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Centro de Estudos, Investigação e Pós- Graduações

Mestrado de Economia -2017


Disciplina de Economia Monetária e Financeira

Tema: Sistema Bancário e Sistema de Pagamentos de Angola

Autor:
Nome Nº E-mail Telefone
José Antunes Bastos Cameira 11147917 pigulho@hotmail.com 936931794
Tutor:
Prof. Dr. Alceu Jobim

Trabalho apresentado como requisito parcial


para obtenção do grau de Mestre em Ciências
Económicas ao programa de Pós-graduação em
Economia da Universidade Lusíada de Angola.

Luanda 16-04-2018
I

ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL ............................................................................................................... I
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
CAPÍTULO 1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA BANCÁRIO ANGOLANO
À ACTUALIDADE.......................................................................................................... 5
1.1. A História do Sistema Bancário Angolano e suas Diferentes Fases. .................... 5
1.2 Funções inerentes ao Banco Nacional de Angola. ........................................... 10
1.3 Principais Actividades do Sistema Bancário Angolano ................................. 11
1.4 Instituições Financeiras Bancárias Autorizadas.............................................. 12
CAPÍTULO 2- SISTEMA DE PAGAMENTOS NACIONAL DE ANGOLA (SPA) .. 13
2.1 Objectivos da SPA ........................................................................................... 13
2.1 Papel e Competências do BNA no Sistema de Pagamento Nacional ......... 13
2.2 Características e Instrumentos do Sistema de Pagamento Nacional ........ 14
2.3 Aspectos Institucionais .................................................................................. 14
2.4 Perspectivas .................................................................................................... 15
2.5 Arquitectura do SPA ..................................................................................... 15
CAPÍTULO 3- CONCLUSÕES ................................................................................. 17
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 18
II
1

INTRODUÇÃO

«A actividade bancária consiste essencialmente em facilitar o movimento


do dinheiro do ponto A, onde ele está, para o ponto B, onde faz falta».

Lord Victor Rothschild, 1977


História do Sistema Bancário

A criação dos princípios fundamentais da moderna actividade bancária e dos


mercados de capitais no século XVII esteve na base de um aumento sem precedentes da
prosperidade económica a nível mundial, essencialmente ao permitir uma utilização
mais produtiva do capital disponível na sociedade.

Na prática, os Bancos e os mercados financeiros tornam possível que o capital


excedentário de depositantes, accionistas e obrigacionistas seja canalizado para o
desenvolvimento de actividades económicas onde esse capital é necessário (como a
agricultura, a indústria e o comércio), bem como para a aquisição de bens e serviços por
parte das famílias. Os primeiros recebem uma remuneração pela cedência do seu capital
(que deverá ser proporcional ao risco que assumem), enquanto as empresas esperam
obter lucros com a utilização do capital e as famílias esperam melhorar o seu nível de
vida, antecipando aquisições futuras.

De tempos a tempos, os Bancos e o sistema financeiro registam falhas no seu


funcionamento, que resultam essencialmente de excessos na concessão de crédito e dos
critérios definidos para a gestão dos riscos. As maiores crises económicas (de que é
exemplo a actual) estão geralmente associadas a crises bancárias.

Felizmente, muito tem sido feito nas últimas décadas para atenuar o impacto
destas crises, através da criação de mecanismos de supervisão bancária, de rácios
mínimos de solvabilidade que os Bancos estão obrigados a respeitar e de fundos de
garantia dos depósitos, permitindo que os riscos da actividade bancária sejam
suportados essencialmente pelos detentores do seu capital e só em condições muito
extremas pelos depositantes.

A origem da Banca moderna

Ainda que a actividade bancária já estivesse razoavelmente desenvolvida no


Renascimento (sendo o Banco mais poderoso da época o da família Medici, o qual tinha
sucursais em toda a Europa), o historiador Niall Ferguson* identifica 3 instituições
surgidas no século XVII como estando na base da Banca como a conhecemos hoje:
2

1. Amsterdamsche Wisselbank (Holanda, 1609): foi pioneiro na utilização de


cheques e transferências bancárias para facilitar o comércio;
2. Sveriges Riksbank (Suécia, 1668): foi pioneiro na concessão de crédito com
base no modelo das reservas mínimas (fractional reserve banking);
3. Bank of England (Inglaterra, 1694): foi o primeiro Banco Central a ter o
monopólio de emissão de notas bancárias.

