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BOLSA DE
VALORES E
MERCADO DE
DERIVATIVOS
Professor (a) :

Drª Carlândia Brito Santos Fernandes

Objetivos de aprendizagem
• Discorrer sobre a história da Bolsa de Valores no Brasil e introduzir o mercado de capitais.

• Abordar os principais conceitos e as formas de operacionalização do mercado de derivativos.


• Discutir o uso dos derivativos como investimento.

Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Bolsa de Valores no Brasil

• Mercado de Derivativos: conceitos e operacionalização

• O Uso de Derivativos como Investimentos e Gestão de Riscos

Introdução
Caro(a) aluno(a),

No mercado financeiro é onde ocorre o encontro entre os agentes econômicos ofertantes de recursos, os
superavitários, e os demandantes de recursos, os deficitários. Esses encontros, que podemos chamar de
transações, em geral ocorrem mediante a atuação, direta ou indireta, das instituições financeiras. Um dos
mercados que compõem o sistema financeiro é o mercado de capitais. Nesse mercado, as transações
ocorrem via intermediação de uma instituição financeira. Neste encontro, começaremos estudando o
mercado de capitais e veremos alguns aspectos relacionados à bolsa de valores, como suas funções e
segmentos.

A seguir, passaremos ao estudo do nosso tema principal: o mercado de derivativos. Estes são
instrumentos financeiros que os agentes ou participantes do mercado utilizam como investimento ou
como proteção para eventuais riscos financeiros. Veremos diversos conceitos ligados ao mercado de
derivativos bem como a sua operacionalização, a qual pode ser definida como as formas/características
em que os contratos são negociados e aos mecanismos utilizados para amenizar os riscos envolvidos nas
operações.
Introduziremos o assunto sobre os contratos a termo (que é uma promessa de compra e venda, com preço
pré-estabelecido, sendo que as partes ficam vinculadas uma a outra até a liquidação); futuro (em que as
partes intervenientes assumem compromissos de compra e/ou venda para liquidação em uma data
futura); de opções (os compradores desses contratos compensam os vendedores pagando-lhes um prêmio
assim que o acordo é estabelecido, para ter a opção de comprar ou vender o bem em uma data futura) e de
swap (contrato de derivativo entre duas empresas para a troca futura de fluxos de caixa).

Se um grande participante do mercado de derivativos quebrar, isso tende a desencadear uma reação em
cadeia, ou seja, diversos outros agentes terão problemas. Assim, para finalizar, abordaremos sobre a
gestão de riscos e, então, de como se dá a regulação no mercado de derivativos.

Bons estudos e até a próxima.

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BOLSA DE VALORES NO BRASIL

O Mercado de Capitais

Antes de falarmos sobre a bolsa de valores, precisamos abordar, mesmo que de forma breve, sobre o
mercado de capitais. No sistema capitalista, há diferentes alternativas para se ganhar dinheiro, ou seja,
essas alternativas vão além daquela em que se investe diretamente no sistema produtivo. É possível obter
uma participação em uma empresa, por exemplo, de forma indireta, adquirindo suas ações. Para as
empresas de capital aberto, essa é uma estratégia para captar recursos para os indivíduos que possuem
recursos, é uma oportunidade de negócio e para ampliar os recursos. As empresas têm outras opções para
captar recursos, como os lucros retidos, a emissão de títulos de dívida e os recursos de terceiros
(DANTAS, 1996).

Em geral, tanto empresas quanto outros agentes que necessitem de recursos os buscam em instituições
financeiras, como nos bancos comerciais. Porém, esses recursos estão disponíveis graças aos indivíduos
que têm superávit de recursos, isto é, aqueles que poupam. Se cada agente poupador tivesse que
encontrar um tomador para os seus recursos, com as mesmas necessidades de montante e prazo, seria
muito difícil a efetivação dos negócios.
Os agentes econômicos que formam poupança, ou seja, consomem menos do que
ganham, são chamados de agentes superavitários. Já os que consomem mais que sua
renda e precisam recorrer à poupança de terceiros são conhecidos como agentes
deficitários.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2013).

Devido a essa dificuldade, desenvolveram-se instituições especializadas em intermediar essas operações,


tendo como função básica pegar emprestado daqueles que poupam, pagando uma remuneração
representada pelos juros, e emprestar para os demais, ganhando com a diferença da taxa cobrada. Essas
instituições foram se especializando, passaram a oferecer diferentes serviços e desenvolveram novos
instrumentos, sistemas e produtos para organizar, controlar e desenvolver esse mercado. Chamamos esse
sistema, como um todo, de Sistema Financeiro, que segmentou-se em quatro grandes mercados: mercado
monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e mercado de capitais (CVM, 2013).

No mercado de crédito, as instituições financeiras captam recursos dos poupadores e


os emprestam aos tomadores, assumindo os riscos da operação. O Mercado monetário
é utilizado basicamente para controle da liquidez da economia, no qual o Banco Central
intervém para condução da Política Monetária. No Mercado de câmbio, são negociadas
as trocas de moedas estrangeiras por moeda nacional e dele participam todos os
agentes econômicos que realizam transações com o exterior.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2013).

O foco desta disciplina é o mercado de capitais, vamos conceituá-lo? No mercado de capitais, os agentes
superavitários emprestam seus recursos diretamente aos agentes de deficitários, mas as operações
ocorrem sempre com a intermediação de uma instituição financeira. Essas instituições são remuneradas
pelo serviço prestado e atuam principalmente estruturando as operações, assessorando na formação de
preços, oferecendo liquidez, captando clientes, distribuindo os valores mobiliários no mercado, entre
outros trabalhos (CVM, 2013).

As negociações do mercado de capitais podem ocorrer no mercado primário ou no secundário. O primeiro


caso refere-se à fase em que serão criados os títulos ou em que ocorre a primeira negociação entre os
agentes deficitários, os vendedores, e os superavitários, os compradores. O mercado secundário é
consequência do mercado primário, pois os títulos que foram emitidos e negociados neste são
renegociados, ou seja, trocam de mãos (PINHEIRO, 2016; ASSAF NETO, 2011).
Bolsa de Valores

Poucos investidores se interessam em adquirir um ativo, uma ação, por exemplo, em uma oferta pública,
se não existisse um mercado organizado em que pudessem se desfazer de seus investimentos a qualquer
tempo. Evidentemente, cada investidor poderia negociar diretamente com outro, mas esse sistema seria
ineficiente no que diz respeito ao encontro de propostas, à definição de preços, à transparência e
divulgação das informações, à segurança na liquidação, entre outros (CVM, 2013).

As bolsas de valores buscam justamente atender essa necessidade e têm como papéis principais garantir
ambientes propícios e seguros para a realização dos negócios. Isso possibilita o aumento na confiança dos
investidores no mercado secundário, de forma a promover o mercado primário e, consequentemente, a
abertura de capital pelas companhias (CVM, 2013).

Pinheiro (2016) define as bolsas de valores como instituições de caráter econômico que têm como objeto
a negociação pública mercantil de títulos e valores mobiliários, que estão abertas a todo tipo de indivíduos
e instituições e que estão sujeitas ao controle e regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), no caso, do Brasil.

De acordo com a instrução CVM 461/07, consideram-se mercados de bolsa aqueles


que funcionam regularmente como sistemas centralizados e multilaterais de
negociação e que possibilitam o encontro e a interação de ofertas de compra e de
venda de valores mobiliários.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2013).

Você sabe quando surgiu a primeira bolsa no Brasil? Vamos ver um pouco dessa história?

Em 1890, Emílio Rangel Pestana – e outros agentes – criam uma Bolsa Livre para operar valores
financeiros na cidade de São Paulo. Porém, em 1891, suas atividades são encerradas devido à política de
encilhamento. Em 1895 foi aberta a Bola de Fundos Públicos de São Paulo, que resultou na Bovespa
(PINHEIRO, 2016).

Tradicionalmente as bolsas se organizavam sob a forma de uma associação de corretoras, detentoras de


títulos patrimoniais, as únicas habilitadas a operar nos seus recintos. Com o desenvolvimento do mercado,
essa forma de organização evoluiu para um modelo em que as bolsas se constituem sob a forma de
sociedades por ações, com fins lucrativos. A esse processo de transformação dá se o nome de
desmutualização (CVM, 2013).

No Brasil temos a BM&FBOVESPA como principal entidade administradora de mercado de bolsa para as
negociações de ações. Ela é a única bolsa de valores do país nesse segmento. Administra também outros
sistemas, de bolsa e de balcão, como o BovespaFix, para negociação de títulos de dívida corporativa, e o
Sisbex, para negociação de títulos públicos de renda fixa, contratos de câmbio, títulos privados, contratos
de energia e derivados (CVM, 2013).
A BM&FBOVESPA é uma companhia de capital brasileiro formada, em 2008, a partir da integração das
operações da Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA e da Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F,
com ações negociadas no mercado com o código BVMF3. Tem como principais objetivos administrar
mercados organizados de títulos e valores mobiliários e prestar os serviços de registro, compensação e
liquidação. Além disso, atua como contraparte central garantidora das operações realizadas em seus
ambientes (CVM, 2015).

Como principal instituição brasileira de intermediação para operações do mercado de


capitais e de derivativos, a BM&FBOVESPA desenvolve, implanta e provê sistemas para
a negociação de ações, títulos de renda fixa privados, títulos públicos federais,
derivativos financeiros e agroenergéticos, moedas à vista e commodities. As
negociações são efetuadas em meio exclusivamente eletrônico (CVM, 2015).

Os mercados administrados pela BM&FBOVESPA podem ser divididos em segmentos de atuação do


mercado. Os dois principais segmentos de receita mais significativa para a companhia são: segmento
Bovespa, no qual as empresas captam recursos para seus investimentos, e o segmento BM&F, no qual elas
fazem a gestão de seus riscos. É nesse último que as empresas e demais participantes utilizam contratos
derivativos para se protegerem de possíveis riscos financeiros ou como oportunidades de investimentos
para seus recursos (CVM, 2015).
MERCADO DE DERIVATIVOS:
CONCEITOS E
OPERACIONALIZAÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já ouviu falar em derivativos? Veremos agora alguns conceitos ligados a esses
instrumentos financeiros.

Fortuna (2002) define o mercado de derivativos como aquele no qual a formação de seus preços deriva
dos preços do mercado à vista. Nas palavras de Assaf (2011), derivativos são instrumentos financeiros
que dependem do valor de um outro ativo, que seria o ativo de referência, isto é, os derivativos não têm
valor próprio, deriva-se do valor de um bem, como commodities ações, taxas de juros etc. Em vez de os
,

próprios ativos serem negociados no mercado, os investidores apostam em seus preços futuros,
assumindo compromissos estabelecidos em contratos, de pagamentos e entregas físicas futuras.

O uso de derivativos no mercado financeiro tem como vantagens: maior atração ao capital de risco, pois
permite uma garantia de preços futuros para os ativos; criar defesas contra oscilações nos preços;
estimular a liquidez do mercado físico; melhor gerenciamento de risco; realizar negócios de maior porte
com um volume relativamente pequeno de capital e nível conhecido de risco (ASSAF, 2011).
Em todas as modalidades de derivativos, compradores e vendedores assumem compromissos de compra e
de venda, respectivamente. Os contratos em aberto refletem a posição líquida em determinada data de
todas as operações ainda não liquidadas pelo investidor. Uma posição em derivativos representa o saldo
líquido dos contratos negociados pelo mesmo contratante para a mesma data de vencimento (CVM,
2013).

O participante abre uma posição quando assume uma posição comprada ou vendida em determinado
vencimento que anteriormente não possuía. Ao realizar a operação inversa em relação à original, há o
encerramento da posição, em que o participante transfere seus direitos e suas obrigações a outrem.
Classifica-se um participante em vendido ( short ) ou comprado ( long ) de acordo com sua posição líquida em
determinado vencimento (CVM, 2013).

Os participantes dos mercados de derivativos são o hedger o especulador


, e o arbitrador. Vamos entender
o que cada um desses participantes representa?

• Hedger é um agente que participa do mercado com o intuito de desenvolver proteção diante dos riscos
:

de variações nos preços dos diferentes ativos e nas taxas de juros, abrindo mão de possíveis ganhos
futuros para não incorrer em perdas futuras. Assim, hedger é uma operação realizada no mercado de
derivativos com o objetivo de proteção quanto à possibilidade de oscilação de um preço, taxa ou índice.
Por meio dessa operação, uma empresa zera um risco inerente a sua atividade econômica principal, por
exemplo, uma torrefadora de café que compra café futuro para garantir o preço de sua matéria-prima. Ela
pode comprar contratos futuros de café, caso seu estoque esteja baixo, para garantir o preço de
reposição. Da mesma forma, pode vender o café no futuro, caso esteja com seus armazéns lotados,
protegendo-se de eventuais perdas no valor da mercadoria em seu poder. Nesse último caso, a empresa
estará coberta de uma eventual queda no preço do bem e de uma consequente queda no preço do café
torrado, pois, se a cotação do produto sobe. Ela terá uma perda com os contratos futuros, mas que será
compensada pelo aumento do preço do seu produto. Em resumo, o hedger pode ser feito tanto na compra
quanto na venda de um derivativo (SILVA, 1998; ASSAF, 2011).

• Especulador: é aquele que, com a possibilidade de ganhos financeiros, adquire o risco do Hedger ou seja,
,

assume o risco das variações de preços. De outra forma, o especulador assume hoje o risco de perdas
futuras na esperança de auferir ganhos futuros. Sem o especulador, o hedger não teria a quem repassar
seu risco. O especulador é responsável também pela formação futura dos preços dos bens. Ao assumir
riscos que não tinha anteriormente, ele buscará o máximo de informações possíveis sobre o ativo que está
negociando, para definir suas expectativas de preços futuros (SILVA, 1998; ASSAF, 2011). Dado que as
posições assumidas pelos especuladores são muito arriscadas, e eles não precisam do ativo de referência,
não permanecem no mercado por muito tempo e dificilmente suas posições chegam até a data de
liquidação do contrato. Por isso, a operação de especulação mais comum é a day-trade em que se abre e se
,

encerra a posição no mesmo dia (CVM, 2013).

A especulação não deve ser confundida com manipulação, que é a compra ou venda de
ativos em mercado com o objetivo de criar falsa aparência de negociação e influenciar a
ação dos demais investidores. Todas as negociações são monitoradas pela
BM&FBOVESPA, bem como pela Comissão de Valores Mobiliários, para coibir,
identificar e punir a manipulação, que é sujeita a sanções administrativas e até penais.
Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2013).

• Arbitrador: é um participante que procura tirar vantagens financeiras, assumindo pouco risco, quando
percebe que os preços em dois ou mais mercados apresentam-se distorcidos. Caro(a) aluno(a), será que
esses participantes são importantes para o mercado? Sim, são responsáveis pela manutenção de uma
relação entre preços futuros e à vista. Em geral, trata-se de grandes bancos que possuem uma fonte de
financiamento barato, ou grande empresa que trabalham com o produto objeto do derivativo e que
possuem a facilidade de negociá-lo no mercado a vista (SILVA, 1998; ASSAF, 2011).

No que se refere à operacionalização dos derivativos, podemos abordar o local das negociações e as
formas de redução do risco. Os derivativos podem ser negociados nas bolsas de valores, que é uma forma
de mercado organizado, em que os contratos são padronizados, ou em balcão e, nesse caso, os contratos
não obedecem a um padrão.

Os contratos que são negociados diretamente em balcão, em que suas características, como preços,
quantidades, cotações e locais de entrega são determinadas diretamente entre as partes envolvidas, não
são intercambiáveis, ou seja, não podem ser repassados a outros participantes. Em geral, o participante
não conseguirá transferir sua obrigação a outro agente, pois o contrato foi negociado para atender as
necessidades específicas das partes originalmente envolvidas na operação. Assim, as partes desses tipos
de contratos mantêm-se amarradas umas às outras até a data de vencimento do contrato (CVM, 2013).

As operações com derivativos de contratos não padronizados são liquidadas diretamente entre as partes
contratantes, e os riscos de não cumprimento das obrigações são assumidos por ambas as partes, sem o
amparo de sistema de garantia que assegure o cumprimento do contrato. As operações com derivativos
padronizados são liquidadas em câmaras de compensação ligadas às bolsas ou aos sistemas de negociação
que garantem o cumprimento de todas as obrigações assumidas pelas partes (CVM, 2013).

Há duas formas básicas de liquidação: a financeira, que ao partir do preço no dia do


vencimento do contrato registra uma venda para o comprador original e uma compra
para o vendedor original, e a diferença apurada é liquidada entre as partes, sem que
haja entrega física do ativo negociado; já na liquidação física o negócio é liquidado
mediante a entrega física do ativo negociado.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2013).

