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ÁGUAS CONTINENTAIS

Englobam-se neste grupo de agentes as aguas de cursos de agua (rios e riachos, ribeirinhos), de bacias
interiores (lagos e lagoas) e subterrâneas.
Todos estes tipos de aguas têm os seus efeitos na alteração da crusta, quer através de acções destrutivas quer
construtivas.
ACÇÃO DOS RIOS (AGUAS SUPERFICIAIS)
Os rios são agentes de erosão, transporte e sedimentação. Quer dizer, eles cavam os seus próprios vales e
transportam o material erodido corrente abaixo, onde é depositado pelos rios ou descargado num lago ou oceano.
Os rios são os mais importantes agentes transportadores dos produtos de erosão: eles drenam áreas mais
vastas que os glaciares, e transportam mais material que os ventos num deserto.
Assim, os rios recebem e transportam os produtos de meteorização que lhes são fornecidos pelas aguas
fluviais e pelos delizes de vertente.
Meteorização, deslizamento e o rios agem em conjunto para modelar a paisagem.
Se bem que o papel geológico dos rios seja conhecido há muitos séculos, eles são complexos sistemas com
muitas variáveis e muito há ainda por aprender sobre eles.
CAUDAL
A principal origem das aguas fluviais é a agua das chuvas e outros tipos de precipitação, como por exemplo a
neve. Só uma pequena fracção destas aguas vai para os rios, mas a quantidade de agua é muito grande.
A energia dos rios provém da atracção da gravidade sobre as suas aguas. Em física chama-se energia
potencial e é calculada pela fórmula Ep = m.g.h, em que m= massa, g= aceleração da gravidade, h= altitude.
Só uma pequena fracção da Ep é usada no trabalho geológico dos rios. Para vermos para onde vai o resto da energia ,
temos de considerar o seu caudal. Este é igual à quantidade de agua que passa numa secção do rio na unidade de tempo
(m3/s).
A secção do rio é determinada pela forma do canal fluvial e velocidade da agua é determinada por muitos
factores, tais como:
- rugosidade do fundo
- forma do canal
- curvatura
- inclinação do rio
- quantidade de agua disponível.
A quantidade de agua é função de factores climáticos, tais como precipitação, evaporação, vegetação e
permeabilidade do solo.
Num determinado rio, todos os factores que controlam um rio variam de lugar para lugar e com estação.
O canal será provavelmente a característica mais importante dum rio, mas o seu estudo é difícil por estar
tapado pela agua.
Em períodos de cheias, a altura das aguas é maior do que a do caudal e elas transbordam. Isto faz aumentar o
perímetro “molhado” (área alagada) e o resultado é uma diminuição de velocidade com diminuição da drenagem do
vale. O tamanho e quantidade de material transportado pelo rio bem como a erodabilidade das suas margens têm
grande influência na forma do canal
Um rio muda, de forma sistemática, da nascente à foz. A descarga aumenta para juzante pois que uma área
maior é drenada. Mas para acomodar este aumento de fluxo, a largura e a profundidade têm de aumentar, bem como a
velocidade (fig. 85). O declive do rio é maior para montante, diminuindo para juzante.
EROSÃO E TRANSPORTE
O principal trabalho geológico do rio é o transporte. A carga é fornecida ao rio pelo deslizamentos de
vertente de material das margens do vale, pela erosão do próprio rio e pelos afluentes.
A carga de um rio pode ser dividida em três grupos: Carga dissolvida, carga suspensa e carga de fundo. A
quantidade total de material transportado pelos rios do mundo para os oceanos, é estimada em 40.000 milhões ton/ano.
O material dissolvido provém da meteorização química e das soluções das próprias aguas dos rios. Ao
contrário das restantes cargas dos rios, a carga dissolvida não tem efeitos no canal do rio. A carga dissolvida dos rios do
globo é estimada em 3900 milhões ton/ano (mais ou menos 10% da carga total ). A maior parte (>50) da carga
dissolvida é o ião bicarbonato (HCO3)- que resulta da dissolução do CO2 na agua.
A carda suspensa consiste de material fino que, uma vez na agua, assenta tão lentamente que é carregado a
longas distâncias. A medida que o caudal aumenta, alguma da carga de fundo fica suspensa. O material suspenso é a
causa do aspecto lamacento dos rios. Porque as partículas de argilas assentam muito devagar, elas são transportadas a
distâncias longas. O silt assenta muito mais depressa, e é carregado em suspensão só em aguas turbulentas. Assim, as
argilas são transportadas mais longe que as silts. Estima-se que a carga suspensa ocupe 2/3 da carga total (25.000
milhões de ton/ano).
A carga de fundo é material movido por rolamento ou deslizamento ao longo do fundo. As partículas são
desgastadas por abrasão, tornando os calhaus e seixos sub-esféricos. Eles são também partidos e fracturados por
impactos durante os períodos limitados do caudal elevado (caso das cheias). A carga de fundo corresponde a ¼ ou
menos da carga total.

