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SEMANA 02
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
SEMANA 02/24
Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 8
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .............................................................................. 8
1. HABEAS CORPUS .......................................................................................................................................... 11
2. MANDADO DE SEGURANÇA ........................................................................................................................ 25
3. MANDADO DE INJUNÇÃO ............................................................................................................................ 49
4. HABEAS DATA .............................................................................................................................................. 62
5. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65) ............................................................................................................... 67
6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/85) ............................................................................................................ 75
7. INQUÉRITO CIVIL.......................................................................................................................................... 86
8. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (TAC).......................................................................................... 88
META 2 ............................................................................................................................................................ 92
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................... 92
1. DIREITOS POLÍTICOS .................................................................................................................................... 92
1.1 Direitos Políticos Positivos...................................................................................................................................... 93
1.2 Direitos Eleitorais Negativos .................................................................................................................................. 95
1.3 Privação de Direitos Políticos ................................................................................................................................. 97
1.4. Servidor Público e Exercício do Mandato Eletivo: De Acordo com o Art. 38 da CF/88 ......................................... 98
2. PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................................................................. 100
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE ......................................................................... 104
1. NACIONALIDADE ........................................................................................................................................ 104
1.1 Espécies de Nacionalidade ................................................................................................................................... 104
1.2 Perda da Nacionalidade........................................................................................................................................ 107
1.3 Brasileiros Natos x Naturalizados ......................................................................................................................... 109
DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO ........................................................................................... 112
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL .......................................................................................................................... 112
1.1. Classificação das Leis Penais................................................................................................................................ 113
1.1.1 Leis Penais em Branco ................................................................................................................................... 114
1.2 Características da Lei Penal .................................................................................................................................. 116
2. LEI PENAL NO TEMPO ................................................................................................................................ 116
2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo .................................................................................................. 117
2.2. Abolitio Criminis .................................................................................................................................................. 118
2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais ........................................................................ 122
2.4. Lei Excepcional e Temporária .............................................................................................................................. 124
2.5. Lei Intermediária ................................................................................................................................................. 125
3. LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................................................................... 125
3.1. Princípios ............................................................................................................................................................. 126
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA
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ATENÇÃO
Equipe DD
Prezado(a) aluno(a),
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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META 1
TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º
CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667
CPP
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ATENÇÃO!! Este é um ponto importante nas provas de Delegado Federal. O aluno deve estar
atento sobre os dispositivos constitucionais e jurisprudenciais sobre a matéria. Nos concursos
de 2013 e 2021 caíram duas questões relativas ao tema. Vejamos a seguir:
CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Cumpre ao STF julgar o recurso
ordinário de habeas corpus decidido em única instância pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Item Certo.
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O artigo 102, II, “a", da CRFB aduz que compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em recurso ordinário,
o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.
É importante diferenciar:
STF - Julga em recurso ordinário - habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas data e o mandado
de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.
STJ - Julga originalmente - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado,
dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal
CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Cabe originariamente ao STF
processar e julgar habeas data contra ato de ministro de estado. Item errado.
O artigo 105, I, “b", da CRFB aduz que compete ao STJ processar e julgar habeas data contra ato de ministro
de estado.
DICA:
Mandado de segurança contra ato de Ministro de Estado → STJ julga (CF, Art. 105, I, b)
Habeas data contra ato de Ministro de Estado → STJ julga (CF, Art. 105, I, b)
Habeas corpus quando o Ministro de Estado é coator → STJ julga (CF, Art. 105, I, c)
Habeas corpus quando o Ministro de Estado é paciente → STF julga (CF, Art. 102, I, d)
CESPE / CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia: Segundo o STF, caso o interessado alegue
que a sentença condenatória tenha sido prolatada exclusivamente com fundamento em prova
emprestada, é possível a arguição de nulidade dessa decisão em sede de habeas corpus. Item errado.
A questão está errada porque não se pode arguir a nulidade do processo na via estreita do HC.
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revisão criminal. Precedentes. IV - Ordem denegada. (STF - HC: 95019 SP , Relator: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-191 DIVULG 08-10-2009 PUBLIC 09-10-2009
EMENT VOL-02377-02 PP-00320)
CESPE / CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia: De acordo com o STJ, o habeas data é
instrumento idôneo para a obtenção de acesso aos critérios utilizados em correção de prova discursiva
aplicada em concursos públicos. Item errado.
1. HABEAS CORPUS
Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
b) Introdução
Típico de direito de primeira geração, o HC visa a garantir o direito individual de locomoção, por meio
de ordem exarada por órgão do Poder Judiciário, para que seja cessada a ameaça ou coação à liberdade de
locomoção do indivíduo.
No direito inglês, surgiu primeiramente na Magna Charta Libertatum, de 1215 e, no direito brasileiro,
surgiu pela 1ª vez na Constituição Federal de 1891, permanecendo nas demais constituições subsequentes.
Ressalta-se, contudo, que, inicialmente, e o HC visava proteger outros direitos distintos - e não
apenas a locomoção, por meio da chamada Teoria Brasileira do habeas corpus*. Porém, com a EC n° 1 de
1926, restringiu-se o HC apenas à liberdade de locomoção. Ensina o professor Marcelo Novelino:
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que tinha Rui Barbosa como seu principal expoente. Em face da ausência de outras
garantias constitucionais na Carta de 1891, foi adotada uma interpretação ampla
acerca do cabimento desse mandamus, utilizado em diversas situações de ameaça
a direitos constitucionalmente assegurados – e não apenas à liberdade de
locomoção – decorrentes de ilegalidades ou abusos de poder. À época, o Supremo
Tribunal Federal adotou o entendimento de que a ação contemplava as situações
em que a liberdade de ir e vir era meio para atingir outro direito. A partir da reforma
constitucional de 1926, essa concepção foi superada e o habeas corpus passou a
ser utilizado apenas em seu sentido clássico (NOVELINO, 2017, p. 438).
https://youtu.be/dggvsbK8Ktc
c) Características do HC:
∘ O HC possui natureza dúplice: Ação de natureza penal não condenatória e remédio
constitucional.
∘ Possui autonomia própria
∘ Pode ser impetrado sem que exista processo
∘ Isento de custas
∘ Não exige capacidade postulatória
∘ Admite concessão de pedido liminar
∘ Exige violência ou coação + ilegalidade ou abuso de poder
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Maria, gestante de feto anencéfalo, pretende a obtenção de autorização judicial para realização de aborto.
O Juízo de primeiro grau julgou improcedente o pedido. Pretende, agora, manejar um remédio constitucional
para evitar o cometimento de crime. Para tanto, deverá demandar por meio do seguinte instrumento:
a) ação popular.
b) habeas corpus
c) habeas data
d) mandado de segurança
e) mandado de injunção
Resposta: Letra B
Conforme já definido pelo STJ (HC 56572), a via do habeas corpus é adequada para pleitear a interrupção de
gravidez fora das hipóteses previstas no Código Penal (art. 128, incs. I e II), tendo em vista a real ameaça de
constrição à liberdade ambulatorial, caso a gestante venha a interromper a gravidez sem autorização judicial.
Observação: a questão foi utilizada como um exemplo para o estudo do cabimento do HC preventivo. É
necessário ressaltar que, no julgamento da ADPF nº 54, por 8 votos a 2, os Ministros do STF entenderam que
não é crime interromper a gravidez de fetos anencéfalos.
Obs.2: Não exige capacidade postulatória do impetrante, de modo que a ação pode ser formulada
sem advogado.
STF: A pessoa jurídica NÃO pode figurar como paciente de HC, pois jamais estará
em jogo a liberdade de locomoção, ainda que se trate da possibilidade de apenação
da pessoa jurídica por crimes ambientais.
Obs.:É possível impetrar HC contra ato do sujeito coator, que tanto poderá ser autoridade pública
quanto agente privado (ex: agente de hospital que ilegalmente impede a saída do paciente).
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g) HC e ofensa indireta
STF: Será cabível o HC não só contra ofensa direta, mas também contra ofensa indireta, reflexa ou
potencial ou direito de locomoção, a exemplo do uso do HC para atacar a quebra de sigilo bancário em
procedimento que possa resultar prisão => Se a quebra de sigilo for determinada por autoridade fiscal, no
curso de procedimento administrativo tributário, é incabível HC, pois em processo administrativo NÃO
implica ofensa ao direito de locomoção.
Uma vez conhecido o habeas corpus somente deverá ser concedido em caso de réu preso ou na
iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições:
(1) Violação à jurisprudência consolidada do STF;
(2) Violação clara à Constituição; ou
(3) Teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.
Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas
parcialmente o acordo de colaboração premiada. Atualmente, não existe previsão
legal de recurso cabível em face de não homologação ou de homologação parcial
de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus. A homologação
do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática negocial
regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o
exercício do poder punitivo estatal, considerando que nesse acordo estão
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Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que
os réus delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores
(Info 949)
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Questões importantes:
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca
o trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava
pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?
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● STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de
habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 495148-DF, Rel.
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657).
● STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de acordo de
transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. A
aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a
legitimidade da persecução penal. Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos
em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no processo penal pode levar a riscos
consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a
proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que
comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que
imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de
acesso à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019
(Info 964).
Com a concessão da suspensão condicional do processo, o habeas corpus que estava pendente fica
prejudicado ou o TRF deverá julgá-lo mesmo assim?
💣 ATENÇÃO PARA A SÚMULA 648 DO STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido
de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.
Vamos entendê-la?
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Não é cabível examinar a inépcia da inicial acusatória, bem como a justa causa para
ação penal, após a prolação de sentença condenatória, porquanto todos os
elementos da exordial acusatória, bem como da conduta criminosa, foram
amplamente debatidos pelas instâncias ordinárias, em cognição vertical e
exauriente.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 463.788/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
13/11/2018.
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STJ. 6ª Turma. RHC 32.524/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
4/10/2016.
E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também ficaria
prejudicado?
R.: SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro motivo: falta de
interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª instância. Nesse sentido:
A superveniência de sentença absolutória, na linha da orientação firmada nesta Corte, torna prejudicado o
pedido que buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa. STJ. 6ª Turma. AgInt
no RHC 31.478/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/03/2019.
Atenção: Ainda em 2021, poucos meses depois do enunciado ser aprovado, o STJ proferiu a seguinte
decisão que pode ser encarada como se fosse uma exceção à Súmula 648:
Veja a explicação:
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esse, produzido ainda na fase inquisitorial, que se tornou estático e não modificável
e, mais do que isso, que subsidiou a própria comprovação da materialidade e da
autoria delitivas.
Assim, a superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar
a análise da tese defensiva de que teria havido quebra da cadeia de custódia da
prova, ocorrida ainda na fase inquisitorial e empregada como anteparo ao
oferecimento da denúncia - ou, de forma mais ampla, como justa causa para a
própria ação penal -, máxime quando verificado que a parte alegou a matéria
oportuno tempore, isto é, logo após a sua produção e que essa tese já foi
devidamente examinada e debatida pela instância de origem.
j) Competência
Competência do STF, quando: art. 102, CF/88.
a. O paciente for: Presidente da República, Vice-Presidente da República, membros do Congresso
Nacional, Ministros do STF e Procurador Geral da República (art. 102, I, “b”);
b. O paciente for: Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, membros dos
Tribunais Superiores, do TCU e chefes de missão diplomática de caráter permanente (art. 102, I, “c”);
c. O coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou paciente for autoridade ou funcionário cujos
atos estejam diretamente sujeitos à jurisdição do STF, ou se trate de crime sujeito à única instância
(STF) – art. 102, I, “i”;
d. O HC for decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (Nesse
caso o STF julga em recurso ordinário) – art. 102, II, “a”.
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Obs.1: O HC impetrado contra decisão de Turma Recursal dos Juizados Especiais será julgado pelo Tribunal
de Justiça Estadual. O STF superou a Sumula 690!
Obs.2:Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja julgado pelo Plenário do STF (e não pela
Turma)
A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas
do STF (e não do Plenário). Ex: HC contra decisão do STJ, em regra, é de
competência de uma das Turmas do STF. O Ministro Relator do HC no STF, em vez
de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário? SIM. Essa
possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para
fazer isso, o Relator precisa fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator
apresente uma justificativa para que o caso seja levado ao Plenário? NÃO. É possível
a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma
discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF.
Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info
897).
k) HC coletivo
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar
a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo
determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo.
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de
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conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de
não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que,
indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580,
ambos do CPP.
O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de
ofício.
O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja
estendida para todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais
podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida
individualmente em favor de uma pessoa. Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a
cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva
com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do
processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional.
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art.
12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:
1) o Ministério Público;
2) o partido político com representação no Congresso Nacional;
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano;
4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
20/2/2018 (Info 891).
Obs.: O STJ confirmou decisão que mandou soltar todos os presos do país que tiveram liberdade
condicionada à fiança. No habeas corpus coletivo, a DP do Espírito Santo sustentou que, diante do cenário
de pandemia da Covid-19, deveria ser superada a Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal e, nos termos da
Recomendação 62/2020 do CNJ, determinada a soltura imediata de todos os presos do estado que tiveram
o deferimento da liberdade provisória condicionado ao pagamento de fiança. O ministro Sebastião Reis
Júnior votou pela concessão do habeas corpus por reconhecer a plausibilidade jurídica das alegações e a
flagrante ilegalidade da situação desses presos.
Jurisprudência em teses do STJ sobre HC:
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15) O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou indefere pedido
de liminar em habeas corpus.
16) O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de multa ou prestação
pecuniária, ante a ausência de ameaça ou violação à liberdade de locomoção.
17) O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de pessoa jurídica, pois o
writ tem por objetivo salvaguardar a liberdade de locomoção.
18) A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de que o habeas corpus
não seria adequado para discutir questões relativas à guarda e adoção de crianças
e adolescentes.
II) O habeas corpus pode ser interposto por qualquer pessoa, independentemente de inscrição na Ordem
dos Advogados do Brasil. Item certo.
A impetração de HC não exige capacidade postulatória e dispensa formalidades.
III) Sendo um instrumento legal de garantia do direito de ir e vir, o habeas corpus não pode ser impetrado
com o objetivo de discutir eventual ilegalidade de decisão que imponha pena restritiva de direito diversa
da prisão. Item errado.
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas
da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia,
alcançando-se o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 30/6/2020 (Info 984).
CP, art. 44, § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar
será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias
de detenção ou reclusão.
IV) Recente construção jurisprudencial do STF passou a admitir, por analogia, a figura do habeas corpus
coletivo. Item certo.
É possível a impetração de HC coletivo, conforme entendimento exarado pelo STF (2ª Turma. HC
143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
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2. MANDADO DE SEGURANÇA
Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;
Lei 12.016/09. Art. 1º: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação
ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerça.
b) Natureza Jurídica: Ação judicial de natureza residual, subsidiária, civil, cabível quando o direito líquido e
certo protegido não for amparado por outros remédios constitucionais.
c) Cabimento: Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
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perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).
Entenda: Trata-se de uma restrição legítima pelo fato de que os atos de gestão
comercial são atos estranhos à ideia da delegação do serviço público em si. Esses
atos se destinam à satisfação de interesses privados na exploração de atividade
econômica, submetendo-se a regime jurídico próprio das empresas
privadas,motive pelo qual não cabe mandado de segurança por força da própria
previsão constitucional – que admite o ajuizamento do mandado de segurança
somente contra atos praticados no desempenho de atribuições do poder publico
(art. 5, LXIX, CF/88)
● O mandado de segurança não se presta ao reexame de fatos e provas analisados pelo CNJ no processo
disciplinar (Info 933)
● Para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (súmula 460 do STJ).
Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada
pelo contribuinte
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.
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- STJ: O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter
provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma espécie.
CESPE/2019 - É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o resultado de licitação ou
em atos de gestão comercial. Item incorreto.
OBS: A exigência de liquidez e certeza recai sobre a matéria de fato, as quais necessitam de
comprovação de plano. A matéria de direito, por mais complexa que se apresente, pode ser apreciada em
MS.
Súmula 625 – STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança.
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e) Legitimidade Ativa
● Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
● Universalidades reconhecidas por lei;
● Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
● Agentes políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas;
● MP, quando o ato emanar de juiz de primeiro grau de jurisdição.
STF (Info 848): O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica
própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra
ato do Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. Ex:
mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse dos
duodécimos devidos ao Poder Judiciário.
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Ingresso de litisconsorte ativo: pode ocorrer até o despacho da petição inicial (art. 10, §2º, da Lei nº
12.016/09).
-CESPE/2018: O parlamentar tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança em defesa de
prerrogativa do Congresso Nacional. Item incorreto. Cabe destacar, contudo, que o parlamentar
individualmente tem legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança contra ato de processo
legislativo, em controle concreto. (STF MS-24642/DF) (STF -Inform711)
f) Legitimação Passiva
É a pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
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Lei 12.016/09
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.
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Quando há indicação errônea da autoridade coatora, é possível aplicar a Teoria da encampação para sanar
tal vício, desde que observados alguns requisitos:
a) Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a prática
do ato impugnado;
b) Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/88;
c) Defesa do mérito do litígio nas informações prestadas.
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Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
Art. 7o § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.
Antigamente, entendia-se que não era possível conceder liminar em mandado de segurança para a
compensação de créditos tributários, entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior.
No entanto, em 2021, o STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de
medida liminar, o que caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito
líquido e certo do impetrante. A Corte concluiu que:
Em virtude dessa decisão do STF, fica SUPERADA a Súmula 212 do STJ: Súmula 212-STJ: A
compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar
ou antecipatória. (entendimento superado)
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Obs.: nos casos em que se veda a concessão da liminar, eventual sentença que conceda o MS não
poderá ser executada provisoriamente (art. 14, §3º):
i) Apresentação de informações
Nos termos do art. 7º, I, da Lei nº 12.016/09, ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se notifique
o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos
documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações.
Natureza jurídica: segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, em razão da adoção do entendimento
de que a autoridade coatora não é propriamente ré no mandado de segurança, suas informações não têm a
natureza jurídica de contestação.
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Prazo: 120 dias, a contar, em regra, da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato
a ser impugnado.
Assim, depois que uma autoridade praticar um ato ilegal ou abusivo, a pessoa prejudicada terá o
prazo de até 120 dias para impugná-lo por meio de mandado de segurança. Ultrapassado este período, o
interessado continua com o direito de questionar o ato, mas deverá fazer isso mediante ação ordinária.
Caso a decisão que negar a segurança não tiver apreciado o mérito, será possível impetrar um novo
mandado de segurança, desde que não ultrapassado o período de 120 dias.
Art. 6º, §6º, da Lei n. 12.016/09: O pedido de mandado de segurança poderá ser
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.
Se o ato impugnado é de trato sucessivo, o prazo de 120 dias renova-se a cada ato.
Mandado de segurança preventivo: NÃO se pode falar em prazo decadencial para a sua impetração,
pois NÃO há ato coator a marcar a contagem.
STF (Info 1021): É constitucional o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, que fixa o prazo
decadencial de 120 dias para a impetração de mandado de segurança.
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STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021
STJ (Info 578): O prazo decadencial para impetrar mandado de segurança contra
redução do valor de vantagem integrante de proventos ou de remuneração de
servidor público renova-se mês a mês. A redução, ao contrário da supressão de
vantagem, configura relação de trato sucessivo, pois não equivale à negação do
próprio fundo de direito. Assim, o prazo decadencial para se impetrar a ação
mandamental renova-se mês a mês.
- Ato que SUPRIME vantagem: é ato ÚNICO (o prazo para o MS é contado da data
em que o prejudicado tomou ciência do ato).
- Ato que REDUZ vantagem: consiste em prestação de TRATO SUCESSIVO (o prazo
para o MS renova-se mês a mês).
k) Competência
A competência no MS é definida pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional.
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Ensina Leonardo Carneiro da Cunha: “Se a autoridade coatora desempenha função estadual ou
municipal, e a matéria envolvida não for trabalhista, nem eleitoral, a competência será da Justiça Estadual.
Caso a autoridade exerça função federal, e, de igual modo, não haja matéria trabalhista ou eleitoral
envolvida, a competência será da Justiça Federal.” (CUNHA, 2016, p. 552)
Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, se a competência para o julgamento do MS for do juízo
de primeiro grau, tanto na Justiça Estadual como na Federal, a competência territorial será determinada pelo
local em que a autoridade exerce suas funções. Caso haja vara privativa da Fazenda Pública, a competência
será absoluta dentro da comarca.
● Competência originária do STF:MS contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do
próprio Supremo Tribunal Federal.
● Competência recursal do STF:recurso ordinário contra decisão denegatória de mandado de segurança
proferida em única instância pelos Tribunais Superiores
● Competência originária do STJ:MS contra atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal
● Competência recursal do STJ:recurso ordinário contra decisão denegatória de mandado de segurança
proferida em única instância por TJ ou TRF
● Competência originária de TRF:MS contra ato do próprio tribunal ou de juiz federal
● Competência da justiça federal de 1º grau: MS contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais
● Competência da justiça do trabalho:MS contra ato que envolva matéria sujeita à sua jurisdição.
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#DDEXPLICA
O STF não dispõe de competência originária para processar e julgar MS impetrado
contra ato de outros Tribunais judiciários, ainda que se trate do STJ. Compete ao
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Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar
e julgar, originariamente mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou
dos respectivos órgãos.
STF: NÃO lhe cabe julgar, originariamente, MS contra atos praticados por outros
Tribunais e seus Órgãos. Os próprios Tribunais é que têm competência para julgar,
originalmente, MS contra seus atos, dos respectivos presidentes, câmaras e seções.
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∘ 2ª corrente: SIM. A doutrina defende que, com o novo CPC, é possível a intervenção de amicus
curiae em processo de mandado de segurança (Enunciado nº 249 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis).
No mesmo sentido:
- STF. Decisão monocrática. MS 32451, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
27/06/2017.
- STF. Decisão monocrática. MS 35785, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
09/03/2020.
m) Reexame necessário:
Art. 14, §1º, da Lei n. 12.016/09: Concedida a segurança, a sentença estará sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
STJ: As hipóteses de dispensa de remessa necessária previstas no art. 496 do CPC NÃO se aplicam ao
mandado de segurança, em razão da especialidade da norma contida na Lei n. 12.016/09.
Obs.: O entendimento exposto acima foi firmado em relação ao CPC/73 e em relação à Lei n.
1.533/51, que regia o MS. Contudo, segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, a doutrina majoritária
considera que o entendimento se manterá inalterado em face do novo CPC e da Lei n. 12.016/09
n) Recursos
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Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;
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Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
● Partido político com representação no CN, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária.
Obs.1: Basta 1 único representante na CD ou SF, filiado ao partido.
Obs.2: STJ vem entendendo que PP somente poderá impetrar MS coletivo para a defesa de seus
filiados e em questões políticas, ou seja, criou uma pertinência temática.
A legitimidade é extraordinária, sendo o caso de substituição processual, razão pela qual NÃO se
exige autorização expressa dos titulares do direito.
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CESPE/2019 - Entidade sindical constituída há menos de um ano e sediada em município da Federação tem
legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo a fim de garantir direito líquido e certo de seus
filiados que tenha sido lesado por ato de autoridade da administração fazendária federal. Item correto
CESPE/2018 - O mandado de segurança coletivo caracteriza-se por ter dois ou mais impetrantes, que sejam
pessoas físicas ou jurídicas, no polo ativo. Item incorreto.
Os direitos defendidos por organização sindical NÃO precisam ser o mesmo direito para todos os
seus membros, podendo ser um direito de apenas parte dos membros da entidade.
Centenas de delegados civis do Estado ZW reuniram-se na sede do Sindicato dos Delegados local,
representante dos interesses dessa categoria. O sindicato está legalmente constituído e em funcionamento
há três anos. Depois de longo período sem reajustes na sua remuneração, em assembleia geral convocada
especialmente para deliberar a respeito das medidas a serem adotadas pelos sindicalizados, decidiram
adotar providências concernentes a manifestações de rua, em frente à Assembleia Legislativa, de maneira
pacífica e organizada. Ao ser comunicado sobre as reuniões acima, o Governador de Estado respondeu ao
Sindicato dos Delegados que as estava indeferindo, dando ordem expressa para que elas não fossem
realizadas. Dentre os remédios constitucionais abaixo, o adequado à iniciativa do Sindicato, para assegurar
os direitos dos filiados, sem necessidade de dilação e instrução probatórias, é:
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A) Ação Popular.
B) Mandado de Injunção coletivo.
C) Mandado de Segurança coletivo.
D) Mandado de Segurança individual.
GABARITO: LETRA C
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SÚMULA 630 STF A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
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6) A ação mandamental não constitui via adequada para o reexame das provas
produzidas em Processo Administrativo Disciplinar - PAD.
7) Não cabe mandado de segurança para conferir efeito suspensivo ativo a recurso
em sentido estrito interposto contra decisão que concede liberdade provisória ao
acusado.
8) Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição. (Súmula n. 267/STF)
9) A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é medida
excepcional, admissível somente nas hipóteses em que se verifica de plano decisão
teratológica, ilegal ou abusiva, contra a qual não caiba recurso.
10) O cabimento de mandado de segurança contra decisão de órgão fracionário ou
de relator do Superior Tribunal de Justiça é medida excepcional autorizada apenas
em situações de manifesta ilegalidade ou teratologia.
11) Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado. (Súmula n. 268/STF)
12) É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a
declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar mandado de
segurança contra lei em tese. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
TEMA 430)
13) É necessária a efetiva comprovação do recolhimento feito a maior ou
indevidamente para fins de declaração do direito à compensação tributária em
sede de mandado de segurança. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 -
TEMA 118) (Súmula n. 213/STJ)
14) É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária
realizada pelo contribuinte. (Súmula n. 460/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-
C do CPC/73 - TEMA 258)
15) O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter
provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma espécie.
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ação de cobrança, nos termos das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal
Federal.
4) Não configura ação de cobrança a impetração de mandado de segurança visando
a desconstituir ato administrativo que nega conversão em pecúnia de férias não
gozadas, afastando-se as restrições previstas nas Súmulas n. 269 e 271 do Supremo
Tribunal Federal.
5) O mandado de segurança é meio processual adequado para controle do
cumprimento das portarias de concessão de anistia política, afastando-se as
restrições das Súmulas n. 269 e 271 do Supremo Tribunal Federal.
6) O termo inicial do prazo de decadência para impetração de mandado de
segurança contra aplicação de penalidade disciplinar é a data da publicação do
respectivo ato no Diário Oficial.
7) O termo inicial do prazo decadencial para a impetração de ação mandamental
contra ato que fixa ou altera sistema remuneratório ou suprime vantagem
pecuniária de servidor público e não se renova mensalmente inicia-se com a ciência
do ato impugnado.
8) O prazo decadencial para impetração de mandado de segurança não se suspende
nem se interrompe com a interposição de pedido de reconsideração na via
administrativa ou de recurso administrativo desprovido de efeito suspensivo.
9) Admite-se a emenda à petição inicial de mandado de segurança para a correção
de equívoco na indicação da autoridade coatora, desde que a retificação do polo
passivo não implique alterar a competência judiciária e que a autoridade
erroneamente indicada pertença à mesma pessoa jurídica da autoridade de fato
coatora.
10) O Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão possui
legitimidade para figurar no polo passivo de ação mandamental impetrada com o
intuito de ensejar a nomeação em cargos relativos ao quadro de pessoal do Banco
Central do Brasil BACEN.
11) As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade
jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela
qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como autoridades
coatoras em ação mandamental.
12) Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários
advocatícios. (Súmula n. 105/STJ)
13) A impetração de mandado de segurança interrompe o prazo prescricional em
relação à ação de repetição do indébito tributário, de modo que somente a partir
do trânsito em julgado do mandamus se inicia a contagem do prazo em relação à
ação ordinária para a cobrança dos créditos indevidamente recolhidos.
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CAIU EM CONCURSO!
IBFC – PCBA/2022 – Delegado de Polícia: A Lei nº 12.016/2009 disciplina o mandado de segurança. De acordo
com a mencionada lei, assinale a alternativa correta.
3. MANDADO DE INJUNÇÃO1
a) Introdução
Trata-se de remédio constitucional introduzido pelo PCO de 1988.
A Lei nº 13.300/16 disciplina o processo e julgamento do mandado de injunção individual e
coletivo.
Art. 5º, LXXI, CF/88 - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania;
Art. 2º, Lei 13.300/2016 - Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
1
Para aprofundamento, sugerimos: http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-
lei.html
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Remédio à disposição de qualquer um que se sinta prejudicado pela falta de norma regulamentadora,
sem a qual resulte inviabilizado o exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais. => Caso de
inércia governamental (“violação negativa do texto constitucional”).
Ensina Dirley da Cunha Jr.:
(1) Trata-se de instrumento para combater a Síndrome de Inefetividade das Normas Constitucionais. Ao
lado da ADO, atacam a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, ante a ausência de
lei infraconstitucional integrativa para propiciar à norma constitucional a produção de todos os seus
efeitos.
(2) Trata-se de instrumento de controle concreto/incidental das inconstitucionalidades por omissão, sendo
voltado, portanto, para a tutela dos direitos subjetivos, garantia individual.
(3) Pressuposto: inviabilização dos exercícios de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania, pela ausência da norma regulamentadora.
Vamos esquematizar?
Mandado de Injunção ADO
Intentado por qualquer Legitimação restrita aos
pessoa física ou jurídica, que entes do art. 103 CF.
Legitimação se veja impossibilitada de
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CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia: O mandado de injunção é remédio jurídico apto
a enfrentar a inconstitucionalidade por omissão. Item certo.
b) Cabimento
Partindo do texto constitucional, o art. 2.º da Lei n. 13.300/2016 estabelece que será concedido
mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania. A omissão é total quando a inércia é absoluta, ou seja, o preceito constitucional de
eficácia limitada não foi disciplinado. Por sua vez, considera-se parcial a regulamentação quando forem
insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.
Em outras palavras: haverá MI quando a existência de direito ou liberdade constitucional, ou de
prerrogativa inerente à nacionalidade, soberania, cidadania, cujo exercício seja inviabilizado pela ausência
de norma infraconstitucional regulamentadora.
Note que NÃO é qualquer omissão do Poder Público que enseja o ajuizamento do MI, mas apenas
as omissões relacionadas às normas constitucionais de eficácia limitada de caráter mandatório, ou seja,
normas constitucionais que devem ter a sua plena aplicabilidade assegurada.
Portanto, normas constitucionais definidoras de princípios institutivos ou organizativos de natureza
facultativa, por outorgarem mera faculdade ao legislador, NÃO autorizam o ajuizamento do MI.
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O STF afirmou que esse mandado de injunção ajuizado pelo Defensor Público-Geral
deveria ser parcialmente conhecido. Para o STF, o mandado de injunção somente
deveria ser conhecido no que tange à implementação do benefício para pessoas
em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Em outras palavras, o STF afirmou
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A assistência aos desamparados é direito social básico (art. 6º). Assim, existem
direitos constitucionais das pessoas em situação de vulnerabilidade que não estão
sendo desempenhados pela falta da norma regulamentadora. Esse direito,
contudo, não existe para as pessoas com boa situação econômica. Não se pode
extrair, da Constituição Federal, o dever do Estado de pagar um benefício social
para as pessoas com boa situação econômica. O Estado não pode ser segurador
universal e distribuir renda a todos os brasileiros, independentemente de critério
socioeconômico. Na CF/88, não há qualquer determinação de atuação estatal nesse
sentido.
c) Descabimento
● Diante de falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas infraconstitucionais => o
MI se destina a falta de normas regulamentadoras na CF.
● Diante da falta de regulamentação dos efeitos de MP não convertida em lei pelo CN;
● Se a CF outorga mera faculdade do legislador para regulamentar direito previsto em algum de seus
dispositivos.
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: Não será cabível o mandado de
injunção quando houver regulamentação da matéria por normas editadas pelo órgão legislador competente,
ainda que insuficientes.
Gabarito: literalidade do art. 2º, §único da Lei 13.300/2016. Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção
sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Parágrafo
único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão
legislador competente.
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: Não existindo lacuna que torne inviável
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais, não há necessidade de mandado de injunção; portanto,
o mandado de injunção não pode ser concedido verificando-se a existência de norma anterior à Constituição
devidamente recepcionada.
Gabarito: "I. Mandado de injunção: ocorrência de legitimação "ad causam" e ausência de interesse
processual. 1. Associação profissional detém legitimidade "ad causam" para
impetrar mandado de injunção tendente a colmatação de lacuna da disciplina legislativa alegadamente
necessária ao exercício da liberdade de converter-se em sindicato (CF, art. 8.). 2. Não há interesse processual
necessário a impetração de mandado de injunção, se o exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa
constitucional da requerente não esta inviabilizado pela falta de norma infraconstitucional, dada
a recepção de direito ordinário anterior. (...)" (MI 144, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal
Pleno, julgado em 03/08/1992, DJ 28-05-1993 PP-10381 EMENT VOL-01705-01 PP-00013 RTJ VOL-00147-03
PP-00868)
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** STF: É incabível a concessão de medida liminar em MI, uma vez que esse instituto
se destina à verificação da ocorrência, ou não, de mora da autoridade ou do Poder
de que depende a elaboração da norma regulamentadora do texto constitucional.
- CESPE/2015: Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o diploma legal objeto
da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação não estará prejudicada por ser possível, na via
processual, discutir pretensão do interessado de sanar a lacuna normativa no período pretérito à edição da
lei regulamentadora. ASSERTIVA INCORRETA
Obs.1: Para o conhecimento do MI, o impetrante deve comprovar a titularidade direta do direito
constitucional em questão.
Obs.2: Em caso de normas de iniciativa reservada, o MI deverá ser impetrado também em face do
titular da referida iniciativa reservada (ex. iniciativa reservada do Presidente da República), pois é ele quem
deverá deflagrar o processo legislativo, não podendo o CN atuar sem a sua provocação.
Obs3: Para o STF, os particulares – ainda que estejam se beneficiando pela falta da norma
regulamentadora, NÃO se revestem de legitimidade passiva ad causam para o processo em MI, pois somente
ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa para dar efetividade aos direitos,
liberdades e prerrogativas constitucionais.
e) Competência:
As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria
Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma
regulamentadora. Confira:
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Antes da edição da Lei 13.300/06, havia muita controvérsia na doutrina e jurisprudência a respeito
dos efeitos da decisão em sede de mandado de injunção. De forma bem sucinta:
a) Corrente não concretista – a decisão em MI apenas podia declarar em mora o legislador, não
podendo concretizar o direito cujo gozo encontrava-se impedido em apreço a separação de poderes.
(STF já adotou essa posição há muitos anos, até 2007).
b) Corrente concretista – a decisão em MI deve ir além da declaração em mora do legislador, sob pena
de tornar o remédio constitucional inócuo. A decisão em MI deve concretizar o direito discutido na
ação, através da edição de norma aplicável ao caso. (Posição da doutrina majoritária e o STF desde
2007 até os dias atuais).
Além disso, havia discussão sobre o alcance dos efeitos da decisão: seria limitado aso partes do
processo – inter partes - ou alcançaria todos com eficácia erga omnes?
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1. o órgão julgador determina prazo razoável para que o ente em mora supra a falta normativa.
2. Se ultrapassado prazo estabelecido sem a edição da norma regulamentadora, o órgão julgador irá
suprir a falta normativa estabelecendo “as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los.”
A doutrina diz que a Lei 13.300/2016 optou por adotar uma posição concretista intermediária, isto
é: ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma
oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão
judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso
esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito,
liberdade ou prerrogativa.
Mas não pode esquecer o § único do art. 8º! A lei dispensa a exigência de prévia fixação de prazo
razoável para a edição da norma regulamentadora nos casos em que ficar comprovado que o impetrado
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Essa
exceção se filia à tese concretista direta:
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Por fim, o art. 9º da Lei disciplina os efeitos subjetivos da decisão que concede o mandado de injunção.
▪ Efeitos subjetivos = quem deve ser atingido pelos efeitos dessa decisão?
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até
o advento da norma regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando
isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos
casos análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a
renovação da impetração fundada em outros elementos probatórios.
Como regra geral, a eficácia subjetiva da decisão está limitada as partes (inter partes) e somente
produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. É o que a doutrina denomina de eficácia
individual.
Excepcionalmente, a eficácia subjetiva da decisão poderá ser ultra partes ou erga omnes, quando for
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. A
doutrina chama de eficácia geral.
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Vamos esquematizar?
g) MI coletivo
Embora não haja previsão na CF, cabe o MI coletivo, nos mesmos termos do MS coletivo. Inclusive, a
própria Lei 13.300/2016 regula os termos do MI coletivo a partir do artigo 12 e seguintes.
No MI coletivo, os direitos, liberdades e prerrogativas protegidos são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
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Dessa forma, deve ser proposto por legitimados previstos na Lei, em nome próprio, mas defendendo
interesses alheios. São legitimados para impetrar MI coletivo:
Já caiu em prova e foi considerada correta a seguinte alternativa: O Ministério Público tem legitimidade para
impetrar mandado de injunção coletivo quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis. (2021)
Obs.1: Conforme entendimento do STF, não cabe a impetração de mandado de injunção coletivo
para proceder à revisão geral anual dos vencimentos dos servidores públicos.
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a que se nega provimento." (MI 4265 AgR/DF, Relator (a): Min. GILMAR MENDES,
Julgamento: 30/04/2014, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação 02/06/14)
Obs.2: A coisa julgada gerará efeitos apenas em relação aos substituídos pelo legitimado coletivo.
Contudo, também é possível a concessão de efeitos erga omnes na mesma situação tratada acima, ou seja,
desde que seja inerente ou indispensável ao exercício do direito ou liberdade.
Obs.3: O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.
https://youtu.be/EHI3tOCeYK4
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Analogicamente, também incide aqui a Súmula 629/STF: A impetração de mandado de segurança coletivo
por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.
"As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou individuais
homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados." STJ. 2ª Turma. REsp
1796185/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2019
4. HABEAS DATA
STJ: Só pode pedir a retificação de dados o sujeito que tem conhecimento desses
dados. Portanto, não cabe cumular pedidos de prestação de informações e
correções de dados.
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Obs.1:Possibilidade de se obter dados do contribuinte que constem dos sistemas dos órgãos
fazendários
Obs.2:Cuidado para não confundir o habeas data com o direito geral de informação, protegido por
mandado de segurança e previsto no inc. XXXIII da CF/88. Veja:
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c) Legitimidade ativa:
Pode ser ajuizado por qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como por pessoa jurídica
e órgãos despersonalizados.
Trata-se de uma ação personalíssima, que só pode ser ajuizada pelo titular do direito, salvo se houver
a morte do agente, hipótese em que poderá ser impetrado, excepcionalmente, pelo cônjuge e herdeiros.
e) Jurisdição condicionada
O HD é um processo de jurisdição condicionada. Isso porque, para impetrá-lo, deve ter ocorrido o
prévio requerimento administrativo e a negativa ou omissão pela autoridade administrativa. (Trata-se de
uma “exceção” ao princípio da inafastabilidade da jurisdição).
Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa
Lei 9507/97. Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts.
282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os
documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.
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f) Características gerais do HD
✔ Procedimento gratuito e não há ônus de sucumbência, mas se exige advogado para impetrar HD.
✔ Tem prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto HC e MS
✔ NÃO se sujeita a prazo prescricional ou decadencial.
