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República de Angola

Ministério da Educação
Governo da Província de Luanda
D. AFONSO V
(Ex-Escola 1º de Junho)

ELABORADO POR: Domingos Lemos Coluna

Professor de Geoogia

Licenciado em geologia pela FCUAN

Pós-<graduado em Agregação pedagógica pela UAN

Email: dljc92@hotmail.com

Nºtelf: 925 410 276 / 998 447 441

Luanda, abril de 2021

Professor: Domingos Lemos Coluna


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ACÇÃO GEOLÓGICA DOS RIOS
Os rios são os principais agentes geológicos que actuam na superfície da terra. A medida que
erodem o substrato rochoso e transportam e depositam materiais e por isso são proeminentes
modeladores da paisagem.
Uma torrente é um curso de água temporário de montanha, de debito intermitente e leito de
forte declive. A bacia hidrográfica é uma região na qual as águas superficiais seguem uma direcção
convergente, alimentando um curso de água principal.
Rios são correntes ou cursos de água geralmente permanentes, que correm em leitos próprios.
As acções geológicas dos rios manifestam-se nos leitos, através de processos erosivos,
transporte e sedimentação.
Todos estes processos são nítidos nos bordos dos leitos fluviais, as divagações e os
transbordamentos fazem com que o modelamento fluvial se estenda para áreas mais vastas,
especialmente nas planícies, nas planícies lacustres ou marinhas por onde desaguam.
Factores que condicionam a acção erosiva dos rios
A capacidade erosiva e de transporte de um rio depende da velocidade ou a energia das
correntes ou fluxos da água. E este depende dos seguintes factores:
✓ O Declive ou gradiente (m/Km): um factor importante, já que influencia no tipo de
leito.
✓ A área da secção do leito ( m2): influencia devido a força de atrito entre a corrente
de água e o leito. Se o leito for estreito a velocidade é maior e se for largo a
velocidade é menor.
✓ Débito: a quantidade de água que flui numa determinada secção do rio num
intervalo de tempo
✓ Competência: é o diâmetro médio das partículas que um rio pode transportar. Maior
competência significa maior poder erosivo e vice-versa

Relação
D=A×V A=L×P
D- Débito; A- Área de secção do leito; V- Velocidade média da água; L- Largura do leito e P -
Profundidade
Erosão Fluvial
A retirada ou a mobilização das partículas devido a acção das águas dos rios é influenciada
pela velocidade, competência e o tipo de fluxo e pelo tipo de litologia atravessada.
Os rios podem exercer processos erosivos do tipo linear, lateral e regressiva, sempre com
objectivo de modelar o seu leito.
Os processos de erosão linear tendem aprofundar o leito do rio, a lateral processa-se nas
margens e por isso aumentam a largura do vale.
A erosão regressiva ou remontante é o processo pela qual os rios desgastam o seu leito a
montante, mais do que a jusante. E também tendem a alargar e aprofundar os vales.

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Transporte dos rios
Os rios podem transportar os materiais por: saltação, rolamento, suspensão e arrastamento.
As modalidades de transporte dependem: da forma e dimensão das partículas, da velocidade
da água, configuração do leito e do fluxo.

Quanto maior for o transporte maior será o grau de arredondamento das partículas

Deposição dos materiais


Os rios começam a depositar os materiais a medida que a sua velocidade vai diminuindo da
jusante a montante.
Primeiramente deposita os materiais de maior granulometria, que foram transportados por
arrastamento e saltação e por fim as de menor dimensão, que normalmente se depositam em meios
calmos por decantação (argilas).

PERFIL LONGITUDINAL DE UM RIO


Unindo os vários pontos do fundo do leito, desde a nascente (Montante) até a foz (Jusante)
de um rio, obtém-se o perfil longitudinal de um rio. Este perfil apresenta normalmente a forma
de uma curva com a concavidade voltada para cima. Através do perfil longitudinal podemos estudar
com exactidão o declive do leito do rio ao longo do seu percurso. Por sua vez, o perfil transversal
mostra-nos as características do vale numa determinada secção do rio.
Diz-se que um rio atingiu o seu perfil de equilíbrio, quando não erode nem deposita os
materiais, apenas transporta os detritos que lhe são fornecidos (Davis).
Um rio esta em equilíbrio, entre a erosão do leito e a sedimentação na planície em toda sua
extensão e estar equilíbrio depende dos seguintes factores: pendencia do relevo a carga líquida,
solida, e a litologia
A regularização do perfil faz-se da foz para as nascentes. As irregularidades vão
desaparecendo, os rápidos recuando. Esta progressão da erosão no sentido contrário da corrente é
denominada Erosão Regressiva.

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Em geral, um curso de água inicialmente percorre um vale cujo o talvegue (Zona mais
profunda do leito) tem um perfil longitudinal muito irregular, com variações mais ou menos bruscas
de declive.
Essas variações podem construir rápidos, quando há um aumento brusco de declive ou
quedas de água, cascatas ou cataratas, quando ocorrem grande desnivelamento.
Após a evolução mais ou menos prolongada e desde que o seu nível de base se mantenha o
tempo necessário, o rio acabará por regularizar o seu perfil, atingindo o perfil de equilíbrio, ou seja
quando desaparecem todas as irregularidades e o trabalho erosivo praticamente não existe.
Nível de base é definido como a menor elevação na qual o riopode erodir o seu canal.

