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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIAS

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA


DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS I
PROFESSORA: DYENNY LHAMAS

NOTAS DE AULA 5-LEITO DE PARTÍCULAS (FIXO E FLUIDIZADO)

Marabá- Pa
2023
Operações Unitárias I Profa. Dyenny Lhamas

1 INTRODUÇÃO

Várias operações unitárias na indústria química envolvem o escoamento em


leito de partículas, onde ocorre a inter-relação sólido-fluido, comumente a eficácia do
contato entre as fases é o fator preponderante na determinação do resultado final do
processo. Dentre as operações unitárias tem-se a filtração, fluidização, operações de
transferência de calor e massa em colunas de recheio, adsorvedores, transportadores,
entre outras.
O escoamento em leitos de partículas constitui-se de um vaso preenchido com
partículas sólidas, distribuídas aleatoriamente ou arranjadas. Os leitos de partículas são
usados em: reatores químicos (onde normalmente, o sólido é um catalisador); colunas
de troca de íons; colunas cromatográficas e como citado anteriormente, em várias
operações unitárias (destilação, absorção, desorção, extração, filtração, secagem etc.),
bem como, em muitas operações de tratamento de efluentes.
As propriedades físicas dos leitos são caracterizadas pela granulometria das
partículas nele contidas, por sua área específica, porosidade, densidade etc. A forma e
tamanho das partículas que foram discutidas em caracterização de partículas são as
propriedades físicas das partículas consideradas isoladas. No caso de um conjunto de
partículas, dependendo da maneira como estão dispostas, se tem o que é conhecido
como leito fixo e leito fluidizado (TADINI, 2015).
Quando o sólido está em repouso, o leito é conhecido como leito fixo e o
fluido, nesse caso, simplesmente percola entre os espaços vazios entre as partículas; em
outros casos, quando a velocidade do fluido é suficiente para provocar um movimento
aleatório das partículas no leito; ou ainda, no caso de grandes vazões do fluido, que
carrega os particulados, a operação é conhecida como fluidização e pode ser utilizada
como operação de transporte (TADINI, 2015).

2 TIPOS DE LEITOS DE PARTÍCULAS

2.1 Leito fixo

O leito fixo é formado por uma coluna preenchida pela fase particulada que
permanece imóvel quando posta em contato com o escoamento de uma fase fluida
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(Figura 1). Emprega-se como reator catalítico, reator enzimático, reator nuclear,
secador, combustor, gaseificador, adsorvedor, incinerador, extrator, entre outros tipos de
contactores.

Figura 1- Representação de um leito fixo.


Fonte: (CREMASCO, 2018)

2.1.1 Fração de vazios (ou porosidade do leito)

Os fenômenos que, normalmente, ocorrem em um leito fixo se processam no


interior de uma partícula de porosidade, 𝜀𝑝 , e diâmetro médio de partícula, 𝑑𝑝 , assim
como no interior do próprio leito, de diâmetro D e comprimento H, de acordo com a
figura abaixo:

Figura 2- Representação das dimensões características de um leito fixo


Fonte: (CREMASCO, 2018)
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2.1.2 Velocidade Superficial (q)

A velocidade superficial refere-se a velocidade antes e depois do meio poroso, ou


seja, o fluido tem essa velocidade até a superfície do meio poroso. É uma condição de contorno.
Nas operações que utilizam leito fixo, como na adsorção e secagem, um fluido de trabalho (gás
ou líquido) alimenta a coluna (ou leito) com velocidade superficial, q, a qual depende da vazão
volumétrica do fluido, Q, e da área da seção transversal da coluna, Área, (Figura 3).

Figura 3- Equação da velocidade superficial (q)

2.1.3 Velocidade Intersticial (u)

É denominada a velocidade do fluido no interior de uma coluna havendo a


presença da fase particulada, associada ao escoamento desse fluido entre as partículas,
contidas na coluna, obtida por meio de:

Figura 4- Equação da velocidade intersticial (u)


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Conhecendo a massa total de partículas 𝑚𝑝 , de massa específica 𝜌𝑝, que ocupa


o volume 𝑉𝑇 no leito, é possível obter a fração de vazios segundo:

1 − mp
𝛆=
ρp VT

A fração de vazios pode ser determinação por cromatografia através da


equação abaixo:

Sendo:
εp: a porosidade da partícula;
H: altura na coluna em que as partículas estão contidas;
tR: refere-se ao tempo de residência para que o soluto injetado percorra a coluna.

