Você está na página 1de 9

História A - Resumos

As transformações das primeiras décadas do século XX

Um novo equilíbrio global


Assinatura do armistício pela Alemanha a 11 de novembro de 1918, termina a primeira guerra,
e os países vencedores reordenaram o espaço europeu, estabelecendo uma nova ordem
internacional pacífica.
Os governantes Clémenceau da Franca, Wilson dos Estados unidos e o primeiro-ministro do
reino unido Lloyd George, trabalharam para a realização da conferencia de paz que teve início
em janeiro de 1919 em paris. Terminou com o Tratado de Versalhes assinado pela Alemanha.

A geografia política após a primeira guerra mundial


Da europa dos impérios à europa dos Estados
A primeira guerra terminou com a vitória das democracias ocidentais europeias sobre os
velhos impérios.

• O Império Russo
Devido à revolução socialista de 1917, a Rússia retirou-se da primeira guerra e o seu velho
império autocrático deu lugar a uma república de partido único, transformando-se na URSS
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

• O Império Alemão
Derrotada e responsabilizada pela guerra, a Alemanha teve de abandonar o território da
Polonia e perdeu as regiões francesas (alsácia e lorena). Os restantes territórios acabaram por
alagar territórios de outros países vizinhos.

• O Império Austro-húngaro
Foi desmembrado e nasceu três novos estados – Áustria, Hungria e Checoslováquia.

• O Império Otomano
O Império viu o seu território reduzido para a atual Turquia, que deu origem a novos estados.
Outros estados que lutaram para a sua independência e soberania, viram a sua luta
reconhecida pela comunidade internacional.
Os novos estados na sua maioria constituíam repúblicas parlamentares, assentes no sufrágio
universal e na democracia representativa, consolidando o triunfo da democracia liberal no
leste e sul da europa.

A sociedade das Nações e a nova ordem internacional


A sociedade das Nações (SDN)
Na base das propostas de negociação para a paz, o Presidente Wilson, propor a formação de
uma organização geral das nações, com o objetivo de assegurar as garantias de independência
política e integridade territorial para todos os estados.
A organização veio a concretizar-se em 1919, com a formação da Sociedade das Nações.
A sociedade tinha como objetivo desenvolver a cooperação entre as nações, garantir a paz e a
segurança. Assim, 45 países participantes, mantiveram as relações francas e abertas, para
salvaguardar a paz e a preservação do direito internacional.
Conflitos que surgissem entre países signatários da sociedade, seriam resolvidos pela
arbitragem
– O tribunal permanente de justiça internacional.
Para preservar a paz era aconselhado o desarmamento, e o respeito pela integridade territorial
e independência recíproca dos estados.
Qualquer estado que infringissem os princípios seria aplicado sanções.
A agressão a qualquer país pertencente à sociedade, obrigava os restantes a ajudarem na
defesa.

A nova ordem internacional e o fracasso da Sociedade das Nações


A conferencia de paz não fortificou o sucesso político da SDN:
 Paz entre vencedores e vencidos, não foi tratada, mas sim imposta (obrigada), pelos
países vencedores aos países vencidos;
 Entre os vencedores havia a necessidade de superioridade face aos vencidos;
 A distribuição das reparações de guerra – nem todos os países tiveram os seus
interesses acautelados, como é o caso de Portugal;
 Frustração dos interesses geostratégicos – países ficaram sem territórios que lhes
haviam sido conquistados durante a guerra;
 A redefinição das fronteiras não teve em conta as minorias nacionais, pois dividiam-se
povos sem respeito pela sua identidade étnica e cultural.

O senado americano nunca aprovou a entrada dos EUA na Sociedade das nações, o que
resultou no maior enfraquecimento da sociedade. Assim a ordem internacional continuou em
causa, bem como a SDN.
A difícil recuperação económica da Europa
A primeira guerra provocou transformações na situação económica e financeira do continente
europeu.

 Alterações demográficas – perda humanas, diminuição da mão de obra,


envelhecimento da população e excesso de população feminina;
 Perdas materiais – solos agrícolas foram devastados, casas, fábricas e minas foram
destruída. A europa estava em ruínas;
 Inflação galopante – foi necessário racionar-se os bens essenciais, assim os preços
aumentaram. Houve um aumento do dinheiro a circular, o que agravou mais ainda a
inflação;
 Agravamento do défice – a situação económica e financeira europeia era complicada
pois defendia dos empréstimos e fornecimento de materiais vindas do estrangeiro. A
contração de empréstimos era necessário e o défice dos estados aumentava.

