Você está na página 1de 66

O mínimo sobre ideologia de gênero

Paula Marisa
1ª edição — outubro de 2023 — CEDET
Copyright © Paula Marisa 2023

Os direitos desta edição pertencem ao


CEDE — Centro de Desenvolvimento
Pro ssional e Tecnológico
Av. Comendador Aladino Selmi, 4630
Condomínio GR Campinas 2 — módulo 8
CEP: 13069-096 — Vila San Martin
Campinas-SP
Telefones: (19) 3249–0580 / 3327–2257
E-mail: livros@cedet.com.br

CEDET LLC is licensee for publishing and sale of the electronic edition of this book
CEDET LLC
1808 REGAL RIVER CIR - OCOEE - FLORIDA - 34761
Phone Number: (407) 745-1558
e-mail: cedetusa@cedet.com.br

Editor:
omaz Perroni
Assistente editorial:
Gabriella Cordeiro de Moraes
Revisão:
ábata Ariane Casonato de
Carvalho
Preparação de arquivo:
Lucas Gurgel
Capa:
Zé Luiz Gozzo Sobrinho
Diagramação:
Virgínia Morais
Revisão de provas:
Flávia Regina eodoro
Tamara Fraislebem
Victor Helder Corrêa Figueiredo

Conselho editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo

FICHA CATALOGRÁFICA
Marisa, Paula.
O mínimo sobre ideologia de gênero / Paula Marisa
Campinas, SP: O Mínimo, 2023.
isbn 978-65-85033-24-4
1. Grupos sociais: homem e mulher 2. Distúrbios sexuais e
homossexualidade
I. Título II. Autor
cdd — 305.3/ 616.8583
ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:
1. Homem e mulher — 305.3
2. Distúrbios sexuais e homossexualidade – 616.8583

www.ominimoeditora.com.br
Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por
qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro
meio de reprodução, sem permissão expressa do editor.
Sumário
I

O     

D    

B . I

A  

C F

B

N  R
T oda vez que o debate sobre a ideologia de gênero vem à
tona, eu me lembro da cena de um lme muito famoso nos
anos 90 que, em português, chama-se Um tira no jardim de
infância.1 Nele, Arnold Schwarzenegger faz o papel de um tira
que se passa por um professor, e como ele precisa descobrir
qual das crianças é a que ele precisa encontrar, começa a
investigar a pro ssão de seus pais; um dos meninos é lho de
um ginecologista e solta a famosa frase “Meninos têm pênis,
meninas têm vagina”.

A constatação de algo tão simples e evidente provocou apenas


risadas na turma e nos telespectadores; ninguém se sentiu
ofendido, não houve reações de revolta, protestos de justiceiros
sociais ou boicote de patrocinadores. Infelizmente, no mundo
em que vivemos hoje, uma a rmação como essa pode causar
um verdadeiro frenesi em certos meios, incluindo o meio
acadêmico, que deveria ser pautado pela ciência. Há, aliás,
quem diga que tal a rmação é transfóbica! Volta e meia,
deparamo-nos com artigos explicando como homens podem
dar à luz e discorrendo sobre o quanto os ginecologistas estão
despreparados para lidar com a gravidez masculina. Fico
imaginando uma pessoa do século passado lendo esse tipo de
coisa; provavelmente pensaria se tratar de uma piada.

Em 2017, a Folha de São Paulo divulgou um artigo intitulado


“Há meninas com pênis e meninos com vagina”,2 explicando
uma campanha publicitária que promovia a agenda de gênero
na Espanha. A campanha xou, em ônibus e estações, cartazes
com uma ilustração de quatro crianças nuas correndo de mãos
dadas. A mensagem que se podia ler nas peças de propaganda
era esta: “Há meninas com pênis e meninos com vagina. É
simples assim. A maioria deles sofre diariamente, porque a
sociedade não conhece essa realidade”.

A biologia não abre espaço para dúvidas: homens têm pênis e


mulheres têm vagina. Segundo a ciência, é impossível um
homem engravidar, pois homens não têm útero. Desde
sempre, o órgão reprodutor masculino é composto de pênis e
testículos, enquanto o órgão reprodutor feminino é composto
de vagina e útero.

E como nossa sociedade chegou ao ponto de negar uma


realidade tão evidente como essa? Para entender essa
subversão da identidade, é preciso voltar um pouco no tempo,
para analisar a evolução das ideias que embasam a ideologia de
gênero.

O marxismo tem como ponto central a luta de classes — de


um lado, temos os oprimidos, do outro lado, os opressores —
e, inicialmente, essa corrente ideológica pregava que a classe
operária era oprimida pela burguesia. Em 1884, Friderich
Engels lançou um livro chamado A origem da família, da
propriedade privada e do Estado, que foi baseado em notas
deixadas por Karl Marx; nessa obra, vemos a tese de que todas
as opressões da sociedade capitalista iniciam com o domínio
do homem sobre a mulher, e é dessa relação de poder que
derivam o direito de propriedade e a estrutura familiar da
civilização ocidental. A partir dessa “descoberta”, nasceu o
movimento feminista, uma corrente que, supostamente,
serviria para defender os direitos das mulheres.

Não entrarei em pormenores sobre a deturpação de conceitos


que ocorre no movimento feminista, pois esse não é o objetivo
deste livro, apenas narrarei brevemente a sua linha histórica,
desde o ponto da “luta pelo direito das mulheres” até o ponto
“ninguém nasce mulher”.

A primeira onda do movimento feminista teve início em


1948, com a Seneca Falls Convention, uma convenção dos
direitos da mulher que aconteceu em Seneca Falls, no estado
de Nova York, e essa primeira fase foi marcada pelo
movimento sufragista — um grupo de mulheres que
reivindicava o direito ao voto, à propriedade e ao trabalho.

A década de 60, também conhecida como “anos rebeldes”, foi


o período em que surgiu a segunda onda do movimento
feminista. A nova etapa foi marcada, principalmente, pela
revolução sexual, e a luta passou a ser para que as mulheres
tivessem direito a uma vida sexual desregrada. Foi nessa época
que surgiram as pílulas anticoncepcionais; embora já houvesse
métodos contraceptivos, nenhum deles tinha uma e cácia tão
grande quanto elas. Esse advento foi o que permitiu às
mulheres um controle maior da gravidez e, portanto, uma vida
sexual totalmente promíscua. Não por acaso, foi na segunda
onda do movimento feminista que a pauta da legalização do
aborto ganhou força.

A “lógica” é a seguinte: a única coisa que separa mulheres de


homens é o fato de que mulheres engravidam, logo, para que
todos sejam iguais, basta que as mulheres evitem a gravidez
tomando pílula ou, caso engravidem, façam um aborto e sigam
com suas vidas como se nada tivesse acontecido.

A famosa frase “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”3 é


da escritora francesa Simone de Beauvoir e foi escrita em seu
famoso livro O segundo sexo, publicado pela primeira vez em
1949. A autora pertence à segunda onda feminista, porém essa
é a semente das ideias defendidas pelo que conhecemos por
terceira onda do movimento feminista. Na segunda onda, o
movimento foi marcado por pregar que as pessoas
desempenhassem papéis socialmente construídos.

Fortemente in uenciadas pela loso a pós-moderna, que


parte do princípio da negação da verdade objetiva e considera
o mundo sob o prisma do ponto de vista individual e subjetivo,
as autoras feministas começaram a tratar o ser humano como
uma tábula rasa que desempenha papéis impostos pela
sociedade capitalista, e foi aí que surgiu o feminismo
interseccional — uma nova abordagem que trata a suposta
opressão da sociedade levando em consideração diversos
recortes, como raça, classe social, origem, identidade e
expressão de gênero.

A obra mais relevante dentro dessa etapa é Problemas de


gênero: feminismo e subversão da identidade (2019) cuja
autora é Judith Butler.
O     
As militantes feministas aprenderam a partir de suas derrotas. Quando
elas não puderam vender sua ideologia radical para as mulheres em
geral, elas lhe deram uma nova roupagem.
— Dale O’Leary

A expressão “ideologia de gênero” é tida como pejorativa pelos


acadêmicos que realizam os estudos de gênero, uma vez que veem
a heterossexualidade como algo imposto pela sociedade e acreditam
que o sexo biológico pode ser inteiramente dissociado dos papéis
sexuais e sociais representados pelos indivíduos.

A m de que você possa compreender exatamente o que é a ideologia


de gênero, voltarei aos anos 80, quando surgiu, no meio acadêmico, a
“Teoria Queer”, bem como explicarei os conceitos de teoria e
ideologia.

Teoria vem do grego theoria, ação de contemplar, examinar; conjunto


de princípios fundamentais de uma arte ou ciência. Já a ideologia vem
do grego ideo + logia, conjunto articulado de ideias, valores, opiniões e
crenças que expressam e reforçam as relações que conferem unidade a
determinado grupo social (classe, partido político, seita religiosa, entre
outros), seja qual for o grau de consciência que seus membros
possuam acerca disso.

Acredito que o termo “ideologia” seja mais adequado para fazer


referência ao conjunto de ideias defendido pelos estudiosos e ativistas
da causa identitária, pois, como veremos nos próximos capítulos, a
observação da realidade, muitas vezes, é colocada de lado quando não
corrobora o que está no papel.
A“Teoria Queer” surgiu em meados dos
anos 80 nos Estados Unidos, a partir das áreas
de estudos gays, lésbicos e feministas.
Segundo os estudiosos da área, o termo “queer” pode ser traduzido
para o português como “estranho” e foi escolhido justamente para
ressigni car uma palavra que era usada de forma pejorativa para
insultar os homossexuais. Como a rmou Judith Butler, “Queer
adquire todo o seu poder precisamente através da invocação reiterada
que o relaciona com acusações, patologias e insultos”.4

Profundamente in uenciada pela crise da AIDS nos anos 80, a Teoria


Queer surgiu para trazer ao debate público as questões sociais e
políticas que envolvem os direitos dos gays. Até então, a
homossexualidade era algo que as pessoas faziam e não o que elas
eram. Essa “teoria” defende que os seres humanos nascem como
tábulas rasas e que os papéis sociais e sexuais são construídos,
portanto, não têm, necessariamente, relação com o sexo biológico.
Segundo ela, a heteronormatividade é imposta para que se perpetuem
as relações de poder presentes na sociedade capitalista, dessa forma,
faz-se necessário descontruir (ou destruir) a heteronormatividade para
se ter uma sociedade livre de preconceitos e opressões.

