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Apresentação
Essa nota é uma complementação da Nota 09 a Importância das intervenções sociotécnicas para
o desenvolvimento rural. Portanto, o objetivo aqui é apontar como algumas técnicas podem ser
utilizados em trabalhos de Ater.
Estamos refletindo ao longo da disciplina ERU 451 que os processos de intervenção participativo
nas práticas de Extensão Rural, devem contribuir estimulando os agricultores a se organizarem
em torno de seus problemas, prioridades e demandas. Valorizando suas potencialidades e suas
capacidades de organização coletiva. Isso pode ser feito mediante a reuniões, seminários,
entrevistas coletivas e aprendizagem conjunta na solução dos problemas identificados. Nesse
sentido, recorrendo a Thiollent (2011), podemos compreender que essa postura pode contribuir
para o fortalecimento da capacidade coletiva de decisão e de controle quanto à definição da
utilização dos recursos e da fixação das demandas dos agricultores conforme as condições
sociais, econômicas e do saber tradicional existente.
Essa visão imprime um caráter de intervenção dialógico entre técnico e comunidade, permitindo
que ambos aprendam e construam juntos. Além de respeitar a pluralidade e as diversidades
sociais, econômicas, étnicas, culturais e os saberes locais. Nesse sentido, como aponta Delgado
(2001), a dimensão do local constitui papel crucial no estabelecimento dessas visões.
Tais propostas devem levar em conta a percepção que as comunidades têm da natureza, território
e dos aspectos socioeconômico. Tais ferramentas como os estudos etnoecológico podem ser
utilizadas como ferramentas importantes para interpretar como grupos sociais inter-relacionam
com a natureza, com os elementos simbólicos, com a cultura e saberes e conhecimentos que são
adquiridos empiricamente, passados de geração em geração.
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Assim sendo, esse tipo de intervenção pode ser redefinido como uma ferramenta que permite
focar a percepção e manejo das comunidades tradicionais, possibilitando inclusive o conhecimento
de maneiras de promover a sustentabilidade e exploração de determinado recurso natural,
privilegiando de certa maneira o conhecimento dos grupos em relação ao sistema de produção.
No campo da Antropologia, a etnoecologia pode ser entendida como ferramenta que possibilita o
mediador entender melhor as relações existentes de comunidades tradicionais sobre a natureza e
o universo social destes grupos que convivem mais diretamente com o ambiente natural.
Outras ferramentas utilizadas nesse contexto são os etnomapeamentos que podem ser utilizados
a partir da reflexão comunitária sobre desenvolvimento, produção, proteção e fiscalização do
entorno de seus territórios. Assim, o etnomapeamento, mapeamento participativo, consiste num
instrumento de Planejamento Territorial e Ambiental junto às comunidades indígenas.
Sobre a ideia do mapeamento participativo, Correia (2007) aponta que o mapeamento construído
de forma participativa junto aos grupos permite, não só a construção de conhecimento, mas
também, como um elemento dentro do processo político, contribui para refletir sobre algumas
demandas indígenas, como no planejamento territorial.
Nessas propostas de intervenção, o que se tem em comum é a ação do profissional que busca
como ponto de partida o saber cotidiano ou local traduzido para o saber científico. Essas técnicas
também são marcadas pela mobilização, permitindo identificar importantes aspectos ao nível local.
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Assim, nas últimas décadas, várias ONG's têm empregado concepções de trabalhos por meio de
metodologias participativas que se orientam e articulam suas relações no âmbito local. Dentro
dessa filosofia podemos destacar algumas metodologias participativas como: Diagnóstico Rápido
Participativo Emancipador (DRPE), Método Altadir de Planejamento Participativo (MAPP) e os
estudos etnoecológicos e etnomapeamentos. Esses métodos procuram garantir o
reconhecimento dos valores culturais, do saber e das demandas materiais da comunidade,
proporcionando a participação dos atores sociais envolvidos, deflagrando-se num processo
educativo fundamentado na interação do diálogo.
Entretanto, é importante notar, necessário que se tenha o cuidado para que não se reproduza
nesse tipo de abordagem uma postura clientelista ou assistencialista, muito comum entre alguns
políticos, funcionários governamentais, dentre outros atores que podem, por vez, se apropriarem
das metodologias com interesses políticos ou pessoais. Esse tipo de postura acaba contribuindo
para que o processo deixe de ser participativo e as pessoas da comunidade se tornem, “fantoches”
desarticulados, ou seja, elas podem estar fisicamente presentes em reuniões e processos
decisórios sem necessariamente tomarem consciência de sua condição interventora ou ainda,
através de uma relação com o poder local, naturalizarem práticas, trocas e relações
personalizadas que não condizem com a perspectiva de participação. Além disso, as metodologias
participativas podem ser uma ferramenta importante no processo e devem ser utilizadas para
atender a realidade local.
