Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/355379139
CITATIONS READS
0 1,137
1 author:
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Francisco R. Abrantes Júnior on 18 October 2021.
ESTRUTURAS SEDIMENTARES
NITERÓI - RJ
2021
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
ESTRUTURAS SEDIMENTARES
1 - INTRODUÇÃO
Esta apostila é uma tradução parcial de alguns livros escritos na língua inglesa,
como Sedimentology and Stratigraphy (Nichols, 2009), A Practical Approach to
Sedimentology (Lindholm, 1987) e Applied Sedimentology (Selley, 2000), focando na
descrição e interpretação das principais estruturas encontradas nas rochas sedimentares.
Esta tem como objetivo principal complementar o conhecimento sobre Geologia
Sedimentar dos alunos do Curso de Graduação em Geofísica da UFF, principalmente os
que ainda não tem domínio na leitura de textos em inglês. Infelizmente as figuras (livros
citados e outros referenciados no final da apostila) ainda não foram traduzidas, porém a
compreensão fica fácil pois ao longo do texto os principais termos sedimentologicos são
destacados em negrito com a tradução em itálico entre (parênteses). Boa leitura!
1
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
2
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
O segundo ponto a ser notado é que a facilidade e a frequência com que estas
estruturas de base são vistas está relacionada com o grau de litificação. Sedimentos
inconsolidados raramente se dividem em molds e casts devido a sua natureza friável. Essa
pode ser a explicação para a aparente falta de estruturas de base registrados nas areias
turbidíticas modernas de oceano profundo. Em outro extremo, metassedimentos muito
bem litificados em cinturões de dobramento tendem a se dividir melhor ao longo de
fraturas tectônicas subverticais do que ao longo dos planos de acamamento. Portanto, as
estruturas de base (sola) são mais comuns em sedimentos moderadamente litificados que
se dividem preferencialmente ao longo dos planos de acamamento.
Como essas estruturas podem ser formadas e preservadas? Um fluxo turbulento
sobre uma superfície de sedimentos depositados recentemente pode resultar na remoção
parcial e localizada de material. A escavação pode formar um CANAL que limita o fluxo,
mais comumente encontrado como rios na porção continental. Porém, fluxos confinados
semelhantes podem ocorrer em muitos outros locais de deposição, inclusive em ambiente
marinho profundo. Um dos critérios para o reconhecimento dos depósitos de fluxo
canalizado dentro dos estratos é a presença de uma superfície erosiva de escavação que
marca a base do canal. O tamanho dos canais pode variar de menos de um metro de
profundidade e apenas poucos metros de largura, a estruturas de grande escala com muitos
de metros de profundidade e dezenas de quilômetros de largura. O tamanho da estrutura
3
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
As marcas de sola podem ser divididas com base no seu processo formador: i)
como resultado da turbulência na água causando erosão (MARCAS DE ESCAVAÇÃO
- scour marks) e ii) impressões formadas por objetos transportados no fluxo de água
(MARCAS DE OBJETOS - tool marks) (Allen, 1982). Estas estruturas podem ser
encontradas em uma ampla variedade de ambientes deposicionais, mas são
particularmente comuns em sucessões de turbiditos onde as marcas de sola são
preservadas como moldes na base do turbidito sobrejacente.
4
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 3 - Geometria dos turboglifos com indicação da direção da corrente e linhas de fluxo.
5
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
6
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 5 - Diferenciação entre sets e cosets em arenito com diferentes tipos de estratificação cruzada.
7
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
cruzadas de areia lâminas transversais de uma areia (proporção de areia > proporção de
lama). O acamamento LINSEN ou LENTICULAR é composto por marcas onduladas de
areia completamente cercadas por lama (proporção de areia < proporção de lama). A
forma intermediária é formada por proporções aproximadamente iguais de areia e lama,
e é denominada de acamamento WAVY (proporção de areia = proporção de lama)
(Reineck & Singh, 1980). Intercalações de camadas delgadas de arenitos e pelitos são
frequentemente referidas como FÁCIES HETEROLÍTICAS.
