Introdução a Contabilidade
1. O propósito da informação contabilíatica
1.1 O que é a contabilidade?
Pode ser uma empresa que existe para fabricar, revender ou fornecer produtos
e serviços;
Pode ser uma organização que usa recursos económicos para criar produtos
que os seus clientes compram;
É uma organização que emprega pessoas;
Uma empresa/business investe recursos financeiros (por exemplo compra
edifícios, maquinaria etc e também paga aos trabalhadores) para fazer mais
dinheiro para os seus accionistas.
Termo chave
Lucro é o excesso de receitas (redito) sobre gastos. Quando os gastos excedem as receitas, a
empresa está a incorrer em prejuízo.
Uma das tarefas do contabilista é mensurar redito, gastos e lucro. Não é uma tarefa tão fácil
como possa parecer. Mais a diante no nosso estudo, veremos algumas teorias e dificuldades
práticas envolvidas no trabalho do dia a dia do contabilista.
Tipos de negócio/empresa
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Socieddes limitadas por quotas
Sociedades anónimas de responsabilidade limitada
Existem vários grupos de pessoas que precisam de informação a cerca das actividades duma
empresa.
Porque é que as empresas precisam produzir contas? Se uma empresa estiver a ser conduzida de
forma eficiente, porque precisaria de procedimentos contabilisticos para produzir informação
financeira?
O IASB (International Accounting Standards Board) diz o seguinte na Estrutura Conceptual para
a Preparação e Apresentação das Demonstrações Financeiras (que veremos mais tarde):
Em outras palavras, uma empresa deve produzir informação financeira sobre as suas actividades
porque existem vários grupos de pessoas que presisam ou querem essa informação. Para tornar
isto mais claro, vamos falar dalguns desses grupos de pessoas que precisam da informação
financeira duma entidade. Temos de pensar também sobre qual é a informação que interessa a
cada grupo.
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e) Os empregados da empresa têm direito a informação sobre a situação financeira da
empresa porque as suas carreiras futuras e os seus salários dependem disso.
f) Analistas financeiros precisam da informação para seus clientes por exemplo
investidores, jornalistas, entre outros.
g) O governo e seus ministérios estão interessados na alocação de recursos e por via disso,
estão interessados nas actividaddes das empresas. Também precisam da informação para
produzir as estísticas do país.
h) O público – as empresas afectam o público de várias maneiras. Por exemplo, gerando
emprego para a população e também ao usar produtos manufacturados localmente. As
actividades das empresas igualmente têm impacto ambiental nas comunidades vizinhas.
Os gestores da empresa precisam mais da informação, para lhes ajudar na tomada de decisões
de planificação e controle, do que qualquer outro grupo de utentes. Obviamente eles têm
acesso privilegiado `a informação financeira da empresa porque podem pedir directamente a
contabilidade qualquer momento. Quando os gestores querem uma grande quantidade de
informação acerca dos custos e rentabilidade de produtos individuais ou partes diferentes do
seu negócio, podem obter esta informação através dum sistema de contabilidade de custos ou
contabilidade gerencial.
Pergunta
É facil imaginar como o pessoal interno duma empresa pode obter informação contabilística.
Um gestor, por exemplo, pode simplesmente se deslocar para o departamento de
contabilidade e pedir o pessoal lá para preparar qualquer informação que quiser. Mas os
utentes de fora da organização não podem fazer isso. Como, na prática, pode por exemplo um
analista financeiro obter informação financeira duma empresa?
a) A lei de certos países requer que informação financeira seja disponibilizada para o
público. Em Moçambique, requer-se que os bancos e as grandes empresas públicas
publiquem as suas contas no jornal semestralmente no caso dos bancos e uma vez por ano
no caso das grandes empresas públicas.
b) As demonstrações financeiras devem ser submetidas para as autoridades fiscais. Em
Moçambique isto deve acontecer geralmente até 5 meses da data de fecho do exercício.
c) Um banco pode precisar de informação sobre fluxos de caixa futuros da empresa como
condição para conceder financiamento.
d) O IASB tem vindo a emitir várias normas de contabilidade e as normas requerem que
empresas publiquem informação adicional. Os contabilistas, como membros de
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organizações profissionais, têm a responsabilidade de assegurar que as contas das
empresas se comformam com as Nornas Internacionais de Relato Financeiro.
e) Algumas empresas providenciam voluntariamente informação para os seus trabalhadores.
Não são somente as empresas que preparam demonstrações financeiras. As ONGs e clubes, por
exemplo, também preparam demonstrações finacneiras anualmente. As entidades
governamentais igualmente preparam demonstrações financeiras.
2.1 O balanço
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Entretanto, os gestores da empresa podem querer avaliar o desempenho da empresa
em períodos mais frequentes, podendo por isso requerer demonstrações de resultados
mensais ou trimestrais.
Dentro duma empresa, a direcção decide que informação deve ser produzida pela contabilidade
para uso na tomada de decisões. Esta informação pode vir em forma de demonstrações
financeiras de uso interno. Embora esta informação possa ser preparada com base em transacções
processadas usando por exemplo as NIRF, a sua apresentação não segue nenhuma estrutura de
relato financeiro. Segue-se apenas a orientação da direcção da empresa.
Infelizmente, nem todos os utentes das demonstrações financeiras têm o privilégio de poder
exigir informação directamente à direcção financeira da empresa. Por isso, e devido ao facto de
as empresas tenderem a ser públicas, importa que sejam preparadas demonstrações financeiras de
utilidades gerais. Trata-se de demonstrações financeiras focalizadas para o público, para
satisfazer as necessidades de informação de todos aqueles utentes que não gozam do privilégio
de obter informações directamente da empresa. É por causa das demonstrações financeiras de
utilidades gerais que se precisa duma estrutura de relato financeiro de consenso.
O objectivo das demonstrações financeiras de utilidades gerais é apresentar, de forma verdadeira
e apropriada, em todos aspectos materiais, a situação financeira duma empresa numa
determinada data, e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa do ano findo naquela data, em
conformidade com uma dada estrutura de relato financeiro.
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As sociedades anónimas podem produzir certa informação não financeira, por exemplo,
comentários sobre o conteúdo das demonstrações financeiras. As demonstrações financeiras e
estas informações não financeiras formam o relatório anual ou relatório e contas tal como vemos
publicado por bancos e outras grandes empresas.
As sociedades anónimas podem ser obirdadas por lei a publicar certa informação não financeira.
Por exemplo, para além dos comentários sobre as contas, pode se requer a publicação de
informação ambiental.
Entratanto, não existe norma de contabiliddade que requeira tais informações não financeiras. A
sua preparação é feita em resposta a exigência da lei ou segundo as melhores práticas da
indústria.
Muitas grandes empresas também incluem análises detalhadas das actividades da empresa
durante o ano, com fotografias, entrevistas, gráficos, tabelas etc. Este é meramente um exercício
de relações públicas.
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Tal como vimos, existem outros utentes que precisam de informação da empresa e aproveitam
por este meio para obte-la.
As necessidades de informação dos gestores superam as dos outros utentes. Os gestores têm a
responsabilidade de planificar e controlar os recursos da empresa. Por isso precisam de
informação mais detalhada.
3.2 Auditoria
As demonstrações financeiras duma sociedade anónima devem geralmente ser auditadas por uma
pessoa independente da empresa. Na prática, isto significa que os accionistas nomeiam uma
firma de auditores para investigar as demonstrações financeiras e reportar se ou não apresentam
de forma verdadeira e apropriada a situação financeira da empresa, seu desempenho financiro e
fluxos de caixa no final do ano.