Pontos importantes
Podemos apontar que um dos principais problemas que os atores que trabalham com
desenvolvimento local enfrentam está relacionado, principalmente, com as diferenças existentes
entre a aplicação de um projeto externo e a realidade local, já que esta pode apresentar outras
demandas não enunciadas em tal projeto. Nesse sentido, as mudanças que os agentes de
desenvolvimento propõem se depara, muitas vezes, com uma realidade social distinta, ou seja,
lida na prática cotidiana, com uma variedade de costumes, de saberes e valores adquiridos por
uma determinada comunidade ou grupo. Dessa forma, não é possível pensar em processos de
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• Grau de divisão e coordenação de tarefas de modo que o grupo todo tenha conhecimento
das ações e possa tomar as decisões;
• Comunidade como parte integrante das soluções, ou seja, planeja quem executa, executa
quem planeja.
Alguns obstáculos
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• Visão de que todas as pessoas da comunidade são iguais, pensam iguais e agem iguais
por parte dos técnicos e dos mobilizadores;
• Visão de que a comunidade é alvo, cliente, paciente e não sujeito principal, como
autênticos interessados no processo;
• É mais prático receber as coisas dos outros, a comunidade ter uma postura pensada nas
bases do clientelismo.
A mobilização social
Nesse sentido, Mafra (2007) aponta que mobilização social se constitui num processo de
envolvimento das pessoas em causas coletivas, como, por exemplo, um grupo de agricultores
convocados pelos extensionistas para discutir o problema da comercialização da sua produção,
para juntos de forma participativa tomarem decisões ou regulamentarem coisas que são coletivas.
Assim, mobilizar é como um processo de gerar relações.
Além disso, a mobilização social envolve a partilha de algo que é público: as causas coletivas são
de todos – ainda que assumidas/protagonizadas por determinados atores, como extensionistas,
agricultores, movimentos sociais, dentre outros. Numa sociedade democrática, em que se acolhe
permanentemente a luta por direitos e a participação dos sujeitos nas causas que os afetam, a
mobilização social deve se constituir enquanto uma forma participativa de resolução de problemas
e de definição de aspectos que envolvam as diferentes visões sobre aspectos coletivos. (MAFRA,
2007).
Estar atento, portanto, à mobilização social é perceber a dinâmica de organização coletiva que,
mais cedo ou mais tarde, será constituída pelos sujeitos, sempre que uma questão pública (um
problema, uma decisão, uma política) os afete no curso de suas vidas.
O agente mobilizador
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Dessa forma nenhuma fala deverá ser descartada, o que deverá ser feito é questioná-la mediante:
como isso pode ser feito? Quem se responsabiliza? O que o grupo acha? Mas sempre buscando
um caráter educativo, pois um dos principais papéis do agente mobilizador é o de mediar,
sistematizar, organizar as ideias e apresentar os resultados, e lembrando-se sempre que é a
comunidade reunida que será o filtro das decisões.
Alencar e Gomes (1999) chamam atenção que durante uma reunião para levantar prioridades
numa comunidade, provavelmente o resultado não irá coincidir com aquilo que o agente
mobilizador acredita ser o ideal, mas isso é normal, pois se o processo é participativo não será
para coincidir mesmo, posto que deva abarcar diferentes visões.
É importante deixar claro que o agente mobilizador tem um papel importante no processo, além
de ser o responsável pela animação, pela condução dos trabalhos nas reuniões, ele deverá
garantir que todos os membros participem, falem dos problemas, das causas, das consequências
e das possíveis soluções e, se possível, discutindo com os membros participantes das reuniões a
quem cabe qual ação, ressaltando sempre a necessidade dos participantes tomarem parte dos
processos deliberativos, adquirindo, gradualmente, autonomia decisória com relação às questões
e situações enfrentadas.
