Você está na página 1de 18

Módulo 7

MÓDULO 7 – CRISES, EMBATES IDEOLÓGICOS E MUTAÇÕES CULTURAIS NA PRIMEIRA


METADE DO SÉCULO XX

Unidade 1 – As transformações das primeiras décadas do século XX

Um novo equilíbrio global

Doc. 1 Mensagem ao Congresso do Presidente Wilson, 8 de janeiro de 1918


Nós entrámos nesta guerra porque ocorreram graves violações dos direitos, o que rapidamente nos atingiu e
impossibilitou a vida normal do nosso povo, a menos que elas fossem corrigidas e o mundo se tornasse mais
seguro de uma vez por todas. O que exigimos nesta guerra, portanto, não é nada de particular para nós
mesmos. É que o mundo se torne mais seguro para viver e, particularmente, que o mesmo se torne
também
5 seguro para todas as nações amantes da paz que, tal como nós, querem viver a sua própria vida,
determinar as suas próprias instituições, ter garantias de justiça e tratamento justo pelos outros povos do
mundo contra qualquer agressão ou força egoísta […]. O programa de paz do mundo, portanto, é o nosso
programa e esse programa é o único programa possível, como se vê, nestes pontos:
1. Convenções de paz, preparadas “às claras”, após as quais não haverá mais acordos particulares e secretos;
10 […] a democracia agirá sempre francamente e à vista de todos. […]
5. Uma concertação livremente debatida de todas as reivindicações coloniais, baseada na estrita observação
do princípio segundo o qual, na regulação destas questões de soberania, os interesses das populações em
jogo terão o mesmo peso que as reivindicações equitativas do governo.
6. Evacuação integral do território russo e regulação de todas as questões envolvendo a Rússia […] com a
15 finalidade de dar à Rússia toda a latitude para decidir, em plena independência, sobre o seu desenvolvimento
político e a sua organização nacional […].
7. É imprescindível que a Bélgica seja evacuada e restaurada […].
8. Todo o território francês deve ser libertado e as regiões invadidas devem ser restauradas; o prejuízo
causado à França pela Prússia em 1871, no que respeita à Alsácia-Lorena […] deverá ser reparado […].
20 9. Deve concretizar-se uma retificação das fronteiras italianas, conformemente aos dados claramente
percetíveis do princípio das nacionalidades.
10. Aos povos da Áustria-Hungria […] deve ser garantida, o mais cedo possível, a possibilidade de um
desenvolvimento autónomo.
11. A Roménia, a Sérvia e o Montenegro devem ser evacuados; à Sérvia deve ser assegurado um livre acesso
25 ao mar […].
13. Deve formar-se um Estado polaco, abrangendo os territórios habitados pelas populações
indiscutivelmente polacas, às quais se deve garantir um livre acesso ao mar […].
14. É necessário que uma organização geral das nações seja constituída […] tendo como objetivo assegurar
as garantias mútuas de independência política e integridade territorial tanto aos pequenos como aos
grandes
30 Estados.
Os Catorze Pontos do Presidente Wilson, 8 de janeiro de 1918 (adaptado)

1. De acordo com o presidente Wilson, os EUA entraram na guerra com o fim de


a) defender os seus aliados ocidentais.
b) restaurar a paz e preservar as liberdades dos povos.
c) retaliar os ataques alemães.
d) estender pelo mundo o estilo de vida americano.

2. O presidente Wilson considera que o estabelecimento de uma paz estável depende


a) de conversações abertas e francas, sem quaisquer acordos secretos.
b) de conversações abertas e francas, usando mediadores de ambas as partes.
c) da concessão da independência às colónias sob domínio europeu.
d) da concessão da independência à Roménia, Sérvia e Montenegro.
Questões por módulo

3. No futuro, a paz seria assegurada…


a) pelo estabelecimento de acordos para a liberdade de comércio.
b) pela criação de novos organismos militares.
c) pela criação de um organismo representativo das nações que garantisse os direitos de todos os países.
d) pelo estabelecimento de novas fronteiras.

4. Identifique três aspetos do programa de paz de Woodrow Wilson que se vieram a


concretizar no final da guerra.
Fundamente os três aspetos com excertos relevantes do documento 1.

