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SEMANA 05
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SEMANA 05/12
Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 9
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (PARTE I) .................................................................... 9
1. FURTO (ART. 155, CP) .................................................................................................................................. 10
1.1 Furto simples .......................................................................................................................................................... 10
1.2 Furto privilegiado ................................................................................................................................................... 19
1.3 Furto qualificado .................................................................................................................................................... 26
2. ROUBO (ART. 157, CP) ................................................................................................................................. 37
2.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 37
2.2 Elementos Do Tipo ................................................................................................................................................. 38
2.3 Roubo próprio x roubo impróprio .......................................................................................................................... 38
2.4 Consumação ........................................................................................................................................................... 39
2.5 Tentativa................................................................................................................................................................. 39
2.6 Roubo majorado ou circunstanciado (Art. 157, § 2º, do CP).................................................................................. 40
2.7 Roubo qualificado (Art. 157, §3º, CP) ..................................................................................................................... 46
2.8 Concurso de causas de aumento do §2º e do §2º-A: ............................................................................................. 50
3. EXTORSÃO (ART. 158, CP) ............................................................................................................................ 51
3.1. Causas de aumento de pena: ................................................................................................................................ 56
3.2 Extorsão qualificada pela lesão corporal grave ou morte. ..................................................................................... 56
3.2 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (art. 158, §3º, CP) - 2009 ..................................................... 57
4. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) ........................................................................................... 61
4.1 Extorsão mediante sequestro qualificada .............................................................................................................. 63
4.2 Hediondez do crime de extorsão mediante sequestro: ......................................................................................... 64
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 65
META 2 ............................................................................................................................................................ 69
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS .......................................................................... 69
1. ORIGEM, NATUREZA JURÍDICA E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................. 69
2. EVOLUÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 70
3. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO.................................................................................................................. 70
4. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................. 72
4.1 Administração Pública Extroversa e Introversa ...................................................................................................... 73
5. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO....................................................................................................... 73
5. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................ 75
6. SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA ......................................................................... 76
7. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO .......................................................................................................... 76
7.1 Princípios x Regras .................................................................................................................................................. 77
7.2 Princípios Explícitos do Direito Administrativo ...................................................................................................... 78
8. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 79
8.1 Legalidade – Art. 37, caput da CF/88...................................................................................................................... 79
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4.1 Mediação para Servir a Lascívia de Outrem (Art. 227) ......................................................................................... 295
4.2 Favorecimento da Prostituição ou Outra Forma de Exploração Sexual (Art. 228) ............................................... 296
4.3 Casa de Prostituição (Art. 229) ............................................................................................................................. 297
4.4 Rufianismo (Art. 230) ........................................................................................................................................... 298
4.5 Promoção de Migração Ilegal (Art. 232-A) ........................................................................................................... 299
4.6 Do Ultraje Público ao Pudor - Ato Obsceno (Art. 233) ......................................................................................... 300
4.7 Escrito ou Objeto Obsceno (Art. 234)................................................................................................................... 302
5. DISPOSIÇÕES GERAIS ................................................................................................................................. 303
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 311
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 320
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ............................................................................... 320
DIREITO ADMINISTRATIVO: NOÇÕES INICIAIS E PRINCÍPIOS ........................................................................ 322
DIREITO ADMINISTRATIVO: ENTES DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................. 323
DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 325
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ..................................................................... 326
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META 1
CP
⦁ Art. 155 e 156 (furto)
⦁ Art. 157 (roubo)
⦁ Art. 158 (extorsão)
⦁ Art. 159 (extorsão mediante sequestro)
⦁ Art. 160 (extorsão indireta)
⦁ Art. 161 a 162 (usurpação)
⦁ Art. 163 a 167 (dano)
⦁ Art. 168 a 170 (apropriação indébita e “derivados”
⦁ Art. 171 a 179 (estelionato e outras fraudes)
⦁ Art. 180 (receptação)
⦁ Art. 181 a 183 (escusas absolutórias)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CP
⦁ Art. 155, §§1º, 2º, 4º, 4º-A e 7º
⦁ Art. 157 (tudo)
⦁ Art. 158, §3º
⦁ Art. 159, §4º
⦁ Art. 163, §único e 167
⦁ Art. 168-A
⦁ Art. 171, §§ 1º, 4º e 5º
⦁ Art. 179, §único
⦁ Art. 180 (tudo) – fazer paralelo com o crime de favorecimento real
⦁ Art. 181 a 183 (tudo)
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Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato
cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência
social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.
O furto (art. 155) subdivide-se, de acordo com o texto legal, em quatro figuras: simples, noturno,
privilegiado e qualificado.
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena — reclusão, de
um a quatro anos, e multa.
Como no crime de furto ocorre uma subtração pura e simples de bens alheios, pode-se concluir que
se trata de delito que afeta apenas o patrimônio e, eventualmente, a posse. Trata-se de crime
simples.
Sujeito passivo:
● Proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos).
● Pode ser pessoa física ou jurídica.
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E se o ladrão1 subtrai do ladrão2 coisa que foi objeto de furto perpetrado por este, responde por
algum crime, já que a posse do segundo é ilegítima?
R.: Sim, responde normalmente por furto. Porém, o sujeito passivo não será o ladrão2, mas o
proprietário legítimo do bem. (lesado do crime de furto pelo ladrão1).
d) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos), já que
nestes casos faltaria a elementar “alheia”.
Caso o proprietário de um bem subtraia coisa sua que esteja sob a legítima posse de terceiro, a
exemplo de um bem que está empenhado por dívida, cometerá crime de furto?
R.: Conforme a doutrina majoritária, NÃO. Justamente por ser coisa própria, faltando a elementar
“alheia”. Pode ser caracterizado o crime previsto no art. 346 do CP, qual seja, defraudação de penhor.
E se o sujeito ativo for um funcionário público, que subtrai em razão da facilidade que sua função
lhe proporciona?
R.: O funcionário público que subtrai ou concorre para que o bem, sob a guarda ou custódia da
Administração Pública, seja subtraído, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporciona,
pratica o crime de peculato furto (CP, art. 312, § 1.º 30), também conhecido como peculato
impróprio.
Há discussão acerca do furto de uso de automóvel, em razão da gasolina, óleo etc., que são
consumíveis. No entanto, prevalece que deve ser observado o bem principal, no caso o próprio veículo,
sendo sim possível, desde que preenchidos os outros requisitos.
Tipo objetivo
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A conduta de subtrair coisa alheia móvel, prevista no tipo do furto, tutela a propriedade e a posse
de bens que possuam valor patrimonial e, de acordo com o tipo penal objetivo, podemos definir alguns
de seus elementos objetivos da seguinte forma:
Coisa: é tudo aquilo que possui existência de natureza corpórea e que possua valor econômico
(inclusive animais e o cadáver utilizado para pesquisas em universidades) –
Alheia: é algo que pertencente a outrem, ou na posse de outrem, sendo que não configura furto a
subtração de coisa própria, de coisa abandonada (res derelicta), coisa comum ou coisa perdida (res
desperdita), podendo, nestes casos, incidir o crime de apropriação indébita do Art. 169, parágrafo único, II,
do CP.
Móvel é todo objeto passível de ser removido ou deslocado. Para a maioria da doutrina o proprietário
do bem não pode cometer crime de furto tão somente porque sua conduta não se enquadra no tipo penal,
que tutela acima de tudo a propriedade, e se refere a “coisa alheia”, podendo haver, nestes casos, o exercício
arbitrário das próprias razões (Art. 345 CP), quando o proprietário vier a subtrair seu próprio bem, que esteja
na posse legítima de outrem.
Alguns exemplos na doutrina:
● Ser humano pode ser objeto de furto? Não. Contudo, partes do corpo humano sim (ex.: cabelo,
dentes), bem como instrumentos ligados a ele (ex.: dentadura). A depender da situação, pode
configurar outros crimes, como um dos tipos de lesão ou até homicídio.
● Cadáver pode ser objeto de furto? Via de regra, também não, pois tem crime específico. Porém,
excepcionalmente, quando o cadáver estiver destinado a uma atividade específica, passa a ser coisa,
podendo ser objeto de furto (ex.: cadáver de faculdade de medicina). Obs.: para a doutrina, o ouro
da arcada dentária do cadáver pode ser objeto de furto.
● Coisa abandonada e coisa perdida podem ser objetivo de furto? Coisa abandonada não pode ser
objeto de furto. Coisa perdida, por sua vez, também não configurará furto, pela ausência de
subtração, mas será apropriação de coisa achada, caso não seja devolvida em 15 dias - crime a prazo
(art. 169, II do CP).
● E coisas de uso comum do povo, podem ser furtadas? Via de regra, não, já que todos são
proprietários. Exceção: caso a coisa de uso comum esteja destacada para alguma finalidade
econômica, ou seja, esteja sendo explorada por alguém, situação em que caracterizará furto.
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● Cheque em branco pode ser objeto de furto? Em um primeiro momento, a jurisprudência do STJ
entendia que folhas de cheque e cartões bancários não podiam ser objeto material dos crime de
furto, uma vez que desprovidas de valor econômico, indispensável para a caracterização dos delitos
patrimoniais (REsp 150.908/SP). No entanto, ao examinar o CC 112.108/SP, a 3ª Seção desta Corte
Superior de Justiça modificou tal posição, consignando que o talonário de cheque possui valor
econômico, aferível pela provável utilização das cártulas para obtenção de vantagem ilícita por parte
de seus detentores, podendo ser objeto dos crimes de furto e receptação. (AgRg no HC 410.154/RS,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 11/10/2017).
● “Móvel”: Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Assim, imóveis não podem.
A subtração, núcleo do tipo do crime de furto, pode verificar-se em duas hipóteses. A primeira delas,
mais óbvia, dá-se quando o agente, sem qualquer autorização, apodera-se da coisa alheia e a leva embora,
causando, assim, prejuízo econômico à vítima, que fica despojada do bem que lhe pertence.
Existe furto, por exemplo, quando alguém se apodera de produtos na prateleira de um
supermercado, esconde-os sob a blusa e sai do local sem efetuar o devido pagamento no caixa; quando o
agente vê uma bicicleta estacionada na rua e sai com ela pedalando; quando a empregada doméstica se
apossa de um brinco da patroa e o leva para sua casa no fim do expediente; quando o agente vê uma máquina
de cortar grama no jardim de uma casa e ali adentra para levar o bem etc.
Já a segunda forma de subtração necessita de maior atenção para que não seja confundida com o
crime de apropriação indébita. É que, se a própria vítima entregar o objeto ao agente, mas não o autorizar a
deixar o local em sua posse, porém ele, sorrateiramente ou mediante fuga, tirar o bem dali, o crime será o
de furto. Em tal caso diz-se que a posse ou detenção eram vigiadas, e que o agente, ao levar o objeto, tirou-
o da esfera de vigilância do dono, cometendo, portanto, furto.
É o que ocorre, por exemplo, quando o funcionário do caixa de uma loja recebe dinheiro dos clientes
e leva os valores recebidos para casa, ou quando alguém recebe um livro para ler dentro de uma biblioteca
e o esconde na mochila levando-o embora do estabelecimento, ou, ainda, quando alguém pede para ver uma
joia dentro de uma loja e, ao recebê-la, sai correndo com ela.
Note-se que, para a posse ser considerada vigiada, basta que o agente tenha recebido o bem em
determinado local e que não tenha obtido autorização para dali sair com ele, pois, nesses casos, o agente,
para se locupletar, tem que tirar o objeto dali, e é exatamente isso que faz o crime de furto se estabelecer.
Para que a posse seja considerada vigiada, não é necessário que a vítima esteja olhando para o agente, basta
que não o tenha autorizado a deixar o local na posse do bem.
É possível que haja posse vigiada até mesmo em local aberto (na rua, em uma praça). Ex.: pessoa
recebe uma blusa de um vendedor de rua (camelô) para experimentá-la e, quando está com a roupa no
corpo, sai correndo com ela. É necessário ressaltar, outrossim, que, como os casos de posse vigiada dão
origem ao crime de furto, por exclusão, apenas nas hipóteses em que a posse é desvigiada — e o agente não
restitui o bem — é que se configura o crime de apropriação indébita.
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O que pode causar algum estranhamento é o fato de o art. 168 do Código Penal, que define o crime
de apropriação indébita, referir-se genericamente ao ato de se apropriar de coisa alheia móvel da qual se
tem a posse ou detenção, sem fazer qualquer ressalva. Ocorre que, como a doutrina e a jurisprudência
firmaram entendimento de que posse vigiada dá origem ao crime de furto, restaram apenas ao crime de
apropriação indébita as hipóteses em que a posse ou detenção são desvigiadas, razão, aliás, que faz com que
doutrinadores realcem a quebra de confiança como característica da apropriação, na medida em que a
vítima, além de entregar o bem ao agente, autoriza que ele deixe o local em sua posse, acreditando em sua
boa-fé, porém vê-se despojada pela falta de restituição.
A distinção entre posse vigiada e desvigiada é a existência ou não de autorização para deixar
o local na posse do bem. Assim, quem recebe um carro emprestado de um amigo para fazer uma viagem
e depois não o devolve comete apropriação indébita (o amigo consentiu que o agente deixasse o local
na posse do veículo); quem aluga um carro e depois não o restitui também comete apropriação
(igualmente o agente saiu do estabelecimento com autorização para deixar o local); quem aluga um DVD em
locadora e depois não o devolve também comete apropriação indébita — repita-se que o fato de o dono do
estabelecimento saber para quem alugou o DVD não torna a posse vigiada, pois esse conceito significa única
e exclusivamente que a pessoa não tinha autorização para deixar o recinto e teve que tirar o bem do local
sem anuência para tanto. No caso do aluguel do DVD, havia essa autorização para deixar o local.
Tipo subjetivo
Trata-se do dolo, vontade de subtrair coisa alheia móvel e, em face da conduta de subtração, objeto
do dolo específico do autor do furto, é que se distingue o furto do crime estelionato (Art. 171 CP) e da
apropriação indébita (Art. 168 CP). O furto se caracteriza exatamente pela contrariedade ou
desconhecimento da vítima quanto a inversão da posse do bem no momento da subtração, ou seja, pelo
dissenso, expresso ou tácito, da vítima quanto a esta inversão de posse, enquanto nos demais crimes
patrimoniais mencionados (Estelionato e Apropriação indébita) a coisa é entregue voluntariamente pela
vítima ao autor do fato.
O furto possui ainda um elemento subjetivo especial, chamado de especial fim de agir, que se
consubstancia no termo “para si ou para outrem”, ou seja, para que se caracterize o furto, além do dolo de
subtrair coisa, deve haver o fim específico de assenhoreamento (animus furandi) do bem por parte do autor.
Desta forma, a ausência deste especial fim de agir faz com que o conhecido furto de uso não caracterize
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crime, e o fato seja considerado atípico, desde que fique demonstrado que o autor do fato pretendeu apenas
usar o bem, devolvendo-o voluntariamente e nas mesmas condições originais a seu proprietário.
O crime de exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 CP) em algumas hipóteses pode se
assemelhar ao furto, fazendo-se a distinção dos crimes através da análise do dolo pois, caso fique
demonstrado que a subtração do bem ocorreu em face da intenção do agente de satisfazer uma pretensão
legítima sua (Ex: recuperar a força seu próprio bem), não haverá furto, mas sim o crime de exercício
arbitrário.
Consumação e Tentativa
Classificação:
O furto é crime comum (pode ser perpetrado por qualquer pessoa), material (reclama inversão da
posse do bem móvel), doloso (necessidade de onimus furandi), que admite, em sua forma simples, acordo
de não persecução penal (artigo 28-A do CPP), suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95)
e fiança arbitrada pela autoridade policial (artigo 322 do Código de Processo Penal).
Momento consumativo
No que tange à consumação, há quatro correntes disputando a prevalência:
a) contrectatio: a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia,
dispensando o seu deslocamento;
b) amotio (ou apprehensio): dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do
agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e
pacífica;
c) ablatio: a consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, consegue deslocá-
la de um lugar para outro;
d) ilatio: para c-correr a consumação, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo ladrão para ser
mantida a salvo.
Acerca do momento consumativo do furto, é importante a leitura da tese 1 da edição 47 da
jurisprudência em teses do Superior Tribunal de Justiça (adotou-se a teoria da amotio):
1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de
tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
(Tese Julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 – TEMA 934).
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R.: letra D.
Furto de uso
O agente se apodera de bem não consumível, com o intuito de usar e devolver a seu dono, há o
chamado furto de uso. Nessa situação o fato é formalmente atípico (por ausência de animus furandi – não
há a intenção de subtrair, portanto essa circunstância elementar não é adimplida).
Ex.: empregada que subtrai o vestido de festa da patroa para usá-lo em determinada ocasião e o
devolve em perfeito estado. No entanto, caso estrague ou não consiga restituir antes que a proprietária veja,
há discussão se haveria o crime de furto ou não, prevalecendo que sim.
O objeto material deve ser infungível. Com efeito, tratando-se de coisa fungível (exemplo: dinheiro),
sua utilização momentânea seguida de pronta e imediata restituição não afasta o delito. A devolução de
produto equivalente é irrelevante penalmente, pois no furto de uso a própria coisa subtraída deve ser
restituída. Pode caracterizar-se, todavia, o arrependimento posterior (CP, art. 16).
Quanto ao requisito subjetivo, é importante destacar que não se caracteriza o furto de uso quando
o agente subtrai a coisa com ânimo de assenhoreamento definitivo, e, após a consumação, arrepende-se e a
restitui ao ofendido. Em tal caso, a ele será imputado o crime de furto, incidindo, se a restituição da coisa
anteceder o recebimento da denúncia ou queixa, a diminuição da pena (1/3 a 2/3) em face do
arrependimento posterior, se presentes os requisitos exigidos pelo art. 16 do Código Penal.
É também fundamental a restituição do bem antes do descobrimento da subtração pela vítima. Em
verdade, se o titular da coisa móvel percebeu sua falta e comunicou o fato à autoridade pública, dá-se o furto
por consumado.
No tocante ao requisito objetivo, afasta-se o furto de uso quando a coisa subtraída é utilizada pelo
agente por relevante período, bem como quando vem a ser abandonada em local distante (exemplo:
automóvel deixado em outra cidade). De fato, a coisa deve ser devolvida em local no qual seja possível seu
titular exercer de imediato seu poder de disposição: se o sujeito a deixa em lugar longínquo, sem qualquer
aviso ao proprietário, assume o risco de que não se opere a restituição (pouco lhe importa se esta ocorre ou
não), e a hipótese se equipara à do larápio que, depois de assenhorear-se da coisa, decide abandoná-la, o
que não o exime da responsabilidade penal pelo furto.
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Exige-se, também, seja a coisa restituída integralmente e em seu estado original (livre de qualquer
espécie de dano), em si mesma e também em seus acessórios.
Requisitos:
✔ Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída;
✔ Ausência do animus de assenhoramento.
✔ Coisa não consumível (se for coisa consumível, nunca será possível restituir as mesmas coisas nos
mesmos moldes ao sujeito passivo);
✔ Restituição imediata e integral à vítima.
O delegado de polícia deve determinar diligências aptas a elucidar a real intenção do agente no caso
concreto (ainda que se trate de noticia coercitiva de crime). Exemplificamos: JOAO, funcionário de um lava-
Jato, sai para dar uma volta com sua namorada no carro de PEDRO, que havia deixado o veículo no
estabelecimento. Depois do passeio, JOÃO retorna ao lava-jato, procede à limpeza do veículo e o entrega
intacto e abastecido no final da tarde a PEDRO. Então: a intenção de JOÃO foi usar o veículo de PEDRO e
devolver a seu dono. Destarte, não houve animus furandi. O fato por ele praticado deve ser considerado
formalmente atípico.
Parte da doutrina entende não ser possível criar regra objetiva que impossibilite reconhecimento de
furto de uso se o autor for surpreendido com o bem móvel antes de devolvê-lo. Ainda que o bem móvel seja
encontrado na posse de terceiro, é preciso materializar diligências aptas a revelar a presença do animus
furandi para que seja possível imputação do crime tipificado no artigo 155 do Código Penal.
Furto famélico
No chamado furto famélico, há estado de necessidade (artigo 24 do Código Penal) e o agente não
comete crime (exclui-se a antijuridicidade), por quanto há perigo atual não provocado pelo agente,
representado pela fome extrema. Como há sacrifício proporcional de bem jurídico (subtração de
patrimônio para saciar a fome e, assim, proteger a saúde/vida), não há prática delitiva.
Causa de aumento de pena: o § 1o do artigo 155 traz em seu bojo causa de aumento de pena (furto
praticado durante o repouso noturno).
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Mesmo que a casa/estabelecimento não esteja habitado no momento do crime, será possível a
incidência da majorante. Nesse sentido, decisão do Superior Tribunal de Justiça :
Obs: dificilmente tal tema cairá em prova objetiva, contudo, caso surja, observe o
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Para reconhecimento do furto privilegiado (artigo 155, §2º, do Código Penal) é preciso a
primariedade do agente e que a coisa subtraída seja de pequeno valor - nesse caso o juiz poderá: a)
substituir a pena de reclusão pela de detenção; b), diminuí-la de um a dois terços; ou c) aplicar somente
a pena de multa.
Nessa esteira, é fundamental a leitura das teses do Superior Tribunal de Justiça sobre o furto
privilegiado (edição 47 da jurisprudência em teses):
O Superior Tribunal de Justiça entende que o valor de um salário mínimo (vigente à época dos fatos)
é o vetor para reconhecimento do "pequeno valor" descrito no § 2o do artigo 155 do Código Penal. Já no
que tange a valor insignificante a coisa subtraída deve ter no máximo o valor de 10% do salário mínimo
(vigente no tempo do crime).
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Reconhecido o furto privilegiado (primariedade do agente + pequeno valor da coisa furtada), o juiz
deverá conceder ao réu um dos três benefícios desenhados no artigo § 2o do artigo 155 do Código Penal: a)
substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuir a pena de um a dois terços; ou c) aplicar somente
a pena de multa. A tese do STJ reclama fundamentação expressa, por parte do magistrado, para a escolha da
benesse.
MEMORIZANDO
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Acerca do furto de coisa de valor insignificante, cumpre fazer a leitura das teses do Superior Tribunal
de Justiça (edição 47 da jurisprudência em teses do STJ);
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Exemplo: PEDRO, mediante escalada, subtraiu bem móvel orça do em R$ 50,00 da casa de JOÃO. Apesar
do valor insignificante da coisa subtraída, PEDRO não poderá ser beneficiado pelo reconhecimento do princípio
da bagatela (própria), porquanto presente a qualificadora da escalada. Caso ele seja primário, o juiz deve
reconhecer o furto privilegiado/qualificado (artigo 155, §§ 2° e 49, inciso II, do Código Penal), nos termos do
verbete 511 do Superior Tribunal de Justiça.
7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do crime
o seu melo de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor.
Se o réu faz do crime o seu meio de vida (reiteração criminosa), significa que ele é perigoso ao tecido
social, razão pela qual não pode ser reconhecido o princípio da insignificância.
14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada in
significante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo
vigente à época dos fatos.
Como já declinado supra, o princípio da insignificância pode ser reconhecido quando o valor da coisa
subtraída não ultrapassar 10% do salário mínimo vigente no tempo do crime (momento da prática da
ação/omissão - artigo 49 do Código Penal).
Trata-se de vetor objetivo criado pelo Superior Tribunal de Justiça para aferição do princípio da
bagatela própria. Parte da doutrina entende que na prática, não há problema no delegado de polícia
(inclusive em noticia coercitiva de crime), a depender do caso concreto (e em decisão fundamentada), alargar
dito entendimento (para reconhecer o princípio da insignificância), caso ultrapassado o valor consignado na
tese estudada.
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15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de
concessão do privilégio (artigo 155, $ 29, do CP) ou do reconhecimento da
insignificância é a soma dos bens subtraídos.
Na continuidade delitiva (artigo 71 do Código Penal) há mais de uma ação/omissão com a prática de
mais de uma infração penal (por ficção jurídica e desde que adimplidos os requisitos desenhados no artigo
citado, aplica-se a pena de um dos crimes, com incidência de causa de aumento - exasperação). Nesse
cenário, o Tribunal da Cidadania (STJ) determina a soma dos valores dos bens subtraídos para aferição do
princípio da insignificância.
Furto privilegiado/qualificado: é possível reconhecer o chamado furto privilegiado/qualificado. Para
tanto, é necessário que se detecte primariedade do agente, pequeno valor da coisa furtada e incidência de
qualificadora de natureza objetiva, nos termos da Súmula 511/STJ (a única qualificadora que afasta a
incidência do verbete, por ser qualificadora de ordem subjetiva, é o abuso de confiança - inciso II do $ 4º do
artigo 155 do Código Penal):
Contudo, o entendimento acima transcrito foi modificado no ano de 2018 na 5ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça, que passou a interpretar que o pagamento não mais configuraria extinção da
punibilidade, mas sim arrependimento posterior (artigo 16 do Código Penal). Salientamos que essa é a linha
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traça da pelo Código Penal – o furto é crime praticado sem violência/grave ameaça e a reparação do dano
até o recebimento da denúncia induz reconhecimento da causa de diminuição de pena
objetiva/obrigatória prevista no dispositivo citado - trata-se da “ponte de prata” do Direito Penal):
A impossibilidade de reconhecimento da extinção da punibilidade em face do pagamento do
valor devido no furto de energia elétrica, foi pacificada no Tribunal da Cidadania no julgamento do RHC
101299/RS, pela Terceira Seção da Corte (caso o pagamento voluntário seja feito pelo agente antes do
recebimento da denúncia, como dito supra, há arrependimento posterior).
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O Superior Tribunal de Justiça possui alguns precedentes que enquadram a captação clandestina do
sinal de televisão a cabo como crime de furto. Eis alguns deles:
(...) Assim não fosse tomando -se por base apenas os fatos relatados na inicial do
mandamus impetrado na origem e no aresto objurgado, não se constata qualquer
ilegalidade passível de ser remediada por este Sodalício, pois o sinal de TV a cabo
pode ser equiparado à energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, $ 3º,
do Código Penal. Doutrina. Precedentes. 4. Recurso improvido (RHC 30.847/R), Rel.
Minis tro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe
04/09/2013).
O Supremo Tribunal Federal, contudo, possui precedente que considera o fato atípico:
(...) O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material
do delito previsto no art. 155, $ 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se
equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo.
Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir
lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam
partem), sob pena de violação do princípio constitucional da estrita legalidade.
Precedentes. Ordem concedida (HC 97261, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,
Segunda Turma, julgado em 12/04/2011).
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D) A tipificação dada está equivocada, pois ainda incidirá a qualificadora de o crime ser cometido
por meio de dispositivo eletrônico ou informático.
E) A tipificação dada está correta; o princípio da legalidade foi respeitado, justamente a
legalidade material, que determina a observância da mens legis
R.: letra A. Observem que a questão indica que a resposta deve estar em conformidade com o
entendimento do STF, o qual considera que sinal de tv a cabo não é energia, não podendo ser
tipificado como furto, em decorrência do princípio da legalidade estrita e da vedação a analogia
in malam partem.
A primeira forma de furto qualificado está prevista no Art. 155, § 4º do CP, possuindo pena de
reclusão de 2 a 8 anos, além da multa, nas seguintes hipóteses:
Para que se aplique a qualificadora a destruição, ou rompimento, esta não pode incidir na própria
coisa a ser subtraída (Ex: quebrar a janela do carro para subtraí-lo, não qualifica o furto), mas sim no
obstáculo que protege o bem a ser subtraído (Ex: quebrar a janela do carro para subtrair o rádio ou uma
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bolsa, qualifica o crime). A violação de domicílio (Art. 150, CP), sempre que constituir meio para o crime de
furto, por este será absorvida, através do furto qualificado pelo rompimento ou destruição de obstáculo, o
mesmo acontecendo quanto ao crime de dano (Art. 163, CP) realizado para viabilizar uma subtração.
O agente utiliza artifício para iludir a vítima, facilitando a subtração da coisa, o que não se confunde
com o
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crime de estelionato (Art. 171 CP), pois no estelionato a fraude é utilizada para que a vítima entregue a
coisa ao agente voluntariamente, enquanto no furto a fraude é utilizada para que o autor subtraia a coisa,
sem o conhecimento ou consenso da vítima.
● Hipóteses casuísticas:
B.1) Falso test drive: subtração de veículo posto à venda mediante solicitação ardil de teste drive.
Prevalece que é furto mediante fraude, vez que não é dada a posse desvigiada do bem.
A posição do STJ é nesse sentido (Hc 8179/GO, STJ)
B.2) Cartão clonado: se o agente “engana” a “máquina”, ou seja, o caixa eletrônico, é furto mediante fraude,
vez que a fraude foi meio para a subtração, não havendo entrega livre do bem por “alguém”. Se o agente se
dirige a um estabelecimento bancário, por exemplo, e utiliza o cartão digitando a senha da vítima e obtém
valores em razão de enganar o funcionário, caracteriza estelionato, vez que a fraude foi contra alguém que
lhe entregou livremente os valores.
B.3) Fraude em compras: se o agente coloca um produto caro dentro de uma caixa de produtos baratos, por
exemplo, enganando o caixa acerca do conteúdo que está levando, é furto mediante fraude, já que o
funcionário não sabe nem deixou que a coisa fosse levada. No entanto, caso o agente troque os códigos de
barras de produtos, por exemplo, passando com eles normalmente no caixa e o funcionário não perceba a
troca de valores e permita a retirada dos bens, será estelionato, vez que não houve subtração.
B.4) Gerente de banco que falsifica assinaturas em cheques de titularidade de correntistas com os quais,
por sua função, mantinha relação de confiança→furto mediante fraude. – Inf. 453, STJ
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C) Escalada
A escalada aqui não significa, necessariamente, subir em algum lugar. Ou seja: não há altura definida,
podendo ser ao alto ou subterrâneo, como é o caso de túnel. (Ex. assalto ao Banco Central). O sentido de
escalada, para os fins do art. 155, § 4º, II do CP é o de transpor um difícil obstáculo.
Portanto, o furto qualificado pela escalada exige uma via de acesso anormal + esforço incomum.
Não importa se é por habilidade do agente ou por utilização de objetos auxiliares, mas é necessário
que haja um esforço considerável (ex.: muro de 1m não incide).
Observações importantes trazidas pela doutrina:
∘ Não pode haver outra opção de entrada.
∘ Não precisa entrar totalmente no local do crime.
∘ A tentativa exige, ao menos, o início da escalada.
Obs.: Furto de fios de cobre de postes: não incide, já que a escalada (a subida no poste) é via normal,
leia-se, essencial, para a possibilidade de subtração do bem.
Exige perícia do local, salvo impossibilidade de fazê-la, em razão da ausência de vestígios, hipótese
em que pode ser suprida pelo exame indireto.
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O STJ firmou orientação de ser imprescindível, nos termos dos arts. 158 e 167 do
CPP, a realização de exame pericial para o reconhecimento das qualificadoras de
escalada e arrombamento no caso do delito de furto (art. 155, § 4º, II, do CP),
quando os vestígios não tiverem desaparecido e puderem ser constatados pelos
peritos.
Contudo, excepcionalmente, pode-se dispensar a prova pericial quando estiverem
presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada de forma inconteste.
No caso concreto, a circunstância qualificadora foi comprovada pela prova oral,
inclusive pela confissão do próprio réu, além da existência de laudo papiloscópico
que identificou impressões digitais no local apontado pela vítima como sendo o
local onde o réu pulou o muro.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1895487-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 26/04/2022 (Info 735).
d) Destreza
É uma especial habilidade que o agente possui para praticar a subtração da coisa portada pela vítima
sem que ela perceba, logo, entende-se que caso a vítima perceba que está sendo furtada, não se configura
esta qualificadora.
Chave falsa é qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, que o agente utilize para abrir
fechaduras ou mecanismo material de segurança, clandestinamente, sem causar danos ou sua destruição.
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Através da Lei 13.654/18 foi criada uma nova forma qualificada prevista no § 4º-A do Art. 155 do CP,
que veio para aumentar de forma significativa a pena do furto qualificado, nesta hipótese, para reclusão de
04 a 10 anos. Esta alteração foi produto do crescimento desenfreado do crime de furto realizado com
emprego de explosivos ou de artefatos semelhantes, principalmente nos ataques a caixas eletrônicos em
bancos, o que demonstra que a necessidade do aumento de pena se deu em razão desta nova forma de
execução mais gravosa e reprovável.
A Lei 14.155/21 inseriu uma nova qualificadora para o crime de furto no § 4º-B do Art. 155 CP,
determinando que a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é
cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com
ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro
meio fraudulento análogo.
Além disso, de acordo com o novo § 4º-C do Art. 155 CP, inserido também pela Lei 14.155/21, pena
prevista no dispositivo anterior, devido à relevância do resultado gravoso: I – aumenta-se de 1/3 (um terço)
a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional; II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
Há ainda outra forma qualificada de furto, prevista no Art. 155, § 5º, do CP que ocorre quando a
subtração for de veículo automotor e este venha a ser efetivamente transportado para outro Estado, ou
para o exterior, ou seja, embora haja divergência, sua caracterização depende da efetiva transposição dos
limites de fronteira estadual ou nacional e, neste caso, a pena será de reclusão de 3 a 8 anos.
Também se considera como crime de furto qualificado, previsto no Art. 155 § 6º do CP, quando a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
da subtração, sendo que para essa hipótese a pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Esta forma
qualificada, instituída pela Lei 13.330/2016, buscou a prevenção de uma forma muito comum de furto,
referente a animais de produção pecuária (p. ex: gado bovino e suíno), punindo de forma mais grave estas
condutas, em face do maior prejuízo causado, buscando coibir este tipo de comportamento cada vez mais
comum em zonas rurais.
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Foi acrescentado ainda, pela referida Lei 13.654/18, o § 7º ao Art. 155 do CP, que traz outra forma
qualificada para o crime de furto quando o crime for de subtração de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego, isso em face
da maior periculosidade destes itens, atribuindo-se ao fato uma pena abstrata de reclusão de 04 a 10 anos.
Por fim, importante ressaltar que, majoritariamente, a doutrina e a jurisprudência dominante
aceitam a aplicação do princípio da insignificância para a maioria dos furtos qualificados, isso de acordo com
a análise do caso concreto, e com o preenchimento dos requisitos deste princípio, para gerar atipicidade do
fato praticado.
Ação Penal
Por fim, a ação penal no crime de furto será pública incondicionada, salvo nas hipóteses previstas
no Art. 182 do CP, ou seja, crime praticado contra cônjuge separado, contra irmão, e ainda contra tio ou
sobrinho que coabitem, desde que observadas as condições do Art. 183 II e III do CP, em que,
excepcionalmente, a ação penal no furto (e nos demais crimes patrimoniais não violentos) será pública
condicionada à representação do ofendido.
Este crime consiste em subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem
legitimamente a detém, a coisa comum, ou seja, pune-se a subtração da coisa que pertence,
simultaneamente, a mais de uma pessoa. Importante lembrar que, não é punível a subtração de coisa
comum fungível, em que o valor subtraído não exceda a quota parte a que tem direito um dos agentes.
Trata-se de crime próprio, pois o tipo penal exige uma qualidade especial do agente, qual seja, ser
condômino, o coerdeiro ou o sócio no que tange ao bem subtraído, sendo que, sua consumação e a tentativa
ocorrem da mesma forma que no crime de furto (Art. 155 CP). Assim, como ocorre no crime de furto (Art.
155 CP), este crime exige, além do dolo de subtração, a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo
especial) de ter o bem “para si ou para outrem” para que possa ser imputado ao agente.
O Art. 156 § 2º do CP, que traz uma hipótese de exclusão do crime, afirma que: “Não é punível a
subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente” e, de acordo
com a maioria da doutrina, apesar de o dispositivo falar em “isenção da pena”, trata-se de causa de exclusão
da antijuridicidade, sendo uma forma específica de exercício regular de direito. 2.2.2
Ação Penal
A ação penal no crime de furto de coisa comum será pública condicionada a representação, conforme
o Art. 156, § 1º CP.
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Lembrando que todas as qualificadoras do furto são objetivas e, por conseguinte, comunicáveis, com
exceção do abuso de confiança.
Esquematizando:
FURTO SIMPLES 1 a 4 anos e multa.
Na jurisprudência:
A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins
de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de
configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. Ex: João pegou um táxi. Ao final
da corrida, ele saiu do carro e disse que não iria pagar a corrida. O motorista
também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para que ele não fugisse sem quitar
o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu
no local. O agente não praticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do
CP). Isso porque não houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa
de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado
pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia
móvel”. O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um
golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir
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o animus furandi. Não se pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa alheia
móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação dos
princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei penal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1757543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
24/09/2019 (Info 658)
Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para furto simples como
qualificado
É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante
o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada
(art. 155, § 4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista
no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em
momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja
condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz
aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A
posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua
aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC
130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª
Turma. HC 306450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
4/12/2014 (Info 554).
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1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por
breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a
posse mansa e pacífica ou desvigiada. (Recurso Repetitivo - Tema 934)
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7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do
crime o seu meio de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor.
Obs: essa tese representa a regra geral, o que não impede que, excepcionalmente,
a jurisprudência reconheça o princípio para réus reincidentes ou portadores de
maus antecedentes.
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14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada
insignificante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário
mínimo vigente à época dos fatos.
15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de
concessão do privilégio (artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da
insignificância é a soma dos bens subtraídos.
