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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE FENÔMENOS DE TRANSPORTE

DETERMINAÇÃO DO CARÁTER REOLÓGICO DE UM ÓLEO


DESCONHECIDO POR MEIO DE UM VISCOSÍMETRO CAPILAR

SÃO CRISTÓVÃO - SE
FEVEREIRO/2016
BRUNO RAFAEL DOS SANTOS SILVA
LEONARDO SOUZA ANDRADE
PAULA EMILIO SCHLINGMANN
TIAGO FERREIRA SOUZA
YASMIN OLIVEIRA CARVALHO

DETERMINAÇÃO DO CARÁTER REOLÓGICO DE UM ÓLEO


DESCONHECIDO POR MEIO DE UM VISCOSÍMETRO CAPILAR

Trabalho apresentado em forma de


relatório ao professor Manoel Marcelo do
Prado referente à disciplina Laboratório
de Fenômenos de Transporte.

SÃO CRISTÓVÃO – SE
FEVEREIRO/2016
SUMÁRIO

1. Fundamentação teórica 4
2. Materiais e Métodos 13
3. Resultados e Discussão 16
4. Conclusão 28
5. Referências bibliográficas 29
Resumo

O estudo do comportamento dos fluidos é de suma importância para a base do


conhecimento de muitas áreas. Projetos de sistemas de bombeamentos na indústria química,
tubulações residenciais e até mesmo campos relacionados à biomecânica são alguns dos
exemplos de situações nas quais a descrição do caráter reológico faz-se necessário. O presente
experimento teve como objetivo a análise do comportamento reológico de um óleo
desconhecido e a posterior obtenção de sua viscosidade dinâmica. Para isto, utilizou-se um
tubo capilar acoplado a um frasco de Mariotte, fazendo-se variar a altura de saída deste tubo,
registrando a vazão mássica e a queda de pressão para cada diferencial de altura. Partindo-se
das propriedades físicas da água, foi possível encontrar o diâmetro do tubo capilar e a massa
específica do óleo cujos valores obtidos foram, respectivamente, 0,00188 m e 874,5 kg m -3,
através das equações correspondentes e do método do picnômetro. Os valores de vazão e de
altura possibilitaram a construção da “curva” reológica do fluido através da tensão de
cisalhamento em função do gradiente de velocidade. O coeficiente angular da curva forneceu
o valor experimental da viscosidade do óleo, cujo valor obtido foi 0,0043 kg m -1s-1. Vale
ressaltar que toda a modelagem para obtenção das propriedades de interesse foi baseada na
equação da continuidade e nas equações clássicas de Navier-Stokes, assumindo-se hipóteses e
tomando-se as devidas simplificações. Tais hipóteses e simplificações foram corroboradas
pelos cálculos do Reynolds, número de Mach e determinação do comprimento hidrodinâmico
de entrada.
4

1. Fundamentação teórica

Reologia é a ciência que estuda a deformação e o escoamento de corpos sólidos


ou fluidos. É de grande importância no dimensionamento de bombas e tubulações,
agitadores, trocadores de calor, homogeneizadores, etc. Para os líquidos, a maior parte
das medidas reológicas são feitas com base na aplicação das tensões de cisalhamento. A
viscosidade é uma das variáveis que caracteriza uma substância.
Viscosímetros são instrumentos utilizados para medir a viscosidade de líquidos.
O viscosímetro capilar faz parte de um grupo de viscosímetros que inferem a razão entre
a tensão aplicada e a taxa de deformação por meios indiretos, isto é, sem medir a tensão
e a deformação diretamente. Neste viscosímetro, a viscosidade é obtida por meio da
medida do gradiente de pressão.
A tensão de cisalhamento é diretamente proporcional à viscosidade dinâmica do
fluido. Essas tensões de cisalhamento aparecem devido ao escoamento viscoso.
Supondo uma força F aplicada sobre uma superfície de área A, essa força pode ser
decomposta segundo a direção normal e tangencial à superfície, dando origem a uma
componente normal e outra tangencial. O quociente entre o módulo da componente
tangencial e a área a qual está aplicada define a tensão de cisalhamento. O experimento
mais comum utilizado para definir essa tensão é um par de placas grandes paralelas com
uma camada de fluido entre elas, conforme mostrado na Figura 1, separadas por uma
distância ℓ.

Figura 1 – Esquema de placas paralelas usado para definir a tensão de cisalhamento.

Aplica-se uma força constante F paralela a placa superior, enquanto a inferior é


mantida fixa. Ao atingir regime permanente, a placa superior se move com velocidade
5

constante v sob a influência desta força. O fluido em contanto com esta placa move-se
com mesma velocidade. Sobre esta camada de fluido age uma tensão de cisalhamento
igual a:

F
τ = (1)
A

em que A é a área de contato entre a placa e o fluido. O fluido em contato com a placa
inferior assume velocidade nula, igual a da placa. Logo, para um escoamento laminar
estacionário, a velocidade do fluido variará de 0 a v, fornecendo um perfil e um
gradiente de velocidade igual a:

y
u (y ) = v (2)
l

du v
= (3)
dy l

em que y é a distância vertical da placa inferior. Durante um intervalo de tempo dt, os


lados das partículas do fluido ao longo de uma reta vertical MN giram de um ângulo dβ
enquanto a placa superior move-se uma distância dα = vdt. A deformação ou tensão de
cisalhamento é expressa como:
dα vdt du
dβ ≈ tg β = = = dt (4)
l l dy
dβ du
= (5)
dt dy

