Você está na página 1de 51

O MÍNIMO SOBRE DOUTRINAÇÃO

Pietra Bertolazzi
1ª edição — setembro de 2022 — CEDET
Copyright © Pietra Bertolazzi 2022
Sob responsabilidade
do editor, não foi adotado o
Novo Acordo Ortográfico de 1990.

Os direitos desta edição pertencem ao


CEDET — Centro de Desenvolvimento
Profissional e Tecnológico
Av. Comendador Aladino Selmi, 4630,
Condomínio GR Campinas 2 — módulo 8
Campinas-SP - CEP: 13069-096
Telefone: (19) 3249–0580 / 3327–2257
E-mail: livros@cedet.com.br

CEDET LLC is licensee for publishing and sale of the electronic edition of this book
CEDET LLC
1808 REGAL RIVER CIR - OCOEE - FLORIDA - 34761
Phone Number: (407) 745-1558
e-mail: cedetusa@cedet.com.br

Editor:
Felipe Denardi

Revisão & preparação de texto:


Nelson Palhares

Capa:
Guilherme Conejo

Diagramação:
Virgínia Morais

Revisão de provas:
Juliana Coralli
Natalia Ruggiero

Revisão de provas:
Juliana Coralli
Natalia Ruggiero

FICHA CATALOGRÁFICA
Bertolazzi, Pietra.
O mínimo sobre doutrniação / Pietra Bertolazzi
Campinas, SP: O Mínimo, 2022.
ISBN: 978-65-85033-00-8
1. Propaganda ideológica 2. Liberdade na educação 3. Ensino
I. Doutrinação II. Liberdade na educação III. Autor

CDD 301-15/ 371-104

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO


1. Propaganda ideológica– 301-15
2. Liberdade na educação– 371-104

www.ominimoeditora.com.br
Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma,
seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem permissão expressa do
editor.
Sumário
A JAULA IDEOLÓGICA

A MÁQUINA DA DOUTRINAÇÃO

DOUTRINAÇÃO NO BRASIL

AGENDA CULTURAL

O CAMINHO DA LIBERDADE

NOTAS DE RODAPÉ
A JAULA IDEOLÓGICA
A pós passar toda a adolescência e o início da fase adulta sendo metralhada por
conceitos progressistas, seja na escola e na universidade em que estudei, seja no meu
círculo de amizades, bem como em quase todos os filmes e seriados a que assistia,
revistas que lia e músicas que ouvia (tudo “normalíssimo” para qualquer pessoa da minha
idade naquela época); após ter vivido até os 30 anos praticamente como a personificação
da doutrinação progressista, sem sequer saber direito o que significava ser “progressista”,
comecei a me questionar se toda a minha vida e se toda essa tal “liberdade” a que tive
acesso desde os 16 anos não havia sido apenas fruto de uma ilusão, de uma apatia gerada
em mim por uma lavagem cerebral, lavagem à qual todos da minha geração haviam sido
exaustivamente expostos.

Embora já consciente da inescusável e péssima conduta que havia tido durante boa parte
da minha vida, mas ainda sem conhecer os reais motivos que haviam me levado a tal
situação, eu tinha apenas uma certeza:

aqueles anos de falsa liberdade não me trouxeram a


felicidade e a alegria prometidas.

Ser uma mulher financeiramente independente, dona da própria vida, desapegada dos
valores morais judaico-cristãos, livre da necessidade de se casar e construir uma família,
tudo isso só me trouxe um profundo descontentamento comigo mesma. Eu me
perguntava: o que eu teria feito de errado? Pois esse conjunto de fatores era basicamente a
fórmula pronta para que, segundo tudo o que me haviam ensinado até então, a minha vida
se tornasse um paraíso.

A resposta era simples:

tudo.

É difícil rastrear a origem exata de todos esses conceitos, uma vez que os valores
progressistas dominavam todos os âmbitos, não apenas da minha vida, como também da
vida de todos os da minha geração. Ainda assim, cresci com a certeza irrefutável de que
“mulher não podia depender de homem”, que “filho se cria para o mundo”, que “é mais
importante uma mulher se encontrar no trabalho do que no casamento”, que “ser
submissa ao homem é a chave para o fracasso pessoal” e, por fim, que “a felicidade
individual é mais importante do que a família”.

Nessa busca frenética pela felicidade, embalada pela falsa necessidade de ser
independente em todos os aspectos da vida, aos 21 anos eu já havia morado, para estudar
ou trabalhar, em cinco países diferentes: Nova York (eua), Milão (Itália), Madrid e
Barcelona (Espanha), Auckland (Nova Zelândia), e Sidney (Austrália). De volta ao
Brasil, entrei na faculdade de design de moda e por alguns anos fui estilista em diferentes
empresas. Assim, com pouco mais de 20 anos já não morava com os meus pais, mas em
um bom apartamento de um bairro nobre de São Paulo. Todas as minhas amigas queriam
a minha tão almejada “liberdade”, porque esta era então sinônimo de felicidade e alegria.
Mal sabiam que

essa independência me aprisionaria em uma jaula


ideológica por mais de uma década.
Apesar de ter me tornado uma escrava do que hoje é considerado “liberdade”, e por
mais que tudo aquilo me parecesse então muito legal, no meu íntimo eu sabia que algo
estava errado. Eu sabia que a vida não podia ser só aquilo. Sabia que faltava algo. Foi
então que me deparei com um bem de que o progressismo, apesar de todos os esforços,
não conseguiu me privar: a minha íntima ligação comigo mesma, com minha natureza
biológica e com Deus. Na verdade, a doutrinação progressista me privou da liberdade de
expressar e assumir meus verdadeiros sonhos, de modo que o estilo de vida que assumi
por anos me levou a tomar rumos e fazer escolhas na vida que tornaram meu sonho
impraticável. E hoje eu sei que esse sonho, essa necessidade, não era algo que dizia
respeito só a mim, mas também a 99% das mulheres do planeta. Naturalmente, alguém
poderá dizer: “Ah, mas veja que tudo isso fez de você a mulher que é hoje”; ou ainda:
“Você não seria a pessoa que é se não tivesse passado por tudo isso”. Sinto lhe informar,
mas se concorda com alguma destas afirmações,

você é uma vítima da doutrinação progressista.


Essas são algumas das mentiras que ouvimos por aí quando se fez muita besteira no
passado. São frases prontas, usadas para justificar o injustificável, a tentativa de aliviar as
conseqüências morais de ter sido uma idiota.

Agora você deve estar se perguntando a razão de eu ter iniciado com um breve relato
pessoal a introdução deste livro, que deveria explicar o mínimo sobre a doutrinação
ideológica em que o mundo atual está imerso. A resposta é muito simples e se resume em
dois pontos: 1) porque pela primeira vez posso dizer que estou no meu “lugar de fala”,
considerando que escrevo este Mínimo para mostrar que ser um produto da doutrinação
progressista não traz felicidade ou satisfação pessoal a ninguém; 2) porque desejo que
quem quer que leia estas páginas possa aprender, ainda que minimamente, com os meus
erros. Além disto, desejo que entendam que não sou uma tapada que viveu em uma
redoma conservadora por toda a vida e que hoje vive para apontar dedos e criar teorias do
nada. E por último, porque é necessário entendermos os malefícios da doutrinação a
longo prazo para que possamos combatê-la.

A doutrinação progressista joga toda a divindade e toda a concretude biológica da nossa


existência no lixo e, por meio de inúmeras artimanhas, nos encaminha para a destruição
da base da nossa teia social: a família. E também

destrói e relativiza o que é certo, o que é belo e o que


é verdadeiro.
A doutrinação nos impõe de forma draconiana e ditatorial um conceito de felicidade, e
nos ludibria com falsas sensações de alegria e liberdade, tornando assim tudo
circunstancial e aceitável de acordo com o loop sentimental criado pela atmosfera
vitimista, típica da esquerda.

Talvez você esteja se perguntando o quão difícil é nos desatrelarmos dos conceitos com
que fomos bombardeados pela vida inteira. Garanto que não é nada fácil, mas é
importante lembrar: basta querer. Precisamos deixar a carência emocional de lado, livrar-
nos da prisão que é a necessidade de aprovação daqueles que nada nos trazem de bom.
Precisamos entrar em contato com a nossa essência, tanto biológica quanto divina. A
abertura para nos livrar da doutrinação exige que deixemos de lado o medo de seguir o
que é belo, moral, justo e verdadeiro.

A verdade é e sempre será uma só.

Portanto, acima de tudo, precisamos parar com a mania de achar que é “ético” aceitar
coisas que violam a nossa consciência, mesmo que ela esteja inundada de conceitos
sintéticos e mundanos.

O QUE É UMA DOUTRINA?


Por definição, doutrina é um conjunto coerente de idéias e teses sobre a realidade que
pode ser formalmente expresso, ensinado e discutido. Mas, no contexto atual, doutrinar
pressupõe

transmitir a um indivíduo uma crença ou atitude


particular, com o objetivo de que não aceite uma
opinião diferente.
Hoje em dia, o termo doutrinação se popularizou para designar os ataques progressistas
que a sociedade vem sofrendo através da mídia, da cultura e principalmente das escolas,
que é onde tudo começa. A doutrinação atual poderia ser definida, sem exageros
retóricos, como

manipulação e imposição comportamental,


e age de forma coercitiva o suficiente para não passar pelo filtro das idéias e da
inteligência individuais, pois a forma como é imposta (e não proposta ou ensinada) não
deixa espaço para qualquer tipo de questionamento.

Transmite-se um conjunto de cacoetes, símbolos e sentimentalismo exacerbado, os


quais, dominando as mentes, fazem com que as pessoas ajam de forma burra, robotizada e
cega. Ou melhor dizendo: de forma imbecilizada.

O conjunto de coisas que leva à doutrinação pode ser chamado de máquina da


doutrinação, a qual é composta por três pilares:

mídia, cultura e instituições de ensino.

Naturalmente, esta máquina não quer um povo livre, mas sim um povo doutrinado,
gerenciável e previsível. Seu objetivo é ensinar os jovens a pensarem “fora da caixa” da
prudência e da sabedoria, mas ainda “dentro da jaula” ideológica do politicamente
correto.

A máquina da doutrinação determina e impõe falsas virtudes que, em vez de libertar os


povos através do que é bom, belo e verdadeiro, acorrenta-os a um moralismo robótico
sem precedentes, o qual transforma a escória inútil em algo útil para os interessados por
trás da agenda progressista. A máquina não quer pessoas livres, pois a liberdade comporta
imprevisibilidade; quer antes pessoas facilmente domáveis que marchem rumo a uma
agenda totalitária.

Em outros tempos, depositávamos a nossa confiança em pessoas que possuíssem algum


tipo de autoridade: nossos pais, pessoas mais velhas ou com mais experiência, veículos de
comunicação, governantes de um Estado, professores, estudiosos, médicos e autoridades
religiosas. A humanidade se sentia segura ao respeitar os ensinamentos de quem quer que
estivesse em um patamar mais alto na hierarquia social, moral e religiosa.

Ao passo que, hoje em dia,

a doutrinação é universal e não faz distinção de


idade, raça ou etnia.
Depois de décadas de infiltração progressista nas escolas, na mídia e na cultura, temos
de remar contra a maré e buscar no passado a nossa verdadeira essência através dos
ensinamentos de culturas e de personalidades, que viram suas filosofias serem pouco a
pouco dissolvidas à medida que as ideologias modernas adquiriam capilaridade no mundo
contemporâneo. É tão profundo o nível atual de doutrinação, que muitas vezes duvidamos
da nossa própria inteligência e dos nossos sentimentos mais intrínsecos: “Mas será que
isso tudo é ruim?”. Ou ainda: “Será que eu não estou errado, enquanto o mundo todo
‘progride’ para o que seria melhor para a humanidade nos dias atuais?”.
Quando falo sobre a doutrinação progressista, é muito comum ouvir coisas deste tipo:
“Nossa, você está falando tudo o que eu penso, mas tinha medo de falar por achar que
estava louco”. Não,

você não está louco: é o mundo que está de ponta


cabeça.
E é essa inversão sistemática e proposital de valores, a que hoje em dia comumente
chamamos de doutrinação, o tema deste livro. Aqui damos o primeiro passo para
conhecer os pilares da máquina da doutrinação que domina a mídia, a cultura e as
instituições de ensino, e reconhecer que somos todos em certa medida vítimas da
doutrinação progressista, buscando a origem da doutrinação no Brasil e no mundo, para
então nos libertarmos da prisão ideológica que nos foi imposta e trilharmos de fato o
caminho da liberdade.
A MÁQUINA DA DOUTRINAÇÃO
de ensinar” é constituída por três pilares: a doutrinação através das
A “máquina
instituições de ensino, a doutrinação da mídia e a doutrinação cultural. Juntos, esses
três tentáculos trabalham de forma harmônica e complementar, de modo que qualquer
doutrina possa ser imposta ardilosamente, e forme assim um ciclo perfeito.