A relativização do normal é um ponto central para os defensores da


agenda queer; para eles, a sociedade somente terá mais justiça quando
todos nós estivermos libertos das expectativas contidas nas normas.
Frente a isso, neste ponto, convido o meu caro leitor a uma pequena
re exão. Algumas pessoas confundem o sentido das palavras “normal”
e “comum”; aliás, atualmente, parece que é um grande pecado dizer
que alguém ou algo não é normal.

“Normal” vem de norma e indica um padrão a ser seguido ou


almejado em determinado assunto, enquanto comum é algo que
acontece de forma corriqueira/recorrente. A homossexualidade
sempre foi comum na história da humanidade, mas considerá-la uma
norma a ser seguida certamente acarretará uma diminuição na taxa de
fertilidade da nossa sociedade, e a quem interessaria uma diminuição
populacional? O termo “heteronormatividade” foi criado em 1991 por
Michael Warner e, em suas próprias palavras, designa “instituições,
estruturas de pensamento e orientações práticas que não apenas fazem
ver a heterossexualidade como algo coerente — ou melhor, organizada
como sexualidade — mas também privilegiada ou correta”.5

A base da Teoria Queer é justamente a luta


para desconstruir

a tal heteronormatividade, e sempre que me deparo com a palavra


“descontruir”, faço a sua substituição pela palavra “destruir”, para
compreender melhor o que está sendo realmente defendido, e isso
sempre funcionou, pelo menos para mim. Trocando em miúdos, o
objetivo é destruir a norma/padrão do casamento/relacionamento
heterossexual, porque isso ofende um pequeno número de pessoas. E
quais seriam as consequências disso? Segundo os especialistas, uma
sociedade mais livre e feliz, pelo menos em teoria.

O termo “gênero” passou a ganhar o sentido que conhecemos hoje a


partir dos estudos do psicólogo norte-americano John Money, que,
desde os anos 50, a rmava que a diferença entre os sexos se deve
muito mais à educação/cultura do que ao sexo biológico com o qual
nascemos.

Foi a partir da Conferência de População do Cairo, na Assembleia


Geral da ONU, em 1994, que a palavra “gênero” passou a ser usada
como substitutivo de sexo em textos o ciais; desde então, essa troca
está sendo cada vez mais inserida em projetos de leis e outras
formulações jurídicas no Brasil e no mundo.

Infelizmente, muitas pessoas creem que a substituição da palavra


“sexo” pela palavra “gênero” trata-se apenas de uma polidez no
discurso. Ledo engano! Elas não são usadas como sinônimos pelos
especialistas dessa área, embora as pessoas comuns não consigam
detectar essa sutil diferença.

Só existem dois sexos, masculino e feminino, já a quantidade de


gêneros é algo difícil de de nir, uma vez que há quem defenda que ela
é igual à quantidade de pessoas no planeta Terra.

Basicamente, o que está implícito no


discurso de gênero é que a biologia é
completamente dissociada do
comportamento sexual.
A expressão “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez no
meio católico em meados dos anos 90. O Pontifício Conselho para a
Família começou a alertar os éis quanto ao uso mais frequente da
palavra “gênero” como um substitutivo para a palavra “sexo”, e o que
parecia ser uma inocente mudança trouxe consigo a ideia de que os
seres humanos não são divididos em apenas dois sexos e que as
diferenças entre eles são apenas convenções e podem ser modi cadas
sem consequências.

Conforme vimos na introdução deste livro, o movimento feminista,


inicialmente, propôs-se a defender as mulheres da opressão exercida
pelos homens; até então, não havia nenhuma dúvida sobre o que era
ser homem e o que era ser mulher. As coisas começaram a mudar a
partir da segunda onda feminista, quando eclodiu a chamada
revolução sexual, começando a surgir as sementes do que, hoje,
conhecemos como ideologia de gênero.

Vejam as seguintes citações de pensadoras feministas da segunda


onda: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” — Simone de
Beauvoir;6
“Estritamente falando, não se pode dizer que existam ‘mulheres’” —
Julia Kristeva.7

Reparem que houve uma explícita intenção de acabar com o


feminino. Se ninguém nasce mulher, um homem pode evocar essa
condição simplesmente com base nos seus sentimentos, aliás, esses
sentimentos podem mudar a qualquer momento.

Negar a biologia, as suas diferenças no


campo sexual para homens e mulheres e
colocá-los para competir em pé de igualdade
traz imensas desvantagens para as mulheres,
que, embora as feministas façam de tudo para contestar, são o sexo
frágil.

Ser o sexo frágil pode ser desvantajoso em alguns assuntos, porém


um grande trunfo em outros, por isso, talvez, não vemos homens trans
(mulheres biológicas) brigando pelo direito de competir na categoria
masculina, pleiteando o direito de se aposentar mais tarde ou por cotas
para igualdade de gênero entre os limpadores de esgoto.

As feministas que iniciaram um movimento de “defesa dos direitos


das mulheres”, agora, permitem que qualquer homem que se sinta
mulher usufrua desses “direitos conquistados”, o que, na prática,
ocasiona a perda de espaço para mulheres. Um paradoxo muito
interessante!

NA PRÁTICA, A TEORIA É OUTRA


Acredito que muitas pessoas que se interessam pelo assunto
“ideologia de gênero” já devem ter se perguntado o que aconteceria se
ela fosse colocada em prática na criação de uma pessoa desde a sua
infância. Talvez o que muitos não saibam é que isso já aconteceu, mas
o experimento deu terrivelmente errado.

A história que vou relatar começou em 22 de agosto de 1965, em


Winnipeg, Canadá. Janet Reimer deu à luz dois lindos meninos
gêmeos, Bruce e Brian. Quando os bebês chegaram aos 7 meses de
vida, foram submetidos a uma cirurgia de circuncisão; Bruce foi o
primeiro a ser submetido ao procedimento, no entanto, infelizmente,
houve uma falha no equipamento de laser, que acabou queimando seu
pênis. Brian não foi operado.

Os pais da criança, obviamente, caram desesperados; naquela época,


a medicina ainda não era avançada o su ciente para realizar uma
cirurgia de reconstrução peniana. Algum tempo depois, a família
Reimer viu algo na televisão que a deixou muito esperançosa pela
primeira vez, depois do terrível acidente. John William Money foi um
psicólogo e sexólogo neozelandês especializado em cirurgias de
mudança de sexo; ele havia levado um homem que passou pela
cirurgia de troca de sexo para uma entrevista em um programa de
auditório, e quando viram uma transexual tão feminina e feliz, os pais
de Bruce acreditaram que essa poderia ser a solução para seu
infortúnio, e foi então que Janet escreveu uma carta para o doutor, que
a respondeu prontamente.

A teoria desenvolvida pelo Dr. Money


pregava que, apesar dos genes, o gênero é
desenvolvido a partir da educação,
portanto, os dois primeiros anos de vida são decisivos na formação
do ser humano e determinam se ele é feminino ou masculino.

Essa teoria foi desenvolvida a partir de estudos feitos com


hermafroditas (conhecidos, atualmente, como pessoas intersexo); no
entanto, essa amostragem limitava os resultados de seus estudos, pois
pessoas intersexo nascem com características físicas, genéticas ou
hormonais que não se enquadram nas de nições típicas de masculino
ou feminino. O caso de Bruce, então, seria a oportunidade de, pela
primeira vez, testar a teoria do psicólogo em alguém que tinha todas as
características 100% masculinas. Mais do que isso, o fato de Bruce ter
um irmão gêmeo traria ainda mais validade, porque seriam duas
pessoas geneticamente iguais passando apenas por uma diferenciação
na educação: um seria criado como menino enquanto o outro seria
criado como menina. Era a oportunidade perfeita para o cientista
provar que a educação poderia suplantar a natureza de uma pessoa.

No dia 3 de julho de 1967, em Maryland, no hospital John Hopkins


Medical, Bruce passou pela cirurgia de castração; sem os testículos, ele
não poderia mais produzir hormônios masculinos. No mesmo
procedimento, o cirurgião criou uma vagina rudimentar para o
menino, e, conforme sugerido pelo Dr. Money, os pais de Bruce
trocaram o nome do lho para Brenda, passando a tratá-lo como uma
menina. Houve, também, a forte recomendação de que nunca
revelassem a ela a mudança de sexo, em hipótese alguma. Brenda se
vestia com roupas femininas, brincava com bonecas, ajudava a mãe a
fazer biscoitos, usava maquiagem e fazia todas aquelas coisas
consideradas de menina; além disso, Janet escrevia para o Dr.,
relatando o progresso de Brenda, e, uma vez por ano, a família Reimer
fazia uma visita ao psicólogo.

Os relatos de Brian sobre as consultas, no entanto, são perturbadores!


As perguntas que o psicólogo fazia eram de cunho sexual e deixavam
as crianças envergonhadas. Ele era muito explícito sobre as partes
sexuais, pois precisava reforçar a sexualidade feminina de “Brenda”, e a
genitália é, basicamente, o que diferencia uma menina/mulher de um
menino/ homem, e os pais não faziam a menor ideia do que se passava
nas consultas, pois cavam do lado de fora da sala.

Houve uma ocasião em que, para fazer Brenda entender que era uma
mulher, Dr. Money mostrou a ela um livro chamado Two Birds, que
continha fotogra as explícitas de mulheres dando à luz, e isso a deixou
chocada. Em outra consulta, ele obrigou as crianças a tirarem a roupa
e a observarem a genitália um do outro, para que vissem as diferenças
entre um menino e uma menina, e os fotografou em diferentes
posições. Há relatos de simulação de atos sexuais entre os irmãos, mas
os gêmeos só relataram esses fatos aos pais quando já eram adultos e
não se consultavam mais com o Dr. Money.

Apesar da abordagem enfática feita pelo


doutor, Brenda continuava desconfortável com a
ideia de ser uma menina,

e para solucionar esse impasse, o psicólogo tentou convencê-la de que


seria necessário passar por uma nova cirurgia, para que ela tivesse
uma vagina igual a das outras meninas, o que não foi muito bem
recebido por parte da criança.