8
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Para explicar como as formas de leito são geradas, algumas considerações sobre
a dinâmica de fluidos são necessárias. Um fluido que escoa sobre uma superfície pode ser
dividido em um FLUXO LIVRE (free stream), que é a porção do fluxo não afetada pelos
efeitos da região circundante, uma CAMADA LIMITE DE FLUXO (boundary layer),
dentro da qual a velocidade começa a diminuir devido ao atrito com o leito, e um
SUBLEITO VISCOSO (viscous sublayer), região de turbulência reduzida, tipicamente
inferior a um milímetro de espessura. A espessura do subleito viscoso diminui com o
aumento da velocidade do fluxo, mas é independente da profundidade de fluxo. A relação
entre a espessura do subleito viscoso e o tamanho dos grãos sobre no leito do fluxo define
uma propriedade importante do fluxo. Se todas as partículas estão contidas dentro do
subleito viscoso a superfície é considerada como sendo HIDRAULICAMENTE LISA
(hydraulically smooth), e se existem partículas que se projetam para fora desta camada, o
fluxo é HIDRAULICAMENTE RUGOSO (hydraulically rough). Os processos dentro
do subleito viscoso e os efeitos das superfícies lisas e rugosas são fundamentais para a
formação de diferentes formas de leito.
9
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
11
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Uma ondulação com crista perfeitamente reta gera laminações cruzadas que
mergulham na mesma direção e que ficam no mesmo plano: esta é LAMINAÇÃO
CRUZADA PLANAR OU TABULAR. As ondulações sinuosas e linguoides possuem
superfícies de faces de avalanche curvas, gerando lâminas que mergulham com diferentes
ângulos ao do fluxo, bem como à jusante. À medida que as marcas onduladas linguoides
migram, laminações cruzadas curvas são formadas principalmente nas áreas baixas em
forma de calha entre as ondulações adjacentes, resultando em um padrão de
LAMINAÇÃO CRUZADA ACANALADA.
Figura 11 - Laminação cruzada tabular (ripples de crista reta) e acanalada (ripples de crista sinuosa).
12
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 12 - Laminação cruzada cavalgante mostrando diferenças entre o ângulo de cavalgamento (AC -
linha imaginária que corta as cristas sucessivas) e o ângulo do stoss side (S). Caso o AC seja maior que o
S, a estrutura é denominada LAMINAÇÃO CRUZADA CAVALGANTE SUPERCRÍTICA, preservando
o stoss side e o lee side. Por outro lado, se o AC for menor que S, a estrutura é chamada de LAMINAÇÃO
CRUZADA CAVALGANTE SUBCRÍTICA e apenas a face lee side é preservada. Se o ângulo AC for
igual a S, é uma LAMINAÇÃO CRUZADA CAVALGANTE CRÍTICA.
13
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
14
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
15
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
16
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
17
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
18
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
19
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Fr = v / √ g.h
O número de Froude pode ser considerado como uma relação entre a velocidade
de fluxo e a velocidade de uma onda no fluxo (Leeder, 1999). Quando o valor é menor
que um (Fr < 1), o fluxo é subcrítico e uma onda pode se propagar a montante porque
está viajando mais rápido do que o fluxo. Se o número de Froude for maior que um (Fr
> 1), indica que o fluxo é muito rápido para que uma onda se propague a montante e o
fluxo é supercrítico. Em fluxos naturais uma mudança súbita na altura da superfície do
fluxo, um SALTO HIDRÁULICO (hydraulic jump), é vista na transição do fluxo
supercrítico fino (fluxo rápido) para o fluxo subcrítico mais grosso (fluxo lento).
Quando o número de Froude de um fluxo é próximo de um, ONDAS
ESTACIONÁRIAS podem se formar temporariamente na superfície da água antes de
inclinar e quebrar em direção a montante. A areia no substrato desenvolve uma superfície
paralela à onda estacionária, e à medida que o fluxo se inclina, os sedimentos acumulam-
se no lado a montante da forma de leito. Estas formas de leito são chamadas de
ANTIDUNAS, e, se preservada, ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA DE ANTIDUNA
(antidune cross-bedding) com os foresets mergulhando a montante. No entanto, a
preservação é rara, pois à medida que a onda quebra, a antiduna é muitas vezes
retrabalhada e juntamente com a redução na velocidade de fluxo, o sedimento é
retrabalhado para leitos planos de fluxo subcrítico. Ocorrências de estratificação cruzada
de antiduna são bem documentadas em depósitos piroclásticos, onde o fluxo de alta
velocidade é acompanhado por taxas de sedimentação muito altas (Schminke et al., 1973).
20
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 20 - Diagrama de estabilidade de formas de leito segundo Southard (1991) e Allen (1997).