A escola deixa marcas que levamos para o resto da vida, e as instituições de ensino
desempenham uma enorme influência na vida de pais e filhos.

Toda informação a que o jovem tem acesso afeta diretamente o desenvolvimento de sua
personalidade e postura, de seu modo de pensar, bem como de seu caráter. E a mídia
mainstream, atualmente a grande aliada na doutrinação imposta nas escolas e
universidades, não tem o menor comprometimento com a verdade e as liberdades
individuais, inclusive a liberdade para contestarmos o que nos é imposto como verdade
absoluta.

Estamos vivendo tempos em que a sociedade demanda respostas urgentes e vitimistas,


em que até as nossas emoções precisam ser automáticas e emparelhadas com a prisão
ideológica imposta pelo progressismo.

A máquina da doutrinação nos fez perder conceitos e valores básicos, a ponto de hoje
nos esquecermos de que a educação deve vir de casa e ir para a escola, e não o contrário.
Quando, por falta de tempo ou de conhecimento, delegamos a educação dos nossos filhos
ao Estado, estamos

colocando a nossa família inteira em risco


de decadência física e moral. Pois, se forem exclusivamente formados pela doutrinação
progressista, ninguém será capaz de submeter ao exame da razão quaisquer discursos a
que está submetido diariamente através dos veículos de comunicação, do cinema, da
música, etc.

Se alguém recebe informações distorcidas, imorais e levianas o tempo todo, certamente


começará a enxergar, interpretar e julgar a realidade à sua volta pelo repertório que a sua
mente adquiriu.

Entre os problemas causados pela doutrinação, está a formação de uma personalidade


relativista e desonesta, bem como de um caráter corrompido. É, portanto, de suma
importância que estejamos atentos ao que aprendemos nas instituições de ensino, ao que
ouvimos das insistentes mídias progressistas.

A doutrinação através das instituições de ensino ocorre quando, ao invés de dar o


conteúdo da matéria sob diversos pontos de vista ou explicar imparcialmente os
acontecimentos históricos,
o professor sonega ao aluno boa parte da informação,
transmitindo apenas o que lhe convém, principalmente em relação ao seu próprio viés
político e ideológico.

A doutrinação finca sua raiz justamente nas instituições de ensino, tanto primário como
médio e superior.

Levando em conta que, nos dias de hoje, as crianças e os adolescentes passam mais
tempo com seus professores do que com os próprios pais, o ensino é, com efeito, o
caminho mais efetivo para se iniciar um processo de doutrinação ideológica em um ser
humano em desenvolvimento.

O avanço da ideologia progressista é tão grande atualmente que já não estamos mais
lidando apenas com um ensino enviesado ou omissão de informações nas escolas, mas
sim com a

imposição de um comportamento político robotizado


e revolucionário.
Tal imposição se dá através, primeiro, da manipulação proposital da informação
transmitida em sala de aula, quer de fatores históricos ou dados e estatísticas
tendenciosas, quer da retórica usada, omitindo assim dados fundamentais e utilizando-se
de um tom sentimental para transmitir determinada informação.

O que estou dizendo é que a doutrinação nas escolas e universidades é aplicada através
da mentira deliberada e do tom ideológico ultra-sentimentalista ao se transmitir
determinado conteúdo, reformulando e enfatizando certas conotações em palavras e
conceitos, tais como “dívida histórica”, “opressão”, “ressignificar” e assim por diante.

Por exemplo, “ressignificar” algo nada mais quer dizer do que dar novo significado a
um evento, movimento ou palavra; mas este simples conceito, quando aplicado em
conformidade à doutrinação progressista, culminará inevitavelmente — como podemos
ver pelo mais recente movimento de derrubada de estátuas e monumentos pelas capitais
do mundo inteiro — em um revisionismo histórico, que presume contar determinada parte
da história de acordo com valores e sentimentos de um grupo específico.

A DOUTRINAÇÃO ATRAVÉS DO ENSINO


A doutrinação nas escolas e universidades ocorre tanto pela sonegação de informações
relevantes que levariam o indivíduo a chegar a uma conclusão através do seu próprio
juízo, como também pela real e desastrosa ignorância de informações por parte dos
mesmos professores, que, doutrinados há décadas no Brasil, nem sequer travaram contato
com a informação verdadeira. A deterioração do ensino brasileiro formou, desde a década
de 60, algumas gerações de professores militantes e inteiramente desprovidos de um nível
cultural razoável. Além disso, a nossa sociedade padece de valores totalmente deturpados
que insistem em nos dizer que capital financeiro presume capital intelectual.

No governo do pt (2002–2016), o Brasil destinava 18,1% do pib para a educação. O


então ministro da educação, Fernando Haddad (pt), destinou 137 trilhões de reais para a
educação. Dos dez países do ranking de melhor desempenho educacional do pisa
(Programa Internacional de Avaliação de Alunos), a nação que mais destinou dinheiro
público à educação se limita a usar 14% do seu pib. E, considerando que o Brasil figurava
na quinquagésima setima posição do pisa, em uma época de investimentos escabrosos e
irresponsáveis, não precisamos de muito mais informações para entendermos a que fim
esse dinheiro fosse destinado:

investimento em pura militância ideológica


através de livros didáticos escritos por pedagogos gramscistas e à formação de um
exército de professores revolucionários que entronizam Paulo Freire, além de,
naturalmente, uma boa parte ter sido dedicada ao fomento da corrupção através da
máquina de dinheiro que é o Ministério da Educação.

A ORIGEM DO ENSINO OBRIGATÓRIO


O conceito de ensino obrigatório não é tão antigo quanto parece. Nas últimas gerações
fomos induzidos e manipulados com frases prontas que incitam a idéia de que o Estado
“tem que investir mais em educação” e que “a educação é o melhor investimento na vida
de alguém”. Embora seja difícil, antes de entender o que há de errado com essas duas
frases devemos ter presente um panorama geral da história da educação, para que assim
possamos entrever e entender a origem diabólica de determinados conceitos que
entremeiam os mais variados clichês atuais.

No curso dos séculos, o ser humano sempre transmitiu o conhecimento por meio de
alguma forma de educação, conhecimento este que advinha das experiências de seus
antepassados, dos anciãos da família e dos mais sábios. A educação sempre tomou como
sua base a tradição, inclusive na educação técnica. Era comum que, em uma família de
carpinteiros, os filhos aprendessem o mesmo ofício com o pai e o avô, formando assim
uma tradição de carpintaria na família. No passado,

a educação era sinônimo de busca da verdade,


de se entender o que era certo e errado, bom e mau, belo e feio — valores estes que, no
sistema de ensino e na cultura atuais, já há muito tempo foram deixados de lado e deles
não resta senão uma pálida sombra.

Nos dias de hoje, ainda podemos encontrar alguns vestígios dos valores disseminados
pelas escolas da Grécia Antiga. Foi ali que surgiram as primeiras escolas, que pouco ou
quase nada se assemelhavam às de hoje, com salas de aula propriamente ditas, mesas e
carteiras. Contudo, o conceito e método de ensino gregos eram muito mais próximos de
uma efetiva instituição de ensino. Não havia divisão de salas ou distinção de idade. As
aulas eram dadas em jardins, pátios ou lugares públicos à disposição. A palavra “escola”
vem do grego scholé, que significa — acredite se quiser — “lugar do ócio”. Ou seja:

as pessoas iam à escola em seu tempo livre, para


refletir por puro lazer e deleite, e não por obrigação.
Aos poucos, e por iniciativa de diferentes filósofos, os centros de ensino foram se
multiplicando por toda a Grécia. As escolas geralmente eram levadas adiante pelos
discípulos do filósofo-fundador e cada uma valorizava determinada área do
conhecimento. Por exemplo, a escola de Isócrates (436–ca. 336 a.C.), um exímio orador,
era muito renomada pelo ensino da eloqüência, que é a arte de se expressar bem.

Mesmo com o surgimento dessas escolas, houve aristocratas que preferissem delegar e
confiar a educação dos seus filhos a um tutor particular. A educação ocorria na casa do
aristocrata e a partir das bases filosóficas do tutor, que transmitia individualmente não só
os próprios conhecimentos técnicos, mas também os próprios valores (como honra,
justiça, patriotismo, espírito de sacrifício, autodomínio e honestidade), no intuito de
direcionar o aluno a formar os seus princípios.

A idéia de formação acadêmica e de diploma universitário é bastante recente. Até não


muito tempo, o diploma, por si só, não gozava de todo o apreço atual. As pessoas
aprendiam um ofício diretamente com um tutor, que lhe transmitia a tradição de seus
mestres e antenados de uma forma completamente diferente da hodierna.

Em sua gênese, o conceito de ciência se baseava na busca pela verdade e por suas
causas. Na Antigüidade, ciência e artes se desenvolveram pela necessidade que um
indivíduo tinha de crescer e tornar-se livre. Sem verdade, beleza e bondade, viver de fato
em liberdade se torna algo praticamente impossível, na medida em que viver sob a
premissa de que essas três coisas são questionáveis ou relativizáveis equivale a viver, de
uma forma ou de outra, cativo em uma prisão ideológica.

Hoje, tudo é relativizado. Os professores ensinam que seremos pessoas melhores e mais
inteligentes se pensarmos “fora da caixa”, mas, induzidos a fazê-lo, somos
automaticamente colocados dentro de uma outra caixa, uma caixa ideológica humanista
que oprime o sentido do que instintivamente entendíamos como o que havia de mais
divino no universo. Ou seja: os conceitos de verdade, bondade e beleza. Este conjunto de
valores, que herdamos de nossos pais, foi arraigado na sociedade através dos dois mil
anos de história do cristianismo.

Vale ressaltar que as escolas, nos moldes atuais, foram instituídas pela Igreja Católica a
partir do século xii com uma base nos valores greco-romanos, mas aperfeiçoados pelo
cristianismo. Foi por volta desta época que

os valores cristãos se tornaram a base estrutural de


todo o Ocidente,
sobretudo através do crescimento do número de escolas, responsáveis pela disseminação
dos valores cristãos de forma organizada. Por mais de mil anos a Igreja Católica foi a
grande educadora do Ocidente, responsável por ensinar e transmitir não apenas os valores
cristãos, como também os conhecimentos científicos, perpetuando assim as variadas
tradições do conhecimento, como as correntes filosóficas dos grandes pensadores da
Grécia Antiga. Esta foi, grosso modo, a situação por toda a Idade Média até a
Renascença, ou seja, do século x ao xv.

Seguiu-se à Idade Média o período histórico denominado Renascimento. Após pregar


suas 95 teses, que gerariam a Reforma Protestante, Martinho Lutero registrou em cartas
que nutria a intenção de criar um sistema de educação universal e obrigatório para
meninos e meninas, participando mais tarde da criação do Plano Escolar da Saxônia. Em
essência, esse plano se tornou a base para o sistema de educação estatal para a maioria
dos países como Alemanha, França, Holanda e Inglaterra.

A partir daí, pela primeira vez

as escolas passaram a ser vistas como uma poderosa


arma cultural.
Foi então que o sistema de ensino passou das mãos dos líderes católicos para as mãos
dos governantes e chefes de Estado.

Mais de um século depois, o Rei Frederico Guilherme i da Prússia (1688–1740) instituiu


o primeiro sistema de ensino obrigatório, de modo que, a partir de então, todas as crianças
se viam compelidas a freqüentar a escola — a qual já não se encontrava mais sob o
domínio da Igreja, mas sim do Estado. Foi questão de tempo para que o ensino se
tornasse algo industrial. De repente, todas as crianças eram obrigadas a freqüentar as
escolas, quando até então cabia às famílias escolherem se os seus filhos haviam de seguir
uma vida intelectual ou outro ofício, como o de soldado.