A equipe de mobilizadores
Uma das principais características de uma boa equipe para lidar com as metodologias
participativas é que esta deve estar capacitada e preparada para lidar com o público, seja ele
pequeno ou grande. O ideal é que a equipe seja formada por pelo menos quatro integrantes, que
se revezem durante a condução dos trabalhos. Quando um estiver na frente conduzindo os
trabalhos, os demais deverão estar espalhados pelo local da reunião, anotando tudo e prestando
atenção nos gestos e “cochichos” que acontecem durante o encontro. Esse momento é importante,
pois é muito comum nessas comunidades às pessoas se sentirem envergonhadas ou
constrangidas em falar em público e geralmente se limitem a comentários com o seu colega ao
lado.
A equipe deverá ficar atenta e evitar que a fala fique concentrada apenas com algumas pessoas,
sendo assim, é importante que a equipe crie mecanismos que possibilitem que todos os presentes
na reunião falem. Por exemplo, quem estiver animando pode voltar-se para uma pessoa presente
na reunião que ainda não falou e perguntar o que a pessoa acha da sugestão que está sendo
apresentada, ou quem estiver anotando poderá interromper a reunião para pedir a fala para a
pessoa próxima a ela.
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É importante deixar claro que para se alcançar êxito durante cada reunião é necessário que se
tenha feito um bom preparativo até se chegar a ela. Desta forma é importante destacar alguns
pontos necessários para a construção desse processo, atentando, no entanto, para o fato de que
não existe uma receita ideal, pois cada comunidade possui uma realidade distinta.
1. A primeira etapa é a elaboração de um roteiro prévio (Tabela 01) listando quais as
informações necessárias que serão levantadas e quais as técnicas que serão utilizadas. Nesta
etapa, deve-se procurar distribuir tarefas entre toda a equipe;
4. Definir um horário de reuniões que seja melhor para a maioria das pessoas da comunidade
(caso a comunidade seja grande poderão ser feitos agrupamentos para facilitar o trabalho);
5. Selecionar um espaço para as reuniões, procurando um local que tenha uma distância
intermediária entre todos da comunidade, de preferência em locais onde a comunidade já
realiza seus encontros. Verificar também se o local tem capacidade para todas as pessoas
convidadas. É importante evitar desmarcar as reuniões e procurar chegar antes do horário para
checar todos os detalhes necessários;
6. Lembrar sempre, antes de ir para as reuniões, de levar todo o material necessário como:
cartolinas, pincéis, canetas, fita crepe, lápis de cor, giz, etc.
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1. Posicionamento das cadeiras, num modelo clássico de reunião as pessoas ficam sentadas
umas atrás das outras como numa sala de aula, esse tipo de layout dificulta a interação
dos participantes dessas reuniões. Conforme pode ser observado na figura a seguir.
Por isso, é interessante que as cadeiras sejam arrumadas na forma de mesa redonda, ou em
círculo, pois permite uma interação maior dos participantes na reunião, possibilitando que a
discussão seja feita olho no olho. Conforme pode ser observado na figura 02 a seguir.
2. Antes de iniciar ter bem claro a pauta da reunião e procurar apresentar os assuntos que
irão ser discutidos, a sequência em que vai ser abordado, o tempo que se pretende dedicar
a cada assunto;
3. Deverá ser utilizada uma técnica de cada vez, ou seja, em cada encontro deverá ser
escolhida a técnica que mais convém. É essencial, sempre no primeiro encontro, procurar
fazer uma apresentação de todos os membros presentes para que a equipe possa
conhecer melhor os participantes. Lembrar-se de passar uma lista de presença. Outra
técnica interessante para começar os encontros é o mapeamento, que permitirá conhecer
como é e como era a comunidade.
4. Ficar atento aos olhares, gestos e expressões dos presentes porque esses movimentos
na maioria das vezes representam a aprovação ou negação do que está sendo discutido.
O anotador tem um papel importante de procurar perceber esses aspectos;
5. Durante a utilização da técnica o animador tem que procurar provocar (no sentido de gerar
a discussão) ao máximo a comunidade, perguntando, por exemplo, o senhor concorda
com isso? Essa situação é a que corresponde a da comunidade? Não tem alternativa?
Vocês concordam com a posição do Sr. Antônio?
7. Durante as reuniões os anotadores devem evitar conversas paralelas, que fujam dos
objetivos. E em alguns casos os anotadores podem ajudar o animador lançando ao grupo
frases ou ideias que estão sendo “cochichadas”.
Qualquer tipo de intervenção em uma comunidade deve levar em conta vários aspectos comuns
como localização, história da comunidade, número de famílias, envolvimento dessas pessoas com
a comunidade e outros que já foram abordados anteriormente.
