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Agostinho António Ricardo

Angelina Abudo Dumar

Benilda Remo Mucatare

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Estruturas Sedimentares

Curso de Licenciatura em Geologia com Habilitações em Mineração

Universidade Rovuma

Nampula

2022
Agostinho António Ricardo

Angelina Abudo Dumar

Benilda Remo Mucatare

Délio Humberto Vasco Lopes

Felismina Artur

Jesualdo Bernabé Nchopa

Laurinda da Conceição Simão Mandala

Martina John Pios

Reinata Mariano Robath

Estruturas Sedimentares

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Geologia Sedimentar, curso de Licenciatura
em Geologia, 2º Ano, leccionada pelo
Docente: MSc. Rangelo Joanito

Universidade Rovuma

Nampula

2022
Índice

I. Introdução, Objectivos Metodologia .................................................................................. 4

1.1. Introdução ........................................................................................................................ 4

1.2. Objectivos do Trabalho ................................................................................................... 5

1.3. Metodologia do Trabalho ................................................................................................ 5

II. Estruturas Sedimentares ..................................................................................................... 6

2.1. Conceitos ......................................................................................................................... 6

2.1.2. Estruturas Sedimentares ............................................................................................... 6

2.2. Classificação das estruturas sedimentares ....................................................................... 6

2.2.1. Estruturas sedimentares inorgânicas primárias ............................................................ 6

2.2.1.1. Estruturas pré-deposicionais .................................................................................... 7

2.2.1.2. Estruturas Sin-deposicionais .................................................................................. 10

2.2.1.3. Estruturas pós-deposicionais .................................................................................. 15

2.2.2. Outras estruturas inorgânicas ..................................................................................... 17

2.2.3. Estruturas sedimentares biogênicas primárias ........................................................... 19

2.2.4. Estruturas sedimentares químicas .............................................................................. 19

2.2.5. As paleocorrentes deposicionais e as estruturas vectoriais ........................................ 21

2.2.5.1. As estruturas Vectoriais ............................................................................................... 22

III. Conclusão e Referências Bibliográficas ........................................................................ 23

3.1. Conclusão ...................................................................................................................... 23

3.2. Referências Bibliográficas ............................................................................................. 24


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I. Introdução, Objectivos e Metodologia

1.1.Introdução

As estruturas presentes nos depósitos sedimentares representam feições de grande, médio e


pequeno porte, formadas pela ação de um meio de maior energia que propicia a presença de
inúmeras formas de estruturas, as quais possibilitam estabelecer o meio em que estas foram
formadas, podendo estas, ocorrerem na parte superior e inferior das camadas, bem como em
seu interior.

As estruturas sedimentares podem ser estudadas em afloramentos: escarpas, pedreiras,


barrancos de margens de rios, cortes de estradas e outras exposições artificiais. Porém, elas
podem ser examinadas também em cortes longitudinais de testemunhos de sondagem.

As estruturas presentes nos depósitos sedimentares, podem ser usadas na interpretação dos
processos e das condições de deposição, das direções das paleocorrentes que transportaram os
sedimentos e os depositaram e, em áreas de depósitos com camadas dobradas, as forças e efeitos
que as deformaram.
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1.2.Objectivos do Trabalho

1.2.1. Objectivo Geral

➢ Abordar sobre as Estruturas Sedimentares.

1.2.2. Objectivos Específicos

Tendo em vista alcançar o objectivo acima mencionado, torna-se necessário definir as seguintes
linhas de actuação:

➢ Definir o conceito de Estruturas Sedimentares;


➢ Classificar as estruturas sedimentares;
➢ Identificar e caracterizar tipologias de estruturas sedimentares.

1.3.Metodologia do Trabalho

Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido na base do método de pesquisa


bibliográfica que consistiu na consulta de artigos, teses e obras literárias que abordam sobre o
tema em alusão.

No tange a organização, o trabalho em alusão está constituído por 3 capítulos. O primeiro


capítulo (introdução, objectivos e metodologia), o segundo capítulo (desenvolvimento da
pesquisa) e por fim o último capítulo (conclusões e referências bibliográficas).
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II. Estruturas Sedimentares


2.1.Conceitos

2.1.2. Estruturas Sedimentares

São configurações ou feições observadas na rocha sedimentar produzidas por processos físicos,
químicos ou biológicos durante ou após o processo deposicional no ambiente sedimentar (Suguio,
2003).

