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INDICADORES ECONÔMICOS

E FINANCEIROS

Autoria: André de Faria Thomáz

1ª Edição
Indaial - 2021

UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2021


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

T465i

Thomáz, André de Faria

Indicadores econômicos e financeiros. / André de Faria


Thomáz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

152 p.; il.

ISBN 978-65-5646-179-3
ISBN Digital 978-65-5646-174-8
1. Contabilidade. – Brasil. 2. Demonstrações financeiras. – Brasil.
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 657.3
Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS..................................................................................7

CAPÍTULO 2
APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS
E VERTICAIS..................................................................................55

CAPÍTULO 3
ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA
DE CAPITAIS................................................................................105
APRESENTAÇÃO
Bem-vindo à disciplina de Indicadores Econômicos e Financeiros, cujo
objetivo é a contabilidade, que pode ser entendida como a ciência que é
responsável pelo estudo das mutações que ocorrem tanto no patrimônio das
entidades como também no de uma pessoa física. Estas transformações podem
ocorrer de forma aumentativa ou diminutiva, ou seja, o patrimônio poderá ser
adicionado ou diminuído a todo tempo e a contabilidade irá registrar e controlar
estas movimentações.

A contabilidade é a ciência responsável pela mensuração, controle e estudo


das mutações que ocorrem no patrimônio das entidades, que podem ser com ou
sem fins lucrativos ou, ainda, relacionadas a uma ou mais pessoas, físicas ou
jurídicas. O patrimônio, do ponto de vista contábil, é representado pelo conjunto
de bens, direitos e obrigações de qualquer uma dessas entidades, as quais são
reconhecidas pela contabilidade em todas as suas nuances. Além disso, é preciso
entender como esse patrimônio se forma, ou seja, quais são as movimentações
que levam a alterações na situação patrimonial em uma entidade, alterada sua
situação de um período a período.

Compreender as características e o conceito do patrimônio das entidades e


como este é formado são os primeiros passos para aqueles que querem entender
qual é o objeto e o campo de atuação da contabilidade. De forma bastante básica,
o patrimônio pode ser definido pelo conjunto de bens, direitos e obrigações, sejam
estes pertencentes a uma pessoa física ou jurídica, com ou sem fins lucrativos, e
que terão suas mutações e aspectos estudados por essa ciência.

O campo de aplicação da contabilidade contemplará tanto as aziendas, as


quais estão voltadas para além da questão dos fins lucrativos, como para aquelas
empresas que comercializam produtos, mercadorias e serviços em sua atividade
principal. É preciso também compreender que a contabilidade se aplica às
pessoas físicas da mesma forma que às jurídicas, já que estas também possuem
patrimônio.

Após a realização dos ajustes e posterior padronização das demonstrações


financeiras, torna-se necessário determinar quais serão as bases para a realização
das análises, uma vez que, ao realizar uma comparação, deve-se ter bem claro
quais serão os parâmetros de comparação da empresa atual, bem como quais
serão os critérios para o estabelecimento de tais padrões, através dos cálculos
dos índices.
Essas bases, posteriormente, serão os parâmetros utilizados para o início
de um processo histórico de análise, pois para aqueles profissionais que desejam
realizar a análise das demonstrações financeiras, os dados históricos representam
uma valiosa fonte de informações.

Bons estudos!
C APÍTULO 1
PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Conhecer e aplicar as Demonstrações Financeiras dentro das rotinas


empresariais com foco no contexto econômico e financeiro.
• Analisar e aplicar as mudanças da legislação.
• Calcular os índices dentro das demonstrações financeiras com o objetivo de
apresentar suas movimentações, avaliando o ambiento interno e externo para
seus usuários.
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O Balanço Patrimonial é composto pelo Ativo, pelo Passivo Exigível e pelo
Patrimônio Líquido, ou seja, é um relatório que pode descrever de forma clara e
precisa a situação financeira da empresa. Para isso, são considerados todos os
ativos e passivos de um negócio, ou seja, seus bens, dívidas e lucros.

Para entender melhor, primeiro você precisa entender a estrutura acionária


da empresa e os cálculos de resultados. Cada empresa possui um relatório
informando a origem e a aplicação de seus recursos, a maioria deles parte da
operação da empresa.

Portanto, após os estudos deste capítulo, você deverá ser capaz de


desenvolver e calcular as demonstrações financeiras de forma a criar um equilíbrio
entre os índices aplicados.

Vamos lá?

2 CONTABILIDADE E FINANÇAS
É fundamental que o gestor compreenda que uma empresa que apresente
lucros nos seus resultados não necessariamente possui uma boa capacidade
financeira. Isto é justificado pelas diferenças de regimes, em que a forma como é
gerado o caixa de uma empresa – princípio de caixa – é diferente de como é feita
a apuração de lucro – princípio de competência.

Enquanto o princípio de competência considera o momento em que


uma determinada transação ocorreu, o princípio de caixa utiliza as datas de
recebimento ou de pagamento.

A Contabilidade trabalha com o regime de competência para o registro de


suas operações, enquanto o campo das finanças tem o foco no princípio de caixa,
ou seja, na movimentação de entrada e saída de dinheiro da empresa.

Para uma boa compreensão da disciplina análise de investimentos é


necessário, inicialmente, entender a estrutura patrimonial e a apuração de
resultados de uma empresa. Toda empresa possui relatórios que apresentam
as origens e aplicações de seus recursos, grande parte desses fazem parte da
atividade operacional da empresa.

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

A origem de recursos pode ser obtida por meio de capital próprio (recursos
dos proprietários – ações, reservas de lucros) ou de terceiros (obrigações sob a
forma de empréstimos, financiamentos ou dívidas contraídas com terceiros). Por
sua vez, as aplicações envolvem uma análise de curto e de longo prazo.

O demonstrativo que apresenta a composição, a estrutura das origens e as


aplicações de recursos de uma empresa é denominado balanço patrimonial. O
balanço patrimonial é composto pelo ativo, passivo exigível e patrimônio líquido.
O CPC 00 conceitua estes grupos como:

• Ativo: recursos controlados pela entidade (o ativo não precisa ser de


propriedade da entidade), como resultado de eventos passados (não
pode contabilizar promessa de compra) e do qual se espera render
futuros benefícios econômicos para a sociedade (espera que gere
receitas, economias de custos etc.), exemplos: caixa, bancos, estoques,
máquinas e equipamentos.
• Passivo: obrigação presente da entidade, derivada de eventos já
ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos
capazes de gerar benefícios econômicos (ativos), exemplos: salários a
pagar e financiamentos.
• Patrimônio líquido: é o valor residual dos ativos da entidade depois de
deduzidos todos os seus passivos, exemplos: capital social (recursos
dos proprietários/acionistas) e reservas (parte dos lucros retidos pela
empresa) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 00, 2011).

As empresas também apresentam um demonstrativo que informa os


resultados do período por meio do cruzamento entre as receitas, custos e
despesas ocorridos em um determinado exercício. Este demonstrativo é
denominado Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que visa averiguar
se o resultado do exercício, em geral, de um ano, apresenta lucro ou prejuízo. O
mesmo CPC 00 (2011) também apresenta conceitos para as receitas e despesas:

• Receitas: são aumentos nos benefícios econômicos durante o período


contábil (dependendo do demonstrativo pode ser anual, trimestral,
semestral) sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou
redução de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido
e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade.
Exemplo: receita com vendas de mercadorias.
• Despesas: são decréscimos nos benefícios econômicos durante o
período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos
ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio
líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da
entidade. Exemplo: despesa com salários e aluguéis.

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A movimentação do caixa de uma empresa também possui um demonstrativo


específico, chamado de Demonstrativo do Fluxo de Caixa, que informa as
movimentações existentes na conta caixa. Este relatório é apresentado por três
grandes grupos de atividades: operacional, investimento e financiamento.

Tendo essa compreensão, o Relatório da Administração, após as


demonstrações contábeis (balanço patrimonial, DRE etc.), apresenta informações
mais relacionadas à gestão, tais como: dados estatísticos diversos, projetos de
expansão, dados de orçamento de capital, expectativas em relação ao lucro,
indicadores de produtividade, inserção da empresa no contexto socioeconômico,
perspectivas futuras, entre outros.

De forma a reforçar os conhecimentos sobre os diversos demonstrativos


contábeis, precisamos compreender as suas operações na ótica contábil e
financeira, assuntos que veremos a seguir.

As operações sob a ótica contábil são realizadas considerando o princípio de


competência, ou seja, o reconhecimento da receita, custos e despesas ocorrem
no momento em que são realizados, independente se houve uma movimentação
monetária ou não. Desta forma, só serão reconhecidas as receitas realizadas e
as despesas incorridas (registradas no momento em que ocorreram). De forma
a exemplificar o princípio de competência, supomos que uma empresa tenha
apresentado as seguintes movimentações em um determinado período do ano:

• Receitas realizadas e recebidas – vendas à vista no valor de R$ 5.000,00.


• Receitas realizadas e não recebidas – vendas a prazo no valor de R$
4.000,00.
• Receitas não realizadas e recebidas – recebimento por adiantamento de
clientes no valor de R$ 5.500,00.
• Despesas incorridas e pagas – compras à vista no valor de R$ 6.000,00.
• Despesas incorridas e não pagas – compras a prazo no valor de R$
2.000,00.
• Despesas não incorridas e pagas – adiantamento a fornecedores no
valor de R$ 1.000,00.

A ótica contábil visa à apuração do lucro da empresa, considerando este


como a diferença entre as receitas realizadas e despesas incorridas. Assim, o
lucro apurado é de R$ 1.000,00.

Repare que não entram no cálculo do lucro a Receita não realizada de R$


5.500,00 e a despesa não incorrida de R$ 1.000,00.

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Esse exemplo nos mostrou a forma de apuração de lucro das empresas.


Entretanto, qual seria o critério de apuração de movimentação do caixa da
empresa? Estudaremos a seguir o estudo das operações na ótica financeira.

Por sua vez, na ótica financeira, o que importa é a movimentação entre


aquilo que foi recebido e o que foi pago durante um determinado período. Para
especialistas de mercado, este valor financeiro é o que realmente importa em
suas análises.

Apresentaremos um exemplo de como é calculado o caixa de uma empresa


conforme o princípio de caixa. Considere que uma empresa não possua saldo
de caixa no início de um período, e que, posteriormente, tenha apresentado as
seguintes informações de receitas e despesas:

• Receitas realizadas e recebidas – vendas à vista no valor de R$ 4.000,00.


• Receitas realizadas e não recebidas – vendas a prazo no valor de R$
3.000,00.
• Receitas não realizadas e recebidas – adiantamento de clientes no valor
de R$ 2.000,00.
• Despesas incorridas e pagas – compras à vista no valor de R$ 5.000,00.
• Despesas incorridas e não pagas – compras a prazo no valor de R$
3.000,00.
• Despesas não incorridas e pagas – adiantamento a fornecedores no
valor de R$ 1.000,00.

Para o cálculo do caixa de uma empresa, utilizaremos o princípio de caixa


que trabalha apenas com as receitas recebidas e as despesas pagas. Assim, a
empresa teria um resultado de caixa nulo (R$ 4.000,00 (receita recebida) + R$
2.000,00 (receita recebida) – R$ 5.000,00 (despesa paga) – R$ 1.000,00 (despesa
paga).

Não entram no cálculo do caixa da empresa a receita não recebida de R$


3.000,00 e a despesa não paga também no valor de R$ 3.000,00.

2.1 LUCRO X CAIXA


Verificamos que o lucro de uma empresa é apurado por meio da diferença
entre a receita realizada e a despesa incorrida. Por outro lado, o caixa obtido pela
empresa em um período é mensurado pela diferença entre a receita recebida e a
despesa paga.

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O International Accounting Standard Board ou Comitê de


Normas Internacionais de Contabilidade é uma entidade privada
e independente, com sede em Londres e constituído por mais de
140 entidades do mundo todo. Foi criado em 1973 para a análise e
emissão de padrões internacionais de contabilidade.

Assim, podemos responder a determinadas perguntas, tais como se é


possível uma empresa ter lucro e mesmo assim ter problemas de caixa. A resposta
é sim, dado que uma empresa pode realizar muitas de suas vendas a prazo e, em
contrapartida, ter muitas obrigações à vista. Este descasamento de prazos pode
fazer com que a empresa possa ter problemas de caixa no curto prazo.

Uma situação que exemplifique esse descasamento de prazo é uma empresa


que vende boa parte de suas mercadorias no prazo médio de 90 dias e paga
seus fornecedores em um prazo médio de 7 dias apenas. Existirá um intervalo de
tempo entre o período que a empresa paga o fornecedor e o tempo de receber do
cliente.

Uma empresa também pode ter um resultado financeiro positivo, apesar


de apresentar prejuízo em sua apuração contábil. Essa situação é possível em
virtude da possibilidade de ter um volume alto de vendas antecipadas ou um
prazo menor de pagamento aos fornecedores.

Estudaremos as contas mais importantes para a empresa em suas operações


de curto prazo, também denominada de capital de giro.

De forma a aprofundarmos nossos estudos sobre o capital de giro, torna-se


necessária uma compreensão do seu conceito, das suas principais contas, do
capital de giro líquido e da gestão do capital de giro, assuntos que veremos a
seguir.

O capital de giro de uma empresa possui várias interpretações, embora o


entendimento predominante considere que o capital de giro está associado ao
ativo circulante de uma empresa.

O capital de giro “representa a parcela do investimento que circula de uma


forma à outra, durante a condução normal dos negócios” (GITMAN, 2012, p. 619).

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

O capital de giro também pode ser conceituado como “os ativos a curto prazo
de uma empresa, tais como estoques, bem como a seus passivos de curto prazo,
como quantias devidas a fornecedores” (ROSS; WERSTERFIELD; JAFFE, 2009,
p. 30).

Além de compreender as definições do capital de giro, torna-se necessário


conhecer as suas principais contas. No decorrer do capítulo, apresentaremos as
contas mais relevantes que compõem o capital de giro.

Neste tópico conheceremos as principais contas pertencentes ao capital


de giro de uma empresa, ou seja, o seu ativo circulante. A primeira conta a ser
abordada é o caixa (dinheiro em espécie) e equivalentes de Caixa, os ativos
circulantes se referem aos ativos (bens e direitos) com liquidez (conversão em
dinheiro) de até 365 dias. Os equivalentes de caixa podem ser caracterizados
como aplicações financeiras com liquidez imediata, isto é, com um curtíssimo
prazo de realização.

De acordo com Almeida (2014), o CPC 03 (Comitê de Pronunciamento


Contábil) classifica uma aplicação financeira como um equivalente de caixa,
condicionando a sua data de vencimento de até três meses ou menos da data de
aquisição.

A conta clientes é aquela que abrange todas as contas a receber em função


de vendas realizadas a prazo de mercadorias, produtos e serviços, mas que
ainda não foram recebidas. Esta conta é apresentada já descontada da conta
retificadora, denominada provisão para créditos de liquidação duvidosa (duplicatas
que podem não ser recebidas devido à inadimplência). Para uma empresa que
aumenta seus prazos de cobrança visando o crescimento de suas vendas, esta
conta passa a ser prioridade para a análise, monitorando o grau de inadimplência
dos clientes.

Os estoques são conceituados como “ativos mantidos para venda no curso


normal dos negócios; em processo de produção para venda ou mesmo na forma
de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo
de produção ou na prestação de serviços” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS 16, 2011).

É uma conta com especial atenção para empresas comerciais, visto que seus
valores possuem um peso considerável dentro da composição do capital de giro.

As aplicações financeiras são investimentos realizados pelas empresas


em outros ativos financeiros, que podem ser relacionados a aplicações com
vencimento no curto prazo, derivativos, títulos de renda fixa etc.

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Também no ativo circulante temos os ativos classificados como mantidos para


a venda. Este grupo de ativos é denominado como “a ser alienado por venda ou
outra forma, em conjunto como grupo de ativos em uma só transação, e passivos
diretamente associados a esses ativos que serão transferidos na negociação”
(COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 31, 2011).

Um exemplo desse tipo de ativo é quando ocorre uma operação


descontinuada, sendo este o componente da entidade classificado como mantido
para venda. Pode ser organizado como uma linha independente de unidade de
negócio ou mesmo de atuação realizada em uma determinada região (ou mesmo
o caso de uma papelaria que decide descontinuar o uso de uma máquina de xerox
como uma de suas atividades).

Para complementar nossos estudos, leia essa reportagem sobre


Balanço Patrimonial, disponível em: https://www.casadamoeda.
gov.br/portal/transparencia/acesso-a-informacao/demonstracoes-
financeiras/balanco-patrimonial.html.

Após verificarmos as principais contas do capital de giro, vamos compreender


um conceito bastante utilizado em finanças: o capital de giro líquido.

O capital de giro líquido corresponde à diferença entre o ativo circulante e


o passivo circulante. Este capital de giro líquido também é denominado capital
circulante líquido. É evidente que uma situação favorável ocorre quando o ativo
circulante é superior ao passivo circulante. No entanto, é preciso detalhar estas
informações.

O capital de giro está ligado à parte operacional da empresa. Por efeito, o


capital de giro líquido é a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante,
sendo que esse passivo inclui fornecedores e contas a pagar, mas não instituições
financeiras a pagar.

Conforme informado anteriormente, uma empresa comercial costuma ter um


volume alto na sua conta de estoques, pela própria atividade exercida. Assim, em
uma situação em que o ativo circulante supere o passivo circulante, pode ser que
a conta estoques desequilibre esta relação. Observe o exemplo a seguir:

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

O capital de giro líquido da empresa A é de R$ 600,00 (R$ 3.000,00 (Ativo


Circulante) – R$ 2.400,00 (Passivo Circulante)) enquanto o da empresa B é de
R$ 500,00 (R$ 3.000,00 – R$ 2.500,00), porém, ao retirarmos a conta estoques
do ativo circulante, a empresa A teria apenas R$ 2.100,00 para cobrir uma dívida
de curto prazo de R$ 2.400,00. No entanto, a empresa B, nas mesmas condições,
teria R$ 2.800,00 para cobrir R$ 2.500,00 de obrigações de curto prazo.

Assim, o capital de giro líquido é fundamental para verificarmos a capacidade


de a empresa honrar seus compromissos de curto prazo. A seguir, verificaremos
como se dá essa gestão do capital de giro.

2.2 GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO X


ÍNDICES
Uma das formas de gerenciamento do capital de giro é a observação do
ciclo operacional e de caixa de uma empresa. O ciclo operacional corresponde
ao somatório dos períodos de idade média de estoque (IME) e de prazo médio de
cobrança (PMC). A idade média de estoques é o período de tempo correspondido,
em dias, entre a compra de insumos e/ou mercadorias para revenda e a venda de
mercadorias. Já o prazo médio de cobrança é o número de dias que abrange a
venda de uma mercadoria e o recebimento desta.

O ciclo de caixa é o ciclo operacional menos o prazo médio de pagamento.


Entende-se como prazo médio de pagamento o período correspondente entre a
compra de um insumo ou de mercadoria para revenda e o pagamento desta por
parte da empresa.

Quanto menor o ciclo de caixa, melhor para a empresa, visto que são
necessários menos dias entre a saída de caixa para pagamento de fornecedores
e a entrada de caixa com recebimento de clientes.

De forma a ilustrar este conceito, suponha que uma determinada empresa


apresenta uma idade média de estoques de 25 dias, prazo médio de cobrança
de 45 dias e prazo médio de pagamento de 20 dias. O ciclo operacional desta
empresa é de 70 dias (25 + 45) e seu ciclo de caixa de 50 dias (70 – 20). Se
esta empresa quiser melhorar seu ciclo de caixa, esta deverá adotar as seguintes
medidas: redução da idade média de estoques ou do prazo médio de cobrança e
aumento do prazo médio de pagamento.

Para cada uma destas medidas a serem adotadas, o gestor deverá ficar
atento à possibilidade de perda de vendas com o estoque girando muito rápido

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

(sem produtos na prateleira para efetivar a venda), perda de clientes com redução
de prazos das vendas a prazo e dificuldades de negociações futuras com
fornecedores no caso de postergar o seu pagamento.

Uma vez compreendendo as principais contas de curto prazo, o próximo


passo do nosso estudo sobre os conceitos básicos de finanças é o de verificar
quais os principais investimentos de longo prazo que uma empresa pode realizar.

2.3 INVESTIMENTOS DE LONGO


PRAZO
Os investimentos de longo prazo podem ser denominados como parte
dos ativos não circulantes dentro da estrutura do balanço patrimonial. O ativo
não circulante representa os bens e direitos que terão a conversão em dinheiro
(liquidez) em um período superior a 365 dias. Dentro desta estrutura temos
as aplicações realizáveis de longo prazo, os investimentos em participações
societárias, o imobilizado e o intangível diferido, como o Joint venture. Assuntos
que veremos com mais profundidade a seguir.

Joint venture refere-se a um tipo de associação na qual duas


ou mais empresas se juntam, formando uma nova empresa, para
exercer alguma atividade econômica por um período de tempo
limitado, sem que cada uma delas deixe de existir.

As aplicações de longo prazo correspondem a direitos que irão vencer após


o final do exercício seguinte. Na maioria das vezes, são as mesmas contas de
curto prazo, porém com prazo de vencimento estendido. Podemos exemplificar
como aplicações de longo prazo:

• Aplicações financeiras de longo prazo: aplicações cujo prazo de


vencimento e possibilidade de resgate com os juros devidos em um
prazo superior ao final do exercício seguinte. Exemplo: uma aplicação
com prazo superior a 360 dias.
• Transferências a longo prazo: transferências que serão realizadas para
a conta bancária da empresa mediante transações efetuadas em um

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

prazo também posterior ao final do exercício seguinte. Exemplo: uma


transferência acordada com o cliente de ser efetuada após 360 dias).
• Duplicatas a receber de longo prazo: pagamentos a serem efetuados
pelos clientes em um prazo posterior ao final do exercício seguinte.
Entretanto, existem situações em que parte é contabilizada no curto
prazo e a outra parte no longo prazo. Caso uma empresa venda um
equipamento em 20 parcelas mensais iguais de R$ 1.000,00, ela deve
registrar R$ 12.000,00 como duplicatas a receber no curto prazo e os
demais R$ 8.000,00 como duplicatas a receber no longo prazo.

Cabe lembrar que com o passar do tempo alguns lançamentos devem ser
reclassificados para o curto prazo, em função do período de encerramento do
demonstrativo. A seguir, analisaremos as possíveis participações societárias que
uma empresa pode realizar.

2.4 PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS


As participações societárias correspondem ao subgrupo investimentos e
este abrange em grande parte as participações em outras sociedades realizadas
pela empresa e os direitos não classificáveis no circulante, que não se destinem
à manutenção da cia. ou da empresa. Entre estas participações, destacamos os
investimentos em coligadas, controladas, empreendimentos em conjunto e as
propriedades para investimentos.

Uma entidade coligada é uma entidade que a empresa investidora tem


influência significativa, que é o poder de participar das decisões sobre políticas
financeiras e operacionais de uma investida, sem que haja o controle individual ou
em conjunto destas políticas. De acordo com o CPC 18, o investidor tem influência
significativa quando detém 20% ou mais de ações com direito a voto na investida
(normalmente ações ordinárias). Exemplo: a Log-In Logística Intermodal é uma
empresa coligada da Vale S/A (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
18, 2011).

O negócio em conjunto é quando duas empresas gerenciam juntas uma


atividade econômica ou um determinado projeto. Assim, ambas têm direitos sobre
os ativos líquidos do negócio em conjunto. Podemos exemplificar o Jornal Valor
Econômico, que durante 16 anos (2000-2016) esteve sob o controle e gestão dos
Grupos Globo e Folha.

A entidade controlada é classificada quando o investidor possuir os seguintes


atributos: poder sobre a investida; exposição ou direitos sobre retornos variáveis

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Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

decorrentes de seu envolvimento com a investida e a capacidade de utilizar seu


poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos. Exemplo: a Petrobras
Logística de Gás (Logigas) é uma empresa controlada pela Petrobras S/A.

1 De acordo com Souza, Drum e Carvalho (2014), as notas


explicativas devem exprimir informações com clareza e
objetividade, de forma complementar àquelas que foram
evidenciadas nas outras demonstrações, isto é, não basta
apenas exibir os dados de forma resumida nas demonstrações
financeiras: é necessário evidenciar e detalhá-los em
informações complementares fornecidas pelas notas explicativas,
que passaram a ser obrigatórias para todas as empresas a
partir da edição da Lei nº 11.638/2007, complementada pelos
pronunciamentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC).
SOUZA, I. R.; DRUM, C. A.; CARVALHO, I. M. de. A International
Financial Reporting Standard (IFRS) para as pequenas e médias
empresas. InterAtividade, Andradina, v. 2, n. 1, 2014.

A respeito das notas explicativas, responda às seguintes questões:

a) Por que as empresas devem elaborar notas explicativas às


demonstrações financeiras?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

b) Descreva dois eventos que devem estar presentes nas notas


explicativas de uma sociedade.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________

c) Qual o objetivo dos investimentos a longo prazo para que as


empresas possam controlar suas atividades?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

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INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

d) Descreva a importância da DRE nas empresas e nos índices para


controle da tomada decisão.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

e) Qual a função da análise financeira dentro dos índices e seus


reflexos?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

As propriedades para investimentos estão previstas pelo CPC 28. São


imóveis mantidos para obter renda com aluguéis ou valorização do capital,
incluindo imobilizações em andamento para tal propósito. Tais propriedades
devem ser mensuradas pelo seu custo, incluindo os custos de transação.
Após o reconhecimento inicial são mensuradas ao valor justo (não sofre
depreciação, porém a valorização é contabilizada no resultado) (COMITÊ DE
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 28, 2011).

Bem, conhecemos as principais formas de aplicações em participações


societárias. A seguir conheceremos os principais grupos de contas que fazem
parte do imobilizado da empresa. Exemplo: o Barra Shopping do Rio de Janeiro é
uma propriedade para investimento do Grupo Multiplan.

2.5 IMOBILIZADO
O imobilizado corresponde aos bens físicos destinados à manutenção das
atividades da entidade. Estes bens compreendem normalmente a terrenos,
edificações, veículos, imobilizações em andamento, móveis, utensílios e
equipamentos e são demonstrados a valor de custo deduzidos de depreciação e
de perdas por redução ao valor recuperável.

20
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O custo dos ativos imobilizados compreende o preço de aquisição e os


custos diretamente atribuíveis. Um item que merece especial atenção no ativo
imobilizado é a sua depreciação. A depreciação é uma forma de mensurar o
desgaste pelo uso de um determinado ativo imobilizado. Os terrenos não sofrem
depreciações. A depreciação de um ativo se inicia quando ele está disponível e
deve cessar na data em que o ativo é mantido para venda, ou na data em que o
ativo for baixado, ou o que ocorrer primeiro.

Para finalizar o nosso estudo sobre o ativo não circulante, conheceremos, a


seguir, os ativos que podem ser reconhecidos como intangíveis, de acordo com a
Lei nº 6.404/76 e com o CPC 04 – Intangíveis.

2.6 INTANGÍVEIS
Os intangíveis representam direitos de natureza não física, tais como ágio
na aquisição de investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial
(aquisição de uma empresa pelo valor maior que o de mercado), patentes, marcas
registradas, direitos autorais, concessões de portos, concessões de rodovias etc.
A sua contabilização está prevista no CPC 04.

Os ativos intangíveis com vida útil definida adquiridos separadamente


(são adquiridos independentes de qualquer outro produto) são registrados ao
custo deduzidos da amortização. A amortização ocorre da mesma forma que
a depreciação e é associada ao imobilizado. O ativo intangível é baixado na
alienação ou quando não há benefícios econômicos futuros resultantes do seu
uso ou alienação.

O documentário Enron, os mais espertos da sala, de 2005,


dirigido por Alex Gibney, mostra práticas adotadas por uma empresa
para fraudar lucros e perdas, inflando seu patrimônio. Suas
informações contábeis-financeiras eram falsas, o que levou milhares
de investidores a tomarem decisões equivocadas.

21
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Agora que aprendemos as principais possibilidades de investimentos de uma


empresa, estudaremos de que forma as empresas captam recursos que possam
financiar tais investimentos.

2.7 FINANCIAMENTOS
Examinaremos, neste tópico, os financiamentos obtidos com capital de
terceiros e com o capital próprio. O financiamento via capital de terceiros pode
ser efetuado com dívidas de curto e de longo prazo com credores, com ou sem
o pagamento de juros (dívidas com os bancos apresentam juros, e dívidas com
os fornecedores não têm juros). Por sua vez, o financiamento com capital próprio
ocorre por intermédio da captação de mais recursos com acionistas, ou retenção
de lucros, em alguns casos, gerando obrigações de pagamento de dividendos.

Os fornecedores referem-se a compras a prazo realizadas pela empresa,


com o propósito de contribuir para a sua atividade operacional. Em tais operações,
geralmente, não há a cobrança de juros, uma vez que o prazo de pagamento aos
credores é curto, tornando-se passivos não onerosos. Também são denominados
passivos financeiros, pois têm a obrigação contratual de entregar caixa ou outro
ativo financeiro a uma outra entidade (ALMEIDA, 2014).

Já as dívidas a pagar abrangem as obrigações oriundas da atividade


operacional da empresa. Entre elas, citamos como principais os salários a pagar e
os tributos a pagar. Entre estes tributos destacamos os impostos sobre a Receita
(ICMS, ISS, IPI), as contribuições sobre a Receita (PIS/PASEP e COFINS),
o imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido.

As provisões são conceituadas pelo CPC 25 como obrigações derivadas de


eventos passados, em que seja possível estimar seus valores e cuja liquidação
seja provável. Podem ser enquadradas nesta lista processos cíveis, trabalhistas
e tributários, cuja perda seja provável (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS 25, 2011).

Os empréstimos correspondem às dívidas contraídas por meio de obtenção


de recursos junto a bancos, financeiras e outras instituições de crédito para
financiar suas operações. Como tais dívidas envolvem o pagamento de juros,
os empréstimos são definidos como exemplos de passivo oneroso. Esta dívida
também tem como característica prazos certos de vencimentos e de encargos
financeiros.

22
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Após conhecermos as principais contas de curto prazo do passivo circulante


de uma empresa, estudaremos as principais obrigações de longo prazo que uma
empresa pode contrair em suas operações.

2.8 FINANCIAMENTOS DE LONGO


PRAZO
No passivo circulante, os financiamentos de curto prazo são classificados
como empréstimos com prazo de vencimento de até um ano. Já no passivo
não circulante são registrados empréstimos que irão vencer após o término do
exercício seguinte.

No caso de empréstimos, a lei das S/As exige que sejam divulgadas em nota
explicativa as demonstrações financeiras a taxa de juros, o prazo de vencimento
e as garantias de empréstimo a longo prazo. No longo prazo também temos os
impostos diferidos. São impostos que serão reconhecidos (normalmente imposto
sobre a renda e CSSL) por diferença temporal entre o momento em que são
registrados na contabilidade e o em que o são para efetiva tributação.