Pereira et al. (1998) sugere que a intervenção em cada comunidade deve seguir um processo
cumulativo de coleta de informações, conjugando técnicas coletivas com técnicas individuais, no
sentido de captar as diferentes percepções e situações da comunidade.
É importante ressaltar que para a utilização das técnicas tem que se ter em mente que o uso delas
vai depender dos objetivos, das condições e dos recursos disponíveis. Entretanto, existe uma
variedade de técnicas que pode ser utilizada em várias combinações que possibilitem o
conhecimento da comunidade. Logo abaixo serão apresentadas algumas dessas técnicas e
exemplos3.
Técnicas individuais
Entrevista semiestruturada
É uma entrevista baseada em roteiro prévio de questão que servirá para auxiliar os mobilizadores
durante a entrevista, para que nenhum ponto importante deixe de ser abordado. O tempo e o modo
como os tópicos (que não são fechados) serão transformados em questões decorrerão do
procedimento da entrevista. Não existe nenhum impedimento no caso de aprofundamento de
algum tópico por meio de questões que possam surgir durante a entrevista. Uma vantagem dessa
técnica de pesquisa é que a mesma permite a descoberta e a compreensão de um fenômeno novo
fornecido pelo entrevistado a partir de desdobramentos de algumas questões do roteiro. É
importante ressaltar que o processo acontece considerando quatro componentes básicos:
1 – entrevistador;
2 – entrevistado;
3 – situação de entrevista;
4 – roteiro de entrevista.
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Os exemplos fazem parte da experiência do autor, principalmente em diagnósticos rápidos
participativos, quando o mesmo fez parte da equipe coordenada pelo professor José Roberto Pereira da
Universidade Federal de Lavras e o Grupo de Trabalho da reforma agrária do Decanato de Extensão da
Universidade Federal de Brasília, para a elaboração de Plano de Desenvolvimento de Assentamentos (PDA).
Além da realização de trabalhos de consultoria na empresa Ecology Brasil.
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Uma vantagem da entrevista é sua maior flexibilidade, pois no caso do questionário, se a pessoa
interpreta erradamente uma pergunta ou registra suas respostas de maneira confusa, geralmente,
pouco se pode fazer para remediar a situação. Numa entrevista, existe a possibilidade de repetir
as perguntas ou apresentá-las de outro modo para que se possa ter a certeza de que são
compreendidas ou fazer outras perguntas a fim de esclarecer o sentido de uma resposta, e ainda
existe a possibilidade do pesquisador se interagir mais com o entrevistado.
Utilizando a técnica: por meio de um roteiro cujo objetivo é levantar as questões de interesse, o
mobilizador procura realizar a entrevista, que pode ser gravada com a autorização do entrevistado.
Caso a entrevista não seja gravada, é importante que a entrevista, seja realizada por pelo menos
duas pessoas: uma para perguntar e outra para anotar. Durante as entrevistas é necessário que
se tenha alguns cuidados como disponibilidade do informante, desconhecimento do informante e
do entrevistador por parte do assunto, falhas de omissão, roteiro mal elaborado.
Rotina diária
É um diagrama que ilustra rotinas diárias das pessoas (Figura 03). Pode ser usado para entender
a realização de tarefas, sua carga horária de trabalho, enfim a utilização do tempo do entrevistado,
as diferenças de atividades entre o homem e a mulher, diferentes estações do ano, etc.
Estas informações são importantes porque muitos projetos de desenvolvimento falham por
introduzirem novas atividades que homens e mulheres não têm tempo de realizar. Nessa técnica
também permite abrir brechas para explorar questões como alimentação, higiene, educação e
saúde da família.
Utilizando a técnica: é solicitado aos participantes que identifiquem todas as tarefas que
executam a partir do momento em que acordam, passando pelas atividades diárias até a hora de
dormir. As informações são anotadas em um diagrama em forma de círculo dividido em quadrantes
por hora. Logo baixo é apresentado uma rotina diária de agricultoras em municípios do sertão do
estado do Ceará.
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TÉCNICAS COLETIVAS
São aquelas desenvolvidas para trabalhar de preferência em grupo, mas algumas podem ser
trabalhadas individualmente. São técnicas que não possuem restrição ao número de participantes.
O seu interesse é estimular o caráter participativo e pedagógico, uma vez que proporcionam o
debate sobre os temas e problemas levantados pela comunidade em grupo.