Com esse resultado, conclui-se que a taxa de deformação de um elemento do


fluido é equivalente ao gradiente da velocidade du /dy. Experimentalmente, para a
maioria dos fluidos, a taxa de deformação é diretamente proporcional à tensão de
cisalhamento τ . Esses fluidos recebem a denominação de fluidos newtonianos. No
escoamento cisalhante unidimensional dos fluidos newtonianos, a tensão de
cisalhamento é expressa pela relação linear:
du
τ = μ (6)
dy
6

em que μ é o coeficiente de viscosidade ou viscosidade dinâmica do fluido. O gradiente


de velocidade é modelado de acordo com cada caso, seguindo a equação da
continuidade e as equações de Navier-Stokes fazendo as simplificações pertinentes
(Çengel & Cimbala, 2007).
Além de newtonianos, os fluidos líquidos podem ser de vários outros tipos. Os
não newtonianos recebem esse nome pelo fato da tensão cisalhante não ser diretamente
proporcional à taxa de deformação. Entre os fluidos classificados como sendo
independentes do tempo estão os newtonianos, pseudo-plásticos, plástico de Bingham,
Herschel-Bulkley. Aqueles que apresentam dependência com o tempo abrangem os
fluidos tixotrópicos e reopéticos. Existem ainda os fluidos viscoelásticos que
apresentam o comportamento de retornar parcialmente à sua forma original quando
livres da tensão aplicada, após a deformação. A Figura 2 apresenta as curvas de tensão
de cisalhamento versus taxa de cisalhamento para diferentes tipos de fluidos.

Figura 2 – Tensão versus taxa de deformação para os diversos tipos de fluidos.

Um método comum usado para determinar a viscosidade do fluido é a partir da


curva de tensão de cisalhamento versus gradiente de velocidade. Baseando-se nesse
pressuposto, Massarani propôs um método para medir a viscosidade a partir de um
viscosímetro capilar o qual consiste em acoplar um capilar num frasco de Mariotte,
fazendo com que o fluido escoe por este capilar, num escoamento a velocidade
constante, apesar da diminuição do nível no frasco. Variando-se a altura da posição de
saída do capilar e medindo-se a vazão mássica e a queda de pressão correspondente,
obtêm-se o diagrama reológico do fluido. Como já exposto na Figura 2, sendo um fluido
7

newtoniano, tem-se uma reta com os dados obtidos. Para outros tipos de fluidos,
diferentes comportamentos de curvas são esperados.
O frasco de Mariotte foi criado por Edme Mariotte, que foi um padre católico
romano e um dos membros fundadores da Academia de Ciências de Paris em 1666.
Mariotte desenvolveu um trabalho muito importante sobre óptica e percepção das cores,
incluindo a descoberta do ponto cego, também conhecido como ponto de Mariotte.
Além disso, fez descobertas importantes em diferentes áreas da ciência como a física,
mecânica, hidráulica, meteorologia, fisiologia vegetal, entre outros. Ele era um
experimentador ativo e seus trabalhos eram conhecidos por grandes cientistas da época
como Newton e Descartes. Mariotte estabeleceu, em 1660, uma lei sobre a deformação
elástica dos sólidos. Em 1676 enunciou a lei de compressibilidade dos gases (Lei de
Boyle-Mariotte). Uma de suas contribuições, o aparelho conhecido como “Frasco de
Mariotte”, permite que a pressão sob a qual um líquido flui para fora de um orifício seja
mantida constante por uma quantidade apreciável de tempo (Grzybowski, 2007).
O frasco de Mariotte consiste em um tubo A imerso dentro de um líquido
contido dentro de um recipiente B, que possui uma saída S próxima de sua base, sob a
qual pode ser acoplado um tubo capilar, como mostrado na Figura 3.

Figura 3 – Ilustração de um frasco de Mariotte.

Mantendo-se a ponta do capilar presa a rolha e esta bem fechada na saída do


recipiente, observa-se que o líquido dentro do tubo A permanece sempre no mesmo
nível nn’, bem próximo de sua extremidade. Nesse caso P atm = ρgh + Par. Havendo um
pequeno consumo de líquido, isto é, fazendo com que o fluido escoe pelo capilar, a
altura h diminui e Patm se torna maior que ρgh + Par. Neste momento, acontece a entrada
8

de uma pequena bolha de ar dentro do recipiente através do tubo A, que exerce uma
pressão que compensa o abaixamento do nível do líquido fazendo com que o nível nn’
em A não se altere. Este efeito se repete continuamente, até que o nível do líquido em B
atinja a extremidade inferior do tubo A. Em resumo, para o orifício de saída é como se a
camada líquida acima da extremidade inferior do tubo não existisse. Logo, a altura
efetiva, da extremidade inferior do tubo até o orifício de saída, é que determina o
escoamento constante. Ao avaliar a quantidade de fluido escoado pela quantidade de
tempo gasto e variando-se a altura é possível obter o diagrama reológico do fluido e
com isso é possível determinar a viscosidade do fluido, e pelo arranjo de equações é
possível encontrar o diâmetro do capilar e a vazão de saída.

1.1. Modelagem Físico-Matemática

O escoamento no interior do tubo capilar pode ser tratado com base em algumas
hipóteses, a fim de simplificar as equações de Navier-Stokes e possibilitar a resolução
analítica do perfil de velocidade. Tais hipóteses foram listadas a seguir:

(i) Escoamento laminar (número de Reynolds baixo);


(ii) Escoamento completamente desenvolvido, já que o comprimento do tubo
capilar é bem maior que seu diâmetro, facilitando o rápido desenvolvimento
do perfil;
(iii) Regime permanente, ou seja, as propriedades do fluido não apresentam
variações com o tempo;
(iv) Fluido incompressível;
(v) Fluido newtoniano;
(vi) Transferência de quantidade de movimento unidirecional, já que a dimensão
axial é bem maior que a radial e, portanto, a transferência de momento na
direção z é desprezível comparado à direção r.

Uma análise das componentes da velocidade permite a colocação das seguintes


igualdades:

v r =0 , já que o tubo capilar é não-poroso e não há movimento de fluido nessa direção;

v θ =0 , pois o fluido não descreve nenhuma trajetória giratória no interior do capilar;

v z ≠0 , já que é nessa direção que o fluido se movimenta.


