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SUMÁRIO

1. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS ....................................................................... 12

1.1. NOÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 12

1.2. ESPÉCIES DE ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL ............................................ 13


1.2.1. CITAÇÃO ............................................................................................................................. 14
1.2.1.1. Falta de citação ............................................................................................................... 14
1.2.1.2. Comparecimento voluntário - Saneamento da nulidade ................................................. 15
1.2.1.3. Finalidade da citação ...................................................................................................... 15
1.2.1.4. Efeito da citação ............................................................................................................. 16
1.2.1.5. Espécies de citação ......................................................................................................... 16
1.2.2. NOTIFICAÇÃO E INTIMAÇÃO ........................................................................................ 42

1.3. PRAZOS DOS ATOS PROCESSUAIS ................................................................................... 42

1.4. DE OLHO NA SÚMULA .......................................................................................................... 44

1.5. INFORMATIVOS ..................................................................................................................... 44

1.6. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? ............................................................................................... 47

2. PROCEDIMENTOS NO PROCESSO PENAL ............................................................................ 54

2.1. PROCESSO ................................................................................................................................ 54

2.2. FASES DO PROCESSO ........................................................................................................... 54


2.2.1. FASE PRÉ-PROCESSUAL (I.P, T.C OU P. I. C.) .............................................................. 54
2.2.2. FASE POSTULATÓRIA ...................................................................................................... 55
2.2.3. FASE INSTRUTÓRIA ......................................................................................................... 56
2.2.4. FASE DECISÓRIA............................................................................................................... 57
2.2.5. FASE RECURSAL ............................................................................................................... 57

2.3. PROCEDIMENTOS.................................................................................................................. 58
2.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS .................................................................... 58

2.4. PROCEDIMENTO COMUM .................................................................................................. 59


2.4.1. CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO PROCEDIMENTO COMUM ...................................... 59
2.4.2. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO ........................................................................................ 62
2.4.2.1. Oferecimento da peça acusatória .................................................................................... 62
2.4.2.2. Rejeição da peça acusatória ............................................................................................ 65

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2.4.2.3. Recebimento da peça acusatória: Ausência do art. 395, CPP (se a denúncia não tiver
motivo para ser rejeitada, será recebida). .................................................................................... 68
2.4.2.4. Citação ............................................................................................................................ 69
2.4.2.5. Resposta à acusação ....................................................................................................... 70
2.4.2.6. Oitiva do Ministério Público .......................................................................................... 72
2.4.2.7. Absolvição sumária ........................................................................................................ 72
2.4.2.8. Rejeição da absolvição sumária...................................................................................... 74
2.4.2.9. Designação de audiência de instrução, debates e julgamento ........................................ 74
2.4.2.10. Princípio da concentração dos atos processuais ........................................................... 75
2.4.2.11. Indeferimento de provas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.......................... 75
2.4.2.12. Princípio da oralidade ................................................................................................... 75
2.4.2.13. Princípio da identidade física do juiz ........................................................................... 76
2.4.2.14. Ordem dos atos processuais ......................................................................................... 77
2.4.2.15. Diligências .................................................................................................................... 78
2.4.2.16. Alegações finais ........................................................................................................... 79
2.4.2.16. Sentença ........................................................................................................................ 81
2.4.2.17. Registro de audiência ................................................................................................... 82
2.4.3. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO ........................................................................... 82
2.4.4. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: PREVISTO NA LEI Nº 9.099/95 ........................... 83
2.4.4.1. Objetivos do Procedimento Sumaríssimo ...................................................................... 83
2.4.4.1. Etapas do Procedimento Sumaríssimo ........................................................................... 83
2.4.4.2. Etapas da audiência de Instrução e Julgamento ............................................................. 84

2.5. Hora do Informativo.................................................................................................................. 84

2.6. Já Caiu. Vamos Treinar? .......................................................................................................... 88

3. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS ................................................................................................ 100

3.1. PROCEDIMENTO PENAL E A NOVA LEI DE LICITAÇÕES ...................................... 101

3.2. PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS


CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTS. 513 A 518 DO CPP) ............................. 102
3.2.2. Pontos relevantes sobre o procedimento especial dos crimes funcionais ........................... 102

3.3. PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI – PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS .................................................................................................................... 103
3.3.1. PLENITUDE DE DEFESA ................................................................................................ 104
3.3.2. SIGILO DAS VOTAÇÕES ................................................................................................ 106
3.3.2.1. Incomunicabilidade dos jurados ................................................................................... 107

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3.3.2.2. Sala Especial ................................................................................................................. 108


3.3.2.3. Votação Unânime ......................................................................................................... 109
3.3.3. SOBERANIA DOS VEREDITOS...................................................................................... 110
3.3.3.1. Recorribilidade das decisões do Tribunal do Júri......................................................... 111
3.3.3.2. Revisão Criminal no âmbito do Tribunal do Júri ......................................................... 112
3.3.4. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO NOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA
....................................................................................................................................................... 112
3.3.4.1. Inafastabilidade e irredutibilidade da competência do júri para os crimes dolosos contra
a vida ......................................................................................................................................... 113
3.3.4.2. Competência mínima: O legislador pode ampliar ........................................................ 114
3.3.5. PROCEDIMENTO BIFÁSICO .......................................................................................... 116
3.3.5.1. Sumário da Culpa (Primeira fase do Procedimento Especial do Júri) ......................... 118
3.3.5.2. Segunda fase do procedimento do júri (judicium causae) ............................................ 139

3.4. HORA DO INFORMATIVO.................................................................................................. 162

3.5. JÁ CAIU VAMOS TREINAR? .............................................................................................. 171

4. NULIDADES .................................................................................................................................. 180

4.1. TIPICIDADE PROCESSUAL ............................................................................................... 180

4.2. ESPÉCIES DE ATOS PROCESSUAIS................................................................................. 181

4.3. ESPÉCIES DE IRREGULARIDADES ................................................................................. 183

4.4. ACEPÇÕES DA EXPRESSÃO “NULIDADE” (POLISSEMIA) ....................................... 184

4.5. ESPÉCIES DE NULIDADES ................................................................................................. 185


4.5.1. NULIDADE ABSOLUTA .................................................................................................. 185
4.5.1.1. Hipóteses de nulidade absoluta .................................................................................... 189
4.5.2. NULIDADE RELATIVA ................................................................................................... 189

4.6. RECONHECIMENTO DAS NULIDADES .......................................................................... 194


4.6.1. PRIMEIRA INSTÂNCIA ................................................................................................... 194
4.6.2. SEGUNDA INSTÂNCIA ................................................................................................... 195

4.7. PRINCÍPIOS QUE REGEM OS ATOS PROCESSUAIS ................................................... 195


4.7.1. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE DAS FORMAS ................................................................ 195
4.7.2. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS ........................................... 196
4.7.3. PRINCÍPIO DO PREJUÍZO ............................................................................................... 196
4.7.4. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DOS ATOS PROCESSUAIS ............................................... 197
4.7.5. PRINCÍPIO DA RESTRIÇÃO PROCESSUAL À DECRETAÇÃO DA INEFICÁCIA .. 198

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4.7.6. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE (PRINCÍPIO DA CONSEQUENCIALIDADE) ........ 198


4.7.7. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS ................................... 199
4.7.8. PRINCÍPIO DO INTERESSE ............................................................................................ 199
4.7.9. PRINCÍPIO DA LEALDADE ............................................................................................ 200

4.8. ROL DAS NULIDADES – ART. 564, CPP. .......................................................................... 200

4.9. DE OLHO NAS SÚMULAS ................................................................................................... 208

4.10. INFORMATIVOS ................................................................................................................. 208

4.11. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? ........................................................................................... 217

5. SENTENÇA PENAL ...................................................................................................................... 223

5.1. ESPÉCIES DE DECISÕES JUDICIAIS ............................................................................... 223


5.1.1. DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE ......................................................................... 223
5.1.2. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS ................................................................................... 223
5.1.3. DECISÕES DEFINITIVAS ................................................................................................ 225

5.2. CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES .................................................................................... 226


5.2.1. EM RAZÃO DO ÓRGÃO PROLATOR ............................................................................ 226
5.2.2. EM RAZÃO DO VÍCIO DA DECISÃO ............................................................................ 226

5.3. EQUÍVOCOS NAS DECISÕES JUDICIAIS ....................................................................... 228

5.4. REQUISITOS DA SENTENÇA PENAL .............................................................................. 228


5.4.1. REQUISITOS INTRÍNSECOS .......................................................................................... 229
5.4.1.1. Relatório ....................................................................................................................... 230
5.4.1.2. Fundamentação ............................................................................................................. 230
5.4.1.3. Dispositivo.................................................................................................................... 232
5.4.2. REQUISITO EXTRÍNSECO: AUTENTICAÇÃO ............................................................ 232

5.5. SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA ................................................................................ 232


5.5.1. MODALIDADES ............................................................................................................... 232
5.5.1.1. Absolvição própria ....................................................................................................... 233
5.5.1.2. Absolvição imprópria ................................................................................................... 233
5.5.1.3. Absolvição sumária ...................................................................................................... 233
5.5.1.4. Absolvição sumária imprópria ..................................................................................... 233
5.5.2. FUNDAMENTOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA ..................................................... 233
5.5.3. EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA ................................................................... 236
5.5.3.1. Absolvição criminal e a “nova” Lei de Improbidade ................................................... 236

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5.6. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA ............................................................................. 237

5.7. ETAPAS DA APLICAÇÃO DA PENA ................................................................................. 237

5.8. FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS .......................... 240

5.9. PRISÃO PREVENTIVA E MEDIDAS CAUTELARES. .................................................... 241


5.9.1. DETRAÇÃO PENAL NO REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA ........................... 241
5.9.2. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: O JUIZ PODERÁ
CONDENAR? ............................................................................................................................... 242
5.9.3. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO ...................................................................................... 242
5.9.4. EMENDATIO LIBELLI ..................................................................................................... 243
5.9.4.1. Requisitos ..................................................................................................................... 243
5.9.4.2. Consequência: O juiz poderá aplicar pena mais grave ................................................. 243
5.9.4.3. Hipóteses ...................................................................................................................... 243
5.9.4.4. Fundamento .................................................................................................................. 244
5.9.4.5. Momento ...................................................................................................................... 244
5.9.4.6. Cabimento .................................................................................................................... 245
5.9.4.7. "Emendatio" em segunda instância .............................................................................. 245
5.9.5. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ............................................................. 245
5.9.6. REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO COMPETENTE ..................................................... 245
5.9.7. MUTATIO LIBELLI .......................................................................................................... 246
5.9.7.1. Fato não descrito na denúncia ...................................................................................... 246
5.9.7.2. Consequência ................................................................................................................ 246
5.9.7.3. Recusa do Ministério Público em aditar ....................................................................... 246
5.9.7.4. Recurso em eventual rejeição do aditamento à peça acusatória ................................... 247
5.9.7.5. Procedimento ................................................................................................................ 247
5.9.7.6. Cabimento .................................................................................................................... 247
5.9.7.7. Suspensão condicional do processo ............................................................................. 248
5.9.7.8. Remessa ao juízo competente ....................................................................................... 248
5.9.7.9. Segunda instância ......................................................................................................... 248

