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3.3.

Rochas sedimentares biogénicas


São rochas formadas por sedimentos de origem orgânica, como restos de seres vivos ou materiais
resultantes da sua atividade
A formação destas rochas pode resultar de processos de:
 Bioedificação, como é o caso dos corais recifais
 Bioacumulação de porções inorgânicas de seres vivos, como por exemplo conchas de moluscos
 Bioacumulação de porções orgânicas de seres vivos específicos, que futuramente formam
carvões e hidrocarbonetos
Existem 3 tipos de calcários biogénicos:
 Calcário recifal – é um calcário de edificação que resulta da fixação de carbonato de cálcio por seres
vivos, nomeadamente corais.
 Calcário conquífero – é um calcário de acumulação, por exemplo, de conchas de moluscos.
 Diatomito – rocha de grão muito fino, resultante, essencialmente, da acumulação de carapaças
silicosas de diatomáceas.

Os carvões resultam da decomposição lenta da matéria orgânica de restos de plantas provenientes de


ambientes aquáticos pouco profundos, pouco oxigenados e redutores (ex: pântanos, lagunas (lagos com
afinidade com o mar e lacustres (lagos terrestres)) ao longo de milhões de anos. Assim se forma a turfa, que
é a matéria-prima a partir da qual se pode formar carvão. A sua diagénese origina, progressivamente carvões
mais ricos em carbono, num processo designado incarbonização.

O petróleo é muitas vezes considerado uma rocha líquida de aspeto oleoso. Este forma-se a partir da
acumulação de grandes quantidades de seres vivos, nomeadamente plâncton, em lagunas marinhas pouco
profundas sem/com pouca comunicação com o mar aberto.
Nestas condições, a salinidade da água vai aumentando, o que provoca a morte destes seres, que se
acumulam no fundo. A sua rápida cobertura por deposição de camadas de sedimentos gera condições de
anaerobiose. Assim, o petróleo forma-se no seio de camadas sedimentares de natureza argilosa ou
carbonatada que, por estas razões, são designadas rochas-mãe. Durante o processo de sedimentação, a
rocha-mãe vai sendo coberta por outros sedimentos, sendo assim sujeita a grandes temperaturas e pressões
durante dezenas/centenas de milhares de anos, alterando a matéria orgânica, transformando-a em petróleo.
Se este aquecimento perdurar ou a temperatura aumentar, o petróleo fica cada vez mais fluido e mais leve,
acabando por se transformar totalmente em gás natural.
Como o petróleo é menos denso que os outros fluidos presentes na rocha-mãe, este tende a ascender para
as rochas vizinhas que são porosas e permeáveis, como os arenitos, conglomerados e calcários – rochas-
armazém. Quando estas rochas são delimitadas por uma camada rochosa impermeável, de natureza argilosa
ou salina – rocha-cobertura – o petróleo fica armazenado.
A estrutura geológica constituída pela rocha-mãe, rocha-armazém e rocha-corbertura (e por outras estruturas,
como por exemplo, falhas e dobras) que permite a acumulação de quantidades significativas de petróleo
denomina-se armadilha petrolífera.
4. As rochas sedimentares – arquivos da história da Terra
4.1. Estrato, sequência estratigráfica, ambientes e paleoambientes
 Estrato – unidade estratigráfica elementar; o seu limite superior designa-se teto e o inferior muro.
 Sequência estratigráfica – corresponde à sucessão de estratos depositados no mesmo ambiente
sedimentar.
Através do estudo de uma sequência estratigráfica, é possível estabelecer períodos de avanço do nível do
mar relativamente à linha de costa – transgressões – ou períodos de recuo do mar – regressões.
 Trangressões – granulometria positiva, ou seja, na basa depositam-se os sedimentos mais grosseiros
e no topo depositam-se os mais finos.
 Regressões – granulometria negativa, ou seja, na basa depositam-se os sedimentos mais finos e no
topo depositam-se os mais grosseiros.

