Você está na página 1de 35

República de Angola

Governo da Província da Huíla


Gabinete Provincial de Educação Ciência e Tecnologia
Instituto Técnico de Saúde da Huíla(ITSH)

Tema C: Termodinâmica
Tema D: Mecânica do fuídos (Hidrostática)

“A educação é a arma mais poderosa que você


pode usar para mudar o mundo’’ (Nelson Mandela)

Lubango, Janeiro de 2022

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


Tema C: Termodinâmica

1.1 Introdução
1.2 Termodinâmica.

A Termodinâmica é o ramo da Física que estuda as causas e os efeitos de mudanças na


temperatura, pressão e volume, a dinâmica do calor e os fenómenos térmicos. E com ela, o
nosso estudo começa uma nova e importante etapa: Calor e energia.
Esta efectua o seu estudo por duas vias:
1ª- Da termodinâmica Clássica- baseada na observação dos fenómenos à escala macroscópica.
2ª. Da termodinâmica Estática- baseada na teoria cinético - molecular e que interpreta os
fenómenos a nível microscópico.
Portanto, pode-se dizer que a Termodinâmica estuda os processos em que há transformação de
energia e o comportamento dos corpos nessas transformações.
Encontramo-nos, a todo instante da vida, em contacto com outros corpos que nos dão a
sensação de quente ou frio. Estas sensações transmitem-nos as primeiras noções da energia.

1.3 Temperatura e calor

O estudo da Termodinâmica exige a utilização de palavras ou conceitos fundamentais que de


certeza te são familiares, mas nunca foram definidos. São ideias independentes e só podem ser
compreendidas ou construídas com clareza, em conjunto. Esse é o caso da Temperatura e do
Equilíbrio Térmico.
Calor
Calor ou energia térmica é o termo associado à transferência de energia térmica de um sistema
a outro ou entre partes de um mesmo sistema, exclusivamente em virtude da diferença de
temperatura entre eles.
O calor é a energia transferida entre dois sistemas que são postos em contacto e que se
encontram a temperaturas diferentes. Essa transferência, cessa no momento em que os dois
sistemas ficam em equilíbrio térmico, isto é, macroscopicamente, ficam à mesma temperatura.
Sempre que fala-se de temperatura de um corpo, faz-se referência ao nível de vibração das suas
moléculas. A temperatura de um corpo, porém, pode ser definida como sendo o grau de agitação
térmica das moléculas de um corpo ou o estado de aquecimento e arrefecimento dos corpos,
como consequência da vibração das suas moléculas.
Equilibrio Térmico
Se colocarmos, num ambiente térmicamente isolado dois ou mais corpos com estados térmicos
diferentes (temperaturas diferentes), uma pedra de gelo, um copo de água fria, um recipiente
com água quente, por exemplo, havendo ou não contacto entre eles, os corpos quentes vão
esfriar e os frios vão aquecer, até que depois de algum tempo, todos atingiram o mesmo estado
térmico. Nessas condições, dizemos que todos os corpos estão em equilíbrio térmico, isto porque
atingiram a mesma temperatura.
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
18
Se todos os corpos num ambiente térmicamente isolado tendem a atingir a mesma temperatura,
é possível criar um instrumento para medi-la. Basta colocar um dispositivo sensível à variação
de temperatura e definir a temperatura do ambiente como sendo o valor que esse dispositivo
marcar no equilíbrio térmico.
Esse é o processo de medida da temperatura e o dispositivo usado chama-se termómetro. Mas
para que estes dispositivos possam indicar a variação de temperatura dos diferentes corpos, é
necessário que estes sejam graduados. Essa graduação é feita de acordo com várias escalas
termométricas.
1.4 Escalas termométricas
Escolhendo determinados fenómenos físicos, que podem ser repetidos em condições idênticas
quantas vezes forem necessárias. São exemplo de pontos fixos:
» (PG) Ponto de gelo: corresponde á temperatura do gelo que se transforma em água no estado
líquido quando submetida á pressão de uma atmosfera, (0 oC, 32 oF, 273, 16K).
» (PV) Ponto de vapor: corresponde à temperatura da água fervente que se transforma em vapor
quando submetida à pressão de uma atmosférica, (100 oC, 212 oF 373K).
As diferentes escalas termométricas, dependem dos valores atribuídos a esses pontos (ponto de
gelo e de vapor) e as divisões feitas entre eles.
Dentre outras escalas termométrica. Destaca-se três:
Celsius (oC)
Fahrenheit (oF)
Kelvin (oK)
A relação entre essas escalas, foi estabelecida por definição: Sendo T a temperatura de um
sistema medida em kelvins, o valor da correspondente temperatura t medida em Célsius é:
t = T-T0 , onde T0= 273,16 K.

Relações entre as escalas termométricas

Para melhor percepção da relação existente entre as várias escalas, consideremos a seguinte
situação:

Sendo a temperatura igual, o mercúrio sofrerá a mesma dilatação em todos os termómetros,


ainda que cada um esteja a marcar um valor diferente devido a cada termómetro associar a um

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


19
valor correspondente, na sua escala. Os segmentos que correspondem à variação de
temperatura (Pv-PG) são iguais para todos termómetros e os que correspondem à dilatação do
mercúrio, a partir do ponto de gelo (X-PG), também são iguais.
𝑋−𝑃𝐺 𝐶 𝐹−32 𝐾−273,15
Podemos, desta feita, estabelecer as seguintes relações: = 100 = =
𝑃𝑉−𝑃𝐺 180 100

Desde que se conheça PG e PV podemos, consequentemente estabelecer correspondência entre


quaisquer escalas.

Exercícios resolvidos
1. A temperatura do corpo humano é de, aproximadamente, 37oC. Exprime essa
temperatura em kelvin.
Solução
𝐶 𝐾−273,15 37 𝐾−273,15
Como: 100 = 100
⇒ 100 = 100
= 310,15𝐾

2. Dois termômetros, um graduado na escala Celsius e o outro na escala Fahrenheit,


fornecem a mesma leitura para a temperatura de um gás. Determine o valor dessa
temperatura.

Solução
Se a temporatura do gás é indicada pelo mesmo número nas escola Celsius e Fahreinheit,
podemos escrever
𝜃𝐶 = 𝑋℃ 𝜃𝐹 = 𝑋℉
𝐶 𝐹−32
Substituindo na expressão de conversão 100 = 180
vem:

9𝑋 = 5𝑋 − 160 ⇒ 4𝑋 = −160 ⇒ 𝑋 = −40℃

Logo, 𝜃𝐶 = −40℃ e 𝜃𝐹 = −40℉.


Exercícios de proposto
1. Assinale com V ou F as seguintes afirmações.
a ) A temperatura é o grau de agitação térmica das moléculas de um corpo.
b ) Dois sistemas estão em equilíbrio térmico com um terceiro, logo eles estão em
equilíbrio térmico.
c ) Quanto maior for a massa de um corpo , tanto maior será a sua temperatura.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


20
d ) Um dos pontos fixos da escala termodinâmica é o ponto de gelo que deve ser obtido
sob pressão de 2 atmosfera, na escala Célsius corresponde 0 oC , na escala Fahrenheit
corresponde a 32 oF e na escala Kelvin a 273,16.
2. A temperatura de um doente febril regista no termómetro 39 oC. Determine o valor dessa
temperatura nas escalas fahrenheit e Kelvin.
3. A temperatura média do corpo humano é 36,5 °C.Determine o valor dessa temperatura
na escala Fahrenheit.
1.5 Quantidade de Calor

Designa-se também a quantidade de energia térmica transferida em tal processo. Calor não é
uma propriedade dos sistemas termodinâmicos, e por isso não é correcto afirmar que um corpo
possui mais calor que o outro, e muito menos afirmar que um corpo possui calor.

Foi o físico alemão Hermann Von Helmholtz que em 1847, estabeleceu a definição de calor como
sendo uma forma de energia. A ideia foi posteriormente confirmada por seu colega inglês James
Prescaut Joule.
Calor, grandeza física simbolizada em Física pela letra Q cuja unidade usual é o Joule (J), em
homenagem à James Prescaut Joule. Porém, existe outra unidade de medida muito prática e
usada, a Caloria (cal) – quantidade de calor necessária para eleva a temperatura de 1 g de água
de 1oC no intervalo de 14,5oC a 15,5oC.
A relação entre a caloria e joule (unidade) foi determinada por Joule numas experiências mais
importantes da história da Física. Experiência essa que tornou evidente que caloria é energia e
estabeleceu o equivalente mecânico do calor, nome dado à relação entre caloria e joule:
1 cal = 4,186 J
Capacidade calorífica e Calor específico
Quando dois ou mais corpos cedem ou absorvem quantidades iguais de calor, a variação de
temperatura por eles sofrida é em geral, diferente uma da outra. Essa relação dá origem ao
conceito de capacidade calorífica C de um corpo. Se um corpo cede ou recebe uma quantidade
de calor Q e a sua temperatura sofre uma variação ΔT ou Δt, a capacidade calorífica C desse
corpo é, por definição a razão:
𝑄 𝑄
𝐶 = ∆𝑇 ou 𝐶 = ∆𝑡

A capacidade calorífica ou capacidade térmica é uma grandeza física que relaciona a quantidade
de calor fornecida a um corpo e a variação de temperatura observada neste. Esta pode ser
definida como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um corpo. No S.I.
as unidades da capacidade calorífica são Joule por Kelvin (J/K) ou Joule por grau Célsius (J/0C).
A capacidade calorífica caracteriza o corpo, e não a substância que o constitui. Esta, é uma
propriedade extensiva, ou seja, proporcional à quantidade de material presente no corpo.
Portanto, dois corpos compostos pela mesma substancias porém com massas diferentes
possuem diferentes capacidades caloríficas.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


21
Neste caso pode-se escrever 𝐶 = 𝑐. 𝑚 onde c é uma constante de proporcionalidade que
depende da substancia de que é constituído o corpo. Esta constante é chamada de Calor
específico.
O conceito de calor específico permite obter expressões mais abrangentes para a quantidade de
𝑄 𝑄
calor. Assim, se substituir-se 𝐶 = 𝑐. 𝑚 em 𝐶 = ∆𝑇 ou 𝐶 = ∆𝑡 pode-se obter as seguintes

expressões:
𝑄 = 𝑚𝐶∆𝑇 ou 𝑄 = 𝑚𝐶∆𝑡.
Estas, permitem determinar a quantidade de calor Q absorvida ou cedida pelo corpo de massa
m, constituído por determinada substancia de calor específico c quando sofre o acréscimo de
temperatura ΔT ou Δt.
A tabela a seguir mostra o calor específico de certas substâncias a uma certa temperatura e
pressão normal.
Calor específico de algumas substâncias
Substância(sólidos e líquidos) Calor específico à 25 0C e pressão normal
J/kg. 0C Cal/g. 0C
Água 4200 1
Álcool etílico 2400 0,58
Alumínio 900 0,22
Chumbo 130 0,031
Cobre 390 0,091
Concreto 840 0,2

Em termodinâmica calor específico é uma característica fundamental de qualquer


substância. Da mesma forma que a capacidade, ele indica também uma espécie de “Inércia”
dessa substância em relação ao calor recebido. Se várias substâncias diferentes recebem a
mesma quantidade de calor e não mudam de estado, aquelas que tiverem maior calor
específico sofrerão menor variação de temperatura e vice-versa.

