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O LIVRO MAIS

IMPORTANTE QUE VOCÊ


VAI LER ESTE ANO.

TUDO QUE

NÃO TE

CONTARAM

SOBRE O

SOCIALISMO

19 Capítulos essenciais sobre


a verdadeira história do
regime que matou milhões ao
longo dos anos.

Luís R. Ribeiro
Gustavo G. Lima
TUDO QUE NÃO TE

CONTARAM SOBRE

O SOCIALISMO

Luís R. Ribeiro

Gustavo G. Lima

São Paulo, Brasil

2018

SAÍDA PELA DIREITA


Copyright © 2018

de Saída Pela Direita

Todos os direitos reservados.

Este ebook ou qualquer parte dele não pode

ser reproduzido ou usado de forma alguma

sem autorização expressa, por escrito, do

autor ou editor, exceto pelo uso de citações

breves em uma resenha do ebook.

Primeira edição, 2018

www.saidapeladireita.com.br

Imagem da Capa por:


Marcelo Camargo - Agência Brasil
Sumário

Capítulo 01 - Socialismo: O Grande Fracasso ................................... 07

Capítulo 02 - Lênin Odiava Camponeses ........................................... 11

Capítulo 03 - 1921: A Primeira Fome do Socialismo ............................ 14

Capítulo 04 - Holodomor: A Grande Fome Soviética de 1932-1933 ... 19

Capítulo 05 - Stalin e Hitler: O Pacto Demoníaco ............................. 26

Capítulo 06 - Soviéticos Estupraram Dois Milhões de Mulheres ........ 32

Capítulo 07 - Gulag: Os Campos de Concentração Soviéticos ........ 36

Capítulo 08 - O Socialismo Perseguiu Homossexuais...e Muito! ........ 46

Capítulo 09 - Razões Para Nunca Acreditar no Socialismo ............... 51

Capítulo 10 - Imposturas Intelectuais da Esquerda ............................ 62

Capítulo 11 - Cuba: A Ilha Presídio do Socialismo ............................... 70

Capítulo 12 - Sendero Luminoso: Das Universidades à Guerra Civil ... 74

Capítulo 13 - A Venezuela é Logo Ali ................................................. 77

Capítulo 14 - Foro de São Paulo: Diga oi aos Vizinhos ...................... 84

Capítulo 15 - FARC .............................................................................. 90

Capítulo 16 - Partido do Terror: Um Projeto Criminoso de Poder ....... 95

Capítulo 17 - Financiando o Mal: Por Trás do BNDES ......................... 98

Capítulo 18 - Nordeste: A Maior Vítima do Socialismo no Brasil ......... 111

Capítulo 19 - Os Meios Justificam os Fins ........................................... 116


INTRODUÇÃO
Introdução

O socialismo é uma forma de ressentimento. Seus adeptos presumem ter


encontrado o paraíso na Terra através dos escritos de Karl Marx e Friedrich
Engels. Aqueles que repelem o convite para aderir tal visão não são apenas
mesquinhos: são também traidores à causa da perfeição humana. A desavença
não é uma simples discordância de opiniões, mas sim traição. E tal sacrilégio
não é confrontado com argumentos, mas (se as circunstâncias permitirem) com
o fuzilamento, com o campo de concentração, com o expurgo. A principal
matéria-prima do socialismo foi o ódio, que, durante todo o século XX,
espalhou sangue por um terço da superfície terrestre.

Embora afirmasse garantir abundância, igualdade e segurança, gerava


pobreza, fome e violência. A igualdade foi alcançada apenas na acepção de que
todos eram iguais em sua miserabilidade. Da União Soviética de Stálin à China
de Mao Tsé-Tung; da Cuba de Fidel Castro à Venezuela de Hugo Chávez. A
crença nesse sonho dura muito mais do que pode ser justificado.

Coletivamente, os estados socialistas mataram até 100 milhões de


pessoas, mais do que todos os outros regimes repressivos combinados durante o
mesmo período de tempo. Só na China, o Grande Salto para Frente de Mao
Tsé-Tung provocou uma terrível fome, na qual pereceram 40 milhões de
pessoas — o maior episódio de assassinato em massa em toda a história do
mundo. Na União Soviética, a coletivização de Josef Stálin — que serviu de
modelo para esforços similares na China e em outros lugares — levou de 4 a 7
milhões de vidas. Fomes generalizadas ocorreram em muitos outros regimes
socialistas, desde a Etiópia até a Coreia do Norte. Em cada um desses casos, os
governantes socialistas estavam bem conscientes de que suas políticas estavam
causando a morte em massa.

Os regimes socialistas também se engajaram em outras formas de


assassinato em massa. Milhões de pessoas morreram em campos de trabalho
escravo, como o sistema ​Gulag da União Soviética e seus equivalentes em
outros lugares. Muitos outros foram mortos em execuções mais convencionais,
como no Grande Terror stalinista (1934-1939), em que aproximadamente 700
mil pessoas foram sumariamente torturadas e fuziladas. No Camboja, a principal

4
forma de execução promovida pelos socialistas primitivos do k​ hmer vermelho
era espancar as vítimas até perderem a consciência e então eram enterradas
vivas.

As injustiças não se limitaram ao extermínio em massa sozinho.


Nenhuma tirania anterior buscara um controle tão completo sobre quase todos
os aspectos da vida das pessoas. O socialismo tornou-se a personificação
política do saque e da opressão. Foi e é a negação da liberdade individual em
todos os seus principais fundamentos. Dá-se mais valor à liberdade quando esta
é negada a alguém; a principal lição deixada pelos escombros do socialismo.

*****

A América Latina ainda é um laboratório experimental de ideias


coletivistas. Após o colapso sistêmico do universo socialista em 1989, a
esquerda latino-americana refugiou-se nos mais diversos movimentos possíveis.
Necessitou-se de algo novo para proporcionar mais vida e otimismo ao curso
lento de uma ideia que não tinha ensejo de sucesso. Fundado em 1990, por
iniciativa de Fidel Castro e Luiz Inácio Lula da Silva, o Foro de São Paulo seria
a ponta de lança de um projeto de poder continental.

Com a ascensão de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998, e Lula, em


2002, iniciava-se o surgimento da “onda vermelha”, ou nas palavras de Chávez,
o “socialismo do século XXI”. Não demorou para outros partidos de esquerda
ligados ao Foro de São Paulo assumissem o poder em outros países. Durante
mais de uma década o populismo de esquerda aparelhou um sem-número de
instituições a fim de se autoperpetuar no poder.

Em 2005, três quartos dos 350 milhões de habitantes da América do Sul


viviam sob a liderança de governos de esquerda. O conjunto de diretrizes
socioecônomicas adotado pela esquerda socialista levaria a maioria ao colapso.
A Venezuela e Argentina, que outrora figuravam entre as nações mais prósperas
da América Latina, hoje encontram-se aos pedaços. O Partido dos
Trabalhadores, entre os governos Lula e Dilma Rousseff, imbuídos em um

5
projeto criminoso de poder, também lançariam o Brasil na pior crise de sua
história.

O socialismo é uma religião política. Há sempre um intelectual novo


disposto a ressuscitar uma ideologia velha. A cada fracasso uma nova desculpa.
Os erros do passado comumente são reiterados. Para combatê-los é preciso
compreendê-los. O objetivo deste livro é demonstrar que os erros do socialismo
no passado ainda podem ser repetidos, em maior ou menor grau, mas sempre
nefastos. Não se luta contra o socialismo apenas por divergências ideológicas,
mas pelo que há de mais precioso e irrevogável para um indivíduo: sua própria
liberdade.

6
Capítulo 01

SOCIALISMO
O Grande Fracasso
Socialismo: O Grande Fracasso

Quando o colapso da União Soviética se aproximou, Francis Fukuyama


proclamou a vitória da democracia liberal sobre o socialismo planejado em seu
ensaio de 1989, “​O Fim da História e o último homem​”. Mais de um quarto de
século depois, a União Soviética de fato se desintegrou. Seu antigo império do
leste europeu fica dentro da União Europeia nos dias atuais. A China tem uma
economia de mercado, embora a nação seja liderada por um único partido. E os
estados “socialistas” da Coreia do Norte, Cuba e Venezuela estão em ruína
econômica. Poucos agora defendem “de volta à União Soviética”. Ao mesmo
tempo, muitas pessoas ainda consideram o socialismo um sistema
socioeconômico atraente.

A analogia do jóquei e do cavalo explica o apelo continuado do


socialismo. Os socialistas acreditam que os regimes socialistas escolheram os
jóqueis errados para montar o cavalo socialista para sua merecida vitória.
Jóqueis ruins como Stálin, Mao, Fidel, Pol Pot e Hugo Chávez escolheram
táticas e políticas que levaram seu cavalo socialista ao erro, nas primeiras
experiências, ao genocídio. Mas, na verdade, uma olhada em como a União
Soviética realmente funcionou revela que é o ​próprio cavalo ​que é o problema.
O socialismo é o que o socialismo faz​, não o que a esquerda gostaria que fosse.

Depois de conquistar o poder há um século e, em seguida, mantê-lo


durante uma guerra civil, os comunistas soviéticos estavam decididos a
construir um estado socialista que pudesse sobrepujar o capitalismo. A
propriedade estatal e o planejamento científico substituiriam a “anarquia do
mercado”. Benefícios materiais seriam acumulados para a classe trabalhadora.
Uma economia equitativa suplantaria a exploração capitalista e um novo homem
socialista ascenderia, priorizando os interesses sociais acima dos interesses
privados. Uma ditadura do proletariado garantiria os interesses da classe
trabalhadora.

Os princípios básicos do "cavalo" soviético estavam em vigor no início da


década de 1930. Sob esse sistema, Stálin e seu Politburo definiram prioridades
gerais para os ministérios industriais e uma comissão estadual de planejamento.

8
Os ministros e planejadores trabalharam em conjunto para elaborar planos
econômicos. Gerentes das centenas de milhares de fábricas, lojas de alimentos e
até mesmo fazendas coletivas eram obrigados por lei a cumprir os planos
proferidos por seus superiores.

Os soviéticos desenvolveram sua planejada economia socialista enquanto


o mundo capitalista mergulhava em depressão, guerras comerciais e
hiperinflação. Autoridades soviéticas se gabavam de taxas de crescimento sem
precedentes. Novos complexos industriais cresceram do zero. Revistas
apresentaram trabalhadores satisfeitos descansando em resorts confortáveis. A
mensagem: o Ocidente estava falhando e o sistema econômico soviético era o
caminho para o futuro.

Quando a competição entre o capitalismo e o socialismo soviético se


tornou mais pronunciada durante a Guerra Fria, começou um sério estudo
acadêmico sobre a economia soviética. A agenda de pesquisa abrangente dos
estudiosos ocidentais era “planejamento científico” — a crença socialista de que
os tecnocratas especialistas poderiam administrar uma economia melhor que as
forças espontâneas do mercado. Afinal, os especialistas não saberiam melhor do
que compradores e vendedores.

Foram os economistas austríacos F. A. Hayek e Ludwig von Mises que


resistiram mais vigorosamente a essa ideia. Em suas críticas históricas
apresentadas em uma série de artigos escritos a partir da década de 1920 até a
década de 1940, eles concluíram que o socialismo deve falhar. Nas economias
modernas, centenas de milhares de empresas produzem milhões de produtos.
Mesmo com a tecnologia informática mais sofisticada, gerenciar números tão
grandes seria complexo demais para um órgão administrativo que tentasse
alocar recursos. Economias modernas, portanto, são complexas demais para
serem planejadas. Sem mercados e preços, os tomadores de decisão não saberão
o que é escasso e o que é abundante. Se a propriedade pertence a todos, que
regras devem seguir aqueles que gerenciam ativos para a sociedade?

O economista Janos Kornai, da Universidade de Harvard, cresceu na


Hungria sob o socialismo planejado. Sua pesquisa, que se baseia em suas
experiências em primeira mão, concentra-se nas perdas econômicas associadas a
restrições orçamentárias. Se as empresas não enfrentarem o risco de falência,

9
elas não buscarão economias de escala e outras estratégias de sobrevivência.
Desde o primeiro dia do sistema soviético, as empresas deficitárias entenderam
que seriam resgatadas automaticamente, se não imediatamente. Portanto, a
eficiência era apenas cosmética e propagandística. Kornai, assim, definiu que o
arranjo econômico do socialismo sempre levará à escassez e a penúria.

Mas não foi só a escassez e a depauperação material que confrontou o


socialismo. A violência em massa era o instrumento de manutenção da extrema
esquerda. Em 1997, um grupo de historiadores mapeou e quantificou os crimes
do socialismo no século XX e chegaram ao estarrecedor número de 100 milhões
de mortos​1​, como mostra a lista fúnebre abaixo:

- China, 65 milhões de mortos,

- URSS, 20 milhões de mortos,

- Vietnã, 1 milhão de mortos,

- Coreia do Norte, 2 milhões de mortos,

- Camboja, 2 milhões de mortos,

- Leste Europeu, 1 milhão de mortos,

- América Latina, 150.000 mortos,

- África, 1,7 milhão de mortos,

- Afeganistão, 1,5 milhão de mortos,

- Movimento comunista internacional e partidos comunistas fora do poder, uma


dezena de milhões de mortos.

10
Capítulo 02

LÊNIN
Odiava Camponeses
Lênin odiava camponeses

“O camponês precisa passar fome um pouquinho para liberar as fábricas e as


cidades da fome total. No nível do Estado em geral, isso é uma coisa
inteiramente compreensível”, declarou Lênin, em 1921, quando cerca de 30
milhões de russos estavam na iminência da fome​1​. A postura desumana do pai
da Revolução Russa não era pontual, décadas antes, quando Lênin ainda era
apenas Vladimir Ulianov, ele se recusara a ajudar camponeses famélicos que
morriam como moscas devido a fome de 1891-92, quando a Rússia Imperial
ainda existia.

Enquanto muitos intelectuais socialistas ajudavam as autoridades e


instituições religiosas na organização de dispensários, refeitórios e instalações
sanitárias provisórias, outros se recusaram a fazê-lo. Tanto as fontes
bolcheviques quanto às fontes tradicionais confirmam que Lênin recusou-se a
colaborar com as autoridades na ajuda aos famintos. Com apenas 21 anos, o
jovem Lênin já era capaz de explorar politicamente uma catástrofe, então ele
disse:
“Característica sentimentalista da nossa intelligentsia (...) a fome está
cumprindo uma função progressista. Destrói a economia camponesa,
expulsando os camponeses da aldeia e os enviando para as cidades.
Assim, o proletariado é forçado a acelerar a industrialização nacional
(...). A fome obrigará os camponeses a refletirem sobre as características
fundamentais da sociedade capitalista, destruindo a fé no czarismo e
acelerando a vitória da revolução.” 2​

Até mesmo Anna Ulianov, irmã mais velha de Lênin , encontrava-se prestando
ajuda aos enfermos e famélicos que perambulavam pelas ruas de sua cidade.​3
Trótski, décadas mais tarde, explicou — implausivelmente — o porquê de
Lênin e outros socialistas não terem tomado parte no esforço humanitário:

Os revolucionários não poderiam tomar esse caminho. Para eles, o


problema não era simplesmente atenuar as consequências das
calamidades sociais, mas eliminar as suas causas (...) Os marxistas se
pronunciaram, certamente não contra o alívio da fome, mas contra
ilusões. 4​

O ​slogan atribuído ao intransigente movimento populismo russo do


século XIX, “Quanto pior, melhor”, encaixa-se de forma simetricamente na
12
postura demonstrada por alguns socialistas que cruzaram os braços frente à
fome camponesa. Embora em plena mocidade, a exploração política da fome de
1891-92 exibe traços visíveis da personalidade de Lênin. A indiferença perante
o sofrimento humano acompanharia o líder da Revolução Russa até seu túmulo,
em 1924.

13
Capítulo 03

1921
A Primeira Fome do Socialismo
1921: a primeira fome do socialismo

A Guerra Civil Russa foi um confronto armado que sucedeu imediatamente a


Revolução de Outubro de 1917. Com a tomada do poder, Vladimir Lênin
negociou a paz com a Alemanha e, portanto, o fim do papel da Rússia na
Primeira Guerra Mundial. Seu programa de poder foi rapidamente instaurado.
Ele não pôde, no entanto, evitar uma guerra civil que se arrastaria por longos
três anos. Durante esse período, os bolcheviques enfrentaram uma oposição
maciça ao seu governo na forma dos Exércitos Brancos, liderados por
ex-oficiais da Rússia Imperial, e também da intervenção das forças de países
estrangeiros na tentativa de abortar à chegada dos socialistas ao poder.

Para lutar contra os opositores, em meio a uma guerra civil fratricida, os


bolcheviques estabeleceram o ​comunismo de guerra​, ​que tinha como objetivo
manter o Exército Vermelho abastecido com armas e com alimentos através de
uma campanha para confiscar grãos e produtos agrícolas, criando o cenário
propício para uma tragédia humana em larga escala. O confisco em massa de
grãos armazenados começou no inverno de 1920, desencadeando o início da
fome em janeiro de 1921.

A safra decepcionante em 1920, seguida de desastres naturais


contribuíram para a fome, mas foram as políticas socializantes de requisição
agrícola que, de longe, causaram os piores estragos. Os camponeses já estavam
acostumados a manter considerável quantidade de estoque excedente para suprir
sua própria demanda em períodos de escassez. Mas de que adiantava produzir
mais se o Estado tomava tudo?

As secas de 1920 e 1921 atingiram quase metade das áreas de produção


de grãos; mais de 20% de toda safra foi totalmente perdida. As regiões mais
afetadas foram a Rússia, Ucrânia e o Cazaquistão, onde mais de 33,5 milhões de
pessoas foram alcançadas pela fome.​1 ​Para piorar, desde o final de 1920, quando
o regime bolchevique parecia vitorioso na guerra civil, revoltas camponesas
eram deflagradas a todo momento. No início de 1921, relatos chocantes sobre a
fome espalhavam-se polvorosamente. Pessoas invadiam cemitérios em busca de
corpos “recém-chegados”, outros armazenavam cadáveres de familiares como
reserva de alimento. Uma mulher foi condenada à prisão por comer na
15
companhia dos filhos pedaços do corpo do marido, morto há algumas semanas.
Quando os policiais chegaram no local, ela disse: ​“Não desistiremos (...) ele é
de nossa família e ninguém tem o direito de tirá-lo de nós.” 2​

Até 21 de julho de 1921, o governo bolchevique recusou-se a admitir que


a desgraça era real, palavras como escassez e fome haviam sido suprimidas da
imprensa a mando de Lênin. Muito antes das autoridades soviéticas forneceram
qualquer ajuda aos famélicos, a Igreja Ortodoxa Russa, sob a liderança do
Patriarca Tikhon, criou o Comitê Público de Todas as Rússias para Ajuda aos
Famintos. Com a influência de escritores, cientistas, clérigos e outros russos
notáveis, a organização humanitária de Tikhon apelou à comunidade religiosa
internacional para ajudar com a fome na Rússia, enquanto o eminente escritor
Maxim Gorki foi além: ​“Peço a todos os europeus e americanos honestos ajuda
imediata ao povo russo (...).” 3​

Uma resposta imediata foi dada pelo Secretário do Comércio dos Estado
Unidos Herbert Hoover oferecendo assistência através da Administração
Americana de Auxílio (ARA). No início, Lênin não gostara nada da ideia de
receber ajuda de um país capitalista, então amaldiçoou Hoover: ​“Tem-se de
punir Hoover, tem-se de esbofeteá-lo publicamente para que todo mundo veja”​.
Pressionado pelos seus colaboradores mais íntimos, Lênin não tinha escolha a
não ser concordar com a criação de um novo comitê para erradicar a fome: o
Pomgol.

O Pomgol e a ARA assumiram a responsabilidade no alívio da fome.


Herbert Hoover estabeleceu condições para que a ARA pudesse oferecer ajuda
econômica e socorro humanitário à Rússia; prisioneiros americanos deveriam
ser libertados, a livre movimentação da ARA pelo território russo respeitada e,
por último, a liberdade de oferecer ajuda a todos, sem distinção de raça, credo
ou pensamento político. O ditador russo ficou furioso com as exigência, para se
vingar, mais tarde, ele fecharia o Pomgol e prenderia 98% de seus membros.​4
Para que todos ficassem sob seu controle político, Lênin escreveu a um alto
funcionário do Partido:

“Podemos esperar a chegada de muitos norte-americanos. Temos que


tomar muito cuidado com a vigilância e a inteligência (...) o
importante é identificar e mobilizar a máxima quantidade de

16
comunistas que saibam inglês para infiltrá-los na Comissão de
Hoover e exercerem outras forma de vigilância”.5​

A Administração Americana de Auxílio chegou a alimentar, em 1922,


cerca de ​11 milhões de pessoas por dia​. Também eram responsáveis pelo
fornecimento de sementes aos camponeses para que estes cultivassem seus
próprios alimentos e superassem a fome aos poucos. 6​

Os comunistas, por outro lado, estavam mais interessados em continuar


reprimindo seu povo. Um decreto de 22 de fevereiro de 1922 obrigou a Igreja
Ortodoxa a entregar todos seus objetos feitos de ouro, prata e pedras preciosas.
Suas relíquias sagradas foram confiscadas pelos bolcheviques para serem
vendidas; os recursos assim adquiridos seriam supostamente aplicados na ajuda
aos esfomeados.​7 ​Não existe provas de que as autoridades realmente usaram o
dinheiro para fins humanitários. A espoliação era parte da processo de
perseguição à igreja desde 1917, quando padres e bispos estavam sendo
condenados à pena capital sem julgamento justo. Lênin, mesmo com a saúde
cada vez mais deteriorada e um país dilacerado pela fome, proferiu:

“Quanto maior o número de representantes do clero e da burguesia


reacionários que conseguirmos fuzilar de imediato, melhor. É
precisamente agora que devemos passar a esse público uma lição, de
forma que não ousem sequer pensar em resistência durante várias
décadas.”​ 8​

E acrescentou, no mês seguinte, em uma carta secreta ao Partido Comunista,


com sua desumanidade maquiavélica:

“É precisamente agora e só agora, quando nas regiões famélicas as


pessoas estão comendo carne humana, e centenas, senão milhares, de
cadáveres estão espalhados pelas estradas, que podemos (e, portanto,
devemos) empreender o confisco de bens da Igreja com a mais
selvagem e impiedosa energia.” 9​

Na cidade de Shuya, trezentos quilômetros a nordeste de Moscou, em


1922, um grupo de quinze religiosos foram mortos quando tentavam impedir
que soldados roubassem objetos de valor sagrado da igreja.​10 ​No final de 1922,

17
quando a fome havia sido controlada em algumas localidades, um relatório da
polícia política recontava:

“ [...] com relação às informações que nos chegam da província de


Kiev, onde se assiste a uma onda de suicídios como nunca se viu
antes: os camponeses se suicidam em massa porque eles não podem
pagar os impostos nem pegar em armas, pois estas lhes foram
confiscadas. Em toda a região, a fome que os atingiu há mais de um
ano deixa os camponeses bastante pessimistas sobre o próprio

futuro.” 11

O resultado da primeira experiência do socialismo foi catastrófico. A


historiografia de esquerda costuma salientar que a fome estava ligada aos
desastres naturais e a guerra civil (esta desencadeada pelos próprios
bolcheviques), mas isso é apenas uma meia verdade. A última e a maior fome
que a Rússia Imperial enfrentara ocorreu em 1891-1892, calamidades naturais
e a incompetência das autoridades czaristas acentuaram a crise; 400 mil
pessoas perderam a vida. Em comparação com a fome de 1921, que ceifou a
vida de pelo menos ​5 milhões ​de almas,​12 os bolcheviques provocaram uma
fome que supera em mais de 10 vezes a crise alimentar de 1891-1892.

Em 30 de dezembro de 1922, esvaída em meio ao sangue de seu próprio


povo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi definitivamente
formada. Era o início de uma catástrofe social que duraria três quartos de
século.

18
Capítulo 04

HOLODOMOR
A Grande Fome Soviética de

1932-1933
Holodomor: a grande fome soviética de 1932-1933

Após a morte de Vladimir Lênin, em 1924, uma luta interna pelo poder, entre
Leon Trótski e Josef Stálin, sucedeu-se. Em 1927 Leon Trótski é expulso do
Partido Comunista e, em 1929, após dois anos de intensa oposição à facção de
Stálin, que governava o país, é decididamente exilado da União Soviética. Era o
início do stalinismo.

Para insuflar a guerra entre os camponeses no final dos anos 1920, os


bolcheviques introduziram a luta de classe no campo, o termo ​kulak ​(camponês
rico) passou a ser utilizado como arma política. A diferenciação socioeconômica
no campesinato era quase nula, pois, a riqueza de um camponês era equivalente
ao tamanho de sua família (os camponeses mais pobres tinham apenas um par
de sapatos; os mais ricos tinham dois). Qualquer um poderia ser denunciado
como ​kulak, ​bastasse possuir uma vaca ou um cavalo, ter em sua propriedade
uma carroça ou um arado de ferro.

Houve vasta resistência dos camponeses à coletivização. Só entre


1929-1930, foram registradas 44.779 revoltas.​1 Para evitar o inevitável, os
camponeses queimavam suas fazendas, destruiam todas as ferramentas, vendiam
ou exterminavam o gado. A coletivização forçada foi um desastre. Milhões de
camponeses foram arrancados de suas casas e obrigados a se integrarem
compulsoriamente às fazendas coletivas, as chamadas ​kolkozes. Todos os bens
dos camponeses foram transferidos para as ​kolkozes​, vilas inteiras foram
transformadas em grandes fazendas coletivas. A tragédia só estava começando.

