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ASSOREAMENTO E
DESASSOREMAMENTO
APOIO: REALIZAÇÃO:
Capacitação para difundir a temática do assoreamento e desassoreamento para os
membros do Comitê da bacia hidrográfica do Rio Itapocu, bem como para aqueles que
tenham interesse de conhecimento nesta área.
Ministrantes:
- Profa. Dra. Virgínia Grace Barros:
Laboratório de Hidráulica e Hidrologia – UDESC;
Laboratório de Ciências das águas – LaCia – UDESC.
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Preâmbulo
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SUMÁRIO
1. Introdução.......................................................................................................... 05
2. O que é sedimento?.......................................................................................... 05
4. Causas do Assoreamento/Sedimentação....................................................... 10
7. Técnicas de desassoreamento........................................................................ 19
Referências...........…………………………………………………….………………... 21
1. Introdução
2. O que é sedimento?
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Quanto maior for a partícula, maior peso esta possui, então maior é a força necessária
para tirá-la da inércia. Partículas muito pequenas possuem maior capacidade de se
suspender na água, sendo muito baixa a força necessária para sua locomoção. A Tabela
1 representa o tamanho médio das partículas do sedimento para cada tipo de solo. No
entanto, durante uma enchente ou outro evento de alto fluxo, até rochas grandes podem
ser classificadas como sedimentos quando transportadas a jusante. O sedimento é um
elemento que está presente naturalmente em muitos corpos d'água, embora possa ser
influenciado por fatores humanos.
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3. O que é transporte de sedimentos em rios?
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Para fazer a gestão correta dos sedimentos, é desejável uma abordagem diferente para
o gerenciamento de sedimentos, incorporando: (i) conhecimento e gerenciamento de
sedimentos na escala da bacia; (ii) aplicação mais ampla do conhecimento científico
disponível.
Os rios são canais naturais que drenam a água das partes mais altas para as mais baixas
das bacias e para os oceanos. A erosão e o assoreamento são processos geológicos
importantes que levaram grandes quantidades de sedimentos das partes mais altas às
planícies das bacias e formaram grandes planícies férteis, que foram adotadas pelas
civilizações para seu desenvolvimento, atendendo necessidades de água, navegação e
terra fértil.
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Figura 3 – Características morfológicas das bacias e relação com a geração e deposição de sedimentos.
Fonte: Modificado de https://www.nps.gov/subjects/geology/fluvial-landforms.htm
A população cada vez maior continua a ocupar as planícies de inundação, por um lado,
e pressiona a mineração de areia, rochas e britas para construção, por outro. O
assoreamento dos rios assume proporções sérias devido à ocupação das planícies de
inundação. Atualmente, também existe a noção de que os problemas de inundação estão
aumentando. A tendência crescente de inundação pode estar atribuída à capacidade de
transporte reduzida dos rios devido à deposição de lodo nos leitos dos rios.
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4. Causas do Assoreamento/Sedimentação
Os rios e córregos que fluem nas planícies aluviais tendem para uma condição de fluxo
estável, mantendo um equilíbrio entre a carga de sedimentos transportada e o volume e
as velocidades alcançadas. Isso é conhecido como regime estável de sedimentos.
Quando os parâmetros de volume e velocidades são modificados, quer devido a uma
menor declividade (entrada na planície), alargamento do canal, partículas de sedimento
em suspensão podem sedimentar. Isso é chamado de assoreamento. Portanto, a erosão
do solo e das partículas de rocha pela água proveniente de uma bacia malcuidada
durante a fase erosiva do regime fluvial e a adição de sedimentos e carga de sedimento
extra pela atividade humana em planícies aluviais modificam o regime natural de
sedimentos do rio e causam deposição inesperada e erosão.
O assoreamento nos rios pode ou não ser cumulativo; enquanto a sedimentação nos
reservatórios é geralmente cumulativa. A taxa de entrada de sedimentos em um
reservatório específico é, em geral, uma função das características da bacia, como área
de drenagem, inclinação média do terreno e do canal, tipo de solo, gerenciamento e uso
da terra e hidrologia, além da saúde da bacia hidrográfica.
Mesmo com uma grande taxa de transporte de sedimentos, pode ser que a localidade
não sofra com problemas de assoreamento, pois depende da capacidade que o rio tem
de carregar estes sedimentos. Desta maneira, os principais fatores responsáveis pelo
assoreamento / sedimentação são:
(ii) Intensidade de erosão a bacia hidrográfica (erosão das margens, ravinas, voçorocas
e canais), incluindo a exploração excessiva de minerais;
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resultado do intemperismo das rochas, é extremamente lento, justificando a gravidade
do problema.