Uma vez descritas as obrigações com capital de terceiros, analisaremos as


formas de financiamento com o capital próprio, envolvendo, principalmente, a
forma de captação de recursos com os acionistas.

O financiamento por meio do capital próprio é representado pelo patrimônio


líquido, que pode ser alterado mediante contribuições dos acionistas com bens
suscetíveis de avaliações em dinheiro, sendo a sua principal conta denominada
capital social. Também fazem parte do capital próprio as reservas de capital e
de lucros, bem como os resultados de avaliação patrimonial. O capital social é
dividido em capital autorizado, subscrito e realizado.

O capital autorizado é aquele que o conselho de administração permite que


sejam feitas novas emissões de ações (subscrições) até o limite estipulado. Cabe
à direção da empresa decidir o momento adequado para realizar a oferta de novas
ações no mercado.

Já o capital subscrito é o compromisso do investidor de adquirir as novas


ações lançadas no mercado. Este investidor ainda não pagou o valor da compra
à empresa, mas assumiu o compromisso de adquirir. O capital realizado ou
integralizado é aquele que foi pago pelo investidor à empresa que lançou as
novas ações.

23
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Na contabilidade, o capital social divulgado nas demonstrações contábeis é


representado pelo capital subscrito, sendo este líquido da conta retificadora de
capital a realizar. Por exemplo, se um acionista se comprometeu a subscrever R$
100.000,00 de participação em ações de uma empresa e ainda não realizou este
pagamento, esta parte do capital social está subscrita, porém não integralizada,
o que só se dará após o pagamento do acionista do valor das ações à empresa.

A reserva de capital abrange o ágio na subscrição de ações, na alienação de


partes beneficiárias e bônus de subscrição. O ágio na subscrição de ações consiste
na contribuição do subscritor de ações que ultrapassarem o valor nominal. Partes
beneficiárias e bônus de subscrição representam títulos negociáveis emitidos pela
companhia (ALMEIDA, 2014).

As reservas de lucros são constituídas pelas reservas legal, estatutária,


contingências, incentivos fiscais, retenção de lucros e de lucros a realizar. A
reserva legal é constituída, obrigatoriamente, com base em 5% do lucro líquido
até o limite de 20% do capital social realizado, porém, essa reserva poderá deixar
de ser constituída quando seu saldo acrescido do valor das reservas de capital
atingir 30% do capital social realizado (ALMEIDA, 2014).

A reserva estatutária é estabelecida pelo estatuto da companhia, definindo o


objetivo, determinando o cálculo e o limite máximo da reserva. As reservas para
contingências têm como objetivo destinar parte do lucro líquido do exercício para
compensar no futuro perda considerada como provável (ALMEIDA, 2014).

A reserva de incentivos fiscais é um tipo de reserva de lucro que corresponde


a uma parcela do lucro líquido decorrente de doações e subsídios governamentais
para investimentos. A reserva para retenção de lucros tem como objetivo cobrir o
orçamento de capital. Por fim, a reserva de lucros a realizar tem como objetivo a
retenção dos lucros econômicos até a sua realização (ALMEIDA, 2014).

O ajuste de avaliação patrimonial corresponde a contrapartidas de aumentos


ou diminuições do valor atribuído a elementos do ativo e do passivo em decorrência
da sua avaliação pelo valor justo. Essas contas são utilizadas enquanto estas
variações não transitarem pelo resultado do exercício (ALMEIDA, 2014).

A seguir, discutiremos quais seriam as melhores alternativas de endividamento


de uma empresa, considerando o custo do capital próprio e o custo do capital de
terceiros.

24
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

2.9 COMPOSIÇÃO DOS


FINANCIAMENTOS
Existe a crença de que uma empresa boa é aquela que não possui dívidas
com terceiros. Na verdade, todas as empresas que apresentam crescimento
foram financiadas com boa parte de recursos de terceiros. A grande questão para
analisarmos a composição dos financiamentos é a de observar se a empresa tem
condições de honrar com os compromissos de terceiros.

A captação de recursos, seja por meio de capital próprio ou de terceiros,


implica custos. Tais custos podem ser traduzidos sobre a forma de juros, no caso
de dívidas com terceiros, ou de dividendos/juros sobre o capital próprio, no caso
de dívidas com acionistas.

Finalizando este capítulo esperamos que você tenha o conhecimento das


principais formas de captação e de aplicações de recursos que uma empresa
pode realizar, considerando o seu aspecto patrimonial.

A seguir, estudaremos as noções básicas do orçamento de capital. Na primeira


parte, conheceremos a importância do orçamento de capital e sua aplicação
alinhada aos planos da organização. Posteriormente, serão apresentados os
tipos de fluxo de caixa, obedecendo à classificação do Demonstrativo do Fluxo de
Caixa (DFC): Operacional, Investimento e Financiamento.

O terceiro tópico a ser abordado abrange os componentes na elaboração de


um fluxo de caixa. Por fim, serão discutidas as alternativas de estimativas do fluxo
de caixa, que contribuem para uma elaboração mais apurada do orçamento de
capital.

2.10 IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO


DE CAPITAL
Torna-se cada vez mais frequente nas empresas o estudo sobre a viabilidades
dos investimentos realizados. Os gastos realizados na aquisição de capital
(máquinas, equipamentos, instalações etc.) são denominados Capex (Capital
Expenditure), e os gastos destinados à manutenção desses investimentos são
classificados como Opex (Operational Expenditure).

25
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

As empresas optam por realizar novos investimentos por diferentes razões.


A seguir, discutiremos a redução de custos, a manutenção de negócio, os novos
produtos e a expansão de novos mercados.

O investimento em máquinas e equipamentos contribui para a redução de


custos por diversos motivos. O primeiro deles é a oportunidade de substituir um
determinado tipo de trabalho manual pelo automático, o que já assegura ganhos
de produtividade. Outro impacto na redução de custos é a modernização da
atividade produtiva, com a aquisição de máquinas e equipamentos mais eficientes.

Podemos exemplificar a compra de uma máquina que aumente a produção


por hora de uma determinada mercadoria, ou mesmo a aquisição de um
equipamento que gaste menos energia elétrica, como um freezer de última linha
para um açougue.

As máquinas e equipamentos com o tempo sofrem desgaste com a


depreciação. Em virtude disso, torna-se necessária a reposição de novos
maquinários, considerando que a sua vida útil esteja próxima de seu vencimento.
Vamos supor um equipamento que foi adquirido por R$ 10.000,00 e possui uma
vida útil de 10 anos, com valor residual (valor do ativo ao final de sua vida útil) de
R$ 2.000,00. Após 8 anos, a depreciação acumulada é de R$ 6.400,00 (R$ 800,00
por ano x 8 anos), resultando em um valor contábil de R$ 3.600,00 (R$ 10.000,00
– R$ 6.400,00). Além da perda do valor contábil, provavelmente, o desempenho
desse equipamento pode não ser o mesmo que o da data de aquisição. Uma
nova aquisição de equipamento deve ser realizada pela empresa, de forma que a
queda de eficiência da máquina não prejudique o seu negócio.

Para a produção de novas mercadorias ou serviços, pode ser que uma


empresa também necessite de aquisição de imobilizado, de forma que possa
viabilizar o negócio. Pode ser que este novo negócio necessite de um modo de
produção diferente do que já vem realizando e que sejam necessários novos
investimentos.

O retorno esperado neste novo negócio precisa ao menos superar o valor


gasto de um investimento no intervalo da vida útil esperada por ele.

Uma grande oportunidade que uma empresa pode ter é a expansão de


novos mercados. Ao contrário da estratégia de aumentar o portfólio de produtos e
serviços, basta a empresa ampliar a sua capacidade de produção. Nem sempre
isso é fácil, uma vez que o retorno financeiro incremental esperado deva ser
superior aos novos investimentos.

26
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Considere que uma empresa deseje exportar suas mercadorias, aumentando


suas vendas de 20.000 unidades para 50.000 unidades. Para que possa
suportar essa nova demanda é necessário que ela realize a aquisição de novos
equipamentos no valor de R$ 500.000,00. Como poderíamos mensurar se esta
estratégia será eficaz?

O orçamento de capital a ser realizado deve considerar os retornos obtidos


com o aumento de 30.000 unidades de demanda com a exportação (50.000 –
20.000). Para isso, é necessário verificar o fluxo de caixa incremental que essa
exportação trará para a empresa.

Esse fluxo de caixa incremental deve ser suficiente para cobrir o valor de R$
500.000,00 dos investimentos realizados ao longo da vida útil desse equipamento,
e assim, assegurar o crescimento de demanda. O tempo de retorno deve ser
definido previamente pela gestão da empresa.

Após verificarmos a importância do estudo do orçamento de capital para


analisar a viabilidade de programas de redução de custos, de manutenção de
negócios já existentes, de novos negócios e de ampliação em novos mercados,
estudaremos os diversos tipos de fluxo de caixa sob a ótica do demonstrativo do
fluxo de caixa.

2.11 TIPOS DE FLUXO DE CAIXA


Para aprofundarmos nossos estudos sobre o fluxo de caixa, estudaremos
o seu conceito e os três tipos de fluxos de caixa que compõem a Demonstração
do Fluxo de Caixa (DFC): operacional, financiamento e investimento. Esse
demonstrativo tem como um de seus objetivos a capacidade de a empresa gerar
caixa ou equivalentes de caixa.

O fluxo de caixa de uma empresa é a movimentação ocorrida na conta


caixa, ou, em um sentido mais ampliado, na conta caixa e equivalente de caixa. A
demonstração do fluxo de caixa pode ser apresentada por meio de dois métodos:
direto ou indireto. Ela é divulgada pelo método direto, conforme divulgação
realizada pelas Lojas Americanas (LASA) à Comissão de Valores Mobiliários
(CVM).

27
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

QUADRO 1 – DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA –


MÉTODO DIRETO (LOJAS AMERICANAS - LASA)

Conta
Descrição 01/01/2017 a 31/03/2017 (R$ mil) 01/01/2016 a 31/03/2016 (R$ mil)
6.01 Caixa Líquido Atividades Operacionais –1.337.014 –963.390
6.01.01 Caixa Gerado nas Operações 328.367 416.608
6.01.02 Variações nos Ativos e Passivos –1.665.381 –1.379.998
6.01.03 Outros 0 0
6.02 Caixa Líquido Atividades de Investimento –616.788 825.510
6.03 Caixa Líquido Atividades de Financiamento 2.658.951 –196.609
6.04 Variação Cambial s/ Caixa e Equivalentes 0 0
6.05 Aumento (Redução) de Caixa e Equivalentes 705.149 –334.489
6.05.01 Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes 523.436 1.326.147
6.05.02 Saldo Final de Caixa e Equivalentes 1.228.585 991.658
FONTE: O autor

A demonstração do fluxo de caixa apresenta os movimentos que afetam


a conta caixa sob a ótica das atividades operacionais, do investimento e do
financiamento. A seguir, conheceremos como é apresentado o fluxo de caixa
operacional.

2.12 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL


O fluxo de caixa operacional se refere às receitas e aos gastos (incluindo
custos e despesas) da empresa envolvidos nas atividades geradoras de receita
da empresa. O CPC 03 exemplifica fluxos de caixa resultantes das atividades
operacionais da empresa.

(a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela


prestação de serviços;
(b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários,
comissões e outras receitas;
(c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e
serviços;
(d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de
empregados;
(e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de
prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;
(f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a
renda, a menos que possam ser especificamente identificados
com as atividades de financiamento ou de investimento; e
(g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos
para negociação imediata ou disponíveis para venda futura
(COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 03, 2011,
p. 5).

28
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O fluxo de caixa operacional apresenta o valor gerado pelo negócio em que


a empresa está atuando. Essa informação é importante para a mensuração do
potencial de valor de mercado que uma empresa pode alcançar.

2.12.1 FLuXo DE CAiXA PArA


FiNANCiAmENToS
O fluxo de caixa de financiamentos corresponde ao total de recursos
captados pela empresa, tendo como contrapartida o pagamento aos credores de
amortizações, juros das dívidas contraídas no período e pagamentos a acionistas.

(a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros


instrumentos patrimoniais;
(b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou
resgatar ações da entidade;
(c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos,
notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros
empréstimos de curto e longo prazos;
(d) amortização de empréstimos e financiamentos; e
(e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do
passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro (COMITÊ
DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 03, 2011, p. 6).

O fluxo de caixa de financiamentos mostra o resultado líquido entre as


transações da empresa e seus credores e acionistas. Esse resultado deve ser
monitorado de forma que evite que uma empresa não contraia empréstimos além
de sua capacidade de pagamento ou de que realize pagamentos para credores/
acionistas superiores a sua capacidade de geração de caixa.

Uma vez conhecido o fluxo de caixa de financiamentos, vamos compreender


de que forma os recursos das aplicações circulam por meio do fluxo de caixa de
investimentos.

2.15 FLUXO DE CAIXA PARA


INVESTIMENTOS
O fluxo de caixa para investimentos corresponde ao gasto relacionado aos
ativos não circulantes, como realizáveis de longo prazo, investimentos, imobilizado
e intangíveis. Por meio desse fluxo de caixa, verifica-se a capacidade da empresa
em investir em equipamentos, máquinas, imóveis, marcas, patentes, que possam
agregar valor futuro.

29
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

O CPC 03 também enumera operações que possam se enquadrar no


conceito deste fluxo de caixa:

(a) pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado,


intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos
incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento
ativados e aos ativos imobilizados de construção própria;
(b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo
imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo;
(c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos
patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades
e participações societárias em joint ventures (exceto
aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como
equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação
imediata ou futura);
(d) recebimentos de caixa provenientes da venda de
instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras
entidades e participações societárias em joint ventures (exceto
aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como
equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação
imediata ou futura);
(e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros
(exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por
instituição financeira);
(f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos
ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros
(exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição
financeira);
(g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de
opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos
para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem
classificados como atividades de financiamento; e
(h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de
opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos
para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos
forem classificados como atividades de financiamento (COMITÊ
DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 03, 2011, p. 6).

No próximo tópico, conheceremos os principais componentes do fluxo


de caixa de um projeto, para que possamos compreender como se dá a sua
elaboração para posterior análise.

3 FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO


O fluxo de caixa de um projeto abrange diversas variáveis, desde o
investimento inicial a ser realizado, os seus benefícios futuros até o impacto
no aspecto tributário. A compreensão de cada uma dessas contribui para uma
adequada elaboração de um fluxo de caixa. De forma a nortear a discussão,
apresentaremos, a seguir, um exemplo de operação que envolva o fluxo de caixa.

30
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Uma empresa investiu R$ 40.000,00 na aquisição de uma máquina. Essa


máquina produzirá mercadorias, cujas vendas serão de 1.000 unidades/ano por
R$ 50,00 cada, durante cinco anos. Os custos e despesas para a produção de
uma mercadoria são de R$ 30,00. O imposto de renda pago anualmente é de
R$ 6.000,00, e no final do quarto ano a empresa vende este imobilizado por R$
2.000,00 sem incidência de tributação.

Para a elaboração de um plano de negócios é fundamental compreender


o investimento inicial envolvido na operação. Esse investimento inicial pode ser
realizado à vista.

Uma vez que o investimento inicial envolve o desembolso financeiro por


parte da empresa, o registro desse investimento no fluxo de caixa é feito por meio
de uma seta para baixo.

No exemplo citado, o valor que representa o investimento inicial é de R$


40.000,00 com a seta para baixo no período zero.

O investimento inicial é apenas o ponto de partida para a nossa análise do


fluxo de caixa de um projeto, que também envolve os resultados operacionais,
demais resultados e as tributações.

3.1 RESULTADOS OPERACIONAIS


Os resultados obtidos seguem os princípios de caixa de confrontar as receitas
recebidas com os custos e despesas pagos na atividade operacional da empresa.
Caso a receita recebida supere os custos/despesas pagos no período, a seta a
ser representada no fluxo de caixa é para cima, que representa entrada líquida de
recursos para a empresa.

Por outro lado, em uma situação em que a receita recebida seja inferior aos
custos e despesas pagos, a seta representada é para baixo, caracterizando como
uma saída líquida de recursos. A geração de um resultado favorável envolve
diversos fatores, como o planejamento, recursos disponíveis, produção, controle,
estratégia, entre outros.

Os resultados operacionais a serem apresentados no exemplo citado


corresponde à diferença entre a receita anual (R$ 50.000,00 = 1.000 unidades
x R$ 50,00) e os custos e despesas variáveis por mercadoria (R$ 30.000,00 =
1.000 unidades x R$ 30,00). Essa diferença resulta em um valor positivo de R$
20.000,00 por ano, representado por uma seta para cima.

31
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Entretanto, devemos considerar os demais resultados e a apuração do


imposto de renda para a elaboração do resultado líquido no fluxo de caixa.

Os demais resultados podem ser considerados no fluxo de caixa de uma


empresa resultantes de operações que não são consideradas da natureza do
negócio. Podemos exemplificar: esses resultados encontrados são agregados ao
valor do saldo financeiro do período realizado pelas atividades operacionais no
fluxo de caixa. No caso do exemplo citado, o valor de R$ 2.000,00 com a venda
do ativo será somado no quarto ano ao resultado operacional de R$ 20.000,00.

3.2 IMPACTO NO IMPOSTO DE RENDA


Os fluxos de caixa gerados devem estar líquidos do pagamento de tributos e
de contribuições sociais. Os principais tributos que incidem sobre o lucro gerado
são o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro líquido. Entretanto,
deve-se apurar, primeiramente, o lucro de uma empresa para, posteriormente,
calcular o imposto devido a ser pago. A realização desse pagamento torna-se
mais uma das despesas pagas pela empresa.

No exemplo apresentado, o valor do imposto de renda pago foi informado de


forma a simplificar a compreensão do fluxo de caixa. Assim, o resultado líquido
será de R$ 16.000,00 (R$ 50.000,00 – R$ 30.000,00 – R$ 6.000,00 + R$ 2.000,00)
no quarto ano e de R$ 14.000,00 nos demais anos (R$ 50.000,00 – R$ 30.000,00
– R$ 6.000,00).

Bem, uma vez conhecido como se elabora um fluxo de caixa, precisamos


verificar qual seria o impacto do fluxo de caixa de um projeto no fluxo de caixa total
da empresa. Assim, a seguir, estudaremos fatores que influenciam as estimativas
do fluxo de caixa.

Examinaremos como o fluxo de caixa de um projeto de investimento


pode afetar ou não o fluxo de caixa total da empresa. Para isso, é necessário
recorrermos ao conceito de fluxo de caixa relevante ou incremental. Outras
discussões podem ser realizadas sobre variáveis, que podem influenciar a tomada
de decisão de um projeto, como os custos irrelevantes, o custo de oportunidade
e o papel das externalidades. Cada uma dessas variáveis pode afetar a oscilação
do fluxo de caixa do projeto para positivo ou negativo.

Após a aceitação de um projeto, o fluxo de caixa gerado por este é


considerado um fluxo de caixa relevante que interferirá no fluxo de caixa total da
empresa, de acordo com a magnitude do projeto de investimento a ser realizado.
Como exemplo, podemos citar que apesar da crise da Petrobras observada nos

32
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

últimos anos, o fluxo de caixa gerado pelo projeto do pré-sal continua a ter um
papel bastante relevante no fluxo de caixa geral da empresa.

O fluxo de caixa relevante também é denominado fluxo de caixa incremental.


O custo de oportunidade corresponde à comparação entre um determinado
retorno de um investimento e o retorno de outro tipo de aplicação a ser realizada
de forma alternativa a esse investimento.

Vamos supor que um empresário obtenha o retorno líquido de 12,5% ao ano


em um fundo de investimento em renda fixa, caso seja aplicado R$ 3.000.000,00.
Ele também tem a opção de investir estes R$ 3.000.000,00 na ampliação de sua
capacidade produtiva, na construção de uma nova fábrica.

De forma a verificar se esta nova fábrica será um negócio rentável ou não,


o empresário não deve apenas verificar se ele obteria lucro ou prejuízo com o
empreendimento. Na verdade, ele deve esperar um retorno, ao menos, superior
a 12,5% de remuneração de juros da opção de investimento no fundo em renda
fixa.

Esse percentual de 12,5% torna-se, para a análise do projeto, o custo


de oportunidade na qual o empresário deve ter como referência quando da
elaboração de um plano de negócios que apresente estudo de viabilidade de
construção de uma nova fábrica.

Infelizmente, o custo de oportunidade é um custo econômico, utilizado


apenas como parâmetro de relatórios gerenciais. Beuren (1993, p. 8) assinala
que “na literatura sobre custo de oportunidade, observa-se que as abordagens
a nível de contabilização vão de encontro ao conceito de custo de oportunidade,
distanciando-se do conceito original”.

Enfim, o custo de oportunidade pode servir de parâmetro para a avaliação


de projetos, uma vez que qualquer retorno abaixo deste custo inviabilizaria a
aprovação do projeto.

Também denominados como custos afundados, os custos irrecuperáveis


devem ser considerados quando de sua ocorrência, ainda que seja a contragosto
da gestão da empresa. Em algumas situações, o custo afundado não pode ser
relevante para a tomada de decisão da empresa.

Podemos citar como exemplo a contratação de uma consultoria para um


estudo prévio de viabilidade de um negócio. Esse estudo pode ser considerado
um custo afundado, pois independente de uma empresa implementar ou não este
negócio, este estudo já estaria pago.

33
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

A externalidade também afeta a análise do fluxo de caixa, uma vez que


considerando que ela seja negativa, ela pode incluir custos adicionais para que
seja apta para operar. De forma a exemplificar a externalidade, utilizaremos uma
fábrica que seja instalada ao lado de um rio. O seu custo de instalação é de R$
2.000.000,00 e espera-se que este empreendimento apresente fluxos de caixa
positivos de R$ 600.000,00 por ano, durante 10 anos.

Se os resíduos sólidos e demais lixos forem despejados no rio, o poluiria e


impediria que toda a população local usufruísse do rio da mesma forma que antes
da instalação da fábrica. Estaríamos diante de uma situação de externalidade
negativa.

De forma a dirimir o efeito dessa externalidade negativa, a empresa terá que


realizar gastos que solucionem esse problema. A empresa poderia contratar um
serviço para a retirada dos resíduos e lixo para outro lugar, evitando o contato
com o rio. O custo desta operação seria de R$ 100.000,00 por ano.

De forma a evitar problemas com relação ao órgão regulador e mesmo


com relação a clientes, fornecedores e acionistas – em função de exigências de
responsabilidade ambiental –, a empresa deverá considerar este custo, abatendo,
assim, a projeção de fluxo de caixa positivo de R$ 600.000,00 para R$ 500.000,00.

Uma forma alternativa de minimizar a externalidade negativa nesse caso


específico é a entrada no mercado de crédito de carbono.

A necessidade de um desenvolvimento sustentável é a chave para a


construção de cidades inteligentes, que respeitem o ambiente, proporcionando
uma melhor qualidade de vida para a população.

A elaboração de um projeto que inclua aspectos relacionados aos impactos


causados pelo fluxo de caixa relevante, custo de oportunidade, custo irrecuperável
e pelas externalidades tende a ter resultados mais próximos da realidade do que
os projetos que não consideram tais variáveis.

4 CUSTOS X ANÁLISE FINANCEIRA


Uma das exigências dos empreendedores ao investir em projetos é maximizar
o retorno econômico, que compense os riscos e os custos de capital envolvidos no
investimento. As decisões de investimento e financiamento de um projeto podem
ser separáveis, mas são dependentes. As organizações necessitam conhecer
as possibilidades de financiamento de seus projetos, pois, assim, conhecerão

34
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

também os retornos exigidos pelos recursos disponíveis, necessariamente,


considerados na avaliação de projetos de investimento. O retorno ou taxa
exigida pelos capitais representa a ligação entre as decisões de investimento e
financiamento dos projetos, chamada de Taxa Mínima de Atratividade (TMA) nas
análises de investimentos.

A contratação de empréstimos pode trazer diversos benefícios para a


empresa. O mais usual decorre do fato de que o empréstimo permite a aquisição
de bens na empresa e reduz a parcela do imposto de renda, uma vez que a
despesa financeira é dedutível, e isso significa que o custo desse capital não é o
custo real, pois a empresa tem uma economia de imposto.

Dessa forma, ao contrair um empréstimo, uma empresa, provavelmente,


terá uma maior disciplina financeira, pois terá que se autogerenciar e pagar esse
empréstimo no decorrer do contrato. Além disso, o relacionamento com uma
instituição financeira poderá trazer benefícios e melhoria nos controles gerenciais.

Os rendimentos ou custos podem ser identificados por meio de vários


métodos de negociação, tais como cálculo do valor nominal e presente; cálculo do
cupom; YTM Yield to maturity (rendimento à maturidade) e custo do endividamento.
Vamos conhecê-los agora.

4.1 VALOR NOMINAL E VALOR


PRESENTE DE UM TÍTULO
Chamaremos de título qualquer papel negociável. Uma nota promissória, por
exemplo, é um título que compromete a pessoa que o assina a pagar uma certa
importância a outra pessoa, numa determinada data. São exemplos de títulos:

• Duplicata: papel emitido por pessoas jurídicas contra clientes físicos ou


jurídicos, especificando vendas de mercadorias com prazo ou prestação
de serviços a serem pagos mediante contrato firmado entre as partes.
• Nota promissória: título que comprova uma aplicação com vencimento
determinado. Este produto é muito utilizado entre pessoas físicas e/ou
pessoas físicas e instituições financeiras credenciadas. Para calcular o
valor de um título, precisamos entender o significado de valor nominal,
que será considerado o valor na data de seu vencimento.

O valor atual deste mesmo título pode ser estabelecido pela data de
pagamento antecipado, ou seja, quando uma empresa resolve quitar este título
antes da data de vencimento. Para a diferença entre os dois valores daremos

35
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

o nome de desconto, que é uma compensação recebida pelo tomador do


empréstimo pelo pagamento adiantado da dívida.

Para diferenciar valor nominal de valor presente, usaremos a matemática


financeira pelo método de desconto racional sobre juros compostos.

Calcularemos o valor atual racional composto de um título no valor nominal


de R$ 1.200,00, com vencimento para dois anos, com taxa de juros compostos de
24% ao ano, capitalizados semestralmente.

Valor nominal = 1.200,00.


N (tempo) = 2 anos = 4 semestres (capitalização semestral).
i (taxa) = 24% ao ano = 0,24/2 semestres = 0,12 ao semestre x 100 = 12% ao
semestre.

Isso significa que se este título for descontado hoje, ele valerá R$ 762,63, e,
neste caso, se diminuirmos VA (Valor Atual) – VN (Valor Nominal) encontraremos
o abatimento ou custo de capital deste desconto no valor de R$ 437,37.

Um outro método para calcular custos ou rendimentos é o pagamento de


cupom. Cupom é o ganho ou juros sobre títulos que fazem pagamentos periódicos
e que são definidos no momento da sua emissão. Eles são pagos com base em
um percentual fixo sobre o valor do principal no vencimento. Com isso, o investidor
não precisa esperar até o vencimento para receber a totalidade dos seus recursos
de volta.

Segundo Almeida (2014, p. 101), “o termo cupom vem do francês coupon,


que significa uma parte cortada em um papel ou um vinco em papel, que tinha
pequenas tiras que eram destacadas e trocadas pelo dinheiro”.

Exemplo para um prefixado: a NTN-F (tipo de um título) com vencimento em


01/01/2008 paga 6,88% ao semestre (10,00% ao ano) e o seu principal será de
R$ 1.000,00 no vencimento. Assim, o cupom semestral será de R$ 68,81.

Como mostrado no exemplo anterior, o cupom representa o pagamento


intermediário de juros de um título de notas do tesouro nacional.

A taxa de cupom ou juros de cupom é a taxa de juros (geralmente fixa) e


paga, a cada semestre ou a cada ano, pelo emissor ao detentor do TRF (Títulos
de Renda Fixa). Essa taxa depende do mercado e varia de título para título.

Yield to Maturity, ou rendimento ao vencimento, é uma expressão que designa


a taxa de rentabilidade (ganho de capital mais juros) de um título de renda fixa,

36
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

obtido até a data do seu vencimento. “O rendimento à maturidade é usado como


uma forma de dar atratividade a um título sazonal, mantendo-o até o vencimento,
para então, ser resgatado pelo seu valor nominal” (ALMEIDA, 2014, p. 58).

No cupom, você calcula os juros em cima do valor do preço de mercado, no


caso do Yield to Maturity, você ganha capital + juros. Veremos as diferenças nos
exemplos a seguir.

Suponhamos que você compre um título da empresa CFA, cujo valor nominal
seja de R$ 1.500, com um cupom de juros de 5% e vencimento em cinco anos,
em que o preço de mercado (na data da compra) do título seja de R$ 1.000.

O cupom de juros é a taxa anual dos juros a serem pagos sobre o valor
nominal de R$ 1.500, que é de R$ 75 por ano.

O rendimento atual do título é o juro dividido pelo preço atual, ou seja, R$


75 / R$ 1.000, que é igual a 7,5%. Ao resgatar o título após 5 anos, você recebe
R$ 1.500 pelo título “maduro” e um ganho total de capital de R$ 500 (R$ 1.500 –
1.000).

Para encontrar o rendimento de maturidade (Yield to Maturity), some os


rendimentos intermediários e divida por dois, ou seja, 12,5% + 17.5% / 2. O
resultado, 15%, é o rendimento à maturidade.

4.2 CÁLCULO DO CUSTO DO


ENDIVIDAMENTO
Podemos definir esse cálculo como o grau de endividamento da empresa em
relação ao ativo total. Seu resultado é considerado melhor quando seu percentual
“está abaixo de 60%, ou seja, quanto menor, melhor” (MARION, 2007, p. 67).

Fórmula: “grau de endividamento = (Passivo circulante + exigível a longo


prazo) / (Ativo total) x 100” (ALMEIDA, 2014, p. 58).

Ao tratar de endividamento estamos falando das origens de recursos de uma


empresa que serão aplicadas no ativo. O endividamento sempre será necessário,
mas precisaremos avaliar o custo de endividamento e o risco medido pela
probabilidade de a empresa tornar-se tecnicamente insolvente, ou seja, incapaz
de pagar suas contas no vencimento.

37
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Agora, com base no balanço patrimonial a seguir, avaliaremos o grau de


endividamento e o custo do endividamento por meio de duas hipóteses: a empresa
tem um custo de seu passivo circulante de 3% e do seu passivo não circulante de
11%. Vamos calcular o custo e o grau do endividamento.

Balanço patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.000, 00 Passivos circulantes 1.600,00
Banco conta Movimento 2.000,00 Passivos não circulantes1.700,00
Ativo imobilizado 4.300,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 6.300,00 Total 6.300,00

1ª Hipótese
Grau de endividamento = R$ 3.300,00

Passivo circulante + exigível a longo prazo


Ativo total × 100

GE = = 0,52 × 100 = 52%


R$ 6.300,00

Custos do endividamento:

O custo de endividamento deve ser comparado ao capital circulante líquido,


indicador que medirá a solvência da empresa e indicará se o endividamento está
impactando nos resultados de seus investimentos no ativo.

