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1. Introdução
Neste presente trabalho visa fazer uma análise teórica e conceptual sobre governação
local, descentralização corlejadas do paradigma das reformas do estado e da descentralização,
trazendo um conceito de governação e seus resultados no processo de descentralização, onde
também analisaremos as reformas legais operadas em Moçambique num contexto das
reformas dos governos locais, ilustrando os momentos de avanço e retrocesso da
descentralização no país. O grupo optou por analisar o saneamento básico do xipamanine
onde iremos ter como objectivos identificar e descrever os aspectos gerais do bairro como a
situação actual de saneamento, aspectos socioeconómicos e os aspectos naturais que de certa
forma acabam influenciando o problema. Feito isso, iremos falar dos estágios da governação
política ao nível local onde iremos apreciar os processos de participação, transparência,
responsabilização e o nível da governação económica onde iremos apreciar os níveis de
satisfação dos cidadãos beneficiários dos serviços públicos.
1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
Analisar cientificamente as reformas da governação e da descentralização local.
1.2. Metodologia
Quanto ao método de revisão, procuraremos descrever as opções metodológicas
adoptadas para a concretização do trabalho desenvolvido. Pois, importa, acima de tudo, que o
investigador seja capaz de conhecer e de pôr em prática um dispositivo para a elucidação do
real, isto é, no seu sentido mais lato, um método de trabalho. Este nunca se apresentará como
uma simples soma de técnicas que se trataria de aplicar tal e qual se apresentam, mas sim
como um percurso global do espírito que exige ser reinventado para cada trabalho.
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O presente trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica, que permitiu buscar informação dos
documentos públicos e reconhecidos na internet, também informações advindas de manuais
contendo a informação a respeito do tema.
1.3. Problematização
O rápido crescimento da população urbana em Moçambique, a incapacidade das
infraestruturas e serviços urbanos básicos para satisfazer esta população, levam numerosos
problemas especialmente os ambientais, na cidade de Maputo, um dos principais problemas
ambientais que relaciona˗se com o deficiente saneamento do meio ambiente.
Entretanto, estes problemas não são uniformes no espaço. Baquete (2001), indica que estes
problemas variam em função da localização da área urbana em causa, tamanho da população,
nível de renda e desenvolvimento económico, dimensão espacial; os problemas de
saneamento afectam mais os pobres do que os ricos.
1.4. Justificativa
A escolha do caso deve-se pelo facto do saneamento básico ser um princípio que
garante o desenvolvimento da conservação do ambiente e bem-estar da população, na medida
que, impacta directamente a vida dos cidadãos, e as actividades que englobam esses serviços
são essências para a prevenção de doenças e aumento de qualidade de vida da população. E
pelo facto de verificar se ausência de um serviço abrangente de deposição das águas pluviais,
e colecta de resíduos sólidos que são descartados em locais inadequados ao longo do bairro,
sendo assim os problemas do saneamento do meio que se manifestam no bairro Xipamanine
tem resultando casos graves relacionados com a saúde pública.
2. Quadro Teórico-Conceptual
Segundo Balandier (1987), a compreensão dos sistemas de organização política das
sociedades passa pela análise das suas interacções sociais, culturais e simbólicas.
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O interacionismo (Goffman, 2002; 1975) defende que a interacção é elemento que constitui
as formas de comportamento, e a natureza dos objectos do mundo social é simbólica;
acredita-se que o que o comportamento humano é auto-dirigido e observável, no sentido
simbólico e interacional, permitindo o ser humano planear e dirigir suas acções em relação
aos outros e conferir significado aos objectos que ele utiliza para realizar seus planos. Esta
teoria permite˗nos olhar para a definição da governação local tendo em conta um conjunto de
interacções entre os actores envolvidos.
Assim sendo, optamos pela teoria interacionista, na sua vertente da representação social,
como uma perspectiva que orientou a pesquisa. A operacionalização desta teoria permitiu
compreender a lógica da construção dos processos de identificação, status social em relação
com os espaços onde eles se manifestam. Esta teoria permitiu-nos compreender como é que
os residentes interagem e se auto-representam no processo da governação local, através da
identificação e descrição dos mecanismos de participação destes e, como é que através dos
seus recursos próprios interferem e reconfiguram os processos governativos.