A actividade dos Bancos com maior impacto económico (a criação de crédito),


partiu de uma simples premissa:

• É pouco provável que todos os depositantes queiram levantar todo o seu


dinheiro em simultâneo;
• Desta forma, bastará colocar uma pequena parte do valor depositado em
activos muito líquidos (reservas);
• Mantendo-se a obrigação de reembolsar qualquer depósito a pedido dos
Clientes, sendo possível conceder crédito sobre o valor remanescente;
• Este modelo, que é denominado por “sistema de reservas mínimas”,
permite aos Bancos aumentar a oferta de moeda na economia, através de um
efeito multiplicador (que é tanto maior quanto mais baixas forem as reservas
legais).

Na prática, os Bancos actuam como intermediários financeiros entre quem tem


excesso de liquidez e quem a utiliza em actividades produtivas. Tomemos o exemplo da
Sr.º Cameira, que pretende aplicar as suas poupanças, e da Empresa INGOMBOTAS
Lda., que pretende um financiamento para expandir o seu negócio. O negócio bancário,
na sua forma mais simples consiste em utilizar uma parte substancial dos depósitos
mutualistas de poupança do Sr.º Cameira e conceder empréstimos ao mutuário empresa
INGOMBOTAS Lda. Uma vez que o Banco pode avaliar e diversificar mais fácilmente
os seus riscos, a Sr.º Cameira aceita receber uma taxa de juro mais baixa do que se
tivesse emprestado o dinheiro directamente, enquanto a empresa INGOMBOTAS Lda.
consegue reduzir o custo do financiamento do seu negócio, face à alternativa de
conseguir o financiamento directamente a um particular. Ambos têm outra vantagem: a
de poderem terminar de forma mais fácil os seus contractos. A fig.1 ilustra a posição
dos bancos no mercado financeiro como intermediários financeiros.
3

Financiamento Indirecto

Intermediários
Fundos Fundos
Financeiros

Mutários ou aforradores primário:


Mutários ou aforradores primário: 1. Famílias
2. Empresas não financeiras

Fundos
1. Famílias
2. Empresas não financeiras 3. Governo
3. Governo 4. Resto do Mundo
4. Resto do Mundo

Mercados
Fundos Fundos
Financeiros

Financiamento Directo

Figura Nº1. Fluxo de fundos do sistema financeiro.

Na medida em que o juro cobrado nos empréstimos é superior àquele que é pago
nos depósitos, a margem financeira daí resultante (acrescida de eventuais comissões
pela prestação de serviços diversos) deverá ser suficiente para cobrir os custos
operacionais e as perdas por créditos incobráveis, gerando um lucro que compense os
detentores do capital pelos riscos incorridos.

Naturalmente, todo este sistema depende da confiança dos depositantes na


capacidade dos Bancos em reembolsarem o seu dinheiro, a qualquer altura. Se todos os
depositantes desconfiarem, por alguma razão, que o seu dinheiro está em risco, gera-se
uma “corrida ao Banco” (bank run), e rapidamente as reservas serão insuficientes para
satisfazer todos os pedidos, pelo que o Banco ficará insolvente e poderá abrir falência.
Foi este o destino de muitos dos primeiros Bancos.
4
5

CAPÍTULO 1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO SISTEMA


BANCÁRIO ANGOLANO À ACTUALIDADE
1.1. A História do Sistema Bancário Angolano e suas Diferentes Fases.
Ao debruçarmo-nos sobre a evolução do sistema bancário em Angola, é
importante focar o aspecto financeiro, pois encontram-se inteiramente relacionados. A
Figura que se segue ilustra a grande relação entre o sistema Financeiro e o sistema
Bancário ou Vice-Versa.

Sistema Financeiro
Sistema Financeiro

Sistema Financeiro

Sistema Bancário

Sistema Financeiro

Figura Nº2. Sistema Bancário e interligação com o Sistema Financeiro.

Para melhor se compreender a evolução do sistema bancário em Angola, importa


apresentar algumas fases que fizeram manchete no aparecimento ou surgimento dos
bancos em Angola.
6

Primeira Fase: De 1865 à 1926, fase de estabelecimento bancário localizada em


Lisboa.

