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1.

Introdução
A água é o elemento que cobre quase toda a superfície do planeta Terra, e é
um dos principais agentes dos processos da Geodinâmica Externa, que são os
processos exógenos que provocam a alteração da superfície da Terra.
No planeta Terra, a água pode-se apresentar em diferentes formas; o foco será
em uma dessas formas, que é distinta das outras formas – os rios. Além de conhecer
os elementos existentes num rio, também iremos abordar sobre os processos
envolvidos na acção geológica dos rios. Mas primeiramente, como se origina a água e
como ela está distribuída no planeta Terra?

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2. Acção Geológica dos Rios
2.1. Origem e distribuição das águas
Segundo alguns historiadores, a origem da água está relacionada com a
formação da atmosfera, ou seja, a desgaseificação do planeta, que consiste na
libertação de gases por um sólido ou líquido quando este é aquecido ou resfriado. A
geração de água sob a forma de vapor é observada actualmente em erupções
vulcânicas, sendo chamada de água juvenil.
A quantidade de água existente na Terra é imensa. Calcula-se que o seu volume
é de 1,36 milhares de milhões de quilómetros cúbicos, dos quais 97,2% fazem parte
dos oceanos, 2,15% estão sob a forma de gelo nos nevados e glaciares e só 0,65% se
encontra distribuído pelos rios, lagos e atmosfera.
A circulação que se realiza entre os oceanos, a atmosfera e os continentes
constitui o ciclo hidrológico e realiza-se graças a energia solar.
Resumidamente, podemos dizer que o ciclo hidrológico representa o contínuo
movimento da água dos oceanos, para a atmosfera, para os continentes e destes para
os oceanos. A água, o principal factor de meteorização, erosão e transporte da
superfície terrestre, pode apresentar-se sob formas diferentes: águas selvagens
(enxurradas), torrentes, rios e mares.
Parte da água da chuva, quando cai no solo, corre à superfície sem leito
próprio; outra parte infiltra-se, acabando por alimentar os rios e os lagos. Parte da
água infiltrada é aproveitada pelas plantas, que a libertam parcialmente por
transpiração. Não sendo fácil distinguir a quantidade de água que de facto se evapora
e a que é libertada por transpiração, tem sido utilizado o termo evapotranspiração
para designar o efeito combinado. Quando a precipitação ocorre a altitudes ou
latitudes elevadas, grande parte da água constitui nevado ou glaciares.

2.2. Rios
Os rios são correntes ou cursos de água com leito definido e vazão geralmente
regular.
A capacidade de erosão e transporte dos rios depende da sua velocidade.
Mesmo variações ligeiras na velocidade pode conduzir à mudanças significativas na
quantidade de sedimentos transportados pela água. São vários os factores
determinam a velocidade da corrente. Destes destacamos:
• Declive ou gradiente;
• Área de secção do leito;
• Débito ou descarga;
• Competência.

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Como a água se desloca por acção da gravidade, o declive do leito é um factor
importante do comportamento do rio. Um leito que se desenvolve em cascata tem
obviamente um comportamento diferente do de um rio que corre numa planície.
A forma do canal em secção transversal determina a quantidade de água em
contacto com o canal e por isso afecta a fricção. Os canais mais eficientes são os de
menor perímetro da área da secção do leito.
O débito é a quantidade de água fluindo por um certo ponto em certa unidade
de tempo.
A competência do rio, quantidade de sedimentos transportados por unidade de
volume, contribui para a função erosiva do rio. Quanto maior for a carga, maior será a
sua capacidade erosiva.

