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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

AMANDA SCHULER ROSEGHINI

TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR CONVECÇÃO


Determinação experimental de coeficientes de transferência de massa

JOAÇABA

2022
AMANDA SCHULER ROSEGHINI

TRANSFERÊNCIA DE MASSA POR CONVECÇÃO

Trabalho apresentado como parte das


exigências da disciplina de transferência de
massa, do curso de Engenharia Química da
Universidade do Oeste de Santa Catarina,
Campus de Joaçaba.

Professor: Diogo Luiz Oliveira

JOAÇABA

2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 4
2. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 5

2.1. COEFICIENTE CONVECTIVO DE TRANSFERENCIA DE


MASSA ............................................................................................................. 5
2.2. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DE COEFICIENTES DE
TRANSFERÊNCIA DE MASSA ......................................................................... 13
2.2.1. Dissolução de um soluto depositado no fundo de um tanque
agitado .............................................................................................................. 17
2.2.2 Evaporação de uma gota esférica de água no ar ................. 19
2.2.3 Transferência de oxigênio na aeração de um fermentador .. 21
2.2.4 Transferência de massa para escoamento de um fluido através
de um leito fixo (coluna recheada de partículas) .................................................. 5
2.2.5 Transferência de massa para escoamento de ar atmosférico
através de um tubo ........................................................................................... 24
2.2.6 Transferência de massa em escoamento lento através de leitos
com recheio ...................................................................................................... 27
2.2.7 Interação das resistências das fases - expressão usual do coeficiente
global de transferência de massa para esse sistema baseado na fase sólida. ........................ 29

3. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 31
4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 32
4

1. INTRODUÇÃO

Vamos imaginar um sistema, com dois ou mais componentes, cujas as concentrações


variam de um ponto a outro, naturalmente, existe certa tendência para que ocorra um transporte
de massa, indo do componente mais concentrado para o menos concentrado, visando minimizar
as diferenças de concentrações entre eles. Dá-se o nome de transferência de massa a esse
fenômeno. Podemos citar como exemplos de transferência de massa: a remoção de poluente a
partir de uma corrente de descarga por absorção, a difusão de substâncias adsorventes dentro
de poros de carbono ativado, a taxa de catalise química e reações biológicas. Entre outros.

O conhecimento de coeficientes de transferência de massa, tais como o de difusão e o


convectivo de transferência de massa, é de fundamental importância em diversas operações de
separação de transferência de massa. Antes, porém, do entendimento físico dessas operações,
advém a necessidade do conhecimento dos fundamentos intrínsecos aos coeficientes de
transferência de massa.

Neste trabalho, será abordado especificamente a determinação experimental dos


coeficientes de transferência de massa, na engenharia, o coeficiente de transferência de massa
é uma constante de taxa de difusão que relaciona a taxa de transferência de massa, área de
transferência de massa e mudança de concentração como força motriz
5

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. COEFICIENTE CONVECTIVO DE TRANSFERENCIA DE MASSA

O fenômeno da transferência de massa, de algum modo, está vinculado ao binômio


causa/efeito, no qual para uma determinada causa decorre o efeito, havendo uma resistência
fenomenológica à ação da causa:

1
(Efeito) = ( ) (causa)
resistencia

No caso de transferencia de massa, esta relação é posta como:

1
(Fluxo de matéria) = ( ) (força motriz)
resistencia fonomenológica

Para a difusão, identificou-se à resistência o inverso da mobilidade que o soluto tem em


relação à solução (ou seja, o coeficiente de difusão), enquanto a força motriz era o gradiente de
concentração. O princípio é o mesmo para o fenômeno da convecção mássica:

I. há uma causa → força motriz;


II. há um efeito → fluxo de matéria;
III. há uma mobilidade associada para vencer a resistência ao transporte.

Como decorrência dessas considerações, escreve-se o seguinte fluxo molar para a


convecção mássica:

NA,Z= Km (CA – CA∞ ) (Equação 2.59)


Onde:
(CA – CA∞ ) = diferença de concentração (força motriz ao transporte);
NA,Z = fluxo molar do soluto A na direção Z;
Km = coeficiente convectivo de transferencia de massa (coeficiente fenomenológico).

Conclui-se após inspecionar a fórmula apresentada anteriormente que:

1
𝐾𝑚 =
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎

Esse coeficiente depende de fenômenos moleculares e das características do meio:


geometria e escoamento. Contudo, para que se possa ter um sentimento cinemático desse
parâmetro, admitiremos o seguinte problema:
Expõe-se um soluto A em um ambiente ventilado, em que não se encontram traços de A.
Supondo, para efeito de análise, que o fenômeno da convecção mássica possa ser tratado como
fluxo total do soluto referenciado a um eixo estacionário, encontre uma relação qualitativa entre
a velocidade do meio e o coeficiente convectivo de transferência de massa.
Pelo enunciado, considera-se a contribuição difusiva desprezível em face da convectiva.
Admitindo JCA,Z >> JA,Z.

Temos o seguinte fluxo:

NA,Z = CA VZ ou NA,Z = CYA VZ (Equação 2.60)


6
Impomos YA∞ → 0.

Isso ocorre em virtude de não se encontrarem traços de A no ambiente.