As revoluções de 1917 na Rússia

Doc. 1 “Lições da Revolução” (1917)


Vejamos, de facto, porque lutavam os operários e os camponeses quando fizeram a revolução. O que
esperavam da revolução? Como sabemos, esperavam liberdade, paz, pão e terra.
Em vez de liberdade, a velha tirania voltou. A pena de morte está a ser aplicada aos soldados na frente de
combate. Camponeses são executados por ocuparem terras. As gráficas dos jornais operários são destruídas
5 e os jornais são fechados sem mandado judicial. […]
Não há pão. A fome está outra vez a alastrar. Vemos os capitalistas e os ricos, sem escrúpulos, a
desbaratarem a riqueza nacional na guerra (a guerra custa, agora, à nação cinquenta milhões de rublos).
Acumulam dinheiro com a inflação, enquanto nada se faz para dar aos trabalhadores o controlo efetivo sobre
a produção e a distribuição de bens. […]
10 A grande maioria dos camponeses, congresso atrás de congresso, declararam, em alto e bom som, que a
propriedade da terra era uma grande injustiça e roubo. Entretanto, um governo, que se intitula revolucionário e
democrático, tem controlado os camponeses, ao longo deste tempo, enganando-os com promessas e
adiamentos. Durantes meses, os capitalistas não permitiram ao Ministro Chernov 1 anunciar a lei que proibia a
compra e venda de terras. E quando, finalmente, a lei passou, os capitalistas iniciaram uma campanha contra
15 Chernov, que aliás ainda continua. […]
Entretanto, fazendo uso da apregoada liberdade e ainda durante a Revolução de Fevereiro, o povo começou a
organizar-se de forma independente dos partidos políticos. Trabalhadores e camponeses, que representam a
esmagadora maioria da população da Rússia, formaram sovietes de operários, soldados e camponeses, nas
grandes cidades da Rússia e em muitas áreas rurais.
20 Os sovietes foram eleitos em liberdade. Eram genuínas organizações de pessoas, operários e camponeses.
[…] Por isso, os sovietes podiam e deviam assumir o poder do Estado. Até à convocação da Assembleia
Constituinte, não devia ter havido outro poder no Estado que não fosse o dos sovietes. Só assim é que a
nossa revolução seria verdadeiramente popular e democrática. Só assim é que os trabalhadores, a quem não
interessa uma guerra de conquista, podiam pôr em marcha uma política que conduzisse à paz.
Lenine, “Lições da Revolução”, setembro de 1917, em Lenin Collected Works, Progress Publisher, 1977

1
Viktor Mikhailovich Chernov (1873-1952) foi um revolucionário russo e ministro da Agricultura, durante o Governo Provisório de 1917.
Módulo 7

Doc. 2 Recordações de um revolucionário (1917)


Desde os primeiros dias da Revolução, o nosso Partido revelou a firme convicção de que a lógica dos
acontecimentos o conduziria ao poder […]
A Revolução surgiu diretamente da Guerra […]. Os chefes intelectuais tinham-se mostrado inimigos da
Guerra. Muitos deles, ainda sob o czarismo, consideravam-se solidários com a esquerda internacional […]
mas, logo
5 que se sentiram donos do poder, mudaram completamente de atitude […]. Nas trincheiras, os soldados não
chegavam a compreender como se poria fim a uma guerra que durava há três anos. Os agitadores
revolucionários afirmaram que o Governo czarista enviava as massas para o massacre, sem um objetivo claro
das causas da sua luta, e os sucessores do czar também não sabiam modificar o carácter da guerra nem
negociar a paz. […] A tomada do Palácio, claro, não foi uma missão fácil, […] toda a gente aguardava com
ansiedade as notícias
10 que chegavam do Palácio de Inverno. Por fim, chegou Antonov, chefe das operações. A sala mergulhou em
profundo silêncio. O Palácio de Inverno tinha sido tomado, Kerensky havia fugido e os membros do Governo
encontravam-se presos. […]
Foi total a vitória alcançada em Petrogrado. O Conselho Revolucionário tinha agora nas suas mãos todas as
rédeas do poder. […] Verificando que o Soviete tinha realmente assumido o poder […] a imprensa burguesa
15 desatou a vociferar coisas terríveis contra nós. O Conselho militar revolucionário era objeto das mais
abomináveis calúnias.
Em 8 de novembro houve uma reunião do Soviete de Petrogrado […]. Pela primeira vez, depois de um
intervalo de quatro meses, Lenine e Zinoviev falaram publicamente, tendo recebido de todos uma calorosa
ovação. […] Na noite desse mesmo dia, houve uma reunião do Congresso que se mostrou para nós da maior
importância.
20 Lenine propôs dois decretos: um sobre a paz e outro sobre as terras. Foram ambos aprovados por
unanimidade. E dessa reunião saiu ainda uma autoridade central formada pelo Conselho dos Comissários do
Povo. […]
Quando o nosso Partido tomou as rédeas do poder e do governo, fez isto conhecendo as dificuldades que
encontraria pelo caminho. […] As classes ricas, privadas do poder, não abandonaram as suas posições sem
luta. A Revolução colocou de forma aguda a questão da propriedade privada das terras e dos meios de
25 produção, o que é a mesma coisa, ou seja, uma questão de vida ou de morte para as classes exploradoras.
Politicamente, isto significava uma guerra civil violenta […].
León Trotsky, Como Fizemos a Revolução de Outubro, Ed. Fronteira, 1976

1. A “velha tirania” a que Lenine se refere (Doc. 1, linha 3) corresponde ao período político do
a) Czarismo.
b) Governo Bolchevique.
c) Governo Provisório.
d) Comunismo de Guerra.

