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CONTABILIDADE BÁSICA

MANUAL – 4 UNIDADES
INTRODUÇÃO AO CURSO DE CONTABILIDADE BÁSICA

A contabilidade regista os eventos económicos e financeiros de uma organização, regista como os


seus administradores gerenciam uma empresa e, para isso, entender e interpretar os demonstrativos
financeiros é básico para funcionários de diversas áreas de uma empresa.
Neste curso, apresentaremos como entender a utilidade do Balanço Patrimonial, a demonstração
do resultado do exercício (DRE) e a demonstração do fluxo de caixa indireto, com exemplos
práticos e diretos de como os recursos transitam entre as contas contábeis e como estes
demonstrativos são fundamentais e poderosos na análise do desempenho empresarial.

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CONCEITO DE CONTABILIDADE
Contabilidade é a ciência que tem por objetivo o estudo das variações quantitativas e qualitativas
ocorridas no património (conjunto de bens, direitos e obrigações) das entidades (qualquer pessoa
física ou jurídica que possui um património). Através dela, é fornecido o máximo de informações
úteis para as tomadas de decisões, tanto dentro quanto fora da empresa, estudando, registando e
controlando o património.
A ciência abrange um conjunto de técnicas para controlar o património das organizações mediante
a aplicação de princípios, técnicas, normas e procedimentos próprios, medindo, interpretando e
informando os fatos contábeis aos donos das empresas. Todas as movimentações existentes no
património são registadas pela Contabilidade, que as resume em forma de relatórios e entrega aos
interessados em saber sobre a situação da empresa.

Através destes relatórios, são analisados os resultados alcançados e, a partir daí, são tomadas
decisões relativamente aos acontecimentos futuros. Sendo assim, a Contabilidade é a responsável
pela escrituração (registo em livros próprios) e apuração destes resultados e é só através dela há
condições para se apurar o lucro ou prejuízo em determinado período. O objeto de estudo é o
património das empresas, entidades ou pessoas físicas.

Este património é administrável e está sempre em constante mudança. Na contabilidade, a pessoa


jurídica da entidade é tratada de forma distinta da pessoa física do proprietário. Sendo assim, a
contabilidade é formada para a entidade e não para seus respetivos donos, estando voltada para os
estudos da empresa pessoa jurídica. As suas funções são desenvolvidas em torno do património
como meio para alcançar a sua finalidade.

A finalidade, então, é registar fatos e produzir informações que possibilitem ao dono do património
o controlo (certificar-se de que a organização atua planos e políticas traçados) e planeamento
(decidir qual curso tomar para atingir com mais rapidez, eficiência e eficácia o objetivo proposto)
de como agir no seu património.

OBJETIVOS DA CONTABILIDADE
O objetivo da contabilidade pode ser resumido no fornecimento de informações económicas para
vários utilizadores como , Fornecedores, Bancos, Governo, Sindicatos, Funcionários. O objetivo
principal, portanto, o de permitir a cada grupo principal de utilizadores a avaliação da situação
económica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre as
suas tendências futuras.
O objetivo central da contabilidade precisa ser a plena satisfação das necessidades de cada grupo
principal de utilizadores, a avaliação da situação económica e financeira da entidade, num sentido
estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Em ambas as avaliações,
todavia, as demonstrações contábeis constituirão elemento necessário, mas não suficiente.

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Portanto, os objetivos da contabilidade devem ser aderentes àquilo que o utilizador considera como
elementos importantes para seu processo decisório. Não terá nenhum sentido ou razão se a
contabilidade for uma disciplina "neutra", que se contente apenas em perseguir sem questionar
uma verdade literal. O completo êxito só será atingido quando houver suficiente ênfase à
evidenciação e ao princípio da primazia da essência sobre a forma.

Uma forma prática de verificar se a contabilidade alcança os seus objetivos é pesquisar qual o grau
de utilização de demonstrações contábeis por parte de grupos de utilizadores para os quais,
primordialmente, se acredita que as demonstrações contábeis devessem ser de grande utilidade.
Por exemplo: analistas de investimentos, para aconselhamentos sobre compras ou não de ações de
determinadas companhias.

DIFERENÇA ENTRE CONTADOR E CONTABILISTA


A atuação dos profissionais da área contábil foi regulamentada pelo Decreto-lei de 2012 (n.º
8/2012) cujo texto define as atribuições do contador e do técnico de contabilidade e as funções da
ordem dos contabilistas. O “contador” é o profissional que possui diploma de graduação em
Ciências Contábeis, ou seja, conhecido como “contador diplomado” ou bacharel em Ciências
Contábeis.
O curso superior habilita esse profissional a trabalhar em diversos âmbitos: gestão de empresas,
mercado de seguros, controladoria, perícia e auditoria. O contador exerce funções na área
financeira, económica e patrimonial de uma empresa. Assim, é responsável, por exemplo, por
assessorar trâmites de abertura de empresas, recomendar o regime tributário mais adequado, apurar
impostos, elaborar balanços, demonstrações de resultado, relatórios de faturamento e balancetes
mensais.

O contador atua, especificamente, nas atividades de: organização e execução de serviços de


contabilidade em geral; escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios e de todos os
necessários à organização contábil. Também faz o levantamento dos balanços e demonstrações;
perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de
haveres, revisão de escritas, regulações jurídicas ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns e
assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anónimas.

O profissional que possui nível médio ou técnico e exerce função técnica de contabilidade com
registo nos órgãos de classe é um “técnico em contabilidade” ou “técnico contábil”. Pode cuidar
da parte financeira de empresas e ser o responsável pela prestação de contas da instituição.
Trabalha com escrituração contábil e fiscal; registos e lançamentos contábeis de transações
financeiras; cálculo de impostos, juros e taxas; acompanhamento de contas, receitas e despesas;
elaboração de demonstrativos financeiros e balancetes; análise de contas patrimoniais e controle
patrimonial.

As suas funções não incluem a realização de trabalhos de auditoria, perícia e análise de balanços.
O termo “contabilista” é usado popularmente para se referir ao técnico em contabilidade,

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antigamente era conhecido como “guarda-livros”. Porém, o termo contabilista refere-se ao
profissional que exerce a prática contábil de modo genérico, ou seja, tanto de nível superior quanto
técnico. Contudo, já que o termo ainda está atrelado ao profissional de nível técnico, o Conselho
Federal de Contabilidade determinou o uso do termo “profissional da contabilidade” para designar
essa categoria mais genérica.

PRINCIPAIS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS


Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência
da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional.
São aplicáveis à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o
Património das Entidades. Os princípios da contabilidade são:

1) O da ENTIDADE: reconhece o Património como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia


patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Património particular no universo dos
patrimónios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas,
uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. O
Património não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade
ou instituição.

2) O da CONTINUIDADE: pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro, portanto,


a mensuração e a apresentação dos componentes do património consideram esta circunstância.

3) O da OPORTUNIDADE: refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes


patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

4) O do REGISTO PELO VALOR ORIGINAL: determina que os componentes do património


devem ser inicialmente registados pelos valores originais das transações, expressos em moeda
nacional. Uma vez integrado ao património, os componentes patrimoniais, ativos e passivos,
podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. Ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os
quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no
período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data
ou no período das demonstrações contábeis;

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os
quais poderiam ser obtidos pela venda numa forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos
valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para
liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade;

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c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de
entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da
Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída
líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das
operações da Entidade;

d) Valor justo. O valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes
conhecedoras, dispostas a isso, numa transação sem favorecimentos; e

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem


ser reconhecidos nos registos contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores
dos componentes patrimoniais.

5) O da COMPETÊNCIA: determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam


reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de
receitas e de despesas correlatas.

6) O da PRUDÊNCIA: determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do


maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Património Líquido.

CONVENÇÕES CONTÁBEIS
As convenções contábeis foram criadas com base na margem de liberdade que permitem ao
contador no registo das operações (escrituração dos fatos contábeis). Ou seja, são mais objetivas
com a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional da
contabilidade. O seu objetivo é limitar ou restringir a abrangência dos Princípios Contábeis,
definindo com precisão e clareza o seu alcance e significado.

As convenções representam o complemento dos Princípios e Postulados, no sentido de delimitar


conceitos, atribuições e direções a serem seguidas no das operações, facilitando o trabalho do
contador. As principais são:

Convenção da Objetividade
Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabilidade nos registos dos fatos
que envolvem a gestão do das entidades. O profissional contábil deve escolher, entre vários
procedimentos, o mais adequado para descrever um evento contábil. Deve procurar exercer a
Contabilidade de forma objetiva. Os registos devem estar baseados em documentos que
comprovem a ocorrência das respetivas transações.
Convenção da Materialidade

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Estabelece que a contabilidade não deve se preocupar com valores ou fatos irrelevantes, tanto do
ponto de vista de registo como de controle. Sendo assim, a informação contábil deve ser relevante,
justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que
será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. Dessa forma, o contador não perde
tempo com registos cujos controles podem se tornar mais onerosos (caros) que os próprios valores
a serem registados.

Cabe à administração da empresa, sem ferir os demais Princípios e Convenções, bem como as
normas constantes da Legislação Comercial e Fiscal, estabelecer uma relação custo-benefício, para
decidir sobre a adoção de um sistema contábil mais apurado e detalhado, evitando o desperdício
de tempo e dinheiro para controlar elementos e mutações patrimoniais de pequena expressão ao
conjunto do Património.