Se antes era totalmente pessoal e personalizado, a partir de então

o ensino se tornou uma máquina industrializada


para impor e ensinar as crianças o que quer e convém
ao Estado.
A universalização do ensino passou a ser uma estratégia dos governos. Mesmo assim,
por conta de uma tradição de dezesseis séculos, o norte da cultura ocidental continuou
sendo a busca pela verdade, e seus valores cristãos se mantiveram sólidos.

Com o Humanismo, no século xvi, a coisa começou de fato a mudar. Ele tirou Deus do
centro da verdade e da vida das pessoas, colocando o ser humano em Seu lugar. Essa
corrente foi guiada pelos filósofos e físicos, como Isaac Newton. Começou-se a
questionar a espiritualidade e o papel da religião na sociedade, e até mesmo o papel da
monarquia. Daí surgiria o Iluminismo, que por sua vez levou à Revolução Francesa
(1789–1799).

Dentre os principais e mais influentes filósofos da época, estavam os iluministas Jean-


Jacques Rousseau (1712–1778) e Voltaire (1694–1778). Foi Rousseau que começou a
difundir a teoria de que

a educação clássica era superficial.


Sim, a educação clássica: aquela mesma educação que funcionou por mais de mil anos
no Ocidente e que tinha como base os princípios filosóficos da Grécia Antiga. Embora
essa educação fosse ainda muito valorizada, Rousseau incutiu nas pessoas a idéia de que
os valores ensinados até então estavam, por assim dizer, “errados”, e que eles as induziam
a viver em estado de hipocrisia.

Para Rousseau, era impossível viver segundo valores conservadores, de modo que
aqueles que vivessem em conformidade com tais valores, disseminados na sociedade da
época, estariam vivendo em um estado de cinismo e de julgamento iminente. Rousseau
começou, por meio de um processo de deterioração moral da sociedade, baseado no que
ele dizia ser “ciência”, a minar cada um desses valores.

“O HOMEM NASCE BOM”


Baseadas na filosofia de Rousseau, as escolas francesas começaram a incutir novos
valores nas crianças. Foi Rousseau quem proferiu a célebre máxima: “O homem nasce
bom, e é a sociedade que o corrompe”, premissa esta que sustenta muito do pensamento
progressista e revolucionário que foi ditado pela elite iluminista. Só que há um erro neste
pensamento, pois

o ser humano nasce egoísta.


O egoísmo é um vício humano que pode ser observado em toda e qualquer criança,
mesmo nas pequeninas. Trazemos dentro de nós as raízes de todos os vícios: nascemos
ciumentos, gulosos, possessivos, soberbos, invejosos, preguiçosos e narcisistas. Trazemos
a natureza do pecado, e além disso o fator biológico, por conta do instinto de
sobrevivência, faz com que desenvolvamos essas características tão logo nascemos. Com
o tempo, e a progressiva compreensão da criança quanto à necessidade de regras para se
viver em família e em sociedade, ela começa a se moldar aos padrões morais que tornam
a convivência mais agradável. E, naturalmente, os pais exercem um papel fundamental
nesse processo. Se os pais não interferirem e não ensinarem bons modos, a criança vai se
tornar, com o passar dos anos, um adulto insuportável de se conviver. Ao nascer, somos
como uma pedra bruta; no decorrer dos anos, sob a influência do amor e da educação que
recebemos, começamos a moldar a nossa personalidade para que nos tornemos um ser
humano mais agradável de se conviver.

Para quem tem filhos, fica evidente a fragilidade da teoria de Rousseau. Sabemos que,
na prática, se dá o exato oposto do que a máxima do filósofo afirmava: ninguém nasce
bom, e não é a sociedade opressora que nos corrompe. De certa forma, Rousseau
pretendia transformar as crianças em uma “classe” de pessoas, em uma classe
revolucionária contra o suposto sistema opressor e, para tanto, precisava abolir toda e
qualquer tradição de ensino, começando pela própria família. Não convinha que a moral
conservadora fosse transmitida às crianças, mas sim que elas fossem ensinadas através de
conceitos lúdicos, de modo que, ao fim e ao cabo, pudessem romper com o passado, com
a tradição e com a sociedade.

Em seguida, os jacobinos radicalizariam ainda mais as premissas de Rousseau, dando


lugar à Revolução Francesa, que, a propósito,

não trouxe igualdade, liberdade ou fraternidade


para ninguém.
A Modernidade, que se seguiu ao Humanismo, conseguiu relativizar ainda mais o
conhecimento, porque sustentava que tudo o que acontecera no Ocidente inteiro até então,
todas as conquistas, todo o desenvolvimento social, tudo havia de ser descartado por
resultar de uma opressão patriarcal religiosa. Foi então que, guiada por uma estratégia
iluminista de controle, surgiu a idéia de que o ensino cristão fosse supostamente opressor
e maléfico. É sabido que a fé e os valores cristãos, quando vividos concretamente em uma
sociedade, dificultam a entrada de novos grupos no poder.

Uma sociedade temente a Deus não abre mão do que é


certo,
porque obviamente sabe que é errada qualquer tipo de movimentação revolucionária
que queira tomar o poder e o controle de uma sociedade à força.

No Iluminismo, eram os líderes políticos revolucionários que, sedentos por poder,


decidiam como e o que deveria ser ensinado nas escolas. A obrigatoriedade do ensino não
teve a ver com uma preocupação com a efetiva formação e cultura das crianças; teve,
antes, uma intenção puramente política: formar aos poucos um exército que
posteriormente aceitaria de braços abertos o que os revolucionários pretendiam impor: um
regime totalitário e autoritário com eles no poder, ao invés dos monarcas.

Hoje, nas escolas, ensinam que o objetivo da Revolução Francesa era fazer da França
um país democrático e tirar do poder a autoritária e mesquinha monarquia, que, alienada,
mandava o povo “comer brioches”. Com um pouco de estudo, fica evidente que a
intenção da revolução nunca foi acabar com o poder totalitário, mas
trocar o poder de mãos.
Com sua base humanista, o Iluminismo visava tirar das pessoas a fé em Deus, pois a fé
em Deus faz com que estejamos alerta contra a imposição dos tiranos. O ataque frontal ao
poder monárquico se dava por seu fator hereditário, pois acreditava-se que era Deus quem
designava cada monarca da sucessão para reger o Estado. Logo, para acabar com um
poder monárquico, a primeira coisa era fazer com que as pessoas parassem de acreditar
em Deus. Daí surgiu, como que naturalmente, uma linhagem progressista que visa impor
o ateísmo, levando a conseqüências ainda mais nefastas para a sociedade: desde a
defasagem moral até uma sangüinária perseguição dos cristãos.

Em retrospecto, notamos que todos aqueles cientistas, pensadores e filósofos iluministas


foram de extrema importância para o surgimento de toda movimentação da cultura
ateísta. Ao mesmo tempo que a ciência se arrogava o monopólio da verdade, a crença em
Deus e nas criações divinas era reputada como sendo “coisa de ignorante”. Além do
Iluminismo, despontavam ainda filósofos e pensadores que disseminavam o Positivismo,
corrente de pensamento segundo a qual o conhecimento científico era a única verdade, o
que, naturalmente, seria aceito apenas com a isenção total da fé e da tradição. Foi então
plantada a semente positivista que floresceria com todo seu vigor no século xxi. O
problema do Positivismo é não levar em consideração o fato de que a ciência é feita por
homens, e que homens são falhos, logo, a ciência erra e já errou muito, como
empiricamente já nos foi demonstrado no decorrer dos séculos.

Uma vez que

a ciência foi elevada ao posto de alto clero,


a comprovação científica se tornou a única e insofismável verdade, e os cientistas
começam a ter mais prestígio. Surge, contudo, o seguinte problema: quem controla os
pesquisadores científicos? Se tomar parte em uma pesquisa, uma pessoa má intencionada
pode enviesar todo o procedimento e até o resultado a seu gosto e vontade, para assim
comprometer a pesquisa ou corroborar de antemão teses próprias ou de alguma empresa,
talvez uma patrocinadora da própria pesquisa. O mais célebre mote positivista está, por
sinal, eternizado na bandeira brasileira:

“Ordem e progresso”.
Em resumo, tão logo a libertação da opressão religiosa deixou de ser uma promessa do
Iluminismo e se tornou uma realidade, a idéia surgida sob o pretexto de resguardar a
liberdade individual revelou-se um mecanismo incomparavelmente mais opressor do que
o anterior, substituindo os ideais cristãos pelos iluministas.

Tempos depois, a partir do pensamento hegeliano, surge o idealismo absoluto, que pode
ser resumido, grosso modo, da seguinte maneira: tudo que pode ser pensado é real e tudo
que é real pode ser pensado. Assim, impõe-se a imperiosa cultura da relativização, a
mesma relativização que, derivada daquela, grassa nos dias atuais.

E da dialética hegeliana mais tarde surgiria Karl Marx (1818–1883), o pai do


comunismo. E assim, após traçar de modo genérico a linha temporal histórico-filosófica
dos últimos séculos, podemos observar a ligação entre Iluminismo e Revolução Francesa,
e seu impacto na criação do comunismo. Ainda mais resumidamente, esta ligação direta
pode ser assim expressa: Rousseau inspirou e endossou os líderes revolucionários
franceses, bem como influenciou indiretamente as idéias do filósofo alemão Hegel, que,
por sua vez, assentou as bases filosóficas para as teses de Karl Marx.

Após cerca de 50 anos da morte de Marx, Vladimir Lenin (1870–1924), na Rússia,


aderiu e aprofundou as teses marxistas. Em Amigos do povo, Lenin faz inúmeras
referências e citações às obras de Marx, quando o escritor alemão ainda não era muito
conhecido na Rússia. Mais tarde, em 1914, Lenin escreveria um breve esboço biográfico
de Marx, seguido de uma exposição da ideologia marxista.

Após a Revolução Bolchevique, liderada por ele, a cartilha comunista começou a ser
aplicada em toda a União Soviética, baseando-se nas teorias marxistas e leninistas. Lenin
impôs, por exemplo, que as mulheres começassem a trabalhar por dois motivos: 1 )
porque quanto mais gente trabalhando, maior o crescimento econômico; 2 ) porque,
segundo os marxistas, o casamento precisava acabar. Para eles, a estrutura familiar
advinda do casamento se hasteia na propriedade privada e, para que o comunismo tenha
êxito, a propriedade privada precisa acabar.

Uma vez que as mulheres não estavam em casa, alguém teria de cuidar das crianças.
Assim, logo após a Revolução Bolchevique, em 1917,

Lenin popularizou e industrializou o formato da


creche,
de modo que os cuidados para com as crianças saíssem da alçada dos pais e se
tornassem uma incumbência do Estado. Ou seja: a criança passa a ser doutrinada desde
bebê. Com as creches, matava-se, por assim dizer, dois coelhos com uma cajadada só:
saindo de casa, as mulheres aumentavam a mão-de-obra do país e entregavam aos
cuidados do Estado suas crianças, que, desde cedo, passavam a receber a doutrinação do
partido. Lenin dizia que as instalações das creches poderiam “libertar” as mulheres,
reduzindo e eliminando sua desigualdade em relação aos homens, aumentando seu papel
na produção e vida social. Pela primeira vez fala-se em “empoderar” as mulheres.

A União Soviética sempre foi genial em propaganda e marketing. Deu início à estratégia
de usar retóricas aparentemente bondosas, mas que, atrás da aparência, escondiam suas
reais intenções: convencer a sociedade a aceitar as idéias absurdas da revolução para
alcançar os objetivos de totalitarismo.

Décadas mais tarde, em 1959, o governo soviético introduziu um sistema ainda mais
rígido que unia creches e jardins-de-infância. Assim, o Estado cuidava das crianças desde
os 2 meses até os 7 anos de idade, que depois seguiam para a escola regular. Ou seja:
desde os 2 meses de idade, a criança se viu inserida nos sistemas governamentais
soviéticos, de modo que o seu tempo de convívio com os pais se reduziu drasticamente.

Nas próximas décadas, criaram-se mais instituições de ensino, uma vez que o programa
de industrialização da União Soviética exigia novos especialistas. Em 1975 havia cerca de
5 milhões de pessoas no ensino superior na União Soviética. O objetivo de tanto incentivo
à educação era o Estado controlar o que as gerações aprenderiam, para que se tornassem
adultos obedientes ao regime e, uma vez adultos, servissem aos interesses da União
Soviética.

