Você está na página 1de 31

APONTAMENTOS DE

CONTABILIDADE
GERAL I

Apontamentos: 1

Versão não corrigida, sujeito a melhorias

LUANDA/2022

Eduardo Carvalheiro 1
INTRODUÇAO

Para melhor introduzirmos e compreendermos o significado de contabilidade, iniciaremos o nosso estudo


com uma referência a noção de empresa e a alguns conceitos a ela associados.
Organização: Por organização, entende-se que é o agrupamento de pessoas, que se reuniram de forma
estruturada e deliberada e em associação, traçando metas para alcançarem objectivos planeados e comuns a
todos os seus membros, (LACOMBE, 2003).
Empresa: é o conjunto de meios humanos, técnicos e financeiros devidamente organizados e orientados
para a realização de objectivos (Resultado e lucro).A empresa ao interagir com o seu meio exterior gera três
tipos de fluxos: Económicos, Financeiros e Monetários.
1. Fluxos Económicos- Custos e Proveitos
Custos: consumo de recursos por parte da empresa provenientes da sua utilização (utilização de factores
produtivos). Documentos: nota interna de produção, V/ factura, V/factura-recibo, V/ venda a dinheiro.
Onde: [V = Vossa ; N = Nossa]

Proveitos: obtenção de um rendimento, corresponde a remuneração dos factores


produtivos. Documentos: nota interna de produção, N/ factura, N/ factura-recibo, N/venda a dinheiro.

2. Fluxos Financeiros- Despesas e Receitas


Despesas, contracção de um dívida, obrigação. Documentos: V/ facturas, V/factura-recibo, V/ venda a
dinheiro.

Figura 1: Fluxos Económicos, Financeiros e Monetários

Fonte: Manual de Contabilidade ISCTE

Receitas, contracção de um direito. Documentos: N/ factura, N/ factura-recibo, N/venda a dinheiro.

3. Fluxos Monetários – Pagamentos e Recebimentos

Eduardo Carvalheiro 2
Pagamento, saída de meios monetários, esta associada a extinção de uma obrigação. Documentos: V/
recibo, V/ factura-recibo, V/ venda a dinheiro.

Recebimento, entrada de meios monetarios, esta associado a extincao de um direito. Documentos: N/


recibo, N/ factura-recibo, N/ venda a dinheiro.

Exemplo:

Identifique a natureza dos fluxos presentes nas seguintes operacoes:

1. Factura número 5 do fornecedor J, relativo a compra de mercadorias no valor de 5.000,00


2. Factura-recibo número 5200 da ENDE, relativo ao consumo de energia, no valor de 100,00
3. Nossa factura-recibo n.o 1, relativo a venda de 50% das mercadorias adquiridas na operacao 1, no valor
de 3.000,00
4. Factura-recibo número 7 da NCR, relativo a compra de 3 pc’s destinados ao escritório no valor de
2.000,00
5. Aviso de lançamento do BCI, relativo a juros suportados da conta caucionar, no valor de 250,00

Resolução
Fluxos Financeiros Fluxos Económicos Fluxos Monetários
Descrição Despesas Receitas Custos Proveitos Pagamentos Recebimentos
Operação 1 5 000,00
Operação 2 100,00 100,00 100,00
Operação 3 3 000,00 2 500,00 3 000,00 3 000,00
Operação 4 2 000,00 2 000,00
Operação 5 250,00 250,00 250,00

Uma empresa é necessariamente uma organização, mas nem toda organização é uma empresa.
As empresas, células base da actividade económica, são vulgarmente entendidas como conjuntos
organizados de meios materiais e humanos, virados para a produção de bens e prestação de serviços tem por
finalidade criar valor para os múltiplos “stakeholders” da empresa, entendidos estes como os interessados
nos resultados da actividade empresarial, mas também afectados pela forma como ela é exercida: os
accionistas pelos resultados financeiros; os empregados pela situação retributiva e pelo bem-estar
profissional; os clientes pela qualidade do produto e serviço; os credores pelo cumprimento dos
compromissos assumidos; o estado pelos níveis de tributação que lhe são devidos; a sociedade em geral
pelos impactos ambientais, económicos e sociais. Constituídas sem horizonte temporal definido, tem
contudo a semelhança das demais organizações, um ciclo de vida, limitado, o qual, pode ser dividido nas
três fases seguintes:
 Institucional ou de constituição, em que se decide da sua criação, através da obtenção e
combinação dos recursos necessários para a sua entrada em funcionamento;
 Funcionamento ou de execução, na qual se desenvolve todo o processo de transformação, ou seja, o
da produção de bens e serviços, com vista a obtenção de resultados;

Eduardo Carvalheiro 3
 Liquidação, na qual se procede a extinção da empresa.
Conceito da Contabilidade

Nos dias que correm muitas pessoas consideram a contabilidade como uma simples técnica. Mas desde há
séculos, que é considerada como ciencia.Vincendo Masi, um dos maiores estudiosos da Contabilidade
definiu-a como:
“ A ciência do património”
Segundo Gonçalves (2010, p.17), a contabilidade é uma técnica que tem por finalidade registar, de uma
forma sistemática, tudo que acontece no seio das empresas, quer do ponto de vista económico quer do ponto
de vista financeiro.
A aplicação da Contabilidade na empresa tem por finalidade fornecer aos usuários internos e externos, o
máximo de informações úteis sobre aspectos de natureza económica, financeira e física do Património e suas
mutações. Isso compreende registos, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos expressos sob a
forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios que possam auxiliar a tomada de decisões.
“A contabilidade é a ciência do equilíbrio patrimonial, que se preocupa com todos acontecimentos que
possam influenciar e por isso os identifica, seleciona, analisa e promove medidas, processos, avaliação, e
comunicação de dados, facilitando a tomada de decisões.” (GUERREIRO, 2015, p.44).
Das várias definições de contabilidade, podemos extrair de relevantes:
Património; Equilíbrio patrimonial; Análise da situação económica e financeira; Tomada de decisões;
Funções da contabilidade:
Função de Registo: Uma das funções primordiais da contabilidade na empresa é a de registar todos os
factos que provocam alterações no seu património.
Função de controlo: A contabilidade deve permitir o exame e a crítica das operações realizadas pela
empresa. Através do controlo dos registos, podemos:
 Apreciar se a situação económica e financeira da empresa é boa ou má;
 Fazer uma análise sobre a maneira como os resultados foram obtidos;
 Fazer comparação entre os valores previstos e a realidade conseguida, dando assim possibilidade á
administração de pedir explicações aos responsáveis por quaisquer desvios observados;

Função de avaliação; a contabilidade desempenha uma função primordial neste campo, já que permite:
 Conhecer, com a maior exactidão possível, os custos por que os produtos ficaram a empresa;
 Determinar com base nos preços de custos, os preços de vendas dos produtos;
 Analisar comparativamente, a rentabilidade dos trabalhadores da empresa com a das outras empresas
similares.

Função de previsão: A previsão é feita com base em documentos chamados orçamentos, elaborados atraves
de dados fornecidos pela contabilidade não só da empresa mas também de outras empresas..

Eduardo Carvalheiro 4
1.Patrimonio

Etimologicamente a palavra património , é de origem latina “patrimonium” , cujo significado é herança


familiar ou do pai (pater), que no império Romano detinha todo poder.

Património: é o conjunto de bens , direitos e obrigações pertencentes a uma determinada entidade, quer seja
individual ou colectiva.

Bens: são elementos físicos que qualquer empresa detém. Exemplo: Dinheiro em moedas; Mercadorias;
Equipamento de transporte; Edifício; mobiliários, etc...