2. Transcreva um excerto do Doc. 1 que evidencie discordância com a existência de propriedade


privada.

3. O termo “soviete” (Doc. 2, linhas 14 e 17) designa


a) uma sociedade secreta de revolucionários russos.
b) um conselho revolucionário de camponeses, operários, soldados e marinheiros da Rússia.
c) uma unidade operacional do Exército Vermelho.
d) uma delegação da Primeira Internacional Socialista.

4. Segundo Lenine, os objetivos que levaram os operários e os camponeses a fazer uma


revolução estavam longe de ser alcançados.
Apresente:
• um argumento, invocado por Lenine, para sustentar essa afirmação;
• um argumento, invocado também por Lenine, que evidencie a importância dos sovietes na futura organização
Questões por módulo
do Estado.
Fundamente a sua resposta com excertos relevantes do documento 1.
Módulo 7

5. Explique três fatores do surto revolucionário vivido na Rússia, ao longo de 1917.


Fundamente os três fatores com excertos relevantes do documento 2.

6. Associe as personalidades que constam da coluna A à nota biográfica que lhes


corresponde, na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, apenas cada letra e o único número que lhe corresponde.

Coluna A Coluna B
1) Dirigente destacado do Governo Provisório, apoiou a instauração
de uma democracia parlamentar e a continuação da Rússia na
guerra.

a) Trotsky (o autor do Doc. 2) 2) Principal ministro do czar Nicolau II, foi o responsável pela
entrada da Rússia na 1.ª Guerra Mundial.
b) Kerensky (referido na linha
11 do Doc. 2) 3) Revolucionário socialista russo, negociou o Tratado de
Brest-
c) Lenine (referido nas linhas 18 -Litovsk e destacou-se na organização do Exército Vermelho.
e 20 do Doc. 2)
4) Líder incontestado dos bolcheviques, foi o principal responsável
pela implantação dos princípios marxistas na Rússia.

5) Ensaísta e filósofo russo, escreveu uma história dos anos


revolucionários, tendo aderido ao Partido Comunista em 1921.

7. Ordene os factos que se seguem relativos à vida política da Rússia na segunda década do
século XX.
Escreva, na folha de respostas, a sequência correta das letras.
a) Guerra Civil entre Brancos e Vermelhos.
b) Revolução de Outubro.
c) Abdicação do czar.
d) Entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
e) Vigência de um Governo Provisório de índole liberal.

8. Transcreva, do documento 2, uma afirmação que evidencie a ligação do autor do texto


aos princípios marxistas.

9. Refira três medidas tomadas pelos bolcheviques logo após a tomada do poder.
Fundamente, pelo menos, uma medida com excertos relevantes do documento 2.
Questões por módulo

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia

Doc. 1 A união fraternal das repúblicas soviéticas Doc. 2 Boris Mikhailovich Kustodiev,
O Bolchevique, óleo sobre tela, 1920
Camaradas. A velha Rússia czarista era um todo
firmado pelos aros férreos da violência e do
despotismo. No meio da brutalidade da última guerra
mundial, esses aros foram rebentados, bem como
se
5 fez em pedaços o antigo regime monárquico. E
muitos pensaram que os povos da velha Rússia
czarista se apartariam para sempre. Mas eis que às
nossas vistas se dá um grande prodígio histórico: o
Poder Soviético agrega-os numa sólida e
harmoniosa
10 união […]. Hoje, tendo recebido a direção do
Estado em suas mãos por intermédio do Poder
Soviético, o povo trabalhador está a edificar uma
nova Rússia, soviética e federativa.
Trotsky, Discurso do Comissário do Povo para Assuntos