As estruturas sedimentares podem ser usadas para deduzir os processos e as condições de deposição, as
direções de paleocorrentes que os sedimentos foram depositados e, em áreas de rochas dobradas, o
sentido de topo dos estratos.

2.1.3. Camada

É a menor unidade visível e discernível de um pacote de sedimentos depositado num determinado


período de tempo e sob as mesmas condições deposicionais (Suguio, 2003).

2.2. Classificação das estruturas sedimentares


Segundo (Suguio, 2003), as estruturas sedimentares podem ser mais ou menos arbitrariamente
subdivididas em primárias (ou singenéticas) e secundárias (ou epigenéticas).
As primárias resultam de processos físicos atuantes durante a sedimentação como, por exemplo,
as marcas onduladas e as estratificações cruzadas.
As secundárias são formadas logo após ou· muito tempo depois da deposição. Muitas estruturas
secundárias resultam de processos geoquímicos, tais como os que levam à formação diagenética
de nódulos e concreções epigenéticas.
2.2.1. Estruturas sedimentares inorgânicas primárias

Três grupos principais de estruturas sedimentares inorgânicas primárias, baseados na


morfologia e na época de sua formação, podem ser considerados (Tabela 1).

Tabela 1. Classificação das estruturas sedimentares inorgânicas primárias (Selley, 1976 apud
(Suguio, 2003)

Grupos Exemplos Origens


Pré-deposicionais ➢ Canais; Principalmente erosivas
(interestratais) ➢ Escavações e preenchimento;
➢ Turboglifos;
➢ Marcas de sulco;
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➢ Marcas de Objectos;
➢ Marcas onduladas.
Sin-deposicionais ➢ Maciça; Principalmente deposicionais
(intraestratais) ➢ Estratificação plana;
➢ Estratificação cruzada;
➢ Estratificação gradacional;
➢ Laminação plana;
➢ Laminação cruzada.
Pós-deposicionais ➢ Escorregamento e deslizamento; Principalmente
(deformacionais) deformacionais
Estruturas de deformação plástica:

➢ Laminação convoluta;
➢ Acamamento convoluto;
➢ Estruturas de sobrecarga.

Fonte: (Suguio, 2003)

2.2.1.1.Estruturas pré-deposicionais
São feições que ocorrem nas superfícies entre as camadas e são formadas antes da deposição
das camadas sedimentares imediatamente superpostas. Estas estruturas são frequentemente
designadas de marcas basais (bottom structures) ou marcas de sola (sole marks) e são
interestratais, isto é, situadas entre as camadas. As suas origens são principalmente erosivas.
2.2.1.1.2. Canais
são estruturas de escala ampla, com extensão variando de metros até quilômetros que ocorrem
geralmente em sítios de transporte de sedimentos por períodos relativamente longos.
Os canais mais bem estudados são os de origem fluvial. O estudo de paleocanais permite
deteminar profundidade, largura, comprimento e os sentidos das paleocorrentes. Essas feições
podem ser importantes como reservatórios de hidrocarbonetos ou de água, jazidas aluviais de
minerais metálicos (cassiterita, ouro, etc.) e não-metálicos (diamante) .

Figura 1. Ilustrando estrutura em canal . Fonte: (Abrante, 2021)


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2.2.1.1.3. Escavação e preenchimento

As estruturas de escavação e preenchimento (cut and fill ou scour and fill), também chamadas
de estruturas de corte e recheio são feições erosivas bem menores que os canais, sendo as suas
dimensões de decímetros a alguns metros. Em ambientes fluviais, representam discordâncias
locais (ou diastemas), que envolvem curtos intervalos de tempo como, por exemplo, entre uma
enchente e a subsequente.

Figura 2. Escavação e preenchimento. Fonte: (Abrante, 2021)

2.2.1.1.4. Turboglifos (Flute marks ou flute casts)

Os turboglifos são originados a partir de séries de pequenas escavações assimétricas e


alongadas, dispostas paralelamente sobre o substrato lamoso. As escavações são, a seguir,
preenchidas por areia da camada superposta, constituindo contramoldes de escavação,
formando os turboglifos .
Em geral, os turboglifos não se apresentam isolados e variam de formas , tamanhos e arranjos
espaciais.