Convenção da Consistência
De acordo com essa convenção, os critérios adotados no registo dos atos e fatos administrativos
não devem mudar frequentemente. Refere-se a uniformidade, utilizando métodos e critérios
uniformes ao longo do tempo para o registo dos fatos contábeis e elaboração das demonstrações
financeiras. Os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações
consistentes para facilitar a sua interpretação e análise pelos diversos utilizadores.

Convenção do Conservadorismo
Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora
relativamente aos resultados que serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam
feitas pelos utilizadores. A posição conservadora (precaução/prudência) do contador será
evidenciada para antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. O objetivo do conservadorismo é não
dar uma imagem otimista numa situação alternativa que, com o passar do tempo, poderá reverter-
se.

Deriva dessa convenção a regra do custo de mercado, dos dois o menor, pela qual o estoque será
avaliado pelo preço de mercado, se este for inferior ao custo de aquisição. De certo modo, ela
modifica o Princípio do Custo Histórico como Base de Valor, adotada pela atual Lei das S.A.
SISTEMA CONTÁBIL

Plano de contas
É chamado Plano de Contas o conjunto de rubricas criado pelo contador para atender às
necessidades de registo dos fatos administrativos, para possibilitar a construção dos principais
relatórios contábeis e atender a todos os utilizadores da informação contábil. Os elementos que
formam o património e a suas alterações são controlados por meio de contas cuja função é registar
e expor os bens, direitos, obrigações e a situação líquida patrimonial, além das receitas e despesas,
com base nas quais são apurados os lucros ou prejuízos.

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Existem contas patrimoniais, que representam os bens, os direitos, as obrigações e a situação
líquida. Há também as contas de resultado, que indicam as variações positivas (receitas) e
negativas (despesas) ocorridas no património, em virtude das atividades da empresa. As contas de
resultado possibilitam a apuração dos lucros ou prejuízos em cada exercício.

Para cada bem ou agrupamento de bens, direitos, obrigações ou situação líquida, há uma conta
específica. Da mesma forma, as modificações do património, positivas ou negativas, são
representadas por conta de resultado. O plano de contas de uma empresa consiste numa relação
padronizada de contas a serem utilizadas no registo das operações pelos profissionais da área de
contabilidade.

Como todos eles se sujeitam regras estabelecidas num mesmo plano de contas, a consequência é a
uniformidade nos procedimentos contábeis adotados. O plano de contas deve ser flexível, para
poder ser adaptado, mediante inclusão ou exclusão de contas, em virtude da ocorrência de fatos
contábeis inicialmente não previstos e da dinâmica própria da atividade empresarial. Para montar
um bom plano de contas, é importante seguir algumas recomendações:

● Deve atender primeiramente às necessidades específicas de cada empresa e as suas


segmentações de responsabilidade e às necessidades de informação de todos os utilizadores
das informações contábeis;
● O ponto de partida das necessidades de informação são os dados e peças contábeis
requeridas pelo dirigente máximo da empresa, sendo o papel do contador apenas de
monitoramento e aconselhamento;
● Partindo das informações dos dirigentes e seguindo em ordem hierárquica, atender aos
demais usuários da informação contábil por toda empresa;
● A classificação deve partir do geral para o particular;
● A classificação deve partir do detalhamento adequado ao Balanço Patrimonial,
Demonstração de Resultados e Fluxo de Caixa, que são os principais relatórios decisórios
e os mais importantes em caráter global;
● As contas devem ser codificadas dentro do possível, ou conterem elementos claros para
rápida identificação e assimilação do que representam;
● Os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios ou telas que deles se
organizarão;
● Os títulos das contas devem refletir imediatamente os elementos patrimoniais que
representam de forma clara e sucinta;
● Deve ter flexibilidade para uma possível ampliação e operacionalidade simplificada.

A execução e implantação do sistema de contas padrão devem observar a sistemática de cada conta
e ajustar as mesmas, quando necessário ao atendimento da legislação vigente. Para isto é preciso
estudar as técnicas contábeis, para o plano de contas ser um espelho do que efetivamente a empresa
necessita para sua operacionalização.

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● Contas contábeis

As contas contábeis constituem-se representações escrituradas de bens, direitos, obrigações,


capital, reservas, etc. de uma entidade. A sua finalidade é registar as movimentações transcritas do
livro diário, expressando-se monetariamente. Cada fato contábil é transportado para as respetivas
contas, com sua data, histórico e valor.

As contas poderão ser ativas, passivas, de resultado, ou de compensação. As contas ativas registam
bens e direitos, como numerário (caixa), valores bancários (contas de movimento), clientes
(duplicatas a receber), imóveis (terrenos e edificações), etc. As passivas registam as obrigações e
os recursos de capital, como contas a pagar (fornecedores), empréstimos tomados (instituições
financeiras), capital social, reservas de lucros, etc.

As contas de resultado registam as contrapartidas das mutações patrimoniais, e podem ser


subdivididas em contas de receita (como venda de mercadorias) e custos e despesas (como
despesas de vendas). As contas de compensação servem exclusivamente para controle, sem fazer
parte do património. Como exemplos: Títulos Endossados/Endossos Para Desconto, Títulos
Caucionados/Endossos para Caução, etc. Cada conta tem um título que represente, de forma
adequada, o conjunto de movimentações que aglutinará.

● Contas de resultados

As chamadas contas de resultado são as contas que representam as receitas e as despesas de uma
determinada empresa. Elas são embasadas segundo a Teoria Patrimonialista, o modelo usualmente
adotado pelas empresas brasileiras. Por receitas, compreendemos os valores obtidos com a venda
de produtos ou mercadorias e com a prestação de serviços.

Esses valores podem ser classificados como dinheiro em caixa (no caso das vendas à vista) ou em
direitos a receber (no caso das vendas a prazo). As receitas são responsáveis por aumentar os ativos
ou diminuir os passivos de uma companhia. Já as despesas são todos os esforços que a empresa
despende visando obter receita. Sendo assim, bens e serviços consumidos, como água, aluguel,
despesas bancárias, fretes, energia elétrica e salários, por exemplo, representam reduções no ativo
de uma empresa.

Elas podem ser originadas de desembolso (saída de dinheiro do caixa) ou por depreciação (desgaste
de itens do ativo imobilizado). As contas de resultado, portanto, representam os valores das receitas
e despesas. Todos os itens devem ser creditados ou debitados pensando no aumento, ou na redução
contábil do lucro, ou do património líquido. Ao final do exercício, as empresas são obrigadas a
encerrar as contas de resultado, confrontando-se os valores de receitas e despesas.

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Se o total das receitas for maior do que as despesas, então haverá lucro. Caso contrário, se o total
das despesas for maior do que o das receitas, haverá prejuízo.

● Débito e crédito

A teoria do “débito” e do “crédito” foi difundida pelo frade italiano Luca Paciolo, em sua obra
“Suma de aritmética, geometria, proporção e proporcionalidade”. Trata-se da aplicação da teoria
da existência das coisas. Tudo que temos veio de algum lugar. A expressão “tudo que temos” foi
substituída pelo termo “débito”. Para responder de onde vieram as coisas que temos (origem),
utiliza-se o termo “crédito”.

Temos por débito tudo aquilo que a pessoa possui, tudo que ela tem, tudo que adquiriu, que é dela.
O crédito responde como a pessoa conseguiu aquilo que ela possui, a origem do “débito”, de onde
veio o que ela tem.

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UNIDADE 2

LIVROS CONTÁBEIS
Os elementos geralmente mais conhecidos da escrituração contábil e que recebem maior atenção
dos gestores são os balanços e demonstrativos. Mas os profissionais da contabilidade sabem o
quanto lançamentos e livros contábeis são importantes também, tanto quanto os relatórios de
resultados e cenário económico-financeiro.
Assim como balanço patrimonial e DRE, alguns deles são obrigatórios segundo a legislação
tributária. E há o facultativo para alguns negócios, mas que não deve ser desprezado e também
pode servir ao empreendimento como ferramenta de gestão e controle de entradas e saídas.

Veja agora o que é cada um desses livros e quais são as suas funções:
● Livros contábeis obrigatórios
Assim como os relatórios, o livro razão e o diário também devem ser elaborados, emitidos e
assinados por contador responsável e empresário segundo as legislações dos regimes tributários.

● Livro Diário
Como o próprio nome diz, ele registar todas as movimentações de valores da empresa, mesmo as
que não geram alterações nas finanças, como as provisões de recetíveis e obrigações.

O início e o final são marcados por termos de abertura e encerramento assinados e que devem levar
a autenticação da Junta Comercial. Neles são colocados os dados empresariais e o período
compreendido pelo livro.

Os registos são elencados em ordem cronológica e de lançamento, do primeiro ao último dia de


cada ano, mostrados em partidas dobradas, como lançados, com data, valor e breve histórico
escrito. E é exatamente esta a sua função: documentar toda a movimentação da escrituração em
débito e crédito.

● Livro Razão
Apesar de ser um dos livros contábeis obrigatórios, não são exigidos termos para abri-lo e encerrá-
lo, nem que seja autenticado na Junta Comercial.

