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SEMANA 05
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-PE

AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA

SEMANA 05/12

Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 9
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I) .................................................................... 9
1. FURTO (ART. 155, CP) .................................................................................................................................. 10
1.1 Furto simples .......................................................................................................................................................... 10
1.2 Furto privilegiado ................................................................................................................................................... 19
1.3 Furto qualificado .................................................................................................................................................... 26
2. ROUBO (ART. 157, CP) ................................................................................................................................. 37
2.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 37
2.2 Elementos Do Tipo ................................................................................................................................................. 38
2.3 Roubo próprio x roubo impróprio .......................................................................................................................... 38
2.4 Consumação ........................................................................................................................................................... 39
2.5 Tentativa................................................................................................................................................................. 39
2.6 Roubo majorado ou circunstanciado (Art. 157, § 2º, do CP).................................................................................. 40
2.7 Roubo qualificado (Art. 157, §3º, CP) ..................................................................................................................... 46
2.8 Concurso de causas de aumento do §2º e do §2º-A: ............................................................................................. 50
3. EXTORSÃO (ART. 158, CP) ............................................................................................................................ 51
3.1. Causas de aumento de pena: ................................................................................................................................ 56
3.2 Extorsão qualificada pela lesão corporal grave ou morte. ..................................................................................... 56
3.2 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (art. 158, §3º, CP) - 2009 ..................................................... 57
4. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) ........................................................................................... 61
4.1 Extorsão mediante sequestro qualificada .............................................................................................................. 63
4.2 Hediondez do crime de extorsão mediante sequestro: ......................................................................................... 64
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 65
META 2 ............................................................................................................................................................ 69
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS .......................................................................... 69
1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................. 69
2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 70
3. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO.................................................................................................................. 70
4. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................. 72
4.1 Administração Pública Extroversa e Introversa ...................................................................................................... 73
5. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................... 73
5. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 75
6. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA ......................................................................... 76
7. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO .......................................................................................................... 76
7.1 Princípios x Regras .................................................................................................................................................. 77
7.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo ...................................................................................................... 78
8. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 79
8.1 Legalidade – Art. 37, caput da CF/88...................................................................................................................... 79
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8.2 Princípio Da Impessoalidade – Art. 37, CAPUT e § 1º da CF ................................................................................... 81


8.3 Princípio da Moralidade – Art. 37, CAPUT da CF .................................................................................................... 82
8.4 Princípio da Publicidade – Art. 37, caput da CF/88 ................................................................................................ 86
8.5 Princípio da Eficiência – Art. 37, caput da CF c/c EC 19/98 ................................................................................... 88
9. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS ............................................................................................... 91
9.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade .................................................................................................... 91
9.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública) ......................... 92
9.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade ............................................................................................................ 93
9.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público ....................................................................................................... 95
9.5 Princípio da Motivação ........................................................................................................................................... 97
9.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório ............................................................................................................ 99
9.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança .......................................................................................... 100
9.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções .......................................................................................... 101
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 104
DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 111
1. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................... 112
2. PRINCÍPIOS INERENTES À ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA .................................................................... 112
3. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO ............................................................................................ 113
3.1 Espécies de Descentralização ............................................................................................................................... 114
4. ÓRGÃOS PÚBLICOS .................................................................................................................................... 117
4.1 Teorias Sobre os Órgãos ....................................................................................................................................... 120
4.2 Criação e Extinção de Órgãos Públicos ................................................................................................................. 120
4.3 Classificação dos Órgãos ...................................................................................................................................... 123
5.DESCENTRALIZAÇÃO ................................................................................................................................... 126
6. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA ....................................................................................................................... 126
6.1. Características ..................................................................................................................................................... 126
6.2 Entes da Administração Indireta ................................................................................................................... 128
6.2.1 Autarquias...................................................................................................................................................... 128
6.2.2 Agências Reguladoras .................................................................................................................................... 133
6.2.3 Agências Executivas ....................................................................................................................................... 135
6.2.4 Fundações Públicas ........................................................................................................................................ 136
6.2.5 Empresas Estatais – (importante a leitura da Lei 13.303/2016) .................................................................... 139
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 147
META 3 .......................................................................................................................................................... 154
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE II) ............................................................... 154
5. EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160)................................................................................................................ 154
6. USURPAÇÃO (ART. 161 e 162) ................................................................................................................... 154
7. DANO (ART. 163) ....................................................................................................................................... 155
6.1 Dano Qualificado .................................................................................................................................................. 157
6.2 Pena e Ação Penal ................................................................................................................................................ 159
8. APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168, CP) ................................................................................................... 159
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SEMANA 05/12

8.1 Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A). ............................................................................................... 162


9. ESTELIONATO (ART. 171, CP) ..................................................................................................................... 170
9.1 Fraude Eletrônica (§2-A E 2-B) – Inseridos Pela Lei 14.155/2021 ........................................................................ 177
9.2 Estelionato Previdenciário (§3º) ........................................................................................................................... 179
9.3 Causa De Aumento De Pena – Alteração Pela Lei 14.155/2021 ........................................................................... 183
9.4 Ação Penal No Crime De Estelionato. (Alteração Pela Lei 13.964/2019) ............................................................. 184
9.5 Competência No Crime De Estelionato (Lei 14.155/2021) ................................................................................... 187
10. RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP) .................................................................................................................... 196
10.1 Receptação própria ............................................................................................................................................ 198
10.2 Receptação imprópria ........................................................................................................................................ 198
10.3 Receptação dolosa qualificada ........................................................................................................................... 199
10.4 Receptação culposa ............................................................................................................................................ 200
10.5 Receptação de Animal (180-A) ........................................................................................................................... 201
10.6 Escusas Absolutórias (Arts. 181/183) ................................................................................................................. 202
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 204
META 4 .......................................................................................................................................................... 208
DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 208
1. FATO E ATO - CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................ 208
1.1 Correntes doutrinária MAJORITÁRIA sobre fatos administrativos: ...................................................................... 209
2. ATOS ADMINISTRATIVOS X ATOS DA ADMINISTRAÇÃO............................................................................ 209
3. ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................................... 210
4. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (conforme doutrina majoritária) .................... 211
4.1 Competência ........................................................................................................................................................ 211
4.2 Finalidade ............................................................................................................................................................. 213
4.3 Forma ................................................................................................................................................................... 214
4.4 Motivo .................................................................................................................................................................. 215
4.5 Objeto................................................................................................................................................................... 217
5. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO....................................................................... 219
6. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................... 220
7. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 221
7.1 Perfeição (ou existência) ...................................................................................................................................... 222
7.2 Validade (ou regularidade) ................................................................................................................................... 222
7.3 Eficácia.................................................................................................................................................................. 222
7.4 Atos após a formação ........................................................................................................................................... 223
8. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................... 223
8.1 Quanto ao grau de liberdade ............................................................................................................................... 224
8.2 Quanto à Formação .............................................................................................................................................. 224
8.3 Quanto aos destinatários ..................................................................................................................................... 225
8.4 Quanto ao objeto ................................................................................................................................................. 225
8.5 Quanto à estrutura ............................................................................................................................................... 226
8.6 Quanto aos efeitos ............................................................................................................................................... 226
8.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica ............................................................................................................. 226
8.8 Quanto ao alcance ................................................................................................................................................ 226
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8.9 Quanto ao conteúdo ............................................................................................................................................ 226


9. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS ...................................................................................................... 227
9.1 Atos Normativos ................................................................................................................................................... 227
9.2 Atos Ordinatórios ................................................................................................................................................. 228
9.3 Atos Negociais ...................................................................................................................................................... 229
9.4 Atos Enunciativos ................................................................................................................................................. 231
9.5 Atos Punitivos ....................................................................................................................................................... 234
10. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................... 234
10.1 Extinção Natural ................................................................................................................................................. 234
10.2 Renúncia ............................................................................................................................................................. 235
10.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai .......................................................................... 235
10.4 Retirada .............................................................................................................................................................. 235
10.5 Anulação ............................................................................................................................................................. 235
10.6 Revogação .......................................................................................................................................................... 240
10.7 Cassação ............................................................................................................................................................. 241
10.8 Caducidade ......................................................................................................................................................... 241
10.9 Contraposição (derrubada) ................................................................................................................................ 241
11. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO .................................................................................................... 242
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 245
META 5 .......................................................................................................................................................... 252
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ..................................................................... 252
1. DOS CRIMES CONTA A LIBERDADE SEXUAL ............................................................................................... 253
1.1 Estupro (Art. 213, CP) ........................................................................................................................................... 253
1.1.1 Análise Do Caput ............................................................................................................................................ 253
1.1.2 Qualificadoras ................................................................................................................................................ 259
1.2 Violação Sexual Mediante Fraude (Art. 215) ........................................................................................................ 260
1.3 Importunação Sexual (Art. 215-A) ........................................................................................................................ 262
1.4 Assédio Sexual (Art. 216-A) .................................................................................................................................. 263
1.5 Da Exposição da Intimidade Sexual ...................................................................................................................... 265
2. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS .......................................................................................... 269
2.1 Estupro de Vulnerável (Art. 217-A) ...................................................................................................................... 269
2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218) ....... 278
2.3 Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (Art. 218-A) ............................................ 280
2.4 Favorecimento da Prostituição ou de Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou de
Vulnerável (Art. 218-B) ............................................................................................................................................... 281
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia (Art.
218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) ........................................................................................................... 286
2.5.1 Considerações importantes ........................................................................................................................... 289
2.5.2 Aumento de pena .......................................................................................................................................... 290
2.5.3 Exclusão de ilicitude ....................................................................................................................................... 291
3. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 291
3.1 Ação Penal nos Crimes Sexuais (Art. 225) ............................................................................................................ 291
3.2 Causas de Aumento de Pena (Art. 226) ................................................................................................................ 293
4. OUTROS TIPOS PENAIS .............................................................................................................................. 295
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SEMANA 05/12

4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227) ......................................................................................... 295
4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228) ............................................... 296
4.3 Casa de Prostituição (Art. 229) ............................................................................................................................. 297
4.4 Rufianismo (Art. 230) ........................................................................................................................................... 298
4.5 Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A) ........................................................................................................... 299
4.6 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233) ......................................................................................... 300
4.7 Escrito ou Objeto Obsceno (Art. 234)................................................................................................................... 302
5. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 303
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 311
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 320
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ............................................................................... 320
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 322
DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 323
DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 325
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ..................................................................... 326
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SEMANA 05/12

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 05


META DIA ASSUNTO
1 SEG DIREITO PENAL: Crimes Contra o Patrimônio (Parte I)
DIREITO ADMINISTRATIVO: Noções Iniciais e Princípios
2 TER
DIREITO ADMINISTRATIVO: Entes da Administração
3 QUA DIREITO PENAL: Crimes Contra o Patrimônio (Parte II)
4 QUI DIREITO PENAL: Atos Administrativos
5 SEX DIREITO PENAL: Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual
6 SÁB/DOM [Revisão Semanal]

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SEMANA 05/12

META 1

DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I)

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CP
⦁ Art. 155 e 156 (furto)
⦁ Art. 157 (roubo)
⦁ Art. 158 (extorsão)
⦁ Art. 159 (extorsão mediante sequestro)
⦁ Art. 160 (extorsão indireta)
⦁ Art. 161 a 162 (usurpação)
⦁ Art. 163 a 167 (dano)
⦁ Art. 168 a 170 (apropriação indébita e “derivados”
⦁ Art. 171 a 179 (estelionato e outras fraudes)
⦁ Art. 180 (receptação)
⦁ Art. 181 a 183 (escusas absolutórias)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CP
⦁ Art. 155, §§1º, 2º, 4º, 4º-A e 7º
⦁ Art. 157 (tudo)
⦁ Art. 158, §3º
⦁ Art. 159, §4º
⦁ Art. 163, §único e 167
⦁ Art. 168-A
⦁ Art. 171, §§ 1º, 4º e 5º
⦁ Art. 179, §único
⦁ Art. 180 (tudo) – fazer paralelo com o crime de favorecimento real
⦁ Art. 181 a 183 (tudo)

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime
de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora
for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
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Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato
cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência
social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.

1. FURTO (ART. 155, CP)

O furto (art. 155) subdivide-se, de acordo com o texto legal, em quatro figuras: simples, noturno,
privilegiado e qualificado.

1.1 Furto simples

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena — reclusão, de
um a quatro anos, e multa.

Como no crime de furto ocorre uma subtração pura e simples de bens alheios, pode-se concluir que
se trata de delito que afeta apenas o patrimônio e, eventualmente, a posse. Trata-se de crime
simples.
Sujeito passivo:
● Proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos).
● Pode ser pessoa física ou jurídica.

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E se o ladrão1 subtrai do ladrão2 coisa que foi objeto de furto perpetrado por este, responde por
algum crime, já que a posse do segundo é ilegítima?
R.: Sim, responde normalmente por furto. Porém, o sujeito passivo não será o ladrão2, mas o
proprietário legítimo do bem. (lesado do crime de furto pelo ladrão1).

d) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos), já que
nestes casos faltaria a elementar “alheia”.

Caso o proprietário de um bem subtraia coisa sua que esteja sob a legítima posse de terceiro, a
exemplo de um bem que está empenhado por dívida, cometerá crime de furto?
R.: Conforme a doutrina majoritária, NÃO. Justamente por ser coisa própria, faltando a elementar
“alheia”. Pode ser caracterizado o crime previsto no art. 346 do CP, qual seja, defraudação de penhor.

E se o sujeito ativo for um funcionário público, que subtrai em razão da facilidade que sua função
lhe proporciona?
R.: O funcionário público que subtrai ou concorre para que o bem, sob a guarda ou custódia da
Administração Pública, seja subtraído, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporciona,
pratica o crime de peculato furto (CP, art. 312, § 1.º 30), também conhecido como peculato
impróprio.

e) Elemento subjetivo: exige dolo genérico + dolo específico:


● Dolo genérico - furto é crime exclusiva e essencialmente doloso.
● Dolo específico - É necessário o “animus rem sibi habendi”, que é o dolo de assenhoramento
definitivo da coisa, para si ou para outrem.

Há discussão acerca do furto de uso de automóvel, em razão da gasolina, óleo etc., que são
consumíveis. No entanto, prevalece que deve ser observado o bem principal, no caso o próprio veículo,
sendo sim possível, desde que preenchidos os outros requisitos.

f) Núcleo do tipo: “subtrair”.


● Subtrair consiste na retirada da coisa com consequência diminuição patrimonial para o lesado.
● Consumação: o furto se consuma com a inversão da posse do bem (STF-HC 114.329).
∘ É prescindível (ou seja, dispensável) a posse mansa e pacífica do bem;
∘ A consumação do furto reclama a lesão patrimonial da vítima;
∘ O bem não precisa ser transportado para outro local.

Tipo objetivo

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SEMANA 05/12

As elementares do crime de furto podem ser divididas em quatro partes:


a) a conduta típica, consistente em um ato de subtração;
b) o objeto material, que deve ser coisa móvel;
c) o elemento normativo coisa alheia;
d) o elemento subjetivo do tipo consistente no fim de assenhoreamento definitivo do bem.

A conduta de subtrair coisa alheia móvel, prevista no tipo do furto, tutela a propriedade e a posse
de bens que possuam valor patrimonial e, de acordo com o tipo penal objetivo, podemos definir alguns
de seus elementos objetivos da seguinte forma:
Coisa: é tudo aquilo que possui existência de natureza corpórea e que possua valor econômico
(inclusive animais e o cadáver utilizado para pesquisas em universidades) –
Alheia: é algo que pertencente a outrem, ou na posse de outrem, sendo que não configura furto a
subtração de coisa própria, de coisa abandonada (res derelicta), coisa comum ou coisa perdida (res
desperdita), podendo, nestes casos, incidir o crime de apropriação indébita do Art. 169, parágrafo único, II,
do CP.
Móvel é todo objeto passível de ser removido ou deslocado. Para a maioria da doutrina o proprietário
do bem não pode cometer crime de furto tão somente porque sua conduta não se enquadra no tipo penal,
que tutela acima de tudo a propriedade, e se refere a “coisa alheia”, podendo haver, nestes casos, o exercício
arbitrário das próprias razões (Art. 345 CP), quando o proprietário vier a subtrair seu próprio bem, que esteja
na posse legítima de outrem.
Alguns exemplos na doutrina:

● Ser humano pode ser objeto de furto? Não. Contudo, partes do corpo humano sim (ex.: cabelo,
dentes), bem como instrumentos ligados a ele (ex.: dentadura). A depender da situação, pode
configurar outros crimes, como um dos tipos de lesão ou até homicídio.
● Cadáver pode ser objeto de furto? Via de regra, também não, pois tem crime específico. Porém,
excepcionalmente, quando o cadáver estiver destinado a uma atividade específica, passa a ser coisa,
podendo ser objeto de furto (ex.: cadáver de faculdade de medicina). Obs.: para a doutrina, o ouro
da arcada dentária do cadáver pode ser objeto de furto.
● Coisa abandonada e coisa perdida podem ser objetivo de furto? Coisa abandonada não pode ser
objeto de furto. Coisa perdida, por sua vez, também não configurará furto, pela ausência de
subtração, mas será apropriação de coisa achada, caso não seja devolvida em 15 dias - crime a prazo
(art. 169, II do CP).
● E coisas de uso comum do povo, podem ser furtadas? Via de regra, não, já que todos são
proprietários. Exceção: caso a coisa de uso comum esteja destacada para alguma finalidade
econômica, ou seja, esteja sendo explorada por alguém, situação em que caracterizará furto.
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● Cheque em branco pode ser objeto de furto? Em um primeiro momento, a jurisprudência do STJ
entendia que folhas de cheque e cartões bancários não podiam ser objeto material dos crime de
furto, uma vez que desprovidas de valor econômico, indispensável para a caracterização dos delitos
patrimoniais (REsp 150.908/SP). No entanto, ao examinar o CC 112.108/SP, a 3ª Seção desta Corte
Superior de Justiça modificou tal posição, consignando que o talonário de cheque possui valor
econômico, aferível pela provável utilização das cártulas para obtenção de vantagem ilícita por parte
de seus detentores, podendo ser objeto dos crimes de furto e receptação. (AgRg no HC 410.154/RS,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 11/10/2017).

● “Móvel”: Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Assim, imóveis não podem.

A subtração, núcleo do tipo do crime de furto, pode verificar-se em duas hipóteses. A primeira delas,
mais óbvia, dá-se quando o agente, sem qualquer autorização, apodera-se da coisa alheia e a leva embora,
causando, assim, prejuízo econômico à vítima, que fica despojada do bem que lhe pertence.
Existe furto, por exemplo, quando alguém se apodera de produtos na prateleira de um
supermercado, esconde-os sob a blusa e sai do local sem efetuar o devido pagamento no caixa; quando o
agente vê uma bicicleta estacionada na rua e sai com ela pedalando; quando a empregada doméstica se
apossa de um brinco da patroa e o leva para sua casa no fim do expediente; quando o agente vê uma máquina
de cortar grama no jardim de uma casa e ali adentra para levar o bem etc.
Já a segunda forma de subtração necessita de maior atenção para que não seja confundida com o
crime de apropriação indébita. É que, se a própria vítima entregar o objeto ao agente, mas não o autorizar a
deixar o local em sua posse, porém ele, sorrateiramente ou mediante fuga, tirar o bem dali, o crime será o
de furto. Em tal caso diz-se que a posse ou detenção eram vigiadas, e que o agente, ao levar o objeto, tirou-
o da esfera de vigilância do dono, cometendo, portanto, furto.
É o que ocorre, por exemplo, quando o funcionário do caixa de uma loja recebe dinheiro dos clientes
e leva os valores recebidos para casa, ou quando alguém recebe um livro para ler dentro de uma biblioteca
e o esconde na mochila levando-o embora do estabelecimento, ou, ainda, quando alguém pede para ver uma
joia dentro de uma loja e, ao recebê-la, sai correndo com ela.
Note-se que, para a posse ser considerada vigiada, basta que o agente tenha recebido o bem em
determinado local e que não tenha obtido autorização para dali sair com ele, pois, nesses casos, o agente,
para se locupletar, tem que tirar o objeto dali, e é exatamente isso que faz o crime de furto se estabelecer.
Para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja olhando para o agente, basta
que não o tenha autorizado a deixar o local na posse do bem.
É possível que haja posse vigiada até mesmo em local aberto (na rua, em uma praça). Ex.: pessoa
recebe uma blusa de um vendedor de rua (camelô) para experimentá-la e, quando está com a roupa no
corpo, sai correndo com ela. É necessário ressaltar, outrossim, que, como os casos de posse vigiada dão
origem ao crime de furto, por exclusão, apenas nas hipóteses em que a posse é desvigiada — e o agente não
restitui o bem — é que se configura o crime de apropriação indébita.
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O que pode causar algum estranhamento é o fato de o art. 168 do Código Penal, que define o crime
de apropriação indébita, referir-se genericamente ao ato de se apropriar de coisa alheia móvel da qual se
tem a posse ou detenção, sem fazer qualquer ressalva. Ocorre que, como a doutrina e a jurisprudência
firmaram entendimento de que posse vigiada dá origem ao crime de furto, restaram apenas ao crime de
apropriação indébita as hipóteses em que a posse ou detenção são desvigiadas, razão, aliás, que faz com que
doutrinadores realcem a quebra de confiança como característica da apropriação, na medida em que a
vítima, além de entregar o bem ao agente, autoriza que ele deixe o local em sua posse, acreditando em sua
boa-fé, porém vê-se despojada pela falta de restituição.
A distinção entre posse vigiada e desvigiada é a existência ou não de autorização para deixar
o local na posse do bem. Assim, quem recebe um carro emprestado de um amigo para fazer uma viagem
e depois não o devolve comete apropriação indébita (o amigo consentiu que o agente deixasse o local
na posse do veículo); quem aluga um carro e depois não o restitui também comete apropriação
(igualmente o agente saiu do estabelecimento com autorização para deixar o local); quem aluga um DVD em
locadora e depois não o devolve também comete apropriação indébita — repita-se que o fato de o dono do
estabelecimento saber para quem alugou o DVD não torna a posse vigiada, pois esse conceito significa única
e exclusivamente que a pessoa não tinha autorização para deixar o recinto e teve que tirar o bem do local
sem anuência para tanto. No caso do aluguel do DVD, havia essa autorização para deixar o local.

Tipo subjetivo
Trata-se do dolo, vontade de subtrair coisa alheia móvel e, em face da conduta de subtração, objeto
do dolo específico do autor do furto, é que se distingue o furto do crime estelionato (Art. 171 CP) e da
apropriação indébita (Art. 168 CP). O furto se caracteriza exatamente pela contrariedade ou
desconhecimento da vítima quanto a inversão da posse do bem no momento da subtração, ou seja, pelo
dissenso, expresso ou tácito, da vítima quanto a esta inversão de posse, enquanto nos demais crimes
patrimoniais mencionados (Estelionato e Apropriação indébita) a coisa é entregue voluntariamente pela
vítima ao autor do fato.
O furto possui ainda um elemento subjetivo especial, chamado de especial fim de agir, que se
consubstancia no termo “para si ou para outrem”, ou seja, para que se caracterize o furto, além do dolo de
subtrair coisa, deve haver o fim específico de assenhoreamento (animus furandi) do bem por parte do autor.
Desta forma, a ausência deste especial fim de agir faz com que o conhecido furto de uso não caracterize

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crime, e o fato seja considerado atípico, desde que fique demonstrado que o autor do fato pretendeu apenas
usar o bem, devolvendo-o voluntariamente e nas mesmas condições originais a seu proprietário.
O crime de exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 CP) em algumas hipóteses pode se
assemelhar ao furto, fazendo-se a distinção dos crimes através da análise do dolo pois, caso fique
demonstrado que a subtração do bem ocorreu em face da intenção do agente de satisfazer uma pretensão
legítima sua (Ex: recuperar a força seu próprio bem), não haverá furto, mas sim o crime de exercício
arbitrário.

Consumação e Tentativa

Classificação:
O furto é crime comum (pode ser perpetrado por qualquer pessoa), material (reclama inversão da
posse do bem móvel), doloso (necessidade de onimus furandi), que admite, em sua forma simples, acordo
de não persecução penal (artigo 28-A do CPP), suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95)
e fiança arbitrada pela autoridade policial (artigo 322 do Código de Processo Penal).

Momento consumativo
No que tange à consumação, há quatro correntes disputando a prevalência:
a) contrectatio: a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia,
dispensando o seu deslocamento;
b) amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e
pacífica;
c) ablatio: a consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-
la de um lugar para outro;
d) ilatio: para c-correr a consumação, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo ladrão para ser
mantida a salvo.
Acerca do momento consumativo do furto, é importante a leitura da tese 1 da edição 47 da
jurisprudência em teses do Superior Tribunal de Justiça (adotou-se a teoria da amotio):
1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de
tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
(Tese Julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 – TEMA 934).

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
O crime de furto é descrito no artigo 155 como a “subtração de coisa alheia móvel para si ou
para outrem”. A doutrina e a jurisprudência divergem sobre o momento consumativo do furto,
sendo certo que existem quatro teorias sobre o tema. O Superior Tribunal de Justiça já teve
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oportunidade de se manifestar sobre esse assunto.


Assinale a alternativa que demonstre a teoria adotada por esse Tribunal Superior.
A) furtatio
B) contrectacio
C) ilatio
D) apprehensio (amotio)
E) ablatio

R.: letra D.

Furto de uso
O agente se apodera de bem não consumível, com o intuito de usar e devolver a seu dono, há o
chamado furto de uso. Nessa situação o fato é formalmente atípico (por ausência de animus furandi – não
há a intenção de subtrair, portanto essa circunstância elementar não é adimplida).
Ex.: empregada que subtrai o vestido de festa da patroa para usá-lo em determinada ocasião e o
devolve em perfeito estado. No entanto, caso estrague ou não consiga restituir antes que a proprietária veja,
há discussão se haveria o crime de furto ou não, prevalecendo que sim.
O objeto material deve ser infungível. Com efeito, tratando-se de coisa fungível (exemplo: dinheiro),
sua utilização momentânea seguida de pronta e imediata restituição não afasta o delito. A devolução de
produto equivalente é irrelevante penalmente, pois no furto de uso a própria coisa subtraída deve ser
restituída. Pode caracterizar-se, todavia, o arrependimento posterior (CP, art. 16).
Quanto ao requisito subjetivo, é importante destacar que não se caracteriza o furto de uso quando
o agente subtrai a coisa com ânimo de assenhoreamento definitivo, e, após a consumação, arrepende-se e a
restitui ao ofendido. Em tal caso, a ele será imputado o crime de furto, incidindo, se a restituição da coisa
anteceder o recebimento da denúncia ou queixa, a diminuição da pena (1/3 a 2/3) em face do
arrependimento posterior, se presentes os requisitos exigidos pelo art. 16 do Código Penal.
É também fundamental a restituição do bem antes do descobrimento da subtração pela vítima. Em
verdade, se o titular da coisa móvel percebeu sua falta e comunicou o fato à autoridade pública, dá-se o furto
por consumado.
No tocante ao requisito objetivo, afasta-se o furto de uso quando a coisa subtraída é utilizada pelo
agente por relevante período, bem como quando vem a ser abandonada em local distante (exemplo:
automóvel deixado em outra cidade). De fato, a coisa deve ser devolvida em local no qual seja possível seu
titular exercer de imediato seu poder de disposição: se o sujeito a deixa em lugar longínquo, sem qualquer
aviso ao proprietário, assume o risco de que não se opere a restituição (pouco lhe importa se esta ocorre ou
não), e a hipótese se equipara à do larápio que, depois de assenhorear-se da coisa, decide abandoná-la, o
que não o exime da responsabilidade penal pelo furto.

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Exige-se, também, seja a coisa restituída integralmente e em seu estado original (livre de qualquer
espécie de dano), em si mesma e também em seus acessórios.
Requisitos:
✔ Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída;
✔ Ausência do animus de assenhoramento.
✔ Coisa não consumível (se for coisa consumível, nunca será possível restituir as mesmas coisas nos
mesmos moldes ao sujeito passivo);
✔ Restituição imediata e integral à vítima.
O delegado de polícia deve determinar diligências aptas a elucidar a real intenção do agente no caso
concreto (ainda que se trate de noticia coercitiva de crime). Exemplificamos: JOAO, funcionário de um lava-
Jato, sai para dar uma volta com sua namorada no carro de PEDRO, que havia deixado o veículo no
estabelecimento. Depois do passeio, JOÃO retorna ao lava-jato, procede à limpeza do veículo e o entrega
intacto e abastecido no final da tarde a PEDRO. Então: a intenção de JOÃO foi usar o veículo de PEDRO e
devolver a seu dono. Destarte, não houve animus furandi. O fato por ele praticado deve ser considerado
formalmente atípico.
Parte da doutrina entende não ser possível criar regra objetiva que impossibilite reconhecimento de
furto de uso se o autor for surpreendido com o bem móvel antes de devolvê-lo. Ainda que o bem móvel seja
encontrado na posse de terceiro, é preciso materializar diligências aptas a revelar a presença do animus
furandi para que seja possível imputação do crime tipificado no artigo 155 do Código Penal.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
O agente que, durante uma perseguição policial, tenha subtraído um veículo, sem emprego de
ameaça e violência, e, após quatro horas, tenha abandonado o veículo em local diferente de
onde foi feita a subtração não terá cometido crime, em razão da atipicidade do furto de uso.
R.: Errado. Conforme visto, o lapso temporal foi elevado e o bem foi restituído em lugar diverso
do qual foi subtraído, afastando assim o furto de uso.

Furto famélico
No chamado furto famélico, há estado de necessidade (artigo 24 do Código Penal) e o agente não
comete crime (exclui-se a antijuridicidade), por quanto há perigo atual não provocado pelo agente,
representado pela fome extrema. Como há sacrifício proporcional de bem jurídico (subtração de
patrimônio para saciar a fome e, assim, proteger a saúde/vida), não há prática delitiva.
Causa de aumento de pena: o § 1o do artigo 155 traz em seu bojo causa de aumento de pena (furto
praticado durante o repouso noturno).

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Mesmo que a casa/estabelecimento não esteja habitado no momento do crime, será possível a
incidência da majorante. Nesse sentido, decisão do Superior Tribunal de Justiça :

III - Incide a majorante prevista no do art.§ 1º do 155 do Código Penal, quando o


crime é cometido durante a madrugada, horário no qual a vigilância da vítima é
menos eficiente e seu patrimônio mais vulnerável, o que ocorre inclusive para
estabelecimentos comerciais. IV-A causa especial de aumento de pena do furto
cometido durante o repouso noturno pode se configurar mesmo quando o crime
é cometido em estabelecimento comercial ou residência desabitada, sendo
indiferente o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça (HC 501.072/SC, Rel. Ministro Felix
Fischer, Quinta Turma, julgado em 06/06/2019, Dje 11/06/2019).

Amigos concurseiros policiais, observem a divergência de entendimentos (STF e STJ):

A causa de aumento de pena do § 1º do art. 155 do CP, além de se aplicar para os


casos de furto simples (caput), pode também incidir nas hipóteses de furto
qualificado (§ 4º)?

Para o STJ: NÃO.


A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime
de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada
(§ 4º).
STJ. 3ª Seção. REsp 1.890.981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
25/05/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1087) (Info 738).

Para o STF: SIM


A causa de aumento do repouso noturno se coaduna com o furto qualificado quando
compatível com a situação fática.
STF. 1ª Turma. HC 180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020.

Fonte: Dizer o direito.

Obs: dificilmente tal tema cairá em prova objetiva, contudo, caso surja, observe o

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Tribunal ao qual o enunciado da questão faz referência. Já em subjetivas (discursivas e


orais) mencione os dois entendimentos (STF e STJ).

Veja o exemplo, adotando o entendimento veiculado pelo STF:


SI JOÃO, usando de chave falsa, adentrou na casa de PEDRO durante a madrugada e subtraiu os
relógios deste. Então: JOÃO cometeu crime de furto majorado/qualificado, portanto há incidência
simultânea da causa de aumento do § 1º do artigo 155 (cometeu o crime durante o repouso noturno) e
da qualificadora do inciso Ill do § 4º, do mesmo artigo (emprego de chave falsa).

1.2 Furto privilegiado

Para reconhecimento do furto privilegiado (artigo 155, §2º, do Código Penal) é preciso a
primariedade do agente e que a coisa subtraída seja de pequeno valor - nesse caso o juiz poderá: a)
substituir a pena de reclusão pela de detenção; b), diminuí-la de um a dois terços; ou c) aplicar somente
a pena de multa.
Nessa esteira, é fundamental a leitura das teses do Superior Tribunal de Justiça sobre o furto
privilegiado (edição 47 da jurisprudência em teses):

8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem


furtado tenha sido restituído à vítima, pois o critério legal para o reconhecimento
do privilégio é somente o pequeno valor da coisa subtraída. Comentário: a
restituição do bem subtraído pode significar, eventualmente, arrependimento
posterior, desde que adimplidos os requisitos do artigo 16 do Código Penal.
11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o
valor do bem subtraído não deve exceder à importância correspondente ao salário
mínimo vigente à época dos fatos.

O Superior Tribunal de Justiça entende que o valor de um salário mínimo (vigente à época dos fatos)
é o vetor para reconhecimento do "pequeno valor" descrito no § 2o do artigo 155 do Código Penal. Já no
que tange a valor insignificante a coisa subtraída deve ter no máximo o valor de 10% do salário mínimo
(vigente no tempo do crime).

COISA DE PEQUENO VALOR COISA DE VALOR INSIGNIFICANTE


Valor de até 100% do salário mínimo vigente à época Valor igual ou menor que 10% do salário mínimo
dos fatos. vigente à época dos fatos.

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13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do §


2o do art. 155 do CP exige expressa fundamentação por parte do magistrado.

Reconhecido o furto privilegiado (primariedade do agente + pequeno valor da coisa furtada), o juiz
deverá conceder ao réu um dos três benefícios desenhados no artigo § 2o do artigo 155 do Código Penal: a)
substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuir a pena de um a dois terços; ou c) aplicar somente
a pena de multa. A tese do STJ reclama fundamentação expressa, por parte do magistrado, para a escolha da
benesse.

Pequeno valor x valor insignificante


O furto de coisa de pequeno valor não se confunde com o furto de coisa de valor insignificante (como
já desenhado supra).
Em relação à primeira hipótese (furto de coisa de pequeno valor), será possível reconhecer furto
privilegiado (caso o réu seja primário). No que toca à segunda situação (furto de coisa de valor Insignificante),
será possível reconhecer a atipicidade material do fato.
Nesse sentido tese 9 da edição 47 da jurisprudência em teses do Superior Tribunal de Justiça:
9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção entre valor insignificante e
pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime e o segundo pode caracterizar o furto privilegiado.
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça entendem que, para a
configuração do delito de bagatela (bagatela própria em face da aplicação do princípio da
insignificância), devem estar presentes, de forma concomitante, os seguintes requisitos:
a) mínima ofensividade da conduta;
b) ausência de periculosidade do agente;
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e
d) inexpressividade da lesão jurídica

MEMORIZANDO

MARI: Mínima ofensividade da conduta; Ausência de


periculosidade do agente; Reduzido grau de
reprovabilidade do comportamento e
Inexpressividade da lesão jurídica.

Conforme mencionado anteriormente, é excepcionalmente possível o reconhecimento do


princípio da insignificância em relação ao reincidente:

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Penal. Habeas Corpus substitutivo de revisão criminal. Crime de Furto. Princípio


da Insignificância.
Acusado reincidente. Peculiaridades da causa que autorizam a concessão da
ordem de ofício. 1. A aplicação do princípio da insignificância envolve um juízo
amplo ("conglobante"), que vai além da simples aferição do resultado material
da conduta, abrangendo também a reincidência ou contumácia do agente,
elementos que, embora não determinantes, devem ser considerados.
2. O Plenário do STF, no julgamento do HC 123.734, Rel. Min. Luís Roberto
Barroso, explicitou as seguintes teses: (i) a reincidência não impede, por si só,
que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos
elementos do caso concreto; e (ii) na hipótese de o juiz da causa considerar
penal ou socialmente indesejável a aplicação do principio da insignificância por
furto, em situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção
privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial
aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, $ 28, c, do CP no caso concreto,
com base no princípio da proporcionalidade. 3. Situação concreta em que,
tendo em vista o princípio da proporcionalidade, e não obstante a reincidência
específica, deve ser reduzida a pena imposta ao paciente, substituída por duas
medidas restritiva de direitos. 4. Habeas Corpus não conhecido. Ordem con
cedida de ofício para diminuir a pena privativa de liberdade para 11 meses de
reclusão, substituída por duas medidas restritivas de direitos a serem fixadas
pelo Juízo de origem (STF - HC 137425, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em
11/09/2018)

"A prática de furto qualificado por escalada, arrombamento ou rompimento de


obstáculo, em concurso de pessoas e durante o repouso noturno, indica a especial
reprovabilidade da conduta, razão suficiente para afastar a aplicação do princípio
da insignificância". STJ, AgRg no HC 649.588/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 21/09/2021.

Acerca do furto de coisa de valor insignificante, cumpre fazer a leitura das teses do Superior Tribunal
de Justiça (edição 47 da jurisprudência em teses do STJ);

6) A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de


obstáculo ou concurso de agentes indica a reprovabilidade do comportamento do réu,
sendo inaplicável o princípio da insignificância.

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No entendimento do Superior Tribunal de Justiça, as qualificadoras da escalada, destreza, rompimento de


obstáculo ou concurso de agentes, inviabilizam o reconhecimento do princípio da insignificância, por intensa
reprovabilidade do comportamento do réu.

Exemplo: PEDRO, mediante escalada, subtraiu bem móvel orça do em R$ 50,00 da casa de JOÃO. Apesar
do valor insignificante da coisa subtraída, PEDRO não poderá ser beneficiado pelo reconhecimento do princípio
da bagatela (própria), porquanto presente a qualificadora da escalada. Caso ele seja primário, o juiz deve
reconhecer o furto privilegiado/qualificado (artigo 155, §§ 2° e 49, inciso II, do Código Penal), nos termos do
verbete 511 do Superior Tribunal de Justiça.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Não incide o princípio da insignificância na tipicidade material do delito de furto qualificado por
escalada, como, por exemplo, na hipótese de um agente pular um muro de dois metros de altura
e então subtrair um carregador de celular. (Correto)

7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do crime
o seu melo de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor.

Se o réu faz do crime o seu meio de vida (reiteração criminosa), significa que ele é perigoso ao tecido
social, razão pela qual não pode ser reconhecido o princípio da insignificância.

14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada in
significante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo
vigente à época dos fatos.

Como já declinado supra, o princípio da insignificância pode ser reconhecido quando o valor da coisa
subtraída não ultrapassar 10% do salário mínimo vigente no tempo do crime (momento da prática da
ação/omissão - artigo 49 do Código Penal).
Trata-se de vetor objetivo criado pelo Superior Tribunal de Justiça para aferição do princípio da
bagatela própria. Parte da doutrina entende que na prática, não há problema no delegado de polícia
(inclusive em noticia coercitiva de crime), a depender do caso concreto (e em decisão fundamentada), alargar
dito entendimento (para reconhecer o princípio da insignificância), caso ultrapassado o valor consignado na
tese estudada.

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15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de
concessão do privilégio (artigo 155, $ 29, do CP) ou do reconhecimento da
insignificância é a soma dos bens subtraídos.

Na continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal) há mais de uma ação/omissão com a prática de
mais de uma infração penal (por ficção jurídica e desde que adimplidos os requisitos desenhados no artigo
citado, aplica-se a pena de um dos crimes, com incidência de causa de aumento - exasperação). Nesse
cenário, o Tribunal da Cidadania (STJ) determina a soma dos valores dos bens subtraídos para aferição do
princípio da insignificância.
Furto privilegiado/qualificado: é possível reconhecer o chamado furto privilegiado/qualificado. Para
tanto, é necessário que se detecte primariedade do agente, pequeno valor da coisa furtada e incidência de
qualificadora de natureza objetiva, nos termos da Súmula 511/STJ (a única qualificadora que afasta a
incidência do verbete, por ser qualificadora de ordem subjetiva, é o abuso de confiança - inciso II do $ 4º do
artigo 155 do Código Penal):

Súmula 511/STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 29 do art.


155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva.

Furto de energia elétrica


Nos termos do § 3º do artigo 155 do Código Penal, a energia elétrica é equiparada a bem móvel.
Trata-se de crime permanente (vide artigo 303 do Código de Processo Penal).
Aqui (furto de energia elétrica), o Superior Tribunal de Justiça entendia que o pagamento do débito
antes do recebimento da denúncia ensejava a extinção da punibilidade.

Embora o valor estipulado à título de contraprestação de serviços públicos


essenciais - como a energia elétrica - não seja tributo, possui ele a natureza jurídica
de preço público, porquanto cobrado por concessionárias de serviços públicos, que
se assemelham aos próprios entes públicos concedentes, de maneira que o
pagamento do preço, antes do recebimento da denúncia, enseja a extinção da
punibilidade (precedentes), ressalva do entendimento pessoal do relator (Agint no
RHC 71.179/SC, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
16/02/2017, DJe 02/03/2017)

Contudo, o entendimento acima transcrito foi modificado no ano de 2018 na 5ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça, que passou a interpretar que o pagamento não mais configuraria extinção da
punibilidade, mas sim arrependimento posterior (artigo 16 do Código Penal). Salientamos que essa é a linha
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traça da pelo Código Penal – o furto é crime praticado sem violência/grave ameaça e a reparação do dano
até o recebimento da denúncia induz reconhecimento da causa de diminuição de pena
objetiva/obrigatória prevista no dispositivo citado - trata-se da “ponte de prata” do Direito Penal):
A impossibilidade de reconhecimento da extinção da punibilidade em face do pagamento do
valor devido no furto de energia elétrica, foi pacificada no Tribunal da Cidadania no julgamento do RHC
101299/RS, pela Terceira Seção da Corte (caso o pagamento voluntário seja feito pelo agente antes do
recebimento da denúncia, como dito supra, há arrependimento posterior).

Furto de energia elétrica x estelionato


O Superior Tribunal de Justiça diferencia o furto de energia elétrica do estelionato cometido em face
da adulteração do medidor de energia.
Em síntese, há furto quando há o "gato" – ligação direta da rede elétrica à casa, para que o agente
usufrua da energia sem nada pagar. Noutra banda, quando o agente adultera o medidor de energia para que
haja registro a menor do valor a ser pago, há crime de estelionato. Eis julgado que sintetiza o entendimento:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO CONHECIDO. ANÁLISE DO MÉRITO


RECURSAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ALTERAÇÃO NO MEDIDOR DE ENERGIA
ELÉTRICA. FRAUDE POR USO DE SUBSTÀNCIA. REDUÇÃO DO CONSUMO DE
ENERGIA.INDUZIMENTO A ERRO DA COMPANHIA ELÉTRICA, TIPICIDADE LEGAL,
ESTELIONATO. CONDENAÇÃO MANTIDA. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1.
Extrai-se dos autos que fraude empregada pelos agravantes - uso de material
transparente nas fases "q" e "b" do medidor - reduzia a quantidade de energia
registrada no relógio e, por consequência, a de consumo, gerando a obtenção de
vantagem ilícita 2. "No furto qualificado com fraude, o agente subtrai a coisa com
discordância presumida da vítima, sendo a fraude meio para retirar a res da esfera
de vigilância da vítima, enquanto no estelionato o autor obtém o bem através
de transferência empreendida pelo próprio ofendido por ter sido induzido em
erro". (Agng no REsp 1279802/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em 8/5/2012, DJe 15/5/2012) 3. O caso dos autos revela não se tratar da
figura do "gato" de energia elétrica, em que ha subtração e inversão da posse do
bem. Trata-se de prestação de serviço lícito, regular, com contraprestação
pecuniária, em que a medição da energia elétrica é alterada, como forma de burla
ao sistema de controle de consumo, - fraude -, por induzimento ao erro da
companhia de eletricidade, que mais se adequa à figura descrita no art. 171, do Comentado [1]:
Código Penal - CP (estelionato). 4. Recurso especial desprovido. (AREsp
1418119/DF, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
07/05/2019)

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Captação clandestina de sinal de televisão a cabo

O Superior Tribunal de Justiça possui alguns precedentes que enquadram a captação clandestina do
sinal de televisão a cabo como crime de furto. Eis alguns deles:

(...) Assim não fosse tomando -se por base apenas os fatos relatados na inicial do
mandamus impetrado na origem e no aresto objurgado, não se constata qualquer
ilegalidade passível de ser remediada por este Sodalício, pois o sinal de TV a cabo
pode ser equiparado à energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, $ 3º,
do Código Penal. Doutrina. Precedentes. 4. Recurso improvido (RHC 30.847/R), Rel.
Minis tro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe
04/09/2013).

O Supremo Tribunal Federal, contudo, possui precedente que considera o fato atípico:

(...) O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material
do delito previsto no art. 155, $ 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se
equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo.
Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir
lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam
partem), sob pena de violação do princípio constitucional da estrita legalidade.
Precedentes. Ordem concedida (HC 97261, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,
Segunda Turma, julgado em 12/04/2011).

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
João foi preso em flagrante por furto de sinal de TV a cabo. Sua conduta foi tipificada no delito
descrito no art. 155, §3º, do Código Penal, in verbis: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel. (...) Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico.
Nesse sentido, segundo o entendimento do Superior Tribunal Federal (STF), assinale a
alternativa correta. Alternativas:
A) A tipificação dada está equivocada, pois, com base no princípio da legalidade, é vedada
analogia in malam partem.
B) A tipificação dada está correta, sendo possível analogia ao tipo penal descrito, pois onde há
a mesma razão, deve haver a mesma disposição.
C) A tipificação dada está equivocada; a conduta de João é atípica, não estando descrita no
ordenamento.
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D) A tipificação dada está equivocada, pois ainda incidirá a qualificadora de o crime ser cometido
por meio de dispositivo eletrônico ou informático.
E) A tipificação dada está correta; o princípio da legalidade foi respeitado, justamente a
legalidade material, que determina a observância da mens legis
R.: letra A. Observem que a questão indica que a resposta deve estar em conformidade com o
entendimento do STF, o qual considera que sinal de tv a cabo não é energia, não podendo ser
tipificado como furto, em decorrência do princípio da legalidade estrita e da vedação a analogia
in malam partem.

Majorante do roubo no furto qualificado


De acordo com o Art. 157 § 2º II do CP o concurso de dois ou mais agentes é uma das causas de
aumento de pena (1/3 até a metade), diferentemente do que ocorre no crime de furto, em que a mesma
hipótese é tratada como circunstância qualificadora (Art. 155 § 4º IV CP – Pena: reclusão de 2 a 8 anos).
Essa distinção quanto ao tratamento da mesma hipótese de forma tão diferente nos dois crimes
patrimoniais, demonstra certa desproporcionalidade quanto à relevância da pluralidade de agentes nos
crimes de furto e de roubo.
Dessa forma, surgiram opiniões divergentes quanto a possibilidade de se aplicar ao crime de furto a
causa de aumento de pena (norma mais benéfica) referente ao crime de roubo, evitando assim essa
desproporcionalidade. Porém, resolvendo a divergência, o STJ através da súmula nº 442, afirma que: – “É
inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo”.

Monitoramento eletrônico x crime impossível


A existência de sistema de vigilância (seja por meio de monitoramento eletrônico, seja pela presença
de seguranças) não torna impossível a consumação do furto, nos termos da Súmula 567 do Superior Tribunal
de Justiça: Súmula 567/STI - Sistema de vigilancia realizado por monitoramento eletrônico ou por existência
de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do
crime de furto.

1.3 Furto qualificado

A primeira forma de furto qualificado está prevista no Art. 155, § 4º do CP, possuindo pena de
reclusão de 2 a 8 anos, além da multa, nas seguintes hipóteses:

I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

Para que se aplique a qualificadora a destruição, ou rompimento, esta não pode incidir na própria
coisa a ser subtraída (Ex: quebrar a janela do carro para subtraí-lo, não qualifica o furto), mas sim no
obstáculo que protege o bem a ser subtraído (Ex: quebrar a janela do carro para subtrair o rádio ou uma
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bolsa, qualifica o crime). A violação de domicílio (Art. 150, CP), sempre que constituir meio para o crime de
furto, por este será absorvida, através do furto qualificado pelo rompimento ou destruição de obstáculo, o
mesmo acontecendo quanto ao crime de dano (Art. 163, CP) realizado para viabilizar uma subtração.

II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

A) Abuso de confiança – única qualificadora de ordem subjetiva.


Segundo Cleber Masson: “Confiança é o sentimento de credibilidade ou de segurança que uma
pessoa deposita em outra. Cuida-se de circunstância subjetiva, incomunicável no concurso de pessoas, a teor
da regra delineada pelo art. 30 do Código Penal. Esta qualificadora consiste na traição, pelo agente, da
confiança que, oriunda de relações antecedentes entre ele e a vítima, faz com que o objeto material do furto
tenha sido deixado ou ficasse exposto ao seu fácil alcance”
Requisitos cumulativos do abuso de confiança:
∘ O agente tem uma especial confiança da vítima (tem que ser de verdade, pois caso o agente se
passe por um grande amigo da vítima pedindo dinheiro ao telefone, por exemplo, será a da
fraude),
∘ O agente se aproveita dessa confiança para subtrair a coisa (deve haver relação de causa e
efeito).
∘ Obs.: relação de emprego, por si só, não configura a qualificadora se não preencher os requisitos
acima. É preciso que haja uma verdadeira relação de confiança entre empregado e patrão.

#NOMENCLATURA: Inclusive, FAMULATO é o furto doméstico, praticado por empregados.

● Diferencia-se da apropriação indébita:


∘ Furto qualificado pelo abuso de confiança: o agente não detém a posse efetiva do bem, mas
pode ter simples contato com a coisa ou o que a doutrina chama de “posse vigiada”, abusando
da confiança para efetuar a subtração (o dolo de ficar com a coisa é antecedente à posse).
Apropriação indébita: o agente exerce a posse desvigiada do bem em nome de outrem e seu dolo
de ficar com a coisa é superveniente. Não há subtração, a coisa é entregue ao agente e ele não a restitui.

B) furto mediante fraude

O agente utiliza artifício para iludir a vítima, facilitando a subtração da coisa, o que não se confunde
com o

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crime de estelionato (Art. 171 CP), pois no estelionato a fraude é utilizada para que a vítima entregue a
coisa ao agente voluntariamente, enquanto no furto a fraude é utilizada para que o autor subtraia a coisa,
sem o conhecimento ou consenso da vítima.

CAIU EM PROVA RECENTE:


NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista
Suponha que um sujeito se passe por agente da vigilância sanitária para abordar comerciantes
e assim cobrar propina para não impor multas por supostas irregularidades encontradas nos
estabelecimentos comerciais. Tal conduta praticada pelo falso agente deverá ser tipificada
como:
Furto mediante fraude.
R.: Errado. A situação em tela indica o cometimento do crime de estelionato. Não há o emprego
de ardil ou artifício para que o autor possa realizar a subtração, mas sim, para que as próprias
vítimas entreguem o dinheiro (propina).

● Hipóteses casuísticas:

B.1) Falso test drive: subtração de veículo posto à venda mediante solicitação ardil de teste drive.

Prevalece que é furto mediante fraude, vez que não é dada a posse desvigiada do bem.
A posição do STJ é nesse sentido (Hc 8179/GO, STJ)

B.2) Cartão clonado: se o agente “engana” a “máquina”, ou seja, o caixa eletrônico, é furto mediante fraude,
vez que a fraude foi meio para a subtração, não havendo entrega livre do bem por “alguém”. Se o agente se
dirige a um estabelecimento bancário, por exemplo, e utiliza o cartão digitando a senha da vítima e obtém
valores em razão de enganar o funcionário, caracteriza estelionato, vez que a fraude foi contra alguém que
lhe entregou livremente os valores.

B.3) Fraude em compras: se o agente coloca um produto caro dentro de uma caixa de produtos baratos, por
exemplo, enganando o caixa acerca do conteúdo que está levando, é furto mediante fraude, já que o
funcionário não sabe nem deixou que a coisa fosse levada. No entanto, caso o agente troque os códigos de
barras de produtos, por exemplo, passando com eles normalmente no caixa e o funcionário não perceba a
troca de valores e permita a retirada dos bens, será estelionato, vez que não houve subtração.

B.4) Gerente de banco que falsifica assinaturas em cheques de titularidade de correntistas com os quais,
por sua função, mantinha relação de confiança→furto mediante fraude. – Inf. 453, STJ

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A Turma deu provimento ao recurso especial para subsumir a conduta do recorrido


ao delito de furto qualificado pela fraude (art. 155, § 4º, II, do CP), não ao de
estelionato (art. 171 do CP). In casu, o réu, como gerente de instituição financeira,
falsificou assinaturas em cheques de titularidade de correntistas com os quais, por
sua função, mantinha relação de confiança, o que possibilitou a subtração, sem
obstáculo, de valores que se encontravam depositados em nome deles. Para o Min.
Relator, a fraude foi utilizada para burlar a vigilância das vítimas, não para induzi-
las a entregar voluntariamente a res. REsp 1.173.194-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 26/10/2010.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Comete crime de furto mediante fraude o agente que utiliza de um artifício ou ardil para retirar
a vigilância da vítima e conseguir pegar a res furtiva. (Correto)

C) Escalada
A escalada aqui não significa, necessariamente, subir em algum lugar. Ou seja: não há altura definida,
podendo ser ao alto ou subterrâneo, como é o caso de túnel. (Ex. assalto ao Banco Central). O sentido de
escalada, para os fins do art. 155, § 4º, II do CP é o de transpor um difícil obstáculo.
Portanto, o furto qualificado pela escalada exige uma via de acesso anormal + esforço incomum.
Não importa se é por habilidade do agente ou por utilização de objetos auxiliares, mas é necessário
que haja um esforço considerável (ex.: muro de 1m não incide).
Observações importantes trazidas pela doutrina:
∘ Não pode haver outra opção de entrada.
∘ Não precisa entrar totalmente no local do crime.
∘ A tentativa exige, ao menos, o início da escalada.

Obs.: Furto de fios de cobre de postes: não incide, já que a escalada (a subida no poste) é via normal,
leia-se, essencial, para a possibilidade de subtração do bem.
Exige perícia do local, salvo impossibilidade de fazê-la, em razão da ausência de vestígios, hipótese
em que pode ser suprida pelo exame indireto.

O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo


(previstas no art. 155, § 4º, I e II, do CP) exige a realização do exame pericial, salvo
nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de vestígios, ou ainda se as
circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo

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Quanto à escalada, a jurisprudência do STJ entende que a incidência da


qualificadora prevista no art. 155, § 4º, inciso II, do Código Penal exige exame
pericial, somente admitindo-se prova indireta quando justificada a
impossibilidade de realização do laudo direito, o que não restou explicitado nos
autos. STJ. 5ª Turma. HC 508.935/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
30/05/2019. É imprescindível, para a constatação da qualificadora referente à
escalada no crime de furto, a realização do exame de corpo de delito, o qual pode
ser suprido pela prova testemunhal ou outro meio indireto somente quando os
vestígios tenham desaparecido por completo ou o lugar se tenha tornado impróprio
para a constatação dos peritos, o que não foi evidenciado nos autos. STJ. 6ª Turma.
HC 456.927/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 12/03/2019.

O STJ firmou orientação de ser imprescindível, nos termos dos arts. 158 e 167 do
CPP, a realização de exame pericial para o reconhecimento das qualificadoras de
escalada e arrombamento no caso do delito de furto (art. 155, § 4º, II, do CP),
quando os vestígios não tiverem desaparecido e puderem ser constatados pelos
peritos.
Contudo, excepcionalmente, pode-se dispensar a prova pericial quando estiverem
presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma inconteste.
No caso concreto, a circunstância qualificadora foi comprovada pela prova oral,
inclusive pela confissão do próprio réu, além da existência de laudo papiloscópico
que identificou impressões digitais no local apontado pela vítima como sendo o
local onde o réu pulou o muro.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1895487-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 26/04/2022 (Info 735).

d) Destreza
É uma especial habilidade que o agente possui para praticar a subtração da coisa portada pela vítima
sem que ela perceba, logo, entende-se que caso a vítima perceba que está sendo furtada, não se configura
esta qualificadora.

III – com emprego de chave falsa;

Chave falsa é qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, que o agente utilize para abrir
fechaduras ou mecanismo material de segurança, clandestinamente, sem causar danos ou sua destruição.

IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas

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Aqui se engloba todas as formas de concurso de pessoas, seja a coautoria ou a participação.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver


emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum

Através da Lei 13.654/18 foi criada uma nova forma qualificada prevista no § 4º-A do Art. 155 do CP,
que veio para aumentar de forma significativa a pena do furto qualificado, nesta hipótese, para reclusão de
04 a 10 anos. Esta alteração foi produto do crescimento desenfreado do crime de furto realizado com
emprego de explosivos ou de artefatos semelhantes, principalmente nos ataques a caixas eletrônicos em
bancos, o que demonstra que a necessidade do aumento de pena se deu em razão desta nova forma de
execução mais gravosa e reprovável.

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto


mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo.

A Lei 14.155/21 inseriu uma nova qualificadora para o crime de furto no § 4º-B do Art. 155 CP,
determinando que a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com
ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro
meio fraudulento análogo.
Além disso, de acordo com o novo § 4º-C do Art. 155 CP, inserido também pela Lei 14.155/21, pena
prevista no dispositivo anterior, devido à relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço)
a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
Há ainda outra forma qualificada de furto, prevista no Art. 155, § 5º, do CP que ocorre quando a
subtração for de veículo automotor e este venha a ser efetivamente transportado para outro Estado, ou
para o exterior, ou seja, embora haja divergência, sua caracterização depende da efetiva transposição dos
limites de fronteira estadual ou nacional e, neste caso, a pena será de reclusão de 3 a 8 anos.
Também se considera como crime de furto qualificado, previsto no Art. 155 § 6º do CP, quando a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração, sendo que para essa hipótese a pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Esta forma
qualificada, instituída pela Lei 13.330/2016, buscou a prevenção de uma forma muito comum de furto,
referente a animais de produção pecuária (p. ex: gado bovino e suíno), punindo de forma mais grave estas
condutas, em face do maior prejuízo causado, buscando coibir este tipo de comportamento cada vez mais
comum em zonas rurais.
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Foi acrescentado ainda, pela referida Lei 13.654/18, o § 7º ao Art. 155 do CP, que traz outra forma
qualificada para o crime de furto quando o crime for de subtração de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego, isso em face
da maior periculosidade destes itens, atribuindo-se ao fato uma pena abstrata de reclusão de 04 a 10 anos.
Por fim, importante ressaltar que, majoritariamente, a doutrina e a jurisprudência dominante
aceitam a aplicação do princípio da insignificância para a maioria dos furtos qualificados, isso de acordo com
a análise do caso concreto, e com o preenchimento dos requisitos deste princípio, para gerar atipicidade do
fato praticado.
Ação Penal

Por fim, a ação penal no crime de furto será pública incondicionada, salvo nas hipóteses previstas
no Art. 182 do CP, ou seja, crime praticado contra cônjuge separado, contra irmão, e ainda contra tio ou
sobrinho que coabitem, desde que observadas as condições do Art. 183 II e III do CP, em que,
excepcionalmente, a ação penal no furto (e nos demais crimes patrimoniais não violentos) será pública
condicionada à representação do ofendido.

FURTO DE COISA COMUM (ART. 156 CP)

Este crime consiste em subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum, ou seja, pune-se a subtração da coisa que pertence,
simultaneamente, a mais de uma pessoa. Importante lembrar que, não é punível a subtração de coisa
comum fungível, em que o valor subtraído não exceda a quota parte a que tem direito um dos agentes.
Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade especial do agente, qual seja, ser
condômino, o coerdeiro ou o sócio no que tange ao bem subtraído, sendo que, sua consumação e a tentativa
ocorrem da mesma forma que no crime de furto (Art. 155 CP). Assim, como ocorre no crime de furto (Art.
155 CP), este crime exige, além do dolo de subtração, a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo
especial) de ter o bem “para si ou para outrem” para que possa ser imputado ao agente.
O Art. 156 § 2º do CP, que traz uma hipótese de exclusão do crime, afirma que: “Não é punível a
subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente” e, de acordo
com a maioria da doutrina, apesar de o dispositivo falar em “isenção da pena”, trata-se de causa de exclusão
da antijuridicidade, sendo uma forma específica de exercício regular de direito. 2.2.2

Ação Penal

A ação penal no crime de furto de coisa comum será pública condicionada a representação, conforme
o Art. 156, § 1º CP.

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Lembrando que todas as qualificadoras do furto são objetivas e, por conseguinte, comunicáveis, com
exceção do abuso de confiança.

Esquematizando:
FURTO SIMPLES 1 a 4 anos e multa.

FURTO NOTURNO Aumento de 1/3

FURTO PRIVILEGIADO a) Substituir reclusão por detenção;


(pequeno valor + primariedade do agente) b) Diminuir de 1/3 a 2/3;
c) Apenas pena de multa.
FURTO QUALIFICADO 2 a 8 anos e multa

FURTO QUALIFICADO DE VEÍCULO COM 3 a 8 anos


TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRA

FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE 4 a 10 anos de reclusão e multa


EXPLOSIVO E FURTO DE SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS

FURTO DE SEMOVENTE DOMESTICÁVEL A multa continua esquecida


Pena de 2 a 5 anos

Na jurisprudência:

A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins
de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de
configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. Ex: João pegou um táxi. Ao final
da corrida, ele saiu do carro e disse que não iria pagar a corrida. O motorista
também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para que ele não fugisse sem quitar
o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu
no local. O agente não praticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do
CP). Isso porque não houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa
de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado
pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia
móvel”. O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um
golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir

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o animus furandi. Não se pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia
móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação dos
princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei penal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1757543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
24/09/2019 (Info 658)

Furto de “cofrinho” contendo R$ 4,80 de uma instituição de combate ao câncer,


mediante induzimento de filho de 9 anos
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor
pecuniário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a
participar do ato. STJ. 6ª Turma. RHC 93472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 622).

Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para furto simples como
qualificado
É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante
o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada
(art. 155, § 4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista
no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em
momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja
condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz
aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A
posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua
aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC
130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª
Turma. HC 306450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
4/12/2014 (Info 554).

Art. 102 do Estatuto do Idoso


Se o funcionário do banco recebe o cartão e a senha da idosa para auxiliá-la a sacar
um dinheiro do caixa eletrônico e, aproveitando a oportunidade, transfere quantias
para a sua conta pessoal, tal conduta configura o crime previsto no art. 102 do
Estatuto do Idoso. STJ. 6ª Turma. REsp 1358865-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 4/9/2014 (Info 547).

Subtrair objeto do interior do automóvel mediante quebra do vidro: furto


qualificado. A conduta de violar o automóvel, mediante a destruição do vidro para
que seja subtraído bem que se encontre em seu interior — no caso, um aparelho
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de som automotivo — configura o tipo penal de furto qualificado pelo rompimento


de obstáculo à subtração da coisa, previsto no art. 155, § 4º, inciso I, do CP. STJ. 5ª
Turma. AgRg no REsp 1364606-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 22/10/2013
(Info 532). STJ. 3ª Seção. EREsp 1079847/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção,
julgado em 22/05/2013.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
O agente que quebrar o vidro de um veículo para subtrair o automóvel incorre em crime de furto
qualificado pela destruição ou rompimento de obstáculo.
R.: Errado. O vidro só configura obstáculo à subtração no caso de bens diferentes do próprio
veículo, pois o vidro é parte integrante deste, não configurando a qualificadora quando o objeto
da subtração é danificado. Exemplo: o autor quebra o vidro do veículo para furtar aparelho
celular que se encontra sobre o banco (qualificadora configurada).

