Você está na página 1de 11

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO CATÓLICO DE

BENGUELA

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO

APONTAMENTOS DE APOIO AO ESTUDO DA DISCIPLINA

DE

CONTABILIDADE BANCÁRIA

(4º ano Curso de Contabilidade e Administração)

Elaborado pelo docente:

José Pedro Neiuva Chicumbi


UNIDADE I: O SISTEMA FINANCEIRO MUNDIAL E ANGOLANO

1.1 Definição do sistema financeiro

«A actividade bancária consiste essencialmente em facilitar o movimento do dinheiro


do ponto A, onde está, para o ponto B, onde faz falta». Esta frase pertence ao Lord Victor
Rothschild e daqui será o nosso ponto de partida de estudo da cadeira de Contabilidade
Bancária. Os Bancos surgiram como intermediários financeiros entre quem tem excesso de
liquidez e quem tem défice de liquidez.

Sistema financeiro: é o conjunto de instituições financeiras que asseguram


essencialmente, a canalização da poupança para o investimento nos mercados financeiros,
através da compra e venda de produtos financeiros.

Estas instituições asseguram um papel de intermediação entre os agentes económicos.

Consumo

Rendimento
disponível

Poupança

Liquidez imediata
Dinheiro

Poupança

Investimento financeiro Capital financeiro

Capital financeiro: é a parte da poupança canalizada para o investimento, sendo o juro,


o rendimento proveniente desta aplicação por um determinado prazo de tempo.

1
Agentes económicos: são todos os indivíduos, instituições ou conjunto de instituições
que, através das suas decisões e acções, tomadas racionalmente, intervêm num qualquer circuito
económico. Apesar de terem funções diferenciadas no circuito económico, de produção, de
consumo ou de investimento, estabelecem entre si relações económicas essenciais:

 Estado: toma decisões acerca do consumo, de investimento e de políticas económicas;

 Famílias: tomam decisões sobre o consumo de bens e serviços e de poupança, mediante


os rendimentos auferidos;

 Empresas: tomam decisões sobre o investimento, a produção e a oferta de trabalho.

Estes três agentes, em conjunto com as instituições financeiras, fazem parte de uma
Economia Fechada. Contudo, e cada vez mais, deve considerar-se um quarto agente, o
Exterior, com os quais os restantes agentes económicos nacionais estabelecem, num quadro de
Economia Aberta.

1.2 Constituição do mercado financeiro

O sistema financeiro quer a nível nacional ou mundial é composto de quatro mercados,


nomeadamente, o mercado monetário, o mercado de crédito, o mercado de capitais e o mercado
de cambiais.

 Mercado monetário: é onde são definidos a oferta e a procura da moeda. Neste


mercado, a oferta da moeda é definido pelo banco central e os bancos
comerciais.

 Mercado de crédito: neste mercado são definidos as operações de


financiamento de curto e médio prazos.
2
 Mercado de capitais: estes mercados envolvem os títulos representativos do
capital das empresas (acções, obrigações, títulos de participação) e as operações
de crédito sem intermediação financeira (operações de leasing e factoring).

 Mercado de cambiais: nestes mercados são transaccionadas as moedas dos


diferentes países.

1.3 A evolução do sistema financeiro

1.3.1 A nível mundial

Tanto para os romanos como para os gregos a profissão de comércio era considerado
algo desprezível, pois tais operações eram efectuadas por gente humilde, por escravos ou
estrangeiros prisioneiros ou escravizados. Roma, que era rica e senhora do mundo, quando lhe
faltou a fonte da qual era toda a sua riqueza, caíra em negra miséria. Esse estado de miséria a
que chegara a rainha do mundo, onde entretanto havia grandes tesouros de arte, atraíra a cobiça
de estrangeiros, que para ela afluíram com grandes capitais, empregando-os em diversas
especulações. Entre as que mais seduziram esses estrangeiros estavam o comércio e a indústria,
especialmente o comércio bancário. Foi assim que, segundo alguns historiadores se criara em
1157, ou em 1171 na opinião de outros, o primeiro banco – La Banca di Venezia – na cidade.