A Equação NA,Z = km (CA – CA∞ ) toma a forma:

NA,Z = km CA ou NA,Z = km CYA (Equação 2.61)

Obtemos depois de igualar as equações:

km = Vz (Equação 2.62)

O fato de (km = Vz) mostrar igualdade entre o coeficiente convectivo de transferencia de


massa e a velocidade média molar do meio não indica que são a mesma coisa. Esse resultado
ilustra, principalmente, a dependencia desse coeficiente com o escoamento do meio,
apresentando inclusive unidade de velocidade.

NOMENCLATURA
7

SUBSCRITOS:

Um dos grandes problemas de transferência de massa é justamente definir esse


coeficiente. O trabalho para defini-lo adequadamente passa, necessáriamente, pelo conhecimento
do meio em que está havendo o transporte do soluto.
Na difusão de um soluto A em um filme líquido descendente, obtivemos o coeficiente
kmy do com a Equação abaixo:

𝑽𝒎á𝒙 𝑫𝑨𝑩
kmy = √ (Equação 1.1)
𝝅𝒚

Note que o kmy presente nessa equação indica que a transferência de massa está
referenciada somente à fase líquida:

Vmáx é a velocidade máxima da película líquida


DAB é o coeficiente de difusão do soluto A na solução líquida B.

E quanto à fase gasosa? Qual seria a equação para o kmy nessa fase? O coeficiente
convectivo de transferência de massa depende das características do movimento da fase gasosa,
o qual pode ser distinto do da fase líquida e, por conseguinte, ter formulação diferente da
equação abaixo:

𝑽𝒎á𝒙 𝑫𝑨𝑩
kmy = √ (Equação 1.1)
𝝅𝒚

Podemos considerar, por exemplo, que a fase gasosa venha a ser estagnada. Desse modo,
a descrição do fenômeno de transferência de massa é análoga à que fizemos anteriormente, por
consequência, apresentará uma formulação para coeficiente convectivo de transferência de
massa distinta da que apresentamos para a fase líquida.
Independentemente do modelo utilizado para explicar o mecanismo de transferência de
8
massa, o qual visa à determinação do km, o fluxo mássico do soluto A pode ser dado
empiricamente pela equação abaixo:

na,y = km (ρAp- ρA∞) (Equação 1.2)

Note, então, que essa equação descreve o coeficiente convectivo de transferência de


massa apenas para o meio em que está havendo o transporte do soluto. Se, agora, observarmos a
Figura 1, a qual ilustra a influência do movimento do meio (gasoso ou líquido) na distribuição
bidimensional de concentração do soluto.

Figura 1 – Difusão e convecção mássica na mesma região de trasnsferencia de massa.

Poderemos definir, de modo rigoroso, o coeficiente convectivo local de transferência de


massa da seguinte maneira:

𝝏𝛒𝐀/𝝏𝐲│𝐲=𝟎
kmy = -DAB (𝛒𝐀𝐩 − 𝛒𝐀∞) (Equação 1.3)

A definição da equação abaixo mostra a dependência do Kmx com a distribuição da


concentração mássica do soluto, a qual é influenciada pela distribuição da velocidade do meio.
Se retomarmos a análise da equação abaixo:

𝑽𝒎á𝒙 𝑫𝑨𝑩
kmy = √ 𝝅𝒚

Verificaremos que o coeficiente Kmy nela contido foi obtido de forma análoga à:

𝝏𝛒𝐀/𝝏𝐲│𝐲=𝟎
kmy = -DAB (𝛒𝐀𝐩 − 𝛒𝐀∞)
Ou seja:

𝝏𝛒𝐀/𝝏𝐲│𝐲=𝟎
kmy = -DAB (𝛒𝐀𝐩 − 𝛒𝐀∞) , em que ρA∞ = ρA0 (Equação 1.4)
Para x → ∞
9

Figura 2

Tanto o fenômeno de transferência de massa ilustrado na Figura 1 quanto ao


representado na Figura 2, levam o coeficiente convectivo médio de transferência de massa a ser
obtido de:

𝟏 𝑳
𝒌𝒎 = ∫ 𝑲𝒎∞ 𝒅𝒙 (Equação 1.5)
𝑳 𝟎

A Equação (1.5) é válida para o movimento do meio sobre uma placa plana horizontal
parada, Figura (1). No caso de esse movimento ocorrer sobre uma placa plana parada posta na
vertical, Figura (2), basta substituir na Equação (1.5) o comprimento L pela altura H e a variável
x pela variável y.
Qualquer que seja a situação presente no parágrafo anterior, é importante salientar que o
km diz respeito somente a um meio. No caso da transferência de massa entre fases, as forças
motrizes em cada fase são distintas entre si, pois se referem a meios diferentes. Na absorção da
amônia contida no ar por intermédio da corrente gasosa com água, haverá o transporte do soluto
amônia presente na mistura gasosa em direção à água. A força motriz relacionada ao soluto na
fase gasosa poderá estar referenciada à diferença de sua fração molar ou a diferença de sua
pressão parcial. Já na fase líquida, a força motriz associada ao fluxo da amônia poderá ser dada
em função da sua diferença de fração molar nessa fase ou em razão da diferença da sua
concentração molar. Como é que fica o km em tais situações?
O que apresentaremos a seguir será o compor-tamento do km em razão das diversas
forças motrizes necessárias para o transporte de um determi-nado soluto.

