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Análise da importância do mercado de capital para uma economia

Da Costa, Igor Francisco Sindique

Mestrando em contabilidade e auditoria

Licenciado em contabilidade com habilitações em auditoria

Técnico profissional de contabilidade

Resumo
O mercado de capitais hoje é uma realidade encontrada em qualquer economia moderna. É um mercado que
cuja necessidade é incontestável, uma estrutura extremamente dinâmica e inovadora, permanentemente
adaptando-se ao ambiente econômico e ao mesmo tempo um fator influente do mesmo, gerando
oportunidades e na mesma medida de risco para todas as categorias de participantes da atividade econômica,
sendo uma réplica de uma economia nacional em pequena escala, mas ainda assim especialmente
representativa. Este trabalho procura analisar e evidenciar a importância do mercado de capitais para o
crescimento e desenvolvimento econômico do país, crescimento sustentável das empresas e crescimento do
patrimônio da pessoa física, como uma alternativa de investimento e financiamento. Foram analisados
também os entraves ao maior crescimento desse mercado e críticas pertinentes a este. O estudo é orientado
a partir de análises das teorias econômica e financeira, de conceitos e de princípios fundamentais para o
entendimento do funcionamento do mercado financeiro, até análises mais específicas e empíricas sobre a
eficiência dos mercados e o mercado acionário, no contexto da realidade Moçambicana.

Palavras-chave: Mercado de capitais; bolsa de valores, investimentos.

Abstrac

The capital market today is a reality found in any modern economy. It is a market whose need is undeniable,
an extremely dynamic and innovative structure, permanently adapting to the economic environment and at
the same time an influential factor in it, generating opportunities and the same measure of risk for all
categories of participants in economic activity, being a replica of a national economy on a small scale, but still
especially representative. This work seeks to analyze and highlight the importance of the capital market for the
country's economic growth and development, sustainable growth of companies and growth of individual
assets, as an investment and financing alternative. Barriers to greater growth in this market and relevant
criticisms were also analyzed. The study is guided from analyzes of economic and financial theories,
fundamental concepts and principles for understanding the functioning of the financial market, to more
specific and empirical analyzes on the efficiency of markets and the stock market, in the context of the
Mozambican reality.

Keywords: Capital market; stock exchange, investments.

Introdução
A importância do mercado de capital para o desenvolvimento económico e social vem ganhando
espaço no sentido de que a ampliação do acesso aos mesmos gera impactos positivos. Além disso, os
provedores dos serviços financeiros podem enfrentar constrangimentos para identificar onde
encontrar as oportunidades de investimento que visem a obtenção de mais-valias sem custos
acrescidos na sua atividade diária.

De acordo com Lucas e Roberto (1988), desde que se eliminem os fatores que restringem o Sistema
financeiro, particularmente o acesso ao crédito, o sistema financeiro pode catapultar o aumento da
eficiência na alocação de capital e a redução da desigualdade no rendimento, gerando fluxos de
capital com retornos de investimento elevados para os pobres.

O presente artigo pretende analisar por meio de revisão de literatura, pesquisa bibliográfica, com
base em livros, artigos científicos e dissertação a importância do mercado de capitais para uma
economia, tendo e conta que o mesmo faz parte do sistema financeiro. Sendo a bolsa de valores
uma instituição que representa, talvez, a forma mais eclética e dinâmica para alocação e obtenção
de recursos capitais, se faz necessário entender como ela funciona e quais os agentes envolvidos.

Segundo Goldsmith e Edward Shaw (1997) a repressão financeira que era então uma política comum
afeta a quantidade e a qualidade do investimento. A justificativa para a repressão financeira é que
manter as taxas de juros baixas aumenta o investimento e a poupança e, portanto, o crescimento.
Há também uma lógica de política fiscal, pois com taxas de juros mais baixas o governo reduz seus
próprios custos de empréstimos e, ao forçar as instituições financeiras a manter depósitos líquidos,
aumenta os benefícios que obtém da senhoriagem. Além disso, as evidências mostraram que a
repressão financeira leva a uma menor poupança e também criou um viés em favor do investimento
intensivo em capital

Metodologia

A presente pesquisa foi baseada na pesquisa bibliográfica, segundo Lakatos & Marconi (2003) a
pesquisa bibliográfica consiste em uso de obras já tornadas publicas em relação ao tema, desde as
publicações avulsas, boletins, jornais, monografias, material cartográfico e meios de comunicação,
áudio, audiovisual.

