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1. ÁGUA
1.1. Introdução
A produção média anual de água produzida pelo "runoff" para os rios da Terra é
aproximadamente 48.000 km3 (Tabela 11.2), porém sua distribuição não é nada uniforme. Na
Antártica, por exemplo, há uma produção de 2.300 Km3 de água, o que representa 5 % de toda a
produção terrestre. Na América do sul, a qual inclui a relativamente inabitada bacia Amazônica, a
produção alcança 16.660 km3, cerca de 1/3 do "runoff" mundial. Na América do Norte, a produção
de água é a metade da América do Sul, cerca de 8.100 Km3 por ano.
Comparada com outros recursos, a água é utilizada em enormes quantidades. Nos últimos
anos a quantidade total de água utilizada anualmente tem sido aproximadamente 1.000 vezes a
produção mundial de minérios, incluindo petróleo, carvão, metais e não metais. Por causa de sua
grande abundância, a água é geralmente um recurso muito barato, entretanto, devido a
quantidade e qualidade de água disponível ser altamente variável, as declarações estatísticas
sobre o custo da água em escala global não são particularmente úteis. Deficiências de água tem
ocorrido e irão continuar a ocorrer com uma frequência cada vez maior. Tais deficiências levam à
sérias desordens econômicas e ao sofrimento humano.
Nos EUA há uma estimativa de que o uso da água nos meados do ano 2020 poderá
exceder os recursos hídricos superficiais em 13%. Desde 1965, cerca de 100 milhões de pessoas
nos EUA usam água que já foi utilizada anteriormente e no final deste século muito mais pessoas
estarão utilizando água reciclada.
Para entender a água em termos de suprimento, uso, poluição e manejo, nós precisamos
inicialmente entender algumas características da água. A água é o único líquido e sem ela a vida
como nós conhecemos não é possível. Toda molécula de água contêm dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio. As ligações químicas que unem os átomos são do tipo covalente, de forma que
cada átomo de hidrogênio divide seu único elétron com os elétrons no átomo de oxigênio. Embora
a molécula seja eletricamente neutra (Não possuindo carga nem positiva nem negativa), a
terminação da molécula para o lado do hidrogênio é mais positiva e o lado do oxigênio é mais
negativo. Como resultado, a água é bipolar. Esta característica é responsável por muitas
importantes propriedades da água, e também influencia na forma como ela reage com o meio
ambiente. Por exemplo, moléculas de água são atraídas umas às outras (terminações mais
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negativas atraindo terminações mais positivas), de tal forma que produzem finos filmes ou
camadas de moléculas de água, entre e ao redor de partículas no movimento delas na zona não
saturada (vadosa), localizada acima do nível freático. Este processo é chamado de coesão. As
moléculas de água também podem estar ligadas à superfícies sólidas (adesão); em particular o
lado mais negativo (oxigênio) da molécula ficam ligados a íons tais como Na+, Ca2+, Mg2+, K+.
Devido ao fato das partículas de argilas tenderem a ter uma carga negativa, elas atraem a
terminação mais positiva da molécula da água (hidrogênio) tornando-se, então, hidratadas.
Finalmente, a natureza bipolar das moléculas da água é responsável pela produção de uma
superfície de tensão devido ao fato das moléculas estarem mais ligadas entre si do que com as
moléculas de ar. Esta superfície de tensão é extremamente importante em muitos processos
físicos e biológicos, que envolvem o movimento de água através de pequenas aberturas e
espaços porosos.
A água é frequentemente citada como solvente universal. Devido ao fato das águas
naturais serem levemente ácidas, elas dissolvem uma grande variedade de compostos desde
simples sais a minerais e rochas. A água é particularmente importante no intemperismo químico
de rochas e minerais que, juntamente com processos físicos e biofísicos, iniciam a formação dos
solos.
A água possui um efeito moderador no ambiente, que resulta do fato dela possuir um alto
calor específico, definido como a quantidade de calor medido em calorias necessária para elevar
a temperatura de uma grama de uma substância qualquer em um grau centígrado. O calor
específico da água é 1.0 caloria/grama, quando comparado com o calor específico da maioria de
outros solventes orgânicos, os quais são entre 0,5 caloria/grama. Dessa forma, comparado com
outros líquidos comuns, a água possui a grande capacidade de absorver e estocar calor,
moderando, assim, o ambiente
O ciclo global da água envolve o fluxo da água entre as diversas esferas que compõe o
planeta (litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera). De uma forma simplista, o ciclo da água pode
ser visto como a água fluindo dos oceanos para atmosfera, caindo da atmosfera como chuva
dentro dos oceanos e sobre os continentes como "runoff" superficial ou fluxo subsuperficial e
então retornando para a atmosfera por evaporação.
O fluxo da água sobre o continente é dividido pelas chamadas bacias de drenagem. Uma
bacia de drenagem (Fig. 11.2) é uma área na qual qualquer pingo de água que lá cair terá um
mesmo destino, ou seja, fluirá para um rio principal que o levará até o oceano. Dois pingos de
chuva separados por apenas alguns centímetros ao longo do limite entre duas bacias de
drenagem podem terminar em oceanos diferentes.
a) Fatores Geológicos
c) Fatores biológicos
Os organismos que vivem no solo podem alterar a estrutura física e, algumas vezes,
provocar grandes percolações de água dentro dos solos, reduzindo o runoff e a erosão. As raízes
de algumas plantas e animais escavadores podem produzir macroporos nos solos, que podem
aumentar fortemente a taxa de infiltração da água. Solos com elevado conteúdo em matéria
orgânica tendem a ser relativamente coesos - eles reduzem a superfície de erosão e tendem a
reter a água, comparativamente à solos arenosos, que possuem pouca coesão, alta porosidade e
alta permeabilidade.
