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CONTABILIDADE
GERENCIAL
PROFESSOR MARCOS PIELLUSCH
1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................. 3
PORQUE ESTUDAR CONTABILIDADE ...................................................... 3
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ........................................................... 4
FORMATO E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS .............. 7
PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................ 8
ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL ............................................... 11
CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE:......................................................... 12
CONTAS DO ATIVO NÃO CIRCULANTE.................................................. 13
CONTAS DO PASSIVO CIRCULANTE ...................................................... 15
CONTAS DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE .............................................. 16
CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO:.................................................... 16
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO.................................. 17
REGIME DE COMPETÊNCIA.................................................................. 22
LÓGICA DOS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS ............................................... 25
DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO ............................................................. 35
EBITDA ............................................................................................... 39
PERDAS .................................................................................................... 40
PARTICIPAÇÃO EM EMPRESAS ................................................................ 44
IRFS 16 - ARRENDAMENTO ...................................................................... 50
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................... 54
EXEMPLO PRÁTICO ............................................................................. 58
DRA E DVA ............................................................................................... 61
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO ABRANGENTE ................................. 61
DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO. ......................................... 63
CONCLUSÃO............................................................................................. 66
2
INTRODUÇÃO
O objetivo da disciplina de Contabilidade Gerencial é mostrar para o aluno
a estrutura, o funcionamento e as finalidades das demonstrações
financeiras. A estrutura do curso será a seguinte:
3
• Permite a comparação do desempenho de diferentes empresas.
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
4
Usuários das Demonstrações Financeiras
5
Antes da abolição da escravatura, em 1888, os títulos de propriedade de
escravos eram as principais garantias de empréstimos bancários – ainda
não havia a regulamentação da propriedade de terras.
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• B3 – Na bolsa de valores, é possível encontrar as demonstrações das
empresas listadas.
• Fundamentus - http://www.fundamentus.com.br/
Adicionalmente, veja uma lista com alguns sites pagos (com valor acessível
ou nos quais é possível se inscrever para um período gratuito de testes):
• Trademap - https://trademap.com.br/
• Tradingview - https://br.tradingview.com/
7
• ITRs – trazem as informações financeiras trimestrais (como o
próprio nome diz, são publicadas em cada trimestre).
8
ser, por exemplo, obrigações junto a terceiros ou aos sócios, ou o próprio
resultado da empresa).
9
Demonstração do fluxo de caixa: Apresenta o que aconteceu com
entradas e saídas de caixa ao longo de um período.
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ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL
Vamos ver mais detalhes sobre a estrutura do balanço patrimonial, como
apresentada na figura a seguir:
11
saída de recursos. De modo semelhante ao ativo, existe o passivo
circulante (exigível em até 12 meses) e o passivo não circulante (exigível
num prazo maior do que 12 meses). No caso de um empréstimo com
prazo de pagamento em cinco anos, por exemplo, as parcelas que vão
vencer nos próximos doze meses terão seus saldos registrados no passivo
circulante – as demais parcelas vão compor o passivo não circulante.
12
Estoques. Podem ser valores referentes a produtos que a empresa
fabricou ou adquiriu, matérias-primas que serão utilizadas para a
fabricação de produtos, ou materiais diversos usados em prestação de
serviços ou na própria atividade. Esses estoques sempre são registrados
ao preço de custo – jamais a preço de venda.
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• Participação em outras empresas. O valor pago pela aquisição de
ações ou pela participação em outras companhias é registrado na
conta de investimentos
14
ativo intangível – trata-se de um valor adicional justificado pela
expectativa da empresa compradora de obter uma rentabilidade
futura.
15
Obrigações fiscais. Representam impostos, taxas, contribuições e tributos
que precisam ser pagos, com valores referentes a uma competência
concretizada, como vendas já realizadas e lucros já obtidos
Importante: o total do Ativo sempre será igual à soma dos Passivos com o
Patrimônio Líquido. Ou seja: a soma dos bens e direitos tem de coincidir
com a soma das obrigações. Se esses valores não estão batendo, há algo
errado no balanço.
16
DEMONSTRAÇÃO DO
RESULTADO DO EXERCÍCIO
O quadro a seguir apresenta a estrutura da Demonstração do Resultado
do Exercício, ou DRE.
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Vejamos passo a passo cada um dos itens que compõem a DRE.
18
exemplo. Por fim, vêm a linha de Outras receitas e despesas, que
comportam outros itens, como perdas e ganhos na venda de ativos
imobilizados, perdas com crédito e estoques, receitas com aluguéis de
espaços dentro da empresa para instalar uma lanchonete, por exemplo.