Conceito de mercado de capitais

De acordo com GITMAN, L. J. (2010), quando falamos de Mercados de Capitais trata se da


negociação de títulos emitidos por empresas privadas tipos ações e Debêntures (títulos de crédito
ao portador) e subscrição de outros mercados, sendo sua divisão conceituada em mercado primário
e mercado secundário.

O mercado primário está compreendido na emissão de novos títulos, toda vez que uma empresa
investe um título no mercado, ou seja, para procurar recursos no mercado, esse recurso entra
diretamente para empresa, em outras palavras, para o capital da empresa ou para seus gastos.

O mercado secundário está dedicado a compra e venda de valores (ações de uma empresa), onde
foram lançados anteriormente na primeira oferta pública ou privada ‘mercado primário. Com isso,
mercado primário é primeira tentativa inicial ou a primeira vez que o título de uma empresa é
negociado no mercado e o mercado secundário é a segunda vez que o título é negociado, ou seja,
uma ação é emitida no mercado.
“Diante desse conceito pode se dizer que o mercado de
capital é um lugar real ou ideal, concreto ou abstrato que
serve encontro entre os vendedores e compradores para a
negociação de ações ou títulos”

Evolução de mercados de capitais

Na idade média era proibido pela Igreja o empréstimo de dinheiro a juros, onde esta prática não era
aceita pelos senhores feudais, era defendida leis pelos governos estaduais e municipais contra esta
prática, onde a organização social ainda era o feudalismo. Já para os judeus está prática de
emprestar dinheiro a juros para estrangeiros não era algo ilícito. Os judeus refugiados em Veneza,
atuavam com agiotas emprestando dinheiro com altas taxas de juros por ter um alto risco de
negócio, por mais que eles eram excluídos da sociedade, desempenhavam um papel importante na
economia. Na Itália a meados do século XIV, as finanças eram dominadas por três famílias os Bardi,
Peruzzi e Acciaiuoli, onde vieram a falência por empréstimos que não foram honrados
principalmente pelos reis Eduardo III (Inglaterra) e Roberto (Nápoles). Podemos observar a
fragilidade de ser credor, mas para a dinastia da família dos Medeci, foi visto como um poder
político, para governar Florença – Itália, eles ocupavam lugares estratégicos e tinham um forte
papel no desenvolvimento comercial, sua principal atividade eram trocas de moedas estrangeiras
(HUBERMAN, 1981).

Conforme mencionado por Huberman (1981), ao longo da idade média foi desenvolvido o conceito
de notas de câmbios, com a emissão de notas de crédito, quando a pessoa não consegui devolver o
valor que foi emprestado dentro do tempo que havia sido acordado, o credor tinha o direito de
emitir uma nota de crédito, onde consegui trocar por moedas com um desconto através da
negociação com banqueiros que assumiam as dívidas. Esta estrutura se tornou modelo das nações
europeias, principalmente Holanda, Inglaterra e Suécia, onde os bancos ofereciam contas aos
comerciantes com uma moeda preconizada. Também foram desenvolvidos os sistemas de
transferências e cheques, permitindo a evolução e crescimento de transações financeiras.

Sistema financeiro Moçambicano

A luz da Lei n° 2/92, de 03 de Janeiro, que define natureza, objetivos e funções do Banco de
Moçambique e Lei n° 15/99, de 01 de Novembro, sobre instituições de crédito e sociedades
financeiras, o sistema financeiro do país é constituído por:

 Um Banco central – Banco de Moçambique;


 Instituições de crédito;
 Sociedades financeiras;
 Entidades licenciadas para o exercício de funções de crédito.

A abertura da bolsa de valores moçambicana só se deu em finais de 1999, resultante das reformas
financeiras no país. Não obstante as modificações registadas no sector bancário moçambicano, este
é ainda considerado relativamente pequeno – existem 12 bancos comerciais, 11 agências
cooperativas e, 58 operador de micro crédito em 2006.