Os princípios e processos acima sugerem que o runoff pode ser variável, dependendo das
condições geológicas, fisiográficas, climáticas e biológicas. Por exemplo, sob condições naturais,
com vasta cobertura vegetal, o runoff superficial direto como mostrado na Fig. 11.4, é incomum,
porque as árvores e a vegetação rasteira interceptam a água das chuvas e o potencial para as
águas infiltrarem é alto. Em tais casos, o runoff é subsuperficial, estando confinado ao solo acima
do nível freático (Fig. 11.4a). Uma exceção pode ocorrer, próximo a drenagens e em depressões
nas encostas de montanhas se o nível freático se eleva até a superfície. Tais áreas saturadas
podem sempre produzir runoff superficial em regiões de climas úmidos com boa cobertura vegetal
(Ponto 3a, Fig. 11.4a). Em áreas perturbadas, regiões de vegetação esparsa em climas semi-
áridos, e em áreas onde se pratique a agricultura ou urbanização, o fluxo sobre a superfície do
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Assim, podem-se identificar 3 caminhos maiores para a água nas encostas: a) fluxo
superficial, b) fluxo em subsuperfície acima do nível freático e c) fluxo através do sistema
de águas subterrâneas (Fig. 11.4). O entendimento destes caminhos potenciais de runoff para
uma área em particular é crítico na avaliação dos impactos hidrológicos nos projetos que
envolvam mudanças no uso da terra. A perda de vegetação e da compactação do solo durante a
urbanização, por exemplo, produzirá mais fluxo superficial (Ponto 3b, Fig. 11.4b).
- Água subterrânea
Além da precipitação, outras fontes de água subterrânea podem ser citadas, entre elas:
água infiltrada a partir de águas superficiais, incluindo lagos e rios; recargas artificiais (águas
superficiais deliberadamente injetadas dentro do sistema de águas subterrâneas); lagos de
retenção; sistemas de irrigação e sistemas de tratamento de águas servidas (esgotos), tais como
fossas e tanques sépticos.
O movimento da água dentro da zona de saturação e através das rochas e dos solos é
uma parte integrante tanto do ciclo das rochas quanto do ciclo hidrológico. Por exemplo, a água
pode dissolver minerais em locais que passa, posteriormente precipitando novos minerais, sob a
forma de cimento (minerais autigênicos) em outros lugares. A água subterrânea pode transportar
sedimentos, calor, gases e microrganismos.
rochas pouco permeáveis. Neste texto, nos iremos utilizar ou dois termos, condutividade
hidráulica e permeabilidade para descrever as propriedades dos materiais. Contudo, o termo
condutividade hidráulica será usado preferencialmente porque ele é expresso em unidades que
são fáceis de entender e comumente utilizadas na hidrogeologia.
Uma zona de material terrestre capaz de produzir água subterrâne a partir de um poço, a
uma taxa proveitosa é chamada de aqüífero. A zona de material terrestre que irá reter a água e
não a transmite com rapidez suficiente para ser bombeada a partir de um poço é chamada de
aquitarde. Os aquitardes formam-se frequentemente a partir de camadas confinantes, através
das quais pouca água é capaz de se mover. Solos argilosos, folhelhos, rochas ígneas ou
metamórficas com pouca interconecção entre os poros e/ou fraturas são caracteristicamente
aquitardes. Em contraste, cascalho, areia, solos e arenitos fraturados, granitos e rochas
metamórficas muito fraturados, com alta porosidade, podem ser bons aqüíferos.
Do ponto de vista teórico, as forças de movimento dos fluxos ou força hidráulica (hidraulic
head), é a soma da elevação da água e a razão entre a pressão do fluido pelo peso da coluna de
água. Para um exemplo simples, tem-se na Fig. 11.6 a pressão (pressure head) em dois pontos A
e B como sendo a pressão atmosférica (definida como 0); então, a força hidráulica no ponto A e B
é correspondente a suas elevações. A diferença nas forças hidráulicas entre os pontos A e B (h)
dividida pelo cumprimento do fluxo (L) é o gradiente hidráulico. As condições mostradas na Fig.
11.6 são de um aqüífero não confinado. Se uma camada confinante está presente, então a
pressão do fluido precisa ser considerada nos cálculos do gradiente hidráulico. Entretanto, a Lei
de Darcy ainda se aplica. Devido ao fato de que a água subterrânea sempre se mover de uma
área de maior força hidráulica para uma área de força menor, ela pode se mover para baixo,
lateralmente ou para cima dependendo das condições locais. A razão da água fluir para cima
(poço artesiano, Fig. 11.7), é que a força hidráulica observada abaixo de uma camada confinante
é maior do que a força hidráulica observada acima da camada confinante.
A poluição da água significa que houve uma degradação da qualidade da água, que é
medida através de parâmetros biológicos, químicos ou físico-químicos. A degradação da água é
geralmente avaliada em termos do uso pretendido, efeitos sobre a saúde pública e impactos
ecológicos. Do ponto de vista da saúde pública ou do ponto de vista ecológico, um poluente é
qualquer substância química, partícula física ou organismo que se concentre em valores acima
daqueles considerados inofensivos aos seres vivos. Portanto, quantidades excessivas de metais
pesados, de certos isótopos radioativos, de fósforo, de nitrogênio, de sódio enfim de qualquer
elemento, bem como certas bactérias patogênicas e viroses, são todos considerados poluentes.
