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JAIME PAQUETE D.

TCHINKHUVA

Manual de Formação

Contabilidade Geral
Curso básico de Contabilidade e Gestão

CFPC – Namibe
Ciclo Formativo 2022
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Formador Lic. em Contabilidade e Gestão, Jaime Paquete JP
CAPITULO I – INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
1.1 Evolução histórica da Contabilidade ........................................................................... 1
1.2 Definição da Contabilidade.......................................................................................... 2
1.3 Objectivos da Contabilidade ........................................................................................ 3
1.4 Usuários da informação contabilística ......................................................................... 3
1.5 Requisitos da informação financeira ............................................................................ 4
CAPITULO II – O PATRIMÓNIO ............................................................................................ 5
2.1. Massas patrimoniais ........................................................................................................ 6
2.1.1 Contas do Activo ........................................................................................................... 6
2.1.2 Contas do Passivo .......................................................................................................... 6
CAPITULO I – INTRODUÇÃO
1.1 Evolução histórica da Contabilidade

É difícil saber quando surgiu a Contabilidade. Estudos sobre as civilizações antigas mostram
que a Contabilidade é tão antiga quanto o homem e que os primeiros sinais de sua existência
datam de, aproximadamente, 4.000 anos a.C., e coincidiu com a invenção da escrita.

As civilizações mais antigas eram formadas por pequenas comunidades, pequenos grupos de
pessoas que, liderados por uma autoridade, se depararam com a necessidade de controlar o
património. Daí surgiram os primeiros registos de escritas, que foram os registos
contabilísticos, relacionados com a quantidade de sacos de grãos ou cabeças de gados. À
medida que os bens aumentavam, crescia o património. Não é difícil imaginar que a carência
em se manter um controlo era tão indispensável, como é em nossos dias.

Com o passar do tempo, as atividades económicas foram tornando-se mais complexas,


fazendo com que o homem sentisse a necessidade do aperfeiçoamento do seu instrumento de
avaliação/Controlo da situação patrimonial.

Empiricamente a contabilidade já existia, e o desejo da humanidade em registar os factos


ocorridos surgiu para que se pudesse, formalmente, através da escrita, manter um histórico de
movimentações. O que perdura até os dias actuais

Em 10 de Novembro de 1445, Luca Paciole, considerado o Pai da Contabilidade Moderna,


descreveu pela primeira vez, na sua obra “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et
Proportionalità” (Conhecimentos de Aritmética, Geometria, Proporção e
Proporcionalidade), no capítulo “Tratactus de Computis et Scripturis” (Contabilidade por
Partidas Dobradas), o famoso Método das Partidas Dobradas.

Ele Enfatiza que a teoria do débito e crédito corresponde à teoria dos números positivos e
negativos. Sendo universalmente aceito e adoptado desde esta época.

Trata-se no método que, em cada lançamento, o valor total lançado nas contas a débito deve
ser sempre igual ao total do valor lançado nas contas a crédito, ou seja, não devedor sem
credor correspondente. A todo débito corresponde um crédito de igual valor e vice-versa. Se
aumentar de um lado, deve consequentemente aumentar de outro também. Esta obra serviu
para sistematizar e popularizar a contabilidade, marcando o início da fase moderna da
contabilidade.
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1.2 Definição da Contabilidade

Para criar uma empresa com vista à concretização de um projecto, é necessários que
coexistam três pilares fundamentais: Recursos técnicos, financeiros e humanos.

Para que a empresa se mantenha viva, cumprindo a sua missão, é imperioso que, aos três
pilares, se acrescente a gestão informada e a existência de um produto e de um mercado.

Isto implica no entanto, que os recursos postos à disposição variem Quantitativa e


Qualitativamente durante um determinado período à medida que são utilizados e consumidos.
Surge então a contabilidade como instrumento de recolha e tratamento da informação inerente
as mutações destes mesmos recursos, a que designamos por Património.

Por outras palavras, a Contabilidade, dentre os diversos significados, é “ ciência que estuda
interpreta os registos dos fenómenos que afectam o património de uma entidade (empresa,
instituição pública, pessoa física, instituição não lucrativa etc.) ”, segundo o Novo Dicionário
de Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1999).

Segundo Ribeiro (2011, p. 33), “Contabilidade é uma ciência que permite, através de suas
técnicas, manter um controlo permanente do Patrimônio da empresa.”

“Contabilidade é a ciência que estuda a prática, as funções de orientação, de controlo e de


registo relativas à administração económica.” (I Congresso Brasileiro de Contabilidade – RJ -
1914).

Para Marion (2009), a Contabilidade é uma ferramenta que tem como objetivo fornecer o
máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.

Muitos hoje consideram a contabilidade como simples técnicas de processamento de dados,


mas ela é há séculos considerada uma ciência. Mansi (2015) define a contabilidade como a
ciência do Património.