5.10. COISA JULGADA ................................................................................................................ 250


5.10.1. FUNDAMENTO .............................................................................................................. 250
5.10.2. DIREITO FUNDAMENTAL ........................................................................................... 250
5.10.3. ESPÉCIES ......................................................................................................................... 250
5.10.4. FUNÇÃO NEGATIVA DA COISA JULGADA ............................................................. 251
5.10.5. COISA JULGADA E A REVISÃO CRIMINAL ............................................................. 251

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5.10.6. COISA JULGADA ABSOLUTA VS COISA JULGADA RELATIVA ......................... 252


5.10.7. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA ............................................................. 252
5.10.8. LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA ........................................................... 253

5.11. HORA DO INFORMATIVO................................................................................................ 253

5.12. JÁ CAIU EM CONCURSO. VAMOS TREINAR?............................................................ 255

6. HABEAS CORPUS ........................................................................................................................ 267

6.1. CONCEITO E FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ...................................................... 267

6.2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................................ 268

6.3. CONDIÇÕES PARA A CONCESSÃO ................................................................................. 270

6.4. INTERESSE DE AGIR ........................................................................................................... 270

6.5. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO ................................................................... 272


6.5.1. PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES .................................................................... 272
6.5.2. PRISÕES ADMINISTRATIVAS ....................................................................................... 273

6.6. LEGITIMIDADE ATIVA DO HABEAS CORPUS ............................................................. 273


6.6.1. IMPETRANTE ................................................................................................................... 275
6.6.2. PACIENTE ......................................................................................................................... 276
6.6.3. LEGITIMIDADE PASSIVA .............................................................................................. 276

6.7. ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS....................................................................................... 278


6.7.1. LIBERATÓRIO .................................................................................................................. 278
6.7.2. PREVENTIVO.................................................................................................................... 279
6.7.3. PROFILÁTICO ................................................................................................................... 280
6.7.4. TRANCATIVO ................................................................................................................... 280
6.7.5. SUBSTITUTIVO ................................................................................................................ 285

6.8. HIPÓTESES LEGAIS DE CABIMENTO DO HC .............................................................. 286

6.9. COMPETÊNCIA ..................................................................................................................... 288


6.9.1. AUTORIDADE POLICIAL ............................................................................................... 288
6.9.2. JUIZ EM PRIMEIRA INSTÂNCIA ................................................................................... 288
6.9.3. TRIBUNAL (TJ/TRF) ........................................................................................................ 288
6.9.4. Tribunal superior ................................................................................................................. 288
6.9.5. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO .................................................................. 289

6.10. PROCEDIMENTO ................................................................................................................ 289


6.10.1. PETIÇÃO INICIAL .......................................................................................................... 289

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6.10.2. ANÁLISE DA LIMINAR ................................................................................................. 290


6.10.3. REJEIÇÃO LIMINAR DA ORDEM ............................................................................... 290
6.10.4. APRESENTAÇÃO DO PRESO OU REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES ................... 290
6.10.5. JULGAMENTO NA SESSÃO SEGUINTE ..................................................................... 291
6.10.6. DECISÃO ......................................................................................................................... 292

6.11. RECURSO .............................................................................................................................. 292


6.11.1. SENTENÇA QUE CONCEDE OU DENEGA HABEAS CORPUS ............................... 292
6.11.2. ACORDÃO DENEGATÓRIO DO TRIBUNAL (TJ/TRF) ............................................. 292
6.11.3. ACÓRDÃO DENEGATÓRIO DE TRIBUNAL SUPERIOR (STJ) ............................... 293

6.12. DE OLHO NAS SÚMULAS ................................................................................................. 295

6.13. HORA DO INFORMATIVO................................................................................................ 296

6.14. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? ........................................................................................... 303

7. MANDADO DE SEGURANÇA .................................................................................................... 315

7.1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL .......................... 315

7.2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................................ 316

7.3. DIREITO LÍQUIDO E CERTO ............................................................................................ 317

7.4. LEGITIMIDADE ATIVA....................................................................................................... 318

7.5. LEGITIMIDADE PASSIVA .................................................................................................. 318

7.6. CABIMENTO .......................................................................................................................... 319

7.7. EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA ............................. 319

7.8. VEDAÇÕES AO USO ............................................................................................................. 320

7.9. COMPETÊNCIA ..................................................................................................................... 322

7.10. FORMA DE IMPETRAÇÃO ............................................................................................... 323

7.11. PRAZO ................................................................................................................................... 324

7.12. PROCEDIMENTO. ............................................................................................................... 324


7.12.1. PROCEDIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO NOS TRIBUNAIS
DE JUSTIÇA, TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E TRIBUNAIS SUPERIORES............ 326

7.13. RECURSOS............................................................................................................................ 326

7.14. SÚMULAS .............................................................................................................................. 328

8. REVISÃO CRIMINAL .................................................................................................................. 331

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8.1. CONCEITO.............................................................................................................................. 331

8.2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ................................................................................ 331

8.3. LEGITIMIDADE .................................................................................................................... 332

8.4. HIPÓTESES DE CABIMENTO ............................................................................................ 332

8.5. PRAZO ..................................................................................................................................... 335

8.6. COMPETÊNCIA ..................................................................................................................... 335

8.7. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO ....................................................................................... 335

8.8. RESULTADO DA REVISÃO CRIMINAL .......................................................................... 336

8.9. INFORMATIVOS ................................................................................................................... 338

9. TEORIA GERAL DOS RECURSOS ........................................................................................... 341

9.1. CONCEITO.............................................................................................................................. 341

9.2. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................. 341


9.2.1. VOLUNTARIEDADE ........................................................................................................ 342
9.2.2. PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 342
9.2.3. OBJETIVO: INVALIDAÇÃO OU REFORMA ................................................................ 343
9.2.4. MESMA RELAÇÃO JURÍDICO-PROCESSUAL ............................................................ 343
9.2.4.1. Falibilidade humana ..................................................................................................... 344
9.2.4.2. Inconformismo natural de quem perde ......................................................................... 344

9.3. PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS ............................ 345


9.3.1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO .................................................................................... 345
9.3.1.1. Requisitos ..................................................................................................................... 345
9.3.1.2. Delimitação .................................................................................................................. 345
9.3.1.3. Recursos que materializam o duplo grau de jurisdição ................................................ 346
9.3.1.4. Recursos que não materializam o duplo grau de jurisdição ......................................... 346
9.3.1.5. Princípio implícito na constituição e expresso no pacto de são José da costa rica ...... 346
9.3.1.6. Inaplicabilidade aos acusados com foro por prerrogativa de função ........................... 347
9.3.1.7. Jurisprudência do STF sobre o duplo grau de jurisdição aos acusados com foro por
prerrogativa de função: Aplica-se o pacto de São José da Costa Rica. ..................................... 348
9.3.2. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DOS RECURSOS .................................................... 349
9.3.3. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE ................................................................... 349
9.3.4. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE .................................................................................. 350
9.3.5. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE ............................................................................ 352

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9.3.5.1. Hipóteses legais de reexame necessário ....................................................................... 352


9.3.6. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE ............................................................................... 354
9.3.7. PRINCÍPIO DA “NON REFORMATIO IN PEJUS”......................................................... 355
9.3.7.1. Recurso exclusivo da defesa. ........................................................................................ 355
9.3.7.2. Aplicabilidade no habeas corpus e na revisão criminal................................................ 356
9.3.7.3. Princípio da “non reformatio in pejus” e erro material ................................................ 356
9.3.7.4. Súmula 160, STF. ......................................................................................................... 356
9.3.7.5. Princípio da “non reformatio in pejus” indireta ........................................................... 357
9.3.7.6. “Non reformatio in pejus” direta vs indireta ............................................................... 358
9.3.7.7. “Non reformatio in pejus” indireta no tribunal do júri ................................................. 358
9.3.7.8. Princípio da reformatio in mellius ................................................................................ 359
9.3.7.9. Princípio da colegialidade ............................................................................................ 360

9.4. EFEITOS DOS RECURSOS .................................................................................................. 362


9.4.1. DEVOLUTIVO ................................................................................................................... 362
9.4.2. SUSPENSIVO .................................................................................................................... 363
9.4.3. REGRESSIVO .................................................................................................................... 364
9.4.4. EXTENSIVO ...................................................................................................................... 365

9.5. DIREITO INTERTEMPORAL ............................................................................................. 366

9.6. JUÍZO DE PRELIBAÇÃO (JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE)......................................... 366


9.6.1. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE ....................................................................................... 366
9.6.2. DUPLA ANÁLISE ............................................................................................................. 367
9.6.3. EFEITO SUBSTITUTIVO ................................................................................................. 367
9.6.4. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE .................................................................... 367
9.6.5. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS ......................................................................................... 368
9.6.5.1. Cabimento .................................................................................................................... 368
9.6.5.2. Adequação .................................................................................................................... 369
9.6.5.3. Tempestividade ............................................................................................................ 369
9.6.5.4. Inexistência de fato impeditivo .................................................................................... 371
9.6.5.5. Inexistência de fato extintivo........................................................................................ 372
9.6.5.6. Regularidade formal ..................................................................................................... 373
9.6.6. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS....................................................................................... 373
9.6.6.1. Legitimidade ................................................................................................................. 374
9.6.6.2. Interesse ........................................................................................................................ 376

10. RECURSOS EM ESPÉCIE ......................................................................................................... 379

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10.1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO................................................................................. 379


10.1.1. CABIMENTO ................................................................................................................... 379
10.1.2. UTILIZAÇÃO RESIDUAL DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ......................... 380
10.1.3. ROL TAXATIVO ............................................................................................................. 380
10.1.4. JUÍZO DE RETRATAÇÃO NO RESE (EFEITO REGRESSIVO) ................................. 381
10.1.5. RETRATAÇÃO DO JUIZ ................................................................................................ 381
10.1.6. AUSÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO ........................................................................ 381
10.1.7. PRAZO.............................................................................................................................. 382
10.1.8. HIPÓTESES DE CABIMENTO – ART. 581 DO CPP.................................................... 383
10.1.9. HIPÓTESES TACITAMENTE REVOGADAS............................................................... 387

10.2. APELAÇÃO ........................................................................................................................... 387


10.2.1. CABIMENTO ................................................................................................................... 387
10.2.2. EFEITOS ........................................................................................................................... 389
10.2.3. PRAZO.............................................................................................................................. 391
10.2.4. ARRAZOAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA ....................................................... 392

10.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ...................................................................................... 393


10.3.1. CABIMENTO ................................................................................................................... 393
10.3.2. HIPÓTESES...................................................................................................................... 393
10.3.3. PRAZO.............................................................................................................................. 394

10.4. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE .................................................... 394


10.4.1. PRAZO.............................................................................................................................. 394
10.4.2. CABIMENTO ................................................................................................................... 394
10.4.3. FLUXOGRAMA DOS EMBARGOS .............................................................................. 395
10.4.4. EMBARGOS INFRINGENTES X EMBARGOS DE NULIDADE ................................ 395

10.5. CARTA TESTEMUNHÁVEL ............................................................................................. 396


10.5.1. CABIMENTO ................................................................................................................... 396
10.5.2. INTERPOSIÇÃO E PRAZO ............................................................................................ 396
10.5.3. SUBSIDIARIEDADE....................................................................................................... 396

10.6. CORREIÇÃO PARCIAL ..................................................................................................... 397


10.6.1. SUBSIDIARIEDADE....................................................................................................... 397
10.6.2. RITO ................................................................................................................................. 397

10.7. DE OLHO NAS SÚMULAS ................................................................................................. 398

10.8. HORA DO INFORMATIVO................................................................................................ 398

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10.9. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? ........................................................................................... 405

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 409

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

1. COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS


1.1. NOÇÕES GERAIS

A existência de um processo penal válido pressupõe a observância do devido processo legal,


princípio macro do qual podemos apontar como subespécie o contraditório e a ampla defesa. Desse
modo, não é possível falarmos em processo penal desvinculado de nulidades sem que tenhamos a
observância desses princípios. Nessa esteira, a comunicação dos atos processuais constitui-se em
instrumento de materialização desses princípios.