Em algumas situações, um material pode ser considerado um poluente para um segmento
particular de uma população, e ser inofensivo para outro segmento da mesma população. Por
exemplo, o excesso de sódio na forma de sal de cozinha, não é inteiramente inofensivo, mas para
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algumas pessoas, que para viver só podem ingerir quantidades limitadas de sal (hipertensos), o
sal pode ser fatal.
Existem muitos materiais diferentes que podem poluir a água superficial ou subterrânea.
Neste capítulo nos trataremos apenas alguns:
a) demanda bioquímica de oxigênio,
b) bactéria tipo coliformes fecais,
c) nutrientes,
d) óleo,
e) metais pesados,
f) poluição térmica,
g) substâncias químicas perigosas,
h) Materiais Radioativos e,
i) sedimentos.
Mundial de Saúde (OMS), que recomendam para a água potável valores nulos de coliformes
fecais em amostras de 100 ml de água.
c) Nutrientes
d) Óleos
Vazamentos de óleo na água (geralmente nos oceanos) tem causado uma série de
problemas, onde vários vazamentos de óleo a partir de plataformas submarinas de exploração de
petróleo tem acontecido nos últimos anos. Tais vazamentos são normalmente causados quando
ocorre um “blow out” (explosão) no poço que está sendo explorado. O óleo vazado causa
normalmente problemas para os organismos marinhos e para as regiões costeiras (praias e
manguezais).
O óleo pode ser também liberado para os oceanos através de acidentes com navios
tanques (petroleiros). Um dos mais sérios problemas ocorreu em março de 1989, quando o super-
petroleiro Exxon Valdez colidiu com o recife de Bligh, 40 quilômetros ao sul de Valdez no canal
Prince Willian. O óleo cru liberado através do tanque atingiu uma vazão de 20.000 barris/h. O
Exxon Valdez estava carregado com 1,2 milhões de barris de óleo e destes mais de 250.000
barris vazaram.
O óleo vazou para uma região rica em peixes e animais marinhos. O impacto a longo prazo
é difícil de determinar. O vazamento atingiu uma grande área. A Fig. 11.22 mostra a extensão da
catástrofe. A Fig. 11.22b compara a área de vazamento com a costa leste dos EUA.
Logo após o acidente, o governador do Alasca declarou o Canal Pince William como área
de desastre e solicitou forças federais. O trabalho de limpeza na área costeira apresentou
enormes problemas, observando-se que fotografias e video-tapes do trabalho sugerem uma
tentativa quase inútil de limpar seixos individuais nas praias . O vazamento atrapalhou a vida das
pessoas que trabalham nas vizinhanças e somente com o tempo é que se poderá avaliar
verdadeiramente os danos causados, o que se pode observar é que, certamente, os impactos a
curto prazo foram bastante significativos, já que incluem os problemas gerados para a industria
pesqueira e turismo, bem como perdas de aves e mamíferos marinhos. A interrupção no
fornecimento de óleo causou uma quase imediata ascensão no preço do óleo. Espera-se que as
lições aprendidas com o vazamento do super-petroleiro Exxon Valdez sejam usadas para
desenvolver melhores estratégias de gerenciamento, tanto para o transporte do óleo cru, como
também para planos de emergência para minimizar impactos ambientais.
em nutrientes e borrifou sobre a mancha de óleo, tal processo, que hoje em dia se chama de
biorremediação, nunca tinha sido anteriormente utilizado. Assim, o acidente como o Mega Borg
será lembrado na história como o primeiro vazamento de óleo tratado por biorremediação.
e) Metais Pesados
Metais pesados, tal como Mercúrio, Zinco e Cádmio são perigosos poluentes e são
freqüentemente depositados junto aos sedimentos naturais no fundo dos rios. Se estes metais são
depositados em planícies de inundação, eles podem ser incorporados às plantas, aos animais, à
produção de alimentos e, eventualmente, entrar na cadeia alimentar humana. Se estão
dissolvidos e a água é retirada para a agricultura ou para o uso humano, pode ocorrer
envenenamentos. Os metais pesados serão discutidos com mais detalhe no capítulo sobre
Geologia x Saúde x Meio Ambiente.
f) Poluição Térmica
Muitos compostos sintéticos orgânicos e inorgânicos são tóxicos para as pessoas e outros
seres vivos. Quando estes materiais são acidentalmente introduzidos num sistema aquoso
superficial ou subsuperficial, uma poluição extremamente séria acontece. Este tipo de problema
será abordado no capítulo sobre rejeitos perigosos.
h) Materiais Radioativos
h) Sedimentos
A poluição aquática pode acontecer através de fontes pontuais ou não, onde as fontes
pontuais são discretas e confinadas, podendo citar como exemplo tubulações que lançam
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As Fontes não pontuais são difusas e intermitentes e influenciadas por fatores como uso
da terra, clima, hidrologia, topografia, vegetação nativa e geologia. As fontes urbanas mais
comuns são: runoff urbano a partir de ruas (contém vários tipos de poluentes, como metais
pesados, produtos químicos e sedimentos). Em áreas rurais, as fontes são geralmente associadas
com agricultura, mineração, ou reflorestamento. Fontes não pontuais são extremamente difíceis
de controlar.
Considere o lago Washington próximo a Seatle (EUA) como um caso histórico. Quando
Seatle era uma cidade pequena, a poluição dos rios que fluem para dentro do lago não produziam
nenhum efeito notável. A degradação biológica natural e os processo inorgânicos eram suficientes
para dar conta dos efluentes. Na década de 50, entretanto, a cidade tornou-se grande e a
quantidade de efluentes foi tamanha que o lago não deu conta de degradar os efluentes lançados.