Mudança de fase e calor latente

Em termodinâmica, transição ou mudança de fase é a transformação de um sistema


termodinâmico de uma fase para outra. Uma característica distinguível de uma transição de
fase é uma abrupta mudança em uma ou mais propriedade físicas.
Geralmente, o termo é mais usado para descrever transições entre os estados físicos da
matéria mais comuns como: sólido, liquido e gasoso, e em raros casos incluindo o plasma.
Toda mudança de fase ocorre à determinada temperatura, para determinada pressão,
independentemente do sentido da transformação. Assim, a água se solidifica à 00C e se vaporiza
à 1000C a pressão atmosférica normal.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


22
Quando a substância está mudando de fase, verifica-se que a razão entre a quantidade de calor
transferida Q e a massa m que mudou de fase dessa substancia é constante. Essa constante,
𝑄
denomina-se calor latente L, e é definida pela razão: 𝐿 = 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝑄 = 𝐿. 𝑚.
𝑚

Define-se calor latente ou calor de transformação como a quantidade de energia que um corpo
precisa para passar de uma fase á outra. Durante a mudança de fase a temperatura do corpo
não varia, mas seu estado de agregação molecular se modifica.
O valor da constante L, cuja unidade no SI é J/kg, depende da substancia e da respectiva
mudança de fase.
1.5 Transmissão de calor:

Para que haja troca de calor, é necessário que este seja transferido de uma região para a outra
através do próprio corpo ou de um corpo para outro. Quando um sistema à uma dada
temperatura interactua com outro à temperatura diferente, a sua energia interna varia através da
transferência de energia como calor.

O trabalho desenvolvido por Court Rumford e Sir James Prescott Joule, estabeleceu que o fluxo
de calor é uma forma de transferência de energia. Portanto, chama-se fluxo de calor, ao processo
de transferência de energia que ocorre exclusivamente em virtude de diferenças de
temperaturas.
Existem três processos de transferência de calor: Condução, Convecção, Radiação.
A condução e a Convecção são processos de transferência que dependem do meio material
onde se realiza, enquanto a radiação é a propagação de ondas electromagnéticas que portanto,
não precisam de meio para se realizar.
Condução
No processo de condução térmica, a energia é transferida por interacções a nível microscópico
das partículas constituintes do sistema. As partículas do sistema que recebem energia agitam-
se mais, propagando-se essa agitação às outras partículas.
É a transferência de energia térmica entre átomos e/ou moléculas vizinhas em uma substância
devido a diferença de temperatura.
Como a condução se realiza de partícula para partícula, corpos mais densos, com maior número
de partículas, sobretudo partículas livres que possam ser portadoras da energia cinética, são
bons condutores de calor: É o ocorre com os metais. Por raciocínio semelhante, pode-se concluir
que corpos menos densos, com menor número de partículas, são maus condutores de calor. É
o caso dos líquidos e principalmente dos gases.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


23
Convecção
Este processo que ocorre em fluidos (gases e líquidos), a transferência de energia dá-se por
deslocamento ascendente ou descendente de partes do fluido devido à acção da gravidade.
Ocorre em função da dependência da intensidade do fluido com a temperatura, ou seja, da
dilatação térmica e das regras de flutuabilidade (menos denso ascende/sobe; o mais denso
descende/desce).
A descrição e explicação desse processo é simples: nas regiões onde a temperatura é mais alta,
o fluido é menos denso e tende a subir, por causa do impulso. Nas regiões onde a temperatura
é mais baixa, o fluido é mais denso e tende a descer.
Estes deslocamentos (sobe-e-desce) de matéria designam-se por correntes de convencção.
Radiação
A radiação é a propagação de ondas electromagnéticas. É o processo mais importante da
propagação de calor. É o único processo que dá-se na ausência de um meio material.

Exercicios resolvidos
1. Que quantidade de calor se necessita para elevar a temperatura de 20ºC à 100ºC de
um pedaço de latão com a massa de 3dag.
Dados Fórmula Resolução
m(latão)=3dacg=0,03 Q= m × C (T2−T1) Q=0,03kg×380J/kg׺C(100ºC−20ºC)
C(latão)=380J/kg׺C Q=11,4J/ºC×80ºC
T1=20ºC Q=912J
T2=100ºC
Q=?
R: A quantidade de Calor necessária para elevar a temperatura é de é de 912J.
2. A massa de um pedaço de aço é de 0,3kg é transmitida uma quantidade de calor de
1800J e tendo uma variação de temperatura de 80ºC a 100ºC. Calcular o calor
específico da substância.
Dasdos Fórmula Resolução
1800𝐽
m1=0,3kg Q= m × C (T2−T1) C = 0,3𝐾𝑔×(100º𝐶−80º𝐶 )

𝑄 1800𝐽
Q=1800Jg C = 𝑚×(𝑇 −𝑇 ) C = 0,3𝑘𝑔×20º𝐶
2 1

T1=80ºC C=300J/kg׺C
T2=100ºC
C=?
R: O Calor Específico do pedaço de aço e de 300J.
Exercicios propostos
1. Estabeleça a diferença entre temperatura, calor e energia?

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


24
2. Porquê nos motores dos automóveis (radiadores) usa-se a água e não outro líquido
qualquer?
3. Porque razão durante o dia na praia, a areia tem maior temperatura em ralação a água
do mar, se ambas substâncias recebem a mesma quantidade de calor do sol?
4. Um corpo de 250 gramas à temperatura inicial de 10 0C é aquecido durante 5 minutos
por uma fonte de potência constante que lhe fornece 700 cal/min. Ao final desse tempo
a temperatura do corpo é de 80 0C. Qual é o valor do calor específico da substância
de que é feito o corpo?
5. O calor específico do ferro é igual a 0,110 cal/g.0C. Determine a temperatura final de
uma massa de 400 gramas de ferro à temperatura de 20 0C após ter cedido 600
calorias?
6. Calcule a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um material
cujo calor específico é de 0,412 cal/g.0C de 400C par 1000C, sabendo que sua massa
é de 5 kg?
7. Dois corpos A e B de capacidades caloríficas CA=100J/0C e CB=500J/0C, recebem a
mesma quantidade de calor de 2000J.
a) Qual é a variação de temperatura que cada um vai sofrer?

b) Que relação entre a capacidade calorífica de um corpo e a correspondente


variação de temperatura esses resultados permitem formular?

8. Um calorímetro contém 200g de água a 15 0C, tendo recebido mais 90g de água
fervendo, chegando ao equilíbrio térmico com a temperatura igual 360C.
Nota: A temperatura da H2O fervendo é de 1000C e as temperaturas inicial e final do
calorímetro são iguais a da água contida nele. Sabendo que o calor específico da água é
de 1 cal/g.0C, determine a capacidade térmica do calorímetro?
9. Uma vasilha adiabática contém 100g de água a 200C. Misturando 250g de ferro a 800C a
temperatura atinge 330C. Determine o calor específico do ferro?

1.5 Dilatação dos corpos

Quase todo corpo na natureza, sofre uma dilatação térmica, isto é, sofre um aumento das suas
dimensões com o aumento da temperatura, quer ele seja sólido, líquido ou gasoso.

Dilatação linear
A maior parte dos sólidos, dilatam quando são aquecidos. O estudo da dilatação linear leva em
conta apenas a variação uma das dimensões de um sólido. A obtenção da expressão matemática
da dilatação linear é relativamente simples.
Se uma barra sólida de comprimento l0 sofre uma variação de temperatura Δt, o seu comprimento
também sofrerá uma variação 𝛥𝑙, cujo valor é dado por:

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


25
𝛥𝑙 = 𝛼. 𝑙0. 𝛥𝑡 ; onde α é o coeficiente de dilatação linear, constante que depende do material de
que é feita a barra (diferente para materiais diferentes), cuja unidade é o inverso da unidade de
temperatura 1/ 0C ou 1/ 0K.
Conhecendo o acréscimo de comprimento 𝛥𝑙, pode-se obter a expressão do comprimento l da
barra devido a variação de temperatura Δt. Sendo 𝛥𝑙 = 𝑙 − 𝑙0, obtemos:
𝑙 = 𝑙0 + 𝛥𝑙 .
Como 𝛥𝑙 = 𝛼. 𝑙0. 𝛥𝑡, então l = l0.+α.l0.Δt , o que leva-nos facilmente á expressão:
𝑙 = 𝑙0 (1 + 𝛼. 𝛥𝑡) .
O coeficiente de dilatação linear (α) de um sólido, embora varie pouco, só é constante dentro de
determinado intervalo de temperaturas. Por isso os valores dados na tabela abaixo se referem à
temperaturas em que foram determinadas.
Exercicios resolvidos:
1. Uma barra de aço de 2.104 mm está submetida a uma temperatura de 00C. Determine
o comprimento dessa barra quando for aquecida a 1000C?
SOLUÇÃO:
Como o coeficiente de dilatação linear da barra de aço segundo a tabela é de α= 1,1*10-5 0C-
1 , o comprimento inicial é dado por: 𝑙𝑜= 20000mm, as variaçoes de temperaturas em t0=00C
t=1000C e pede- se o comprimento da barra vem:
Partindo da equação do acrescimo da barra 𝛥𝑙 = 𝛼. 𝑙0 . 𝛥𝑡 substituindo vem:
𝛥𝑙 = 1,1.∗ 10−5 ℃-1∗ 20000𝑚𝑚. 100℃
𝛥𝑙 = 22𝑚𝑚
Coeficiente de dilatação linear
Substância Valor de α em 0C-1, óbtidos a 200C
Gelo 5,1.10-5
Chumbo 2,9.10-5
Aluminio 2,4.10-5
Cobre 1,7.10-5
Aço 1,1.10-5
Vidro comum 0,9.10-5
Vidro pirex 0,12.10-5
Quartzo ( fundido) 0,04.10-5
Latão 1,9.10-5
Concreto 1,2.10-5
𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑜 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑜 𝑎𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑜 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑙 é 𝑑𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟:
𝑙 = 𝑙𝑜 + 𝛥𝑙 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑙 = 20000𝑚𝑚 + 22𝑚𝑚
𝑙 = 20022𝑚𝑚
R.: O comprimento dessa barra quando aquecida a 1000C é de 20022mm.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