Atenção. O STJ tem decidido que, em regra, não se aplica o princípio da
insignificância em caso de continuidade delitiva:
A prática de crimes de furto em continuidade delitiva evidencia o maior grau de
reprovabilidade da conduta do agente, não admitindo a aplicação do princípio da
insignificância. Assim, o princípio da insignificância não tem aplicabilidade em casos
de reiteração da conduta delitiva, salvo excepcionalmente, quando as instâncias
ordinárias entenderem ser tal medida recomendável diante das circunstâncias
concretas (STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 396.667/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 06/12/2018).
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro
2.1 Conceito
O roubo constitui crime complexo, pois é composto por fatos que individualmente constituem
crimes. São eles: furto + constrangimento ilegal + lesão corporal leve, quando houver (as vias de fato ficam
absorvidas pelo constrangimento ilegal). Em que pesem tais crimes contra a pessoa integrarem o crime de
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roubo, este foi inserido no capítulo relativo aos crimes patrimoniais, tendo em vista que o escopo final
do agente é a subtração patrimonial.
Em virtude de o crime em estudo ser considerado complexo, tutela-se, além da posse e
propriedade, a integridade física e a liberdade individual.
Em uma balada, MARIA convida JOÃO para juntos irem a um motel. Lá chegando,
sem que JOÃO perceba, MARIA mistura sonífero à bebida da vítima. JOÃO
adormece e MARIA subtrai todos os seus pertences. MARIA cometeu crime de
roubo (subtraiu bens móveis de JOÃO de pois de ter reduzido à impossibilidade a
sua capacidade de resistência). Trata-se do golpe conhecido como "boa noite
Cinderela”.
O estudo das condutas tipificadas no caput e no § 1o do artigo 157 do CP, nos revela que há o roubo
próprio e o roubo impróprio (as penas são idênticas para ambos), conforme tabela abaixo:
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Roubo próprio (caput do artigo 157). O agente emprega violência ou grave ameaça e, após,
subtrai os bens móveis da vítima.
Roubo Impróprio (§ 1º do artigo 157) O agente subtrai os bens móveis da vítima e, após, para
garantir a impunidade ou a detenção da coisa, emprega violência ou grave ameaça contra a vítima.
A análise profícua das condutas acima transcritas revela que não é possível emprego de violência
imprópria no roubo impróprio (não há previsão no § 1º acerca da violência imprópria, somente no caput).
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
2.4 Consumação
a) Roubo próprio: ocorre mediante a violência (física, moral ou imprópria), no momento da inversão
da posse, quando o agente está atuando para subtrair a coisa.
b) Roubo impróprio: ocorre logo depois da subtração da coisa, quando o agente emprega violência
contra a pessoa ou a grave ameaça, para garantir a subtração e a posse do bem.
2.5 Tentativa
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No que se refere aos crimes contra o patrimônio, julgue o item que se segue.
Em se tratando do crime de roubo impróprio, embora seja ele material e plurissubsistente, não
se admite a tentativa, pois a consumação ocorre antes do emprego de grave ameaça ou
violência. (Errado)
Na Jurisprudência
Com o advento da Lei 13.964/2019, buscou-se a correção da alteração legislativa anterior feita de
forma equivocada no crime de roubo, incluindo-se neste crime mais uma circunstância majorante da pena,
qual seja, o emprego de arma branca, prevista no parágrafo 2º inciso VII do Art. 157 do CP, enquanto o
emprego de arma de fogo permaneceu previsto no artigo 157, § 2º-A do CP que prevê o aumento de pena,
na fração de 2/3, para esta hipótese.
Vamos então a nova redação do Art. 157 do CP, com as mudanças promovidas pela Lei 13.964/19 no
que tange ao emprego de arma branca:
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Art. 157 do CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
I – (revogado - Lei 13.654/18);
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior;
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade;
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Lei 13.654/18)
VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
A pena do roubo será ainda majorada ainda, de acordo com o Art. 157 § 2º III do CP, se a vítima
estiver em serviço de transporte de valores, desde que o agente conheça tal circunstância, sendo que
o termo “transporte de valores” abrange todo tipo de bens e produtos que possuam valor econômico.
De acordo com Art. 157 § 2º IV do CP aumenta-se a pena do roubo se este se referir a subtração for
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Esta causa de
aumento do roubo se refere a um resultado que ocorrerá após a subtração do bem, qual seja, o transporte
do veículo automotor para outro Estado ou mesmo para outro país, e se fundamenta na maior dificuldade
de recuperação do bem pela vítima quando ocorre a transposição de fronteiras estaduais ou nacionais. Para
que ocorra a aplicação desta causa de aumento da pena são necessários dois requisitos cumulativos: que o
roubo seja de veículo automotor e que este veículo seja efetivamente transportado para outro Estado ou
para o exterior.
Quanto a causa de aumento referente ao autor que “mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade” (Art. 157 § 2º V do CP), esta somente terá incidência quando o agente se valer deste
expediente para facilitar a subtração do bem (Ex: prender a vítima em um cômodo da casa que rouba), ou
para impedir que seu ato seja descoberto, ou sua captura realizada (Ex: quando o agente leva consigo a
vítima de um roubo de carro, abandonando-a em uma estrada deserta, onde não possa avisar à polícia com
rapidez), mantendo a vítima com sua liberdade restringida por tempo relevante.
Caso contrário, havendo situação diversa em que ocorra a privação da liberdade da vítima, poderá
haver concurso de crimes entre o crime de roubo simples (majorado por causa diversa) com o crime de
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sequestro (Art. 148 CP), ou ainda incidir outro crime como a extorsão qualificada (Art. 158 § 3º CP) e até
mesmo a extorsão mediante sequestro (Art. 159 CP).
Desta forma, podemos resumir a questão inerente à restrição da liberdade da seguinte forma:
a) por poucos instantes: não incide a majorante no roubo, sendo roubo simples (Art. 157 CP).
b) por tempo juridicamente relevante: incide a majorante no roubo. (Art. 157 § 2º Inc. V CP)
c) por tempo relevante, sem relação com a execução ou garantia de fuga no roubo: não incide a
majorante, mas poderá haver também o crime de sequestro (Art. 148) em concurso com o de roubo simples,
ou até mesmo outro crime. (Art. 158 § 3º / Art. 159 CP)
No que se refere ao crime chamado de “sequestro relâmpago” (Ex: levar a vítima a caixas eletrônicos
para sacar dinheiro), na maioria das vezes esta conduta não configura roubo circunstanciado, pois está
tipificada de forma mais específica como crime de Extorsão qualificada (Art. 158 § 3º CP), já que, nestes
casos, a conduta da vítima (ex: digitar a senha) é imprescindível para que haja a inversão da posse do bem,
caracterizando, assim, o crime de extorsão.
Por fim, é importante lembrar que, de acordo com a maioria da doutrina, as causas de aumento de
pena do roubo não se aplicam ao crime de latrocínio e de roubo qualificado por lesão corporal grave, devido
a sua posição topográfica no código penal, e ainda que, de acordo com a súmula 443 do STJ: “o aumento na
terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não
sendo suficiente para sua exasperação a mera indicação do número de majorantes”.
O inciso I do § 1º do Art. 157 do CP, que previa o aumento da pena quando crime de roubo fosse
praticado com o emprego de arma (a jurisprudência e a doutrina entendiam que restava abrangido o
emprego de arma de fogo e de arma branca), foi revogado dando origem a uma nova causa de aumento de
pena mais rigorosa (2/3) prevista no Art. 157 § 2º-A, inciso I do CP , para o emprego de arma de fogo comum
sendo que, como este novo dispositivo estabeleceu como majorante do crime de roubo a hipótese em que
a violência ou ameaça seja exercida com emprego de arma de fogo, excluiu assim as demais espécies de
armas (armas brancas – p.ex. uma faca), algo que evidentemente gerou mais problemas do que soluções.
De acordo com esta mudança, operada pela Lei 13.654/18, o novo aumento de pena só seria aplicado
ao agente que praticar o roubo empregando para isto uma arma de fogo, tornando roubo simples as
condutas realizadas com as demais espécies de arma, que não sejam armas de fogo.
Dessa forma, essa alteração configurou uma evidente novatio leges in melius, ou seja, uma lei nova
mais benéfica para o agente que, por isso, poderá retroagir para beneficiar todos os agentes que foram
condenados anteriormente pelo roubo circunstanciado, em razão da utilização de uma arma branca
(princípio da retroatividade benéfica).
Diante deste problema, o pacote anticrime inseriu uma a nova causa de aumento de pena de um
terço até metade, para a hipótese de uso de arma branca para a prática do roubo, sendo que, obviamente
esta alteração também só poderá ser aplicada para os crimes de roubo cometidos após do início da vigência
da Lei 13.964/2019. Importante ressaltar que não se deve considerar a arma branca de brinquedo, ou mesmo
o simulacro de arma branca, para a incidência deste dispositivo, assim como também já não incidia a
majorante de emprego de arma de fogo para estas mesmas hipóteses, já que, em ambas as situações o
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objeto de brinquedo ou simulacro utilizado não configura propriamente uma arma com potencialidade lesiva
e, por isso, nestes casos, configura-se apenas o roubo simples pelo emprego de grave ameaça.
Embora ainda haja divergência a respeito do assunto, as chamadas armas impróprias como uma
garrafa, um espeto de churrasco, ou mesmo uma pedra ou caco de vidro, não permitem que seja aplicada a
nova majorante do emprego de “arma branca”, prevista o artigo 157, § 2º, VII do CP, já que se trata de uma
norma incriminadora de caráter punitivo que, por isso, deve ser interpretada restritivamente.
De uma forma geral, arma pode ser classificada em própria, ou seja, as que são criadas
exclusivamente com a finalidade de gerar agressão, ataques (arma de fogo, espada, lança), ou imprópria, ou
seja, aquelas que têm uma finalidade primária diferente, mas que podem ser utilizadas como armas (faca de
cozinha, martelo, picareta).
Para a incidência da causa de aumento de pena no crime de roubo, a arma de fogo deve ter sido
utilizada efetivamente como meio de constranger a vítima no momento da subtração do bem, e atualmente
é posição pacífica no STF e STJ que a arma desmuniciada, ou de brinquedo, não gera aumento de pena no
crime de roubo, devido à ausência de potencialidade lesiva.
Em regra, o porte de arma (de fogo) será absorvido pelo roubo, desde que se destine exclusivamente
à realização do crime patrimonial, porém, caso não haja o exaurimento da conduta de porte de arma no
roubo, não há que se falar em absorção (regra da consunção), mas sim em concurso material entre os crimes
de roubo Art. 157 do CP e os tipos penais previstos nos Arts.14 ou 16 da Lei nº 10.826/03 ou, em certos casos,
com o Art. 19 do Dec.-Lei nº 3.688/41.
No inciso II do Art. 157 § 2º-A do CP, inserido também pela Lei 13.654/18, foi prevista a mesma causa
de aumento de pena (2/3) para o roubo realizado com a destruição ou rompimento de obstáculo mediante
o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, seguindo a mesma lógica dos
crimes de furto qualificados pelo emprego destes modos de execução mais reprováveis.
Por fim, a nova Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime) introduziu ainda o § 2º-B no artigo 157 do CP,
prevendo que a pena do roubo simples (reclusão, de 4 a 10 anos e multa), deve ser aplicada em dobro quando
empregada de arma de fogo de uso restrito ou proibido, o que, por também ser uma norma incriminadora,
só poderá ser aplicada para crimes cometidos posteriormente ao início de sua vigência: “Art. 157 § 2º-B CP
– Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-
se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.”
Desse modo, hoje temos três hipóteses que devem ser diferenciadas:
1) Roubo praticado mediante o emprego de arma branca: causa de aumento de 1/3 a ½.
2) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso permitido: causa de aumento de pena de
2/3.
3) Roubo praticado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: aplica-se em dobro a
pena prevista no caput.
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ATENÇÃO: Lembre-se que, com o advento do Pacote Anticrime, o crime de roubo mediante a restrição
da liberdade da vítima e mediante o uso de arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido,
passaram a ser considerados crimes hediondos!
Na Jurisprudência:
É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que
incida a majorante do art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal?
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STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1076476/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
04/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 449102/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 09/10/2018.
Se, após o roubo, foi constatado que a arma estava desmuniciada no momento
do crime, incide mesmo assim a majorante?
STJ: NÃO. O emprego de arma de fogo desmuniciada tem o condão de configurar a
grave ameaça e tipificar o crime de roubo, no entanto NÃO É suficiente para
caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade
lesiva no momento da prática do crime (STJ. 5ª Turma. HC 449.697/SP, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 21/06/2018; STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC ,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/10/2015).
STF: SIM. É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a
majorante do roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077 , Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 06/08/2013).
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Se da violência resulta:.
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos;
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa
(LATROCÍNIO).
a) Introdução
Alterado pela Lei 13.654/2018, que aumentou a pena em caso de lesão grave (antes era de 7 a 15
anos) – devendo a nova lei mais gravosa ser aplicada somente aos fatos posteriores, e separou as duas
qualificadoras em incisos diferentes.
Estes resultados podem ser dolosos ou culposos. NÃO SÃO NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSOS.
Porém, devem estar relacionados com a subtração. Em caso de desígnios autônomos, há concurso de roubo
com outros crimes, como o homicídio, por exemplo.
Latrocínio não é “roubo seguido de morte” como dizem por aí. É roubo qualificado pelo resultado
morte, que pode ocorrer antes ou depois da subtração, embora no mesmo contexto.
É imprescindível, no entanto, que DA VIOLÊNCIA EMPREGADA NO ROUBO, advenha a lesão corporal
grave ou a morte (aqui, não se admite que os resultados agravadores advenham da grave ameaça). Ex.:
pessoa sofre um ataque cardíaco em razão da grave ameaça. Nesse caso, não haverá o enquadramento no
tipo penal do latrocínio, devendo o agente responder por roubo agravado pelo emprego de arma em
concurso formal com homicídio culposo.
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Obs.: haverá roubo qualificado pela morte, ainda que a violência tenha sido empregada em face de
pessoa diversa da proprietária do bem (ex.: alguém foi ajudar a socorrer a vítima e morreu).
b) Requisitos
A doutrina aponta os seguintes requisitos para restar configurado o crime de latrocínio:
1) Que a morte seja decorrente da violência empregada pelo agente;
2) Que a violência causadora da morte tenha sido empregada durante o contexto fático do roubo;
3) Que haja nexo causal entre a violência provocadora da morte e o roubo em andamento
(violência empregada em razão do roubo).
SÚMULA 610, STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima.”
Para que haja latrocínio tentado, não importa a natureza das lesões, podendo ser leves, graves ou
gravíssimas, desde que tenha sido demonstrado o animus necandi do agente (dolo de matar), não realizado
por circunstâncias alheias à sua vontade.
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consegue subtrair o bem da vítima, mas não tem êxito em matá-la, há tentativa de
latrocínio, desde que fique comprovado que havia dolo de subtrair e dolo de matar.
Por esta razão, a jurisprudência do STJ pacificou-se no sentido de que o crime de
latrocínio tentado se caracteriza independentemente da natureza das lesões
sofridas pela vítima (se leves, graves, gravíssimas), bastando que o agente, no
decorrer do roubo, tenha agido com o desígnio de matá-la. Assim, como a
gravidade das lesões experimentadas pela vítima não influencia para a
caracterização da tentativa de latrocínio, pouco importa que o laudo pericial que
atestou as lesões tenha irregularidades. STJ. 5ª Turma. HC 201175-MS, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013 (Info 521).
· Ex.1: O agente emprega violência contra a vítima querendo matá-la e, efetivamente, provoca a
morte. Responde por latrocínio consumado. O fato de a morte ter sido dolosa deve fazer o juiz aplicar
a pena acima do mínimo legal. Trata-se de hipótese em que o latrocínio não é preterdoloso.
· Ex.2: O sujeito emprega violência sem intenção de matar a vítima, porém, culposamente, dá causa
ao resultado. Responde também por latrocínio consumado. Em tal caso, o crime é considerado
preterdoloso.
· Ex.3: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima e efetivamente o faz.
Responde por roubo qualificado pela lesão grave. Ex.: disparo de arma de fogo na perna de vítima
que lhe provoca incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
· Ex.4: O agente emprega violência contra a vítima sem a intenção específica de lhe causar lesão grave,
mas culposamente, a provoca. Também responde por roubo qualificado pela lesão grave (hipótese
preterdolosa).
· Ex.5: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima, mas não consegue.
Responde pela tentativa de roubo qualificado pela lesão grave.
· Ex.6: O ladrão usa de violência querendo matar a vítima, mas não consegue atingir seu intento,
provocando apenas lesões graves. Para o STJ, responde tentativa de latrocínio, ainda que a vítima
sofra lesão de natureza grave.
Obs.: o STF possui 2 julgados antigos em sentido contrário. Para a Suprema Corte, se o ladrão atira
contra a vítima, querendo matá-la, e não consegue, mas ela sofre lesões corporais graves, neste caso, o
agente deveria responder por roubo majorado pela arma em concurso com tentativa de homicídio
qualificado pela conexão (art. 121, § 2º, V do CP).
· HC 91585, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgado em 16/09/2008.
· RHC 94775, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 07/04/2009.
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CESPE: Para se caracterizar o crime de tentativa de latrocínio, é necessário aferir a gravidade das
lesões experimentadas pela vítima, não bastando a comprovação de atentado contra a vida da
vítima, no decorrer do roubo, ainda que comprovado o claro desígnio de matá-la (ERRADO).
Como tipificar o latrocínio se foi atingido um único patrimônio, mas houve pluralidade de mortes?
Ex.: Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que
deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal. João
foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou um único crime de
latrocínio?
∘ Para o STJ: ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso
formal impróprio de latrocínios.
∘ STF e doutrina majoritária: sendo atingido um único patrimônio, haverá apenas um crime de
latrocínio, independentemente do número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser
levado em consideração na fixação da pena-base (art. 59 do CP). É a posição também da doutrina
majoritária.
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material. Latrocínio (roubo em banco e morte do agente policial) e o roubo de automóvel de particular, no
qual os réus fugiram”. STF – Rel. Néri da Silveira – RT 695/416.
g) Competência
O crime de latrocínio não é da competência do Tribunal do Júri porque não se trata de crime contra
a vida, mas sim contra o patrimônio, não obstante lesione também o bem jurídica vida. É o entendimento
consagrado pela Súmula 603 do Supremo Tribunal Federal
h) Crime hediondo
Antes do advento do Pacote Anticrime, somente o latrocínio era considerado crime hediondo.
Contudo, com a inovação legislativa, o roubo qualificado pela lesão corporal grave também passou a ser
considerado crime hediondo (novatio legis in pejus):
Conforme o STF (embora seja um critério criticado pela doutrina, em razão da falta de segurança
jurídica e discrepância que pode haver de um caso para outro a depender do magistrado), deve ser seguido
o artigo 68 do CP:
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Como o termo é PODE, não é obrigatória a aplicação só de um. Assim, tem o magistrado duas opções:
1ª: Aumentar a pena em 2/3, já que a do §2º-A é a que mais aumenta e utilizar a hipótese do §2º
como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP) ou agravante (arts. 61 e 62).
2ª: Aplicar as duas causas de aumento de pena, situação em que o segundo aumento incidirá sobre
a pena já aumentada pela primeira causa.
Roubo praticado com o emprego de arma de fogo, sem que o agente possua porte de arma:
responde em concurso com o delito de porte ilegal?
R.: Em regra, não. Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime de
roubo circunstanciado, em razão do princípio da consunção, vez que é crime meio para o roubo. No entanto,
se ficarem constatados desígnios autônomos, contextos fáticos diversos, haverá concurso.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma,
aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
o
§ 3 Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
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A conduta típica prevista no Art. 158 do CP prevê como crime de extorsão “Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.”
O crime de extorsão consiste no emprego de um constrangimento (mediante violência ou grave
ameaça) para a obtenção de uma vantagem econômica indevida, através de um comportamento da vítima
(ação ou omissão). Na verdade, trata-se de um constrangimento ilegal realizado com o fim específico de
obter essa vantagem, abrangendo assim diversos bens jurídicos tutelados (patrimônio, a liberdade individual
e a integridade corporal).
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de extorsão, tratando-se, portanto, de crime comum
já que o tipo penal não exige qualquer qualidade especial do sujeito ativo, porém, se a conduta for praticada
por funcionário público, no exercício da função, ou em razão dela, pode ser configurado o crime de concussão
(Art. 316, CP).
Podemos determinar algumas características básicas que diferenciam o crime de extorsão do crime
de roubo:
Roubo x Extorsão: se o bem for subtraído, o crime será de roubo. Se a vítima entregar o bem ao
agente, o delito poderá ser de roubo ou extorsão, a depender a imprescindibilidade da colaboração do
ofendido.
1) na extorsão a vítima deve atuar concedendo ela mesma a vantagem indevida ao autor, enquanto
no roubo o próprio agente subtrai a coisa, retirando o bem da esfera de domínio da vítima, mediante a
violência ou grave ameaça. Na extorsão o agente depende da colaboração da vítima.
2) na extorsão o mal (violência ou grave ameaça) anunciado é futuro, para que a vítima,
posteriormente, em seguida, conceda a vantagem indevida desejada pelo autor, enquanto no roubo
a subtração do bem se dá no momento da violência ou grave ameaça. No roubo o agente não
depende da colaboração da vítima, embora possa ocorrer / o agente busca vantagem imediata.
b) Bem jurídico tutelado: patrimônio e liberdade individual, além da integridade física e da vida no caso das
qualificadoras. Trata-se, portanto, de crime pluriofensivo.
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● No caso do concurso de agentes a doutrina sustenta que aqui só são inclusos os executores, já que
usa o termo “cometido”.
e) Sujeito passivo: pessoa atingida em seu patrimônio (física ou jurídica) e pessoa vítima da violência ou
grave ameaça.
Pode haver mais de um sujeito passivo, na hipótese em que a pessoa vítima da violência ou da grave
ameaça for diversa da proprietária/possuidora do bem. Portanto, pode ser sujeito passivo:
∘ A pessoa atingida pela violência ou grave ameaça;
∘ A pessoa que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo;
∘ A pessoa que suporta o prejuízo patrimonial.
g) Tipo objetivo: A extorsão somente pode ser praticada através de um constrangimento. Ex.: sujeito ativo
pratica um constrangimento para que o sujeito passivo adote um comportamento, ativo ou passivo, visando
a obtenção de uma vantagem indevida.
● Tem que existir nexo causal entre o constrangimento empregado e o comportamento adotado pela
vítima.
● Meios executórios:
∘ Violência (própria): vis corporalis – com atuação material sobre o corpo da vítima.
∘ Grave ameaça (violência moral): vis compulsiva – promessa de um mal grave
∘ A extorsão não pode ser praticada mediante violência imprópria (por outra forma de redução
da capacidade de resistência da vítima). No entanto, dentro da violência e da grave ameaça,
qualquer meio executório é admitido.
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Observações importantes:
∘ O mal prometido pelo agente pode ser justo ou injusto. Ex.: exigir vantagem econômica
ameaçando entregar a vítima à polícia em razão de um crime que efetivamente ela cometeu.
∘ O mal prometido pode ser inverídico, desde que seja suficiente para infundir o temor da
vítima.
∘ A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça de causar um prejuízo econômico à vítima.
Para a doutrina, o crime se consuma no momento em que a vítima se sente constrangida a adotar o
comportamento determinado pelo agente, ainda que ele não obtenha a vantagem econômica indevida.
Assim, se o agente constrange a vítima e esta não adota o comportamento exigido, haverá tentativa de
extorsão.
Tentativa: é cabível por tratar-se de crime plurissubsistente, ou seja, a conduta pode ser fracionada
em dois ou mais atos.
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Com o fito de facilitar a identificação da tentativa na extorsão, traremos os didáticos ensinamentos de Guilherme
de Souza Nucci, o qual divide o iter criminis na extorsão em 3 (três) estágios:
2.º) a vítima age, por conta disso, fazendo, tolerando que se faça ou deixando de fazer alguma coisa;
O último estágio (3º) é apenas configurador do seu objetivo (“com o intuito de...”), não sendo necessário estar
presente para concretizar a extorsão. Entretanto, o simples constrangimento, sem que a vítima atue, não passa
de uma tentativa. Para a consumação, portanto, cremos mais indicado atingir o segundo estágio, isto é,
quando a vítima cede ao constrangimento imposto e faz ou deixa de fazer algo.
2 – PRISÃO EM FLAGRANTE:
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Se o crime se consuma no momento em que a vítima adota o comportamento exigido pelo agente, o
momento da obtenção da vantagem econômica – se em momento posterior – não vai admitir a prisão em
flagrante.
Ao contrário do que acontece no roubo, a jurisprudência ADMITE a aplicação das causas de aumento
de pena à extorsão qualificada.
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● Obs.: Identidade total com o roubo qualificado: §2º remete ao disposto no §3º do
art. 157 – aplicam-se as mesmas considerações.
3.2 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (art. 158, §3º, CP) - 2009
Ocorre que a subtração com privação da liberdade da vítima, não configura apenas este tipo penal,
embora ele tenha sido criado com esse intuito. Temos três situações.
1) Roubo majorado: o agente subtrai mediante privação de liberdade da vítima, sendo que a
colaboração da vítima é dispensável;
2) Extorsão qualificada (158, §3º): o agente constrange a vítima a entregar a vantagem econômica
indevida, sendo esta colaboração indispensável para que atinja seu intuito.
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3) Extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP): que vai se diferir dos anteriores porque aqui a
privação da liberdade é o meio utilizado para fazer com que um TERCEIRO colabore e o agente
obtenha a vantagem (pagamento de resgate).
Já aproveitando o gancho: embora o tipo do artigo 159 diga mediante “sequestro”, envolve sequestro e
cárcere privado.
A restrição da liberdade é o meio executório para: A restrição da liberdade é o meio executório para:
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A vantagem perseguida pelo agente deve ser A vantagem perseguida pelo agente é prestada
prestada pelo próprio constrangido, por aquele por 3º, por pessoa diversa daquela que tem sua
que teve sua liberdade restringida. liberdade ambulatorial cerceada.
Art. 1º, III, Lei 8072/90 - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima,
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
Art. 158:
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior.
§ 3º - Se da violência resulta:
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos
II – Morte, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos
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Obs.: Crítica da doutrina: A extorsão com restrição da liberdade da vítima sem resultados especialmente
agravadores (ou seja, sem que produza morte ou lesão corporal grave) tem pena de 6 a 12 anos de reclusão
(§ 3º) e é considerado hediondo. Ao passo que a extorsão qualificada pelo resultado prevista no § 2º é mais
grave (Quando há lesão grave, a pena é de 7 a 18 anos; quando há morte, reclusão, de 20 a 30 anos), e não
é considerado hediondo. Há, portanto, uma evidente violação ao princípio da proporcionalidade.
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c) Objeto material:
● Patrimônio lesado pela conduta
● A pessoa que sofre ataque à sua liberdade individual ao ser sequestrada (Pode ser pessoa diversa
daquela que tem seu patrimônio violado).
Sequestro de animal com o fim de obter de alguém vantagem indevida como resgate configura
extorsão mediante sequestro?
R: NÃO! O crime é apenas o de extorsão do art. 158, caput, do CP. A vítima do 158 é “alguém”, pessoa.
Do 159 fala expressamente em pessoa. Assim, animal não pode ser vítima de sequestro.
d) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo – crime comum
● Sujeito passivo – crime comum
Obs.: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo – quando o prejuízo patrimonial recai na pessoa jurídica
Cuidado com a qualificadora do §1º: + de 24h – importa o tempo de privação de liberdade, não o
tempo em que o resgate foi pago; menor de 18 – quando iniciada a conduta; maior de 60 – quando
cessada a conduta.
É o especial fim de agir que diferencia o crime de extorsão mediante sequestro e o crime de sequestro
ou cárcere privado, que não tem outra finalidade especial a não ser o cerceamento do direito ambular da
vítima.
g) Consumação e tentativa:
● CRIME PERMANENTE - Sua consumação se inicia quando ocorre a privação da liberdade da vítima,
perdurando durante todo o tempo de cerceamento.
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● CRIME FORMAL - não se exige que o agente alcance a vantagem pretendida, basta agir com tal
intenção
● CRIME PLURISSUBSISTENTE – admite tentativa. Enquanto não houver submissão da vítima ao poder
do agente, será apenas tentativa.
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5) Se resulta morte
Obs.: Para a doutrina majoritária, tanto na extorsão mediante sequestro qualificada pela lesão corporal
grave como qualificada pela morte, é imprescindível que:
(1) Que o resultado qualificador se produza em face da pessoa sequestrada.
(2) Que o resultado lesivo ocorra no contexto do crime patrimonial
Obs.: Previsão específica de delação premiada no §4º. Todos os requisitos lá listados são cumulativos.
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QUESTÕES PROPOSTAS
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vende o veículo para Apollo, terceiro de boa-fé, permanecendo com o valor recebido para despesas pessoais
e aquisição de itens do seu interesse.
Hermes deverá responder por:
A-furto simples;
B-furto mediante fraude;
C-peculato-furto;
D-peculato-desvio;
E-apropriação indébita.
6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Não há crime de latrocínio quando a vítima reage ao roubo e mata um dos comparsas do crime.
Certo
Errado
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7 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
O agente que, durante uma perseguição policial, tenha subtraído um veículo, sem emprego de ameaça e
violência, e, após quatro horas, tenha abandonado o veículo em local diferente de onde foi feita a subtração
não terá cometido crime, em razão da atipicidade do furto de uso.
Certo
Errado
8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos crimes patrimoniais, julgue o item seguinte.
Comete crime de furto mediante fraude o agente que utiliza de um artifício ou ardil para retirar a vigilância
da vítima e conseguir pegar a res furtiva.
Certo
Errado
9- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Agenor conduzia sua motocicleta em via pública sem usar capacete quando foi parado e abordado, em
blitz, pelo agente de trânsito Roberto, funcionário público do Departamento de Trânsito (DETRAN). Para que
não fosse multado pelo agente, Agenor prometeu a Roberto vantagem indevida, comprometendo-se a
entregar 400 reais ao agente na semana seguinte ao ocorrido.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Roberto incorrerá em crime de extorsão se empregar violência ou grave ameaça para exigir o dinheiro
prometido, caso este tenha sido aceito, mas não tenha sido pago.
Certo
Errado
10 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Crime de estelionato que seja cometido contra pessoa idosa que tenha 62 anos de idade na data do fato
somente se procede mediante representação da vítima.
Certo
Errado
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Respostas1
1
1: C 2: D 3: E 4: B 5: E 6: C 7: E 8: C 9: C 10: C
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META 2
CF/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º
O Direito Administrativo compõe o ramo do Direito Público, pois tem como características e
princípios marcantes a Supremacia do Interesse Público (relações jurídicas verticalizadas), a
Indisponibilidade do Interesse Público e a Legalidade.
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Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro, o Direito Administrativo nasceu em fins do século XVIII e início
do século XIX, não significando que inexistissem anteriormente normas administrativas, uma vez que onde
quer que exista o Estado existem órgãos encarregados do exercício de funções administrativas.
Nesse sentido, o Estado é pessoa jurídica de direito público, ainda que atuando na seara do Direito
privado. Assim, o Estado pode atuar no direito público ou no direito privado; no entanto, sempre ostenta a
qualidade de PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO
O Direito Administrativo tem por objeto as relações por ele disciplinadas, a saber:
● Administração Patrimonialista: Não havia diferença entre os interesses pessoais dos agentes públicos
e os interesses da própria administração;
● Administração Burocrática: Superou o patrimonialismo ao adotar o princípio da impessoalidade.
Foram criados rígidos controles sobre a atuação dos agentes públicos. Formou-se a burocracia, onde
os agentes públicos devem obedecer aos procedimentos determinados e a rígida hierarquia e a
separação de funções;
● Administração Gerencial: É o modelo adotado na Administração moderna. Busca superar o modelo
burocrático por meio da adoção do princípio da eficiência, que tem as seguintes consequências
principais:
∘ Utilização do controle de resultados substituindo o controle de meios;
∘ Maior autonomia dos agentes/órgãos/entidades públicas;
∘ Serviço orientado para o cidadão;
∘ Utilização de indicadores de desempenho.
3. CRITÉRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
O direito administrativo é ramo jurídico, e como tal, se dedica ao estudo das regras e normas, sendo
caracterizada como ciência normativa, impositiva que define os limites dentro dos quais a gestão pública
pode ser executada. Várias foram as correntes/teorias que buscaram definir o direito administrativo. Nessa
linha, vejamos as principais delas:
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c) Critério das relações jurídicas: O Direito Administrativo é a disciplina das relações jurídicas entre a
Administração e o particular. Assim, todas as relações entre o Estado e o Administrado seria função
administrativa.
d) Critério do Serviço Público (França): O Direito Administrativo teria por objetivo a disciplina jurídica
dos serviços públicos. Ou seja, a função administrativa seria a prestação do serviço público. => Escola
do Serviço Público (Leon Duguit).
● Sentido amplo (Leon Duguit): Inclui todas as atividades do Estado;
● Sentido Estrito (Gaston Jeze): Inclui apenas atividades materiais.
e) Critério teleológico ou finalístico: O Direito Administrativo é sistema de princípios jurídicos que regula
as atividades do Estado para o cumprimento dos seus fins. Assim, o Direito Administrativo deve ser
conceituado como toda atuação do Estado com finalidade pública.
g) Critério Funcional – O Direito Administrativo é ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina da
função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo executivo, legislativo, judiciário ou por
delegação estatal.
Segundo Hely Lopes Meirelles, o direito administrativo pode ser definido como conjunto
harmônico de princípios que regem os órgãos, os agentes e a atividade pública para realização dos
fins desejados pelo Estado de forma DIRETA, CONCRETA e IMEDIATA.
● Direta: não se confunde com a função jurisdicional, que é indireta por depender de provocação.
Desse modo, ao se falar que a atuação é direta quer-se dizer que ela atua de ofício, não dependendo
de provocação. Reitero, NÃO depende de provocação para que haja atuação administrativa, ela é
DIRETA.
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● Concreta: diferente da legislativa, que é geral e abstrata, não atinge pessoas específicas, a função
administrativa é concreta porque se materializa em casos concretos.
● Imediata: realiza os fins do Estado (necessidades do Estado). Quem define os fins do Estado, por sua
vez, é o Direito Constitucional.
4. SENTIDOS DA ADMINISTRAÇÃO
A expressão Administração Pública pode ser analisada sob seu aspecto formal/ subjetivo/ orgânico
ou sob seu aspecto material/objetivo.
“Por sua vez, administração pública (em letra minúscula), considerada com base no
critério material ou objetivo se confunde com a função administrativa, devendo ser
entendida como atividade administrativa exercida pelo Estado, designando a
atividade consistente na defesa concreta do interesse público”.
JÁ CAIU EM PROVA:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é
representada pelos agentes públicos e seus bens. [ERRADO]
Resumindo:
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A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais
sejam: a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.
▪ LEI – é a fonte primária do Direito Administrativo – O termo “lei” deve ser interpretado em sentido
amplo, trata-se de lei em sentido amplo, contemplando qualquer espécie normativa.
· A lei se apresenta como sendo a fonte primária do direito administrativo, pois inova no
ordenamento jurídico. A atuação administrativa tem que ser pautada pela lei, só existe a
atuação do administrador se houver permissivo legal nesse sentido (princípio da legalidade).
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▪ DOUTRINA – Fonte secundária: forma o sistema teórico de princípio aplicável ao Direito Positivo.
· É fonte secundária. Refere-se a lição dos mestres e estudiosos da matéria, ensejando a
formação de arcabouço teórico. É fonte interpretativa, sistema teórico. Expõe uma
interpretação sobre aquela determinada matéria ou lei, ao estabelecer o que provavelmente
a referida buscava, ou seja, sua razão/sentido.
▪ PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO – estão na base da disciplina/alicerce. Exs.: Ninguém pode causar
dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
▪ COSTUMES – Práticas reiteradas da autoridade administrativa. Lembre-se que o costume não cria e
nem exime obrigação.
· Elementos do costume:
- Elemento objetivo - repetição de condutas;
- Elemento subjetivo - Convicção de sua obrigatoriedade.
· Espécies de costumes:
- Secundum legem: previsto ou admitivo pela lei;
- Praeter legem: preenche as lacunas normativas, possuindo caráter subsidiário;
- Contra legem: Se opõem à norma legal.
Obs.: Para o autor Rafael Carvalho, “ressalvado o costume contra legem, o costume é fonte autônoma
do Direito Administrativo. A releitura do princípio da legalidade, com a superação do positivismo, a
textura aberta de algumas normas jurídicas e a necessidade de consideração da realidade social na
aplicação do Direito demonstram que os costumes devem ser considerados como fontes do Direito
Administrativo”, pg. 25.
JÁ CAIU EM PROVA:
(CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A jurisprudência e os costumes não são fontes do direito
administrativo. [ERRADO]
Resumindo:
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(2) Presunção de legitimidade dos atos praticados pela Administração - Os atos praticados pela
administração são presumivelmente legítimos, ou seja, presume-se que ele foi praticado em
conformidade com o ordenamento jurídico (lembre-se: atributo do ato administrativo: presunção de
legitimidade e de veracidade, trata-se de presunção relativa).
