longo prazo.

Bacias e Redes Hidrográficas

Uma Rede Hidrográfica é o conjunto de todos os canais, cursos de água conectados a


um rio principal. É constituída por um rio principal e todos os cursos de água tributários -
afluentes e subafluentes.

Uma Bacia Hidrográfica define-se pela área da superfície terrestre drenada por uma
rede hidrográfica (rio e seus tributários) e aparece (em conjunto com os rios) como os elementos
mais importantes do Ciclo Hidrológico.

As Características Físicas de uma Bacia Hidrográfica passam pelos seguintes fatores:

Geometria: dimensão e forma da bacia

Onde a forma da bacia vai influenciar diretamente o escoamento superficial –


escoamento da água à superfície - Bacias de pequena dimensão levarão a distancias mais curtas
entre os canais tributários e principal levando a que haja uma maior suscetibilidade para a
ocorrência de cheias e as Bacias de Grande Dimensão terão por uma questão de lógica mais
distancia entre o canal principal e os tributários levando a que o pico de cheia demore mais
tempo a instalar-se, mas em caso de cheia demorará também mais tempo a ser escoada.

Sistemas de Drenagem

Que são influenciados pelos tipos de substrato rochoso, a sua configuração, a topografia
da bacia e a evolução geomorfológica da região, existem vários tipos de bacias de drenagem
( Bacia Exorreica - Quando o escoamento se processa de modo contínuo até ao mar ou oceano

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(Litoral); Bacia Endorreica - Bacias interiores em que o escoamento dos cursos de água, por
motivos geográficos, não chegam ao mar; Bacia Criptorreíca -Bacias cuja drenagem se perde
em sumidouros e grutas e que alimenta águas subterrâneas e Bacia Arréica - Área onde a
drenagem superficial é quase inexistente (evaporação ou infiltração) havendo apenas fluxos
temporários e padrões de drenagem aleatórios sem uma direção específica. Dentro deste temos o
tipo de cursos de água, existindo 3 tipos: Perenes – cursos que contêm água todo o ano onde O
lençol freático mantém uma alimentação contínua, Intermitentes – cursos que escoam
água durante as estações húmidas, mas secam na estiagem e Efémeros – cursos com fluxos
de água apenas durante ou imediatamente após um período de precipitação. As Redes de
Drenagem são compostas também por uma forma de hierarquização envolvendo todo o tipo de
cursos de água, 1ª ordem – as linhas de água iniciais que não tenham afluentes, 2ª ordem –
quando duas linhas de 1ª ordem se encontram é formada uma de 2ª ordem e 3ª ordem – quando
duas linhas de 2ª ordem se encontram é formada uma de 3ª ordem e assim sucessivamente.

Continuando a questão dos Sistemas de Drenagem estes também apresentam padrões


(que são influenciados por todos os fenómenos que influenciam a Bacia Hidrográfica), sendo
estes os padrões: Dendrítico (Ramificação em Árvore), Retangular (Ramificação pelas falhas
estruturais do terreno rochoso), Treliça (Ramificado em terrenos de Vales levando a que se
forme segundo as dobras sinclinais e antisinclinais) Radial (Desenvolve-se num cume isolado
idêntico a um vulcão), Centrípeto ( A drenagem centripeta é um padrão de escoamento de água
que ocorre quando os rios fluem em direção ao centro de uma área deprimida ou bacia
fechada), Paralela (os cursos de água escoam paralelamente uns aos outros), Anelar (os cursos
de água escoam paralelamente uns aos outros) e Desordenado ( Não detém qualquer ordem
especifica).

A Densidade destes mesmo padrões também difere de uns para outros com tipologias
que passam por finas, médias e grosseiras e que dependem do maior ou menor escoamento dos
canais. Uma rede fluvial com densidade de drenagem fina (espaço relativamente pequeno entre
os canais do rio) drenará muito rapidamente durante eventos de precipitação porque há muitas
maneiras diferentes de a água chegar ao canal do rio.

O Relevo e Topografia

O relevo influencia diretamente o escoamento superficial das bacias, com atuação


regional, local e à escala da vertente.

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A velocidade e direção do escoamento superficial são determinadas pelas formas de relevo e
pela declividade do terreno influenciando o maior ou menor armazenamento de água à
superfície. A temperatura, precipitação e evaporação assumem valores variáveis em função da
altitude da bacia. A Hipsometria também é um fator muito importante para a caracterização das
bacias hidrográficas fornecendo-nos informações valiosas sobre a topografia da bacia
hidrográfica e a forma como esta afeta o fluxo de água da região.