9

Feito isso, foi necessário avaliar de quais variáveis independentes a velocidade


v z dependia. De forma geral:

v z = v z (t, r, θ, z) (7)

Da hipótese (iii) elimina-se a dependência com o tempo; da hipótese (ii) exclui-


se a dependência com z; além disso, v z não depende de θ, devido à simetria do sistema.
Portanto:
v z = v z (r)
(8)

A relação (8) é facilmente obtida, também, considerando de imediato a hipótese


(v), que assume transferência de quantidade de movimento na direção radial, logo só
haverá gradiente de velocidade nessa direção.
Feitas essas análises preliminares, pode-se tomar a Equação da continuidade e as
Equações de Navier-Stokes para a resolução do problema

1∂ 1∂ ∂
( r vr) + ( v θ ) + ( v z ) =0 (9)
r ∂r r ∂θ ∂z

∂ v r vθ ∂ v r v θ 2 2 2
∂ vr ∂ vr 1 ∂ vr 2 ∂ vθ ∂ vr
ρ (
∂t
+ vr
∂r
+
r ∂θ r
- + vz
∂z ) ∂p
=ρ g r - +μ
∂r
∂ 1∂
{[
∂r r ∂r ]
( r v r ) + 2 2 - 2 ∂θ + 2
r ∂θ r ∂z }
(10)

2 2
∂ vθ ∂ vθ v θ ∂ v θ v r v θ ∂ vθ 1 ∂ vθ 2 ∂ vr ∂ vθ
ρ (
∂t
+ vr
∂r
+
r ∂θ r
+ + vz
∂z )
=ρ gθ -
1 ∂p
r ∂θ

∂ 1∂
{[
∂r r ∂r ]
( r vθ ) + 2 2 + 2 ∂θ + 2
r ∂θ r ∂z }
(11)

2 2
∂ vz ∂ vz vθ ∂ vz ∂ vz ∂ vz 1 ∂ vz ∂ vz
ρ (
∂t
+ vr
∂r
+
r ∂θ
+ vz
∂z
∂p
)
=ρ g z - +μ
∂z
1∂
r
r ∂r ∂r {[ ( )]
+ 2 2 + 2
r ∂θ ∂z } (12)

As equações de (9) a (12) são a equação da continuidade e as equações de Navier-


Stokes nas direções r, θ e z, respectivamente. Por meio das hipóteses pré-estabelecidas e
da análise das componentes da velocidade realizada, foi possível a simplificação das
Equações acima, resultando em:

∂ vz
=0 (13)
∂z
10

∂p
=0 (14)
∂r

∂p
=0 (15)
∂θ

∂v
-
∂p
∂z {[

1∂
( )]}=0
r z
r ∂r ∂r
(16)

As Equações de (13) a (16) referem-se à Equação da continuidade e às Equações


de Navier-Stokes nas direções r, θ, z simplificadas, respectivamente. A Equação (13)
confirma que v z não varia com z, como já previsto na hipótese de escoamento
completamente desenvolvido. As equações (14) e (15) mostram que a pressão não varia
nas direções r e θ. Já a Equação (16) descreve o fenômeno da transferência da
quantidade de movimento, sendo a partir dela e das condições de contorno apropriadas
que chegar-se-á ao perfil de velocidade no interior do tubo capilar.
As condições de contorno necessárias à resolução do problema são analisadas na
posição central do tubo (r = 0) e na superfície interna do tubo (r = R). Em r = 0 tem-se a
condição de derivada nula, já que nesse ponto o fluido apresenta o valor máximo de
velocidade, além de que há a condição de simetria, portanto não há fluxo de quantidade
de movimento, o que também remete à condição de derivada nula. Já em r = R temos a
condição de não deslizamento e, portanto, velocidade nula na superfície interna no
capilar. Com isso, chegou-se ao seguinte problema:

(= ∂p∂z )
{[ 1∂
( ) ]} μ
∂v
r z
r ∂r ∂r

∂ vz
r = 0 … =0
∂r

r = R … v z =0

O problema acima pode ser resolvido por meio de separação de variáveis e


integração:

1∂ ∂v (= ∂p∂z )
( )μ
r z
r ∂r ∂r
11

∂ ∂v (= ∂p∂z ) r
r z
∂r ∂r ( )μ
∂p
( ∂z )
( r ∂∂rv )z
=∫
μ
r dr

∂p
r
∂v
=z
( ∂z ) r
+C
2

1
∂r μ 2

∂p
∂ v z ∂z r C1
= +
( )
∂r μ 2 r

∂p
v =
( ∂z ) r 2
+ C ln r + C
z 1 2
μ 4

∂ vz
Da C.C.1: r = 0 ... = 0  C1 = 0
∂r
∂p
v =
( ∂z ) r
+C
2

z 2
μ 4
∂p
Da C.C.2: r = R ... v = 0 
C = -
( ∂z ) R
z
2

2
μ 4
∂p ∂p
v =
( ∂z ) r ( ∂z ) R
-
2 2

z
μ 4 μ 4
∂p
( ∂z )
R 2

r 2
v = -
z
4μ [ ( )]
1-
R
(17)

A Equação (17) representa o perfil de velocidade para o escoamento de fluidos


incompressíveis, em regime permanente e laminar no interior do tubo capilar. Por meio
deste perfil, outras equações que descrevem características importantes do fluido
puderam ser determinadas:
12

Tensão de cisalhamento na parede do capilar:

Pela Lei da Viscosidade de Newton, temos:

d vz
τ rz = - μ (18)
dr

Logo, derivando o perfil da velocidade em relação a r:

d vz ∂p r
dr
=
∂z 2μ( ) (19)

Substituindo a Equação (19) na Equação (18), tem-se:

τ rz = - (∂p∂z ) r2 ( 20 )

Segundo Fox et al. (2014), para o caso de escoamento completamente

desenvolvido, o gradiente de pressão, (∂p∂z ) , é constante. Portanto:


p2 - p1 )
(∂p∂z ) = L( = -
∆p
L
( 21 )