Aplicando as fórmulas, temos:

Capital circulante líquido = R$ 2.000,00 – R$ 1.600,00 = R$ 400,00

Os resultados desses dois indicadores levam em consideração o risco de


insolvência da empresa e, nesse caso, podemos dizer que a empresa compromete
seu ativo em 52% (grau de endividamento) e o custo de endividamento é de R$
235,00. Mesmo com esses parâmetros, a empresa possui capital circulante líquido
de R$ 400,00 para investimento e baixo risco de insolvência.

2ª Hipótese

Como o custo de endividamento de longo prazo é mais alto, supomos a


transferência de obrigações do longo prazo para o curto prazo no valor de R$
700,00.
38
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Passivo circulante + exigível a longo prazo

Grau de endividamento =

R$ 3.300,00
GE = = 0,52 × 100 = 52%
R$ 6.300,00

Ativo total × 100

Custos do endividamento:

Logo, podemos concluir que ao transferir obrigações de longo para o


curto prazo, a empresa reduz o seu custo de endividamento.

O custo de capital do endividamento (Ko) é a taxa mínima de


retorno que a empresa aceita na intenção de maximizar o valor dos seus
investimentos. A estrutura ótima de suas obrigações é aquela em que a
combinação de recursos próprios e de terceiros resulta num valor mínimo
para o custo de capital da empresa (Ko).

O custo total de capital de uma empresa representa também as expectativas


mínimas de remuneração das diversas fontes de financiamento ou pode ser
entendido como o retorno médio exigido.

O custo de capital pode ser usado como uma medida de avaliação da


taxa mínima de atratividade econômica para a análise do desempenho de uma
estrutura ótima de capital.

O custo de capital próprio pelo modelo CAPM é dado quando:


Ke = custo de capital próprio
Rf = taxa livre de risco
Rm = taxa de retorno esperada da “carteira de mercado”
Rm – Rf = prêmio que o mercado oferece por unidade de risco,
independentemente do ativo específico β x (Rm – Rf) = prêmio por risco assumido
β = mede a sensibilidade relativa da taxa de retorno do ativo a variações da taxa
de retorno da carteira de mercado.
Fórmula:
Ks = Rf + β × (Rm – Rf)

Nesse exemplo, calcularemos o custo de capital próprio ou retorno esperado,


relacionando os retornos esperados e considerando o risco do mercado, de acordo
com os parâmetros da fórmula anterior. Assim, se a taxa livre de risco é igual a

39
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

8%, o retorno médio do mercado é igual a 12% e o beta da ação do Patrimônio


Líquido é de 1,5, avalie se o retorno efetivo da ação está sub ou superavaliada,
sabendo que o retorno efetivo é de 9%.

Onde: Rf = Taxa livre de risco 8%


Beta = 1,5 índice de retorno esperado do patrimônio líquido da empresa Rm
= Taxa de retorno esperado do mercado
Ke = 0,08 + 1,5 (0,12 – 0,08) = 14% > 8%, então, se o retorno esperado está
acima da taxa livre de risco, a ação está subavaliada. Logo, vale a pena investir
na ação porque seu preço atual está baixo e, assim, renderá bons lucros.

Anteriormente, vimos os custos de capitais, como taxa mínima de retorno no


ponto de vista da empresa, a seguir, conheceremos os ganhos de capital sob o
ponto de vista dos investidores.

O conceito de dividendos é denominado como ganhos do mercado de ações.


Imagine que você decidiu investir seu dinheiro nos papéis na companhia WLT S.A.
Essa empresa teve um bom desempenho trimestral, com lucro acima do mercado.
Como investidor, você terá direito a receber uma parte do lucro, chamada de
dividendos, que podem ser distribuídos aos acionistas em dinheiro ou ações
para o investidor, a vantagem é ter acesso a uma provável valorização das ações
no longo prazo, podendo garantir resultados, como uma renda periódica, ou
distribuição dos dividendos.

Isso é feito de acordo com o conselho de administração da empresa, que


precisa aprovar a distribuição do lucro. Depois, com o aval do conselho, o passo
seguinte é protocolar a decisão na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a
destino do mercado de capitais, informando publicamente as datas e os valores
do pagamento dos dividendos, que podem ter periodicidade mensal, trimestral,
semestral ou anual, conforme o estatuto social da empresa.

DRE da empresa WLT S.A. em mil R$

Vendas Líquidas 1.000,00


(–) Custo das Vendas 300,00
= Lucro Bruto 700,00
(–) Despesas operacionais 100,00
= Lucro operacional 600,00
(–) Despesas financeiras 10,00
= Lucro antes do IR 590,00
(–) Provisão p/ IR 10,00
= Lucro Líquido 580,00
Obs. 1: a empresa possui 20.000 ações

40
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Vamos supor que a cia. destinará 20% do lucro para dividendos.

Esse cálculo verifica quanto o acionista receberá, em termos de dividendos.

Você aplicou R$ 20.000,00 na empresa WLT S.A. comprando 1.000 ações


desta empresa, neste caso, você pagou R$ 20 por ação.

Os dividendos pagos pela empresa serão de R$ 4,00, logo, seu rendimento


será de R$ 4,00 dividido por R$ 20 (multiplicando por 100 para obter a
porcentagem). O rendimento neste exemplo é de 20% e é importante para
valorizar o investimento.

A seguir, conheceremos os juros sobre o capital próprio, como ganhos


de capital dos acionistas. Nesse caso, os juros sobre capital próprio serão
considerados como retorno exigido pelos acionistas.

4.3 DIVIDENDOS X JUROS SOBRE O


CAPITAL PRÓPRIO
Agora, falaremos de juros sobre capital próprio. Antes de tudo, é uma
estratégia adotada em virtude de um planejamento tributário. Trata-se, então,
da remuneração que tem característica similar à remuneração na fórmula de
dividendos, porém, com algumas diferenças.

“O termo custo de capital é muitas vezes expresso, de diferentes formas,


como sendo a taxa mínima de atratividade, taxa de retorno requerida (mínima
exigida), custo total de capital, taxa de desconto apropriada, entre outras”
(ALMEIDA, 2014, p. 96).

De acordo com Almeida (2014), o custo de capital próprio constitui-se em


uma taxa de retorno exigida pelos investidores para investir capital em uma
empresa. Esse investimento possui risco, representado pela possibilidade de não
alcançar o retorno esperado ou, ainda, perde-se o capital investido.

Assim, para realizar um investimento, o investidor deve analisar o risco do


negócio e a taxa de retorno envolvida, como também a incerteza na credibilidade
dos emissores de ações, tratando-se de um mecanismo de proteção.

Podemos dizer que o Modelo de Gordon, publicado pelo economista Myron J.


Gordon em 1959, pressupõe um crescimento dos dividendos a uma taxa constante
e analisa considerando tanto o custo de capital próprio como os dividendos pagos.

41
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

O Modelo de Gordon é um método de avaliação que serve apenas para


empresas estáveis no mercado e que buscam capturar o custo de capital e
compará-los com os dividendos crescentes a uma taxa que se possa contar a
longo prazo. O Modelo de Gordon foi concebido para precificar o valor presente
de uma ação por meio da análise de três elementos:

• taxa de retorno do capital;


• taxa de crescimento dos dividendos;
• valor do dividendo esperado.

O Modelo de Gordon leva em consideração o custo do capital próprio, que


tem como objetivo a formação do preço do valor presente de uma ação – isto
é, seu valor zero (V0). Para se calcular o custo de capital próprio por meio do
Modelo de Gordon, utiliza-se a fórmula a seguir, na qual, poderemos, também,
calcular outras variáveis:

P0 – Preço da ação
D1 – Próximo dividendo esperado Ks – Custo de capital próprio
g – Estimativa de crescimento dos dividendos (taxa de crescimento
esperado).

Anteriormente, vimos como obter rendimentos sobre o capital próprio, a


seguir, entenderemos como é calculado o custo deste capital.

O cálculo do custo do capital próprio tem a ver com o patrimônio líquido (PL),
ou seja, como o nome sugere, sua origem está na própria atividade econômica.
Em outras palavras: são os recursos que provêm dos proprietários (ou de sócios
e acionistas).

O CAPM é o método utilizado para calcular o custo do capital próprio para


ser comparada a taxa de retorno do investimento. Agora, veremos como calcular
o custo de oportunidade.

Vamos, então, apurar o impacto do prejuízo no retorno do patrimônio líquido.

Balanço Patrimonial
Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.000,00 Passivos circulantes 1.700,00
Banco conta Movimento 2.000,00 Passivos não circulantes1.700,00
Ativo imobilizado 4.300,00
Total 6.300,00 Patrimônio líquido 2.900,00
Capital Social 3.000,00
Reservas de lucros 100,00

42
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Resultado do Exercício (200,00)


Total 6.300,00

Para calcular o custo do endividamento da empresa, nos basearemos na


fórmula do retorno do patrimônio líquido. A fórmula seria:

ROE = Lucro

Lucro Patrimônio Líquido

–100
ROE = = –0,034
2.900

Ou seja, para cada 1 real investido, foi atribuído um prejuízo de R$ 0,034.


Para demonstrar o resultado do ROE em porcentagem, basta multiplicar o
valor final por 100:
ROE = – 0,034 x 100
ROE = – 3,40%

O custo de oportunidade é comparado com a taxa Selic ou custo de


oportunidade (nome dado ao custo mínimo exigido na análise de investimentos)
ou o percentual mínimo que a empresa deixou de ganhar em determinado
investimento. Logo, se considerarmos uma taxa SELIC de 6%, a empresa terá
que cobrir 9,4% de custo do capital próprio, pois ela deixou de ganhar os 6% do
mercado e não teve retorno do investimento, precisando de muito esforço para
vender e cobrir o prejuízo.

Agora que já conhecemos os capitais próprios e de oportunidade,


analisaremos o passivo como um todo, a partir do estudo da estrutura de capital.

A análise da estrutura ótima de capital propõe circunstâncias muito


específicas com relação ao valor entre as fontes de financiamento, indicando
quanto da dívida total da empresa deverá ser paga no Curto Prazo, longo prazo e
estrutura do capital próprio da entidade.

Em um mundo sem impostos, onde todos os participantes


compartilham as mesmas informações, em que pessoas físicas
e jurídicas podem tomar recursos emprestados à mesma taxa
de juros, não há custos de negociação e os credores são
indiferentes ao risco, a estrutura de capital é irrelevante para
alterar o valor de mercado (ALMEIDA, 2014, p. 28).

A visualização da estrutura de capital fica mais evidente quando analisamos


o balanço patrimonial da empresa, que será exemplificado a seguir. Uma vez que

43
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

a estrutura de capital trata da composição dos capitais, significa que estamos


falando do lado dos passivos.

A composição do capital de uma empresa é formada usando dois tipos de


fontes de capital distintos para fins de aplicação no ativo:

• Capital de terceiros (ou endividamento).


• Capital próprio (de seus sócios ou acionistas).

O capital de terceiros, ou endividamento, pode ser obtido, principalmente, por


meio de contratos de empréstimos, financiamentos com bancos ou emissão de
títulos privados, como debêntures e notas promissórias.

O capital próprio é constituído pelo capital social (no caso de sociedades


Ltdas.) ou pelas ações (no caso de sociedades anônimas); além disso, é composto
pelas reservas de lucros.

No exemplo a seguir, veremos a estrutura de capital da empresa ZCL:

Balanço patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativos circulantes 2.000,00 Financiamento 2.600,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Empréstimos de Longo Prazo 1.700,00
Patrimônio líquido 2.000,00
Total 6.300,00 Total 6.300,00

A estrutura de capital é a proporção de cada fonte de capital sobre o total de


capital investido. Nesse caso, temos recursos alocados no curto, longo prazo e no
patrimônio líquido.

Reveja a demonstração financeira anterior para encontrar os componentes


do capital. Destaque todas as dívidas e o patrimônio líquido da empresa (incluindo
ações ordinárias e preferenciais, contribuição ao capital e lucros retidos, se tiver).
Sua estrutura de capital é o percentual que cada fonte de investimento representa
no investimento total da empresa.

Vejamos um exemplo: digamos que você tenha os seguintes componentes


de capital: Financiamento R$ 2.600,00 + Empréstimos R$ 1.700,00 e Patrimônio
Líquido R$ 2.000,00. Com isso, seu capital totaliza R$ 6.300,00. Para calcular sua
estrutura de capital, pegue o valor em reais de cada fonte de capital e divida pelo
capital total. No exemplo anterior, o financiamento é de 41% (R$ 2.600,00 / R$
6.300,00); o empréstimo bancário é de 27% (R$ 1.700,00 / R$ 6.300,00), o capital

44
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

social (patrimônio líquido) é de 32% (R$ 2.000,00 / R$ 6.300,00), totalizando


100%.

Dívidas costumam ser a fonte mais cara de capital e, com a evolução das
dívidas, calcular sua estrutura de capital atual permite que você veja quão bem
está seguindo sua estrutura de capital ideal.

QUADRO 2 – ESTRUTURA DE CAPITAL

Capital de Terceiros 91.000,00 36,3%


Empréstimos de curto prazo 24.000,00 9,6%
Empréstimos de longo prazo 55.000,00 22,0%
Debêntures 12.000,00 4,8%
Capital Próprio 159.500,00 63,7%
Ações ordinárias 75.000,00 29,9%
Ações preferenciais 45.000,00 18,0%
Reservas de lucros 16.000,00 6,4%
Lucros acumulados 23.500,00 9,4%
Capital Total 250.500,00 100%
FONTE: Brealey, Myers e Marcus (2007, p. 102)

A composição de cada tipo de endividamento tem sua relevância no estudo


do custo de capital. O endividamento da estrutura de capital é obtido a partir da
fórmula apresentada por Almeida (2014), que mostra a dependência da empresa
com relação ao capital próprio, pois é estipulada pela divisão do Capital de
Terceiros (CT), pelo Capital Próprio (CP) e seu resultado multiplicado por cem,
como demonstrado na fórmula a seguir:

EG = CT * 100/CP

Usando os dados do balanço patrimonial, temos o seguinte resultado:

Passivo + PL
Financiamento 2.600,00
Empréstimos de Longo Prazo 1.700,00
Patrimônio líquido 2.000,00
Total 6.300,00

Nesse caso, a empresa encontra-se praticamente dependendo de capital de


terceiros, indicando alto nível de endividamento no curto e longo prazo.

45
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

4.3.1 CASo APLiCADo


Problema baseado no livro Administração Financeira: teoria e prática, de
Almeida (2014).

Suponha que a MidiaFace tenha este balanço patrimonial:

Os passivos circulantes consistem inteiramente em empréstimos no valor de


10.000.00 e a taxa de juros sobre essa dívida é de 20%, a mesma taxa sobre os
novos empréstimos bancários. As ações ordinárias são vendidas ao preço de R$
60,00 cada para 1.000,000 ações. Calcule o valor de mercado da estrutura de
capital da empresa.

A estrutura de capital da empresa é dividida em duas partes e devemos


analisar cada uma separadamente:

Dívidas de curto prazo (passivo circulante).


Ações ordinárias (os lucros retidos são incorporados ao valor de mercado
das ações).

• Dívidas de curto prazo


O enunciado afirma que a taxa de juros desses títulos é de 20% ao ano, logo,
a dívida do empréstimo é de R$ 12 milhões (R$ 10.000.000 mais 20%).

• Ações ordinárias
O enunciado facilita esse cálculo ao fornecer o preço da ação: R$ 60. Esse é
o valor de mercado de uma ação. Para sabermos o valor de mercado do conjunto
de ações, basta multiplicar o preço pela quantidade de ações: 60 x 1.000.000 =
R$ 60.000.000.

De acordo com os cálculos efetuados anteriormente, encontramos


os componentes da estrutura de capital no valor de 72.000.000. A seguir,
conheceremos o cálculo do custo médio, levando em consideração os
componentes de capital.

O custo médio ponderado de capital é o custo da composição do passivo e


é obtido por uma média das taxas dos custos das diversas modalidades usadas
após o IR, ponderado pela participação relativa das várias modalidades no total,
que denominamos estrutura financeira da empresa.

A seguir, conheceremos o cálculo deste custo comparado à taxa mínima


de atratividade e as implicações e os efeitos do imposto de renda sobre o custo
médio.
46
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) é obtido pelo custo de cada


fonte de capital multiplicado por sua participação na estrutura da empresa e é uma
média ponderada das diferentes fontes de financiamento que a empresa utiliza. O
custo de capital é o elemento fundamental para a decisão de investimento em
qualquer projeto ou mercado.

A sigla utilizada para o CMPC é WACC (weighted average cost of capital),


sendo considerado como o retorno mínimo que uma empresa deve obter com
base nos seus ativos existentes para satisfazer os seus credores, proprietários
e outros financiadores de capital. É essencial o entendimento desta análise para
competir no mercado.

O efeito da redução no custo de endividamento provocado pela dedutibilidade


fiscal impacta diretamente nos custos do endividamento, dado que os juros
suportados pelos impostos são fiscalmente aceites pelo imposto de renda, que
veremos detalhadamente em seguida.

O capital de terceiros compreende todas as exigibilidades da empresa, tais


como empréstimos e debêntures. Nesses casos, a empresa recebe um montante
para aplicar no ativo de acordo com suas necessidades e conveniência, e, em
contrapartida, efetua uma série de pagamentos correspondendo a juros e outras
despesas, devolvendo o principal corrigido em função de índices utilizados para
refletir a perda de poder aquisitivo da moeda (correção monetária). Portanto, o
custo do capital de terceiros é a taxa efetiva de juros. O que for obtido em excesso
pertencerá integralmente a esses acionistas.

Precisamos ressaltar que os custos de todas as fontes devem ser expressos


após a incidência do imposto de renda, pois os encargos do capital de terceiros
são dedutíveis como despesa para fins de tributação, o que não ocorre com os
dividendos.

Para efeitos de imposto de renda no cálculo do CMPC, o governo paga parte


do custo da dívida porque os juros são dedutíveis. Portanto, se uma empresa
pode tomar empréstimos a uma taxa de juros de 5% a.a. e se tem uma alíquota
do imposto de renda de 40%, então seu custo da dívida pós-impostos é de 3%.
Isso porque o custo de capital de terceiros é precificado a partir da equação a
seguir:

47
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

FONTE: Almeida (2014, p. 75)

A alíquota do imposto de renda constitui uma despesa dedutível, eles


produzem ganhos fiscais que reduzem o custo líquido da dívida, tornando o custo
da dívida pós-impostos inferior ao custo antes dos impostos, é o que veremos a
seguir.

Uma determinada empresa possui a seguinte estrutura de capital e seus


respectivos custos:

Solução

Itens R$ milhões Participação % Custo Custo x participação


Empréstimo 20 45,45 0,35 0,1591
Debêntures 8 18,18 0,40 0,0727
Ações preferenciais 6 13,64 0,30 0,0409
Capital próprio 10 22,73 0,55 0,1250
Total 44 100 0,3977
Ou seja, um custo médio ponderado do capital de 39,97% ao ano, em média.

Nesse caso, supondo que a taxa mínima de atratividade do investimento feito


com essas fontes de recursos seja de 50%, significa que o retorno exigido é maior
que o custo dos capitais de 39,77%, ou seja, vale a pena recorrer a essas fontes.

48
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Agora, aplicaremos um caso sobre o cálculo do custo médio ponderado de


capital, comparando com a taxa mínima de atratividade ou taxa interna de retorno.

Vamos estudar um pouco mais as demonstrações? Acesse o


link a seguir:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S1519-70772005000200003>.

A Cia. ABC pretende realizar um investimento que resultará numa taxa


interna de retorno (TIR) de 15% ao ano. Ao mesmo tempo, necessitará recorrer a
fontes de financiamentos para realizar o negócio nas seguintes condições:

Itens R$ milhões Participação % Custo % Custo x participação


Empréstimo de LP 40 40 5,68 0,0227
Ações preferenciais 10 10 9,33 0,0093
Ações ordinárias 50 50 13,00 0,0650
Total 100 100 0,0970

Qual o custo médio ponderado? Compare com a taxa mínima de atratividade.

Podemos concluir, então, que os componentes do passivo adquiridos para


fins de investimento têm um custo menor que o retorno do investimento, sendo
vantajoso para a empresa.

Neste capítulo, vimos a importância de analisar os custos de capitais


associados ao retorno que determinado investimento deve proporcionar, sendo
definido como a taxa de remuneração exigida pelos investidores, tendo em conta
o risco do negócio. A análise de custo do capital prende-se com as decisões dos
investidores sobre os ativos e a forma de financiar esses ativos. Vimos, também,
diferentes métodos e formas de investimentos e como compará-las com a taxa
mínima de atratividade.

49
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Para complementar seus estudos, faça a leitura do livro:

IUDÍCIBUS, S. et al. Manual de contabilidade societária:


aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas
internacionais e do CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A contabilidade pode ser entendida como a ciência responsável por estudar
as mudanças nos ativos físicos e pessoais. Essas alterações podem ocorrer na
forma de aumento ou redução, ou seja, o patrimônio líquido pode aumentar ou
diminuir a qualquer momento, e a contabilidade registrará e controlará essas
alterações.

Visto que a contabilidade se aplica a indivíduos e empresas, como eles


se diferenciam no mundo dos negócios? Uma pessoa física é considerada
uma pessoa natural ou, ainda, aquela registrada em cartório e que possui um
conjunto de bens, direitos e obrigações. Perante a contabilidade, ela responderá
individualmente as suas ações e, além disso, é finita quando se dá o seu
falecimento.

Essas situações patrimoniais ocorrerão em diferentes momentos da


empresa e não necessariamente uma organização passará por todas elas ou
ainda permanecerá em uma situação por muito tempo, todas fazem parte das
mutações patrimoniais a que estas estão sujeitas na dinâmica na qual registra
suas mutações.

A função econômica da contabilidade pode ser compreendida toda vez


que ela apura o seu resultado, seja este lucro ou prejuízo. Quando isso ocorre,
ela confronta Receitas que, em um conceito amplo e em grande parte, estão
relacionadas à atividade principal e também aos custos e despesas da empresa.
Cabe ressaltar que os custos são utilizados para a obtenção de receitas, e as
despesas para a manutenção da atividade principal da organização.

Os custos, por sua vez, possuem ligação direta com as receitas da atividade
principal do negócio. Logo, em um banco, os custos são representados pelo
salário dos bancários, que atendem aos correntistas e, em uma indústria, têm

50
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

relação com a produção, ou seja, podem ser representados, de modo geral, como
valores pagos com mão de obra, matéria-prima, entre outros, os quais foram
usados para produzir. Já no comércio, são aqueles utilizados para adquirir o que
será comercializado.

A prestação de informações acerca das mutações patrimoniais é um processo


tão importante quanto a compreensão de como elas ocorreram. Informar aos
principais usuários sobre os acontecimentos dentro da organização, bem como as
questões associadas às modificações, deve fazer parte da rotina das empresas e
dos profissionais que atuam na área da contabilidade.

Assim, a informação contábil é essencial sob diferentes pontos de vista, já


que pode ser utilizada por usuários internos da contabilidade, como gerentes,
responsáveis por departamentos e proprietários, e também por agentes externos,
como governo, financiadores em geral, acionistas, fornecedores, assim como
outros que possuam algum tipo de interesse na informação contábil.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. C. Curso de Contabilidade Básica em IFRS e CPC. São Paulo:
Atlas, 2014.

BEUREN, I. M. Conceituação e contabilização do custo de oportunidade. Cad.


Estud., São Paulo, n. 8, p. 1-12, abr. 1993. Disponível em: https://www.scielo.br/
pdf/cest/n8/n8a03.pdf. Acesso em: 30 set. 2020.

BREALEY, A. R.; MYERS, C. S.; MARCUS, J. A. Fundamentals of Corporate


Finance. 5th edition. New York: McGraw-Hill, 2007.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil-Financeiro. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

51
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa. 2011. Disponível em: http://
static.cpc.aatb.com.br/Imagens/Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20
Cont%C3%A1beis%202011.pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-
23043579.1610649060&_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-
23043579.1610649060. Acesso em: 30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 04 – Ativo Intangível. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/
Imagens/Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%20
2011.pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 16 – Estoques. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 18 – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento
Controlado em Conjunto. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/
Imagens/Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%20
2011.pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento


Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos
Contingentes. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 27 – Ativo Imobilizado. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/
Imagens/Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%20
2011.pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

52
Capítulo 1 PADRONIZAÇÃO E AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico


CPC 28 – Propriedade para Investimento. 2011. Disponível em: http://static.
cpc.aatb.com.br/Imagens/Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20
Cont%C3%A1beis%202011.pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-
23043579.1610649060&_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-
23043579.1610649060. Acesso em: 30 set. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento


Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação
Descontinuada. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060&_
ga=2.49280614.1394573181.1610649060-23043579.1610649060. Acesso em:
30 set. 2020.

DUFFY, M. G. Gestão de projetos: arregimente os recursos, estabeleça prazos,


monitore o orçamento, gere relatórios. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

GITMAN, L. J. Princípios da Administração Financeira. 12. ed. São Paulo:


Pearson, 2012.

KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2006.

MARION, J. C. Análise das Demonstrações Contábeis: contabilidade


empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira –


Corporate
Finance. Tradução por A. Z. Sanvicente. 2. ed. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.

SOUZA, A.; CLEMENTE, A. (Coautor). Decisões financeiras e análise de


investimentos:
fundamentos, técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

SZUSTER, N. et al. Contabilidade geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

53
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

54
C APÍTULO 2
APLICABILIDADE DAS ANÁLISES
HORIZONTAIS E VERTICAIS

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Identificar e mensurar os índices e análises empresariais dentro do Balanço


Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, dando ênfase nos
lançamentos contábeis.
• Analisar as demonstrações financeiras para uso interno e externo.
• Calcular as demonstrações financeiras para uso interno e externo com foco na
tomada de decisão empresarial e financeira.
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

56
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A contabilidade é a ciência responsável por estudar as mudanças nos
ativos físicos e pessoais. Essas mudanças podem ocorrer de forma crescente ou
decrescente, ou seja, o patrimônio líquido pode aumentar ou diminuir a qualquer
momento, e o contador registrará e controlará essas mudanças.

Adicionalmente, outra possibilidade de entendimento da contabilidade é que


ela é encarregada também pelo registro – classificações e posterior elaboração
de demonstrações contábeis –, sejam elas obrigatórias ou não, referentes às
mutações patrimoniais ocorridas em um determinado período, consequência de
uma etapa anterior, a chamada escrituração contábil.

Assim, o processo de escrituração contábil evidencia, de forma ordenada,


todos os registros referentes às mutações contábeis em questão, as quais
ocorreram em um período.

Atualmente, tal processo ocorre de maneira digital e é conhecido como


Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Assim, o nome escrituração
está relacionado à forma como a contabilidade era realizada, de maneira manual
(REIS, 2010).

Dentro do contexto contábil e empresarial, de modo simples, um bem pode


ser classificado como algo capaz de satisfazer às necessidades humanas, por
meio de benefícios econômicos, os quais possuem valor e podem ser mensurados
economicamente (REIS, 2010). Nesse contexto, um exemplo bastante comum
são os maquinários de uma empresa, ressaltando-se que existe uma série infinita
de bens em uma firma.

Assim, podemos dizer que uma máquina é um ativo da empresa, já que ela
faz parte do patrimônio de uma organização. Ela serve como um mecanismo para
satisfazer as necessidades humanas, uma vez que, no caso de produção, ela
é mensurável e tem valor econômico. Ademais, pode ser negociada entre duas
empresas diferentes. O mesmo raciocínio pode ser aplicado a diversos tipos de
ativos, como veículos, computadores, entre outros que são utilizados em uma
empresa.

Os direitos, representados por valores a receber, como clientes,


adiantamentos a funcionários e a fornecedores, entre outros valores, também
irão compor o conjunto patrimonial que a empresa mantém junto a terceiros.
Este, ainda que não represente bens ativos propriamente ditos, de alguma forma
permitem à empresa cobrar algo de um terceiro (MATARAZZO, 2003).

57
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Além dos bens e direitos, as obrigações, como fornecedores ou contas de


energia, telefonia e internet, financiamentos, entre outros, também fazem parte
do patrimônio, porém, nesse momento surgirá um outro importante conceito, o
patrimônio líquido, que não deve ser confundido com o patrimônio. O patrimônio
líquido também é conhecido como riqueza líquida e segundo o CPC 00 (R1),
representa patrimônio líquido o interesse residual nos ativos da entidade depois
de deduzidos todos os seus passivos (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS 00, 2011).

2 UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE


ANÁLISE VERTICAL
Você já parou para pensar que, em muitos casos, a riqueza líquida de uma
pessoa física ou jurídica pode ser nula, ou até mesmo negativa? Quem tem muitos
bens e direitos não necessariamente apresenta riqueza própria.

O patrimônio líquido é denominado dessa forma, pois representa o valor


líquido resultante da diferença entre os bens e direitos, menos as obrigações. Em
outras palavras, ele representa tudo que a empresa possui, mais o que ela tem
a receber, descontadas as suas dívidas. Com isso, o grupo do patrimônio líquido
demonstra a riqueza líquida da entidade e, caso ela fosse liquidada, o patrimônio
líquido seria o seu real valor.

Os acionistas ou sócios, no caso daquelas sociedades que possuem capital


aberto ou fechado, respectivamente, são um grupo tão importante que possui um
grupo contábil somente para eles, denominado patrimônio líquido, que agrega
contas, como Capital Social da empresa, seus resultados, como as reservas
(antes representadas pelo lucro) ou prejuízo, quando este ocorre, entre outras,
que ocorrerão de acordo com as atividades da empresa. O Capital Social é o
ingresso de recursos dos sócios ou acionistas para a constituição ou manutenção
da entidade.

Observe que pelos conceitos expostos, foi possível compreender que a


contabilidade é responsável pela mensuração, estudo e controle do patrimônio,
seja ele de uma pessoa física ou jurídica. Assim, o patrimônio é formado pelo
conjunto de bens, direitos e obrigações, e o que realmente representa o valor da
riqueza líquida é conhecido como Patrimônio Líquido, que, entre outras contas
importantes, engloba o capital social, reservas ou prejuízos acumulados.

Pode-se afirmar que o campo de aplicação da contabilidade é o das aziendas,


mas o que seria tal conceito? Segundo Marion (2010), as entidades, no sentido

58
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

geral, criadas sob forma econômica, possuem elementos em comum. Uma azienda pode
Neste contexto, uma azienda pode ser definida como uma entidade ser definida como
constituída pelo conjunto de bens, direitos e obrigações, ou seja, todas uma entidade
as que possuem patrimônio. constituída pelo
conjunto de bens,
direitos e obrigações,
Ainda de acordo com o autor, as entidades, apesar dos laços em
ou seja, todas as que
comum, diferenciam-se em questões bastante específicas. Com base possuem patrimônio.
nesse entendimento, a contabilidade é aplicável a entidades com ou
sem fins lucrativos, empresas do setor público, religiosas, partidos políticos e
qualquer tipo de organização ou pessoa física que possua um patrimônio.