Em Moçambique, as atividades das microfinanças são reguladas pela lei nº 9/2004 de 21 de Julho e
do decreto nº 57/2004 de 10 de Dezembro. As mesmas agrupam-se em:

 Microbancos – os microbancos estão autorizadas a captar poupanças e conceder créditos ao


público. Exemplos Socremo e Banco Procrédit.
 Cooperativas de Credito – A sua missão principal é conceder crédito e a recepção de
depósitos respeitantes apenas aos membros. Temos neste grupo, o caso da cooperativa de
Crédito Tchuma.
 Organizações de Poupança e Empréstimos – Fazem parte deste grupo todas entidades
financeiras que recebem exclusivamente depósitos dos membros podendo fornecer créditos
aos mesmos mediante montantes regulados por lei.
 Operadores de Microcréditos – São pessoas singulares ou coletivas, exceptuando sociedades
comerciais que fornecem crédito ao público.
 Intermediários de Captação de Depósitos – Recebem depósitos por conta de uma instituição
de crédito autorizada.

“Os operadores financeiros principais, no sistema


moçambicano, são os bancos comerciais e portanto a
estabilidade deste sistema depende crucialmente do
funcionamento eficiente e eficaz dos bancos comerciais”.
Em Moçambique a bolsa de valores não apresenta uma
entidade firmou-se 3 anos apos a independência.
Importância de mercados de capitais numa economia

O mercado financeiro tem um papel muito importante e fundamental para a estabilidade da


economia, onde empresas e governos podem através do mercado financeiro alocar recurso para
gerar liquidez, com isso o mercado de capitais assume um papel importante no processo de
crescimento e desenvolvimento econômico de um país. Dentro de um país a atividade financeira e
controlada pelo mercado financeiro, onde se convencionou a chamar-se de mercado de capitais, e
aqui que acontece as negociações de títulos das empresas com capital aberto (ASSAF NETO, 2014).

Esta atividade econômica do mercado financeiro, que tem a de produtos e serviços de grandes
empresas atua como um instrumento de equilíbrio da economia, através de um sistema próprio
regulado pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários), em outras palavras CVM equilibra a balança
entre risco e segurança, ou seja, com investimentos de considerável risco este mercado precisa de
uma fiscalização ou uma regulação rígida, porque o risco faz parte nas operações tendo origem na
volatilidade dos ativos. Com isso os investidores precisam saber disso antes de realizarem as
negociações das ações e outros valores imobiliários (AMORIM NETO, 2019),

O mercado de capitais realiza operações de ativos de renda variável, onde a CVM fiscaliza e
estabelece normas, gerenciando o mercado e visando a melhor maneira de manter um
funcionamento mais eficaz e eficiente. Para isso determina regras a serem seguidas pelas empresas
que tem ativos no mercado de capitais, por exemplo, o registro e documentações dos títulos que as
empresas possuem na Bolsa de valores, outro exemplo que temos seria apresentações de
relatórios. As empresas buscam aumentar seu capital emitindo títulos, onde são negociados no
mercado de capitais, estes títulos podem estar relacionados ao capital social da empresa (ações) e
aos empréstimos tomados Debêntures e Commercial Papers (SPERANDIO, 2021).

Nesse contexto o mercado de capitais estimula a formação de poupança que uma parte vai ser
direcionada ao investimento, aqui temos a importância do mercado de capitais sendo essencial para
o desenvolvimento e crescimento econômico de um país. Com isso, as empresas emitem títulos
para impulsar sua capitalização ou desenvolver economicamente, assim aumentando seus recursos
no país a longo prazo, com acumulação de capital de giro e de investimento, transformando seu
capital em frações (ações) em dinheiro (PINHEIRO, 2019).
Desta maneira as empresas dividem seus riscos ao fracionar seu capital em ações e compartilhando
com os novos acionistas, ou seja, os investidores são os que compram as ações tornando-se socio
das empresas até negociar as ações na Bolsa de Valores, é aqui que a circulação de riqueza
(Promover o Desenvolvimento Econômico).

Keynes (1981) define a poupança é o excesso da renda sobre o consumo, enquanto o investimento
é aquisição de um bem de capital de qualquer espécie (Capital Fixo – Capital Circulante – Capital
Líquido). O mercado de capitais atua como um balanço ou equilíbrio no ambiente econômico, ou
seja, é importante porque produz valores (Massas de Dinheiro), canalizando e acumulando o capital
(Recurso Produtivo da Economia), gerando atividade econômica com recursos para mais
investidores, assim desenvolvendo as empresas e o país. Quando Keynes define poupança, ele faz
referência a taxa de juros é ao retorno obtido por aplicar a poupança entre outros ativos de
diferentes moedas e o ativo com maior liquidez, com isso a preferência pela liquidez determina o
nível de investimento.