Desse modo, substituindo a Equação (21) na Equação (20), e sendo r = R, tem-se


a Equação que define a tensão cisalhante na parede do tubo capilar:

∆pR
τ rz = (22)
2L

A Equação (22) também poderia ser obtida a partir de um balanço de forças no


tubo capilar:

D2
( P 1 - P2 ) π = τ rz πDL
4

∆pD ∆pR
τ rz = = (22)
4L 2L

Vazão volumétrica:

É dada por:
R R
1 ∂p ( 2 2 )
Q=∫ ⃗
Vd⃗
A =∫ v z 2πrdr =∫
0 0 4μ ∂z
( )
r - R 2πrdr
13

π R 4 ∂p
Q= -
8μ ∂z ( ) (23)

Isolando o termo do gradiente de pressão na Equação (23) e substituindo na


Equação (17) chegamos a uma expressão para perfil de velocidade em termos de vazão
volumétrica, como segue:

2
2Q r
vz =
πR 2
1-
R [ ( )] ( 24 )

Derivando a Equação (24), obtemos o gradiente de velocidade na superfície:

d vz
-
dz |
r=R
= -
2Q
2
πR R
2R
[ ]
- 2

d vz
-
dz | r=R
=
4Q
π R3
(25)

A queda de pressão no capilar se deve à diferença de altura entre as


extremidades e pode ser determinada a partir de um balanço de energia mecânica no
tubo capilar:

δQ δ W S ∂ ( ρe ) v2 P v2 P δ Wc
+
δt δt
=∭
∂t
dV + ωE u+ +gz+
2 ρ ( ) (
E
- ω S u+ +gz+
2 ) +
ρ S δt
(26)

Assumindo que todas as formas de calor e trabalho inexistem, regime


permanente, variação de energia interna e cinética também desprezíveis e vazão de
saída igual à vazão de entrada, tem-se:

(gz+ Pρ ) =(gz+ Pρ )
E S
(27)

O rearranjo da Equação (27) resulta em:

∆p = ρg∆h (28)

Substituindo a Equação (28) na Equação (21), e posteriormente substituindo o


resultado na Equação (23), temos:

πρg R 4 ∆h πρg D 4 ∆h
Q = = (29)
8μL 128μL

Sissom & Pitts (1988, p-366) destacam que a Equação (29) pode ser aplicada
para qualquer orientação do tubo capilar: vertical, horizontal ou em qualquer ângulo.
14

Com base nos conhecimentos expostos, objetivou-se a determinação do diâmetro


interno do tubo capilar a partir de propriedades de uma substância conhecida a fim de
observar o comportamento reológico de um óleo desconhecido e a posterior
determinação da viscosidade deste fluido.

2. Materiais e Métodos

Neste tópico, são relatados todos os equipamentos, instrumentos e fluidos


utilizados no experimento, bem como o procedimento detalhado que foi seguido a fim
de obter os dados necessários para alcançar os objetivos descritos.
Materiais

 Balança analítica;
 Becker;
 Cronometro;
 Frasco de Mariotte;
 Picnômetro;
 Termômetro;
 Trena;
 Tubo capilar;
Fluidos utilizados

 Água destilada;
 Óleo desconhecido;
Procedimento experimental

A Figura 3 mostra o esquema do aparato utilizado durante o experimento.


15

Figura 3 – Representação esquemática do arranjo experimental.

O experimento foi dividido em três etapas:

Etapa 1:
O objetivo desta etapa era a obtenção de dados experimentais que permitisse o
cálculo do diâmetro interno do capilar, visto que por ser muito pequeno não seria
possível a medição por meio de instrumentação. Para isso, foi utilizado um frasco de
Mariotte contendo água destilada, já que esta possui massa específica e viscosidade
conhecidas e tabeladas, facilmente encontradas na literatura, e assim, com os demais
dados disponíveis, o diâmetro interno do capilar poderia ser calculado. Sendo assim,
procedeu-se da seguinte forma:
 Com o aparato experimental devidamente montado, como mostrado na Figura 3,
um becker foi posicionado em uma posição do suporte. Este becker, previamente
tarado, foi utilizado para armazenar o fluido que escoaria através do tubo capilar,
e que posteriormente teria sua massa aferida;
 O tubo capilar foi posicionado dentro do becker e a diferença de altura entre as
duas extremidades do tubo foi medida por meio de uma trena. Essa diferença de
altura atuou como força motriz para o escoamento do fluido;
 Uma certa quantidade de fluido foi coletada no becker, tendo sido cronometrado
o tempo gasto para tal coleta. O fluido contido no becker teve sua massa aferida
em balança analítica. A partir disso, seria possível determinar a vazão mássica
16

do escoamento e de posse da massa específica do fluido na respectiva


temperatura em que ocorria o experimento a sua respectiva vazão volumétrica;
 O procedimento descrito acima foi repetido para dez posições diferentes, a fim
de avaliar a influência da força motriz (diferença de altura) na vazão volumétrica
do escoamento e ser possível traçar a curva de tenção cisalhante versus gradiente
de velocidade;
 Para cada posição foram realizadas medidas em triplicata com o intuito de
minimizar os erros de medição;
 Durante esta etapa, a temperatura da água foi constantemente monitorada, a fim
de buscar na literatura o valor adequado da massa específica deste fluido.
 Foi medido o comprimento do tubo capilar acoplado ao frasco de Mariotte por
onde a água escoava.
Etapa 2:
Nesta etapa, o frasco de Mariotte contendo água destilada foi substituído por
outro contendo o óleo desconhecido, cujas propriedades reológicas se pretendia
conhecer. Procedeu-se da mesma forma que na etapa anterior.
Etapa 3:
Por fim, foi necessário a determinação da massa específica do óleo de natureza
desconhecida, já que esse parâmetro era necessário para se realizar os cálculos
pertinentes a obtenção da viscosidade do mesmo. O método do picnômetro foi utilizado
para determinação da massa específica. O picnômetro trata-se de um recipiente que
pode ser repetidamente ocupado com precisamente o mesmo volume de líquido. Assim
sendo, procedeu-se da seguinte maneira:
 Dois picnômetros vazios foram previamente pesados em balança digital e suas
respectivas massas registradas;
 Os picnômetros foram então preenchidos com água destilada e posteriormente
pesados. As massas dos picnômetros preenchidos com água foram registradas e
a temperatura da água aferida;
 Os picnômetros foram então lavados e secos. Logo após este processo eles
foram preenchidos com óleo de natureza desconhecida e suas massas aferidas
em balança analítica.