Mapeamento Histórico
O mapeamento permite que a comunidade faça um desenho, mostrando detalhes da região e
contando a transformação do espaço (Figura 04). O produto final é muito interessante tanto para
os mobilizadores quanto para os membros da comunidade, pois em alguns casos os moradores
mais novos ficam sabendo ou conhecendo alguma construção, ou lugar importante que não existe
mais, além de ser um importante meio de comunicar percepções a respeito do meio ambiente
local. O mapeamento facilitará a definição do percurso da caminhada transversal e de possíveis
pontos a serem visitados. Logo abaixo é apresentado o resultado de um mapa produzido em um
assentamento rural na região do Distrito Federal.
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Legenda
Reserva Legal (área com muita pedra e cascalho) “Chácaras” na área do cerrado
Utilizando a técnica: com as pessoas reunidas em grupo utilizando-se de lápis de cor, cartolina,
ou até mesmo giz - no caso de se fazer o desenho no chão - e pede-se a elas que desenhem sua
comunidade ou qualquer aspecto dela que julguem importantes. O importante da dinâmica não é
o resultado do desenho e sim as discussões produzidas ao longo da dinâmica. Essas informações
podem oferecer importantes instrumentos como histórico do grupo, uso e ocupação do solo,
relações de vizinhança, entre outros.
ETNOMAPEAMENTO
O etnomapeamento é uma dinâmica que pode ser usado junto a grupos tradicionais como
indígenas, que consiste num instrumento de Planejamento Territorial e Ambiental, possibilitando
provocar reflexões sobre estratégias de proteção e fiscalização. Através da discussão sobre a
transformação do espaço, detalhes da região, utilização dos recursos naturais, usos e as formas
de ocupação do território, invasões das terras indígenas, potencialidades de seus territórios, e
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utilização do território indígena. Nas figuras abaixo é possível observar o uso dessa dinâmica em
comunidades indígenas.
Sobre a ideia de abordagem participativa, Correia (2007) aponta que o mapeamento construído
de forma participativa junto a grupos indígenas permite, não só a construção de conhecimento,
mas também, como um elemento dentro do processo político, contribui para refletir sobre algumas
demandas indígenas, como no planejamento territorial.
Utilizando a técnica: uma forma de trabalhar com essa dinâmica é o uso de imagens de satélites,
para o levantamento das informações que se busca discutir junto ao grupo. O uso de imagens de
satélites ajuda a produzir informações relevantes para pensar, não só a proteção e fiscalização,
bem como a gestão territorial destes espaços.
Além disso, a utilização de imagens de satélite constituiu numa proposta didática interessante,
pois além de provocar as discussões sobre a importância da utilização dos recursos naturais e
proteção das terras, as imagens possibilitam provocar as percepções dos indígenas sobre seu
território.
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Caminhadas Transversais
Esse resultado é fundamental para que técnico possa auxiliar a comunidade no manejo e nas
formas de utilização dos seus recursos. Na figura abaixo é possível observar o resultado de uma
caminhada transversal realizada em um assentamento rural.
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1. Vegetação nativa de cerrado com espécies 2. Margeando o Córrego Guará encontram-se faixas de 3. Há predominância de 4. Presença de vegetação
indicativas de solo fértil como pau de óleo, aroeira, cerrado mais ralo, e faixas mais densas, característico de vegetação nativa, com áreas de de cerrado mais densa,
cedro, além da mangaba, baru, pequi, tingui e pimenta- Mata de galeria, “mais para o interior”, nota-se a presença cerrado mais denso, com a com espécies de grande
de-macaco. Apresenta manchas de latossolo vermelho- de áreas de capim-nativo, de veredas e de pequenas roças presença de pequi, sucupira- porte e pequenas áreas
amarelo com predominância do cambissolo. A fauna de toco, onde foram cultivados mandioca, milho, branca, pau de óleo, jatobá e de roça de toco, onde
local pode ser caracterizada pela presença cada vez amendoim e arroz. As espécies de cerrado encontradas áreas de cerrado mais ralo, com foram plantadas
menor de animais como catitu e anta. Na moradia foram foram: pequi, buriti, ipê-roxo, ipê-amarelo, aroeira-branca, a ocorrência da lixeira, do cajuí e mandioca, abacaxi e
empregados materiais locais como a folha de “indaiá” jequitibá, cajuí, garapa, buritirana, angico, sucupira, jacaré, do tinguí. Foi introduzido numa milho consorciado com
(babaçu), estando a mesma localizada numa área mais jatobá. A presença de capim-jaraguá, que é nativo da pequena área o capim abóbora. Notou-se a
próxima ao curso d’água (Córrego Guará). região, caracteriza solos pobres e mais rasos. O andropógon e a mandioca. O solo presença de solos mais
encrostamento superficial do solo é acentuado pelo se caracteriza pela abundância férteis, sem cascalho e
período sazonal. As espécies de animais mais de cascalho e pela presença de cupim. Destaca-se a
encontradas foram: saracura, cutia, tatu e juriti. No período cupins. Grota de São Luiz, que
de seca, que na região ocorre de maio a outubro, o mantém um pequeno
Córrego Guará seca, fazendo com que a água para o volume de água na época
consumo humano e animal seja buscada em longas das chuvas.