OBS- Analogia:
Existe controvérsia na doutrina a respeito da utilização da analogia no Direito Administrativo. Mas
um ponto é incontroverso: analogia NÃO pode ser utilizada para fundamentar a aplicação de sanções
ou gravames aos particulares, especialmente no campo do poder de polícia e poder disciplinar.
* Para Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a analogia não é permitida no Direito Administrativo, em razão
do princípio da legalidade. Admitir a analogia seria permitir que a Administração impusesse uma obrigação
não prescrita em lei.
* Para Alexandre Santos de Aragão, é possível a utilização da analogia no Direito Administrativo quando a
aplicação da regra com base na analogia for suficiente para regular determinado caso concreto e ao
mesmo tempo atender às finalidades da Constituição. No entanto, a analogia com base em outra disciplina
jurídica não é possível, tendo em vista o princípio da legalidade.
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JÁ CAIU EM PROVA:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Agente) O controle da Administração Pública no Brasil é realizado por
meio do sistema do contencioso administrativo. [errado]
7. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
● O interesse público primário 🠖 é aquele relacionado à satisfação das necessidades coletivas (justiça,
segurança, bem comum do grupo social etc.), perseguido pelo exercício das atividades-fim do Poder
Público,
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JÁ CAIU EM PROVA:
a) Princípios: Hoje são consideradas normas jurídicas primárias. Assim seu estudo ganhou força e
importância nos últimos anos.
· Possuem grau de abstração maior do que as regras, pois admitem uma série indefinida de
aplicações.
· São mandamentos de otimização, que determinam a realização de algo na maior medida
possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes, admitindo aplicação
gradativa.
· Colisão de princípios: ponderação de interesses no caso concreto.
· Condensam os valores fundamentais da ordem jurídica, e se irradiam sobre todo o sistema
jurídico, garantindo-lhe harmonia e coerência.
· Categorias:
✔ Princípios fundamentais: Representam decisões políticas estruturais do Estado,
servindo de matriz para todas as demais normas constitucionais.
✔ Princípios gerais: Em regra, são importantes especificações dos princípios
fundamentais, possuindo menor grau de abstração e irradiando-se sobre todo
ordenamento jurídico. Ex: Princípio da isonomia e da legalidade.
✔ Princípios setoriais ou especiais: Se aplicam a determinado tema, capítulo ou título da
Constituição. Ex: L.I.M.P.E – Art. 37 CF (princípios explícitos da Constituição/88).
b) Regras:
· Direcionam-se a situações determinadas.
· O conflito de regras é resolvido na dimensão da validade (“tudo ou nada”), ou seja, a regra
é válida ou inválida, a partir dos critérios de especialidade, hierarquia e cronológico (Dworkin)
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· Em alguns casos, o conflito entre regras pode ser resolvido pela dimensão do peso e, não
necessariamente, pelo critério de validade. Ex: vedação à concessão de liminar contra a
Fazenda que esgote o objeto do litígio.
Os princípios explícitos são assim denominados pois constam expressamente no art. 37 da CF/88.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
● Legalidade
● Impessoalidade
● Moralidade
● Publicidade
● Eficiência
Obs.: Além dos princípios expressos pelo Direito Administrativo existem princípios implícitos (ou
reconhecidos) extraídos pela interpretação sistemática reconhecidos pela jurisprudência e doutrina.
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Pelo princípio da legalidade, a atuação da administração pública subordina-se à lei, de modo que o
agente público somente poderá fazer o que proclama a lei. Assim, não havendo previsão legal, está proibida
a atuação do ente público e qualquer conduta praticada de forma arbitrária por ele.
Ressalta-se que a legalidade no âmbito do direito administrativo não se confunde com a legalidade
privada, em que é permitido fazer tudo que não é proibido (autonomia privada).
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A atuação da administração pública subordina-se à Vigora a autonomia privada. Por isso, o particular
lei, de modo que o agente público somente poderá pode fazer tudo aquilo que a lei não proibir.
fazer o que proclama a lei Só deve deixar de fazer se estiver expressamente
proibido em lei.
Note a flagrante diferença entre os regimes jurídicos de direito público e direito privado, posto que,
neste último é possível realizar tudo o que a lei não proíbe, ao passo que, no primeiro, o administrador
somente pode atuar mediante prévia autorização legal.
JÁ CAIU EM PROVA:
🕮 A legalidade administrativa é diferente da legalidade civil, uma vez que aquela dita o limite
da atuação do administrador público, conforme imposto pela lei e esta permite ao particular
aquilo que a lei não proíbe.– assertiva correta
🕮 Em consonância com o princípio da legalidade, estatuído no artigo 37, caput, da CR/88, a
Administração Pública pode fazer tudo o que a lei não proíbe.– assertiva incorreta
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Segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed., pág. 105
e 126-136), é possível apontar três restrições excepcionais ao princípio da legalidade:
a) Estado de defesa;
b) Estado de sítio e
c) Medida provisória – art. 62 da CF/88
Nesses três casos, deve a Administração atuar, mesmo que não haja lei regulamentando sua atuação,
o que revela a mitigação da obrigatoriedade do princípio da legalidade.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades
ou servidores públicos
Pelo princípio da impessoalidade, a atuação da administração pública deve ser imparcial, não
visando beneficiar ou prejudicar pessoa determinada, tendo em vista que a sua atuação está voltada à busca
do interesse público em geral.
O princípio da impessoalidade possui duas acepções:
JÁ CAIU EM PROVA:
(CESPE - 2016 - PC-GO - Escrivão de Polícia)- Sem ter sido aprovado em concurso público, um
indivíduo foi contratado para exercer cargo em uma delegacia de polícia de determinado
município, por ter contribuído na campanha política do agente contratante. Nessa situação
hipotética, ocorreu, precipuamente, violação do princípio da: impessoalidade. [certo]
ii. Proibição de promoção pessoal: Vedação do exercício da máquina pública para atingir interesses
particulares. Veja o art. 37, §1º da CF/88:
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NA JURISPRUDÊNCIA:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
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JÁ CAIU EM PROVA:
NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil - Marcos, prefeito de uma cidade do Estado do
Piauí, no mês anterior ao encerramento do seu mandato, congela o Imposto Predial e Territorial
Urbano-IPTU. Segundo foi repassado pela assessoria de imprensa, o objetivo do congelamento
foi o grande interesse social. Entretanto, todos sabem que o referido congelamento foi para
inviabilizar a nova administração, e assim reduzir as receitas. Diante desta situação, pode-se
dizer que Marcos feriu, precipuamente, o princípio administrativo: moralidade [CERTO]
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a sua prática, uma vez que tal vedação decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/88 (STF Rcl 6.702/PR-MC-Ag)
JÁ CAIU EM PROVA:
Segundo o STF, a vedação ao nepotismo decorre diretamente de princípios constitucionais
explícitos, como os princípios da impessoalidade, da moralidade administrativa e da igualdade,
não se exigindo a edição de lei formal para coibir a sua prática. [ CERTO]
R: Cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive,
da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento
▪ Cônjuge,
▪ Companheiro
▪ Parente em linha reta,
▪ Parente colateral até o 3ª grau, inclusive
▪ Parente por afinidade até o 3º grau, inclusive
⮚ da autoridade nomeante ou
R.: Para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração
Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas viola a Constituição Federal.
▪ Cargo em comissão
▪ Cargo em confiança
▪ Função gratificada
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Obs. (1) – Nepotismo cruzado: A parte final da súmula proíbe o nepotismo no ajuste, mediante redesignações
recíprocas. Não pode na mesma pessoa jurídica, mas também não pode trocar de parentes, não pode
nepotismo cruzado. A união concede um cargo comissionado para um primo do governador, e o governador
para um irmão do presidente. Redesignações recíprocas é o nepotismo cruzado, o que é vedado.
JÁ CAIU EM PROVA:
IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil O acordo de designações reciprocas, a despeito
de ser prática socialmente reprovada, não chega a constituir violação aos princípios da
moralidade, impessoalidade, eficiência e isonomia. [ERRADO]
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
● Art. 5º, LX (processos que correm em sigilo). Em processos tanto judiciais quanto administrativos. Ex.
processo administrativo no âmbito do CRM sobre erro médico de determinado médico. Só publica
quando se tem o resultado.
Frise-se que a Lei nº 12. 527/11 (Lei de Acesso à informação) prevê a possibilidade de restrição ao
fornecimento de informações, se imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado.
Por fim, com fundamento no princípio da publicidade, o STF decidiu ser legítima a possibilidade de
divulgação de vencimentos dos servidores públicos com relação nominal. Veja:
STF (Info 782): É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela
Administração Pública, dos nomes de seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias. A divulgação dos
vencimentos dos servidores, a ser realizada oficialmente, constitui informação de
interesse público que não viola a intimidade e a segurança deles, uma vez que esses
dados dizem respeito a agentes públicos em exercício nessa qualidade.
JÁ CAIU EM PROVA:
NUCEPE - 2018 - PC-PI - Agente de Polícia Civil
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administrativos com conteúdo impessoal e que visam alcançar não a satisfação de interesses
pessoais ou privados, mas estejam sempre voltados ao alcance coletivo:
R.: Princípios da publicidade e eficiência. A questão veicula o conhecimento público do ato
(publicidade) e atos com conteúdo impessoal (impessoalidade).
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
O princípio da eficiência foi inserido pela EC 19/98 para substituir a Administração Pública burocrática
pela Administração Pública Gerencial, tendo em vista a necessidade de efetivação célere das finalidades
públicas elencadas no ordenamento jurídico.
Nesse sentido, o princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com
presteza, perfeição e rendimento funcional, sua aplicação orienta e serve de fundamento para a construção
de uma concepção de Administração Pública Gerencial.
A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio implícito e
já existia de forma expressa no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público. Esse art. 6º traz o conceito
de serviço adequado, exigindo a eficiência. Vejamos:
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JÁ CAIU EM PROVA:
(VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) - A razoável duração do processo e o emprego
de meios que assegurem a celeridade na sua tramitação são assegurados, a todos, no âmbito
administrativo e revelam direito fundamental que tem por conteúdo os princípios da isonomia
e eficiência. [CERTO]
- avaliação especial de desempenho - art. 41, §4º, “como condição para aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para esse fim”.
- avaliação periódica de desempenho - art. 41, III, da CF “mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de
lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites
estabelecidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
109, de 2021)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante
o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão
e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes
para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida
neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou
unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
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A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do
homem médio. Ela proíbe os excessos, as condutas insensatas. O administrador tem que agir com bom senso,
com equilíbrio.
Para os administrativistas, o princípio da proporcionalidade está embutido no princípio da
razoabilidade, pois prevalece a tese de fungibilidade dos princípios.
Obs.: não se esqueça que estamos diante de um princípio implícito, ok?
Subdivide-se em 03 subprincípios:
i. Adequação ou idoneidade - o ato estatal deverá contribuir para a realização do resultado
pretendido.
ii. Necessidade ou exigibilidade - caso existam duas medidas adequadas para alcançar o fim
perseguido, o Poder Público deve adotar a medida menos gravosa aos direitos fundamentais.
iii. Proporcionalidade em sentido estrito - é a ponderação, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
atuação estatal e o benefício por ela produzido, razão pela qual a restrição ao direito fundamental
deve ser justificada pela importância do princípio ou direito.
ATENÇÃO!
O princípio da proporcionalidade é, ainda, um limite à discricionariedade do legislador, que,
muitas vezes, ultrapassa uma linha tênue e se torna arbitrariedade (a qual é vedada no
ordenamento jurídico brasileiro). Assim, mesmo que se trate de um ato administrativo
discricionário, se tal ato não obedecer ao princípio da proporcionalidade/razoabilidade, será
possível a interferência do Poder Judiciário sem que isso acarrete violação à Separação de Poderes. Isso
porque tais princípios, embora implícitos, são princípios constitucionais que decorrem do devido processo
legal. Nesse caso, o Poder Judiciário realiza o controle de legalidade em sentido amplo, isto é, o controle
do ato em relação a leis infraconstitucionais e à própria CF. Por esse motivo a doutrina trata desses
princípios como limitadores da liberdade e discricionariedade do administrador.
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9.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado (Princípio da Finalidade Pública)
i. Interesse público primário: Necessidade de satisfação das necessidades coletivas. É o interesse com
as necessidades sociais;
ii. Interesse público secundário: É o interesse do próprio Estado, enquanto sujeito de direitos e
obrigações, ligando-se à noção de interesse do erário. É o interesse do Estado com si próprio, como
pessoa jurídica de direito público que é.
Assim, pelo princípio, há uma primazia de soluções e decisões que atendam ao interesse coletivo, em
detrimento do interesse de um único indivíduo ou grupo seleto de indivíduos.
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Súmula 346 STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.
Súmula 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
JÁ CAIU EM PROVA
A autotutela caracteriza-se por permitir que a Administração Pública reveja seus próprios atos,
revogando-os por motivo de interesse público (oportunidade e conveniência), assim como
anulando os atos inquinados pela ilicitude. [CERTO]
A Administração Pública pode revogar seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou anulá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial. [CERTO]
Autotutela Autoexecutoriedade:
Designa o poder-dever de corrigir ilegalidades e de Prerrogativa de imposição da vontade
garantir o interesse público dos atos editados pela administrativa, independente de recurso ao Poder
própria Administração; Judiciário.
A Administração Pública deve observar algum requisito quando for anular atos ilegais?
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1) O STF possui entendimento no sentido de que, a despeito deste poder-dever de anular os atos ilegais,
se a invalidação do ato administrativo repercutir no campo de interesses individuais, faz-se necessária a
instauração de processo administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa
(Informativo 763 do STF).
2) Além disso, o art. 54 da lei 9.784/99 estipula que o direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários decai em 5 anos, contados da data
em que foram praticados, salvo comprovada má fé. Trata-se, portanto, de um limite temporal para o
exercício da autotutela.
Obs.: Ressalta-se que, em princípio, a Lei nº 9.784/99 deveria regular apenas e unicamente o processo
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos
Estados e dos Municípios deve ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes,
em virtude da autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios. No entanto, o STJ
entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão de prazo decadencial para
a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o art. 54 da Lei nº 9.784/99.
Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. O entendimento acima
resultou na edição da Súmula 633 do STJ.
Ademais, o prazo decadencial do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado
afronta diretamente a Constituição Federal. Veja:
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JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador
O princípio pelo qual a Administração Pública exerce controle sobre seus próprios atos, tendo a
possibilidade de anular os ilegais e de revogar os inoportunos, denomina-se:
A atuação administrativa, buscando atender da melhor forma o interesse público, preconiza que a
atividade do Estado deve ser prestada de forma contínua, ou seja, sem interrupções, motivo pelo qual o
princípio da continuidade veda a interrupção na prestação dos serviços públicos.
Está expressamente previsto no art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/95 (Lei de Serviços Públicos), e seu
fundamento reside no fato de a prestação de serviços públicos ser um dever constitucionalmente
estabelecido (art. 175 da CF/88), localizando-se, portanto, acima da vontade da Administração Pública, que
não tem escolha entre realizar ou não a prestação.
CF, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Entretanto, o art. 6º, § 3º, da Lei n. 8.987/95, de acordo com o entendimento doutrinário majoritário
e da jurisprudência do STJ, autoriza o corte no fornecimento do serviço, após prévio aviso, nos casos de:
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Obs.: A interrupção por inadimplemento do usuário não pode paralisar serviços essenciais, como, por
exemplo, corte de energia elétrica do hospital público/iluminação pública. Nos chamados “serviços
essenciais”, mantém-se o serviço e prossegue com a cobrança paralelamente.
a) o direito de greve dos servidores públicos será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica (art. 37, VII, da CF). Lembre-se que o policial civil não pode fazer greve!!!
Policias civis são proibidos de fazer greve. O exercício do direito de greve, sob
qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. STF. Plenário. ARE
654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que
conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e limites
da medida
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c) ocupação provisória de bens, pessoal e serviços para garantia de serviços essenciais (art. 58, V, da
Lei n. 8.666/93);
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei
confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis,
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como
na hipótese de rescisão do contrato administrativo.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a
continuidade e atualidade do serviço concedido.
Impõe à Administração Pública o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n. 9.784/99).
SEMANA 05/12
Assim, a validade do ato administrativo está condicionada à apresentação por escrito dos
fundamentos fáticos e jurídicos justificadores da decisão adotada.
Trata-se de um mecanismo de controle sobre a legalidade e legitimidade das decisões da
Administração Pública
Está previsto no art. 93, X, da CF/88 e no art. 50 da Lei 9.784/99.
CF, Art. 93, XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores,
poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte
e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais
delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por
antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato
administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique
direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões
orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.
Apesar de haver divergência, a corrente majoritária defende que a motivação é obrigatória tanto nos
atos vinculados quanto nos atos discricionários.
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Observações importantes:
● Motivação aliunde ou per relationem – é aquela indicada fora do ato, consistente em concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas. Ou seja, a
motivação aliunde corre todas as vezes que a motivação de um determinado ato remete à motivação
de ato anterior que embasa sua edição
Ex.: parecer opina pela possibilidade de prática de ato de demissão de servidor, ao demitir o servidor, a
autoridade não precisa repetir os fundamentos explicitados pelo parecer, bastando, na fundamentação do
ato de demissão, declarar a concordância com os argumentos expedidos no ato opinativo
Por força do princípio do contraditório, as decisões administrativas devem ser tomadas considerando
a manifestação dos interessados. Para isso, é necessário dar oportunidade para que os afetados pela decisão
sejam ouvidos antes do resultado final do processo.
O princípio da ampla defesa assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, a
utilização dos meios de prova, dos recursos e dos instrumentos necessários para defesa de seus interesses
perante o Judiciário e a Administração.
Art. 5º, LV, CF.: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes.
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Ao garantir o direito à ampla defesa “com os meios e recursos a ela inerentes”, o art. 5º, LV, da
Constituição Federal incluiu, no bojo do dispositivo, o princípio do duplo grau, verdadeiro desdobramento da
ampla defesa.
Sobre os princípios do contraditório e da ampla defesa, foi editada a Súmula Vinculante 3 do STF:
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A noção de proteção da confiança legítima aparece como uma reação à utilização abusiva de normas
jurídicas ou atos administrativos que surpreendam bruscamente o seu destinatário. Um exemplo de
aplicação do princípio da legítima confiança diz respeito à impossibilidade de devolução de valores recebidos
de boa-fé por servidores públicos, em virtude de errônea interpretação de lei pela Administração:
STJ (Info 579): Os herdeiros devem restituir os proventos que, por erro operacional
da Administração Pública, continuaram sendo depositados em conta de servidor
público após o seu falecimento. Não se analisa aqui se o herdeiro estava ou não de
boa-fé. O herdeiro é obrigado a devolver porque ele não tem qualquer razão
jurídica para ficar com aquele dinheiro em prejuízo da Administração Pública. Não
havia nenhuma relação jurídica entre o herdeiro e o Estado. O fundamento aqui é
o princípio que veda o enriquecimento sem causa (art. 884 do CC).
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O princípio da intranscendência subjetiva significa que não podem ser impostas sanções e restrições
que superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as
causadoras do ato ilícito
Na jurisprudência do STF encontramos dois exemplos de aplicação desse princípio em casos
envolvendo inscrição de Estados e Municípios nos cadastros de inadimplentes da União:
● 2ª acepção: quando a irregularidade foi praticada por uma entidade do Estado/Município ou pelos
outros Poderes que não o Executivo
Além do caso acima explicado, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções pode ser
aplicado também nas situações em que uma entidade estadual/municipal (ex: uma autarquia) descumpriu
as regras do convênio e a União inscreve não apenas essa entidade, como também o próprio ente
(Estado/Município) nos cadastros restritivos.
Nesse sentido: (...) O postulado da intranscendência impede que sanções e restrições de ordem
jurídica superem a dimensão estritamente pessoal do infrator. Em virtude desse princípio, as limitações
jurídicas que derivam da inscrição, em cadastros públicos de inadimplentes, das autarquias, das empresas
governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os Estados-membros, projetando, sobre
estes, consequências jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-
se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração descentralizada – só a estes pode
afetar.
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Referências bibliográficas:
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QUESTÕES PROPOSTAS
1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
Os agentes de polícia do estado de Alagoas, no exercício de sua função, devem comedir a aplicação do uso
de força em suas abordagens e ações, buscando agir de maneira adequada, sem extrapolar os limites legais
impostos ao exercício do poder que lhes é conferido. Acerca do uso e do abuso de poder, julgue o item que
se segue.
Quando há convalidação da conduta abusiva na esfera administrativa, é exercido o poder de autotutela, em
que a própria administração pode reavaliar o mérito do ato administrativo.
Certo
Errado
4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal
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Certo
Errado
A-Legalidade.
B-Impessoalidade.
C-Moralidade.
D-Supremacia do Interesse Público.
E-Eficiência.
A-Princípio da Legalidade.
B-Princípio da Autotutela.
C-Princípio da Motivação dos Atos Administrativos.
D-Princípio da Continuidade Administrativa.
E-Princípio da Moralidade Administrativa.
7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O Estado de Direito pode ser conceituado como uma pessoa jurídica política, juridicamente organizada e
obediente às suas próprias leis. A respeito do conceito de Estado, elementos, poderes e organização, é
correto afirmar que
A-o Estado, segundo grande parte da doutrina, é composto de três elementos originários e indissociáveis,
quais sejam: o povo, a legislação interna e o governo soberano.
B-o Estado, para se organizar, divide-se em três elementos estruturais, ou organizacionais, que são chamados
Poderes, ou Funções, por alguns doutrinadores, sendo eles: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder
Econômico.
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C-o Poder Legislativo exerce como função típica a aplicação coativa da lei ao caso específico, estabelecendo
regras concretas, sem produzir regras primárias no mundo jurídico.
D-a administração pública direta é exercida por meio das autarquias, fundações públicas, empresas estatais
e sociedades de economia mista.
E-a tripartição dos Poderes do Estado não gera absoluta divisão de poderes, mas sim distribuição de três
funções estatais precípuas, uma vez que o poder estatal é uno e indivisível.
8 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal
Acerca da organização da administração pública brasileira, julgue o item subsequente.
Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Brasil, somente é administração pública aquilo
determinado como tal pelo ordenamento jurídico brasileiro, independentemente da atividade exercida.
Assim, a administração pública é composta exclusivamente pelos órgãos integrantes da administração direta
e pelas entidades da administração indireta.
Certo
Errado
9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Acerca da administração direta e indireta, julgue o item que segue.
Decorrem do princípio da reserva legal a exigência de que as entidades da administração indireta sejam
criadas ou autorizadas por leis específicas e a de que, no caso das fundações, leis complementares definam
suas áreas de atuação.
Certo
Errado
10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Um servidor público federal determinou a nomeação de seu irmão para ocupar cargo de confiança no
órgão público onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu
parecer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
O princípio da autotutela permite que o Poder Judiciário intervenha para apreciar atos administrativos que
estejam supostamente eivados de ilegalidades.
Certo
Errado
SEMANA 05/12
A razoável duração do processo e o emprego de meios que assegurem a celeridade na sua tramitação são
assegurados, a todos, no âmbito administrativo e revelam direito fundamental que tem por conteúdo os
princípios da
A-eficiência.
B-legalidade.
C-impessoalidade.
D-segurança jurídica.
E-continuidade do serviço público.
A-moralidade e publicidade.
B-legalidade e impessoalidade.
C-publicidade e impessoalidade.
D-impessoalidade e eficiência.
E-moralidade e legalidade .
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congelamento foi para inviabilizar a nova administração, e assim reduzir as receitas. Diante desta situação,
pode-se dizer que Marcos feriu, precipuamente, o princípio administrativo:
A-Da legalidade.
B-Da publicidade.
C-Da eficiência.
D-Da moralidade.
E-Da continuidade.
A-finalidade, que impõe aos agentes da Administração o dever de manejar suas competências obedecendo
rigorosamente à finalidade de cada qual.
B-supremacia do interesse público sobre o interesse privado, que é princípio geral de direito inerente a
qualquer sociedade.
C-razoabilidade, pelo qual o Administrador, na atuação discricionária, terá de obedecer a critérios aceitáveis
do ponto de vista racional, com o senso normal.
D-proporcionalidade, já que a Administração não deve tomar medidas supérfluas, excessivas e que passem
do estritamente necessário à satisfação do interesse público.
E-motivação, porque a Administração deve, no mínimo, esclarecer aos cidadãos aos razões pelas quais foram
tomadas as decisões.
17 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde
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De acordo com o que preceitua o art. 37, “caput” da Constituição Federal de 1988, a administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá a princípios. A partir dos princípios enumerados no artigo supramencionado, é correto afirmar
que:
A-Ainda que sua existência autônoma seja questionada por alguns autores, pode-se entender que, pelo
princípio da eficiência, a Administração Pública deve atender não só à lei, mas à própria moral comum, aos
bons costumes, às regras de boa administração, aos princípios de justiça e equidade, à ideia comum de
honestidade.
B-Segundo Di Pietro, o princípio da publicidade pode permitir duas interpretações, uma vez que tanto deve
ser observado em relação aos administrados (relacionado com a finalidade pública) como a própria
Administração Pública (atos e provimentos administrativos não são imputáveis aos funcionários que os
praticam).
C-Tanto o modo de atuação do agente público quanto o modo de organizar, estruturar e disciplinar a
Administração Pública, a fim de alcançar os melhores resultados, são aspectos a serem considerados na
definição do princípio da eficiência.
D-O princípio da impessoalidade significa que a Administração Pública, em toda a sua atividade, está atrelada
aos mandamentos legais, deles não se podendo afastar. A Administração Pública só pode fazer o que a lei
permite.
E-Pelo princípio da legalidade, é exigida a ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública
direta e indireta, ressalvadas as hipóteses legais de sigilo.
18 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
O preenchimento de cargos públicos mediante concurso público, por privilegiar a isonomia entre os
concorrentes, constitui expressão do princípio constitucional fundamental
A-federativo.
B-da eficiência.
C-da separação de poderes.
D-do valor social do trabalho.
E-republicano.
19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A conduta do agente público que busca o melhor desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor
resultado, atende ao princípio da
A-eficiência.
B-legalidade.
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C-impessoalidade.
D-moralidade.
E-publicidade.
A-Moralidade.
B-Publicidade.
C-Eficácia.
D-Legitimidade.
E-Impessoalidade.
Respostas2
2 1: E 2: D 3: A 4: E 5: C 6: B 7: E 8: C 9: C 10: E 11: C 12: C 13: C 14: D 15: A 16: B 17: C 18: E 19: A 20: E
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CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174
CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88
Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
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⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86
Conforme leciona Hely Lopes Meirelles, a Administração "é o instrumental de que dispõe o
Estado para pôr em prática as opções do Governo". Dessa forma, deve-se interpretar que a
Administração é, apenas, a ferramenta disponibilizada ao Estado para buscar a satisfação dos interesses
essenciais e secundários da coletividade.
Temos, portanto, as pessoas políticas ou entes políticos que são a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, que são entes da federação previstos na Constituição (pessoas jurídicas de direito público) e as
pessoas administrativas ou entes administrativos, que são pessoas criadas por lei ou por autorização legal
editada por ente político, para o desempenho de função administrativa ou exploração de atividade
econômica (sociedades de economia mista e empresas públicas).
Os entes administrativos surgiram para suprir uma necessidade técnica. Constatou-se que aglutinar
todas as competências não produzia os melhores resultados, face aos intermináveis corredores da burocracia
administrativa, que necessitaria ser cada vez mais vascularizada, com um número maior de órgãos públicos.
Optou-se pela adoção da técnica da descentralização administrativa, criando outras pessoas jurídicas com
autonomia, mas submetidas a controle pelo ente político com a finalidade de desempenhar uma
determinada atividade pública.
• Planejamento
• Coordenação
• Descentralização Administrativa
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• Delegação de competência
• Controle: Exercido em todos os níveis e órgãos do governo
3. DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO
É importante relembrar que Administração Pública é uma expressão plurissignificativa. Possui dois
sentidos: Subjetivo, formal ou orgânico e Objetivo, material ou funcional.
Assim, o exercício das atividades administrativas pode se dar tanto de forma centralizada quanto de
forma descentralizada.
a) Desconcentração administrativa:
Na desconcentração, o que o Estado faz é distribuir, dentro da sua estrutura, as atividades estatais.
Há uma especialização de funções dentro da mesma pessoa jurídica.
Haverá a criação dos órgãos públicos, sem que haja a criação de uma nova pessoa jurídica, pois se
trata de mera divisão interna.
Cada órgão tem sua atribuição específica, para garantir eficiência. Ex.: Ministério da Saúde, Secretaria
Estadual de Segurança Pública (não são pessoas jurídicas, mas sim órgãos criados a partir de um
procedimento de desconcentração). Portanto, tenha em mente que a desconcentração dá origem aos órgãos
públicos.
Características da desconcentração que é preciso saber:
• Consiste na distribuição de competência dentro da MESMA PESSOA JURÍDICA – criam centros
de competência dentro da mesma pessoa jurídica;
• A desconcentração administrativa pode ocorrer na Administração Direta quanto na
Administração Indireta (uma autarquia pode desconcentrar parte de sua atribuição através de
criação de órgãos)
• Baseia-se na hierarquia (subordinação)
• A DESCONCENTRAÇÃO DECORRE DO PODER HIERÁRQUICO.
• Criação de órgãos da mesma pessoa jurídica.
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b) Descentralização administrativa:
Na descentralização, o Estado vai transferir a execução da atividade para outra pessoa , seja física ou
jurídica, integrante ou não da Administração.
O Estado pode criar a pessoa jurídica para transferir a atividade (administração indireta) ou pode
realizar um contrato de concessão (com pessoa jurídica já existente) ou permissão de serviço público (com
pessoa jurídica ou pessoa física). Em outras palavras: Enquanto a desconcentração ocorre dentro de apenas
1 pessoa jurídica, na descentralização há mais de uma pessoa envolvida.
Características da Descentralização:
• Deslocamento do exercício da atividade administrativa para uma nova pessoa (física ou jurídica);
• NÃO existe hierarquia, mas há controle e fiscalização através de uma relação de vinculaçã (sem
subordinação).
• Transferência para pessoa da Administração indireta ou particulares.
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Descentralização
Por meio de
Transfere a Transfere Transfere só
Negócio Jurídico
titularidade Execução execução
ou lei
Territorial
Já caiu em prova:
(FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Há um controle pela Administração Direta, nas entidades
da Administração Indireta , denominado controle hierárquico. [errado]
Vamos esquematizar?
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
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Já caiu em prova:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Dentro da organização da Administração Pública,
pode-se conceituar o processo de desconcentração como a distribuição de competências entre
órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o mais adequado e racional
desempenho das atividades estatais. [certo]
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Dentro da organização da Administração Pública,
pode-se conceituar o processo de desconcentração como a transferência de poderes e
atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo criador [errado]
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4. ÓRGÃOS PÚBLICOS
Art. 1º, §2º, I da Lei 9.784/99 - Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e
da estrutura da Administração indireta.
4) Órgãos não possuem personalidade jurídica própria - Isso significa que, em regra, eles não podem
ser sujeitos de direitos ou de obrigações. Ex.: morte ocorrida dentro de escola pública municipal –
responsabilidade do ente federativo Município. A escola e a prefeitura são órgãos públicos e,
portanto, não são sujeitos de obrigações.
Já caiu em prova:
(IBADE - 2017 - PC-AC – Escrivão) O órgão público é desprovido de personalidade jurídica. Assim,
eventual prejuízo causado pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao
Estado do Acre.
(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) O órgão público representa juridicamente a entidade a que
pertence perante terceiros. [errado]
ACAFE - 2008 - PC-SC – Escrivão) O órgão público é dotado de personalidade jurídica e, assim,
apresenta-se como sujeito de direitos e obrigações perante o ordenamento jurídico. [ERRADO]
5) Órgãos não possuem capacidade processual – por não possuírem personalidade jurídica própria,
órgãos não podem figurar em polo processual.
Exceções:
1) Se houver previsão legal – Ex.: órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III,
CDC).
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CDC:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código;
2) Em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade
processual para a defesa das prerrogativas e competências, para defesa de atribuições
institucionais. Ex: Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde
que:
2.1. Sejam órgãos de cúpula de hierarquia administrativa;
2.2. Na defesa de suas prerrogativas institucionais.
7) Não celebram contrato - O órgão, no entanto, realiza licitação, gestão e exercício do contrato, mas
quem celebra é o ente personalizado.
EXCEÇÃO:
Órgãos públicos podem celebrar o contrato de gestão/de desempenho para aumentar a
sua autonomia - Embora os órgãos públicos não possam celebrar contratos por não
possuírem personalidade jurídica e, consequentemente, capacidade contratual, o art. 37, §8º
da CF/88 admite a celebração de contrato de gestão ou “contrato de desempenho” (antes
também denominado como “contrato de autonomia”) entre órgãos públicos e
administradores ou entes federativos, que tem como objetivo AMPLIAR a autonomia
gerencial orçamentária e financeira dos órgãos, que deverão, em contrapartida, cumprir
determinadas metas de desempenho.
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O contrato de desempenho foi disciplinado em 2019 pela Lei 13.934/19! Por ser novidade legislativa,
vale a pena a leitura rápida.
ATENÇÃO: Em regra, os órgãos, por NÃO terem personalidade jurídica, NÃO têm capacidade
processual, SALVO nas hipóteses:
3) Previsão legal – Ex.: órgão público na defesa dos consumidores (art. 82, inc. III, CDC).
4) Em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o que lhes conferem capacidade processual
para a defesa das prerrogativas e competências, para defesa de atribuições institucionais. Ex:
Órgãos independentes e autônomos podem figurar em juízo, desde que:
2.3. Sejam órgãos de cúpula de hierarquia administrativa;
2.4. Na defesa de suas prerrogativas institucionais.
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1) Teoria do Mantado
2) Teoria da Representação
3) Teoria do órgão (da imputação volitiva)
A regra é que os órgãos públicos sejam criados e extintos por lei ordinária.
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E, em regra, a lei será de iniciativa do chefe do Executivo. Essa exigência aparece na CF em alguns
momentos:
⦁ art. 61 § 1º, II, "e"
⦁ art. 84, VI, "a"
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro
ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos
previstos nesta Constituição.
II - disponham sobre:
Já caiu em prova:
(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) A criação de órgão da Administração Pública depende da
iniciativa do agente público investido na função de chefia do mesmo. [errado]
Iniciativa do Congresso Nacional (fora das hipóteses previstas para o Chefe do Executivo) – art. 48,
XI, CF/88.
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Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não
exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias
de competência da União, especialmente sobre:
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Para a criação de órgãos no Poder Judiciário, a iniciativa será do presidente do próprio TJ - art. 96, II,
“c” e “d”, CF/88.
No âmbito do MP, a iniciativa para a criação de órgãos será do chefe da instituição (PGJ ou PGR) –
art. 127, §2º.
R.: Parte da doutrina (Carvalho Filho, Rafael Oliveira, Fernando Barbalho) entende que a CF/88
admite, excepcionalmente, no âmbito do Senado Federal e Câmara dos Deputados (art. 51, IV, e art. 52,
XIII, da CF), que a própria casa disponha sobre a sua organização administrativa, como a criação de órgãos.
Em outras palavras: a criação de órgãos dentro da Câmara dos Deputados e do Senado Federal pode ser
feita mediante resolução das respectivas casas, não se exigindo a sanção presidencial, pois não se trata de
lei.
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1) Quanto à hierarquia:
a) Independentes: NÃO estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro órgão, se sujeitando
apenas ao controle dos poderes estruturais do Estado (Sistema de Freios e contrapesos). Ex:
Presidência da República, Congresso Nacional, STF, etc. – Têm origem na CF.
a) Autônomos: Órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes. São órgãos diretivos
que desempenham funções de coordenação, planejamento, supervisão e controle. Possuem
autonomia administrativa e financeira (não possuem autonomia política!). Ex: Ministério da Fazenda,
Secretaria do Estado, AGU, etc.
c) Subalternos: Órgão com reduzido poder de decisão, destinado à mera execução de atividades
administrativas. Ex.: zeladoria, almoxarifado, etc.
b) Colegiado (ou pluripessoais): A tomada de decisão é feita de forma coletiva. Ex.: casas
legislativas. Ex.: STF.
3) Quanto à estrutura
a) Simples/unitário - Atuam sozinhos (um único centro de competência), sem subdivisões em seu
interior. Ex.: Gabinete
b) Composto – Há mais de um órgão atuando em sua estrutura. Ex.: Congresso Nacional é formado
pela Câmara dos Deputados e Senado Federal.
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4) Quanto às funções
a) Ativos – responsáveis pela execução de atividades administrativas.
b) Consultivos – exercem função de assessoramento.
c) De controle – exercem função de fiscalização.
Resumindo:
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Já caiu em prova:
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) É correto afirmar que os órgãos públicos
A) superiores são os de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação e ao controle
hierárquico de uma chefia. Eles gozam de autonomia administrativa e financeira.
B) autônomos são originários da Constituição e representativos dos três poderes do Estado, sem
qualquer subordinação hierárquica ou funcional.
C) burocráticos são aqueles que estão a cargo de uma só pessoa física ou de várias pessoas
ordenadas verticalmente [CERTO]
D) subalternos são órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação e ao
controle hierárquico de uma chefia.
E) autônomos não gozam de autonomia administrativa nem financeira.
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5.DESCENTRALIZAÇÃO
Espécies:
a) Descentralização política
b) Descentralização Administrativa
Obs.: Controle Finalístico (= vinculação/ tutela administrativa/ supervisão ministerial): É o controle pela
administração direta à pessoa política a qual é vinculada a Administração indireta.
6. ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
6.1. Características
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CF, Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação.
⦁ Não precisa ser lei específica. A própria lei que institui a entidade pode autorizar.
⦁ Princípio da especialidade – a lei deve ser minuciosa, trazendo todas as áreas de atuação da
entidade de forma específica, por consequência, a criação de entidade de atuação geral se dissocia
de tal princípio, contrariando as razões de sua própria existência. Já a organização pode ser feita
através de ato administrativo.
NA JURISPRUDÊNCIA:
É desnecessária a autorização legislativa expressa para a criação de subsidiárias
quando houver autorização legislativa da criação de empresa pública ou sociedade
de economia mista e nesta constar permissão genérica da possibilidade de criação
de subsidiárias. Assim, não se exige lei específica para autorizar a criação de
subsidiária.
Com base no paralelismo das formas, como não é exigida lei específica para criar a
subsidiária, também não é necessária lei específica para alienar o seu controle
acionário.
Como não se exige lei específica para criar, também não se exige lei específica para
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“vender”.
STF. Plenário. ADPF 794/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/5/2021.
(Adaptada)
Já Caiu Em Prova:
CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia (adaptada)
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue
o item seguinte: a vedação de constituição de empresa pública com finalidade genérica está em
consonância com o princípio da especialidade (correta).
6.2.1 Autarquias
a) Conceito:
São pessoas jurídicas de direito público que desenvolvem atividades típicas, próprias do Estado (ou
seja: atividades que só podem ser desempenhadas por pessoas jurídicas de direito público).
Possuem regime muito semelhante aos dos entes da Administração Direta. Como exemplos de
autarquia, podemos enumerar: INSS, INCRA, conselhos de classe, UF, IBAMA, BANCO CENTRAL, autarquias
territoriais, agências reguladoras, associações públicas de regime público (lei 11.107/05).
b) Características principais
⦁ NÃO possuem autonomia política, mas possuem autonomia financeira e de autorregulação
⦁ Possuem regime jurídico de Direito Público
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⦁ São criadas por lei específica (competência do chefe do Poder Executivo) através da
descentralização por outorga ou descentralização legal. (art. 37, XIX da CF)
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Súmula 620 STF: As entidades autárquicas NÃO gozam do reexame necessário => A
jurisprudência AFASTA essa súmula, de modo que gozam do duplo grau
obrigatório.
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Art. 1º da Lei 8666 - Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
c) Responsabilidade Civil:
As autarquias possuem responsabilidade civil objetiva, com fundamento na Teoria do Risco
Administrativo (art. 37, §6º, CF/88)
d) Regime Jurídico
• Regime estatutário – ar. 39 da CF/88
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administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN
nº 2.135-4)
CONCLUSÃO: regime deve ser estatutário, SALVO contratações celetistas antes da decisão do STF e
após a reforma administrativa.
NÃO se admite o ingresso de servidores celetistas para a prestação dos serviços nos entes da
administração direta, autárquica e fundacional, pois são regidos pela Lei 8.112/90.
f) Espécies de autarquias:
1. Autarquias profissionais: Conselhos Profissionais são autarquias que exercem atividade
tipicamente pública de fiscalização do exercício profissional. (É muito importante a leitura da
jurisprudência destacada abaixo!)
2. Autarquias Territoriais: Art. 33 CF/88. É a manifestação da descentralização política a criação
de territórios, e por isso NÃO ostentam no Brasil a qualidade de entes da Administração
indireta.
3. Autarquias em regime especial: agências reguladoras
4. Autarquias culturais: Universidades Públicas. Possuem:
➢ Autonomia Pedagógica;
➢ Escolha do Reitor pelos docentes/ discentes;
➢ Mandato certo dos dirigentes.
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Obs.: Parte da doutrina ainda menciona AS AGÊNCIAS EXECUTIVAS e ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS como
formas de autarquia:
• Agências executivas – são as autarquias e fundações públicas que celebram contrato de gestão
com o intuito de melhorar sua eficiência e reduzir custos (art. 51 e 52 da Lei 9649/98)
• Associações públicas – os consórcios públicos (art. 241, CF/88), quando se constituem na forma
de pessoa jurídica de direito público, assumem forma de Associação Pública (autarquia
integrante da Administração Indireta dos entes federativos consorciados).
Consórcio público de direito público - assume a forma de ASSOCIAÇÃO PÚBLICA, adquirindo a personalidade
jurídica com a subscrição de protocolo de intenções. Nesta hipótese, ele integra a Administração Pública
Indireta de todos os entes da federação que formam o consórcio.
Consórcio público de direito privado - terá a forma de ASSOCIAÇÃO CIVIL e será regido pelas normas do
Direito Privado. Sua constituição depende, portanto, da inscrição do ato constitutivo no registro civil de
pessoas jurídicas.
Já Caiu Em Prova:
FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) As autarquias são criadas por lei com personalidade jurídica
de direito público, não por destinação para o exercício de atividade econômica, mas sim de
atividades típicas da administração pública. [certo]
(NUCEPE - 2018 - PC-PI – Agente) Por fazer parte da administração direta, a autarquia se
subordina ao ente que a instituir. [ERRADO]
FEPESE - 2017 - PC-SC – Escrivão) A respeito das entidades integrantes da administração pública
indireta, as pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei, sem caráter econômico, para
desempenho de funções próprias e típicas de Estado, são denominadas autarquias. [certo]
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Como pessoa jurídica de direito público, a autarquia realiza
atividades típicas da administração pública. [certo]
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FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão)As autarquias são pessoas jurídicas de direito público
equiparadas à Fazenda Pública. Diante dessa consideração, pode-se afirmar que:
A) seus bens podem ser usucapidos na forma do art. 183, § 3º da CRFB/1988 e do parágrafo
único do art. 191.
B) não podem atuar em área cultural visto que tais atividades são reservadas às fundações
públicas de direito público.
C) exercem atividade econômica e seus lucros devem ser reinvestidos em suas atividades-fim.
D) a imunidade tributária de que gozam abrange também as taxas e contribuições de melhorias.
E) exercem atividade tipicamente de Estado, gozando das mesmas prerrogativas do ente que as
criou. [certo]
CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-DF) Uma autarquia é uma pessoa jurídica de direito público criada
somente mediante lei específica, que, embora não tenha subordinação hierárquica com a
entidade que a criar, submeter-se-á, na órbita federal, a supervisão ministerial. [CERTO]
a) Origem: De inspiração norte-americana, foram instituídas no Brasil a partir da década de 90, para
estabelecer novo modelo regulatório brasileiro.
b) Definição: São autarquias com regime jurídico especial, dotadas de autonomia reforçada em relação
ao ente central, com base em dois fundamentos:
1) Despolitização (desgovernamentalização) – busca retirar do âmbito político e conferir um
tratamento ao setor regulado (o que acarreta, consequentemente, maior segurança jurídica).
2) Necessidade de celeridade na regulação de determinadas atividades técnicas –
Teoricamente, a agência reguladora, quando baixa normas para o setor, teria maior velocidade
para se adaptar à realidade econômica e tecnológica do setor, o que muda rapidamente. Ex. A
evolução do celular se deu em um curto espaço de tempo.
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d) Características:
✓ AUTONOMIA ADMINISTRATIVA:
∘ Nomeação diferenciada dos dirigentes – Nomeados pelo Presidente da República após
aprovação prévia do Senado para cumprir mandato certo (demais autarquias: demissíveis
ad nutum e comissionados);
Obs.1: Não é possível exigir a aprovação prévia do Senado para a exoneração dos
dirigentes
Obs.2: Não se submetem à exoneração ad nutum.
Obs.: Antes da Lei 13.848/2019, que alterou a redação do art. 6º da Lei 9986, o mandato dos
dirigentes não poderia ultrapassar o mandato do presidente. Com a novel lei, o mandato
passou a ter prazo certo de 5 anos, não coincidindo mais com mandato presidencial,
justamente para conferir mais autonomia técnica à agência.
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✓ AUTONOMIA DECISÓRIA:
∘ Impossibilidade de manejar recurso hierárquico impróprio: O objetivo é assegurar que
a decisão final na esfera administrativa seja da autarquia regulatória, em razão da sua
autonomia decisória. Ressalta-se que a impossibilidade de manejar recurso hierárquico
impróprio não afasta a apreciação pelo Poder Judiciário.
✓ AUTONOMIA FINANCEIRA:
∘ Possuem recursos próprios e recebem dotações orçamentárias:
∘ Recursos próprios - Podem instituir as taxas regulatórias
∘ Recebimento de dotações orçamentárias - enviam proposta orçamentária ao Ministério
ao qual estão vinculada, para receber recursos que serão geridos pela própria agência
reguladora.
a) Conceito
Agência executiva é uma autarquia ou fundação que recebeu esta qualificação por ter celebrado
um contrato de gestão ou de desempenho com a Administração Pública (art. 37, §8º da CF) e por possuir
um plano de reestruturação (art. 51 da Lei nº 9.649/98).
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b) Requisitos:
• Autarquia ou fundação ter plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento em andamento;
• Celebração de contrato de gestão (ou contrato de desempenho) com Ministério Supervisor com
periodicidade mínima de 01 ano.
c) Características
✓ Gozam de dispensa de licitação para celebração de contrato em até 20% da modalidade convite.
✓ Pode ter natureza de autarquia ou de fundação pública.
✓ É uma autarquia ou fundação que temporariamente será agência executiva, enquanto durar o
contrato de gestão. É apenas um status temporário. Não se pode falar em conversão, mas mera
qualificação (José dos Santos).
✓ Busca mais eficiência e redução de custos.
a) Definição:
Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo elemento essencial é a utilização do
patrimônio para a satisfação de objetivos sociais, definidos pelo instituidor.
Em outras palavras: a fundação é um patrimônio afetado (destinado) à realização de um fim,
possuindo, por essa razão, personalidade jurídica própria distinta de seu instituidor. Desse modo, o
instituidor da fundação separa (destaca) um determinado patrimônio (dinheiro, imóveis, créditos etc.)
declarando que esses bens serão utilizados para a realização de um objetivo específico.
b) Criação:
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Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação,
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
• As fundações públicas de direito público → são criadas por lei ordinária específica, mas seu objeto
de atuação deve ser definido por lei complementar.
• As fundações públicas de direito privado → a criação é autorizada por lei ordinária específica,
sendo criadas após o registro no cartório competente, mas seu objeto de atuação deve ser
definido por lei complementar.
- Rafael Oliveira: A ausência de lucro NÃO afasta a necessidade de eficiência por parte da entidade. Na
hipótese de resultados financeiros positivos, quando os créditos superam as despesas, os valores,
considerados superávit (e não lucro), deverão ser reinvestidos nas finalidades da entidade, não sendo
permitida a sua distribuição ou repartição entre seus administradores.
Já caiu em prova:
CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN) No ordenamento pátrio, não há possibilidade de instituição
de fundação com personalidade jurídica de direito público. [errado]
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d) Atividade
• Fundação Pública de Direito público: atividades típicas de Estado
• Fundação Pública de Direito Privado: atividades de conteúdo econômico passíveis de delegação
e) Patrimônio:
• Fundação Pública de Direito público: bens públicos
• Fundação Pública de Direito Privado: bens privados (em regra)
Obs.: Bens privados afetados ao seviço público, ou seja, empregados diretamente na
prestação de serviços públicos, sujeitam-se às regras de direito público.
f) Regime de pessoal:
• Fundação Pública de Direito público: Estatutário;
• Fundação Pública de Direito Privado: Celetista
Obs.: Ambas se sujeitam à:
Vedação ao acúmulo de cargos
Necessidade de realizar concurso público
Teto remuneratório previsto na CF/88
NA JURISPRUDÊNCIA:
É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista
incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações
públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de
serviços de saúde.
STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020
Observações importantes:
◘ Tanto as fundações públicas de direito público quanto de direito privado possuem imunidade
tributária de impostos sobre rendas, bens ou serviços, conforme dispõe o artigo 150, inciso VI, alínea
“a” e §2º, da Constituição Federal.
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a) Conceito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública Indireta.
São regidas por um regime predominantemente privado, chamado por alguns de regime híbrido, sui
generis. Isso porque, por mais que sejam influenciadas pelo regime privado, possuem características do
regime de direito público.
Obs.: NUNCA serão titulares de serviço, recebendo apenas sua descentralização para a execução
(NÃO há outorga do serviço).
A Lei 13.303/16 estabelece o estatuto jurídico das empresas estatais (empresas públicas, SEM e suas
subsidiárias, demais empresas privadas controladas pelo Estado). Tal estatuto era muito aguardado e
regulamenta o art. 173, §1º, da CRFB/88. A CRFB/88 pedia a fixação, por meio de um estatuto (por meio de
lei ordinária), de regras sobre: licitações e contratos, questões societárias, a função social das estatais e sua
fiscalização pelo poder público e pela sociedade civil, aplicação das mesmas normas de direito privado às
empresas estatais, no que couber. Assim, o estatuto, com essas regras, veio com a Lei 13.303/16.
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Art. 37, XIX, CRFB/88 - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e
de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de
sua atuação;
O art. 37, XIX, da CRFB/88 define que somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição
de estatais. Havia uma controvérsia quanto à parte final desse inciso, que determina que “cabe à Lei
Complementar definir as áreas de sua atuação”. Nunca houve polêmica que lei ordinária específica vai criar
autarquia. Em regra, a lei vai autorizar a criação de estatais.
Contudo, o que significa “neste último caso”? Parte da doutrina entendia que essa ressalva apenas
se aplicaria às fundações e outros entendiam que a lei complementar também definiria área de atuação das
empresas estatais, além das fundações.
A tese majoritária sempre foi no sentido que a expressão “neste último caso” apenas se refere às
fundações (Rafael Oliveira). Logo, a própria lei ordinária que autoriza a criação da estatal já define qual vai
ser a área de atuação da estatal, não necessitando de lei complementar. A própria lei 13.303/16 não exige
lei complementar, apenas lei.
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Ressalta-se que, quanto às empresas subsidiárias, o STF entende pacificamente que não seria
necessária uma lei específica autorizando a criação de cada subsidiária, bastando uma autorização legal
genérica. Vale lembrar, contudo, que é necessária uma lei específica para a criação de cada estatal
(“empresa-mãe”).
c) Finalidades:
Pode ter duas finalidades:
a) Prestadora de serviço público
b) Exploradora de atividade econômica
d) Capital
▪ Empresas Públicas – capital 100% Público;
▪ Sociedade de Economia Mista – capital Misto (maior parte público)
Já caiu em prova:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) A seguinte definição: “Pessoa jurídica de direito
privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere à Empresa Pública.
[CERTO]
e) Forma Societária:
▪ Empresas Públicas – Qualquer forma societária. Há a possibilidade, inclusive, de empresas com um
único sócio, a exemplo da CEF (exceção à regra geral de direito societário, que exige a presença de
pelo menos dois sócios para instituir a sociedade), assim como na forme de sociedade anônima.
▪ Sociedade de economia mista – Sociedade anônima (somente)
f) Competência:
▪ Empresa Pública Federal – Justiça Federal;
▪ Sociedade de economia mista federal – Justiça Estadual. Exceção (serão processadas na Justiça
Federal):
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Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal,
quando a união intervém como assistente ou opoente.
Súmula 556 do STF: É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é
parte sociedade de economia mista.
g) Regime de pessoal: Celetista (CLT), mas, por possuírem um regime jurídico híbrido, se sujeitam a
algumas prerrogativas e regras da Administração Pública:
✓ Concurso público
✓ Teto remuneratório
✓ Regras de cumulação de empregos públicos
✓ Lei de improbidade administrativa.
✓ Obediência aos princípios administrativos
Obs.: O regime varia e acordo com a finalidade da empresa estatal. Se for empresa pública que
presta serviço público, o regime se aproxima mais daqueles das pessoas jurídicas de direito público. Se for
exploradora de atividade econômica, se aproxima das empresas privadas que estão fora da Administração.
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i) Patrimônio: Bens privados, mas sofre modulações de direito público, especificamente no tocante à
alienação, que depende do cumprimento das exigências do art. 17 da Lei 8.666/93.
j) Controle
Há controle do Tribunal de Contas. O STF entendeu existir esse controle, pois na instituição das
empresas estatais haveria contribuição ao erário (patrimônio público).
Se empresas estatais com mais de um Ente Federado participando, o controle será exercido apenas
pelo Tribunal de Contas responsável pelo controle das contas do ente federado administrador da estatal,
conforme decidiu o STF.
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k) Licitação e contratos:
A Lei das Estatais passou a disciplinar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas
públicas e sociedades de economia mista, independentemente da natureza da atividade desempenhada
(prestadora de serviço ou exploradora de atividade econômica).
Nesse sentido, a Lei 8.666/93 deixou de ser aplicada a essas entidades, salvo nos casos
expressamente descritos na própria Lei 13.303 (normas penais e parte dos critérios de desempate).
Por outro lado, o pregão, conforme disciplinado na Lei 10.520/2002, será adotado
preferencialmente, nas empresas públicas e sociedades de economia mista, para aquisição de bens e serviços
comuns.
Os contratos terão prazo máximo de 5 anos. Salvo:
∘ Projetos contemplados no plano de negócios e investimentos;
∘ Prática rotineira de mercado e a imposição desse prazo inviabilize ou onere excessivamente o
negócio.
l) Imunidade tributária:
• Se atuam em regime concorrencial: NÃO gozam de imunidade
• Se prestadoras de serviços públicos não remunerados por preços públicos ou tarifas + estatais que
exercem atividades monopolizadas: Gozam de imunidade.
Art. 150, §3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam
ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades
econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em
que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.
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ATENÇÃO: O art. 173 da CF, § 2º, assim dispõe: § 2º As empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.
Entretanto, segundo a doutrina majoritária, no que pese não haver menção expressa ou distinção
entre as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades
econômicas e prestadoras de serviços públicos, tal vedação se aplica somente às empresas
públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas. Vejamos o que diz
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre o tema: “(...) é amplamente majoritário o entendimento de
que a vedação alcança somente as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividades econômicas – e não as prestadoras de serviço públicos.” (Direito Administrativo Descomplicado.
24ª Edição. Pág. 87). Ressalta-se, por fim, que essa concessão de benefício fiscal exclusivo deve obedecer
a natural observância dos princípios constitucionais pertinentes.
Obs.1: NÃO configura irregularidade a transferência de atividades auxiliares da atividade postal (Ex: Entrega
de encomendas e impressos podem ser delegados, por NÃO serem considerados serviços postais
propriamente dito).
Obs.2: Se as empresas estatais e subsidiárias NÃO receberem recursos dos entes federativos para custeio e
manutenção de pessoal, pode haver pagamentos acima do teto remuneratório.
Obs.3: Deve-se motivar a dispensa de seus empregados.
m) Precatório: Somente as empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços
públicos submetem-se ao regime de precatórios!
JÁ CAIU EM PROVA:
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INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) A seguinte definição: “Pessoa jurídica de direito
privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere à Empresa Pública.
[CERTO]
(FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) As sociedades de economia mista têm por destinação a
exploração de atividade econômica e jamais podem atuar como prestadora de serviços públicos.
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) As estatais possuem prazo em quádruplo para contestar
e em dobro para recorrer. [certo]
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Estatal lucrativa não está sujeita ao teto máximo de
remuneração dos ministros do STF, ao se manter com os seus próprios recursos, sem orçamento
do ente federativo criador. [certo]
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A sociedade de economia mista tem personalidade jurídica de
direito público e destina-se à exploração de atividade econômica. [errado]
CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) A empresa pública tem personalidade jurídica de direito privado
e controle acionário majoritário da União ou outra entidade da administração indireta. [errado]
CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN) A organização da sociedade de economia mista deve ser
estruturada sob a forma de sociedade anônima. [CERTO]
CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR – Escrivão) O Estado, querendo explorar determinada atividade
econômica, pode constituir sociedade de economia mista. [CERTO]
Referências bibliográficas:
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QUESTÕES PROPOSTAS
2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
seguinte.
A vedação de constituição de empresa pública com finalidade genérica está em consonância com o princípio
da especialidade.
Certo
Errado
3 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Agente de Polícia - Prova Anulada
A respeito da administração pública direta e indireta e da responsabilidade civil do Estado, julgue o item
seguinte.
A desconcentração administrativa caracteriza-se pela divisão de competências entre órgãos de uma mesma
pessoa jurídica de direito público.
Certo
Errado
4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
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Texto associado
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
O crime foi cometido em uma sociedade de economia mista, entidade da administração pública indireta.
Certo
Errado
6 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA - INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Investigador de Polícia Civil
Considerando a temática da organização administrativa, assinale a alternativa INCORRETA.
A-O instituto da desconcentração está fundado na hierarquia e se configura pela distribuição interna de
competência no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
B-Na outorga, é transferida a titularidade e a execução do serviço público à pessoa jurídica diversa do Estado,
ao passo que, na delegação, apenas a execução é transferida, permanecendo com o Estado a titularidade do
serviço.
C-Os órgãos autônomos são caracterizados por serem imediatamente subordinados aos órgãos
independentes e diretamente subordinados aos seus agentes.
D-Consoante a doutrina, as fundações públicas de direito privado têm sua criação autorizada por lei
específica enquanto as fundações públicas de direito público são criadas por lei específica, não dependendo
de registro para que sejam instituídas.
E-As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de
Contas.
A-Agência Reguladora.
B-Agência Executiva.
C-Departamento de Estradas e Rodagens – DER.
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A-a distribuição de competências entre órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o mais
adequado e racional desempenho das atividades estatais.
B-o fenômeno inerente à Administração Indireta, que consiste na criação de entidades para atividades de
fiscalização e regulação de um determinado setor.
C-a prestação de serviço ao Poder Público, por meio de contrato de gestão ou termo de parceria com
empresas do setor privado.
D-a transferência de poderes e atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo criador.
E-o ato de criação de pessoas jurídicas meramente administrativas, sem a característica de ente político.
11 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal
Acerca da organização da administração pública brasileira, julgue o item subsequente.
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Ao outorgar determinada atribuição a pessoa não integrante de sua administração direta, o Estado serve-se
da denominada desconcentração administrativa.
Certo
Errado
12- 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Acerca da administração direta e indireta, julgue o item que segue.
A administração direta é constituída de órgãos, ao passo que a administração indireta é composta por
entidades dotadas de personalidade jurídica própria, como as autarquias, que são destinadas a executar
serviços públicos de natureza social e atividades administrativas.
Certo
Errado
A-Os serviços sociais autônomos não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade privada
de interesse público e, exatamente por isso, são incentivados pelo poder público, sendo que, neste caso, a
atuação estatal é de fomento e não de prestação de serviço público. Não se trata de atividade que incumbisse
ao Estado, como serviço público, e que ele transferisse para outra pessoa jurídica, por meio do instrumento
da descentralização. Trata-se, isto sim, de atividade privada de interesse público que o Estado resolveu
incentivar e subvencionar.
B-Em relação às entidades paraestatais, fica muito clara a intenção de fugir ao seu enquadramento entre as
entidades da Administração Indireta e, em consequência, ao regime jurídico imposto a elas como licitação,
concurso público e controle. No entanto, considerando que tais entidades administram, em regra, bens do
patrimônio público, inclusive dinheiro público, não é possível que fiquem inteiramente à margem de
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determinados preceitos publicísticos, sob pena de burla aos preceitos constitucionais que regem a
Administração Pública.
C-Entidades de apoio são pessoas privadas que colaboram com o Estado desempenhando atividade não
lucrativa e às quais o Poder Público dispensa especial proteção, colocando a serviço delas manifestações de
seu poder de império, como o tributário, por exemplo; não abrangem as entidades da Administração Indireta;
trata-se de pessoas privadas que exercem função típica (embora não exclusiva do Estado), como as de
amparo aos hipossuficientes, de assistência social, de formação profissional.
D-Por Organizações Sociais, pode-se entender as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por servidores públicos, porém em nome próprio, sob a forma de fundação, associação ou
cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo
vínculo jurídico com entidades da administração direta ou indireta, em regra por meio de convênio.
E-Organizações Sociais de Interesse Público são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos,
instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com
incentivo e fiscalização pelo Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de contrato de
gestão.
A-Administração Indireta.
B-Administração Direta.
C-Fundação Pública.
D-Sociedade de Economia Mista.
E-Empresa Pública.
A-Autarquias.
B-Empresas públicas.
C-Fundações públicas.
D-Organizações sociais.
E-Sociedades de economia mista.
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A-governo democraticamente eleito e Estado são noções intercambiáveis para o Direito Administrativo.
B-um órgão público estadual pode ser criado por meio de Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou
por meio de Portaria de Secretário de Estado, desde que editada por delegação do Governador.
C-fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar a relação existente entre Administração Pública e
seu corpo de agentes públicos.
D-a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é representada pelos agentes públicos e seus bens.
E-o órgão público é desprovido de personalidade jurídica. Assim, eventual prejuízo causado pela Assembleia
Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao Estado do Acre.
19 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-GO - CESPE - 2016 - PC-GO - Agente de Polícia Substituto
A administração direta da União inclui
20- 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil
No que se refere à organização da Administração Publica Direta e Indireta, assinale a alternativa correta.
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E-Não se concebe à autarquia o mesmo tratamento dos entes da federação em matéria de privilégio fiscal.
Respostas3
3
1: D 2: C 3: C 4: E 5: E 6: E 7: D 8: D 9: A 10: D 11: E 12: C 13: A 14: A 15: B 16: A 17: C 18: E 19: A 20: D
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META 3
Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Leitura do Código.
Observação: Caso após depois a obtenção do documento, o agente efetivamente dá início ao procedimento
criminal do qual sabe ser a vítima inocente, haverá concurso material entre o crime de extorsão indireta com
o de denunciação caluniosa.
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: Agente que impõe à vítima,
como garantia de dívida, a exigência ou o recebimento de documento que pode dar causa a
procedimento criminal contra esta ou terceiro, responde pelo delito de extorsão indireta.
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
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Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constituir
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)
A coisa há que ter um dono, não ocorrendo o delito caso se trate de res nullius ou de coisa
abandonada.
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Não há crime de dano se o indivíduo danifica coisa própria em poder de terceiro, pois ausente a
elementar “coisa alheia móvel”. Pode, a depender do caso concreto, incorrer no crime do art. 346, CP.
c) Princípio da Insignificância: Não há o delito em caso de coisa com valor ínfimo, aplicando-se o princípio da
insignificância.
Assim decidiu o STJ, ao debater caso de detento que, tentando uma fuga, causou
pequeno dano a obstáculo que buscava transpassar: “[…] O injusto penal, como
fato típico e ilícito, exige a congruência do desvalor da ação e do desvalor do
resultado. O desvalor do resultado consiste na lesão ou no perigo de lesão ao bem
jurídico protegido. Inexistindo o desvalor do resultado, porque ausente ou ínfima a
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido, o que se evidencia no dano ao
Estado avaliado em R$ 10,00 (dez reais), não há injusto penal, não há tipicidade.
Aplicação do princípio da insignificância. […]”.
d) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), EXCETO o proprietário da coisa
● Sujeito passivo: proprietário e o possuidor da coisa.
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● Tipo penal misto alternativo - a prática de mais de um desses verbos no mesmo contexto fático não
importa pluralidade de delitos, mas crime único.
● Crime de forma livre – não há meios executórios específicos
● Somente pode praticar o crime de dano através de uma CONDUTA COMISSIVA ou OMISSIVA
IMPRÓPRIA.
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº
13.531, de 2017)
A violência pode ser: Violência material (vis corporalis) ou Violência moral (vis compulsiva)
A violência, material ou moral, não é a finalidade direta do agente, mas uma forma de se alcançar
acesso à coisa que se pretende danificar. Por isso, a violência deve ser empregada ANTES do dano.
Inciso II: COM emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
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● Inciso III: Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviços públicos
Cuidado! Segundo o STF e a doutrina, comete o crime de dano qualificado o preso que, para
evadir-se, danifica o estabelecimento prisional (basta o dolo genérico). Para o STJ, por sua vez, o
mero dano para fugir não configura crime de dano qualificado, tendo em vista que esse crime exige
dolo específico consistente na intenção de prejudicar o poder público (no caso julgado, a
municipalidade).
Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra indígena, ao receber ordem
para desocupar o local, destrói as acessões (construções e plantações) que havia
feito no local, ele pratica, em tese, o delito de dano qualificado (art. 163, parágrafo
único, III, do CP). Isso porque essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88),
de forma que, consequentemente, as acessões também são patrimônio público
federal. STF. 2ª Turma. Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
23/9/2014 (Info 760).
● Inciso IV: Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
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● Prejuízo considerável - não deve ser avaliado pelo valor da coisa danificada, mas pelas
consequências econômicas que o ato acarreta ao sujeito passivo.
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente
se procede mediante queixa.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
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Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
a) Conceito: Como já falamos um pouco antes, na explicação do furto, trata-se da conduta de apropriar-
se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
∘ Então, aqui, o agente recebe da própria vítima a posse desvigiada do bem e não a restitui.
∘ Não abrange coisa imóvel
b) Objeto jurídico e objeto material (mesmas considerações sobre o furto): Objeto material: coisa alheia
móvel, podendo ser coisa fungível.
c) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo - Crime comum
∘ Possuidor ou detentor (locatário, caixeiro-viajante, simples possuidor da coisa etc.) que
tenha a coisa de forma legítima.
∘ Deve haver a POSSE LÍCITA e DESVIGIADA.
∘ O proprietário não pode figurar no pólo ativo, pois a coisa deve ser alheia.
∘ Se o sujeito ativo for funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas, o
delito será de peculato.
e) Consumação e tentativa
Consuma-se no momento em que o agente inverte o título da posse ou da detenção, passando a
exercer sobre a coisa atos de domínio.
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f) Extinção da Punibilidade:
Houve uma evolução jurisprudencial acerca da possibilidade de extinção da punibilidade caso
restituída a coisa.
Em um primeiro momento, o STJ aceitava a extinção da punibilidade do crime de apropriação
indébita, caso houvesse a restituição da coisa apropriada antes do recebimento da denúncia. O STJ fazia um
paralelo com a jurisprudência já consolidada do STF referente à fraude no pagamento por meio de cheque,
constante na súmula 554, a contrário sensu. (Inf. 409, STJ).
No entanto, houve uma evolução jurisprudencial, de modo que, atualmente, a jurisprudência não
mais aceita a extinção da punibilidade pelo delito de apropriação indébita. Portanto, caso restituída a coisa
apropriada, poderá haver a privilegiadora, na forma do art. 155, §2º ou arrependimento posterior (art. 16).
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
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⋅ Síndico - O “síndico” que trata o artigo é sindico da massa falida (que hoje é chamado de
administrador judicial), e não o síndico de condomínio.
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a) Classificação
∘ Crime comum
∘ Crime doloso
∘ Crime de forma livre
∘ Crime unissubjetivo
∘ Crime unissubisistente
∘ Crime instantâneo
d) Sujeitos do delito:
● Sujeito passivo – é a União Federal que, por meio da Receita Federal do Brasil, arrecada e fiscaliza
as contribuições previdenciárias.
● Sujeito ativo: crime comum (para a doutrina majoritária)
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e) Conduta:
O tipo objetivo tipifica como crime a conduta de deixar de repassar, à previdência social, os valores
recolhidos dos contribuintes no prazo e forma legal (no caso de previdência oficial), ou no prazo e forma
convencional (em se tratando de previdência privada).
Deixar de repassar significa não recolher, ou seja, reter, de forma indevida, a quantia descontada ou
cobrada do contribuinte. Ressalta-se que não basta deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, é indispensável que o não repasse seja feito “no prazo e forma legal ou
convencional”, de modo que, sem esse elemento específico, não haverá crime.
Considerações sobre o crime:
✔ Crime omissivo próprio, portanto, não admite tentativa.
✔ Norma penal em branco homogênea (deve ser complementada pela legislação previdenciária);
✔ §1º- Figuras equiparadas também omissivas.
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necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi habendi, bastando para
nesta incidir a vontade livre e consciente de não recolher as importâncias
descontadas dos salários dos empregados da empresa pela qual responde o
agente”.
g) Insignificância
Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes de sonegação de contribuição previdenciária e
apropriação indébita previdenciária, tendo em vista a elevada reprovabilidade dessas condutas, que atentam
contra bem jurídico de caráter supraindividual e contribuem para agravar o quadro deficitário da Previdência
Social (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1783334/PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/11/2019).
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∘ 2ª C – Tribunais superiores: crime material, dependendo da lesão aos cofres da União. É claro que a
previdência social suporta prejuízo imediato no momento em que alguém deixa de repassar as
contribuições já recolhidas dos contribuintes.
O STJ já reconheceu continuidade delitiva entre o art. 168-A e o art. 337-A do CP, embora não sejam
crimes da mesma espécie – como manda o figurino. Porém, se o STJ decidiu, cai em prova. Lembre-se disso!
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● Inciso I – Nas palavras do professor Cleber Masson: “Este tipo penal visa incriminar a conduta do
denominado “substituto tributário” ou “contribuinte de direito”, que recebe por lei a atribuição de
arrecadar e recolher o tributo devido pelo contribuinte de fato. Ressalta-se que o objeto material
também é diverso. Enquanto o caput limita-se às contribuições sociais, o inciso I criminaliza o não
repasse de “outras importâncias destinadas à previdência social”.
● Inciso II - A grande diferença, nesse caso, é que não há ausência de repasse de importâncias
descontadas do pagamento de terceiros, mas sim daquelas contabilizadas como embutidas nos
custos de produtos ou serviços. Portanto, se no preço final do produto ou serviço há valor embutido
a título de contribuição devida, mas não repassada à previdência social, restará caracterizado o
presente delito.
● Inciso III - A conduta consiste no fato de o agente deixar de pagar ao segurado o benefício (ex.:
salário família), embora já tenha recebido recursos para tanto da Previdência Social.
É importante ressaltar que, embora o artigo fale em “antes do início da ação fiscal, existem
julgados dizendo que o pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o
trânsito em julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art.
9º, § 2º, da Lei nº 10.684/2003. Portanto, tenha cuidado se o enunciado vai pedir a letra da lei ou o
entendimento dos Tribunais Superiores!
· STJ. 5ª Turma. HC 362478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017.
· STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.
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Exige-se como requisitos cumulativos para a aplicação isolada de multa ou para a concessão do
perdão judicial (hipótese em que será extinta a punibilidade do agente), que:
(1) O agente seja primário
(2) O agente possua bons antecedentes
Em relação ao inciso II, apesar de válido, é de difícil aplicação prática, pois os requisitos autorizadores
do perdão judicial ou da pena de multa abrem ensejo para o princípio da insignificância (ver art. 168-A, item
2.8.4.20), causa supralegal de exclusão da tipicidade, e, portanto, indiscutivelmente mais favorável ao réu.
CUIDADO: Caso o agente seja beneficiado pela concessão do parcelamento do débito devido
como contribuição social previdenciária, cujo valor seja superior ao estabelecido como mínimo para
o ajuizamento de suas execuções fiscais, não será possível aplicar-lhe isoladamente a multa ou o
perdão judicial, por expressa previsão legal.
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l) Aspectos procedimentais
Observação: atenção para a previsão do 169, II – já comentamos que é crime a prazo (só é crime
depois de preenchido o tempo legal) e de conduta mista (comissivo e omissivo).
Há aplicação do privilégio do furto.
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da
quota a que tem direito o proprietário do prédio;
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Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, §
2º.
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar
a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como
própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
I - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo,
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
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Fraude eletrônica
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do
resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território
nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)
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a) Conceito: é o crime contra o patrimônio em que o agente se vale de fraude para enganar a vítima e obter,
para si ou para outrem uma vantagem indevida em prejuízo alheio.
Exige o binômio: VANTAGEM INDEVIDA + PREJUÍZO ALHEIO!
⋅ Se tenho fraude e não tenho prejuízo - não há estelionato
⋅ Se tenho fraude e não tenho vantagem - não há estelionato
⋅ Se tenho prejuízo e vantagem, mas não tenho fraude - não há estelionato
b) Crime de médio potencial ofensivo – pena mínima de 1 ano, cabendo suspensão condicional do processo.
c) Objeto jurídico: PATRIMÔNIO da pessoa que perde o bem - Inviolabilidade patrimonial (interesse de
cunho privado)
d) Objeto material: pessoa física ludibriada pela fraude e a coisa ilicitamente obtida pelo agente.
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f) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa que emprega a fraude.
● Sujeito passivo: tanto quem é ludibriado pelo agente como quem sofre diminuição do patrimônio. A
fraude deve ser endereçada a uma pessoa física, mas o dano patrimonial pode ser causado tanto a
uma pessoa física como também a uma pessoa jurídica.
Obs.1: Deve tratar-se de vítima com capacidade de discernimento. Caso seja incapaz, configurará o delito
de abuso de incapaz (art. 173 do CP). E se for sem qualquer capacidade de discernimento (ex.: doença mental
permanente, cuja pessoa não é capaz de entender e discernir as consequências dos próprios atos), o delito
será de furto.
Obs.2: Prevalece na doutrina que a torpeza bilateral não afasta o crime! Entenda:
O estelionatário muitas vezes se vale da “falsa esperteza”, da ganância da vítima. Assim, surge a seguinte
dúvida: Havendo fraude bilateral (do agente e da vítima), há exclusão do crime? NÃO, tendo em vista que
a boa-fé da vítima não é elementar do tipo.
h) Consumação:
O emprego de fraude que deve causar a obtenção de vantagem ilícita e a efetiva causação de prejuízo
alheio. Crime de duplo resultado.