3. Resultados e Discussão

3.1. Determinação da massa específica do óleo de natureza desconhecida


17

O procedimento utilizado na determinação da massa específica do óleo de


natureza desconhecida foi o da picnometria. A Tabela 1 fornece os valores da massa
específica da água em função da temperatura e a Tabela 2 ilustra os dados experimentais
obtidos para a determinação da massa específica do óleo. Esses dados foram coletados
de acordo com o procedimento experimental descrito na Etapa 3 da Seção 2.

Tabela 1: Massa específica da água para várias temperaturas


T (ºC) ρ (kg/m3)
20 998,204
21 997,992
22 997,770
23 997,538
24 997,296
25 997,045
26 996,783
27 996,513
28 996,233
29 995,945
30 995,647
Fonte: Perry’s Chemical Engineers’ Handbook (1997)

Tabela 2: Medições mássicas dos picnômetros vazios, contendo água destilada e


contendo óleo
Picnômetro mpi (g) mpi’ (g) mpi’’ (g)
1 15,775 40,812 38,094
2 14,834 40,587 37,011

Sendo mpi a massa do picnômetro vazio, mpi’ a massa do picnômetro contendo


água destilada e mpi’’ a massa do picnômetro contendo o óleo desconhecido. A água
destilada estava a temperatura de 26°C e de acordo com a Tabela 1, nessa condição sua
massa específica é equivalente a 996,783 kg/m3. A partir desses dados pode-se
determinar o volume de cada picnômetro e posteriormente a massa especifica do óleo.
A massa específica é definida como a massa de uma substância dividida pelo
volume que ela ocupa, como representado na Equação 30. Logo, para se determinar o
18

volume do picnômetro dividiu-se a medida da massa de água que ocupava todo o


volume do picnômetro por sua respectiva massa específica. O procedimento realizado
na determinação do volume dos picnometros está ilustrado abaixo.

m m
ρ= Vol=
Vol ρ
(30)

mpi’ - mpi = mÁgua (31)

Substituindo a expressão (31) na (30), tem-se:

mÁgua m pi'−mpi
Vol= =
ρ ρ
(32)

Considerando que o volume ocupado pela massa de água é igual ao volume do


picnômetro, pode-se determinar o volume dos picnômetros. Substituindo os valores
pertinentes ao picnômetro 1 presentes na Tabela 2 na Equação 32, obteve-se o seguinte
valor para o seu volume:

mÁgua m pi'−mpi ( 40 , 812−15 ,775 )


Vol= = = =25 , 1174cm 3
ρ ρ 0, 9968
O mesmo procedimento foi adotado para o picnômetro 2 e o volume obtido foi
25,7755 cm3. Com os volumes dos picnômetros determinados pode-se então determinar
a massa específica do óleo a partir da Equação 30:

m óleo
ρóleo =
mpi’’ - mpi = móleo Vol (33)

A Tabela 3 ilustra os valores de densidade do óleo obtidos a partir do


procedimento experimental de picnometria e os volumes de cada picnômetro utilizado
no experimento.

Tabela 3: Volume dos picnômetros e massa específica do óleo


Picnômetro Vol (cm3) óleokg m-3) óleo média (kg m-3)
1 25,1174 888,6
874,5
2 25,7755 860,4
19

3.2. Determinação do diâmetro interno do tubo capilar

O tubo capilar utilizado no testes experimentais possuía diâmetro muito


pequeno, e sua medição por meio da instrumentação seria impossível de ser realizada,
assim sendo, foi necessário realizar o procedimento descrito na Etapa 1 da Seção 2 para
sua determinação. Os dados experimentais obtidos para esse procedimento estão
descritos na Tabela 4.

Tabela 4: Dados experimentais das vazões volumétricas referentes ao escoamento da


água destilada no tubo capilar.

h (m) m (kg) Vol (m3) t (s) Q (m3/s) Q médio


(m3/s)