A Declividade define-se como a inclinação media das vertentes da bacia e vai afetar a
rapidez com que o escoamento é realizado, onde quando maior forem as curvas de nível maior
será o declive e consequentemente a rapidez entrando aqui também a forma das vertentes dos
rios: Vertentes côncavas favorecem a convergência dos fluxos de água (fluxo difuso). A
infiltração é favorecida na média vertente. Vertentes convexas: favorecem a dispersão das águas,
os fluxos superficiais tendem a superar a infiltração na média vertente e Vertentes retilíneas:
favorece um fluxo laminar (a água escoa por igual ao longo da vertente).

Um rio apresenta dois perfis, o Perfil Longitudinal que se traduz na relação existente
entre a variação altimétrica e o comprimento do mesmo da nascente à foz, dividindo-se em 3
setores: curso superior (próximo da nascente), curso médio (no setor intermédio) e no curso
inferior (próximo da foz) e o Perfil Tranversal que resulta da intervenção de um plano vertical
par com o vale, encaixando cada vale nos diferentes setores. No setor superior detemos os vales
em v fechado, no curso medio os vales em v aberto e o vale de caldeira aluvial no curso inferior.
Após o curso inferior detemos o nível de base, que pode ser: geral (nível do mar) e local
(lagoas, albufeiras…)

Também a rugosidade do fundo do leito vai afetar a velocidade e o escoamento dos


cursos de água, pois este, representa a força de atrito do leito de um rio. Quanto maior for a
quantidade de rochas, seixos, vegetação e de outros elementos (atrito) presentes no leito fluvial
maior será a rugosidade do leito e consequentemente a diminuição da velocidade das águas.

Um leito fluvial liso, com menos atrito levará a uma maior velocidade das águas

*Leito artificializado - O leito é formado, total ou parcialmente, por materiais artificiais.

Um leito mais rugoso é também mais turbulento resultando num escoamento mais lento para
infiltração, favorecendo assim as inundações.

A Sinuosidade do Leito é outro fator de grande importância aquando da caracterização


topográfica de um solo (este traduz a relação entre o comprimento do rio principal e a distância
entre a nascente e a foz medida em linha reta. Traduz o ”grau” de curvatura do rio), formando
padrões de canal: Retilínea, Sinuosa, Meandriforme, Divagante, Entrançada e Anamastosada.

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Geologia e Tipo de Solos

Neste ponto e falando primeiro geologicamente vamos apresentar dois fenómenos geológicos: a
Porosidade - propriedade que os solos e as rochas têm de possuir poros ou interstícios (espaços
vazios) entre os seus constituintes, dividindo-se esta em Porosidade Primária (correspondente ao
volume dos poros entre os fragmentos das rochas clásticas e à característica intrínseca da rocha)
e Secundária ( produzida pela fracturação e alteração posteriores da rocha e que depende da
história de alteração da rocha (da evolução geomorfológica regional).

Todas as rochas permeáveis podem ser porosas mas nem todas as rochas porosas são
permeáveis, em virtude de os poros não comunicarem entre si ou de serem de tamanho tão
pequeno que não permitam a passagem do fluido.

Os Solos também se dividem em dois tipos: Impermeáveis (Dificultam a infiltração das águas,
retém mais água (Solos argilosos)) e Solos Permeáveis (Favorecem uma rápida infiltração das
águas (Solos arenosos)), exatamente como as rochas que podem ser permeáveis e
impermeáveis.

Uso e ocupação do Solo

Apesar de idênticos os dois termos são diferentes.

O uso do solo resulta na utilização ou finalidade com que uma área é explorada do
ponto de vista da atividade humana (propósito socioeconómico). Já a Ocupação do Solo refere-
se aos elementos biofísicos que cobrem a superfície, como por exemplo, vegetação e massas de
água…

Uso e ocupação do solo em Portugal continental (2018):

-92% ocupação de natureza agrícola, florestal e agroflorestal;

-51% do território está afeto a floresta e matos e

-26% a agricultura;
5% do território está artificializado.

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A urbanização normalmente resulta em alterações nas superfícies naturais do solo e dos
canais de fluxo de uma bacia.

A permeabilidade da superfície, o tamanho da bacia, a densidade do fluxo, a


rugosidade e o comprimento e inclinação do canal podem ser afetados de forma a resultar em
maior magnitude e velocidade do escoamento

Agricultura O grau de interceção está muito dependente do estádio de desenvolvimento


vegetativo: • Cobertura Florestal Hidrologia 86 Ana Correia • Cobertura herbácea • Culturas
arvenses • Diminuição do poder erosivo das águas de escorrência (escorrência difusa) •
Funciona como sistema de proteção mecânica das margens dos rios, no sentido da proteção
contra • desgaste normal das águas (vegetação ripícola). • Retém os sedimentos resultantes da
erosão hídrica em zonas adjacentes • Atenuação das cheias (pontas de cheia)

De que modo a vegetação influencia a infiltração e o escoamento superficial?