Tais situações como a do lago Washington acontece por exemplo no Rio de janeiro onde
tanto a baía de Guanabara quanto a lagoa Rodrigo de Freitas encontram-se completamente
poluídas. Existem três maneiras de se combater a poluição das águas: a) reduzir as fontes;
b) transportar os poluentes para outro lugar onde ele não provoquem dano; ou c) converter o
poluente numa forma inofensiva. No lago Washington, a segunda opção foi adotada por ser a
mais fácil e a mais prática, onde foi utilizado um rio de correntes rápidas e que desaguava no
Oceano Pacífico. Este método foi o menos caro. Entretanto, os efluentes, antes de serem
lançados, passam por estações de tratamento da água onde elimina-se o fósforo em excesso e
90% do DBO é removida.
Existem vários outros casos de sucesso no tratamento da poluição aquática. Um dos mais
notáveis foi a limpeza do rio Tâmisa na Inglaterra. Por séculos, os esgotos de Londres foram
lançados no rio Tâmisa, de forma que poucos peixes foram encontrados a jusante no estuário.
Nas décadas mais recentes, várias medidas de tratamento de águas foram implementadas, o que
ocasionou a volta de algumas espécies outrora desaparecidas.
Desde 1960 um atenção maior vem sendo dada, nos EUA, no que diz respeito a redução
da poluição aquática e, consequentemente, na melhoria da qualidade da água. A premissa básica
é que a população tem um desejo real por água pura para beber, nadar e usar na agricultura e
indústria. Em algum momento, a qualidade da água próxima aos centros urbanos foi
consideravelmente pior do que ela é hoje em algumas partes dos EUA. Nos últimos anos anos
uma série de casos tem sido encorajadores, e um dos mais conhecidos é o do rio Detroit. Em
meados de 1950 e no início da década de 60, o rio Detroit foi considerado um rio morto. Ele era o
receptáculo de esgoto doméstico, industrial químico e de lixo urbano. Toneladas de fósforo foram
descarregadas diariamente dentro do rio, e um filme de óleo de 0,5 cm de espessura estava
sempre presente. A vida aquática foi consideravelmente impactada e milhares de patos e peixes
foram mortos. Embora hoje em dia o rio Detroit não seja um rio como outrora, uma série de
melhorias podem ser observadas, resultantes do controle da poluição urbana e industrial. As
emissões de óleo e graxa foram reduzidas em 82 % entre 1963 e 1975. A concentração em
fósforo e as descargas de esgoto foram também fortemente reduzidas. Os peixes podem ser
novamente encontrados no rio Detroit.
O caso do rio Hudson, contaminado com PCB (bifenil policlorados com estruturas químicas
semelhantes a DDT e dioxina) é um outro bom exemplo. Os PCB's foram utilizados em muitos
transformadores e capacitores elétricos. A descarga destes produtos químicos no rio Hudson
começou em 1950 e terminou em 1977 onde aproximadamente 295 toneladas de PCB's foram
liberadas aproximadamente para o rio. As concentrações medidas em sedimentos são superiores
a 1.000 ppm próximo aos locais de lançamento ficando inferiores a 10 ppm a muitas centenas de
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quilômetros a jusante da cidade de Nova York. O sistema americano “Food and Drug
Administration” permite menos de 2,5 ppm de PCB em produtos de laticínios, enquanto que o
limite estabelecido pela cidade de Nova York é de 0,1 ppb em águas potáveis. Os PCB's são
cancerígenos e conhecidos como causadores de perturbações no fígado, sistema nervoso,
sangue e no sistema imunológico das pessoas. Além do mais, eles são praticamente
indestrutíveis no ambiente natural e concentram-se nas partes mais superiores da cadeia
alimentar - nosso interesse!. As amostras de água em 240 quilômetros ao longo do rio Hudson
mostraram uma média de concentração de 0,1 a 0,4 ppb. mas os PCBs estão concentrados em
níveis muito mais elevados em alguns peixes. Como resultado, a industria pesqueira do rio
Hudson sofreu um forte impacto e grande perda econômica.
Infelizmente, o canal "Love" não é um caso isolado. Perigosos rejeitos químicos tem sido
encontrados ou são suspeitos em regiões de suprimento de água subterrânea em vários outros
países. Os países industrializados produzem milhares de produtos químicos; muitos deles,
particularmente pesticidas, exportados para países em desenvolvimento, onde são utilizados em
plantações. Os produtos finais dessas plantações são muitas vezes importados pelos países
industrializados, completando o ciclo. Um exemplo disso foi verificado na Costa Rica, que importa
vários tipos de pesticidas incluindo DDT, aldrin, edrin e “chlordane” que por sua vez foram banidos
ou fortemente restritos nos EUA e na Europa. A maioria desses pesticidas são utilizados em
plantações destinadas aos países ricos.
Atualmente nos EUA, apenas uma pequena porção da água subterrânea é reconhecida
como sendo contaminada. Contudo, alguns milhões de pessoas usaram essa água, e o problema
está aumentando embora os exames da água subterrânea tornam-se mais comuns. Um exemplo
são as cidade de Atlantic City (NJ) e Miami (FL), que foram ameaçadas por águas subterrâneas
poluídas, que migraram lentamente através de seus poços, sendo estimado que 75% dos 175.000
sítios de disposição de resíduos conhecidos na região podem produzir plumas de produtos
químicos perigosos. Devido ao fato de que muitos destes produtos químicos são tóxicos ou
suspeitos de serem cancerígenos, parece que estamos conduzindo um experimento em larga
escala sobre os efeitos nocivos dos produtos químicos sobre pessoas expostas a um baixo nível
de concentração. Infelizmente, o resultado desse experimento não foi reconhecido por muitos
anos. Preliminarmente, os resultados sugerem ser melhor atuar agora, antes que a bomba relógio
da saúde pública exploda.