Um lema sobre a educação que se tornou popular na urss dizia:

“Se você não puder fazer isso — nós o ensinaremos;


se você não quiser — nós o forçaremos”.
Muitos princípios da educação soviética foram estabelecidos na década de 1930 pelo
conhecido educador Anton Makarenko (1888–1939). Grande parte de sua experiência foi
absorvida e incluída nos livros pedagógicos comunistas e aplicada com sucesso no
sistema de ensino. Uma das regras da cartilha era: “Manutenção de uma rotina rígida”.
Acreditava-se que tudo — inclusive dormir e se alimentar — deveria ocorrer conforme
um cronograma rígido. Pensava-se que, mesmo que chorasse entre refeições, um bebê não
devia ser “acalmado” com amamentação. E os médicos soviéticos visitavam
periodicamente as mães em casa para monitorar o crescimento da criança (na urss, a
questão do peso da criança também tinha de estar de acordo com as normas estabelecidas
pelo Estado comunista). Você consegue imaginar a situação de ter soldados-médicos
entrando na sua casa e ditando quando você pode ou não alimentar o seu filho? Outra
regra da cartilha era: “Fortaleça as crianças e coloque-as para dormir ao ar livre”. As
mães eram obrigadas a levar seus bebês para passear na neve durante horas, em uma
temperatura baixíssima, e muitas vezes até deixavam os berços com a criança dormindo
para fora de casa. A justificativa do Estado era de que tal prática aumentava a imunidade
das crianças e as tornava mais resistentes ao frio. Queriam crianças mais resistentes ao
frio porque precisavam, no fundo, de soldados mais resistentes ao frio e a qualquer
adversidade climática, para ter assim um exército mais forte.

Outra regra:

“Socialize as crianças desde bem cedo”.


Desde muito cedo (mesmo os lactentes), as crianças eram enviadas para as creches e
para o jardim-de-infância, pelos dois motivos já citados: as mães aumentavam a mão-de-
obra soviética e as crianças ficavam aos cuidados do Estado, sob a justificativa de viver e
trabalhar em equipe, assumir a responsabilidade por seu grupo e, por fim, socializar.
Quem nunca escutou essa história de que a escola é importante para a criança
“socializar”? Pois bem, é a mesma história usada pelo regime comunista. Até então não
se falava sobre isso. Ninguém, no Ocidente, ia para a escola porque era importante
“socializar”. Aos nossos ouvidos, contaminados e acostumados ao politicamente correto,
sei o quão absurdas podem soar tais afirmações. A “importância de socializar” tornou-se
uma máxima e já entrou nos consultórios dos psicólogos. O fato é que

essa máxima aceita por todos não tem base científica,


biológica ou antropológica nenhuma.
Sem dúvida, é importante que seres humanos saibam conviver em sociedade, respeitar o
próximo e lidar com as adversidades da convivência; mas quem disse que essa
experiência de convivência com centenas de crianças na escola é frutífera ou que esse
aprendizado é saudável no ambiente escolar, principalmente na primeira infância? Como
viviam as crianças antes da criação das escolas? Elas se tornavam adultos piores por não
freqüentarem escolas onde tivessem contato com mais crianças? Penso que não. Cumpre
observar que antigamente homens e mulheres amadureciam mais cedo, formavam o seu
próprio núcleo familiar mais cedo e se tornavam mais responsáveis mais cedo, sendo
assim úteis para a sociedade mais cedo.

Na década de 1970, o acadêmico e psicólogo infantil norte-americano Urie


Bronfenbrenner (1917–2005) fez um estudo detalhado da educação das crianças na União
Soviética e publicou o livro Two Worlds of Childhood: us and ussr [Dois Mundos da
Infância: eua e urss] ( Simon & Schuster, 1972) , no qual cita-se o relato de uma
professora soviética sobre como se lidava com o mau comportamento na sala de aula:
Imaginemos que um menino de 10 anos esteja puxando a trança de uma menina da sala. Eu o repreendo uma vez,
depois uma segunda e uma terceira — mas ele continua me ignorando. Em seguida, peço à classe que observe o
comportamento do menino. Agora posso ter certeza de que, durante o intervalo, os membros do grupo de jovens
pioneiros que estão de plantão terão uma conversa com o garoto. Eles lembrarão que seu mau comportamento afeta as
marcas de conduta atribuídas a todo o grupo dos pioneiros.

Ou seja: depois de induzir os alunos a problematizarem a conduta do menino, a


professora incentiva os alunos a irem, no intervalo, “ter uma conversa” com ele e a cobrar
dele atitudes de reparação do erro, e assim é criada uma cultura de cancelamento contra
esse aluno pelos próprios alunos.

E mais: “Ensine (e ponha em prática) valores morais”. Impunha-se a prática de valores


morais que iam ao encontro da idéia de Estado laico, já preestabelecida no Iluminismo.

O Estado laico nada mais é do que a imposição de um


Estado ateu.
Na ausência da religião, as crianças aprendiam as regras de comportamento não pela
Bíblia, mas pelo prisma de valores morais do governo comunista, que de certa forma
convergiam em alguns pontos com as Sagradas Escrituras, mas sempre com evidente
distorção. Os valores ditatoriais comunistas eram insinuados na cabeça das crianças de
forma sutil e a aparência de bondade progressista. Assim, a fé em Deus era, sutil e
lentamente, substituída pela fé no Estado.

Um dos valores disseminados era “pensar no próximo”, e não apenas em si. Era preciso
pensar primeiro no coletivo, no bem-estar do vizinho e nas necessidades do outro, mas
não nas suas e nas da sua família. É o argumento de um suposto “amor ao próximo” e
“empatia”, que ainda está presente nas discussões recentes. Devemos dividir tudo, pois,
ao fim e ao cabo, não é justo que o seu vizinho tenha menos bens materiais do que você,
mesmo que seu trabalho seja três vezes superior ao dele. Apesar da aparência, o que as
pessoas estão aceitando, na prática e de bom grado, é ceder tudo o que possuem para que
o Estado divida tudo igualmente. O resultado, todos já conhecemos:

ficamos todos igualmente miseráveis,


enquanto a microelite do topo da pirâmide continua a viver da forma mais luxuosa
possível, ainda mais nababesca do que qualquer monarquia absolutista já existente.

Após termos falado da origem do ensino obrigatório, bem como analisado algumas
poucas técnicas de doutrinação soviéticas e como elas se foram espalhando pelo mundo
nos últimos 50 anos, vamos agora tentar entender um pouco melhor o contexto da
doutrinação na educação de nosso próprio país, e então dar o próximo passo e escavar o
segundo pilar da doutrinação: as mídias e a propaganda.
DOUTRINAÇÃO NO BRASIL
monárquico do Brasil durou até 1889, quando, através de um golpe militar,
O regime
foi instituída a República, com a qual se iniciaria, logo nos primeiros anos, uma
doutrinação maciça nas instituições de ensino brasileiras, criando-se um novo panteão de
mitos e heróis, e carregando, por outro lado, as tintas para difamar a monarquia que
haviam derrubado.

Ao se falar de doutrinação no Brasil, é imprescindível considerar a importância da


Igreja Católica e a participação dos jesuítas no processo educativo de nosso país, pois eles
foram os grandes responsáveis pela educação no período colonial.

OS JESUÍTAS NO BRASIL
Na escola, costumam nos ensinar que os jesuítas vieram para o Brasil com o intuito de
escravizar os índios e levar embora as riquezas brasileiras, a fim de engordar ainda mais
os cofres da Igreja. Nada mais falso; isso advém de uma análise da história segundo a
concepção marxista, sob a óptica materialista em que a economia é o centro e a causa de
tudo, e todo o resto é secundário. É assim que os marxistas analisam a história. Pense
bem: como é possível que alguém possa querer abandonar a própria família e correr um
grande risco no trajeto transatlântico para se aventurar numa selva povoada por tribos
primitivas (muitas delas canibais), em troca de algumas pepitas de ouro e pau-brasil? Ao
adentrar em solo brasileiro, os navegantes se deparavam com uma situação mais hostil e
primitiva, deviam encarar os povos indígenas que falavam uma língua diferente e não
transmitiam muita segurança. A única explicação plausível para a vinda dos jesuítas é que

eram pessoas extremamente fiéis a Deus e que


tinham o compromisso genuíno de pregar o Evangelho
para todos os povos gentios do Novo Mundo.
Fundada em 1539 por Inácio de Loyola no contexto de reação da Igreja Católica à
Reforma Protestante, a Companhia de Jesus foi a protagonista do início de nossa história
educacional, detendo a hegemonia do ensino brasileiro até 1759, quando os padres
jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias pelo Marquês de Pombal.

Os jesuítas combinavam catequese e ensino prático: a catequese era destinada aos


indígenas; a educação nos colégios religiosos, aos descendentes de europeus. Sua
metodologia era embasada por um documento de código pedagógico, um plano de estudo,
conhecido como Ratio Studiorum, que mantém a formação intelectual clássica
estreitamente vinculada à formação moral, fundamentando-se nas virtudes religiosas, nos
valores cristãos, nos bons costumes e hábitos saudáveis à sociedade, bem como nas letras
e no ensino da língua. Assim, os jesuítas não apenas organizaram escolas elementares e
colégios com um projeto pedagógico uniforme e bem planejado, mas
ajudaram a criar condições melhores de vida civilizada
na colônia
tanto para os índios como para todos os habitantes da época.

Na escola, é comum ouvir os professores dizerem que os jesuítas eram “elitistas” por
terem separado a educação, uma para a elite portuguesa e outra para os índios; mas,
levando em conta as circunstâncias históricas e sociológicas da época de sua chegada,
poderíamos dizer que era a abordagem mais óbvia e, sobretudo, necessária a ser aplicada.
Primeiro, os índios precisavam aprender a ler e a escrever; depois, eram catequizados. Os
portugueses já traziam uma tradição cultural católica em sua bagagem, o que facilitava o
aprendizado; ao passo que os índios haviam de trilhar esse processo de aprendizagem
desde o início, levando naturalmente mais tempo: primeiro, porque não falavam a língua
portuguesa; segundo, porque culturalmente era mais difícil ensinar os conceitos cristãos
para eles, que se encontravam ainda desprovidos de toda e qualquer referência religiosa e
cultural cristã. Era uma cultura totalmente nova para os povos indígenas e, por
conseqüência, de mais difícil ensino. É importante pontuar que nem mesmo na Europa a
escrita era muito difundida; naquela época, a grande maioria da população ainda não
sabia ler e escrever.

Outra contestação comum é: “Os jesuítas faziam tudo isso só para levar mais fiéis para a
Igreja Católica”. Sim, também. O problema da afirmação é seu viés sentimentalista e
vitimista. O cristianismo era, é e sempre será a melhor bússola moral que o mundo pode
ter.

O cristianismo moldou a civilização ocidental


através dos seus valores e conhecimento.
Ainda assim, alguém pode questionar: “E é boa essa influência?”. Para encontrar a
resposta, basta correr os olhos por outros lugares do mundo. Ao comparar a maneira
como se tratam, por exemplo, mulheres em países cristãos e não-cristãos, com outras
religiões e culturas, podemos notar que as mulheres não recebem o mesmo tratamento,
chegando até a serem apedrejadas em alguns países. Não é mera coincidência. Em geral,
hoje, percebemos como algo natural tratar bem as mulheres, assim como o nosso próximo
em geral, porque absorvemos por séculos a fio os valores cristãos no Ocidente. E veja
bem: não importa se é cristão ou não, se acredita em Cristo ou não,

você absorveu valores cristãos.


A cultura cristã forjou os nossos conceitos morais, que, aos poucos, foram
desembocando em ações em todos os âmbitos da vida humana, definindo nossos
costumes, ações e até a fala. E estes valores não são os mesmos de outras culturas.

Se os jesuítas foram os responsáveis por traçar todo o caminho do ensino no Brasil,


fundando escolas e instaurando um método eficaz, houve um personagem que,
influenciado pelas idéias iluministas, desviou completamente esse curso: Marquês de
Pombal (1699–1782). Figura importante e controversa da história portuguesa, Pombal foi
secretário de Estado de Portugal (1750–1777), quando realizou uma série de reformas
fundamentais no Reino de Portugal que ficaram conhecidas como Reformas Pombalinas.
Tais reformas resultaram na perseguição e expulsão dos jesuítas do Brasil. Só então o
Brasil começou a dar os seus primeiros passos na criação de um ensino público, mas,
após a desestruturação da escola jesuíta, os índios acabaram perdendo espaço no sistema
de ensino. Apesar das intenções de Pombal, os documentos históricos mostram que o
alcance do ensino depois de suas reformas foi muito menor do que na época da
Companhia de Jesus.