2.1.4 Fluidodinâmica em leitos fixos

Para a descrição da fluidodinâmica em leitos fixos, são consideradas as seguintes


hipóteses:

1. A fase fluida comporta-se feito fluido newtoniano e incompressível;


2. Regime permanente, o que leva qualquer variação temporal ser nula;
3. Escoamento uniforme e estabelecido, o que acarreta o campo de velocidade u ser
uniforme, ocasionando a variação espacial da velocidade da fase fluida ser nula,
resultando 𝛻⃗. τ = 0;
4. Meio contendo partículas imóveis (meio poroso fixo) homogêneo, resultando na
nulidade de qualquer variação da porosidade do meio (fração volumétrica de
vazios);
5. Escoamento da fase fluida está sujeito ao campo gravitacional b=g;
6. Escoamento unidimensional (u=u, m=m, g=g).
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Como se trata de leito fixo, não se tem movimento da fase particulada. De


imediato up=o, de onde resulta da equação de velocidade relativa U=u-up, igual a U=u.
Toda a formulação para fluidodinâmica do contato fluido-partícula é baseada
na fase fluida, a qual pode ser colocada na forma das equações da continuidade e do
movimento, de acordo com a figura 5.

Figura 5- Formulação para fluidodinâmica leito fixo

Com as hipóteses consideradas anteriormente, pode-se eliminar os seguintes


termos na equação do movimento:

Assim a equação do movimento torna-se:

𝑑𝑝
0 = − 𝑑𝑧 − 𝑚 + 𝜌𝑔 (Equação de Darcy)

Adotou-se escoamento unidimensional, chamando o eixo da direção do


escoamento de Z, assim o gradiente se resume a 𝑑𝑝/𝑑𝑧.
A equação de Darcy pode ser retomada em termos da pressão piezométrica do
fluido, P, na forma:

𝑑𝑃
− =𝑚
𝑑𝑧
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Sendo a pressão piezométrica definida por:

𝑃 = 𝑝 + 𝑧𝜌𝑔

Z: distância (positiva na direção contrária a g) do ponto em questão, medida a partir de


um plano horizontal de referência.

A equação constitutiva para a força resistiva, m, considerando nesta, a


definição da velocidade superficial, é:

𝜇 𝑐𝜌√𝑘
𝑚= [1 + ‖𝑞‖] 𝑞
𝑘 𝜇

Sendo:
𝜇: viscosidade dinâmica de um fluido newtoniano;
k e c são parâmetros que dependem de fatores estruturais da matriz porosa quando não
ocorrem interações físico-químicas entre matriz e fluido;
k: permeabilidade do meio poroso;
c: parâmetro adimensional.

O número de Reynolds para escoamento em meios porosos é definido como:

Na situação em que o escoamento do fluido na matriz porosa é lento, tem-se:

𝑐𝜌√𝑘
‖𝑞‖ ≪ 1
𝜇

Ou seja, ReMP < < 1 é o critério para classificar-se escoamentos em meios porosos,
como de baixas velocidades.
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Assim, a equação
𝜇 𝑐𝜌√𝑘
𝑚= [1 + ‖𝑞‖] 𝑞
𝑘 𝜇

Torna-se:

𝑑𝑃
Expressa-se, portanto, a equação de Darcy: − 𝑑𝑧 = 𝑚, na forma:

2.1.5 Permeabilidade

Trata-se de uma técnica experimental relativamente simples, que permite


determinar tanto a permeabilidade (k) quanto a constante c de um meio poroso, a partir
de medidas de vazão e queda de pressão no escoamento de fluidos, através do meio
poroso.

Figura 6- Representação de um permeâmetro


Fonte: (MASSARANI, 1997)
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Figura 7-Determinação de k e c pelo método de permeabilidade.

Ao representar na forma de um gráfico os valores experimentais


(−∆𝑃⁄𝐻 )⁄
correspondentes a q versus 𝑞 torna-se possível obter o valor da
permeabilidade, k, na interseção da reta, enquanto o fator c advém do coeficiente
angular da reta obtida.

