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-Os bancos comerciais (ou instituições de crédito) – são a forma mais pura de
instituição financeira monetária, podendo realizar todas as operações
monetárias e cambiais previstas na lei, criando moeda escritural, através da
concessão de crédito (multiplicador de crédito);
*Nota: apesar das diferenciações legais entre as instituições de crédito (os bancos
comerciais) e as instituições especiais de crédito (IEC), a linha de orientação mundial
tem sido a da polivalência dessas instituições, ou seja, permitindo que umas realizem
operações reservadas apenas às outras. Ex: Os créditos a longo prazo que eram
reservados às instituições especiais de crédito passaram a ser permitidos também às
instituições de crédito; assim como os a curto prazo têm sido objecto de actividade das
IEC.
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Apontamentos da Economia Politica II – Dr. Hermes Andrade
-instituições financeiras não monetárias:
Podemos subdividi-las em:
As que podem conceder créditos, mas não têm capacidade de receber depósitos e, por
conseguinte, não podem criar moeda.
.São as:
-Instituições parabancárias:
.Ex,s: -Sociedades de investimento;
-Sociedades de Leasing ou locação financeira;
-Sociedades de factoring;
-Sociedades Gestoras de Fundos de Investimentos;
-Sociedades Gestoras de Fundos de Pensões;
-As que não podem conceder créditos, nem têm capacidade para receber depósitos e
não podem criar moeda.
.São as:
-Outras instituições financeiras:
Ex: Companhias de Seguros.
O BANCO CENTRAL
Como já vimos as autoridades monetárias são:
-O Ministro das Finanças; e
-O Banco Central.
.O montante dessas notas e moedas que o Banco Central emite pode estar:
-uma parte em circulação ( C );
-outra parte em reservas nos bancos ( R )
.Ora bem, ao total do dinheiro criado pelo banco central (uma parte em circulação outra em
reservas nos bancos) chama-se “Base Monetária” (BM)”. Assim:
BM = C + R
.Mas, como sabemos, o total de moeda que um país possui não se limita apenas ao que
constitui a “Base Monetária” (que depende do Banco Central), pois os bancos comerciais
também o influenciam criando moeda (escritural), através do crédito. Assim, a moeda total
(M) de uma economia será:
M=C+D
*D =depósitos.
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2º-Controla todo o sistema bancário e monetário de uma economia, através daquilo que se
chama a Política Monetária (política monetária é exactamente o poder de influenciar, orientar
e controlar o sistema monetário). Através da política monetária consegue influenciar e
controlar a quantidade de moeda existente no país. Como?
De diferentes formas, que inclusive já analisamos aquando do estudo da moeda):
.É o banqueiro do Estado:
-apoia financeiramente o Estado:
-concedendo-lhe empréstimos; ou
-concedendo-lhe os meios necessários para a participação do
Estado no capital de organizações monetárias internacionais.
.É a autoridade cambial:
-define as normas que regulam as operações com ouro e divisas;
-fixa os limites de detenção de disponibilidades em divisas por parte dos
bancos;
-tem de possuir reservas em ouro e divisas para garantir os pagamentos
internacionais.
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*É ainda o BC que representa o país nos organismos monetários internacionais (Ex: no FMI).
O BC exerce o seu papel de autoridade monetária sob a orientação do Ministro das Finanças e
a sua administração é nomeada pelo Governo.
*( Liquidez - É a facilidade com que um activo pode ser transformado ou convertido em meio de
pagamento. Uma forma fácil de distinguir o Mercado Monetário do Financeiro é, portanto, o grau de
liquidez dos respectivos activos transaccionados.)