✔ O pedido do HC pode ser renovado caso a decisão denegatória não tenha apreciado o mérito
✔ A lei não fala em medida liminar, mas a doutrina vem entendendo pela admissibilidade
✔ Não cabe reexame necessário
✔ Não admite atividade probatória
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte afirmativa: O Habeas Data, assim como o Mandado
de Segurança, não prevê fase probatória e, portanto, não pode ser impetrado quando controversa a matéria.
g) Prazos na lei:
∘ Requerimento: art. 2º
· 48 h para decidir o requerimento;
· 24h para comunicar a decisão ao requerente;
h) Recursos
∘ Do despacho que indeferir liminarmente a petição inicial – apelação
∘ Da decisão que conceder ou negar o HD – apelação
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data,
ou se lhe faltar algum dos requisitos previstos nesta Lei.
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15.
Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação.
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Parágrafo único. Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito
meramente devolutivo.
i) Competência:
● Art. 102, I, d: STF possui competência originária para processar e julgar HD contra atos do Presidente
da República, das Mesas da CD e do SF, do TCU, do PGR e do próprio STF.
● Art. 102, II, a: STF julga em recurso ordinário o HD decidido em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão.
● Art. 105, I, b: STJ processa e julga originariamente habeas data contra ato do Ministro de Estado,
Comandantes das Forças Armadas ou do próprio tribunal.(Caiu na prova de Delegado de Polícia
Federal de 2021!)
● Art. 108, I, c: TRFs processam e julgam habeas data contra ato do próprio tribunal e ou dos juízes
federais.
● Art. 109, VIII: juízes federais processam e julgam habeas data contra ato de autoridade federal.
● Art. 121, §4º, V: TSE processa e julga em grau de recurso habeas data denegado pelo TRE.
● Art. 125, §1º: no plano estadual, a competência será definida pela Constituição Estadual.
CAIU NA PROVA DELEGADO PC-RO (2022) O habeas data não pode ser utilizado para obtenção de cópia de
processo administrativo. (item correto)
Não se admite o emprego do habeas data como meio para a obtenção de cópia de autos de processo
administrativo disciplinar, em que o autor figure como implicado, porquanto tal propósito não encontra
abrigo no que dispõe o art. 7º, inciso I, da Lei 9.507/1997. STJ. 1ª Seção. HD 282/DF, Rel. Min. Sérgio Kukina,
julgado em 12/12/2018.
CESPE/2020: As ações de habeas corpus e habeas data são gratuitas e consideradas necessárias ao exercício
da cidadania, asseguradas como cláusulas pétreas na CF, de modo que é dever do Estado a garantia desses
direitos, sendo-lhe vedado suprimi-los. Item correto
CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Cabe originariamente ao STF
processar e julgar habeas data contra ato de ministro de estado. Item errado.
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O artigo 105, I, “b", da CRFB aduz que compete ao STJ processar e julgar habeas data contra ato de ministro
de estado.
DICA:
Mandado de segurança contra ato de Ministro de Estado → STJ julga (CF, Art. 105, I, b)
Habeas data contra ato de Ministro de Estado → STJ julga (CF, Art. 105, I, b)
Habeas corpus quando o Ministro de Estado é coator → STJ julga (CF, Art. 105, I, c)
Habeas corpus quando o Ministro de Estado é paciente → STF julga (CF, Art. 102, I, d)
CESPE / CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia: De acordo com o STJ, o habeas data é
instrumento idôneo para a obtenção de acesso aos critérios utilizados em correção de prova discursiva
aplicada em concursos públicos. Item errado.
Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência
Lei 4717/65
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia
mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a
União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro
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A doutrina entende que a ação popular vigorou no período imperial e no início da República, durante
a vigência das Ordenações do Reino. Para alguns, a Constituição de 1824 já consagrava a ação. Com o advento
do CC de 1916, a doutrina majoritária passou a entender que o ordenamento jurídico não mais admitia a
ação popular.
A ação popular foi incluída expressamente na Constituição de 1934 e foi suprimida na Constituição
de 1937, tendo sido restabelecido na de 1946 e mantida nas seguintes.
As normas sobre a ação popular limitavam sua utilização para a tutela do patrimônio público
material. Com a lei 6.513/77 e a CF/88, o objeto da ação foi ampliado para incluir os bens imateriais que
fazem parte do patrimônio público (meio ambiente, moralidade administrativa e patrimônio
histórico/cultural).
NÃO é destinada à defesa de interesse subjetivo individual, mas de natureza coletiva, para anular ato
lesivo ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio histórico e cultural.
Assim, podemos extrair os seguintes requisitos: Deve haver lesividade aos direitos difusos específicos
elencados:
1. Ato lesivo ao patrimônio público;
2. Ato lesivo ao patrimônio de entidade de que o Estado participe;
3. Ato lesivo à moralidade administrativa;
4. Ato lesivo ao meio ambiente;
5. Ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.
Considerações importantes:
∘ Pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo
∘ A CF isenta o autor da ação popular de custas e ônus da sucumbência, SALVO comprovada má-fé
∘ A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
havidas pelo autor da ação.
a) Legitimidade ativa:
● Somente o cidadão pode propor ação popular.
● Exige-se capacidade postulatória: o cidadão que não tiver, deverá constituir advogado.
● Súmula 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.
● Há decisões do STJ que estendem ao MP a legitimidade ativa para a ação popular (AREsp 746.846).
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- Estrangeiros;
- Apátridas;
- Pessoa jurídica – Sumula 365, STF;
- Brasileiros com seus direitos políticos perdidos ou suspensos.
A doutrina majoritária entende que a legitimidade ativa do cidadão para propor ação popular é
extraordinária, uma vez que defende direito difuso, cujo titular é a coletividade. (NEVES, 2017, p. 307)
Art. 1º, §3º, da Lei n. 4.717/65: A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será
feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.
Segundo o STJ (Resp 1.242.800), a condição de eleitor não é condição de legitimidade, e o título de
eleitor é utilizado apenas como prova documental da cidadania. Dessa forma, é irrelevante o domicílio
eleitoral do autor, que poderá litigar contra ato praticado em local diverso de onde exerce seu direito de
voto.
Em regra, o autor pode ajuizar a ação popular no foro de seu domicílio, mesmo
que o dano tenha ocorrido em outro local; contudo, diante das peculiaridades, as
ações envolvendo o rompimento da barragem de Brumadinho devem ser julgadas
pelo juízo do local do fato
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Art. 6º, §5º, da Lei n. 4.717/65: É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.
b) Legitimidade passiva:
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A Lei da Ação Popular prevê que "qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado,
cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final
de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para
contestação e produção de provas" (inciso III do art. 7º da Lei 4.717/65).
A autorização legal da ampliação posterior do polo passivo da ação popular, no curso do processo e
antes da sentença, tem o objetivo de abarcar todas as pessoas físicas e/ou jurídicas que supostamente foram
beneficiadas ou são responsáveis pelo ato impugnado pelo autor popular. Assim, os réus poderão exercer o
contraditório pleno e, por conseguinte, irão se sujeitar aos efeitos da coisa julgada material.
Legitimação Bifronte: O art. 6º, §3º, da Lei n. 4.717/64 prevê que a pessoa jurídica de direito público
ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá
atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante
legal ou dirigente. Dessa forma, a pessoa jurídica poderá passar a atuar ao lado do autor, criando uma espécie
sui generis de litisconsórcio ativo ulterior (NEVES, 2017, p. 317). Legitimação bifronte significa que a pessoa
jurídica de direito público ou privado possui legitimidade para atuar em ambos os polos da demanda, de
acordo com o interesse público.
O STF não admite que Estado-membro componha o polo ativo de ação popular
originariamente.
STJ (AgRg no Resp 1.333.168): O Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
detém legitimidade para a juntada de documentos e para formular pedidos de
produção de provas que entender necessárias.
Legitimidade ativa superveniente (art. 9º da Lei n. 4.717/65): Se o autor desistir da ação ou der
motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso
II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do
prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
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Art. 9º: Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão
publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.
d) Objeto
A sentença possui natureza cível, e se julgada improcedente, se sujeita ao duplo grau de jurisdição.
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com
efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)
O cabimento da ação popular NÃO exige a comprovação de efetivo dano material, pecuniário.
Entende o STF que a lesividade decorre da ilegalidade, e a ilegalidade do comportamento, por si só, causa
dano.
Além da motivação dos atos lesivos, o próprio mérito do ato pode ser objeto de análise em sede de
ação popular, já que a discricionariedade não permite a contrariedade ao ordenamento jurídico, tampouco
o desatendimento ao interesse público específico do ato praticado (NEVES, 2017, p. 301).
STJ:É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para
pleitear que Município proíba máquinas agrícolas e veículos pesados de trafegarem
em perímetro urbano deste e torne transitável o anel viário da região. STJ. 2ª
Turma. REsp 1294451-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/9/2016 (Info
591).
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STF: NÃO cabe AP contra ato de conteúdo jurisdicional, praticado por membro do
Judiciário no desempenho de sua função típica.
STJ possui firme orientação de que um dos pressupostos da Ação Popular é a lesão
ao patrimônio público. Ocorre que a Lei nº 4.717/65 deve ser interpretada de forma
a possibilitar, por meio de Ação Popular, a mais ampla proteção aos bens e direitos
associados ao patrimônio público, em suas várias dimensões (cofres públicos, meio
ambiente, moralidade administrativa, patrimônio artístico, estético, histórico e
turístico). Para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do ato
administrativo por ofensa a normas específicas ou desvios dos princípios da
Administração Pública, dispensando-se a demonstração de prejuízo material. STJ.
2ª Turma. AgInt no AREsp 949.377/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
09/03/2017.
e) Competência
Definida pela origem do ato a ser anulado.Ex.: patrimônio lesado da União – competência da Justiça
Federal.
▪ Regra: A competência do juízo de 1º grau para processar e julgar ação popular contra ato de qualquer
autoridade, inclusive presidente da república.
▪ Exceção:competência originária do STF disposta no art. 102, I, “f” e “n” da CF
O juízo da Ação Popular é universal, impondo-se a reunião de todas as ações conexas, com
fundamentos jurídicos iguais ou assemelhados.
STF: O foro especial por prerrogativa de função NÃO alcança ações populares ajuizadas contra
autoridades detentoras dessa prerrogativa.
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O STF não possui competência originária para processar e julgar ação popular,
ainda que ajuizada contra atos e/ou omissões do Presidente da República. A
competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até
mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo de 1º grau. STF.
Plenário. Pet 5856 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 25/11/2015 (Info 811).
l) Contestação:
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a) Conceito
A ação civil pública consiste em uma garantia constitucional prevista em lei própria (lei nº 7.347/85),
que busca proteger direitos de 3ª geração. A ACP tutela, portanto, direitos difusos e coletivos, bem como
direitos individuais indisponíveis.
ATENÇÃO: A ACP NÃO pode substituir a ADI, embora a inconstitucionalidade possa ser questão
prejudicial. Logo, a ACP é cabível apenas como meio de controle difuso.
b) Objeto
Tem por objeto a tutela preventiva ou ressarcitória dos seguintes bens ou direitos metaindividuais:
● Meio-ambiente;
● Consumidor;
● Bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
● Qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
● Infração da ordem econômica;
● Ordem urbanística;
● Honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
● Patrimônio público e social.
Art. 1º, Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional
cujos beneficiários podem ser individualmente determinados
** Em relação ao FGTS, tenha cuidado com o julgado do STF: O Ministério Público possui legitimidade para
propor ACP em defesa de direitos sociais relacionados com o FGTS
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9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850) (Info 955). Em provas, tenha cuidado
com a redação do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85: Art. 1º (...) Parágrafo
único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser
individualmente determinados.
CUIDADO: Se for cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma prova
objetiva, provavelmente, esta será a alternativa correta.
c) Legitimidade Ativa
Trata-se de legitimidade:
✔ AUTÔNOMA: NÃO depende de participação ou autorização do titular do direito material;
✔ CONCORRENTE: Há mais de um legitimado;
✔ DISJUNTIVA: Um legitimado NÃO depende de autorização do outro para ajuizar a ação.
● Quando se tratar da tutela de direitos difusos e coletivos - o autor da ação age com legitimação
autônoma para a condução do processo, pois não decorre do direito material, mas da lei, que
conferiu aos legitimados a possibilidade de defender aquele direito;
● Quando se tratar da tutela de interesses individuais homogêneos - a legitimação é extraordinária,
pois a pessoa agiria em nome próprio, em defesa do interesse alheio.
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À luz do art. 5º, §5º, é possível a formação de litisconsórcio facultativo entre os autores coletivos.
Entretanto, para o STF, o litisconsórcio facultativo entre o MPF e o MPF exige a devida justificativa.
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1) O Ministério Público tem legitimidade para atuar em defesa dos direitos difusos,
coletivos e individuais homogêneos dos consumidores.
2) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública visando
tutelar direitos dos consumidores relativos a serviços públicos.
3) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o
objetivo de assegurar os interesses individuais indisponíveis, difusos ou coletivos
em relação à infância, à adolescência e aos idosos, mesmo quando a ação vise à
tutela de pessoa individualmente considerada.
4) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o
objetivo de assegurar assistência médica e odontológica à comunidade indígena,
em razão da natureza indisponível dos bens jurídicos salvaguardados e o status de
hipervulnerabilidade dos sujeitos tutelados.
5) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o
objetivo de assegurar os interesses individuais indisponíveis, difusos ou coletivos
em relação às pessoas desprovidas de recursos financeiros, mesmo quando a ação
vise à tutela de pessoa individualmente considerada.
6) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa
de interesses e direitos individuais homogêneos pertencentes a consumidores
decorrentes de contratos de cessão e concessão do uso de jazigos em cemitérios.
7) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o fim
de impedir a cobrança abusiva de mensalidades escolares.
Súmula 643-STF: O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil
pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
8) O Ministério Público Estadual não tem legitimidade para ajuizar ação civil pública
objetivando defesa de bem da União, por se tratar de atribuição do Ministério
Público Federal.
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9) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando
a cessação dos jogos de azar.
10) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa
do patrimônio público. (Súmula n. 329/STJ)
11) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública
objetivando o fornecimento de medicamentos e tratamentos médicos, a fim de
tutelar o direito à saúde e à vida.
12) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa
dos interesses de mutuários do Sistema Financeiro da Habitação, visto que
presente o relevante interesse social da matéria.
14) O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública com o
objetivo de anular concurso realizado sem a observância dos princípios
estabelecidos na Constituição Federal.
A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de
interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de
saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os titulares não
sejam carentes de recursos econômicos. A atuação primordial da Defensoria
Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados
econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades em auxílio a necessitados
jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A expressão
"necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a
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atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública,
em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de
recursos financeiros como também em prol do necessitado organizacional (que são
os "hipervulneráveis"). STJ. Corte Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 21/10/2015 (Info 573)
No caso de ação civil pública proposta por ente político, a pertinência temática ou
representatividade adequada são presumidas.
Isso porque não há dúvidas de que os entes políticos possuem, dentre suas finalidades institucionais,
a defesa coletiva dos consumidores. Trata-se, inclusive, de um comando constitucional:
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa
de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em
relação ao Ministério Público e aos entes políticos, que têm como finalidades
institucionais a proteção de valores fundamentais, como a defesa coletiva dos
consumidores, não se exige pertinência temática e representatividade adequada.
STJ. 3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018
(Info 626).
(6) ASSOCIAÇÃO:
As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou
individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados. Isso porque, no
caso, estamos diante de umregime de substituição processual, em que a autorização para a defesa do
interesse coletivo em sentido amplo é estabelecida na definição dos objetivos institucionais, no próprio ato
de criação da associação, sendo, portanto, desnecessária, nova autorização ou deliberação assemblear.
Apesar de não exigir a autorização expressa dos associados, para ajuizar ACP, as associações devem
preencher os seguintes requisitos:
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A necessidade de a associação estar constituída há pelo menos 1 ano é flexibilizada pela própria lei,
que dispensa tal requisito em caso de manifesto interesse social ou diante da relevância do bem jurídico
protegido.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou
pela relevância do bem jurídico a ser protegido
Mesmo sem 1 ano de constituição, associação poderá ajuizar ACP para que
fornecedor preste informações ao consumidor sobre produtos com glúten. Como
regra, para que uma associação possa propor ACP, ela deverá estar constituída há
pelo menos 1 ano. Exceção. Este requisito da pré-constituição poderá ser
dispensado pelo juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela
dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
protegido (§ 4º do art. 5º da Lei nº 7.347/85). Neste caso, a ACP, mesmo tendo sido
proposta por uma associação com menos de 1 ano, poderá ser conhecida e julgada.
Como exemplo da situação descrita no § 4º do art. 5º, o STJ decidiu que: É
dispensável o requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para
associação ajuizar ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação
de informações ao consumidor sobre a existência de glúten em alimentos. STJ. 2ª
Turma. REsp 1600172-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info
591).
Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pública, é possível sua
substituição no polo ativo por outra associação que possua a mesma finalidade
temática. O microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o
aproveitamento do processo coletivo, possibilitando a sucessão da parte autora
pelo Ministério Público ou por algum outro colegitimado (ex: associação),
mormente em decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas
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coletivas. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1405697-MG, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 10/09/2019 (Info 665).
Segundo o STJ, pode uma associação defender interesses transindividuais que ultrapassem os de seus
próprios associados, ainda que estes interesses sejam individuais homogêneos.
d) Legitimidade Passiva
A Lei de Ação Popular é omissa quanto à legitimidade passiva, razão pela qual o STJ e a doutrina
entendem pela aplicação do regramento geral do CPC.
e) Competência
● Critério Funcional - NÃO há prerrogativa de foro na Ação Civil Pública, razão pela qual o julgamento
é sempre em primeira instância.
● Critério Material:
⦁ Justiça eleitoral: É competente para questões relacionadas à sufrágio e questões político-
partidárias;
⦁ Justiça do trabalho: relação de trabalho;direito sindical;proteção ao meio ambiente do trabalho.
⦁ Justiça comum: Pode ser ajuizada na Justiça Federal, se presente uma das hipóteses do art. 109,
I, da CF/88.
● Critério Territorial
Em relação às ações civis públicas cujo objeto seja de âmbito local, deve-se aplicar o art. 2º da Lei nº
7.347/85, que prevê o foro do local onde tiver ocorrido o dano:
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer
o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Em relação às ações civis públicas cujo objeto seja de âmbito nacional ou regional, a lei é omissa,
motivo pelo qual deve-se recorrer ao art. 93, II, do CDC, com base na noção de microssistema processual (art.
21 da LACP).
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Portanto, em se tratando de ação civil pública com abrangência nacional ou regional, sua propositura
deve ocorrer no foro, ou na circunscrição judiciária, de capital de Estado ou no Distrito Federal. E, uma vez
fixada essa competência, o primeiro que conhecer da matéria, entre os competentes, ficará prevento.
Art. 2º, Parágrafo único - A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir
ou o mesmo objeto.
(...). Ajuizadas múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-
se a prevenção do juízo que primeiro conheceu de uma delas, para o julgamento
de todas as demandas conexas. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
Vamos esquematizar?
f) Sucumbência na ACP
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação
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● Nas ações da Lei da ação civil pública não haverá adiantamento de custas;
● Se o autor vencido for o MP, defensoria ou associação, será isento do pagamento dos ônus de
sucumbência, salvo má-fé:
● Se o MP for vencedor, o réu vencido será isento de custas de sucumbência, em razão do princípio da
simetria.
Em regra, o demandado que for sucumbente na ACP não tem o dever de pagar
honorários advocatícios. A parte que foi vencida em ação civil pública não tem o
dever de pagar honorários advocatícios em favor do autor da ação. A justificativa
para isso está no princípio da simetria. Isso porque se o autor da ACP perder a
demanda, ele não irá pagar honorários advocatícios, salvo se estiver de má-fé
(art. 18 da Lei nº 7.347/85). Logo, pelo princípio da simetria, se o autor vencer a
ação, também não deve ter direito de receber a verba. Desse modo, em razão da
simetria, descabe a condenação em honorários advocatícios da parte requerida em
ação civil pública, quando inexistente má-fé, de igual sorte como ocorre com a
parte autora. STJ. Corte Especial. EAREsp 962250/SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 15/08/2018.
OBS.: Existe precedente do STJ que faz uma ressalva: se a ação tiver sido proposta
associações e fundações privadas e a demanda tiver sido julgada procedente, neste
caso, o demandado terá sim que pagar honorários advocatícios. Assim, o
entendimento do STJ manifestado no EAREsp 962.250/SP "não se deve aplicar a
demandas propostas por associações e fundações privadas, pois, do contrário,
barrado de fato estaria um dos objetivos mais nobres e festejados da Lei
7.347/1985, ou seja, viabilizar e ampliar o acesso à justiça para a sociedade civil
organizada." (STJ. 2ª Turma. REsp 1796436/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 09/05/2019).
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Art. 5º, §6º - Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
A associação privada autora de uma ação civil pública pode fazer transação com o
réu e pedir a extinção do processo, nos termos do art. 487, III, “b”, do CPC. O art.
5º, § 6º da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê que os órgãos públicos
podem fazer acordos nas ações civis públicas em curso, não mencionando as
associações privadas. Apesar disso, a ausência de disposição normativa expressa no
que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso
porque a existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz
respeito ao fato de que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que
aos entes privados é dado fazer tudo que a lei não proíbe. STF. Plenário. ADPF
165/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892).
● EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO: Quem define que efeito terá a apelação é o próprio juiz da causa
(art. 14 LACP).
Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte
● REEXAME NECESSÁRIO: Somente ocorre quando a ação é julgada improcedente ou extinta sem
julgamento do mérito.
● ABRANGÊNCIA DA SENTENÇA:
O art. 16 da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85), com redação dada pela Lei nº 9.494/97,
estabelece o seguinte:
Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
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Esse artigo foi alterado pela Lei nº 9.494/97 com o objetivo de restringir a eficácia subjetiva da coisa
julgada, ou seja, ele determinou que a coisa julgada na ACP deveria produzir efeitos apenas dentro
dos limites territoriais do juízo que prolatou a sentença.
Em outras palavras, o que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação civil pública
não produz efeitos no Brasil todo. Ela irá produzir efeitos apenas na comarca (se for Justiça Estadual) ou na
seção ou subseção judiciária (se for Justiça Federal) do juiz prolator.
A doutrina criticou bastante essa alteração promovida no art. 16 e afirmou que a regra ali prevista
não deveria ser aplicada por ser inconstitucional, impertinente e ineficaz. Como ficou então a posição da
jurisprudência?
● STJ –“A eficácia das decisões proferidas em ações civis públicas coletivas NÃO deve ficar limitada
ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a decisão”. STJ. Corte Especial.
EREsp 1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/10/2016.
● STF –“É INCONSTITUCIONAL a delimitação dos efeitos da sentença proferida em sede de ação civil
pública aos limites da competência territorial de seu órgão prolator. STF. Plenário. RE 1101937/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
7. INQUÉRITO CIVIL
É uma investigação administrativa a cargo do MP, destinada a colher elementos para eventual
propositura de ACP, podendo servir de base para o oferecimento de denúncia criminal.
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a) Características
● Procedimento preparatório;
● Procedimento meramente administrativo;
● Procedimento informativo;
● Não obrigatório;
● É público;
● Privativo do MP;
● Inquisitorial (não há contraditório).
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I) INSTAURAÇÃO:
Ocorre através de portaria, que deve indicar o objeto da investigação. A portaria pode ser baixada
das seguintes formas:
● De ofício;
● Por representação;
● Por requisição do procurador geral.
O fato de o promotor ter presidido o inquérito civil NÃO gera a suspeição para o ajuizamento de ACP;
Doutrina majoritária entende não ser possível a instauração de inquérito civil por denúncia anônima.
II) INSTRUÇÃO:
● Abrange o poder de vistoria e inspeção em qualquer órgão público;
● Poder de intimação de qualquer pessoa para depoimento, sob pena de condução coercitiva;
● Poder de requisição de documentos e informações a qualquer entidade pública ou privada.
III) CONCLUSÃO:
A LACP NÃO estipula prazo para a conclusão do inquérito civil. Ao final, o promotor tem duas opções:
● Promover a ACP;
● Promover o arquivamento fundamentado: ao propor o arquivamento, o promotor encaminha ao
órgão superior do MP, no prazo de 3 dias, sob pena de responsabilidade penal. Os órgãos superiores
designam uma sessão de julgamento, e podem ser tomadas as seguintes providências:
∘ Homologação do arquivamento;
∘ Conversão do julgamento em diligência;
∘ Rejeição da promoção do arquivamento, hipótese em que será nomeado outro promotor
para a propositura da ACP.
Ocorre quando a pessoa assume a responsabilidade pelo evento e se compromete a alterar a sua
conduta. Uma vez celebrado, possui a eficácia de título executivo extrajudicial:
Art. 5º, § 6° LACP. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
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A Lei nº 13.964 deu nova redação ao art. 17, § 1º, da Lei de Improbidade Administrativa, passando a
permitir a celebração de acordos de não persecução cível. O dispositivo, contudo, foi revogado pela Lei nº
14.230/21.
Art. 17. (...) § 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo
de não persecução cível, nos termos desta Lei.
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De todos os legitimados para ajuizar ACP, somente as associações NÃO podem celebrar TAC, pois o
art. 5º, §6º da LACP alude apenas aos órgãos públicos.
Qualquer legitimado pode celebrar TAC, sem necessidade de autorização dos demais.
TAC homologado judicialmente também só pode ser rescindido judicialmente, por ação anulatória.
c) Responsabilidade
d) Eficácia
O TAC tem eficácia de título executivo extrajudicial, e sua eficácia ocorre a partir do momento em que
é celebrado.
e) Compromisso preliminar
É um TAC parcial, em que se consegue apenas parte do acordo. A sua realização NÃO impede a
propositura da ACP contra outros investigados, ou para alcançar outros pedidos.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:
- Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado.
- Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
- Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
- Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direitos Constitucional Descomplicado
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META 2
TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 14 a 17
⦁ Art. 37, §4º
⦁ Art. 55, IV
⦁ Art. 62, §1º, “a”,
⦁ Art. 68, §1º, II
⦁ Art. 85, III
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
CF/88
⦁ Art. 14 e 15 (leitura completa! Importantíssimo!)
⦁ Art. 37, §4º
1. DIREITOS POLÍTICOS
É o instrumento pelo qual se garante o exercício da soberania popular. Podem ser divididos:
• DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS: Segundo José Afonso da Silva, consistem no “conjunto de normas
que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos
governamentais”.
• DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS: decorrem das normas que privam o cidadão, definitiva ou
temporariamente, dos direitos políticos positivos, especialmente do direito de votar e de ser votado.
Os direitos políticos, então, são instrumentos por meio dos quais a CF garante o exercício da
soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na condução da coisa pública, seja
direta, seja indiretamente.
De modo geral podemos classificar os regimes democráticos em três espécies: a) democracia direta,
em que o povo exerce por si o poder, sem intermediários, sem representantes; b) democracia representativa,
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na qual o povo, soberano, elege representantes, outorgando-lhes poderes, para que, em nome deles e para
o povo, governem o país; e c) democracia semidireta ou participativa, um “sistema híbrido”, uma democracia
representativa, com peculiaridades e atributos da democracia direta.
➢ A democracia participativa ou semidireta assimilada pela CF/88 (arts. 1.º, parágrafo único, e 14)
caracteriza-se, portanto, como a base para que se possa, na atualidade, falar em participação popular
no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercício da soberania, que se instrumentaliza
por meio do plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como pelo ajuizamento da ação popular.
As formas de exercício da soberania popular são o direito de sufrágio ativo (direito de votar) e passivo
(direito de ser votado), a iniciativa popular, a ação popular e a organização e participação em partidos
políticos.
• INICIATIVA POPULAR: Consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
B) SUFRÁGIO:
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C) ALISTABILIDADE:
ATENÇÃO:O voto é obrigatório para os que têm entre 18 e 70 anos, e facultativo para aqueles que
têm entre 16 e 18 anos e para os maiores de 70 anos e analfabetos.
D) ELEGIBILIDADE:
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ATENÇÃO: O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil, razão pela qual a circunstância de o
eleitor residir em determinado município não o impede de se candidatar por outra localidade onde é inscrito
e com a qual mantém vínculos negociais, patrimoniais, profissionais, afetivos ou políticos.
A. INELEGIBILIDADES:
ATENÇÃO – PREFEITO ITINERANTE: Caracteriza-se pela alteração do domicílio eleitoral com finalidade de
burlar a regra que tolera apenas uma reeleição. O sujeito não pode se eleger por mais de um mandato no
Município A e então muda seu domicílio eleitoral para o Município B, vizinho de A, onde tentará eleger-se
prefeito. O STF entendeu tal conduta incompatível com o princípio republicano, pois visa à perpetuação no
poder.
• INELEGIBILIDADE REFLEXA – ART. 14, §7º: A inelegibilidade em razão do parentesco torna inelegíveis
no território de jurisdição do Chefe do Poder Executivo o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, salvo quando estes já forem detentores de mandato eletivo
e candidatos à reeleição.
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ATENÇÃO:
Assim, temos a regra: DISSOLVER O VÍNCULO CONJUGAL NO CURSO DO MANDATO NÃO AFASTA A
INELEGIBILIDADE DO ARTIGO 14, §7º CRFB. E a exceção: Se o vínculo conjugal tiver sido rompido pela morte
de um dos cônjuges, a inelegibilidade em comento estás afastada. Motivo: Neste último caso, não há fraude
para fins eleitorais.
TESE DE REPERCUSSÃO GERAL 678: “A Súmula Vinculante 18 do STF (“A dissolução
da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal”) não se aplica
aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges.”
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Cabe asseverar apenas que a renúncia afasta a presente inelegibilidade, ou seja, se o Chefe do
Executivo renunciar, é possível que sua família se candidate a qualquer cargo no território de jurisdição do
titular. Tal renúncia deve se dar em até seis meses antes do pleito. É a chamada
heterodesincompatibilização, pois o sujeito se desincompatibiliza para terceiro poder concorrer a outros
cargos.
A exceção se dá no caso em que a renúncia se dá no segundo mandato -> nesse caso o membro da
família não poderá concorrer ao terceiro mandato, eis que, conforme entendimento da Justiça Eleitoral, é
vedado que uma mesma família ocupe determinado cargo por três mandatos consecutivos, conforme já
decidiu o TSE no caso “Garotinho” (ex-governador do Rio de Janeiro).
Em caso de desmembramento, o STF entende que a família do titular do executivo ente
desmembrado não pode se candidatar a cargos eletivos no novo ente criado. Ex.: Município A dá origem ao
Município B -> a família do Prefeito do Município A não pode concorrer a cargos eletivos no Município B.
ATENÇÃO: O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos, conforme, art.
142, § 3º, V, da CF.
E, ainda, os JUÍZES, ART. 95, P.Ú., III, CF e MINISTÉRIO PÚBLICO, ART. 128, §5°, II, “e”, CF.
A) CASSAÇÃO:
É vedada. O art. 15 da CF veda a retirada arbitrária de direitos políticos, pois a restrição dos direitos
políticos será sempre provisória, ou seja, sem caráter perpétuo, e ocorrerá nos casos de suspensão e perda;
B) PERDA:
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1. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, I): ação que tramita na
justiça federal, na qual o naturalizado volta a ser considerado estrangeiro;
2. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
(art. 15, IV). Enquanto não houver edição de lei regulamentando a prestação alternativa, não há
possibilidade de perder os direitos políticos;
3. Perda da nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra (art. 12, § 4º, II).
C) SUSPENSÃO:
1.4. Servidor Público e Exercício do Mandato Eletivo: De Acordo com o Art. 38 da CF/88
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II) Uma Governadora está no fim do seu segundo mandato consecutivo no cargo. Considerando-se a
posição majoritária e atual do Supremo Tribunal Federal e as normas constitucionais sobre direitos
políticos, é correto afirmar que o cônjuge de governadora que esteja no fim de seu segundo mandato
consecutivo será inelegível em todo o território do respectivo estado, ainda que o vínculo conjugal se
dissolva no curso do mandato. Item certo.
Art. 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não
afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
OBS: A inelegibilidade do art. 14, § 7º, da Constituição NÃO ALCANÇA o cônjuge supérstite (sobrevivente
viúvo) quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com regular sucessão do vice-prefeito,
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e tendo em conta a construção de novo núcleo familiar. A Súmula Vinculante 18 do STF não se aplica aos
casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. (STF, RE 758.461, Tese RG 678,
2014).
2. PARTIDOS POLÍTICOS
São associações (pessoas jurídicas de direito privado) constituídas para a participação na vida política
de um país. Além do registro civil, também devem registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
A) REGISTRO:
ATENÇÃO: Não existe no Brasil a candidatura avulsa, de modo que o candidato deve estar filiado a partido
político.
1. LIBERDADE PARTIDÁRIA: É livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos. No
entanto, deve obedecer ao disposto na Constituição:
• CARÁTER NACIONAL;
• PROIBIÇÃO DE RECEBIMENTO DE RECURSOS FINANCEIROS DE ENTIDADES OU GOVERNOS
ESTRANGEIROS OU DE SUBORDINAÇÃO A ESTES;
• PRESTAÇÃO DE CONTAS A JUSTIÇA ELEITORAL;
• FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR DE ACORDO COM A LEI.
2. AUTONOMIA PARTIDÁRIA: Autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento,
devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias (art. 17, § 1º).
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3. VEDAÇÃO A PARTIDOS COMO ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR (ART. 14, § 4º): É vedado ao partido político
ministrar instrução militar ou paramilitar bem como utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar
uniforme para seus membros.
C) SISTEMAS ELEITORAIS:
• MAJORITÁRIO: O mandato eletivo fica com o candidato ou partido político que obteve a maioria dos
votos, independente dos votos do seu partido. Adotado para eleições de Presidente, Senador,
Governador e Prefeito;
• PROPORCIONAL: É obtido mediante alguns cálculos. Inicialmente, divide o número total de votos
válidos pelos cargos em disputa (quociente eleitoral). Em seguida, pega os votos de cada partido ou
coligação e divide pelo quociente eleitoral, anteriormente obtido (quociente partidário). Os
candidatos mais bem votados desse partido irão ocupar tais vagas. Adotado para eleições de
Deputado Federal, Estadual e Vereador.
• MISTO: Mescla regras do majoritário e proporcional, com votos distritais e votos gerais. É o sistema
adotado na Alemanha. No Brasil, não é adotado, embora seja ponto de discussão da reforma política.
FIDELIDADE PARTIDÁRIA:
Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, sai do partido político no qual foi eleito, ele perderá o cargo
que ocupa? (INF 787 STF)
• Sistema majoritário: NÃO se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de
violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor, já que o candidato escolhido é aquele que
obteve mais votos, não importando o quociente eleitoral nem o quociente partidário. Segundo
entendimento do STF, As características do sistema majoritário, com sua ênfase na figura do candidato,
fazem com que a perda do mandato, no caso de mudança de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere
a soberania popular (CF, art. 1.º, par. ún., e art. 14, caput)”. Assim, a perda de mandato por troca de partido
não se aplica ao sistema majoritário.STF definiu, então, a seguinte tese: “a perda do mandato em razão da
mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da
soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor”.
• Sistema proporcional: O mandato parlamentar no sistema proporcional pertence ao partido político,
razão pela qual, em caso de mudança de partido político pelo parlamentar eleito, ele sofrerá um processo na
Justiça Eleitoral que poderá resultar na perda do seu mandato. O assunto está disciplinado na Resolução nº
22.610/2007 do TSE, que elenca, inclusive, as hipóteses consideradas como “justa causa” para a perda do
mandato. Em relação ao sistema proporcional (eleição de deputados federais, estaduais, distritais e
vereadores), o STF, em 03 e 04.10.2007, julgando os MS 26.602, 26.603 e 26.604, resolveu a matéria e
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estabeleceu que a fidelidade partidária deve ser respeitada pelos candidatos eleitos. Dessa forma,
teoricamente, aquele que mudar de partido (transferência de legenda) sem motivo justificado perderá o
cargo eletivo. Isso porque reconheceu o STF o caráter eminentemente partidário do sistema proporcional e
as inter-relações entre o eleitor, o partido político e o representante eleito. Mudar de partido caracteriza
desvio ético-político e gera desequilíbrio no Parlamento. É fraude contra a vontade do povo.
OBS: TSE - Justa causa para desfiliação partidária só é aplicável se eleito estiver no fim do mandato
vigente. De acordo com Admar Gonzaga, "o vereador poderá se desfiliar do seu partido com justa causa
apenas no prazo da janela partidária que coincidir com o final do seu mandato, ou seja, nas vésperas das
eleições municipais. Do mesmo modo, o detentor do cargo proporcional, como deputado federal e distrital,
poderá fazer jus à janela partidária na proximidade de uma Eleição Geral”. A decisão do colegiado foi
unânime.
O tema partidos políticos foi objeto de recentes alterações por emendas constitucionais. A EC 52/06
trouxe a desverticalização, de modo que as coligações partidárias não precisam ser as mesmas em âmbito
nacional, estadual e municipal, ou seja, não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Mais adiante, a EC 97/17 veiculou a vedação de celebração
de coligações em eleições proporcionais a partir de 2020. Vejamos como ficou a atual redação do art. 17,
§1º da CF:
Por fim, vale mencionar que a EC 97/17 estabeleceu alguns requisitos para os partidos terem acesso
ao fundo partidário. Vejamos como ficou a redação do §3º do art. 17:
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Essas regras, contudo, deverão ser observadas somente a partir das eleições de 2030 (art. 3.º da
emenda), tendo sido estabelecidos requisitos gradativos a serem observados na forma do parágrafo único
do art. 3.º da emenda. A nova janela partidária constitucional está descrita no art. 17, § 5.º, nos termos
acima transcritos.
VACÂNCIA E SUPLÊNCIA:
O STF, no julgamento dos MS 30.260 e 30.272, em 27.04.2011, por 10 x 1, entendeu que a vaga
decorrente do licenciamento de titulares de mandato parlamentar, no caso para assumirem cargos de
secretarias de Estado, deverá ser ocupada pelos suplentes das coligações, e não dos partidos. Pode-se afirmar,
então, que, se houve formação de coligação, o que é opcional e encontra fundamento na Constituição (art.
17, § 1.º), a vaga de suplência pertente a esta, e não ao partido político.
ATENÇÃO!
ADI 4.650 - STF, em 17.09.2015, por maioria e nos termos do voto do Ministro
Relator, julgou procedente em parte o pedido formulado na ADI em referência para
declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos legais que autorizavam as
contribuições de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. Decidiu que “o exercício
de direitos políticos é incompatível com as contribuições políticas de pessoas
jurídicas.”
De acordo com o STF, é inconstitucional proibir que emissoras de rádios e TVs difundam áudios ou
vídeos que ridicularizem candidato ou partido político durante o período eleitoral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Direito Constitucional Esquematizado. Pedro Lenza.
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TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 12 (leitura completa)
⦁ Art. 13 (leitura completa)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
CF/88
⦁ Art. 12, I e II
⦁ Art. 12, §3º, §4º
1. NACIONALIDADE
É o vínculo político-jurídico que liga o indivíduo ao Estado, fazendo-o componente do seu povo e
sujeitando-o aos direitos e obrigações desta relação.
O art. 20 do Pacto de São José da Costa Rica dispõe que o direito à nacionalidade é direito
fundamental do indivíduo.