Direitos: são não só dívidas que terceiros (outras entidades) têm para com a empresa, mas também o valor
das marcas, patentes e outros direitos similares. Exemplo: As dívidas de terceiros pelos bens que a empresa
lhes vendeu ou pelos serviços que a empresa lhes prestou e que ainda não lhes foi pago; Divida do
funcionário José, etc..

Obrigações: são constituídas pelo conjunto de dívidas que a empresa tem para com os terceiros. Exemplo:
Salários por pagar; Empréstimos obtidos em bancos; Impostos em divida, etc.

O valor do património é representado matematicamente pela seguinte expressão:


O Valor Património = Bens + Direitos - Obrigações

O valor do património expresso em numerário chama – se ‛ Situação Liquida”, “ Património Liquido” ou


Capital Próprio”.
Factos patrimoniais : São as alterações ao património da empresa. Podemos classificar os factos
Patrimoniais em:
 Factos Patrimoniais Permutativos ou qualitativos: quando altera a constituição do património mas
não o seu valor, isto e, não altera a situação líquida da empresa.
 Factos Patrimoniais Modificativos ou quantitativos: altera a composição e valor do património, isto
é, provoca alterações a situação liquida.

1.1. MASSAS PATRIMONIAIS.


1.1.1 Elementos Patrimoniais.
O património de uma empresa é composto dos elementos do activo e do passivo. Para ilustrar isso, vamos
agora tentar agrupar os elementos que constituem o património comercial, conforme o esquema seguinte:

Bens Obrigações
e
Direitos

Eduardo Carvalheiro 5
Observa – se neste esquema de que há dois lados, o lado esquerdo e lado direito.
Ao aplicar os elementos do património comercial que vimos anteriormente, a este esquema, pode – se dizer
que:
 Os elementos que vão ser agrupados (ou classificados, listados) no lado esquerdo (os bens e direitos)
valorizam positivamente, o património, que também designamos por (ACTIVO).

Assim, os bens e direitos correspondem a um conjunto de valores positivos.


 Os elementos que vão ser classificados no lado direito do esquema (obrigações) valorizam
negativamente o património. Assim, as obrigações correspondem a um conjunto de valores
negativos, que também designamos por (PASSIVO).

O nome de património líquido nos dá a conhecer a posição patrimonial em que a empresa ficaria se neste
momento, tivesse de saldar todas as suas dívidas.
Assim sendo as massas patrimoniais gerais são: Activo, passivo e situação liquida ou capital próprio.
A situação líquida resulta da diferença entre o activo e o passivo.
1.1.2 Massas patrimoniais parciais
A informação obtida até agora é muita restricta, pois apenas se obteve o valor dos bens e dos direitos , por
um lado e o valor das obrigações por outro.
No sentido de se obter informações mais claras e pormenorizadas, o activo, passivo e a situaçao liquida
devem ser divididos em massas patrimoniais parciais, segue se a subdivisão:
a) Massas patrimoniais parciais do activo

Activo não corrente: Do activo não corrente fazem parte as seguintes contas principais:
 Imobilizações corpóreas: elementos patrimoniais tangíveis (materiais, fisicos), isto é bens
materiais. Exemplo: edifício; equipamento de transporte; computador; tractor, etc
 Imobilizações incorpóreas: são os elementos patrimoniais intangíveis, nomeadamente as despesas
de constituição da empresa. Exemplo: Trespasses
 Investimento financeiro: incluímos nesta conta os elementos patrimoniais que representam
aplicações financeiras de medio e longo prazo. Exemplo: compra de acçoes;

Activo corrente ou activo circulante: como os elementos patrimoniais circulantes são de varias ordens, isto é
, são heterogéneos , o activo vai ser dividido em rubricas e depois em contas. No activo corrente ou
circulante há a considerar quatro (4) rubricas a saber:
 Existências: engloba as seguintes contas: mercadorias, matérias-primas e subsidiárias e de consumo;
produtos acabados, subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos.
 Contas a receber: representam todos os terceiros (outras entidades) que tem dívida para com a
empresa pelo facto de terem adquirido bens ou serviços, com excepção de bens destinados a
imobilizado. A principal conta integrante desta rubrica é a conta de Cliente.
 Meios monetários: as principais contas integrantes desta rubrica são de títulos negociáveis, deposito
a ordem, deposito a prazo, caixa.
 Outros activos financeiros: engloba investimentos em outras empresas; investimento em imoveis e
outros investimentos de curto prazo.
Eduardo Carvalheiro 6
b) Massas patrimoniais parciais do passivo

Nos passivos estão elencados as dividas a pagar a terceiros. No que respeita a esta rubrica, deve ser
considerado o seguinte desdobramento:
 Passivo não corrente ou exigível a medio e longo prazo ou passivo de financiamento: é
composto pelo valor das obrigações que se espera que venham ser liquidadas (pagas) pela entidade
num período superior a um ano. Exemplo: empréstimo obtido para ser amortizado durante (5) cinco
anos.
 Passivo corrente ou passivo circulante ou exigível a curto prazo ou passivo de funcionamento:
composto pelo valor das obrigações da entidade que se espera que venham a ser pagas num período
inferior a um ano, isto, é de janeiro a Dezembro. Exemplo: Salários por pagar, IRT em divida;
Divida a fornecedores.

c) Massas patrimoniais parciais da situação líquida


 Situação liquida Inicial
 Situação liquida adquirida: Tem que ver com o resultado adquirido pela da empresa no final do
exercício económico. Exemplo: Lucro (resultado positivo); prejuízo (resultado negativo)

1.2 A Conta

As empresas, sobretudo as maiores, possuem milhares de elementos patrimoniais. Na verdade não seria útil
fazer um inventário em que se descrevessem todos os elementos patrimoniais, porque seria impossível
apresentar e avaliar o património da empresa.

O único caminho consiste em agrupar os elementos patrimoniais semelhantes. A este agrupamento dá se o


nome de Conta.

Conta: é o agrupamento de elementos patrimoniais com características iguais ou semelhantes expressos em


unidades monetárias.

1.2.1 Características das contas:

 Compreensão: representa o nome da conta ou titulo, exemplo: (Clientes, deposito a ordem,


fornecedores, caixa, outros valores a pagar, etc..) ou seja qualidade que caracteriza o conjunto.
 Extensão: Conjunto de elementos patrimoniais que satisfazem as condições previamente definidas-
saldo.

1.2.2 Requisitos da Conta:


 Titularidade: toda a conta deve ter um titulo (nome) que evidencie claramente quais os elementos
patrimoniais de que dela façam parte.
 Homogeneidade: cada conter todos os elementos patrimoniais com características comuns; todos
elementos patrimoniais que compõem a conta têm de ter esta característica. Por exemplo, a conta
deposito a ordem (Conta 43 de acordo com o plano geral de contabilidade), destina-se a registar os
meios de pagamento existentes em contas a vista, nas instituições de crédito.

Eduardo Carvalheiro 7
 Integralidade: todos os valores patrimoniais que obedecerem a conta, tem de pertencer a mesma.
Por exemplo, as viaturas com as matrículas LD-11-12-FZ e LD-45-23-AF respectivamente devem
pertencer a conta viaturas (equipamento de transporte), isto é na classe dos meios fixos isto de
acordo com o PGC (Plano geral de contabilidade).
 Imutabilidade: nunca pode mudar

1.2.3 Funções da conta:


 Classificativa: permite a escrituração mercantil;
 Histórica: permite comparações entre o passado e o presente;
 Numérica: tem expressão numérica-saldos;
 Prospectiva: permite fazer previsoes.