O relatório dos auditores é incluído nas contas publicadas. Este relatório é endereçado aos
accionistas e não aos gestores.
Que tipo de informação devem produzir os contabilistas? Quais devem ser as suas principais
qualidades do ponto de vista do utente? As seguintes são as características de tal informação:
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Segundo a característica da compreensibilidade, as demonstrações financeiras devem ser
preparadas e apresentadas de forma a serem compreensíveis para os tomadores de decisões. Isto
não significa de forma alguma que se tenha que simplificar a linguagem. É obrigação do utente
obter um nível de educação financeira adequado para compreender as demonstrações financeiras.
Por esta razão, a maior parte dos concelhos de administração das empresas têm pelo menos um
membro com conhecimentos respeitáveis na área financeira.
Existe já uma ideia que está a se concretizar lentamente que visa facilitar a preparação e
apresentação de demonstrações financeiras de distribuição por via electrónica. A ideia é usar-se
linguagem harmonizada para facilitar o entendimento das demonstrações financeiras pelo
público-alvo. Trata-se da ferramenta chamada xBRL (Extensible Business Reporting Language),
que é efectivamente uma codificação da linguagem técnica a usar na preparação de
demonstrações financeiras. O preparador insere números nos campos apropriados e a ferramenta
produz as demonstrações financeiras. As demonstrações financeiras saem com todas as
divulgações esperadas para aquele ramo de actividade. Entretanto, ainda será necessário
adicionar divulgações específicas para a entidade, particularmente as que suportarem os números
apresentados nas demonstrações financeiras e contingências. O desafio dos mentores da ideia é a
actualização anual da linguagem para acompanhar a evolução das NIRF.
A característica da comparabilidade diz que as demonstrações financeiras duma empresa devem
ser preparadas e apresentadas de forma a poderem ser comparadas com as doutras empresas e
também com as da mesma empresa mas em exercícios diferentes. É importante que a empresa
seja consistente nos tratamentos contabilísticos que adopta dum ano para outro para facilitar a
comparabilidade. A existência de tratamentos contabilísticos alternativos nas NIRF tem sido
criticada como dificultando a comparabilidade porque duas empresas da mesma dimensão e no
mesmo ramo de actividade podem escolher dois tratamentos contabilísticos diferentes para as
mesmas transacções, resultando em lucros e activos e passivos muito diferentes quando o normal
era ver-se uma aproximação. Salienta-se que o IASB, nas normas emitidas nestes dias, já vem
eliminando as alternativas exactamente como resposta a estas críticas.
A relevância e a credibilidade são duas das outras características qualitativas das demonstrações
financeiras segundo a estrutura conceptual do IASB.
A relevância tem duas componentes, a materialidade e a tempestividade. A informação
financeira é considerada material se a sua inclusão ou omissão das demonstrações financeiras
poder alterar a decisão económica que um utente informado tomaria com base nas
demonstrações financeiras. Igualmente, para ser útil, a informação financeira deve ser
apresentada o mais próximo possível do fim do ano em referência. As demonstrações financeiras
já são criticadas por apresentarem informações históricas que muitos argumentam não serem tão
relevantes quanto o desejado. Para estes, o que interessa é o futuro das empresas e não o seu
passado. Este ponto de vista justifica a preferência de muitos pela análise da demonstração de
fluxos de caixa, que mostra o potencial de geração de caixa no futuro, do que por exemplo, a
apreciação de lucro que provavelmente nunca mais será alcançado. Para assegurar a sua
relevância, as demonstrações financeiras devem, por regra geral, ser apresentadas até seis meses
depois da data do fim do ano.
Segundo a característica da credibilidade, para que as demonstrações financeiras sejam credíveis,
devem apresentar de forma verdadeira e apropriada, em todos aspectos materiais, a situação
financeira da entidade numa data específica e o seu desempenho financeiro e fluxos de caixa do
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ano findo naquela data de acordo com uma estrutura de relato financeiro identificada.
Informação propositadamente distorcida para apresentar uma imagem irreal não pode ser
considerada credível. A credibilidade das demonstrações financeiras é comprometida pelo uso de
estimativas por causa do conceito de prudência. A prudência aconselha o contabilista a antecipar
custos e passivos mas raramente proveitos e activos. Naturalmente, nem sempre as estimativas
assim contabilizadas serão iguais aos montantes eventualmente reconhecidos. Embora não
eliminando completamente a subjectividade que vem por via das estimativas, o IASB produziu
em várias normas, orientações específicas sobre como mensurar os montantes de estimativas a
contabilizar.
Um controlo compensatório nestes casos é a auditoria externa. Os accionistas sabem que o seu
contabilista não é impecável nem infalível. Por isso pedem a alguém independente para analisar
e julgar o seu trabalho. Se for emitida uma opinião sem reservas, são credibilizadas as
demonstrações financeiras.
As demonstrações financeiras devem ainda ser:
a) Completas – não deve ser deixada de fora informação relevante que diga respeito ao
período coberto pelas demonstrações financeiras e nem devem ser incluídas informações
que digam respeito a outros períodos.
b) Objectivas – Para as contas serem úteis, devem ter o mínimo de julgamento subjectivo
possível. Significa que as contas devem ser suportadas por documentos reais tais como
facturas e recibos. Por causa de conflictos de interesse, os gestores podem as vezes fazer
ajustamentos `as contas para espelhar uma certa realidade que não seja a verdade. Pode
ser para eles obterem um bonus robusto ou para enganar os invstidores na bolsa de
valores. Os auditores externos têm a responsabilidade de equilibrar estas tendências
enganadoras.
5.1 Introdução
As normas de relato financeiro têm sido constantemente revistas e actualizadas em resposta a críticas
recebidas do mercado. O objectivo desta secção é apresentar um panorama geral dos factores que têm
moldado a contabilidade. Iremos concentrar nas contas de sociedades anónimas por serem estas que são
maior alvo de regulação.
Legislação local/nacional;
Conceitos contabilísticos e julgamento individual;
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Normas de contabilidade;
Outra influência internacional;
Princípios de Contabilidade Geralmente Aceites;
A questão de apresentação verdadeira e apropriada (tue and fair view or present fairly)
As sociedades anónimas podem ser obrigadas por lei a preparar e publicar contas anualmente. O formato
e conteúdo das contas podem ser definidos por legislação nacional mas deve também estar em
conformidade com as NIRFs se for o caso.
Muitos valores nas demonstrações financeiras são derivados pela aplicação de julgamento na
interpretação de pressupostos e convenções fundamentais de contabilidade. Isto pode levar a
subjectividade.
Está claro que pessoas diferentes fazendo julgamento sobre os mesmos factos podem chegar a conclusões
diferentes.
Estudo de caso
Uma firma de auditoria (onde são formados contabilistas certificados) tem excelente reputação entre
estudantes e empregadores. Como valorizarias esta reputação? A firma pode não ter muito em termos de
activos corpóreos, talvez só um edifício, secretárias e cadeiras. Se simplesmente preparássemos um
balanço apresentando os custos dos activos detidos, então a empresa não pareceria grande coisa, enquanto
a sua capacidade de geração de redito pode ser alta. Isto é verdade em muitas empresas de prestação de
serviços onde as pessoas constituem o activo mais valioso.
Outros exemplos de áreas em que o julgamento de pessoas diferentes pode variar são?
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c) Contabilização dos efeitos da inflação;
d) Marcas tais como Coca-Cola ou Apple; serão activos do mesmo modo que camiões?