Já os contratos padronizados e negociados em bolsa são muito líquidos. Isso porque, sendo uniformes,
atendem as necessidades de todos os participantes do mercado. Esses tipos de contratos são
intercambiáveis a qualquer momento. O diferencial mais importante entre o mercado organizado e
Mercado de balcão não organizado é a existência da câmara de compensação que, ao se interpor entre os
negociantes, reduz o risco de inadimplência. No Brasil, 78% dos negócios são realizados por meio de
contratos padronizados, transacionados em bolsa (CVM, 2013; CVM, 2015).
No Brasil, existem duas entidades que oferecem serviço de registro de contratos
derivativos: BM&FBovespa e CETIP. A primeira dispõe de ambiente para negociação
em pregão (bolsa) e balcão, enquanto a segunda dispõe apenas de mercado de balcão.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2015)

Sobre as formas de redução dos riscos dos derivativos, podemos citar:

• A Câmara de Compensação ( clearing house ): com o crescimento e o desenvolvimento do Mercado


financeiro, os valores que passaram a circular nas bolsas eram muito grandes, e problemas na liquidação
das posições poderiam comprometer a confiança do sistema. Considerando-se que alguns agentes
poderiam não cumprir os compromissos assumidos, os corretores decidiram criar uma instituição, a
câmara de compensação, com o objetivo de garantir as operações realizadas na bolsa. A expressão
clearing house é muito utilizada para diferenciar uma câmara de liquidação de uma bolsa de valores para a
de futuros, que assume muito mais riscos de crédito (SILVA, 1998).

• As margens de garantia: ao abrir uma posição na Bolsa, o agente deve depositar valor estipulado pela
própria BM&FBOVESPA com o objetivo de cobrir eventuais inadimplências (CVM, 2015).

• Os ajustes diários dos contratos: é um mecanismo utilizado como proteção de risco dentro do mercado
de derivativos, para evitar inadimplências, que equaliza todas as posições, com base no preço de
compensação do dia. Os participantes recebem seus lucros e pagam seus prejuízos de modo que o risco
assumido pela câmara de compensação das bolsas se dilua diariamente até o vencimento do contrato. No
Mercado a termo há um único ajuste na data de vencimento, assim toda a perda se acumula para o último
dia. Dessa forma, o risco de não cumprimento do contrato é muito maior do que nos mercados futuros, em
que os prejuízos são acertados diariamente (CVM, 2015).

Segundo CVM (2013), podemos elencar três principais categorias de derivativos:

• Derivativos agropecuários: têm como ativo objeto commodities agrícolas, café, boi, milho, soja;

• Derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em alguma taxa ou índice financeiro de
juro, taxa de inflação, taxa de câmbio, índice de ações;

• Derivativos de energia e climáticos: têm como objeto de negociação energia elétrica, gás natural,
créditos de carbono.

Não há um consenso sobre quando os derivativos surgiram. Alguns autores consideram que foi na China
antiga, com a negociação de commodities básicas, outros registram seu surgimento na Idade Média, com a
especialização do comércio, e outros autores que surgiram no início da década de 1970, como o
aparecimento dos swaps (veremos seu conceito mais adiante), em resposta a uma necessidade de
proteção contra o risco de oscilação de moedas (SILVA, 1998).

Os mercados de derivativos são quatro: a termo, futuro, de opções e de swap Neste estudo,
.

conceituaremos rapidamente cada um desses mercados e nas próximas unidades estes serão abordados
de forma mais ampla.
O mercado de futuros

O objetivo do mercado de futuros é a proteção dos agentes econômicos, sejam produtores primários,
industriais, comerciantes, instituições financeiras e investidores, contra as variações nos preços de seus
produtos e de seus investimentos em ativos financeiros. Esse mercado existe para facilitar a distribuição
do risco entre os agentes econômicos, ao mesmo tempo que interfere diretamente na formação futura
dos preços dos produtos e ativos negociados (FORTUNA, 2002). O contrato futuro acontece quando se
realiza a encomenda de algo e não uma compra instantânea. O preço é definido no momento do acordo,
mas o pagamento é realizado futuramente. Normalmente é solicitado que o comprador deixe uma
garantia para que a transação seja liquidada na data (SHARPE, 1985).

No mercado futuro as partes intervenientes assumem compromissos de compra e/ou


venda para liquidação em uma data futura, sendo que a característica básica é o
sistema de gerenciamento de posições, que engloba o ajuste diário do valor dos
contratos, o qual se constitui em ganho ou prejuízo diário para as respectivas posições
e as margens de garantia.

Fonte: Fortuna (2002).

Sabemos que para amenizar o risco de não cumprimento do contrato futuro, devido a uma eventual
diferença entre o preço futuro em que o ativo foi negociado e o preço à vista na data de vencimento do
contrato, os mercados futuros desenvolveram o mecanismo do ajuste diário, em que vendedores e
compradores acertam a diferença entre o preço futuro anterior e o atual, considerando as elevações ou
quedas no preço futuro da mercadoria. Para a cobertura do compromisso assumido pelos participantes no
mercado futuro, a câmara de compensação exige uma margem de garantia (CVM, 2015).

Mercado de opção

Sharpe (1985) lembra que as pessoas ocasionalmente cometem o erro de considerar um contrato futuro
como sendo um contrato de opção, mas não é. Caro(a) aluno(a), é importante que essa diferença fique
bem clara. No contrato futuro, ambas as partes envolvidas na transação são obrigadas a completar a
transação. Os compradores dos contratos de opção compensam os vendedores pagando-lhes um prêmio
assim que o acordo é estabelecido. O prêmio gera a situação em que, na liquidação do contrato, o
comprador não perde e o vendedor não ganha. Nos contratos de futuros, o comprador e o vendedor estão
sujeitos a perdas ou ganhos na transação. Isso dependerá do preço do bem no momento da liquidação
(SHARPE, 1985).

Esse prêmio não é o preço do bem, mas apenas um valor pago para ter a opção de comprar ou vender o
referido bem em uma data futura por um preço previamente acordado. O objeto de negociação pode ser
um ativo financeiro ou uma mercadoria. O comprador da opção, também chamado de titular, sempre terá
o direito do exercício, mas não a obrigação de exercê-lo. O vendedor da opção, também chamado
lançador, terá a obrigação do exercício caso o titular opte por exercer seu direito (CVM,2013).

Mercado a termo

Segundo Silva (1998) o contrato a termo é uma promessa de compra e venda, com preço pré-estabelecido,
em que a responsabilidade do o comprador é pagar o valor previamente ajustado e contratado ao
vendedor na data de entrega do bem, e a do vendedor de entregar o bem no local, na quantidade e na
qualidade acordados. O autor elenca algumas vantagens desse tipo de contrato, ao sistema de
comercialização de bens e bolsa, como: o vendedor assegura mercado e preço para a sua produção; o
comprador garante fornecimento e preço para o produto; a facilidade de comercialização dos bens; a
menor oscilação nos preços, pois não haveria concentração da comercialização nos períodos de safra; e a
possibilidade dos produtores programarem melhor suas atividades, pois baseando-se nos preços futuros
podem escolher os produtos que lhes garantam melhores lucros (SILVA, 1998).

Caro(a) aluno(a), como você se comportaria como comprador ou vendedor de um


contrato a termo?

Nesse tipo de contrato, você tem que se comprometer a comprar ou vender certa quantidade de uma
mercadoria ou de um ativo financeiro por um preço que é estabelecido na data de realização da transação,
mas que será liquidado em uma data futura. Esses contratos podem ser negociados em bolsa e no
mercado de balcão, porém somente são liquidados integralmente no vencimento (CVM, 2013).

O mercado a termo é semelhante ao futuro, porém, não há ajuste diário nem


intercambialidade de posições, ficando as partes vinculadas uma a outra até a
liquidação do contrato.

Fonte: Fortuna (2002).


Swaps

Podemos definir os swaps como um contrato de derivativo entre duas empresas para a troca futura de
fluxos de caixa, respeitada uma fórmula pré-estabelecida, e podem ser considerados carteiras de
contratos a termo. Com isso, podemos dizer que a análise de swaps é uma extensão natural do estudo de
contratos futuros e a termo. Esses instrumentos surgiram na Europa, na década de 1970, quando as
empresas e bancos necessitavam trocar seus fluxos financeiros remunerados a uma taxa prefixada por
uma pós-fixada. Disso vem o nome swaps que no inglês britânico possui o sentido de troca. Os primeiros
,

contratos desse tipo foram negociados em 1981 e, desde então, seu mercado tem crescido com muita
rapidez (HULL, 1995; SILVA, 1998).

Segundo Hull (1995) o tipo mais comum de swap é conhecido por plain vanilla em que a parte B concorda
,

em pagar à parte A fluxos de caixa indexados a juros prefixados sobre um principal teórico por um
determinado período. Da mesma forma, A concorda em pagar a B uma taxa flutuante sobre o mesmo valor
teórico e para o mesmo período de tempo.

Os swaps são contratos negociados no mercado de balcão, não são padronizados, e os tipos mais comuns
são os swaps de taxa de juro. Por serem negociados em balcão, não existe a possibilidade de transferir
posição a outro participante, o que obriga o agente a carregá-la até o vencimento. Nos swaps como nos
,

demais contratos a termo, não há desembolso de recursos durante sua vigência (ajustes diários). A
liquidação é essencialmente financeira e feita pela diferença entre os fluxos no vencimento (CVM, 2015).

De acordo com a CVM (2015), são exemplos de swaps negociados pelo mercado financeiro: a) Swap de
taxa de juro, em que as contrapartes trocam indexadores associados aos seus ativos ou passivos e que
uma das variáveis é a taxa de juro; Swap taxa de DI × dólar, trocam-se fluxos de caixa indexados ao DI por
fluxos indexados à variação cambial mais uma taxa de juro negociada entre as partes; Swap de moeda,
caso em que se troca o principal e os juros em uma moeda pelo principal mais os juros em outra moeda.
Assim, no Swap fixed-for- fixed de dólar × libra esterlina trocam-se os montantes iniciais em dólares e em
libras e, durante o contrato, são feitos pagamentos de juros a uma taxa prefixada para cada moeda.

Os participantes dos mercados de Swaps são (CVM, 2015):

• as instituições financeiras, que devem estar sempre em uma das pontas do swap ;

• as instituições não financeiras ou outras financeiras, que utilizam esse instrumento para gerenciar os
riscos embutidos em suas posições, reduzir o custo de captação de fundos, especular sobre os
movimentos do mercado ou proteger-se da oscilação das variáveis sobre outro contrato de swap ;

• o swap broker que identifica


, e localiza as duas partes que estabelecem o acordo no swap;

• o swap dealer que se posiciona em uma das pontas de um swap até que ele encontre outra instituição
,

que queira ser a contraparte em seu lugar.

Os contratos de swap possuem características operacionais que os diferenciam dos derivativos


negociados em bolsa. Por serem negociados em mercado de balcão, não são facilmente transferíveis e, em
geral, não há nenhum desembolso de recursos no início da operação, sendo que a liquidação é
essencialmente financeira. Assim, os riscos são concentrados, em geral, no vencimento da operação,
criando o que se chama de risco de crédito. Os participantes também enfrentam um outro tipo de risco, o
de mercado que expressa o grau de incerteza sobre os eventos futuros de uma operação em função das
oscilações no preço do produto negociado.

O USO DE DERIVATIVOS COMO


INVESTIMENTOS E GESTÃO DE
RISCOS
O conceito de risco é um dos pilares da gestão financeira. Sob a ótica das empresas, as expectativas de
retorno em seus empreendimentos devem ser analisadas em conjunção com os riscos envolvidos no
negócio (por exemplo: descasamento entre as moedas associadas a suas receitas de exportação e a seus
custos de produção). Sob a ótica dos gestores de investimentos nos mercados financeiros, a identificação
e mensuração do risco são essenciais para a correta avaliação do perfil dos investidores em relação a
potenciais perdas, bem como para a adequada alocação e seleção de ativos em carteiras a partir do perfil
identificado. Para os riscos inerentes aos mercados financeiros (por exemplo: preços de ativos, crédito),
foram desenvolvidos os contratos derivativos (CVM, 2015).

Os derivativos também podem ser utilizados para investimento, mas como são ativos de renda variável
devem ser considerados como investimentos de risco (CVM, 2013).
Derivativos são instrumentos financeiros utilizados, em essência, para gerenciar riscos, pois sabemos que
seu valor depende de outros ativos aos quais se referem.

Caro(a) aluno(a), você concorda que os derivados possuem risco? Imagine o que aconteceria se um grande
participante do mercado de derivativos quebrasse. Isso tenderia a desencadear uma reação em cadeia,
pois uma instituição que dá origem a uma operação pode realizar diversas outras, na tentativa de se
proteger do risco assumido. Podemos colocar isso de outra forma, como um participante do mercado de
derivativos não tem operações somente com seus clientes originais, mas sim com vários outros, se um
deles tiver problemas sem honrar seus compromissos, isso poderá causar problemas financeiros a outras
instituições, e estas também terão problemas para honrar seus compromissos, gerando-se um círculo
vicioso.

Assim, devido ao grau de risco envolvido nas operações com derivativos, sendo elas de contratos
padronizados ou não, surgiu uma atividade que visa diminuir esse risco. Isso possibilita que os
participantes do mercado de derivativos atuem de forma mais segura. Para obter controle e transparência
das operações com derivativos, é importante um sistema (programa) eficiente de controle e mensuração
de risco, o que chamamos de sistema de gestão de risco. O objetivo principal do sistema é assegurar que
as operações, posições, concessão de crédito, não ultrapassem certos níveis de risco que comprometam a
saúde financeira da instituição. O sistema de gestão de risco deve ser capaz de agregar riscos similares e
avaliá-los de forma global dentro dos parâmetros previamente traçados. Por exemplo, o sistema deve ter
condições de simular diferentes situações (SILVA, 1998).

No entanto, como o mercado de derivativos é regulado? Você acha que existe alguma lei para definir essa
questão?

Considerando-se a relevância e a complexidade do processo de transferência de riscos por meio de


derivativos, bem como os potenciais danos aos sistemas financeiros globais a partir de seu uso
inadequado, há necessidade, por parte do Estado, de regular esse mercado, de forma a garantir que seu
objetivo principal seja alcançado (CVM, 2015).

No Brasil, a definição da natureza jurídica dos derivativos foi crítica para a identificação da competência
regulatória entre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central do Brasil (BCB). A Lei no
6.385/76 instituiu a CVM como autarquia competente para regular os mercados de capitais e valores
mobiliários, porém, até a edição da Medida Provisória no 1.637/1998 (convertida na Lei no 10.198/2001),
a competência para regulação de derivativos no Brasil era dividida: a CVM ficava como responsável pela
regulação dos derivativos cujos ativos subjacentes eram caracterizados como valores mobiliários no
art.2o da Lei no 6.385/76, por exemplo, as ações, debêntures e os índices representativos de carteiras de
ações, enquanto o BCB possuía competência regulatória residual para todos os demais derivativos, como
os contratos futuros e de opções sobre câmbio e juros (CVM, 2015).

A partir da Lei no 10.198/2001 ampliou-se o conceito de valor mobiliário no Brasil, adotando uma visão
mais abrangente. Em complemento à Lei no 10.198/2001, foi editada a Lei no 10.303/2001, que incluiu
expressamente em seu artigo 4º os derivativos na lista de valores mobiliários regulados pela CVM. Desde
então, a competência para regulação de derivativos no Brasil é da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM). Porém, o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional também atuam como
reguladores indiretos quando existe o envolvimento de instituições financeiras, em especial nas
operações realizadas no mercado de balcão (CVM, 2015).

O rápido crescimento dos mercados de derivativos na década de 90 levou as autoridades reguladoras de


16 países a promoverem uma conferência visando ao planejamento de ações coordenadas que
possibilitem manter a integridade e confiança desses mercados. A partir da conferência, a Tokyo
Commodity Futures Markets Regulators‘ Conference (1997), foram estabelecidos vários princípios e
benchmarks sobre a regulação de derivativos (CVM, 2015).

Em resumo, a regulação de derivativos no Brasil é feita de forma coordenada, em que a CVM, como
autarquia com competência para regulamentar os mercados, operações e contratos derivativos, atua de
forma integrada com o CMN e com o BCB, que em suas respectivas áreas de atuação também editam
normas que envolvam derivativos. Essa forma de gestão regulatória tem permitido que os mercados
derivativos no Brasil se desenvolvam de forma segura, cumprindo, dessa forma, sua função primordial,
qual seja, a de propiciar a transferência de riscos entre os agentes econômicos sem colocar em risco a
solidez do Sistema Financeiro Nacional (SFN) (CVM, 2015).

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ATIVIDADES
1. Sobre as negociações do mercado de capitais, assinale a alternativa correta:

a) As instituições financeiras captam recursos dos poupadores e os emprestam aos tomadores, assumindo
os riscos da operação.

b) Trata-se de trocas de moedas estrangeiras por moeda nacional.

c) O Banco Central intervém nesse mercado para a condução da política monetária.

d) As negociações do mercado de capitais podem ocorrer no mercado primário ou no secundário.

e) É no mercado primário que os títulos que foram emitidos são renegociados.

2. Julgue as alternativas abaixo em verdadeiro (V) ou falso(F):

( )O mercado de derivativos é aquele no qual a formação de seus preços deriva dos preços do mercado à
vista do valor de um bem, como commodities, ações e taxas de juros.

Uma posição em derivativos representa o saldo líquido dos contratos negociados por um conjunto de
( )

participantes para a mesma data de vencimento.

( ) O hedger é um agente que assume o risco das variações de preços.

