Algumas breves linhas sobre o PEC, em trmite no Congresso Nacional, que probe o Ministrio Pblico de presidir os inquritos policiais. Nada me parece mais correto. Em minha avaliao, nem precisaria que viesse a reiterar algo que implcito est na Constituio atual. No momento em que no artigo 5, inciso LV, o constituinte tornou clusula ptrea o amplo direito de defesa, evidncia, eliminou a um dos contendores, no processo administrativo, a possibilidade de exercer as funes de julgador e parte. Est o dispositivo assim redigido: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Ora, o ttulo IV da Constituio claramente divide as funes judicirias entre o poder de julgar (Poder Judicirio, art. 92 a 126), o de acusar (Ministrio Pblico, arts. 127 a 132) e o de defender (Advocacia, arts. 133 a 134). Os delegados agem como polcia judiciria. Esto a servio, em primeiro lugar, do Poder Judicirio, e no do Ministrio Pblico ou da Advocacia, que so partes no inqurito policial processo preliminar e investigatrio que deve ser presidido por uma autoridade neutra, ou seja, o delegado. A alegao de que o Ministrio Pblico pode supervisionar as funes da policia no significa que possa substituir os delegados em suas funes tpicas, razo pela qual, mesmo hoje, a meu ver, j no tem o parquet direito de subrogar-se nas funes de delegado, desempenhando as de parte e juiz ao mesmo tempo. Certa vez, o Ministro Carlos Mrio Velloso, em acrdo do STF, em que relatou e negou o direito do MP de quebrar o sigilo bancrio poder que s as autoridades judicirias tm -, declarou que, por mais relevante que fossem as funes do MP, ser sempre parte num processo e jamais pode agir como um magistrado. Esta a razo pela qual entendo que o PEC seria desnecessrio, pois j est implcita na atual Constituio esta prerrogativa EXCLUSIVA dos delegados. Mas, num pas como o nosso, sempre bom deixar o bvio, mais bvio.