O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que todo homem tem direito a uma
nacionalidade.
Então, todo homem, pelo simples fato de ser humano, tem direito a uma nacionalidade. Esse mesmo
homem não pode ser privado de sua nacionalidade sem que antes lhe seja ofertado o direito de mudar de
nacionalidade.
A) ORIGINÁRIA:
Decorre de fato natural ou voluntário, adotada por cada Estado no exercício da sua soberania, e está
prevista no art. 12, I, da CF/88:
● CRITÉRIO TERRITORIAL (JUS SOLI OU “DIREITO DO SOLO”): é nacional quem nasce no território do
país;
● CRITÉRIO SANGUÍNEO (JUS SANGUINIS OU “DIREITO DO SANGUE”): o indivíduo adquire a
nacionalidade de seus ascendentes, independentemente de ter nascido no território de outro país.
● Brasil: Como regra, adota o critério do jus soli, embora existam hipóteses em que o critério
sanguíneo é aceito (art. 12, I, CF):
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∘ É brasileiro nato o indivíduo nascido no estrangeiro, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira
a serviço da República Federativa do Brasil (jus sanguinis + critério funcional) (CF, art. 12, I,
b).
∘ Aos nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente (jus sanguinis + registro) (CF, art. 12, I, c,
primeira parte).
∘ Filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro e que não tenham sido registrados na repartição
brasileira competente. Nesta hipótese, caso venha a residir no Brasil, o indivíduo poderá
optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira
(jus sanguinis + critério residencial + opção confirmativa) (CF, art. 12, I, c, segunda parte).
∘ O ius soli, em regra, é um critério oriundo dos países de imigração. O ius sanguinis é oriundo
de países de emigração, com “E”.
CAIU NA PROVA DELEGADO PC-RR (2022) No tocante ao direito de nacionalidade, segundo os termos do
texto constitucional brasileiro, diz-se que é uma aquisição de nacionalidade potestativa aquela em que o
filho, nascido no exterior, de pai brasileiro ou de mãe brasileira que não estejam a serviço do Brasil, vier a
residir em território brasileiro e optar, a qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira. (item correto)
No direito brasileiro, a nacionalidade potestativa é uma das hipóteses de nacionalidade originária!
https://youtu.be/nlK07XqNFJA
B) SECUNDÁRIA:
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● NACIONALIDADE TÁCITA: costuma ser adotada quando o número de nacionais é menor do que o
desejado. Nesse caso, os estrangeiros residentes no País que não declararem, dentro de determinado
período, o ânimo de permanecer com a nacionalidade de origem, automaticamente adquirirão a
nacionalidade do país em que residem. NÃO está prevista na CF/88.
● Aquisição de NACIONALIDADE JURIMATRIMONI, ou seja, aquisição da nacionalidade brasileira em
razão do casamento. É aquele resultado imediato, direto, do casamento civil. O STF já se manifestou,
recorrentemente, no sentido de que no Brasil não existe esse tipo de aquisição de nacionalidade.
● NACIONALIDADE SECUNDÁRIA EXPRESSA:
∘ EXTRAORDINÁRIA: cria direito público subjetivo, sendo o ato de concessão vinculado.
Previsto, no art. 12, II, “b”, da CF, exige a residência por 15 anos ininterruptos no país, sem
condenação criminal.
∘ ORDINÁRIA: a sua concessão é ato discricionário. Art. 12, II, “a”, da CF/88.
ATENÇÃO – QUASE NACIONALIDADE: aplicável aos portugueses, conforme art. 12, § 1º da CF, desde que
haja reciprocidade em favor dos brasileiros. O português, sem precisar passar pelo processo de
naturalização, pode exercer os direitos inerentes aos brasileiros naturalizados, desde que resida
permanente no país.
Confira a dica da Professora Thaianne:
https://youtu.be/UPe4V4BwpWs
CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor de Justiça Substituto - Prova 1: Pessoa filha
de pai brasileiro nascida em país estrangeiro detém o direito à aquisição de nacionalidade
brasileira originária a partir do registro em consulado ou embaixada brasileira, desde que
venha a residir no Brasil. Item errado.
O registro no consulado ou embaixada brasileira já confere o status de brasileiro nato, não necessitando
que venha a residir no brasil.
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CF. Art. 12. São brasileiros: I - natos: os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira;
As hipóteses são enumeradas taxativamente pela CF/88, não sendo admitidos acréscimos ou
supressões por lei infraconstitucional, tampouco a renúncia à nacionalidade brasileira:
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OBS.: Cancelada a naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional
(art. 12, § 4.º, I), ou perdida a nacionalidade (primária ou secundária) em decorrência da aquisição de outra
nacionalidade fora dos permissivos constitucionais (art. 12, § 4.º, II), seria possível readquiri-la?
o Cancelamento da naturalização: não poderá readquiri-la, a não ser mediante ação rescisória,
nunca por meio de um novo processo de naturalização, sob pena de contrariedade ao texto
constitucional;
o Aquisição de outra nacionalidade: o revogado art. 36 da Lei n. 818/49 pela Lei de Migração
previa a possibilidade de reaquisição por decreto presidencial, se o ex-brasileiro estivesse
domiciliado no Brasil. Pedro Lenza entende, contudo, que tal dispositivo só teria validade se a
reaquisição não contrariasse os dispositivos constitucionais e, ainda, se existissem elementos
que atribuíssem nacionalidade ao interessado.
CAIU EM CONCURSO
Suponha que João nasça no Brasil e seja filho de pai e mãe argentinos que estejam em território brasileiro a
serviço do Uruguai. Suponha, ainda, que Sandro nasça na Itália e seja filho de pai brasileiro que resida há
algum tempo no exterior, por interesse pessoal de estudo. Suponha, também, que Jaqueline nasça na
Espanha e seja filha de mãe brasileira, a serviço da República Federativa do Brasil naquele país. Nessa
situação, no momento do nascimento, é(são) brasileiro(s) nato(s)
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CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil: Suponha que João nasça no
Brasil e seja filho de pai e mãe argentinos que estejam em território brasileiro a serviço do
Uruguai. Suponha, ainda, que Sandro nasça na Itália e seja filho de pai brasileiro que resida há
algum tempo no exterior, por interesse pessoal de estudo. Suponha, também, que Jaqueline
nasça na Espanha e seja filha de mãe brasileira, a serviço da República Federativa do Brasil naquele país.
Nessa situação, no momento do nascimento, é(são) brasileiro(s) nato(s) João e Jaqueline, somente. Item
certo.
João, filho de Paraguaios, a serviço do Uruguai, não encontra guarida na CF, conforme art. 12, I, a: “são
brasileiros, natos, os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país.” Os pais de João são ambos estrangeiros, todavia não estão a
serviço do seu país e sim de país diverso.
Sandro, filho de brasileiro, que mora no exterior, é brasileiro nato, de acordo c art. 12, I, c: “ os nascidos
no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;” Sendo assim, Sandro não é nato, salvo se tiver
sido registrado em repartição Brasileira competente ou após maior idade , a qualquer tempo, opte pela
nacionalidade Brasileira.
Jaqueline, filha de brasileira a serviço do Brasil: “Art, 12, I, b - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro
ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil”
Embora a CF/88 vede que a lei diferencie brasileiros natos de naturalizados, existem algumas
exceções:
A. EXTRADIÇÃO:
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O STF já decidiu que o brasileiro nato que venha a perder sua nacionalidade em razão da aquisição
de outra pode ser extraditado. No caso, uma brasileira, que já tinha o Green card, optou por naturalizar-se
americana. Entendeu o STF que a naturalização não era necessária para o regular exercício de seus direitos
civis, pois o Green card já lhe autorizava a permanecer licitamente em território americano. Tratando-se
de aquisição originária de outra nacionalidade, teve lugar a perda da nacionalidade brasileira por meio de
procedimento administrativo no Ministério da Justiça, podendo a cidadã ser extraditada em caso de
cometimento de crime em outro país. Assim se posicionou o STF no RExt 1462/DF.
B. CARGOS PRIVATIVOS:
Art. 12, § 3º da CF: São cargos privativos de brasileiros natos, assim definidos em
razão da segurança nacional e da defesa da soberania, eis que estão na linha
sucessória do Presidente da República.
C. CONSELHO DA REPÚBLICA:
Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos brasileiros natos,
segundo o art. 89 da CF/88.
Somente o brasileiro naturalizado (nunca o nato) pode perder a condição de nacional, em virtude da
prática de atividade nociva ao interesse nacional.
O brasileiro naturalizado não pode ser proprietário e nem responsável editorial de seleção e direção
da programação de empresa de radiodifusão, salvo após 10 anos da naturalização.
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Referências Bibliográficas:
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⦁ Art. 1º ao 12º, CP
⦁ Art. 71, CP
⦁ Art. 107, III, CP
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97
⦁ Art. 53, CF/88
⦁ Decreto. 56.435/65
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
A lei penal é fonte formal imediata do direito penal e detém o monopólio para a criação de infrações
penais e cominação de penas.
No tocante à lei penal incriminadora, ela é formada por duas partes:
• Preceito primário: descrição da conduta típica (ex.: “matar alguém”);
• Preceito secundário: cominação da pena em abstrato (“reclusão de 6 a 20 anos”).
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O Brasil optou pelo sistema da proibição indireta, criado por Binding, segundo o qual a lei penal é
descritiva e não proibitiva. A lei não diz “não matar”, “não furtar”, ela apenas descreve as condutas proibidas.
O autor diferencia lei de norma.
A norma apresenta um comando, mandamental ou proibitivo. A exemplo, enquanto a lei descreve
como crime “matar alguém”, a norma que se extrai dela é “não matar”. Assim, quando o agente mata alguém,
ele realiza a lei e viola a norma. Logo, a lei é a forma de exteriorização da norma, como ela se apresenta para
a sociedade, e a norma precede à lei.
OBS.: A doutrina, na linguagem usual, mistura os conceitos, de modo que, embora seja necessário
conhecer a distinção, não se deve ficar adstrito ao sentido exato dos termos. Cuidado: Em uma prova, não
considere como errada uma alternativa na qual o termo “norma” é utilizado no sentido de “lei” e vice-versa.
De acordo com a doutrina, as leis penais podem ser classificadas da seguinte maneira:
A) INCRIMINADORAS: Criam crimes e cominam penas. Estão na Parte Especial do Código Penal e na
Legislação Penal Especial.
B) NÃO INCRIMINADORAS: Não criam crimes nem cominam penas, podendo ser subdividas em:
Art. 25, parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crimes. Redação trazida pelo Pacote Anticrime.
OBS.: Parte da doutrina (Rogério Greco) classifica como normas permissivas as normas que afastam
a ilicitude (justificantes) e as que afastam a culpabilidade (exculpantes). Por sua vez, outra parte da
doutrina (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes) inclui nas normas permissivas apenas aquelas que
afastam a ilicitude do ato.
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b.3) Interpretativas: São normas que esclarecem o conteúdo e o significado de outras normas penais.
É o caso, por exemplo, do conceito de funcionário público para fins penais, previsto no art. 327 do
CP.
b.4) Finais (Complementares): Delimitam o campo de validade das leis incriminadoras, como os art.
2º e 5º do CP.
b.5) Diretivas: Estabelecem princípios, como o art. 1º do CP, que trata da reserva legal.
b.6) Integrativas (de Extensão): Complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal em crimes
omissivos impróprios, à tentativa e à participação (arts. 13, §2º, 14, II e 29, caput, do CP,
respectivamente).
Franz Von Liszt diz que “são corpos errantes em busca de alma”.
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I – Lei penal em branco EM SENTIDO LATO / HOMOGÊNEA / IMPRÓPRIA: O complemento tem a mesma
natureza jurídica e deriva do mesmo órgão que elaborou a lei incriminadora, ou seja, é outra lei. Ex.: art. 169,
§ único, I, do Código Penal, complementado pelo art. 1.264 do Código Civil. Podem ser de duas espécies:
III – Lei penal em branco INVERSA ou AO AVESSO: O preceito primário é completo, mas o preceito
secundário (pena) depende de complementação. O complemento, nesse caso, deve ser uma lei, tendo em
vista o princípio da reserva legal. Ex.: genocídio.
IV – Lei penal em branco DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do preceito primário é uma norma
constitucional. É o caso, de acordo com Cleber Masson (2017, p. 128), do crime de abandono intelectual,
definido no art. 246 do CP, uma vez que o conceito de “instrução primária” está previsto no art. 208, I, da CF.
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a) Exclusividade: Somente a lei pode criar delitos e as penas correspondentes (art. 5º, XXXIX, da CF).
b) Imperatividade: Caso seja descumprida haverá a imposição de sanção (pena ou de uma medida).
d) Impessoalidade: Seus efeitos são projetados a fatos futuros, incidindo sobre qualquer pessoa que venha
a praticá-los, ressalvadas duas exceções: as leis de anistia e a abolitio criminis, as quais alcançam fatos
concretos.
e) Anterioridade: Somente pode ser aplicada se estava em vigor no momento da prática da infração penal,
ressalvado o caso da retroatividade benéfica.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
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Ressalta-se que NÃO se pode dizer o mesmo acerca da jurisprudência, tendo em vista que, de acordo
com o entendimento dos Tribunais Superiores, é possível a aplicação de novo entendimento jurisprudencial
para fatos ocorridos antes da mudança. Em outras palavras: a irretroatividade maléfica da norma não se
aplica aos entendimentos jurisprudenciais. Veja:
Essa definição só tem relevância em relação aos delitos materiais/causais, que demandam a
produção de resultado naturalístico, uma vez que, somente nestes, a consumação pode se dar em momento
diferente do da prática da conduta, qual seja, com a produção do resultado. Nos crimes formais e de mera
conduta, a consumação ocorre conjuntamente com a prática da ação ou omissão, não importando o
momento do resultado, por isso dispensa essa teoria.
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● Aplica-se a lei penal que estava em vigor no momento da conduta, salvo se a lei penal posterior for
mais favorável (irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica);
● A imputabilidade do agente deve ser analisada no tempo da conduta.
ATENÇÃO! Quanto ao termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, o Código Penal adota a
TEORIA DO RESULTADO (art. 111, I, CP): A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa
a correr: I - do dia em que o crime se consumou.
CESPE - 2020 - TJ-PA - Analista Judiciário - Direito: Com relação ao tempo e ao lugar do crime,
o Código Penal brasileiro adotou, respectivamente, as teorias do(a) atividade e da ubiquidade.
Item certo.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória (ou seja, permanecem apenas os efeitos extrapenais – como civis,
administrativos, eleitorais etc).
ATENÇÃO! Se a lei descriminalizadora surgir na fase do inquérito policial já instaurado, os autos serão
relatados encaminhados ao Ministério Público (distribuição direta) ou ao judiciário (para envio ao Ministério
Público). E, conforme a sistemática atualmente vigente (à luz da suspensão da eficácia dos dispositivos
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decorrentes da Lei 13.964/19 pelo STF), após a promoção de arquivamento pelo Ministério Público, o juiz
homologará e, se não concordar com o arquivamento, deverá aplicar a sistemática do artigo 28 do CPP.
a) Natureza jurídica
1ª Corrente: Causa de extinção da punibilidade. Parece ter sido a adotada pelo CP, conforme art.107,
III, CP. Prevalece na doutrina.
Extinção da punibilidade
Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Com o Estatuto do Desarmamento, foi previsto um prazo para que proprietários de arma de fogo
entregassem ou regularizassem o registro da arma. Durante esse prazo, não incidiu o tipo penal respectivo,
o crime de posse irregular de arma de fogo ficaria “suspenso” por algum tempo. Esse prazo foi chamado de
“abolitio criminis temporária”.
Sobre o tema: Súmula 513 STJ: "A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao
crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005."
Essa abolitio criminis temporária se aplica a fatos praticados entre 23/12/2003 a 23/10/2005 para os crimes
de posse de arma de uso permitido e restrito, bem como as condutas equiparadas. Porém, a partir de
23/10/2005 a 31/12/2009, passou a incidir somente sobre a conduta de posse de uso permitido.
Na abolitio criminis há supressão da figura criminosa, pois a intenção do legislador é não mais
considerar o fato criminoso.
Já no princípio da continuidade normativo-típica há a migração do conteúdo criminoso para outro
tipo penal incriminador, pois a intenção é manter a natureza criminosa do fato. O STF também já utilizou o
termo transmudação geográfica do tipo penal.
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1. Apropriação indébita previdenciária - Desde a lei 9.983/00, essa conduta está prevista no art. 168-
A do CP. Porém, antes de 2000, tínhamos o art. 95 da Lei 8.212/91. O STF entendeu que a lei
9.983/00, ao alterar essa figura típica de posição (da Lei 8212 para o art. 168-A), o fez com o intuito
de ter uma continuidade típico normativa, de modo que, a rigor, não há sucessão de leis no tempo,
mas sim o princípio da CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.
2. Rapto violento era previsto no art. 219, 220, 221 e 222 no CP - Essa figura do rapto foi revogada pela
Lei 11.106/05. No entanto, essa mesma Lei inclui o inciso V no art. 148, §1º do CP – sequestro e
cárcere qualificado se o crime for praticado com fins libidinosos. O STF decidiu que houve uma
CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.
Esse exemplo já foi cobrado na prova
de Delegado de Polícia Federal.
3. Corrupção de menores prevista na Lei 2.252/54 (art. 1°) - Essa lei também foi revogada pela Lei
12.015/08, incluindo no ECA o art. 224-B. STF e STJ entenderam que não houve abolitio criminis e
consequente extinção da punibilidade. Pois essa conduta apenas migrou de tipo penal, havendo o
princípio da CONTINUIDADE TÍPICO NORMATIVA.
A novatio legis in mellius é a nova lei que de qualquer modo favoreça o agente (art. 2°, §único, CP):
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos
por sentença condenatória transitada em julgado.
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Sobre o tema em estudo, destaca-se trecho do livro do Prof. Cléber Masson, cobrado na última
prova de Delegado de Polícia do Paraná (2021):
Lei penal benéfica, também conhecida como lex mitior ou novatio legis in mellius,
é a que se verifica quando, ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o fato
previsto como crime ou contravenção penal tenha sido praticado na vigência da
lei anterior, e o novel instrumento legislativo seja mais vantajoso ao agente,
favorecendo-o de qualquer modo. A lei mais favorável deve ser obtida no caso
concreto, aplicando-se a que produzir o resultado mais vantajoso ao agente
(teoria da ponderação concreta).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021): O que determina se a lei é mais favorável ao réu e com isso pode retroagir é a sua
aplicação ao caso concreto (e não a análise da norma em abstrato). (Item correto)
Juízo competente para a aplicação: Depende do momento em que se encontra a persecução penal.
a) Se estiver na fase do inquérito ou na ação penal de 1ª instância quem aplica é o juiz de 1ª grau.
b) Se estiver no Tribunal (recurso ou competência originária), será aplicada por ele.
c) Se a condenação já transitou em julgado, cabe ao juízo da execução, pouco importando a origem da
condenação.
ATENÇÃO! A lei penal benéfica possui ULTRATIVIDADE, ou seja, pode ser aplicada mesmo após a sua
revogação, caso o fato tenha sido praticado durante a sua vigência.
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CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Manoel praticou conduta
tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente
revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel
responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova
lei. Item certo.
Trata-se da continuidade normativo típica e não de abolitio criminis. A abolitio criminis ocorre quando a
conduta praticada pelo agente deixa de ser tipificada como crime, assim, analisado todo o ordenamento
jurídico, não se identifica tipificação da conduta punida com pena privativa de liberdade.
No caso da assertiva, a conduta apenas migrou para outro tipo penal, continuando a existir.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
A título de exemplo, imagine que o agente pratica 03 furtos, nas mesmas circunstâncias de tempo,
local e modo de execução. Quando começou a cadeia criminosa, o furto era punido pela lei “A”, com pena
de 1 a 4 anos. No meio da cadeia criminosa, veio a lei “B”, que previa a pena de 1 a 5 anos. No crime
continuado, por uma ficção jurídica, considera-se a ocorrência de um crime só.
● Crime permanente: Trata-se de crime cuja consumação é prolongada no tempo pela vontade do
agente. Ex.: extorsão mediante sequestro - a consumação já se deu com a privação da liberdade, mas
enquanto a vítima não é libertada o crime continua se consumando.
Nestes dois casos, considerando que o agente deu continuidade às condutas por opção, aplica-se
sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave, conforme entendimento sumulado.
Súmula 711, do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
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1ª Corrente: Não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei.
(Nelson Hungria). Prevalece no STF e STJ. Nesse sentido, a Súmula 501, STJ: “É cabível a aplicação retroativa
da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável
ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.360/76, sendo vedada a combinação de leis”.
Embora prevaleça a 1ª Corrente nas Cortes Superiores, não se pode ignorar que o próprio STJ tem
precedentes combinando leis. É o caso do art. 273 do CP e art. 33, Lei 11.343/06. Com alicerce no princípio
da proporcionalidade o STJ entendeu pela substituição do preceito secundário do art. 273, CP pelo do art.
33, Lei 11.343/06 (AgRg no REsp 1509051/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado
em 03/09/2019, DJe 10/09/2019).
Em contraponto, julgado mais recente do STF vedou essa aplicação, conforme se verifica no Tema 1003 (RE
979962), cuja tese aprovada foi: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código
Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no
seu § 1º-B, I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária.
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).” (aprovada em 24/03/2021).
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● Lei temporária: É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Logo, possui prazo
determinado na lei. Ex.: Lei 12.663/12 (Lei da FIFA).
● Lei excepcional: É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias,
calamidades. Perdura por todo o tempo excepcional, que não é preestabelecido na lei. É editada em
função de algum evento transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência.
Art. 3º, CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.
Características:
. Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei
temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional).
. Ultratividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que
revogadas as leis temporária ou excepcional.
ATENÇÃO! Estas leis NÃO se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for
expressa nesse sentido.
Segundo o STF, depende. Em se tratando de norma penal em branco homogênea (imprópria), cujo
complemento será outra lei, deve retroagir para beneficiar o réu.
Já nos casos de norma penal em branco heterogênea, cuja complementação normalmente é feita por ato
administrativo, só retroagirá caso o ato não se dê em situação de excepcionalidade, ou seja, se for proferido
em situação de normalidade. Assim, temos as seguintes hipóteses:
- Ato não visa proteger situação excepcional, ou seja, proferido em situações de normalidade: Há
retroatividade da lei penal benéfica, a exemplo da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa
que complementa a Lei de Drogas.
- Ato que visa proteger situação excepcional: Não retroage. Por exemplo, portarias que fazem tabelamento
de preços, para reger, por exemplo, crimes contra a ordem econômica. Nestas hipóteses, se não foi
obedecido o tabelamento daquela data, mas posteriormente houve a correção da tabela para um patamar
superior, não haverá a retroatividade da lei penal, vez que o que se buscava era tutelar aquela situação de
caráter excepcional.
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ESPE / CEBRASPE - 2021 - TC-DF - Procurador: A novatio legis in mellius se aplica aos fatos
anteriores já decididos por sentença condenatória transitada em julgado, sem violar a
proteção constitucional à coisa julgada. Item certo.
Segundo o disposto no CP, Art. 2º, Parágrafo único: A lei posterior que, de qualquer modo, favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.
https://youtu.be/QIi7-MlfCjk
Eventualmente, um fato criminoso pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente
soberanos. Assim, o estudo da lei penal no espaço visa a delimitar qual é o âmbito territorial de aplicação da
lei penal brasileira.
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3.1. Princípios
CESPE - 2004 - Polícia Federal - Delegado de Polícia: Um cidadão sueco tentou matar o
presidente do Brasil, que se encontrava em visita oficial à Suécia. Nessa hipótese, o crime
praticado não ficará sujeito à lei brasileira. Item errado.
Extraterritorialidade Incondicionada
a) Contra a vida ou a liberdade do Presidente.
b) Contra Patrimônio ou fé pública da Adm. Direta ou Indireta.
c) Contra a Adm. Pública, por quem está de serviço.
d) De genocídio (crime hediondo), quando o agente for brasileiro (nato ou naturalizado) ou domiciliado
no Brasil.
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● Princípio da Defesa Real / da Proteção / Real: Aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico
violado, não importando o local ou nacionalidade do agente. Ou seja, a lei brasileira é aplicada ao
crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional - art. 7º, I, a, b, c, CP.
● Princípio da Justiça Universal / Universalidade / Justiça Cosmopolita: O agente fica sujeito à lei do
país em que for capturado, não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da
vítima. Este princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de
repressão a determinados delitos de alcance transnacional. É pautado no direito de todos os países
em punir qualquer crime - art. 7º, I, d e II, a, CP (obs.: em relação ao inciso I, d, existem autores que
dizem que se trata do princípio do domicílio, mas a doutrina majoritária entende como justiça
universal).
● Princípio da Representação / da Bandeira / Subsidiário: A lei brasileira será aplicada aos crimes
cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas brasileiras, desde que não sejam
julgados no local do crime - art. 7º, II, c, CP.
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OBS.2: Embaixada é território nacional. NÃO é extensão do território que representa. No entanto, é
inviolável.
3.2. Extraterritorialidade
● Crimes praticados contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (ATENÇÃO! NÃO é honra,
ou patrimônio. É apenas vida ou liberdade do PR);
∘ Princípio da defesa real ou proteção.
● Crimes praticados contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
∘ Princípio da defesa real ou proteção.
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Art. 2°, Lei 9.455/97: (...) o disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido no território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
B) CONDICIONADA: Admissível nos crimes previstos no art. 7°, II, CP. É preciso respeitar as condições
cumulativas previstas no Código Penal.
CONDIÇÕES (CUMULATIVAS):
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (PRINCÍPIO DA DUPLA TIPICIDADE)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
C) HIPERCONDICIONADA: Conforme previsão no art. 7°, §3°, CP, a lei brasileira aplica-se também ao
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil - princípio da personalidade passiva -, se,
além de reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não tiver sido pedida ou foi negada a extradição;
b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.
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Parte da doutrina chama esse parágrafo de territorialidade hipercondicionada, tendo em vista que
além das condições previstas para a modalidade condicionada, precisa preencher uma dessas outras duas.
COMPETÊNCIA
Via de regra, a competência para julgar o indivíduo que praticou o crime fora do território nacional,
mas que está sujeito à aplicação da lei brasileira, será da Justiça Estadual. Contudo, excepcionalmente, se
estiver presente alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal, a competência será da Justiça
Federal.
Vale também a leitura do art. 88 do CPP, que determina que:
Ainda, conforme o art. 8º, do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Sobre o tema, a jurisprudência:
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II - Considere que um cidadão nascido no Chile tenha cometido um crime de estupro naquele país, após a
obtenção de sua naturalização secundária como brasileiro, com todos os efeitos legais a ela inerentes.
Nesse caso, é possível a aplicação da lei penal brasileira, sendo condição de procedibilidade para o início
da ação penal a entrada do agente em território nacional. Item certo.
O agente nasceu no Chile, mas o crime foi cometido após a obtenção da nacionalidade brasileira. Trata-
se de uma hipótese de extraterritorialidade condicionada. A lei brasileira pune os crimes praticados por
brasileiro no estrangeiro, desde que, cumulativamente, algumas condições estejam presentes. São elas:
- que tenha o agente entrado no território nacional;
- que a conduta seja punível também no país em que foi praticada;
- que a conduta esteja entre aquelas para as quais a lei brasileira autoriza a extradição;
- que o agente não tenha sido absolvido ou tenha cumprido a respectiva pena no estrangeiro;
- que o agente não tenha sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
A norma não faz qualquer ressalva quanto ao cidadão brasileiro nato ou naturalizado.
https://youtu.be/QXy87jzOj8o
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DICA DD: De acordo com o CP o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que apenas
passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o nosso território.
Atualmente, aplica-se a chamada PASSAGEM INOCENTE, dispondo que quando um navio passa no território
nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu destino, não há necessidade de autorização
do Governo Brasileiro para tanto, hipótese em que NÃO se aplica a lei brasileira. A passagem inocente
somente se refere a navio, segundo Rogério Sanches os aviões não desfrutam da passagem inocente (art. 3º
da Lei nº 8.617/93).
4.1 Introdução
Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
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PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
É uma exceção da lei comum deduzida da É o conjunto de precauções que rodeiam a função.
situação de superioridade das pessoas que a Servem para o exercício da função.
desfrutam. O privilégio trabalha com a ideia de
que há pessoas superiores a outras.
É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei.
Tem uma essência pessoal. É um anexo à qualidade do órgão.
É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra.
É próprio da aristocracia das ordens sociais É próprio das aristocracias das instituições
(nobreza, clero). governamentais.
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Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência
ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica, ou
seja, da punição (preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem
(INTRATERRITORIALIDADE).
Primeiramente, é importante observar que a lei penal é formada pelo preceito primário (que possui
o conteúdo criminoso) e pelo preceito secundário (que traz a consequência jurídica, a sanção penal).
O diplomata deve sim obedecer ao preceito primário. O que a imunidade lhe garante é exatamente
escapar das consequências jurídicas, ficando sujeito às consequências do seu país de origem. Então, o
diplomata que mata alguém comete crime sim. O que fica diferente é a consequência jurídica.
E se no país de origem da diplomata não houver punição? Haverá, então, um conflito de direito
internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido.
OBS.: Por disposição expressa, o agente diplomático NÃO poderá ser objeto de nenhuma forma de
detenção ou prisão. Veja o art. 29 do Decreto 56.435:
Note, ainda, que esta inviolabilidade a que estão sujeitos se estende à sua residência particular,
documentos, correspondências e bens (art. 30, Decreto 56.435)
Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática? Existem duas correntes discutindo esse assunto.
1ª Corrente (majoritária): causa pessoal de isenção de pena.
2ª Corrente: causa impeditiva de punibilidade.
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRJ 2022): Em viagem ao Rio de Janeiro, Paolo, italiano, filho do embaixador da Itália no Brasil,
registrado como dependente deste, com quem vive, foi à Lapa, onde se embriagou. Com a capacidade
psicomotora comprometida, assumiu a direção de um veículo e, em seguida, devido à embriaguez, atropelou
e matou uma pessoa. Nessa situação hipotética: Paolo não poderá ser punido pela lei brasileira, pois, salvo
em caso de renúncia, possui imunidade diplomática, embora possa ser punido pelas leis do Estado
acreditante. (Item correto)
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embaixada não é extensão do território, mas é inviolável. Diante disso, para se cumprir a lei do país no
interior da embaixada, deve primeiro se passar pelas regras de direito internacional, NÃO se podendo
cumprir a lei do país nem mesmo se houver mandado judicial, ou flagrante delito.
CESPE / CEBRASPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia: Diferentemente dos arquivos
diplomáticos, os arquivos consulares podem ser violados em caso de fundada suspeita de
atentado contra a incolumidade do Estado receptor. Item errado.
CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia: Somente mediante expressa manifestação pode o agente
diplomático renunciar à imunidade diplomática, porquanto o instituto constitui causa pessoal de exclusão
da pena. Item errado.
A imunidade é irrenunciável por parte do seu destinatário. Nada impede, por outro lado, a renúncia por
meio do Estado acreditante, com fundamento no art. 32 da Convenção de Viena sobre Relações
Diplomáticas (1961) e art. 45 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1963).
Súmula 245, STF: A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa
prerrogativa.
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ATENÇÃO! A súmula só se aplica no caso de imunidade parlamentar relativa (NÃO se aplica para a imunidade
parlamentar absoluta).
A imunidade só se aplica quando verificado o nexo causal com o exercício da função parlamentar.
OBS.: Segundo a jurisprudência dominante, nas dependências do parlamento, o nexo causal é
presumido. Fora das dependências do parlamento, o nexo deve ser comprovado.
Logo, os deputados e senadores não são imunes somente nas dependências do parlamento. São
imunes dentro e fora do parlamento. Ocorre que, dentro do parlamento, o nexo causal entre a prática do
delito e o exercício da função é presumido (facilitando a incidência da imunidade) e fora do parlamento, esse
nexo deve ser comprovado.
Não obstante, há jurisprudência do STF na qual foi afastada a incidência da imunidade por fato
ocorrido na Casa Legislativa. Isso porque a 1ª Turma salientou que o fato de o parlamentar estar na Casa
legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a possibilidade de cometimento de crimes
contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio parlamentar na Internet:
O Parlamento é o local por excelência para o livre mercado de ideias – não para o
livre mercado de ofensas. A liberdade de expressão política dos parlamentares,
ainda que vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade. Ninguém pode se
escudar na inviolabilidade parlamentar para, sem vinculação com a função, agredir
a dignidade alheia ou difundir discursos de ódio, violência e discriminação.
PET 7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
julgamento em 10.3.2020. (PET-7174)
O termo inicial dessa imunidade é desde a expedição do diploma e a garantia por ela prevista é a de
que o parlamentar só pode ser preso em flagrante delito de crime inafiançável. Em todos os demais casos,
NÃO é cabível a prisão, pois incide a imunidade!
No caso de flagrante em crime inafiançável, a Casa Legislativa faz um juízo político da prisão. O juízo
NÃO é jurídico, mas político, ou seja, conforme a conveniência e oportunidade de se manter o parlamentar
preso.
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Art.53, CF, §3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da
ação. (Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
(Redação pela EC nº 35, de 2001)
A garantia funcional consiste no fato de a Casa Legislativa respectiva (Câmara ou Senado) poder
sustar o andamento do processo, o que também suspende a prescrição.
Cuidado: A imunidade NÃO impede a instauração de Inquérito Policial e nem a realização de
investigação penal (STF).
Os deputados e senadores, quando arrolados, são obrigados a servir como testemunha. Eles prestam
o compromisso de dizer a verdade. Contudo, NÃO estão obrigados a testemunhar sobre as informações
recebidas ou prestadas em razão do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
as informações.
Ressalta-se que os Congressistas serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
eles e o juiz, nos termos do art.221, do CPP.
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OBS.1: O parlamentar indiciado (sujeito à investigação policial) NÃO tem a prerrogativa a que se
refere o art. 221, do CPP. Essa prerrogativa é apenas para testemunha.
OBS.2: O STF, na AP 421, mitigou a prerrogativa do art.221, do CPP, pois utilizada para procrastinar
intencionalmente o regular andamento e desfecho do processo (caso concreto: o parlamentar ficou
marcando e desmarcando o horário e data da inquirição, então, o juiz designou dia e horário e determinou a
inquirição no dia e horário e local por ele determinados):
Art. 27, §1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
Os parlamentares dos Estados possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, em razão do
princípio da simetria. Vejamos o entendimento do STF sobre o tema:
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Eles só possuem imunidade material, limitada aos atos praticados no exercício do mandato e dentro
da circunscrição do município. Então, essa é uma imunidade material limitada. Os vereadores NÃO possuem
imunidade formal ou relativa.
Há três correntes:
1ª Corrente: A imunidade abarca qualquer ato de privação da liberdade (Gilmar Mendes).
2ª Corrente: Há que se fazer distinção entre a natureza provisória dos alimentos e definitiva, cabendo a prisão
somente para o último caso tendo em vista que, quanto aos provisórios, ainda não se exauriu a prova (Rogério
Sanhes).
3ª Corrente: Cabível a prisão cível por dívida de alimentos independente da natureza observando o interesse do
alimentando (Novelino).
Dispõe o art. 9º, do CP: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie
as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
Obrigar o condenado à:
I- ● Reparação de danos civis; Depende de requerimento da parte interessada
● Restituições;
● Outros efeitos civis.
II - ● Sujeitar o condenado à medida Depende da existência de tratado de extradição entre o BR
de segurança. e o país de origem OU requisição do MJ.
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Em regra, a sentença estrangeira NÃO precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos, bastando
prova legal da existência de condenação. No entanto, a sentença estrangeira necessita ser homologada no
Brasil pelo STJ (art. 105, I, “i”, da CF/88) para gerar:
● Efeitos civis, a exemplo da reparação de danos, dependendo, ainda, de pedido da parte interessada;
● Sujeição à medida de segurança:
∘ Se existir tratado de extradição: mediante requisição do PGR;
∘ Se inexistir tratado de extradição: mediante requisição do Ministro de Justiça.
ATENÇÃO! A súmula 420 do STF diz o seguinte: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro
sem prova do trânsito em julgado”.
Porém, com a entrada em vigor do CPC/2015, que trouxe previsão dos requisitos para a homologação
da sentença estrangeira, foi tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ, que exigia o trânsito em julgado.
Agora, basta apenas que ela seja eficaz em seu país de origem. (Info 626 do STJ).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCMS 2021): A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil, para obrigar o condenado à reparação do dano, a
restituições e a outros efeitos civis e, ainda, sujeitá-lo à medida de segurança. (Item correto)
ATENÇÃO! Esta questão veremos com maior profundidade quando do estudo de Direito
Internacional, porém tem relação com a eficácia de sentença estrangeira e caiu no último
concurso de Delegado Federal.
CESPE / CEBRASPE - 2021 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, não é possível a homologação de sentença penal estrangeira que determine
o perdimento de imóvel situado no Brasil por considerar que o bem seja produto de infrações previstas
na Convenção de Palermo, como, por exemplo, o crime de lavagem de dinheiro. Item errado.
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1. A sentença homologanda determinou a perda de bens imóveis da Requerida, situados no Brasil, pois
foram objeto do crime de lavagem de dinheiro a que ela foi condenada.
2. Nos termos do art. 9.º, inciso I, do Código Penal, "A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para" "obrigar o
condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis". É o que ocorre no caso, pois
também a lei brasileira prevê a possibilidade de perda, em favor da União, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime, como um dos efeitos da condenação (art. 91, inciso II,
alínea b, do Código Penal).
3. Não há ofensa à soberania nacional, pois a sentença não tratou especificamente sobre a situação dos
bens imóveis, sobre a sua titularidade, mas sim sobre os efeitos civis de uma condenação penal,
determinando o perdimento de bens que foram objeto de crime de lavagem de capitais. O confisco dos
bens, além de ser previsto na legislação interna, tem suporte na Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), promulgada pelo Decreto n.º 5.015/2004, de
que também é signatária a Finlândia.
4. Os bens imóveis confiscados não serão transferidos para a titularidade do país interessado, mas serão
levados a hasta pública, nos termos do art. 133 do Código de Processo Penal.
5. Pedido de homologação deferido.
(SEC 10.612/EX, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/05/2016, DJe 28/06/2016)
Contagem de prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.
Ao contrário dos prazos processuais, os prazos penais são improrrogáveis e, na sua contagem, o dia
de início se inclui no cálculo.
Interpretar é identificar a vontade da lei, definir seu conteúdo, seu significado, seu alcance.
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Na atividade interpretativa deve-se buscar sempre a mens legis, ou seja, a vontade da lei e não a
mens legislatoris, que é a vontade do legislador.
É de cunho obrigatório, ainda que a lei pareça clara.
● Autêntica / Legislativa: Dada pela própria lei, ou seja, realizada pelo legislador, que edita uma lei
com a finalidade de explicar o significado de outra norma. É de aplicação obrigatória e RETROAGE,
mesmo que em prejuízo do réu, vez que não cria novo crime ou comina pena, apenas interpreta (só
não se aplica fatos transitados em julgado). Ex.: art. 327 do CP - conceito de funcionário público.
Divide-se em contextual (quando a norma interpretativa é editada no momento da norma
interpretada) e posterior (quando é criada depois da norma interpretada).