2.3. Nível de Base e Perfil de Equilíbrio


Uma maneira eficaz de estudar um rio é examinando o seu perfil longitudinal.
Tal perfil é simplesmente uma secção da corrente desde a área da nascente
(denominada cabeceira) até a foz (desembocadura).
O Nível de Base é definido como a menor elevação na qual o rio pode erodir o
seu canal. Essencialmente é o nível no qual a desembocadura do rio entra no oceano,
num lago, ou noutra corrente.
O nível de base é importante pelo facto de a maior parte dos perfis dos rios
terem gradiente baixo próximo das suas desembocaduras, devido ao facto do rio estar
a se aproximar à elevação abaixo da qual eles não poderão erodir o seu leito.
Um grande rio, que desagua no mar, tem, no nível médio das águas do mar, o
seu nível de base, em função do qual regula o seu perfil. Pelo facto de este nível
condicionar toda a rede fluvial dos continentes chama-se nível de base geral. O ponto
de confluência de dois cursos de água funciona para o afluente como nível de base
local. Acidentes, como barragens, naturais ou artificiais, são responsáveis pelo mesmo
efeito regularizador dos troços que ficam a montante do nível de base.
O perfil transversal do rio também estabelece o seu estádio de evolução. À
medida que o rio se vai aproximando do seu perfil de equilíbrio, a erosão vertical ou
escavamento do leito vai diminuindo, dando lugar a um alargamento do rio e a um
aumento da sedimentação.
A regularização do perfil faz-se da foz (jusante) para a nascente (montante). As
irregularidades vão desaparecendo, os rápidos recuando, o mesmo sucedendo às
cabeceiras, que vão penetrando na montanha. Esta progressão da erosão no sentido
contrário ao da corrente é denominada erosão regressiva.
Em geral, um curso de água inicialmente percorre um vale cujo talvegue (zona
mais profunda do leito) tem um perfil longitudinal e muito irregular, com variações

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mais ou menos bruscas de declive. Essas variações podem constituir rápidos, quando
há um aumento brusco de declive ou quedas de água, cascatas ou cataratas, quando
ocorrem grandes desnivelamentos.
Após evolução mais ou menos prolongada e desde que o seu nível de base se
mantenha o tempo necessário, o rio acabará por regularizar o seu perfil, atingindo o
perfil de equilíbrio, ou seja, quando desaparecem todas as irregularidades e o trabalho
erosivo praticamente não existe.

2.4. Regime do rio


As nascentes dos rios são os locais em que os níveis hidrostáticos ou lençol
freático atinge a superfície. Em períodos de estiagem prolongada, elas chegam a secar,
enquanto em épocas chuvosas o volume da água aumenta, o que demonstra que a
água das nascentes é água da chuva que se infiltra no solo. Essa variação na
quantidade de água no leito do rio ao longo do ano recebe o nome de regime. Se as
cheias dependem exclusivamente da chuva, o regime é pluvial; se dependem do
derretimento da neve, é nival; se dependem de geleiras é glacial. Muitos rios
apresentam um regime misto ou complexo, como no Japão, onde os rios são
alimentados pela chuva e pelo derretimento da neve das montanhas.

2.5. Erosão, Sedimentação e Transporte nos Rios


• Erosão nos rios
A erosão e sedimentação nos rios é condicionada principalmente pela:
velocidade das águas e competência.

Nas vertentes mais íngremes, a velocidade das águas é grande, formando


sulcos e arrastando os resíduos resultantes. Parte das rochas é removida por
dissolução. A velocidade das águas em determinados pontos é suficiente para arrancar
fragmentos de rochas do fundo e, como consequência, aprofundar o leito. Os
fragmentos de rochas arrancados são transportados pelas correntes, sofrem desgaste
e actuam desgastando o leito. A corrosão produz poços pelos redemoinhos das
correntes carregadas de seixos. Os seixos ou fragmentos descrevem movimentos de
rotação desgastando os poços, que, finalmente, se interligam e aprofundam o rio.

 Transporte nos rios


Os sedimentos transportados pelos rios podem sê-lo por rolamento,
arrastamento, saltação, suspensão e dissolução. Os sedimentos dissolvidos são
invisíveis.

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O volume total de detritos que podem ser transportados por um rio constitui a
sua capacidade. A competência e a capacidade de um rio aumentam na razão directa
do aumento de velocidade.
Durante o período de grande precipitação podem ocorrer cheias que
aumentam a capacidade, competência e velocidade da corrente do rio. Estas situações
podem dar origem a autênticas catástrofes.