Em 1972, quando Brenda tinha sete anos de idade, Dr. Money


anunciou ao mundo o sucesso da sua experiência com a publicação do
livro Man & Woman, Boy & Girl: gender identity from conception to
maturity, que foi estudado em todo o mundo. No livro, ele relatou a
diferença no comportamento de gêmeos idênticos que se
diferenciavam apenas pela educação recebida. Segundo Dr. Money,
Brenda manifestava um comportamento com notável contraste em
comparação com o seu irmão, desejando brinquedos como casinhas de
boneca e sendo bem menos agressiva do que Brian. Os estudos do
psicólogo caram conhecidos como a teoria da neutralidade de
gênero, e essa parecia ser a resposta de nitiva à pergunta sobre a qual
se debruçavam os pesquisadores dos estudos de gênero: a nal, a
identidade de gênero estaria relacionada à natureza ou à educação?
Enquanto Dr. Money proclamava ao mundo o sucesso de suas
pesquisas, a família Reimer levava uma vida bem diferente do conto de
comercial de margarina descrito pelo psicólogo. Para a infelicidade do
cientista, Brenda apresentava, na realidade, um comportamento
claramente masculino; ela preferia brincar com os brinquedos do
irmão, era extremamente agressiva com outras pessoas, tentava urinar
em pé e cresceu solitária e problemática.

Brenda continuava resistindo à ideia de fazer uma cirurgia para ter


uma vagina construída quando, em 1978, com 13 anos de idade, Dr.
Money resolveu fazer uma última tentativa para convencê-la. Ele
chamou para a consulta uma transexual, pois acreditava que, uma vez
que Brenda tivesse contato com alguém que já tivesse passado pelo
procedimento de forma voluntária, aceitaria fazer a cirurgia também.
Não se sabe exatamente o que foi dito nessa sessão, mas após o
término, Brenda disse a seus pais que se suicidaria se tivesse de ver

o Dr. John Money outra vez.

Após ver o estado em que Brenda se encontrava e na iminência de


um suicídio, seus pais decidiram não mais seguir a orientação de
esconder a verdade. Ron Reimer levou Brenda para tomar um sorvete
e disse-lhe que, na realidade, ela havia nascido um menino, porém,
devido ao acidente que ocorreu na cirurgia, quando ainda era bebê,
criaram-na como uma menina. Após a revelação, Bruce/Brenda conta
que se sentiu aliviado, pois, nalmente, entendeu que não estava
cando maluco. Enquanto isso, Janet revelava a história para Brian e
que eles eram gêmeos idênticos. A reação de Brian foi extremamente
violenta, uma vez que foi um terrível choque para ele.

Bruce/Brenda decidiu mudar seu nome para David e fazer uma


cirurgia para criar um novo pênis. Finalmente, parecia que a sua vida
estava caminhando nos trilhos; ele, então, passou a se sentir
confortável com seu gênero e recebeu uma boa indenização por causa
do acidente na cirurgia de circuncisão. David começou a pensar na
ideia de se casar e constituir família, mas, por ter sido castrado, jamais
poderia ter seus próprios lhos.

A esposa de Brian, vendo o drama de David, teve a ideia de lhe


apresentar sua amiga Jane, que já tinha três lhos, mas estava solteira.
No dia 22 de setembro de 1990, David Reimer e Jane Fontayne se
casaram e ele, nalmente, passou a ter uma vida normal. David foi um
excelente pai e um marido muito romântico. Jane fala que ele tinha o
hábito de escrever cartas de amor e espalhá-las pela casa toda.

No entanto, apesar de uma vida matrimonial aparentemente


satisfatória, David passou a ter sérios problemas de relacionamento
com o seu irmão desde que toda a verdade veio à tona. Para Brian,
toda essa história era extremamente difícil de aceitar e ele começou a
desenvolver uma esquizofrenia. Em contrapartida, David descobriu
que o Dr. Money estava divulgando seu caso como um sucesso,
“provando” para o mundo que era possível criar um menino como se
fosse uma menina, e isso lhe causou uma imensa revolta.

Para evitar que essa traumatizante experiência fosse repetida com


outras pessoas, David convenceu seu irmão a ir a público com ele para
contar a verdade, mas quando tudo isso se tornou conhecido, a saúde
mental de Brian começou a se deteriorar e ele acabou tirando a própria
vida. Sem seu irmão, com o pai mergulhado no alcoolismo,
desempregado e com problemas no casamento, no dia 4 de maio de
2004, David também cometeu suicídio.

Todo esse caso foi relatado em um documentário produzido pela


BBC, mas, estranhamente, o vídeo foi banido do YouTube. Por qual
razão uma história verdadeira precisa ser censurada? Por que não
querem que as pessoas saibam a verdade sobre o experimento do Dr.
John Money?

A experiência que comprovaria a tese de


que o gênero é uma construção social foi um
fracasso retumbante
e, mesmo assim, estudiosos do assunto insistem em empurrar goela
abaixo algo que é extremamente prejudicial para as pessoas.
Não se trata, aqui, de negar que existam pessoas que apresentam
disforia de gênero, pois há, sim, homens que pensam ser mulheres e
vice-versa; o que deveríamos poder debater livremente é se a melhor
alternativa para essas pessoas é uma cirurgia de mutilação ou um
tratamento psicológico. Não há como negar que pessoas com disforia
de gênero sofrem imensamente com essa condição, mas para ajudá-las
é necessário que se faça um debate honesto, que leve em conta todas as
variáveis envolvidas. Nós jamais deveríamos aceitar que, para provar
uma teoria que parece ser muito bonita, sejam descartados fatos
desagradáveis que a contrariem. As ideias de John Money continuam a
in uenciar diversos estudiosos ao redor do mundo.
D    
O Papa Francisco, na Conferência de imprensa no voo de Manila a
Roma, em 19 de janeiro de 2015, a rmou o seguinte: Quanto à
colonização ideológica, direi apenas um exemplo que eu mesmo
constatei. Vinte anos atrás, em 1995, uma ministra da educação pedira
um grande empréstimo para construir escolas para os pobres. Deram-
lhe o empréstimo com a condição de que, nas escolas, houvesse um
livro para as crianças de certo grau de escolaridade. Era um livro
escolar, um livro didaticamente bem preparado, onde se ensinava a
ideologia de gênero.8

São inúmeras as tentativas de introduzir a ideologia de gênero nas


escolas, e não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Aqui, no país,
depois de não ter conseguido implementar via executivo ou legislativo,
a extrema esquerda resolveu apelar para o judiciário. A Suprema Corte
brasileira anulou leis que barravam a ideologia de gênero nas escolas
em diversas cidades, como Nova Gama (GO), Foz do Iguaçu (PR),
Ipatinga (MG), Cascavel (PR), Paranaguá (PR), Palmas (TO) e
Londrina (PR). Algumas vezes, as leis que proíbem o ensino da
ideologia de gênero em escolas são barradas até mesmo em instâncias
inferiores, mas ainda

pior é saber que essa agenda pode entrar a


qualquer momento em sua casa, por meio de
desenhos e lmes infantis “inocentes”.
Foi em 2016 que o primeiro casal gay apareceu em um lme da
Disney. Intitulado Zootopia, o longa-metragem traz, de maneira muito
sutil, um par de antílopes macho em uma cena em que informam, para
sua vizinha de apartamento (a protagonista do lme), que pretendem
fazer muito barulho, e nunca planejam se desculpar por isso. Não há
nenhuma menção explícita de que os dois antílopes sejam casados,
porém, nos créditos nais, eles aparecem com o mesmo sobrenome. E
para que não reste nenhuma dúvida, um dos roteiristas do lme, Jared
Bush, postou a seguinte mensagem em seu Twitter: “Eles são um casal
gay. Mas eles não gritam um com o outro porque são gays, eles gritam
porque são reais” (2016, tradução nossa).9

Em 2019, o lme Toy Story 4 exibiu uma cena de duas mães deixando
um menino na escola; três anos mais tarde, a produtora lançou um
spin-off dessa animação e, após muita polêmica, uma cena de beijo
lésbico foi exibida. Mas o primeiro lme da Disney a trazer um
protagonista abertamente gay foi Mundo Estranho. Lançado no Brasil
em novembro de 2022, a animação é o puro suco da agenda do arco-
íris; além de trazer a pauta gay para o centro da trama, também
apresenta boas doses de discurso ecochato derramadas na tela.

Em 2022, o ativista conservador Cristopher Rufo divulgou vídeos


internos da Disney, nos quais os responsáveis discutem como inserir a
“agenda gay nada secreta” na programação infantil. Os próprios
funcionários da Disney chegaram a publicar uma carta aberta não
assinada que repercutiu amplamente na mídia norte-americana.
Vejamos um pequeno trecho: A Walt Disney Company tornou-se um
lugar cada vez mais desconfortável para trabalhar para aqueles de nós
cujas visões políticas e religiosas não são explicitamente progressistas.
[...] Observamos silenciosamente enquanto nossas crenças são
atacadas por nosso próprio empregador e frequentemente vemos
aqueles que compartilham nossas opiniões condenados como vilões
por nossa própria liderança.10

Mundo Estranho foi banido de alguns países, como Rússia, China,


França, Malásia e Indonésia, e nos países em que foi exibido, não
atingiu o resultado nanceiro desejado. A expectativa era de que a
bilheteria de estreia nos Estados Unidos fosse de US$ 35 milhões, mas
conseguiu arrecadar apenas US$ 18.6 milhões, atingindo um prejuízo
total estimado em US$ 150 milhões.
No entanto, a produção de desenhos infantis que abordam a pauta
LGBT não é exclusividade da Disney; a Net ix também tem investido
nessa agenda. A temporada do desenho animado Ridley Jones: o
protetor do museu, lançado em 2021, apresenta, em um dos seus
episódios, um bisão não binário e uma princesa egípcia que tem dois
pais faraós, bem como o uso da “linguagem neutra” pelos personagens.
A classi cação indicativa do lme é livre para todas as idades.