"A instalação do primeiro estabelecimento bancário em Angola remonta à 1865,


e começou a funcionar em agosto do mesmo ano. Tratava-se de uma sucursal 4 do
Banco Nacional Ultramarino, autorizado a instalar-se em Luanda, passando as notas
emitidas por este Banco a constituir a moeda nacional, estavam lançadas as bases para o
início do exercício da actividade bancária em Angola. Contudo, o desenrolar deste
processo foi conturbado.

(De Sá, Francisco Xavier Valeriano, Banco Nacional Ultramarino, Cronica do

Seu Percurso-Plátano, 2005).

O descontrole ao nível da emissão monetária, conduziu a uma situacção


financeira insustentável na colónia, e para contornar esta situacção, as autoridades
coloniais criaram uma Junta de Moeda que deu inicio a um processo de reforma
monetária, cuja primeira acção foi a constituição de um Banco emissor independente, “
o Banco de Angola”5.

A delegação do então Banco de Angola passou a funcionar, de facto, em Angola,


numa tentativa de se perpetuar a presença colonial no território nacional. A 14 de agosto
de 1926 altura em que foi criado o Banco de Angola, a sua sede estava instalada em
Lisboa para “ se esquivar às influências locais e para ser mais directa a fiscalização do
Ministro das Colónias”.

Segunda Fase : De 1957 à 1975

O Banco de Angola deteve até 1957, o exclusivo comércio bancário em Angola,


altura em que surgiu no mercado o Banco Comercial de Angola, que era estritamente de
direito angolano.

Posteriormente o Banco de Angola, que para além de deter o direito exclusivo de


emissão de notas de Banco, ainda exercia o comércio bancário, passou a contar com a
“concorrência de mais cinco bancos comerciais (o Banco Comercial de Angola, o
Banco de Crédito Comercial e Industrial, o Banco TottaStandart de Angola, o Banco
Pinto & Sotto Mayor e o Banco Inter Unido) assim como, quatro estabelecimentos de
crédito (o Instituto de Crédito de Angola, o Banco de Fomento Nacional, a Caixa de
Crédito Agro-pecuária e o Montepio de Angola).

Um aspecto relevante a esta fase, cinge-se na grande comparação e ao mesmo


tempo crescimento dos bancos em Angola. A existência de 242 Agências e
dependências bancárias isto no final de 1973, espalhadas por todo o território. Na
mesma altura, o valor do Crédito concedido pelo sistema bancário era de 24.7milhares
de contos e o total da carteira de depósitos dos Bancos 29.4 milhares de contos.
7

Adicionalmente, havia 12 seguradoras a operar meio século após a sua criação,


verificou-se uma fuga massiva de quadros bancários, associada a fuga de capitais com o
perigo da redução imediata da liquidez do sistema. Foi neste período que aconteceu uma
acção destinada a evitar o desmoronamento de todo o sistema monetário e financeiro, a
14 de agosto de 1975 e ficou conhecido como “Tomada da Banca”.

Para tal, nomeou-se um grupo de técnicos bancários, com a missão de


implementar um plano estabelecido pelo Ministério do Plano e Finanças que consistia
na ocupação física de instalações dos Bancos Comerciais em Luanda e destituição dos
seus órgãos sociais até então vigentes.

Terceira Fase: De 1980 à 1991.

O trabalho exaustivo levado a cabo por esse grupo de trabalhadores é um marco


historicamente determinante da Banca em Angola, tendo sido proclamado a 14 de
agosto de 1980 como “ Dia do trabalhador bancário”.

Esta atitude leva a recorrer ao grande comportamento que "Yunus teve quando
apresentou na sua obra ( O Banqueiro dos Pobres) um aspecto relevante no que
concerne O Grameen diante dos bancos Tradicionais. O autor faz uma grande e
exaustiva comparacção entre bancos comerciais tradicionais e o banco Grameen, «Os
bancos tradicionais pedem aos clientes que se dirijam a suas agências. Para um Pobre- e
ainda por cima analfabeto-uma agência bancária tem algo de terrível, de ameaçador, ela
cria uma distância suplementar. Por isso resolvemos que iríamos até ao cliente.