1.2.4 Classificação e caracterização das contas


As contas podem ter um âmbito mais ou menos vasto, compreenderem mais ou menos elementos
patrimoniais, isto é serem mais ou menos simples, ou mais ou menos complexas. Nesta ordem de ideia,
denominam-se:
 Contas simples ou elementares, as que agrupam elementos com características muito comuns e,
portanto não agrupam maior divisão.
 Contas complexas, colectivas ou gerais: as que agrupam contas simples ou elementares, ou que
nelas se subdividem

As contas que são subdivisões de outras, chamam-se subcontas ou contas divisionárias.


Assim, as contas dizem se do 1º, 2º, 3º....grau, conforme sejam subdivisões de outras ou, inversamente,
integração delas.
 O grau de uma conta relaciona-se com a maior ou menor generalidade de uma conta.

Conta do 1º grau, sintética, colectiva ou principal.


26 Mercadorias
Conta do 2º grau, subconta ou divisionária
26. 1 Feijão

26.1.1 Feijão espera cunhado

26.1.2 Feijão branco


Contas do 3º grau,
Analíticas,
26.1.3 Feijão …………………. Auxiliares ou subsidi-
árias.

1.2.5 Elementos da Conta


 Titulo: representa o nome da conta. Exemplo: Caixa, Pessoal remunerações, Clientes, etc.
 Data: é a marcação do tempo em que ocorreu o facto (dia, mês, ano).
 Histórico: é a narração do facto ocorrido.
 Debito: é o estado de divida da conta e é representada pela abreviatura “D”
Eduardo Carvalheiro 8
 Crédito: é o estado haver da conta e é representada pela abreviatura “C”
 Saldo: consiste na diferença entre o débito e o crédito.
 Debitar: significa escrever um valor no lado do débito
 Creditar: Significa escrever um valor no lado do crédito.

1.2.6 Natureza do saldo de uma conta:


O saldo de uma conta pode ser:
 Devedor: quando o débito é maior que o crédito;
 Credor: quando o crédito é maior que o débito;
 Nulo: quando o débito é igual ao crédito.

1.2.7 Regras de movimentação das contas


Importa realçar de que, a movimentação das contas difere consoante estejamos a falar de uma conta
representativa de activos, passivos, capital próprio, custos ou proveitos. Já a seguir, vamos apresentar as
regras de movimentação das contas para cada tipologia de elementos:
a) As Contas do activo, debitam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e creditam se pelas
diminuiçoes.

MOVIMENTAÇÃO:
Débito Crédito

● Saldo Inicial ● Diminuições (-)

● Aumento (+)

● Saldo Devedor

As contas do activo são debitadas pelos saldos iniciais e aumentos, e creditadas pelas diminuições. O saldo
é sempre devedor.
Vale ainda sublinhar de que, as contas do activo por natureza devem ter saldo devedor. Outrossim, as contas
do activo encontram se inseridas na classe I- Meios fixos e investimentos; classe II-Existências; Classe III-
Terceiros; Classe IV-Meios monetários.
b) As Contas do passivo, creditam-se pelo saldo inicial e pelos aumentos e debitam se pelas
diminuições.

MOVIMENTAÇÃO:

Débito Crédito

● Diminuições (-) ● Saldo Inicial

Eduardo Carvalheiro 9
● Aumentos (+)

● Saldo Credor

As contas do passivo e de capital próprio são creditadas pelos saldos iniciais e aumentos e debitadas
pelas diminuições. O saldo é sempre credor.

Vale ainda sublinhar de que, as contas do passivo por natureza devem ter saldo Credor. Outrossim, as
contas do Passivo encontram se inseridas na Classe III-Terceiros (parte)
c) As Contas do capital Próprio, creditam se pelo saldo inicial e pelos aumentos e debitam se pelas
diminuições.

Vale ainda sublinhar de que, as contas do Capital próprio por natureza devem ter saldo Credor. Outrossim,
as contas do Capital próprio encontram se inseridas na Classe V-Capital e reservas e na classe VIII-
Resultados.
OBSERVAÇAO: Contas mistas (complexas): são contas referentes aos processos económicos,
transacções mútuas etc. estas contas são frequentemente de carácter misto, integrando os elementos de
contas de vários tipos, chamadas contas Activas Passivas.
São contas da classe 3 - Terceiros
Exemplo: Conta 37-Outros Valores a receber e a pagar etc.
Nesta conta poderão ser apresentados simultaneamente os dois saldo:
● O primeiro no débito (dividas de devedores á empresa). Activo
● O segundo no crédito (dividas da empresa aos credores). Passivo

d) CONTAS DE GESTAO

As contas de Custos e perdas, as contas de custos debitam se pelos aumentos e creditam se pelas
diminuições;
As contas de custos ou perdas encontram se inseridas na classe VII-Custos e perdas por natureza.
D Custos e Perdas por Natureza C

Custos Anulações

(SD)

As contas de Proveitos e ganhos, creditam-se pelos aumentos e debitam se pelas diminuições.


D Proveitos e Ganhos por Natureza C

Anulações Proveitos
Eduardo Carvalheiro 10
(SC)

As contas de proveitos encontram-se inseridas na classe VI-Proveitos e ganhos por natureza.

1.4 INVENTÁRIO
1.4.1 Noção e fases do Inventario.
Inventário: consiste numa relação (lista, arrolamento) dos elementos patrimoniais com a indicação da
respectiva quantidade, preço unitário e valor. Proceder ao inventário consiste, pois, em analisar os elementos
de um dado património, descreve-los e atribuir-lhe um dado valor.
No inventário devemos considerar três fases:
1. Identificação: fase em que verifica-se quais os elementos patrimoniais existentes;
2. Descrição e classificação: estagio em que os elementos serão apresentados e repartidos pelas classes
a que dizem respeito;
3. Valorização: acto de atribuição de um valor a cada elemento patrimonial.

1.4.2 Classificação.
 Quanto ao âmbito, os inventários podem classificar se em:
 Geral: quando incide sobre todos os elementos que constituem o património;
 Parcial: quando abrange apenas alguns dos elementos do património inventariação das
mercadorias ou dos débitos de uma dada empresa são casos representativos de inventários
parciais.
 Quanto a disposição dos elementos patrimoniais:
 Simples: quando os elementos aparecem dispostos sem obedecer a qualquer ordem;
 Classificado: os elementos aparecem agrupados, segundo a sua natureza, característica ou
função.

Nota: Os inventários que as empresas elaboram devem ser transcritos e arquivados em papel ou em formato
eletrónico.
Nas grandes empresas, devido a a grande extensão dos seus elementos patrimoniais, os inventários gerais
correspondem a reunião de vários inventários parciais que serão elaborados em folhas próprias e em
separação.

 Quanto a época da sua realização:


 Inventario Inicial:
 Inventário eventual ou extraordinário
 Inventario final:

1.5 Lançamento contabilístico

Eduardo Carvalheiro 11
Lançamento contabilístico: é um registo de qualquer facto patrimonial, nos livros ou suportes
contabilísticos.
Os lançamentos contabilísticos devem ter em conta ou em atenção o Principio da digrafia enunciados por
Luca Paccioli. Segundo o método digráfico (Partidas dobradas), a cada registo a débito de uma conta deve
corresponder pelo menos um registo a crédito numa outra conta e vice-versa, de modos a que para cada
lançamento ao somatório dos valores inscritos a débito na (s) conta (s) seja igual ao somatório dos valores
inscritos a crédito na (s) conta (s) utilizadas para efectuar o lançamento.
A técnica da partida dobrada, tem como pressuposto a evidencia de que todo o facto patrimonial ocorrido na
entidade se traduz por um fluxo de valores entre dois ou mais elementos do património.
É este registo que permite controlar exactamente de onde vem um determinado elemento patrimonial e
para onde vai, o que significa que o elemento nunca é ganho ou perdido, é sempre transferido de algum
lugar (uma conta de origem) para outro lado (uma conta de destino).
Para além do exposto deve ser tido em atenção que um lançamento deve conter a data em que é efectuado, a
conta ou contas a debitar e creditar, uma descrição (histórico) do facto patrimonial e o valor do mesmo.
Os lançamentos podem ser classificados de acordo com o número de contas movimentadas, sendo a
classificação usualmente utilizada a seguinte:
 Lançamento simples: 1ª Fórmula (um débito = um crédito)
 Lançamento composto: 2ª Fórmula (um débito = vários créditos); 3ª Formula (Vários débitos = um
crédito); 4ª Fórmula (Vários débitos = Vários créditos).