21
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
22
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Uma única onda pode ser gerada em um corpo d’água, p.e. um lago ou oceano,
como resultado de uma entrada de energia causada por um terremoto, deslizamento de
terra ou algum fenômeno semelhante. Os tsunamis são ondas produzidas por eventos
únicos. Ondas contínuas são formadas pelo vento que atua na superfície de um corpo de
água, que pode variar no tamanho de uma lagoa a um oceano. A altura e a energia das
ondas são determinadas pela força do vento e o FETCH, que é a extensão de água que o
vento percorreu para geração de ondas. As ondas geradas em oceanos abertos podem
viajar muito além das áreas que foram geradas.
23
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 23 - Diferenças nas cristas das marcas de onda de acordo com a energia do fluxo oscilatório.
24
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 25 - Laminações cruzadas formadas ondas. (a) Agradação, sem migração; (b) migração e agradação
com baixo ângulo de cavalgamento e condições de onda constante; (c) migração e agradação com baixo
ângulo de cavalgamento e condições variáveis de onda; (d) migração, sem agradação.
25
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
26
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Quando vistas a partir de seções transversais, as marcas de onda são simétricas com
laminações cruzadas mergulhando em ambas as direções das cristas. Em contraste, as
marcas onduladas de corrente são assimétricas, com laminações cruzadas mergulhando
apenas em uma direção, com a única exceção das marcas onduladas cavalgantes que
possuem lâminas com mergulhos assimétricos.
Figura 27 - Diferença entre marcas onduladas por onda (a) e correntes (b).
→ Ondas de tempestade
Além das formas de leito de ondas e correntes e das estruturas sedimentares
descritas acima, existem também estruturas denominadas de ESTRATIFICAÇÃO
CRUZADA HUMMOCKY E SWALEY. Essas estruturas são consideradas
características da atividade de tempestade nas plataformas continentais. A geração destas
estruturas é geralmente atribuída à ação de fluxos oscilatórios ou combinados (oscilatório
e unidirecional).
A ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA HUMMOCKY (HCS) é caracterizada por
lâminas internas localmente convexas para cima que passam lateralmente para lâminas
côncavas para cima, imitando a morfologia da forma de leito que consiste em hummocks
mais ou menos circulares e depressões (swales). As características fundamentais de HCS
são: (1) as superfícies limitantes inferiores dos sets são erosivas e comumente mergulham
a ângulos menores que 10º; (2) as lâminas localizadas acima destas superfícies limitantes
erosivas são paralelas a estas superfícies; (3) as lâminas podem espessar lateralmente em
um set sendo geralmente mais espessas nas depressões (swales) e menos espessas nos
hummocks; e (4) os sentidos de mergulho das superfícies limitantes erosivas e lâminas
sobrepostas são dispersos.
A ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA SWALEY (SCS) é semelhante a HCS, mas
falta o relevo positivo associado com hummocks. Em uma seqüência progradante
(shallowing upward), HCS aparece primeiramente em camadas discretas de arenito
circundadas por folhelhos que são comumente sobrepostos por camadas amalgamadas de
arenitos espessos apresentando HCS. Em algumas destas seqüências, SCS pode estar
presente acima das camadas amalgamadas com HCS.
27
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Três processos, com maior ou menor influência, operam durante tempestades para
produzir uma ampla gama de tempestitos (storm deposits), com HCS ou SCS,
encontrados no registro geológico: a) correntes geostróficas, b) fluxo oscilatório de ondas
e c) fluxo induzido pela densidade (density-induced flow). Assim, uma variabilidade
considerável de camadas tempestíticas pode ser produzida, embora a maioria apresente
graded bedding e evidência para desaceleração de fluxo, além de padrões de decréscimo
em espessura de camadas costa afora.
28
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
29
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
30
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 31 - Características das marcas de pingos de chuva. (b) e (c) correspondem a marcas de pingos de
chuva e formação de bolhas, respectivamente. As setas indicam a sobreposição de marcas.
31
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
32
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
33
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
pode ser qualquer coisa até dezenas de quilômetros cúbicos, que é espalhado pelo fluxo
e depositado como uma camada de alguns milímetros a dezenas de metros de espessura.
As correntes de turbidez e, portanto, os turbiditos, podem ocorrer em águas de qualquer
lugar que exista um suprimento de sedimento e uma inclinação. São comuns em lagos
profundos e podem ocorrer em plataformas continentais, mas são mais abundantes em
ambientes marinhos profundos, onde os turbiditos são o depósito clástico dominante. A
associação com ambientes marinhos profundos pode levar à suposição de que todos os
turbiditos são depósitos marinhos profundos, mas eles não são um indicador de
profundidade, pois as correntes de turbidez são um processo que também pode ocorrer
em águas rasas.