O livro razão controla os saldos de contas registadas no diário de forma individualizada,


resumindo-as e revelando o fechamento correto, dados em aberto ou contas a pagar, ou receber
não honradas. Mesmo abrangendo também os lançamentos do grupo de resultados, o foco são as
contas que afetam o resultado do património.

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● Livro Caixa (facultativo)
Esse é opcional para as empresas, com exceção daquelas tributadas pelo Simples Nacional. Mesmo
para as companhias não obrigadas, porém, o livro caixa pode ser uma boa e útil ferramenta de
negócio, principalmente na gestão do fluxo de caixa.

Isso porque ele regista entradas e saídas de forma simples, em ordem cronológica e sem a
consideração de partidas ou débito e crédito. Pelas informações que abrange, da forma como as
organiza, ele pode ser usado como auxiliar para o livro diário.

Para os empreendimentos obrigados, o livro caixa deve ser elaborado com os termos de abertura e
encerramento munidos das mesmas informações, assinaturas e autenticação referentes ao livro
diário.

Regras gerais
Independentemente de os livros contábeis serem opcionais ou obrigatórios, observando as
diretrizes que citamos acima, algumas resoluções devem ser seguidas sempre. Elas asseguram a
idoneidade de registos e de cada livro, dando a certeza de que não houve e nem haverá adulteração
de lançamentos e garantindo a padronização das emissões.

Nenhum livro pode conter rasuras ou qualquer tipo de adição, ou alteração de dados após a emissão
do sistema de gestão contábil. Além de sempre respeitarem a ordem cronológica e de alguns serem
abertos e encerrados por termos, os documentos-base da escrituração devem ser idóneos segundo
as leis fiscais.

ERROS DE ESCRITURAÇÃO E COMO CORRIGIR


A regra maior da escrituração feita nos livros contábeis consta que não deve haver intervalos em
branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Entretanto, ao
desenvolver as suas atividades profissionais, o técnico ou contador pode cometer enganos durante
o processo de escrituração. Os erros mais comuns são:
- lançamento de valor incorreto;
- borrões ou rasuras na escrituração;
- espaço em branco;
- lançamentos em duplicidade de valor;
- inversão das contas;
- erro na redação de histórico;
-, etc.

Quando isso acontece, os erros devem ser declarados na escrituração mediante retificação através
de estorno, lançamento retificativo, lançamento complementar, lançamento de transferência ou
ressalva (por profissional qualificado). Vejamos os procedimentos em cada um:

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● Estorno
É utilizado quando ocorre duplicidade de um mesmo lançamento contábil (quando o contabilista
faz o mesmo lançamento duas vezes) ou por erro de lançamento da conta debitada, ou da conta
creditada na escrituração das entidades, fazendo um lançamento inverso àquele feito erroneamente,
anulando-o totalmente.

A correção, no caso de duplicidade, é simples. Deve-se efetuar apenas o estorno do lançamento


feito a mais. Se o caso for erro de lançamento, estornamos conforme o exemplo a seguir.

Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do fornecedor ModelOffice no valor
de 50.400,00 MZN e a pagará a prazo.

Lançamento efetuado:
D- Máquinas e equipamentos - 50.400,00 MZN
C- Banco - 50.400,00 MZN
H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF n.º589 do Fornecedor ModelOffice.

● Estorno total:
D- Banco - 50.400,00 MZN
C- Máquinas e equipamentos - 50.400,00 MZN
H.: Vlr referente estorno do lançamento feito em xx/xx/20x1, referente compra de uma mesa para
escritório.

Lançamento correto:
D- Móveis e utensílios - 50.400,00 MZN
C- Fornecedores - 50.400,00 MZN
H.: Vlr referente compra de mesa para escritório, conforme NF n.º589 do Fornecedor ModelOffice.

● Lançamento Retificativo
Serve para retificar as contas lançadas erradamente e para estornar parte do lançamento, corrigindo
registos feitos por importância maior. No caso de o valor ser lançado maior do que é, a correção
pode ser feita estornando todo o lançamento e depois fazendo o lançamento no valor correto, ou
então estornando apenas a diferença dos valores.

Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor AutoCar no valor de 756.000,00


MZN à vista em dinheiro.

Lançamento efetuado:
D- Veículos - 1008.000,00 MZN
C- Caixa - 1008.000,00 MZN

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H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF n.º290 do Fornecedor AutoCar.

Estorno da diferença:
D- Caixa - 252.000,00 MZN
C- Veículos - 252.000,00 MZN
H.: Vlr referente estorno de parte do lançamento lançado à maior no dia xx/xx/20x1, referente
compra de veículo, conforme NF n.º290 do Fornecedor AutoCar.

● Lançamento Complementar
Serve para complementar um lançamento feito de importância menor. No caso de o valor ser
lançado menor do que é, a correção pode ser feita através do estorno total e posterior lançamento
correto, ou do lançamento complementar apenas da diferença do valor lançado para o que de fato
é correto.

Exemplo: A empresa Alfa adquiriu um veículo do fornecedor AutoCar no valor de 756.000,00


MZN à vista em dinheiro.

Lançamento efetuado:
D- Veículos - 75.600,00 MZN
C- Caixa - 75.600,00 MZN
H.: Vlr referente compra de veículo, conforme NF n.º290 do Fornecedor AutoCar.

Lançamento complementar:
D- Veículos - 1.080.400,00 MZN
C- Caixa - 1.080.400,00 MZN
H.: Vlr referente complemento da importância lançada à menor no dia xx/xx/20x1, referente
compra de veículo, conforme NF n.º290 do Fornecedor AutoCar.

● Lançamento de Transferência
Regulariza o lançamento da conta debitada ou creditada indevidamente, através da transposição
do valor para a conta adequada.

– Transferência: é o lançamento que promove a regularização da conta indevidamente debitada ou


creditada, através da transposição do valor para a conta adequada;

Exemplo: A empresa Alfa adquiriu uma mesa para escritório do fornecedor ModelOffice no valor
de 50.400,00 MZN e a pagará a prazo.

Lançamento efetuado:
D- Máquinas e equipamentos - 50.400,00 MZN
C- Fornecedores - 50.400,00 MZN

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H.: Vlr referente aquisição de mesa p/ escritório, conforme NF n.º589 do Fornecedor ModelOffice.

Lançamento de transferência:
D- Móveis e utensílios - 50.400,00 MZN
C- Máquinas e equipamentos - 50.400,00 MZN
H.: Vlr referente transferência da importância lançada erroneamente no dia xx/xx/20x1, em conta
de Máquinas e equipamentos.

● Ressalva
Quando se tratar de um erro de redação observado antes mesmo do encerramento do respetivo
lançamento, a retificação ocorre no próprio histórico. Ou seja, se o erro for verificado antes de se
terminar de redigir o histórico do lançamento, basta se utilizar de alguma expressão do tipo: "digo",
"isto é", "ou melhor", "aliás", "em tempo", etc. Vejamos um exemplo:

D – Veículos 252.000,00 MZN


C – Caixa 252.000,00 MZN
H.: Referente à compra de um computador, digo, de um automóvel conforme nota fiscal n.º 00053.

Nos casos de borrões, rasuras, lacunas, saltos de linhas ou de páginas, a ressalva deve ser assinada
por profissional registado no CRC (Conselho Regional de Contabilidade). Os borrões, falhas de
impressão e outros erros que comprometam a autenticidade do Livro Diário, poderão ser sanados
por declaração, assinada pelo contador, tornando sem efeito aquela folha e refazendo, a seguir, os
lançamentos ali contidos.

● Borrões e Rasuras
Se ocorrer borrões ou rasuras no livro contábil, deverá ser feita a ressalva relativa ao erro, datar e
assinar na própria folha do livro, ao lado da rasura ou do borrão. Ressalvar significa ratificar,
confirmar, a correção feita através da rasura ou dos borrões no lançamento. A ressalva deve ser
feita pela contabilista.

● Saltos de linhas ou de páginas


Se houver saltos de linhas no livro contábil, estas deverão ser preenchidas com traços horizontais,
e com a devida ressalva, datada e assinada pelo contabilista. No caso de saltos de páginas, estas
deverão ser preenchidas com um traço diagonal, e com a respetiva ressalva.

● Omissão de lançamentos
A omissão se dá por esquecimento. Ex.: Na época apropriada, o contabilista deixou de efetuar o
registo de um fato, por um motivo qualquer. Passado algum tempo, ele verificou a omissão. Neste
caso, a correção é simples. Basta efetuar o registo do fato no dia em que se verificou a omissão,
mencionando, no histórico, a data da sua efetiva ocorrência e o motivo do atraso.

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Quando a omissão implicar falta de recolhimento de impostos, a empresa deverá providenciar os
devidos recolhimentos, espontaneamente, acrescidos dos encargos correspondentes.

REGIMES DE CONTABILIZAÇÃO
Os regimes de contabilização são às normas que orientam o controle e registo dos fatos
patrimoniais. Na contabilidade, são estudados os regimes de caixa e competência. Veja
informações detalhadas sobre cada um:

● Regime de Caixa

Considere no registo contábil do pagamento ou recebimento no momento da sua efetivação, não


importando a que período se refere o fato.

● Regime de Competência

Determina que as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período
em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de
recebimento ou pagamento.