A queda na produção agrícola era evidente, os melhores camponeses


migraram voluntariamente para as cidades visando o trabalho industrial, outros
foram deportados para regiões inóspitas na Sibéria ou enviados a campos de
trabalho forçado que multiplicavam-se rapidamente na União Soviética. No
final de 1931, em torno de 380 mil famílias ​kulaks​, isto é, 1,8 milhão de pessoas
foram deportadas para a Sibéria, Urais, norte do Cáucaso e Cazaquistão

O regime sabia em 1931 que a escassez de alimentos era iminente. No


verão daquele ano, as autoridades obrigaram que as fazendas coletivizadas
entregassem ao Estado a colheita “até o último grão”, os camponeses só
ficariam com o necessário para subsistirem, às vezes nem isso. Mas, para não
20
ficarem sem o que comer, os camponeses escondiam em buracos na terra
resquícios do que produziam, geralmente grãos e espigas de milho. Em 7 de
agosto de 1932, Stálin aprovou uma nova e arbitrária lei para acabar com o
roubo constante de alimentos, que podia ser uma única espiga de milho ou
batata. Aqueles fossem apanhados roubando a “propriedade socialista” eram
condenados à morte ou punidos de 5 a 10 anos em campos de trabalho forçado.
Entre 1932 e 1933, não menos do que 15 mil pessoas foram executadas por
roubar alimentos. 2​

Com o desabastecimento e os “rumores de fome” sendo relatados a todo


momento, membros do Partido Comunista pediam para que Stálin importasse
alimentos para reduzir o sofrimento da população. ​“Não podemos importar
trigo pois temos poucas divisas. De qualquer maneira, mesmo que as
tivéssemos, não importaríamos trigo, pois a importação de trigo só faria
diminuir o nosso crédito no estrangeiro”​, confessara Stálin a dois camaradas do
Partido. 3​

No dia 27 de dezembro de 1932, Stálin ordena a reintrodução do


passaporte interno (​propiska​), reduzindo completamente a liberdade de
movimento. Na prática, as Repúblicas Socialistas da Ucrânia e do Cazaquistão
foram as mais afetadas. Stálin, sabendo que os camponeses famintos saíam de
suas aldeias e fazendas coletivas em direção às cidades, agora precisariam
apresentar o passaporte interno para os soldados que controlavam as fronteiras
da unidade territorial. A fome continuava atingindo diversas regiões e os
camponeses recusavam-se a entregar as cotas de produção exigidas pelas
autoridades. Stálin amaldiçoou o campesinato chamando-os de “sabotadores”.

A fome chegou a atingir 30 milhões de soviéticos, mas mesmo assim


Stálin continuou exportando trigo. Desequilibrar a balança comercial
importando alimentos poderia manchar a imagem da União Soviética no
exterior. Durante o clímax da fome, a nação socialista exportara 354 mil
toneladas de trigo, suficiente para alimentar alguns milhões durante meses. 4​
Stálin também poderia, assim como ocorrera na fome de 1921, aceitar ajuda
humanitária internacional. Mas preferiu manter tudo hermeticamente escondido.

Casos de canibalismo eram relatados com frequência no auge da fome no


verão de 1933. ​“Em Kharkov, são recolhidos a cada noite cerca de 250

21
cadáveres de pessoas mortas de fome ou de tifo. Nota-se que um número muito
grande dentre eles não possuía mais fígado, que parecia ter sido extraído
através de um grande corte. A polícia acabou encontrando alguns dos
misteriosos 'am-putadores', que confessaram que com essa carne eles
preparavam o recheio dos pirojki [pequenos patês] que em seguida eram
vendidos no mercado”​, assinalava um relatório policial.​5 Uma canção fúnebre
cantada por crianças ucranianas expressava o horror do socialismo soviético:

“Pai Stálin, preste bem a atenção

A fazenda coletiva é só uma ilusão

Celeiro em ruína, cabana destroçada

E todo cavalo tem uma perna quebrada

E na cabana uma foice e um martelo

E na mesma cabana morte e flagelo

Já não há vacas e porcos hoje em dia

Na parede há somente sua fotografia

Papai e mamãe estão ali no Kholkoz

E às pobres crianças resta chorar a sós

Não há mais pão não há mais banha

O partido vem e logo tudo abocanha

Não procure a alma gentil de um novilho

Outro dia ainda, um pai devorou seu filho

Os homens do partido são uns tirados

E nos atiram nos campos siberianos.” 6​

22
Numa carta interceptada em fevereiro de 1933, pelo departamento da
OGPU (polícia secreta soviética de 1923 até 1934) da região do Norte do
Cáucaso, uma mulher relata:

“É possível que em breve fiquemos inchados de fome. Por aqui,


ouve-se dizer que já se comem pessoas. Na manhã do dia 18, quando
ia ao armazém, vi pessoas correrem em direção à rua Nikolaevskaia
[na cidade de Rostov], onde se descobriram mãos e pés queimados.
Levaram cães polícias e apanharam pessoas, mas não sei o que
aconteceu depois. Mas sei que no dia seguinte, no mercado,
prenderam uma mulher que vendia salsichas de carne humana; vi as
salsichas, eram apetitosas e muito amarelas; quanto ao sabor,
obviamente que não faço ideia.” 7​

No mês seguinte, em 19 de abril, um oficial da polícia documentou uma


ocorrência na região de Donetsk, no sudeste da Ucrânia:

Iryna Khrypunova estrangulou a sua neta de nove anos de idade e cozeu


os órgãos internos. Anton Khrypunov removeu os órgãos internos da sua
irmã de oito anos de idade e comeu-os. Poderiam, ainda, ser mencionados
outros casos. 8​

Até mesmo crianças recorreram ao canibalismo para sobreviverem. Em


todos os lugares crianças de rua (os ​besprizorniki​) vagavam à procura do que
comer, algumas tiveram a sorte de serem “adotadas” por aldeões de bom
coração que criavam orfanatos improvisados para ajudá-las. Como se lembraria
depois uma mulher responsável por um desses orfanatos:

“As crianças tinham as barrigas inchadas; estavam cobertas de


crostas de feridas; os corpos cheios de erupções. Nós as levávamos
para fora, as cobríamos com lençóis e elas gemiam. Um dia, as
crianças ficaram subitamente silenciosas, nós procuramos saber o
que estava acontecendo e as vimos comendo a menor de todas, o
pequeno Petrus. Elas rasgavam sua pele e a comiam. As outras
crianças encostavam seus lábios em seus ferimentos e sugavam o
sangue. Levamos o menino dali, livrando-o das bocas famintas e
começamos a chorar”​. 9​

23
Viktor Kravchenko, futuro dissidente soviético, passara algumas
semanas próximo a uma região atingida pela fome e, em seu livro de memórias,
reproduziu: ​“À noite chegamos ao vilarejo. Houve um silêncio de morte. Os
cachorros foram comidos; essa é a causa do silêncio, disse um camponês”​.
“Centenas de pessoas estão inchadas de fome. Eu não sei quantos morrem
todos os dias. Eles são tão fracos que nem sequer saem de casa. Os caminhões
do governo buscam os corpos todos os dias. Estão comendo tudo: cães, gatos,
ratos, pássaros. Amanhã, à luz do dia, você verá que as árvores estão
descascadas. Eles as comem. Às vezes, também cozinham esterco”​, completou
uma camponesa. 10​

Ainda assim, Stálin emitiu ordens em 22 de janeiro de 1933 para


restringir ainda mais a circulação de moribundos nas cidades, a venda de
passagens ferroviárias foi proibida em vários distritos.

Aqueles pegos tentando fugir das “zonas de fome” foram forçados a voltar de
onde vieram.​11

Em abril de 1933 uma mulher lamenta: ​“Este país sempre fértil vive hoje
atormentado pela fome; não há nada nas lojas nem nos mercados. As pessoas
no limite das suas forças morrem de fome em plena rua”​. 12

Stálin foi responsável pela pior fome que castigara a Europa em toda a
sua história. De maneira artificial, condenou milhões ao mais abjeto desespero e
sofrimento. O influente correspondente do ​New York Times em Moscou, Walter
Duranty, que não disfarçava seu comprometimento ideológico à causa do
socialismo, fez o possível para ocultar a fome soviética. Qualquer um que
denunciasse a fome em veículos de comunicação era taxado de “fascista” e
severamente atacado por Duranty. No ​New York Times, ​Duranty escreveu:
“Qualquer relatório de uma fome na Rússia é hoje um exagero ou propaganda
maligna”​, e completou dizendo que ​“a grande mortalidade era devido às
doenças decorrentes da má nutrição”​. 13 ​ ​Stálin recebeu grande ajuda da
esquerda internacional para ocultar seus crimes.

Os ucranianos passaram a descrever a fome de 1932-1933 como


Holodomor ​(traduzido literalmente como “morte pela fome” ou “matar pela
fome”). Em seu discurso em 1953, na Convenção do Genocídio das Nações
Unidas, Rafael Lemkin, advogado internacional que cunhou o termo ​genocídio​,
24
considerou a fome soviética de 1932-1933 como “exemplo claro de genocídio”.
14

Mas afinal, quantas pessoas morreram? Historiadores têm apresentado


dados divergente em relação à mortalidade da fome, em parte devido à falta de
documentação estatística cabal. Todavia, é consenso historiográfico que não
menos de ​4 milhões ​de vidas foram ceifadas pela fome ou por doenças
oportunistas que fragilizavam ainda mais pessoas em estado avançado de
inanição, como o tifo e a cólera. Outros historiadores falam em até 7 milhões ​de
mortos.​15 A Ucrânia soviética foi a mais afetada, em seguida o Cazaquistão, que
perdera quase a metade de sua população. 16​

25
Capítulo 05

STALIN E HITLER
O Pacto Demoníaco
Stálin e Hitler: O Pacto Demoníaco

A historiografia mundial, inalteradamente, afirma que o Pacto


Molotov–Ribbentrop, ou Pacto Nazi-Soviético, assinado em agosto de 1939, foi
a única forma diplomática que os soviéticos encontraram para frear a
ostensividade bélica do Terceiro Reich. E, ainda, asseguram, que quem
procurou os soviéticos para firmar um pacto foram os nazistas. Geralmente,
historiadores especializados em Segunda Guerra Mundial não costumam ter um
conhecimento equilibrado entre Alemanha nazista e União Soviética. Portanto,
uma série de erros interpretativos tornaram-se história convencional.

O comportamento soviético no âmbito das Relações Internacionais


sempre foi pautado na desinformação. Desde os anos 1920, os soviéticos (o país
à época ainda não se chamava União Soviética) apoiaram ​todas ​as convenções e
regramentos internacionais de maneira ​pública​, para que a imagem de seu país
pudesse figurar entre as nações mais alinhadas ao progresso e a paz. Por outro
lado, os socialistas soviéticos firmaram tratados que desrespeitavam tudo que
haviam declarado ​publicamente​.

Após a Primeira Guerra Mundial, as potências europeias que venceram o


conflito assinaram o Tratado de Versalhes, este, além de impor uma cláusula de
culpa à Alemanha, também determinou sua completa desmilitarização. A
desmobilização militar da Alemanha impedia o desenvolvimento da indústria
bélica, como a produção de tanques e armamento de grosso calibre, os alemães
também viram sua força aérea ser extinta e a marinha sucateada.

Os soviéticos enxergaram uma oportunidade de criar um eixo


anti-Versalhes com benefícios mútuos entre a Alemanha e a Rússia
bolchevique, já que ambos países eram considerados párias pela Comunidade
Internacional. Concordando em normalizar suas relações, em abril de 1922, foi
assinado o Tratado de Rapallo entre as duas nações. A princípio, o tratado não
feria o Direito Internacional, mas como tudo que os soviéticos faziam era com
“segundas intenções”, as potências acabaram descobrindo que existia um anexo
secreto do pacto que permitia a Alemanha treinar militares e desenvolver sua
indústria bélica em ​território soviético​. Posteriormente as potências intervieram
e os planos do Tratado de Rapallo foram por água abaixo.

27
Em 1926, após a calmaria, a União Soviética e a Alemanha firmam o
Tratado de Berlim, que, na prática, reafirmou os ansejos do Tratado de Rapallo.
Um dos poucos historiadores a descrever as intenções do novo acordo foi
Richard Overy, em seu excelente livro ​Os ditadores​:

Para contornar as persistentes restrições ao desenvolvimento de armas


impostas pelo Tratado de Versalhes, o Exército alemão tomou uma
radical decisão de colaborar com o Exército Vermelho em terra soviética,
longe das equipes de inspeção Aliada. Sob os termos de um tratado
assinado em Berlim em 1926, forças alemãs tinham permissão para
estabelecer centros experimentais de pesquisa de tanques, armas químicas
e de aviação na União Soviética. Seguiram-se trocas regulares de pessoal.
Oficiais soviéticos eram enviados para cursos de Estado-Maior na
Alemanha, onde adquiriam ideias sofisticadas sobre como travar guerra
total; oficiais alemães viajavam incógnitos em trajes civis, faziam
experiências em bases espartanas na estepe soviética com as armas que
depois se tornaram a ponta de lança da investida alemã pela mesma
paisagem deserta em 1941.​1

Em Kazan, a 700 quilômetros de Moscou, engenheiros e pilotos de


tanques alemães puderam aprimorar projetos e táticas na ​Escola de Tanques de
Kama​. Já os pilotos alemães, desenvolviam e treinavam suas táticas militares na
Escola de Pilotos de Caça de Lipetsk,​ a 440 quilômetros a sudeste de Moscou.
No final de 1933, a escola já havia capacitado mais de 450 pilotos, especialistas
em esquadramento tático de bombardeiros e reconhecimento aéreo.​2

O rearmamento da Alemanha não foi o único auxílio soviético. Em


1932-1933, Stálin facilitou a chegada de Hitler ao poder proibindo
categoricamente os comunistas alemães de se aliarem aos social-democratas
contra os nazistas nas eleições parlamentares; os votos somados superavam em
1,5 milhão, aproximadamente, os votos nazistas.​3 Depois de alcançar o poder na
Alemanha, Hitler não precisava mais da ajuda dos soviéticos para burlar
tratados internacionais. Rapidamente as bases de treinamento foram desativadas
e ocultadas dos registros soviéticos.

Hitler não extinguiu o Tratado de Berlim, chegou até mesmo a ratificá-lo


duas vezes até ser “substituído” pelo pacto de agosto de 1939. Com o

28
distanciamento das relações nazi-soviéticas, Stálin — e não Hitler — tentou
aproximar-se, mais de uma vez, do Terceiro Reich. Em 28 de janeiro de 1935,
no VII Congresso dos Soviets, Molotov disse: “Não temos outro desejo senão
vir a ter boas relações com a Alemanha nazista”.​4 Entre 1934 e 1937, David
Kandelaki, chefe da comissão comercial em Berlim, foi um dos principais
responsáveis na tentativa de selar um acordo entre Hitler e Stálin. Após
sucessivos fracassos em estabelecer uma relação amistosa com o ditador
alemão, Kandelaki voltou a Moscou, foi preso em 1937 e fuzilado no ano
seguinte.

Stálin, de maneira consciente, usaria o Terceiro Reich como um


“quebra-gelo” para expandir seu império vermelho pela Europa. Devastada pela
guerra, o continente europeu tornar-se-ia um alvo fácil a ser combatido pelo
movimento comunista. Em 1925, Stálin havia declarado que um nova guerra
mundial era inevitável. “Não pode haver dúvida que haverá uma guerra na
Europa, e todos dela tomarão parte”. Stálin obviamente não interviria no
conflito, esperaria a autodestruição europeia e, então, o Exército Vermelho
marcharia pelo continente igual um rolo compressor. “Teremos de entrar, mas
entraremos por último; e jogaremos nosso peso para desequilibrar a balança”,
articulou o ditador soviético.​5

Quando o Pacto Nazi-Soviético foi assinado em 1939, Hitler tornou-se


amigo do império comunista, e o ​Izvestia​, Diário Oficial na União Soviética
desde 1917, escreveu: “É possível respeitar ou odiar o hitlerismo ou qualquer
outro sistema de ideias políticas. Isto é uma questão de gosto. Um comunista,
portanto, se lhe agradasse, poderia respeitar os ​fascistas​.6​ ​Durante 17 meses do
acordo, a União Soviética supriu as necessidades de Hitler como nenhuma outra
nação. Adam Tooze, em ​O preço da destruição​, descreve o volume das
negociações:

A União Soviética tornou-se, rapidamente, a principal fonte de forragem


animal importada para a Alemanha. Em 1940, forneceu também 74% das
necessidades de fosfato, 67% das importações de asbestos, 65% do
minério de cromo, 55% do manganês, 40% do níquel e 34% do petróleo.​7

Os defensores obscenos do socialismo soviético alegam que muitos país


do mundo capitalista também faziam comércio com a Alemanha nazista,

29
portanto, os tratados comerciais entre as duas tiranias eram legítimos. Porém,
nenhum país do mundo comercializou com os nazistas sabendo que as trocas
seriam desfavoráveis, com exceção da União Soviética.“A conclusão do tratado
nos salvou”, assumiu o coronel do Exército alemão Eduard Wagner.​8 Como de
praxe, o pacto demoníaco também possuía cláusulas ocultas como a repartição
do território polonês em duas esferas de influência, trocas constantes de presos
políticos mediante encontros da Gestapo com o NKVD.

O plano soviético de dominação mundial teve um preço humano e


econômico muito alto. Os alemães invadiram a União Soviética em 22 de junho
de 1941. Sem piedade, os alemães destruíram tudo e todos que encontravam
pelo caminho; era uma guerra de aniquilação. No final da Segunda Guerra
Mundial, dezenas de milhões de soviéticos haviam morrido, 1/6 de todo o
capital físico soviético virou escombros e pó. Mas mesmo assim, Stálin, em
partes, saiu vitorioso. No período imediato ao pós-guerra, o mapa da Europa
ficava cada vez mais vermelho rumo ao caminho da servidão.

5.1 Por ordem de Stálin


Confrontado com os constantes relatos de deserção após a invasão da Alemanha
nazista em junho de 1941 à União Soviética, Stálin preparava mais uma de suas
ordens draconianas para conter o derrotismo diante do inimigo. Em 16 de agosto
de 1941, Stálin emitiu a Ordem nº 270, que continha as seguintes ameaças:

“Ordeno que (1) quem remover sua insígnia [...] e se render deve ser
considerado um desertor maligno cuja família deve ser presa como a de
um transgressor do juramento e traidor da pátria. Esses desertores
devem ser fuzilados no local. (2) aqueles que ficarem cercados devem
lutar até o fim [...] os que preferirem se render deverão ser destruídos
por qualquer meio disponível, e suas famílias devem ser privadas de toda
assistência”.1​

Stálin não se importava que a Ordem fosse afetar diretamente sua família,
já que seu filho primogênito, Yakov, havia sido capturado um mês antes pelo
exército de Hitler. Quando Stálin recebera um envelope com a fotografia de seu
filho junto a um grupo de prisioneiros, observou a foto paulatinamente, não
conseguia acreditar que seu filho pudesse ser um traidor da pátria. Em algumas

30
semanas, Júlia, a esposa de Yakov, foi presa de acordo com a Ordem nº 270,
emitida pelo seu próprio sogro: Stálin.

Em 28 de julho de 1942, o 6º Exército alemão, liderado pelo


comandante-chefe Friedrich Paulus, impôs uma série de derrotas aos soviéticos,
fazendo estes abandonarem o campo de batalha. Quando Stálin soube da
retirada teve um acesso de fúria e disse: “Eles esqueceram minha Ordem!”.
“Eles a esqueceram!”. Então pediu para que o general Vasilevski escrevesse
uma nova ordem com as mesmas palavras.​2 O general voltou na mesma noite
com um esboço da Ordem nº 227, amplamente conhecida como “Nem um Passo
Atrás”.

Durante a guerra, foram condenados mais de 994 mil militares soviéticos


só nos tribunais militares. Dentre estes, quase 160 mil foram exterminados.​3
Mais da metade das sentenças foram lidas entre 1941 e 1942. A maioria dos
condenados era composta de soldados e oficiais do Exército Vermelho que
tinham sido feitos de prisioneiros de guerra ou tinham evadido de algum cerco
feito pelos alemães.

No início de 1943, a Batalha de Stalingrado estava chegando ao fim. Os


soviéticos cercaram completamente o 6º Exército alemão de Paulus. Hitler,
tentando evitar que Paulus, agora com a patente de marechal de campo, fosse
feito prisioneiro. O ditador alemão sugeriu a Stálin trocar seu filho Yakov pelo
marechal Paulus. Então Stálin respondeu, condenando seu filho à morte certa:
“Não troco um soldado por um marechal.” 4​ No mês seguinte, em abril, Yakov
foi morto no campo de concentração de Sachsenhausen, na Alemanha, em
condições misteriosas.

31
Capítulo 06

SOVIÉTICOS
Estupraram Dois Milhões

de Mulheres
Soviéticos estupraram 2 milhões de mulheres

Durante os últimos estágios da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho,


marchando rumo a Berlim, estuprou ​milhões de mulheres como parte de sua
recompensa. Motivados pela vingança, ódio e embriaguez constante, “freiras,
meninas, idosas, mulheres grávidas ou que tinham acabado de dar à luz foram
estupradas sem a menor compaixão”. Em todos os países e cidades em que os
soldados soviéticos pisaram com suas botas, casos de violência sexual e
humilhação pública de civis eram denunciados constantemente às autoridades.
Em Viena, segundo relatórios hospitalares e testemunho de médicos, quase 90
mil mulheres foram violentadas por soviéticos em apenas três semanas após à
chegada do Exército Vermelho na região.​1​ O historiador Tony Judt registra:

“Na rota oeste, o Exército Vermelho estuprou e saqueou na Hungria,


Romênia, Eslováquia e Iugoslávia; mas as mulheres alemãs foram as
que mais sofreram. Em 1945 e 1946, entre 150 mil e 200 mil ‘bebês
russos’ nasceram na zona alemã sob ocupação soviética, e esses
números ignoram os incontáveis abortos, em virtude dos quais muitas
mulheres morreram com os fetos indesejados. Muitos dos
recém-nascidos sobreviventes engrossaram as estatísticas dos órfãos
e dos sem-teto: destroços humanos da guerra.” 2​

Ao ser informado sobre a desordem e os crimes praticados pelos


soviéticos durante a ocupação, o Marechal Vasilevsky, comandante da 3ª Frente
Bielorrussa, respondeu friamente: ​“Não dou a mínima. Chegou a hora de
nossos soldados fazerem sua própria justiça”3​​ . Milovan Dilas, importante
comunista iugoslavo, questionou Stálin sobre os abusos praticados pelos
soviéticos nos países ocupados. O ditador, pouco se lixando, respondeu: “Você
leu Dostoiévski, é claro. Vê como a alma humana é complicada? Então, imagine
um homem que lutou de Stalingrado a Belgrado — por milhares de quilômetros
de sua própria terra devastada, por cima dos cadáveres de seus camaradas e
entes mais queridos? Como pode um homem assim reagir normalmente? E o
que há de tão medonho em se ​divertir ​com uma mulher depois de tais
horrores?”.​3​ O relato abaixo demonstra como os soldados de Stálin se divertiam:

33
[...] em uma fazenda “os corpos de duas mulheres nuas tinham sido
pregados pelas mãos nas duas portas do celeiro”. Lá dentro os
alemães encontraram mais 73 cadáveres. Médicos atestaram que todas
as mulheres, mesmo meninas de 8 a 12 anos, haviam sido estupradas
— até uma senhora de 84 anos — e assassinadas de maneira
selvagem”. O relato não foi invenção e o abuso não se limitou às
mulheres alemãs, pois um relatório polonês, de 19 de março de 1945,
de uma região próxima, descreveu história semelhante sobre o
Exército Vermelho, com detalhes horripilantes demais para serem
aqui repetidos.​ 5​

“Os soldados do Exército Vermelho não acreditam em ‘relações


individuais’ com as mulheres alemãs”, confessou um oficial soviético em seu
diário. “Nove, dez, 12 homens ao mesmo tempo — o estupro para eles é uma
atividade coletiva.”​6 Idade, beleza ou qualquer outro critério de escolha não
faziam, certamente, a menor diferença. Os soviéticos não perdoaram nem
mesmo mulheres russas que foram libertadas de campos de concentração
nazistas; moribundas e psicologicamente confusas, foram vítimas fáceis para os
predadores sexuais de Stálin. Laços ideológicos também não foram suficientes
para frear a selvageria do Exército Vermelho. Ao sul de Berlim, na pequena vila
de Prieros, Hildegard Radusch, que dedicara boa parte de sua existência
disseminando o marxismo, aguardava à chegada dos russos com brilho nos
olhos e semblante esperançoso. Quando as tropas soviéticas ingressaram na vila,
um de seus primeiros atos foi o estupro coletivo da comunista Hildegard
Radusch. 7​

Muitas alemãs acreditavam que a presença de seus filhos evitaria que


fossem brutalmente estupradas, algumas abraçavam seus filhos com toda força
na tentativa de que o amor materno pudesse poupá-las do trauma e humilhação.
A esposa de um oficial da SS, não conseguiu escapar, foi estuprada na frente
dos próprios filhos. “Meu Deus! Que confusão eu fiz com o primeiro! Não
posso deixar de rir quando lembro. Segurei Elke em meus braços e botei
Norfried à minha frente, esperando amolecer seu coração, mas ele apenas
empurrou Norfried e jogou-me no chão. Gritei e agarrei-me a Elke, mas o russo
seguiu em frente até eu ser obrigada a largá-la. Ele foi bastante rápido e tudo

34
não demorou mais do que cinco minutos (...) Logo descobri que era muito
melhor não resistir; tudo terminava mais rápido se não resistíssemos.” 8​

“O risco de ser estuprada por um soldado soviético só deixou de existir


quando as tropas foram confinadas a seus quartéis, em 1947”, recorda o
historiador holandês Ian Buruma.​9 ​Isso quer dizer que, durante longos dois anos
após a Segunda Guerra Mundial, os soldados do Exército Vermelho, descrito
pelos comunistas como “libertadores”, estupraram, pilharam e humilharam,
sobretudo alemães, que já haviam se rendido. Foi somente em 1949 que o
Parlamento soviético aprovou uma lei que punia soldados com penas de 10 a 15
anos em campos de trabalho forçado caso cometessem crimes sexuais. No total,
historiadores acreditam que cerca de 2 milhões de mulheres foram estupradas
por soldados do Exército Vermelho.​10 A guerra terminou na Europa em 1945; o
sofrimento não.