Em 2020, a plataforma de streaming lançou uma nova temporada da


animação Os 3 lá embaixo: contos de Arcádia, e um dos episódios traz
uma cena na qual duas garotas se beijam. Muitos assinantes se
mostraram revoltados, porque a classi cação indicativa trazida na
plataforma é livre. A plataforma, por sua vez, em nota o cial, disse o
seguinte: “Acreditamos que o título está classi cado de maneira
apropriada e que os pais devem fazer as escolhas de entretenimento
que considerem adequadas para seus lhos”.11
No mesmo ano, a série Jurassic World: Acampamento Jurássico exibiu uma cena de beijo
lésbico; dessa vez,

a classi cação indicativa era para maiores de 10 anos, ainda assim, o


público considerou inapropriado e organizou um abaixo-assinado, que
contou com mais de 300 mil assinaturas. Procurado, o Ministério da
Justiça, responsável pelas liberações de classi cação indicativa no
Brasil, a rmou o seguinte em nota: Conforme o artigo 9º da Portaria
do Ministério da Justiça nº 1.189/2018, que regulamenta a classi cação
indicativa, as análises têm como eixos temáticos de investigação
produções que apresentem teor sexual e de nudez, de violência e sobre
drogas. Elas também se baseiam na ponderação das fases descritiva e
contextual, que são previstas no artigo 16, inciso V da referida portaria
ministerial. Os critérios, por faixa etária, podem ser encontrados no
Guia Prático de Classi cação Indicativa. Desse modo, considerando a
legislação acima citada, uma cena de beijo entre duas pessoas do
mesmo sexo não se enquadra em nenhum dos parâmetros
estabelecidos como critério de análise.12

Em junho de 2023, a Net ix lançou uma animação que foi


o cialmente descartada pela Disney por apresentar muitas cenas gays
(sim, descartada pela DISNEY!). Nimona inclui beijo gay e declaração
entre dois dos protagonistas queer em seu roteiro, e a classi cação
indicativa é de 12 anos.

A Nickelodeon, um canal de televisão por assinatura norte-


americano que pertence à Paramount Media Networks, foi o primeiro
canal a cabo voltado para o público infantojuvenil. Por sua vez, em
2020, assumiu o cialmente que o personagem Bob Esponja Calça
Quadrada, criado em 1999, é um ser marinho LGBT. O comunicado
veio por meio de postagens feitas em seu per l o cial no Twitter, para
comemorar o mês do orgulho LGBT; no post, aparecem imagens com
personagens de alguns de seus lmes acompanhadas da seguinte
mensagem: “Celebrando #Orgulho com a comunidade LGBTQ+ e
seus aliados este mês e todos os meses”.13

Além do icônico Bob Esponja, a seguinte personagem também foi


homenageada: Korra, do lme A Lenda de Korra, com classi cação
indicativa para maiores de 10 anos, que encerrou a série de animação
ao lado de outra mulher.

A Nickelodeon sempre faz uma programação especial para celebrar o


mês do orgulho LGBT. Em 2021, a emissora promoveu uma animação
da “parada gay” em uma versão do seu programa infantil As pistas de
Blue, que foi disponibilizada no YouTube. O vídeo traz uma canção
interpretada pela drag queen Nina West e fala sobre casais
homossexuais, famílias com dois papais ou duas mamães, enquanto
passam muitos bichinhos fo nhos com as cores do arco-íris na tela,
empunhando bandeirinhas do movimento LGBT. A animação está
disponível no YouTube Kids e a classi cação indicativa é livre para
todas as idades.

Schwoz Schwartz, da série Henry Danger, é uma personagem


interpretada por um ator transgênero, Michael D. Cohen, que decidiu
revelar ao público, em 2019, que havia passado pela transição. “Meus
cromossomos não ditam meu gênero. Eu sou um homem”, disse
Cohen. A classi cação indicativa da produção é para maiores de 10
anos.
A presença da ideologia de gênero nas diversas formas de mídia,
inclusive em programas e lmes voltados para crianças, é cada dia
mais comum. Nesse contexto, a responsabilidade das famílias em
monitorar o conteúdo consumido por seus lhos ganha uma
relevância ainda maior. Não apenas é essencial evitar que eles tenham
acesso a tais programações, mas também é imperativo transmitir-lhes
a verdade, mesmo que ela seja óbvia, para que possam discernir e
refutar as informações falsas que têm circulado, capacitando-os a se
protegerem dessas in uências prejudiciais.
B . I
O campo em que ca mais claro que a ideologia de gênero não passa
de uma negação histérica da realidade é o esporte. As categorias
de competições esportivas sempre separaram os atletas em equipes
masculina e feminina por razões óbvias:

graças à inundação de testosterona que recebe,


o corpo masculino é mais forte, mais rápido,
mais ágil e maior do que o corpo feminino.

Caso não houvesse essa separação das categorias pelo sexo, as


mulheres não teriam a menor chance de vencer uma competição
olímpica.

A primeira Olimpíada catalogada data de 776 a.C.; na ocasião,


somente homens podiam competir e competiam nus. As mulheres
casadas nem mesmo podiam assistir aos jogos, somente às mulheres
jovens e solteiras era concedida a exceção. Foi somente na edição de
1900, em Paris, que as mulheres estrearam como atletas nos jogos
olímpicos, e elas representaram apenas 2,2% do total de atletas.

No entanto, a participação de mulheres nos jogos aumenta a cada


edição; atualmente, as mulheres já são quase metade do total de
atletas. Aliás, há duas modalidades que são exclusivamente femininas:
o nado sincronizado e a ginástica rítmica, bem como existe uma
categoria em que homens e mulheres competem juntos: o hipismo.
Uma vez que, nessa competição, o importante é a capacidade de fazer
com o que o animal obedeça aos comandos, a quantidade de
testosterona do jóquei não pesa no resultado. Aliás, “curiosamente”, a
luta greco-romana é o único esporte exclusivamente masculino.
A humanidade viveu tranquilamente e por mais de um século com
essa divisão das modalidades, de acordo com o sexo dos atletas, até
que a ideologia entrou em campo. Desde novembro de 2015, quando
foi publicado o novo guia de diretrizes do Comitê Olímpico
Internacional (COI), as atletas transexuais e travestis passaram a ser
aceitas em competições por equipe e em categorias femininas no
esporte. Em 2016, o COI fez uma nova atualização nas regras para a
inscrição de atletas trans, em que a cirurgia de redesignação deixou de
ser exigida e o prazo de tratamento hormonal para baixar o nível de
testosterona para 10nmol/L caiu de dois para apenas um ano. A falta
de exigência da cirurgia de redesignação causou um enorme
constrangimento nos vestiários femininos.

Diante disso, a partir de agora, relatarei alguns dos casos em que


atletas que nasceram com o sexo masculino mudaram de gênero e,
hoje, participam de competições na categoria feminina. Ao nal da
exposição, dividirei com vocês as minhas considerações sobre o
assunto.

TIFANNY PEREIRA DE ABREU: JOGADORA DE VÔLEI


A primeira transexual a participar da Superliga Brasileira de Voleibol
foi Tifanny Abreu. Tendo nascido em 1984, em Conceição do
Araguaia, com o nome de Rodrigo Pereira de Abreu, Tifanny deu
início ao seu processo de transição de gênero em 2012 e, dois anos
depois, realizou a cirurgia de redesignação sexual.

Ela chegou a jogar vôlei de maneira pro ssional enquanto ainda era
Rodrigo; jogou nas Superligas A e B, no Brasil, e nas ligas da
Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica. O último
time em que atuou como Rodrigo foi o JTV Dero Zele-Berlare, da
segunda divisão da liga de voleibol belga.

A Federação Internacional de Voleibol (FIVB) concedeu permissão


para Tiffany competir na categoria feminina. Assim, em 2017, ela
passou a defender o Golem Polmi, da segunda divisão italiana, e, em
dezembro do mesmo ano, foi contratada pelo Vôlei Bauru e passou a
jogar na Superliga brasileira.

Desde então, a atleta tem se destacado nas competições em que


participa. Em 2017, conseguiu apresentar a maior média de pontos por
jogo na Superliga e, em 2018, bateu o recorde de pontos por partida,
colocando a bola 39 vezes no chão. Durante uma partida em que o
Sesc-RJ, sob o comando de Bernardinho, foi eliminado da competição
contra o Sesi-Bauru, defendido por Tiffany, o técnico deixou escapar a
expressão “Um homem é fo...” após a jogadora cravar mais um ponto.

Em 16 de janeiro de 2018, o portal de notícia UOL trouxe a seguinte


manchete:

“Jogadoras se incomodam com Tifanny e


querem regras mais rígidas para trans”.
Já no início do texto, podemos notar quanta pressão é exercida para
que as atletas se calem quanto ao assunto, pois elas somente aceitaram
dar a entrevista sob a condição do anonimato. As queixas apresentadas
não revelam nenhum tipo de preconceito em relação à sexualidade da
jogadora trans, o problema apontado foi o fato de a transição ter
ocorrido quando ela já tinha 29 anos e sua formação óssea, muscular e
do sistema cardiovascular ter recebido uma injeção de testosterona
muitíssimo superior à de qualquer atleta feminina. Precisamos
reconhecer que essas questões são extremamente relevantes quando
estamos analisando o desempenho esportivo de qualquer ser humano.

CECÉ TELFER: VELOCISTA


Nascida na Jamaica e registrada como Craig Telfer, a velocista norte-
americana CeCé Telfer foi a primeira atleta trans a competir no
torneio universitário da sua modalidade. A atleta começou a competir
na categoria feminina a partir de 2019, pela universidade de Franklin
Pierce, New Hampshire.
Nos anos de 2016 e 2017, quando ainda era Craig, disputou os 400
metros com barreiras pela categoria masculina, atingindo o 200º e o
390º lugares, respectivamente. Após a transição, em 2019, CeCé
passou a disputar as provas na categoria feminina e atingiu a primeira
colocação na modalidade dos 400 metros com barreiras.

A altura dos obstáculos nessa prova é diferente para as categorias


masculina e feminina, sendo de 91,4 cm na primeira e 76,2 cm na
segunda, logo, estamos falando de uma diferença de 15,2 cm, o que,

obviamente con gura uma grande


vantagem para quem já estava acostumado a
competir na categoria masculina.
No entanto, segundo a atleta, o fato de ter um corpo formado com
muito mais testosterona do que qualquer mulher biológica não é
vantagem alguma.

FALLON FOX: LUTADORA DE MMA


Fallon Fox é uma norte-americana nascida em 1975, na cidade de
Toledo, Ohio. Ela cresceu como menino, mas durante a sua
adolescência, acreditou ser um homem homossexual; aos 19 anos,
casou-se com sua namorada e teve uma lha com ela. A atleta trans
chegou a servir na Marinha norte-americana como especialista em
operações de 2ª classe, para o USS Enterprise; já em 2006, passou pela
cirurgia de redesignação sexual na Tailândia; em 2011, por m,
participou de sua primeira luta de MMA na categoria feminina.