DOS JESUÍTAS AO ENSINO OBRIGATÓRIO


Das Reformas Pombalinas ao início do século xx, muitas coisas se passaram no Brasil e
no mundo, das quais vale ressaltar algumas para o nosso intento: Independência do Brasil
(1821–1825); o Brasil se torna Império do Brasil (1822–1889) sob o governo de uma
monarquia constitucional parlamentarista; instaura-se a República no Brasil (1889) sob a
ação dos militares comandados por Deodoro da Fonseca; as idéias de Marx se difundem
cada vez mais pelo mundo e também em nosso país; fundação do Partido Comunista do
Brasil (1922); início da Era Vargas (1930–1945).

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas chegou ao poder através de um golpe de


Estado, governando daí em diante de forma sempre mais centralizadora e ditatorial. Dado
o tipo de governo, Getúlio precisava do apoio da classe intelectual para alcançar os seus
objetivos: precisava de soldados letrados capazes de elaborar estratégias de governo, a
fim de manter-se no poder. Para Vargas, o total apoio da população brasileira teria seu
início através de estratégias pedagógicas. Ou seja: era preciso ensinar as coisas “certas”,
segundo ele, aos brasileiros. Cooptou assim intelectuais dos mais variados campos de
estudo, para que formassem o horizonte dos brasileiros e reforçassem em suas cabeças
que as medidas ditatoriais do governo eram o melhor para o país.

Naquela época, os governos autoritários se fortaleciam em todo o mundo: nazismo,


fascismo e comunismo substituíram aos poucos as antigas monarquias européias, que
foram perdendo espaço. À esteira dessa onda ditatorial que assolava o mundo, Vargas foi
adquirindo e centralizando cada vez mais o poder nas próprias mãos.

Em 1937, Getúlio Vargas se tornou oficialmente ditador, dando vida ao Estado Novo
através de uma nova constituição. Além de ditador e adepto das “estratégias
pedagógicas”, ele também ficou conhecido por fazer autopropaganda em larga escala: o
culto de sua pessoa, chamado de “pai dos pobres” e “Doutor Getúlio”, se deu de maneira
muito semelhante ao dos líderes dos regimes nazista, comunista e fascista. As rádios não
se cansavam de alardear seus feitos, tocar à exaustão as marchinhas que lhe foram
dedicadas, como Retrato do velho ou Ai, Gegê, bem como os jornais mantinham a prática
cotidiana de escrever páginas inteiras de elogios laudatórios. Pura estratégia de marketing
do governo, que bancava esses meios de comunicação. Trata-se do
início da prática de políticos brasileiros usarem veículos
de comunicação para criar uma falsa narrativa a respeito
de si mesmos.
No fundo, ele poderia mesmo ser “o pai dos pobres”: não por tê-los ajudado, mas por ter
feito com que grande parte da população se tornasse pobre. No Brasil, a educação se
tornou obrigatória em 1934, quando Getúlio Vargas sancionou a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Brasileira (ldb), que obrigava o Estado a fornecer educação “gratuita” para
todas as crianças dos 4 até os 17 anos, obrigando conseqüentemente que os pais
mandassem seus filhos para a escola. Para que a lei do ensino obrigatório funcionasse,
acabaram criando uma série de outras leis acessórias e emendas necessárias. É importante
pontuar que, a partir do momento em que a educação se torna obrigatória,

os livros didáticos e as grades curriculares passam a ser


definidos por políticos e por técnicos nomeados pelos
políticos.
Assim, Getúlio instituiu não só o Ministério da Educação como também uma série de
outros ministérios. Desde então, a máquina pública não parou de crescer.

Getúlio foi o primeiro governante brasileiro a usar dois tipos de doutrinação: a


doutrinação através do estudo obrigatório, em moldes bem semelhantes aos da União
Soviética, e a doutrinação através da mídia, que também era inspirada nos moldes
soviéticos.

PAULO FREIRE
Por muito tempo, Paulo Freire (1921–1997) reinou absoluto como referência máxima da
educação brasileira, supostamente por alguns “méritos”, a ponto de ser denominado
“patrono” da educação brasileira. Antes, porém, de adentrarmos o principal causador da
maciça doutrinação que acontece em nosso país, precisamos entender e fixar um ponto:

não há separação entre ideologia e método


educador.
Uma faz parte da técnica do outro. A esquerda constrói seus heróis carregando as tintas
nas belas intenções, adornadas com discursos bonitos, baseadas sempre em algumas
meias verdades, muitas mentiras e uma boa militância midiática.

Paulo Freire ficou famoso pelo discurso de corrigir os índices elevados de analfabetismo
no Brasil, especialmente entre a população mais pobre. Adepto da teoria marxista e de
sua aplicação na educação, implantou a luta de classes no ambiente escolar, sustentando
que o problema educacional era social, que os menos favorecidos tinham de ser
introduzidos na política. Sua teoria mais conhecida, a “pedagogia da libertação”,
estabelece que não existe educação neutra. Aqui está uma das origens da doutrinação
progressista nas escolas e universidades: em vez de formar cidadãos e profissionais para o
crescimento do país, formam

soldados dispostos a cometer atrocidades em nome do


marxismo no meio acadêmico.
Em Pedagogia do oprimido, sua principal obra, Freire exalta a “teoria da ação
antidialógica”, a qual está centrada na “ação dos dominadores”, que, para poder continuar
a opressão e manter a manipulação, preferem manter a divisão, deixando as classes menos
favorecidas fracas e facilmente manipuláveis. É a luta de classes proposta pelo alemão
Karl Marx, mas com outras palavras, mais palatáveis, e no âmbito escolar. Apesar de seu
método nitidamente ideológico e dos elogios a Fidel Castro e Che Guevara, este é o
terceiro livro mais citado do mundo na plataforma acadêmica Google Scholar.

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Freire foi o maior aliado da
reforma educacional brasileira de 1996, que daria mais tarde origem à Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (ldb), cujos resultados todos nós podemos ver: o Brasil está
entre os piores no ranking mundial de educação. Nossa educação piora ano após ano,
continua pobre de conteúdo técnico e repleta de doutrinação marxista, que cada vez mais
se sobrepõe a qualquer compromisso da busca da verdade.

Mas essa decadência toda já vem ocorrendo no Brasil desde a década de 1950, época em
que as teorias de autores de esquerda ganharam força no Brasil e Paulo Freire estava
nesse compilado de autores-soldados enviados pelo capiroto. Dessa época também
podemos listar Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Sérgio Buarque de Hollanda,
Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e Maria Yedda Linhares. Em vez de solucionar o
problema, o “Método Paulo Freire” só agrava a nefasta educação nacional. Além disso,
segundo o historiador David Gieoros Vieira, o método milagroso para diminuição da taxa
de analfabetismo brasileiro teria sido desenvolvido, na verdade, pelo americano Frank
Laubach, em 1915.1

O episódio que deu notoriedade nacional a Paulo Freire foi, em 1963, o mutirão de
alfabetização em Angicos (rn). Participaram ao todo 380 adultos, sobretudo de áreas
rurais.

O convite a Freire partiu do governador potiguar, Aluízio Alves — por acaso, pai do ex-
deputado Henrique Eduardo Alves, preso na Operação Lava Jato. O combate ao
analfabetismo, que estava na casa dos 70% no Rio Grande do Norte, era uma promessa de
campanha do governador.

Freire, acompanhado por um grupo de voluntários, ficou célebre por alfabetizar pessoas
em 40 horas. O mutirão ficou conhecido como as “Quarenta Horas de Angicos”. A
propaganda, porém, no quesito rapidez, não correspondia exatamente aos fatos.
O presidente João Goulart (1961–1964) e o então ministro da educação, Paulo de Tarso,
gostaram da idéia e convidaram Paulo Freire para dirigir o Programa Nacional de
Alfabetização. A partir daí,

seu método se espalhou Brasil afora e se tornou


referência até da Unesco,
o braço de ferro da onu no quesito doutrinação progressista através da educação.

A segunda parte do método de ensino de Paulo Freire é a mais problemática: a inclusão


da ideologia. O pedagogo pretendia “despertar a consciência” dos alunos — geralmente
adultos em áreas rurais — para a “opressão”. A enxada não seria usada apenas para
ensinar as letras, mas também para “problematizar” as relações de trabalho, a riqueza do
patrão, as injustiças sociais. Como todo bom marxista, Paulo Freire tinha a luta de classes
como sustento de todas as suas ideologias nefastas.

O método freireano domina totalmente a educação brasileira, e o resultado não mudará,


como provou o passado: nosso país continuará caindo ainda mais no ranking do pisa; o
desempenho de nossos alunos continuará sendo pífio em todas as áreas do conhecimento,
tanto teórico como técnico, uma vez que a educação recebida consista apenas em

enfiar em nossas crianças, goela abaixo, nefastas aulas


de marxismo diluído
e embelezado, que corrompem a mente de todos em prol dos valores marxistas, pondo
em ato a sorrateira e demoníaca revolução cultural, como propunha o italiano Antonio
Gramsci (1891–1937).

Não podemos negar os fatos: Paulo Freire é um dos maiores culpados pelo triste
resultado pedagógico da educação brasileira das últimas décadas (e das futuras, se tudo
continuar como está).

Quando contestados sobre os problemas na obra de Paulo Freire, seus defensores


costumam mencionar, em vez de explicar, que o educador é o brasileiro com mais
citações acadêmicas no exterior, e que recebeu 27 diplomas de doutor honoris causa,
inclusive de Harvard e Oxford. Sim, é verdade. Mas a resposta deve ser imediata: “E
daí?”. Isto prova somente que, de fato, existe uma forte e organizada militância
internacional de esquerda, e que esse grupo predomina nos departamentos de
humanidades de universidades no mundo todo.

Além de colocar a educação a serviço da revolução marxista, enfatizando a opressão no


ensino, Paulo Freire aponta ainda para a família:

os pais da criança seriam a principal parte do


aparato opressor.
Alunos e crianças são oprimidos; os pais e professores, opressores.

Seguindo essa linha de raciocínio marxista, é inevitável cair na relativização da ordem


das coisas e das estruturas sociais. E, quando relativizamos a hierarquia das instituições
familiares e educacionais, principalmente quando há crianças e adolescentes envolvidos,
corrompemos a sociedade por completo. Para Paulo Freire, o professor não deve se
colocar mais como uma figura de respeito e autoridade, mas como um amigo do aluno e
do adolescente. Olhe bem a seu redor, vá a escola de seus filhos, lembre dos seus anos no
colégio e perceba se essa ideologia não chegou à sua vida. A inversão de papéis se dá
através de detalhes, como a disposição de professor, alunos e até móveis na sala de aula.
Por exemplo, ao invés de ficar na frente da classe, em pé, mais alto e em destaque, o
professor começa a formar rodas, misturando-se aos alunos, tornando-se ele também um
dos alunos, e extinguindo deste modo a hierarquia vigente. Embora essa técnica pareça
apenas um inofensivo e aceitável método pedagógico, a ausência de respeito pela
hierarquia será, mais tarde, facilmente replicada pelo adolescente em casa e na sociedade.
Ele passa a não respeitar mais os pais porque não respeita as pessoas que deveriam lhe
ensinar alguma disciplina.

MARXISMO CULTURAL, ESCOLA DE FRANKFURT E ANTONIO GRAMSCI


Escola de Frankfurt e Antonio Gramsci são duas fontes de teorias culturais marxistas.
Após a Revolução de Outubro, a instauração da União Soviética e a opção dos
trabalhadores de servirem a própria pátria nas guerras mundiais (ao invés de se unirem
contra a burguesia como sustentavam os marxistas), a tática de implementação do
comunismo mudou: não seria mais por meio da guerra armada, mas da

guerra cultural.
Ou seja: implementar um regime comunista em um país, não mais combatendo com
armas e bombas, mas educando os futuros adultos dessa nação, para que aceitem e
apliquem de bom grado os novos conceitos e valores.