Dentro da adoção do regime de competência, temos as despesas e receitas do exercício. As


primeiras são aquelas ganhas (geradas, realizadas) nesse período, não importando se tenham sido
recebidas ou não. As despesas, ,, são as incorridas (materializadas, concretizadas, consumidas,
utilizadas) nesse período, não importando se tenham sido pagas ou não.

● Regime Misto

Consiste no registo das despesas quando incorridas, independentemente de estarem pagas ou não,
e o registo das receitas somente quando efetivamente recebidas.

Fatos geradores do regime de competência

Consideramos como geradores do regime de competência:

● Despesas a Pagar

São as incorridas (o fato gerador ocorreu) dentro do período contábil, mas ainda não pagas.

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● Receitas a Receber

São aquelas ganhas (o fato gerador ocorreu) dentro do período contábil, mas ainda não recebidas.

● Despesas Antecipadas

São aquelas despesas pagas (ou a pagar) pela empresa, mas o fato gerador ainda não ocorreu. São
despesas pagas (ou a pagar) num período determinado, mas que correspondem a período(s)
seguinte(s).

● Despesas Diferidas

Despesas pagas (ou a pagar), incorridas, mas com benefícios ao longo do tempo.

● Receitas Diferidas

Representam recebimentos adiantados que vão gerar um passivo para uma prestação de serviço
futuro, ou a entrega posterior de bens.

● Resultados de Exercícios Futuros

Representam uma apuração antecipada de resultados que deverão ocorrer futuramente. Podem ser
classificados, neste grupo, os recebimentos caracterizados como receita e em que não se exija, sob
hipótese alguma, devolução da importância recebida antecipadamente, ou a obrigação de entregar
bens, ou serviços em exercícios futuros.

● Consumo de Ativos Permanentes

Os ativos permanentes, constituindo-se em inversões permanentes, são adquiridos para servirem a


empresa em vários períodos da sua existência, não sendo objeto de compra e venda.

Como estas inversões permanentes irão servir a empresa por vários exercícios, não é correto
apropriar como despesa a totalidade do seu valor no momento da aquisição.

A distribuição da despesa por vários períodos contábeis, do valor do ativo fixo, é feita através do
procedimento contábil denominado depreciação, amortização e exaustão.

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● Estoque de Produtos e outros Materiais

Os estoques de produtos e mercadorias que figuram no ativo de uma empresa transformam-se em


despesas quando aqueles bens forem vendidos, pois são componentes do custo das vendas.

Os materiais adquiridos em quantidades suficientes pare serem utilizados as vezes em mais de um


período contábil são registados, por ocasião da compra, em conta de ativo, tomando-se despesas
ou custos, quando consumidos.

MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS


Em contabilidade, existe um método das partidas dobradas, em que cada transação financeira é
registada na forma de entradas em pelo menos 2 contas, nas quais o total de débitos deve ser igual
ao total de créditos. Este método foi registado por Luca Pacioli em 1494, mas até hoje continua a
ser o sistema padrão usado no mundo todo por empresas e outras organizações para registar
transações financeiras.

Por exemplo, ao realizar a compra de matéria-prima, uma conta do ativo deve ser debitada, já que
a conta de estoque do ativo é uma conta com natureza devedora. Porém, uma conta do caixa deve
ser creditada, pois a empresa teve um desembolso para pagar ao fornecedor, então deve ocorrer
uma saída de recursos já que a conta do caixa também é de natureza devedora.

O correto é que a soma dos ativos e passivos de uma empresa seja sempre 0. No final do exercício
contábil ― que, normalmente, é de 1 ano ― é feita a apuração deste saldo, chegando ao resultado
do período. Se ele for positivo, a empresa deu lucro. Se for negativo, é porque a empresa ficou no
prejuízo.

LIVRO DIÁRIO
O livro Diário é obrigatório pela legislação comercial, e registar as operações da empresa, no seu
dia-a-dia, originando-se assim o seu nome. A escrituração do Diário deve obedecer às Normas
moçambicanas de Contabilidade. A sua inexistência, para as empresas optantes pelo Lucro Real,
ou a sua escrituração em desacordo com as normas contábeis sujeitam a empresa ao arbitramento
do Lucro, para fins de apuração do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro.

O livro Diário deverá ser autenticado no órgão competente do Registo do Comércio, e quando se
tratar de Sociedade Simples ou entidades sem fins lucrativos, no Registo Civil das Pessoas
Jurídicas do local da sua sede. Em caso de escrituração contábil em forma digital, não há

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necessidade de impressão e encadernação em forma de livro, porém o arquivo na forma digital,
autenticado pelo registo público competente, deve ser mantido pela entidade.

A entidade é responsável pelo registo público de livros contábeis em órgão competente e por
averbações exigidas pela legislação de recuperação judicial, atribuição do profissional de
contabilidade a comunicação formal dessas exigências à entidade. Segundo os artigos 21º e 23º da
lei 12/2018 do Código de registo civil, o livro Diário deverá conter, respetivamente, na primeira e
na última páginas, tipograficamente numeradas, os termos de abertura e de encerramento.

Do termo de abertura constará a finalidade a que se destina o livro, o número de ordem, o número
de folhas, a firma individual ou o nome da sociedade a que pertença, o local da sede ou
estabelecimento, o número e data do arquivamento dos atos constitutivos no órgão de registo do
comércio e o número de registo no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). O termo de
encerramento indicará o fim a que se destinou o livro, o número de ordem, o número de folhas e a
respetiva firma individual ou sociedade mercantil.

Os termos de abertura e encerramento serão datados e assinados pelo comerciante ou por seu
procurador e por contabilista legalmente habilitado. Na localidade em que não haja profissional
habilitado, os termos de abertura e encerramento serão assinados, apenas, pelo comerciante ou o
seu procurador.

LIVRO RAZÃO
O Livro Razão é um registo de escrituração com a finalidade de coletar dados cronológicos de
todas as transações registadas no Livro Diário e organizá-las por contas individualizadas. Com o
Livro Razão, é possível controlar o movimento de todas as contas contábeis separadamente. Esse
controle individual permite apurar saldos e os seus resultados (por exemplo, saldo de uma
determinada despesa ou da receita de vendas).

Dessa forma, o Livro Razão fornece um histórico detalhado de transações e o saldo atual de cada
conta do sistema contábil, durante o período selecionado. No final do exercício, os livros, portanto,
servem como fonte autorizada de dados para a criação de relatórios contábeis/financeiros de uma
empresa, como o balancete, balanço patrimonial, entre outros.
O Livro Razão é indispensável em qualquer empresa, por demonstrar de forma analítica as contas
escrituradas no livro diário.

Ele é obrigatório para as empresas cuja tributação do Imposto de Renda tem, como base, o Lucro
Real. A autenticação do Livro Razão é dispensada pela Junta Comercial, pois se trata de uma cópia
autêntica daquilo que já foi escriturado no livro diário. A legislação atual do Imposto de Renda
não impõe a obrigatoriedade de encadernação do Livro Razão. Ele apenas deve ser mantido em
boa ordem e seguir as normas da legislação comercial e fiscal.

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Ainda assim, deve conter o termo de abertura e de encerramento, além da assinatura do
representante legal da empresa e do contador responsável. Para os optantes pelo Simples Nacional,
as empresas que fizerem a apresentação do Livro Diário e Livro Razão estão dispensadas do registo
do Livro Caixa. No passado, o Livro Razão existia apenas em formato de livro impresso, no qual
se atribuía uma conta para cada página. Dessa forma, existia uma página para "caixa", outra para
"estoque", outra para "fornecedores", etc.

Com o passar do tempo, as folhas se tornaram avulsas, muitas vezes sendo substituídas por “fichas
razão”. Hoje, o Livro Razão pode ser feito de forma digital, por meio de sistemas de gestão
contábil. Historicamente, quando os livros contábeis eram encadernados e as entradas eram
manuscritas, os dados eram lançados periodicamente. Isso significava que os saldos das contas
eram conhecidos apenas pelo lançamento mais recente.

Sistemas baseados em software, no entanto, atualizam as contas contábeis com frequência ou até
mesmo continuamente. Assim, os saldos de contas são mantidos sempre atualizados. Desde 2007,
o Livro Razão pode ser enviado por meio do SPED Fiscal. Relativamente aos fatos contábeis
ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, estão obrigadas as empresas no regime tributário do
Lucro Real a adotar a Escrituração Contábil Digital (ECD) e a substituição dos livros físicos
contábeis.

Para que o Livro Razão seja escriturado de forma correta e organizada, ele deve conter
determinados elementos contábeis.
A lista completa de contas que aparecem no livro diário da organização e nas entradas do Razão é
chamada de "plano de contas". Em grandes empresas, o plano de contas pode incluir centenas de
contas diferentes. Nesses casos, pode ser útil usar não apenas um Livro Razão geral, mas também
adotar um conjunto de livros auxiliares.