Doc. 3 Economia russa (1913-1928) Doc. 4 O significado da Nova Política Económica e as suas
condições
[…] A ruína extrema, agravada pela má colheita de 1920,
tornou esta transição urgentemente necessária devido à
impossibilidade de restabelecer rapidamente a grande
indústria. Daí resulta: melhorar, em primeiro lugar, a
5 situação dos camponeses. Meio: o imposto em espécie, o
desenvolvimento da circulação de mercadorias entre a
agricultura e a indústria, o desenvolvimento da pequena
indústria. A circulação de mercadorias é a liberdade de
comércio, é o capitalismo. Ele é-nos útil na medida em que
10 nos ajudar a lutar contra a dispersão do pequeno produtor
e, até certo ponto, contra o burocratismo. […] Não há nisso
nada de terrível para o poder proletário enquanto o
proletariado mantiver firmemente o poder nas suas mãos,
mantiver firmemente nas suas mãos os transportes e a
15 grande indústria. A luta contra a especulação deve ser
transformada em luta contra os roubos e contra as
tentativas de iludir a vigilância, o registo e o controlo do
Estado. […] Os comunistas não devem recear “aprender”
com os especialistas burgueses, incluindo os
comerciantes, os
20 pequenos capitalistas sócios de cooperativas […]. Sabei
alcançar duma ou doutra forma a ascensão da agricultura,
a ascensão da indústria, o desenvolvimento da circulação
de mercadorias entre a agricultura e a indústria. Não
regateis o preço da “lição”: não devemos olhar ao preço,
25 desde que a lição seja proveitosa.
Lenine, Sobre o Imposto em Espécie (O Significado da Nova Política
e as Suas Condições), 1921
Módulo 7

1. Ordene cronologicamente os seguintes acontecimentos, relativos ao processo revolucionário


vivido na Rússia a partir de 1917.
Escreva, na folha de resposta, a sequência correta das letras.
a) Revolução Bolchevique.
b) Comunismo de Guerra.
c) Revolução de Fevereiro.
d) Nova Política Económica.
e) Tratado de Brest-Litovsk.

2. Desenvolva o tema Da tomada do poder pelos bolcheviques à consolidação da URSS (1917-


-1927), apresentando três elementos de cada um dos seguintes tópicos de orientação:
• medidas tomadas para a construção da sociedade socialista;
• dificuldades surgidas e implementação da ditadura do proletariado;
• inversão da política tomada e consolidação do socialismo.
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos documentos 1 a 4.

Sociedade e cultura, na primeira metade do século XX

Doc. 1 O impacto da guerra Doc. 2 O movimento feminista


Antes de mais, preciso de saber o que queres A Aliança Internacional pelo Sufrágio Feminino
dizer quando falas de civilização. Posso muito bem acaba de convidar as 36 Sociedades
perguntar-te isso porque és inteligente e educado Internacionais que lhe são filiadas […] a enviar
e estás sempre a falar dessa famosa civilização. delegações ao Décimo Congresso Internacional,
5 Antes da guerra eu era assistente num laboratório que se reunirá
industrial […] Garanto-te que se tiver a sorte de 5 em Paris, de 23 a 30 de maio do próximo ano. […]
sair vivo desta catástrofe, nunca lá voltarei a E… força na máquina, que o feminismo vai
entrar. Campo aberto! Um lugar qualquer onde marchando, com um passo firme, ganhando
nunca volte a ouvir o zumbido dos vossos terreno, impondo-se, triunfando…
aeroplanos ou de […] Por toda a parte, a pouco e pouco, as mulheres
10 uma dessas vossas máquinas que em tempos me 10 avançam desassombradamente; aqui, fixando os
divertiam, quando eu não sabia nada de nada, seus salários em diversas profissões, ali,
mas que agora me enchem de horror porque são a reformando leis que, durante séculos e séculos,
alma desta guerra, o princípio e a razão desta vinham perpetuando injustiças desumanas contra
guerra! elas criadas e mantidas pelos legisladores…
Detesto o século XX, como detesto a Europa 15 bárbaros; […] mais adiante, proclamando o direito
podre da mulher à igualdade económica; noutro lado,
15 e o mundo inteiro onde esta arruinada Europa se “contando” como fatores de peso na vida política
espalha como uma grande mancha de óleo da sua terra.
lubrificante. Notícia publicada em Folha da Manhã,
Georges Duhamel, Civilização – 1914-1917, 21 de novembro de 1925
Questões por módulo

Doc. 3 Pablo Picasso, Natureza Morta com Doc. 4 Salvador Dalí, A Persistência da Memória,
Cadeira Empalhada, óleo sobre tela, oleado 1931
industrial com estampado “palhinha” e moldura
de corda, 1912

1. Esclareça, referindo dois aspetos, o impacto da Primeira Guerra Mundial no pensamento do


mundo ocidental.
Os dois aspetos devem ser fundamentados com informação do documento 1.

2. De acordo com a sua designação, a Aliança Internacional pelo Sufrágio Feminino (Doc.
1) lutava prioritariamente…
a) pela igualdade económica da mulher.
b) para melhorar as condições do trabalho feminino.
c) pelo direito de voto das mulheres.
d) pela aliança internacional das líderes feministas.

3. Apresente duas reivindicações da luta feminista, no início do século XX.


Fundamente a sua resposta com informação relevante do documento 2.