26
Dilatação superficial
Quando um corpo sólido tem forma geométrica definida, pode-se determinar a variação da
área ΔS, que ele sofre por causa da variação da sua temperatura Δt a partir da dilatação de
suas dimensões lineares.
A dilatação superficial de um corpo é aquela em que predomina a variação em duas
dimensões e é calculada através da seguinte expressão:
𝛥𝑆 = 𝛽 ∗ 𝑆0 . 𝛥𝑡 , onde 𝛽 é o coeficiente de dilatação superficial do material, cujo valor para
um material de coeficiente de dilatação linear, é duas vezes o valor de α, isto, é 𝛽 = 2𝛼
Para um dado material, a superfície total depois da dilatação de sua área é dada por:
𝑆 = 𝑆0 + 𝛽 ∗ 𝑆0 ∗ Δ𝑡
𝑆 = 𝑆0 (1 + 𝛽 ∗ Δ𝑡) ou ainda seja 𝑆 = 𝑆0 (1 + 2𝛼 ∗ Δ𝑡)
Exercício resolvido:
1. Uma chapa de cobre de forma rectangular com dimensões de 0,5m de largura e 2m de
comprimento encontra-se submetida à temperatura de 20 0C. Qual é o aumento da área
sofrida por essa chapa quando a sua temperatura atingir 100 0C? Sendo α=1,7.10-5 0C-1

SOLUÇÂO
Como a dimensões da chapa são dada por S0=0,5m e S=2m onde ΔS =1m 2, a temperatura em
que é submetida é de 20 0𝐶 à 100℃ , sendo α=1,7.10-5 0C-1 e 𝛽 = 2𝛼 substituindo em
𝛥𝑆 = 𝛽 × 𝑆0 × 𝛥𝑡 vem:
𝛥𝑆 = 2𝛼 × 𝑆0 × 𝛥𝑡 ⇒ 𝛥𝑆 = 2 × 1,7 × 10−5 ℃−1 × 1𝑚2 × (100℃ − 20℃)
𝛥𝑆 = 2, 72 × 10−3 𝑚2
Resposta:O aumento da área sofrido por essa chapa é de 2, 72 × 10−3 𝑚2
Dilatação volumétrica
O aumento da temperatura normalmente causa um aumento no volume tanto dos sólidos
como dos líquidos e gases. A experiencia mostra que, se a variação da temperatura Δt não
for demasiada, o aumento de volume ΔV será aproximadamente proporcional à variação de
temperatura.
Este tipo de dilatação é de extremo interesse particularmente por causa dos líquidos gases,
já que para os sólidos é suficiente a tabela de coeficientes de dilatação linear uma vez que
a partir desta pode-se deduzir o coeficiente de dilatação superficial e volumétrica.
O estudo da dilatação de um líquido, só é possível faze-lo, se este for colocado num
recipiente, que também sofre dilatação.
A expressão da dilatação volumétrica é a seguinte:
𝛥𝑉 = 𝛾 ∗ 𝑉0 ∗ 𝛥𝑡 , ou 𝛥𝑉 = 3 ∗ 𝛼 ∗ 𝑉0 . 𝛥𝑡
onde 𝛾 caracteriza as propriedades de dilatação volumétrica de um dado material, por esta
razão chama-se coeficiente de dilatação volumétrica, cujo valor para um material sólido,
gasoso e nalguns casos também para líquido de coeficiente de dilatação linear, é três vezes
o valor de α, isto, é

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


27
𝛾 = 3∗𝛼

Coeficiente de dilatação volumétrica de líquidos


Substância Valor de 𝜸 em 0C-1, obtidos a 20 0C
Éter 15*10-4
Acetona 15*10-4
Tetracloreto de carbono 12*10-4
Benzeno 12*10-4
Álcool Etílico 11*10-4
Gasolina 9,6*10-4
Glicerina 4,9*10-4
Mercúrio 1,8*10-4

Exercicio resolvido

1. Um tanque de aço de forma cilíndrica tem um volume de 50 m 3 a temperatura de 0 oC,


calcule o seu volume a 100 oC, sendo α=1,2.10-5 oC-1.

Solução
O volume do tanque a temperatura de 0 oC é 50m3 , sendo α=1,2.10-5 oC-1
e a variação do volume é dado por: 𝛥𝑉 = 𝛾 × 𝑉0 × 𝛥𝑡 como 𝛾 = 3 ∗ 𝛼 substituindo vem:
𝛥𝑉 = 3 × 𝛼 × 𝑉0 . 𝛥𝑡 substituindo os valores tem-se:
ΔV = 3. 1,2.10-5 oC-1 ×50m3× 100℃
ΔV =0,18 m3
Como conhecemos a variação do volume pela expressão: ΔV = V- V0 logo o volume a 100 oC
será dado por:
V= V0+ΔV= 50m3+0,18m3=50,18m3
Resposta: o volume do tanque de aço é de 50,18m 3

Exercícios Propostos
1. No quarto de um estudante há livros sobre a mesa e um termómetro na parede marca
25oC. Qual é a temperatura provável desses livros? Justifique sua resposta.

2. É comum um corpo ficar preso dentro do outro. Explique como solta-los relacionando em
termodinâmica?

3. Em que época do ano a gasolina é mais cara: no Inverno ou verão? Justifique sua resposta
do ponto de vista termodinâmico.

4. Uma barra de cobre de 2m de comprimento à temperatura d 24 oC tem coeficiente de


dilatação linear 1,7.10-5 oC-1. Em que temperatura a barra terá 1mm a menos de
comprimento?

5. Um recipiente de cobre com capacidade (volume) 3000 cm 3 a 00C tem coeficiente de


dilatação superficial 3,4.10-5 oC-1. Calcule a capacidade do recipiente a 80 oC?

6. Um recipiente de cobre tem capacidade de 2500 cm3 a 0oC, calcule a sua capacidade a
1000C. Dado o coeficiente de dilatação linear do cobre 1,7.10-5 oC-1.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


28
7. Imagina-te a projectar uma pante metálica, cujo comprimento será de 2 km. Considerando
os efeitos de contracção e expansão térmica para temperaturas no intervalo de -4℃ a
110℃ e o coeficiente de dilatação linear do metal de 1,2-10-5℃-1, qual é a máxima
variação esperada no comprimento da ponte?

Comportamento térmico dos gases: Teoria cinética-molecular


No capítulo anterior, estudou-se a expansão térmica dos corpos sólidos e líquidos e pode-se a
partir desse estudo, estabelecer uma provável relação entre a medida da sua temperatura com
a amplitude de oscilação das partículas que os constituem.
Lei dos gases
A partir das propriedades próprias dos gases, a teoria cinética dos gases tem como objectivo
saber o que é um gás e o seu comportamento térmico. Na natureza, não existe gases ideias, no
entanto, a pressões baixas e temperaturas suficientemente afastadas das temperaturas de
condensação, os gases apresentam comportamentos de gases ideais.
Pode-se entender de gás ideal como um gás teórico composto de um conjunto de partículas
pontuais movendo-se aleatoriamente e não interagindo.
A teoria cinética dos gases é um conjunto de hipóteses propostas para explicar as propriedades
e as leis dos gases a partir da mecânica de Newton. Essas hipóteses, compõem um modelo
idealizado do gás perfeito, segundo o qual:
1- As partículas ou moléculas movem-se caoticamente, desordenada e continuamente em todas
as direcções segundo as leis da mecânica clássica. Por isso os gases ocupam sempre todo o
volume do recipiente em que estão contidos.
2- As colisões entre as moléculas de um gás e contra as paredes do recipiente que as contem
são perfeitamente elásticas. Logo a sua energia cinética permanece constante.
3-Todo gás é constituído por um enorme número de moléculas.
4-As moléculas têm dimensões desprezíveis em relação às distâncias médias entre elas, ou seja,
o volume ocupado pelas moléculas de um gás num recipiente é praticamente desprezível.
5-O tempo gasto durante a colisão é muito menor que o tempo gasto entre as colisões.
6-Entre as moléculas de um gás, só há interacção quando elas colidem.
7-A energia cinética das moléculas do gás é directamente proporcional a temperatura do gás em
Kelvin.

Essas hipóteses dão uma ideia bastante razoável do que é um gás e tornam possível exprimir
matematicamente o valor de sua pressão, temperatura e volume. Essas grandezas
macroscópicas caracterizam o estado de um gás, e por isso são denominadas parâmetros
termodinâmicos do gás.
A relação existente entre os valores dos parâmetros termodinâmicos no início e no fim do
processo constitui a chamada lei dos gases. A lei dos gases que estabelece a relação entre os
três parâmetros fundamentais do gás chama-se lei geral dos gases perfeitos.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


29
Lei geral dos gases perfeitos.

A lei geral dos gases perfeitos, como já foi referido acima estabelece a relação entre os três
𝑃𝑉
parâmetros fundamentais do gás: = 𝑎 (𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒)
𝑇

Essa constante (a), como sempre depende daquilo que não muda durante a transformação da
amostra do gás considerado. Essa amostra do gás, por sua vez, se caracteriza por duas
constantes:
 A primeira constante está relacionada à “ população” do gás, que pode ser expressa pelo
número n de moles, ou pelo número N de partículas (átomos, moléculas ou ions) nele
contido, ou ainda pelo número de Avogadro NA, estudado e publicado em 1811 pelo físico
italiano Lorenzo Romano Amadeo Carlo Avogadro, cujo valor é 6,022.1023 partículas
por uma mol.

 A segunda constante é um factor de multiplicação vinculado à primeira.

