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Economia Política

Internacional I

Prof. Dr. Gustavo Fornari


Dall’Agnol
Aula 1: A Anatomia das Crises

12/09/2023
atores e a busca por
uma nova
Arquitetura
Financeira
Internacional
“Financeirização”

 A ruptura com o padrão-ouro e o fim de Bretton Woods.


 Conjuntura nos anos 1970.
 Nixon e o câmbio flutuante.
 A abertura e desregulamentação financeiras. (Chesnais; Helleiner)
 Forças de Mercado ou Decisões Políticas?
 Transformações do sistema monetário internacional; expansão
abrupta na mobilidade financeira internacional e instrumentos de
investimento.
 Diminuição do controle de capitais.
“Financeirização”

 O surgimento/fortalecimento de novos atores ligados ao capital portador de


juros e ao capital fictício (fundos de investimento e de pensão e seguradoras);
mudanças na ação do Estado (política de juros, de câmbio, fiscal etc.)

 A organização das empresas (ampliação das atividades financeiras, adoção


de parâmetros financeiros de rentabilidade).

 Uma recorrência maior das crises: América Latina (1980’s); Países Nórdicos;
Tigres Asiáticos (1990´s); Rússia (1997); dentre outras.

 Pós 1970: Um aumento sem precedentes de crises financeiras. (Ex: Brasil)


 Volatilidade nos preços e no câmbio
A Anatomia das Crises Financeiras

 A historicidade: cada crise é única.

 No entanto, cientistas politicos, economistas e analistas


internacionais buscam padrões, similaridades e causalidade para
explicar os fenômenos.

 O que caracteriza as crises financeiras? Em que arranjo financeiro


elas surgem?

 Há uma nova Arquitetura Financeira Internacional pós-2008?


Padrões: Mania, Euforia e Bolhas

 Aumento do crescimento econômico e valorização de ativos. Valor


futuro não corresponde ao valor real.

 Uma maior oferta de crédito; quando governos limitam


empréstimos, subsidiárias de crédito e bancos de investimento ou
hedge funds assumem o papel de bancos comerciais.

 Um cenário otimista de retorno futuro.

 Investimentos em capital de risco: FIRE para retorno de curto prazo.


O Modelo de Minsky

 Os bancos tendem a emprestar mais devido ao otimismo geral da


economia e tendem a flexibilizar as condições de empréstimo.
Inclusive, criando novas instituições para burlar a legislação.

 Empresas ligadas à especulação (comprar esperando retorno


futuro através da revenda e não para retorno de investimento)
intensificam suas atividades.

 As empresas podem começar a operar em um “esquema de


Ponzi”, quando suas expectativas de ganhos não correspondem ao
valor de suas obrigações.
Mania, Desaceleração e Crashes

 A mania é o aumento de preços de ativos no presente que não


corresponde aos preços futuros.
 Existe uma urgência em entrar no mercado já que a possibilidade
desses lucros extraordinários é temporária. “Ninguém quer ficar de
fora”! Isso alimenta a bolha.
 Há um elemento de irracionalidade, do ponto de vista da
racionalidade instrumental (Ninguém antevê perfeitamente os
riscos concretos).
Mania, Desaceleração e Crashes

 Quando os preços dos ativos param de subir por alguma razão ou


“externalidade”, os detentores os vendem rapidamente pois o
retorno desses ativos (aluguel, derivativos) é menor que as
obrigações em juros deles (financial distress).

 Há um efeito dominó na venda de ativos e os atores buscam a


liquidez.

 Quem proverá liquidez? Ou quem será o lender of last


resort?Incentiva comportamentos especulativos?
 Teoria da Estabilidade Hegemônica?
A internacionalização das crises

 A financeirização e a expansão dos mercados de capitais tornou


os países mais vulneráveis à crises.
 O preço os ativos financeiros tendem a flutuar de maneira
semelhante em diferentes países.
 O fluxo de capitais de um país para outro tende a valorizar os ativos
e o câmbio no país que absorve os investimentos gerando novas
bolhas.
Para além da financeirização

 Gramm-Leach-Bliley Act (1999), que eliminou a segmentação


bancária do Glass Steagal Act (1933)

 As instituições financeiras passaram de 17,8 mil em 1980 para 6,7 mil


em 2014. Isso resultou em maior concentração de poder politico
nas decisões de investimento, estruturação produtiva das empresas
e nas variáveis macro econômicas.

 Hipotécas subprime: Alto risco concedidas para pessoas com


histórico de crédito ruim ou limitado, não foram honradas), com
chancela dessas instituições e agências de classificação de risco,
ancoradas em diversos mecanismos financeiros.
Anos 2000 e EUA

 Redução da taxa básica de juros de 7% para 1% com vistas ao


aumento do gasto (liberação de crédito e investimento).

 Expansão dos gastos (principalmente militares); redução de


impostos e retorno aos déficits.

 Resultado: fase de expansão e boom.


A crise de 2008: A Mania

 De 2003 a 2008, a economia mundial viveu um ciclo de expansão


favorável. (Aumento do PIB global na casa dos 4% com baixa
inflação).

 Países emergentes apresentaram forte peso na economia (BRICS).

 Nos EUA, apresentava-se o problema que o consumo excedia a


renda nacional, o que gerava déficits.
O Lehman Brothers e o FED

 A propagação dos “títulos podres” se deu em todo Sistema


Financeiro.

 Por opção (para servir como exemplo), o FED não socorreu o


Lehman Brothers que faliu em setembro de 2008.

 A decisão, no entanto, gerou uma desvalorização de ativos e


paralisia de crédito e liquidez que se generalizou para o mercado
global.
A resposta do FED

 Troubled Asset Relief Program (TARP), gerido pelo Tesouro e


aprovado pelo Congresso em outubro de 2008, que destinava US$
700 bilhões para serem injetados na economia.
 Financial Stability Plan (FSP), divulgado em março de 2009 e que
passou a fazer avaliações dos balanços patrimoniais bancários.

 No entanto, para além da resposta doméstica dos EUA, a crise, já


globalizada, inevitavelmente, necessitava de uma resposta
multilateral.
Em busca de uma Nova
Arquitetura Financeira
Internacional
 Tanto economistas ortodoxos quanto governos começaram a rever
suas teses e políticas.

 A entrada do G-20 como fórum de relevância.

 De volta à Bretton Woods? Keynes. Proposta Chinesa (2009);


Clearing Union e Bancor.

 Para balizar alternativas, é necessário entender o papel e o poder


do dólar.
O Dólar e a busca por alternativas

 Provedor de liquidez, reserva de valor e meio de troca.


 Ancorado no poder econômico e militar dos EUA.
 A crise revelou a latente fragilidade de uma economia mundial
ancorada no dólar.
 Entretanto, quando da crise financeira iniciada em 2007, e todos os
eventos críticos que levaram o mercado financeiro a entrar em
colapso, o dólar só fez aumentar sua importância: todos, com
medo da crise, recorriam ao dólar como safeheaven.
 Outras moedas? Euro, Iene, RMB.
O Dólar, a crise e alternativas

Isso não parece ter mudado depois da crise.

 75% das importações dos países em dólar


 Domínio do mercado de câmbio mundial
 85% das transações de câmbio e títulos
 Opec denomina os contratos em dólar
 *Mercado de debt securities com 45% denominados em dólar
(EICHENGREEN, 2011).
O G-20 Financeiro

 Criado na década de 1990 com seu primeiro comunicado em


1999.