Rio em perfil de equilíbrio

Fig. 2: Perfil longitudinal e em equilíbrio de um rio

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EVOLUÇÃO DO PERFIL LONGITUDINAL
De acordo com o estádio de evolução de um rio, podem se verificar 3 fases distintas:
Juventude, Maturidade e Salinidade ou velhice.
Na fase de juventude predominam a erosão e o transporte. O perfil longitudinal é
irregular e o declive é acentuado e irregular, os vales são em forma de V com vertentes abruptas
permitindo, muitas vezes, a formação de rápidos e quedas de água (Cataratas).
A fase de maturidade é caracterizada pela grande capacidade de transporte, o declive é
menos acentuado e os vales são profundos em forma de U. O perfil longitudinal apresenta-se mais
regularizado.
A fase de senilidade (Velhice) é caracterizada pela existência de vales amplos com as
vertentes bastantes afastadas e degradadas ou inclinação quase nula, há pouca erosão e quase
nenhum transporte. O rio perde velocidade e dá-se a deposição dos materiais (aluviões).
As fases evolutivas de um rio podem ser alteradas devido ao abaixamento ou subida do nível de
base geral. O nível de base pode variar por:
✓ Uma subida ou descida do nível do mar
✓ Alterações climatéricas significas
✓ Elevação dos vales fluviais
Os rios terminam no mar de forma diversas como: Estuários e Delatas.
Os estuários formam-se em locais onde a força das marés e das correntes marítimas é
intensa. A água arrasta os aluviões até zonas mais afastadas da foz e deposita-os no fundo oceânico.
Os deltas formam-se, geralmente, em zonas onde as marés e as correntes marítimas têm
pouca força. A escassa força das águas do mar faz com que a corrente vá depositando os
aluviões junto a foz, construindo um depósito de sedimentos de firma triangular.\

Fig. 3: Evolução do perfil longitudinal (a- Fase de juventude; b- Fase de maturidade; c-


Fase de senilidade.)

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MEANDROS
Na maioria das planícies de inundação, os canais descrevem sinuosidade, mais ou menos
apertadas chamados de meandros.
Formação dos meandros
Os meandros formam-se devido a erosão que ocorre na parte côncava da curva de um rio, e
a sedimentação que ocorre na parte convexa da mesma.
Evolução dos meandros
Os meandros podem ser alterados devido à modificação da acção erosiva da corrente.
Particularmente durante as cheias, o rio pode formar braços mortos em antigos meandros que
foram abandonados.
Os velhos meandros podem ser abandonados por deposição de sedimentos que os separam
do braço principal do rio. O meandro abandonado denomina-se lago em ferradura.
Geralmente consideram-se 2 tipos de meandros que são:
1º Meandros divergentes: São aqueles que se encontram nas grandes planícies, onde
divagam, alterando o seu trajecto, exagerando algumas curvas e abandonando outras.
2º Meandros encaixados ou de vale: São aqueles que apresentam a morfologia do traçado
em função ao terreno em que se encaixam.

Fig.5- Meandros

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ROCHAS SEDIMENTARES
As rochas sedimentares são aquelas que resultam da meteorização e erosão de rochas
preexistentes. Estas rochas são compostas por sedimentos carregados pela água e o vento,
acumulados em áreas deprimidas.
Origem das rochas sedimentares
A origem das rochas sedimentares envolve duas fases fundamentais: A sedimentogénese e a
diagénese.
A sedimentogénese é a elaboração dos materiais que constituem as rochas sedimentares
(erosão, transporte e deposição)
A diagénese é a evolução a que os sedimentos estão submetidos.
Processo de formação
Os processos de formação das rochas sedimentares são: meteorização, erosão, transporte,
sedimentação e diagénese.
A sedimentação é o processo de deposição dos sedimentos. Ocorre quando o agente
transportador já não possui energia suficiente para transportar os materiais depositando-os para
formar os sedimentos.
A diagénese é a evolução que os sedimentos experimentam, devido ao conjunto de
processos físicos e químicos que intervêm após a sedimentação e, pelos quais, os sedimentos se
transformam em rochas sedimentares.
Para que um sedimento passar para uma rocha consolidada, é necessário que passe nos seguintes
processos de diagénese: Compactação e desidratação, cimentação, recristalização e alterações
químicas.
• Compactação: É o processo através do qual a camada de sedimentos perde volume
tornando-se mais compacta e mais densa devido a pressão (Peso) dos sedimentos que lhe é
sobreposta progressivamente.
• Cimentação: Ocorre quando os espaços vazios entre os detritos são preenchidos por
materiais de neoformação resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas na água de
circulação para formar uma rocha consolidada.
• Alterações químicas: Ocorrem por recristalização e metassomatose. A recristalização
ocorre quando certos minerais presentes na rocha quer se tenham depositado logo no início
sob a forma sólida, quer sejam de precipitação, podem sofrer modificações que se traduzem
no aparecimento de cristais de maior dimensão e a metassomatose ocorre quando há trocas
de sustâncias químicas entre os componentes iniciais da rocha e as soluções que,
eventualmente, nela penetrem.