Todo o sistema bancário para o Grameen parte da ideia de que, não cabe às
pessoas irem ao banco, mas ao banco ir até as pessoas…apôs a inauguração de várias
agências do Grameen, não se verificava pessoas nos balcões, o autor advertiu aos
funcionários o seguinte:" A presença na agência de qualquer membro da equipe será
considerada uma violação das regras do banco Grameen"…Nós somos diferentes dos
bancos comerciais tradicionais em quase todos os aspectos, por exemplo: um banco
comercial tradicional estuda os balanços e fundamenta suas decisões com base nas
relações entre dívida e participação acionária, na lucratividade, nos valores líquidos
actuais e nos planos de pagamento; No Grameen, os clientes não precisam mostrar
imunidade geral, precisam apenas de provar sua pobreza…Enquanto banco comercial, o
sucesso mede-se em termos de lucros e dividendos, já no Grameen, para além de
garantir um bom rendimento a nossos financiados-accionistas, assume sobretudo a
forma de habitação e de melhoria do nível de vida. No Grameen, quanto o flanco Social,
a necessidade de satisfazer as carências das pessoas e garantir um bem estar, deixa de
ser plano secundário, passa a ser a principal ambição do Grameen…Sempre que os
bancos comerciais concedem empréstimos, vai saber se o financiado dispões de uma
caução.
8

Uma vez concedido o empréstimo, esquecerá completamente o financiado e, só


com a falta de pagamento é que se lembrará do financiado. Para o Grameen, por
efectuar visitas semanais e mensais, verifica regularmente a saúde financeira de seus
financiados para garantir que eles vão poder pagar com juros o dinheiro recebido e que
toda a família esteja se beneficiando dele…Um dos únicos aspectos que o Grameen
queria imitar quanto aos bancos tradicionais comerciais, era a grande ambição de ver
seus financiados a elevarem acima do limite da pobreza, uma vez que os financiados
pelo banco comercial vivem bem acima da pobreza. Em suma, o Grameen procura gerar
não apenas mudanças económicas, mas também mudanças sociais».

Em consequência, no quadro das transformações político-económicas que se


vinham realizando e tendo em atenção a importância do sistema monetário e financeiro
do País, o Governo confiscou o activo e o passivo do Banco de Angola e criou o Banco
Nacional de Angola, com funções de Banco central, Banco Emissor, Caixa do Tesouro,
e de Comércio Bancário. Paralelamente a lei nº70/76, confisca o Banco Comercial de
Angola e cria o Banco Popular de Angola actuando principalmente como Banco de
captação de poupanças individuais.

Um ano após a independência de Angola, e através da Lei Nº 69/76 publicada no


Diário da República Nº 266 – 1ª Série de 10 de Novembro de 1976, foi criado o Banco
Nacional de Angola e aprovada a sua Lei Orgânica. Entretanto, o BNA como empresa
pública de finanças e crédito, estava subordinado ao Ministério das Finanças. A partir
de 1978 e através da lei 4/78 de 25 de Fevereiro, a actividade bancária passou a ser
exclusivamente exercida pelos bancos do Estado, pelo que se encerraram formalmente
os bancos comerciais privados, o que facilitou a extensão da rede de balcões do BNA
por todo o território nacional.

A actividade seguradora ficou a cargo de uma única empresa estatal, a Empresa


nacional de Seguros de Angola (ENSA), estabelecida também em 1978. Em 1981, todas
as companhias privadas seguradoras foram liquidadas, os seus activos e passivos
transferidos para ENSA. Em 1987, o Governo formulou um conjunto de reformas
institucionais com vista à transição para uma economia de mercado. Dentre as reformas
empreendidas, foi priorizada a reforma do sector financeiro, face á sua importância na
mobilização das poupanças, na distribuição de recursos e na estabilização
macroeconómica.

Quarta Fase: De 1991 à 1999

Com base na lei das Instituições Financeiras, em 1991 iniciou-se a


implementação de um sistema bancário de dois níveis, o Banco Nacional de Angola
passou a exercer a função de Banco Central, consagrado como autoridade monetária,
agente da autoridade cambial e separado das funções comerciais. O Banco Nacional de
Angola deixou de abrir contas de depósitos tanto em moeda local como em moeda
estrangeira e iniciou-se a implementação de um programa de cessação de actividades
9

comerciais em Luanda. Foram igualmente introduzidos os primeiros instrumentos de


política monetária, nomeadamente as reservas obrigatórias e aumentadas as taxas de
juros.