 Um misto de países emergentes questionando as injustiças da


Arquitetura Financeira Internacional e países desenvolvidos
advogando por boas práticas de governança.

 Não possui autoridade formal. Apenas comunicados e


recomendações.
O G-20 Financeiro pós-crise de
2008

 Os acordos de Basiléia I e II eram pouco eficientes (bancos individuais).


 As quotas estabelecidas pelo BIS eram insuficientes para prevenir crises.
 Em 2009, em reunião do G-20, é criado o FSB (Financial Stability Forum):
 a) promover a coordenação entre as autoridades responsáveis pela
estabilidade financeira;
 b)apoiar planos de contingência em caso de crises futuras;
 c) trabalhar com o FMI no que está relacionado à identificação de
riscos sistêmicos, entre outros.
 O FSF deveria se reportar diretamente ao G-20.
O G-20 Financeiro e o Acordo de
Basiléia III
 Dentro do âmbito do FSF, iniciava-se a formulação de um conjunto
de medidas e regras que seriam finalmente aprovadas pelo G-20
no final de 2010: Basiléia III.
 Destacam-se: a) redesenhar o regime de capital a partir de uma
perspectiva que levava em consideração a sua qualidade no
sistema bancário; b) garantir o alargamento da cobertura de risco;
c) trabalhar com colchões de capitais para bancos individuais,
ressaltando a importância da resiliência principalmente em
momentos de estresse financeiro; e d) garantir resultados
macroprudenciais de proteção ao sistema bancário no que tange
ao crescimento de crédito, entre outras medidas específicas.
 Apenas alguns países tomaram medidas. O prazo de vencimento
foi 2019.
O FSF e sua agenda

 Embora o acordo principal se deu em torno do Basiléia III, o FSF


possuía uma agenda própria, de certa forma mais ambiciosa e
ampla.

 a) ao tratamento das chamadas instituições financeiras


sistematicamente importantes, cuja interconexão pode acarretar
graves danos ao sistema financeiro em casos de crises; b) à
atuação de forma coordenada de autoridades nacionais no
tratamento de questões relevantes; c) às regulações aplicadas e
supervisadas nas instituições nacionais; d) à atuação no FSF de
forma a garantir a efetividade e a constância das políticas
nacionais, entre outros.
Considerações Finais

 De volta ao papel do Estado e do dólar.

 Multilateralismo e governança.

 Por enquanto há possibilidades, mas não há um arranjo sistêmico


internacional de uma nova arquitetura financeira.

 Estamos em um momento de transição? Qual seria papel do Brasil,


do Real e do Banco dos BRICS?
Aula 1- The case of
mutual neglet
“Apresentação da
Disciplina”
International Economics & International
Relations: A case of mutual neglet.
Susan Strange, 1970
 Há um ritmo desigual na evolução do Sistema politico internacional
e o Sistema econômico internacional, gerando efeitos desiguais
para a sociedade internacional.

 Os academicos de R.I, Ciência Política e afins tem utilizado seu


tempo para analisar as relações estratégicas entre Estados,
negligenciando o resto.
A Case of Mutual Neglet

 Há questões surgindo que logo precisaremos de respostas e os


acadêmicos não providenciaram.

 Nunca se conseguiu, nas universidades, interligar de forma


coerente Relações Internacionais e Economia Internacional.
Três tipos de mudança

 Não é só a crescente interdependencia econômica, que tanto se fala,


é o rápido desenvolvimento do sistema econômico internacional:

 a) Os efeitos diretos nos Estados na transformação econômica.


Decisões sobre juros, investimentos, emprego ou as reservas monetárias
internacionais. (Dívida externa, atração de investimentos.

 b) Hidrance effect-> Forçar uma política monetária restritiva.

 c) A autonomia de multinacionais, a fragilidade dos Estados e os


conflitos internacionais.
Três tipos de mudança

 Mudanças e inovações financeiras (lembrar do Helleiner e do


Chesnais).

 Expansão de instrumentos como Swaps, derivativos, hedge-funds.

 Os governos só podem se defender ou colaborar.

“Isso é pra dizer, quando o Sistema econômico favorece


crescentes fortunas para uma minoria de países desenvolvidos ante
uma maioria de países subdesenvolvidos isso produz (…)
consequencias drásticas no Sistema politico.
O Estado da arte

 O que está faltando são estudos da economia internacional, com


os problemas e tópicos tratados analiticamente, com um
componente politico.

 Na economia, a fascinação com a quantificação e análise de


preços relativos deixou a disciplina pobre. Para Strange, é ingênuo
(Paralelo com Liga das Nações “vai funcionar”).

 As RI estão isoladas em temas recorrentes. Estão subdesenvolvidas


e inadequadas.
Os prejuízos para as Relações
Internacionais

 “ Minhas ideias iniciais sobre as pressões de uma economia


internacional que cresce rapido e o Sistema internacional mais
rígido são que, logo menos e com urgência, devemos ter uma
teoria de economia internacional, uma Teoria política que é
consistente com quaisquer outras teorias das R.I que achamos
satisfatória. Se não desenvolvermos uma, me parece que qualquer
trabalho que façamos em estudos estratígicos, estudos políticos ou
O.I- possuí o risco de perder contato com a realidade da política
mundial.”
A questão prática

 Os departamentos de Ciência Política, história internacional ou R.I


vão ter que ter a coragem em construir essa ponte.

 Por que não disciplinas de Economia Internacional?

 Por que não Economia Política Internacional?


 Com a crescente interdependência da economia internacional,
novas questões surgem que interferem no interesse nacional e
demandam a atenção dos estudiosos:

 Queremos mais ou menos investimento externo? De que tipo, e de


que forma tratamos? Qual nossa meta de superávit? Qual é a
inflação que achamos razoáveis dado nossa dívida (Brasil tem
correção monetária).
Aula 2- A Natureza
da Economia
Política
A Natureza da Economia Política

 A existência paralela e a interação mútua entre Estados e


mercados no mundo moderno criam a economia política.

 Há diversas interpretações do que é “Economia Política”; os


modelos de atores racionais, as teorias marxistas.

 Outros autores usam Economia Política como um conjunto de


perguntas geradas pela interação entre a economia e política,
questões que podem ser exploradas de acordo com qualquer
metodologia considerada apropriada.
A Natureza da Economia Política

 Eu uso o termo “Economia Política” simplesmente para indicar esse


conjunto de perguntas onde a metodologia e teoria utilizadas
podem ser ecléticas.

 Como o Estado está associado com os processos políticos que


afetam a produção e a distribuição de riqueza, como decisões
políticas afetam a alocação de recursos?
A Natureza da Economia Política

 "Numa sala estão sentados três grandes homens, um rei, um


sacerdote e um homem rico com o seu ouro. Entre eles está um
mercenário, um homem pequeno, de nascimento comum e sem
grande inteligência. Cada um dos grandes pede a ele para matar
os outros dois. "Faça isso", diz o rei, "pois eu sou seu governante por
direito". "Faça isso", diz o sacerdote, "pois estou ordenando em
nome dos deuses". "Faça isso", diz o rico,"e todo este ouro será seu".
Agora, diga-me: Quem sobrevive e quem morre?"
A Natureza da Economia Política

 A relação entre Estado e mercado é causalmente cíclica e


interativa. Nenhum dos dois é primário (Gilpin).