Já que a contabilidade se aplica tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas,


como elas se diferenciam dentro do mundo dos negócios?

Uma pessoa física é considerada uma pessoa natural, ou ainda, aquela


registrada em cartório e que possui um conjunto de bens, direitos e obrigações.

Perante a contabilidade, ela responde de forma individual por seus atos,


além disso, é finita quando se dá o seu falecimento.

Por outro lado, uma pessoa jurídica é a composição (ou junção) de uma
ou mais pessoas físicas ou jurídicas, por meio de contrato social ou estatuto
registrado em cartório, em receita ou junta comercial. Uma pessoa jurídica pode se
configurar de diferentes formas, como empresas individuais, simples, sociedades
empresárias, com ou sem fins lucrativos, entre outros tipos.

Nesse contexto, é uma pessoa física (ou várias) que se torna responsável
por uma pessoa jurídica, uma vez que há empresas constituídas por pessoas
para coordenar outras firmas.

A finalidade operacional, ou seja, da atividade da pessoa jurídica, é dada


por meio de um acordo, que pode ser verbal ou não, entre as partes ou por
decisão judicial. No entanto, como será controlado o patrimônio de tantas pessoas
físicas e jurídicas ao mesmo tempo? Este é o assunto sobre o qual trataremos na
sequência.

No processo de controle patrimonial, outro ponto crucial também é


entender as representações gráficas, seus elementos e o significado de cada
um dentro da natureza contábil. Isso permitirá o conhecimento das situações,
estados patrimoniais e como cada um deles impacta de forma diferenciada uma
organização.

59
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Para que alguém possa controlar o patrimônio de uma entidade, é necessária


a compreensão de alguns elementos essenciais que farão parte do processo
de mutação dos elementos patrimoniais. De forma inicial, é imprescindível o
entendimento de como funciona a equação patrimonial e por que sua composição
ocorre para que uma empresa tenha o seu patrimônio.

É preciso lembrar que o Balanço Patrimonial tem este nome, justamente,


porque deve possuir uma relação de equilíbrio, ou seja, balanceada.

Assim, imaginaremos uma balança com dois pratos, sendo que o lado
esquerdo é representado pelo Ativo, e o outro é representado pelo Passivo
(MARION, 2010).

É normal que o Ativo e o Passivo tenham valores diferentes, assim a balança


penderá para um dos lados. Para a manutenção da noção de equilíbrio, é utilizado
o grupo do Patrimônio Líquido, que, por razões matemáticas e de lógica, será
apresentado do lado de menor valor. Para isso, são demonstradas algumas
situações hipotéticas, sem detalhamento dos lançamentos ou de como ocorreram.

Quando a empresa apresenta passivo a descoberto, as suas dívidas são tão


grandes que ela tem uma inexistência de riqueza própria. Logo, o seu Patrimônio
Líquido fica representado do lado do Ativo, somente para fins de manutenção
do equilíbrio. Neste ponto, a empresa entra em um movimento constante de
dificuldades, já que não consegue mais liquidez e também não possui, em grande
parte do tempo, crédito no mercado para arcar com seus compromissos.

Assim, é possível compreender que ela não tem riqueza própria, apresenta
mais dívidas que ativos, o que a coloca em uma situação bastante complicada.
Agora, partindo do pressuposto de que o objetivo de uma empresa é o lucro.

A constituição de uma organização com fins lucrativos, como o próprio nome


já indica, tem como finalidade a obtenção de lucros para os seus proprietários ou
acionistas e apurar esse resultado é uma das funções da contabilidade. Para isso,
é necessário compreender qual é a função econômica da contabilidade, como ela
é aplicada dentro do conjunto de demonstrações contábeis e quais são as suas
características.

Para a obtenção dos resultados em uma organização, também é preciso


conhecer os componentes envolvidos no processo, ou seja, as receitas, as
despesas e os custos. Assim, quando estes são confrontados, é possível obter
lucro ou prejuízo do período e entender como o resultado foi formado: etapas
envolvidas e características para a apuração do resultado econômico.

60
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

2.1 FUNÇÃO ECONÔMICA DA


CONTABILIDADE
A contabilidade pode ser percebida em diversas situações cotidianas, e
os conhecimentos que a originaram existem desde os princípios da civilização,
afinal, sempre existiu a preocupação em contar, por exemplo, números de ovelhas
ou bois ou as dívidas a pagar ou a receber.

Ao longo de todos esses anos, a civilização se desenvolveu e, a contabilidade,


também, deixando de ser uma atividade para se tornar uma ciência social
aplicada, mas como uma ciência com tantos números e cálculos matemáticos
pode não ser exata?

A ciência contábil é uma ciência social aplicada, porque a ação do homem


é a variável que modifica o patrimônio das entidades, ou seja, os resultados são
precisos, porém, inexatos, pois dependem das decisões tomadas por pessoas.
Então, qual é o objetivo da contabilidade?

A existência e o desenvolvimento da contabilidade estão atrelados à


necessidade de informações contábeis, que têm papel relevante no processo
de tomada de decisão tanto em entidades privadas, com ou sem fins lucrativos,
quanto em esfera pública, como as prefeituras e os governos estaduais e federal.

Nesse sentido, veremos qual é o objeto e o objetivo do estudo da


contabilidade. Em seguida, faremos uma distinção entre dados e informações,
para, então, compreendermos o que cada usuário da contabilidade busca ao
utilizar seus resultados.

A principal necessidade dos usuários da contabilidade é obter informações


sobre o patrimônio da entidade que sejam úteis para o processo decisório.

Nesse sentido, para Iudícibus, Marion e Faria (2017), o objetivo da


contabilidade é fornecer informações estruturadas de natureza econômica,
financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários
internos e externos à entidade/objeto da contabilidade.

Imagine que um amigo lhe pede dinheiro emprestado com a promessa de


pagamento no próximo mês. O que você desejaria saber antes de decidir conceder
ou não esse empréstimo?

61
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Um dos primeiros aspectos que se deve observar ao analisar a concessão


ou não de um empréstimo é se a pessoa que pede terá ou não capacidade para
realizar o pagamento dentro do prazo e das condições acordadas. Para tanto, é
possível contar com o auxílio de relatórios financeiros sobre ela, indicando quão
endividada está.

Adaptando esse exemplo para o mundo corporativo, suponhamos que uma


empresa queira ampliar sua área de atividade, necessitando do empréstimo de
um banco. É comum que agentes de crédito peçam a seus clientes informações
contábeis que demonstrem sua capacidade de pagamento, ou seja, temos, nessa
situação, um usuário da contabilidade pedindo informações que lhe ajudem a
tomar uma decisão. Assim, o propósito da contabilidade é controlar o patrimônio,
objetivando a produção de informações úteis ao processo decisório.

A estrutura dos relatórios contábeis-financeiros é regida pelo The Conceptual


Framework for Financial Reporting, ou, no Brasil, Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (COMITÊ DE
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011).

A Estrutura Conceitual preconiza que os relatórios contábeis-financeiros têm


propósito geral, ou seja, talvez possam não atender a todas as necessidades
por informações dos usuários. Além disso, as informações não são produzidas
para atender a um único tipo de usuário, mas, sim, a um conjunto maior deles.
Portanto, ao definir uma estrutura conceitual, o objetivo deve ser “[...] proporcionar
um conjunto de informações que atenda às necessidades do número máximo de
usuários primários” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011, p.
8).

Diante dessa condição, os usuários da informação não são atendidos por um


mesmo tipo de informação, ou seja, embora o objetivo da contabilidade seja prover
informações úteis para a tomada de decisão, nem todos os usuários poderão ser
atendidos pela mesma informação, pois ela não tem propósito específico, mas,
sim, atender a uma maioria de indivíduos.

Assim como outras ciências, a contabilidade tem um objeto de estudo


específico. Relembrando, sua finalidade é o controle do patrimônio, objetivando a
produção de informação contábil útil para a tomada de decisão. Desse modo, seu
objeto de estudo é o patrimônio das entidades.

• Objeto e objetivo da contabilidade.


• Contabilidade.
• Objetivo.
• Controle do patrimônio.
• Objeto do patrimônio.
62
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Compreender o objeto e o objetivo da contabilidade é fundamental para


desenvolver informações contábeis úteis para os usuários da contabilidade. Por
essa razão, nos aprofundaremos no conceito de patrimônio.

Quando ouvimos falar que alguém tem um patrimônio grande, podemos


pensar em seus bens: carros, casas, apartamentos, terrenos etc., mas eles são
suficientes para representar todo o patrimônio? Não poderia existir uma parcela
dos bens em propriedade de outras pessoas?

Suponhamos uma empresa que vende mercadorias a prazo. Antes das


vendas, os produtos faziam parte de seu patrimônio. Depois de vendidas, o
patrimônio da empresa vai diminuir? Não, pois os valores a receber representam
direitos, que também compõem o patrimônio de uma entidade ou pessoa física.

E quanto aos bens que estão sob a propriedade de uma empresa, mas fazem
parte do patrimônio de outra? Por exemplo, um veículo financiado, uma máquina
comprada a prazo, entre outros, também fazem parte do patrimônio? Sim. Isso
significa dizer que, dentro de um patrimônio, existe um conjunto formado por
bens, direitos e obrigações, como veremos a seguir.

Elementos do patrimônio

Ativo Passivo
Bens Obrigações
Direitos Patrimônio Líquido

O patrimônio líquido, que também pode ser chamado de riqueza líquida,


representa a riqueza própria da entidade ou da pessoa física (GELBCKE et al.,
2018).

Imagine que você tem um apartamento financiado no valor de R$ 200.000,


mas ainda resta um saldo devedor de R$ 80.000. Tem, também, R$ 10.000 a
receber como pagamento do empréstimo a um parente e R$ 2.000 depositados
em uma conta poupança. Qual é o seu patrimônio? E sua riqueza líquida?

O patrimônio líquido pode ser representado pelas equações:


Patrimônio Líquido = Ativos – Passivos Patrimônio Líquido = Bens + Direitos
– Obrigações, ou seja, se uma pessoa tem R$ 10.000 em bens e direitos, mas,
também, R$ 3.000 em obrigações, seu patrimônio líquido é de R$ 7.000.

Vivemos na era da informação, com conteúdo acessível facilmente por meio


de smartphones conectados à internet e um grande número de dados circulando
ao mesmo tempo, mas o que é um dado? O que o diferencia de uma informação?

63
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Diante dessa indagação, discutiremos dados e informações na contabilidade.


É importante compreender essa distinção porque o objetivo de fornecer
informações úteis à tomada de decisão só pode ser atingido se conseguirmos
identificar o que é uma informação, para não produzirmos dados sem valor de
utilidade.

Para iniciar a compreensão sobre o conceito de dados, leremos o trecho


de uma reportagem, sem considerar qualquer outro conteúdo que possa ser
acessado no momento: “Nas Olímpiadas do Rio (2016) o Brasil conquistou 7
(sete) medalhas de ouro” (MATSUKI, 2016, s.p.). Considerando apenas essa
frase, sem nenhuma outra informação, é possível avaliar o resultado do Brasil e
compará-lo com o de anos anteriores?

É difícil responder a essas perguntas apenas considerando o trecho


apresentado. Assim, podemos entender o conceito de dado, que é um conjunto
de valores desconectados, sem característica de utilidade para o processo
decisório. Trata-se de princípio necessário ao desenvolvimento de um raciocínio e
à formulação de um juízo (HOUAISS, 2001).

Trazendo o assunto para a contabilidade, consideremos o seguinte exemplo:


determinada empresa finalizou o trimestre com uma margem de lucro líquido de
2%. Apenas com essa afirmativa, não conseguimos definir se isso é bom ou ruim,
pois não temos uma informação, apenas um dado isolado. Não sabemos se, em
outros trimestres, a margem de lucro foi maior ou menor, tampouco se, em relação
aos concorrentes, isso seria positivo ou não.

Diferentemente do dado, a informação traz valor agregado, ou seja,


é um dado que foi trabalhado e conectado a outros dados, que, em conjunto,
consegue fornecer aos usuários informações úteis ao processo decisório. A
informação também pode ser definida de forma mais genérica, como o resultado,
o conhecimento que fora obtido por meio de uma análise, ou investigação dos
dados (HOUAISS, 2001).

A imagem a seguir representa a informação carregada de diversos dados


interligados, que dão valor agregado à informação. A inflação é um exemplo de
dado que pode ser contemplado pela informação contábil.

64
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

FIGURA 1 – CONTROLE FINANCEIRO

FONTE: <https://previews.123rf.com/images/ismagilov/ismagilov1707/
ismagilov170701073/82749326-rear-view-of-a-businessman-with-a-suitcase-looking-
at-a-bitcoin-network-with-a-bitcoin-sign-inside-a.jpg>. Acesso em: 2 fev. 2021.

Veremos o mesmo exemplo para a definição de um dado, agora trabalhado e


conectado a outros dados para prover informação: a empresa finalizou o trimestre
com uma margem de lucro líquido de 2%, seu melhor resultado nos últimos 3 anos
para esse trimestre. Contudo, a margem de lucro médio da concorrência é de
2,8%. Podemos perceber a riqueza de dados trazida por essas informações, pois
ao mesmo tempo que foi apresentado o resultado atual da empresa, verificamos
seus resultados passados e o analisamos em relação aos concorrentes.

A construção e apresentação das informações contábeis deve estar de


acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), alinhadas às
International Financial Reporting Standards (IFRS), ou Normas Internacionais
de Contabilidade. O processo de internacionalização da contabilidade brasileira,
iniciado em 2007, objetiva conferir comparabilidade às informações contábeis
produzidas em diferentes países.

Um dos pronunciamentos mais relevantes nesse processo é o


Pronunciamento Contábil 00, que deu origem à Estrutura Conceitual, enfatizando
a necessidade de produzir informações úteis.

“Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante
e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da
informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável,
tempestiva e compreensível” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS,
2011, p. 14).

A elaboração de informações contábeis tem restrições, como o custo para


a produção da informação. A Estrutura Conceitual define que o custo deve ser

65
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

um fator observado na elaboração das informações, restringindo, inclusive,


sua produção quando o custo superar o benefício que ela trará (COMITÊ DE
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011).

Tendo em vista que os dados e as informações são indissociáveis,


entenderemos melhor a relação entre esses dois conceitos a seguir.

Vimos que os dados, quando são trabalhados e interligados, transformam-


se em informações, que são úteis ao processo decisório dos usuários da
contabilidade. Essa é a relação entre os dados e as informações.

Usuários internos e externos têm características e propósitos distintos. Assim,


eles recebem o mesmo tipo de informação? As informações servem a vários tipos
de usuários diferentes, como estudaremos a seguir.

Os usuários da contabilidade se dividem em internos e externos, cada um


com necessidades específicas. Agora, focaremos nos usuários internos, iniciando
com a usabilidade das informações por eles e, posteriormente, estudando
algumas funções de diretoria e sua relação com as informações contábeis.

A informação contábil deve ter usabilidade para cada tipo de usuário. Algo
tempestivo por um interno pode não ser tão importante para um externo, por
exemplo.

Assim, a informação contábil precisa ser útil e, para tanto, deve compreender
as necessidades dos usuários internos, que são diferentes entre si e distintas
das demandas dos usuários externos. Além disso, não se pode diminuir sua
qualidade para torná-la simples e fácil de usar, pois seus usuários devem deter
os conhecimentos mínimos necessários para interpretar os relatórios contábeis-
financeiros.

Agora, compreenderemos as necessidades de cada usuário interno e como


um profissional contábil pode auxiliá-lo neste processo.

Um diretor ou coordenador financeiro é responsável pela gerência de todo o


setor financeiro, definindo políticas financeiras, como de descontos, de concessão
de crédito, de planejamento e de execução orçamentária, de investimento, de
captação de recursos, de remuneração, entre outras. Portanto, é um usuário
interno da informação contábil-financeira, que depende da análise de fatores
internos e externos, como variáveis econômicas e análise de concorrentes. Suas
decisões impactam todos os níveis da entidade, sendo assim, os resultados das
suas ações precisam ser mensurados de forma contínua.

66
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Caso suas ações tragam consequências negativas, é necessário agir


e buscar soluções que possam diminuir ou mesmo reverter os impactos. Para
tanto, pode-se empregar o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act, ou, em português,
planejamento, execução, verificação e ação.

O ciclo PDCA é uma ferramenta de planejamento para gestores que utilizam


informações contábeis durante todo o processo e, em todas as suas fases, a
informação contábil financeira é um meio de suporte para a tomada de decisões.

O diretor ou coordenador de produção é peça-chave do processo de


atingimento de metas de empresas industriais, pois é responsável por coordenar
todo o processo produtivo. Imagine que a diretoria financeira de uma indústria
estabeleça metas e estratégias para ganhar participação no mercado, pois deseja
vender mais para ganhar uma fatia maior no mercado. O que acontece se essas
estratégias não estiverem alinhadas com as atividades da diretoria de produção?

Por esse motivo, as informações entre as coordenações ou diretorias


precisam estar alinhadas, e as informações fornecidas para o diretor ou
coordenador de produção devem fornecer insumos sobre o estoque atual da
empresa e a projeção de vendas para um período.

A principal tarefa de um coordenador de vendas é gerenciar as vendas


dos produtos, tomando decisões, como definição de preço de venda, incentivo
à comercialização de determinado produto, entre outras. Todas essas decisões
precisam de informações contábeis de forma contínua, mantendo a análise direta
dos resultados de suas ações e decisões.

Os diretores ou coordenadores de vendas, assim como os diretores financeiro


e de produção e diretor de vendas, estão na linha de frente do planejamento das
empresas e requerem informações contábeis-financeiras de forma constante, as
quais têm propósitos diferentes para cada um.

Até aqui, vimos a usabilidade das informações contábeis pelos usuários


internos. Agora, direcionaremos os estudos aos externos.

As informações contábeis de propósito geral têm a finalidade de atender às


necessidades de usuários externos, como acionistas, investidores, fornecedores e
credores. Esses usuários tendem a basear suas decisões nos relatórios contábeis-
financeiros quando estes oferecem informações sobre os resultados atuais
da empresa, perspectivas de resultados futuros e capacidade de pagamento.
Detalharemos os diferentes usuários externos a seguir.

67
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Ao colocar dinheiro em um negócio novo ou existente, os investidores


depositam expectativas de rentabilidade. Ao escolher uma empresa para investir,
estão abandonando outras oportunidades, por exemplo, os investimentos de
renda fixa, e suas decisões devem ser tomadas com base em informações
contábeis, que lhes dão uma perspectiva sobre as possibilidades de rentabilidade
futura com base em resultados passados.

Ao investir em ações, não é possível garantir retorno, mas os investidores


podem ficar mais seguros ao analisar os resultados da entidade na qual investem
ou têm interesse em investir, para, então, decidirem sobre a manutenção ou
retirada do investimento.

Analisar a capacidade de liquidez financeira de seus clientes faz parte do


gerenciamento do risco de instituições financeiras, pois quanto maior o risco ao
qual se submetem em uma operação de crédito, mais elevado deve ser o retorno
esperado.

Esse é o principal motivo que leva instituições financeiras a analisarem


relatórios contábeis-financeiros para tomar suas decisões do tipo: conceder
crédito ou não? Quanto cobrar de juros para cobrir o risco da operação?

Muitas negociações de crédito são avaliadas com base na capacidade de


pagamento do cliente. Quando essas informações são produzidas seguindo os
preceitos da Estrutura Conceitual Básica, a sua utilidade para o usuário influencia
diretamente a sua decisão.

As entidades governamentais podem usar informações contábeis-financeiras


com dois propósitos, seja de caráter fiscalizatório, para a arrecadação de tributos,
seja como clientes.

É muito comum, em editais de processo licitatório, as entidades


governamentais solicitarem de seus futuros fornecedores demonstrativos
contábeis para identificar a capacidade de fornecimento das empresas
interessadas. Esse processo faz parte da qualificação econômico-financeira
exigida pela Lei nº 8.666/93 (BRASIL, 1993).

O governo também pode demandar informações contábeis por meio de


atos fiscalizatórios, por intermédio das Secretarias da Fazenda de cada estado,
por exemplo. Para verificar a possibilidade de uma sonegação de tributos, o
órgão fiscalizador pode solicitar os demonstrativos contábeis para verificar se as
informações correspondem à realidade.

68
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Assim como outros credores, fornecedores têm interesse em informações


contábeis-financeiras para avaliar a liquidez de seus clientes, devido ao
fornecimento de mercadorias e serviços para pagamento a prazo, seja curto ou
longo. Nesse sentido, a análise de relatórios contábeis-financeiros pode ser crucial
no fornecimento de crédito para a realização de vendas a prazo para entidades.

Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste


capítulo! Pesquise livros, notícias e jornais para identificar situações
em que a informação contábil foi utilizada para a resolução de algum
problema e elabore uma síntese, destacando as principais ideias
abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese, considere
as leituras básicas e complementares realizadas.

O objeto de estudo da ciência contábil é o patrimônio das entidades, e seu


objetivo é o controle desse patrimônio para produzir informações contábeis úteis
para as tomadas de decisão. A definição de patrimônio não se limita apenas
aos bens de uma pessoa ou empresa, mas, sim, engloba um conjunto de bens,
direitos e obrigações.

As informações contábeis precisam ser construídas em uma base sólida,


que possa permitir sua comparabilidade com informações contábeis produzidas
por outras pessoas, empresas, ou, até mesmo, países, pois serão utilizadas por
diferentes usuários, os quais se dividem em internos e externos. Cada um tem
interesses distintos, portanto, a contabilidade não pode produzir informações
iguais para todos.

Os usuários externos, como investidores, fornecedores e credores, têm


acesso a um tipo de informação definido na contabilidade como relatórios
contábeis-financeiros de propósito geral, que têm o objetivo de atender às
necessidades de um grupo de usuários e não um ou outro usuário em específico.

A necessidade dos usuários internos é diferente da dos externos, pois é sobre


eles que recai o poder decisório, como responsáveis pela gestão de recursos das
empresas, com o objetivo de maximizar resultados.

69
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

2.2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS
A contabilidade é a ciência capaz de produzir informações contábeis-
financeiras sobre a situação financeira e patrimonial das empresas, que sejam
úteis aos usuários em seus processos decisórios. Essas informações são
representadas em relatórios contábeis-financeiros de propósito geral, que seguem
a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, determinada no CPC 00.

Para representar a situação financeira e patrimonial, a contabilidade dispõe


dos Demonstrativos Contábeis, cujos principais são o Balanço Patrimonial,
a Demonstração do Resultado do Exercício e Resultados Abrangentes, a
Demonstração do Valor Adicionado, a Demonstração dos Fluxos de Caixa e a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, além das Notas Explicativas,
mas por que existem tantos demonstrativos contábeis? Quais as diferenças entre
eles?

O Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício


(DRE) e a Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) são os principais
demonstrativos utilizados para representar a situação financeira e patrimonial de
uma organização. Cada um tem características distintas, são usados para atender
a objetivos diferentes e, por maior que seja seu volume de informações, todos têm
limitações.

O Balanço Patrimonial é um demonstrativo estático, pois apresenta a situação


financeira e patrimonial da organização em um momento específico, ou seja, por
meio dele não é possível acompanhar as variações patrimoniais ocorridas de um
período para outro, apenas visualizar os saldos de cada conta patrimonial sem
conseguir entender o que motivou seu aumento ou diminuição.

Como exemplo, vejamos um trecho extraído do Balanço Patrimonial da


Petrobras para o exercício, terminado em 31 de dezembro de 2017.

70
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

QUADRO 1 – ATIVO CIRCULANTE CONSOLIDADO DA


PETROBRAS REFERENTE AO EXERCÍCIO DE 2017

Ativo Consolidado
Nota 2017 2016
Circulante
Caixa e equivalentes de caixa 7.1 17.494 69.108
Título e valores mobiliários 7.2 6.237 2.556
Contas a receber, líquidas 8 16.446 15.543
Estoques 9 28.081 27.622
Imposto de renda e contribuição social 21.1 1.584 1.961
Imposto e contribuições 21.1 6.478 6.192
Adiantamento a fornecedores 258 540
Outros ativos 4.739 3.716
138.317 127.238
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

Para compreender por que o Balanço Patrimonial é estático, observemos


o saldo da conta caixa e equivalentes de caixa. Em 2016, o valor era de R$
69.108,00 e, ao final de 2017, era R$ de 74.494,00.

Quando uma empresa apresenta seu Balanço Patrimonial, normalmente,


os saldos das contas são acompanhados de seu saldo apresentado no Balanço
Patrimonial do exercício anterior. Com essas informações é possível definir como
aconteceram essas variações de um período para outro?

O Balanço Patrimonial deve ser elaborado de acordo com a Estrutura


Conceitual e apresentado conforme o CPC 26. As contas representativas do
patrimônio são segregadas em três grandes grupos: Ativo, Passivo e Patrimônio
Líquido.

Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2017), no Ativo, são elencadas as


contas que representam bens e direitos da entidade, como veículos, saldo de
conta bancária, investimentos, marcas e patentes, valores a receber de clientes,
entre outros. A NBC TG 26, que normatizou o CPC 26, determina que o Ativo
deve ser classificado em Circulante e Não Circulante (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2015).

Já as contas do Passivo apresentam as obrigações com terceiros, como


fornecedores, salários e tributos a pagar e empréstimos e financiamentos, também
sendo dividido em Circulante e Não Circulante. Conforme Gelbcke et al. (2018), o
primeiro contém as obrigações exigíveis no curto prazo, e o segundo, as exigíveis
apenas no longo prazo.

71
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Saiba mais acessando o link a seguir: https://www.treasy.com.


br/blog/analise-horizontal-e-analise-vertical/.

Podemos ainda definir Passivo como “uma obrigação presente da entidade,


derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída
de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos” (COMITÊ DE
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 00, 2011, s.p.).

O terceiro e último grupo de contas do Balanço Patrimonial é o Patrimônio


Líquido, que é resultado de: Ativo – Passivo. Também é chamado de capital
próprio da entidade, já que resulta dos bens e direitos subtraídos das obrigações,
ou de riqueza própria. Conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 00
(2011, s.p.), o patrimônio líquido “é o interesse residual nos ativos da entidade
depois de deduzidos todos os seus passivos”.

Observaremos, então, um exemplo de Balanço Patrimonial com todas as


suas contas. Podemos notar que, por convenção, o Ativo fica do lado esquerdo, e
o Passivo e o Patrimônio Líquido, à direita.

QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL DA PETROBRAS


Ativo Consolidado
Nota 2017 2016
Circulante
Caixa e equivalentes de caixa 7.1 17.494 69.108
Título e valores mobiliários 7.2 6.237 2.556
Contas a receber, líquidas 8 16.446 15.543
Estoques 9 28.081 27.622
Imposto de renda e contribuição social 21.1 1.584 1.961
Imposto e contribuições 21.1 6.478 6.192
Adiantamento a fornecedores 258 540
Outros ativos 4.739 3.716
138.317 127.238

Ativos classificados como mantidos para venda 10.2 17.592 18.669


155.909 145.907

Não circulante

72
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Realizável a longo prazo


Contas a receber 8 17.120 14.832
Títulos e valores mobiliários 7.2 211 293
Depósitos judiciais 30.2 18.465 13.032
Imposto de renda e contribuição social diferidos 21.5 11.373 14.038
Imposto e contribuições 21.1 10.171 10.236
Ativo Consolidado
Nota 2017 2016
Adiantamento a fornecedores 3.412 3.742
Outros ativos 10.202 10.378
70.955 66.551
Investimentos 11 12.554 9.948
Imobilizado 12 584.357 571.876
Intangível 13 7.740 10.663
675.606 659.038

831.515 804.945
Passivo Consolidado
Nota 2017 2016
Circulante
Fornecedores 16 19.077 18.781
Financiamentos 17 23.160 31.796
Arrendamentos mercantis financeiros 18 84 59
Imposto de renda e contribuição social 21.1 990 412
Imposto e contribuições 21.1 15.046 11.826
Salários, férias, encargos e participações 4.331 7.159
Planos de pensão e saúde 22 2.791 2.672
Provisão para processos judiciais 30.1 7.463 –
Outras contas e despesas a pagar 8.928 6.857
81.240 79.562
Passivos associados a ativos mantidos para venda 10.2 1.295 1.605
82.535 81.167

Não circulante
Financiamentos 17 337.564 353.193
Arrendamentos mercantis financeiros 18 675 736

Passivo Consolidado
Nota 2017 2016
Imposto de renda e contribuição social 21.2 2.219 --
Imposto de renda e contribuição social diferidos 21.5 3.956 856
Plano de pensão e saúde 22 69.421 69.996

73
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Provisão para processos judiciais 30.1 15.778 11.052


Provisão para desmantelamento de áreas 20 46.785 33.412
Outras contas e despesas a pagar 2.973 1.790
479.371 471.035
561.906 552.202

Patrimônio líquido
Capital social realizado 23.01 205.432 205.432
Transações de capital 2.457 1.035
Reservas de lucros 77.364 77.800
Outros resultados abrangentes 23.4 (21.268) (34.037)
Atribuído aos acionistas da controladora 263.985 250.230
Atribuído aos acionistas não controladores 5.624 2.513
269.609 252.743

831.515 804.945
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

A usabilidade desse demonstrativo está ligada, principalmente, à obtenção


de informações sobre a evolução patrimonial de uma entidade, ou mesmo uma
análise momentânea da situação financeira e patrimonial da entidade em um
dado momento.

Por outro lado, sua principal limitação é a impossibilidade de identificar os


motivos das variações nos saldos das contas. Por isso, dizemos que o Balanço
Patrimonial depende dos chamados demonstrativos auxiliares.

Ao analisar um Balanço Patrimonial você se deparará com a vontade


de entender como ocorreram modificações nos saldos das contas. Qual
demonstrativo você procuraria para entender a evolução do saldo da conta
caixa? E as mudanças ocorridas no Patrimônio Líquido da entidade? Portanto,
um conjunto de informações é necessário para que os usuários possam perceber
a situação financeira e patrimonial de uma entidade. Estudaremos as principais a
seguir.

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) apresenta a composição


das receitas, custos e despesas, permitindo a compreensão de como ocorreu o
resultado da entidade, seja lucro ou prejuízo. Observaremos um exemplo a seguir.