O sistema bancário nacional passou então a ser composto para além do BNA,
por dois Bancos comerciais angolanos constituídos sob forma de sociedades anónimas
de capitais públicos – o Banco de Poupança e Crédito (BPC; exemplo BPA) e o Banco
de Comércio e Indústria (BCI), CAP-Caixa de Crédito Agro- Pecuária e Pescas, uma
instituição com o objectivo de apoiar a expansão da capacidade produtiva dos sectores
agrícola e piscatório e desse modo proporcionar o aumento da oferta de produtos
essenciais, cuja rede foi substancialmente alargada em 1996 com a transferência, pelo
BNA, da sua extensa rede comercial para aquela instituição. Posteriormente,
estabeleceram-se sucursais de bancos estrangeiros, nomeadamente, o Banco Totta e
Açores (BTA), o Banco de Fomento Exterior (BFE) e o Banco Português do Atlântico
(BPA).

No âmbito da restruturação do sistema bancário, a aprovação em julho de 1997,


pela Assembleia Nacional da nova lei Orgânica do Banco Nacional de Angola, lei 6/97,
de 11 de julho, e da lei Cambial- lei 5/97, de 11 de julho, permitiram que se
ultrapassassem alguns embaraços de origem legal, sendo o BNA como Banco Central,
acometido de maior responsabilidade e autonomia para com maior propriedade conduzir
e executar a política monetária e cambial do País.

Quinta Fase: De 1999 á Actualidade

Em 1999, foi decidida extinção e liquidacção da caixa Agro-pecuária e Pescas


(CAP) e em maio do mesmo ano, o BNA implementou um conjunto de medidas com o
objectivo de estabilizar o mercado monetário e cambial e aumentar a competitividade
entre os Bancos. Actualmente e de acordo com a regulamentação em vigor, o sistema
bancário nacional é constituído por várias instituições bancárias de capital nacional e
estrangeiro, nomeadamente de capital português, as quais se constituíram em bancos de
direito angolano.Com mais de 1000 trabalhadores no activo, o Banco Nacional de
Angola tem a sua sede na Av. 4 de Fevereiro na marginal de Luanda está representado
nas províncias de Benguela, Cabinda e Huíla.

A partir de então, o BNA passou a ser uma colectiva de direito público, dotada
de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. É a partir de então que surge de
forma organizada , os órgãos que compõem a Estrutura Orgânica do BNA.
10

Figura Nº2. Estrutura Orgânica do BNA.


Fonte: www.bna.ao

1.2 Funções inerentes ao Banco Nacional de Angola.


De acordo a Lei nº 16/10 de 15 de julho (DR I .ª Série nº132)7, o Banco Nacional de
Angola, é uma pessoa colectiva de direito público, dotado de autonomia administrativa,
financeira e patrimonial, a ele recai as seguintes cláusulas:
• Actuar como banqueiro único do estado;
• Aconselhar o estado nos domínios monetário, financeiro e cambial;
• Colaborar na definição e executar a política cambial, bem como o respectivo
mercado;
• Gerir as disponibilidades externas do país ou as que lhe sejam acometidas;
• Agir como intermediário nas relações monetárias internacionais doestado;
• Velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando com essa
finalidade a função de financiador de última instância;
• Quanto a impressão e cunhagem de notas, enquanto não foi criada a "Casa da
Moeda de Angola", o BNA fica autorizado a contratar, mediante procedimento
lecitório, empresas estrangeiras para a impressão de novas cédulas de novo
padrão monetário.

Segundo, "De Carvalho, na sua Obra intitulada, Prontuário Bancário -6ª


Edição,1998" fundamenta, algumas funções à par das presentes tais como: as cauções,
os avales, as garantias e as fianças bancárias, a favor de clientes e perante terceiros-
11

entidades oficiais ou particulares- revestindo formas variadas, conforme as actividades e


fins em vista. Aqui, os Bancos constituem-se garantes para terceiros da execução de
obrigações assumidas pelos clientes, no chamado "crédito por assinatura", envolvendo
as mais latas responsabilidades.
Com o objectivo de garantir a execução de compromissos e evitando o desembolso
temporário de fundos, com o respectivo congelamento de garantia nos depósitos
provisórios, os bancos tornam-se mais "fiadores de obrigações subscritas", realizando
operações de grande interesse para muitos tipos de actividades comerciais e industriais,
mediante uma reduzida comissão.
Este facto, adorna-se a banca angolana uma vez que, em alguns dos bancos quando
se trata de créditos principalmente para o investimento (BAI), verifica-se a presença do
"avalista que pode ser, uma ou mais pessoas" independentemente do tipo de
investimento, (este por sua vez com um capital superior ou igual ao do credor), assume
perante ao banco todas as irregularidades ou incumprimento cometidas pelo credor.