( ) O arbitrador é um participante que procura tirar vantagens financeiras, assumindo pouco risco.

( )Os especuladores não permanecem no mercado por muito tempo e dificilmente suas posições chegam
até a data de liquidação do contrato.
3. A principal diferença entre o mercado de opções e a termo é:

a) A ausência de um hedger nas transações.

b) Os contratos não são padronizados.

c)É o prêmio que os compradores dos contratos de opção pagam ao vendedor para ter a opção de
comprar ou vender um bem em uma data futura por um preço previamente acordado.

d) A gestão de risco.

e) O swap broker, que identifica e localiza as duas partes que estabelecem o acordo.

Resolução das atividades

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RESUMO
Neste estudo, vimos que no mercado financeiro as transações ocorrem por meio da intermediação das
instituições financeiras, como os bancos comerciais, que são responsáveis por captar recursos dos
agentes superavitários (os poupadores de recursos) e repassar aos deficitários (os demandantes de
recursos).

Introduzimos o assunto de mercado de derivativos, o qual é conceituado como são instrumentos


financeiros que os agentes ou participantes do mercado utilizam como investimento ou como proteção
para eventuais riscos financeiros. Os derivativos não têm valor próprio, seu valor é derivado do valor de
um bem, como commodities .

Os participantes dos mercados de derivativos são o hedger o especulador e o arbitrador. O hedger é um


,

agente que participa do mercado com o intuito de desenvolver proteção diante dos riscos de variações
nos preços dos diferentes ativos e nas taxas de juros, abrindo mão de possíveis ganhos futuros para não
incorrer em perdas futuras. Especulador: é aquele que, com a possibilidade de ganhos financeiros, adquire
o risco do Hedger Arbitrador é um participante que procura tirar vantagens financeiras, assumindo pouco
.

risco, quando percebe que os preços em dois ou mais mercados apresentam-se distorcidos.

Os contratos que são negociados diretamente em balcão não são intercambiáveis, já os contratos
padronizados e negociados em bolsa são muito líquidos e intercambiáveis a qualquer momento. Há duas
formas básicas de liquidação dos contratos de derivativos à financeira e à física. Os mercados de
derivativos são quatro: a termo, futuro, de opções e de swap .

No que se refere à gestão de riscos dos derivativos, a regulação no Brasil é feita de forma coordenada, em
que a CVM atua de forma integrada com o CMN e com o BCB, o que tem permitido que os mercados
derivativos no Brasil se desenvolvam de forma segura.

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Material Complementar

Leitura
Mercado de Derivativos no Brasil - Conceitos, Operações
e Estratégias

Autor: Octavio Bessada, Claudio Barbedo e Gustavo


Araújo.

Editora: Record.

Sinopse: Dicas sobre funcionamento, estratégias e


instrumentos para operar com maior segurança, em
mercados de derivativos financeiros, de alta volatilidade.
Explica conceitos deste mercado, seus produtos,
participantes, o papel da bolsa, das corretoras e
regulamentação.

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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro Atlas, 2011.
.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). O mercado de valores mobiliários brasileiro Rio de .

Janeiro: CVM, 2013.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos


e operações 1ª ed. Rio de Janeiro: CVM, 2015.
.

DANTAS, Antonio. Análise de investimentos e projetos: aplicada à pequena empresa. Editora


Universidade de Brasília, 1996.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. Qualitymark Editora Ltda, 2002.

HULL, John. Introdução ao Mercado Futuro e de Opções, Bolsa de Mercadorias & Futuros Associados .

São Paulo, 1995.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. Atlas, 2016.

SHARPE, William F. Investments Prentice Hall, 1985.


.

SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. Atlas, 1998.

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APROFUNDANDO
Durante nossos estudos, vimos que o sistema financeiro é composto por quatro grandes mercados: o
mercado de capitais, o mercado monetário, o mercado de crédito e o mercado de câmbio. Discutimos
bastante sobre o mercado de capitais, pois esse é o foco desta disciplina. Agora é o momento ideal para
aprendermos um pouco mais sobre os outros três mercados, vamos lá?

Você já deve imaginar que o mercado monetário é utilizado para o controle da quantidade de moeda na
economia ou, de outra forma, para a execução da política monetária. Assim, se o objetivo do Banco Central
do Brasil é aumentar a quantidade de moeda na economia (política monetária expansionista), para que a
taxa de juros caia, isso se dará por meio dos instrumentos de política monetária, que são: emissão de
moeda, open Market, reservas compulsórias e taxa de redesconto. O primeiro instrumento não é muito
utilizado para tal fim, pois pode gerar pressões para o aumento de preços, assim as emissões de moeda
tendem a acompanhar o crescimento do produto da economia. O open market representa a compra e
venda de títulos públicos pelo Banco Central, assim, para o Banco Central aumentar a quantidade de
moeda na economia, é necessário resgatar (comprar) títulos públicos. Vamos esclarecer esse ponto:
imagine que muitos indivíduos possuam títulos públicos, de diferentes valores e vencimentos, então,
quando o Banco Central anuncia que está resgatando os títulos de tais vencimentos, os indivíduos
receberão os seus respectivos valores, aumentando a quantidade de dinheiro na economia. As reservas
compulsórias ou obrigatórias se referem ao montante dos depósitos à vista e a prazo que os bancos
comerciais precisam manter depositado no Banco Central.

As taxas de compulsório são definidas de acordo com o objetivo da política monetária, para aumentar a
quantidade de moeda na economia, serão necessárias reduções nessas taxas, de forma que os bancos
ficarão com mais dinheiro em caixa para trabalhar com seus clientes. A taxa de redesconto é a taxa que o
Banco Central cobra para emprestar dinheiro aos bancos comerciais, então, para colocar em prática uma
política monetária expansionista, será necessário reduzir essa taxa, de forma que os bancos comerciais
ficarão com mais recursos para repassar, na forma de empréstimos, por exemplo, a seus clientes. Da forma
como colocamos aqui, fica claro que ocorrerá aumento na quantidade de moeda na economia, se o
objetivo do Banco Central é o de redução da quantidade de moeda, basta seguir o raciocínio inverso, tudo
bem?

O mercado de crédito é onde os agentes buscam recursos para atender as suas necessidades de
financiamento, por exemplo, crédito para financiamento de imóveis, de veículos, de máquinas etc. Para
atender essa demanda, as instituições financeiras captam recursos dos agentes superavitários, os
poupadores de recursos. Claro que as instituições financeiras serão remuneradas por seus serviços, essa
remuneração está na diferença entre o que ela paga aos agentes superavitários e o que cobra dos agentes
deficitários, a isso se dá o nome de spread.

No mercado de câmbio, ocorrem as transações de trocas em diferentes moedas, participam desse


mercado todos aqueles que realizam transações com o exterior, inclusive os turistas, pois estes, ao viajar
ao exterior, precisam da moeda do país que está visitando. Da mesma forma, atuam nesse mercado os
importadores e exportadores de mercadorias. Os importadores demandam moeda estrangeira, pois as
mercadorias que são compradas em outros países precisam ser pagas em moeda estrangeira. Os
exportadores, por sua vez, ofertam moeda estrangeira, pois vendem seus produtos a outros países e
recebem em moeda estrangeira que precisa ser trocada, posteriormente, por moeda nacional. Um
conceito muito importante nesse mercado é o de taxa de câmbio, ou seja, o preço de uma moeda em
termos de outra. A taxa de câmbio real/dólar está valorizada quando são necessários menos reais para
comprar um dólar e está desvalorizada quando são necessário mais reais para comprar um dólar.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação


. a
Distância; FERNANDES Carlândia Brito Santos.
,

Mercado de Derivativos Financeiros.

Carlândia Brito Santos Fernandes.


Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

29 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Mercado. 2. Financeiros. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 332

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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MERCADO A
TERMO
Professor (a) :

Drª Carlândia Brito Santos Fernandes

Objetivos de aprendizagem
• Conhecer o funcionamento do mercado a termo.

• Compreender os tipos de operações do mercado a termo.

• Conhecer o funcionamento básico das negociações com ações no mercado a termo.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Mercado a termo: definições

• Operações do mercado a termo

• As ações no mercado a termo

Introdução
O foco geral deste estudo é o mercado de derivativos, por isso, neste encontro, concentraremos em um de
seus componentes: o mercado a termo. É muito importante que você acompanhe todos os nossos
encontros e fique atento aos conceitos que surgirão. Quem sabe, depois disso, você não se anima a
investir nesse tipo de mercado.

Especificamente, estudaremos como se dão os acordos no mercado a termo. Isso envolve conhecermos o
funcionamento de uma operação básica a termo e os elementos de um contrato, como a definição do
preço e do vencimento. Veremos como ocorre a liquidação desses contratos e os tipos de garantia que
podem ser exigidas para a sua efetivação.

Veremos também os tipos de operações de um mercado a termo, tanto para os ativos de modo geral,
quanto para as operações envolvendo ações. Entenderemos como se comportam, em geral, o vendedor e
o comprador a termo. Além disso, apresentaremos os tipos de depósitos de garantias, quais sejam: a
garantia de cobertura, a garantia de margem e a de margem adicional.

Por fim, serão entendidos alguns motivos que levam um investidor a comprar ou vender ações no
mercado a termo, dentre os quais podemos citar o de proteção de preços e o de diversificação de
portfólio. No primeiro caso, se um investidor tiver expectativa de alta nos preços das ações, ele poderá se
beneficiar, realizando um contrato a termo de compra a um preço previamente estabelecido. Mesmo que
o comprador não tenha recursos no momento não é problema, pois somente saldará o compromisso na
data de vencimento. Na diversificação do risco, um investidor pode adquirir ações no mercado a termo
para diversificar seu portfólio e, então, o risco.

Para facilitar o entendimento, tentei abordar o assunto de forma simples, sempre utilizando exemplos,
mas, por favor, sempre que tiverem dúvidas, procurem os tutores para saná-las. Bons estudos!

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MERCADO A TERMO:
DEFINIÇÕES
O contrato a termo foi a primeira modalidade de derivativo conhecida pela sociedade. Aqueles contratos,
ainda primitivos, já apresentavam o conceito básico de uma negociação a futuro: contrate agora e acerte o
pagamento depois. Atualmente, os contratos a termo são negociados sobre mercadorias, ações, moedas,
títulos públicos e outros (CVM, 2015).

Antes de darmos continuidade, vamos relembrar o conceito de mercados de derivativos? São mercados
em que são negociados contratos referenciados em um ativo real, por exemplo, uma commodity ou um,

ativo financeiro - como índices, indicadores, taxas e moedas - com vencimento e liquidação, financeira e
física, estabelecidos para uma data futura por um preço que é determinado na assinatura do contrato.
Pode-se afirmar que derivativos é o nome dado à família de mercados em que operações com liquidação
futura são realizadas, tornando possível a gestão do risco de preço de diversos ativos. O objetivo desses
mercados é a transferência dos riscos de preço inerentes à atividade econômica entre os seus
participantes. Os mercados derivativos viabilizam aos agentes produtivos realizar operações que possam
proteger do risco de preço as posições detidas no mercado à vista (CVM, 2007; 2014).

Os mercados a termo são acordos de compra e venda de um ativo em uma data futura, por um preço
previamente estabelecido. São contratos de acordos particulares entre dois agentes, em que uma das
partes assume sua posição de compra em data específica, a um preço definido e ajustado, e a outra parte
assume sua posição de venda nos mesmos termos (FORTUNA, 2002; SILVA, 1998). Os contratos a termo
se caracterizam por serem muito detalhados exercerem movimentação financeira somente na liquidação
(CVM, 2007).

O preço no mercado a termo é estabelecido adicionando-se ao preço à vista a expectativa de juros, fixada
livremente no mercado pelo prazo do contrato. Para as negociações desses contratos é necessária uma
corretora, que será responsável pela operação em pregão (FORTUNA, 2002). Hull (1995) define preço de
entrega em um contrato a termo e preço a termo. O preço de entrega é aquele que é especificado em um
contrato a termo, ou seja, o preço que é acordado no momento em que o contrato é realizado. O preço a
termo é semelhante ao de um contrato futuro, pois, conforme lembra Sharpe (1985) o preço no mercado
futuro também é definido no momento do acordo, o pagamento é realizado futuramente e, normalmente,
é solicitado que o comprador deixe uma garantia para que a transação seja liquidada na data. O preço a
termo atual de um contrato é o preço de entrega que seria aplicado se o contrato fosse negociado hoje.
Geralmente, o preço a termo de um contrato varia de acordo com o vencimento do contrato (HULL,
1995).

Vamos analisar a figura a seguir para compreender como ocorre uma transação nesse mercado.

Figura 1 - Operação de um contrato a termo

Fonte: CVM (2015, p. 48).

Observe que o vendedor encontra o comprador no momento atual, em t0, e define o preço e outras
características do contrato a termo, como a quantidade da mercadoria, a qualidade, as condições da
entrega e da liquidação. No período tn, que representa a data de vencimento do contrato, cada parte
cumpre o combinado. Assim, o comprador paga ao vendedor o valor que foi inicialmente estabelecido
para a commodity e este lhe entrega o produto nas condições que foram definidas no contrato. Caro(a)
aluno(a), observando a Figura 1, você percebeu que as partes se mantêm vinculadas até a data de
vencimento do contrato que a mercadoria não troca de mãos?

Isso ocorre porque nesse tipo de contrato cada parte é obrigada a cumprir o estabelecido. É um acordo
particular entre dois investidores e, por isso, geralmente são negociados fora da bolsa de valores, ou seja,
no mercado de balcão (ASSAF NETO, 2011).

O mercado de balcão representa o mercado de títulos e valores mobiliários, sem local


físico definido para a realização das negociações, que são realizadas por telefone entre
as instituições participantes.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2007).

Há possibilidade de as operações contratadas serem liquidadas em data antecipada, desde que seja
solicitado pelo comprador, pelo vendedor ou por acordo mútuo das partes. Para isso, o tipo de
antecipação deverá ser definido na data de efetivação da operação, caso contrário, vigorará o acordo
mútuo (PINHEIRO, 2016).

As operações do mercado a termo, que aderem a liquidação antecipada, são


classificadas em três tipos: vontade do comprador (VC), vontade do vendedor (VV) e
acordo mútuo (AM).

Fonte: Pinheiro (2016).

Entre os principais contratos a termo negociados no mercado internacional e no Brasil,


destacam-se os de moedas. Numa operação desse tipo, dois agentes acertam, na data
zero, a cotação pela qual liquidarão a operação de câmbio entre duas moedas, na data
do vencimento do contrato (CVM, 2015 p.49).

Para transações a termo, é necessário um depósito de garantia na bolsa, que pode ser no formato de:
cobertura, em que o vendedor efetua o depósito do ativo objeto do contrato; margem - um percentual do
valor do contrato que é estabelecido pela bolsa, a partir de uma avaliação do ativo (FORTUNA, 2002).
As garantias são depósitos efetuados junto às bolsas com a finalidade de garantir as
operações realizadas nos mercados a termo, futuro e de opções, quando exigidos.

Fonte Comissão de Valores Mobiliários (2007).

Vamos ver um exemplo de contrato a termo? Isso deixará o assunto mais claro.

Suponha que um produtor de soja não tem nenhuma garantia do preço que poderá ser praticado ao final
da safra, pois pode ocorrer uma queda no preço, em função de um excesso de produção, ou pode ocorrer
um aumento no preço, devido à escassez do produto no mercado, causada pela ocorrência de geadas, por
exemplo. Da mesma forma, a cooperativa, que compra a soja do produtor rural, não sabe qual será o preço
da soja que vigorará no final da safra. Assim, o vendedor de soja e o comprador/cooperativa negociam os
termos e efetuam um contrato a termo. Vamos supor que o preço negociado tenha sido de R$60,00/saca
de 60kg, e que este seja um preço razoável para ambas as partes, isto é, que permite que cada um consiga
pagar os custos de produção e obter lucro em suas atividades. Vamos supor também que a data de
vencimento do contrato seja 28/03/2018. Supondo que tenha ocorrido excesso de produção e que o
preço da saca de soja no vencimento do contrato seja de R$55,00, então o vendedor sairá em vantagem
em relação ao comprador, pois receberá R$60,00 por saca. Este, por sua vez, terá que pagar o preço que
foi previamente estabelecido e que na data de vencimento é superior ao do mercado à vista. Porém,
poderia ter ocorrido uma escassez do produto e levado o preço a R$65,00. Nesse caso, o comprador sairia
em vantagem. O importante é que em operações como essa a “perda” não é vista como “prejuízo”, mas sim
como uma quantia que se deixou de ganhar, é como se tivéssemos pagando um prêmio de seguro.

OPERAÇÕES NO MERCADO A
TERMO
Além de ser um importante instrumento para a gestão do risco de mercado, os contratos a termo
frequentemente são utilizados em operações semelhantes às de renda fixa. Por meio da negociação de
contratos a termo simultaneamente com o ativo objeto deste contrato, as partes promovem a troca de
fluxos financeiros no momento da negociação e quando há liquidação. O valor da diferença desses fluxos,
conhecido desde o início da operação, constituem os juros da transação (CVM, 2015).