Em síntese, três coisas são necessárias: fraude, vantagem e prejuízo.
Tentativa: é crime plurissubsistente, sendo cabível a tentativa.
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Não confundir:
• estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque
clonado, adulterado ou falsificado: a competência é do local onde a vítima possui
a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da vantagem
ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque
adulterado, ou seja, onde a vítima possui conta bancária. Aplica-se o raciocínio da
súmula 48 do STJ (Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita
processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque).
Atenção: algumas situações possuem tipos penais específicos, como o caso de adulteração de combustível
(Art. 1º da Lei 8176/91); art. 6º da Lei 7.492/86; art. 41-E da Lei 12.299/10, dentre outros.
● Inciso IV: não é aplicável às fraudes no comércio. Nestes casos específicos, serão aplicáveis o CDC ou
a Lei 8.137/90, conforme a situação. Antes seria o crime do artigo 175 do CP, mas a doutrina entende
que foi tacitamente revogado pelos dispositivos já citados.
● Inciso V: é uma modalidade de estelionato que é crime formal. Não há a necessidade de que venha
efetivamente a receber indenização ou seguro. Caso um terceiro perpetre a fraude sem o
conhecimento do segurado para beneficiar a si próprio, a figura penal é a do 171, caput.
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Obs.: Segurado não é nunca sujeito passivo. Se houver lesão ao seu corpo por terceiro, ele será vítima de
lesão corporal ou outro crime violento, mas não da fraude. Neste caso, o terceiro responderá pelo estelionato
e pela lesão em concurso formal e o segurado apenas pelo estelionato, já que o direito brasileiro não pune a
autolesão.
● Inciso VI: Sujeito ativo – emitente/sacador/endossante (controverso, mas prevalece que pode).
Passivo: tomador/beneficiário do cheque, podendo ser qualquer pessoa. Dois núcleos: emitir ou
frustrar.
A súmula 246 do STF prevê que “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de
emissão de cheque sem fundos”. Assim, deve estar caracterizada a má-fé, a intenção de obtenção de
vantagem indevida. Se for mero descuido, não configurará o crime, sendo fato atípico por ausência de
previsão da modalidade culposa.
Para o STJ, cheque pré-datado ou pós-datado não configura o delito, tendo em vista ser uma
promessa futura de pagamento, uma garantia de crédito, não constituindo ordem de pagamento à vista. NO
ENTANTO, caso reste demonstrado que a emissão desse cheque foi fraudulenta, com o objetivo de obter
vantagem indevida, configurará o delito do 171, caput.
Súmula 554 do STF: o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após
o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Da leitura da súmula a gente infere que o pagamento do cheque emitido sem provisão, ANTES do
recebimento da denúncia, OBSTA o prosseguimento da ação penal. Trata-se de causa supralegal de extinção
da punibilidade.
Mas atenção: para o STF, tal entendimento apenas se aplica ao §2º, VI. Não se aplica caso a conduta
da emissão de cheque sem fundos consistir na figura do 171, caput. Apenas caracterizará a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior (art. 16, CP). Ex.: agente furtou o cheque e falsificou a
assinatura do proprietário, emitindo-o sem provisão de fundos – não se aplica.
Consumação inciso VI: No momento em que o banco sacado se recusa ao pagamento. A competência
também será definida pelo local da recusa (sendo uma exceção ao artigo 70 do CPP). Nestes termos,
entendem os Tribunais Superiores:
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Súmula 521 do STF - o foro competente para o processo e julgamento dos crimes
de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Atenção! Não confunda com a súmula 48 do STJ, que prevê que “compete ao juízo do local da obtenção
da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”.
Fraude eletrônica
Art. 171. § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a
fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por
terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio
de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
Art. 171. § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância
do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime
é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional.
a) Análise da conduta:
O agente obtém vantagem ilícita por meio de informações da vítima que ele obteve da própria vítima
ou de um terceiro que foram induzidos em erro.
O grande diferencial aqui é que a atuação do agente foi por meio eletrônico, ou seja, a vítima ou o
terceiro foram induzidos a erro por meio de:
· Redes sociais (ex: Facebook, Instagram);
· Contatos telefônicos (ex: simulando que se trata de ligação da operadora de cartão de crédito);
4
Explicação do professor Márcio Cavalcante
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· Envio de correio eletrônico fraudulento (ex: e-mail que imita correspondência da loja, banco etc.);
· Ou qualquer outro meio fraudulento análogo.
Furto mediante fraude por dispositivo eletrônico Estelionato mediante fraude eletrônica
ou informático (art. 155, § 4º-B) (art. 171, § 2º-A)
O agente subtrai coisa alheia móvel por meio de O agente obtém vantagem ilícita com a utilização de
dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
não à rede de computadores, com ou sem a violação induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
de mecanismo de segurança ou a utilização de telefônicos ou e-mail fraudulento, ou por qualquer
programa malicioso, ou por qualquer outro meio outro meio fraudulento análogo.
fraudulento análogo.
Pena: 4 a 8 anos. Pena: 4 a 8 anos.
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impressoes-e-reflexos-no-cp-e-no-cpp/)
Já o parágrafo 2º-B, também inserido pela Lei 14.155/ 2021, traz uma causa de aumento de pena de
um a dois terços. A fração deve ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso, como já
previsto pela lei.
Essa forma majorada incide sobre a forma qualificada do § 2º-A, se o crime for praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional. Nesse caso, há maior gravidade pela dificuldade
de repressão a um delito praticado a partir de um servidor, de um equipamento de informática central,
localizado fora do território brasileiro.
A grande diferença entre o estelionato em seu tipo fundamental e o estelionato previdenciário reside
no sujeito passivo, porquanto, no estelionato previdenciário, a fraude será empregada em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência,
hipótese em que haverá uma causa de aumento de pena.
Aqui, é necessário diferenciar as duas condutas que ensejam o estelionato previdenciário: a do
terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente possa lograr o benefício – na qual resta
configurado crime instantâneo de efeitos permanentes – e a do beneficiário acusado pela fraude, que
comete crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS.
Na hipótese de terceiro implementar a fraude para que outra pessoa possa lograr o benefício:
∘ Ex.: um terceiro apresenta documentos falsos, em favor de alguém, para fraudar o Instituto
Nacional da Seguridade Social – INSS, causando o recebimento indevido de benefícios
previdenciários ao longo de vários meses, quiçá anos.
∘ Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes – consumação ocorre em um momento
determinado, mas seus efeitos prolongam-se no tempo;
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O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º), quando
praticado pelo próprio beneficiário do resultado do delito, é crime permanente.
Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus no qual se
pleiteava a declaração de extinção da punibilidade de condenado por fraude contra
a Previdência Social em proveito próprio por haver declarado vínculo empregatício
inexistente com empresas, com o fim de complementar período necessário para a
aposentadoria por tempo de contribuição. Consignou-se que o STF tem
distinguindo as situações: a do terceiro que implementa fraude para que uma
pessoa diferente possa lograr o benefício — em que configurado crime instantâneo
de efeitos permanentes — e a do beneficiário acusado pela fraude, que comete
crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS. STF: HC 99.112/AM, rel. Min.
Marco Aurélio, 1.ª Turma, j. 20.04.2010, noticiado no Informativo 583.
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ATENÇÃO! Quando é o estelionato é praticado contra o FGTS ou Previdência Social, não se admite a
aplicação do princípio da insignificância, em razão da relevância do prejuízo ocasionado. Também não
se admite a extinção da punibilidade pelo pagamento antes do recebimento da denúncia.
1) Hipótese em que o crime-meio é de gravidade igual (caso seja falsificação de documento particular)
ou mais grave (caso seja falsificação de documento público) que o crime-fim, mas é por este absorvido.
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Contudo, para o STF o agente deve responder em concurso formal pelos dois delitos, justificando que
há violação a bens jurídicos diversos (no entanto, já aplicou a súmula 17 do STJ também, de modo que o
entendimento sumulado prevalece, mas é bom saber).
STJ: O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que
o agente, dias após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes,
entre eles um talonário de cheques, visando obter vantagem ilícita, preenche uma
de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta sacar a quantia nela
lançada. A falsificação da cártula não é mero exaurimento do crime antecedente
(roubo). Isso porque há diversidade de desígnios e de bens jurídicos lesados. Dessa
forma, inaplicável o princípio da consunção. STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min.
Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info
562).
2) Emissão de cheque sem fundos para pagar dívida de jogo se amolda ao tipo penal de estelionato?
Não, haja vista se tratar de dívida não exigível, conforme art. 814 do Código Civil.
2 – RESSALVA: A 5ª turma do STJ possui decisões no sentido de que, quando não é possível ao
magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às informações que caracterizam a fraude, é possível a
caracterização do crime de estelionato. Por outro lado, caso seja possível que a fraude fique constatada no
decorrer da demanda, por qualquer meio de prova, não haverá crime.
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estelionato. STJ. 5ª Turma. RHC 53.471-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
4/12/2014 (Info 554).
4) Estelionato x crime impossível: a fraude utilizada não tiver qualquer aptidão para enganar um terceiro,
o fato será atípico, em razão do reconhecimento de crime impossível, pela absoluta ineficácia do meio,
nos termos do artigo 17 do CP.
5) Estelionato x crime impossível x falsificação: se a falsificação for grosseira, porém, com potencial para
enganar a vítima, ao invés dos crimes de falso, o agente responderá por estelionato. Contudo, como
mencionado antes, caso a falsificação não seja apta a enganar ninguém, será caracterizado crime
impossível.
Com relação ao crime cometido contra idoso, a lei penal é mais favorável (novatio legis in melius),
já que a fração de aumento, antes fixada inexoravelmente no dobro da pena, agora passa a ser de um terço
até o dobro. O critério para escolha da fração de aumento deve ser a relevância do resultado gravoso. Assim,
caso o crime cometido anterior não tenha resultado gravoso de grande importância, a nova lei pode
retroagir para beneficiar o acusado ou condenado.
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Por outro lado, no caso de crime cometido contra vulnerável, o aumento é o mesmo, de um terço
até o dobro da pena, a ser escolhido pelo juiz com base na relevância do resultado gravoso. Por ausência de
previsão anterior, cuida-se de majorante que só pode incidir, no caso de vulnerável, para os crimes
cometidos após o início de vigência da lei, por constituir novatio legis in pejus.
Tal como no caso do furto mediante fraude eletrônica, a lei não definiu, , que é o vulnerável. Se
utilizado o conceito do artigo 217-A, § 1º, do CP, com adaptações e em interpretação sistemática, pode-se
compreender como o indivíduo que conta com menos de 14 anos, bem como aquele que, por enfermidade
ou deficiência mental, apresenta maior vulnerabilidade a fraudes.
É possível, ainda, entender que o juiz deve analisar caso a caso.
OBS: Amigo concurseiro policial, fique atento para a temática abaixo, pois é recente e pode ser cobrada em
provas discursivas.
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Essa pergunta é relevante já que se definirmos que a norma é penal e for considerada benéfica, terá
retroatividade e deverá ser aplicada as ações penais em curso. Assim, aquelas pessoas que se encontram
processadas pelo delito de estelionato deverão ter em seus processos a aplicação da referida norma,
havendo a necessidade de ocorrer a representação como condição de prosseguibilidade do processo.
Por outro lado, se entendermos que a norma possui caráter processual, a aplicação será imediata e
sem retroatividade, somente se aplicando aos delitos de estelionato ocorridos após a entrada em vigor da
referida legislação.
Assim, respondendo ao questionamento, a referida norma possui caráter híbrido, penal e processual,
e, nesses casos, há de prevalecer a sua vertente penal. Desse modo, entendemos que há de existir
representação em todos os processos em curso para que o procedimento possa continuar a se desenvolver
de forma hábil.
O legislador não previu prazo para que essa representação ocorra, entendemos que se deve então
aplicar as regras gerais previstas no Código de Processo Penal: 06 meses contados da data da entrada em
vigor da legislação.
Caso não ocorra a representação nesse prazo, haverá a extinção da punibilidade pela decadência.
Acrescentando: Considerando a alteração promovida pela Lei 13.964/2019, vamos a um caso
concreto recentemente decidido pelo STJ (HC 573.093).
Um réu condenado por crime de estelionato recorreu ao STJ por meio de HC, invocando que a Lei
13.964/2019, ao exigir a representação como condição de procedibilidade para a denúncia, deveria retroagir
para beneficiá-lo.
Para a Defensoria Pública, que assistia ao acusado, “o Tribunal de Justiça deveria ter aplicado, de
ofício, norma penal posterior mais benéfica ao réu, em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica, já que, no caso, a vítima não havia manifestado sua vontade para solicitar ao Estado a
apuração do crime”.
No entanto, o STJ não concordou com a tese da defesa. Isso porque, embora os Tribunais
Superiores ainda não tenham se manifestado de forma definitiva sobre a retroatividade da Lei nº
13.964/2019, ao exigir a representação da vítima, o próprio Tribunal de Justiça de Santa Catarina já havia
afirmado que: “em que pese o novo comando normativo tenha conteúdo penal, uma vez que seus
efeitos podem afetar o direito punitivo estatal, é certo que não pode atingir o ato jurídico perfeito e
acabado”.
Assim, segundo o relator, “a posição mais acertada seria a de que a retroatividade da representação
no crime de estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo, o que não se
amoldaria ao caso dos autos, considerando a condição de procedibilidade da representação, e não de
prosseguibilidade”.
(Fonte: Conjur).
Explicando:
O STJ entendeu que, em relação à alteração da norma penal do crime de estelionato promovida pelo
Pacote Anticrime, (que antes era de ação penal pública incondicionada e passou a ser de ação penal pública
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O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia. (Incorreto)
O estelionato, previsto no art. 171, do CP, é um crime por meio do qual o agente, utilizando um meio
fraudulento, engana a vítima, fazendo com que ela entregue espontaneamente uma vantagem, causando
prejuízo à vítima.
Algumas vezes pode acontecer de a vantagem ilícita ocorrer em um local e o prejuízo em outro.
Tais situações poderão gerar algumas dúvidas relacionadas com a competência territorial para processar e
julgar esse crime. A Lei nº 14.155/2021 inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP tratando sobre o tema.
A alteração é muito bem-vinda porque anteriormente havia uma imensa insegurança jurídica diante
da existência de regras distintas para situações muito parecidas, além da uma intensa oscilação
jurisprudencial. Veja o § 4º do art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021:
Art. 70. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela
novidade legislativa.
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)
6
Explicação do Professor Márcio Cavalcante
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Aplica-se aqui o § 4º do art. 70 do CPP? NÃO. Se você ler o § 4º, verá que ele não trata da hipótese
de estelionato praticado por meio de cheque falso. Logo, esse dispositivo não incide no presente caso. A
regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.
O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com
o cheque falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja. Logo,
nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula
48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.
2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)
Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de
semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras
roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de
Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que
não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-
lo já que não morava ali.
Qual foi o crime cometido por Pedro? Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, §
2º, VI, do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos
de réis.
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O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro
(RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para julgar o delito?
Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
● Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a
agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da
agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar
o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento
porque informou que ali não havia saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que
a competência territorial era do local onde se situava a agência que recusou o pagamento:
● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz
de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados (...) mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em
poder do sacado (...) a competência será definida pelo local do domicílio da vítima
(...)
Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão
superadas!!!
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Imagine a seguinte situação hipotética: Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet
que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele entrou em contato com a pessoa, que se identificou como
Henrique. Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no entanto, para isso, ele precisaria
depositar uma parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique, vinculada a uma
agência bancária localizada em São Paulo (SP). Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava
de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro do suposto empréstimo.
Quem será competente para processar e julgar este crime de estelionato: o juízo da comarca de
Goiânia (onde foi feito o depósito) ou o juízo da comarca de São Paulo (local onde o dinheiro foi recebido)?
Aqui houve outra grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:
● Antes da Lei: o juízo competente seria, neste exemplo, o da comarca de São Paulo. O fundamento
era o caput do art. 70 do CPP:
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar
a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução.
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● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo,
do juízo de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:
Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando
praticados mediante depósito (...) ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a
este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts.
70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
Art. 70. (...)§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando
entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o
feito para o juízo do domicílio da vítima?
R.: NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir
até seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem
serão consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.
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Exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis: Existem duas mudanças que irão influenciar na
competência, ou seja, duas situações em que o juízo que começou a ação penal deixará de ser competente
para continuar o processo por força de fatos supervenientes. Veja:
a. Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente
para aquele processo. Ex: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alçada e todos os recursos ali
existentes foram redistribuídos.
b. Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de
fato ou de direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.
Ex1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos
contra servidores públicos federais no exercício de suas funções;
Ex2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço,
deixou de ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou
o art. 9º, parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017).
Obs.: A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao
processo penal em virtude do art. 3º do CPP:
Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968)
Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem,
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em
prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
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Induzimento à especulação
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Fraude no comércio
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou
consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou
substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra
qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Outras fraudes
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio
de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode,
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
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Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens,
ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
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Explicamos:
Caso hipotético: Dois agentes trabalhavam em uma agência de turismo, teriam simulado
contratos de parcerias com empresas terceiras, com a intenção de obter para si vantagens
ilícitas, a saber: passagens aéreas e reserva de veículos e hotéis, fazendo o uso próprio de
tais passagens, bem como as repassava para terceiros, obtendo o proveito do crime. A
empresa vítima possui sede em Brasília/DF, contudo o ex-funcionário apontado como
estelionatário trabalhava como representante comercial na filial localizada no município de
São Paulo/SP, onde os golpes teriam sido praticados em conluio com outro, também
residente em São Paulo.
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Receptação
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso: [RECEPTAÇÃO CULPOSA]
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
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a) Introdução:
Caput: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Pena base de 1 a 4 anos e multa, sendo, portanto, crime de médio potencial ofensivo e admitindo a
concessão da fiança por parte do delegado de polícia.
Crime acessório/parasitário - depende da existência de crime antecedente (mas dispensa a sua
punição, bastando indícios suficientes da sua ocorrência). Também não há necessidade de prévio ajuste entre
o receptor e quem praticou o delito anterior.
d) Sujeito passivo: proprietário da coisa que foi objeto material do delito antecedente.
e) Objeto material: coisa que o agente sabe SER PRODUTO DE CRIME. Prevalece que deve ser coisa móvel,
embora haja quem defenda que imóvel também.
∘ Vítima que negocia com o furtador seu bem próprio (que foi furtado) de volta não pratica crime de
receptação.
∘ Pessoa que compra bem usado como instrumento do crime não pratica receptação.
∘ Pessoa que compra produto de contravenção penal não pratica receptação.
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R.: O tipo penal não restringe. Porém, é de difícil configuração. Será possível caso o objeto esteja sob a
posse legítima de terceiro (ex.: joia que estava empenhada foi furtada, tendo adquirido o dono pelo
furtador).
f) Elemento subjetivo: dolo direto (“SABE”), com finalidade especial de agir (proveito próprio ou alheio). Em
caso de dolo eventual, poderá configurar receptação culposa.
Quando o agente pratica um dos primeiros núcleos, ficando ele próprio com a coisa que sabe ser
produto de crime.
✔ Adquirir
✔ Receber
✔ Transportar
✔ Conduzir
✔ Ocultar
Crime material, que é consumado com a prática de um dos núcleos. Alguns deles são permanentes.
Tentativa cabível
Quando o agente influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. É o intermediário.
Crime formal, bastando a influência, não necessitando que o terceiro realmente adquira.
Tentativa só é possível se a influência for por escrito.
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O tipo penal aqui exige que o terceiro esteja de boa-fé. Caso esteja de má-fé, este terceiro cometerá
receptação própria e quem influiu será partícipe.
● Conclusão: Caso o agente influa para que terceiro de má-fé adquira, receba ou oculte, responderá
na qualidade de partícipe do crime de receptação ou pelo parágrafo 1º do art. 180, CP.
O tipo é misto alternativo, sempre que a conduta recair sobre a mesma coisa.
Elemento subjetivo especial: O crime deve ser praticado com a intenção de haver a coisa “em
proveito próprio ou alheio”, ou seja, com animus lucrandi.
Não se aplica o princípio da insignificância à receptação qualificada em razão da reprovabilidade
da conduta. Nesse sentido, STF no informativo 663:
Já caiu em prova (TJ-SE/2015): No delito de receptação qualificada, a expressão “coisa que deve
saber ser produto de crime" possui interpretação do STF no sentido de que,
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A – Trata-se de norma inconstitucional com relação ao preceito secundário, por violar o princípio
da proporcionalidade quando comparada à pena prevista para o caput.
B - Se aplica apenas aos casos de dolo eventual, excluindo-se o dolo direto.
C - Abrange igualmente o dolo direto.
D -Configura má utilização da expressão, por ser indicativa de culpa consciente.
E -Impede que no exercício de atividade comercial possa se alegar receptação culposa.
GABARITO: LETRA C
Crime próprio e que pode ser praticado tanto por dolo direto como por dolo eventual.
Deve haver relação entre a coisa e a atividade
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso:
O agente não conhece a origem ilícita da coisa, tampouco assume o risco de adquirir ou receber
produto de crime. Parte da doutrina entende que o dolo eventual também entra aqui.
Menor potencial ofensivo.
Diz-se que é um crime culposo de tipo penal fechado, já que, geralmente, a modalidade culposa
apenas prevê “se é culposo...”, constituindo tipo penal aberto, não descrevendo a conduta, ao contrário do
que foi feito aqui.
Não é admissível a tentativa, pois se trata de conduta culposa.
Considerações finais:
⋅ §4º: A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
proveio a coisa. Norma explicativa.
⋅ §5º: Benefícios: Perdão judicial para a receptação culposa e aplicação do privilégio do furto para a
receptação dolosa.
⋅ §6º: Qualificadora: (para a maioria da doutrina – já que não há um quantum de aumento, mas novos
limites mínimos e máximos) em razão do sujeito passivo. Só se aplica ao caput. As empresas públicas
também estão inclusas, segundo o STF.
200
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Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: a absolvição pelo crime
pressuposto da receptação impede a condenação do receptador quando não existir prova de
ele ter concorrido para a infração penal, ficar provada a inexistência do fato, não houver prova
da existência do fato, não constituir o fato infração penal ou existir circunstância que exclua o
crime.
Inserido no CP pela lei 13.330/2016, visando punir mais severamente a conduta de receptar animais.
Assim como na qualificadora do furto, que já explicamos, são animais domesticáveis de produção, ainda que
abatidos ou divididos em partes. Contudo, mais uma vez o legislador não atingiu seu objetivo e abrandou a
pena de quem pratica essa conduta, que antes respondia pela modalidade qualificada do artigo 180, §1º.
Sendo, portanto, novatio legis in mellius, retroage.
Crime de elevado potencial ofensivo (não admite suspensão condicional do processo).
Admite dolo direto ou eventual.
201
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IMUNIDADES ABSOLUTAS:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título,
em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil
ou natural.
IMUNIDADES RELATIVAS:
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
a) Natureza jurídica
Imunidades absolutas: Prevalece ser causa extintiva da punibilidade ou causas pessoais de exclusão
da pena. Assim, apesar de o delito restar configurado (consistindo em um fato: típico, antijurídico e culpável),
por questões de política criminal é inviável o exercício da pretensão punitiva.
No entanto, alguns autores criticam o termo e dizem que seriam, na verdade, causas de exclusão da
punibilidade / causas negativas da punibilidade, pois impediria o próprio surgimento da punibilidade do
agente.
Imunidades relativas: Condição específica de procedibilidade da ação penal pública, já que
convertem a ação penal pública incondicionada em condicionada à representação.
202
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Lei Maria da Penha X Escusas absolutórias: embora haja quem entenda que não se aplicam aos casos
de violência doméstica e familiar contra a mulher, prevalece que são sim aplicáveis, já que não há disposição
em sentido contrário vedando a aplicação.
Enunciado JDPP n° 9: a escusa absolutória do art. 181, inc. II, do Código Penal,
abrange também a paternidade e filiação socioafetiva.
Referências Bibliográficas
- Direito Penal Esquematizado – Victor Eduardo Rios Gonçalves - 11ª edição - 2021
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson;
- Manual de Direito Penal – Cristiano Rodrigues - 2ª edição- 2021
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br
203
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QUESTÕES PROPOSTAS
11 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
agente que quebrar o vidro de um veículo para subtrair o automóvel incorre em crime de furto qualificado
pela destruição ou rompimento de obstáculo.
Certo
Errado
12 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada
Quanto aos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir.
Não incide o princípio da insignificância na tipicidade material do delito de furto qualificado por escalada,
como, por exemplo, na hipótese de um agente pular um muro de dois metros de altura e então subtrair um
carregador de celular.
Certo
Errado
A-extorsão.
B-estelionato.
C-corrupção passiva.
D-concussão.
E-apropriação indébita.
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SEMANA 05/12
A-é reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 112, V, da Lei 13.964/2019, àqueles
apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem resultado morte, não sejam
reincidentes em delito de natureza semelhante.
B-após o advento da Lei 13.964/2019, não é possível a conversão ex officio da prisão em flagrante em
preventiva, mesmo nas situações em que não ocorre audiência de custódia.
C-o acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 13.964/2019, desde que
não recebida a denúncia.
D-a exigência de representação da vítima no crime de estelionato retroage aos processos cuja denúncia já
foi oferecida.
E-as inovações do Pacote Anticrime na Lei 9.296/1996 não alteraram o entendimento de que é lícita a prova
consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.
15- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
O crime de furto é descrito no artigo 155 como a “subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem”.
A doutrina e a jurisprudência divergem sobre o momento consumativo do furto, sendo certo que existem
quatro teorias sobre o tema. O Superior Tribunal de Justiça já teve oportunidade de se manifestar sobre esse
assunto.
Assinale a alternativa que demonstre a teoria adotada por esse Tribunal Superior.
A-furtatio
B-contrectacio
C-ilatio
D-apprehensio (amotio)
E-ablatio
A-Raíssa responderá por delito de furto, mas com causa de diminuição de pena.
B-Raíssa responderá por delito de apropriação indébita, incidindo agravante de delito praticado contra
ascendente.
C-Raíssa é isenta de pena, incidindo hipótese de escusa absolutória.
D-Raíssa responderá por delito de estelionato, incidindo agravante de delito praticado contra ascendente.
E-A escusa absolutória aplica-se a todos os delitos patrimoniais, mas não impede eventual incidência de
circunstância agravante de delito praticado contra ascendente.
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SEMANA 05/12
17- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil
Considere que Fernando, penalmente imputável de 25 anos, com consciência e vontade, instigue e induza
Camilo, penalmente inimputável de 15 anos, a praticar ato infracional análogo ao delito de roubo.
Relativamente à responsabilização de Fernando no tocante ao roubo, assinale a alternativa correta.
A-O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar, é crime
permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem que sabe ser produto
de crime.
B-O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda que efetuado
após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a
punibilidade, nos termos do art. 9º, §2º, da Lei 10.684/03.
C-Aplica-se o princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária, quando, na ocasião
do delito, o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o montante de R$10.000,00 (dez mil
reais), previsto no art. 20 da Lei 10.522/2002.
D-O delito de apropriação indébita previdenciária constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera
omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, prescindindo,
portanto, do dolo específico.
E-O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento em que a violência ou a grave ameaça é exercida,
independentemente da obtenção da vantagem indevida.
SEMANA 05/12
Paula praticou delito e extorsão e por tal delito foi condenada em sentença prolatada no dia 14/12/2020.
Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.
A-O juiz, na sentença relativa ao delito de extorsão, deve considerar Paula reincidente.
B-A transação penal aceita por Paula, em que pese não gerar condenação, importa para fins de reincidência.
C-Na sentença relativa ao delito de extorsão, Paula não poderá ser considerada reincidente.
D-A condenação pela contravenção penal de jogo do bicho é capaz de gerar reincidência para Paula no
tocante ao delito de extorsão.
E-Paula apenas será considerada reincidente se praticar outro crime após data do delito de extorsão.
A-A tipificação dada está equivocada, pois, com base no princípio da legalidade, é vedada analogia in malam
partem.
B-A tipificação dada está correta, sendo possível analogia ao tipo penal descrito, pois onde há a mesma razão,
deve haver a mesma disposição.
C-A tipificação dada está equivocada; a conduta de João é atípica, não estando descrita no ordenamento.
D-A tipificação dada está equivocada, pois ainda incidirá a qualificadora de o crime ser cometido por meio
de dispositivo eletrônico ou informático.
E-A tipificação dada está correta; o princípio da legalidade foi respeitado, justamente a legalidade material,
que determina a observância da mens legis.
Respostas7
7
11: E 12: C 13: B 14: D 15: D 16: C 17: D 18: C 19: C 20: A
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META 4
SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.
a) Fato - é todo e qualquer acontecimento, seja decorrente de condutas humanas ou simples sucessão de
eventos alheios à atuação das pessoas;
b) Fato Jurídico – Quando os fatos interferem nas relações travadas entre pessoas e, por isso, precisam de
regulamentação por meio de normas jurídicas. Podem se subdividir em:
b.1. Fatos da Natureza (fatos jurídicos strictu sensu) – ex: Nascimento e morte
b.2. Fatos de Pessoas (atos jurídicos) – Ato humano que manifesta vontade de forma a interferir no
direito.
FATO – Acontecimento
ATO – Manifestação de Vontade
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Corrente Dinamicista (José dos Santos Carvalho Filho – Teoria Majoritária): fato administrativo é
toda atividade material da administração, no exercício de função administrativa, que visa a efeitos de
ordem prática para a Administração (alteração dinâmica). O fato pode ser um evento da natureza (fato
administrativo natural) ou comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). O fato
administrativo voluntário deriva de ato administrativo ou de conduta administrativa. Exemplos: apreensão
de mercadorias, raio que destrói bem público, desapropriação e requisição.
Em regra, os fatos administrativos representam uma consequência do ato administrativo. No
entanto, em determinados casos, o fato administrativo não guardará relação com os atos administrativo. Em
outras palavras: Nem sempre tem como fundamento atos administrativos.
Nem todo ato praticado pela Administração Pública é ato administrativo, sendo o ato da
administração mais amplo do que a noção de ato administrativo, uma vez que este é espécie daquele,
podendo ser divididos em:
a) Atos Políticos ou de governo – Quando há exercício da função política e podem exercê-la os membros do
Legislativo, Judiciário e do Executivo. Na prática, não são sequer considerados atos da Administração, pois
são exercidos pelo Estado no exercício de função política. O controle jurisdicional será admitido somente
quando houver prejuízo específico à esfera individual de particulares.
b) Atos Privados – São os atos da Administração Pública regidos pelo direito privado, em que a Administração
atua sem prerrogativas, como se particular também fosse, sendo chamados de atos de gestão. Obs.: não
cabe mandado de segurança contra atos de gestão em razão da ausência de supremacia.
c) Atos Materiais – Também chamados de FATOS ADMINISTRATIVOS, já que não manifestam a vontade do
Estado, sendo atos de mera execução de atividade. Ex: ato de determina a demolição de um prédio => a
demolição em si é mero ato material.
Parte da doutrina (DI PIETRO) entende que os atos materiais da Administração NÃO contêm
manifestação de vontade, mas envolvem apenas a execução.
d) Atos Administrativos – Atos por meio dos quais a Administração atua por meio da função administrativa,
sob o regime de direito público e ensejando a manifestação do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Podem
ser praticados ou não pela Administração Pública, haja vista que podem ser delegados.
• Manifestação unilateral de vontade do Estado ou de quem o represente. Ex.:
concessionária.
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• Vai criar, modificar ou extinguir direitos, tendo por objetivo satisfazer o interesse público.
• Se submete a regime jurídico público.
• É complementar e inferior à lei (tem como fundamento a legislação infra)
• Sujeito ao controle de legalidade pelo Judiciário.
3. ATOS ADMINISTRATIVOS
Hely Lopes Meirelles define ato administrativo como sendo "toda manifestação unilateral da
Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar, extinguir
e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria"
São atos jurídicos decorrentes da manifestação de vontade humana que repercute na esfera dos
cidadãos, devendo ser emanado por agente público.
Inexistem, na esfera do Direito Administrativo, atuações totalmente discricionárias, haja vista a
definição legal com critérios objetivos de determinados elementos dos atos administrativos, mesmo nos
discricionários. Até mesmo os elementos do ato administrativo que podem ter feição discricionária (como
o motivo e objeto), quando devidamente regulamentados ou discriminados pela Lei, passam a ser
vinculados, perdendo o caráter discricionário.
MEMORIZANDO
Ato discricionário X Ato vinculado
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-Licença
-Homologação
4.1 Competência
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MEMORIZANDO
Atos administrativos que não podem ser delegados : CENORA
Competência Exclusiva
Atos Normativos
Decisão de Recursos
Administrativos
Aprofundando:
a) Por incompetência: ocorre por excesso de poder, usurpação de função ou função de fato.
Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou além de sua esfera de competências,
estabelecida em lei. Trata-se de espécie do gênero abuso de poder. Assim, abuso de poder é o gênero, do
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qual são espécies o excesso de poder (vício de competência) e o desvio de poder (vício no elemento
finalidade dos atos administrativos).
Tanto o excesso como o desvio de poder podem configurar crime de abuso de autoridade, hipótese
em que ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal, podendo ainda responder civilmente,
se de seu ato resultarem danos patrimoniais e morais.
O vício de competência (excesso de poder) admite convalidação, salvo se se tratar de competência
em razão da matéria ou de competência exclusiva. Nestes dois últimos casos, o excesso de poder gera um
ato nulo.
A usurpação da função é crime (art. 328 do CP) cometido por alguém que não foi por nenhuma
forma investido no cargo, emprego ou função pública. O agente não tem nenhuma espécie de vinculo
funcional com a administração (DI PIETRO). Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato inexistente.
Ocorre a função de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou função pública, mas
há alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prática do ato. Em função da teoria da
aparência (para os administrados, a situação tem total aparência de legalidade, de regularidade), o ato é
considerado válido, ou pelo menos o são os efeitos dele decorrentes.
b) Por incapacidade: A Lei 9.784/99 prevê, em seu art. 18, os casos de impedimento, e no art. 20, os casos
de suspeição de autoridade ou servidor público, praticamente nos mesmos moldes do CPC. Cumpre
salientar, porém que, no Direito Administrativo, ambas as hipóteses se enquadram como atos anuláveis,
passíveis de convalidação por autoridade que não esteja na mesma situação de impedimento ou
suspeição.
4.2 Finalidade
É escopo do ato, sendo tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato.
Para a doutrina, todo ato administrativo possui DUAS FINALIDADES:
• I – Finalidade Genérica: Presente em todos os atos, é o atendimento ao interesse público;
• II –Finalidade Específica: É definida em lei e estabelece qual a finalidade de cada ato
especificamente.
OBS: Em determinadas situações, o ato é praticado no interesse público, mas com desvio da
finalidade específica, a exemplo de quando se exonera um servidor público com a intenção de puni-
lo. Assim, sendo violada a finalidade específica, mesmo que o agente esteja buscando o interesse
público, há o desvio de finalidade.
Ainda que o Administrador Público NÃO atue com a intenção de satisfazer interesses pessoais, a
prática do ato com a intenção de alcançar finalidade diversa da expressamente imposta na regra que a definiu
configura vício, por desvio de poder, SALVO nos casos de tredestinação lícita, na desapropriação.
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A finalidade é SEMPRE elemento vinculado do ato quanto à finalidade específica, podendo ser
discricionário se analisada a finalidade genérica que é o interesse público (conceito jurídico indeterminado).
ABUSO DE PODER
Excesso de poder O agente público extrapola a competência que lhe foi conferida pela
lei
Desvio de poder O agente público apesar de competente, não pratica o ato de acordo
com o interesse público ou o pratica fugindo dos fins específicos
fixados pelo legislador
Tabela retirada do livro Direito Administrativo - Vol. 9 • Fernando F. Baltar Neto e Ronny C. Lopes de Torres
- Juspodivm 2020.
4.3 Forma
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Caso a omissão da Administração Pública venha a resultar em um dano jurídico, tal omissão poderá
ensejar responsabilização patrimonial do Estado, bem como a do próprio servidor, nos casos de dolo ou culpa
(art. 37, §6° da CF/88).
As hipóteses de responsabilização não se restringem à ausência de resposta pelo exercente da função
administrativa, devendo ser também aplicáveis às situações em que a resposta surja quando já superado o
tempo razoável para aquela manifestação (direito à razoável duração do processo - inciso LXXVIII, do artigo
5º da Carta Magna).
Nas hipóteses de não haver previsão legal específica de prazo para a oferta de resposta pela
Administração, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei 9.784/99 (arts. 49 e 59,
§ 1º), responsável pela regulação do processo administrativo no âmbito federal.
Diante de provocação feita pelo particular, a inércia administrativa é ilicitude sanável por meio de
provocação do Poder Judiciário, o qual pode determinar que o agente público pratique o ato, cessando a
ilegalidade que decorria da omissão estatal, não configurando invasão no mérito administrativo, desde que
o Judiciário NÃO interfira no conteúdo da conduta a ser praticada.
De modo geral, a forma é elemento vinculado, mesmo nos atos administrativos discricionários,
SALVO se a lei estabelecer mais de uma forma possível para o ato ou for silente quanto à forma a ser
obedecida para a prática de determinado ato, quando então será discricionária.