Existe outra situação que pode gerar uma receita ou despesa financeira.
Suponha que a empresa fez uma compra a prazo e, depois, negocia a
antecipação do pagamento com um desconto. Nesse caso, o valor do
desconto será uma receita financeira. Do mesmo modo, se a empresa
pagar essa compra com atraso, os juros pelo atraso serão despesas
financeiras.
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Vamos adiante. Suponha que a empresa do nosso exemplo tenha tido um
Ebit de 1.000 reais. Além disso, ela obteve receitas financeiras de 20 reais
e incorreu em despesas financeiras de 70 reais, que dariam um resultado
financeiro de -50 reais. Subtraindo esses 50 reais do Ebit, chegamos ao
Resultado antes dos tributos sobre o lucro.
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• Custos: São gastos relativos à produção, aquisição de produtos ou
prestação de serviços. Exemplos: matérias-primas, mão de obra na
produção ou prestação de um serviço, utilização das máquinas
(depreciação), energia elétrica para movimentar as máquinas, etc.
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momento futuro (os juros pagos pelo empréstimo é que vão aparecer na
DRE como despesa).
REGIME DE COMPETÊNCIA
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As parcelas de 600 reais cada uma serão recebidas pela empresa em
fevereiro, março, abril e maio. A receita, porém, vai ser contabilizada
integralmente em janeiro, na entrega do produto. Guarde isso: a receita é
realizada quando a empresa transfere os riscos e os benefícios dos
produtos e serviços.
Vamos a outro exemplo. Suponha que uma empresa emita uma nota fiscal
no valor de 5 mil reais no dia 30 de agosto. A mercadoria vendida foi
despachada para o cliente na modalidade CIF, o que significa que a
empresa fornecedora é responsável pelo pagamento do frete e do seguro
(CIF é a sigla de Cost of Insurance and Freight, ou Custo do Seguro e Frete).
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Vejamos agora um terceiro exemplo. Suponha que uma empresa
promotora de eventos vai realizar um show em outubro. Um cliente
compra o ingresso em maio por 300 reais. Como essa empresa
contabilizará a receita. Em maio, houve uma entrada de 300 reais no
caixa, mas a receita ainda não pode ser contabilizada – o que só
acontecerá em outubro quando o show for realizado. Isso é muito
importante quando se analisa as demonstrações de empresas como
promotora de shows, agências de viagens, companhias aéreas e outros
negócios que costumam receber antecipadamente.
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Se o dinheiro entra no caixa da empresa, mas ainda não pode ser
contabilizado como receita, o que acontece? Nesse caso, como o do
Exemplo 3, o dinheiro é contabilizado como adiantamentos de clientes,
que é uma conta do Passivo. Quando o serviço for prestado, a empresa
“dá baixa” nos valores antecipados e os contabiliza como receita.
E quando a empresa realiza a venda e ainda não recebeu, como esse valor
a receber é contabilizado? Nos exemplos 1 e 2, ao vender a mercadoria e
não ter recebido ainda, a empresa lança os valores ainda não recebidos
como contas a receber. Quando os clientes pagam, a empresa não
contabiliza novamente a receita, mas “dá baixa” nos valores recebidos,
que entram no caixa.
25
2. Aquisição de instalações no valor de 100.000 reais, pagos à vista.
ATIVO PASSIVO
Caixa ................................. 300.000
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são incorporadas ao ativo imobilizado. O ativo total e o passivo total
permanecem iguais.