Trabalhando a partir da mesma base de dados, diferentes grupos de pessoas podem produzir
demonstrações financeiras diferentes. Se o exercício de julgamento for completamente livre entre os
contabilistas, não haverá comparabilidade entre as demonstrações financeiras de diferentes empresas.
Numa tentativa de lidar com a subjectividade, e para alcançar a comparabilidade entre diferentes
organizações, as normas de contabilidade foram desenvolvidas. Estas são desenvolvidas tanto ao nível
nacional como ao nível internacional.
As Normas Internacionais de Relato Financeiro são produzidas pelo International Accounting Standards
Board (IASB). O IASC (International Accounting Standards Committee) foi estabelecido em 1973 para
trabalhar no melhoramento e harmonização do relato financeiro. Este organismo foi substituído pelo
IASB em 2001. O IASB desenvolve normas através dum processo que envolve a profissão a nível
mundial, os preparadores e utentes das demonstrações financeiras e os organismos responsáveis por
formular normas a nível nacional. Antes de 2003 as normas eram emitidas como IAS (Normas
Internacionais de Contabilidade). Em 2003, a norma NIRF 1 foi emitida e todas as normas seguintes têm
esta norma denominação de NIRF em vez de NIC.
A informação produzida pela contabilidade é utilizada por vários grupos de interessados na tomada de
decisões, por exemplo o estado, os bancos, potenciais investidores, entre outros. Podemos agrupar estes
utentes em duas categorias: o estado e os restantes. A contabilidade procura produzir informação credível
o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os utentes.
Enquanto o estado tem a prerrogativa de estabelecer regras fiscais para o apuramento do lucro tributável,
os outros interessados não têm a mesma vantagem. Por causa destes, é necessário que haja um conjunto
de normas de contabilidade generalistas. Adicionalmente, é frequentes nos dias de hoje os homens de
negócios dum país identificarem oportunidades de investimento noutro país. Por causa destes também,
torna-se necessário estabelecer um único conjunto de normas de relato financeiro que sejam aceites a
nível mundial e facilitem a interpretação correcta das demonstrações financeiras de qualquer empresa, em
qualquer país.
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formulação das normas internacionais tem evoluído. Em Março de 2001, o IFAC fundou o International
Accounting Standards Committee Foundation (IASCF) com sede em Nova Iorque. Os membros do
IASCF têm a tarefa de nomear os membros do IASB, do IFRS Advisory Council (IFRS AC) e do
International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC). Em suma, o IFRS AC e a IFRIC
subordinam-se ao IASB que por seu turno responde ao IASCF.
O IASCF monitora a efectividade do IASB e ainda angaria financiamentos, aprova orçamentos, elabora
estatutos, revê estratégias e estabelece procedimentos operacionais tanto do IASB como de organismos
subordinados a este último.
No nosso entender, estruturas complexas como esta, com uma cascata de organismos em que cada um faz
a monitoria do trabalho do outro deviam ser para empresas que têm fins lucrativos e capacidade de
sustentação financeira. Entretanto, dada a importância das IFRS nos mercados de capitais, não há dúvida
que não faltarão financiadores. O perigo é os financiadores acabarem influenciando as actividades de
formulação de normas, o que poderá comprometer a independência operacional que tem caracterizado o
trabalho destes organismos até ao momento.
A seguinte tabela indica o número de membros de cada organismo, assim como a sua distribuição
geográfica:
IFRS F 6 6 7 1 20
IASB 5 4 4 1 14
IFRIC 6 5 3 1 15
IFRS AC 25 11 11 3 50
Total 42 26 25 6 99
Fonte: www.iasb.org
Os representantes de África nos organismos acima são provenientes dos seguintes países: IASCF
- África do Sul; IASB - África do Sul, IFRIC – África do Sul, IFRS AC - África do Sul e
Camarões. Não surpreende o facto da África do Sul ser predominante na representação de África
nestes organismos pois é por longe a economia mas sofisticada do continente. A ordem de
contabilistas que recentemente nasceu em Moçambique, na África do Sul existe a mais de cem
anos.
Podíamos falar sobre como os membros de cada organismo acima são seleccionados e
argumentar se o processo é ou não justo mas no fim a conclusão seria a mesma. A evolução da
contabilidade segue as necessidades dos mercados de capitais mais evoluídos. Quando surgir um
novo produto no mercado, o IASB procura enquadrar a respectiva contabilização nas normas
existentes. Se tal não for possível, é começado um projecto, a culminar com uma nova norma.
Como as transacções, por exemplo as que resultam em instrumentos financeiros, tendem a ser
mais complicadas, as IFRS também serão mais complexas no futuro.
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Os contabilistas dos países em vias de desenvolvimento precisam de arregaçar as mangas e
aceitar o desafio. Devem evoluir das práticas contabilísticas antigas e abraçar os novos
desenvolvimentos, em vez de reclamar espaço nos órgãos decisores para travar a evolução.
Portanto, a partir das instituições de ensino até as empresas, precisamos de nos preocupar em
ensinar e praticar a contabilidade moderna. Não será fácil, nem poderemos apresentar resultados
espectaculares em pouco tempo, mas interessa que desde já tenhamos a atitude certa a todos os
níveis, ou corremos o risco de continuarmos a ser ultrapassados.
O culminar deste projecto seria aquilo que já tem sido falado; mudar o nome do IASB para IFRS
Board, assim como o nome do IASCF foi mudado para IFRS Foundation. Esta mudança iria criar
consistência e eliminar a confusão que reina no momento por causa dos nomes antigos.
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No início do projecto, principalmente quando se tratar dum projecto complexo, o IASB
estabelece um comité de aconselhamento, para além do já existente IFRS AC e mantêm
comuinicação permanente com os dois organismos.
O IASB publica um “discussion paper” ou um documento de discussão que é disponibilizado
ao público para comentários. O documento faz o lançamento do projecto e analisa o assunto
sob vários pontos de vista, as vezes pedindo opinião sobre aspectos específicos. Neste
documento, o IASB ainda não assume qualquer posicionamento.
Depois de analisar os comentários do público, o IASB publica um documento de exposição,
ou “exposure draft” e dá ao público mais tempo para comentar. Neste documento, o IASB já
assume posições e pede comentários mais direccionados. O documento de exposição já tem a
estrutura duma norma.
Depois de analisar os comentários ao “exposure draft”, o IASB publica então a versão final
da norma.
O período de exposição para comentários é normalmente de 90 dias. Entretanto, em casos
excepcionais, propostas podem ser emitidas com um período de comentário de apenas 60 dias.
As interpretações são expostas durante um período que nunca passa dos 60 dias.
Em 2004, no âmbito do projecto de elaboração de normas simplificadas para pequenas e média
empresas, participamos numa equipa que apresentou comentários ao documento de discussão
lançado naquela altura. Vimos depois os nossos comentários publicados na página do IASB, para
evidenciar que todos os contabilistas atentos ao processo de formulação de normas podem
contribuir para o desenvolvimento da profissão.
Para uma norma ou interpretação ser aprovada para publicação, requer se que 75% dos membros
do IASB votem a favor.
O IASB normalmente concede um intervalo de seis meses da data de publicação duma norma até
a data em que a norma entra em vigor. Este intervalo permite aos contabilistas familiarizarem-se
com a norma, assim como efectuarem alterações nos seus sistemas de controlo interno, quando
necessário, no sentido dos sistemas passarem a acumular a informação necessária para cumprir
com a norma. Entretanto, a aplicação antecipada das normas é permitida e até encorajada.