1.3 Principais Actividades do Sistema Bancário Angolano


No que diz respeito as principais operações efectuadas pelos bancos, destacam-se as
seguintes:
• Receber depósitos ou outros fundos reembolsáveis;
• Realizar operações de Crédito, incluindo concessão de garantias e outros
compromissos, excetolocação financeira e cessão financeira;
• Realizar operações de pagamento;
• Emissão e gestão de meios de pagamentos tais como: cartões de crédito, cheques
de viagem, e cartas de crédito;
• Transacções por conta própria ou alheia, sobre instrumentos do mercado
monetário, financeiro e cambial;
• Comércio de compra e venda de notas, moedas estrangeiras;
• Aluguer de cofres e guarda de valores;
• Tomada de participação no capital da sociedade;
• Outras operações análogas e que a lei lhes não proíba.
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1.4 Instituições Financeiras Bancárias Autorizadas

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS BANCÁRIAS AUTORIZADAS

NOME SIGLA N.º DE REGISTO

1 BANCO ANGOLANO DE INVESTIMENTOS, S.A. BAI 40


2 BANCO YETU, S.A. YETU 66
3 BANCO ANGOLANO DE NEGÓCIOS E COMÉRCIO, S.A. BANC 53
4 BANCO BAI MICRO FINANÇAS, S.A. BMF 48
5 BANCO BIC, S.A. BIC 51
6 BANCO CAIXA GERAL ANGOLA, S.A. BCGA 4
7 BANCO COMERCIAL ANGOLANO, S.A. BCA 43
8 BANCO COMERCIAL DO HUAMBO, S.A. BCH 59
9 BANCO DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA, S.A. BCI 5
10 BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE ANGOLA, S.A. BDA 54
11 BANCO DE FOMENTO ANGOLA, S.A. BFA 6
12 BANCO DE INVESTIMENTO RURAL, S.A. BIR 67
13 BANCO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAL, S.A. BNI 52
14 BANCO DE POUPANÇA E CRÉDITO, S.A. BPC 10
15 BANCO ECONÓMICO, S.A. BE 45
16 BANCO KEVE, S.A. KEVE 47
17 BANCO KWANZA INVESTIMENTO, S.A. BKI 57
18 BANCO PRESTÍGIO, S.A. BPG 64
19 BANCO MILLENNIUM ATLÂNTICO, S.A. BPA 55
20 BANCO MAIS, S.A. BMAIS 65
21 BANCO SOL, S.A. BSOL 44
22 BANCO VALOR, S.A. BVB 62
23 BANCO VTB ÁFRICA, S.A. VTB 56
24 ECOBANK DE ANGOLA, S.A.* ECO 68
25 FINIBANCO ANGOLA, S.A. FNB 58
26 STANDARD BANK DE ANGOLA, S.A. SBA 60
27 STANDARD CHARTERED BANK DE ANGOLA, S.A. SCBA 63
28 BCS – BANCO DE CRÉDITO DO SUL, S.A. BCS 70
29 BANCO POSTAL, S.A. BPT 69
30 BANCO DA CHINA LIMITADA – SUCURSAL EM LUANDA BOCLB 71
OBS * Sem actividade
Figura Nº3. Instituições Financeiras Bancárias Autorizadas.
Fonte: www.bna.ao
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CAPÍTULO 2- SISTEMA DE PAGAMENTOS NACIONAL DE


ANGOLA (SPA)

O Sistema de Pagamentos Nacional de Angola (SPA) é o conjunto de


instrumentos, de procedimentos bancários e de subsistemas interbancários de
transferência de fundos destinados a facilitar a circulação da moeda em Angola e
satisfazer o aumento, complexidade e sofisticação das transacções financeiras no
mercado nacional e internacional
O Sistema de pagamentos Nacional de Angola está em sintonia com o cumprimento
dos objectivos de interesse público definidos na Lei do SPA, a Lei nº 05/05, de 29 de
Julho.

