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GUERRA
O final da 1ª Grande Guerra trouxe grandes mudanças no equilíbrio de poderes internacional.
A Alemanha saía destroçada e vencida e a Inglaterra e a França, potências vencedoras do conflito,
enfrentavam a dura tarefa da reconstrução económica.
Apesar de afetados pelo conflito os E.U.A. tornavam-se então a grande potência mundial.
Surgiram assim na Europa no final do conflito a Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia,
Checoslováquia, Jugoslávia e Hungria, na Ásia, a Arábia, Curdistão, Arménia, territórios sob mandato
da SDN, a Síria, Líbano, Mesopotâmia e Palestina.
A Alemanha era, no entanto, a potência mais afetada. Além da perda de territórios na África e
Ásia perdia também o seu enorme poder militar.
Entre os alemães o sentimento de vingança desenvolveu-se ao longo dos anos tendo como
principal alvo a França, considerada responsável pelas duras condições de derrota impostas pelos
aliados, o Diktat.
https://youtu.be/wUraQGlgjks
Hitler na sua obra Mein Kampf dá voz a sentimentos revanchistas contra franceses e judeus
ao afirmar:
"O sonho da França é e sempre será impedir a formação de um poder sólido na Alemanha,
conservando um sistema de pequenos Estados com forças equilibradas e sem uma direção uniforme,
com a ocupação da margem esquerda do Reno para assegurar a sua hegemonia na Europa." e mais
adiante, "... assim o judeu é hoje o grande instigador do completo aniquilamento da Alemanha. Todos
os ataques contra a Alemanha, no mundo inteiro, são da autoria de judeus."
Vários problemas acabaram por limitar o alcance de intervenção da S.D.N. dificultando a sua
missão e retirando-lhe eficácia:
→ Os países vencidos pela guerra como a Alemanha não faziam parte da organização
→ Alguns dos vencedores como Portugal ou a Itália não se mostraram satisfeitos com as
reparações pagas pelos países agressores.
→ Isolacionismo dos E.U.A.
→ Regulamentação das fronteiras e a satisfação das reivindicações das minorias nacionais,
muito criticada nos países vencidos criando animosidades e oposição às condições dos
tratados de paz. O Diktat de Versalhes foi por exemplo muito criticado pelos alemães.
→ As relações estabelecidas entre a Alemanha e alguns dos países vencedores da guerra
dificultaram a tomada de posições contra as manobras e atividades belicistas de Hitler ao longo
dos anos 30.
Os constrangimentos da política interna e externa dos E.U.A. levantada pelo lamentável estado
dos países europeus e pela questão das reparações de guerra fez com que a S.D.N. perdesse grande
parte da sua credibilidade e margem de manobra.
A situação da Europa no pós-guerra era muito difícil: destruição, quebra demográfica, inflação
galopante e desvalorizações monetárias acentuadas.
E.U.A.
A guerra permitiu grande prosperidade aos Estados Unidos da América. Apesar de
se terem feito sentir os efeitos críticos de um período de excesso de produção, a economia
conseguiu recuperar através da adoção generalizada do novo modelo de produção industrial, da
concentração monopolista de empresas beneficiando ainda do relançamento da economia europeia.
Também a adoção pelos países europeus do Gold Exchange Standard permitiu a reanimação do
comércio internacional. Os E.U.A. tornaram-se o grande financiador das economias europeias,
nomeadamente a alemã, permitindo-lhe o pagamento das reparações e indemnizações que eram
devidas ao Reino Unido e à França.
A Rússia em 1917 estava em profunda crise política. Governado de forma autoritária pelo
czar Nicolau II, o país sentia os efeitos de uma situação social bastante difícil e delicada.
Descontentamento de largos setores da população: camponeses, operários, burguesia e até a
nobreza mais liberal. Motivos diversos e diferentes partidos e fações: miséria, concentração fundiária
nas mãos da nobreza, salários baixos e miséria do proletariado, variadas razões para reclamar
mudanças.