O atual “progressismo” é da mesma natureza: com aparência atraente, aborda os jovens


ainda em desenvolvimento intelectual e social, para lhe tornar aceitável e permitido tudo
que existe de mais pervertido no mundo. Todo discurso feminista chega desse modo:
prega primeiro o “empoderamento feminino”, para ir desconstruindo em sua cabeça o
conceito e a importância da família.

Assim é também com os jovens; o discurso começa bonito e atraente, e no próximo


passo já incentiva o adolescente a usar drogas à vontade, porque assim se tornará
progressivamente mais dependente do Estado. O jovem, ainda imaturo, é induzido à
libertinagem de todas as formas; libertinagem é desordem, falta de respeito e de amor por
si e pelo próximo; quem não tem respeito por si e pelo próprio corpo está mais propenso a
ser emocionalmente mais frágil; e, por conta da fragilidade, surge a necessidade de um
Estado-pai.

O adolescente que incorpora tais valores se apega facilmente a qualquer ideologia ou


grupo ideológico, não tanto por crença consciente, mas por um sentimento de
pertencimento: eis o papel dos grupos coletivos e das militâncias identitárias. Por pressão
dos pares, o jovem recebe e aceita a liberdade desenfreada imposta pela doutrinação
progressista. Trata-se, porém, de uma falsa liberdade, pois a suposta ausência de regras e
princípios não liberta ninguém: é a glamorização do direito que cada um tem de ser

um completo imbecil.
No caso do Método Paulo Freire, a falsa liberdade é o incentivo que se dá ao jovem de
fazer as suas próprias escolhas impulsionadas tão-somente pelos hormônios
descontrolados, típicos dessa fase da vida do ser humano, ao invés de submeter as suas
vontades à razão, através da disciplina a que esses jovens deveriam estar sendo
submetidos para que mais para frente eles se tornassem adultos decentes.

Em linhas gerais, vimos a origem da doutrinação marxista nas escolas e universidades,


cujo objetivo é, em vez de formar cidadãos e profissionais para o crescimento do país,
formar soldados com um cabresto dispostos a defender o marxismo no meio acadêmico e,
posteriormente, na vida adulta. Passemos agora para o próximo pilar da máquina da
doutrinação: a mídia.

A DOUTRINAÇÃO ATRAVÉS DA MÍDIA


As palavras têm tanto poder quanto uma arma. Prova disto é que Hitler não deu sequer
um tiro para chegar ao poder. Nos dias de hoje, a mídia tem a mesma importância e força
de ação que as forças armadas.

A cada ano que passa, torna-se mais evidente a doutrinação através da mídia: o jornal já
não separa opinião de informação; o jornalista investigativo se abstém da investigação,
inventando a seu gosto as mais sórdidas mentiras contra quem convém; os veículos de
comunicação são financiados (ou criados) por pessoas cujos interesses não têm nada a ver
com informação ou comunicação. Além disso, existe uma poderosa força militante nas
agências publicitárias que é capaz de incitar não só o “cancelamento” de pessoas
públicas, produtos e empresas, mas também a prisão e extradição de inocentes que ousam
contestar uma só das narrativas progressistas.

A doutrinação através da mídia não aconteceu do


dia para a noite, mas foi planejada ponto a ponto,
começando pelas beiradas para, de repente, surgir como detentora e ditadora da
“verdade”. Para entender esse processo de dominação dos meios de comunicação,
comecemos com um exemplo histórico.
DOMINGO SANGRENTO E A ORIGEM DA PROPAGANDA
Desde o início, a urss serviu-se da propaganda como uma das mais importantes
ferramentas para difundir a ideologia comunista e os princípios do coletivismo. A
propaganda soviética, por meio de cartazes e jornais, era um excelente instrumento
político e uma técnica dominada por Lenin.

Mesmo antes da Revolução Bolchevique (1917), os revolucionários já se serviam de


estratégias midiáticas. Vejamos um exemplo da dita ciência da desinformação: o
massacre do Domingo Sangrento. O que nos contam dessa história? Em 9 de agosto de
1905, uma multidão se reuniu pacificamente nos arredores do Palácio de Inverno,
residência do Czar Nicolau ii, para lhe entregar uma carta pedindo melhorias nas
condições dos trabalhadores; o resultado foi o massacre da população por parte dos
soldados do palácio do imperador.

Agora, a verdade: primeiro, não se tratava de um movimento popular espontâneo, mas


antes formado e organizado por revolucionários profissionais, os quais eram patrocinados
pelo governo japonês. Segundo, estava bem longe de ser uma manifestação pacífica.
Houve barricadas e tiroteios. O governo japonês forneceu um vasto arsenal de armas aos
revolucionários e, notem bem,

o primeiro tiro veio da multidão.


O Coronel Motojiro Akashi foi o grande idealizador desse ato, que havia sido planejado
desde 1903.

No início de 1905, Lenin se encontrou com Georgi Gapon (1870–1906), sacerdote que
lideraria a manifestação do Domingo Sangrento. Nessa reunião, firmou-se a aliança entre
bolcheviques e revolucionários. Gapon se dispôs a financiar as armas usadas no ato
revolucionário; em troca, contariam com a ajuda de policiais corruptos, como o chefe do
departamento especial da polícia, Coronel Sergei Zubatov (1864–1917), que pertencia a
um grupo terrorista. Mais tarde esse mesmo coronel se tornou um dos líderes do partido
socialista revolucionário.

Nos livros didáticos, encontramos a versão falaciosa de que Gapon teria liderado uma
manifestação espontânea do povo contra os interesses dos poderosos e da polícia. Mas,
estudando a fundo o tema, a verdade é que a manifestação que deu origem ao Domingo
Sangrento nunca contrariou os interesses das elites. Muito pelo contrário, foi abastecido e
protegido por políticos influentes do império russo. Todos, por sinal, não se
incomodavam em apoiar publicamente a Gapon. Ele e o prefeito de São Petersburgo
aparecem juntos numa foto da abertura da assembléia de trabalhadores das fábricas
russas, em 1904. Essas elites apoiavam os revolucionários com o intuito de pressionar o
czar a assinar um documento que daria início a um escritório de representação legislativa,
a Duma.

Outro erro é acreditar que o Czar Nicolau ii tenha dado ordem para que os soldados
atirassem nos manifestantes.
Nicolau ii sequer estava presente
no local do confronto. Ele estava em sua casa no campo, a 26 km do Palácio de Inverno.

Além de não serem espontâneas, como dizem, as manifestações em questão tampouco


foram pacíficas: o manifesto apresentado a Nicolau ii afirmava que, se não atendessem
suas reivindicações, haveria conflito armado:
Ordena que nossos rogos sejam atendidos e, ao prometer, farás a felicidade da Rússia; se não o fazes, estamos
dispostos a morrer aqui mesmo, em frente ao vosso palácio. Só temos dois caminhos: a liberdade e felicidade, ou o
túmulo.2

Se não atendessem aos pedidos, a posição de Gapon era clara: tomar de assalto os
arsenais, os depósitos de armas e as oficinas de armeiros; destruir as prisões e retirar delas
os combatentes pela “liberdade”; derrubar os quartéis da polícia e dos gendarmes. Tudo
poderia ser resumido em seu grito: “Morte a eles! Às armas, camaradas!”.3 Na
manifestação “pacífica” foram encontradas nada menos que 163 armas.

Em suas memórias, Gapon também admite que era bom dar à manifestação certo caráter
religioso, de modo que logo enviou os trabalhadores para a igreja mais próxima, para
pegar estandartes e ícones, mas sacerdotes e fiéis se recusaram e nada lhes entregaram. E
qual foi a reação de Gapon? Enviou 100 pessoas para tomar tudo à força.

No total, foram 96 mortos, incluindo policiais, e mais de 200 feridos. Naturalmente,


esses dados são raros nos livros didáticos. Outros vão para o extremo oposto, beirando o
absurdo dizendo que milhares de pessoas foram mortas naquele dia, algo impossível
considerando o tipo de arma utilizada. A habilidade de falsificar números não é algo
novo: um dia antes da manifestação foi impresso um folheto que narrava os futuros
acontecimentos. Por mais bizarro que possa parecer, antes mesmo de a manifestação
acabar, às 5 da tarde, foram distribuídos folhetos em São Petersburgo que descreviam um
tiroteio na praça do palácio, citando estapafúrdio número de 2.000 vítimas. Quem
imprimiu os panfletos já sabia, desde o dia anterior, o que exatamente iria acontecer.
Seria impossível imprimir folhetos tão bem elaborados e escritos em tão poucas horas.
Era impossível imprimir milhares de cópias em tão pouco tempo. As gráficas, inclusive,
sequer estavam funcionando no dia do Domingo Sangrento. Esse folheto foi impresso
com um dia de antecedência. O que assusta sobre esse simples episódio histórico não é
tanto o fato em si, mas a quantidade de historiadores que, mal intencionados ou
ignorantes, se utilizam de tal folheto como prova irrefutável da “manifestação pacífica
que culminou na morte de milhares de inocentes”.

Pouco tempo depois, em um jornal patrocinado pelos japoneses, Lenin publicou um


artigo afirmando que quase 5 mil pessoas haviam sido mortas no Domingo Sangrento.
Em seguida, inúmeros jornais ao redor do mundo replicaram essa mesma informação, e,
de repente, a morte de 90 e poucos terroristas revolucionários se transformou na chacina
de mais de 4 mil almas bondosas que protestavam pacificamente e nada mais queriam
além de paz e pão.
Assim se deu início a uma das maiores características da esquerda:

a mentira e a falsificação de dados históricos.


Foi então que o czar decidiu, por livre e espontânea pressão, convocar a Duma
(assembléia) para fazer uma constituição, de forma que os ânimos fossem acalmados.

Em 1914, teve início a Primeira Guerra Mundial. A Rússia foi um dos primeiros países
a entrar na guerra. A Rússia estava despreparada e em plena crise econômica, vendo
milhares de soldados serem dizimados pela guerra. A narrativa da esquerda de atribuir ao
czar a culpa de a Rússia ter entrado em guerra foi tão intensa, que certo dia o exército se
recusou a defender a família Romanov dos manifestantes. Foi instaurado um governo
provisório. Lenin, até então exilado, voltou para a Rússia, aproveitando-se da confusão.
Em sua volta, o líder comunista pisou em solo russo clamando por “pão, paz e terra” e
“todo o poder aos sovietes”,4 como diziam seus lemas.

Lenin e os bolcheviques invadiram o Palácio de Inverno. Em 25 de outubro de 1917, foi


concretizada a Revolução Russa sob o lema: “Para ter os desejos da população atendidos,
vamos colocar a própria população no poder”. Contudo, Lenin declarou logo que
controlaria todos os partidos sovietes.

A partir daí, a propaganda militante foi tomando corpo nos moldes atuais, com uma
mistura das técnicas aplicadas na Revolução Russa, durante o Iluminismo e na Revolução
Francesa. Sua grande arma foram os enciclopedistas.

O ENDEUSAMENTO DA CIÊNCIA
O enciclopedismo foi desenvolvido na França pelos revolucionários Denis Diderot
(1713–1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717–1783), cujo objetivo era, a partir dos
novos conceitos de “ciência” e “razão”, que tomavam o lugar dos conceitos cristãos,
catalogar todo o conhecimento humano na chamada Encyclopédie, uma obra que reunia
todo o conhecimento do homem.

Editada por Diderot e d’Alembert, a Enciclopédia contou com contribuições de


Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Buffon e do Barão D’Holdbach. De forma sorrateira e
argilosa, disparavam ataques diretos à Igreja Católica e ao Estado, que eram duas
instituições tratadas na Enciclopédia com ironia e desdém.

No decorrer dos séculos xvii e xviii, os “cientistas” iluministas acreditavam ter


acumulado todo o conhecimento necessário para invalidar o que se pensara até então.
Impunham que o princípio da “ciência”, e não a fé, deveria nortear a vida.

Apesar de a ciência, por definição, não ser absoluta, mas falha, mudando inúmeras
vezes, foi implantada social e “cientificamente” a falácia de que a Igreja Católica abusava
da ignorância das pessoas e do medo imposto para incutir os seus preceitos e moral cristã,
a fim de adquirir poder e de extorquir a sociedade.
Por séculos, as Sagradas Escrituras e a interpretação apostólica forneceram a base para a
vida.

Foram as enciclopédias que suscitaram a


demonização da Idade Média,
pois, para os ideólogos enciclopedistas, a religião cristã disseminava o ódio através de
uma fé cega sem qualquer embasamento.