34
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
35
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
36
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
pode ser incorporado no depósito sobreposto como clastos de lama. Por conseguinte, só
é provável que ocorra a sequência completa de ‘Ta’ a ‘Te’ em certas partes do depósito,
e mesmo assim, as divisões intermédias podem estar ausentes devido, por exemplo, à
deposição rápida impedindo a formação de marcas onduladas em ‘Tc’. As sequências
completas ‘Ta-e’ de Bouma são bastante raras.
Figura 37 - Distribuição lateral das fácies da Sequência de Bouma, incluindo diferenças nas estruturas
erosivas.
37
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
38
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
39
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
40
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
e o solo pode ser preservado como uma camada descontínua de argila imediatamente
acima da superfície de dissolução. O termo karst é aplicado a essas características de
dissolução, que são típicas de áreas climáticas mais úmidas. Em um sistema cárstico bem
desenvolvido, abaixo da superfície podem ser formados buracos e cavernas de dezenas
ou até centenas de metros. As brechas se formam por colapso de cavernas e deposição de
riachos subterrâneos; espeleotemas e flowstones são precipitados também. Cárstes
importantes ocorrem no Ordoviciano Inferior do Texas e Oklahoma, e na região central
da China (Bacia de Ordos) e são grandes reservatórios de hidrocarbonetos.
Crostas laminadas se formam sobre e dentro de sedimentos carbonáticos elevados,
como um tipo de calcrete ou caliche. Na maioria dos casos, eles são representados tapetes
de raízes calcificadas (Wright et al., 1988) e geralmente estão intimamente associadas a
pisoides vadosos e seixos pretos. Nos antigos calcários, as crostas laminadas podem ser
confundidas com estromatólitos, mas a sua associação com superfícies paleocársticas e
paleossolos indica uma origem subaérea e pedogênica.
41
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
42
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
cimentado (Bourque & Boulvain, 1993; Monty et al., 1995). É provável que estruturas de
estromatactes possam se formar através de vários desses processos.
Dois tipos de cavidades que se formam em calcários parcialmente litificados ou
cimentado são GRETAS EM LENÇOL (sheet cracks) e DIQUES NETUNIANOS. As
gretas em lençol são cavidades geralmente paralelas ao acamamento, que possuem
paredes planas, embora algumas possam ter tetos irregulares. Os diques netunianos
cortam a camada e podem penetrar muitos metros a partir de um determinado plano. Tanto
as gretas como os diques estão preenchidos por sedimentos internos, em alguns casos com
fósseis um pouco mais novos que o calcário adjacente, caso as cavidades sejam abertas
no fundo marinho. Exemplos espetaculares de ambos os tipos, em calcários pelágicos e
truncando em profundidade os carbonatos de plataforma adjacentes, ocorrem no Triássico
e no Jurássico dos Alpes e da Espanha (Molina et al., 1995). Gretas em lençol e diques
netunianos se formam através de pequenos movimentos tectônicos durante a
sedimentação e/ou um leve movimento descendente de sedimentos, causando fraturas da
massa calcária litificada ou parcialmente litificada.
Fraturas e veias preenchidos por calcita, de vários tipos, são comuns em calcários.
Embora possam ser estruturas precoces, como os diques netunianos, a maioria forma-se
através de fraturas posteriores, e isso geralmente ocorre em resposta a estresses
tectônicos, e não a processos puramente diagenéticos.
43
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
foram construídos (Seilacher, 1964) e de acordo com sua topologia (Martinsson, 1965).
O esquema topológico essencialmente descreve a relação do traço com as camadas
adjacentes. O esquema descritivo de Martinsson é fácil de aplicar, enquanto o de Seilacher
requer alguma interpretação. A diferença entre um traço de alimentação e um traço de
habitação, por exemplo, é frequentemente sutil (Bromley, 1975).
Tabela 3 - Nomenclatura dos tipos de traços fósseis.
O aspecto mais útil dos traços fósseis é a ampla correlação entre o ambiente
deposicional e as assembleias de traço-fósseis características, denominadas
ICNOFÁCIES. Esquemas relacionando icnofácies a ambientes foram elaborados por
Seilacher (1964, 1967), Rodriguez e Gutschick (1970), Heckel (1972), Brenchley (1990)
e Bromley (1990). As icnofácies mais terrestres consistem em grande parte de trilhas de
vertebrados. Estes incluem as pegadas de pássaros e animais terrestres. Pegadas de
dinossauros são exemplos particularmente bem estudados (Lockley e Hunt, 1996).