Diferença entre FORMA e FORMALIZAÇÃO, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:
I) FORMA é o modo pelo qual o ato administrativo revela sua existência.
II) FORMALIZAÇÃO é a aparência externa pelo qual o ato deve ser revestido.
4.4 Motivo
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que o primeiro seria a circunstância de fato que impele a vontade do administrador, enquanto a segunda
seria a explicitação dessa circunstância fática, ou seja, a motivação exprime de modo expresso e textual
todas as circunstâncias de fato que levaram o agente à manifestação da vontade.
A nova Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) prestigiou a motivação dos atos
administrativos ao estabelecer que, nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Dispõe ainda que a motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas. A adequação é a aptidão ou pertinência da ação administrativa, enquanto a necessidade está
relacionada à escolha da administração que causa a menor restrição ao direito do administrado, também
chamada de "escolha mais suave".
Maria Sylvia Di Pietro e Hely Lopes Meirelles entendem pela necessidade de motivação tanto dos
atos vinculados quanto dos discricionários. Seguindo este último entendimento, a motivação, via de regra,
é obrigatória, salvo nos casos em que basta a evidenciação pelo agente público da sua competência para que
o ato esteja completo. Ex.: exoneração ad nutum. Entretanto, caso o ato seja fundamentado, o administrador
estará vinculado a esta fundamentação.
Cumpre destacar, neste momento, a chamada "teoria dos motivos determinantes", segundo a qual
a validade do ato está vinculada à veracidade dos fatos descritos como motivadores de sua prática. Dessa
forma, o ato discricionário, uma vez motivado (tendo seus motivos explicitados), passa a se vincular aos
motivos indicados pela Administração Pública como justificadores de sua prática. Tal vinculação abrange
as circunstâncias de fato e de direito, de tal forma que se tais circunstâncias se mostrem inexistentes ou
inválidas, acarretarão a invalidade do ato administrativo.
Motivo X Motivação: Motivo NÃO é sinônimo de motivação. Motivação é a exposição dos motivos
do ato, ou seja, a fundamentação do ato administrativo. Dessa forma, enquanto o motivo é um elemento do
ato administrativo, a motivação integra a formalização do ato.
Assim, o ato sem motivação possui um vício no elemento forma. Segundo Matheus Carvalho, deve
ser feita a diferenciação entre duas hipóteses:
I- O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, mas os motivos apresentados são falsos
ou não encontram correspondência com a justificativa legal para a prática da conduta. Nesses casos, pode-
se dizer que o ato é viciado, por ilegalidade no elemento motivo.
II- O ato é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e prevista em lei, contudo, o
administrador público não apresentou a motivação do ato. Trata-se de ato com vício no elemento forma.
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administrativo
MÓVEL – É a real intenção do agente público quando pratica a conduta estatal.
4.5 Objeto
É aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo jurídico, em virtude
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de sua prática.
Para a doutrina majoritária, objeto e conteúdo são expressões sinônimas, representando a
disposição do ato administrativo. Todavia, há quem defenda que o conteúdo seria a disposição do ato,
enquanto o objeto seria o bem ou a relação jurídica sobre a qual o ato administrativo incide.
Para que o ato administrativo seja válido, o objeto deve ser lícito, possível e determinável ou
determinado.
Segundo o entendimento doutrinário tradicional - e ainda hoje amplamente majoritário - a
finalidade é um elemento sempre vinculado. Nunca é o agente público quem determina a finalidade a ser
perseguida em sua atuação, mas sim a lei.
Vale pontuar, todavia, que parcela minoritária da doutrina sustenta que, na apreciação da finalidade
geral do ato, pode surgir, em um caso concreto, alguma possibilidade de decisão discricionária, exatamente
porque interesse público é um conceito jurídico indeterminado. Podendo possuir feição discricionária nos
atos administrativos discricionários.
Forma Vinculado
Motivo Discricionário
Objeto Discricionário
Para MOTIVO E OBJETO, por serem discricionários, não pode haver controle pelo Judiciário,
conforme maioria da doutrina, já que se refere à conveniência e oportunidade do administrador público.
Logo, o Poder Judiciário pode controlar a legalidade, mas não o mérito dos atos administrativos
discricionários.
O mérito administrativo está relacionado com a possibilidade de a Administração Pública valorar os
critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo do ato administrativo. Por essa razão, só há que se
falar em mérito administrativo diante do ato discricionário, vez que, no ato vinculado, o mérito do ato (a
valoração dos critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo) é do legislador, que determina à
Administração o que fazer e quando fazer.
Amigo concurseiro policial, a doutrina minoritária, capitaneada por Celso Antônio Bandeira de Melo,
é adotada por algumas bancas nesta temática, então, pensando em sua discursiva, veremos tal posição. Não
olvidando que o foco principal é o exposto acima (doutrina majoritária).
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Celso Antônio Bandeira de Melo, discorda da classificação adotada pela doutrina majoritária,
dispondo:
OS ELEMENTOS do ato administrativo, seriam intrínsecos ao próprio ato e cuja ausência de algum
deles implicaria a ausência do próprio ato:
a) Sujeito Competente – o ato administrativo deve ser praticado por alguém com legitimação;
b) Motivo
c) Causa – Correlação lógica entre o motivo e o conteúdo do ato administrativo no exercício da finalidade
pública.
d) Finalidade ou pressuposto teleológico do ato administrativo
e) Formalização ou pressuposto formalístico – É o meio pelo qual o agente deve exteriorizar a sua vontade,
NÃO se confundindo com a forma, pressuposto de validade definida como condição formal para a expedição
do ato.
f) Requisitos procedimentais – presente em alguns atos que, para serem regularmente expedidos, devem
respeitar a existência de procedimentos anteriores.
MEMORIZANDO
Elementos do Ato Administrativo
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• Motivo
• Objeto
a) Presunção de Veracidade – Prerrogativa que prevê que, até prova em contrário, o ato administrativo goza
de fé pública e os atos presumem-se verdadeiros (presunção juris tantum). Diz respeito a fatos e causa a
inversão do ônus da prova dos fatos alegados pelo particular.
b) Presunção de Legitimidade – Trata-se de presunção jurídica, de modo que, até prova em contrário,
presume-se que o ato foi editado em conformidade com a lei e o ordenamento jurídico (presunção juris
tantum). Esse atributo NÃO diz respeito a fatos, mas à adequação da conduta com a norma jurídica posta.
c) Imperatividade – Todo ato administrativo que cria obrigação ao particular encerra um poder dados à
Administração de, unilateralmente, estabelecer obrigação aos particulares, desde que dentro dos limites da
Lei. Trata-se de característica presente apenas nos atos que dispõem acerca de obrigações e deveres aos
particulares, ao passo em que os atos que definem direitos e vantagens NÃO são imperativos.
A imperatividade está presente mesmo diante de atos administrativos reputados como inválidos pelo
particular, em decorrência da presunção de legitimidade da qual essa atuação se reveste.
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Poder Extroverso – seria o atributo a imperatividade nos atos administrativos restritivos, em que as
determinações impostas pelo poder público devem ser cumpridas.
– NÃO incide para atos negociáveis e enunciativos.
A imperatividade é atributo presente apenas nos atos administrativos que imponham restrições de
direitos, NÃO se aplicando aos atos ampliativos de direito.
d) Exigibilidade – Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público terá que
executar o ato desrespeitado, valendo-se de meios indiretos de coação. O exercício desse atributo não
dispensa o respeito ao devido processo legal, com contraditório e ampla defesa.
f) Tipicidade (Di Pietro) – Seria a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei. Em
verdade, não é prerrogativa concedida ao ente estatal, mas limitação para a prática de atos não previamente
estipulados por lei. Aqui o conceito diferencia-se do adotado em direito penal.
MEMORIZANDO
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Decorre do cumprimento das etapas previstas em lei, necessárias à formação do ato. Ou seja: é
aquele que completou o processo de formação. Isso ocorre, pois, todo ato administrativo é formalizado por
procedimento administrativo prévio.
O ato perfeito NÃO é retratável, mas pode ser revisado ou anulado (princípio da autotutela).
Ato imperfeito – é aquele que ainda está em formação.
Aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de acordo com a Lei. A validade é a
compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na normal legal.
É segundo plano de análise dos atos administrativos, só podendo ser analisado se o ato for, ao menos,
existente (perfeito).
7.3 Eficácia
Aptidão para a produção de efeitos concedida ao ato administrativo. O ato administrativo ganha
eficácia com a publicação.
Alguns têm eficácia imediata, logo após a publicação, mas outros podem ter sido editados com
previsão de termos iniciais ou condições suspensivas, sendo atos ineficazes enquanto a situação de
pendência não for resolvida. São chamados de atos pendentes.
Atos Administrativos Pendentes: São os atos perfeitos e válidos que ainda não estão aptos a
produzir efeitos em decorrência da pendência de alguma condição ou termo.
JÁ CAIU EM PROVA:
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II – Efeito Prodrômico (efeito preliminar): Efeito por meio do qual se impõe uma nova atuação
administrativa diante do início do ato praticado.
Alguns atos administrativos somente estarão perfeitos após a manifestação de vontade de mais
de uma autoridade pública, como os atos administrativos compostos e complexos. Logo, quando o
primeiro órgão manifesta a sua vontade, dando início à formação do ato administrativo, esta conduta tem
como efeito impróprio obrigar a manifestação de vontade do segundo órgão. O efeito prodrômico
determina a quebra da inércia administrativa quando, estando o ato em formação, a vontade que dá início
à sua perfeição é manifestada.
a) Ato perfeito, válido e eficaz – Quando o ato cumpre todas as etapas de sua formação e a conduta é
praticada dentro dos limites definidos pela lei;
b) Perfeito, válido e ineficaz – O ato cumpriu todas as etapas de formação e foi expedido em conformidade
com a Lei, mas não está apto a produzir efeitos por depender de termo ou condição, ou ainda de publicidade
= >ATOS ADMINISTRATIVOS PENDENTES
c) Perfeito, inválido e eficaz – Não corresponde às normas legais definidas para a sua prática, no entanto
produzirá efeitos até que seja declarada a irregularidade.
d) Perfeito, inválido e ineficaz – Sempre que a ilegalidade do ato for demonstrada, NÃO poderá produzir
efeitos contrários àqueles definidos na legislação que trata da sua edição.
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Atos Vinculados: Definidos em lei que não confere ao agente público qualquer margem de escolha.
Atos Discricionários: Não obstante regulamentados por lei, admitem uma análise de pressupostos
subjetivos pelo ente estatal. A lei confere ao Administrador uma margem de atuação, dentro dos limites
estipulados pela Legislação.
JÁ CAIU EM PROVA:
Ato Simples: Para a sua formação depende de uma única manifestação de vontade;
Ato Composto: Para a sua perfeição depende de mais de uma manifestação de vontade, sendo
compostos por uma vontade principal (ato principal) + vontade que ratifica esta (ato acessório). Composto
de dois atos, geralmente do mesmo órgão público, em mesmo patamar de igualdade. – Ato composto é
formado pela manifestação de vontade de um único órgão, sendo apenas ratificado por outra autoridade.
Ex: Atos administrativos que dependem de visto/ homologação da autoridade revisora.
Ato Complexo: Formado pela soma de vontades de órgãos públicos independentes, em mesmo
nível hierárquico, de forma que tenham a mesma força, não se podendo imaginar a dependência de uma em
relação à outra.
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Ato Gerais – Se referem a quantidade indeterminada de pessoas, com caráter abstrato e impessoal.
Atos Individuais - Se referem a determinados indivíduos, especificados no próprio ato. Se subdividem
em:
* Atos Múltiplos – Se referem a mais de um destinatário;
* Atos Singulares – Se destinam a um único sujeito descrito na conduta.
Atos de império – Aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativa de Poder Público,
valendo-se da supremacia do interesse público sobre o privado;
Atos de Gestão – Executados pelo Poder Público sem as prerrogativas de Estado, atuando a
Administração em situação de igualdade com o particular;
Atos de Expediente – Praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem
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configurar uma manifestação de vontade do Estado, mas a execução de condutas previamente definidas.
Atos Concretos – Praticados com a finalidade de resolver uma situação específica, exaurindo os seus
efeitos em uma única aplicação, não perdurando após a prática e a execução. Ex: Multa de trânsito, aplicação
de penalidade de demissão a servidor faltoso.
Atos abstratos – Definem regra genérica que deverá ser aplicada sempre que a situação descrita no
ato ocorrer de fato.
Atos constitutivos – Criam uma situação jurídica nova, previamente inexistente, mediante a criação
de novos direitos ou a extinção de prerrogativas anteriormente estabelecidas.
Atos declaratórios – afirmam um direito preexistente, mediante o reconhecimento de situação
jurídica previamente constituída. Ex: Certidão e atestado.
Ato modificativo – Altera situação já existente, sem que seja extinta, NÃO retirando direitos e
obrigações. Ex: alterar horário de atendimento.
Atos ampliativos – Atribuem direitos e vantagens aos seus destinatários, normalmente, concedendo
vantagens previamente requeridas pelo interessado.
Atos Restritivos – Atos que impõem obrigações ou aplica penalidades aos destinatários, sempre
dentro dos limites da lei, como uma multa de trânsito.
Obs.: Atos Ablativos/Ablatórios: são todos os atos que restringem direitos dos administrados.
Atos Internos – Produzem efeito dentro da estrutura da administração pública responsável por sua
edição, não atingindo pessoas estranhas à organização administrativa interna;
Atos Externos – Produzem efeito em relação aos administrados, estranhos à estrutura da
administração pública, dependendo de publicação em órgão oficial, podendo ser divididos em bilaterais e
unilaterais.
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Ato administrativo em sentido formal são aqueles que possuem a forma de ato administrativo, mas
são dotados dos atributos de abstração e generalidade, tais como as instruções normativas e regulamentos.
Ato administrativo em sentido material são aqueles voltados para uma situação determinada,
individualizada, ainda que inclua mais de uma pessoa.
São atos gerais e abstratos que geram obrigações a uma quantidade indeterminada de
pessoas.
Enseja a produção de normas gerais, sempre inferiores aos comandos legais, NÃO
podendo inovar no ordenamento jurídico.
I – Regulamento – Ato Normativo privativo do chefe do poder executivo, apresentado por um DECRETO.
Podem ser:
• Regulamentos executivos – Editados para a fiel execução da lei. Caso inove, viola o princípio da
legalidade;
• Regulamentos Autônomos – atuam substituindo a lei e inovam o OJ, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas mediante previsão legislativa. São admissíveis apenas para as situações
previstas no art. 84, VI da CF.
II – Instruções Normativas – Atos expedidos por quaisquer autoridades públicas ou órgãos públicos com
atribuição legal para a execução de decretos e regulamentos.
III – Regimento – Ato normativo para definição de normas internas, estabelecendo as regras para o regular
funcionamento de órgãos colegiados.
IV – Deliberações – Ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de vontade da
maioria dos agentes que o representam.
V – Resolução – atos normativos dos órgãos colegiados, usados pelos Poderes legislativo e Judiciário, e
Agências Reguladoras, para disciplinar matéria de sua competência específica.
As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da prestação do
serviço e expedem os atos por meio de manifestação de seu conselho diretivo.
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MEMORIZANDO
Atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder hierárquico, destinados a produzir
efeitos apenas no âmbito da Administração Pública (não atingem particulares).
ATOS INTERNOS NÃO GERAM DIREITOS ADQUIRIDOS AOS SEUS DESTINATÁRIOS, PODENDO SER
REVOGADOS A QUALQUER TEMPO POR QUEM OS EXPEDIU.
I – Portaria – Ato administrativo individual que estipula ordens e determinações internas e estabelece
normas que geram direitos ou obrigações internas a indivíduos específicos.
III – Ordem de Serviço – Conduta estatal com a finalidade de distribuir e ordenar o serviço interno do órgão,
escalonando entre os setores e servidores vinculados àquela entidade.
IV – Despacho – Ato administrativo por meio do qual as autoridades públicas proferem decisões acerca de
determinadas situações específicas, de sua responsabilidade funcional.
VI – Ofícios – Ato emanado para garantir a comunicação entre autoridades públicas ou entre estas e
particulares, destinadas a comunicações externas.
VII –Aviso – Ato normativo expedido pelos órgãos auxiliares diretos do Poder Executivo (Ministérios ou
Secretarias), a fim de dar conhecimento à sociedade de determinado assunto ligado à atividade fim daquele
Órgão.
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MEMORIZANDO
Atos administrativos ordinatórios: PAO DOCI
Portarias
Avisos
Ordens
Despachos
Ofícios
Circulares
Instruções
I – Autorização – Ato discricionário e precário por meio do qual a Administração autoriza o uso de bem
público por um particular de forma anormal ou privativa, no interesse eminentemente do beneficiário.
Podem ser:
• Autorização de uso de bem público – Para uso anormal e privativo de determinado bem
público por um particular, quando não viola o interesse coletivo de utilização normal deste
bem. Para uso normal, não precisa de autorização.
• Autorização de Polícia – Necessário para que o particular exerça atividades fiscalizadas pelo
Estado.
Em ambas as situações, a autorização é ato discricionário e precário, podendo ser desfeito a
qualquer momento SEM direito à indenização, não gerando direito adquirido aos beneficiários.
II – Permissão – Ato unilateral, discricionário e precário e é veiculada para conceder ao particular o uso de
determinado bem público de forma anormal ou privativa. – É ato que faculta a utilização privativa de bem
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público, no qual a administração autolimita o seu poder de revogar unilateralmente o ato. Há, também, a
presença de interesse da coletividade.
Complementando:
AUTORIZAÇÃO X PERMISSÃO
III – Licença – Ato de polícia através do qual o Poder Público permite a realização de determinada atividade
sujeita à fiscalização do Estado.
É ato vinculado, e caso o particular preencha os requisitos legais, adquire o direito subjetivo à concessão da
licença para o exercício de atividade profissional.
A licença é ato vinculado e NÃO pode ser revogada nem pela administração, nem pelo judiciário.
Se for licença para construção e reforma, a jurisprudência entende ser possível a sua revogação,
desde que justificada por razões de interesse público superveniente, caso em que o ente estatal deverá
indenizar o particular pelos prejuízos comprovados.
IV – Admissão – Ato unilateral e vinculado pelo qual o poder público permite que o particular usufrua de
determinado serviço público, mediante a inclusão em um estabelecimento público. Ex: admissão em
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hospitais públicos.
V – Aprovação – Ato administrativo discricionário para o controle da atividade administrativa, com base na
legalidade de ato anterior, além dos critérios de oportunidade e conveniência do agente que executou a
conduta.
VI – Homologação – Ato vinculado de controle de legalidade de ato anteriormente expedido pela própria
Administração Pública, sendo possível haver o controle de mérito na atuação estatal. – É ato vinculado e
unilateral pelo qual a administração reconhece a legalidade de um ato jurídico. Se realiza a posteriori e
examina apenas a legalidade.
NÃO produzem efeitos e NÃO podem ser revogados. Certificam ou atestam uma
situação existente, NÃO contendo manifestação de vontade da Administração. Por isso, NÃO
produzem efeitos e NÃO podem ser revogados.
I – Atestado: Quando o Poder Público tem de comprovar, mediante verificação de determinada situação de
fato, para então proferir ato que ateste aquela ocorrência fática.
II – Certidão – É ato por meio do qual a Administração Pública certifica um determinado fato que já se
encontra previamente registrado no Órgão.
III – Apostila ou Averbação – Ato administrativo pelo qual o ente estatal acrescenta informações constantes
em registro público.
IV – Parecer – ato administrativo por meio do qual se emite opinião de órgão consultivo do Poder Público
sobre assunto de sua competência, assuntos técnicos ou de natureza jurídica.
O parecer pode ser facultativo, nas situações em que não é obrigatória a sua emissão para a prática
regular do ato administrativo, ou obrigatório, nas hipóteses em que a apresentação do ato opinativo é
indispensável à regularidade do ato, casos em que a ausência do parecer enseja a nulidade do ato por vício
de forma.
Para a doutrina majoritária, só haverá responsabilidade do emissor do parecer se ele tiver atuado
de forma dolosa ou com erro grosseiro ao emanar ato de opinião.
MEMORIZANDO
Atos administrativos enunciativos: CAPA
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Certidão
Apostila
Parecer
Atestado
Vejamos: Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
O Decreto nº 9.830/2019 foi mais enfático que o art. 28 da LINDB e afirmou que o agente
público somente responderá em caso de dolo ou erro grosseiro:
Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado por suas decisões
ou opiniões técnicas se agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer
erro grosseiro, no desempenho de suas funções.
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Art. 12 (...)
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de forma automática
ao decisor que a adotou como fundamento de decidir e somente se configurará se
estiverem presentes elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro
grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes.
Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS 24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem
três espécies de parecer:
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Atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções em face do cometimento
de infrações administrativas pelos servidores públicos ou particulares.
MEMORIZANDO
Ocorre quando o ato já cumpriu todos os efeitos nele dispostos ou pelo advento do termo final ou
prazo ou ainda mediante o esgotamento do conteúdo jurídico desta conduta.
O cumprimento dos efeitos decorre da execução material da situação apresentada no ato
administrativo, ex: término do prazo da construção, a licença para construir se extingue.
Advento do termo final ou da condição resolutiva extingue os atos sujeitos a prazo determinado ou
que dependam da ocorrência de evento futuro e incerto para que deixe de produzir efeitos, Ex: autorização
por porte de armas concedida por 01 ano que se extingue após expirado esse prazo.
Esgotamento do conteúdo jurídico é a extinção natural.
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10.2 Renúncia
10.4 Retirada
Extinção de uma determinada conduta estatal, mediante a edição de ato concreto que a desfaça. É
forma de extinção precoce do ato administrativo.
Para alguns doutrinadores, é chamada de TEORIA DAS NULIDADES.
10.5 Anulação
• Direito Administrativo
• Teoria Monista: NÃO é possível reconhecer atos anuláveis. Qualquer ilegalidade é causa
de nulidade (Hely Lopes Meireles);
• Teoria Dualista: Há atos anuláveis e nulos (Oswaldo Aranha Bandeira de Melo)
• Teoria Ternária: Há atos nulos, anuláveis e irregulares (Miguel Seabra Fagundes);
• Teoria Quaternária (majoritária): Os atos podem ser inexistentes, nulos, anuláveis e
irregulares (Celso Antônio Bandeira de Melo)
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- Atos sanáveis:
• Forma – salvo se exigida como condição do ato;
• Competência – salvo se competência exclusiva e em razão da matéria.
É a retirada do ato administrativo por motivo de ilegalidade, operando efeitos ex-tunc, ressalvados
os direitos adquiridos de terceiros de boa-fé.
O ato anulatório é secundário, constitutivo e vinculado (é um dever e não mera faculdade).
Em regra, a anulação produz efeitos ex tunc, exceto a anulação de atos unilaterais ampliativos e de
atos praticados por funcionário de fato, havendo, nos dois casos, boa-fé.
NÃO existe direito adquirido à manutenção de ato nulo no ordenamento jurídico, mas tão somente
a manutenção de determinados efeitos deste ato.
Os atos expedidos em desconformidade à lei podem ser divididos em 04 espécies:
• Atos inexistentes – estão fora do ordenamento jurídico em virtude da violação a princípios
básicos que norteiam a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade.
• Atos Nulos – Decorre do desrespeito à lei em alguns de seus requisitos, ensejando a
impossibilidade de convalidação por não admitir conserto.
• Atos Anuláveis – Possuem vícios que admitem consertos, não obstante editados em
desacordo com a legislação aplicável.
• Atos Irregulares – Sofrem vício material relevante, não ensejando a nulidade, mas
responsabilizando o agente público que o praticou. Esse vício NÃO atinge a esfera jurídica
dos destinatários do ato.
STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando ilegais (autotutela). Porém, se a
invalidação desses atos repercute em interesses individuais, será necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.
TEORIA DA APARÊNCIA – A nomeação de servidor sem concurso público é nula, mas os atos
praticados são válidos, em atenção ao princípio da segurança jurídica. Ademais, não há devolução dos
salários, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Embora o ato administrativo não
produza efeitos, os direitos adquiridos por terceiros de boa-fé são resguardados, não podendo ser atingidos
pela anulação de ato que ensejava benefícios aos seus destinatários. A anulação poderá ser feita pela própria
Administração pública ou pelo Poder Judiciário.
O Poder Judiciário, além da própria Administração, também pode anular os atos administrativos
com vícios de ilegalidade, desde que o faça mediante provocação, possuindo a administração o prazo
decadencial de 05 (cinco) anos para anular atos administrativos ampliativos, salvo no caso de má-fé do
beneficiário.
Na anulação, NÃO há o efeito repristinatório.
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Vícios de forma e competência devem ser corrigidos, se for mais interessante ao interesse
público e causar menos prejuízo do que a sua anulação. Nesses casos, a convalidação opera efeitos ex-
tunc, retroagindo à data de edição do ato para que sejam resguardados os efeitos pretéritos desta
conduta.
Obs.: Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a convalidação pode ser realizada pelo administrado quando a
edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Nesse caso, o
particular pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato.
CONFIRMAÇÃO – Se a convalidação for feita pela mesma autoridade que havia praticado o ato
originariamente.
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ATENÇÃO:
Vício de competência quanto à matéria: NÃO se convalida;
Vício de competência em relação à pessoa: Se convalida, desde que não se trate de competência
exclusiva.
São convalidáveis tanto os atos administrativos vinculados quanto os discricionários.
MEMORIZANDO
FOrma
COmpetência
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Motivo
JÁ CAIU EM PROVA:
Resposta: letra D.
Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial (letras A e B).
O ato com desvio de finalidade não admite convalidação (letra C). A revogação dos atos
administrativos referem-se aos elementos motivo e objeto, não se admitindo no que tange à
finalidade, conforme a doutrina majoritária (letra E).
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Lei 9.784/99 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão
ser convalidados pela própria Administração. A doutrina considera que havendo a possibilidade
de convalidação o ato não deve ser anulado nem invalidado(letra A e B). A questão não trata de
desvio de finalidade ou abuso de poder, sendo cabível a convalidação (letra E).
10.6 Revogação
Impende salientar que quando o Próprio Poder Judiciário age como Administração Pública, gerindo
seus servidores, administrando seu patrimônio, haverá o exame do mérito administrativo normalmente. Aqui
o Poder Judiciário não está analisando o mérito administrativo de atos praticados por outros órgãos e
poderes, mas sim dos seus próprios atos como Administração Pública.
O ato revocatório é secundário, constitutivo e discricionário (revogação é poder e não dever).
NÃO há previsão de limite temporal para a revogação dos atos administrativos.
Tanto na anulação quanto na revogação NÃO há o efeito repristinatório.
Dever de indenizar: a doutrina admite a possibilidade de indenização aos particulares prejudicados
pela revogação, desde que tenha ocorrido a extinção antes do prazo fixado para permanência da vantagem.
NÃO SE ADMITE REVOGAÇÃO:
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10.7 Cassação
Ocorre quando o beneficiário do ato deixa de cumprir os requisitos de quando teve o ato deferido.
É hipótese de ilegalidade superveniente por culpa do beneficiário.
10.8 Caducidade
Trata-se da extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção do ato
inicialmente válido. Trata-se de ilegalidade superveniente decorrente de alteração legislativa.
Ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diversa, cujos efeitos são
contrapostos aos do ato inicial, produzindo sua extinção. É espécie de revogação praticada por autoridade
distinta da que expediu o ato inicial. Exemplo: ato de nomeação de um funcionário extinto com a exoneração.
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veniência e oportunidade).
A licença é um ato vinculado que não pode ser revogado nem pela Administração Pública e nem
pelo Poder
Judiciário (letra A).
Conforme visto, os atos enunciativos não produzem efeitos e não podem ser revogados(B).
Deliberação é o ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de
vontade da
maioria dos agentes que o representam, não correspondendo ao enunciado(letra C). Fato
administrativos
são atos materiais, relacionados a mera execução, não tratando sobre manifestação de vontade.
A estabilização é instituto criado para garantir a preservação da boa-fé e segurança jurídica. Nesse
sentido, nenhum princípio poderá ser considerado de forma absoluta, inclusive a legalidade, que deve
admitir ponderação para a garantia dos demais princípios.
Em determinadas situações, a retirada do ato com efeito retroativos, ante a uma ilegalidade, enseja
prejuízos aos cidadãos de boa-fé, razão pela qual em algumas situações devem ser mantidos os efeitos
produzidos pelo ato ou, ainda, o próprio ato deve ser mantido no ordenamento jurídico em que pese a sua
ilegalidade.
No instituto da estabilização dos efeitos, não há convalidação do ato administrativo, não havendo
conserto dos seus vícios. O ato continua com os vícios que levariam à sua invalidação, mas por questão de
segurança jurídica e boa-fé, ele permanece aplicável no ordenamento jurídico e seus efeitos se estabilizam.
O que ocorre com a estabilização é que tais efeitos passam a ser vistos como se decorrentes de ato
legal fossem. Ex: TEORIA DO FUNCIONÁRIO DE FATO (São válidos os efeitos dos atos praticados por agentes
públicos regularmente investidos, por se revestirem de aparência de legalidade) e a MODULAÇÃO DOS
EFEITOS EM ADI.
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- Na estabilização é preciso que a retirada do ato comprometa outros princípios de ordem jurídica,
causando prejuízos sérios que justifiquem a manutenção da situação.
No que concerne à teoria do "fato consumado", esta seria a convalidação de uma ilegalidade pela
consolidação da situação de fato. O STJ e O STF (em regra) rejeitam sua aplicação, quando decorrente de
provimentos judiciais provisórios (Agr. RMS 23.544). Todavia, essa teoria vem sendo acolhida em situações
excepcionais, como, por exemplo, no caso de uma liminar que autoriza a transferência de estudante de uma
universidade privada para uma pública, cujo julgamento do mérito, pela ilegalidade de tal transferência, só
venha a ocorrer após a conclusão do curso. (Ag-RE 429.906-SC).
Com base na teria do fato consumado, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento
ao recurso de um policial rodoviário federal que tomou posse em 1999, amparado em decisão liminar, e
reconheceu que ele tem direito a permanecer no cargo, em decorrência do excessivo decurso temporal entre
a concessão da liminar e os dias atuais, tendo em vista que a reversão desse quadro traria danos irreparáveis
ao servidor.
SÚMULAS DO STF RELACIONADAS AO TEMA:
Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Súmula 683. "0 limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
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em face do art. 7°, XXX, da constituição, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido".
Súmula 684. É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a
concurso público.
Referências Bibliográficas
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QUESTÕES PROPOSTAS
A-não merece prosperar, porque ação civil pública não é a medida judicial adequada para o caso, sob pena
de violação ao princípio da separação dos poderes;
B-não merece prosperar, porque o Ministério Público não ostenta legitimidade para ajuizar ação civil pública
em favor de adolescentes infratores, e sim apresentar representação em face deles;
C-não merece prosperar, porque o delegado agiu nos limites de sua discricionariedade administrativa,
observados seus critérios de conveniência e oportunidade, e o Poder Judiciário não pode se imiscuir no
mérito administrativo;
D-merece prosperar, pois, via de regra, o Poder Judiciário, quando provocado em tema de políticas públicas,
deve analisar a legalidade e o mérito administrativo de atos administrativos;
E-merece prosperar, pois o ato do delegado praticado com suporte no poder discricionário é contrário ao
ordenamento jurídico, razão pela qual é legítima a intervenção do Poder Judiciário.
SEMANA 05/12
A-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, pois agiu com o intuito de perseguir seu subordinado;
B-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade desvio de poder,
por vício no elemento finalidade do ato administrativo;
C-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, por vício no elemento motivo do ato administrativo;
D-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, que agiu nos limites de seu poder discricionário,
na qualidade de chefe imediato de João;
E-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, pois os elementos do ato administrativo não
estão viciados, de maneira que, apesar de imoral, a conduta não é ilegal.
A-imperatividade, que é um meio de execução direta do ato administrativo, mediante imprescindível e prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
B-exigibilidade, que é um meio legítimo de coerção direta do ato administrativo, assegurado o posterior
controle jurisdicional e admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
C-tipicidade, que é um meio de coerção indireta do ato administrativo que prescinde de prévio controle
jurisdicional, admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
D-autoexecutoriedade, que é um meio de execução direta do ato administrativo que prescinde de prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
E-presunção de legitimidade, que é um meio legítimo de execução direta do ato administrativo, desde que
assegurado o contraditório imediato pelo particular interessado.
4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
A presunção de que os atos administrativos são editados em conformidade com o ordenamento jurídico é
relativa, pois admite prova em contrário por parte do interessado.
246
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SEMANA 05/12
Certo
Errado
5 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
São classificados simples os atos administrativos editados a partir da vontade de um único órgão público,
seja ele singular, seja colegiado.
Certo
Errado
A-licenças e homologações.
B-atos enunciativos.
C-deliberações e provimentos.
D-atos revogáveis.
E-fatos administrativos.
A-A Administração deve anular seus próprios atos, quando presente vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
B-O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários prescreve em cinco anos, contados da data em que foram praticados, independentemente de
boa-fé.
C-Sempre que o servidor público já houver preenchido todos os requisitos legais para o gozo do direito
adquirido, não poderá mais a Administração Pública revogar o respectivo ato de concessão.
D-Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.
E-Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
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SEMANA 05/12
A-como a nomeação estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve assinar o ato de
nomeação e submetê-lo ao Diretor de Gestão Interna da Polícia Civil.
B-considerando que a assinatura estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve solicitar
a revogação do ato de nomeação para, ato contínuo, assiná-la.
C-o delegado Madeira deve assinar o ato de nomeação, já que se trata de ato ainda vinculado à sua
competência legal.
D-além de ser competente para assinar o ato de nomeação, o delegado Madeira pode realocar o cargo
comissionado na DPM.
E-o delegado Madeira está proibido de assinar o ato de nomeação, sob pena de viciar tal ato administrativo.
10 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA Provas: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Considerando a temática Direito Administrativo, assinale a alternativa INCORRETA.
A-O desvio de poder ocorre quando o agente atua nos limites da competência legalmente definida, mas
visando alcançar outra finalidade que não aquela prevista em lei.
B-Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre a extinção de
funções ou cargos públicos, quando vagos.
C-O poder disciplinar do Estado é o poder de aplicação de sanções por parte do Poder Público, sendo que
essas sanções decorrem de vinculação especial entre o sancionado e o Estado, notadamente, a relação
hierárquica e a relação contratual.
D-As certidões e os pareceres são espécies de atos administrativos ordinatórios.
E-Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais.
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SEMANA 05/12
A-Objetividade.
B-Tipicidade.
C-Motivação.
D-Validade.
E-Eficácia.
A-Competência.
B-Finalidade.
C-Objeto.
D-Forma.
E-Motivo.
14 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Os atos administrativos, quanto ao grau de liberdade da Administração Pública para decidir, podem ser
A-internos ou externos.
B-individuais ou gerais.
C-vinculados ou discricionários.
D-concretos ou abstratos.
E-simples ou complexos.
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A-deverá ser anulado pela própria Administração Pública, no prazo de até 5 (cinco) anos contados da data da
publicação do ato.
B-deverá ser invalidado pelo Poder Judiciário, mediante processo em que se assegure ampla defesa e
contraditório, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
C-poderá ser convalidado pela Administração Pública.
D-poderá ser impugnado pelo Ministério Público por meio de Ação Civil Pública por desvio de finalidade.
E-poderá ser objeto de Ação Popular, ajuizada por qualquer cidadão, por abuso de poder e usurpação de
competência.
A-no exercício de sua função, poderá, motivadamente, renunciar ao uso de poderes outorgados por lei.
B-é imune a controle externo porque sua intensidade decorre de competência discricionária.
C-ato praticado com excesso de poder não pode ser convalidado porque o vício é, no caso, insanável.
D-o desvio de finalidade constitui uma forma de abuso de poder.
E-a prática de ato por autoridade incompetente caracteriza abuso de poder e desvio de finalidade,
acarretando nulidade absoluta do ato administrativo.
A-anular, de ofício, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de conveniência e
oportunidade.
B-revogar, de ofício ou mediante provocação, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de
legalidade e constitucionalidade.
C-anular, de ofício, apenas os atos vinculados.
D-revogar, de ofício ou mediante provocação, apenas os atos vinculados.
E-rever, de ofício ou mediante provocação, os atos administrativos por ela praticados.
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19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
Federal
Pedro, após ter sido investido em cargo público de determinado órgão sem a necessária aprovação em
concurso público, praticou inúmeros atos administrativos internos e externos.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que segue.
Atos administrativos externos praticados por Pedro em atendimento a terceiros de boa-fé têm validade,
devendo ser convalidados para evitar prejuízos.
Certo
Errado
20 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Um servidor público federal determinou a nomeação de seu irmão para ocupar cargo de confiança no
órgão público onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu
parecer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Sob o fundamento da ilegalidade, a administração pública deverá revogar o ato de nomeação, com a garantia
de que sejam observados os princípios do devido processo legal e da ampla defesa.
Certo
Errado
Respostas8
8
1: E 2: B 3: D 4: C 5: C 6: D 7: B 8: E 9: E 10: D 11: D 12: E 13: E 14: C 15: C 16: D 17: E 18: C 19: C 20: E
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META 5
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 A 234-A
OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 5º, XL, CF/88
⦁ Art. 7º, II, Lei Maria da Penha
⦁ Art. 61, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 65, Lei de Contravenções Penais (atualmente revogado)
⦁ Art. 240, 241 e 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, Lei 8072/90
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A)
⦁ Art. 215 e 215-A
⦁ Art. 216-B
⦁ Art. 218- e 218-C
⦁ Art. 226
⦁ Art. 228
⦁ Art. 233
⦁ Art. 234-A
OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 240, ECA
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA
⦁ Art. 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90
O termo “dignidade sexual” foi utilizado neste título apenas após a Lei 12.015/2009 que, dentre
de uma série de mudanças, também o modificou. Antes, utilizava-se “Dos crimes contra os costumes”.