3. Revisão Literária
O modelo de governação e a forma como é conduzida são aspetos particularmente
críticos para a implementação de políticas públicas e constituem uma importante
problemática dos estudos urbanos. A governação urbana, que pressupõe o planeamento, a
regulação e a gestão de várias dimensões urbanas, nomeadamente ambientais, sociais,
culturais e económicas, enfrenta uma série de dilemas em torno do grau e da qualidade de
democraticidade que promove (FERREIRA & FERREIRA 2015).
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Apesar de pouco extensa, a literatura especializada sugere um quadro interrogativo em torno
dos contextos de proximidade, que justifica um questionamento sobre se estes favorecem ou
não maior transparência e imputação de responsabilidades, maior prontidão na reação da
classe dirigente aos problemas das pessoas e das suas necessidades de identificação territorial
e se podem ou não promover uma democracia mais participada e aberta à sociedade civil
(Francisco, 2007).
Segundo Isabel e Claudino (2015), existem alguns mecanismos que permitem a participação
directa dos cidadãos nas deliberações municipais, como os referendos locais assentes em
assembleias deliberativas ou o direito de petição. Contudo, na maior parte dos casos, as
informações fornecidas numa fase adiantada dos processos e com elevados níveis de
compromissos que as deliberações apenas vão formalizar, tornam qualquer iniciativa
extemporânea. Assim, a transparência das políticas urbanas depende grandemente da vontade
e do grau de comunicação dos executivos. Os políticos da oposição, muitas vezes com
experiência de governação e detentores das chaves de interpretação que facilitam a leitura das
intenções e efeitos das decisões dos executivos, estão, por sua vez, muito condicionados pelas
suas próprias agendas políticas e partidárias, sendo muito difícil perceber quando estão a
informar e alertar os cidadãos ou apenas a travar combates políticos pela necessidade de
visibilidade política e partidária na comunicação social.
Na base das interações da triangulação entre corpos técnicos, decisores políticos e cidadãos,
existe uma cultura organizacional hierárquica que não promove, em cada um daqueles
elementos, individualmente, institucionalmente ou em parcerias, uma governação centrada
nos direitos individuais de participação na gestão das dimensões urbanas fundamentais
(sociais, ambientais ou económicas). De facto, as práticas representativas do modelo de
governação local cerceiam as possibilidades de controlo social e de participação cívica nas
políticas públicas e comprometem o acompanhamento real das decisões políticas pelos
cidadãos (FERREIRA & FERREIRA 2015).
Segundo Daniel Francisco, a ideia de governança (ou governância, como a designa) surge nos
anos 1980, dando corpo a modos de organização “mais horizontais, cooperantes e
consensuais (sobretudo entre o público e o privado), onde a noção de «rede» é fundamental”,
substituindo práticas hierárquicas de governo e o monopólio dos atores governamentais nos
processos de decisão pública (Francisco, 2007a: 6).
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A par destas tendências de governação, a governação urbana traduz uma nova forma de
governar e um novo posicionamento dos atores dos setores público e privado que são
envolvidos através de parcerias e outras redes (Andersen e Kempen, 2001: 7).
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A descentralização é um conceito de natureza política que encerra a ideia da existência de um
Governo Político (autónomo) das entidades descentralizadas (Correia 2002). A
descentralização em curso no país desde a década de 90, traduz-se num processo de
descongestionamento de competências, desde o nível central até ao local (Canhanga 2007).
Este processo vem-se desenvolver com a Constituição da República aprovada em 1990 e, a
introdução do Estado de Direito.
Na base destas leis, foram definidos três objectivos de implementação de uma governação
local Democrática em Moçambique, a saber:
a) Organização dos cidadãos para facilitar o diálogo com o Estado ou Governo, Seu
principal parceiro;
b) Aprofundamento e consolidação da democracia como principal meio de alcançar a
unidade nacional;
c) Desenvolvimento local.
Através destas leis, segue-se uma lógica organizacionista, onde pensa-se que a participação
[efectiva] dos cidadãos em processos e actividades de governação são um instrumento de
Harmonização nacional (Unidade Nacional), Consolidação da paz e Democracia em
Moçambique. Este pressuposto pode ser compreendido a partir de um relatório de
autoavaliação de Moçambique apresentado pelo Mecanismo Africano de Revisão de Pares
(MARP) da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD).