● Doutrinária / Científica: Dada pelos estudiosos, doutrinadores do direito penal. Ex.: exposição de
motivos do Código Penal, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. (OBS.: a do
CPP é autêntica).
● Judicial / Jurisprudencial: Realizada pelos magistrados na decisão das causas que lhes são
submetidas ou fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes. Exceção (são
vinculantes): sentença de caso concreto após o trânsito em julgado e súmulas vinculantes editadas
pelo STF.
C) QUANTO AO RESULTADO:
● Declarativa: A letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer.
● Extensiva: Amplia o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.
Corrige a lei tímida, visto que ela disse menos do que gostaria.
● Restritiva: Reduz o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei
disse mais do que desejava.
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● Progressiva / Adaptativa / Evolutiva: Busca amoldar a lei à realidade atual, de acordo com os
progressos da cultura, da sociedade, da tecnologia, das ciências etc. O fundamento está no princípio
dinâmico.
OBS.: A interpretação progressiva decorre de um modelo mais recente de interpretação,
desvinculado da Escola da Exegese, fundada em um raciocínio puramente silogista, mas valendo-se de uma
abertura do sistema jurídico e uso de recursos axiológicos.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCBA 2022): Relativamente aos métodos de interpretação da lei penal, assinale a alternativa
incorreta:
a) Interpretação contextual é realizada dentro do próprio texto elaborado, como no caso do art. 327 do
Código Penal, que explica o conceito de funcionário público para fins penais
b) A interpretação evolutiva é a forma de interpretação que, ao longo do tempo, vai se adaptando às
mudanças político-sociais e às necessidades do momento, como no caso da aplicação do crime de ato
obsceno, previsto no art. 233 do Código Penal, em que no passado se entendia que condutas como o beijo
lascivo se enquadravam em tal delito, mas, no presente, devido à maior “liberdade sexual”, entende-se que
o beijo lascivo, por si só, ainda que praticado em via pública, não configura o crime
c) A interpretação doutrinária paralela é aquela que surge simultaneamente a um texto legal. Em resumo, o
legislador edita determinada norma e, junto a ela, traz ensinamentos doutrinários sobre a sua matéria.
Exemplo nítido de interpretação doutrinária simultânea é a Exposição de Motivos do Código Penal
d) A interpretação teleológica-objetiva busca a vontade da lei em si, por meio da análise da exposição de
motivos da lei, por exemplo
e) A interpretação lógico-sistemática procura o sentido da lei, através da função gramatical dos vocábulos.
Trata-se da primeira etapa do processo interpretativo, pois as palavras podem ser equívocas, não espelhando
com fidelidade a vontade da lei
GABARITO: E - a interpretação sistemática conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema
em que a norma está inserida como um todo.
● Interpretação Extensiva: Existe norma para o caso concreto, mas amplia-se o alcance da norma,
podendo ser feita até mesmo in malam partem.
Ex.: antigo art. 157, §2º, II, CP, hoje revogado, que utilizava o termo “arma” e a interpretação era de
que qualquer arma estaria abarcada;
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STJ entende que em direito penal, não é permitida a interpretação extensiva para
prejudicar o réu, impondo-se a integração da norma mediante a analogia in bonam
partem, devendo a lei penal ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao
réu e extensivamente quando a ele favorável. (EDcl no AgRg no HC 651.765/SP, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2021,
DJe 14/12/2021).
● Interpretação Analógica: Existe norma para o caso, mas o legislador previu uma fórmula casuística
seguida de uma genérica, permitindo ao juiz encontrar outros casos similares. Também pode ser in
malam partem
Ex.: art.121, §2º, I, CP
“Paga, promessa de recompensa” – fórmula casuística
“Ou outro motivo torpe” – fórmula genérica
As duas opções citadas acima, são FORMAS DE INTERPRETAÇÃO.
● Analogia: NÃO existe norma para o caso concreto, e o juiz aplica a lei prevista para outro caso quando
verificada lacuna legislativa. Não é forma de interpretação, é FORMA DE INTEGRAÇÃO, de suprir
lacunas. Só é possível em benefício do réu.
Características:
∘ Não é forma de interpretação, mas de integração;
∘ Pressupõe lacuna;
∘ Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo
pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar.
Para finalizarmos o assunto, vamos a uma tabelinha excelente para revisão, elaborada pelo professor
Rogério Sanches.
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Amplia-se o alcance da palavra Utilizam-se exemplos seguidos de Cria-se uma nova norma a partir de
(não importa no surgimento de uma forma genérica para alcançar outra (analogia legis) ou do todo do
uma nova norma). outras hipóteses. ordenamento jurídico (analogia iuris)
Prevalece ser possível sua É possível sua aplicação no Direito É possível sua aplicação no Direito
aplicação no Direito Penal in Penal in bonam ou in malam Penal somente in bonam partem.
bonam ou in malam partem. partem.
Ex.: a antiga expressão “arma” no Ex.: Homicídio mediante paga ou Ex.: isenção de pena, prevista nos
crime de roubo majorado (art. promessa de recompensa, ou por crimes contra o patrimônio, para
157, §2º, II, CP – hoje revogado). outro motivo torpe (art. 121, §2º, cônjuge e, analogicamente, para o
I, III e IV do CP) companheiro (art. 181, I do CP).
Atenção !! Este é um dos pontos mais importantes no tocante à Aplicação da Lei Penal. Este
tema é muito importante porque o conflito aparente de normas penais ocorre quando há duas
ou mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Sendo assim, existe o conflito,
pois mais de uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, apenas uma norma
é aplicada à hipótese.
Verifica-se quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas vigentes são aplicáveis a
ele.
ATENÇÃO! Trata-se de tema com alta incidência em provas.
a) Requisitos:
● Unidade de fato (fato único);
● Pluralidade de normas;
● Vigência simultânea de todas elas.
Cuidado: Aqui NÃO se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em vigor
simultaneamente. Se NÃO estão vigentes, aí sim o assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se
resolverá, em regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente, pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP).
b) Princípios Orientadores:
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● PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de
estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada
de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a
aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra.
A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a
norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como
“soldado de reserva”.
A subsidiariedade pode ser:
∘ Expressa: Ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais
grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único,
II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave”.
∘ Tácita: Ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de
subsidiariedade da norma. Ex.: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou
grave ameaça.
ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade o delito menos grave funcionará como
CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM.
Crime de Passagem ou Ubi Major Mino Cessati: O delito de menor gravidade é subsidiário diante de um
delito de maior gravidade. É o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave.
Ex.: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora, para o
indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um dano.
Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da
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subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma
elementar para o crime de furto, há o soldado de reserva: crime de dano.
● PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE:
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece
sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação.
É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma
legislativo ou diversos. Ex.: homicídio e infanticídio; omissão de socorro do CP e omissão de socorro de idoso
e vários outros.
ATENÇÃO! O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata. Ou seja: a
comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato. Todos os outros princípios
são aplicados em concreto (comparação em concreto)
● PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO:
Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização
do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime
progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às
seguintes hipóteses:
∘ Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave,
precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal.
∘ Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um
resultado e, depois de alcançá-lo opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra
conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O
fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último.
∘ Fato anterior impunível (ante factum impunível): São fatos anteriores que estão na linha de
desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime
anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.:
Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é
por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um
estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um
ante factum impunível.
∘ Fato simultâneo impunível: Também chamado de concomitante impunível, é aquele
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro).
∘ Fato posterior impunível (post factum impunível): O fato posterior impunível retrata o
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui
se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Ex.: falsificação de documento
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e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela
falsificação.
CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal: Havendo conflito aparente de normas, aplica-
se o princípio da subsidiariedade, que incide no caso de a norma descrever várias formas de
realização da figura típica, bastando a realização de uma delas para que se configure o crime.
Item errado.
O princípio que incide no caso de a norma descrever várias formas de realização da figura típica, bastando
a realização de um delas para que se configure o crime é o princípio da ALTERNATIVIDADE
(3): Porte ilegal de arma e receptação dolosa - NÃO SE APLICA (Info 433 STJ).
A receptação e o porte ilegal de arma de fogo configuram crimes de natureza autônoma, com
objetividade jurídica e momento consumativo diversos. Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte
ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de
consumação diferentes, motivo pelo qual NÃO há consunção entre eles.
Não há o que se falar em esgotamento de potencialidade lesiva da receptação no crime de porte
(como um crime de dano será absorvido pelo crime de perigo, embora de menor gravidade?)
Embora haja uma relação de meio-fim e múnus-plus, não há o respeito ao esgotamento da
potencialidade lesiva.
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arma de fogo exclusivamente para repelir a agressão”. A rigor, o indivíduo já portava a arma com a
numeração raspada, e então utilizou a arma para repelir a injusta agressão, de modo que a potencialidade
lesiva da arma não se esgotou no ato de legítima defesa.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRO 2022): O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro,
prevalece sobre a fração. Não há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra lei penal caracterizada
por notas especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo
consome o menos amplo, evitando-se que este seja duplamente punido, como parte de um todo e como
crime autônomo. Cleber Masson (com adaptações). No conflito aparente de normas, o trecho apresentado
explica o princípio da consunção. (item correto)
● PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE:
a) Própria: Tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o
crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.:
importar, guardar, transportar e vender a droga.
b) Imprópria: Quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato.
Este último princípio não é unânime, não sendo aceito por relevante parcela da doutrina. Na
alternatividade própria não haveria conflito, não havendo pluralidade de normas aplicáveis, vez que a
conduta está no mesmo tipo penal. Na imprópria, se há duas leis tratando do mesmo fato, haveria, na
verdade, um conflito de leis penais no tempo, em que a segunda revogou a primeira.
Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao
comando da questão.
O objetivo do instituto é evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema
penal. Pode até haver conflitos entre normas, mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios
para solucioná-los.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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META 3
CF/88
⦁ Art. 5º, LIV, LV e LVI
⦁ Art. 5º, LVII
⦁ Art. 5º, LX a LVVII
⦁ Art. 5º, LXVIII e LXIX da CF/88
⦁ Art. 129, VIII
CPP:
⦁ Art. 3-A, CPP
⦁ Art. 3-B, CPP
⦁ Arts. 4º a 23, CPP
⦁ Art. 28, CPP
⦁ Art. 39, §§3º, 4º e 5º, CPP
⦁ Art. 67, I, CPP
⦁ Art. 107, CPP
⦁ Art. 149, §1º, CPP
⦁ Art. 155 e 158, CP
⦁ Art. 304, §1º, CP
⦁ Art. 311, CPP
⦁ Art. 378, II, CPP
⦁ Art. 395 e 397 do CPP
⦁ Art. 405, §1º, CPP
⦁ Art. 549, CPP
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1. INQUÉRITO POLICIAL
1.1 Conceito
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ATENÇÃO! Pelo princípio da presunção de inocência, a investigação de pessoa em inquérito policial NÃO
pode agravar a pena-base (Súmula 444 STJ).
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e
a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Exceções à lavratura do TCO: hipóteses em que não será possível lavrar termo circunstanciado de ocorrência.
1) Infrações de menor potencial ofensivo com autoria ignorada → o IP será lavrado mediante portaria,
e não TCO, uma vez que não é possível que o autor do crime (desconhecido) compareça ao JECRIM.
2) Crimes que demandam complexidade na investigação → o IP será lavrado mediante portaria, e não
TCO, uma vez que, nesses casos, não é possível observar os princípios que regem o Juizado Penal,
quais sejam: simplicidade, celeridade e informalidade.
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EXCEÇÃO: Crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, Lei 11.343/06) → ainda que o autor se
recuse a comparecer no JECRIM, será lavrado TCO, uma vez que não é possível impor um título prisional
àquele que pratica o crime.
4) Nos crimes previstos no CTB, quando o autor não presta socorro imediato e integral à vítima → o
IP será lavrado mediante APF, considerando uma interpretação a contrário sensu do art. 301.
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte
vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto
e integral socorro àquela.
O Estado, ao tomar conhecimento de uma infração penal, no uso do seu jus puniendi, dá início à
persecução penal. Assim, o que até então estava somente em um plano abstrato (normas), passa a existir no
plano concreto, através da persecução penal, que pode ser compreendida como “conjunto de atividades
levadas adiante pelo Estado, objetivando a aplicação da norma penal ao infrator da lei”.
Nessa esteira, temos que a persecução penal é composta por uma fase preliminar investigatória e
por uma fase judicial.
A fase preliminar, na maior parte das vezes, é marcada pela existência do Inquérito Policial. O
inquérito policial figura como principal instrumento investigatório. Contudo, não se trata do único meio,
existindo outras formas, por exemplo, as investigações feitas pelo MP, pelas CPIs e TCO.
Segundo Renato Brasileiro, o inquérito policial deve ser compreendido como sendo “procedimento
administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o objetivo de identificar
fontes de prova e colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim
de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”.
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Diante dos diplomas legais acima apontados, resta claro que a autoridade policial a qual o CPP faz
menção é a figura do “Delegado de Polícia”, sendo atribuição deste a presidência do Inquérito Policial”.
Confira a dica do professor Tiago Dantas:
https://youtu.be/FXqJ1Qtf87M
Atenção! Fonte de prova é tudo que está fora dos autos e que tem algum conhecimento sobre o fato
delituoso. As fontes de prova derivam do fato delituoso independentemente do processo, e são por trazerem
alguma informação sobre a autoria e/ou materialidade do fato delituoso.
Atenção! O conceito de elementos informativos não se confunde com o conceito de provas! O art. 155 do
CPP trouxe a distinção entre os elementos informativos e a prova.
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Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas.
Colhidos na fase investigatória (IP, PIC, etc.). Em regra, produzido na fase judicial sob o crivo
do contraditório judicial.
É a regra, porque existem situações
excepcionais em que a prova seria produzida
sem ser na fase judicial.
O juiz deve intervir apenas quando necessário, e A prova deve ser produzida na presença do juiz.
desde que seja provocado nesse sentido. A presença pode ser direta ou remota.
[Em nosso ordenamento jurídico não se admite
a atuação de ofício do magistrado na fase
investigatória. Não é dotado de iniciativa
acusatória].
Obs.1: O fato de o advogado assistir o investigado na fase do inquérito policial NÃO retira daquele a
característica de ser “elemento informativo” – Veremos mais ao abordar a inquisitoriedade como
característica do IP.
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Obs.2: O juiz não deve atuar de ofício na fase investigatória, sob pena de violação ao sistema acusatório e do
princípio da imparcialidade. Inclusive, é com base nesse entendimento que o Pacote Anticrime positivou, de
forma expressa, a adoção do Sistema Acusatório pelo nosso Ordenamento Jurídico.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na
fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
Ressalta-se que é importante ter muito cuidado com esse entendimento. Isso porque o pacote
anticrime trouxe previsão de que os autos ficarão acautelados na secretaria agora, de modo que o juiz, em
tese, não deverá mais ter acesso aos elementos.
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que tais vícios comprometem a justa causa, que é justamente o lastro probatório mínimo para dar ensejo à
ação penal. Esse é o entendimento consolidado da jurisprudência. Veja:
Em 2019, o STF (HC 169348/RS) proferiu decisão no sentido de que não há nulidade na ação penal
instaurada e apurada pela Polícia Federal, quando deveria ter sido conduzida, na realidade, pela polícia civil.
Veja:
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STF (HC 85.286): “(...) Os vícios existentes no inquérito policial não repercutem na
ação [tecnicamente é processo] penal, que tem instrução probatória própria.
Decisão fundada em outras provas constantes dos autos, e não somente na prova
que se alega obtida por meio ilícito”.
CAIU EM PROVA:
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2018 - Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal: O fato de não ser cabível a oposição
de exceção de suspeição à autoridade policial na presidência do IP faz, por consequência, que
não sejam cabíveis as hipóteses de suspeição em investigação criminal. Item errado.
De acordo com o Art. 107 do CPP “Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”. Portanto, cabe ao
Delegado de Polícia declarar-se suspeito ou impedido, nas hipóteses legais, e afastar-se da presidência
do inquérito.
É um mero procedimento administrativo, razão pela qual os vícios constantes do inquérito não têm
o condão de contaminar o processo penal subsequente, salvo nos casos de provas ilícitas.
Embora a atribuição da presidência do inquérito policial seja exclusiva da polícia, existem outros
meios de investigação que poderão ser feitos por outro órgão, que não a Polícia Judiciária. (Ex. Ministério
Público realiza PIC - Procedimento Investigatório Criminal).
2. CARACTERÍSTICAS
c) Obrigatório: Sempre que tomar conhecimento da ocorrência de infração penal que caiba ação penal
pública incondicionada deverá instaurar o inquérito.
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Pergunta de concurso: O Delegado de Polícia pode deixar de lavrar auto de prisão em flagrante, nas
hipóteses em que é cabível? R.: Há divergência doutrinária sobre o tema.
Parte da doutrina afirma que não. Isso porque o delegado de polícia deve fazer um juízo apenas
quanto à tipicidade formal e punibilidade. Em outras palavras: a análise do delegado de polícia restringe-se
tão somente à existência de autoria e materialidade típica e punível, não possuindo qualquer margem de
atuação quanto às excludentes.
Por outro lado, a doutrina moderna vem entendendo que sim! O delegado de polícia possui margem
de atuação para o controle de excludentes cabais da tipicidade, ilicitude e culpabilidade, de modo que pode
deixar de lavrar o auto de prisão em flagrante quando se deparar com tais circunstâncias. Nessa hipótese, o
delegado não lavra o APF, fazendo apenas o registro de ocorrência.
ATENÇÃO: a título de exemplo, a Polícia Civil do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo atua no
sentido da doutrina moderna, de modo que os delegados de polícia deixam de lavrar o APF quando há
manifesta causa de excludente da tipicidade (formal ou material), ilicitude ou culpabilidade.
Fundamento legal: Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar
autos de inquérito.
e) Dispensável para a persecução penal: O inquérito é uma peça meramente informativa que tem a
finalidade de colher elementos de informação quanto à infração penal e sua autoria. Contudo, caso
o titular da ação penal disponha desse substrato mínimo necessário para o oferecimento da peça
acusatória, o inquérito será dispensável.
Obs.1: Parte da doutrina entende que a dispensabilidade do inquérito policial é um dos fundamentos para a
não contaminação do processo penal por eventuais vícios constantes do IP.
Fundamento Legal:
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Obs.2: Nessa esteira, o STF já decidiu (Info 714), que é possível o oferecimento de ação penal com base em
provas colhidas no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público.
f) Escrito: Vide art. 9º, CPP, segundo o qual, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade;
DICA: Modernamente diz-se que é um procedimento que deve ser documentado, e não escrito.
Documentado porque, hoje, em muitos estados, o inquérito policial é digital. São tomados depoimentos,
declarações, interrogatórios, tudo por áudio visual. Não se tem mais caderno investigatório. As peças não
mais serão enumeradas e rubricadas pela autoridade policial.
Ressalta-se que é necessário documentar e relatar todos os elementos que foram encontrados.
Nesse sentido, dispõe o artigo 9º do Código de Processo Penal:
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Percebam que o dispositivo diz que ele deve ser escrito, datilografado e rubricado, isso com o
inquérito digital não há mais necessidade alguma, pois todas peças são digitais.
Mas tem previsão legal para isso?
Tem sim, vejam o teor do art. 405, §1º, CPP:
Art. 405, § 1º. Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado,
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a
obter maior fidelidade das informações.
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Percebam que a lei se valeu da expressão investigado e indiciado, denominação técnica do inquérito
policial.
Confira a dica do professor Tiago Dantas:
https://youtu.be/JcAeC2DBOQM
A doutrina afirma que o sigilo no inquérito policial possui uma dupla função:
1) Função utilitarista – é importante para assegurar a eficácia das investigações, por exemplo, não pode
divulgar a decretação da interceptação telefônica, sob pena da prova ser prejudicada.
2) Função garantista – é importante para preservar os direitos dos investigados. Ex.: evitar a exposição
midiática do investigado. (presunção de inocência sob a perspectiva da regra de tratamento).
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⬥ Regra: Durante a investigação preliminar deve tramitar de forma sigilosa, sob pena de frustrar a
eficácia das medidas.
⬥ Exceção: Publicidade – Retrato Falado: O retrato falado chega a ser, inclusive, importante para o
desenvolvimento das investigações a publicidade nesta hipótese. Nesse caso, a publicidade é de caráter
importante para constatar outras pessoas que foram vítimas daquele criminoso.
O sigilo do inquérito policial é um sigilo, em regra, externo. Ou seja: não é possível opor sigilo às
“partes”, como defensor, membro do MP e juiz. Vejamos:
1) A CF/88 assegura, em seu art. 5º, LXIII, a assistência do advogado, de modo que o direito à defesa é
uma garantia constitucional.
CF, art. 5º. LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
2) O Estatuto da OAB prevê que, em regra, o advogado não precisa de procuração para acessar os autos:
§10º. NOS AUTOS SUJEITOS A SIGILO, deve o advogado apresentar procuração para
o exercício dos direitos que trata o inciso XIV.
3) A Súmula vinculante 14 prevê que o advogado tem o direito de acessar as informações que digam
respeito ao direito de defesa, desde que já documentadas nos autos, para que não haja risco ao
comprometimento da eficácia das diligências em curso.
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O STF, em decisão veiculada no Info 964, entendeu que a negativa de acesso ao investigado a peças
que digam respeito a dados sigilosos de terceiros, que NÃO POSSUEM RELAÇÃO COM SEU DIREITO DE
DEFESA, não ofende a Súmula Vinculante 14.
Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que
o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de
inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso
a peças que digam respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça.
Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque é excessivo o
acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas
pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª Turma. Rcl 25872
AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/12/2019 (Info 964).
4) O Estatuto da OAB - Lei nº 8.906/94 (redação dada pela Lei nº 13.245/16) passou a prever a
possibilidade de o advogado acompanhar seus clientes durante a apuração das infrações.
Obs.: Isso não altera a natureza inquisitorial do IP. Ou seja: a participação do advogado não se torna
obrigatória, mas apenas facultativa. Na hipótese de o advogado querer acompanhar seu cliente, o Delegado
de polícia não poderá obstar sua participação.
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena
de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e,
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ATENÇÃO: Caso seja injustificadamente negado ao defensor do investigado o acesso ao inquérito policial,
QUAIS MEDIDAS JUDICIAIS são cabíveis, visando à obtenção de acesso aos autos da investigação? (Questão
discursiva da prova de Delegado de Minas Gerais em 2018)
O candidato deveria contextualizar a questão abordando que uma das características do inquérito
policial é o sigilo; que este sigilo possui uma dupla função; que se trata de um sigilo eminentemente externo.
Após contextualizar, deve passar à resposta da questão: São 3 os mecanismos judiciais previstos em caso de
recusa injustificada por parte do Delegado de Polícia:
1) Reclamação ao Supremo Tribunal Federal: em razão da ofensa à SV 14 do STF.
2) Mandado De Segurança: em razão da ofensa ao direito líquido e certo do advogado de ter acesso a
inquérito policial (artigo 7, inciso XIV da lei 8.906/94
3) Habeas Corpus: em razão da ofensa ao art. 5º, LXVIII da CF/88.
ATENÇÃO: Apesar de o advogado ter o direito de acessar aos autos do inquérito policial, a própria lei
nos traz exceções, como por exemplo, crime onde seja decretado o segredo de justiça, não poderá outro
advogado, senão o do investigado ter acesso aos autos.
Por exemplo, crimes contra a dignidade sexual, pois tramitam em segredo de justiça (art. 234-B),
sendo assim, somente o advogado do investigado pode ter acesso.
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão
em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial
competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo
acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de
defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes
às diligências em andamento.
ATENÇÃO! Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do
investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial.
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Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos
orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra.
O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado
precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório.
Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa.
Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se
prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal.
A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir
ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido
pela autoridade policial.
STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933).
Fonte: Dizer o direito.
https://youtu.be/neJcGsbdpOg
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DICA!
Provas objetivas: NÃO existe a ampla defesa e contraditório em sede de inquérito policial.
Na realidade: PODE existir sim, entretanto, se não existir, o inquérito continua a ser válido ao contrário, do
processo que passa a ser inválido. Um exemplo disso é o artigo 5°, inciso LXIII da CRFB de 1988, que afirma
que o indiciado terá direito ao silêncio e à assistência de um advogado. Assim, isso já mostra um direito
defesa do indiciado.
Considerando a oficiosidade do inquérito policial, o STJ decidiu, em 2019 (Info 652) que é possível
deflagrar investigação criminal com base em matéria jornalística.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCBA 2022): Em regra, a autoridade policial deve instaurar inquérito policial de ofício, sem
aguardar provocação, estando dispensada a anuência dos envolvidos e a necessidade de requerimento ou
requisição de quem quer que seja (item considerado correto).
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A presidência de investigação criminal NÃO é privativa da polícia judiciária, pois outras autoridades podem
presidir a investigação:
● TJ ou PGJ: Inquérito para apurar crime praticado por juiz ou promotor;
● CPI: Inquérito parlamentar;
● Investigação por agentes da Administração;
● Inquérito do CADE;
● Investigação pela comissão de inquérito do BACEN: Segundo o STF, o relatório dessa comissão,
encaminhado ao MP, constitui justa causa para o oferecimento de ação penal.
● Ministério Público: Embora o tema seja polêmico, a 2ª Turma do STF já admitiu que o MP
investigue, sem que isso implique usurpação de função da polícia civil (HC 91661). Outrossim,
promotor que atue investigando na fase preliminar NÃO estará impedido de oferecer denúncia
(Súmula 234 STJ).
● Forças Armadas: nos crimes militares da competência da Justiça Militar da União, as
investigações serão realizadas pelas Forças Armadas através de um inquérito policial militar. Já
nos crimes militares de competência da Justiça Militar Estadual será competente a Polícia Militar
ou Corpo de Bombeiros.
ATENÇÃO: A presidência da investigação pode não ser privativa da Autoridade Policial, mas a do Inquérito
Policial é, vide Lei 12.830/13!
Existe uma liberdade de atuação da Autoridade Policial nos limites traçados pela lei. Por exemplo, ao
teor dos arts. 6 e 7º do CPP, consta um rol exemplificativo de diligências que poderão ser realizadas pelo
Delegado de Polícia. Não há um rito procedimental rígido que deve ser observado pelo Delegado, trata-se de
rol exemplificativo. Assim, a diligência será realizada ou não, a cargo da liberdade de atuação da autoridade.
A discricionariedade não pode ser confundida com arbitrariedade.
ATENÇÃO: A discricionariedade NÃO É DE CARÁTER ABSOLUTO, de modo que existem diligências que são de
realização obrigatória. Assim, quanto a estas, o delegado não poderia negar a sua realização, como na
hipótese do exame de corpo de delito.
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Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
https://youtu.be/MHshCzspgT0
l) Temporário: obviamente o IP tem prazo para finalizar. Doutrina moderna defende que a garantia da
razoável duração do processo também se aplica ao inquérito policial, evitando-se com isso inquéritos
“eternos”.
Ressalvados os prazos previstos em leis especiais, em regra, temos o seguinte cenário:
∘ Indiciado preso (inclusive preso provisório) - 10 dias (art. 10);
∘ Indiciado solto - 30 dias.
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CAIU EM PROVA:
Delegado do Estado de Minas Gerais 2021: Acerca dos prazos para encerramento de inquéritos policiais,
considerando o disposto no Título II do CPP (“Do Inquérito Policial”) e a legislação extravagante, é CORRETO
afirmar que caso um dos investigados seja preso preventivamente no curso das investigações, a Autoridade
Policial terá, como regra, o prazo de 10 dias após o cumprimento da ordem de prisão para finalizar o inquérito
(item considerado correto).
Delegado do Estado do Espírito Santo 2022: O prazo para o delegado de polícia civil concluir o inquérito
policial é de trinta dias, se o indiciado estiver solto, configurando constrangimento ilegal a superação desse
prazo sem autorização judicial, por se tratar de prazo próprio (item considerado incorreto).
O Pacote Anticrime trouxe a possibilidade de o Juiz das Garantias prorrogar o inquérito policial na hipótese
de investigado preso – o que não era admitido pela doutrina majoritária.
Assim, o juiz das garantias poderá determinar a prorrogação do inquérito policial por até 15 dias, mediante
representação da autoridade policial, ouvido o Ministério Público, possibilitando a conclusão das
investigações.
Destaca-se, que após o escoamento do prazo de 25 dias (10 + 15 e prorrogação), se não houver conclusão
das investigações, a prisão será imediatamente relaxada.
Art. 3º, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até
15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente
relaxada.
m) Unidirecional: Ao finalizar os autos do IP devem ser direcionados ao MP, pois ele é o titular da ação
penal (art. 129, I da CF/88). Enviar os autos do IP ao juiz, conforme preconiza o CPP, segundo a
doutrina majoritária, violaria o sistema acusatório e a imparcialidade do juízo.
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Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
traslado.
DICA!
Para uma prova discursiva, deve ser abordada a crítica e a característica da unidirecionalidade, entretanto,
se for uma prova objetiva, marque que o IP é encaminhado ao juízo (juiz de garantias).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRJ 2022): O inquérito policial é atividade investigatória realizada por órgãos oficiais, não
podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade do exercício da ação penal pelo crime
investigado seja atribuída ao ofendido. Considerando-se as características do inquérito policial, é correto
afirmar que o texto anterior discorre sobre:
A) o procedimento escrito do inquérito policial.
B) a indisponibilidade do inquérito policial.
C) a oficiosidade do inquérito policial.
D) a oficialidade do inquérito policial.
E) a dispensabilidade do inquérito policial.
GABARITO: LETRA D.
GABARITO: LETRA E.
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a) De ofício pela autoridade policial, conforme art. 5º, I, CPP, por meio de notitia criminis, que se subdivide
em:
I. Notitia criminis de cognição imediata (ou espontânea): a autoridade policial toma conhecimento de
um fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras;
II. Notitia criminis de cognição mediata (ou provocada): a autoridade policial toma conhecimento de
uma infração penal através de um expediente escrito feito por terceiro;
III. Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do
fato delituoso por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante.
ATENÇÃO! Delatio criminis: É a comunicação da prática de crime à autoridade policial. Pode ser:
● Delatio criminis simples: É a comunicação, por qualquer do povo, à autoridade policial, sobre o
conhecimento da existência de infração penal (art. 5º, §3º, CPP);
● Delatio criminis postulatória: É a representação do ofendido ou seu representante legal,
manifestação pela qual a vítima ou seu representante legal autorizam o Estado a instaurar o
inquérito.
● Delação anônima/apócrifa (Notitia criminis inqualificada): O STF entendeu que não autoriza o início
do inquérito. Porém, o Poder Público, provocado por delação anônima (“disque-denúncia”), pode
adotar medidas informais destinadas a apurar, previamente, a possível ocorrência de eventual
situação de ilicitude penal. Se constatada a infração penal, pode iniciar o inquérito, não pela mera
delação apócrifa, mas pela investigação e constatação da prática de um crime.
STF: Considerando a vedação ao anonimato (art. 5º, IV da CF/88), NÃO é possível a instauração de IP
com base unicamente em denúncia anônima, dada a ausência de elementos idôneos sobre a existência de
infração penal.
A jurisprudência do STF foi além da instauração de inquérito policial com base em notícia anônima:
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Diante de uma notícia anônima, o Delegado de Polícia deve instaurar uma VPI (Verificação da
Procedência da Informação - art. 5, §3º, CPP), e, procedente a informação, instaurar o devido IP.
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Características da VPI:
1) Se procedente a informação deve o delegado de polícia instaurar o inquérito policial
imediatamente, desde que o crime seja de ação penal pública incondicionada;
2) A simplicidade, celeridade e a informalidade são inerentes à VPI, não devendo conter expressões
ou conteúdos do inquérito;
3) Basta uma ordem da autoridade policial para que algum policial (agente ou investigador) faça o
levantamento de vida pregressa do “noticiado anonimamente”, local do suposto crime e ao final da diligência
prévia confecciona um relatório policial opinando sobre o fato;
4) As peças constantes da VPI devem acompanhar o inquérito policial ou outro procedimento (TC).
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Diante de notitia criminis inqualificada, antes de determinar a
abertura do inquérito policial, o delegado de polícia deve promover a diligência de verificação de procedência
das
informações, a fim de evitar delação inescrupulosa - item considerado correto.
DICA: Sobre o arquivamento direto da VPI pelo Delegado de Polícia, há certa divergência na doutrina no
sentido de que o delegado não poderia arquivar diretamente a VPI.
Nesse sentido, professor André Luiz Nicolitt (Nicolitt, André, 5ª ed. pág.190): “Ocorre que seja qual for o
nome que se dê, estaremos sempre diante de um procedimento investigatório e, por tal razão, submetido a
controle do Ministério Público, não podendo ser arquivado em sede policial”
O fundamento do professor Nicolitt encontra amparo no art. 28, CPP:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a
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denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Em sentido contrário Adriano Souza Costa e Henrique Hoffmann (Temas Avançados de Polícia Judiciária, 3ª
ed, pág. 87): “A VPI pode ser arquivada diretamente pela autoridade policial a quem cabe o controle,
fiscalização, apreciação e decisão da VPI, mediante despacho fundamentado, constatada a inocorrência de
fato delituoso”.
https://youtu.be/qNeFF0By_lU
b) Requisição do juiz ou MP, do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações privadas
e nas ações públicas subsidiárias: Conforme art. 5º, II, CPP.
A instauração do inquérito nos casos de requisição judicial ou ministerial tem natureza jurídica de
um ato administrativo complexo.
É plenamente constitucional o MP requerer a instauração do inquérito, conforme artigo 129, VII da
CF/88. Enquanto titular da ação penal pública e, portanto, destinatário final dos elementos de informação
colhidos em sede de IPL, pode o MP requisitar ao delegado a realização de diligências imprescindíveis à
formação de sua opinio delicti. Cuida-se (a requisição) de uma exigência para a realização de algo, com
fundamento da lei, não podendo ser confundida com uma ordem haja vista não haver relação de hierarquia
entre MP e Polícia. Se legal, o delegado de polícia tem o dever de realizá-la em apreço ao princípio da
obrigatoriedade que impõe às autoridades estatais, inclusive, um dever de agir de ofício diante da notícia de
infração penal.
Destaques:
(1) Delegado de polícia pode recusar a requisição de instauração de IPL feita pelo MP ou juiz?
R. Sim. A requisição não é vinculada ao delegado, ou seja, ele pode recusar, mas para isso será
necessário a fundamentação em eventual manifesta ilegalidade ou arbitrariedade dessa requisição.
Isso porque o delegado é agente da administração pública tendo compromisso com a legalidade. O
que o delegado não pode é negar cumprimento a uma requisição de instauração porque
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simplesmente discorda. → (RE 205473, 1998 – STF) Ex.: requisição de instauração de IPL com base,
exclusivamente, uma denúncia anônima seria um caso em que o delegado poderia recusar, de forma
fundamentada, o cumprimento da requisição sob o argumento da ilegalidade.
(2) Requisição não é causa de prevenção – se a requisição partir do juiz, ele não se torna prevento por uma
razão de principiológica, por ofensa a garantia do juiz natural. Ademais, não existe previsão legal para a
prevenção nessas hipóteses, como se pode extrair dos artigos 75 e 83 do CPP.
(3) Qual é a autoridade coatora para eventual HC trancativo de inquérito? Se for um habeas corpus
trancativo de inquérito requisitado por juiz ou MP será encaminhado para onde?
1ª Posição majoritária/ Tribunais Superiores - Como se trata de uma requisição (ordem), a autoridade
coatora é o requisitante de modo que o habeas corpus deverá ser endereçado para o TJ ou TRF
respectivo.
2ª Posição minoritária - Entende-se o delegado como autoridade coatora porque, embora pudesse
recusar a requisição, a ela aderiu, concretizando o delegado, portanto, a ilegalidade. Assim,
eventual habeas corpus seria encaminhado à primeira instância, estando impedido o juiz, por
ventura requisitante, de conhecê-lo por força do artigo 252, inciso IV do CPP, não sendo exagerado
afirmar que a hipótese seria, inclusive, de incompatibilidade.
1ª Doutrina Majoritária - Entende que a requisição judicial de instauração de inquérito não foi
recepcionada pelo artigo 129, inciso I da CF/88, pois a instauração do inquérito se trata de atividade
persecutória do Estado, devendo, portanto, o magistrado se manter afastado em apreço ao sistema
acusatório.
2ª Posição – A requisição judicial não viola a Constituição pois encerra uma valoração precária e uma
cognição sumária incapaz de comprometer a imparcialidade do juiz.
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Nesse contexto, vale destacar a polêmica decisão do STF no bojo do Inq. 4.781 – chamado de
inquérito das Fake News – em que o Min. Dias Tofoli determinou de ofício a instauração de um inquérito
“para apurar a existência de notícias fraudulentas (“fake News”), denunciações caluniosas, ameaças e
infrações revestidas de animus caluniandi, difamandi e injuriandi, que estariam supostamente atingindo a
honorabilidade e a segurança daquela Corte, de seus membros e familiares” (Portaria GP n. 69, de
14/03/2019 – Inq. 4.781), designando, para a condução do feito, o eminente Ministro Alexandre de Moraes.
É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF
determinou a instauração do Inquérito 4781, com o intuito de apurar a existência
de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos
que podem configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a
segurança do STF, de seus membros e familiares.
Também é constitucional o art. 43 do Regimento Interno do STF, que foi
recepcionado pela CF/88 como lei ordinária.
O STF, contudo, afirmou que o referido inquérito, para ser constitucional, deve
cumprir as seguintes condicionantes:
a) o procedimento deve ser acompanhado pelo Ministério Público;
b) deve ser integralmente observado o Enunciado 14 da Súmula Vinculante.
c) o objeto do inquérito deve se limitar a investigar manifestações que acarretem
risco efetivo à independência do Poder Judiciário (art. 2º da CF/88). Isso pode
ocorrer por meio de ameaças aos membros do STF e a seus familiares ou por atos
que atentem contra os Poderes instituídos, contra o Estado de Direito e contra a
democracia; e, por fim,
d) a investigação deve respeitar a proteção da liberdade de expressão e de
imprensa, excluindo do escopo do inquérito matérias jornalísticas e postagens,
compartilhamentos ou outras manifestações (inclusive pessoais) na internet, feitas
anonimamente ou não, desde que não integrem esquemas de financiamento e
divulgação em massa nas redes sociais.
O art. 43 do RISTF prevê o seguinte: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede
ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver
autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro.” Muito embora o dispositivo exija que os fatos apurados ocorram na
“sede ou dependência” do próprio STF, o caráter difuso dos crimes cometidos por
meio da internet permite estender (ampliar) o conceito de “sede”, uma vez que o
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c) Requisição do juiz ou MP, do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações privadas
e nas ações públicas subsidiárias: Conforme art. 5º, II, 2ª parte do CPP:
Se crime de ação privada, o inquérito só pode ser iniciado se houver requerimento.
Recurso do despacho que indefere requerimento: recurso para o Chefe de Polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
d) Representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações penais públicas
condicionadas: Nos crimes de ação pública condicionada o IP só pode ser iniciado se houver representação.
CAIU EM PROVA:
Obs.: Se, além do crime contra a ordem tributária, houver delitos, subjacentes na investigação, nada obsta a
instauração do inquérito policial, ainda que seja crime contra a ordem tributária:
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(1) A condução coercitiva para fins de identificação datiloscópica em face de recusa imotivada do
indiciado NÃO constitui constrangimento ilegal.