35
Capítulo 07

GULAG
Os Campos de Concentração

Soviéticos
Gulag - Os campos de concentração soviéticos

Todas as instituições usadas por Stálin para promover o seu reinado de terror já
haviam sido criadas por Lênin, inclusive os campos de concentração. O
acrônimo ​Gulag significa “Glavnoe Upravlenie Lagerei”, ou “Administração
Central dos Campos”. Com o tempo, o Gulag passou a indicar não somente os
campos de trabalho forçado, mas todo o sistema concentracionário da União
Soviética. Com 22,4 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a 1/6 da
superfície terrestre, a unidade territorial soviética era vasta e rica. Mas toda essa
riqueza encontrava-se em regiões inóspitas onde o clima poderia chegar
facilmente a menos de 50° graus abaixo de zero. Como promover o trabalho
voluntário nessas regiões? Os soviéticos criariam um império de escravos para
resolver esse problema.

O Gulag tinha precedentes na Rússia Imperial. Os campos de trabalho


forçado, o exílio administrativo e as prisões czaristas não eram partes
totalizantes do sistema político-econômico do Império, assim como o Gulag era
para o regime soviético. Portanto, o caráter de ambos sistemas
concentracionários era significativamente distintos. Enquanto a Rússia Imperial
mantinha seus cativos depositados em regiões inóspitas, muitas vezes os
deixando escapar facilmente — Stálin fugiu diversas vezes —, o sistema de
campos soviéticos era terrivelmente desumano em suas três frentes: prisões
convencionais, colônias penais e campos de concentração. Exilados e inimigos
políticos do czar gozavam de certas liberdades e privilégios.
Quando Lênin estivera exilado na Sibéria, no final do século XIX, foi
autorizado a possuir uma espingarda de caça​1​; Stálin, quando preso em 1902 na
penitenciária de Batumi, na Geórgia, lecionava cursos de “capacitação
revolucionária”, ministrava palestras em voz alta de sua própria cela para os
demais detentos. “Ele passava o dia inteiro lendo e escrevendo [...] Seu dia na
prisão tinha uma rotina rígida: acordava bem cedo, fazia exercícios matinais,
depois estudava alemão e lia livros de economia. Jamais descansava e gostava
de recomendar aos camaradas livros para ler”, disse um companheiro de
cárcere. “Stálin transformou a prisão em universidade e chamou-a de sua

37
‘segunda escola’”, lembrou outro prisioneiro​.2​ Décadas depois, em 1937, Stálin
zombou:​ ​“As prisões se pareciam mais com casas de repouso.” 3​

Origens do Gulag
Na esteira sangrenta da Revolução Russa, os bolcheviques baixaram um decreto
em 5 de setembro de 1918 ordenando que “inimigos do povo” fossem lançados
em campos de concentração e que todas as pessoas ligadas à organizações
contrárias a ordem vigente fossem sumariamente executadas. 4​ No mesmo mês,
dirigindo-se a uma plateia de socialistas, Gregori Zinoviev disse:
“Construiremos o socialismo a qualquer preço. Construiremos o socialismo
mesmo se o preço for o extermínio de 10 milhões de pessoas. Que sejam
aniquilados!”​.5​ Ironicamente, Stálin o aniquilaria em 1936, em um julgamento
teatral.

No final de 1920, havia 84 campos de concentração na Rússia, contando


com mais de 50 mil detentos; três anos depois, eles já superavam 70 mil, em
mais de 300 locais diferentes.​6 Em 13 de abril de 1929, o Politburo adotou uma
resolução intitulada “Sobre a Utilização da Mão de Obra de Prisioneiros
Criminais”, que extinguia a velha distinção entre “campos comuns” e “campos
especiais”.​7 A resolução também propunha enviar os detentos para regiões
remotas com o propósito de colonizar e exercer o “trabalho socialmente
produtivo” extraindo os recursos naturais dessas áreas hostis.

Durante toda a existência do Gulag, a polícia política desenvolveu um


papel ativo na administração dos campos (a polícia adotou vários nomes durante
a existência do regime: Cheka, GPU, OGPU, NKVD, MGB e, por último,
KGB). Quando os primeiro projetos de infraestrutura foram realizados pelos
prisioneiros, como a pavimentação de estradas, construção de pequenos trechos
ferroviários e pontes, as autoridades, satisfeitas com o sucesso do trabalho
escravo, resolveram ampliar a presença de prisioneiros em projetos de grande
porte.

38
O Gulag stalinista

Por capricho e ambição de de Stálin, o Politburo dispôs, em 5 de maio de 1930,


autorizar a construção do canal mar Branco-Báltico (​Belomorkanal ou ​Belomor,​
em russo) no extremo norte do país. Para mostrar a superioridade do sistema
socialista perante o capitalismo, o ditador decide construir o canal em apenas
dois anos. “Os atrasos imposto pelo canal de Suez e Panamá serão
pulverizados”, afirmou Stálin.​8

O canal requeria 227 quilômetros de escavação, cinco diques e dezenove


eclusas. Para um projeto de ambições imperiais, os não prisioneiros não
receberam nem ferramentas medievais, o trabalho seria totalmente manual, sem
luvas, martelos, picaretas, carrinhos de mão ou explosivos; quando algum
desses equipamentos eram concedidos, os condenados se revezavam para
utilizá-los. Mas quase tudo que existia no imenso canteiro de obras do canal foi
feito à mão. Um preso recordou:

“Não havia absolutamente nenhuma tecnologia. Até automóveis


comuns eram raridade. Tudo se fazia à mão, por vezes com ajuda de
cavalos. Escavávamos a terra com as mãos e a retirávamos em
carrinhos de mão; também escavávamos através dos morros com as
mãos e levávamos embora as pedras com a força dos braços.” 9​

Conforme as obras stalinistas iam ganhando vida, centenas de milhares de


inocentes eram, a maioria ​kulaks​, deportados ou aprisionados em campos.
Mikhail Kalashnikov, o famoso projetista de armas (pai do fuzil Ak-47), foi
deportado junto com a família, considerada ​kulak​, no início dos anos 1930, com
exceção de seu irmão, que teve um destino diferente:

Meu irmão mais velho, Viktor, recém-casado, tinha se escondido numa


cidade vizinha. A milícia o procurou em vão, e partimos sem ele para a
Sibéria. Mas logo foi denunciado por um vizinho “bem intencionado”,
que indicou a casa onde se refugiara. Isso lhe custou 7 anos de trabalho
forçado em campos de concentração [o primeiro campo foi o
Belomorkanal​]. Tinha sido inicialmente condenado a uma pena de três
anos, mas, como tentara fugir por três vezes (o sangue do dos “cossacos
livres” corria em suas veias!) viu sua detenção ser prolongada por dois
anos suplementares. Depois de seis anos, anunciaram-lhe que estava livre.
39
Antes de partir, fez ao chefe uma única pergunta: “Por que me
condenaram a seis anos de trabalhos forçado?” O chefe respondeu: “Ora,
ainda não entendeu o por quê?” E, rasgando o alvará de soltura de Viktor,
mando-o de volta para a prisão. Um ano mais tarde, no momento de sua
libertação, meu irmão não fez mais perguntas. Pegou seu alvará de soltura

e saiu sem dizer uma única palavra. 10

No final de 1933, as obras no ​Belomorkanal ​chegavam ao fim, em tempo


recorde, prisioneiros desprovidos de quase tudo construíram um canal
quilométrico. A obra foi utilizada pela propaganda stalinista para asseverar que
o trabalho escravo reeducava, que o novo homem soviético poderia renascer
graças às medidas “reeducativas” dos campos. Rapidamente o rebatizaram de
canal Stálin​. Mas de grandioso, o canal do mar Branco-Báltico não tinha
absolutamente nada. Para acabar dentro do prazo requerido, os engenheiros
foram obrigados a reduzir a profundidade do canal, isso limitou o
aproveitamento do canal por pequenas embarcações de baixo calado.
Aproximadamente 250 mil prisioneiros participaram da construção do canal mar
Branco-Báltico. Aproximadamente 30 mil condenados morreram de fome, frio,

ferimentos e doenças. 11

No decorrer do mini genocídio stalinista, que durou quase toda a década


de 1930, e logrou seu clímax em 1937-1938, 1,5 milhão de pessoas foram
presas e em torno de 700 mil foram fuziladas. 12 ​ “Se apenas 5% dos presos
forem realmente inimigos, será um bom resultado”, anotou Stálin. 13 ​ ​A cada
novo expurgo o Gulag enchia. Com medo de serem os próximos, vizinhos
denunciavam uns aos outros à polícia, acusavam-se de espionagem,
reaçonarismo ou, no jargão na moda, de serem “inimigos do povo”. As
acusações, quase sempre, eram absurdas:

Mitofan Moiseyenko era o operário de uma fábrica que complementava a


renda consertando móveis e janelas e realizando trabalhos incomuns para
os moradores de seu bloco comunitário, em Leningrado. Na primavera de
1935, Mitrofan envolveu-se em uma discussão com os vizinhos, que o
acusaram de cobrar caro demais pelos consertos. Ele foi denunciado pelos
vizinhos à polícia, sob a absurda alegação de que estaria mantendo

40
Trótski escondido em sua oficina, no porão do bloco. Mitrofan foi preso e
condenado a três anos em um campo de trabalho. 14​

Um rapaz recorda o pavor do pai, um operário de uma fábrica, quando um


carro (o carro do NKVD, a polícia política, era conhecido como “corvo”
devido a cor preta) parou à noite diante da residência em que moravam:

Todas as noites ele ficava acordado — esperando o som do motor de um


carro. Quando ouvia um som, sentava-se enrijecido na cama. Ficava
aterrorizado. Eu sentia o cheiro de seu medo, da transpiração nervosa, e
sentia seu corpo tremer, apesar de mal poder vê-lo na escuridão. Quando
ouvia um carro, ele sempre dizia: “Vieram me prender!” Estava
convencido de que iria ser preso por algo que teria dito — às vezes, em
casa, amaldiçoava os bolcheviques. Quando ouvia um motor sendo
desligado e a porta de um carro sendo fechada, meu levantava e
começava a procurar em pânico pelas coisas das quais achava que mais
precisaria. Ele sempre mantinha esses itens ao lado da cama para estar
pronto quando “eles” viessem prendê-lo. Lembro-me das cascas de pão
que ficavam ali — seu maior temor era partir sem levar pão. Foram
muitas noites em que meu pai praticamente não dormiu — esperando um

carro que nunca chegava. 15

O transporte até os campos

O transporte até os campos era parte integrante do sofrimento penal. Assim


como na Alemanha nazista, os prisioneiros soviéticos eram enfiados em vagões
de gado esquálidos e fechados; durante semanas, às vezes até meses, conviviam
em cubículos superlotados com outras dezenas de cativos:

“Era impossível mexer-se; nossas pernas adormeciam, a fome nos


deixavam tontas, e todas estávamos mareadas [...] apinhadas às
centenas, mal conseguíamos respirar; sentávamos ou deitávamos no
piso sujo ou uma sobre a outra, abrindo as pernas para acomodar

quem estava na frente.” 16

Os vagões eram separados de acordo com o gênero, as mulheres sempre


ficavam com as crianças, mas desde abril de 1935, quando Stálin reduzira a
41
maioridade penal para apenas 12 anos, muitas delas viajavam sozinhas. 17 ​ O
cheiro era insuportável, os vagões tinham apenas um buraco no chão que servia
de latrina e um copo coletivo para todos beberem água. Com medo de
represálias, familiares recusavam aceitar a guarda temporária de crianças cujos
pais foram presos ou mortos por serem “inimigos do povo”. Então, mulheres
levavam seus bebês e crianças pequenas quando não tinham com quem ficar. A
viagem era extenuante e poucas crianças aguentavam o percurso:

Alguns dias eram escaldantes, o fedor nos vagões se tornava insuportável,


e várias pessoas adoeciam. No nosso, um menino de dois anos estava com
febre alta e chorava o tempo todo por causa da dor. O único socorro que
os pais conseguiram foi um pouco de aspirina que alguém lhes deu. O
menino ficou cada vez pior e acabou morrendo. Na parada seguinte, numa
floresta desconhecida, os soldados tiraram seu cadáver do trem e,
imagino, o enterraram. O pesar e a raiva impotente dos pais eram de partir
o coração. Em circunstâncias normais, com cuidados médicos, ele não

teria morrido. Agora, nem se sabia ao certo onde fora enterrado. 18

Os campos

Devido à longa viagem que os presos eram submetidos, com pouca comida e
água, chegavam totalmente debilitados ao purgatório. Alguns eram enviados ao
extremo norte do país, em Vorkuta; outros eram transferidos para Kolimá, no
extremo nordeste. Em Vorkuta, os prisioneiros trabalhavam nas minas de
carvão; em Kolimá, os prisioneiros eram empregados nas minas auríferas.
Todos os campos de concentração compartilhavam uma realidade indubitável: o
trabalho era severo e, às vezes, mortal.

Na entrada de Auschwitz, o temível campo de extermínio nazista, a frase


insolente ​Arbeit macht frei ​(O Trabalho Liberta) adornava o portão de entrada.
O mesmo cinismo totalitário era compartilhado pelos comunistas.“O trabalho é
questão de honra, glória, bravura e heroísmo”, dizia o letreiro oficial usado nos

campos soviéticos. 19

Os prisioneiros do Gulag podiam trabalhar até 14 horas por dia. O


trabalho típico do Gulag era um trabalho físico exaustivo. Trabalhando às vezes

42
nos climas mais extremos, os prisioneiros podiam passar seus dias derrubando
árvores com serrotes manuais e machados ou cavando em solo congelado com
picaretas primitivas. Outros mineravam carvão ou cobre à mão, muitas vezes
sofrendo de doenças pulmonares dolorosas e fatais por inalação de poeira de
minério. Os presos mal se alimentavam o suficiente para sustentar um trabalho
tão difícil.

Muitos prisioneiros deliberadamente se prejudicaram a fim de pôr fim à


exploração, mas foram tratados com dureza, porque a auto-mutilação constituía
a destruição da propriedade socialista ou um ato de sabotagem. Mas muitos não
se importavam caso fosse acrescentado mais cinco ou dez anos à pena. Assim,
os internos cometiam atos desesperados, como usar machados e facas para
cortar seus próprios dedos, pés e mãos. Um dos prisioneiros testificou:

“Eu estava completamente exausto porque eles estavam me dando


pouco pão, dada a minha saída. Então eu não pude cumprir minha
norma de produção. Eu decidi cortar minha própria mão para que eu

fosse colocado entre os fracos a quem eles dão mais pão.“ 20

Aos olhos das autoridades, os prisioneiros quase não tinham valor.


Aqueles que morreram de fome, frio e trabalho duro foram substituídos por
novos prisioneiros porque o sistema sempre poderia encontrar mais pessoas para
reabastecer os campos de trabalho.

Andrei Vichinsky, Procurador da União Soviética e, posteriormente,


embaixador junto às Nações Unidas, descreveu sua viagem de inspeção de
vários campos no Gulag. Em um memorando de 1938, endereçado a Nikolai
Yejov, chefe do NKVD, escreveu:
“Entre os prisioneiros, existem alguns tão esfarrapados e cheios de
piolhos que representam uma ameaça sanitária aos outros. Esses
prisioneiros se degradam a ponto de perder qualquer semelhança
com um ser humano. Com a falta de comida [...] recolhem sobras [...]
e, segundo alguns prisioneiros, comem ratos e cães. “ ​21

43
Gulag: da guerra ao declínio

Foi em meio a Segunda Guerra Mundial que o Gulag enfrentou sua pior batalha.
Os prisioneiros foram transformados em “bucha de canhão” para conter a
invasão inimiga. Laventri Beria, chefe máximo de todo aparato policial da
União Soviética, forneceu 1,7 milhão de trabalhadores escravos do Gulag para
construir ferrovias, armas e engrossar o esforço de guerra. As estimativas mais
conservadoras apontam que entre 1942 e 1943, os anos mais mortíferos para os
prisioneiros, a população do Gulag fora reduzida em quase 1 milhão, a maioria
das mortes ocorreram nas frentes de batalha (muitos detentos foram lançados no
front sem nenhuma arma) ou devido à fome e doenças. 22 ​

Os prisioneiros estavam fisicamente exaustos depois da guerra. Mas, no


entanto, foram forçados a cumprir os padrões estabelecidos nos campos
soviéticos. Quando um prisioneiro ficava aquém do padrão recebia menos
comida, o que muitas vezes levava à fome.

Após a guerra, o número de reclusos em campos de prisioneiros e


colônias aumentou novamente, atingindo aproximadamente 2,5 milhões de
pessoas (aprisionadas em mais de 470 campos) no início dos anos 1950. A
principal razão para o aumento do número de prisioneiros no pós-guerra foi o
endurecimento da legislação sobre crimes contra a propriedade no verão de
1947, logo após uma fome (a terceira pior que atingira os soviéticos) que matou
mais de 1,5 milhão de pessoas. 22​ O resultado foi centenas de milhares de
condenações a longas penas de prisão, muitas vezes com base em pequenos
furtos ou desvios. Uma minoria significativa dos presos eram bálticos e
ucranianos de terras recém-incorporadas à União Soviética, assim como
finlandeses, poloneses, romenos e outros. Os prisioneiros de guerra, ao
contrário, eram mantidos em um sistema de acampamento separado.

A morte de Stálin e o fim do Gulag

Às 4 horas da madrugada do dia 6 de março de 1953, a voz metálica de Yuri


Levitan, o mais conhecido radialista de Moscou, alertou: “Atenção...!
Atenção...! Moscou no ar...” Levitan começou a ler o texto do comunicado que
anunciava o falecimento de Stálin, no dia 5 de março às 21h50. 24​ ​A notícia

44
abalou profundamente o mundo dos comunistas. O ditador albanês Enver
Hoxha, admirador confesso de Stálin, decretou duas semanas de luto oficial na
Albânia, mais do que na própria União Soviética. Três dias após o anúncio da
morte do “Papaizinho dos Povos”, foi realizado o funeral. A exemplo de vários
outros líderes soviéticos, os restos mortais de Stálin ficaram expostos no Salão
das Colunas, em Moscou. O país todo estava enlutado. Milhares de pessoas se
espremiam pelas ruas de Moscou para prestar a última homenagem ao ditador;
centenas delas morreram pisoteadas após tumultos. De acordo com Kruschev,
em pronunciamento a socialistas poloneses em março de 1956, 109 pessoas
morreram esmagadas pela multidão. 25 ​
Mas nem todos se romperam em prantos pelo defunto. Para muitos, a morte de
Stálin trouxe contentamento e esperança. No vilarejo ucraniano de Hlybotchok,
um idoso, que presenciou a fome de 1932-1933, agradeceu aos céus: “Obrigado,
Senhor, por ter me permitido viver para vê-lo morrer!”; em Vorkuta,
prisioneiros rezavam de joelhos: “Que o diabo leve hoje a sua alma.” [​26​​]
Svetlana Sbitneva, nasceu em 1937, em Barnaul, na Sibéria. Na esteira do
Grande Terror, dezesseis de seus familiares foram encarcerados: com exceção
de sua mãe e avó, todos os outros foram fuzilados ou desapareceram em campos
de concentração. Assim que chegou do colégio, no mesmo dia em que a morte
de Stálin foi anunciada, Svetlana encontrou sua avó lacrimejando:
Ela estava sentada, chorando baixinho e se persignando de uma forma
que eu nunca tinha visto antes. Viu que eu estivera chorando [Svetlana
participara horas antes de uma cerimônia fúnebre em seu colégio] e disse: “Não
se preocupe, querida, eu estou chorando de felicidade. Porque ele matou minha
família: filhos, irmãos, marido, pai — Stálin os matou todos — só deixou eu e
sua mãe.” Foi a primeira vez que ouvi algo assim. E depois nós duas ficamos

sentadas e chorando juntas, de alegria e de tristeza. 27
Nos três meses seguintes após a morte de Stálin, cerca de 1,5 milhão de
prisioneiros, ou 60% de todos os presos do Gulag, foram libertados devido a um
processo de anistiamento em massa.​28 ​Todavia, o último campo de concentração
soviético só seria desativado em meados da década de 1980. 29 ​ ​Para a
historiadora Anne Applebaum, de longe a maior especialista no Gulag soviético,
ponderou que “o total de pessoas que realizaram trabalhos forçados na União
soviética chega a ​28,7 milhões​.30

45
Capítulo 08

O SOCIALISMO
Perseguiu Homossexuais...

E MUITO
O Socialismo Perseguiu Homossexuais... e muito!

Atualmente, o movimento de esquerda no Brasil e no mundo, ergue, com fervor


religioso, um sem-número de bandeiras, dentre elas, a do movimento LGBT. A
defesa cínica como tentativa de monopolização da virtude é marca registrada da
esquerda populista. Autocrítica? Nem pensar. Che Guevara, homofóbico
intransigente, tornou-se inspiração para a logomarca da União da Juventude
Socialista, organização brasileira composta por muitos ativistas LGBT. Mas
será que sempre foi assim?

Em março de 1934, na União Soviética, o Politburo (comitê executivo)


aprovou a criminalização da homossexualidade. A lei anti sodomia
(inicialmente artigo 154-a e após os anos 1960 foi renumerado para o famoso
artigo 121) passou a perseguir e punir com o trabalho forçado qualquer um que
fosse acusado ou suspeito de homossexualismo. Para justificar a lei, Maxim
Gorki, escritor socialista mais popular à época, proferiu: “Extermine os
homossexuais e o fascismo irá desaparecer.” 1​ Os soviéticos trataram a relação
entre dois iguais como um desvio moral que deveria ser suprimido e expurgado
da sociedade.

Dois anos depois, em 1936, o Comissário da Justiça, Nikolai Krylenko,


ligou a homossexualidade com o declínio da burguesia e a contra-revolução, e
afirmou que não tinha lugar em uma sociedade socialista pautada em princípios
saudáveis. Ele chamou os homossexuais de “sujeira da sociedade” e de “os
restos das classes exploradoras". 2​

Em 1944, o cantor Vadim Kozin foi questionado pelo chefe da polícia


política Lavrenti Beria sobre o porquê de suas músicas não ​citarem Stálin.
Kozin, surpreso, respondeu que as canções sobre o líder soviético não eram
adequadas para a voz aguda de um tenor. No final do mesmo ano, Kozin foi
arrastado e condenado a cinco anos de prisão nos campos de trabalho de
Magadan, no extremo nordeste do território soviético, por causa de sua
homossexualidade: a única justificativa delirante que encontraram para sua
punição. O tribunal levou apenas 15 minutos para condená-lo. 3​

47
Os campos de concentração da União Soviética eram recheados de gays,
lésbicas e prostitutas; estes eram, de longe, os que mais sofriam nas mãos de
bandidos (​blatares​) profissionais que comandavam o submundo do crime nos
campos. Vira e mexe homossexuais eram estuprados na hora do banho ou
espancados pelos demais prisioneiros que os rejeitavam. Stálin não costumava
ordenar a execução de prisioneiros enquadrados pela lei de anti sodomia que ele
criara, pois, sabendo das condições do trabalho penal, a estadia desses
indivíduos nos campos seria o inferno na Terra.

Constantemente eram humilhados, tinham os bens roubados (pão e


vestimentas valiam ouro no ​Gulag​) e assediados pelos detentos. Alguns
recorriam à prostituição como mecanismo de sobrevivência para fugir da fome e
do ostracismo. Um jovem condenado de apenas 15 anos testemunhou como
ocorreu a troca de favores sexuais dentro da sua própria cela:

Um dos rapazes guardara a ração de pão até a noite, quando perguntou a


Mashka (que não comera nada o dia inteiro):

“Você quer uma mordida?”

“Quero”, respondeu Mashka.

“Então abaixe as calças.”

A coisa aconteceu num canto, o qual era difícil enxergar pela vigia da
porta, mas à vista de todos na cela. Ninguém se surpreendeu, e fingi não
estranhar nada daquilo. Houve muitos outros episódios desse tipo
enquanto estive ali; os passivos eram sempre os mesmos garotos. Eram
tratados como párias; não podiam beber da caneca coletiva e constituíam
alvo de humilhação.​ 4​

48
Estima-se que o número de homens sentenciados sob a lei anti sodomia
de 1934 até o colapso da União Soviética pode ter chegado a 250.000.​5 ​Número
estarrecedor até mesmo para nações islâmicas onde a homossexualidade é
historicamente e moralmente condenada. Após as reformas jurídicas
implementadas nos anos 1960, o número de prisões ligadas à lei anti sodomia
passaram a refletir um pouco a realidade. Entre 1960 e 1970, cerca de mil
homossexuais foram condenados por ano no país.

