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BIOLOGIA E GEOLOGIA – 10º ANO 2022-203

UNIDADE: GEOLOGIA E MÉTODOS

DATAÇÃO RELATIVA DAS ROCHAS

As rochas sedimentares são frequentemente fossilíferas.


Os fósseis correspondem a restos, moldes ou vestígios da atividade de seres vivos, que viveram em épocas
geológicas anteriores à atual e que ficaram preservados na rocha de cuja génese são contemporâneos.
A fossilização corresponde ao conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que levam à formação e
preservação de fósseis.

Para que o processo de fossilização ocorra é necessário que se reúnam certas condições...
 Inerentes ao meio
 Após a morte do ser vivo, deposita-se sobre ele matéria mineral, isolando-o do ambiente (do contacto com
o ar ou água) impedindo a sua decomposição;
 A qualidade do depósito de sedimentos que recobre o ser: quanto mais fino e impermeável, mais fácil será
a fossilização;
 Temperaturas baixas e clima seco facilitam a fossilização na medida em que impedem as ações
microbianas.
Inerentes ao ser vivo
 A fossilização é tanto mais fácil quanto mais rico for o ser vivo em substancias minerais (ex.: sílica, sais de
cálcio, ...);
 As partes duras (ossos, dentes, conchas,...) dos organismos são de mais difícil decomposição e as que têm
maior possibilidade de ficar conservadas nas rochas sedimentares;
 As partes moles só em condições excecionais deixam impressões reconhecíveis.

PROCESSOS DE FOSSILIZAÇÃO
 Conservação total ou Mumificação- Os organismos ou partes deles (conchas, esqueletos, dentes, esporos,
etc.) são conservados sem alteração ou com pequenas modificações. Este processo engloba a mumificação,
em que o organismo é completamente preservado quando é envolvido por um meio isolante que evita o
contacto com o oxigénio, por exemplo, por resinas (âmbar) ou pelo gelo.

 Moldagem - O organismo ou alguma parte do seu corpo imprime um molde (fica gravado) nos sedimentos
que o envolvem. Muitas vezes, o organismo desaparece e apenas resiste o molde. O molde pode ser interno
(o molde da superfície interna, por exemplo, de uma concha) ou externo (molde da superfície externa nos
sedimentos). A estes moldes correspondem os respetivos contramoldes (réplica do molde). Os moldes
podem revelar pormenores da estrutura e morfologia dos respetivos organismos.
Certos órgãos muito finos e achatados, como folhas e asas de insetos, deixam um tipo especial de moldagem
– Impressão.

 Mineralização - As partes duras de um organismo (esqueleto, ossos, dentes, troncos,...) podem, em


determinadas circunstâncias, ser preenchidas por minerais transportados em solução e que substituem a
matéria orgânica, mantendo inalterada a estrutura e a forma do órgão. Ex: os troncos de arvorem
petrificados mantêm a forma e a estrutura devido à substituição integral dos tecidos por sílica.

Os Fósseis podem ser :


 icnofósseis - O organismo está apenas representado por vestígios da sua atividade (locomotora,
nutritiva, reprodutora, fezes ...).
 Somatofósseis – correspondem a partes ou a totalidade do ser vivo.

Somente uma pequena fração dos seres vivos que viveram durante o passado geológico foi preservada como
fósseis. A maioria foi destruída após a sua morte.

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 FÓSSEIS DE FÁCIES OU DE AMBIENTE - fósseis de organismos que, em regra, viveram em condições de meio muito
restritas, que tiveram uma fraca distribuição geográfica mas que viveram durante um largo período de tempo
(grande distribuição estratigráfica).
Os fósseis de fácies permitem reconstituir os ambientes (paleoambientes) em que as rochas que os contêm se
formaram (Ex: Corais, sinal de ambiente marinhos pouco profundos e de águas tépidas).
Os melhores fósseis de fácies caracterizam-se por pertencerem a seres que ocuparam ambientes muito específicos e
que sofreram poucas alterações evolutivas, podendo ser diretamente relacionados com organismos atuais.