No dia 13 de setembro de 2014, Fallon Fox enfrentou a lutadora


Tamikka Brents em um dos episódios mais brutais da competição. No
primeiro round, em apenas dois minutos e meio, Fox nocauteou sua
adversária, que sofreu uma concussão e fraturou o osso orbital do
crânio. Após a luta, Brents deu a seguinte declaração: Tenho lutado
com muitas mulheres e nunca senti a força que senti numa luta como a
daquela noite. Não posso responder se é porque ela nasceu homem ou
não, porque eu não sou médica. Só posso dizer que nunca me senti tão
dominada na minha vida e que sou uma mulher anormalmente forte
por direito próprio. Eu ainda discordo da luta com Fox. Qualquer
outro emprego ou carreira eu digo que tento, mas quando se trata de
um esporte de combate não acho que seja justo.14

LIA THOMAS: NADADORA


Lia Catherine omas nasceu como William, começou a nadar com 5
anos de idade e chegou a participar de competições na categoria
masculina. Em 2020, omas passou pela transição de gênero sem
realizar a cirurgia de redesignação sexual, apenas fazendo a terapia de
reposição hormonal. A partir de então, disputando a categoria
feminina, a atleta trans ganhou imenso destaque, devido ao seu
desempenho nas provas, e, em março de 2022, venceu a prova de estilo
livre 500 jardas da National Collegiate Athletic Association (NCAA).

Ao nal do período das competições universitárias, omas passou


de 65º na equipe masculina para 1º na equipe feminina, no estilo livre
de 500 jardas, e de 554º na categoria masculina para 5º na categoria
feminina, no estilo livre de 200 jardas. Aliás, em 26 de março de 2023,
a ESPN fez uma homenagem a Lia omas, para comemorar o Mês da
História das Mulheres.

Após essa análise de alguns casos de atletas trans em competições


femininas, a intenção também era falar sobre atletas trans que
competem na categoria masculina, no entanto, após diversas
pesquisas, não encontrei nenhum caso. A resposta para isso nada tem
a ver com preconceito ou transfobia, isso acontece por razões
biológicas e objetivas:

homens são muito mais fortes do que as


mulheres,
seus corpos são formados com uma quantidade imensamente superior
de testosterona, que é a substância mais anabólica que há.

Infelizmente, muitas atletas são silenciadas por medo de serem


banidas das competições ou perderem seus patrocinadores, mas
algumas vozes começam a se levantar. Como já mencionado, em 16 de
janeiro de 2018, o portal UOL publicou uma matéria com a seguinte
manchete: “Jogadoras se incomodam com Tifanny e querem regras
mais rígidas para trans”. Contudo, as atletas entrevistadas, temendo
sofrer retaliações, aceitaram participar somente sob a condição do
anonimato. Elas julgaram injusta a competição entre uma mulher
biológica e uma atleta trans, que teve sua formação muscular e óssea à
base de muita testosterona; algumas, ainda, citaram até o
desenvolvimento de alguns órgãos, como os pulmões e o coração.

Ainda na matéria do UOL, as entrevistadas dizem temer que o


sucesso de Tifanny aumente o número de atletas trans no voleibol
feminino, o que causaria um desequilíbrio na modalidade e,
consequentemente, uma perda de espaço para as mulheres biológicas.

Um grupo com atletas de mais de 30 países enviou, em abril de 2020,


um documento ao Comitê Olímpico Internacional (COI) no qual
pediam que as normas para a admissão de atletas trans nas
competições femininas fossem suspensas. Segundo elas, esse apelo foi
para evitar a

“destruição dos esportes femininos”

e o que elas chamam de “ agrante discriminação contra mulheres em


razão do sexo biológico”.15

Taylor Silvermann é uma skatista norte-americana que, após sofrer


duas derrotas em competições com atletas trans, escreveu uma carta
para a empresa que promove as competições, demonstrando sua
insatisfação. Como não obteve resposta, seis meses depois, em 17 de
maio de 2022, resolveu desabafar nas redes sociais publicando prints
da mensagem ignorada pela Red Bull e declarou estar “farta de ser
intimidada em silêncio”.

Ela a rma que “um homem biológico com uma clara vantagem
venceu a divisão feminina e também várias eliminatórias”. A atleta
ainda acrescentou que “a competidora trans ganhou US$ 1.000 nas
classi catórias, US$ 3.000 nas nais e mais US$ 1.000 na melhor
manobra, o que totaliza US$ 5.000”.16

Em um artigo publicado pelo jornal Gazeta do Povo, Ana Paula


Henkel, medalhista olímpica da seleção brasileira de vôlei, a rmou
que: “Tem um lado do debate que é muito desonesto intelectualmente,
que tenta empurrar esse debate exatamente para a área do preconceito
e da ideologia. A gente tem que car na questão biológica, na ciência
humana”.17

A estratégia dos militantes da ideologia de


gênero é acusar de preconceito aqueles que
discordam da participação de homens em
espaços femininos.
No entanto, não podemos deixar que esse espantalho retórico
prevaleça no debate desse assunto, pois não se trata de preconceito
algum.

As medalhas olímpicas e premiações de competições esportivas não


são concedidas com base em sentimentos, mas, sim, com base em
performances que dependem de capacidades físicas, que são medidas
de forma muito objetiva. Para que você compreenda de forma
incontestável do que estamos falando, uma jovem adolescente
apresenta um nível médio de testosterona entre 2,5 e 27 ng/dL,
enquanto um rapaz, nessa mesma faixa etária, mantém seus níveis do
hormônio entre 65 e 778ng/dL.
Felizmente, parece que as pessoas estão, nalmente, admitindo que o
rei está nu.18 Em 2022, o governador do Arizona, Doug Ducey, assinou
um projeto de lei que impede atletas trans de participarem de equipes
femininas; já em 2023, a World Athletics, entidade que regula o
atletismo no mundo, aprovou a exclusão de atletas transgêneros que
tenham feito a transição após a puberdade de participarem das
disputas entre mulheres biológicas.

Frente a isso, vemos que ações como essas estão se multiplicando ao


redor do mundo.

Os discursos sentimentalistas de exclusão por preconceito podem até


soar bem aos ouvidos de pessoas que fazem uma análise super cial do
assunto, mas não se sustentam diante da exposição à realidade das
ciências biológicas. Nem sempre querer é poder; dizer que uma
mulher biológica tem a mesma capacidade física de uma atleta trans é,
no mínimo, uma percepção equivocada. Como já dizia Abraham
Lincoln, você pode enganar uma pessoa por muito tempo, algumas
por algum tempo, mas não se consegue enganar todas por todo o
tempo.

A atual ministra dos esportes no Brasil, recentemente, deu


declarações que vão na contramão dessas entidades internacionais.
Ana Moser demonstrou ser a favor da inclusão de transexuais em
competições femininas; em entrevista concedida ao portal de notícias
Poder360, no dia 5 de janeiro de 2023, ela disse: Temos de tratar
[pessoas transexuais] com todo respeito e condições de inclusão. Já
avançamos muito nesses parâmetros com algumas experimentações,
porque algumas federações têm mais liberdade em alguns lugares do
mundo [...]. Temos que buscar dar tratamento mais cidadão e
civilizatório.19

Eu concordo totalmente com a parte em que a ministra fala sobre a


necessidade de tratar pessoas trans com todo o respeito. Todo ser
humano deve ser tratado com respeito, independentemente do sexo,
cor ou religião! O debate que estamos promovendo não é sobre isso,
mas, sim, sobre o quão justo é colocar mulheres biológicas para
competir com homens biológicos porque estes se sentem mulheres.
Por acaso nós devemos respeitar somente os transexuais? As mulheres
biológicas também não merecem respeito e direito a uma competição
justa?
A  
A ogênero
contrário do que muitos acreditam, passar por uma transição de
pode não ser a solução de todos os problemas da vida de
uma pessoa que se considera transgênero, por isso, quero abordar,
neste capítulo, algo que, normalmente, não ocupa um espaço
destacado na velha mídia: pessoas que se arrependeram de passar pela
redesignação sexual.

Antes de mais nada, faz-se importante estabelecer alguns conceitos.


Segundo a etimologia do movimento “woke”, existem pessoas trans e
pessoas cis, ou seja, aqueles que não se identi cam com o sexo
biológico com o qual nasceram e aqueles que se identi cam,
respectivamente. Dentro da categoria trans, temos os transgêneros e os
transexuais. Uma pessoa transgênero não se identi ca com o sexo
biológico, mas não deseja passar por uma transição social, já uma
pessoa transexual é alguém que deseja passar por uma transição social,
que pode ou não envolver tratamentos hormonais ou cirúrgicos.

As pessoas transexuais sofrem de “disforia de gênero”, termo utilizado


pela academia para designar uma pessoa que se identi ca como
pertencente ao sexo oposto. O Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-5), documento elaborado pela Associação Americana
de Psiquiatria (APA), descreve a disforia de gênero como uma
incongruência entre o gênero expressado por alguém e o gênero
atribuído a ele, com duração de pelo menos 6 meses.20

Algumas pesquisas mostram que o índice


de suicídio entre pessoas trans é maior
quando comparado com o restante da
população.

Um estudo publicado no e Lancet Child & Adolescent Health,21 em


dezembro de 2022, analisa a correlação entre disforia de gênero e
internação hospitalar por tentativa de suicídio ou autoagressão tendo
como base o banco de dados de internação infantil de 2016 a 2019 dos
Estados Unidos.

Os dados são impressionantes! Entre os jovens trans, 66%


vivenciaram tentativas de suicídio ou automutilação, enquanto o
percentual encontrado entre os jovens que não apresentavam disforia
de gênero foi de apenas 5%. Trata-se de um problema real e não
podemos ignorar esses dados, e esse alto índice é usado, muitas vezes,
como justi cativa para a implementação de uma política de saúde
pública que torne mais acessível a transição de gênero.

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou,


em seu site o cial, um artigo intitulado “Precisamos falar sobre o
suicídio das pessoas trans!”.22 Nele, há uma pesquisa do Instituto
Williams, de Los Angeles, na qual há uma estimativa de que 40% das
pessoas trans já tentaram cometer suicídio, e a militância da causa
trans associa esse alto índice com o preconceito sofrido por pessoas
que apresentam a disforia de gênero, mas sem apresentar os dados
estatísticos que corroboram essa associação.

Outro levantamento mais detalhado feito pelo Instituto Williams,


publicado em 2019,23 sobre pensamentos suicidas e tentativas de
suicídio entre transgêneros adultos mostra que

a correlação entre discriminação e tentativas


de suicídio não se sustenta.
Nele, podemos constatar, por exemplo, que 80% dos transexuais que
contam com o apoio da família admitem que já tiveram pensamentos
suicidas.