2.1 Objectivos da SPA


Os objectivos preconizados na Lei nº 05/05, são:

• Segurança: sistema de pagamentos construído com soluções adequadas para


lidar com riscos típicos deste, garantir direitos e assegurar a liquidação de
obrigações e operar com infraestructura técnica apropriada;

• Fiabilidade Operacional: sistema de pagamentos estruturado com capacidade de


Auto preservação para manter a confiança do utilizador e permitir a definição
aos agentes económicos do momento da disponibilidade das transferências de
fundos, o que possibilita melhor planeamento e mais eficiente troca de bens e
serviços na economia;

• Eficiência: sistema de pagamentos com disponibilizarão de serviço de


pagamento, com preço justo, para atender as necessidades dos diversos sectores
da economia angolana;

• Transparência: sistema de pagamentos estruturado com regras de funcionamento


objectivas e claras divulgadas entre os agentes económicos, de forma que os
participantes e os utentes tenham a certeza de seus direitos e obrigações.

A missão do SPA é facilitar a movimentação de fundos em todo o país e promover a


utilização da moeda nacional, assegurando o cumprimento dos objectivos de interesse
público definidos na Lei nº 05/05, de 29 de Julho.

2.1 Papel e Competências do BNA no Sistema de Pagamento Nacional

A Lei Orgânica do Banco Nacional de Angola, Lei nº 16/10, de 15 de Julho,


estabelece que o Banco é responsável por assegurar o regular funcionamento e
organização dos sistemas de pagamentos e de compensação, regulando-os, fiscalizando-
os e promovendo a sua eficácia (art.º 17º e art.º 28º).
No âmbito das suas responsabilidades de controlo e acompanhamento (vigilância)
do Sistema de Pagamentos de Angola, o BNA definiu e divulgou a sua Política de
Vigilância. Com a Política de Vigilância prende-se com os instrumentos de pagamento e
14

os correspondentes subsistemas de pagamentos, incluindo os respectivos mecanismos


de compensacção e liquidação, que devem ser eficientes e seguros, transmitindo
confiança ao público e ao mercado, e facilitando a troca de bens, serviços e activos
financeiros.
A Lei do Sistema de Pagamentos de Angola, Lei nº 05/05, de 29 de Julho, detalha
no seu artigo 6º as competências do banco central no âmbito do sistema de pagamentos
no que concerne à função de vigilância, com o objectivo de garantir o cumprimento dos
objectivos de interesse público definidos na mesma lei e assegurando desta forma a
estabilidade das instituições financeiras e dos mercados. O BNA adopta uma posição de
neutralidade perante os subsistemas de pagamentos existentes e que satisfaçam os
requisitos básicos de segurança e eficiência.
Na prossecução dos objectivos de segurança e eficiência do sistema de pagamentos,
o BNA cooperará com outras autoridades relevantes e com bancos centrais de outros
países, nomeadamente no âmbito da SADC. Sem prejuízo das suas responsabilidades e
dos poderes que lhe estão conferidos pela lei, o Banco considera que a cooperação pode
ser um veículo para a satisfação daqueles objectivos.

2.2 Características e Instrumentos do Sistema de Pagamento Nacional


O SPA, assenta na utilização dos seguintes instrumentos:
a. 4 Instrumentos de pagamentos escriturais
• Cheques
• Ordens de saque,
• Cartões de pagamento
• Transferências a crédito
b. 4 Subsistemas interbancários
• Sistema de Pagamentos de Grandes Transacções (SPTR),
• Serviço de Compensação de Valores (SCV)
• Subsistema Multicaixa (MCX)
• Subsistema de Transferências a Crédito (STC)
c. 1 Subsistema de liquidação de títulos
• Sistema de Gestão de Mercados de Activos (SIGMA).