 O Estado e o mercado superaram outras formas de organização


política e econômica no mundo moderno porque são mais
eficientes em produzir poder e riqueza. A gênese está no “milagre
europeu”.

 A tensão, no entanto, entre essas duas formas de organização tem


moldado a história e constituí o problema fundamental da
Economia Política.
A Natureza da Economia Política

 Definição de Gilpin: “a interação recíproca e interativa.. da busca


pelo poder e riqueza no Sistema internacional.

 Os mercados constituem um modo de atingir poder, e o poder de


atingir riqueza. Os dois interagem para influenciar a distribuição de
poder e riqueza nas Relações Internacionais.
Os temas da Economia Política

 O avanço da interdepencia técnica e a continua estruturação dos


Estados é um motivo importante para os estudos de EPI.

 A lógica do mercado é alocar atividades econômicas onde elas


são mais lucrativas e produtivas; a logica do Estado é capturar e
controlar os processos de crescimento econômico e acumulação
do capital.
Os temas da Economia Política

 Com o advento do mercado, diversas questões surgem: Sob quais


condições um Sistema econômico altamente interdependente
surgiu? Isso promove a harmonia entre Estados? Um poder
hegemômico é necessário para regular o Sistema (T.H.E) e as
relações cooperativas entre Estados?

 Para os liberais, a divisão internacional do trabalho baseado em


vantagens comparativas fazem o mercado, de maneira
espontânea, aumentar a cooperação entre Estados.
Os temas da Economia Política

 Para os nacionalistas econômicos a interdependencia econômica


é causa de maior conflito, cria vulnerabilidade econômica
nacional e é um instrumento em que os Estados podem dominar os
outros.

 Os marxistas enfatizam o imperialismo, onde as nações mais ricas


exploram e extraem valor das periféricas.

 Anos 1990
Os temas da Economia Política

 Outro tema de supra importância é como a mudança econômica


e a mudança política se afetam.

 Dado as mudanças econômicas, como será a nova liderança?


Haverão mudanças monetárias e comerciais? Como as regras
internacionais se confrontarão com o desejo de autonomia dos
Estados?
Os temas da Economia Política

 O terceiro tema tratado nesse livro é a importância do mercado


mundial para economias domésticas.

 Quais são as consequencias para o desenvolvimento econômico,


declínio, ou bem estar da população? Como afetará a distribuição
de recursos e poder em sociedades nacionais? A economia
concentra ou distribuí poder e riqueza?
Os temas da Economia Política

 Os liberais e marxistas consideram a integração econômica uma


coisa boa. Para liberais, o comércio e abertura levam ao
crescimento. Para os Marxistas, a expansão do capitalism destroi
antigas estruturas antiquadas. Os nacionalistas veêm a
internacionalização como uma engrenagem para a pobreza.
A importância do mercado

 Para Karl Polanyi a matriz e fonte do Sistema econômico e politico


é o mercado auto-regulado. Essa inovação que deu gênese a uma
civilização específica.

 Para Marx, o modo capitalista de produção é o criador do mundo


moderno.
A Importância do Mercado

 O dinamismo do capitalismo advém de sua lógica competitiva e


busca do lucro para sobreviver.

 Mas o conceito de “mercado” é maior que capitalismo. O


mercado refere-se a decisões de alocação baseada em preços. O
capitalismo, por sua vez é a propriedade privada sob os modos de
produção.
As consequências econômicas do
mercado

 Um mercado pode ser definido como a troca de bens e serviços


com base em preços relativos; é onde as transações são feitas e os
preços determinados.

 Quando um mercado vem a existir, como argumentou Marx, ele se


torna uma potente arma de transformação social. A alienação do
trabalho e da terra são fundamentais.
As consequências econômicas do
mercado

 3 são as características para tal dinamismo: i) o papel central dos


preços na troca de bens e serviços; 2) a centralidade da
competição como determinante individual e institucional; 3) a
importância da eficiência para a sobrevivência dos atores
econômicos.

 O mercado tende a levar a inovação; se espalhar e incorporar


países e “mercantilizar” toda a economia.
As consequências econômicas do
mercado

 O mercado tende a criar uma distinção entre o centro e a periferia.


Um avançado tecnológicamente e em desenvolvimento e o outro
não- exportador de commodities agrículas (Prebish).

 Gilpin diz que no longo prazo a difusão tecnológica e o processo


de crescimento, forma-se novos centros na periferia. Mas isso não
se da em todos os países.

 A tendência do mercado é concentrar riqueza em grupos


específicos, classes e regiões.
Efeitos do mercado e respostas
políticas

 No mundo abstrato dos economistas, a economia é um mundo a


parte. É um universo teórico autonomo onde indivíduos
maximizadores de utilidade são livres para ir em busca de seu
interesse.

 O Economista Paul Samuelson foi perguntado o que faltava no


modelo dele e respondeu: raças, países e todas outras formas de
divisões políticas.
Efeitos do mercado e respostas
políticas

 No mundo real, dividido entre diversos grupos conflituosos e


Estados, os mercados tem um impacto amplamente diferente
daquele imaginado pela teoria econômica.

 As atividades econômicas afetam o bem estar politico, econômico


e social de vários grupos de maneira diferente.
Efeitos do mercado e respostas
políticas
 Ademais, o mercado possuí flutuações e anomalias que a
sociedade tem pouco controle.

 Consequentemente, nenhum Estado, não importa o quão liberal


for, vai permitir um mercado completamente desregulado.

 Outra consequencia do mercado é que afeta significativamente a


distribuição de poder e riqueza dentre as sociedades

 Em formas variadas, pois, a relação de interdependencia


econômica provoca relações de hierarquia, dependência e de
poder entre grupos e sociedades.
Aula 3- Três
ideologias da
Economia Política
Introdução

 Nos últimos 50 anos as ideologias liberal, marxista e nacionalista


dividiram o mundo.

 Gilpin usa ideologia porque “é um sistema de pensamento e


crença o qual os indivíduos usam para explicar como o sistema
social funciona”. É mais próxima de um paradigma (Kuhn).

 O conflito dessas perspectivas gira em torno do papel e significado


do mercado na organização da economia e sociedade.
Introdução

 Essas três ideologias são fundamentalmente diferentes em suas


concepções das relações na sociedade, Estado e mercado.

 Qual o papel do mercado para o crescimento econômico e a


distribuição de riqueza nas sociedades? Qual será o papel dos
mercados na organização doméstica e internacional? Quais são os
efeitos do mercado na paz e na guerra?
Três ideologias

 Mercantilismo: Primazia da política na economia. O mercado deve


estar subordinado aos interesses do Estado. Os fatores politicos
determinam os economicos.
 Liberalismo: O mercado – no interesse da eficiência, crescimento e
escolha do consumidor- deve estar livre de interferência política.
 Marxismo: A economia determina a política. O conflito advém da
luta de classes e só será eliminado com o fim da sociedade de
classes.
O Liberalismo

 É comprometido com a não intervenção estatal, mas o grau pode


variar. Ademais é comprometido com a igualdade individual e
liberdade, mas, novamente, o grau pode variar.

 O liberalismo assumiu diversas formas: classico, neoclássico,


keynesiano, monetarista, austríaco,..etc..