(2) Súmula 522 STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.
(3) STF: não é possível a condução coercitiva por parte do investigado PARA INTERROGATÓRIO.
Contudo, a Suprema Corte nada disse sobre testemunhas.
O CPP, ao tratar sobre a condução coercitiva, prevê o seguinte:
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi
recepcionada pela Constituição Federal.
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Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu com o objetivo de submetê-lo
ao interrogatório sobre os fatos.
STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
13 e 14/6/2018 (Info 906).
Obs.1: Importante esclarecer que o julgado acima tratou apenas da condução coercitiva de investigados e
réus à presença da autoridade policial ou judicial para serem interrogados.
Assim, não foi analisada a condução de outras pessoas como testemunhas, ou mesmo de
investigados ou réus para atos diversos do interrogatório, como o reconhecimento de pessoas ou coisas. Isso
significa que, a princípio, essas outras espécies de condução coercitiva continuam sendo permitidas.
Obs.2: Insta salientar que a nova Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19), em seu art. 10, restou tipificado
o crime de abuso a autoridade que conduzir coercitivamente, tanto o investigado quanto a testemunha:
Pedido de novas diligências: Segundo art. 16, deve ser feito diretamente entre MP e delegado, salvo
nas hipóteses de necessidade de autorização judicial se precisar de autorização, a exemplo da interceptação
telefônica.
CAIU EM PROVA:
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D) O representante do Ministério Público, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar a
presidência do inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial.
GABARITO: LETRA B.
4. INDICIAMENTO
a) Conceito:
De acordo com o professor Francisco Sannini “é o ato formal, de atribuição exclusiva da autoridade
de Polícia Judiciária, que ao longo da investigação forma o seu livre convencimento no sentido de que há
indícios suficientes de que um suspeito tenha praticado determinado crime”.
● O Indiciamento deve ser, necessariamente, fundamentado em despacho;
● Deve ser apontado pelo delegado a autoria, materialidade e circunstâncias fáticas do fato criminoso.
b) Fundamento legal:
Por muito tempo não havia regramento acerca do ato de indiciamento no IP. Contudo, com o advento
da Lei 12.830/2013, trouxe a pormenorização da imputação formal do investigado. Essa lei é de leitura
obrigatória para o concurso.
O art. 2º, §6º, trouxe expressamente os pressupostos para indiciar alguém.
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No caso julgado pelo STF, o juiz determinou à autoridade policial que fizesse o indiciamento formal
de algumas pessoas. A 2ª Turma do STF concedeu habeas corpus para anular esse indiciamento, deixando
claro que não cabe ao juiz tomar essa providência.
Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o
indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552)
Na doutrina, Prof. Guilherme Nucci: “(...) não cabe ao promotor ou ao juiz exigir, através de
requisição, que alguém seja indiciado pela autoridade policial, porque seria o mesmo que demandar à força
que o presidente do inquérito conclua ser aquele o autor do delito. Ora, querendo, pode o promotor
denunciar qualquer suspeito envolvido na investigação criminal (...)” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual
de Processo Penal e execução penal. São Paulo: RT, 2006, p. 139).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCMS 2021): Segundo entendimento jurisprudencial dominante, o magistrado pode requisitar
ao Delegado de Polícia o indiciamento de investigados, inexistindo, para tanto, violação ao sistema acusatório
(item considerado incorreto).
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II - não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do órgão especial
competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em
que a autoridade fará imediata comunicação e apresentação do magistrado ao
Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (vetado);
Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de
crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os
respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a
fim de que prossiga na investigação.
Lei nº 8.625/93:
Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício
de sua função, além de outras previstas na Lei Orgânica:
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo
único deste artigo;
Parágrafo único. Quando no curso de investigação, houver indício da prática de
infração penal por parte de membro do Ministério Público, a autoridade policial,
civil ou militar remeterá, imediatamente, sob pena de responsabilidade, os
respectivos autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar
prosseguimento à apuração.
https://jus.com.br/artigos/44741/o-indiciamento-de-juiz-e-de-promotor-realizado-pelo-delegado-de-
policiahttps://jus.com.br/artigos/44741/o-indiciamento-de-juiz-e-de-promotor-realizado-pelo-delegado-
de-policia
d) Consequências do indiciamento
1. A primeira consequência é de ordem prática, visto que o nome do indiciado irá constar do banco de
dados da polícia na condição de indiciado. Significa que caso ele seja abordado e realizada alguma
consulta, o policial verificará que ele foi o alvo central de determinada investigação.
2. A segunda consequência é no aspecto jurídico, pois as medidas cautelares pessoais dependem da
prova da materialidade do crime e indícios mínimos de autoria, ou seja, dos mesmos elementos do
indiciamento, e naturalmente, pode ser objeto de cautelares aflitivas no curso do inquérito policial.
Indica ainda que provavelmente o indiciado será submetido à fase da persecução penal.
3. E, por fim, sob o prisma social o ato de indiciamento coloca uma marca na pessoa do indiciado, que
o desqualifica perante a sociedade, refletindo na vida profissional, familiar e social.
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Obs.1: Caso o indiciado não seja condenado ou o IP seja arquivado, o ato de indiciamento deve ser cancelado,
com o escopo de assegurar a presunção de inocência e o princípio da dignidade da pessoa humana.
Obs.2: Na hipótese de surgirem novos elementos informativos que indiquem que outra pessoa foi a autora
do crime investigado, pode o delegado de polícia promover o desindiciamento?
Trata-se do ato de cassação ou revogação de anterior indiciamento. R.: Em que pese haver
divergência doutrinária, para as provas de delegado de polícia prevalece que sim. Os delegados de polícia
são agentes da Administração Pública e possuem o poder de autotutela, estampado na súmula 473 do STF,
de modo que podem rever seus atos quando eivados de vício.
Nesse sentido, o desindiciamento pode ser feito, não apenas pelo Delegado, mas também pelo Poder
Judiciário, uma vez verificada a ilegalidade daquele indiciamento.
Em outras palavras: O indiciamento é privativo do Delegado, mas o desindiciamento pode ser feito
pelo próprio Delegado, mas também poderá ser feito pelo Poder Judiciário se reconhecido constrangimento
ilegal no julgamento de um Habeas corpus.
e) Momento do indiciamento:
Via de regra, o momento adequado para o ato de indiciamento ocorre quando a autoridade policial
reúne os elementos de convicção, que indicam a autoria e materialidade do crime investigado.
Não há, na lei, um momento específico para indiciar. Assim, o indiciamento pode ser feito no início
do inquérito policial – nas hipóteses de flagrante delito, em que o indiciamento é automático, durante as
investigações ou, ainda, ao final, dentro do relatório expedido pelo delegado de polícia.
Destaca Renato Brasileiro que:
Parte da doutrina (professor Leonardo Marcondes) entende que o ato de indiciamento não deveria
ser ao final, devendo ocorrer no instante imediatamente anterior ao interrogatório.
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Já outra corrente, defendida por Aury Lopes Jr, afirma que o ato de indiciamento deve ocorrer logo
após o ato de interrogatório. Isso porque o ato de indiciamento tem um efeito negativo e não pode ser um
ato de surpresa de tal condição, que, caso feito ao final do inquérito policial, nada poderia fazer o indiciado
acerca do apontamento formal.
Independentemente do momento de indiciamento, o certo é que ele NÃO pode ser realizado após o
oferecimento da denúncia, sob pena de configurar abuso de autoridade e constrangimento ilegal.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Havendo repercussão interestadual que exija repressão
uniforme, o delegado da Polícia Federal poderá apurar crimes cuja apuração seja de competência da justiça
estadual, não havendo mácula apta a invalidar a produção de prova - item considerado correto.
g) Espécies de indiciamento
1) Indiciamento material: é um ato decisório do delegado de polícia, onde ele expõe um substrato fáticos e
jurídicos que justificam a imputação do crime ao investigado. Ou seja, nada mais é do que a fundamentação
do ato do indiciamento. É a análise técnica-jurídica.
2) Indiciamento formal: é constituído por peças essenciais para formar a convicção da autoridade para o
indiciamento material. Peças como: 1) boletim de vida pregressa; b) auto de qualificação e interrogatório.
3) Indiciamento coercitivo: é aquele decorrente do APF, uma vez que os pressupostos do indiciamento são
quase os mesmos da lavratura do auto de prisão em flagrante. Quem é preso em flagrante, inevitavelmente
está indiciado. Pois, diante do flagrante, temos a prova da materialidade do crime, indícios de autoria e
circunstâncias fáticas. Nesse momento não realizamos um juízo de certeza e sim de mera probabilidade.
DICA: delegado de polícia trabalha com indícios e não com provas, pois quem trabalha com prova é juiz e
MP.
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4) Indiciamento indireto: é aquele realizado quando o investigado não é encontrado, estando em local
incerto e não sabido.
Logo, se a decisão sobre o ato de indiciamento não pode ser tomada de forma direta pelo delegado
de polícia, dependendo de manifestação do judiciário, obviamente estamos diante de um ato complexo, em
analogia com a classificação em relação aos atos administrativos.
Ainda com base nos ensinamentos dos administrativistas, o efeito preliminar do ato administrativo (efeito
indireto) é que a representação pelo indiciamento de alguém com foro por prerrogativa de função faz surgir
o dever da autoridade judicial se manifestar para que o ato se aperfeiçoe.
A representação constitui uma exposição dos fatos, seguida de uma sugestão jurídica fundamentada.
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser
indiciadas:
a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79);
b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41,
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
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Aproveitando o tema acerca do foro por prerrogativa de função, vamos ver como
ficam os reflexos da nova decisão do STF na investigação criminal…
STF adotou uma interpretação restritiva do foro de prerrogativa de função previsto na CF para os
parlamentares federais. O foro foi idealizado como instrumento destinado a garantir o livre exercício de
certas funções públicas e não para acobertar pessoas ocupantes do cargo. Estendê-lo aos crimes cometidos
antes da diplomação ou sem contexto funcional desnatura o instituto, transformando-o em instrumento
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de privilégio pessoal, ferindo o princípio da igualdade. normas que estabelecem restrições ao princípio da
igualdade devem ser interpretadas restritivamente.
O STF fez uma redução teleológica – uma interpretação teleológica restritiva do art. 102, I, b e c da
CF c/c art. 53, §1º.
Antes, diante da interpretação literal do foro, o STF entendia que toda a investigação de autoridade
com foro no STF deveria ser supervisionada pelo Ministro-relator, exigindo desde a autorização prévia para
a instaurar e autorização para promover o indiciamento.
Agora, diante da redução teleológica, só subsistirá a supervisão judicial do Ministro se o crime for
depois da diplomação e com nexo funcional. Tratando-se de infração penal praticada antes da diplomação,
ou durante o mandato, mas despida de nexo funcional, o STF não intervirá em nada, sendo a condução das
investigações livre pela Polícia Civil ou Federal, sem necessidade de autorização para instauração, autorização
para indiciar, etc.
https://youtu.be/2cj1Pcuu7ew
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4.1 Constituição de Defensor quando o investigado for integrante da segurança pública ou militar – Art.
14-A do CPP.
“Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art.
144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais,
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for
a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no
art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.
§3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do §2º deste artigo,
a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela
não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à
respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá
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§4º A indicação do profissional a que se refere o §3º deste artigo deverá ser
precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área
territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em
que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da
Administração.
A lei 13.964/19 incorporou no Código de Processo Penal uma sistemática que já era prevista no
âmbito da União, que era a possibilidade da AGU realizar a defesa judicial de agentes públicos (MP872,
transformada na lei ordinária 13.841/19).
Com a nova sistemática, a Autoridade Policial ao identificar que o suspeito é agente de segurança
pública ou militar e os fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, deverá
citar o investigado (leia-se: intimar), para que o investigado constitua defensor em até 48h.
Esgotado o prazo e não nomeado o defensor pelo investigado, a Autoridade Policial deverá intimar
a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo
de 48h, indique defensor para a representação do investigado.
Inicialmente, foram vetados os §§3º a 5º, no entanto o Congresso Nacional procedeu à derrubada
do veto, de modo que tais parágrafos voltaram a produzir efeitos!
Assim, operando-se o decurso do prazo de 48h a contar do recebimento da notificação, essa
atribuição recairá, preferencialmente, sobre a Defensoria Pública (CPP, art. 14-A, §3º). Na eventualidade de
não haver Defensor Público na área territorial onde tramita o procedimento investigatório e com atribuição
para nele atuar, deverá ser lavrada uma manifestação nesse sentido, quando, então, será possível a
indicação de um profissional da advocacia que não integra os quadros próprios da Administração para
acompanhar e realizar todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado (CPP, art. 14-A, §4º).
Nesse caso, os custos com o patrocínio dos interesses dos investigados correrão por conta do orçamento
próprio da instituição a que o servidor estivesse vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados
(CPP, art. 14-A, §5º).
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Investigado: Caso o
Investigado
Agente de investigado
não nemeia
não nomeie
Segurança defensor no
defensor no
ou militar prazo
prazo de 48H
Cita-se Intima-se a
Fato: uso letal (intimação) o instituição
da força no investigado para que
execício da para nomeie
função constituir defensor no
defensor em prazo de 48H
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É justamente o que dispõe o art. 14-A caput e seus parágrafos do CPP inseridos pela Lei nº 13.964/2019.
a) Conceito: O arquivamento do inquérito policial é uma decisão judicial, muito embora ainda não haja um
processo judicial em curso. Ele depende de pedido de promoção de arquivamento feito pelo MP, que será
apreciado pelo juiz (Renato Brasileiro) - regulamento anterior ao Pacote Anticrime.
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b) Natureza jurídica: Em verdade, o arquivamento é um ato subjetivamente complexo, que envolve prévio
requerimento formulado pelo órgão do Ministério Público e posterior decisão da autoridade judiciária.
Quando o juiz homologa a promoção de arquivamento se incorpora a natureza de decisão judicial do
arquivamento do inquérito policial.
Contudo, o professor André Luiz Nicolitt, diz ser um ato administrativo, porquanto embora seja uma
decisão do juízo, ele não está na função tipicamente jurisdicional e sim administrativa (Nicolitt, André, 5ª ed.
Pág 205). Utilizam, ainda, a Súmula 524 do STF que faz referência a “despacho”.
c) Hipóteses: Como o CPP não trata as hipóteses de arquivamento, se aplica, por analogia, o tratamento da
rejeição da denúncia/queixa a absolvição sumária (art. 395 e 397, CPP):
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∘ Atipicidade Formal: juízo de adequação, verificar se a conduta se adequa ao tipo penal, ocorre
quando conduta não se encaixa em nenhum tipo penal.
∘ Atipicidade Material: princípio da insignificância ou bagatela. Exemplo: âmbito tributário penal,
STF e STJ até 20 mil é insignificante, conduta atípica.
∘ Excludente da ilicitude/Excludente da culpabilidade, SALVO inimputabilidade.
No caso de inimputável, deve ser denunciado, porém com pedido de absolvição imprópria →
medida de segurança.
Obs: Na dúvida, de acordo com a doutrina majoritária, o promotor deve denunciar (in dubio pro societate).
Mas o juiz, na dúvida, na hora da sentença, quanto às descriminantes ou exculpantes, deve absolver (in dubio
pro reo).
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A nova sistemática do arquivamento do inquérito policial foi suspensa por decisão do STF, sendo assim,
vamos manter os comentários da sistemática atual e faremos as anotações pertinentes à mudança, caso ela
passe a vigorar em algum momento.
A coisa julgada ocorre quando estamos diante de uma decisão judicial que não comporta mais
recurso, tornando-se imutável.
∘ Coisa julgada formal: é a imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida. Neste processo
não poderá ser modificada, mas em outro sim.
∘ Coisa julgada material: pressupõe a formal, é a imutabilidade da decisão fora do processo no qual
aquela foi proferida.
A depender do fundamento utilizado na promoção de arquivamento irá ocorrer coisa julgada formal
ou coisa julgada formal e material.
A seguir reproduzimos o quadro sobre as hipóteses de coisa julgada no arquivamento do IP:
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Atenção! Existe doutrina minoritária que defende que a decisão de arquivamento nunca fará coisa
julgada, seja formal, seja material. Como o arquivamento não é ato jurisdicional típico, desenvolvendo-se em
uma etapa pré-processual, não haveria de se falar em coisa julgada. (André Nicolitt e Afrânio Silva Jardim)
Alguns doutrinadores entendem que não haveria a produção de coisa julgada formal ou material.
No entanto, prevalece nos Tribunais que a decisão dada por juízo absolutamente incompetente não
é inexistente, mas, no máximo, nula. Caso a nulidade não tenha sido proclamada no momento oportuno, a
decisão terá o condão de produzir seus efeitos válidos.
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Antes da reforma (L.13964/19), a decisão que deferia o arquivamento NÃO cabia recurso.
Exceções:
a) Crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública: Existe previsão de reexame
necessário, também chamado de recurso de ofício (duplo grau obrigatório) - Art. 7º da lei 1521/51.
LCCEP - Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados
em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou
quando determinarem o ARQUIVAMENTO dos autos do respectivo inquérito
policial.
Não se aplica ao tráfico de drogas, mesmo sendo um crime contra a saúde, em razão da
especialidade.
A nosso ver o dispositivo foi tacitamente revogado, visto que a decisão final sobre o arquivamento é do órgão
ministerial de revisão, não mais cabendo ao juiz.
b) Contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo: Cabe RESE. LCP
(1508/51) art. 6º§único.
O dispositivo deve ser interpretado na forma do Art. 28, §1º do CPP, devendo o recurso ser encaminhado ao
órgão ministerial de revisão.
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correição parcial, com a reforma, nos parece que faltaria interesse de agir, visto que a decisão poderá ser
revista pelo órgão ministerial de revisão.
Lei n. 8.625/93, art. 12: “O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos
os Procuradores de Justiça, competindo-lhe: (…) XI - rever, mediante requerimento
de legítimo interessado, nos termos da Lei Orgânica, decisão de arquivamento de
inquérito policial ou peças de informações determinada pelo Procurador-Geral de
Justiça, nos casos de sua atribuição originária”.
Com a reforma (L.13964/19) a atribuição para a revisão sobre o arquivamento passa a ser do órgão
ministerial de revisão (Art.28 do CPP).
Com a lei 13964/19, além das hipóteses de recursos que foram mantidas, a vítima ou seu representante
legal poderão recorrer, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, submetendo a matéria ao
órgão de revisão ministerial (nova redação art. 28 do CPP);
Ocorre por pedido expresso do querelante, que será considerado renúncia e acarretará a extinção
da punibilidade, ou com o transcurso do prazo decadencial de 6 meses para exercício do direito de queixa
(art. 38, CPP).
Na lição de Afrânio Silva Jardim, referência no assunto: “entende-se por arquivamento implícito o
fenômeno de ordem processual decorrente de o titular da ação penal deixar de incluir na denúncia algum
fato investigado ou algum dos indiciados, sem expressa manifestação ou justificação deste procedimento.
Este arquivamento se consuma quando o juiz não se pronuncia na forma do art. 28 com relação ao que foi
omitido na peça acusatória”
Como se pode perceber, a doutrina que defende o arquivamento implícito parte da existência de
duas omissões: o promotor deixa de incluir na denúncia algum fato investigado (arquivamento implícito
objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento implícito subjetivo), sem justificação ou expressa
manifestação deste procedimento e o magistrado também se omite, deixando de aplicar a regra do art. 28
do CPP. É dessa conjugação de omissões que surge a defesa pela admissão do arquivamento implícito. E o
argumento reside no princípio da obrigatoriedade da ação penal pública → em apreço ao princípio da
obrigatoriedade da ação penal pública, se o MP não inclui na denúncia todos os crimes e ou indiciados é
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porque reconheceu implicitamente a falta de justa causa. E se o juiz recebe a denúncia sem ressalvas é
porque implicitamente comungou da mesma orientação operando-se a partir do recebimento da denúncia
o arquivamento implícito.
ATENÇÃO: A jurisprudência e doutrina majoritária NÃO admitem o arquivamento implícito, porque a simples
omissão não implica arquivamento e o pedido de arquivamento deve ser fundamentado. Todo arquivamento
somente produz efeito se for um arquivamento explícito. Havendo omissão a respeito de um dado objetivo
ou subjetivo do inquérito, deve-se presumir que as investigações, quanto a parte omissa, continuam em
aberto.
Uma grande questão é saber como deverá atuar o juiz em caso de omissão do Ministério Público, tendo em
vista que o juiz não mais exerce o controle sobre o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública e a
sistemática do antigo art. 28 foi substituída pelo controle realizado pelo órgão ministerial de revisão. Diante
das mudanças, acreditamos que não mais há que se falar em arquivamento implícito no processo penal (que
já não era aceito pelos Tribunais Superiores, de qualquer forma).
Ocorre quando o magistrado não concorda com o pedido de declinação de atribuição formulado
pelo órgão ministerial. O juiz recebe a manifestação como se fosse um pedido de arquivamento e aplica, por
analogia, o art. 28 do CPP, leia-se, homologa ou não e, caso não homologue, remete os autos PGJ.
Essa sistemática permanece vigente mesmo com a L. 13964/19. Isso porque o Art. 28 do CPP, alterado pela
referida lei, permanece com sua eficácia suspensa em decisão do STF na ADI 6298.
Caso o STF julgue o mérito e a norma volte a produzir efeitos, não fará mais sentido falarmos em
arquivamento indireto, visto que a providência de arquivamento passará a ser realizada exclusivamente no
âmbito do Ministério Público, não mais o juiz exercendo qualquer tipo de controle.
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Prevalece na doutrina que o arquivamento NÃO se submete à coisa julgada material, e ao surgirem
novas provas, o MP pode oferecer denúncia, desde que não tenha sido extinta a punibilidade por alguma das
hipóteses do art. 107, CP.
ATENÇÃO! Excepcionalmente, o arquivamento será definitivo, quando motivado, por exemplo, pela
prescrição ou, conforme já entendeu o STF, pela certeza da atipicidade do fato. Ressalta-se a divergência
entre os Tribunais acerca da coisa julgada no tocante ao reconhecimento da excludente de ilicitude. Para o
STJ faz sim coisa julgada material, não podendo ser revista.
Com a reforma (Lei 13964/19) e o reforço argumentativo no sentido de que a decisão possui natureza
administrativa, nos parece que a posição da doutrina permanece atual. Ou seja, se antes já não fazia coisa
julgada material, muito menos fará agora.
ESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal: Relatado o IP, sob a tese de
atipicidade penal do fato, o MP requereu o arquivamento dos autos, o que foi determinado
pelo competente juízo, em acolhimento à tese do MP. Nessa situação, o arquivamento dos
autos nos termos do requerimento do MP impede a reabertura das investigações pela
autoridade policial. Item certo.
Conforme dispõe o art. 18 do CPP, o inquérito só pode ser desarquivado se a autoridade policial tiver
obtido notícias de provas novas.
Cumpre destacar que a possibilidade de desarquivamento pressupõe que a decisão de arquivamento
tenha se pautado em hipótese que apenas formou coisa julgada formal (ex.: arquivamento por falta de lastro
probatório) posto que pautada na cláusula rebus sic stantibus: mantidos os pressupostos fáticos que serviram
de amparo ao arquivamento, esta decisão deve ser mantida; modificando-se o panorama probatório, nada
impede o desarquivamento do inquérito policial.
Art. 18, CPP: Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
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penal, não basta haver notícias de provas novas, é necessário que existam efetivamente PROVAS NOVAS.
Esse é o entendimento cristalizado na Súmula 524 do STF:
Súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas.
Conforme ensina Renato Brasileiro, desarquivamento não é a mesma coisa que oferecer a denúncia.
▪ Desarquivar → significa reabrir as investigações, sendo suficiente para tal a notícia de provas novas.
▪ Oferecer denúncia → necessidade de SURGIMENTO DE PROVAS NOVAS.
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Atenção! O STJ tem precedente afirmando que “mudança de entendimento jurisprudencial sobre aspectos
jurídicos da situação fática apreciada no procedimento investigatório arquivado não autoriza o
desarquivamento do inquérito policial” (STJ, Corte Especial, Apn 311/RO, Rel. Min. Humberto Gomes de
Barros, j. 02/08/2006)
Entendimentos jurisprudenciais:
O MP dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e
garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação
do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais que se acham
investidos, em nosso País, os advogados (…) (STF: RE 593727).
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPB 2022): Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando fundamentado na
A) atipicidade do fato.
B) falta de justa causa para a ação penal.
C) decadência do direito de representação do ofendido.
D) comprovação de coação moral irresistível.
E) menoridade do autor do fato.
GABARITO: LETRA B.
CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil: Em regra, é possível desarquivar
o inquérito policial quando fundamentado na falta de justa causa para a ação penal. Item
certo.
1) Insuficiência de provas: é possível desarquivar, aplicando-se a regra geral do art. 18 do CPP (Súmula 524-
STF);
2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação: é possível desarquivar, aplicando-se a regra
geral do art. 18 do CPP;
3) Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou prova da materialidade): é possível
desarquivar, aplicando-se a regra geral do art. 18 do CPP;
4) Atipicidade (fato narrado não é crime): NÃO é possível desarquivar!
5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude:
5.1) STJ: NÃO é possível desarquivar (REsp 791471/RJ);
5.2) STF: é possível desarquivar (HC 87395-PR, Pleno, j. 23.03.2017 / HC 125101-SP, 2ª T.,J. 25/08/2015);
6) Existência manifesta de causa de excludente de culpabilidade: NÃO é possível desarquivar
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7) Existência manifesta de causa extintiva de punibilidade: NÃO é possível desarquivar (STJ HC 307.562/RS;
STF Pet 3943).
7.1) Exceção: extinção fundada em certidão de óbito falsa (STF: HC 104998 / SP - 1ª Turma, J.
14/12/2010)
CF, art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder”.
Súmula 693 STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária
seja a única cominada”.
Por fim, a competência para o julgamento de eventual habeas corpus será: (Questão prova oral do
Estado do Amapá, 2017):
● Inquérito instaurado pelo Delegado de Polícia (autoridade coatora): juiz de primeira instância.
● Inquérito instaurado por requisição do Ministério Público (autoridade coatora): Tribunal competente
para irá julgar originariamente.
CAIU EM PROVA:
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(Delegado de Polícia Civil do RN/2021) No curso de inquérito policial, a autoridade policial indiciou Napoleão
pela prática do crime de homicídio qualificado, em que pese os elementos de informação colhidos
demonstrassem de maneira clara que o investigado agiu em legítima defesa. Visando combater tal decisão e
buscar o “trancamento” do inquérito policial, o advogado de Napoleão poderá:
A) interpor recurso para o chefe de polícia;
B) impetrar habeas corpus, sendo competente para julgamento um juiz de 1º grau;
C) impetrar habeas corpus, sendo competente para julgamento o Tribunal de Justiça respectivo;
D) interpor recurso em sentido estrito, sendo competente para julgamento um juiz de 1º grau;
E) impetrar habeas corpus para análise pelo chefe de polícia.
GABARITO: LETRA B
ANTES DO PACOTE ANTICRIME (ESSA SISTEMÁTICA AINDA ESTÁ EM VIGOR, DEVIDO À EFICÁCIA
SUSPENSA DA NOVA REDAÇÃO DO ART. 28):
O art. 28 representava um CONTROLE JUDICIAL sobre o arquivamento (Princípio da Devolução), que
possuía 2 funções:
1ª: controle judicial externo do Princípio da Obrigatoriedade (que rege as ações penais públicas);
2ª: mecanismo de controle externo do próprio Ministério Público.
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Como funcionava?
● Ministério Público promove o arquivamento → Se o Juiz concordar, ele HOMOLOGA a decisão de
arquivamento.
● Ministério Público promove o arquivamento → Se o juiz não concordar, ele encaminha para o
Procurador Geral.
Nessa última hipótese, existe divergência doutrinária se a designação do Procurador Geral vincula o
novo promotor. Em outras palavras: o promotor designado é obrigado a oferecer denúncia?
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promoção de arquivamento feita pelo Promotor Natural do feito. Passa a ser necessária, também, a
confirmação (homologação) dessa decisão de arquivamento por órgão de revisão do MP.
O arquivamento, portanto, será feito em duas etapas, assegurada a cientificação do investigado e da
vítima. Ademais, institui-se a possibilidade de recurso em face dessa decisão de arquivamento.
Trata-se de ato jurídico complexo, pois é produto duas manifestações de vontade, do Ministério
Público, presentado pelo Promotor de Justiça e pela instância de revisão.
Com a mudança, volta à baila a discussão sobre a natureza jurídica da decisão de arquivamento.
Para Afrânio Silva Jardim2, a decisão que determina o arquivamento do inquérito policial tem
natureza de decisão judicial, porque oriunda do Poder Judiciário, em outras palavras, de decisão
administrativa em sentido lato.
Já para Fernando da Costa Tourinho Filho3, que ao comentarem a natureza jurídica de tal decisão não
fundamentam seu entendimento, a aludida decisão tem natureza de despacho judicial de expediente (CPP,
art. 800, III).
Entretanto, diante das alterações, a posição mais coerente nos parece a do Professor Guilherme de
Souza Nucci4:
Agora, passa a ser uma decisão de natureza administrativa e que não se submete ao crivo judicial,
em respeito ao sistema acusatório, pois o arquivamento passa a ser realizado apenas no âmbito do MP.
Seguimos.
As mudanças trazidas pela L. 13964/19 vão ao encontro do que a doutrina já clamava, em respeito
ao princípio acusatório5.
2
(Jardim, 2000, pp. 166-167)
3
(Filho, pp. 400-401)
4
(Nucci, 2019)
5
(Prado, 1999, p. 153)
213
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Decisão de arquivamento
O órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial.
Após, o órgão do Ministério Público encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins
de homologação.
A vítima poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
revisão na instância de revisão ministerial.
Crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
A primeira observação importante, é que a lei conferiu apenas à vítima a possibilidade de provocar
a instância ministerial de revisão, deixando de fora o investigado e a Autoridade Policial.
Outro ponto é que a lei não mais trata da hipótese em que o juiz discordar do requerimento de
arquivamento, pelo simples fato de que não cabe ao Juiz de Garantias discordar ou não da opinião do
membro do Ministério Público. A decisão de arquivamento fica adstrita ao âmbito do Ministério Público,
isto é, uma providência meramente administrativa, em observância ao sistema acusatório (Art.129, I, da
CRFB e Art. 3º-A do CPP).
Assim, a L. 13964/19 suprimiu o controle judicial sobre o arquivamento da investigação preliminar,
sobre o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública e fortaleceu a atuação da vítima. O inquérito será
remetido para homologação ao órgão de revisão no próprio MP e a vítima poderá se manifestar se discordar
do arquivamento.
Conclusão:
▪ Antes do PAC – Promoção de arquivamento pelo MP + Homologação pelo Juiz.
▪ Após o PAC – ORDEM de arquivamento pelo MP + Homologação pela Instância de Revisão Ministerial.
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Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido
preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30
dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela
Conceito: Cuida-se, o relatório, de peça elaborada pela autoridade policial (Delegado de Polícia), de
conteúdo eminentemente descritivo, onde deve ser feito um esboço das principais diligências realizadas na
investigação criminal.
A produção do relatório policial NÃO é condição sine qua non para o oferecimento da denúncia. Se
nem mesmo o IP é indispensável para o oferecimento da ação penal, imagina o relatório. Contudo, trata-se
de um dever legal do Delegado, sob pena de ser responsabilizado disciplinarmente.
Ocorre que esse raciocínio é ultrapassado. Sempre se disse que delegado de polícia faz apenas juízo
de tipicidade. Contudo, o direito penal adota o conceito analítico de crime. Crime é fato típico, ilícito e
culpável. Portanto, para que haja adequação típica em sentido lato é necessário que todos os elementos do
fato estejam presentes.
Nessa linha, vejamos o dispositivo legal:
Lei 11.343/06 - Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: I -
relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância
ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
do agente (…)
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Para onde o delegado de polícia deve enviar o relatório? O CPP prevê que o relatório deve ser
enviado ao juiz competente (art. 10, §1º do CPP).
Tribunais Superiores: Asseveram a constitucionalidade do dispositivo, uma vez que o
encaminhamento ao juiz é meramente administrativo. O magistrado redireciona automaticamente os autos
ao MP. Isso, portanto, não tem o condão de comprometer o sistema acusatório do processo.
Doutrina majoritária: Doutrina garantista sustenta que o envio do relatório final realizado pelo
delegado ao juiz ofende o sistema acusatório. O certo seria encaminhá-lo diretamente ao MP, por ser ele o
destinatário final do inquérito policial
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021): A partir de uma notitia criminis, a autoridade policial da Delegacia de Goioerê/PR
instaurou inquérito policial (IP) em desfavor de L.R. pela prática do crime previsto no art. 171, §2º, inciso III,
do Código Penal (defraudação de penhor). Após várias diligências, a autoridade entendeu que o fato é atípico.
Nesse caso, a autoridade policial deverá elaborar o relatório e encaminhar o IP a juízo (item considerado
correto).
Embora se fale, ordinariamente, que o STF tem decisão (ADI 2886/RJ) no sentido de não admitir a
tramitação direta do inquérito policial com investigado solto entre a Polícia e o Ministério Público, na verdade
a decisão do STF não foi no sentido de INADMITIR A TRAMITAÇÃO DIRETA, mas sim declarar o artigo da Lei
Estadual (do MP/RJ) inconstitucional por contrariar previsão expressa em lei federal a qual dispõe acerca do
envio direto dos autos ao juiz (CPP). Tanto é que o STJ já declarou a resolução/portaria do MPF, que prevê a
tramitação direta, constitucional.
Ressalta-se, ainda, que há ação no STF que tramita com reconhecimento de repercussão geral (está
atualmente concluso ao relator RE 660.814) acerca de ato de provimento da Corregedoria-Geral de justiça.
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O STJ, por sua vez, tem precedente no sentido de admitir a tramitação direta entre a Polícia Federal
e o MPF, por atender à garantia da razoável duração do processo, economia processual e eficiência, sem
afastar a cláusula de reserva de jurisdição (Informativo 574, 5ª T. STJ).
Portaria baixada com fulcro na Res. 63/09 do CJF estabelecendo a tramitação direta do IPL entre
delegacia e MPF é legal:
● Atende a duração razoável do processo e aos postulados da economia processual e eficiência.
● É ciente que a Res. 63/09 do CJF é contestada no STF desde 2009 via ADI 4305.
● É ciente que – em 2014 – o STF via ADI 2886 declarou inconstitucional Lei do RJ que estabelecia a
tramitação direta. Mas, como o julgamento perdurou por muitos anos, iniciando em 2005, houve
mudança de composição da Corte de 3 dos 4 Ministros que foram votos vencidos, panorama que
pode alterar decisões futuras sobre o mesmo tema e impede de afirmar como certa a possível
declaração da inconstitucionalidade da Resolução do CJF objeto da ADI 4.305.
Inf. 574: Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na Res. CJF n.
63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial entre a Polícia Federal
e o Ministério Público Federal. De fato, o inquérito policial “qualifica-se como
procedimento administrativo, de caráter pré-processual, ordinariamente
vocacionado a subsidiar, nos casos de infrações perseguíveis mediante ação penal
de iniciativa pública, a atuação persecutória do Ministério Público, que é o
verdadeiro destinatário dos elementos que compõem a ‘informatio delicti’” (STF,
HC 89.837-DF, Segunda Turma, DJe 20/11/2009). Nesse desiderato, a tramitação
direta de inquéritos entre a Polícia Judiciária e o órgão de persecução criminal
traduz expediente que, longe de violar preceitos constitucionais, atende à garantia
da duração razoável do processo – pois lhe assegura célere tramitação –, bem como
aos postulados da economia processual e da eficiência. Ressalte-se que tal
constatação não afasta a necessidade de observância, no bojo de feitos
investigativos, da chamada cláusula de reserva de jurisdição, qual seja, a
necessidade de prévio pronunciamento judicial quando for necessária a adoção de
medidas que possam irradiar efeitos sobre as garantias individuais. Ademais, não
se pode alegar que haveria violação do princípio do contraditório e do princípio da
ampla defesa ao se impedir o acesso dos autos de inquérito pelos advogados, o que
também desrespeitaria o exercício da advocacia como função indispensável à
administração da Justiça e o próprio Estatuto da Advocacia, que garante o amplo
acesso dos autos pelos causídicos. Isso porque o art. 5º da Res. CJF n. 63/2009 prevê
expressamente que “os advogados e os estagiários de Direito regularmente
inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil terão direito de examinar os autos do
inquérito, devendo, no caso de extração de cópias, apresentar o seu requerimento
por escrito à autoridade competente”. Faz-se mister destacar que, não obstante a
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CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Escrivão de Polícia: Concluído o inquérito policial em que
se investiga crime de ação penal privada, os autos deverão, obrigatoriamente, ser entregues
ao ofendido ou seu representante legal, mediante traslado. Item errado.
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues
ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
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META 4
CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ Art. 48, XI
⦁ Art. 51, IV e 52, XIII, da CF
⦁ Art. 61 § 1º, II, "e"
⦁ Art. 84, IV, VI, "a"
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174
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⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86
Lei 9.790/99 (lei das organizações da sociedade civil de interesse público - OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 10, §1º
⦁ Art. 11, 14 e 16
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2. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO
É importante relembrar que Administração Pública é uma expressão plurissignificativa. Possui dois
sentidos:
• Subjetivo / Formal / Orgânico: conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura do Estado
e tem como função satisfazer o interesse público, a vontade política governamental. Nesse sentido,
é grafada com letras maiúsculas, pois se refere aos sujeitos.
• Objetivo / Material / Funcional: é o conjunto de atividades que esses órgãos e entidades
desempenham. Nesse sentido, é grafada com letras minúsculas, pois se refere às funções. Ex.:
fomentar iniciativa privada, prestar serviço público, exercer poder de polícia.
Assim, o exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada.
a) Desconcentração:
Na desconcentração, o que o Estado faz é distribuir, dentro da sua estrutura, as atividades estatais.
Há uma especialização de funções dentro da mesma pessoa jurídica. Haverá a criação dos órgãos
públicos/órgãos estatais, sem que haja a criação de uma nova pessoa jurídica, pois se trata de mera divisão
interna.
Cada órgão tem sua atribuição específica, para garantir eficiência. Ex.: Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Segurança Pública (não são pessoas jurídicas, mas sim órgãos criados a partir de um
procedimento de desconcentração). Portanto, tenha em mente que a desconcentração dá origem aos órgãos
públicos.
Características da Desconcentração:
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Resposta: Certo.
b) Descentralização:
Na descentralização, o Estado vai transferir a execução da atividade para outra pessoa, seja física
ou jurídica, integrante ou não da Administração.
O Estado pode criar a pessoa jurídica para transferir a atividade (administração indireta) ou pode
realizar um contrato de concessão (com pessoa jurídica já existente) ou permissão de serviço público (com
pessoa jurídica ou pessoa física). Em outras palavras: Enquanto a desconcentração ocorre dentro de apenas
uma pessoa jurídica, na descentralização, há mais de uma pessoa envolvida.
Características da Descentralização:
• Deslocamento para uma nova pessoa (física ou jurídica);
• Transferência para pessoa da Administração indireta ou particulares;
• NÃO existe hierarquia, mas há controle e fiscalização (relação de vinculação, mas NÃO de
subordinação).