Vejamos de forma ESQUEMATIZA:

DEVIDO PROCESSO LEGAL

Contraditório Ampla Defesa

Atos processuais: instrumentalizam e


materializa a observância desses
princípios constitucionais

Mas qual o fundamento para afirmarmos que os atos de comunicação processual materializam a
observância desses princípios? É que é através de atos processuais de comunicação, tais como, a citação,
é que o indivíduo terá ciência do ajuizamento da ação proposta em face deste para posterior exercício da
sua defesa (ciência + oportunidade), fazendo o exercício do contraditório e da ampla defesa.

Corroborando ao exposto, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues (2020, pág. 651):

As comunicações processuais “são garantias individuais do cidadão frente ao Estado”,


construídas “à luz dos princípios constitucionais”, sob a limitação de valores constitucionais” e
com seus contornos definidos por um processo legislativo democrático. Com efeito, os atos de
comunicação processual conferem efetividade ao art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição
que consagram o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório como direitos
fundamentais.

Diante do exposto, resta nítido que os atos de comunicação processual penal surgem para
materializar a observância dos princípios constitucionais fundamentais.

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E quais são esses atos de comunicação? Citação, intimação e notificação, vejamos em que
consiste cada um deles e o momento processual em que se desenvolvem.

1.2. ESPÉCIES DE ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

Espécies de Atos
de Comunicação
Processual

Citação Intimação Notificação

a) Citação: é o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-


lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender
pessoalmente e através de defesa técnica. Binômio – ciência e oportunidade.

Citação é o ato processual que tem a finalidade de dar conhecimento ao réu da existência da ação
penal, do teor da acusação, bem como cientificá-lo do prazo para a apresentação da resposta escrita.

b) Intimação: é a ciência dada à parte, no processo, da prática de um ato, despacho ou sentença.


Refere-se a um ato já passado, já praticado.

Nessa esteira, a ciência da prática de um ato processual nos autos é dada à parte através de uma
intimação. Intimação, assim, pressupõe fato processual já consumado e cuja ciência ao interessado é
reclamada para o fito de serem produzidos validamente seus efeitos legais 1.

c) Notificação: é a comunicação à parte, ou outra pessoa, do dia, lugar e hora de um ato a que
deva comparecer ou praticar.

A notificação é a ciência que é dada ao interessado de seu dever ou de seu ônus de praticar um ato
processual ou de adotar determinada conduta, pressupondo um fazer, um comportamento positivo, tal
como ocorre com a comunicação de designação de ato processual a que deva a parte comparecer 2.

1 Nestor Távora e Rosmar Rodrigues (2020, pág. 659). TÁVORA, Nestor. Curso de direito processual penal/ Nestor Távora,
Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.
2 TÁVORA, Nestor. Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed.

JusPodivm, 2020.

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1.2.1. CITAÇÃO

A citação trata-se do ato processual que dá ciência (materializa o direito ao contraditório) ao


acusado da existência de uma ação penal em seu desfavor e o chama para dela se defender (materializa
a ampla defesa).

Nesse sentido, nas lições de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues (2020, pág. 652), a citação é o
ato processual pelo qual o réu toma ciência dos termos de acusação, sendo chamado a respondê-la e a
comparecer aos atos do processo, a começar, via de regra, pela resposta preliminar à acusação
(conforme o procedimento comum ordinário e sumário, bem como a primeira fase do procedimento do
júri, a teor da Lei no 11.689/2008). Agora, o processo penal não será iniciado pelo ato de interrogatório
do acusado, salvo em rito especial que ainda o preveja expressamente, a exemplo do rito estabelecido
no Código de Processo Penal Militar.

Corroborando ainda, NUCCI:

É o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a


prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender
pessoalmente e através de defesa técnica.

Vejamos o que dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz,
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Art.8, “2”, “b”, Declaração Americana de Direitos Humanos: Durante o processo, toda pessoa
tem direito em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: comunicação prévia e
pormenorizada ao acusado da acusação formulada.

1.2.1.1. Falta de citação

Candidato, qual a consequência jurídica da falta de citação? Excelência, a ausência de citação


importa em nulidade do processo, é o que prevê o art. 564 do CPP.

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

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e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos
concedidos à acusação e à defesa;

Conforme exposto no início do nosso estudo, a citação instrumentaliza e materializa direitos


fundamentais como, devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Nesse sentido, a sua
observância é de natureza obrigatória, de modo que, a sua ausência gera nulidade. Corroborando ao
exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista (2020, pág. 1525), explica “inegável a relevância que
assume a citação, enquanto ato que permite o acusado ter conhecimento da imputação que lhe é
irrogada, podendo, a partir daí, aparelhar sua defesa. Somente assim pode se assegurar a observância
aos princípios do contraditório e da ampla defesa, tão caros ao processo penal e com expresso assento
na Constituição”.

Pelo consignado, resta nítido o caráter relevante do ato de comunicação processual em comento.
Nessa linha, preceitua Nestor Távora e Fábio Roque (2020, pág. 992) “a citação é imprescindível para
o exercício do contraditório, plasmado no binômio ciência e participação, razão pela qual a ausência
é vício que ocasiona nulidade absoluta. Todavia, se o réu comparecer à persecução penal, mesmo com
o único objetivo de suscitar o vício, será considerado citado (art. 570, CPP) ”.

A decisão judicial que declara a nulidade da citação ou ineficácia, é denominada circundução.

1.2.1.2. Comparecimento voluntário - Saneamento da nulidade

O art. 570 do CPP prevê que o comparecimento voluntário do acusado no processo sanará a falta
ou nulidade da citação. Dessa forma, inobstante o caráter relevante da citação, o legislador trouxe uma
hipótese em que a ausência ou nulidade do ato estaria sanado, qual seja, o comparecimento voluntário.

CPP Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada,
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para
o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando
reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.

1.2.1.3. Finalidade da citação

A finalidade da citação é chamar o acusado a oferecer resposta à acusação.

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se
não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Finalidade da citação
Até 2008 A partir de 2008

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Comparecer à audiência de interrogatório Oferecer resposta a acusação


Interrogatório: Primeiro ato da instrução Interrogatório: Último ato da instrução.

1.2.1.4. Efeito da citação

No processo penal, a citação apenas tem o efeito de completar a relação processual,


diferentemente do que acontece no âmbito do processo civil.

No âmbito do processo civil a citação pode gerar diversos efeitos, posto que essa: induz a
litispendência, forma a coisa litigiosa e constitui o devedor em mora.

Vejamos as principais diferenças no quadro esquematizado abaixo:

Processo Penal Processo Civil


Completa a formação processual - Induz litispendência
- Forma a coisa litigiosa
- Constitui o devedor em mora
CPP Art. 363. O processo terá Art. 240. A citação válida, ainda
completada a sua formação quando quando ordenada por juízo
realizada a citação do acusado. incompetente, induz litispendência,
torna litigiosa a coisa e constitui em
mora o devedor (...)

1.2.1.5. Espécies de citação

Espécies de
Citação

Citação pessoal (real) Citação Ficta (presumida)

Conforme exposto no quadro esquematizado acima, temos duas espécies de citação – a pessoal
e a ficta.

Nessa esteira, explica o prof. Norberto Avena3:

A citação real é aquela realizada na pessoa do réu, sendo efetivada por meio de uma das
seguintes formas: mandado, cumprido por oficial de justiça, no âmbito da jurisdição do juiz
perante o qual responde o acusado o processo criminal; carta precatória; carta rogatória; ofício
requisitório; e, por fim, mediante carta de ordem.

Por sua vez, a citação ficta é aquela efetivada por meio de edital publicado na imprensa, ou
afixado no átrio ou na porta do Fórum e, também, nas hipóteses de citação por hora certa.

3 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Nas hipóteses de citação real temos que a citação é realizada na pessoa do réu, de modo que há
certeza que este tomou conhecimento sobre a acusação que lhe é imputada. Noutra banda, a citação ficta
ou presumida é assim denominada pelo fato de que existe apenas uma presunção de que o réu tenha
tomado conhecimento sobre a acusação que lhe está sendo imputada. Dessa forma, não há nessa espécie
certeza sobre o real conhecimento, por isso, fala-se em presumida, presume-se que tomou ciência.

Vejamos:

Citação pessoal (real) Citação ficta (presumida)


Realizada na pessoa do acusado Não é feita pessoalmente
- Mandado - Citação por edital
- Precatória - Citação por hora certa
- Rogatória
- Carta de ordem
- Requisição

Nesse primeiro momento, estudaremos as hipóteses de citação pessoal, as quais acontecerá por
meio de mandado, precatória, rogatória, carta de ordem ou requisição.

Vejamos:

Citação
Pessoal

Carta de
Mandado Precatória Rogatória Requisição
Ordem

Candidato, admite-se a citação eletrônica no processo penal?

De acordo com o Art. 6º da Lei 11.419/06 (Lei de processo digital) não seria possível essa
modalidade citação no processo penal, este entendimento adotado no Ordenamento Jurídico brasileiro
aos poucos esta sendo mitigado. Nesse sentido, a Lei 14.195/2021 passou a prever que a citação será
feita, preferencialmente, por meio eletrônico. Diante disso, a doutrina mderna e a jurisprudência apontam
que a inovação legislativa é aplicável ao processo penal, por analogia.

QUAL É A NOVIDADE SOBRE O TEMA?