ATIVO PASSIVO
Caixa ................................. 200.000
ATIVO PASSIVO
Caixa ................................. 125.000 Fornecedores ...................... 75.000
27
Passivo Não Circulante, que é o montante a ser pago num prazo superior
a 12 meses.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 125.000 Fornecedores ...................... 75.000
Empréstimos e Financ. ....... 10.000
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 120.000 Fornecedores ...................... 75.000
Empréstimos e Financ. ....... 10.000
Despesas antecipadas ......... 5.000
Passivo Não Circulante
Empréstimos e Financ. ....... 70.000
Ativo Não Circulante
Imobilizado ....................... 430.000 Capital social ..................... 400.000
28
6 – A empresa comprou 80.000 reais em estoques, pagando metade à
vista e deixando o restante para vencimento no mês seguinte. São
lançados 80.000 reais na conta estoques, do Ativo, saem 40.000 reais do
caixa (a metade paga à vista), e são lançados outros 40.000 reais na conta
fornecedores do Passivo.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa .................................. 80.000 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 80.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.000
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Veja como ficariam os lançamentos na Demonstração dos Resultados.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 134.000 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 24.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.000
Contas a receber ............... 36.000
Passivo Não Circulante
Despesas antecipadas ......... 5.000 Empréstimos e Financ. ....... 70.000
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2 – A empresa teve despesas diversas (operacionais) de 15.000 reais, das
quais 5.000 reais já haviam sido pagas antecipadamente.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 124.000 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 24.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.000
Contas a receber ............... 36.000
Passivo Não Circulante
Despesas antecipadas ................ 0 Empréstimos e Financ. ....... 70.000
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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS
Receita de vendas ..................................................... 90.000
- Custo dos bens vendidos ........................................ -56.000
Resultado Bruto..................................................... 34.000
- Despesas operacionais ........................................... - 15.000
Resultado antes do Res. Financ. e dos Tributos.... 19.000
- Resultado financeiro
-Despesa financeira ....................................... -400
Resultado antes do IR ........................................... 18.600
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 124.000 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 24.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.400
Contas a receber ............... 36.000
Passivo Não Circulante
Despesas antecipadas ................ 0 Empréstimos e Financ. ....... 70.000
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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS
Receita de vendas ..................................................... 90.000
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 124.000 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 24.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.400
Contas a receber ............... 36.000 IR a pagar .............................. 5.580
33
No Balanço Patrimonial, é preciso retirar do caixa o valor dos dividendos
pagos aos acionistas. O lucro restante é lançado em reservas de lucros ou
em lucros acumulados, que são contas do Patrimônio Líquido.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa ................................. 118.792 Fornecedores .................... 115.000
Estoques ............................ 24.000 Empréstimos e Financ. ....... 10.400
Contas a receber ............... 36.000 IR a pagar .............................. 5.580
Perceba que, somando as colunas, o Ativo Total bate com o Passivo total
em 608.792 reais.
O que nós vimos até aqui foi como os eventos contábeis acarretaram
lançamentos na Demonstração dos Resultados e no Balanço Patrimonial.
Evidentemente, nas grandes empresas tudo isso é feito pelos sistemas
automatizados, mas esse exemplo ajuda a entender a lógicas dos
lançamentos e da construção do Balanço.
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DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO
Dissemos anteriormente que os itens do ativo imobilizado não
representavam custo ou despesa no momento de sua aquisição, mas que
sofriam depreciação ao longo do tempo em que são utilizados. Foi dito
também que os ativos imobilizados sofrem depreciação, enquanto os
ativos intangíveis sofrem amortização a partir do momento que tenham
uma vida útil definida (o ágio e o valor da marca, que não tem uma vida
útil definida, são exceções, portanto).
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ser vendido por um valor tão baixo que não poderia ser feita uma
estimativa razoável).
Vamos adiante para mostrar o que aconteceria com esse ativo imobilizado
e com o custo da depreciação. Considerando que a máquina seja utilizada
na produção, o valor anual da depreciação será considerado um custo dos
produtos. Após um ano de utilização da máquina, portanto, haverá uma
depreciação acumulada de 20.000 reais, e o valor líquido do imobilizado
será de 80.000 reais. No ano seguinte, a depreciação acumulada será de
40.000 reais, e o valor líquido do imobilizado chegará a 60.000 reais – e
assim sucessivamente até que no 5º ano o valor líquido da máquina seja
zero.
1º ANO
Máquina (Depreciação) .......... 20.000
Matéria-prima ........................ 50.000
Mão de obra ........................... 40.000
Outros custos (energia, etc) ... 10.000
Custo de produção ............... 120.000
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Vamos imaginar, então, que nesse primeiro ano foram produzidas 10.000
unidades de um produto (sapatos, por exemplo) e calcular o custo unitário
de produção:
37
E se o equipamento for vendido? Existem algumas hipóteses:
38
primas, a mão de obra e outros custos como energia foram pagos, mas o
custo da depreciação não saiu do caixa.
EBITDA
Se quisermos saber o Ebitda, então, basta somar o lucro líquido aos juros,
impostos, depreciação e amortização. Só que, como acabamos de ver, a
depreciação e a amortização podem aparecer nos custos ou nas despesas.
Então, é preciso primeiro localizar onde a depreciação foi lançada – e
depois somá-la de volta.
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método, chamado de indireto, é somar o lucro operacional à depreciação
(30.400 + 8.000, cujo resultado será os mesmos 38.400 reais).