74
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

QUADRO 3 – DRE
Consolidado
Nota 2017 2018
Receita de vendas 24 283.695 282.589
Custo dos produtos e serviços vendidos (192.100) (192.611)
Lucro bruto 91.595 89.978

Receitas (despesas)
Vendas (14.510) (13.825)
Gerais e administrativas (9.314) (11.482)
Custos exploratórios para extração de petróleo e gás 15 (2.563) (6.056)
Custo com pesquisa e desenvolvimento tecnológico (1.831) (1.826)

Consolidado
Nota 2017 2018
Tributárias (5.921) (2.456)
Perda no valor de recuperação de ativos – Impairment 14 (3.862) (20.297)
Outras despesas líquidas 25 (17.970) (16.925)
(55.971) (72.867)

Lucro antes do resultado financeiro, participações e imposto 35.624 17.111

Resultado financeiro líquido 27 35.624 (27.185)


Receitas financeiras 3.337 3.638
Despesas financeiras (23.612) (24.176)
Variações monetárias e cambiais, líquidas (11.324) (6.647)

Resultado de participação em investidas 11 2.149 (629)


Lucro (Prejuízo) antes dos impostos 6.174 (10.703)

Imposto de renda e contribuição social 21.6 (5.797) (2.342)

Lucro (Prejuízo) do exercício 377 (13.045)


Atribuível aos:
Acionistas da Petrobras (446) (14.824)
Acionistas não controladores 823 1.779
Lucro (Prejuízo) do exercício 377 (13.045)
Lucro (Prejuízo) básico e diluído por ação CN e PN (em R$) 23.6 (0.03) (1.14)
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

75
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Já a Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA), segundo o CPC 26,


deve conter:

• Resultado líquido do período.


• Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua
natureza.
• Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas
reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial.
• Resultado abrangente do período (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS 26, 2011).

Veremos um exemplo de DRA a seguir.

QUADRO 4 – DRA DA PETROBRAS


Consolidado
2017 2016
Lucro (prejuízo) do exercício 377 (13.045)

Outros resultados abrangentes:

Itens que não serão reclassificados para o resultado:

Perdas atuariais com planos de benefícios definidos 6.199 (17.449)


Imposto diferido (887) 3.485
5.312 (13.964)

Equivalência patrimonial sobre outros resultados abrangentes em investidas


(3)
(12)

Itens que poderão ser reclassificados para resultado:

Resultados não realizados com hedge de fluxo de caixa – exportações


Reconhecidos no patrimônio líquido (2.073) 40.327
Transferidos para o resultado 10.067 9.935
Imposto de renda e contribuição social diferidos (2.718) (17.089)
5.276 33.175
Resultados não realizados com hedge de fluxo de caixa – demais operações
Reconhecidos no patrimônio líquido (17) 30
(17) 30

76
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Consolidado
2017 2016
Resultados não realizados em títulos disponíveis para a venda
Reconhecidos no patrimônio líquido 49 –
Imposto de renda e contribuição social diferidos (14) –
35 –
Ajustes acumulados de conversão em investidas (*)
Reconhecidos no patrimônio líquido 1.782 (15.585)
Transferidos para o resultado 116 3.693
1.898 (11.892)

Equivalência patrimonial sobre outros resultados abrangentes em investidas

Reconhecidos no patrimônio líquido 418 (1.285)


Transferidos para o resultado 69 –
487 1.285
Outros resultados abrangentes 12.988 8.620

Resultado abrangente total 13.365 (4.425)


Resultado abrangente atribuível aos:
Acionistas da Petrobras 12.333 (5.520)
Acionistas não controladores 1.032 1.095
Resultado abrangente total 13.365 (4.425)

(*) Inclui no Consolidado, efeito credor em R$ 79 (efeito de R$ 1.063), devedor, em 31


de dezembro de 2016), referente a coligadas e empreendimentos.
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

A DRA pode ser apresentada separada da DRE, nesse caso, o Resultado


Líquido do Exercício não deve fazer parte dela. Uma das características mais
marcantes da DRE é o reconhecimento de receitas e despesas de acordo com o
momento em que ocorreu o fato gerador, obedecendo ao regime de competência.
Em outras palavras, pelo regime de competência, a entidade deve reconhecer uma
receita ou uma despesa independentemente de seu recebimento ou pagamento,
respectivamente.

Assim, apesar de apresentar a constituição do resultado da empresa, a DRE


é incapaz de fornecer subsídios sobre a saúde do caixa, visto que as receitas que
estão ali presentes podem não ser realizadas no curto prazo, dando à empresa o
registro de direitos a receber e não de disponibilidades.

77
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Concluímos, então, que a principal utilidade da DRE é fornecer a informação


de como o resultado da empresa foi constituído, permitindo a visualização de
como os tributos, o custo da mercadoria e as despesas impactaram seu resultado.
Por outro lado, a DRA demonstra ser um instrumento voltado à análise gerencial
e apresenta como limitação o fato de considerar modificações patrimoniais cujas
realizações podem ser incertas.

Por outro lado, embora não seja um demonstrativo estático como o Balanço
Patrimonial, a DRE tem suas limitações. A principal está na impossibilidade de
compreender como as receitas ou despesas impactaram as disponibilidades da
empresa. Ao mesmo tempo que a DRE completa as informações do Balanço
Patrimonial, esse demonstrativo deve ter sua utilidade complementada pelo
Balanço.

As Demonstrações dos Fluxos de Caixa (DFC) complementam as


informações do Balanço Patrimonial ao proporcionarem o entendimento da
formação dos valores de caixa, apresentando informações cruciais sobre como
eles se constituíram por meio das diversas atividades da empresa.

A DFC apresenta os resultados dos fluxos de caixa de uma entidade por


meio de uma apresentação de atividades operacionais, de financiamento e de
investimento, resultando em consumo ou geração de caixa.

Os requisitos para a elaboração e apresentação da DFC estão na NBC TG


03: Demonstração dos Fluxos de Caixa, a qual afirma que suas informações são
“[...] úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base
para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa,
bem como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa”
(CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2014, s.p.). Vejamos um exemplo.

QUADRO 5 – DFC DA PETROBRAS


2017
Fluxo de caixa das atividades operacionais
Lucro (prejuízo) do exercício 377

Ajuste para:
Despesa atuarial de planos de pensão e saúde 8.705
Resultado de participações em investidas (2.149)
Depreciação, depleção e amortização 42.478
Perda no valor de recuperação de ativos - Impairment 3.862
Ajuste a valor de mercado dos estoques 211

78
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Perdas em créditos de liquidação duvidosa 2.274


Baixa de poços secos 893
Resultado com alienação e baixas de ativos (4.825)
Variações cambiais, monetárias e encargos financeiros não realizados e outras 30.653
Imposto de renda e contribuição social diferidos, líquidos 1.452
Realização do ajuste acumulado de conversão e outros resultados abrangentes 185
Revisão e atualização financeira de desmantelamento de áreas 1.339

2017
Ganho na remensuração de investimento retido com perda de controle (698)
Provisão para acordo de ação coletiva consolidada (Class Action) 11.198
Redução (aumento de ativos)
Contas a receber (3.140)
Estoques (1.130)
Depósitos Judiciais (5.383)
Outros ativos (723)

Aumento (redução) de passivos


Fornecedores (160)
Impostos, taxas e contribuições 9.455
Imposto de renda e contribuição social pagos (2.544)
Planos de pensão e de saúde (2.944)
Outros passivos (2.916)
Recursos líquidos gerados pelas atividades operacionais 86.467

Fluxo de caixa das atividades de investimentos


Aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (43.614)
Adições em investimentos (239)
Recebimentos pela venda de ativos (Desinvestimentos) 9.907
Resgate (investimentos) em títulos e valores mobiliários (*) (2.722)
Dividendos recebidos (**) 1.450
Recursos líquidos utilizados nas atividades de investimentos (35.218)

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos


Participação de acionistas não controladores 69
Financiamentos e operações de mútuo, líquidos:
Captações 86.467
Amortizações de principal (115.091)
Amortização de juros (**) (22.295)
Dividendos pagos a acionistas não controladores (538)

79
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

2017
Recebimentos pela venda de participações, sem perda de controle 4.906
Recursos líquidos utilizados pelas atividades de financiamentos (46.482)
Efeito de variação cambial sobre caixa e equivalentes de caixa 619

Aumento (redução) de caixa e equivalentes de caixa no período 5.386

Caixa e equivalentes de caixa no início do período 69.108

Caixa e equivalentes de caixa no fim do período 74.494


FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

A função mais importante da DFC é informar como cada uma das atividades
da empresa gera ou consome caixa. Para isso é necessário compreender as
definições dos três tipos de atividades trabalhadas na DFC, segundo a NBC TG
03 (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2014):

• Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita


da entidade, entre outras, que não são de investimento e tampouco de
financiamento.
• Atividades de investimento são referentes à aquisição e venda de ativos
de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes
de caixa.
• Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças
no tamanho e na composição do capital próprio e no de terceiros da
entidade.

Como a divisão entre três tipos de atividades geradoras ou consumidoras de


caixa de uma empresa pode agregar valor ao usuário da informação?

De acordo com Gelbecke et al. (2018), uma das maiores utilidades da DFC
para seus usuários é a possibilidade de elaborar previsões dos fluxos futuros de
caixa para períodos curtos. Contudo, seus fluxos de caixa (entradas e saídas)
são registrados seguindo os princípios do regime de caixa, o que os ajuda ao
analisarem o caixa que consta na empresa, o que limita a integração com os
resultados apresentados na DRE, por exemplo, que é elaborada pelo regime de
competência.

80
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

O filme “A Grande Aposta” (The Big Short) é baseado no livro


homônimo de Michael Lewis sobre a crise financeira de 2008.
Por meio do filme, você terá uma ideia dos problemas que a crise
financeira de 2008 trouxe para todos os países.

A DFC pode ser apresentada por dois métodos: direto e indireto. A NBC TG
03, em seu item 18, alínea “a”, permite às empresas apresentarem os fluxos de
caixa pelo método direto (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2014).
Sobre esse método, Gelbcke et al. (2018, p. 637) explicam que: [...] explicita as
entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades
operacionais, como os recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os
pagamentos a fornecedores e empregados. O saldo final das operações expressa
o volume líquido de caixa provido ou consumido pelas operações durante um
período.

O nome método direto se refere à forma como as informações utilizadas


para a elaboração da DFC são obtidas. A principal fonte se encontra nos registros
contábeis da empresa, que são separados de acordo com os três tipos de
atividades e apresentados por meio dos fluxos de caixa.

No método indireto, as informações são obtidas por meio de uma conciliação


entre as informações de lucro líquido e as de caixa gerado pelas operações da
empresa. Através dessa apresentação, as informações sobre os fluxos de caixa
partem do lucro líquido e a DFC é elaborada por meio de ajustes/conciliação. Em
outras palavras, a DFC apresenta os fluxos de caixa da empresa por meio das
informações da DRE, ajustando-as para que representem as entradas e saídas de
caixa efetivas, respeitando o regime de caixa.

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e a


Demonstração do Valor Adicionado (DVA) têm o objetivo de apresentar
informações sobre a riqueza das organizações. A DMPL esclarece como a riqueza
própria, isto é, o Patrimônio Líquido, passou por modificações de um período para
outro, enquanto a DVA demonstra toda a riqueza gerada pela entidade, como ela
foi distribuída e o quanto foi retida, afetando a DMPL.

A DMPL mostra como o patrimônio líquido da entidade evoluiu ou se retraiu


ao longo do tempo, explicando também como os resultados do período e os
resultados abrangentes afetaram a sua composição, já que tanto o lucro quanto o
prejuízo o afetam.
81
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Vejamos um exemplo de apresentação. A primeira linha reflete o saldo do


Patrimônio Líquido no início do exercício social, e a última seu saldo após todas
as mutações ocorridas.

QUADRO 6 – DMPL DA PETROBRAS


Outros resultados abrangentes

Capital subscrito e integralizado

Transações de capital
Ajuste acumulado de
conversão Perdas atuais com planos de
benefícios definidos
Hedge de fluxo de caixa de exportação
Outros resultados abrangentes e custo atribuído
205.432 237 33.785 (14.800) (58.291) (4.028)
Saldo em 1º de janeiro de 2016
205.432
237
(43.334)
Realização de custo atribuído
(12)
Transações de capital
1.014
Lucro (Prejuízo) do exercício
Outros resultados abrangentes
(11.209)
(13.958)
33.173
1.303
Destinações
Absorção do prejuízo com reservas
Dividendos
Saldos em 31 de dezembro de 2016
205.432
1.251
22.576
(28.758)
(25.118)
(2.737)
205.432 1.251 (34.037)

82
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Outros resultados abrangentes

Capital subscrito e integralizado

Transações de capital
Ajuste acumulado de
conversão Perdas atuais com planos de
benefícios definidos
Hedge de fluxo de caixa de exportação
Outros resultados abrangentes e custo atribuído
205.432 1.251 22.576 (28.758) (25.118) (2.737)
Saldo em 1º de janeiro de 2017
205.432
1.251
(34.037)
Realização de custo atribuído
(10)
Transações de capital
1.422
Lucro (Prejuízo) do exercício
Outros resultados abrangentes
1.854
5.147
5.276
502
Destinações
Absorção do prejuízo com reservas
Dividendos
Saldos em 31 de dezembro de 2017
205.432
2.673
24.430
(23.611)
(19.842)
(2.245)
205.432 2.673 (21.268)

Reservas de lucros

Legal
Estatutária Incentivos fiscais
Retenção de lucros

83
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

16.524 4.503 1.393 69.976


Saldo em 1º de janeiro de 2016 92.396
Realização de custo atribuído
Transações de capital
Lucro (Prejuízo) do exercício
Outros resultados abrangentes
Destinações

Reservas de lucros

Legal
Estatutária Incentivos fiscais
Retenção de lucros
Absorção do prejuízo com reservas (14.812)
Dividendos
Saldos em 31 de dezembro de 2016 16.524 4.503 1.393 55.164
77.584

16.524 4.503 1.393 55.164


Saldo em 1º de janeiro de 2017 77.584
Realização de custo atribuído
Transações de capital
Lucro (Prejuízo) do exercício
Outros resultados abrangentes
Destinações
Absorção do prejuízo com reservas (436)
Dividendos
Saldos em 31 de dezembro de 2017 16.524 4.503 1.393 54.728
77.148

Lucros acumulados Total do patrimônio líquido atribuível aos acionistas da controladora

Participação dos acionistas não controladores

Total do patrimônio líquido consolidado


– 254.731 3.199 257.930
Saldo em 1º de janeiro de 2016 – 254.731 3.199 257.930
Realização de custo atribuído 12 – –
Transações de capital 1.014 (1.363) (349)
Lucro (Prejuízo) do exercício (14.824) (14.824) 1.779 (13.045)
Outros resultados abrangentes 9.309 (689) 8.620
Destinações

84
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Lucros acumulados Total do patrimônio líquido atribuível aos acionistas da controladora

Participação dos acionistas não controladores

Total do patrimônio líquido consolidado


Absorção do prejuízo com reservas 14.812 – –
Dividendos – (413) (413)
Saldos em 31 de dezembro de 2016 – 250.230 2.513 252.743
– 250.230 2.513 252.743

– 250.230 2.513 252.743


Saldo em 1º de janeiro de 2017 – 250.230 2.513 252.743
Realização de custo atribuído 10 – –
Transações de capital 1.422 2.577 3.999
Lucro (Prejuízo) do exercício (446) (446) 823 377
Outros resultados abrangentes 12.779 209 12.988
Destinações
Absorção do prejuízo com reservas 436 –
Dividendos – (498) (498)
Saldos em 31 de dezembro de 2017 – 263.958 5.624 269.609
– 263.958 5.624 269.609

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.


FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

Sua usabilidade está voltada, principalmente, à compreensão de como


ocorreram as variações no PL da entidade. Como limitação, suas informações são
dependentes do encerramento de outros demonstrativos contábeis, como DRE e
DRA. Além disso, esse demonstrativo não se preocupa com a riqueza total gerada
pela entidade; seu foco está apenas na riqueza própria e sua distribuição por meio
de dividendos.

Saiba mais em: https://maisretorno.com/blog/analise-horizontal-


e-vertical-como-avaliar-o-crescimento-de-empresas-pelo-balanco-
patrimonial.

85
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Veremos a seguir a DVA, que se preocupa justamente em explicar a riqueza


total formada pela entidade, como ela foi distribuída para diversos usuários e
quanto ficou retido para a própria entidade e foi parar no Patrimônio Líquido.

A DVA tem caráter social, pois a divulgação das informações está atrelada
aos benefícios que a entidade traz para a sociedade, por meio da distribuição
de sua riqueza devido ao pagamento de tributos ou aos dividendos, pagamento
de aluguéis e juros, entre outros. Segundo Gelbcke et al. (2018, p. 647), seu
objetivo é: “[...] demonstrar o valor da riqueza econômica gerada pelas atividades
da empresa como resultante de um esforço coletivo e sua distribuição entre os
elementos que contribuíram para a sua criação”. Desse modo, a DVA acaba por
prestar informações a todos os agentes econômicos interessados na empresa,
tais como empregados, clientes, fornecedores, financiadores e governo.

Uma das maiores utilidades desse demonstrativo é que suas informações


podem ser utilizadas por agentes estatísticos responsáveis por apresentar o
Produto Interno Bruto (PIB) de um segmento econômico ou do país.

A principal limitação da DVA está ligada ao regime de elaboração, que é o


de competência. Isso acontece porque as informações sobre riqueza distribuída
não levam em conta o ato de desembolso de caixa pela entidade, mas, sim, o
compromisso estabelecido em realizar tais pagamentos. Além disso, as receitas
são reconhecidas pelo momento de sua realização, e não de recebimento.
Contudo, isso não seria um problema se sua destinação não fosse também
econômica. Gelbcke et al. (2018) afirmam que, para a contagem do PIB, por
exemplo, são consideradas as informações de produção, enquanto a ótica contábil
leva em conta as riquezas geradas pelas vendas e não pela produção.

Vejamos um exemplo de apresentação da DVA.

QUADRO 7 – DVA DA PETROBRAS


Consolidado
2017 2016
Receitas
Vendas de produtos e serviços outras receitas 378.852 37.081
Perdas em créditos de liquidação duvidosa (2.271) (3.843)
Receitas relativas à construção de ativos para uso 34.753 49.476
411.334 418.714
Insumos adquiridos de terceiros
Matérias-primas e produtos para revenda (64.102) (65.864)
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros (68.389) (72.846)

86
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Créditos fiscais sobre insumos adquiridos de terceiros (22.193) (19.766)


Perdas no valor de recuperação de ativos - Impairment (3.862) (20.297)
Ajuste a valor de mercado dos estoques (211) (1.320)
(158.757) (180.093)
Valor adicionado bruto 252.577 238.621
Depreciação, depleção e amortização (42.478) (48.543)
Valor adicionado líquido produzido pela companhia 210.099 190.078
Valor adicionado recebido em transferência
Resultado de participações em investimentos 2.149 (6.29)
Receitas financeiras 3.337 3.638
Aluguéis, royalties e outros 429 358
5.915 3.367
Valor adicionado a distribuir 216.014 193.445

Distribuição do valor adicionado

Pessoal e administradores
Remuneração direta
Salários 16.673 18.685
Participação dos empregados nos lucros ou resultados 487 -
17.160 18.685

Consolidado
2017 2016
Benefícios
Vantagens (**) 332 4.629
Plano de aposentadoria e pensão 5.117 5.069
Plano de saúde 5.013 4.821
10.462 14.519
FGTS 1.244 1.273
28.866 34.477
Tributos
Federais (*) 72.411 50.141
Estaduais 45.608 49.565
Municipais 576 690
No exterior (*) (***) (1.282) 5.351
117.313 105.747
Instituições financeiras e fornecedores
Juros, variações cambiais e monetárias 41.249 36.819
Despesas de aluguéis e afretamento 28.209 29.447
69.458 66.266
Acionistas

87
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Resultado dos acionistas não controladores 823 1.779


Lucros Retidos (Prejuízos absorvidos) (446) (14.824)
377 (13.045)
Valor adicionado distribuído 216.014 193.445

(*) Inclui participações governamentais.


(**) Em 2017, inclui R$ 757 (R$ 35 em 2016) referente a imposto de renda diferido sobre
prejuízos fiscais da PIBBV.

(***) Em 2017, inclui R$ 2.740 (R$ 348 em 2016) referente a imposto de renda diferido
sobre prejuízos fiscais da PIBBV. As notas explicativas são parte integrante das demons-
trações financeiras.
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

1 Um dos principais fatores que afetam as empresas nos aspectos


relacionados à gestão financeira diz respeito ao processo de
recebimento de vendas. Uma companhia pode vender muito, mas
se não receber os valores provenientes das vendas realizadas
em um prazo adequado, poderá não ter condições de saldar
seus compromissos com empregados, fornecedores, impostos
etc. Considerando essa condição, autores, como Matarazzo
(2003), afirmam que a gestão de vendas depende muito mais das
condições de mercado do que da atuação dos gestores.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem


gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Tendo isso em vista, bem como os conteúdos abordados no texto-


base da disciplina, explique os motivos pelos quais isso ocorre,
utilizando exemplos em sua resposta.
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

88
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Podemos notar que a distribuição da riqueza é feita por meio de pessoal e


administradores, benefícios, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
tributos, juros e despesas a instituições financeiras e fornecedores e, por último,
acionistas, indicando a parcela que ficou retida e que passa a compor o Patrimônio
Líquido da empresa e a que foi distribuída de fato, sob a forma de dividendos.

1 Qual a importância do controle pelas empresas em relação a DVA


para que os índices financeiros possam ser bem estruturados e
assim demonstrar equilíbrio para as rotinas empresariais?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2 Podemos dizer que na elaboração da Demonstração do Valor


Adicionado, a distribuição da riqueza é dividida com terceiros
e cada grupo possui informações específicas sobre esse valor
e sua distribuição. Nesse sentido, qual a importância do item
que trata sobre pessoal e encargos e assim reflete em todos os
controles de índices financeiros?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3 É correto afirmar que a Demonstração de Valor Adicionado tem,


de fato, um enorme potencial esclarecedor com relação à riqueza
gerada pelas empresas? Ou é somente mero cumprimento da
legislação, principalmente para o controle financeiro?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

89
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Os demonstrativos contábeis devem seguir políticas contábeis definidas pela


empresa e podem suprimir elementos para facilitar sua apresentação e leitura.
Por exemplo, um estoque pode ser formado por estoque de matéria-prima, de
produtos que ainda estão em processo de produção e de produtos já acabados,
embora seja apresentado simplesmente como estoque.

Mesmo assim, a informação é útil, pois estoques que ainda não estão
prontos não cumprem o propósito da empresa em vendê-los, tampouco deixam
de representar fidedignamente a informação, já que apresenta o estoque como
sendo um só, mas essas questões podem ser esclarecidas por Notas Explicativas
que acompanham as demonstrações.

As Notas Explicativas (NE) devem complementar a informação para uma


representação adequada das informações contábeis-financeiras. Segundo
Gelbcke et al. (2018, p. 658), são informações complementares às demonstrações
contábeis, representando parte delas, e “[...] podem estar expressas tanto na
forma descritiva como na forma de quadros analíticos, ou mesmo englobar outras
demonstrações contábeis que forem necessárias ao melhor e mais completo
esclarecimento dos resultados e da situação financeira da empresa”.

O parágrafo 5º do Artigo 176 da Lei nº 6.404/76 determina que as NE


devem apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações
financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para
negócios e eventos significativos e fornecer informações adicionais não indicadas
nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma
apresentação adequada (BRASIL, 1976).

As NE são apresentadas seguindo a Lei nº 6.404/76 e atualizações, os CPCs


e as normas emitidas pelos órgãos reguladores, como CFC, Agência Nacional de
Energia (ANEEL), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre outros.

Como existem diversas situações que demandam notas explicativas,


nos aprofundaremos em um exemplo. Retomemos o caso dos estoques. É
impreciso dizer que o estoque de uma indústria pode ser representado por uma
única conta de estoque se a indústria mantém estoques de matéria-prima e de
produtos acabados. Então, como forma de complementar a informação, devemos
apresentar uma nota explicativa que discrimine as informações contidas nessa
conta.

De acordo com o CPC 16: Estoques (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS


CONTÁBEIS, 2011), as NE devem evidenciar:

90
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

• As políticas contábeis adotadas na mensuração dos estoques, incluindo


formas e critérios de valoração utilizados.
• O valor total escriturado em estoques e o valor registrado em outras
contas apropriadas para a entidade.
• O valor de estoques escriturados pelo valor justo menos os custos de
venda.
• O valor de estoques reconhecido como despesa durante o período.
• O valor de qualquer redução de estoques reconhecida no resultado do
período.
• O valor de toda reversão de qualquer redução do valor dos estoques
reconhecida no resultado do período.
• As circunstâncias ou os acontecimentos que conduziram à reversão de
redução de estoques.
• O montante escriturado de estoques dados como penhor de garantia a
passivos.

Além dessas informações complementares, a norma determina que as


empresas devem informar aos usuários, por meio de NE, o critério para a
recuperação dos tributos recuperáveis.

A seguir, demonstraremos alguns casos práticos de apresentação das Notas


Explicativas. Acompanhe!

A aplicação da legislação sobre Notas Explicativas segue padrões em


seus relatórios. Veja, nos exemplos a seguir, Notas Explicativas referentes a
informações gerais de empresas.

Notas Explicativas de grandes empresas brasileiras: informações gerais.

Itaú Unibanco Holding S.A. (Itaú Unibanco Holding) é uma


companhia aberta, constituída e existente segundo as leis
brasileiras. Sua matriz está localizada na Praça Alfredo
Egydio de Souza Aranha, n° 100, na cidade de São Paulo,
Brasil. Atua na atividade bancária em todas as modalidades,
por meio de suas carteiras: comercial; de investimento; de
crédito imobiliário; de crédito, financiamento e investimento;
de arrendamento mercantil e de operações de câmbio. Suas
operações são divididas em três segmentos: Banco de Varejo,
Banco de Atacado e Atividades com Mercado + Corporação
(BANCO ITAÚ, 2018, p. 21).

O Banco do Brasil S.A. (Banco do Brasil ou Banco) é uma


companhia aberta de direito privado, de economia mista,
regida, sobretudo, pela legislação aplicável às sociedades por
ações, controlada pelo Governo Federal, e sua matriz está
localizada no Setor de Autarquias Norte, Quadra 5, Lote B,
Edifício Banco do Brasil, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Tem

91
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

por objeto a prática de todas as operações bancárias ativas,


passivas e acessórias, a prestação de serviços bancários,
de intermediação e suprimento financeiro sob suas múltiplas
formas (BANCO DO BRASIL, 2018, p. 12).

O Banco Bradesco S.A. (Bradesco), Instituição líder do


Conglomerado Prudencial, é uma companhia aberta de direito
privado, [...] que, operando na forma de Banco Múltiplo,
desenvolve atividades bancárias em todas as modalidades
autorizadas, por meio de suas carteiras comerciais, de
operações de câmbio, de crédito ao consumidor e de crédito
imobiliário. Por intermédio de suas controladas, atua direta e
indiretamente, em diversas outras atividades, com destaque
para Arrendamento Mercantil, Banco de Investimentos,
Corretora de Títulos e Valores Mobiliários, Administração de
Consórcios, Cartões de Crédito, Empreendimentos Imobiliários,
Seguros, Previdência e Capitalização (BANCO BRADESCO,
2020, p. 11).

A Ambev S.A. (referida como “Companhia”, “Ambev” ou


“Controladora”), com sede em São Paulo, tem por objeto,
diretamente ou por meio da participação em outras sociedades,
produzir e comercializar cervejas, chopes, refrigerantes, outras
bebidas, malte e alimentos em geral, além da publicidade
de produtos seus e de terceiros, o comércio de materiais de
promoção e propaganda e a exploração, direta ou indireta,
de bares, restaurantes, lanchonetes e similares, entre outros
(AMBEV, 2019, p. 26).

A Petróleo Brasileiro S.A., doravante denominada “Petrobras” ou


“Companhia”, é uma sociedade de economia mista, sob controle da União, com
prazo de duração indeterminado, que se regerá pelas normas de direito privado –
em geral – e, especificamente, pela Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976), pelas Disposições aplicáveis às Empresas Públicas
e às Sociedades de Economia Mista (Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016),
pelo Decreto que regulamenta as disposições contidas na Lei nº 13.303 (Decreto
nº 8.945, de 27 de dezembro de 2016), e por seu Estatuto Social (PETROBRAS,
2018).

A partir dessas informações, podemos perceber a semelhança entre


as notas explicativas dessas empresas: todas especificam suas atividades,
sua denominação e seu objeto social. Perceba como os termos e estruturas
são semelhantes. Assim, se você pesquisar por notas informativas de outras
empresas, perceberá que todas as notas referentes às informações gerais da
empresa são muito semelhantes a essas.

92
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Conheça a importância do ciclo financeiro lendo o artigo


disponível em:
https://www.sunoresearch.com.br/artigos/ciclo-financeiro/.

Uma outra obrigatoriedade, presente no Art. 5º da Lei nº 6.404/76, é


a necessidade de apresentar a Base de Elaboração e Apresentação das
Demonstrações Contábeis. Vejamos, então, como essas mesmas empresas
representam essas informações por meio das Notas Explicativas.

Notas Explicativas de grandes empresas brasileiras: Base de Elaboração e


Apresentação das Demonstrações Contábeis.

As Demonstrações Contábeis Consolidadas do Itaú Unibanco


Holding foram elaboradas considerando os requerimentos
e diretrizes do Conselho Monetário Nacional (CMN) que, a
partir de 31 de dezembro de 2010, requer a elaboração de
Demonstrações Contábeis Consolidadas anuais, de acordo
com as normas contábeis internacionais (IFRS), conforme
aprovado pelo International Accounting Standards Board
(IASB) (BANCO ITAÚ, 2010, p. 11).

As demonstrações contábeis consolidadas foram elaboradas a


partir de diretrizes contábeis emanadas da Lei das Sociedades
por Ações com observância às normas e instruções do Conselho
Monetário Nacional (CMN), do Banco Central do Brasil
(Bacen) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quando
aplicável. Nas demonstrações contábeis consolidadas, houve
a reclassificação do instrumento elegível ao capital principal –
IHCD para o patrimônio líquido. Esse procedimento também é
adotado para as demonstrações contábeis prudenciais e em
IFRS, com o objetivo de melhorar a qualidade e transparência
dessas demonstrações contábeis consolidadas (BANCO DO
BRASIL, 2018, p. 13).

As demonstrações contábeis do Conglomerado Prudencial


foram elaboradas para cumprir os requisitos da Resolução
nº 4.280/13, do Conselho Monetário Nacional (CMN) e
regulamentações complementares do Banco Central do
Brasil (Bacen). Dessa maneira, foram observados requisitos
específicos para a consolidação das demonstrações contábeis
do Bradesco, suas agências no exterior, empresas controladas
e fundos de investimentos, que não necessariamente são os
mesmos estabelecidos pela legislação societária (BANCO
BRADESCO, 2020, p. 11).