O process de formulação das IFRS envolve a auscultação de preparadores, auditores, utentes das
demonstrações financeiras, e organismos que formulam normas de relato financeiro ao nível de
países individuais. O IASB procura desta maneira assegurar que as normas emitidas respondam
as necessidades de todos interessados.
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existe policiamento nem punição de infractores, ou seja, empresas que não as seguirem, ou pior,
empresas que dizerem que as seguem mas não fizerem justiça a tal declaração. Seguir as IFRS
significa cumprir com todas as normas e interpretações aplicáveis no ramo de actividade da
empresa. Apenas o auditor tem o privilégio de pronunciar-se sobre se uma empresa apresentou as
suas demonstrações financeiras de acordo com as IFRS, em todos aspectos materiais.
O movimento de adopção das IFRS tem vindo a ganhar ímpeto cada ano que passa. Desde os
países ocidentais aos países orientais geralmente considerados conservadores, a adopção das
IFRS é uma realidade.
Os mercados de capitais são os maiores beneficiários da normalização contabilistica. Consistente
com esta afirmação, existem mais países em que as IFRS já são obrigarórias para empresas
cotadas do que as não cotadas. Uma das razões disto é que as empresas cotadas são de maior
dimensão e possuem os recursos necessários para formação dos seus quadros e a montagem de
sistemas de controle interno que permitam fornecer as informações necessárias na aplicação das
IFRS. Nas pequenas empresas o nível de dificuldades é outro. Muitas destas empresas não
conseguem empregar um contabilisa certificado. Por isso muitos governos deixam que estas
empresas continuem a seguir a contabilidade baseada em normas nacionais.
Em resumo, as NIRFs podem ser usadas das seguintes maneiras:
a) Como requisito nacional, depois dum processo nacional de adopção (eg Zimbabwe);
b) Como base para algumas ou todas normas nacionais (eg África do Sul);
c) Como um benchmark internacional para aqueles países que desenvolvem suas próprias
normas;
d) Por entidades reguladoras para empresas nacionais e estrangeiras (eg Banco de
Moçambique para os bancos comerciais);
e) Pelas empresas por iniciativa própria (eg Cervejas de Moçambique).
A contabilidade torna-se num simples exercício de débitos e créditos feitos em códigos que muitos
facilmente conseguem memorizar. Esta simplicação da contabilidade faz com que alguns
profissionais doutras áreas se achem contabilísticas por terem aprendido um pouco de
contabilidade no nível médio ou até básico. Infelizmente isto torna a contabilidade uma profissão
secundária e desprezível. Precisamos de valorizar a contabilidade em Moçambique. Precisamos de
erguer esta profissão para o mesmo patamar que as outras. Por muito tempo andamos a confundir
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contabilistas com economistas e gestores, ao ponto de muitos acharem, por exemplo, que um
economista está melhor qualificado para ser director financeiro numa empresa do que um
contabilista.
Enquanto estamos neste assunto, é interessante que o nosso país esteja a caminhar para a adopção
das IFRS, sem que haja um plano concreto de formação. Ouve se falar de cursos de curta duração
de vez em quando; cursos que no nosso entender, para além de não garantirem a formação de
contabilistas do nível requerido no longo termo, não fornecem conhecimentos técnicos suficientes
aos contabilistas das instituições que irão adoptar as IFRS. Em nossa opinião, devia-se pensar em
patrocinar estudantes Moçambicanos para estudarem as IFRS detalhadamente. Uma alternativa
seria o ACCA, onde teriam certificação internacional. Estes mesmos estudantes voltariam ao país
no fim de três a quatro anos e seriam docentes nas nossas universidades.
É realmente triste que se fale tanto de adopção das IFRS em Moçambique quando as nossas
universidades não têm docentes capacitados nesta matéria. Precisamos de desmistificar as IFRS.
Precisamos de massificar o estudo das IFRS em Moçambique. Só assim poderemos mudar o
cenário comum em que as empresas com investimentos estrangeiros trazem directores financeiros
de fora, empregando contabilistas Moçambicanos em posições subalternas apenas para tratar de
impostos. Também precisamos de mudar a situação corrente em que os contabilistas
Moçambicanos não são reconhecidos fora do país, mas o nosso país tem muitos contabilistas
estragenrios.
Idealmente, não devia haver muitos tratamentos alternativos pois isso dificultaria a
comparabilidade das contas de diferentes empresas.
Precisamos também de considerar termos imporatntes que irão encontrar no vosso estudo de
contabilidde fiannceira. GAAP, como termo, significa todas as regras, de qualquer fonte que
sejam, que orientam a contabilidade.
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Códico Comercial;
Normas de contabilidade nacionais e internacionais;
Requisitos estatutários de outros países, eg EUA;
Requisitos de bolsas de valores.
Os termos true and fair e presesent fairly não são definidos na contabildiade ou em normas de
auditoria. Não obstante, os gestores duma empresa podem optar por não seguir a recomendação
duma norma de contabilidade se acharem que o resultado da aplicação desse aspecto da norma não
resultaria numa apresentação verdadeira e apropriada em todos aspectos materiais. A isto se chama
a derrogação do princípio de true and fair. Esta possiblidade de derrogação tem sido debatida por
muitos anos e resultado em muita dissatisfação entre os contabiliístas que preferem confiar naquilo
que as normas dizem e não no julgamento de pessoas.
A partir de agora, iremos ver as técnicas de preparação das demonstrações financeiras. Para
poder atacar esta parte do estudo, precisarão de se familiarizar com uma distinção importante, a
distinção entre custos correntes e dispêndio de capital.
Dispêndio de capital refere-se a gastos que resultam na compra dum activo não corrente ou um
melhoramento na sua capacidade de produção.
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a) Para propósito do negócio da empresa. Isto inclui custos de venda e administrativos, assim
como encargos financeiros.
b) Para manter a capacidade de produção de activos não correntes.
Os custos correntes são reconhecidos em lucros ou prejuízos do exercício, desde que digam
respeito as actividades e vendas daquele ano. Por exemplo, se uma empresa comprar 10 caixas de
sabão a 2 000 MT (200 Meticais cada) e vender 8 delas durante um certo exercício, terá duas
caixas no armazém no fim do ano. O valor total de 2 000 Meticais é custo corrente mas somente 1
600 Meticais é custo das vendas do exercício. Os 400 Meticais remanescentes (custo de duas
caixas) serão incluídos no balanço na conta de inventários, isto é, como um activo corrente.
Uma empresa adquire um edificio a 30 milhões de Meticais. Depois adiciona uma extensão ao
custo de 10 milhões de Meticais. O edifício tem alguns vidros partidos que precisam de reparação,
o chão precisa de ser envernizado e algumas telhas precisam de ser substituídas. Estes trabalhos de
limpeza e manutenção custaram 900 000 Meticais.
Neste exemplo, a compra original (30 milhões de Meticais) e o custo da extensão (10 milhões de
Meticais) são dispêndios de capital, porque são incorridos para adquirir e depois melhorar um
activo não corrente. Os outros custos de 900 000 Meticais são custos correntes, porque estes
simplesmente mantêm o edifício e a sua capacidade de produção.
A categorização de itens de capital e correntes que fizemos acima não fala de injecção de capital
pelos accionistas ou da contração e reemsolso de empréstimos.
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b) Quando um empréstimo é reembolsado, reduz-se o passivo (empréstimo) e os activos
(caixa).
a) Para serem usados completamente no exercício em que são comprados, e assim ser um
custo nos lucros ou prejuízos do exercício.