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STF: É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa estatal, visto que a lei criadora é a própria medida
autorizadora. Vejamos o último julgado do STF em 2021 nesse sentido:
OBS.: A centralização consiste na execução das tarefas administrativas pelo próprio Estado, por meio
de órgãos internos integrantes da administração direta.
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCES 2022). No que tange aos institutos da descentralização e da desconcentração, julgue os
itens a seguir. I - A principal diferença entre esses institutos decorre do número de pessoas jurídicas
envolvidas. II - A descentralização ocorre no âmbito de uma única pessoa jurídica. III - A desconcentração
administrativa acontece quando a administração reparte atribuições e competências dentro de um mesmo
órgão. R: Apenas os itens I e III estão certos.
Descentralização
Ex.: contrato de
À particulares (NJ) e
Por meio de lei Só a entidades da AP concessão de
a própria AP (lei).
serviços públicos
Territorial
ATENÇÃO!
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Descentralização Social (Diogo Figueiredo Moreira Neto): Consiste em aliviar do Estado a execução direta
ou indireta de atividades de relevância coletiva que possam ser convenientemente cometidas por
credenciamentos ou reconhecimentos a unidades sociais personalizadas.
Em outras palavras: consiste em formalizar parcerias (ou atos de reconhecimento) com entidades do 3º
Setor, com o intuito de criar condições favoráveis para o alcance de metas socialmente adequadas.
Com relação a este ponto, é importante que o estudante conheça as formas de controles
administrativos: Tutela x Hierarquia.
A centralização administrativa é a situação em que o Estado executa suas tarefas diretamente, por
intermédio de seus inúmeros órgãos e agentes administrativos que compõem a sua estrutura funcional.
Em outras palavras, a centralização consiste na execução da atividade administrativa pelas próprias
pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio dos órgãos das suas
respectivas Administrações Diretas.
Vamos esquematizar?
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DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Transferência da atividade administrativa para Distribuição interna de atividade dentro de uma
outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não mesma pessoa jurídica, resultando na criação de
do aparelho estatal. centros de competências, denominados órgãos
públicos, dentro de uma mesma estrutura
hierárquica.
Há mais de uma pessoa jurídica. Ocorre dentro da mesma pessoa jurídica.
Não há hierarquia, apenas controle e fiscalização. Há hierarquia e decorre do Poder Hierárquico.
Há uma relação de vinculação. Há uma relação de subordinação.
Pode ser: Dá origem aos órgãos públicos.
1) Descentralização por outorga, que dá origem às
entidades da Administração Indireta;
2) Descentralização por colaboração, na qual há
delegação à pessoa já existente, através de
concessão ou permissão.
3. ÓRGÃOS PÚBLICOS
Órgãos públicos são centros de atribuições que resultam da desconcentração administrativa. Sua
criação se justifica pela necessidade de especializar as funções, com o intuito de tornar a atuação estatal mais
eficiente. A principal característica dos órgãos é que eles NÃO possuem personalidade jurídica própria.
Outras características:
✓ Órgãos são centros especializados de competências.
✓ Criação e extinção devem ser feitas por meio de lei.
✓ Competência do órgão é intransferível e irrenunciável, mas pode ser delegada ou avocada.
✓ Presentes tanto na Administração direta como na Administração indireta.
Art. 1º, §2º, I, Lei 9.784/99 - Para os fins desta Lei, consideram-se: I - órgão - a
unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta.
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ATENÇÃO: Em regra, os órgãos, por NÃO terem personalidade jurídica, NÃO têm capacidade
processual, ou seja, não podem figurar em juízo por si próprios, mas sim por meio do ente a que se
subordinam.
Exceções:
1) Previsão legal. Ex.: Órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III, CDC).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;
2) Órgãos titulares de direitos subjetivos, o que lhes confere capacidade processual para a defesa
das prerrogativas, bem como competências para defesa de atribuições institucionais. Ex:
Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde que (i) sejam órgãos de
cúpula de hierarquia administrativa; (ii) atuem na defesa de suas prerrogativas institucionais.
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1. Teoria do Mandato: O agente público é mandatário da pessoa jurídica, sendo a relação construída
em função de um contrato de mandato.
Crítica: NÃO se admite que um Estado que NÃO tem vontade própria e nem tem como exteriorizá-
la possa assinar um contrato, instrumento que depende da autonomia da vontade. Ademais, essa teoria
permitiria a irresponsabilidade estatal pelos atos praticados pelos agentes com abuso de poder.
2. Teoria da Representação: O agente público seria representante do Estado por força de lei,
equiparando-se ao tutor ou curador, representando os incapazes.
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Crítica: A pessoa jurídica ficaria equiparada a um incapaz, sendo absurda a ideia de que o incapaz
confere representante de si mesmo. Além disso, o incapaz NÃO pode ser civilmente responsabilizado, o que
NÃO ocorre com o Estado.
3. Teoria do Órgão (Teoria da Imputação Volitiva) – Otto Von Gierke – Por essa teoria, a manifestação
do órgão público é atribuída à pessoa jurídica ao qual ele pertence. Ou seja: quando um agente
público, integrante de um órgão público, manifesta a sua vontade, na realidade, é a própria pessoa
estatal que está agindo. Por esse motivo, é possível imputar, ao Estado, os danos causados por seus
agentes.
Explica a teoria do funcionário de fato putativo, que é aquele cuja investidura foi irregular ou
viciada, mas cuja situação tem aparência de legalidade. Para a Teoria, consideram-se válidos os atos
praticados por um funcionário de fato putativo, em nome da boa-fé dos administrados, segurança jurídica e
legalidade dos atos, pois o ato é do órgão (e, consequentemente, da pessoa jurídica ao qual pertence), não
do agente.
A regra é que os órgãos públicos sejam criados e extintos por lei ordinária. E, em regra, a lei será de
iniciativa do chefe do Executivo. Essa exigência aparece na CF em alguns momentos:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição.
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Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre: XI – criação e extinção de
Ministérios e órgãos da administração pública;
Para a criação de órgãos no Poder Judiciário, a iniciativa será do presidente do próprio TJ (art. 96,
II, “c” e “d”).
Art. 96. Compete privativamente:
II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;
No âmbito do MP, a iniciativa para a criação de órgãos será do chefe da instituição, ou seja, PGJ ou
PGR (art. 127, §2º).
É possível criar órgãos por ato administrativo? R.: Parte da doutrina (Carvalho Filho, Rafael Oliveira,
Fernando Barbalho) entende que a CF/88 admite, excepcionalmente, no âmbito do Senado Federal e Câmara
dos Deputados (art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF), que a própria casa disponha sobre a sua organização
administrativa, como a criação de órgãos. Em outras palavras: a criação de órgãos dentro da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal pode ser feita mediante resolução das respectivas casas, não se exigindo a
sanção presidencial, pois não se trata de lei. Por simetria, isso pode ser levado para os Estados e Municípios.
a) Quanto à hierarquia:
▪ Independentes: NÃO estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro órgão, se
sujeitando apenas ao controle dos poderes estruturais do Estado (sistema de freios e
contrapesos). Têm origem na CF e ocupam o comando de cada um dos Poderes. Ex.: Presidência
da República, Congresso Nacional, STF.
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CUIDADO!
. O MP e TCU são considerados órgãos independentes, embora não façam parte de
nenhum poder!
MPM não tem legitimidade para atuar diretamente no STF. STF. 2ª Turma. HC
155245 AgR-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/11/2019.
c) Quanto à estrutura:
▪ Simples (ou unitário): atua sozinho (um único centro de competência), sem subdivisões em seu
interior. Ex.: Gabinete.
▪ Composto: há mais de um órgão atuando em sua estrutura, mais de um centro de competência.
Ex.: Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.
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d) Quanto às funções:
▪ Ativos: execução de atividades administrativas.
▪ Consultivos: assessoramento (pareceres).
▪ De controle: fiscalização dos demais órgãos e agentes públicos.
CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil: Por serem entes despersonalizados, os
órgãos públicos não detêm capacidade processual para a defesa de suas prerrogativas e
competências. Item errado.
Como regra, os órgãos públicos são destituídos de capacidade processual; porém, a doutrina e a
jurisprudência nacionais vêm reconhecendo tal capacidade a órgãos de status constitucional, quando
necessária à defesa de suas prerrogativas e competências institucionais.
Resumindo...
NÃO estão hierarquicamente subordinados a
nenhum outro órgão, se sujeitando apenas ao
controle dos poderes estruturais do Estado
INDEPENDENTES (sistema de freios e contrapesos). Têm origem
na CF e estão no comando dos Poderes.
Órgãos imediatamente subordinados aos
órgãos independentes. São órgãos diretivos que
desempenham funções de coordenação,
QUANTO À AUTÔNOMOS planejamento, supervisão e controle. Possuem
HIERARQUIA autonomia administrativa e financeira (NÃO
possuem autonomia política).
NÃO possuem autonomia e independência,
embora conservem o poder de decisão e
SUPERIORES controle sobre assuntos específicos de sua
competência.
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4. DESCENTRALIZAÇÃO
a) Descentralização Política: Feita pela CF, ao dividir a competência entre os entes federativos;
b) Descentralização Administrativa: Feita aos entes da administração indireta (descentralização
por outorga) e a particulares (descentralização por delegação).
5. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
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✓ Possuem patrimônio próprio. No momento da sua criação, a entidade responsável transfere parte de seu
patrimônio ao novo ente, o qual terá liberdade para usá-lo.
✓ Possuem capacidade de autoadministração (autonomia técnica + administrativa). Cuidado! Essa
capacidade de autoadministração NÃO significa que elas podem definir regras para se organizarem
(matéria já foi objeto de questão do CESPE).
✓ Devem ter finalidade pública. NÃO poderão ter finalidade lucrativa, mas o lucro poderá ser uma
consequência da atividade.
✓ Sujeitas à supervisão ministerial (e NÃO ao poder hierárquico). Forma de controle que pode ocorrer por
meio de 3 hipóteses:
1) Controle Finalístico: deve-se assegurar que as entidades da Administração Indireta não estão
se desviando dos fins previstos nas leis instituidoras;
2) Controle Político: a Administração Direta pode nomear e exonerar livremente os dirigentes das
entidades administrativas. Exceção: dirigentes das agências reguladoras;
3) Controle Financeiro: exercido pelo Poder Legislativo com auxílio do TCU. Para a doutrina, além
das autarquias e fundações públicas, as estatais também se submetem ao controle financeiro,
desde que prestem serviço público.
✓ Necessidade de lei específica para criação das autarquias e autorização para criação dos demais entes da
administração indireta, neste caso, sendo imprescindível o registro dos atos constitutivos no cartório de
pessoas jurídicas ou na junta comercial para empresas estatais.
Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
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subsidiárias será alienado, sem licitação e sem prévia autorização legislativa. Desse
modo, na prática, é como se a Petrobrás estivesse alienando as refinarias. O STF
afirmou que essa prática é legítima. A específica autorização legislativa somente é
obrigatória na hipótese de alienação do controle acionário de sociedade de
economia mista (empresa-mãe). Não há necessidade dessa prévia e específica
anuência para a criação e posterior alienação de ativos da empresa subsidiária,
dentro de um elaborado plano de gestão de desinvestimento, voltado para
garantir maiores investimentos e, consequentemente, maior eficiência e eficácia
da empresa-mãe. Isso porque a inexistência de expressa proibição ou limitação de
alienação societária em relação à autorização legislativa genérica para a criação de
subsidiárias corresponde à concessão, pelo Congresso Nacional ao Poder Executivo,
de um importante instrumento de gestão empresarial, para garantir a eficiência e
a eficácia da sociedade de economia mista no cumprimento de suas finalidades
societárias. Portanto, na criação ou extinção de subsidiárias, o preceito maior de
gestão empresarial que deve ser seguido é garantir a melhor atuação, eficiência e
eficácia da empresa-mãe. STF. Plenário. Rcl 42576 MC/DF, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/9 e 1º/10/2020 (Info
993).
5.2.1 Autarquias
a) Conceito: São pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração Indireta,
criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas, próprias do Estado (ou seja: atividades que
só podem ser desempenhadas por pessoas jurídicas de direito público). Possuem regime muito semelhante
ao dos entes da Administração Direta. Ex.: INSS, INCRA, conselhos de classe, Universidades Federais, IBAMA,
Banco Central, autarquias territoriais, agências reguladoras, associações públicas de regime público (lei
11.107/05).
b) Características:
⦁ NÃO possuem autonomia política, mas possuem autonomia financeira e de autorregulação.
⦁ Possuem regime jurídico de Direito Público.
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⦁ São CRIADAS por lei específica (competência do chefe do Poder Executivo), através da
descentralização por outorga ou descentralização legal. (art. 37, XIX da CF).
Art. 37. (...) XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação;
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CONCLUSÃO:
Regime deve ser estatutário, SALVO contratações celetistas antes da decisão do STF e após a reforma
administrativa.
NÃO se admite o ingresso de servidores celetistas para a prestação dos serviços nos entes da administração
direta, autárquica e fundacional, pois são regidos pela Lei 8.112/90.
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f) Espécies de autarquias:
1. Autarquias profissionais (autarquias corporativas, corporações profissionais, conselhos
profissionais): Exercem atividade tipicamente pública de fiscalização sobre determinadas
categorias profissionais.
▪ As anuidades são tributos.
▪ Atenção à jurisprudência sobre o tema (destacada abaixo).
Obs.: Parte da doutrina ainda menciona as Agências executivas e Associações públicas como espécies de
autarquia:
• Agências executivas: São as autarquias e fundações públicas que celebram contrato de gestão
com o intuito de melhorar sua eficiência e reduzir custos (art. 51 e 52 da Lei 9649/98).
• Associações públicas: Os consórcios públicos (art. 241 da CF/88), quando se constituem na
forma de pessoa jurídica de direito público, assumem a forma de autarquia integrante da
Administração Indireta dos entes federativos consorciados.
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Min. Marco Aurélio, julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861). (MUITO
IMPORTANTE!)
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público. STF. 1ª Turma. MS 28469, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09/06/2015. STF.
2ª Turma. RE 758168 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/06/2014.
Exceção: OAB. O STF decidiu que a OAB, quando vai contratar seus empregados,
não precisa realizar concurso público (STF ADI 3026).
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10) Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por
Conselho de Fiscalização Profissional. (Súmula n. 66/STJ)
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021): Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de autarquias,
cabendo-lhes prazo em dobro para recorrer em processos judiciais (item considerado correto).
a) Origem: De inspiração norte-americana, foram instituídas no Brasil a partir da década de 90, para
estabelecer novo modelo regulatório brasileiro.
b) Definição: São autarquias em regime jurídico especial, dotadas de autonomia reforçada em relação
ao ente central, com base em dois fundamentos:
1) Despolitização (desgovernamentalização): busca retirar do âmbito político e conferir um
tratamento técnico ao setor regulado (o que acarreta, consequentemente, maior segurança
jurídica).
2) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas: teoricamente,
a agência reguladora, quando baixa normas para o setor, teria maior velocidade para se
adaptar à realidade econômica e tecnológica, que muda rapidamente.
d) Características:
✓ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA:
∘ Nomeação diferenciada dos dirigentes – Nomeados pelo Presidente da República após
aprovação prévia do Senado para cumprir mandato certo (demais autarquias: demissíveis
ad nutum e comissionados);
Obs.1: NÃO é possível exigir a aprovação prévia do Senado para a exoneração dos
dirigentes.
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∘ Período de quarentena dos dirigentes (art. 8º da Lei 9986/2000, com redação dada pela
Lei 13.848/2019) – Durante o prazo de 6 meses ficam impedidos de exercer atividade no
setor regulado, contados da exoneração ou término do mandato, sendo assegurada
remuneração compensatória.
Lei específica pode estabelecer prazo diferenciado. Ex.: 1 ano para ANEEL, ANS,
ANP. Nesse período, ficará o antigo dirigente vinculado à agência, fazendo jus à
remuneração compensatória equivalente à do cargo que exerceu.
✓ AUTONOMIA DECISÓRIA:
∘ Impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio - O objetivo é assegurar que
a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia, em razão da sua autonomia
decisória. Ressalta-se que a impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio
não afasta a apreciação pelo Poder Judiciário.
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✓ AUTONOMIA FINANCEIRA:
∘ Possuem recursos próprios e recebem dotações orçamentárias:
▪ Recursos próprios - Podem instituir as taxas regulatórias;
▪ Recebimento de dotações orçamentárias - Enviam proposta orçamentária ao
Ministério ao qual estão vinculadas, para receber recursos que serão geridos pela
própria agência reguladora.
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Podemos fazer a distinção entre atos regulatórios e atos regulamentares. Nem todos os autores fazem
essa distinção. Para Rafael Oliveira, temos 03 diferenças entre os dois termos.
A primeira diferença se refere ao fundamento normativo. Quando a CRFB/88 fala em regulação, ela traz o
art. 174. Não é a única norma, claro! Contudo, o art. 174 fala do Estado regulador (aparece também no art.
21, inc. XI e art. 177). Já a expressão regulamentação aparece no art. 84, inc. IV, da CRFB/88 (competências
privativas do chefe do executivo). Assim, compete privativamente ao chefe do executivo editar decretos e
regulamentos para a fiel execução da lei.
A segunda diferença se refere ao responsável pela atividade. Na regulação, a grande protagonista é a
agência reguladora. Claro que não é apenas a agência reguladora que regula, pois o art. 174 da CRFB/88 diz
que o Estado tem que regular a economia e essa regulação vai ser definida na forma da lei. Logo, não diz
que a regulação é feita apenas e exclusivamente por agências reguladoras. Todavia, pelo cenário normativo
de hoje e pelas diversas agências reguladoras que foram criadas, basicamente, a regulação será exercida
por agências reguladoras. Há outras entidades parecidas com as agências reguladoras que vão exercer
atividade similar à regulação. Ex. CVM, Bacen, que são autarquias, mas são muito parecidas com as
agências reguladoras. Por outro lado, em relação à regulamentação, trata-se de competência privativa do
chefe do executivo (presidente, governadores de Estado e prefeitos). Assim, os atos regulamentares são
exercidos pelo chefe do executivo. Só o chefe do executivo pode baixar decreto regulamentar.
A terceira diferença é o caráter. Na regulação, a atividade regulatória tem caráter predominantemente
técnico. A regulação é exercida especialmente por agências reguladoras. Logo, é uma autarquia composta
por agentes públicos (concursados ou por cargos em comissão) que teoricamente possuem maior expertise
naquele setor regulado. Dessa forma, é uma atividade predominantemente técnica, sendo exercida por
pessoas que têm conhecimento naquele setor regulado. Já a regulamentação seria uma atividade
essencialmente política, visto ser exercida privativamente pelo chefe do executivo.
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É a retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias do domínio da lei, passando-as ao domínio do
regulamento.
Com a deslegalização, opera-se uma degradação da hierarquia normativa de determinada matéria que, por
opção do legislador, deixa de ser regulada por lei e passa para a seara do ato administrativo normativo.
A lei deslegalizadora NÃO chega a determinar o conteúdo material da futura normatização administrativa,
limitando-se a estabelecer standards e princípios a serem respeitados na atividade administrativo-
normativa.
Limites constitucionais à deslegalização:
a) Casos de reserva legislativa específica previstos na CF, que devem ser veiculados por lei formal;
b) Matérias a serem reguladas por lei complementar NÃO admitem deslegalização, pois são reservas
legislativas específicas.
A "captura" descreve a situação em que o ente regulador passa a atuar sem imparcialidade, favorecendo
sistematicamente uma das partes envolvidas com a atividade regulada ou passa a ser uma estrutura
inoperante, meramente figurativa. Pode significar o risco de concussão (corrupção dos dirigentes), como
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também a captura por contaminação de interesses, em que o órgão regulador assume os valores e interesses
do regulado como se fossem interesses da coletividade, a captura por insuficiência de meios, que ocorre
quando a atuação do agente regulador é inviabilizada pela ausência ou má qualidade de seus recursos e a
captura pelo poder político, situação que ocorre quando não existem os instrumentos legais capazes de
assegurar a efetiva autonomia da agência reguladora e ela passa a ser um mero agente dos interesses
político-partidários dos governantes.
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCBA 2022): A agência reguladora, por decisão colegiada, poderá convocar audiência pública
para formação de juízo e tomada de decisão sobre matéria considerada relevante (item considerado correto).
a) Conceito: É uma autarquia ou fundação que recebeu esta qualificação por ter celebrado um contrato
de gestão com a Administração Pública (art. 37, §8º, CF/88) e por possuir um plano de reestruturação
(art. 51 da Lei nº 9.649/98).
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Há muitas autarquias e fundações ineficientes, de modo que o contrato de gestão é uma tentativa
de modernização. São exemplos de agências executivas: INMETRO e SUDENE.
b) Requisitos:
• Autarquia ou fundação ter plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento em
andamento;
• Celebração de contrato de gestão com Ministério Supervisor com periodicidade mínima de 01
ano.
c) Características
✓ Gozam de dispensa de licitação para celebração de contratos, cujos limites de valor são
duplicados em relação aos do art. 75, I e II, da Lei 14133/21, cf. §2º do mesmo artigo.
ATENÇÃO! Os valores do artigo 75, I e II, da Lei 14133/21 foram atualizados pelo Decreto 11317, que entrou
em vigor em 1º/01/2023:
a) Art. 75, caput, inciso I - R$ 114.416,65 (cento e quatorze mil quatrocentos e dezesseis reais e sessenta e
cinco centavos) – obras e serviços de engenharia ou serviços de manutenção de veículos automotores;
b) Art. 75, caput, inciso II - R$ 57.208,33 (cinquenta e sete mil duzentos e oito reais e trinta e três centavos)
– outros serviços e compras.
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a) Definição: Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo elemento essencial é a utilização do patrimônio
para a satisfação de objetivos sociais, definidos pelo instituidor.
b) Criação:
• Fundações públicas de direito público - são criadas por lei ordinária específica, mas seu objeto
de atuação deve ser definido por lei complementar.
• Fundações públicas de direito privado - a criação é autorizada por lei ordinária específica, sendo
criadas após o registro no cartório competente, mas seu objeto de atuação deve ser definido
por lei complementar.
Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
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São criadas por lei específica (são uma espécie de Deve ser editada uma lei específica autorizando que
autarquia, por isso também chamadas de o Poder Público crie a fundação. Em seguida, será
“fundações autárquicas”). necessário fazer a inscrição do estatuto dessa
fundação no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,
quando, então, ela adquire personalidade jurídica.
d) Atividade:
• Fundação Pública de Direito Público: atividades típicas de Estado;
• Fundação Pública de Direito Privado: atividades de conteúdo econômico passíveis de
delegação.
e) Patrimônio:
• Fundação Pública de Direito Público: bens públicos;
• Fundação Pública de Direito Privado: bens privados (em regra).
Obs.: Bens privados afetados ao serviço público, ou seja, empregados diretamente na
prestação de serviços públicos, sujeitam-se às regras de direito público.
f) Regime de pessoal:
• Fundação Pública de Direito Público: Estatutário;
• Fundação Pública de Direito Privado: Celetista.
Obs.: Ambas se sujeitam à vedação ao acúmulo de cargos; necessidade de realizar concurso
público; teto remuneratório previsto na CF/88.
Observações importantes:
◘ Tanto as fundações públicas de direito público quanto as de direito privado possuem imunidade
tributária de impostos sobre rendas, bens ou serviços, conforme dispõe o artigo 150, inciso VI, alínea
“a” e §2º, da Constituição Federal.
◘ Somente as fundações públicas de direito público:
Possuem prerrogativas processuais;
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As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas
processuais. A isenção das custas processuais somente se aplica para as entidades
com personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas
receberem tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração
Direta, é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire
no momento de sua criação, decorrente da própria lei. STJ. 4ª Turma. REsp
1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020 (Info 676)
a) Conceito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública Indireta.
São regidas por um regime predominantemente privado, chamado por alguns de regime híbrido, sui
generis. Isso porque, por mais que sejam influenciadas pelo regime privado, possuem características do
regime de direito público.
Obs.: NÃO serão titulares de serviço público, recebendo apenas sua descentralização para a execução (NÃO
há outorga do serviço).
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A Lei 13.303/16 estabelece o estatuto jurídico das empresas estatais (empresas públicas, SEM e suas
subsidiárias e demais empresas privadas controladas pelo Estado). O diploma normativo regulamenta o art.
173, §1º, da CRFB/88, que impõe a fixação, por meio de estatuto (lei ordinária), de regras sobre licitações e
contratos, questões societárias, função social das estatais e sua fiscalização pelo poder público e pela
sociedade civil, além da aplicação das mesmas normas de direito privado às empresas estatais, no que
couber. Assim, foi editada a Lei 13.303/16.
Art. 37 da CRFB/88.
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XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias
das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de
qualquer delas em empresa privada;
O art. 37, XIX, da CRFB/88 define que somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição
de estatais. Havia uma controvérsia quanto à parte final desse inciso, que determina que “cabe à lei
complementar definir as áreas de sua atuação”. Nunca houve polêmica quanto ao fato de a lei ordinária
específica criar autarquia e autorizar a criação de estatais.
Contudo, o que significa “neste último caso”? Parte da doutrina entendia que essa ressalva apenas
se aplicaria às fundações e outros entendiam que a lei complementar também definiria a área de atuação
das empresas estatais, além das fundações.
A tese majoritária sempre foi no sentido que a expressão “neste último caso” apenas se refere às
fundações (Rafael Oliveira). Logo, a própria lei ordinária que autoriza a criação da estatal já deve definir qual
vai ser a sua área de atuação, não necessitando de lei complementar. A própria Lei 13.303/16 não exige lei
complementar, apenas lei.
Ressalta-se que, quanto às empresas subsidiárias, o STF entende pacificamente que não seria
necessária uma lei específica autorizando a criação de cada subsidiária, bastando uma autorização legal
genérica. Vale lembrar, contudo, que é necessária uma lei específica para a criação de cada estatal
(“empresa-mãe”).
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frase do presente julgado caiu exatamente nesses termos na prova de Delta da PCRJ
2022.
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d) Capital:
▪ Empresas Públicas: capital 100% público;
▪ Sociedade de Economia Mista: capital misto (maior parte público).
e) Forma Societária:
▪ Empresas Públicas: Qualquer forma societária. Há a possibilidade, inclusive, de empresas públicas
com um único sócio, a exemplo da CEF, assim como na forma de sociedade anônima.
▪ Sociedade de Economia Mista: Somente sociedade anônima.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021). Tendo em conta as peculiaridades das empresas estatais na organização da
Administração Pública brasileira, assinale a alternativa correta. R: As sociedades de economia mista não
poderão adotar como tipo societário o de sociedade limitada, podendo ser constituídas somente como
sociedades anônimas.
f) Competência:
▪ Empresa Pública Federal: Justiça Federal;
▪ Sociedade de Economia Mista Federal: Justiça Estadual.
Exceções (serão processadas na Justiça Federal):
∘ Se a União intervier como assistente ou opoente;
∘ MS contra ato ou omissão do dirigente da sociedade de economia mista federal, investido em
função administrativa.
Súmula 517 STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal,
quando a União intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556 STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.
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g) Regime de pessoal: Celetista (CLT), mas, por possuírem um regime jurídico híbrido, se sujeitam a
algumas prerrogativas e regras da Administração Pública:
✓ Concurso público (art. 37, II, da CF);
✓ Teto remuneratório (art. 37, XI e §9º, da CF);
✓ Regras de cumulação de empregos públicos (art. 37, XVI, da CF);
✓ Lei de improbidade administrativa (Lei 8.429/92);
✓ Obediência aos princípios administrativos (art. 37, caput, da CF).
OBS.1: O regime varia de acordo com a finalidade da empresa estatal. Se presta serviço público, o regime se
aproxima mais daqueles das pessoas jurídicas de direito público. Se for exploradora de atividade
econômica, se aproxima das empresas privadas que estão fora da Administração.
OBS.2: Se as empresas estatais e subsidiárias NÃO receberem recursos dos entes federativos para custeio e
manutenção de pessoal, pode haver pagamentos acima do teto remuneratório.
OBS.3: É necessário motivar a dispensa de seus empregados.
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i) Patrimônio: Bens privados, mas sofre modulações de direito público, especificamente no tocante à
alienação, que depende do cumprimento das exigências do art. 49 da Lei 13303/16, com redação dada
pela Lei 14.002/20:
Art. 49. A alienação de bens por empresas públicas e por sociedades de economia
mista será precedida de: (Vide Lei nº 14.002, de 2020)
I - avaliação formal do bem contemplado, ressalvadas as hipóteses previstas nos
incisos XVI a XVIII do art. 29;
II - licitação, ressalvado o previsto no § 3º do art. 28.
j) Controle:
Sujeição ao controle do Tribunal de Contas. O STF entendeu existir esse controle, pois na instituição
das empresas estatais haveria contribuição do erário (patrimônio público).
Se há empresas estatais com mais de um Ente Federado participando, o controle será exercido
apenas pelo Tribunal de Contas responsável pelo controle das contas do ente federado administrador da
estatal, conforme decidiu o STF.
k) Licitação e contratos:
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas
públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da atividade desempenhada
(prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Nesse sentido, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas entidades, salvo nos casos
expressamente descritos na própria Lei 13.303/16 (normas penais e parte dos critérios de desempate). Além
disso, com o advento da Lei 14.133/21, que revogou a Lei 8.666/93 (art. 193, Lei 14.133/21), a disciplina
especial da Lei 13.303/16 permanece em vigor.
Os contratos terão prazo máximo de 5 anos, salvo:
∘ Projetos contemplados no plano de negócios e investimentos;
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l) Imunidade tributária:
• Se atuam em regime concorrencial: NÃO gozam de imunidade;
• Se prestadoras de serviços públicos não remunerados por preços públicos ou tarifas OU se estatais
que exercem atividades monopolizadas: Gozam de imunidade.
Art. 150, §3º, da CF/88 - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não
se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de
atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto
relativamente ao bem imóvel.
ATENÇÃO: O art. 173, §2º, da CF assim dispõe: § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista
não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Entretanto, segundo a doutrina majoritária, em que pese não haver menção expressa ou distinção entre
as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas e
prestadoras de serviços públicos, tal vedação se aplica somente às empresas públicas e sociedades de
economia mista exploradoras de atividades econômicas.
Vejamos o que diz Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre o tema: “(...) é amplamente majoritário o
entendimento de que a vedação alcança somente as empresas públicas e sociedades de economia mista
exploradoras de atividades econômicas – e não as prestadoras de serviço públicos.” (Direito Administrativo
Descomplicado. 24ª Edição. Pág. 87).
Ressalta-se, por fim, que essa concessão de benefício fiscal exclusivo deve obedecer a natural observância
dos princípios constitucionais pertinentes.
ATENÇÃO! Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, embora seja empresa pública, possui
tratamento diferenciado, uma vez que:
• Submete-se ao regime de Fazenda Pública;
• Possui imunidade tributária;
• Submete-se ao regime de precatório;
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Obs.: NÃO configura irregularidade a transferência de atividades auxiliares da atividade postal. Ex: Entrega
de encomendas e impressos podem ser delegados, por NÃO serem considerados serviços postais
propriamente ditos.
m) Precatório: Somente as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços
públicos submetem-se ao regime de precatórios.
n) Falência: A lei de falências exclui as estatais (art. 2º, I, da Lei 11101/05), mas a doutrina é divergente:
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1ª Corrente: Sujeitam-se à falência, tendo em vista o disposto no art. 173, §1º, II da CF, sendo
inconstitucional o dispositivo da lei de falências.
2ª Corrente: Interpretação conforme a Constituição, para compatibilizar a lei de falências com o
art. 173 da CF, de modo que apenas empresas estatais prestadoras de serviços públicos são
afastadas da falência. Celso Antônio, José dos Santos, Diógenes Gasparini e Di Pietro.
3ª Corrente: Não se sujeitam à falência. Rafael Oliveira.
GOLDEN SHARE: Prevista expressamente na lei do Programa Nacional de Desestatização (art. 8º da Lei
9491/97) – sempre que houver razões que justifiquem, a União deterá, direta ou indiretamente, ação
de classe especial do capital social da empresa ou instituição financeira objeto de desestatização, que
lhe confira poderes especiais em determinadas matérias, as quais deverão ser caracterizadas nos seus
estatutos sociais. Ex: EMBRAER e VALE.
O erro está no final, pois não há controle hierárquico, o que há é o controle finalístico / supervisão
ministerial, em que o ente da administração direta que a criou verifica se está sendo cumprida a finalidade
pela qual foi criada a autarquia.
II - As sociedades de economia mista e empresas públicas são entidades de direito privado integrantes da
administração indireta, criadas por autorização legal, para o desempenho de atividades gerais de caráter
econômico ou, em certas situações, prestação de serviços públicos. Item certo.
III - Por meio da contratação de consórcios públicos, poderão ser constituídas associações públicas para a
realização de objetivos de interesse comum, adquirindo tais entidades personalidade jurídica de direito
público e passando a integrar a administração indireta de todos os entes federativos consorciados. Item
certo.
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- Consórcio público constituído como pessoa jurídica de direito público - assume a forma de associação
pública - integra a administração indireta
- Consórcio público constituído como pessoa jurídica de direito privado - assume a forma de associação
civil - não integra a administração pública
Art. 37 - CF - XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;
Entretanto, é possível a criação de autarquia através de MP (desde que haja relevância e urgência NA
CRIAÇÃO) e que seja convertida em LEI ESPECÍFICA posteriormente. A questão erra ao não informar da
necessidade de conversão da MP através de uma lei específica, seguindo o processo legislativo previsto
em lei.
V - Sociedades de economia mista são, obrigatoriamente, organizadas sob a forma de sociedade anônima.
Item certo.
Obs: No caso das autarquias, vale ressaltar que é possível exigir sabatina
prévia para os membros das agências reguladoras, que são autarquias
especiais. Pela legislação, os conselheiros, no modelo federal, são
submetidos à aprovação do Poder Legislativo.
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recebimento de créditos de dívida ativa (1º. União e suas autarquias; 2º. Estados,
DF, Territórios e suas autarquias; 3º. Municípios e suas autarquias), por violarem os
princípios federativo e da isonomia entre os entes federativos (art. 19, III, da CF).
Também nesta mesma linha foi cancelada a Súmula 563 do STF.
12) Compete à justiça federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que
justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.
(Súmula n. 150/STJ)
13) Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é
parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
(Súmula n. 42/STJ)
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCMG 2021): As sociedades de economia mista e as empresas públicas, pessoas jurídicas
integrantes da Administração Pública Indireta, se assemelham em vários aspectos, ao ponto de serem
abordadas em conjunto por grande parte dos doutrinadores, e, inclusive, intituladas por alguns deles como
“empresas estatais”.
Com base nessa informação, marque com V (verdadeiro) ou com F (falso) as seguintes afirmações:
( ) As sociedades de economia mista e as empresas públicas são criadas com o objetivo de permitir ao Estado
a exploração de atividades econômicas, em sentido estrito, admitindo-se, contudo, que tenham por objeto
a prestação de serviços públicos.
( ) Os bens pertencentes às sociedades de economia mista e às empresas públicas são suscetíveis de penhora
em sede de ação de execução municiada com título judicial ou extrajudicial.
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( ) As empresas públicas e as sociedades de economia mista sempre têm personalidade jurídica de direito
privado, qualquer que seja o seu objeto, mas à vista da natureza híbrida, estão sujeitas às normas de direito
privado e também de direito público.
( ) Pelo princípio da simetria, a criação e a extinção das sociedades de economia mista e das empresas
públicas dependem de lei específica que autorize.
Gabarito: V V V F.
Em direito administrativo, além da clássica divisão entre Administração direta e indireta, os autores
dividem o Estado em setores:
• Primeiro setor: composto pela administração direta e indireta;
• Segundo setor: para a professora Di Pietro, seria o mercado, o qual é formado pelas concessionárias
e permissionárias de serviço público;
• Terceiro setor: composto pelo que a doutrina chama de particulares em colaboração com o Estado.
a) Introdução:
As entidades do 3º Setor são particulares em colaboração, sem fins lucrativos, que atuam ao lado
do Estado na prestação de serviços públicos e atividades de interesse social, mediante vínculo formal de
parceria com o Estado. Em outras palavras: são entidades privadas que não integram a estrutura da
Administração Pública Direta ou Indireta!
Tais entidades recebem incentivos do Poder Público, mediante dotação orçamentária, cessão de
bens públicos, e se submetem, consequentemente, às restrições de controle impostas ao ente estatal,
sujeitos ao controle do Tribunais de Contas.
Características principais:
✓ São criadas pela iniciativa privada (“particulares em colaboração”);
✓ Não integram formalmente a Administração Pública;
✓ A criação depende de lei autorizativa;
✓ Possuem vínculo legal ou negocial com o Estado;
✓ Não possuem finalidade lucrativa;
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Principais consequências por serem entidades privadas (pessoa jurídica de direito privado):
✓ Bens privados;
✓ Regime CLT;
✓ NÃO exige concurso público;
✓ NÃO possuem prerrogativas processuais;
✓ NÃO se submetem a precatórios;
✓ NÃO se submetem ao teto remuneratório previsto na CF/88;
✓ NÃO precisam fazer licitação (doutrina majoritária);
✓ NÃO precisam ter a remuneração fixada por lei.
CESPE/CEBRASPE (2021): Serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado, com ou sem
fim econômico, criadas por lei para desempenhar certas atividades, integrando a administração pública
indireta. Item incorreto, pois não podem ter fim econômico nem integram a Administração Pública indireta.
b) Espécies:
• Sistema S - Serviço Social Autônomo;
• Sistema OS - Organização Social
• Sistema OSCIP - Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público;
• Sistema OSC - Organizações da Sociedade Civil;
• Fundações de apoio.
CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia: Entidades paraestatais são pessoas jurídicas
privadas que colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas, mas não
integram a estrutura da administração pública. Item certo.
São entes privados que não integram a administração direta ou indireta, mas que exercem atividades de
interesse público sem finalidade lucrativa. Integram o chamado 3º setor.
c) Foro processual:
∘ É a Justiça Estadual, inclusive para as entidades que formalizam parcerias com a União.
∘ Serviços sociais autônomos que recebem recursos federais: Justiça Estadual (Súm. 516 STF).
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Súmula 516 STF - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da
Justiça estadual.
“As entidades do Terceiro Setor, que formalizam parcerias com o Poder Público,
são fiscalizadas pelo respectivo Ente federativo parceiro, pelo Ministério Público e
pelo Tribunal de Contas, na forma do art. 70, parágrafo único, da CRFB. Da mesma
forma, admite-se o controle social, especialmente por meio da propositura da
ação popular.”
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com o ente estatal, NÃO estão sujeitos à observância da regra de concurso público
(art. 37, II, da CF/88) para contratação de seu pessoal. Obs.: vale ressaltar, no
entanto, que o fato de as entidades do Sistema “S” não estarem submetidas aos
ditames constitucionais do art. 37 não as exime de manterem um padrão de
objetividade e eficiência na contratação e nos gastos com seu pessoal. STF.
Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014
(repercussão geral) (Info 759).
g) Licitação
• Licitação entre o Estado e as entidades do 3º setor: Embora haja divergência, a doutrina majoritária
entende que não há necessidade de licitação. Isso porque os contratos de gestão e termos de
parceria firmados entre o 3º Setor e a Administração possuem natureza jurídica de convênio (que
busca o interesse comum entre os partícipes), e não de contrato administrativo que exige licitação.