 FÓSSEIS DE IDADE - correspondem a indivíduos pertencentes a grupos que viveram à superfície da Terra, durante
um período relativamente curto e definido do tempo geológico, e que tiveram uma grande área de dispersão
geográfica e de fácil fossilização.
Os fósseis de idade apresentam grande distribuição geográfica e pequena distribuição estratigráfica.
Ex: Trilobites que viveram durante a Era Paleozoica; amonites e dinossáurios que viveram durante a Era
Mesozoica).
Os fósseis de idade permitem datar (datação relativa) as rochas ou os estratos em que estão presentes.
Se são encontrados em rochas separadas geograficamente, pode supor-se que essas rochas foram formadas na
mesma altura e, e por isso, deverão ter a mesma idade relativa.

A DATAÇÃO RELATIVA corresponde à determinação da ordem cronológica de uma sequência de


acontecimentos, ou seja, estabelece a ordem pela qual as formações geológicas se constituíram no lugar onde se
encontram.
A datação relativa apoia-se:
 Posição relativa dos estratos.
 Presença de fósseis de idade.

O Ramo da geologia que se ocupa do estudo, descrição, correlação de idades e classificação das rochas sedimentares
é a Estratigrafia.

Podem ser utilizados diferentes princípios estratigráficos para fazer a datação relativa das formações geológicas:

 PRINCÍPIO DA HORIZONTALIDADE DE ESTRATOS – os materiais que formam os estratos sedimentares


depositam-se inicialmente sobre planos horizontais, e assim permanecem, a menos que sofram a ação de forças que
alterem a sua posição. A estratificação entrecruzada é uma exceção a este princípio.
Os estratos que se encontrem atualmente na diagonal ou na vertical sofreram modificações após a sua deposição,
indicando a ocorrência de movimentos que podem ser essenciais para conhecer a história geológica de uma região.

 PRINCÍPIO DA SOBREPOSIÇÃO DE ESTRATOS - admite que numa série de estratos na sua posição original,
qualquer estrato é mais recente do que os estratos que estão abaixo dele (muro) e mais antigo do que os estratos
que a ele se sobrepõem (teto).
O princípio da sobreposição de estratos não se aplica quando os estratos sofrem deformações (Ex: falha, dobras,
etc.) que invertem as suas posições, passando a encontrar-se estratos mais antigos sobre estratos mais recentes. Se
essas deformações não inverterem a posição dos estratos pode continuar-se a aplicar o Princípio da Sobreposição de
Estratos.

Por vezes, surgem nas sequências estratigráficas superfícies de descontinuidade - superfícies marcadas pela ausência
de camadas mais ou menos espessas.
As superfícies de descontinuidade podem dever-se:
 a períodos em que há́ interrupção da sedimentação no local;
 à erosão de camadas (estratos) que afloraram.

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Superfície de descontinuidade

 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE LATERAL - em colunas estratigráficas de dois lugares afastados é possível


relacionar cronologicamente estratos idênticos dos dois locais (mesmo que tenham dimensões variadas), desde que
as sequências de deposição sejam semelhantes.
Os estratos podem estender-se lateralmente por longas distâncias. Assim um estrato delimitado por um muro e/ou
por um teto, e com determinadas propriedades litológicas possui a mesma idade em toda a sua extensão lateral.

 PRINCÍPIO DA IDENTIDADE PALEONTOLÓGICA - estratos pertencentes a colunas estratigráficas diferentes e que


possuam conjuntos de fósseis semelhantes tem a mesma idade relativa.

 PRINCÍPIO DA INTERSEÇÃO OU CORTE - admite que toda a estrutura geológica que interseta vários estratos
formou-se depois deles e é portanto mais recente.

 PRINCÍPIO DA INCLUSÃO - Admite que fragmentos de rochas


incorporados num dado estrato são mais antigos do que ele.

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