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O MERCADO DE TÍTULOS:
O aforrador que decide aplicar as suas poupanças através da bolsa (por exemplo,
comprando acções) pode fazê-lo:
-ou dando ordens de compra ao banco de que é cliente, o qual encaminhará a
ordem de compra (ou de venda, se for alguém que pretenda obter recursos
financeiros através da bolsa) para um corretor;
-ou recorrendo directamente aos corretores, os quais se encontram
organizados em sociedades:
- Sociedades corretoras (ou brokers) - limitam-se a executar as ordens
dadas pelos seus clientes.
Mas apesar dessa diferença entre esses dois tipos de sociedades, elas desenvolvem
uma actividade semelhante:
-compram e vendem títulos por conta de outrem;
-aconselham os seus clientes nas transacções (nas compras e
vendas);
-fazem, em conjunto com o cliente a gestão da carteira de títulos;
-prestam todos os serviços ligados à guarda da carteira (como seja:
cobrança dos juros das obrigações, recebimento dos dividendos das
acções, etc.).
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MERCADOS INSTITUCIONAIS:
PRODUTOS FINANCEIROS:
Menos ou mais, quase todo o indivíduo, preocupado com o futuro, poupa. Poupar é
não gastar hoje as disponibilidades que possuímos, podendo guardá-las ou aplicá-las
em produtos financeiros rentáveis, de modo a multiplicar as poupanças.
.ACÇÕES
O valor das acções varia de acordo com a sua maior ou menor procura. Assim:
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Assim o titular (o investidor) nunca sabe exactamente o quanto pode ganhar
com o seu investimento. Inclusive pode até perder.
O titular das acções pode, se desejar, vender as suas acções na bolsa ou fora
dela, correndo o risco de liquidez, caso não haja comprador interessado no
momento em que quer vender.
.OBRIGAÇÕES:
Aqui, portanto, o titular (o investidor) já sabe desde o início aquilo que vai
ganhar
.TÍTULOS DE PARTICIPAÇÃO:
Estes títulos têm grande liquidez, pois podem ser rapidamente vendidos, dado
haver sempre muita procura desse produto financeiro.
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OS PREÇOS E A INFLAÇÃO
O PREÇO:
À quantidade de moeda que se dá em troca de um bem chama-se preço.
Esses custos abrangem os custos directos dos factores (os directamente ligados à
produção como, por exemplo, as matérias-primas e os salários dos trabalhadores) e os
custos indirectos, ou seja, aqueles que a empresa tem de suportar para manter a
produção, por exemplo, os salários dos gestores, a energia gasta na iluminação,
apublicidade, etc.
*Também haverá que fazer a distinção entre os custos fixos e variáveis, a qual será abordada no capítulo da produção.
Para além de incluir o custo dos factores necessários à sua produção, o preço de um
bem inclui ainda uma percentagem de lucro, que corresponde à retribuição do
trabalho do empresário e do risco por ele suportado quando aplica os seus fundos na
empresa.
Mas, muitas vezes, os preços variam de um sítio para o outro e conforme as épocas. É
que os preços podem ser influenciados por vários outros factores, além do custo de
produção.
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A INFLAÇÃO
Devemos salientar que, para se falar em inflação, é necessário que a subida de preços
seja persistente, ou seja, continuada. Deste modo, as subidas esporádicas ou
ocasionais do nível geral de preços não podem ser consideradas inflação.
Por outro lado, tem de ser generalizada(quase todos os bens sobem de uma forma
continuada), ou seja, a mera subida do preço de um ou dois bens, não constitui
inflação.
No entanto, não significa que têm de aumentar os preços de todos os bens e serviços,
mas sim a grande maioria deles.
Assim, quando dizemos que num dado período os preços aumentaram 3%, isto não
significa que os preços de todos os bens subiram 3%, mas sim que em média os preços
das principais categorias de bens – como alimentos, bebidas, alojamento, cuidados de
saúde, transportes, etc. – aumentaram 3%.