O conjunto de características litológicas e fossilíferas de um estrato sedimentar designa-se fáceis sedimentar,


a qual contribui para a compreensão e interpretação do ambiente reinate aquando da sua sedimentação.
Consideram-se 3 tipos principais de fáceis:
 Continental
 Marinha
 De transcrição (zonas de sobreposição das influências continental e marinha)

4.2. Ambientes sedimentares continentais, de transição e marinhos


Os ambientes de sedimentação (detríticos, quimiogénicos e biogénicos) distribuem-se pela superfície terrestre,
nomeadamente nos continentes, mares e oceanos, bem como nas respetivas zonas de transcrição.
 Paleoambientes – ambientes que existiram no passado e são alvo de reconstituição por parte dos
geólogos. Exemplo: fendas de dessecação, gotas de chuva, marcas de ondulação.

Por vezes, é necessário estudar os sedimentos com mais pormenor, de modo a caracterizar o ambiente que
lhes deu origem. Para tal, recorre-se à análise de alguns parâmetros como a dimensão dos grãos, o
rolamento, a calibragem, o brilho e a composição.

4.3. Fósseis e processos de fossilização


 Somatofóssil – resto ou molde de um organismo que existiu no nosso planeta, no passado, preservado
em rochas.
 Icnofóssil – vestígio da atividade de um organismo, preservado em rochas.
Tipos e processos de fossilização:
 Marca – Está ausente qualquer parte do organismo fossilizado, o qual se encontra representado
apenas por vestígios da sua atividade. São exemplos de marcas as pistas de locomoção de animais e
vestígios fossilizados das atividades nutritiva (gastrólitos e coprólitos) e reprodutora (ninhos e ovos).
 Moldagem – É um tipo de fossilização que se caracteriza pela ausência do organismo que fossiliza, o
qual se encontra representado na rocha por um molde das características morfológicas externas
(molde externo) ou do interior das cavidades (molde interno).
 Mineralização – É um tipo de fossilização frequente que se verifica na maioria dos fósseis de partes
duras dos organismos, como ossos ou conchas. A matéria orgânica do organismo é substituída por
matéria mineral.
 Mumificação/ conservação – É um processo de fossilização muito raro em que se verifica a
conservação completa dos indivíduos, incluindo os seus tecidos moles. Tal é possível por inclusão
num meio assético. São exemplos de mumificação os mamutes conservados no gelo ou os insetos
conservados em âmbar.
 Incarbonização – Ocorre quando, por perda de substâncias voláteis, há um enriquecimento em
carbono. Ocorre geralmente em vegetais.
O estudo dos fósseis fornece, com maior ou menoir precisão, informações sobre o meio ambiente em que
viveram os organismos que os originaram e sobre a idade dos estratos que os contêm.
 Fósseis de idade – São os fósseis que permitem datar as rochas ou estratos em que estão presentes.
Estes fósseis pertencem a organismos que viveram à superfície da Terra, durante um período
relativamente curto e definido do tempo geológico, e que tiveram uma grande área de distribuição. As
trilobites e as amonites são fósseis de idade.
 Fósseis de fáceis – São fósseis que permitem inferir do ambiente de formação da rocha em que se
encontram.

4.4. Princípios da Estratigrafia


 Princípio da Horizontalidade Original – estabelece que os sedimentos são sempre depositados em
camadas horizontais ou sub-horizontais e paralelas ou sub-paralelas à superfície da Terra;
 Princípio da Sobreposição dos Estratos– refere que, numa sequência de estratos, não deformados, de
rochas sedimentares, cada estrato é mais antigo do que aquele que lhe está por cima e mais recente do
que o estrato que se encontra por baixo;
 Princípio das Relações de Interseção – refere que quando um estrato é intersetado por alguma
estrutura geológica, a estrutura que interseta é sempre mais recente do que o material que está a ser
intersetado;
 Princípio da Inclusão – a rocha que contenha uma inclusão, ou um fragmento de outra rocha, é mais
recente do que a rocha incluída;
 Princípio da Identidade Paleontológica – refere que os estratos que contenham o mesmo conjunto de
fósseis, mesmo afastados entre si por dezenas ou centenas de quilómetros, terão idade semelhante.
 Princípio da Continuidade Lateral – como se considera que um estrato tem a mesma idade em
extensão, quando se encontra uma sequência de deposição dos sedimentos semelhante em duas colunas
estratigráficas localizadas em locais diferentes é possível relacioná-las.

4.5. Escala do tempo geológico

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