0,0343 3,446.10-5 35,84 9,62.10-7

0,07 0,0359 3,598.10-5 37,16 9,68.10-7 9,64.10-7

0,0356 3,576.10-5 37,1 9,64.10-7

0,0357 3,579.10-5 27,91 1,28.10-6

0,12 0,0344 3,456.10-5 26,48 1,30.10-6 1,29.10-6

0,0348 3,491.10-5 27,04 1,29.10-6

0,0357 3,586.10-5 22,28 1,61.10-6

0,17 0,0363 3,640.10-5 23,26 1,56.10-6 1,58.10-6

0,0354 3,557.10-5 22,66 1,57.10-6

0,0356 3,576 10-5 20,03 1,78.10-6

0,22 0,0356 3,576.10-5 19,69 1,82.10-6 1,80.10-6

0,0341 3,421.10-5 18,93 1,81.10-6


20

0,0355 3,566.10-5 18,14 1,97.10-6

0,27 0,0343 3,439.10-5 17,32 1,99.10-6 1,98.10-6

0,036 3,616.10-5 18,15 1,99.10-6

0,0354 3,549.10-5 16,34 2,17.10-6

0,32 0,0357 3,582.10-5 16,4 2,18.10-6 2,18.10-6

0,034 3,478.10-5 15,7 2,18.10-6

0,0348 3,491.10-5 14,6 2,39.10-6

0,37 0,0355 3,358.10-5 14,25 2,36.10-6 2,38.10-6

0,0347 3,478.10-5 14,63 2,38.10-6

0,0355 3,365.10-5 13,23 2,54.10-6

0,42 0,0336 3,367.10-5 13,3 2,53.10-6 2,51.10-6

0,0338 3,390.10-5 13,87 2,44.10-6

0,0338 3,393.10-5 12,48 2,72.10-6

0,47 0,0343 3,440.10-5 12,75 2,70.10-6 2,71.10-6

0,0336 3,373.10-5 12,42 2,72.10-6

0,0339 3,400.10-5 11,85 2,87.10-6

0,52 0,0349 3,498.10-5 12,21 2,87.10-6 2,86.10-6

0,0347 3,485.10-5 12,31 2,83.10-6


21

Na Tabela 4, h representa a variação da posição de saída do fluido no capilar,


m a massa de água destilada coletada em um tempo t, a massa especifica da água a 27
°C, Vol o volume que a massa m ocupa e Q a vazão volumétrica do escoamento em
determinada altura (h). Os dados experimentais que foram aferidos foram a massa de
água (m) e o tempo (t) para um determinada altura, sendo que a partir desses dados
juntamente com a densidade da água pode-se inferir a vazão volumétrica da água que
escoava no interior do capilar, de acordo com a Equação 34.

m
Q=
Vol
=
( p )
ρ

t t

(34)

A variação da vazão volumétrica da água (Q) em função da variação da posição


de saída do fluido no tubo (h) pode ser descrita pela equação de Hagen-Pouiseulli,
Equação 29, que relaciona essas variáveis de maneira linear. Na formulação da Equação
29, um dos termos presentes é o diâmetro do tubo em que o fluido escoa, que por sua
vez é o que se pretende determinar nesta seção. Para determinar esse diâmetro fez-se a
regressão linear dos dados experimentais de Q em função de h, e a partir do
coeficiente angular da reta ajustada aos dados experimentais pode-se determinar o
diâmetro do tubo capilar utilizado nesse experimento. A figura 4 ilustra o ajuste linear
da reta aos dados experimentais de Q versus h.
22

Figura 4 – Ajuste linear aos dados experimentais da vazão volumétrica (Q) em


função da variação da altura da posição de saída do tubo (h).

Ao fazermos uma analogia entre a equação da reta ajustada aos dados


experimentais e a Equação 29, pode-se obter a seguinte equação:
4
πρ gD
=4. 10−6 m2 s−1
128 μL
(35)

Sabendo-se que a viscosidade da água (e sua massa especifica ( a 27°C são,
respectivamente, 8,56.10-4 Pa.s e 996,513 kg m-3 (Fox et al., 2014), a gravidade (g) igual
a 9,81 m s-2 (Çengel & Cimbala, 2007) e o comprimento do tubo capilar utilizado no
experimento igual a 0,865 m, pode-se, ao substituir todos esses valores na Equação (35),
determinar o diâmetro do capilar. O valor obtido para o diâmetro foi 0,188 cm ou
aproximadamente 1,9 mm.
Ao utilizarmos a equação de Hagen-Pouiseulli na determinação do diâmetro do
capilar, várias considerações sobre o escoamento da água dentre desse tubo estavam
implícitas. Entre elas, pode-se destacar as de regime laminar de escoamento, fluido
incompressível e escoamento no interior do tubo completamente desenvolvido. A fim de
validar essas considerações e consequentemente legitimar o valor obtido do diâmetro os
23

adimensionais de Reynolds, Mach e Comprimento hidrodinâmico de entrada laminar e


turbulento representados, respectivamente pelas Equações 36, 37, 38 e 39 foram
calculados.

4 .ρ . Q
Re =
π .μ. D
(36)
4.Q
M a=
π . D 2 . V som
(37)
LH , Lamin ar=0,05.R e . D
(38)
LH ,Turbulento=10. D
(39)

Os adimensionais foram calculados para o maior valor de vazão experimental, o


que por consequência nos leva ao maior valor de velocidade. O primeiro adimensional
calculado foi o número de Reynolds:
−6
4 . ρ . Q 4 .(996 , 513).(2 ,855 . 10 )
Re = = =2250 , 96
π . μ . D π .(8,56 . 10-4 ).(0 , 00188 )

O valor obtido para o Reynolds para o escoamento da água no tubo capilar estudado
nessa seção foi menor que 2300, logo o escoamento pode ser considerado como
laminar. A velocidade do som (Vsom) na água a 27° é aproximadamente 1450 m s -1, logo
o número de Mach para o escoamento em questão foi:

4.Q 4 .(2 ,855 . 10−6 )


M a= = =0 , 0007
π . D 2 . V som π .(0,00188)2 .(1450 )

O valor obtido para o número de Mach foi menor que 0,3, o que permite afirmar que o
escoamento da água no interior do tubo capilar acoplado ao frasco de Mariotte aqui
discutido era incompressível. Como o escoamento da água no capilar em questão era
laminar, foi calculado o Comprimento hidrodinâmico de entrada laminar:

LH , Lamin ar=0,05.R e . D = 0,212 m


24

O tubo capilar utilizado nesta prática tinha 0,865 m de comprimento. Como o


comprimento do tubo é maior que Comprimento hidrodinâmico de entrada pode-se
considerar o escoamento da água nesse tubo como completamente desenvolvido.

Diante do que foi exposto, pode-se concluir que o escoamento da água no


interior do tubo capilar aqui estudado era laminar, incompressível e completamente
desenvolvido. Tais afirmações permitem afirmar que a utilização da equação de Hagen-
Pouiseulli na determinação do diâmetro do capilar foi coerente validando assim o valor
obtido experimentalmente para o diâmetro do capilar.