2.1.6 O modelo capilar

Outra maneira de calcular k e c, é pelo modelo capilar modelo capilar, o qual


parte do princípio de se descrever o meio poroso (ou seja, os interstícios), por meio de
um feixe de dutos, conforme ilustra a figura abaixo:

Figura 8-Representação do modelo capilar


Fonte: (CREMASCO, 2018)
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A figura 9 apresenta uma das formas de calcular k e c, pelo método capilar. A


dedução encontra-se em Cremasco, (2018).

Figura 9- Determinação de k e c pelo método capilar

A Equação Kozeny-Carman, a qual permite correlacionar a permeabilidade com as


propriedades da partícula e a fração de vazios do meio. Para partículas arredondadas e fração
de vazios entre 0,3 ≤ ε ≤ 0,5, tem-se usualmente 4 ≤ β ≤ 5, sendo β = 5 o indicado para
partículas esféricas.
A figura 10 apresenta outra forma de calcular k e c pelo método capilar, o qual é
possível chegar na equação de Ergun.

Figura 10- Determinação de k e c pelo método capilar- Equação de Ergun


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O quadro 1 apresenta valores e expressões para o parâmetro Ω.

Quadro 1- parâmetro adimensional Ω.

Fonte: (MASSARANI, 1997)


2.2 Leito empacotado

É um tipo de leito fixo, também chamado de leito recheado, leito de recheio ou


torre recheada. Nos leitos empacotados, as partículas são inertes e específicas (anéis de
Raschig, selas de Berl, outros tipos de geometrias bem definidas, tais como pequenos
anéis ou cilindros etc.) de acordo com a figura 11, construídos com vários materiais
(metálicos, cerâmicos, porcelana, vidro etc.). Geralmente, são utilizados em operações
unitárias, tais como: destilação, absorção, extração líquido-líquido etc.

Figura 11- Peças de recheios comuns. (a) Aneis de Rasching. (b) Sela Intalox. (c) Anéis
de Pall. (d) Anel espiralado Cyclohelix. (e) sela de Berl. (f) Anel de Lessing (g)Anel
quartelado
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2.3 Leito fluidizado

Os leitos fluidizados são caracterizados, basicamente, por apresentar partículas


suspensas e distanciadas entre si quando submetidas ao escoamento da fase fluida sem,
contudo, sofrerem arraste (figura 12). Tais leitos são largamente utilizados em processos
industriais por proporcionarem mistura intensa entre as fases fluida e particulada,
criando dessa maneira taxas elevadas de transferência de calor e de massa, assim como
acarretando uniformidade de distribuições de temperatura e de concentração das fases
no interior do equipamento. Exemplos típicos de aplicações industriais de leitos
fluidizados incluem sínteses e reações catalíticas, regeneração catalítica, combustão e
gaseificação de carvão etc. Os leitos fluidizados são também empregados em processos
físicos (não reacionais) como, por exemplo, na secagem de partículas, recobrimento e
granulação de sólidos etc. (CREMASCO, 2018)
Em um leito fluidizado as partículas não estão paradas, ocorre fenômeno da
fluidização, em que as forças de arraste igualam ou ultrapassam o valor do peso das
partículas, devido ao escoamento ascendente de uma fase fluida. O leito fluidizado
possui aparência similar à de um líquido em fervura vigorosa, o que propicia o íntimo
contato partícula-partícula e partícula-fluido.

Figura 12- Leito fixo sem fluxo e leito fluidizado com fluxo

Na prática, o contato entre partículas e fluidos atende sempre a uma finalidade


específica, que depende do processo no qual se emprega o leito fluidizado. Apenas
como exemplo, o interesse poderia ser o de secar os grãos de algum cereal recém-
colhido, de modo a evitar o crescimento de fungos durante seu armazenamento. Então,
fluidizar os grãos com ar pré-aquecido, possibilitaria sua secagem. Neste caso, o contato
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fluido-partícula estaria propiciando transferência de calor e massa entre os grãos e o ar.


A temperatura dos grãos aumentaria, enquanto a do ar, ao longo do leito, diminuiria. Os
grãos perderiam água, que, por evaporação, se incorporaria ao ar em escoamento através
do leito. Observe-se que o transporte de calor e de massa entre os grãos e o ar é
simultâneo (PEÇANHA, 2014).
O quadro 2 apresenta as vantagens e desvantagens da Fluidização.