• Licitação entre o 3º setor e a contratação com terceiros utilizado dinheiro público: Há forte
divergência doutrinária sobre o tema. Veja:
1ªC (José dos Santos): Exige a licitação, tendo em vista que a hipótese se subsome à
expressão “demais entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público”,
constante do art. 1º, p.ú, da Lei 8666 c.c. art. 1º, II, da Lei 14133/21.
2ª C (Diogo Moreira): Não exige licitação, pois não é possível ampliar, mediante lei ordinária,
o rol de destinatários da licitação previsto no art. 37, XX, da CF/88. Haveria, no caso, uma
inconstitucionalidade por vício formal.
3ª C (Rafael Oliveira e TCU): Não exige licitação, mas é necessário um procedimento
simplificado e objetivo para as contratações realizadas com dinheiro público, de modo a
atender aos princípios constitucionais, sobretudo o da impessoalidade. Ressalta-se que essa
foi a posição adotada pelas leis da OS (art. 17) e OSCIP (art. 14):
Lei 9637/98. Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de
noventa dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.
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Lei 9790/99. Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de
trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços,
bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público,
observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei.
h) Responsabilidade civil das entidades do 3º setor: Trata-se de tema com grande divergência doutrinária,
de modo que é importante atentar-se às 3 posições para eventual prova discursiva:
1ª C (Cristiana Fortini): Haverá responsabilidade objetiva das entidades do 3º setor, pois as
atividades sociais por elas desenvolvidas podem ser qualificadas como serviços públicos, atraindo a
incidência do art. 37, §6º, da CF/88.
2ª C (José dos Santos): Depende da parceria. Em se tratando dos sistemas sociais autônomos
(Sistema “S”), que desempenham atividades de caráter meramente social e podem ser qualificadas
como serviços públicos, a responsabilidade será objetiva, na forma do art. 37, §6º, da CF/88. Por
outro lado, em se tratando de organizações sociais (“OS”) ou organizações sociais da sociedade civil
de interesse público (“OSCIP”), a responsabilidade será subjetiva, pois tais entidades exercem
parceria meramente desinteressada.
3ª C (Rafael Oliveira e Villela Souto): Trata-se de responsabilidade subjetiva, em razão da
inexistência de serviço público. Embora tenham relevância social, são atividades privadas prestadas
em nome próprio, motivo pelo qual devem seguir o regramento da legislação civil. E, segundo a lei
civil, somente haverá responsabilidade objetiva em casos previstos expressamente por lei, ou
quando a natureza da atividade desempenhada implicar risco para as pessoas, na forma do art. 927
do CC.
Para essa 3ª corrente, haverá ainda responsabilidade subsidiária do Estado pelos danos
causados pelo 3º setor no desempenho das atividades que são objeto de parceria.
São entidades criadas mediante autorização legal para a realização da atividade de fomento,
auxílio e capacitação de determinadas categorias profissionais, seja indústria ou comércio. É o chamado
SISTEMA “S” (SESI, SENAI, SENAC, SENAR).
NÃO atuam na prestação de serviços públicos exclusivos de Estado por meio de delegação de
atividades, mas executam atividades particulares de cunho social, sem a intenção de auferirem qualquer
espécie de lucro. A atuação é de fomento e não de prestação de serviço público.
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Estas entidades são particulares, criadas por autorização legal para a execução de atividades de
interesse do Estado, admitindo-se que sejam constituídas sob a forma de associação ou fundação ou, ainda,
por meio de estruturas não previstas no direito civil e reguladas pela lei específica da entidade.
Para auxiliar na execução de suas atividades, o Poder Público lhes transfere a capacidade tributária
ativa, de modo que os entes do serviço social autônomo gozam de parafiscalidade, que é a transferência
do poder de cobrar e fiscalizar tributos.
Não obstante a concessão da capacidade tributária, tratam-se de entidades privadas e, por isso,
NÃO gozam de privilégios administrativos, sejam fiscais, processuais ou contratuais.
As ações propostas em face desses entes deverão tramitar na Justiça Estadual (Súm. 516 STF).
Súmula 516 STF - O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito à jurisdição da
Justiça estadual.
O regime de pessoal se submete à CLT e NÃO dependem de concurso público para ingresso em suas
atividades. No entanto, os empregados são considerados agentes públicos (conceito mais amplo) e se
submetem à LIA (Lei 8.429/92).
Por constituírem pessoas jurídicas privadas, NÃO se submetem ao regime de precatório em relação
ao pagamento de seus débitos oriundos de sentença judicial, conforme decidiu o STF (ADI 1.923-DF).
Serviços sociais autônomos NÃO devem figurar no polo passivo de ação proposta
pelo contribuinte discutindo a exigibilidade das contribuições sociais. As
entidades dos serviços sociais autônomos não possuem legitimidade passiva nas
ações judiciais em que se discute a relação jurídico-tributária entre o contribuinte
e a União e a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. Os serviços
sociais são meros destinatários de subvenção econômica e, como pessoas jurídicas
de direito privado, não participam diretamente da relação jurídico-tributária entre
contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades possuem à receita
decorrente da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a
ocorrência de litisconsórcio com a União. O interesse dos serviços sociais
autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.619.954-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2019 (Info 646).
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previstos na lei. As entidades do chamado “Sistema S”, tais como SESI, SENAI,
SENAC e SEBRAE, também gozam de imunidade porque promovem cursos para a
inserção de profissionais no mercado de trabalho, sendo consideradas instituições
de educação e assistência social. Se o SENAC adquire um terreno para a construção
de sua sede, já havendo inclusive um projeto nesse sentido, deverá incidir a
imunidade nesse caso considerando que o imóvel será destinado às suas finalidades
essenciais. STF. 1ª Turma. RE 470520/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/9/2013 (Info 720).
As entidades ou fundações de apoio são instituídas por servidores públicos, em nome próprio, sob
a forma de fundação, associação ou cooperativa, sempre sem finalidade lucrativa, para prestação, em
caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado.
As fundações de apoio são instituídas por particulares com o objetivo de auxiliar a Administração
Pública, por meio da elaboração de convênios ou contratos, não se confundindo com a entidade estatal.
Atuam, em especial, ao lado de hospitais e universidades Públicas, auxiliando no exercício da
atividade destas entidades, através da realização de programas de pesquisa e extensão.
O vínculo com o poder público decorre da assinatura de convênio, que lhe garante a destinação de
valores públicos, com dotação orçamentária específica, além da possibilidade de cessão de bens públicos e,
até mesmo, a cessão de servidores.
Possuem personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio e administração próprios, NÃO
fazendo parte da Administração Indireta, sendo suas demandas julgadas pela Justiça Estadual.
As entidades de apoio, quando tiverem natureza jurídica de fundação, deverão estar constituídas
sob a forma de fundações de direito privado, sem fins lucrativos, regidas pelo Código Civil.
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São entidades privadas, sem fins lucrativos, qualificadas na forma da Lei 9.637/98, que celebram
contrato de gestão com o Estado para o cumprimento de metas de desempenho e recebimento de
benefícios públicos, através da prestação de serviços públicos NÃO exclusivos de estado, como ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente etc.
É importante lembrar que tais entidades NÃO integram a estrutura da administração, de modo que
sua criação independe de lei. No entanto, por executarem atividades de interesse social, sem escopo de
lucro, e receberem auxílio do ente estatal de diversas formas, sujeitam-se a algumas restrições impostas à
Fazenda Pública.
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre:
a) natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação;
b) finalidade não-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus
excedentes financeiros no desenvolvimento das próprias atividades;
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b) Contrato de gestão
O vínculo da OS com o Poder Público ocorre pelo contrato de gestão, instrumento firmado que visa
ao fomento e à execução de atividades relacionadas ao estudo, pesquisa, desenvolvimento tecnológico,
cultura, meio ambiente e saúde.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social,
com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º.
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c) Remuneração e fiscalização
Durante a execução do contrato de gestão, a OS receberá sua contraprestação em função do
atingimento da meta de desempenho fixada, e NÃO das atividades realizadas.
Para os servidores estatais cedidos, o pagamento de sua remuneração será feito pelos cofres
públicos e NÃO será incorporado aos vencimentos de origem do servidor cedido qualquer vantagem
pecuniária que vier a ser paga pela organização social, com recursos provenientes do contrato de gestão.
Ante os benefícios concedidos, estas entidades se submetem a controle, efetivado pelo Ministério
supervisor daquela atividade executada, e pelo TCU, com submissão à Lei de Improbidade Administrativa
(NÃO há fiscalização por agência reguladora).
Os resultados atingidos com a execução do contrato de gestão devem ser analisados,
periodicamente, por comissão de avaliação, indicada por autoridade supervisora. Além disso, as OS devem
ter um Conselho de Administração, nos moldes da Lei, com participação obrigatória de representantes do
povo e do poder público, nos percentuais estipulados em lei.
Organizações sociais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, prestadoras de atividades
de interesse público e que, por terem preenchido determinados requisitos previstos na Lei 9.637/98,
recebem a qualificação de “organização social”. A pessoa jurídica, depois de obter esse título de
“organização social”, poderá celebrar com o Poder Público um instrumento chamado de “contrato de
gestão” por meio do qual receberá incentivos públicos para continuar realizando suas atividades. Foi
ajuizada uma ADI contra diversos dispositivos da Lei 9.637/98 e também contra o art. 24, XXIV, da Lei
8.666/93, que prevê a dispensa de licitação nas contratações de organizações sociais. O Plenário do STF não
declarou os dispositivos inconstitucionais, mas deu interpretação conforme a Constituição para deixar
explícitas as seguintes conclusões:
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido de forma pública, objetiva e
impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados
em abstrato segundo o disposto no art. 20 da Lei 9.637/98;
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal, com
observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF;
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c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 24, XXIV) e outorga de
permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF; (ATENÇÃO!
A Lei 14133/21 não trouxe a referida hipótese de licitação dispensável no art. 75).
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma pública, objetiva e impessoal,
com observância dos princípios do “caput” do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser
editado por cada entidade; e
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da
União, da aplicação de verbas públicas deve ser afastada.
STF. Plenário. ADI 1923/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 15 e
16/4/2015 (Info 781).
É imprescindível a leitura dos demais dispositivos da Lei 9637/98.
Primeiramente, perceba que a OSCIP não é uma pessoa jurídica, mas sim uma qualificação especial
concedida pelo Estado às entidades privadas sem fins lucrativos, em funcionamento há pelo menos 3 anos,
e criadas para a prestação de serviços públicos não exclusivos do Estado, a exemplo de:
• Promoção de assistência social;
• Cultura;
• Defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
• Educação;
• Saúde;
• Segurança alimentar e nutricional;
• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente;
• Desenvolvimento sustentável etc.
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Art. 1º, §2º. A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao
cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.
Art. 2º. NÃO são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas
no art. 3º desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria
profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos,
práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a
um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas
mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por
órgão público ou por fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o
sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
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b) Termo de parceria
O vínculo firmado entre a OSCIP e o Poder Público ocorre mediante a celebração de termo de
parceria, que, além de estabelecer metas de desempenho, discriminará direitos, responsabilidades e
obrigações das partes signatárias.
O termo de parceria permite a destinação de valores públicos às instituições privadas, mediante
dotação orçamentária, com liberação destes recursos em conta bancária específica. Ou seja: após a
celebração do termo de parceria, as entidades estarão aptas a receber recursos orçamentários do Estado.
O termo de parceria deve conter as seguintes cláusulas:
Objeto;
Definição de metas;
Critérios objetivos de avaliação de desempenho;
Previsão de receitas e despesas;
As obrigações da OSCIP;
Obrigatoriedade de publicação na imprensa oficial do Município, Estado ou União, de extrato
de termo de parceria e de demonstrativo de execução física e financeira.
Art. 10. O Termo de Parceria firmado de comum acordo entre o Poder Público e as
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público discriminará direitos,
responsabilidades e obrigações das partes signatárias.
§ 1o A celebração do Termo de Parceria será precedida de consulta aos Conselhos
de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação existentes, nos
respectivos níveis de governo.
§ 2o São cláusulas essenciais do Termo de Parceria:
I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho proposto pela
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;
II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos
prazos de execução ou cronograma;
III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a
serem utilizados, mediante indicadores de resultado;
IV - a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento,
estipulando item por item as categorias contábeis usadas pela organização e o
detalhamento das remunerações e benefícios de pessoal a serem pagos, com
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Para a celebração de termo de parceria, NÃO há a necessidade de realizar licitação, ante o vínculo
de convênio. No entanto, caso haja mais de um interessado na celebração do termo de parceria, e todos
cumpram os requisitos legais, a Administração deverá realizar procedimento simplificado que justifique a
escolha de uma entidade em detrimento de outra.
c) Fiscalização
As entidades se sujeitam ao controle financeiro e orçamentário exercido pelo Tribunal de Contas,
além do acompanhamento e fiscalização do termo de parceria por órgão do Poder Público.
As OSCIP devem constituir Conselho Fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para
opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais
realizadas.
Servidores Públicos podem participar da composição do conselho de uma OSCIP, sendo vedada a
percepção de remuneração ou subsídio a qualquer título.
ATENÇÃO:
A lei exige que a OSCIP tenha um CONSELHO FISCAL, mas NÃO exige um Conselho de Administração.
A lei exige que a OS tenha um CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, mas NÃO exige que tenha um Conselho
Fiscal.
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A Lei 13.019/14 foi um novo marco regulatório para as parcerias formalizadas entre a
Administração Pública e as Organizações da Sociedade Civil, que são entidades privadas sem fins
lucrativos e que desempenham atividades socialmente relevantes.
Nesse sentido, a Lei busca regular, em âmbito nacional, o regime jurídico das parcerias voluntárias,
envolvendo ou não a transferência de recursos financeiros, firmados entre a Administração e as
organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.
OBS.: Para a doutrina majoritária, trata-se de norma NACIONAL (e não federal), que estabelece normas
gerais aplicadas a todos os entes federativos (e não apenas à União).
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administração
pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de
cooperação. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
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a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou
associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio,
auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente
na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da
constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;
Entenda: o excesso de arrecadação é superávit e a lei diz que ele tem que ser
reinvestido na própria atividade da entidade.
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III - aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais, desde que
cumpridos os requisitos previstos na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998; (aplica-
se a lei específica).
IV - aos convênios e contratos celebrados com entidades filantrópicas e sem fins
lucrativos nos termos do §1º do art. 199 da Constituição Federal; (Lei 13.018/14)
V - aos termos de compromisso cultural referidos no §1º do art. 9º da Lei no 13.018,
de 22 de julho de 2014;
VI - aos termos de parceria celebrados com organizações da sociedade civil de
interesse público, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.790, de
23 de março de 1999; (essa previsão não constava da redação original, mas, por
razoabilidade, foi incluída, pois não fazia sentido se aplicar a Lei 13.019/14 à
OSCIP e não se aplicar à OS).
VII - às transferências referidas no art. 2º da Lei no 10.845, de 5 de março de 2004,
e nos arts. 5º e 22 da Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009;
VIII - (VETADO);
IX - aos pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou taxas
associativas em favor de organismos internacionais ou entidades que sejam
obrigatoriamente constituídas por:
a) membros de Poder ou do Ministério Público;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da administração pública;
c) pessoas jurídicas de direito público interno;
d) pessoas jurídicas integrantes da administração pública;
X - às parcerias entre a administração pública e os serviços sociais autônomos.
Assim, em resumo, as parcerias que são reguladas por legislação específicas continuam sendo
reguladas pela legislação específica. Hoje, temos um microssistema dentro do 3º setor, com normas que
tratam de diversas parcerias. Ex. legislação que trata de parcerias com OS, com OSCIP, com o Sistema S
(serviço social autônomo). Assim, a Lei 13.019/14 não é aplicável às parcerias que possuem lei específica.
b) Formas de seleção das organizações: A Lei 13.019/14 estabelece, como regra geral, o procedimento
de chamamento público. Assim, quando a Administração Pública for celebrar parceria com uma OSC, ela
deve fazer um procedimento objetivo com regras impessoais para a escolha da entidade privada que vai se
beneficiar da parceria. Note que não há necessidade de licitação, mas sim de um procedimento
administrativo com regras simplificadas que garantam uma escolha impessoal da entidade privada.
Além do chamamento público, a lei também menciona o Procedimento de Manifestação de
Interesse Social (PMIS), cuja definição está prevista pelo art. 18:
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O chamamento público busca selecionar, de forma objetiva e impessoal, a entidade que firmará
termo de fomento ou termo de colaboração com o Poder Público.
ATENÇÃO! Só há necessidade de chamamento público quando o vínculo com o Estado for celebrado
mediante termo de fomento ou termo de colaboração. Isso porque, como no acordo de cooperação NÃO há
transferência de recursos públicos, não há necessidade de realizar o chamamento público.
O PMIS, por sua vez, visa selecionar um projeto para eventual chamamento público futuro. Ou seja:
após o procedimento de manifestação de interesse social (PMIS), o projeto poderá ser selecionado e, caso
efetivamente seja, deve o Estado realizar o chamamento público. Fala-se em “poderá”, pois a apresentação
do projeto pela entidade NÃO vincula o Estado, que está livre para realizar ou não o chamamento público.
Em outras palavras: o PMIS NÃO visa selecionar a entidade que irá firmar a parceria, mas sim avaliar
os projetos apresentados pelas entidades interessadas. Tanto é que:
(i) O PMIS é facultativo, não vincula o Estado e nem dispensa a necessidade de realizar o futuro
chamamento público. Na realidade, o PMIS precede o chamamento público. Após o PMIS, o
Estado poderá realizar ou não o chamamento público, sem direito à indenização caso não o faça.
(ii) A entidade que apresentou o projeto eventualmente selecionado no PMIS ou que dele participou
não está impedida de participar do chamamento público.
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No chamamento público da Lei 13.019/14, primeiro, o poder público seleciona a proposta mais
vantajosa da entidade privada sem fins lucrativos. Depois, o poder público avalia o que chamamos de
requisitos de habilitação, isto é, se a entidade cumpre os requisitos legais para ser beneficiada com o termo
de fomento ou termo de colaboração. Além desse julgamento antes da habilitação, a Lei 13.019/14
estabelece outros critérios submetidos à avaliação (que não são os tradicionais da Lei 8666/93 e da Lei
14133/21). Ex. grau de adequação da proposta aos objetivos específicos objeto da parceria e, quando for o
caso, ao valor de referência constante do chamamento público.
1º. Julgamento/seleção da proposta mais vantajosa através de critérios de julgamentos
próprios/específicos;
2º. Análise do preenchimento dos requisitos de habilitação.
Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a celebração de termo de
colaboração ou de fomento será precedida de chamamento público voltado a
selecionar organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução do
objeto. (ATENÇÃO! Essa é a regra geral, mas a lei consagra casos de dispensa de
chamamento público e casos de inexigibilidade de chamamento público).
§1º O edital do chamamento público especificará, no mínimo:
I - a programação orçamentária que autoriza e viabiliza a celebração da parceria;
II - (revogado);
III - o objeto da parceria;
IV - as datas, os prazos, as condições, o local e a forma de apresentação das
propostas;
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Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Lei, a ausência de realização de
chamamento público será justificada pelo administrador público.
§1º Sob pena de nulidade do ato de formalização de parceria prevista nesta Lei, o
extrato da justificativa previsto no caput deverá ser publicado, na mesma data em
que for efetivado, no sítio oficial da administração pública na internet e,
eventualmente, a critério do administrador público, também no meio oficial de
publicidade da administração pública. (OBS. Curiosidade: há obrigatoriedade de
publicização via internet e facultatividade via diário oficial).
§2º Admite-se a impugnação à justificativa, apresentada no prazo de cinco dias a
contar de sua publicação, cujo teor deve ser analisado pelo administrador público
responsável em até cinco dias da data do respectivo protocolo. (OBS. A lei instaura
uma espécie de procedimento de impugnação ao procedimento de dispensa ou
inexigibilidade; depois desse prazo, há preclusão na via administrativa e a parceria
será formalizada diretamente com o interessado. Claro que pode haver
impugnação judicial quanto à validade da parceria seja por ação popular, ACP etc.).
§3º Havendo fundamento na impugnação [acolhida a argumentação apresentada
na impugnação), será revogado o ato que declarou a dispensa ou considerou
inexigível o chamamento público, e será imediatamente iniciado o procedimento
para a realização do chamamento público, conforme o caso.
§4º A dispensa e a inexigibilidade de chamamento público, bem como o disposto
no art. 29, não afastam a aplicação dos demais dispositivos desta Lei.
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Depois de realizado o chamamento público, o poder público vai selecionar a entidade privada
interessada que apresentou a melhor proposta e com ela vai celebrar o vínculo jurídico (a parceria). A Lei
13.019/14 traz 03 parcerias distintas: termo de colaboração, termo de fomento e acordo de colaboração. O
art. 2º da Lei 13.019/14 define cada um desses instrumentos.
Art. 16. O termo de colaboração deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias
com organizações da sociedade civil que envolvam a transferência de recursos
financeiros. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
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Art. 17. O termo de fomento deve ser adotado pela administração pública para
consecução de planos de trabalho propostos por organizações da sociedade civil
que envolvam a transferência de recursos financeiros. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
Por fim, segundo a lei, os instrumentos só passam a produzir efeitos jurídicos após a publicação em
meio oficial de publicidade (diário oficial).
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f) Contratações
A doutrina majoritária sempre defendeu que a entidade privada do 3º setor não precisa fazer uma
licitação formal, bastando um processo objetivo com regras impessoais, garantindo a observância dos
princípios constitucionais.
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Portanto, as contratações de bens e serviços realizadas pelas entidades da sociedade com recursos
públicos devem observar procedimento que atenda aos princípios da Administração Pública.
A seleção da equipe de trabalho deve ser precedida de processo seletivo, com regras transparentes,
impessoais e objetivas para a seleção dos empregados. A remuneração NÃO gera vínculo com a
Administração.
h) Responsabilidade e sanções
A OSC possui responsabilidade exclusiva pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
comerciais relativos ao funcionamento da instituição e ao adimplemento do termo de colaboração ou de
fomento, inexistindo responsabilidade solidária ou subsidiária da Administração na hipótese de
inadimplemento.
Ou seja: aqui, a lei estabelece que o Estado NÃO terá qualquer responsabilidade pela parceria, seja
solidária, seja subsidiária.
CRÍTICA DA DOUTRINA: Essa ausência de responsabilidade parece ser inconstitucional porque se o Estado
formaliza uma parceria, ele não pode abrir mão de suas obrigações. E ele tem a obrigação de fiscalizar a
parceria. Então, se o Estado é omisso, é razoável se falar em responsabilidade (seja subsidiária, como é a
regra, seja solidária, como se opera nos encargos previdenciários).
Para uma prova de concurso, deve-se observar a letra da lei: o Estado não tem qualquer
responsabilidade.
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Art. 73. Pela execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e com
as normas desta Lei e da legislação específica, a administração pública poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar à organização da sociedade civil as seguintes
sanções:
I - advertência;
II - suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento
de celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, por prazo não superior a dois anos;
III - declaração de inidoneidade para participar de chamamento público ou celebrar
parceria ou contrato com órgãos e entidades de todas as esferas de governo,
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja
promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade,
que será concedida sempre que a organização da sociedade civil ressarcir a
administração pública pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da
sanção aplicada com base no inciso II.
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Referências bibliográficas:
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META 5
TODOS OS ARTIGOS
⦁ LINDB – leitura inteira
⦁ Art. 1º ao Art. 78, CC
⦁ Art. 5º, XXX e XXXI, CF/88
⦁ Art. 5º, XXXVI, CF/88
⦁ Art. 37, §6º, CF/88
⦁ Art. 173, §1º, CF/88
⦁ Art. 133 a 137, CPC
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
LINDB:
⦁ Art. 1º, 2º e 4º
⦁ Art. 6º
⦁ Art. 7º, §§ 3º, 4º, 6º
⦁ Arts. 8º a 10º.
⦁ Art. 12
⦁ Arts. 20 a 30 (alteração legislativa recente!)
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
1.1 Conceito
O Direito Civil pode ser conceituado como o complexo de normas, princípios e regras que disciplinam
as relações privadas desde antes do nascimento até depois da morte do ser humano. Tem como objeto o
regramento da vida humana, acompanhando a existência humana em todos os seus momentos, daí ser
chamado de direito comum.
Contempla direitos patrimoniais (obrigações, responsabilidade civil, contratos, etc.) e direitos
existenciais (família, vida, estado civil, etc.). É o direito do dia-a-dia, é o direito de todas as pessoas.
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Como se sabe, o Brasil foi colonizado por Portugal de modo que nos primeiros séculos da nação
brasileira se experimentava neste território a aplicação do direito português. As denominadas Ordenações
do Reino (Legislações de Portugal) eram as que se aplicavam a um Brasil rural, patriarcal, escravagista,
colonizador e não-republicano.
Em 07 de setembro de 1822 veio a lume a independência do Brasil. No ano de 1867, Portugal revogou
as Ordenações Filipinas que, nada obstante, continuaram a viger no Brasil por longos anos, até o advento do
Código Civil de 1916.Trata-se de um código patrimonialista, agrário, conservador, individualista, que seguiu
a lógica do iluminismo. Criado sobre a égide de uma sociedade colonial, patriarcal, rural e escravagista,
valores como o trabalho, a igualdade e a função social da propriedade não estavam presentes no primeiro
Código Civil Brasileiro.
Este código sobreviveu por mais de 80 (oitenta) anos. Não foram poucas as leis ordinárias e os
microssistemas que surgiram após este Código Civil, que não foi capaz de se sustentar ante as mudanças
sociais que se seguiram a sua publicação, máxime, diante do Dirigismo Estatal e da 1ª Grande Guerra
Mundial.
A gota d’água foi o advento de uma nova ordem constitucional em 1988, cidadã e fundada na tutela
do ser humano digno, o que causava grave descompasso em relação a um Código Civil patrimonialista fincado
na ordem do ter.
Além de ab-rogar todo o Código Civil de 1916, o Código Civil de 2002 derrogou a parte geral do Código
Comercial de 1850, redimensionando a disciplina dos atos e fatos jurídicos, ao eleger os negócios jurídicos
como instrumento de trânsito das relações civis, além de alterar a ordem da parte especial e unificar as
obrigações civis e mercantis (direito empresarial).
Adentra o novo diploma na ordem do ser da Constituição Federal de 1988, promovendo a
despatrimonialização e uma repersonificação do direito civil. O ser humano, antes esquecido em
detrimento da propriedade, passa a ocupar papel central, sendo a propriedade funcionalizada em prol do
ser humano (função social). O mesmo ocorreu com os contratos, a empresa, a família, etc. Ressocializa-se
o direito civil.
A legislação civilista passa a ter contato direto com os direitos e garantias fundamentais, sendo o
direito civil constitucionalizado (“constitucionalização do direito civil”). Os direitos e garantias fundamentais,
na feliz expressão do professor Daniel Sarmento, passam a ter eficácia radiante, aplicando-se às relações
horizontais ou privadas. Exige-se, por exemplo, o devido processo legal para a exclusão de associado dos
quadros da associação (art. 5 º, inciso LV, da CF/88 c/c art. 57 do CC), e confere-se direito a recurso à minoria
vencida, na hipótese de alteração do estatuto funcional (art. 68 do CC).
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Contemplando 2046 artigos, o Código Civil de 2002 se dividiu em duas partes. A Parte Geral regular
as pessoas, os bens e os fatos jurídicos, enquanto que a Parte Especial foi dividida em 05 (cinco) subpartes:
o direito das obrigações, o direito da empresa, o direito das coisas, o direito de família e o direito das
sucessões.
Também é interessante notar que o Código Civil de 2002 contempla inédita preocupação
principiológica, elegendo a eticidade, a operabilidade e a sociabilidade como os três pilares fundamentais
sobre os quais se construiu o texto legislativo do novo diploma.
O novo código passa a adotar o modelo de cláusulas gerais (abertas), abandonando a concepção
positivista pretérita, que defendia a possibilidade da normatização prever todos os problemas concretos.
Por cláusula geral se infere uma norma, obediente ao devido processo legislativo, na qual há uma
hipótese legal que confere tratamento jurídico a um domínio amplo de casos. É o antônimo das normas
casuísticas, as quais abrangem um domínio específico de casos.
a) Eticidade
Consiste em um dever jurídico de condução das relações civis de forma proba, impondo um agir
segundo os valores sociais e morais relevantes, fincados na boa-fé e na equidade.
Manifesta-se pela boa-fé objetiva, nas relações patrimoniais e pela socio afetividade, nas relações
existenciais.
A boa-fé nas relações patrimoniais pode ser inferida sobe seu prisma subjetivo e objetivo. A subjetiva
revela um estado psicológico, enquanto a objetiva uma norma de conduta esperada pela comunidade.
ATENÇÃO!!! Não se pode confundir boa-fé objetiva com boa-fé subjetiva. Deve-se decorar as principais
diferenças entre esses conceitos:
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Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
● A função interpretativa impõe ao operador do direito a leitura das relações patrimoniais calcada
na ética, observando-se as interpenetrações sistemáticas do Código Civil e demais diplomas
jurídicos, além dos fatores metajurídicos.
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Por outro lado, destaque-se que as relações extrapatrimoniais não são estranhas a eticidade, sendo
terreno fecundo no qual a ética é veiculada mediante a socioafetividade geradora de confiança. Tem-se como
exemplo as relações de família, que hoje devem ser construídas pela via do afeto, da desbiologização, da
igualdade, do caráter democrático e plural.
b) Sociabilidade
Sociabilidadeé outro princípio geral marcante do vigente Código Civil, consistindo na quebra do
paradigma liberal-individual e ascensão do transindividual. É a transmutação da visão individualista da
codificação de 1916, para a solidária de 2002, em combate ao exacerbado individualismo possessivo de
outrora.
Traduz a consagração e materialização na órbita civil dos princípios do solidarismo social, justiça
distributiva e diminuição das desigualdades sociais, todos de base constitucional (art. 3º, inciso I, III e IV, da
CF/88), em afronta à visão egoística pretérita.
A sociabilidade é instrumentalizadano Código Civil em três esferas principais: função social do
contrato(art. 421), função social da propriedade e função social da posse (art. 1228). Dentre elas, é a função
social da propriedade a única que, expressamente, tem sede constitucional, especificamente nos arts. 5º,
XXIII; art. 170, inciso III; e artigos 182 e 186, todos da CF/88.
A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) não fica estranha a esse fenômeno de revisão,
verificando-se a necessidade de estabelecer trocas úteis e justas, com vistas à promoção da equivalência
material das prestações ou, como também é denominada, justiça contratual.
c) Operablidade
Operabilidade é o terceiro princípio informador do atual Código Civil. Consiste no fato de as normas
do vigente Código serem de mais fácil acesso, possibilitando que uma gama bem maior da sociedade as
entenda e utilize mais corriqueiramente. É a qualidade de ser operável.
Relaciona-se de forma perfeita com o princípio constitucional do acesso à justiça (art. 5º, inciso XXXV,
da CF/88). Uma vez conhecida a norma, por ser operável e inteligível à maioria da população, tem-se maior
acesso ao Poder Judiciário.
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Exemplo prático da referida constitucionalização do direito civil está na interpretação que o Supremo
Tribunal Federal (STF) conferiu ao art. 1723 do Código Civil de 2002. A um primeiro momento era visto como
regra proibitiva da união estável entre pessoas do mesmo sexo. A partir de uma interpretação conforme, em
consonância com os preceitos constitucionais, houve uma revalorização do dispositivo, para nele albergar as
uniões homoafetivas, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana e da isonomia (art. 1º,
inciso III c/c art. 5º, caput, ambos da CF/88).
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Incialmente, é possível afirmar que os direitos fundamentais estão para a Constituição Federal, assim
como os direitos de personalidade estão para o Código Civil brasileiro. São dois lados de uma mesma moeda
denominada dignidade da pessoa humana.
É consabido que os direitos fundamentais surgiram numa ideia de limitação do poder absoluto do
Estado e proteção do indivíduo, conferindo-se direitos básicos e garantias a qualquer pessoa. Nesta relação
Estado-indivíduo, diz-se que há uma eficácia vertical dos direitos fundamentais, pois nesta relação há um
poder “superior” (o Estado) e um infinitamente “inferior” (o indivíduo), certo que não estão em posições
iguais, sendo evidente a proeminência de força do Estado.
Após a evolução da teoria dos direitos fundamentais, passou-se a reconhecer que os direitos
fundamentais não incidem apenas em relações desiguais, porém também em relações particulares em que
há uma igualdade de armas. Aqui, surge a eficácia horizontal dos direitos fundamentais que é justamente
incidência e observância de todos os direitos fundamentais nas relações privadas (particular-particular).
A teoria irradiante, ou da eficácia horizontal, disciplina que a direta aplicação dos direitos
fundamentais às relações do direito civil, visando dar máximo efeito dos valores constitucionais a toda
legislação brasileira, em prol da dignidade da pessoa humana. Nas palavras do Professor Ingo Wolfgang
Sarlet:
À guisa de exemplo, cite-se o emblemático caso decidido pelo STF no RE 201819/RJ, publicado em
11/10/2005, que determinou a reintegração de associado excluído do quadro daquela pessoa jurídica, em
direito à defesa e contraditório como comprovação forense da eficácia horizontal destes direitos
fundamentais. Em outras oportunidades o Supremo Tribunal Federal prestigiou os direitos da personalidade
e a teoria irradiante, como se infere nos RE’s de números 160222-8, 158215-4 e 161243-6.
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É cediço que as relações entre particulares nem sempre se apresentam de forma equilibrada. Por
isso, é relativamente comum nos depararmos com situações em que as pessoas estão em uma posição de
desigualdade, com prevalência de uma sobre a outra. Os principais exemplos desses tipos de situação de
desigualdade entre particulares são as relações trabalhistas e consumeristas. Tanto no direito do trabalho
quanto no direito do consumidor o poderio econômico-financeiro das empresas/patrão pode resultar em
graves violações aos direitos fundamentais de consumidores e trabalhadores, partes hipossuficientes nas
respectivas relações jurídicas.
Foi a partir dessa realidade que nasceu a teoria da eficácia diagonal dos direitos fundamentais. Para
a referida teoria, os direitos fundamentais devem ser aplicados/respeitado em relações
privadas caracterizadas por uma notória desigualdade de poder, em razão da hipossuficiência de uma das
partes da relação.
Essa teoria recebe a denominação de eficácia diagonal por que, em tese, as partes estão em
situações equivalentes, não havendo uma preponderância de uma sobre a outra. Ocorre que, na prática,
aquele que possui o poder econômico consegue se sobrepor perante a outra parte, razão pela qual se
defende o devido respeito e a consequente aplicabilidade dos direitos fundamentais nas relações entre
particulares.
Desse modo, é possível concluir que aeficácia diagonal dos direitos fundamentais nada mais é que
a efetiva aplicação dos direitos fundamentais em relações privadas marcadas pela desigualdade entre os
particulares, em especial quando puder se verificar uma relação de intimidade entre o poderio econômico-
financeiro e a vulnerabilidade da parte hipossuficiente.
a) VIGÊNCIA:
É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem força
obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade.
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ATENÇÃO - VACATIO LEGIS: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser
definido como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e variará
de acordo com a repercussão social da matéria.
Uma nova lei, que disciplinou integralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada
oficialmente sem estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência. Sessenta
dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em que as partes discutem um contrato
firmado anos antes sobre o assunto objeto das referidas normas.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguinte item, com base na Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro:
Resposta: Correto
Uma nova lei, que disciplinou integralmente matéria antes regulada por outra norma, foi
publicada oficialmente sem estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo
de sua vigência. Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em que as
partes discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das referidas normas.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguinte item, com base na Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro:
Resposta: Correto
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b) Obrigatoriedade:
Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode
descumpri-la alegando que não a conhece:
c) Interpretação:
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d) Integração:
Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável diretamente
ao caso concreto. De acordo com o art. 4º da LINDB, são formas de integração da lei:
● Analogia;
● Costumes;
● Princípios gerais do direito.
Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.
* Importante ressaltar que a EQUIDADE não consta do rol do art. 4º da LINDB, mas alguns doutrinadores,
como Maria Helena Diniz, a incluem dentre as formas de integração da lei. No Direito Tributário, a equidade
é expressamente prevista como forma de integração da lei (art. 108, inciso IV, do CTN).
ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida, a integração
depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
● AUTÊNTICAS (PRÓPRIAS) – ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese.
● NÃO-AUTÊNTICAS (IMPRÓPRIAS) – o legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto.
OBS.: Silêncio Eloquente = Opção do legislador em excluir, intencionalmente, certo fato do comando legal
(DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2008). É o contrário de lacuna da lei,
pois nessas hipóteses não se pode fazer analogia (RE 130522, DJ 28.6.1991, pág. 529)
I. Analogia: É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi
regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em:
● Analogia legal – a relação da semelhança toma por base outra lei;
● Analogia iuris – a relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso concreto.
ATENÇÃO: ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA - Na analogia rompe-se com os limites do que está
previsto na norma, havendo integração da norma jurídica. Na interpretação extensiva apenas amplia-se o
seu sentido.
II. Costumes: São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:
● Costume segundo a lei (secundum legem): Incide quando há referência expressa ao costume no texto
legal.
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● Costume na falta da lei (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo denominado de
costume integrativo.
● Costume contra a lei (contra legem): É a aplicação do costume contrária a lei. Nesse caso, há abuso
de direito.
III. Princípios gerais do Direito: São as ideias centrais do sistema, estabelecendo suas diretrizes e dando um
conteúdo harmonioso, lógico e racional.
CAIU EM CONCURSO! IBFC – PCBA/2022 – Delegado de Polícia: No que se refere ao disposto na Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta.
a) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país três meses depois de oficialmente publicada.
b) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 120 dias depois de
oficialmente publicada.
c) As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
d) Mesmo se for destinada à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
e) A lei revogada, via de regra, restaura-se por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Resposta: A alternativa ‘C’ está correta.
2.2 Antinomias
São o choque de duas normas jurídicas emanadas de autoridade competente. Para a solução
desses conflitos, utilizam-se três critérios:
● Cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior;
● Especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral;
● Hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior.
Atenção: Quanto aos critérios de colisão, as antinomias podem ser classificas em:
● De primeiro grau: o choque envolve apenas um dos critérios de solução de conflito;
● De segundo grau: o choque envolve dois critérios de solução de conflito.
ATENÇÃO:
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∘ Judicial: O aplicador do direito escolherá uma das duas normas, tendo como base os arts. 4º
e 5º da LINDB – analogia, princípios gerais do direito e função social da norma.
A irretroatividade é a regra prevista na LINDB. Adota-se a ideia do tempus regit actum, ou seja, a lei
nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. A lei nova não poderá prejudicar direito
adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.Em consequência, os fatos anteriores à vigência da lei nova
regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que foram praticados.
Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei nova,
para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos.Assim, a doutrina faz uma distinção entre retroatividade
máxima, média e mínima:
● Retroatividade máxima ou restitutória: a lei alcança a coisa julgada (sentença irrecorrível) ou os
fatos jurídicos consumados;
● Retroatividade média: a lei nova atinge efeitos pendentes de atos jurídicos verificados antes dela. A
lei nova atinge os direitos exigíveis, mas não realizados antes de sua vigência;
● Retroatividade mínima, temperada ou mitigada: a lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos
anteriores verificados após a data em que ela entra em vigor. Logo, alcança apenas as prestações
futuras de negócios firmados antes do advento de nova lei.