1.5.1 Tipos de Lançamentos

 Lançamentos de Abertura: referem-se a situação patrimonial de uma empresa no inicio da sua


actividade;
 Lançamento de Estorno: destinam-se a anular ou a rectificar lançamentos incorrectos.
 Lançamento de Regularização: visam rectificar os saldos das contas que não correspondem a
realidade. Normalmente são feitos no final do exercício económico, isto é, antes do apuramento de
resultados.
 Lançamentos de Apuramento de resultados: são lançamentos feitos para transferir os saldos das
contas de custos (classe 7) e de proveitos (classe 6) para as contas de resultados.
 Lançamento de Encerramento: são efectuados apos o apuramento de resultados e a elaboração do
balanço. Consiste efectivamente em fechar as contas que apresentem saldos devedores e credores.
 Lançamentos de Reabertura: registam no início de novo exercício económico, os saldos finais das
contas do exercício anterior.

OBSERVAÇAO: os lançamentos de regularização, tal como o próprio nome indica, destinam-se a


regularizar as contas de custos e perdas e ou proveitos e ganhos, que tem de ser transferidos das contas de
acréscimos e diferimentos (Contas 37-Outros valores a receber e a pagar). Fazem parte ainda deste conceito,
fundamentalmente, os lançamentos relacionados com as amortizações do exercício, as provisões do
exercício e as remunerações a pagar no exercício seguinte, mas cujos direitos foram adquiridos no exercício
que estamos a encerrar. Exemplos: Outros custos diferidos-seguros; Outros custos diferidos-Rendas e
alugueres; Outros proveitos diferidos- Rendas e alugueres; acréscimos de custos; Remunerações a liquidar;
Amortizações; Provisões.

Eduardo Carvalheiro 12
1.6 Os documentos contabilísticos

Os documentos contabilísticos: são a base para o registro de actividades importantes de uma empresa. Eles
servem como comprovação de movimentos financeiros e lançamentos que podem ser auditados por órgãos
regulatórios e fiscalizadores, como o tribunal de contas, PGR.

Os documentos contabilísticos são aqueles que servem de base à escrituração e aos registros obrigatórios
feitos pela contabilidade. Eles dizem respeito à movimentação financeira do negócio e servem de base para
registros contábeis e para o cálculo de obrigações principais e acessórias na rotina fiscal.

É extremamente importante manter o compromisso e a disciplina na organização e no envio desses


documentos periodicamente à contabilidade. A sua ausência ou irregularidade pode tanto prejudicar a
gestão financeira, fiscal e contabilística do negócio, como sujeitar a empresa a multas e sanções por falta de
cumprimento de obrigações ligadas a eles.

Eduardo Carvalheiro 13
1.6.1 Principais funções dos documentos

 Relatar exactamente os factos económicos ocorridos;


 Responsabilizar os participantes da ocorrência relatada através da sua assinatura.

A operação de conservação dos documentos é feita de forma organizada e sistemática “arquivos” para
permitir a sua consulta sempre que for necessário.

De acordo com o RJFDE1 (Regime jurídico da facturas e documentos equivalentes) as facturas ou


documentos equivalentes2, com excepção dos talões de venda ou de serviços prestados, devem conter
obrigatoriamente os seguintes requisitos:

a) Nome, firma ou denominação social, Numero de identificação fiscal, sede ou domicilio do


fornecedor de bens ou prestador de serviços, bem como do respectivo adquirente, quando este seja
uma pessoa singular ou colectiva no exercício da sua actividade profissional, comercial, industrial e
civil com ou sem forma comercial;
b) Numeração sequencial ou cronológica por tipo de documento e anos económicos, podendo ser
utilizadas uma ou mais series devidamente identificados;
c) Descriminação dos bens ou serviços prestados, com a indicação das quantidades ou unidades de
referência, devendo as embalagens não transacionáveis ser objecto de indicação separada e com
menção expressa de que foi acordada a sua devolução;
d) O preço unitário e total em moeda nacional, salvo as facturas que decorrem do processo de
importação ou exportação, que estão sujeitas as regras de comércio internacional;
e) As taxas de imposto aplicáveis e o montante de imposto, quando devido;
f) O motivo justificativo da não liquidação do imposto, quando devido, com a indicação da norma legal
que o fundamente;
g) A data e o local em que os bens foram colocados a disposição dos adquirentes, em que os serviços
foram prestados, bem como, se aplicável as datas em que foram aplicados pagamentos antecipados;
h) Redacção em língua portuguesa;
i) A data da emissão;
j) A identificação da do sistema informático utilizado para a emissão da factura ou documento
equivalente, bem como sempre que aplicável, o respectivo número da certificaçao;

1.6.2 Principais documentos utilizados na empresa

1
Regime jurídico das facturas e documentos equivalente DP n.292/18 de 03 de Dezembro.
2
De acordo com o artigo 4º alínea d) do RJFDE, consideram se Documentos equivalentes: os recibos, notas de débito, notas de
crédito, o despacho aduaneiro, o talão de venda ou de serviços , e outros documentos que contendo todos os requisitos
previstos no actual diploma, são equiparadas a factura.
Eduardo Carvalheiro 14
Para efeitos do artigo 4º do RJFDE consideram-se:

Factura, documento comercial que formaliza e comprova a transmissão de bens, aprestação de serviços ,
quaisquer adiantamento ou pagamento antecipado, devendo conter todos os requisitos previstos neste
diploma;

Factura recibo, documento comercial que, para além de documentar e comprovar as transmissões de bens
ou as prestações de serviços e contendo todos os requisitos constantes no presente diploma, comprova
igualmente o pagamento total do bem ou serviço facturado, incluindo se neste conceito a factura com a
expressão em carimbo pago, a venda a dinheiro e o aviso/recibo.

Nota de débito, documento comercial equivalente a factura que suporta situações de débito quando não haja
obrigação de emissão de factura nos termos do presente diploma;

Nota de crédito, documento comercial rectificativo de factura ou documento equivalente emitido, sempre
que por qualquer motivo o respectivo valor seja reduzido, o que sucede nomeadamente nas devoluções de
bens, variação do nível de serviço prestado, ou quaisquer documentos;

Recibo, documento comercial que comprova o pagamento parcial ou total do bem ou serviço facturado

1.6 - Princípios contabilísticos geralmente aceitos

Princípios Contabilísticos: segundo o professor Heilio Kohama são premissas básicas acerca dos
fenómenos económicos reflectidos pela contabilidade e que são a cristalização de análise e observações.

Princípios Contabilísticos: representam as directrizes básicas da ciência contabilística, produzidos de


forma universalmente aceite e cuja abrangência envolve o património de qualquer entidade, respeitadas as
suas características.

Apresentam se sob a forma de enunciados (axiomas, postulados), que direcionamos registos e a elaboração
dos sistemas, lastreados pela teoria contabilística.