4. Compare as duas obras de arte patentes nos documentos 3 e 4, quanto a dois aspetos em que
se distinguem.
Na sua resposta deve integrar características relevantes das duas obras apresentadas.
Módulo 7

Unidade 2 – Portugal no primeiro pós-guerra

As dificuldades da Primeira República

Doc. 1 Conferência de Cunha Leal na Sociedade de Geografia (17 de dezembro de 1923)


Os políticos não têm sabido atuar e têm-se limitado a dizer palavras. Para o público, nós somos seres
especiais que consomem o tempo em bizantinas discussões […]. As sociedades atuais apresentam evidentes
sinais de desagregação, sendo o principal o enfraquecimento do Poder central. […] Deste Poder faz parte o
Parlamento liberal – instituição caduca que é necessário não eliminar, mas transformar. […] Reparemos,
quanto a ditaduras,
5 que, de facto, elas surgem sempre que são necessárias. […]
Os partidos estão minados por elementos de desorganização. […] Então o que se impõe? A resistência dos
partidos à dissolução, a sua depuração e o respeito aos princípios da ordem. Isto é absolutamente
necessário, representando, para a República, a garantia da sua vida! Mas os partidos e os homens públicos
só podem fazer alguma coisa e lutar com probabilidades de êxito desde que se apoiem na única força que
ainda se mantém
10 disciplinada, através de todos os cataclismos da Nação: a Força Armada! […] Se continuarmos com Governos
que não governam […] a República e a Pátria perder-se-ão. […] Nestas condições, a ditadura impõe-se como
necessidade inadiável.
Cunha Leal1, 1926 – Eu, os Políticos e a Nação, Lisboa,Portugal-Brasil (adaptado)

Doc. 2 Preços, salários e custo de vida

1. Apresente três evidências das fragilidades políticas do regime republicano no pós-guerra.


Fundamente, pelo menos, duas evidências com excertos do documento 1.

2. As afirmações seguintes, sobre as dificuldades económico-financeiras da Primeira República,


são todas verdadeiras.
Identifique as duas afirmações que podem ser comprovadas através da análise do gráfico (Doc. 2).
I. A desvalorização do escudo resultou da multiplicação da massa monetária em circulação.
II. O aumento dos salários não foi suficiente para compensar o aumento dos preços e do custo de vida.
III. O défice das contas do Estado disparou no pós-guerra,
IV. Portugal também foi afetado pela conjuntura inflacionista do pós-guerra.
V. Com a produção industrial em queda no pós-guerra, aumentou o défice da balança comercial.
Questões por módulo

Unidade 3 – O agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30

A Grande Depressão e a resistência das democracias liberais

Doc. 1 Soluções para a crise


É chegado o momento de seguirmos em frente e de expandirmos as fronteiras do progresso social. Esta ação
foi iniciada pelo poder legislativo, aplicada pelo poder executivo e apoiada pelo poder judicial, indo ao
encontro dos princípios da nossa Constituição, e recebe, sem reservas, a aprovação do nosso eleitorado.
A maioria dos norte-americanos encontra o seu ganha-pão ou na agricultura ou na indústria. Um terço da
5 população, a maioria da qual trabalha nas fábricas ou nos campos, está mal alimentada, mal vestida e mal
alojada. […] Hoje, pedem-nos para reduzirmos o desfasamento do poder de compra dos trabalhadores da
indústria e fortalecermos ou estabilizarmos os mercados para os produtos dos agricultores. Os dois andam
lado a lado. Cada um depende da sua eficácia sobre o outro. Ambos, trabalhando em simultâneo, acabam por
criar novos mercados para capitais produtivos. A nossa nação, tão dotada de recursos naturais e de uma
população
10 capaz e laboriosa, tem de construir caminhos e meios para assegurar a todos os homens e mulheres no ativo
um pagamento justo por cada dia de trabalho honesto. Uma democracia que se preze não pode aceitar a
existência de trabalho infantil, a redução de salários e o aumento arbitrário das horas de trabalho.
O mundo dos negócios tem de aprender que a concorrência não pode causar problemas sociais graves, que
inevitavelmente acabarão por prejudicar esses negócios. […]
15 O governo tem de ter algum controlo sobre o número máximo de horas de trabalho exigido, o valor mínimo do
salário pago, o odioso trabalho infantil e a vergonhosa exploração laboral. […]
Os bens, que não forem produzidos seguindo as elementares regras de decência, serão considerados
contrabando e não terão permissão para circular nas trocas comerciais inter-estados.
O nosso problema é pormos em prática estas regras, que permitirão o máximo, mas prudente, emprego para a
20 nossa população e as condições de vida condizentes com o sonho americano.
A legislação pode, assim o espero, ser aprovada nesta sessão do Congresso, sobretudo para ajudar aqueles
que trabalham nas fábricas e nos campos. Prometemos. Não podemos ficar parados.
Discurso de Franklin D. Roosevelt, 24 de maio de 1937