Os lançamentos demonstrados no Livro Razão precisam consolidar os seguintes dados:

● Nome e código da conta


● Data de lançamento: dia, mês e ano do evento que modificou o valor do componente
patrimonial da empresa
● Histórico do lançamento: escrituração da descrição completa da movimentação ocorrida
● Contrapartida: conta contábil que complementa o lançamento
● Débito e Crédito: registo do valor acrescido ou diminuído do saldo de determinada conta
contábil
● Saldo: diferença entre o total de débitos e o total de créditos de uma conta contábil
● D/C: indicação da natureza do saldo escriturado, sendo o “D”, o devedor e “C”, o credor.
O ato de transferir as transações do diário para as respetivas contas do Livro Razão é chamado de
lançamento. Cada transação financeira tem um documento de origem, como uma fatura ou um
cheque , bem como um lançamento contábil. Dependendo do tamanho e da complexidade do seu
negócio, o livro pode conter centenas de contas, incluindo ativos circulantes, ativos permanentes,

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passivos circulantes, passivos de longo prazo, contas de líquido, receitas, contas de despesas, de
resultados do exercício, etc.

\Exemplo de lançamento

Suponha que, para o início das atividades de uma empresa prestadora de serviços, o sócio
administrador investiu um montante de 30.000,00MZN, definido no contrato social da entidade.

A primeira coluna se refere ao histórico, ou seja, a descrição da operação realizada. A segunda


coluna, chamada n° Conta, mostrará a conta contábil utilizada em contrapartida no lançamento,
neste caso, a contrapartida contábil (crédito) do banco é a conta “capital subscrito”. A terceira e
quarta colunas são dedicadas a quantias de débito e valores de crédito.

A coluna de saldo mostra a soma dos valores lançados dentro do período selecionado. Nesse caso,
como houve apenas o lançamento do capital social, os saldos das duas contas contábeis estão com
o mesmo valor, 30.000,00 MZN.

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21
UNIDADE 3

BALANÇO PATRIMONIAL
Capital
O Património pode ser conceituado como um conjunto de capitais cuja origem está representada
pelo Passivo, enquanto a aplicação é representada pelo Ativo. O capital é o conjunto de recursos
postos à disposição da empresa, seja por terceiros ou por proprietários (passivo ou líquido). Ou
seja, é a soma das riquezas ou recursos acumulados que se destinam à produção de novas. A
expressão Capital tem vários significados. Vejamos os principais:

● Capital Social
É o investimento inicial feito pelos proprietários da empresa e corresponde ao património líquido
inicial. Só é alterado quando os proprietários realizam investimentos adicionais (aumentos de
capital) ou desinvestimentos (diminuições de capital). Também pode receber a denominação
Capital Nominal ou Capital Integralizado.

● Capital Próprio
Constitui a riqueza líquida à disposição dos proprietários. É a soma do capital social, suas
variações, os lucros e as reservas. Ou seja, é aquele que se originou da própria atividade económica
da entidade, como lucros, reservas de capital e reservas de lucros. Equivale ao Património Líquido
(ou Situação Líquida).

● Capital de Terceiros
Corresponde ao passivo real ou passivo exigível (obrigações) da empresa e representa os
investimentos feitos com recursos de terceiros. Por exemplo: compra de um imóvel financiado
pelo banco em 12 vezes (Financiamentos a pagar) ou compra de mercadorias (estoque) com
pagamento a prazo (Fornecedores).

● Capital Total à Disposição da Entidade


Corresponde à soma do passivo + património líquido da empresa e representa o total dos recursos
utilizados no financiamento das atividades (Passivo Total). É igual a soma de todas as origens que
estão a disposição da entidade e que estão aplicadas no Ativo (em decorrência do método das
partidas dobradas).

Passivo total = Ativo total = Património bruto = Total das origens = Total das Aplicações =
Capital Total à Disposição da Entidade

● Capital Integralizado e Capital a Integralizar


Os recursos destinados pelos proprietários à formação do Capital Social nem sempre estão
disponíveis para serem transferidos do património dos sócios para o da entidade (empresa) no ato

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de constituição da mesma. Ou seja, nem sempre o capital encontra-se totalmente integralizado (ou
realizado). O Capital Social só é integralizado (realizado) quando os recursos correspondentes são
transferidos do património dos sócios para o património da entidade.

Quando um sócio se compromete formalmente (mediante contrato social) a entregar certa


importância para compor o Capital Social da entidade à qual pertence, em data futura, embora
subscrita, aquela parcela do capital, correspondente aos recursos não entregues, encontra-se a
integralizar (ou a realizar).

Subscrição é o ato jurídico formal pelo qual o sócio, acionista ou titular da empresa individual
assume a obrigação de transferir bens, ou direitos para o da entidade à qual está vinculado. Sendo
assim, o capital subscrito pode ou não estar integralizado. Se, ato contínuo à subscrição, a
titularidade dos bens e direitos é transferida para o património da entidade, então o capital estará
subscrito e integralizado. Caso contrário, embora o capital esteja subscrito, ainda se encontrará a
integralizar.

● Capital Autorizado
O capital próprio de Sociedades Anónimas de Capital Aberto (que negociam as suas ações em
bolsa ou balcão), a partir do capítulo VI do código comercial de Moçambique, (Lei das S.A.) foi
instituído como Capital Autorizado. Antes desta Lei, toda mudança na Constituição do Capital
Social só poderia ser feita através de uma alteração de estatuto, contrato ou registo da empresa na
Junta Comercial, ou Cartório de Registo Civil das Pessoas Jurídicas. A partir dela, nas Sociedades
Anónimas, a Assembleia Geral dos acionistas pode delegar ao Conselho de Administração (órgão
executivo das S.A.) a faculdade de elevar o Capital Social até um determinado limite autorizado.

Exemplo: A empresa tem um Capital Social de 6.000.000,00 MZN, um Capital Integralizado de


3.600.000,00 MZN e um Capital Autorizado de 9.6800.000,00 MZN.
RECEITAS

As Receitas correspondem às vendas de produtos, mercadorias ou prestação de serviços. No


Balanço Patrimonial, as receitas são refletidas através da entrada de dinheiro no Caixa (Vendas a
Vista) ou por direitos a receber (Vendas a Prazo). É importante notar que, a Receita sempre
aumenta o Ativo, embora nem todo aumento de Ativo representa uma Receita, como os
Empréstimos e Financiamentos bancários.

São exemplos de Receitas: Receitas de Vendas de Mercadorias; Receitas de Vendas de Produtos;


Receitas de Prestação de Serviços; Descontos Obtidos; Alugueis Ativos; Juros Ativos, etc.

Classificação das receitas


a) Receita principal ou primária:
A receita principal de uma empresa advém da sua atividade central, ou seja, aquela para qual a
empresa foi constituída. Ela pode ser da prestação de serviços (transporte, reparo, saúde,

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entretenimento, educação) ou da venda de mercadorias (alimentos, automóveis, vestimenta,
imóveis).
Independente do que ela produza/realize, a receita principal é a que dá a característica da empresa
e deve ser considerada a sua atividade final, devendo ela corresponder à maior parte do
faturamento.

b) Receita secundária:
A receita secundária de uma empresa está sempre abaixo da sua receita principal, porém pode ser
relevante para a empresa. Um exemplo é uma empresa de papel que pode ter ele como carro-chefe
(maior parte do faturamento) e também vender papelão.
A receita secundária geralmente é correlata da receita principal, ou seja, elas quase sempre estão
dentro do mesmo segmento, permitindo a empresa variar o portfólio dos seus produtos.

c) Receita com sobras de materiais:


Durante o processo de fabricação do papel e papelão, restam fiapos e rebarbas de que são
descartadas pela empresa, que não vê utilidade nesse material. Muitas empresas realizam a venda
destes para outras empresas que podem ver valor na aquisição deste material.
Como essa venda não é recorrente e não faz parte do core-business da companhia, não podemos
classificá-la na DRE como Receita Bruta, devendo alocar este valor como “Outros resultados” ou
“Receitas diversas”.

d) Receitas não operacionais/não recorrentes:


Imagine que uma empresa de móveis possui quatro grandes fábricas e que acabamos de entrar num
período de crise, onde o setor em que ela atua vende cada vez menos. Com o intuito de se
reestruturar, a companhia realiza um planeamento que envolve vender uma das suas fábricas de
modo a reduzir gastos.

Após diversas negociações com outra empresa, a fábrica é vendida pelo valor de cem milhões de
reais. Será que nós podemos registar esse valor no DRE da empresa como se fosse sua receita
bruta? Não! Uma vez que vender fábricas não faz parte do negócio principal, esse ganho ou receita
deve ser alocado numa conta que demonstra que este valor foi algo não recorrente e que não advém
da nossa atividade operacional. Sendo assim, existe uma linha específica na DRE designada para
alocar esse tipo de ganho.

e) Receita financeira:
Muitas vezes, as empresas ao dinheiro parado em caixa para emergências realiza a aplicação do
saldo disponível em investimentos de alta liquidez, ou seja, que podem ser sacados a qualquer
momento. O intuito da empresa em realizar esse tipo de transação é rentabilizar o dinheiro parado
para que este não perca o seu valor para a inflação.

Nestes casos, a empresa terá uma rentabilidade através dos juros sobre o valor depositado,
resultando assim num ganho financeiro. Como essa não é atividade principal da empresa, deve-se

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alocar na DRE todos os ganhos com juros na conta de “receitas financeiras”. O mesmo aplica-se
para descontos obtidos pela empresa no pagamento de juros aos bancos ou a terceiros.