2.1.1 COEFICIENTES DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA

O fluxo de matéria representado na Equação (1.2) pode ser escrito na forma molar do
seguinte modo:

Na,y = km (CAp- CA∞) (Equação 1.6)


O qual é posto segundo, para mistura gasosa:

Na,y = Ckm (yAp- yA∞).

Se admitirmos o meio de transporte como um gás ideal (C = P/RT), esta última equação
para o fluxo molar de A é retomada como:
10
𝑷
Na,y = km (𝑹𝑻) (yAp- yA∞) (Equação 1.7a)

Ou em termos de pressão parcial do soluto:


𝟏
Na,y = km (𝑹𝑻) (PAp- PA∞) (Equação 1.7b)

Ao escrevermos a Equação (1.6) para soluções liquidas e em função da diferença de


fração molar como força motriz ao transporte de A, encontramos N A,y = Ckm(xAp – xA∞). Aqui
podemos expressar a sua concentração global da fase líquida como C = ρL/ML possibilitando-nos
escrever:
𝛒𝐋
Na,y = km (𝑴𝑳) (xAp- xA∞) (Equação 1.8)

As Equações (1.6) a (1.8) representam os fluxos do soluto A referenciados às diversas


formas de forças motrizes, as quais estão expressas por uma diferença de concentração (frações
molares ou pressão parcial para a fase gasosa e as frações molares e concentração molar para a
fase líquida) do soluto em uma determinada fronteira e no seio da fase analisada. Vimos que
essas fases são os meios em que há o transporte do soluto, tais meios podem ser vistos como
filmes estagnados ou na situação de contradifusão equimolar, em que a contribuição convectiva
é nula.

2.1.2 MEIO ESTAGNADO

Considerando que se trata de um meio em que há o transporte como sendo gasoso e ideal,
C = P/RT

(Equação 1.9)

Fazendo-nos escrever o fluxo de A da seguinte maneira:

Na,y = ky (yAp- yA∞) (Equação 1.10)

O parametro Ky é definido como coeficiente de transferencia de massa da fase gasosa,


cuja força motriz é a diferença de fração molar do soluto. Esse coeficiente apresenta como
unidade: mol de A/ (área . tempo . ∆Ya)
Antes de prosseguirmos, repare no último parágrafo: nele está escrito coeficiente de
transferência de massa, em vez de coeficiente “convectivo” de transferência de massa. O termo
“convectivo” remete-nos à associação com velo-cidade, tanto que a unidade do coeficiente
“convectivo” de transferência de massa é L·T−1, sendo utilizado principalmente quando
analisamos o transporte do soluto em uma única fase. Já o coeficiente de transferência de massa
refere-se, basicamente, às diversas maneiras de expressarmos a força motriz para o transporte do
soluto.

Quando igualamos as Equações (1.7b) e (1.10), verificamos:

(Equação 1.11)
11

Sendo a unidade do coeficiente de transferência de massa


kG: mol de A/(área · tempo · unidade de pressão).

Utilizamos o coeficiente kG, quando estamos analisando a fase gasosa, cuja força motriz
é expressa pela diferença da pressão parcial do soluto.

Na situação em que o meio estagnado venha a ser a fase líquida, obtemos:

(Equação 1.12)

Em que kx, de unidade (mol de A/área · tempo · ΔxA), é definido como coeficiente de
transferência de massa da fase líquida, sendo a força motriz a dife-rença da fração molar do
soluto no seio da fase e em uma determinada fronteira.

No caso de a força motriz ao transporte do soluto ser a diferença de sua concentração


molar, a definição do coeficiente de transferência de massa fica:

(Equação 1.13)
Apresentando a unidade:
[mol de A/(área · tempo · unidade de concentração molar de A)]

2.1.3 CONTRADIFUSÃO EQUIMOLAR

Na intenção de obtermos os coeficientes de transferência de massa, quando trabalhamos


com contradifusão equimolar, deveremos analisar o estado da matéria que compõe o meio de
transporte.
Para a situação em que o meio de transporte é gasoso, e a força motriz, a diferença da
fração molar do soluto, podendo escrever a equação deste modo:
𝑷 𝑫𝑨𝑩 𝑷
k’y = km 𝑹𝑻 = (Equação 1.14)
𝒀𝟏 𝑹𝑻

A unidade de k’y é análoga à de ky. Com o fluxo molar de A obtido da Equação (1.10),
substituindo no lugar de ky, k’y.

Se desejarmos o fluxo molar em termos da pressão parcial do soluto A, o coeficiente de


transferência de massa será:
𝟏 𝑫𝑨𝑩 𝟏
k’G = km 𝑹𝑻 = (Equação 1.15)
𝒀𝟏 𝑹𝑻

Com a unidade de k’G análoga à de kG. E o fluxo molar de A sendo obtido da Equação NAY = kG
(PAP – PA∞) , substituindo no lugar de kG, k’G.