Ou
Por exemplo, as mercadorias que são adquiridas para revenda serão ou vendidas durante o período
como no caso a) ou permanecerão no armazém no final do ano tal como no caso b).
O dispêndio de capital resulta na compra ou melhoramento de activos não correntes, que são
activos que trarão benefícios para a empresa em mais do que um exercício contabilístico e que não
são adquiridos com intensão de revender no decurso nornal das actividades da empresa. O custo de
acquisição de activos não correntes não é reconhecido inteiramente nos lucros ou prejuízos do exercício em
que a compra ocorre. Pelo contrário, o activo não corrente é gradualmente amortizado durante vários
exercícios contabilísticos.
Exemplos de activos não correntes são computadores, viaturas, equipamento industrial, entre
outros.
Visto que os itens correntes e de capital são contabilizados de maneira diferente, o cálculo correcto
e consistente de lucro de qualquer exercício contabilístico depende na correcta e consistente
classificação de itens correntes e de capital.
Perguntas
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Diga se as seguintes transacções devem ser classificadas como custos correntes ou de capital ou
como redito ou rendimento de capital para propósito da preparação da demonstração de resultados
e do balanço.
Quiz
21
Capitulo II
Activos são bens que a empresa possui ou que usa enquanto passivos são as dívidas da emrpesa
perante os terceiros.
Alguns activos são usados durante muitos anos. Um edifício de escritórios é ocupado pelo
pessoal administrativo durante vários anos; da mesma maneira, uma máquida tem vida
produtiva de muitos anos antes de se danificar.
Outros activos são detidos por apenas um curto espaço de tempo. Um vendedor de jornais,
por exemplo, tem de vender as jornais no mesmo dia que os recebe. Quanto mais rápido a
empresa conseguir vender o seu produto, mais lucro vai poder fazer, desde que o preço de
venda seja superior ao preço de compra do produto.
Passivo é algo devido a outra pessoa. Passivo é o termo contabilistico para as dívidas duma
empresa.
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1.2 A empresa como entidade separada
Até aqui falamos de activos e passivos duma empresa. É interessante como entidades
incorpóreas podem possuir activos e ter dívidas em seu próprio nome. Existem dois
aspectos a considerar: a posição estritamente legal e a convenção adoptada pelos
contabilistas.
A lei reconhece uma empresa como entidade legal separada dos seus proprietários. Uma
empresa pode, em seu próprio nome, adquir activos, contrair dívida e assinar contratos. Se
os activos da empresa se tornarem insuficientes para liquidar os seus passivos, a empresa,
como entidade separada, entra em falência. Entretanto, normalmente não se exige que os
proprietários paguem as dívidas a partir dos seus próprios recursos: as dívidas não são dos
proprietários mas sim da empresa.
Existem casos em que a lei não reconhece a separação entre o proprietário e o negócio. Por
exemplo, as várias bancas que temos nos mercados ou ainda os pequenos estabelecimentos
comerciais que não estão registados como empresas.
À primeira vista, isto parece ilógico e irrealista. Entretanto, é uma ideia que deve ser
assimilada pois forma a base duma regra chave da contabilidade que diz que os activos e
passivos duma empresa devem sempre ser iguais.
Capital é uma forma específica de passivo. Trata-se do montante devido pela empresa aos
seus accionistas.
Em 1 de Julho de 2014, Liza Fazpouco abriu uma banca no mercado com a finalidade de
vender flores e plantas. Ela havia poupado 25 000 MT para começar o negócio.
23
Quando um negócio é iniciado, é possível imaginar, do ponto de vista contabilístico, o que
possui e o que deve. A entidade começa por possuir o valor que a Liza investiu, 25 000
MT. Esta entidade deve alguma coisa? A resposta é sim.
O negócio é uma entidade separada em termos contabilísticos. Obteve os seus activos,
neste caso, a partir da sua proprietária Liza Fazpouco. Por isso, a entidade deve este valor a
sua proprietária. Se a Liza mudar de ideia e decidir não continuar com o negócio, o negócio
seria dissolvido pagando o valor para a Liza.
O montante devido pela entidade aos seus accionistas chama-se frequentemente capital.
Começaremos por ilustrar como contabilizar as transacções dum negócio a partir do seu
primeiro dia de actividades.
Caixa = 25 000 MT
O capital investido é uma forma de passivo porque trata-se dum valor devido ao
proprietário. Adaptando isto a ideia de que activos e passivos são sempre iguais, podemos
expressar a equação da seguinte maneira:
24
Para a Liza Fazpouco, em 1 de Julho de 2014:
A Liza Fazpouco compra uma banca metálica ao custo de 18 000 MT. Ela também compra
flores e plantas a 6 500 MT.
Depois de pagar pela banca, flores e plantas, a Liza fica com 500 MT no banco, tendo em
consideração que começou o negócio com 25 mil MT. A Liza deixa 300 MT no banco e
levanta 200 MT em moedas para trocos. Ela está pronta para o seu primeiro dia de
actividades, 3 de Julho.
A banca, as flores e as plantas são itens físicos mas devem ser atribuídos valores
monetários. O valor monetário é geralmente o preço de compra (chamado custo histórico
em termos contabilísticos).
Em 3 de Julho, a Liza teve um dia de muito sucesso. Ela vendeu todas suas flores e plantas
por 9 000 MT em numerário.
Visto que a Liza vendeu mercadorias que custaram 6 500 MT a 9 000 MT, podemos dizer
que teve lucro de 2 500 MT nesse dia.
25
Activos = capital + passivo
Banca 18,000 Investimento inicial 25,000 + 0
Flores e plantas 0 Lucro retido (9 000 - 6 500) 2,500
Bancos (300 + 200 + 9 000) 9,500
27,500 27,500 + 0
Podemos reorganizar a equação do balanço para nos ajudar a calcular o saldo do capital.
Houve aumento de 2 500 MT nos activos líquidos, que representa o montante do lucro do
dia.
2.4 Levantamentos
Visto que a Liza fez lucro de 2 500 MT no primeiro dia de actividades, pode ser que ela
precise de retirar algum dinheiro do negócio. Os proprietários dos negócios, como toda a
gente, precisam de dinheiro para pagar as suas contas. A Liza decidiu pagar-se uma
remuneração de 1 800 MT.
O pagamento de 1 800 MT é tratado pela Liza como remuneração justa pelo trabalho feito
no primeiro dia. Entretanto, 1 800 MT não é um custo a ser deduzido para chegar ao lucro
líquido. Em outras palavras, seria incorrecto calcular o lucro do negócio como segue:
26
MT
Lucro da venda de flores e plantas 2,500
Menos remuneracao paga a Liza (1,800)
Lucro liquido (incorrecto) 700
Isto é porque qualquer montante pago ao proprietário é tratado pelos contabilistas como
levantamento do lucro (o termo mais usual é apropriação do lucro) e não um custo
incorrido. No caso do negócio da Liza, o lucro verdadeiro é o de 2 500 MT.
MT
Lucro liquido 2,500
Menos levantamento da Liza (1,800)
Lucro retido no negocio 700
Lucro é capital, desde que seja retido no negócio. Quando o lucro é levandado pelo
proprietário, o negócio sofre uma redução de capital.
O levantamento neste caso foi feito em numerário, o que significa que o negócio perde
parte do seu activo monentário. Depois do levantamento, a equação do balanço fica:
a)
Activos = capital
MT MT
b) Como alternativa,
27
O aumento nos activos líquidos desde que as actividades começaram é agora (25 700 – 25
000) = 700 MT, que é o lucro retido.
