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MERCADO FINANCEIRO

INTERNACIONAL
BRITO, Osias Santana de. Mercado
financeiro. São Paulo: Saraiva, 2020.
400p. ISBN 85-02-04973-9
1.2 – MERCADO FINANCEIRO
INTERNACIONAL
• A globalização influencia fortemente a estrutura acima,
integrando os mercados financeiros locais em um grande
sistema financeiro.
• A configuração dessa estrutura adquiriu aspectos mais
definitivos a partir da década de 70, quando os
contornos geopolíticos e geoeconômicos foram se
fortalecendo.
• Para melhor entendimento da evolução histórica do
mercado financeiro, primeiro vamos proceder à análise
histórica do dinheiro e, depois, discorrer sobre os
principais acontecimentos.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• É muito difícil definir e medir dinheiro.
• O dinheiro assume formas e usos diferentes.
• Tradicionalmente, a moeda é definida pelo seu uso,
ressaltando as funções de:
• - unidade de conta;
• - reserva de valor; e
• - meio de troca.
• A característica mais importante de um ativo que
pretende tomar o posto de moeda é a liquidez.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• A liquidez é a capacidade de um determinado bem
ou título ser facilmente ser aceito em transações, ou
seja, ser convertido em meio de troca.
• Assim, um bem irá desempenhar melhor o papel de
moeda quanto mais líquido for.
• Nas economias modernas, o papel moeda e os
depósitos à vista são considerados os títulos de
maior liquidez possível, sendo tomados como a
definição mais rígida de moeda (ou M1).
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• No entanto, a influência da tecnologia e a evolução
dos mercados financeiros trouxeram outras
utilidades ao dinheiro, bem como aumentaram a
liquidez de diversos ativos financeiros.
• Oficialmente, o BC definiu como medidas, M1, M2 e
M3, que diferem devido à inclusão de ativos
considerados menos líquidos aos agregados
monetários considerados anteriormente, como
vemos no Quadro 1.1:
AGREGADOS MONETÁRIOS – Quadro 1.1
M1 Papel moeda em poder do público e depósitos à vista
M2 M1 mais depósito especial remunerado, depósito de poupança e títulos
privados em poder do público.
M3 M2 mais quotas de fundos de renda fixa e operações compromissadas/Selic.
M4 M3 mais títulos federais em poder do público/Selic e títulos estaduais e
municipais em poder do público.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• A partir desses agregados, o BC tem uma medida da
quantidade de moeda e/ou ativos que pode ser utilizada
como moeda produzida pelo governo.
• As instituições financeiras alteram a oferta de moeda da
economia, por meio de depósitos escriturais em conta
corrente, depósitos que, quando disponíveis, podem ser
sacados pelos clientes.
• Isso ocorre porque os bancos atuam por meio de um sistema
de encaixes fracionários, ou seja, mantém em caixa somente
uma parcela dos depósitos à vista recebidos, investindo e/ou
emprestando o restante dos recursos para outros clientes.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• Isso é possível devido ao fato das pessoas não
sacarem todas ao mesmo tempo seus recursos,
suprindo suas necessidades apenas com uma
pequena parcela do total de recursos no curto prazo.
• No entanto, observamos que as instituições
financeiras, especialmente os bancos comerciais,
sofrem do chamado risco de liquidez, ou seja, o risco
de não ter recursos suficiente para fazer frente às
suas obrigações, caso todos os seus depositantes
queiram sacar seu dinheiro imediatamente.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• Boa parte dos recursos está aplicada em
investimentos de prazo mais longo, como
empréstimos de curto/médio prazo, linhas de
crédito, etc.
• Uma desconfiança da população, com respeito à
saúde financeira de um banco pode gerar um
episódio de corrida bancária, em que todos os
depositantes correm aos bancos para sacar seus
recursos, com medo de perdê-los no caso de uma
possível falência de um banco.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• Nesses episódios, mesmo que a desconfiança fosse
infundada, devido ao descasamento de prazos entre
os ativos e passivos do banco, o mesmo fatalmente
iria à falência, gerando grandes problemas para a
economia do país, ao reduzir de forma abrupta os
recursos à disposição dos indivíduos.
• Com isso, a regulação das instituições financeiras
pelo governo é um fator importante para o controle
da política monetária nacional por parte do BC.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• Uma das formas de supervisão é realizada pela conta
reserva bancária, conta escritural que representa o
haver financeiro da instituição junto ao BC; é