Segundo Fortuna (2002) há três tipos básicos de operações a termo:

• Simples a prazo fixo: trata-se do tipo de operação mais simples desse mercado; é a compra ou venda
para liquidação em data futura, em que as partes definem o preço e a data de vencimento, na qual o
comprador realiza o pagamento e recebe os ativos.

• A prazo com prêmio: nesse caso, a operação é efetuada com a possibilidade de que uma das partes
poderá desistir do acordo, porém mediante o pagamento de um prêmio que é previamente estipulado.

• As de report e deport o primeiro caso refere-se à compra à vista de ativos e a sua venda simultânea a
:

termo; a deport refere-se à venda à vista e comprar a prazo, nesse caso o investidor estaria precisando de
capital imediato e os custos para se obter um financiamento seriam maiores do que as taxas do mercado a
termo.

No mercado a termo, as operações têm prazos de liquidação diferentes, mas ficam entre um mínimo de 12
dias úteis e máximo de 999 dias corridos. Para aplicação no mercado a termo são requeridos, além do
registro na CBLC, um limite mínimo para a transação e depósitos de valores na CBLC, tanto para
vendedores quanto compradores. A princípio o preço a termo é determinado somando um custo de
manutenção, ou custo líquido de financiamento ao preço à vista. Assim, o preço a termo de uma ação é a
adição de um montante que corresponde aos juros que são fixados livremente em mercado ao se valor
cotado no mercado à vista (PINHEIRO, 2016).

Na bolsa, as operações desse tipo de contrato seguem as mesmas exigências de uma operação à vista,
sendo necessária a presença de uma corretora para intermediação. A bolsa disponibiliza as informações
sobre todos os contratos a termo realizados. Outro detalhe é que todas as ações listadas na bolsa podem
ser objeto de um contrato a termo (ASSAF NETO, 2011).

Suponha que um investidor tenha adquirido na BM&F 10 lingotes de ouro, cada um


com 250 gramas. O vencimento do contrato é em 20 dias, e o preço estabelecido no
contrato a termo foi de $60/grama. Então, o valor bruto do contrato é $150.000,00. O
comprador a termo assume a obrigação de pagar no vencimento essa quantia ao
vendedor. O vendedor, por sua vez, assume o compromisso de entregar os lingotes de
ouro na data de vencimento do contrato a termo, independentemente do valor que o
ouro atinja no mercado. Se na data de liquidação o grama de ouro estiver valendo
menos que $60,00 no mercado à vista, o comprador terá prejuízo, pois assumiu o
compromisso de pagar uma quantia superior ao vendedor. Se estiver valendo mais que
$60,00, o prejuízo será do vendedor, pois entregará a mercadoria a um valor inferior do
que aquele que vigora no mercado à vista.

Fonte: ASSAF NETO (2011).

CONTRATO A TERMO NO
MERCADO DE AÇÕES
No mercado de ações, operações a termo são bastante frequentes, admitindo diversas modalidades.
Podemos citar: a) comum, que são efetuadas em moeda nacional corrente; b) em dólares ou em pontos,
quando o preço a termo é indexado; c) a flexível, quando se admite a troca do ativo objeto depositado em
garantia (CVM, 2015).

Precisamos discutir um pouco essas operações em dólares ou em pontos, para ficar claro os conceitos.

O termo em dólar é similar ao termo tradicional em reais, a diferença é que o preço contratado será
corrigido diariamente pela variação entre a taxa de câmbio média de reais por dólar norte-americano,
para o período compreendido entre o dia da operação, inclusive e o dia da solicitação da liquidação
antecipada, exclusive; o dia da solicitação por diferença, exclusive; e o dia do vencimento do contrato a
termo, exclusive, para os casos de liquidação por decurso de prazo (PINHEIRO, 2016).
Na operação de termo em pontos, para o caso de liquidação financeira, o valor é calculado pela conversão
do valor dos pontos para a moeda nacional. A Bovespa autoriza a utilização de alguns índices (a taxa de
câmbio real/dólar, a taxa referencial e a taxa de juros de longo prazo) para a correção do valor econômico
do ponto. As partes deverão escolher o índice na abertura da operação, o qual não poderá ser alterado em
negociações secundárias do contrato e, na hipótese de extinção do índice escolhido, será substituído pelo
sucessor (PINHEIRO, 2016).

Na operação flexível, conforme Pinheiro (2016), o comprador pode substituir as ações que são objeto do
contrato. O comprador venderá à vista as ações adquiridas a termo, e o montante financeiro gerado será
retido na câmara de liquidação sem remuneração. Esses recursos somente poderão ser utilizados pelo
comprador para comprar ações de outras empresas no mercado a vista, as quais ficarão depositadas como
cobertura em substituição às iniciais e serão, a partir de então, o novo objeto do contrato.

O comprador a termo usualmente vende ações que compõem o seu portfólio para aplicar o resultado da
venda em outros ativos. No vencimento, resgata sua aplicação original e reconstitui sua posição em ações
liquidando a operação a termo, ou seja, comprando as ações. Já o vendedor a termo, quando faz uma
operação financeira, geralmente toma dinheiro emprestado para comprar ações no mercado à vista e usá-
las como garantia em vendas a termo. No vencimento, com o dinheiro da venda de ações paga o
empréstimo inicial. Em ambos os casos, os agentes têm condições de precisar o resultado final da
estratégia em termos de taxa de juro (CVM, 2015).

Há muitas variantes dessas operações envolvendo empréstimo de ações e liquidações antecipadas todas
realizadas dentro dos parâmetros (de prazos, preços e tipos de ativos) admitidos pela bolsa. É importante
destacar que todos os direitos e proventos distribuídos à ação objeto da negociação, durante a vigência
do contrato a termo são de propriedade do comprador (CVM, 2015).

Conforme afirma ASSAF NETO (2011), nas transações a termo, em que o objeto de negociação são ações,
também são exigidos depósitos de garantia, que podem ser dos tipos:

• Garantia de cobertura: quando o vendedor possuir as ações objetos do contrato, pode depositá-las na
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), como garantia de sua obrigação futura de entrega
dos papéis ao comprador.

• Garantia de margem: quando é solicitado ao investidor o depósito de uma margem de garantia,


correspondente à diferença entre o preço a termo e o preço à vista da ação.

• Garantia de margem adicional: acontece toda vez em que ocorrer uma queda na cotação da ação
depositada em garantia ou da ação objeto de negociação.

Caro(a) aluno(a), você pode imaginar alguns motivos que levam um investidor a comprar ou vender ações
no mercado a termo? Assaf Neto (2011) elenca alguns:

a. A proteção de preços: considerando que um investidor tenha expectativa de alta nos preços das ações,
ele poderá se beneficiar, realizando um contrato a termo de compra a um preço previamente
estabelecido. A vantagem de uma operação como essa é que mesmo que o comprador não tenha recursos
no momento não é problema, pois somente saldará o compromisso na data de vencimento.

b. Diversificação do risco: um investidor pode adquirir ações no mercado a termo para diversificar seu
portfólio e, então, o risco.

c.Geração de caixa: o investidor pode vender suas ações no mercado à vista, o que lhe gerará recursos
que poderão ser investidos de outra forma ou para saldar algum compromisso, e poderá comprá-las de
volta no mercado a termo.

d.Alavancagem do retorno: em relação ao mercado à vista, o investidor consegue aplicar uma quantidade
maior de recursos no mercado a termo. Dessa forma, consegue obter um retorno mais elevado.

e.Financiamento: o investidor pode adquirir ações no mercado à vista e vendê-las no mercado a termo,
obtendo um ganho correspondente à diferença entre os preços a termo e à vista.

f.Ganhos de juros: quando o investidor não tem necessidade imediata de recursos, pode dar preferência
às operações no mercado a termo, em relação ao mercado à vista, pois assim terá acrescido no preço das
ações os juros pelo período de vigência do contrato.

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ATIVIDADES
1. Sobre as definições do mercado a termo, avalie as alternativas a seguir em (V) para verdadeiro e (F) para
falso e assinale a proposição que apresenta a sequência correta:

I) Os mercados a termo são acordos de compra e venda de um ativo em data e preço futuros.

II)No mercado a termo cada parte é obrigada a cumprir o estabelecido, é um acordo particular entre dois
investidores e geralmente são negociados no mercado de balcão.

Os contratos a termo se caracterizam por serem muito detalhados


III) e terem movimentação financeira
somente na liquidação.

a) V, V, V.

b) V, F, V.

c) F, F, V.

d) F, V, V.

e) V, F, F.

2. Sobre as operações no mercado a termo, avalie as alternativas a seguir em (V) para verdadeiro e (F)
para falso e assinale a proposição que apresenta a sequência correta:

I) A operação a prazo com prêmio refere-se à compra à vista de ativos e a sua venda simultânea a termo.
II)Na operação flexível, o comprador venderá à vista as ações adquiridas a termo e os recursos somente
poderão ser utilizados pelo comprador para comprar ações de outras empresas no mercado à vista, as
quais ficarão depositadas como cobertura em substituição às iniciais.

As operações de report e deport é a compra ou venda para liquidação em data futura, em que as partes
III)
definem o preço e a data de vencimento.

a) F, V, F.

b) V, F, V.

c) F, F, V.

d) F, V, V.

e) V, F, F.

3. Sobre o contrato a termo no mercado de ações, avalie as alternativas a seguir em (V) para verdadeiro e
(F) para falso e assinale a proposição que apresenta a sequência correta:

I)O termo em dólar é similar ao termo tradicional em reais, a diferença é que o preço contratado será
corrigido diariamente pela variação entre a taxa de câmbio média de reais por dólar norte-americano.

II)O vendedor a termo, quando faz uma operação financeira, geralmente toma dinheiro emprestado para
comprar ações no mercado a vista e usá-las como garantia em vendas a termo. No vencimento, com o
dinheiro da venda de ações paga o empréstimo inicial.

A garantia de margem indica que o investidor pode adquirir ações no mercado


III) à vista e vendê-las no
mercado a termo, obtendo um ganho correspondente à diferença entre os preços a termo e à vista.

a) F, V, F.

b) V, F, V.

c) V, V, F.

d) F, V, V.

e) V, F, F.

Resolução das atividades

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RESUMO
Caro(a) aluno(a), durante este estudo nos concentramos no mercado a termo. Você está lembrado de que
esse mercado é um dos componentes dos mercados de derivativos. Os mercados a termo são acordos de
compra e venda de um ativo em uma data futura, por um preço previamente estabelecido. São contratos
de acordos particulares entre dois agentes, em que uma das partes assume sua posição de compra em
data específica, a um preço definido e ajustado, e a outra parte assume sua posição de venda nos mesmos
termos. As partes se mantêm vinculadas até a data de vencimento do contrato.

Para a realização das transações a termo é necessário um depósito de garantia na bolsa, que pode ser no
formato de cobertura, onde o vendedor efetua o depósito do ativo objeto do contrato; ou no formato de
margem, que é um percentual do valor do contrato, estabelecido pela bolsa, a partir de uma avaliação do
ativo.

Os tipos básicos de operações a termo são a simples a prazo fixo, que trata-se do tipo de operação com
compra ou venda para liquidação em data futura, em que as partes definem o preço e a data de
vencimento; a prazo com prêmio, que efetuada com a possibilidade de que uma das partes poderá desistir
do acordo; a de report que refere-se à compra à vista de ativos e a sua venda simultânea a termo; a de
,

deport refere-se a vender à vista e comprar a prazo; e a flexível, em que o comprador pode substituir as
ações que são objeto do contrato.

No mercado de ações, as operações a termo podem ser comuns quando são efetuadas em moeda nacional
corrente; em dólares ou em pontos, quando o preço a termo é indexado e a flexível quando se admite a
troca do ativo objeto depositado em garantia. Nas transações a termo, em que o objeto de negociação são
ações, também são exigidos depósitos de garantia dos tipos: Garantia de cobertura, Garantia de margem e
Garantia de margem adicional.

Prezado(a) aluno(a), esses aspectos que foram abordados sobre o mercado a termo são essenciais para o
bom entendimento desse mercado de derivativos, caso queira discutir mais sobre algum deles, não hesite
em procurar o seu tutor. Até a próxima!

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Material Complementar

Na Web
Apresentação: Caro(a) aluno(a), para fixar um pouco mais o
conceito de mercado a termo, assista ao vídeo a seguir, o
qual aborda um exemplo muito simples que facilita o
entendimento e aborda diferentes conceitos associados a
esse mercado e que vimos durante os nossos encontros.

Acesse

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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro Atlas, 2011. .

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cadernos CVM. Mercados de derivativos na BM&FBOVESPA


SA–bolsa de valores, mercadorias e futuros Rio de Janeiro, 2007, v.9.
.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). O mercado de valores mobiliários brasileiro Rio de .

Janeiro: CVM, 2014.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos


e operações. 1ª ed. Rio de Janeiro: CVM, 2015.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. Qualitymark Editora Ltda, 2002.

HULL, John. Introdução ao Mercado Futuro e de Opções, Bolsa de Mercadorias & Futuros. Associados .

São Paulo, 1995.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. Atlas, 2016.

SHARPE, William F. Investments. Prentice Hall, 1985.

SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. Atlas, 1998.

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APROFUNDANDO

O que é mercado a termo? O caso Marfrig

Durante nossos estudos, falamos sobre o mercado a termo, que são acordos de compra e venda de um
ativo (por exemplo commodities e ações) em uma data futura, por um preço previamente estabelecido.
Esses tipos de contratos são instrumentos que permitem a gestão de riscos do mercado.

No início de agosto de 2011, as operações desse tipo de mercado, realizadas por fundos da gestora GWI,
provocaram aumento da liquidez das ações ordinárias de Marfrig (MRFG3) e deprimiram ainda mais o
preço da ação.

Suponhamos que um investidor desejasse comprar MRFG3 no início de julho de 2011, pois tinha a
expectativa de que as ações se valorizassem em um curto período, porém ele não possuía recursos. Esse
investidor, conhecido como comprador do termo, procuraria uma contraparte denominada vendedor do
termo que faria a compra das ações no mercado. O vendedor adquiriria essas ações no mercado e as
carregaria até o vencimento do contrato (nesse tipo de negociação não são permitidas liquidação antes do
vencimento, a não ser que seja solicitado por uma das partes ou de comum acordo). Ao final do contrato, o
comprador recompraria as ações, pagando o valor original das ações e mais os juros pactuados com o
vendedor.

Caso as ações se valorizassem mais do que o preço do contrato e mais os juros, o comprador revenderia as
ações no mercado, ficando com o lucro da operação. Contudo ocorreu o inverso, a MRFG3 apresentou
forte queda no período. Após o rebaixamento do “rating” dos Estados Unidos, o Ibovespa apresentou
queda de 8,1% em 8 de agosto. Como MRFG3 apresenta beta elevado em decorrência do seu elevado
endividamento, as ações do frigorífico apresentaram queda bem mais expressiva, de 24,8%, no mesmo
dia. O beta mede a relação do retorno de uma ação comparado ao retorno de um índice de mercado em
um determinado período de tempo.

Lembrem-se de que nas operações no mercado a termo são necessários depósitos de margem de garantia
de pagamento na CBLC (Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia) da BM&FBovespa. Caso as ações se
valorizem, a CBLC pode liberar parte dos recursos depositados como garantia. Se as ações se
desvalorizam, a CBLC solicita mais recursos para compor a margem.

Assim, com a queda abrupta de MRFG3, os fundos da gestora GWI, que eram grandes vendedores a termo
das ações de Marfrig, foram chamados a entregar mais garantias, mas não conseguiram. A fim de evitar
mais perdas, os contratos a termo foram finalizados. O investidor comprou as ações de MRFG3 do
vendedor pelo valor pactuado, vendeu-as no mercado à vista a um preço menor do que aquele
estabelecido no contrato a termo, sendo obrigado a arcar com o prejuízo.

O encerramento das posições a termo produziu três efeitos: aumentou o número de contratos a termo
negociado, a liquidez das ações no mercado a vista e contribuiu para depreciar ainda mais a cotação de
MRFG3 (que já havia caído de R$15 para R$9,02 entre 3 e 8 de agosto de 2011).

O número de contratos a termo negociados dispararou a partir de 9 de agosto de 2011 (249,3 mil),
atingindo 451,1 mil contratos em 11 de agosto. Essas operações impulsionaram a liquidez diária de
Marfrig no mercado à vista: de R$ 48 milhões no dia 5 de agosto para R$ 232 milhões no dia 9. Além do
aumento da liquidez, a desmontagem dos contratos a termo depreciou ainda mais MRFG3, pois o
comprador vendeu-as no mercado. Entre 8 (dia do rebaixamento do “rating” dos Estados Unidos) e 11 de
agosto de 2011 enquanto o Ibovespa ensaiava uma recuperação de 9,6%, MRFG3 desvalorizava outros
6,7%. A cotação recuou ainda mais para R$ 8,42 em 11 de agosto de 2011.

A partir desse caso das ações da Marfrig, podemos inferir que o comprador de um contrato a termo não
precisa desembolsar dinheiro imediatamente, a compra é feita a prazo. O pagamento somente é realizado
na data de vencimento do contrato.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

REFERÊNCIAS

Adaptado de Rocha, André. O que é mercado a termo? O caso Marfrig. Valor Investe/Análise de Ações .