• O coberto vegetal ao intercetar a precipitação, favorece a infiltração e reduz a velocidade do


escoamento superficial. • Intercetada pelas copas das árvores (folhas, ramo e troncos) o Impede
que a água atinja o solo o Retorna à atmosfera apor evaporação/evapotranspiração • Retarda o
contacto da água com o solo e atenua a energia cinética das gotas de água antes de atingirem a
superfície do solo (< Erosão) • A vegetação densa pode absorver maiores volumes de água.

PRECIPITAÇÃO

Toda a água meteórica (chuva, aguaceiro, neve, granizo) atinge a superfície, por ação da
gravidade. Pela importância em gerar escoamento, a chuva é o tipo de precipitação mais
importante em hidrologia.

Características da Precipitação e/ou Elementos que influenciam o sistema de drenagem: Tipo de


pluviosidade – Convectivas (ocorrem principalmente em áreas tropicais e estão relacionadas ao
aquecimento desigual da superfície terrestre), Orográficas (As chuvas orográficas são um tipo
de chuva que ocorre devido à elevação de massas de ar húmidas ao atravessar obstáculos
topográficos, como montanhas ou cordilheiras) e Frontais (As chuvas frontais são um tipo de
precipitação que ocorre quando massas de ar de diferentes características se encontram ao longo
de uma frente atmosférica); Quantidade - A quantidade de precipitação que cai sobre um local

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varia espacialmente e temporalmente detendo influencias estáticas (altitude, orientação, declive)
e dinâmicas (clima); Intensidade (São caracterizadas por três parâmetros: Duração: Tempo
considerado para a precipitação, horas ou dias para cheias fluviais e horas ou minutos
para dimensionamento de esgotos urbanos, inundações urbanas; Intensidade: relação entre o
volume de precipitação caída e seu tempo de duração, expressa em milímetros por hora
(mm/hora) e Frequência: Representa a probabilidade de ocorrência de uma chuvada, conhecida
a sua duração e intensidade, normalmente expressa em termos de período de retorno (Número
de vezes por ano) e Distribuição geográfica (A distribuição desigual da precipitação (tanto em
quantidade como em intensidade) resulta da ação dos fatores do clima que influenciam a
precipitação)

*A vazão ou caudal (ou ainda volume escoado) de um rio é a principal grandeza que caracteriza
o escoamento. Vazão (Q): volume de água escoado na unidade de tempo em uma determinada
seção do rio. Normalmente, se expressa a vazão em m3/s (1000 litros/ segundo) ou L/s. Como
dados que caracterizam uma bacia é comum ter-se: -As vazões máximas, médias e mínimas, em
intervalos de tempo tais como hora, dia, mês ou ano. A distribuição da vazão no tempo é
resultado da interação de todos os componentes do ciclo hidrológico entre a ocorrência da
precipitação e a vazão na bacia hidrográfica

*Estações Hidrométricas: Em secções da rede fluvial são adquiridos valores do caudal,


calculados a partir da medição da velocidade do escoamento através da secção transversal e da
área desta secção.

O caudal dos rios é particularmente condicionado pela variação temporal e espacial da


precipitação, em que, nas bacias hidrográficas, as disponibilidades hídricas são fortemente
condicionadas pela irregularidade da precipitação e pela forma como se processa o escoamento.
A duração da precipitação, a quantidade de precipitação e a distribuição temporal da
precipitação são elementos então fundamentais para a disponibilidade hídrica de uma bacia
sendo necessário quantificar a precipitação que dará origem ao escoamento superficial, que
abrange o excesso de precipitação que ocorre logo após uma chuva intensa e que se desloca
livremente pela superfície do terreno.

TIPOS DE ESCOAMENTO

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ESCOAMENTO DIRETO – Fração da precipitação que alcança a linha de água pouco tempo
depois do início da precipitação, ou seja, depois de satisfeitos os processos de evaporação,
infiltração e retenção à superfície. Constitui a parte mais importante do escoamento fluvial no
período chuvoso.

ESCOAMENTO SUPERFICIAL – Parte da precipitação que se escoa pela superfície do solo.


Pode resultar apenas do escoamento originado logo a seguir à chuvada ou também da água
proveniente das áreas contributivas saturadas (solos saturados). Pode ser entendido como o
Escoamento de água sobre o solo antes de alcançar um curso de água ou como a parcela da
precipitação que se apresenta sob a forma de escoamento num curso de água.

ESCOAMENTO SUB-SUPERFICIAL OU HIPODÉRMICO – Fluxo que se dá logo abaixo da


superfície, ao nível do solo e raízes da vegetação. provém da água infiltrada que volta a aparecer
à superfície sem ter atingido a zona de saturação.

ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO – que provém da água infiltrada que atingiu a zona de


saturação. Corresponde ao fluxo devido à contribuição do aquífero (região saturada do solo com
água em movimento) aos canais superficiais (rede de drenagem).

FORMA DO HIDROGRAMA

A) hidrograma de um curso de água perene, composto apenas pelo escoamento de base. A


ocorrência de uma chuvada em que a sua intensidade (i) seja inferior à capacidade de
infiltração do solo da bacia (f) e numa situação em que a capacidade de campo (nr) não
esteja satisfeita, provocaria apenas uma subida impercetível do caudal, resultado apenas
da precipitação caída sobre a linha de água.
B) b) o teor de humidade do solo é elevado, superior à capacidade de retenção dos solos,
pelo que ocorre escoamento intermédio. Situação após a satisfação da capacidade de
campo dos solos da bacia.
C) c) Situação em que a capacidade de campo não está satisfeita, mas a intensidade da
precipitação excede a capacidade de infiltração do solo. Ocorrência de escoamento
direto ao longo das vertentes.
D) d) Situação em que a capacidade de campo está satisfeita, o teor de água no solo é
elevado e a intensidade da precipitação é superior à capacidade de infiltração do solo.

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Neste cenário verificam-se todos os tipos de escoamento numa situação de épocas do ano
húmidas, com solos saturados e muita precipitação.

O tempo durante o qual ocorre a precipitação útil é que origina o escoamento direto. Tempo de
resposta- intervalo de tempo entre o centro de gravidade da precipitação útil e a ponta do
hidrograma (caudal máximo).

O Tempo de esvaziamento corresponde à passagem, na secção, do volume de água armazenado


na rede de drenagem durante a chuvada. O valor depende das características geométricas dos
canais e das características das chuvadas.

Curva de crescimento- aumento do caudal devido ao incremento do escoamento. Ponta do


hidrograma- valor máximo de caudal.

Curva de decrescimento- diminuição progressiva do escoamento direto. Curva de esgotamento-


decréscimo exponencial do escoamento de base depois de terem cessado os contributos das
restantes componentes do escoamento superficial

Tempo de Concentração - Intervalo de tempo decorrido a partir do início de uma precipitação de


longa duração, para que toda a área da bacia passe a contribuir para as vazões em curso na seção
de interesse. Tempo gasto para que uma gotícula de chuva precipitada no extremo mais remoto
da bacia se desloque até a seção fluvial de interesse. O Tempo de Concentração é medido, ao
longo da linha de água principal, em linha reta, desde a saída da bacia (secção em estudo), até às
cabeceiras desta (até ao ponto mais afastado).

Tempo de concentração e as características das bacias - As variações dos caudais são tanto
maiores quanto menores forem as áreas das bacias hidrográficas.

Em bacias pequenas as precipitações geradoras de grandes caudais têm grande intensidade e


curta duração. Nas bacias de grandes áreas os elevados caudais geram-se por precipitações de
menor intensidade e maior duração.

O escoamento superficial resultante de uma chuvada será tanto maior quanto menores forem a
capacidade de infiltração e os volumes de água interceptados pela vegetação, pelos obstáculos e
pelas retenções nas depressões do terreno.

O escoamento superficial relativo a um longo intervalo de tempo (mês; semestre) depende


principalmente das perdas por infiltração e evapotranspiração.

Onde o tempo de concentração da bacia está dependente destes fatores: Características da


precipitação (duração, intensidade, quantidade), Forma e dimensão da bacia, Declividade média
da bacia, Tipo de cobertura vegetal, Comprimento e declividade do curso principal,

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Comprimento e declividade dos afluentes, Distância horizontal entre o ponto mais afastado da
bacia e a sua saída e Rugosidade do canal de escoamento.

REGIMES FLUVIAIS

O REGIME FLUVIAL é a oscilação do volume de água dos rios durante o anO EM QUE Esta
variação está diretamente relacionada com a origem das suas águas: chuvas, degelo da neve nas
montanhas, etc.

Regime dos Cursos de Água:

Águas altas - período do ano hidrológico com maior incidência de precipitações, ou seja, a
estação chuvosa, coincidente com a altura do ano onde se verificam os níveis de água mais
elevados

Águas baixas - o período do ano hidrológico com menor incidência de precipitações, ou seja, a
estação seca, coincidente com a altura do ano onde se verificam os níveis de água mais baixos.