Quadro 2- Vantagens e desvantagens da Fluidização


Vantagens da Fluidização Desvantagens da Fluidização

Alta mistura dos sólidos (homogeneização Dificuldade em manter um gradiente de


rápida). temperatura.
Comportamento dos sólidos similar a Formação de aglomerados na fluidização
líquidos, pois permite operações contínuas de partículas finas e úmidas.
controladas automaticamente.
Adapta-se bem para operações em larga Dificuldade de fluidizar materiais
escala. coesivos, abrasivos ou pastosos.
Transferência de massa e calor entre gás e Aumento do consumo de energia (quando
partículas são altas, comparada a outros comparado ao leito fixo).
modos de contato.
São compactos e de custo relativamente
baixo

2.3.1 Regimes fluidodinâmicos na fluidização

Os regimes fluidodinâmicos na fluidização dependem: das características


físicas da fase particulada e da fase fluida e das condições operacionais da coluna.
Os regimes fluidodinâmicos podem ser identificados como (figura 13):
• Fluidização homogênea;
• Fluidização borbulhante;
• Fluidização do tipo slug;
• Fluidização turbulenta;
• Fluidização rápida.
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Figura 13- Regimes fluidodinâmicos na fluidização


Fonte: Adaptado de Cremasco, (2018)

2.3.1.1 Classificação de Geldart

Geldart (1973) identificou quatro tipos de regimes fluidodinâmicos na


fluidização e propôs um diagrama que relaciona as características físicas da partícula
(dp e 𝜌𝑝 ) e massa específica do fluido (𝜌) com tais regimes ( figura 14):

Figura 14- Classificação de Geldart


Fonte: (CREMASCO, 2018)
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Grupo A – particulados ao serem fluidizados (por gás) acarretam a expansão do leito,


apresentam fluidização homogênea ao atingir a velocidade de mínima fluidização,
seguido por fluidização borbulhante à medida que se aumenta a velocidade do gás.
Partículas de FCC, utilizadas no craqueamento catalítico do petróleo são exemplos
desse grupo.
Grupo B – particulados que acarretam somente a fluidização borbulhante. A areia
utilizada em construção é o exemplo típico desse grupo.
Grupo C – partículas coesivas (particulados finos e aderentes, como farinha de trigo)
que são incapazes de fluidizar, provocando canais preferenciais e/ou slugs.
Grupo D – particulados grandes cuja fluidização é levada a termo em leitos de jorro (a
ser visto oportunamente). São exemplos de partículas: grãos de produtos agrícolas, tais
como arroz, milho, feijão.

2.3.2 Fluidodinâmica da fluidização

No que se refere a um modelo matemático para descrição da fluidização, este é


baseado nas equações da continuidade para as fases fluida e particulada e do movimento
dessas fases (figura 16).

Figura 15- Fluidodinâmica da fluidização

Para efeito de apresentação dos modelos que descrevem os regimes de


fluidização, pode-se dividir a fluidização em três grandes famílias: fluidização
homogênea, fluidização heterogênea, fluidização com transporte ou arraste de sólidos.
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Esta última família aborda o arraste de sólidos por fluidos (transporte pneumático e
hidráulico).

2.3.2.1 Fluidização homogênea

A fluidização homogênea é encontrada, usualmente, quando o fluido de


trabalho é líquido, assim como, por aproximação, quando este fluido vir a ser gás com
velocidade próxima à condição de mínima fluidização, utilizando-se partículas do tipo
A e, em alguns casos, partículas do tipo B.
Admite-se para a fluidização homogênea, as seguintes hipóteses:
1) A fase fluida comporta-se como fluido newtoniano e incompressível;
2) Regime permanente, o que leva qualquer variação temporal ser nula;
3) Meio poroso isotrópico, acarretando na porosidade (fração volumétrica de
vazios) constante ao longo do leito;
4) Escoamento uniforme e estabelecido, o que acarreta o campo de velocidade u ser
uniforme, ocasionando a variação espacial da velocidade ser nula;
5) Uniformidade do campo de velocidade da fase particulada;
6) Escoamento unidimensional.