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
O balancete de verificação é um dos relatórios financeiros feitos numa boa gestão. Usualmente, o
balancete de verificação é realizado antes do balanço patrimonial. O balancete de verificação é um
demonstrativo que auxilia na realização de outros relatórios, não só como o balanço patrimonial,
mas também como a DRE, cuja sigla significa Demonstrativo do Resultado do Exercício.

No balancete de verificação, são demonstrados todos os valores de património e de resultado, bem


como as movimentações (de crédito e débito) e o saldo final. Através do balancete, é possível
analisar se houve gastos excessivos, desnecessários ou ainda se ocorreu alguma falha de gestão
financeira. Esta é uma ferramenta muito importante e deve ser usada por qualquer empresa com o
desejo de possuir uma vida financeira saudável.

Saber como analisar um balancete de verificação é fundamental para que você faça o máximo
proveito desta ferramenta. Para começar, é preciso esclarecer que quando falamos em crédito no
balancete, nos referimos às operações de saída de dinheiro. E quando débito, nos referimos à
entrada. Para que se saiba como analisar um balancete de verificação, é preciso entender o que
consta nesse relatório. Normalmente, boa parte dos balancetes possuem os seguintes elementos:

● Cabeçalho
● Ativo
● Saldo anterior
● Débitos
● Créditos
● Saldo final

Primeiramente, o que temos num balancete é o cabeçalho, a parte superior que possui o nome e as
informações da empresa. Nele, tem-se o período referente àquele balancete. Esse período pode
variar consoante o objetivo que se pretende atingir com este relatório, podendo ser mensal,
trimestral ou anual.

O ativo é a parte do balancete de verificação que demonstra todas as contas que a empresa possui,
incluindo os seus bens e direitos. Logo após o ativo, está descrito o saldo anterior, referente ao
saldo disponível ao final do último balancete realizado. A parte de débitos e créditos retratam todas
as movimentações que ocorreram durante o período do balancete de verificação.

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E, o saldo final se refere ao saldo que restou depois que as devidas movimentações foram
realizadas. Observe a imagem a seguir para facilitar o seu entendimento de como analisar e
construir o seu balancete de verificação:

Você pode perceber que dentro dos diferentes saldos e os movimentos, existe uma divisão que
determina qual valor tem a natureza devedora e qual valor tem a natureza credora. É importante
destacar que o saldo das contas devedoras deve se igualar ao das contas credoras. Se isso não
acontecer, facilmente podemos afirmar que existe algum erro dentro da contabilidade da empresa.

Contudo, essas informações podem ser resumidas em apenas alguns dos elementos citados:
cabeçalho, ativo, devedor, credor e total final. E, como resultado, tem-se um balancete resumido,
como você pode observar na próxima imagem:

Existem diferentes formas de construir um balancete de verificação e cabe a cada empresa


determinar o que é mais importante para análise diante da sua realidade. É comum algumas
empresas julgarem desnecessário detalhar todas as entradas e saídas conforme foi feito na primeira
imagem. Nesse caso, o segundo tipo de balancete se torna mais eficaz.

Para construir o seu balancete de verificação, é preciso seguir alguns passos:

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1. Determine o período que o balancete irá abarcar
Nós sabemos que esse período pode variar entre mensal, trimestral ou anual. Ao definir esse
período vale considerar a disponibilidade de tempo que a área de contabilidade, ou o contador
somente, da sua empresa possui para realizar tal ferramenta. De nada adiantará construir o seu
balancete de verificação se ele será feito com equívocos e às pressas simplesmente para existir
entre os seus relatórios. É necessário fazê-lo com diligência, aproveitando-se das análises
financeiras que um balancete de verificação pode proporcionar-te. Além disso, a periodicidade do
balancete pode servir apenas para controle interno ou, ainda, para controle fiscal. Nesse momento,
é hora de levar esses fatores em consideração para tomar a melhor decisão.

2. Especifique, além do básico, quais elementos você quer que estejam presentes no seu
balancete
Esse é o momento de decidir se estarão presentes, detalhadamente, as naturezas de cada conta,
podendo ser credoras ou devedoras, ou se apenas as movimentações e os saldos serão descritos.
Para fazer essa definição, pense, novamente, no tempo disponível que a sua equipa, ou contador,
terá para fazer o balancete. O balancete de verificação pode ser simples e ainda eficaz. Então não
se preocupe se o melhor para você for um balancete mais direto.

3. Crie a sua tabela


Agora é o momento de colocar a mão na massa e fazer a tabela do seu balancete de verificação.
Como o balancete é um relatório financeiro, não deixe de ser direto nas informações e na
construção visual da sua tabela. Isso fará toda diferença no momento de analisar o balancete.

4. Colocação dos dados


Nesse momento final você deve colocar todas as contas do ativo, e suas respetivas movimentações,
nas devidas colunas da tabela. Essa é a hora de colocar a ferramenta em prática para que logo após
seja possível verificar se a contabilidade da empresa está em dia ou se houve algum erro durante
o período determinado. O balancete servirá, então, como um instrumento para análise das finanças
da empresa de maneira mais simples e resumida, facilitando o entendimento e visualização dos
dados

CUSTOS E DESPESAS
As Despesas representam o sacrifício ou esforço da empresa para se obter Receita. Todo consumo
de bens ou serviços visando gerar Receita é considerado Despesa. O consumo de materiais, por
exemplo, é considerado uma Despesa. Neste caso, no ato em que o material dá entrada no
Almoxarifado, o valor é contabilizado como bem no Ativo Circulante, e quando o mesmo é
requisitado por alguma área para ser consumido, o valor do bem é transferido para Despesa.

A Despesa é refletida no Balanço Patrimonial, pela redução do Caixa (quando é paga a vista), ou
mediante aumento de uma dívida - Passivo (quando a despesa é contraída no presente para ser
paga no futuro - a prazo). A despesa pode ainda originar-se de outras reduções de Ativo (além do

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Caixa), como o desgaste dos bens do Imobilizado (depreciação), etc. Todo dinheiro que sai do
Caixa para pagamento de uma despesa denomina-se Desembolso.

São exemplos de Despesas: Água e Esgoto; Alugueis Passivos; Café e Lanches; Combustíveis;
Descontos Concedidos; Despesas Bancárias; Energia Elétrica; Fretes e Carretos; Impostos e Taxas;
Juros Passivos; Serviços de Terceiros; Telefones; Ordenados e salários; Seguros, etc.

ENCERRAMENTO DAS CONTAS DE RESULTADO


As contas de receita e despesa são contas temporárias, pois são encerradas de modo a se apurar o
resultado do exercício. O lucro ou prejuízo de um exercício é determinado através do confronto
das contas de receita e despesa, e esse resultado líquido é apurado na conta denominada Apuração
do Resultado do Exercício (ARE).

Transferência dos Saldos das Contas de Resultado para a Conta de Apuração do Resultado do
Exercício (ARE).

As contas de receita por possuírem saldo credor, serão encerradas debitando-se a respetiva conta
pelo valor do saldo (portanto, tornando-se o saldo nulo, “encerrando-se” a conta) e creditando-se
a conta ARE. As contas de despesa, por apresentarem saldo devedor, serão encerradas creditando-
se a conta respetiva e debitando-se a conta ARE pelo valor do seu saldo.

Transferência do Saldo da Conta ARE para a Conta Patrimonial “Lucros Ou Prejuízos


Acumulados”

A conta ARE, será encerrada contra uma conta denominada Lucros ou Prejuízos acumulados que
é uma conta patrimonial onde fica acumulado o resultado do exercício.

DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO


Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil,
ou seja, o registo da redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação
da natureza ou obsolescência. A quota de depreciação a ser registada na escrituração contábil da
pessoa jurídica, como custo ou despesa operacional, será determinada mediante aplicação da taxa
de depreciação sobre o valor do bem em reais.

Observe-se que o limite de depreciação é o valor do próprio bem. Desta forma, deve-se manter um
controle individualizado, por bem, do tipo “ficha do imobilizado” ou “planinha de item do
imobilizado” para que o valor contabilizado da depreciação, somado às quotas já registadas
anteriormente, não ultrapasse o valor contábil do respetivo bem.

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Início e término da depreciação
A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local
e em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação não cessa
quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, exceto se o ativo esteja totalmente
depreciado.

A depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para
venda ou incluído num grupo de ativos classificado como mantido para venda ou, ainda, na data
em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro. A reparação e a manutenção de um ativo não
evitam a necessidade de depreciá-lo.

A amortização consiste na alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo


da sua vida útil, ou seja, o reconhecimento da perda do valor do ativo ao longo do tempo. Um ativo
intangível com vida útil definida deve ser amortizado, e a despesa de amortização para cada
período deve ser reconhecida no resultado.

Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão


ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio adquirido.
Mensalmente deve ser contabilizada a amortização desses bens, em conta redutora específica.

A amortização de ativos intangíveis utilizados em processo de produção faz parte do valor contábil
dos estoques.

Exaustão é a redução do valor de investimentos necessários à exploração de recursos minerais ou


florestais. A medida que os recursos minerais vão se exaurindo, registar-se na contabilidade,
simetricamente à possança conhecida da jazida, a quota de exaustão. Tratando-se de floresta
natural, a quota de exaustão será determinada mediante relação percentual entre os recursos
florestais extraídos no período e o volume dos recursos florestais existentes no início do mesmo
período

BALANÇO PATRIMONIAL
Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, qualitativa e
quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da Entidade. Nele,
as contas deverão ser classificadas segundo os elementos do património que registem e agrupadas
de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da empresa.