93
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

As demonstrações contábeis intermediárias (consolidadas e individuais)


foram preparadas utilizando-se a base contábil de continuidade operacional e
estão sendo apresentadas de acordo com o IAS 34 – Informações Intermediárias,
conforme o International Accounting Standards Board (IASB) e de acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 21 (R1) – Demonstração Intermediária, conforme o
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

OLINQUEVITCH, J. L.; SANTI FILHO, A. de. Análise de


balanços para controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

As informações contábeis intermediárias consolidadas e individuais da


Controladora foram preparadas de acordo com o International Financial Reporting
Standards (IFRS), pelo International Accounting Standards Board (IASB) e também
em conformidade com as práticas contábeis adotadas no Brasil pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC), que foram aprovadas pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) (AMBEV, 2019).

A partir dessas informações, pode-se perceber que todas as entidades


informam que a base de preparação dos seus demonstrativos financeiros são as
normas IFRS. Além disso, podemos chamar a atenção para um outro detalhe:
veja como as três instituições financeiras (Itaú, Banco do Brasil e Bradesco) citam
a obediência aos requerimentos e diretrizes do Conselho Monetário Nacional
(CMN), ou seja, essas três entidades observam as normas dos órgãos reguladores
do seu setor de atividade.

A Lei Societária prevê ainda que as entidades devem, por meio das Notas
Explicativas, apresentar eventos significativos que possam ter ocorrido. Dentre as
cinco empresas que estamos usando como exemplo, podemos citar a Ambev, a
Petrobras e o Banco do Brasil. Cada uma dessas empresas faz a evidenciação de
fatos relevantes que ocorreram durante o período. Veja a seguir.

Notas Explicativas de grandes empresas brasileiras: eventos significativos.

O Banco do Brasil evidenciou processos de reestruturação societária em


empresas nas quais possui participação, como a Gestora de Inteligência de
Crédito S.A. (GIC) e Banco Patagônia (BANCO DO BRASIL, 2018).

94
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

A Ambev, por sua vez, apresentou nas Notas Explicativas a aplicação da


norma de contabilidade e evidenciação de economia altamente inflacionária. Isso
porque alguns de seus investimentos estão alocados na Argentina, onde o país
acumulou de 2016 a 2018 uma inflação de mais de 100%. Também podemos
destacar que a entidade evidenciou que adquiriu novos empréstimos no valor de
R$ 2 bilhões de reais. A empresa fez ainda a divulgação de outros fatos relevantes
envolvendo suas operações em outros países (AMBEV, 2019).

A Petrobras S.A. evidenciou os impactos da Operação Lava Jato na


companhia. A empresa cita ainda que é oficialmente reconhecida como vítima,
inclusive em decisões do Supremo Tribunal Federal. A empresa cita ainda
as operações que a envolvem, deixando claro que apesar de envolvida nas
investigações, a empresa é vítima de um esquema de pagamentos indevidos e cita
“o fechamento de acordos para encerramento das investigações [...] relacionados
aos controles internos, registros contábeis e demonstrações financeiras da
companhia, durante o período de 2003 a 2012” (PETROBRAS, 2018, p. 22).

Perceba como as empresas evidenciam fatos relevantes. Isto é uma


obrigatoriedade das entidades, uma vez que elas devem transmitir essas
informações ao público geral para que o usuário possa avaliar os demonstrativos
financeiros.

Podemos ainda retomar o que foi dito por Gelbcke et al. (2018) sobre as
Notas Explicativas, que afirmam que as NE podem vir sob a forma descritiva,
como vimos anteriormente, ou ainda por meio de quadros analíticos.

Como exemplo desses quadros analíticos, podemos citar a constituição


da conta de Investimentos no Balanço Patrimonial da Petrobras em 2018. A
informação é pouco precisa e não explica quais são esses investimentos, ou
mesmo se estamos falando de investimentos de mesma natureza, porém, em
seu conjunto de notas explicativas, a companhia apresenta tanto textual como
graficamente qual a composição da conta. Observe:

95
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

QUADRO 8 – NE DA PETROBRAS À CONTA INVESTIMENTOS


Principal segmento de atuação % de participação direta da Petrobras

% no Capital votante Patrimônio líquido (passivo a descoberto)


Lucro líquido (prejuízo) do exercício

País
Empresas Consolidadas
Subsidiárias e controladas
Petrobras Netherland B.V. – PNBV (i)
E&P
100.00
100.00
89.713
8.202
Holanda
Petrobras Distribuidora S.A. – BR
Distribuição
71.25
71.25
8.826
1.151
Brasil
Petrobras International Braspetro – PIB BV (i) (ii)
Diversos (iii)
100.00
100.00
27.116
(5.429)
Holanda
Petrobras Transporte S.A. – Transpetro
Abastecimento
100.00
100.00
4.227
121
Brasil
Petrobras Logística de Exploração e Produção S.A. PB-LOG

E&P

100.00

96
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

100.00

3.934

789
Principal
segmento de atuação % de participação direta da Petrobras

% no Capital votante Patrimônio líquido (passivo a descoberto)


Lucro líquido (prejuízo) do exercício
País
Transportadora Associada de Gás
S.A. – TAG
Gás e Energia
100.00
100.00
12.457
2.334
Brasil
Petrobras Gás S.A. – Gaspetro Gás e Energia
51.00
51.00
1.953
257
Brasil
Petrobras Biocombustível S.A. Biocombustível
100.00
100.00
1.490
159
Brasil
Petrobras Logística de Gás – Logigás
Gás e Energia
100.00
100.00
621
312
Brasil
Liquigás Distribuidora S.A. Abastecimento
100.00
100.00

97
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

971
106
Brasil
Araucária Nitrogenados S.A. Gás e Energia
100.00
100.00
175
(485)
Brasil

Termomacaé Ltda. Gás e Energia


100.00
100.00
86
(600)
Brasil
Braspetro Oil Service Company – Brasil (I)
Corporativo
100.00
100.00
581
29
Ilhas Cayman
Breitener Energética S.A. Gás e Energia
93.66
93.66
726
45
Brasil
Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco S.A.
– CITEPE
Abastecimento

100.00

100.00

269

(177)

Brasil

98
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Termobahia S.A. Gás e Energia


98.85
98.58
614
61
Brasil
Companhia Petroquímica de Pernambuco S.A.
– Petroquímica- Suape

Abastecimento

100.00

100.00

(9)

(84)

Brasil
Baixada Santista Energia S.A. Gás e Energia
100.00
100.00
324
96
Brasil
Principal
segmento de atuação % de participação direta da Petrobras

% no Capital votante Patrimônio líquido (passivo a descoberto)


Lucro líquido (prejuízo) do exercício

País
Petrobras Comercializadora de Energia Ltda.
– PBEN
Gás e Energia

99.91

99.91

94

99
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

13

Brasil
Fundo de Investimento Imobiliário RB Logística – FII
E&P
99.20
99.20
150
43
Brasil
Petrobras Negócios Eletrônicos
S.A. – E-Petro Corporativo
100.00
100.00
37
3
Brasil
Termomacaé Comercializadora de Energia Ltda.
Gás e Energia
99.99
99.99
10

Brasil
5283 Participações Ltda.
Corporativo
100.00
100.00
1

Brasil
PDET Offshore S.A.
Corporativo
100.00
100.00
(169)
(171)
Brasil
FONTE: Adaptado de Petrobras (2018)

100
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

Sem essas informações, não seria possível compreender o valor da conta


Investimentos e a decisão do usuário poderia ser influenciada por uma informação
incompleta.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse capítulo, compreendemos a usabilidade, as características e
as limitações dos principais demonstrativos contábeis, que são o Balanço
Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração
dos Resultados Abrangentes (DRA), a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC),
a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e a Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido (DMPL).

Cada um deles traz informações fundamentais, mas que, muitas vezes,


dependem de informações complementares obtidas em outros demonstrativos
para que sejam úteis aos usuários. Isso acontece porque cada demonstrativo tem
um propósito específico, e colocar todas as informações contábeis em um único
tipo seria uma tarefa impossível.

O principal demonstrativo é o Balanço Patrimonial, que contempla


informações constantes em todos os outros demonstrativos para apresentar a
situação patrimonial e financeira da entidade.
Ainda como parte integrante dos demonstrativos contábeis, temos as Notas
Explicativas, que representam um importante meio de esclarecimento sobre as
políticas contábeis adotadas pelas entidades ao elaborar os demonstrativos. Elas
ainda são importantes para detalhar informações para que o usuário tenha uma
compreensão clara da situação financeira e patrimonial da entidade.

REFERÊNCIAS
AMBEV. Relatório da administração. 2019. Disponível em: https://api.mziq.com/
mzfilemanager/v2/d/c8182463-4b7e-408c-9d0f-42797662435e/6fdc58f0-b53d-
cc9f-cca9-55efd5d12801?origin=2. Acesso em: 19 jan. 2021.

BANCO BRADESCO. Demonstrações contábeis do conglomerado


prudencial. 2020. Disponível em:
https://www.bradescori.com.br/siteBradescoRI/Uploads/Arquivos/
Relatorios/742/742_1_Prudencial%20Junho20%20-%20Final.pdf. Acesso em: 19
jan. 2021.

101
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

BANCO DO BRASIL. Demonstrações contábeis: 3º trimestre 2018. 2018.


Disponível em:
www.bb.com.br/docs/portal/uri/3T18DemoContXG.pdf. Acesso em: 3 jan. 2021.

BANCO ITAÚ. Relatório anual. 2018. Disponível em: https://www.itau.com.


br/relacoes-com-investidores/Download.aspx?Arquivo=wyqR1+3aDC/Y0tv/
TRNk3g==. Acesso em: 25 out. 2020.

BANCO ITAÚ. Demonstrações Contábeis Completas em IFRS. 2010.


Disponível em: https://www.itau.com.br/relacoes-com-investidores/Download.
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BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso


XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 19 jan. 2021.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as


Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404consol.htm. Acesso em: 25 out. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamentos Técnicos


Contábeis. 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.56188267.1525367631.1611090618-23043579.1610649060&_
ga=2.56188267.1525367631.1611090618-23043579.1610649060.
Acesso em: 19 jan. 2021.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R1): estrutura


conceitual para elaboração e divulgação de relatório econômico-financeiro, de 2
de dezembro de 2011. Brasília: CPC, 2011. Disponível em: www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80. Acesso em: 25
out. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 16 (R1): estoques, de 8


de maio de
2009. Brasília: CPC, 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.208055195.822858115.1611345779-23043579.1610649060&_
ga=2.208055195.822858115.1611345779-23043579.1610649060. Acesso em: 25
out. 2020.

102
Capítulo 2 APLICABILIDADE DAS ANÁLISES HORIZONTAIS E VERTICAIS

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 26 (R1):


apresentação das demonstrações contábeis, de 2 de dezembro de 2011.
Brasília: CPC, 2011. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Imagens/
Pronunciamentos%20T%C3%A9cnicos%20Cont%C3%A1beis%202011.
pdf?_ga=2.208055195.822858115.1611345779-23043579.1610649060&_
ga=2.208055195.822858115.1611345779-23043579.1610649060. Acesso em: 25
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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 26 (R3): apresentação


das demonstrações contábeis. Brasília: Diário Oficial da União, 2015. Disponível
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Acesso em: 25 out. 2020.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 03 (R2): Demonstração


dos Fluxos de Caixa. Brasília: Diário Oficial da União, 2014. Disponível em: www.
cfc.org.br/sis- web/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2014/NBCTG03(R2). Acesso
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GELBCKE, E. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as


sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: Atlas,
2018.

HOLANDA, A. B. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev.


ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

HOUAISS, A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:


Objetiva, 2001.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; FARIA, A. C. Introdução à Teoria da


Contabilidade: para o nível de graduação. São Paulo: Atlas, 2017.

MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 2010.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7.


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MATSUKI, E. Brasil sobe de 37º para 35º no ranking histórico das


Olimpíadas. 2016. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/rio-2016/
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conquistadas-no. Acesso em: 19 jan. 2021.

103
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

PETROBRAS. Resultados Financeiros. 2018. Disponível em: https://


www.br.com.br/wcm/connect/0eaedebd-e5c0-472f-8221-cc149004d3e4/
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Acesso em: 25 out. 2020.

REIS, A. Iniciação à Contabilidade. São Paulo: Saraiva, 2010

104
C APÍTULO 3
ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E
ESTRUTURA DE CAPITAIS

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

• Aplicar e desenvolver índices de liquidez, capital, composição de endividamento,


rentabilidade e margem líquida de desempenho empresarial.
• Avaliar e aplicar as estruturas e os índices como forma de controle das
demonstrações financeiras e seus ciclos econômicos.
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

106
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Uma das formas de se realizar a análise das demonstrações financeiras
ocorre por intermédio de índices, que se dividem basicamente em três grandes
grupos: índices de liquidez, índices de estrutura de capitais (também conhecidos
por índices de endividamento) e índices de rentabilidade, que têm por objetivo
demonstrar o desempenho da empresa.

Neste momento, serão abordadas as questões relativas aos índices de


liquidez, ressaltando sua importância para a sobrevivência das organizações.
No mercado, há uma expressão corriqueiramente utilizada por analistas e
operadores: uma empresa sobrevive sem lucros por um determinado período,
mas uma empresa sem caixa – ou seja, sem liquidez – tem vida curta.

Afinal, o que vem a ser liquidez? Essa palavra pode ser aplicada nos mais
diversos contextos, seja fazendo referência a uma determinada empresa, a um
ramo de atividade específico ou, ainda, ao mercado como um todo.

De forma geral, liquidez é a facilidade de converter qualquer ativo (duplicatas,


estoques de mercadorias, máquinas etc.) em dinheiro. Dessa forma, podemos
considerar que quando determinado ativo tem alta liquidez, significa que, em caso
de necessidade de convertê-lo em dinheiro, isso ocorrerá com facilidade.

Por exemplo, no mercado de ações, quando dizemos que a ação de


determinada empresa tem alta liquidez, significa que haverá interessados em
comprá-la pelo valor de mercado no momento em que ela for ofertada. Por sua
vez, uma ação considerada com baixa liquidez poderá ser ofertada e não ter
interessados em sua compra ou, ainda, ter uma oferta de compra em valor muito
inferior ao valor de mercado, o que provocará uma perda financeira ao vendedor.

Por outro lado, a liquidez está ligada ao processo pelo qual uma empresa, em
determinado momento (na data do balanço), dispõe de ativos que se apresentam
em condições de realização para o pagamento das dívidas constantes no lado do
passivo.

De acordo com o prazo e com o interesse direto dos usuários, podemos ter
uma análise individual de determinado índice de liquidez ou, ainda, uma análise
conjunta de todos os índices, que fornecerão um panorama a respeito da situação
da organização quando comparados os ativos realizáveis aos passivos exigíveis.

Dessa forma, este capítulo dará detalhes de cada um dos referidos índices,
com cálculos e gráficos que demonstrem a situação da companhia Exemplo S/A

107
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

com relação aos índices de liquidez, sendo necessária a comparação com os


padrões do setor para fins de tomada de decisão.

2 O LONGO PRAZO E OS ÍNDICES DE


LIQUIDEZ
A análise das demonstrações financeiras deve ser entendida dentro de
suas possibilidades e limitações, ou seja, “a análise sinaliza problemas como
também indica soluções e, por outro lado, pode se transformar num painel de
controle a ser utilizado pela Administração” (IUDÍCIBUS, 2017, p. 80). A análise
de demonstrativos contábeis se caracteriza pela extração, transformação e
condensação de uma grande massa de dados relevantes ao processo de tomada
de decisão. A seguir, conheceremos os indicadores de liquidez, rentabilidade e
lucratividade que permitirão avaliar a situação financeira patrimonial e o resultado
do patrimônio líquido.

2.1 INDICADORES DE LIQUIDEZ


Os Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de
pagamento, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem
capacidade para saldar seus compromissos de pagamentos, “considerando longo
prazo, curto prazo ou prazo imediato” (MARION, 2007, p. 83).

Os ativos são financiados por duas fontes: capitais de terceiros


(passivos) e capitais próprios (capital investido pelos sócios/
acionistas, lucros gerados pela própria empresa e respectivas
reservas). Dessa forma, podemos ter, graficamente, três situações
distintas com relação à liquidez geral de uma empresa: ativos
maiores que passivos, ativos menores que passivos e, raramente,
ativos iguais a passivos (os ativos, aqui, referem-se apenas àqueles
destinados à venda ou que se transformarão em dinheiro).

108
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Antes de interpretarmos esses indicadores, precisamos entender que


levaremos em consideração duas contas sintéticas do Balanço Patrimonial. Os
saldos dessas contas impactam diretamente nos resultados dos indicadores de
liquidez, vejamos a seguir.

2.1.1 LiQuiDEZ imEDiATA E CorrENTE


O indicador de liquidez corrente é calculado dividindo o saldo do ativo
circulante da empresa (dinheiro em caixa, banco conta corrente, estoques e direitos
recebíveis no curto prazo) pelo passivo circulante (obrigações com terceiros de
curto prazo, como empréstimos, impostos, pagamentos a fornecedores etc.).

Avaliaremos, agora, com base no Balanço Patrimonial a seguir, a situação de


liquidez corrente com boa capacidade de pagamento.

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativos circulantes 2.700,00 Passivos circulantes 1.600,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 2.400,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 7.000,00 Total 7.000,00

Aplicando a fórmula, temos: LC = AC/PC

Nesse caso, o índice de liquidez corrente apurado foi de 1,68, que demonstra
uma boa capacidade de pagamento de suas obrigações no curto prazo, ou seja,
para cada R$ 1,00 devido tem R$ 1,68 para saldá-lo.

Na situação a seguir, levaremos em consideração o balanço do exemplo


anterior. Comparando os dois exemplos, vamos supor que a empresa precisou
usar recursos do ativo para pagar suas dívidas e investir em outros bens e, com
isso, o saldo do ativo de curto prazo reduziu.

Em contrapartida, suas obrigações de curto prazo sofreram aumento em


decorrência de novos financiamentos de curto prazo. Agora, vamos ver o que
acontece com a liquidez?

109
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativos circulantes 2.000,00 Passivos circulantes 2.600,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 1.700,00
Patrimônio líquido 2.000,00
Total 6.300,00 Total 6.300,00

Aplicando a fórmula, temos: LC = 2.000/2.600 = 0,76

O índice igual a 0,76 é menor que 1, o que significa que a empresa não tem
recursos suficientes para suprir o seu passivo circulante.

Podemos concluir então como regra geral e leitura dos índices de liquidez
que a saúde financeira é determinada por quanto maior for o índice de liquidez da
empresa, melhor.

Segundo Marion (2007), para interpretar o resultado do índice de liquidez


corrente é necessário adotar o seguinte parâmetro:

• maior do que 1: a empresa possui alguma folga para cumprir com suas
obrigações.
• igual a 1: os valores à disposição da empresa empatam com as contas
que ela tem para pagar.
• menor do que 1: se a empresa precisar quitar todas as suas obrigações
no curto prazo, ela não teria recursos suficientes.

Esses índices contábeis não devem ser analisados isoladamente. Para ter
uma visão do grau de liquidez de uma organização é necessário conhecer o tipo
de atividade e outros indicadores. É aí que levaremos em consideração outro
parâmetro, chamado de índice de liquidez imediata.

Este índice tem por objetivo avaliar o cumprimento das obrigações de


curto prazo, pois considera apenas os valores que a empresa tem disponível no
exercício contábil, ou seja, apenas as contas que possuem liquidez imediata para
quitar as obrigações.

110
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Acesse o Portal de Contabilidade e leia sobre os índices de


liquidez, disponível em:
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/indices-de-
liquidez.htm.

Podemos dizer ainda que se este resultado for menor que 1, indicará falta de
recursos disponíveis na empresa, merecendo total atenção do analista financeiro,
ou seja, representa um sinal amarelo para a situação financeira no curto prazo.
Avaliaremos agora a situação de liquidez imediata (LI):

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.000,00 Passivos circulantes 1.600,00
Banco conta Movimento 1.700,00
Estoques 300,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 1.700,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 6.300,00 Total 6.300,00

Neste caso, a única conta disponível é Banco conta Movimento. Não é


somente o estoque que não se enquadra como um Recurso Disponível Imediato,
mas, também, as duplicatas a receber, por exemplo.

Aplicando a fórmula, temos: LI = Disponível/Passivo Circulante

Liquidez Imediata = Recursos disponíveis imediatos Passivo Circulante

Logo, levando em consideração os valores extraídos do demonstrativo


financeiro, temos: LI = 1.700/1.600,00 = 1,06

Neste caso, o índice de liquidez imediata apurado foi de 1,06, que demonstra
que o saldo de suas disponibilidades é baixo, mas razoável, tendo a capacidade
de pagamento de suas obrigações a curto prazo, ou seja, para cada R$ 1,00
devido há R$ 1,06 para saldá-lo.

111
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

2.1.2 LiQuiDEZ SECA


Este índice é parecido com o anterior, a diferença está na exclusão da conta
estoques e adiantamentos da conta circulante. Como os estoques ou mercadorias
não serão liquidados imediatamente, são considerados menos líquidos do Ativo
Circulante, pois dependem da produção e das vendas. Considerando apenas as
contas mais líquidas, a liquidez da empresa passa a não depender de elementos
não monetários, como bens e estoques, sem depender da “venda” para a quitação
das obrigações de curto prazo.

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.300,00 Passivos circulantes 1.600,00
Banco conta Movimento 1.700,00
Caixa 300,00
Estoques 300,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 1.700,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 6.600,00 Total 6.600,00

Levando em consideração os valores extraídos do demonstrativo financeiro,


temos: LS = AC – Estoques/ PC.

Nesse índice, podemos medir contabilmente a capacidade que a empresa


tem de pagar suas dívidas diante de uma emergência contingencial ou perda
de estoques. Neste caso, o índice de liquidez seca apurado foi de 1,25. Esse
resultado determina que o Ativo Circulante menos o saldo da conta estoques
cobre o saldo de suas obrigações, tendo a capacidade de pagamento de suas
obrigações a curto prazo, ou seja, para cada R$ 1,00 devido tem R$ 1,25 para
saldá-lo.

2.1.3 LiQuiDEZ GErAL


A liquidez geral apresenta a liquidez da empresa no curto e longo prazo ao
mesmo tempo, obtendo uma visão bem mais ampla.

De acordo com Silva (2016, p. 307), “a interpretação do índice de liquidez


geral é no sentido de quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais
fatores”.

112
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Analisando esse indicador, estamos, na verdade, incluindo os direitos de


longo prazo. Subentende-se que, se a empresa fosse parar suas atividades
naquele momento, pagaria suas obrigações com seu disponível e realizáveis, sem
precisar envolver todo o ativo não circulante (ativo imobilizado e/ou investimentos).

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.000,00 Passivos circulantes 1.600,00
Banco conta Movimento 1.700,00
Estoques 300,00
Realizável a LP 300,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 1.700,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 6.600,00 Total 6.600,00

Fórmula: Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a longo prazo)


(Passivo Circulante + Passivo não Circulante)

Assim, temos: 6.600/6.600 = 1,00.

Nessa avaliação, a empresa não possui liquidez para cobrir a dívida total.
Este indicador é utilizado como uma medida de segurança financeira da empresa
no longo prazo, revelando sua capacidade de assumir todos os compromissos.
As interpretações dos resultados dos índices foram baseadas nas linhas de Assaf
Neto (2006) e Marion (2007).

Podemos dizer então que este Índice menor do que 1 representa a seguinte
situação: se a empresa precisasse quitar todas as suas obrigações no curto prazo
e, considerando o realizável a longo prazo, ela não teria recursos suficientes.

2.1.4 SoLVÊNCiA
Do ponto de vista econômico e financeiro, consideramos uma empresa
solvente quando esta possui condições de quitar suas obrigações, garantindo a
sobrevivência no curto prazo.

Um alto índice de liquidez não representa, necessariamente, uma boa saúde


financeira. O cumprimento das obrigações nas datas previstas depende da
administração de caixa, dos prazos de recebimento e de pagamento.

113
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

A análise do risco de A crise econômica afeta a situação financeira das empresas.


solvência da empresa Métodos e ferramentas da administração financeira se mostram cada
vem sendo usado vez mais em destaque no mundo organizacional, objetivando antecipar
cada vez mais entre problemas e melhorar as análises e interpretações. A análise do risco
os empreendedores de solvência da empresa vem sendo usado cada vez mais entre os
para aprimorar a
empreendedores para aprimorar a interpretação de investimentos e
interpretação de
investimentos e avaliar a saúde da empresa. Para avaliar o risco é necessário analisar o
avaliar a saúde da Capital Circulante Líquido (CCL).
empresa. Para avaliar
o risco é necessário • Solvência Geral = {Ativo total} (dividido por) {Passivo circulante +
analisar o Capital Exigível a longo prazo}.
Circulante Líquido
• Cg (Capital de giro) ou CCL (Capital Circulante Líquido) = AC
(CCL).
(Ativo Circulante) – PC (Passivo Circulante).

Ambos indicadores medem a solvência e o risco, indicando a probabilidade


de a empresa tornar-se tecnicamente insolvente.

Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + PL
Ativo Circulante 2.000,00 Passivos circulantes 1.600,00
Banco conta Movimento 1.700,00
Estoques 300,00
Realizável a LP 300,00
Ativo imobilizado 4.300,00 Passivos não circulantes 1.700,00
Patrimônio líquido 3.000,00
Total 6.600,00 Total 6.600,00

Aplicando as fórmulas, temos: 4.300/1.700 = 2,42.

Os resultados desses dois indicadores mostram a probabilidade de a empresa


tornar-se tecnicamente insolvente (incapaz de pagar suas contas no vencimento).
Estes indicadores também levam em consideração o risco de insolvência da
empresa pela seguinte análise:

Quanto maior o CCL, menor o risco de insolvência; quanto


menor o CCL, maior o risco de insolvência.

114
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Neste caso, os indicadores mostram um índice de solvência maior que 1, o


que significa que o ativo total cobre 2 vezes as obrigações de curto e longo prazo,
ou seja, não há, tecnicamente, risco de insolvência, no entanto, essa interpretação
tem que ser cuidadosa, uma vez que pode ocorrer de os passivos da empresa
vencerem num prazo de tempo curto, e os ativos apresentarem dificuldade de
liquidação.

Com relação ao capital circulante líquido, podemos dizer que o ativo


circulante cobre o passivo circulante e ainda há recursos de R$ 400,00.

2.2 INDICADORES DE ATIVIDADE


Os Indicadores de Atividade indicam o tempo que uma empresa leva para
receber o retorno de suas vendas a partir da compra de mercadorias e efetuar
seus pagamentos. Esses parâmetros comprovam de que forma os bens de um
patrimônio estão sendo administrados. Vamos conhecer esses indicadores.

2.2.1 Giro DoS ESToQuES


O estoque médio de uma loja de produtos eletrônicos é de 400 pen drivers e
a empresa vende 3,6 mil por ano. O giro do estoque dessa empresa é calculado
dividindo 3,6 mil por 400, resultando em nove giros no período. Isso significa que
os produtos são renovados nove vezes durante o ano. Este mesmo raciocínio
pode ser aplicado dividindo-se o valor dos estoques pelo valor das vendas daquele
produto. Quando o giro do estoque cai, significa que a empresa está vendendo
menos.

O prazo médio de estoques, mais conhecido como PME, é um dos Indicadores


de Atividade que mede a eficiência dos estoques na administração dos ativos
da empresa, ou seja, informa a velocidade com que a empresa transforma seus
ativos em receita.

O Prazo Médio de Estoques, especificamente, mostra o número de dias, em


média, que a empresa leva para vender seus produtos. Esse indicador é melhor
utilizado para avaliar uma mesma empresa ao longo de um período ou comparar
empresas que desenvolvem produtos semelhantes.

115
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

2.2.2 Giro DAS DuPLiCATAS A rECEBEr


O volume da conta clientes (direitos) é determinado pelos padrões de crédito
da empresa, ou seja, política de recebimentos, como o benefício de reduzir os
padrões de crédito gera lucro das vendas adicionais:

A fórmula para o prazo médio de recebimento é:

Pmr = 360 x Clientes a Receber/Vendas

As contas a receber ou conta clientes são parecidas com empréstimos sem


juros para os clientes, porque os vendedores devem pagar despesas de juros à
medida que seu capital fica empatado sem receber a duplicata do cliente, isso é
demonstrado pelo prazo médio de recebimento.

2.2.3 Giro DoS ForNECEDorES


A boa gestão financeira da empresa depende diretamente do conhecimento
do PMP (Prazo Médio de Pagamento), pois está diretamente associado ao
prazo médio de recebimento (PMR), que é o tempo que a empresa leva para
receber o dinheiro de seus clientes. Essa comparação evita que a sua empresa
fique com um saldo de caixa negativo, ou seja, que necessite de aporte por parte
dos sócios ou de empréstimos bancários. “O prazo médio de pagamentos é o
período compreendido entre o momento em que foram efetuadas as compras e o
momento de seu pagamento” (SILVA, 2001 p. 56).

Para esse cálculo, utilizaremos a seguinte fórmula:

PMP = Fornecedores x 360


Compras

Ao gerenciar o prazo médio de pagamento temos como estratégia disponível


da empresa retardar, tanto quanto o possível, o pagamento de duplicatas, sem
prejudicar o conceito de crédito da empresa, devendo ser observada a questão de
ética – violação de um acordo com o fornecedor.

2.2.4 CiCLo oPErACioNAL E DE CAiXA


Os saldos de caixa e os estoques de caixa de segurança são influenciados,
significativamente, pelas técnicas de produção e vendas, bem como pelos

116
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

procedimentos adotados para a cobrança das duplicatas a receber e o pagamento


das duplicatas a pagar. As análises dos ciclos operacional e de caixa da empresa
evidenciam e esclarecem como o administrador financeiro conseguirá manter um
baixo nível de investimento em caixa, de acordo com o período do ciclo financeiro
(caixa), o que contribuirá para a maximização do valor das ações da empresa.

Chamamos de ciclo operacional o período de tempo que vai desde o momento


em que a empresa compra matérias-primas, depois produz seus produtos até o
ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado, como mostra a
figura a seguir.

FIGURA 1 – CICLO OPERACIONAL

FONTE: O autor

Onde:
CO: ciclo operacional = IME + PMC IME: idade média dos estoques
+ PMC: período médio de cobrança das vendas

Podemos ver na figura que o ciclo operacional começa desde a compra da


mercadoria e vai até o dia do recebimento da venda. O ciclo financeiro corresponde
ao período do ciclo de caixa.

Chamamos de ciclo de caixa o período de tempo entre o pagamento dos


fornecedores e o recebimento pela venda do produto acabado. É calculado como
o número de dias do ciclo operacional menos o período médio de pagamento dos
fornecedores (credores).
117
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Onde:
CC: ciclo de caixa = CO – PMP CO: ciclo operacional
PMP: período de pagamento

Conheceremos agora o cálculo do ciclo de caixa. Uma empresa cobra


duplicatas em crédito após 75 dias. O estoque tem uma idade média de 105 dias,
e as duplicatas a pagar são quitadas, em média, 60 dias após sua emissão.