Furto e imunidade patrimonial


A coabitação, de que trata o art. 182, III do CP, significa residência conjunta quando
da prática do crime, o que não se confunde com a mera hospedagem, a qual tem
caráter temporário. STJ. 6ª Turma. REsp 1065086-RS, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 16/2/2012.

É possível o furto híbrido se a qualificadora for objetiva


Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art.
155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a
primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/06/2014.

Jurisprudência em Teses do STJ


EDIÇÃO N. 47: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - FURTO

1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por
breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada. (Recurso Repetitivo - Tema 934)

2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que


possam ser considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie.

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3) O rompimento ou destruição do vidro do automóvel com a finalidade de


subtrair objetos localizados em seu interior qualifica o furto.

4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são


abrangidos pelo conceito de chave falsa, incluindo as mixas.

5) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP


nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade
do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
(Súmula n. 511/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 561)

6) A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de


obstáculo ou concurso de agentes indica a reprovabilidade do comportamento do
réu, sendo inaplicável o princípio da insignificância.

7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do
crime o seu meio de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor.
Obs: essa tese representa a regra geral, o que não impede que, excepcionalmente,
a jurisprudência reconheça o princípio para réus reincidentes ou portadores de
maus antecedentes.

8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem


furtado tenha sido restituído à vítima, pois o critério legal para o reconhecimento
do privilégio é somente o pequeno valor da coisa subtraída.

9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção


entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime
e o segundo pode caracterizar o furto privilegiado.

10) É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a


majorante do roubo. (Súmula n. 442/STJ)

11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o


valor do bem subtraído não deve exceder à importância correspondente ao
salário mínimo vigente à época dos fatos.

12) O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo


- previstas no art. 155, § 4º, I e II, do CP - exige a realização do exame pericial,
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salvo nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de vestígios, ou ainda se


as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo.

13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do


§ 2º do art. 155 do CP exige expressa fundamentação por parte do magistrado.

14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada
insignificante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário
mínimo vigente à época dos fatos.

15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de
concessão do privilégio (artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da
insignificância é a soma dos bens subtraídos.
Atenção. O STJ tem decidido que, em regra, não se aplica o princípio da
insignificância em caso de continuidade delitiva:
A prática de crimes de furto em continuidade delitiva evidencia o maior grau de
reprovabilidade da conduta do agente, não admitindo a aplicação do princípio da
insignificância. Assim, o princípio da insignificância não tem aplicabilidade em casos
de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente, quando as instâncias
ordinárias entenderem ser tal medida recomendável diante das circunstâncias
concretas (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 396.667/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 06/12/2018).

2. ROUBO (ART. 157, CP)

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro

2.1 Conceito

O roubo constitui crime complexo, pois é composto por fatos que individualmente constituem
crimes. São eles: furto + constrangimento ilegal + lesão corporal leve, quando houver (as vias de fato ficam
absorvidas pelo constrangimento ilegal). Em que pesem tais crimes contra a pessoa integrarem o crime de
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roubo, este foi inserido no capítulo relativo aos crimes patrimoniais, tendo em vista que o escopo final
do agente é a subtração patrimonial.
Em virtude de o crime em estudo ser considerado complexo, tutela-se, além da posse e
propriedade, a integridade física e a liberdade individual.

2.2 Elementos Do Tipo

O Código Penal prevê o chamado roubo próprio e impróprio.


Classificação: o roubo é crime comum, material e doloso.
Momento consumativo: o crime se consuma com a inversão da posse do bem móvel alheio mediante
emprego de violência ou grave ameaça (teoria amotio), na forma da Súmula 582 do Superior Tribunal de
Justiça: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou
grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa rouba da, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Conduta proibida: no caput é possível identificar que o crime roubo (subtração da coisa alheia móvel)
pode ser cometido: a) mediante violência; b) mediante grave ameaça; c) depois de haver, por qualquer meio,
reduzido à impossibilidade a capacidade de resistência da vítima (violência imprópria).
Exemplo:

Em uma balada, MARIA convida JOÃO para juntos irem a um motel. Lá chegando,
sem que JOÃO perceba, MARIA mistura sonífero à bebida da vítima. JOÃO
adormece e MARIA subtrai todos os seus pertences. MARIA cometeu crime de
roubo (subtraiu bens móveis de JOÃO de pois de ter reduzido à impossibilidade a
sua capacidade de resistência). Trata-se do golpe conhecido como "boa noite
Cinderela”.

Roubo (com emprego de violência impropria) x arrependimento posterior:


Há na doutrina interessante discussão acerca da possibilidade de reconhecimento do
arrependimento posterior (ponte de prata) caso o roubo sela cometido com emprego de viole imprópria.
Como não há emprego de violência real, há entendimento doutrinário no sentido de possibilitar aplicação
da causa de diminuição de pena prevista no artigo 16 do CP, caso o autor do roubo com violência
imprópria restitua a coisa ou repare o dano voluntariamente até o recebimento da inicial acusatória.

2.3 Roubo próprio x roubo impróprio

O estudo das condutas tipificadas no caput e no § 1o do artigo 157 do CP, nos revela que há o roubo
próprio e o roubo impróprio (as penas são idênticas para ambos), conforme tabela abaixo:

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Roubo próprio (caput do artigo 157). O agente emprega violência ou grave ameaça e, após,
subtrai os bens móveis da vítima.
Roubo Impróprio (§ 1º do artigo 157) O agente subtrai os bens móveis da vítima e, após, para
garantir a impunidade ou a detenção da coisa, emprega violência ou grave ameaça contra a vítima.
A análise profícua das condutas acima transcritas revela que não é possível emprego de violência
imprópria no roubo impróprio (não há previsão no § 1º acerca da violência imprópria, somente no caput).

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

Princípio da insignificância (impossibilidade): não é possível reconhecer o princípio da insignificância


no crime de roubo (vez que se trata de crime patrimonial perpetrado com emprego de violência ou grave
ameaça).
Alterações promovidas pela Lei 13.654/18 e pelo Pacote Anticrime: o crime de roubo foi alterado pela Lei
13.654/18 e pelo Pacote Anticrime.

2.4 Consumação

a) Roubo próprio: ocorre mediante a violência (física, moral ou imprópria), no momento da inversão
da posse, quando o agente está atuando para subtrair a coisa.
b) Roubo impróprio: ocorre logo depois da subtração da coisa, quando o agente emprega violência
contra a pessoa ou a grave ameaça, para garantir a subtração e a posse do bem.

2.5 Tentativa

a) Roubo próprio: é admissível quando o agente é interrompido durante a subtração, mediante


violência ou grave ameaça, sem que tenha conseguido inverter a posse do bem.
b) Roubo impróprio: a tentativa é inadmissível (posição majoritária), pois a subtração do bem já terá
ocorrido, e o crime estará consumado (furto), quando da prática da violência posterior. Desta forma, ou
estará consumado apenas o crime de furto, caso o agente não chegue a conseguir praticar a violência ou
grave ameaça após subtrair o bem, ou se consumara o roubo com a violência ou ameaça realizada.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia Civil do Distrito Federal
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No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue o item que se segue.
Em se tratando do crime de roubo impróprio, embora seja ele material e plurissubsistente, não
se admite a tentativa, pois a consumação ocorre antes do emprego de grave ameaça ou
violência. (Errado)

R.: Errado. A doutrina majoritária é no sentido de que a tentativa de roubo impróprio é


inadmissível, justamente porque antes da prática da violência ou grave ameaça consuma-se o
crime de furto e não o de roubo impróprio. Havendo subtração, sem posterior violência ou grave
ameaça tem-se o furto consumado, com posterior violência ou grave ameaça tem-se o roubo
impróprio consumado.

Na Jurisprudência

Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e


destruição de fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de,
mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência,
configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação por
tentativa de roubo circunstanciado.
STJ. 5ª Turma. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
21/09/2021

ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO


Utiliza a violência/grave ameaça antes ou Utiliza a violência/grave ameaça após a
durante a subtração, objetivando alcançar a subtração, objetivando assegurar a
subtração do bem. impunidade do crime ou detenção da coisa.
Admite a violência imprópria (redução da Não admite a violência imprópria, somente a
capacidade de resistência da vítima) violência própria.

2.6 Roubo majorado ou circunstanciado (Art. 157, § 2º, do CP)

Com o advento da Lei 13.964/2019, buscou-se a correção da alteração legislativa anterior feita de
forma equivocada no crime de roubo, incluindo-se neste crime mais uma circunstância majorante da pena,
qual seja, o emprego de arma branca, prevista no parágrafo 2º inciso VII do Art. 157 do CP, enquanto o
emprego de arma de fogo permaneceu previsto no artigo 157, § 2º-A do CP que prevê o aumento de pena,
na fração de 2/3, para esta hipótese.
Vamos então a nova redação do Art. 157 do CP, com as mudanças promovidas pela Lei 13.964/19 no
que tange ao emprego de arma branca:

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Art. 157 do CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado - Lei 13.654/18);
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Lei 13.654/18)
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;

A pena do roubo será ainda majorada ainda, de acordo com o Art. 157 § 2º III do CP, se a vítima
estiver em serviço de transporte de valores, desde que o agente conheça tal circunstância, sendo que
o termo “transporte de valores” abrange todo tipo de bens e produtos que possuam valor econômico.
De acordo com Art. 157 § 2º IV do CP aumenta-se a pena do roubo se este se referir a subtração for
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Esta causa de
aumento do roubo se refere a um resultado que ocorrerá após a subtração do bem, qual seja, o transporte
do veículo automotor para outro Estado ou mesmo para outro país, e se fundamenta na maior dificuldade
de recuperação do bem pela vítima quando ocorre a transposição de fronteiras estaduais ou nacionais. Para
que ocorra a aplicação desta causa de aumento da pena são necessários dois requisitos cumulativos: que o
roubo seja de veículo automotor e que este veículo seja efetivamente transportado para outro Estado ou
para o exterior.
Quanto a causa de aumento referente ao autor que “mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade” (Art. 157 § 2º V do CP), esta somente terá incidência quando o agente se valer deste
expediente para facilitar a subtração do bem (Ex: prender a vítima em um cômodo da casa que rouba), ou
para impedir que seu ato seja descoberto, ou sua captura realizada (Ex: quando o agente leva consigo a
vítima de um roubo de carro, abandonando-a em uma estrada deserta, onde não possa avisar à polícia com
rapidez), mantendo a vítima com sua liberdade restringida por tempo relevante.
Caso contrário, havendo situação diversa em que ocorra a privação da liberdade da vítima, poderá
haver concurso de crimes entre o crime de roubo simples (majorado por causa diversa) com o crime de
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sequestro (Art. 148 CP), ou ainda incidir outro crime como a extorsão qualificada (Art. 158 § 3º CP) e até
mesmo a extorsão mediante sequestro (Art. 159 CP).
Desta forma, podemos resumir a questão inerente à restrição da liberdade da seguinte forma:
a) por poucos instantes: não incide a majorante no roubo, sendo roubo simples (Art. 157 CP).
b) por tempo juridicamente relevante: incide a majorante no roubo. (Art. 157 § 2º Inc. V CP)
c) por tempo relevante, sem relação com a execução ou garantia de fuga no roubo: não incide a
majorante, mas poderá haver também o crime de sequestro (Art. 148) em concurso com o de roubo simples,
ou até mesmo outro crime. (Art. 158 § 3º / Art. 159 CP)
No que se refere ao crime chamado de “sequestro relâmpago” (Ex: levar a vítima a caixas eletrônicos
para sacar dinheiro), na maioria das vezes esta conduta não configura roubo circunstanciado, pois está
tipificada de forma mais específica como crime de Extorsão qualificada (Art. 158 § 3º CP), já que, nestes
casos, a conduta da vítima (ex: digitar a senha) é imprescindível para que haja a inversão da posse do bem,
caracterizando, assim, o crime de extorsão.
Por fim, é importante lembrar que, de acordo com a maioria da doutrina, as causas de aumento de
pena do roubo não se aplicam ao crime de latrocínio e de roubo qualificado por lesão corporal grave, devido
a sua posição topográfica no código penal, e ainda que, de acordo com a súmula 443 do STJ: “o aumento na
terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não
sendo suficiente para sua exasperação a mera indicação do número de majorantes”.
O inciso I do § 1º do Art. 157 do CP, que previa o aumento da pena quando crime de roubo fosse
praticado com o emprego de arma (a jurisprudência e a doutrina entendiam que restava abrangido o
emprego de arma de fogo e de arma branca), foi revogado dando origem a uma nova causa de aumento de
pena mais rigorosa (2/3) prevista no Art. 157 § 2º-A, inciso I do CP , para o emprego de arma de fogo comum
sendo que, como este novo dispositivo estabeleceu como majorante do crime de roubo a hipótese em que
a violência ou ameaça seja exercida com emprego de arma de fogo, excluiu assim as demais espécies de
armas (armas brancas – p.ex. uma faca), algo que evidentemente gerou mais problemas do que soluções.
De acordo com esta mudança, operada pela Lei 13.654/18, o novo aumento de pena só seria aplicado
ao agente que praticar o roubo empregando para isto uma arma de fogo, tornando roubo simples as
condutas realizadas com as demais espécies de arma, que não sejam armas de fogo.
Dessa forma, essa alteração configurou uma evidente novatio leges in melius, ou seja, uma lei nova
mais benéfica para o agente que, por isso, poderá retroagir para beneficiar todos os agentes que foram
condenados anteriormente pelo roubo circunstanciado, em razão da utilização de uma arma branca
(princípio da retroatividade benéfica).
Diante deste problema, o pacote anticrime inseriu uma a nova causa de aumento de pena de um
terço até metade, para a hipótese de uso de arma branca para a prática do roubo, sendo que, obviamente
esta alteração também só poderá ser aplicada para os crimes de roubo cometidos após do início da vigência
da Lei 13.964/2019. Importante ressaltar que não se deve considerar a arma branca de brinquedo, ou mesmo
o simulacro de arma branca, para a incidência deste dispositivo, assim como também já não incidia a
majorante de emprego de arma de fogo para estas mesmas hipóteses, já que, em ambas as situações o
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objeto de brinquedo ou simulacro utilizado não configura propriamente uma arma com potencialidade lesiva
e, por isso, nestes casos, configura-se apenas o roubo simples pelo emprego de grave ameaça.
Embora ainda haja divergência a respeito do assunto, as chamadas armas impróprias como uma
garrafa, um espeto de churrasco, ou mesmo uma pedra ou caco de vidro, não permitem que seja aplicada a
nova majorante do emprego de “arma branca”, prevista o artigo 157, § 2º, VII do CP, já que se trata de uma
norma incriminadora de caráter punitivo que, por isso, deve ser interpretada restritivamente.
De uma forma geral, arma pode ser classificada em própria, ou seja, as que são criadas
exclusivamente com a finalidade de gerar agressão, ataques (arma de fogo, espada, lança), ou imprópria, ou
seja, aquelas que têm uma finalidade primária diferente, mas que podem ser utilizadas como armas (faca de
cozinha, martelo, picareta).
Para a incidência da causa de aumento de pena no crime de roubo, a arma de fogo deve ter sido
utilizada efetivamente como meio de constranger a vítima no momento da subtração do bem, e atualmente
é posição pacífica no STF e STJ que a arma desmuniciada, ou de brinquedo, não gera aumento de pena no
crime de roubo, devido à ausência de potencialidade lesiva.
Em regra, o porte de arma (de fogo) será absorvido pelo roubo, desde que se destine exclusivamente
à realização do crime patrimonial, porém, caso não haja o exaurimento da conduta de porte de arma no
roubo, não há que se falar em absorção (regra da consunção), mas sim em concurso material entre os crimes
de roubo Art. 157 do CP e os tipos penais previstos nos Arts.14 ou 16 da Lei nº 10.826/03 ou, em certos casos,
com o Art. 19 do Dec.-Lei nº 3.688/41.
No inciso II do Art. 157 § 2º-A do CP, inserido também pela Lei 13.654/18, foi prevista a mesma causa
de aumento de pena (2/3) para o roubo realizado com a destruição ou rompimento de obstáculo mediante
o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, seguindo a mesma lógica dos
crimes de furto qualificados pelo emprego destes modos de execução mais reprováveis.
Por fim, a nova Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) introduziu ainda o § 2º-B no artigo 157 do CP,
prevendo que a pena do roubo simples (reclusão, de 4 a 10 anos e multa), deve ser aplicada em dobro quando
empregada de arma de fogo de uso restrito ou proibido, o que, por também ser uma norma incriminadora,
só poderá ser aplicada para crimes cometidos posteriormente ao início de sua vigência: “Art. 157 § 2º-B CP
– Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-
se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.”

Desse modo, hoje temos três hipóteses que devem ser diferenciadas:
1) Roubo praticado mediante o emprego de arma branca: causa de aumento de 1/3 a ½.
2) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso permitido: causa de aumento de pena de
2/3.
3) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: aplica-se em dobro a
pena prevista no caput.

Vamos esquematizar as mudanças envolvendo arma para facilitar?


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ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA


ANTES DA LEI 13.654/2018 DEPOIS DA LEI 13.654/2018 DEPOIS DA LEI 13.964/2019
ATÉ A LEI 13.964/2019 (ATUALMENTE)
Tanto a arma de fogo como a Apenas o emprego de arma de Tanto a arma de fogo como a
arma branca eram causas de fogo é causa de aumento de arma branca são causas de
aumento de pena. pena. aumento de pena.
O emprego de arma branca não é
causa de aumento de pena (fica
capitulado no roubo simples)
O emprego de arma (seja de fogo, O emprego de arma de fogo é O emprego de arma branca é
seja branca) era punido com punido com aumento de 2/3 da punido com aumento de 1/3 até
aumento de 1/3 a 1/2 da pena. pena 1/2 (metade).

O emprego de arma de fogo é


punido com aumento de 2/3 da
pena.

O emprego de arma de fogo de


uso restrito ou proibido – aplica a
pena em dobro

ATENÇÃO: Lembre-se que, com o advento do Pacote Anticrime, o crime de roubo mediante a restrição
da liberdade da vítima e mediante o uso de arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido,
passaram a ser considerados crimes hediondos!

Na Jurisprudência:

Roubo circunstanciado pelo emprego de arma e desnecessidade de perícia:

É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que
incida a majorante do art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal?

NÃO. O reconhecimento da referida causa de aumento prescinde (dispensa) da


apreensão e da realização de perícia na arma, desde que o seu uso no roubo seja
provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou mesmo de
testemunhas.

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STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1076476/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
04/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 449102/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 09/10/2018.

Se, após o roubo, foi constatado que a arma estava desmuniciada no momento
do crime, incide mesmo assim a majorante?
STJ: NÃO. O emprego de arma de fogo desmuniciada tem o condão de configurar a
grave ameaça e tipificar o crime de roubo, no entanto NÃO É suficiente para
caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade
lesiva no momento da prática do crime (STJ. 5ª Turma. HC 449.697/SP, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 21/06/2018; STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC ,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/10/2015).

STF: SIM. É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a
majorante do roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077 , Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 06/08/2013).

Se a arma é apreendida e periciada, sendo constatada a sua inaptidão, não se


aplica a majorante do art. 157, § 2º-A, I, do CP
Se a arma é apreendida e periciada, sendo constatada a sua inaptidão para a
produção de disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º-A, I,
do CP, sendo considerado roubo simples (art. 157, caput, do CP). O legislador, ao
prever a majorante descrita no referido dispositivo, buscou punir com maior rigor
o indivíduo que empregou artefato apto a lesar a integridade física do ofendido,
representando perigo real, o que não ocorre na hipótese de instrumento
notadamente sem potencialidade lesiva. Assim, a utilização de arma de fogo que
não tenha potencial lesivo afasta a mencionada majorante, mas não a grave
ameaça, que constitui elemento do tipo “roubo” na sua forma simples. STJ. 6ª
Turma. HC 247669-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 4/12/2012.

A configuração da qualificadora prevista no art. 157, § 3.º, inciso I, do Código Penal


(roubo qualificado pelo resultado lesão corporal de natureza grave) pode ser
reconhecida ainda que não tenha sido confeccionado laudo pericial complementar
(Exemplo: prova testemunhal e exame de corpo de delito da vítima).
Ademais, as majorantes do crime de roubo aplicam-se somente aos roubos
próprios e impróprios.
Os roubos qualificados pela lesão corporal grave (inciso I, do § 3.º do art. 157) e
pelo resultado morte – latrocínio (inciso seguinte) constituem tipos derivados do
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roubo simples (próprio ou impróprio), com cominações particulares de penas


mínimas e máximas (7 a 18 anos mais multa e 20 a 30 anos mais multa,
respectivamente).
Por isso, o Código Penal dispôs esses tipos derivados do tipo básico no § 3.º do
art. 157, após as majorantes (causas especiais de aumento), previstas no § 2.º do
referido artigo.
Assim, não há, no Código Penal, a previsão do que seria o "roubo qualificado
circunstanciado".
STJ. 6ª Turma. HC 554.155/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2021.
Fonte: Dizer o direito.

2.7 Roubo qualificado (Art. 157, §3º, CP)

Se da violência resulta:.
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos;
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa
(LATROCÍNIO).

a) Introdução
Alterado pela Lei 13.654/2018, que aumentou a pena em caso de lesão grave (antes era de 7 a 15
anos) – devendo a nova lei mais gravosa ser aplicada somente aos fatos posteriores, e separou as duas
qualificadoras em incisos diferentes.

Lembrando que as qualificadoras previstas no §2º não são aplicadas


aqui!!!

Estes resultados podem ser dolosos ou culposos. NÃO SÃO NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSOS.
Porém, devem estar relacionados com a subtração. Em caso de desígnios autônomos, há concurso de roubo
com outros crimes, como o homicídio, por exemplo.
Latrocínio não é “roubo seguido de morte” como dizem por aí. É roubo qualificado pelo resultado
morte, que pode ocorrer antes ou depois da subtração, embora no mesmo contexto.
É imprescindível, no entanto, que DA VIOLÊNCIA EMPREGADA NO ROUBO, advenha a lesão corporal
grave ou a morte (aqui, não se admite que os resultados agravadores advenham da grave ameaça). Ex.:
pessoa sofre um ataque cardíaco em razão da grave ameaça. Nesse caso, não haverá o enquadramento no
tipo penal do latrocínio, devendo o agente responder por roubo agravado pelo emprego de arma em
concurso formal com homicídio culposo.

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Obs.: haverá roubo qualificado pela morte, ainda que a violência tenha sido empregada em face de
pessoa diversa da proprietária do bem (ex.: alguém foi ajudar a socorrer a vítima e morreu).

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: Para a caracterização do


latrocínio, é irrelevante que a pessoa morta em razão da violência empregada pelo agente não
seja a mesma que detinha a posse da coisa subtraída.

b) Requisitos
A doutrina aponta os seguintes requisitos para restar configurado o crime de latrocínio:
1) Que a morte seja decorrente da violência empregada pelo agente;
2) Que a violência causadora da morte tenha sido empregada durante o contexto fático do roubo;
3) Que haja nexo causal entre a violência provocadora da morte e o roubo em andamento
(violência empregada em razão do roubo).

c) Momento consumativo do latrocínio (de acordo com o STJ/STF):


● Subtração consumada e morte consumada = latrocínio consumado.
● Subtração tentada e morte tentada = tentativa de latrocínio.
● Subtração consumada e morte tentada = tentativa de latrocínio.
● Subtração tentada e morte consumada = latrocínio consumado (súmula 610 do STF).

SÚMULA 610, STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima.”

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia Civil
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Não há crime de latrocínio quando a vítima reage ao roubo e mata um dos comparsas do crime.
R.: Correto. No latrocínio (art. 157, § 3º, II, do CP) o que se veicula é a morte da vítima do roubo
e não dos autores. Em tese, a vítima não comete crime, por estar amparada por excludente de
ilicitude, no caso, legítima defesa (Art. 25 do CP).

Para que haja latrocínio tentado, não importa a natureza das lesões, podendo ser leves, graves ou
gravíssimas, desde que tenha sido demonstrado o animus necandi do agente (dolo de matar), não realizado
por circunstâncias alheias à sua vontade.

Latrocínio é o crime de roubo qualificado pelo resultado, em que o dolo inicial é o


de subtrair coisa, sendo que as lesões corporais ou a morte são decorrentes da
violência empregada. Embora haja divergência, prevalece no STJ que, se o agente
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consegue subtrair o bem da vítima, mas não tem êxito em matá-la, há tentativa de
latrocínio, desde que fique comprovado que havia dolo de subtrair e dolo de matar.
Por esta razão, a jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o crime de
latrocínio tentado se caracteriza independentemente da natureza das lesões
sofridas pela vítima (se leves, graves, gravíssimas), bastando que o agente, no
decorrer do roubo, tenha agido com o desígnio de matá-la. Assim, como a
gravidade das lesões experimentadas pela vítima não influencia para a
caracterização da tentativa de latrocínio, pouco importa que o laudo pericial que
atestou as lesões tenha irregularidades. STJ. 5ª Turma. HC 201175-MS, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013 (Info 521).

· Ex.1: O agente emprega violência contra a vítima querendo matá-la e, efetivamente, provoca a
morte. Responde por latrocínio consumado. O fato de a morte ter sido dolosa deve fazer o juiz aplicar
a pena acima do mínimo legal. Trata-se de hipótese em que o latrocínio não é preterdoloso.
· Ex.2: O sujeito emprega violência sem intenção de matar a vítima, porém, culposamente, dá causa
ao resultado. Responde também por latrocínio consumado. Em tal caso, o crime é considerado
preterdoloso.
· Ex.3: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima e efetivamente o faz.
Responde por roubo qualificado pela lesão grave. Ex.: disparo de arma de fogo na perna de vítima
que lhe provoca incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
· Ex.4: O agente emprega violência contra a vítima sem a intenção específica de lhe causar lesão grave,
mas culposamente, a provoca. Também responde por roubo qualificado pela lesão grave (hipótese
preterdolosa).
· Ex.5: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima, mas não consegue.
Responde pela tentativa de roubo qualificado pela lesão grave.
· Ex.6: O ladrão usa de violência querendo matar a vítima, mas não consegue atingir seu intento,
provocando apenas lesões graves. Para o STJ, responde tentativa de latrocínio, ainda que a vítima
sofra lesão de natureza grave.

Obs.: o STF possui 2 julgados antigos em sentido contrário. Para a Suprema Corte, se o ladrão atira
contra a vítima, querendo matá-la, e não consegue, mas ela sofre lesões corporais graves, neste caso, o
agente deveria responder por roubo majorado pela arma em concurso com tentativa de homicídio
qualificado pela conexão (art. 121, § 2º, V do CP).
· HC 91585, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgado em 16/09/2008.
· RHC 94775, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 07/04/2009.

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DICA: Em prova objetiva, aconselhamos a adotar a


posição do STJ.

CESPE: Para se caracterizar o crime de tentativa de latrocínio, é necessário aferir a gravidade das
lesões experimentadas pela vítima, não bastando a comprovação de atentado contra a vida da
vítima, no decorrer do roubo, ainda que comprovado o claro desígnio de matá-la (ERRADO).

d) Pluralidade de vítimas x 1 patrimônio:

Como tipificar o latrocínio se foi atingido um único patrimônio, mas houve pluralidade de mortes?
Ex.: Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que
deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal. João
foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou um único crime de
latrocínio?
∘ Para o STJ: ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso
formal impróprio de latrocínios.
∘ STF e doutrina majoritária: sendo atingido um único patrimônio, haverá apenas um crime de
latrocínio, independentemente do número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser
levado em consideração na fixação da pena-base (art. 59 do CP). É a posição também da doutrina
majoritária.

● Curiosidade: no CPM, a pluralidade de vítimas fatais no latrocínio caracteriza concurso de crimes,


ainda que a subtração patrimonial seja única.

e) Concurso de agentes e latrocínio:


Via de regra, todos os envolvidos respondem pelo latrocínio, ainda que apenas um dos assaltantes
tenha matado a vítima. Contudo, caso fique comprovado que um deles quis participar de apenas de crime
menos grave (roubo simples ou majorado, por exemplo), responderá apenas pelo roubo, podendo sua pena
ser aumentada de metade caso fosse previsível o resultado (art. 29, §2º do CP).

f) Continuidade delitiva x concurso de crimes


Apesar de o latrocínio ser uma forma qualificada do crime de roubo, a doutrina e a jurisprudência
não aceitam a configuração de crime continuado entre essas infrações penais, com o argumento de que o
latrocínio atinge um bem jurídico a mais do que o roubo simples (a vida humana), de modo que não podem
ser considerados crimes da mesma espécie, o que é requisito da continuação delitiva. Entre tais crimes,
existe, portanto, concurso material.
Ex.: dois indivíduos, após cometerem o latrocínio dentro de um banco, ao matar um segurança
durante um assalto ao estabelecimento, roubam o carro de um particular na saída da agência: “Concurso
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material. Latrocínio (roubo em banco e morte do agente policial) e o roubo de automóvel de particular, no
qual os réus fugiram”. STF – Rel. Néri da Silveira – RT 695/416.

g) Competência
O crime de latrocínio não é da competência do Tribunal do Júri porque não se trata de crime contra
a vida, mas sim contra o patrimônio, não obstante lesione também o bem jurídica vida. É o entendimento
consagrado pela Súmula 603 do Supremo Tribunal Federal

Súmula 603, STF. A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do


juiz singular e não do tribunal do júri.

h) Crime hediondo

Antes do advento do Pacote Anticrime, somente o latrocínio era considerado crime hediondo.
Contudo, com a inovação legislativa, o roubo qualificado pela lesão corporal grave também passou a ser
considerado crime hediondo (novatio legis in pejus):

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados


no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados
ou tentados:
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso
V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou
pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-
B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, §
3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

2.8 Concurso de causas de aumento do §2º e do §2º-A:

Conforme o STF (embora seja um critério criticado pela doutrina, em razão da falta de segurança
jurídica e discrepância que pode haver de um caso para outro a depender do magistrado), deve ser seguido
o artigo 68 do CP:

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Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas


na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

Como o termo é PODE, não é obrigatória a aplicação só de um. Assim, tem o magistrado duas opções:
1ª: Aumentar a pena em 2/3, já que a do §2º-A é a que mais aumenta e utilizar a hipótese do §2º
como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP) ou agravante (arts. 61 e 62).
2ª: Aplicar as duas causas de aumento de pena, situação em que o segundo aumento incidirá sobre
a pena já aumentada pela primeira causa.

Roubo praticado com o emprego de arma de fogo, sem que o agente possua porte de arma:
responde em concurso com o delito de porte ilegal?
R.: Em regra, não. Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime de
roubo circunstanciado, em razão do princípio da consunção, vez que é crime meio para o roubo. No entanto,
se ficarem constatados desígnios autônomos, contextos fáticos diversos, haverá concurso.

3. EXTORSÃO (ART. 158, CP)

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
o
§ 3 Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

a) Conceito: constrangimento de outrem, mediante violência ou grave ameaça, com o intuito


de obtenção de vantagem econômica indevida, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa.

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A conduta típica prevista no Art. 158 do CP prevê como crime de extorsão “Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.”
O crime de extorsão consiste no emprego de um constrangimento (mediante violência ou grave
ameaça) para a obtenção de uma vantagem econômica indevida, através de um comportamento da vítima
(ação ou omissão). Na verdade, trata-se de um constrangimento ilegal realizado com o fim específico de
obter essa vantagem, abrangendo assim diversos bens jurídicos tutelados (patrimônio, a liberdade individual
e a integridade corporal).
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de extorsão, tratando-se, portanto, de crime comum
já que o tipo penal não exige qualquer qualidade especial do sujeito ativo, porém, se a conduta for praticada
por funcionário público, no exercício da função, ou em razão dela, pode ser configurado o crime de concussão
(Art. 316, CP).
Podemos determinar algumas características básicas que diferenciam o crime de extorsão do crime
de roubo:
Roubo x Extorsão: se o bem for subtraído, o crime será de roubo. Se a vítima entregar o bem ao
agente, o delito poderá ser de roubo ou extorsão, a depender a imprescindibilidade da colaboração do
ofendido.

1) na extorsão a vítima deve atuar concedendo ela mesma a vantagem indevida ao autor, enquanto
no roubo o próprio agente subtrai a coisa, retirando o bem da esfera de domínio da vítima, mediante a
violência ou grave ameaça. Na extorsão o agente depende da colaboração da vítima.
2) na extorsão o mal (violência ou grave ameaça) anunciado é futuro, para que a vítima,
posteriormente, em seguida, conceda a vantagem indevida desejada pelo autor, enquanto no roubo
a subtração do bem se dá no momento da violência ou grave ameaça. No roubo o agente não
depende da colaboração da vítima, embora possa ocorrer / o agente busca vantagem imediata.

b) Bem jurídico tutelado: patrimônio e liberdade individual, além da integridade física e da vida no caso das
qualificadoras. Trata-se, portanto, de crime pluriofensivo.

A extorsão é crime pluriofensivo. A lei penal tutela o patrimônio, principalmente,


pois o delito está previsto entre os crimes contra o patrimônio, mas não se olvida
da integridade física e da liberdade individual, uma vez que para executá-lo o
sujeito se vale de grave ameaça ou violência à pessoa. (MASSON)

Roubo e Extorsão (pontos em comum)


São crimes contra o patrimônio
São praticados mediante violência ou grave ameaça

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Pena base de reclusão de quatro a dez anos e multa

d) Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o dono do bem.

● No caso do concurso de agentes a doutrina sustenta que aqui só são inclusos os executores, já que
usa o termo “cometido”.

e) Sujeito passivo: pessoa atingida em seu patrimônio (física ou jurídica) e pessoa vítima da violência ou
grave ameaça.
Pode haver mais de um sujeito passivo, na hipótese em que a pessoa vítima da violência ou da grave
ameaça for diversa da proprietária/possuidora do bem. Portanto, pode ser sujeito passivo:
∘ A pessoa atingida pela violência ou grave ameaça;
∘ A pessoa que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo;
∘ A pessoa que suporta o prejuízo patrimonial.

f) Elemento subjetivo: apenas dolo, com fim especial de agir.


● Intenção de obter, para si ou para outrem, vantagem econômica indevida.
● É imprescindível o intuito de obter a vantagem para si ou para outrem, incorporando a coisa ao
próprio patrimônio ou ao patrimônio alheio. Se não tiver a intenção de assenhoramento, será
enquadrado em crime diverso. Ex.: constrangimento ilegal (art. 146, CP).

g) Tipo objetivo: A extorsão somente pode ser praticada através de um constrangimento. Ex.: sujeito ativo
pratica um constrangimento para que o sujeito passivo adote um comportamento, ativo ou passivo, visando
a obtenção de uma vantagem indevida.
● Tem que existir nexo causal entre o constrangimento empregado e o comportamento adotado pela
vítima.
● Meios executórios:
∘ Violência (própria): vis corporalis – com atuação material sobre o corpo da vítima.
∘ Grave ameaça (violência moral): vis compulsiva – promessa de um mal grave
∘ A extorsão não pode ser praticada mediante violência imprópria (por outra forma de redução
da capacidade de resistência da vítima). No entanto, dentro da violência e da grave ameaça,
qualquer meio executório é admitido.

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Observações importantes:
∘ O mal prometido pelo agente pode ser justo ou injusto. Ex.: exigir vantagem econômica
ameaçando entregar a vítima à polícia em razão de um crime que efetivamente ela cometeu.
∘ O mal prometido pode ser inverídico, desde que seja suficiente para infundir o temor da
vítima.
∘ A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça de causar um prejuízo econômico à vítima.

Se o agente ameaça causar um prejuízo econômico à vítima, ainda assim haverá


extorsão? A grave ameaça prevista no art. 158 pode ser econômica? SIM. O STJ
decidiu que a extorsão pode ser feita mediante ameaça de causar um prejuízo
econômico. Assim, não se exige que a ameaça se dirija apenas contra a integridade
física ou moral da vítima. No caso concreto julgado, o agente estava com o carro da
vítima e exigiu que ela fizesse o pagamento a ele de determinada quantia em
dinheiro. Caso o pedido não fosse atendido, ele prometeu destruir o veículo. Dessa
forma, o STJ decidiu que pode configurar o crime de extorsão a exigência de
pagamento em troca da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de
destruição do bem. STJ. 5ª Turma. REsp 1207155-RS, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 7/11/2013 (Info 531).

STJ: O crime de extorsão consiste em "Constranger alguém, mediante violência ou


grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa" A ameaça de
causar um "mal espiritual" contra a vítima pode ser considerada como "grave
ameaça" para fins de configuração do crime de extorsão? SIM. Configura o delito
de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que submete vítima à grave
ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o
pagamento de vantagem econômica indevida. STJ. 6ª Turma. REsp 1.299.021-SP,
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/2/2017 (Info 598). Via Dizer o Direito.

h) Consumação: Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou resultado cortado

Para a doutrina, o crime se consuma no momento em que a vítima se sente constrangida a adotar o
comportamento determinado pelo agente, ainda que ele não obtenha a vantagem econômica indevida.
Assim, se o agente constrange a vítima e esta não adota o comportamento exigido, haverá tentativa de
extorsão.
Tentativa: é cabível por tratar-se de crime plurissubsistente, ou seja, a conduta pode ser fracionada
em dois ou mais atos.

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Súmula 96 do STJ “o crime de extorsão consuma-se independentemente da


obtenção da vantagem indevida”.

Não se consuma o crime de extorsão quando, apesar de ameaçada, a vítima não se


submete à vontade do criminoso, ou seja, não assume o comportamento exigido
pelo agente. Nesse caso, haverá tentativa de extorsão. STJ. 6ª Turma. REsp
1094888-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 21/8/2012 (Info 502).

Com o fito de facilitar a identificação da tentativa na extorsão, traremos os didáticos ensinamentos de Guilherme
de Souza Nucci, o qual divide o iter criminis na extorsão em 3 (três) estágios:

1.º) o agente constrange a vítima, valendo-se de violência ou grave ameaça;

2.º) a vítima age, por conta disso, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa;

3.º) o agente obtém a vantagem econômica almejada.

O último estágio (3º) é apenas configurador do seu objetivo (“com o intuito de...”), não sendo necessário estar
presente para concretizar a extorsão. Entretanto, o simples constrangimento, sem que a vítima atue, não passa
de uma tentativa. Para a consumação, portanto, cremos mais indicado atingir o segundo estágio, isto é,
quando a vítima cede ao constrangimento imposto e faz ou deixa de fazer algo.

LINK COM PROCESSO PENAL:


1 – COMPETÊNCIA:
Se o crime de extorsão se consuma com o comportamento passivo da vítima, a competência será firmada no
local onde a vítima adotar o comportamento exigido. Ex.: Golpe do falso sequestro: indivíduo, preso em SP,
liga para vítima no RJ e exige que esta efetue o pagamento para uma conta no PR. Caso a vítima efetivamente
efetue esse pagamento, a competência será da justiça do RJ, local onde ela adotou a conduta exigida pelo
agente. Não será a competência de onde saiu o constrangimento (SP) e nem de onde obteve a vantagem
indevida (PR).

2 – PRISÃO EM FLAGRANTE:

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Se o crime se consuma no momento em que a vítima adota o comportamento exigido pelo agente, o
momento da obtenção da vantagem econômica – se em momento posterior – não vai admitir a prisão em
flagrante.

3.1. Causas de aumento de pena:

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,


aumenta-se a pena de um terço até metade.

Ao contrário do que acontece no roubo, a jurisprudência ADMITE a aplicação das causas de aumento
de pena à extorsão qualificada.

O § 1º do art. 158 do CP prevê que se a extorsão é cometida por duas ou mais


pessoas, ou com emprego de arma, a pena deverá ser aumentada de um terço até
metade. Essa causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP pode ser aplicada
tanto para a extorsão simples (caput do art. 158) como também para o caso de
extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (§ 3º). Assim, é possível
que o agente seja condenado por extorsão pela restrição da liberdade da vítima (§
3º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena de 1/3 até 1/2 se o
crime foi cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma (§ 1º). STJ.
5ª Turma. REsp 1353693-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
13/9/2016 (Info 590).

a) Cometido por duas ou mais pessoas


● O verbo “cometer” exige que ambos tenham praticado o constrangimento, de modo que, para a
doutrina, o mero partícipe não é computado para o concurso de pessoas.
● Computa-se o inimputável e eventuais agentes não identificados
● A jurisprudência admite o concurso de crimes entre extorsão majorada pelo concurso de pessoas e
corrupção de menores ou associação criminosa, por se tratarem de bens jurídicos distintos.

b) Mediante o uso de arma


● Engloba arma de fogo e arma branca
● Lembrando que, quanto à arma de fogo, deve-se analisar a potencialidade lesiva. (ex.: arma
desmuniciada e arma de brinquedo).

3.2 Extorsão qualificada pela lesão corporal grave ou morte.

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§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo


anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a


quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
sem prejuízo da multa.

Crime de extorsão é qualificado:


(1) Pelo resultado lesão corporal grave ou
(2) Pelo resultado morte.

Lembrando que os resultados qualificadores devem advir da violência (própria) empregada a


extorsão!

● Obs.: Identidade total com o roubo qualificado: §2º remete ao disposto no §3º do
art. 157 – aplicam-se as mesmas considerações.

3.2 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (art. 158, §3º, CP) - 2009

Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária


para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa;
se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente
Trata-se do conhecido “sequestro relâmpago”. É uma modalidade qualificada de extorsão, que
admite outras qualificações (se resultar lesão grave ou morte).
Requisitos para o sequestro relâmpago:
✔ A vítima deve ter a sua liberdade de locomoção CERCEADA POR CERTO TEMPO, durante o qual
fica submetida ao poder do agente.
✔ A restrição da liberdade deve ser usada como FORMA DE COMPELIR A VÍTIMA A SATISFAZER A
PRETENSÃO DO AGENTE, somente alcançável através do comportamento daquela

Ocorre que a subtração com privação da liberdade da vítima, não configura apenas este tipo penal,
embora ele tenha sido criado com esse intuito. Temos três situações.

1) Roubo majorado: o agente subtrai mediante privação de liberdade da vítima, sendo que a
colaboração da vítima é dispensável;
2) Extorsão qualificada (158, §3º): o agente constrange a vítima a entregar a vantagem econômica
indevida, sendo esta colaboração indispensável para que atinja seu intuito.
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3) Extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP): que vai se diferir dos anteriores porque aqui a
privação da liberdade é o meio utilizado para fazer com que um TERCEIRO colabore e o agente
obtenha a vantagem (pagamento de resgate).

Já aproveitando o gancho: embora o tipo do artigo 159 diga mediante “sequestro”, envolve sequestro e
cárcere privado.

Vamos esquematizar as diferenças?

ROUBO com restrição da liberdade EXTORSÃO com restrição da liberdade


(art. 157, §2º, V) (art. 158 ,§3º)

A restrição da liberdade é o meio executório para: A restrição da liberdade é o meio executório para:

a) facilitar a execução do delito o agente se vale da Conseguir constranger a vítima, obrigando-a a


privação da liberdade da vítima para conquistar maior realizar um comportamento que é imprescindível
facilidade na subtração. Ex: Prender a vítima em um para a satisfação da pretensão do sujeito ativo.
cômodo da casa que rouba.

b) garantir a impunidade: impedir que seu ato seja


descoberto ou sua captura. Ex: Sujeito leva consigo a
vítima de um roubo de automóvel, abandonando-a em
uma estrada deserta, onde não possa avisar à polícia O comportamento da vítima é
com rapidez. imprescindível/indispensável. para o alcance do
desiderato criminoso
O comportamento da vítima é prescindível/dispensável
para o alcance do desiderato criminoso
Ex: Sujeito obriga a pessoa a entregar a sua carteira. Ex: Sujeito obriga a vítima a entregar sua senha do
Neste caso, mesmo que a vítima não entregue, o banco para subtrair dinheiro. Neste caso, caso o
agente pode tomá-la. sujeito não dê a senha, o agente não poderá obter
o dinheiro.

EXTORSÃO QUALIFICADA COM RESTRIÇÃO DA EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO


LIBERDADE (ART. 158 ,§3º) (ART. 159, CP)

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A vantagem perseguida pelo agente deve ser A vantagem perseguida pelo agente é prestada
prestada pelo próprio constrangido, por aquele por 3º, por pessoa diversa daquela que tem sua
que teve sua liberdade restringida. liberdade ambulatorial cerceada.

“O agente, dependendo da colaboração da “O agente, privando a vítima de seu direito de


vítima para alcançar a vantagem econômica ambulação, condiciona sua liberdade ao
visada, priva o ofendido de sua liberdade pelo pagamento de resgate a ser efetivado pro
tempo necessário até a concretização do seu terceira pessoa”.
locupletamento.”

EXTORSÃO QUALIFICADA COM RESTRIÇÃO CONCURSO DE CRIMES ENTRE EXTORSÃO


DA LIBERDADE SIMPLES E SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO
(ART. 158 ,§3º)
A restrição da liberdade é meio para que o Quando a privação da liberdade da vítima não
agente obtenha a vantagem econômica servir para a prática da extorsão.

Exemplo: cerceamento da liberdade após a


consumação da extorsão.

ATENÇÃO! Hediondez após o advento do Pacote Anticrime!

Art. 1º, III, Lei 8072/90 - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);

Art. 158:
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior.

§ 3o - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa


condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

§ 3º - Se da violência resulta:
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos

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ANTES DA LEI 13.964/2019 DEPOIS DA LEI 13.964/2019


Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o)
(1) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade
Ou seja: da vítima,
(1) Extorsão simples com resultado morte (art. (2) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade
158, §2º) é crime hediondo. da vítima com ocorrência de lesão corporal
(3) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade
(2) Qualquer extorsão que resulte lesão corporal da vítima com morte
não é hediondo.

São crimes hediondos:

A) A extorsão com privação da liberdade, pura e simplesmente, já é hedionda:


A norma não menciona que a extorsão mediante privação COM resultado lesão corporal ou morte é
crime hediondo: ao invés da palavra “com”, usa vírgula para separar os termos. Isso significa que a extorsão
com privação da liberdade, pura e simplesmente, já é hedionda.

B) Extorsão com privação da liberdade + lesão corporal grave


O termo “lesão corporal” refere-se à lesão grave (adjetivo omitido pelo legislador), uma vez que
eventuais lesões leves oriundas da extorsão violenta são absorvidas pelo crime patrimonial.

C) Extorsão com privação da liberdade + morte


E, caso ocorram os resultados lesão corporal e morte, também serão crimes hediondos. Não por
outro motivo, à identificação do crime se segue uma referência genérica ao artigo 158, § 3º, onde
encontramos todas essas hipóteses normativas.

Obs.: Crítica da doutrina: A extorsão com restrição da liberdade da vítima sem resultados especialmente
agravadores (ou seja, sem que produza morte ou lesão corporal grave) tem pena de 6 a 12 anos de reclusão
(§ 3º) e é considerado hediondo. Ao passo que a extorsão qualificada pelo resultado prevista no § 2º é mais
grave (Quando há lesão grave, a pena é de 7 a 18 anos; quando há morte, reclusão, de 20 a 30 anos), e não
é considerado hediondo. Há, portanto, uma evidente violação ao princípio da proporcionalidade.

EXTORSÃO EXTORSÃO EXTORSÃO SEQUESTRO SEQUESTRO


SIMPLES MAJORADA QUALIFICADA RELAMPAGO RELÂMPAGO
QUALIFCADO

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4 a 10 anos de Aumenta de 1/3 a Resultado LC grave: Sequestro mediante a Resultado LC


reclusão e 1/2 7 a 15 anos e multa restrição de liberdade grave: 16 a 24
multa ⦁ Uso de arma da vítima. anos (sem multa)
⦁ concurso de Resultado morte:
pessoas 20 a 30 anos e 6 a 12 anos e multa Resultado morte:
multa 24 a 30 anos (sem
multa)

4. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159)

Extorsão mediante seqüestro


Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de
25.7.90
Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à
autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços.

a) Conceito: Trata-se de forma qualificada da extorsão, em que o meio executório – o cerceamento da


liberdade de locomoção da vítima como forma de haver o recebimento de uma quantia por seu resgate –
empresta maior reprovabilidade à sua conduta.

b) Bem jurídico tutelado: crime pluriofensivo:


✔ Patrimônio alheio
✔ Liberdade individual (sequestro)
✔ Integridade corporal e saúde
✔ Vida

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c) Objeto material:
● Patrimônio lesado pela conduta
● A pessoa que sofre ataque à sua liberdade individual ao ser sequestrada (Pode ser pessoa diversa
daquela que tem seu patrimônio violado).

Sequestro de animal com o fim de obter de alguém vantagem indevida como resgate configura
extorsão mediante sequestro?
R: NÃO! O crime é apenas o de extorsão do art. 158, caput, do CP. A vítima do 158 é “alguém”, pessoa.
Do 159 fala expressamente em pessoa. Assim, animal não pode ser vítima de sequestro.

d) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo – crime comum
● Sujeito passivo – crime comum

Obs.: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo – quando o prejuízo patrimonial recai na pessoa jurídica

e) Conduta: núcleo verbal é SEQUESTRAR


● Crime de forma livre: qualquer forma de execução para alcançar o cerceamento da liberdade é
admitida
● Para a capitulação é irrelevante se há ou não deslocamento espacial da vítima (arrebatamento ou
retenção)

Cuidado com a qualificadora do §1º: + de 24h – importa o tempo de privação de liberdade, não o
tempo em que o resgate foi pago; menor de 18 – quando iniciada a conduta; maior de 60 – quando
cessada a conduta.

f) Tipicidade subjetiva: Dolo + Elemento subjetivo Especial


● Dolo - vontade livre e consciente de privar alguém de sua liberdade individual
● Elemento subjetivo especial - “com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate”

É o especial fim de agir que diferencia o crime de extorsão mediante sequestro e o crime de sequestro
ou cárcere privado, que não tem outra finalidade especial a não ser o cerceamento do direito ambular da
vítima.

g) Consumação e tentativa:
● CRIME PERMANENTE - Sua consumação se inicia quando ocorre a privação da liberdade da vítima,
perdurando durante todo o tempo de cerceamento.
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● CRIME FORMAL - não se exige que o agente alcance a vantagem pretendida, basta agir com tal
intenção
● CRIME PLURISSUBSISTENTE – admite tentativa. Enquanto não houver submissão da vítima ao poder
do agente, será apenas tentativa.

4.1 Extorsão mediante sequestro qualificada

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é


menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de
25.7.1990)
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,
de 25.7.1990)

1) Se o sequestro dura MAIS de 24 horas

2) Se o sequestrado é MENOR de 18 anos ou MAIOR de 60 anos


⋅ Extorsão mediante sequestro é crime permanente, assim, caso a pessoa aniversarie durante
o cativeiro, vindo a completar os sessenta anos exigidos na lei, o crime será qualificado.

3) Crime for cometido por bando ou quadrilha


⋅ Lê-se: se for cometido por associação criminosa (art. 288, CP).
⋅ Lembrando que há uma associação criminosa (quadrilha ou bando) quando três ou mais
pessoas se reúnem voluntária e conscientemente, de forma estável e permanente, para o
fim de cometer uma série de crimes (no caso, extorsões mediante sequestro).
⋅ Obs.: É possível haver concurso de crimes entre extorsão mediante sequestro qualificada
com associação criminosa. Essa é a opinião majoritariamente difundida, inclusive no STF:

“A condenação pelos crimes de sequestro qualificado (art. 159, § 1º, do CP) em


concurso material com o de quadrilha (art. 288, com redação anterior à Lei nº
12.850/2013) não configura bis in idem. Da diversidade entre os bens jurídicos
tutelados pelas normas penais decorre a autonomia dos delitos e das
circunstâncias que os qualificam, sem que se possa cogitar de qualquer relação
de dependência ou de subordinação entre eles”.
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4) Se resulta lesão corporal de natureza grave: Causas da lesão corporal grave:


1ª) Maus tratos impostos pelo criminoso,
2ª) Pela natureza da atividade criminosa
3ª) Pelo modo de execução.

5) Se resulta morte
Obs.: Para a doutrina majoritária, tanto na extorsão mediante sequestro qualificada pela lesão corporal
grave como qualificada pela morte, é imprescindível que:
(1) Que o resultado qualificador se produza em face da pessoa sequestrada.
(2) Que o resultado lesivo ocorra no contexto do crime patrimonial

Obs.: Previsão específica de delação premiada no §4º. Todos os requisitos lá listados são cumulativos.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à


autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)

4.2 Hediondez do crime de extorsão mediante sequestro:

São crimes hediondos: Art. 1º, IV da Lei 8072/90:


1) Crime de extorsão mediante sequestro simples
2) Crime de extorsão mediante sequestro qualificado.

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Durante a madrugada, o telefone fixo da residência de Gaia toca e, preocupada com seu filho, Hipério, a
ligação é atendida com a frase “Hipério, você está bem?”. O chamador, Fobos, afirma que o bem-estar de
Hipério dependerá do comportamento dela, já que o tem subjugado. Passa, então, a exigir o pagamento de
resgate, passando as orientações para que Gaia deposite R$ 10.000,00 na conta de uma terceira pessoa.
Gaia, extremamente aflita, sucumbe à exigência, fazendo a transferência do valor, sem saber que, na
verdade, Hipério estava completamente a salvo, apenas dormindo na calçada da sua residência, haja vista o
excesso no consumo de bebida alcoólica.
Diante de tal quadro, Fobos deverá responder por:

A-furto mediante fraude;


B-roubo próprio;
C-extorsão;
D-extorsão mediante sequestro;
E-estelionato.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Durante evento no Maracanã, Hefesto, aproveitando-se da grande aglomeração de pessoas, esbarra em
Hera, utilizando esse impacto como distração para subtrair, para si, um aparelho de telefone celular e uma
carteira, contendo dinheiro e cartões. Atento à dinâmica e percebendo a subtração, Kratos se pronuncia para
interceptar a fuga de Hefesto. Ocorre que, ao se aproximar e dar a ordem de parada, Kratos sofre diversas
agressões por parte de Hefesto, consistentes em socos e um chute que o derruba ao solo. Hefesto só é
capturado meia hora depois, quando tentava revender o aparelho subtraído.
Diante desse cenário, é correto afirmar que Hefesto deverá responder por:

A-furto qualificado pela destreza e lesões corporais leves;


B-furto simples e lesões corporais leves;
C-roubo próprio;
D-roubo impróprio;
E-roubo majorado.

3 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Hermes, funcionário de uma empresa expressa de correspondência, documentos e objetos, que oferece
ainda serviços de logística, recebe da empresa um automóvel, para fazer as entregas, sendo autorizado a
permanecer com o veículo fora do horário do expediente, fazendo a locomoção entre sua residência e o
trabalho e vice-versa. Durante o período da pandemia, com a diminuição da circulação de pessoas, Hermes
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vende o veículo para Apollo, terceiro de boa-fé, permanecendo com o valor recebido para despesas pessoais
e aquisição de itens do seu interesse.
Hermes deverá responder por:

A-furto simples;
B-furto mediante fraude;
C-peculato-furto;
D-peculato-desvio;
E-apropriação indébita.

4 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Depois de furtar bem de valor considerável, Hades aliena-o para Zeus, incauto consumidor e desconhecedor
de sua origem ilícita. Nessa hipótese, Hades deverá responder por:

A-crime único de estelionato de disposição de coisa alheia como própria;


B-estelionato de disposição de coisa alheia como própria em concurso material com furto;
C-estelionato de disposição de coisa alheia como própria em concurso formal próprio com furto;
D-estelionato de disposição de coisa alheia como própria em concurso formal impróprio com furto;
E-crime único de furto.

5 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Determinado agente pratica o furto de bem pertencente a um casal, casado sob o regime de comunhão de
bens, consistente em uma pequena estátua de bronze, avaliada em R$ 3.000,00, que reproduz marido e
mulher de mãos dadas.
O referido agente deverá responder por:

A-dois furtos, em concurso material;


B-dois furtos, em concurso formal perfeito;
C-dois furtos, em concurso formal imperfeito;
D-um furto, em continuidade delitiva;
E-um furto, sem concurso ou continuidade.

6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Não há crime de latrocínio quando a vítima reage ao roubo e mata um dos comparsas do crime.

Certo
Errado
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7 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
O agente que, durante uma perseguição policial, tenha subtraído um veículo, sem emprego de ameaça e
violência, e, após quatro horas, tenha abandonado o veículo em local diferente de onde foi feita a subtração
não terá cometido crime, em razão da atipicidade do furto de uso.

Certo
Errado

8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Comete crime de furto mediante fraude o agente que utiliza de um artifício ou ardil para retirar a vigilância
da vítima e conseguir pegar a res furtiva.

Certo
Errado

9- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Agenor conduzia sua motocicleta em via pública sem usar capacete quando foi parado e abordado, em
blitz, pelo agente de trânsito Roberto, funcionário público do Departamento de Trânsito (DETRAN). Para que
não fosse multado pelo agente, Agenor prometeu a Roberto vantagem indevida, comprometendo-se a
entregar 400 reais ao agente na semana seguinte ao ocorrido.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Roberto incorrerá em crime de extorsão se empregar violência ou grave ameaça para exigir o dinheiro
prometido, caso este tenha sido aceito, mas não tenha sido pago.

Certo
Errado

10 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Crime de estelionato que seja cometido contra pessoa idosa que tenha 62 anos de idade na data do fato
somente se procede mediante representação da vítima.

Certo
Errado
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Respostas1

1
1: C 2: D 3: E 4: B 5: E 6: C 7: E 8: C 9: C 10: C
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META 2

DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO
ESTUDADO, VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES
DO CONCURSO, MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

CF/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 6º, 32 e 37 da lei 8987/95
⦁ Art. 3º e 58, da Lei 8666/93
⦁ Art. 2º, 50, 53 e 54 da Lei 9784/99

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 37, caput e §1º, CF/88 (importantíssimo!)
⦁ Art. 5º, LV e LX
⦁ Art. 6º, §1º e §3º lei 8987/95
⦁ Art. 2º, caput da Lei 9784/99 (análise comparativa com o art. 37, caput da CF/88 e art. 3º da
Lei 8666/93)
⦁ Art. 53 da Lei 9784/99

1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

O Direito Administrativo compõe o ramo do Direito Público, pois tem como características e
princípios marcantes a Supremacia do Interesse Público (relações jurídicas verticalizadas), a
Indisponibilidade do Interesse Público e a Legalidade.

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Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, o Direito Administrativo nasceu em fins do século XVIII e início
do século XIX, não significando que inexistissem anteriormente normas administrativas, uma vez que onde
quer que exista o Estado existem órgãos encarregados do exercício de funções administrativas.
Nesse sentido, o Estado é pessoa jurídica de direito público, ainda que atuando na seara do Direito
privado. Assim, o Estado pode atuar no direito público ou no direito privado; no entanto, sempre ostenta a
qualidade de PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO
O Direito Administrativo tem por objeto as relações por ele disciplinadas, a saber:

a) relações internas entre órgãos e entidades administrativas;


b) relações entre a administração e seus agentes;
c) relações entre a administração e os seus administrados;
d) atividades administrativas exercidas por prestadores de serviços públicos.

2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

● Administração Patrimonialista: Não havia diferença entre os interesses pessoais dos agentes públicos
e os interesses da própria administração;
● Administração Burocrática: Superou o patrimonialismo ao adotar o princípio da impessoalidade.
Foram criados rígidos controles sobre a atuação dos agentes públicos. Formou-se a burocracia, onde
os agentes públicos devem obedecer aos procedimentos determinados e a rígida hierarquia e a
separação de funções;
● Administração Gerencial: É o modelo adotado na Administração moderna. Busca superar o modelo
burocrático por meio da adoção do princípio da eficiência, que tem as seguintes consequências
principais:
∘ Utilização do controle de resultados substituindo o controle de meios;
∘ Maior autonomia dos agentes/órgãos/entidades públicas;
∘ Serviço orientado para o cidadão;
∘ Utilização de indicadores de desempenho.

3. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO

O direito administrativo é ramo jurídico, e como tal, se dedica ao estudo das regras e normas, sendo
caracterizada como ciência normativa, impositiva que define os limites dentro dos quais a gestão pública
pode ser executada. Várias foram as correntes/teorias que buscaram definir o direito administrativo. Nessa
linha, vejamos as principais delas:

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a) Corrente Legalista (Exegética): O direito administrativo seria o conjunto da legislação administrativa


existente no país. Se limitava a fazer compilação de leis que tratassem da função administrativa e
desconsiderava doutrina e jurisprudência.

b) Critério do Poder Executivo: O Direito Administrativo seria um complexo de leis disciplinadoras da


atuação do poder executivo. Assim, o objeto do direito administrativo seria toda atuação do Poder
Executivo

c) Critério das relações jurídicas: O Direito Administrativo é a disciplina das relações jurídicas entre a
Administração e o particular. Assim, todas as relações entre o Estado e o Administrado seria função
administrativa.

d) Critério do Serviço Público (França): O Direito Administrativo teria por objetivo a disciplina jurídica
dos serviços públicos. Ou seja, a função administrativa seria a prestação do serviço público. => Escola
do Serviço Público (Leon Duguit).
● Sentido amplo (Leon Duguit): Inclui todas as atividades do Estado;
● Sentido Estrito (Gaston Jeze): Inclui apenas atividades materiais.

e) Critério teleológico ou finalístico: O Direito Administrativo é sistema de princípios jurídicos que regula
as atividades do Estado para o cumprimento dos seus fins. Assim, o Direito Administrativo deve ser
conceituado como toda atuação do Estado com finalidade pública.

f) Critério Negativista – esse critério surgiu da dificuldade de identificar o objeto do Direito


Administrativo. Assim, o Direito Administrativo seria conceituado por exclusão, a partir do que ele
não era.

g) Critério Funcional – O Direito Administrativo é ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina da
função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo executivo, legislativo, judiciário ou por
delegação estatal.

Segundo Hely Lopes Meirelles, o direito administrativo pode ser definido como conjunto
harmônico de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública para realização dos
fins desejados pelo Estado de forma DIRETA, CONCRETA e IMEDIATA.

● Direta: não se confunde com a função jurisdicional, que é indireta por depender de provocação.
Desse modo, ao se falar que a atuação é direta quer-se dizer que ela atua de ofício, não dependendo
de provocação. Reitero, NÃO depende de provocação para que haja atuação administrativa, ela é
DIRETA.
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● Concreta: diferente da legislativa, que é geral e abstrata, não atinge pessoas específicas, a função
administrativa é concreta porque se materializa em casos concretos.
● Imediata: realiza os fins do Estado (necessidades do Estado). Quem define os fins do Estado, por sua
vez, é o Direito Constitucional.

JÁ CAIU EM PROVA: De acordo com o critério teleológico, o direito administrativo é um conjunto


de normas que regem as relações entre a administração e os administrados. Gab. ERRADO. O
enunciado da questão contempla a definição do critério das relações jurídicas.

4. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO

A expressão Administração Pública pode ser analisada sob seu aspecto formal/ subjetivo/ orgânico
ou sob seu aspecto material/objetivo.

a) Formal, Orgânico ou Subjetivo: É o conjunto de órgãos e funções estatais no exercício da função


administrativa. – importa apenas quem realiza a atividade, sendo irrelevante qual a atividade por
eles desempenhada.

“O sentido subjetivo, formal ou orgânico da Administração Pública compreende


pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos que são incumbidos de exercer uma
das funções estatais: a função administrativa”

b) Material, Funcional ou Objetivo: Se confunde com função administrativa, sendo a atividade


administrativa exercida pelo Estado.

“Por sua vez, administração pública (em letra minúscula), considerada com base no
critério material ou objetivo se confunde com a função administrativa, devendo ser
entendida como atividade administrativa exercida pelo Estado, designando a
atividade consistente na defesa concreta do interesse público”.

JÁ CAIU EM PROVA:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é
representada pelos agentes públicos e seus bens. [ERRADO]

Resumindo:

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO FORMAL, ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO


ORGÂNICO OU SUBJETIVO MATERIAL, FUNCIONAL OU OBJETIVO:
Conjunto de órgãos e agentes no exercício da É a própria atividade administrativa
função administrativa. desempenhada pelo Estado.