19 de dezembro de 2011. Disponível em: < http://www2.valor.com.br/valor-investe/o-


estrategista/1144930/o-que-e-mercado-termo-o-caso-marfrig >. Acesso em: 10 ago. 2017.

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação


. a
Distância; FERNANDES Carlândia Brito Santos.
,

Mercado de Derivativos Financeiros.

Carlândia Brito Santos Fernandes.


Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

22 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Mercado. 2. Financeiros. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 332

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

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Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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Unidade 3 Página inicial

MERCADO
FUTURO E SWAPS
Professor (a) :

Drª Carlândia Brito Santos Fernandes

Objetivos de aprendizagem
• Conhecer o funcionamento do mercado futuro.

• Compreender as principais diferenças do mercado futuro em relação aos mercados à vista e a termo.

• Conhecer o funcionamento básico dos contratos de swaps.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Mercado Futuro: operações

• Mercado Futuro versus Mercado à Vista e a Termo

• Swaps

Introdução
Caro(a) aluno(a), lembre-se de que nosso estudo se concentra nos derivativos. Neste encontro,
estudaremos duas categorias de derivativos: o mercado futuro e de swaps. Veremos seus principais
conceitos e, em alguns momentos, realizaremos algumas comparações entre esses mercados e outros
derivativos. Sempre utilizaremos exemplos para facilitar o entendimento das situações, mas procurem
seus tutores em caso de dúvidas e resolvam as atividades, pois isso auxilia muito no processo de
aprendizagem.

Sobre o mercado futuro, cujos contratos são negociados somente em bolsa, abordaremos o seu conceito e
como estes são especificados, ou seja, quais detalhes da negociação um contrato futuro deve apresentar.
Veremos que no mercado futuro cada investidor relaciona-se com a Companhia Brasileira de Liquidação e
Custódia (CBLC) e não com a contraparte original, o que gera a possibilidade da parte liquidar sua posição
antecipadamente. Veremos também que no mercado futuro os compromissos são ajustados
financeiramente (e diariamente) de acordo com as expectativas do mercado sobre o preço futuro do bem
objeto da negociação.

Sobre o mercado de swap, em que se negocia a troca de rentabilidade entre dois bens, veremos, além de
definições, que a BM&FBOVESPA disponibiliza o registro de swaps nas modalidades com e sem garantia e
que sempre que uma operação de swap é realizada é necessário registrá-la em um sistema de registro
aprovado pelo Banco Central do Brasil. Além disso, entenderemos que o contratante pode solicitar
depósitos de margens de garantia que cubram o risco da operação.

As trocas (swaps) mais comuns são as de taxas de juros, moedas e commodities. Falaremos com mais
detalhes sobre o swap de taxas de juros, que permite alterar as características dos pagamentos das taxas
de juros devidas ou a receber. Assim, é possível substituir o pagamento de uma taxa de juros flutuante por
uma taxa fixa, ou vice-versa.

Bons estudos e até nosso próximo encontro.

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Unidade 3 Página inicial

MERCADO FUTURO:
OPERAÇÕES
Caro(a) aluno(a), há dois aspectos que você precisa considerar sobre o mercado futuro. Primeiramente,
que é uma evolução do mercado a termo, possibilitando que as partes envolvidas em uma operação
revertam sua posição antes da data de vencimento. Em segundo lugar, que os contratos futuros são
negociados somente em bolsa. O princípio é o mesmo do mercado a termo: uma parte se compromete a
vender um bem, e outra a comprar, em uma data futura, a um preço negociado na efetivação do contrato.

Sempre que ocorre um novo contrato futuro, a bolsa deve especificar, em detalhes, o que foi acordado
entre as partes. Deve especificar o ativo, quanto do ativo será entregue e onde e quando a entrega será
feita. Pode também especificar alternativas para a qualidade do ativo que será entregue ou para os
próprios meios de entrega. Por exemplo, quando o ativo negociado no contrato é uma commodity pode ,

ocorrer muitas variações na qualidade, por isso seria importante a bolsa especificar o tipo ou tipos
aceitáveis de mercadoria (HULL, 1995). Nesta linha, a CVM (2015) lista as principais especificações dos
contratos futuros:

• a descrição do ativo ou objeto de negociação cuja oscilação de preços está em negociação. Exemplo:
café, dólar, boi;

• a cotação ou unidade de valor atribuída a cada unidade física da mercadoria em negociação. Exemplo:
reais por saca, reais por dólares;
• o tamanho do contrato. Exemplo: o tamanho do contrato de café é de 100 sacas de 60kg, o do dólar é de
US$50.000,00;

• os meses em que serão liquidados os contratos;

• a forma pela qual o contrato será liquidado.

Nesse mercado, cada investidor relaciona-se com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
(CBLC) e não com a contraparte original. Por isso, cada parte tem a possibilidade de liquidar sua posição
antecipadamente, mas a reversão da posição só é viável se houver liquidez no mercado. Algo que a bolsa
faz para propiciar liquidez ao mercado futuro é padronizar as datas de vencimento, assim, as operações
são fechadas para os vencimentos que estão em aberto (PINHEIRO, 2016).

Uma posição em futuro é o saldo líquido dos contratos negociados pelos clientes por
meio de operações a futuro. O comprador de um contrato futuro é aquele que tem uma
posição aberta no futuro. No caso de um contrato em que o objeto de referência são
ações, ele ganha dinheiro se o preço da respectiva ação sobe, e perde quando o preço
cai. O contrário é válido para o vendedor.

Fonte: Pinheiro (2016).

Para facilitar ainda mais a negociação do bem no mercado disponível, algumas bolsas de futuros
implementaram facilidades de liquidação mútua de posição quando da negociação do bem físico. Quando
produtor e consumidor estão em contratos futuros, as bolsas permitem, comprovada a negociação do
bem no mercado físico, que as posições de investidor sejam transferidas ao outro, liquidando assim seus
contratos futuros. Nesse caso, comprador e vendedor encerram seu hedge sem a necessidade de ter que
voltar ao mercado para zerar as posições anteriormente assumidas. (SILVA NETO, 1998).

Posições em aberto são aquelas compradas ou vendidas de um investidor e que ainda


não tenham sido por ele liquidadas. Se o investidor originalmente comprou 10
contratos futuros e não vendeu de nenhum até o momento, então, sua posição em
aberto equivale a esses mesmos 10 contratos futuros, os quais estarão sujeitos a
variações diárias de preço.

Fonte: COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (2007).

O mecanismo de funcionamento do mercado futuro imprimiu característica importante


na negociação para liquidação futura: a competitividade. A homogeneidade dos
produtos, a transparência e a velocidade das informações e a livre mobilidade de
recursos permitem que os preços se ajustem conforme as leis de mercado, ou seja, de
acordo com as pressões de oferta e procura. Como os participantes podem entrar e sair
do mercado a qualquer momento, os futuros tornaram-se muito importantes para as
economias em face de sua liquidez (CVM, 2015, p.52).

Caro(a) aluno(a), considerando que os preços negociados no presente para determinado vencimento no
futuro podem variar para baixo ou para cima, pois estes são influenciados pelas expectativas de oferta e
demanda das mercadorias, a garantia é fundamental para a dinâmica operacional dos mercados futuros,
pois assegura o cumprimento das obrigações assumidas pelos participantes (CVM, 2015).

No mercado futuro os compromissos são ajustados financeiramente de acordo com as expectativas do


mercado sobre o preço futuro do bem objeto da negociação. Esse é o mecanismo de ajuste diário que já
citamos em outro encontro. Vamos expandi-lo um pouco?

O ajuste diário no mercado futuro corresponde ao mecanismo por meio do qual as posições mantidas em
aberto pelos clientes são acertadas financeiramente todos os dias, segundo o preço de ajuste do dia.
Trata-se da diferença diária que a parte vendedora recebe da parte compradora quando o preço no
mercado futuro cai, e paga quando o preço sobe (CVM, 2014; 2015).

Esse mecanismo implica a existência de um fluxo diário de perdas ou ganhos na conta de cada cliente de
forma que, ao final do contrato, todas as diferenças já tenham sido pagas. Isso contribui para a segurança
das negociações, já que, a cada dia, as posições dos agentes são niveladas. Podemos definir o preço de
ajuste como a cotação apurada diariamente pela bolsa, utilizada para o ajuste diário das posições no
mercado futuro. Em geral, o preço de ajuste é definido com base no último preço praticado, ou seja, no
fechamento do mercado (CVM, 2015).

Se um investidor realizou um negócio a R$250,00, cujo contrato no fechamento está valendo 260,00, a
diferença de R$10,00 é, por um lado, ganho para o comprador, já que ele está comprando por menos um
ativo que vale mais. Por outro lado, é perda para o vendedor, pois, da mesma forma, está vendendo por
menos algo que vale mais. O comprador terá um crédito em sua conta e o vendedor um débito. Assim, o
contrato fica ajustado ao novo preço, e todos os participantes estão equiparados e posicionados ao
mesmo preço (CVM, 2007).

No caso dos contratos que não foram encerrados no pregão anterior, ou seja, os que estão em aberto
antes do início do pregão, o ajuste é baseado na diferença entre o preço do encerramento do dia e o
último ajuste diário e também gerará créditos e débitos nas contas dos participantes (CVM, 2007).

Na hipótese de que o pagamento do ajuste diário devido não seja efetuado, a BM&F intervém, utilizando
para saldar o prejuízo e encerrar a posição inadimplente a margem depositada em garantia, de forma a
evitar o risco de acumulação de perdas que possam afetar a segurança do mercado. Outra vantagem do
mecanismo de pagamento e recebimento de ajustes diários está no fato de que, ao manter sempre
quitados lucros e prejuízos, facilita-se a entrada e a saída de participantes em qualquer momento,
dispensando a necessidade das contrapartes originais levarem o contrato até seu prazo de vencimento,
como ocorre no mercado a termo (CVM, 2007).

Essa sistemática acaba aumentando a liquidez do mercado futuro e gera condições mais propícias à
alavancagem, pois as margens de garantia em relação à posição assumida no mercado futuro devem ser
suficientes para cobrir o eventual prejuízo de um único dia, não de todo o período compreendido pela
operação, como ocorre no mercado a termo. Isso porque o ajuste diário de posições fornece a certeza de
que todos os participantes que estão com posições em aberto têm suas obrigações em dia, o que reduz o
montante financeiro sob risco (CVM, 2007).

Em caso de inadimplência, a BM&F liquida compulsoriamente a posição do cliente devedor junto ao


mercado e aciona uma estrutura de salvaguardas que inclui sucessivamente e, caso necessário, a execução
de garantias prestadas pelo cliente inadimplente, pela corretora por meio da qual ele operou e pelo
membro da compensação que liquida para essa corretora e, em sendo tais garantias insuficientes, atinge o
patrimônio do fundo especial dos membros de compensação, do fundo de liquidação de operações e da
própria BM&F (CVM, 2007).

É importante destacar que a BM&F não assume a posição do cliente inadimplente, mas
simplesmente encerra a posição compulsoriamente, assinalando o fracasso da
estratégia originalmente estabelecida pelo investidor.

Fonte: CVM (2007, p.19).

Em síntese, o fluxo diário de pagamentos necessita de controle e de garantias, o que justifica a


importância da câmara de compensação, ou clearing no cumprimento das obrigações assumidas pelos
,

participantes, pois ela se torna compradora de todos os vendedores e vendedora de todos os


compradores, controlando as posições em aberto de todos participantes e realizando a liquidação de
todas as operações (CVM, 2015).

Esse sistema de liquidação diária e de garantias permite que os diferentes participantes do Mercado,
hedgers especuladores e arbitradores, utilizem os mercados futuros com eficiência (CVM, 2015).
,

Em 1985, por iniciativa da Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa, foi fundada a Bolsa
Mercantil e de Futuros - BM&F, que iniciou operações em janeiro do ano seguinte, a
princípio oferecendo à negociação contratos no mercado de ouro (à vista, termo e
opções) e, logo em seguida, os primeiros futuros de taxas de juros e de índice de ações
(Ibovespa). Ainda em 1986, foram introduzidos os primeiros contratos de futuro
agrícola (café) e de taxa de câmbio. Em 1991, foram lançados futuros de câmbio
comercial e de depósitos interfinanceiros (DI). Naquele mesmo ano, a BM&F
incorporou a tradicional Bolsa de Mercadorias de São Paulo, fundada em 1917, que
negociava mercadorias agrícolas e derivativos sobre estas, adotando sua denominação
atual: Bolsa de Mercadorias & Futuros. Sob a nova denominação, viriam a ocorrer, em
1997, a aquisição do controle da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro – BVRJ e a fusão
operacional com a Bolsa Brasileira de Futuros - BBF, também do Rio. Por fim, em 2001,
há a criação da Bolsa Brasileira de Mercadorias – BBM, com a fusão de seis bolsas
brasileiras de commodities. Desde então, a BM&F vem ampliando, continuamente, o rol
de modalidades operacionais e contratos oferecidos à negociação, bem como
aperfeiçoando sua infraestrutura tecnológica e seu sistema de gerenciamento de risco,
hoje reconhecidos internacionalmente por sua excelência.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2007).

Para entendermos melhor, vamos ver um exemplo simplificado do mercado


futuro?

Um investidor pode desejar comprar uma quantidade específica de ações para entrega em uma data
futura. A outra parte da transação é um investidor que deseja vender as ações para entrega em data
futura. O preço, então, é estabelecido entre ambos e assinam o contrato futuro, no qual são definidos,
entre outros, a data de vencimento, a quantidade de ações e o valor. Assim, o comprador desse ativo está
apostando em um aumento de seu preço no mercado, e o vendedor está apostando na queda do preço, o
que lhe permite obter lucro com a operação (ASSAF NETO, 2011).

MERCADO FUTURO VERSUS


MERCADO A VISTA E A TERMO
Comparando as operações de futuro com as operações à vista, é possível afirmar que enquanto nas
operações a vista as duas partes estão efetivamente comprando e vendendo a ação (ou outro ativo), na
operação a futuro estão assumindo compromisso de comprar e vender em determinada data futura. Ao se
aproximar a data de vencimento dos contratos, a convergência dos preços futuro e a vista é importante
para se compreender esse mercado. Se a convergência não ocorre ou não é garantida, não faz sentido a
concretização da operação, pois assim seria inviável a realização de um contrato para se proteger do risco
associado a oscilações no preço (PINHEIRO, 2016).

A diferença entre o preço à vista e o futuro é conhecida como base.

Fonte: Comissão de Valores Mobiliários (2007).

Fazendo uma comparação com o mercado a termo, os participantes do mercado preferem os contratos
futuros, dadas algumas dificuldades apresentadas pelos contratos a termo, como a impossibilidade de
recompra e revenda, ou seja, não há intercambiabilidade de posições, nenhuma das partes consegue
encerrar sua posição antes da data de liquidação, repassando seu compromisso a outro participante e o
risco de inadimplência e de não cumprimento do contrato. Os contratos a termo exigem garantias mais
altas do que as que são exigidas para os futuros (CVM, 2015).

Podemos comparar o mercado futuro com o a termo por meio de um hedge Vamos entender isso? Para
.

fazer o hedge no mercado a termo, o produtor contrata a venda de sua produção para uma data futura, a
um preço que é determinado previamente, e efetivamente mantém a operação até a data de vencimento
do contrato, o que é também de interesse do comprador. O resultado final de uma operação no mercado a
termo é igual ao do mercado futuro. Neste, porém, haverá movimentação financeira diária, ou seja, ajustes
diários, enquanto no mercado a termo os ajustes ocorrem apenas no final (CVM, 2007).

Os contratos futuros são padronizados e, portanto, são intercambiáveis. Assim, para se anular direitos e
deveres assumidos por uma compra de um futuro para vencimento em data determinada, basta vender
um contrato para a mesma data de vencimento. Os direitos de um contrato anularão os deveres do outro,
ou seja, são mutuamente exclusivos. Podemos citar como exemplo a seguinte situação: um especulador,
que tenha comprado um contrato futuro de soja para vencimento em março, está com uma posição
idêntica à de todos aqueles que também têm um contrato dessa mercadoria para vencimento em março.
Se ele desejar anular seus direitos e deveres relativos a essa operação, basta vender um contrato futuro
de soja para vencimento na mesma data. Deverá ser exatamente a mesma data, caso contrário sua posição
não será cancelada (SILVA NETO, 1995).

Entre as desvantagens operacionais do mercado futuro, podemos citar o fato deste ter custo mais elevado
do que os contratos a termo, além de exigir elevada movimentação financeira (instabilidade no fluxo de
caixa) e necessitar de depósitos de garantias junto a clearing ou compensação (CVM, 2007).

Caro(a) aluno(a), as diferenças entre o mercado a termo e futuro estão claras para você? No quadro a
seguir, são apresentadas as diferenças básicas para esses dois mercados.
Quadro 1 - Comparação entre o mercado a termo e o mercado futuro

Fonte: Fortuna (2002, p. 522).