“Os princípios contabilísticos: são regras e guias de contabilidade que se debruçam sobre diversos
assuntos, tais como a mensuração das transacções, a valorimetria dos activos e dos passivos, o momento do
reconhecimento dos proveitos e dos gastos e a especialização (ou acréscimo) dos mesmos.” (PEREIRA,
2001)

Para que um princípio contabilístico seja geralmente aceite, torna-se indispensável que tenha sido
promulgado por um organismo profissional de reconhecida competência e que seja aceite por uma grande
parte dos profissionais envolvidos no processo económico e visíveis pelos utentes. No plano geral de
contabilidade angolano (PGCA), os princípios contabilísticos, são:

Eduardo Carvalheiro 15
 Princípio da Entidade: Reconhece o património como o objecto da contabilidade e afirma a
autonomia patrimonial, a necessidade de diferenciação de um património particular no universo dos
patrimónios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas uma
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fim lucrativo. Por
consequência, nesta acepção, o património não se confunde com aquele dos seus sócios ou
proprietários, no caso de sociedade ou instituição;

 Princípio da Continuidade: Considera-se que a empresa opera continuadamente, com duração


ilimitada. Desta forma, entende-se que a empresa não tem intenção nem necessidade de entrar em
liquidação ou reduzir significativamente o volume das suas operações;

 Princípio da consistência: Considera-se que a empresa não altera as suas políticas contabilísticas de
um exercício para o outro. Se o fizer e a alteração tiver efeitos materialmente relevantes, esta deve
ser referida de acordo com o anexo;

 Princípio da especialização (ou do acréscimo): Os proveitos e os custos são reconhecidos quando


obtidos ou ocorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas
demonstrações financeiras dos períodos a que respeita;

 Princípio do custo histórico: Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou


de produção. Expressos quer em unidades monetárias nominais, quer em unidades monetárias
constantes;

 Princípio da Prudência: Significa que é possível integrar nas contas um grau de precaução ao fazer
as estimativas exigidas em condições de incerteza sem, contudo, permitir a criação de reservas
ocultas ou provisões excessivas ou a deliberada quantificação de activos e proveitos por defeitos ou
de passivos e custos por excesso. Devem também ser reconhecidas todas as responsabilidades
incorridas no período em causa ou num período anterior, mesmo que tais responsabilidades apenas se
tomem patentes entre a data a que se reporta o balanço e a data em que este é elaborado;
 Princípio da substância sobre a forma: As operações devem ser contabilizadas atendendo a sua
substância e a realidade financeira e não apenas pela â sua forma legal;
 Princípio da Materialidade: As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos
que possam ser relevantes para avaliar a situação financeira da empresa;
 Princípio da não compensação de saldo: Os elementos das rubricas do activo e do passivo devem
ser separadamente valorizados;

 Princípio da correspondência de balanços sucessivos: O balanço de abertura de cada exercício


financeiro deve corresponder ao balanço de encerramento do exercício precedente.

Eduardo Carvalheiro 16
1.7 – Demonstrações financeira

São relatórios contabilísticos que informam sobre a situação financeira de uma empresa, que além de
ajudarem a organizar o orçamento, auxiliam nas tomadas de decisão.
Com base nelas, é possível realizar a apuramento dos impostos, controlar o fluxo de caixa, realizar melhores
investimentos e conseguir gerir melhor todos os aspectos do negócio.

Figura 1.2 – Demonstrações financeiras

Modelo das demonstrações


financeiras (obrigatórios)

Demonstração Notas Demonstração


Balanço dos resultados às contas de fluxo de caixa

Em opção Em opção
Opopção

Por Por funções Método indirecto


natureza natureza Método directo

Fonte: PGC explicado.

Os demonstrativos mais importantes são:

 Balanço patrimonial
 Demonstração do resultado do exercício (DRE)
 Demonstração de Fluxo de Caixa (FC)
 Demonstração da Mutação do Património Líquido (DMPL)
 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
 Notas Explicativas

Outras demonstrações financeiras incluem:

 Demonstração das origens e aplicações de fundos (DOAF)


 Relatório de gestão
 Parecer dos auditores independentes.

As demonstrações preparadas com este propósito vão de encontro às necessidades comuns da maioria dos
utentes, mas não proporcionam toda a informação de que estes possam necessitar para tomarem as suas
Eduardo Carvalheiro 17
decisões. As demonstrações financeiras, retratam efeitos financeiros de acontecimentos passados. Elas não
proporcionam necessariamente informação não financeira.

1.7.1 - Objectivos das demonstrações financeira

O objectivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação fiável acerca da posição


financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de uma determinada entidade que seja útil
a uma vasta gama de utentes nas respectivas tomadas de decisões económicas, permitindo,
simultaneamente, mostrar os resultados da gestão por parte dos gerentes dos recursos que lhes foram
confiados e colocados à disposição. (1990, JACINTO).

Para satisfazer estes objectivos, as demonstrações financeiras proporcionam informação acerca dos activos,
passivos, capital próprio, rendimentos e gastos e outras alterações do capital próprio e ainda acerca dos
fluxos de caixa. Estas informações, contidas em mapas como o balanço, a demonstração de resultados, a
demonstração de alterações no capital próprio e a demonstração de fluxos de caixa, juntamente com
informação contida nas notas, ajudam os utentes das demonstrações financeiras a prever os futuros fluxos de
caixa da entidade e a sua tempestividade e grau de incerteza.

Para Matarazzo (2003, p.15) “O objectivo da análise das demonstrações financeira é extrair informações das
demonstrações financeiras para a tomada de decisões […]”.

As demonstrações financeiras preparadas para este propósito vão de encontro às necessidades comuns da
maior parte dos utentes. Contudo, as demonstrações financeiras não proporcionam toda a informação que os
utentes possam necessitar para tomarem decisões económicas uma vez que retrata largamente os efeitos
financeiros de acontecimentos passados e não proporcionam necessariamente informação não financeira.

1.7.2- Característica das demonstrações financeiras

Segundo o plano geral de contabilidade angolano (PGCA, pag.66), “As características qualitativas são os
atributos que tornam a informação prestada pelas demonstrações financeiras, útil aos utentes.”
As características qualitativas são os atributos que fazem com que a informação financeira seja útil na
(Estrutura Conceptual) aos utentes. As quatro principais características qualitativas são: Compreensibilidade,
Relevância, Fiabilidade e Comparabilidade.

 Compreensibilidade
Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas demonstrações financeiras é a de que ela
seja rapidamente compreensível pelos utentes. Para este fim presume-se que os utentes tenham um
razoável conhecimento das actividades empresariais, económicas e da contabilidade. Porem, a
informação acerca de matérias complexas, a incluir nas demonstrações financeiras dada a sua
relevância para a tomada de decisões dos utentes, não deve ser excluída meramente com o

Eduardo Carvalheiro 18
fundamento de que ela possa ser demasiado difícil para a compreensão de certos utentes (BORGES et
al. 2010, p. 144).

 Relevância

Para ser útil, a informação tem de ser relevante para tomada de decisões dos utentes.
“A informação tem a qualidade da relevância quando influencia em decisões económicas dos utentes ao
ajuda-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes e futuros ou confirma, ou corrigir as suas
avaliações passadas.” (BORGES et al. 2010, p. 144).

 Fiabilidade
Para que seja útil, a informação também deve ser fiável. “A informação tem a qualidade da Fiabilidade
quando estiver isenta de erros materiais e de preconceitos, e os utentes dela possam depender ao
representar fidedignamente o que ela pretende representar ou pode razoavelmente esperar-se que
represente. (BORGES et al. 2010, p.145).
Para ser fiável, a informação deve representar fidedignamente as transacções e outros acontecimentos que
ela pretende representar ou possa razoavelmente esperar-se que represente. Assim, por exemplo, o
balanço deve representar fidedignamente as transacções e outros acontecimentos de que resultem activos,
passivos e capital próprio da entidade na data do relato que satisfaçam os critérios de reconhecimento.