No caso de o meio de transporte ser líquido, com a força motriz expressa pela fração
molar do soluto, cujo é respresentado pela Equação 1.16.
12

(Equação 1.16)

Em que a unidade de k’x é a mesma de kx, e o fluxo molar de A é obtido da Equação (1.11)
substituindo no lugar de kx, k’x.

Ainda para meios líquidos, na situação de contradifusão equimolar, mas com a força
motriz em termos da concentração molar do soluto, o coeficiente de transferência de massa é
posto, conforme a equação abaixo:

(Equação 1.17)

Com a unidade de k’L análoga à de kL.


E o fluxo molar de A é obtido da Equação NA,Y = kL(CAp – C A∞), substituindo no lugar de kL,
k’L.

Note que:
ky = k’y/yB,médio e kG = k’G/ yB,médio
kx = k’x/xB,médio, kL = k’L /xB,médio.

Se estivermos trabalhando com soluções líquidas diluídas, teremos xB,médio ≅ 1. E,


para misturas gasosas diluídas, yB,médio ≅ 1. Desta maneira, podemos escrever para condições
de diluição: ky ≅ k’y, kG ≅ k’G, kx ≅ k’x, kL ≅ k’L.
13
2.2. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DE COEFICIENTES DE
TRANSFERÊNCIA DE MASSA

Os exemplos apresentados a seguir são muito úteis para a compreensão das


aproximações realizadas para a aplicação da Equação 2.1 (1).

(Equação 2.1 (1))

Além disso, eles mostram como o coeficiente de transferência de massa pode ser
determinado a partir de experimentos relativamente simples.

2.2.1. DISSOLUÇÃO DE UM SOLUTO DEPOSITADO NO FUNDO DE UM


TANQUE AGITADO

Lactose foi depositada no fundo de um tanque por evaporação da água, formando uma
camada plana e espessa. O tanque apresenta 30 cm de diâmetro e 40 cm de altura e um agitador
mecânico, conforme esquematizado na Figura 15.38. Adicionam-se 20 L de água destilada a 25
°C a esse tanque e aciona-se o agitador mecânico. Depois de 5 min retira-se uma amostra de
solução e determina-se a concentração de lactose, obtendo-se o valor de 0,5 g de lactose por 100
g de solução. Sabendo que na temperatura de 25 °C a solubilidade da lactose em água é 18,9 g
de lactose por 100 de solução:
(i) determine o coeficiente de transferência de massa entre o fundo do tanque e o
líquido;
(ii) (ii) escreva uma equação que descreva a evolução da concentração de lactose na
solução com o tempo. Quanto tempo é necessário para que a solução atinja 50 % da
saturação, a 25 °C? Considere que a densidade média da solução de lactose no tanque
durante o experimento é 1040 kg · m−3.

Figura 1 - Dissolução de uma placa de lactose depositada no fundo de um tanque.

SOLUÇÃO

O fluxo médio de lactose do fundo do tanque para a solução diluída pode ser obtido a
partir do valor da concentração da solução no tempo igual a cinco minutos, do seguinte modo:
14

Em que:
ΔĉA é a variação da concentração da solução entre os instantes t = 0 e t = 5 min (não confunda a
variação ΔĉA com o gradiente de concentração)
V é o volume da solução
AT é a área de transferência de massa (área do fundo do tanque cilíndrico).

Com o valor da massa molar da lactose mono-hidratada (360,32 g·mol−1) é possível


determinar as concentrações molares desse açúcar na solução saturada, junto ao fundo do tanque
(ĉAS = 574,2 mol·m−3) e no seio da solução agitada, depois de cinco minutos (ĉAS(5 min) = 15,2
mol·m−3). A área de transferência de massa (área do fundo do tanque), AT = 0,0707 m 2, o
volume de água adicionada ao tanque é V = 0,020 m3 e o tempo decorrido até a determinação da
concentração de lactose na solução é 300 s.

Substituindo os valores na equação abaixo:

Temos:

Se a solução pode ser considerada como perfeitamente misturada, o gradiente de


concentração de lactose (espécie A) entre a solução saturada, junto à superfície do fundo do
tanque, e o resto da solução é praticamente constante durante os primeiros 300 s.

Em:
t = 0, esse gradiente é ĉAS − 0 = 574,2 mol·m−3
t = 300 s o gradiente de concentração é ĉAS − ĉAL(5min) = (574,2 – 15,2) = 559,0 mol·m−3.

Nessas condições, pode-se dizer que o fluxo de lactose do fundo do tanque para a
solução se manteve praticamente constante durante os 300 segundos, de onde se pode escrever
que:

E calcular kc usando o valor médio do gradiente de concentração, que é:

(ĉAS − ĉAL)médio = [(ĉAS − 0) + (ĉAS − ĉAL(5min) )]/2

Ou seja:
(574,2 + 559,0)/2 = 566,6 mol·m−3

O valor desse coeficiente é típico de coeficientes de transferência de massa em líquidos.