→ fação dos socialistas revolucionários que reclamavam partilha de terras, apoiada pelos
camponeses.
→ sociais democratas, divididos em bolcheviques mais extremistas (adeptos da via da
ditadura do proletariado, da clandestinidade e ação direta) e mencheviques, moderados
que consideravam necessária a existência de um partido de oposição no quadro do
parlamentarismo.
→ constitucionais democratas adeptos do parlamentarismo ocidental.
A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA
De Fevereiro a Outubro de 1917
A revolta das mulheres contra o aumento do preço do pão, acompanhada por revoltas e greves
dos operários e dos soldados contra a guerra provocou a revolução de Fevereiro de 1917 na qual o
Czar foi obrigado a renunciar ao poder deixando a Rússia nas mãos dos partidos politicamente mais
ativos. Ministros e generais foram presos.
Os mencheviques e socialistas revolucionários asseguraram o controle do soviete de
Petrogrado cujo chefe era o menchevique Tchkheidizé. Negociações entre os revolucionários e os
constitucionais democratas conduziram ao poder o príncipe Lvov como chefe do governo provisório,
mas o clima conspirativo aumentou sob o impulso dos bolcheviques que conseguiram assegurar o
controlo do soviete de Petrogrado no sentido de retirar o poder à burguesia e entregá-lo a um
governo revolucionário.
Lvov e, mais tarde, Kerensky procuraram acalmar a situação e encaminhar o país no sentido
do parlamentarismo ocidental mas o facto de não terem suspendido as ações militares e continuarem
uma política pró-aliada fomentou um clima de revolta de rua numa estratégia revolucionária dirigida
por Lenine entretanto regressado do exílio. Os sovietes, conselhos de operários, soldados e
camponeses, controlados de início pelos mencheviques e socialistas revolucionários e mais tarde
pelos bolcheviques formaram-se por toda a Rússia e tornaram-se a partir de Agosto de 1917, os polos
dinamizadores do movimento revolucionário.
→ a recusa da guerra
→ distribuição das terras, estatização dos bancos e fábricas
→ entrega do poder aos sovietes
O II Congresso dos Sovietes entregou no mesmo dia o poder ao Conselho dos Comissários
do Povo presidido por Lenine. Trotsky recebeu a pasta do exército e Estaline a pasta das
nacionalidades.
→ Decreto sobre a paz - foi negociado o tratado de Brest Litovsk que permitiu um armistício
antecipado com a Alemanha em condições muito desvantajosas pois a Rússia perdia grandes
extensões de território. Esta paz separada provocou por sua vez o início do conflito com as ex-
potências aliadas que invadiram os territórios da Rússia procurando combater a revolução e
impedir a ocupação pelas tropas dos impérios centrais, dos territórios abandonados pelos
Russos. Iniciou-se então a guerra civil.
→ Decreto sobre a terra - coletivização das terras e entrega das colheitas ao Estado. Fim da
grande propriedade fundiária da Coroa, da Igreja e dos particulares, sem indemnizações.
→ Decreto sobre o controlo operário - coletivização das empresas, indústrias, minas,
companhias de transportes, seguros, etc.
→ Decreto das nacionalidades - proclamação da Carta do Povo Russo que reconhecia o livre
desenvolvimento das diferentes etnias e minorias nacionais, evitando a revolta e
conflitualidades internas.
→ Decreto sobre a imprensa - liberdade de imprensa, reunião e associação
→ 1ª Constituição Revolucionária - proclamando a Rússia como estado federal e multinacional,
favorecendo o operariado e as suas reivindicações, mas reservando o sufrágio direto e
universal apenas para a constituição dos sovietes locais.
→ Reunião da 3ª Internacional comunista que propôs a união de todos os partidos comunistas
numa única organização o Komintern controlado por Moscovo e que defendia o movimento
internacionalista comunista numa via marxista-leninista. Este movimento acabou por afastar
as fações socialistas democráticas discordantes da ditadura do proletariado. Formaram-se a
partir de 1919 partidos comunistas por todo o mundo.