Ainda que a actividade bancária já estivesse razoavelmente desenvolvida no


Renascimento (sendo o banco mais poderoso da época o da família Medici, o qual tinha
sucursais em toda a Europa), o historiador Niall Ferguson identifica 3 instituições surgidas no
século XVII como estando na base da Banca como a conhecemos hoje:

 Amsterdamsche Wisselbank (Holanda, 1609): foi pioneiro na utilização de cheques e


transferências bancárias para facilitar o comércio;
 Sveriges Riksbank (Suécia, 1668): foi pioneiro na concessão de crédito com base no
modelo das reservas mínimas (fractional reserve banking);
 Bank of England (Inglaterra, 1694): foi o primeiro Banco Central a ter o monopólio de
emissão de notas bancárias.

A origem da actividade bancária deu-se na antiguidade, quando o empréstimo em


dinheiro realizava-se com frequência na Babilônia, Fenícia e Egipto, já a partir do séc. VI a.C.
segundo Giacomo Molle “no mundo greco-romano tornou-se conhecida grande parte das
operações em uso no banco moderno”. Foi com a civilização greco-romana que se tornaram
conhecidas muitas operações usadas pelos bancos modernos, tais como: aceitar em depósito
moedas e valores, fazer pagamento entre localidades distantes, assumir obrigações por conta

3
dos clientes e, também, fazer empréstimos a juros. Essas operações não foram desenvolvidas
em série e nem em volume considerável, pois a rara poupança advinha dos proprietários de
terras, e a procura de crédito também era limitada devido ao raro efeito desenvolvimento
industrial e comercial. Tais atividades foram desenvolvidas pelos chamados TRAPEZISTAS na
Grécia, pelos ARGENTI em Roma, que acumulavam riquezas e se tornaram soberanos na
circulação do dinheiro, por dominarem as funções de troca, depósito e empréstimo de moedas.
Na idade média, com o florescimento do comércio, em função das feiras italianas, surgiram os
cambiatores. Inicialmente, apenas trocavam moedas, mas com a evolução das suas atividades
para além de crédito propriamente dito, passaram a ser chamadas de banqueiros, expressão que
surgiu no séc. XII e se manteve na história, até os nossos dias.

1.3.2 A nível de Angola

1.3.2.1 Sector bancário

A história do surgimento do sistema financeiro angolano não está dissociado de


Portugal, porque deu-se no período colonial. O Banco Nacional Ultramarino (BNU) depois de
ser criado em Portugal em 1864, abre uma sucursal em Angola (Luanda) em 1865.

Em 1926 o BNU é substituído pelo Banco de Angola. Este banco deteve a exclusividade
do controlo da actividade financeira em Angola até em 1957 com o surgimento do Banco
Comercial de Angola que era estritamente de direito angolano. Desde esta data o Banco de
Angola para além de actuar como banco emissor das notas, também actuava como banco
comercial mas contando com a concorrência dos outros bancos tais como o Banco Comercial de
Angola, o Banco de Crédito Comercial e Industrial, o Banco Totta Standard de Angola, o
Banco Pinto & Sotto Mayor e o Banco Inter Unido.

Um ano mais tarde após a independência, através da Lei n.º 69/76, publicada no Diário
da República N.º 266 de 10 de Novembro de 1976, é criado o Banco Nacional de Angola
(BNA), que funcionava como Banco Central e Comercial, e no mesmo ano foi criado através da
Lei n.º 70/76 de 10 de Novembro o Banco Popular de Angola (BPA), um banco de direito
público que funcionava como banco comercial.

Em 1991 com a mudança de economia centralizada para a economia de mercado, o


sistema financeiro angolano passou a ser regulado do lado da banca pelo BNA como banco
central, e tinha como bancos comerciais angolanos constituídos sob forma de sociedades
anónimas de capitais públicos – o Banco de Poupança e Crédito (BPC; ex. BPA), o Banco de
Comércio e Indústria (BCI), a CAP (Caixa de Crédito Agropecuária e Pescas – uma instituição

4
criada com o objectivo de apoiar a expansão da capacidade produtiva dos sectores agrícola,
pecuária e piscatório). Posteriormente, estabeleceram-se sucursais de bancos estrangeiros,
nomeadamente, o Banco Totta e Açores (BTA), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o Banco
Português do Atlântico (BPA), e demais bancos.

1.3.2.2 Sector de seguros

A actividade de seguros em Angola surgiu no período colonial, mais exactamente em


1922 com a instalação de uma filial da Companhia de Seguros Ultramarina. Em 1948, foram
criados os Serviços de fiscalização Técnica da Indústria de Seguros em Angola, tendo mais
tarde evoluído para a então Inspecção de Crédito e Seguros.