Toda atividade agrícola favorece o processo erosivo, mas algumas culturas facilitam-no
mais que outras (3), (Figura 4).
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5.1. Fluxo de água
Figura 5: Relação entre diâmetro de sedimentos, velocidade de transporte e fenômeno que o sedimento
sofre.
Fonte:https://www.fondriest.com/environmental-measurements/parameters/hydrology/sediment-transport-
deposition/
Dependendo da velocidade deste fluxo, o rio terá uma capacidade maior ou menor de
carregar sedimentos. Como regra geral, quanto maior a velocidade de escoamento maior
será a capacidade de carregar sedimentos.
O transporte de sedimentos depende do fluxo de água para mover uma carga a jusante.
O fluxo de água é variável, afetado não apenas pelo terreno local (por exemplo, declive),
mas pelo nível da água que, por sua vez, é influenciado pela chuva (ou falta dela).
A chuva faz com que os níveis da água subam inicialmente e depois, depois da chuva
cessada, retornem aos níveis anteriores (fluxo de base) ao longo de horas ou dias. As
chuvas, leves ou pesadas, podem afetar o fluxo da água e o transporte de sedimentos.
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A extensão em que um evento climático influenciará o transporte de sedimentos depende
da quantidade de sedimentos disponível. As fortes chuvas em uma área de solo solto e
exposto criarão escoamento, transportando partículas do terreno para o rio. Da mesma
forma, as inundações também transportarão sedimentos da área inundada. De fato, a
maior parte da carga de sedimentos em um rio ocorre durante eventos de inundação (1).
O uso do solo, como áreas urbanas, fazendas agrícolas e canteiros de obras, afetará a
carga de sedimentos, mas não a taxa de transporte diretamente. Esses efeitos são
indiretos, pois exigem fortes chuvas ou inundações para transportar seus sedimentos
para o rio. No entanto, o uso antropogênico da terra é um dos principais contribuintes
para a sedimentação excessiva devido à erosão e escoamento. Esse aumento ocorre
porque determinadas atividades (exploração madeireira, mineração, construção e
propriedades agrícolas) geralmente expõem ou desagregam a camada superior do solo
removendo a vegetação nativa. Este solo solto é então facilmente transportado para um
rio ou córrego próximo pelo escoamento provocado pela chuva.
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causados pela quantidade de carga, os sedimentos podem facilmente introduzir poluição
e outros contaminantes nas vias navegáveis, espalhando os poluentes a jusante (1).
Grandes cargas de sedimentos são o problema mais comum observado nas taxas de
transporte de sedimentos. Excesso de sedimentos pode causar má qualidade da água,
proliferação de algas e deposição. Para a vida aquática, o sedimento em suspensão
excessivo pode interromper as migrações aquáticas naturais, além de danificar brânquias
e outros órgãos (1).
A deposição regular de sedimentos pode construir barras para habitats aquáticos, mas o
aumento da sedimentação pode destruir mais habitats do que criar. O assoreamento
ocorre quando as taxas de fluxo de água diminuem drasticamente. Esse sedimento fino
pode sufocar larvas de insetos, ovas de peixes e outros organismos bentônicos quando
ele se deposita na coluna de água.
A deposição também pode alterar as margens de rios à medida que uma carga de
sedimentos alta se deposita. A deposição de sedimentos é responsável por criar
estuários, deltas e leques aluviais, mas o acúmulo excessivo de sedimentos pode
acumular obstruções e diques. Esses depósitos impedem o rio de alcançar outros rios,
várzeas ou zonas estuarinas. O aumento da sedimentação é considerado uma das
principais causas da degradação do habitat. Dependendo da geologia e do terreno locais,
o acúmulo de sedimentos pode danificar os ecossistemas aquáticos, não apenas nos
locais a jusante, mas nas cabeceiras a montante, à medida que os depósitos crescem
(1).
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O assoreamento de rios faz com que ele tenha capacidade de transportar menos água,
e parte da água que antes escoava no rio passar a escoar pelas planícies provocando
inundações. Eventos extremos costumam aumentar a deposição de sedimentos,
principalmente em bacias em que também ocorrem escorregamentos de encostas. Parte
do movimento de terra pode ter destino o rio, que receberá uma carga de sedimentos
excessiva. Assim, um evento extremo facilita que outras inundações surjam futuramente,
havendo a necessidade de intervenções de dragagem para que isso seja evitado.
A erosão costeira pode estar ligada à falta de sedimentos - quando os rios não trazem
sedimentos suficientes para serem depositados na praia, (Figura 6). Em muitos casos é
necessária a reconstrução destes ambientes para que eles não percam as suas
características usuais.