A maior parte da informação financeira está sujeito a algum risco de não chegar a ser a representação
fidedigna daquilo que ela pretende retratar, isto é, devido a preconceito, mas antes a dificuldade inerente
seja na identificação das transacções e outros acontecimentos a serem mensurados seja na concepção e
aplicação de técnicas de mensuração e apresentação que possam comunicar mensagens que
correspondam a essas transacções e acontecimentos. Em certos casos, porém, pode ser relevante
reconhecer os itens e divulgar o risco de erro que rodeia o seu reconhecimento e a sua mensuração.

 Comparabilidade
Os utentes têm de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do
tempo a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho (comparação no
tempo), quer com as demonstrações financeiras de outras entidades (comparação no espaço). (Borges et
al. 2010, p. 146).

Uma implicação importante da característica qualitativa da comparabilidade é a de que os utentes sejam


informados das *políticas contabilísticas usadas na preparação das demonstrações financeiras, de
quaisquer alterações nessas políticas e dos efeitos de tais alterações. Os utentes necessitam de ser
capazes de identificar diferenças entre as políticas contabilísticas para transação e outros
acontecimentos semelhantes usados pela mesma entidade de período para período e entre diferentes

Eduardo Carvalheiro 19
entidades. A conformidade com as normas contabilísticas instituídas a divulgação das políticas
contabilísticas usadas pela entidade, ajuda a conseguir a comparabilidade.

1.7.5 - Utentes e as suas necessidades de informação

Os utentes das demonstrações financeiras incluem investidores actuais e potenciais, empregados, mutuantes,
fornecedores e outros credores comerciais, clientes, o governo e os seus departamentos e o público. Eles
utilizam as demonstrações financeiras a fim de satisfazer algumas das suas diferentes necessidades de
informação. Estas necessidades incluem o seguinte:
 Investidores – Os fornecedores de capital de risco e os seus Consultores estão ligados ao risco
inerente ao retorno proporcionado pelos seus investimentos. Necessitam de informação para os
ajudar a determinar se devem comprar, deter ou vender. Os accionistas estão também interessados na
informação que lhes facilite determinar a capacidade da empresa de pagar dividendos.

 Empregados – Os empregados e os seus grupos representativos estão interessados na informação


acerca da estabilidade e lucratividade dos seus empregadores. Estão também interessados na
informação que os habilite a avaliar a capacidade da empresa de proporcionar remuneração,
benefícios de reforma e oportunidades de emprego.
 Mutuantes – Os mutuantes estão interessados na informação que lhes facilite determinar se os seus
empréstimos, e os juros que a eles respeitam, serão pagos no vencimento.

 Fornecedores e outros credores comerciais – Os fornecedores e outros credores estão interessados


em informação que lhes facilite determinar se as quantias que lhes são devidas serão pagas no
vencimento. Os credores comerciais estão provavelmente interessados numa empresa durante um
período mais curto que os mutuantes a menos que estejam dependentes da continuação da empresa
como um cliente importante.

 Clientes – Os clientes têm interesse em informação acerca da continuação de uma empresa,


especialmente quanto têm envolvimentos a prazo com, ou estão dependentes da empresa.

 Governos e seus departamentos – Os governos e os seus departamentos estão interessados na


imputação de recursos e, por isso, nas actividades das empresas. Também requerem informação a
fim de regulamentar as actividades das empresas, determinar as políticas de tributação e como a base
do rendimento nacional e das estatísticas semelhantes.

 Público – As empresas afectam parte do público de maneiras Variadas. Por exemplo, as empresas
podem dar uma contribuição substancial à economia local de muitas maneiras que incluem o número
de pessoas que empregam e como cliente dos fornecedores locais. As demonstrações financeiras
podem ajudar o público ao proporcionar informação acerca das tendências e dos desenvolvimentos
recentes da prosperidade da empresa e da escala das suas actividades.

Eduardo Carvalheiro 20
Se bem que todas as necessidades de informação destas utentes não possam ser suprimidas pelas
demonstrações financeiras, há necessidades que são comuns em todos os utentes. Como os investidores são
os que proporcionam capital de risco às empresas, o fornecimento de demonstrações financeiras que
satisfaçam as suas necessidades também vai de encontro à maior parte das necessidades de outros utentes
que possam ser satisfeitas por demonstrações financeiras:
Nível externo

Tabela 1.1 - Utentes das Demonstrações Financeiras


Utentes Utilidade na Informação
 Avaliar o retorno do investimento.
Investidores  Auxiliar na tomada de decisões sobre
comprar, deter ou vender.
 Determinar a capacidade de a empresa
pagar dividendos.
 Avaliar a capacidade da entidade
proporcionar emprego, remuneração e
Empregados
benefício de reforma.
 Determinara a capacidade da entidade em
solver, dentro do prazo, os compromissos
Financiadores
com eles assumidos; empréstimos e juros.
 Determinar se as quantias que lhes são
devidas serão pagas dentro do prazo.
 Avaliar a capacidade da entidade em operar
Fornecedores e Outros Credores de forma continuada, caso estejam
dependentes da entidade
 Avaliar a capacidade da entidade em operar
de forma continuada, caso hajam assumido
Clientes
compromissos de longo prazo com a
entidade, ou dela estejam dependentes.
 Avaliara a capacidade de alocação de
recursos.
 Regulamentar a actividade das entidades.
Governo e seus departamentos  Estabelecer políticas de tributação.
 Servir de base ao apuramento do
Rendimento Nacional e de Estatísticas
semelhantes.
 Ajudar a avaliar a utilidade da entidade em
diversos níveis como por exemplo a
Publico capacidade de emprego e de
desenvolvimento de negócios como cliente.

Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano (p.27)

Eduardo Carvalheiro 21
Nível Interno

Tabela 1. 2 - Utentes das Demonstrações Financeiras

Utente Utilidade da Informação


 Auxiliar o cumprimento das suas
Gestão responsabilidades de planeamento, tomada
de decisões e controlo.
Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano (p.28).

1.7.6 Balanço patrimonial

1.7.6.1 Conceito
Balanço: é a comparação entre o activo e o passivo evidenciando a situação liquida
O balanço Patrimonial é um documento contabilístico que demonstra a posição financeira actual de uma
empresa.

Uma das principais actividades realizadas dentro da gestão patrimonial com certeza é o encerramento do
balanço patrimonial. A principal função do balanço e fornecer um quadro preciso da contabilidade e situação
financeira da empresa em certo período (geralmente o balanço e feito sobre o período de 1 ano).

Segundo o plano geral de contabilidade angolano, aprovado pelo decreto nº 82/2001, de 16 de Novembro,
“O balanço é uma demonstração contabilística destinada a evidenciar, quantitativamente e qualitativamente,
numa determinada data a posição patrimonial e financeira de uma entidade.”

O balanço patrimonial de uma empresa monstra os seus activos (o que é de sua propriedade) e o seu passivo
(o que deve) em um determinado momento. As diferenças entre activo e passivo correspondem ao seu
património líquido, também chamado de património próprio.
O balanço é considerado uma das principais declarações financeiras de uma empresa e deve ser produzido
de maneira precisa e rigorosa, afim de auxiliar um controle do património eficiente.
O balanço patrimonial é constituído pelos seguintes elementos: Activo, Passivo e Capital Próprio.