PMR = 75 DIAS IME = 105 DIAS PMP = 60 DIAS


CICLO OPERACIONAL = 105 + 75 = 180 DIAS CICLO DE CAIXA = 180 – 60
= 120 DIAS

Isso significa que a empresa precisa manter ou suprir o seu caixa em 120
dias. Para entendermos melhor, precisamos determinar quantas vezes a empresa
precisará suprir o seu ciclo financeiro em um ano. Para isso, precisamos calcular
o giro de caixa e considerar 360 dias (ano).

O giro de caixa neste caso será GC = 360 / CC; logo GC = 360 / 120 = 3
VEZES, isto é, a empresa renova seu caixa apenas 3 vezes no ano, devido à
demora do processo produtivo, ou seja, saídas dos estoques para venda.

Se reduzirmos o processo de produção (IME) para 75 dias, ou seja, em 30


dias, o que acontecerá com o ciclo de caixa, por exemplo?

PMR = 75 DIAS IME = 75 DIAS PMP = 60 DIAS


CICLO OPERACIONAL = 75 + 75 = 150 DIAS CICLO DE CAIXA = 150 – 60
= 90 DIAS
GC = 360 / CC; logo GC = 360 / 90 = 4 VEZES

Podemos concluir neste caso que reduzindo o ciclo de caixa, aumenta o giro
de caixa, isto é, menor caixa se requer.

2.3 INDICADORES DE
LUCRATIVIDADE
A lucratividade mede quanto um negócio ganhou, efetivamente, em relação a
tudo o que vendeu. De certo modo, é de fácil compreensão, quando uma empresa
vende um produto ou um serviço, o preço cobrado não é totalmente destinado ao
negócio, uma vez que há custos diretos do produto. Na prática, parte do dinheiro
recebido é usada justamente para pagar pelo processo operacional que levou

118
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

até a venda para o cliente. Para calcularmos os indicadores de lucratividade,


precisaremos levantar dados do Demonstrativo de Resultados (DRE).

Esses indicadores calculam diferentes níveis de margens, mostrando ganhos


ou perdas com relação ao produto, operação e recurso próprio, levando em
consideração os resultados da empresa, como veremos a seguir.

2.3.1 MArGEm BruTA


O objetivo principal de uma empresa comercial é o lucro. O indicador de
margem bruta, que mede o ganho do empreendimento em relação ao nível de
custo do produto x vendas, evidencia a eficiência de sua gestão. Com o incremento
das vendas a recuperação do ativo será mais rápida e o empreendimento mais
rentável.

A margem bruta é quanto a empresa tem de lucro após a dedução dos custos
da empresa. O lucro bruto é o resultado das vendas menos deduções (descontos)
e impostos.

2.3.2 MArGEm oPErACioNAL


A margem operacional mede a relação do lucro operacional com relação a
receitas obtidas pela venda do produto (Q), ao preço de mercado (P), a despesas
operacionais e aos custos de produzi-las.

“Este índice mede a percentagem de lucro obtido em cada unidade monetária


de venda, antes dos juros e do imposto de renda” (SILVA, 2001, p. 97).

De acordo com a fórmula citada anteriormente (Pmr = 360 x Clientes a


Receber /Vendas), podemos analisar o nível operacional da organização, ou seja,
quanto a empresa ganha por R$ 1,00 vendido após as deduções dos custos de
produção e despesas operacionais.

2.3.3 MArGEm LÍQuiDA


A margem líquida está associada ao ganho dos sócios, ou seja, mostra o
lucro líquido com relação às vendas, sendo que o lucro líquido deduz todas as
despesas, inclusive, juros, imposto de renda e contribuição social (CSLL), exceto
os dividendos (percentual sobre o lucro líquido que é pago aos acionistas).

119
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

“Este índice mede a percentagem de cada unidade monetária de venda que


restou, depois da dedução de todas as despesas e é uma medida bastante citada
para indicar o sucesso da empresa em termos de lucratividade” (SILVA, 2001, p.
97).

Esta fórmula (Margem líquida = Lucro líquido após os impostos / Receita total
x 100) mostra o ganho dos proprietários para cada R$ 1,00 vendido.

2.3.4 ANáLiSE DAS mArGENS


Para analisarmos as margens de lucratividade, extrairemos os dados do
DRE a seguir.

DRE

Vendas Líquidas 385


(–) Custo das Vendas 193
= Lucro Bruto 192
(–) Despesas operacionais 123
Salários 80
Depreciações 10
Impostos 8
Outras 25
= Lucro operacional 69
(–) Despesas financeiras 10
= Lucro antes do IR 59
(–) Provisão p/ IR 9
= Lucro Líquido 50

Verificaremos primeiro a margem bruta:


MB = 192 / 385 = 0,50. Neste caso, a empresa ganha 49% do preço de
venda, considerando os custos pagos pelas mercadorias vendidas.
Margem Operacional = 69 / 385 = 0,18. Neste caso, a empresa ganha 18%
ou $ 0,18 a cada $ 1,00 vendido, ou seja, pagando os custos com mercadorias e a
operação, a empresa tem uma lucratividade de 18%.
Margem Líquida = 50 / 385 = 0,13 ou 13%. A margem líquida está mostrando
o resultado e o ganho dos sócios, ou seja, o percentual de lucro obtido pelos
sócios.

O objetivo da lucratividade é alcançar um patamar bastante atrativo para a


recuperação do investimento inicial. Pode ser que o negócio não seja tão rentável
como vimos, mas a lucratividade compensa o fato de os resultados mudarem a
todo momento.
120
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

2.4 INDiCADorES DE rENTABiLiDADE


A rentabilidade está ligada a um investimento inicial e retorno do investimento
do negócio. Se o investimento tem uma rentabilidade baixa, significa dispensar
a aplicação de recursos no negócio. Se a rentabilidade é elevada, então é um
investimento capaz de efetivamente trazer dinheiro para o negócio.

Saiba mais sobre a análise da necessidade de capital de giro,


endividamento e liquidez, lendo um estudo de caso de uma usina
canavieira do estado de Alagoas, disponível em:
https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos11/23314435.pdf.

A análise empresarial de indicadores de rentabilidade apresenta os aspectos


econômicos das empresas, mostrando o percentual da rentabilidade do capital
investido.

2.4.1 RETorNo SoBrE o ATiVo


Mais conhecido como ROA, a taxa de retorno sobre o ativo total resulta
em mostrar a eficiência global da empresa em gerar lucros com seus ativos
disponíveis; quanto maior for o rendimento da empresa sobre o total de ativos,
melhor.

2.4.2 RETorNo SoBrE o PATrimÔNio


LÍQuiDo
Conhecido como ROE, indica quanto a empresa obtém de lucro para cada $
100,00 de capital próprio investido, em média, no exercício. Quanto maior, melhor.

121
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

2.4.3 RETorNo SoBrE iNVESTimENToS


Mais conhecido com ROI, do Inglês Return On Investiment, é um indicador
que mede o desempenho do investimento líquido, isto é, esse indicador permite
avaliar o retorno em relação aos ativos operacionais.

Assim, a fórmula fica da seguinte maneira:

ROI = Lucro após o imposto de renda x 100


Investimento

2.4.4 ANáLiSE DoS iNDiCADorES


Os índices de rentabilidade estão associados aos investimentos realizados
no ativo e ganhos do patrimônio líquido. No exemplo a seguir, vamos saber se
os resultados destes indicadores apresentam alta ou baixa rentabilidade para os
proprietários e partes interessadas.

Exemplo: uma empresa possui R$ 100.000,00 em ativos. Seu patrimônio


líquido corresponde a 30% do ativo e seu lucro líquido é R$ 15.000,00, sendo que
seu lucro operacional é de R$ 20.000,00 e o ativo operacional é de R$ 80.000,00.
A empresa não incorreu em despesas financeiras ou teve IR, logo, o Lucro Líquido
se mantém inalterado.

O retorno sobre os ativos mostra que o lucro gera uma rentabilidade de 15%
sobre os ativos da empresa. O lucro da empresa gera 50% de retorno para o
patrimônio líquido e 25% de retorno sobre os investimentos.

A análise econômica e financeira está associada à administração de caixa,


avaliação ou estudo da viabilidade, estabilidade econômica, lucratividade e
rentabilidade do negócio ou projeto. A análise das demonstrações engloba um
conjunto de informações que gera instrumentos e métodos que permitem realizar
diagnósticos e prognósticos sobre o seu desempenho futuro.

É uma atividade de grande complexidade e seu desafio é conquistar


informações através de análise e indicadores financeiros. A qualidade dos dados
contábeis é fundamental nessa atividade.

Todas as empresas em algum momento serão levadas a realizar algum tipo


de investimento. De uma maneira geral, o assunto investimento se refere a ativos
financeiros, e a questão mais importante associada a esta operação é verificar

122
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

quais são os riscos, as incertezas e os retornos potencialmente associados ao


investimento. Pode ser uma pequena aplicação feita por um correntista de banco
para não deixar o dinheiro parado ou um projeto de expansão de uma grande
empresa visando aumentar o seu lucro.

Nas empresas, a administração de riscos envolve uma complexidade maior


de interesses e variáveis, exigindo dos gestores a aplicação de conhecimentos
mais apurados para que possam tomar as melhores decisões ao longo da
execução dos projetos.

Gitman (2006, p. 184) esclarece que “fundamentalmente, risco é a


possibilidade de perda financeira. Os ativos considerados mais arriscados são
os que oferecem maiores possibilidades de perda financeira. Em termos mais
formais, a palavra risco é usada como sinônimo de incerteza e refere-se à
variabilidade dos retornos associados a um ativo”.

Na concepção de Assaf Neto (2008, p. 207), “a ideia de risco, de forma


mais específica, está diretamente associada às probabilidades de ocorrência de
determinados resultados em relação a um valor médio esperado. É um conceito
voltado para o futuro, revelando uma possibilidade de perda”.

Segundo a teoria de finanças, o gerenciamento do risco está


intimamente relacionado com o retorno do investimento,
podendo ser denominado risco financeiro. Contudo, as
organizações sujeitam-se a inúmeros outros tipos de riscos,
sendo que na sua maioria não possuem características
financeiras, porém, merecem ser tratados com a mesma
relevância pelos impactos econômicos que podem trazer à
empresa, gerando a necessidade de um sistema de informação
para gerenciamento de todos eles (PADOVEZE, 2009, p. 290).

Portanto, o gerenciamento de riscos é uma atividade importante no dia


a dia de uma empresa ou de um investidor individual. As tomadas de decisões
que propiciam um equilíbrio entre riscos e retornos é que definirão o acerto da
administração financeira dos ativos. Para isso é necessário conhecer os tipos
de riscos e entender a relação entre risco e retorno de um determinado ativo ou
de uma carteira de ativos, esses que podem alterar ou até mesmo cancelar os
projetos.

3 TIPOS DE RISCO
O conhecimento dos tipos de riscos financeiros e/ou operacionais e suas
análises consiste na verificação de incertezas, que têm relação com as operações

123
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

financeiras de uma empresa, e vão desde a gestão do fluxo de caixa até a


disponibilização de recursos para investimentos. Essas análises têm como meta
principal oferecer subsídios para as tomadas de decisão pelos gestores.

O conhecimento dos tipos de riscos existentes e não desejados auxilia


os administradores a criarem planos para diminuir o impacto no patrimônio da
empresa. Nos tópicos a seguir, estudaremos os principais tipos de riscos, que
são: riscos de mercado, políticos e cambiais.

3.1 RISCO DE MERCADO


As oscilações de preços e de cotações provocam mudanças nos resultados
das empresas, ora diminuindo seus preços e sua competitividade, ora aumentando
seus custos e despesas e influenciando negativamente em seu lucro. As
oscilações de preços, na maioria das vezes, têm sua origem no comportamento
da oferta e da procura de determinado produto. A sazonalidade de vendas de um
certo produto, por exemplo, oferece riscos de perda financeira se as decisões de
produção e vendas não estiverem corretamente planejadas e executadas.

As cotações de preços estão intimamente ligadas aos produtos primários,


tais como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas negociados no mercado
internacional ou “commodities”, como são mais conhecidos. O comportamento das
cotações desses produtos depende do nível de produção e estoque existentes
no mercado mundial. Por exemplo, uma grande produção de milho nos Estados
Unidos aumentará a oferta do produto em escala mundial e com isso diminuirá
sua cotação.

3.2 RISCOS POLÍTICOS


A estabilidade política de um país influencia diretamente o comportamento de
mercado, principalmente dos investidores que pretendem aplicar seus recursos em
projetos locais. Uma das principais consequências da instabilidade de governo é a
insegurança jurídica, caracterizada pelo não cumprimento de contratos. Grandes
agências internacionais especializadas em gestão de riscos analisam o risco legal
de cada país sinalizando para os investidores o grau de risco de cada nação.

Portanto, riscos políticos representam o potencial de um determinado ato


governamental influenciar os mercados. Devido suas características, são de difícil
previsão e identificação, pois em sua maioria vêm revestidos de surpresas.

124
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

QUADRO 1 – PREVISÃO DO MERCADO

Evolução do INPC, PIB e Taxa Selic de 2005 a 2017

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
2015 2016 2017
INPC 5,05% 2,81% 5,15% 6,48% 4,11% 6,46% 6,07% 6,19% 5,56%
6,22% 11,27% 6,58% 3,50%
PIB 3,2% 4,0% 6,1% 5,1% –0,1% 7,5% 4,0% 1,9% 3,0%
0,5% –3,8% –3,6% 0,40%
TAXA SELIC 18,00 15,72 11,18 13,66 8,65% 10,66 10,90 7,17%
9,90% 11,65 14,15 13,65 8,50%
FONTE: O autor

Constatamos, então, o quanto as políticas econômicas influenciaram as


decisões de gestão de investimentos das empresas. A inflação, representada pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve certa estabilidade até 2014
em torno de 5-6%, porém, em 2015, subiu para 11,27%. Uma alta da inflação
pode gerar uma desestabilização da economia, acirrando a crise política.

O crescimento econômico do país representado pelo Produto Interno Bruto


(PIB) teve um aumento considerável nos anos de 2004, 2007 e 2010, caindo para
-3,8% em 2015 e -3,60% em 2016, demonstrando que neste período a economia
brasileira estava uma recessão.

A Taxa Selic representa o juro pago pelos bancos para a captação de recursos
e é a remuneração oficial de capitais quando o governo toma empréstimos. Iniciou
a série em 2005 com 18% a.a. e sofreu uma queda para 7,17% em 2012. Voltou a
subir entre 2013 e 2015 numa tentativa do governo de segurar a inflação.

3.3 RISCOS CAMBIAIS


Os riscos cambiais correspondem a um tipo de risco de mercado, contudo,
têm as suas nuanças. Levando-se em conta que muitas empresas fazem
transações em moeda estrangeira ou realizam negócios fora do país, o risco
cambial deixa essas empresas expostas às perdas financeiras, que podem correr
risco financeiro e risco nas transações de compra e venda. O primeiro acontece se
a empresa possui ativos em moeda estrangeira e necessita converter em moeda
local. O segundo é quando se tem receitas ou custos em moeda estrangeira e
os contratos podem ter seus valores alterados de modo adverso entre a data da
cotação e a data do pagamento de uma transação.

125
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

O investidor precisa dar atenção especial ao modo como as empresas


estão expostas ao risco cambial. Aquelas exportadoras que têm a maior parte de
suas receitas em dólar, por exemplo, ganharão com a desvalorização da moeda
nacional (receberão mais em moeda local) e uma importadora perderá porque
pagará mais caro. O mais importante é analisar de que forma estas empresas
estão se protegendo do risco cambial, quer pela prática do hedge, quer pela
prática da diversificação de sua carteira, ou seja, aplicando em mais de um ativo.

Essa providência da prática de hedge, no entanto, pode ser prejudicada


se a empresa apostar errado com relação ao que pode ocorrer com a moeda
estrangeira. A diversificação é outra maneira de a empresa mitigar o risco cambial,
pois deixa de estar exposta às alterações cambiais de uma única moeda.

Após verificarmos os diversos tipos de riscos, analisaremos a seguir o


coeficiente de variação.

3.4 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO


Em termos gerais, o coeficiente de variação é utilizado para se fazer análises
de dispersão em relação a seu valor médio. É utilizado quando temos retornos
esperados diferentes na comparação de dois ativos.

O cálculo do coeficiente de variação é feito por meio da razão entre o desvio


padrão e o retorno esperado.

Os dados serão mais dispersos quanto maior for o valor do coeficiente de


variação, e mais homogêneos quando o coeficiente for menor.

Com os dados obteremos os coeficientes de variação da série de dados


macroeconômicos resultantes das políticas econômicas governamentais.

Variável Desvio padrão Resultado esperado Coeficiente de variação


INPC 1,96% 4,00% 49,0%
PIB 3,19% 1,00% 319,0%
SELIC 2,97% 8,00% 37,1%

Observamos a dispersão ou falta de homogeneidade em todos os índices


apresentados, uma vez que o desvio padrão corresponde a uma margem grande
em relação ao retorno esperado, como os 319% de razão do desvio padrão do
PIB e do seu retorno esperado.

126
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

3.5 RISCO E RETORNO DE UM ATIVO


O termo risco tem sua origem na palavra risicu ou riscu, em latim, que significa
ousar. Entende-se risco como uma possibilidade de ‘algo dar errado’. Atualmente,
o conceito de risco considera a qualificação e a quantificação da incerteza, quer
seja nos ganhos, quer seja nas perdas, relacionados com o que foi planejado por
indivíduos ou por empresas.

Existem três tipos de comportamentos com relação ao risco, conforme


Gitman (2012):

• Averso ao risco: conservador, quer um maior retorno de acordo com


o aumento do risco, aceita um retorno menor para não correr maiores
riscos. Foge de investimentos de alto risco.
• Indiferente ao risco: moderado, sem exigências no retorno conforme o
aumento do risco. Ponderado ao realizar o investimento.
• Tendencioso ao risco: arrojado, assume maiores riscos em busca de
retornos mais elevados. Busca investimentos de alto risco.

Ao avaliarmos um investimento devemos considerar: o risco diversificável


ou não sistemático (ex.: carteira de investimentos: redução do risco diversificável
com investimento em vários títulos) e o risco não diversificável ou sistemático (ex.:
se preocupa com os riscos de mercado, tais como: aumento da inflação, política,
taxa de juros, variação cambial, guerras etc.). No risco diversificável, o agente
econômico pode controlá-lo, mas, no risco sistemático, está fora de seu controle.

Retorno é aquilo que se espera de lucro de um investimento. A variação do


volume do retorno está intimamente ligada aos tipos de risco que podem ocorrer
ao longo do tempo. Essa ligação está clara na máxima popular: ‘Grandes riscos,
grandes lucros. Pequenos riscos, pequenos lucros’.

Gitman (2012, p. 184) esclarece que “o retorno é o ganho ou perda total


sofrido por um investimento em certo período. É comumente medido pela soma
dos proventos em dinheiro durante o período com a variação de valor, em termos
de porcentagem do valor do investimento no início do período”.

Todo investimento em um ativo está sujeito a riscos, que deverá ser planejado
e administrado de forma a ser previsto e mitigado com o maior grau possível de
acertos nas decisões a serem tomadas pelos administradores financeiros. Para
isso, é importante avaliar o nível de retorno de ativo, conhecer os riscos de
ativos inerentes, comparar riscos e retornos de vários ativos e aplicar fórmulas
estatísticas para auxiliar nas ações a serem tomadas.

127
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

3.5.1 RETorNo DE ATiVo


O retorno de um ativo corresponde ao retorno esperado em função dos
diferentes cenários, que podem ser: pessimista, provável ou otimista. Considere,
por exemplo, um determinado ativo financeiro que possui três cenários de
diferentes retornos:

• Cenário 1 (otimista, com chance de ocorrência de 30%): o bom


desempenho da economia faz com que a projeção de retorno desse
investimento aumente para 16% ao ano.
• Cenário 2 (provável, com possibilidade de 50% de ocorrência): um
desempenho regular na economia influencia o retorno deste ativo para
10% ao ano.
• Cenário 3 (pessimista, com probabilidade de 20% de ocorrência): uma
recessão poderá afetar o retorno deste ativo para um retorno de 5%
apenas.

Uma vez identificados tais cenários, o retorno esperado do ativo é de 10,8%


(16%*0,30 + 10%*0,50 + 5%*0,20), calculado pela soma do produto entre o
retorno de cada cenário e a sua probabilidade de ocorrência.

Os riscos de ativos podem ser classificados de diversas maneiras. Neste


livro, conheceremos os principais riscos como: risco de mercado, risco de crédito,
risco de liquidez, risco operacional, risco legal e risco de fator humano.

• Risco de mercado: relacionado diretamente ao valor dos ativos,


observando que mudanças nos preços e taxas no mercado financeiro
têm como consequência a possibilidade de aumento ou redução do valor
das posições.
• Risco de crédito: se refere à possibilidade de o tomador não honrar seus
compromissos financeiros.
• Risco de liquidez: aparece na possibilidade de existirem empecilhos
para localizar possíveis compradores de um ativo na quantidade, valor e
período planejados.
• Risco operacional: inerente à própria empresa quando ela perde a
capacidade de controlar seus processos, ocorrendo falhas operacionais,
incapacidade gerencial ou fraudes.
• Risco legal: quando uma determinada empresa está sujeita a ações de
cunho trabalhista, previdenciária, cível ou mesmo tributária.
• Risco de fator humano: advém de falhas e erros ocasionados por
pessoas, muitas vezes por falta de treinamento adequado para exercer
suas funções. Também considerado como uma variação de risco
operacional.
128
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

3.5.2 ComPArAÇÃo ENTrE riSCo E


rETorNo DE ATiVoS DiFErENTES
A análise e a comparação de ativos diferentes oferecem dados importantes
para a decisão de investir um montante diferente em cada aplicação. O retorno
é calculado, então, levando-se em conta as mudanças no valor do ativo somado
com qualquer distribuição de caixa durante o período. O resultado é dividido pelo
valor do investimento no início do período, utilizando a seguinte equação:

Para exemplificar essa equação, Gitman (2006) propõe um exercício para


comparação entre risco e retorno de dois ativos. Nesta proposta é realizada uma
comparação básica entre dois ativos, no caso ativo permanente de uma empresa
de diversões eletrônicas. A empresa quer determinar a taxa de retorno de duas
máquinas. A primeira máquina foi adquirida há um ano por $ 20.000, atualmente,
vale no mercado $ 21.500, gerou receitas líquidas de $ 800 no ano. A outra custou
$ 12.000 há quatro anos, seu valor atualmente é de $ 11.800 e gerou $ 1.700 de
receitas líquidas no ano.

Máquina 1 (c) Kc = $ 800 + $ 21.500 – $ 20.000 = $ 2.300 = 11,5%


$ 20.000 $ 20.000

Máquina 2 (d) Kd = $ 1.700 + $ 11.800 – $ 12.000 = $ 1.500 = 12,5%


$ 12.000 $ 12.000

Conclusão: embora o valor de mercado da Máquina 2 tenha caído durante


o ano, seu fluxo de caixa fez com que gerasse uma taxa de retorno maior que a
da Máquina 1 no mesmo período, evidenciando que é importante medir a taxa de
retorno do conjunto do fluxo de caixa gerado com as variações de valor.

3.5.3 CoEFiCiENTE DE VAriAÇÃo


Não é difícil a escolha entre dois investimentos que se apresentam em um
mesmo nível de risco ou retorno esperado. Se a probabilidade de risco for a

129
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

mesma, escolhe-se o investimento com maior retorno esperado. Na hipótese de


o retorno esperado ser igual nas duas alternativas, logicamente a decisão é pelo
risco menor.

Se a relação entre risco ou retorno esperado de um ativo não estiver no


mesmo nível, a escolha do melhor não é imediata. É preciso adotar uma medida
que considere a diferença no nível de risco. O Coeficiente de Variação (CV), que
é a razão entre o desvio padrão e o retorno esperado, é também uma ferramenta
bastante utilizada para uma decisão sobre ativos naquelas condições.

Como vimos anteriormente neste capítulo, para encontrar o Coeficiente de


Variação, utiliza-se a seguinte equação:

CV = Lucro Operacional/Ativo Total

Neste cálculo, cada unidade de retorno esperado traz uma medida de risco,
assim podemos comparar alternativas de investimento em diferentes níveis de
risco.

Por exemplo, analisar a possibilidade de 2 alternativas de investimento em


ativos. Uma (a) mostra um retorno esperado de 14% ao ano com um desvio
padrão de 5% e a outra (b) apresenta um retorno esperado de 21% ao ano com
um desvio padrão de 6%. Pergunta-se, qual a melhor alternativa?

O ativo b se apresenta como a melhor alternativa, considerando apenas o


critério CV, por apresentar o menor risco para cada unidade de retorno esperado,
porém, é importante ressaltar, um investidor com perfil de aversão ao risco optará
pelo ativo a, pois este apresenta uma menor exposição ao risco.

3.6 RISCO E RETORNO DE CARTEIRA


Uma carteira de investimentos ou portfólio é a coleção total de todos os
investimentos detidos por um indivíduo ou uma instituição, incluindo ações,
títulos, imóveis, opções, futuros e investimentos alternativos. As carteiras são
diversificadas com o objetivo de proteger contra o risco dos ativos isolados. A
carteira é administrada como um todo ao invés de confiar exclusivamente nos
tipos específicos de títulos.

A diversificação dos investimentos em ativos é o mais eficaz instrumento para


diminuir perdas nessas aplicações. Esta providência é uma variação da sabedoria
popular, que diz: ‘Não se pode colocar todos os ovos na mesma cesta’.

130
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Portanto, a inclusão de vários ativos em uma mesma carteira muda


completamente os riscos de um investidor. Os riscos dos ativos individuais, de
forma geral, não são iguais aos riscos do conjunto que formam a carteira. O
principal objetivo do estudo entre estas relações é evidenciar como determinado
investimento pode influenciar o conjunto da carteira.

A seleção de investimentos dependerá da incidência dos tributos, da


necessidade de renda atual e da capacidade de suportar riscos. A carteira
eficiente consiste em investimentos que proporcionam o maior retorno para um
determinado risco ou, em alternativa, o menor risco para um determinado retorno.
Para montar um portfólio eficiente, é preciso saber como calcular os retornos e
riscos de um portfólio e como minimizar os riscos por meio da diversificação.

3.6.1 RETorNo DE CArTEirA


Uma vez que o retorno de uma carteira é proporcional ao retorno de seus
ativos individuais, o retorno de uma carteira é a média ponderada dos retornos de
seus ativos componentes.

O valor de um ativo dividido pelo valor da carteira é a média ponderada do


ativo, e a soma de todas as médias ponderadas deve ser igual a 100%.

Retorno de Carteira
k=1
Total do Ativo k Total da Carteira

Retorno do Ativo k

Exemplo: cálculo do retorno esperado de uma carteira de 2 ativos:

Exemplo de carteira Participação Retorno esperado


Ativo A 30,0% 13,9%
Ativo B 70,0% 9,7%

O retorno esperado deste portfólio é calculado assim:


Lucro Líquido/ Receitas Financeiras

Para calcular o retorno esperado de uma carteira é necessário encontrar


a média ponderada de cada ativo na carteira. A média ponderada é o peso do
131
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

valor de um determinado ativo em relação ao total da carteira. A soma de todas


as médias ponderadas resultará em 100%. No exemplo, temos o Ativo A, que
representa 30% da carteira, e o Ativo B, que representa 70%. Multiplicando a
média ponderada pelo retorno esperado de cada um e somando os resultados
teremos a taxa de retorno esperada da carteira.

3.6.2 RiSCo DA CArTEirA


Os riscos da carteira podem ser calculados da mesma forma como se calcula
o risco de investimentos individuais, levando o desvio padrão da variação dos
retornos reais do portfólio ao longo do tempo. Essa variabilidade de retorno é
proporcional ao risco da carteira, e esse risco pode ser quantificado pelo cálculo
do desvio padrão dessa variabilidade.

Em se tratando de risco de carteira, Gitman (2006) elucida:

“Nas situações reais, o risco de um investimento individual não seria


considerado independentemente de outros ativos. Os novos investimentos devem
ser examinados à luz de seu impacto sobre o risco e o retorno de uma carteira de
ativos” (GITMAN, 2012, p. 193).

O desvio padrão, aplicado aos retornos dos investimentos, é uma medida


estatística quantitativa da variação dos rendimentos específicos da média desses
retornos. Um desvio padrão é igual ao desvio médio da amostra.

Fórmula de desvio padrão para retornos de carteiras:

132
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

O risco diversificável de uma carteira depende dos riscos dos ativos


individuais e geralmente é menor do que o risco de um único ativo, porque os
retornos dos diferentes ativos estão em alta ou baixa em diferentes momentos.

O risco do portfólio pode ser reduzido pela diversificação, escolhendo


investimentos individuais que aumentam ou diminuem em diferentes momentos
dos outros investimentos no portfólio. A velocidade em que declina o risco
depende da covariância dos ativos que compõem o portfólio.

Podemos exemplificar a questão da diversificação de investimentos com


a comparação entre uma carteira que contenha 50% dos recursos em ações
do Banco A e 50% em ações do Banco B. Ao compararmos esta carteira com
outra que contenha 50% dos recursos aplicados no banco A e 50% em ações
da Siderúrgica C, verificamos que esta carteira tende a ser menos arriscada do
que a primeira, pois não está com todos os seus recursos concentrados no setor
bancário.

3.6.3 RELAÇÃo ENTrE riSCo E


CoVAriÂNCiA
A base para a diversificação é que diferentes classes de ativos respondem
de forma diferente às diferentes condições econômicas, o que faz com que os
investidores movam ativos de uma classe para outra com o propósito de reduzir
o risco e lucrar com as mudanças de condições. Por exemplo, quando as taxas
de juros aumentam, a atividade econômica enfraquece, o que reduz a demanda
por ações e, portanto, seus preços, enquanto as taxas de juros mais altas

133
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

também fazem com que os investidores movam mais dinheiro para ativos menos
arriscados, como títulos públicos, que pagam juros.

Covariância é uma medida estatística de como um investimento se move


em relação a outro. Se dois investimentos tendem a subir ou diminuir durante os
mesmos períodos, então eles têm covariância positiva.

Se os altos e baixos de um investimento se movem em perfeita coincidência


com o de outro investimento, os dois investimentos têm uma covariância positiva
perfeita.

Se um investimento tende a aumentar enquanto o outro está baixo, então


eles têm covariância negativa. Se a alta de um investimento coincide com a baixa
do outro, então os dois investimentos têm uma covariância negativa perfeita.

O risco de um portfólio composto por esses ativos pode ser reduzido para zero.
Se não houver um padrão discernível para os ciclos ascendente e descendente
de um investimento em comparação com outro, os dois investimentos não têm
covariância.

Calcularemos a covariância e o coeficiente de correlação entre dois ativos.