distâncias.
Fonte: Pereira et al. 2001 (c)
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A construção
Essa técnica tem o objetivo de elaborar “maquetes” que representem o espaço social onde as
pessoas vivem, ou até mesmo a projeção de um espaço ideal que ainda não existe, como
acampamentos que estão se tornando assentamentos rurais. Além disso, essa dinâmica pode ser
discutida com outros grupos, como indígenas, de forma lúdica, procurando problematizar como é
o processo de ocupação de suas comunidades, bem como sua distribuição espacial. Nas figuras
abaixo é possível observar um grupo de indígenas no estado do Mato Grosso participando dessa
dinâmica.
O diagrama é elaborado para ajudar na compreensão das relações que as instituições formais e
informais têm para a comunidade. Serve também para reconhecer a sobreposição que possa
existir em processos de decisão e cooperação. Não enfatiza apenas as instituições, mas também
as oportunidades de melhor comunicação com elas. Logo abaixo é apresentado o resultado de
um Diagrama de Venn em um assentamento, essa dinâmica permitiu mapear as instituições que
se relacionam ou tem alguma importância para essa comunidade (Figura 08).
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Agência Rural
BB de Padre
Bernardo
INCRA: SR.28
UnB-GT-RA
UCB -EFA
Assentamento Vereda I
Prefeitura: Presente
Prefeitura: Futuro
Usando a técnica: em primeiro lugar pede-se para a comunidade listar todas as entidades ou
instituições que a ela acha importante para o grupo. Nesse momento, o animador tem que ter o
cuidado para não influenciar a comunidade, deixando a mesma à vontade para fazer a listagem
das instituições. Ao se iniciar o jogo, o animador tem que deixar claro que a bola de referência ou
a unidade chave sempre será a comunidade, que ficará no centro do jogo. A partir da bola de
referência as demais bolas serão jogadas considerando duas regras, a primeira relacionada com
a importância, ou seja, o tamanho da bola, quanto maior a bola mais importante será a
organização, e a segunda regra, relacionada com a distância da bola em relação à bola que
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representa a comunidade, assim, quanto mais perto da bola da comunidade mais atuante ou mais
contato a instituição tem com a comunidade, e quanto mais distante, indica pouca atuação ou
contato nenhum que a instituição tenha com a comunidade. Observação: com exceção da bola
que representa a comunidade, as demais bolas deverão ser feitas por pessoas presentes na
reunião e não pela pessoa que estiver conduzindo a técnica.
Teatro participativo
Usando a técnica: é solicitado ao grupo que elabore um roteiro a partir de um tema gerador que
a comunidade escolher, e que os participantes do teatro escolham seus papéis. Isso possibilita a
oportunidade para comunicar suas opiniões e ideias sobre o tema que está sendo discutido. Uma
sugestão é propor cenas rápidas e humorísticas. Nesse teatro é possível, por exemplo, realizar
uma discussão de gênero encenando como homens e mulheres usam e manejam os recursos da
terra, ou como os adolescentes se relacionam com a comunidade em que estão inseridos. O teatro
pode ser utilizado com a combinação de outras técnicas como a construção, a rotina diária, dentre
outras.
É utilizada para descobrir quanto um tema é conhecido localmente e quais são as atitudes a tomar
em relação ao mesmo. O trabalho básico é ordenar certas proposições de acordo com critérios
selecionados. As opções podem abranger medidas de conservação das fontes de água e do solo,
as variedades de cultivo de cereais, os tipos de fertilizantes, as árvores, os frutos, etc. A matriz
também ajuda a descobrir as diferentes percepções dos diferentes grupos sociais, em relação ao
mesmo tópico, fornecendo uma imagem mais nítida da situação.