Exemplo da compra de contratos futuros de dólar

Imagine que você tenha uma dívida de US$ 50.000,00, que deve ser saldada em 6 meses, e que haja uma
tendência de valorização da moeda americana além do que você tenha planejado. Se você adquirir os
dólares a um preço mais alto do que previsto, poderá comprometer o orçamento da empresa. O que você
poderá fazer para se proteger de um eventual aumento do preço do dólar? Você poderá adquirir um
contrato de dólar no mercado futuro, pois ao fazer isso o preço do dólar será fixado em contrato, e na data
do seu vencimento você pagará o preço estipulado pelos dólares, sendo R$3,10 o valor que você esperava
pagar pelos dólares e que a expectativa é de que a cotação chegue em R$3,50 em 6 meses e que você
consiga efetuar contratos de compra futura de dólar ao preço de R$3,30 você sairá em vantagem se na
data de vencimento do contrato o dólar estiver mais do que isso e sairá em desvantagem se estiver abaixo.
Porém, não se trata de uma desvantagem real, pois você fez um contrato que amenizou o seu risco inicial,
que seria pagar um valor bem mais alto pelo dólar.
SWAPS
Segundo Silva Neto (1998), há requisitos básicos que dão origem aos swaps, como: o descasamento entre
o ativo e o passivo das partes contratantes, o que gera risco; o prazo de vencimento das operações que
causam o descasamento; troca do fluxo, ou resultado financeiro, resultante do descasamento entre o
ativo e o passivo; e eliminação ou diminuição dos riscos existentes.

No mercado de swap negocia-se a troca de rentabilidade entre dois bens (mercadorias ou ativos
,

financeiros). Pode-se definir o contrato de swap como um acordo, entre duas partes, que estabelecem a
troca de fluxo de caixa tendo como base a comparação da rentabilidade entre dois bens. Por exemplo:
swap de ouro x taxa prefixada. Se, no vencimento do contrato, a valorização do ouro for inferior à taxa
prefixada negociada entre as partes, receberá a diferença a parte que comprou taxa prefixada e vendeu
ouro. Se a rentabilidade do ouro for superior à taxa prefixada, receberá a diferença a parte que comprou
ouro e vendeu taxa prefixada. Você deve observar que a operação de swap é muito semelhante à operação
a termo, uma vez que sua liquidação ocorre integralmente no vencimento (CVM, 2015).

Swap consiste em um acordo entre duas partes para troca de risco de uma posição ativa (credora) ou
passiva (devedora), em data futura, conforme critérios pré-estabelecidos. As trocas ( swaps ) mais comuns
são as de taxas de juros, moedas e commodities No mercado de swap você negocia a troca de
. ,

rentabilidade entre dois bens (mercadorias ou ativos financeiros), a partir da aplicação da rentabilidade
de ambos a um valor em reais. Por exemplo: swap de ouro × Ibovespa (CVM, 2015).
Figura 1 - Mercado de Swap

Fonte: CVM (2015, p. 72).

Se, no vencimento do contrato, a valorização do ouro for inferior à variação do Ibovespa negociada entre
as partes, receberá a diferença a parte que comprou Ibovespa e vendeu ouro. Nesse exemplo, será a
instituição A. Se a rentabilidade do ouro for superior à variação do Ibovespa, receberá a diferença a parte
que comprou ouro e vendeu Ibovespa. No caso, a instituição B (CVM, 2015).

Em geral, duas instituições não entram em contato direto para realizar um swap elas recorrem a um
,

intermediário financeiro, como um banco. Assim, os ganhos da operação serão divididos entre os três
participantes (HULL, 1995).

A BM&FBOVESPA disponibiliza o registro de swaps nas modalidades com e sem garantia. Silva Neto
(1998) afirma que na modalidade com garantia é possível minimizar o risco de crédito da contraparte.
Sempre que uma operação de swap é realizada, é necessário registrá-la em um sistema de registro
aprovado pelo Banco Central do Brasil, a BM&F é um deles. O contratante pode solicitar que se
depositem margens de garantia que cubram o risco da operação e, uma vez depositadas, a clearing da
bolsa se responsabiliza pela boa liquidação da operação. O cálculo das margens é feito comparando-se as
taxas esperadas com as taxas embutidas nos contratos futuros dos mesmos objetos. Assim, sempre que
ocorrer uma mudança nas expectativas futuras do valor do objeto (por exemplo, da taxa de juros) do swap ,

a bolsa mudará o nível de margens requeridas, para que o risco seja coberto. Caso uma das partes não
deposite as margens necessárias, a bolsa poderá encerrar o contrato ou substituir o participante que não
realizou o depósito das margens de garantia.

Os swaps são contratos negociados no mercado de balcão, não são padronizados, e os tipos mais comuns
são os swaps de taxa de juro. Por serem negociados em balcão, não existe a possibilidade de transferir
posição a outro participante, o que obriga o agente a carregá-la até o vencimento. Nos swaps como nos
,

demais contratos a termo, não há desembolso de recursos durante sua vigência (ajustes diários). A
liquidação é essencialmente financeira e feita pela diferença entre os fluxos no vencimento (CVM, 2015).

Você deve ter observado que uma operação de swap é muito semelhante a uma operação a termo, o que
dificulta a intercambialidade e aponta baixa liquidez nos contratos menos comuns. Outra característica
importante é que não existe fluxo de caixa durante a existência do swap No mercado brasileiro, os swaps
.

mais encontrados são os de taxa de juro (CVM, 2015).

Fortuna (2002) elenca algumas vantagens das operações de swap em relação ao mecanismo mais
tradicional de proteção contra as flutuações de taxas. Você imagina que mecanismo é esse? É o mercado
futuro de juros. Veja as vantagens do swap a seguir:

• no swap a proteção pode ser feita sob medida, inclusive, é possível fazer uma única operação para o
,

valor total da dívida; no mercado futuro, os contratos são padronizados, assim, certamente, os valores e
prazos são diferentes dos empréstimos que as empresas possuem, além de terem que realizar coberturas
de margens diárias.

• o swap permite que se faça um hedge perfeitamente ajustado ao prazo e ao valor da operação, mas os
seus custos são mais elevados;

• o swap também tem possibilidade de hedges por prazos mais longos e mais flexíveis do que os dos
mercados futuros ou de opções.

Vamos entender um pouco sobre o swap de taxas de juros? São operações internacionais de hedge de
taxas de juros acessíveis a empresas brasileiras e efetuadas por bancos estrangeiros, únicos autorizados
pelo Banco Central do Brasil para fazer a troca de juros externos. Nesse tipo de operação, são trocadas as
naturezas das taxas de juros incidentes sobre determinados empréstimos por um determinado período de
tempo. Essa troca permite alterar as características dos pagamentos das taxas de juros devidas ou a
receber. Assim, é possível substituir o pagamento de uma taxa de juros flutuante por uma taxa fixa, ou
vice-versa. Veja que isso possibilita ganhos com as variações das taxas de juros aos especuladores, ou um
hedge contra os riscos associados a tais variações. Você se lembra dos significados de hedge e de
especuladores? Se não, solicite ajuda ao seu tutor para relembrá-los (FORTUNA, 2002).

Se a sua empresa tem uma dívida que irá vencer em seis meses, e que a taxa de juros estabelecida em
contrato é flutuante, ou seja, você não sabe quanto pagará exatamente de juros na data de vencimento, e
a sua expectativa é de aumento da taxa juros, então realizar um swap pode ser uma boa forma de você
amenizar o seu risco. O aumento da taxa de juros pode comprometer os resultados da sua empresa, assim
uma boa estratégia é trocar a dívida de sua empresa por uma dívida fixa. Você somente precisará de uma
outra parte (outra empresa) interessada em fazer a operação inversa, sendo que tudo será intermediado
por um banco.

No entanto, será simples como parece encontrar alguma empresa que queira realizar a operação inversa?
Na verdade, não. Hull (1995, p. 159) esclarece isso ao afirmar:

Na prática, é improvável que duas empresas contratem uma instituição financeira


exatamente ao mesmo tempo e que queiram tomar posições opostas exatamente no
mesmo swap Por isso, a maioria das grandes instituições financeiras está preparada
.

para assumir o risco da contraparte. Isso significa realizar um swap com o interessado e
hedgear o risco da taxa de juro até que uma contraparte que queira tomar a posição
oposta seja encontrada. Os contratos futuros de taxas de juro, [...], podem ser utilizados
para a operação de hedge .

Nos swaps de taxas de juros, as trocas das taxas alterarão somente o cálculo dos juros e
a forma de serem pagos. O pagamento do valor do empréstimo ou compromisso inicial
não será alterado. De outra forma, os pagamentos do principal não são trocados num
swap de taxa de juros, o valor do empréstimo permanece o mesmo durante a validade
do contrato, independentemente da taxa de juros praticada.

Fonte: Fortuna (2002).

Nas operações de swap é o banco responsável pela intermediação que paga a diferença entre as taxas
,

fixas e as flutuantes ao contratante e se protege desse risco no mercado futuro de juros. Dessa forma, os
riscos envolvidos nesse tipo de operação são semelhantes aos de uma concessão de crédito às empresas,
o que o leva a escolher seus clientes de forma seletiva (FORTUNA, 2002).

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ATIVIDADES
1. Sobre as definições do mercado futuro, avalie as alternativas a seguir em (V) para verdadeiro e (F) para
falso e assinale a proposição que apresenta a sequência correta:

I)O ajuste diário no mercado futuro corresponde ao mecanismo por meio do qual as posições mantidas
em aberto pelos clientes são acertadas financeiramente todos os dias, segundo o preço de ajuste do dia.

II)Na hipótese de que o pagamento do ajuste diário devido, de contratos futuros, não seja efetuado não
há depósitos de garantia para encerrar a posição inadimplente.

Os preços negociados no presente para determinado vencimento no futuro podem variar para baixo
III)
ou para cima, assim a garantia é fundamental para a dinâmica operacional dos mercados futuros.

a) V, V, V.

b) V, F, V.

c) F, F, V.

d) F, V, V.

e) V, F, F.

2. No que se refere à comparação do mercado futuro com o mercado a termo, avalie as alternativas a
seguir em (V) para verdadeiro e (F) para falso e assinale a proposição que apresenta a sequência correta:
I)Ao se aproximar a data de vencimento dos contratos, a convergência dos preços futuro e a termo é
importante, se a convergência não ocorre ou não é garantida, não faz sentido a concretização da
operação.

II)Os participantes do mercado preferem os contratos futuros, devido a algumas dificuldades


apresentadas pelos contratos a termo, como a impossibilidade de intercambiabilidade de posições.

III)No mercado a termo, a negociação é direta entre as partes e, no mercado futuro, é via a câmara de
liquidação e custódia.

a) F, V, V.

b) V, V, V.

c) V, F, V.

d) F, F, V.

e) V, F, F.

3. Sobre as definições de swap avalie as alternativas a seguir em (V) para verdadeiro


, e (F) para falso e
assinale a proposição que apresenta a sequência correta:

I)Pode-se definir o contrato de swap como um acordo, entre duas partes, que estabelecem a troca de
fluxo de caixa tendo como base a comparação da rentabilidade entre dois bens.

II)Em geral, as transações de swap são realizadas diretamente entre as partes, ou seja, sem a participação
de um intermediário.

III) Na modalidade de swap sem garantia é possível minimizar o risco de crédito da contraparte.

a) V, V, V.

b) V, F, V.

c) F, F, V.

d) F, F, F.

e) V, F, F.

Resolução das atividades

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RESUMO
Neste encontro, estudamos sobre o mercado futuro e o mercado de swap .

O mercado futuro é uma evolução do mercado a termo e é negociado somente em bolsa. Sempre que
ocorre um novo contrato futuro, a bolsa deve especificar, em detalhes, o que foi acordado entre as partes.
Nesse mercado, cada investidor relaciona-se com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
(CBLC) e não com a contraparte original. Assim, cada parte tem a possibilidade de liquidar sua posição
antecipadamente. Uma posição em futuro é o saldo líquido dos contratos negociados pelos clientes por
meio de operações a futuro. O sistema de garantia é fundamental para a dinâmica operacional dos
mercados futuros, pois assegura o cumprimento das obrigações assumidas pelos participantes. No
mercado futuro tem ajuste diário, ou seja, os compromissos são ajustados financeiramente de acordo com
as expectativas do mercado sobre o preço futuro do bem objeto da negociação.

Comparando as operações de futuro com as operações à vista, é possível afirmar que, enquanto nas
operações à vista as duas partes estão efetivamente comprando e vendendo um ativo, na operação a
futuro estão assumindo compromisso de comprar e vender em determinada data futura. Fazendo uma
comparação com o mercado a termo, os participantes do mercado preferem os contratos futuros, dadas
algumas dificuldades apresentadas pelos contratos a termo, como a impossibilidade de recompra e
revenda.

O contrato de swap é um acordo, entre duas partes, que estabelecem a troca de fluxo de caixa tendo como
base a comparação da rentabilidade entre dois bens. São contratos negociados no mercado de balcão e
não são padronizados. As trocas ( swaps ) mais comuns são as de taxas de juro, moedas e commodities A
.

BM&FBOVESPA disponibiliza o registro de swaps nas modalidades com e sem garantia.

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Material Complementar

Leitura
Mercados futuros e commodities agropecuárias:
exemplos e aplicações aos mercados brasileiros

Autor: Pedro V. Marques; Pedro C. de Mello.

Editora: Bolsa de Mercadorias & Futuros.

Sinopse: Mercados e preços agropecuários;


Funcionamento dos mercados agropecuários; Formação de
preços; Mercados futuros agropecuários; Fundamentos,
funcionamento e agentes intervenientes nos mercados
futuros; Prática dos mercados futuros; Opções em
mercados futuros agropecuários; Análise de preços de
mercados futuros; Operacionalização de futuros e opções;
Operacionalização de contratos futuros agropecuários;
Estratégias com futuros e opções; Regulação e
desenvolvimento do mercado; o futuro do futuro
agropecuário no Brasil.

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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro Atlas, 2011. .

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). O mercado de valores mobiliários brasileiro Rio de .

Janeiro: CVM, 2014.

COMISSÃO, DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos


e operações 1ª ed. Rio de Janeiro: CVM, 2015.
.

COMISSÃO, DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cadernos CVM. Mercados de derivativos na BM&FBOVESPA


SA–bolsa de valores, mercadorias e futuros Rio de Janeiro, 2007, v.9.
.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro produtos


: e serviços. Qualitymark Editora Ltda, 2002.

HULL, John. Introdução ao Mercado Futuro e de Opções, Bolsa de Mercadorias & Futuros Associados .

São Paulo, 1995.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais fundamentos : e técnicas. Atlas, 2016.

SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos definições, emprego


: e risco. Atlas, 1998.

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APROFUNDANDO
Estudamos que no mercado futuro uma parte se compromete a vender um bem, e outra a comprar, em
uma data futura, a um preço negociado na efetivação do contrato. Nesse mercado as partes envolvidas
podem reverter sua posição antes da data de vencimento do contrato, diferentemente do mercado a
termo, em que é preciso manter o vínculo até a liquidação. Além disso, precisamos ter em mente que no
mercado futuro haverá movimentações financeiras diárias, ou seja, os ajustes diários, enquanto que no
mercado a termo os ajustes ocorrem apenas no final do contrato.

Vamos aprofundar nossos estudos sobre o mercado futuro com um exemplo: suponha que um exportador
irá receber, em março do ano corrente, a quantia de US$30.000,00. Dadas as condições do mercado, esse
exportador acredita em uma possível baixa da moeda norte-americana. Então, com o intuito de não ficar
exposto a essa variação cambial até o vencimento, isto é, de correr o risco de quando receber os dólares
das exportações ter que vendê-los no mercado à vista a um preço relativamente mais baixo, vende seis
minicontratos futuros de US$ 5.000,00 cada, em uma bolsa qualquer, a uma taxa de câmbio de abertura
de posição no mercado futuro de R$2.622/ US$1.000.

Assim, se na data de vencimento o dólar ficar a qualquer valor inferior a esse o exportador sairá com
vantagem da transação no mercado futuro. No entanto, caso ocorra alta na taxa cambial, ou seja, que o
dólar ultrapasse o valor de R$ 2,622 no vencimento dos contratos, o resultado do mercado futuro para o
exportador seria negativo, pois ele receberia esse valor por dólar em cada contrato que vendeu. Para
esclarecer, suponha que no vencimento o dólar esteja valendo R$2,80, assim ele terá que cumprir os
acordos e liquidar os seis minicontratos à taxa de câmbio pré-estabelecida, o que lhe gerará um montante
de R$78.660,00.

Caso ele não tivesse vendido os contratos de dólares no mercado futuro, ele poderia vender seus
US$30.000,00 que recebeu pelas exportações a R$2,80 e o seu montante seria de R$84.000. Em resumo,
nessa taxa de câmbio o resultado seria negativo para o exportador, mas precisamos lembrar que sua
expectativa inicial era de desvalorização da moeda americana. Se isso tivesse ocorrido, por exemplo, se o
dólar tivesse ficado em R$2,55 e não tivesse vendido os contratos no mercado futuro, ele também ficaria
com um resultado negativo, já que teria que vender no mercado à vista, a esse valor, a moeda estrangeira
recebida por suas exportações. Nesse exemplo, analisamos pelo lado do exportador ou vendedor dos
contratos futuros, pelo lado do comprador – que poderia ser um importador- ocorreria o inverso. Vamos
ver pelo lado do importador também?