Figura 3. Turboglifos. Fonte: (Correa, 2022)


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2.2.1.1.5. Marcas de sulcos (Groove marks)


São feições sedimentares, também de natureza erosiva, originadas provavelmente por objectos
(seixos, conchas, etc.) . Elas também tendem a ser escavadas sobre um fundo lamoso que, a
seguir, é coberto por camada arenosa de maneira análoga aos turboglifos.

Figura 4. Ilustrando marcas de sulco. Fonte: (Suguio, 2003)

2.2.1.1.6. Marcas de objectos (Tool marks)


São feições produzidas comprovadamente por objectos em movimento, por ação de correntes
aquosas, sobre fundo lamoso. São extremamente variáveis em forma, tanto em planta como em
perfil, embora sejam grosseiramente orientadas na direção das paleo-correntes deposicionais.
Tanto objectos em repouso como em movimento no meio aquoso podem deixar marcas nas
superfícies dos sedimentos de fundo inconsolidados e preferencialmente de natureza lamosa.

Figura 5. Ilustrando marcas de objectos. Fonte: (Abrante, 2021)

2.2.1.1.7. Marcas onduladas (Riplle marks)


As marcas onduladas são superfícies produzidas sobre materiais incoerentes e arenosos por
correntes aquosas e ondas ou eólicas quando intensidades apropriadas a cada granulação são
atingidas.
Essas feições são formadas na interface água-sedimento, em condições que se aproximam do
regime de fluxo laminar em sedimentos transportados principalmente por tração (ou arraste) .
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Figura 6. Marcas onduladas. Fonte: Wikipédia (2022)

2.2.1.2. Estruturas Sin-deposicionais


Compreendem as estruturas formadas contemporaneamente à sedimentação. Este grupo pode
ser referido colectivamente como estruturas intraestratais, isto é, situadas no interior das
camadas. Além disso, sendo originadas durante a sedimentação são essencialmente construtivas
(ou deposicionais).

2.2.1.2.1. Estratificação ou acamamento


Conforme Campbell (1967), o plano de estratificação (ou acamamento) representa
fundamentalmente uma superfície de não-deposição ou de mudanças abruptas nas condições
deposicionais (como hidrodinâmicas), ou ainda uma superfície de erosão.
A camada (ou estratificação) é uma unidade litológica que pode variar de espessura, desde
alguns milímetros até dezenas de metros, embora seja mais comumente medida em centímetro
ou seus múltiplos. A camada pode ser internamente homogênea (ou maciça) ou composta de
unidades menores denominadas lâminas.
A geometria de uma camada depende das relações entre os planos de acamamento, que podem
ser paralelos ou não e, por sua vez, apresentam-se planos, ondulados, irregulares, etc. Deste
modo, as camadas podem adquirir diferentes formas: tabular, lenticular, cuneiforme, irregular,
etc. Quando duas ou mais camadas de naturezas semelhantes ou diferentes, porém
geneticamente relacionadas, encontram-se superpostas, definem uma seqüência de camadas.
Em geral, este fenômeno é de origem apenas intempérica; portanto, secundária (epigenética),
enquanto a estratificação verdadeira é uma propriedade primária (singenética).
Entre os principais factores que determinam a ocorrência da estratificação têm-se:

a) Mudança de granulação do sedimento


Essas variações de granulação estão, em geral, ligadas às flutuações nas velocidades das
correntes (aquosas ou eólicas) ou às características da(s) fonte(s) de suprimento dos sedimentos.
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Por vezes, a diferença granulométrica entre dois estratos é tão sutil, que só pode ser detectada
ao microscópio.

b) Mudança de composição mineralógica


Esta é a causa mais óbvia da existência de estratificação como, por exemplo, quando ocorre
concentração de minerais máficos em arenitos quartzosos. Pode estar relacionada, como no item
anterior, às variações nas velocidades das correntes ou nas propriedades das fontes de
suprimento, sendo a primeira a causa mais comum.

c) Mudança de morfometria das partículas


Diferenças nos graus de arredondamento ou de esfericidade (ou forma) podem, eventualmente,
dar origem à estratificação.