3.3. Análise do comportamento reológico de um óleo de natureza desconhecida

A propriedade física de um fluido que requer maior consideração ao estudarmos


seu caráter reológico é a viscosidade. É essa propriedade que caracteriza a resistência do
fluido ao escoamento. Para determina-la experimentalmente utiliza-se um aparato
experimental chamado viscosímetro. Neste experimento foram medidos dados de vazão
volumétrica do óleo em função da variação da posição de saída do fluido que escoava
através de um tubo capilar acoplado a um frasco de Mariotte. A Tabela 5 ilustra os
dados experimentais aferidos e inferidos de acordo com o procedimento experimental
descrito na Etapa 2 da seção 2. A densidade do óleo foi determinada previamente na
seção 3.1.

Tabela 5: Dados experimentais obtidos para as vazões volumétricas do óleo


h (m) m (kg) (kg/m3) Vol (m3) t (s) Q (m3/s)
0,009538 874,5 1,0907.10-5 189,52 5,7550.10-8
0,07 0,009077 874,5 1,0380.10-5 180,12 5,7626.10-8
0,009637 874,5 1,1020.10-5 196,74 5,6013.10-8

0,00895 874,5 1,0234.10-5 124 8,2536.10-8


25

0,12 0,00914 874,5 1,0449.10-5 128 8,1636.10-8


0,00950 874,5 1,0867.10-5 130,5 8,3270.10-8

0,008572 874,5 9,8022.10-6 89,1 1,1001.10-7


0,17 0,009147 874,5 1,0460.10-5 94,89 1,1023.10-7
0,009295 874,5 1,0629.10-5 95,4 1,1141.10-7

0,008726 874,5 9,9783.10-6 71,84 1,3890.10-7


0,22 0,008792 874,5 1,0054.10-5 72,48 1,3871.10-7
0,008821 874,5 1,0087.10-5 71,81 1,4047.10-7

0,008878 874,5 1,0152.10-5 60,68 1,6731.10-7


0,27 0,00929 874,5 1,0623.10-5 65,36 1,6254.10-7
0,008972 874,5 1,0260.10-5 61,7 1,6628.10-7

0,00855 874,5 9,777.10-6 50,37 1,9410.10-7


0,32 0,009237 874,5 1,0563.10-5 53,71 1,9666.10-7
0,009705 874,5 1,1098.10-5 57,08 1,9442.10-7

0,009305 874,5 1,0640.10-5 44,97 2,3661.10-7


0,37 0,009156 874,5 1,0470.10-5 46,77 2,2386.10-7
0,008841 874,5 1,0110.10-5 45,28 2,2327.10-7

0,008716 874,5 9,9668.10-6 39,23 2,5406.10-7


0,42 0,009087 874,5 1,0391.10-5 41,69 2,4925.10-7
0,009637 874,5 1,1020.10-5 43,9 2,5103.10-7

0,008452 874,5 9,6650.10-6 35,71 2,7065.10-7


0,47 0,008258 874,5 9,4431.10-6 34,39 2,7459.10-7
0,009088 874,5 1,0392.10-5 37,72 2,7551.10-7

0,009595 874,5 1,0972.10-5 36,46 3,0093.10-7


0,52 0,008693 874,5 9,9405.10-6 33,01 3,0114.10-7
0,009054 874,5 1,0353.10-5 33,3 3,1091.10-7

A partir desses dados experimentais pode-se inferir os valores da tensão de


cisalhamento aplicada ao fluido e do gradiente de velocidade utilizando,
respectivamente, as Equações 22 e 25. A Tabela 6 fornece os resultados obtidos para a
tensão cisalhante e gradiente de velocidade.
26

Tabela 6: Valores de tensão cisalhante, gradiente de velocidade, altura e vazão


volumétrica para o escoamento do óleo desconhecido num tubo capilar.
h (m) Q (m3/s) dvz/dr dvz/dr rz rz
(s-1) médio (kg/ms2) médio
(s-1) (kg/ms2)
5,7550.10-8 88,080 0,25672
0,07 5,7626.10-8 88,020 87,335 0,25672 0,2567
5,6013.10-8 85,728 0,25672

8,2536.10-8 126,321
0,44009
-8
0,12 8,1636.10 124,944 126,237 0,44009 0,4401
8,3270.10-8 127,445 0,44009

1,1001.10-7 168,375
0,62347
0,17 1,1023.10-7 168,707 169,200 0,62347 0,6235
1,1141.10-7 170,52 0,62347

1,3890.10-7 212,58
0,80684
0,22 1,3871.10 -7 214,984 213,287 0,80684 0,8068
1,4047.10-7 212,297 0,80684

1,6731.10-7 256,061
0,99021
-7
0,27 1,6254.10 248,758 253,105 0,99021 0,9902
1,6628.10-7 254,494 0,99021

1,9410.10-7 297,076
1,17359
0,32 1,9666.10-7 300,988 298,544 1,17359 1,1736
1,9442.10-7 297,567 1,17359

2,3661.10-7 362,132
1,35696
0,37 2,2386.10-7 342,132 348,824 1,35696 1,357
2,2327.10-7 341,719 1,35696

2,5406.10-7 388,842
1,54033
-7
0,42 2,4925.10 381,472 384,836 1,54033 1,5403
2,5103.10-7 384,195 1,54033

2,7065.10-7 414,232
1,7237
0,47 2,7459.10-7 420,259 418,720 1,7237 1,7237
2,7551.10-7 421,688 1,7237
27

3,0093.10-7 460,891
1,90708
0,52 3,0114.10-7 475,85 465,773 1,90708 1,9071
3,1091.10-7 460,577 1,90708

Para se calcular o gradiente de velocidade do óleo em função de sua vazão


volumétrica é necessário dispor da massa específica do óleo e do diâmetro do capilar no
qual o óleo escoava. O diâmetro do capilar foi determinada na Seção 3.2 e o valor
obtido foi 0,00188 m. Já a massa específica do óleo foi determinada na Seção 3.1 e o
valor obtido foi 874,5 kg/m3, como mostrado na Tabela 6. No entanto, para se
determinar a tensão de cisalhamento aplicada ao óleo em função da posição de saída do
óleo no capilar é necessário conhecer além da densidade do óleo e do diâmetro o
comprimento do capilar. O valor obtido para o comprimento do capilar foi 1,1 m. A
partir da Equação 25 e 22, os cálculos do gradiente de velocidade e da tensão de
cisalhamento serão demonstrados, respectivamente, a seguir para os dados presentes na
primeira linha da Tabela 6:

−dv z 4 .Q 4 .0 , 0575
|r=R = = =88 , 0798
dr 3 0,00188 3
π.R π
2 ( s-1
)

τ rz =
ρg . R . Δh
=
(874 , 5)( 9 ,81 ) (0 , 00188 2)( 0 ,07 ) =0 , 2567
2L 2(1,1) N m-2

A partir dos dados de tensão de cisalhamento aplicada ao óleo durante o seu


escoamento no interior do capilar e dos valores de gradiente de velocidade, pode-se
então construir o diagrama reológico do fluido e partir daí determinar sua viscosidade.
A Figura 5 ilustra a curva reológica do óleo de natureza desconhecida formada pelos
pontos experimentais de tensão versus gradiente de velocidade.
28

Figura 5 – Dados experimentais da tensão cisalhante aplicada sobre o óleo durante o


escoamento no tubo capilar em função do gradiente de velocidade.

Analisando a Figura 5, pode-se concluir que a tensão cisalhamento varia


linearmente com o gradiente de velocidade, o que nos permite afirmar que o fluido é
newtoniano. Logo, foi feita a regressão linear desses dados a fim de determinar a reta
que melhor os descreve para então fazer uma analogia com Lei da Viscosidade de
Newton. A Figura 6 ilustra o ajuste linear feito aos dados experimentais de tensão
versus gradiente de velocidade.
29

Figura 6 – Ajuste linear aos dados de tensão cisalhante versus gradiente de velocidade
para o escoamento do óleo desconhecido em um capilar.

Ao fazermos uma analogia entre a equação da reta ajustada aos dados


experimentais e a Lei da Viscosidade de Newton, pode-se concluir que o coeficiente
angular da reta representa a viscosidade do óleo cujo valor obtido foi 0,0043 kg m-1s-1.

dv z
tτ rz = μ
y = 0,0043x – 0,1153 dr
(Ajuste linear) (Lei da viscosidade de Newton)

Logo, pode-se concluir que a viscosidade do óleo é = 0,0043 kg m-1s-1.

Para que fosse possível a determinação da viscosidade do óleo, toda uma


fundamentação teórica e análise físico-matemática sobre o escoamento de um fluido
num capilar foi realizada e diversas hipóteses foram assumidas a fim de determinar o
perfil de velocidade desse fluido ao escoar no capilar, e de posse desse perfil determinar
então o gradiente de velocidade e a tensão cisalhante aplicada pela parede sobre fluido.
Dentre as considerações feitas, pode-se destacar a de escoamento laminar e
completamente desenvolvido e fluido incompressível. A fim de corroborar essas
considerações e assim ratificar o valor obtido para a viscosidade do óleo o adimensional
de Reynolds e Comprimento hidrodinâmico de entrada laminar e turbulento
30

representados, respectivamente pelas Equações 36, 38 e 39 foram determinados. Não foi


encontrado na literatura valores para a velocidade do som se propagando em meios
oleosos, logo o adimensional de Mach não pode ser calculado.
Os adimensionais foram calculados para o maior valor de vazão experimental, o
que por consequência nos leva ao maior valor de velocidade. O primeiro adimensional
calculado foi o número de Reynolds:
−7
4 .ρ .Q 4 .(874 ,5 ).(3 ,109.10 )
Re = = =42,82
π .μ . D π .(0,0043).(0 ,00188)

O número de Reynolds para o escoamento do óleo no capilar foi muito menor que 2300,
para a maior velocidade de escoamento verificada experimentalmente e
consequentemente para a menor ele também seria, logo o escoamento do óleo no capilar
ocorreu em regime laminar. O comprimento hidrodinâmico de entrada laminar foi
calculado e o valor obtido foi:

LH , Lamin ar=0,05.R e . D = 4,02 mm

O comprimento do capilar era 1,1 m e o Comprimento hidrodinâmico de entrada 4,02


mm, logo o escoamento do óleo no interior do capilar era completamente desenvolvido
pois o comprimento do tubo era maior do que o comprimento hidrodinâmico de entrada.

Diante do exposto, pode-se afirmar que o escoamento do óleo no interior do


capilar aqui discutido era laminar e completamente desenvolvido. Essas afirmações
corroboram com a análise físico-matemática do escoamento e, consequentemente,
garantem uma maior validade ao valor de viscosidade do óleo obtido
experimentalmente.

4. CONCLUSÃO

Considerando os resultados aqui expostos, comprovou-se que o óleo de natureza


desconhecida é newtoniano e possuí viscosidade igual a 0,0043 kg m-1s-1. O aparato
experimental utilizado para a obtenção dos dados necessários para determinação
viscosidade era de simples manejo e mostrou-se eficiente. A análise físico-matemática
do escoamento do óleo através do capilar que compunha o viscosímetro foi validada a
partir dos cálculos do Reynolds e Comprimento Hidrodinâmico de entrada, legitimando
assim a validade da viscosidade determinada experimentalmente.
31

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Çengel, Y. A.; Cimbala, J. M. Mecânica dos fluidos: Fundamentos e Aplicações.
SãoPaulo: McGraw-Hill, 2007, 1ª ed.

Fox, R. W.; McDonald, A. T.; Pritchard, P. J. Introdução à Mecânica dos Fluidos. Rio
de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S. A, 2014, 8ª ed., p. 342-
346.
Perry, R. H.; Green, D. W.; Maloney, J. Perry’s Chemical Engineers’ handbook.
McGraw-Hill Companies, 1997, 7ª ed.
Sissom, L. E.; Pitts, D. R. Fenômenos de Transporte. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
S. A., 1979.

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