 A par das diferenças todos estão comprometidos com o mercado


e o mecanismo de preços como o mais eficaz meio de organizar as
relações econômicas domésticas e internacionais.
O Liberalismo

 O liberalismo assume que o mercado nasce espontâneamente e


posteriormente, funciona de acordo com sua própria lógica. (Smith)

 A ideia é que o mercado aumenta a eficiência econômica, maximiza


o crescimento e, por consequencia, melhora o bem estar humano.

 Os indivíduos são tidos como racionais e visam maximizar seus


interesses no menor custo possível. Ademais, o liberalismo assume que
os indivíduos possuem informação perfeita para tomarem suas
decisões. (Instrumental vs. Limitada).
O Liberalismo

 Mudanças nos preços relativos irá despertar uma mudança


correspondente nos padrões de produção, consumo e instituições
econômicas. O mercado tende ao equilíbrio.

 O Governo só deve intervir no mercado onde existe uma “falha de


mercado” para prover um bem público ou coletivo.

 Toda decisão envolve custos de oportunidade, um tradeoff dentre


diferentes modos de usar recursos.
O Liberalismo

 O mercado tende ao equilíbrio, ao menos no longo prazo. Se um


fator o tira do equilíbrio (tecnologia), o mecanismo de preços o
devolve ao equilíbrio.

 Pressuposto da harmonia de interesses.

 Os ganhos gerais podem ser “absolutos”, mas os individuais


“relativos”.
O Nacionalismo

 A ideia central é que as atividades econômicas devem ser


subordinadas à construção do Estado e ao Estado. Todos os
nacionalistas aderem a primazia do Estado, a segurança nacional,
e ao poder militar na organização e funcionamento do sistema
internacional.

 Os “nacionalistas defensivos” argumentam que o Estado deve ter o


mínimo para proteção. Já os “ofensivos” vem na economia um
instrumento para a expansão e o imperialismo.
O Nacionalismo

 Pontos comuns entre os nacionalistas:

1) a riqueza é um pré requisito para o poder, seja para segurança ou


agressão; 2) o poder é essencial e valioso como meio de adquirir e
reter riqueza; 3) riqueza e poder são fins últimos da política nacional; 4)
há uma harmonia entre esses fins, muito embora em situações
particulares pode se haver de fazer um sacrifício econômico em visa o
interesse da segurança militar.
O Nacionalismo

 Para os liberais é “guns versus butter” para os nacionalistas a busca


por poder e riqueza é simultânea.

 Nacionalistas são industrialistas. A industria tende a ter spill-overs


que levam ao desenvolvimento. Em Segundo lugar, ter uma base
industrial é sinônimo de autosuficiencia e autonomia política.

 Hamilton: “não só a riqueza mas a independencia e segurança de


um país tende a estar conectada com a prosperidade das
manufaturas”.
O Nacionalismo

 O Nacionalismo advém da tendência dos mercados de se


concentrarem e gerarem dependência no Sistema internacional.

 Os liberais advogam pelos benefícios mútuos do comércio.


Nacionalistas e Marxistas veêm ele como conflituoso.

 Os Nacionalistas enfatizam a auto-suficiencia ao invés da


interdependência.
O Nacionalismo

 O mercantilismo contemporâneo tem dado importância crescente


ao controle das cadeias de alta tecnologia e as vantagens
competitivas advindas desse controle.

 Os Estados buscam o desenvolvimento industrial, tecnologias


avançadas e aquelas tecnologias com maior lucratividade,
gerando emprego domesticamente. Eles visam criar uma divisão
do trabalho favorável a eles.
O Marxismo

 Apesar do Marx ver a economia capitalista como global, ele não


sistematizou uma teoria do Estado ou das Relações Internacionais.

 Há, no entanto, pontos comuns na análise marxista:

 11) Visão dialética da história.


 2) Uma perspectiva materialista
 3) O destino do capitalismo a ser governado por leis econômicas.
 4) O compromisso com o socialismo

 O Estado em Marx?
O Marxismo: Três Leis

 Há uma contradição entre a capacidade do capitalismo de


produzir mercadorias e dos consumidores comprarem, causando
constantes crises e flutuações econômicas.

 A tendência à acumulação do capitalismo e o enriqueciemento


de alguns e o empobrecimento da maioria.

 A lei da queda da taxa de lucros. O aumento da acumulação e


produtividade leva ao desemprego e a queda da taxa de lucros.
Lênin e a teoria do imperialismo

 Como o nacionalismo triunfou sob o internacionalismo proletário na


primeira Guerra mundial?

 Por quê o capitalismo continuou apresentando vitalidade e


expansão?

 Lênin transformou a Teoria de Marx em uma Teoria de relãções


políticas entre Estados capitalistas.
Lênin e a teoria do Imperialismo

 No mundo de Lênin, as firmas capitalistas haviam se transformado


em grandes conglomerados industriais e, de acordo com Lênin,
controlados por grandes bancos. Para ele, a alta finança era o
grau mais avançado do capitalismo.

 As leis que Marx apontou, foram superadas pelo capitalismo, com a


expansão ultramar e o colonialismo.
 O ganho de mercados consumidores e a exploração das
populações nativas aumentava a taxa de lucro.
 Aristocracia Operária
Lênin e a teoria do Imperialismo

 As economias capitalistas são obrigadas a se expandirem, mas


crescem em ritmos desiguais. Isso leva ao imperialismo, a Guerra, e
a mudança internacional.

 Para Lenin, as alianças capitalistas eram temporárias e iriam se


desfazer com o desenvolvimento desigual.

 Os operários dos países desenvolvidos iriam pagar no campo de


batalha. A revolta aconteceria contra a belicosidade do Sistema.
Uma Crítica das Perspectivas

 Liberalismo:

Os pressupostos fundamentais, como a existência de atores


econômicos racionais, o mercado competitivo, etc… podem ser vistos
como irrealistas.

Para compreender a sociedade, há limitações na economia, a


perspectiva não pode servir como uma visão compreensiva da
economia política.
Uma Crítica das Perspectivas

 Liberalismo:

 Há uma limitação em separar a economia das outras esferas da


sociedade.

 Há um descaso com a justiça e equidade provenientes dos


resultados da economia.
Uma Crítica das Perspectivas

 Há também uma limitação no liberalismo de considerar que o livre


comércio acontece em um mercado entre iguais com informações
perfeitas e há ganhos entre ambos negociadores.

 O que acontece, na verdade, é que os termos de troca são


profundamente afetados por diferenças em coerção, por poder de
mercado (monopólio ou monopsônio) e outros fatores
essencialmente politicos.

 Variáveis consideradas “exógenas”, como mudanças tecnológicas,


sociais e políticas são, de fato, muito importantes.
Uma Crítica das Perspectivas

 Nacionalismo

 O pressuposto que as relações econômicas internacionais são


sempre de soma-zero.

 O custo da busca pelo poder e riqueza é alto e prejudica a


eficiência econômica.

 Talvez a indústria não seja sempre a melhor estratégia.


Uma Crítica das Perspectivas

 Não há, no nacionalismo, uma teoria sólida da política doméstica,


o Estado e a política externa.

 Grupos domésticos podem usar a retórica nacionalista para


perseguir seus interesses. A sociedade é formada por uma
multiplicidade de interesses.
Uma Crítica das Perspectivas

 Marxismo

 A principal fraqueza da Teoria marxista como Teoria da economia


política internacional é a falha em considerar fatores politicos e
estratégicos nas relações internacionais.