solar (os quais podem tender a degradar poluentes), juntamente com a rapidez com que ocorrem
os processos de diluição e dispersão dos poluentes, são bastante diferentes dos processos
inerentes às águas subterrâneas onde a oportunidade para a degradação bacteriológica é
geralmente confinada ao solo ou a metro ou então sob a superfície. Além disso, os canais através
dos quais a água subterrânea se move são, muitas vezes, demasiados menores e variáveis. Por
estas razões, a taxa de movimento é muito reduzida (exceto, talvez, em grandes canais de
dissolução dentro de rochas carbonáticas) e a oportunidade de dispersão e diluição é limitada. Em
adição, a falta de oxigênio nas águas subterrâneas mata os microrganismos aeróbicos (que
necessitam de oxigênio livre para sobreviver e crescer), mas fomenta o desenvolvimento de
espécies anaeróbicas (que prosperam em ambientes deficientes em oxigênio).
Muitas conjecturas, debates e pesquisas tem sido feitos sobre a poluição de águas
subterrâneas. O principal responsável pela poluição das águas subterrâneas é, sem dúvida, a
introdução de elementos químicos, produtos e microorganismos que não ocorrem naturalmente
nos aqüíferos. A degradação do aqüífero é de difícil detecção e a sua regeneração e cara e
complexa. Devido a isto, recomenda-se que a disposição de rejeitos, potencialmente poluidores,
deve ser realizada em locais onde seja assegurada a não contaminação dos aqüíferos. Este
sonho é quase impossível. A melhor solução estaria no tratamento adequado dos resíduos,
através do melhor entendimento dos processos naturais.
A Fig. 11.23 mostra o princípio geral de uma intrusão salina. O nível de água subterrânea
é geralmente inclinado em direção ao oceano, enquanto que uma cunha de água salgada é
inclinada em direção ao continente. Desta forma, em áreas com camadas não confinantes, a água
salgada próximo a costa pode ser encontrada em profundidade maior que a água doce. Devido ao
fato de que a água doce é um pouco menos densa do que a água do mar (1,000 comparada com
1,025 g/cm3), uma coluna de água doce de 41 cm de altura é necessária para balancear 40
centímetros de água salgada. Uma relação mais geral diz que a profundidade da água salgada
abaixo do nível do mar é 40 vezes a altura ("H" na Fig. 11.23) do nível freático acima do nível do
mar. Quando poços são feitos, um cone de depressão pode se desenvolver no nível de água
doce, que pode permitir a intrusão de água salgada, se a interface entre elas é atingida em
resposta a perda de massa da água doce.
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Um bom exemplo é observado em Long Island, Nova York. Dois municípios na ilha,
Nassau e Suffolk, com uma população de vários milhões de pessoas, são inteiramente
dependentes da água subterrânea. Os dois maiores problemas associados com a água
subterrânea são a intrusão de água salgada e a contaminação de aqüíferos rasos. A Figura 11.24
mostra o movimento geral da água subterrânea sob condições normais para o município de
Nassau. A água subterrânea salgada está restrita, devido a migração de uma larga cunha de água
doce que se move abaixo da ilha.
Um dos problemas mais sérios em Long Island é a poluição dos aqüíferos mais rasos
associando-se, principalmente, com a urbanização. As fontes de poluição em Nassau incluem:
"runoff" urbano, esgoto doméstico a partir de fossas e reservatórios sépticos, sal usado nas ruas
durante o inverno, e resíduos sólidos industriais e domésticos. Estes poluentes entram nas águas
superficiais e migram para baixo, especialmente em áreas de intenso bombeamento e de declínio
do lençol freático. A Figura 11.25 mostra a extensão do nitrato dissolvido, com altas
concentrações, na água subterrânea de zonas profundas. As maiores concentrações estão
localizadas sob zonas urbanas intensamente populosas, onde o nitrato, oriundo de fontes tais
como fossas sépticas, poços, fertilizantes, é rotineiramente introduzido no ambiente
hidrogeológico.
EXERCÍCIOS
1. QUALIDADE DA ÁGUA E FONTES DE POLUIÇÃO
1.1. Introdução.
A qualidade da água de um rio, lago, poço ou fonte é produto da qualidade das chuvas e de
qualquer mudança que ocorra na água ou sob a superfície. Na medida em que a água se move
através do ciclo hidrológico, ela muda química, física e/ou biologicamente. Algumas mudanças
causam deterioração na sua qualidade, e, se o input induzido pela atividade humana for
significativo, a água estará fatalmente contaminada.
A qualidade da água é um termo relativo. A água do mar é de boa qualidade para muitos
peixes, mas não serve como bebida para os seres humanos. A intenção de uso precisa ser
conhecida antes de se falar sobre a qualidade da água.
Por outro lado, no que diz respeito a saúde, existem várias legislações que tratam do
assunto. Nos EUA a agência EPA (Environmental Protection Agency) desenvolveu uma
legislação secundária para a água potável que cobre vários aspectos, entre eles aqueles
envolvendo a qualidade estética (sabor e odor).
unidade para a resistividade. S significa Siemens, que foi quem desenvolveu uma parte desta
teoria.
PARTE A
- Dureza
Cálcio (Ca) - O cálcio pode ser lixiviado a partir de muitas rochas, mas os calcários e
dolomitos são os que fornecem as maiores quantidades. O Cálcio é a principal causa da dureza e
forma incrustações em vários utensílios domésticos. O Cálcio não é considerado nocivo à saúde.