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Figura 6: Erosão costeira.
Fonte:https://www.fondriest.com/environmental-measurements/parameters/hydrology/sediment-
transport-deposition/).
Existem contaminantes que se degradam muito lentamente e eles podem ser uma fonte
de problemas ambientais por longos períodos, mesmo que não sejam ressuspendidos
com frequência. Os contaminantes mais problemáticos nos sedimentos suspensos e no
leito são metais e bioacumuláveis persistentes tóxicos (PBTs), como pesticidas e metil-
mercúrio.
Estaleiros e outras fontes pontuais podem poluir um corpo de água. Esses contaminantes
podem se depositar no fundo e serem liberados lentamente ao longo do tempo ou serem
levados com outros sedimentos. A remediação de sedimentos pode envolver dragagem
para remover o sedimento contaminado, Figura 7.
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Figura 7: Estaleiros e outras fontes pontuais podem poluir um corpo de água. Esses contaminantes podem
se depositar no fundo e serem liberados lentamente ao longo do tempo ou serem levados com outros
sedimentos.
Fonte:https://www.fondriest.com/environmental-measurements/parameters/hydrology/sediment-transport-
deposition/
A erosão pode ocorrer em qualquer lugar onde haja fluxo de água e material erodível.
Erosão local é o termo de engenharia para a remoção isolada de sedimentos em um
local, como a base de estruturas subaquáticas, incluindo cais e pilares de pontes. Essa
erosão localizada pode causar falhas estruturais, pois estas construções sobre a água
dependem do sedimento do leito para apoiá-los.
Embora a erosão possa ocorrer em qualquer lugar, é mais provável que ocorra nas vias
navegáveis aluviais (leito erodível e margens. Condições críticas de erosão geralmente
ocorrem durante períodos de alto fluxo, como durante um evento de inundação. A taxa
de fluxo mais alta pode captar mais sedimentos e a turbulência ocorre frequentemente
na base de um píer, uma vez que interrompe e acelera o fluxo. Essa turbulência, por sua
vez, aumentará as forças que atuam no leito de um rio, suspendendo partículas
adicionais e iniciando um maior transporte de sedimentos. Se for removido muito
sedimento, a estrutura poderá entrar em colapso pela a ausência do apoio onde foi
construída.
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b) Erosão de contração causada pelo estreitamento da seção transversal de
escoamento, aumentando a velocidade e a capacidade erosiva da água. c) Erosão
localizada (fossa de erosão) que se desenvolve em torno dos pilares e encontros, Figura
8, e 9 (4).
Além das pontes, observa-se, com certa frequência, a ruptura parcial ou total dos aterros
nas cabeceiras das pontes. Isso ocorre devido às perturbações do equilíbrio das terras
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junto a essas descontinuidades do maciço estradal e à infiltração de água entre o
terrapleno e a estrutura, situação típica das cheias (4), (Figura 10).
Figura 10: Destruição causada pela erosão nas saias do aterro de acesso de uma ponte. Fonte: 4.
7. Técnicas de desassoreamento
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Figura 11: Método de dragagem por sucção.
Fonte: https://www.damsafety.in/ecm-includes/PDFs/TS5_3.pdf
Quando se tem acesso fácil a este rio, como no caso de rios urbanos como o Rio Tietê
em São Paulo, ou o Arroio Dilúvio em Porto Alegre, simples escavadeiras podem ser
utilizadas para a remoção do sedimentos, devendo-se ter cuidado com o
desmoronamento do leito do rio, devido ao grande peso da escavadeira. Entretanto,
quando se tem difícil acesso e os métodos de dragagens não forem adequados (por
serem muito caros ou de difícil implementação) pode-se utilizar escavadeiras anfíbias
que funcionam dentro da água (Figura 12).
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O desenvolvimento da civilização se deu às margens dos rios, para utilizar os serviços e
suas águas. Barragens são construídas ao longo dos cursos dos rios para permitir que
as sociedades, um pouco afastadas dos rios, utilizem os recursos hídricos para seu
sustento e compartilhe a carga de sedimentos comum. Portanto, questões de sedimentos
em barragens e rios não podem ser tratadas separadamente. Para um manejo sensato
e sustentável de sedimentos em rios e reservatórios, é necessário adotar uma política de
manejo de sedimentos. Para tanto é necessário fazer um plano de monitoramento de
concentração de sedimentos, localização de pontos de erosão ou acúmulo além de
caracterização. Assim, pretende-se manter os rios em bom estado para uso de suas
águas, que é um dos objetivos dos comitês de Bacia Hidrográfica.
REFERÊNCIAS
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