Usando a técnica: é solicitado ao grupo que liste os tópicos referentes aos gastos com a
produção, como mão de obra, insumos, preços, criações, etc. Em seguida os presentes vão dando
peso a cada atividade de acordo com uma escala de mais importante a menos importante. O
resultado é a geração de dados econômicos de cada atividade desenvolvida dentro da
comunidade ou da propriedade. Exemplo na tabela 02.
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Calendário Sazonal
É elaborado para ampliar o entendimento dos ciclos dentro do sistema de vida local. Ele possibilita
mostrar, mês a mês, os padrões de precipitação das chuvas, as sequências dos cultivos, a
utilização das fontes de água, a alimentação dos rebanhos, rendimentos, dívidas, migrações,
colheita natural, demanda de trabalho, disponibilidade da mão de obra, saúde, doenças, atividade
de conservação do solo e da água, pestes e epidemias, dentre outros.
O calendário sazonal é importante para se entender a articulação dos diferentes componentes na
vida rural como mutirão ou "troca de dias" bem como qualquer característica especificamente
sazonal do ambiente. Logo abaixo é apresentado um calendário sazonal realizado em uma
comunidade extrativista no sul do estado do Amapá.
Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tratos culturais da
castanha
Preparar rancho e
equipamentos
Colheita, quebra dos
ouriços e transporte da
castanha
Comercialização da
castanha
Manutenção e tratos
culturais das lavouras
Plantio das lavouras
Caça e pesca
Legenda:
Tratos culturais da castanha
Preparar rancho e equipamentos
Colheita e transporte da castanha
Comercialização da castanha
Manutenção e tratos culturais das
lavouras de subsistência
Plantio das lavouras
Colheita das lavouras
Caça e pesca
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Usando a técnica: por meio de um gráfico, é perguntado aos participantes quais os meses de
maior ou menor demanda de trabalho, quais as atividades desenvolvidas, mês a mês, indicando
as mudanças que ocorrem ao longo do ano, além de abordar ciclos de culturas, criação, dieta e
nutrição animal. É interessante que o calendário seja baseado no calendário agrícola local e utilizar
os nomes locais para as culturas, meses e estações do ano. O gráfico pode ser feito em um quadro
negro ou cartolina, apresentado para a comunidade no final.
Entra e sai
É uma técnica gráfica que permite a coleta de informações de dados econômico e administrativo,
principalmente utilizada em comunidades rurais. Ela pode ser utilizada em grupo ou
individualmente. Tal técnica permite a comunidade uma visualização do que se compra, produz e
do que se vende ou fica na propriedade e de cada atividade desenvolvida.
Pelo seu caráter pedagógico, ela possibilita, por exemplo, que a comunidade visualize a sua
posição perante os fornecedores de insumos e os canais de comercialização, possibilitando,
assim, analisar suas potencialidades e limitações. Além disso, utilizada em grupo estimula o
levantamento de outros possíveis fornecedores e compradores, uma vez que as pessoas irão
discutir em conjunto quem são os seus fornecedores e compradores.
Logo abaixo é apresentada uma tabela construída junto a assentados na região do entorno do
Distrito Federal, essa dinâmica ajudou os técnicos e assentados a refletirem sobre questões de
comercialização, produção e trocas no interior do assentamento.
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Realidade/Desejo
Esta técnica visa conhecer os problemas e desejos da comunidade e descobrir como eles podem
ter uma participação atuante na resolução e alcance dos mesmos. Nessa técnica o caráter
educativo e esclarecedor é importante, no qual o animador procura perguntar aos participantes
sobre a realidade dos principais problemas da comunidade e como pode ser a atuação e as
possíveis soluções para resolverem esses problemas. Essa técnica permite também perceber o
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Eleição de Prioridades
Esta técnica visa conhecer as demandas prioritárias existentes na comunidade, tendo como
objetivo elegê-las em ordem crescente de prioridade. A eleição é feita mediante uma simulação,
utilizando-se de cartolinas coloridas que representam dinheiro (Tabela 05).
Segundo Pereira (1998), nesse momento a comunidade tem a oportunidade de praticar a
democracia interna, isso porque eles elegem as prioridades da comunidade após um processo
educativo de análise de sua própria realidade, tendo consciência de suas limitações e de suas
potencialidades. Além disso, essas informações poderão servir de base para o poder local nos
planos de desenvolvimento, no qual se deve respeitar a ordem de prioridade do grupo.