● A Administração Pública, em sentido amplo, objetivamente considerada, compreende a FUNÇÃO


POLÍTICA + FUNÇÃO ADMINISTRATIVA.

TAREFAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:


➢ Prestação de serviços públicos;
➢ Exercício do Poder de Polícia;
➢ Regulação de atividades de interesse público (fomento);
➢ Controle da atuação do Estado

4.1 Administração Pública Extroversa e Introversa

A doutrina diferencia esses termos da seguinte forma:

I- Administração Introversa - corresponde à atividade-meio da Administração. É instrumental, atende ao


interesse público secundário e não atinge diretamente os cidadãos. Também é atribuída a todos os órgãos
administrativos;

II- Administração Extroversa - corresponde à atividade-fim da Administração. É finalística, atende ao


interesse público primário e atinge diretamente os cidadãos. É atribuída apenas aos entes políticos. Exemplo:
poder de polícia

5. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais
sejam: a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.

▪ LEI – é a fonte primária do Direito Administrativo – O termo “lei” deve ser interpretado em sentido
amplo, trata-se de lei em sentido amplo, contemplando qualquer espécie normativa.
· A lei se apresenta como sendo a fonte primária do direito administrativo, pois inova no
ordenamento jurídico. A atuação administrativa tem que ser pautada pela lei, só existe a
atuação do administrador se houver permissivo legal nesse sentido (princípio da legalidade).

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▪ JURISPRUDÊNCIA – Fonte Secundária. Julgamentos reiterados no mesmo sentido. Súmula é a


consolidação da Jurisprudência.
· A jurisprudência se traduz na reiteração de julgados dos órgãos do judiciário, travando uma
orientação acerca de determinada matéria. Trata-se de fonte secundária do D.
Administrativo, de grande influência na construção e consolidação desse ramo.

▪ DOUTRINA – Fonte secundária: forma o sistema teórico de princípio aplicável ao Direito Positivo.
· É fonte secundária. Refere-se a lição dos mestres e estudiosos da matéria, ensejando a
formação de arcabouço teórico. É fonte interpretativa, sistema teórico. Expõe uma
interpretação sobre aquela determinada matéria ou lei, ao estabelecer o que provavelmente
a referida buscava, ou seja, sua razão/sentido.

▪ PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – estão na base da disciplina/alicerce. Exs.: Ninguém pode causar
dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.

▪ COSTUMES – Práticas reiteradas da autoridade administrativa. Lembre-se que o costume não cria e
nem exime obrigação.
· Elementos do costume:
- Elemento objetivo - repetição de condutas;
- Elemento subjetivo - Convicção de sua obrigatoriedade.

· Espécies de costumes:
- Secundum legem: previsto ou admitivo pela lei;
- Praeter legem: preenche as lacunas normativas, possuindo caráter subsidiário;
- Contra legem: Se opõem à norma legal.

Obs.: Para o autor Rafael Carvalho, “ressalvado o costume contra legem, o costume é fonte autônoma
do Direito Administrativo. A releitura do princípio da legalidade, com a superação do positivismo, a
textura aberta de algumas normas jurídicas e a necessidade de consideração da realidade social na
aplicação do Direito demonstram que os costumes devem ser considerados como fontes do Direito
Administrativo”, pg. 25.

JÁ CAIU EM PROVA:
(CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A jurisprudência e os costumes não são fontes do direito
administrativo. [ERRADO]

Resumindo:
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Fonte Primária 1) Lei → em sentido material/amplo: qualquer espécie normativa


Fontes Secundárias 1) Jurisprudência
2) Doutrina
3) Costumes → secundum legem e praeter legem
4) Princípios Gerais do Direito.

5. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

A interpretação em Direito Administrativo deve se pautar em 3 (três) pressupostos básicos, quais


sejam:
(1) Desigualdade entre a administração e o particular (desigualdade jurídica) - Toda vez que se
interpreta uma norma do direito administrativo, devemos recordar que existe uma desigualdade
jurídica, posto que a Administração atua com supremacia em face ao particular (princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado).

(2) Presunção de legitimidade dos atos praticados pela Administração - Os atos praticados pela
administração são presumivelmente legítimos, ou seja, presume-se que ele foi praticado em
conformidade com o ordenamento jurídico (lembre-se: atributo do ato administrativo: presunção de
legitimidade e de veracidade, trata-se de presunção relativa).

(3) Necessidade de discricionariedade – A discricionariedade é indispensável para que o administrador


possa concretizar a norma geral e abstrata prevista.

OBS- Analogia:
Existe controvérsia na doutrina a respeito da utilização da analogia no Direito Administrativo. Mas
um ponto é incontroverso: analogia NÃO pode ser utilizada para fundamentar a aplicação de sanções
ou gravames aos particulares, especialmente no campo do poder de polícia e poder disciplinar.
* Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a analogia não é permitida no Direito Administrativo, em razão
do princípio da legalidade. Admitir a analogia seria permitir que a Administração impusesse uma obrigação
não prescrita em lei.
* Para Alexandre Santos de Aragão, é possível a utilização da analogia no Direito Administrativo quando a
aplicação da regra com base na analogia for suficiente para regular determinado caso concreto e ao
mesmo tempo atender às finalidades da Constituição. No entanto, a analogia com base em outra disciplina
jurídica não é possível, tendo em vista o princípio da legalidade.

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6. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA

a) Sistema Francês (contencioso administrativo)


● Dualidade de jurisdição;
● Proíbe o conhecimento, pelo Poder Judiciário, de atos ilícitos praticados pela Administração, ficando
os atos sujeitos à jurisdição especial do contencioso administrativo.

b) Sistema Inglês (Sistema de jurisdição única)


● Todos os litígios podem ser resolvidos na justiça comum;
● Sistema adotado pelo Brasil – contudo, já houve a previsão do tribunal constitucional de contencioso
no Brasil na EC 7/77, mas nunca foi implementado.

JÁ CAIU EM PROVA:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Agente) O controle da Administração Pública no Brasil é realizado por
meio do sistema do contencioso administrativo. [errado]

7. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

Regime jurídico-administrativo é o conjunto de regras e princípios que regem a


Administração Pública.
Celso Antônio Bandeira de Mello defende a existência de verdadeiras “PEDRAS DE TOQUE” no Direito
Administrativo, quais sejam:
1) Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado: Os interesses coletivos devem
prevalecer ao interesse particular;

2) Princípio da indisponibilidade do interesse público: O interesse público não se encontra à livre


disposição do administrador.

⮞ INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO x INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO

● O interesse público primário 🠖 é aquele relacionado à satisfação das necessidades coletivas (justiça,
segurança, bem comum do grupo social etc.), perseguido pelo exercício das atividades-fim do Poder
Público,

● O interesse público secundário 🠖 corresponde ao interesse individual do próprio Estado, estando


relacionado à manutenção das receitas públicas e à defesa do patrimônio público, operacionalizadas
mediante exercício de atividades-meio do Poder Público (Ricardo Alexandre, 2018).

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JÁ CAIU EM PROVA:

VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia (adaptada)


Um Estado que tributasse desmesuradamente os administrados enriqueceria o Erário, com
maior volume de recursos, o que, por outro lado, tornaria a sociedade mais pobre. Tal conduta
de exação excessiva viola o princípio pelo qual deve prevalecer
R.: O interesse público primário. O Estado que tributa excessivamente e torna a sociedade mais
pobre viola o princípio do interesse público primário, indo de encontro às necessidades sociais.

7.1 Princípios x Regras

a) Princípios: Hoje são consideradas normas jurídicas primárias. Assim seu estudo ganhou força e
importância nos últimos anos.
· Possuem grau de abstração maior do que as regras, pois admitem uma série indefinida de
aplicações.
· São mandamentos de otimização, que determinam a realização de algo na maior medida
possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, admitindo aplicação
gradativa.
· Colisão de princípios: ponderação de interesses no caso concreto.
· Condensam os valores fundamentais da ordem jurídica, e se irradiam sobre todo o sistema
jurídico, garantindo-lhe harmonia e coerência.
· Categorias:
✔ Princípios fundamentais: Representam decisões políticas estruturais do Estado,
servindo de matriz para todas as demais normas constitucionais.
✔ Princípios gerais: Em regra, são importantes especificações dos princípios
fundamentais, possuindo menor grau de abstração e irradiando-se sobre todo
ordenamento jurídico. Ex: Princípio da isonomia e da legalidade.
✔ Princípios setoriais ou especiais: Se aplicam a determinado tema, capítulo ou título da
Constituição. Ex: L.I.M.P.E – Art. 37 CF (princípios explícitos da Constituição/88).
b) Regras:
· Direcionam-se a situações determinadas.
· O conflito de regras é resolvido na dimensão da validade (“tudo ou nada”), ou seja, a regra
é válida ou inválida, a partir dos critérios de especialidade, hierarquia e cronológico (Dworkin)

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· Em alguns casos, o conflito entre regras pode ser resolvido pela dimensão do peso e, não
necessariamente, pelo critério de validade. Ex: vedação à concessão de liminar contra a
Fazenda que esgote o objeto do litígio.

7.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo

Os princípios explícitos são assim denominados pois constam expressamente no art. 37 da CF/88.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

São eles: [LIMPE]

● Legalidade
● Impessoalidade
● Moralidade
● Publicidade
● Eficiência

SEMPRE CAI EM PROVA!


FEPESE - 2017 - PC-SC - Agente de Polícia Civil
Com base no texto da Constituição Federal, são princípios básicos da administração pública:

A) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.


B) Legalidade, pessoalidade, probidade, publicidade e eficiência.
C) Pessoalidade, probidade, sigilo, eficácia e legalidade.
D) Impessoalidade, legitimidade, moralidade, sigilo e eficiência.
E) Pessoalidade, moralidade, sigilo, eficácia e legitimidade.
R.: letra A. LIMPE - (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência), previsto
no art. 37, caput, CF.

Obs.: Além dos princípios expressos pelo Direito Administrativo existem princípios implícitos (ou
reconhecidos) extraídos pela interpretação sistemática reconhecidos pela jurisprudência e doutrina.

PRINCÍPIOS EXPRESSOS PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

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1) Legalidade 1) Princípio da Razoabilidade e


2) Impessoalidade Proporcionalidade
3) Moralidade 2) Princípio da Supremacia do Interesse Público
4) Publicidade Sobre o Privado (Princípio da Finalidade
5) Eficiência Pública)
3) Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade
4) Princípio Da Continuidade Do Serviço Público
5) Princípio da Motivação
6) Princípio da Ampla Defesa e Contraditório
7) Princípio da Segurança Jurídica e Legítima
Confiança
8) Princípio da Intranscendência Subjetiva das
Sanções

JÁ CAIU EM PROVA e foi considerada correta: Legalidade, publicidade, impessoalidade,


moralidade e eficiência são classificadas, pela doutrina, como princípios expressos da
administração pública por possuírem previsão normativa inserta no texto da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 com aplicação direta ao campo do direito administrativo.

8. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

8.1 Legalidade – Art. 37, caput da CF/88

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Pelo princípio da legalidade, a atuação da administração pública subordina-se à lei, de modo que o
agente público somente poderá fazer o que proclama a lei. Assim, não havendo previsão legal, está proibida
a atuação do ente público e qualquer conduta praticada de forma arbitrária por ele.
Ressalta-se que a legalidade no âmbito do direito administrativo não se confunde com a legalidade
privada, em que é permitido fazer tudo que não é proibido (autonomia privada).

LEGALIDADE ADMINISTRATIVA LEGALIDADE PRIVADA

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A atuação da administração pública subordina-se à Vigora a autonomia privada. Por isso, o particular
lei, de modo que o agente público somente poderá pode fazer tudo aquilo que a lei não proibir.
fazer o que proclama a lei Só deve deixar de fazer se estiver expressamente
proibido em lei.

Note a flagrante diferença entre os regimes jurídicos de direito público e direito privado, posto que,
neste último é possível realizar tudo o que a lei não proíbe, ao passo que, no primeiro, o administrador
somente pode atuar mediante prévia autorização legal.

JÁ CAIU EM PROVA:
🕮 A legalidade administrativa é diferente da legalidade civil, uma vez que aquela dita o limite
da atuação do administrador público, conforme imposto pela lei e esta permite ao particular
aquilo que a lei não proíbe.– assertiva correta
🕮 Em consonância com o princípio da legalidade, estatuído no artigo 37, caput, da CR/88, a
Administração Pública pode fazer tudo o que a lei não proíbe.– assertiva incorreta

O princípio da legalidade comporta dois desdobramentos:


(1) Supremacia da lei - A lei prevalece e tem preferência sobre os atos da Administração.
(2) Reserva de lei - o tratamento de certas matérias deve ser formalizado necessariamente pela
legislação.

* Atualmente, prevalece a ideia da vinculação positiva da Administração à lei, ou seja, a atuação do


administrador depende de prévia habilitação legal para ser legítima.

ATENÇÃO AOS CONCEITOS

I) Legalidade: Verificar se o ato se compatibiliza com as exigências formais ou padrões materiais


da lei;
II) Legitimidade: É o ato que observa não só as formalidades prescritas ou não defesas em lei, mas
se há adequação aos princípios da boa administração, dentro de padrões razoáveis, morais e dos
princípios constitucionalmente reconhecidos.
III) Economicidade: Foco no binômio custo/ benefício em face do meio utilizado para satisfação social,
junto ao controle de eficiência da gestão financeira, para atingir melhor índice de resultado.

Há exceções ao princípio da legalidade administrativa?

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Segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed., pág. 105
e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade:
a) Estado de defesa;
b) Estado de sítio e
c) Medida provisória – art. 62 da CF/88

Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua atuação,
o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade.

8.2 Princípio Da Impessoalidade – Art. 37, CAPUT e § 1º da CF

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos

Pelo princípio da impessoalidade, a atuação da administração pública deve ser imparcial, não
visando beneficiar ou prejudicar pessoa determinada, tendo em vista que a sua atuação está voltada à busca
do interesse público em geral.
O princípio da impessoalidade possui duas acepções:

i. Igualdade ou isonomia: A Administração deve dispensar tratamento impessoal e isonômico aos


particulares para atender a finalidade pública. Ex.: realização de concurso público é uma forma de
observar o princípio da igualidade ou isonomia.

JÁ CAIU EM PROVA:
(CESPE - 2016 - PC-GO - Escrivão de Polícia)- Sem ter sido aprovado em concurso público, um
indivíduo foi contratado para exercer cargo em uma delegacia de polícia de determinado
município, por ter contribuído na campanha política do agente contratante. Nessa situação
hipotética, ocorreu, precipuamente, violação do princípio da: impessoalidade. [certo]

ii. Proibição de promoção pessoal: Vedação do exercício da máquina pública para atingir interesses
particulares. Veja o art. 37, §1º da CF/88:

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“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos


públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou serviços públicos”.

NA JURISPRUDÊNCIA:

(...) É de se conferir interpretação conforme à Constituição ao § 6º do art. 22 da Lei


Orgânica do Distrito Federal para que a divulgação de atos e iniciativas de
parlamentares (pessoais) seja tida como legítima apenas quando efetuada nos
ambientes de divulgação do mandatário ou do partido político, não se havendo de
confundi-la com a publicidade do órgão público ou entidade.
STF. Plenário. ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 14/5/2021.
(adaptada – grifos nossos).

Atenção! O §1º do art. 37 da CF despenca em


prova!

(FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão) Trata-se de princípio básico da administração pública,


proclamando a igualdade de tratamento que deve ser dispensada aos administrados que se
encontrem em situação jurídica idêntica: Impessoalidade. [CERTO]

VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia (adaptada)


Lei estadual que vede a realização de processo seletivo para o recrutamento de estagiários pelos
órgãos e pelas entidades do poder público estadual fere o princípio da:
R.: Princípio da Impessoalidade. Pelo princípio da impessoalidade, a atuação da administração
pública deve ser imparcial, não visando beneficiar ou prejudicar pessoa determinada. A vedação
a processo seletivo ou concurso público quebra a isonomia e, por consequência, a
impessoalidade.

8.3 Princípio da Moralidade – Art. 37, CAPUT da CF

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

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impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O princípio da moralidade traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios éticos, boa-fé,


lealdade, boa administração, correção de atitudes.
É diferente da moralidade comum (certo e errado do convívio social) por ser mais rígida, exigindo a
correção de atitudes e a boa administração. Trata-se, portanto, da atuação segundo padrões éticos de
probidade e decoro.
Nessa esteira, segundo Matheus Carvalho (Manual de D. Administrativo, 2014), “trata-se de princípio
que exige a honestidade, legalidade, boa-fé de conduta no exercício da função administrativa, ou seja, a
atuação não corrupta dos gestores públicos, ao tratar com a coisa de titularidade do Estado”

JÁ CAIU EM PROVA:
NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil - Marcos, prefeito de uma cidade do Estado do
Piauí, no mês anterior ao encerramento do seu mandato, congela o Imposto Predial e Territorial
Urbano-IPTU. Segundo foi repassado pela assessoria de imprensa, o objetivo do congelamento
foi o grande interesse social. Entretanto, todos sabem que o referido congelamento foi para
inviabilizar a nova administração, e assim reduzir as receitas. Diante desta situação, pode-se
dizer que Marcos feriu, precipuamente, o princípio administrativo: moralidade [CERTO]

Destaque – NEPOTISMO E SÚMULA VINCULANTE 13

Súmula vinculante 13-STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em


linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.

(1) A prática do nepostismo na Administração Pública viola o princípio da moralidade?


R.: SIM. De acordo com o STF, Nepotismo significa “proteção”, “apadrinhamento”, que é
dado pelo superior para um cônjuge, companheiro ou parente seu, contratado para o cargo ou
designado para a função em virtude desse vínculo. Isso ofende a moralidade.
Ressalta-se que o nepotismo é vedado em qualquer dos Poderes da República por força dos
princípios constitucionais da impessoalidade, eficiência, igualdade e moralidade, independentemente de
previsão expressa em diploma legislativo. Assim, o nepotismo não exige a edição de uma lei formal proibindo
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a sua prática, uma vez que tal vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/88 (STF Rcl 6.702/PR-MC-Ag)

JÁ CAIU EM PROVA:
Segundo o STF, a vedação ao nepotismo decorre diretamente de princípios constitucionais
explícitos, como os princípios da impessoalidade, da moralidade administrativa e da igualdade,
não se exigindo a edição de lei formal para coibir a sua prática. [ CERTO]

(2) Dissecando a Súmula Vinculante 13:

— Quem não pode ser nomeado?

R: Cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive,
da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento
▪ Cônjuge,
▪ Companheiro
▪ Parente em linha reta,
▪ Parente colateral até o 3ª grau, inclusive
▪ Parente por afinidade até o 3º grau, inclusive

⮚ da autoridade nomeante ou

⮚ de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia


ou assessoramento

— Não pode ser nomeado para o que?

R.: Para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas viola a Constituição Federal.
▪ Cargo em comissão
▪ Cargo em confiança
▪ Função gratificada

CARGO EM COMISSÃO CARGO EM CONFIANÇA ou FUNÇÃO DE


CONFIANÇA

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Cargo baseado na confiança, de livre Cargo também baseado na confiança,


nomeação e livre exoneração para atividades de direção, chefia e
(exoneração ad nutum), para assessoramento. No entanto, somente
atividades de direção, chefia e quem ocupa cargo efetivo pode ser
assessoramento. Pode ser ocupado por nomeado.
qualquer pessoa, mas deve ser
guardado um percentual para quem já
é de carreira.

CF, Art. 37, V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores


ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Obs. (1) – Nepotismo cruzado: A parte final da súmula proíbe o nepotismo no ajuste, mediante redesignações
recíprocas. Não pode na mesma pessoa jurídica, mas também não pode trocar de parentes, não pode
nepotismo cruzado. A união concede um cargo comissionado para um primo do governador, e o governador
para um irmão do presidente. Redesignações recíprocas é o nepotismo cruzado, o que é vedado.

JÁ CAIU EM PROVA:
IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil O acordo de designações reciprocas, a despeito
de ser prática socialmente reprovada, não chega a constituir violação aos princípios da
moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia. [ERRADO]

(3) A vedação ao nepotismo cristalizada na SV 13 se aplica aos cargos políticos?


Consoante o entendimento consolidado no âmbito do STF, A VEDAÇÃO AO NEPOTISMO NÃO SE
APLICA AOS CARGOS POLÍTICOS, em face da extrema confiança que se exige para nomeação nesses
cargos.
Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a
permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática
não configura nepotismo
Nos últimos anos, no entanto, o próprio STF vem costurando exceções à regra geral que determina
a inaplicabilidade da SV 13 aos casos de nomeações de parentes para cargos de natureza política:
1) Caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de
qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª Turma. Rcl 28024 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 29/05/2018.

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2) Em casos de fraude à lei.

Estudaremos isso de forma mais aprofundada quando tratarmos de agentes públicos.

NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil (adaptada)


Marcos, prefeito de uma cidade do Estado do Piauí, no mês anterior ao encerramento do seu
mandato, congela o Imposto Predial e Territorial Urbano-IPTU. Segundo foi repassado pela
assessoria de imprensa, o objetivo do congelamento foi o grande interesse social. Entretanto,
todos sabem que o referido congelamento foi para inviabilizar a nova administração, e assim
reduzir as receitas. Diante desta situação, pode-se dizer que Marcos feriu, precipuamente, o
princípio administrativo:
R.: Princípio da moralidade. Este princípio traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios
éticos, boa-fé, lealdade, boa administração, correção de atitudes.

8.4 Princípio da Publicidade – Art. 37, caput da CF/88

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O princípio da publicidade, impõe a divulgação e exteriorização dos atos do poder público,


guardando relação com o princípio democrático, ao possibilitar o controle social sobre os atos públicos. Em
outras palavras: a atuação da Administração pública deve ser sempre o mais transparente possível!
Inclusive, atualmente, nos moldes da LIA – Lei de Improbidade Administrativa, constitui-se em ato
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, negar
publicidade aos atos oficiais.
Ressalta-se ainda que a publicidade também representa CONDIÇÃO DE EFICÁCIA dos atos
administrativos, de modo que estes só começam a produzir efeitos a partir de sua publicidade. Assim,
enquanto o ato não é publicado, o particular não toma conhecimento deste, e sem tomar ciência, não pode
praticar e/ou observá-lo. Logo, não tem capacidade de ser eficiente, daí porque se fala que a publicidade é
um pressuposto de eficácia.
Requisito de eficácia dos atos administrativos = capacidade de produção de seus efeitos
Excepcionalmente, é possível restringir a publicidade em determinados caso, conforme preceitura o
artigo 5º da CF/88:
● Art. 5º, X (são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas). O
administrador não pode, com fundamento na publicidade, violar tais valores, sob pena de indenizar
os lesados.
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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

● Art. 5º, XXXIII (segurança do Estado ou da sociedade).

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

● Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos. Ex.
processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico de determinado médico. Só publica
quando se tem o resultado.

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa


da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Frise-se que a Lei nº 12. 527/11 (Lei de Acesso à informação) prevê a possibilidade de restrição ao
fornecimento de informações, se imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado.
Por fim, com fundamento no princípio da publicidade, o STF decidiu ser legítima a possibilidade de
divulgação de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal. Veja:

STF (Info 782): É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. A divulgação dos
vencimentos dos servidores, a ser realizada oficialmente, constitui informação de
interesse público que não viola a intimidade e a segurança deles, uma vez que esses
dados dizem respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade.

JÁ CAIU EM PROVA:
NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil

São, respectivamente, princípios da administração pública que propiciam: a) conhecimento


público dos atos administrativos, oportunizado a utilização de mecanismos de controle, quando
necessários à adequação do ato ao contexto da legalidade e da moralidade; e b) atos

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administrativos com conteúdo impessoal e que visam alcançar não a satisfação de interesses
pessoais ou privados, mas estejam sempre voltados ao alcance coletivo:
R.: Princípios da publicidade e eficiência. A questão veicula o conhecimento público do ato
(publicidade) e atos com conteúdo impessoal (impessoalidade).

8.5 Princípio da Eficiência – Art. 37, caput da CF c/c EC 19/98

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

O princípio da eficiência foi inserido pela EC 19/98 para substituir a Administração Pública burocrática
pela Administração Pública Gerencial, tendo em vista a necessidade de efetivação célere das finalidades
públicas elencadas no ordenamento jurídico.
Nesse sentido, o princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
presteza, perfeição e rendimento funcional, sua aplicação orienta e serve de fundamento para a construção
de uma concepção de Administração Pública Gerencial.
A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e
já existia de forma expressa no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público. Esse art. 6º traz o conceito
de serviço adequado, exigindo a eficiência. Vejamos:

Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado


ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.

A concretização dos resultados deve ser realizada por:

(1) Planejamento - plano de ação, orçamento e prioridades;


(2) Execução - medidas concretas para satisfação dos resultados;
(3) Controle - órgãos controladores não devem se restringir à legalidade formal na análise da juridicidade
da ação administrativa, devendo levar em conta os demais princípios e alcance dos resultados.

Obs: trata-se de norma de aplicabilidade imediata.

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JÁ CAIU EM PROVA:
(VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) - A razoável duração do processo e o emprego
de meios que assegurem a celeridade na sua tramitação são assegurados, a todos, no âmbito
administrativo e revelam direito fundamental que tem por conteúdo os princípios da isonomia
e eficiência. [CERTO]

(FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia) Tanto o modo de atuação do


agente público quanto o modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, a
fim de alcançar os melhores resultados, são aspectos a serem considerados na definição do
princípio da eficiência. [CERTO]

Exemplos de aplicação determinando a observância da aplicação da eficiência: O art. 41 da CF


demonstra a exigência da eficiência na atividade administrativa, ao exigir avaliação especial de desempenho,
assim como a avalição periódica, que depende de regulamentação por lei, pendente ainda.

- avaliação especial de desempenho - art. 41, §4º, “como condição para aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para esse fim”.
- avaliação periódica de desempenho - art. 41, III, da CF “mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”.

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de
lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

- regra limitadora com gastos de pessoal (art. 169, CF).

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Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites
estabelecidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
109, de 2021)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante
o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão
e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes
para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou
unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

CAIU EM PROVA RECENTE:

IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Pela denominada Reforma do Judiciário, com a Emenda Constitucional 45/2004, estabeleceu-se
que, no âmbito judicial e administrativo, seriam a todos assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. Nesse caso, sob a ótica
administrativa, tal determinação constitucional está relacionada predominantemente com o
princípio da
A) razoabilidade e a administração pública burocrática.
B) moralidade e a administração pública gerencial.
C) autotutela e a administração pública patrimonialista.
D) eficiência e a administração pública gerencial.
E) supremacia do interesse público e a administração pública burocrática.
R.: letra D. A razoável duração do processo e a celeridade estão ligadas intimamente ao princípio
da eficiência. Administração Gerencial é o modelo adotado na Administração moderna. Busca
superar o modelo burocrático por meio da adoção do princípio da eficiência

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INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Tanto os agentes públicos quanto a Administração Pública devem agir conforme os preceitos
éticos, já que tal violação implicará em uma transgressão do próprio Direito, o que caracterizará
um ato ilícito de modo a gerar a conduta viciada em uma conduta invalidada. O enunciado
refere-se ao Princípio da:
R.: EFICIÊNCIA. O princípio da moralidade traduz a ideia de honestidade, obediência a princípios
éticos, boa-fé, lealdade, boa administração, correção de atitudes

9. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS

9.1 Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade

A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do
homem médio. Ela proíbe os excessos, as condutas insensatas. O administrador tem que agir com bom senso,
com equilíbrio.
Para os administrativistas, o princípio da proporcionalidade está embutido no princípio da
razoabilidade, pois prevalece a tese de fungibilidade dos princípios.
Obs.: não se esqueça que estamos diante de um princípio implícito, ok?
Subdivide-se em 03 subprincípios:
i. Adequação ou idoneidade - o ato estatal deverá contribuir para a realização do resultado
pretendido.
ii. Necessidade ou exigibilidade - caso existam duas medidas adequadas para alcançar o fim
perseguido, o Poder Público deve adotar a medida menos gravosa aos direitos fundamentais.
iii. Proporcionalidade em sentido estrito - é a ponderação, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
atuação estatal e o benefício por ela produzido, razão pela qual a restrição ao direito fundamental
deve ser justificada pela importância do princípio ou direito.

ATENÇÃO!
O princípio da proporcionalidade é, ainda, um limite à discricionariedade do legislador, que,
muitas vezes, ultrapassa uma linha tênue e se torna arbitrariedade (a qual é vedada no
ordenamento jurídico brasileiro). Assim, mesmo que se trate de um ato administrativo
discricionário, se tal ato não obedecer ao princípio da proporcionalidade/razoabilidade, será
possível a interferência do Poder Judiciário sem que isso acarrete violação à Separação de Poderes. Isso
porque tais princípios, embora implícitos, são princípios constitucionais que decorrem do devido processo
legal. Nesse caso, o Poder Judiciário realiza o controle de legalidade em sentido amplo, isto é, o controle
do ato em relação a leis infraconstitucionais e à própria CF. Por esse motivo a doutrina trata desses
princípios como limitadores da liberdade e discricionariedade do administrador.

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9.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública)

O interesse público divide-se em (doutrina italiana):

i. Interesse público primário: Necessidade de satisfação das necessidades coletivas. É o interesse com
as necessidades sociais;
ii. Interesse público secundário: É o interesse do próprio Estado, enquanto sujeito de direitos e
obrigações, ligando-se à noção de interesse do erário. É o interesse do Estado com si próprio, como
pessoa jurídica de direito público que é.
Assim, pelo princípio, há uma primazia de soluções e decisões que atendam ao interesse coletivo, em
detrimento do interesse de um único indivíduo ou grupo seleto de indivíduos.

As seguintes assertivas foram consideradas CORRETAS em provas:

● A supremacia do interesse público é considerada, pela doutrina, como um princípio implícito da


administração pública.
● O princípio da supremacia do interesse público não desconsidera os interesses
particulares/individuais, não obstante informa ao agente administrativo que o interesse público
prevalece sobre interesses privados.
● Os contratos administrativos se distinguem dos contratos privados celebrados pela Administração
Pública pelo fato de assegurarem a esta certos poderes ou prerrogativas que a colocam em posição
de superioridade diante do particular contratado, a fim de que o interesse público seja preservado.
● Entende-se por poder de polícia a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato. É correto afirmar que o
princípio que fundamenta o exercício desse poder da Administração é: Princípio da supremacia do
interesse público.
● O princípio da supremacia do interesse público não se radica em dispositivo específico da CR/88,
ainda que inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas dele. (DPC MG, 2018).
● O administrador, quando gere a coisa pública conforme o que na lei estiver determinado, ciente de
que desempenha o papel de mero gestor de coisa que não é sua, observa o princípio da
indisponibilidade do interesse público.
● A supremacia do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade do interesse público se
constituem em supraprincípios, que refletem a dualidade existente no exercício da função
administrativa.

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9.3 Princípio da Autotutela ou Sindicabilidade

Pelo princípio da autotutela, também denominado de sindicabilidade, a administração pública tem a


prerrogativa de rever os seus próprios atos independentemente de provocação, seja para revogá-los ou para
anulá-los, fala-se que este controle pode ser de legalidade ou de mérito. Quando ilegal o ato será anulado,
quando inoportuno ou inconveniente será revogado.
- ATO ILEGAL – ANULAÇÃO
- ATO INCONVENIENTE/INOPORTUNO – REVOGAÇÃO.

Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.

Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

JÁ CAIU EM PROVA
A autotutela caracteriza-se por permitir que a Administração Pública reveja seus próprios atos,
revogando-os por motivo de interesse público (oportunidade e conveniência), assim como
anulando os atos inquinados pela ilicitude. [CERTO]

A Administração Pública pode revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou anulá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial. [CERTO]

Cuidado para não confundir autotutela com autoexecutoriedade!

Autotutela Autoexecutoriedade:
Designa o poder-dever de corrigir ilegalidades e de Prerrogativa de imposição da vontade
garantir o interesse público dos atos editados pela administrativa, independente de recurso ao Poder
própria Administração; Judiciário.

A Administração Pública deve observar algum requisito quando for anular atos ilegais?

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1) O STF possui entendimento no sentido de que, a despeito deste poder-dever de anular os atos ilegais,
se a invalidação do ato administrativo repercutir no campo de interesses individuais, faz-se necessária a
instauração de processo administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa
(Informativo 763 do STF).

2) Além disso, o art. 54 da lei 9.784/99 estipula que o direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários decai em 5 anos, contados da data
em que foram praticados, salvo comprovada má fé. Trata-se, portanto, de um limite temporal para o
exercício da autotutela.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

Obs.: Ressalta-se que, em princípio, a Lei nº 9.784/99 deveria regular apenas e unicamente o processo
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos
Estados e dos Municípios deve ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes,
em virtude da autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios. No entanto, o STJ
entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão de prazo decadencial para
a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o art. 54 da Lei nº 9.784/99.
Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. O entendimento acima
resultou na edição da Súmula 633 do STJ.

Súmula 633-STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo


decadencial para revisão de atos administrativos no âmbito da administração
pública federal, pode ser aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se
inexistente norma local e específica regulando a matéria.

Ademais, o prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
afronta diretamente a Constituição Federal. Veja:

Não existe direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a


vacância do cargo ocorre na vigência da CF/88, que exige a submissão a concurso
público (art. 236, § 3º). O prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se
aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal. O
art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes
da edição da Lei 8.935/1994 ela já tinha plena eficácia e o concurso público era

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obrigatório como condição para o ingresso na atividade notarial e de registro. STF.


Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741)

JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

O princípio pelo qual a Administração Pública exerce controle sobre seus próprios atos, tendo a
possibilidade de anular os ilegais e de revogar os inoportunos, denomina-se:

R.: Princípio da Autotutela. Tal princípio, é conhecido também por Sindicabilidade.


Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

9.4 Princípio Da Continuidade Do Serviço Público

A atuação administrativa, buscando atender da melhor forma o interesse público, preconiza que a
atividade do Estado deve ser prestada de forma contínua, ou seja, sem interrupções, motivo pelo qual o
princípio da continuidade veda a interrupção na prestação dos serviços públicos.
Está expressamente previsto no art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95 (Lei de Serviços Públicos), e seu
fundamento reside no fato de a prestação de serviços públicos ser um dever constitucionalmente
estabelecido (art. 175 da CF/88), localizando-se, portanto, acima da vontade da Administração Pública, que
não tem escolha entre realizar ou não a prestação.

Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado


ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas.

CF, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.

Entretanto, o art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/95, de acordo com o entendimento doutrinário majoritário
e da jurisprudência do STJ, autoriza o corte no fornecimento do serviço, após prévio aviso, nos casos de:
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a) razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e


b) inadimplemento do usuário.

§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em


situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

§ 4 A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo


não poderá iniciar-se na sexta-feira, no sábado ou no domingo, nem em feriado ou
no dia anterior a feriado. (Incluído pela Lei nº 14.015, de 2020)

Obs.: A interrupção por inadimplemento do usuário não pode paralisar serviços essenciais, como, por
exemplo, corte de energia elétrica do hospital público/iluminação pública. Nos chamados “serviços
essenciais”, mantém-se o serviço e prossegue com a cobrança paralelamente.

Podem ser apontados diversos desdobramentos normativos decorrentes do princípio da


continuidade dos serviços públicos, dentre os quais:

a) o direito de greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica (art. 37, VII, da CF). Lembre-se que o policial civil não pode fazer greve!!!

Policias civis são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. STF. Plenário. ARE
654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

b) possibilidade de intervenção na concessionária para garantia de continuidade na prestação do


serviço (art. 32 da Lei n. 8.987/95);

Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites
da medida

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c) ocupação provisória de bens, pessoal e serviços para garantia de serviços essenciais (art. 58, V, da
Lei n. 8.666/93);

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis,
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como
na hipótese de rescisão do contrato administrativo.

d) reversão de bens do concessionário indispensáveis à continuidade do serviço (art. 36 da Lei n.


8.987/95);

Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a
continuidade e atualidade do serviço concedido.

e) encampação do contrato de concessão mediante a retomada do serviço pelo concedente (art. 37 da


Lei n. 8.987/95);

Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente


durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei
autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior.

f) suplência, delegação e substituição de servidores públicos (Lei n. 8.112/90).

9.5 Princípio da Motivação

Impõe à Administração Pública o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99).

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da


legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os
critérios de:
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VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

Assim, a validade do ato administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos
fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada.
Trata-se de um mecanismo de controle sobre a legalidade e legitimidade das decisões da
Administração Pública
Está previsto no art. 93, X, da CF/88 e no art. 50 da Lei 9.784/99.

CF, Art. 93, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores,
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte
e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique
direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões
orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

Apesar de haver divergência, a corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos
atos vinculados quanto nos atos discricionários.
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A motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no instante seguinte à prática do ato.


Motivação intempestiva (posterior) ou extemporânea (anterior) causa nulidade do ato administrativo. Ainda,
a motivação deve ser explícita, clara e congruente.
O princípio da motivação comporta exceção, por exemplo, nomeação ou exoneração (exoneração
"ad nutum") de cargos comissionados. A exoneração "ad nutum" refere-se àquela aplicável aos ocupantes
de cargo em comissão, e prescinde (abstrai/não precisa) de motivação da Administração.
No entanto, se mesmo essa motivação sendo “desnecessária”, a Administração optar por motivá-la,
estará vinculada aos motivos que explicitou no ato, em decorrência da chamada: TEORIA DOS MOTIVOS
DETERMINANTES. Isso porque os motivos vinculam todo o ato, e se não forem respeitados, o ato torna-se
nulo.

Observações importantes:
● Motivação aliunde ou per relationem – é aquela indicada fora do ato, consistente em concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas. Ou seja, a
motivação aliunde corre todas as vezes que a motivação de um determinado ato remete à motivação
de ato anterior que embasa sua edição
Ex.: parecer opina pela possibilidade de prática de ato de demissão de servidor, ao demitir o servidor, a
autoridade não precisa repetir os fundamentos explicitados pelo parecer, bastando, na fundamentação do
ato de demissão, declarar a concordância com os argumentos expedidos no ato opinativo

● Motivação x Motivo x Móvel:


MOTIVO MOTIVAÇÃO MÓVEL
fato que autoriza a realização do exigência de explicitação, de intenção declarada pelo agente
ato administrativo; enunciação dos motivos. como justificativa para a prática
do ato.

9.6 Princípio da Ampla Defesa e Contraditório

Por força do princípio do contraditório, as decisões administrativas devem ser tomadas considerando
a manifestação dos interessados. Para isso, é necessário dar oportunidade para que os afetados pela decisão
sejam ouvidos antes do resultado final do processo.
O princípio da ampla defesa assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, a
utilização dos meios de prova, dos recursos e dos instrumentos necessários para defesa de seus interesses
perante o Judiciário e a Administração.

Art. 5º, LV, CF.: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes.
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Ao garantir o direito à ampla defesa “com os meios e recursos a ela inerentes”, o art. 5º, LV, da
Constituição Federal incluiu, no bojo do dispositivo, o princípio do duplo grau, verdadeiro desdobramento da
ampla defesa.
Sobre os princípios do contraditório e da ampla defesa, foi editada a Súmula Vinculante 3 do STF:

“Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o


contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”.

Veja a recente jurisprudência sobre o tema:

Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a União


somente poderá inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término
do processo de prestação de contas especial, observados os princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório
O cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla
defesa e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além de
motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder central (União)
é possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de
convênios, mas o cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a
verificação da veracidade das irregularidades apontadas. Isso porque o cadastro
tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas
das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do
qual se alcança o reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida
observância do contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei.
Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem
eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig.
Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019
(Info 951).

9.7 Princípio da Segurança Jurídica e Legítima Confiança

● Segurança jurídica: abarca dois sentidos:


· Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico;

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· Subjetivo: proteção a confiança das pessoas em relação às expectativas geradas por


promessas e atos estatais. É princípio autônomo.

● Segurança jurídica x legítima confiança


SEGURANÇA JURÍDICA LEGÍTIMA CONFIANÇA
tutela apenas a esfera jurídica do particular,
protegendo-o da atuação arbitrária do Estado.

A noção de proteção da confiança legítima aparece como uma reação à utilização abusiva de normas
jurídicas ou atos administrativos que surpreendam bruscamente o seu destinatário. Um exemplo de
aplicação do princípio da legítima confiança diz respeito à impossibilidade de devolução de valores recebidos
de boa-fé por servidores públicos, em virtude de errônea interpretação de lei pela Administração:

STJ (Info 579): Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional
da Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor
público após o seu falecimento. Não se analisa aqui se o herdeiro estava ou não de
boa-fé. O herdeiro é obrigado a devolver porque ele não tem qualquer razão
jurídica para ficar com aquele dinheiro em prejuízo da Administração Pública. Não
havia nenhuma relação jurídica entre o herdeiro e o Estado. O fundamento aqui é
o princípio que veda o enriquecimento sem causa (art. 884 do CC).

Requisitos para configurar a confiança legítima:


● Ato da administração suficientemente conclusivo para gerar no administrado confiança:
· De que a Administração atuou corretamente;
· De que a conduta do afetado é lícita na relação jurídica que mantém com a Administração;
· Confiança do afetado de que as suas expectativas são razoáveis.
● Presença de signos externos que orientam o cidadão a adotar determinada conduta;
● Ato da administração que reconhece ou constitui uma situação jurídica individualizada, cuja
durabilidade é confiável;
● Causa idônea para provocar a confiança do afetado;
● Cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obrigações no caso.

Quando NÃO se aplica o princípio da confiança legítima:


● Hipóteses de má-fé do administrado;
● Não pode existir mera expectativa de direitos pelo interessado.

9.8 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções

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O princípio da intranscendência subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições
que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do ato ilícito
Na jurisprudência do STF encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em casos
envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:

● 1ª acepção: quando a irregularidade foi praticada pela gestão anterior


Existem julgados do STF afirmando que se a irregularidade no convênio foi praticada pelo gestor
anterior e a gestão atual, depois que assumiu, tomou todas as medidas para ressarcir o erário e corrigir as
falhas (exs: apresentou todos os documentos ao órgão fiscalizador, ajuizou ações de ressarcimento contra o
antigo gestor etc.), neste caso, o ente (Estado ou Município) não poderá ser incluído nos cadastros de
inadimplentes da União.
Assim, segundo esta acepção, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a
aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações
anteriores.
O STJ comunga também desse entendimento, exigindo sempre que a gestão sucessora tenha tomado
as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. Por isso, editou a súmula 615.
Vejamos:

Súmula 615-STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em


cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na
gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos
eventualmente cometidos.

● 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos
outros Poderes que não o Executivo
Além do caso acima explicado, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções pode ser
aplicado também nas situações em que uma entidade estadual/municipal (ex: uma autarquia) descumpriu
as regras do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade, como também o próprio ente
(Estado/Município) nos cadastros restritivos.
Nesse sentido: (...) O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem
jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, as limitações
jurídicas que derivam da inscrição, em cadastros públicos de inadimplentes, das autarquias, das empresas
governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os Estados-membros, projetando, sobre
estes, consequências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-
se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração descentralizada – só a estes pode
afetar.

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Os Estados-membros e o Distrito Federal, em consequência, não podem sofrer limitações em sua


esfera jurídica, motivadas pelo só fato de se acharem administrativamente vinculadas a eles as autarquias,
as entidades paraestatais, as sociedades sujeitas a seu poder de controle e as empresas governamentais
alegadamente inadimplentes e que, por tal motivo, hajam sido incluídas em cadastros federais (CAUC,
SIAFI, CADIN, v.g.). (...) STF. Plenário. ACO 1848 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/11/2014.
Também viola o princípio da intranscendência quando o Estado-membro é incluído nos cadastros de
inadimplentes da União por irregularidades praticadas pelos outros Poderes que não o Executivo: A
imposição de sanções ao Executivo estadual em virtude de pendências dos Poderes Legislativo e Judiciário
locais constitui violação do princípio da intranscendência, na medida em que o Governo do Estado não tem
competência para intervir na esfera orgânica daquelas instituições, que dispõem de plena autonomia
institucional a elas outorgadas por efeito de expressa determinação constitucional. STF. Plenário. ACO 2995
AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/02/2018

Referências bibliográficas:

- Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo


- Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Os agentes de polícia do estado de Alagoas, no exercício de sua função, devem comedir a aplicação do uso
de força em suas abordagens e ações, buscando agir de maneira adequada, sem extrapolar os limites legais
impostos ao exercício do poder que lhes é conferido. Acerca do uso e do abuso de poder, julgue o item que
se segue.
Quando há convalidação da conduta abusiva na esfera administrativa, é exercido o poder de autotutela, em
que a própria administração pode reavaliar o mérito do ato administrativo.

Certo
Errado

2 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Pela denominada Reforma do Judiciário, com a Emenda Constitucional 45/2004, estabeleceu-se que, no
âmbito judicial e administrativo, seriam a todos assegurados a razoável duração do processo e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação. Nesse caso, sob a ótica administrativa, tal determinação
constitucional está relacionada predominantemente com o princípio da

A-razoabilidade e a administração pública burocrática.


B-moralidade e a administração pública gerencial.
C-autotutela e a administração pública patrimonialista.
D-eficiência e a administração pública gerencial.
E-supremacia do interesse público e a administração pública burocrática.

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


No Direito Administrativo, não há um entendimento unânime se o que veio cronologicamente primeiro foi o
Estado ou foi a sociedade. Atualmente, porém, é correto afirmar que a Administração Pública

A-integra o Estado, que é um ente personalizado.


B-pertence à sociedade, mas não ao Estado.
C-tem vínculo moral com o Estado, mas não com a sociedade.
D-é composta juridicamente pela sociedade, que é representada pelo Ministério Público.
E-não pertence nem à sociedade nem ao Estado.

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal
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AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA

SEMANA 05/12

Com base no disposto na Constituição Federal de 1988, julgue o item seguinte.


Em processo administrativo disciplinar, a falta de defesa técnica, por advogado, configura desrespeito aos
princípios do contraditório e da ampla defesa.

Certo
Errado

5 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Tanto os agentes públicos quanto a Administração Pública devem agir conforme os preceitos éticos, já que
tal violação implicará em uma transgressão do próprio Direito, o que caracterizará um ato ilícito de modo a
gerar a conduta viciada em uma conduta invalidada. O enunciado refere-se ao Princípio da

A-Legalidade.
B-Impessoalidade.
C-Moralidade.
D-Supremacia do Interesse Público.
E-Eficiência.

6 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


O princípio pelo qual a Administração Pública exerce controle sobre seus próprios atos, tendo a possibilidade
de anular os ilegais e de revogar os inoportunos, denomina-se

A-Princípio da Legalidade.
B-Princípio da Autotutela.
C-Princípio da Motivação dos Atos Administrativos.
D-Princípio da Continuidade Administrativa.
E-Princípio da Moralidade Administrativa.

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O Estado de Direito pode ser conceituado como uma pessoa jurídica política, juridicamente organizada e
obediente às suas próprias leis. A respeito do conceito de Estado, elementos, poderes e organização, é
correto afirmar que

A-o Estado, segundo grande parte da doutrina, é composto de três elementos originários e indissociáveis,
quais sejam: o povo, a legislação interna e o governo soberano.
B-o Estado, para se organizar, divide-se em três elementos estruturais, ou organizacionais, que são chamados
Poderes, ou Funções, por alguns doutrinadores, sendo eles: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder
Econômico.
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SEMANA 05/12

C-o Poder Legislativo exerce como função típica a aplicação coativa da lei ao caso específico, estabelecendo
regras concretas, sem produzir regras primárias no mundo jurídico.
D-a administração pública direta é exercida por meio das autarquias, fundações públicas, empresas estatais
e sociedades de economia mista.
E-a tripartição dos Poderes do Estado não gera absoluta divisão de poderes, mas sim distribuição de três
funções estatais precípuas, uma vez que o poder estatal é uno e indivisível.

8 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal
Acerca da organização da administração pública brasileira, julgue o item subsequente.
Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Brasil, somente é administração pública aquilo
determinado como tal pelo ordenamento jurídico brasileiro, independentemente da atividade exercida.
Assim, a administração pública é composta exclusivamente pelos órgãos integrantes da administração direta
e pelas entidades da administração indireta.

Certo
Errado

9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Acerca da administração direta e indireta, julgue o item que segue.
Decorrem do princípio da reserva legal a exigência de que as entidades da administração indireta sejam
criadas ou autorizadas por leis específicas e a de que, no caso das fundações, leis complementares definam
suas áreas de atuação.

Certo
Errado

10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Um servidor público federal determinou a nomeação de seu irmão para ocupar cargo de confiança no
órgão público onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu
parecer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
O princípio da autotutela permite que o Poder Judiciário intervenha para apreciar atos administrativos que
estejam supostamente eivados de ilegalidades.

Certo
Errado

11 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


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SEMANA 05/12

A razoável duração do processo e o emprego de meios que assegurem a celeridade na sua tramitação são
assegurados, a todos, no âmbito administrativo e revelam direito fundamental que tem por conteúdo os
princípios da

A-moralidade e reserva legal


B-nova gestão pública e razoabilidade.
C-isonomia e eficiência.
D-legalidade e publicidade.
E-impessoalidade e indisponibilidade do interesse público.

12 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia


Lei estadual que vede a realização de processo seletivo para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e
pelas entidades do poder público estadual fere o princípio da

A-eficiência.
B-legalidade.
C-impessoalidade.
D-segurança jurídica.
E-continuidade do serviço público.

13 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil


São, respectivamente, princípios da administração pública que propiciam: a) conhecimento público dos atos
administrativos, oportunizado a utilização de mecanismos de controle, quando necessários à adequação do
ato ao contexto da legalidade e da moralidade; e b) atos administrativos com conteúdo impessoal e que
visam alcançar não a satisfação de interesses pessoais ou privados, mas estejam sempre voltados ao alcance
coletivo:

A-moralidade e publicidade.
B-legalidade e impessoalidade.
C-publicidade e impessoalidade.
D-impessoalidade e eficiência.
E-moralidade e legalidade .

14 - 2018 - NUCEPE - PC-PI - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil


Marcos, prefeito de uma cidade do Estado do Piauí, no mês anterior ao encerramento do seu mandato,
congela o Imposto Predial e Territorial Urbano-IPTU. Segundo foi repassado pela assessoria de imprensa, o
objetivo do congelamento foi o grande interesse social. Entretanto, todos sabem que o referido

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SEMANA 05/12

congelamento foi para inviabilizar a nova administração, e assim reduzir as receitas. Diante desta situação,
pode-se dizer que Marcos feriu, precipuamente, o princípio administrativo:

A-Da legalidade.
B-Da publicidade.
C-Da eficiência.
D-Da moralidade.
E-Da continuidade.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


Se um determinado agente público se vale de uma competência que lhe é legalmente atribuída para praticar
um ato válido, mas que possui o único e exclusivo objetivo de prejudicar um desafeto, é correto afirmar que
tal conduta feriu o princípio da

A-finalidade, que impõe aos agentes da Administração o dever de manejar suas competências obedecendo
rigorosamente à finalidade de cada qual.
B-supremacia do interesse público sobre o interesse privado, que é princípio geral de direito inerente a
qualquer sociedade.
C-razoabilidade, pelo qual o Administrador, na atuação discricionária, terá de obedecer a critérios aceitáveis
do ponto de vista racional, com o senso normal.
D-proporcionalidade, já que a Administração não deve tomar medidas supérfluas, excessivas e que passem
do estritamente necessário à satisfação do interesse público.
E-motivação, porque a Administração deve, no mínimo, esclarecer aos cidadãos aos razões pelas quais foram
tomadas as decisões.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


Um Estado que tributasse desmesuradamente os administrados enriqueceria o Erário, com maior volume de
recursos, o que, por outro lado, tornaria a sociedade mais pobre. Tal conduta de exação excessiva viola o
princípio pelo qual deve prevalecer

A-o interesse público secundário.


B-o interesse público primário.
C-a supremacia do interesse público.
D-o interesse público como direito subjetivo.
E-o direito subjetivo individual.

17 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde

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SEMANA 05/12

De acordo com o que preceitua o art. 37, “caput” da Constituição Federal de 1988, a administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá a princípios. A partir dos princípios enumerados no artigo supramencionado, é correto afirmar
que:

A-Ainda que sua existência autônoma seja questionada por alguns autores, pode-se entender que, pelo
princípio da eficiência, a Administração Pública deve atender não só à lei, mas à própria moral comum, aos
bons costumes, às regras de boa administração, aos princípios de justiça e equidade, à ideia comum de
honestidade.
B-Segundo Di Pietro, o princípio da publicidade pode permitir duas interpretações, uma vez que tanto deve
ser observado em relação aos administrados (relacionado com a finalidade pública) como a própria
Administração Pública (atos e provimentos administrativos não são imputáveis aos funcionários que os
praticam).
C-Tanto o modo de atuação do agente público quanto o modo de organizar, estruturar e disciplinar a
Administração Pública, a fim de alcançar os melhores resultados, são aspectos a serem considerados na
definição do princípio da eficiência.
D-O princípio da impessoalidade significa que a Administração Pública, em toda a sua atividade, está atrelada
aos mandamentos legais, deles não se podendo afastar. A Administração Pública só pode fazer o que a lei
permite.
E-Pelo princípio da legalidade, é exigida a ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública
direta e indireta, ressalvadas as hipóteses legais de sigilo.

18 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
O preenchimento de cargos públicos mediante concurso público, por privilegiar a isonomia entre os
concorrentes, constitui expressão do princípio constitucional fundamental

A-federativo.
B-da eficiência.
C-da separação de poderes.
D-do valor social do trabalho.
E-republicano.

19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A conduta do agente público que busca o melhor desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor
resultado, atende ao princípio da

A-eficiência.
B-legalidade.
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C-impessoalidade.
D-moralidade.
E-publicidade.

20 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil


Trata-se de princípio básico da administração pública, proclamando a igualdade de tratamento que deve ser
dispensada aos administrados que se encontrem em situação jurídica idêntica:

A-Moralidade.
B-Publicidade.
C-Eficácia.
D-Legitimidade.
E-Impessoalidade.

Respostas2

2 1: E 2: D 3: A 4: E 5: C 6: B 7: E 8: C 9: C 10: E 11: C 12: C 13: C 14: D 15: A 16: B 17: C 18: E 19: A 20: E
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SEMANA 05/12

DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ art. 51 da Lei nº 9.649/98
⦁ 1º, §2º, I Lei 9.784/99
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88

Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º

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⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86

Principais artigos da Lei 9637/98– Lei das organizações sociais


⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 5º, 6º, 7º e 9º
⦁ Art. 11º e 12º

Principais artigos da Lei 9637/98 – Lei das agências reguladoras


⦁ Art. 4º, 6º
⦁ Art. 8º, 9º

1. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Conforme leciona Hely Lopes Meirelles, a Administração "é o instrumental de que dispõe o
Estado para pôr em prática as opções do Governo". Dessa forma, deve-se interpretar que a
Administração é, apenas, a ferramenta disponibilizada ao Estado para buscar a satisfação dos interesses
essenciais e secundários da coletividade.
Temos, portanto, as pessoas políticas ou entes políticos que são a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, que são entes da federação previstos na Constituição (pessoas jurídicas de direito público) e as
pessoas administrativas ou entes administrativos, que são pessoas criadas por lei ou por autorização legal
editada por ente político, para o desempenho de função administrativa ou exploração de atividade
econômica (sociedades de economia mista e empresas públicas).
Os entes administrativos surgiram para suprir uma necessidade técnica. Constatou-se que aglutinar
todas as competências não produzia os melhores resultados, face aos intermináveis corredores da burocracia
administrativa, que necessitaria ser cada vez mais vascularizada, com um número maior de órgãos públicos.
Optou-se pela adoção da técnica da descentralização administrativa, criando outras pessoas jurídicas com
autonomia, mas submetidas a controle pelo ente político com a finalidade de desempenhar uma
determinada atividade pública.

2. PRINCÍPIOS INERENTES À ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

• Planejamento
• Coordenação
• Descentralização Administrativa
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SEMANA 05/12

• Delegação de competência
• Controle: Exercido em todos os níveis e órgãos do governo

3. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO

É importante relembrar que Administração Pública é uma expressão plurissignificativa. Possui dois
sentidos: Subjetivo, formal ou orgânico e Objetivo, material ou funcional.

SUBJETIVO, FORMAL OU ORGÂNICO OBJETIVO, MATERIAL OU FUNCIONAL


Conjunto de órgãos e entidades que integram É o conjunto de atividades que esses órgãos
a estrutura do Estado e tem como função e entidades desempenham.
satisfazer o interesse público, a vontade Ex.: fomentar iniciativa privada, prestar
política governamental. serviço público, exercer poder de polícia.
Nesse sentido, deve ser grafada com letras
maiúsculas, pois refere-se aos sujeitos.

Assim, o exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada.

a) Desconcentração administrativa:
Na desconcentração, o que o Estado faz é distribuir, dentro da sua estrutura, as atividades estatais.
Há uma especialização de funções dentro da mesma pessoa jurídica.
Haverá a criação dos órgãos públicos, sem que haja a criação de uma nova pessoa jurídica, pois se
trata de mera divisão interna.
Cada órgão tem sua atribuição específica, para garantir eficiência. Ex.: Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Segurança Pública (não são pessoas jurídicas, mas sim órgãos criados a partir de um
procedimento de desconcentração). Portanto, tenha em mente que a desconcentração dá origem aos órgãos
públicos.
Características da desconcentração que é preciso saber:
• Consiste na distribuição de competência dentro da MESMA PESSOA JURÍDICA – criam centros
de competência dentro da mesma pessoa jurídica;
• A desconcentração administrativa pode ocorrer na Administração Direta quanto na
Administração Indireta (uma autarquia pode desconcentrar parte de sua atribuição através de
criação de órgãos)
• Baseia-se na hierarquia (subordinação)
• A DESCONCENTRAÇÃO DECORRE DO PODER HIERÁRQUICO.
• Criação de órgãos da mesma pessoa jurídica.

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Desconcentração = divisão interna de tarefas

b) Descentralização administrativa:
Na descentralização, o Estado vai transferir a execução da atividade para outra pessoa , seja física ou
jurídica, integrante ou não da Administração.
O Estado pode criar a pessoa jurídica para transferir a atividade (administração indireta) ou pode
realizar um contrato de concessão (com pessoa jurídica já existente) ou permissão de serviço público (com
pessoa jurídica ou pessoa física). Em outras palavras: Enquanto a desconcentração ocorre dentro de apenas
1 pessoa jurídica, na descentralização há mais de uma pessoa envolvida.
Características da Descentralização:
• Deslocamento do exercício da atividade administrativa para uma nova pessoa (física ou jurídica);
• NÃO existe hierarquia, mas há controle e fiscalização através de uma relação de vinculaçã (sem
subordinação).
• Transferência para pessoa da Administração indireta ou particulares.

3.1 Espécies de Descentralização

a) Descentralização por Outorga (= descentralização legal)


⦁ Transfere execução + titularidade;
⦁ Destina-se às pessoas jurídicas de direito público especializadas;
⦁ Requer lei específica
⦁ Dá origem às entidades da Administração Indireta

b) Descentralização por Delegação ( = descentralização por colaboração):


⦁ Só transfere a execução (e não a titularidade)
⦁ Entidades de direito privado da administração indireta e particulares;
⦁ Formalizada por contrato (particulares) ou Lei (Administração indireta).
⦁ Dá origem às concessionárias e permissionárias

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Descentralização

Por serviços ou Por colaboração


outorga ou delegação

Por meio de
Transfere a Transfere Transfere só
Negócio Jurídico
titularidade Execução execução
ou lei

Ex.: contrato de À particulares


Só a entidades da
Por meio de lei concessão de (NJ) e a própria
AP
serviços públicos AP (lei).

Territorial

c) Descentralização Territorial ou geográfica: Ocorre com entidade geograficamente delimitada, dotada


de personalidade jurídica própria de direito público, com capacidade de administração e possibilidade
de execução das atividades estatais.
 Típica da França e Itália => NÃO admitida no Brasil desde a proclamação da república.
 Alguns doutrinadores aplicam para os territórios federais.

➢ CONTROLES ADMINISTRATIVOS: TUTELA X HIERARQUIA


TUTELA ADMINISTRATIVA HIERARQUIA ADMINISTRATIVA
▪ NÃO se presume – Depende de Lei ▪ Inerente à organização interna dos entes
▪ Pressupõe a existência de duas pessoas federativos – NÃO depende de previsão legal.
jurídicas, onde uma exerce controle sobre a ▪ Existe no interior de uma mesma pessoa – ideia
outra (fruto da descentralização); de desconcentração.
▪ Condicionada pela lei. ▪ Incondicionada, sendo-lhe inerente uma série
de poderes administrativos.

Já caiu em prova:
(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Há um controle pela Administração Direta, nas entidades
da Administração Indireta , denominado controle hierárquico. [errado]

Vamos esquematizar?

DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO

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Transferência da atividade administrativa para Distribuição interna de atividade dentro de uma


outra pessoa, física ou jurídica, integrante ou não mesma pessoa jurídica, resultando na criação de
do aparelho estatal. centros de competências, denominados órgãos
públicos, dentro de uma mesma estrutura
hierárquica.
Há mais de uma pessoa jurídica Dentro da mesma pessoa jurídica
Não há hierarquia, apenas controle e fiscalização. Há hierárquica e decorre do Poder Hierárquico
Há uma relação de vinculação Há uma relação de subordinação
Pode ser: Dá origem aos órgãos públicos
Descentralização por outorga- dá origem às
entidades da Administração Indireta
Descentralização por colaboração – delega à
pessoa já existente, através de concessão ou
permissão.

Já caiu em prova:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Dentro da organização da Administração Pública,
pode-se conceituar o processo de desconcentração como a distribuição de competências entre
órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o mais adequado e racional
desempenho das atividades estatais. [certo]
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Dentro da organização da Administração Pública,
pode-se conceituar o processo de desconcentração como a transferência de poderes e
atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo criador [errado]

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Dentro da organização da Administração Pública,


pode-se conceituar o processo de desconcentração como o ato de criação de pessoas jurídicas
meramente administrativas, sem a característica de ente político. [errado]

IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) A descentralização administrativa consiste na redistribuição de


atribuições de um órgão para outros órgãos, desde que ocorrida dentro da mesma pessoa
jurídica. [errado]
Aroeira - 2014 - PC-TO – Escrivão) Suponha-se que determinado Estado da Federação, no intuito
de conferir maior autonomia à Secretaria de Execuções Penais, resolva transformá-la em uma
autarquia com competência para gestão da política de execução penal. Nesse caso, configurar-
se-á o fenômeno da descentralização. [certo]

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4. ÓRGÃOS PÚBLICOS

Órgãos públicos são centros de atribuições que resultam da desconcentração


administrativa.
Sua criação e justifica pela necessidade de especializar as funções, com o intuito de tornar a atuação
estatal mais eficiente (princípio da eficiência).

a) Principais características dos órgãos públicos:


1) Órgãos são centros especializados de competências.
2) A competência do órgão é intransferível e irrenunciável, mas pode ser delegada ou avocada.
3) Estão presentes tanto na Administração como na Administração indireta.

Art. 1º, §2º, I da Lei 9.784/99 - Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e
da estrutura da Administração indireta.

4) Órgãos não possuem personalidade jurídica própria - Isso significa que, em regra, eles não podem
ser sujeitos de direitos ou de obrigações. Ex.: morte ocorrida dentro de escola pública municipal –
responsabilidade do ente federativo Município. A escola e a prefeitura são órgãos públicos e,
portanto, não são sujeitos de obrigações.

Já caiu em prova:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) O órgão público é desprovido de personalidade jurídica. Assim,
eventual prejuízo causado pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao
Estado do Acre.