As políticas de estabilização monetária e controlo dos défices levou a europa a um período de


prosperidade, conhecida como os “felizes anos 20”, contudo durou pouco tempo.

A dependência em relação aos Estados Unidos

A europa a partir de 1914, estava numa situação irreversível de dependência face aos EUA.
Os EUA forneciam matérias-primas, alimentos e armas durante o 1º conflito mundial. Para a
reconstrução europa, os EUA forneceram investimentos e financiamento.
Os capitais americanos investidos na europa regressão aos EUA com juros, assim nos anos 20,
metade do ouro mundial concentrava-se nos EUA.
Com a europa com dificuldades a levantar-se dos estragos da guerra, os EUA em 1922,
intensificavam o seu desenvolvimento industrial e comercial.
Foram tempos de progressos técnicos sob o signo da organização racional das empresas.

A implantação do marxismo-leninismo na Rússia


Em 1917, a Rússia persistia num modelo político conservador, autocrático que num primeiro
momento o triunfo da burguesia liberal era adepto de alguns reformas liberais.
Contudo, em 1917 já era tarde para implementar o liberalismo e movimentos iniciados em
fevereiro do mesmo ano prepararam um golpe para acabar com as pretensões da burguesia.
A revolução socialista inspirada nas propostas marxistas acabou por triunfar, num segundo
movimento do processo revolucionário.
A construção do modelo soviético
Fevereiro de 1917 – A revolução burguesa
Em 1917, na Rússia, a conjuntura económica era favorável a difusão do sentimento de
contestação e revolta.
Assim, criavam-se movimentos políticos, uns inspirados no liberalismo burguês, outros na
ideologia socialista. Os movimentos socialistas ponderavam uma fação de adeptos da
revolução proletária.
Em fevereiro, em São Petersburgo, manifestações populares para exigir o fim do Czarismo,
leva a burguesia liberal a aproveitar-se para exigir o fim do regime e aos manifestantes
socialistas para prepararem uma revolução operária.
Em março, o czar abdica e entrega o poder aos liberais e socialistas reformistas. O governo
provisório adota o modelo democrático parlamentar, semelhante ao ocidental, onde se
preparava para iniciar um processo eleitoral e a elaboração de uma constituição.
A revolução burguesa parecia triunfar no leste europeu.

Outubro de 1917 – A revolução Socialista


A revolução de fevereiro favoreceu o movimento socialista russo para intensificar a sua ação
de propaganda contra o poder burguês.
Os sovietes (deputados) de São Petersburgo, que constituíam o lado da Duma no parlamento
russo, dificultavam o normal funcionamento das instituições, devido à agitação social e às
contestações ao governo provisório.
Dentro do Partido dos operários, havia os Bolcheviques e os Mencheviques, que se havia
dividido devido às divergências de opções.
Entre os principais agitadores estavam os Bolcheviques, que eram a maioria e defendiam a
defesa da revolução para levar o operariado ao poder.
Os Mencheviques, preferiam reformar o estado, assim aceitando trabalhar com o governo
provisório ao lado da burguesia.
São os Bolcheviques que se opunham à democracia liberal e pretendiam a revolução operária
para a instituição da ditadura do proletariado.

Com uma campanha contra a presença russa na primeira guerra, acusavam o governo
provisório de ser incapaz de resolver os problemas económicas e sociais do país e assim
organizaram uma revolta armada sob direção de Lenine.

A democracia dos sovietes


O primeiro ato do novo governo de Lenine foi retirar a Rússia da guerra, pois era necessário
para o prosseguimento da revolução.
Nos finais de 1917, foram organizadas eleições para a Assembleia constituinte e transferiu o
poder para o congresso dos Sovietes. O congresso foi o órgão máximo da soberania russa.
Todos os partidos foram proibidos, menos o dos Bolcheviques que se constituiu como partido
comunista.
O poder passava para as mãos dos trabalhadores organizados em sovietes, dirigido pelo
Partido Comunista

A construção da sociedade socialista


Primeiros decretos revolucionários:
 Decreto sobre a paz – abandonar o conflito mundial na condição de derrotado;
 Decreto sobre a terra – abolição das propriedades fundiárias e entrega aos sovietes
camponeses;
 Decreto sobre o controlo operário – os operários eram responsáveis pelo controlo da
empresa e produção;
 Decreto das nacionalidades – fim das desigualdades entre os vários povos do antigo
império e todos tinha direito à autodeterminação, contudo sobre o poder socialista.