Activo: é o conjunto de bens e direitos controlados por uma entidade de benefício económico futuros, esses
recursos podem ser divididos em duas categorias principais: Activos não correntes, que se espera que
permaneçam na posse da entidade por um período superior a um ano. Activo correntes, que esperam que
permaneçam na posse da entidade ate um ano.

Eduardo Carvalheiro 22
Os elementos patrimoniais activos surgem dispostos no balanco segundo o grau de liquidez. Podemos
agrupar os elementos patrimoniais activos em quatro grandes grupos: imobilizações, Existências, Dividas
de terceiros e Disponibilidades.

a) Imobilizações Correspondem ao conjunto de activos fixos que normalmente permanecem na


empresa por um período superior a 1 ano.

Podemo-las dividir em:

 Imobilizações Técnicas : compreendem os bens e direitos que estão afectos a actividade da empresa,
isto e, indispensáveis a prossecução do seu objecto social. Estes também se designam por
imobilizações de exploração. Ainda é possível subdividi-la em:

 Imobilizações Corpóreas – são todos os bens físicos que permanecem na empresa normalmente mais
de 1 ano, e que não correspondem ao seu objecto social (negocio da empresa). Exemplos: terrenos,
edifícios, máquinas industriais (equipamento básico), as viaturas (equipamento de transporte), as
ferramentas e utensílios, imobiliário de escritório.

 Imobilizações Incorpóreas – são despesas de caracter plurianual, corresponde a activos não físicos e
que devem ser reconhecidos com custo ao longo de vários exercícios. São despesas capitalizáveis,
entre outros destacamos as despesas com a constituição e aumento de capital da sociedade, as
despesas de investimento e despesas técnicas, despesas com propriedade industrial (marca) e
trespasses.
 Imobilizações de Rendimento : corresponde a investimentos financeiros, cujo objectivo é o de
controlar outras empresas ou de obter um rendimento por via de uma aplicação financeira de medio
longo prazo. Exemplos de investimentos financeiros: as partes de capital detidas noutras empresas,
as obrigações, os empréstimos concedidos a empresas do grupo e associadas, investimentos em
imoveis, fundos de investimento, depósitos a prazo para alem de 1 ano.

b) Existências: Correspondem ao conjunto de bens que caracterizam o objecto social da empresa.

Existem diversos tipos de existências:

 Mercadorias – são bens comercializados por empresas comerciais, são adquiridas num estado e
vendidos nesse mesmo estado, não sofrem qualquer transformação.
 Produtos Acabado – correspondem aos bens que sao resultado do processo produtivo e que se
encontram aptos a venda.
 Sub-Produtos – sao bens que resultam do processo produtivo sem que sejam no entanto o seu
objectivo final, são bens acessórios inerentes a produção. Também se denominam por refugos ou
residuos.
 Produtos em Curso / Vias de Fabrico – são bens que se encontram em fase intermedia do processo
produtivo. São resultado de uma transformação que não é igual.
 Matérias-primas – conjunto de bens que irão ser alvo de transformação e que concorrem
directamente ao produto final.
 Matérias Subsidiarias – são os bens que embora nao incorporem directamente o produto acabado sao
indispensáveis a sua obtenção.

c) Dívidas de Terceiros Contas a Receber

Englobamos neste grupo de activos o realizavel a curto-prazo e o realizavel a medio-longo prazo.


Corresponde a dívidas de terceiros:

 Dívidas de Clientes;

Eduardo Carvalheiro 23
 Adiamento a fornecedores;
 Dívidas do Estado;
 Dívidas de Sócios;
 Devedores.

d) Disponibilidades: Correspondem aos activos mais liquidos das empresas. Podemo-lo dividir em
dois grupos:
 Aplicações Periódicas – reúnem as aplicações excedentes de tesouraria, podem ser decompostas em:

 Títulos negociáveis : conjunto de valores mobiliários, accoes, obrigações, títulos de participação, etc.
São objecto de negociação na bolsa de valores.
 Outras Aplicações de Tesouraria : englobam outros activos tais como clips, credito por leilao e
investimento público, obras de arte, etc.
 Meios Líquidos ou Quase Líquidos –

 Outros Depósitos : certificados de deposito, depósitos endossáveis a terceiros, tem uma maior
liquidez que os depósitos a prazo mas menor taxa de rendibilidade.
 Depósitos a Prazo : são aplicações bancarias cujo capital e respectivo juro e reembolsável dentro de
um prazo (inferior a 1 ano).
 Depósitos a Ordem : corresponde a um activo na medida em que representam o dinheiro
imediatamente disponível em instituições de crédito. No caso dos depósitos a ordem possuirem um
saldo negativo isto« representa uma obrigação da empresa perante o banco (devendo por
consequente surgir no passivo da empresa).
 Caixa : engloba o numerário, cheques em carteira, e os vales postais que normalmente estao a guarda
da tesouraria.

 Passivo: Segundo o plano geral de contabilidade angolano (PGCA, pag.22),” um passivo é uma
obrigação presente da entidade proveniente de acontecimento passados e do qual se espera que resulte
um Ex fluxo de recursos incorporando benefícios económicos”.
No passivo as dívidas a terceiros surgem dispostas segundo o seu grau de exigibilidade, isto é, parte-se das
dívidas mais exigíveis para as dividas menos exigíveis. No passivo deverão ser balanceadas as dividas, isto
é, separar o que e exigível a medio longo prazo do que é a curto prazo. No passivo iremos encontrar: As
dívidas a fornecedores; Dividas a instituições de crédito (empréstimos bancários e descontos bancários);
Dividas ao Estado; Dividas a Sócios e Accionistas; Dividas a fornecedores de imobilização; Dividas ao
pessoal (trabalhadores); Adiantamento de cliente; Dividas a outros credores.

O passivo pode ser classificado em: passivo corrente e passivo não corrente.
Passivo corrente (Passivo circulante ou passivo de funcionamento ou exigível a curto prazo): que
espera ser liquidado pela entidade no período até um ano.
Passivo não corrente (Passivo de financiamento ou exigível a medio e longo prazo): que se espera
que venha ser pago pela entidade no período superior a um ano.

 Capital próprio: Segundo o plano geral de contabilidade angolano (PGCA, pag.22),” É o interesse
residual nos activos da entidade depois de deduzir o passivo”.

Eduardo Carvalheiro 24
O capital próprio ou a situação líquida engloba todos os elementos abstratos (capital, reservas,
resultados) por que se traduz a diferença entre o activo e o passivo. Em termos gerais, o capital próprio
é constituído pelo capital social (inicial e posteriores aumentos resultantes de contribuições efectuadas
pelos sócios), pela reserva resultante de lucros retidos, pelos resultados transitados e pelos resultados
líquidos dos exercícios, positivos ou negativos, deduzido de eventuais dividendos antecipados.

Dito de outro modo, o Capital Próprio é representativo do património da empresa, podemo-lo dividir
em:

 Capital Inicial – corresponde ao capital social com que a empresa se constitui, e revelador do
conjunto de bens, direitos e obrigações que os sócios colocaram inicialmente a disposição da
empresa.
 Capitais Adquiridos – poderão decorrer de duas naturezas: novas entradas de sócios (são
normalmente decorrentes quer de elementos de capital, quer de prestações suplementares) ou
resultados retidos (são normalmente expressos em reservas e resultados transitados, são fruto do
desenvolvimento da actividade da empresa e dos lucros por ela gerados).

 Equação fundamental da contabilidade

Através de uma relação lógica, extraídas dos conceitos activos, passivo e capital próprio temos que:
CP= A-P, ou seja, se subtraímos os valores a pagar (passivo) dos bens e direitos (activo) se evidenciará
uma situação líquida que poderá ser positiva, nula ou negativa.