Doc. 2 O New Deal nos EUA (1932-1940) Doc. 3 Discurso do primeiro-ministro francês Léon Blum,
após a vitória da Frente Popular (1936)
O povo francês manifestou a sua inabalável decisão de
preservar […] as liberdades democráticas por ele
conseguidas e conservadas. Afirmou a sua decisão de
procurar, por novas vias, a solução da crise por que está a
passar […].
5 No início da próxima semana, entregaremos […] um
conjunto de projetos de lei [que] se referem […]: à semana
de quarenta horas; aos contratos coletivos; aos feriados
pagos. Um plano de grandes obras, ou seja, de meios
económicos, de equipamento sanitário, científico,
desportivo
10 e turístico. […]
Uma vez votadas estas medidas, apresentaremos ao
Parlamento uma segunda série de projetos, visando,
nomeadamente: o fundo nacional de desemprego; a
segurança contra as calamidades agrícolas; o
financiamento
15 das dívidas agrícolas; um regime de reformas que
Cartaz da campanha das eleições presidenciais, salvaguarde da miséria os velhos trabalhadores das
EUA, 1940. cidades e dos campos.
Legenda:
À esquerda – [Presidente] Hoover – 1932: Filas do
pão; Sem-abrigo; Falência dos bancos.
Ao centro – Reelege Roosevelt.
À direita – New Deal 1940 – Salários mais altos;
Rendas de habitação mais baixas; Segurança social.
Módulo 7

1. A “ação” (Doc. 1, linha 1), referida por Roosevelt, enquadra-se num vasto programa
de reformas e iniciativas, conhecido por
(A) crash bolsista.
(B) Frente Popular.
(C) New Deal.
(D) Acordos de Matignon.

2. Para a situação de “Um terço da população […] está mal alimentada, mal vestida e mal
alojada” (Doc. 1, linhas 4, 5 e 6) contribuíram
(A) as medidas de intervencionismo económico do Estado.
(B) os efeitos em cadeia do crash bolsista.
(C) as decisões autoritárias e ditatoriais do regime.
(D) a coletivização dos campos e a planificação da economia.

3. Os “problemas sociais graves” (Doc. 1, linha 13), causados pela concorrência liberal, foram
combatidos por Roosevelt, entre 1935 e 1938, através da
(A) criação de um programa de obras públicas e de campos de trabalho para os desempregados jovens.
(B) concessão de empréstimos bonificados aos agricultores e de compensações pela redução das áreas de
cultivo.
(C) fixação de quotas de produção e do tabelamento dos preços.
(D) fixação de um salário mínimo e da redução do número de horas de trabalho semanal.

4. Nomeie o economista britânico cujas teorias económico-sociais inspiraram o New Deal, nos
EUA, e medidas das Frentes Populares, na Europa.

5. Explicite duas medidas do New Deal.


Fundamente uma das medidas com excertos relevantes do documento 1 e a outra medida
com informação relevante do documento 2.

6. Apresente duas características das Frentes Populares que surgiram na Europa dos anos 30.
Fundamente as duas características com excertos relevantes do documento 3.
Questões por módulo

As opções totalitárias: os fascismos

Doc. 1 Conjunto documental


United States Holocaust Memorial Museum

AKG Images/Fotobanco.pt
A – A Noite de Cristal, Alemanha.
B – Marcha de Mussolini sobre Roma, Itália.
Por Bundesarchiv, Bild 183-S38324 / CC-BY-SA 3.0, CC BY-SA
3.0

C – Hitler, nomeado chanceler da Alemanha,


cumprimenta o presidente Hindenburg. D – Aprovação das Leis de Nuremberga.

1. Ordene cronologicamente as imagens A, B, C e D (Doc. 1), que se reportam aos


movimentos políticos totalitários que ascenderam ao poder na Europa dos anos 30.
Escreva, na folha de respostas, a sequência correta das letras.

2. As imagens A e D do documento 1 enquadram-se no conceito de


a) antissemitismo.
b) corporativismo.
c) estalinismo.
d) conservadorismo.

3. Os líderes políticos presentes nas imagens B e C do documento 1 defendiam um Estado


a) parlamentar e anticomunista.
b) liberal e corporativo.
c) imperialista e socialista.
d) autárcico e totalitário.
Módulo 7

As opções totalitárias: o estalinismo

Doc. 1 Fotografia de Estaline com uma criança Doc. 2 Cartaz francês sobre o governo de Estaline
(1935) (1938)
Sputnik/Fotobanco.pt

No cartaz pode ler-se: Nós somos bem felizes.