Lei 14.195/2021 e os atos por meio eletrônico no processo penal.
O professor Rogério Sanches Cunha explica que visando a chamada celeridade processual, a Lei 14.195/2021
alterou o Código de Processo Civil (art. 246) e passou a prever que a citação será feita, preferencialmente, por

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meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços
eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho
Nacional de Justiça.
Trata-se de inovação legislativa aplicável ao processo penal, por analogia, ante a cláusula do art. 3º do CPP,
observadas as peculiaridades deste diploma legal.
Há de atentar, porém, pela imprescindibilidade de se assegurar que a citação ou a intimação eletrônica,
inequivocamente, cheguem ao conhecimento do acusado e lhe comuniquem o ato processual, sob pena de prejuízo
significativo à sua defesa processual. Relembre-se, inclusive, que segundo o STJ, eventual insuficiência de certeza
sobre a identidade do acusado citado por WhatsApp gera nulidade do ato (STJ. HC 652.068. 6ª T. Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior. j. 24.08.2021).
Por isso a própria Lei 14.195/2021 prevê uma garantia de certificação ao dispor que “as citações por correio
eletrônico serão acompanhadas das orientações para realização da confirmação de recebimento e de código
identificador que permitirá a sua identificação na página eletrônica do órgão judicial citante” (§ 4º). E se essa
confirmação não for realizada no prazo de até 3 dias úteis (do ato de recebimento da citação eletrônica), aí terá
que ser feito o procedimento de citação conforme a ordem prevista nas alíneas do § 1º-A do art. 246 do CPC.
Fonte: Meu Site Juridico
Disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2022/01/14/lei-14-1952021-e-os-atos-por-meio-eletronico-
no-processo-penal/ Acesso em: 13//04/2022.

#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA

É possível a citação, no processo penal, via WhatsApp?

O caso concreto, com adaptações, foi o seguinte:

João foi denunciado como incurso nas sanções do art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688/41 (Lei de
Contravenção Penal), na forma dos arts. 5º, incisos I e III, e 7º, inciso I, ambos da Lei nº 11.340/2006
(vias de fato no âmbito doméstico e familiar), supostamente praticadas em desfavor de sua ex-
companheira.

A denúncia foi recebida em 09/06/2020, momento em que foi determinada a citação do denunciado.

A citação foi realizada pelo WhatsApp do denunciado.

O Oficial de Justiça elaborou uma certidão dizendo:

“Certifico e dou fé que, em cumprimento ao mandado, no dia 03.11.2020, às 16h30, PROCEDI A


CITAÇÃO E INTIMAÇÃO (por meio do WhatsApp nº XXXXX-XXXX) DE JOÃO xxxx, CPF nº
xxx.xxx.xxx-xx, e diante da concordância do intimando, encaminhei contrafé para o seu WhatsApp.
(cópia anexa). Certifico que após o recebimento do mandado, o intimando informou estar ciente e
informou ainda que não tem condições de pagar advogado particular e deseja ter a sua defesa realizada
pela Defensoria Pública”.

Vale ressaltar que, diante da pandemia da Covid-19, o TJDFT editou uma portaria regulamentando a
citação e a intimação via WhatsApp. O ato foi praticado com base nessa regulamentação.

A Defensoria Pública impetrou habeas corpus em favor do réu argumentando que a citação seria nula.

A questão chegou até o STJ. O que decidiu o Tribunal? É possível a utilização de WhatsApp para
a citação do acusado?

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SIM, mas desde que adotadas cautelas para garantir a autenticidade do número telefônico e a identidade
do destinatário.

Nas exatas palavras do STJ:


É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas medidas
suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do indivíduo
destinatário do ato processual. STJ. 5ª Turma. HC 641.877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
09/03/2021 (Info 688).

A citação do acusado revela-se um dos atos mais importantes do processo. É por meio dela que o
indivíduo toma conhecimento dos fatos que o Estado, por meio do jus puniendi lhe direciona e, assim,
passa a poder demonstrar os seus contra-argumentos à versão acusatória (contraditório, ampla defesa e
devido processo legal).

No Processo Penal, diversamente do que ocorre na seara Processual Civil, não se pode prescindir do
processo para se concretizar o direito substantivo. É o processo que legitima a pena.

Assim, em um primeiro momento, vários óbices impediriam a citação via WhatsApp, seja de ordem
formal, haja vista a competência privativa da União para legislar sobre processo (art. 22, I, da CF/88),
ou de ordem material, em razão da ausência de previsão legal e possível malferimento de princípios
caros como o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.

No entanto, por outro lado, não se pode fechar os olhos para a realidade. Excluir peremptória e
abstratamente a possibilidade de utilização do WhatsApp para fins da prática de atos de comunicação
processuais penais, como a citação e a intimação, não se revelaria uma postura comedida.

Não se trata de autorizar a confecção de normas processuais por tribunais, mas sim o reconhecimento,
em abstrato, de situações que, com os devidos cuidados, afastariam, ao menos, a princípio, possíveis
prejuízos ensejadores de futuras anulações. Isso porque a tecnologia em questão permite a troca de
arquivos de texto e de imagens, o que possibilita ao oficial de justiça, com quase igual precisão da
verificação pessoal, aferir a autenticidade do número telefônico, bem como da identidade do destinatário
para o qual as mensagens são enviadas.

Além disso, não há falar em nulidade de ato processual sem demonstração de prejuízo ou, em outros
termos, princípio pas nullité sans grief. Assim, é possível imaginar-se a utilização do WhatsApp para
fins de citação na esfera penal, com base no princípio pas nullité sans grief.

De todo modo, para que seja admitida a citação por WhatsApp é indispensável que sejam tomados todos
os cuidados possíveis para se comprovar a autenticidade não apenas do número telefônico com que o
oficial de justiça realiza a conversa, mas também da identidade do destinatário das mensagens.

O WhatsApp permite a troca de arquivos de texto e de imagens, o que possibilita ao oficial de justiça,
com quase igual precisão da verificação pessoal, aferir a autenticidade da conversa.

É possível imaginar-se, por exemplo, a exigência pelo agente público do envio de foto do documento de
identificação do acusado, de um termo de ciência do ato citatório assinado de próprio punho, quando o
oficial possuir algum documento do citando para poder comparar as assinaturas, ou qualquer outra
medida que torne inconteste tratar-se de conversa travada com o verdadeiro denunciado.

De outro lado, a mera confirmação escrita da identidade pelo citando não nos parece suficiente.

Necessário distinguir, porém, essa situação daquela em que, além da escrita pelo citando, há no
aplicativo foto individual dele. Nesse caso, ante a mitigação dos riscos, diante da concorrência de três

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elementos indutivos da autenticidade do destinatário, número de telefone, confirmação escrita e foto


individual, entende-se possível presumir-se que a citação se deu de maneira válida, ressalvado o direito
do citando de, posteriormente, comprovar eventual nulidade, seja com registro de ocorrência de furto,
roubo ou perda do celular na época da citação, com contrato de permuta, com testemunhas ou qualquer
outro meio válido que autorize concluir de forma assertiva não ter havido citação válida.

Assim, é possível o uso da referida tecnologia para citação, desde que, com a adoção de medidas
suficientes para atestar a identidade do indivíduo com quem se travou a conversa.
Voltando ao caso concreto:

No caso concreto, o STJ decidiu anular a citação feita via WhatsApp, porque não houve nenhum
comprovante quanto à autenticidade da identidade do citando, ressaltando, porém, a possibilidade de o
comparecimento do acusado suprir o vício, bem como a possibilidade de se usar a referida tecnologia,
desde que, com a adoção de medidas suficientes para atestar a identidade do indivíduo com quem se
travou a conversa.

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Fonte:
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a citação, no processo penal, via WhatsApp?. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f2501c71a070a8bb42e898a80baee401>. Acesso em:
15/04/2022

O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes

I. Citação por mandado:

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à
jurisdição do juiz que a houver ordenado.

A citação por mandado será feita sempre por oficial de justiça, sempre que o acusado residir
na mesma comarca que o juízo processante. Dessa forma, temos que a citação por mandado acontecerá
nos casos em que o réu reside ou está preso na própria Comarca por onde tramita a ação penal.

Nas lições do professor Nucci (2020), a citação por mandado é a forma usual de citação, valendo-
se o juiz do oficial de justiça, que busca o acusado, dando-lhe ciência, pessoalmente, do conteúdo da
acusação, bem como colhendo o seu ciente (art. 351, CPP).

Vejamos:

Processo Penal Processo Civil


Citação sempre por oficial de justiça Citação por carta, eletrônica ou oficial
de justiça
Art. 351. A citação inicial far-se-á por Art. 247, CPC: A citação será feita pelo
mandado, quando o réu estiver no correio para qualquer comarca do país (...)

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território sujeito à jurisdição do juiz que a


houver ordenado.

- A citação por mandado será uma citação pessoal: Na pessoa do acusado.

Processo Penal Processo Civil


Citação sempre na pessoa do acusado. Réu, representante legal ou
procurador.
Art. 351. A citação inicial far-se-á por Art. 242, CPC, “caput”: A citação será
mandado, quando o réu estiver no pessoal, podendo, no entanto, ser feita na
território sujeito à jurisdição do juiz que pessoa do representante legal ou do
a houver ordenado. procurador do réu, do executado ou do
interessado.

- Inimputável: Em caso de acusado inimputável, a citação deverá ser realizada na pessoa de seu
curador.

- Requisitos do mandado: o mandado contempla requisitos intrínsecos e outros extrínsecos.

Requisitos
do Mandado

Requisitos intrínsecos Requisitos extrínsecos

Os requisitos intrínsecos do mandado estão previstos no art. 352 do CPP e exige a indicação do
nome do juiz, nome e residência do réu, qual é a finalidade da citação, e, por fim, o lugar, dia, hora do
comparecimento.

Noutra banda, os requisitos extrínsecos do mandado, são aqueles previstos no art. 357 do CPP,
consistentes na leitura do mandado de citação ao réu e entrega a ele de contrafé (cópia do inteiro teor do
mandado) na qual constarão dia e hora da citação, bem como a respectiva certificação quanto à entrega
desta contrafé ao réu e sua aceitação ou recusa.

Conforme explicado acima, esses requisitos estão elencados no Código de Processo Penal, arts.
352 e 357. Vejamos:

Art. 352. O mandado de citação indicará:


I - o nome do juiz;

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II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;


III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.

Art. 357. São requisitos da citação por mandado:


I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia
e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.

Vamos ESQUEMATIZAR?

Intrínsecos Extrínsecos
Art. 352, CPP Art. 357, CPP
- Nome do juiz - Leitura do mandado pelo oficial de
- Nome e residência do réu justiça
- Finalidade da citação - Entrega da contrafé
- Lugar, dia, hora do comparecimento - Certidão do oficial de justiça
(Não mais ao comparecimento ao
interrogatório, mas, para apresentar
resposta a acusação).
- Assinatura do escrivão e juiz

- Momento da citação: No processo penal, a citação poderá ser realizada a qualquer tempo e
lugar, desde que respeitada a inviolabilidade domiciliar. Corroborando Nestor Távora e Rosmar
Rodrigues (2020, pág. 653), quanto ao horário para a realização de citação, “qualquer dia e hora são
admissíveis”, não se realizando “durante a noite, se o réu estiver em seu domicílio, por conta, inclusive,
da inacessibilidade garantida, constitucionalmente, ao local”, pouco importando, fora dessa hipótese,
“ser noite ou dia”, dada à urgência da citação criminal.