Esse alto índice é utilizado como justi cativa pelas pessoas que
defendem as chamadas terapias a rmativas de gênero, e há estudos
que trazem a informação de que a transição de gênero é altamente
bené ca, mas também há pesquisadores que contestam esses estudos.
Aqui, no Brasil, o jornal O Globo trouxe a seguinte manchete no dia 21 de outubro de 2022:
“Trans: 98% dos adolescentes que iniciam a transição antes dos 18 anos não se
arrependeram, diz estudo no Lancet”,24 e o estudo mencionado analisou os registros médicos
de 720 pacientes de uma clínica de Amsterdã. Já um artigo publicado no Journal of Sex &
Marital erapy, em janeiro de 2023, trouxe o seguinte tema: “e Myth of ‘Reliable
Research’ in Pediatric Gender Medicine: A critical evaluation of the Dutch Studies — and
research that has followed”25 (O mito da “pesquisa con ável” em medicina de gênero
pediátrica: uma avaliação crítica dos estudos holandeses — e pesquisas que seguiram) cujos
estudos serviram de base para a prática da transição de gênero para jovens por meio da
administração de bloqueadores hormonais, hormônios do sexo oposto e cirurgia de
“a rmação de gênero”.

O artigo a rma que três vieses metodológicos minaram a pesquisa: a


seleção dos sujeitos, que garantiu que apenas os casos mais bem-
sucedidos fossem incluídos nos resultados; a constatação de que a
“resolução da disforia de gênero” se deve a uma manobra do
questionário empregado; e a psicoterapia, que tornou impossível
separar os efeitos dessa intervenção dos efeitos dos hormônios e da
cirurgia. Ainda de acordo com o estudo: Os dois principais estudos
holandeses em questão, de Vries et al., 2011, e de Vries et al., 2014
(daqui em diante, “os estudos holandeses”) demonstraram de forma
convincente que as intervenções hormonais e cirúrgicas podem mudar
com sucesso a aparência fenotípica das características sexuais
secundárias de adolescentes e adultos jovens. O que os estudos
falharam em mostrar, no entanto, é que essas mudanças físicas
resultaram em melhorias psicológicas signi cativas o su ciente para
justi car os efeitos adversos do tratamento — incluindo a certeza da
esterilidade.26
O tratamento para a transição de gênero, mesmo quando não envolve
a cirurgia, promove mudanças de nitivas no corpo do paciente;
obviamente, quando o tratamento envolve o procedimento cirúrgico,
as consequências são ainda mais devastadoras. A certeza da
infertilidade deveria ser o su ciente para acender um sinal de alerta na
sociedade em relação a esses tratamentos, além disso, não há estudos
de alta qualidade referentes aos benefícios de medidas tão severas.

As primeiras cirurgias de redesignação de gênero aconteceram nos


anos 30, porém, dos anos 80 para cá, podemos observar um aumento
exponencial no número de procedimentos realizados. Agora,
começaram a aparecer relatos de pessoas que se submeteram a esse
tratamento e se dizem arrependidas. Vejamos alguns casos:

SUSANA DOMÍNGUEZ
Susana Domínguez foi diagnosticada com disforia de gênero e iniciou
sua transição com terapia hormonal aos 15 anos; posteriormente, ela
passou por cirurgias de remoção de seios e útero. Hoje, ela se
arrepende amargamente e passa por uma destransição, porém algumas
mudanças são irreversíveis! Os detalhes desse caso são assustadores e
nos levam a uma re exão sobre a epidemia de diagnósticos de disforia
de gênero. Susana fez sessões de terapia com a psicóloga do Serviço de
Saúde da Galiza (Espanha) durante seis anos e, durante todo esse
tempo, a pro ssional não percebeu traços de um transtorno do
espectro autista. O diagnóstico veio somente após a realização das
cirurgias e toneladas de hormônios, porque a família resolveu
procurar ajuda psicológica na rede particular.

Segundo Mara Parellada, psiquiatra especialista em autismo: Estudos


sólidos mostram que há muito mais pessoas com transtornos do
espectro do autismo indo mudar de sexo nas clínicas do que a média
da população em geral. E o mesmo está acontecendo no cuidado de
pessoas com autismo: também há mais entre eles com disforia de
gênero do que na população em geral.27
O endocrinologista do serviço público começou a receitar hormônios
para Susana quando ela tinha 16 anos; dois anos depois, aos 18, ela fez
a mastectomia. No entanto, pouco mais de um ano após o
procedimento, mesmo tomando hormônios há 3 anos, Susana ainda
menstruava, e foi então que o endocrinologista a encaminhou para a
histerectomia — retirada do útero e dos ovários.

Susana chegou a mudar seu registro civil e passou a se chamar


Sebastián, porém, depois do arrependimento, tentou desfazer a
mudança, mas a lei não lhe permitiu, bem como foram pedidos laudos
médicos que justi cassem tal procedimento.

A “Lei Trans” aprovada pela Câmara dos deputados espanhola proíbe


explicitamente que qualquer pro ssional de saúde mental trate quem
se autodeterminar. Agora, Susana tenta mover uma ação judicial
contra o Serviço de Saúde da Espanha, porém as mudanças em seu
corpo são irreversíveis. A cada dia que passa, vemos crescer o debate
sobre crianças trans, e a opinião pública deve levar em conta esses
casos que insistem em pipocar, mesmo com a operação “abafa”,
promovida por veículos de mídia e ONGs.

A mutilação corporal, além de não resolver um problema, acaba


criando outro ainda mais severo, a nal,

crianças e adolescentes não têm maturidade


su ciente para tomar uma decisão tão radical
como essa.

KEIRA BELL
Keira foi encaminhada ao Gender Identity Development Service
(GIDS), o serviço de desenvolvimento de identidade de gênero do
sistema de saúde inglês, em 2013, quando tinha 16 anos, e a rma, em
entrevista concedida à BBC, que buscou atendimento médico após ler
na internet sobre transição de gênero. Após passar por três consultas
com duração de 1 hora cada, iniciou o tratamento com bloqueadores
de puberdade que durou um ano. Ela foi informada que as drogas
seriam administradas em injeções regulares, para suprir seus
hormônios, e que dariam a ela “mais tempo para pensar”.

Em nenhum momento a jovem foi informada a respeito dos efeitos


de longo prazo que esse tratamento pode causar, como crescimento
atro ado, redução da densidade óssea e até atrapalhar o
desenvolvimento do cérebro. Keira descreve a experiência do
tratamento como um “inferno”, com ondas de calor, suores noturnos e
confusão mental. “O Tavistok me disse que seria uma coisa boa, mas
foi tudo negativo”, a rma a jovem.28

Então, após um ano de tratamento, aos 17 anos, ela começou a tomar


testosterona para, efetivamente, começar sua transição de gênero, e os
efeitos em seu físico começaram a acontecer: a voz cou mais grave,
houve aumento no crescimento e na quantidade de pelos em seu
corpo, bem como o aumento do tônus muscular. Finalmente, aos 20
anos, ela passou pela cirurgia de remoção das mamas. “Diziam que (a
transição) me salvaria de ideias suicidas e da depressão. Na época,
senti que (o tratamento) aliviava todas as questões de saúde mental
que eu sentia, além da disforia de gênero”.29

Após passar por tudo isso, Keira constatou que a mudança de gênero
não havia sido exatamente como ela imaginou e seus problemas de
saúde mental ainda a a igiam. Atualmente, ela parou de tomar os
hormônios e voltou a viver como uma mulher, mas

os efeitos da transição a acompanharão pelo


resto da vida.

Sua frustração e a ciência de que os médicos continuam prescrevendo


bloqueadores de puberdade para outras crianças e jovens levaram
Keira a ingressar com uma ação judicial contra a clínica Tavistok, que,
aliás, era o único estabelecimento que atendia crianças e adolescentes
com disforia de gênero pelo National Health System (NHS), o sistema
de saúde inglês.

Na primeira instância, o juiz deu ganho de causa para Keira,


a rmando que era “duvidoso” que as crianças pudessem consentir com
tal tratamento. Os ativistas da causa trans recorreram, mas uma
decisão da Suprema Corte inglesa ordenou a suspenção das atividades
em julho de 2022 e posterior fechamento.

Uma ex-enfermeira da clínica também ingressou com uma ação


judicial com o argumento de que bloqueadores de puberdade estariam
sendo receitados a crianças muito novas, de 12 anos, sem avaliações
psicológicas “adequadas”. David Bell, um psiquiatra que trabalhava na
Tavistok, também fez um relatório baseado no depoimento de outros
pro ssionais que trabalhavam no local, concluindo que: [...] esses
pacientes com percursos complexos ou altamente traumáticos estão
sendo expostos a tratamentos que podem causar danos a longo prazo
em razão da incapacidade (da clínica) de resistir à pressão de ativistas
altamente politizados e de famílias que exigem uma transição
acelerada.30

Relatórios internos da Tavistok obtidos pela BBC Newsnigth


explicam que os tratamentos, que deveriam ser prescritos após três
sessões, pelo menos, são prescritos após duas ou mesmo uma única
sessão.

Um escritório de advocacia londrino, o Pougust Goodhead, anunciou


sua intenção de entrar com uma ação coletiva contra a clínica Tavistok
e estima que, pelo menos, 1.000 pessoas vão aderir. Aliás, também
chama a atenção a explosão no número de crianças e adolescentes que
procuram o serviço da instituição. Em 2010, o estabelecimento
recebeu 138 pacientes; já em 2020, foram 2.383 pacientes atendidos; e
em 2021, a clínica teria recebido quase 5.000 crianças e jovens.

Os ativistas e alguns pesquisadores da causa trans a rmam que o


percentual de pessoas que passam pela transição de gênero é muito
pequeno para que se justi que uma paralização do serviço; por outro
lado, especialistas a rmam que a área carece de estudos mais
aprofundados do tema e que o percentual de arrependimentos pode
ser muito maior.

CHLOE COLE
Essa jovem californiana de 18 anos, arrependida de ter feito a
transição de gênero, decidiu reverter, na medida do possível, os efeitos
negativos dos procedimentos a que se submeteu. Ela relata que teve o
seu primeiro contato com a ideologia de gênero por meio da internet,
aos 11 anos de idade.

