Você está na página 1de 33

Governança Corporativa

Um breve histórico da Governança Corporativa


O termo Governança Corporativa foi criado
no início da década de 1990 nos países
desenvolvidos, mais especificamente nos
Estados Unidos e na Grã-Bretanha, para definir
as regras que regem o relacionamento dentro
de uma companhia dos interesses de acionistas
controladores, acionistas minoritários e
administradores (Garcia, 2005)
Na primeira metade dos anos 1990, num
movimento iniciado principalmente nos Estados
Unidos, acionistas perceberam a necessidade de
utilizar novas regras que os assegurassem contra
os abusos das diretorias executivas das
empresas, da inoperância dos conselhos de
administração e, principalmente, das omissões
das auditorias externas.
Governança Corporativa é o sistema pelo qual
as sociedades são dirigidas e monitoradas,
envolvendo os relacionamentos entre
acionistas/cotistas, conselho de administração,
diretoria, auditoria independente e conselho
fiscal.
Descreve o processo de tomada de decisão e
de implementação (relação entre acionistas,
conselho, diretoria e auditoria). Dá mais
autonomia para gestão, ao mesmo tempo em
que cria mecanismos para reduzir o risco de
apropriação indevida do valor agregado pelos
gestores e pela corporação.
Linha do tempo – 1992
O Relatório Cadbury é considerado o primeiro
código de boas práticas de governança
corporativa. Tal documento, elaborado por uma
comissão coordenada por Sir Adrian Cadbury,
surgiu como resposta aos escândalos registrados
nos mercados corporativo e financeiro da
Inglaterra no final dos anos 1980.
Linha do tempo – 1992
O relatório influenciou os futuros códigos de
diversos países. Como marco da sua
implementação nas empresas, temos a General
Motors, que divulgou suas Diretrizes de
Governança Corporativa, consideradas o
primeiro código de governança elaborado por
uma empresa.
Linha do tempo – 1994
Em pesquisa realizada pelo Calpers (California
Public Employees Retirement System),
observou-se que mais da metade das trezentas
maiores companhias dos EUA havia
desenvolvido manuais próprios de
recomendações de governança corporativa.
Linha do tempo – 1995
Fundado o Instituto Brasileiro de Conselheiros
de Administração (IBCA), que a partir de 1999
passou ser chamado de Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC). Neste mesmo ano
o IBGC lançou seu primeiro Código das Melhores
Práticas de Governança Corporativa.
Linha do tempo – 1997
É aprovada a Lei 9.457, reformando a Lei das
Sociedades Anônimas original (Lei 6.404/1976).
A lei revoga o tag along de 100% para
ordinaristas, sendo considerada um retrocesso
na questão dos direitos dos acionistas
minoritários.
Linha do tempo – 1997
Criação do Novo Mercado (Neuer Markt) da
Bolsa de Frankfurt, Alemanha. No mesmo ano, a
Federação Japonesa das Organizações
Econômicas lança um relatório com
recomendações sobre governança corporativa.
Em setembro, ocorre a crise asiática, fomentada,
entre outras coisas, por más práticas de
governança corporativa.
Linha do tempo – 1998
Em julho, é lançado o relatório britânico,
produzido pelo Comitê Hampel, intitulado
Combined Code. O Comitê de Governança
Corporativa, estabelecido pelo Fórum de
Governança Corporativa do Japão, elabora Os
princípios de governança corporativa - uma
visão japonesa. O documento baseou-se no
relatório britânico, porém com diretrizes mais
modestas. No mesmo ano, a OCDE cria o Business
Sector Advisory Group on Corporate Governance.
Linha do tempo – 1999
O grupo de governança corporativa da OCDE abre
caminho para a consolidação dos Principles of
Corporate Governance, divulgados em maio,
contendo diretrizes e recomendações sobre as
boas práticas de governança.
Linha do tempo – 1999
No Brasil é criado o primeiro fundo voltado para a
governança (Dynamo Puma) no programa de Valor
e Liquidez do BNDESPar.
O IBCA passa a se denominar IBGC, e lança o
primeiro código brasileiro sobre governança
corporativa.
Linha do tempo – 2000
O Banco Mundial e o Mckinsey concluem em
estudo que investidores estão dispostos a pagar
entre 18% e 28% a mais por empresas com
governança.
Em São Paulo, acontece a primeira mesa
redonda sobre governança corporativa na
América Latina, cujo resultado foi a produção de
um relatório com as conclusões da realidade de
cada região.
Linha do tempo – 2000
Em novembro, o IBGC realiza o 1° Congresso
Brasileiro de Governança Corporativa, em
comemoração ao quinto aniversário do Instituto,
com a intenção de divulgar os conceitos e práticas
de governança.
Em dezembro, a Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) lança oficialmente os segmentos
diferenciados de governança corporativa: Nível 1,
Nível 2 e Novo Mercado.
Linha do tempo – 2001
Em novembro, são divulgados os problemas de
fraude contábil na Enron. Na sequência,
diversas empresas norte-americanas são
obrigadas a refazer suas demonstrações
financeiras. Como uma das consequências, a
empresa de auditoria norte-americana Arthur
Andersen cessa suas operações, após ser
acusada de obstruir os trabalhos da Justiça.
Linha do tempo – 2001
No Brasil, a Bovespa cria o Índice de Governança