Vários outros produtos químicos inorgânicos estão também presentes na composição das
águas, normalmente em quantidades chamadas de traços ( < 1 ppm). Eles são também
importantes na avaliação da qualidade da água e tem algumas implicações quanto a saúde das
populações. Os limites de vários destes composto químicos podem ser observados na Tabela III-
1.1a.
Sulfato (SO4) - O sulfato é oriundo da dissolução de rochas que contem enxofre, tais como
gipso (CaSO4) e sulfetos em geral como a pirita (Fe2S). O sulfato, quando combinado com outros
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elementos, pode produzir um sabor amargo que, em grandes quantidades podem produzir uma
efeito laxativo em algumas pessoas, dessa forma, a agencia americana de proteção a saúde
pública recomenda que as concentrações na água não devam exceder a 250 mg/l. Embora altas
concentrações de sulfato possam refletir condições naturais, várias atividades industriais podem
ocasionar fortes contaminações. Normalmente em regiões de mineração de carvão são
encontradas grandes concentrações de sulfato nas águas superficiais. Isto resulta do
intemperismo de sulfetos de ferro que são abundantes nestes ambientes. Várias indústrias,
particularmente as siderúrgicas utilizam grandes quantidades de ácido sulfúrico, que muitas vezes
são drenados para os rios ou não são tratados adequadamente. Além disso, elevadas
concentrações de sulfato podem indicar também contaminação a partir de fossas ou redes de
esgoto.
Cloro (Cl) - Embora o cloro possa ser dissolvido de rocha e solos, sua presença pode
indicar contaminação através de redes de esgoto humana ou de animais, bem como efluentes
industriais. O cloro pode combinar com o sódio para produzir um sabor salgado; o conteúdo em
cloro em sistemas de abastecimento de águas públicas não deve exceder a 250 mg/l (Tab.III-
1.1b). Isto limite é baseado apenas no sabor da água. Entretanto em regiões costeiras águas
doces sobrepõem-se a água salgada. A profundidade da interface água-doce água salgada pode
variar de poucos centímetros a dezenas de metros.
Flúor (F) - A maioria dos compostos de flúor possuem baixa solubilidade; portanto, o flúor
ocorre somente em pequenas quantidades nas águas naturais. O flúor na água potável tem
mostrado ser bastante eficiente na redução da formação de cáries dentárias, se a água é
consumida durante o período de calcificação do esmalte dos dentes. Se consumido em excesso,
pode causar manchas nos dentes. A concentração máxima recomendada para águas públicas
utilizada varia de acordo com a temperatura do ar (Tabela III-1.3). Um excesso de flúor está
normalmente associado com a formação excessiva de ossos e com a calcificação de ligamentos.
Nitrato (NO3) - O nitrato pode ser lixiviado a partir de rochas, ou pela água da chuva, mas
certas plantas, excrementos animais, resíduos de esgoto, e fertilizantes inorgânicos são
provavelmente as maiores fontes de nitrato para o sistema aquático. As concentrações de nitrato
(medidas como N) na água não devem ultrapassar a 10 mg/l.
Ferro (Fe) - Os compostos do ferro são muito comuns nas rochas e eles podem ser
facilmente lixiviados pela água, particularmente águas com pH baixo. As concentrações de Ferro
superiores a 0,3 mg/l podem causar manchas na louça sanitária e em utensílios em geral.
Geralmente é inadequado para uso na preparação de comida, bebidas, sorvete e muitos outras
atividades. Ele pode causar uma sabor de metal. Rios que drenam áreas com minas de carvão
entre outras, comumente contem Ferro em excesso. Além disso, vários processos industriais, tal
como a siderurgia, podem também contribuir para concentrações excessivas de ferro nas águas
superficiais.
QUESTÕES
1. Quais são as principais substâncias químicas que podem indicar a contaminação da água por
efluentes domésticos (esgoto)?
2. Quais são as principais substâncias químicas que podem ser prejudiciais a saúde humana?
3. Quais são as principais substâncias químicas que afetam adversamente a água potável mas
não são perigosas para a saúde ?
4. Por que a concentração recomendada para o flúor leva em consideração a temperatura ? Por
que o flúor é listado nas Tabelas III-1.1a e 1.1b ?
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5. Explique a diferença nos níveis máximos permitidos para o chumbo entre as agências WHO e
USPHS (Tabela III-1.2).
6. Como o limite do chumbo mudou nos EUA entre 1962 e 1991 ? E por que mudou ?
Use as informações contidas nas Tabelas III-1.4 e 1.5 para responder as perguntas abaixo.
7. Que fatores de qualidade da água indicam que no poço da fazenda de Dakota do Norte está
contaminado ? Qual é a fonte mais provável dessa contaminação ?
8. Qual é a fonte mais provável de contaminação dos poços em Ohio ? Esta água poderia ser
utilizada para cozinhar ? Explique.
9. Qual é a fonte mais provável de contaminação para o riacho Big Four Hollow ? Esta água
poderia ser perigosa para a saúde se consumida ? Explique. Que sabor ela deveria ter ?
10. Por que a água do poço em Wichita é mais mineralizada do que a água do poço em
Sheverport ? (Considere o clima bem como as diferenças na geologia)
11. O lago Erie foi considerado, certa vez, extremamente contaminado e foi mesmo dado como
“morto” por alguns ambientalistas. Tome os dados da Tabela III-1.4 e veja se eles suportam tal
afirmativa ? Explique.
12. Por que o sistema público de abastecimento de água de Seatle contem menos sólidos
dissolvidos do que em Buffalo ? (considere a geologia, o clima e a topografia).
13. Quais foram as prováveis condutâncias específicas lidas para as águas do rio Mahoning e
para o riacho Big Four Hollow ?