(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) O órgão público representa juridicamente a entidade a que
pertence perante terceiros. [errado]

ACAFE - 2008 - PC-SC – Escrivão) O órgão público é dotado de personalidade jurídica e, assim,
apresenta-se como sujeito de direitos e obrigações perante o ordenamento jurídico. [ERRADO]

5) Órgãos não possuem capacidade processual – por não possuírem personalidade jurídica própria,
órgãos não podem figurar em polo processual.

Exceções:
1) Se houver previsão legal – Ex.: órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III,
CDC).
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SEMANA 05/12

CDC:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;

2) Em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade
processual para a defesa das prerrogativas e competências, para defesa de atribuições
institucionais. Ex: Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde
que:
2.1. Sejam órgãos de cúpula de hierarquia administrativa;
2.2. Na defesa de suas prerrogativas institucionais.

Fique atento à súmula sobre o tema!

Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais.

6) Não possuem patrimônio próprio

7) Não celebram contrato - O órgão, no entanto, realiza licitação, gestão e exercício do contrato, mas
quem celebra é o ente personalizado.

EXCEÇÃO:
Órgãos públicos podem celebrar o contrato de gestão/de desempenho para aumentar a
sua autonomia - Embora os órgãos públicos não possam celebrar contratos por não
possuírem personalidade jurídica e, consequentemente, capacidade contratual, o art. 37, §8º
da CF/88 admite a celebração de contrato de gestão ou “contrato de desempenho” (antes
também denominado como “contrato de autonomia”) entre órgãos públicos e
administradores ou entes federativos, que tem como objetivo AMPLIAR a autonomia
gerencial orçamentária e financeira dos órgãos, que deverão, em contrapartida, cumprir
determinadas metas de desempenho.

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CF, art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo
à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.

O contrato de desempenho foi disciplinado em 2019 pela Lei 13.934/19! Por ser novidade legislativa,
vale a pena a leitura rápida.

Lei 13.934/2019. Art. 3º


Art. 3º O contrato de desempenho constitui, para o supervisor, forma de
autovinculação e, para o supervisionado, condição para a fruição das flexibilidades
ou autonomias especiais

O contrato de gestão é classificado pela doutrina em:


a) Contrato de gestão/desempenho Endógeno - Celebrado dentro da Administração Pública direta ou
indireta – Art. 37, §8º, CF. O contrato de gestão será considerado endógeno quando celebrado, por
exemplo, entre o Estado e a Secretaria de Segurança Pública ou uma Autarquia.
b) Contrato de gestão/desempenho Exógeno - Celebrado entre a Administração Pública e os
particulares em colaboração com o Estado (3º Setor) – Art. 5º, Lei 9.637/98;

ATENÇÃO: Em regra, os órgãos, por NÃO terem personalidade jurídica, NÃO têm capacidade
processual, SALVO nas hipóteses:
3) Previsão legal – Ex.: órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III, CDC).
4) Em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade processual
para a defesa das prerrogativas e competências, para defesa de atribuições institucionais. Ex:
Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde que:
2.3. Sejam órgãos de cúpula de hierarquia administrativa;
2.4. Na defesa de suas prerrogativas institucionais.

Fique atento à súmula sobre o tema!

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Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas


personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os
seus direitos institucionais.
.
4.1 Teorias Sobre os Órgãos

1) Teoria do Mantado
2) Teoria da Representação
3) Teoria do órgão (da imputação volitiva)

▪ O agente público é mandatário da pessoa jurídica, sendo a relação


construída em função de um contrato de mandato.
1 TEORIA DO Crítica:
MANDATO ▪ NÃO se admite que um Estado, que NÃO tem vontade própria e nem
tem como exterioriza-la, possa assinar um contrato, instrumento que
depende da autonomia da vontade.
▪ O agente público seria representante do Estado por força de lei,
equiparando-se ao tutor ou curador, representando os incapazes.
Críticas:
▪ A representação pressupõe duas figuras independentes, com suas
2 TEORIA DA vontades, o que na verdade NÃO acontece, já que a vontade do agente
REPRESENTAÇÃO e do Estado NÃO se confundem.
▪ A pessoa jurídica ficaria equiparada a um incapaz por essa teoria,
sendo absurda a ideia de que o incapaz confere representante de si
mesmo.
▪ O incapaz NÃO pode ser civilmente responsabilizado, o que NÃO ocorre
com o Estado.
▪ Também chamada de Teoria da imputação volitiva
▪ Idealizada por Otto Von Gierke
▪ Por essa teoria, a manifestação do órgão público é atribuída à pessoa
3 TEORIA DO ÓRGÃO jurídica ao qual ele pertence. Ou seja: quando um agente público,
integrante de um órgão público, manifesta a sua vontade, na realidade,
é a própria pessoa estatal que está agindo. Por esse motivo, é possível
imputar, ao Estado, os danos causados por seus agentes.

4.2 Criação e Extinção de Órgãos Públicos

A regra é que os órgãos públicos sejam criados e extintos por lei ordinária.
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E, em regra, a lei será de iniciativa do chefe do Executivo. Essa exigência aparece na CF em alguns
momentos:
⦁ art. 61 § 1º, II, "e"
⦁ art. 84, VI, "a"

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição.

§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado


o disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional


nº 32, de 2001)

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar


aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Já caiu em prova:
(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) A criação de órgão da Administração Pública depende da
iniciativa do agente público investido na função de chefia do mesmo. [errado]

Existem algumas exceções em relação à iniciativa da lei. Veja:

 Iniciativa do Congresso Nacional (fora das hipóteses previstas para o Chefe do Executivo) – art. 48,
XI, CF/88.

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Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre:
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

 Para a criação de órgãos no Poder Judiciário, a iniciativa será do presidente do próprio TJ - art. 96, II,
“c” e “d”, CF/88.

Art. 96. Compete privativamente:


II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça
propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

 No âmbito do MP, a iniciativa para a criação de órgãos será do chefe da instituição (PGJ ou PGR) –
art. 127, §2º.

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa,
podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e
extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de
provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei
disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

É possível criar órgãos por ato administrativo?

R.: Parte da doutrina (Carvalho Filho, Rafael Oliveira, Fernando Barbalho) entende que a CF/88
admite, excepcionalmente, no âmbito do Senado Federal e Câmara dos Deputados (art. 51, IV, e art. 52,
XIII, da CF), que a própria casa disponha sobre a sua organização administrativa, como a criação de órgãos.
Em outras palavras: a criação de órgãos dentro da Câmara dos Deputados e do Senado Federal pode ser
feita mediante resolução das respectivas casas, não se exigindo a sanção presidencial, pois não se trata de
lei.

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Por simetria, isso pode ser levado para os Estados e Municípios.

4.3 Classificação dos Órgãos

1) Quanto à hierarquia:
a) Independentes: NÃO estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro órgão, se sujeitando
apenas ao controle dos poderes estruturais do Estado (Sistema de Freios e contrapesos). Ex:
Presidência da República, Congresso Nacional, STF, etc. – Têm origem na CF.

CUIDADO: O MP e TCU são considerados órgãos independentes, embora


não façam parte de nenhum poder!

a) Autônomos: Órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes. São órgãos diretivos
que desempenham funções de coordenação, planejamento, supervisão e controle. Possuem
autonomia administrativa e financeira (não possuem autonomia política!). Ex: Ministério da Fazenda,
Secretaria do Estado, AGU, etc.

b) Superiores: NÃO possuem autonomia e independência, embora conservem o Poder de decisão. Ou


seja: possuem apenas poder de decisão e controle sobre assuntos específicos de sua competência.
Ex: Secretaria da Receita Federal, Polícias, Procuradorias

c) Subalternos: Órgão com reduzido poder de decisão, destinado à mera execução de atividades
administrativas. Ex.: zeladoria, almoxarifado, etc.

2) Quanto à atuação funcional/manifestação de vontade


a) Singular: atua pela manifestação de vontade de um único agente. Ex.: Prefeitura, juízo de 1º
grau, presidência.

b) Colegiado (ou pluripessoais): A tomada de decisão é feita de forma coletiva. Ex.: casas
legislativas. Ex.: STF.

3) Quanto à estrutura
a) Simples/unitário - Atuam sozinhos (um único centro de competência), sem subdivisões em seu
interior. Ex.: Gabinete
b) Composto – Há mais de um órgão atuando em sua estrutura. Ex.: Congresso Nacional é formado
pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.

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4) Quanto às funções
a) Ativos – responsáveis pela execução de atividades administrativas.
b) Consultivos – exercem função de assessoramento.
c) De controle – exercem função de fiscalização.

5) Quanto ao âmbito de atuação


a) Central – têm atribuição em toda a área da pessoa jurídica que integram (federal, estadual e
municipal)
b) Local - têm atribuição para atuar em determinado local.

Resumindo:

Independentes NÃO estão hierarquicamente subordinados a


nenhum outro órgão, se sujeitando apenas ao
controle dos poderes estruturais do Estado
(Sistema de Freios e contrapesos).
Ex: Presidência da República, Congresso
Nacional, STF, etc. – Têm origem na CF.

Autônomos: Órgãos imediatamente subordinados aos


órgãos independentes. São órgãos diretivos que
desempenham funções de coordenação,
planejamento, supervisão e controle. Possuem
autonomia administrativa e financeira (não
Quanto à hierarquia possuem autonomia política!).

Ex: Ministério da Fazenda, Secretaria do Estado,


AGU, etc.
Superiores NÃO possuem autonomia e independência,
embora conservem o Poder de decisão. Ou seja:
possuem apenas poder de decisão e controle
sobre assuntos específicos de sua competência.
Ex: Secretaria da Receita Federal, Polícias,
Procuradorias
Subalternos Órgão com reduzido poder de decisão,
destinado à mera execução de atividades
administrativas.

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Ex.: zeladoria, almoxarifado, etc.


Singular atua pela manifestação de vontade de um único
agente. Ex.: Prefeitura, juízo de 1º grau,
Quanto à atuação presidência.
funcional/manifestação Colegiado (ou A tomada de decisão é feita de forma coletiva.
de vontade pluripessoais)
Ex.: casas legislativas. Ex.: STF.
Simples ou unitário Atuam sozinhos (um único centro de
competência), sem subdivisões em seu interior.
Ex.: Gabinete
Quanto à estrutura Composto Há mais de um órgão atuando em sua estrutura.
Ex.: Congresso Nacional é formado pela Câmara
dos Deputados e Senado Federal
Ativos Responsáveis pela execução de atividades
administrativas.
Quanto às funções Consultivos exercem função de assessoramento.
De controle exercem função de fiscalização.
Têm atribuição em toda a área da pessoa
jurídica que integram (federal, estadual e
Quanto ao âmbito de Central municipal)
atuação
Local têm atribuição para atuar em determinado
local.

Já caiu em prova:
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) É correto afirmar que os órgãos públicos
A) superiores são os de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação e ao controle
hierárquico de uma chefia. Eles gozam de autonomia administrativa e financeira.
B) autônomos são originários da Constituição e representativos dos três poderes do Estado, sem
qualquer subordinação hierárquica ou funcional.
C) burocráticos são aqueles que estão a cargo de uma só pessoa física ou de várias pessoas
ordenadas verticalmente [CERTO]
D) subalternos são órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação e ao
controle hierárquico de uma chefia.
E) autônomos não gozam de autonomia administrativa nem financeira.

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IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Na organização do Estado brasileiro, é possível afirmar que a Presidência da República:
A) é considerada uma pessoa jurídica de direito público externo.
B) é uma função extra corporis
C) é considerada uma pessoa jurídica de direito público interno.
D) é uma função supra-administrativa.
E) é um órgão pertencente à Administração Pública Direta (correta).

5.DESCENTRALIZAÇÃO

Espécies:
a) Descentralização política
b) Descentralização Administrativa

Descentralização política Descentralização Administrativa


Feita pela CF, ao dividir a competência entre os Feita aos entes da administração indireta
entes federativos; (descentralização por outorga) e a particulares
(descentralização por delegação).

Obs.: Controle Finalístico (= vinculação/ tutela administrativa/ supervisão ministerial): É o controle pela
administração direta à pessoa política a qual é vinculada a Administração indireta.

6. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

6.1. Características

✓ Gozam de personalidade jurídica própria


✓ Possuem patrimônio próprio quando da sua criação - entidade responsável transfere parte de seu
patrimônio ao novo ente, o qual terá liberdade para usá-lo.
✓ Possuem capacidade de autoadministração (autonomia técnica + administrativa). CUIDADO! Essa
capacidade de autoadministração não significa que elas podem definir regras para se organizarem! (Já foi
objeto de pergunta da banca CESPE!)
✓ Devem ter finalidade pública. Obs.: o fim NÃO poderá ser o lucro, mas será consequência da atividade.
✓ Sujeitas à supervisão ministerial (e não ao Poder Hierárquico!) - Essa supervisão ministerial pode ocorrer
através de 3 hipóteses:
1) Controle Finalístico – Deve-se assegurar que as entidades da Administração Indireta não estão
se desviando dos fins previstos nas leis instituidoras

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2) Controle Político – Consiste na possibilidade de a Administração Direta nomear e exonerar


livremente os dirigentes das entidades administrativas. EXCEÇÃO: dirigentes das agências
reguladoras
3) Controle Financeiro - exercido pelo Poder legislativo com auxílio do TCU. Para a doutrina, além
das autarquias e fundações públicas, as estatais também se submetem ao controle financeiro,
desde que prestem serviço público.
✓ Necessidade de lei específica: Lei específica cria as autarquias e autoriza a criação dos demais entes da
administração indireta (no último caso, imprescindível o registro dos atos constitutivos no cartório de
pessoas jurídicas ou na junta comercial para empresas estatais).

CF, Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação.

Obs.: criação de subsidiárias – exigência de lei.

CF, Art. 37, XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de


subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada;

⦁ Não precisa ser lei específica. A própria lei que institui a entidade pode autorizar.
⦁ Princípio da especialidade – a lei deve ser minuciosa, trazendo todas as áreas de atuação da
entidade de forma específica, por consequência, a criação de entidade de atuação geral se dissocia
de tal princípio, contrariando as razões de sua própria existência. Já a organização pode ser feita
através de ato administrativo.

NA JURISPRUDÊNCIA:
É desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias
quando houver autorização legislativa da criação de empresa pública ou sociedade
de economia mista e nesta constar permissão genérica da possibilidade de criação
de subsidiárias. Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de
subsidiária.
Com base no paralelismo das formas, como não é exigida lei específica para criar a
subsidiária, também não é necessária lei específica para alienar o seu controle
acionário.
Como não se exige lei específica para criar, também não se exige lei específica para
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“vender”.
STF. Plenário. ADPF 794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021.
(Adaptada)

Já Caiu Em Prova:
CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia (adaptada)
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue
o item seguinte: a vedação de constituição de empresa pública com finalidade genérica está em
consonância com o princípio da especialidade (correta).

VUNESP - 2018 - PC-SP – Escrivão


A Administração Indireta compreende as seguintes entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria
A) autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. [CERTO]
B) agências executivas, fundações de apoio e serviços sociais autônomos.
C) autarquias, fundações, organizações sociais e empresas públicas.
D) agências reguladoras, empresas públicas e Polícias Civil e Militar.
E) autarquias, fundações e organizações sociais.

NUCEPE - 2018 - PC-PI – Agente


Administração indireta é o conjunto de entidades sem personalidade jurídica que vinculados a
um órgão da Administração Direta, prestam serviço público ou de interesse público. [ERRADO]

6.2 Entes da Administração Indireta

6.2.1 Autarquias

a) Conceito:
São pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas, próprias do Estado (ou
seja: atividades que só podem ser desempenhadas por pessoas jurídicas de direito público).
Possuem regime muito semelhante aos dos entes da Administração Direta. Como exemplos de
autarquia, podemos enumerar: INSS, INCRA, conselhos de classe, UF, IBAMA, BANCO CENTRAL, autarquias
territoriais, agências reguladoras, associações públicas de regime público (lei 11.107/05).

b) Características principais
⦁ NÃO possuem autonomia política, mas possuem autonomia financeira e de autorregulação
⦁ Possuem regime jurídico de Direito Público

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⦁ São criadas por lei específica (competência do chefe do Poder Executivo) através da
descentralização por outorga ou descentralização legal. (art. 37, XIX da CF)

XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

⦁ Possuem personalidade jurídica própria


⦁ Possuem patrimônio próprio
⦁ Bens autárquicos são bens públicos – se sujeitam à impenhorabilidade, imprescritibilidade e
inalienabilidade relativa.
⦁ Praticam atos administrativos
⦁ Precisam fazer licitação quando firmarem contratos administrativos, podendo haver a previsão
de cláusulas exorbitantes.
⦁ Submetem-se ao regime de precatórios (Exceto os conselhos profissionais)
⦁ Possuem imunidade tributária recíproca em relação aos IMPOSTOS (art. 150, VI, a c/c §2º da
CF)

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado


à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda
e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Atenção! A imunidade tributária recíproca das autarquias é chamada de


condicionada porque se limita aos patrimônios, rendas ou serviços que
estejam vinculados a suas finalidades essenciais ou sejam delas
decorrentes.

⦁ Possuem prerrogativas processuais – Ex.: prazo em dobro, reexame necessário.

Súmula 620 STF: As entidades autárquicas NÃO gozam do reexame necessário => A
jurisprudência AFASTA essa súmula, de modo que gozam do duplo grau
obrigatório.

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Art. 37, XXI, CF - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Art. 1º da Lei 8666 - Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

Súmula 644, STF - Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a


apresentação de instrumento de mandato para representá-la em juízo.

c) Responsabilidade Civil:
As autarquias possuem responsabilidade civil objetiva, com fundamento na Teoria do Risco
Administrativo (art. 37, §6º, CF/88)

Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Por possuírem personalidade jurídica própria e patrimônio próprio, as autarquias respondem


diretamente com o seu patrimônio. No entanto, caso não consigam arcar, o Estado responde
subsidiariamente. Ou seja: há responsabilidade subsidiária do ente criador!
Ex.: motorista da autarquia, dirigindo o carro da autarquia atropela uma pessoa. Quem será o
responsável? Se a autarquia não tem dinheiro? A vítima pode cobrar do Estado? Se é serviço público há o
dever do Estado. Ele continua responsável. Ele decidiu transferir a titularidade. O dever do Estado, no
entanto, é subsidiário quanto à sequência, e objetiva quanto ao elemento culpa.

d) Regime Jurídico
• Regime estatutário – ar. 39 da CF/88

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito


de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da

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administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN
nº 2.135-4)

 Na promulgação da CF/88: Obrigatoriedade do regime jurídico único;


 Com a Reforma Administrativa – EC 19/98: Fim da obrigatoriedade do Regime Jurídico Único.
 Decisão liminar do STF em ADI – Retorno da obrigatoriedade do RJU, liminar com efeitos ex
nunc

CONCLUSÃO: regime deve ser estatutário, SALVO contratações celetistas antes da decisão do STF e
após a reforma administrativa.
NÃO se admite o ingresso de servidores celetistas para a prestação dos serviços nos entes da
administração direta, autárquica e fundacional, pois são regidos pela Lei 8.112/90.

• Consequências da adoção do regime estatutário:


✓ Exige concurso público
✓ Submetem-se ao teto remuneratório
✓ Submetem à proibição de cumulação de cargos

e) Controle da Administração Indireta:


A Administração indireta se submete a um controle meramente finalístico, tendo em vista que NÃO
HÁ SUBORDINAÇÃO ENTRE OS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA E A ADMINISTRAÇÃO DIRETA. NÃO
HÁ CONTROLE HIERÁRQUICO!
Estão sujeitas também ao controle financeiro do Tribunal de Contas.

f) Espécies de autarquias:
1. Autarquias profissionais: Conselhos Profissionais são autarquias que exercem atividade
tipicamente pública de fiscalização do exercício profissional. (É muito importante a leitura da
jurisprudência destacada abaixo!)
2. Autarquias Territoriais: Art. 33 CF/88. É a manifestação da descentralização política a criação
de territórios, e por isso NÃO ostentam no Brasil a qualidade de entes da Administração
indireta.
3. Autarquias em regime especial: agências reguladoras
4. Autarquias culturais: Universidades Públicas. Possuem:
➢ Autonomia Pedagógica;
➢ Escolha do Reitor pelos docentes/ discentes;
➢ Mandato certo dos dirigentes.

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Obs.: Parte da doutrina ainda menciona AS AGÊNCIAS EXECUTIVAS e ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS como
formas de autarquia:

• Agências executivas – são as autarquias e fundações públicas que celebram contrato de gestão
com o intuito de melhorar sua eficiência e reduzir custos (art. 51 e 52 da Lei 9649/98)

• Associações públicas – os consórcios públicos (art. 241, CF/88), quando se constituem na forma
de pessoa jurídica de direito público, assumem forma de Associação Pública (autarquia
integrante da Administração Indireta dos entes federativos consorciados).

Consórcio público de direito público - assume a forma de ASSOCIAÇÃO PÚBLICA, adquirindo a personalidade
jurídica com a subscrição de protocolo de intenções. Nesta hipótese, ele integra a Administração Pública
Indireta de todos os entes da federação que formam o consórcio.
Consórcio público de direito privado - terá a forma de ASSOCIAÇÃO CIVIL e será regido pelas normas do
Direito Privado. Sua constituição depende, portanto, da inscrição do ato constitutivo no registro civil de
pessoas jurídicas.

Já Caiu Em Prova:

IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) As agências reguladoras e as agências executivas, entes da


Administração indireta, são espécies de autarquias públicas submetidas a um regime jurídico
especial. [certo]

FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) As autarquias são criadas por lei com personalidade jurídica
de direito público, não por destinação para o exercício de atividade econômica, mas sim de
atividades típicas da administração pública. [certo]

(NUCEPE - 2018 - PC-PI – Agente) Por fazer parte da administração direta, a autarquia se
subordina ao ente que a instituir. [ERRADO]

FEPESE - 2017 - PC-SC – Escrivão) A respeito das entidades integrantes da administração pública
indireta, as pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei, sem caráter econômico, para
desempenho de funções próprias e típicas de Estado, são denominadas autarquias. [certo]

CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia realiza
atividades típicas da administração pública. [certo]

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FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Conselhos que controlam as profissões possuem a


natureza jurídica de empresas públicas. [errado]

FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão)As autarquias são pessoas jurídicas de direito público
equiparadas à Fazenda Pública. Diante dessa consideração, pode-se afirmar que:
A) seus bens podem ser usucapidos na forma do art. 183, § 3º da CRFB/1988 e do parágrafo
único do art. 191.
B) não podem atuar em área cultural visto que tais atividades são reservadas às fundações
públicas de direito público.
C) exercem atividade econômica e seus lucros devem ser reinvestidos em suas atividades-fim.
D) a imunidade tributária de que gozam abrange também as taxas e contribuições de melhorias.
E) exercem atividade tipicamente de Estado, gozando das mesmas prerrogativas do ente que as
criou. [certo]

CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-DF) Uma autarquia é uma pessoa jurídica de direito público criada
somente mediante lei específica, que, embora não tenha subordinação hierárquica com a
entidade que a criar, submeter-se-á, na órbita federal, a supervisão ministerial. [CERTO]

6.2.2 Agências Reguladoras

a) Origem: De inspiração norte-americana, foram instituídas no Brasil a partir da década de 90, para
estabelecer novo modelo regulatório brasileiro.

b) Definição: São autarquias com regime jurídico especial, dotadas de autonomia reforçada em relação
ao ente central, com base em dois fundamentos:
1) Despolitização (desgovernamentalização) – busca retirar do âmbito político e conferir um
tratamento ao setor regulado (o que acarreta, consequentemente, maior segurança jurídica).
2) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas –
Teoricamente, a agência reguladora, quando baixa normas para o setor, teria maior velocidade
para se adaptar à realidade econômica e tecnológica do setor, o que muda rapidamente. Ex. A
evolução do celular se deu em um curto espaço de tempo.

• Admite-se também na ordem estadual e municipal.

c) Funções: Agências reguladoras exercem funções executivas, normativas e judicantes de Estado,


NÃO desempenhando funções de governo.

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Podem exercer as seguintes atividades:


∘ Administrativas clássicas. Ex: Poder de Polícia;
∘ Poder normativo
∘ Judicante – resolver conflitos entre os judicados.

d) Características:
✓ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA:
∘ Nomeação diferenciada dos dirigentes – Nomeados pelo Presidente da República após
aprovação prévia do Senado para cumprir mandato certo (demais autarquias: demissíveis
ad nutum e comissionados);
 Obs.1: Não é possível exigir a aprovação prévia do Senado para a exoneração dos
dirigentes
 Obs.2: Não se submetem à exoneração ad nutum.

∘ Período de quarentena dos dirigentes (Lei específica pode estabelecer prazo


diferenciado dos 6 meses (art. 8º da Lei 9986/2000, com redação dada pela Lei
13.848/2019). Ex: 01 ano para ANEEL, ANS, ANP). Nesse período, ficará o antigo dirigente
vinculado à agência, fazendo jus à remuneração compensatória equivalente a do cargo
que exerceu.

“Art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam


impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado
pela respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou
do término de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória.”

∘ Estabilidade forçada dos dirigentes: É estabilidade diferenciada. Possuem mandato certo


de 5 anos, vedada a recondução. (Art. 6º, Lei 9986/2000)

Obs.: Antes da Lei 13.848/2019, que alterou a redação do art. 6º da Lei 9986, o mandato dos
dirigentes não poderia ultrapassar o mandato do presidente. Com a novel lei, o mandato
passou a ter prazo certo de 5 anos, não coincidindo mais com mandato presidencial,
justamente para conferir mais autonomia técnica à agência.

Art. 6º O mandato dos membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada das


agências reguladoras será de 5 (cinco) anos, vedada a recondução, ressalvada a
hipótese do § 7º do art. 5º. (Redação dada pela Lei nº 13.848, de 2019) Vigência
Parágrafo único. Em caso de vacância no curso do mandato, este será completado
por sucessor investido na forma prevista no art. 5o.
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✓ AUTONOMIA DECISÓRIA:
∘ Impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio: O objetivo é assegurar que
a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia regulatória, em razão da sua
autonomia decisória. Ressalta-se que a impossibilidade de manejar recurso hierárquico
impróprio não afasta a apreciação pelo Poder Judiciário.

✓ AUTONOMIA FINANCEIRA:
∘ Possuem recursos próprios e recebem dotações orçamentárias:
∘ Recursos próprios - Podem instituir as taxas regulatórias
∘ Recebimento de dotações orçamentárias - enviam proposta orçamentária ao Ministério
ao qual estão vinculada, para receber recursos que serão geridos pela própria agência
reguladora.

✓ AUTONOMIA NORMATIVA: Gozam de poder normativo/regulatório:


∘ O fundamento do Poder Normativo das agências reguladoras baseia-se na técnica da
Deslegalização ou Delegificação, segundo a qual o próprio legislador retira
determinadas matérias do âmbito da lei e as passa para o âmbito do regulamento. Nesse
caso, por se tratarem de matérias tão específicas de ordem técnica, elas não poderiam
ser disciplinadas pela lei.
∘ NÃO é poder legislativo, devendo se ater a aspectos técnicos, subalternos à lei.
∘ As agências reguladoras NÃO inovam no ordenamento jurídico, ou seja, NÃO expedem
atos normativos primários.
∘ O Poder Normativo só obriga o prestador de serviços, jamais o particular.

CUIDADO: NÃO SE TRATA DE PODER REGULAMENTAR!

6.2.3 Agências Executivas

a) Conceito

Agência executiva é uma autarquia ou fundação que recebeu esta qualificação por ter celebrado
um contrato de gestão ou de desempenho com a Administração Pública (art. 37, §8º da CF) e por possuir
um plano de reestruturação (art. 51 da Lei nº 9.649/98).

Art. 37, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha
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por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo


à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Atenção! A Lei 13.934 de 2019 regulamenta o contrato de


desempenho, previsto no § 8º do art. 37 da Constituição Federal!

Há muitas autarquias e fundações ineficientes. Trata-se de uma tentativa de modernização.


São exemplos de agências executivas: INMETRO e SUDENE.

b) Requisitos:
• Autarquia ou fundação ter plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento em andamento;
• Celebração de contrato de gestão (ou contrato de desempenho) com Ministério Supervisor com
periodicidade mínima de 01 ano.

Obs.1: O Presidente da República expede decreto, concedendo a qualidade de agência executiva.


Obs.2: A desqualificação da fundação como agência executiva é realizada por decreto, por iniciativa do
Ministério Supervisor.

c) Características
✓ Gozam de dispensa de licitação para celebração de contrato em até 20% da modalidade convite.
✓ Pode ter natureza de autarquia ou de fundação pública.
✓ É uma autarquia ou fundação que temporariamente será agência executiva, enquanto durar o
contrato de gestão. É apenas um status temporário. Não se pode falar em conversão, mas mera
qualificação (José dos Santos).
✓ Busca mais eficiência e redução de custos.

6.2.4 Fundações Públicas

a) Definição:
Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo elemento essencial é a utilização do
patrimônio para a satisfação de objetivos sociais, definidos pelo instituidor.
Em outras palavras: a fundação é um patrimônio afetado (destinado) à realização de um fim,
possuindo, por essa razão, personalidade jurídica própria distinta de seu instituidor. Desse modo, o
instituidor da fundação separa (destaca) um determinado patrimônio (dinheiro, imóveis, créditos etc.)
declarando que esses bens serão utilizados para a realização de um objetivo específico.

b) Criação:

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Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

• As fundações públicas de direito público → são criadas por lei ordinária específica, mas seu objeto
de atuação deve ser definido por lei complementar.

• As fundações públicas de direito privado → a criação é autorizada por lei ordinária específica,
sendo criadas após o registro no cartório competente, mas seu objeto de atuação deve ser
definido por lei complementar.

c) Possuem regime híbrido ou misto.


• Direito Público: Autarquias fundacionais – criadas por lei específica.
• Direito Privado: Fundações governamentais (regime híbrido ou misto) cuja criação é
autorizada por lei.

- Celso Antônio: As fundações são pura e simplesmente autarquias.

- Rafael Oliveira: A ausência de lucro NÃO afasta a necessidade de eficiência por parte da entidade. Na
hipótese de resultados financeiros positivos, quando os créditos superam as despesas, os valores,
considerados superávit (e não lucro), deverão ser reinvestidos nas finalidades da entidade, não sendo
permitida a sua distribuição ou repartição entre seus administradores.

Quadro via @DizeroDireito

FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PRIVADO


Estão sujeitas ao regime público. Estão sujeitas ao regime privado.
São criadas por lei específica (são uma espécie de Deve ser editada uma lei específica autorizando que
autarquia, por isso também chamadas de o Poder Público crie a fundação. Em seguida, será
“fundações autárquicas”). necessário fazer a inscrição do estatuto dessa
fundação no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,
quando, então, ela adquire personalidade jurídica.

Já caiu em prova:
CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN) No ordenamento pátrio, não há possibilidade de instituição
de fundação com personalidade jurídica de direito público. [errado]

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d) Atividade
• Fundação Pública de Direito público: atividades típicas de Estado
• Fundação Pública de Direito Privado: atividades de conteúdo econômico passíveis de delegação

e) Patrimônio:
• Fundação Pública de Direito público: bens públicos
• Fundação Pública de Direito Privado: bens privados (em regra)
 Obs.: Bens privados afetados ao seviço público, ou seja, empregados diretamente na
prestação de serviços públicos, sujeitam-se às regras de direito público.

f) Regime de pessoal:
• Fundação Pública de Direito público: Estatutário;
• Fundação Pública de Direito Privado: Celetista
 Obs.: Ambas se sujeitam à:
 Vedação ao acúmulo de cargos
 Necessidade de realizar concurso público
 Teto remuneratório previsto na CF/88

NA JURISPRUDÊNCIA:
É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista
incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações
públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de
serviços de saúde.
STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020

Observações importantes:

◘ Tanto as fundações públicas de direito público quanto de direito privado possuem imunidade
tributária de impostos sobre rendas, bens ou serviços, conforme dispõe o artigo 150, inciso VI, alínea
“a” e §2º, da Constituição Federal.

◘ Somente as fundações públicas de direito público:


 Possuem prerrogativas processuais
 Submetem-se ao regime de precatório
◘ As fundações estatais NÃO se submetem ao controle do MP, pois a previsão do art. 66 do CC refere-
se, exclusivamente, às fundações privadas, instituídas por particulares, bem como o DL 200/67 afasta
a aplicação do CC às fundações estatais.
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Criada por lei


De direito
público NJ de
Autarquia.
Autarquia
Fundação fundacional
Pública
Autorizada
por lei.
De direito
privado Fundação
Governamen
tal

6.2.5 Empresas Estatais – (importante a leitura da Lei 13.303/2016)

a) Conceito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública Indireta.
São regidas por um regime predominantemente privado, chamado por alguns de regime híbrido, sui
generis. Isso porque, por mais que sejam influenciadas pelo regime privado, possuem características do
regime de direito público.

Obs.: NUNCA serão titulares de serviço, recebendo apenas sua descentralização para a execução
(NÃO há outorga do serviço).

A Lei 13.303/16 estabelece o estatuto jurídico das empresas estatais (empresas públicas, SEM e suas
subsidiárias, demais empresas privadas controladas pelo Estado). Tal estatuto era muito aguardado e
regulamenta o art. 173, §1º, da CRFB/88. A CRFB/88 pedia a fixação, por meio de um estatuto (por meio de
lei ordinária), de regras sobre: licitações e contratos, questões societárias, a função social das estatais e sua
fiscalização pelo poder público e pela sociedade civil, aplicação das mesmas normas de direito privado às
empresas estatais, no que couber. Assim, o estatuto, com essas regras, veio com a Lei 13.303/16.

Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social
é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em
propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas
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de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta.
§1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os deveres
e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na Lei nº 6.404, de
15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de controle no interesse da
companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação.
§2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista com
registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições da Lei no
6.385, de 7 de dezembro de 1976.

b) Criação das Estatais


Em regra, a estatal precisa de lei autorizativa para a sua criação, bem como para a criação de suas
subsidiárias e participação em outras empresas privadas. Há algumas exceções previstas no §3º. Isso é
basicamente uma repetição do art. 37, incs. XIX e XX, da CRFB/88.

Art. 37, XIX, CRFB/88 - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;

O art. 37, XIX, da CRFB/88 define que somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição
de estatais. Havia uma controvérsia quanto à parte final desse inciso, que determina que “cabe à Lei
Complementar definir as áreas de sua atuação”. Nunca houve polêmica que lei ordinária específica vai criar
autarquia. Em regra, a lei vai autorizar a criação de estatais.
Contudo, o que significa “neste último caso”? Parte da doutrina entendia que essa ressalva apenas
se aplicaria às fundações e outros entendiam que a lei complementar também definiria área de atuação das
empresas estatais, além das fundações.
A tese majoritária sempre foi no sentido que a expressão “neste último caso” apenas se refere às
fundações (Rafael Oliveira). Logo, a própria lei ordinária que autoriza a criação da estatal já define qual vai
ser a área de atuação da estatal, não necessitando de lei complementar. A própria lei 13.303/16 não exige
lei complementar, apenas lei.
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Ressalta-se que, quanto às empresas subsidiárias, o STF entende pacificamente que não seria
necessária uma lei específica autorizando a criação de cada subsidiária, bastando uma autorização legal
genérica. Vale lembrar, contudo, que é necessária uma lei específica para a criação de cada estatal
(“empresa-mãe”).

c) Finalidades:
Pode ter duas finalidades:
a) Prestadora de serviço público
b) Exploradora de atividade econômica
d) Capital
▪ Empresas Públicas – capital 100% Público;
▪ Sociedade de Economia Mista – capital Misto (maior parte público)

Já caiu em prova:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) A seguinte definição: “Pessoa jurídica de direito
privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere à Empresa Pública.
[CERTO]

e) Forma Societária:
▪ Empresas Públicas – Qualquer forma societária. Há a possibilidade, inclusive, de empresas com um
único sócio, a exemplo da CEF (exceção à regra geral de direito societário, que exige a presença de
pelo menos dois sócios para instituir a sociedade), assim como na forme de sociedade anônima.
▪ Sociedade de economia mista – Sociedade anônima (somente)

Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica


de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta.
Art. 5º A sociedade de economia mista será constituída sob a forma de sociedade
anônima e, ressalvado o disposto nesta Lei, estará sujeita ao regime previsto na Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

f) Competência:
▪ Empresa Pública Federal – Justiça Federal;
▪ Sociedade de economia mista federal – Justiça Estadual. Exceção (serão processadas na Justiça
Federal):
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∘ Se a União intervier como assistente ou opoente;


∘ Para processar e julgar MS contra ato ou omissão do dirigente da sociedade de economia mista
federal, investido em função administrativa.

Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal,
quando a união intervém como assistente ou opoente.

Súmula 556 do STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.

Vamos resumir as diferenças entre empresa pública e sociedade de economia mista?


EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
CAPITAL capital 100% Público; capital Misto (maior parte público)
FORMAÇÃO Qualquer forma societária. Sociedade anônima (somente)
SOCIETÁRIA Há a possibilidade, inclusive, de
empresas com um único sócio
COMPETÊNCIA Justiça Federal; Justiça Estadual.
Exceção (serão processadas na Justiça
Federal):
∘ Se a União intervier como assistente
ou opoente;
∘ Para processar e julgar MS contra
ato ou omissão do dirigente da
sociedade de economia mista
federal, investido em função
administrativa.

g) Regime de pessoal: Celetista (CLT), mas, por possuírem um regime jurídico híbrido, se sujeitam a
algumas prerrogativas e regras da Administração Pública:
✓ Concurso público
✓ Teto remuneratório
✓ Regras de cumulação de empregos públicos
✓ Lei de improbidade administrativa.
✓ Obediência aos princípios administrativos

Obs.: O regime varia e acordo com a finalidade da empresa estatal. Se for empresa pública que
presta serviço público, o regime se aproxima mais daqueles das pessoas jurídicas de direito público. Se for
exploradora de atividade econômica, se aproxima das empresas privadas que estão fora da Administração.
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h) Administradores: Os administradores das SEM e EP devem ser:


✓ Cidadãos de reputação ilibada e notório conhecimento.
✓ Tempo mínimo de experiência profissional.
✓ Formação acadêmica compatível.
✓ Não ser inelegível.

Hipóteses de inelegibilidade dos administradores: É vedada a indicação de:


∘ De representante do órgão regulador ao qual a estatal está sujeita, de Ministro de Estado, de
Secretário de Estado, de Secretário Municipal, de titular de cargo, sem vínculo permanente com
o serviço público, de natureza especial ou de DAS na Administração, ainda que licenciados do
cargo;
∘ De dirigente estatutário de partido político e de titular de mandato no Poder Legislativo de
qualquer ente da federação, ainda que licenciados;
∘ De pessoa que atuou, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido
político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha
eleitoral;
∘ De pessoa que exerça cargo em organização sindical;
∘ De pessoa que tenha firmado contrato ou parceria, como fornecedor ou comprador,
demandante ou ofertante, de bens ou serviços de qualquer natureza, com a pessoa
políticoadministrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade em
período inferior a 3 anos antes da data de nomeação;
∘ De pessoa que tenha ou possa ter qualquer forma de conflito de interesse com a pessoa político-
administrativa controladora da estatal ou com a própria empresa ou sociedade..

i) Patrimônio: Bens privados, mas sofre modulações de direito público, especificamente no tocante à
alienação, que depende do cumprimento das exigências do art. 17 da Lei 8.666/93.

j) Controle
Há controle do Tribunal de Contas. O STF entendeu existir esse controle, pois na instituição das
empresas estatais haveria contribuição ao erário (patrimônio público).
Se empresas estatais com mais de um Ente Federado participando, o controle será exercido apenas
pelo Tribunal de Contas responsável pelo controle das contas do ente federado administrador da estatal,
conforme decidiu o STF.

CAIU EM PROVA RECENTE:


INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil(adaptada)
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Considerando a temática da organização administrativa, pode-se dizer que as empresas públicas


e as sociedades de economia mista não estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas
(errada).

k) Licitação e contratos:
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas
públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da atividade desempenhada
(prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Nesse sentido, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas entidades, salvo nos casos
expressamente descritos na própria Lei 13.303 (normas penais e parte dos critérios de desempate).
Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei 10.520/2002, será adotado
preferencialmente, nas empresas públicas e sociedades de economia mista, para aquisição de bens e serviços
comuns.
Os contratos terão prazo máximo de 5 anos. Salvo:
∘ Projetos contemplados no plano de negócios e investimentos;
∘ Prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere excessivamente o
negócio.

l) Imunidade tributária:
• Se atuam em regime concorrencial: NÃO gozam de imunidade
• Se prestadoras de serviços públicos não remunerados por preços públicos ou tarifas + estatais que
exercem atividades monopolizadas: Gozam de imunidade.

Art. 173 § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não


poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado – só podem
ter privilégios que a iniciativa privada também tenha.

Art. 150, §3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam
ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.

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ATENÇÃO: O art. 173 da CF, § 2º, assim dispõe: § 2º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Entretanto, segundo a doutrina majoritária, no que pese não haver menção expressa ou distinção
entre as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades
econômicas e prestadoras de serviços públicos, tal vedação se aplica somente às empresas
públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas. Vejamos o que diz
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre o tema: “(...) é amplamente majoritário o entendimento de
que a vedação alcança somente as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividades econômicas – e não as prestadoras de serviço públicos.” (Direito Administrativo Descomplicado.
24ª Edição. Pág. 87). Ressalta-se, por fim, que essa concessão de benefício fiscal exclusivo deve obedecer
a natural observância dos princípios constitucionais pertinentes.

ATENÇÃO! ECT, embora seja empresa pública, possui tratamento diferenciado!


• Regime de Fazenda Pública.
• Possuem imunidade tributária.
• Submetem-se ao regime de precatório
• Bens impenhoráveis

Obs.1: NÃO configura irregularidade a transferência de atividades auxiliares da atividade postal (Ex: Entrega
de encomendas e impressos podem ser delegados, por NÃO serem considerados serviços postais
propriamente dito).
Obs.2: Se as empresas estatais e subsidiárias NÃO receberem recursos dos entes federativos para custeio e
manutenção de pessoal, pode haver pagamentos acima do teto remuneratório.
Obs.3: Deve-se motivar a dispensa de seus empregados.

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: a Empresa Brasileira de


Correios e Telégrafos (ECT) goza de imunidade tributária recíproca mesmo quando realiza o
transporte de bens e mercadorias em concorrência com a iniciativa privada.

m) Precatório: Somente as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços
públicos submetem-se ao regime de precatórios!

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: não é aplicável o


regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público
próprio do Estado, ainda que de natureza não concorrencial.

JÁ CAIU EM PROVA:

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INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) A seguinte definição: “Pessoa jurídica de direito
privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere à Empresa Pública.
[CERTO]
(FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) As sociedades de economia mista têm por destinação a
exploração de atividade econômica e jamais podem atuar como prestadora de serviços públicos.
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) As estatais possuem prazo em quádruplo para contestar
e em dobro para recorrer. [certo]
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Estatal lucrativa não está sujeita ao teto máximo de
remuneração dos ministros do STF, ao se manter com os seus próprios recursos, sem orçamento
do ente federativo criador. [certo]
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A sociedade de economia mista tem personalidade jurídica de
direito público e destina-se à exploração de atividade econômica. [errado]
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A empresa pública tem personalidade jurídica de direito privado
e controle acionário majoritário da União ou outra entidade da administração indireta. [errado]
CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN) A organização da sociedade de economia mista deve ser
estruturada sob a forma de sociedade anônima. [CERTO]
CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR – Escrivão) O Estado, querendo explorar determinada atividade
econômica, pode constituir sociedade de economia mista. [CERTO]

Referências bibliográficas:

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo


Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


No Estado Delta, a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis e de Cargas (DRFAC) tinha atribuição para
investigar os crimes que a denominavam. Diante do aumento nas estatísticas de crimes patrimoniais de
automóveis e cargas na área circunscricional daquela Unidade de Polícia Judiciária, a autoridade competente
desmembrou regularmente as atividades da então DRFAC, de maneira que atualmente existem duas
delegacias distintas especializadas: a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e a Delegacia de
Roubos e Furtos de Cargas (DRFC).
De acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a providência adotada pelo Estado Delta denomina-se:

A-descentralização funcional, consistente na repartição externa de competência entre órgãos distintos do


Estado Delta;
B-delegação funcional, mediante divisão externa de competência entre órgãos distintos do Estado Delta;
C-outorga administrativa, mediante escalonamento especializado de competência entre delegacias distintas;
D-desconcentração administrativa, consistente em distribuição interna de competências;
E-descentralização administrativa, mediante especialização interna no âmbito de uma mesma pessoa
jurídica.

2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
seguinte.
A vedação de constituição de empresa pública com finalidade genérica está em consonância com o princípio
da especialidade.

Certo
Errado

3 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
seguinte.
A desconcentração administrativa caracteriza-se pela divisão de competências entre órgãos de uma mesma
pessoa jurídica de direito público.

Certo
Errado

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
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Texto associado
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
O crime foi cometido em uma sociedade de economia mista, entidade da administração pública indireta.

Certo
Errado

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Na organização do Estado brasileiro, é possível afirmar que a Presidência da República

A-é considerada uma pessoa jurídica de direito público externo.


B-é uma função extra corporis.
C-é considerada uma pessoa jurídica de direito público interno.
D-é uma função supra-administrativa.
E-é um órgão pertencente à Administração Pública Direta.

6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil
Considerando a temática da organização administrativa, assinale a alternativa INCORRETA.

A-O instituto da desconcentração está fundado na hierarquia e se configura pela distribuição interna de
competência no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
B-Na outorga, é transferida a titularidade e a execução do serviço público à pessoa jurídica diversa do Estado,
ao passo que, na delegação, apenas a execução é transferida, permanecendo com o Estado a titularidade do
serviço.
C-Os órgãos autônomos são caracterizados por serem imediatamente subordinados aos órgãos
independentes e diretamente subordinados aos seus agentes.
D-Consoante a doutrina, as fundações públicas de direito privado têm sua criação autorizada por lei
específica enquanto as fundações públicas de direito público são criadas por lei específica, não dependendo
de registro para que sejam instituídas.
E-As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de
Contas.

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Assinale a alternativa que corresponda a um órgão/entidade que pertença à Administração Pública Direta.

A-Agência Reguladora.
B-Agência Executiva.
C-Departamento de Estradas e Rodagens – DER.
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D-Secretaria do Tesouro Nacional.


E-Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ.

8 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A seguinte definição: “Pessoa jurídica de direito privado administrada exclusivamente pelo poder público,
instituída por um ente estatal, com a finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se
refere

A-a entes do sistema “S”.


B-à Fundação Pública.
C-à Sociedade de Economia Mista.
D-à Empresa Pública.
E-à Agência Reguladora.

9 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Dentro da organização da Administração Pública, pode-se conceituar o processo de desconcentração como

A-a distribuição de competências entre órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o mais
adequado e racional desempenho das atividades estatais.
B-o fenômeno inerente à Administração Indireta, que consiste na criação de entidades para atividades de
fiscalização e regulação de um determinado setor.
C-a prestação de serviço ao Poder Público, por meio de contrato de gestão ou termo de parceria com
empresas do setor privado.
D-a transferência de poderes e atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo criador.
E-o ato de criação de pessoas jurídicas meramente administrativas, sem a característica de ente político.

10 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Pessoas jurídicas de direito privado cuja criação é autorizada por lei para prestação de serviço público ou
para exploração de atividade econômica são

A-fundações ou autarquias fundacionais.


B-consórcios públicos.
C-serviços sociais autônomos.
D-empresas públicas e sociedades de economia mista.
E-agências executivas.

11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal
Acerca da organização da administração pública brasileira, julgue o item subsequente.
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Ao outorgar determinada atribuição a pessoa não integrante de sua administração direta, o Estado serve-se
da denominada desconcentração administrativa.

Certo
Errado

12- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Acerca da administração direta e indireta, julgue o item que segue.
A administração direta é constituída de órgãos, ao passo que a administração indireta é composta por
entidades dotadas de personalidade jurídica própria, como as autarquias, que são destinadas a executar
serviços públicos de natureza social e atividades administrativas.

Certo
Errado

13 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


A Administração Indireta compreende as seguintes entidades, dotadas de personalidade jurídica própria

A-autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.


B-agências executivas, fundações de apoio e serviços sociais autônomos.
C-autarquias, fundações, organizações sociais e empresas públicas.
D-agências reguladoras, empresas públicas e Polícias Civil e Militar.
E-autarquias, fundações e organizações sociais.

14 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


Assinale a alternativa que corretamente discorre sobre a Organização Administrativa.

A-Os serviços sociais autônomos não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade privada
de interesse público e, exatamente por isso, são incentivados pelo poder público, sendo que, neste caso, a
atuação estatal é de fomento e não de prestação de serviço público. Não se trata de atividade que incumbisse
ao Estado, como serviço público, e que ele transferisse para outra pessoa jurídica, por meio do instrumento
da descentralização. Trata-se, isto sim, de atividade privada de interesse público que o Estado resolveu
incentivar e subvencionar.
B-Em relação às entidades paraestatais, fica muito clara a intenção de fugir ao seu enquadramento entre as
entidades da Administração Indireta e, em consequência, ao regime jurídico imposto a elas como licitação,
concurso público e controle. No entanto, considerando que tais entidades administram, em regra, bens do
patrimônio público, inclusive dinheiro público, não é possível que fiquem inteiramente à margem de

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determinados preceitos publicísticos, sob pena de burla aos preceitos constitucionais que regem a
Administração Pública.
C-Entidades de apoio são pessoas privadas que colaboram com o Estado desempenhando atividade não
lucrativa e às quais o Poder Público dispensa especial proteção, colocando a serviço delas manifestações de
seu poder de império, como o tributário, por exemplo; não abrangem as entidades da Administração Indireta;
trata-se de pessoas privadas que exercem função típica (embora não exclusiva do Estado), como as de
amparo aos hipossuficientes, de assistência social, de formação profissional.
D-Por Organizações Sociais, pode-se entender as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou
cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo
vínculo jurídico com entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio.
E-Organizações Sociais de Interesse Público são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com
incentivo e fiscalização pelo Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de contrato de
gestão.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia


O conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a competência para o
exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado denomina-se

A-Administração Indireta.
B-Administração Direta.
C-Fundação Pública.
D-Sociedade de Economia Mista.
E-Empresa Pública.

16 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil


A respeito das entidades integrantes da administração pública indireta, as pessoas jurídicas de direito
público, criadas por lei, sem caráter econômico, para desempenho de funções próprias e típicas de Estado,
são denominadas:

A-Autarquias.
B-Empresas públicas.
C-Fundações públicas.
D-Organizações sociais.
E-Sociedades de economia mista.

17 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Agente de Polícia Civil


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Não constitui característica das sociedades de economia mista:

A-São criadas por autorização de lei.


B-Adotam a forma de sociedade anônima.
C-São pessoas jurídicas de direito público.
D-Controle acionário pertencente ao Poder Público.
E-Têm como objetivo a exploração de atividades econômicas ou a prestação de serviços públicos.

18 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil


Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo e Administração Pública, é correto afirmar que:

A-governo democraticamente eleito e Estado são noções intercambiáveis para o Direito Administrativo.
B-um órgão público estadual pode ser criado por meio de Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou
por meio de Portaria de Secretário de Estado, desde que editada por delegação do Governador.
C-fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar a relação existente entre Administração Pública e
seu corpo de agentes públicos.
D-a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é representada pelos agentes públicos e seus bens.
E-o órgão público é desprovido de personalidade jurídica. Assim, eventual prejuízo causado pela Assembleia
Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao Estado do Acre.

19 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2016 - PC-GO - Agente de Polícia Substituto
A administração direta da União inclui

A-a Casa Civil.


B-o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
C-as agências executivas.
D-o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
E-a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

20- 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil
No que se refere à organização da Administração Publica Direta e Indireta, assinale a alternativa correta.

A-Conselhos que controlam as profissões possuem a natureza jurídica de empresas públicas.


B-As estatais possuem prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.
C-Há um controle pela Administração Direta, nas entidades da Administração Indireta , denominado controle
hierárquico.
D-Estatal lucrativa não está sujeita ao teto máximo de remuneração dos ministros do STF, ao se manter com
os seus próprios recursos, sem orçamento do ente federativo criador.
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E-Não se concebe à autarquia o mesmo tratamento dos entes da federação em matéria de privilégio fiscal.

Respostas3

3
1: D 2: C 3: C 4: E 5: E 6: E 7: D 8: D 9: A 10: D 11: E 12: C 13: A 14: A 15: B 16: A 17: C 18: E 19: A 20: D
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META 3

DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE II)

5. EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160)

Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Leitura do Código.

Observação: Caso após depois a obtenção do documento, o agente efetivamente dá início ao procedimento
criminal do qual sabe ser a vítima inocente, haverá concurso material entre o crime de extorsão indireta com
o de denunciação caluniosa.

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: Agente que impõe à vítima,
como garantia de dívida, a exigência ou o recebimento de documento que pode dar causa a
procedimento criminal contra esta ou terceiro, responde pelo delito de extorsão indireta.

6. USURPAÇÃO (ART. 161 e 162)

Arts. 161 e 162 – Leitura do código.

DA USURPAÇÃO

Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:

Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
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II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais


de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.

Supressão ou alteração de marca em animais


Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca
ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

7. DANO (ART. 163)

Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constituir
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:


Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente
à violência.

a) Bem jurídico tutelado: patrimônio (propriedade e posse).

b) Objeto material do delito: é a coisa alheia móvel ou imóvel.

A coisa há que ter um dono, não ocorrendo o delito caso se trate de res nullius ou de coisa
abandonada.

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Não há crime de dano se o indivíduo danifica coisa própria em poder de terceiro, pois ausente a
elementar “coisa alheia móvel”. Pode, a depender do caso concreto, incorrer no crime do art. 346, CP.

c) Princípio da Insignificância: Não há o delito em caso de coisa com valor ínfimo, aplicando-se o princípio da
insignificância.

Assim decidiu o STJ, ao debater caso de detento que, tentando uma fuga, causou
pequeno dano a obstáculo que buscava transpassar: “[…] O injusto penal, como
fato típico e ilícito, exige a congruência do desvalor da ação e do desvalor do
resultado. O desvalor do resultado consiste na lesão ou no perigo de lesão ao bem
jurídico protegido. Inexistindo o desvalor do resultado, porque ausente ou ínfima a
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido, o que se evidencia no dano ao
Estado avaliado em R$ 10,00 (dez reais), não há injusto penal, não há tipicidade.
Aplicação do princípio da insignificância. […]”.

Não é cabível a aplicação do princípio da insignificância ao dano qualificado.

Jurisprudência em teses (Edição nº 87):


TESE 5 - Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nas hipóteses de
dano qualificado, quando o prejuízo ao patrimônio público atingir outros bens de
relevância social e tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da ação
e de reprovabilidade da conduta do agente.

d) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), EXCETO o proprietário da coisa
● Sujeito passivo: proprietário e o possuidor da coisa.

e) Tipicidade subjetivo: DOLO


Não há dano culposo.

f) Tipicidade objetiva: Há três verbos figurando no núcleo do tipo:


✔ Destruir - aniquilar, eliminar.
✔ Inutilizar - é tornar inservível, sem uso, sem aplicação para a sua finalidade.
✔ Deteriorar - significa estragar, arruinar, ou seja, mesmo sem a destruição da coisa ela perde parte
de seu valor econômico ou sua utilidade, sendo algo mais leve que a inutilização.

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● Tipo penal misto alternativo - a prática de mais de um desses verbos no mesmo contexto fático não
importa pluralidade de delitos, mas crime único.
● Crime de forma livre – não há meios executórios específicos
● Somente pode praticar o crime de dano através de uma CONDUTA COMISSIVA ou OMISSIVA
IMPRÓPRIA.

6.1 Dano Qualificado

Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)

IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:


Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente
à violência.

Inciso I: com violência à pessoa ou grave ameaça:

A violência pode ser: Violência material (vis corporalis) ou Violência moral (vis compulsiva)
A violência, material ou moral, não é a finalidade direta do agente, mas uma forma de se alcançar
acesso à coisa que se pretende danificar. Por isso, a violência deve ser empregada ANTES do dano.

Inciso II: COM emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

O inciso II tipifica o dano praticado mediante o emprego de substância inflamável ou explosiva, se o


fato não constitui crime mais grave.
A ressalva do dispositivo se refere aos crimes de perigo comum previstos nos artigos 250 e 251 do
CP, punidos de forma mais severa por exporem a um risco concreto de lesão a incolumidade pública. Nessa
hipótese, o dano qualificado é absorvido sempre que a conduta gerar perigo comum.

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● Inciso III: Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos

O DF só foi incluído no inciso III do parágrafo único do artigo em 2017.


Nesse conceito estão integrados os bens públicos de uso comum ou especial (pois podem se
transformar em bens patrimoniais, bastando a iniciativa do poder estatal)
Não há menção ao chamado “terceiro setor” (os integrantes do “Sistema S”, como SENAI, SESC e
outros, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, as Organizações Sociais – OS etc.).

Cuidado! Segundo o STF e a doutrina, comete o crime de dano qualificado o preso que, para
evadir-se, danifica o estabelecimento prisional (basta o dolo genérico). Para o STJ, por sua vez, o
mero dano para fugir não configura crime de dano qualificado, tendo em vista que esse crime exige
dolo específico consistente na intenção de prejudicar o poder público (no caso julgado, a
municipalidade).

Jurisprudência em teses (Edição nº 87):


TESE 3 - O delito de dano ao patrimônio público, quando praticado por preso para
facilitar a fuga do estabelecimento prisional, demanda a demonstração do dolo
específico de causar prejuízo ao bem público (animus nocendi), sem o qual a
conduta é atípica.

Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra indígena, ao receber ordem
para desocupar o local, destrói as acessões (construções e plantações) que havia
feito no local, ele pratica, em tese, o delito de dano qualificado (art. 163, parágrafo
único, III, do CP). Isso porque essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88),
de forma que, consequentemente, as acessões também são patrimônio público
federal. STF. 2ª Turma. Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/9/2014 (Info 760).

● Inciso IV: Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

A última qualificadora refere-se ao motivo egoístico para o cometimento do delito ou ao


considerável prejuízo causado à vítima.

● Motivo egoístico - é aquele baseado na satisfação de um interesse futuro, econômico ou moral,


desde que exacerbado.

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● Prejuízo considerável - não deve ser avaliado pelo valor da coisa danificada, mas pelas
consequências econômicas que o ato acarreta ao sujeito passivo.

6.2 Pena e Ação Penal

● Caput: menor potencial ofensivo.


● Parágrafo único: médio potencial ofensivo
● Ação penal privada - dano simples (caput) e no furto qualificado por motivo egoístico ou considerável
prejuízo.
● Ação penal pública incondicionada - nas demais hipóteses
Atenção ao artigo 167.

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente
se procede mediante queixa.

Arts. 164 ao 166 – Leitura do Código

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia


Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento
de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico


Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Alteração de local especialmente protegido

Doutrina defende que o art. 165 foi revogado tacitamente pela


Lei de Crimes ambientais.

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local


especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

8. APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168, CP)

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

a) Conceito: Como já falamos um pouco antes, na explicação do furto, trata-se da conduta de apropriar-
se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
∘ Então, aqui, o agente recebe da própria vítima a posse desvigiada do bem e não a restitui.
∘ Não abrange coisa imóvel

b) Objeto jurídico e objeto material (mesmas considerações sobre o furto): Objeto material: coisa alheia
móvel, podendo ser coisa fungível.

c) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo - Crime comum
∘ Possuidor ou detentor (locatário, caixeiro-viajante, simples possuidor da coisa etc.) que
tenha a coisa de forma legítima.
∘ Deve haver a POSSE LÍCITA e DESVIGIADA.
∘ O proprietário não pode figurar no pólo ativo, pois a coisa deve ser alheia.
∘ Se o sujeito ativo for funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas, o
delito será de peculato.

● Sujeito passivo - proprietário

d) Elemento subjetivo: A apropriação indébita só existe na forma dolosa.


Dolo - Vontade livre e consciente de fazer sua a coisa alheia móvel de que o sujeito ativo tem posse
ou detenção.
O dolo de ficar com a coisa surge depois da entrega, de modo que, se restar demonstrado qualquer
dolo ab initio, restará desconfigurada a apropriação indébita, podendo o agente incorrer em crime de furto
ou estelionato.

e) Consumação e tentativa
Consuma-se no momento em que o agente inverte o título da posse ou da detenção, passando a
exercer sobre a coisa atos de domínio.
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É difícil precisar, pois depende de uma atividade subjetiva.


Para a doutrina majoritária, é possível a tentativa

f) Extinção da Punibilidade:
Houve uma evolução jurisprudencial acerca da possibilidade de extinção da punibilidade caso
restituída a coisa.
Em um primeiro momento, o STJ aceitava a extinção da punibilidade do crime de apropriação
indébita, caso houvesse a restituição da coisa apropriada antes do recebimento da denúncia. O STJ fazia um
paralelo com a jurisprudência já consolidada do STF referente à fraude no pagamento por meio de cheque,
constante na súmula 554, a contrário sensu. (Inf. 409, STJ).
No entanto, houve uma evolução jurisprudencial, de modo que, atualmente, a jurisprudência não
mais aceita a extinção da punibilidade pelo delito de apropriação indébita. Portanto, caso restituída a coisa
apropriada, poderá haver a privilegiadora, na forma do art. 155, §2º ou arrependimento posterior (art. 16).

“Assim, no delito de apropriação indébita, a devolução da quantia apropriada antes


do recebimento da denúncia não enseja a extinção da punibilidade (HC n.
200.939/RS, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 9/10/2012 e REsp n.
843.713/RS, Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 12/02/2007), sendo apenas
causa de redução de pena, nos termos do art. 16 do CP, razão pela qual deve ser
retomado o curso da ação penal.” AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.156.218 -
GO

g) Causas de aumento de pena - tornam o delito de elevado potencial ofensivo;

Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

⋅ Tutor - administra os bens e cuida de pessoa menor de dezoito anos.


⋅ Curador - Cuida do maior de idade incapaz, também administrando seus bens.
⋅ Liquidatário- pessoa que tem o poder para promover a liquidação.
⋅ Inventariante - Encarregado de administrar o espólio.
⋅ Testamenteiro - Pessoa responsável por dar efetivo cumprimento às disposições do testamento
⋅ Depositário judicial - Pessoa responsável pela salvaguarda de objetos apreendidos em ações judiciais.

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⋅ Síndico - O “síndico” que trata o artigo é sindico da massa falida (que hoje é chamado de
administrador judicial), e não o síndico de condomínio.

Obs.: Apropriação indébita x furto/estelionato


● No furto e no estelionato - o apossamento da coisa é revestido de ilegalidade, seja em virtude da
subtração, seja em virtude da fraude.
∘ No furto qualificado pelo abuso de confiança, a posse é vigiada, ao passo que, na apropriação
indébita, a posse é desvigiada.

● Na apropriação - o apossamento é legítimo, livre de qualquer vício. A conduta criminosa ocorre


depois do apossamento.

8.1 Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A).

Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
2000)
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o
agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
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I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o


pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de
parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior
àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)

a) Classificação
∘ Crime comum
∘ Crime doloso
∘ Crime de forma livre
∘ Crime unissubjetivo
∘ Crime unissubisistente
∘ Crime instantâneo

b) Conceito e bem jurídico:


Apesar de inserido no título referente aos crimes contra o patrimônio, o crime de apropriação
indébita previdenciária tutela a Seguridade Social, mais precisamente o sistema previdenciário. Isso porque
o crime consiste em deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional. Temos, portanto, o seguinte panorama:
∘ Bem jurídico imediato - seguridade social – definido constitucionalmente no art. 194, CF/88
∘ Bem jurídico mediato - ordem tributária, pois contribuição previdenciária é espécie de tributo e
ordem econômica, em razão da preservação da livre iniciativa em face das empresas que cumprem
regularmente suas obrigações tributárias e são prejudicadas perante aquelas que não honram sua
obrigação junto ao Fisco.

c) Objeto material do crime - É a contribuição previdenciária arrecadada e não recolhida.

d) Sujeitos do delito:
● Sujeito passivo – é a União Federal que, por meio da Receita Federal do Brasil, arrecada e fiscaliza
as contribuições previdenciárias.
● Sujeito ativo: crime comum (para a doutrina majoritária)

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Considerações importantes sobre o sujeito ativo:


✔ Admite coautoria e participação
✔ Pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo do crime por ausência de previsão constitucional.
✔ Empregador doméstico e administrador judicial de massa falida podem ser sujeito ativo

e) Conduta:
O tipo objetivo tipifica como crime a conduta de deixar de repassar, à previdência social, os valores
recolhidos dos contribuintes no prazo e forma legal (no caso de previdência oficial), ou no prazo e forma
convencional (em se tratando de previdência privada).
Deixar de repassar significa não recolher, ou seja, reter, de forma indevida, a quantia descontada ou
cobrada do contribuinte. Ressalta-se que não basta deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, é indispensável que o não repasse seja feito “no prazo e forma legal ou
convencional”, de modo que, sem esse elemento específico, não haverá crime.
Considerações sobre o crime:
✔ Crime omissivo próprio, portanto, não admite tentativa.
✔ Norma penal em branco homogênea (deve ser complementada pela legislação previdenciária);
✔ §1º- Figuras equiparadas também omissivas.

Jurisprudência do STJ em teses – edição nº87


TESE Nº 7 - O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo
próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento da contribuição
previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo, portanto, do dolo
específico.

TESE Nº 8 - A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo e


unissubsistente, sendo a mera omissão de recolhimento da contribuição
previdenciária dentro do prazo e das formas legais suficiente para a caracterização
da continuidade delitiva.

f) Elemento subjetivo: Dolo


Ao contrário da apropriação indébita comum – cuja conduta típica é “apropriar-se” –, a apropriação
indébita previdenciária não pressupõe finalidade especial, pois consiste apenas em “deixar de repassar”. É
prescindível o animus rem sibi habendi.

STF - “A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que


para a configuração do delito de apropriação indébita previdenciária não é

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necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi habendi, bastando para
nesta incidir a vontade livre e consciente de não recolher as importâncias
descontadas dos salários dos empregados da empresa pela qual responde o
agente”.

STJ - “Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição


previdenciária, este Superior Tribunal de Justiça pacificou a orientação no sentido
de que sua comprovação prescinde de dolo específico sendo suficiente, para a sua
caracterização, a presença do dolo genérico consistente na omissão voluntária do
recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos”.

g) Insignificância
Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes de sonegação de contribuição previdenciária e
apropriação indébita previdenciária, tendo em vista a elevada reprovabilidade dessas condutas, que atentam
contra bem jurídico de caráter supraindividual e contribuem para agravar o quadro deficitário da Previdência
Social (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1783334/PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/11/2019).

Não é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apropriação


indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária,
independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem a própria
subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de
reprovabilidade da conduta do agente que atenta contra este bem jurídico
supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita
previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como
afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau
reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já
deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico
supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria
ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 22/05/2019.

h) Consumação: Existe divergência sobre a classificação do crime quanto ao momento consumativo:

∘ 1ª C - Doutrina majoritária: crime formal, de resultado cortado, de consumação antecipada.


Consuma-se com a conduta negativa de “deixar de repassar”, não sendo necessário que o agente
que deixa de recolher enriqueça ilicitamente e nem que haja o efetivo prejuízo ao erário.
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∘ 2ª C – Tribunais superiores: crime material, dependendo da lesão aos cofres da União. É claro que a
previdência social suporta prejuízo imediato no momento em que alguém deixa de repassar as
contribuições já recolhidas dos contribuintes.

Jurisprudência do STJ em teses – edição nº87


TESE 6 - O crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP) é de
natureza material e exige a constituição definitiva do débito tributário perante o
âmbito administrativo para configurar-se como conduta típica.

Inclusive, conforme entendimento do STJ, a prescrição da pretensão punitiva do crime de


apropriação indébita previdenciária permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito tributário
estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no juízo cível.

A prescrição da pretensão punitiva do crime de apropriação indébita previdenciária


(art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito
tributário estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da
tutela no juízo cível. Isso porque a decisão cível acerca da exigibilidade do crédito
tributário repercute diretamente no reconhecimento da própria existência do tipo
penal, visto ser o crime de apropriação indébita previdenciária um delito de
natureza material, que pressupõe, para sua consumação, a realização do
lançamento tributário definitivo. STJ. 5ª Turma. RHC 51596-SP, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 3/2/2015 (Info 556).

O STJ já reconheceu continuidade delitiva entre o art. 168-A e o art. 337-A do CP, embora não sejam
crimes da mesma espécie – como manda o figurino. Porém, se o STJ decidiu, cai em prova. Lembre-se disso!

TESE Nº 9 - É possível o reconhecimento da continuidade delitiva de crimes de


apropriação indébita previdenciária (art. 168-A do CP), bem como entre o crime de
apropriação indébita previdenciária e o crime de sonegação previdenciária (art. 337-
A do CP) praticados na administração de empresas distintas, mas pertencentes ao
mesmo grupo econômico.

i) Formas equiparadas (§1º)


Em seu § 1.º, o art. 168-A do Código Penal traz três figuras equiparadas ao crime de apropriação
indébita previdenciária.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: [conduta omissiva]
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

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I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à


previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,
a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços;
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

● Inciso I – Nas palavras do professor Cleber Masson: “Este tipo penal visa incriminar a conduta do
denominado “substituto tributário” ou “contribuinte de direito”, que recebe por lei a atribuição de
arrecadar e recolher o tributo devido pelo contribuinte de fato. Ressalta-se que o objeto material
também é diverso. Enquanto o caput limita-se às contribuições sociais, o inciso I criminaliza o não
repasse de “outras importâncias destinadas à previdência social”.
● Inciso II - A grande diferença, nesse caso, é que não há ausência de repasse de importâncias
descontadas do pagamento de terceiros, mas sim daquelas contabilizadas como embutidas nos
custos de produtos ou serviços. Portanto, se no preço final do produto ou serviço há valor embutido
a título de contribuição devida, mas não repassada à previdência social, restará caracterizado o
presente delito.
● Inciso III - A conduta consiste no fato de o agente deixar de pagar ao segurado o benefício (ex.:
salário família), embora já tenha recebido recursos para tanto da Previdência Social.

j) Causa extintiva da punibilidade (§2º).

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e


efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal.

É importante ressaltar que, embora o artigo fale em “antes do início da ação fiscal, existem
julgados dizendo que o pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o
trânsito em julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art.
9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. Portanto, tenha cuidado se o enunciado vai pedir a letra da lei ou o
entendimento dos Tribunais Superiores!
· STJ. 5ª Turma. HC 362478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017.
· STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.

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O pagamento integral do débito previdenciário, ainda que no curso da execução


penal, é causa de extinção da punibilidade (STF, 2ª Turma, RHC 128245, j.
23/08/16).

k) Perdão judicial e aplicação isolada da pena de multa

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o


agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia,
o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou )
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

Exige-se como requisitos cumulativos para a aplicação isolada de multa ou para a concessão do
perdão judicial (hipótese em que será extinta a punibilidade do agente), que:
(1) O agente seja primário
(2) O agente possua bons antecedentes

Em relação ao inciso I, explica o professor Cléber Masson:

A hipótese disciplinada pelo inciso I não mais se aplica, em decorrência da regra


contida no art. 9.º, § 2.º, da Lei 10.684/2003 (ver art. 168-A, item 2.8.4.17),
permissiva do pagamento do débito previdenciário a qualquer tempo, até o
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, para fins de extinção da
punibilidade. Destarte, o pagamento da contribuição previdenciária, atualmente, é
idôneo a acarretar a eliminação do direito de punir em um prazo mais dilatado, de
modo mais interessante ao réu.

Em relação ao inciso II, apesar de válido, é de difícil aplicação prática, pois os requisitos autorizadores
do perdão judicial ou da pena de multa abrem ensejo para o princípio da insignificância (ver art. 168-A, item
2.8.4.20), causa supralegal de exclusão da tipicidade, e, portanto, indiscutivelmente mais favorável ao réu.

CUIDADO: Caso o agente seja beneficiado pela concessão do parcelamento do débito devido
como contribuição social previdenciária, cujo valor seja superior ao estabelecido como mínimo para
o ajuizamento de suas execuções fiscais, não será possível aplicar-lhe isoladamente a multa ou o
perdão judicial, por expressa previsão legal.
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§ 4 o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de


parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior
àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais

l) Aspectos procedimentais

● Necessidade de prévio esgotamento da via administrativa:


Para o STF e STJ, exige-se o prévio esgotamento da via administrativa e ausência de justa causa para
a ação penal
Assim, enquanto não encerrado o processo administrativo relativo à existência, valor ou exigibilidade
do crédito tributário, o Ministério Público não pode oferecer a denúncia pelo crime previsto no art. 168-A,
CP, tampouco pode ser instaurado inquérito policial para a investigação do delito
● Competência:
Em regra, a competência é da justiça Federal, por se tratar de crime praticado em detrimento dos
interesses da União, na forma do art. 109, IV, CF/88.
Excepcionalmente, porém, poderá ser competência da Justiça Estadual se o tributo suprimido for a
contribuição estabelecida no art. 149, §1º da CF/88.

Arts. 169 e 170 – Leitura do código.

Observação: atenção para a previsão do 169, II – já comentamos que é crime a prazo (só é crime
depois de preenchido o tempo legal) e de conduta mista (comissivo e omissivo).
Há aplicação do privilégio do furto.

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza


Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da
quota a que tem direito o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada

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II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,


deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de quinze dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, §
2º.

9. ESTELIONATO (ART. 171, CP)

Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar
a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como
própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
I - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo,
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
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Fraude eletrônica
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do
resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de


entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência.

Estelionato contra idoso


Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)

§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra


idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação
dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:


I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

CAIU EM PROVA RECENTE


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Crime de estelionato que seja cometido contra pessoa idosa que tenha 62 anos de idade na data
do fato somente se procede mediante representação da vítima.

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R. Correto. Tratando-se de idoso com 62 anos a ação é penal pública condicionada à


representação, tendo em vista que a ressalva abrange apenas os maiores de 70 anos.

a) Conceito: é o crime contra o patrimônio em que o agente se vale de fraude para enganar a vítima e obter,
para si ou para outrem uma vantagem indevida em prejuízo alheio.
Exige o binômio: VANTAGEM INDEVIDA + PREJUÍZO ALHEIO!
⋅ Se tenho fraude e não tenho prejuízo - não há estelionato
⋅ Se tenho fraude e não tenho vantagem - não há estelionato
⋅ Se tenho prejuízo e vantagem, mas não tenho fraude - não há estelionato

b) Crime de médio potencial ofensivo – pena mínima de 1 ano, cabendo suspensão condicional do processo.

c) Objeto jurídico: PATRIMÔNIO da pessoa que perde o bem - Inviolabilidade patrimonial (interesse de
cunho privado)

d) Objeto material: pessoa física ludibriada pela fraude e a coisa ilicitamente obtida pelo agente.

e) Núcleo do tipo: “obter” – tratando-se, portanto, de crime material.


A obtenção da vantagem ilícita em prejuízo alheio deve ser:
● Induzindo (o próprio agente que gera na vítima a falsa percepção da realidade) ou
● Mantendo a vítima em erro (a vítima já está enganada e o agente se aproveita disso – fica em
silêncio),
● Mediante:
∘ Artifício (fraude material – documento falso, falso bilhete premiado, falso uniforme)
∘ Ardil (fraude intelectual – conversa enganosa)
∘ Qualquer outro meio fraudulento (inclusive por omissão).

Obs.1: A vantagem deve ser indevida.


Obs.2: Ficam excluídos os meios violentos, intimidadores ou clandestinos – exige-se a ilusão da vítima

Há estelionato na hipótese de a pessoa pagar por um trabalho espiritual ou atividade mística?


R.: A atividade nesse sentido pode configurar estelionato se:
(1) Patente a ineficácia da prática;
(2) O sujeito passivo crê na possibilidade de ocorrência do resultado
(3) O sujeito ativo tem consciência de agir fraudulentamente.
☞ Esta é justamente a diferença entre estelionato e curanderismo. Neste, o agente crê no
resultado. No estelionato, não. O agente atua com consciência da fraude.

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Fique atento à jurisprudência pertinente sobre o tema:

Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o


devido: estelionato (não é furto mediante fraude)
A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado
menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex: as fases
“A” e “B” do medidor foram isoladas por um material transparente, que permitia a
alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a
consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 07/05/2019 (Info 648). Cuidado para não confundir: • agente desvia a energia
elétrica por meio de ligação clandestina (“gato”): crime de FURTO (há subtração e
inversão da posse do bem). • agente altera o sistema de medição para que aponte
resultado menor do que o real consumo: crime de ESTELIONATO.

f) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa que emprega a fraude.
● Sujeito passivo: tanto quem é ludibriado pelo agente como quem sofre diminuição do patrimônio. A
fraude deve ser endereçada a uma pessoa física, mas o dano patrimonial pode ser causado tanto a
uma pessoa física como também a uma pessoa jurídica.

Obs.1: Deve tratar-se de vítima com capacidade de discernimento. Caso seja incapaz, configurará o delito
de abuso de incapaz (art. 173 do CP). E se for sem qualquer capacidade de discernimento (ex.: doença mental
permanente, cuja pessoa não é capaz de entender e discernir as consequências dos próprios atos), o delito
será de furto.

Obs.2: Prevalece na doutrina que a torpeza bilateral não afasta o crime! Entenda:
O estelionatário muitas vezes se vale da “falsa esperteza”, da ganância da vítima. Assim, surge a seguinte
dúvida: Havendo fraude bilateral (do agente e da vítima), há exclusão do crime? NÃO, tendo em vista que
a boa-fé da vítima não é elementar do tipo.

g) Elemento subjetivo: dolo, com especial fim de agir.

h) Consumação:
O emprego de fraude que deve causar a obtenção de vantagem ilícita e a efetiva causação de prejuízo
alheio. Crime de duplo resultado.
Em síntese, três coisas são necessárias: fraude, vantagem e prejuízo.
Tentativa: é crime plurissubsistente, sendo cabível a tentativa.

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Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de


estelionato qualificado por médico que, no desempenho de cargo público,
registra o ponto e se retira do hospital
Caso concreto: o réu foi denunciado pelo MPF pela prática de estelionato
qualificado, porque, na qualidade médico de hospital universitário federal, teria
registrado seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua carga horária durante
quase dois anos. A jurisprudência do STJ não tem admitido, nos casos de prática de
estelionato “qualificado”, a incidência do princípio da insignificância (princípio
inspirado na fragmentariedade do Direito Penal). Isso porque se identifica, neste
caso, uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No caso concreto, o STJ
afirmou que não era possível o trancamento da ação penal, sob o fundamento de
inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando
de hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas
federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
em 12/05/2020 (Info 672).

Estelionato e competência no caso em que o prejuízo ocorreu em local diferente


da obtenção da vantagem
No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou
transferência bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da
vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou seja,
no momento em a quantia foi depositada em sua conta. STJ. 3ª Seção. CC
167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019. STJ. 3ª
Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019.

A competência para julgar estelionato que ocorre mediante depósito ou


transferência bancária é do local da agência beneficiária do depósito ou
transferência bancária (local onde se situa a agência que recebeu a vantagem
indevida)
Na hipótese em que o estelionato se dá mediante vantagem indevida, auferida
mediante o depósito em favor de conta bancária de terceiro, a competência deverá
ser declarada em favor do juízo no qual se situa a conta favorecida. No caso em que
a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou transferência
bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita
ocorreu quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou seja, no momento em
a quantia foi depositada em sua conta. STJ. 3ª Seção. CC 167025/RS, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019. STJ. 3ª Seção. CC 169053-DF,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019 (Info 663).
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Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque
clonado, adulterado ou falsificado: a competência é do local onde a vítima possui
a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da vantagem
ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque
adulterado, ou seja, onde a vítima possui conta bancária. Aplica-se o raciocínio da
súmula 48 do STJ (Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita
processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque).

O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete


ao Juízo do local da agência bancária da vítima.
STJ. 3ª Seção. CC 182977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022

• estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer


depósitos ou transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a
competência é do local onde o estelionatário possui a conta bancária. Isso porque,
neste caso, a obtenção da vantagem ilícita ocorre quando o estelionatário
efetivamente se apossa do dinheiro, ou seja, no momento em que ele é depositado
em sua conta.

i) Privilégio: É aplicável a privilegiadora do furto

Atenção: algumas situações possuem tipos penais específicos, como o caso de adulteração de combustível
(Art. 1º da Lei 8176/91); art. 6º da Lei 7.492/86; art. 41-E da Lei 12.299/10, dentre outros.

Há também subtipos do estelionato.


● Sobre o inciso III: defraudação de “penhor”. Se for defraudação da “penhora” e com isso o devedor
ficar insolvente, será o delito do art. 179 (fraude à execução), sendo que, caso não fique insolvente,
será penalmente atípico.

● Inciso IV: não é aplicável às fraudes no comércio. Nestes casos específicos, serão aplicáveis o CDC ou
a Lei 8.137/90, conforme a situação. Antes seria o crime do artigo 175 do CP, mas a doutrina entende
que foi tacitamente revogado pelos dispositivos já citados.

● Inciso V: é uma modalidade de estelionato que é crime formal. Não há a necessidade de que venha
efetivamente a receber indenização ou seguro. Caso um terceiro perpetre a fraude sem o
conhecimento do segurado para beneficiar a si próprio, a figura penal é a do 171, caput.
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Obs.: Segurado não é nunca sujeito passivo. Se houver lesão ao seu corpo por terceiro, ele será vítima de
lesão corporal ou outro crime violento, mas não da fraude. Neste caso, o terceiro responderá pelo estelionato
e pela lesão em concurso formal e o segurado apenas pelo estelionato, já que o direito brasileiro não pune a
autolesão.

● Inciso VI: Sujeito ativo – emitente/sacador/endossante (controverso, mas prevalece que pode).
Passivo: tomador/beneficiário do cheque, podendo ser qualquer pessoa. Dois núcleos: emitir ou
frustrar.

A súmula 246 do STF prevê que “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos”. Assim, deve estar caracterizada a má-fé, a intenção de obtenção de
vantagem indevida. Se for mero descuido, não configurará o crime, sendo fato atípico por ausência de
previsão da modalidade culposa.
Para o STJ, cheque pré-datado ou pós-datado não configura o delito, tendo em vista ser uma
promessa futura de pagamento, uma garantia de crédito, não constituindo ordem de pagamento à vista. NO
ENTANTO, caso reste demonstrado que a emissão desse cheque foi fraudulenta, com o objetivo de obter
vantagem indevida, configurará o delito do 171, caput.

Súmula 554 do STF: o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após
o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Da leitura da súmula a gente infere que o pagamento do cheque emitido sem provisão, ANTES do
recebimento da denúncia, OBSTA o prosseguimento da ação penal. Trata-se de causa supralegal de extinção
da punibilidade.
Mas atenção: para o STF, tal entendimento apenas se aplica ao §2º, VI. Não se aplica caso a conduta
da emissão de cheque sem fundos consistir na figura do 171, caput. Apenas caracterizará a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior (art. 16, CP). Ex.: agente furtou o cheque e falsificou a
assinatura do proprietário, emitindo-o sem provisão de fundos – não se aplica.

Consumação inciso VI: No momento em que o banco sacado se recusa ao pagamento. A competência
também será definida pelo local da recusa (sendo uma exceção ao artigo 70 do CPP). Nestes termos,
entendem os Tribunais Superiores:

Súmula nº 244 do STJ - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o


crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.

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Súmula 521 do STF - o foro competente para o processo e julgamento dos crimes
de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.

Atenção! Não confunda com a súmula 48 do STJ, que prevê que “compete ao juízo do local da obtenção
da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”.

9.1 Fraude Eletrônica (§2-A E 2-B) – Inseridos Pela Lei 14.155/20214

A Lei nº 14.155/2021 realizou três alterações no crime de estelionato:


∘ Inseriu o § 2º-A, prevendo a qualificadora do estelionato mediante fraude eletrônica;
∘ Acrescentou o § 2º-B, com uma causa de aumento de pena relacionada com o § 2º-A;
∘ Modificou a redação da causa de aumento de pena do § 4º.

Veja a nova qualificadora:

Fraude eletrônica
Art. 171. § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a
fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por
terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio
de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.

Art. 171. § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime
é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.

a) Análise da conduta:
O agente obtém vantagem ilícita por meio de informações da vítima que ele obteve da própria vítima
ou de um terceiro que foram induzidos em erro.
O grande diferencial aqui é que a atuação do agente foi por meio eletrônico, ou seja, a vítima ou o
terceiro foram induzidos a erro por meio de:
· Redes sociais (ex: Facebook, Instagram);
· Contatos telefônicos (ex: simulando que se trata de ligação da operadora de cartão de crédito);

4
Explicação do professor Márcio Cavalcante

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· Envio de correio eletrônico fraudulento (ex: e-mail que imita correspondência da loja, banco etc.);
· Ou qualquer outro meio fraudulento análogo.

Cuidado para não confundir:

Furto mediante fraude por dispositivo eletrônico Estelionato mediante fraude eletrônica
ou informático (art. 155, § 4º-B) (art. 171, § 2º-A)

O agente subtrai coisa alheia móvel por meio de O agente obtém vantagem ilícita com a utilização de
dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
não à rede de computadores, com ou sem a violação induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
de mecanismo de segurança ou a utilização de telefônicos ou e-mail fraudulento, ou por qualquer
programa malicioso, ou por qualquer outro meio outro meio fraudulento análogo.
fraudulento análogo.
Pena: 4 a 8 anos. Pena: 4 a 8 anos.

Exemplo de Rogério Sanches: Exemplo de Rogério Sanches:


“Aproveitando a vulnerabilidade de pessoas que “Pretendendo adquirir um televisor, um indivíduo
utilizam uma rede pública de internet, um hacker faz uma pesquisa na internet e encontra a página de
intercepta a conexão e obtém dados de acesso a uma conhecida rede varejista na qual o produto
contas bancárias. Com esses dados à disposição, está sendo anunciado por um preço muito abaixo
acessa as contas e transfere quantias em dinheiro das concorrentes. Insere seus dados pessoais e
para outra conta da qual efetua saques. bancários sem saber que, na verdade, se trata de
uma página clonada, que apenas copia os
É um caso típico de furto mediante fraude, no qual caracteres da famosa rede varejista, para induzir as
a manobra ardilosa (interceptar os dados pessoas em erro. Efetuado o pagamento, o dinheiro
transmitidos entre o usuário e o ponto de conexão) é creditado ao autor da fraude, que evidentemente
é utilizada para que as vítimas sejam despojadas de não pretende entregar o produto anunciado. Nesse
seus bens sem que nada percebam.” exemplo, ao contrário do anterior, a vítima tem
participação direta, pois, induzida por um anúncio
(CUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e os enganoso, fornece os dados para que o autor da
crimes de fraude digital: primeiras impressões e fraude possa obter a vantagem. Trata-se, portanto,
reflexos no CP e no CPP. Disponível em de estelionato.”
https://meusitejuridico.
editorajuspodivm.com.br/2021/05/28/lei-14-

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15521-e-os-crimes-de-fraude-digital-primeiras-
impressoes-e-reflexos-no-cp-e-no-cpp/)

b) Causas de aumento de pena

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do


resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.

Já o parágrafo 2º-B, também inserido pela Lei 14.155/ 2021, traz uma causa de aumento de pena de
um a dois terços. A fração deve ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso, como já
previsto pela lei.
Essa forma majorada incide sobre a forma qualificada do § 2º-A, se o crime for praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional. Nesse caso, há maior gravidade pela dificuldade
de repressão a um delito praticado a partir de um servidor, de um equipamento de informática central,
localizado fora do território brasileiro.

9.2 Estelionato Previdenciário (§3º)

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de


entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência
social ou beneficência.

A grande diferença entre o estelionato em seu tipo fundamental e o estelionato previdenciário reside
no sujeito passivo, porquanto, no estelionato previdenciário, a fraude será empregada em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência,
hipótese em que haverá uma causa de aumento de pena.
Aqui, é necessário diferenciar as duas condutas que ensejam o estelionato previdenciário: a do
terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente possa lograr o benefício – na qual resta
configurado crime instantâneo de efeitos permanentes – e a do beneficiário acusado pela fraude, que
comete crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS.
Na hipótese de terceiro implementar a fraude para que outra pessoa possa lograr o benefício:
∘ Ex.: um terceiro apresenta documentos falsos, em favor de alguém, para fraudar o Instituto
Nacional da Seguridade Social – INSS, causando o recebimento indevido de benefícios
previdenciários ao longo de vários meses, quiçá anos.
∘ Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes – consumação ocorre em um momento
determinado, mas seus efeitos prolongam-se no tempo;
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∘ O termo inicial da prescrição é o recebimento da 1º prestação do benefício indevido.

Na hipótese de o próprio beneficiário implementar a fraude, cometendo o delito em benefício


próprio
∘ Aqui, temos um crime permanente, que se protrai no tempo enquanto mantiver em erro o INSS.
∘ O termo inicial da prescrição é a data em que cessar a permanência, com o último recebimento
indevido da remuneração.

O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º), quando
praticado pelo próprio beneficiário do resultado do delito, é crime permanente.
Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus no qual se
pleiteava a declaração de extinção da punibilidade de condenado por fraude contra
a Previdência Social em proveito próprio por haver declarado vínculo empregatício
inexistente com empresas, com o fim de complementar período necessário para a
aposentadoria por tempo de contribuição. Consignou-se que o STF tem
distinguindo as situações: a do terceiro que implementa fraude para que uma
pessoa diferente possa lograr o benefício — em que configurado crime instantâneo
de efeitos permanentes — e a do beneficiário acusado pela fraude, que comete
crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS. STF: HC 99.112/AM, rel. Min.
Marco Aurélio, 1.ª Turma, j. 20.04.2010, noticiado no Informativo 583.

O Superior Tribunal de Justiça compartilha deste entendimento: HC 216.986/AC,


rel. originário Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), rel.
para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6.ª Turma, j. 01.3.2012, noticiado
no Informativo 492; e HC 181.250/RJ, rel. Min. Jorge Mussi, 5.ª Turma, j.
14.06.2011, noticiado no Informativo 477.

O professor Cleber Masson assevera a compatibilidade do estelionato previdenciário com o instituto


do crime continuado, previsto no art. 71 do Código Penal. Esse também é o entendimento do STJ:

A regra da continuidade delitiva é aplicável ao estelionato previdenciário (art. 171,


§ 3.º, do CP) praticado por aquele que, após a morte do beneficiário, passa a
receber mensalmente o benefício em seu lugar, mediante a utilização do cartão
magnético do falecido. Nessa situação, não se verifica a ocorrência de crime único,
pois a fraude é praticada reiteradamente, todos os meses, a cada utilização do
cartão magnético do beneficiário já falecido. Assim, configurada a reiteração
criminosa nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, tem
incidência a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do CP. A hipótese,
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ressalte-se, difere dos casos em que o estelionato é praticado pelo próprio


beneficiário e daqueles em que o não beneficiário insere dados falsos no sistema
do INSS visando beneficiar outrem; pois, segundo a jurisprudência do STJ e do STF,
nessas situações o crime deve ser considerado único, de modo a impedir o
reconhecimento da continuidade delitiva.

ATENÇÃO! Quando é o estelionato é praticado contra o FGTS ou Previdência Social, não se admite a
aplicação do princípio da insignificância, em razão da relevância do prejuízo ocasionado. Também não
se admite a extinção da punibilidade pelo pagamento antes do recebimento da denúncia.

Estelionato e devolução da vantagem antes do recebimento da denúncia


O art. 9º da Lei 10.684/2003 prevê que o pagamento integral do débito fiscal
realizado pelo réu é causa de extinção de sua punibilidade. Imagine que
determinado indivíduo tenha praticado estelionato contra o INSS, conhecido como
estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do CP). Antes do recebimento da
denúncia, o agente paga integralmente o prejuízo sofrido pela autarquia. Isso
poderá extinguir sua punibilidade, com base no art. 9º da Lei 10.684/2003? NÃO.
Não extingue a punibilidade do crime de estelionato previdenciário (art. 171, §
3º, do CP) a devolução à Previdência Social, antes do recebimento da denúncia,
da vantagem percebida ilicitamente. O art. 9º da Lei 10.684/2003 menciona os
crimes aos quais são aplicadas suas regras: a) arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; b) art.
168-A do CP (apropriação indébita previdenciária); c) Art. 337-A do CP (sonegação
de contribuição previdenciária). Repare, portanto, que o estelionato previdenciário
(art. 171, § 3º do CP) não está listado nessa lei. Mesmo sem o estelionato
previdenciário estar previsto, não é possível aplicar essas regras por analogia em
favor do réu? NÃO. O art. 9º da Lei 10.684/2003 somente abrange crimes
tributários materiais, delitos que são ontologicamente distintos do estelionato
previdenciário e que protegem bens jurídicos diferentes. Dessa forma, não há
lacuna involuntária na lei penal a demandar analogia. O fato de o agente ter pago
integralmente o prejuízo trará algum benefício penal? SIM. O agente poderá ter
direito de receber o benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena
reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1380672-SC, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559).

1) Hipótese em que o crime-meio é de gravidade igual (caso seja falsificação de documento particular)
ou mais grave (caso seja falsificação de documento público) que o crime-fim, mas é por este absorvido.

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Contudo, para o STF o agente deve responder em concurso formal pelos dois delitos, justificando que
há violação a bens jurídicos diversos (no entanto, já aplicou a súmula 17 do STJ também, de modo que o
entendimento sumulado prevalece, mas é bom saber).

Súmula 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais


potencialidade lesiva, é por este absorvido

STJ: O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que
o agente, dias após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes,
entre eles um talonário de cheques, visando obter vantagem ilícita, preenche uma
de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta sacar a quantia nela
lançada. A falsificação da cártula não é mero exaurimento do crime antecedente
(roubo). Isso porque há diversidade de desígnios e de bens jurídicos lesados. Dessa
forma, inaplicável o princípio da consunção. STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min.
Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info
562).

2) Emissão de cheque sem fundos para pagar dívida de jogo se amolda ao tipo penal de estelionato?
Não, haja vista se tratar de dívida não exigível, conforme art. 814 do Código Civil.

3) Estelionato judiciário – Se dá quando o agente, mediante documentos ou alegações falsas, ingressa em


juízo com a intenção de obter vantagem econômica em prejuízo alheio. Indaga-se: é criminosa tal
conduta? Consiste no tipo penal do art. 171?
1 – Entendimento que prevalece no STJ: NÃO. Não configura estelionato.
Na verdade, trata-se de conduta atípica, ou seja, não tipificada em nosso ordenamento jurídico,
podendo o agente, no entanto, responder pela ilicitude dos documentos apresentados, como eventuais
falsificações, caso o fato se amolde a elas ou outro delito autônomo.

2 – RESSALVA: A 5ª turma do STJ possui decisões no sentido de que, quando não é possível ao
magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às informações que caracterizam a fraude, é possível a
caracterização do crime de estelionato. Por outro lado, caso seja possível que a fraude fique constatada no
decorrer da demanda, por qualquer meio de prova, não haverá crime.

Caso concreto: Um advogado se utilizou de procuração com assinatura falsa e


comprovante de residência adulterado para propor ação indenizatória em nome de
terceiro, com objetivo de obter para si vantagem indevida. Tais irregularidades
foram constadas durante o próprio processo por meio de perícia determinada. Para
o STJ, não houve crime, não ser adequando tal conduta ao tipo penal de
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estelionato. STJ. 5ª Turma. RHC 53.471-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
4/12/2014 (Info 554).

STJ: O cometimento de estelionato em detrimento de vítima que conhecia o autor


do delito e lhe depositava total confiança justifica a exasperação da pena-base em
razão da consideração desfavorável das circunstâncias do crime. Existe um plus de
reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do delito uma
pessoa conhecida que lhe depositava total confiança (Inf. 576, STJ). Via Dizer o
Direito.

4) Estelionato x crime impossível: a fraude utilizada não tiver qualquer aptidão para enganar um terceiro,
o fato será atípico, em razão do reconhecimento de crime impossível, pela absoluta ineficácia do meio,
nos termos do artigo 17 do CP.

5) Estelionato x crime impossível x falsificação: se a falsificação for grosseira, porém, com potencial para
enganar a vítima, ao invés dos crimes de falso, o agente responderá por estelionato. Contudo, como
mencionado antes, caso a falsificação não seja apta a enganar ninguém, será caracterizado crime
impossível.

Súmula 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado


configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual.

9.3 Causa De Aumento De Pena – Alteração Pela Lei 14.155/2021

ANTES DA LEI 14.155/2021 DEPOIS DA LEI 14.155/2021


§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação
crime for cometido contra idoso. dada pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se
o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado
gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de
2021)

Com relação ao crime cometido contra idoso, a lei penal é mais favorável (novatio legis in melius),
já que a fração de aumento, antes fixada inexoravelmente no dobro da pena, agora passa a ser de um terço
até o dobro. O critério para escolha da fração de aumento deve ser a relevância do resultado gravoso. Assim,
caso o crime cometido anterior não tenha resultado gravoso de grande importância, a nova lei pode
retroagir para beneficiar o acusado ou condenado.
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Por outro lado, no caso de crime cometido contra vulnerável, o aumento é o mesmo, de um terço
até o dobro da pena, a ser escolhido pelo juiz com base na relevância do resultado gravoso. Por ausência de
previsão anterior, cuida-se de majorante que só pode incidir, no caso de vulnerável, para os crimes
cometidos após o início de vigência da lei, por constituir novatio legis in pejus.
Tal como no caso do furto mediante fraude eletrônica, a lei não definiu, , que é o vulnerável. Se
utilizado o conceito do artigo 217-A, § 1º, do CP, com adaptações e em interpretação sistemática, pode-se
compreender como o indivíduo que conta com menos de 14 anos, bem como aquele que, por enfermidade
ou deficiência mental, apresenta maior vulnerabilidade a fraudes.
É possível, ainda, entender que o juiz deve analisar caso a caso.

OBS: Amigo concurseiro policial, fique atento para a temática abaixo, pois é recente e pode ser cobrada em
provas discursivas.

9.4 Ação Penal No Crime De Estelionato. (Alteração Pela Lei 13.964/2019)

“Art. 171. § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:


I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.” (NR)

A alteração em relação ao delito de estelionato trata especificamente da titularidade da ação penal.


● Antes do Pacote Anticrime - O crime era de ação penal pública incondicionada
● Após o Pacote Anticrime – o crime passou a ser tratado, em regra, como crime de ação penal pública
condicionada à representação.

Regra: ação penal pública condicionada à representação


Exceção: ação penal pública incondicionada quando o estelionato for perpetrado em face de:
✔ Administração Pública, direta ou indireta;
✔ Criança ou adolescente;
✔ Pessoa com deficiência mental; ou
✔ Maior de 70 (setenta) anos de idade (CUIDADO COM PEGADINHA DE PROVA OBJETIVA! Não
é contra “idoso”).
✔ Incapaz

Inicialmente, pergunta-se: Trata-se de alteração de ordem penal ou de ordem processual?

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Essa pergunta é relevante já que se definirmos que a norma é penal e for considerada benéfica, terá
retroatividade e deverá ser aplicada as ações penais em curso. Assim, aquelas pessoas que se encontram
processadas pelo delito de estelionato deverão ter em seus processos a aplicação da referida norma,
havendo a necessidade de ocorrer a representação como condição de prosseguibilidade do processo.
Por outro lado, se entendermos que a norma possui caráter processual, a aplicação será imediata e
sem retroatividade, somente se aplicando aos delitos de estelionato ocorridos após a entrada em vigor da
referida legislação.
Assim, respondendo ao questionamento, a referida norma possui caráter híbrido, penal e processual,
e, nesses casos, há de prevalecer a sua vertente penal. Desse modo, entendemos que há de existir
representação em todos os processos em curso para que o procedimento possa continuar a se desenvolver
de forma hábil.
O legislador não previu prazo para que essa representação ocorra, entendemos que se deve então
aplicar as regras gerais previstas no Código de Processo Penal: 06 meses contados da data da entrada em
vigor da legislação.
Caso não ocorra a representação nesse prazo, haverá a extinção da punibilidade pela decadência.
Acrescentando: Considerando a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, vamos a um caso
concreto recentemente decidido pelo STJ (HC 573.093).
Um réu condenado por crime de estelionato recorreu ao STJ por meio de HC, invocando que a Lei
13.964/2019, ao exigir a representação como condição de procedibilidade para a denúncia, deveria retroagir
para beneficiá-lo.
Para a Defensoria Pública, que assistia ao acusado, “o Tribunal de Justiça deveria ter aplicado, de
ofício, norma penal posterior mais benéfica ao réu, em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica, já que, no caso, a vítima não havia manifestado sua vontade para solicitar ao Estado a
apuração do crime”.
No entanto, o STJ não concordou com a tese da defesa. Isso porque, embora os Tribunais
Superiores ainda não tenham se manifestado de forma definitiva sobre a retroatividade da Lei nº
13.964/2019, ao exigir a representação da vítima, o próprio Tribunal de Justiça de Santa Catarina já havia
afirmado que: “em que pese o novo comando normativo tenha conteúdo penal, uma vez que seus
efeitos podem afetar o direito punitivo estatal, é certo que não pode atingir o ato jurídico perfeito e
acabado”.
Assim, segundo o relator, “a posição mais acertada seria a de que a retroatividade da representação
no crime de estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo, o que não se
amoldaria ao caso dos autos, considerando a condição de procedibilidade da representação, e não de
prosseguibilidade”.
(Fonte: Conjur).
Explicando:
O STJ entendeu que, em relação à alteração da norma penal do crime de estelionato promovida pelo
Pacote Anticrime, (que antes era de ação penal pública incondicionada e passou a ser de ação penal pública
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condicionada à representação da vítima), tal representação tem natureza de CONDIÇÃO DE


PROCEDIBILIDADE – e não condição de prosseguibilidade, de modo que deve atingir apenas a fase policial.
Ou seja: os crimes de estelionato que ainda não tiveram a denúncia oferecida, passarão a exigir a
representação da vítima como condição de procedibilidade. Por outro lado, as ações que já estão em
andamento ou já foram devidamente sentenciadas, não podem ser atingidas pela mudança da Lei
13.964/2019. 5
A partir de então, passou a haver muita divergência entre as turmas do STJ, que somente fora
pacificada em abril de 2021. Veja a evolução jurisprudencial:
(1) Em 04/08/20, no Julgado HC 583.837-SC, a decisão do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica,
deve retroagir.
(2) Em 14/09/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu no sentido anterior: a retroatividade da representação deve
se restringir à fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade
em prosseguibilidade.
(3) Em 21.09.20, a 5ª Turma reiterou o entendimento de que a retroatividade da representação no crime
de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito).
(4) Em 14.10.2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo 5º do
artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era incondicionada e
não se exigia representação (HC 187.341/SP).
(5) Por fim, em 13.04.2021, a Terceira Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para
a ação penal por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada
retroativamente para beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso. Houve, portanto, o fim
da tão famigerada divergência!

A exigência de representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos


processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610201/SP, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691).

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
A Lei 13.964/19, intitulada “Pacote Anticrime”, promoveu recentemente várias alterações na
legislação, sendo certo que o Superior Tribunal de Justiça vem uniformizando sua interpretação
desses novos dispositivoslegais.
Acerca da jurisprudência recente sobre tema, é INCORRETO afirmar que
Alternativas

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O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia. (Incorreto)

9.5 Competência No Crime De Estelionato (Lei 14.155/2021)6

O estelionato, previsto no art. 171, do CP, é um crime por meio do qual o agente, utilizando um meio
fraudulento, engana a vítima, fazendo com que ela entregue espontaneamente uma vantagem, causando
prejuízo à vítima.
Algumas vezes pode acontecer de a vantagem ilícita ocorrer em um local e o prejuízo em outro.
Tais situações poderão gerar algumas dúvidas relacionadas com a competência territorial para processar e
julgar esse crime. A Lei nº 14.155/2021 inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP tratando sobre o tema.
A alteração é muito bem-vinda porque anteriormente havia uma imensa insegurança jurídica diante
da existência de regras distintas para situações muito parecidas, além da uma intensa oscilação
jurisprudencial. Veja o § 4º do art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021:

Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela
novidade legislativa.

1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)

Imagine a seguinte situação hipotética: João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ),


achou um cheque em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá comprou inúmeras
roupas de marca em uma loja da cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele encontrou, tendo
João falsificado a assinatura. Trata-se do crime de estelionato, na figura do caput do art. 171 do CP.
De quem será a competência territorial para julgar o delito? Do juízo da comarca de Juiz de Fora
(MG), local da obtenção da vantagem indevida. Existe até uma súmula tratando sobre o tema:

6
Explicação do Professor Márcio Cavalcante

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Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem


ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de
cheque.

Aplica-se aqui o § 4º do art. 70 do CPP? NÃO. Se você ler o § 4º, verá que ele não trata da hipótese
de estelionato praticado por meio de cheque falso. Logo, esse dispositivo não incide no presente caso. A
regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.

O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com
o cheque falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja. Logo,
nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula
48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.

2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)

Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de
semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras
roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de
Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que
não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-
lo já que não morava ali.

Qual foi o crime cometido por Pedro? Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, §
2º, VI, do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis.

Fraude no pagamento por meio de cheque


VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.

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O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro
(RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para julgar o delito?
Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:

● Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a
agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da
agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar
o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento
porque informou que ali não havia saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que
a competência territorial era do local onde se situava a agência que recusou o pagamento:

Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de


estelionato mediante cheque sem provisão de FUNDOS.

Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de


estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo sacado.

● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz
de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:

Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados (...) mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado (...) a competência será definida pelo local do domicílio da vítima
(...)

Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão
superadas!!!

O que é o cheque com pagamento frustrado mencionado no § 4º do art. 70 do CPP?


Ocorre quando o agente que emitiu o cheque tinha fundos disponíveis, no entanto, depois de emitir
o cheque, ele saca o dinheiro que tinha no banco ou, então, simplesmente emite uma contraordem à
instituição financeira afirmando que não é para ela pagar aquele cheque.
Em nosso exemplo, imagine que, depois de emitir a cártula em favor da loja, Pedro entra em contato
com a instituição financeira e susta o cheque. No que tange à competência, a regra é a mesma do cheque
sem fundos.

3) Estelionato mediante depósito ou transferência de valores


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Imagine a seguinte situação hipotética: Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet
que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele entrou em contato com a pessoa, que se identificou como
Henrique. Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no entanto, para isso, ele precisaria
depositar uma parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique, vinculada a uma
agência bancária localizada em São Paulo (SP). Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava
de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro do suposto empréstimo.

Quem será competente para processar e julgar este crime de estelionato: o juízo da comarca de
Goiânia (onde foi feito o depósito) ou o juízo da comarca de São Paulo (local onde o dinheiro foi recebido)?
Aqui houve outra grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:

● Antes da Lei: o juízo competente seria, neste exemplo, o da comarca de São Paulo. O fundamento
era o caput do art. 70 do CPP:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.

No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou


transferência bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da
vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou
seja, no momento em a quantia foi depositada em sua conta.
STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
14/08/2019.
STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
11/12/2019.

Segundo decidiu o STJ, o estelionato consuma-se no momento e no local em que é auferida a


vantagem ilícita. O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do
crime de estelionato e não à conduta propriamente.
O núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento em
que os valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o
dinheiro ingressa efetivamente em sua conta corrente.
Resumindo: Estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos
ou transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência era do local onde o
estelionatário possuía a conta bancária.

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● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo,
do juízo de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:

Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados mediante depósito (...) ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)

E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes?


Utilizando novamente o terceiro exemplo acima mencionado. Suponhamos que Henrique aplicou o
mesmo “golpe” do empréstimo não apenas em Carlos, mas também em Luísa (domiciliada em Curitiba/PR),
em Ricardo (Rio Branco/AC), em Vitor (Fortaleza/CE) e em outras inúmeras vítimas.
De quem será a competência para julgar todas essas condutas? A competência será definida por
prevenção, ou seja, será competente para julgar todos as condutas o juízo do domicílio da vítima que tiver
praticado o primeiro ato do processo ou medida relativa a este, nos termos do art. 83 do CPP:

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a
este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts.
70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).

É o que preconiza a parte final do § 4º do art. 70:

Art. 70. (...)§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.

Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando
entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o
feito para o juízo do domicílio da vítima?
R.: NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir
até seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem
serão consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.
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Exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis: Existem duas mudanças que irão influenciar na
competência, ou seja, duas situações em que o juízo que começou a ação penal deixará de ser competente
para continuar o processo por força de fatos supervenientes. Veja:
a. Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente
para aquele processo. Ex: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alçada e todos os recursos ali
existentes foram redistribuídos.
b. Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de
fato ou de direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.
Ex1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos
contra servidores públicos federais no exercício de suas funções;
Ex2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço,
deixou de ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou
o art. 9º, parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017).

Obs.: A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao
processo penal em virtude do art. 3º do CPP:

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da


petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem
a competência absoluta.

Arts. 172/179 - Leitura do código.

Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)

Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem,
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em
prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
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Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Fraude no comércio
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou
consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou
substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra
qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.

Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio
de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode,
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações


Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou
em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição
da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra
a economia popular.

§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia


popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto,
relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz
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afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta


fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação
das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito
próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembléia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por
ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor
ou em caução ações da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou
mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com
acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no
País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
Governo.
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista
que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
deliberações de assembléia geral.

Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"


Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com
disposição legal:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens,
ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.

Atenção às recentes decisões do STJ!!!


A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha utilizado de
imagens digitais adulteradas de passaporte válido de terceiro e documentos emitidos por
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órgão públicos federais, quando inexistente evidência de prejuízo a interesses, bens ou


serviços da União, é da Justiça Estadual, devendo ser respeitada a regra de foro do domicílio
da vítima no caso de o crime ser praticado mediante depósito, transferência de valores ou
cheque sem provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado. (INFO
742 STJ) CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado
em 22/06/2022, DJe 27/06/2022.

No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP,


a competência deve ser fixada no local onde o agente delituoso obteve, mediante fraude,
em benefício próprio e de terceiros, os serviços custeados pela vítima. Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022.

Explicamos:
Caso hipotético: Dois agentes trabalhavam em uma agência de turismo, teriam simulado
contratos de parcerias com empresas terceiras, com a intenção de obter para si vantagens
ilícitas, a saber: passagens aéreas e reserva de veículos e hotéis, fazendo o uso próprio de
tais passagens, bem como as repassava para terceiros, obtendo o proveito do crime. A
empresa vítima possui sede em Brasília/DF, contudo o ex-funcionário apontado como
estelionatário trabalhava como representante comercial na filial localizada no município de
São Paulo/SP, onde os golpes teriam sido praticados em conluio com outro, também
residente em São Paulo.

Questiona-se: O julgamento do crime de Estelionato será em Brasília ou São Paulo? O


conflito deixou de existir com o advento da Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do
art. 70 do Código de Processo Penal - CPP com o seguinte teor: "nos crimes previstos no art.
171 Código Penal, quando praticados mediante depósito,mediante emissão de cheques
sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da
vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção”.
São situações específicas sem correspondência com a situação apresentada… Logo, não
identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP deve incidir o teor do caput do
mesmo dispositivo legal, segundo o qual "a competência será, de regra, determinada pelo
lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for
praticado o último ato de execução". Sobre o tema a Terceira Seção desta Corte Superior,
recentemente, pronunciou-se no sentido de que nas situações não contempladas pela
novatio legis, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do eventual
prejuízo.Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
11/05/2022, DJe 13/05/2022.
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JURIS SOBRE O TEMA


O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado
compete ao Juízo do local da agência bancária da vítima. STJ. 3ª Seção. CC
182977-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728).

10. RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP)

Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Receptação qualificada

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,


montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer


forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
residência.

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso: [RECEPTAÇÃO CULPOSA]
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor


do crime de que proveio a coisa.

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§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em


consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa
aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.

§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal,


de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de
economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em
dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)

a) Introdução:
Caput: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Pena base de 1 a 4 anos e multa, sendo, portanto, crime de médio potencial ofensivo e admitindo a
concessão da fiança por parte do delegado de polícia.
Crime acessório/parasitário - depende da existência de crime antecedente (mas dispensa a sua
punição, bastando indícios suficientes da sua ocorrência). Também não há necessidade de prévio ajuste entre
o receptor e quem praticou o delito anterior.

b) Bem jurídico tutelado: Patrimônio.

c) Sujeito ativo: qualquer pessoa.


Cuidado! A pessoa que, de alguma forma, concorreu para o delito anterior, não será autor do crime
de receptação, mas sim coautor ou partícipe do crime anterior, servindo algum ato que se enquadre nos
núcleos que configuram receptação apenas como post factum impunível.

d) Sujeito passivo: proprietário da coisa que foi objeto material do delito antecedente.

e) Objeto material: coisa que o agente sabe SER PRODUTO DE CRIME. Prevalece que deve ser coisa móvel,
embora haja quem defenda que imóvel também.
∘ Vítima que negocia com o furtador seu bem próprio (que foi furtado) de volta não pratica crime de
receptação.
∘ Pessoa que compra bem usado como instrumento do crime não pratica receptação.
∘ Pessoa que compra produto de contravenção penal não pratica receptação.

Cabe receptação de coisa própria?

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R.: O tipo penal não restringe. Porém, é de difícil configuração. Será possível caso o objeto esteja sob a
posse legítima de terceiro (ex.: joia que estava empenhada foi furtada, tendo adquirido o dono pelo
furtador).

Cabe receptação de receptação?


R.: Sim! Não há qualquer restrição, desde que não haja quebra da má-fé de uma conduta para outra.

Cabe receptação de ato infracional análogo a crime?


R.: Prevalece que sim, vez que o tipo não exige que o agente seja criminoso, mas que o fato se adeque
à tipificação de algum crime.

f) Elemento subjetivo: dolo direto (“SABE”), com finalidade especial de agir (proveito próprio ou alheio). Em
caso de dolo eventual, poderá configurar receptação culposa.

10.1 Receptação própria

Quando o agente pratica um dos primeiros núcleos, ficando ele próprio com a coisa que sabe ser
produto de crime.
✔ Adquirir
✔ Receber
✔ Transportar
✔ Conduzir
✔ Ocultar

Crime material, que é consumado com a prática de um dos núcleos. Alguns deles são permanentes.
Tentativa cabível

Jurisprudência em teses do STJ – Edição nº 87


TESE Nº 12 - O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar,
conduzir ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o
agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime.

10.2 Receptação imprópria

Quando o agente influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. É o intermediário.
Crime formal, bastando a influência, não necessitando que o terceiro realmente adquira.
Tentativa só é possível se a influência for por escrito.

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O tipo penal aqui exige que o terceiro esteja de boa-fé. Caso esteja de má-fé, este terceiro cometerá
receptação própria e quem influiu será partícipe.

● Conclusão: Caso o agente influa para que terceiro de má-fé adquira, receba ou oculte, responderá
na qualidade de partícipe do crime de receptação ou pelo parágrafo 1º do art. 180, CP.

10.3 Receptação dolosa qualificada

(§1º) - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito,


desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. Pena: 3 a 8 anos e multa.

O tipo é misto alternativo, sempre que a conduta recair sobre a mesma coisa.
Elemento subjetivo especial: O crime deve ser praticado com a intenção de haver a coisa “em
proveito próprio ou alheio”, ou seja, com animus lucrandi.
Não se aplica o princípio da insignificância à receptação qualificada em razão da reprovabilidade
da conduta. Nesse sentido, STF no informativo 663:

“O princípio da insignificância, bem como o benefício da suspensão condicional do


processo não são aplicáveis ao delito de receptação qualificada” HC 105963/PE, rel.
Min. Celso de Mello, 24.4.2012.(HC-105963)

Veja a jurisprudência pertinente:

O STF entende que o § 1º do art. 180 do CP é CONSTITUCIONAL.


O objetivo do legislador ao criar a figura típica da receptação qualificada foi
justamente a de punir de forma mais gravosa o comerciante ou industrial que, em
razão do exercício de sua atividade, pratica alguma das condutas descritas no
referido § 1°, valendo-se de sua maior facilidade para tanto devido à infraestrutura
que lhe favorece. O crime foi qualificado pelo legislador em razão da condição do
agente que, por sua atividade profissional, merece ser mais severamente punido
com base na maior reprovabilidade de sua conduta. Para o STF, o § 1º do art. 180
pune tanto o agente que atua com dolo eventual como também no caso de dolo
direto. STF. 1ª Turma. RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25/6/2013 (Info 712).

Já caiu em prova (TJ-SE/2015): No delito de receptação qualificada, a expressão “coisa que deve
saber ser produto de crime" possui interpretação do STF no sentido de que,
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A – Trata-se de norma inconstitucional com relação ao preceito secundário, por violar o princípio
da proporcionalidade quando comparada à pena prevista para o caput.
B - Se aplica apenas aos casos de dolo eventual, excluindo-se o dolo direto.
C - Abrange igualmente o dolo direto.
D -Configura má utilização da expressão, por ser indicativa de culpa consciente.
E -Impede que no exercício de atividade comercial possa se alegar receptação culposa.

GABARITO: LETRA C

(§2º) - Cláusula de equiparação: Equipara-se à atividade comercial, para efeito do


parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive
o exercício em residência.

Crime próprio e que pode ser praticado tanto por dolo direto como por dolo eventual.
Deve haver relação entre a coisa e a atividade

10.4 Receptação culposa

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso:

O agente não conhece a origem ilícita da coisa, tampouco assume o risco de adquirir ou receber
produto de crime. Parte da doutrina entende que o dolo eventual também entra aqui.
Menor potencial ofensivo.
Diz-se que é um crime culposo de tipo penal fechado, já que, geralmente, a modalidade culposa
apenas prevê “se é culposo...”, constituindo tipo penal aberto, não descrevendo a conduta, ao contrário do
que foi feito aqui.
Não é admissível a tentativa, pois se trata de conduta culposa.
Considerações finais:
⋅ §4º: A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
proveio a coisa. Norma explicativa.
⋅ §5º: Benefícios: Perdão judicial para a receptação culposa e aplicação do privilégio do furto para a
receptação dolosa.
⋅ §6º: Qualificadora: (para a maioria da doutrina – já que não há um quantum de aumento, mas novos
limites mínimos e máximos) em razão do sujeito passivo. Só se aplica ao caput. As empresas públicas
também estão inclusas, segundo o STF.

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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: a absolvição pelo crime
pressuposto da receptação impede a condenação do receptador quando não existir prova de
ele ter concorrido para a infração penal, ficar provada a inexistência do fato, não houver prova
da existência do fato, não constituir o fato infração penal ou existir circunstância que exclua o
crime.

Vale saber: FURTO X RECEPTAÇÃO X FAVORECIMENTO REAL

FURTO RECEPTAÇÃO FAVORECIMENTO REAL


Essência: subtração. Essência: A intenção do agente Essência: A intenção do agente
Contudo, caso o agente em, por exemplo, receber a coisa em, por exemplo, receber a coisa
“receptador” (ou seja, aquele que que é produto de crime é obter que é produto de crime é prestar
praticará algum dos núcleos do proveito próprio ou alheio (de um auxílio ao criminoso, autor do
tipo do 180), ajuste, por exemplo, terceiro que não seja o autor do delito antecedente.
antes da ocorrência de um furto, delito antecedente). Muda aqui a finalidade especial de
que receberá a coisa furtada, o O ajuste entre o receptor e o autor agir.
agente responderá pela do delito antecedente ocorre
participação no delito de furto. depois.

10.5 Receptação de Animal (180-A)

Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a


finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de
produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de
crime.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Inserido no CP pela lei 13.330/2016, visando punir mais severamente a conduta de receptar animais.
Assim como na qualificadora do furto, que já explicamos, são animais domesticáveis de produção, ainda que
abatidos ou divididos em partes. Contudo, mais uma vez o legislador não atingiu seu objetivo e abrandou a
pena de quem pratica essa conduta, que antes respondia pela modalidade qualificada do artigo 180, §1º.
Sendo, portanto, novatio legis in mellius, retroage.
Crime de elevado potencial ofensivo (não admite suspensão condicional do processo).
Admite dolo direto ou eventual.

ENUNCIADO n° 6 da JDPP – Na observância dos pressupostos e requisitos à


segregação cautelar, é incabível a decretação da prisão preventiva pelo crime de

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receptação exclusivamente em razão da suposta conduta ter ocorrido em área de


fronteira.

10.6 Escusas Absolutórias (Arts. 181/183)

IMUNIDADES ABSOLUTAS:

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil
ou natural.

IMUNIDADES RELATIVAS:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

EXCLUSÃO DAS IMUNIDADES


Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos.

a) Natureza jurídica

Imunidades absolutas: Prevalece ser causa extintiva da punibilidade ou causas pessoais de exclusão
da pena. Assim, apesar de o delito restar configurado (consistindo em um fato: típico, antijurídico e culpável),
por questões de política criminal é inviável o exercício da pretensão punitiva.
No entanto, alguns autores criticam o termo e dizem que seriam, na verdade, causas de exclusão da
punibilidade / causas negativas da punibilidade, pois impediria o próprio surgimento da punibilidade do
agente.
Imunidades relativas: Condição específica de procedibilidade da ação penal pública, já que
convertem a ação penal pública incondicionada em condicionada à representação.
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Lei Maria da Penha X Escusas absolutórias: embora haja quem entenda que não se aplicam aos casos
de violência doméstica e familiar contra a mulher, prevalece que são sim aplicáveis, já que não há disposição
em sentido contrário vedando a aplicação.

Enunciado JDPP n° 9: a escusa absolutória do art. 181, inc. II, do Código Penal,
abrange também a paternidade e filiação socioafetiva.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia Civil do Distrito Federal
No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Carlos subtraiu para si, sem o consentimento de Mariana, sua esposa, a
quantia de R$ 4.000 depositados na caderneta de poupança que pertence exclusivamente a
ela. Assertiva: Nessa situação, Carlos cometeu crime de furto, havendo consequente
punibilidade. (Errado)

Artigos relacionados para leitura: Código Penal: Arts. 155 ao 183.

Referências Bibliográficas

- Direito Penal Esquematizado – Victor Eduardo Rios Gonçalves - 11ª edição - 2021
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson;
- Manual de Direito Penal – Cristiano Rodrigues - 2ª edição- 2021
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

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SEMANA 05/12

QUESTÕES PROPOSTAS

11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
agente que quebrar o vidro de um veículo para subtrair o automóvel incorre em crime de furto qualificado
pela destruição ou rompimento de obstáculo.

Certo
Errado

12 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Não incide o princípio da insignificância na tipicidade material do delito de furto qualificado por escalada,
como, por exemplo, na hipótese de um agente pular um muro de dois metros de altura e então subtrair um
carregador de celular.

Certo
Errado

13 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Suponha que um sujeito se passe por agente da vigilância sanitária para abordar comerciantes e assim cobrar
propina para não impor multas por supostas irregularidades encontradas nos estabelecimentos comerciais.
Tal conduta praticada pelo falso agente deverá ser tipificada como:

A-extorsão.
B-estelionato.
C-corrupção passiva.
D-concussão.
E-apropriação indébita.

14 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


A Lei 13.964/19, intitulada “Pacote Anticrime”, promoveu recentemente várias alterações na legislação,
sendo certo que o Superior Tribunal de Justiça vem uniformizando sua interpretação desses novos
dispositivos legais.
Acerca da jurisprudência recente sobre tema, é INCORRETO afirmar que

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SEMANA 05/12

A-é reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da Lei 13.964/2019, àqueles
apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam
reincidentes em delito de natureza semelhante.
B-após o advento da Lei 13.964/2019, não é possível a conversão ex officio da prisão em flagrante em
preventiva, mesmo nas situações em que não ocorre audiência de custódia.
C-o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 13.964/2019, desde que
não recebida a denúncia.
D-a exigência de representação da vítima no crime de estelionato retroage aos processos cuja denúncia já
foi oferecida.
E-as inovações do Pacote Anticrime na Lei 9.296/1996 não alteraram o entendimento de que é lícita a prova
consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.

15- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
O crime de furto é descrito no artigo 155 como a “subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem”.
A doutrina e a jurisprudência divergem sobre o momento consumativo do furto, sendo certo que existem
quatro teorias sobre o tema. O Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de se manifestar sobre esse
assunto.
Assinale a alternativa que demonstre a teoria adotada por esse Tribunal Superior.

A-furtatio
B-contrectacio
C-ilatio
D-apprehensio (amotio)
E-ablatio

16 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Raíssa, penalmente imputável de 20 anos, reside com a mãe, Lourdes, de 45 anos. Aproveitando-se da
desatenção de sua genitora, Raíssa subtrai da carteira da mãe a quantia de R$5.000,00 (cinco mil reais). Nessa
hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Raíssa responderá por delito de furto, mas com causa de diminuição de pena.
B-Raíssa responderá por delito de apropriação indébita, incidindo agravante de delito praticado contra
ascendente.
C-Raíssa é isenta de pena, incidindo hipótese de escusa absolutória.
D-Raíssa responderá por delito de estelionato, incidindo agravante de delito praticado contra ascendente.
E-A escusa absolutória aplica-se a todos os delitos patrimoniais, mas não impede eventual incidência de
circunstância agravante de delito praticado contra ascendente.

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17- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
Considere que Fernando, penalmente imputável de 25 anos, com consciência e vontade, instigue e induza
Camilo, penalmente inimputável de 15 anos, a praticar ato infracional análogo ao delito de roubo.
Relativamente à responsabilização de Fernando no tocante ao roubo, assinale a alternativa correta.

A-Responderá como coautor de delito de roubo.


B-Não responderá criminalmente pelo roubo.
C-Responderá por roubo impróprio praticado em concurso de pessoas.
D-Responderá como partícipe de delito de roubo.
E-Responderá por roubo com a incidência de qualificadora.

18 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Em um dos levantamentos realizados pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), ficou demonstrado
que, dos crimes previstos no Código Penal, verifica-se que 72% dos crimes cometidos pelos homens são
crimes contra o patrimônio, assim como 69% dos perpetrados pelas mulheres. Conclui-se, portanto, que os
delitos contra o patrimônio constituem a maioria dos crimes praticados pela população carcerária brasileira.
Acerca da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema, assinale a afirmativa INCORRETA.

A-O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime
permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto
de crime.
B-O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado
após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a
punibilidade, nos termos do art. 9º, §2º, da Lei 10.684/03.
C-Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião
do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$10.000,00 (dez mil
reais), previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002.
D-O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera
omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo,
portanto, do dolo específico.
E-O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento em que a violência ou a grave ameaça é exercida,
independentemente da obtenção da vantagem indevida.

19 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Paula praticou delito de lesão corporal no dia 20/5/2015, tendo firmado com o Ministério Público, em
30/4/2016, uma transação penal, devidamente homologada pelo juízo competente. No dia 10/11/2017,
Paula praticou contravenção penal de jogo do bicho, tendo sido condenada por referido delito em
18/10/2018, sendo que o trânsito em julgado dessa condenação se deu em 5/11/2018. No dia 28/8/2019,
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Paula praticou delito e extorsão e por tal delito foi condenada em sentença prolatada no dia 14/12/2020.
Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-O juiz, na sentença relativa ao delito de extorsão, deve considerar Paula reincidente.
B-A transação penal aceita por Paula, em que pese não gerar condenação, importa para fins de reincidência.
C-Na sentença relativa ao delito de extorsão, Paula não poderá ser considerada reincidente.
D-A condenação pela contravenção penal de jogo do bicho é capaz de gerar reincidência para Paula no
tocante ao delito de extorsão.
E-Paula apenas será considerada reincidente se praticar outro crime após data do delito de extorsão.