Corporativa (IGC), cujo objetivo é medir o
desempenho de uma carteira composta por ações
de empresas que apresentem bons níveis de
governança.
A Lei das SAs é reformulada e é promulgada a Lei
10.303/2001, apresentando avanços, mesmo
que tímidos, em relação ao projeto inicial.
Linha do tempo – 2002
O Congresso norte-americano aprova a Lei
Sarbanes-Oxley (SOX) em julho, com importantes
definições sobre práticas de Governança
Corporativa, em resposta aos escândalos
corporativos envolvendo grandes empresas do
país, como a Enron, Worldcom, Tyco, entre outras.
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX ou Sarbox) é uma
lei dos Estados Unidos criada em 30 de julho de
2002 por iniciativa do senador Paul Sarbanes
(Democrata) e do deputado Michael Oxley
(Republicano). Segundo a maioria dos analistas,
esta lei representa a maior reforma do mercado de
capitais americano desde a introdução de sua
regulamentação, logo após a crise financeira de
1929.
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX ou Sarbox)
A criação desta lei foi uma consequência das
fraudes e escândalos contábeis que, na época,
atingiram grandes corporações nos Estados Unidos
(Enron, Arthur Andersen, WorldCom, Xerox etc…),
e teve como intuito tentar evitar a fuga dos
investidores causada pela insegurança e perda de
confiança em relação as escriturações contábeis e
aos princípios de governança nas empresas.
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX ou Sarbox) se
aplica a todas as empresas, sejam elas americanas
ou estrangeiras, que tenham ações registradas na
SEC (Securities and Exchange Comission, o
equivalente americano da CVM brasileira). Isso
inclui as empresas estrangeiras que possuem
programas de ADRs (American Depositary
Receipts), do nível 2 ou 3, nas bolsas de valores
dos EUA.
A Lei Sarbanes-Oxley (SOX ou Sarbox)
As penalidades pelo descumprimento da SOx, em
relação a integridade e fidedignidade das
demonstrações financeiras e a certificação de
demonstrativos em desacordo com a lei, são uma
multa de até USD 1.000.000 e/ou a reclusão por
até 10 anos. Quando o descumprimento da lei for
intencional (normalmente com finalidades
fraudulentas) a multa aumenta para até USD
5.000.000 e a reclusão pode chegar a 20 anos.
Linha do tempo – 2002
Em agosto, a SEC (Securities and Exchange
Commission) edita algumas normas
complementares e a Bolsa de Valores de Nova York
aprova novos requisitos de governança corporativa
como condição para listagem de empresas.
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) lança sua cartilha sobre governança:
Recomendações da CVM sobre governança
corporativa, voltada para as companhias abertas.
Linha do tempo – 2003
Em maio, a Nasdaq anuncia normas semelhantes
as da Bolsa de Nova York.
Em dezembro, ocorre um escândalo corporativo
na Parmalat, sendo o primeiro de muitos
problemas de governança corporativa com
grandes empresas da Europa.
Linha do tempo – 2003
Na Inglaterra, é lançado o Higgs Report,
contendo recomendações sobre o papel dos
conselheiros externos. É lançado o Revised
Combined Code, uma revisão do código de
governança britânico. As empresas passam a ser
sujeitas à regra do comply or explain (pratique
ou explique), sendo obrigadas a divulgar de
forma clara as eventuais práticas de governança
não adequadas às recomendações do código
do país.
Linha do tempo – 2003
No Brasil é realizado a primeira edição do Prêmio
IBGC de Monografias.
É lançada a pesquisa Panorama Atual da
Governança Corporativa no Brasil, objeto de
parceria entre o IBGC e a Booz Allen Hamilton.
Linha do tempo – 2004
No Brasil é retomado o movimento de Ofertas
Públicas Iniciais (IPOs). A grande maioria das
empresas listadas ingressa diretamente no
Novo Mercado, segmento mais avançado de
governança corporativa da Bovespa.
Linha do tempo – 2004
O IBGC lança, em edição revista e ampliada, a
terceira versão do Código das melhores práticas
de governança corporativa, que aborda de forma
didática e detalhada o papel dos diferentes
públicos-alvo da governança.
Linha do tempo – 2005
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) lança um
documento contendo diretrizes de boa governança
para empresas de controle estatal.
No Brasil é realizada a oferta de ações da primeira
companhia brasileira de capital amplamente
disperso (Lojas Renner), uma inovação no modelo
brasileiro de governança corporativa.
Linha do tempo – 2006
Mais um problema de governança corporativa é
anunciado no mercado norte-americano: mais
de 130 empresas são acusadas de manipular as
datas de concessão dos planos de opções de
ações dos seus executivos, visando aumentar
seus ganhos pessoais.
O escândalo, conhecido como options backdating,
causa a demissão de mais de cinquenta CEOs e
conselheiros.
Linha do tempo – 2006
No Brasil é realizada a primeira edição do
Prêmio IBGC/Itaú de Jornalismo.
A Bovespa amplia as regras para os níveis
diferenciados de listagem.
Um caso de insider trading, ocorrido durante a
tentativa pioneira de aquisição da Perdigão pela
Sadia, causa grande repercussão no mercado,
aumentando a atenção do órgão regulador em
operações similares.
FIM

Você também pode gostar