Para facilitar, considere que um único importador comprou do exportador os seis contratos de dólares no
mercado futuro (mas se lembrem de que operações como essas sempre são realizadas com a participação
de um intermediário financeiro) assim, na data de vencimento, o comprador precisa pagar ao vendedor o
preço pré-estabelecido, ou seja, os R$2,622/US$1,00. Na hipótese de valorização da moeda americana
(R$2,80/US$1,00), o importador teria um resultado positivo, pois pagaria R$2,622 por cada dólar dos
contratos que comprou no mercado futuro, enquanto que se fosse comprá-los no mercado à vista teria
que despender R$2,80 por dólar. Ficou claro? Em uma situação como essa o vendedor teria “prejuízo”, e o
comprador teria “lucro” com as negociações no mercado futuro. Já no caso de desvalorização da moeda
americana (ou de valorização do Real), o comprador dos contratos futuros de dólares, aqui o importador,
ficaria com um “prejuízo”, e o vendedor com um “lucro”. O que podemos concluir desse exemplo é que no
mercado futuro, em se tratando de um tipo de derivativo, as negociações são realizadas pelos agentes no
intuito de se proteger de eventuais riscos, é uma forma de garantir um preço para um ativo no futuro.

É importante destacar que os contratos futuros são intercambiáveis, isto é, as partes podem anular seus
direitos e deveres. Assim, em nosso exemplo, caso o vendedor/exportador deseje anular a transação antes
da data de vencimento, basta comprar no mercado futuro contratos de dólares com vencimentos na
mesma data dos que vendeu.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

REFERÊNCIAS

Adaptado de CVM (2015, p. 55).

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação


. a
Distância; FERNANDES Carlândia Brito Santos.
,

Mercado de Derivativos Financeiros.

Carlândia Brito Santos Fernandes.


Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

26 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Mercado. 2. Financeiros. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 332

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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MERCADO DE
OPÇÕES
Professor (a) :

Drª Carlândia Brito Santos Fernandes

Objetivos de aprendizagem
• Compreender a operacionalização do mercado de opções e os tipos de contratos.

• Apresentar os participantes do mercado de opções e as garantias e os tipos de mercados.

• Introduzir os modelos binomial e modelo de Black-Scholes.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Mercado de Opções: operacionalização

• Participantes do mercado de opções, garantias e tipos de mercados

• Apreçamento de opções: modelo binomial e modelo de Black-Scholes

Introdução
Querido(a) aluno(a), neste nosso encontro estudaremos outra categoria de derivativos, o mercado de
opções, cujas transações são negociadas tanto em bolsa quanto no balcão e podem envolver ativos objeto
como ações de uma empresa, índices de preços, contratos futuros, títulos do Tesouro e mercadorias.

Recordando que as outras categorias são o mercado a termo, o mercado futuro e o mercado de swaps. O
mercado de opções é uma alternativa dos mercados futuros, por isso é importante termos em mente o
que diferencia esses dois mercados. Em um contrato futuro, você tem a obrigação de comprar ou vender
algo no futuro, enquanto no contrato de opção você tem a “opção” de cumprir seu direito de compra ou de
venda, você não é obrigado a fazê-lo. Veremos como se dá o funcionamento do mercado de opções e,
sempre que possível, recorreremos a exemplos práticos para facilitar o entendimento.

Durante este estudo, conheceremos as opções do tipo europeia e americana que dizem respeito à
execução do direito de compra ou venda de uma opção. Os contratos no mercado de opções podem ser
call, ou seja, compra, ou de puts, de venda, conheceremos cada um deles e veremos em quais situações os
lançadores e titulares de opções tendem a ter lucro ou prejuízo. Além disso, apresentaremos os
participantes do mercado de opções: os hedgers, os especuladores e os arbitradores. Para finalizarmos
este encontro, veremos como os preços das opções são determinados.
Caro(a) aluno(a), fique atento aos elementos de composição, eles podem te ajudar a sanar dúvidas, mas
lembre-se de que há sempre um tutor pronto para atendê-lo, não hesite em contatá-lo.

Bons estudos e até a próxima.

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MERCADO DE OPÇÕES:
OPERACIONALIZAÇÃO
Caro(a) aluno(a), podemos definir o mercado de opções como aquele em que uma parte adquire de outra o
direito de comprar ou de vender um certo objeto de negociação, até determinada data ou em
determinada data, por um preço previamente fixado. O objeto de negociação pode ser um ativo
financeiro, por exemplo, ações, ou uma mercadoria, como a soja, no mercado disponível ou no mercado
futuro, negociados em pregão, com ampla transparência. O comprador de uma opção sempre terá o
direito do exercício. O vendedor da opção terá a obrigação do exercício caso o titular opte por exercer seu
direito (CVM, 2007 e 2014; MARQUES, MELLO e MARTINES, 2006).

Levišauskait (2010) argumenta que há uma grande margem de incerteza se o comprador de uma opção
terá vantagem na negociação de um contrato de opção e qual preço seria relevante, pois isso depende não
somente das condições de oferta e demanda no mercado de opções, mas também das mudanças no
mercado do objeto em negociação.

A partir disso, já podemos perceber a principal diferença de um contrato de opção para um contrato
futuro. Concordam? Em um contrato futuro, você tem a obrigação de comprar ou vender algo no futuro.
Já no contrato de opção você tem a “opção” de cumprir seu direito de compra ou de venda, você não é
obrigado a fazêlo. Entendido, pessoal?
A execução do direito de compra ou venda de uma opção pode ser realizada em uma data estabelecida ou
em qualquer data futura de certo intervalo de tempo. Quando for definida somente uma data futura para
a execução do direito, a opção é denominada de europeia e americana quando for estabelecido que o
,

mesmo pode ocorrer a qualquer momento do prazo estabelecido (ASSAF NETO, 2011). Há ainda o
Modelo asiático: quando o direito se refere a uma média de preços durante certo período. Por exemplo:
um banco pode vender a uma empresa importadora o direito de comprar dólares a um preço médio
observado em um determinado período (ou em um número pré-estabelecido de operações de câmbio)
(CVM, 2015).

Atualmente, há opções negociadas sobre uma infinidade de ativos e bens, como ações de uma empresa,
índices de preços, contratos futuros, títulos do Tesouro e mercadorias. São negociadas tanto em bolsa
quanto no balcão (CVM, 2015).

Devido a sua relativa complexidade, o mercado de opções apresenta vocabulário todo particular, que visa
representar as características de cada opção. Assim, você precisa conhecer alguns termos importantes
(CVM, 2015):

• Ativo-objeto: é o bem, mercadoria ou ativo que se está negociando;

• Titular: é o comprador da opção, aquele que adquire os direitos de comprar ou de vender a opção;

• Lançador: é o vendedor da opção, aquele que cede os direitos ao titular, assumindo a obrigação de
comprar ou de vender o objeto da opção;

• Prêmio: é o valor pago pelo titular ao lançador da opção para ter direito de comprar ou de vender o
objeto da opção;

• Preço de exercício: preço pelo qual o titular pode exercer seu direito; data de exercício: último dia no
qual o titular pode exercer seu direito de comprar ou de vender, conhecido como data de vencimento da
opção.

Segundo Assaf Neto (2011), o mercado de opções, que é uma alternativa dos mercados futuros, é mais
recente, e seus contratos são de dois tipos:

• Opções de compra- calls nesse tipo de contrato, o titular tem um direito, e não uma obrigação, de
:

adquirir/comprar no futuro um ativo a um preço previamente estabelecido. Pelo lado do vendedor, ele
tem a obrigação futura, sempre que exigida pelo comprador, de entregar os ativos ao preço pré-
estabelecido.

• Opções de venda- puts o comprador de um contrato de opção de venda tem o direito, e não obrigação,
:

de vender no futuro um ativo ao preço previamente acordado. O vendedor, por sua vez, tem a obrigação
de entregar no futuro, se assim for exigido pelo comprador, os ativos ao preço pré-fixado.

No caso da compra de uma opção de compra, o titular acredita que o preço à vista do ativo-objeto (PV) vai
subir e que, na data de vencimento, será maior que o preço de exercício (PE) mais o prêmio pago. Caso isso
ocorra, exercerá seu direito de comprá- -lo pelo preço de exercício, quando poderá vendê-lo por preço
maior no mercado à vista, obtendo lucro na operação. Você deverá praticar esse tipo de operação quando
você acreditar no movimento de alta de preços, pois a posição em opção de compra representa uma
posição altista. A operação de opção de compra tem como características: a) o fato de apresentar prejuízo
limitado ao prêmio pago pelo titular da opção, ou seja, seu risco está limitado ao prêmio da opção; b) os
lucros serem ilimitados, uma vez que, quanto mais o preço à vista subir além do nível determinado por
preço de exercício mais o prêmio, maior será o ganho do titular da opção (CVM, 2015).
Já no caso da venda de uma opção de compra, a expectativa do vendedor é contrária à do comprador. O
vendedor acredita que o preço à vista do ativo-objeto não subirá e que, na data de vencimento, não será
maior que o preço de exercício mais o prêmio. Caso isso ocorra, ele ficará com o valor do prêmio pago pelo
comprador da opção. Por outro lado, se o preço à vista subir e alcançar valores maiores que o preço de
exercício mais o prêmio, o vendedor poderá ser exercido. Quando a expectativa for de queda para os
preços do ativo-objeto, é o momento apropriado para utilizar esse tipo de operação, pois essa é uma
posição baixista. Essa operação tem prejuízo ilimitado para o lançador. Quanto mais o preço à vista subir
para além do nível determinado pelo preço de exercício mais o prêmio, maior será a perda para o lançador
da opção (CVM, 2015).

Na compra de opção de venda, o comprador da put acredita que o preço à vista do ativo-objeto vai cair e
que, na data de vencimento, será menor que o preço de exercício menos o prêmio pago. Caso isso ocorra,
exercerá seu direito de vender pelo preço de exercício e recomprará o ativo-objeto pelo preço menor no
mercado à vista, obtendo lucro na operação. Em outras palavras, essa operação deve ser usada quando a
expectativa for de queda para os preços do ativo-objeto, pois essa é também uma posição baixista (CVM,
2015).

Figura 1 - Resultado do exercício para o titular da put

Fonte: CVM (2015 p.64)

Vamos analisar a figura anterior? Observe que para o titular da put ou seja, aquele que a comprou, a
,

operação é vantajosa se o preço à vista for menor do que 90. Considerando que seja 60, o titular exercerá
o seu direito de vender o ativo objeto pelo preço de exercício de 100 e, então, o recomprará no mercado a
vista por 60. Isso lhe gerará um lucro líquido de 30, que corresponde à diferença entre o preço de
exercício e o preço à vista e o desconto do valor do prêmio. É importante destacar que, como no caso
anterior, o prejuízo ou risco está limitado ao prêmio da opção e os lucros são ilimitados.

No caso de venda de uma opção de venda, o lançador da put acredita que o preço à vista do ativo objeto
subirá e que, na data de vencimento, será maior que o preço de exercício menos o prêmio. Nessa situação,
ficará com o valor do prêmio pago pelo comprador da opção. Se o preço à vista cair e alcançar valores
menores que o PR, poderá ser exercido (CVM, 2015).
Podemos entender isso melhor analisando a figura a seguir. Veja que em uma operação desse tipo temos
uma situação oposta à anterior, pois, se o PV ficar em patamares menores do que o preço de exercício, já
descontado o prêmio, o lançador terá prejuízo, e este é ilimitado. Assim, o preço bom para o lançador é
qualquer um igual ou superior ao preço de exercício, porém seu lucro será sempre limitado ao valor do
prêmio.

Figura 2 - Resultado do exercício para os lançados da put .

Fonte: CVM (2015, p.65).

Percebam que as opções podem ser de compra ou de venda, conforme o direito


adquirido pelo titular seja de comprar ou de vender. O comprador de opção de venda é
o titular, que tem o direito de vender o ativo objeto pelo preço de exercício até ou na
data de exercício. Já o comprador de opção de compra é o titular, que tem o direito de
comprar o ativo objeto pelo preço de exercício até ou na data de exercício. O vendedor
de opção de venda é o lançador, que possui a obrigação, caso exercido, de comprar o
ativo objeto pelo preço de exercício até ou na data de exercício. Já o vendedor de opção
de compra é o lançador, que possui a obrigação, caso exercido, de vender o ativo objeto
pelo preço de exercício até ou na data de exercício.

Fonte: CVM (2007, p. 19).

Você deve estar se perguntando se o comprador de uma opção pode simplesmente desistir do seu direito?
Ele não terá custos com isso?

Na verdade, ao se adquirir uma opção, o investidor deve pagar um prêmio, cujo valor é definido pelas
condições de oferta e procura, ao vendedor da opção. Ou seja, o investidor precisa pagar um prêmio, uma
“taxa” para que em uma data futura ele possa ter a opção de praticar ou não o seu direito. Ele fará isso
sempre que lhe for vantajoso. É importante destacar que, independentemente da ação do comprador de
opção, o valor do prêmio em nenhum momento lhe é devolvido.

No entanto, o prêmio tem relação com diversos fatores, sendo os mais óbvios o preço de exercício
contratado, o valor atual do ativo objeto e o prazo até o vencimento, ou seja, a maturidade do contrato. O
prêmio também é influenciado pela taxa de juros, praticada na economia e a volatilidade, existindo
metodologias próprias para calculá-lo (CVM, 2007).

Podemos dizer que o vendedor de uma opção está, na verdade, vendendo um direito
para que alguém (o comprador da opção) faça algo em data futura a suas custas. O
comprador da opção paga em data presente o prêmio, ou o preço da opção, e essa é a
remuneração do vendedor do título, por ter assumido a responsabilidade de tomar uma
posição no mercado em data futura se assim o solicitar o comprador da opção (SILVA
NETO, 1998, p.87).

O preço pelo qual a opção é negociada é chamado de prêmio. Já o valor futuro pelo qual
o bem será negociado é conhecido como preço de exercício, e a data em que o titular da
opção exerce seu direito é chamada de data de exercício.

Fonte: Silva Neto (1998, p. 88).

Você sabe que um contrato de seguro é um exemplo de uma opção?

Quando você efetua um seguro, de seu carro, por exemplo, você está na posição de segurado ou de titular
da opção e tem o direito de ser ressarcido caso haja um sinistro, mas não tem nenhuma obrigação futura.
A seguradora, que lhe vendeu a opção (o seguro) tem a obrigação de pagar o comprador, se o sinistro
ocorrer e se você, o titular, solicitar. Por ter essa obrigação, o vendedor da opção recebe um pagamento
(SILVA NETO, 1998).
PARTICIPANTES DO MERCADO
DE OPÇÕES, GARANTIAS E
TIPOS DE MERCADOS
São participantes do mercado de opções: os hedgers os especuladores e os arbitradores. Sabemos que o
,

hedger atua para se proteger de riscos futuros que surgem das variações dos preços dos ativos. Assim, o
hedger pode comprar opções de venda ou vender opções de compra para se proteger de eventuais
desvalorizações dos preços dos ativos que possui. Na situação de alta nos preços dos ativos, pode
comprar opções de compra ou vender opções de venda (ASSAF NETO, 2011).

Da mesma forma que é possível para os contratos futuros, os contratos de opções podem ser utilizados
para hedge Vamos ver um exemplo? Se um investidor de ações desejar se proteger de uma possível queda
.

nos preços desses ativos, ele pode adquirir opções de venda ( puts ) de ações a um preço pré-estabelecido.
Assim, o investidor venderá suas ações no futuro se o preço de mercado destas for inferior àquele
previamente estabelecido, ou seja, ao preço fixado na opção de venda. Se assim for, o investidor terá um
ganho. Mas, se a situação de mercado for de preço superior ao preço de sua opção de venda, o melhor que
ele tem a fazer é não praticar o seu direito. Por que ele venderia a um preço menor do que aquele que está
em vigor no mercado à vista? Basta vender suas ações no mercado a vista, que tem preço mais alto.
(ASSAF NETO, 2011).
Podemos apresentar também o hedge no mercado de opções para um produtor. Vamos lá? O produtor,
mediante o pagamento de um prêmio, ou seja, valor pago ao vendedor para que este assuma uma
obrigação com ele, compra uma opção de venda, tornando-se, assim, titular do direito de vender sua
produção a um determinado preço, para exercício em uma determinada data futura (opção tipo europeu)
ou até uma determinada data futura (opção tipo americano). Assim, como titular da opção de venda, o
produtor assegura a venda de sua produção, no mínimo, ao preço de exercício da opção (CVM, 2007).

O especulador é aquele que costuma apostar alto no comportamento futuro dos preços dos ativos,
gerando possibilidades de altos ganhos ou perdas especulativas. As eventuais perdas dos especuladores
são menores no mercado de opções em relação ao de futuros, pois irá perder somente o valor pago pela
opção, já no mercado futuro ele teria a obrigação de comprar ou vender no futuro os ativos ao preço que
foi fixado no contrato. (ASSAF NETO, 2011).