Depois do alcance da independência em 1975, a actividade seguradora e de fundos de


pensões passou a ser desempenhada pela Empresa Nacional de Seguros e Resseguros de Angola
(ENSA), uma empresa de direito público que manteve o monopólio até no ano de 2000, mas a
sua actividade era regulada e supervisionada pelo BNA.

Após a criação do Instituto de Supervisão de Seguros (ISS) através do Decreto-Lei nº


4/98 de 30 de Janeiro, a actividade de seguro e resseguro como actividade financeira foi
descentralizada em 1999 com a aprovação da Lei nº 1/2000 de 3 de Fevereiro, a Lei Geral da
Actividade Seguradora, que define as bases de concorrência e crescimento do sector segurador
angolano. A ENSA passou a partilhar o mercado com a Seguradora Angola Agora e Amanhã
(AAA), constituída maioritariamente por capitais públicos, bem como com outras seguradoras
de direito privado.

Desde 2013 o organismo encarregue de regular e supervisionar a actividade seguradora


deixou de ser da responsabilidade do ISS e passou para a Agência Angolana de Regulação e
Supervisão de Seguros (ARSEG).

1.3.2.3 Outras empresas do sector financeiro

Após a emissão do Aviso nº1/00 de 8 de Fevereiro sobre a institucionalização do


projecto do Sistema de Pagamentos Nacional de Angola (SPA), a implementação deste sistema
teve início em 2001, com a criação da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) constituída
para prestar serviços electrónicos de compensação das transacções processadas na rede de
pagamentos electrónicos nacional, a rede Multicaixa. A EMIS é uma empresa cujos accionistas
são o BNA e os bancos comerciais, sendo a entidade operacional central do sistema
interbancário automático de pagamentos. Em 2002 foram instalados os primeiros Caixas

5
Automáticos (CA) da rede Multicaixa, permitindo aos seus utilizadores realizar levantamentos,
requisitar livros de cheques e efectuar consulta de saldos e de movimentos de conta.

Em 2014 criou-se a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) – uma entidade


gestora cujas responsabilidades passam por assegurar a transparência, eficiência e segurança
das transacções nos mercados regulamentados de valores mobiliários, com o objectivo de
estimular a participação de pequenos investidores e a concorrência entre todos os operadores.

Em Angola não temos empresas viradas para as actividades de leasing 100%, no


entanto, a actividade de leasing é praticada pelos bancos.

As actividades viradas com os fundos de pensões em Angola também não são


desenvolvidas 100% por empresas, mas são actividades viradas por empresas seguradoras.

1.4 Os bancos emissores e outros tipos de bancos

Banco emissor: é o banco responsável pela emissão de notas e põe em circulação as


mesmas notas. É da competência do Banco Central a supervisão prudencial das instituições de
crédito e das sociedades financeiras.

Compete-lhe ainda regular, fiscalizar e promover o bom funcionamento dos sistemas de


pagamentos, bem como aconselhar o Governo nos domínios económico e financeiro. Cabe ao
Banco a recolha e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança de
pagamentos.

 Em Angola esta actividade cabe ao Banco Nacional de Angola (BNA).


 Nos Estados Unidos da América é o Federal Reserve ou o FED (Reserva Federal).
 No Japão é The Bank of Japan (o Banco do Japão).
 No Brasil é o Banco Central do Brasil.
 Na França chama-se La Banque de France (O Banco de França).
 Na Alemanha é Deutche Bundesbank (o Banco Federal Alemão).
 Em Portugal é o Banco de Portugal.
 Os Bancos centrais dos países da União Europeia têm a particularidade de prestar contas
ao Banco Central Europeu (BCE).

Bancos comerciais – são instituições financeiras cuja actividade consiste em aceitar


depósitos mobilizáveis por cheque e outros meios de pagamentos e em conceder empréstimos.
Através da sua actividade de intermediação financeira, os bancos comerciais participam no

6
processo de criação de moeda tendo, por isso, a sua actividade muito regulamentada pelas
entidades que gerem a política monetária, que são os bancos centrais.

Bancos de investimentos – são instituições financeiras não-monetárias, que não podem


efectuar pagamentos, sendo assim, captam dinheiro no mercado financeiro pagando
determinados juros, em seguida emprestam esse mesmo dinheiro para empresas, em prazos
mais longos, com juros mais altos, embolsando a diferença.