Se a primeira constante utilizada for n, a segunda será R, constante universal dos gases
𝑗 𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
perfeitos, cujo valor é: 𝑅 = 8,31 𝑚𝑜𝑙×𝐾 ou 𝑅 = 0,082 𝑚𝑜𝑙×𝐾

𝒏, na ausência de seu valor, é determinado pela razão entre a massa do gás e a massa molar
𝒎
do mesmo: 𝒏 = ; onde m é a massa do gás e M é a massa molar.
𝑴

Se a primeira constante for N, cuja expressão matemática na ausência de seu valor numérico é
𝑵 = 𝑵𝑨. 𝒏, e a constante a ela vinculada é 𝑲, conhecida com constante de Boltzmann, cujo valor
é: K=1,38 .10-23J/K
𝑃𝑉
Deste modo, a expressão 𝑇
= 𝑎 pode ser escrita utilizando 𝑎 = 𝑛. 𝑅 na forma:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 ou utilizando 𝑎 = 𝑁𝑘, na forma: 𝑃𝑉 = 𝑁𝑘𝑇


Ambas são expressões gerais da lei dos gases perfeitos ou também conhecidas como equações
de Mendeleev – Clapeyron.
Os processos termodinâmicos do gás, em que a massa do mesmo é um dos parâmetros que
permanece constante, denominam-se isoprocessos.
Uma vez que os parâmetros termodinâmicos que determinam o estado de um gás são três, ter-
se-á três processos distintos.
Interpretação cinética da temperatura
A temperatura de uma massa gasosa, está directamente relacionada à energia cinética média
das suas moléculas.
3
Tendo como expressão matemática: 𝐸𝑐 = 2
𝑘𝑇; onde 𝐾 = 𝑅/𝑁𝐴 (constante universal do gases
𝑗
ideias 𝑅 = 8,31 𝑚𝑜𝑙×𝐾 por número de avogadro=6,022.1023 partículas/mol). Portanto 𝐾 =

1,38. 10−23 𝐽/𝐾.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


30
Processo Isotérmico, Lei de Boyle-Mariotte

No século XVII, precisamente em 1662, Boyle (inglês) e Mariotte (francês), simultaneamente,


encontraram uma relação entre a pressão e o volume de um gás quando a sua temperatura era
mantida constante.

Se a temperatura de uma dada massa gasosa, for mantida constante, o volume deste gás será
inversamente proporcional à pressão exercida sobre ele, ou seja, o produto da pressão pelo
volume de um gás é constante: 𝑝𝑣 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒.
A lei de Boyle-Mariotte diz que: Os volumes de uma dada massa de gás, mantendo
constante a temperatura, variam na razão inversa das pressões.
Segundo esta lei, sofrendo o gás uma transformação que passa de um estado para outro, então:
𝑝1𝑣1 = 𝑝2𝑣2 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑝1𝑣1 = 𝑝2𝑣2
Esta lei é valida para processos isotérmicos, isto é, processos que ocorrem a temperatura
constante.
O gráfico abaixo, traduz a relação entre a pressão e o volume de uma certa massa de gás. Quer
dizer que existe uma relação inversamente proporcional entre si.
Em virtude de estar descrevendo uma transformação isotérmica, a curva representada designa-
se isotérmica do gás.

Processo Isobárico, Lei de Gay-Lussac


Em 1809, Gay Lussac, físico francês encontrou a relação entre volume e a temperatura de uma
dada massa de gás, mantendo constante a pressão do mesmo.
Se tomarmos um dado volume de gás a uma temperatura inicial e o aquecermos sob pressão
constante até uma outra temperatura final, a dilatação observada será a mesma, qualquer que
seja o gás na experiência, isto é, o valor do coeficiente de dilatação volumétrica é o mesmo para
todos os gases.
Uma transformação, em que o volume do gás varia com a temperatura, enquanto a pressão é
mantida constante chama-se Isobárica, (Isos=igual; baros= pressão).
Esta lei diz que: À uma pressão constante, o volume de uma dada massa de gás varia na
razão directa da temperatura. A qual é aplicada a processos isobáricos, isto é, processos que
ocorrem a pressão constante.
Considerando dois estados de um sistema a pressão constante, pode-se escrever:

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


31
𝑉1 𝑇 𝑉1 𝑇
𝑉2
= 𝑇1 = 𝑐𝑜𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ou 𝑉2
= 𝑇1
2 2

Abaixo, eis o gráfico do processo isobárico, no qual a linha oblíqua designa-se por isobárica
(p=constante).

Processo Isocórico, Lei de Jacques-charles


Se o volume de um dado gás é mantido constante, a transformação é chamada isocórica ou
𝑃 𝑇 𝑃 𝑇
isovolumétrica, cuja expressão matemática é: 𝑃1 = 𝑇1 = 𝑐𝑜𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ou 𝑃1 = 𝑇1
2 2 2 2

Esta lei diz o seguinte: Á um volume constante, a pressão de uma dada massa de gás
varia na razão directa da temperatura. Lei essa publicada em 1802.
A representação gráfica da variação da pressão com a temperatura Célsius e absoluta, de
uma dada massa de gás, apresenta-se na figura a seguir:

Partindo da equação de estado dos gases perfeitos podemos escreve-la 𝑃𝑉/𝑇 = 𝑛𝑅. Para uma
dada massa de gás (n= constante), como R também é constante, conclui-se que:
𝑃𝑉
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑇
Assim se a massa gasosa passar de um estado a outro, podemos relacionar estes dois
estados pela seguinte expressão:
𝑃1𝑉1/𝑇1 = 𝑃2𝑉2/𝑇2
A equação acima é para o gás perfeito, podendo no entanto ser aplicada com aproximação a um
gás qualquer desde que a sua temperatura não seja muito baixa e sua pressão não seja muito
alta.
Exercícios resolvidos
1. Determine a pressão que sofre 6 moles de um gás perfeito que ocupa 25,4 litros de
𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
volume a 270C, É dada a constante universal dos gases perfeitos 𝑅 = 0,082 𝑚𝑜𝑙×𝐾 .
solução
sendo o 𝑛 = 6𝑚𝑜𝑙, 𝑜 𝑉 = 25,4𝑙, 𝑇 = 27℃ e a constante universal dos gases perfeitos
𝑎𝑡𝑚 ∗ 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
𝑅 = 0,082
𝑚𝑜𝑙 × 𝐾

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


32
𝑛𝑅𝑇
Pela lei dos gases perfeitos 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 a pressão será dada por: 𝑃 = * Convetendo a
𝑉

temperatura em Kelvin tem-se: 𝑇 = 27℃ + 273,5𝐾 = 300𝐾 subtituindo em * vem:


𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
6𝑚𝑜𝑙×0,082 ×300𝐾
𝑚𝑜𝑙∗𝐾
𝑃= logo pressão será:
25,4𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠

𝑃 = 5,8𝑎𝑡𝑚
Resposta: a pressão sofrida é de 5,8𝑎𝑡𝑚.
2. Determine o volume molar de um gás perfeito sob condições normais de pressão e
𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
temperatura. É dada a constante universal dos gases perfeitos 𝑅 = 0,082 𝑚𝑜𝑙×𝐾

solução
sendo o 𝑛 = 1𝑚𝑜𝑙, 𝑇 = 273,5𝐾, 𝑃 = 1𝑎𝑡𝑚 e a constante universal dos gases perfeitos
𝑎𝑡𝑚 ∗ 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
𝑅 = 0,082
𝑚𝑜𝑙 × 𝐾
𝑛𝑅𝑇
Pela lei dos gases perfeitos 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 o volume será dada por: 𝑉 = substituindo vem:
𝑃
𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
1𝑚𝑜𝑙×0,082 ×273,5𝐾
𝑚𝑜𝑙∗𝐾
𝑉= logo pressão será:
1𝑎𝑡𝑚

𝑉 = 22,427𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
Resposta: o Volume molar do gás é de 22,427𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠.
Exercicios Propostos
1. A massa de um certo gás ocupa um volume de 30 litros sob pressão de 5atm. e a 270C.
𝑎𝑡𝑚∗𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜
Sendo 𝑅 = 0,082 𝑚𝑜𝑙×𝐾
. Determine:

a) O número de moles do gás?

b) A massa do gás, sendo M=20g/mol?


2. Um recipiente de 2 m3 contém um gás perfeito a temperatura de 17oC e pressão de 5Pa
(N.m-2). Determine:

a) O número de moles contidos nesse gás, sabendo que a constante universal dos
gases perfeitos é igual a 8,31 J/k.mol?

b) O número de moléculas desse gás aprisionadas no recipiente, sabendo que há


6,022.1023 moléculas/mol?
3. Um gás perfeito ocupa 24 litros de volume à pressão de 3 atmosferas. Que volume
ocupará esse gás se houver um aumento isotérmico de 6 de atmosferas de pressão?
4. Um gás perfeito ocupa 40 litros de volume a temperatura de 670C e sob pressão de 4
atmosferas:
a) Que volume ocupará esse gás se houver um aumento isobárico de 6 atmosferas
de pressão a temperatura de 4200C?2
5. Porque razão duas panelas de pressão contendo feijão sob mesmas condições e
quantidades, uma no Lubango e outra no Namibe, a do litoral coze primeiro em relação a
do Lubango?
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
33
Subtema C2: As leis da termodinâmica
Introdução
A termodinâmica nasceu da relação entre calor e trabalho. O equilíbrio térmico é
caracterizado pela uniformidade da temperatura.
2.1 A primeira lei da termodinâmica
A primeira lei da termodinâmica traduz a lei da conservação da energia no caso de um
sistema termodinâmico. Relaciona a variação de energia interna de um sistema com a
energia que é transferida, através das suas fronteiras, por qualquer um dos processos:
trabalho, calor ou radiação.
A primeira lei da termodinâmica diz que: A quantidade de energia (calor) 𝜟𝑸 trocada entre
o sistema e o meio é igual à soma da variação de sua energia interna ΔU com o trabalho
realizado no sistema W. ou ainda, Numa transformação entre dois estados de
equilíbrio, a variação de energia interna de um sistema 𝜟𝑼, é igual à quantidade de
energia transferida como trabalho, W, e calor Q.
Matematicamente, a expressão desta lei é a seguinte: 𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊
Por convenção, considera-se que:
 a quantidade de calor é positiva, quando o sistema recebe calor, pois aumenta a
energia interna, 𝛥𝑄 > 0
 a quantidade de calor é negativa, quando o sistema fornece calor, pois diminui a
energia interna, 𝛥𝑄 < 0
 No caso de sistema isolados 𝛥𝑄 = 0
 O trabalho é positivo 𝑊 > 0, quando é realizado pelo sistema.
 O trabalho é negativo 𝑊 < 0, quando é realizado sobre o sistema.
Para melhor compreensão e fixação desta lei, analisá-la-emos nas transformações de gases
ideais.
1ª Lei na transformação isotérmica:
Nas transformações isotérmicas, descritas pela Lei de Boyle-Mariotte, não há variação de
energia interna já que a temperatura permanece constante.
Este resultado aplicado à 1ª lei da termodinâmica, 𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊, resume-se em: 𝛥𝑄 = 𝑊.
Essa forma permite-nos deduzir que: Numa transformação isotérmica a quantidade de
energia (calor) absorvida ou cedida pelo sistema é totalmente utilizada na realização de
trabalho.
1ª Lei na transformação isobárica
Neste caso há uma variação de temperatura e uma variação de volume. A variação de
temperatura produz uma variação de energia interna, 𝛥𝑈; a variação do volume produz um
trabalho.
Assim, a 1ª lei pode ser escrita da seguinte forma: 𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