d) Orientação das partículas inequidimensionais


Se a orientação das partículas for caótica como por exemplo, em depósito de argila floculada,
a estratificação pode estar ausente. Em folhelhos, a estratificação (ou fissilidade) é ressaltada
pela orientação preferencial dos argilominerais que, em geral, apresentam formas placóides.

e) Intercalação de lâminas argilosas


Em alguns arenitos e calcários, a estratificação pode ser atribuída às intercalações de filmes
argilosos que são acumulados durante momentos de ausência de correntes e predomínio da
decantação.
Finalmente, a maioria das camadas sedimentares é depositada originalmente na posição
horizontal. O contato entre os estratos subseqüentes chama-se interface, e cada um desses
planos representa uma antiga superfície de deposição.

2.2.1.2.2. Estrutura maciça

Diferentes unidades de sedimentação podem exibir rochas sedimentares aparentemente


maciças, que podem ser originadas por causas variadas. Ela pode ser adquirida por
recristalização diagenética, como acontece com alguns calcários e dolomitos.
A ausência de estratificação sugere a falta de material transportado por correntes de tração, pois
este mecanismo de transporte conduz invariavelmente à formação de alguma estratificação. Em
geral, rochas sedimentares com estrutura maciça sugerem deposição muito rápida,
principalmente por dispersões sedimentares altamente concentradas, através de movimentos
gravitacionais (ou de massa).
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Figura 7. Estrutura maciça. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.1.2.3. Estratificação plana


A mais simples das estruturas intraestratais é a estratificação plana que, em geral, apresenta-se
com atitude horizontal. Ela pode ser encontrada em vários ambientes de sedimentação, desde
canais fluviais e praias até em frentes deltaicas, mais comumente composta por leitos arenosos,
tanto quartzosos (mais comuns) como calcários (carbonáticos).
A estratificação plana é atribuída à forma de leito plana, que ocorre mais comumente sob
condição de regime de fluxo.

Figura 8. Estratificação plana. Fonte: (Abrante, 2021)

2.2.1.2.4. Estratificação cruzada


A estratificação cruzada pode ser definida, segundo (Mckee & Weir 1953 apud Suguio),
consiste em conjuntos de material estratificado, depositado pelo vento ou pela água, nos quais
as lâminas inclinam-se em relação à horizontal segundo ângulos de até 35°. Os estratos cruzados
formam-se quando os grãos são depositados sobre os planos mais inclinados, no sentido da
corrente (a jusante), das dunas de areia sobre o solo, ou das barras arenosas em rios e sob o mar.
A estratificação cruzada em dunas arenosas depositadas pelo vento pode ser complexa, como
resultado da rápida mudança das direções do agente de transporte. A estratificação cruzada é
comum em arenitos e é também encontrada em cascalhos e alguns sedimentos carbonáticos.
13

Figura 9. Estratificação cruzada. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.1.2.4.1. Morfologia e classificação das estratificações cruzadas

As camadas frontais das estratificações cruzadas podem ser tabulares (planas) ou tangenciais
(assintóticas na base).

Figura 10. Estratificações cruzadas. Fonte: (Suguio, 2003)

Várias denominações têm sido usadas para designar padrões específicos de estratificações
cruzadas, que podem apresentar certas implicações genéticas, e, portanto, tornam-se bastante
importantes. Alguns desses exemplos é a seguinte:
a) Estratificação cruzada espinha- de-peixe (herringbone crossbedding): forma-se devido
a movimentação de fluxo e refluxo das correntes de maré. A corrente é bidirecional, onde
as sequências de estratificações cruzadas, em unidades adjacentes, exibem sentidos opostos.

Figura 11. Estratificação cruzada em espinha de peixe. Fonte: (Correa, 2022)


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2.2.1.2.5. Estratificação gradacional (ou gradativa)

Esta estrutura é representada por unidades de sedimentação plano-paralelas e mais ou menos


horizontais, nas quais ocorre gradação granulométrica geralmente passando de partículas mais
grossas na base para mais finas no topo.
Esta consiste na variação regular da textura com mudanças gradacionais, em geral, de
granulometria grossa para fina. As camadas podem apresentar gradação granodecrescente
(normal), granocrescente (inversa) ou sem gradação.
Este tipo de estratificação ocorre quando a energia do agente de transporte diminui
progressivamente, ocasionando a deposição das partículas por ordem decrescente de tamanho.
Caso a energia do meio aumente, resultará em uma estratificação gradacional inversa, onde o
tamanho dos grãos aumentará na vertical e na horizontal. A estratificação gradacional é comum
em ambiente aquático onde ocorre transporte por suspensão, como, por exemplo, nos turbiditos.