Como Cuba tratou os homossexuais

Foi Che Guevara, em 1960, que instituíra o campo de concentração de


Guanahacabibes — o ​gulag ​tropical — no extremo oeste da ilha. “Nós
mandamos para Guanahacabibes gente que haja cometido algum crime contra a
moral revolucionária”, declarou Che. “O trabalho é duro... as condições de
trabalho são severas...” ​Os transgressores da moralidade revolucionária eram,
invariavelmente, adversários políticos, homossexuais (sim, o símbolo
alfa-numérico da esquerda mundial era homofóbico), Testemunhas de Jeová,
andarilhos e todos aqueles que não se adequasse à nova realidade da sociedade
cubana.​6

O dissidente cubano Reinaldo Arenas, abertamente homossexual, em seu


livro ​Antes que anoiteça ​revelou a perseguição contra os homossexuais
(inclusive ele) após a Revolução Cubana. Apesar de ter apoiado o regime no
início, converteu-se em um crítico mordaz do regime após perceber a essência
autoritária do fidelismo. “Iniciou-se a perseguição, com a construção de
campos de concentração… o ato sexual tornou-se um tabu enquanto era
proclamado o ‘novo homem’ e exaltada a masculinidade”, relatou Arenas.​7

Em 1959, havia apenas 15 prisões e 1 centro de detenção para menores


infratores em Cuba, no início do século XXI, a ilha caribenha já contava com
800 prisões e 20 centros de detenção juvenil.​8 Fidel transformara Cuba em uma
verdadeira ilha-presídio, cujo carcereiro, era ele próprio. Não existe, até hoje,
nenhuma documentação completa com o real número de vítimas, apenas uma
entrevista cínica em que Fidel Castro corrobora a perseguição praticada durante

49
décadas contra homossexuais cubanos. 9​ Durante todo o século XX, regimes
socialistas, ​sem exceção​, perseguiram, torturaram, aprisionaram e mataram
homossexuais indiscriminadamente.

50
Capítulo 09

RAZÕES
Para Nunca Acreditar no Socialismo
Razões para nunca acreditar no socialismo

O Grande Salto para Frente: a pior fome da história

Os socialistas chineses chegaram ao poder em 1949, após uma “guerra civil


irregular” travada desde 1927 contra os nacionalistas. O líder chinês Mao
Tsé-Tung moldou o socialismo soviético à realidade da China. Para Mao,
somente o ​marxismo-leninismo poderia transformar um país agrário e atrasado
em uma potência industrial. Baseando-se no experimento soviético, Mao
coletivizou a agricultura e introduziu planos de metas (Planos Quinquenais) para
o desenvolvimento industrial. A simetria não parou por aí, o Partido Comunista
da China também promoveu expurgos e assassinatos em massa contra seus
tradicionais inimigos ideológicos.

As tentativas de industrialização resultaram, em 1958, no Grande Salto


para Frente, na esteira do segundo plano de metas. Mao noticiou que a produção
de aço dobraria em um ano. Aludiu que, em 15 anos, a produção chinesa
igualaria a da Grã-Bretanha. Mas não havia maneira factível de cumprir essas
metas de produtividade. Para alcançá-las, era preciso usar sucatas, derreter
panelas, postes de luz e até ferramentas agrícolas, como arados, foices e
enxadas. Os chineses, em meio a um frenesi propagandístico, levavam às
pressas seus objetos de metal para serem derretidos nos “fornos de quintal”.

Certamente o objetivo de Mao não era matar de fome seus conterrâneos;


mas se morressem, pouco importava. Com a epidemia de fome assolando o país,
Mao reconhecera que havia escassez de alimentos: “O que vamos fazer, se não
há alimento suficiente para comer?”, havia questionado. Sua solução brilhante
era a seguinte: “Não é pior do que comer menos [...] Estilo oriental [...] É bom
para a saúde. Os ocidentais têm muita gordura na comida deles; quanto mais se
avança para o Ocidente, mais gordura eles comem. Eu digo que os comedores
de carne ocidentais são desprezíveis”. “Acho que é bom comer menos. Para que
serve comer um monte e ficar com uma barriga grande, como os capitalistas
estrangeiros das caricaturas?”. 1​

Os trabalhadores que deveriam empenhar-se em cultivar o campo,


estavam destruindo seus recursos agrícolas e alocando seu tempo em um

52
programa megalomaníaco de um ditador psicopata. O resultado das políticas
econômicos do Partido Comunista da China foi uma fome sem precedentes na
história da humanidade. Durante quatro anos o povo chinês conviveu com a
morte. Entre 1958 e 1962, dezenas de m ​ ilhões ​de chineses morreram de fome,
doenças e excesso de trabalho no Grande Salto para Frente. Segundo estatísticas
oficiais chinesas, a população do país em 1959 era 672.07 milhões. Na taxa de
crescimento natural dos sete anos anteriores, que era de pelo menos 20 por mil
ao ano (na verdade uma média de 21.7 por mil), seria de esperar que a
população chinesa em 1961 fosse 699 milhões. Na verdade, era 658.59 milhões,
ou ​40 milhões a menos do que seria de esperar​.2​

Pol Pot: o monstro socialista desconhecido

“​Deixá-lo vivo não é vantagem, exterminá-lo não é uma perda​”. Este era o
slogan oficial do regime comunista liderado por Pol Pot. O governo sanguinário
do ​Khmer Vermelho ​no Camboja (1975-1978) representou a personificação
genuína do socialismo. Nada deteria os líderes cambojanos de criar a primeira
sociedade verdadeiramente igualitária. Os membros mais proeminentes do
Khmer Vermelho, antes de tomarem o poder, foram educados na França. Lá,
vários grupos de estudantes cambojanos tiveram contato com as ideias
marxistas e as exortações de Jean-Paul Sartre e Frantz Fanon à violência
intransigente na luta contra o colonialismo.

Agora, munidos com ideias radicais, os socialistas estavam prontos para


edificar a revolução no Camboja. Em abril de 1975, os soldados do Khmer
Vermelho ocuparam a capital do país, Phnom Penh, e depuseram o governo de
Lon Nol, apoiado pelos americanos. Os socialistas renomearam o país como
Kampuchea Democrático e, imediatamente após o assalto ao poder, Pol Pot
ordenou que os habitantes da capital, com 2,5 milhões de pessoas, fossem
evacuados. Convencidos que as cidades representavam a decadência burguesa,
os socialistas enviaram 60% da população do país para às áreas rurais.​3

O líder do Khmer Vermelho, Pol Pot, não perdeu tempo com a


“reeducação” de seus inimigos (chamados também de ​micróbios)​ , mas partiu
direto para o aniquilamento por categoria e classes sociais. Nenhum grupo foi
poupado do terror. Os ​khmeristas perseguiram funcionários públicos do antigo
53
governo, budistas, professores, intelectuais, comerciantes e proprietários de
terras. Membros dessas classes foram mortos ou condenados a trabalhos
forçados até o esgotamento. Um membro do Khmer Vermelho explicou o
porquê dos expurgos para um prisioneiro estrangeiro:

“É porque (...) sabemos que os camponeses são a fonte do verdadeiro


conhecimento, por isso queremos libertá-los da opressão e do abuso. Eles
não são como os preguiçosos monges [budistas], que não sabem cultivar
arroz. Eles sabem assumir o controle do seu destino (...) Essa sociedade
irá preservar o melhor de si e livrar-se de todos os vestígios contaminados
do atual período de decadência (...) é melhor um Camboja pouco povoado
do que um país cheio de incompetentes.” 4​

O processo de purificação da sociedade ficou conhecido como ​O Ano


Zero​. O dinheiro foi abolido, e todos, incluindo os proscritos, viraram servos em
fazendas coletivas. Escolas foram fechadas e a vida urbana definhou após
cidades serem completamente destruídas. Pol Pot transformara seu país em um
grande campo de trabalho forçado. Não existia mais nada além disso. Como de
praxe, os socialistas ​khmeristas também tentaram destruir a família
mononuclear. Dissipando todos os tipos de hierarquias tradicionais, esperava-se
que as crianças chamassem os pais de “camarada pai” e “camarada mãe”, e o
uso do vocábulo “senhor” foi abolido. “As mãe não deveriam se envolver
demais com seus filhos”, declarou Pol Pot. 5​

No início de 1970, o Camboja tinha um pouco mais de 7 milhões de


habitantes. Em apenas três anos, os socialistas mataram 2 milhões de
cambojanos, ou 26% da população.​6 Cerca de 42% das crianças haviam perdido
pelo menos um de seus pais, 38% das mulheres do país ficaram viúvas,
enquanto 10% dos homens eram viúvos.​7 ​Foi um verdadeiro ​genocídio. ​Em
1979, o reinado de terror de Pol Pot chegara ao fim. As cicatrizes do genocídio
socialistas duraram décadas.

O socialismo é sujo!

A União soviética é responsável pelo pior crime ambiental do século XX: a


desertificação do Mar de Aral. Localizado na Ásia Central, entre o Uzbequistão

54
e o Cazaquistão, o mar de Aral fora o quarto maior lago do mundo, com uma
superfície que chegava a 68.000km² e 1100km³ de volume de água, hoje,
compõe apenas 10% de sua antiga eminência. O que outrora representava 1/5 de
toda produção pesqueira soviética, hoje não passa de um corpo d'água
contaminado em rápido processo de desaparecimento.

Os soviéticos deliberadamente desviaram o curso dos principais rios que


alimentavam o mar de Aral, o objetivo era irrigar plantações algodoeiras ligadas
às fazendas coletivas tanto uzbeques como cazaques. Com a recanalização dos
rios, o mar de Aral foi completamente devastado. No período pós Segunda
Guerra Mundial, a demanda por algodão era alta, à época, fora batizado como
“ouro branco”. O resultado foi que os soviéticos não enriqueceram com o “ouro
branco”, ao mesmo tempo prejudicaram sua própria indústria pesqueira e
causaram um verdadeiro ecocídio.

Socialistas adoravam queimar e destruir livros.

É bem conhecida a história da queima de livros que ocorreu na Alemanha


Nazista em maio de 1933 — alguns meses após a ascensão de Adolf Hitler. Por
outro lado, os socialistas também não costumavam tratar com carinho os livros.
Só em 1938-39, na União Soviética, em torno de 16.453 títulos foram retirados
de circulação e outros 24 milhões foram destruídos.​8 ​Em 1953, na Alemanha
Oriental, os comunistas confiscaram 5 milhões de livros e os destruíram.​9 ​Casos
semelhantes ocorreram em quase todos os regimes socialistas, incluindo Cuba e
a China de Mao Tsé-Tung.

No socialismo, piadas são sem graça

Na URSS, uma mulher vai a uma concessionária comprar um carro e o


vendedor diz: “Tudo bem, em 10 anos você pode vir pegar seu carro”. “De
manhã ou à tarde?”, questiona a mulher. “Que diferença faz?”, pergunta o
vendedor. “O encanador marcou de ir na parte da manhã”, responde a mulher.

A estatística de propriedade de automóveis, em 1983, indicava que na


União Soviética havia um carro para cada 14,2 soviéticos. Por outro lado,

55
negros na África do sul, em pleno regime segregacionista do Apartheid,
possuíam mais automóveis ​per capita d​ o que os soviéticos.​10

Os socialistas vivem na riqueza enquanto seu povo afunda na pobreza

Em seu ​A Nova Classe​, um dos livros mais profundos sobre o sistema socialista,
sua estrutura de poder e seus privilégios, o comunista iugoslavo Milovan Dilas
(depois um dissidente) expõe: “É muito difícil, talvez impossível, definir os
limites da nova classe e identificar seus membros. Pode-se dizer que ela é
constituída daqueles que gozam de privilégios especiais e favoritismo
econômico devido ao monopólio administrativo que detêm”.​11 Os privilégios a
que Dilas se refere sempre acompanharam os líderes socialistas. Enquanto o
povo vive na pobreza abjeta, os “dirigentes da revolução” gozam do conforto e
da luxúria.

O ditador soviético Josef Stálin vivia com um rei (mesmo a propaganda


oficial afirmando que o modo de vida dele era simplista). Possuía cerca de 15
datchas ​(casas de campo), diversos automóveis, cozinheiros, empregadas e um
sem-número de guarda-costas.​12 ​Falando em guarda-costas, o chefe do NKVD
Laventri Beria também não desapontava na ostentação. Sua mansão era
equipada com uma piscina, uma quadra de vôlei e uma de tênis, um teatro e uma
sala de cinema.​13

Fidel Castro, era proprietário de uma coleção de Rolex, possuía uma ilha
particular — além de Cuba, é claro — chamada Cayo Piedra, um iate
(​Aquarama II)​ e um restaurante flutuante (​Pionera I​), segundo seu
guarda-costas por quase duas décadas Juan Reinaldo Sánchez.​14 ​Nem só de
fuzilamentos vivia Che Guevara: ele também era devoto do padrão de vida
burguês. Nada modesto, se apropriara da maior mansão que existia em Tarara, a
vinte quilômetros de Havana. O jornalista cubano Antonio Llano Montes
descreveu o casebre em que Che morou após a revolução: “Até algumas
semanas antes, a casa pertencia ao mais bem sucedido empresário de Cuba. Ela
possuía um ancoradouro para iates, uma grande piscina, sete banheiros, uma
sauna, uma sala de massagem e muitas salas de televisão... O jardim da mansão
era quase uma selva de plantas importadas, piscina natural com cachoeiras,
tanques cheios de peixes exóticos e viveiros das aves mais diversas. O lugar
56
parecia ter saído das páginas d'As Mil e Uma Noites”. Enquanto isso, até hoje, o
povo cubano raciona alimentos. 15​

Stasi, O Grande Irmão

Quando o Muro de Berlin tombou, a mídia chamou a Alemanha Oriental de “o


mais perfeito sistema de vigilância de todos os tempos”. E eles tinham razão. A
Stasi, polícia secreta alemã, controlava a população implacavelmente. Era uma
sociedade de sussurros. As pessoas não falavam muito alto em público com
medo dos mais de 173 mil informantes da Stasi.

A própria polícia secreta tinha quase 100 mil membros. Para se ter uma
ideia, na Alemanha de Hitler, estima-se que havia um agente da assustadora
Gestapo para cada 2 mil habitantes; na União Soviética de Stálin, existia em
média um agente para cada 5830 pessoas. Na Alemanha Oriental, havia um
único agente da Stasi para cada 63 cidadãos.​16 ​Os métodos de controle da Stasi
eram sombrios. Os agentes chegaram a utilizar produtos radioativos em
indivíduos “suspeitos” para rastreá-los facilmente na multidão com um contador
Geiger.

Cuba, um país racista

Nelson Mandela é conhecido por ter amargado 27 anos de prisão. Mas não foi o
prisioneiro político negro a passar mais tempo na cadeia. Mas, sim, o cubano
Eusebio Peñalver. Preso em 1960 pelo regime de Fidel Castro, Peñalver passou
28 anos na prisão antes de ser libertado em 1988.​17

Desde a 1959, a maioria dos fugitivos da ilha presídio do socialismo são


negros e mulatos. Estes representam um pouco mais de 20% da população
cubana, mas em contrapartida, correspondem a 80% da população do sistema
carcerário do país. Menos de 1% dos cargos políticos em Cuba são ocupados
por negros e mulatos. Os principais “heróis da Revolução”, que fazem parte da
propaganda oficial do regime cubano, são brancos. Não há nenhum negro ou
mulato conhecido, apenas os mesmo rostos: Camilo Cienfuegos, os irmãos
Castro e o assassino do Che Guevara — que nem cubano era.​18

57
Mas a esquerda pode questionar dizendo, cinicamente: “Como Cuba pode
ser racista? Eles lutaram na Guerra do Congo”. O exemplo a seguir representa
como funciona o falso moralismo socialistas através da desinformação. Em
maio de 1948, a União Soviética foi o primeiro país no mundo a reconhecer a
criação do Estado de Israel. Paradoxalmente, no mesmo período, os soviéticos
estavam deportando e fuzilando judeus em uma campanha nacional de
antissemitismo. Os socialistas sempre souberam explorar causas sociais e
humanitárias ​politicamente​, mesmo que isso não representasse a prática.

Socialistas amam trabalhadores; mas odeiam o trabalho

Marx nunca trabalhou. A infantilização econômica na qual Marx fora submetido


não estava relacionado a uma pobreza crônica, mas o desdém que Marx nutria
por atividades que não envolvessem o intelecto. A péssima administração
financeira e a aversão pelo trabalho tipicamente proletário e de baixa
remuneração, fez de Marx e sua prole dependentes de Friedrich Engels por
quarenta anos. Nas palavras de David McLellan, seu principal biógrafo: “Marx
devia refletir, com frequência, no fato de ele, que tanto escreveu sobre o capital,
ter tão pouco talento para administrá-lo”.​19 Seja pela falta de talento ou pela
indolência, Marx impôs um ambiente doméstico de penúria extrema para toda a
sua família.

A falta de apreço pelo trabalho é comum a quase todos os líderes e


intelectuais socialistas. O italiano Antonio Gramsci, um dos principais
intelectuais do socialismo, vivia pedido dinheiro para o pai. “Esperei
inutilmente para que te mexesse para mandar-me algum dinheiro, mas ainda não
vi nada: e mais, no mês passado mandaste apenas 40 liras: pense bem se com 40
liras é humanamente possível viver em Cagliari; mas sei que não te darás nem o
trabalho de pensar”. Alguns dias depois, acusou-o de insensível: “Já estou
cansado de repetir, não queres ouvir e não posso fazer nada!”.​20

Vladimir Lênin formou-se em Direito. Das pouquíssimas vezes que


advogou, nunca ganhara absolutamente nada. Exceto quando andava de

58
bicicleta pelas ruas de Paris e um carro o atropelou. Foi a única causa que
ganhou em toda sua efêmera carreira.​21

Os campos de extermínio do socialismo

“Na União Soviética não existia campos de extermínio”. Existia sim. Butovo,
Komunarka e Serpantinka eram locais destinados a eliminar fisicamente os
“inimigos do povo”. Dezenas de milhares de pessoas foram executadas nesses
campos. Serpantinka, por exemplo, era um campo de extermínio incrustado no
Gulag de Kolimá, no extremo nordeste do território soviético.

Em Cuba, os socialistas criaram o ​Paredón. O processo judicial para


executar um inimigo foi descrito brevemente por Che Guevara: “Não preciso de
provas para executar um homem — apenas de prova acerca da necessidade de
executá-lo”.​22 ​Os “paredões” existiam por toda a ilha, mas foi na fortaleza de La
Cabaña que Che promoveu sua chacina. Em em 1967, depois de ser capturado
na Bolívia, Che confessou no interrogatório ter executado “umas duas mil
pessoas”.​23

Luis Carlos Prestes, O assassino

O socialismo brasileiro também teve seus ícones. Dentre os mais famosos,


encontra-se o gaúcho Luiz Carlos Prestes, para os mais alienados, também era
conhecido como “​O Cavaleiro da Esperança​”. Assim como qualquer socialista,
Prestes era apaixonado pelos seus ideais, era capaz de matar e morrer pela sua
religião política. E foi exatamente isso que ele fez com uma garota de apenas 16
anos.

Sob inspiração do Partido Comunista Brasileiro foi criada a ANL (Ação


Nacional Libertadora) que, no ano de 1935, tentara dar um golpe contra o então
presidente-ditador Getúlio Vargas. Financiados pela União Soviética, Prestes e
Olga Benário, uma comunista alemã com treino de capacitação militar soviético,
fizeram parte ativa na insurreição. Mas o golpe não passou de uma “intentona” e
muitos conspiradores foram aprisionados e interrogados.

59
Elza Fernandes, cujo cognome era Elvira Cupello Colônio, estava entre
os militantes capturados. Elza namorava o secretário-geral do Partido
Comunista Brasileiro, o que fez alguns membros suspeitarem da jovem. Após
ser liberada pela polícia, já que era menor de idade e também não acrescentaria
nada aos interrogatórios, vários membros importantes do Partido Comunista do
Brasil foram presos. Elza, o elo mais fraco da militância, foi acusada de traição.
Prestes escrevera uma carta em 16 de fevereiro autorizando a execução da
garota:

“[...] Tudo precisa ser preparado com o mais meticuloso cuidado, bem
como estudado com atenção todo um plano de ação

que nos permita dar ao adversário a culpabilidade.”

Três dias depois, persistiu:

“Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilações de


vocês. [...] Assim não se pode dirigir o partido do proletariado [...]. Por
que modificar a decisão a respeito da Garota?”

Elza foi morta em 2 de março de 1936. A garota foi estrangulada até a


morte por um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasileiro. Alguns
ossos do corpo foram triturados para que o cadáver pudesse entrar num saco, e a
jovem foi sepultada no quintal da casa em que os comunistas se escondiam.​24

Carlos Marighella: morreu pelo que acreditava

“O objeto principal da tática de emboscada é de capturar as armas e


castigá-los com a morte [...]

O franco-atirador guerrilheiro é o tipo de lutador ideal especialmente para


as emboscada porque pode se esconder facilmente nas irregularidade do
terreno, nos trechos dos edifícios e dos apartamentos sob construção.
Desde janelas e lugares escuros pode mirar cuidadosamente a seu alvo
escolhido.

As emboscadas tem efeitos devastadores no inimigo, deixando o nervoso,


inseguro e cheio de temor.”​25

60
O trecho acima foi retirado da obra patética do guerrilheiro Carlos
Marighella. Morto pelo Regime Militar em novembro de 1969. Ainda, para boa
parte da esquerda brasileira, Marighella foi um “herói”. Marighella não entrou
na luta armada porque amava a democracia, ​nenhum ​grupo guerrilheiro lutou
pela liberdade, a extrema-esquerda lutava, na verdade, para instaurar uma
ditadura proletária no Brasil.

A população, à época, repudiava os comunistas. Sérgio Paranhos Fleury,


o delegado de polícia que participara da captura e morte de Marighella ​por meio
de uma emboscada​, era extremamente popular. Quando faleceu em 1979, mais
de 10 mil pessoas compareceram ao seu velório.​26 ​Talvez não por conivência aos
excessos do regime militar, mas por este ter livrado o Brasil de algo muito pior.

61
Capítulo 10

IMPOSTURAS
Intelectuais da

Esquerda
Imposturas intelectuais

Ruth Fischer, o inimigo do meu inimigo é meu amigo

Em 1923, a comunista alemã Ruth Fischer discursou perante a um grupo de


nazistas, apelando através do antissemitismo marxista, ela disse: “Aqueles que
clamam por uma luta contra o capital judaico já são, senhores, ​lutadores de
classes,​ mesmo que não saibam... Derrubem os capitalistas judeus a chutes,
pendure-os no poste de luz, sapateiem sobre eles”. 1​

O antissemitismo sempre acompanhou a esquerda. A Venezuela de Hugo


Chávez tornou-se o país mais antissemita da América Latina, com diversos
casos envolvendo injúria e violência contra judeus. Em 2006, numa reunião
transmissionada pela televisão, Chávez declarou, com a típica mordacidade
anti-Israel que nutre a esquerda: “Os judeus criticam muito Hitler. Mas o que
Israel faz é muito parecido e, sabe-se lá, pior do que o que faziam os nazistas”.

Gregor Strasser, definindo o nazismo

Em um ensaio de 1926, que é erroneamente atribuído a Hitler, o ideólogo


nazista Gregor Strasser, membro da ala mais à esquerda do Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães, afirmou:

​ Nós somos socialistas, nós somos inimigos do atual sistema



econômico capitalista para a exploração dos economicamente fracos,
com seus salários injustos, com sua indecorosa avaliação do ser
humano de acordo com a riqueza e a propriedade em vez de sua
responsabilidade e desempenho, e nós estamos todos determinados a
destruir esse sistema sob todas as condições.”​ 2​

W.E.B. Du Bois, o socialista confuso

O sociólogo e ativista afro-americano W.E.B. Du Bois, durante a década de


1920, ficou tão admirado com o crescimento do movimento nazista que decorou
capas e revistas que editou com a suástica hitleriana, mesmo sendo criticado
63
pela comunidade judaica. Mesmo durante a década de 1930, quando Hitler
explicitara suas ideias totalitárias, Dubois dizia que a ascensão do regime
nazista “foi absolutamente necessária para a reorganização do Estado”. Em um
discurso eufórico no Harlem, em 1937, declarou: “De certa forma, hoje existe
mais democracia na Alemanha do que existia nos anos anteriores”. 3​

Ao mesmo tempo que Du Bois rasgava elogios à Alemanha nazista, ele


declarava amor pela União soviética de Stálin. “A Alemanha é hoje, ao lado da
Rússia, o maior exemplo de sociedade marxista”, declarou em 1936. [​4​]​ ​Em
uma viagem que fez à União Soviética, escreveu: “Estou sentado na Praça da
Revolução... Encontro-me atônito e maravilhado com a revelação desta Rússia
que chegou até mim. Posso estar parcialmente enganado ou mal informado. Mas
se o que tenho visto com meus olhos e escutado com meus ouvidos na Rússia
for bolchevismo, eu sou um bolchevique”. 5​

George Bernard Shaw, o indecidido socialista fabiano

Em 1933, durante uma visita aos Estados Unidos, George Bernard Shaw,
dramaturgo ligado ao movimento ​socialista fabiano​, disse: “Vocês,
norte-americanos, têm tanto medo de ditadores. A ditadura é a única maneira
que o governo tem para realizar as coisas. Vejam a bagunça que a democracia
nos deixou. Por que vocês temem a ditadura?”. Dois anos depois, em uma
viagem com destino a África, alegou: “É bom sair de férias sabendo que Hitler
deixou as coisas na Europa tão bem estabelecidas”.
Em 1939, após a aliança diabólica entre Hitler e Stálin, Shaw proferiu
mais uma bizarrice: “Hitler está sob a poderosa influência de Stalin, cuja
predisposição para a paz é impressionante. E a todos, menos a mim, assusta a
sagacidade deles!” 6​

Bertold Brecht não se importava com ninguém

Quando a União Soviética iniciou o ​Grande Terror (​ 1934-1939), aprisionando e


fuzilando sistematicamente milhões de pessoas, o poeta e dramaturgo de
esquerda, Bertold Brecht, confessou ao filósofo Sidney Hook, referindo-se ao
que se passava naquele país, que, “quanto mais inocentes eles são, mais
64
merecem morrer”. O poema a seguir, amplamente usado pela esquerda, de
autoria do próprio Brecht, serve para ele mesmo:

“Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.”

Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre: uma relação perigosa

O influente escritor francês Jean-Paul Sartre elogiou a “violência


revolucionária” de Mao Tsé-Tung, dizendo que era “profundamente moral” 7​​ .
Se não bastasse, também via com bons olhos o regime assassino de Pol Pot.
Sua esposa, a famosa feminista Simone de Beauvoir, tão hipócrita quanto seu

65
marido, após uma curta visita a China, em 1955, disse: “O poder que ele [Mao]
exerce não é mais ditatorial do que o de, por exemplo, Roosevelt. A nova
Constituição da China torna impossível a concentração de autoridade nas mãos
de um único homem”. 8​

Oscar Niemeyer, o humanista que amava Stálin

O arquiteto mais famoso do Brasil nutria um amor tórrido pelo ditador


soviético. Chegou até mesmo a prefaciar o livro de Ludo Martens — comunista
belga que passou a vida tentando reabilitar Stálin. Segue o trecho escrito por
Niemeyer em ​Stálin, um novo olhar​:

“Durante muitos anos, mesmo entre pessoas de esquerda, havia um


certo constrangimento em falar de Stálin, como se isso demonstrasse
uma desatualização cultural e política lastimável. Jamais me
conformei com isso. Sempre manifestei o meu apreço pelo grande
herói de Stalingrado, a figura máxima da luta contra o nazismo. Um
dia, os que se recusavam a discutir Stálin vão perceber como estavam
enganados, iludidos pela campanha odiosa movida contra ele pelas
forças mais reacionárias, como este livro de Ludo Martens tão bem
demonstra.”

Pablo Neruda, outro fã de Stálin

O escritor chileno Pablo Neruda, Nobel de Literatura em 1971, era membro do


Partido Comunista do Chile e mais um adulador de líderes tirânicos. Após a
morte de Stálin, em março de 1953, Neruda publicou um “poema” em
homenagem ao defunto na revista francesa L'Espresso:

“Junto a Lênin
Stálin avançava
e assim, com blusa branca,
com gorro cinzento de operário, Stálin,

66
com seu passo tranquilo,
entrou na História acompanhado
de Lênin e do vento.
Stálin desde então
foi construindo. Tudo
fazia falta. Lênin
recebeu dos czares
teias de aranha e farrapos.
Lênin deixou uma herança
de pátria livre e vasta.
Stálin a povoou
com escolas e farinha,
imprensas e maçãs. [...]
Sua simplicidade e sua sabedoria,
sua estrutura
de bondoso coração e de aço inflexível
nos ajuda a ser homens cada dia,
diariamente nos ajuda a ser homens.”

A cegueira de José Saramago

O escritor novelista José Saramago, em 2003, rompeu relações com o regime


cubano devido ao fuzilamento de três pessoas que sequestraram um barco na
tentativa de fugir da ilha-presídio castrista para os Estados Unidos. Em carta,
Saramago declara:

“Até aqui cheguei. De agora em diante, Cuba seguirá seu caminho, e


eu fico onde estou. Discordar é um direito que se encontra e se
encontrará inscrito com tinta invisível em todas as declarações de

67
direitos humanos passadas, presentes e futuras. Discordar é um ato
irrenunciável de consciência. Pode ser que discordar leve à traição,
mas isso sempre tem de ser mostrado com provas irrefutáveis. Não
creio que se tenha atuado sem deixar lugar a dúvidas no julgamento
recente de onde saíram condenados a penas desproporcionais os
cubanos dissidentes. E não se entende por que, se houve conspiração,
não tenha sido expulso já o encarregado do escritório de interesses
dos EUA em Havana, a outra parte da conspiração.

Agora chegam os fuzilamentos. Sequestrar um barco ou um avião é


um crime severamente punível em qualquer país do mundo, mas não
se condenam à morte os sequestradores, sobretudo ao ter em conta
que não houve vítimas. Cuba não ganhou nenhuma heróica batalha
fuzilando esses três homens, mas sim perdeu minha confiança,
fraudou minhas esperanças, destruiu minhas ilusões. Até aqui
cheguei.” 9​

Qualquer um que não conhece o cinismo dos artistas e escritores de


esquerda seria facilmente fisgado pelo “mea-culpa humanístico” do escritor
lusitano. A promiscuidade moral esquerdista não faz o menor sentido:
passaram décadas defendendo o regime tirânico de Fidel, quando este
silenciava escritores, perseguia homossexuais e mandava para o ​paredón
inimigos políticos. Estima-se que 17 mil pessoas foram fuziladas em Cuba
​ Para Saramago, fuzilar 17 mil seres humanos não é motivo para
desde 1959. 10
cortar relações com ditaduras socialistas; mas fuzilar 17.003, não. Aí já é
demais!

Eric Hobsbawm não aprendeu com a História

Falando em 1994 ao autor Michael Ignatieff sobre a queda do Muro de Berlim,


cinco anos antes, perguntaram ao historiador de esquerda mais conhecido do
mundo Eric Hobsbawm, autor de ​A era dos Extremos​, como ele se sentia
sobre seu apoio anterior à União Soviética. Se o comunismo tivesse alcançado
seus objetivos, mas ao custo de, digamos, 15 a 20 milhões de pessoas — ao
contrário dos 100 milhões que ele realmente matou na Rússia, China e por

68
onde quer que tenha passado. Então Ignatieff cessou a ponderação e
questionou-o rapidamente:

“Você teria apoiado isso?”

“Sim!”, respondeu friamente o guru da historiografia mundial.

Paulo Freire, o pedagogo mal educado

Patrono da educação brasileira e ícone da “pedagogia crítica” mundial, Paulo


Freire transformou a pedagogia em doutrinação. Sua obras estão repletas de
citações marxistas e elogio a ditadores sanguinários. O personagem mais
frequente nas obras de Freire é o guerrilheiro argentino Che Guevara. Em
Pedagogia do oprimido​, escreveu:

“Foi assim, no seu diálogo com as massas camponesas, que sua


práxis revolucionária tomou um sentido definitivo. Mas, o que não
expressou Guevara, talvez por sua humildade, é que foram
exatamente esta humildade e a sua capacidade de amar, que
possibilitaram a sua “comunhão” com o povo. E esta comunhão,
indubitavelmente dialógica, se fez colaboração.” ​11

Em 11 de dezembro de 1964, representando Cuba na Assembleia Geral das


Nações Unidas, Che Guevara demonstrou toda a sua capacidade de amar:

“Fuzilamentos... Nós sem dúvida fuzilamos! E continuaremos a fuzilar


tanto quanto necessário! Essa é uma guerra de ​morte contra os inimigos da

Revolução! Nossa luta é uma luta à morte!!!” 12

69
Capítulo 11

CUBA
A Ilha Presídio do Socialismo
Cuba: a ilha-presídio do socialismo

“Não há desemprego, mas ninguém trabalha. Ninguém trabalha, mas


segundo as estatísticas todos os planos de produção são respeitados.
Todos os planos de produção são respeitados, mas não há nada nos
armazéns. Não há nada nos armazéns, mas todos comem. Todos
comem, mas todos se queixam sem parar de não encontrar comida.
Todos se queixam sem parar, mas todos vão à praça da Revolução
para aclamar Fidel Castro. Dispomos de todas as informações, mas
não conseguimos tirar delas nenhuma conclusão”. ​1

Cuba, antes da chegada dos socialistas através da Revolução de 1959, era


o terceiro país mais rico da América Latina, o PIB cubano por habitante, às
vésperas da Revolução, era o dobro do da Espanha. Cuba tinha o terceiro maior
consumo proteico do Ocidente. 2​ De 1903 a 1957, a ilha recebeu um milhão de
imigrantes espanhóis e mais de setenta mil norte-americanos. Após a chegada
do socialismo, Cuba começou a receber apenas aduladores marxistas, ditadores,
aspirantes a terrorista (Carlos Marighella esteve por lá, em 1967) e idiotas-úteis
como Gabriel García Márquez e Diego Maradona.

A esquerda costuma alegar, como um mantra antiimperialista, que Cuba


era um mero “bordel” dos Estados Unidos. Mas a realidade era totalmente
diferente. Mais cubanos viajavam para os Estados Unidos em 1957 do que
americanos viajaram para Cuba. Apenas 9% de todo capital estrangeiro
investido em Cuba em 1958 era norte-americano. 3​

Já a população mais pobre, composta majoritariamente por negros e


mulatos, começou a fugir da ilha, após à chegada de Fidel Castro e sua gangue,
na mesma intensidade que o diabo foge da cruz. Só em 1980, durante o Êxodo
de Mariel, como ficou conhecido, cerca de 130 mil cubanos deixaram o país
rumo à Flórida. Os “​marielitos”​ , como eram rotulados os dissidentes, foram
hostilizados pelos CDRs (Comitês de Defesa da Revolução) com pedradas,
gritos de “​Afuera, Gusanos​!” (“Fora, vermes”) e outros insultos odiosos.​4
Durante o êxodo, o Ministério do Interior, órgão máximo para questões de
segurança, alertou Fidel que cerca ​de 2 milhões de cubanos — 19% da

71
população em 1980 — se mostravam desejosos para emigrar junto aos demais
dissidentes.​5

Fidel ficou enfurecido. Juan Reinaldo Sánchez, guarda-costas particular


de Fidel por longos dezessete anos, recorda que o ditador cubano aproveitou a
oportunidade para embarcar, junto aos ​marielitos, criminosos indesejáveis
presos em penitenciárias e hospícios. Sánchez acompanhou Castro no processo
seletivo e relembrou o método de aprovação: “O ‘sim’ era para os assassinos e
delinquentes perigosos, o ‘não’ era para os que tinham atentado de perto ou de
longe contra a Revolução. No total, mais de 2 mil criminosos foram soltos... nas
ruas de Miami”. 6​

Embargo econômico,um bode expiatório

A retórica da Revolução Cubana era se desvencilhar do capitalismo


ianque, o Movimento 26 de Julho, que deu o golpe de 1959, conseguiu o feito.
Cuba tornou-se a filha mimada e complexada da União Soviética, viveu até os
anos 1980 ligada a aparelhos e muito soro anti capitalista; quando os aparelhos
foram desligados o regime cubano afundou numa espiral descendente. No final
dos anos oitenta, 90% da economia cubana provinha do setor agrícola,
sobretudo o açúcar. Fidel, Raul, Che e a quadrilha toda, transformaram Cuba em
um país monocultor e miserável.

O embargo econômico é amplamente utilizado como bode expiatório para


justificar os fracassos do regime. Durante a Guerra Fria, quando a ilha fazia
parte de blocos econômicos socialistas, como o COMECON, às críticas ao
embargo eram reduzidas. Cuba, além disso, desprezava a comunidade
econômica internacional. Toda vez que pôde, recusou-se a pagar suas dívidas,
inclusive as que havia contraído junto ao FMI e Banco Mundial, que era
estimada em 11 bilhões de dólares. 7​

Do outro lado do mundo, está Taiwan, um Estado insular (para os


chineses, uma província rebelde) desenvolvida e altamente capitalista. Sofreu
nas mãos dos comunistas pelos mesmos motivos — ou até piores — alegado por
Cuba e suas vedetes esquerdistas. Em 1949, Mao Tsé-Tung (responsável pela
pior fome na história da humanidade: 40 milhões de mortos) tornou-se o

72
timoneiro sanguinário da China e os seus antigos rivais exilaram-se na pequena
ilha de Taiwan, desprovida de qualquer recurso natural ou coisa parecida.
Durante 27 anos (Mao morreu em 1976) Taiwan fora vítima de um embargo
(econômico, hídrico e diplomático) imposto por um país comunista.

O resultado entre Cuba e a pequena ilha da Ásia Oriental é abissal.


Enquanto Cuba e sua economia petrificada estagnaram desde a Revolução,
Taiwan, na mesma década em que o comunismo descarrilou, entrava no rol das
nações mais livres economicamente do mundo. Enquanto Cuba é uma
ilha-presídio e seu povo vive fugindo do “paraíso na Terra” criado pela
esquerda, Taiwan é um Tigre Asiático altamente desenvolvido, cujo oxigênio é
a liberdade e o capitalismo.

73
Capítulo 12

SENDERO

LUMINOSO
Das Universidades à Guerra Civil
Sendero Luminoso: das universidades à guerra civil

O Sendero Luminoso (Caminho Iluminado) foi considerado o maior


movimento terrorista do Peru e o segundo da América do Sul, atrás somente das
Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Sua origem remonta os
anos turbulentos de 1960, quando o governo peruano impôs rígido controle sob
as universidades, principalmente àquelas onde grupos de esquerda disputavam
o controle interno. Em toda a América Latina, após a Revolução Cubana de
1959, muitos intelectuais usavam as universidades para disseminar ideais
subversivos. O perigo era eminente. Se um punhado de guerrilheiros tomaram à
força o controle de Cuba, apenas 200 quilômetros da costa dos Estados Unidos,
a dúvida era o que poderia acontecer com os países em que o movimento
comunista já era latente.

É nesse clima de insurreição universitária que o comunista radical


Abimael Guzman, então professor de Filosofia da Universidade Nacional de
San Cristóbal de Huamanga, ingressa na luta armada. Preso em 1970 por atentar
contra a segurança do Estado, foi libertado da prisão alguns meses depois. Em
1971, após uma ruptura entre os comunistas peruanos, Guzman dá início
definitivamente a sua carreira de terrorista criando o Sendero Luminoso. O
nome foi inspirado no escritor peruano José Carlos Mariátegui, que formulou:
“O ​marxismo-leninismo a​ brirá o caminho (​sendero​) luminoso da revolução”. A
primeira década de existência do Sendero Luminoso foi relativamente limitada;
seus quadros eram basicamente compostos por “estudantes universitários” e
“professores” que se dividiam quanto ao ingresso na luta armada.

Na década de 1980, com a chegada de membros trotskistas na


organização, o grupo ingressa na luta armada e começa a atuar tanto nos centros
urbanos como nas áreas rurais. Nas cidades, entram em conflito com os
membros das forças de ordem; no campo, aterrorizam latifundiários e
camponeses que se negam a somar forças contra a “ordem burguesa”.

O ​modus operandi dos ​senderistas era incendiário. Assassinavam


políticos, policiais e civis, ataques a bombas eram tão comuns como destruir
deliberadamente a infraestrutura estatal na tentativa de desestabilizar
economicamente o governo. Os comunistas, nesses ataques contra o capital
75
físico, nunca ligaram se os mais pobres ficariam sem luz ou água, se inocentes
morreriam ou não, tudo que importava era o caos. Por quase dez anos o Peru
enfrentou uma guerra civil sangrenta e desgastante contra o Sendero Luminoso.
Mesmo com o crescimento assustador dos ​senderistas ​durante toda a década de
1980, seu reinado de terror estava chegando ao fim.

Em setembro de 1992, Guzman foi finalmente capturado. Com o


enfraquecimento gradual da organização, outras lideranças começaram a ser
presas ou mortas em conflitos. Mesmo com o cerco totalmente fechado, em
1995 o Sendero Luminoso contava com mais de 25.000 mil guerrilheiros.
Segundo historiadores, a organização criminosa criada por Guzman pode ter
assassinado até 30 mil pessoas (cerca de 50 vezes o número de mortos e
desaparecidos no período militar brasileiro), os ataques mataram mais de mil
crianças e deixaram mais de 31 mil mutilados.​1

76
Capítulo 13

A VENEZUELA
É Logo Ali
A Venezuela é Logo Ali

Em 1992, sob a liderança do tenente-coronel Hugo Chávez, oficiais do Exército


tentaram dar um golpe de estado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. O
motim fracassou e os insurgentes foram presos, inclusive Hugo Chávez (julgado
e condenado a 2 anos de prisão). Este foi forçado a declarar, em cadeia nacional
televisionada, o fracasso do golpe e pedir para que os militares revoltosos
recuassem:

“Companheiros: infelizmente, neste momento, os objetivos que


determinamos para nós mesmos não foram alcançados na capital.
Isto é para dizer que nós em Caracas não fomos capazes de tomar o
poder. Onde quer que vocês estejam, vocês desempenharam bem seus
papéis, mas agora é tempo para repensar; novas possibilidades
surgirão novamente e o país será capaz de ter definitivamente um
futuro melhor.” 1​

O tiro saiu pela culatra. O discurso de Chávez cativou muitos venezuelanos


desgostosos com o governo polêmico e contraditório de Pérez. Era o início da
ascensão de Hugo Chávez.

Em dezembro de 1998, Chávez elegeu-se presidente da Venezuela com


56,2% dos votos e amplo apoio das classes mais carentes. Em fevereiro do ano
seguinte, Chávez fora empossado e, com apenas alguns dias de mandato,
decretou a realização de um referendo popular para a convocação de uma
Assembleia Constituinte. Em 25 de abril de 1999, o resultado do referendo
sinalizava o paradoxal suicídio da democracia: a maioria dos venezuelanos
votaram favoravelmente à instauração da Constituinte. A nova ordem
constitucional outorgou poderes semi-autoritários ao presidente, com a criação
da Lei Habilitante, que extinguiu o Senado, instituíra o decreto com força de lei,
aumentou o mandato presidencial para seis anos e substituiu o nome do país
para República Bolivariana da Venezuela. Para legitimar os poderes atrelados à
recente Constituição, foram convocadas novas eleições em julho de 2000.
Chávez venceu outra vez.

78
Com a implementação gradual do ​bolivarianismo por vias democráticas,
o “​socialismo do século XXI​” — definição do próprio Chávez — se mostraria
idêntico ao socialismo do século passado. Com o aparelhamento da coisa
pública e o crescente intervencionismo econômico (como a ​Lei de
Hidrocarbonetos,​ que estabeleceu o predomínio do Estado no setor mais
importante da economia venezuelana), a oposição se intensificava. Em 2002,
em meio a uma greve nacional promovida pela oposição, Hugo Chávez sofrera
uma tentativa de golpe — igual ao de 1992, quando ​ele era o golpista —
ficando afastado por três dias até ser reconduzido novamente ao poder. A greve,
encabeçada por muitos petroleiros, só aumentou o interesse do presidente
venezuelano em demitir os gestores da companhia estatal PDVSA (Petróleos de
Venezuela) para colocar quadros de sua confiança. E foi isso que ele fez. Em
2003, aproximadamente 22 mil funcionários, grevistas ou não, foram demitidos
da estatal petrolífera.​2​ ​Greve nunca foi um direito proletário no socialismo.

As tensões de 2002 ensinaram Chávez que uma coalizão de conveniência


com gangues armadas e grupos hostis ajudaria a dominar as ruas onde os
manifestantes quase o haviam deposto. É nesse clima de instabilidade política
que os ​Coletivos ​se originaram. A ONG ​Human Rights Watch o​ s descreveram
como "gangues armadas que usam a violência com impunidade" que perseguem
oponentes políticos do governo chavista. 3​ ​Os ​Coletivos tornaram-se o braço
repressor do governo nas ruas. Imunes a punições, criminosos oportunistas se
alinharam a esses grupos milicianos para praticar crimes, comandar o crescente
mercado negro em todo o país e, para dissimular suas reais intenções, se uniram
às organizações comunitárias.

“Os Coletivos, o dinheiro e armas canalizadas do Estado, se


tornaram polícias políticas. Os manifestantes aprenderam a temer
esses homens que chegavam montados em motocicletas de produção
chinesa para dispersá-los, com frequência de maneira letal”. 4​

No campo da superestrutura governamental, Chávez silenciou a mídia


que o criticava, aparelhou completamente o judiciário, líderes sindicais que não
se dobravam ao assédio populista de Chávez eram removidos de seus postos e
trocados por lideranças maleáveis. O controle da atividade intelectual, comum a
todas as sociedades autoritárias, era deflagrado pelo governo venezuelano
através de vários dispositivos burocráticos. “Para importar um livro, os
79
interessados devem anexar um resumo de seu conteúdo e uma breve exposição
na qual justifique a importância que o texto tem para o país” 5​ ​, revela o
jornalista mexicano Enrique Krauze. Enquanto o governo venezuelano cerceava
a liberdade de seu povo, a esquerda latino-americana aplaudia de pé quem
iniciava o processo de miserabilidade da Venezuela.

O fim do começo: Chávez e o petropopulismo

O petróleo é de suma importância no arranjo econômico venezuelano:


representa impressionantes 95% da receita de exportação, 45% de seu
orçamento e 12% do PIB​. 6​ ​Em 2002, o preço do barril de petróleo não chegava
a 30 dólares, a economia da Venezuela, historicamente dependente do
hidrocarboneto, patinava com a constante volatilidade dos preços internacionais
devido aos Ataques de 11 de setembro de 2001 e, por conseguinte, a Invasão do
Iraque em 2003. Mas isso estava mudando. O aumento do preço do petróleo,
que saltaria de pífios 20 dólares por barril para quase 130 dólares por barril em
2008, viabilizou a escalada do populismo chavista.

A Venezuela teve uma receita bruta com o petróleo equivalente a 300%


do PIB em dez anos. As rendas de petróleo podem ser altas, mas são
também voláteis. Elas sobem e descem de acordo com os ciclos de
preços. Os preços do petróleo foram muito voláteis desde os anos 1970, e
é difícil prever preços futuros. Por exemplo, os preços atingiram US$ 120
em 2008, mas caíram para US$ 45 no auge da crise em 2009 e, desde
2012-2013, estiveram de novo acima de US$ 100. Em 1999, ano em que
Chávez foi eleito presidente, os preços rondavam num piso de míseros
US$ 10, por incrível que possa parecer. O governo conservador que o
coronel Chávez quisera apear pelo golpe nada usufruiu de benefícios por
um preço de petróleo nas nuvens. 7​

Michael L. Ross, autor do imprescindível livro ​A maldição do petróleo,


descreve o aparelhamento obsceno promovido pelo chavismo:

No início dos anos 2000, Hugo Chávez retirou da PDVSA sua autoridade
independente e substituiu seus mais altos representantes por seguidores
leais. Ele então colocou a PDVSA a cargo da administração de uma série

80
de programas sociais, intimamente ligados à sua máquina política. Em
2004, dois terços do orçamento da PDVSA seguiram para programas
sociais e não para a atividades relacionadas ao petróleo. Conforme esses
programas sociais cresciam, a transparência da PDVSA diminuía. Depois
de 2003, suas divulgações financeiras caíram acentuadamente e
observadores independentes relataram que as atividades da empresa se
tornaram cada vez mais difíceis de monitorar. 8​

O chavismo utilizou o petróleo como moeda de troca para obter lealdade


política e apoio popular obediente. Como se não bastasse, desde o início, o
socialismo bolivariano ​passou a controlar a entrada e saída de dólares (controle
cambial) e a tabelar o preço de produtos essenciais. Para camuflar a escassez
que, inevitavelmente, ocorre após o tabelamento de preços, foi anunciado em
2003 a criação da estatal ​Mercado de Alimentos (MERCAL), que fornecia
alimentos e produtos básicos a preços subsidiados por meio de uma rede
nacional de armazéns. Com a brusca intervenção do governo da economia o
setor privado era asfixiado lentamente, mercearias não eram mais capazes de
concorrer com os armazéns estatais cujos produtos eram subvencionados. Essa é
a origem do desabastecimento da Venezuela, uma tragédia anunciada: Hugo
Chávez ​lastreou o fornecimento de alimentos para a população com o dinheiro
oriundo das ​receitas voláteis do petróleo. Em 2010, um relatório apontou que a
rede estatal já contava com mais de 16 mil estabelecimentos. 9​

Uma análise comparativa sobre as importações de alimentos na América


parece validar o diagnóstico: a Venezuela é de longe o país que mais importa
alimentos em relação ao PIB; 2,47% em comparação com o 1,67 da Colômbia,
o 1,16% do México e o 0,91% do Peru. Tratando-se de um país com certa
tradição pecuária, os relatórios da FAO correspondentes a 2007 trazem cifras
preocupantes. Estima-se, por exemplo, que as importações de carne na
Venezuela (bovino, ovina, suína, de aves, etc.) alcançaram as 182 mil toneladas,
convertendo-a na maior importadora desse produto, muito acima de economias
similares como a Colômbia ou Argentina, que importaram respectivamente 45 e
31 toneladas. A Venezuela importou 1,1 milhão de toneladas de leite e produtos
lácteos, surpreendente se levarmos em conta que, em seu conjunto, a América

do Sul importou 1,7 milhão. 10

81
Em 2008, Chávez gabou-se da alta no preço do barril de petróleo, que
chegou a impressionantes 140 dólares, os secretários de governo achavam que
uma queda no preço era quase “impossível”. Chávez era mais ingênuo,
​ Mas a Crise do
acreditava que o valor pudesse chegar a incríveis 250 dólares. 11
subprime (2007-2008) e o consequente declínio da produção industrial mundial,
fez o preço do barril de petróleo despencar.

A realidade começava a alcançar as mentiras do ​socialismo bolivariano,​ a


crise econômica mundial mostrou a real dimensão do problema. Em 2008, a
inflação atingiu 31% e foi a segunda mais alta do mundo, depois de Zimbábue,
governado à época pelo ditador socialista — tinha que ser — Robert Mugabe.
Em 2009, a taxa de inflação caiu para 25,1%, a maior da América do Sul e a
segunda no mundo, ficando atrás somente da República Democrática do Congo.
E, no ano seguinte, a economia venezuelana recuou quase 20%. 12 ​

O problema da Venezuela não é o petróleo!

Como demonstrado, o petróleo está umbilicalmente ligado à economia


venezuelana, porém, recursos naturais podem trazer bênção ou maldição; tudo
depende das instituições que regem uma sociedade. A Venezuela não chegou ao
fundo do poço por causa do “ouro negro”; mas sim por causa de políticas
utópicas e populistas. Por que só a Venezuela afundou no caos devido à queda
de sua principal commodity? Muitos países também são altamente dependentes
das receitas oriundas do petróleo, como os membros da OPEP, por exemplo.
Mas apenas a Venezuela encontra-se mergulhada em uma guerra civil. Chávez
faleceu em março de 2013 e não pôde testemunhar a catástrofe social que criara.