Os arbitradores no mercado de opções têm o objetivo de aproveitar eventuais desajustes entre os


mercados, por exemplo, entre o mercado à vista e o mercado futuro, efetuando transações simultâneas e
realizando lucros. Por exemplo, ao detectarem que o preço no mercado futuro, das ações de uma
determinada empresa, está em discrepância com o preço no mercado à vista, ele realizará operações nos
dois mercados de forma a aproveitar a oportunidade. (ASSAF NETO, 2011).

Nas operações de opções também são exigidas garantias, assim como nos contratos futuros e de swaps .

Porém, as garantias são exigidas somente para os vendedores de opções, pois estes são obrigados a
exercer o direito negociado e podem ter prejuízos elevados. São necessárias, então, garantias de
cumprimento do contrato. Os compradores de opções perdem o prêmio pago, caso não exerçam seu
direito, portanto não são exigidas garantias de suas operações. O objetivo da garantia é permitir a
liquidação integral do contrato de opção em caso de inadimplência (ASSAF NETO, 2011, p. 297).

Os critérios relacionados às garantias são definidos pelas bolsas de valores, as quais irão reforçar as
garantias ou mesmo devolver com base na evolução dos preços das opções. O vendedor da opção pode
ser dispensado da garantia na hipótese de depositar integralmente os ativos-objetos do contrato em
custódia nas bolsas de valores. Esse depósito é denominado de cobertura, sendo o vendedor da opção
conhecido por vendedor coberto (ASSAF NETO, 2011).

Fortuna (2002) afirma que nas operações de ações no mercado de opções são negociados direitos de
compra ou venda, mas não as ações diretamente. Para gerar liquidez no mercado, a bolsa define séries de
opções. Cada série se caracteriza por corresponder a um tipo de ação - ou seja, mesma companhia
emissora, espécie, classe e forma – uma determinada data de vencimento e um preço de exercício
previamente fixado. A ação a que se refere uma série é chamada de ação objeto. Cada investidor não se
relaciona diretamente com seu parceiro original, e sim com a caixa de liquidação da bolsa. Quando o
investidor realiza uma operação inversa àquela anteriormente realizada, isto é, uma que envolve a mesma
quantidade de ações da mesma série, a posição está encerrada (FORTUNA, 2002).

É possível uma contraparte transferir a um terceiro o seu compromisso, o que dispensa a necessidade de
as contrapartes originais permanecerem atreladas até a data de vencimento da obrigação. Mas, para isso,
terá que executar a operação inversa àquela que originou a posição inicial; quem comprou, vende a
mesma opção; ou quem vendeu originalmente compra uma opção para a mesma série e vencimento
(CVM, 2007).

O mercado de opções pode ser dividido em tradicional e flexível, conforme CVM (2007). No flexível são as
partes que definem alguns de seus termos, como o preço de exercício, o vencimento, o tamanho do
contrato, a data de pagamento do prêmio e a existência ou não de garantia. Essas opções são negociadas
em balcão e registradas na Bolsa via sistema eletrônico, com ou sem a garantia da BM&F, à escolha das
partes. No mercado tradicional, essas especificações são fixadas pela Bolsa de Mercadorias & Futuros
(BM&F).

No mercado de opções flexíveis, as partes ficam vinculadas até o final da operação, a menos que entrem
em acordo para realizar uma liquidação antecipada. Isso também ocorre no mercado a termo, lembra-se?
Com opções flexíveis, se por um lado há a vantagem da maior elaboração da operação conforme a vontade
das partes e a possibilidade de estratégias sofisticadas, por outro lado há a desvantagem da menor
liquidez e a dificuldade de precificação (CVM, 2007).

APREÇAMENTO DE OPÇÕES:
MODELO BINOMIAL E
MODELO DE BLACK-SCHOLES
Silva Neto (1998) afirma que, em 1973, Fischer Black e Myron Scholes publicaram um trabalho que
apresentava uma fórmula para o cálculo do valor teórico de uma opção de compra ( call ) do tipo europeu,
exercida sobre um objeto que não paga nenhuma remuneração ou dividendo e que é livremente
negociado no mercado à vista, sendo seu preço determinado pela oferta e demanda. Esse trabalho ficou
conhecido no mercado de opções como modelo de Black & Scholes (B&S). Esse modelo parte do
pressuposto de que o preço da call depende do valor do ativo objeto; do valor do seu exercício; do tempo a
decorrer até o vencimento da opção, do nível da taxa de juros e da probabilidade da opção ser exercida.

O modelo Black-Scholes é o modelo de apreçamento mais conhecido das opções. Esse modelo reúne os
postulados sobre limites (mínimo e máximo) do prêmio de uma opção com a análise probabilística dos
efeitos associados ao nível e comportamento das variáveis que o determinam (preço do ativo-objeto,
preço de exercício, tempo até o vencimento, taxa de juros e volatilidade). O objetivo buscado é apurar o
prêmio justo de uma opção, isto é, aquele prêmio que não permite ganhos de arbitragem. A simples ideia
de que o prêmio de uma opção deve ser igual ao custo de uma operação de arbitragem comparável,
denominada por alguns autores de opção sintética é o cerne desse modelo. (CVM, 2015 p. 65).

A opção sintética poderia ser construída comprando o ativo-objeto da opção em parte


com recursos próprios e o restante com fundos de um empréstimo a ser pago na data
de vencimento da opção (o valor obtido no empréstimo, por exemplo, R$98,50 seria
igual ao valor presente do preço de exercício: R$100,00). O montante de recursos
próprios (por exemplo, R$2,50) seria o valor do prêmio dessa opção sintética que, no
dia do vencimento, deveria propiciar fluxo de rendimentos igual ao de uma call. Esse
fluxo líquido resultaria da diferença entre a venda do ativo (ao preço do dia – considere
igual a R$109,00) e o pagamento do empréstimo, resultando em R$9,00. Numa opção
convencional, o fluxo de rendimento seria igual à diferença entre o preço do ativo-
objeto e o preço de exercício; nesse caso, também igual a R$9,00.

Fonte: CVM (2015, p. 66).

A possibilidade de explicar como o valor de uma opção varia em função de vários fatores - como o preço
do ativo-objeto, a volatilidade esperada, o tempo e a taxa de juro – é um importante benefício derivado
dos modelos de apreçamento das opções. Isso torna possível a criação de cenários para avaliar como os
ganhos e as perdas de uma posição titular em opções podem evoluir, dada determinada mudança nas
variáveis associadas (CVM, 2015).

Para se realizar o cálculo do prêmio de uma opção pelo modelo Black-Scholes é relativamente simples,
,

pode ser efetuado com calculadoras convencionais ou com o uso de planilhas eletrônicas (CVM, 2015).
Para isso, basta utilizar as fórmulas do modelo, que são baseadas no regime de capitalização continuada,
conforme apresentado no quadro a seguir:

Quadro 1 - As fórmulas de Black-Scholes


Fonte: CVM (2015, p. 69).

Uma abordagem alternativa bastante utilizada no mercado financeiro é o modelo binomial Este advém
.

de um artigo publicado em 1979 por Cox, Ross e Rubinstein. É conhecida como modelo binomial.
Considerado como caso geral do modelo Black Scholes o modelo em questão se caracteriza por sua
,

parcimônia e sua facilidade de uso, sendo possível apreçar opções europeias e americanas (CVM, 2015).

De acordo com Silva Neto (1998), o método conhecido como modelo binomial parte do pressuposto de
que, no último instante para o exercício, o valor da opção é zero. O autor apresenta um exemplo, vamos
vê-lo para ficar mais claro? Suponha que uma opção de compra de preço de exercício seja de $100 e que o
objeto vale agora $100. Essa opção será exercida em T1 (na próxima unidade de tempo). Para sabermos o
valor da call teremos que estimar qual deverá ser o preço do objeto em T1. Supondo que o preço do objeto
só poderá subir $5 ou cair $5, teremos apenas duas possibilidades de preço para o último momento de
exercer a opção: $95 ou $105. Assim, o fato do preço do objeto cair ou subir em uma quantia fixa é o
conceito associado a uma distribuição de preços binomial, daí o modelo binomial. Como o mercado não
tem tendência, a opção deverá valer zero ou cinco, e as chances de qualquer dos valores são as mesmas,
ou seja, 50%.

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ATIVIDADES
1. Uma das categorias dos mercados de derivativos é o mercado de opções, que pode ser definido como:

a) O preço de exercício e a data em que o titular da opção exerce seu direito.

b)Como uma situação em que se realiza uma operação inversa àquela anteriormente realizada, isto é,
uma que envolve a mesma quantidade de ações da mesma série.

c) A liquidação integral do contrato em caso de inadimplência.

d) Contratos futuros ou de swaps .

e)Aquele em que uma parte adquire de outra o direito de comprar ou de vender um certo objeto de
negociação, até determinada data ou em determinada data, por um preço previamente fixado.

2. No mercado de opções, a execução do direito de compra ou venda de uma opção pode ser realizada em
uma data estabelecida ou em qualquer data futura de certo intervalo de tempo. Sobre esse mercado,
julgue as alternativas a seguir em V para verdadeiro e F para falso.

( )A opção é denominada de europeia quando for definida somente uma data futura para a execução do
direito.

( )A opção é denominada de americana quando a execução do direito é executada no ato de assinatura do


contrato.

( ) No modelo de opção asiático, o direito se refere a uma média de preços durante certo período.
O lançador de uma opção é o vendedor da opção, aquele que cede os direitos ao titular, assumindo
( ) a
obrigação de comprar ou de vender o objeto da opção.

( )O prêmio é o valor pago pelo lançador da opção para ter direito de comprar ou de vender o objeto da
opção.

3.No mercado de opções, temos as opções de compra calls e as opções de venda puts Sobre essas
.

modalidades, julgue as alternativas a seguir em V para verdadeiro e F para falso.

( )No caso da compra de uma opção de compra, o titular acredita que o preço à vista do ativo-objeto vai
cair e que, na data de vencimento, será maior que o preço de exercício mais o prêmio pago.

A operação de opção de compra tem como características o fato de apresentar prejuízo limitado ao
( )

prêmio e os lucros serem ilimitados.

( )No caso da venda de uma opção de compra, o vendedor acredita que o preço à vista do ativo-objeto não
subirá e que, na data de vencimento, não será maior que o preço de exercício mais o prêmio.

( )Na venda de uma opção de compra, quanto mais o preço à vista subir para além do nível determinado
pelo preço de exercício mais o prêmio, maior será a perda para o lançador da opção.

( )Na compra de opção de venda, o comprador da put acredita que o preço à vista do ativo-objeto vai
subir.

Resolução das atividades

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RESUMO
Neste encontro, concentramos nossos estudos no mercado de opções. Esse mercado é definido como
aquele em que uma parte adquire de outra o direito de comprar ou de vender um certo objeto de
negociação, até determinada data ou em determinada data, por um preço previamente fixado. No
mercado de opções, você tem a “opção” de cumprir seu direito de compra ou de venda, você não é
obrigado a fazê-lo.

Quando for definida somente uma data futura para a execução do direito, a opção é denominada de
europeia e americana quando for estabelecido que o mesmo pode ocorrer a qualquer momento do prazo
,

estabelecido. Há opções negociadas sobre uma infinidade de ativos e bens, como ações de uma empresa,
índices de preços, contratos futuros, títulos do Tesouro e mercadorias.

Nos contratos do tipo calls o titular tem um direito de comprar no futuro um ativo a um preço
,

previamente estabelecido e o vendedor tem a obrigação futura, sempre que exigida pelo comprador, de
entregar os ativos ao preço pré-estabelecido. Nas opções de puts o comprador tem o direito de vender no
,

futuro um ativo ao preço previamente acordado, e o vendedor, por sua vez, tem a obrigação de realizar a
entrega se assim for exigido.

São participantes do mercado de opções: os hedgers os especuladores e os arbitradores. Nas operações


,

de opções, são exigidas garantias somente para os vendedores de opções, pois estes são obrigados a
exercer o direito negociado e podem ter prejuízos elevados. O mercado de opções pode ser dividido em
flexível (as partes que definem alguns de seus termos) e tradicional (os termos são fixados pela bolsa).
Neste encontro, introduzimos a questão do apreçamento de opções em que vimos modelo de Black-
Scholes e modelo binomial.

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Material Complementar

Leitura
Investindo no Mercado de Opções

Autor: Elvis Pfützenreuter

Editora: Novatec; Edição: 1 (25 de agosto de 2008).

Sinopse: Esse livro ensina a compreender e avaliar opções.


Ensina a conhecer seu real valor e os motivos por trás das
movimentações de preço. O livro introduz de forma
intuitiva e informal diversos conceitos de economia,
matemática financeira, estatística e teoria dos jogos, para
assegurar uma base sólida de conhecimento ao leitor.

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REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro Atlas, 2011.
.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). O mercado de valores mobiliários brasileiro Rio de .

Janeiro: CVM, 2014.

COMISSÃO, DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, produtos


e operações. 1ª ed. Rio de Janeiro: CVM, 2015.

COMISSÃO, DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cadernos CVM. Mercados de derivativos na BM&FBOVESPA


SA–bolsa de valores, mercadorias e futuros Rio de Janeiro, 2007, v.9.
.

FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. Qualitymark Editora Ltda, 2002.

LEVIŠAUSKAIT, Kristina. Investment analysis and portfolio management. Leonardo da Vinci programme
project 2010. Disponível em < https://s3.amazonaws.com/academia.edu.
,

documents/39273862/8_IAPM_final.pdf?
AWSAccessKeyId=AKIAIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1517489739&Signature=rR%2B%2B3DrleB
qpzIEfQHHmxYjCYpI%3D&response-content-
disposition=inline%3B%20filename%3D8_IAPM_final.pdf >. Acesso em 01/02/2018.

MARQUES, Pedro Valentim; MELLO, P. C.; MARTINES, J. G. Mercados futuros e de opções


agropecuárias Piracicaba, SP. Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq-USP.
.

2006. Disponível em: < http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/did-


129_000fk725ekp02wyiv80sq98yqoy5hp4u.pdf > Acesso em: 01/02/2018.

PFÜTZENREUTER, Elvis. Investindo no Mercado de Opções: Aprenda a operar opções na Bolsa de


Valores com segurança e controle dos riscos. Novatec Editora, 2008.

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. Atlas, 2016.

SILVA NETO, Lauro de Araújo. Derivativos: definições, emprego e risco. Atlas, 1998.

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APROFUNDANDO
Um outro tipo de derivativo é o mercado de opções, que pode ser definido como aquele em que uma parte
adquire de outra o direito de comprar ou de vender um certo objeto de negociação por um preço
previamente fixado. Aquele que compra um contrato de opção sempre terá o direito de executar o acordo,
mas isso não significa que terá uma obrigação. Na data de vencimento, o comprador irá definir, de acordo
com seus interesses, se lhe é vantagem ou não exercer seu direito. Assim, caso ele opte por exercê-la, o
vendedor do contrato de opção terá a obrigação de cumprir o acordo.

Podemos elucidar as operações nesse mercado por meio de um exemplo: suponha que um produtor de
café, que ainda não colheu sua safra estimada em 1.000 sacas, tema que quando for vendê-la no mercado,
dentro de aproximadamente 60 dias, que os preços estejam em queda. Nessa situação, o produtor pode
realizar uma transação no mercado de opções e proteger-se desse risco, ou seja, ele pode fazer um hedge
para proteger-se das quedas de preços do café.

Assim, para assegurar um preço de venda capaz de garantir sua margem de lucro, decide comprar opções
de venda de café ao preço de exercício de 140 dólares por saca, negociadas na Bolsa para um vencimento
compatível (em torno de 60 dias), ao prêmio de 5 dólares por saca, desembolsando de imediato 5.000
dólares para adquirir tal direito de venda (1.000 sacas ao prêmio de 5 dólares cada). Suponhamos que, no
vencimento da opção, o preço à vista esteja em 130 dólares, inferior ao preço fixado na opção. Nesse caso,
é vantajoso que o produtor exerça seu direito de vender o café a 140 dólares a saca. Se assim o fizer,
auferirá um resultado de 135.000 dólares, o que corresponde aos 140.000 dólares deduzidos os 5.000
dólares pagos a título de prêmio.

O importante para o produtor foi ter fixado um preço mínimo considerado aceitável de antemão, sem
abrir mão da oportunidade de lucrar acima desse mínimo, caso o mercado viesse a evoluir a seu favor.
Percebam que o mercado de opção dá flexibilidade ao comprador, já que ele poderá exercer seu direito ou
não. O comprador apenas precisa avaliar o custo que terá com o prêmio, já que este, independentemente
do que ocorra, precisa ser pago ao vendedor da opção.

Atenção: a título de simplificação, esse exemplo não considera os custos de transação envolvidos.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

REFERÊNCIAS

Adaptado de COMISSÃO, DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cadernos CVM. Mercados de derivativos na


BM&FBOVESPA SA–bolsa de valores, mercadorias e futuros Rio de Janeiro, 2007, v.9. p.20.
.

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação


. a
Distância; FERNANDES Carlândia Brito Santos.
,

Mercado de Derivativos Financeiros.

Carlândia Brito Santos Fernandes.


Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

24 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Mercado. 2. Financeiros. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 332

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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