Figura 12. Deposição gradacional. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.1.2.6. Laminação plana


A laminação plana é composta por leitos, cujas espessuras correspondem à soma dos diâmetros
de alguns grãos, podendo ser determinada pela alternância entre horizontes, com diferentes
granulações, ou pelos diferentes teores de minerais pesados máficos, ou ambos.
Esta estrutura é também encontrada em sedimentos rítmicos, definidos pela alternância de
lâminas de granulação mais fina (silte e argila) e mais grossa (areia fina e silte), perfazendo
espessuras que, em geral, raramente ultrapassam vários milímetros.

Figura 13. Laminação plana. Fonte: (Suguio, 2003)


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2.2.1.2.7. As laminações cruzadas e as marcas onduladas


As marcas onduladas são definidas como feições de ondulação que aparecem nas superfícies
dos sedimentos, geralmente arenosos e depositados por correntes de tração sob condições de
regime de fluxo inferior.
As laminações cruzadas de marcas onduladas são feições bastante comuns em sedimentos
fluviais, principalmente em depósitos de diques marginais e de planícies de inundação
(floodplains). São mais raras em planícies de marés (tidal fiats).

Figura 14. Estratificação cruzada por ondas. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.1.3. Estruturas pós-deposicionais


Este grupo abrange as estruturas sedimentares formadas por deformação ou mesmo por
rompimento das feições deposicionais precedentes (pré-deposicionais e sin-deposicionais). As
feições são originadas somente após a sedimentação quase sempre quando os sedimentos ainda
se acham embebidos em água, isto é, ainda exibem propriedades hidroplásticas bastante
acentuadas.

2.2.1.3.1. Estruturas de escorregamento e deslizamento


Esta é a denominação genérica usada para todas as estruturas de deformação
penecontemporâneas, resultantes do deslocamento declive abaixo, principalmente por ação
gravitacional, em geral em ambiente subaquoso.
O escorregamento pode originar dobras, que podem aparecer tanto em areia como em lama.
Geralmente, elas evidenciam movimentos laterais e para baixo, segundo sentidos mais ou
menos constantes.
As estruturas de escorregamento estão geralmente associadas à rápida sedimentação em
vertentes mais ou menos acentuadas, cujo processo pode ser deflagrado, embora não
necessariamente, por movimentos sísmicos.
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Figura 15. Deslizamento. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.1.3.2. Estruturas de deformação plástica


As estruturas de deformação de materiais, ainda plásticos, envolvem movimentos verticais e
horizontais. Entre essas estruturas podem ser reconhecidos dois tipos principais: o primeiro,
que ocorre em sedimentos arenosos fluidificados (tipo areia movediça) e o segundo, que está
relacionado às interfaces deposicionais tendo geralmente areia superposta à lama.
a) Camadas convolutas
São estruturas de deformação plástica, com dobras atectónicas devido à compactação. Estrutura
de carga e psedonódulos ocorrem na interface areia/lama, com projeções da areia mole, devido
a compactação. Ocorre, comumente, em arenitos finos e tem como característica a ausência de
falhamentos.

Figura 16. Camadas convolutas. Fonte: (Correa, 2022)

b) Estruturas de sobrecarga e pseudonódulos


As interfaces entre areia e lama, principalmente quando areia encontra-se superposta à lama,
sofrem vários tipos de deformações. Aparentemente, superfícies com turboglifos e marcas
onduladas favorecem a formação de pseudonódulos, quando aquelas estruturas hidrodinâmicas
são deformadas por sobrecarga.
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Figura 17. Pseudonódulos. Fonte: (Suguio, 2003)

2.2.2. Outras estruturas inorgânicas


Entre essas estruturas inorgânicas têm-se:

a) Marcas de pingos de chuva


São depressões circulares ou elípticas formadas pelo impacto de gotas de chuva sobre solo
argiloso com certo grau de humidade. As margens dessas depressões elevam-se em relação a
superfície do solo. Em solo arenoso essas marcas podem aparecer, mas não se destacam como
em solo argiloso. As marcas de pingos de chuva constituem bons indicadores de exposição
subaérea de sedimentos.