A guerra civil e o comunismo de guerra


Origina uma violenta guerra civil em que o exército vermelho (forças revolucionárias)
confronta o exército branco (forças conversadoras).
O exército branco é constituído pelas forças capitalistas (grandes proprietários e antigos
dirigentes políticos), na qual reagem aos decretos revolucionários com receio da
internacionalização do processo revolucionário.
O poder revolucionário veio a instituir o comunismo de guerra, e conseguiu consolidar o
partido único (partido comunista), os recursos económicos foram encaminhados para a guerra,
para a criação de um sistema policial persecutório e repressivo.
A democracia dos sovietes acabou e tudo foi nacionalizado.
O fim da democracia dos sovietes, instituiu o centralismo democrático.

Da democracia dos sovietes ao centralismo democrático


Para os marxistas-leninistas, o poder só é democrático se for exercido pelos proletários das
fábricas, pelas forças armadas e pelos camponeses. Nem que seja exercido por uma única
organização (partido comunista), excluindo todos os outros partidos por não representarem o
povo.
Esta constituição do poder é considerada democrática pois baseia-se no sufrágio universal
exercido de baixo para cima. Ou seja, começava na população.
É considerada centralista pois o poder era centralizado numa instituição suprema e exercido
de forma autoritária.
Sobre este modelo, em 1922, nasce a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

A NEP e o triunfo da revolução socialista


Os Bolcheviques venceram a contrarrevolução do exército branco, mas em 1920, a Rússia era
um país economicamente arruinado.
Lenine pós em prática um programa económico, que se trato da Nova Política Económica
(NEP).
Com a NEP, o governo socialista recuava no processo das nacionalizações, mantendo a
produção essencial nacionalizada, bem como os setores fundamentais da economia.
Lenine realizava um recuo que considerava ser meramente estratégico.
Em 1927, a pequena burguesia (nepmen) e pequenos proprietários (Kulaks), tinham
conseguido repor e até ultrapassar os níveis de produtividades anteriores à 1ª guerra mundial.

Mutações nos comportamentos e na cultura


As transformações da vida urbana
Com a concentração industrial, comercial e de serviços nas áreas urbanas, a população rural
mudava-se para as cidades, criando núcleos habitacionais gigantescos, com dezenas de
quilómetros quadrados de extensão e onde concentrava milhões de habitantes.
Nasciam grandes metrópoles no século XX e por vezes megalópoles.

A nova sociabilidade urbana


O desenraizamento das pessoas

As populações aparecem num mundo totalmente novo, diferente do mundo rural, onde se
submetem a novos ritmos de trabalho.
O mundo urbano, era caracterizado por serem precárias as condições de vida e os vínculos
laborais, o que não favorece a fixação das populações.
O desenvolvimento dos transportes favorece a mobilidade das populações entre cidades.

A desagregação das solidariedades tradicionais


Nos grandes blocos residenciais ou nas grandes unidades empresariais, as pessoas são
marcadas pelo anonimato e pelo individualismo.
A organização do trabalho na linha de montagem dificulta a constituição da ajuda ao próximo
(solidariedade).

A desumanização do trabalho
O trabalho em serie e a produção massiva leva à maior ligação do operário ao processo
produtivo (O trabalhador é desumano).
A materialização da vida urbana é uma causa das condições de trabalho a que os operários
estão sujeitos.
A remuneração do operário é proporcional ao nível de produtividade.
O trabalho racional (em massa), transforma o homem num escravo da atividade profissional e
dos valores materiais.
Os novos comportamentos
A vida urbana é marcada pela despersonalização dos comportamentos, pois a estandardização
do trabalho provocou também a estandardização (generalização/igualar) dos modos de vida.
Saem sempre às mesmas horas, entram às mesmas horas, frequentam os mesmos espaços
etc…

Uma nova cultura


Para ocupar os tempos livres, os habitantes usufruem dos espaços públicos – cafés,
esplanadas,
jardins, salões de baile, cinemas etc…
As populações procuram viver de forma intensa e frenética. É o tempo dos ruídos (anos 20),
ritmos como o jazz, foxtrot e o charleston.

