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Escoamento em meios Porosos

Universidade Federal de São Paulo – campus Diadema


Curso: Química Industrial Ano Letivo: 2023
UC: Laboratório de Operações Unitárias

ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS (LEITO FIXO)

1. OBJETIVO
O objetivo desta prática é estudar o comportamento fluidodinâmico de sistemas
sólido-fluido através da medida experimental de gradiente de pressão e velocidade
superficial do fluido.

2. RESUMO TEÓRICO
O escoamento de fluidos (líquidos ou gases) através de leitos de partículas sólidas
estacionárias, chamados também de leito fixo ou coluna empacotada, é uma operação
unitária amplamente aplicada em diversos processos como em reações com catalisadores,
adsorção de um soluto, absorção, leito de filtração e secagem, entre outros.
Um dos principais objetivos de um leito de partículas (recheio) é promover o
contato íntimo entre as fases envolvidas no processo, tanto da fase fluida com a fase
estacionária quanto o contato entre diferentes fases fluidas. Há diferentes materiais de
empacotamento e diversos formatos como esferas, partículas irregulares, anéis e cilindros,
entre outros.
De forma geral, quando um fluido escoa através de um leito de partículas sólidas
estacionárias (sem fluidização), há uma perda de pressão devido a transferência da
quantidade de movimento do fluido para as partículas sólidas. Essa perda é uma função de
diversas características do fluido (velocidade, densidade e viscosidade), das partículas
(forma e diâmetro) e do leito (porosidade e altura – ou espessura).
Na literatura encontramos equações e correlações que representam o
comportamento do leito fixo para determinadas faixas de vazões. Para vazões mais baixas,
onde se considera o escoamento monofásico lento (escoamento laminar), através de um
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meio poroso de comprimento L, a queda de pressão P depende linearmente da vazão (Q) ou


velocidade (v’), visto através da equação clássica designada como Lei de Darcy:

em que: (1)

P = queda de pressão; L = comprimento;


v’ = velocidade superficial do fluido; K = permeabilidade do meio poroso;
Q = vazão do fluido; A = área da seção transversal.

 = viscosidade do fluido

Expressões que relacionam a permeabilidade (K) com a porosidade do meio (ε) e o

diâmetro das partículas ( ) são encontradas na literatura. Dentre as mais conhecidas está a
correlação de Carman-Kozeny ou Blake-Kozeny (Equação 2).

(2)
onde ε é a porosidade do leito (definida como uma relação entre o volume de vazios no

leito e volume total do leito) e  é a esfericidade das partículas.

Para =1 (partículas esféricas), é obtida a seguinte a forma adimensional para


escoamento laminar (Re < 10):

(3)

onde: (4)

e (5)
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resultando na seguinte equação para a perda de carga:

(6)
Para regime turbulento (Re > 1000), o fator de atrito (f) é praticamente constante,
sendo a perda de carga representada pela equação de Burke-Plummer (Equação 9):

(7)

onde: (8)

e (9)
A equação geral semi-empírica para a perda de carga no escoamento de uma única
fase fluida através de um meio poroso é conhecida como equação de Ergun (Equação 10).

(10)

Na equação de Ergun, o primeiro termo da equação é predominantemente para o


regime laminar, enquanto o segundo termo tem maior importância para valores mais
elevados de Reynolds, devido ao termo quadrático de velocidade superficial. A Equação 10
pode ser apresentada na forma:

(11)

onde c é uma relação adimensional: .


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3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.1. Módulo experimental:
Coluna de recheio de tubo de acrílico de 8,4 cm de diâmetro interno e altura total de
100 cm, com enchimento de esfera de vidro de 3,0 mm de diâmetro (= 1). A porosidade do
leito é 0,356. O fluido é água, que circula pelo sistema através de uma bomba de 0,5 HP e
3480 rpm.

As vazões são medidas por dois rotâmetros e as quedas de pressões são lidas em
manômetros do tipo U utilizando água como fluido manométrico.

3.2. Outros materiais:


- trena
- termômetro

3.3. Procedimento Experimental:


1. Observar a montagem experimental e relacionar cada “manômetro” com os pontos de
coleta de pressão.
2. Com o auxílio das válvulas, controlar a vazão do fluido, procurando cobrir a faixa dos
rotâmetros. Realizar o ensaio com 12 vazões diferentes e em triplicata.
3. Começar efetuando medidas de queda de pressão para baixas vazões.
4. Para cada vazão medir o desnível no manômetro.

4. CÁLCULOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS


a) Construa o gráfico de ∆P/L versus v’ (sendo P [N/m²]; L[m] e v’ [m/s]).
b) Para cada resultado experimental determine f e Re, e represente f em função de Re em
escala log-log. Em que condição de operação (faixa de Re) é válida a lei de Darcy?
c) A partir dos resultados com baixas velocidades (faixa linear do gráfico ∆P/L versus v’)
determine a permeabilidade experimental (K) do meio.
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d) A partir dos dados obtidos na faixa não linear do gráfico ∆P/L versus v’ e da Equação
11, obtenha os valores de c e K.
e) Calcule o valor de K teórico pela correlação de Carman-Kozeny (Equação 2) e compare
com os valores de K experimentais.
f) Compare os valores de P/L com os previstos pela correlação de Ergun indicando os
erros relativos e desvios padrões entre os valores calculados pela correlação e o
experimental. Faça uma análise dos resultados obtidos.

5. DADOS COLETADOS

Vazão Altura do manômetro


P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
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6. BIBLIOGRAFIA
COULSON, J.M. E RICHARDSON, C.H. (2002) Chemical Engineering, v. 2:
Particle Technology and Separation Processes, 5ª edição, Oxford, Butterworth-Heinemann
Press.
MASSARANI, G. (2002) Fluidodinâmica em sistemas particulados, 2ª edição,
Rio de Janeiro, E-papers serviços editoriais.
SISSON, L. E.; PITTS, D. R. (1988) Fenômenos de Transporte, Rio de Janeiro,
Editora Guanabara.
FOUST, A.S.; WENZEL, L.A.; CLUMP, C.W.; MAUS, L.; ANDERSEN, L.B.
(1980) Principles of unit operations. 2.ed. New York, John Wiley.
MCCABE, W.L.; SMITH, J.C. (1993) Unit operations of chemical engineering.
5.ed. New York, McGraw-Hill.
PERRY, R.H.; GREEN, D.W. (1984) Perry’s chemical engineers’ handbook.
6.ed. New York, Mc-Graw-Hill.

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