20 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


João foi preso em flagrante por furto de sinal de TV a cabo. Sua conduta foi tipificada no delito descrito no
art. 155, §3º, do Código Penal, in verbis: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. (...) Equipara-
se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”
Nesse sentido, segundo o entendimento do Superior Tribunal Federal (STF), assinale a alternativa correta.

A-A tipificação dada está equivocada, pois, com base no princípio da legalidade, é vedada analogia in malam
partem.
B-A tipificação dada está correta, sendo possível analogia ao tipo penal descrito, pois onde há a mesma razão,
deve haver a mesma disposição.
C-A tipificação dada está equivocada; a conduta de João é atípica, não estando descrita no ordenamento.
D-A tipificação dada está equivocada, pois ainda incidirá a qualificadora de o crime ser cometido por meio
de dispositivo eletrônico ou informático.
E-A tipificação dada está correta; o princípio da legalidade foi respeitado, justamente a legalidade material,
que determina a observância da mens legis.

Respostas7

7
11: E 12: C 13: B 14: D 15: D 16: C 17: D 18: C 19: C 20: A
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META 4

DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS

SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

• Art. 2º da Lei 9784/99


• Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
• Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
• Art. 22 da Lei 9784/99
• Art. 38, §1º da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99
• Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES
• Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99
• Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99

1. FATO E ATO - CONCEITOS INICIAIS

a) Fato - é todo e qualquer acontecimento, seja decorrente de condutas humanas ou simples sucessão de
eventos alheios à atuação das pessoas;

b) Fato Jurídico – Quando os fatos interferem nas relações travadas entre pessoas e, por isso, precisam de
regulamentação por meio de normas jurídicas. Podem se subdividir em:
b.1. Fatos da Natureza (fatos jurídicos strictu sensu) – ex: Nascimento e morte
b.2. Fatos de Pessoas (atos jurídicos) – Ato humano que manifesta vontade de forma a interferir no
direito.

FATO – Acontecimento
ATO – Manifestação de Vontade

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1.1 Correntes doutrinária MAJORITÁRIA sobre fatos administrativos:

Corrente Dinamicista (José dos Santos Carvalho Filho – Teoria Majoritária): fato administrativo é
toda atividade material da administração, no exercício de função administrativa, que visa a efeitos de
ordem prática para a Administração (alteração dinâmica). O fato pode ser um evento da natureza (fato
administrativo natural) ou comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). O fato
administrativo voluntário deriva de ato administrativo ou de conduta administrativa. Exemplos: apreensão
de mercadorias, raio que destrói bem público, desapropriação e requisição.
Em regra, os fatos administrativos representam uma consequência do ato administrativo. No
entanto, em determinados casos, o fato administrativo não guardará relação com os atos administrativo. Em
outras palavras: Nem sempre tem como fundamento atos administrativos.

2. ATOS ADMINISTRATIVOS X ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Nem todo ato praticado pela Administração Pública é ato administrativo, sendo o ato da
administração mais amplo do que a noção de ato administrativo, uma vez que este é espécie daquele,
podendo ser divididos em:

a) Atos Políticos ou de governo – Quando há exercício da função política e podem exercê-la os membros do
Legislativo, Judiciário e do Executivo. Na prática, não são sequer considerados atos da Administração, pois
são exercidos pelo Estado no exercício de função política. O controle jurisdicional será admitido somente
quando houver prejuízo específico à esfera individual de particulares.

b) Atos Privados – São os atos da Administração Pública regidos pelo direito privado, em que a Administração
atua sem prerrogativas, como se particular também fosse, sendo chamados de atos de gestão. Obs.: não
cabe mandado de segurança contra atos de gestão em razão da ausência de supremacia.

c) Atos Materiais – Também chamados de FATOS ADMINISTRATIVOS, já que não manifestam a vontade do
Estado, sendo atos de mera execução de atividade. Ex: ato de determina a demolição de um prédio => a
demolição em si é mero ato material.
Parte da doutrina (DI PIETRO) entende que os atos materiais da Administração NÃO contêm
manifestação de vontade, mas envolvem apenas a execução.

d) Atos Administrativos – Atos por meio dos quais a Administração atua por meio da função administrativa,
sob o regime de direito público e ensejando a manifestação do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Podem
ser praticados ou não pela Administração Pública, haja vista que podem ser delegados.
• Manifestação unilateral de vontade do Estado ou de quem o represente. Ex.:
concessionária.
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• Vai criar, modificar ou extinguir direitos, tendo por objetivo satisfazer o interesse público.
• Se submete a regime jurídico público.
• É complementar e inferior à lei (tem como fundamento a legislação infra)
• Sujeito ao controle de legalidade pelo Judiciário.

3. ATOS ADMINISTRATIVOS

Hely Lopes Meirelles define ato administrativo como sendo "toda manifestação unilateral da
Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar, extinguir
e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria"
São atos jurídicos decorrentes da manifestação de vontade humana que repercute na esfera dos
cidadãos, devendo ser emanado por agente público.
Inexistem, na esfera do Direito Administrativo, atuações totalmente discricionárias, haja vista a
definição legal com critérios objetivos de determinados elementos dos atos administrativos, mesmo nos
discricionários. Até mesmo os elementos do ato administrativo que podem ter feição discricionária (como
o motivo e objeto), quando devidamente regulamentados ou discriminados pela Lei, passam a ser
vinculados, perdendo o caráter discricionário.

• ATOS VINCULADOS - Se preenchidos os requisitos objetivamente definidos no texto legal, o ato


administrativo deve ser praticado pelo Poder Público, não havendo qualquer possibilidade e emissão
de juízo de valor pela autoridade estatal, de modo que a simples ocorrência de previsão legal enseja
direito adquirido a particulares.
• ATOS DISCRICIONÁRIOS – É aquele ato determinado em lei, em que o dispositivo confere margem
de escolha ao administrador público mediante análise das razões de oportunidade e conveniência. A
discricionariedade NÃO se confunde com arbitrariedade (esta é a discricionariedade sem limites),
somente sendo exercida dentro dos limites definidos pela legislação aplicável.

MEMORIZANDO
Ato discricionário X Ato vinculado

Se tiver ``R´´ é ato Discricionário


-PeRmissão
-AutoRização
-Renúncia

Se não tiver ``R´´ é ato vinculado


-Admissão

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-Licença
-Homologação

4. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (conforme doutrina majoritária)

4.1 Competência

A competência, também chamada de sujeito, é o elemento que indica quem é a autoridade


administrativa que pode produzir (assinar) o ato administrativo.
Competência pode ser conceituada como o conjunto de atribuições funcionais conferidos pela lei
às entidades, órgãos e agentes públicos para o desempenho de suas funções e sua delimitação ocorre da
seguinte forma: I) Em razão da matéria; II) Em razão do território; III) Em razão da hierarquia; e IV) Em razão
do tempo.
A principal característica da competência é que se trata de um elemento sempre vinculado, o que
significa que a lei irá definir, em todas as situações, quem será a autoridade administrativa competente.
Portanto, pode-se afirmar que a legalidade é a principal característica da competência, vez que ela sempre
decorrerá da lei. Consequentemente a competência é inderrogável, não podendo ser modificada pela
vontade das partes. Ela pode ser objeto de delegação ou de avocação, desde que a lei não tenha conferido
exclusividade a esta competência.
A Lei n° 9.784/99 veda, expressamente, a possibilidade de delegação da competência nas seguintes
situações:
a) Casos de edição de atos de caráter normativo;
b) Decisão de recursos;
c) Matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade

IMPOSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA


Edição de atos de caráter Decisão de recursos Matérias de competência
normativo exclusiva do órgão ou autoridade
Tabela retirada do livro de Direito Administrativo - Ronny Charles Lopes de Torres e Ferando Ferreira Baltar
Neto - 9ª edição - Juspodivm 2020.

A Lei n° 9784/99, no entanto, admite a delegação de competência de um órgão administrativo ou de


seu titular para outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial, salvo quando existir lei vedando tal transferência.
Inserida na possibilidade de delegação acima, encontra-se a delegação de competência dos órgãos
colegiados aos respectivos presidentes.
Como requisito de eficácia o ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados oficialmente,
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devendo constar as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os


objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
Por se tratar de ato discricionário guiado pela conveniência e oportunidade da autoridade
administrativa, o ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
Após a revogação do ato de transferência de competência, não poderá a antiga autoridade delegada
revogar os atos praticados no exercício da delegação, sendo tal atribuição da autoridade delegante.
As decisões adotadas sob regime de delegação devem mencionar essa qualidade e serão
consideradas como editadas pelo delegado.
José dos Santos Carvalho Filho, entende que a delegante a competência para desempenhar a
atribuição delegada. Em sua visão, havería uma cumulação de competência.
A mesma Lei n° 9.784/99 restringiu a possibilidade de avocação para os casos temporários e que
sejam justificados por motivos relevantes, dessa forma, a lei restringiu o poder hierárquico da Administração
criando requisitos para a sua aplicação.

MEMORIZANDO
Atos administrativos que não podem ser delegados : CENORA

Competência Exclusiva
Atos Normativos
Decisão de Recursos
Administrativos

Aprofundando:

QUAIS SÃO AS FONTES DE COMPETÊNCIA?


A doutrina identifica duas fontes de competência:
• Fonte primária - é quem define no primeiro plano a competência, ou seja, lei em sentido amplo
(englobando o texto constitucional);
• Fonte secundária - é quem define no plano interno do órgão, ou seja, para apontar exatamente
quem é o sujeito, que será previsto em ato administrativo.

QUAIS SÃO OS VÍCIOS QUE PODEM ATACAR O ELEMENTO COMPETÊNCIA DO ATO?


O elemento competência pode ser viciado por incompetência e por incapacidade.

a) Por incompetência: ocorre por excesso de poder, usurpação de função ou função de fato.
Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou além de sua esfera de competências,
estabelecida em lei. Trata-se de espécie do gênero abuso de poder. Assim, abuso de poder é o gênero, do

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qual são espécies o excesso de poder (vício de competência) e o desvio de poder (vício no elemento
finalidade dos atos administrativos).
Tanto o excesso como o desvio de poder podem configurar crime de abuso de autoridade, hipótese
em que ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal, podendo ainda responder civilmente,
se de seu ato resultarem danos patrimoniais e morais.
O vício de competência (excesso de poder) admite convalidação, salvo se se tratar de competência
em razão da matéria ou de competência exclusiva. Nestes dois últimos casos, o excesso de poder gera um
ato nulo.
A usurpação da função é crime (art. 328 do CP) cometido por alguém que não foi por nenhuma
forma investido no cargo, emprego ou função pública. O agente não tem nenhuma espécie de vinculo
funcional com a administração (DI PIETRO). Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato inexistente.
Ocorre a função de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou função pública, mas
há alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prática do ato. Em função da teoria da
aparência (para os administrados, a situação tem total aparência de legalidade, de regularidade), o ato é
considerado válido, ou pelo menos o são os efeitos dele decorrentes.

b) Por incapacidade: A Lei 9.784/99 prevê, em seu art. 18, os casos de impedimento, e no art. 20, os casos
de suspeição de autoridade ou servidor público, praticamente nos mesmos moldes do CPC. Cumpre
salientar, porém que, no Direito Administrativo, ambas as hipóteses se enquadram como atos anuláveis,
passíveis de convalidação por autoridade que não esteja na mesma situação de impedimento ou
suspeição.

4.2 Finalidade

É escopo do ato, sendo tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato.
Para a doutrina, todo ato administrativo possui DUAS FINALIDADES:
• I – Finalidade Genérica: Presente em todos os atos, é o atendimento ao interesse público;
• II –Finalidade Específica: É definida em lei e estabelece qual a finalidade de cada ato
especificamente.

OBS: Em determinadas situações, o ato é praticado no interesse público, mas com desvio da
finalidade específica, a exemplo de quando se exonera um servidor público com a intenção de puni-
lo. Assim, sendo violada a finalidade específica, mesmo que o agente esteja buscando o interesse
público, há o desvio de finalidade.

Ainda que o Administrador Público NÃO atue com a intenção de satisfazer interesses pessoais, a
prática do ato com a intenção de alcançar finalidade diversa da expressamente imposta na regra que a definiu
configura vício, por desvio de poder, SALVO nos casos de tredestinação lícita, na desapropriação.
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A finalidade é SEMPRE elemento vinculado do ato quanto à finalidade específica, podendo ser
discricionário se analisada a finalidade genérica que é o interesse público (conceito jurídico indeterminado).

ABUSO DE PODER – Subdivide-se em:


• Desvio de poder ( = desvio de finalidade): Ocorre quando o agente público pratica ato visando fim
diverso do previsto.
• Excesso de poder ( = vício de competência): Ocorre quando o agente público excede os limites da
sua competência.

ABUSO DE PODER
Excesso de poder O agente público extrapola a competência que lhe foi conferida pela
lei
Desvio de poder O agente público apesar de competente, não pratica o ato de acordo
com o interesse público ou o pratica fugindo dos fins específicos
fixados pelo legislador
Tabela retirada do livro Direito Administrativo - Vol. 9 • Fernando F. Baltar Neto e Ronny C. Lopes de Torres
- Juspodivm 2020.

4.3 Forma

É a exteriorização do ato, determinada por lei, decorrente do PRINCÍPIO DA SOLENIDADE. A ausência


de forma importa a inexistência do ato administrativo, já que a forma é instrumento de projeção do ato.
Não basta a manifestação de vontade, mas a formalização deve respeitar os critérios previamente
definidos em lei, sob pena de irregularidade da conduta. Nesse caso, o desrespeito às finalidades específicas
NÃO gera a inexistência do ato, mas a sua ilegalidade, devendo ser anulado.
A declaração de ilegalidade poderá ser feita pela própria Administração Pública, no exercício da
autotutela estatal, ou mediante decisão judicial fundamentada.
Os atos administrativos devem ser praticados por escrito, em língua portuguesa, salvo em algumas
exceções.

Permitem-se os atos verbais, apenas, em casos de urgência e de irrelevância do assunto para a


Administração.

Hely Lopes concebe, ainda, o caso de transitoriedade da manifestação da vontade da administração.


Há, também, a forma gestual ou por meio de sinais sonoros, por meio dos quais a Administração manifesta
a sua vontade, tais como os praticados pelos agentes de trânsito que possuem significados próprios e visam
controlar o tráfego
A forma NÃO configura a essência do ato – finalidade estatal -, mas tão somente o instrumento
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necessário para que a conduta administrativa alcance os seus objetivos.


SILÊNCIO ADMINISTRATIVO – O silêncio administrativo, diante de determinada situação, NÃO produz
qualquer efeito, salvo as hipóteses previstas no próprio texto legal. A ausência de conduta NÃO configura um
ato administrativo, mas somente um fato da administração.

É POSSÍVEL A RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DECORRENTE DO SILÊNCIO


ADMINISTRATIVO?

Caso a omissão da Administração Pública venha a resultar em um dano jurídico, tal omissão poderá
ensejar responsabilização patrimonial do Estado, bem como a do próprio servidor, nos casos de dolo ou culpa
(art. 37, §6° da CF/88).
As hipóteses de responsabilização não se restringem à ausência de resposta pelo exercente da função
administrativa, devendo ser também aplicáveis às situações em que a resposta surja quando já superado o
tempo razoável para aquela manifestação (direito à razoável duração do processo - inciso LXXVIII, do artigo
5º da Carta Magna).
Nas hipóteses de não haver previsão legal específica de prazo para a oferta de resposta pela
Administração, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei 9.784/99 (arts. 49 e 59,
§ 1º), responsável pela regulação do processo administrativo no âmbito federal.

Diante de provocação feita pelo particular, a inércia administrativa é ilicitude sanável por meio de
provocação do Poder Judiciário, o qual pode determinar que o agente público pratique o ato, cessando a
ilegalidade que decorria da omissão estatal, não configurando invasão no mérito administrativo, desde que
o Judiciário NÃO interfira no conteúdo da conduta a ser praticada.
De modo geral, a forma é elemento vinculado, mesmo nos atos administrativos discricionários,
SALVO se a lei estabelecer mais de uma forma possível para o ato ou for silente quanto à forma a ser
obedecida para a prática de determinado ato, quando então será discricionária.
Diferença entre FORMA e FORMALIZAÇÃO, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:
I) FORMA é o modo pelo qual o ato administrativo revela sua existência.
II) FORMALIZAÇÃO é a aparência externa pelo qual o ato deve ser revestido.

4.4 Motivo

Motivo é o pressuposto de fato e de direito que justifica a prática do ato administrativo.


A lei pode ou não determinar expressamente os motivos, o que significa que esse elemento, ao
contrário dos anteriores (competência, finalidade e forma), pode ser vinculado ou discricionário.
Ainda que o motivo seja discricionário, a lei irá prever, pelo menos de forma abstrata, o que se
costuma chamar de "motivo legal". Ex.: a lei proíbe a prática de atos públicos contrários à moral.
Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho fazem a distinção entre motivo e motivação, entendendo
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que o primeiro seria a circunstância de fato que impele a vontade do administrador, enquanto a segunda
seria a explicitação dessa circunstância fática, ou seja, a motivação exprime de modo expresso e textual
todas as circunstâncias de fato que levaram o agente à manifestação da vontade.
A nova Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) prestigiou a motivação dos atos
administrativos ao estabelecer que, nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Dispõe ainda que a motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas. A adequação é a aptidão ou pertinência da ação administrativa, enquanto a necessidade está
relacionada à escolha da administração que causa a menor restrição ao direito do administrado, também
chamada de "escolha mais suave".
Maria Sylvia Di Pietro e Hely Lopes Meirelles entendem pela necessidade de motivação tanto dos
atos vinculados quanto dos discricionários. Seguindo este último entendimento, a motivação, via de regra,
é obrigatória, salvo nos casos em que basta a evidenciação pelo agente público da sua competência para que
o ato esteja completo. Ex.: exoneração ad nutum. Entretanto, caso o ato seja fundamentado, o administrador
estará vinculado a esta fundamentação.
Cumpre destacar, neste momento, a chamada "teoria dos motivos determinantes", segundo a qual
a validade do ato está vinculada à veracidade dos fatos descritos como motivadores de sua prática. Dessa
forma, o ato discricionário, uma vez motivado (tendo seus motivos explicitados), passa a se vincular aos
motivos indicados pela Administração Pública como justificadores de sua prática. Tal vinculação abrange
as circunstâncias de fato e de direito, de tal forma que se tais circunstâncias se mostrem inexistentes ou
inválidas, acarretarão a invalidade do ato administrativo.
Motivo X Motivação: Motivo NÃO é sinônimo de motivação. Motivação é a exposição dos motivos
do ato, ou seja, a fundamentação do ato administrativo. Dessa forma, enquanto o motivo é um elemento do
ato administrativo, a motivação integra a formalização do ato.
Assim, o ato sem motivação possui um vício no elemento forma. Segundo Matheus Carvalho, deve
ser feita a diferenciação entre duas hipóteses:
I- O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, mas os motivos apresentados são falsos
ou não encontram correspondência com a justificativa legal para a prática da conduta. Nesses casos, pode-
se dizer que o ato é viciado, por ilegalidade no elemento motivo.
II- O ato é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e prevista em lei, contudo, o
administrador público não apresentou a motivação do ato. Trata-se de ato com vício no elemento forma.

MOTIVO X MÓVEL X MOTIVAÇÃO


MOTIVO – É a situação prevista em lei que ocorre, de fato, justificando a prática do ato
administrativo;
MOTIVAÇÃO – É a exteriorização dos motivos. Sua explanação é a justificação do ato

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administrativo
MÓVEL – É a real intenção do agente público quando pratica a conduta estatal.

Obrigatoriedade de motivação: O art. 50 da Lei nº 9.784/99 preconiza que a motivação é obrigatória


para todos os atos administrativos que: I- neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II- imponham
ou agravem deveres, encargos ou sanções; III- decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública; IV- dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V- decidam recursos
administrativos; VI- decorram de reexame de ofício; VII- deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII- importem anulação,
revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
Posições doutrinárias sobre a obrigatoriedade de motivação:

• Necessidade de motivação apenas dos atos vinculados, dispensando-a nos atos


discricionários.
• Necessidade de motivação apenas dos atos discricionários e alguns vinculados, já que a
motivação estaria implícita nestes.
• Necessidade de motivação de todos os atos administrativos: teoria majoritária. Considera
a motivação um princípio implícito na Constituição Federal. Aplicação do art. 50, da Lei nº
9.787/99.

STJ (AgRg no RMS 15350): O motivo é requisito necessário à formação do ato


administrativo e a motivação, alçada à categoria de princípio, é obrigatória ao
exame da legalidade, da finalidade e da moralidade administrativa.

Momento da motivação: A motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitantemente


à prática do ato (doutrina majoritária). Contudo, para o STJ, é possível a motivação expressa em momento
posterior (como na prestação de informações em mandado de segurança), desde que os motivos sejam
idôneos e preexistentes.
O direito administrativo brasileiro admite a motivação aliunde (per relationem), que consiste na
possibilidade de se adotar a motivação de outro ato administrativo. Na motivação do ato que se pratica,
remete-se a outro ato. Ex.: estou anulando o contrato em razão dos motivos apontados no parecer A.
O vício consistente na falta de motivação é vício de forma e pode ser convalidado mediante a
exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que justificaram o ato. (Info
529/STJ)

4.5 Objeto

É aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo jurídico, em virtude
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de sua prática.
Para a doutrina majoritária, objeto e conteúdo são expressões sinônimas, representando a
disposição do ato administrativo. Todavia, há quem defenda que o conteúdo seria a disposição do ato,
enquanto o objeto seria o bem ou a relação jurídica sobre a qual o ato administrativo incide.
Para que o ato administrativo seja válido, o objeto deve ser lícito, possível e determinável ou
determinado.
Segundo o entendimento doutrinário tradicional - e ainda hoje amplamente majoritário - a
finalidade é um elemento sempre vinculado. Nunca é o agente público quem determina a finalidade a ser
perseguida em sua atuação, mas sim a lei.
Vale pontuar, todavia, que parcela minoritária da doutrina sustenta que, na apreciação da finalidade
geral do ato, pode surgir, em um caso concreto, alguma possibilidade de decisão discricionária, exatamente
porque interesse público é um conceito jurídico indeterminado. Podendo possuir feição discricionária nos
atos administrativos discricionários.

ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO - CONFORME DOUTRINA MAJORITÁRIA


ELEMENTOS DISCRICIONÁRIOS OU VINCULADOS
Competência Vinculado
Finalidade Vinculado

Forma Vinculado

Motivo Discricionário
Objeto Discricionário

Para MOTIVO E OBJETO, por serem discricionários, não pode haver controle pelo Judiciário,
conforme maioria da doutrina, já que se refere à conveniência e oportunidade do administrador público.
Logo, o Poder Judiciário pode controlar a legalidade, mas não o mérito dos atos administrativos
discricionários.
O mérito administrativo está relacionado com a possibilidade de a Administração Pública valorar os
critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo do ato administrativo. Por essa razão, só há que se
falar em mérito administrativo diante do ato discricionário, vez que, no ato vinculado, o mérito do ato (a
valoração dos critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo) é do legislador, que determina à
Administração o que fazer e quando fazer.
Amigo concurseiro policial, a doutrina minoritária, capitaneada por Celso Antônio Bandeira de Melo,
é adotada por algumas bancas nesta temática, então, pensando em sua discursiva, veremos tal posição. Não
olvidando que o foco principal é o exposto acima (doutrina majoritária).

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5. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Celso Antônio Bandeira de Melo, discorda da classificação adotada pela doutrina majoritária,
dispondo:
OS ELEMENTOS do ato administrativo, seriam intrínsecos ao próprio ato e cuja ausência de algum
deles implicaria a ausência do próprio ato:

a) Conteúdo – corresponde à disposição do ato;


b) Forma do ato – É a exteriorização da vontade do ato administrativo praticado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA, sem os quais a conduta NÃO se efetivará:

a) Objeto – Coisa ou relação jurídica sobre a qual o ato incidirá;


b) Pertinência da função administrativa – Para que a conduta do estado exista, enquanto ato administrativo,
deve ser praticada no exercício de função administrativa e não na execução das demais atividades do Estado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE VALIDADE dos atos administrativos:

a) Sujeito Competente – o ato administrativo deve ser praticado por alguém com legitimação;
b) Motivo
c) Causa – Correlação lógica entre o motivo e o conteúdo do ato administrativo no exercício da finalidade
pública.
d) Finalidade ou pressuposto teleológico do ato administrativo
e) Formalização ou pressuposto formalístico – É o meio pelo qual o agente deve exteriorizar a sua vontade,
NÃO se confundindo com a forma, pressuposto de validade definida como condição formal para a expedição
do ato.
f) Requisitos procedimentais – presente em alguns atos que, para serem regularmente expedidos, devem
respeitar a existência de procedimentos anteriores.

MEMORIZANDO
Elementos do Ato Administrativo

DICA: COM FI FOR M OB


• Competência
• Finalidade
• Forma

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• Motivo
• Objeto

6. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São prerrogativas de Poder Público presentes no ato administrativo em decorrência do princípio da


supremacia do interesse público sobre o privado.

a) Presunção de Veracidade – Prerrogativa que prevê que, até prova em contrário, o ato administrativo goza
de fé pública e os atos presumem-se verdadeiros (presunção juris tantum). Diz respeito a fatos e causa a
inversão do ônus da prova dos fatos alegados pelo particular.

b) Presunção de Legitimidade – Trata-se de presunção jurídica, de modo que, até prova em contrário,
presume-se que o ato foi editado em conformidade com a lei e o ordenamento jurídico (presunção juris
tantum). Esse atributo NÃO diz respeito a fatos, mas à adequação da conduta com a norma jurídica posta.

• A presunção de veracidade e legitimidade é um atributo de todos os atos administrativos?


R.: Há divergência na doutrina!
• 1ª C: Matheus Carvalho – SIM. É atributo de TODOS os atos da administração, inclusive os de
direito privado, dada a prerrogativa inerente aos atos praticados pelos agentes integrantes da
estrutura do Estado.
• 2ª C: Rafael Oliveira – NÃO. Não são todos os atos emanados do Poder Público que possuem o
atributo da legitimidade e veracidade. Ex.: atos privados e atos manifestamente ilegais não
gozam de tal presunção.

CAIU EM PROVA RECENTE:

CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia


A presunção de que os atos administrativos são editados em conformidade com o ordenamento
jurídico é relativa, pois admite prova em contrário por parte do interessado. (Correta)

c) Imperatividade – Todo ato administrativo que cria obrigação ao particular encerra um poder dados à
Administração de, unilateralmente, estabelecer obrigação aos particulares, desde que dentro dos limites da
Lei. Trata-se de característica presente apenas nos atos que dispõem acerca de obrigações e deveres aos
particulares, ao passo em que os atos que definem direitos e vantagens NÃO são imperativos.
A imperatividade está presente mesmo diante de atos administrativos reputados como inválidos pelo
particular, em decorrência da presunção de legitimidade da qual essa atuação se reveste.

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Poder Extroverso – seria o atributo a imperatividade nos atos administrativos restritivos, em que as
determinações impostas pelo poder público devem ser cumpridas.
– NÃO incide para atos negociáveis e enunciativos.
A imperatividade é atributo presente apenas nos atos administrativos que imponham restrições de
direitos, NÃO se aplicando aos atos ampliativos de direito.

d) Exigibilidade – Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público terá que
executar o ato desrespeitado, valendo-se de meios indiretos de coação. O exercício desse atributo não
dispensa o respeito ao devido processo legal, com contraditório e ampla defesa.

Vide súmula 312 STJ: No processo administrativo para a imposição de multa de


trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena
decorrente da infração.

e) Executoriedade ou autoexecutoriedade – Aplicação de meio diretos de execução dos atos


administrativos, em que o Estado executa o ato administrativo diretamente, frente ao descumprimento pelo
particular, sem que haja participação deste e auxílio do Poder Judiciário => CONTRADITÓRIO DIFERIDO!
A executoriedade afasta o controle judicial prévio dos atos administrativos, sendo possível apenas a
posteriori.
Não está presente em todos os atos administrativos, dependendo sempre de previsão legal ou de
uma situação de urgência em que a prática do ato de imponha à garantia do interesse público.

f) Tipicidade (Di Pietro) – Seria a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei. Em
verdade, não é prerrogativa concedida ao ente estatal, mas limitação para a prática de atos não previamente
estipulados por lei. Aqui o conceito diferencia-se do adotado em direito penal.

MEMORIZANDO

Atributos do ato administrativo: LEITE


Legitimidade
Exigibilidade
Imperatividade
Tipicidade
Executoriedade

7. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

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7.1 Perfeição (ou existência)

Decorre do cumprimento das etapas previstas em lei, necessárias à formação do ato. Ou seja: é
aquele que completou o processo de formação. Isso ocorre, pois, todo ato administrativo é formalizado por
procedimento administrativo prévio.
O ato perfeito NÃO é retratável, mas pode ser revisado ou anulado (princípio da autotutela).
Ato imperfeito – é aquele que ainda está em formação.

7.2 Validade (ou regularidade)

Aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de acordo com a Lei. A validade é a
compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na normal legal.
É segundo plano de análise dos atos administrativos, só podendo ser analisado se o ato for, ao menos,
existente (perfeito).

7.3 Eficácia

Aptidão para a produção de efeitos concedida ao ato administrativo. O ato administrativo ganha
eficácia com a publicação.
Alguns têm eficácia imediata, logo após a publicação, mas outros podem ter sido editados com
previsão de termos iniciais ou condições suspensivas, sendo atos ineficazes enquanto a situação de
pendência não for resolvida. São chamados de atos pendentes.
Atos Administrativos Pendentes: São os atos perfeitos e válidos que ainda não estão aptos a
produzir efeitos em decorrência da pendência de alguma condição ou termo.

JÁ CAIU EM PROVA:

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A aptidão do Ato Administrativo em produzir efeitos denomina-se:
A) Objetividade.
B) Tipicidade.
C) Motivação.
D) Validade.
E) Eficácia.
Resposta: letra E. A questão trata do conceito de eficácia exposto acima.
A objetividade não se relaciona com a produção de efeitos do ato administrativo (A). A tipicidade
(conforme DI PIETRO) é a previsão legal do ato (B). A motivação trata da exposição (explicitação)
dos motivos do ato (C). A validade está relacionada a conformidade do ato com a lei (letra D).
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EFEITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

a) Próprios (típicos) – Efeitos típicos do ato, configurando o objeto ou conteúdo da conduta


estatal. Ex: a demissão do servidor acarreta o efeito típico de extinção do vínculo funcional com a
Administração Pública.
b) Impróprios (atípicos) – Decorrem, de forma indireta, da prática do ato administrativo, embora
não esteja estipulado em sua redação nem seja sua intenção inicial. Podem ser:
I – Efeito Reflexo: atingem uma relação jurídica estranha à tratada no bojo da conduta estatal, gerando
consequências a terceiros não previstos diretamente no ato praticado.
Ex: Locatário de um imóvel desapropriado/ Reintegração de servidor público, para o que será reconduzido.

II – Efeito Prodrômico (efeito preliminar): Efeito por meio do qual se impõe uma nova atuação
administrativa diante do início do ato praticado.
Alguns atos administrativos somente estarão perfeitos após a manifestação de vontade de mais
de uma autoridade pública, como os atos administrativos compostos e complexos. Logo, quando o
primeiro órgão manifesta a sua vontade, dando início à formação do ato administrativo, esta conduta tem
como efeito impróprio obrigar a manifestação de vontade do segundo órgão. O efeito prodrômico
determina a quebra da inércia administrativa quando, estando o ato em formação, a vontade que dá início
à sua perfeição é manifestada.

7.4 Atos após a formação

a) Ato perfeito, válido e eficaz – Quando o ato cumpre todas as etapas de sua formação e a conduta é
praticada dentro dos limites definidos pela lei;

b) Perfeito, válido e ineficaz – O ato cumpriu todas as etapas de formação e foi expedido em conformidade
com a Lei, mas não está apto a produzir efeitos por depender de termo ou condição, ou ainda de publicidade
= >ATOS ADMINISTRATIVOS PENDENTES

c) Perfeito, inválido e eficaz – Não corresponde às normas legais definidas para a sua prática, no entanto
produzirá efeitos até que seja declarada a irregularidade.

d) Perfeito, inválido e ineficaz – Sempre que a ilegalidade do ato for demonstrada, NÃO poderá produzir
efeitos contrários àqueles definidos na legislação que trata da sua edição.

8. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

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8.1 Quanto ao grau de liberdade

Atos Vinculados: Definidos em lei que não confere ao agente público qualquer margem de escolha.

Enunciado 12 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: A decisão


administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, sendo a sua opacidade
motivo de invalidação.

Atos Discricionários: Não obstante regulamentados por lei, admitem uma análise de pressupostos
subjetivos pelo ente estatal. A lei confere ao Administrador uma margem de atuação, dentro dos limites
estipulados pela Legislação.

JÁ CAIU EM PROVA:

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Os atos administrativos, quanto ao grau de liberdade da Administração Pública para decidir,
podem ser
A)internos ou externos.
B)individuais ou gerais.
C)vinculados ou discricionários.
D)concretos ou abstratos.
E) simples ou complexos.
Resposta: letra C. Somente a alternativa C trata de liberdade de decidir da Administração
Pública.

8.2 Quanto à Formação

Ato Simples: Para a sua formação depende de uma única manifestação de vontade;
Ato Composto: Para a sua perfeição depende de mais de uma manifestação de vontade, sendo
compostos por uma vontade principal (ato principal) + vontade que ratifica esta (ato acessório). Composto
de dois atos, geralmente do mesmo órgão público, em mesmo patamar de igualdade. – Ato composto é
formado pela manifestação de vontade de um único órgão, sendo apenas ratificado por outra autoridade.
Ex: Atos administrativos que dependem de visto/ homologação da autoridade revisora.

Ato Complexo: Formado pela soma de vontades de órgãos públicos independentes, em mesmo
nível hierárquico, de forma que tenham a mesma força, não se podendo imaginar a dependência de uma em
relação à outra.

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ATOS COMPOSTOS X ATOS COMPLEXOS


A diferença entre os atos complexos e compostos decorre do fato de que, a despeito de serem atos
que dependem de mais de uma vontade para a sua formação, no ato complexo estas vontades são
expedidas por órgãos independentes para a formação de um ato, enquanto que no ato composto,
haverá manifestação de autoridades diversas, dentro de uma mesma estrutura orgânica (mesmo
ente), sendo que uma das condutas é meramente ratificadora e acessória da outra.

É majoritário o entendimento de que a aposentadoria de servidor público é ato complexo, por


depender da atuação do órgão a que o agente é subordinado e da aprovação do Tribunal de Contas. Inclusive,
a não aprovação pelo Tribunal de Contas do ato de aposentadoria NÃO é considerado novo ato, mas sim
impedimento da perfeição do ato de aposentadoria, não dependendo sequer da garantia de contraditório.
=> VIDE SÚMULA VINCULANTE 03.

CAIU EM PROVA RECENTE:

CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia


Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
São classificados simples os atos administrativos editados a partir da vontade de um único órgão
público, seja ele singular, seja colegiado. (correta)

8.3 Quanto aos destinatários

Ato Gerais – Se referem a quantidade indeterminada de pessoas, com caráter abstrato e impessoal.
Atos Individuais - Se referem a determinados indivíduos, especificados no próprio ato. Se subdividem
em:
* Atos Múltiplos – Se referem a mais de um destinatário;
* Atos Singulares – Se destinam a um único sujeito descrito na conduta.

8.4 Quanto ao objeto

Atos de império – Aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativa de Poder Público,
valendo-se da supremacia do interesse público sobre o privado;
Atos de Gestão – Executados pelo Poder Público sem as prerrogativas de Estado, atuando a
Administração em situação de igualdade com o particular;
Atos de Expediente – Praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem

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configurar uma manifestação de vontade do Estado, mas a execução de condutas previamente definidas.

8.5 Quanto à estrutura

Atos Concretos – Praticados com a finalidade de resolver uma situação específica, exaurindo os seus
efeitos em uma única aplicação, não perdurando após a prática e a execução. Ex: Multa de trânsito, aplicação
de penalidade de demissão a servidor faltoso.
Atos abstratos – Definem regra genérica que deverá ser aplicada sempre que a situação descrita no
ato ocorrer de fato.

8.6 Quanto aos efeitos

Atos constitutivos – Criam uma situação jurídica nova, previamente inexistente, mediante a criação
de novos direitos ou a extinção de prerrogativas anteriormente estabelecidas.
Atos declaratórios – afirmam um direito preexistente, mediante o reconhecimento de situação
jurídica previamente constituída. Ex: Certidão e atestado.
Ato modificativo – Altera situação já existente, sem que seja extinta, NÃO retirando direitos e
obrigações. Ex: alterar horário de atendimento.

8.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica

Atos ampliativos – Atribuem direitos e vantagens aos seus destinatários, normalmente, concedendo
vantagens previamente requeridas pelo interessado.
Atos Restritivos – Atos que impõem obrigações ou aplica penalidades aos destinatários, sempre
dentro dos limites da lei, como uma multa de trânsito.

Obs.: Atos Ablativos/Ablatórios: são todos os atos que restringem direitos dos administrados.

8.8 Quanto ao alcance

Atos Internos – Produzem efeito dentro da estrutura da administração pública responsável por sua
edição, não atingindo pessoas estranhas à organização administrativa interna;
Atos Externos – Produzem efeito em relação aos administrados, estranhos à estrutura da
administração pública, dependendo de publicação em órgão oficial, podendo ser divididos em bilaterais e
unilaterais.

8.9 Quanto ao conteúdo

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Ato administrativo em sentido formal são aqueles que possuem a forma de ato administrativo, mas
são dotados dos atributos de abstração e generalidade, tais como as instruções normativas e regulamentos.
Ato administrativo em sentido material são aqueles voltados para uma situação determinada,
individualizada, ainda que inclua mais de uma pessoa.

9. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

9.1 Atos Normativos

São atos gerais e abstratos que geram obrigações a uma quantidade indeterminada de
pessoas.
Enseja a produção de normas gerais, sempre inferiores aos comandos legais, NÃO
podendo inovar no ordenamento jurídico.

I – Regulamento – Ato Normativo privativo do chefe do poder executivo, apresentado por um DECRETO.
Podem ser:
• Regulamentos executivos – Editados para a fiel execução da lei. Caso inove, viola o princípio da
legalidade;
• Regulamentos Autônomos – atuam substituindo a lei e inovam o OJ, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas mediante previsão legislativa. São admissíveis apenas para as situações
previstas no art. 84, VI da CF.

Para alguns doutrinadores, seria espécie de ato ordinatório.

II – Instruções Normativas – Atos expedidos por quaisquer autoridades públicas ou órgãos públicos com
atribuição legal para a execução de decretos e regulamentos.

III – Regimento – Ato normativo para definição de normas internas, estabelecendo as regras para o regular
funcionamento de órgãos colegiados.

IV – Deliberações – Ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de vontade da
maioria dos agentes que o representam.

V – Resolução – atos normativos dos órgãos colegiados, usados pelos Poderes legislativo e Judiciário, e
Agências Reguladoras, para disciplinar matéria de sua competência específica.

As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da prestação do
serviço e expedem os atos por meio de manifestação de seu conselho diretivo.
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MEMORIZANDO

Atos administrativos normativos: REDE IN REDE


REgimento
Decreto
INstrução normativa
REsoluções
DEliberações

9.2 Atos Ordinatórios

Atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder hierárquico, destinados a produzir
efeitos apenas no âmbito da Administração Pública (não atingem particulares).
ATOS INTERNOS NÃO GERAM DIREITOS ADQUIRIDOS AOS SEUS DESTINATÁRIOS, PODENDO SER
REVOGADOS A QUALQUER TEMPO POR QUEM OS EXPEDIU.

I – Portaria – Ato administrativo individual que estipula ordens e determinações internas e estabelece
normas que geram direitos ou obrigações internas a indivíduos específicos.

II – Circular - Expedido para a edição de normas uniformes a todos os servidores subordinados a


determinados órgãos. Define regras gerais dentro da atividade administrativa.

III – Ordem de Serviço – Conduta estatal com a finalidade de distribuir e ordenar o serviço interno do órgão,
escalonando entre os setores e servidores vinculados àquela entidade.

IV – Despacho – Ato administrativo por meio do qual as autoridades públicas proferem decisões acerca de
determinadas situações específicas, de sua responsabilidade funcional.

V – Memorando – Ato de comunicação interna para melhor executar a atividade pública.

VI – Ofícios – Ato emanado para garantir a comunicação entre autoridades públicas ou entre estas e
particulares, destinadas a comunicações externas.

VII –Aviso – Ato normativo expedido pelos órgãos auxiliares diretos do Poder Executivo (Ministérios ou
Secretarias), a fim de dar conhecimento à sociedade de determinado assunto ligado à atividade fim daquele
Órgão.
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MEMORIZANDO
Atos administrativos ordinatórios: PAO DOCI
Portarias
Avisos
Ordens
Despachos
Ofícios
Circulares
Instruções

9.3 Atos Negociais

Os atos administrativos negociais são manifestações da Administração que coincidem


com a pretensão de particulares. Os atos negociais não se confundem com os contratos
administrativos, pois nestes há manifestação bilateral de vontade das partes, enquanto naqueles
a Administração manifesta unilateralmente sua concordância ou o seu consentimento à pretensão do
administrado. Os atos negociais podem ser vinculados ou discricionários, estes quando a Administração
analisando os aspectos da conveniência e oportunidade decide fundamentadamente se atende ao interesse
público aquiescer à pretensão do administrado e aqueles quando reconhecem um direito subjetivo do
particular, o qual se dá ao preencher todos os requisitos previstos em lei, não havendo escolha para a
administração.
São exemplos de atos negociais:

I – Autorização – Ato discricionário e precário por meio do qual a Administração autoriza o uso de bem
público por um particular de forma anormal ou privativa, no interesse eminentemente do beneficiário.
Podem ser:
• Autorização de uso de bem público – Para uso anormal e privativo de determinado bem
público por um particular, quando não viola o interesse coletivo de utilização normal deste
bem. Para uso normal, não precisa de autorização.
• Autorização de Polícia – Necessário para que o particular exerça atividades fiscalizadas pelo
Estado.
Em ambas as situações, a autorização é ato discricionário e precário, podendo ser desfeito a
qualquer momento SEM direito à indenização, não gerando direito adquirido aos beneficiários.

II – Permissão – Ato unilateral, discricionário e precário e é veiculada para conceder ao particular o uso de
determinado bem público de forma anormal ou privativa. – É ato que faculta a utilização privativa de bem
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público, no qual a administração autolimita o seu poder de revogar unilateralmente o ato. Há, também, a
presença de interesse da coletividade.

Complementando:

AUTORIZAÇÃO X PERMISSÃO

• AUTORIZAÇÃO - É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a


Administração faculta o uso de bem público a particular para atender ao seu interesse privado ou
faculta a prestação de serviço público, ou ainda para a prática de determinada conduta que
desautorizada seria considerada ilícita. Exemplo da primeira situação seria a interdição de rua para
evento festivo. Exemplo da segunda situação seria a autorização para taxistas. Exemplo da terceira
situação seria a autorização para portar arma. Como a autorização é expedida em caráter extremamente
precário, a Administração por razões de conveniência e oportunidade pode revogá-la a qualquer tempo,
sem que surja para o particular direito à indenização.
• PERMISSÃO - É também ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração
faculta o uso de bem público a particular, mas diferencia-se da autorização por visar atender a interesse
do particular e da coletividade. Cumpre destacar que a permissão de serviços públicos NÃO é ato
administrativo unilateral, mas contrato administrativo, conforme dispõe o art. 40, da Lei das Concessões
e Permissões de Serviço Público (Lei n° 8.987/95).

III – Licença – Ato de polícia através do qual o Poder Público permite a realização de determinada atividade
sujeita à fiscalização do Estado.
É ato vinculado, e caso o particular preencha os requisitos legais, adquire o direito subjetivo à concessão da
licença para o exercício de atividade profissional.
A licença é ato vinculado e NÃO pode ser revogada nem pela administração, nem pelo judiciário.

ATENÇÃO: O alvará é o instrumento da licença ou da autorização, sendo a FORMA (revestimento


exterior do ato), enquanto a licença e autorização são conteúdo do ato.
• Licença: Conteúdo;
• Alvará: Forma.

Se for licença para construção e reforma, a jurisprudência entende ser possível a sua revogação,
desde que justificada por razões de interesse público superveniente, caso em que o ente estatal deverá
indenizar o particular pelos prejuízos comprovados.

IV – Admissão – Ato unilateral e vinculado pelo qual o poder público permite que o particular usufrua de
determinado serviço público, mediante a inclusão em um estabelecimento público. Ex: admissão em
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hospitais públicos.

V – Aprovação – Ato administrativo discricionário para o controle da atividade administrativa, com base na
legalidade de ato anterior, além dos critérios de oportunidade e conveniência do agente que executou a
conduta.

VI – Homologação – Ato vinculado de controle de legalidade de ato anteriormente expedido pela própria
Administração Pública, sendo possível haver o controle de mérito na atuação estatal. – É ato vinculado e
unilateral pelo qual a administração reconhece a legalidade de um ato jurídico. Se realiza a posteriori e
examina apenas a legalidade.

9.4 Atos Enunciativos

NÃO produzem efeitos e NÃO podem ser revogados. Certificam ou atestam uma
situação existente, NÃO contendo manifestação de vontade da Administração. Por isso, NÃO
produzem efeitos e NÃO podem ser revogados.

I – Atestado: Quando o Poder Público tem de comprovar, mediante verificação de determinada situação de
fato, para então proferir ato que ateste aquela ocorrência fática.

II – Certidão – É ato por meio do qual a Administração Pública certifica um determinado fato que já se
encontra previamente registrado no Órgão.

III – Apostila ou Averbação – Ato administrativo pelo qual o ente estatal acrescenta informações constantes
em registro público.

IV – Parecer – ato administrativo por meio do qual se emite opinião de órgão consultivo do Poder Público
sobre assunto de sua competência, assuntos técnicos ou de natureza jurídica.
O parecer pode ser facultativo, nas situações em que não é obrigatória a sua emissão para a prática
regular do ato administrativo, ou obrigatório, nas hipóteses em que a apresentação do ato opinativo é
indispensável à regularidade do ato, casos em que a ausência do parecer enseja a nulidade do ato por vício
de forma.
Para a doutrina majoritária, só haverá responsabilidade do emissor do parecer se ele tiver atuado
de forma dolosa ou com erro grosseiro ao emanar ato de opinião.

MEMORIZANDO
Atos administrativos enunciativos: CAPA

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Certidão
Apostila
Parecer
Atestado

CAIU EM PROVA RECENTE:

INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Considerando a temática Direito Administrativo:
As certidões e os pareceres são espécies de atos administrativos ordinatórios. (INCORRETA)
Resposta: As certidões e os pareceres são atos enunciativos.

Vejamos: Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
O Decreto nº 9.830/2019 foi mais enfático que o art. 28 da LINDB e afirmou que o agente
público somente responderá em caso de dolo ou erro grosseiro:

Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado por suas decisões
ou opiniões técnicas se agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer
erro grosseiro, no desempenho de suas funções.

Responsabilidade do parecerista e do decisor (administrador público) devem ser analisadas de


forma independente.
Imagine que o administrador público tomou uma decisão com base em um parecer exarado
pelo assessor jurídico do órgão ou entidade. Posteriormente, detectou-se que esse assessor jurídico
agiu com dolo ou culpa grave (erro grosseiro). Neste caso, o parecerista poderá ser responsabilizado, nos
termos do art. 28 da LINDB. Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de ter ficado comprovado que o
parecerista agiu com dolo ou erro grosseiro não levará, automaticamente, à responsabilização do decisor
(administrador que tomou a decisão com fundamento neste parecer).
Para que o decisor seja responsabilizado será necessário que fique demonstrado que ele:
• tinha condições de aferir que o parecerista agia com dolo ou erro grosseiro; ou
• estivesse em conluiou com o parecerista.
Esse entendimento – que decorre da ideia de responsabilidade pessoal e subjetiva – foi explicitado
no Decreto nº 9.830/2019:
Decreto nº 9.830/2019

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Art. 12 (...)
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de forma automática
ao decisor que a adotou como fundamento de decidir e somente se configurará se
estiverem presentes elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro
grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes.

Responsabilidade do parecerista na jurisprudência do STF:


Ressalte-se que existe há julgado do STF, bem anterior ao art. 28 da LINDB, reconhecendo a
responsabilidade de advogado público pela emissão de parecer de natureza opinativa, desde que
configurada a existência de culpa ou erro grosseiro:

(...) 3. Esta Suprema Corte firmou o entendimento de que “salvo demonstração de


culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou
jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo
conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa” (MS 24.631/DF, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, DJ de 1º/2/08). (...)
STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info 680).

Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS 24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem
três espécies de parecer:

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE


O administrador NÃO É O administrador é obrigado a O administrador É obrigado a
obrigado a solicitar o parecer solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão
do órgão jurídico. jurídico. jurídico.
O administrador pode O administrador pode O administrador NÃO pode
discordar da conclusão discordar da conclusão discordar da conclusão
exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer.
que o faça que o faça Ou o administrador decide
fundamentadamente. fundamentadamente com nos termos da conclusão do
base em um novo parecer. parecer, ou, então, não
decide.
Em regra, o parecerista não Em regra, o parecerista não Há uma partilha do poder de
tem responsabilidade pelo tem responsabilidade pelo decisão entre o administrador
ato administrativo. ato administrativo. e o parecerista, já que a
decisão do administrador
Contudo, o parecerista pode Contudo, o parecerista pode deve ser de acordo com o

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ser responsabilizado se ficar ser responsabilizado se ficar parecer.


configurada a existência de configurada a existência de
culpa ou erro grosseiro. culpa ou erro grosseiro. Logo, o parecerista responde
solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar culpa ou erro
grosseiro.
Fonte: DIZER O DIREITO.

9.5 Atos Punitivos

Atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções em face do cometimento
de infrações administrativas pelos servidores públicos ou particulares.

MEMORIZANDO

Espécie de atos administrativos: PONEN


Punitivos
Ordinatórios
Normativos
Enunciativos
Negociais

10. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

10.1 Extinção Natural

Ocorre quando o ato já cumpriu todos os efeitos nele dispostos ou pelo advento do termo final ou
prazo ou ainda mediante o esgotamento do conteúdo jurídico desta conduta.
O cumprimento dos efeitos decorre da execução material da situação apresentada no ato
administrativo, ex: término do prazo da construção, a licença para construir se extingue.
Advento do termo final ou da condição resolutiva extingue os atos sujeitos a prazo determinado ou
que dependam da ocorrência de evento futuro e incerto para que deixe de produzir efeitos, Ex: autorização
por porte de armas concedida por 01 ano que se extingue após expirado esse prazo.
Esgotamento do conteúdo jurídico é a extinção natural.

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10.2 Renúncia

É a modalidade de extinção que alcança apenas os atos constitutivos, também chamados de


ampliativos, vez que o beneficiário pode se recusar a ser o detentor do direito, tal como ocorre quando o
detentor de uma permissão de uso de bem público não mais a deseja.

10.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai

Situação na qual o desfazimento do ato decorre do desaparecimento do seu objeto ou do sujeito ao


qual ele se destina.

10.4 Retirada

Extinção de uma determinada conduta estatal, mediante a edição de ato concreto que a desfaça. É
forma de extinção precoce do ato administrativo.
Para alguns doutrinadores, é chamada de TEORIA DAS NULIDADES.

10.5 Anulação

TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO


• Direito Privado - Sistema dicotômico (arts. 166 e 171 do CC):
• Atos nulos
• Atos anuláveis

• Direito Administrativo
• Teoria Monista: NÃO é possível reconhecer atos anuláveis. Qualquer ilegalidade é causa
de nulidade (Hely Lopes Meireles);
• Teoria Dualista: Há atos anuláveis e nulos (Oswaldo Aranha Bandeira de Melo)
• Teoria Ternária: Há atos nulos, anuláveis e irregulares (Miguel Seabra Fagundes);
• Teoria Quaternária (majoritária): Os atos podem ser inexistentes, nulos, anuláveis e
irregulares (Celso Antônio Bandeira de Melo)

* A diferença fundamental entre nulidade e anulabilidade baseia-se, quase que exclusivamente, na


possibilidade de convalidação:
• Ato absolutamente nulo: Impossível a convalidação;
• Ato anulável: Pode ser saneado pela Administração.

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- Atos sanáveis:
• Forma – salvo se exigida como condição do ato;
• Competência – salvo se competência exclusiva e em razão da matéria.

É a retirada do ato administrativo por motivo de ilegalidade, operando efeitos ex-tunc, ressalvados
os direitos adquiridos de terceiros de boa-fé.
O ato anulatório é secundário, constitutivo e vinculado (é um dever e não mera faculdade).
Em regra, a anulação produz efeitos ex tunc, exceto a anulação de atos unilaterais ampliativos e de
atos praticados por funcionário de fato, havendo, nos dois casos, boa-fé.
NÃO existe direito adquirido à manutenção de ato nulo no ordenamento jurídico, mas tão somente
a manutenção de determinados efeitos deste ato.
Os atos expedidos em desconformidade à lei podem ser divididos em 04 espécies:
• Atos inexistentes – estão fora do ordenamento jurídico em virtude da violação a princípios
básicos que norteiam a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade.
• Atos Nulos – Decorre do desrespeito à lei em alguns de seus requisitos, ensejando a
impossibilidade de convalidação por não admitir conserto.
• Atos Anuláveis – Possuem vícios que admitem consertos, não obstante editados em
desacordo com a legislação aplicável.
• Atos Irregulares – Sofrem vício material relevante, não ensejando a nulidade, mas
responsabilizando o agente público que o praticou. Esse vício NÃO atinge a esfera jurídica
dos destinatários do ato.

STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando ilegais (autotutela). Porém, se a
invalidação desses atos repercute em interesses individuais, será necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.

TEORIA DA APARÊNCIA – A nomeação de servidor sem concurso público é nula, mas os atos
praticados são válidos, em atenção ao princípio da segurança jurídica. Ademais, não há devolução dos
salários, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Embora o ato administrativo não
produza efeitos, os direitos adquiridos por terceiros de boa-fé são resguardados, não podendo ser atingidos
pela anulação de ato que ensejava benefícios aos seus destinatários. A anulação poderá ser feita pela própria
Administração pública ou pelo Poder Judiciário.
O Poder Judiciário, além da própria Administração, também pode anular os atos administrativos
com vícios de ilegalidade, desde que o faça mediante provocação, possuindo a administração o prazo
decadencial de 05 (cinco) anos para anular atos administrativos ampliativos, salvo no caso de má-fé do
beneficiário.
Na anulação, NÃO há o efeito repristinatório.

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A doutrina considera que a anulação não pode ser realizada quando:


a) ultrapassado o prazo legal;
b) houver consolidação dos efeitos produzidos;
c) for mais conveniente para o interesse público manter a situação fática já consolidada do
que determinar a anulação (teoria do fato consumado);
d) houver possibilidade de convalidação.

CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO


Se o interesse público exigir, o ato administrativo pode ser convalidado em razão da
oportunidade e conveniência, desde que:
• a convalidação NÃO cause prejuízos a terceiros;
• o vício for sanável.

Atos que NÃO podem ser convalidados:


• Atos inexistentes, nulos ou irregulares;
• Defeitos no objeto, motivo ou finalidade;
• Defeitos de incompetência em razão da matéria e de forma essencial à validade do ato;
• Atos portadores de vícios estabilizados pela prescrição ou decadência;
• Atos já impugnados perante a Administração ou o Judiciário;
• Atos cuja convalidação possa causar lesão ao interesse público ou ilegitimamente prejudicar
terceiros;
• Se o vício invalidante for imputado à parte que presumidamente se beneficiará do ato.

Vícios de forma e competência devem ser corrigidos, se for mais interessante ao interesse
público e causar menos prejuízo do que a sua anulação. Nesses casos, a convalidação opera efeitos ex-
tunc, retroagindo à data de edição do ato para que sejam resguardados os efeitos pretéritos desta
conduta.

Convalidação Involuntária: é a decadência administrativa.

Obs.: Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a convalidação pode ser realizada pelo administrado quando a
edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Nesse caso, o
particular pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato.

CONFIRMAÇÃO – Se a convalidação for feita pela mesma autoridade que havia praticado o ato
originariamente.

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RATIFICAÇÃO – Quando a convalidação é efetivada por ato de outra autoridade.


A convalidação NÃO se aplica aos casos de atos discricionários que sofram vício de incompetência,
haja vista que nesses casos a autoridade deva exercer uma margem de escolha acerca da manutenção ou
não do ato.
CONVALIDAÇÃO X CONVERSÃO – Na conversão, o ato administrativo que sofre de um vício de
forma pode ser convertido em outro mais simples, praticado para a produção dos mesmos efeitos
jurídicos.
São passíveis de convalidação os atos com defeito na competência ou na forma. Defeitos no
objeto, motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato.

ATENÇÃO:
Vício de competência quanto à matéria: NÃO se convalida;
Vício de competência em relação à pessoa: Se convalida, desde que não se trate de competência
exclusiva.
São convalidáveis tanto os atos administrativos vinculados quanto os discricionários.

MANUTENÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS INVÁLIDOS

É a possibilidade reconhecida pela doutrina e jurisprudência e ocorre quando o prejuízo resultante


da anulação for maior do que o decorrente da manutenção de ato ilegal. Nesse caso, o interesse público
norteará a decisão.
Deve se considerar:
• Aspecto objetivo (estabilidade das relações jurídicas): princípios do interesse público e
segurança jurídica;
• Aspecto subjetivo: proteção à confiança e boa-fé.

MEMORIZANDO

No que tange a convalidação - elementos do ato administrativo:


Pode convalidar O FOCO

FOrma
COmpetência

Não pode convalidar O FIM


Objeito
Finalidade

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Motivo

JÁ CAIU EM PROVA:

VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


A Administração Pública, ao constatar que um de seus atos foi praticado com desvio de
finalidade deverá:
A)provocar o Poder Judiciário para que aquele poder revogue o ato viciado.
B)provocar o Tribunal de Contas para que aquele órgão declare nulo o ato viciado.
C) convalidá-lo, mediante provocação.
D) declará-lo nulo, de ofício.
E)revogá-lo, de ofício ou mediante provocação.

Resposta: letra D.
Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial (letras A e B).
O ato com desvio de finalidade não admite convalidação (letra C). A revogação dos atos
administrativos referem-se aos elementos motivo e objeto, não se admitindo no que tange à
finalidade, conforme a doutrina majoritária (letra E).

VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


O ato administrativo viciado do qual não decorra prejuízo ao interesse público, ao interessado,
tampouco a terceiros de boa-fé
A) deverá ser anulado pela própria Administração Pública, no prazo de até 5 (cinco) anos
contados da data da publicação do ato.
B) deverá ser invalidado pelo Poder Judiciário, mediante processo em que se assegure ampla
defesa e contraditório, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
C)poderá ser convalidado pela Administração Pública.
D)poderá ser impugnado pelo Ministério Público por meio de Ação Civil Pública por desvio de
finalidade.
E)poderá ser objeto de Ação Popular, ajuizada por qualquer cidadão, por abuso de poder e
usurpação de competência.

Resposta: letra C. Trata-se do conceito de convalidação do ato administrativo.

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Lei 9.784/99 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão
ser convalidados pela própria Administração. A doutrina considera que havendo a possibilidade
de convalidação o ato não deve ser anulado nem invalidado(letra A e B). A questão não trata de
desvio de finalidade ou abuso de poder, sendo cabível a convalidação (letra E).

10.6 Revogação

Na lição do Prof. Hely Lopes Meirelles, “revogação é a supressão de um ato


administrativo legítimo e eficaz, realizada pela Administração - e somente por ela - por não mais
lhe convir sua existência”.
A revogação tem fundamento no poder discricionário. Ela somente se aplica aos atos
discricionários.
É a extinção do ato administrativo por motivo de oportunidade e conveniência (razões de mérito),
produzindo efeitos ex-nunc (não retroagem) e mantendo os atos já produzidos.
É competência exclusiva da Administração Pública.
O Judiciário NÃO possui competência para examinar o mérito do ato administrativo. Veja a
jurisprudência sobre o tema:

Consoante entendimento consolidado no STJ, a intervenção do Poder Judiciário


nos atos administrativos cinge-se à defesa dos parâmetros da legalidade,
permitindo-se a reavaliação do mérito administrativo tão somente nas hipóteses
de comprovada violação aos princípios da legalidade, razoabilidade e
proporcionalidade, sob pena de invasão à competência reservada ao Poder
Executivo. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 18/05/2017.

Impende salientar que quando o Próprio Poder Judiciário age como Administração Pública, gerindo
seus servidores, administrando seu patrimônio, haverá o exame do mérito administrativo normalmente. Aqui
o Poder Judiciário não está analisando o mérito administrativo de atos praticados por outros órgãos e
poderes, mas sim dos seus próprios atos como Administração Pública.
O ato revocatório é secundário, constitutivo e discricionário (revogação é poder e não dever).
NÃO há previsão de limite temporal para a revogação dos atos administrativos.
Tanto na anulação quanto na revogação NÃO há o efeito repristinatório.
Dever de indenizar: a doutrina admite a possibilidade de indenização aos particulares prejudicados
pela revogação, desde que tenha ocorrido a extinção antes do prazo fixado para permanência da vantagem.
NÃO SE ADMITE REVOGAÇÃO:

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• Atos que geram direito adquirido;


• Atos já exauridos;
• Atos vinculados;
• Atos enunciativos (certidões, pareceres, atestados);
• Atos preclusos no curso de procedimento administrativo.

10.7 Cassação

Ocorre quando o beneficiário do ato deixa de cumprir os requisitos de quando teve o ato deferido.
É hipótese de ilegalidade superveniente por culpa do beneficiário.

10.8 Caducidade

Trata-se da extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção do ato
inicialmente válido. Trata-se de ilegalidade superveniente decorrente de alteração legislativa.

10.9 Contraposição (derrubada)

Ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diversa, cujos efeitos são
contrapostos aos do ato inicial, produzindo sua extinção. É espécie de revogação praticada por autoridade
distinta da que expediu o ato inicial. Exemplo: ato de nomeação de um funcionário extinto com a exoneração.

CAIU EM PROVA RECENTE:

IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Considere o seguinte comentário de CARVALHO FILHO: “São atos que a Administração está livre
para expungir do mundo jurídico, fazendo cessar efeitos, em decorrência de um critério
subjetivo meramente administrativo.” Nesse caso, o autor está se referindo a:
A)licenças e homologações.
B)atos enunciativos.
C)deliberações e provimentos.
D)atos revogáveis.
E)fatos administrativos.
Resposta: letra E. Uma questão que requer atenção redobrada do candidato. O enunciado trata
dos atos re
vogáveis, tendo em vista que a Administração pode retirá-los do mundo jurídico por critério
subjetivo (con
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veniência e oportunidade).
A licença é um ato vinculado que não pode ser revogado nem pela Administração Pública e nem
pelo Poder
Judiciário (letra A).
Conforme visto, os atos enunciativos não produzem efeitos e não podem ser revogados(B).
Deliberação é o ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de
vontade da
maioria dos agentes que o representam, não correspondendo ao enunciado(letra C). Fato
administrativos
são atos materiais, relacionados a mera execução, não tratando sobre manifestação de vontade.

IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Assinale a alternativa que trate corretamente de situação relacionada com a cassação do ato
administrativo.
A) proibição para a realização de eventos privados em espaços públicos
B) extinção do contrato administrativo sem culpa do contratado
C) cancelamento discricionário de licença ambiental
D) não prorrogação de contrato administrativo por motivo de conveniência e oportunidade
E) perda do direito de dirigir por excesso de infrações de trânsito
Resposta: letra E. O conceito acima aclara a alternativa, pois o beneficiário deixou de cumprir os
requisitos que foram previstos para que pudesse gozar do direito.

11. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO

A estabilização é instituto criado para garantir a preservação da boa-fé e segurança jurídica. Nesse
sentido, nenhum princípio poderá ser considerado de forma absoluta, inclusive a legalidade, que deve
admitir ponderação para a garantia dos demais princípios.
Em determinadas situações, a retirada do ato com efeito retroativos, ante a uma ilegalidade, enseja
prejuízos aos cidadãos de boa-fé, razão pela qual em algumas situações devem ser mantidos os efeitos
produzidos pelo ato ou, ainda, o próprio ato deve ser mantido no ordenamento jurídico em que pese a sua
ilegalidade.
No instituto da estabilização dos efeitos, não há convalidação do ato administrativo, não havendo
conserto dos seus vícios. O ato continua com os vícios que levariam à sua invalidação, mas por questão de
segurança jurídica e boa-fé, ele permanece aplicável no ordenamento jurídico e seus efeitos se estabilizam.
O que ocorre com a estabilização é que tais efeitos passam a ser vistos como se decorrentes de ato
legal fossem. Ex: TEORIA DO FUNCIONÁRIO DE FATO (São válidos os efeitos dos atos praticados por agentes
públicos regularmente investidos, por se revestirem de aparência de legalidade) e a MODULAÇÃO DOS
EFEITOS EM ADI.
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Em algumas situações, a estabilização de efeitos decorre do decurso do tempo, consolidando uma


legítima expectativa aos destinatários do ato.

ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO X TEORIA DO FATO CONSUMADO


- A Teoria do Fato consumado garante de forma automática a manutenção do ato pelo simples fato
de a situação concreta já ter se realizado, NÃO sendo possível retornar ao status quo ante.

- Na estabilização é preciso que a retirada do ato comprometa outros princípios de ordem jurídica,
causando prejuízos sérios que justifiquem a manutenção da situação.

No que concerne à teoria do "fato consumado", esta seria a convalidação de uma ilegalidade pela
consolidação da situação de fato. O STJ e O STF (em regra) rejeitam sua aplicação, quando decorrente de
provimentos judiciais provisórios (Agr. RMS 23.544). Todavia, essa teoria vem sendo acolhida em situações
excepcionais, como, por exemplo, no caso de uma liminar que autoriza a transferência de estudante de uma
universidade privada para uma pública, cujo julgamento do mérito, pela ilegalidade de tal transferência, só
venha a ocorrer após a conclusão do curso. (Ag-RE 429.906-SC).
Com base na teria do fato consumado, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento
ao recurso de um policial rodoviário federal que tomou posse em 1999, amparado em decisão liminar, e
reconheceu que ele tem direito a permanecer no cargo, em decorrência do excessivo decurso temporal entre
a concessão da liminar e os dias atuais, tendo em vista que a reversão desse quadro traria danos irreparáveis
ao servidor.
SÚMULAS DO STF RELACIONADAS AO TEMA:

Súmula Vinculante 3. Nos processos perante o tribunal de contas da união


asseguram-se 0 contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.

Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Súmula 683. "0 limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
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em face do art. 7°, XXX, da constituição, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido".
Súmula 684. É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a
concurso público.

Referências Bibliográficas

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo


Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo.
José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo.
Fernando F. Baltar Neto e Ronny C. Lopes de Torres - Sinopse Jurídica de Direito Administrativo - Vol. 9 -
Juspodivm 2020.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino - Direito Administrativo Descomplicado - 29ª edição - 2021

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


O delegado de Polícia Civil do Estado Alfa Carlos acabou de assumir a titularidade da Delegacia Especializada
de Atendimento à Infância e à Juventude. Com o objetivo de angariar a simpatia dos agentes policiais lotados
na Unidade de Polícia Judiciária, o delegado Carlos baixou ordem de serviço extinguindo o plantão na
delegacia e determinando que os casos de urgência fora do expediente da DP fossem atendidos na delegacia
comum mais próxima. O Ministério Público ajuizou ação civil pública pleiteando o retorno do plantão de 24
horas na Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude, a fim de que todos os menores
apreendidos em flagrante de ato infracional sejam ouvidos e atendidos na referida instituição, impedindo
que sejam colocados em ambiente carcerário constituído para imputáveis, em concomitância com presos
maiores. Além da comprovação de que normas constitucionais e convencionais foram violadas, o Ministério
Público ressaltou que o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que “havendo repartição policial
especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria
com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as providências necessárias e
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria”.

De acordo com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a pretensão ministerial:

A-não merece prosperar, porque ação civil pública não é a medida judicial adequada para o caso, sob pena
de violação ao princípio da separação dos poderes;
B-não merece prosperar, porque o Ministério Público não ostenta legitimidade para ajuizar ação civil pública
em favor de adolescentes infratores, e sim apresentar representação em face deles;
C-não merece prosperar, porque o delegado agiu nos limites de sua discricionariedade administrativa,
observados seus critérios de conveniência e oportunidade, e o Poder Judiciário não pode se imiscuir no
mérito administrativo;
D-merece prosperar, pois, via de regra, o Poder Judiciário, quando provocado em tema de políticas públicas,
deve analisar a legalidade e o mérito administrativo de atos administrativos;
E-merece prosperar, pois o ato do delegado praticado com suporte no poder discricionário é contrário ao
ordenamento jurídico, razão pela qual é legítima a intervenção do Poder Judiciário.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Antônio, delegado de polícia do Estado Gama, titular da Xª DP, ao elaborar a escala de trabalho dos agentes
policiais lotados na Unidade de Polícia Judiciária sempre designava o inspetor de polícia João para as sextas,
sábados e domingos, dias menos concorridos pelos servidores, haja vista que o inspetor é seu antigo
desafeto. Inconformado com a perseguição, e após não obter êxito em pedido de reconsideração, João
apresentou recurso administrativo hierárquico previsto na norma de regência ao secretário estadual de
Polícia Civil, comprovando a retaliação praticada pelo delegado.
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No caso em tela, o chefe institucional:

A-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, pois agiu com o intuito de perseguir seu subordinado;
B-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade desvio de poder,
por vício no elemento finalidade do ato administrativo;
C-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, por vício no elemento motivo do ato administrativo;
D-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, que agiu nos limites de seu poder discricionário,
na qualidade de chefe imediato de João;
E-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, pois os elementos do ato administrativo não
estão viciados, de maneira que, apesar de imoral, a conduta não é ilegal.

3 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Em operação conjunta da Polícia Civil (representada por inspetores de polícia, no combate a crimes contra
as relações de consumo) com o Município (representado por agentes de vigilância sanitária municipal na
repressão a atos infracionais), os agentes públicos constataram que a padaria diligenciada estava repleta de
ratos e expondo à venda produtos impróprios para o consumo. Além das providências em âmbito criminal
adotadas pelos policiais, diante da urgência que se impunha e com base em expressa previsão legal, os
agentes municipais interditaram a padaria.
A citada interdição é um ato administrativo com atributo da:

A-imperatividade, que é um meio de execução direta do ato administrativo, mediante imprescindível e prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
B-exigibilidade, que é um meio legítimo de coerção direta do ato administrativo, assegurado o posterior
controle jurisdicional e admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
C-tipicidade, que é um meio de coerção indireta do ato administrativo que prescinde de prévio controle
jurisdicional, admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
D-autoexecutoriedade, que é um meio de execução direta do ato administrativo que prescinde de prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
E-presunção de legitimidade, que é um meio legítimo de execução direta do ato administrativo, desde que
assegurado o contraditório imediato pelo particular interessado.

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
A presunção de que os atos administrativos são editados em conformidade com o ordenamento jurídico é
relativa, pois admite prova em contrário por parte do interessado.

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Certo
Errado

5 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
São classificados simples os atos administrativos editados a partir da vontade de um único órgão público,
seja ele singular, seja colegiado.

Certo
Errado

6 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Considere o seguinte comentário de CARVALHO FILHO: “São atos que a Administração está livre para
expungir do mundo jurídico, fazendo cessar efeitos, em decorrência de um critério subjetivo meramente
administrativo.” Nesse caso, o autor está se referindo a

A-licenças e homologações.
B-atos enunciativos.
C-deliberações e provimentos.
D-atos revogáveis.
E-fatos administrativos.

7 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


A respeito da revogação, da anulação e da convalidação do ato administrativo, assinale a afirmativa
INCORRETA.

A-A Administração deve anular seus próprios atos, quando presente vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
B-O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários prescreve em cinco anos, contados da data em que foram praticados, independentemente de
boa-fé.
C-Sempre que o servidor público já houver preenchido todos os requisitos legais para o gozo do direito
adquirido, não poderá mais a Administração Pública revogar o respectivo ato de concessão.
D-Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.
E-Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

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8 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Assinale a alternativa que trate corretamente de situação relacionada com a cassação do ato administrativo.

A-proibição para a realização de eventos privados em espaços públicos


B-extinção do contrato administrativo sem culpa do contratado
C-cancelamento discricionário de licença ambiental
D-não prorrogação de contrato administrativo por motivo de conveniência e oportunidade
E-perda do direito de dirigir por excesso de infrações de trânsito

9 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


O delegado Madeira foi, durante mais de 20 anos, titular da Delegacia de Repressão a Fraudes Fiscais (DRFF),
tendo passado a atuar, no dia 1º de janeiro de 2021, na Delegacia de Proteção à Mulher (DPM). Ocorre que,
no dia 15 de janeiro de 2021, o servidor Francisco de Assis o procurou para assinar uma nomeação de cargo
comissionado vinculado à DRFF, que se encontrava pendente desde o dia 10 de dezembro de 2020.
Nesse caso, é correto afirmar que

A-como a nomeação estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve assinar o ato de
nomeação e submetê-lo ao Diretor de Gestão Interna da Polícia Civil.
B-considerando que a assinatura estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve solicitar
a revogação do ato de nomeação para, ato contínuo, assiná-la.
C-o delegado Madeira deve assinar o ato de nomeação, já que se trata de ato ainda vinculado à sua
competência legal.
D-além de ser competente para assinar o ato de nomeação, o delegado Madeira pode realocar o cargo
comissionado na DPM.
E-o delegado Madeira está proibido de assinar o ato de nomeação, sob pena de viciar tal ato administrativo.

10 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA Provas: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Considerando a temática Direito Administrativo, assinale a alternativa INCORRETA.

A-O desvio de poder ocorre quando o agente atua nos limites da competência legalmente definida, mas
visando alcançar outra finalidade que não aquela prevista em lei.
B-Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos.
C-O poder disciplinar do Estado é o poder de aplicação de sanções por parte do Poder Público, sendo que
essas sanções decorrem de vinculação especial entre o sancionado e o Estado, notadamente, a relação
hierárquica e a relação contratual.
D-As certidões e os pareceres são espécies de atos administrativos ordinatórios.
E-Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais.
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11 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A autorização de serviço público pode ser considerada um

A-contrato administrativo por prazo determinado, sendo dispensada prévia licitação.


B-ato administrativo unilateral, vinculado e precário.
C-contrato administrativo por prazo indeterminado, precedido de licitação.
D-ato administrativo unilateral, discricionário e precário.
E-contrato administrativo precário por prazo indeterminado, sendo dispensada prévia licitação.

12 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A aptidão do Ato Administrativo em produzir efeitos denomina-se

A-Objetividade.
B-Tipicidade.
C-Motivação.
D-Validade.
E-Eficácia.

13 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


De acordo com a Teoria dos Atos Administrativos, o requisito de validade do ato, discricionário e que consiste
na “situação fática ou jurídica cuja ocorrência autoriza ou determina a prática do ato”, denomina-se

A-Competência.
B-Finalidade.
C-Objeto.
D-Forma.
E-Motivo.

14 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Os atos administrativos, quanto ao grau de liberdade da Administração Pública para decidir, podem ser

A-internos ou externos.
B-individuais ou gerais.
C-vinculados ou discricionários.
D-concretos ou abstratos.
E-simples ou complexos.

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15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


O ato administrativo viciado do qual não decorra prejuízo ao interesse público, ao interessado, tampouco a
terceiros de boa-fé

A-deverá ser anulado pela própria Administração Pública, no prazo de até 5 (cinco) anos contados da data da
publicação do ato.
B-deverá ser invalidado pelo Poder Judiciário, mediante processo em que se assegure ampla defesa e
contraditório, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
C-poderá ser convalidado pela Administração Pública.
D-poderá ser impugnado pelo Ministério Público por meio de Ação Civil Pública por desvio de finalidade.
E-poderá ser objeto de Ação Popular, ajuizada por qualquer cidadão, por abuso de poder e usurpação de
competência.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


A respeito do uso do poder pelo agente público, é correto afirmar que

A-no exercício de sua função, poderá, motivadamente, renunciar ao uso de poderes outorgados por lei.
B-é imune a controle externo porque sua intensidade decorre de competência discricionária.
C-ato praticado com excesso de poder não pode ser convalidado porque o vício é, no caso, insanável.
D-o desvio de finalidade constitui uma forma de abuso de poder.
E-a prática de ato por autoridade incompetente caracteriza abuso de poder e desvio de finalidade,
acarretando nulidade absoluta do ato administrativo.

17 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


No exercício da atividade de controle interno, a Administração Pública pode

A-anular, de ofício, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de conveniência e
oportunidade.
B-revogar, de ofício ou mediante provocação, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de
legalidade e constitucionalidade.
C-anular, de ofício, apenas os atos vinculados.
D-revogar, de ofício ou mediante provocação, apenas os atos vinculados.
E-rever, de ofício ou mediante provocação, os atos administrativos por ela praticados.

18 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Cabe ao prejudicado fazer prova de que a Administração Pública praticou ato em desconformidade com a lei
e com a verdade dos fatos porque

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A-vige, no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da supremacia da Administração Pública sobre o


interesse particular.
B-de acordo com o princípio da impessoalidade e a isonomia, a Administração Pública não pode praticar ato
concreto que prejudique apenas um administrado ou um grupo específico de pessoas.
C-os atos administrativos gozam de presunção relativa de legitimidade e veracidade.
D-se presume que os atos administrativos têm liquidez, certeza e exigibilidade.
E-vige, no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da eficiência, segundo o qual os atos administrativos
devem ser aplicados imediatamente para garantia de maior efetividade e coercibilidade.

19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
Federal
Pedro, após ter sido investido em cargo público de determinado órgão sem a necessária aprovação em
concurso público, praticou inúmeros atos administrativos internos e externos.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que segue.
Atos administrativos externos praticados por Pedro em atendimento a terceiros de boa-fé têm validade,
devendo ser convalidados para evitar prejuízos.

Certo
Errado

20 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Um servidor público federal determinou a nomeação de seu irmão para ocupar cargo de confiança no
órgão público onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu
parecer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Sob o fundamento da ilegalidade, a administração pública deverá revogar o ato de nomeação, com a garantia
de que sejam observados os princípios do devido processo legal e da ampla defesa.

Certo
Errado

Respostas8

8
1: E 2: B 3: D 4: C 5: C 6: D 7: B 8: E 9: E 10: D 11: D 12: E 13: E 14: C 15: C 16: D 17: E 18: C 19: C 20: E
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META 5

DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 A 234-A

OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 5º, XL, CF/88
⦁ Art. 7º, II, Lei Maria da Penha
⦁ Art. 61, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 65, Lei de Contravenções Penais (atualmente revogado)
⦁ Art. 240, 241 e 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, Lei 8072/90
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A)
⦁ Art. 215 e 215-A
⦁ Art. 216-B
⦁ Art. 218- e 218-C
⦁ Art. 226
⦁ Art. 228
⦁ Art. 233
⦁ Art. 234-A

OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 240, ECA
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA
⦁ Art. 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90

O termo “dignidade sexual” foi utilizado neste título apenas após a Lei 12.015/2009 que, dentre
de uma série de mudanças, também o modificou. Antes, utilizava-se “Dos crimes contra os costumes”.
A doutrina criticava a antiga nomenclatura, tendo em vista que dá um sentido de maior ofensa
à sociedade do que à vítima violentada.

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Sabe-se que costume é a “reiteração de um comportamento em face da crença na sua


obrigatoriedade”, de modo que buscava-se definir um padrão médio de sexualidade, utilizando expressões
preconceituosas contra as mulheres como “mulher honesta”.
A partir daí, reconheceu-se que a tipificação de tais delitos retira seu fundamento da dignidade da
pessoa humana.

1. DOS CRIMES CONTA A LIBERDADE SEXUAL

1.1 Estupro (Art. 213, CP)

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter


conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor
de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

1.1.1 Análise Do Caput

a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, hediondo em todas as modalidades, comum,


comissivo, de forma livre, material, de dano, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

b) Evolução legislativa: Antes de 2009 estupro era só conjunção carnal, sendo que os atos libidinosos diversos
consistiam em tipo penal autônomo, qual seja, atentado violento ao pudor (revogado formalmente, já que
houve continuidade normativo-típica ou transmudação geográfica do tipo penal, vez que a conduta migrou
para o estupro e continua sendo penalmente relevante).
Antes, o agente respondia por dois crimes. Hoje, prevalece tratar-se de tipo penal misto alternativo,
de modo que, caso o agente pratique mais de uma das condutas do tipo, responderá por crime único.
É mais uma hipótese em que, no intuito de agravar a situação do criminoso, o legislador,
ao contrário, acabou beneficiando-o, trazendo, na verdade, uma novatio legis in melius, o que
dá, aos condenados anteriores o direito de pedirem revisão de pena.

ANTES DA LEI 12.015/09 DEPOIS DA LEI 12.015/09

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Art. 213 que previa o estupro, o qual consistia na Reuniu os dois dispositivos anteriores à lei no art.
punição da conjunção carnal violenta, tendo como 213, que prevê o crime de estupro, o qual pune a
sujeito ativo o homem e passivo a mulher. conjunção carnal violenta ou a prática de atos
libidinosos diversos da conjunção carnal.
Art. 214 que previa o atentado violento ao pudor, o
qual punia atos libidinosos diversos da conjunção OBS.: Não houve abolitio criminis do art. 214, pois os
carnal, tendo como sujeito ativo e passivo qualquer atos libidinosos continuam puníveis, apenas com
pessoa. outra roupagem (princípio da continuidade
normativo-típica).

Dizer o Direito:

Após a Lei n° 12.015/2009, quando o agente pratica, além da conjunção carnal (coito vaginal), outro ato
libidinoso independente (ex: coito anal), no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, realiza mais de
um crime?
NÃO. Trata-se de CRIME ÚNICO. O STJ definiu que o art. 213 do CP, com redação dada pela Lei n° 12.015/2009 é
tipo penal misto ALTERNATIVO.
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só
vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.
Vale ressaltar que havia divergência entre as Turmas do STJ sobre o tema, mas já foi superada, tendo ambas
adotado o entendimento do crime único. Nesse sentido:

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 05/08/2014.
STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE), julgado em 24/04/2014.

O fato de o agente ter praticado coito vaginal e também outro ato libidinoso (exs: coito anal, sexo oral) pode
ser utilizado pelo juiz para aumentar a pena do réu?
SIM. O juiz irá reconhecer que se trata de crime único, condenando apenas pelo art. 213 do CP com a nova
redação dada pela Lei n° 12.015/2009. No entanto, na 1ª fase da dosimetria da pena (análise das circunstâncias
judicias do art. 59), o magistrado deverá aumentar a pena-base considerando que a culpabilidade do agente é
mais intensa e as circunstâncias em que o crime foi praticado são mais reprováveis que o normal já que
impuseram à vítima um nível de sofrimento ainda maior do que aquele que seria necessário para a consumação
do delito. Com efeito, a vítima foi obrigada a realizar dois atos sexuais diferentes. Isso pode (e deve) ser valorado
negativamente pelo julgador.

Por fim, uma última observação importante:

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Se o agente pratica conjunção carnal e outros atos libidinosos contra vítimas diferentes ou, então, contra uma
só vítima, mas em contextos fáticos diferentes (ex: em dois dias seguidos), haverá continuidade delitiva ou até
concurso material, a depender do caso concreto.

Obs.: Segundo o STF, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, cometidos antes ou depois da edição
da Lei nº 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples, sendo
irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou
morte (Inf. 835).

● Ainda há a figura do atentado violento ao pudor no ordenamento jurídico? Sim, no Código Penal
Militar (art. 233, CPM).

c) Sujeitos do delito: Antes o crime era bipróprio, pois somente homem poderia ser sujeito ativo e apenas
mulher figurava como sujeito passivo. Hoje é crime bicomum.
● Sujeito ativo: qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: qualquer pessoa (no entanto, se for menor de 14 o crime será de estupro de
vulnerável, que será detalhado mais à frente).

Lembrando que:
Conjunção carnal (pênis/vagina): sexos opostos.
Atos libidinosos (sexo oral, anal, toques íntimos, dentre outras práticas): indiferente o sexo dos
envolvidos.

Antes adotava-se a tese de que não configurava o crime caso fosse cometido pelo marido contra a
esposa. Hoje não só configura, como é ainda causa de aumento de pena (art. 226, II do CP).
Obs.: Admite coautoria, participação e autoria mediata, inclusive à distância.
Ex.: Coautoria e Participação: mulher segura a outra para que uma terceira pratique com ela atos
libidinosos diversos da conjunção carnal. A que segurou é coautora da que praticou os atos, sendo esta
autora. Caso alguém a tivesse instigado, até mesmo via WhatsApp, por exemplo, seria partícipe.
Autoria mediata: garoto convence irmão, doente mental a estuprar uma mulher. Ele é autor mediato
do estupro, tendo se valido de inimputável para a prática do crime.

d) Objeto jurídico: Crime pluriofensivo:


✔ Liberdade sexual
✔ Integridade física (se praticado com violência)
✔ Liberdade individual (se praticado com grave ameaça).

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e) Objeto material: Pessoa que sofre o constrangimento.

f) Tipo objetivo: Pune os atos de libidinagem com violência ou grave ameaça.

● Os atos de libidinagem é o gênero que tem como espécies a conjunção carnal e outros atos
libidinosos diversos (sexo oral, sexo anal etc.).

Quando a lei diz “ou outro ato libidinoso diverso”, está autorizando interpretação analógica, ou seja, o
intérprete vai analisar se o ato praticado viola o bem jurídico do mesmo modo que a conjunção carnal.

● Para ser estupro, o meio de execução tem que ser violência ou grave ameaça! Ausentes tais meios
executórios, poderá caracterizar outro crime contra a dignidade sexual, mas não estupro.
● A jurisprudência e doutrina majoritária entendem que o crime de estupro DISPENSA o contato físico
entre o sujeito ativo e passivo. Ex.: Comete crime o agente que, para satisfazer sua lascívia, obriga a
vítima a se masturbar enquanto a contempla.

Obs.: Stealthing (dissimulação) ocorre quando alguém retira o preservativo durante a relação
sexual sem o consentimento do parceiro.
Na Suíça há precedente capitulando como crime de estupro, tendo em vista que a retirada do
preservativo durante o ato sexual, sem que a outra pessoa percebesse, caracterizou um vício de
consentimento tornando a conduta criminosa.
No Brasil, é necessário analisar o caso concreto:
1) se o ato sexual é consentido e, durante o ato, o agente retira o preservativo e, mesmo diante da
negativa reiterada do parceiro, continua a prática sexual usando violência ou grave ameaça - estupro
2) se o ato sexual é consentido, desde que mediante o uso de preservativo, mas o agente
sorrateiramente retira a proteção e continua até a sua finalização, sem que o parceiro perceba, não há
crime de estupro pois ausente a violência ou grave ameaça, podendo caracterizar o art 215, CP, em razão
da fraude. (Estelionato sexual).

Analise, ainda, a jurisprudência pertinente sobre o tema:

O crime de estupro é tipo misto alternativo


O estupro (art. 213 do CP), com redação dada pela Lei 12.015/2009, é tipo penal
misto alternativo. Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção
carnal e outro ato libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213
do CP. A Lei 12.015/2009, ao revogar o art. 214 do CP, não promoveu a
descriminalização do atentado violento ao pudor (não houve abolitio criminis).

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Ocorreu, no caso, a continuidade normativo-típica, considerando que a nova Lei


inseriu a mesma conduta no art. 213. Houve, então, apenas uma mudança no local
onde o delito era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta
se trata de crime. É possível aplicar retroativamente a Lei 12.015/2009 para o
agente que praticou estupro e atentado violento ao pudor, no mesmo contexto
fático e contra a mesma vítima, e que havia sido condenado pelos dois crimes (arts.
213 e 214) em concurso. Segundo entende o STJ, como a Lei 12.015/2009 unificou
os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve
ser reconhecida a existência de crime único na conduta do agente, caso as condutas
tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático,
devendo-se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da vigência da Lei
nº 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 05/08/2014. STJ. 6ª Turma. HC 212305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des.
Conv. TJ/SE), julgado em 24/04/2014 (Info 543).

Beijo roubado em contexto de violência física pode caracterizar estupro


O agente abordou de forma violenta e sorrateira a vítima com a intenção de
satisfazer sua lascívia, o que ficou demonstrado por sua declarada intenção de
"ficar" com a jovem – adolescente de 15 anos – e pela ação de impingir-lhe, à força,
um beijo, após ela ser derrubada ao solo e mantida subjugada pelo agressor, que a
imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta configura o
delito do art. 213, § 1º do CP. STJ. 6ª Turma. REsp 1611910-MT, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016 (Info 592).

A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins
do tipo do art. 213 do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.916.611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), julgado em 21/09/2021

g) Elemento subjetivo: Dolo + finalidade específica de agir (que é o que difere do delito de constrangimento
ilegal).

h) Consumação e tentativa:
● Crime material - O crime se consuma com a prática da conjunção carnal ou dos atos libidinosos.
● Tentativa: admite.

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Questões controversas:
Beijo lascivo (dotado de conotação sexual) pode ser considerado ato libidinoso? Embora seja um
tema controverso, prevalece que sim.
Inclusive, o STJ tem decisões no sentido de que a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso”
descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja
contato físico entre ofensor e ofendido.

STJ: A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante


pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da
ação penal para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição
majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato
libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para
a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª
Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info
587).

STF: Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua no


interior da boca. O STF entendeu que essa conduta caracteriza o chamado “beijo
lascivo”, havendo, portanto, a prática do crime de estupro de vulnerável, previsto
no art. 217-A do Código Penal. Não é possível desclassificar essa conduta para a
contravenção penal de molestamento (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.668/41). Para
determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de poder, mais
precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto, estão presentes a
conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há
como desclassificar a conduta do agente para a contravenção de molestamento
(que não detém essa conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei
imponha punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do
adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato libidinoso diverso ou a
conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se subsome, em regra,
ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da
vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).
Via Dizer o Direito

Inseminação artificial forçada: caso não haja prática sequer de ato libidinoso, não há estupro.
Restará configurado mero constrangimento ilegal, vez que o estupro exige conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso. Assim, caso o ato resulte em gravidez, a situação não estaria inclusa na hipótese
em que não se pune o aborto.
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Estupro X Impotência sexual: é possível a ocorrência do estupro mesmo que o sujeito ativo tenha
disfunção erétil, já que hoje atos libidinosos diversos da conjunção carnal também configuram
estupro.

A violência ou grave ameaça podem ser exercidas contra terceira pessoa, para obrigar a vítima a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso? A
doutrina majoritária entende que sim, por ser uma terrível forma de constrangimento.

Caso o agente obrigue a vítima a presenciar/assistir ato sexual seu com terceira pessoa será
caracterizo estupro? NÃO. Caso a vítima seja maior de 14 anos, o crime será de importunação sexual
(art. 215-A, CP), ou constrangimento ilegal (art. 146) se houver o emprego de violência ou grave
ameaça. Caso seja menor de 14, o crime será o do art. 218-A do CP: satisfazer a lascívia mediante a
presença de criança ou adolescente.

Dissenso da vítima: Caso o ato sexual se inicie contra a vontade da vítima, mas durante a vítima
concorde e termine consentido, resta desconfigurado o estupro. Por outro lado, caso o ato sexual se
inicie com o consentimento das duas partes, mas durante o ato, por uma razão qualquer um dos
envolvidos não queira continuar, exige-se da outra parte que seja cessada a sua atuação, sob pena
de caracterizar o tipo penal aqui estudado.

1.1.2 Qualificadoras

§1º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor


de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2º - Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

a) Estupro qualificado pela idade da vítima: Aqui o artigo refere-se à vítima maior de 14 anos e menor de 18
anos. Isso porque, se a vítima for menor de 14 anos, o crime praticado será estupro de vulnerável.

b) Estupro qualificado pela lesão corporal grave ou morte: As formas qualificadas do estupro são
modalidades preterdolosas do crime. Há dolo em relação ao estupro e culpa em relação à morte ou lesão
grave causadas, sendo que, se na conduta de estupro houver também dolo de matar a vítima, pode se falar
em concurso material entre o crime de estupro (simples) e o homicídio doloso praticado.

CAÍRAM EM PROVA RECENTE:


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IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Aquele que, com intenção de estuprar uma mulher, mantém com ela, sob coação, relação sexual
e, após encerrada a prática delituosa do estupro, resolve matar a vítima, desferindo contra ela
facadas que provocam excessiva perda de sangue, sendo causa da morte conforme laudo
pericial, responderá por delito de
A) estupro em concurso formal com delito de homicídio.
B) estupro qualificado pelo resultado morte.
C) estupro em concurso material com delito de homicídio.
D) estupro em concurso material com lesão corporal seguida de morte.
E) estupro apenas; o delito de homicídio será absorvido pelo estupro.
R.: letra C.

FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Ártemis e Deméter se conheceram por meio de aplicativo de encontros casuais para maiores.
Depois de algum tempo, ainda sem se verem pessoalmente, trocaram voluntariamente fotos
em que aparecem nus. Deméter, então, ameaça expor essas fotos em sites pornográficos, caso
Ártemis não concorde em se exibir para ele através de uma webcam, inserindo objetos em seu
canal retal.
Tal conduta configura o delito de:
A) estupro;
B) violação sexual mediante fraude;
C) importunação sexual;
D) assédio sexual;
E) registro não autorizado da intimidade sexual.
R.: letra A.
Vimos que a jurisprudência e doutrina majoritária entendem que o crime de estupro DISPENSA
o contato físico entre o sujeito ativo e passivo. Houve, efetivamente, o emprego da grave
ameaça para que a vítima praticasse atos libidinosos, configurando o estupro.

1.2 Violação Sexual Mediante Fraude (Art. 215)

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também multa.

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a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, bicomum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.

b) Nomenclatura: Também chamado pela doutrina de “estelionato sexual”, justamente porque há o


emprego da FRAUDE.
● Ou seja: Aqui não há violência ou grave ameaça, mas apenas fraude ou outro meio que impeça
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
● Quais seriam esses “outros meios” além da fraude?
Conforme a doutrina, pode ser a embriaguez moderada e o temor reverencial – que embora
não constitua ameaça, gere sensação de medo.

Cuidado: A fraude utilizada não pode anular completamente a capacidade de resistência da vítima,
pois, caso assim ocorra, o delito será de estupro de vulnerável.

Violação sexual mediante fraude (art. 215) Estupro de Vulnerável (art. 217-A)
Vítima consciente, com capacidade de discernir, Ausência de capacidade de discernimento para a
porém, com falsa percepção da realidade. prática do ato.
Há capacidade de resistência, que pode ser Não há capacidade de resistência.
manifestada quando compreendida a fraude.
Presumidamente capaz, porém, com consentimento Presumidamente incapaz de consentir.
falho. Consentimento inválido.

c) Objeto jurídico: liberdade sexual.

d) Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico.


Ex.: irmão gêmeo que se faz passar pelo outro irmão para ter relação sexual com a namorada dele.

e) Consumação e tentativa:
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo
● Admite-se a tentativa.

Obs.: Caso o agente busque com o ato auferir alguma vantagem econômica, aplica-se também a pena de
multa. Ex. dado por Nucci: mulher que deseje engravidar de um milionário, motivo pelo qual, embriagando-
o, não completamente, termina por manter a relação sexual, sem preservativo, buscando, sem dúvida,
vantagem econômica, ainda que por meio da criança (pensão alimentícia ou herança).

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JÁ CAIU EM PROVA:
CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou
entorpecente na bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da
situação, João levou Maria até seu veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer
resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa situação, João responderá pelo crime de
violação sexual mediante fraude.
R.: Errado. A vítima encontrava-se vulnerável, não podendo oferecer qualquer tipo de
resistência, caracterizando o delito previsto no art. 217-A, § 1º.

1.3 Importunação Sexual (Art. 215-A)

Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

a) Introdução
Trata-se de tipo penal introduzido no CP em 2018, como forma de resposta mais grave que a antiga
contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor e menos grave que o estupro.
Abrange condutas intermediárias como os casos de homens que se masturbavam e ejaculavam em
mulheres em metrôs, por exemplo, que ganharam notoriedade nos veículos de comunicação recentemente.
Note que não há violência ou grave ameaça.

b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, material, comissivo, de forma
livre, de dano, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Não é hediondo.

c) Sujeitos do crime: trata-se de crime comum.


Cuidado: só pode anuir quem tem idade igual ou maior que 14 anos. Caso a vítima seja
menor de 14, o crime é de estupro de vulnerável.
Atenção para a majoração de pena prevista no art. 226, II, CP.

d) Conduta – Núcleo verbal é praticar


● O tipo penal contém subsidiariedade expressa: aplicam-se as penas da importunação sexual se a
conduta não caracteriza crime mais grave.
● O tipo exige que o ato libidinoso seja praticado contra alguém. Ou seja: pressupõe pessoa específica
a quem se dirige o ato de autossatisfação.
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● É essa pessoa determinada que diferencia o crime de importunação sexual do crime de ato obsceno.
∘ Importunação sexual – pessoa se masturba em frente a alguém pois aquela pessoa específica
lhe desperta impulso sexual.
∘ Ato obsceno – pessoa se masturba em praça pública sem visar pessoa específica.
● Com sua introdução, foi revogado o artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (continuidade
normativo-típica, mediante lei penal mais gravosa, que não retroage).

CESPE/2019 (Adaptada): Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de
ultrajar alguém específico, configura crime de importunação sexual, que, por equiparação, é
considerado hediondo. Item incorreto

e) Elemento subjetivo: dolo genérico + dolo específico (o crime exige a finalidade específica de satisfazer a
própria lascívia ou de terceiro).

Fique atento à jurisprudência pertinente:

Não é possível desclassificar crime de estupro de vulnerável para o delito de


importunação sexual
Não é possível a desclassificação da figura do estupro de vulnerável (art. 217-A do
CP) para o crime do art. 215-A do CP (importunação sexual). Isso porque o tipo
penal do art. 215-A é praticado sem violência ou grave ameaça e o delito do art.
217-A inclui a presunção absoluta de violência ou grave ameaça, por se tratar de
menor de 14 anos. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.969/DF, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 26/06/2019. O STJ afirma que não é possível a
desclassificação da figura do estupro de vulnerável para o art. 215-A do Código
Penal, uma vez que referido tipo penal é praticado sem violência ou grave ameaça,
e o tipo penal do art. 217-A do Código Penal inclui a presunção absoluta de violência
ou grave ameaça, por se tratar de menor de 14 anos.

1.4 Assédio Sexual (Art. 216-A)

Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,


prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. (VETADO)
§2º- A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
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a) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo na modalidade simples. Crime de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e pode ser unissubsistente ou plurissubsistente.

b) Bem jurídico tutelado: A liberdade sexual, bem como a intimidade e dignidade das pessoas que estão em
situação de desigualdade em face de inferioridade hierárquica ou descendência inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função.

c) Tipo objetivo: O tipo penal consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.

d) Tipo subjetivo: Tipo doloso, sem previsão de modalidade culposa.


● Dolo
● Elemento subjetivo especial do tipo -"com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual".

e) Sujeitos: crime bipróprio


● Sujeito ativo: superior hierárquico ou ascendente em relação profissional
● Sujeito passivo - subordinado ou empregado de menor escalão.

Obs.: Tanto o sujeito ativo como o passivo pode ser homem ou mulher.

Relação líder espiritual x fiel


É pacífico na doutrina e jurisprudência que se trata de Fato atípico, não configurando crime de
assédio sexual. Apesar da relação de superioridade na esfera de liderança espiritual, não há assédio
sexual na relação entre líder espiritual (padre, pastor etc.) e fiel tendo em vista inexistir vínculo de
emprego, cargo ou função entre agente e vítima

Professor x Aluno
É possível a configuração de delito de assédio sexual na relação entre professor e aluno (Resp.
1.759.135/SP, 6a Turma, Julgado em 01/10/2019).
O crime de assédio sexual — definido no artigo 216-A do Código Penal (CP) é geralmente
associado à superioridade hierárquica em relações de emprego — pode ser caracterizado no caso de
constrangimento cometido por professores contra alunos.
No voto seguido pela maioria da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Rogerio Schietti
Cruz destacou que, embora não haja pacificação doutrinária e jurisprudencial acerca do tema, é preciso
considerar a relação de superioridade hierárquica entre professor e aluno, nas hipóteses em que o docente
se vale da sua profissão para obter vantagem sexual.
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https://www.conjur.com.br/2019-set-09/assedio-sexual-caracterizado-entre-professor-aluno

f) Consumação: crime formal, que se consuma com o constrangimento, dispensando a efetiva obtenção da
vantagem sexual.

Obs.: Doutrina minoritária entende ser crime habitual, que exige insistência para se consumar, mas não
prevalece.

Tentativa: admissível na forma plurissubsistente.

1.5 Da Exposição da Intimidade Sexual

REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE SEXUAL (ART. 216-B)


Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes: (Incluído pela Lei nº 13.772, de 2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (Incluído pela Lei nº 13.772, de
2018)

Em que consiste o crime


O agente
✔ produz (cria, financia)
✔ ou registra (fotografa, filma, grava etc.)
✔ cena de nudez
✔ ou ato sexual ou libidinoso
✔ de caráter íntimo e privado
✔ sem autorização dos participantes.

Preenche uma lacuna


Conforme explica o grande penalista Rogério Saches ao comentar o novo crime:
“O tipo preenche a lacuna que existia em relação à punição da conduta de indivíduos que
registravam a prática de atos sexuais entre terceiros. Foi grande a repercussão quando, em janeiro de
2018, um casal alugou um apartamento para passar alguns dias no litoral de São Paulo e, depois de se instalar,
percebeu uma pequena luz atrás de um espelho que guarnecia o quarto. O inusitado sinal faz com que um

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deles vistoriasse o espelho e, espantado, descobrisse que ali havia uma câmera instalada. O equipamento foi
imediatamente desligado e, logo em seguida, o casal recebeu uma ligação do proprietário do imóvel, que
indagou se havia ocorrido algum problema, o que indicava que as imagens estavam sendo transmitidas em
tempo real.
Embora se tratasse de conduta violadora da intimidade e que inequivocamente dava ensejo a
indenização por danos morais, o ato – não tão incomum – de quem instalava um equipamento de gravação
nas dependências de um imóvel para captar imagens íntimas sem o consentimento dos ocupantes não se
subsumia a nenhum tipo penal. A partir de agora, é classificado como crime contra a dignidade sexual.”
(Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/12/20/breves-comentarios-leis-13-
76918-prisao-domiciliar-13-77118-feminicidio-e-13-77218-registro-nao-autorizado-de-nudez-ou-ato-
sexual/)

a) Bem jurídico protegido


Tutela-se a dignidade sexual da vítima, especificamente no que concerne ao seu aspecto da
intimidade sexual, compreendendo o recato sobre a prática de atos sexuais e sobre a própria nudez.
Na figura do parágrafo único, a honra da vítima também é protegida.

b) Sujeitos
● Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa
● Pode, inclusive, ser praticado por uma das pessoas que teve sua imagem registrada
● Na hipótese de divulgação pornografia que envolva criança ou adolescente, haverá o crime do art.
240 do ECA (princípio da especialidade)
● Se houver pluralidade de vítimas registradas na mesma oportunidade – concurso formal perfeito de
crimes

c) Elemento subjetivo
É o dolo. Não se exige especial fim de agir.
Não admite modalidade culposa.

d) Tipo objetivo
● Núcleos do tipo: tipo misto alternativo
✔ Produzir
✔ Fotografar
✔ Filmar
✔ Registrar

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CUIDADO - (NÃO ABRANGE AS CONDUTAS DE DIRIGIR E REPRODUZIR)

● Crime instantâneo e de forma livre

● Objeto material: cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso


∘ A nudez pode ser total ou parcial
∘ Não há nudez em cenas meramente sensuais

Considerações importantes sobre o tipo objetivo:


1) Caráter íntimo e privado - A cena registrada deve ter sido praticada em caráter íntimo e
privado. Se o agente filma um casal mantendo relações sexuais em uma praça, por exemplo, não
configura o crime.

2) Sem autorização dos participantes - Se há autorização, o fato é atípico, salvo em se tratando de


criança ou adolescente, situação na qual configura o crime do art. 240 do ECA.
Vale ressaltar que, para não ser crime a autorização deve ter sido dada por todos os participantes.
Se faltar a autorização de um dos participantes do ato, haverá crime. Imagine que Rodrigo irá manter relações
sexuais com uma garota que conheceu na festa. Ele autoriza que seu irmão Ricardo, escondido, filme a cena.
Ocorre que a garota não autorizou o registro. Obviamente, haverá o crime.

3) Art. 216-B x Art. 218-C – Divergência - Se o indivíduo, além de filmar, fotografar ou registrar sem
autorização, também DIVULGAR o conteúdo:

∘ 1ª posição – haverá concurso material, pois há bens jurídicos diversos.


∘ 2ª posição – haverá aplicação do princípio da consunção, se praticadas pelo mesmo agente e
sobre o mesmo objeto!

e) Consumação e Tentativa
Trata-se de crime formal, consumação antecipada ou resultado cortado (Masson)
Crime plurissubsistente – cabe tentativa
∘ Exemplo: equipamento esteja instalado e, antes de ser fotografada, a vítima perceba e evite o
constrangimento.
∘ Lembre-se: Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução pode ser fracionada em vários atos.

f) Princípio da especialidade
Rogério Sanches explica que, se o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena,
deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material.

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g) Ação penal
Trata-se de crime de ação pública INCONDICIONADA.

h) Infração de menor potencial ofensivo


Trata-se de infração de menor potencial ofensiva, de forma que o rito é sumaríssimo (Lei nº
9.099/95), cabendo transação penal e suspensão condicional do processo.

i) Figura equiparada
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.

No caput, a cena registrada é verdadeira.


Neste parágrafo único, por outro lado, a fotografia, vídeo ou áudio não é verdadeiro. Foi feita
uma montagem, ou seja, foram acrescentados elementos que não ocorreram na realidade.
Ex: o agente pega imagem de uma modelo nua e, por meio do programa de computador Adobe
Photoshop troca o rosto da modelo pelo da vítima.

Divulgar cena do sósia de uma pessoa famosa (pessoa muito parecida), importa no crime
tipificado no § único?
R.: A doutrina entende que NÃO! Pois essa divulgação é de uma cena verdadeira, e o §único
exige que haja, necessariamente, uma alteração ou falsificação na imagem divulgada.

Sujeitos
Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa.
Trata-se, portanto, de crime bicomum.

Elemento subjetivo
É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não se exige o agente tenha feito isso para se vingar da
vítima ou alguma outra motivação especial.
Não admite modalidade culposa.

Intuito de brincadeira
O crime se consuma ainda que o agente tenha feito a montagem com o intuito apenas de diversão,
ou seja, com a intenção de “brincar” com a vítima.

Vigência
A Lei nº 13.772/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018).
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Por ser uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência.
Assim, os fatos praticados antes de 20/12/2018 não poderão ser punidos com base no art. 216-B do
CP.

ALTERAÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA


A Lei nº 13.772/2018 ainda promoveu uma pequena mudança na Lei nº 11.340/2006 ((Lei Maria da
Penha), em seu artigo 7º, inciso II, para deixar expresso que a violação da intimidade da mulher é uma forma
de violência doméstica, classificada como violência psicológica (inserido logo após “chantagem”.

2. DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEIS

* De início, importante lembrar que é muito comum a configuração de erro de tipo quanto
aos crimes deste capítulo, como em situações em que as supostas vítimas não aparentam ser
menores de 14 ou de 18 anos, a depender do caso, nem revelam suas idades, até mesmo
frequentando locais proibidos para menores, de modo que, em sendo o conhecimento da idade
elementar do tipo e havendo erro razoável, a conduta será atípica, já que os tipos penais não
contemplam a modalidade culposa, nem pode haver responsabilidade penal objetiva.

2.1 Estupro de Vulnerável (Art. 217-A)

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º - Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§2º - (VETADO)
§3º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4º - Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§5º - As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

a) Classificação: Crime hediondo, de elevado potencial ofensivo, comum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
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b) Sujeitos do delito:
● Sujeito passivo: Pessoa vulnerável.
∘ Vítima menor de 14 anos – trata-se de vulnerabilidade absoluta, presumida na Lei. Assim, não
importa se houve consentimento, pois este consentimento é tido como viciado.

Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção


carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o
eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente

Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento


atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem
admitido a verificação etária a partir de outros elementos de prova presentes nos
autos. Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se
comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. No caso
concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou
que esta poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial,
das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações
do próprio acusado. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12700-AC, voto vencedor Rel.
Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), Rel. para
acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 (Info 563).

∘ Aquele que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência:
▪ Pessoa que não pode oferecer resistência: trata-se de vítima que, embora não padeça
de nenhuma anomalia mental, embriaga-se até a inconsciência e é submetida ao ato
sexual sem poder consentir.

▪ No caso do deficiente mental: não se pune a relação sexual pelo simples fato de ter
sido praticado com alguém nessa condição (aqui a vulnerabilidade não é absoluta
como ocorre com os menores de 14 anos), de modo que só é crime se o agente praticar
relação sexual ou outro ato libidinoso com alguém que NÃO TEM O NECESSÁRIO
DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO SEXUAL. Assim, nessa hipótese, é

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imprescindível apurar se a pessoa portadora de enfermidade ou doença mental tinha


ou não discernimento para a prática do ato.

JÁ CAIU EM PROVA:

CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil(adaptada)


Julgue os itens abaixo:
Com relação ao crime de estupro, considera-se vulnerável a vítima
A) mentalmente enferma, sem discernimento para o ato sexual. (Correto)
B) com quatorze anos de idade completos. (Errado)
R.: Atentemo-nos para o texto legal, o qual trata de pessoa com menos de 14 anos. Art. 217-A,
caput.

● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. (Inclusive mentor intelectual**). Admite coautoria e participação.

** O mentor intelectual dos atos libidinosos responde pelo crime de estupro de


vulnerável. O estupro de vulnerável se consuma com a prática de qualquer ato de
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.
Para que se configure ato libidinoso, não se exige contato físico entre ofensor e
vítima. Assim, doutrina e jurisprudência sustentam a prescindibilidade do contato
físico direto do réu com a vítima, a fim de priorizar o nexo causal entre o ato
praticado pelo acusado, destinado à satisfação da sua lascívia, e o efetivo dano à
dignidade sexual sofrido pela ofendida. STJ. 6ª Turma. HC 478310, Rel. Min. Rogério
Schietti, julgado em 09/02/2021 (Info 685).

Caso concreto: “A”, adulto do sexo masculino, mantinha relacionamento com “O”,
mulher maior de idade. “O” era mãe de “H”, criança com poucos meses de vida.
“O” fazia tudo o que “A” exigia para satisfazer sua lascívia. Determinado dia, “A”,
em conversa com “O”, por meio de aplicativo de mensagens, solicita que “O” tire
fotos da genitália de “H”. “O” faz isso e envia as fotos para “A” pelo aplicativo. “A”
exige que “O” toque na genitália e faça sexo oral na criança. “O” obedece e faz o
que “A” pediu.

Nas exatas palavras da denúncia oferecida pelo Ministério Público: “Durante vários
momentos do diálogo mantido entre [O.] e [A], são enviadas fotos, pela mãe da
menor para o denunciado, nas quais o órgão genital da criança [H.] é exibido. Não

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obstante, a pedido de [A.], [O.] chega a fazer sexo oral na própria filha, filmando e
enviando o arquivo a ele. (...)”

Na situação concreta, ficou devidamente comprovado que o paciente agiu


mediante nítido poder de controle psicológico sobre a mãe da vítima, dado o
vínculo afetivo entre eles estabelecido. Assim, a incitou à prática dos atos de
estupro contra a infante, com o envio das respectivas imagens via aplicativo virtual,
as quais permitiram a referida contemplação lasciva e a consequente adequação
da conduta ao tipo do art. 217-A do Código Penal.
Em se tratando de vítima menor de 14 anos, como no caso concreto, a proteção
integral à criança e ao adolescente, em especial no que se refere às agressões
sexuais, é preocupação constante de nosso Estado (art. 227, caput e § 4º, da CF/88)
e de instrumentos internacionais.

Importante registrar, por fim, que o STJ reconhece que o agente que concorre para
a prática do estupro na qualidade de partícipe também responde pelo crime: STJ.
5ª Turma. RHC n. 110.301/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 11/6/2019.

c) Objeto material: Pessoa vulnerável

d) Objeto jurídico: Liberdade sexual

e) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir.

ATENÇÃO! A qualidade vulnerável da vítima deve ser conhecida pelo agente.

● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com violência ou grave
ameaça – art. 213, CP
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com fraude – Art. 215,
CP.
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido mediante qualquer outro meio
(inclusive com consentimento) - fato atípico por se tratar de erro de tipo.

f) Conduta: A conduta é simplesmente “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com vulnerável:
● Crime de execução livre: Pode ser utilizado qualquer meio executório, não se encontrando restrito
à violência, grave ameaça e fraude.
● Há uma presunção absoluta de violência, de acordo com o STJ. Basta a simples prática de ato sexual
com pessoa vulnerável.
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g) Consumação e tentativa:
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo
● Admite-se a tentativa.

h) Resultados qualificadores: As formas qualificadas são modalidades preterdolosas do crime.

Obs.: Exceção de Romeu e Julieta: Teoria criada nos estados unidos, segundo a qual não se deve
considerar estupro de vulnerável quando a relação sexual for consentida e ocorrer com uma pessoa com
diferença etária de até cinco anos, tendo em vista que ambas as partes se encontram na mesma etapa de
desenvolvimento sexual. Assim, não caracterizaria estupro, por exemplo, a relação sexual consentida entre
uma menina de 13 anos e seu namorado de 18. No entanto, trata-se de teoria não aceita no Brasil.

Nesse sentido, é a súmula 593 do STJ, que diz que “o crime de estupro de vulnerável se configura
com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente”.
E para sanar de vez a divergência, o próprio código penal foi alterado pela Lei nº 13.718, de 2018,
com a inclusão do §5º no art. 217-A, que diz expressamente que §5º as penas previstas no caput e nos §§1º,
3º e 4º do mencionado artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de
ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.

JÁ CAIU EM PROVA:

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia (adaptada)


Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal
A irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência
sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. (Correto)

Fique atento à jurisprudência sobre o tema que traz condutas que caracterizam o crime de estupro
de vulnerável:

Homem que beijou criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior da


boca (beijo lascivo) praticou estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), não sendo
possível a desclassificação para a contravenção penal de molestamento (art. 65 do
DL 3.668/41)

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Um homem beijou uma criança de 5 anos de idade, colocando a língua no interior


da boca. O STF entendeu que essa conduta caracteriza o chamado “beijo lascivo”,
havendo, portanto, a prática do crime de estupro de vulnerável, previsto no art.
217-A do Código Penal. Não é possível desclassificar essa conduta para a
contravenção penal de molestamento (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.668/41). Para
determinadas idades, a conotação sexual é uma questão de poder, mais
precisamente de abuso de poder e confiança. No caso concreto, estão presentes a
conotação sexual e o abuso de confiança para a prática de ato sexual. Logo, não há
como desclassificar a conduta do agente para a contravenção de molestamento
(que não detém essa conotação sexual). O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei
imponha punição severa à violação da dignidade sexual da criança e do
adolescente. Além do mais, a prática de qualquer ato libidinoso diverso ou a
conduta de manter conjunção carnal com menor de 14 anos se subsome, em regra,
ao tipo penal de estupro de vulnerável, restando indiferente o consentimento da
vítima. STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1/10/2019 (Info 954).

Em caso de estupro de vulnerável com violência presumida praticado contra vítimas


diferentes, a continuidade delitiva é simples (e não específica)

Em caso de estupro de vulnerável praticado contra duas ou mais vítimas, mediante


violência presumida, não há continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo
único, do CP). Isso porque a violência de que trata a continuidade delitiva especial
é a real, não abarcando a violência presumida. STJ. 5ª Turma. HC 232709/SP, Rel.
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2016. Poderá ser aplicada a regra do
concurso material, então? Aplica-se o concurso material em caso de estupro de
vulnerável com violência presumida praticado contra vítimas diferentes? Também
não. A jurisprudência do STJ entende que, nas hipóteses de estupro praticado com
violência presumida, não incide a regra do concurso material nem da continuidade
delitiva específica. Neste caso, deverá ser aplicada a continuidade delitiva simples
(art. 71, caput, do CP), desde que estejam preenchidos, cumulativamente, os
requisitos de ordem objetiva (pluralidade de ações, mesmas condições de tempo,
lugar e modo de execução) e o de ordem subjetiva, assim entendido como a
unidade de desígnios ou o vínculo subjetivo havido entre os eventos delituosos. STJ.
6ª Turma. REsp 1602771/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
17/10/2017.

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O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por
dentro de sua roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP). Não importa que não tenha havido penetração vaginal (conjunção carnal).
STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min.
Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento,


menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal
para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária
na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito
nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos
delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª Turma. RHC 70976-
MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587).

O agente levou a vítima (menina de 12 anos de idade) para o quarto, despiu-se e,


enquanto retirava as roupas da adolescente, passou as mãos em seu corpo. Ato
contínuo, deitou-se na cama, momento em que a garota vestiu-se rapidamente e
fugiu do local. O crime se consumou. Assim, se o réu praticou esse fato antes da Lei
12.015/2009, responderá por atentado violento ao pudor com violência presumida
(art. 214 c/c art. 224, “a”do CP) ou, se depois da Lei, por estupro de vulnerável (art.
217-A), ambos na modalidade CONSUMADO. Para que o crime seja considerado
consumado, não é indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo
(introdução do membro viril nas cavidades da vítima). Logo, toques íntimos podem
servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1309394-RS, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 05/02/2015 (Info 555).

OBS: ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR MEDIANTE VIOLÊNCIA PRESUMIDA PRATICADO ANTES DA


L.12015/10 e NOVATIO LEGIS IN MELLIUS

É importante saber que, em situações em que há um conflito de leis penais no tempo, estas
devem ser analisadas em concreto, para que se possa definir qual é a mais benéfica, devendo ser levado
em consideração até mesmo os requisitos para a concessão de benefícios penais durante a execução
penal. Sendo assim, a pena fixada em abstrato é um dos elementos que devem ser considerados.
A Lei 12.015/09 instituiu, em um único tipo – o atual art. 213 do Código Penal – o estupro, agora
alcançando o constrangimento da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, à conjunção
carnal ou qualquer outro ato libidinoso, e cominou a esta infração penal a sanção abstrata de 6 (seis) a 10
(anos) de reclusão.

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A mesma lei criou, por outro lado, novo tipo penal para o crime de estupro de vulnerável - art. 217-
A, caput - quando a vítima é menor de 14 (quatorze) anos, ou quando, por enfermidade ou doença mental,
não dispõe do necessário discernimento para a prática do ato, ou ainda nas hipóteses em que, por qualquer
outra causa, não pode o ofendido oferecer resistência (art. 217-A, § 1º). A esse delito foi cominada, em
abstrato, a pena de 8 (oito) a 15 (quinze) anos de reclusão.
Pois bem, caso o agente pratique o atentado violento ao pudor mediante violência presumida, antes
da lei 12015/09, sua conduta deverá ser adequada ao tipo de injusto previsto no Art. 217 – A do CP.
Não se trata, contudo, de novatio legis in pejus. Isto porque, segundo o quadro normativo anterior à
Lei 12.015/2009, a pena cominada ao atentado violento ao pudor do então art. 214, caput, do Código Penal,
cometido mediante violência presumida do art. 224, c, à época vigente – e hoje revogado – era acrescida de
metade (causa especial de aumento) exatamente nos casos em que a violência se presumia pela
impossibilidade de a vítima oferecer resistência, conforme preconizava o art. 9º da Lei 8.072/90. Isto impõe
reconhecer que, nessas situações, a pena mínima prevista para o atentado violento ao pudor era de 9 (nove)
anos de reclusão – 6 (seis) da figura típica fundamental, aumentada em metade – e não de apenas 6 (seis).
Portanto, o conflito intertemporal de normas penais deve ser resolvido, na situação em exame, pelo
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, os termos do art. 5°, XL, da CF/1988, já que ao crime
previsto no atual art. 217-A, § 1º, do Código Penal, aplica-se a pena (mínima) de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
de reclusão, sem acréscimos relativos à presunção de violência.
Essa é, aliás, a interpretação que vem sendo adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
depreende dos julgados indicados abaixo:

PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.


NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (ANTIGA
REDAÇÃO) SUPERVENIÊNCIA DA LEI N. 12.015/2009. NOVA CAPITULAÇÃO
JURÍDICA. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL. LEI MAIS
BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. COMBINAÇÃO DE LEIS. IMPOSSIBILIDADE.
AFASTAMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA. IMPRECISÃO DA
DENÚNCIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
NÃO OCORRÊNCIA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de
Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário,
ou de revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a
constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.
2. Não obstante a Lei n. 12.015/2009, ao tipificar o delito de atentando
violento ao pudor contra vítima menor de 14 anos, previsto
no art. 214 do Código Penal, como "estupro de vulnerável" (art. 217-A do Código
Penal), tenha determinado o recrudescimento da pena, deve ela retroagir, por ser
mais benéfica, uma vez que referida lei também determinou a
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revogação da causa de aumento prevista no art. 9º da Lei 8.072/90.


3.É vedada a combinação de leis, em face do princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica, devendo o magistrado
analisar o caso sob o enfoque de ambas as leis, a anterior e a posterior,
aplicando-se, na sua integralidade, aquela mais favorável ao réu.
4. Descabe esta Corte apreciar matéria não enfrentada pelo Tribunal a quo -
, in casu, a alegada imprecisão da denúncia em
indicar a quantidade de vezes em que a vítima sofreu abusos, a
caraterizar, portanto a continuidade delitiva - sob pena de supressão de
instância.
5. Não se verifica a prescrição da pretensão punitiva estatal, no delito de
estupro de vulnerável, cuja pena é de 8 anos de reclusão, tendo em vista que não
verificado o transcurso do prazo de 12 anos, nos termos do art. 109, III, do Código
Penal.
6. Habeas corpus não conhecido. (HC 337.740/SP, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/09/2016, DJe 16/09/2016)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIMES DE ESTUPRO E DE ATENTADO
VIOLENTO AO PUDOR CONTRA VÍTIMA DEFICIENTE MENTAL, PRATICADOS EM
CONCURSO MATERIAL. VIOLÊNCIA REAL. CAUSA DE AUMENTO DE PENA.
INCIDÊNCIA DO ART. 9º DA LEI N. 8.072/90. SUPERVENIÊNCIA DA LEI N.
12.015/2009. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. ART. 217-A, § 1º, DO CP. LEI MAIS
BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de
Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de
revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação
de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.
2. Com a superveniência da Lei n. 12.015/2009, os fatos delineados no acórdão
passaram a ser tipificados no art. 217-A do Código Penal, sob a denominação de
"estupro de vulnerável", razão pela qual as condutas praticadas pelo paciente
passaram a configurar crime único.
Transitada em julgado a condenação, cabe ao juízo das execuções realizar nova
dosimetria das penas, para a aplicação da lei nova mais benéfica. Inteligência da
Súmula 611/STF.
3. Com o advento da Lei n. 12.015/2009, restou revogada a majorante
prevista no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos, não sendo mais admissível a sua
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aplicação para fatos posteriores a sua edição. Esta inovação legislativa, contudo,
mostra-se mais benéfica ao paciente, razão pela qual deve retroagir para alcançar
fatos pretéritos.
4. Habeas corpus não conhecido, mas ordem concedida de ofício para
determinar que o juízo das execuções proceda à nova dosimetria da pena quanto
aos delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, conforme os parâmetros
da Lei n. 12.015/2009, bem como em razão da revogação da causa de aumento de
pena, prevista no art. 9º da Lei 8.072/90, facultando-lhe a valoração da pluralidade
de condutas na análise da culpabilidade do sentenciado, na fixação da pena-base,
em razão do reconhecimento de crime único entre as condutas. (HC 160.491/MS,
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
17/12/2015, DJe 05/02/2016).

2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218)

* Também chamado de lenocínio (227) contra vítima menor de 14 anos.


* Não se confunde com a corrupção de menores do 244-B do ECA, que é para a prática de delitos.

Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem:


Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

a) Classificação: Comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, de dano, unissubjetivo e


plurissubsistente.

b) Conduta: Induzir é criar ideia que não existia. Instigar, reforçar ideia já existente (atípico).

Para alguns doutrinadores, a exemplo de Nucci, trata-se de uma exceção pluralista à teoria
monista, vez que, de acordo com o artigo 29 do CP, a participação moral, induzindo o menor à pratica
do ato libidinoso configuraria participação no estupro de vulnerável (crime pelo qual responderá o
terceiro que tiver satisfeita a sua lascívia pelo menor de 14 anos). Porém, aqui essa conduta seria punida
de forma mais branda.
Para este doutrinador, trata-se de crime material, exigindo atitude por parte do menor para que se
consume, embora haja bastante divergência.
Além disso, entende ainda que prestar auxílio material, como analogia in bonam partem, também
poderia ser incluído aqui (ao invés do tipo do 217-A).
Contudo, a indução não pode ser com violência ou grave ameaça, sob pena de configurar o 217-A.
No entanto, para Sanches, a exceção pluralista à teoria monista não pode ter uma diferença tão
grande entre as penas, em atenção ao princípio da proporcionalidade, de modo que, aqui o ato deve ser
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diverso de ato de libidinagem ou conjunção carnal, a exemplo de voyeurismo, satisfação de lascívia


contemplativa, pois, caso constitua em conjunção carnal ou ato libidinoso diverso o agente deve, de fato,
responder por participação em estupro de vulnerável.

c) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: Pessoa menor de 14 anos

Sujeito passivo maior de 18 anos - crime de lenocínio simples – art. 227, caput, do CP
Sujeito passivo maior de 14 anos e menor de 18 anos → crime de lenocínio qualificado – art. 227,
§1º do CP

d) Objeto jurídico: Liberdade sexual

e) Elemento subjetivo: Dolo - vontade livre e consciente de induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a
lascívia de outrem.
● Sem elemento subjetivo especial do tipo
● O agente deve ter ciência da idade da vítima.
● Caso o intuito do autor seja satisfazer a sua própria lascívia, haverá estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP).

f) Consumação e tentativa: há divergência na doutrina:


● 1ª posição – Bittencourt: O crime de corrupção de menores consuma-se com o efetivo induzimento,
ou seja, no momento em que a vítima é convencida pelo sujeito ativo a satisfazer a lascívia de outrem
● 2ª posição – Greco, Noronha, Mirabete: Para a consumação do delito de corrupção de menores não
basta o simples convencimento da vítima, sendo ainda necessária, por parte desta, a prática de ao
menos algum ato tendente à satisfação da lascívia de outrem.