Cheias - As CHEIAS • A cheia é um fenómeno hidrológico extremo, temporário e de frequência


variável, natural ou induzido pela ação humana, que consiste no transbordo de um curso de água
relativamente ao seu leito ordinário, originando a inundação dos terrenos ribeirinhos adjacentes.
• “Subida do nível de água (caudal) que leva ao extravasamento do leito normal de um curso de
água.” • “uma ocorrência excecional, com inundação de terrenos contíguos ao leito de uma dada
linha de água.” • O aumento do nível da água do rio pode ser devido a precipitação intensa ou
degelo da neve Origem das cheias: Fatores que contribuem para a alteração das condições das
cheias: • Climatológicos: Distribuição temporal e espacial da precipitação, temperatura,
humidade do ar e humidade do solo. • Fisiográficos: área, forma, relevo, cobertura vegetal,
natureza geológica e solos da bacia hidrográfica; densidade de drenagem e relevo da rede
hidrográfica.

TIPOS DE CHEIAS –

CHEIAS RÁPIDAS • As cheias rápidas são marcadas por uma elevada imprevisibilidade
temporal e espacial (associadas à imprevisibilidade das chuvadas desencadeantes). • Picos de
cheia rápidos - Causadas pela rápida subida do nível da água dos cursos de água. • Dinâmica
fluvial torrencial e erosiva (elevada carga sólida). • São um dos fenómenos mais perigosos, mais
destruidores e mais mortíferos a nível mundial. • Mais frequente em bacias pequenas e em
bacias urbanas. • Podem resultar de ruturas de barragens ou diques (libertação repentina da
água). Em Portugal • Em Portugal este tipo de inundações ocorre, sobretudo, no Outono. • As
cheias rápidas mais mortíferas em Portugal Continental ocorreram em 1967, 1983 e 1997, nas

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regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve, respetivamente. o Mais vítimas mortais, pessoas
desaparecidas, feridas, evacuadas ou desalojadas. • Cheia rápidas em resultado de precipitação
muito intensa durante um período de algumas horas, • Afetam as pequenas bacias de drenagem.

Cheias progressivas • Cheias progressivas são fenómenos naturais pouco perigosos - previsíveis.
• Desencadeadas por períodos de precipitação que se prolongam durante semanas a meses ou
pela fusão da neve. • É necessário que haja a saturação progressiva dos solos e o enchimento
gradual das albufeiras das barragens (quando existem). • As cheias progressivas são
condicionadas pelo sistema de barragens (quando existem) o promovem o amortecimento, mas
que também, em certas condições, podem contribuir para o aumento do pico de caudal. • As
cheias progressivas têm um carácter menos torrencial. • Ocorrem sobretudo nos rios com
grandes bacias hidrográficas – Maiores cheias e maior abrangência espacial. • Demoram mais
tempo a formarem-se, o que permite o alerta e a evacuação atempada das populações afetadas. •
Particularmente importantes no contexto português, devido à sua frequência

Consequências decorrentes das cheias

FATORES DESENCADEANTES - CAUSAS PARA A OCORRÊNCIA DE CHEIAS

• Precipitação intensa de curta duração

• Chuvas prolongadas • Fusão (rápida) de neve ou de gelo Outras causas • Obstruções naturais
ou antrópicas (ex. detritos em pontes, comportas)

• Rotura ou colapso de diques ou barragens

• Deslizamentos de taludes

• Escoamento de detritos (lamas)

• Desflorestação massiva da bacia hidrográfica

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• Urbanização (ocupação e impermeabilização do leito de cheia)

Escoamentos de detritos - TORRENTES DE LAMA E LAHARES • Solos pouco consolidados


podem deslizar facilmente sob a ação de precipitação intensa. • Se a sua saturação for muito
elevada a mistura de água e lama pode deslocar-se a velocidade elevada com um potencial
destrutivo muito grande

Inundação • Corresponde à “cobertura temporária por água (submersão) de uma área emersa,
usualmente seca” (Decreto-Lei nº115/2010). • uma inundação ocorre quando uma rede de
drenagem recebe mais água do que a que consegue suportar. • Pode ser causada por fenómenos
naturais e/ou atrópicos. • Fenómeno ocasional e temporário que pode submergir vastas áreas do
leito de inundação ou da planície aluvial, na sequência de uma cheia e do consequente
transbordar das águas

As inundações podem resultar: • Fatores hidro-meteorológicos: precipitação moderada e


duradoura ou concentrada e intensa durante um curto período de tempo que levem a cheias
(extravasamento natural do caudal de rios e ribeiras) – Inundações fluviais

• Fatores hidrogeológicos: Subida da toalha freática devido às características geomorfológicas,


pedológicas e litológicas que propiciam a saturação dos solos e/ou má drenagem das águas
pluviais; o Subida das águas subterrâneas em locais topograficamente deprimidos.

• Movimentos de vertente: Desabamentos ou deslizamentos que possam bloquear o canal de


drenagem e originar uma inundação no sector imediatamente a montante;

• Ressacas marítimas ou tempestades meteorológicas: que afetam praias, estruturas costeiras e


ocupações próximas à linha de costa – inundações costeiras, tsunamis; o - Inundações costeiras
devidas a galgamentos oceânicos.