“O mercado de capitais está pronto para o financiamento de empresas e para o uso de alguns
métodos sofisticados para formar o preço de subscrição, e através do comportamento de
investidores recentemente. Isso não significa que ele pode absorver todo o necessário de
financiamento da economia ou que possa lidar com os rácios de financiamento de dívida/ capital
como os dos mercados de capitais desenvolvidos, mas também não se pode dizer que não oferece
liquidez suficiente ou que o risco dos preços no caso de algumas ofertas públicas seja alarmante.”

“A importância do mercado financeiro se dá pelo significativo papel que desempenha no os países


em transição, considerando a necessidade de reorientar recursos dos setores ineficientes aparece
secundário. O bom funcionamento do mercado financeiro é um forte fundamento para assegurar
processo de reforma econômica e até mesmo as ações de privatização. O mercado de ações oferece
informações sistemáticas sobre a taxa de os índices bolsistas, calculados como média das evoluções
e do volume de preocupações em desenvolver a infraestrutura de telecomunicações. Isso é mais
importante em desenvolvimento primeiro das sociedades por ações, e isso às vezes é esquecido, ou
a observação de que nos países em desenvolvimento apresentam. Finalmente, a bolsa de valores
reflete com especial precisão a situação geral de uma entre as formas de financiamento.”

Conclusão

O mercado de capitais pode ser considerado de suma importância para a dinâmica econômica dos
mercados, pois facilita o fluxo de capitais ao prover acesso a investimentos diversos entre
poupadores e tomadores de recursos. O mercado de capitais, considerando a ideia de livre
mercado, pode ser identificado como o meio mais dinâmico e democrático para investir (poupador)
e financiar (tomador) projetos de empreendimentos diversos, pois permite o acesso à recursos
capitais mais baratos (taxas menores com relação à outras modalidades de financiamento
empresarial) para os empreendedores (empresas) e com prazos muito mais dilatados (a empresa
pagará dividendos, juros sobre capital próprio, bônus de subscrição, entre outros, conforme obtenha
lucros ao longo do tempo), ao mesmo tempo em que oportuna a pessoa comum a diversificar seus
investimentos de forma a vislumbrar maiores ganhos financeiros. Nesse caso, tanto o poupador
quanto o tomador assumem e compartilham os riscos do negócio.

Este estudo evidenciou a importância do mercado de capitais na economia, demonstrando os


mercados envolvidos, sua estrutura básica e os principais títulos negociados. É evidente a
contribuição relevante do mercado de capitais para o desenvolvimento econômico das sociedades,
pois o mercado acionário não acompanha, apenas, o crescimento da economia.

Além disso, o mercado de capitais incentiva a filosofia da poupança e do investimento a longo A


capacidade do mercado de capitais para mobilizar importantes recursos financeiros agora é não
tenha mais dúvidas e qualquer empresa listada na bolsa também considerará a partir de agora a
emissão de títulos ou ações entre suas opções de financiamento.

Referências bibliográficas

AMORIN NETO, Antonio. Curso Preparatório para Certificação CPA 20. Certificação

Profissional ANBIMA CAP 20, Edição 2019.4.

ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. São Paulo: Atlas, 7 ed. 2006. 302 p.

GITMAN, L. J. (2010). Princípios de Administração Financeira. (12ª ed). São Paulo: Pearson Prentice
Hall.

Gurley, John e Edward Shaw (1960). O dinheiro em uma teoria das finanças. Washington, DC:
Brookings Institution.

Lucas, Roberto (1988). “Sobre a Mecânica do Desenvolvimento Econômico.” Jornal de Economia


Monetária 22, 3-42.

Lei n° 2/92, de 03 de Janeiro – Moçambique

PINHEIRO, Juliano. Mercado de Capitais: O que é e como funciona. Publicado em Mercado de


Capitais, 2019.
KEYNES, J. M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda (1936). São Paulo: Nova Cultural,
edição de 1996. 328 p.

SPERANDIO, Luan. Como O Mercado De Capitais Gera Prosperidade Económica E Social. Publicado
em Ideias Radicais, 2021.

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