Assim, por exemplo, é normal assistirmos ao longo do ano, oscilações importantes nos
preços médios de alguns bens em virtude do seu carácter sazonal. É o que acontece,
por exemplo, com o preço de alguns produtos agrícolas (legumes, frutas, etc.) que são
em princípio mais baratos nas épocas das colheitas que nos restantes meses do ano,
tendo em conta, nomeadamente, os custos de armazenagem que incidem sobre os
produtos.
Isto seria uma subida sazonal dos preços e não uma inflação.
Subida sazonal dos preços – é a subida periodicamente dos preços, ou seja, subida normal e
individualizada (de um bem ou alguns bens), dependendo das épocas.
A inflação, pelo contrário, é um fenómeno mais complexo. E, como fenómeno
complexo, ela não pode ser atribuída a uma única causa específica, mas antes a um
número de causas que, actuando conjuntamente, concorrem para a sua ocorrência.
Como fenómeno complexo que é, torna-se não só difícil caracterizá-la, como também
fazer o seu controle.
Para efeitos de análise, iremos separar as causas e analisá-las uma por uma, mas nunca
esquecendo que as mesmas não actuam isoladamente, mas sim em conjunto.
Antes, porém, de passarmos à análise das causas, vejamos alguns conceitos que se
relacionam com o de inflação, como, por exemplo, os conceitos de desinflação,
deflação e estagflação.
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Desinflação:
Deflação:
Se a inflação se caracteriza pela alta dos preços, o fenómeno inverso, a baixa
continuada dos preços, chama-se deflação.
Estagflação:
Uma outra noção que passou a ser utilizada pelos economistas é a estagflação. Trata-
se de um termo obtido pela contracção das noções de estagnação e de inflação.
Designa o facto de, a partir da década de 60 do Século XX, se ter assistido na maior
parte dos países industrializados a uma aceleração do ritmo da inflação e a um
abrandamento do crescimento económico, acompanhados de forte desemprego. A
situação era nova, pois até então os dois últimos fenómenos estavam associados à
deflação.
CAUSAS DE INFLAÇÃO:
A inadequação entre a moeda em circulação e o volume de bens e de serviços postos à
disposição dos consumidores:
De facto, o aumento da moeda em circulação, sem o correspondente aumento da produção de
bens e serviços, acarreta um excesso de procura de bens e de serviços face à respectiva oferta
por parte dos produtores, originando a respectiva subida do preço. Este é um aspecto que
perceberemos melhor, quando estudarmos as instituições financeiras e o particular papel do
Banco Central.
Em Cabo Verde, por exemplo, a inflação importada contribui sistematicamente para a inflação
interna, pois importamos grande parte dos bens de que necessitamos, os quais já podem vir
inflacionados dos países de origem.
As práticas de açambarcamento:
O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidores origina uma
escassez desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivos preços.
CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO:
A depreciação do valor da moeda – Com efeito, o aumento dos preços faz com que o
consumidor compre, com o mesmo dinheiro, cada vez menos produtos;
Ora sendo o preço expressão em moeda do valor dos bens, numa situação de inflação,
como já sabemos, torna-se necessário despender mais moeda para adquirir o mesmo
volume de bens, ou seja, a moeda perde valor, pois, com a mesma quantidade de
moeda, adquirem-se menos bens.
Depreciação do nível de vida das pessoas – A inflação faz diminuir o rendimento real das
pessoas, o seu poder de compra. O poder de compra traduz-se na quantidade de bens
e serviços que um certo rendimento permite obter. Ou seja, é a capacidade que as
pessoas têm para adquirir bens e serviços com o rendimento de que dispõe.
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Dito de outra maneira a inflação provoca um aumento do custo de vida e, por isso, faz
diminuir o nível de vida. (estes dois conceitos são inversamente proporcionais:
aumentando o custo de vida diminui o nível de vida).
E isso acontece principalmente com as pessoas que auferem rendimentos fixos. Assim, os
indivíduos que vivem de juros de capital depositado, de rendas, de pensões, de subsídios, e de
outras formas do rendimento fixo, vêem as suas condições de vida deteriorar-se
continuamente, em virtude da desvalorização progressiva dos seus rendimentos.