14. A partir dos dados das tabelas, você esperaria que a maioria do suprimento de água fosse
ácido ou alcalino ?
15. Qual é a fonte de água onde você vive ? Se possível determine seus sólidos dissolvidos e
registre.
A contaminação de fontes de águas naturais, tais como lagos e cursos d’água, comumente
resultam de: 1) descargas pontuais de efluentes diretamente dentro do corpo d’água; 2) fontes
não pontuais de descarga, tal como runoff e 3) influxo de águas subterrâneas contaminadas. No
caso de uma fonte pontual, é relativamente fácil determinar a localização da desembocadura e
medir a taxa de descarga de efluente e a sua composição. Entretanto, é muito mais difícil se
avaliar quando as fontes de poluição não são pontuais.
O principio de que a solução para a poluição é a diluição tem sido utilizado a séculos. Nos
anos 70, num esforço para limpar os rios nos EUA, foi implementado a redução e/ou pré-
tratamento de efluentes industriais, contudo a diluição ainda é um importante conceito.
O raciocínio atrás deste conceito é que geralmente a descarga dos efluentes é muitas
vezes menor do que a descarga do rio receptor. Consequentemente, os resíduos serão diluídos a
concentrações aceitáveis. Por exemplo, uma água subterrânea contaminada é constantemente
diluída na medida em que ela se move através da subsuperfície. A quantidade de água
subterrânea que se infiltra num rio é geralmente muito pequena em relação ao fluxo deste rio.
Desta forma o contaminante pode ser diluído de tal forma que ele pode ser indetectável, mesmo
nas áreas de descarga. A concentração de um contaminante em um rio está também diretamente
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relacionada às características físicas do rio, onde muitos contaminantes ficam presos aos
sedimentos ou acumulam-se no fundo dos rios, sendo portanto, removidos do sistema aquático.
A carga de poluição que um rio carrega pode ser calculado se a descarga do rio e a
concentração específica dos contaminantes forem conhecidos:
Onde:
Q = descarga do rio (pés cúbicos por segundo, cfs)
C = concentração específica do contaminante (mg/l)
0,0027 = constante para converter segundos e mg/l em dias e toneladas.
Para determinar se um rio está sendo contaminado, é necessário adquirir dados que são
coletados antes da contaminação aparente ou determinar as concentrações de constituintes
selecionados em partes não contaminadas do rio. Comumente, os dados de qualidade da água
refletem as condições naturais anteriores à contaminação, algumas vezes chamada dados
relativos ao background. Informações sobre o background podem ser obtidas, entretanto, pela
amostragem de água ao longo do rio e de seus distributários.
1) Determine a carga diária de ferro (toneladas/dia) que entra na queda de Niágara (descarga
aproximada = 200.000 cfs), se a concentração do ferro é 0,1 mg/l.
2) Matéria orgânica biodegradada promove uma demanda em oxigênio nos rios. Que parâmetro
de qualidade de água você esperaria que mudasse com o aumento da demanda de oxigênio ?
4. A partir da Tabela III-1.6. Você esperaria diferenças na qualidade da água do rio, acima e
abaixo da estação de tratamento de esgoto ? Explique.
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2.1. Introdução
Durante os anos 60 e 70 as pessoas observaram a poluição e seus efeitos nos rios dos
EUA. Espumas de detergentes cobriam os rios e peixes flutuavam mortos, intoxicados com
toxinas e por falta de oxigênio. Muitas praias foram fechadas; algumas fontes de água potável
foram perdidas; pelo menos um rio foi incendiado; e a industria pesqueira foi fortemente afetada
por efeito da poluição química de compostos orgânicos e mercúrio. Neste exercício vocês
explorarão duas áreas onde os resíduos industriais resultaram num decréscimo na qualidade da
água. Embora a prática de dumping de resíduos industriais diretamente no interior de águas
superficiais tenha decrescido marcadamente nos EUA desde 1970, existem muitos lugares no
mundo onde tais poluições pontuais são comuns. Este exercício mostra o impacto de práticas
inadequadas de disposição de resíduos em um dos Grandes lagos.
Os lagos Erie e St. Clair e os rios Detroit e St. Clair estão entre as várias áreas impactadas
pelo Mercúrio nos anos 60 e 70. De fato, a poluição por mercúrio praticamente arrasou com a
indústria pesqueira em muitas áreas e as explosões de crescimento de algas resultantes, reduziu
o nível de oxigênio dissolvido em várias áreas. Estes e outros fatores induziram alguns
ambientalistas a considerar o Lago Erie como “morto”. Embora o lago não esteja morto, os
produtos químicos inorgânicos e orgânicos, alguns oriundos de fazendas, e elementos traços são
ainda um problema para o lago. A qualidade da água e a saúde da população de peixes já
mostraram melhorias significativas desde 1970, mas o consumo excessivo de peixes a partir do
lago é ainda perigoso. Um novo problema, para os seres humanos e o ecossistema dos Grandes
Lagos, é um molusco de origem europeia, que foi inadvertidamente introduzido no lago. Elas
crescem rapidamente e alastram-se pelas cidades, hidroelétricas e barcos. Embora uma ação de
filtragem possa atualmente melhorar a qualidade da água, ela pode eventualmente causar outros
problemas porque concentra poluentes que retira da água.