Citação no processo penal Citação no processo civil


A citação poderá ser feita a qualquer CPC Art. 244. Não se fará a citação,
hora e em qualquer lugar, respeitada a salvo para evitar o perecimento do
inviolabilidade domiciliar. direito:

I - de quem estiver participando de ato de


culto religioso;

II - de cônjuge, de companheiro ou de
qualquer parente do morto,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou
na linha colateral em segundo grau, no
dia do falecimento e nos 7 (sete) dias
seguintes;

III - de noivos, nos 3 (três) primeiros


dias seguintes ao casamento;

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IV - de doente, enquanto grave o seu


estado.

II – Citação por carta precatória

A citação será feita por carta precatória quando o acusado estiver em lugar certo e sabido
localizado em outra comarca. Ex. Juízo processando é de São Paulo e o acusado reside em Recife/PE.
Assim, na hipótese de o réu residir em comarca diferente ao do juízo, a citação será feita por intermédio
de carta precatória. Vejamos o que prevê o CPP:

CPP Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
será citado mediante precatória.

A hipótese aqui é de pessoa que reside em comarca diversa daquela em que tramita a ação
ou que está presa em outra Comarca.

Observação. Se o juízo deprecado (o que vai cumprir a carta precatória) verificar que o réu não
está naquela comarca, mas está em terceiro juízo (em local certo e sabido), remeterá a precatória
diretamente para este terceiro juízo. O que a doutrina chama de “carta precatória itinerante”.

CPP Art. 355 § 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de
outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde
que haja tempo para fazer-se a citação.

Candidato, em que consiste a chamada carta precatória itinerante? É o nome que se dá à


precatória enviada pelo juízo deprecado diretamente a outro juízo, onde provavelmente encontra-se o
réu. Assim, quando o juiz deprecante, crendo estar o acusado na Comarca X, envia-lhe a precatória, para
a citação e interrogatório, pode ocorrer do juiz desta última Comarca verificar que o acusado está, de
fato, na Comarca Y, para onde enviará, diretamente, os autos da precatória, sem haver necessidade desta
voltar à origem para nova emissão. Trata-se de medida que privilegia o princípio da economia
processual. (Trecho extraído do Código de Processo Penal Comentado, NUCCI).

III - Citação por carta rogatória

A citação por carta rogatória será realizada quando o acusado estiver em local certo e sabido no
estrangeiro. Desta feita, temos que a referida hipótese de citação será cabível quando o acusado esteja
no estrangeiro, contudo em local sabido. Nesse sentido, o CPP prevê:

CPP Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.

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- Procedimento: A carta rogatória será encaminhada ao Ministro da Justiça, que solicita ao Ministério
das Relações Exteriores o encaminhamento à justiça rogada.

Além da hipótese ensejadora, a carta precatória e rogatória se diferenciam-se pelo fato de que a
rogatória ensejará a suspensão da prescrição.

Carta precatória Carta Rogatória


Não suspende a prescrição Suspende a prescrição

- Legações estrangeiras (embaixadas e consulados): Quando o acusado estiver em legações


estrangeiras (embaixadas/consulados) no Brasil, a citação será feita por carta rogatória. Ex. Funcionário
(sem imunidade diplomática) da embaixada americana no Brasil.

CPP Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão
efetuadas mediante carta rogatória.

IV – Citação por carta de ordem

A citação se dará por carta de ordem quando o processo criminal tramitar por instâncias
superiores (exemplo, competência originária de foro por prerrogativa).

Carta precatória Carta de ordem

Tribunal
Juiz de 1º grau Juiz de 1º grau
Juiz de 1º grau

Ex: Juiz de Marília expede carta Ex. TJ/SP expede carta de ordem para Juiz
precatória para juiz de Garça citar o de Marília realizar interrogatório do
acusado. acusado.
A carta de ordem é cabível na situação em que o acusado goza de foro por prerrogativa de função,
o Tribunal a quem incumbe o julgamento em grau originário emite carta de ordem determinando que o
juízo da comarca onde reside o réu providencie sua citação.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2018 - STJ - Analista Judiciário -
Oficial de Justiça Avaliador Federal. Julgue o item que se segue, relativo à comunicação dos atos
processuais penais.

Se o acusado residir em comarca diversa da jurisdição do juízo processante, a citação terá de ocorrer por
meio de carta de ordem.

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Certo

Errado

No caso, o meio adequado para a citação é a carta precatória e não a de ordem, posto que não se
trata de instâncias superiores.

V – Citação do Militar

De acordo com o art. 358 do CPP, a citação do militar é realizada por intermédio do chefe do
respectivo serviço.

Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço.

E no processo civil? A citação deverá ser pessoal.

Processo Penal Processo Civil


Citação na pessoa do chefe de serviço Citação será pessoal

No que tange a citação do militar no âmbito do processo penal, o professor Norberto Avena faz
uma distinção bastante importante, qual seja, quando a citação do militar acontece para fins tão somente
de que o réu tome ciência de que contra si existe uma acusação e este é citado para apresentar resposta
à acusação e quando o réu é citado para a audiência aprazada, a qual deverá comparecer.

Na primeira situação, o ofício expedido ao Chefe da Guarnição Militar não conterá requisição de
comparecimento do réu ao juízo. Já na segunda situação, o ofício a ser encaminhado ao Chefe da
Guarnição Militar onde se encontre o réu deverá observar os requisitos previstos no art. 352 do CPP e
além disso, deverá inserir a requisição de comparecimento do citando a juízo no dia e hora aprazados.

Por fim, cumpre ressaltarmos que o teor do art. 358 do CPP aplica-se aos militares na ativa.

VI – Citação do funcionário público

A citação do funcionário público continua sendo pessoal (citado pessoalmente por mandado),
apenas a notificação do dia da audiência que será realizado para o acusado e ao seu chefe, é o que prevê
o art. 359 do CPP, o qual proclama que “o dia designado para o funcionário público comparecer em
juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição”.

Dessa forma, temos que o funcionário público, é citado por oficial de justiça, por meio de
mandado; porém, o art. 359 do Código de Processo Penal exige que o chefe da repartição seja
comunicado da data em que ele deverá comparecer em juízo, para que possa previamente providenciar

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a substituição do funcionário naquela data. Como o interrogatório, após a Lei n. 11.719/2008, passou a
ser o último ato instrutório da ação penal, o chefe da repartição só será cientificado da data quando o
juiz designar a audiência de instrução, na qual o réu (funcionário público) deverá se fazer presente. Se
for necessária a redesignação da audiência pela falta de alguma testemunha considerada essencial, o
chefe da repartição deverá também ser comunicado acerca da nova data.

Nesse sentido, vejamos o dispositivo legal:

Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado,
será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.

Citação Dia da audiência


Pessoal Notificado ao acusado e ao chefe da
repartição.

Nesse contexto, podemos citar a Lei 13.964/19 (Pacote Anti Crime) que acrescentou o art. 14-
A ao CPP e passou a assegurar aos servidores vinculado às instituições dispostas nos arts. 142 e 144 da
CF que figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força leal
praticados no exercício profissional ou missões para Garantia da Lei e da Ordem, o direito de constituir
defensor para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à sua defesa administrativa.

Vale destacar que, o texto do art. 14-A em seus parágrafos 1º e 2º traz hipóteses em que o
funcionário público, é citado para constituir defensor. E somente, depois é que a instituição a que estava
vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos deverá ser intimada. Vejamos:

“Art. 14-A, § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser
citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no
prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de


defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar
a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação
do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) ”.

VII – Citação do acusado preso

O CPP após a reforma de 2008 passou a prevê que a citação do acusado preso, assim como a do
solto, deverá ser feita pessoalmente. Nesse sentido, explica NUCCI, “nos moldes da citação do acusado
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solto, deve ser feita pessoalmente, por mandado, recebendo cópia da denúncia e podendo preparar-se, a
tempo, para a defesa escrita, no prazo de dez dias. O mínimo que se espera para a consagração da ampla
defesa e do contraditório, garantias constitucionais, é que a citação seja feita com tempo antecedente
suficiente para o preparo da defesa e, sem dúvida, pessoalmente”.

Dessa forma, temos que a citação do réu preso pessoalmente surge para materializar a
observância dos princípios constitucionais fundamentais do processo penal: devido processo legal,
contraditório e ampla defesa.

Vejamos o que dispõe o CPP:

CPP Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

Pelo exposto, temos que o réu preso será citado pessoalmente, da mesma forma que o réu solto,
por meio de mandado, entretanto, no estabelecimento onde se encontrar detido.

Sobre a citação do réu preso, importante ainda se faz o conhecimento acerca da súmula 351 do
STF, a qual proclama “é nula a citação por edital do réu preso na mesma unidade da federação em que
o juiz exerce a sua jurisdição”.

A súmula em comento reforça a necessidade de citação pessoal do réu preso.

Nessa esteira, o TJRS já reconheceu a nulidade do ato em virtude do fato de que a citação do réu
preso não fora feita pessoalmente, conforme proclama e exige o art. 360 do CPP. Vejamos:

TJRS: “Nulidade do feito evidenciada, por violação ao devido processo legal atinente à espécie,
corolário lógico da ampla e efetiva defesa do réu no processo criminal. Caso concreto em que
não foi efetuada a citação pessoal do réu, embora ele estivesse preso preventivamente pelo
presente processo, não sendo possível aferir de que modo o acusado tomou ciência da acusação
que pesa contra ele. Violação ao art. 360 do CPP, resultando configurada a nulidade prevista no
art. 564, inc. III, alíneas, do referido diploma legal. Caso concreto, ademais, em que o réu se
encontrava preso e não foi conduzido à audiência de instrução, ocasião em que foi inquirida a
testemunha acusatória. Ofensa aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Efetivo prejuízo configurado. Nulidade absoluta do processo evidenciada, a partir do
recebimento da denúncia, todavia mantida a higidez desse ato processual” (Ap. Crim.
70068434216-RS, 6.a Câm. Criminal, rel. VANDERLEI TERESINHA TREMEIA KUBIAK,
6-10-2016, m.v.).

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2020 Banca: FGV Órgão: TJ-RS Prova: FGV - 2020 - TJ-RS - Oficial de Justiça. Roberto cumpre
pena privativa de liberdade em presídio situado na cidade de Florianópolis. Na comarca de Porto Alegre
foi instaurada ação penal em seu desfavor por suposto cometimento de crime de roubo e realizada a sua
citação por edital, eis que não foi encontrado nos endereços constantes dos autos e não havia informação
de sua prisão. Nessa situação, é correto afirmar que:

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A. a citação por edital é nula, porque cabe ao juízo diligenciar, por todos os meios e em todas as
situações, para obter o correto endereço do réu;
B. encontrando-se preso o réu, a sua requisição supre a citação pessoal;
C. preso o réu durante o curso do prazo da intimação por edital da sentença condenatória, essa
intimação permanece válida;
D. a citação é válida porque cabe ao réu informar o juízo sobre o seu endereço atualizado;
E. a citação é válida, em razão de encontrar-se preso em outro Estado da Federação, nos termos de
entendimento consolidado do STF.
Gab. E, nos moldes da Súmula 351-STF. É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.

Agora passaremos ao estudo das espécies de citação ficta, também denominada de citação
presumida, são elas a citação por hora certa e citação por edital.