A doutrina criticava a antiga nomenclatura, tendo em vista que dá um sentido de maior ofensa
à sociedade do que à vítima violentada.
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SEMANA 05/12
b) Evolução legislativa: Antes de 2009 estupro era só conjunção carnal, sendo que os atos libidinosos diversos
consistiam em tipo penal autônomo, qual seja, atentado violento ao pudor (revogado formalmente, já que
houve continuidade normativo-típica ou transmudação geográfica do tipo penal, vez que a conduta migrou
para o estupro e continua sendo penalmente relevante).
Antes, o agente respondia por dois crimes. Hoje, prevalece tratar-se de tipo penal misto alternativo,
de modo que, caso o agente pratique mais de uma das condutas do tipo, responderá por crime único.
É mais uma hipótese em que, no intuito de agravar a situação do criminoso, o legislador,
ao contrário, acabou beneficiando-o, trazendo, na verdade, uma novatio legis in melius, o que
dá, aos condenados anteriores o direito de pedirem revisão de pena.
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Art. 213 que previa o estupro, o qual consistia na Reuniu os dois dispositivos anteriores à lei no art.
punição da conjunção carnal violenta, tendo como 213, que prevê o crime de estupro, o qual pune a
sujeito ativo o homem e passivo a mulher. conjunção carnal violenta ou a prática de atos
libidinosos diversos da conjunção carnal.
Art. 214 que previa o atentado violento ao pudor, o
qual punia atos libidinosos diversos da conjunção OBS.: Não houve abolitio criminis do art. 214, pois os
carnal, tendo como sujeito ativo e passivo qualquer atos libidinosos continuam puníveis, apenas com
pessoa. outra roupagem (princípio da continuidade
normativo-típica).
Dizer o Direito:
Após a Lei n° 12.015/2009, quando o agente pratica, além da conjunção carnal (coito vaginal), outro ato
libidinoso independente (ex: coito anal), no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, realiza mais de
um crime?
NÃO. Trata-se de CRIME ÚNICO. O STJ definiu que o art. 213 do CP, com redação dada pela Lei n° 12.015/2009 é
tipo penal misto ALTERNATIVO.
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só
vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.
Vale ressaltar que havia divergência entre as Turmas do STJ sobre o tema, mas já foi superada, tendo ambas
adotado o entendimento do crime único. Nesse sentido:
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 05/08/2014.
STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv. TJ/SE), julgado em 24/04/2014.
O fato de o agente ter praticado coito vaginal e também outro ato libidinoso (exs: coito anal, sexo oral) pode
ser utilizado pelo juiz para aumentar a pena do réu?
SIM. O juiz irá reconhecer que se trata de crime único, condenando apenas pelo art. 213 do CP com a nova
redação dada pela Lei n° 12.015/2009. No entanto, na 1ª fase da dosimetria da pena (análise das circunstâncias
judicias do art. 59), o magistrado deverá aumentar a pena-base considerando que a culpabilidade do agente é
mais intensa e as circunstâncias em que o crime foi praticado são mais reprováveis que o normal já que
impuseram à vítima um nível de sofrimento ainda maior do que aquele que seria necessário para a consumação
do delito. Com efeito, a vítima foi obrigada a realizar dois atos sexuais diferentes. Isso pode (e deve) ser valorado
negativamente pelo julgador.
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Se o agente pratica conjunção carnal e outros atos libidinosos contra vítimas diferentes ou, então, contra uma
só vítima, mas em contextos fáticos diferentes (ex: em dois dias seguidos), haverá continuidade delitiva ou até
concurso material, a depender do caso concreto.
Obs.: Segundo o STF, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, cometidos antes ou depois da edição
da Lei nº 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples, sendo
irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou
morte (Inf. 835).
● Ainda há a figura do atentado violento ao pudor no ordenamento jurídico? Sim, no Código Penal
Militar (art. 233, CPM).
c) Sujeitos do delito: Antes o crime era bipróprio, pois somente homem poderia ser sujeito ativo e apenas
mulher figurava como sujeito passivo. Hoje é crime bicomum.
● Sujeito ativo: qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: qualquer pessoa (no entanto, se for menor de 14 o crime será de estupro de
vulnerável, que será detalhado mais à frente).
Lembrando que:
Conjunção carnal (pênis/vagina): sexos opostos.
Atos libidinosos (sexo oral, anal, toques íntimos, dentre outras práticas): indiferente o sexo dos
envolvidos.
Antes adotava-se a tese de que não configurava o crime caso fosse cometido pelo marido contra a
esposa. Hoje não só configura, como é ainda causa de aumento de pena (art. 226, II do CP).
Obs.: Admite coautoria, participação e autoria mediata, inclusive à distância.
Ex.: Coautoria e Participação: mulher segura a outra para que uma terceira pratique com ela atos
libidinosos diversos da conjunção carnal. A que segurou é coautora da que praticou os atos, sendo esta
autora. Caso alguém a tivesse instigado, até mesmo via WhatsApp, por exemplo, seria partícipe.
Autoria mediata: garoto convence irmão, doente mental a estuprar uma mulher. Ele é autor mediato
do estupro, tendo se valido de inimputável para a prática do crime.
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SEMANA 05/12
● Os atos de libidinagem é o gênero que tem como espécies a conjunção carnal e outros atos
libidinosos diversos (sexo oral, sexo anal etc.).
Quando a lei diz “ou outro ato libidinoso diverso”, está autorizando interpretação analógica, ou seja, o
intérprete vai analisar se o ato praticado viola o bem jurídico do mesmo modo que a conjunção carnal.
● Para ser estupro, o meio de execução tem que ser violência ou grave ameaça! Ausentes tais meios
executórios, poderá caracterizar outro crime contra a dignidade sexual, mas não estupro.
● A jurisprudência e doutrina majoritária entendem que o crime de estupro DISPENSA o contato físico
entre o sujeito ativo e passivo. Ex.: Comete crime o agente que, para satisfazer sua lascívia, obriga a
vítima a se masturbar enquanto a contempla.
Obs.: Stealthing (dissimulação) ocorre quando alguém retira o preservativo durante a relação
sexual sem o consentimento do parceiro.
Na Suíça há precedente capitulando como crime de estupro, tendo em vista que a retirada do
preservativo durante o ato sexual, sem que a outra pessoa percebesse, caracterizou um vício de
consentimento tornando a conduta criminosa.
No Brasil, é necessário analisar o caso concreto:
1) se o ato sexual é consentido e, durante o ato, o agente retira o preservativo e, mesmo diante da
negativa reiterada do parceiro, continua a prática sexual usando violência ou grave ameaça - estupro
2) se o ato sexual é consentido, desde que mediante o uso de preservativo, mas o agente
sorrateiramente retira a proteção e continua até a sua finalização, sem que o parceiro perceba, não há
crime de estupro pois ausente a violência ou grave ameaça, podendo caracterizar o art 215, CP, em razão
da fraude. (Estelionato sexual).
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A simulação de arma de fogo pode sim configurar a “grave ameaça”, para os fins
do tipo do art. 213 do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.916.611-RJ, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador
convocado do TRF 1ª Região), julgado em 21/09/2021
g) Elemento subjetivo: Dolo + finalidade específica de agir (que é o que difere do delito de constrangimento
ilegal).
h) Consumação e tentativa:
● Crime material - O crime se consuma com a prática da conjunção carnal ou dos atos libidinosos.
● Tentativa: admite.
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Questões controversas:
Beijo lascivo (dotado de conotação sexual) pode ser considerado ato libidinoso? Embora seja um
tema controverso, prevalece que sim.
Inclusive, o STJ tem decisões no sentido de que a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso”
descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja
contato físico entre ofensor e ofendido.
Inseminação artificial forçada: caso não haja prática sequer de ato libidinoso, não há estupro.
Restará configurado mero constrangimento ilegal, vez que o estupro exige conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso. Assim, caso o ato resulte em gravidez, a situação não estaria inclusa na hipótese
em que não se pune o aborto.
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Estupro X Impotência sexual: é possível a ocorrência do estupro mesmo que o sujeito ativo tenha
disfunção erétil, já que hoje atos libidinosos diversos da conjunção carnal também configuram
estupro.
A violência ou grave ameaça podem ser exercidas contra terceira pessoa, para obrigar a vítima a
ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso? A
doutrina majoritária entende que sim, por ser uma terrível forma de constrangimento.
Caso o agente obrigue a vítima a presenciar/assistir ato sexual seu com terceira pessoa será
caracterizo estupro? NÃO. Caso a vítima seja maior de 14 anos, o crime será de importunação sexual
(art. 215-A, CP), ou constrangimento ilegal (art. 146) se houver o emprego de violência ou grave
ameaça. Caso seja menor de 14, o crime será o do art. 218-A do CP: satisfazer a lascívia mediante a
presença de criança ou adolescente.
Dissenso da vítima: Caso o ato sexual se inicie contra a vontade da vítima, mas durante a vítima
concorde e termine consentido, resta desconfigurado o estupro. Por outro lado, caso o ato sexual se
inicie com o consentimento das duas partes, mas durante o ato, por uma razão qualquer um dos
envolvidos não queira continuar, exige-se da outra parte que seja cessada a sua atuação, sob pena
de caracterizar o tipo penal aqui estudado.
1.1.2 Qualificadoras
a) Estupro qualificado pela idade da vítima: Aqui o artigo refere-se à vítima maior de 14 anos e menor de 18
anos. Isso porque, se a vítima for menor de 14 anos, o crime praticado será estupro de vulnerável.
b) Estupro qualificado pela lesão corporal grave ou morte: As formas qualificadas do estupro são
modalidades preterdolosas do crime. Há dolo em relação ao estupro e culpa em relação à morte ou lesão
grave causadas, sendo que, se na conduta de estupro houver também dolo de matar a vítima, pode se falar
em concurso material entre o crime de estupro (simples) e o homicídio doloso praticado.
SEMANA 05/12
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude
ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,
aplica-se também multa.
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SEMANA 05/12
a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, bicomum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
Cuidado: A fraude utilizada não pode anular completamente a capacidade de resistência da vítima,
pois, caso assim ocorra, o delito será de estupro de vulnerável.
Violação sexual mediante fraude (art. 215) Estupro de Vulnerável (art. 217-A)
Vítima consciente, com capacidade de discernir, Ausência de capacidade de discernimento para a
porém, com falsa percepção da realidade. prática do ato.
Há capacidade de resistência, que pode ser Não há capacidade de resistência.
manifestada quando compreendida a fraude.
Presumidamente capaz, porém, com consentimento Presumidamente incapaz de consentir.
falho. Consentimento inválido.
e) Consumação e tentativa:
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo
● Admite-se a tentativa.
Obs.: Caso o agente busque com o ato auferir alguma vantagem econômica, aplica-se também a pena de
multa. Ex. dado por Nucci: mulher que deseje engravidar de um milionário, motivo pelo qual, embriagando-
o, não completamente, termina por manter a relação sexual, sem preservativo, buscando, sem dúvida,
vantagem econômica, ainda que por meio da criança (pensão alimentícia ou herança).
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SEMANA 05/12
JÁ CAIU EM PROVA:
CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou
entorpecente na bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da
situação, João levou Maria até seu veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer
resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa situação, João responderá pelo crime de
violação sexual mediante fraude.
R.: Errado. A vítima encontrava-se vulnerável, não podendo oferecer qualquer tipo de
resistência, caracterizando o delito previsto no art. 217-A, § 1º.
Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) Introdução
Trata-se de tipo penal introduzido no CP em 2018, como forma de resposta mais grave que a antiga
contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor e menos grave que o estupro.
Abrange condutas intermediárias como os casos de homens que se masturbavam e ejaculavam em
mulheres em metrôs, por exemplo, que ganharam notoriedade nos veículos de comunicação recentemente.
Note que não há violência ou grave ameaça.
b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, material, comissivo, de forma
livre, de dano, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente. Não é hediondo.
SEMANA 05/12
● É essa pessoa determinada que diferencia o crime de importunação sexual do crime de ato obsceno.
∘ Importunação sexual – pessoa se masturba em frente a alguém pois aquela pessoa específica
lhe desperta impulso sexual.
∘ Ato obsceno – pessoa se masturba em praça pública sem visar pessoa específica.
● Com sua introdução, foi revogado o artigo 61 da Lei de Contravenções Penais (continuidade
normativo-típica, mediante lei penal mais gravosa, que não retroage).
CESPE/2019 (Adaptada): Praticar ato obsceno em praça pública, ainda que sem a intenção de
ultrajar alguém específico, configura crime de importunação sexual, que, por equiparação, é
considerado hediondo. Item incorreto
e) Elemento subjetivo: dolo genérico + dolo específico (o crime exige a finalidade específica de satisfazer a
própria lascívia ou de terceiro).
SEMANA 05/12
a) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo na modalidade simples. Crime de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e pode ser unissubsistente ou plurissubsistente.
b) Bem jurídico tutelado: A liberdade sexual, bem como a intimidade e dignidade das pessoas que estão em
situação de desigualdade em face de inferioridade hierárquica ou descendência inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função.
c) Tipo objetivo: O tipo penal consiste em constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Obs.: Tanto o sujeito ativo como o passivo pode ser homem ou mulher.
Professor x Aluno
É possível a configuração de delito de assédio sexual na relação entre professor e aluno (Resp.
1.759.135/SP, 6a Turma, Julgado em 01/10/2019).
O crime de assédio sexual — definido no artigo 216-A do Código Penal (CP) é geralmente
associado à superioridade hierárquica em relações de emprego — pode ser caracterizado no caso de
constrangimento cometido por professores contra alunos.
No voto seguido pela maioria da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Rogerio Schietti
Cruz destacou que, embora não haja pacificação doutrinária e jurisprudencial acerca do tema, é preciso
considerar a relação de superioridade hierárquica entre professor e aluno, nas hipóteses em que o docente
se vale da sua profissão para obter vantagem sexual.
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https://www.conjur.com.br/2019-set-09/assedio-sexual-caracterizado-entre-professor-aluno
f) Consumação: crime formal, que se consuma com o constrangimento, dispensando a efetiva obtenção da
vantagem sexual.
Obs.: Doutrina minoritária entende ser crime habitual, que exige insistência para se consumar, mas não
prevalece.
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deles vistoriasse o espelho e, espantado, descobrisse que ali havia uma câmera instalada. O equipamento foi
imediatamente desligado e, logo em seguida, o casal recebeu uma ligação do proprietário do imóvel, que
indagou se havia ocorrido algum problema, o que indicava que as imagens estavam sendo transmitidas em
tempo real.
Embora se tratasse de conduta violadora da intimidade e que inequivocamente dava ensejo a
indenização por danos morais, o ato – não tão incomum – de quem instalava um equipamento de gravação
nas dependências de um imóvel para captar imagens íntimas sem o consentimento dos ocupantes não se
subsumia a nenhum tipo penal. A partir de agora, é classificado como crime contra a dignidade sexual.”
(Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/12/20/breves-comentarios-leis-13-
76918-prisao-domiciliar-13-77118-feminicidio-e-13-77218-registro-nao-autorizado-de-nudez-ou-ato-
sexual/)
b) Sujeitos
● Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa
● Pode, inclusive, ser praticado por uma das pessoas que teve sua imagem registrada
● Na hipótese de divulgação pornografia que envolva criança ou adolescente, haverá o crime do art.
240 do ECA (princípio da especialidade)
● Se houver pluralidade de vítimas registradas na mesma oportunidade – concurso formal perfeito de
crimes
c) Elemento subjetivo
É o dolo. Não se exige especial fim de agir.
Não admite modalidade culposa.
d) Tipo objetivo
● Núcleos do tipo: tipo misto alternativo
✔ Produzir
✔ Fotografar
✔ Filmar
✔ Registrar
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3) Art. 216-B x Art. 218-C – Divergência - Se o indivíduo, além de filmar, fotografar ou registrar sem
autorização, também DIVULGAR o conteúdo:
e) Consumação e Tentativa
Trata-se de crime formal, consumação antecipada ou resultado cortado (Masson)
Crime plurissubsistente – cabe tentativa
∘ Exemplo: equipamento esteja instalado e, antes de ser fotografada, a vítima perceba e evite o
constrangimento.
∘ Lembre-se: Crime plurissubsistente é aquele no qual a execução pode ser fracionada em vários atos.
f) Princípio da especialidade
Rogério Sanches explica que, se o agente faz o registro indevido e posteriormente divulga a cena,
deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material.
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g) Ação penal
Trata-se de crime de ação pública INCONDICIONADA.
i) Figura equiparada
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia,
vídeo, áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
Divulgar cena do sósia de uma pessoa famosa (pessoa muito parecida), importa no crime
tipificado no § único?
R.: A doutrina entende que NÃO! Pois essa divulgação é de uma cena verdadeira, e o §único
exige que haja, necessariamente, uma alteração ou falsificação na imagem divulgada.
Sujeitos
Tanto o sujeito ativo como o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa.
Trata-se, portanto, de crime bicomum.
Elemento subjetivo
É o dolo. Não se exige especial fim de agir. Não se exige o agente tenha feito isso para se vingar da
vítima ou alguma outra motivação especial.
Não admite modalidade culposa.
Intuito de brincadeira
O crime se consuma ainda que o agente tenha feito a montagem com o intuito apenas de diversão,
ou seja, com a intenção de “brincar” com a vítima.
Vigência
A Lei nº 13.772/2018 entrou em vigor na data de sua publicação (20/12/2018).
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Por ser uma lei mais gravosa, ela não se aplica para fatos ocorridos antes de sua vigência.
Assim, os fatos praticados antes de 20/12/2018 não poderão ser punidos com base no art. 216-B do
CP.
* De início, importante lembrar que é muito comum a configuração de erro de tipo quanto
aos crimes deste capítulo, como em situações em que as supostas vítimas não aparentam ser
menores de 14 ou de 18 anos, a depender do caso, nem revelam suas idades, até mesmo
frequentando locais proibidos para menores, de modo que, em sendo o conhecimento da idade
elementar do tipo e havendo erro razoável, a conduta será atípica, já que os tipos penais não
contemplam a modalidade culposa, nem pode haver responsabilidade penal objetiva.
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º - Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência.
§2º - (VETADO)
§3º - Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§4º - Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§5º - As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) Classificação: Crime hediondo, de elevado potencial ofensivo, comum, material, de forma livre, comissivo,
instantâneo, de dano, unissubjetivo e plurissubsistente.
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b) Sujeitos do delito:
● Sujeito passivo: Pessoa vulnerável.
∘ Vítima menor de 14 anos – trata-se de vulnerabilidade absoluta, presumida na Lei. Assim, não
importa se houve consentimento, pois este consentimento é tido como viciado.
∘ Aquele que, por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência:
▪ Pessoa que não pode oferecer resistência: trata-se de vítima que, embora não padeça
de nenhuma anomalia mental, embriaga-se até a inconsciência e é submetida ao ato
sexual sem poder consentir.
▪ No caso do deficiente mental: não se pune a relação sexual pelo simples fato de ter
sido praticado com alguém nessa condição (aqui a vulnerabilidade não é absoluta
como ocorre com os menores de 14 anos), de modo que só é crime se o agente praticar
relação sexual ou outro ato libidinoso com alguém que NÃO TEM O NECESSÁRIO
DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO ATO SEXUAL. Assim, nessa hipótese, é
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JÁ CAIU EM PROVA:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa. (Inclusive mentor intelectual**). Admite coautoria e participação.
Caso concreto: “A”, adulto do sexo masculino, mantinha relacionamento com “O”,
mulher maior de idade. “O” era mãe de “H”, criança com poucos meses de vida.
“O” fazia tudo o que “A” exigia para satisfazer sua lascívia. Determinado dia, “A”,
em conversa com “O”, por meio de aplicativo de mensagens, solicita que “O” tire
fotos da genitália de “H”. “O” faz isso e envia as fotos para “A” pelo aplicativo. “A”
exige que “O” toque na genitália e faça sexo oral na criança. “O” obedece e faz o
que “A” pediu.
Nas exatas palavras da denúncia oferecida pelo Ministério Público: “Durante vários
momentos do diálogo mantido entre [O.] e [A], são enviadas fotos, pela mãe da
menor para o denunciado, nas quais o órgão genital da criança [H.] é exibido. Não
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obstante, a pedido de [A.], [O.] chega a fazer sexo oral na própria filha, filmando e
enviando o arquivo a ele. (...)”
Importante registrar, por fim, que o STJ reconhece que o agente que concorre para
a prática do estupro na qualidade de partícipe também responde pelo crime: STJ.
5ª Turma. RHC n. 110.301/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 11/6/2019.
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com violência ou grave
ameaça – art. 213, CP
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido com fraude – Art. 215,
CP.
● Se desconhece a qualidade do sujeito passivo e o crime foi cometido mediante qualquer outro meio
(inclusive com consentimento) - fato atípico por se tratar de erro de tipo.
f) Conduta: A conduta é simplesmente “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com vulnerável:
● Crime de execução livre: Pode ser utilizado qualquer meio executório, não se encontrando restrito
à violência, grave ameaça e fraude.
● Há uma presunção absoluta de violência, de acordo com o STJ. Basta a simples prática de ato sexual
com pessoa vulnerável.
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g) Consumação e tentativa:
● Crime material - O delito consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
● Doutrina majoritária – é um tipo misto alternativo
● Admite-se a tentativa.
Obs.: Exceção de Romeu e Julieta: Teoria criada nos estados unidos, segundo a qual não se deve
considerar estupro de vulnerável quando a relação sexual for consentida e ocorrer com uma pessoa com
diferença etária de até cinco anos, tendo em vista que ambas as partes se encontram na mesma etapa de
desenvolvimento sexual. Assim, não caracterizaria estupro, por exemplo, a relação sexual consentida entre
uma menina de 13 anos e seu namorado de 18. No entanto, trata-se de teoria não aceita no Brasil.
Nesse sentido, é a súmula 593 do STJ, que diz que “o crime de estupro de vulnerável se configura
com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de
relacionamento amoroso com o agente”.
E para sanar de vez a divergência, o próprio código penal foi alterado pela Lei nº 13.718, de 2018,
com a inclusão do §5º no art. 217-A, que diz expressamente que §5º as penas previstas no caput e nos §§1º,
3º e 4º do mencionado artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de
ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime.
JÁ CAIU EM PROVA:
Fique atento à jurisprudência sobre o tema que traz condutas que caracterizam o crime de estupro
de vulnerável:
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O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por
dentro de sua roupa, pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP). Não importa que não tenha havido penetração vaginal (conjunção carnal).
STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min.
Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).
É importante saber que, em situações em que há um conflito de leis penais no tempo, estas
devem ser analisadas em concreto, para que se possa definir qual é a mais benéfica, devendo ser levado
em consideração até mesmo os requisitos para a concessão de benefícios penais durante a execução
penal. Sendo assim, a pena fixada em abstrato é um dos elementos que devem ser considerados.
A Lei 12.015/09 instituiu, em um único tipo – o atual art. 213 do Código Penal – o estupro, agora
alcançando o constrangimento da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, à conjunção
carnal ou qualquer outro ato libidinoso, e cominou a esta infração penal a sanção abstrata de 6 (seis) a 10
(anos) de reclusão.
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A mesma lei criou, por outro lado, novo tipo penal para o crime de estupro de vulnerável - art. 217-
A, caput - quando a vítima é menor de 14 (quatorze) anos, ou quando, por enfermidade ou doença mental,
não dispõe do necessário discernimento para a prática do ato, ou ainda nas hipóteses em que, por qualquer
outra causa, não pode o ofendido oferecer resistência (art. 217-A, § 1º). A esse delito foi cominada, em
abstrato, a pena de 8 (oito) a 15 (quinze) anos de reclusão.
Pois bem, caso o agente pratique o atentado violento ao pudor mediante violência presumida, antes
da lei 12015/09, sua conduta deverá ser adequada ao tipo de injusto previsto no Art. 217 – A do CP.
Não se trata, contudo, de novatio legis in pejus. Isto porque, segundo o quadro normativo anterior à
Lei 12.015/2009, a pena cominada ao atentado violento ao pudor do então art. 214, caput, do Código Penal,
cometido mediante violência presumida do art. 224, c, à época vigente – e hoje revogado – era acrescida de
metade (causa especial de aumento) exatamente nos casos em que a violência se presumia pela
impossibilidade de a vítima oferecer resistência, conforme preconizava o art. 9º da Lei 8.072/90. Isto impõe
reconhecer que, nessas situações, a pena mínima prevista para o atentado violento ao pudor era de 9 (nove)
anos de reclusão – 6 (seis) da figura típica fundamental, aumentada em metade – e não de apenas 6 (seis).
Portanto, o conflito intertemporal de normas penais deve ser resolvido, na situação em exame, pelo
princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, os termos do art. 5°, XL, da CF/1988, já que ao crime
previsto no atual art. 217-A, § 1º, do Código Penal, aplica-se a pena (mínima) de 8 (oito) a 15 (quinze) anos
de reclusão, sem acréscimos relativos à presunção de violência.
Essa é, aliás, a interpretação que vem sendo adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se
depreende dos julgados indicados abaixo:
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aplicação para fatos posteriores a sua edição. Esta inovação legislativa, contudo,
mostra-se mais benéfica ao paciente, razão pela qual deve retroagir para alcançar
fatos pretéritos.
4. Habeas corpus não conhecido, mas ordem concedida de ofício para
determinar que o juízo das execuções proceda à nova dosimetria da pena quanto
aos delitos de estupro e de atentado violento ao pudor, conforme os parâmetros
da Lei n. 12.015/2009, bem como em razão da revogação da causa de aumento de
pena, prevista no art. 9º da Lei 8.072/90, facultando-lhe a valoração da pluralidade
de condutas na análise da culpabilidade do sentenciado, na fixação da pena-base,
em razão do reconhecimento de crime único entre as condutas. (HC 160.491/MS,
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
17/12/2015, DJe 05/02/2016).
2.2 Mediação de Menor Vulnerável para Satisfazer a Lascívia de Outrem (Corrupção de Menores) (Art. 218)
b) Conduta: Induzir é criar ideia que não existia. Instigar, reforçar ideia já existente (atípico).
Para alguns doutrinadores, a exemplo de Nucci, trata-se de uma exceção pluralista à teoria
monista, vez que, de acordo com o artigo 29 do CP, a participação moral, induzindo o menor à pratica
do ato libidinoso configuraria participação no estupro de vulnerável (crime pelo qual responderá o
terceiro que tiver satisfeita a sua lascívia pelo menor de 14 anos). Porém, aqui essa conduta seria punida
de forma mais branda.
Para este doutrinador, trata-se de crime material, exigindo atitude por parte do menor para que se
consume, embora haja bastante divergência.
Além disso, entende ainda que prestar auxílio material, como analogia in bonam partem, também
poderia ser incluído aqui (ao invés do tipo do 217-A).
Contudo, a indução não pode ser com violência ou grave ameaça, sob pena de configurar o 217-A.
No entanto, para Sanches, a exceção pluralista à teoria monista não pode ter uma diferença tão
grande entre as penas, em atenção ao princípio da proporcionalidade, de modo que, aqui o ato deve ser
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c) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: Pessoa menor de 14 anos
Sujeito passivo maior de 18 anos - crime de lenocínio simples – art. 227, caput, do CP
Sujeito passivo maior de 14 anos e menor de 18 anos → crime de lenocínio qualificado – art. 227,
§1º do CP
e) Elemento subjetivo: Dolo - vontade livre e consciente de induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a
lascívia de outrem.
● Sem elemento subjetivo especial do tipo
● O agente deve ter ciência da idade da vítima.
● Caso o intuito do autor seja satisfazer a sua própria lascívia, haverá estupro de vulnerável (art. 217-
A do CP).
● Tentativa: Admite.
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a) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo,
dano, unissubjetivo, plurissubsistente.
b) Sujeitos do delito:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Menor de 14 anos.
d) Elemento subjetivo: Dolo + especial finalidade de agir: satisfazer lascívia própria ou de outrem.
e) Tipo Objetivo: O crime consiste em praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-
lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem.
Condutas típicas:
✔ Praticar: O sujeito ativo pratica, na presença do menor, conjunção carnal ou atos libidinosos diversos
dela;
✔ Induzir a presenciar: O autor faz nascer, na mente do menor, a ideia de testemunhar atos libidinosos.
f) Consumação:
● Nucci – Efetiva prática do ato libidinoso.
● Sanches e Bittencourt – “Praticar”: efetiva prática do ato. “Induzir”: com a indução,
independentemente da prática ou da satisfação da lascívia.
Tentativa: Admite.
Obs.: Não há qualquer contato físico do agente com o menor neste tipo. Ademais, conforme a doutrina
majoritária, não se exige a presença física do menor, pode ser por exemplo, virtual. Há controvérsia.
● Bitencourt exige a presença "in loco, e não, indiretamente, via qualquer mecanismo tecnológico,
físico ou virtual, como permitiria o mundo tecnológico".
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● Em sentido contrário está Guilherme Nucci sustentando que "a evolução tecnológica já propicia a
presença - estar em determinado lugar ao mesmo tempo em que algo ocorre - por meio de aparelhos
apropriados.
JÁ CAIU EM PROVA:
VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe(adaptada)
Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.
Praticar, na presença de alguém menor de 18 (dezoito) anos, conjunção carnal ou outro ato
libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de
lascívia mediante presença de criança ou adolescente.
R.: Errado. Para a caracterização do crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança
ou adolescente (Artigo 218-A) a vítima tem que ser menor de 14 anos.
a) Introdução:
Esta figura não se confunde com a do art. 218 (mediação para servir a lascívia de outrem):
No art. 218, o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa(s) certa(s) e determinada(s)
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No favorecimento (art. 218-B), o agente leva, atrai, propicia ou retém a vítima, visando desta o
exercício da prostituição, consistente em satisfazer a lascívia do premier passant, de maneira geral, pessoa
indeterminada.
b) Classificação: crime comum (exceto na hipótese do § 2o, II), material, de forma livre,
instantâneo (“submeter”, “induzir”, “atrair” e “facilitar”) ou permanente (“impedir” e “dificultar”),
comissivo (excepcionalmente, omissivo impróprio), unissubjetivo e plurissubsistente.
* Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades.
c) Nomenclatura:
● Lenocínio principal – conduta em que o sujeito ativo toma a iniciativa pela corrupção ou prostituição
da vítima
● Lenocínio acessório – o sujeito ativo facilita ou explora a corrupção ou prostituição que já existe
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Obs.: A conduta pode ser por ação ou omissão imprópria. Ex.: O agente, revestido do dever jurídico de
impedir que o agente ingresse na prostituição, nada faz, aderindo subjetivamente à sua conduta.
Cliente pode ser punido sozinho pelo art. 218-B do CP; a vulnerabilidade é
relativa; o tipo penal não exige habitualidade, comportando a aplicação da
continuidade delitiva.
O “cliente” pode ser punido sozinho, ou seja, mesmo que não haja um proxeneta.
Assim, ainda que o próprio cliente tenha negociado o programa sem
intermediários, haverá o crime. Nos termos do art. 218-B do Código Penal, são
punidos tanto aquele que capta a vítima, inserindo-a na prostituição ou outra
forma de exploração sexual (caput), como também o cliente do menor prostituído
ou sexualmente explorado (§ 1º). STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). A vulnerabilidade no caso do art. 218-B
do CP é relativa. No art. 218-B do Código Penal não basta aferir a idade da vítima,
devendo-se averiguar se o menor de 18 (dezoito) anos ou a pessoa enferma ou
doente mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou por
outra causa não pode oferecer resistência. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 19/03/2019 (Info 645). O tipo penal não exige
habitualidade. Basta um único contato consciente com a adolescente submetida à
prostituição para que se configure o crime O crime previsto no inciso I do § 2º do
art. 218 do Código Penal se consuma independentemente da manutenção de
relacionamento sexual habitual entre o ofendido e o agente. Em outras palavras, é
possível que haja o referido delito ainda que tenha sido um único ato sexual. Logo,
como não se exige a habitualidade para a sua consumação, é possível a incidência
da continuidade delitiva, com a aplicação da causa de aumento prevista no art. 71
do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC 371633/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
19/03/2019 (Info 645).
Sobre esta jurisprudência, tenha cuidado! Isso porque, a doutrina majoritária amplamente
dominante entende que, quando o cliente contrata diretamente com o profissional do sexo, sem
que haja alguém intermediando, não estará incurso no tipo penal, justamente pelo fato de que a
vítima “não estaria na condição descrita no caput”. No entanto, o STJ entendeu de forma diversa.
Portanto, fique sempre atento ao comando da questão:
● Em uma prova objetiva – observe se a questão pede “de acordo com a jurisprudência do STJ ou com
a doutrina majoritária”
● Em questões discursivas ou em prova oral, é interessante conhecer as duas posições.
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JÁ CAIU EM PROVA:
CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil (adaptada)
Julgue o item abaixo:
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido
explorada sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota
responderá pelo crime de favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de
vulnerável. (Correto).
e) Sujeitos do delito
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa – normalmente chamado de PROXENETA.
● Sujeito passivo: Menor de 18 anos e maior de 14 ou a pessoa enferma ou deficiente mental.
∘ Se houver pluralidade de vítimas – haverá concurso material, pois o bem jurídico tutelado é
de natureza individual.
∘ A prostituta pode ser sujeito passivo deste crime quando impedida de deixar a prostituição.
Configura o crime do art. 218-B do CP ainda que a vítima seja prostituta e que a
relação tenha sido eventual
O cliente que conscientemente se serve da prostituição de adolescente, com ele
praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no
inciso I do § 2º do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que
a vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual,
sem habitualidade. STJ. 6ª Turma. HC 288374-AM, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 5/6/2014 (Info 543).
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f) Elemento subjetivo: Dolo (só exigindo elemento subjetivo específico na forma do §1°).
É imprescindível que o participante do ato sexual saiba que a vítima é menor de 18 anos e maior que
14 anos, sexualmente explorada.
O proprietário, gerente ou responsável pelo local, por sua vez, deve saber que ali se realiza, as
práticas referidas no caput, de modo a evitar a responsabilidade objetiva.
JÁ CAIU EM PROVA:
FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil
Configura estupro de vulnerável a(o):
A) prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido
à prostituição.
B) constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática
de conjunção carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato
sexual.
C) manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez,
ainda que a vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a
consentir para com o ato libidinoso,
D) indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a
lascívia de outrem.
E) assédio, no ambiente de trabalho cie adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade,
visando a obter favorecimento de natureza sexual.
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R.: letra C.
Item A, incorreto. Atentemo-nos para a idade do adolescente (14 anos de idade completos) e a
sua submissão à prostituição, configurando o tipo previsto no art. 218-B, § 2º, I.
Item B, incorreto. Pessoa com deficiência não é sinônimo de vulnerável para fins penais. O item
inclusive veicula a plena capacidade da vítima para o ato. Configuraria estupro comum, art. 213.
Item D, incorreto. Art. 218-A.
Item E, incorreto. Art. 216-A.
2.5 Divulgação de Cena de Estupro ou de Cena de Estupro de Vulnerável, de Cena de Sexo ou de Pornografia
(Art. 218-C). (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
a) Introdução
Considerações iniciais realizadas por Sanches:
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Têm sido comuns, já há alguns anos, situações em que pessoas são surpreendidas pela
divulgação de imagens de sua intimidade na rede mundial de computadores. Seja em decorrência de
colaboração involuntária da própria pessoa, que se deixa fotografar ou filmar, ou ainda envia imagens
íntimas a alguém próximo, em caráter confidencial, e acaba surpreendida pela deslealdade, seja por
violação da intimidade sem o conhecimento do interessado (...). Há ainda os casos de estupros registrados
pelos próprios autores e depois divulgados, o que certamente acentua a já gravíssima ofensa à dignidade
sexual da vítima.
Um dos casos compreendendo uma personalidade de destaque inspirou a aprovação da Lei
12.737/12, que inseriu no Código Penal o art. 154-A para punir a invasão de dispositivo informático.
Denominado informalmente “Lei Carolina Dieckmann”, o diploma veio na esteira de uma conduta que
vitimara a conhecida atriz, que teve seu computador pessoal violado para a subtração e posterior divulgação
de fotos íntimas.
Ocorre, porém, que a variedade de condutas do mesmo gênero começou a demonstrar a
insuficiência do tipo penal que se restringe a punir a invasão de dispositivos eletrônicos, sem considerar
outras situações em que a intimidade é violada por outros meios tão ou mais eficazes.
No que concerne a crimes na esfera da dignidade sexual, não havia nada que pudesse indicar uma
conduta típica. Não obstante a divulgação ilícita de fotos de uma pessoa nua possa caracterizar ofensa à
dignidade sexual em sentido amplo, o certo é que, na situação anterior à Lei 13.718/18, não havia amparo
adequado a quem fosse vitimado por esta espécie de conduta (a maioria subsumia o comportamento apenas
ao tipo da injúria majorada na forma do art. 141, inc. III, do CP – em razão de ter sido cometida por meio
facilitador da divulgação da ofensa).