Hoje em dia, a Contabilidade é considerada como ciência por possuir três requisitos
fundamentais que são:

 O campo de actuação que são as Entidades;


 O objecto de estudo que é o Património;
 Leis próprias, o Método das Partidas Dobradas.
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1.3 Objectivos da Contabilidade

Em suma o objectivo principal da Contabilidade é fornecer informações de carácter


económica e financeira das empresas tanto para os utentes internos e externos para tomada de
decisões. (Gonçalves e Neves, 2016).

1.4 Usuários da informação contabilística

São vários usuários das informações contabilísticas, tendo cada uma sua necessidade
específica. Podemos destacar os seguintes:
Internos Necessidades
Obter informações sobre: os resultados globais da empresa (lucro ou prejuízo), o retorno
Investidores do capital investido e a eficiência da empresa na utilização dos seus recursos, a eficácia
dos gestores, o grau de endividamento, entre outros.
Gestores, Obter informações para avaliar o desempenho dos seus subordinados e acompanhar a
Administradores ou evolução da empresa frente aos objetivos traçados no planejamento global e tomada
Directores decisão.
Externos Necessidades
Saber sobre o retorno de seus investimentos na empresa e, principalmente, sobre a
Investidores distribuição de dividendos. Também a utilizam para projetar os resultados futuros da
empresa.
Fornecedores Verificar o grau de endividamento da empresa e qual o seu volume de vendas.
Saber se a situação econômica e financeira da empresa é equilibrada, de forma que
Clientes permita a continuidade de suas operações, podendo continuar fornecendo seus produtos
ou serviços; e conhecer a capacidade de stock e fornecimento da empresa.
Instituições Conhecer a capacidade financeira e a posição de endividamento de qualquer empresa que
Financeiras deseje ser tomadora de empréstimos ou financiamentos.
Sindicatos de Verificar a situação financeira da empresa antes de reunir-se com seus dirigentes para
empregados negociar melhorias salariais para seus colaboradores.
Fisco: verificar se a empresa está cumprindo os seus compromissos fiscais. Governo:
Entidades
pode existir o interesse em mensurar a necessidade de apoio governamental para setores
Governamentais
estratégicos para o país.
Obtenção de informações sobre investimentos na proteção do meio ambiente ou ajuda à
Organização não-
população menos favorecida.
governamental

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Essas necessidades demonstram a importância da Contabilidade no contexto empresarial
contemporâneo.

1.5 Requisitos da informação financeira

A informação contabilística, para que seja útil deve ser fiável, livre de erros e
omissões, deve obedecer certos requisitos reguladores, normativos e por assim dizer
disciplinadores, portanto ela deve ser:
 Fiável: garantia do nível de confiança das demonstrações financeiras. As
demonstrações financeiras devem estar livres de erros e/ou omissões.
 Relevante: nas demonstrações financeiras estão todos os factos, são o retracto de
todos os factos patrimoniais que possam afectar a sua leitura.
 Comparável: permite a confrontação das demonstrações de cariz contabilístico no
espaço (com outras organizações) e no tempo (sentido evolutivo da organização).

Os requisitos da informação financeira, atrás mencionados impõem as organizações


veracidade e rigor na produção das mesmas, bem como estar em conformidade com as leis e
normas em vigor no Pais.

Em Angola os procedimentos contabilísticos são regulados, pela normalização contabilística


sob o Decreto 82/01 de 16 de Novembro.

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CAPITULO II – O PATRIMÓNIO

A palavra Património, de origem latina patrimoniu (patri, pai + moniun, recebido), conjunto
de bens do pai. O termo esta historicamente ligado ao conceito de herança. Hoje, na
perspectiva empresarial o termo património ganhou um novo conceito que pode ser entendido
como:

O património é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações pertencentes a uma


determinada empresa que são utilizados para alcançar os seus objectivos.

Para melhor percepção sobre o património, é necessário conhecer os pontos chaves do


conceito. Sendo assim teremos:
Bens: são meios ou recursos necessários na realização de diversas tarefas de uma
empresa utilizados para alcançar os objectivos pretendidos pela empresa. Para as empresas os
bens fazem parte do ACTIVO e estão classificados em: Bens tangíveis, Intangíveis, móveis e
imóveis.
Bens tangíveis; são aqueles bens corpóreos com características materiais, ou seja,
aqueles que possuem uma forma física. Ex: Mercadorias, mesa, armário, etc…
Bens intangíveis; são aqueles bens incorpóreos com características imateriais, ou seja,
que não possuem uma forma física. Ex.: Trespasse, Softwere, Etc…
Bens móveis; são aqueles susceptíveis de ser movimentados ou alocados com base ao
normal funcionamento de uma empresa. Ex.: Mercadorias, automóvel, etc.…
Bens imóveis; são aqueles que a sua forma física ou estrutura não permitem a
movimentação dos mesmos. Ex.: Edifícios, terrenos, etc.
Direitos: São considerados como direitos para empresa as dívidas que as empresas
têm de receber de terceiros, ou seja, valor a receber de terceiros e outros direitos pertencentes
a mesma. Ex.: Dívida de Clientes, outros valores a receber, dinheiro em banco, etc.
Obrigações: São valores representados em dívida que a empresa deve pagar a
terceiros. Ex.: Dívida a fornecedor, dívida ao Estado (Impostos), empréstimos bancários, etc.