O dia seguinte de vendas é 10 de Julho e a Liza compra flores e plantas a dinheiro ao custo
total de 7 400 MT. Ela não está se sentindo bem por isso solicita a ajuda da sua prima Flora. A
Flora será paga um ordenado de 400 MT no fim do dia.
O dia 10 de Julho também foi muito movimentado, tendo a Flora conseguido vender toda
mercadoria por 11 000 MT em numerário. A Liza pagou a Flora o ordenado de 400 MT e
levantou 2 000 MT para si própria.
Pretendido
Solução
a)
Banca 18 000
Flores e plantas 7 400
Caixa (7 700 – 7 400) 300
25 700 25 700 + 0
MT MT
Vendas 11 000
Menos custo das vendas 7 400
Ordenado da Flora 400
7 800
Lucro 3 200
28
Activos = capital + Passivo
MT MT MT
ii) Depois da Liza levantar 2 000 MT, o lucro retido será apenas (3 200 – 2 000) = 1 200 MT.
3 Fornecedores e Clientes
Um credor é uma pessoa a quem se deve dinheiro no decurso das operações normais da
empresa. Nas contas duma empresa, as dívidas pendentes referentes a compra de materiais
e mercadorias são chamadas fornecedores, ou contas a pagar.
Uma entidade nem sempre paga imediatamente pelas mercadorias e serviços que compra. É
prática comum comprar a crédito, com uma promessa de pagar em 30, 60, 90 dias etc da
data da factura.
Da mesma maneira que uma empresa pode comprar mercadorias a crédito, ela pode
igualmente vender a crédito. O cliente que compra mercadorias sem pagar em numerário é
um devedor (ou conta a receber).
29
MT até 30 de Novembro, D será devedor nas contas de C pelos 60 000 MT entre 1 de
Outubro e 30 de Novembro. Nas contas da entidade, montantes como este são designados
clientes ou contas a receber.
a) A Liza Fazpouco descobriu que iria precisar de mais dinheiro no negócio por isso fez
os seguintes arranjos:
a. Ela investe imediatamente mais 2 500 MT das suas poupanças;
b. Ela consegue persuadir o tio Marcos a lhe emprestar 5 000 MT de imediato. O
tio Marcos informa a Liza que ela pode reembolsar o valor quando quiser, mas
enquanto isso não acontecer, deve pagar juros de 50 MT por semana. Os dois
concordam que o empréstimo não seá reembolsado no curto prazo.
b) A Liza decidiu comprar uma carrinha de segunda mão para transportar as flores e
plantas do fornecedor para a sua banca. Ela encontrou um vendedor de viaturas, o
Cunene que a vendeu a carrinha a crédito pelo valor de 7 000 MT. A Liza aceita pagar
pela viatura depois de 30 dias.
c) Durante a semana, o outro tio da Liza, o Malabo, liga a perguntar se ela podia lhe
vender algumas plantas para o seu jardim. Como a Liza não tivesse aquele tipo de
plantas, informou ao tio que iria procurar um forncedor. Depois dalguma invetigação,
ela compra as plantas que o tio Malabo queria, pagando 3 000 MT em dinheiro. O tio
Malibo aceita a entrega da mercadoria e o preço de 3 500 MT mas pede para pagar no
final do mês. A Liza concorda.
d) A Liza compra flores e plantas no valor de 8 000 MT. Deste valor, ela paga 7 500 MT
em dinheiro e os remanescentes 500 MT a crédito de sete dias. A Liza decide usar os
serviços da Flora mais uma vez como assistente de vendas, aceitando pagar o ordenado
de 400 MT por dia.
e) No dia 17 de Julho, a Liza consegue vender toda mercadoria ao valor de 12 500 MT em
numerário. Ela decide levantar 2 400 MT pelo seu trabalho da semana. A Liza também
paga a Flora 400 MT em dinheiro. A empreendedora Liza ainda decide fazer o
pagamento dos juros ao tio Marco da próxima vez que se encontrassem.
f) Iremos ignorar quaisquer custos com a viatura para simplicar a nossa análise.
30
Pretendido
i) Depois da Liza e seu tio Marco terem investido no negócio e depois da compra da
viatura;
ii) Depois da venda de mercadorias para o tio Malabo;
iii) Depois da compra de mercadorias para as vendas semanais;
iv) No fim das actividades do dia 17 de Julho e depois do levantamento da Liza.
Solução
A equação do balanço depois de (2 500 MT + 5 000 MT) = 7 500 MT terem sido investidos no
negócio será:
31
Activos = Capital + Passivo
ii) A venda de mercadorias para o tio Malabo a crédito (3 500 MT) que custaram 3 000 MT a dinheiro.
iii) Depois da compra das mercadorias para a semana (7 500 MT em dinheiro e 500 a crédito)
A venda de mercadorias que custaram 8 000 MT rendeu receitas de 12 500 MT. Foi pago o ordenado da
Flora de 400 MT e também há que considerar o juro do tio Marco de 50 MT (ainda não pago) e o
levantamento de lucros por parte da Liza (2 400 MT) já pago. O lucro do dia 17 de Julho pode ser
calculado da seguinte maneira, levando em consideração o juro de 50 MT como custo daquele dia:
32
MT MT
Receitas 12,500
Custo das vendas 8,000
Ordenado 400
Juro 50
8,450
Lucro 4,050
Lucro na venda ao tio Malabo 500
Lucro da semana 4,550
Levantamentos (2,400)
Lucro retido 2,150
3.3 A expecialização
A convenção da especialização requer que o redito ganho num exercício seja reconhecido
conjuntamente com os custos incorridos para obter esse ganho.
No exemplo acima, sempre reconhecemos o redito com os custos incorridos na compra das
mercadorias. Por isso na parte IV, incluimos todos custos das mercadorias de 8 000 MT, embora 500 MT
ainda não tivessem sido pagos em numerário. Igualmente, os juros de 50 MT foram deduzidos das
receitas para chegar ao lucro, embora ainda não tivessem sido pagos. Esta é a convenção ou princício de
especialização.
Pergunta
Como é que cada uma das seguintes transacções afectaria a equação do balanço?
33
Quiz
1. Em que sentido se pode dizer que o capital do proprietário dum negócio é um passivo?
2. Qual é a equação do balanço?
3. O que são levantamentos?
4. O que significa especializar?
5. Qual é a distinção entre clientes (devedores) e fornecedores (credores)?
6. Qual dos seguintes é activo?
a. O capital do proprietário
b. Viatura
c. Uma conta a pagar
d. Um descoberto bancário
7. Qual dos seguintes é passivo?
a. Caixa
b. Clientes
c. Fornecedores
d. Viatura
34
Capitulo III
O balanço é uma demonstração da situaçao financeira dum negócio num determinado momento.
O balanço é uma demonstração dos passivos, capital e activos dum negócio num determinado
momento. É como uma fotografia, já que captura em papel uma imagem parada, congelada no tempo,
de algo que é dinámico, algo em mudança constante. Tipicamente, o balano é preparado no fim do
exercício a que dizerem respeito as demonstrações financeiras.
Um balanço é, por isso, muito similar a equação fundamental da contabilidade. De facto, existem apenas
duas diferenças entre o balanço e a equação fundamental da contabilidade:
Um balanço é dividido em duas metades e pode ser apresentado de duas meneiras alternativas:
Para o nosso estudo, iremos seguir a apresentação sugerida pela norma IAS 1 Apresentação de
Demonstrações financeiras que veremos mais tarde.