Os pais de Cole, ao saber que ela se via como um menino e


assustados com a situação, buscaram uma ajuda médica. Na clínica de
gênero, segundo o relato de Cole, os pais foram submetidos à clássica
falsa dicotomia: “você prefere ter uma lha morta ou um lho vivo?”.
Aos 13 anos, “sob extrema pressão”, ela consentiu o início dos
procedimentos. Inicialmente, foram administrados os bloqueadores de
puberdade, na sequência, as injeções de hormônios masculinos.

Além dos efeitos, como engrossamento de voz, crescimento de pelos


e aumento de tônus muscular, a jovem relata ter sentido ondas de calor
insuportáveis, uma sensação de tédio sem m, sintomas contínuos de
infecções do trato urinário e diminuição de sua densidade óssea, que
acarretou, também, em fortes dores nas suas articulações.

“Para mim foi muito ruim, como se eu tivesse com muita coceira em
todo o meu corpo. Houve certos dias em que eu não podia nem usar
suéteres ou calças compridas quando estava frio”,31 disse Chloe.

Com 15 anos, ela passou pela cirurgia de remoção dos seios, e esse foi
o procedimento mais radical. Além de remover todos os tecidos que
cam embaixo dos seios, os cirurgiões removeram seus mamilos para
recolocá-los em uma “posição mais masculina”. Os médicos a rmaram
que, depois de um ano e meio após a dupla mastectomia, ela estaria
curada, mas, mais de dois anos após o episódio, Chloe diz que ainda
precisa usar bandagens por causa dos uidos. Ela conta que, após uma
aula de psicologia, em 2021, que falava sobre a importância da
amamentação no vínculo mãe- lho, arrependeu-se e decidiu
abandonar seu processo de transição.

“Na época em que eu estava fazendo essa aula, eu estava com 11


meses de pós-operatório. Percebi o que tirei, e

questionei por qual motivo eles me


deixaram tomar essa decisão quando eu
estava apenas no meio da minha
adolescência”,
acrescentou Chloe.

Atualmente, Chloe luta para proteger crianças e adolescentes das


cirurgias de mudança de sexo e utiliza suas redes sociais para
conscientizar as pessoas quanto aos perigos desses procedimentos que
envolvem a chamada transição de gênero.
O so revolucionários
exotérico.
apresentam dois tipos de discurso: o esotérico e

O discurso esotérico é destinado ao seleto grupo de camaradas que


compreende perfeitamente que, para que haja revolução, é necessário
destruir os valores que formaram a civilização ocidental, ou seja, a
loso a grega, o direito romano e a moral judaico-cristã. Já o discurso
exotérico carrega consigo um misto de problemas do mundo real
vistos sob uma ótica distorcida, com “soluções” que,
convenientemente, acarretam mais poder nas mãos dos próprios
revolucionários.
O feminismo é um dos muitos braços do poder revolucionário e tem como foco principal
derrubar o pilar da moral judaico-cristã de nossa sociedade. Tendo como referencial a obra
A origem da família, da propriedade privada e do Estado,32 de Friedrich Engels,

as feministas defendem que a primeira opressão da “sociedade


capitalista malvadona” é o direito de propriedade do homem sobre a
mulher e sua família e que, dessa relação, derivam todos as outras
“opressões”, como o direito de herança e de propriedade.

Trocando em miúdos, para se conseguir destruir o “capitalismo


opressor” é preciso subverter totalmente as relações familiares e a
complementariedade dos papéis conjugais, mas como não pega muito
bem sair por aí espalhando que se está lutando para destruir as
instituições do casamento e da família, o discurso exotérico é o da luta
pela emancipação feminina, do direito ao voto, ao trabalho etc. Desde
os primórdios do movimento feminista, estão presentes a mudança do
papel feminino na sociedade, a luta contra o patriarcado e a cultura da
morte.

Durante nossa leitura, acompanhamos a “evolução” da narrativa


feminista para conseguir ludibriar a sociedade. Ser mulher não era
algo subjetivo ou alvo de controvérsias, até que vieram as mais loucas
teorias acadêmicas sobre o assunto. Tudo era mais simples quando
havia apenas a biologia, XX e XY, homens e mulheres, até mesmo as
orientações sexuais eram divididas apenas em homossexualidade e
heterossexualidade. Após a de agração da terceira onda feminista,
mergulhamos em um mar sem m de gêneros, confusões e “soluções”
extremamente problemáticas.

A ideologia de gênero, por mais que os revolucionários esperneiem


ao escutar esta expressão, é, sim, apenas uma ideologia e não uma
teoria cientí ca, como pregam alguns. A nossa sociedade não impôs
uma “heteronormatividade” para que os homens brancos e cristãos
fossem privilegiados; relações heterossexuais são a norma quando
estamos levando em consideração a perpetuação da espécie. Não se
trata de preconceito, apenas de observação (e aceitação) da realidade:

relações entre pessoas do mesmo sexo não


geram descendentes.

Lá pelos anos 60, vimos o desenrolar da chamada segunda onda


feminista, que trouxe em destaque a tal revolução sexual. As feministas
colocaram suas lupas sobre um problema que realmente existiu e
existe: há homens que traem e maltratam as mulheres (e não entrarei
no mérito de se tratar de uma parcela maior ou menor dos homens,
apenas a rmo que isso existe e que se trata de um problema), mas em
vez de se lutar para que esse tipo de comportamento diminua entre os
homens, luta-se para que as mulheres tenham o direito de fazer a
mesmíssima coisa.

Por mais que as mulheres sejam muito suscetíveis a esse canto da


sereia moderno, a realidade tem um peso inexorável. Para as mulheres,
as consequências de uma vida sexual desregrada são muito mais
severas por um simples motivo: mulheres engravidam, e isso não é
opressão, é a natureza. Mulheres grávidas só passam a ser “problema”
quando não se sabe quem é o pai ou quando ele some no mundo. Há
diversas pesquisas que mostram os efeitos nocivos que a ausência do
pai provoca, e sabemos que são inúmeros, mas meu objetivo aqui não
é entrar nesses detalhes.
A ideologia de gênero parte de um problema que realmente existe: há
pessoas que nascem com características intersexuais (genitais, padrões
cromossômicos e glandulares) e há pessoas que sofrem por acreditar
que nasceram no corpo errado. De acordo com especialistas, entre
0,05% e 1,7% da população nasce com características intersexuais; já
os diagnósticos de disforia de gênero estão crescendo de maneira
avassaladora.

Uma análise feita pela empresa de tecnologia médica Komodo Health


Inc. constatou um aumento de 70% na quantidade de crianças
diagnosticadas com disforia de gênero entre 2020 e 2021 nos Estados
Unidos.33

Para os ativistas da causa trans, a única “solução” possível para a


disforia de gênero são os tratamentos hormonais e as cirurgias para a
retirada dos órgãos sexuais. Além disso, também há um enorme
esforço para expor, cada vez mais cedo, as crianças a essa ideologia,
mesmo que contra a vontade de seus pais.

A verdadeira ciência não se faz varrendo


para debaixo do tapete os dados que não
favorecem uma determinada narrativa
ideológica.
A discussão cientí ca deve levar em conta os prós, os contras e as
experiências anteriores.

Vimos o triste caso da família Reimer e quanto sofrimento a


ideologia de gênero causou na vida deles. Depressão, alcoolismo e
suicídio foram o resultado dessa malfadada experiência, logo, por que
tentar esconder isso da população? Por que continuam usando
premissas que vêm de uma experiência macabra e distorcida como se
fossem verdadeiras? O campo em que mais se evidencia a falácia da
ideologia de gênero é o esporte. Ano após ano aumentam os casos de
homens biológicos que se sentem mulheres lutando pelo “direito” de
competir na categoria feminina. Já os casos de mulheres biológicas que
lutam pelo “direito” de participar da categoria masculina são
inexistentes ou, pelo menos, insigni cantes o bastante para serem
relatados.

Passamos por alguns casos de atletas trans na categoria e,


“coincidentemente”, o resultado é sempre o mesmo; esses atletas que
cresceram com doses de testosterona que nenhuma mulher é capaz de
produzir têm excelentes resultados, quebrando recordes que,
provavelmente, jamais serão superados por uma mulher biológica.

Vimos, também, a triste história de algumas pessoas que passaram


pelo processo de redesignação sexual e os resultados dolorosos dessa
experiência, uma vez que não conseguiram, por meio dela, resolver
aquilo que as a igia, entrando em quadros de depressão e tentativas de
suicídio, criando para si mesmas um problema ainda maior. Aliás, o
número de meninas que são esterilizadas com apenas 18 anos ou
menos e que carregarão, para o resto da vida, um corpo mutilado em
nome de uma ideologia só aumenta.

A Planned Parenthood, aliás, a maior promotora de abortos no


mundo, cuja fundadora foi Margareth Sanger, recentemente, segundo
algumas notícias, está expandindo sua oferta de serviços de “transição
de gênero” para pessoas que acreditam ter nascido no corpo errado.

Financiada por todos aqueles bilionários superpoderosos de


sobrenomes famosos e com interesses escusos que já conhecemos, a
empresa atuava, inicialmente, na área do “controle de natalidade”. Na
prática, era receitado todo tipo de contraceptivo e eram realizados
abortos; talvez, essa abordagem não tenha mostrado a e ciência
desejada pelas feministas, a nal, as mulheres insistiam em engravidar,
mesmo após passar por esses procedimentos.

Agora, a “maior realizadora de abortos no país” resolveu transferir


seus esforços e fortunas para os serviços de transição de gênero.
Talvez, dessa vez, ela tenha mais sucesso em seus maquiavélicos
desejos, pois as mulheres que passam por dupla mastectomia,
histerectomia e injeções hormonais nunca mais conseguirão
engravidar.

Para abortar é preciso ter um útero, já para fazer a transição de


gênero, não, e isso amplia muito o seu público, a nal, os homens que
passam pela transição também cam estéreis. Crianças e jovens estão
se submetendo a esse tipo de tratamento cada vez mais cedo.

Quando estávamos na época do “controle de natalidade”, para alguém


realizar uma cirurgia de esterilização, era necessário que se cumprisse
uma lista de requisitos, tais como idade mínima, já ter lhos,
autorização do cônjuge etc. Agora que estamos na época dos “direitos
sexuais reprodutivos”, basta que a pessoa sinta, por algum momento,
mesmo que com apenas 18 anos (algumas vezes até antes), que está no
corpo errado e, voir la, o sistema de saúde retira seus órgãos
reprodutores.

Também podemos observar que

o foco dos ativistas trans é o público infantil.