 Outras causas senão o imperialismo econômico estão na origem das


guerras.

 O maior volume de investimento externo não foi direcionado às


colônias. (Época de Lênin)
Aula 4- História da
EPI: “A Escola
Americana”
Introdução

 “A busca recíproca e a interação dinâmica entre a busca pela


riqueza e a busca pelo poder” (Gilpin, 1975, 43).

 Pela busca da riqueza, entende-se o reino da economia


mainstream: os mercados e incentivos econômicos. Pela busca
pelo poder o reino da política: o papel do Estado e o
gerenciamento do conflito, as questões centrais da ciência
política.

 A EPI pode ser entendida como o casamento das duas disciplinas,


integrando estudos de mercado e análise política.
Introdução

 A EPI é, no mais fundamental, sobre a interrelação complexa da


atividade econômica e política no nível das relações internacionais.

 A “Escola Americana” não tem um sentido rígido. No entanto, no nível


da ontologia e da epistemologia, no geral há um modo de como a
pesquisa é conduzida que distingue os Estados Unidos de outros
lugares.

 O mainstream da academia dos EUA pode ser considerado uma


escola por sua visão de mundo, jeito de percebê-lo e modo como
estudá-lo.
Nascimento da disciplina

 Muito embora há estudos anteriores, os pioneiros da década de


1970 foram os primeiros a lograrem em fazer da EPI uma disciplina e
especialidade acadêmica reconhecida.

 1671, William Petty falava de Political Oeconomies.

 John Stuart Mill publica Principles of Political Economy


Nascimento da disciplina

 No entanto, logo as disciplinas se separaram. Uma preocupada


com o setor privado, baseado em contratos e um mercado
descentralizado, preocupada como questões de produção e
distribuição. A outra com o “setor público”, o Estado e sua
autoridade coercitiva, o poder, tomada de decisão centralizada e
a resolução de conflitos.

 Nasce uma escola “neoclássica”, advinda da revolução


marginalista dos anos 1870. A busca por uma ciência pura e o
distanciamento de questões normativas se tornou o foco. Em 1890,
o livro Principios da Economia de Alfred Marshall, havia superado o
de Mill.
Nascimento da disciplina

 A separação, no entanto, não se deu por completo.

 Marxistas ou neo-marxistas, gramscianos, dependentistas, John


Maynard Keynes, Karl Polanyi, dentre outros, continuaram a buscar
as conexões entre a busca pelo poder e pelo dinheiro.

 Na academia mainstream, porém, o diálogo entre as duas


disciplinas era inexistente.
Nascimento da disciplina

 A dicotomia foi denunciada por Susan Strange em seu artigo de


1970. A autora clamou pela união das duas disciplinas.

 Em 1970 Charles Kindleberger também publica um livro curto sobre


as tensões entre a política e a economia internacionais.

 Raymond Vernon, em 1971, escreve Sovereignty at bay,


destacando a empresa multinacional como ator chave no cenário
global.
 Fundação da International Organization
Nascimento da disciplina:
Conjuntura
 Crise dos anos 1970.

 Convertabilidade da moeda.

 Decolonização

 Crescente liberalização promovida pelos EUA e o GATT e FMI

 Financeirização e uma maior interdependência.


Interdependência Complexa

 É definido por três características principais: múltiplos canais de


comunicação, ausência de hierarquia entre questões e a
diminuição do papel da força militar (1977).

 Keohane e Nye estavam criticando o estadocentrismo que


dominava o estudo das Relações Internacionais. Para eles, o
paradigma realista estava datado.
Interdependência Complexa

 A crescente interconexão das economias nacionais fragmentava e


difundia o poder em assuntos econômicos.

 “Vivemos em uma era de interdependência”. A crescente


liberalização das finanças e do comércio e o “alargamento” das
relações transnacionais, coalizões e interações estão aquem do
controle governmental.
Interdependência Complexa

 Novos atores transnacionais, indivíduos e organizações, são


capazes de alcançar esses canais de comunicação e participar
significativamente em relações políticas através de Estados.

 É necessário um novo paradigma que explicidamente incorpore e


admita esses novos atores. Os governos não podem mais
monopolizar a análise.

 Para Johnson (1971) o mais importante critério para a propagação


de um novo paradigma é a inconscistencia do anterior com a
realidade e as anomalias que aparecem. É esse o caso?
A visão de Gilpin

 Keohane e Nye foram pioneiros em sua obra e conceito de


interdependencia complexa. Robert Gilpin virou o “reitor” da
escola realista de EPI nos Estados Unidos.

 Gilpin, através de duas publicações, U.S Power and the


Multinational Corporation e Transnational Relations and World
Politics, percebe o fenômeno da transnacionalização.
A visão de Gilpin

 Ao insistir nas transformações na política global, Keohane e Nye


entravam numa hipérbole.

 “A política determina o hall da atividade econômica e os canais e


direções que tende a servir são objetivos politicos.
Custódia

 Tanto economistas como cientistas politicos tiveram um papel


importante em estabelecer a disciplina. No entanto, economistas
foram paulatinamente a abandonando.

 A disciplina se consolidou e logo todo departamento de ciência


política reservou uma cadeira para a EPI.

 Helen Milner “EPI se tornou uma parte estabelecida das Relações


Internacionais”.
Custódia

 Por quê os economistas não aderiram mais?

 Anticomunismo (Economia Política associada com esquerda)


 Miopia ontológica
 O propósito era avaliar política e não explicar.
 Epistemologia: economistas não se sentiam confortáveis fora da
economia neoclássica.
 Ironia: Muitos dos estudos de EPI passaram a aderir a metodologias
e pressupostos mais rígidos da Ciência Econômica.
Exercício

.Destaque as principais características da


escola americana. Faça um paralelo com
a classificação de Gilpin e situe os
principais personagens trazidos por Cohen
na mesma (Classificação).
Aula 4- História da
EPI: “A Escola
Inglesa”
Introdução

 Nos Estados Unidos, não é coincidência a aderência a


epistemologia e ontologia positivistas na EPI.

 Na escola Inglesa é a mesma coisa e os acadêmicos trabalham de


forma distinta e veêm o mundo de forma distinta.

 O estudo da EPI a Ecola Inglesa tende a ser mais multidisciplinar no


escopo, normativo na ambição e impaciente com o status quo.
Introdução

 Comparado aos EUA, na Inglaterra se preza mais pelo qualitativo, o


trabalho é mais interpretativo e confluente com as tradições da
Economia Política, mais institucional e histórico por natureza.

 O artigo de Strange, bem como ela, exerceu grande influência na


formação da escola. Seu estilo marcou os colegas, alunos e
gerações subsequentes.
A obra de Strange e a fundação
da Escola

 Strange queria ser, e trabalhou como, jornalista. O estilo analítico e


o distanciamento da teorização profunda residem nesse fato.

 “Eu estava impaciente com o status quo, a vida acadêmica me


deu a liberdade para escrever e ensinar o que eu quisesse.”

 No Institute of International Affairs, Strange chegou a conclusão


que “as conexões entre moeda, influência e poder são indivisíveis.
Há pouco trabalho sobre issso.
A obra de Strange e a fundação
da Escola

 Criação da Revista Review of International Political Economy e do


International Political Economy Group (IPEG).