Porém, o potencial de preservação destes rastros é baixo. Eles são mais comumente
encontrados em leitos de lagos secos, fundos de rios e planícies de maré. Os
orgasmoglifos são produzidos por dinossauros no período de acasalamento. Eles são
comumente encontrados nas partes superiores dos leques aluviais, onde os dinossauros
migraram para se reproduzir, onde o clima era mais frio.
44
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
45
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Esta breve revisão das icnofácies mostra que o conceito de assembleias restritas
ao ambiente deposicional é de grande utilidade para os sedimentólogos. As formas são
encontradas in situ e são pequenas o suficiente para serem estudadas a partir de furos de
sondagem, bem como em afloramentos. Quando interpretados em seu contexto
sedimentológico, são uma ferramenta útil na análise de fácies. Um último ponto a ser
46
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 42 - Diferentes graus de bioturbação em depósitos sedimentares. (1) corresponde ao menor grau de
bioturbação e (5) os sedimentos mais bioturbados.
47
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
48
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
porosidade inicial, com a areia tendo porosidade mais baixa (aprox. 45%, mas variável)
do que a lama rica em argila (70-90%). Uma inversão na densidade (pesado no topo),
embora potencialmente instável, pode não resultar em sobrecarga, quando as camadas de
sedimentos são suficientemente fortes. Se a força de resistência for diminuída (ou
inicialmente baixa), o sedimento submete-se a liquefação e a deformação acontece. O
caráter da estrutura resultante da sobrecarga depende da densidade e espessura das
camadas envolvidas e do grau de sua liquefação.
A sobrecarga pode deixar a camada de areia intacta ou pode quebrar totalmente a
camada. Quando não quebrada completamente a sobrecarga é manifestada por
protuberâncias bulbosas na base das camadas de areia. Essas estruturas, chamadas LOAD
CASTS, são mais obvias quando a argila (folhelho) é removida pelo intemperismo. Elas
são vistas, em seções normais ao acamamento, como cunhas curvadas de folhelho que se
projetam para cima entre lobos de areia. Essa manifestação de load casts é chamada de
uma estrutura em chama (flame struture), da aparência de línguas de folhelhos curvadas
e adelgaçadas. O espaçamento entre os lobos é geralmente de 1-10 cm, mas pode atingir
10 m em casos raros (Allen, 1982). Irregularidades em um substrato lamoso podem gerar
sobrecarga localizada, como no caso de load casts com estrias (load-casted flutes), mas
isso não é necessário para o desenvolvimento de load casts.
Figura 43 - Estruturas de sobrecarga. (a) visão da base de uma camada de arenito contendo load casts e (b)
visão lateral de estruturas em chama (branco: arenito; preto: argilito).
49
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 44 - Diferença entre (A) starved ripples, (B) pseudonodulos e (C) estruturas em ball-and-pillow.
50
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
51
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
52
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 48 - Sets contendo foresets (A) com dobramento recumbente e (B) pequenas dobras.
Figura 49 - Camadas deformadas por fluxos gravitacionais, apresentando dobras recumbentes, superfícies
de escorregamento e vulcões de areia.
53
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
54
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
55
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
Figura 52 - Diferença entre nódulos formados antes e depois da compactação dos sedimentos.
56
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
57
Estratigrafia - Prof. Francisco Abrantes
REFERÊNCIAS
Boggs S. 2009. Petrology of Sedimentary Rocks. New York: Cambridge University
Press, 600 p.
Collinson, J.; Mountney, N.; Thompson, D., 2006. Sedimentary structures. 3º ed., Terra
Publishing, 280 p.
Lindholm, R., 1987. A Practical Approach to Sedimentology. Springer, 160 p.
Nichols, G., 2009. Sedimentary and Stratigraphy. 2º ed., Wiley-Blackwel, 419 p.
Selley, R.C., 2000. Applied Sedimentology. 2º ed., Academic Press, 523 p.
Suguio, K., 2003. Geologia Sedimentar. Ed. Blücher, São Paulo, 400 p.
Tucker, M.E., 2001. Sedimentary petrology: An introduction to the origin of
sedimentary rocks. 3ª ed. London: Blackwell scientific publications, 262 p.
Tucker, M.E., 2014. Rochas Sedimentares: Guia geológico de campo. 4ª ed. Porto
Alegre: Editora Bookman, 324 p.
58