Classificação das rochas sedimentares


Quanto á origem dos seus sedimentos, as rochas sedimentares podem ser classificadas
como: Detríticas; quimiogénicas e biogénicas
A classificação das rochas engloba ainda, outros critérios, como a dimensão dos seus
sedimentos.

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Rochas Sedimentares Detríticas: Formadas a partir de clastos, materiais detríticos resultantes
da erosão de rochas já existentes. As rochas detríticas podem ser: Conglomeráticas (Constituídas
por calhaus), areníticas (Constituídas por areias) e argilosas (Constituídas por argilas)

Fig.6 – Classificação das rochas sedimentares detríticas

Fig.7 – Rochas conglomeráticas Fig.8 – Rochas Areníticas

Rochas Sedimentares Quimiogénicas: São rochas sedimentares resultantes de


sedimentos químicos.
São formadas, essencialmente, por minerais de neoformação resultantes da
precipitação de substâncias em solução ou por evaporação do solvente (água).Elas podem ser:
Rochas carbonatadas, evaporíticas e siliciosa.
As rochas evaporíticas formam-se principalmente em climas áridos (E>P) devido à
evaporação da água em lagunas confinadas ou em lagos. São rochas constituídas essencialmente
por :
• Salgema (halite - NaCl),
• Silvite (KCl) e
• Gesso (CaSO4 . 2H2O).
As rocha siliciosas são constituídas principalmente por silicas, são muito duras e
geralmente compactas. Podem ser de origem biogénica, como os diatomitos e outras resultam da
precipitação da sílica dissolvida como o silex.

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As rochas carbonatas são constituídas principalmente por carbono de cálcio (Calcite)
e por carbono de cálcio e magnésio (Dolomite). Assim consoante a proporção destes 2 elementos
consideram-se : Calcários calcíticos e Calcários dolmíticos.

Rochas Sedimentares Biogénicas: São aquelas constituídas por detritos orgânicos ou por materiais
resultantes de uma acção bioquímica. Alguns autores denominam estas rochas por rochas
quimiobiogénicas.
• Calcários numulíticos – com origem em fósseis marinhos que se assemelham a moedas de
5mm, ou mais, diâmetro).
• Calcário conquífero – formados pela acumulação de conchas de moluscos, posteriormente
cimentadas.
• Calcário recifal – formado a partir de recifes de coral.
• Carvões- Forma-se em ambientes continentais pantanosos, ou zonas de difícil drenagem de
água.

ESTRUTURAS SEDIMENTARES
A estrutura refere-se ao aspecto da rocha, normalmente observada no campo, ou seja, ao
modo como as rochas se dispõem na natureza. O aspecto mais importante diz respeito à disposição
das rochas sedimentares em camadas ou estratos (Estratificação).
Estratos são as diferentes camadas que constituem as rochas sedimentares.
Quando os estratos são paralelos, diz-se que há estratificação paralela. Ocorre em vários
ambientais de sedimentação, desde canais fluviais a praias e mais comum em leitos arenosos.

Fig.9 - Estratificação paralela

Quando a estratificação forma um ângulo coma horizontal, diz-se que há estratificação


cruzada ou entrecruzada, sendo características das dunas e dos depósitos dos delatas dos rios.

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Fig.10 - Estratificação cruzada

Junta de estratificação são as superfícies aproximadamente planas que separam diferentes


estratos. A superfície das juntas de estratificação pode apresentar também estruturas que
testemunham a existência de pausas ou de interrupções na sedimentação. Como por exemplo:
Marcas de onda: Pequenas ondas de areia que se desenvolvem na superfície de uma
camada de sedimentação, pela acção do ar e da água corrente. Aparecem preservadas em alguns
arenitos, dando-nos informação sobre o ambiente em que a rocha se gerou.

Fig.11- Marcas de ondas


Fendas de dessecação ou de retração: Aparecem à superfície das rochas de grão muito
fino, quando estas secam. Indicam que o ambiente de formação foi, alternadamente, seco e húmid

Fig.12- Fendas de dessecação

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TEXTURA DAS ROCHAS SEDIMENTARES
A textura das rochas sedimentares é definida pelo tipo de constituintes e pelo modo como
eles se dispõe, a textura é observada em amostra de mão ou a microscópico.
Existem 2 tipos principais de textura que são:
Textura clástica ou detrítica: É definida pela presença de fragmentos de minerais ou de
rochas, que são resultantes da desagregação de outras rochas. Os fragmentos, clastos ou detritos
dividem-se em:
• Calhaus ou balastros ˃ 2mm
• Areia ˂ 2mm ˃ 0,063mm
• Finos ˂ 0,063mm
Textura cristalina: É quando a rocha é constituída por um agregado de cristais nítidos, como
por exemplo, se observam no mármore. Por vezes,o tamanho dos cristais é tão pequeno que
a rocha parece compacta.

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