Bancos de desenvolvimento – são instituições que financiam projectos cuja finalidade é


promoverem o desenvolvimento económico e social de uma dada região.

Bancos mistos – são instituições financeiras que desempenham funções idênticas aos
bancos comerciais, de investimentos e de desenvolvimento ao mesmo tempo.

Ainda no sistema bancário podemos encontrar para além dos bancos, também podemos
encontrar as instituições de micro créditos. Estas instituições não aceitam depósitos de clientes,
nem mesmo servem para efectuar transferências de meios monetários, no entanto, servem para
atribuir empréstimos de valores muito reduzidos principalmente para as famílias ou para
empresas unipessoais.

UNIDADE II: O ESTUDO DOS PRODUTOS BANCÁRIOS

2.1 Os bancos e as necessidades financeiras dos sujeitos económicos

Os bancos são instituições financeiras que captam dinheiro das pessoas singulares ou
colectivas à uma determinada taxa de juro, com a intenção de aplicar os mesmos fundos à uma
taxa de juro mais elevada. Os bancos possuem três responsabilidades fundamentais,
nomeadamente as funções de financiamento, comercial e de assinatura.

Financiamento: conceder empréstimos aos mais diversos agentes económicos.

Comercial: funcionam com os títulos tais como as letras (documento através do qual
uma entidade promete liquidar uma dívida dentro de um prazo mencionado na mesma),
livranças (é um título de crédito no qual uma entidade compromete-se a pagar a outra uma dada
quantia num determinado prazo, geralmente, este documento é uma parte integrante de um
crédito, que os bancos usam como garantia, caso o devedor não consiga reembolsar as
prestações do crédito) e títulos da dívida pública (documentos emitidos pelos governos com o
objectivo de financiar as despesas públicas).

7
Assinatura: são garantias dadas pelo banco para assegurar o cumprimento de
promessas.

2.2 Produtos do passivo

Aqui localizam-se as captações de recursos, constituíndo assim obrigações perante


terceiros. O processo de captação de recursos, constitui-se no chamado depósitos de clientes e
empréstimos dos outros bancos. Quando os bancos concedem emprestimos entre si, é sempre
com base na taxa básica de juro que corresponde à menor taxa de juro vigente em uma
economia, funcionando como taxa de referência para todos os contratos. Dentre estas taxas
podemos destacar:

LIBOR – London Interbank Offered Rate: a LIBOR é a taxa de juro de referência diária,
calculada com base nas taxas de juro oferecidas para grandes empréstimos entre os bancos
internacionais que operam no mercado londrino.

EURIBOR – European Interbank Offered Rate: em português é a taxa interbancária


oferecida em euro, indica a taxa de juro média dos empréstimos interbancários sem garantia da
zona euro.

LUIBOR – Luanda Interbank Offered Rate: a LUIBOR é uma taxa de juro baseada nas
taxas de juro das operações de cedência de liquidez, em moeda nacional, de fundos não
garantidos, realizadas entre bancos para a maturidade de 1 (um) dia (overnight), e pela
informação prestada pelos mesmos sobre as taxas de juro oferecidas e aceites para maturidades
de 30 (trinta) dias à 360 (trezentos e sessenta e cinco) dias.

DEPÓSITOS A VISTA OU À ORDEM: é o tipo mais comum de conta, também


conhecido como conta-corrente. Pode ser mantido por pessoas singulares e colectivas. Constitui
uma das principais fontes de recursos dos bancos. São recursos de livre movimentação. Tais
depósitos podem ser movimentados por meio de cheques ou tranferência bancária.

DEPÓSITOS A PRAZO: são aqueles que se caracterizam por terem data de reembolso
previamente definida. Não têm livre movimentação. Podem ter remuneração pré e pós-fixada,
quer dizer, que a remuneração do depósito pode ser conhecida no momento em que ele é feita
(prefixada) ou somente no futuro (pós-fixada).

DEPÓSITOS DE POUPANCA: são aqueles onde o depositante tem direito a uma


remuneração sobre o valor depositado. A apropriação do rendimento é feita mensalmente na
proporcionalidade de 1/12 da remuneração anual. A movimentação é livre, mas há perda de
remuneração caso o saque seja feito antes de 1 mês do deposito do recurso.
8
2.3 Produtos do activo

2.3.1 Créditos por desembolso – são aqueles em que o banco disponibiliza ao cliente,
uma determinada quantia por um prazo definido e mediante o pagamento de juro. Neste tipo de
crédito podemos identificar três opções:

 Crédito por empréstimo – o banco disponibiliza ao cliente, por tempo


determinado uma certa quantia, ficando este obrigado a reembolsa-la, findo o prazo
acordado, bem como ao pagamento dos respectivos juros.