Figura 18. Marcas de pingos de chuva. Fonte: (Correa, 2022)

b) Gretas de dissecação
São estruturas que se desenvolvem em sedimentos argilosos, quando expostos a acção da
atmosfera por considerável espaço de tempo. A argila fica sujeita a contração devido a
dissecação e aparecem fissuras transversais ao acamamento, que separam blocos em forma de
polígonos de contornos irregulares, sendo mais comuns aqueles de seis lados (não raro de três
a cinco lados).
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Figura 19. Gretas de dissecação. Fonte: (Correa, 2022)

c) Diques clásticos
Os chamados diques clásticos são geralmente compostos de material arenoso penetrando, sob
forma de corpo mais ou menos tabular e discordante, camadas argilosas ou de outra natureza.
Os diques de preenchimento tendem a ser regulares, enquanto o dique de injeção acham-se
deformados, originando até dobras ptigmáticas.

Figura 20. Diques clásticos. Fonte: (Suguio, 2003)

d) Boudinage sedimentar

Estrutura resultante de dobramento contemporâneo, geralmente oriundo de deslizamentos, que


envolve massas fluidais compostas, em geral, por interacamamento de estratos de siltito (ou
arenito) e argilito. No primeiro estágio do dobramento, inicia-se o enrugamento das camadas e
os estratos de siltito (ou arenito) sofrem compressão e dilatação. Ao tipo de estrutura
manifestada pelos estratos de siltito (ou arenito) dá-se o nome de boudinage.

Figura 21. Estrutura em boudinage. Fonte: (Correa, 2022)


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2.2.3. Estruturas sedimentares biogênicas primárias


Podem ser consideradas como estruturas biogênicas os rastros (ou pegadas) de vertebrados, as
pistas de invertebrados, os tubos de origem orgânica, os coprólitos, os estromatólitos, as
bióstromas e as bioermas.
Os animais e plantas, não só deixam vestígios de sua existência pela conservação parcial ou
total de suas partes, como também através de vestígios de vários tipos.
Essas e outras evidências deixadas por comunidades de animais e vegetais, que viveram nos
ambientes de sedimentação, podem então constituir importantes parâmetros paleoecológicos.
Os restos fossilizados de importância sedimentológica foram classificados por Reineck & Singh
(1975) nas seguintes categorias:
a) partes duras de esqueletos, tais como conchas, dentes e escamas (mais comumente
calcários ou quitinosos);
b) estruturas de bioturbação;
c) matérias excretadas, tais como, as pelotas fecais;
d) matéria orgânica (em geral, carbonosa).
As estruturas biogênicas compreendendo pistas, pegadas, tubos e perfurações são
colectivamente designadas de fósseis-traço (trace fossils) ou icnofósseis (ichnofossils). O seu
estudo é chamado de icnologia em sedimentos modernos e de paleoicnologia em sedimentos
antigos.

Tabela 2. Nomenclatura de alguns tipos principais de fósseis-traço

Fonte: (Suguio, 2003)

2.2.4. Estruturas sedimentares químicas


Embora existam algumas estruturas sedimentares químicas de origem singenética (primária),
elas são mais características de origem secundária por resultarem, na maioria das vezes, da
diagênese dos sedimentos.
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Sabe-se que as composições química e mineralógica dos sedimentos podem ser modificadas,
em maior ou menor intensidade durante a diagênese, às vezes com completa obliteração das
feições primárias.
Algumas das principais estruturas sedimentares químicas são concreções (ou nódulos),
estilólitos, cones-em-cones e septárias.

a) Concreções (ou nódulos)


As concreções ou nódulos são corpos de tamanhos e formas variáveis, originados pela
concentração local de substâncias químicas diversas no interior de um sedimento elástico
comumente em tomo de um núcleo (germe de cristalização). Distinguem- se dos seixos porque
não são corpos que sofreram transporte, mas foram formados no interior da rocha hospedeira
ou rocha encaixante.