Vejamos:

Citação
Ficta

Citação por hora certa Citação por Edital

VIII – Citação por hora certa

Conforme leciona o professor e Juiz Federal Márcio André4, a citação por hora certa ocorre
quando o oficial de justiça vai tentar citar o réu, mas nunca o localiza no endereço onde ele
normalmente deveria estar. Diante disso, o meirinho percebe que réu está, na verdade, praticando
manobras para não ser encontrado, buscando, com isso, evitar o início dos atos processuais. Se o oficial
de justiça constatar realmente essa situação, a lei autoriza que ele marque determinado dia e horário
para voltar no endereço do réu e, nesta data designada, tentar novamente citar o indivíduo. Caso ele
não esteja mais uma vez presente, a citação considera-se realizada e presume-se que o réu tomou
conhecimento da ação penal que irá seguir o seu curso normal.

4 https://www.dizerodireito.com.br/2016/08/a-citacao-por-hora-certa-e.html

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Dessa forma, temos que a citação por hora certa será realizada nas hipóteses em que o acusado
se oculta para não ser citado. Trata-se de hipótese que não era admitida inicialmente no âmbito do
processo penal, mas apenas, no processo civil.

Referida forma de citação só passou a ser admitida na disciplina processual penal após o advento
da Lei n. 11.719/2008, que alterou vários aspectos da legislação adjetiva. Até então se tratava de
instituto exclusivo do processo civil.

Assim, temos que a citação por hora certa já existia há muito tempo no processo civil e
foi introduzida no processo penal apenas em 2008, por força da Lei nº 11.719/2008, que modificou a
redação do art. 362 do CPP. Antes da Lei nº 11.719/2008, quando o réu estava se ocultando, a
providência determinada pela legislação era a citação por edital. O “problema” da citação por edital é
que se o acusado não comparecer nem constituir advogado, o processo e o prazo prescricional ficam
suspensos (art. 366). Já na citação por hora certa, o processo segue normalmente. Assim, para o Estado-
acusação, a citação por hora certa é mais efetiva à persecução penal.

Vejamos:

Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará
a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Ex. O oficial vai até a casa, vê que tem gente, verifica TV ligada, mas ninguém o atende, o oficial
percebe uma tentativa de se ocultar.

- Requisitos: O acusado se oculta para não ser citado (previsto no CPP) + o acusado foi procurado
duas vezes em seu endereço e não foi encontrado (previsto no CPC).

Assim:

•Se oculta para


Requisito •Foi procurado 2
não ser citado •Acusado vezes e não foi
procurado por encontrado
2 vezes
Requisito Requisito

Denota-se que os requisitos exigidos no processo penal são os mesmos do processo civil. O
oficial de justiça procederá a citação por hora certa se por três vezes procurar o acusado e suspeitar de
que se oculta para não ser citado, intimará qualquer pessoa da família ou vizinho que no próximo dia

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voltará. Voltando, não encontrando novamente o acusado o dará por citado, deixando a contrafé com a
pessoa da família ou vizinho. Após, por meio de carta dará ciência ao citando do ocorrido.

Desta forma o oficial após ir duas vezes sem conseguir citar, marcará dia e hora em que irá
fazer a citação, neste caso chegando novamente no horário e dia marcado não encontrando ninguém, ou
alguém que se nega a assinar, o oficial fará a citação por hora certa, emitirá certidão que será remetida
ao juízo e após 10 dias, será enviada uma carta ao acusado dando ciência de que este foi devidamente
citado e o processo seguirá.

-Nomeação de defensor dativo: Realizada a citação por hora certa, se o acusado não nomear
defensor, O JUIZ NOMEARÁ DEFENSOR DATIVO, nesse sentido é a previsão do art. 361 do CPP.

Vejamos:

Art. 361 Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.

Citação por hora certa Citação por edital


O processo segue O processo e a prescrição são
suspensos
Nomeia-se defensor dativo Não se nomeia defensor

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador. Julgue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade,
interceptação telefônica e prazos processuais.

Realizada a citação por hora certa, se o réu cientificado não comparecer em juízo, deverão ser suspensos
o processo penal e o curso do prazo prescricional.

Certo

Errado

Gab. ERRADO, na hipótese de citação por hora certa não acontece a suspensão do processo, nomeia-se
defensor dativo. Além disso, o prazo da prescrição continua correndo.

Reforçando...

Réu que se oculta para não ser citado


Antes da Lei nº 11.719/2008 Depois da Lei nº 11.719/2008
Era citado por edital. É agora citado por hora certa.
O processo e o prazo prescricional ficavam O processo e o prazo prescricional continuam
suspensos. correndo normalmente.

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A citação por hora certa já foi objeto de discussão sobre a constitucionalidade, contudo, o STF
reconheceu a sua constitucionalidade.

É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal.

STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão
Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (repercussão geral) (Info 833).

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: DPU Prova: CESPE - 2016 - DPU - Analista Técnico
– Administrativa. Recebida a denúncia por crime de estelionato, o juiz determinou a citação do acusado
para apresentar resposta à acusação. O oficial de justiça compareceu ao endereço informado pelo
Ministério Público, mas não encontrou o acusado para ser citado. Considerando a situação apresentada,
julgue os itens que se seguem.

Se o acusado estiver se ocultando para não ser citado, será cabível sua citação com hora certa.

Certo

Errado

Conforme prevê o art. 362 do CPP, verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa. Desse modo, gabarito CERTO.

IX – Citação por edital

A citação por edital é espécie de citação ficta ou presumida. Acontecerá a citação por edital na
hipótese de o réu não ser encontrado. Uma vez feita a citação por edital, presume-se que este teve
conhecimento acerca da mesma. Contrapõe-se, pois, a citação pessoal, em que temos a certeza da
cientificação do acusado.

Nesse sentido, preceitua NUCCI:

É a modalidade de citação denominada ficta, porque não é realizada pessoalmente, presumindo-


se que o réu dela tomou conhecimento. Publica-se em jornal de grande circulação, na imprensa
oficial ou afixa-se o edital no átrio do fórum, com o prazo de quinze dias, admitindo-se a
possibilidade de que o acusado, ou pessoa a ele ligada, leia, permitindo a ciência da existência
da ação penal (art. 361, CPP).

Vejamos o que dispõe o CPP:

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CPP, Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.

A única hipótese em que se admitirá a chamada citação por edital é caso de o acusado não ser
localizado (réu em lugar incerto e não sabido), sendo necessário que todos os meios de localização sejam
esgotados (expedição de ofício as operadoras de telefonia, sistemas internos da polícia, etc.).

- Prazo: O edital ficará afixado durante o prazo de 15 dias.

- Publicação: Afixação à porta do fórum e publicação em imprensa (jornal).

CPP, Art. 365. Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o
juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo
oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão,
da qual conste a página do jornal com a data da publicação.

- Conteúdo: Basta o edital indicar o tipo penal imputado (tendo em vista que se transcrever toda
a denúncia ou queixa, se tornaria uma publicação muito onerosa). Segundo o STF:

Súmula 366: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora
não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseie.

- Juizado especial criminal: Nos juizados especiais criminais, não se admite a citação por edital,
o juiz do JECRIM deverá encaminhar os autos ao juiz comum para a citação ser realizada por edital. A
não admissibilidade da citação por edital no âmbito do JECRIM encontra-se atrelada ao fato de que se
trata de procedimento regido pelo princípio da celeridade, ato processual como a citação por edital não
observa o referido princípio. Nessa esteira, vejamos o que prevê o art. 66 da Lei dos Juizados Especiais
Criminais:

Lei 9.099/95 Art. 66 Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto
em lei.

Uma vez encaminhados os autos ao juízo comum, mesmo que localizado o acusado, o processo
não retornará ao JECRIM. No juízo comum, o processo seguirá o procedimento sumário:

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CPP Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial
criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro
procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE - 2020 - MPE-CE - Técnico
Ministerial. Nero responde a ação penal por crime contra patrimônio particular na comarca de Caucaia.
Como ele não foi encontrado para ser citado pessoalmente, o juiz nomeou um defensor dativo e deu
seguimento ao processo. Por fim, Nero foi condenado, apesar de a defesa ter alegado nulidade da citação.

Com relação a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

Como não foi encontrado para ser citado pessoalmente, Nero deveria ter sido citado por hora certa.

( ) Certo

( ) Errado

O Código de Processo Penal contempla duas hipóteses de citação presumida ou ficta, quais sejam, a citação por
edital e a citação por hora certa. A citação por edital, nos moldes do art. 361 do CPP, acontecerá quando o réu não
for encontrado. Já a citação por hora certa, acontece quando o agente se oculta para não ser citado, tem previsão
ao teor do art. 362 do CPP. Diante do exposto, analisando o teor da assertiva, contemplamos que se apresenta
errada, posto que se o Nero (acusado) não foi encontrado, ele deveria ser citado por edital, e não por hora certa,
como menciona a questão. Desse modo, gabarito ERRADO.

Vamos fixar?

Citação por Edital Citação por Hora Certa


Acusado não é localizado. Acusado se oculta para não ser citado.
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser
edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e
procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida
nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial de
Justiça – Avaliador.
Luís foi denunciado pela prática de crime de menor potencial ofensivo em um juizado especial criminal
de Belém – PA, mas não foi encontrado para ser citado pessoalmente. Nessa situação hipotética

A) será determinada a citação por edital, com prazo de cinco dias.


B) será nomeado defensor dativo para representar Luís na audiência de conciliação.
C) o processo ficará suspenso até que Luís seja encontrado.

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D) o processo será encaminhado ao juízo comum.


E) a vítima será intimada para informar o endereço atualizado de Luís.

Gab. D, nos termos do art. 66 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. Como não se admite a citação
por edital no âmbito do JECRIM diante da complexidade do ato processual, o procedimento a ser tomado
é o encaminhamento do processo ao juízo comum.

Vamos REFORÇAR?

CITAÇÃO FICTA/PRESUMIDA
Por Hora Certa Por Edital
Ocorre quando o réu se oculta para não ser citado. Ocorre quando o réu não é encontrado.
O processo e a prescrição são suspensos quando o
O processo e a prescrição não são suspensos. Se o acusado
acusado não comparecer e não constituir advogado.
não comparecer, o processo continua e o juiz nomeia
defensor dativo.
Exceção: Lei de lavagem de dinheiro.
Bizu: Hora Certa = Oculta = Nomeação de defensor Bizu: Edital = Não Encontrado = Suspensão do
dativo processo e da prescrição
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2013 - TJ-DFT - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador. Texto associado:

O fundamento legal para a citação por hora certa e por edital é a não localização do réu, ocorrendo a
citação por hora certa quando o réu estiver em local certo, mas se ocultar para não ser citado, e a citação
por edital quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante.

( ) Certo

( ) Errado

No que tange ao cabimento da citação por hora certa, a assertiva encontra-se correta, pois conforme prevê o CPP
está será cabível quando o réu se oculta para não ser citado. Contudo, a citação por edital tem cabimento quando
o réu não é localizado (e não quando tem território fora do juiz processante, como descreve a questão). Na segunda
situação descrita na assertiva temos a hipótese de citação por carta precatória. Desse modo, gabarito ERRADO.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2012 Banca: CS-UFG Órgão: TJ-GO Prova: CS-UFG - 2012 - TJ-GO - Escrevente Judiciário. No
processo penal, a citação por edital terá o prazo de:

A. 05 (cinco) dias.

B. 10 (dez) dias.

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C. 15 (quinze) dias.