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Uma nova lei, que disciplinou integralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada
oficialmente sem estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.
Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em que as partes
discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das referidas normas.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguinte item, com base na Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
Apesar de a nova lei ter revogado integralmente a anterior, ela não se aplica ao contrato objeto
da ação.
Resposta: Correto
Fundamentação: Conforme prevê o art. 6º da LINDB, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o seguinte item, com base na Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro.
Apesar de a nova lei ter revogado integralmente a anterior, ela não se aplica ao contrato objeto da ação.
Resposta: Correto
Fundamentação: Conforme prevê o art. 6º da LINDB, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
A LINDB determina as regras de aplicação espacial das normas, dentre elas destacam-se:
● Começo e fim da personalidade – aplicam-se as normas do país em que for domiciliada a pessoa,
inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família.
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● Casamento – se realizado no Brasil o casamento, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Tendo os nubentes domicílio diverso,
regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. Além disso, a LINBD
estabelece que o regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, o do primeiro domicílio conjugal. Quanto ao divórcio
realizado no estrangeiro em que um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, haverá reconhecimento
no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial
por igual prazo, caso em que produzirá efeito imediato.
● Obrigações: a LINDB consagra a regra de aplicação das leis do local em que foram constituídas.
● Sucessão por morte ou por ausência: obedece às normas do país do último domicílio do de cujus.
● Vocação hereditária: serão aplicadas as regras nacionais no caso de vocação hereditária para
suceder bens de estrangeiro situados no Brasil, salvo se mais favoráveis ao cônjuge e aos filhos as
normas do último domicílio.
É a perda de vigência de uma lei em razão do surgimento de outra lei no ordenamento, incompatível
com a primeira. A revogação pode ser:
● Total (ab-rogação);
● Parcial (derrogação);
● Expressa: Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;
● Tácita: A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;
● Global: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior;
A Lei nº 13.655/2018 incluiu diversos artigos na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
que cuidam de regras sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. São
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normas aplicadas nas esferas administrativa (como nos processos administrativos), controladora (como o
Tribunal de Contas) e judicial (como nos processos que tramitam perante o Poder Judiciário).
Nesses âmbitos, o art. 20 da LINDB prevê que não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos
sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão, sendo que a motivação demonstrará a
necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação do ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas.
O que são “valores jurídicos abstratos”. São inúmeros exemplos: “dignidade da pessoa humana” (art.
1º, III), “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (art. 1º, IV), “moralidade” (art. 37, caput), “bem-estar
e a justiça sociais” (art. 193), “meio ambiente ecologicamente equilibrado” (art. 225), todos da CRFB. Esses
valores jurídicos abstratos são normalmente classificados como princípios (normas que possuem um grau de
abstração maior que as regras).
Desse modo, a decisão administrativa, judicial ou do órgão controlador pode ser fundamentada em
valores jurídicos abstratos, como os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana,
porém o julgador deve esclarecer suas considerações quanto às consequências práticas da decisão, como,
por exemplo, as repercussões econômicas da medida.
Constata-se, ainda, que a norma legal trata expressamente dos corolários do princípio da
proporcionalidade, quais sejam a necessidade e adequação. Assim, a medida deve ser necessária, não
excedendo os limites indispensáveis à conservação do direito, e adequada, mostrando-se efetivamente apta
a alcançar os objetivos pretendidos.
Destaca-se que o princípio da proporcionalidade se divide em três subprincípios:
a) subprincípio da ADEQUAÇÃO: no qual deve ser analisado se a medida adotada é idônea (capaz)
para atingir o objetivo almejado;
b) subprincípio da NECESSIDADE: consiste na análise se a medida empregada é ou não excessiva; e
c) subprincípio da PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: representa a análise do custo-
benefício da providência pretendida, para se determinar se o que se ganha é mais valioso do que aquilo que
se perde.
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O art. 23 prevê uma espécie de modulação de efeitos ao prescrever que a decisão administrativa,
controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo
indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição
quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo
proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
O CPC/2015 possui um dispositivo tratando sobre a possibilidade de modulação dos efeitos de
decisão judicial. Ressalte-se, contudo, que a redação do CPC é bem superior à do art. 23 da LINDB, sendo
mais clara e objetiva.
Art. 927 (...)
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no
da segurança jurídica.
Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz de um
entendimento geral válido.
O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na
aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá,
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de
relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual
só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
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Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e
compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as obrigações
das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento.
Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo responderá
pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. Ressalta-se,
contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece a responsabilidade
do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo ou culpa. Ademais, o Código
de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos específicos que tratam da responsabilidade
dos magistrados e dos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública, o que
afastaria a aplicação do art. 28 da LINDB.
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Caiu na prova Delegado – PCGO (2022) No que diz respeito à Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa com a
sequência correta:
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Contudo, o parecerista pode Contudo, o parecerista pode deve ser de acordo com o
ser responsabilizado se ficar ser responsabilizado se ficar parecer.
configurada a existência de configurada a existência de
culpa ou erro grosseiro. culpa ou erro grosseiro. Logo, o parecerista responde
solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar culpa ou erro
grosseiro.
Ressalta-se, ainda, a MP 966/2020 que dispunha sobre a responsabilização de agentes públicos por
atos relacionados com a pandemia da covid-19. O caput do art. 1º da MP previa o seguinte (quadro retirado
do site dizerodireito):
Cabe esclarecer que a doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa grave, leve e levíssima. O
erro grosseiro é sinônimo de culpa grave. Assim, é como se o art. 1º da MP dissesse: o agente público
somente responderia em caso de dolo ou culpa grave.
A MP 966/2020 teve seu prazo de vigência encerrado no dia 10/09/2020.
O art. 1ºda MP 966/2020 se aproximava daquilo que prevê o art. 28 da LINDB:
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655/2018)
CESPE/2020 - O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de
dolo ou erro grosseiro. Item correto.
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O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para
manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão. A
convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta pública,
observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. Ressalva-se, apenas, que apenas esse
dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos 180 dias de sua publicação oficial, que ocorreu em
25/04/2018.
Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica
na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se
destinam, até ulterior revisão.
CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RJ - Delegado de Polícia: No que diz respeito à Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), com as alterações da Lei n.º 13.655/2018, julgue os
itens a seguir.
I - A previsão do princípio do devido processo legal decisório não só almeja a segurança jurídica, mas
também abarca nuances de certeza jurídica, que expressa o estado de conhecimento da ordem jurídica
pelas pessoas. Item certo.
II - Os instrumentos do compromisso e da compensação instauraram nos processos administrativos e
judiciais a transação de direito público, sendo que enquanto o compromisso pode se dar em processo
administrativo ou judicial, a compensação só é admitida em processo judicial. Item certo.
III - A segurança jurídica possui um duplo aspecto: o objetivo e o subjetivo. O primeiro é concernente às
qualidades necessárias à ordem jurídica e já definidas, enquanto o subjetivo se traduz na ausência de
dúvida quanto à proteção jurídica. Item certo.
IV - O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas, em caso de dolo
ou erro grosseiro, o que não se confunde pelo denominado crime de hermenêutica. Item certo.
Referências Bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.
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CÓDIGO CIVIL:
⦁ Arts. 1º a 4º
⦁ Art. 7, 11, 13 e 16
⦁ Arts. 22, 23 e 25
⦁ Arts. 26 a 28
⦁ Arts. 37 a 39
⦁ Art. 43 a 45
⦁ Arts. 50 a 52
⦁ Arts. 53 e 57
⦁ Arts. 62, 64, 66 e 69
⦁ Arts. 70 a 76.
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
1. PESSOAS NATURAIS
Pessoa é o ser humano ou entidade dotado de personalidade, isto é, que tem aptidão para a
titularidade de direitos e deveres na ordem jurídica. Nesse sentido, em relação à pessoa natural, é necessário
distinguir:
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Personalidade
Está atrelada à tutela e à promoção da dignidade da pessoa humana, pela qual se deve reconhecer
ao ser humano um conjunto mínimo de atributos, direitos e garantias, sem o qual não será possível a vida
com dignidade. A AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE, a despeito das divergências doutrinárias sobre o tema,
que serão abordadas mais a frente, nos termos do art. 2º do CC, ocorre com o nascimento com vida, quando
há a separação do ventre materno e o ar entra nos pulmões. A EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE ocorre com a
morte, conforme art. 6º do CC.
1.1 Incapacidade
A teoria das incapacidades está diretamente ligada à ausência da capacidade de fato (e não da
capacidade de direito). A incapacidade civil pode ser desdobrada em: absoluta e relativa.
Neste tema, de grande importância é o Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146/2015, o
qual promoveu verdadeira remodulação da teoria das incapacidades, ao alterar os arts. 3º e 4º do CC, de
forma a concretizar um sistema normativo inclusivo, em observância à dignidade da pessoa humana. A
pessoa com deficiência é dotada de capacidade legal plena, ainda que haja a necessidade de adoção de
institutos assistenciais específicos, como a tomada de decisão apoiada e, excepcionalmente, a curatela
limitada.
● Relativamente incapazes:
∘ Maiores de 16 e menores de 18 anos - previsão originária;
∘ Ébrios habituais e viciados em tóxicos - previsão originária;
∘ Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir a sua vontade;
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* Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são NULOS (art. 166, I, do CC), não podendo ser
ratificados, pois tal vício não convalesce (art. 169), podendo o juiz assim declará-los de ofício. Protege-se,
entretanto, a boa-fé de terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos por seus
representantes – pais, tutores ou curadores.
* A vontade dos relativamente capazes tem relevância jurídica, o que possibilita sua atuação direta nos atos
civis, desde que acompanhados de ASSISTENTE, com algumas exceções (ser mandatário, testemunha). É
causa de anulabilidade dos atos jurídicos (art. 171, I, do CC).
A., inscrito no CPF sob nº 00.000.000-00, sócio gerente de AB Ltda., alienou para CD S/A um imóvel da
sociedade empresária sem anuências dos demais sócios L. e J. Estes dois sócios entendem que a alienação é
inválida, porque A., na data em que foi feita a alienação, era portador de gravíssima doença mental. Quanto
à invalidade e tendo em conta o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a alienação é: apenas anulável, porque
não existe mais nulidade por incapacidade civil absoluta do agente em decorrência de doença mental.
Os pródigos, de acordo com a atual redação do Código Civil, são considerados relativamente incapazes,
possuindo restrições à capacidade civil.
CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia: Indivíduo que, por deficiência mental, tenha o discernimento
reduzido é considerado relativamente incapaz. Item errado.
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Conforme a Lei 13.146/2015 (EPD), a deficiência não afeta a plena capacidade de exercer os atos da vida
civil. Ou seja, pessoas com deficiência poderão exercer plenamente os atos da vida civil.
CESPE - 2016 - PC-PE - Delegado de Polícia: O indivíduo que não consegue exprimir sua vontade é
considerado absolutamente incapaz. Item errado.
Aqueles que, permanente ou transitoriamente, não puderem exprimir a sua vontade são RELATIVAMENTE
incapazes.
Justificativa do CESPE: "O STJ já tem posicionamento firme no sentido de que a anulação do ato não
depende de interdição anterior a sua prática. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTAÇÃO. PROVA.
INTERDIÇÃO. Somente a ausência de fundamentação, não ocorrente na espécie, é queenseja a decretação
de nulidade da sentença com base no art. 458, II, não a fundamentação sucinta. Sendo o processo anulado
por motivo não referente à prova, esta pode ser utilizada, no mesmo feito, desde que ratificada, em
respeito ao princípio da economia processual. Os atos praticados pelo interditado anteriores à
interdição podem ser anulados, desde que provada a existência de anomalia psíquica - causa da
incapacidade - já no momento em que se praticou o ato que se quer anular. Recurso não conhecido.(REsp
255271/GO, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 28/11/2000, DJ
05/03/2001, p. 171)."
1.2 Personalidade
* ATENÇÃO: Embora existam divergências, prevalece o entendimento de que pessoa jurídica possui direitos
da personalidade.
A pessoa jurídica tem direitos da personalidade por equiparação, conforme prevê o art. 52 do CC. Os
danos morais são lesões a direitos da personalidade (danos imateriais).
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Súmula 227/STJ – A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, pois ela possui direitos
da personalidade.
Gustavo Tepedino entende que dano moral é lesão à dignidade humana. Desse modo, a pessoa
jurídica não sofreria dano moral, razão pela qual ele criou uma nova classificação jurídica (dano
institucional).
No entendimento de Tepedino, Barboza e Moraes (2004, p. 134), para as “pessoas jurídicas sem
fins lucrativos deve ser admitida a possibilidade de configuração de danos institucionais, aqui conceituados
como aqueles que, diferentemente dos danos patrimoniais ou morais, atingem a pessoa jurídica em sua
credibilidade ou reputação.”6
Pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais
relacionados à violação da honra ou da imagem, quando a credibilidade
institucional for fortemente agredida e o dano reflexo sobre os demais
jurisdicionados em geral for evidente. STJ. 2ª Turma. REsp 1722423-RJ, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 24/11/2020 (Info 684).
6
https://jus.com.br/artigos/25004/sobre-dano-e-responsabilidade-civil
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Resposta: Incorreta. De acordo com o art. 11 do Código Civil, com exceção dos casos previstos em lei, os
direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
- Abstratamente, os direitos fundamentais, entre os quais o direito da personalidade, sempre terão grau de
importância entre si, independentemente da análise do caso em concreto.
Resposta: Incorreta. O grau de importância dos direitos fundamentais, entre os quais o direito da
personalidade, depende de análise do caso concreto (STJ, REsp 1.170.239).
b) Temas Atuais
I. Consenso afirmativo: direito da pessoa dispor gratuitamente do seu corpo, no todo ou em parte,
para depois de sua morte, com objetivo científico ou terapêutico (art. 14 do CC).
Nessa temática, ganha relevo a figura do testamento vital ou living will, em que o paciente, de forma
prévia, especifica os tratamentos, procedimentos e cuidados a que deseja ou não se submeter quando não
puder se expressar de forma autônoma. No Brasil não há lei específica sobre o instituto, cuja validade tem
sido defendida com base na dignidade da pessoa humana (artigo 1, III, CF), na liberdade e na
autodeterminação dela decorrentes (artigo 5, II, da CF), na privacidade (artigo 5º, X, da CF) e na
impossibilidade de submissão do paciente a tratamento sem seu consentimento (artigo 15, do CC).
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II. Consentimento Informado: o CC, em seu art. 13, prevê que só pode haver a diminuição
permanente da integridade física se houver exigência médica, que pode ser por motivo de saúde física ou
psíquica, o que abrange as cirurgias plásticas e cirurgias de transgenitalização. Inclusive, especificamente no
tocante à submissão a tratamento médico, exige-se o consentimento informado, ou seja, o paciente tem
direito de saber qual é o tratamento ou a cirurgia e quais as suas consequências. Conclui-se, portanto, que a
responsabilidade do médico é TÉCNICA + DEVER DE INFORMAÇÃO.
7
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/022e0ee5162c13d9a7bb3bd00fb032ce. Acesso em:
09/12/2022.
8
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/44012e792781772d8795acf27fabed2f. Acesso em:
09/12/2022
9
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/34e420f6e47d96669897a45586997a57. Acesso em:
09/12/2022.
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- De acordo com Código Civil Brasileiro, seja qual for a circunstância, cada pessoa tem a liberdade para dispor
do próprio corpo do modo que bem desejar, tanto por meio de
mutilações quanto por qualquer forma de diminuição permanente da integridade física.
Resposta: Incorreta. De acordo com o art. 13 do Código Civil, salvo por exigência médica, é defeso o ato de
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os
bons costumes. O ato de disposição do próprio corpo será admitido também para fins de transplante, nos
termos estabelecidos em lei especial.
- Ao tratar da proteção à integridade física e do direito ao próprio corpo, o Código Civil Brasileiro traz a
possibilidade de recusa em submeter-se a tratamento ou intervenção médica em situações em que o
procedimento demonstre risco à vida da pessoa.
Resposta: Correta. O art. 15 do Código Civil estabelece que ninguém pode ser constrangido a submeter-se,
com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil: Conforme o Código Civil e o
entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), os direitos da
personalidade podem ser objeto de disponibilidade, como no caso de disposição, para fins
científicos, do próprio corpo para depois da morte. Item certo.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte.
Enunciado 139 da JDC – Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não
especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular,
contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que, em razão da
passagem do tempo, um fato, ainda que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja
exposto ao público em geral, causando-lhe sofrimento ou transtornos. Veja a definição dada por Anderson
Schreiber:
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No entanto, o tema passou por uma evolução jurisprudencial. Isso porque o STJ passou a relativizar
o direito ao esquecimento, ao passo que o STF passou a entender pela sua incompatibilidade com a
Constituição Federal. Confira:
Seguindo o entendimento do STF, o STJ decidiu no mesmo sentido afirmando que o direito ao
esquecimento é considerado incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é capaz de
justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos verídicos. STJ. 3ª Turma. REsp.
1961581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
Importante pontuar, porém, que o STF admite a desindexação do nome da pessoa a determinado
fato específico desabonador em caso de provedores de busca de internet, o que não se confunde com o
direito ao esquecimento:
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786/STF. STJ. 3ª Turma. REsp 1660168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 21/06/2022 (Info 743).
CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil: Suponha que determinado canal
na internet esteja divulgando a história de um crime que tenha ocorrido, em município
brasileiro, há mais de 50 anos. Suponha, ainda, que a informação acerca desse fato verídico
tenha sido licitamente obtida e divulgada e que o condenado pelo crime ajuíze ação na qual
solicite a suspensão da divulgação do fato, alegando ter direito constitucional ao esquecimento. Nessa
situação, a referida alegação é improcedente, pois a ideia de um direito ao esquecimento é incompatível
com a Constituição. Item certo.
INFORMATIVO 1005 DO STF: O ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao
esquecimento. É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido
como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais
excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a
caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da
imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos
âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021
(Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).
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Informativo 546, STJ: Configura dano moral a divulgação não autorizada de foto de
pessoa física em campanha publicitária promovida por sociedade empresária com
o fim de, mediante o incentivo à manutenção da limpeza urbana, incrementar a sua
imagem empresarial perante a população, ainda que a fotografia tenha sido
capturada em local público e sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa. O
dano moral decorre do simples uso não autorizado da imagem.
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CESPE/2019 - Embora o direito à honra seja personalíssimo, o direito de exigir sua reparação econômica, no
caso de dano moral, se transmite aos sucessores do ofendido, caso este tenha falecido. Item correto.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá
ao nome.
● Prenome: Identifica a pessoa e pode ser simples ou composto. Ex: José ou José Maria.
● Sobrenome (ou patronímico): identifica a origem ancestral, familiar. Ex: Silva.
● Agnome: Partícula diferenciadora que serve para distinguir pessoas pertencentes à mesma
família e com o mesmo nome. Ex: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho;
● Hipocorístico: É um apelido, uma alcunha que designa alguém pessoal e profissionalmente. Ex:
Xuxa. Não é elemento do nome, embora mereça proteção.
● Pseudônimo: É o nome que identifica alguém tão somente em sua esfera profissional. Ex: Bruna
Marquezine, embora seu nome verdadeiro seja Bruna Reis Maia. Pelo art. 19 do CC, o
pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Não é
elemento do nome, embora mereça proteção.
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Houve a alteração dos artigos 55 a 57 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973), com o
afastamento da regra geral de imutabilidade do nome da pessoa humana, o que, inclusive, já era defendido
pela doutrina que entendia que deveria se resguardar um espaço de autonomia relativamente ao prenome.
Art. 55. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome, observado que ao prenome serão acrescidos os sobrenomes dos
genitores ou de seus ascendentes, em qualquer ordem e, na hipótese de acréscimo
de sobrenome de ascendente que não conste das certidões apresentadas, deverão
ser apresentadas as certidões necessárias para comprovar a linha ascendente.
§ 1º O oficial de registro civil não registrará prenomes suscetíveis de expor ao
ridículo os seus portadores, observado que, quando os genitores não se
conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso à decisão
do juiz competente, independentemente da cobrança de quaisquer emolumentos.
§ 2º Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial de registro lançará
adiante do prenome escolhido ao menos um sobrenome de cada um dos genitores,
na ordem que julgar mais conveniente para evitar homonímias.
§ 3º O oficial de registro orientará os pais acerca da conveniência de acrescer
sobrenomes, a fim de se evitar prejuízos à pessoa em razão da homonímia.
§ 4º Em até 15 (quinze) dias após o registro, qualquer dos genitores poderá
apresentar, perante o registro civil onde foi lavrado o assento de nascimento,
oposição fundamentada ao prenome e sobrenomes indicados pelo declarante,
observado que, se houver manifestação consensual dos genitores, será realizado o
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CESPE/2019 (Adaptada): O nome da pessoa pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem a sua
autorização. Item incorreto.
VII. Transexuais
Define-se a orientação sexual como a expressão individual da sexualidade, que identifica qual o
objeto da atração sexual e afetiva do indivíduo. Já a identidade do gênero diz respeito ao gênero com o qual
uma pessoa se identifica, independente do seu sexo biológico.
A transexualidade diz respeito justamente à condição do indivíduo que possui uma identidade de
gênero diferente da que lhe foi designada no nascimento com base no sexo biológico, o que faz surgir o
desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto.
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Resposta: A alternativa ‘C’ está correta. O STJ, no julgamento do REsp 1.905.614/SP (DJe 06/05/2021) fixou
o entendimento de que é admissível a exclusão de prenome da criança na hipótese em que o pai informou,
perante o cartório de registro civil, nome diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos
genitores.
1.3 Nascituro
É o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. Algumas teorias tentam explicar
a proteção jurídica do nascituro:
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O CC/02 não deixou claro a teoria adotada, pois o art. 2º menciona tanto o termo “nascimento”,
quanto “concepção”. Todavia, é a teoria concepcionista que guarda maior compatibilidade, a partir de uma
interpretação sistemática do ordenamento e que vem sendo adotada pela jurisprudência, a exemplo da lei
de alimentos gravídicos e de decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro e até mesmo
pagamento de DPVAT pela morte de nascituro (STJ. 4ª Turma. REsp 1415727-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 4/9/2014 (Info 547).
Além disso, consta na Convenção Americana (Pacto de São José da Costa Rica);
CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil: O início da personalidade civil das pessoas
físicas e das pessoas jurídicas de direito privado ocorre, respectivamente, com o nascimento
com vida e com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, quando necessária. Item certo.
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CC, Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
1.4 Emancipação
É uma antecipação da capacidade de fato (e NÃO da maioridade), por meio da qual um relativamente
incapaz se torna plenamente capaz.
Enunciado JDC 3: A redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos
18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica
situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações
similares de proteção, previstas em legislação especial.
Enunciado JDC 397: A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz
está sujeita à desconstituição por vício de vontade.
Enunciado JDC 530: A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Pode ser:
● VOLUNTÁRIA: Decorre de ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo
irrevogável. Nessa hipótese, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos.
● JUDICIAL: Concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos
completos.
● LEGAL: Decorre de previsão legal:
∘ Casamento; Atenção! Divórcio, morte do cônjuge ou anulação do casamento para o cônjuge
de boa-fé não fazem retornar a incapacidade.
∘ Exercício de cargo ou emprego público efetivo; Cuidado! Não é nomeação e nem posse e sim
exercício.
∘ Colação de grau em curso de ensino superior;
∘ Estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16 anos
que gerem economia própria.
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● Com declaração de ausência: nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva
(art. 6º);
● Sem declaração de ausência: se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo
de vida e, se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra (art. 7º).
CESPE/2021: Em caso de desaparecimento do corpo de pessoa vitimada em grave acidente aéreo, depois de
esgotadas as buscas e averiguações, a declaração de óbito independe de decretação judicial de ausência.
Item correto.
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ATENÇÃO! COMORIÊNCIA. Quando não for possível precisar a ordem cronológica das mortes de pessoas que
morreram na mesma ocasião, chamadas comorientes, a lei prevê a presunção de haverem falecido no mesmo
instante. Se forem parentes, a consequência é que tais pessoas NÃO sucederão reciprocamente, abrindo-se
cadeias sucessórias distintas (art. 8º, CC).
CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia: Um homem de cinquenta anos de idade assassinou
a tiros a esposa de trinta e oito anos de idade, na manhã de uma quarta-feira. De acordo com
a polícia, o homem chegou à casa do casal em uma motocicleta, chamou a mulher ao portão
e, quando ela saiu de casa, atirou nela com uma arma de fogo, matando-a imediatamente. Em
seguida, ele se matou no mesmo local, com um disparo da arma encostada na própria têmpora.
Considerando a situação hipotética apresentada e os diversos aspectos a ela relacionados, julgue o item a
seguir.
“Se duas ou mais pessoas morrem na mesma ocasião, não se podendo provar quem faleceu primeiro,
presume-se, pela legislação civil brasileira, que elas tiveram mortes simultâneas. A isso chama-se
comoriência. Desta forma, comoriência é o instituto jurídico que admite mortes simultâneas de duas ou
mais pessoas falecidas em um mesmo momento e quando não se pode estabelecer quem morreu primeiro
(Código Civil, artigo 8o – “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”).
Todavia, havendo condições de provar que uma delas faleceu momentos antes – dá-se o nome de
premoriência –, pode haver, por exemplo, sensíveis modificações na ordem da sucessão, variando de
acordo com a cronologia dessas mortes.” FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal, Editora Guanabara
Koogan, 10ª edição, 2015, p. 1075
b) Ausência: é o desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem dar notícias de onde se
encontra, sem deixar procurador para administrar seus bens. Necessita de declaração judicial. Quanto à
tutela dos bens, possui três fases:
● 1ª FASE - CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE: inicia-se com a petição inicial de qualquer
interessado ou do MP. O juiz deverá arrecadar os bens abandonados e nomear curador.
- O curador será, em primeiro lugar, o cônjuge do ausente, desde que não separado judicialmente
ou de fato, por mais dois anos. Subsidiariamente, serão nomeados os ascendentes e, em seguida,
os descendentes.
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- Se não houver nenhuma dessas pessoas, o juiz escolherá um curador, responsável pela
administração e conservação do patrimônio do ausente.
● 2ª FASE - SUCESSÃO PROVISÓRIA: Ocorre após decorrido 1 ano da arrecadação ou, caso o
ausente tenha deixado procurador, passados 3 anos. Consiste em uma administração para
preservar os bens do ausente.
- Depende de pedido dos interessados.
- Se não houver interessados, o MP pode requerer a sucessão provisória.
- A sentença que a determina produz efeitos depois de 180 dias de sua publicação, mas, tão logo
transite em julgado, ocorre a abertura do testamento e do inventário, como se o ausente fosse
falecido.
- Se o herdeiro ou interessado não pleitear a abertura do inventário, após 30 dias do trânsito em
julgado, a massa de bens do ausente será considerada como herança jacente.
- Os herdeiros que se imitirem na posse dos bens devem prestar garantia pignoratícia ou
hipotecária, com exceção do cônjuge, dos ascendentes e dos descendentes.
- Durante esse período, não se poderá alienar os imóveis do ausente.
- Reaparecendo o ausente e provando os sucessores que a ausência foi injustificada e voluntária,
ele perderá os frutos em favor daqueles.
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Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados
requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram
interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá
efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe
em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e
partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na
sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até
trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão
provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma
estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão
dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos
garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão
garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos
quinhões respectivos.
§ 1 o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia
exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob
a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste
essa garantia.
§ 2 o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua
qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse
dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por
desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
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● 3ª FASE - SUCESSÃO DEFINITIVA: Ocorre após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que
concedeu a abertura da sucessão provisória. Na mesma oportunidade, levantam-se as garantias
prestadas.
- Pode ocorrer em menor prazo, se o ausente tinha 80 anos e o seu desaparecimento tenha
ocorrido há pelo menos 5 anos.
- Após o trânsito em julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos bens, declara-se
a morte presumida.
- Retornando o desaparecido ou algum de seus descendentes ou ascendentes, nos 10 anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se encontrarem,
os sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros houverem recebido.
Da Sucessão Definitiva
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura
da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas.
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CAIU EM CONCURSO:
→ IBFC – PCBA/2022 – Delegado de Polícia: No que se refere às disposições do Código Civil sobre
personalidade e capacidade, assinale a alternativa que aborde corretamente a definição de comoriência.
a) Ocorre naqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
b) Ocorre se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
c) Ocorre se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
o término da guerra.
d) Ocorre, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória.
e) Ocorre se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumindo-se simultaneamente mortos.
1.6 Domicílio
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● Domicílio: é o lugar em que a pessoa física fixa residência com ânimo definitivo, transformando-o em
centro de sua vida jurídica e social. O que diferencia domicílio de residência é o ânimo de permanência, a
definitividade.
a) Espécies de domicílio:
● CONVENCIONAL: é aquele que se fixa por ato de vontade própria, ou seja, a pessoa fixa por ato de
vontade, ao se mudar.
● LEGAL OU NECESSÁRIO: é aquele determinado por lei e previsto no art. 76:
∘ Incapaz: domicílio de seu representante ou assistente;
∘ Preso: onde cumpre pena;
∘ Servidor público: onde exerce permanentemente as suas funções;
∘ Militar: onde está servindo;
∘ Marítimo: local da matrícula do navio.
● DE ELEIÇÃO OU ESPECIAL (art. 78 do CC): é o domicílio previsto em um contrato.
2. PESSOAS JURÍDICAS
É o grupo humano criado na forma da lei, e dotado de personalidade jurídica própria, para a
realização de fins comuns.
2.1 Características
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Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
● Vontade das partes em criar entidade distinta dos seus membros, materializada no ato de
constituição, que será:
∘ Estatuto: Se associações;
∘ Contrato Social: Se sociedades simples ou empresárias;
● Observância das condições legais;
● Objetivos lícitos.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro.
● Corporação (reunião de pessoas): os seus objetivos são voltados para o bem dos seus membros e
dividem-se em:
∘ Associações
∘ Sociedades (simples ou empresárias).
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● Fundação (reunião de bens): as fundações têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor.
Nas fundações, o patrimônio é elemento essencial.
ATENÇÃO! O inciso vi que incluía a EIRELI (empresas individuais de responsabilidade limitada) como pessoa
jurídica de direito privado foi revogado pela MP nº 1.085/2021, já convertida na lei nº 14.382/2022.
▪ Partidos políticos;
▪ Organizações religiosas;
▪ Sindicatos;
∘ Fundações particulares.
ATENÇÃO! As empresas públicas e as sociedades de economia mista, embora façam parte da administração
indireta, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado (DL 200/67), sujeitando-se ao regime
próprio das empresas privadas (CF, art. 173, § 1º).
Os atos dos administradores obrigam a pessoa jurídica quando exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo.
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Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas pela maioria de votos
dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
O direito de anular as decisões referidas decai em 3 anos, quando violarem a lei ou o estatuto, ou
forem eivados de erro, dolo, simulação ou fraude.
Atenção à inclusão do art. 48-A no Código Civil, promovida pela Medida Provisória nº 1.045/2021,
já convertida na Lei nº 14.382/2022:
● Extinção convencional: ocorre quando os sócios anuem em extinguir a pessoa jurídica mediante
distrato.
● Extinção administrativa: resulta da cassação da autorização de constituição e funcionamento de
determinadas pessoas jurídicas.
● Extinção judicial: ocorre por meio de sentença prolatada em processo judicial.
● Extinção legal: ocorre quando determinada por lei.
● Extinção pelo decurso do prazo: quando expira o prazo de sua existência.
I. Conceito:
O art. 49-A do Código Civil prevê, expressamente, que as pessoas jurídicas possuem personalidade
distinta da dos seus membros, não se confundindo com seus sócios, associados, instituidores ou
administradores.
Ainda segundo este dispositivo, em seu parágrafo único, a autonomia patrimonial das pessoas
jurídicas é um instrumento LÍCITO de alocação e segregação de riscos, com a finalidade de estimular
empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.
Não raramente, contudo, a referida autonomia é mal utilizada, dando origem à chamada teoria da
desconsideração da personalidade jurídica, ou disregard of the legal entity. Por essa teoria, há o afastamento
temporário da personalidade jurídica da entidade para permitir que os credores prejudicados possam
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satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal dos sócios ou administradores beneficiados, direta ou
indiretamente, pelo ato abusivo.
Com isso, é possível ao juiz, em casos de abuso da personalidade jurídica, desconsiderar a autonomia
patrimonial para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade.
Rubens Requião, na década de 60, foi um dos primeiros a defender a teoria, embora sem previsão legal
Segundo André da Santa Cruz Ramos, o CC/2002, ao prever a aplicação da teoria apenas quando
demonstrado o abuso de personalidade jurídica, consubstanciado este no desvio de finalidade ou na
confusão patrimonial, se manteve fiel aos postulados fundamentais da disregard doctrine.
A desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito das relações civis gerais, está disciplinada no
art. 50 do CC:
Redação Original
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Redação Atual
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou
do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para
que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874,
de 2019)
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Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para
seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se
conclua.
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua
dissolução.
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às
demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa
jurídica.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
CESPE/2021 - Segundo o Código Civil em vigor, a alteração da finalidade original da atividade econômica
específica de pessoa jurídica é, por si só, indicativo de desvio de finalidade para efeito de desconsideração
da personalidade jurídica. Item incorreto à luz do art. 50, parágrafo 5º do Código Civil.
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● Teoria Maior: NÃO basta que a Pessoa Jurídica esteja insolvente e, portanto, impossibilitada
financeiramente de cumprir com suas obrigações perante seus credores. Ao lado da demonstração
da insolvência da Pessoa Jurídica, deverá figurar adicionalmente ou o elemento subjetivo (desvio de
finalidade) ou o elemento objetivo (confusão patrimonial). Adotada no art. 50 do CC;
● Teoria Menor: Adotada no Direito Ambiental e Direito do Consumidor, a personalidade jurídica será
desconsiderada sempre que for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados
aos consumidores. Logo, deve provar apenas a insolvência.
● Desconsideração Inversa: vem sendo aplicada pelo STJ, sobretudo em casos de direito de família,
permitindo ao juiz que autorize a desconsideração da pessoa natural para atingir o patrimônio da
pessoa jurídica da qual ele seja sócio, quando dela se utilize para ocultar bens pessoais. Com a Lei nº
13.874/2019, ganhou previsão expressa no art. 50, §3º, do CC.
Art. 50, § 3º. O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
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Atenção! Como disposto no art. 50, §4º, do CC, a mera existência de grupo econômico sem a
presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo – desvio de finalidade ou confusão patrimonial –
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
A desconsideração da personalidade jurídica NÃO acarreta o fim da pessoa jurídica, mas possui os
seus efeitos adstritos ao caso concreto em que foi requerida. Isto significa que a sociedade continua a existir
normalmente e os efeitos da sua personalização permanecem respeitados em todas as demais relações
jurídicas em que figurar.
Há uma suspensão temporária dos efeitos da personalização num determinado caso específico,
não estendendo os seus efeitos para as demais relações jurídicas das quais a pessoa jurídica faça parte.
10
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5b2bbd3e57d6c19003667a447475589. Acesso em:
09/12/2022.
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Membros do conselho fiscal de uma cooperativa não podem ser atingidos pela
desconsideração da personalidade jurídica se não praticaram nenhum ato de
administração. A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para fins de
aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica,
tampouco de confusão patrimonial, o § 5º do art. 28 do CDC não dá margem para
admitir a responsabilização pessoal de quem jamais atuou como gestor da
empresa. STJ. 3ª Turma. REsp 1766093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/11/2019 (Info 661).12
11
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9ab8a8a9349eb1dd73ce155ce64c80fa. Acesso em:
09/12/2022.
12
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58f1e2bfc0c0c182f1afdab7cae02402. Acesso em:
09/12/2022.
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Referências Bibliográficas:
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TODOS OS ARTIGOS
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⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º
CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667
CPP
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⦁ Art. 14 a 17
⦁ Art. 37, §4º
⦁ Art. 55, IV
⦁ Art. 62, §1º, “a”,
⦁ Art. 68, §1º, II
⦁ Art. 85, III
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
CF/88
⦁ Art. 14 e 15 (leitura completa! Importantíssimo!)
⦁ Art. 37, §4º
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⦁ Art. 12 (leitura completa)
⦁ Art. 13 (leitura completa)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
CF/88
⦁ Art. 12, I e II
⦁ Art. 12, §3º, §4º
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⦁ Art. 1º ao 12º, CP
⦁ Art. 71, CP
⦁ Art. 107, III, CP
⦁ Art. 70, CPP (análise comparativa com o art. 6º, CP)
⦁ Art. 2°, Lei 9.455/97
⦁ Art. 53, CF/88
⦁ Decreto. 56.435/65
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
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CF/88
⦁ Art. 5º, LIV, LV e LVI
⦁ Art. 5º, LVII
⦁ Art. 5º, LX a LVVII
⦁ Art. 5º, LXVIII e LXIX da CF/88
⦁ Art. 129, VIII
CPP:
⦁ Art. 3-A, CPP
⦁ Art. 3-B, CPP
⦁ Arts. 4º a 23, CPP
⦁ Art. 28, CPP
⦁ Art. 39, §§3º, 4º e 5º, CPP
⦁ Art. 67, I, CPP
⦁ Art. 107, CPP
⦁ Art. 149, §1º, CPP
⦁ Art. 155 e 158, CP
⦁ Art. 304, §1º, CP
⦁ Art. 311, CPP
⦁ Art. 378, II, CPP
⦁ Art. 395 e 397 do CPP
⦁ Art. 405, §1º, CPP
⦁ Art. 549, CPP
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⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ Art. 48, XI
⦁ Art. 51, IV e 52, XIII, da CF
⦁ Art. 61 § 1º, II, "e"
⦁ Art. 84, IV, VI, "a"
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174
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Lei 9.790/99 (lei das organizações da sociedade civil de interesse público - OSCIP)
⦁ Art. 1º e 2º (atenção ao §único do art. 2º)
⦁ Art. 3º
⦁ Art. 10, §1º
⦁ Art. 11, 14 e 16
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TODOS OS ARTIGOS
⦁ LINDB – leitura inteira
⦁ Art. 1º ao Art. 78, CC
⦁ Art. 5º, XXX e XXXI, CF/88
⦁ Art. 5º, XXXVI, CF/88
⦁ Art. 37, §6º, CF/88
⦁ Art. 173, §1º, CF/88
⦁ Art. 133 a 137, CPC
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
LINDB:
⦁ Art. 1º, 2º e 4º
⦁ Art. 6º
⦁ Art. 7º, §§ 3º, 4º, 6º
⦁ Arts. 8º a 10º.
⦁ Art. 12
⦁ Arts. 20 a 30 (alteração legislativa recente!)
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
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CÓDIGO CIVIL:
⦁ Arts. 1º a 4º
⦁ Art. 7, 11, 13 e 16
⦁ Arts. 22, 23 e 25
⦁ Arts. 26 a 28
⦁ Arts. 37 a 39
⦁ Art. 43 a 45
⦁ Arts. 50 a 52
⦁ Arts. 53 e 57
⦁ Arts. 62, 64, 66 e 69
⦁ Arts. 70 a 76.
CF/88
⦁ Art. 5º, XXX, CF/88
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