Figura 22. Concreções. Fonte: (Correa, 2022)

b) Estilólitos
Este é um termo usado para designar uma estrutura de dissolução, que se desenvolve em geral
sobre rochas calcárias, exibindo feições de colunas cilíndricas ou piramidais verticalmente
estriadas, que se interpenetram. Em seção perpendicular ao acamamento, imitam traçados
irregulares feitos por um estilete, vindo daí o seu nome.

Figura 23. Estilolito. Fonte: (Correa, 2022)


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c) Cones-em-cones

São estruturas que ocorrem em finos veios de calcário fibroso, de até 15 cm de espessura,
contidos em folhelhos. Assemelham-se a diversos cones concêntricos superpostos (algumas
vezes aparece apenas um), com o eixo normal ao acamamento.

Figura 24. Cone-em-cone. Fonte: (Correa, 2022)


d) Septárias
São grandes nódulos (desde poucos centímetros até 1 m de diâmetro), caracterizados por séries
de gretas radiais que se alargam em direção ao centro e são interligadas por séries de gretas
concêntricas. Estas são, quase sempre, preenchidas por depósito cristalino, geralmente calcita.

Figura 25. Septárias. Fonte: (Correa, 2022)

2.2.5. As paleocorrentes deposicionais e as estruturas vectoriais

As estruturas vetoriais são caracterizadas pela polaridade ligada à sua origem, isto é, podem
fornecer os sentidos de fluxo das paleocorrentes deposicionais.
O significado desses estudos é por demais óbvio, pois as paleocorrentes deposicionais são
imprescindíveis na reconstituição paleogeográfica de uma bacia sedimentar.
Os estudos de paleocorrentes deposicionais, por meio das estruturas sedimentares vetoriais,
envolvem um mapeamento sistemático dessas feições.
22

2.2.5.1. As estruturas Vectoriais

As principais estruturas vetoriais são de naturezas interestratal (pré-deposicionais) ou


intraestratal (sin-deposicionais) e podem ser classificadas como singenéticas e inorgânicas,
incluindo-se entre elas as estratificações cruzadas, as laminações cruzadas, as marcas onduladas
assimétricas, os turboglifos, as marcas de sulcos, etc.
Em condições favoráveis, algumas estruturas biogênicas (fósseis-traço), estruturas pós-
deposicionais e mesmo propriedades texturais (granulometria e grau de arredondamento) que,
em geral, são propriedades escalares podem fornecer indicações sobre paleocorrentes e/ou
paleodeclives deposicionais.
23

III. Conclusão e Referências Bibliográficas

3.1.Conclusão

As estruturas sedimentares constituem um indicador importante das condições de transporte e


depósito de sedimentos. A sua interpretação e facilitada pela comparação dos fenómenos
actuais assim como através de experiências laboratoriais. Algumas estruturas são particulares
de ambientes específicos (glacial, desértico, lacustres. etc.). Mas muitas são comuns em
diversos ambientes de sedimentação e necessitam de critérios complementares para a
interpretação de paleoambientes (outras estruturas sedimentares, fosseis).

Segundo a sua génese, as estruturas sedimentares dividem-se em epigenéticas (ou primárias) e


singenéticas (secundárias).

As estruturas primárias são aquelas geradas nos sedimentos durante ou logo após a deposição,
podem ser divididas em estruturas inorgânicas, que incluem marcas onduladas, estratificação
cruzada, e escorregamentos, e estruturas orgânicas, como escavações, perfurações e pegadas.

Por sua vez, as estruturas sedimentares primárias inorgânicas são divididas segundo sua génese em
pré-deposicional, sin-deposicional e pós-deposicional.

Estruturas sedimentares secundárias são aquelas formadas após a sedimentação. Elas são
resultantes geralmente de processos químicos
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3.2.Referências Bibliográficas

Abrante, F. (Outubro de 2021). Apostila de Estruturas Sedimentares- Sedimentologia/


Estratigrafia . Rio de Janeiro- Brasil.

Correa, I. S. (2022). Estruturas de Rochas Sedimentares. Rio Grande do Sul- Brasil: Porto
Alegre.

Suguio, K. (2003). Geologia Sedimentar. Sao Paulo- Brasil: Editora Blucher.

UHLEIN. A. et. al. Apostila de Sedimentologia e Petrologia Sedimentar. UFMG

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