Nas câmaras municipais, estaduais e federais, eles não conseguiram


empurrar a ideologia de gênero na legislação vigente, então, passaram
a recorrer ao sistema judiciário. Infelizmente, muitos juízes estão
passando por cima do direito dos pais de darem aos seus lhos a
educação moral que acreditam ser a melhor.

A agenda LGBT invadiu os desenhos animados e lmes infantis,


inicialmente, de maneira muito discreta, praticamente subliminar, no
entanto, hoje, a agenda queer é “nada secreta”, para usar as palavras de
um produtor da Disney.

Pelo que pudemos observar até agora, o retorno nanceiro desses


empreendimentos não é nada satisfatório, e isso me leva a pensar
quem seriam os nanciadores dessas produções; seriam os mesmo que
investem nas tais clínicas de redesignação de gênero? Alguém lucra
com essa agenda? Quem? Finalmente, quero trazer uma palavra de
esperança ao leitor que, benevolentemente, acompanhou-me até aqui.
Eu sei que muitas das informações que eu trouxe neste Mínimo sobre
a ideologia de gênero podem ter assustado ou desanimado você, pois
são muitos os casos de injustiça e sofrimento, mas a boa notícia é que
há, sim, uma vacina para combater tudo isso: a informação.

Quando sabemos qual é o truque do mágico, o espetáculo perde o


efeito, e é por isso que os pais precisam car mais próximos de seus
lhos, pois, caso não façam isso, alguém fará. Fique atento a tudo que é
ensinado durante as aulas na escola, nos livros didáticos, nos livros de
cção, nos lmes, nos desenhos e a todo tipo de conteúdo a que seu
lho tem acesso; leve informação para as pessoas que estão próximas a
você e mostre a elas todas essas informações a que os poderosos não
querem que o povo tenha acesso. O trabalho de fazer as pessoas
caírem na mentira é muito maior do que o trabalho de expô-las à
verdade.

“Ensina a criança no caminho em que deve andar e, ainda quando for


velho, não se desviará dele” (Pv 22, 6).
SANTA FÉ. Conferência de imprensa no voo de Manila à
Roma. 2015.

ABBRUZZESE, E.; LEVINE, S. B.; MASON, J. W. “T he myth


of ‘reliable research’ in pediatric gender medicine: a critical
evaluation of the dutch studies — and research that has
followed”. Journal of Sex and Marital erapy, [s. l.], v. 49, n. 6,
jan. 2023.

ACI DIGITAL. “Ex menina trans” luta para proteger menores


de cirurgias para mudança de sexo. 2022.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual


diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5.
Tradução de Maria Inês Correa Nacimento et al. 5 ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014.

BARRABI, T. Conservative Disney employees urge company


to stay “politically neutral”. 2022.

BBC News. “Há meninas com pênis e meninos com vaginas”:


campanha gera polêmica. 2017.

BEAUVOIR , Simone de. O segundo sexo: a experiência


vivida. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.

. O segundo sexo: fatos e mitos. Rio de Janeiro: Editora Nova


Fronteira, 2016.

BENEVIDES, B. Associação Nacional de Travestis e


Transexuais. Precisamos falar sobre o suicídio das pessoas
trans! 2018.
BERLANT , L.; WARNER , M. “Sexo en público”. In:
JIMENEZ , R. M. M. (org.). Sexualidades transgresoras.
Barcelona: Icaria Editorial, 2002.

BONNEWIJN, O. Gender, quem és tu? Sobre a ideologia de


gênero. Campinas: Editora Ecclesiae, 2015.

BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria nº 1.189, de 03 de


agosto de 2018. Regulamenta o processo de classi cação
indicativa de que tratam o art. 74 da Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990, o art. 3º da Lei nº 10.359, de 27 de dezembro de
2001, e o art. 11 da Lei nº 12.485, de 12 de setembro de 2011.

Brasília, DF, 2018.

BUSS, G.; PERES, S. Nova ministra, Ana Moser defende


inclusão de atletas trans. 2023.

BUTLER , J. “Criticamente subversiva”. In: JIMENEZ , R. M.


M. Sexualidades transgresoras: una antología de estudios
queer. Barcelona: Icaria Editorial, 2002.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da


identidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2019.

CAMPAGNOLO, A. C. Feminismo: perversão e subversão.


Campinas: Vide Editorial, 2019.

CANOSSA, C.; CARNEIRO, L.; ROCHA, T. Jogadoras se


incomodam com Tifanny e querem regras mais rígidas para
trans. 2018.
DIAS. D. Skatista Taylor Silverman rasga competidores trans
que vencem: “Injusto”. 2022.

ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do


Estado. [S. l.]: [s. n.], 1884.

ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do


Estado. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2012.

FILHO, E. F. Trans: 98% dos adolescentes que iniciam a


transição antes dos 18 anos não se arrependem. 2022.

FRASER, Nancy. “Structuralism or Pragmatics? On Discourse


eory and Feminist Politics”. In: NICHOLSON, Linda (org.).
e Second Wave: A Reader in Feminist eory. Nova York,
EUA: Routledge, 1997.

GAZETA DO POVO. Desenho infantil exibido na Net ix


apresenta beijo homossexual. 2020.

GRAEML, C. Luta por igualdade: mulheres se unem para


banir atletas trans do esporte feminino. 2020.

HOLT, A. Trans processa clínica de saúde no Reino Unido:


“transição deveria ser mais cautelosa”. 2020.

IHU – Instituto Humanitas Unisinos. Inglaterra. Crianças


transgênero: por que a clínica Tavistock vai fechar. 2022.

MITCHELL, H. K. et al. “Prevalence of gender dysphoria and


suicidality and self-harm in a national database of paediatric
inpatients in the USA: a population-based, serial cross-
sectional study”. e Lancet Child & Adolescent Healt, [s. l.], v.
6, n. 12, dez. 2022.

NICKELODEON. Post. [S. l.], 13 jun. 2020. Twitter:


@Nickelodeon.

O’ LEARY, D. e gender agenda: rede ning equality. [S. l.]:


Lafayette, 1997.

PRESLEY, R. Transgender MMA Fighter Fallon Fox Breaks


Opponent’s Skull. 2019.

UM TIRA no jardim de infância. Direção: Ivan Reitman.


Produção: Imagine Entertainment. Roteiro: Murray Salem
Herschel, Weingrod e Timothy Harris. Califórnia: Universal
Pictures, 1990. (111 min), son., col.

VIEIRA, E. Número de crianças americanas com diagnóstico


de disforia de gênero aumenta 70% em um ano. 2022.

WILLIAMS Institute. Suicide oughts and Attempts Among


Transgender Adults: Findings from the 2015 U.S. Transgender.
Califórnia, EUA: UCLA, 2019.
N  R
1 Um tira no jardim de infância, Imagine Entertainment, Universal Pictures, 1990.

2 BBC News. “Há meninas com pênis e meninos com vaginas”: campanha gera polêmica,
2017.

3 Simone de Beauvoir, O segundo sexo: a experiência vivida, 1967, p. 9.

4 Judith Butler, “Criticamente subversiva”, Sexualidades transgresoras: una antología de


estudios queer, 2002, p. 58.

5 Laurent Berlant e Michael Warner, “Sexo en Público”, Sexualidades Transgresoras, 2002, p.


250.

6 Simone de Beauvoir, op. cit., 1967, p. 9.

7 Nancy Fraser, “Structuralism or Pragmatics? On Discourse eory and Feminist Politics”.


In: Linda Nicholson (org.), e Second Wave: A Reader in Feminist eory, 1997, p. 391.

8 A Santa Fé, Conferência de imprensa no voo de Manila a Roma, 2015.

9 BUSH, J. Post. 30 nov. 2016. Twitter: @ thejaredbush. 2016.

10 omas Barrabi, Conservative Disney employees urge company to stay “politically


neutral”, 2022.

11 omas Barrabi, Desenho infantil exibido na Net ix apresenta beijo homossexual, 2020.

12 Ministério da Justiça, 2020 apud Gazeta do Povo, 2020.

13 Nickelodeon, Twitter, 2020, tradução nossa.

14 Richard Presley, Transgender MMA Fighter Fallon Fox Breaks Opponent’s Skull, 2019.

15 Cristina Graeml, Luta por igualdade: mulheres se unem para banir atletas trans do
esporte feminino, 2020.

16 Diogo Dias, Skatista Taylor Silverman rasga competidores trans que vencem: “Injusto”,
2022.

17 Cristina Graeml, op. cit., 2020.

18 Referência à história A roupa nova do imperador, de Hans Christian Andersen. A


expressão é usada metaforicamente para descrever o momento em que as pessoas reconhecem
uma realidade óbvia que antes estava sendo ignorada ou negada.
19 Gabriel Buss e Sarah Peres, Nova ministra, Ana Moser defende inclusão de atletas trans,
2023.

20 American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos


mentais: DSM-5, 2014.

21 Hanna K. Mitchell, Prevalence of gender dysphoria and suicidality and self-harm in a


national database of paediatric inpatients in the USA: a population-based, serial cross- sectional
study, 2022.

22 Bruna Benevides, Precisamos falar sobre o suicídio das pessoas trans!, 2018.

23 Disponível em: https:// williamsinstitute.law.ucla.edu/publications/ suicidality-


transgender-adults/. Acesso em: 25 ago. 2023.

24 Eduardo F. Filho, Trans: 98% dos adolescentes que iniciam a transição antes dos 18 anos
não se arrependem, 2022.

25 E. Abbruzzese e Stephen B. Levine, “e myth of ‘reliable research’ in pediatric gender


medicine: a critical evaluation of the dutch studies — and research that has followed”. In:
Journal of Sex and Marital erapy, v. 49, n. 62023.

26 Ibid., tradução nossa.

27 Disponível em: https://www. elmundo.es/papel/historias/2023/


02/22/63f64bbcfc6c83e24a8b4586.html. Acesso em: 25 ago. 2023. Tradução nossa.

28 Keira Bell, em entrevista à BBC Londres. Alison Holt, Trans processa clínica de saúde no
Reino Unido: “transição deveria ser mais cautelosa”, 2020.

29 Ibid.

30 IHU. Inglaterra. Crianças transgênero: por que a clínica Tavistock vai fechar, 2022.

31 ACI digital, “Ex menina trans” luta para proteger menores de cirurgias para mudança de
sexo, 2022.

32 Friendrich Engels, A origem da família, da propriedade privada e do Estado, 2012.

33 Eli Vieira, Número de crianças americanas com diagnóstico de disforia de gênero


aumenta 70% em um ano, 2022.

Você também pode gostar