O governo bolivariano de Chávez, e agora de seu aluno Maduro, cuida


mal da galinha dos ovos de ouro. Governos grátis são eméritos matadores
de galinhas. Boa parte da produção de petróleo da Venezuela já está
comprometida quando é extraída. Da produção total, estagnada em cerca
de 3 milhões de barris/dia, cerca de 310 mil barris servem para quitar
empréstimos com a China; cerca de 400 mil são “vendidos” a aliados,
como Cuba, a preço muito inferior ao de mercado ou, então, cumprem

82
acordos de permuta; cerca de 600 mil são usados para atender ao

consumo interno altamente subsidiado. 13

Com o afunilamento da crise na Venezuela desde à subida de Maduro ao


poder, pessoas estão morrendo de fome e morrendo de doenças tratáveis. Desde
2013 ocorreram cerca de 100 mil homicídios no país. 14 ​ Essa terrível situação
criou uma crise de refugiados, com milhões de venezuelanos chegando aos
países vizinhos. De acordo com a ACNUR (Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados) a crise migratória da Venezuela já contabiliza mais
de 2 milhões de migrantes, muito superior à crise de refugiados da Europa,

iniciada em 2015. 15 A Venezuela está sendo vitimada pelo socialismo. A
“onda vermelha” da década passada, em que governos de esquerda assumiram o
controle de boa parte dos países da América Latina, cobrou um preço muito alto
àqueles que duvidaram da capacidade destrutiva do socialismo.

83
Capítulo 14

FORO

DE SÃO PAULO

Diga oi aos Vizinhos


Foro de São Paulo: Diga oi aos Vizinhos

O Foro de São Paulo foi criado em 1990 por uma iniciativa da parceria entre
Lula e Fidel Castro, e é nada mais do que uma organização política com
partidos esquerdistas de toda a América Latina e Caribenhos. Graça Salgueiro,
escritora do livro: “O Foro de São Paulo: A Mais Perigosa Organização
Revolucionária das Américas”, explicou um pouco melhor em áudio divulgado
pela revista Veja, em uma matéria de fevereiro de 2017, sobre a criação dessa
organização que inclui criminosos e extremistas da esquerda. O trecho a seguir é
uma transcrição feita pela Veja:

“Em 1990, quando a Rússia já tinha rompido os acordos com Cuba,


tinha acabado com a proteção que oferecia a Cuba, Fidel Castro viu
que as coisas não estavam caminhando no rumo socialista como ele
imaginava, a revolução dele poderia despencar, e também com o
“fim” do comunismo na União Soviética, a dissolução da URSS com
a queda do Muro de Berlim, tudo isso deixou o comunismo de uma
certa forma meio sem chão. Então, ele já conhecia o Lula, convidou o
Lula para formar um grupo, para ter um encontro e, em 2 de julho de
1990, eles tiveram um encontro aqui em São Paulo, e por conta disso,
por ter sido o primeiro encontro em São Paulo, eles então passaram a
denominá-lo no ano seguinte de Foro de São Paulo. Nesse evento,
eles convocaram todos os países da América do Sul e Central que
fossem de esquerda e também organizações ligadas à esquerda. Além
dessas organizações ligadas à esquerda, também tinha grupos
terroristas como as F​ arc,​ o E
​ LN [Exército de Libertação Nacional,
da Colômbia], o ​Sendero Luminoso [de inspiração maoísta, do
Peru], enfim (…). E o objetivo dele, do Fidel Castro, quando resolveu
criar essa organização, foi muito claro: ele disse que pretendia
recriar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu. [..]”.
(Veja, 2017)

85
Os partidos brasileiros participantes do Foro de São Paulo são o PT,
PCdoB, PDT, PCB, PSB e PPL. Também são aliados o PSUV (partido do
Presidente venezuelano Nicolás Maduro), o Partido Socialista do Uruguai
(partido do Presidente Tabaré Vázquez), o Partido Comunista de Cuba (partido
do presidente Miguel Díaz-Canel), entre muitos outros líderes que governam
atualmente, inclusive todos os últimos do Brasil. Eles têm grande influência
política, embora não intervenham diretamente nela, e já estão no controle na
maioria dos países latino-americanos, sendo responsáveis pelas ditaduras.

Segundo a Declaração de São Paulo de 1990 (disponível no site oficial do


Foro de São Paulo), o objetivo do Foro é que os partidos esquerdistas
(comunistas, socialistas e anti-imperialistas) mantenham diálogo entre si,
compartilhando experiências e sugestões para implantações nos governos uns
dos outros. Além disso, visa a manutenção do socialismo na América Latina e
nos países caribenhos.

Na matéria divulgada pela revista Veja em fevereiro de 2017, lemos a


respeito dos crimes cometidos pelo Foro de São Paulo, que jamais vieram à
público ou foram questionados. Entre eles, lemos:

“Burlou todas as constituições dos seus países-membros, convidando


cada um de seus governantes a interferir despudoradamente na
política interna das nações vizinhas, e provendo os meios para que o
fizessem “sem que ninguém o percebesse”, como confessou o sr.
Lula, e sem jamais ter de prestar satisfações por isso aos seus
respectivos eleitorados. [...]”.

O Foro de São Paulo também foi responsável pelo apoio aos governos
comunistas em países vizinhos, como já citado anteriormente. O trecho a seguir
é retirado de um discurso de Lula em 2013, vídeo que pode ser encontrado no
Youtube com o nome “Lula explica a estratégia do Foro de São Paulo para
chegar ao poder” no canal Quero Abertura Política:

“É importante lembrar que uma grande parte da elite da Venezuela


não admite a chegada de Chávez ao poder (…), como não aceitam o
Lula no Brasil e a Dilma no Brasil… E nós chegamos. E eu quero,
companheiro da direção do Foro de São Paulo, debitar parte da

86
chegada da esquerda ao poder da América Latina pela existência
dessa ‘cosita’ chamada Foro de São Paulo. Foi aqui e devemos muito
aos companheiros cubanos, [...] os companheiros cubanos sempre,
sempre nos ensinaram que [...] a convivência entre os vários setores
de esquerda era a única possibilidade que permitia que nós
tivéssemos avanço aqui nesse continente. [...]”.

Entre os integrantes do Foro de São Paulo, podemos destacar alguns nomes


importantes:

Hugo Chávez​​, que era um presidente venezuelano, tornou-se participante


do Foro de São Paulo apenas em 1995, quando concordou em participar da
reunião ocorrida em El Salvador. Segundo vídeo divulgado em uma matéria de
fevereiro de 2017 pela revista Veja, Lula teria apoiado o presidente Hugo
Chávez. Ele teve a iniciativa de criar o PSUV (Partido Socialista Unido da
Venezuela), que era a união dos partidos que apoiavam a Revolução
Bolivariana. Seu governo teve expressões fortes da ditadura, sendo marcado por
conflitos constantes com os EUA, por ter ignorado as iniciativas privadas
(incentivo apenas às ​estatais​​), por ter tido um governo repressivo e pelo
autoritarismo. Também podemos ver traços ditadores no fechamento
progressivo do país, no decreto que fez antes da morte para o fechamento de
canais locais de televisão, além da instituição da obrigatoriedade de transmissão
de um pronunciamento oficial diário.

Nicolás Maduro​​, sucessor de Hugo Chávez. Seu governo conta com


acentuado crescimento da pobreza, inflação, criminalidade e fome.
Constantemente, vemos notícias sobre a morte dos opositores ao seu governo,
seja em protestos ou até mesmo nas delegacias. Por lá, a população carcerária é
composta por pessoas que discordam da forma de liderança do presidente.
Somando o tempo em que o regime está no poder, já faz 18 anos desde quando
o socialismo começou a ser implantado na Venezuela.

O que vemos hoje é o resultado do que ocorre quando um país decide


fechar suas portas para a iniciativa privada: inflação, falta de produtos e, por
consequência, a fome. Também vemos a falta da segurança pública, e é evidente

87
destacar que o Brasil, comandado pelo governo petista, também estava
caminhando para o mesmo destino.

Fidel Castro ​dominou Cuba por quarenta e nove anos sob os ideais
comunistas. Em seu governo, retirou empresas tanto nacionais quanto
internacionais do território e cortou relações com os EUA, passando a depender
da União Soviética. Não havia liberdade de imprensa ou individual, isso fez
com que muitas pessoas se tornassem presos políticos. Segundo o site “O
Globo”, ele assumiu em 1959, quando fez uma ofensiva militar contra o
presidente cubano da época ao lado de Che Guevara e Raúl Castro, forçando o
líder a deixar o país sob a acusação de ser um “fantoche americano”.

Ainda segundo O Globo, quando a União Soviética, que financiava o


socialismo de Fidel, teve seu fim, Cuba caiu em forte crise econômica. O regime
autoritário teve uma piora e apagões eram registrados em todo o país pela falta
do combustível, que também restringiu o uso dos automóveis entre 1950 e 1960.
O desejo por liberdade política e econômica levou o povo cubano a fugir com
destino aos EUA. Em 2003, o governo do ditador deteve 75 pessoas que
discordavam de sua visão política, sendo 27 jornalistas, cujo crime fora
considerado escrever em oposição ao regime.

Miguel Díaz-Canel ​foi eleito presidente de Cuba em abril deste ano, por
meio de eleições indiretas (sim, em Cuba não existem eleições diretas). Ele é
membro do mesmo partido de Fidel Castro, e embora planeje manter a base de
seu governo, tem outros planos que serão votados até novembro para melhorar a
economia cubana e a sociedade, tentando se aproximar mais do socialismo
soviético, cujo colapso ainda não foi enfrentado pelo país. Ele planeja abrir
caminho para o reconhecimento das empresas privadas e conceder direitos a
homossexuais, embora seu estilo de governo ainda não tenha promovido
qualquer mudança no cenário atual e os cubanos estejam pessimistas. As metas
do novo presidente deverão ser manter a mão de ferro, a ausência de diálogo
com a oposição e a tática de enfrentamento com os EUA que caracterizou o
mandato de Fidel Castro.

Outro aspecto importante a ser abordado a respeito das ditaduras


socialistas dos países latino-americanos, é o fato de que o nosso país também
está direcionado a se tornar uma, que já vem sendo minuciosamente estimulada

88
e desenvolvida para sua total implantação, há mais de dezesseis anos.
Observando mais de perto, podemos identificar similaridades entre os nomes
citados acima com as propostas apresentadas pelo candidato à presidência da
República pelo Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad.

Além de pretender implantar o Marco Regulatório da Internet (censura,


encontrado na página 16 de seu plano de governo), Fernando Haddad planeja
aproximar ainda mais as relações com os países latino americanos e caribenhos:

“Nesse contexto, serão priorizados esforços para fortalecer o


Mercosul e a União das Nações da Sul-americanas– Unasul e
consolidar a construção da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos – CELAC [...]”. (Plano de Governo
Haddad – divulgado pelo site oficial do TSE).

Além de querer, assim como todo bom comunista, afastar os EUA, promover a
liberação das drogas, entre outras coisas:

“Isso é essencial para criar um mundo mais equilibrado e menos


dependente de um único polo de poder, de modo a superar a
hegemonia norte-americana. [...]”. (Plano de Governo Haddad –
divulgado pelo site oficial do TSE).

“A atual política de repressão às drogas é equivocada, injusta e


ineficaz, no Brasil e o no mundo. [...]”. (Página 32 – Plano de
Governo Haddad divulgado pelo site oficial do TSE).

Muitos outros aspectos associam o candidato do PT às ditaduras de seus


colegas do Foro de São Paulo, e revelam que o candidato segue à fio as mesmas
premissas de Lula, com uma visão deturpada sobre segurança pública, sua
vontade de suspender a política de privatização, entre outros fatore. Além disso,
a defesa do mérito de seu mestrado em Economia, em 1990, o presidenciável do
PT escreveu dissertação sobre o “​Caráter Sócio-Econômico do Sistema
Soviético”​ . (portal.mec.gov)

Basta que olhemos com atenção para suas propostas e ideais para
percebermos que já foram aplicadas em quase toda a América Latina, e que
jamais deram certo em lugar algum.

89
Capítulo 15

FARC
Farc

As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) era um exército


popular de ​cunho marxista​​, que realizou inúmeros sequestros e contrabando de
drogas (cocaína, em especial). Foi fundado em 1964 por 50 campesinos da
região colombiana de Marquetália. Eles acreditavam em tomar o poder através
de uma luta armada para estabelecer uma sociedade de ​caráter socialista e
cortar relações político-econômicas com os Estados Unidos.​ Eles queriam a
retirada do poder dos conservadores e liberais, que alternavam desde a
independência do país.

A partir da década de 80, segundo o site El País, o grupo intensificou a


exploração do narcotráfico e a violência, passando a ter como principal objetivo
a produção e venda de drogas. Na década de 90, eles chegaram a dominar 40%
do território da Colômbia, tendo quase vinte mil guerrilheiros. Em 2016, um
pacto de paz fora firmado entre a organização e o até então presidente Juan
Manuel Santos. Em 2018, três atentados foram promovidos por dissidentes das
Farc antes da posse do novo presidente, Ivan Duque.

Segundo o site O Povo, em uma matéria divulgada no dia 4 de outubro de


2018, o PT teria pedido ao TSE que obrigasse a remoção da suposta “fake
news” (notícia falsa) divulgada pelo PSL e pelo candidato Jair Bolsonaro, de
que o Partido Trabalhista teria tido apoio das FARC, justificando que essa não
teria ligação com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia, mas sim com o partido político colombiano FARC (Força
Alternativa Revolucionária do Comum). O que Haddad e seus companheiros
não contavam era que esse partido político teria sido iniciado por guerrilheiros
das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

91
As FARC e o PT

Apesar de o Partido Trabalhista e todos os outros ligados ao Foro de São Paulo


negarem a presença das FARC em reuniões da organização e defenderem a ideia
de que isso é uma mentira, o artigo divulgado pela revista Veja exibe um vídeo
onde o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez conta como conheceu Luiz
Inácio Lula da Silva e Raúl Reyes (um dos comandantes das Farc) no mesmo
encontro do Foro de São Paulo, ocorrido em 1995 na capital de El Salvador. O
trecho a seguir é uma transcrição do vídeo "Conheci Reyes e Lula no Foro de
São Paulo", onde o ditador da Venezuela fala:

““Recebi o convite para assistir, em 1995, ao Foro de São Paulo, que


se instalou naquele ano em San Salvador. (…) Naquela ocasião
conheci Lula, entre outros. E chegou alguém ao meu posto na
reunião, a uma mesa de trabalho onde estávamos em grupo
conversando, e lembro que colocou sua mão aqui [no ombro
esquerdo] e disse: ‘Cara, quero conversar com você.’ E eu lhe disse:
‘Quem é você?’ ‘Raúl Reyes, um dos comandantes das Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia.’ Nós nos reunimos nesta
noite, em algum bairro humilde lá de El Salvador. […]””

Reyes, por outro lado, confirmou ter conhecido Lula para o jornal Folha de São
Paulo, em uma matéria divulgada em agosto de 2003. O seguinte trecho foi
extraído da reportagem:

92
“Folha - Qual é a sua avaliação do governo Lula?

Reyes - ​Tenho muita esperança em que o governo Lula se transforme num


governo que tire o povo brasileiro da crise. Lula é um homem que vem do povo,
nos alegramos muito quando ele ganhou. As Farc enviaram uma carta de
felicitações. Até agora não recebemos resposta.

Folha - Vocês têm buscado contato com o governo Lula?

Reyes - ​Estamos tentando estabelecer -ou restabelecer- as mesmas relações que


tínhamos antes, quando ele era apenas o candidato do PT à Presidência.

Folha - O sr. conheceu Lula?

Reyes - ​Sim, não me recordo exatamente em que ano, foi em San Salvador, em
um dos Foros de São Paulo.

Folha - Houve uma conversa?

Reyes - ​Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos


encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente.
Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.

Folha - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?

Reyes - ​As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças
políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente
[Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.

Folha - O sr. pode nomear as mais importantes?

Reyes - ​Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os


sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes,
historiadores, jornalistas...”

93
Em 2010, Valter Pomar (secretário executivo do Foro de São Paulo), negou que
o Foro de São Paulo tenha qualquer ligação com as FARC. “As Farc não
participam e nunca participaram do Foro de São Paulo”, ele disse. Quando
colocado sob pressão pela insistência da Agência do Estado, continuou: “Eu
estava lá. Não participou nem como um setor de partido”.

O PT e seus aliados insistem em negar para a população, de forma


mentirosa, que tenham qualquer envolvimento com os governos autoritários e
ditadores da América Latina, sobretudo com as FARC. Eles sabem que essas
informações são difíceis de serem encontradas, uma vez que estão em matérias
divulgadas há alguns anos atrás, e ignoram as muitas provas existentes do que
fizeram.

Essas são informações que precisam ser difundidas e compreendidas pelo


povo, pois ano após ano, os lobos esquerdistas se vestem em pele de cordeiro e
tentam iludir a população mais uma vez, em tentativas sorrateiras e maliciosas
de serem eleitos e continuarem com os planos de implantar no Brasil a mesma
ditadura que vemos nos países vizinhos, cujos líderes estavam presentes nos
encontros para compartilhamento de ideias com os candidatos brasileiros da
esquerda.

Avaliando a situação econômica atual do Brasil e o plano de governo do


candidato Haddad, podemos ver que nosso país se direciona para o mesmo fim
que todos os outros tiveram: miséria, fome, repressão da esquerda sobre seus
opositores, inflação, censura, inversão de valores, entre outras tantas opções.
Não podemos permitir que isso venha a acontecer com o nosso país, e que
nossas famílias passem por tanto sofrimento quanto nossos vizinhos
latino-americanos.

94
Capítulo 16

PARTIDO DO

TERROR
Um Projeto Criminoso de Poder
Partido do Terror: Um Projeto Criminoso de Poder

O Partido dos Trabalhadores é uma organização política diferente dos demais


grupos que se encontram no mesmo espectro político. Enquanto os tradicionais
partidos de extrema-esquerda pregam a tomada do poder pela violência
revolucionária ou através de ideias explicitamente radicais, o PT enveredou pelo
caminho do gramcianismo.

O comunista italiano Antonio Gramsci é, sem dúvidas, a principal


referência intelectual dos articuladores políticos do PT. Gramsci estivera no
início dos anos 1920 na União Soviética e já conseguia prever que, se a
conquista do poder ocorresse através do sangue de inocentes, imbuído em meio
a um processo totalitário, cedo ou tarde fracassaria. Então, Gramsci desenvolveu
a doutrina da “hegemonia cultural”, que consiste em aparelhar a ​infraestrutura
das relações sociais (sindicatos, escolas, mídias, universidades, cargos
importantes em estatais, etc.) para depois, de forma contínua, dominar a
superestrutura ​da consciência social (cultura, política, economia, religião,
ciência, etc.)

Portanto, o objetivo manifesto do PT, e de todos os seus aliados na


América Latina, é recuperar aquilo que se perdeu no Leste Europeu em 1989.
Após a ruína sistêmica do socialismo, vieram à tona seus crimes. O socialismo
ficou fora de moda temporariamente; a esquerda estava destruída. As ideias de
Gramsci, intrinsecamente, “são mais do mesmo”, porém, utilizando métodos
distintos para conquistar o poder.

Esses métodos de aparelhagem vem sendo empregados pela ​facção


criminosa ​do PT há mais de uma década. Não é estranho que, mesmo com a
destruição da economia brasileira e o descortinamento do maior esquema de
corrupção da História do Brasil promovido pelo PT, este ainda seja um partido
amplamente popular entre as classes mais humildes, jornalistas, artistas,
intelectuais e professores? Criando uma mentalidade uniforme entre seus
apaniguados, estes integram a base do aparelho de manipulção do partido.
Guarnecido por agentes de desinformação por todos os lados, defendendo Lula e

96
seu projeto de poder, o PT conseguiu comprar a conivência silenciosa de
milhões de eleitores.

De maneira mafiosa, o PT também tentou subverter a democracia


diversas vezes. Envolveu-se em esquemas de corrupção comprando votos de
parlamentares e depauperando estatais, usou o BNDES não só para financiar as
“campeãs nacionais” mas também para patrocinar ditaduras sanguinárias tanto
na América Latina como na África. O entusiasmo da esquerda não é temporário.
Mesmo o Partido dos Trabalhadores sendo um cadáver político no presente
momento, o programa hegemônico dos petistas ainda seduz milhões de
brasileiros. A demagogia e o populismo tornaram-se regras.

97
Capítulo 17

FINANCIANDO

O MAL

Por trás do BNDES


Financiando o Mal: Por trás do BNDES

Criado em 20 de junho do ano de 1952, pelo então presidente Getúlio Vargas, o


Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, que em seguida teria o termo
“Social” inserido em seu nome de batismo (Passando de BNDE a BNDES), é
uma instituição pública criada com fins de estimular o desenvolvimento
econômico brasileiro através de linhas de crédito, utilizando em sua maioria
juros subsidiados para colaborar com micro e pequenas empresas, visando taxas
de juros mais atraentes que as propostas dos bancos da iniciativa privada, além
do investimento direto.

Desta forma, seria com base no desenvolvimento econômico, social e


ambiental da nação brasileira, que o BNDES julgaria quais ativos mereceriam a
concessão do apoio e dos empréstimos por ele realizado. Assim sendo, o banco
deveria sempre objetivar a ascensão da inovação e da prosperidade regional,
além de considerar a ​criação de empregos, geração de renda e inclusão social
como fatores relevantes para a autorização do apoio. (BNDES.gov)

Entretanto, após longos anos de atuação no mercado, o banco se tornou


fator gerador de muitas controvérsias devido a números exorbitantes de
financiamentos, com finalidade de patrocinar e custear diversas obras
internacionais, mais especificamente em países aliados do governo de esquerda
brasileiro, sob a gestão de Lula e Dilma, entre os anos de 2002 a 2016.

Simultaneamente, a desconfiança sobre a integridade e lisura dos


financiamentos efetuados pelo banco passou a ser absoluta, quando o BNDES
deixou de se preocupar com pequenas e microempresas brasileiras para
financiar empresas estratégicas, multinacionais, empresas que seriam utilizadas
futuramente como peças chave para campanhas eleitorais e parcerias
internacionais, tendo em vista a manutenção da força da esquerda na América
Latina e no Brasil.

Certamente, esta situação não ocorreu por acaso: Apenas em 2014, 62%
dos recursos totais do banco disponíveis para distribuição foram destinados a
companhias de grande porte, tais como Petrobrás, Odebrecht e Andrade
Gutierrez. Ironicamente, todas envolvidas no maior escândalo de corrupção da

99
história do mundo, a Lava-Jato. De maneira natural, tais decisões tomadas pelo
comando do banco passaram a colocar em cheque a reputação do BNDES, que
até então deveria ser o estimulador da prosperidade, e não da corrupção e
corporativismo.

Antes dos mais diversos escândalos de corrupção chegarem à tona, a


Petrobrás já estava há anos sendo agraciada pelos recursos do BNDES. Apenas
em 2013, foram R$11,6 bilhões em recursos destinados à Estatal. Além dela,
outras empresas estavam nessa lista, e mais tarde todas estariam envolvidas em
casos de corrupção e outros escândalos: JBS (2,4 bi, desde 2005), Sabesp (1,7
bi), TIM (5,7 bi), Braskem (863 mi), Eletrobras (2,5 bi), Copel (1 bi), Light
(276 mi). (MISES.org)

Infelizmente, o que deveria ser um artifício para geração de riqueza no


país, tornou-se um miserável instrumento de redistribuição de renda às avessas,
que tira dos mais pobres para oferecer às grandes corporações e regimes
totalitários. O governo petista fez com que seu próprio discurso de “zelar pelos
mais pobres” se tornasse uma arma apontada em sua direção. Uma vez que
compreendemos a real utilidade que teve o banco de “desenvolvimento” durante
o comando do PT, torna-se nítido o mecanismo fez tudo funcionar. Contudo,
este não foi o único problema apurado.

I​​RREGULARIDADES

Como é sabido por todos, o Brasil possui severos problemas de infraestrutura.


Diante deste fato, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
vem optando por financiar empreitadas como portos, ferrovias e estradas, mas
não em nosso país. O BNDES vem subsidiando linhas de crédito em diversos
outros países do mundo, em especial latino-americanos com regimes socialistas.

Desde abril de 2006, quando Guido Mantega se tornou Ministro da


Fazenda, o BNDES transformou-se em ativo fundamental para a estratégia
proposta pelo governo, pois, desde então, Guido conquistou o posto como o
mais duradouro ministro da história de República (g1). Com ele, foram
conduzidos de 2007 a 2014, uma sucessão de políticas questionáveis por parte
do banco.
100
Vejamos alguns — e apenas alguns — empréstimos feitos pelo BNDES sobre
cujo retorno parece ser minimamente suspeito: Eike Batista - R$ 10 bilhões;
Marfrig - R$ 3,5 bilhões; Governo de Cuba (Porto de Mariel) - R$3,5 bilhões;
Governo da Venezuela - R$11,5 bilhões; Governo da Nicarágua - R$4 bilhões;
Governo da Argentina R$ 4 bilhões; Governo de Angola R$10 bilhões; (r7.com
,estadão, g1.com, valor)

Desde que Mantega assumiu o Ministério da Fazenda e indicou Luciano


Coutinho como seu sucessor na presidência do BNDES, o banco se tornou uma
“Caixa preta” intocável, trama de segurança máxima para o governo do PT.
Empréstimos milionários; construções como o Porto de Mariel em Cuba, que foi
responsável por US$682 milhões de dólares retirados dos cofres do banco para a
ditadura Cubana; Arenas para a Copa do Mundo; Empréstimos concedidos para
a Friboi, entre outros tantos.