Um novo conceito de família


 O casamento-contrato de jovens que crescem juntos dá lugar ao casamento por amor
– conhecessem-se nas cidades e vivem períodos longos juntos antes do casamento;
 O casamento torna-se mais instável com a regulamentação do divorcio;
 Há uma redução do número de nascimentos por casal devido ao controlo da
natalidade.

A crise dos valores tradicionais


O início da 1ª guerra mundial (1914), pós em causa todas as certezas e otimismo económico,
social e político.

A crise de consciência da civilização ocidental


O avanço dos totalitarismos perante as consequências da primeira guerra, levaram a
mentalidade europeia a permanecer na incerteza e inquietação, e com medo e desespero.
Os velhos pilares que assegurava a ordem europeia, como o humanismo, a moral cristã, a
democracia liberal, foram abalados durante a guerra e desmoronaram-se nos anos 20, dando
lugar a novas atitudes e comportamentos:
 Valores humanistas cederam – devido à violência e aos totalitarismos;
 Moralidade cristã, puritanismo burguês, foram cedendo perante a masterização da
vida – no meio urbano procurava-se o prazer fácil e imediato;
 Democracia liberal burguesa cedeu – devido à agitação socialista e a reação
conservadora;
 Preponderância da lei e das instituições cedeu – devido à desordem, caos e violência.
Torna-se numa anomia social devido à inexistência da solidariedade tradicional.
Os movimentos feministas
Devido à ocupação feminina das funções anteriormente ocupadas pelos homens durante a 1ª
guerra mundial, as mulheres conseguiram uma relativa independência financeira e
conseguiram mentalizar-se de que o seu papel nestas funções não correspondia ao estatuto
social e político que detinham.
O século XX foi marcado pela luta das mulheres pela sua liberdade e pelo reconhecimento da
igualdade de direitos civis e políticos.
Movimentos feministas em muitos países exigiam:
 Direito de participar nos sufrágios eleitorais e exercer funções públicas;
 Direito de acesso a cargos públicos;
 Igualdade no quadro familiar e no trabalho.

Assim que emancipadas e libertadas, as mulheres podiam conviver socialmente:


 Frequentar festas, clubes sozinhas;
 Viajar sozinhas, praticar desporto, fumar e beber livremente nos espaços públicos;
 Usar saias curtas, sem terem problemas de mostrar demais as pernas;
 Usar cabelo curto, cortado e penteados (masculinos);
 Abandonam o espartilho (corpete) e adotam o soutien.

As novas conceções científicas e a descrença no pensamento positivista


Para esta crise de consciência europeia, surge novas descobertas operadas nas ciências físicas
e humanas.
No início do século XX, é descoberto que é impossível adquirir um conhecimento exato sobre
as partículas da matéria, é apenas possível um conhecimento assente na probabilidade.
Teoria da relatividade de Einstein, releva que o espaço e o tempo são grandezas relativas, não
absolutas.

A relatividade do conhecimento
Nesta conjuntura atual, verifica-se que o homem não consegue desvendar todas as leis do
universo com uma certeza absoluta. Pois existem áreas do conhecimento que a certeza é
impossível e não podem ir além de probabilidades.
O culto pelo racionalismo clássico é abandonado e passa-se a adotar a incerteza e o
relativismo.
Da certeza objetiva, o conhecimento passou a ser subjetivo. O conhecimento nunca poderá ser
absoluto, mas sim relativa ao sujeito e condicionada às suas emoções.

As conceções psicanálise
Freud, enquanto criador da psicanálise, foi capaz de mostrar a importância do inconsciente no
comportamento humano.
Freud concluiu que o comportamento humano também é comandado por impulsos
inconscientes, escondidos na profundeza da mente humana.
Estudou inúmeros doentes mentais, e concluiu que determinados complexos eram resultado
do recalcamento no inconsciente, ou seja, tendências eróticas e conflitos emocionais na
infância.
Com a psicanálise, a analise dos sonhos e dos pensamentos foi possível através da hipnose,
assim conseguindo libertar o paciente dos seus complexos e neuroses.

Você também pode gostar