Nome da entidade
Balanço em (data)
Capital
Esta chama-se apresentação do balanço chama-se apresentação vertical. O balanço pode também ser
horizontl, em forma de um T.
35
O valor total numa metade do balanço deve ser igual ao valor total da outra metade. Foi isto que vimos
quando falamos da equação fundamental da contabilidade.
Capital, activos e passivos são apresentados com certo detalhe no balanço. Passemos a detalhar o
conteúdo do balanço.
MT MT
1.2 Passivo
Uma distinção é feita no balanço entre passivo não corrente e passivo corrente. Passivo corrente
representa dívidas a pagar dentro de um ano. Passivo não corrente são dívidas a pagar num horizonte
de tempo superior a um ano.
Os passivos correntes são dívidas por ser pagas num curto espaço de tempo, isto é são passivos que
devem ser liquidados no futuro próximo.
36
1.2.2 Passivo não corrente
Um passivo corrente é uma dívida que não se espera pagar no futuro próximo (isto é a dívida não
será liquidada no curto prazo).
1.3 Activos
O balanço distingue entre activos não correntes e activos correntes. Activos não correntes são
adquiridos para uso no longo termo. São normalmente valorizados ao custo menos depreciações
acumuladas. Os activos correntes são aqueles que se espera converter em dinheiro dentro de um
ano.
Um activo não corrente é um activo adquirido para uso contínuo pela entidade, com o objectivo de
dele obter rendimento ou lucro quer directamente quer indirectamente.
Para ser classificado como activo não corrente no balanço, um item deve satisfazer mais dois critérios:
37
Deve ser usado pela entidade. Por exemplo, a residência do proprietário não irá normalmente
aparecer no balanço da entidade;
O activo deve ter uma vida de uso superior a um ano.
Um activo tangível é um activo físico, isto é, pode ser tocado. Possui existência real e sólida. Todos os
exemplos de activos não correntes mencionados acima são tangíveis. Os activos tangíveis são
geralmente designados como propriedade, instalações e equipamento.
Activos não correntes intangíveis são activos que não possuem existência física. Não podem ser
tocados. Um exemplo é uma patente, que protege uma ideia.
Um investimento também pode ser um activo não corrente. Os investimentos são normalmente
encontrados nas contas publicadas de grandes corporações. Uma grande empresa A pode investir numa
outra empresa B adquirindo algumas das acções ou obrigações de B. Estes investimentos renderiam
redito em forma de dividendos ou juros pagos por B. Se os investimentos forem adquiridos por A com
intenção de mante-los por mais de um ano, seriam classificados como activos não correntes de A.
Por enquanto, vamos focar as nossas atenções para activos não correntes tangíveis.
Os activos não correntes podem ser detidos e usados por uma entidade por vários anos mas desgastam-
se ou perdem o seu valor com o tempio. Todo activo não corrente tangível tem vida útil limidata. A
única excepção é a terra, embora esta também possa se desgastar se usada pela indústria extractiva
(por exemplo uma mina). A diferença é que a terra depois regenera enquanto os outros activos não.
As contas duma entidade tentam reconhecer que o custo de um activo não corrente é gradualmente
consumido com o desgaste do activo. Isto é feito anulando o custo do activo na demonstração de
resultados durante vários exercícios. Por exemplo, no caso duma máquina que custou 10 000 MT e com
vida esperada de 10 anos, seria apropriado reduzir o valor do activo no balanço por 1 000 MT cada ano.
Este processo chama-se depreciação.
Se um balanço fosse preparado quatro anos depois da compra do activo, o montante da depreciação
seria 4 x 1 000 MT = 4 000 MT. A máquina iria aparecer no balanço como segue:
MT
Depois dos 10 anos, o activo seria completamente depreciado, podendo aparecer no balanço com valor
nulo.
38
Pergunta
As depreciação serão vistas mais tarde mas por agora segue um pequeno teste que nos leva ao conceito
de valor residual.
Suponhamos que uma entidade compra uma viatura a 100 000 MT. A entidade espera usar a viatura
durante 3 anos e depois vende-la por 34 000 MT. Quanta depreciação deve ser contabilizada em cada
um dos anos de vida da viatura?
Resposta
O ponto importante é que a viatura tem valor residual de 34 000 MT. Seria inapropriado contabilizar
depreciações de tal forma a anular a viatura completamente durante os 3 anos. O objectivo deve ser
apenas anular o valor realmente perdido durante estes anos que é 100 000 MT – 34 000 MT = 66 000
MT, o que sugere uma depreciação de 22 000 MT por ano.
a) Itens detidos pela entidade com a intenção de converte-los em caixa no curto termo
(geralmente dentro de um ano).
b) Caixa, incluindo depósitos bancários.
Estes activos são correntes no sentido de que espera-se sempre realiza-los no futuro próximo.
O David Morgan vendedor de viaturas, adquire um showroom, onde arruma as viaturas para venda. Ele
compra as viaturas numa fabrica, pagando em numerário na recepção das viaturas.
39
a) As viaturas (mercadorias) mantidas no inventário para revenda são activos correntes, porque o
David Morgan pretende vende-las dentro de um ano no curso normal do seu negócio.
b) Quais quer contas a receber são activos correntes, se a expectativa for de converte-los em
dinheiro dentro de um ano.
c) Caixa é igualmente um activo corrente.
Caixa é usada para adquirir mercadorias que depois são vendidas. Vendas a crédito resultam em contas
a receber, mas caixa será eventualmente recebido desses devedores. Uma parte, talvez a maior parte do
valor recebido dos devedores será mais uma vez usado para reestabelecer os inventários.
Inventários
Contas a receber (clientes)
Caixa
Pergunta
É importante ver que a classificação de activos entre correntes e não correntes não depende da
natureza dos activos ou da sua forma física mas sim do propósito para o qual foram obtidos e são
usados pela entidade.
a) Investimentos de curto prazo – Estas são acções e obrigações de outras entidades detidas com
objectivo de vender no futuro próximo. Por exemplo, se uma entidade tem excesso de liquidez
por um curto período, os seus gestores podem decidir pela compra de acções de grandes
empresas na bolsa de valores. Estas acções serão mais tarde vendidas quando a entidade estiver
a precisar de dinheiro. Se o preço das acções subir neste intervalo, a entidade fará lucro a partir
deste investimento. Tais acções devem ser fáceis de vender.
b) Pagamentos antecipados (prepagamentos) – estes são montantes já pagos pela entidade por
benefícios ainda não gozados, mas que serão gozados no exercício contabilístico seguinte. Por
exemplo, uma entidade paga o prémio anual de seguro no montante de 2 400 MT para segurar
40
as suas instalações contra fogo e roubos, sendo que o prémio é pago anualmente por adiantado
a 1 de Dezembro. Se a entidade tiver um exercício que termina em 31 de Dezembro, pagará 2
400 MT em 1 de Dezembro mas somente obterá cobertura de um mês atá ao final do ano. A
cobertura remanescente de 11 meses (custo de 2 200 MT a 200 por mês) será gozada no ano
seguinte. O pagamento antecipado de 2 200 MT é apresentado no balanço, a 31 de Dezembro,
como um activo corrente.
Os prepagamentos são uma espécie de contas a receber. No exemplo acima, em 31 de
Dezembro, a seguradora deve a entidade 11 meses de cobertura de seguro.