Área Social Azul (10) Branco (5) Amarelo (1) Total (valor)
1.Água 54 (540) 8 (40) 2 582
2.Casa 10 (100) 35 (175) 7 282
3.Escola 2 (20) 11 (55) 19 94
4.Energia elétrica 2 (20) 6 (30) 18 68
5.Posto de saúde 0 7 (35) 14 49
6.Estrada 0 5 8 13
Fonte: Pereira et al. 2001 (a).
60%
53,49%
50%
40%
25,92%
30%
20%
8,64% 6,25% 4,50%
10%
1,19%
0%
Água Casa Escola Energia Posto de Estrada
elétrica saúde
Fonte: Oliveira, 2002
Usando a técnica: para a construção da técnica são distribuídos cartões (cartolinas cortadas
representando simbolicamente o dinheiro, para atribuir valores aos votos, da seguinte forma: Azul
= R$ 10,00; Branco = R$ 5,00; Amarelo = R$ 1,00), cortadas na forma de notas que
simbolicamente representam dinheiro para atribuir valores aos votos. Cada pessoa presente na
reunião recebe um cartão de cada cor, com direito a três votos. O cartão de maior valor deve ser
destinado ao item de maior prioridade e assim sucessivamente. Após a votação se realiza a
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contagem e aqueles itens que obtiverem mais votos são considerados prioritários pela
comunidade. É importante lembrar que os itens que estão em disputa na eleição é o resultado do
que foi discutido na técnica de realidade e desejo.
Desejo Temporal
O desejo temporal é uma técnica adaptada do MAPP, para realizar os planos de ação para
comunidade. Que pode ser dividido em períodos como, por exemplo, sugeriu Pereira et al. (2001)
para assentamentos rurais, definindo uma divisão de espaço de tempo em três períodos: dez,
cinco e um ano. É interessante ressaltar que essa periodicidade pode ser modificada conforme as
necessidades de planejamento da comunidade, mas sempre tendo em mente aos interesses da
comunidade que pode variar de curto, médio e longo prazo. Essa técnica pode ser utilizada para
a realização do planejamento da comunidade, além de permitir visualizar de forma bastante,
prática os desejos, obstáculos almejados pela comunidade ao longo do tempo. Logo abaixo é
apresentado o resultado dessa dinâmica em um assentamento rural.
Usando a técnica: A partir dos dados obtidos com a técnica realidade e desejo é realizada uma
discussão com a comunidade procurando definir o período para a realização, dos objetivos e das
limitações. Na coluna do período fica o tempo que pode ser representado em anos ou meses. Na
coluna dos objetivos se relaciona o que se quer realizar, como a construção de casas, pontes, etc.
e na coluna das limitações é colocado tudo aquilo que pode ser obstáculo para que os objetivos
aconteçam. Na tabela 16 acima foi apresentado um exemplo de forma simplificada.
Estratégias de Ação
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Escola Fazer uma lista com o nome das Maria, Rita, Abril/2004 INCRA. UnB
pessoas interessadas no Carlos e José e Prefeitura
PRONERA
Procurar informações sobre os
recursos financeiros do INCRA
repassados à prefeitura
Fonte: Pereira et al. 2001 (a).
Usando a técnica: a estratégia de ação é uma sequência do desejo temporal por meio de uma
planilha simplificada. Procura-se identificar as estratégias de enfrentamento dos problemas para
cada objetivo proposto, além de delegar tarefas para os participantes.
Considerações Finais
Nessa seção foi proposto trazer algumas questões importantes a serem ressaltadas tais como:
1. Para que se haja um processo de participação é importante que o grupo no qual vocês
estejam trabalhando se sinta envolvidos no processo, isso porque uma das principais
características do método é a busca desse envolvimento.
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3. Outra questão a ser observada é o papel dos agentes mobilizadores que são
fundamentais, visto que, eles são um dos principais deflagradores desse processo. Mas é
importante ressaltar que a postura desses mobilizadores tem que estar direcionada aos
interesses da comunidade e não aos interesses políticos ou pessoais.
E, por fim, tudo o que for produzido (relatórios, mapas, planos, etc.) em conjunto com o grupo e
mobilizadores, deverão ser discutidos e apresentados para todos os envolvidos, pois essa ação
se configura num dos principais momentos de retorno e de reflexão.
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