D. 20 (vinte) dias.

Gab. C, o prazo é de 15 dias.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2017 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 1ª
REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal. Texto associado com referência a
essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

Na hipótese de o oficial de justiça verificar que, na ocasião da citação, José tenha se ocultado para não
ser citado, será procedida a sua citação por edital.

( ) Certo

( ) Errado

Gab. ERRADO. Nesse caso, deverá ser feita a citação por hora certa nos moldes do art. 362 do CPP.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2011 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário
- Área Judiciária – Específicos.

Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), não é nula a citação por edital que se limita
a indicar o dispositivo da lei penal, não transcrevendo o inteiro teor da denúncia ou queixa, inexistindo
violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa.

( ) Certo

( ) Errado

Gab. CORRETO. Conforme prevê a Súmula 366-STF. Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da
lei penal, embora não transcreva a denúncia ou a queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Assistente
Judiciário. A respeito de ação penal e do disposto na Lei de Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei
n.º 9.099/1995), julgue o item seguinte.

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Conforme o rito da Lei de Juizados Especiais Cíveis e Criminais, não sendo o denunciado encontrado
para citação pessoal ou por mandado, os autos devem ser remetidos ao juízo comum, que procederá à
citação por edital.

( ) Certo

( ) Errado

Como não é possível a citação por edital no âmbito do juizado especial criminal, o procedimento a ser feito é o
encaminhamento para o juízo comum. Lei 9.099/95 – Art. 66 Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser
citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Desse modo, gabarito CERTO.

X – Art. 366 do CPP

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312.

Assim:

SUSPENDE PROCESSO
NÃO comparece E O CURSO DO PRAZO
PRESCRICIONAL
ACUSADO CITADO
POR EDITAL
SUSPENDE PROCESSO
NÃO constitui
E O CURSO DO PRAZO
advogado
PRESCRICIONAL

- Requisitos: Acusado em lugar incerto e não sabido, citado por edital, não comparece (hoje não
apresenta resposta a acusação) e nem constitui advogado.

Réu em lugar incerto e não sabido + Citação por edital


+ Não comparece (não apresenta resp. acusação) + Não constitui advogado
Efeitos obrigatório Efeitos facultativos
Suspensão do processo Produção de provas antecipadas
(Ex. ouvir testemunhas enfermas, idosas)
Atenção, não basta argumentar que a
testemunha “se esquecerá dos fatos”
Súmula 455, STJ.
Suspensão da prescrição Decretação da prisão preventiva.
(Súmula 415 STJ) (Presentes os requisitos do Art. 312 CPP)

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Lembre-se não é mais comparecer, após 2008, deve-se interpretar a expressão “se o acusado não
comparecer” como “se o acusado não apresentar resposta a acusação”, tendo em vista que o
interrogatório agora é o último ato da audiência de instrução, e não mais o primeiro.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2020 - TJ-PA - Oficial de
Justiça – Avaliador. Se um acusado, citado por edital, não comparecer para defender-se em ação penal
pelo crime de falsidade ideológica, nem constituir advogado, o juiz:

A. deverá decretar a prisão preventiva do réu.

B. determinará a interrupção do curso do prazo, que é prescricional.


C. decretará revelia do réu e dará seguimento ao processo com defensor dativo.
D. poderá determinar a produção de provas consideradas urgentes.

E. suspenderá o processo e o curso do prazo, que é decadencial.

Gab. D, conforme prevê o art. 366 do CPP.

- Prazo da suspensão da prescrição (Obrigatória): A prescrição ficará suspensa pela pena


máxima cominada em abstrato no preceito secundário do tipo penal incriminador:

Súmula 415 do STJ: O período da suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
pena cominada.

Exemplo. Furto simples (Art. 155 CP).

Pena de 1 a 4 anos.

Pena máxima abstrata: 4 anos

Crime com pena de 4 anos prescreve em 8 anos (art. 109, IV, CP)

Se o processo foi suspenso em 02/03/2020, ficará suspenso até 02/03/2028.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: DPE-MG Prova: FUNDEP (Gestão de
Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público Analise a situação hipotética a seguir. Oferecida
denúncia imputando ao denunciado a prática do delito descrito no art. 129, § 1º, II, do Código Penal, o
juiz, verificando não ser o caso de rejeição liminar, determinou a citação para apresentação da resposta
à acusação. Foi tentada a citação pessoal em todos os endereços conhecidos nos autos, não sendo

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encontrado o acusado, sendo certificado pelo oficial de justiça que ele se encontrava em local incerto e
não sabido. As diligências realizadas para tentar descobrir o paradeiro do acusado foram infrutíferas. Foi
determinada a citação por edital, a qual não foi atendida. O juiz, assim, decretou a suspensão do processo
penal e do prazo prescricional.

Durante a suspensão do processo

A. deverá ser determinada a produção antecipada da prova testemunhal, diante do presumido risco
das testemunhas mudarem de endereço, morrerem ou esquecerem o fato.
B. deverá ser decretada a prisão preventiva do acusado, eis que presumidamente ele está fugindo e,
assim, comprometendo o adequado andamento do processo.
C. deverá ser decretada a revelia ficta do acusado, diante do não atendimento da citação por edital,
presumindo verdadeiros os fatos alegados pela denúncia.
D. deverá a suspensão do prazo prescricional ser regulada pelo máximo da pena cominada ao fato.

Gab. D. Nos termos da súmula 415 do STJ. Súmula 415 do STJ: O período da suspensão do prazo
prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TRE-AP Prova: FCC - 2015 - TRE-AP - Analista Judiciário –
Administrativa. Paulo é denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas do artigo 334-A,
do Código Penal (contrabando). Recebida a denúncia o réu não é localizado para citação pessoal, sendo
determinada a sua citação por edital. Consumada a citação ficta o réu não comparece nem constitui
advogado. Murilo, o Magistrado que preside a ação penal, determina a suspensão do processo e do curso
do prazo prescricional. Neste caso, conforme Súmula do Superior Tribunal de Justiça, o período de
suspensão do prazo prescricional é

A. indeterminado.
B. regulado pelo máximo da pena cominada ao delito imputado ao réu.
C. de no máximo 20 anos.
D. de no máximo 10 anos.
E. estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal por meio de resolução.

Gab. B, conforme prevê a súmula 415 do STJ.

- Prisão preventiva (Facultativa): Se presentes os requisitos do art. 312 do CPP, e o réu estiver
em lugar incerto e não sabido, o juiz poderá decretar a prisão preventiva (garantia da aplicação da Lei
penal). Destaca-se que o Art. 366 do CPP não criou a prisão preventiva obrigatória (“podendo o juiz

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determinar a produção antecipada de provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312”).

- Inaplicabilidade no crime de lavagem de dinheiro: Na Lei de lavagem de dinheiro, não se


aplica o art. 366 do CPP. O não comparecimento e não constituição de defensor, após a citação por edital
gera: A nomeação de defensor dativo e o prosseguimento do feito até o julgamento.

Vejamos:

Art. 2º, § 2º, Lei 9.613/98: No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto
no art. 366 do Decreto-Lei nº 9.613 de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),
devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital,
prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo.

Não ocorre nos crimes de lavagem de dinheiro, a suspensão do processo e prescrição.

Vamos REFORÇAR?

CPP LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO


Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não Art. 2º (...) § 2 No processo por crime previsto nesta Lei,
comparecer, nem constituir advogado, ficarão não se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal),
podendo o juiz determinar a produção antecipada das devendo o acusado que não comparecer nem constituir
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. julgamento, com a nomeação de defensor dativo.

Acusado, Citado por Edital, não comparece, Acusado, Citado por Edital, não comparece, nem
nem constitui advogado: constitui advogado:

- Suspende o processo; - Prossegue o feito até o julgado;


- Suspende a prescrição; - Nomeia defensor dativo.
- Juiz pode determinar a produção antecipada
de provas urgentes;
- Se for o caso, decretar a prisão preventiva.
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

Produção antecipada de provas e oitiva de testemunhas apenas pelo fato de serem


policiais 5

Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá haver


autorizada a sua oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com

5CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Produção antecipada de provas e oitiva de testemunhas policiais. Buscador Dizer o
Direito, Manaus. Disponível em: <
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/26310c700ffd1b5095454f336ae96648 >. Acesso em:
09/08/2020.

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inúmeras ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles iriam esquecer dos fatos. Esse argumento
é aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova
urgente para os fins do art. 366 do CPP?

Prevalece que SIM.

É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366 do CPP nas
hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à criminalidade expõe o
agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas com o ordenamento jurídico, sendo certo
que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua memória, seja pela frequência com que
ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sem que isso configure violação à garantia da ampla defesa
do acusado.

STJ. 3ª Seção. RHC 64086-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti
Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info 595).

Veja precedente do STF no mesmo sentido:

(...) Produção antecipada de provas, ao fundamento de que haveria a possibilidade de “não serem
mais localizadas as testemunhas” e porque uma das testemunhas é “policial militar” e pode se esquecer
dos fatos. 4. Medida necessária, considerando a gravidade do crime praticado e a possibilidade concreta
de perecimento (testemunhas esquecerem de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso
do tempo). (...) STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Min. Ricardo Lewandoski, Relator p/ Acórdão: Min.
Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016.

XI – Revelia

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente
para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança
de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.

Parte da doutrina compreende que o art. 367 do CPP trata da revelia. Contudo, é importante
reforçamos que no âmbito do processo penal não temos a materialização dos efeitos da revelia por
estarmos tratando de um dos maiores bens jurídicos do cidadão, qual seja, o direito à liberdade. Noutra
banda, NUCCI6 defende a tese de que não teríamos revelia no processo penal, porém não nos parece a
corrente prevalecente.

6 Pensamos que, no processo penal, inexiste a figura da revelia, tal como ocorre no processo civil. Neste, conforme prevê o
art. 344 do Código de Processo Civil de 2015, caso o réu não conteste a ação, quando devidamente citado, será considerado
revel e presumir-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor na inicial. É o efeito da revelia, isto é, o estado de quem,
cientificado da existência de ação contra si proposta, desinteressa-se de proporcionar defesa.

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Nesse sentido, explica Rogério Sanches 7 é “equivocado o entendimento de que, no processo


penal, inexistiria à revelia. Em verdade, à revelia, no processo penal, incide com muito menos vigor se
comparado ao processo civil. Neste, revel o suplicado, os fatos alegados serão tidos como verdadeiros,
ante a ausência de contestação (art. 341 do Código de Processo Civil – Lei n. 13.105/2015). No processo
penal, ao contrário, não se cogita da imposição da pena de confissão ao réu revel ou, em outras
palavras, à revelia do acusado não libera a acusação de fazer prova sobre o que alega, nos termos do
disposto no art. 156 do código. Mas não significa dizer, fincadas tais premissas, que inexistiria revelia
no processo penal. Ela existe, tanto que pode culminar com a decretação da prisão do acusado”.