Prepare o balanço da Anita e Filhos para o ano findo em 31 de Dezembro de 2014 com base na
seguinte informação:
MT
476,0
Capital em 1 de Janeiro de 2014 00
80,0
Lúcro do exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 00
500,0
Instalações ao valor líquido em 31 de Dezembro de 2014 00
90,0
Viaturas ao valor líquido em 31 de Dezembro de 2014 00
80,0
Mobiliário de escritório ao valor líquido em 31 de Dezembro de 2014 00
250,0
Empréstimo de longo prazo 00
20,0
Descoberto bancário 00
160,0
Inventários (mercadorias detidas para revenda) 00
5,0
Clientes 00
1,0
Caixa 00
41
12,0
Fornecedores 00
35,0
Imposto a pagar 00
40,0
Levantamentos 00
6,0
Acréscimo de rendas 00
3,0
Prepagamento de seguros 00
Anita e Filhos
Balanço
Em 31 de Dezembro de 2014
Activos MT MT
Propriedade, instalações e equipamento
500,0
Instalações 00
80,0
Mobiliário de escritório 00
90,0
Viaturas 00
670,0
00
Activos correntes
160,0
Inventários 00
5,0
Clientes 00
3,0
Prepagamentos 00
1,0
Caixa 00
169,000
Capital e passivo
Capital
476,0
Em 1 de Janeiro de 2014 00
Lúcro do exercício 80,0
42
00
(40,0
Menos: Levantamentos 00)
516,0
Em 31 de Dezembro de 2014 00
Passivo corrente
20,0
Descoberto bancário 00
12,0
Fornecedores 00
35,0
Imposto a pagar 00
6,0
Acréscimo de custos 00
73,0
00
839,0
Total de capital e passivo 00
Como veremos mais tarde, existem normas de contabilidade que ditam o conteúdo do balanço mas
não existem normas que dão orientações quanto ao ordenamento dos a apresentar no balanço.
2. A demonstração de resultados
43
Na primeira parte da demonstração de resultados, redito da venda de mercadorias é comparado com
custos directos de adquirir ou produzir as mercadorias vendidas para chegar a margem bruta. Da
margem bruta são deduzidos na segunda parte da demonstração de resultados os custos indirectos e
são adicionados rendimentos não operacionais.
A demonstração de resultados apresenta em detalhes como o lúcro (ou prejuízo) do exercício surgiu. Os
proprietários e gestores da entidade precisam de saber quanto lúcro ou prejuízo foi gerado mas o lucro
por si só não diz muito. Para poder exercer controlo financeiro de forma efectiva, os gestores precisam
de saber quanto redito foi gerado, que custos foram incorridos e se o desempenho das vendas ou o
controlo dos custos foram satisfactórios. Esta é a razão básica para a preparação da demonstração de
resultados.
As duas partes da demonstração de resultados são examinadas com mais detalhes abaixo:
a) A primeira parte mostra a margem bruta do período. A margem bruta é a diferença entre i) e ii)
abaixo.
i) O valor das vendas (menos os impostos de vendas, no nosso caso o IVA)
ii) O custo de compra ou produção das mercadorias vendidas.
Para um comerciante, o custo das vendas é o custo de compra das mercadorias dos forncedores.
Para uma indústria, o custo de produção é o custo das matérias primas usadas para fabricar o
produto acabado maus os custos de mão de obra necessária para fabricar as mercadorias e mais
os custos indirectos.
44
Percentagem da margem bruta = margem bruta/vendas x 100
A margem bruta é um rácio muito importante visto que pode comparar os resultados de diferentes
periodos para ver até que ponto os custos das vendas estão a ser bem controlados. Pode também ser
usado para comparar os resultados de diferentes entidades no mesmo sector de actividade.
a) Os custos de venda e distribuição – estes são custos associados com o processo de vender e
entregar as mercadorias aos clientes. Incluem os seguintes:
i) Salários dos gestores de vendas
ii) Os salários e comissões do pessoal de vendas
iii) Custos de marketing (por exemplo publicidade e promoção)
iv) Custos com viaturas de entrega
v) Descontos concedidos por pagamento antecipado. Por exemplo, uma entidade
vende mercadorias a um cliente por 1 000 MT e oferece um desconto de de pronto
pagamento de 5%. Se o cliente aceitar o desconto, as contas da entidade não irão
apresentar a venda `a 950 MT. A venda será reconhecida a 1 000 MT, com um custo
de descontos concedidos de 50 MT.
vi) Devedores anulados. As vezes clientes não conseguem pagar o que devem e têm
que se decidir por anular o valor dos livros da entidade por não mais haver
perspectiva de recuperação do valor. O valor anulado é reconhecido como custo na
demonstração de resultados.
b) Custos administrativos - estes são custos de providenciar a gestão e administração do
negócio. Exemplos incluem os seguintes:
i) Salarários de gestores e pessoal administrativo
ii) Rendas e impostos prediais
iii) Seguros
iv) Telefone e correio
v) Impressão de documentos
vi) Electricidade e gás
c) Custos financeiros – estes incluem os seguintes exemplos:
i) Juros de empréstimos
ii) Juros de descobertos bancários
45
2.2 Exemplo da demonstração de resultados
Em 1 de Julho de 2014, a Marina começou o seu negócio de vendedor de sorvete usando uma
viatura que conduzia por todas as ruas da sua vila.
a) Ela alugou a viatura ao custo de 10 000 MT para os três meses. Os custos com a viatura são
de 3 000 MT em média.
b) Ela contratou um assistente ao custo de 1 000 MT por mês.
c) A Marina contraiu um empréstimo de 2 000 MT ao banco e o juro era de 250 MT por mês.
d) O seu principal negócio é vender sorvete para clientes nas ruas mas também prestou o
serviço de catering a algumas empresas, fornecendo sorvete para eventos especiais. As
vendas para estes clientes foram a crédito.
e) Para os três meses findos em 31 de Agosto de 2014, as vendas totais da Marina foram como
segue:
i) Vendas a dinheiro 89 000 MT
ii) Vendas a crédito 11 000 MT
f) A Marina comprava o sorvete dum fabricante local, a Bowls Lda. O custo das compras nos
três meses até 31 de Agosto de 2014 foi de 62 000 MT e até 31 de Agosto ela tinha vendido
toda mercadoria. A Marina devia 7 000 MT a Bowls Lda por compras ainda não pagas.
g) Um dos clienets a crédito faliu quando devia 2 500 MT. A Marina decidiu anular este valor
por inteiro já que não tinha expectativa de recuperar nada.
h) A Marina usava sua própria residência como escritório. Os custos de telefone e correios para
os três meses foram de 1 500 MT.
i) Durante o período, a Marina pagou-se 3 000 MT por mês.
Pretendido
Solução
A demonstração de resultados pode ser apresentada de várias formas, mas aqui iremos usar a
apresentação vertical que é a mais usada.
46
Marina
Demonstracaop de Resultados
Para os tres meses findos em 31 de Agosto de 2014
MT MT
Custos
Ordenados (3 x 1 000) 3,000
Aluguer da viatura 10,000
Segunda parte Custos com a viatura 9,000
Devedores anulados 2,500
Telefone e correio 1,500
Juros (3 x 250) 750
26,750
Lucro do exercicio (transferido para o balanco) 11,250
A percentagem da margem bruta é uma forma de comparar o controlo de custos dum exercício
para outro.
No exemplo acima, a percentagem da margem bruta da Marina para os 3 meses até 31 de Agosto de
2015 foi:
47
Este racio pode ser comparado com o racio de exercícios futuros para ver se a margem é mantida ou
melhorada. Se a margem começasse a cair, então a Marina teria de examinar o seu controlo dos
custos das vendas.
Quiz
48