34
Analisando a expressão acima, podemos concluir que:
Numa transformação isobárica, a quantidade de calor trocada entre o sistema é sempre
maior que o trabalho realizado.
1ª Lei na transformação isocórica ou isométrica
Numa transformação isocórica ocorre apenas variação de temperatura e pressão, mantendo
constante o volume. Assim sendo, não havendo variação de volume, não haverá trabalho
realizado (𝑊 = 𝑂).
Pela 1ª lei da termodinâmica, temos então:
𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊
𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 0
𝛥𝑄 = 𝛥𝑈
Com base essa expressão, pode-se concluir que:
Numa transformação isocórica ou isométrica, a variação de energia interna do sistema é
igual à quantidade de calor que o sistema troca com o meio exterior.
1ª Lei na transformação adiabática
Uma transformação é adiabática quando o sistema não troca calor com o meio exterior.
Experimentalmente, pode-se realizar uma transformação adiabática isolando o sistema
termicamente do meio exterior ou efectuando a transformação rapidamente.
Como a transmissão de calor é lenta, qualquer transformação realizada com rapidez pode
ser considerada adiabática.
Se a transformação é adiabática, portanto 𝛥𝑄 = 0. Então, pela 1ª lei da termodinâmica,
temos:
𝛥𝑄 = 𝛥𝑈 + 𝑊
0 = 𝛥𝑈 + 𝑊
𝑊 = −𝛥𝑈
Pode-se afirmar que: numa transformação adiabática, todo o trabalho realizado corresponde
á variação de energia interna do sistema, uma vez que não há troca de energia com o meio
exterior.
Aplicação da primeira lei da termodinâmica
A primeira Lei da termodinâmica querer o cálculo do trabalho, da quantidade de calor e da
energia interna do sistema termodinâmico. Como esses sistemas são, quase sempre gases
encerrados em cilindros com êmbolo móvel, é essencial calcular cada uma dessas variáveis
nessas condições.
- Determinação do trabalho numa transformação termodinâmica
A expressão do trabalho de uma força constante 𝑊 = 𝐹. 𝑑. 𝑐𝑜𝑠𝛼, é de difícil aplicação a
sistema termodinâmicos. Por isso reescrever-se-á a mesma expressão utilizando pressão
em vez de força e volume em vez de deslocamento. Nessas condições, se um sistema ou

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


35
corpo submetido à pressão constante sofre a variação de volume ΔV, o trabalho realizado
por ele é dado pela expressão:
𝑊 = 𝑝. 𝛥𝑉
Quando o sistema realiza trabalho sobre o meio exterior (ambiente), o volume aumenta.
Portanto: 𝛥𝑉 > 0, isto implica que 𝑊 > 0.
Quando o sistema sofre a acção de um agente externo que realiza trabalho sobre ele, o
volume diminui. Logo: 𝛥𝑉 < 0, isto implica que 𝑊 < 0.
Pode-se generalizar a expressão 𝑊 = 𝑝. 𝛥𝑉 para transformações em que a pressão não é
constante, desde que se conheça o gráfico 𝑃 ∗ 𝑉 dessa transformação. Veja a figura a seguir.

Assim, para uma variação de volume ΔV, o trabalho envolvido é igual à correspondente “área
sob a curva” A:
𝑊 = ±𝐴
Para indicar no gráfico 𝑃 ∗ 𝑉 se o trabalho é realizado pelo sistema ou sobre o sistema,
coloca-se ma curva uma seta que indica que indica o sentido da transformação. Se na
transformação o volume do gás aumenta, o trabalho é positivo; se o volume diminui, o
trabalho realizado é negativo.
Se o trabalho realizado em transformações sucessivas tiver sinais diferentes, o trabalho
realizado será a soma algébrica dos trabalhos parciais realizados em cada transformação.
As leis da termodinâmica-II
Transformações reversíveis e irreversíveis
Com este capítulo conclui-se o estudo de termodinâmica, das suas leis e proibições. Com o
estudo da 1ª lei da termodinâmica, ficou claro que a energia se conserva em qualquer
transformação, embora parte dela se torne inaproveitável. Contudo, há um aspecto intrigante
na conservação da energia que levou a formulação de uma nova lei – a conservação da
energia ocorre sempre, em qualquer transformação, mas essas transformações ocorrem
num único sentido.
Imaginemos um corpo que cai de uma certa altura sobre uma “cama elástica”, desprezando
todos os atritos, nota-se que ao atingir a cama elástica, o corpo é impulsionado de volta,
atingindo praticamente a posição inicial. Nesse processo de queda e volta, não houve
variação de energia mecânica do sistema. A queda é, então, uma transformação
reversível, pois há grande possibilidade de ocorrer o movimento inverso, isto é, a volta do
corpo às condições iniciais.
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
36
OBS: Nota que o exemplo exposto foi analisado em condições ideais, na realidade não
existem transformações reversíveis, pois o atrito quase sempre está presente durante as
transformações.
Analisemos agora outra transformação. Um bloco de massa usada por pedreiros é lançado
do alto de uma rampa. Enquanto a massa cai, a sua energia potencial vai se transformando
em energia cinética. Porém, a energia mecânica do sistema mantém-se constante.
Quando a massa atinge o solo, a sua energia mecânica transforma-se noutra de energia, a
energia interna. É por isso que a temperatura do corpo e do chão aumentam. É possível
fazer com que a energia térmica gerada no impacto da massa com o chão se reúna
novamente e faça a massa subir até a posição inicial? Não. Pois o caso contrário não
ocorrerá. Neste caso, diz-se que a queda é uma transformação irreversível.
A segunda lei da termodinâmica refere-se exactamente a este tipo de transformação. De
acordo com essa lei, as transformações naturais, espontâneas realizam-se de acordo com
um sentido preferencial. Assim, para um corpo que se encontra no alto de uma rampa, o
sentido preferencial, natural é o da descida da rampa. Uma vez solto, o corpo descerá até o
ponto mais baixo. Para faze-lo subir seria necessário um agente externo, pois o corpo não
subiria espontaneamente.
Vários são os físicos (Hermann Walther Nernest, Sadi Carnot, Boltzmann, Rudolf Clausius
que debruçaram-se desta lei, em consequência disto, existem enumeras versões do
enunciado da mesma, mas valemo-nos da definição mais simples e precisa dada por Rudolf
Clausius: O calor passa espontaneamente de um corpo de maior temperatura para um
corpo de menor temperatura. Nota que, nesse enunciado fica evidente o sentido
preferencial do processo, o qual é determinado pela diferença de temperatura.
Sabemos pelas nossas próprias vivências que é relativamente fácil transformar energia
mecânica ou eléctrica em calor. O inverso, isto é, transformar o calor em trabalho é muito
difícil, pois são necessárias condições especiais. Essa dificuldade levou Sadi Carnot a
enunciar de outra forma a segunda lei da termodinâmica: Só é possível transformar calor
em trabalho quando dispomos de duas fontes com temperaturas diferentes.
O ciclo e a máquina de Carnot
Se o rendimento de uma máquina térmica é sempre limitado, menor do que 1, deve haver
um rendimento máximo a ser atingido. Essa foi a conclusão do engenheiro francês Sadi
Carnot num trabalho publicado em 1824.
Carnot demonstrou teoricamente que existe uma sequência específica de transformações –
um ciclo especial - em que a máquina térmica obtém o máximo rendimento. Esse ciclo
passou a denominar-se ciclo de Carnot e a máquina que desenvolve ou trabalha segundo
esse ciclo é a máquina ideal, também chamada de máquina de Carnot.
Estudando as máquinas térmicas, Carnot descobriu um ciclo de quatro transformações
reversíveis que proporcionam o máximo rendimento térmico para a máquina.
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
37
Analisando uma transformação reversível, por exemplo um sistema massa-mola, constata-
se a sua reversibilidade no movimento do oscilador que é contínuo e de espontâneo retorno
à mesma situação, ou estado inicial e cada oscilação.
Assim, se o oscilador fosse máquina térmica, teria rendimento máximo se o seu movimento
fosse reversível. Essa é a ideia da máquina de Carnot:
O rendimento de uma máquina térmica é máximo quando todas as etapas do seu ciclo
(o ciclo de Carnot) forem transformações reversíveis.
Com relação ao ciclo de Carnot, é importante que concluir o seguinte:
a) Uma máquina que opera dentro do ciclo de Carnot, tem o máximo de rendimento. Ou seja,
nenhuma máquina térmica operando em ciclos pode ter rendimento superior ao de uma
máquina de Carnot
b) O rendimento de uma máquina de Carnot depende das temperaturas das fontes quente e
fria. Carnot demonstrou que a quantidade de calor que é retirada da fonte Q1 e a que é
rejeitada para a fonte fria Q2 são proporcionais às temperaturas absolutas das fontes.
𝑄2 𝑇
Ou seja = 𝑇2 sabe-se que o rendimento de uma máquina térmica é dado pela expressão
𝑄1 1

𝑄 𝑇
𝜂 = 1 − 𝑄2 então 𝜂 = 1 − 𝑇2
1 1

𝑇
c) Na expressão 𝜂 = 1 − 𝑇2, quanto menor for a temperatura T 2 (fonte fria), maior será o
1