Se a dissolução do sal não provocar grandes mudanças na densidade e na viscosidade da solução
(solução diluída), esse valor de kc pode ser usado para o cálculo da evolução da
concentração de lactose com o tempo na solução agitada.
Assim, a partir de um balanço de lactose na solução, pode-se escrever:
15

Considerando que o volume de solução permanece praticamente constante com a dissolução da


lactose, tem-se:

Separando as variáveis e integrando

Obtem-se:

Ou ainda:

Figura 2 - Variação da concentração de lactose na solução com o tempo.


16
Substituindo os valores das constantes do problema (ĉAS, kc, AT, V), obtém-se a equação
que representa a variação da concentração de lactose na solução com o tempo.

ĉA(t) = 574,23 (1 − e−8,9366×10−5 t)

Essa equação está apresentada na Figura 15.39. Observe que a taxa de variação da
concentração de lactose na solução (derivada da curva) decresce com o tempo por causa da
diminuição da força motriz para a transferência de massa.

O tempo necessário para que a solução atinja 50 % da saturação pode ser calculado pela
equação abaixo:

Respostas:

(i) o coeficiente de transferência de massa kc é de 2,52 × 10−5 m2 ·s−1;


(ii) (ii) o tempo necessário para a solução atingir 50 % é de 2, 15 h.
17
2.2.2 EVAPORAÇÃO DE UMA GOTA ESFÉRICA DE ÁGUA NO AR

Esse problema trata-se da evaporação de uma gota de uma substância pura. O que ocorre na
análise da evaporação da água de uma gota de solução (uma gota de suco, de extrato de café, por
exemplo)? Essa situação ocorre na secagem de gotas de líquido atomizadas em secadores
chamados de spray-dryers.

Uma gota esférica de água de 0,5 mm de diâmetro cai no ar a 19 oC e 50 % de umidade


relativa. Depois de 60 s de queda, seu diâmetro foi reduzido pela metade.
(i) Determine o coeficiente de transferência de massa entre a gota e o ar.

SOLUÇÃO

A partir de um balanço de massa na gota de água se pode escrever:

Onde:
ĉAS e ĉA são as concentrações de vapor de água no ar atmosférico e no filme de ar junto da gota
de água, respectivamente.

Como o volume e a área da gota são dados respectivamente pelas equações abaixo, temos:

Dessa forma juntando as equações anteriores, temos:

Separando as variáveis e integrando:


18

Sabe-se que em:

t = 0, r0 = 2,5 × 10−5 m
t = 60 s, r = 1,25 × 10−5 m
AT = 19 oC
Pressão de vapor da água é 2228,6 Pa

Portanto a pressão parcial de vapor de água no ar com UR é:

Pressão parcial de vapor de água no ar com UR = 50 % é 0,50 × 2228,6 = 1114,3 Pa.

Como:

Temos que:

Utilizando a constante dos gases R = 8,314 m3 · Pa · mol−1 · K−1


A substituição dos valores acima na equação de balanço integral resulta em:

Resposta: O coeficiente de transferência de massa kc é 0,025 m2 · s−1.


19
2.2.3 TRANSFERÊNCIA DE OXIGÊNIO NA AERAÇÃO DE UM
FERMENTADOR

Muitos processos bioquímicos, especialmente os processos baseados em culturas microbianas


em fermentadores (reatores bioquímicos), necessitam que o caldo de cultura seja aerado. A
injeção de ar na base do fermentador provoca a formação de um grande número de bolhas de
diversos tamanhos. O equacionamento da transferência de oxigênio das bolhas de ar para uma
mistura líquida apresenta algumas dificuldades, conforme se discute no problema enunciado a
seguir.
Em um processo de aeração de um fermentador (Figura 15.40), a concentração de
oxigênio dissolvido no meio líquido atingiu 90 % da concentração de saturação após um min de
aeração. Considerando que a concentração inicial de oxigênio dissolvido na mistura líquida é 1 ×
10−7 mol · m−3 e que a concentração de saturação do oxigênio na mesma é 1,7 × 10−6 mol · m−3.
(i) Calcule o coeficiente de transferência de oxigênio entre as bolhas e o líquido.

Figura 3 - Transferência de massa na aeração de fermentadores.

SOLUÇÃO
A partir de um balanço de massa pode-se escrever:

Sabendo que:
ĉAS e ĉA: são as concentrações de oxigênio no filme líquido junto às superfícies das bolhas e no
seio do líquido propriamente dito, considerado completamente misturado durante toda a
operação.

Como o volume da mistura líquida é constante, a equação de conservação de oxigênio no


sistema pode ser reescrita como:
20

Em que:
aS = AT/V(m−1) é a área superficial específica do conjunto de bolhas, que por sua vez depende do
número de bolhas e da respectiva distribuição de diâmetros, informações que quase nunca são
conhecidas.

Assim, pode-se reorganizar a equação anterior e definir um “novo tipo” de coeficiente de


transferência de oxigênio para a mistura líquida (kV)

Em que:

é o coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio para a água [s−1].