• Ações antrópicas: resultantes da acumulação de água devido à sobrecarga dos sistemas de


drenagem dos aglomerados urbanos (inundações urbanas) ou de inundações artificiais, causadas
pela rotura de diques ou barragens. Tipos de inundações “Os diversos tipos de inundações
podem distinguir-se pelos seus fatores desencadeantes, processos hidrológicos, características
hidrodinâmicas, extensão espacial e temporal, e capacidade destruidora.” • Inundações fluviais
ou cheias • Inundações resultantes da subida da toalha freática • Inundações costeiras •
Inundações Urbanas

Risco de Cheias e Inundações

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Os desastres provocados por cheias e inundações têm vindo a aumentar devido a:

• Precipitações e tempestades mais intensas e mais frequentes alimentadas pela mudança


climática;

• Em consequência da expansão urbana em planícies aluviais e nas áreas costeiras.

• Falta de Ordenamento Territorial e Fatores socioeconómicos (ex. como crescimento


populacional)

Secas

A seca é um fenómeno natural extremo que afeta os ecossistemas e a sociedade de várias


maneiras. Ao contrário das cheias, e de outros desastres naturais que geralmente ocorrem de
forma rápida com impactos visíveis, as secas desenvolvem-se mais lentamente, muitas vezes de
forma “despercebida”, causando diversas consequências (diretas e indiretas). As secas podem se
manifestar em extensas áreas (regiões ou mais do que um país) durante um longo período de
tempo (meses a anos), causando impactos devastadores no sistema ecológico e em muitos
setores económicos. A literatura não define um conceito universal para o termo “seca”.
“Fenómenos hidrológicos extremos associados a períodos de tempo seco manifestamente
anómalos, com diminuição e/ou ausência marcada de precipitação sobre uma região”. “Em
termos gerais corresponde a um período de persistência anómala de temposeco de modo a
causar problemas na agricultura, na pecuária e/ou no fornecimento deágua.”

• Seca é uma ocorrência esporádica (de curta ou longa duração) de défices de precipitação.

• Início lento caracterizado pela falta de precipitação e só são percetíveisquando já estão de


facto estabelecidas;

• É o resultado de um processo às vezes impercetível que pode ocorrer em qualquer parte do


mundo e assumir extensões territoriais de consideráveis proporções.

• Frequência, duração e severidade incertas, cuja ocorrência é imprevisível ou difícil de prever.

• Fenómeno provoca desequilíbrios hidrológicos importantes, resultando em escassez de água.

ESCASSEZ DE ÁGUA:

Situação temporária ou mesmo permanente de insuficiência de recursos hídricos disponíveis


para satisfazer as necessidades existentes numa dada região (quando a procura de água excede a
oferta de água disponível). Distingue-se da seca, pelo facto do défice hídrico ser originado pelo

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crescimento das necessidades consumptivas de água (“procura”) resultante da atividade humana
(ex.: aumento da população, da indústria ou da agricultura de regadio) e não propriamente pela
diminuição da disponibilidade de água (“oferta”).

Diferenciar a variabilidade climática temporal de que resulta a ocorrência de seca de outras


igualmente conducentes a escassez de água

• Aridez: é uma condição climática permanente típica de regiões de fraca pluviosidade, com
escassez permanente de água.o característica que resulta do déficit hídrico em que a evaporação
excede a precipitação numa dada região. Ex. regiões de climas áridos ou desérticos

• Desertificação: é uma perda progressiva da fertilidade do solo, pela destruição da sua estrutura
e composição, o que não permite boas produções agrícolas, nem a existência de uma vegetação
com variedades de espécies naturais.

TIPOS DE SECA

 SECA METEOROLÓGICA (OU CLIMATOLÓGICA)

• A seca meteorológica é definida como uma escassez contínua de precipitação.

• Caracteriza-se pela falta de água induzida pelo desequilíbrio entre a precipitação e a


evaporação (esta última depende de outros elementos, como a velocidade do vento, insolação ou
a temperatura e humidade do ar).

• Caracteriza-se quando ocorre menos episódios e quantidade de precipitação do que o


normal por um período prolongado de tempo.

• Intrinsecamente dependente da região em análise (deficiências de precipitação podem


ser muito diferentes de região para região) e geralmente tende a afetar grandes áreas.

• Compreende valores de precipitação inferiores à condição padrão.

• Com efeito, se no decurso de um episódio de seca, porventura ocorrer um período


anómalo de precipitação elevada, a situação de seca manter-se-á se esse intervalo for limitado e
de curta duração.