“O dono da JBS, Joesley Batista, afirmou, em delação premiada, que


o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega era o contato da
empreiteira para efetuar pagamentos de propinas para parlamentares
do PT. Mantega seria o responsável por controlar os repasses ilegais
da JBS para o partido por meio de uma espécie de conta corrente.”
(O Globo.)

São numerosos os casos e as cifras bilionárias que nos foram subtraídas pelo
alto escalão do governo e do BNDES, por diversas razões políticas, com o
objetivo de favorecer companheiros conluiados ideologicamente com o partido
dos trabalhadores, além de financiamentos para manutenção do poder e sua
própria campanha política.

Mas, além disso, ainda há outra anomalia: o critério para concessão


desses fundos, e isso ocorre nos casos mais controversos, como nos
empréstimos a Angola e a Cuba, é em muitas vezes ocultado pelo governo
federal. Os brasileiros, que pagam seus impostos exorbitantemente caros, e que
muito provavelmente possam até estar desempregados por culpa da

101
incompetência do governo em administrar a economia, não tem o direito saber o
que os petistas estão fazendo com seu dinheiro.

É válido ressaltar que o banco está submetido à lei de acesso a


informações públicas, portanto, todos os contratos da instituição não devem ser
beneficiados por sigilo fiscal ou bancário. Entretanto, transparência é um termo
expressamente proibido em ampla parcela das negociações feitas via BNDES,
pois o próprio banco alegou “preservação da privacidade dos atos referentes à
gestão bancária”. Atualmente, o BNDES apresenta os beneficiários de meros
18% do total de empréstimos realizados.

“A presidente Dilma Rousseff vetou o texto aprovado pelo Congresso


que determinava o fim do sigilo nos empréstimos e financiamentos
concedidos pelo banco federal de fomento, o BNDES. Na justificativa
para o veto, o Palácio do Planalto diz que “a divulgação ampla e
irrestrita das demais informações das operações de apoio financeiro
do BNDES feriria sigilos bancários e empresariais e prejudicaria a
competitividade das empresas brasileiras”. (JusBrasil)

Com a pouca informação que veio à tona, podemos imaginar o quão


grave é a situação do BNDES. Em termos de desvio de verba pública,
financiamento de regimes totalitários e desrespeito à população, que padece
com falta de recursos em diversos setores da economia como saúde, educação,
segurança e infraestrutura.

Entre os anos de 1998 e 2014, aproximadamente 3311 contratações na


modalidade de “Desembolsos no apoio à exportação” foram realizadas pelo
BNDES. Entretanto, 174 contratações foram removidas dos registros da planilha
pública que permitia identificar o valor particular de cada operação, protegidas
por sigilo. Portanto, infelizmente estes dados não serão aqui computados. Além
disso, não havia valores individuais dos contratos em nenhuma das outras 3137
operações listadas, especialmente na categoria “Obras e Infraestrutura”.

102
Contudo, ainda que houvesse uma grande preocupação em esconder os fatos, ao
realizar um simples cruzamento de dados, era possível constatar que: 139 linhas
de crédito foram concedidas pelo BNDES para obras de infraestrutura no
exterior. A maior parte delas, cerca de 121 obras (87%), foi destinada à
empreiteiras do monopólio que desviou milhões da Petrobrás.

Com base nos dados, foi verificada a origem de cada uma das 121
operações. Destacou-se que entre 1998 e 2002, sob o comando de FHC, foram
concluídas 6 operações apenas. Entre 2003 e 2006, durante a primeira gestão
petista de Lula, 9 operações. Já entre 2007 e 2010, sob a segunda gestão de
Lula, inexplicavelmente ocorreu um salto de ​9 para 63 operações financiadas
pelo BNDES, caracterizando mais da metade (52,1%) de todas as concessões
efetuadas. Entre 2011 e 2014, as contratações recuaram para 43, ainda assim, foi
o 2º maior período de contratos selados entre o banco e empreiteiras
investigadas pela lava-jato. (estadão.com)

O orçamento enviado ao Congresso pela presidente Dilma no ano de


2015, consideravelmente previa uma lacuna de R$30,5 bilhões de reais. Ou seja,
o governo Federal declarava ter que dispensar, em um ano, quantia bem maior
que a arrecadada.

Este mesmo governo, entretanto, transferiu para o BNDES, em títulos


públicos e durante cinco anos, aproximadamente ​R$300 bilhões de reais​​.
Certamente, isso não fica muito claro para a população, pois o tesouro paga uma
taxa de juros a esses títulos de 9,5% ao ano, mas o BNDES empresta esse
dinheiro a beneficiários nacionais ou estrangeiros com taxa de juros em torno de
5%.

Ora, aqui já podemos identificar uma grande incoerência: Nós todos, até o
mais humilde trabalhador braçal, subsidiamos alguns poucos privilegiados, seja
ele uma Construtora Odebrecht aqui dentro, ou o próprio governo Cubano e
Venezuelano lá fora. A conta é fácil de se fazer: os R$300 bilhões remunerados
a 9,5% e emprestados a 5% dão ao tesouro, leia-se por tesouro: a todos os que
pagamos impostos, cerca de ​R$13 bilhões de prejuízo ao ano​​. Apenas nesta

103
cifra poderíamos recuperar um terço do furo orçamentário do ano de 2015
citado acima.

Mas se achamos que as incongruências param por aí, estamos


completamente equivocados. É só olharmos mais de perto para nos
aprofundarmos ainda mais no tamanho do problema. Os R$13,5 bilhões de reais
captados por Eike Batista e Marfrig, caso fossem utilizados de maneira útil, para
construção de hospitais públicos, por exemplo, poderiam salvar a vida de
quantos brasileiros que estão hoje despejados em corredores hospitalares, sem
leitos apropriados, sem medicação, sem recursos?

Já o porto de Mariel, em Cuba, onde estão enterrados centenas de milhões


de reais de impostos arrecadados pelo povo brasileiro, é um caso intrigante: Este
dinheiro teve o intuito de servir como alicerce para reforçar a tirania dos
ditadores Fidel e Raúl Castro. Serviu também para conceder à Construtora
Odebrecht uma magnífica obra sem que houvesse alguma concorrência. E quem
fiscalizou, dentro da ditadura cubana, os preços unitários, para saber se não
eram superfaturados? Talvez a obra tenha custado apenas metade do que
realmente foi gasto, mas nunca saberemos. Quem sabe, este dinheiro tenha
voltado para cá, mas com intuito de servir como caixa dois para campanhas
políticas.

Ao mesmo tempo, o porto de Santos permanece sem poder atracar navios


de grande porte, pois necessita há anos de investimento público. Em
contrapartida, os nossos portos estão cada vez menos recebendo investimentos
do Governo. Esse é o amor que o PT tem com os brasileiros. Esse é o amor que
o PT tem para com os mais pobres.

“Os 18 portos públicos do Brasil administrados por companhias


docas aplicaram apenas 36,7% (R$ 8,3 bilhões) do total de R$ 22,6
bilhões previstos no orçamento da União para o setor nos últimos 25
anos. O Porto de Santos, no litoral paulista, maior porta de entrada e
saída do comércio exterior brasileiro, lidera o ranking com uma
perda de R$ 3,9 bilhões. Os dados estão reunidos em um

104
levantamento encomendado pela Associação Brasileira de Terminais
e Recintos Alfandegados (ABTRA).” (g1.com)

Enquanto isso, na Venezuela, foram financiados o metrô de Caracas, uma


imensa ponte sobre o rio Orinoco, a Usina Siderúrgica Nacional e também
estaleiros. Neste momento, a única dúvida que temos é: Será que o Brasil não
necessita ampliar e melhorar o transporte urbano? Não precisamos também de
investimentos em Infra-Estrutura? O rio Orinoco é brasileiro?

Com nossas térmicas constantemente ligadas, caras e poluentes, nós


temos realmente condições de oferecer linhas de crédito à Nicarágua, por
exemplo, para construir a hidrelétrica de Tumarin, que custou US$342 milhões
de dólares? (g1.com)

Justamente a Nicarágua, que é um território falido, sem oportunidades


para gerar faturamento e renda, além de tudo devastado pela incompetência
bolivariana, sinônimo de comunismo?

Durante a gestão do PT nós também financiamos, além de tudo que foi


citado acima, gasodutos e aquedutos argentinos. Como se não parecesse que
50% da população do nosso próprio País ainda não possui ao mesmo
saneamento básico.

“Apenas 50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto, o que


significa que mais de 100 milhões de pessoas utilizam medidas
alternativas para lidar com os dejetos – seja através de uma fossa,
seja jogando o esgoto diretamente em rios.” (g1.com)

Enterramos R$10 bilhões de reais em Angola, uma ditadura socialista


corrompida, ao passo em que nossas estradas, para desespero dos pobres
caminhoneiros que transportam nossos insumos pelo país, estão em petição de
miséria. Mas, por que motivo os petistas não se importam com o povo da
mesma forma que se importam com seus próprios interesses e de seus amigos
bolivarianos? Não por coincidência, todos são países que caíram nas mãos do
neocomunismo, que Lula e Dilma Rousseff tanto adoram.

105
Neste momento talvez você esteja se perguntando: Mas de que forma o BNDES
obtém tantos recursos para financiar tudo isso?

RECURSOS

A princípio, o capital disponível pelo BNDES era originário do Fundo de


Amparo ao Trabalhador (FAT), este que destina-se a custear o
seguro-desemprego e abono salarial. Portanto, podemos verificar que, na
prática, os recursos do banco eram resultantes do trabalho das massas, oriundos
dos encargos sociais incidentes na folha de pagamento das empresas e que, ao
invés de beneficiar o próprio povo, destinava-se a financiar os subsídios dos
empréstimos feitos para grandes empresas. Eram as pequenas empresas pagando
para as grandes.

O maior e mais grave problema é que, além de a ideia de captação dos


recursos já parecer ruim, ela foi modificada e piorada no ano de 2009, durante a
gestão do PT. Neste momento o BNDES passou a se custear através do
endividamento do Tesouro. Ou seja, agora o BNDES passa então a ser
financiado via inflação monetária.

De maneira prática, a máquina funcionava da seguinte forma: O BNDES


não possuía todo o dinheiro necessário para custear as obras e nem para destinar
a todos os empresários e governos favoritos da gestão do PT. Portanto, o
Tesouro nacional passou a emitir títulos da dívida, objetivando arrecadar o
montante necessário para suplementar as linhas de crédito.

Mas se o Tesouro emite títulos, quem os poderia comprar?


Predominantemente, quem os compra é o sistema bancário em si. Assim sendo,
o banco central, que trabalha com reservas fracionárias, foi obrigado a criar
dinheiro “do nada” para comprar os títulos da dívida, concebendo uma forma de
financiamento do BNDES totalmente inflacionária, pois aumentava a
quantidade de dinheiro na economia.

106
“Os quase R$ 60 bilhões oriundos do FAT não foram suficientes,
entretanto, para levar a cabo a estratégia que Mantega e Coutinho
previam implementar. Dentre 2009 e 2014, o BNDES recebeu aportes
de R$ 450 bilhões do Tesouro, representando ​um salto de 4.500% em
relação aos R$ 9,9 bilhões detidos pelo banco em 2009.
Os recursos representam ​pouco mais de 8% do PIB e 1​ 7,3% da
dívida pública federal​, que em agosto de 2015 estava em R$ 2,6
trilhões. Como o governo paga juros superiores à Selic, 14,25%, e o
banco empresta a juros menores que a inflação, em torno de 6%, o
governo acaba subsidiando o BNDES em um valor equivalente a ​R$
33 bilhões anuais.​ Ao todo, a estratégia de aumentar o BNDES
significou ​R$ 111 bilhões em subsídios​.” (G1)

Parabéns, PT.
Parabéns, Socialismo.

Já foi brevemente citado aqui como o BNDES emprestou dinheiro a diversos


países para a execução de milhares de obras. Verificamos também que o volume
de negociações apresentado pelo banco aumentou de maneira colossal desde
2007. Segundo dados do TCU, o BNDES aportou mais de US$10 bilhões de
dólares entre 2007 e 2014. Isso equivale, na cotação atual, aproximadamente
R$38 bilhões de reais. Pouco, né?

O Tribunal indagou judicialmente o BNDES visando a prestação de


contas e transparência das negociações. Entretanto, o banco recorreu,
argumentando que isso poderia ocasionalmente expor os clientes privados e
então seria encarado como uma quebra de sigilo.

Em brasília, a recompensa por participação em conselhos de empresas


Estatais é um privilégio conferido a poucos. Apenas no ano de 2014, R$17
milhões de reais foram distribuídos para estes favorecidos. Em sua grande parte,
quem recebe esta gratificação são Ministros, como Guido Mantega, que recebia
R$19 mil reais por mês para colaborar com o conselho da Petrobrás.

107
No nosso Banco Nacional de “Desenvolvimento” não é diferente. Ao todo são
12 cargos, incluindo a presidência e vice-presidência do banco e 5 ministros que
compõem o conselho do BNDES. Segundo o Portal da Transparência, estes
ministros recebem R$20 mil reais mensais para participar de tais reuniões.

Além dos ministros, uma pessoa em especial se faz presente nas reuniões
do conselho do BNDES. Indicado pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, este nome é Vagner de Freitas. Sim, ele mesmo. Vagner
de Freitas é o ​Presidente da CUT​​. (valor.com)

Certamente, o banco deverá se explicar sobre o fato de como alguém que


ameaça “Sair às ruas com armas nas mãos”, possa compor o conselho de um
banco como o BNDES, julgando as ações e concedendo linhas de crédito,
destinando mais de R$190 bilhões de reais em financiamentos com dinheiro
público.

Diante dos fatos, percebemos que: empresas com relações estreitas com o
governo possuem acesso a um mercado de juros subsidiados, na casa de 7,5%
ao ano, enquanto empresas comuns, caso necessitem de crédito, deverão buscar
seu financiamento no mercado privado, com juros extremamente maiores. As
empresas comuns são aquelas micro e pequenas empresas, as quais são
responsáveis por 84% dos empregos de todo o país. (uol economia)

“Quase dez anos após o início da política de campeãs nacionais, os


resultados são diferentes do idealizado por Lula, Luciano Coutinho e
Dilma. Praticamente todas as empresas do grupo EBX pediram
recuperação judicial ou foram vendidas. Eike Batista está na cadeia,
acusado de corrupção. A Oi, a supertele brasileira, não conseguiu
evoluir no setor e pediu recuperação judicial, assim como a LBR,
outra escolhida para ser campeã na venda de laticínios. Agora, a
BRF e a JBS estão envolvidas no escândalo da operação Carne
Fraca, da Polícia Federal. Além disso, mesmo a JBS tornando-se de
fato uma campeã nacional, pouco se viu em retorno ao país, dado que
grande parte das empresas adquiridas por ela sequer estavam no
Brasil. Oras, não foi Barack Obama, George Bush ou Bill Clinton

108
que escolheram Apple, Google e Facebook como as empresas mais
valiosas dos Estados Unidos! Foi o mercado, por meio dos clientes
que utilizam os serviços, e dos fundos de private equity, que colocam
capital nas empresas em que eles acreditam.

Pudemos ver em dez anos a ascensão e queda das campeãs nacionais.


O que tivemos no Brasil por um tempo não foi o capitalismo em sua
essência. Não houve liberdade, tampouco concorrência. Foi um
capitalismo de laços, no qual os amigos do rei se beneficiam e o
restante está sujeito à lei. Foi uma economia de puro marketing,
apenas ilusões econômicas. Esperamos que, ao menos, agora
tenhamos aprendido a lição.” (Leonardo de Siqueira Lima) uol,
2017.

Enquanto isso, os crescentes problemas econômicos do Brasil,


aparentemente, continuam recaindo sobre o povo, sufocado por uma carga
tributária insensata, cada dia mais distante de retornar como benefícios. Tributos
estes que são manipulados pelo engenho do Estado, por um partido corrupto e
um grupo ideológico que ocupou nosso governo durante anos.

Com tudo isso, percebemos que ao subsidiar tais empréstimos, o BNDES


funciona como um “Bolsa Família às avessas”, uma máquina de gerar
desigualdade: tira dos pobres para dar aos ricos. Ou melhor, capta dinheiro
emitindo títulos públicos, com base na taxa Selic (11% ao ano), e empresta a
6%. Arcando com 5% de todo o dinheiro emprestado. Ou seja, dos R$414
bilhões emprestados em 2014, por exemplo, o montante de R$20,7 bilhões foi
pago pelo banco. Um valor se assemelha aos R$ 25 bilhões gastos pelo governo
no Bolsa Família no mesmo ano, que atinge 36 milhões de brasileiros.

Tais fatos revelam indícios suficientes para suspeitar que tudo isso pode
fazer parte de um esquema transnacional de desvio de muito dinheiro público do
povo brasileiro.

109
Com uma ligação de fatos, podemos chegar a inúmeras conclusões. Assim
sendo, segue um resumo da ópera, para reflexão individual de cada um:

● Obras feitas em países socialistas que apoiavam a força da esquerda na


américa-latina, com alto nível de corrupção, envolvendo ditaduras e
regimes assassinos.
● Empreiteiras acusadas de esquemas de corrupção, que subtraíram milhões
com o caso da Petrobrás, investigadas pela Lava-Jato e com diversos
envolvidos condenados e presos.
● Viagens de Lula e seus companheiros aos mesmos países supracitados,
para celebração de acordos e parcerias, custeadas pelas mesmas
corporações corruptas.
● Delações de nomes do alto escalão, de empresas como: Odebrecht,
Andrade Gutierrez e JBS, revelando Guido Mantega como principal
comandante de diversos esquemas envolvendo o BNDES, incluindo o
repasse de verbas diretas a parlamentares do PT. (estadão.com)

Os fatos apresentados podem apontar indícios consideráveis para


pressupor que tudo isso é apenas um fragmento, de uma estrutura colossal
montada para desvio de dinheiro público e manutenção de poder durante a era
PT.

110
Capítulo 18

NORDESTE
A Maior Vítima do Socialismo no Brasil
Nordeste: A maior vítima do Socialismo no Brasil

O Nordeste é a região do Brasil com maior número de estados. Sua


população é conhecida pela alegria, contém praias maravilhosas, uma culinária
marcante; muito popular pela cultura, é berço de grandes nomes da literatura e
da poesia, além de ser tema para diversos livros e obras artísticas. Por outro
lado, também é a região com o mais alto índice de pobreza da população
brasileira.

Os mais de treze anos de governo do PT não mudaram essa realidade,


embora continuem fazendo promessas de mudança. A população mais pobre do
Brasil já recebe pouco do Bolsa Família, mas tem medo de que até mesmo esse
pequeno valor recebido todo mês seja retirado de suas famílias, porque é
exatamente o que dizem que a direita fará quando chegar ao poder, e é
exatamente assim que o PT consegue manipular os votos e se aproveitar da
situação de pessoas carentes, que realmente necessitam daquele pouco para
sobreviver.

Segue abaixo uma transcrição literal do discurso de Luís Inácio Lula da


Silva, proferido no ano de 2000 através de uma entrevista concedida à televisão
em sua pré-campanha de candidatura à presidência da República.

“Lamentavelmente, no Brasil o voto não é ideológico. As pessoas não


votam partidariamente. E, lamentavelmente, você tem uma parte da
sociedade que, pelo alto grau de empobrecimento, é conduzida a
pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui
tanta cesta básica e tíquete de leite… porque isso, na verdade, é uma
peça de troca em época de eleição. Assim, você despolitiza o processo
eleitoral e t​ rata o povo mais pobre da mesma forma que Cabral
tratou os índios quando chegou no Brasil, tentando distribuir
bijuterias e espelhos para ganhar os índios […]. Você tem, como
lógica, que manter a política de dominação que é secular no Brasil.”

112
Neste momento, Lula tentava reprovar os projetos criados pelo PSDB que
deram origem ao que foi então rebatizado pelo PT de “Bolsa Família”.
Comicamente, este Lula de 2000 acabava de criticar aquela que seria então a
base estrutural de toda sua campanha eleitoral e do Partido dos Trabalhadores,
pelos próximos 18 anos.

Hoje, direto de sua cela em Curitiba, Lula tenta fazer com que sua
avaliação inicial sobre os programas assistenciais seja fielmente reproduzida.
Entretanto, os “Índios” como Lula miseravelmente retratou as pessoas que
necessitam dos programas sociais, são hoje o povo mais pobre do país,
sobretudo a grande massa das pessoas humildes que residem no interior do
Nordeste.
“Quase um terço (29,3%) dos domicílios localizados no Nordeste
recebe Bolsa Família, segundo dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2016
divulgados nesta quarta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.” (IBGE)

“O Maranhão é o Estado com a maior relação entre a população e


quem vive dos valores do Bolsa Família. De acordo com o ministério,
48% da população do Estado recebe os recursos. Piauí e Acre vêm a
seguir, ambos com ​41%​.” (valor)

Infelizmente, durante todos esses anos o nordeste do Brasil foi,


propositalmente, utilizado como massa de manobra pelo governo petista, indo
ao encontro da filosofia do governo de contar com o populismo medíocre para
obtenção de votos. A manipulação das pessoas mais carentes e a exploração do
Nordeste que hoje é, seguramente, a região mais beneficiada pelo Bolsa Família,
foram marcas severas do governo do partido dos trabalhadores.

Sabemos que R$200 reais ​como bolsa para famílias que precisam, não
supre todas as carências mínimas dos seres humanos em um país inflacionado
como o Brasil. Chega a ser desumano que estejamos sob um governo que gasta
R$795 milhões por ano apenas com publicidade, que desvia bilhões de dólares
através do BNDES, que financia ditaduras por toda a

113
América Latina e empresas estratégicas com milhões de reais todos os anos,
mas se utiliza de R$200 reais para manipulação do povo mais humilde.
Além disso, também não podemos nos esquecer dos casos de fraude e corrupção
dentro do própria Bolsa Família:

“Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgada


nesta quinta-feira, revela que 3​ 45.906 famílias teriam recebido
dinheiro do Bolsa Família sob "fortes indícios" de terem falsificado
ou omitido informações de renda no momento do cadastro. O volume
de recursos chega a R$ 1,3 bilhão depositados, em dois anos,
segundo a auditoria. O número representa 2,5% do total de
beneficiados com o programa em todo país que hoje chega a 13,9
milhões de pessoas.” (oglobo)

Esse não é o futuro que desejamos para os brasileiros, mas é o presente


oferecido pela esquerda, que nos faz reféns através de fraudes e mentiras há
mais de treze anos.

Apesar de não ser uma ideia tão divulgada, o sofrimento da região


nordeste (onde ficam localizados 9 dos 10 lugares mais pobres do Brasil) não é
ignorado pelo candidato da direita conservadora.
Veja a seguir alguns trechos do Plano de Governo do candidato Bolsonaro:

§ Página 63 -
“Acima do valor da ​Bolsa Família​, pretendemos instituir uma renda
mínima para todas as famílias brasileiras. Todas essas ideias, inclusive o Bolsa
Família, são inspiradas em pensadores liberais, como Milton Friedman, que
defendia o Imposto de Renda Negativo. Propomos A modernização e
aprimoramento do Programa B ​ olsa Família e do Abono Salarial, com
vantagens para os beneficiários. Vamos deixar claro: nossa meta é garantir, a
cada brasileiro, uma renda igual ou superior ao que é atualmente pago pelo
Bolsa Família.”

114
§ Página 49 -
“O Nordeste tem grande potencial de desenvolver fontes de energia
renovável, solar e eólica. Os países da Ásia têm investido nesta tecnologia. Na
agricultura, há espaço para trazer o conhecimento de Israel. Inclusive, Jair
Bolsonaro pôde iniciar conversas sobre parcerias nesses países.”

Esse plano gerará empregos na agricultura e diversidade de


produção, ajudando o Brasil a enriquecer ainda mais em bens naturais, além de
aumentar a qualidade do solo na região nordeste.

“​Estivemos em Israel e vimos de perto o que eles não tem e o que eles
são, mesmo no meio do deserto. O Nordeste brasileiro tem grande
potencial para produzir, gerar empregos e prosperar, principalmente
quando falamos em agricultura e energia limpa. É onde pretendemos
avançar!” - Pronunciamento Jair Bolsonaro via Twitter.

§ Página 72 –
“Apesar de acreditarmos que o novo modelo será benéfico para o Brasil
como um todo, consideramos que o ​Nordeste será uma das regiões mais
beneficiadas. Com sol, vento e mão de obra, o Nordeste pode se tornar a base
de uma nova matriz energética limpa, renovável e democrática. Expandindo
não somente a produção de energia, mas de toda a cadeia produtiva a ela
relacionada: produção, instalação e manutenção de painéis fotovoltaicos;
parceria com as universidades locais para o desenvolvimento de novas
tecnologias; surgimento ou instalação de outras indústrias que sejam intensivas
no uso de energia elétrica, etc.”

115
Capítulo 19

OS MEIOS
Justificam os Fins
Os Meios Justificam os Fins

O segundo turno das eleições de 2018 dividiu o Brasil de uma forma jamais
vista antes. Agora, a batalha entre a direita e a esquerda está muito mais clara e
ocorre de forma muito mais agressiva e decisiva. Esta também é a primeira vez
em que os conservadores realmente se pronunciam com tanto vigor no cenário
político do país.

A direita conservadora se baseia fundamentalmente na vontade de


preservar valores como a religião e a moral e valoriza a conservação das ditas
"instituições burguesas" (como os esquerdistas chamam), como o casamento e a
família. Na parte econômica, a direita é liberalista. Isso significa que apoia a
redução de impostos e a livre iniciativa para que se estimule a criação de novas
empresas e com isso mais trabalhos são gerados.

Entretanto, você já deve ter percebido a imparcialidade das emissoras de


televisão, marcas de revistas e jornais, e todos os antigos meios de
comunicação ao apoiarem de maneira quase unânime os candidatos da esquerda.
Isso é principalmente resultado de alguns motivos claros: a educação que
recebemos nas escolas brasileiras, e os milhões (em dinheiro) que a mídia
recebe do governo em forma de verba publicitária.