Dessa forma, separando as variáveis e integrando:

Observações:

Em engenharia bioquímica, é comum se denominar o coeficiente volumétrico de kLa e


expressar seu valor em h−1. Valores entre 100 h−1 e 200 h−1 são encontrados em fermentadores de
bancada e em reatores bioquímicos industriais.
Foi dito que maioria dos casos de transferência de massa entre partículas, bolhas ou
gotículas imersas em um fluido, o valor de as é desconhecido. Nos casos em que esse valor é
conhecido, deve-se usar o coeficiente de transferência de massa kc ao invés de kV = kcas.

Resposta: O valor de kV encontrado foi 134,5 h−1.


21
2.2.4 TRANSFERÊNCIA DE MASSA PARA ESCOAMENTO DE UM FLUIDO
ATRAVÉS DE UM LEITO FIXO (COLUNA RECHEADA DE PARTÍCULAS)

O uso de leitos fixos para promover o contato entre fases (gás-líquido, sólido-líquido e
gás-sólido) é muito comum na indústria de alimentos e na indústria química em geral. Exemplos
comuns são a secagem e a extração sólido-líquido em leito fixo. Uma análise de um leito fixo
genérico é realizada com base no problema enunciado a seguir.

Ar atmosférico flui com velocidade superficial de 20 cm·s−1 através de um duto cilíndrico


preenchido com esferas de naftaleno de 3 mm de diâmetro. O leito fixo tem 10 cm de
comprimento e área específica de 15 cm2 · cm−3 de leito. Se o ar que entra está isento de
naftaleno e sai 90 % saturado dessa substância, o problema está esquematizado na Figura 4.
(i) determine o coeficiente de transferência de massa entre o leito de partículas e o ar.

Figura 4 - Representação do problema da transferência de massa entre um leito fixo de partículas e um


fluido que escoa através dele.

SOLUÇÃO
A transferência de naftaleno para o ar depende da diferença de concentração entre a
camada de ar junto da superfície de cada partícula de naftaleno e a corrente de ar que flui através
do leito, conforme esquematizado na (Figura 4a).
No entanto, essa diferença depende da posição axial no leito, pois a concentração de
naftaleno no ar aumenta durante seu percurso através do leito (Figura 4b). Quando o ar entra no
leito essa diferença de concentração é máxima (ĉAS – 0) e vai diminuindo à medida que o ar
avança em direção à saída do leito.
Se o leito for suficientemente longo, o ar ficará saturado de naftaleno e não haverá
transferência de massa a partir da seção em que a saturação for atingida. O valor do coeficiente
de transferência de massa depende do valor do gradiente de concentração utilizado para o seu
cálculo.
A variação da concentração de naftaleno no ar ocorre exclusivamente em razão da
transferência dessa substância das partículas para a corrente fluida, ou seja:

Se a velocidade ar, vz, é constante ao longo do leito (escoamento incompressível), pode-se


escrever que:
22

Separando as variáveis e integrando tem-se que:

Resposta: O coeficiente de transferência dentre o leito e o ar é 3,07 × 10−3 m2 · s−1.

Uma análise genérica do problema esquematizado na Figura 4 pode ser feita a partir da
equação do balanço de naftaleno. A integração dessa equação entre ĉA1 e ĉA2, para um leito de
altura HL, se escreve como:

Da qual, obtemos:

Multiplicando ambos os lados dessa equação por (ĉA2 − ĉA1) resulta em:

(Equação 2.1.4. (01))

Por outro lado, do balanço de massa em todo o leito se pode escrever:

(Equação 2.1.4. (02))


23
Das Equações 2.1.4. (01) e 2.1.4. (02) apresentadas acima, se pode escrever:

(Equação 2.1.4. (03))

Ou ainda, da definição média logarítmica das diferenças de concentrações ao longo do leito

Temos que:

(Equação 2.1.4. (04))

Dessa maneira, os coeficientes de transferência de massa médios em leitos fixos são definidos
em função da média logarítmica das diferenças de concentrações:

(Equação 2.1.4. (05))

Essa é a forma usada para a determinação experimental desses coeficientes, pois é mais fácil
medir as concentrações na entrada e na saída do leito do que em qualquer seção no interior do
mesmo.
24
Para os Exemplos A e B citados abaixo con sideraremos:
Re número de Reynolds
D diâmetro, m
μ viscosidade, kg/(s · m)
ṁ vazão mássica, kg/s
Sc número de Schmidt
Sh número de Sherwood
hm coeficiente de transferência de massa por convecção, m/s
ρ massa específica, kg/m3
DAB difusividade mássica binária, m2/s

2.2.5 TRANSFERÊNCIA DE MASSA PARA ESCOAMENTO DE AR


ATMOSFÉRICO ATRAVÉS DE UM TUBO

Exemplo A:
Qual é o coeficiente de transferência de massa por convecção associado ao escoamento
plenamente desenvolvido de ar atmosférico a 27 °C e 0,04 kg/s através de um tubo com 50 mm
de diâmetro, cuja superfície interna é coberta por uma fina camada de naftaleno? Determine os
comprimentos de entrada fluidodinâmico e de concentração.

CONHECIDO:
Temperatura e vazão do ar em um tubo com um interior revestido com naftaleno.