SECA AGRÍCOLA

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• Quando a humidade do solo não é suficiente para satisfazer as necessidades de
crescimento das culturas nas sucessivas fases de crescimento (desde a germinação até à
colheita).

• Déficit de humidade na zona radicular (zona sub-superficial - solos) para atender às


necessidades de uma cultura,

• Afeta negativamente o rendimento das culturas e da produção agrícola.

• Está ligada às secas meteorológica (e, por vezes, também às hidrológicas): ausência ou
valores muito baixos de precipitação, déficits hídricos, redução acentuada e anormal dos níveis
freáticos e redução acentuada dos níveis de reservatórios superficiais.

SECA HIDROLÓGICA

“Período de tempo excepcionalmente seco, suficientemente prolongado para provocar uma


considerável diminuição das reservas hídricas, como a redução significativa do caudal dos rios,
do nível dos reservatórios e/ou a descida dos níveis de água no solo e nos aquíferos.

É definida como um período de baixas vazões na cursos de água, lagos e níveis de águas
subterrâneas abaixo do normal (Quando a diminuição dos níveis de água são evidentes na rede
hidrográfica)

É necessário um período maior para que as deficiências na precipitação se manifestem.

SECA SÓCIO-ECONÓMICA

Associada ao efeito conjunto dos impactos naturais e sociais que resultam da falta de água,
devido ao desequilíbrio entre o fornecimento e a procura dos recursos de água e que vai afetar
diretamente as populações.

Ocorre quando a procura para fins sociais e económicos não é satisfeita.

Pode ser originada por: aumento da população, aumento do consumo per capita; crescimento
económico,

15 Hugo Miguel Guerreiro Abreu e Ana Márcia Correia


IMPACTOS DIRETOS DAS SECAS

Recursos hídricos, insegurança alimentar, degradação da terra e fome.

IMPACTOS INDIRETOS DAS SECAS

Desemprego, preços dos alimentos, renda, receitas fiscais, migração, mortes.

Atualmente, há uma maior conscientização sobre a seca e os impactos associados (ondas de


calor e incêndios florestais), resultando em mais pesquisas sobre o tema em projetos
internacionais. Atualmente, a escassez de água afeta 40% da população mundial 55 milhões de
pessoas em todo o mundo são afetadas por secas todos os anos! Até 2023: 700 milhões de
pessoas correm o risco de serem deslocadas em resultado de seca.

REGIME DOS RIOS PORTUGUESES

O regime fluvial é determinado fundamentalmente pelo regime da precipitação, Regime pluvial,


totalmente dependente da precipitação (quantidade e ritmo). Influência nival insignificante,
Grande irregularidade interanula, Grande variabilidade sazonal – forte contraste entre a estação
invernal e a estação estival, Forte escoamento invernal, com o escoamento mensal a ultrapassar
o módulo, Grande penúria na estação estival, As primeiras chuvas outonais quase não têm
repercussão no caudal.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Hidrogeologia- “Ramo da hidrologia que estuda a circulação, o armazenamento e a distribuição


das águas terrestres na zona saturada das formações geológicas, tendo em conta as suas
propriedades físicas e químicas, interação com o meio físico e biológico e as suas reações à ação
do Homem”.

16 Hugo Miguel Guerreiro Abreu e Ana Márcia Correia


Origem do escoamento subterrâneo • A água subterrânea faz parte do ciclo hidrológico; • Têm
origem tanto nas águas superficiais, como rios ou lagos, como nas precipitações que se infiltram
na superfície. Esta infiltração é maioritariamente natural, proveniente da precipitação, seguida
de infiltração e percolação.

Uma vez no solo ou substrato rochoso, a água acumula-se nos espaços entre as partículas e
pode fluir lentamente. Pode ser encontrada em todos os lugares sob a superfície da Terra,
mesmo sob os desertos mais secos. A sua quantidade e qualidade das águas subterrâneas
depende da precipitação ocorrida, mas sobretudo da natureza das formações rochosas,
nomeadamente do seu grau de porosidade e permeabilidade. Quanto maior a porosidade, maior
é a permeabilidade Rocha Porosa

CIRCULAÇÃO • Zona vadosa (não saturada ou de zona de aeração) • Parte da litosfera onde
os interstícios se encontram preenchidos por ar e por água.

ARMAZENAMENTO • Zona freática (Zona saturada) • Parte de um meio natural onde todos os
poros se encontram totalmente preenchidos por água e onde a pressão é igual ou superior à
atmosférica. o Abaixo do lençol freático • Água Subterrânea - água que ocupa a zona saturada
Classificação das áreas de circulação e armazenamento subterrâneos: Nível freático ou Toalha
freática- Nível da água de um aquífero livre em determinado momento e local, coincidente com
o nível superior da zona de saturação. Franja capilar- Zona situada imediatamente por cima do
nível freáticos em que quase todos os interstícios estão ocupados por água a uma pressão menor
que a atmosférica.