O processo da Governação Local segue uma lógica formal de organização que através dela
procura determinar mecanismos de harmonização por meio de abordagens e metodologias
Participativas. Ora, o fundamento dessas abordagens centram-se na ideia segundo a qual “a
Sociedade Civil continua fraca em termos de participação em programas de governação local,
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havendo a necessidade de se implementar instrumentos capazes de garantir uma
autoorganização para um diálogo permanente entre esta e seus eleitos." Como defende
Forquilha (2007), a Governação Local constitui-se como um campo político onde vários
actores, com recursos a uma diversidade de instrumentos, actuam, (re)constroem suas
identidades e representações, este processo consagra-se com um espaço, embora formalizado,
onde se podem estabelecer relações formais e informais.
De acordo com Massalila (1999) citado em Assura (2005) a descentralização permite uma
melhor planificação de metas, dos recursos e a mobilização dos recursos locais para aumentar
os recursos nacionais, uma vez que os beneficiários de desenvolvimento são envolvidos em
todos ciclos de planificação.
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distrital, existem constrangimentos dentre os quais, o fraco envolvimento das comunidades
locais na gestão do processo de desenvolvimento. Partindo do mesmo pressuposto, Faria
(1999) defende a introdução de iniciativas de capacitação das comunidades de modo que a
sua participação seja efectiva, que passa pelo fornecimento de instrumentos através dos quais
as populações locais podem se envolver.
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(2007), Chichava (1999), Amaral (2006), Araújo (1969), Mussane (2002). Mucabele (2004)
numa abordagem sobre a planificação participativa, explora e analisa o papel das autoridades
tradicionais neste processo.
Esta análise, para ele, passa pela compreensão da questão participação dos cidadãos em
projectos de governo (Idem, p.14). Este autor, ao considerar que “a participação dá se quando
a formulação do projecto necessita de interacção entre grupos de beneficiários e a
efectividade do projecto depende do processo de negociação entre os beneficiários, gestores e
financiadores do mesmo”, olha para a participação comunitária como um pré-requisito que
faz com que os programas do governo o sucesso.
O trajecto histórico que Moçambique teve e as políticas adoptadas logo após a independência,
estão caracterizados por um pluralismo débil (a democracia continua algo superficial) e um
sistema de poder dominante (dificuldade de distinguir o Estado do partido no poder),
caracterizado por uma forte dinâmica centralizadora do poder (em todos os domínios),
movidas em parte por aspectos herdados das lógicas e práticas coloniais (hierarquizado e
centralizado) (Caceres 2007; Canhanga 2007; Chichava 1999; Forquilha 2007).
Nesse sentido, Forquilha (2007) faz uma análise deste processo de descentralização ao
afirmar que as reformas de descentralização dificilmente podem alargar a base de
participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão a nível local, assim como não
permite reduzir a distância entre o Estado e os cidadãos.
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Nesta perspectiva, este processo em Moçambique, surge como uma viragem de todo o
processo de centralização do poder que se vinha desenrolando logo após a independência. A
adopção de um Estado descentralizado em Moçambique, visava superar a forte centralização
da Administração pública, com vista a aproximar o Estado dos cidadãos como forma de
promover aos cidadãos o serviço mínimo na saúde, educação, transporte e habitação
(MALIPA, 2014).
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intervenientes no saneamento; e (ii) factores locais, compreendem o lençol freático, densidade
populacional e de construções e a percepção ambiental dos moradores.
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5. Conclusão
O saneamento do meio no bairro de Xipamanine atravessa enumera dificuldades. Pois sistema
de drenagem das águas pluviais residuais é deficiente, facilitando a ocorrência de varias
doenças patogénicas, devido a charcos covas onde a água é acumulada por alguns residentes,
para ale, de transtornar peões e automobilistas. As latrinas tradicionais e seu maneio
representam perigo de contaminação do solo e do lençol freático. Portanto o saneamento
básico, não atende às necessidades dos residentes, devido a vários factores como défice dos
elementos que compõem o saneamento básico, e gestão ineficiente de poucas infra-estruturas
sanitárias.
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