O acúmulo de “saber” das enciclopédias e uma educação guiada pela razão deveriam
fomentar a inteligência de modo autônomo, sem respaldos da fé. Essa imagem de mundo
supunha que tudo que estivesse fora das páginas “científicas” da enciclopédia e que
fossem embasadas na fé cristã seria puro devaneio místico, “coisa de ignorante”. Assim, a
Enciclopédia foi uma obra-chave da alma revolucionária Iluminista, cujo objetivo era,
segundo seus autores mal intencionados, “libertar o ser humano da dependência auto-
imposta da fé”, como formularia o filósofo alemão Immanuel Kant (1724–1804).

Após ver as linhas gerais da consolidação do endeusamento da “ciência” em detrimento


da fé cristã, podemos adentrar o assunto fundamental para entender o processo da
doutrinação: a desinformação.

CIÊNCIA DA DESINFORMAÇÃO
Em geral, acredita-se que desinformação é apenas uma informação falsa para fins gerais
de propaganda. Não, o problema é muito mais fundo. A dita dezinformatsiya consiste em
ações perfeitamente calculadas em vista de um fim. Este, porém, não é influenciar apenas
as multidões, mas atingir sobretudo homens de poder, sejam governantes ou empresários,
para que tomem decisões favoráveis ao desinformante.

A URSS foi a primeira a usar a mídia como arma


revolucionária,
servindo de inspiração para outros líderes comunistas espalhados pelo mundo, que
aderiram fielmente à ciência da desinformação ensinada pelos russos com um único
objetivo: o poder totalitário. Durante a Guerra Fria, a urss tinha mais pessoas em seu
serviço de desinformação do que no exército: mais de 1 milhão de agentes e milhões de
informantes ao redor do mundo. Todos compromissados em enganar o Ocidente.

As organizações secretas da urss tinham sede fora do território soviético e se passavam


por organizações internacionais independentes, com seus próprios jornais em diversas
línguas, a fim de atingir o maior número de países possível com suas mentiras.

A infiltração cultural soviética era tão grande que não se limitava a jornais, cargos de
governo ou de empresas, mas penetrava até as igrejas. A kgb infiltrou de inúmeras formas
agentes dentro da Igreja Católica, a fim de perverter os preceitos cristãos e transmutá-los
em valores comunistas mais palatáveis aos fiéis católicos, que se tornariam, assim, tal
como queria Gramsci, socialistas sem saber. Hoje temos provas suficientes da
participação soviética na criação da Teologia da Libertação.5 E o resultado dessa
infiltração nas igrejas do Brasil e do mundo está cada dia mais evidente: padres
esbanjando discursos comunistas, como se a fé cristã fosse compatível com a ideologia
mais nefasta da história.

A manipulação de informações era disseminada através de inúmeras estratégias, que


envolviam desde jornais e propagandas internacionais até organizações supostamente
boas e inofensivas, como o Conselho Mundial da Paz. Sediado em Paris, este era
presidido pelo Nobel francês Fréderic Joliot-Curie (1900–1958), um comunista a serviço
de Stálin.

Agências internacionais, como a onu, foram um dos


disfarces favoritos da kgb.
O principal diplomata de Moscou na onu, Arkady Shevchenko (1930–1998), desertou
para os eua em 1978 e alertou o povo ocidental: aproximadamente 50% da delegação
russa na onu é formada por espiões.

Na Europa Ocidental, estima-se que 130 agentes da kgb trabalham em escritórios da


onu. No escritório europeu das Nações Unidas, em Genebra, o altamente sensível cargo
de diretor pessoal é ocupado desde 1978 por um agente da kgb: Geli Dneprovsky. Esse
cargo dá à inteligência soviética acesso direto a arquivos confidenciais de 3 mil
funcionários da onu.

Diante desses dados assustadores, podemos ter uma pequena noção da força dos agentes
infiltrados e vislumbrar os efeitos de sua desinformação, e ir assim ligando os pontos dos
breves acenos históricos deste capítulo. Da história da doutrinação em nosso país,
passamos aos braços da máquina de doutrinação pelo mundo, até chegar ao seu maior e
mais eficaz componente:

a desinformação.
A manipulação de informações e a infiltração de agentes secretos foram, desde o
princípio, os meios mais usados pela urss para alcançar seus objetivos. Essa tática, porém,
não ficou no passado, mas ainda é praticada nos dias de hoje com outras fachadas, como
as supostamente boas e inofensivas organizações. Uma delas é muito conhecida: a onu.
AGENDA CULTURAL
A predecessora da onu foi a Liga das Nações, organização fundada em 1919, após o fim
da Primeira Guerra Mundial, em Versailles, na França. Seu principal objetivo: evitar
guerras. Fundou-se ali a Corte Permanente de Justiça Internacional, com sede nos Países
Baixos, que depois se transformaria na Corte Internacional de Justiça, que é hoje o órgão
de justiça da onu. Por meio da corte, a onu disfarçadamente decide o que pode e o que
não pode ser feito no mundo, segundo os próprios interesses.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, o objetivo de disseminar a paz mundial não
se sustentava mais; após a guerra, em 1945, na tentativa de “repaginar” a sua imagem, foi
criada a onu para substituir a Liga das Nações, com um formato muito mais estruturado,
agora com a urss interferindo diretamente tanto na composição da diretoria quanto nas
causas estipuladas.

Aos poucos, a onu foi tomando proporções descomunais, até tomar a forma atual,
estendendo seus vários tentáculos às diferentes áreas e pautas globais, instaurando seis
órgãos: Assembléia Geral (assembléia principal), Conselho de Segurança (para tomar
resoluções de “paz e segurança”), Conselho Econômico e Social (para auxiliar na
promoção da cooperação econômica e social entre os países — leia-se “financiar pautas
sociais em determinados países, de acordo com seus interesses de poder”), Conselho de
Direitos Humanos (que promove e fiscaliza a proteção dos direitos humanos, isto é,
impõe tratados internacionais sobre esse tema), Secretariado (para fornecimento de
estudos, informações e facilidades necessárias para a onu — é o responsável pela
disseminação de fake news no mundo), e o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão
judicial da onu).

Existem ainda os órgãos complementares do sistema das Nações Unidas, como a


Organização Mundial de Saúde (oms), que não faz nada além de disseminar as ideologias
comunistas através da doutrinação progressista nas instituições de ensino; o Programa
Alimentar Mundial (pam) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (unicef).

A AGENDA 2030 E AS ODS’S


São 17 os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ods) da onu que compõe a
Agenda 2030.

Mas o que é precisamente uma agenda? Em teoria, um planejamento, feito por uma
determinada pessoa ou grupo, que visa a realização de uma lista de pontos, para se
alcançar um determinado objetivo mais amplo. Qual, portanto, seria o objetivo final da
onu com seus 17 itens da Agenda 2030? Antes de mais nada, é importante observarmos
que a onu não pede apenas que as nações concretizem as ods’ s da maneira e no tempo
que quiserem. Essa agenda apresenta os objetivos e os meios para que sejam alcançados,
e isso presume doutrinação ideológica.

Os pedidos da onu através das ods’ s demandam um posicionamento ideológico dos


países, porque é pela ideologia que se consegue unificar as coisas, e sabemos muito bem
qual é o objetivo final da onu:

instaurar um governo mundial, que dite regras e leis em


todos os países.
A agenda é acompanhada por um senso muito grande de coletivismo. Ou seja: substitui-
se o indivíduo pelo grupo. Como? Sufocando suas necessidades individuais.

Este é um aspecto muito forte na esquerda: entender a pessoa não como um indivíduo,
mas apenas como parte de um determinado coletivo. Assim, além de se enfraquecer, o
indivíduo desaprende a pensar por si mesmo e começa a seguir uma cartilha ideológica,
repetindo servilmente o que seu grupo fala. E assim fica fácil colocar negros contra
brancos, homens contra mulheres, e assim por diante, o que nos leva à famosa máxima:

“Um povo dividido é mais fácil de ser dominado”.


O que a agenda da onu faz é, por pressão ideológica, obrigar os governos dos países a
formarem o pensamento do povo, e isso com o povo gostando ou não do que o Estado
está impondo. Através do poder político nacional, a onu diz para as famílias o que elas
têm de fazer, como devem se comportar, como devem se formar, como devem educar os
seus filhos, o que devem comer e assim por diante.

Não se pode ter uma posição partidária ou ideológica em relação ao direito do


indivíduo, porque isso é indiscutível. As pessoas têm o direito de viver como bem
entendem. Não pode existir uma decisão política e ideológica partidária a respeito de um
direito individual. Na prática, o primeiro objetivo da onu é praticamente dissolver o
indivíduo até que ele deixe de existir, fazendo assim parte de um coletivo. E uma vez
formados esses coletivos, basta politizar todos os direitos desses grupos, e não os direitos
do indivíduo. Os direitos “de todos” se sobrepõem aos direitos fundamentais de cada ser
humano.

À primeira vista, todas as pautas da Agenda 2030 parecem nobres e a maioria das
pessoas concordaria nominalmente com elas. Contudo, como sabemos, o progressismo
trabalha de forma sorrateira, e por trás de cada pauta existe um desdobrar nefasto da
ideologia. E este desdobrar não se resume ao campo político, mas permeia outra área da
nossa vida: a cultura.

A DOUTRINAÇÃO ATRAVÉS DA CULTURA


À primeira vista, várias pautas progressistas, como vimos, parecem ter algo de nobre e
humanitário, mas tais causas nobres servem apenas para atrair as pessoas e fisgá-las para
outras finalidades e idéias extremamente nefastas.

Diferente da desinformação disseminada pela doutrinação midiática, a desinformação


cultural tem o poder de minar e transformar a moralidade de um povo,

transformando algo imoral em algo comum e até


divertido.
Isso se dá através da indústria da música, do teatro, do cinema, da moda e até da
gastronomia.

Basicamente, as pautas progressistas seriam: o feminismo, a agenda ambiental, o


movimento lgbt, o movimento negro, entre vários outros grupos que apóiam, por
exemplo, a causa do índio, a causa dos gordos e qualquer outra causa que se tenha
criatividade o suficiente para se pavonear com falsa virtude.

Desse modo, muito do que se produz no meio “cultural” — filmes, músicas, novelas,
seriados e desenhos infantis — serve apenas como meio para que as transformações
pareçam espontâneas, um reflexo natural da sociedade como um todo, quando, na
verdade, representam uma ínfima fração dela.

O progressismo faz a gente associar liberdade


desenfreada e estado de euforia a felicidade plena.
A felicidade progressista corresponde a rápida e imediata alegria. Os prazeres
imediatistas e mundanos incentivados pelo progressismo viram um círculo vicioso, um
loop de emoções traiçoeiras. Começamos a acreditar que, sem esse estado de euforia, não
há felicidade ou diversão real.

O que nos traz o sentimento de euforia? Libertinagem, sexo casual, bebidas, drogas.
Esta é a liberdade desenfreada propagada pelo progressismo, principalmente através da
cultura e da glamorização dessas coisas, esbanjadas por artistas enaltecidos pelas mídias.

Essa é uma liberdade sem alma, supérflua, que no final nos escraviza e prende a essas
senzalas ideológicas mais do que liberta. Hoje, por causa da cultura progressista, temos
mulheres libertinas que se gabam de não precisarem de homem para nada e de gozarem
de independência emocional e financeira, tudo como se fosse sinônimo de liberdade.

A liberdade progressista é uma liberdade falsa, mas que adquire aparência de verdade
pelo método da máxima de Goebbels, ministro da propaganda nazista:

“Uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”.


Torna-se verdade sem que ninguém se dê conta, como se fosse a coisa mais natural do
mundo.

É fácil notar que as pessoas ao nosso redor estão ficando exponencialmente mais
ressentidas, mais tristes, mais infelizes; vivem em busca de algo que sequer sabem mais o
que é. Essa insatisfação pessoal reflete diretamente na forma como vemos o mundo:
passamos a vê-lo de forma ressentida, de forma a problematizar tudo, de não dar
importância para o que realmente importa e ao mesmo tempo maximizar coisas
completamente tolas — como errar um pronome quando se dirige a uma pessoa trans, por
exemplo.