Nesse caso, o Ebitda corresponde ao fluxo de caixa. Nem sempre isso vai
acontecer. Em empresas um pouco mais complexas, nem todos as receitas
e despesas são à vista, como costuma acontecer com um motorista de
aplicativo. Mesmo assim, o Ebtida mostra um potencial de geração de
caixa – e essa é a sua importância.
PERDAS
Vamos combinar: perda não é uma coisa legal – e fica pior ainda quando
se é pego desprevenido. Por isso as empresas devem ter previsões sobre
suas perdas. Suponha que historicamente 2% dos clientes deixem de
pagar as contas por qualquer motivo que seja – cancelamento do cartão
de crédito, esquecimento do boleto, porque a pessoa perdeu o empregou.
Sabendo desse percentual, a empresa já vai considerar que não serão
pagos 2% das vendas a prazo num determinado período, já prevendo essa
inadimplência. A vantagem disso é não ser pego de surpresa. Vejamos de
forma simples como são feitos esses lançamentos e como eles afetam o
resultado.
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A perda mais comum é a Perda com crédito, popularmente chamada de
PDD (Perda com Devedores Duvidosos). Essa expressão já não é mais
usada na teoria, mas continua sendo usado na prática – o termo correto é
Perdas com Crédito de Liquidação Duvidosa.
Veja abaixo um exemplo de uma empresa real (a Natura) sobre como essa
provisão aparece no balanço:
41
PCLD = Inadimplência histórica x Vendas a prazo
PCLD = 4% x 50.000
PCLD = 2.000 reais.
ATIVO
Contas a receber ............... 50.000
-PCLD ................................ -2.000
Contas a receber líq. ....... 48.000
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perdas adicionais de 2.500 reais na conta contas a receber do ativo, e
lançar esse valor como outras despesas na DRE do exercício seguinte.
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PARTICIPAÇÃO EM EMPRESAS
É muito comum encontrar companhias que sejam donas de outras
empresas ou nelas tenham uma participação (majoritária ou não). Vamos
ver como é o tratamento contábil de uma situação como essa:
EMPRESA A EMPRESA B
ATIVO PASSIVO ATIVO PASSIVO
Caixa ............. 300 Passivos ........ 400 Caixa .......... 100 Passivos ..... 200
Estoques ....... 100 C. receber ... 200
Imobilizado ... 600 Estoque ...... 300
Patr. Líq. ....... 600 Imobiliz. .... 100 Patr. Líq. ..... 500
Total: 1.000 Total: 1.000 Total: 700 Total: 700
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controladora de outra empresa, basta ter a maior participação). Outro
ponto importante: ao comprar as ações de uma empresa, o que está
sendo adquirido é o patrimônio líquido.
Voltando aos balanços, vamos considerar que a compra de 30% foi paga à
vista, saindo do caixa da Empresa A – a participação adquirida será
lançada na conta investimentos, no ativo:
BALANÇO CONSOLIDADO
ATIVO PASSIVO
Caixa ................................................. 250 Passivo ......................................... 600
Contas a receber ................................ 200
Estoques ............................................. 400
Imobilizado ........................................ 700
Patrimônio líquido:
Controladora................................ 600
Part. de outros acionistas na
controlada ....................................350
Ativo total: 1.550 Passivo total: 1.550
45
Alguns comentários:
• Para compor o balanço consolidado, somamos as contas do ativo e
do passivo da controlada e da controladora (menos a conta
investimento com a participação da controlada possuída pela
controladora).
Vamos supor agora que a empresa controlada tenha tido um lucro de 400
reais. O que acontece com o balanço individual da controladora?
ATIVO PASSIVO
Caixa ............. 150 Passivos ........ 400
Estoques ........
100
O investimento Imobilizado ... 600
aumenta
em 120 reais Invest ............ 270
O PL aumenta
Patr. Líq. ....... 720
em 120 reais
Total: 1.120 Total: 1.120
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E se parte do lucro da controlada tiver sido distribuída entre os acionistas?
Nesse caso, ocorrem algumas diferenças: a parcela dos lucros distribuída é
lançada no caixa da controladora – somente a parcela não distribuída é
que aumentará os investimentos. Veja, por exemplo, o que acontece se
50% dos lucros da Empresa B forem distribuídos aos acionistas:
ATIVO PASSIVO
O caixa aumenta Caixa ............. 210 Passivos ........ 400
em 60 reais (lucro
Estoques ........
distribuído)
100
Imobilizado ... 600
O investimento Invest ............ 210
aumenta em 60 O PL aumenta
reais (Receita de Patr. Líq. ....... 720 em 120 reais
Equival. Patrim. Total: 1.120 Total: 1.120
47
O próximo exemplo mostra como a participação dos acionistas não
controladores aparece no balanço consolidado.