Nesta parte, nós investigaremos a contaminação por elementos traços. Embora este
exercício seja construído sobre qualidade de água superficial, o foco é sobre os sedimentos
contaminados pelos elementos traços. Os elementos traços são definidos como aqueles que
ocorrem naturalmente em concentrações menores do que 1 mg/l. Alguns elementos traços e sua
concentração máxima recomendada na água potável estão listados na tabela III-2.1 (veja também
a tabela III-1.1). Pouco é conhecido do potencial de adversidade ou benefício que estes
elementos possuem sobre a saúde dos seres humanos ou outros animais e plantas. Muitos
elementos traços são necessários para os seres humanos, mas em alguns casos há uma variação
mínima entre quantidade necessária e quantidade tóxica. Por exemplo, a falta de quantidades
mínimas de cobre na dieta humana, causa anemia nutricional em crianças, mas grandes
quantidades podem causar danos no fígado. Uma outra complicação é a forma química do
elemento. Num estado químico, um elemento traço pode passar através do corpo com pouco ou
nenhum mal, mas em outros ele pode ser absorvido até o ponto da toxidade. Um exemplo deste
fenômeno é o mercúrio; mercúrio metálico é geralmente inofensivo mas metil mercúrio é
altamente tóxico.
Nos últimos anos tem sido feito numerosos estudos sobre elementos traços que, em geral,
mostram que muitos ocorrem em concentrações somente detectáveis na água, eles podem em
depósitos de sedimentos dos sistema fluvial em concentrações com duas ou três ordens de
magnitude superiores (100 a 1.000 vezes). As plantas retiram os seus nutrientes dos sedimentos
e podem conter também varias centenas ou mesmo vários milhares de mg/kg de muitos destes
elementos traços. Aparentemente, muitos elementos traços são somente detectados em águas
porque eles se ligam a sedimentos muito finos, que são subseqüentemente depositados. Estes
elementos podem ser removidos e concentrados por plantas e organismos que habitam as
planícies fluviais.
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A contaminação por elementos traços nos Grandes lagos não foi tão severa, entretanto, a
distribuição e a concentração de vários elementos no lago Erie ilustra o impacto da atividade
industrial no lago.
A descoberta de mercúrio no lago Str. Clair, rio Detroit e lago Erie no final da década de 60
levou ao banimento do esporte e da industria pesqueira destes lugares, porque a experiência na
baía de Minamata, Japão, onde dezenas de indivíduos foram envenenados após o consumo de
frutos do mar contaminados por mercúrio. A baia foi contaminada através da disposição de
compostos de mercúrio originados como resíduos numa fábrica de plásticos.
A maior fonte de mercúrio no lago Erie foi identificado como sendo uma fábrica de
produtos químicos em Wyandotte, Michigan, e Sarnia, Ontario. Estas fábricas produziam gás
clorídrico e soda caustica usando células de mercúrio em processos eletrolíticos. A taxa de perda
acidental de mercúrio destas duas fábricas foi estimada em cerca de 50 lbs/dia de 1950 a 1970. A
concentração normal de mercúrio no lago Erie é menos que 0,0002 ppm, mas em sedimentos do
fundo ele variava entre 0,026 e mais de 3 ppm e o background médio é menos que 0,07 ppm.
1. Usando os dados da Tabela III-2.2 e os mapas da Fig. III-2.1 e 2.2, construa isolinhas
(contorno) mostrando a concentração do mercúrio e do cromo nos sedimentos do fundo do lago
Erie. Para o mercúrio, utilize isolinhas representando concentrações de 0,25, 0,5 1 e 2 ppm. Para
o cromo, utilize isolinhas representando concentrações de 20, 60, 80 e 140 ppm. Rotule os
valores de todas as isolinhas. lembre-se que algumas isolinhas podem terminar na costa do lago.
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2. Quais são as três áreas que mostram as maiores concentrações de mercúrio e de cromo ?
3. Com base na Fig. III-2.1 desenhe várias setas indicando de onde vem os principais fluxos de
água do rio Detroit para o Buffalo. Explique.
4. Cite duas razões que justifiquem a sua expectativa de encontrar concentrações de ambos
mercúrio e cromo próximo ao background no ponto A.
5. Onde você esperaria que os moluscos que vivem no fundo do lago apresentassem a maior
concentração de mercúrio ?
6. Onde a industria pesqueira seria mais seriamente afetada, na costa sul ou somente na parte
oeste do lago ? Explique.
1. Usando os quatro mapas a seguir, a Tabela III-2.3 e o código de cores para distinguir os quatro
tipos de água dados na Tabela III-2.3 (tipo 1 - azul; tipo 2 - amarelo; tipo 3 - verde; tipo 4 -
vermelho), pinte as áreas delineadas ao longo do rio Mahoning e indique a faixa de variação do
Sulfato, Cloro, pH e temperatura na área representativa de cada estação de amostragem. Os
dados de cada estação na Tabela III-2.3 referem-se a parte do rio a montante.
Tabela III-2.3 - Variação dos fatores de qualidade de água para o rio Mahoning
5. Os dados sugerem que a maior quantidade de ácido clorídrico é usada nas vizinhanças de
Warren e Youngstown ? Por que ?
6. Você esperaria que o conteúdo em oxigênio dissolvido fosse maior nas proximidades de
Warren e Youngstown? Por que ?
7. A descarga média nas estações 1, 5 e 7 era de 408, 673 e 809 pés cúbicos por segundo (cfs)
respectivamente. Coma base nos dados característicos para o fluxo médio, a concentração de
sulfato nestas estações era 175, 280 2 420 mg/l.
a) Qual foi o aumento da concentração de sulfato em toneladas por dia entre as estações 1 - 5 e 5
-7?
8. O que você esperaria em termos de concentração de cloro nos rios Eagle Creek e West Branch
Mahoning ? Explique.
9. Os constituintes do rio Mahoning na área de Youngstown excederam qualquer limite para água
potável ? Se afirmativo, quais ?
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