Pois o art. 218-C do Código Penal introduz a punição de quem promove a divulgação de cena de sexo,
nudez ou pornografia sem o consentimento dos envolvidos, bem como de quem possibilita a publicação de
cenas reais de estupro ou de estupro de vulnerável.
b) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, bicomum, formal, de forma livre, comissivo,
misto alternativo (mais de um núcleo no mesmo contexto fático é crime único), instantâneo (na maioria dos
núcleos) ou permanente (transmitir, disponibilizar e expor à venda), de dano, unissubjetivo e
plurissubsistente. É também um tipo que traz subsidiariedade expressa.
c) Sujeitos do delito
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: é a pessoa que tem a sua intimidade, privacidade ou liberdade sexual atingida,
independentemente de qualidades especiais.
∘ Se for criança ou adolescente – art. 241 e 241-A (princípio da especialidade)
∘ Se a vítima é portadora de enfermidade ou deficiência mental, ou se sua imagem foi
registrada em um momento em que não poderia oferecer resistência, a divulgação
determina subsunção da conduta ao Código Penal – art. 218-C
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f) Conduta:
● Princípio da subsidiariedade expressa – o crime só vai subsistir se não houver crime mais grave.
Assim, se houver um estupro ou estupro de vulnerável com posterior divulgação do registro, o
estupro vai absorver o art. 218-C por expressa previsão legal.
● Tipo penal misto alternativo
● Núcleos verbais:
✔ Oferecer
✔ Trocar
✔ Disponibilizar
✔ Transmitir
✔ Vender
✔ Expor à venda
✔ Distribuir
✔ Publicar
✔ Divulgar
● Por onde? Por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de
informática ou telemática – é conceituado pela doutrina como crime de execução livre.
● O que? (Objeto material): Fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha o
que?
✔ Cena de estupro ou de estupro de vulnerável,
✔ Ou que faça apologia ou induza a sua prática,
✔ Ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
g) Consumação e tentativa:
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● O crime se consuma no momento em que praticada uma das ações típicas, lembrando que
algumas delas podem ser permanentes.
● Tentativa: Admite.
∘ No entanto, para Nucci, não será admitida na conduta de “oferecer”.
⋅ Menor de 18 anos: pode caracterizar 241 ou 241-A do ECA, a depender das circunstâncias.
⋅ Termo “Estupro de vulnerável” mencionado no artigo: trata só dos vulneráveis em razão de
enfermidade ou deficiência mental. Se for o vulnerável menor de 14 anos o crime será um dos tipos
do ECA, acima mencionados (241 ou 241-A), em razão do princípio da especialidade.
⋅ Também consiste tipo especial em relação ao delito de apologia ao crime – e aqui não há restrição
de lugar ou de tempo.
⋅ O receptor das fotos ou vídeos também incorre neste delito? Não. O verbo “receber” não está nos
núcleos do tipo, é atípico. Aqui, o crime não se caracteriza nem mesmo se quem recebeu “salvar” a
foto (mas neste caso de armazenamento, pode consistir no tipo do art. 241-B se for de criança ou
adolescente). Para incorrer neste crime o agente deve praticar um dos verbos nele descritos.
⋅ Invasão de dispositivo informático (154-A) X Divulgação (218-C): Caso as imagens tenham sido
obtidas mediante invasão de dispositivo informático e depois tenham sido divulgadas em um grupo
de WhatsApp, por exemplo, o agente responderá pelos dois delitos em concurso material.
⋅ Registro x Divulgação: Ademais, como já vimos, se o agente faz o registro indevido e posteriormente
divulga a cena, deve responder pelos crimes dos arts. 216-B e 218-C em concurso material:
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casos em que o crime é praticado por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via
Whatsapp ou por meio de chat na rede social Facebook: Justiça ESTADUAL. Isso porque tanto no aplicativo
WhatsApp quanto nos diálogos (chat) estabelecido na rede social Facebook, a comunicação se dá entre
destinatários escolhidos pelo emissor da mensagem. Trata-se de troca de informação privada que não está
acessível a qualquer pessoa. Desse modo, como em tais situações o conteúdo pornográfico não foi
disponibilizado em um ambiente de livre acesso, não se faz presente a competência da Justiça Federal. STJ.
3ª Seção. CC 150564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/4/2017 (Info 603). Obs: essa
interpretação feita pelo STJ foi acertada. O próprio STF, no julgamento de embargos de declaração, decidiu
alterar a tese para deixar isso mais claro: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou
adolescente, quando praticados por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei
nº 8.069/1990). STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral
– Tema 393) (Info 990 – clipping).
Compete à Justiça Federal julgar os crimes dos arts. 241, 241-A e 241-B do ECA, se a conduta de
disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente tiver sido praticada
pela internet e for acessível transnacionalmente
Redação anterior da tese do Tema 393: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes
em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e
241-B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados por meio da rede mundial de computadores. STF. Plenário.
RE 628624/MG, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e
29/10/2015 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 805). Redação atual, modificada em embargos de
declaração: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo criança ou adolescente, quando praticados
por meio da rede mundial de computadores (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990). STF. Plenário.
RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 393) (Info 990 –
clipping).
§1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com
a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Trata-se da chamada “revenge porn” ou “pornografia de vingança”, já que se tornou cada vez mais
comum a situação em que ex namorados, por exemplo, divulgam imagens das antigas parceiras nuas ou em
cenas de sexo no intuito de delas se vingarem pelo fim da relação e, como já dito, a conduta não encontrava
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tipo penal correspondente no ordenamento pátrio, no intuito de proteger sua dignidade sexual, cabendo a
ela buscar indenização cível.
Note que mesmo que o agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima
divulgue as imagens SEM o intuito de vingança ou humilhação a majorante restará configurada, já que o
termo “OU” denota situações autônomas, não exigindo da primeira especial finalidade.
§2º - Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste
artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua
prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
Veja que o parágrafo traz duas situações: a divulgação com a adoção de recurso que impossibilite a
identificação da vítima e a divulgação com prévia autorização da vítima caso seja maior de 18 anos.
Em se tratando de menor de 18 anos, em nenhuma hipótese poderá ser identificada, sendo o
consentimento de seus representantes legais considerado nulo nesta situação.
3. DISPOSIÇÕES GERAIS
A ação penal nos crimes sexuais sofreu uma série de mudanças no decorrer dos anos. Para
facilitar a sistematização e compreensão, segue a tabela retirada do site Dizer o Direito - salvador dos
concurseiros perdidos com informativos e alterações legislativas:
Redação
Exceções:
originária
a) se a vítima ou seus pais não tivessem dinheiro para o processo: ação pública condicionada
do CP
à representação.
b) se o crime era cometido com abuso do poder familiar, ou da qualidade de padrasto, tutor
ou curador: ação pública incondicionada.
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Exceções:
Redação da
a) Vítima menor de 18 anos: incondicionada.
Lei 12.015/09
b) Vítima vulnerável: incondicionada.
c) Se foi praticado mediante violência real: incondicionada (Súm. 608-STF).
d) Se resultou lesão corporal grave ou morte: polêmica, mas prevalecia que deveria ser
aplicado o mesmo raciocínio da Súmula 608-STF.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se,
entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18
(dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Segundo tese defensiva, o estupro de vulnerável do art. 217-A, § 1º, do CP somente é de ação
penal pública incondicionada quando a vulnerabilidade for permanente (ex: doente mental). Se a
vulnerabilidade for temporária (ex: decorrente de embriaguez), a ação penal seria condicionada à
representação. Assim, quando o art. 225, parágrafo único do CP (com redação dada pela Lei nº
12.015/2009) fala em “pessoa vulnerável”, ele está se referindo à pessoa que é vulnerável (vulnerabilidade
permanente) e não à pessoa que está vulnerável (vulnerabilidade temporária).
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ATENÇÃO: A discussão acima exposta existia antes da Lei nº 13.718/2018. Atualmente não interessa
mais, salvo para definir situações pretéritas. Isso porque a Lei 13.718/2018 alterou a redação do art. 225
do CP e passou a prever que TODOS os crimes contra a dignidade sexual são de ação pública
incondicionada (sempre). Não há exceções!
Vale dizer que, por se tratar de lei mais gravosa, não retroage, de modo que permanece a exigência
de representação ou queixa para os delitos ocorridos sob a vigência das leis anteriores.
Essa regra de irretroatividade vale, inclusive, para as ações penais. Assim, por exemplo, se, em
24/09/2018, o agente praticou conjunção carnal ou ato libidinoso contra uma pessoa “temporariamente
vulnerável”, a discussão acima ainda permanece porque a Lei nº 13.718/2018 não poderá retroagir.
Este artigo traz causas de aumento, sendo que os incisos I e II se aplicam a todos os delitos anteriores
(capítulos I, I-A e II do título VI) e o inciso IV, às formas coletivas ou corretivas de estupro.
A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
I – De quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
∘ Essa causa não se aplica ao estupro e nem do estupro de vulnerável (art. 213 ou 217-A), pois eles
têm uma causa de aumento específica do estupro coletivo.
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II - De metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela;
Bisavô é considerado ascendente para os fins da causa de aumento do art. 226, II,
do CP
No caso de crimes contra a liberdade sexual (arts. 213 a 216-A) e crimes sexuais
contra vulnerável (arts. 217-A a 218-B), se o autor do delito for ascendente da
vítima, a pena deverá ser aumentada de metade (art. 226, II, do CP). O bisavô está
incluído dentro dessa expressão “ascendente”. O bisavô está no terceiro grau da
linha reta e não há nenhuma regra de limitação quanto ao número de gerações.
Assim, se o bisavô pratica estupro de vulnerável contra sua bisneta, deverá incidir
a causa de aumento de pena prevista no art. 226, II, do CP. STF. 2ª Turma. RHC
138717/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).
III – Revogado
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
Tendo em vista a previsão do inciso I, a do inciso IV, “a”, seria desnecessária? Não. A do inciso I não se
restringe ao estupro, sendo aplicável a todos os crimes dos capítulos I e II. Já a do inciso IV se direciona
ao estupro e tem fração de aumento maior, já que atinge de forma mais grave a dignidade sexual da
vítima, tanto fisicamente como emocionalmente.
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Por sua vez, a do inciso IV, “b”, direciona-se principalmente aos diversos casos em que o abusador,
muitas vezes até pais, irmãos ou familiares, estupram a vítima, geralmente lésbica, bissexual ou transexual,
para “corrigir” sua orientação sexual ou gênero (mas apesar do exemplo, é crime comum, que homens ou
mulheres podem ser autores ou vítimas). A pena mais grave se justifica na motivação do agressor para
violentar a vítima, que torna o ato ainda mais cruel.
a) Classificação: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo na modalidade do caput e elevado nas
demais, comum, material, de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.
b) Sujeitos:
● Sujeito ativo: qualquer pessoa
● Sujeito passivo: qualquer pessoa; sociedade
● Lembrando que se for menor de 14 o delito é do 218, com todas as implicações já elencadas na
explicação referente a ele.
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f) Consumação: O crime se consuma com a prática do ato que importa satisfação da lascívia da outra pessoa,
independentemente dessa pessoa se considerar satisfeita com o ato ou não.
g) Tentativa: Admite.
b) Consumação:
● Nas modalidades “induzir, atrair ou facilitar”, o crime se consuma no momento em que a vítima passa
a se dedicar à prostituição ou a outra forma de exploração sexual, ainda que não tenha efetivamente
se prostituído.
● Por sua vez, na modalidade impedir ou dificultar o abandono, a consumação ocorre no momento em
que a vítima quer sair e o autor dificulta a sua saída.
Obs.: Note que o ato de se prostituir não é crime. O que se pune é o aproveitamento desta conduta por
terceiros.
E quanto ao tratamento que o Estado confere à prostituição, há 3 sistemas:
1) Sistema da regulamentação: O Estado regulamenta a atividade profissional de prostituição;
2) Sistema da proibição: a conduta de se prostituir é criminalizada;
3) Sistema abolicionista: embora seja considerado imoral, o exercício da prostituição não é punido.
Apenas é penalizada a conduta daquele que se aproveita da prostituição. É este o sistema adotado
pelo Brasil.
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a) Classificação:
Crime comum, formal, de forma livre, comissivo, habitual, unissubjetivo e plurissubsistente.
Trata-se de crime habitual, haja vista que o verbo é “manter”.
Segundo doutrina majoritária, é também crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo
enquanto o estabelecimento é mantido. Salienta-se que, neste ponto, há quem entenda que as duas
classificações são incompatíveis.
c) Sujeitos
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: Coletividade
d) Objeto material: Estabelecimento em que ocorre exploração sexual
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Casas de massagem, motéis, hotéis de alta rotatividade, saunas, bares ou cafés, drive-in,
boates, casas de relaxamento: Embora seja de conhecimento geral que muitos desses locais consistem
em verdadeiras casas de prostituição disfarçadas, prevalece que não configuram o tipo penal, segundo
jurisprudência e doutrina majoritárias, tendo em vista que não são lugares específicos para a exploração
sexual, de onde se destaca a prostituição, pois têm outra finalidade, como a hospedagem, o serviço de
massagem ou relaxamento, a sauna, o serviço de bar etc. Além disso, os donos não possuem total controle
sobre quem são e o que fazem os hóspedes, de modo que os punir sem justa causa configuraria ainda
responsabilidade penal objetiva.
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§2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente
à violência.
Diferença entre mediação para satisfazer a lascívia de outrem com o fim de lucro e rufianismo:
Enquanto no rufianismo a pessoa explorada exerce a prostituição, cuja configuração reclama
habitualidade, no caso da mediação para servir a lascívia de outrem a pessoa explorada não se
prostitui e o delito é instantâneo, ou seja, para sua consumação basta um único ato de induzir alguém
a satisfazer a lascívia alheia.
Diferença entre o delito de casa de prostituição para rufianismo: No primeiro delito o sujeito ativo
é o chamado proxeneta – aquele que pratica o lenocínio, mantendo locais destinados a encontros
libidinosos, ou serve de mediador para a satisfação do prazer sexual alheio, auferindo ou não lucro;
já no segundo, temos a figura do rufião, que é a pessoa de pessoa que vive da prostituição alheia,
fazendo-se sustentar pela(o) prostituta(o), com ou sem o emprego de violência.
Na verdade, a doutrina menciona que o rufianismo pode ser ativo (que é o caso do cafetão, que
participa dos lucros) ou passivo (que é o caso do gigolô, que se sustenta pela prática alheia de prostituição).
Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada
ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1° Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de
obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para
ingressar ilegalmente em país estrangeiro.
§ 2° A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:
I – o crime é cometido com violência; ou
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a) Introdução:
Embora tenha sido inserido no título dos crimes contra a dignidade sexual, pela Lei 13.445/2017,
denominada Lei de Migração, o crime de migração ilegal não se vincula aos crimes sexuais, tendo sido
inserido neste local por ter o legislador encontrado ponto vago razão da revogação dos arts. 231, 231-A e
232, segundo Nucci.
Para o doutrinador, no entanto, deveria ter sido inserido entre os crimes contra a administração
pública, entendendo ele ser este o bem jurídico afetado, já que viola, na verdade, o interesse do Estado em
regulamentar a presença de estrangeiro no Brasil e o encaminhamento de brasileiros ao exterior.
Trata-se ainda de norma penal em branco, pois a interpretação do termo “ilegal” depende da análise
das regras contidas na Lei de Migração.
b) Classificação: Crime de elevado potencial ofensivo, comum, formal (não exige o efetivo ganho econômico
para a consumação), de forma livre, comissivo, instantâneo, unissubjetivo e plurissubsistente.
c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa
● Sujeito passivo: O Estado e a pessoa transferida de um lugar a outro
d) Objeto material: Entrada de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro no estrangeiro, bem como
a saída de estrangeiro do território nacional para país estrangeiro
e) Objeto jurídico: interesse estatal em regular a entrada e saída de estrangeiros e brasileiros no território
nacional ou no país estrangeiro
f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a finalidade de obter vantagem
econômica.
g) Tentativa: Admite.
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a) Conceito: Ato obsceno”: elemento normativo do tipo. Algo que fere o pudor. É um conceito relativo, sendo
modificado conforme a alteração de valores que a sociedade considera, a depender, inclusive, do local.
Antigamente, até mesmo o beijo lascivo, “de língua”, dotado de sensualidade, chocaria as pessoas.
Hoje em dia, coisas muito mais profundas são divulgadas diariamente até mesmo pela mídia, de modo que
o beijo lascivo hoje, via de regra, gera indiferença, sendo que, mesmo que alguém, eventualmente, venha a
se sentir ofendido, é necessário que o sentimento comum dos homens venha a ser atingido para que se
configure o delito
Ex. dado por Nucci do que hoje poderia ser considerado como tal: a pessoa que mostra o seu órgão
sexual em público para chocar e ferir o decoro de quem presencia a cena.
Perceba que aqui o costume não revogou a lei, mas o que se considera obsceno é que mudou.
b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de mera conduta, de forma livre,
comissivo, instantâneo, unissubjetivo e pode ser unissubsistente (único ato) ou plurissubsistente (vários
atos).
c) Sujeitos:
● Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
● Sujeito passivo: Coletividade.
f) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de praticar atos obscenos
nestes locais.
i) Diferenciações:
● Lugar público: acessível por qualquer pessoa. Ex.: rua, praça pública.
● Lugar aberto ao público: embora tenha entrada controlada, o público pode frequentar. Ex.: cinema,
restaurante, teatro, hotel, etc.
● Lugar exposto ao público: embora o público não possa adentrar, é possível que visualize o que
acontece neste local. Ex.: interior de veículo estacionado na rua, o quintal de uma residência cujos
muros não sejam altos o suficiente para impedir acesso visual de terceiros, entre outros.
● Se o lugar for privado e sem vistas ao público em geral, não será caracterizado o crime.
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Nucci argumenta ainda que, mesmo que o agente pratique o ato em local público, porém, sem
qualquer pessoa presente, incidiria na hipótese de crime impossível, sendo atípica a conduta, vez que a
moralidade pública não restaria violada e tendo em vista não se tratar de delito de perigo abstrato. No
entanto, NÃO É O QUE PREVALECE, de modo que basta que haja a possibilidade de alguém passar ou
visualizar aquele local para que o delito se configure. Segundo Hungria, basta que seja potencialmente
escandaloso.
Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de
distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
qualquer objeto obsceno:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I – vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos
neste artigo;
II – realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que
tenha o mesmo caráter;
III – realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno.
a) Introdução: Para a doutrina majoritária, o tipo tem pouca aplicabilidade prática, já que é preciso que haja
ofensa à moralidade pública – conceito que mudou muito no decorrer dos anos.
Alguns doutrinadores, como Nucci, sustentam ainda que este tipo seria inconstitucional, haja vista a
ausência de conceito de “obsceno”, bem como, por entender ele que a tipificação dessas condutas viola uma
série de garantias constitucionais, como a liberdade de expressão, liberdade de comunicação e de atividades
artísticas sem censura, dentre outras. O autor cita ainda RENATO MARCÃO e PLÍNIO GENTIL, que destacam
tratar-se de: “comportamentos que no passado se apresentavam aos olhos de muitos como justificadores de
persecução penal, hoje constituem indiferente penal e revelam simples opção ou estilo de vida”.
b) Classificação: Crime de menor potencial ofensivo, comum, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo
(via de regra) ou permanente (“ter sob sua guarda” ou “expor à venda” ou ao público), unissubjetivo e
plurissubsistente.
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e) Objeto material: Escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno; audição ou recitação
obscena.
g) Elemento subjetivo: Dolo + elemento subjetivo específico, que é a vontade de ofender a moralidade
pública.
h) Tentativa: Admite.
5. DISPOSIÇÕES GERAIS
● INCISO IV - de 1/3 a 2/3, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe
ou deveria saber ser portador ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência
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∘ Temos uma lex gravior, pois antes da Lei de 2018, a causa de aumento era de 1/6 à metade. Agora
pode aumentar até 2/3 – lei irretroativa
∘ Antes da Lei 2018, também não previa a hipótese de vítima idosa ou pessoa com deficiência
∘ Critério para dosar o quantum de aumento – Nucci afirma que o critério vai variar de acordo com
a tipologia da enfermidade (ex. enfermidade curável ou incurável). Pode variar também de acordo
com a atuação com dolo direto ou eventual.
PARTE I)
1) É facultado aos Tribunais de Justiça atribuir às Varas da Infância e da Juventude
competência para processar e julgar crimes de natureza sexual praticados contra
crianças e adolescentes.
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violento ao pudor quando a vítima não fosse maior de 14 anos de idade, ainda que
esta anuísse voluntariamente ao ato sexual.
11) O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro
se obtido mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14
anos.
PARTE II)
1) É incabível a desclassificação do crime de atentado violento ao pudor para
quaisquer das contravenções penais dos arts. 61 ou 65 do Decreto-Lei n. 3.
688/1941, pois aquele se caracteriza pela prática de atos libidinosos ofensivos à
dignidade sexual da vítima, praticados mediante violência ou grave ameaça, com
finalidade lasciva, sucedâneo ou não da conjunção carnal, evidenciando-se com o
contato físico entre agressor e ofendido.
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4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art.
213 e art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja
contato físico entre ofensor e vítima.
6) A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de
aumento de pena prevista no art. 226, II, do Código Penal, por sua evidente posição
de autoridade e ascendência sobre os alunos.
11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como
circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu.
PARTE III)
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9) A conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
menor de 18 anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração
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sexual somente foi tipificada com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, que
incluiu o art. 218-B, § 2º, I, no CP, não podendo a lei retroagir para incriminar atos
praticados antes de sua entrada em vigor.
10) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e
a vítima de crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus
nomes.
12) Reconhecida a existência de crime único entre as condutas descritas nos art.
213 e art. 214 do CP, unificadas pela Lei n. 12.015/2009 na redação do novo art.
213, compete ao Juízo das Execuções o redimensionamento de pena imposta ao
condenado, conforme a Súmula n. 611 do Supremo Tribunal Federal.
13) Nos crimes sexuais praticados contra criança e adolescente, admite-se a oitiva
da vítima por profissional preparado e em ambiente diferenciado na modalidade
do "depoimento sem dano", prevista na Lei n. 13.431/2017, medida excepcional
que respeita sua condição especial de pessoa em desenvolvimento.
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A) Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos à dignidade
sexual da vítima, praticados em um longo período de tempo, é adequado o aumento de pena
pela continuidade delitiva (art. 71 do CP) em patamar superior ao mínimo legal.
B) Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com violência presumida,
não incide a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), que
condiciona a sua incidência às situações de emprego de violência real.
C) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange apenas a vítima de crimes
sexuais, devendo constar da autuação somente as iniciais de seu nome.
D) O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer
resistência, é circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a prática do
crime de estupro previsto no §1º do art. 217-A do Código Penal.
E) Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação do crime de
estupro, ainda que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, incide nas penas a ele
cominadas, nos exatos termos do art. 29 do Código Penal.
R.: letra C. Abrangendo, também, o autor e não somente a vítima (Jurisprudência em teses, 3
parte, item 10).
Vimos que os itens: A, B, D e E, estão em conformidade com a jurisprudência do STJ,
respectivamente, Jurisprudência em teses, parte 3, itens 2, 3, 6 e 1.
Referências Bibliográficas
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PREPARAÇÃO PRÉ EDITAL PC-PE
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QUESTÕES PROPOSTAS
1 - 2022 - UFMT - PJC-MT - UFMT - 2022 - PJC-MT - Escrivão de Polícia e Investigador de Polícia
Analise a seguinte situação hipotética:
Rebeldino, professor da rede pública de ensino estadual, ao conversar com uma aluna adolescente em sala
de aula sobre suas notas, teria afirmado que ela precisava de dois pontos para alcançar a média necessária
e, nesse momento, teria se aproximado dela e tocado sua barriga e seus seios.
Em sua defesa, o professor alegou que não foi comprovada a intenção de constrangimento com fins de obter
vantagem ou favorecimento sexual e que a aluna nem precisava dos pontos para aprovação na matéria.
Em julgamento sobre caso análogo, o Ministro Relator do recurso no Superior Tribunal de Justiça assinalou
que é preciso considerar a relação de superioridade hierárquica entre professor e aluno, nas hipóteses em
que o docente se vale da sua profissão para obter vantagem ou favorecimento sexual.
A-Assédio sexual.
B-Importunação sexual.
C-Sedução.
D-Corrupção de menores.
E-Ato obsceno.
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Deméter, então, ameaça expor essas fotos em sites pornográficos, caso Ártemis não concorde em se exibir
para ele através de uma webcam, inserindo objetos em seu canal retal.
Tal conduta configura o delito de:
A-estupro;
B-violação sexual mediante fraude;
C-importunação sexual;
D-assédio sexual;
E-registro não autorizado da intimidade sexual.
A-O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática de qualquer ato de
libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.
B-Em razão do princípio da especialidade, é descabida a desclassificação do crime de estupro de vulnerável
(art. 217-A do Código Penal) para o crime de importunação sexual (art. 215-A do CP), uma vez que este é
praticado sem violência ou grave ameaça, e aquele traz ínsito ao seu tipo penal a presunção absoluta de
violência ou de grave ameaça.
C-A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e art. 217-A do CP,
sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e vítima.
D-Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, concomitantemente com a causa
de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, no crime de estupro.
E-Não se configura crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação entre professor e aluno.
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A-Nas hipóteses em que há imprecisão acerca do número exato de eventos abusivos à dignidade sexual da
vítima, praticados em um longo período de tempo, é adequado o aumento de pena pela continuidade delitiva
(art. 71 do CP) em patamar superior ao mínimo legal.
B-Nos crimes de estupro ou de atentado violento ao pudor praticados com violência presumida, não incide
a regra da continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), que condiciona a sua incidência
às situações de emprego de violência real.
C-O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange apenas a vítima de crimes sexuais,
devendo constar da autuação somente as iniciais de seu nome.
D-O avançado estado de embriaguez da vítima, que lhe retire a capacidade de oferecer resistência, é
circunstância apta a revelar sua vulnerabilidade e, assim, configurar a prática do crime de estupro previsto
no §1º do art. 217-A do Código Penal.
E-Aquele que adere à determinação do comparsa e contribui para a consumação do crime de estupro, ainda
que não tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, incide nas penas a ele cominadas, nos exatos
termos do art. 29 do Código Penal.
7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Em relação ao crime de estupro de vulnerável, é questão pacificada no Direito Penal
A-a irrelevância do consentimento da vítima para a prática do ato, bem como sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
B-o critério exclusivo de vulnerabilidade pela idade da vítima, menor de 14 anos.
C-que a vítima do sexo masculino não pode ser sujeito passivo do delito em análise.
D-que o desconhecimento da lei exclui a tipicidade delitiva.
E-que a pena é duplicada se o agente exercer autoridade sobre a vítima.
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Tendo em conta os crimes contra a dignidade sexual (artigos 213 a 234-B do Código Penal) e os crimes contra
a fé pública (artigos 289 a 311 do Código Penal), assinale a alternativa correta.
A-Ocultar documento público ou particular verdadeiro, em prejuízo alheio, não configura o crime de
supressão de documento (art. 305 do CP), sendo típicas apenas as condutas de suprimir e destruir documento
público ou particular verdadeiro.
B-O cartão de crédito ou débito, para fins penais, é equiparado a documento particular.
C-A conduta de manter estabelecimento em que ocorra exploração sexual é atípica, desde que não envolva
menor de 18 (dezoito) anos.
D-A conduta de atrair alguém à prostituição é atípica, desde que não se trate de pessoa menor de 18 (dezoito)
anos.
E-Os crimes de falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300 do CP); certidão ou atestado ideologicamente
falso (art. 301 do CP) e falsidade material de atestado ou certidão (art. 301, parágrafo 1° do CP) são próprios
de funcionários públicos.
9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
Com relação ao crime de estupro, considera-se vulnerável a vítima
A-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.
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A-manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez, ainda que a
vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a consentir para com o ato
libidinoso.
B-indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a lascívia de
outrem.
C-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.
D-assédio, no ambiente de trabalho de adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade, visando a
obter favorecimento de natureza sexual.
E-constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática de conjunção
carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato sexual.
A-manutenção de relações sexuais com pessoa desacordada em virtude de severa embriaguez, ainda que a
vítima, depois de concluída a conduta e ao recuperar sua consciência, passe a consentir para com o ato
libidinoso.
B-indução de menor de 14 anos a presenciar a prática de atos libidinosos, a fim de satisfazer a lascívia de
outrem.
C-constrangimento, mediante violência, de pessoa portadora de enfermidade mental à prática de conjunção
carnal, ainda que a vítima tenha o necessário discernimento para a prática do ato sexual.
D-assédio, no ambiente de trabalho de adolescente aprendiz, que conte com 16 anos de idade, visando a
obter favorecimento de natureza sexual.
E-prática de sexo anal consentido com adolescente de 14 anos de idade que esteja submetido à prostituição.
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14 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Em relação aos crimes contra a dignidade sexual e contra a família, assinale a opção correta.
A-Situação hipotética: Mário, aliciador de garotas de programa, induziu Bruna, de quinze anos de idade, a
manter relações sexuais com várias pessoas, com a promessa de uma vida luxuosa. Bruna decidiu não se
prostituir e voltou a estudar. Assertiva: Nessa situação, é atípica a conduta de Mário.
B-Considere que em uma casa de prostituição, uma garota de dezessete anos de idade tenha sido explorada
sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar conjunção carnal com essa garota responderá pelo crime de
favorecimento à prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.
C-Situação hipotética: Em uma boate, João, segurança do local, sorrateiramente colocou entorpecente na
bebida de Maria, o que a levou a perder os sentidos. Aproveitando-se da situação, João levou Maria até seu
veículo, onde praticou sexo com ela, sem qualquer resistência, dada a condição da vítima. Assertiva: Nessa
situação, João responderá pelo crime de violação sexual mediante fraude
D-Indivíduo que mantiver conjunção carnal com menor de quinze anos de idade responderá pelo crime de
estupro de vulnerável, ainda que tenha cometido o ato sem o emprego de violência e com o consentimento
da menor.
E-No caso de crime de violação sexual mediante fraude, o fato de o ofensor ser o filho mais velho do tio da
vítima fará incidir a causa especial de aumento de pena por exercer relação de autoridade sobre a vítima, de
acordo com o Código Penal.
Nessa situação hipotética, conforme os dispositivos pertinentes aos crimes contra a dignidade sexual insertos
na Lei Maria da Penha e no Código Penal,
A-para que o crime de estupro se configure, é preciso que tenha ocorrido conjunção carnal na relação sexual.
B-Tiago não poderá ser acusado de crime de estupro porque Laura ainda é sua esposa.
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C-Tiago não poderá ser acusado de crime de estupro porque não usou de grave ameaça ou violência contra
Laura.
D-Tiago poderá ser acusado de crime de estupro de vulnerável.
E-Tiago praticou o crime de assédio sexual, pois qualquer indivíduo pode ser sujeito ativo desse crime,
independentemente de ostentar condição especial em relação à vítima.
16- 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe
Assinale a alternativa correta no que diz respeito aos crimes contra a dignidade sexual.
A-Praticar, na presença de alguém menor de 18 (dezoito) anos, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a
fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem, tipifica o crime de satisfação de lascívia mediante presença
de criança ou adolescente.
B-Constranger alguém, mediante fraude, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso, tipifica crime de estupro.
C-Induzir alguém menor de 18 (dezoito) anos a satisfazer a lascívia de outrem tipifica o crime de corrupção
de menores.
D-Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 18 (dezoito) anos tipifica o crime de
estupro de vulnerável.
E-Atrair à prostituição alguém menor de 18 (dezoito) anos tipifica o crime de favorecimento da prostituição,
ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.
A-Não basta que o agente tenha conhecimento de que a vítima é menor de catorze anos de idade e decida
com ela manter conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso para que se caracterize o crime de estupro
de vulnerável. É indispensável a existência de violência ou grave ameaça para tipificação desse crime, cuja
conduta está descrita no art. 217-A do Código Penal.
B-Por força da aplicação do princípio da ultra-atividade da lei penal mais favorável, as modificações tidas
como favoráveis hão de alcançar os delitos cometidos antes da Lei n° 12.015/2009.
C-A partir da Lei n° 12.015/2009, nas condenações anteriores a essa lei, passou a ser admitida a possibilidade
da unificação das condutas de estupro e de atentado violento ao pudor, considerando-as crime único ou
crime continuado, a depender das circunstâncias concretas dos fatos.
D-O agente que pratica a conjunção carnal, aproveitando-se de resistência da vítima, em face desta ser
portadora de paralisia, pratica o crime de estupro descrito no artigo 213 do Código Penal.
E-A prática de mais de uma conduta caracterizadora de violência sexual, sexo vaginal e sexo anal, mesmo
com o advento da Lei n° 12.015/2009, permanece configurada dois delitos contra a dignidade sexual.
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A-O homicídio será qualificado se for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço
de segurança, ou por grupo de extermínio.
B-Constranger um homem, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique outro ato libidinoso diverso da conjunção carnal, caracteriza o crime de atentado violento ao pudor
e não de estupro.
C-Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente
da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função,
caracteriza o crime de assédio sexual.
D-Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, independentemente de injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
E-Não se caracteriza o crime de aborto provocado por terceiro aquele praticado pelo médico, se a gravidez
resulta de estupro, ainda que sem o consentimento da gestante capaz.
20- 2012 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
No que concerne a concurso de crimes, crimes contra o patrimônio e crimes contra a dignidade sexual, julgue
os itens a seguir.
Conforme o disposto no CP, manter relações sexuais com menores de dezoito anos de idade, ainda que com
o consentimento da vítima, caracteriza, em qualquer caso, estupro de vulnerável.
Certo
Errado
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Respostas9
9
1: A 2: E 3: A 4: E 5: C 6: C 7: A 8: B 9: C 10: E 11: C 12: A 13: A 14: B 15: D 16: E 17: C 18: C 19: C 20: E
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CP
⦁ Art. 155 e 156 (furto)
⦁ Art. 157 (roubo)
⦁ Art. 158 (extorsão)
⦁ Art. 159 (extorsão mediante sequestro)
⦁ Art. 160 (extorsão indireta)
⦁ Art. 161 a 162 (usurpação)
⦁ Art. 163 a 167 (dano)
⦁ Art. 168 a 170 (apropriação indébita e “derivados”
⦁ Art. 171 a 179 (estelionato e outras fraudes)
⦁ Art. 180 (receptação)
⦁ Art. 181 a 183 (escusas absolutórias)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CP
⦁ Art. 155, §§1º, 2º, 4º, 4º-A e 7º
⦁ Art. 157 (tudo)
⦁ Art. 158, §3º
⦁ Art. 159, §4º
⦁ Art. 163, §único e 167
⦁ Art. 168-A
⦁ Art. 171, §§ 1º, 4º e 5º
⦁ Art. 179, §único
⦁ Art. 180 (tudo) – fazer paralelo com o crime de favorecimento real
⦁ Art. 181 a 183 (tudo)
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Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência
ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a
subtração de bens da vítima.
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato
cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência
social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.
321
GRACE KELLY ELIAS SOBRAL 11624334776 GRACE KELLY ELIAS SOBRAL 11624334776 GRACE KELLY ELIAS SOBR
SEMANA 05/12
CF/88
⦁ Art. 5º, X, XXXIII e LX
⦁ Art. 5º, LV
⦁ Art. 37, caput e §1º
⦁ Art. 37, VII
⦁ Art. 93, IX
⦁ Art. 41
⦁ Art. 169, §3º
322
GRACE KELLY ELIAS SOBRAL 11624334776 GRACE KELLY ELIAS SOBRAL 11624334776 GRACE KELLY ELIAS SOBR
SEMANA 05/12
CF/88
⦁ Art. 33
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI,
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º
⦁ art. 48, XI
⦁ art. 51, IV, e art. 52, XIII, da CF
⦁ art. 61 § 1º, II, "e".
⦁ art. 84, IV, VI, "a";
⦁ Art. 173, §1º e §2º e 174
CF/88
⦁ Art. 37, XIX, XX e XXI, CF/88
⦁ Art. 37, §§ 6º, 8º, CF/88
⦁ Art. 48, XI, CF/88 (criação de ministérios deve ser por lei)
⦁ Art. 84, IV, VI, "a", CF/88
Principais artigos da Lei 13.303/16 - (Lei das empresas públicas e sociedades de economia mista)
⦁ Art. 1º, caput e §§5º e 6º
⦁ Art. 2º, §§1º e 2º
⦁ Art. 3º, 4º e 5º
⦁ Art. 8º
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SEMANA 05/12
⦁ Art. 27 a 30
⦁ Art. 47 e 49
⦁ Art. 85 e 86
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SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.
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CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 A 234-A
OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 5º, XL, CF/88
⦁ Art. 7º, II, Lei Maria da Penha
⦁ Art. 61, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 65, Lei de Contravenções Penais (atualmente revogado)
⦁ Art. 240, 241 e 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, Lei 8072/90
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CÓDIGO PENAL
⦁ Art. 213 (análise comparativa com o art. 217-A)
⦁ Art. 215 e 215-A
⦁ Art. 216-B
⦁ Art. 218- e 218-C
⦁ Art. 226
⦁ Art. 228
⦁ Art. 233
⦁ Art. 234-A
OUTROS DISPOSITIVOS:
⦁ Art. 240, ECA
⦁ Art. 241-A e 241-D, ECA
⦁ Art. 244-A, ECA
⦁ Art. 1º, §1º, inc. V, VI e VIII, Lei 8072/90
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