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A imagem a seguir mostra como o Resultado da equivalência patrimonial
aparece na demonstração de resultado. Veja que o resultado das
empresas controladas pela Natura foi negativo em 2020 e positivo em
2021. Outro aspecto interessante: a controladora Natura não é
operacional – é o que chamamos de holding não operacional, cuja função
é controlar outras empresas, tanto que o único item da sua demonstração
são as despesas administrativas (não há nenhuma outra receita ou
despesa, que só vão aparecer na demonstração consolidada).
49
IRFS 16 - ARRENDAMENTO
Quem fez faculdade de administração, contabilidade ou economia há
algum tempo deve ter visto que um imóvel alugado não faz parte do ativo
de uma empresa. Continua sendo assim, mas uma coisa mudou: agora o
valor total do contrato de aluguel é lançado como ativo como Direito de
uso, com a contrapartida de um lançamento no Passivo também como
direito de uso. No decorrer do contrato, as prestações são deduzidas tanto
do valor do ativo quanto do passivo.
50
arrendamentos. A mudança veio para contemplar as obrigações
decorrentes dos contratos de aluguel e arrendamentos, que não são
temporárias ou eventuais, mas de longo prazo (a manutenção das
atividades da empresa depende da manutenção desses contratos).
Vigência: 60 meses.
51
Após a assinatura do contrato, o contrato de aluguel entra em vigência. A
cada mês, o lançamento inicial é o pagamento desse valor:
Além disso, outro lançamento deve ser feito para amortizar os Direitos de
uso:
Amortização acumulada Ativo Direitos de uso ... 100.000 reais (-) Ativo
Passivo Direito de uso ......................................... 100.000 reais (-) Passivo
52
Do lado do passivo, as contraprestações representam os pagamentos dos
aluguéis, como se pode ver abaixo:
53
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
A Demonstração dos Fluxos de Caixa passou a compor o conjunto de
demonstrações obrigatórias após a reformulação da lei das SAs em 2007,
o que foi oficializado em 2009 quando os padrões internacionais para os
relatórios contábeis entraram em vigor no Brasil.
54
No final das contas a soma desses três itens será a variação do caixa num
determinado período, demonstrando as atividades que geraram ou
consumiram caixa de forma mais detalhada do que a diferença de saldos
no balanço patrimonial. É de esperar que as operações de uma empresa
gerem caixa. Uma variação positiva que só tenha ocorrido pela entrada de
recursos de um empréstimo ou da emissão de ações, por exemplo, pode
não estar necessariamente associada a um bom desempenho ou a um
crescimento saudável.
Saldo de
Caixa Entradas Saídas
+ - = Caixa no Fim
Inicial de Caixa de Caixa
do Período
O método indireto, por sua vez, parte do lucro para chegar ao fluxo de
caixa operacional. Para isso serão somadas ou subtraídas:
55
que afetaram o resultado, mas não o caixa. É o caso das despesas de
depreciação e de amortização, que foram deduzidas do resultado, mas
não saíram do caixa. O resultado financeiro também é somado (se tiver
sido negativo) ou subtraído (se tiver sido positivo). Perceba que o
lançamento será com o sinal oposto ao desse resultado financeiro. Outra
coisa a ser feita é o lançamento de outros itens que afetam o resultado,
mas não o caixa, como o resultado da equivalência patrimonial.
O próximo passo é fazer o ajuste referente aos itens que afetaram o caixa,
mas não o resultado – são as variações nos ativos e passivos. É o caso do
aumento de estoques pago com recursos do caixa (o que deve ser
subtraído). Outro exemplo: um aumento de fornecedores a pagar, que
representa alguma coisa que você ainda não foi pago, mas que por
enquanto pode ter um efeito positivo no caixa (então esse valor é
somado). O mesmo ajuste é feito com uma série de outros itens (passivos
e ativos de curto e longo prazo)
56
O terceiro bloco é o fluxo de caixa de financiamento ou fluxo de caixa
financeiro. Nele, são lançados com sinal positivo a captação de novos
empréstimos e o aumento de capital social. Os pagamentos que
representam saídas de caixa – como pagamento de dividendos, juros
sobre capital próprio, empréstimos e a recompra de ações – são lançados
com sinal negativo.