determinada pela autoridade monetária, por meio
da obrigação da instituição financeira em manter
parte dos seus recursos nesta conta, a qual recebe o
nome de reservas compulsórias.
1.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
• As instituições mantêm recursos adicionais na conta
reserva bancária, pois a movimentação financeira de
uma instituição para outra se dá por meio de
movimentação da conta reserva bancária, via BC, ou
seja, o BC procede um débito na conta reserva
bancária da instituição e crédito na conta reserva
bancária da outra instituição, coordenando, desta
forma, o sistema de pagamentos.
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• Fim do século XVIII:
• - sinais mais fortes do risco de liquidez;
• - formalização da necessidade de
recolhimentos/reservas compulsórias;
• - aumento da especulação gerando a necessidade de
controle dos juros;
• - desenvolvimento de teorias econômicas,
principalmente de Adam Smith.
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• Do século XIX a meados do século XX:
• - criação de Bancos Centrais, reforçando a
necessidade de maior normatização e controle da
atividade bancária;
• - imposição de limites para as instituições, sobretudo
limites referentes à alavancagem;
• - formalização do Glass Stegal Act, em 1930,
estabelecendo-se a segmentação da atividade
bancária, aumentando e disciplinando o leque de
atuação das instituições financeiras;
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• - fundação do BIS, Banco de Compensação entre
Bancos Centrais, em 1930.
• Um dos principais objetivos é promover a
cooperação internacional entre os BCs.
• The Bank for International Settlements (BIS –
Basiléia- Suíça) é a mais antiga instituição financeira
internacional e mantém-se, atualmente, como
principal centro internacional de cooperação entre
BCs.
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• O BIS foi estabelecido com a função de processar
pagamentos referentes a reparações, por parte da
Alemanha, definidos pelo Tratado de Versalhes.
• Tinha como função adicional promover a cooperação
entre BCs e outros agentes econômicos, em busca da
estabilidade monetária e financeira.
OS PRINCIPAIS EVENTOS ENVOLVENDO
O BIS FORAM:
• Os principais eventos envolvendo o BIS foram:
• - criação de fórum para cooperação entre Bancos Centrais
Internacionais, observando-se especialmente o sistema
Bretton Woods (1960);
• - gerenciamento dos riscos envolvendo fluxo de capitais,
crises de petróleo e crises econômicas em países emergentes
(a partir de 1970);
• - atuação como banco por meio do gerenciamento de
reservas e operações com ouro, agindo também como
contraparte de BCs e organizações internacionais, além de ser
agente ou trustee em operações financeiras internacionais;
OS PRINCIPAIS EVENTOS ENVOLVENDO
O BIS FORAM:
• - provedor e organizador de financiamentos de
emergência para suportar necessidades do FMI,
quando solicitado;
• - auxílio em pesquisas e recomendações para
suportar decisões, objetivando estabilidade
monetária e financeira – por exemplo,
recomendação referente ao capital mínimo para
atividade dos bancos no mercado internacional.
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• Durante a crise financeira de 1931 a 1933, o BIS
organizou créditos de suporte para os bancos
Alemão e Austríaco.
• Organizou crédito de suporte à lira e ao franco
francês em 1964.
• Providenciou suporte, junto ao programa de
estabilização do FMI, para o México em 1982 e para
o Brasil em 1998.
1.2.2 – PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS NA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MERCADO
INTERNACIONAL
• O BIS tem sido um dos grandes responsáveis por
melhor normatização do mercado financeiro
internacional, recomendando políticas, metodologias
e limites para um melhor gerenciamento dos riscos
de crédito, de mercado e operacional, sugerindo
limites e princípios para se controlar esses riscos e
reduzir a probabilidade de risco sistêmico no
mercado internacional.
DO PÓS-GUERRA ATÉ A DÉCADA DE
1960:
• Do pós-guerra até a década de 1960:
• - início do pós-guerra: reativação dos direitos e
deveres financeiros – balanço das perdas e
preparação da nova fase;
• - 1950 – mais ênfase no desenvolvimento das teorias
de riscos: Markovitz fortalece e desperta a atenção
acerca da aplicação de modelos probabilísticos em
finanças;
• - década de 1960 – maior discussão do uso de
modelos probabilísticos em finanças;
DO PÓS-GUERRA ATÉ A DÉCADA DE
1960:
• - suporte de organismos internacionais a moedas
européias que passaram por depreciações,
principalmente lira, franco francês e sterling.
DÉCADA DE 1970:

• - desenvolve-se a idéia de um Euromercado;


• - inicia-se com suporte e coordenação do BIS, o
processo de controle de fluxo de capitais
internacionais.
• Nessa década, desenvolvem-se os primeiros
conceitos de capital ajustado ao risco;
• - são iniciados e desenvolvidos modelos matemáticos
para suporte a decisões em finanças.
• O modelo para apreçamento de opções de Black &
Scholes é desenvolvido.
DÉCADA DE 1970:
• O modelo objetiva a determinação de preço futuro
para determinada ação e conseqüente fixação de
valor do prêmio justo (valor da opção) para adquirir
ou vender essa ação em determinado momento no
futuro, baseando-se principalmente nas variáveis
prazo, taxa de juros e valor do ativo-objeto atual;
• - inicia-se o estudo e o desenvolvimento dos
derivativos, operações que derivam de determinada
operação ou ativo principal (referencial).
DÉCADA DE 1970:
• Os derivativos acabam alterando o conceito de
diversidade de riscos e de volumes financeiros
expostos ao risco no mercado financeiro, uma vez
que essas transações envolvem o conceito de valor
nocional, ou seja, valor referência.
• As operações de derivativos cresceram
significativamente, trazendo riscos que se
acentuaram devido à alta volatilidade que passou a
caracterizar o mercado financeiro.
DÉCADA DE 1970:
• Controles para riscos foram incentivados e
fortemente coordenados pelo BIS e BCs dos
principais países.

• A partir da década de 1980:


• - implantação e uso efetivo de modelos matemáticos,
principalmente para precificação e controle dos
riscos de mercado e de crédito, destacando-se o uso
da metodologia VaR (Value at Rosk) para
dimensionamento do valor em risco;
A PARTIR DA DÉCADA DE 1980:
• O VaR é a técnica que usa a análise estatística de
retornos históricos de mercado e volatilidades para
estimar a probabilidade de que a perda de um
portfólio exceda determinado valor pré-estabelecido.
• - maior observância a limites de capital e política
para controle dos riscos, tornando-se o BIS
importante órgão regulador;
• - quebra de bancos (Barings, por exemplo),
sobretudo por falta de controle dos riscos;
A PARTIR DA DÉCADA DE 1980:
• - maior competitividade no mercado financeiro;
• - consolidação bancária, ocorrendo movimento
expressivo de fusões e aquisições de bancos;
• - desenvolvimento do conceito de bancos universais, ou
seja, bancos grandes com presença na maioria dos
continentes, permitindo a seus clientes acesso aos
principais mercados financeiros internacionais;
• - criação do G-20, grupo dos maiores países
industrializados, principais países emergentes, União
Européias e mais as instituições de Bretton Woods (FMI e
Banco Mundial);
A PARTIR DA DÉCADA DE 1980:
• - início da necessidade de controle amplo dos riscos.
• Integra-se aos riscos financeiros de crédito e de
mercado o risco operacional, ou seja, a probabilidade
de perda decorrente de eventos internos,
geralmente associados a pessoas, processos e
tecnologia e eventos externos, comumente
relacionados a catástrofes, a problemas com infra-
estrutura governamental e risco sistêmico.

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