Mas uma inflação continuada acaba por afectar negativamente toda a actividade
económica.
Por outro lado, face à imprevisibilidade da evolução dos preços das matérias-primas e
dos equipamentos, as empresas vêem-se impedidas de planear com segurança
investimentos a médio e longo prazo, o que pode levar a uma retracção da oferta e à
consequente pressão altista sobre os preços. Por tudo isso, é comum afirmar-se que a
inflação gera inflação, que a inflação é ao mesmo tempo causa e consequência da
inflação.
É por estas e outras razões que o governo e o Banco Central procuram manter a
estabilidade dos preços.
Um índice de preços mede a evolução dos preços entre dois momentos, em que um
deles é usado como momento de referência e que designamos, por exemplo, de ano-
base, ao qual é normalmente atribuído o índice de 100 e outro é o momento corrente,
que designamos, por exemplo, ano-corrente.
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O IPC calcula-se da seguinte forma:
1-Considera-se um conjunto de bens e serviços, representando o chamado
cabaz do consumidor;
2-Determina-se quanto custa esse “cabaz” de produtos no ano-base;
3-Determina-se quanto custa o mesmo “cabaz” no ano que se está a considerar
(o ano-corrente)
4-Estabelece-se a relação entre esses dois preços do custo do “cabaz”.
110 é o número índice. Ficamos a saber que com 154.000$00 em 2016 podemos
comprar os mesmos bens e serviços que comprávamos em 2015 por 140.000$00. Ou
seja, dito de outra maneira: por cada 100 que gastávamos em 2015 agora gastamos
110 (gastamos 10 a mais).
E, portanto, procedendo da seguinte forma podemos encontrar a taxa de inflação:
Taxa de inflação - é a variação média do nível geral de preços entre dois momentos e é
normalmente expressa em termos percentuais.
As taxas de inflação podem ser calculadas para um país ou apenas para uma região;
para a generalidade dos bens e serviços ou somente para uma dada categoria de bens
e/ou serviços.
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O INE efectua mensalmente o cálculo de três indicadores de inflação: taxa de inflação
mensal, taxa de inflação homólogae taxa de inflação média anual (dos últimos 12
meses).
Taxa de inflação mensal (Tim): mede a variação dos preços no consumidor entre dois
meses consecutivos. O cálculo da taxa de inflação mensal requer que se faça a
comparação do valor do IPC num dado mês com o valor do IPC no mês imediatamente
anterior.
Taxa de inflação homóloga (Tim): mede a variação dos preços no consumidor entre
um dado mês de um determinado ano e o mesmo mês do ano imediatamente
anterior.
Taxa de inflação média dos últimos doze meses (Tim – 12 meses): para efectuar o
cálculo deste indicador é necessário conhecer os índices de preços no consumidor
relativos a 24 meses consecutivos, com efeito, neste caso, o que se pretende é medir a
variação dos preços médios de 12 meses relativamente aos preços médios dos 12
meses imediatamente anteriores.
Por exemplo, IPC dos 12 meses de 2016 relativamente aos 12 meses de 2015 (média
anual, portanto):
Tim (12 meses) = IPC médio dos 12 últimos meses (corrente) – IPC dos primeiros 12 meses (base) x 100
IPC dos primeiros 12 meses (base)
Ou seja:
(IPCjan + IPCfev + IPCmar…) – (IPCjan + IPCfev + IPCmar …)
Tim (12 meses) = 12 12_____________ x 100
(IPCjan + IPCfev + IPCmar …)
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Ou
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Exemplo:
Considere a seguinte tabela, que nos mostra os índices de preços no consumidor
mensais, para os anos 2010 e 2011 (base 100: ano 2008):
c)A taxa de inflação média dos últimos 12 meses para Dezembro de 2011:
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