𝑇2
rendimento, pois menor se torna a razão . Assim, quando a temperatura T2 atingisse a
𝑇1

temperatura zero absoluto, ter-se-ia um rendimento 100%. No entanto, isso é impossível


contraria a 2ª lei da termodinâmica.
2.2 Segunda Lei da termodinâmica. Entropia
A primeira lei da Termodinâmica deu origem ao conceito da energia interna e da segunda,
nasceu um outro conceito não menos importante: A entropia.
A entropia é uma grandeza termodinâmica que mensura o grau de irreversibilidade de um
sistema, encontra-se geralmente associada ao que denominamos “desordem”.
Uma diferença fundamental entre a mecânica e a termodinâmica é a quantidade de partículas
envolvidas.
Esse imenso número de partículas envolvidas no estudo da termodinâmica levou os físicas
a adoptarem uma nova forma de abordagem na natureza, baseada em princípios da
estatística, sugerida e, 1872 com o físico austríaco Boltzmann. Este concluiu que a tendência
dos fenómenos naturais à irreversibilidade e à degradação da energia não é uma certeza,
mas uma probabilidade.
Boltzmann percebeu que a desordem é uma grandeza termodinâmica essencial,
estabelecendo o enunciado mais moderno da segunda Lei da termodinâmica:
Em qualquer sistema físico, a tendência natural é a aumento da desordem; o
restabelecimento da ordem só é possível mediante o dispêndio da energia.
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
38
Como a tendência espontânea de qualquer fenómeno natural é o aumento da entropia,
Boltzmann concluiu que a entropia é a medida da desordem do universo.
A grande descoberta de Boltzmann foi perceber que o aumento da desordem no nível
atómico está directamente relacionado ao sentido da transferência de calor, que lhe permitiu
relacionar a estatística às leis da termodinâmica.
2.3 Lei zero da termodinâmica
Se dois corpos A e B estão em equilíbrio térmico entre si, a sua temperatura é igual. Por
outro lado, se dois corpos B e C estão em equilíbrio térmico entre si, também a sua
temperatura é igual. Verifica-se experimentalmente que a temperatura de A e C é a mesma
podendo-se por isso, associar a igualdade de temperaturas ao equilíbrio térmico dos corpos.
Se dois corpos A e B estão separadamente em equilíbrio térmico com um terceiro
corpo, eles estão em equilíbrio térmico entre si. Este enunciado é conhecido como lei
zero da termodinâmica.
Essa lei da natureza denominada de lei zero da termodinâmica, e pode ser enunciada da
seguinte maneira:

Se um corpo A está em equilíbrio térmico com um corpo B, e este está em equilíbrio


térmico com um corpo C, então A está em equilíbrio térmico com C.

Exercícios:
1. A termodinâmica é o ramo da física que estuda as causas e os efeitos de mudanças
na temperatura, pressão e volume. É a ciência que estuda os processos em que há
transformação de energia e o comportamento dos corpos nestas transformações.
a) Debruça-se sobre a entropia.
2. A teoria Cinética dos gases é um conjunto de hipóteses propostas para explicar as
propriedades e as leis dos gases a partir das leis da mecânica de Newton.
a) Cite as hipóteses que compõem o modelo para os gases ideais
3. Um recipiente contém H2 a 270C.
a) Qual é a energia cinética média de suas moléculas?
b) Sabendo que a massa de uma molécula de H2 é 3,3.10 -23Kg, qual deve ser
a sua velocidade para que ela tenha uma Ec igual ao valor médio calculado na
alínea anterior?
4. Uma botija de gás contém 32g de CO2, a uma temperatura de 1270C. Determine:
a) A massa molecular do CO2?
b) O número de moles?
c) A energia cinética do gás?
d) A velocidade de suas moléculas?

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


39
Tema D: Mecânica dos Fluídos
Introdução
O mundo está rodeado por fluídos como água e ar essêncial para nossa vida. Neles nos
deslocamos e sofremos consequências das alterações que se produzem naturalmente ou
provocadas pelo próprio homem.
A mecânica dos fluídos é a parte da Física que se ocupa do estudo dos fluídos ( líquidos e
gases), em repouso ou em movimento, assim como das aplicações das leís que a regem em
mecanismos de engenharia e situações da vida quotidiana.
O estudo da mecânica dos fluídos é fundamental em campos diversos, é essencial para
analisar qualquer sistema no qual o fluído produz trabalho. No projecto de veículos para
transporte terrestre, marítimo e especial; no projecto de turbo máquinas, na lubrificação da
Engenharia Biomédica, no estudo da aerodinâmica das aves, insectos, animais e até no
exporte são utilizadas as lei básicas de Mecânica dos Fluídos. Tendo como aplicações típicas
da Mecânica dos Fluídos na Engenharia: • Redes de distribuição de fluidos - água,
combustíveis (gás natural, gases de petróleo liquefeito, petróleo), de vapor de água (em
fábricas); Ventilação em edifícios urbanos e industriais, túneis e outras infra-estruturas;
Máquinas de conversão de energia (turbinas hidráulicas, turbinas eólicas, turbinas a vapor e
gás, compressores, ventiladores e bombas hidráulicas); • Transferência de calor e massa em
equipamentos térmicos (caldeiras, trocadores de calor, fornalhas, queimadores, motores de
combustão interna); Transporte de veículos (resistência ao avanço, sustentação de
aeronaves, propulsão de aeronaves e de navios, segurança aerodinâmica e conforto -
controle de ruído e circulação de ar no interior de veículos); • Vibrações e esforços de origem
aerodinâmica em estruturas; (edifícios, chaminés, estádios, aeroportos). •Estudos de
qualidade de água e de qualidade de ar (poluição atmosférica).
A mecânica dos fluidos divide-se em duas partes: Hidrostática e Hidrodinâmica.
(Hidro=água; Estática=parada/repouso e Dinâmica=movimento). Sequencialmente
começaremos por tratar da primeira parte.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


40
Subtema D1: Hidrostática

1. Hidrostática

Hidrostática, palavra que advém de dois termos gregos (Hidro=água;


Estática=parada/repouso), concluindo assim, que a hidrostática é a parte da mecânica dos
fluidos que se ocupa do estudo dos fluidos em repouso.

Entende-se aqui, que fluído é toda a substância ou mistura de substâncias que se escoa
com maior ou menor facilidade.

A caracterização de um fluído passa por: Escoar-se ou fluir com maior ou menor facilidade;
Mudar de forma sob a acção de pequenas forças e por adaptar-se sempre à forma dos vasos
que o contêm.

A escala molecular dos fluídos são constituidos po um numero elevado de particulas em


continuo movimento, podendo o seu comportamento ser descrito pelas leis de Newton.

Mas o nosso estudo, incidirá sobre os fluídos ideiais (fluídos incompriensíveis) e com
viscosidade praticamente nula ( Equilibrio Hidrostático).

Viscosidade: é o atrito interno de um fluído ou seja a força de atrito entre camadas diferentes
do fuido que se move em velocidade relactivamente diferentes.

Nos gases, a viscosidade é praticamente nula devido as grandes espaços intermoleculares.

1.1-Equilibrio Hidrostatico

Quando o fluido esta em repouso ( escala microscopica) diz-se que o fluído está em equilibrio
hidrostático relactivamente ao recipiente onde está contido, ou seja quando a sua velocidade
de escoamento é nula.
Por outro lado num fluído em equilibrio hidrstático as forças que este exerce sobe as paredes
do recipiente onde esta contido, sao perpendiculares a estes, pois se não fosse, haveria uma
componente tangencial que levaria a um deslizamento do fluído ao longo das paredes pelo
que ele deixaria de estar em equilibrio hidrostático.
Para melhor percepção deste tema, há que definir alguns conceitos básicos atinentes a essa
área do saber. Pressão, força de pressão, densidade e massa.

1.2 Conceito de pressão e força de pressão


Quando um fluido está em repouso, exerce uma força perpendicular sobre qualquer
superfície que esteja em contacto com ele, tal como a parede do recipiente ou um corpo
imerso no fluido. Definimos a pressão p nesse ponto como a força normal por unidade de
área, ou seja pela razão entre 𝐹 𝑒 𝐴. Sua expressão matemática é:
𝐩=𝐅/𝐀 Onde p é a pressão, F a força de pressão e A é a área.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


41
1.3 Unidades de pressão

No SI (Sistema Internacional) a unidade de pressão será N/m2, denominada pascal e


abreviada como Pa. Quando desejamos medir pressões elevadas, usamos uma unidade
denominada atmosfera = atm.1 atm=76cmHg=760mmHg

Relação entre algumas unidades de pressão


1mmHg= 1,33*102N/m2= 1,33*102Pa
1 atm = 1,01*105Pa
1 atm = 1kgf/cm2
1 libra/pol2 = 6,89*103Pa
1 kgf/cm2 = 14,2 libras/pol2
1bar = 105Pa

Exercícios resolvidos
1. Uma força de intensidade 2 N é aplicada perpendicularmente na superfície do embolo
de uma ciringa hospitalar de 1mm2 de área. Determine a pressão, em N/m2, que o
pino exerce sobre a superfície.

Solucão

Como a pressão é pedida em N/m2, a área da superfície deve ser expressa em m2. Assim:
A = 1 mm2 ⇒ A = 10-6 m2
𝐹
Sendo F = 2 N, a pressão é dada por: 𝑝 = 𝐴
2𝑁
Logo substituindo: 𝑝 = 10−6 𝑚2 ⇒ p = 2. 106 N/m2

Resposta: a área é de 2. 106 N/m2

2. Uma caixa contendo quites de paracetamol tem dimensões 5 cm × 10 cm × 20 cm e


massa 200 g. Determine as pressões, expressas em N/m2, que ela pode exercer
quando é apoiada sobre uma superfície horizontal. Adote g=10 m/s2.

Solução:
A caixa exerce sobre a superfície horizontal uma pressão devido ao seu peso: P =mg.
Sendo m =200 g = 200 ×10-3 kg = 0,2 kg, vem: P =0,2kg × 10m/s2 ⇒ P = 2 N
Como a caixa possui três faces sobre as quais pode ser apoiada, ela pode exercer três
pressões diferentes:
A1 = 10 cm × 20 cm × 200 cm2 = 200× 10-4 m2 = 2 × 10-2 m2
A2 = 5 cm × 20 cm = 100 cm2 = 100 × 10-4 m2 = 1 ×10-2 m2
A3 = 5 cm × 10 cm = 50 cm2 = 50 × 10-4 m2 = 0,5 × 10-2 m2
2𝑁
𝑝1 = ⇒ p1 = 102 N/m2
2×10−2 𝑚2

2𝑁
𝑝2 = ⇒ p2 = 2×102 N/m2
1×10−2 𝑚2

2𝑁
𝑝3 = ⇒ p3 = 4×102 N/m2
0,5×10−2 𝑚2
Resposta: p1 = 102 N/m2 ; p2 = 2×102 N/m2 e p3 = 4×102 N/m2
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
42
Exercios propostos:

1. Converte 8atm para pascal e 9,3mmHg para pascal considerando, 1atm corresponde
a 1,01×105Pa e 1mmHg corresponde a 1,33×102Pa
2. A cápsula de um toca-discos tem 2 g de massa e a ponta da agulha apresenta área
igual a 10-6 cm2. Determine a pressão que a agulha exerce sobre o disco, expressa
em N/m2. Adote, para a aceleração da gravidade, o valor g =10 m/s2.
3. Uma força de intensidade 2N é aplicada perpendicularmente a uma superficie por
meio de um pino de 1mm2 de área. Determine a pressão, em N/m2, que o pino exerce
sobre a superficie.