Conforme a V secção, Capitulo II, Livro Primeiro do código comercial, o Balanço Patrimonial é
constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Património Líquido. O Ativo compreende os bens, os
direitos e as demais aplicações de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios
económicos futuros, originados de eventos ocorridos.

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O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com terceiros,
resultantes de eventos ocorridos que exigirão ativos para a sua liquidação. O Património Líquido
compreende os recursos próprios da Entidade, e o seu valor é a diferença positiva entre o valor do
Ativo e o valor do Passivo. Quando o valor do Passivo for maior que o valor do Ativo, o resultado
é denominado Passivo a Descoberto. Portanto, a expressão Património Líquido deve ser substituída
por Passivo a Descoberto.

Ativo circulante
O ativo circulante abrange valores realizáveis no exercício social subsequente. Assim, por
exemplo, uma empresa cujo exercício social encerra em 31 de dezembro, ao realizar o
encerramento do exercício de 31 de dezembro de 2006, deverá classificar no Ativo Circulante
todos os valores realizáveis até 31 de dezembro de 2007.

Na empresa cujo ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação no
circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Raramente, porém, é usada esta
classificação mais extensa, de forma que, como padrão, pode-se adotar a classificação das contas
como circulante se forem realizáveis ou exigíveis no prazo de um ano.

Ativo não circulante


São incluídos neste grupo todos os bens de permanência duradoura, destinados ao funcionamento
normal da sociedade e do seu empreendimento, assim como os direitos exercidos com essa
finalidade. O Ativo Não Circulante será composto dos seguintes subgrupos:
● Ativo Realizável a Longo Prazo
● Investimentos
● Imobilizado
● Intangível
● Ativo Realizável a Longo Prazo

De uma forma geral, são classificadas no Realizável a Longo Prazo contas da mesma natureza das
do Ativo Circulante, que, todavia, tenham a sua realização certa ou provável após o término do
exercício seguinte, o que, normalmente, significa realização num prazo superior a um ano a partir
do próprio balanço.

As despesas apropriáveis após o exercício seguinte também são classificadas no Ativo Realizável
a Longo Prazo. Os direitos não derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades
coligadas, ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da empresa, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da empresa, serão classificados no Ativo
Realizável a Longo Prazo.

Investimentos

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No subgrupo Investimentos do Ativo Não Circulante, devem ser classificadas as participações
societárias permanentes, assim entendidas as importâncias aplicadas na aquisição de ações e outros
títulos de participação societária, com a intenção de mantê-las em caráter permanente, seja para se
obter o controle societário, seja por interesses económicos, entre eles, como fonte permanente de
renda.

Imobilizado
O Ativo Imobilizado é formado pelo conjunto de bens e direitos necessários à manutenção das
atividades da empresa, caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, máquinas,
etc.). O imobilizado abrange, também, os custos das benfeitorias realizadas em bens locados ou
arrendados.

Intangível
Os ativos intangíveis compreendem o leque de bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão
ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio adquirido.

Passivo circulante
Neste grupo, são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição
de direitos do ativo não circulante, quando se vencerem no exercício seguinte. No caso de o ciclo
operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social, a conceção terá por base o
prazo desse ciclo.

Passivo não circulante


Neste grupo, são escrituradas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição
de direitos do ativo não circulante, quando se vencerem após o exercício seguinte. No caso de o
ciclo operacional da empresa ter duração maior que a do exercício social, a conceção terá por base
o prazo desse ciclo.

Líquido
É a diferença entre o valor dos ativos e dos passivos. É constituído por Capital Social, Reservas de
Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos
Acumulados.

UNIDADE 4

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DRE
Exercício social
O exercício social é o período que uma determinada empresa deve elaborar demonstrativos de todo
o seu processo contábil, com a finalidade de apurar com coerência o resultado do desempenho
operacional da organização. De certa forma, o exercício social representa a quintessência
(essencial, muito importante) na administração de uma empresa. Agora, é válido saber qual o
período que compreende o exercício social na contabilidade, bem como a lei que o infere e a sua
ligação com o Estado.

O exercício social é um calendário específico para a contabilidade. Ele divide um espaço de tempo
em 12 meses e, a partir disso, uma empresa (ou qualquer outra personalidade jurídica, como um
governo, uma organização não governamental, uma igreja) conseguem acompanhar todos os
fluxos de valores. A partir disso, a pessoa jurídica tem uma base para comparar os seus resultados.
Os salários, alugueis, lucros, etc., são computados nesses 12 meses.

Qualquer resultado fora não é computado neste ano. Esse calendário pode ou não coincidir com o
ano normal. Em outras palavras, ele pode ou não terminar no dia 31 de dezembro e começar no
dia 1.º de janeiro. No fim do período contábil, os fundos imobiliários e as empresas listadas na
bolsa de valores precisam fazer a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), um documento
que informa todas as despesas e receitas de uma companhia. Para um investidor de valor, entender
a DRE é fundamental para suas aplicações financeiras.

O Estado Moçambicano, nas esferas municipais, estaduais e federais, também tem o seu exercício
social: o ano civil. Ele é o ciclo em que tudo no governo acontece. Então todos os impostos,
tributos, créditos e prazos serão contados de acordo com esse outro calendário de 365 dias que o
governo usa.

Não coincidir o exercício social com o ano civil pode ser útil para as empresas nas quais as
operações comerciais são sazonais, auxiliando que as mesmas informem as suas Demonstrações
Contábeis no período em que o seu património e os resultados de todas as suas atividades estejam
bem melhor representados.

DEMONSTRAÇÃO FINANCEIRA
As demonstrações contábeis ou financeiras são um conjunto de documentos estabelecidos por lei,
dentro daquilo predeterminado pelas Normas moçambicanas de Contabilidade e pelo Comité de
Pronunciamentos Contábeis. Elas são elaboradas, principalmente, em empresas que seguem o
regime tributário de Lucro Real, devido à necessidade de comprovação dos resultados da empresa
ao Fisco. Mas também podem (e devem) ser usadas onde se segue os demais regimes de tributação
no acompanhamento da evolução do capital.

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Além disso, frequentemente, as demonstrações contábeis são solicitadas para conseguir
empréstimos, financiamentos e até mesmo parcelamentos de compras com fornecedores. Isso
porque tal recurso comprova a capacidade de pagamento que um negócio tem. Portanto, mesmo
quando não há a necessidade fiscal de entrega do demonstrativo contábil, a sua realização é
praticamente inevitável para quem deseja fazer uma organização crescer de forma organizada
financeiramente.

Em primeiro lugar, é necessário lembrar que existem vários tipos de demonstrações contábeis. Os
mais famosos são o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado de Exercício (DRE), mas
também há o Demonstrativo de Fluxo de Caixa, o Demonstrativo de Lucros e Prejuízos
Acumulados entre outros.

De forma simples, podemos dizer que as principais informações existentes nas


demonstrações contábeis são:

● Quanto dinheiro os sócios investiram na empresa;


● Qual a participação de capital de terceiros (endividamento);
● Como foi o faturamento da empresa no período;
● Quanto desse faturamento foi revertido em lucro; e
● Quanto vale o imobilizado (imóveis utilizados para a atividade-fim da empresa).

O mais importante, porém, é saber que, além das informações básicas que ficam demonstradas nos
documentos contábeis, uma análise crítica pode trazer dados muito mais ricos e até mesmo ajudar
a fazer cálculos de metas atingíveis ou previsões para o futuro das empresas. Essa capacidade de
ir além nos demonstrativos é o que diferencia uma companhia mediana de uma bem-administrada.
Assim, conhecer todo o cenário contábil/ financeiro de um negócio é fundamental.

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS


A DLPA é um demonstrativo com foco nos resultado do exercício e mostra como as contas de
Lucros e Património Líquido se movimentaram neste período. Ela informa, por exemplo, quanto
dos dividendos foi distribuído aos sócios e quanto do lucro se transformou em reserva. A DLPA
evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados, no
Património Líquido.

Notas explicativas

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As notas explicativas não são, necessariamente, demonstrativos contábeis, mas sim uma
ferramenta bastante importante para esclarecer pontos que podem não ter sido evidenciados nos
demais demonstrativos. Alguns exemplos são:

● Critérios de avaliação patrimonial;


● Explicação de ajustes de exercícios anteriores; e
● Exposição de garantias de obrigações a longo prazo.

A DLPA é obrigatória para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas, conforme a


legislação do Imposto de Renda (lei n.º 19-2013-IRPC). A demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados deverá discriminar:

1. O saldo do início do período e os ajustes de exercícios anteriores;


2. AS reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; e
3. AS transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o
saldo ao fim do período.