CP═SL; Onde: CP significa capital próprio; SL significa Situação líquida

Assim temos a equação do 1º grau onde os valores de cada um de seus membros podem ser apurados
aplicando-se regras muitos simples da matemática.

Vejamos se o CP= A – P, mudando-se os membros e trocando-se os sinais, encontraremos o que se


convencionou chamar de Equação fundamental da contabilidade.

Matematicamente:

Activo = Passivo + Capital Próprio

É também chamada de Equação do balanço, porque consiste em balancear o total do activo com o total
obtido pela soma do passivo mais o capital próprio.

1.7.6.2 Classificação do Balanço

O balanço classifica-se em:

Eduardo Carvalheiro 25
 Balanço Inicial ou de constituição: correspondem aos movimentos de abertura da empresa;
 Balanços ordinários: correspondem ao balanço feito no final do exercício económico, que
corresponde ao ano civil;
 Balanços finais ou de liquidação: correspondem aos movimentos de encerramento de uma empresa,
em que todas as contas são saldadas, ficando todos os movimentos reflectidos numa conta com a
designação de “Resultados de liquidação”
 Balanços Extraordinários: correspondem aos balanços feitos antes do final do exercício
económico, devido a qualquer decisão da administração ou gerência da sociedade;
 Balanços Sintéticos: são os que tem apenas as contas do 1º grau;
 Balanços analíticos: são os que tem outros graus de contas;
 Balanços previsionais: são os que trabalham com dados orçamentais.

Eduardo Carvalheiro 26
MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL
Empresa………………………………………………………………………………………….
Balanço em……………………………………. Valores expresso em…………………….

Tabela 1.3- Balanço Patrimonial


DESIGNAÇÃO NOTA EXERCÍCIO

ACTIVO

Activo não corrente


Imobilizações corpóreas 4
Imobilizações incorpóreas 5
Investimentos em subsidiária e associadas 6
Outros activos financeiros 7
Outros activos não correntes 9

Activos Correntes
Existências 8
Contas a receber 9
Disponibilidades 10
Outros activos correntes 11
Total do Activo

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital próprio
Capital 12
Reserva 13
Resultados transitados 14
Resultados do exercício 15

Passivo não corrente


Empréstimos de médio e longo prazo 16
Impostos diferidos 17
Provisões para outros riscos e encargos 18
Outros passivos não correntes 19

Passivo corrente
Contas a pagar 19
Empréstimos de curto prazo 20
Parte corrente dos empréstimos a médio e longo prazo 15
Outros passivos correntes 21
Total do capital próprio e passivo
Fonte: P.G.C.A aprovado pelo Decreto nº82/2001, de 16 de Nov. Ministério das Finanças, Pag.39

Eduardo Carvalheiro 27
1.7.7 - Demonstração de resultados

 Conceito

É um relatório contabilístico que monstra os detalhes dos rendimentos e os gastos durante um determinado
período de tempo, normalmente um ano, e descreve as operações realizadas pela empresa, durante o período
teve lucro ou prejuízo.

Segundo o plano geral de contabilidade angolano (PGCA, pag.23), “A demonstração de resultado é uma
demonstração contabilística destinada a evidenciara composição do resultado formado num determinado
período de operações de uma entidade”.

Segundo Pinho (2005)

A demonstração dos resultados é um mapa que agrega as componentes económicas (ganhos e perdas)
de um determinado período (normalmente um exercício económico ou parte dele). Assim o resultado
de um dado período, desde a data de início do mesmo, até à data de referência, é mensurado como
sendo a diferença entre as componentes positivas e negativas de resultados (ganhos deduzidos das
perdas).

A demonstração de resultado é constituída pelas seguintes classes, (PGCA, pag.24):

Proveitos: são aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de
influxos ou aumentos de activos ou diminuições de passivos que resultem em aumento nos capitais
próprios, que não sejam os resultados com as contribuições dos participantes no capital próprio.
De notar que a definição dos proveitos ou rendimentos engloba quer os réditos, quer os ganhos em
que os primeiros resultam das actividades correntes ou ordinárias de uma empresa e os segundos
podem ou não porvir de tais actividades.

Custos: são diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de
fluxos ou perdas de valor de activos ou no aumento de passivos que resultem em diminuições de
capitais próprios, que não sejam os relacionados com as distribuições aos participantes no capital
próprio.

De notar que a definição de custos ou gastos engloba, quer as perdas, quer os gastos que resultem do
decurso das actividades correntes ou ordinárias da entidade, tais como os custos das mercadorias
vendidas e das matérias consumidas, o custo das vendas, os salários e as depreciações. Nas perdas
incluem-se as situações resultantes de catástrofes (incêndios, terramotos, inundações), bem como as
que resultam de alienação de activos não correntes. Também a definição de custos inclui perdas não
realizadas como, por exemplo, as provenientes dos efeitos do aumento da taxa de Câmbio de uma
moeda estrangeira respeitante a empréstimos obtidos de uma entidade nessa moeda.

Eduardo Carvalheiro 28
 Classificação

De acordo com Assunção et al (2010, pág. 57)” A demonstração de resultado classifica-se em demonstração
de resultado por natureza e demonstração de resultado por funções, conforme se vê nos modelos abaixo”.

Actualmente, a apresentação dos resultados é feita segundo duas ópticas:

1. Por natureza, na qual as componentes dos resultados estão agregadas segundo a sua tipologia, e;
2. Por funções, na qual essas mesmas componentes são agregadas segundo a função a que
respeitam.

Eduardo Carvalheiro 29
MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO
(POR NATUREZA)
Empresa………………………………………………………………………………………….
Demonstração de Resultados em……………………Valores expresso em…………………….
Tabela 1.4- Demonstração de Resultado por Natureza

DESIGNAÇÃO NOTAS EXERCÍCIOS


Proveitos e Ganhos. Operacionais

Vendas 22
Prestações de serviços 23
Outros proveitos operacionais 24
Variação da produção 25
Trabalhos para própria empresa 26
Total dos proveitos e Ganhos Operacionais

Custos e Perdas. Operacionais


Custos das existências vendidas e consumidas 27
Custo com pessoal 28
Amortizações 29
Outros custos e perdas operacionais 30
Total dos Custos e Perdas Operacionais

Resultado Operacional
Resultado financeiro 31
Resultado de filiais e associadas 32
Resultado não operacional 33

Resultado Antes do Imposto (RAI)

Imposto sobre o rendimento 35

Resultado Líquido das Actividades Correntes


Resultado extraordinário 34
Imposto sobre o rendimento 35

Resultado Líquido do Exercício


Fonte: P.G.C.A aprovado pelo Decreto nº82/2001, de 16 de Nov. Ministério das Finanças, (Pag.24)

Eduardo Carvalheiro 30
MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
(POR FUNÇÕES)
Empresa………………………………………………………………………………………….
Demonstração de Resultados em……………………Valores expresso em…………………….
Tabela 1.5- Demonstração de Resultado por Funções
Exercícios
Descrição
Notas 200X 200X-1
Margem Bruta
Outros proveitos operacionais
Custos de distribuição
Custos administrativos
Outros custos e perdas operacionais
Resultados operacionais

Resultados financeiros

Resultados de filiais e associadas 32


Resultados não operacionais 33
31
Resultados antes de impostos
Imposto sobre o rendimento 35
Resultados líquidos das actividades correntes
Resultados de operações em descontinuação
ou descontinuadas
Efeito das alterações de políticas contabilísticas
Resultados extraordinários 34
Imposto sobre o rendimento 35
Resultados líquidos do exercício

Fonte: Plano Geral de Contabilidade Angolano (Pag.25)

Eduardo Carvalheiro 31

Você também pode gostar