Forças de pressão

Como vimos, um fluído hidrostatico exerce sobre as paredes do recipiente que o contem
forças perpendiculares a essas paredes. Essas forças perpendiculares as superficies que
contactam com o fluído, designa-se de forças de pressão.

Um corpo mergulhado num fluído em equilibrio hidrostático, as forças de pressão são


perpendiculares às faces do corpo, qualquer que seja, a sua orientaçao. Então, em equilibrio
hidrostático, em vaso aberto as forças de pressão exercem-se perpendicularmente em todas
as direções e sentidos, aumentando com a distância à superfície livre, isto é, aumentam com
a profundidade. Conforme a figura abaixo.

Fig.1.0

1.4 Densidade ou Massa específica

Consideremos um corpo de massa m, cujo volume é V. A densidade absoluta ou massa


específica do corpo será representada pela letra grega 𝜌 (rô) e definida da seguinte maneira:
Densidade absoluta ou Massa específica de um corpo, a razão entre a sua massa e o
𝑚 𝑚
seu volume, isto é: 𝜌 = ou 𝜇 =
𝑉 𝑉

1.5 Unidades de densidade

No SI, a unidade de 𝜌 será kg/m3. Na prática é comum o uso de outra unidade; g/cm 3.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


43
Exercicios resolvidos:

1. Um objeto feito de ouro maciço tem 500 g de massa e 25 cm 3 de volume. Determine


a densidade do objeto e a massa específica do ouro em g/cm 3 e kg/m3.
Solução:
Como se trata de um objeto homogêneo e maciço de ouro, sua densidade coincide com o
valor da massa específica da substância que o constitui. Sendo m = 500 g e V = 25 cm3,
𝑚 500𝑔
vem: : 𝜌 = ⇒: 𝜌 = 25𝑐𝑚2 ⇒ 𝜌 = 20𝑔/𝑐𝑚2
𝑉
10−3 𝑘𝑔
Como 1 g = 10-3 kg e 1 cm3 = 10-6 m3, vem: 𝜌 = 20 10−6 𝑚3 ⇒ 𝜌 = 2 × 104 𝑘𝑔/𝑚3
Resposta: 𝜌 = 20𝑔/𝑐𝑚2 e 𝜌 = 2 × 104 𝑘𝑔/𝑚3
2. Misturam-se volumes iguais de dois líquidos de densidades 𝜌1 =0,4 g/cm3 e 𝜌2 =0,6
g/cm3. Determine a densidade da mistura, susposta homogênea.
Solução:
𝑚1 +𝑚2
A densidade da mistura será dada por 𝜌 = , sendo V o volume de cada um dos
2𝑉
𝑚1 𝑚2
líquidos e m1 e m2 as respectivas massas. Como a 𝜌1 = 𝑉
⇒ 𝑚1 = 𝜌1 𝑉 e 𝜌2 = 𝑉

𝜌1 𝑉+𝜌2 𝑉 𝜌1 +𝜌2
𝑚2 = 𝜌2 𝑉 substituindo na primeira equação vem: 𝜌 = ⇒𝜌=
2𝑉 2
0,4𝑔/𝑐𝑚3 +0,6𝑔/𝑐𝑚3
Como a 𝜌1 =0,4 g/cm3 e 𝜌2 =0,6 g/cm3 vem: 𝜌 = = 0,5𝑔/𝑐𝑚3
2

Resposta: 0,5 g/cm3

Exercicios propostos

1. Uma joia de prata pura, homogênea e maciça tem massa de 200g e ocupa um volume
de 20cm3. Determine a densidade da joia e a massa específica da prata.
2. Um cilindro tem 5cm2 como área da base e 20cm de altura, sendo sua massa igual a
540g. Esse cilindro tem a parte central oca na forma de um paralelepípedo de volume
64cm3. Determine:

a) a densidade do cilindro;

b) a massa específica da substância de que é feito.

3. Determine a densidade de uma mistura homogênea em volumes iguais de dois


líquidos de densidades 0,8g/cm3 e 1g/cm3.
4. Determine a densidade de uma mistura homogênea em massas iguais de dois líquidos
de densidades 0,3 g/cm3 e 0,7 g/cm3.
5. Qual das relações em termos das densidades é verdadeira. Justifique a escolha.
a- ρ1 >ρ2 >ρ3 b. ρ1 = ρ 2= ρ3 c. ρ3 >ρ1 >ρ2 d. ρ2 <ρ1 <ρ3
6. Uma amostra de óleo de massa 200g tem um volume de 250 cm 3. Determine a
densidade do óleo em g.cm3 e em kg.m3?

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


44
7. A densidade do alumínio é de 2,7 g.cm3, Determine:
a) A massa do um cubo de alumínio de 10 cm de aresta?
b) O volume de um cubo do mesmo material cuja massa é de 540g?

1.5 Lei Fundamental da Hidrostática

Todos os pontos de um fluido em equilíbrio hidrostático, que estejam à mesma profundidade,


se encontram à mesma pressão. E se estiverem a profundidades diferentes?

Na fig.1, consideremos um pequeno volume cilíndrico de líquido, de altura Δh e área A, em


equilíbrio no interior do líquido, tal como se pode observar na figura:

Ilustração 1. Equilíbrio Hidrostático

Como se encontra em equilíbrio, pela lei de Newton, a resultante das forças que sobre ele
actuam tem de ser nula. 𝐹𝑟 =0

Sendo 𝐹𝑎 𝑒 𝐹𝑏 as forças de pressão verticais exercidas pelo líquido e 𝐹𝑔 o peso do volume


cilíndrico de líquido. Será, então:

𝐹𝑎 +𝐹𝑏 +𝐹𝑔 = 0 Pois as forças de pressão com direcção horizontal anulam-se. A esta equação
vectorial corresponde a equação escalar: 𝐹𝑏−𝐹𝑎−𝐹𝑔=0 ↔ 𝐹𝑏−𝐹𝑎=𝐹𝑔

Como 𝑝=𝐹/𝐴 → 𝐹=𝑝∗𝐴 . Substituindo o valor de F teremos:

pb𝑨− pa𝑨 =𝒎𝒈 (1) Se m é a massa da porção cilíndrica e V o seu volume expressar o peso
dessa porção da seguinte maneira: 𝜌=𝑚/𝑉 𝑒 𝑉=𝐴∗Δh 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝑚=𝐴𝜌Δh 𝑠𝑢𝑏𝑠𝑡𝑖𝑡𝑢𝑖𝑛𝑑𝑜 𝑒𝑚 1 ,𝑣𝑒𝑚:
(𝑃𝑏−𝑃𝑎) 𝐴 = 𝐴𝜌Δh𝑔 ↔ 𝑃𝑏 − 𝑃𝑎 = 𝜌𝑔Δh

𝑃𝑏=𝑃𝑎+𝜌𝑔Δh 𝑜𝑢 𝑃=𝑃𝑜 +𝜌𝑔Δh→ Lei fundamental da Hidrostática

Esta equação que traduz a lei fundamental da Hidrostática, ou lei de Stevin, diz que:

Num dado local, o aumento de pressão de um fluído, quando se passa de um ponto


para outro a maior profundidade, no interior do fluido em equilíbrio hidrostático,
depende da massa volúmica do fluido e é proporcional ao desnível entre os referidos
pontos.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


45
A lei fundamental da Hidrostática permite-nos concluir que:

 A pressão no interior de um líquido, em equilíbrio hidrostático, aumenta com a


profundidade.
 A superfície livre de um líquido, em equilíbrio hidrostático, é plana e horizontal.
 Dois pontos que se encontrem ao mesmo nível, no interior de um líquido, contido
num vaso, em equilíbrio hidrostático, estão à mesma pressão.

Se Δh = 0 →𝑃𝑏=𝑃𝑎

Fig.1.2

 Dois pontos que se encontrem ao mesmo nível, no interior de um líquido contido num
sistema de vasos comunicantes, em equilíbrio hidrostático, estão à mesma pressão.
 A pressão em um dado ponto no interior do líquido, é constituída de duas parcelas:
a primeira P0, representa a pressão exercida na superfície livre do líquido e a
segunda, 𝜌𝑔h, a pressão produzida pelo peso do próprio líquido.
 A pressão exercida propriamente pelo líquido é dada por 𝜌𝑔h. Para um dado líquido,
em um mesmo local, ela só depende de h. Portanto, na fig.1.3, as pressões no fundo
dos três recipientes que contêm o mesmo líquido serão iguais, embora os vasos
tenham formas diferentes e quantidades diferentes de líquido.

Fig.1.3

A força de pressão exercida no fundo de um vaso não depende da forma deste, nem do
peso do líquido nele contido; depende, apenas da área do fundo e da altura do líquido.
Sua expressão é: p= p𝒐+𝝆𝒈𝒉 A

Exercícios resolvido:

1. Um reservatório contém água, cuja densidade é 1 g /cm3, até uma altura de 10 m. A


pressão atmosférica local é 105 N/m2 e a aceleração da gravidade é g = 10 m/s2.
Determine a pressão no fundo do reservatório expressa em N/m2.
Solução:
De acordo com o teorema de Stevin, a pressão no ponto B,
situado no fundo do reservatório, vale:
Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831
46
p = pA +𝜌gh
Mas pA =patm =105 N/m2; 𝜌 =1 g/cm3 = 103 kg/m3; H= 10 m
Assim:
p = 105N/m2 + 103kg/m3 ×10m/s2 × 10m ⇒ p = 105 N/m2 + 105⇒p = 2 ×105 N/m2

Resposta: a p = 2 ×105 N/m2

2. A pressão no interior de um líquido homogêneo em equilíbrio varia com a


profundidade, de acordo com o gráfico.