O progressismo é como uma cobra que sempre acaba mordendo o próprio rabo. Por
exemplo, a mulher progressista e feminista quer normalizar o sexo casual, pretende sair
por aí dormindo com todo e qualquer homem que desejar. No fundo, ela não pretende
mesmo agir assim, mas clama aos quatro ventos para que esse comportamento se torne
regra, para que seja normalizado. É dessa forma que as artistas agem na tv. E veja bem: ai
da sociedade se a julgar por isso! Dito de maneira mais clara:

ela quer normalizar o sexo casual para que se sinta


melhor consigo mesma,
depois de cometer atos libidinosos. Mas devemos nos fazer a seguinte pergunta: por que
a mulher quer tanto assim essa tal liberdade sexual? O que ela ganha de bom com isso?
Será que realmente deseja uma vida vazia, trocando de parceiros inúmeras vezes, tendo
relacionamentos instáveis, como se essa vida “livre” de compromissos realmente
trouxesse felicidade e paz? Podemos até descartar o fator felicidade aqui, e falar apenas
em paz, pois todo mundo concorda que é melhor ter uma vida de paz e harmonia
emocional do que viver em angústia e em desequilíbrio.

O ponto é: por que fazer determinadas coisas e ter determinadas atitudes que não vão
trazer paz alguma? Daí que vemos cada vez mais meninas e adolescentes com depressão,
precisando entupir-se de remédios ou cortar-se na tentativa de atenuar a dor interna. E por
quê? É a conseqüência dessa “liberdade”, dessa vida sem regras e valores. Não é isso o
que o ser humano busca intrinsecamente; ele não nasceu para viver assim. A biologia, a
moral, a metafísica, a antropologia dizem o contrário. Contudo, bastaria ouvir a sabedoria
popular, o bom senso, para saber que o que faz bem ao ser humano é o exato oposto dessa
libertinagem.

Para além das questões que envolvem sexualidade e libertinagem, existe ainda uma
série de outras artimanhas progressistas que acabam com a vida do ser humano, e, por
conseqüência, da sociedade. Por exemplo, a atual glamorização e incentivo ao uso de
drogas. Mas o que as drogas fazem? Acabam com sua saúde física e emocional; fazem
com que você tome atitudes que jamais tomaria quando sóbrio. É comum alguém logo
contestar: “Ah, mas a maconha me deixa mais calmo”.

A maconha é uma droga sorrateira, discreta;


aos poucos acaba com a sociedade, deixa as pessoas mais passivas, tira delas o ímpeto
natural de defesa e ataque, tira a masculinidade do homem, deixa todos mais preguiçosos.
A maconha foi usada, por exemplo, pela kgb para tornar determinada nação mais fraca:
quando a União Soviética tinha interesse em instaurar ou aumentar o comunismo em
determinado país, ela enviava cannabis a rodo para essa nação e se infiltrava nas mídias,
na cultura e nas instituições de ensino para que dessa forma a população fosse induzida a
consumir mais cannabis. E com a população consumindo muita cannabis, mais débeis se
tornavam os exércitos, menos aguerridas as nações, logo mais vulneráveis.

Repare bem: onde tem incentivo ao uso de maconha, também se levanta a bandeira do
desarmamento e do feminismo. Parecem pautas sempre ligadas. O incentivo à maconha
tira o espírito aguerrido do homem, aquele ímpeto de querer defender a pátria e a família,
de modo que, mentalmente mais vulnerável, ele aceitará qualquer coisa que os poderes
políticos queiram incutir em sua cabeça.

A questão da hierarquia está, hoje em dia, banalizada. As pessoas não entendem a


importância de se ter uma ordem em todas as instâncias da vida.

E pense bem: mesmo quem diga lutar contra uma ou outra hierarquia vigente, está, no
fundo, querendo propor a sua hierarquia, mesmo que seja uma hierarquia aleatória. Os
seriados e filmes atuais demonizam sem mais poder o tal “patriarcado”, que já não
podemos saber o que o termo indica. O que, afinal, quer dizer “patriarcado”? Em sentido
estrito e histórico, nada mais é do que um sistema social hierárquico formado
naturalmente pelas diferenças biológicas e psicológicas dos homens e mulheres. Ao passo
que, hoje, carregam as tintas ao falar desse sistema hierárquico para pintá-lo como
opressor e maléfico, principalmente para as mulheres, porque ele excluiria a
representatividade feminina na sociedade. Pois bem, mais uma vez temos de dizer: isso
tudo é obviamente

uma completa mentira, fruto de doutrinação.


Dentro de um sistema social hierárquico, existem papéis igualmente importantes, mas o
homem, por questões biológicas, acaba assumindo as posições de liderança e ficando, por
assim dizer, no topo da hierarquia, por conta da sua força física. Contudo, o que ninguém
nos conta é que a mulher tinha então um papel igualmente importante, mas em outras
posições dessa hierarquia, porque o sistema patriarcal precisava tanto do papel da mulher
quanto do papel do homem. É simplesmente inviável que a mulher assuma o papel do
homem e vice-versa, pois ambos ficariam sobrecarregados. Por outro lado, vemos hoje as
mulheres reclamando da tal jornada dupla, que foi uma proposta criada justamente pelo…
feminismo.

Evidentemente, o mais saudável para todos e para a própria sociedade é dividir as


funções entre homens e mulheres, para que todos consigam cumprir o seu papel com
maestria.

Tomemos como exemplo outro tema da doutrinação através da cultura: os


relacionamentos. Hoje o meio artístico nos mostra que os relacionamentos são
descartáveis, que o divórcio faz parte da vida de qualquer um, que a poligamia é até
aceitável, e várias outras idéias progressistas que, sorrateiramente, são inseridas como
“normais” nos mais diferentes ambientes culturais. O ramo artístico colocou no pedestal a
artista “empoderada”, a mulher que troca de parceiros inúmeras vezes e que mesmo assim
se mantém no topo das colunas sociais, esbanjando uma vida de luxo que deriva do seu
incansável trabalho. Ou seja, para esse pessoal, sucesso financeiro significa “vencer na
vida”. Mentira. E mesmo sendo uma das mentiras mais deslavadas que inculcaram na
mente do brasileiro, ainda assim é incrível como esse tipo de coisa exerce um poder sobre
a sociedade e consegue influenciá-la. Foi nesse tipo de mentira que acreditei por muito
tempo, demorei bastante para sair da jaula ideológica e descobrir que a vida é muito mais
do que isso.

Muitas são as mulheres que, hoje em dia, trabalham incansavelmente, não porque
precisem ajudar com as contas da casa, mas porque querem apenas uma bolsa igual à da
Luísa Sonza, delegando assim os cuidados de seus filhos para babás e para o Estado. Para
“vencerem na vida”, elas acabaram deixando de lado o que havia de mais valioso e
importante em sua vida: a família.

Trocaram o futuro de seus filhos por uma bolsa da


moda.
Mas por quê? Veja bem: elas não pensaram conscientemente, analisando seus valores e
suas vontades próprias, para tomar essa decisão. Foram como que guiadas por aquelas
crenças e atitudes que foram lhe incutindo ao longo de toda a infância e adolescência,
talvez na universidade, talvez por novelas e filmes, talvez nas canções populares, até
chegarem a um ponto sem volta: toda sua vida já estava comprometida com aqueles
valores e, apesar de nutrirem interiormente certo desconforto de que “a vida é mais do
que isso”, já não tinham mais meios para expressar o que sentiam.

Os relacionamentos descartáveis e o tal “empoderamento” da mulher trouxeram apenas


uma pandemia de divórcios e, com esta, cada vez mais as crianças estão sendo criadas
longe dos pais, porque o homem e a mulher não cumprem mais os seus papéis. Não os
cumprem bem porque já não os conhecem mais: a cultura embaralhou as funções de cada
um e fez com que praticamente todos deixassem de conhecer e acreditar na hierarquia. E,
nessa confusão mental toda, a convivência em família se tornou quase impossível.

A cultura progressista também traz a idéia de que o ser humano é imune às


conseqüências psicológicas das próprias escolhas e atos libertinos. Você começa a
acreditar que a sociedade é obrigada a não apenas aceitar como também a achar virtuosa
qualquer atitude que você queira tomar em sua vida. Essa premissa não se sustenta,
porque certos sentimentos humanos são intrínsecos e espirituais, de modo que, ao
contrário do que o progressismo prega, os sentimentos de repulsa diante de um ato
pervertido não são um preconceito da “sociedade opressora”, mas sim

um reflexo da nossa alma.


No fundo, todos sabemos o que a nossa alma almeja, sabemos o que é certo, o que é
belo, o que é moral e o que é verdadeiro. Quando nos debruçamos sobre nós mesmos, no
silêncio, antes de apoiar a cabeça no travesseiro, reconhecemos os nossos valores.
Acontece que, infelizmente, esses nossos valores morais vêm se perdendo cada vez mais
à medida que o progressismo vai avançando na sociedade. E a conseqüência desse ataque
progressista está visível a olhos nus hoje em dia: famílias destruídas, casamentos
infelizes, adolescentes problemáticos e crianças pequenas com todo tipo de transtorno
desde muito cedo. Não à toa hoje em dia o Rivotril é o segundo remédio mais vendido no
Brasil.
O CAMINHO DA LIBERDADE
N ãovida,importa quantos anos tenhamos passado, se até a adolescência ou se quase toda a
dentro da jaula da ideologia; não importa quão espessas possam parecer as
grades dessa cela e toda a pressão que a agenda progressista exerça no nosso ambiente;
não importa quantas instituições venham a se criar, quantos cantores ou artistas,
governantes ou empresários cedam ao discurso ideológico; tampouco importa as
possíveis perdas que opor-se à ideologia podem acarretar: o essencial é

jamais fechar os olhos para a verdade,

jamais deixar de buscar o conhecimento, e jamais negligenciar os indícios que temos


para trilhar o verdadeiro caminho da liberdade. Será fácil percorrer esse caminho?
Certamente não. Mas é preciso lembrar sempre e a todo momento: basta querer.

Uma vez que estamos todos imersos em um ambiente dominado pelos valores da
agenda progressista, será necessário continuar o trabalho que demos início aqui, para
rastrear, pouco a pouco, a origem dos conceitos que, por diferentes meios, nos foram
incutidos por meio da doutrinação. Pois a doutrinação nos impõe, ora de forma mais sutil,
ora de forma mais ditatorial, falsos conceitos de felicidade e independência, ludibriando-
nos com falsas sensações de alegria e liberdade. Quando caímos nas suas redes, todo o
nosso ambiente se torna algo vitimista e nós ficamos enfraquecidos e dependentes.

Para combater a doutrinação, precisamos antes entender seus malefícios e

rastreá-los em nossas próprias vidas.


Depois, buscar descobrir as crenças ou atitudes que a ideologia, por meio da mídia, da
cultura ou do ensino, incutiu em nós, tomando conhecimento dos três pilares da máquina
da doutrinação.

Conhecendo as peças dessa máquina, sabemos como nos defender das mentiras
progressistas. Sabemos que o ensino se tornou uma máquina industrializada para impor e
ensinar as crianças o que quer e convém ao Estado, impondo-lhes um comportamento
político robotizado e revolucionário; sabemos que grande parte da “cultura” e do meio
“artístico” quer apenas forjar novos comportamentos e incutir os valores ideológicos;
sabemos, por fim, que a mídia já nem tenta mais disfarçar sua real intenção: mentir em
prol da ideologia progressista.

Com este Mínimo, demos o primeiro passo para conhecer os pilares da máquina da
doutrinação em meios como a mídia, a cultura e as instituições de ensino — passo
fundamental para nos libertarmos da prisão ideológica que nos foi imposta e trilharmos,
de fato, o caminho da liberdade.
NOTAS DE RODAPÉ
1 Leia em pdfcoffee.com/midia-sem-mascara-metodo-laubach- -ou-metodo-paulo-freire-pdf-free.html.

2 Vladimir Lenin, 1905 — Jornadas revolucionárias, trad. de José Pedro da Silveira. Contagem: Editora História, 1
ed., 1980, p. 87.

3 Ibid., p. 27.

4 Sovietes eram as organizações de trabalhadores que, divididas em conselhos, constituiriam a base da organização
política soviética. Daí vem o nome “União Soviética”: vários grupos de sovietes.

5 Para os mais interessados, ver “Teologia da Libertação” em Ion Mihai Pacepa e Prof. Ronald J. Rychlak,
Desinformação, trad. Ronald Robson. Campinas: Vide Editorial, 2015, 1 ed., pp. 151–156.

Você também pode gostar