Estaline escreve uma mensagem a uma criança, aquando de


uma conferência para camponeses dos kolkhozes.

1. Compare as perspetivas acerca do estalinismo, expressas nos documentos 1 e 2, quanto a três


aspetos em que se opõem.
Fundamente a sua resposta com informações relevantes dos dois documentos.

Unidade 4 – Portugal: o Estado Novo

Portugal de inícios da década de 30 a meados da década de 40


Doc. 1 Discurso de Salazar no 10.º aniversário do golpe de Estado de 1926
(Braga, 28 de maio de 1936)
Portugal […] pouco podia entender das muitas teorias políticas e sociais que
aspiravam a partilhar-se o mando […]. Mas cada qual sentia que de desordem
em desordem tudo se afundava, e via nitidamente isto: a mulher e os filhos, a
velha casa, o trabalho diário, o campo, a horta, o pinhal. Estes já foram dos
pais,
5 já foram dos avós e mesmo de outros avós pelos séculos dentro. Uns após
outros desbravaram as terras, cultivaram a vinha e o milho, criaram os filhos,
sofreram. A vida é áspera, há desgostos, privações, injustiças que parece
ninguém pode reparar. Um ambiente de carinho, porém, envolve o lar e uma
luz superior ilumina a existência: a velha igreja e o seu adro foram feitos a
expensas
10 de todos os vizinhos, com esmolas e trabalho; o cemitério também. Numa parte
e noutra há verdadeiramente o suor do rosto, a preocupação do viver, a
tradição do sangue, o património moral. Do fundo das consciências claramente
surgem estes imperativos: o trabalho na vida, a propriedade na terra, a virtude
na família, a esperança nas almas.
Questões por módulo

Doc. 2 Cartaz de propaganda do Estado Novo, 1934-1935 Doc. 3 Cartaz de propaganda


do Estado Novo, 1940-1945

Doc. 4 Repressão das famílias dos grevistas da fábrica Companhia


União Fabril (julho de 1943)

1. Explicite três manifestações de conservadorismo na ideologia e prática do Estado Novo.


Fundamente uma das manifestações com excertos relevantes do documento 1 e a
outra manifestação com informação relevante do documento 2.
Módulo 7

2. Associe cada uma das práticas do Estado Novo, presentes na coluna A, ao


princípio correspondente, que consta da coluna B.
Escreva, na folha de respostas, cada letra e o único número que lhe corresponde.

Coluna A Coluna B
1) Nacionalismo

a) Criação de Casas do Povo, Casas dos Pescadores, Grémios e Sindicatos 2) Totalitarismo


Nacionais.
3) Antiparlamentarismo
b) Atribuição de vastas competências ao Presidente do Conselho, pela
Constituição de 1933, e subalternização da Assembleia Nacional. 4) Corporativismo
c) Imposição da autoridade do Estado Novo sobre os territórios ultramarinos,
5) Intervencionismo
considerados inalienáveis e parte integrante de Portugal.

d) Exaltação da Pátria e dos momentos áureos da História de Portugal. 6) Colonialismo

e) Criação do Secretariado da Propaganda Nacional (SPN). 7) “Política do espírito”

8) Antissemitismo

3. Desenvolva o tema O modelo socioeconómico do Portugal do Estado Novo, até 1945,


apresentando três elementos de cada um dos seguintes tópicos de orientação:
• ideologia defendida;
• práticas levadas a cabo para implementação da ideologia;
• mecanismos repressivos adotados.
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos documentos 1 a 4.

O projeto cultural do Estado Novo

Doc. 1 Entrevista de António Ferro a Salazar, 1932


A. Ferro – “Permita-me, sr. Presidente, que aborde [...] o problema da arte, das letras e das ciências. Não lhe
parece que essa frieza de momento, que essa falta de elevação e de animação se devem atribuir, em grande
parte, à ausência duma inteligente e premeditada política do espírito dirigida às gerações novas, que as traga
à superfície, que lhes dê um papel nesta hora de insofismável renovação? Todos os grandes chefes, grandes
5 condutores de povos assim o fizeram. Desde os Médicis a Mussolini, desde Francisco I a Napoleão, as artes
e as letras foram sempre consideradas como instrumentos indispensáveis à elevação dum povo e ao
esplendor duma época. É que a arte, a literatura e a ciência constituem a grande fachada duma
nacionalidade, o que se vê lá de fora... Em Portugal [...] essa política do espírito [...] tem sido abandonada
lamentavelmente pelos poderes públicos nestes últimos cinquenta anos.”
10 [...] O dr. Salazar, que tem a rara qualidade de saber ouvir, de deixar falar quem é sincero, dá-me razão, mais
uma vez:
Salazar – “Está na verdade, na triste verdade. É um problema que sentimos, igualmente, a necessidade de
atacar de frente, porque os meios só se elevam, só se iluminam, como o senhor disse no seu elogio da
política de espírito, através das artes e das ciências. Mas não se esqueça que só agora as circunstâncias do
país nos
15 permitem começar a pensar nesses problemas. […]”
António Ferro, Entrevistas de António Ferro a Salazar, Lisboa, Parceria A. M. Pereira, Livraria Editora, Lda., 2013
Módulo 7

