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INTERNACIONAIS
E CÂMBIO
Derivativos
Elizama do Nascimento Oliveira Campos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
As empresas e os agentes econômicos, de forma geral, estão sujeitos a diversos
riscos. Um dos riscos advém de obrigações que elas terão que honrar no futuro,
como a venda ou a compra planejada de alguma matéria-prima no futuro,
ou da incerteza da taxa de câmbio, quando há dívida em dólares. Para reduzir
ou eliminar esses riscos, as empresas podem utilizar os derivativos.
Neste capítulo, você vai estudar os diferentes tipos de derivativos e as
estratégias de alavancagem, especulação, arbitragem e hedge (proteção),
com foco na utilização de dois tipos de derivativas para a redução de riscos:
o mercado futuro e os swaps.
Tipos de derivativos
Os derivativos são contratos privados entre duas partes que têm seu valor
derivado ou associado a um outro ativo (ativo-base), como o valor de ações,
índices financeiros, moedas ou produtos físicos como o açúcar e o café.
Portanto, para que um derivativo exista, ele deve estar associado a um outro
ativo. No Brasil, os derivativos são transacionados, principalmente, na B3
(Brasil Bolsa Balcão), a bolsa de valores brasileira, por meio de corretoras.
2 Derivativos
Derivavos
Commodies De moedas
Taxa DI DI1
Taxa de juros
Taxa Selic DDI
(Continua)
Derivativos 5
(Continuação)
Café ICF
Commodities
Soja SFI
Preço
Preço à vista
futuro
Preço
futuro
Preço
à vista
Tempo Tempo
A B
janeiro: F;
fevereiro: G;
março: H;
abril: J;
maio: K;
junho: M;
julho: N;
agosto: Q;
setembro: U;
outubro: V;
novembro: X;
dezembro: Z.
Seis meses depois, o dólar à vista estava cotado a 5,5103, quando a empresa
liquidou os contratos futuros vendendo-os no mercado (liquidação financeira).
O resultado da liquidação do contrato futuro DOL é:
Se o importador não tivesse feito o hedge, teria pagado o valor, em reais, de:
Contratos de swap
Swap é um termo da língua inglesa que pode ser traduzido como troca. São
contratos negociados entre duas partes em balcão, que objetivam a troca
de fluxos de caixa futuros. Não há troca do principal. A liquidação ocorre de
forma financeira, pela diferença dos fluxos de caixa. Esses contratos não são
intercambiáveis nem transferíveis. Portanto, as partes devem carregá-los até
o vencimento (ASSAF NETO, 2021; B3, 2021).
10 Derivativos
Esses contratos permitem a troca dos riscos entre dois agentes que
preveem cenários futuros diferentes. Suponha que uma empresa tenha um
contrato de importação com pagamento futuro em dólar. Há expectativa de
desvalorização do real (aumentando sua expectativa de desembolso futuro).
Outra empresa tem uma expectativa contrária. Nesse caso, as duas podem
fazer um contrato swap (ASSAF NETO, 2021). A forma como a empresa atuará
no contrato swap depende se sua posição é devedora ou credora em dólar
(Quadro 3).
Expectativa
Posição
Desvalorização da Valorização da moeda
moeda nacional nacional
Empresa
Como vimos anteriormente, valor final = principal × taxa de câmbio + juros. Então:
A empresa deve pagar para o banco BRL 2.000.000, que é a diferença entre
BRL 12.000.000 (valor final) e BRL 10.000.000 (valor inicial).
Banco
O banco está ativo no dólar e na taxa de juros de 7% a.a. Para obter os juros,
multiplica-se o principal em dólares (USD 2.000.000) por 0,07 (taxa de juros em
proporção):
A dívida em reais será dada pelo principal (USD 2.000.000) mais os juros
(USD 140.000) para a taxa de câmbio no vencimento (BRL 5,80):
Valor final (em reais) = (USD 2.000.000 + USD 140.000) × 5,80 = BRL 12.412.000
O banco deve pagar a diferença entre o valor final e o valor principal (ambos
em reais):
Sua taxa de juros paga será, de fato, igual à taxa pré-fixada do contrato
de swap:
Referências
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https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/moedas/futuro-de-
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Leituras recomendadas
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