Distribuição da água abaixo da superfície topográfica - A profundidade do lençol freático no


subsolo varia muito com a localização. Em regiões montanhosas, se a subsuperfície a
permeabilidade for relativamente baixa, o lençol freático não é uma superfície plana - forma
suave da topografia sobrejacente

A água subterrânea move-se muito lentamente através de rochas e sedimentos logo não pode
rapidamente assumir uma superfície horizontal.

Aquitardo- Formação geológica que pode armazenar água, mas que a transmite lentamente não
sendo rentável o seu aproveitamento a partir de poços. Podem desempenhar um papel
importante na alimentação de aquíferos vizinhos.

Aquífero - Formação geológica com capacidade de armazenar e transmitir água e cuja


exploração seja economicamente rentável;

Aquifero Suspenso - Região da zona não saturada onde o solo pode estar localmente saturado
porque se sobrepõe a uma zona de baixa permeabilidade (aquitardo local).

17 Hugo Miguel Guerreiro Abreu e Ana Márcia Correia


AQUIFUGO– Formação que nem contém água, nem a consegue transmitir (Rochas compactas
não fraturadas são um exemplo de aquifugo).

AQUICLUDO (ou aquicluso) - Formação geológica que pode armazenar água, mas não a
transmite (a água não circula).

• Aquífero Livre (não-confinado): o Formação geológica permeável e parcialmente saturada de


água. o Base: limitado por uma camada impermeável (Ex. argila). o Limite superior: é uma
superfície de saturação: nível freático; toalha freática - o nível da água varia segundo a
quantidade de chuva/infiltração. o Neste tipo de aquífero a água está à pressão atmosférica. o É
o tipo de aquífero mais comum e mais explorado pelas atividades humanas. o São os aquíferos
que apresentam maiores problemas de contaminação.

• Aquífero Confinado ou cativo: o Formação geológica permeável e completamente saturada de


água. o

É limitado no topo e na base por uma camadas impermeáveis (aquicludos ou aquitardos ). o A


superfície piezométrica situa-se acima do respetivo tecto e a pressão da água no aquífero é
sempre superior à pressão atmosférica (ex. peso da rocha e do solo - sobrecarga).

o Aquífero artesiano, aquífero cativo - Encontram-se geralmente a maior profundidade. Outro


tipo de aquíferos Aquífero aluvial (ou aluvionar) – Aquífero presente em depósitos aluviais,
geralmente em conexão hidráulica com a linha de água. É um dos mais importantes em termos
de ‘produção’ de água.

Aquífero semiconfinado – Aquífero cujo teto e/ou base é constituído por material não
totalmente impermeável (aquitardo), permitindo uma circulação vertical da água, muito lenta.

Aquífera multicamada– Aquífero constituído por mais de uma camada produtiva, separadas por
aquiclusos ou aquitardos. Aquífero heterogéneo – Aquífero que pode ter espessura variável,
mudança lateral de fácies, camadas de diferentes permeabilidades ou lentículas de materiais
também com permeabilidade reduzida. Tipos Porosos- a água circula através de poros
(característicos das formações não consolidadas).

Aquífero aluvial. Fissurados (e/ou fraturados) - a água circula através de fraturas ou pequenas
fissuras (encontram-se em qualquer tipo de rocha que apresente descontinuidades – falhas,
fraturas, áreas de esmagamento ou planos de estratificação).

Cársicos- a água circula predominantemente em condutas resultantes do alargamento, por


dissolução, de fissuras e fraturas (característicos de rochas carbonatadas – calcário, dolomites,
gesso, …)

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• A água subterrânea pode fluir em diferentes velocidades, dependendo da permeabilidade do
aquífero, embora o fluxo seja muito mais lento do que a água superficial.

• O volume de água subterrânea dentro de um aquífero depende da porosidade da rocha ou do


solo.

Os principais sistemas aquíferos de Portugal e a distribuição dos recursos hídricos subterrâneos


em Portugal continental está intimamente relacionada as características geológicas e estruturais
(litologia e tectónica) que moldaram o nosso território.

A correspondência entre a distribuição e características dos aquíferos e as unidades geológicas.

Os sistemas de águas subterrâneas são dinâmicos e a água está continuamente em movimento


lento, das áreas de recarga para as áreas de descarga.

• Áreas de recarga • Canalizar água com tempo de residência muito diferente • Maiores
velocidades:

áreas de fraturas – contaminação mais rápida. Várias formas de uso da terra e gestão de resíduos
humanos podem resultar na contaminação das águas subterrâneas: • Fossas sépticas • Aterros
sanitários com problemas • Atividade agrícola (fertilizantes, herbicidas e pesticidas)

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