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INTERNACIONAIS
E CÂMBIO
Mercado
internacional:
globalização
financeira
Felipe José Geromim dos Reis
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O mercado internacional de capitais é o ambiente em que os agentes econô-
micos se encontram para transacionar ativos internacionais. A estrutura desse
mercado propicia atender às necessidades de investimento dos agentes que
dele participam. Entre os principais participantes desse mercado, estão as
instituições bancárias.
Com o envolvimento dos bancos no mercado internacional de capitais e
com o avanço da globalização financeira que criou interligações entre agentes
econômicos de todo o mundo, uma crise ocasionada em um país pode contagiar
todo o sistema financeiro mundial, arrastando a economia para a recessão.
Por isso, são necessárias regulações para identificar as fragilidades do sistema
2 Mercado internacional: globalização financeira
Bancos comerciais
Além de participarem do mecanismo de pagamentos internacionais, ou seja,
são intermediários nas operações financeiras realizadas no mercado inter-
nacional por outros agentes, os bancos comerciais também atuam com seus
ativos e passivos. Os ativos dos bancos comerciais consistem, basicamente,
de empréstimos que realizam para outros agentes, depósitos em outros
bancos e outros investimentos, como títulos de um governo. Já os passivos se
constituem principalmente de depósitos de vários vencimentos, assim como
dívidas e empréstimos de outras instituições financeiras.
Mercado internacional: globalização financeira 3
Corporações
As corporações (sobretudo as maiores) financiam seus investimentos com
os mecanismos do mercado internacional. Entre esses mecanismos, estão
os fundos estrangeiros, que podem negociar ações das grandes empresas
no mercado financeiro internacional. Outro mecanismo desse mercado é o
financiamento de dívidas, que ocorre com empréstimos feitos por meio de
bancos internacionais.
De maneira geral, as corporações expressam seus títulos na moeda do país
em que esses títulos estão sendo oferecidos, embora não haja impedimentos
caso queiram lançar esses títulos em outras moedas.
Bancos centrais
Os bancos centrais dos países, com frequência (muitas vezes diariamente),
negociam ativos no mercado financeiro internacional referentes à interven-
ção cambial, já que a manutenção do câmbio é feita com as negociações no
mercado internacional. Outras agências governamentais também utilizam o
mercado internacional para obter empréstimos a fim de financiar governos,
e o mesmo ocorre com empresas estatais que podem usar o mercado para
obter empréstimos ou vender títulos no exterior.
A Grande Depressão, ou Crise de 1920, foi uma das crises que mais
abalaram o sistema econômico mundial. Com início nos Estados
Unidos, a Grande Depressão ocasionou uma grande recessão na economia
americana, com altas taxas de desemprego, queda da produção e falências de
diversas companhias.
O livro A grande depressão americana, de Murray Robert, é uma excelente
dica de leitura para você aprender mais sobre esse acontecimento que marcou
não só a teoria econômica, mas também a história da sociedade.
Ações de precaução
Certos regulamentos visam a evitar o alastramento de uma crise financeira
de grandes proporções. Na tentativa de driblar o caos financeiro, os gover-
nos estabelecem regulamentações para seus sistemas bancários nacionais.
Na verdade, os próprios bancos, se bem gerenciados, tomam precauções acerca
desse problema, mas muitos ignoram os custos da falência para a sociedade,
assumindo um nível de risco maior do que é econômica e socialmente aceitável
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
Várias medidas de precaução exigidas pelos governos resultam da expe-
riência de crises anteriores. Algumas das principais regulações criadas para
evitar o contágio do sistema bancário em crises financeiras passa pelas
garantias a seguir (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015).
Seguro de depósito
O seguro de depósito é um legado da Grande Depressão. Nos Estados Unidos,
o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) assegura os depositantes do
banco contra perdas até o limite de US$ 250 mil. Os bancos americanos devem
fazer contribuições para o FDIC para cobrir os custos desse seguro. O FDIC
desencoraja a corrida bancária, principalmente por pequenos depositantes,
pois estão assegurados até o valor acordado. No Brasil, existe um aparato
similar, oferecido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura alguns
tipos de investimentos até o valor de R$ 250 mil (ASSAF NETO, 2021).
8 Mercado internacional: globalização financeira
Requisitos de reserva
Os requisitos de reserva obrigam os bancos a manterem parte de seus ativos
em uma forma líquida que possa ser facilmente mobilizada para estancar
fluxos repentinos de saída de depósitos. Isso evita que, no caso de uma corrida
bancária, os bancos sejam obrigados a vender títulos num cenário de pânico
financeiro, perdendo bastante valor no mercado.
Exame do banco
Nos Estados Unidos, o governo pode enviar supervisores para examinar os
livros financeiros do banco. Com isso, os bancos podem ser obrigados a vender
ativos que o supervisor enviado considere arriscados ou, até mesmo, evitar
empréstimos que o supervisor considere que não serão pagos. Dependendo
do país, esse papel de supervisão é feito pelo banco central ou por uma
autoridade financeira independente.
Risco da carteira
de investimento
Risco
diversificável
Risco
total
Risco
sistemático
5 10 15 20 Quantidade
de ativos
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
FROYEN, R. T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. 6. ed. São
Paulo: Pearson, 2005.
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KRUGMAN, P. R.; OBSTFELD, M.; MELITZ, M. J. Economia internacional. 10. ed. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2015.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
Leituras recomendadas
A GRANDE aposta. Direção: Adam McKay. [S. I.]: Plan B Entertainment, Regency Enter-
prises, 2015. (130 min).
ROTHBARD, M. N. A grande depressão americana. São Paulo: LVM, 2012.