 Em conferência organizada com 40 acadêmicos, diante de


ataques entre economistas e cientistas politicos, todos chegaram a
conclusão que as disciplinas deveriam se integrar, mas que não
seria fácil.

 Criaram-se os primeiros cursos de pós graduação em EPI.


Poder em Susan Strange

 States and Markets. Em estudos tradicionais, o poder é identificado


como função de fatores materiais. Mas na economia, Strange
argumentou que as relações e estruturas importavam mais.

 Poder Relacional: é o familiar A fazer B fazer algo que não faria se


não fosse A.

 Poder Estrutural: É o poder de moldar as estruturas da economia


política global, de decider como as coisas serão feitas, o poder de
traçar os moldes nos quais os Estados irão se relacionar.
 i) segurança; ii) produção; iii) finança; iv) conhecimento
Paralelo com conceitos
americanos

 Keohane e Nye tinham conceituado sensibilidade e


vulnerabilidade, para mostrar a asssimetria do poder nas relações
econômicas.

 Cohen visou conceituar “process power” e “structure power”.


Keohane e Susan Strange

 5 pontos no pensamento da Strange:


 i) a ênfase no poder estrutural; ii) o foco na agência e no
comportamento auto-interessado dos atores; iii) ceticismo quanto
às organizações internacionais; iv) ênfase na competição entre
autoridades dentre diferentes setores da economia mundial; uma
ambivalência quanto aos Estados Unidos.
A Escola Inglesa

 Ecleticismo. É necessário resistir a compartimentação das ciências


sociais.

 As especialidades e fecharam nelas mesmas, esquecendo as lições


dos clássicos.

 A EPI é ecumênica por definição.


Multidisciplinaridade

 “A principal razão de se estudar EPI ao invéis de relações


internacionais é extender para além dos limites convencionais do
estudo da política e os conceitos convencionais que se trabalha na
política, e quem e como o poder é exercido e influencia
desfechos. Longe de ser uma subdiscipline das Relações
Internacionais, a EPI deve reivindicar as Relações Internacionais
como subarea da EPI.”
American versus British Schools

 Nos EUA, continuaram a se desenvolver estudos baseados na


ciência positiva e na utilização de métodos quantitativos.

 Na Inglaterra, os estudos eram mais voltados para a


multidisciplinaridade: sociologia, filosofia, religião, lei.

 A Escola Inglesa da TRI foi particularmente influente.


Ironia

 Quando a Strange chamou atenção para o “dialogue of the death


“, o efeito foi positivo e a EPI se formalizou.

 No entanto, surgiu um novo dialogue of the death, entre a escola


inglesa e americana.

 De acordo com Cohen, elas são complementares.


Exercício

 Compare a Escola Inglesa com a


Americana em seus principais pontos de
embate.
Aula 6- “The Really
Big questioon”
Introdução

 O que pode ser mais fascinante que o tópico da transformação


sistêmica?

 O grau de mudança real em um determinado tempo pode ser


exagerado facilmente. No entanto, o exercício de pensar a “really
big question” tem sido frutífero.

 Em ambas as escolas, houveram aqueles que levaram a temática


a sério.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica

 Na escola americana, onde os cientistas politicos capturaram a


disciplina, a variável central era poder.

 No contexto de surgimento da disciplina, a hegemonia americana


parecia declinar. Então, naturalmente, os estudiosos foram levados
a focarem nessa temática.

 O declínio levaria a uma era de insegurança e caos? A discussão


se centrou na THE- a ideia de que a saúde da economia global
dependia de um hegemon para estabilizá-la.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica

 Duas questões dominavam: A premissa da teoria era válida? Os


EUA estavam mesmo em declínio? A segunda estava no hall da
Teoria: a hegemonia era necessária para estabilidade?

 Keohane (1980): as estruturas hegemônicas de poder, dominadas


por um só país, são as que mais levam ao desenvolvimento de
regimes internacionais os quais as regras são relativamente
obedecidos.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica

 Kindleberger: (The World in Depression):

“O Sistema econômico e monetário internacionais precisam de


liderança, um país preparado, consciente ou inconscientemente,
que há internalizado algum sistema de regras, para dar parâmetros
aos outros países; e faze-los seguí-los, para assumir uma parte maior do
fardo, e em particular apoiar o sistema em adversidade, aceitando
comoddities redundantes e mantendo um fluxo de investimento de
capital”.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica

 Para Kindleberger, a crise de 1929 foi tão dura porque a Grã-


Bretanha não tinha mais habilidade em liderar o sistema e os EUA
não estavam dispostos.

 Ele buscou inspiração no Plano Marshall.

 A estabilidade sistêmica era um bem público (Olson, 1965), não


excludente e não rival.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica

 Para Kindleberger, 3 funções eram essenciais: i) manter um


mercado razoavelmente aberto para importações; ii) emprestar a
longo prazo e no contra-ciclo; iii) e prover liquidez no curto-prazo
em caso de crise.
Teoria da Estabilidade
Hegemônica
 Para Robert Gilpin, uma economia internacional liberal necessita
de um poder para estabilizar o sistema.

 Uma hegemonia vai se beneficiar mais das estruturas sociais que


ela mesmo tem a liberdade de criar e estará ameaçada no
advento de uma redistribuição de poder para novos contendentes
a hegemonia.

 Para Krasner, há uma relação entre abertura commercial e saúde


econômica no período de ascensão da hegemonia. Isso o levou ao
diagnóstico do declínio do poder americano.
Mas os EUA declinaram?

 Até 1984, quando Keohane publica After Hegemony, a


governança pós hegemonia americana estava sendo debatida.
Regimes eram centrais nesse aspecto.

 Mas houveram disssidências. Susan Strange: Os EUA ainda


dominam as estruturas chave da economia global, o dollar ainda
reina, o declínio não está acontecendo.
Globalização

 O tema da Globalização surge na esteira da unipolaridade dos


anos 1990. E o tema da transformação sistêmica?

 A globalização trata-se de um mercado global , com processos de


produção e mercados financeiros transcendendo o espaço.
Transações e meios de comunicação são mais rápidos.

 Thomas Friedman declarou que o mundo é plano.


Globalização

 Para materialistas-históricos, a globalização é o estágio avançado


do capitalimo.

 Para realistas, no entanto, as coisas mudaram, mas há de se ter um


olhar crítico. É muito determinístico achar que os mercados vão
acabar com a centralidade do Estado. (As mudanças existem mas
não são novas; Gilpin, Krasner).
Ordens Mundiais

 Robert Cox utilizou-se da matriz gramsciana para desenvolver uma


teoria crítica das relações internacionais.

 Um bloco storico era normalmente marcado por um hegemon que


conquistasse a estrutura e superestrutura e um modo específico de
interação entre capacidades materiais, ideias e instituições.

 A análise tinha que ser histórica.

 Toda teoria é para algo e para alguém. Cui Bono?


Aula 7- “A retomada
da hegemonia
norte-americana”
Introdução

 “Até 1980/1981 não era razoável supor que os EUA conseguissem


reafirmar sua hegemonia sobre seus concorrentes ocidentais e muito
menos transiter para uma nova ordem econômica internacional e
para uma nova divisão do trabalho sob seu commando. Hoje essa
probabilidade é alta”.

 A THE , portanto, podia estar no caminho certo?