Alguns conceitos são pertinentes quando se trata de DLPA. Veja quais são:

1. Reversões de reservas: correspondem às alterações ocorridas nas contas que registam as


reservas, mediante a reversão de valores para a conta Lucros Acumulados, em virtude
daqueles valores não serem mais utilizados.
2. Lucro ou prejuízo líquido do exercício: resultado líquido do ano apurado na Demonstração
do Resultado do Exercício, cujo valor é transferido para a conta de Lucros Acumulados.
3. Transferências para reservas: apropriações do lucro feitas para a constituição das reservas
patrimoniais, tais como: reserva legal, reserva estatutária, reserva de lucros a realizar,
reserva para contingências.
4. Substituição pela demonstração das mutações do património líquido: a Demonstração de
Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída na demonstração das mutações do
património líquido, se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o
movimento da conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o das demais contas
do património líquido.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO Património LÍQUIDO


As mudanças que ocorrem no património líquido da empresa são relacionadas na Demonstração
das Mutações do Património Líquido (DMPL), entre as quais a integralização do capital,
destinação de resultados do período, acréscimo ou redução das reservas da empresa.

Assim como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), tornou-


se obrigatória. Este demonstrativo foi adotado em substituição à Demonstração de Lucros e

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Prejuízos Acumulados (DLPA). Os dados que constavam na DLPA foram integrados à DMPL. As
principais informações da DMPL são:

● Saldos existentes no início do período;


● Acréscimo de capital;
● Ajustes realizados em exercícios passados;
● Compensações de prejuízos;
● Destino do lucro líquido no exercício;
● Distribuição de lucros;
● Reavaliação dos ativos;
● Redução de capital;
● Resultado líquido do exercício;
● Transferências e reversões de lucros e reservas;
● Saldos no final do exercício.

Alguns elementos promovem alterações totais do património, sendo eles:

● Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido;


● Aumento decorrente da reavaliação de ativos;
● Aumento ou diminuição por ajuste de anos anteriores;
● Aumento pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bónus subscritos;
● Aumento por subvenções e doações;
● Aumento por prémio recebido em debêntures;
● Aumento por subscrição e integralização de capital;
● Diminuição por ações próprias adquiridas ou aumento pela venda das ações;
● Diminuição por parcelas do lucro apurado;
● Recebimento de valor superior ao valor nominal da integralização de ações ou o preço de
ações emitidas sem valor nominal.

Por outro lado, alguns itens não interferem no total do património. Veja quais são:

● Acréscimo de capital com o uso dos lucros e reservas;


● Utilização do lucro líquido do exercício diminuindo a conta lucros acumulados para a
composição de reservas;
● Compensação de prejuízos com a utilização de reservas;
● Reversão das reservas patrimoniais à conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

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Para elaborar a Demonstração das Mutações do Património Líquido, é necessário relacionar todas
as movimentações realizadas durante o exercício social em contas que compõem o Património
Líquido, tais como Capital, Reservas de Capital, de Lucros, de Reavaliação e os Lucros ou
Prejuízos Acumulados.

Os demonstrativos contábeis são relatório de extrema importância para a gestão da empresa. Com
estas informações, é possível avaliar se a organização apresenta uma situação equilibrada ou se há
entraves que precisam ser solucionados com urgência a partir do próximo exercício social de modo
a garantir a solidez da companhia.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA


O caixa da empresa é o ponto de entrada e saída de todo o dinheiro que circula durante o ano.
Portanto, não é de se estranhar que a Demonstração de Fluxo de Caixa seja uma versão resumida
de tal movimentação. A sua importância é enorme, já que se trata de uma ótima forma de descobrir
onde a organização utiliza o seu dinheiro, especialmente nos casos de endividamento com
terceiros.

Para facilitar, ela costuma aglomerar as entradas e saídas em contas. Um segredo conhecido apenas
por contadores experientes é que a DFC não precisa ser feita com base nas entradas e saídas reais
do caixa, já que é possível derivá-la do balanço e da DRE. Assim como a Demonstração de
Resultados de Exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica e deve ser incluída no balanço
patrimonial.

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser incorporado às demonstrações


contábeis tradicionalmente publicadas pelas empresas. Basicamente, o relatório de fluxo de caixa
deve ser segmentado em três grandes áreas:

I - Atividades Operacionais;
II - Atividades de Investimento;
III - Atividades de Financiamento.

As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e gastos decorrentes da industrialização,


comercialização ou prestação de serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital
circulante líquido da empresa. As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no
Realizável a Longo Prazo, em Investimentos, no Imobilizado ou no Intangível, bem como as
entradas por venda dos ativos registados nos referidos subgrupos de contas.

As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Passivo Não Circulante e do


Património Líquido. Devem ser incluídos aqui os empréstimos e financiamentos de curto prazo.
As saídas correspondem à amortização dessas dívidas e os valores pagos aos acionistas a título de
dividendos, distribuição de lucros.

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TRIBUTAÇÃO
Classificação dos tributos

O tributo é uma obrigação de pagar, criada por lei, impondo aos indivíduos o dever de entregar
parte das suasss rendas e património para a manutenção e desenvolvimento do Estado, afinal
vivemos em sociedade e o Estado deve representá-la se fazendo presente nas áreas de interesse
desta, sobretudo saúde, educação, segurança, política económica, entre outras.

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa plenamente vinculada. Em termos gerais classificam-se cinco espécies de tributos:
impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais,
as quais se identificam como segue:

a) Impostos: incidem, por exemplo, sobre a propriedade de imóvel urbano (IPTU), a


disponibilidade de renda (Imposto sobre a Renda), a propriedade de veículo automotor (IPVA),
entre outros.

b) Taxas: as taxas decorrem de atividades estatais, tais como os serviços públicos ou do exercício
do poder de polícia. Exemplos: custas judiciais e a taxa de licenciamento de veículos.

c) Contribuições de Melhoria: as contribuições de melhoria se originam da realização de obra


pública que implique valorização de imóvel do contribuinte. Por exemplo: benfeitorias no entorno
do imóvel residencial.

d) Empréstimos compulsórios: têm por finalidade buscar receitas para o Estado de modo a
promover o financiamento de despesas extraordinárias ou urgentes, quando o interesse nacional
esteja presente e;

e) Contribuições Parafiscais: são tributos instituídos para promover o financiamento de atividades


públicas. São, portanto, tributos finalísticos, ou seja, a sua essência pode ser encontrada no destino
dado, pela lei, ao que foi arrecadado.

f) Contribuições Especiais, dividem-se em 2 espécies,: as contribuições sociais e as contribuições


de seguridade social.

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● Tipos de tributos

● Diretos: incidem sobre o “Contribuinte de Direito”, o qual não tem, pelo menos
teoricamente, a possibilidade de repassar para outrem o ónus tributário.

● Indiretos: a carga tributária cai sobre o “Contribuinte de Direito” que o transfere para
outrem, O “Contribuinte de Direito” é figura diferente do “Contribuinte de Fato”. Nem
sempre o contribuinte que paga é, efetivamente, quem suporta em definitivo a carga
tributária. Assim temos:

1. Contribuinte de direito: pessoa designada pela lei para pagar o imposto.


2. Contribuinte de fato: pessoa que de fato suporta o ónus fiscal.

Esse aspeto é de importância fundamental na solução dos problemas de restituição do indébito


tributário. O IPI e o ICMS são impostos indiretos. Uma vez que o consumidor final é que, de fato,
acaba por suportar a carga tributária, embora não seja designado pela lei como contribuinte desses
impostos.

● Adicional: quando o seu fato gerador é representado pelo pagamento de outro imposto.
Como exemplo, temos o adicional de 10% do Imposto de Renda, Pessoa Jurídica.
● Fixo: quando determinado o seu quantum em quantia certa, independentemente de
cálculos. Como exemplo, o ISS dos profissionais liberais.
● Proporcional: quando estabelecido em percentagem única incidente sobre o valor da
matéria tributável, crescendo o valor do imposto apenas quando o valor básico para o
cálculo sofra crescimento (ICMS, IPI e o ISS, quando incidente sobre a receita).
● Progressivo: quando as suas alíquotas são fixadas em percentagens variáveis e crescentes,
conforme a elevação de valor da matéria tributável - como exemplo, o Imposto de Renda
das Pessoas Físicas.
● Regressivo: cobrados em percentagens iguais sobre contribuintes, não considerando a
capacidade económica daquele que suportará o ónus fiscal. Isto o torna "regressivo", ou
seja, os contribuintes com menores condições económicas acabam pagando
(proporcionalmente) maior parcela de tributos sobre suas rendas. O ICMS, IPI, PIS e
COFINS são exemplos de regressivos (simultaneamente, são também classificados como
indiretos). Atualmente, no Brasil, a grande maioria dos tributos é de natureza regressiva,
implicando em enorme injustiça social (ricos pagam, proporcionalmente à renda, bem
menos tributos que a população mais pobre).
● Real: imposto baseado em bens reais (físicos), são os denominados "Impostos sobre o
Património", como IPTU, IPVA e ITR.
● Pessoal: o imposto que estabelece diferenças tributárias em função de condições inerentes
ao contribuinte. Tributa-se de acordo com a sua capacidade económica (Imposto de Renda
das pessoas físicas e jurídicas), em decorrência do disposto no decreto 8/2008.

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● “Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade económica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o património, os rendimentos e as atividades económicas do
contribuinte”.
● Extrafiscal: não visa só a arrecadação, mas também, corrigir anomalias. Exemplo: Imposto
de Exportação.
● Parafiscal: contribuição cobrada por autarquia, órgãos paraestatais, profissionais ou
sociais, para custear o seu financiamento autónomo. Exemplo: taxa anual do CRC, CREA,
OAB, etc.

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