Determine:
a) a pressão atmosférica;
b) a densidade do líquido;
c) a pressão à profundidade de 20 m.
(Adote g = 10 m/s2.)
Solução:
A representação gráfica em questão corresponde ao teorema de Stevin e portanto à
fórmula: p = patm+𝜌gh
a) A pressão atmosférica é o valor da pressão na superfície livre do líquido, isto é, a
pressão no ponto de profundidade
nula. No gráfico, h =0 corresponde a: patm= 1 . 105 N/m2

b) Para calcular a densidade do líquido, lemos no gráfico um par de valores de


pressão e profundidade (exemplo: p = 2 . 105 N/m2 em h = 10 m).
Aplicando o teorema de Stevin, obtemos:
1.105
2.105= 1 .105 + 𝜌.10.10 ⇒100𝜌 = 2.105 - 1.105⇒100𝜌 =1.105⇒ 𝜌 = ⇒ 𝜌 = 1.103 𝑘𝑔/𝑚3
100

c) Aplicando novamente o teorema de Stevin, para a profundidade h= 20 m, obtemos:


p =1 . 105 +1 . 103. 10 .20 = 1 . 105 + 2 . 105 ⇒ p= 3 . 105 N/m2

Respostas: a) 1.105 N/m2; b) 1 . 103 kg/m3; c) 3 .105 N/m2

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


47
3. Uma piscina, de 10m de profundidade, está cheia de água. O valor de 𝜌=1,0*103kg/m3.

a) Qual é a pressão, no fundo da piscina, decorrente apenas do peso da água?

b) Sabendo-se que a pressão atmosférica local vale 76cmHg, qual é a pressão total no
fundo da piscina?

Solução
a) A pressão devido o peso é dada por 𝑝=𝜌𝑔h substituindo os valores das variáveis,
teremos: 𝑝=1×103𝑘𝑔/𝑚3×9,8𝑚/𝑠2×10𝑚
𝑝=0,98×105𝑃𝑎
b) A pressão total é dada por 𝑝=𝑝0+𝜌𝑔h
Como 76𝑐𝑚𝐻𝑔=1,01×105𝑃𝑎; 𝑝=1,01×105𝑃𝑎+0,98×105𝑃𝑎 𝑝=1,99×105𝑃𝑎
Execícios Proposto
1. Como medir a pressão atmosférica? Explique a experiência de Torricelli.
2. Um submarino levando uma equipa medica navega a 100 m de profundidade.
Qual a pressão exercida pela água do mar sobre o submarino? (Dados: densidade da
água do mar ρ =1,03.103 kg/m3 e g = 9,81 m/s2.)
3. Um reservatório contém água até a altura de 5m. Determine a pressão exercida
exclusivamente pela água no fundo deste reservatário? Tenha em conta que a
densidade da água é de 1.103 kg.m-3.
4. A que altura deve se colocar o balão de sangue sabendo a pressão sistólica do
paciente é de 120mmHg e a densidade do sangue é de 1,06g/cm 3?
5. (UAN/2017) Um tubo em forma de U, contem dois líquidos não miscíveis, água e óleo
X. a altura da coluna de óleo é de 12.6 cm. O Desnível entre as superfícies livres dos
líquidos é de 1.52 cm (a densidade da água é 1000Kg/m3). Determine a massa
volúmica do óleo X.

Respostas: A) 800kg/m3; B) 900kg/m3; C) 880kg/m3; D) 940kg/m3; E) 980kg/m3; F)


1020kg/m3; G) 1080kg/m3; H) outro.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


48
1.6 Lei de Pascal

Em 1651, o cientista francês Blaise Pascal procurou dar resposta a esta questão,
enunciando o seguinte princípio:“Qualquer variação de pressão exercida sobre um fluido
em equilíbrio hidrostático transmite-se sem nenhuma diminuição a todos os pontos do
fluido e às paredes do recipiente que o contém”

A fig. 1.5 ilustra esquematicamente o princípio de funcionamento de um elevador


hidráulico, uma aplicação da lei de Pascal. Um pistão cuja secção recta possui área
pequena A1 exerce uma força F1 sobre a superfície de um líquido tal como um óleo. A
𝐹
pressão aplicada 𝑝=𝐴1 é transmitida integralmente através dos tubos até um pistão maior
1

com área A2. A pressão aplicada nos dois cilindros é a mesma, logo

𝐹 𝐹 𝐴2
𝑝=𝐴1 = 𝐴2 𝑒 𝐹2 =𝐴
1 2 1 ×𝐹1

Fig.1.5
Exercício resolvido:
1. O elevador hidraúlico de um posto de automóveis é acionado mediante um cilindro de
área 3.10-5 m2. O automóvel a ser elevado tem massa 3.103 kg e está sobre o êmbolo
de área 6.10-3 m2. Sendo a ace le ra ção da gravidade g =10 m/s2, determine:
a) a intensidade mínima da força que deve ser aplicada no êmbolo menor para
elevar o automóvel;
b) o deslocamento que teoricamente deve ter o êmbolo menor para elevar de
10 cm o automóvel.
Solução:
a) As intensidades das forças nos dois êmbolos são diretamente proporcionais às
𝐹 𝐹
respectivas áreas: 𝐴1 = 𝐴2
1 2

Temos:
F2 =mg = 3.103kg . 10m/s2 ⇒ F2 = 3.104 N
A1 = 3.10-5 m2 e A2 = 6.10-3 m2
𝐹 3.104 N
Assim: 3.10−51 𝑚2 = ⇒ 𝐹1 = 1,5. 102 𝑁
6.10−3 m2

b) São dados:
A1= 3.10-5 m2; A2 = 6.10-3 m2; h2= 10 cm =0,1m
Substituindo em h1.A1 = h2.A2, vem: h1×3.10-5 = 0,1×6.10-3⇒ ℎ1 = 20𝑚

Respostas: a) 1,5.102 N; b) 20 m

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


49
Exercicio Proposto
1. Em um elevador de carga o ar comprimido exerce uma força sobre um pequeno
êmbolode área circular de 5 cm de raio, que se transmite por água a outro êmbolo de
20 cm de raio. Calcular a força que se deve exercer para levantar um auto de 10000N
e a pressão que exerceria essa força. A área do círculo é 𝐴=𝜋𝑟2.
2. Numa prensa hidráulica, o êmbolo menor tem raio 10 cm e o êmbolo maior, raio 50
cm. Se aplicarmos no êmbolo menor uma força de intensidade 20 N, deslocando-o
15cm, qual será a intensidade da força no êmbolo maior e seu deslocamento?
3. Num elevador hidráulico um carro de 10000N de peso está apoiado num êmbolo de
área S2 =500 cm2. Determine o módulo da força F2 que aplicada no êmbolo de área
S1=25 cm2 equilibra o carro?

1.6 Lei de Arquimedes e corpos flutuantes

No dia-a-dia observamos factos que comprovam a existência da Impulsão exercida por


um fluido sobre um corpo que nele esteja total ou parcialmente mergulhado. É o que
acontece quando procuramos introduzir um recipiente na água, como por exemplo, um
balde, para enchê-lo, quando mergulhamos ou pretendemos flutuar na água, etc etc.

A impulsão é, portanto, a força exercida verticalmente para cima por um fluido sobre um
corpo que nele esteja total ou parcialmente mergulhado, cujo módulo é igual ao módulo
do peso do volume do corpo.

Esta lei diz: “Todo o corpo mergulhado total ou parcialmente num fluido recebe, da
parte deste, uma impulsão vertical de baixo para cima e de intensidade igual ao
valor do peso do volume de fluido deslocado pelo corpo”.

A lei de Arquimedes é outra consequência da lei fundamental de hidrostática, que foi


inicialmente formulada para a água, mas que também é válida para qualquer fluido, até
mesmo o ar. Os balões de ar quente, por exemplo, flutuam porque o impulso do ar
externo, frio, é maior que o peso do balão.
Sua expressão matemática é:
𝐼=𝜌𝑔𝑉 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝜌𝑉=𝑚 ; 𝑡𝑒𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐼=𝑚𝑔
Equilíbrio dos corpos flutuantes
Quando um corpo possui densidade menor que a do fluido, ele flutua. O corpo humano
pode flutuar na água e um balão cheio de hélio flutua no ar. Isto, é:

 Quando a 𝜌𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜>𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 o corpo afunda.


 Quando a 𝜌𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜=𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 o corpo fica em equilíbrio no seio do fluído
 Quando a 𝜌𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜<𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 o corpo flutua à superfície do líquido.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


50
Tabela2.Massas específicas (0oC e a pressão de 1atm)
Substância 𝝆(𝒌𝒈𝒎−𝟑)
Hidrogénio 8,99×10−2
Ar 1,29
Cortiça 2,4×102
Gasolina 7,0×102
Gelo 0,917×103
Água 1,00×103
Água do mar 1,03×103
Glicerina 1,26×103
Alumínio 2,70×103
Ferro 7,86×103
Cobre 8,92×103
Prata 10,5×103
Chumbo 11,3×103
Mercúrio 13,6×103
Ouro 19,3×103
Platina 21,4×103

Ex: Calcular a fracção do volume de um cubo de hélio que sobressai do nível de água,
quando flutua em um vaso com água.
Resolução
O hélio flutua sobre a água porque tem uma densidade menor que da água, 𝜌=917𝑘𝑔/𝑚3. O
peso do cubo do hélio é 𝑃h=𝑚h𝑔=𝜌h𝑉h𝑔.
A força de impulsão igual ao peso da água deslocada é:𝐼=𝜌𝑎𝑔𝑉, onde V é o volume do cubo
do hélio debaixo da água. Como 𝑃h=𝐼 a fracção do hélio submergido é:
𝜌𝑎𝑔𝑉=𝜌h𝑔𝑉h →𝑉/𝑉h=𝜌h𝜌𝑎
𝑉/𝑉h=917𝑘𝑔/𝑚/31000𝑘𝑔/𝑚3
𝑉/𝑉h=0,917 Portanto o que sobre sai da água é 1−𝑉/𝑉h=1−0,917=0,083 𝑜𝑢 8,3%.
Exercícios de Consolidação
1. o que entendes por fluido e como se caracterizam?
2. Quando é que um fluido está em equilíbrio hidrostático?
3. Quantas e quais são as leis que regem o estudo da hidrostática? Enuncie e escreva a expressão
matemática de uma ao seu critério.
4. Num recipiente qualquer, há uma mistura heterogénea (água1, óleo2 e um grão de arroz3),
face a essa experiência, nota-se claramente que o óleo flutua sobre a água e o grão de arroz
submerge.

Elaborado pela coordenação de Física do ITSH Nº1831


51

Você também pode gostar