2.3 Aspectos Institucionais


Os intervenientes do sistema de pagamentos estão definidos na Lei do SPA:
1. O Banco Central;
2. Os bancos e cooperativas de crédito,
3. O Tesouro Nacional;
4. Os operadores de câmaras de compensação, inclusive os que processam
operações com valores mobiliários;
5. Os operadores de subsistemas de pagamento, inclusive os que processam
operações com valores mobiliários;
6. Os órgãos associativos representativos dos bancos e de sociedades
financeiras;
7. O Conselho Técnico do Sistema de Pagamentos de Angola;
8. Os prestadores de serviços de pagamento.
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2.4 Perspectivas
A evolução futura do SPA deve passar pela sua crescente acessibilidade e
utilizacção pelos cidadãos e pelas pessoas colectivas, com base na utilização de
instrumentos e subsistemas de pagamentos modernos, seguros e funcionais.
Neste contexto, estão em curso várias iniciativas lideradas ou dinamizadas pelo Banco
Nacional de Angola, como sejam:

• A implementação integral da Câmara de Compensação Automática de Angola,


com a concepção e entrada em funcionamento dos subsistemas que ainda não
estão operacionais, nomeadamente o subsistema de compensação de cheques
(SCC), cuja operacionalização deve ocorrer em 2014, e o subsistema de débitos
directos (SDD).

• Actualização ou criação de regulamentação sobre os novos canais de prestação


de serviços e o papel das sociedades prestadoras de serviços de pagamento.

• Promoção de acções várias tendo em vista facilitar a realização de pagamentos


do ou ao Estado.

2.5 Arquitectura do SPA


O diagrama seguinte apresenta a arquitectura do SPA tendo em consideração os
subsistemas em funcionamento e os já planeados:
16

Figura Nº4. Arquitectura do sistema de pagamentos Angolano.


17

CAPÍTULO 3- CONCLUSÕES
O ambiente financeiro está em constante mutação. Vivemos actualmente uma
fase em que a globalização e os seus efeitos colaterais nos empurram para uma nova
regulação dos sistemas financeiros. Assim o sistema financeiro angolano terá que
adaptar-se e desenvolver-se para a nossa realidade de forma a apoiar a actividade
económica.
Os três objectivos da regulação de que falámos são afectados pela globalização.
Nesta medida, o sucesso da globalização reside na harmonização dos procedimentos
regulatórios, de supervisão, sistemas de liquidação, disclosure e enforecement.
A Internet coloca novos desafios à regulação e supervisão dos mercados de
capitais, levantando questões relacionadas com o acesso ao mercado, segurança,
protecção do investidor, problemas de capacidade e falhas tecnológicas, como regular
serviços electrónicos, como guardar o histórico de informação para provar más
condutas, quem deverá ser regulado e supervisionado, quem responsabilizar pela
informação que circula na internet, entre outras.
A dimensão e complexidade das empresas, nomeadamente dos intermediários
financeiros, tem aumentado, e tem-se assistido à criação de inúmeros conglomerados
financeiros. Estes processos colocam problemas relativos, por um lado, à supervisão por
parte das autoridades nacionais e, por outro, à questão das empresas “too big to fail”
face ao impacto da sua insolvência no sistema financeiro.
Face a estes desenvolvimentos, a tendência é para a harmonização da regulação
e supervisão nos diversos países do mundo. A harmonização fomenta a competitividade
além fronteiras entre diferentes provedores de serviços financeiros, para benefício dos
investidores. Para além disso, a harmonização permite reduzir custos na medida em que
a existência de sistemas de regulamentação diferentes implica custos de compliance
acrescidos para as empresas internacionais. Outra área onde a harmonização é desejável
é nos princípios contabilísticos, ajudando os investidores a aferir o valor da empresa. A
situação actual aumenta os custos de informação para investir no exterior, prejudicando
investimentos internacionais. Ao tornar as demonstrações financeiras mais comparáveis,
a harmonização irá estimular o investimento além fronteiras e aumentar a diversificação
internacional.
No âmbito do processo de adopção plena das Normas Internacionais de
Contabilidade e de Relato Financeiro (IAS/IFRS) pelas instituições financeiras
bancárias, o Banco Nacional de Angola (BNA) tem vindo a efectuar esforços para a sua
adopção e implementação plena.
Existe um trade-off, uma vez que o sistema resultante deste esforço de
harmonização poderá ser menos flexível e prejudicial ao desenvolvimento de novos
serviços e técnicas, ao reduzir a competição entre sistemas diferentes de regulamentação
e limitar a troca de experiências que daí resultaria.
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BIBLIOGRAFIA
BANCO NACIONAL DE ANGOLA -SITE OFICIAL HTTP://WWW.BNA.AO

APONTAMENTOS DO PROF. DR. ALCEU JOBIM DAS AULAS DO MESTRADO


DE ECONOMIA DA CADEIRA DE ECONOMIA MONETÁRIA E FINANCEIRA.

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