ENCONTRAR:
Coeficiente de transferência de massa por convecção sob condições totalmente desenvolvidas, e
comprimentos de entrada, velocidade e concnetração.

SUPOSIÇÕES:
(1) A analogia de transferência de massa e de calor é aplicavel
(2) Concentração uniforme de vapor ao longo da superfície interna

PROPRIEDADES:
Tabela 1-4, Ar (300K, 1 atm): μ = 184.6 × 10-7 N⋅s/m2 , ν = 15.89 × 10-6 m2 /s;
Tabela A-8, Naftaleno- Ar (300K, 1 atm): DAB = 6.2 × 10-6 m2 /s, Sc = μ/DAB = 2.56.

ANÁLISE:
Para o fluxo de ar através do tubo:

Portanto o fluxo é turbulento


25

Tem-se que:

Um comprimento de entrada de 0,5m é assumido.

COMENTÁRIOS:
Observe que as propriedades do fluxo são consideradas as do ar, com a contribuição do vapor de
naftaleno consideradas desprezíveis.

Exemplo B:
Ar, escoando através de um tubo de 75 mm de diâmetro, atravessa uma seção rugosa com 150
mm de comprimento construída com naftaleno, que possui as propriedades ℳ = 128,16 kg/mol
e psat(300 K) = 1,31 × 10−4 bar. O ar está a 1 atm e 300 K, e o número de Reynolds é ReD =
35.000. Em um experimento no qual o escoamento foi mantido durante três horas, a perda de
massa por sublimação na superfície rugosa foi de 0,01 kg. Qual é o coeficiente de transferência
de massa por convecção associado? Qual seria o coeficiente de transferência de calor por
convecção correspondente? Compare esses resultados com aqueles estimados com correlações
convencionais para tubos lisos.

CONHECIDO:
Fluxo de ar sobre a seção rugosa do tubo construído a partir de naftaleno

ENCONTRAR:
Coeficiente de transferência de massa por convecção e transferencia de calor associados a seção
rugada, comparar esses resultados com aqueles da seção lisa.

SUPOSIÇÕES:
(1) Condições de estado estacionário
(2) A analogia de transferência de massa e de calor é aplicavel
(3) Vapor de naftaleno insignificante na corrente de ar 𝜌A.m= 0
(4) Propriedades Constantes
(5) Vapor de naftaleno se comporta como um gás perfeito.

PROPRIEDADES:
Tabela A-4, Ar Ar (300K, 1 atm): ν = 15.89 × 10-6 m 2 /s, k = 0.0263 W/m⋅K, Pr = 0.707;
26
Tabela A-8 mistura naftaleno-ar e (300K, 1 atm): DAB = 0.62 × 10-5 m 2
/s, Sc= νB/DAB =
2.563;
Naftaleno (dado, 300K): psat,A = 1.31 × 10 -4 bar, MA = 128.16 kg/kmol.

ANÁLISE:
Usando a equação de taxa, com a taxa de sublimação observada experimentalmente do vapor de
naftaleno, o coeficiente médio de transferencia de massa para a seção é:

Os coeficientes de convecção correspondentes para uma seção lisa podem ser estimados usando
a Dittus- Boelter relation (a condição de aquecimento, n=0,4 foi selecionada)

Usando a relação análoga de transferencia de massa:

COMENTÁRIOS:
O efeito da rugosidade é aumentar os coeficientes de convecção sobre o valor correspondente
para a condição lisa.
27
2.2.6 TRANSFERÊNCIA DE MASSA EM ESCOAMENTO LENTO ATRAVÉS DE
LEITOS COM RECHEIO

Muitas operações de adsorção, desde a purificação de proteínas na moderna


biotecnologia até a recuperação de vapor de solvente em empresas de lavagem a seco, ocorrem
em leitos recheados com partículas e são conduzidas em regimes de escoamento lento - isto é,
em valores de:

Onde:

é o diâmetro efetivo da partícula


vo é a velocidade superficial, definida a como a vazão volumétrica dividida pela área da seção
reta do leito

Segue-se que a velocidade adimensional v/v0 terá uma distribuição espacial independente
do número de Reynolds. Informação detalhada só está disponível para o recheio constituído de
partículas esféricas. Considerando regime permanente e escoamento lento, use a análise
dimensional discutida no início dessa seção para determinar a expressão da correlação para o
coeficiente de transferência de massa.

SOLUÇÃO:
Com Dp considerdo o comprimento característico e vo a velocidade característica,
constatamos que a concnettração adimensional dependerá somente do produto ReSc, bem como
da posição adimensinal e da geometria do leito.
A maior quantidade de dados para escoamento lento foi obtida para valores elevados de
Péclet. Dados experimentais sobre a dissolução de esferas de ácido benzóico em água
forneceram a seguinte expressão:
1,09
Shm = (ReSc)1/3 ReSc >> 1
𝜀

Em que:

𝜀 : é a fração volumétrica do leito ocupada pelo fluido.