Exemplo:

QUADRO 2 – RETORNOS ESPERADOS EM DIFERENTES SITUAÇÕES ECONÔMICAS


Situação econômica Probabilidade da Retorno do ativo A (%) Retorno do ativo B (%)
situação
Expansão 20% 22 6
Normal 55% 14 10
Recessão 25% 7 12
FONTE: O autor

O retorno do Ativo A é de 13,85% (22%*0,20 + 14%*0,55 + 7%*0,25) e o


retorno do Ativo B é de 9,7% (6%*0,20 + 10%*0,55 + 12%*0,25).

A covariância é medida ao longo do tempo, comparando os retornos


esperados de cada ativo para cada período de tempo. Os períodos de tempo são
selecionados para as diferentes situações da economia, comparando os retornos
esperados de cada ativo durante períodos de crescimento, recessões e tempos
normais. Embora os retornos possam ser selecionados de acordo com outros
critérios, como os retornos mensais, faz sentido provar os retornos com base em
diferentes estados da economia, uma vez que é mais provável que revele sua
covariância.

134
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

A covariância de dois ativos é igual à probabilidade de cada situação


econômica multiplicada pela diferença do retorno de cada ativo para cada situação
econômica menos o retorno esperado para esse patrimônio. A covariância desses
dois ativos é:

leva a (n2 – n) / 2

À medida que o número de ativos aumenta, a complexidade do cálculo


aumenta consideravelmente, uma vez que a covariância deve ser medida entre
cada dois ativos diferentes em uma carteira, o que leva a (n2 – n) / 2 cálculos
de covariância, onde n = número de ativos na carteira, além dos cálculos dos
retornos e variações esperados para cada ativo.

O número de cálculos de covariância é dividido por 2 porque a covariância


do Ativo A ao Ativo B é igual à covariância do Ativo B ao Ativo A. Para evitar essa
complexidade, são usados modelos simplificadores. O mais simples desses
modelos é o modelo de índice único, que pode aproximar a covariância de
ativos em uma carteira comparando a variância de cada ativo com a variação do
mercado.

3.6.4 PoNTo ÓTimo DE CArTEirA


Se duas carteiras tiverem o mesmo risco, mas uma delas com um retorno
esperado mais elevado, então, qualquer investidor escolherá o portfólio com maior
retorno, independentemente de sua própria aversão individual ao risco. Uma
carteira eficiente é aquela que oferece o maior retorno para um determinado risco.
Esta é a base da Teoria de Markowitz, conhecida também como teoria da carteira
ou teoria do portfólio, e teve como grande diferencial apresentar o conceito de
ponto ótimo de carteira.

Assaf Neto (2007) explica que a Teoria de Markowitz faz parte do processo
de avaliação de carteiras de investimentos, o qual envolve três grandes fases:

• Análise dos títulos: que envolve os princípios da avaliação de ativos com


relação ao fluxo de caixa gerado e às taxas de atratividade.
• Análise de carteiras: que envolve as projeções de retorno esperado e do
risco de um conjunto de ativos.
• Seleção de carteiras: analisa e sugere a melhor combinação possível
dos ativos que fazem parte de uma carteira. Este é o título do artigo de
Markowitz (1952): Portflio Selection.

135
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

A razão dessa ocorrência é em função de existir uma correlação entre os


comportamentos dos diversos ativos financeiros. A Teoria de Markowitz trouxe
uma maneira de mensurar o risco de uma carteira, propondo uma equação para
este cálculo:

FONTE: Gitman (2012, p. 231)

Quando o artigo Portfolio Selection foi publicado, em 1952, o desvio padrão


era a medição de um determinado ativo financeiro. Assim, na Teoria de Markowitz,
um dos principais pontos relatados é que o risco de um ativo medido isoladamente
torna-se diferente quando esse ativo é incluído em uma carteira, isto é, não se
deve calcular o desvio padrão de uma carteira simplesmente somando ou obtendo
a média dos desvios de cada ativo isoladamente.

3.7 RISCO DE PROJETOS


Identificar riscos em um projeto, visando à diminuição de perdas financeiras,
é uma atividade permanente desde o planejamento até a execução. Para alguns,
como aqueles que utilizam novas tecnologias, todo projeto pode ser um risco.
Estes riscos podem ser, por exemplo, alteração nos custos, atraso no cronograma
ou desempenho da equipe abaixo do esperado. Em todos os casos, a gravidade
do risco depende da natureza e da magnitude das possíveis consequências finais
e suas probabilidades.

Segundo Duffy (2006, p. 8), “nas empresas, projeto se refere a um conjunto


de atividades relacionadas umas às outras, envolvendo um grupo de pessoas que
trabalha em conjunto em alguma coisa que será realizada uma única vez, durante
um período”.

O Guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge) define risco


de projeto como “um evento ou condição incerta que, se ocorrer provocará um
efeito positivo ou negativo nos objetivos do projeto” (PMI, 2005, p. 310). Para
evitar ou diminuir os riscos de um projeto é necessária a adoção de medidas de
planejamento e gerenciamento de projetos.
136
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

O Guia PMBOK ainda elucida:

O gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos


de planejamento, identificação, análise, planejamento de
respostas, monitoramento e controle de riscos de um projeto.
Os objetivos do gerenciamento dos riscos são aumentar a
probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a
probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto
(PMI, 2005, p. 309).

A seguir serão detalhados os riscos inerentes ao desenvolvimento de um


projeto de investimento.

3.7.1 CroNoGrAmA
O cronograma do projeto é um documento que descreve as tarefas que
deverão ser executadas em um determinado projeto no decorrer do tempo e que,
concluídas conforme o previsto, deverão apresentar os resultados esperados.
O monitoramento dessas tarefas deve ser executado ativamente, pois além de
gerenciar o trabalho da equipe envolvida, serve para identificar os riscos para os
interessados no projeto.

A equipe envolvida no projeto recebe um panorama completo do andamento


das tarefas por meio do monitoramento contínuo do cronograma do projeto. O
Guia PMBOK cita:

Por exemplo, uma data de término de atividade não


cumprida pode exigir ajustes e compensações entre
os objetivos do orçamento e do organograma. A fim de
reduzir ou controlar as despesas indiretas, procedimentos
de gerenciamento por exceção e outras técnicas podem
ser consideradas de forma apropriada (PMI, 2005, p. 57).

QUADRO 3 – EXEMPLO DE CRONOGRAMA


Nome da Tarefa Início Fim Duração (dias)
Tarefa 1 16 jan. 21 mar. 64
Tarefa 2 22 jan. 23 mar. 60
Tarefa 3 22 jan. 28 mar. 65
Tarefa 4 27 jan. 29 mar. 61
Tarefa 5 28 jan. 4 abr. 66
Tarefa 6 5 fev. 9 abr. 63
Tarefa 7 28 jan. 5 abr. 67
Tarefa 8 4 fev. 6 abr. 61
Tarefa 9 7 fev. 10 abr. 62

137
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Tarefa 10 9 fev. 12 abr. 62


Tarefa 11 11 fev. 14 abr. 62
Tarefa 12 15 fev. 17 abr. 61
FONTE: O autor

Cronograma do Projeto A:

Observamos que conforme o cronograma, a execução do projeto iniciará em


16 de janeiro com a tarefa de número 1 e deverá ser encerrada em 17 de abril
com a entrega da tarefa 12. Constatamos, também, que cada tarefa tem uma data
de início e uma data de término. Os riscos, se ocorrerem, alterarão os prazos de
execução e comprometerão todo o projeto.

3.7.2 PESSoAL
Recursos materiais, recursos financeiros e recursos humanos são os itens
que devem ser considerados no projeto a ser desenvolvido. Desses recursos,
a mão de obra ou os recursos humanos são aqueles que absorvem sempre os
maiores valores das operações durante o andamento de qualquer projeto, porque
na consecução das tarefas a mão de obra qualificada sempre estará presente.

Momentos diferentes do desenvolvimento do projeto exigirão a participação


de pessoal qualificado para executar as tarefas. Essas horas de trabalho têm um
custo mais elevado em razão da melhor qualificação dos colaboradores. Esses
profissionais também estarão à disposição para participar de outros projetos ou
iniciativas da empresa e com certeza isso gerará um esforço maior de seleção e
treinamento.

É importante desenvolver um plano de gestão de pessoas para a minimização


dos riscos nas atividades desenvolvidas pelos colaboradores da empresa.
Nesse planejamento, serão identificados os tipos de habilidades pessoais e,
com isso, determinam-se os papéis e as responsabilidades de cada profissional
comprometido com o projeto.

Visão geral do gerenciamento dos recursos humanos do projeto:

1. Planejar o gerenciamento dos recursos humanos.


2. Mobilizar a equipe do projeto.
3. Desenvolver a equipe do projeto.
4. Gerenciar a equipe do projeto.

138
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

O gerenciamento dos riscos na utilização de recursos materiais e recursos


financeiros está na eficácia e eficiência das próprias aplicações, porém com
os recursos humanos é necessário, além disso, cuidar de outros fatores, como
motivação, treinamento e acompanhamento.

3.7.3 ORÇAMENTO
Com o objetivo de definir uma base dos custos autorizados nos pacotes
de trabalho e nas atividades individuais de um projeto é necessário elaborar um
orçamento para agregar os dispêndios estimados. O monitoramento dos custos do
projeto inclui o processamento envolvido em estimativas, orçamentos e controle,
de forma que o projeto possa ser concluído dentro do que foi aprovado.

O orçamento do projeto é uma estimativa detalhada de todos os custos


necessários para completar as tarefas do projeto. O orçamento típico especifica
os custos de mão de obra, aquisição de materiais, custos operacionais contínuos
e outros custos diretos, como viagens ou treinamento.

O orçamento detalhado fornece ao patrocinador do projeto uma melhor


estimativa sobre seu custo. O orçamento detalhado ajuda a gerenciar as
expectativas e fornece informações do patrocinador do projeto para desenvolver
um custo-benefício. O orçamento, também, é usado na etapa de execução e
controle para ajudar a determinar se o projeto está financeiramente no caminho
certo. Como um processo independente, o gerenciamento do orçamento do
projeto inclui uma série de etapas para execução e acompanhamento:

• Desenvolvimento: estimar a quantidade necessária de recursos


financeiros e criar uma folha de orçamento do projeto.
• Uso: utilizando os recursos financeiros autorizados e executando o
orçamento.
• Medição: visualização de desempenho de custos e controle do
orçamento.
• Atualização: exibindo as mudanças na linha de base do custo e fazendo
atualizações na folha de orçamento do projeto.

O orçamento é uma peça que norteará o gerenciamento do projeto e


define o que se espera em termos de utilização de recursos, porém, ele em si
não representa nenhuma alteração no patrimônio da empresa. O que causará
as perdas ou ganhos financeiros será a execução do orçamento, gerenciando
e diminuindo os riscos nos recursos materiais, financeiros e principalmente na
gestão de pessoas.

139
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

3.7.4 ANáLiSE DE riSCoS:


ProBABiLiDADE, imPACTo E rESPoSTA
É necessário elaborar uma matriz de probabilidade e impacto para o
mapeamento das ocorrências de probabilidade de cada risco e o seu impacto nos
objetivos do projeto caso tal risco ocorra. Estes riscos são elencados conforme
suas implicações potenciais de alterar os objetivos do projeto. Utiliza-se de uma
tabela de referência para a priorização dos riscos. Nesta tabela, os impactos dos
riscos são definidos como “altos”, “médios” ou “baixos” e as probabilidades como
“altas”, “médias” ou “baixas”.

Matriz de Probabilidade X Impacto

Vemos que o nível de risco está intimamente ligado à probabilidade de sua


ocorrência e do impacto que poderia causar no resultado do projeto. Nas duas
extremidades temos que a alta probabilidade da ocorrência e o alto impacto do
risco terão um nível de risco alto, enquanto que o nível de risco baixo será quando
a probabilidade for baixa e o impacto também.

Depois de identificar e analisar os riscos de um projeto, é necessário pensar


nas respostas a estes riscos presentes potencialmente. A resposta ao risco é o
processo de desenvolvimento de opções estratégicas e determinação de ações
para aumentar as oportunidades e reduzir ameaças aos objetivos do projeto. Os
riscos devem ser analisados ao longo do tempo com adoção de estratégias para
as respostas às ameaças. Estas estratégias podem ser:

• Evitar: concentrar-se em eliminar a causa e, assim, eliminar a ameaça.


• Mitigar: quando não há a possibilidade de eliminação, deverá ser
reduzido o seu impacto.
• Transferir: repassar o risco para outras instâncias, tais como seguros e
garantias.
• Aceitar: esta estratégia é adotada quando não é possível ou prático
responder ao risco pelas outras estratégias, ou uma resposta não é
justificada pela importância do risco.

Portanto, após a identificação e análise dos riscos do projeto, medidas devem


ser adotadas para melhorar as probabilidades a favor do sucesso do projeto.
Não é possível eliminar, reduzir ou transferir todos os riscos, porém devem ser
documentados para registrar que eles existem e foram identificados. A resposta
bem-sucedida ao risco alterará seu perfil por meio do ciclo de vida do projeto,
diminuindo, assim, sua exposição às ameaças.

140
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Continuaremos neste capítulo o estudo das principais formas de avaliação de


projetos. Aprofundaremos a discussão das diferentes alternativas de investimento,
tendo como destaque a comparação do Valor Presente Líquido (VPL) com a Taxa
Interna de Retorno (TIR), também conheceremos o efeito da inflação para análise
de projetos de longo prazo, de forma que não sejam tomadas interpretações
equivocadas sobre a performance de um investimento.

A seguir, discutiremos métodos alternativos de avaliação de projetos, com


destaque para a existência de projetos com 2 TIRs, o custo anual uniforme, a
árvore de decisão e o Modelo de Monte Carlo.

Vamos complementar nossos estudos com a leitura deste livro:

OLINQUEVITCH, J. L.; SANTI FILHO, A. de. Análise de


balanços para controle gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas. 2004.

Por fim, verificaremos que existem projetos que podem ser complementados
em uma análise ou mesmo serem considerados excludentes.

3.8 VALOR PRESENTE LÍQUIDO X


TAXA INTERNA DE RETORNO
De acordo com Almeida (2018), existem formas sofisticadas e não
sofisticadas de avaliar projetos. Os métodos do Valor Presente Líquido (VPL) e
da Taxa Interna de Retorno (TIR) são considerados por este autor como métodos
sofisticados de avaliação, uma vez que são calculados com base nos fluxos de
caixa determinados pela taxa de atratividade ou de desconto.

Entretanto, cada um destes métodos de avaliação de projetos tem vantagens


e limitações quanto a sua adoção. Este é o assunto que discutiremos a seguir.

O método do Valor Presente Líquido (VPL) apresenta um valor gerado pelo


projeto de investimento, informando, assim, o quanto realmente é gerado de valor.
Essa geração facilita uma interpretação de geração de riqueza para a empresa.

141
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Principalmente em empresas de capital aberto, torna-se necessário


demonstrar para os acionistas que a execução de seus projetos cria valor para a
empresa. Assim, o método do Valor Presente Líquido (VPL) é o mais indicado para
essa evidenciação de valor da empresa, por apresentar o resultado da viabilidade
do projeto.

As limitações do VPL consistem na determinação do custo do capital e


da oscilação dos fluxos de caixa de um projeto. A escolha de uma taxa de
atratividade ou custo de oportunidade dependerá da qualidade das informações
apresentadas pela empresa quanto a sua forma de captação de recursos. Esse
grau de dificuldade aumenta para empresas com menor porte e formas de controle
gerencial mais simplificadas.

A oscilação do fluxo de caixa de um projeto pode gerar situações de fluxo de


caixa negativo, indicando a falta de entradas de recursos no projeto. Neste caso,
será determinado VPL negativo, ou seja, inviabilidade financeira. Esse resultado
deve ser coerente com o resultado da TIR, que estará abaixo da taxa de referência
do custo de capital, taxa de atratividade ou custo de oportunidade do projeto.

A TIR mostra o retorno de um investimento. Partindo dessa definição, essa


é a taxa mais valiosa para a análise de um projeto, pois mostra o quanto é mais
rentável em função de uma taxa de atratividade ou da praticada pelo mercado.

A simplicidade de encontrar uma taxa de referência auxilia a compreensão de


gestores que possuem pouca familiaridade com a análise financeira de projetos.
Por isso, é um dos métodos mais apreciados pelo mercado.

1 Pode-se determinar a rentabilidade de uma empresa visando


verificar se os investimentos realizados na organização estão
promovendo um retorno adequado. Entre os diversos índices
que estão disponíveis para a análise da rentabilidade de uma
organização, há dois em especial: a rentabilidade do ativo e a
rentabilidade do patrimônio líquido. Utilizando os conhecimentos
das demonstrações contábeis adquiridos com a leitura do texto-
base da disciplina, responda às questões a seguir:

a) Qual a diferença entre a rentabilidade do ativo e a rentabilidade do


patrimônio líquido?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________

142
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

b) Para um investidor que compra ações de uma empresa e tem


interesse na informação sobre a recuperação do capital investido,
é melhor avaliar a rentabilidade do ativo ou a rentabilidade do
patrimônio líquido? Por quê?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

c) Por que a contabilidade produz uma série de relatórios financeiros


que são extremamente úteis para os gestores das empresas, para
o governo, para os acionistas e para outros setores/indivíduos
interessados através dos índices?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Alguns aspectos importantes devem ser levados em consideração ao


utilizarmos o método da Taxa Interna de Retorno. A primeira baseia-se de que
em situações de financiamento de caixa ou de reaplicação do caixa gerado sejam
realizados com a taxa da própria TIR. Assim, no caso de uma TIR ter o valor
bastante diferente da aplicada no mercado, esta análise deve ser repensada.

Em outras situações, temos a possibilidade de um projeto ter um fluxo de


caixa que oscile, consideravelmente, com valores positivos e negativos durante
a execução do projeto. Essa instabilidade pode levar à indeterminação da TIR
ou mesmo a análise apresentar duas taxas. A seguir, estudaremos o efeito da
inflação na análise de projetos de investimento.

Vamos analisar o efeito da inflação na análise do fluxo de caixa. Em algumas


situações, o efeito inflacionário pode reduzir o ganho real de viabilidade de um
projeto.

143
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Cabe lembrar que a inflação foi um dos maiores responsáveis pelos


problemas da economia brasileira nos anos 1970 e 1980, chegando a alcançar
o patamar de 82,39% no mês de março de 1990. Por este motivo, a volta da
inflação é um tema recorrente na agenda política econômica do nosso país até os
dias de hoje.

A inflação consiste, basicamente, no aumento generalizado dos preços.


Existem diversas causas para que se possa diagnosticar uma inflação. A inflação
de demanda é justificada pelo aumento da capacidade de compra do mercado
consumidor, seja pelo aumento real de sua renda, ou, então, pelo aumento
considerável da concessão de crédito destinado ao consumo.

Por sua vez, a inflação de custos corresponde ao aumento dos preços


dos insumos e matérias-primas utilizados no processo de elaboração de bens
ou serviços. O aumento do preço do petróleo pode ser um exemplo de inflação
de custos, uma vez que afeta direta e indiretamente os preços de diversas
mercadorias ofertadas no mercado.

A taxa nominal corresponde à rentabilidade de um investimento sem que


tenha sido considerada a inflação. Para que se encontre a taxa real, ou seja, a
taxa nominal líquida da inflação, é necessário utilizar a seguinte fórmula:

Rentabilidade = Taxa Real + Taxa nominal

Consideremos um investimento que rende 8,5% ao ano. Caso tenhamos uma


inflação no período de 2,3%, o ganho real será calculado da seguinte maneira:

144
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

Após conhecermos como se calcula a variação real do retorno de um


determinado projeto de investimento, estudaremos a seguir o efeito inflacionário
no fluxo de caixa de um projeto de investimento.

Para compreendermos o impacto da inflação no fluxo de caixa de uma


empresa, devemos adicionar a inflação projetada na taxa de atratividade se esta
estiver líquida do efeito inflacionário.

Suponha que a taxa de atratividade de um projeto seja de 4,5% ao ano.


Caso a inflação média do período seja de 2%, a taxa nominal de referência será
calculada da seguinte forma:

Assim, ao estimarmos um ganho futuro no fluxo de caixa, além de utilizar


a taxa de atratividade de referência, deve, também, ser considerado o efeito
inflacionário, evitando a superestimação de resultados financeiros.

Após conhecermos o impacto da inflação no retorno de um investimento,


verificaremos o seu efeito para a análise de um fluxo de caixa. Considere que um
investimento de R$ 30.000,00 projete resultados futuros de caixa de R$ 18.000,00
no primeiro ano, R$ 15.000,00 no segundo ano e R$ R$ 10.000,00 no terceiro
ano. Considerando uma taxa de atratividade de 4%, temos um Valor Presente
Líquido (VPL) de:

145
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Caso tenha uma inflação de 3% ao ano, esta taxa tem que ser incluída na
taxa real de atratividade, resultando em uma nova taxa de 7,12% ao ano (1,04 ×
1,03 – 1). Assim, o novo VPL seria:

Encontramos, dessa forma, um VPL inferior ao encontrado anteriormente em


virtude do efeito inflacionário.

A seguir, estudaremos os métodos alternativos de análise de investimentos,


que podem complementar os subsídios necessários para uma acertada tomada
de decisão na empresa.

Agora, estudaremos os principais métodos alternativos de avaliação de


projetos de investimento: os projetos com duas TIRs, o custo anual uniforme, a
árvore da decisão e o Modelo de Monte Carlo.

Vamos complementar nossos estudos assistindo ao filme Os


Intocáveis.

Cada um desses métodos enriquece de forma diferente a análise de


viabilidade de um projeto de investimento.

Conforme verificamos no capítulo anterior, a taxa interna de retorno é a taxa


que zera o fluxo de caixa de um projeto, ou seja, iguala as saídas e entradas de
caixa do projeto. Dessa forma, a taxa encontrada, se aplicada em um projeto de
investimento, gerará um valor presente líquido no valor de zero.

Entretanto, existem situações em que diferentes etapas de um projeto


estejam trabalhando com TIRs diferentes. Nesse caso, duas taxas também podem
gerar um valor presente líquido zero. Isso ocorre quando um determinado fluxo de
caixa oscila consideravelmente entre valores negativos e positivos.
146
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

O custo anual uniforme é um método que consiste em distribuir os valores


periódicos (anuais, mensais) equivalentes ao investimento inicial de um projeto de
forma que este seja visualizado através de rendas certas, seja para pagamentos
ou recebimentos.

Considere uma empresa que invista R$ 4.000,00 na aquisição de uma


máquina com custo de manutenção de R$ 200,00 por ano, com vida útil de cinco
anos. Considerando que a máquina gera receitas de R$ 1.500,00 por ano, calcule
o custo anual uniforme, dada a taxa de atratividade de 10% ao ano.

Como vamos proceder a transformação do valor investido para um custo


anual uniforme? Para o cálculo de rendas certas, temos:

Uma vez encontrado o valor da prestação da máquina, calcularemos a


viabilidade do projeto. Comparando o retorno (R$ 1.500,00) contra o custo anual
uniforme (R$ 1055,19) e a manutenção (R$ 200,00), chegaremos ao valor positivo
de R$ 244,81.

Nesse caso, como o custo é menor que o retorno, ou seja, as receitas da


máquina suprem os gastos pertinentes à implantação, logo, o projeto deverá ser
aceito.

A árvore de decisão é utilizada para auxiliar a tomada de decisão no percurso


de execução de um projeto de investimento. A árvore de decisão também serve
como forma de visualização do método de avaliação de projetos de opções reais.
Esse método consiste em avaliar o valor da opção de alteração de execução de
um projeto ao longo do tempo. Essa metodologia é utilizada para a avaliação de
expansão de um negócio, abandono de projeto ou mesmo o seu adiamento.

147
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

Os projetos que veremos a seguir podem ser reprojetados na árvore de


decisão, garantindo a escolha ou o adiamento de um negócio. Repare que o
fluxo de caixa está sendo avaliado por um período de três anos. Os projetos W
e Y têm investimento inicial de R$ 400 e R$ 500, respectivamente, e cada um
possui um total de fluxos de entradas de R$ 540 e R$ 710. A árvore de decisão
demonstraria o projeto Y como o selecionado, por ter maiores fluxos, e o projeto
W seria postergado e avaliado futuramente, por ter fluxos menores.

Tempo (ano) W Y
0 – R$ 400 – R$ 500
1 R$ 180 R$ 230
2 R$ 180 R$ 240
3 R$ 180 R$ 240
FONTE: Almeida (2018, p. 59)

A possibilidade de abandono de um projeto apresentado por essa técnica é


fundamental na tomada de decisão. Muitos gestores, erroneamente, hesitam em
assumir projetos que não deram certo e relutam em abandonar na fase de sua
execução.

O Modelo de Monte Carlo é uma metodologia que busca resultados


aproximados da realidade por meio de simulações aleatórias com uma amostragem
considerável. Para que esta metodologia seja utilizada para a análise de um
projeto de investimentos é necessário identificar os retornos obtidos com cenários
bem diversificados (a melhor situação, o mais provável e o pior cenário). A partir
de tais cenários, é simulada uma grande quantidade de cenários intermediários,
podendo ser 100 ou mesmo 1000 ou mais hipóteses de diferentes cenários.

Agrupando tais cenários e sua possibilidade de ocorrência, existe uma


tendência de apresentar um comportamento de uma distribuição normal.

Almeida (2018) aborda a simulação de Monte Carlo como análise de risco


por meio da construção de modelos de possíveis resultados, substituindo com
um intervalo de valores (uma distribuição de probabilidade) todo fator com
incerteza inerente. Em seguida, calcula os resultados repetidamente, cada vez
com outro conjunto de valores aleatórios gerados por funções de probabilidades.
Ao usar distribuições de probabilidade, as variáveis podem apresentar diferentes
probabilidades de ocorrência de diferentes resultados, como da TIR e VPL.

As distribuições de probabilidade representam uma forma muito mais


realista de descrever incerteza em variáveis de análises de risco em análise de
investimentos. A distribuição de probabilidade mais comum é a normal (também

148
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

referida como curva do sino). O usuário, simplesmente, define a média aritmética


entre os fluxos de caixa, os valores no meio, perto da média, são os que
apresentam maior probabilidade de ocorrência.

A seguir, discutiremos os critérios de seleção adotados para os diferentes


projetos de investimento.

Agora, examinaremos a utilização de projetos excludentes e não excludentes,


bem como a comparação de projetos com vidas úteis diferentes e questões a
serem consideradas para a avaliação de projetos.

Os projetos não excludentes são aqueles que podem ser executados,


concomitantemente, sendo em muitos casos tidos como complementares, como
fase 1 e 2 de um projeto, montagem de um banco de dados e desenvolvimento
do sistema utilizando o banco de dados. Podemos citar como exemplo o estudo
de viabilidade de dois projetos: A e B. Pode ser que o projeto A apresente uma
viabilidade melhor do que o B nos dois primeiros anos de execução de um
investimento, e que as alternativas apontadas por B para a execução após estes
dois anos supere o previsto em A. Assim, os dois projetos podem ser executados
em períodos diferentes, desde que combinados.

Outra situação possível é a de que os dois projetos sejam executados,


concomitantemente, sem que ocorra a sobreposição de tarefas.

Por sua vez, os projetos mutuamente excludentes são projetos que postos
lado a lado, cabe ao gestor ter somente uma opção de escolha, aproveitando
o projeto mais interessante e descartando os demais. Neste caso, não existe a
possibilidade de combinação de projetos ou mesmo a sinergia na utilização de
diferentes projetos em cada etapa. Apenas um projeto será selecionado em
detrimento dos demais.

Os projetos com maiores TIR e VPL e resultados dentro de parâmetros


estabelecidos pelos acionistas serão aceitos, caso contrário, serão descartados.

Após diferenciarmos os conceitos de projetos excludentes e não excludentes,


estudaremos, a seguir, como devemos lidar com projetos com vidas úteis distintas.

Projetos com vidas úteis diferentes podem ser passíveis de comparação. As


duas principais técnicas utilizadas são as de Mínimo Múltiplo Comum (MMC) e o
do Período de Estudo.

No critério de Mínimo Múltiplo Comum, os diferentes projetos são comparados


ao longo de um período correspondente ao MMC dos ciclos de vida. Se um projeto

149
INDiCADorES ECoNÔmiCoS E FiNANCEiroS

tem um período de seis anos de duração e outro tem um período de nove anos,
pode ser realizada uma comparação entre estes projetos simulando um prazo em
comum de 18 anos, por exemplo.

Por sua vez, para o período de estudo ou horizonte de planejamento é


realizado um recorte em um período determinado para que possa ser possível
a comparação entre dois projetos. Por exemplo, se temos um projeto com
duração de quatro anos e outro com duração de cinco anos, pode ser possível
a comparação entre estes projetos nos três primeiros anos, pois ambos estarão
sendo executados.

Ao comparar projetos de investimentos devem ser considerados alguns


aspectos variáveis, como prazo e taxa, sendo fundamentais para qualquer análise
de comparação financeira. O estudo do dinheiro por meio do tempo nos mostra
que estas variáveis possuem uma importância relevante na escolha de um projeto.

Outro aspecto importante se dá pela possibilidade de extrair informações com


qualidade. Quanto mais informações fidedignas obtidas, maior será a capacidade
de projetar resultados de um projeto de forma mais próxima da realidade.

Por fim, deve-se verificar a possibilidade de como cada projeto se comportará


de acordo com cada cenário da economia. Por ser uma variável independente, o
cenário macroeconômico não pode ser controlado pelos projetos e, sim, devem
se adaptar aos possíveis obstáculos que possam ocorrer no cenário político e
econômico.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse capítulo visualizamos que os índices criam uma estrutura financeira e
um controle mais efetivo dentro das rotinas empresariais. Uma das formas de se
realizar a análise das demonstrações financeiras ocorre por intermédio de índices,
que se dividem basicamente em três grandes grupos: índices de liquidez, índices
de estrutura de capitais (também conhecidos por índices de endividamento)
e índices de rentabilidade, que têm por objetivo demonstrar o desempenho da
empresa.

Foram abordadas questões relativas aos índices de liquidez, ressaltando


sua importância para a sobrevivência das organizações. No mercado há uma
expressão corriqueiramente utilizada por analistas e operadores: uma empresa
sobrevive sem lucros por um determinado período, mas uma empresa sem caixa,
ou seja, sem liquidez, tem vida curta. Afinal, o que vem a ser liquidez? Essa

150
Capítulo 3 ANÁLISES POR ÍNDICES DE LIQUIDEZ E ESTRUTURA DE CAPITAIS

palavra pode ser aplicada nos mais diversos contextos, seja fazendo referência
a uma determinada empresa, a um ramo de atividade específica ou, ainda, ao
mercado como um todo. De forma geral, liquidez é a facilidade de converter
qualquer ativo (duplicatas, estoques de mercadorias, máquinas etc.) em dinheiro.

Dessa forma, podemos considerar que quando determinado ativo tem alta
liquidez, significa que, em caso de necessidade de convertê-lo em dinheiro, isso
ocorrerá com facilidade.

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