 Crédito por abertura de crédito – é um contracto em que um banco


disponibiliza fundos ao cliente, e que o cliente utilizará de acordo as suas necessidades,
estando obrigado a reembolsar ao banco dos fundos que utilizar e ao pagamento de juro.

 Crédito por desconto – é um contracto em que o banco antecipa o valor


de um crédito ao seu titular, deduzindo do correspondente juro e eventuais despesas,
transmitindo-lhe este o respectivo crédito que o banco vai cobrar no seu vencimento. A
modalidade deste é o desconto titulado, ou seja, o desconto de letras, livranças e títulos
da dívida pública.

2.3.2 Créditos por assinatura – o banco garante, perante terceiros, o bom cumprimento
de uma obrigação do seu cliente. Neste tipo de crédito podemos identificar diversos tipos de
garantias:

 Aval bancário – é uma garantia que apenas pode ser prestada em títulos
de crédito como letras e livranças (concretamente mediante a assinatura do avalista no
verso do documento), neste caso o avalista é o Banco. O aval bancário permite que, em
caso de incumprimento da letra ou da livrança por parte do devedor, o credor pode
efectuar exigências do pagamento da dívida ao avalista (Banco).

 Penhor – é um contracto, em que o devedor entrega ao credor um bem


móvel, como garantia de uma obrigação assumida (empréstimo). Constitui-se o penhor
com a entrega efectiva do bem móvel, mas por excepção, poderá o devedor permanecer
na posse do bem, respondendo como fiel depositário. Uma vez vencida e não paga a
obrigação, pode o credor requerer judicialmente a busca e apreensão do bem móvel,
para posterior venda.
Existem vários tipos de penhor:
 Penhor rural: abrange as modalidades agrícola (quando os bens
penhorados são as colheitas, os frutos armazenados, madeira, carvão
9
e máquinas ou instrumentos de produção agrícolas); também a
modalidade pecuária (quando os bens penhorados incluem os
animais usados em atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios).
 Penhor industrial e mercantil: quando os bens penhorados incluem
mercadorias, matérias-primas, produtos acabados, máquinas e outras
ferramentas, animais usados na indústria.
 Penhor de jóias: quando os bens penhorados incluem jóias, pedras
preciosas, canetas de valor e relógios, etc.
 Penhor automóvel: aquele em que o bem penhorado é um
automóvel.

 Alienação fiduciária – é a transmissão da propriedade de um bem ao


credor para garantia do cumprimento de uma obrigação do devedor, que permanece na
posse directa do bem. Exemplo: na aquisição de um bem através de empréstimo
bancário, o mesmo bem adquirido serve de garantia bancária, neste caso o bem fica
registado em nome do Banco até que o empréstimo seja reembolsado na totalidade. A
diferença entre o penhor e a alienação fiduciária, é que no penhor o bem fica em posse
do Banco, mas legalmente o bem está em nome do devedor; já na alienação fiduciária o
bem legalmente fica em nome do Banco, mas o bem fica em posse do devedor.

 Hipoteca ou refinanciamento imobiliário – é um tipo de empréstimo


em que o devedor dá um bem imóvel (vivendas, terrenos, apartamentos, estradas, minas
e pedreiras, etc), como garantia para assegurar o pagamento de uma dívida. A hipoteca
recai sobre a totalidade do imóvel, abrangendo reformas, benfeitorias e ampliações. Um
mesmo bem imóvel pode ser hipotecado várias vezes. No caso de execução por diversos
credores, terá preferência aquele que primeiro recebeu o imóvel como garantia.

 Fiança bancária – é um contrato por meio do qual o banco, que é o


fiador, garante o cumprimento da obrigação de seus clientes (afiançado) e poderá ser
concedido em diversas modalidades de operações e em operações ligadas ao comércio
internacional. Por exemplo: é o caso do Crédito Documentário de Importação, em que
uma empresa que, para efectuar aquisição de valores enormes no exterior, solicita um
crédito à um banco no exterior (onde o fornecedor tem as suas contas bancárias
domiciliadas), mas o mesmo banco pode requerer ao banco do cliente uma fiança
bancária em garantia desse crédito.

10

Você também pode gostar