A eq. apresentada ao lado é razoavelmente coerente com a relação: Shm = 2 + 0,991(ReSc)1/3

A qual incorpora a solução para escoamento lento em tomo de uma esfera isolada (𝜀 = l).
Isso sugere que a configuração do escoamento em tomo de uma esfera isolada não difere muito
daquele que se verifica em uma esfera envolvida por outras esferas, principalmente na região
próxima da superfície onde ocorre a maior fração de massa transportada.
Não se dispõe de dados confiáveis para o comportamento para a faixa de valores de ReSc
muito baixos, porém cálculos numéricos, para o caso de distribuição regular de partículas no
leito,6 indicam que o número de Sherwood tende assintoticamente para um valor limite igual a
4,0, se o mesmo for baseado na diferença entre a concentração na interface e a composição
média global da mistura.
Comportamentos dentro da fase sólida são bem mais complexos, e nenhuma
aproximação simplificada tem se demonstrado totalmente confiável. Todavia, dados já
disponíveis mostram que quando o transporte de massa intrapartícula pode ser descrito pela
segunda lei de Fick, a seguinte aproximação pode ser usada
28
Onde:
k c,s é o coeficiente efetivo de transferência de massa dentro da fase sólida
a difusividade de A dentro da fase sólida.

A equação não se aplica ao caso de variações "lentas" da concentração do soluto que


envolve a partícula. Essa é uma solução assintótica para uma variação linear da onda de
concentração na superfície com o tempo,8 que foi confirmada analiticamente. Para uma onda de
concentração com distribuição gaussiana, o termo "lentas" implica que a passagem do tempo
(desvio médio temporal) da onda é longo relativo ao tempo de resposta do efeito difusivo na
partícula, que é da ordem de:

A segunda lei de Fick deve ser resolvida com a história prévia detalhada da concentração
da superfície quando essa desigualdade não for satisfeita. Em leitos recheados, como no
escoamento em tubos, deve-se levar em conta o fato de que ocorrerão não-uniformida des na
concentração em função da coordenada radial.
29

2.2.7 INTERAÇÃO DAS RESISTÊNCIAS DAS FASES - EXPRESSÃO USUAL DO


COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA PARA ESSE SISTEMA
BASEADO NA FASE SÓLIDA.

Há muitas situações para as quais os coeficientes de transferência de massa de uma única


fase não são disponíveis para as condições de contorno de problemas de transferência de massa
para duas fases, e constitui uma prática corrente usar os modelos de uma fase nos quais as
condições de contorno são utilizadas, sem que a interação dos processos difusivos que ocorrem
em duas fases seja levada em conta. Tal simplificação pode introduzir erros significativos.
Avalie esse procedimento para a lixiviação de um soluto A de uma esfera sólida de B de raio R
imersa em um fluido parcialmente agitado C, cujo volume é tão grande que a concentração
média global de A pode ser desprezada.

A descrição completa do processo de lixiviação é dada pela solução da segunda lei da


difusão de Fick escrita em tennos da concentração de A no sólido contido na região 0 < r < R:

As condições inicial e de contorno são:

O processo de difusão na fase líquida da interface sólido-líquido é descrito em termos do


coeficiente de transferência de massa dado por:

Onde:
cAi(t) é a concentração da fase líquida adjacente à interface.

Vamos expressar o problema em termos de variáveis admensionais usando:

Obtendo então a seguinte equação:

Onde:

Tomando a transformada de Laplace dessas equações, temos:


30

A transformada de Laplace de MA, a massa total de A dentro da esfera no tempo t, é:

Note que obtivemos a massa total de A transferida através da interface, MA(t), sem
conhecer a expressão para o perfil da concentração no sistsma. Essa é uma das vantagens em se
utilizar a transformada de Laplace. Podemos agora definir dois coeficientes globais de
transferência de massa:
(i) a expressão usual do coeficiente global de transferência de massa para esse sistema
baseado na fase sólida
31

3. CONCLUSÃO

A partir do presente trabalho, foi esclarecido o processo de transferência de massa por


convecção, através da determinação experimental de coeficientes de transferência de massa. De
acordo com os fatos mencionados durante o trabalho é possível notar que pode-se assimilar os
fenômenos de transferência de calor e de massa, também, que a convecção mássica por
convecção possui fortes características com o fluido em escoamento.
Com o presente trabalho pode-se fortalecer o entendimento sobre a transferência de
massa convectiva e suas aplicações, sendo possível assimilar os fenômenos à situações cotidianas
e muito importante conhecer as equações que regem a transferência de massa para
projetar/entender equipamentos a nivel industrial.
32

4. REFERÊNCIAS

BIRD, R. Byron; STEWART, Warren E.; LIGHTFOOT, Edwin N. Fenômenos de transporte.


2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. xv, 838 p. ISBN 9788521613930.

CREMASCO, Marco Aurélio. Fundamentos de Transferência de Massa. 3. ed. São


Paulo:Editora Edgard Blucher Ltda, 2016. 460 p.

INCROPERA, F.P., Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, Editora: LTC,


ISBN8521613784, 5ª edição, 698 p., 2003.

Tadini, Carmen, C. et al. Operações Unitárias na Indústria de Alimentos - Vol. 2.


Grupo GEN, 2016.

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