 Sedimentação
Os detritos depositados pelos rios, vulgarmente areia e cascalho, constituem
bancos, que são amontoados de sedimentos, ao longo do leito.
A sedimentação ocorre quando o declive e a velocidade diminuem e varia na
razão directa da densidade dos detritos. As partículas em suspensão e as dissolvidas
são as que se mantêm mais tempo por sedimentar.
Um aumento da capacidade do rio pode permitir que os bancos anteriormente
existentes sejam erodidos e se formem novos bancos que aparecem separados por
canais.
A simultânea erosão na parte côncava de uma curva de um rio e a
sedimentação na parte convexa da mesma leva à formação de meandros.
Os meandros podem ser alterados devido à modificação da acção erosiva da
corrente. Particularmente durante as cheias, o rio pode formar braços mortos.
Os velhos meandros podem ser abandonados devido a formação de
sedimentos que os separam do braço principal do rio. O meandro abandonado
denomina-se lago em ferradura. Com o tempo esse lago pode ser preenchido por
sedimentos e vegetação.
Geralmente consideram-se dois tipos de meandros:

 Divergentes – encontram-se nas grandes planícies, onde divagam,


alterando o seu trajecto, exagerando algumas curvas e abandonando
outras;
 Encaixados ou de vale – o traçado é condicionado pela morfologia do
terreno

2.6. Evolução dos Rios


Conforme o estádio evolutivo verificado num rio, assim se poderão considerar
fases de juventude, de maturidade e senilidade.

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Na fase de juventude predominam a erosão e o transporte. O perfil
longitudinal é irregular e o declive é acentuado e irregular, permitindo, muitas vezes, a
formação de rápidos.
A fase de maturidade é caracterizada pela grande capacidade de transporte. O
declive é menos acentuado e os vales são profundos e muitas vezes apertados. O perfil
longitudinal apresenta-se mais regularizado.
A fase de senilidade é caracterizada pela existência de vales amplos com as
vertentes bastante afastadas e degradadas. Predominam os fenómenos de
sedimentação, originando extensas planícies resultantes da agradação, isto é, do
assoreamento pela sedimentação fluvial.
As fases evolutivas de um rio podem ser alteradas devido ao abaixamento ou
subida do nível de base geral. O nível de base pode variar por:

 uma descida ou subida do nível do mar;


 alterações climatéricas significativas;
 elevação dos vales fluviais.
Nestas circunstâncias, toda a actividade fluvial rejuvenesce. Os primeiros
efeitos verificam-se junto à foz; aumenta o declive e a erosão regressiva acabará por
atingir toda a rede fluvial, procurando restabelecer o anterior perfil de equilíbrio.
As vertentes voltarão a recuar e aparecem novas planícies aluviais. Nas
planícies aluviais, o rio, por erosão, cava um novo leito, provocando a formação de
degraus ou terraços fluviais.
A continuação da evolução fluvial pode criar novas planícies aluviais a níveis
inferiores. Esta repetição é a causa da existência de vários níveis de terraços fluviais.
Os rios terminam no mar de formas diversas: estuários e deltas.
Os estuários constituem o troço final dos rios sujeitos a acções continentais e
marinhas. Em consequência, a sedimentação é determinada pela inversão do sentido
das marés, duas vezes por dia, de que resulta a alternância de fenómenos de erosão e
sedimentação.
Os estuários podem produzir a acumulação da areia ligada à faixa litoral por
uma das extremidades, e com a outra livre formam uma restinga ou cabedelo. Por
vezes, os sedimentos aluviais fazem a ligação entre uma praia e uma ilha, constituindo
um tômbolo.

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3. Conclusão
Podemos notar que cada elemento do rio existente nele é importante e, em
cada um desses elementos, pode-se realizar diferentes processos resultantes da acção
geológica dos rios.
Em cada uma das formas em que a água se apresenta no planeta, podem
realizar processos resultantes da acção geológica de cada uma das diferentes formas.
Assim, concluímos que os rios são um dos resultados dos processos geológicos
envolvidos no ciclo hidrológico.

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4. Referências Bibliográficas
Kangambi Manuel, Manual de Geologia 12ª classe, IIº trimestre

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