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2.1. Massas patrimoniais
Os Bens e Direitos, constituem massas patrimoniais do ACTIVO e as Obrigações
constituem massas patrimoniais de PASSIVOS.

Uma terceira massa patrimonial representa o CAPITAL PRÓPRIO da Entidade, e


obtém-se pela diferença entre os ACTIVOS e PASSIVOS.

2.1.1 Contas do Activo

Activo – São recursos (Bens e Direitos) controlados por uma entidade como resultado de
acontecimentos passados, e dos quais se espera que fluam para a entidade benefícios
económicos futuros. Estes Recursos podem ser divididos em duas categorias:

Activos não Correntes, que se espera que permaneçam na posse da Entidade por um
período superior a um ano. Ex: Terrenos, Edifícios, Automóveis, Marcas e Patentes, Móveis e
mobiliários, reservas de ouro e investimentos financeiros em Empresas filiadas e ou
subsidiarias, Máquinas e ferramentas etc.

Activos Correntes, que se espera que permaneçam na posse da Entidade por um período
até um ano, ou seja não superior a um ano. Ex: Dinheiro em Caixa e Bancos, Contas a receber
de Clientes e devedores diversos, Mercadorias armazenadas e em trânsito, e tantos outros
elementos.
2.1.2 Contas do Passivo

Passivo – Representam as obrigações de pagamento da entidade provenientes de


acontecimentos passados, dos quais se espera que resultem ex-fluxos de recursos da empresa
incorporando benefícios económicos. Em outras palavras pode se dizer que são, as contas que
a Entidade tem obrigações de pagar. Os passivos igualmente pode ser divididos em:

Passivos não Correntes, que se espera que venham a ser pagos pela Entidade por um período
superior a um ano. Ex: empréstimos bancários e outras Obrigações de médio e longo Prazo);
Passivos Correntes, que se esperam que venham a ser liquidados pela Empresa num período
não superior a um ano. Ex: Dívidas a fornecedores de mercadorias; Dividas ao Estado
(Impostos); Dividas a Sócios e Accionistas (Dividendos sobre os lucros); Dividas a
fornecedores de imobilizados (Máquinas não pagas); Dividas ao pessoal (Salários a pagar);

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2.2.3 Capital Próprio

A situação patrimonial representa a posição financeira da Empresa, após deduzidas e ou pagas


as suas obrigações com terceiros.

O Património líquido de uma empresa pode assumir três situações distintas:

o Capital próprio (A> P) CP


Activos
(CP> 0) Passivo

o Capital próprio Nulo (A = P) Activos Passivo


Ausência de capital próprio

o Capital próprio Negativo (A <P)


Activos Passivo
Situação de insolvência
CP

EXERCÍCIO DE APLICAÇAO
1. Atenta ao quadro e Classifique de acordo ao grupo a que pertencem:

Elemento Patrimonial Bens Direitos Obrigações


Automóvel Ligeiro
Edifício fabril
Torradeira
Conta a pagar a Duarte Lda.
Imposto de selo a pagar
10 Sacos de café de 50kg
Diamante em banco
Computadores HP
Adiantamento de clientes
Dívidas a receber da SICOPAL

2. Atenta ao quadro e intérprete:

Elemento Patrimonial Valores Activo Passivo Capital Próprio


Automóvel 1.000.000
Edifício fabril 12.000.000
Torradeira 500.000
Conta a pagar a Duarte Lda. 350.000
10 Sacos de Café de 50kg 600.000
Diamante em Banco 1.000.000

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Acções na Bolsa de Valores 12.000.000
Adiantamento de Clientes 600.000
Custos com Electricidade 100.000

3 Determine o valor dos Elementos abaixo:

CLASSE DAS MASSAS PATRIMONIAS VALOR


CLASSE DOS ACTIVOS

ACTIVOS NÃO CORRENTES


ACTIVOS CORRENTES
ACTIVO TOTAL
CLASSE DOS PASSIVOS

PASSIVOS NÃO CORRENTES


PASSIVOS CORRENTES
PASSIVO TOTAL

CAPITAL PRÓPRIO

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