A Educação

O primeiro motivo para a grande maioria das pessoas demorarem a


perceber como funciona nosso cenário político, deve-se à educação que
recebemos nas escolas. O que esperar de uma população que cresce ouvindo que
a intervenção militar foi uma ditadura?

O esquerdismo está implantado nas escolas e faculdades por meio das


matérias que os professores ensinam e também pela imparcialidade que muitos
deles (não todos) apresentam ao falar com os mais jovens. Não é raro vermos
hoje em dia diversos professores de extrema esquerda expressando sua opinião

117
política publicamente na internet, e apresentando discursos moralistas em salas
de aula. Justamente eles são contra a proposta da Escola Sem Partido (a chamam
de “censura”), exatamente porque ali é onde mais acontece a influência
partidária.

As crianças no Brasil crescem ouvindo dos professores progressistas o


quanto o conservadorismo é ruim, que os mais pobres não tem chances e que os
“burgueses” exploram o trabalho da população. Infelizmente, esse processo de
enraizamento não ocorre apenas nas escolas de ensino fundamental e médio. Ele
também acontece nas faculdades, onde os mestres têm grande influência sobre
os alunos. Esse tipo de doutrinação é sorrateiro e vem disfarçado em forma de
amizade, com discursos sobre paz e sobre dignidade humana.

Segue abaixo um trecho retirado do domínio escolasempartido.org, com um


depoimento real do aluno Henrique Galvão, datado de 05/06/2017.

“​Enfim cheguei ao final do 4 período do curso de Filosofia na minha


faculdade e vou tentar provar para você que doutrinação existe sim. Para
começar vou te passar duas listas:

1) Marx, Rousseau, Foucault, Deleuze, Derrida, Sartre, Zizek, e Escola de


Frankfurt. (Pensadores de esquerda)

2) Edmund Burke, Tocqueville, Russel Kirk, Michael Oakeshott, Roger Scruton,


Thomas Sowell, Ortega y Gasset e Mises. (Liberais Conservadores).

No curso que faço (um curso que se diz plural e a favor da divergência de
ideias) nenhum professor meu nunca citou nenhum nome da segunda lista,
nenhuma vez, nem para discordar dele, esses nomes são simplesmente
ignorados. Já os da primeira lista eram constantemente lembrados. Se você é
alguém que não compactua com as ideias de esquerda, você tem que estudar
duas vezes. Você estuda a bibliografia recomendada e outra feita por você,
para que você tenha o mínimo de argumentos para debater (porém eu nunca
tentava... confesso que fui covarde). Como não podia contar com os
professores, resolvi depositar esperanças na biblioteca, pensando que nela eu

118
encontraria os autores esquecidos pelos professores, e aqui está o que
encontrei:

- Menger e Jevons (escola austríaca): 1 exemplar

- Mises (principal rival de Marx): 5 exemplares

- Thomas Sowell: 0

- Russel Kirk: 0

- Roger Scruton: 1 exemplar (e é um livro dele sobre arquitetura)

- Tocqueville: 0

- Edmund Burke: 1 exemplar

- Michael Oakeshott: 0

Contra:

- 79 exemplares do capital de Marx (em três línguas diferentes) e outros 153


exemplares relacionados ao marxismo.

- 3 exemplares de “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia” de Lênin e


outros 31 exemplares relacionados ao leninismo.

- 61 exemplares de Habermas.

- 30 exemplares de Foucault.

- 2 exemplares de Zizek.

- 17 exemplares de Lukács.

- 36 exemplares de Rousseau.

No total, são 412 exemplares de esquerda contra 8 de “liberais


conservadores”. Eu poderia encerrar aqui né? Mas vamos lá.

A maioria dos professores, para não dizer todos, esconde de você o outro
lado, como se uma narrativa de direita não existisse, e isso acontece em
praticamente todos os cursos de humanas. Doutrinação não é só o professor
dizer o que ele pensa, mas toda vez que ele te oferece uma fonte, e esconde a
119
contrária, ele está limitando seu imaginário ao imaginário dele, ou seja, por
mais que você não compactue com as ideias dele, você sempre acaba falando a
linguagem dele (ou seja, uma linguagem esquerdista), porque você não tem
outra alternativa (na verdade, você nem sabe que existe outra alternativa).

Ainda tem gente que acredita que toda a classe intelectual é de esquerda,
simplesmente porque deve ser realmente o melhor lado, ou o lado mais
inteligente. Porém você acha isso exatamente porque existe doutrinação, você é
impossibilitado de conhecer o outro lado, tomando a esquerda como verdade
absoluta. Responda com sinceridade, no seu ensino médio ou no seu curso de
humanas, você já ouviu o nome de algum autor da segunda lista? Pois é... (no
máximo ouviu Mises, no MÁXIMO).

É assim que a doutrinação acontece. Talvez seu professor(a) nunca tenha


manifestado em sala de aula sua posição política, mas ao recomendar
Rousseau e não recomendar Burke, ao recomendar Marx e não recomendar
Mises e assim por diante, ele está tirando sua liberdade de escolha. Ele te
mostra apenas um lado e você vira escravo desse lado. Por mais que você
estude Marx, Foucault e Rousseau... por mais que você seja um estudioso voraz,
você será um escravo da esquerda, pois sua liberdade de escolher quem é
melhor: Rousseau ou Burke, Marx ou Mises, Foucault ou Ortega y Gasset foi
tirada de você, e isso é um ataque à sua dignidade.

Não estou querendo dizer que meu lado é a verdade, mas estou querendo
dizer que existe uma narrativa de “direita” que não tem nada a ver com
homofobia, xenofobia e racismo. Na direita também existe cultura, também
existe sabedoria e sensibilidade, basta você se interessar e ler os autores, e só
assim você poderá escolher qual lado é o melhor. Enquanto você só ler Marx e
Rousseau, é evidente que você achará esse lado o correto.

Lembrando que eu apoiei a Dilma em 2014, coloquei adesivo no peito e


tudo mais. Porém quando li o outro lado, fiquei impressionado e eles me
convenceram. Talvez você possa ser o próximo, certo?! “

120
A Mídia

Segundo o site Terra, em uma matéria de 30 de agosto de 2018, a


emissora Globo recebe, em média, R$493 milhões de reais por ano apenas em
verba publicitária, de acordo com a SECOM (Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República). As outras emissoras também recebem dinheiro do
governo federal, porém, em quantias consideravelmente menores. Somente no
ano passado, o Governo gastou mais de R$795 milhões com publicidade.

Isso sem contar com o incentivo da Lei Rouanet, que segundo o próprio
site do Governo, estabelece que recursos devem ser disponibilizados para a
realização de projetos artístico-culturais. Portanto, veremos agora a quais
projetos o governo federal está destinando os fundos da Lei Rouanet:

DVD do MC Guimê - R$516.000 ​(vejasp)


Apesar de faturar, segundo a Uol, cerca de R$300 mil reais por mês, MC Guimê
foi autorizado a receber incríveis R$516 mil para a criação de um único DVD.

Blog “O mundo precisa de Poesia” - Maria Bethânia - R$1.356.858,00 ​(G1)


O blog mais caro do mundo, talvez? Para este projeto, o Ministério da Cultura
aprovou R$1,35 milhão em verbas através da Lei Rouanet.

Turnê Luan Santana: Nosso Tempo é Hoje Parte II – R$ 4,1 milhões ​(G1)
Apesar da Lei Rouanet ter sido criada objetivando o auxílio de artistas sem
condições e com pouca visibilidade, na prática não funciona dessa forma.

Turnê Detonautas – R$ 1 milhão; ​Shows Cláudia Leitte – R$ 5,8 milhões;


Shrek, O Musical e Turnê – R$ 17,8 milhões, entre outros. A lista poderia
continuar infinitamente, mas basta uma pesquisa na internet para entender
melhor como realmente é destinado o dinheiro da lei Rouanet.

Esses são apenas os dois principais gastos do Governo com a mídia em


geral, e já explica bastante a respeito do motivo de porque a grande maioria dos

121
artistas e veículos de comunicação têm tanto medo do candidato Jair Bolsonaro,
direitista e conservador, ser eleito presidente em 2018. Bolsonaro já se
pronunciou a respeito do tema, e irá cortar grande parte de todos os gastos do
Governo com publicidade e afins, para dirigi-los a áreas que julga mais
importantes no momento para o país.

Ultimamente, diversos nomes da mídia brasileira se pronunciaram a


respeito da hashtag #Elenão, com até mesmo certo desespero. O que grande
parte da população ainda não sabe, ou não quer perceber, é que toda a raiva que
eles sentem sobre a direita ganhar essas eleições está no medo de perderem todo
o dinheiro que recebem atualmente dos cofres públicos federais. O
posicionamento desses “influencers” não tem a ver com o Plano de Governo dos
candidatos, uma vez que sequer gastam seus tempos para lerem.

A verdade por trás dos fatos, é que estas personalidades não se importam
com a política brasileira. Pois aqui ganham dinheiro suficiente para usarem o
Brasil apenas como local de trabalho, mas passam grande parte de seus tempos
livres em países de regimes capitalistas.

A grande mídia brasileira, infelizmente, é tendenciosa e imparcial. Poucas


são as emissoras e os artistas que estão se manifestando contra a política
esquerdista. E quando fazem, são atacados imediatamente apenas por manifestar
seu posicionamento político, como qualquer pessoa têm sido, por esses que
pregam a “tolerância e a paz”.

Novas Mídias

Com o advento das redes sociais, os jornais e televisões deixaram de ser o


único meio de informação. Hoje, pessoas de todas as partes do mundo tem o
poder de divulgar sozinhas o que pensam, suas opiniões, e até mesmo
compartilhar grande parte de suas vidas. A internet permite que todos estejam
em todos os lugares, e isso nos torna certamente a geração mais bem informada
de todos os tempos. (ou não). Ao mesmo tempo em que estamos vulneráveis a

122
fake news, também temos acesso à verdade, basta que sejam feitas pesquisas
sérias a respeito de qualquer assunto.

Hoje, as novas mídias sociais também abrem espaço para a interação,


deixando que os eleitores especifiquem o que esperam de seus candidatos e que
vejam as publicações de cada um deles. Em alguns casos, até mesmo perguntas
diretas são permitidas durante vídeos ao vivo ou em postagens, assim torna-se
muito mais fácil para o cidadão realmente conhecer a pessoa em quem deseja
votar.

Além disso, nessa nova era, podemos nos permitir consumir qualquer tipo
de conteúdo, no momento em que quisermos, da forma que desejarmos, e
principalmente, de quem quisermos. Isso faz com que o grande poder que a
mídia tradicional possuía há alguns anos, esteja finalmente caindo por terra.
Pela primeira vez, temos a opção de conhecer realmente o que é uma direita
conservadora, que até então não tinha representação no Brasil. E mesmo que o
eleitor ainda não saiba nada sobre tal assunto, certamente sabe que esse tipo de
liderança é única e exclusivamente o modelo de governo que deu certo em todos
os lugares onde foi implantado.

Em contrapartida, agora sabemos com todos os argumentos possíveis, que


a esquerda foi indubitavelmente a maior máquina geradora de desigualdade de
todos os tempos. Corrupção, índices alarmantes de mortalidade, genocídio,
censura, falência de nações, manipulação, crime organizado. E este foi o
caminho por onde o Brasil seguiu tristemente pelos últimos dezesseis anos.

Por desinformação, o Brasil já deu oportunidades ao socialismo - este que


irá evoluir para o comunismo completo caso a esquerda chegue ao poder
novamente - e o que podemos concluir disso, é que os anos em que os
socialistas estiveram no poder, foram anos marcados por corrupção e
indiferença com o povo brasileiro.

123
Neste momento, após apresentarmos o que de fato ocorreu na história do
socialismo, talvez algo que foi dito na introdução do livro faça mais sentido
para o leitor:

“O socialismo, embora afirmasse garantir abundância, igualdade e


segurança; gerava pobreza, fome e violência. A igualdade foi
alcançada apenas na acepção de que todos eram iguais em sua
miserabilidade”

O Brasil de riquezas que antes existia, já não existe mais. Hoje, vemos a
miséria e a insegurança total de perto. Vemos a moral ser desencaminhada, a
religião ser motivo de chacota sem qualquer respeito e a educação sendo
utilizada como forma implícita e explícita de manipulação. Hoje, vemos um país
que foi governado durante tanto tempo por um regime que prometeu tudo aos
pobres, entretanto, ninguém saiu da pobreza.

Dia 28 de outubro você terá a opção, pela primeira vez, de mudar a


história do Brasil pela sua própria vida e pela vida dos seus filhos e netos. O
objetivo de estarmos aqui hoje, é deixarmos um mundo melhor do que aquele
que encontramos, para as próximas gerações.

Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

124
Notas e

Bibliografia
Notas

Socialismo: o grande fracasso

1- Courtois, Stéphane. ​O livro negro do comunismo.​ pág. 16.

Lênin odiava camponeses

1- Service, Robert. ​Lênin: a biografia definitiva​. pág. 480.


2 - Jean Jacques Marie. ​Lênin​. pág.35.
3 - Gerard Walter. ​Lênin.​ pág. 44
4 - León Trotsky. ​Lênin (​ compilación). pp. 180-181.

1921-1922: a primeira fome do socialismo

1 - Pipes, Richard. ​A história concisa da Revolução Russa,​ pág. 324.

2 - Sebestyen, Victor. ​Lênin,​ pág. 470.

3 - Chamberlain, Lesley. ​A guerra particular de Lênin​, pág. 75.

4 - Ibidem, pág. 76.

5 - Sebestyen, Victor. ​Lênin,​ pág. 471.

6 - Gellately, Robert. ​Lênin, Stálin e Hitler​, pág. 101.

7 - Pipes, Richard. ​A história concisa da Revolução Russa,​ pág. 309.

8 - Service, Robert. ​Lênin​, pág. 498.

9 - Fitzpatrick, Sheila. ​A Revolução Russa,​ pág. 146.

10 - Sebestyen, Victor. ​Lênin,​ pág. 474.

11 - Courtois, Stéphane (org.) ​O livro negro comunismo​, pág. 147.

12 - Pipes, Richard. ​A história concisa da Revolução Russa,​ pág. 325.

127
Holodomor: a grande fome soviética de 1932-1933

1 -​ ​Figes, Orlando. ​Sussurros​, pág. 133.

2 - Gellately, Robert. ​A maldição de Stálin​, pág. 40.

3 - Marie, Jean Jacques. ​Estaline,​ pág. 304.

4 - Ibidem, pág. 320.

5 - Courtois, Stéphane (org.). ​O livro negro do comunismo, ​pág. 200.

6 - Snyder, Timothy. ​Terras de sangue​, pág 64.

7 - Cieszyńska; Franco; Béata; José Eduardo. ​Holodomor​, pág. 77.

8 - Ibidem, pág. 76.

9 - ​Terras de sangue,​ pág. 81.

10 - Kravchenko, Viktor. ​Eu escolhi a liberdade​, pág. 163-164.

11 - Gellately, Robert​. Lênin, Stálin e Hitler​, pág. 281.

12 - ​Estaline​, pág. 291.

13 - ​Terras de sangue,​ pág. 87.

14 - Ibidem, pág. 84.

15 - Priestland, David. ​A bandeira vermelha,​ pág. 193; sobre os 6 milhões de


mortos ver: Pipes, Richard. ​O comunismo,​ pág. 78.

16 - Service, Robert. ​Camaradas​, pág. 173.

Capítulo 05 - Stalin e Hitler: O Pacto Demoníaco

1- Overy, Richard. ​Os ditadores​, pág. 459.

2 - Suvorov, Victor. ​O grande culpado,​ pág. 21.

3 - Pipes, Richard. ​O comunismo​, pág. 115.

128
4 - Marie, Jean-Jacques. ​Estaline​, pág. 357.

5 - Suvorov, Victor. ​O grande culpado,​ pág. 36.

6 - Fisher, Louis. ​50 anos de comunismo soviético​. pág. 37.

7 - Tooze, Adam. ​O preço da destruição​, pág. 368.

8 - Ibidem, pág. 368.

5.1 - Por Ordem de Stalin

1 - Montefiore, Simon Sebag. ​A corte do czar vermelho​. pág. 425.

2 - Beevor, Antony. ​Stalingrado​. pág. 107.

3 - Yakovlev, Alexander N. ​Um século de violência na Rússia Soviética​. pág.


200.

4 - Marcou, Lilly. ​A vida privada de Stálin​. pág. 174.

Soviéticos estupraram 2 milhões de mulheres

1 - Judt, Tony. ​Pós-guerra​. pág. 22.

2- Ibidem. pág. 23.

3 - Stafford, David. ​Fim de Jogo.​ pág. 340.

4 - Sebag Montefiore, Simon. ​A corte do czar vermelho​. pág. 532.

5 - Gellately, Robert. ​A maldição de Stálin​. pág. 137-138.

6 - Stafford, David. ​Fim de Jogo.​ pág. 339.

7 - Ryan, Cornelius - ​A última batalha.​ pág. 300-301.

8 - Hastings, Max. ​Inferno.​ pág. 642.

9 - Buruma, Ian​. Ano zero: uma história de 1945​. pág. 69-70.

10 - Beevor, Antony. ​Berlim 1945: a queda​. pág. 501.

129
Gulag: os campos de concentração soviéticos

1 - Sebestyen, Victor. ​Lênin,​ pág.132.

2 - Montefiore, Montefiore. ​O jovem Stálin​, pág. 144.

3 - Ibidem, pág. 143.

4 - Pipes, Richard. ​História concisa da revolução Russa​, pág. 215.

5 - Tismaneanu, Vladimir. ​Do comunismo​, pág. 20.

6 - Pipes, Richard. ​História concisa da revolução Russa​, pág. 219.

7 - Gellately, Robert. Lênin, Stálin e Hitler, pág. 214.

8 - Marie, Jean-Jacques. ​Estaline​, pág. 283.

9 - Applebaum, Anne. ​Gulag​, pág. 107.

10 - Kalachnikov, Mikhail. ​Rajadas da história​, pág. 26.

11 - Marie, Jean-Jacques, ​Estaline​, pág. 283.

12 - Montefiore, Simon Sebag. ​A corte do czar vermelho​, pág. 266.

13 - Figes, Orlando. ​Sussurros​, pág. 288.

14 - Ibidem, pág. 227.

15 - Ibidem, pág. 293.

16 - Applebaum, Anne. ​Gulag​. pág. 215

17 - Yakovlev, Alexander N. ​Um século de violência na Rússia soviética,​ pág.


63.

18 - Applebaum, Anne. ​Gulag​. pág. 211.

19 - Chalámov, Varlam. ​Contos de Kolimá.​ pág. 78.

20 - Golfo Alexopoulos. ​Illness and Inhumanity in Stalin's Gulag,​ pág. 100.

21 - Brent, Jonathan. ​Dentro dos arquivos de Stalin​,​ ​pág.18.

130
22 - Montefiore, Simon Sebag. ​A corte do czar vermelho​, pág. 490.

23 - Gellately, Robert. ​A maldição de Stálin​, pág. 155.

24 - Marcou, Lilly. ​A vida privada de Stálin​, pág. 225.

25 - Brown, Archie. ​Ascensão e queda do comunismo​, pág. 269.


26 - Marie, Jean-Jacques. ​Estaline​, pág. 679.
27 - Figes, Orlando. ​Sussurros​, pág. 596-597.
28 - Golfo Alexopoulos. ​Illness and Inhumanity in Stalin's Gulag,​ pág. 246.
29 - Remnick, David. ​O túmulo de Lênin​, pág. 348.

30 - Applebaum, Anne. ​Gulag​. pág. 640.

O socialismo perseguiu homossexuais... e muito!

1- Fitzpatrick, Sheila. ​Beyond Totalitarism​. p.110-11.


2 - Ibidem. ​Beyond Totalitarism. p​ . 111.
3 - Whitlock, Monica. ​Searching for Vadim Kozin, the Soviet tango king​. BBC.
(26 December 2015.).
4 - Applebaum, Anne. ​Gulag. ​pág. 364.
5 - Healey, Daniel. Homosexual desire in revolutionary Russia. pág. 259.
6 - Fontova, Humberto. ​O verdadeiro Che Guevara. ​pág. 165.
7 - Krauze, Enrique. ​Os redentores​. pág. 361.
8 - Cumerlato, Corinne; Rousseau, Denis. A ilha do doutor Castro. pág. 71.
9-
https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,fidel-admite-que-governo-per
seguiu-gays-em-cuba,603155

131
Razões para nunca acreditar no socialismo

1 - Chang, Jung. ​Mao,​ pág. 425.

2 - Hobsbawn, Eric. ​A era dos extremos,​ pág. 452.

3 - Pipes, Richard. ​O comunismo​, pág. 155.

4 - Priestland, David. ​A bandeira vermelha,​ pág. 565.

5 - Ibidem, pág. 572.

6 - Ibidem, pág. 574.

7 - Brown, Archie. ​Ascensão e queda do comunismo​, pág. 410.

8 - Overy, Richard. ​Os ditadores​, pág.377.

9 - Baez, Fernando. ​História universal da queima de livros​, pág. 206.

10 - Brzezinski, Zbigniew. ​O grande fracasso,​ pág. 245.

11 - Dilas, Milovan. ​A nova classe​, pág. 43.

12 - Marie, Jean-Jacques. ​Estaline​, pág. 449.

13 - Knight, Amy, ​Beria,​ pág. 206.

14 - Reinaldo Sánchez, Juan. ​A vida secreta de Fidel​, pág. 126.

15 - Fontova, Humberto. ​O verdadeiro Che Guevara​, pág. 70.

16 - Funder, Anna. ​Stasilândia​, pág. 82.

17 - Fontova, Humberto. ​Fidel, p​ ág. pág. 201-202.

18 - Ibidem, pág. 87; Fontova, Humberto. ​O verdadeiro Che Chevara​, pág. 239.

19 - McLellan, David. ​As ideias de Marx.​ pág. 86.

20 - Lepre, Aurelio. ​O prisioneiro,​ pág. 15.

21 - Service, Robert. ​Lênin​, pág. 230.

22 - Fontova, Humberto. ​O verdadeiro Che Guevara​, pág. 33-34.

132
23 - Ibidem, pág. 124.

24 - Rodrigues, Sérgio. ​Elza, a garota.​ pág. 185.

25 - Marighella, Carlos. ​Mini-manual do guerrilheiro urbano.​ pág. 35.

26 - Villa, Marco Antônio. ​Ditadura à brasileira, p​ ág. 267.

Imposturas intelectuais

1 - Goldberg, Jonah. ​fascismo de esquerda,​ pág. 89.

2 - Ibidem, 84-85

3- Sowell, Thomas. ​Os intelectuais e a sociedade, ​pág. ​160-161.

4 - Ibidem, pág. 160-161.

5 - Goldberg, Jonah. ​fascismo de esquerda,​ pág. 119.

6 - Sowell, Thomas. ​Os intelectuais e a sociedade, ​pág. 30-31.

7 - Chang, Jung. ​Mao,​ pág. 586.

8 - ​Ibidem,​ pág. 458.

9 - ​https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1604200323.htm

10 - Stéphane, Courtois. ​O livro negro do comunismo,​ pág. 788.

11 - Freire, Paulo​. Pedagogia do oprimido,​ pág. 98.

12 - Fontova, Humberto. ​O verdadeiro Che Guevara​, pág. 44.

Cuba: a ilha-presídio do socialismo

1- Cumerlato; Rousseau, Corinne. Denis​, A ilha do doutor Castro, ​pág. 11.

2 - ​Ibidem,​ pág. 24-25.

3 - Lazo, Mario. ​Dagger in the Heart, pág. 82.

133
4- Stéphane Courtois, org. ​O livro negro do comunismo​, pág. 785.

5 - Litell, Brian. ​Cuba sem Fidel​. pág. 254-255.

6 - Sánchez, Juan Reinaldo. ​A vida secreta de Fidel​, pág. 147.

7 - Cumerlato; Rousseau, Corinne. Denis​, A ilha do doutor Castro, ​pág. 141.

Sendero Luminoso: das universidades à guerrilha

1- Courtois, Stéphane (org.). ​O livro negro do comunismo.​ pág. 806.

A Venezuela é logo ali

1- Gott, Richard. ​Hugo Chávez and the Bolivarian Revolution,​ pág. 67.

2 - Krauze, Enrique. ​O poder e o delírio, p​ ág. 129.

3-
https://www.reuters.com/article/us-venezuela-protests-colectivos/venezuela-viol
ence-puts-focus-on-militant-colectivo-groups-idUSBREA1C1YW20140213

4-
https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,como-a-venezuela-chegou-a-
beira-do-colapso,70001946577

5 - Krauze, Enrique. ​O poder e o delírio, p​ ág. 129.

6 - ​World Factbook, pág. 465.

7 ​- ​Castro, Paulo Rabello. ​O mito do governo grátis​, pág. 147​.

8 ​- ​Ross, Michael​. A maldição do petróleo​. pág. 82.

9 - ​BusinessWeek , 11 de março de 2010, A Food Fight for Hugo Chávez.

10 ​- ​Krauze, Enrique. ​O poder e o delírio, p​ ág. 124.

11 - Krauze, Enrique. ​Os redentores. ​pág. 553.

12 - ​Ibidem,​ pág. 554.

134
13 - Castro, Paulo Rabello. ​O mito do governo grátis​, pág. 154.

14 -
https://oglobo.globo.com/mundo/venezuela-teve-cem-mil-assassinatos-desde-ch
egada-de-maduro-ao-poder-20734963

15-
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/08/23/exodo-de-venezuelanos-ja-e-m
aior-que-numero-de-refugiados-que-tentam-chegar-a-europa.ghtml

135
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