● Tentativa: Admite.

g) Distinção com os crimes do ECA:


● Art. 244-B do ECA - corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele
praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la
● Art. 241-C do ECA - Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
outra forma de representação visual:
● Art. 241-D do ECA - Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação,
criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
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2.3 Satisfação de Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (Art. 218-A)

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-


lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo,
dano, unissubjetivo, plurissubsistente.

b) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Menor de 14 anos.

c) Objeto jurídico: Liberdade sexual, em especial no âmbito moral.

d) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir: satisfazer lascívia própria ou de outrem.

e) Tipo Objetivo: O crime consiste em praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-
lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.

Condutas típicas:
✔ Praticar: O sujeito ativo pratica, na presença do menor, conjunção carnal ou atos libidinosos diversos
dela;
✔ Induzir a presenciar: O autor faz nascer, na mente do menor, a ideia de testemunhar atos libidinosos.

f) Consumação:
● Nucci – Efetiva prática do ato libidinoso.
● Sanches e Bittencourt – “Praticar”: efetiva prática do ato. “Induzir”: com a indução,
independentemente da prática ou da satisfação da lascívia.
Tentativa: Admite.

Obs.: Não há qualquer contato físico do agente com o menor neste tipo. Ademais, conforme a doutrina
majoritária, não se exige a presença física do menor, pode ser por exemplo, virtual. Há controvérsia.

● Bitencourt exige a presença "in loco, e não, indiretamente, via qualquer mecanismo tecnológico,
físico ou virtual, como permitiria o mundo tecnológico".
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● Em sentido contrário está Guilherme Nucci sustentando que "a evolução tecnológica já propicia a
presença - estar em determinado lugar ao mesmo tempo em que algo ocorre - por meio de aparelhos
apropriados.

JÁ CAIU EM PROVA:
VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe(adaptada)
Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.
Praticar, na presença de alguém menor de 18 (dezoito) anos, conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de
lascívia mediante presença de criança ou adolescente.
R.: Errado. Para a caracterização do crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança
ou adolescente (Artigo 218-A) a vítima tem que ser menor de 14 anos.

2.4 Favorecimento da Prostituição ou de Outra Forma de Exploração Sexual de Criança ou Adolescente ou


de Vulnerável (Art. 218-B)

(Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014)

Art. 218-B - Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração


sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la,
impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§1º - Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa.
§2º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo.
§3º Na hipótese do inciso II do §2º, constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

a) Introdução:
Esta figura não se confunde com a do art. 218 (mediação para servir a lascívia de outrem):
No art. 218, o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa(s) certa(s) e determinada(s)

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No favorecimento (art. 218-B), o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima, visando desta o
exercício da prostituição, consistente em satisfazer a lascívia do premier passant, de maneira geral, pessoa
indeterminada.

b) Classificação: crime comum (exceto na hipótese do § 2o, II), material, de forma livre,
instantâneo (“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir” e “dificultar”),
comissivo (excepcionalmente, omissivo impróprio), unissubjetivo e plurissubsistente.
* Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades.

c) Nomenclatura:
● Lenocínio principal – conduta em que o sujeito ativo toma a iniciativa pela corrupção ou prostituição
da vítima
● Lenocínio acessório – o sujeito ativo facilita ou explora a corrupção ou prostituição que já existe

d) Objeto jurídico: Liberdade sexual

e) Tipo objetivo: Há 6 núcleos verbais:


✔ Submeter
✔ Induzir
✔ Atrair
✔ Facilitar
✔ Impedir que abandone
✔ Dificultar que abandone
● À prostituição
● Ou qualquer forma de exploração sexual: A doutrina admite 4 modalidades de exploração sexual:
1. Prostituição: atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de pagamento, não
apenas monetário;
2. Turismo sexual: é o comércio sexual, bem articulado, em cidades turísticas, envolvendo
turistas nacionais e estrangeiros e principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de
Países de Terceiro Mundo;
3. Pornografia: produção, exibição, distribuição, venda, compra, posse e utilização de material
pornográfico, presente também na literatura, cinema, propaganda etc.; e
4. Tráfico para fim sexuais: movimento clandestino e ilícito de pessoas através de fronteiras
nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a entrar em situações
sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes.

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Obs.: A conduta pode ser por ação ou omissão imprópria. Ex.: O agente, revestido do dever jurídico de
impedir que o agente ingresse na prostituição, nada faz, aderindo subjetivamente à sua conduta.

Fique atento à jurisprudência pertinente sobre o tema:

Cliente pode ser punido sozinho pelo art. 218-B do CP; a vulnerabilidade é
relativa; o tipo penal não exige habitualidade, comportando a aplicação da
continuidade delitiva.
O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta.
Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o programa sem
intermediários, haverá o crime. Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são
punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na prostituição ou outra
forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído
ou sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). A vulnerabilidade no caso do art. 218-B
do CP é relativa. No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima,
devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou
doente mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por
outra causa não pode oferecer resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). O tipo penal não exige
habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida à
prostituição para que se configure o crime O crime previsto no inciso I do § 2º do
art. 218 do Código Penal se consuma independentemente da manutenção de
relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é
possível que haja o referido delito ainda que tenha sido um único ato sexual. Logo,
como não se exige a habitualidade para a sua consumação, é possível a incidência
da continuidade delitiva, com a aplicação da causa de aumento prevista no art. 71
do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/03/2019 (Info 645).

Sobre esta jurisprudência, tenha cuidado! Isso porque, a doutrina majoritária amplamente
dominante entende que, quando o cliente contrata diretamente com o profissional do sexo, sem
que haja alguém intermediando, não estará incurso no tipo penal, justamente pelo fato de que a
vítima “não estaria na condição descrita no caput”. No entanto, o STJ entendeu de forma diversa.
Portanto, fique sempre atento ao comando da questão:
● Em uma prova objetiva – observe se a questão pede “de acordo com a jurisprudência do STJ ou com
a doutrina majoritária”
● Em questões discursivas ou em prova oral, é interessante conhecer as duas posições.
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JÁ CAIU EM PROVA:
CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil (adaptada)
Julgue o item abaixo:
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido
explorada sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota
responderá pelo crime de favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de
vulnerável. (Correto).

e) Sujeitos do delito
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa – normalmente chamado de PROXENETA.
● Sujeito passivo: Menor de 18 anos e maior de 14 ou a pessoa enferma ou deficiente mental.
∘ Se houver pluralidade de vítimas – haverá concurso material, pois o bem jurídico tutelado é
de natureza individual.
∘ A prostituta pode ser sujeito passivo deste crime quando impedida de deixar a prostituição.

Configura o crime do art. 218-B do CP ainda que a vítima seja prostituta e que a
relação tenha sido eventual
O cliente que conscientemente se serve da prostituição de adolescente, com ele
praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no
inciso I do § 2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que
a vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual,
sem habitualidade. STJ. 6ª Turma. HC 288374-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 5/6/2014 (Info 543).

Obs.1: Este tipo penal revogou o artigo 244-A do ECA.


Obs.2: Enquanto a exploração da prostituição de adolescentes (não menor de 14 anos) está prevista como
crime no art. 218-B do CP (revogando, nesse tanto, o art. 244-A do ECA), a exploração da prostituição de
adultos está tipificada no art. 228 do CP.
Obs.3: Para o STJ, a vulnerabilidade, nesse caso, deve ser analisada no caso concreto.

A vulnerabilidade no caso do art. 218-B do CP é relativa. No art. 218-B do Código


Penal não basta aferir a idade da vítima, devendo-se averiguar se o menor de 18
(dezoito) anos ou a pessoa enferma ou doente mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou por outra causa não pode oferecer

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resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em


19/03/2019 (Info 645).

f) Elemento subjetivo: Dolo (só exigindo elemento subjetivo específico na forma do §1°).
É imprescindível que o participante do ato sexual saiba que a vítima é menor de 18 anos e maior que
14 anos, sexualmente explorada.
O proprietário, gerente ou responsável pelo local, por sua vez, deve saber que ali se realiza, as
práticas referidas no caput, de modo a evitar a responsabilidade objetiva.

STJ: O cliente que conscientemente se serve de prostituição de adolescente, com


ele praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no
inc. I do §2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de oura forma
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a
vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual, sem
habitualidade. STJ. 6a turma. HC 288.375-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. em
5/6/2014 – Info 543.

g) Efeito da condenação (§3º)


Aplica somente ao §2º!!! (CUIDADO COM PEGADINHA DE PROVA!)
Trata-se de EFEITO SECUNDÁRIO (EXTRAPENAL) da sentença condenatório, semelhante aos artigos
91 e 92, CP.

JÁ CAIU EM PROVA:
FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil
Configura estupro de vulnerável a(o):
A) prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido
à prostituição.
B) constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática
de conjunção carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato
sexual.
C) manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez,
ainda que a vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a
consentir para com o ato libidinoso,
D) indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a
lascívia de outrem.
E) assédio, no ambiente de trabalho cie adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade,
visando a obter favorecimento de natureza sexual.

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R.: letra C.
Item A, incorreto. Atentemo-nos para a idade do adolescente (14 anos de idade completos) e a
sua submissão à prostituição, configurando o tipo previsto no art. 218-B, § 2º, I.
Item B, incorreto. Pessoa com deficiência não é sinônimo de vulnerável para fins penais. O item
inclusive veicula a plena capacidade da vítima para o ato. Configuraria estupro comum, art. 213.
Item D, incorreto. Art. 218-A.
Item E, incorreto. Art. 216-A.

2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia
(Art. 218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de


sexo ou de pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo
ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento
da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de
2018)

Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº
13.718, de 2018)

a) Introdução
Considerações iniciais realizadas por Sanches:
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Têm sido comuns, já há alguns anos, situações em que pessoas são surpreendidas pela
divulgação de imagens de sua intimidade na rede mundial de computadores. Seja em decorrência de
colaboração involuntária da própria pessoa, que se deixa fotografar ou filmar, ou ainda envia imagens
íntimas a alguém próximo, em caráter confidencial, e acaba surpreendida pela deslealdade, seja por
violação da intimidade sem o conhecimento do interessado (...). Há ainda os casos de estupros registrados
pelos próprios autores e depois divulgados, o que certamente acentua a já gravíssima ofensa à dignidade
sexual da vítima.
Um dos casos compreendendo uma personalidade de destaque inspirou a aprovação da Lei
12.737/12, que inseriu no Código Penal o art. 154-A para punir a invasão de dispositivo informático.
Denominado informalmente “Lei Carolina Dieckmann”, o diploma veio na esteira de uma conduta que
vitimara a conhecida atriz, que teve seu computador pessoal violado para a subtração e posterior divulgação
de fotos íntimas.
Ocorre, porém, que a variedade de condutas do mesmo gênero começou a demonstrar a
insuficiência do tipo penal que se restringe a punir a invasão de dispositivos eletrônicos, sem considerar
outras situações em que a intimidade é violada por outros meios tão ou mais eficazes.
No que concerne a crimes na esfera da dignidade sexual, não havia nada que pudesse indicar uma
conduta típica. Não obstante a divulgação ilícita de fotos de uma pessoa nua possa caracterizar ofensa à
dignidade sexual em sentido amplo, o certo é que, na situação anterior à Lei 13.718/18, não havia amparo
adequado a quem fosse vitimado por esta espécie de conduta (a maioria subsumia o comportamento apenas
ao tipo da injúria majorada na forma do art. 141, inc. III, do CP – em razão de ter sido cometida por meio
facilitador da divulgação da ofensa).
Pois o art. 218-C do Código Penal introduz a punição de quem promove a divulgação de cena de sexo,
nudez ou pornografia sem o consentimento dos envolvidos, bem como de quem possibilita a publicação de
cenas reais de estupro ou de estupro de vulnerável.

b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, formal, de forma livre, comissivo,
misto alternativo (mais de um núcleo no mesmo contexto fático é crime único), instantâneo (na maioria dos
núcleos) ou permanente (transmitir, disponibilizar e expor à venda), de dano, unissubjetivo e
plurissubsistente. É também um tipo que traz subsidiariedade expressa.

c) Sujeitos do delito
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: é a pessoa que tem a sua intimidade, privacidade ou liberdade sexual atingida,
independentemente de qualidades especiais.
∘ Se for criança ou adolescente – art. 241 e 241-A (princípio da especialidade)
∘ Se a vítima é portadora de enfermidade ou deficiência mental, ou se sua imagem foi
registrada em um momento em que não poderia oferecer resistência, a divulgação
determina subsunção da conduta ao Código Penal – art. 218-C
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CESPE/2019 (Adaptada): Divulgar na Internet fotografias de conteúdo pornográfico envolvendo


adolescente, como meio de vingança pelo término de relacionamento, configura crime
específico previsto no ECA, o que afasta a incidência do novo tipo penal previsto no art. 218-C
do Código Penal. Item correto.

d) Objeto jurídico: Dignidade sexual.

e) Elemento subjetivo: Dolo. Só exige finalidade específica na causa de aumento.

f) Conduta:
● Princípio da subsidiariedade expressa – o crime só vai subsistir se não houver crime mais grave.
Assim, se houver um estupro ou estupro de vulnerável com posterior divulgação do registro, o
estupro vai absorver o art. 218-C por expressa previsão legal.
● Tipo penal misto alternativo
● Núcleos verbais:
✔ Oferecer
✔ Trocar
✔ Disponibilizar
✔ Transmitir
✔ Vender
✔ Expor à venda
✔ Distribuir
✔ Publicar
✔ Divulgar

● Por onde? Por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática – é conceituado pela doutrina como crime de execução livre.
● O que? (Objeto material): Fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha o
que?
✔ Cena de estupro ou de estupro de vulnerável,
✔ Ou que faça apologia ou induza a sua prática,
✔ Ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:

g) Consumação e tentativa:

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● O crime se consuma no momento em que praticada uma das ações típicas, lembrando que
algumas delas podem ser permanentes.
● Tentativa: Admite.
∘ No entanto, para Nucci, não será admitida na conduta de “oferecer”.

2.5.1 Considerações importantes

⋅ Menor de 18 anos: pode caracterizar 241 ou 241-A do ECA, a depender das circunstâncias.
⋅ Termo “Estupro de vulnerável” mencionado no artigo: trata só dos vulneráveis em razão de
enfermidade ou deficiência mental. Se for o vulnerável menor de 14 anos o crime será um dos tipos
do ECA, acima mencionados (241 ou 241-A), em razão do princípio da especialidade.
⋅ Também consiste tipo especial em relação ao delito de apologia ao crime – e aqui não há restrição
de lugar ou de tempo.
⋅ O receptor das fotos ou vídeos também incorre neste delito? Não. O verbo “receber” não está nos
núcleos do tipo, é atípico. Aqui, o crime não se caracteriza nem mesmo se quem recebeu “salvar” a
foto (mas neste caso de armazenamento, pode consistir no tipo do art. 241-B se for de criança ou
adolescente). Para incorrer neste crime o agente deve praticar um dos verbos nele descritos.
⋅ Invasão de dispositivo informático (154-A) X Divulgação (218-C): Caso as imagens tenham sido
obtidas mediante invasão de dispositivo informático e depois tenham sido divulgadas em um grupo
de WhatsApp, por exemplo, o agente responderá pelos dois delitos em concurso material.
⋅ Registro x Divulgação: Ademais, como já vimos, se o agente faz o registro indevido e posteriormente
divulga a cena, deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material:

LINK COM PROCESSO PENAL!


- Competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA praticado por meio de Whatsapp ou chat do
Facebook: Justiça Estadual
O STF fixou a seguinte tese: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-
B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE
628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015
(repercussão geral) (Info 805). O STJ, interpretando a decisão do STF, afirmou que, quando se fala em
“praticados por meio da rede mundial de computadores (internet)”, o que o STF quer dizer é que a postagem
de conteúdo pedófilo-pornográfico deve ter sido feita em um ambiente virtual propício ao livre acesso. Por
outro lado, se a troca de material pedófilo ocorreu entre destinatários certos no Brasil, não há relação de
internacionalidade e, portanto, a competência é da Justiça Estadual. Assim, o STJ afirmou que a definição da
competência para julgar o delito do art. 241-A do ECA passa pela seguinte análise: • Se ficar constatada a
internacionalidade da conduta: Justiça FEDERAL. Ex: publicação do material feita em sites que possam ser
acessados por qualquer sujeito, em qualquer parte do planeta, desde que esteja conectado à internet. • Nos
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casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via
Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está
acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ.
3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603). Obs: essa
interpretação feita pelo STJ foi acertada. O próprio STF, no julgamento de embargos de declaração, decidiu
alterar a tese para deixar isso mais claro: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou
adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei
nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral
– Tema 393) (Info 990 – clipping).

Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a conduta de
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada
pela internet e for acessível transnacionalmente
Redação anterior da tese do Tema 393: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e
241-B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados por meio da rede mundial de computadores. STF. Plenário.
RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e
29/10/2015 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 805). Redação atual, modificada em embargos de
declaração: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados
por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário.
RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990 –
clipping).

2.5.2 Aumento de pena

§1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.

Trata-se da chamada “revenge porn” ou “pornografia de vingança”, já que se tornou cada vez mais
comum a situação em que ex namorados, por exemplo, divulgam imagens das antigas parceiras nuas ou em
cenas de sexo no intuito de delas se vingarem pelo fim da relação e, como já dito, a conduta não encontrava

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tipo penal correspondente no ordenamento pátrio, no intuito de proteger sua dignidade sexual, cabendo a
ela buscar indenização cível.
Note que mesmo que o agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima
divulgue as imagens SEM o intuito de vingança ou humilhação a majorante restará configurada, já que o
termo “OU” denota situações autônomas, não exigindo da primeira especial finalidade.

2.5.3 Exclusão de ilicitude

§2º - Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.

Veja que o parágrafo traz duas situações: a divulgação com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima e a divulgação com prévia autorização da vítima caso seja maior de 18 anos.
Em se tratando de menor de 18 anos, em nenhuma hipótese poderá ser identificada, sendo o
consentimento de seus representantes legais considerado nulo nesta situação.

● Não se esqueça que a leitura dos demais artigos é imprescindível!

3. DISPOSIÇÕES GERAIS

3.1 Ação Penal nos Crimes Sexuais (Art. 225)

A ação penal nos crimes sexuais sofreu uma série de mudanças no decorrer dos anos. Para
facilitar a sistematização e compreensão, segue a tabela retirada do site Dizer o Direito - salvador dos
concurseiros perdidos com informativos e alterações legislativas:

*AÇÃO PENAL NOS CRIMES SEXUAIS

Regra: ação penal privada.

Redação
Exceções:
originária
a) se a vítima ou seus pais não tivessem dinheiro para o processo: ação pública condicionada
do CP
à representação.
b) se o crime era cometido com abuso do poder familiar, ou da qualidade de padrasto, tutor
ou curador: ação pública incondicionada.

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c) se da violência resultasse lesão grave ou morte da vítima: ação pública incondicionada.


d) se o crime de estupro fosse praticado mediante o emprego de violência real: ação pública
incondicionada.

Regra: ação penal pública condicionada à representação.

Exceções:
Redação da
a) Vítima menor de 18 anos: incondicionada.
Lei 12.015/09
b) Vítima vulnerável: incondicionada.
c) Se foi praticado mediante violência real: incondicionada (Súm. 608-STF).
d) Se resultou lesão corporal grave ou morte: polêmica, mas prevalecia que deveria ser
aplicado o mesmo raciocínio da Súmula 608-STF.

Ação pública incondicionada (SEMPRE).


Redação da
Todos os crimes contra a dignidade sexual são de ação penal pública INCONDICIONADA.
Lei 13.718/18
Não há exceções!
(quadro atual)

Obs.: ATENÇÃO À SITUAÇÕES PRETÉRITAS! – Inf.675/STJ


O art. 225 do CP, na época da Lei 12.015/2009, tinha a seguinte redação:

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se,
entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18
(dezoito) anos ou pessoa vulnerável.

Segundo tese defensiva, o estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP somente é de ação
penal pública incondicionada quando a vulnerabilidade for permanente (ex: doente mental). Se a
vulnerabilidade for temporária (ex: decorrente de embriaguez), a ação penal seria condicionada à
representação. Assim, quando o art. 225, parágrafo único do CP (com redação dada pela Lei nº
12.015/2009) fala em “pessoa vulnerável”, ele está se referindo à pessoa que é vulnerável (vulnerabilidade
permanente) e não à pessoa que está vulnerável (vulnerabilidade temporária).

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Essa tese defensiva acima exposta era acolhida pelo STJ?


● 5ª Turma do STJ: NÃO! Em casos de vulnerabilidade da ofendida, a ação penal é pública
incondicionada, nos moldes do parágrafo único do art. 225 do CP. Esse dispositivo não fez
qualquer distinção entre a vulnerabilidade temporária ou permanente, haja vista que a
condição de vulnerável é aferível no momento do cometimento do crime, ocasião em que há
a prática dos atos executórios com vistas à consumação do delito. Em outras palavras, seja a
vulnerabilidade permanente ou temporária, no caso de estupro de vulnerável a ação penal é
sempre incondicionada. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1103678/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 26/02/2019.
● 6ª Turma do STJ: SIM A “pessoa vulnerável” de que trata o parágrafo único do art. 225 do CP
é somente aquela que possui uma incapacidade permanente de oferecer resistência à prática
dos atos libidinosos. Se a pessoa é incapaz de oferecer resistência apenas na ocasião da
ocorrência dos atos libidinosos, ela não pode ser considerada vulnerável para os fins do
parágrafo único do art. 225, de forma que a ação penal permanece sendo condicionada à
representação da vítima. No crime sexual cometido durante vulnerabilidade temporária da
vítima, sob a égide do art. 225 do Código Penal com a redação dada pela Lei nº 12.015/2009,
a ação penal pública é condicionada à representação. STJ. 6ª Turma. REsp 1.814.770-SP, Rel.
Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 05/05/2020 (Info 675).

ATENÇÃO: A discussão acima exposta existia antes da Lei nº 13.718/2018. Atualmente não interessa
mais, salvo para definir situações pretéritas. Isso porque a Lei 13.718/2018 alterou a redação do art. 225
do CP e passou a prever que TODOS os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública
incondicionada (sempre). Não há exceções!

Vale dizer que, por se tratar de lei mais gravosa, não retroage, de modo que permanece a exigência
de representação ou queixa para os delitos ocorridos sob a vigência das leis anteriores.
Essa regra de irretroatividade vale, inclusive, para as ações penais. Assim, por exemplo, se, em
24/09/2018, o agente praticou conjunção carnal ou ato libidinoso contra uma pessoa “temporariamente
vulnerável”, a discussão acima ainda permanece porque a Lei nº 13.718/2018 não poderá retroagir.

3.2 Causas de Aumento de Pena (Art. 226)

Este artigo traz causas de aumento, sendo que os incisos I e II se aplicam a todos os delitos anteriores
(capítulos I, I-A e II do título VI) e o inciso IV, às formas coletivas ou corretivas de estupro.
A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – De quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
∘ Essa causa não se aplica ao estupro e nem do estupro de vulnerável (art. 213 ou 217-A), pois eles
têm uma causa de aumento específica do estupro coletivo.
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II - De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;

Pegadinha de prova objetiva!


∘ Ascendentes – engloba todos os parentescos em linha reta para a cima, independentemente
do grau. Info 866/STF
∘ Descendentes – Não estão incluídos na causa de aumento, sob pena de caracterizar analogia
in malam partem.
∘ Colaterais – engloba somente TIOS E IRMÃOS, não prevendo outros parentes colaterais.

Bisavô é considerado ascendente para os fins da causa de aumento do art. 226, II,
do CP
No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A) e crimes sexuais
contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for ascendente da
vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP). O bisavô está
incluído dentro dessa expressão “ascendente”. O bisavô está no terceiro grau da
linha reta e não há nenhuma regra de limitação quanto ao número de gerações.
Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta, deverá incidir
a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC
138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).

III – Revogado

IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Tendo em vista a previsão do inciso I, a do inciso IV, “a”, seria desnecessária? Não. A do inciso I não se
restringe ao estupro, sendo aplicável a todos os crimes dos capítulos I e II. Já a do inciso IV se direciona
ao estupro e tem fração de aumento maior, já que atinge de forma mais grave a dignidade sexual da
vítima, tanto fisicamente como emocionalmente.

Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)


b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

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Por sua vez, a do inciso IV, “b”, direciona-se principalmente aos diversos casos em que o abusador,
muitas vezes até pais, irmãos ou familiares, estupram a vítima, geralmente lésbica, bissexual ou transexual,
para “corrigir” sua orientação sexual ou gênero (mas apesar do exemplo, é crime comum, que homens ou
mulheres podem ser autores ou vítimas). A pena mais grave se justifica na motivação do agressor para
violentar a vítima, que torna o ato ainda mais cruel.

4. OUTROS TIPOS PENAIS

4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227)

Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:


Pena - reclusão, de um a três anos.
§1º - Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o
agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou
de guarda: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. (Qualificadora)
§2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
(Qualificadora + Cúmulo material)
§3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

a) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput e elevado nas
demais, comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

b) Sujeitos:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa
● Sujeito passivo: qualquer pessoa; sociedade

● Lembrando que se for menor de 14 o delito é do 218, com todas as implicações já elencadas na
explicação referente a ele.

c) Objeto material: pessoa induzida

d) Objeto jurídico: regramento e a moralidade na vida sexual

e) Elemento subjetivo: dolo + elemento subjetivo específico.

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f) Consumação: O crime se consuma com a prática do ato que importa satisfação da lascívia da outra pessoa,
independentemente dessa pessoa se considerar satisfeita com o ato ou não.

g) Tentativa: Admite.

4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228)

Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual,


facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§1º - Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu,
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos (qualificadora).
§2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.
(Qualificadora + cúmulo material)
§3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

a) Sujeitos: Crime comum.


* No entanto, se a vítima for pessoa menor de 18 anos, o crime será o do 218-B, que já foi explicado.

b) Consumação:
● Nas modalidades “induzir, atrair ou facilitar”, o crime se consuma no momento em que a vítima passa
a se dedicar à prostituição ou a outra forma de exploração sexual, ainda que não tenha efetivamente
se prostituído.
● Por sua vez, na modalidade impedir ou dificultar o abandono, a consumação ocorre no momento em
que a vítima quer sair e o autor dificulta a sua saída.

Obs.: Note que o ato de se prostituir não é crime. O que se pune é o aproveitamento desta conduta por
terceiros.
E quanto ao tratamento que o Estado confere à prostituição, há 3 sistemas:
1) Sistema da regulamentação: O Estado regulamenta a atividade profissional de prostituição;
2) Sistema da proibição: a conduta de se prostituir é criminalizada;
3) Sistema abolicionista: embora seja considerado imoral, o exercício da prostituição não é punido.
Apenas é penalizada a conduta daquele que se aproveita da prostituição. É este o sistema adotado
pelo Brasil.

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4.3 Casa de Prostituição (Art. 229)

Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra


exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário
ou gerente:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

a) Classificação:
Crime comum, formal, de forma livre, comissivo, habitual, unissubjetivo e plurissubsistente.
Trata-se de crime habitual, haja vista que o verbo é “manter”.
Segundo doutrina majoritária, é também crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo
enquanto o estabelecimento é mantido. Salienta-se que, neste ponto, há quem entenda que as duas
classificações são incompatíveis.

Crime habitual e prisão em flagrante:


1ªC – Entende não ser possível prisão em flagrante no crime habitual, tendo em
vista que este ocorre quando a conduta típica se integra com a prática de várias
ações que, isoladamente, são indiferentes legais. Assim, segundo esta corrente,
quando a polícia efetua a prisão em flagrante, na hipótese de crime habitual, está
surpreendendo o agente na prática de um só ato, o auto de prisão vai apenas e tão-
somente retratar aquele ato insulado, de modo que aquele ato isolado constitui um
indiferente legal - Tourinho Filho, Guilherme Nucci, dentre outros.
2ªC – Entende ser cabível a prisão em flagrante em crimes habituais caso seja
possível, no ato, comprovar a habitualidade. Ex.: prisão de responsável por bordel
onde se encontram inúmeros casais para fim libidinosos; ou de pessoa que exerce
ilegalmente a medicina quando se encontra atendendo vários pacientes” –
Mirabete e Renato Brasileiro.
STF e STJ entendem não haver incompatibilidade entre o crime habitual e prisão
em flagrante.

b) Tentativa: Não admite, por ser habitual. (Há divergências)

c) Sujeitos
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: Coletividade
d) Objeto material: Estabelecimento em que ocorre exploração sexual

e) Objeto jurídico: Moralidade sexual e os bons costumes


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f) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir.

Casas de massagem, motéis, hotéis de alta rotatividade, saunas, bares ou cafés, drive-in,
boates, casas de relaxamento: Embora seja de conhecimento geral que muitos desses locais consistem
em verdadeiras casas de prostituição disfarçadas, prevalece que não configuram o tipo penal, segundo
jurisprudência e doutrina majoritárias, tendo em vista que não são lugares específicos para a exploração
sexual, de onde se destaca a prostituição, pois têm outra finalidade, como a hospedagem, o serviço de
massagem ou relaxamento, a sauna, o serviço de bar etc. Além disso, os donos não possuem total controle
sobre quem são e o que fazem os hóspedes, de modo que os punir sem justa causa configuraria ainda
responsabilidade penal objetiva.

STJ: Não se tratando de estabelecimento voltado exclusivamente para a prática de


mercancia sexual, tampouco havendo notícia de envolvimento de menores de
idade, nem comprovação de que o réu tirava proveito, auferindo lucros da
atividade sexual alheia mediante ameaça, coerção, violência ou qualquer outra
forma de violação ou tolhimento à liberdade das pessoas, não há falar em fato
típico a ser punido na seara penal. Não se trata do crime do art. 229 do CP. Mesmo
após as alterações legislativas introduzidas pela Lei nº 12.015/2009, a conduta
consistente em manter “Casa de Prostituição” segue sendo crime tipificado no art.
229 do Código Penal. Todavia, com a novel legislação, passou-se a exigir a
“exploração sexual” como elemento normativo do tipo, de modo que a conduta
consistente em manter casa para fins libidinosos, por si só, não mais caracteriza
crime, sendo necessário, para a configuração do delito, que haja exploração sexual,
assim entendida como a violação à liberdade das pessoas que ali exercem a
mercancia carnal. STJ. 6ª Turma. REsp 1.683.375-SP, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 14/08/2018 (Info 631) – Via Dizer o Direito.

4.4 Rufianismo (Art. 230)

Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou


fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§1º - Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o
crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
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§2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente
à violência.

Na modalidade do caput é infração de médio potencial ofensivo, cabendo suspensão condicional do


processo.
Veja, a conduta exige que o sujeito participe diretamente dos lucros da vítima ou seja sustentado
pela prostituição dela. Assim, trata-se de crime habitual, demandando reiteração de atos para que fique
caracterizado que o sujeito tira proveito direto dos lucros ou “é sustentado”.

Diferença entre mediação para satisfazer a lascívia de outrem com o fim de lucro e rufianismo:
Enquanto no rufianismo a pessoa explorada exerce a prostituição, cuja configuração reclama
habitualidade, no caso da mediação para servir a lascívia de outrem a pessoa explorada não se
prostitui e o delito é instantâneo, ou seja, para sua consumação basta um único ato de induzir alguém
a satisfazer a lascívia alheia.

Diferença entre o delito de casa de prostituição para rufianismo: No primeiro delito o sujeito ativo
é o chamado proxeneta – aquele que pratica o lenocínio, mantendo locais destinados a encontros
libidinosos, ou serve de mediador para a satisfação do prazer sexual alheio, auferindo ou não lucro;
já no segundo, temos a figura do rufião, que é a pessoa de pessoa que vive da prostituição alheia,
fazendo-se sustentar pela(o) prostituta(o), com ou sem o emprego de violência.

Na verdade, a doutrina menciona que o rufianismo pode ser ativo (que é o caso do cafetão, que
participa dos lucros) ou passivo (que é o caso do gigolô, que se sustenta pela prática alheia de prostituição).

4.5 Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A)

Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017

Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada
ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1° Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de
obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para
ingressar ilegalmente em país estrangeiro.
§ 2° A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:
I – o crime é cometido com violência; ou
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II – a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.


§ 3° A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes
às infrações conexas.

a) Introdução:
Embora tenha sido inserido no título dos crimes contra a dignidade sexual, pela Lei 13.445/2017,
denominada Lei de Migração, o crime de migração ilegal não se vincula aos crimes sexuais, tendo sido
inserido neste local por ter o legislador encontrado ponto vago razão da revogação dos arts. 231, 231-A e
232, segundo Nucci.
Para o doutrinador, no entanto, deveria ter sido inserido entre os crimes contra a administração
pública, entendendo ele ser este o bem jurídico afetado, já que viola, na verdade, o interesse do Estado em
regulamentar a presença de estrangeiro no Brasil e o encaminhamento de brasileiros ao exterior.
Trata-se ainda de norma penal em branco, pois a interpretação do termo “ilegal” depende da análise
das regras contidas na Lei de Migração.

b) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal (não exige o efetivo ganho econômico
para a consumação), de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.

c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: O Estado e a pessoa transferida de um lugar a outro

d) Objeto material: Entrada de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro no estrangeiro, bem como
a saída de estrangeiro do território nacional para país estrangeiro

e) Objeto jurídico: interesse estatal em regular a entrada e saída de estrangeiros e brasileiros no território
nacional ou no país estrangeiro

f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a finalidade de obter vantagem
econômica.

g) Tentativa: Admite.

4.6 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233)

Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:


Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

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a) Conceito: Ato obsceno”: elemento normativo do tipo. Algo que fere o pudor. É um conceito relativo, sendo
modificado conforme a alteração de valores que a sociedade considera, a depender, inclusive, do local.
Antigamente, até mesmo o beijo lascivo, “de língua”, dotado de sensualidade, chocaria as pessoas.
Hoje em dia, coisas muito mais profundas são divulgadas diariamente até mesmo pela mídia, de modo que
o beijo lascivo hoje, via de regra, gera indiferença, sendo que, mesmo que alguém, eventualmente, venha a
se sentir ofendido, é necessário que o sentimento comum dos homens venha a ser atingido para que se
configure o delito
Ex. dado por Nucci do que hoje poderia ser considerado como tal: a pessoa que mostra o seu órgão
sexual em público para chocar e ferir o decoro de quem presencia a cena.
Perceba que aqui o costume não revogou a lei, mas o que se considera obsceno é que mudou.

b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de mera conduta, de forma livre,
comissivo, instantâneo, unissubjetivo e pode ser unissubsistente (único ato) ou plurissubsistente (vários
atos).

c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Coletividade.

d) Objeto material: Pessoa que presencia o ato.

e) Objeto jurídico: Moralidade pública.

f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de praticar atos obscenos
nestes locais.

g) Consumação: com a prática do ato obsceno, tratando-se de crime de mera conduta.

h) Tentativa: Admite, na forma plurissubsistente.

i) Diferenciações:
● Lugar público: acessível por qualquer pessoa. Ex.: rua, praça pública.
● Lugar aberto ao público: embora tenha entrada controlada, o público pode frequentar. Ex.: cinema,
restaurante, teatro, hotel, etc.
● Lugar exposto ao público: embora o público não possa adentrar, é possível que visualize o que
acontece neste local. Ex.: interior de veículo estacionado na rua, o quintal de uma residência cujos
muros não sejam altos o suficiente para impedir acesso visual de terceiros, entre outros.
● Se o lugar for privado e sem vistas ao público em geral, não será caracterizado o crime.
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Nucci argumenta ainda que, mesmo que o agente pratique o ato em local público, porém, sem
qualquer pessoa presente, incidiria na hipótese de crime impossível, sendo atípica a conduta, vez que a
moralidade pública não restaria violada e tendo em vista não se tratar de delito de perigo abstrato. No
entanto, NÃO É O QUE PREVALECE, de modo que basta que haja a possibilidade de alguém passar ou
visualizar aquele local para que o delito se configure. Segundo Hungria, basta que seja potencialmente
escandaloso.

4.7 Escrito ou Objeto Obsceno (Art. 234)

Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
qualquer objeto obsceno:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I – vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos
neste artigo;
II – realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que
tenha o mesmo caráter;
III – realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno.

a) Introdução: Para a doutrina majoritária, o tipo tem pouca aplicabilidade prática, já que é preciso que haja
ofensa à moralidade pública – conceito que mudou muito no decorrer dos anos.

Alguns doutrinadores, como Nucci, sustentam ainda que este tipo seria inconstitucional, haja vista a
ausência de conceito de “obsceno”, bem como, por entender ele que a tipificação dessas condutas viola uma
série de garantias constitucionais, como a liberdade de expressão, liberdade de comunicação e de atividades
artísticas sem censura, dentre outras. O autor cita ainda RENATO MARCÃO e PLÍNIO GENTIL, que destacam
tratar-se de: “comportamentos que no passado se apresentavam aos olhos de muitos como justificadores de
persecução penal, hoje constituem indiferente penal e revelam simples opção ou estilo de vida”.

b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo
(via de regra) ou permanente (“ter sob sua guarda” ou “expor à venda” ou ao público), unissubjetivo e
plurissubsistente.

c) Sujeito ativo: Qualquer pessoa

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d) Sujeito passivo: Coletividade

e) Objeto material: Escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno; audição ou recitação
obscena.

f) Objeto jurídico: Moralidade pública no contexto sexual.

g) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de ofender a moralidade
pública.

h) Tentativa: Admite.

5. DISPOSIÇÕES GERAIS

Causas de aumento de pena (art. 234-A)


De novo, mas agora aplicáveis a todos os crimes do Título. Há modificações recentes.

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:


I e II - Vetados.
III - De metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez (Redação dada pela
Lei nº 13.718, de 2018: antes era só de metade)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a
vítima é idosa ou pessoa com deficiência.
(Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018 – antes era de 1/6 até a metade e não
tinha a parte final sobre vítima idosa ou com deficiência).
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão
em segredo de justiça.

● APLICABILIDADE - Aplica-se a todos os crimes contra a dignidade sexual

● INCISO III - de metade até 2/3, se do crime resultar gravidez;


∘ Temos uma lex gravior pois, antes da Lei de 2018, a causa de aumento era de apenas metade.
Agora pode aumentar até 2/3 – lei irretroativa

● INCISO IV - de 1/3 a 2/3, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe
ou deveria saber ser portador ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência

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∘ Temos uma lex gravior, pois antes da Lei de 2018, a causa de aumento era de 1/6 à metade. Agora
pode aumentar até 2/3 – lei irretroativa
∘ Antes da Lei 2018, também não previa a hipótese de vítima idosa ou pessoa com deficiência
∘ Critério para dosar o quantum de aumento – Nucci afirma que o critério vai variar de acordo com
a tipologia da enfermidade (ex. enfermidade curável ou incurável). Pode variar também de acordo
com a atuação com dolo direto ou eventual.

JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ:

PARTE I)
1) É facultado aos Tribunais de Justiça atribuir às Varas da Infância e da Juventude
competência para processar e julgar crimes de natureza sexual praticados contra
crianças e adolescentes.

2) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui


especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas
acostadas aos autos.

3) Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticados antes da edição


da Lei n. 12.015/2009, ainda que em sua forma simples, configuram modalidades
de crime hediondo. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 581)

4) Os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor foram reunidos em um


único dispositivo após a edição da Lei n. 12.015/2009, não ocorrendo abolitio
criminis do delito do art. 214 do Código Penal - CP, diante do princípio da
continuidade normativa.

5) Por força da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica,


a Lei n. 12.015/2009 deve alcançar os delitos previstos nos arts. 213 e 214 do
Código Penal, cometidos antes de sua vigência.

6) Após o advento da Lei n. 12.015/2009, que tipificou no mesmo dispositivo penal


(art. 213 do CP) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, é possível o
reconhecimento de crime único entre as condutas, desde que tenham sido
praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto-fático.

7) Sob a normativa anterior à Lei n. 12.015/2009, na antiga redação do art. 224, a,


do CP, já era absoluta a presunção de violência nos crimes de estupro e de atentado
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violento ao pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que
esta anuísse voluntariamente ao ato sexual.

8) O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática


de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento
da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente. (Súmula n. 593/STJ) (Tese julgada sob o
rito do art. 543-C do CPC/1973 - TEMA 918)

9) O estado de sono, que diminua a capacidade da vítima de oferecer resistência,


caracteriza a vulnerabilidade prevista no art. 217-A, § 1º, do Código Penal - CP.

10) No crime de estupro em que a vulnerabilidade é decorrente de enfermidade ou


deficiência mental (art. 217-A, § 1º, do CP), o magistrado não está vinculado à
existência de laudo pericial para aferir a existência de discernimento ou a
possibilidade de oferecer resistência à prática sexual, desde que a decisão esteja
devidamente fundamentada, em virtude do princípio do livre convencimento
motivado.

11) O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro
se obtido mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14
anos.

PARTE II)
1) É incabível a desclassificação do crime de atentado violento ao pudor para
quaisquer das contravenções penais dos arts. 61 ou 65 do Decreto-Lei n. 3.
688/1941, pois aquele se caracteriza pela prática de atos libidinosos ofensivos à
dignidade sexual da vítima, praticados mediante violência ou grave ameaça, com
finalidade lasciva, sucedâneo ou não da conjunção carnal, evidenciando-se com o
contato físico entre agressor e ofendido.

2) Em razão do princípio da especialidade, é descabida a desclassificação do crime


de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal - CP) para o crime de
importunação sexual (art. 215-A do CP), uma vez que este é praticado sem violência
ou grave ameaça, e aquele traz ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta de
violência ou de grave ameaça.

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3) O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática


de qualquer ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.

4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art.
213 e art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja
contato físico entre ofensor e vítima.

5) É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação


entre professor e aluno.

6) A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de
aumento de pena prevista no art. 226, II, do Código Penal, por sua evidente posição
de autoridade e ascendência sobre os alunos.

7) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f,


concomitantemente com a causa de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP,
no crime de estupro.

8) No estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, do CP), a condição de a vítima ser


criança é elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da
agravante genérica prevista no art. 61, II, h, do Código Penal Brasileiro, sob pena
de bis in idem.

9) O fato de o ofensor valer-se de relações domésticas para a prática do crime de


estupro não pode, ao mesmo tempo, ser usado como circunstância judicial
desfavorável (art. 59 do CP) e como agravante genérica (art. 61, II, f, do CP), sob
pena de bis in idem.

10) No estupro de vulnerável, o trauma psicológico que justifica a valoração


negativa das consequências do crime (art. 59 do CP) é aquele cuja intensidade for
superior à inerente ao tipo penal. (JÁ CAIU EM PROVA CESPE)

11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como
circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu.

PARTE III)

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1) Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação


crime de estupro, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal,
incide nas penas a ele cominadas, nos exatos termos do art. 29 do Código Penal.

2) Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos


abusivos à dignidade sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo,
é adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em
patamar superior ao mínimo legal.

3) Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com


violência presumida, não incide a regra da continuidade delitiva específica (art. 71,
parágrafo único, do CP), que condiciona a sua incidência às situações de emprego
de violência real.

4) A orientação da Súmula n. 593/STJ não importa na retroatividade de lei penal


mais gravosa (novatio legis in pejus) e apresenta adequada interpretação
jurisprudencial das modificações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009.

5) A prática de conjunção carnal ou de atos libidinosos diversos contra vítima


imobilizada configura o crime de estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP,
ante a impossibilidade de oferecer resistência ao emprego de violência sexual.

6) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de


oferecer resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim,
configurar a prática do crime de estupro previsto no § 1º do art. 217-A do Código
Penal.

7) Com o advento da Lei n. 12.015/2009, o crime de corrupção sexual de maiores


de 14 e menores de 18 anos, previsto na redação anterior do art. 218 do CP, deixou
de ser tipificado, ensejando abolitio criminis.

8) No crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual


(art. 218-B do CP), a vulnerabilidade relativa do menor de 18 anos deve ser aferida
pela inexistência do necessário discernimento para a prática do ato ou pela
impossibilidade de oferecer resistência, inclusive por más condições financeiras.

9) A conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
menor de 18 anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração
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sexual somente foi tipificada com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, que
incluiu o art. 218-B, § 2º, I, no CP, não podendo a lei retroagir para incriminar atos
praticados antes de sua entrada em vigor.

10) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e
a vítima de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus
nomes.

11) O Juizado Especial de Violência Doméstica é competente para julgar e processar


o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) quando estiver presente a
motivação de gênero ou quando a vulnerabilidade da vítima for decorrente da sua
condição de mulher.

12) Reconhecida a existência de crime único entre as condutas descritas nos art.
213 e art. 214 do CP, unificadas pela Lei n. 12.015/2009 na redação do novo art.
213, compete ao Juízo das Execuções o redimensionamento de pena imposta ao
condenado, conforme a Súmula n. 611 do Supremo Tribunal Federal.

13) Nos crimes sexuais praticados contra criança e adolescente, admite-se a oitiva
da vítima por profissional preparado e em ambiente diferenciado na modalidade
do "depoimento sem dano", prevista na Lei n. 13.431/2017, medida excepcional
que respeita sua condição especial de pessoa em desenvolvimento.

14) Na apuração de suposta prática de crime sexual, é lícita a utilização de prova


extraída de gravação telefônica efetivada pelo ofendido, ou por terceiro com a sua
anuência, sem o conhecimento do agressor.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
De acordo com o Código Penal, o crime de estupro ocorre quando há a seguinte conduta:
“constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar
ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” (artigo 213, caput).
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou várias vezes sobre o crime de estupro.
Analisando as afirmativas a seguir, assinale a que está em DESACORDO com a jurisprudência do
STJ.
Alternativas

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A) Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos à dignidade
sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo, é adequado o aumento de pena
pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em patamar superior ao mínimo legal.
B) Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com violência presumida,
não incide a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), que
condiciona a sua incidência às situações de emprego de violência real.
C) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange apenas a vítima de crimes
sexuais, devendo constar da autuação somente as iniciais de seu nome.
D) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer
resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a prática do
crime de estupro previsto no §1º do art. 217-A do Código Penal.
E) Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação do crime de
estupro, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, incide nas penas a ele
cominadas, nos exatos termos do art. 29 do Código Penal.

R.: letra C. Abrangendo, também, o autor e não somente a vítima (Jurisprudência em teses, 3
parte, item 10).
Vimos que os itens: A, B, D e E, estão em conformidade com a jurisprudência do STJ,
respectivamente, Jurisprudência em teses, parte 3, itens 2, 3, 6 e 1.

Artigos relacionados para leitura: Código Penal: Arts. 213 ao 234-B.

Referências Bibliográficas

- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson;


- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Curso de Direito Penal – Parte especial – Vol. 3 – Arts. 213 a 361 do Código Penal – 3ª edição – Guilherme de
Souza Nucci.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2022 - UFMT - PJC-MT - UFMT - 2022 - PJC-MT - Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia
Analise a seguinte situação hipotética:

Rebeldino, professor da rede pública de ensino estadual, ao conversar com uma aluna adolescente em sala
de aula sobre suas notas, teria afirmado que ela precisava de dois pontos para alcançar a média necessária
e, nesse momento, teria se aproximado dela e tocado sua barriga e seus seios.
Em sua defesa, o professor alegou que não foi comprovada a intenção de constrangimento com fins de obter
vantagem ou favorecimento sexual e que a aluna nem precisava dos pontos para aprovação na matéria.
Em julgamento sobre caso análogo, o Ministro Relator do recurso no Superior Tribunal de Justiça assinalou
que é preciso considerar a relação de superioridade hierárquica entre professor e aluno, nas hipóteses em
que o docente se vale da sua profissão para obter vantagem ou favorecimento sexual.

Por conseguinte, a conduta de Rebeldino caracteriza a prática do seguinte crime:

A-Assédio sexual.
B-Importunação sexual.
C-Sedução.
D-Corrupção de menores.
E-Ato obsceno.

2- 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Sob o argumento da produção de cena de arte para um filme, Circe produz, dirige e filma, por meio de hand
cam, a prática de ato sexual entre Hebe, então com 13 anos de idade, e Deimos, conhecido ator do ambiente
pornográfico, com mais de 25 anos de carreira.
Sob o aspecto jurídico-penal, é correto afirmar que essa conduta:

A-não configura ilícito penal;


B-configura crime de estupro;
C-configura crime de estupro de vulnerável;
D-configura crime de estupro em concurso com o Art. 240 da Lei nº 8.069/1990;
E-configura crime de estupro de vulnerável em concurso com o Art. 240 da Lei nº 8.069/1990.

3 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Ártemis e Deméter se conheceram por meio de aplicativo de encontros casuais para maiores. Depois de
algum tempo, ainda sem se verem pessoalmente, trocaram voluntariamente fotos em que aparecem nus.

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Deméter, então, ameaça expor essas fotos em sites pornográficos, caso Ártemis não concorde em se exibir
para ele através de uma webcam, inserindo objetos em seu canal retal.
Tal conduta configura o delito de:

A-estupro;
B-violação sexual mediante fraude;
C-importunação sexual;
D-assédio sexual;
E-registro não autorizado da intimidade sexual.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


De acordo com o 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2011 em diante, ocorreu um aumento
muito significativo nos registros de ocorrência relacionados ao crime de estupro. Segundo esse mesmo
levantamento, a maior parte de crimes de estupro praticados no Brasil é o estupro de vulnerável, que é
aquele praticado contra menores de 14 anos ou pessoas com doenças ou deficiência mental que não têm
discernimento para a prática do ato ou que, por qualquer outra causa, não podem oferecer resistência.
Acerca da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema, assinale a afirmativa INCORRETA.

A-O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática de qualquer ato de
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.
B-Em razão do princípio da especialidade, é descabida a desclassificação do crime de estupro de vulnerável
(art. 217-A do Código Penal) para o crime de importunação sexual (art. 215-A do CP), uma vez que este é
praticado sem violência ou grave ameaça, e aquele traz ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta de
violência ou de grave ameaça.
C-A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e art. 217-A do CP,
sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e vítima.
D-Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, concomitantemente com a causa
de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, no crime de estupro.
E-Não se configura crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação entre professor e aluno.

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


De acordo com o Código Penal, o crime de estupro ocorre quando há a seguinte conduta: “constranger
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele
se pratique outro ato libidinoso” (artigo 213, caput).
O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou várias vezes sobre o crime de estupro.
Analisando as afirmativas a seguir, assinale a que está em DESACORDO com a jurisprudência do STJ.

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A-Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos à dignidade sexual da
vítima, praticados em um longo período de tempo, é adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva
(art. 71 do CP) em patamar superior ao mínimo legal.
B-Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com violência presumida, não incide
a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), que condiciona a sua incidência
às situações de emprego de violência real.
C-O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange apenas a vítima de crimes sexuais,
devendo constar da autuação somente as iniciais de seu nome.
D-O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer resistência, é
circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a prática do crime de estupro previsto
no §1º do art. 217-A do Código Penal.
E-Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação do crime de estupro, ainda
que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, incide nas penas a ele cominadas, nos exatos
termos do art. 29 do Código Penal.

6 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Aquele que, com intenção de estuprar uma mulher, mantém com ela, sob coação, relação sexual e, após
encerrada a prática delituosa do estupro, resolve matar a vítima, desferindo contra ela facadas que provocam
excessiva perda de sangue, sendo causa da morte conforme laudo pericial, responderá por delito de

A-estupro em concurso formal com delito de homicídio.


B-estupro qualificado pelo resultado morte.
C-estupro em concurso material com delito de homicídio.
D-estupro em concurso material com lesão corporal seguida de morte.
E-estupro apenas; o delito de homicídio será absorvido pelo estupro.

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal

A-a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
B-o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.
C-que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.
D-que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.
E-que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.

8 - 2018 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil

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Tendo em conta os crimes contra a dignidade sexual (artigos 213 a 234-B do Código Penal) e os crimes contra
a fé pública (artigos 289 a 311 do Código Penal), assinale a alternativa correta.

A-Ocultar documento público ou particular verdadeiro, em prejuízo alheio, não configura o crime de
supressão de documento (art. 305 do CP), sendo típicas apenas as condutas de suprimir e destruir documento
público ou particular verdadeiro.
B-O cartão de crédito ou débito, para fins penais, é equiparado a documento particular.
C-A conduta de manter estabelecimento em que ocorra exploração sexual é atípica, desde que não envolva
menor de 18 (dezoito) anos.
D-A conduta de atrair alguém à prostituição é atípica, desde que não se trate de pessoa menor de 18 (dezoito)
anos.
E-Os crimes de falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300 do CP); certidão ou atestado ideologicamente
falso (art. 301 do CP) e falsidade material de atestado ou certidão (art. 301, parágrafo 1° do CP) são próprios
de funcionários públicos.

9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
Com relação ao crime de estupro, considera-se vulnerável a vítima

A-que morre em consequência da violência sexual.


B-que pratica o ato sexual mediante fraude ou dissimulação.
C-mentalmente enferma, sem discernimento para o ato sexual.
D-com quatorze anos de idade completos.
E-com até dezoito anos de idade.

10 - 2017 - IBADE - PC-AC - IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil


O crime de estupro de vulnerável (art. 217-Ado CP):

A-exige que a vítima seja mulher.


B-pressupõe violência ou grave ameaça como meios executórios.
C-é uma hipótese de lenocínio.
D-é subsidiário ao estupro (art. 213 do CP).
E-pode ser praticado mediante conjunção carnal ou ato libidinoso diverso.

11 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil


Configura estupro de vulnerável a(o):

A-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.

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B-constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática de conjunção


carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato sexual.
C-manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez, ainda que a
vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a consentir para com o ato
libidinoso,
D-indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a lascívia de
outrem.
E-assédio, no ambiente de trabalho cie adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade, visando a
obter favorecimento de natureza sexual.

12 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista


Configura estupro de vulnerável a(o):

A-manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez, ainda que a
vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a consentir para com o ato
libidinoso.
B-indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a lascívia de
outrem.
C-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.
D-assédio, no ambiente de trabalho de adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade, visando a
obter favorecimento de natureza sexual.
E-constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática de conjunção
carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato sexual.

13 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Configura estupro de vulnerável a(o):

A-manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez, ainda que a
vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a consentir para com o ato
libidinoso.
B-indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a lascívia de
outrem.
C-constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática de conjunção
carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato sexual.
D-assédio, no ambiente de trabalho de adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade, visando a
obter favorecimento de natureza sexual.
E-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.

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14 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.

A-Situação hipotética: Mário, aliciador de garotas de programa, induziu Bruna, de quinze anos de idade, a
manter relações sexuais com várias pessoas, com a promessa de uma vida luxuosa. Bruna decidiu não se
prostituir e voltou a estudar. Assertiva: Nessa situação, é atípica a conduta de Mário.
B-Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido explorada
sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota responderá pelo crime de
favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.
C-Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou entorpecente na
bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da situação, João levou Maria até seu
veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa
situação, João responderá pelo crime de violação sexual mediante fraude
D-Indivíduo que mantiver conjunção carnal com menor de quinze anos de idade responderá pelo crime de
estupro de vulnerável, ainda que tenha cometido o ato sem o emprego de violência e com o consentimento
da menor.
E-No caso de crime de violação sexual mediante fraude, o fato de o ofensor ser o filho mais velho do tio da
vítima fará incidir a causa especial de aumento de pena por exercer relação de autoridade sobre a vítima, de
acordo com o Código Penal.

15 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Agente de Polícia


Laura e Tiago são casados há seis anos, mas estão separados, de fato, há três meses, embora mantenham
contato por conta de um filho, ainda criança, que possuem em comum. Certo dia, aproveitando-se da sua
franca entrada na residência em que Laura mora com a criança, Tiago conseguiu subtrair a chave de um dos
portões da casa, fez uma cópia dessa chave e devolveu o exemplar original ao seu lugar, sem que Laura disso
tivesse conhecimento. Tempos depois, em dia em que Laura estava ausente de casa e o filho deles estava na
casa da avó materna, Tiago entrou na casa da ex-esposa e ficou aguardando-a, com a intenção de
surpreendê-la e reconquistá-la. Próximo à meia-noite desse mesmo dia, Laura chegou e, por estar bastante
embriagada, adormeceu muito rapidamente, sem dar a Tiago a atenção de que ele acreditava ser merecedor.
Este ficou enfurecido e enciumado e tentou, sem sucesso, acordá-la. Não tendo alcançado seu objetivo, Tiago
resolveu manter, e efetivamente manteve, relação sexual com Laura, que então já estava praticamente
desacordada.

Nessa situação hipotética, conforme os dispositivos pertinentes aos crimes contra a dignidade sexual insertos
na Lei Maria da Penha e no Código Penal,

A-para que o crime de estupro se configure, é preciso que tenha ocorrido conjunção carnal na relação sexual.
B-Tiago não poderá ser acusado de crime de estupro porque Laura ainda é sua esposa.
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C-Tiago não poderá ser acusado de crime de estupro porque não usou de grave ameaça ou violência contra
Laura.
D-Tiago poderá ser acusado de crime de estupro de vulnerável.
E-Tiago praticou o crime de assédio sexual, pois qualquer indivíduo pode ser sujeito ativo desse crime,
independentemente de ostentar condição especial em relação à vítima.

16- 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe
Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.

A-Praticar, na presença de alguém menor de 18 (dezoito) anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a
fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de lascívia mediante presença
de criança ou adolescente.
B-Constranger alguém, mediante fraude, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso, tipifica crime de estupro.
C-Induzir alguém menor de 18 (dezoito) anos a satisfazer a lascívia de outrem tipifica o crime de corrupção
de menores.
D-Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 18 (dezoito) anos tipifica o crime de
estupro de vulnerável.
E-Atrair à prostituição alguém menor de 18 (dezoito) anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição,
ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.

17 - 2014 - FUNCAB - PJC-MT - FUNCAB - 2014 - PJC-MT - Investigador - Escrivão de Polícia


Quanto aos crimes contra a dignidade sexual, é correto afirmar:

A-Não basta que o agente tenha conhecimento de que a vítima é menor de catorze anos de idade e decida
com ela manter conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso para que se caracterize o crime de estupro
de vulnerável. É indispensável a existência de violência ou grave ameaça para tipificação desse crime, cuja
conduta está descrita no art. 217-A do Código Penal.
B-Por força da aplicação do princípio da ultra-atividade da lei penal mais favorável, as modificações tidas
como favoráveis hão de alcançar os delitos cometidos antes da Lei n° 12.015/2009.
C-A partir da Lei n° 12.015/2009, nas condenações anteriores a essa lei, passou a ser admitida a possibilidade
da unificação das condutas de estupro e de atentado violento ao pudor, considerando-as crime único ou
crime continuado, a depender das circunstâncias concretas dos fatos.
D-O agente que pratica a conjunção carnal, aproveitando-se de resistência da vítima, em face desta ser
portadora de paralisia, pratica o crime de estupro descrito no artigo 213 do Código Penal.
E-A prática de mais de uma conduta caracterizadora de violência sexual, sexo vaginal e sexo anal, mesmo
com o advento da Lei n° 12.015/2009, permanece configurada dois delitos contra a dignidade sexual.

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18 - 2013 - FUNCAB - PC-ES - FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Valtemir praticou conjunção carnal com sua enteada Flaviana, que possui 12 anos de idade. Assim, Valtemir
deve responder pelo crime de:

A-satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (artigo 218-A do CP).


B-submissão de criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual (artigo 244-A da Lei nº
8.069/1990).
C-estupro de vulnerável (artigo 217-A do CP).
D-corrupção de menores (Lei nº 2.252/1954).
E-assédio sexual (artigo 216-A do CP).

19 - 2013 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia


Assinale a alternativa correta no que tange aos crimes contra a pessoa e a dignidade sexual previstos no
Código Penal.

A-O homicídio será qualificado se for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio.
B-Constranger um homem, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal, caracteriza o crime de atentado violento ao pudor
e não de estupro.
C-Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente
da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função,
caracteriza o crime de assédio sexual.
D-Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, independentemente de injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
E-Não se caracteriza o crime de aborto provocado por terceiro aquele praticado pelo médico, se a gravidez
resulta de estupro, ainda que sem o consentimento da gestante capaz.

20- 2012 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
No que concerne a concurso de crimes, crimes contra o patrimônio e crimes contra a dignidade sexual, julgue
os itens a seguir.
Conforme o disposto no CP, manter relações sexuais com menores de dezoito anos de idade, ainda que com
o consentimento da vítima, caracteriza, em qualquer caso, estupro de vulnerável.

Certo
Errado

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Respostas9

9
1: A 2: E 3: A 4: E 5: C 6: C 7: A 8: B 9: C 10: E 11: C 12: A 13: A 14: B 15: D 16: E 17: C 18: C 19: C 20: E
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META 6 – REVISÃO SEMANAL

DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CP
⦁ Art. 155 e 156 (furto)
⦁ Art. 157 (roubo)
⦁ Art. 158 (extorsão)
⦁ Art. 159 (extorsão mediante sequestro)
⦁ Art. 160 (extorsão indireta)
⦁ Art. 161 a 162 (usurpação)
⦁ Art. 163 a 167 (dano)
⦁ Art. 168 a 170 (apropriação indébita e “derivados”
⦁ Art. 171 a 179 (estelionato e outras fraudes)
⦁ Art. 180 (receptação)
⦁ Art. 181 a 183 (escusas absolutórias)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CP
⦁ Art. 155, §§1º, 2º, 4º, 4º-A e 7º
⦁ Art. 157 (tudo)
⦁ Art. 158, §3º
⦁ Art. 159, §4º
⦁ Art. 163, §único e 167
⦁ Art. 168-A
⦁ Art. 171, §§ 1º, 4º e 5º
⦁ Art. 179, §único
⦁ Art. 180 (tudo) – fazer paralelo com o crime de favorecimento real
⦁ Art. 181 a 183 (tudo)

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime
de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora
for de ordem objetiva.
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança
no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
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Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato
cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência
social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.

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ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO
ESTUDADO, VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES
DO CONCURSO, MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

CF/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ Art. 6º, 32 e 37 da lei 8987/95
⦁ Art. 3º e 58, da Lei 8666/93
⦁ Art. 2º, 50, 53 e 54 da Lei 9784/99

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


⦁ Art. 37, caput e §1º, CF/88 (importantíssimo!)
⦁ Art. 5º, LV e LX
⦁ Art. 6º, §1º e §3º lei 8987/95
⦁ Art. 2º, caput da Lei 9784/99 (análise comparativa com o art. 37, caput da CF/88 e art. 3º da
Lei 8666/93)
⦁ Art. 53 da Lei 9784/99

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ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA


A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS


⦁ art. 51 da Lei nº 9.649/98
⦁ 1º, §2º, I Lei 9.784/99
⦁ Lei 9637/98
⦁ Lei 13.303/16
⦁ Lei 13.019/14
⦁ Lei 9986/2000

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88

Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º

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⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86

Principais artigos da Lei 9637/98– Lei das organizações sociais


⦁ Art. 1º e 2º
⦁ Art. 5º, 6º, 7º e 9º
⦁ Art. 11º e 12º

Principais artigos da Lei 9637/98 – Lei das agências reguladoras


⦁ Art. 4º, 6º
⦁ Art. 8º, 9º

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DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS

SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

• Art. 2º da Lei 9784/99


• Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
• Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
• Art. 22 da Lei 9784/99
• Art. 38, §1º da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99
• Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES
• Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99
• Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99

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DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

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CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 A 234-A

OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 5º, XL, CF/88
⦁ Art. 7º, II, Lei Maria da Penha
⦁ Art. 61, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 65, Lei de Contravenções Penais (atualmente revogado)
⦁ Art. 240, 241 e 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, Lei 8072/90
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A)
⦁ Art. 215 e 215-A
⦁ Art. 216-B
⦁ Art. 218- e 218-C
⦁ Art. 226
⦁ Art. 228
⦁ Art. 233
⦁ Art. 234-A

OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 240, ECA
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA
⦁ Art. 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90

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