 E o poder militar?
Introdução

 “Até o final da década de 70, não era previsível que os EUA fossem
capazes de enquadrar dois países que tinham importância
estratégica na ordem capitalista: Japão e Alemanha”.

 Mas qual o papel histórico desses países no século XX?

 “Àquela altura, os interesses em jogo eram tão contraditórios que


as tendências mundiais eram policêntricas e parecia impossível os
EUA conseguirem reafirmar sua hegemonia, embora continuassem
a ser a potência dominante”.
Introdução: Crise

 O sistema bancário estava fora de controle dos Bancos Centrais,


em particular do FED. (Financeirização).

 A concorrência internacional intercapitalista era desfavorável aos


EUA.

 De 1979 para cá (1985) a política econômica interna e externa dos


EUA foram no sentido de reverter essas tendências e retomar o
controle do capital internacional através da diplomacia do dólar
forte.
Volcker e a política recessiva

 Volcker retira-se da reunião do FMI em 1979 se declarando contra a


proposta dos países membros.

 Volcker disse que o FMI podia propor o que quisesse, mas não ia
permitir que o dólar continuassse a se desvalorizar desde 1970.

 A partir daí, os EUA declararam que o dólar se manteria como


padrão internacional e que a hegemonia de sua moeda ia ser
restaurada.
Volcker e as medidas recessivas

 “Essa restauração do poder do FED custou aos EUA mergulharem si


mesmos e à economia mundial em uma recessão continua por três
anos.

 Inclusive, quebraram diversas grandes empresas e alguns bancos


americanos, além de submeterem a propria economia americana
a uma violenta tensão estrutural (e.g., salários; controladores de
voô). O início da recessão e a violenta taxa de juros pesaram
decisivamente na derrota popular de Carter.
Reagonomics

 Distribuiu a renda em favor dos mais ricos; aumentou o déficit fiscal


e subiu os juros.

 Os juros altos estancaram o mercado interbancário e a expansão


de crédito para países da periferia.

 Nos anos 1980 todos os bancos passaram a operarar dentro do


umbrella do FED, porque não havia outra alternativa.
 Geração yuppie
Consequências

 “Todos tiveram claro, de 1979 a 1981, que não deviam alinhar-se,


mas apesar disso todos foram submetidos. Todos os países
desenvolvidos do mundo, quaisquer que sejam seus governos –
socialistas, socialdemocratas, conservadores-etc- se alinharam em
termos de política cambial, juros, política monetária e fiscal. O
desempenho dessas variáveis passou a ser concêntrico ao
desepenho das mesmas na economia americana. “
Novo centro tecnológico
dominante
 Os EUA estão investindo fortemente no setor terciário e nas novas
indústrias de tecnologia de ponta. Concentração extrema dos
gastos em investimento nas áreas de informática, biotecnologia e
serviços.

 Com seus enormes déficits comerciais e a retomada do


crescimento, garantem a solidariedade dos seus sócios-
exportadores, sobretudo Japão e Alemanha. Com as altas taxas de
juros reais, garantem a solidariedade dos banqueiros. E com as
joint-ventures dentro dos EUA, garantem sua posição no avanço
para o futuro.
 Dólar forte= + importações
A Lógica

 Na prática estão fazendo o que Brasil e México fazem, investimento


com base em crédito no curto prazo, endividamento externo e
deficit fiscal. E como a moeda americana é sobrevalorizada, nem
inflação tem.

 Trocam gastos sociais por militares (military build-up) e contam


com o consumo e endividamento das familias para sustentar o
crescimento.

 O fato essencial é que todo o mundo está financiando não apenas


o Tesouro americano, mas também os consumidores e investidores.
A Lógica

 “Caso os EUA mantiverem a atual política com o mesmo vigor até


1988, terão se modernizado, crescido, assim a retomada da
hegemonia americana terminou convertendo finalmente a
economia americana numa economia cêntrica e não apenas
dominante.”
Consequências

 Se forem confirmadas estas hipóteses, e os EUA não mudarem as


relações do FED e do Tesouro com os outros bancos, o Brasil e os
demais países latino-americanos estarão condenados a renegociar
a dívida externa ano após ano.

 Se os EUA querem que paguemos a conta dos juros, devem deixar


o Brasil acumule um superávit comercial equivalente ao montante
dos juros devidos.
Consequencias

 Dificilmente conseguiremos manter um superávit com os EUA maior


que os juros devidos.

 As exportações dependem de um tenaz: as condições de


renegociação da dívida e o protecionismo americano e europeu.
Em suma, estamos inteiramente submetidos à política econômica
americana.
 “País soberano é aquele que reconhece a realidade mundial mas
não se deixa intimidar por ela, fazendo escolhas corretas e
negociando com seriedade e responsabilidade, tentando superar
os limites do Presente para abrir espaço ao Futuro. “
Aula 8- “As Teorias
da Dependência”
Antecedentes Históricos

 As lutas pelo domínio colonial, mesmo contestadas pelos EUA,


estenderam-se e levaram o planeta à II Guerra Mundial.

 Esse período “coincide” com a substituição de importações do


governo Vargas.

 Os EUA emergiram como vitorioso inconteste. Ele havia ocupado a


Alemanha, a Itália e o Japão e tropas estacionadas em 150 países.
Antecedentes Históricos

 Nesta recomposição de força mundiais, emerge um conjunto de


novos Estados Nacionais juridicamente soberanos. Entre eles alguns
são extremamente poderosos.

 A América Latina, apesar de ser uma zona de Estados


independents desde o século XIX, sente-se identificada com as
aspirações de independência econômica dos antigos povos
coloniais e deseja também uma independência política real diante
das pressões diplomáticas e intervenções políticas e militares diretas
da Inglaterra, sobretudo até 1930, e dos EUA depois da II Guerra.
Antecedentes Históricos

 Novas instituições econômicas e políticas, como a UNCTAD e o


Movimento dos Não-Alinhados surgem. As organizações regionais
das Nações Unidas, como a CEPAL, não podiam escapar da
influência deste novo clima econômico, político e espiritual.

 Era inevitável, portanto, que as ciências sociais passassem a refletir


essa nova realidade.
A modernidade

Era inevitável, portanto, que as ciências sociais passassem a refletir


esta nova realidade. Elas haviam se constituído desde o século XIX -
em torno da explicação da revolução industrial e do surgimento da
civilização ocidental como um grande processo social criador da
modernidade. Esta correspondia a um novo estágio civilizatório,
apresentado às vezes como resultado histórico da ação de forças
econômicas e sociais, como o mercado e as burguesias nacionais.
Outras vezes elas aparecem como o resultado de um modelo de
conduta racional do homo-economicus e do indivíduo racionalista e
utilitário, que seria expressão última da natureza humana quando
liberada de tradições e mitos anti-humanos. Outras vezes, estas
conquistas econômicas, políticas e culturais eram apresentadas como
produto de uma superioridade racial ou cultural da Europa.
A modernidade

A modernidade deveria ser encarada fundamentalmente como um


fenômeno universal, um estágio social que todos os povos deveriam
atingir, pois correspondia ao pleno desenvolvimento da sociedade
democrática que uma parte dos vitoriosos identificavam com o
liberalismo norte-americano e inglês e, outra parte, com o socialismo
russo (que se confundia com a versão de Stalin, cuja liderança teria
garantido a vitória da URSS e dos aliados)

Surge assim uma vasta literatura científica dedicada à análise destes


temas sob o título geral de “teoria do desenvolvimento”
Teoria do Desenvolvimento

A característica principal desta literatura era a de conceber o


desenvolvimento como a adoção de normas de comportamento,
atitudes e valores identificados com a racionalidade econômica
moderna, caracterizada pela busca da produtividade máxima, a
geração de poupança e a criação de investimentos que levassem à
acumulação permanente da riqueza dos indivíduos e, em
conseqüência, de cada sociedade.