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Os rios erodem por processos vários que já foram referidas se falar de transporte. Se partes do leito são
solúveis, ocorre erosão por solução. A abrasão ocorre como resultado do material transportado embatendo contra os
lados e o fundo do canal. Um tipo comum de abrasão resulta em buracos cilíndricos, chamados marmitas de gigante,
em fundo rochoso, aparentemente devido as pedras que são rodadas por correntes turbulentas em redemoinho (Fig. 86)
A velocidade de erosão dos continentes é determinada medindo a quantidade de material transportado pelos
rios. A taxa de erosão depende duma complexa relação de factores, tais como chuva, evaporação e vegetação
A erosão tende a aprofundar, alongar e alargar o vale dum rio. Como um vale é aprofundado.
Um vale é alargado do dois modos: deslizamento dos materiais das margens e desgaste pelo próprio rio. Este
é mais acentuado nas convexidades das curvas dos rios Qualquer irregularidade no fundo do rio pode deflectir o fluxo e
provocar uma curva. Uma vez formada, esta tende a migrar, alargando o vale, originando os meandros (Fig. 87). A
migração esta ilustrada na figura 88, que também mostra como os meandros se intersectam causando lagos “ox-
bow”(Fig. 87).
DEPOSIÇÃO
As rochas sedimentares de origem fluvial são relativamente raras, pois os rios descarregam a maior parte da
carga nos lagos e mares.
Os depósitos de rio na forma de deltas formam-se quando os rios desaguam em aguas calmas; mesmo neste
caso muita carga pode ser “retrabalhada” pelas ondas e correntes originando assim rochas marinhas ou lacustres.
A deposição ocorre porque a velocidade da agua do rio diminui abruptamente ao entrar nas agua calmas, que
a carga de fundo cai. As cargas dissolvida e suspensa podem ser carregadas mais além (Fig. 89). Um delta pode crescer
oceano a dentro só se as ondas e correntes não forem muito fortes.
Quando o fluxo dum rio está cheio até ao topo das margens, qualquer aumento no caudal provoca uma cheia.
A agua galga as margens e espalha-se pelo vale do rio. Quando as aguas das cheias se espalham, a sua velocidade é
rapidamente reduzida, causando deposição perto das margens do rio. Estes depósitos são chamados Levées (Fig. 90).
Quando a carga é muita e grosseira demais para o declive e caudal e as margens são facilmente erodidas
originam –se os rios anastomozados. Nestes rios, seu leito divide-se e junta-se numerosas vezes. (Fig. 91)
DRENAGEM
O desenvolvimento do desenho de drenagem é uma parte importante da historia erosiva duma área.
Inicialmente, a agua das chuvas flui pelas irregualridades da encosta e muitos pequenos regatos. A agua fluente erode-
os, erodindo mais os que tem mais agua. Este regatos tornam-se canais mais profundos e finalmente tornam-se rios
maiores. O processo de ravinamento pode ser visto em muitas escavações (Fig. 92). O alongamento do regato permite-
lhe capturar o fluxo de agua de outros regatos. Isto aumenta a área drenada pelo regato principal e acelera a erosão. O
processo continua até o regato se transformar num rio maior.
Os factores que condicionam o desenho da drenagem são muitos:

- estrutura e tipo de rocha do leito


- alterações na topografia
- clima e precipitação
- vegetação
Assim, forma-se vários tipos de drenagem:
a) dentrítica: (Fig. 93a) – que se forma em áreas de rochas uniformes e assemelham-se às nervuras duma folha.
b) Radial: (Fig. 93b) - que se forma em áreas de altos topográficos.
c) Centrípeta: (Fig. 93.c) – em que as linhas de agua convergem nua depressão; para não se referirem aos
outros tipos de desenho.

FASES DUM RIO (CICLO DE EROSÃO)


A evolução dos rios passa por três etapas conhecidas por Juventude, maturidade, Senilidade, por analogia
com o ciclo de vida humana.
Se bem que estes termos sejam úteis para uma descrição geral, não podemos contudo precisá-los por não
haver limites nítidos entre eles.
a) Juventude
Neste estágio, o gradiente do rio tende a ser inclinado (fig. 94a) e a erosão é rápida. Os vales são
aprofundados e Há um aumento do relevo.
b) Maturidade
Os vales alongaram mas o gradiente ficou menos inclinado e os rios erodem mais devagar (Fig. 94 b).
c) Senilidade
A superfície de maturidade é abaixada a um nível de base, tornando-se a velocidade de erosão muito baixa à
medida que os gradientes dos rios se tornam menos inclinados. É a fase da velhice ou senilidade (Fig. 94. C)
Acontece que por motivos geotectónicos ou outros, as terras sobem e/ou os mares baixam de nível. Isto faz
com que o rio rejuvenesça, iniciando-se de novo a fase da Juventude, passando à maturidade e à velhice.
A esta sequência de fenómenos dá-se o nome de ciclo de erosão: Sequência de formas, essencialmente vales
e colinas, através das quais uma paisagem evolui desde a altura em que começa a ser erodida até ser reduzida ao nível
de base.

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A fig. 95 mostra 4 fotos de rios em estágios diferentes de evolução.

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