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EXEMPLO PRÁTICO
58
somar o valor de volta, preenchendo a segunda linha com o sinal trocado,
o que é igual a 100 mil reais positivos.
(7) A conta Estoques, também no Ativo, aumentou de 500 mil para 610
mil. O aumento de estoques representa um consumo de caixa. Logo, a
variação de um ano para o outro é lançada na DFC com sinal oposto: -110
mil.
59
agora. São recursos que ainda não saíram do caixa, ou não consumiram
caixa. Por isso, são lançados com sinal positivo na DFC: +60 mil reais.
(9) A variação da conta Salários, no passivo, foi de 100 mil para 120 mil
reais. Como essa conta mostra salários que ainda não foram pagos, seu
aumento gera um efeito positivo no caixa: +20 mil reais.
(10) Ajustando os 345 mil reais que encontramos como FCOR às variações
dos ativos e passivos, chegamos ao Fluxo de Caixa Operacional (FCO): 215
mil reais.
(12) Esses 300 mil reais negativos compõem, no nosso exemplo, o Fluxo
de Caixa das Atividades de Investimento (FCI).
(13) Houve de um ano para o outro uma variação total de 120 mil reais
nas contas de Empréstimos do passivo (100 mil passivo não circulante e
20 mil no passivo circulante). Essa variação positiva nos Empréstimos gera
um efeito positivo no caixa – haverá um efeito negativo mais tarde,
quando esses empréstimos forem pagos, mas por enquanto a variação
deve ser lançada com sinal positivo na DFC: 120 mil reais.
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(15) O Capital Social aumentou de 1.300 mil para 1.500 mil reais. O
aumento gera caixa, pois representa recursos aportados pelos sócios. Por
isso, a variação é lançada com sinal positivo na DFC: 200 mil reais.
(18) Por fim, vamos encontrar a variação de caixa total, somando o FCO, o
FCI e o FCF. O resultado dá 80 mil reais. Se olharmos a variação da conta
Caixa encontraremos exatamente essa diferença, com um aumento de
100 mil para 180 mil reais de um ano para o outro.
DRA E DVA
Para concluir a disciplina de Contabilidade Gerencial, vamos tratar de duas
demonstrações pouco comentadas: a Demonstração do Resultado
Abrangente e a Demonstração do Valor Adicionado.
61
O lucro líquido é um dos eventos que pode modificar o PL, mas há outros,
como as transações entre os sócios e a emissão de ações. Alguns
exemplos de outros resultados abrangentes que modificam o patrimônio
líquido são, por exemplo, os ganhos e perdas decorrentes da valorização
ou da desvalorização de ativos avaliados ao valor justo. Suponha que a
empresa tenha um ativo biológico (uma plantação ou um rebanho de
gado). De um período para outro, esses ativos biológicos podem se
valorizar, gerando um resultado. Outra situação: a empresa pode deter
ações de outas companhias – no caso de a empresa não ser a
controladora, esses ativos serão avaliados ao valor justo. Essas variações
terão impacto no resultado abrangente. São itens que tradicionalmente
não apareceriam da DRE, mas vão ser apresentados na DRA.
62
Vejamos a Demonstração do Resultado Abrangente da Natura. A empresa
teve um lucro líquido em 2021, do qual foram subtraídos alguns itens
como Conversão das demonstrações de controladas no exterior e Efeito
cambial. No ano anterior ocorreu o oposto: houve um prejuízo líquido no
período, mas esses outros itens deram resultado positivo. Assim, o
resultado abrangente de 2020 foi um pouco maior do que o lucro, e em
2021, foi bem maior do que o prejuízo. Percebemos que houve de certa
forma uma compensação do prejuízo pelos resultados abrangentes.
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bens e serviços por um valor maior. A Demonstração de Valor Adicionado
apresenta esse valor e mostra como se dá sua distribuição.
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Veja que o valor adicionado é distribuído entre o pessoal (salários,
encargos e benefícios), governo (impostos, taxas e contribuições), e em
remuneração ao capital de terceiros (credores, investidores, na forma de
pagamento de juros e aluguéis, além da remuneração dos sócios).
65
CONCLUSÃO
Sobretudo em Contabilidade, é importante se aprofundar na prática e na
teoria para fixar os conhecimentos. Consulte, por exemplo, as
demonstrações financeiras das empresas. Assim, é possível avançar na
compreensão plena e na utilização dos conhecimentos dessa disciplina na
vida real.
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