De posse dessas hipóteses, as equações abaixo:

∂u
𝜌ε [ + u. ∇u] = −∇p + ∇. τ − m − ρg
∂t

𝜕𝑢𝑝
𝜌𝑝 𝜀𝑝 [ + 𝑢𝑝 . 𝛻𝑢𝑝 ] = −𝛻𝑝𝑝 + 𝛻. 𝜏𝑝 + 𝑚 − (𝜌𝑝 − 𝜌)𝜀𝑝 𝑔
𝜕𝑡

São rescritas como:

𝑑𝑝
− 𝜌𝑔 = 𝑚
𝑑𝑥
𝑚 = (1 − 𝜀)(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔
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Observa-se da equação 𝑚 = (1 − 𝜀)(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔, que a força resistiva se iguala


ao peso aparente da fase particulada por unidade de volume, entendendo-se por peso
aparente o peso das partículas menos o peso do fluido ascendente (empuxo). Para a
condição de mínima fluidização tem-se:
mmf = (1 − εmf )(ρp − ρ)g
Onde o subscrito mf indica mínima fluidização.

• Queda de pressão em condição de mínima fluidização (homogênea)

Figura 16- Queda de pressão em condição de mínima fluidização por meio do peso
aparente

Figura 17- Queda de pressão em condição de mínima fluidização relacionada com o


peso do leito.
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O valor da fração de vazios na mínima fluidização é superior ao valor referente


ao leito fixo. A força resistiva pode ser descrita pela equação.

𝜇 𝑐𝜌√𝑘
𝑚𝑚𝑓 = [1 + 𝑞𝑚𝑓 ] 𝑞𝑚𝑓
𝑘 𝜇

∆𝑃𝑚𝑓
Substituindo-se essa equação, na equação − = 𝑚𝑚𝑓 , resulta em:
𝐻𝑚𝑓

∆𝑃𝑚𝑓 𝜇 𝑐𝜌√𝑘
− = [1 + 𝑞𝑚𝑓 ] 𝑞𝑚𝑓
𝐻𝑚𝑓 𝑘 𝜇

Identificando nessa equação, a constante de permeabilidade k e a constante c:

2
(∅𝑑𝑝 ) 𝜀3 𝛺
𝑘= [(1−𝜀)2] e 𝑐= 3
36𝛽 𝜀 ⁄2

A equação resulta em:

2
∆𝑃𝑚𝑓 (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1 1 − 𝜀𝑚𝑓 𝜌 2
− = 36𝛽 [ ] 2 𝑞𝑚𝑓 + 6𝛽 2𝛺 ( ) 𝑞
𝐻𝑚𝑓 𝜀 3 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝜀 3 𝑚𝑓 ∅𝑑𝑝 𝑚𝑓

Ressaltando que o 𝛺 pode ser obtido através do quadro 3, o mesmo utilizado para leito
fixo.
Quadro 3- Parâmetro adimensional Ω

Fonte: (MASSARANI, 1997)

Assim, a equação pode ser escrita em termos da equação de Ergun como:


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2
∆𝑃𝑚𝑓 (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1 − 𝜀𝑚𝑓 𝜌 2
− = 150 [ 3
] 2 𝑞𝑚𝑓 + 1,75 ( 3 ) 𝑞
𝐻𝑚𝑓 𝜀 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝜀 𝑚𝑓 ∅𝑑𝑝 𝑚𝑓

• Velocidade superficial em condição de mínima fluidização

Obtém-se, de modo imediato, o valor da velocidade superficial do fluido na


condição de mínima fluidização, a partir do conhecimento da massa de partículas que o
leito contém, mp ao se igualar as equações:

𝑔. 𝑚𝑝
−∆𝑃𝑚𝑓 =
Á𝑟𝑒𝑎
e
2
∆𝑃𝑚𝑓 (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1 1 − 𝜀𝑚𝑓 𝜌 2
− = 36𝛽 [ 3
] 2 𝑞𝑚𝑓 + 6𝛽 2 𝛺 ( 3 ) 𝑞
𝐻𝑚𝑓 𝜀 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝜀 𝑚𝑓 ∅𝑑𝑝 𝑚𝑓

Tem-se:

2
𝑔𝑚𝑝 (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1 1 − 𝜀𝑚𝑓 𝜌 2
= 36𝛽 [ ] 2 𝑞𝑚𝑓 + 6𝛽 2𝛺 ( ) 𝑞
𝐻𝑚𝑓 (Á𝑟𝑒𝑎) 𝜀 3 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝜀 3 𝑚𝑓 ∅𝑑𝑝 𝑚𝑓

Ou em termos da equação de Ergun:

2
𝑔𝑚𝑝 (1 − 𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1 − 𝜀𝑚𝑓 𝜌 2
= 150 [ 3
] 2 𝑞𝑚𝑓 + 1,75 ( 3 ) 𝑞
𝐻𝑚𝑓 (Á𝑟𝑒𝑎) 𝜀 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝜀 𝑚𝑓 ∅𝑑𝑝 𝑚𝑓

Do mesmo modo, pode se ter como parâmetro a força resistiva. Igualando-se as


equações:

−∆𝑃𝑚𝑓 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 )(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔𝐻𝑚𝑓


e
∆𝑃𝑚𝑓 𝜇 𝑐𝜌√𝑘
− = [1 + 𝑞𝑚𝑓 ] 𝑞𝑚𝑓
𝐻𝑚𝑓 𝑘 𝜇
Resultando em:
𝜇 𝑐𝜌 2
𝑞𝑚𝑓 + 𝑞 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 )(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔
𝑘 √𝑘 𝑚𝑓
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Ao se identificar a constante de permeabilidade k e a constante c, na equação


anterior, tem-se:

2 1
(1−𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1−𝜀 𝜌
36𝛽 [ ] 2 𝑞𝑚𝑓 + 6𝛽 2 𝛺 ( 𝜀3 𝑚𝑓 ) ∅𝑑 𝑞 2 𝑚𝑓 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 )(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔
𝜀 3 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝑚𝑓 𝑝

Ou em termos da equação de Ergun:

2
(1−𝜀𝑚𝑓 ) 𝜇 1−𝜀 𝜌
150 [ ] 2 𝑞𝑚𝑓 + 1,75 ( 𝜀3 𝑚𝑓 ) ∅𝑑 𝑞 2 𝑚𝑓 = (1 − 𝜀𝑚𝑓 )(𝜌𝑝 − 𝜌)g
𝜀 3 𝑚𝑓 (∅𝑑𝑝 ) 𝑚𝑓 𝑝

Como se trata de fluidização homogênea (meio isotrópico) a equações podem


ser adimensionadas segundo:

𝐾1 𝑅𝑒𝑝𝑚𝑓 + 𝐾2 𝑅𝑒 2 𝑝𝑚𝑓 = 𝐴𝑟
Em que o número de Reynolds da partícula na situação de mínima fluidização é:

𝑑𝑝 𝑞𝑚𝑓
𝑅𝑒𝑝𝑚𝑓 =
𝑣

E o número de Arquimedes definido como:

𝜌(𝜌𝑝 − 𝜌)𝑔. 𝑑 3 𝑝
𝐴𝑟 =
𝜇2
E as constantes K1 e K2, são:

𝟏
𝟑𝟔𝜷 𝟏−𝜺𝒎𝒇 𝟔𝜷𝟐 𝝆
𝑲𝟏 = (
(∅)𝟐 𝜺𝟑 𝒎𝒇
) e 𝑲𝟐 =
∅𝜺𝟑 𝒎𝒇

Para a equação de Ergun, tais constantes são iguais, respectivamente, a:

𝟏𝟓𝟎𝜷 𝟏−𝜺𝒎𝒇 𝟏,𝟕𝟓


𝑲𝟏 = (∅)𝟐
( 𝟑 ) e 𝑲𝟐 = ∅𝜺𝟑
𝜺 𝒎𝒇 𝒎𝒇
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Vale ressaltar que Wen e Yu (1966) perceberam que os parâmetros K1 e K2


permaneceram praticamente constantes pra diferentes tipos de partículas em uma ampla
faixa de condições (0,001<Repmf<4000), proporcionando estimativas para qmf com
desvios relativos da ordem de 34%.

Quadro 4- Valores para as constantes K1 e K2

Fonte: (LACERDA JR. et al., 2008)

2.3.2.2 Curva característica da fluidização homogênea.

Este tipo de curva é construído correlacionando-se a queda de pressão em função


da velocidade (superficial ou intersticial) do fluido de trabalho:

O→A: Aumento da velocidade e da queda de pressão do fluído;


A→B: O leito está iniciando a fluidização;
B→C: Com o aumento da velocidade, há uma queda leve da pressão devido à mudança
repentina da porosidade do leito;
C→D: O log(-∆P) varia linearmente com log(v) até o ponto D.
D→∞: Após o ponto D, as partículas começam a ser carregadas pelo fluído e perde-se a
funcionalidade do sistema.
Operações Unitárias I Profa. Dyenny Lhamas

Figura 16- Etapas da fluidização


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REFERÊNCIAS

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