A teoria do desenvolvimento buscava obstáculos para atingir a


modernidade e meios para superá-los.
Marx e a modernidade

Pensamento marxista não escapava contudo deste esquema geral


de raciocínio. Para Marx, a modernidade se identificava com a
revolução democrático-burguesa. Tratava-se de uma versão classista
e histórica de um modelo cujas pretensões universais derivavam de
sua origem de classe, isto é, a ideologia burguesa. Os pensadores não
críticos aceitavam a sua sociedade como a Sociedade, como a
forma final e ideal da sociedade em geral. Mas para o marxismo, esta
formação social representava somente um estágio do
desenvolvimento global da humanidade.
Marx e modernidade

A partir de então tornava-se necessário explicar como o socialismo


surgira, como um novo regime político e como um novo regime
econômico, que continha elementos importantes de um modo de
produção novo, numa sociedade que não havia alcançado ainda a
maturidade da revolução burguesa e da modernização.

Os fundamentos deste modelo eram: crescimento econômico sustentado


na industrialização de base e só secundariamente na indústria de bens de
consumo; partido único ou coligação de partidos democráticos
populares para conduzir as transformações revolucionárias; reforma
agrária e distribuição de renda que assegurasse maior igualdade social;
cultura popular que valorizasse o folclore, as manifestações do trabalho e
a luta revolucionária.
Revoluções não estalinistas

 Mas na maior parte destes países não havia uma classe operária
capaz de conduzir este processo político, nem uma indústria
moderna que pudesse sustentar uma produção pós-capitalista.
Estes regimes de transição ao socialismo procuravam combinar
uma economia estatal e em parte socialista com o mercado e
outras formas de produção ainda mais arcaicas.

 Agravava ainda mais a dificuldade do debate, o fato de que tais


regimes se estabeleciam numa economia mundial capitalista. A
própria URSS não podia se desenvolver segundo sua vontade e era
obrigada a condicionar seu desenvolvimento às exigências da
guerra fria imposta pelos EUA.
Teoria da Dependência: Um
Balanço

 TEORIA DA DEPENDÊNCIA, que surgiu na América Latina nos anos


60, tenta explicar as novas característica do desenvolvimento
dependente, que já havia se implantado nestes países.

 Abria-se o caminho para compreender o desenvolvimento e o


subdesenvolvimento como o resultado histórico do
desenvolvimento do capitalismo, como um sistema mundial que
produzia ao mesmo tempo desenvolvimento e
subdesenvolvimento.
Teoria da Dependência: Um
Balanço
 A teoria da dependência, surgida na segunda metade da década
de 1960-70, representou um esforço crítico para compreender a
limitação de um desenvolvimento iniciado num período histórico
em que a economia mundial estava já constituída sob a
hegemonia de enormes grupos econômicos e poderosas forças
imperialistas, mesmo quando uma parte deles entrava em crise e
abria oportunidade para o processo de descolonização.
Teoria da Dependência:
Antecedentes

 Criação de tradição crítica ao euro-centrismo implícito na teoria do


desenvolvimento. Deve-se incluir neste caso as críticas nacionalistas
ao imperialismo euro norte-americano e a crítica à economia neo-
clássica de Raul Prebisch e da CEPAL.
 O debate latino-americano sobre o subdesenvolvimento, que tem
como primeiro antecedente o debate entre o marxismo clássico e
o neo-marxismo, no qual se ressaltam as figuras de Paul Baran e
Paul Sweezy.
Teoria da Dependência: 4 ideias

 O subdesenvolvimento está conectado de maneira estreita com a


expansão dos países industrializados.

 O desenvolvimento e o subdesenvolvimento são aspectos diferentes


do mesmo processo universal;

 O subdesenvolvimento não pode ser considerado como a condição


primeira para um processo evolucionista

 A dependência, contudo, não é só um fenômeno externo mas ela se


manifesta também sob diferentes formas na estrutura interna (social,
ideológica e política)”.
3 correntes

 A) A crítica ou autocrítica estruturalista dos cientistas sociais ligados


à CEPAL que descobrem os limites de um projeto de
desenvolvimento nacional autônomo. (Celso Furtado).

 B) A corrente neo-marxista com enfoque em expropriação


internacional.

 C) A corrente “marxista ortodoxa” de Cardoso e Faleto.


Impossibilidade ou não necessidade do socialismo para alcançar o
desenvolvimento.
O País Dependente

 Dependente, concentrador e excludente estas eram as


características básicas do desenvolvimento dependente,
associado ao capital internacional destacados pela Teoria.

 Estas características se exacerbaram na década de 80, sob o


impacto da globalização comandada pelo capital financeiro
internacional.

 1990’s : Neoliberalismo, Consenso de Washington e ALCA.


A Globalização e o Enfoque do
Sistema-Mundo
 A Teoria da dependência seguia e aperfeiçoava um enfoque global
que baseava compreender a evolução do capitalismo como uma
economia mundial.

O enfoque do Sistema-Mundo busca analisar a formação e a evolução


do modo capitalista de produção como um sistema de relações
econômico-sociais, políticas e culturais que nasce no fim da Idade Média
européia e que evolui na direção de se converter num sistema planetário
e confundir-se com a economia mundial. Este enfoque, ainda em
elaboração, destaca a existência de um centro, uma periferia e uma
semi-periferia, além de distinguir entre as economias centrais uma
economia hegemônica que articula o conjunto do sistema.
A Globalização e o Enfoque do
Sistema-Mundo

 Ao mesmo tempo, a teoria do sistema mundo absorveu a noção


de ondas e ciclos longos de Braudel (1979).

 A evolução do capitalismo é vista como uma sucessão de ciclos


econômicos, articulados com processos políticos, sociais e culturais.
Em livro recente, Arrighi (1995) conseguiu ordenar a história do
capitalismo como uma sucessão de 4 ciclos longos de
acumulação, baseados em quatro centros hegemônicos: i) o ciclo
genovês; ii)o ciclo holandês; iii) O ciclo britânico; iv) o ciclo norte-
americano.
A Globalização e o Enfoque do
Sistema-Mundo

Giovanni Arrighi (1995) analisa a relação destes ciclos com os


principais centros financeiros que terminaram se transformando em
centros hegemônicos aliados com centros comerciais.

D – M – D’
A Globalização e o Enfoque do
Sistema-Mundo
 A teoria social deve deixar de lado a hiperespecialização e retomar a
tradição das grandes teorias explicativas.

 Deve-se superar a ideia que o sistema capitalista é a referência para a


sociedade mundial. Ele deve ser compreendido como fenômeno
específico, parte de um processo histórico.

 A formação e evolução do sistema mundial capitalista deve orientar a


análise das experiências nacionais, regionais etc.. Resgatando as
dinâmicas históricas para superar a forma exploradora, expropriatória,
concentradora e excludente desse sistema.

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