Doc. 2 Aldeia da Roupa Branca, filme português, 1939

Doc. 3 A Exposição do Mundo Português, 1940


Ao contrário das exposições universais que se realizam pelo mundo fora, o certame de Belém vira-se apenas
para um país, Portugal (só o Brasil, como emanação lusitana, é convidado a participar), e sobretudo para o
seu passado.
Claro que para os responsáveis expor o passado é compreender o presente e aprender o futuro, e não deixa
de
5 ser feita a devida ligação ao Estado Novo: junta-se o “ano do nascimento”, o “ano do renascimento” e o “ano
apoteótico do ressurgimento”, como diz Ferro. Mas Salazar é mais cauteloso ao ver os planos de
enaltecimento do seu regime: “Acho demais. Temos de reduzir. Não vão supor que pretendemos comparar a
obra da Junta Autónoma das Estradas com o descobrimento do caminho marítimo para a Índia.” […]
A população acorre curiosa, mas esta é a pior altura para cumprir um dos grandes objetivos do projeto:
mostrar
10 aos Europeus o papel de Portugal no mundo. A Europa está a ser devastada pelas tropas alemãs e para nada
quer saber do passado lusitano. […]
Pelo recinto passarão três milhões de pessoas, para admirar este mundo de gesso que resume a glória de
Portugal, mas também para passear, conviver nos restaurantes ou folgar num parque de diversões contíguo.
Prevista para fechar em outubro, a exposição durará até dezembro, quando um violento temporal destrói parte
15 das frágeis construções e afunda a Nau Portugal, como se desfizesse um sonho.

1. Identifique o organismo criado em 1933, sob a direção de António Ferro, com a


responsabilidade de definir a “inteligente e premeditada política do espírito” (linha 3, Doc. 1).

2. As manifestações culturais constituíram, nos regimes autoritários, formas de propaganda


política.
Apresente dois argumentos que sustentem esta afirmação, fundamentando a sua resposta com
um excerto relevante do documento 1 e outro do documento 3.

3. Desenvolva o tema A construção do projeto cultural do Estado Novo apresentando


três elementos de cada um dos seguintes tópicos de orientação:
• presença de princípios ideológicos do regime;
• mecanismos de controlo da produção cultural.
Na sua resposta, integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos documentos 1 a 3.
Questões por módulo

Unidade 5 – A degradação do ambiente internacional

A guerra civil espanhola e a irradiação do fascismo no mundo

Doc. 1 Cartaz republicano, Espanha, 1936-1939 Doc. 2 Cartaz pró-nacionalista, Espanha, 1936-39

Tradução: “Camaradas da retaguarda, Tradução: “O comunismo semeia a morte!


mais refúgios e evitaremos novas vítimas.” Franco vence-o nos campos de batalha!”

Doc. 3 A Europa política no fim dos anos 30


Módulo 7

1. Compare as duas perspetivas sobre a guerra civil espanhola, expressas nos documentos 1 e 2,
quanto a dois aspetos em que se opõem.
Fundamente a sua resposta com informações relevantes dos dois documentos.

2. A irradiação dos regimes totalitários, no decorrer dos anos 30, fez-se à custa de um conjunto
de ações diplomáticas, políticas e militares entre vários Estados, acabando por dar origem ao
segundo conflito à escala mundial.
Associe cada um dos países, que se encontram elencados na coluna A, às expressões com
eles relacionadas, que constam na coluna B.
Todas as expressões apresentadas na coluna B devem ser utilizadas. Cada expressão deve ser
associada apenas a um dos países. Escreva, na folha de respostas, a letra e os números que
lhe correspondem.

Coluna A Coluna B
1) Anexação da Áustria

a) Itália 2) Conquista da Etiópia

b) Alemanha 3) Ocupação da Checoslováquia

c) URSS 4) Legião Condor bombardeia Guernica

5) Apoio aos republicanos durante a guerra civil espanhola

3. Identifique três das características políticas da Europa nos anos 30.


Fundamente a sua resposta com informações do documento 3.

4. Identifique o acontecimento que marcou o início da Segunda Guerra Mundial.

Você também pode gostar