Desta forma temos como hipóteses da revelia:

- Acusado citado ou intimado pessoalmente não comparece sem motivo justificado.

- Acusado citado por hora certa não comparece sem motivo justificado. (Lembre-se que a
expressão “comparece” deve ser interpretada agora como “não apresenta resposta a acusação”.

- Acusado muda de residência e não comunica o juízo.

HIPÓTESES DE REVELIA
NO PROCESSO PENAL

Acusado citado ou
Acusado citado por hora Acusado muda de
intimado pessoalmente
certa não comparece residência e não
não comparece sem
sem motivo justificado. comunica o juízo
motivo justificado.

No processo civil, se o réu não contestar a ação, as alegações de fato formuladas pelo autor serão
presumidas como verdadeiras.

Candidato, no processo penal, à revelia importa a presunção da veracidade dos fatos


narrados na peça inicial acusatória? Não, existe a vigência do princípio da presunção da inocência, a
acusação, portanto, deverá incumbir-se do ônus da prova (provar o fato típico, resultado jurídico, nexo
causal e tipicidade), tendo em vista que o bem jurídico em jogo no processo penal (liberdade de
locomoção – direito indisponível) impede a presunção da veracidade como efeito da revelia.

7 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/03/22/quais-os-efeitos-da-revelia-no-processo-penal/

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No processo penal, à revelia somente importará a desnecessidade de intimação do acusado para


os futuros atos processuais. E ainda que revel, o único ato em que o acusado deverá ser intimado
será a sentença, tendo em vista que o acusado tem capacidade postulatória autônoma para recorrer
(poderá apelar independentemente de advogado).

Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo
réu, seu procurador ou seu defensor.

1.2.2. NOTIFICAÇÃO E INTIMAÇÃO

Diante do exposto, temos que a notificação é um ato de comunicação processual que informa a
respeito de um ato futuro, por exemplo, haverá uma audiência na próxima semana. Desse ato, o acusado
será NOTIFICADO. A intimação, por sua vez, é um ato de comunicação em relação a um ato passado,
ou seja, que já foi praticado, por exemplo, da sentença que fora proferida, as partes serão INTIMADAS
para tomar ciência de seu teor.

Nessa esteira, distinguindo cada ato processual preleciona Nestor Távora e Rosmar Rodrigues (2020,
pág. 651):

Enquanto a citação visa dar ciência de imputação ao acusado, chamando-o a se defender, a


intimação é a comunicação à parte de que foi praticado um ato no processo. A notificação, a
seu turno, é a comunicação para que a parte ou o interessado adote uma conduta positiva, ou
seja, realize uma atividade, um fazer necessário ao andamento regular do processo.

Doutrinariamente há uma distinção clara entre notificação e intimação. Para melhor


compreensão, vejamos o quadro ESQUEMATIZADO abaixo:

Intimação Notificação
Ato passado Ato futuro
Ex. Intimar da sentença já prolatada Ex. Notificação para comparecer à
audiência de instrução

Atente-se ainda para o fato de que o Código de Processo Penal não fez essa diferenciação, usando
os dois termos indiscriminadamente.

1.3. PRAZOS DOS ATOS PROCESSUAIS

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No processo penal, todos os prazos contam-se da data da efetiva ciência e não da juntada do
mandado. Nesse sentido, o STF estabeleceu regras para definir o início do prazo processual penal,
conforme entendimento sumulado a seguir:

Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada
aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

Importante destacar também a Súmula 310 do STF:

Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.

Além disso, sabe-se que os prazos processuais são contados excluindo-se o dia do início e
incluindo-se o dia do final. Portanto, nunca é demais frisar que o prazo processual penal é diferente do
prazo penal. Na contagem de prazo penal, conforme o artigo 10 do Código Penal, “o dia do começo
inclui-se do cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Esta
contagem é usada para o direito material penal (prescrição, decadência, etc).
Noutro lado, a contagem do prazo processual penal, ou seja, aquele tempo que se tem para
cumprir um ato processual, observa-se o art. 798, §1º do Código de Processo Penal, o qual estabelece
que “não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento”.
Importante destacar que a contagem dos prazos processuais penais sempre será feita de forma
contínua, NÃO sendo aplicáveis as modificações na contagem dos prazos do Novo Código de Processo
Civil.
Nessa esteira, entrou em vigor no ano de 2022, a Lei 14.365 que incluiu o art. 798-A no Código
de Processo Penal, estabelecendo que os prazos no Código de Processo Penal são suspensos entre o
período de 20/12 a 20/01. Vejamos:

Art. 798-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive, salvo nos seguintes casos:

I - que envolvam réus presos, nos processos vinculados a essas prisões;

II - nos procedimentos regidos pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha);

III - nas medidas consideradas urgentes, mediante despacho fundamentado do juízo competente.

Parágrafo único. Durante o período a que se refere o caput deste artigo, fica vedada a realização
de audiências e de sessões de julgamento, salvo nas hipóteses dos incisos I, II e III do caput deste
artigo.

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Sendo assim, é importante ficar atento à inovação legislativa para identificar quando a regra de
suspensão será aplicada ou não.

1.4. DE OLHO NA SÚMULA

Súmula 273-STJ. Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação
da data da audiência no juízo deprecado.

Súmula 415-STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada.

Súmula 155-STF. É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de
precatória para inquirição de testemunha.

Súmula 310-STF. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil em que se seguir.

Súmula 351-STF. É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz
exerce a sua jurisdição.

Súmula 366-STF. Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não
transcreva a denúncia ou a queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.

Súmula 710-STF. No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

1.5. INFORMATIVOS

2022

Se o Ministério Público não comparece na audiência para a oitiva de testemunhas da acusação, o


magistrado não pode formular perguntas diretamente a estas porque estaria assumindo a função
precípua do Parquet.

No caso concreto, o membro do Ministério Público, mesmo tendo sido intimado, sem qualquer
justificativa, deixou de comparecer à audiência para oitiva das testemunhas.
Diante disso, o magistrado tinha duas opções válidas:
1) suspender a audiência e designar uma nova data para o ato; ou
2) realizar a audiência mesmo sem a presença do MP e, neste caso, abster-se de fazer perguntas às

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testemunhas arroladas pela acusação.


Na situação concreta, contudo, o próprio juiz fez todas as perguntas para as testemunhas de acusação.
Em razão disso, o STJ reconheceu que houve nulidade.
O fato de o Ministério Público não ter comparecido à audiência de instrução não dá, à autoridade judicial,
a liberdade de assumir a função precípua do Parquet.
STJ. 6ª Turma. REsp 1846407-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2022 (Info 761).

Havendo requerimento próprio neste sentido, a intimação efetivada por meio eletrônico do
Ministério Público não viola sua prerrogativa de ser pessoalmente intimado.

Caso adaptado: o Ministério Público estadual interpôs recurso especial. Ele foi incluído, a requerimento
próprio, no Portal de Intimação do STJ em 19/6/2020. O Resp foi julgado e o MP intimado, de forma
eletrônica, do acórdão proferido em 24/02/2022.
Apesar da intimação eletrônica, o Ministério Público deixou transcorrer o prazo, sem manifestação.
Depois disso, arguiu nulidade por ofensa à prerrogativa de intimação pessoal e violação ao que o STJ
decidiu no Tema 959:
O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data
da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal
tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado (STJ. 3ª Seção. REsp 1349935-SE, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017. Recurso Repetitivo – Tema 959).
O STJ não concordou. Isso porque a tese fixada no Tema 959 não foi construída sob a perspectiva das
intimações realizadas nos processos eletrônicos, conforme os regramentos do art. 5º, §§ 1º e 3º, da Lei
nº 11.419/2006.
STJ. 5ª Turma. Pet no REsp 1468085-PA, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 13/09/2022
(Info 757).

A simples habilitação do advogado nos autos de processo conduzido por juiz que é seu inimigo não
se enquadra, por si só, na situação do art. 256 do CPP.

A hipótese excepcional do art. 256 do CPP somente pode ser reconhecida se o magistrado ou o Tribunal,
atendendo a elevado ônus argumentativo, demonstrar de maneira inequívoca que o excipiente provocou
dolosamente a suspeição.
Não cabem, aqui, intuições, conjecturas ou palpites, sendo imprescindível a comprovação do artifício
ilícito, devidamente fundamentada na decisão ou acórdão.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
propósito der motivo para criá-la.
STJ. 5ª Turma. AREsp 2026528-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 07/06/2022 (Info 740).

2021

Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer suspenso
enquanto o réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela prescrição

O art. 366 do CPP estabelece que se o acusado for citado por edital e não comparecer ao processo nem
constituir advogado o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.
Enquanto o réu não for localizado, o curso processual não pode ser retomado.
STJ. 6ª Turma. RHC 135970/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 20/04/2021 (Info 693).

Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional ficará
suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a correr antes mesmo
que a carta seja juntada aos autos

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O CPP afirma que, se for expedida uma carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo
prescricional ficará suspenso até que ela seja cumprida:
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória,
suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.
Até quando o prazo prescricional fica suspenso? Até o cumprimento da carta ou até a sua juntada aos
autos?
O termo final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para citação do
acusado no exterior é a data da efetivação da comunicação processual no estrangeiro, ainda que haja
demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos autos.
STJ. 5ª Turma. REsp 1882330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/04/2021 (Info 691).

É possível a citação, no processo penal, via WhatsApp?

É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam adotadas medidas
suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem como a identidade do indivíduo
destinatário do ato processual.
STJ. 5ª Turma. HC 641877/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021 (Info 688).

2017

Nulidade em ação penal por falta de citação do réu ainda que tenha havido participação de
advogado que atuou no inquérito

Ainda que o réu tenha constituído advogado antes do oferecimento da denúncia — na data da prisão em
flagrante — e o patrono tenha atuado, por determinação do Juiz, durante toda a instrução criminal, é
nula a ação penal que tenha condenado o réu sem a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu
pessoalmente a qualquer ato do processo, inexistindo prova inequívoca de que tomou conhecimento da
denúncia.
STJ. 6ª Turma. REsp 1580435-GO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/3/2016 (Info 580).

Neste julgado acima explicado da 6ª Turma do STJ, não houve citação por edital. Se tivesse havido, o
cenário seria diferente. Isso porque, se o juiz tivesse determinado a citação do denunciado por edital,
poderia aplicar o art. 366 do CPP e seguir com o processo por conta da presença do advogado constituído.
Veja o dispositivo legal:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o
processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

Veja trecho de julgado da 5ª Turma no sentido da validade do processo caso tivesse havido a citação por
edital:
(...) 2. A teor do art. 366 do CPP, a suspensão do processo penal e do prazo prescricional, somente é
possível quando o acusado, após citado por edital, não comparece e não constitui advogado nos autos.
3. No caso, embora o paciente tenha sido citado por edital, constituiu, desde a fase inquisitorial,
advogado nos autos com amplos poderes, o que demonstra que conhecia da imputação contra ele
dirigida. (...)
STJ. 5ª Turma. HC 338.540/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/09/2017.

Intimação pessoal dos membros do Ministério Público no processo penal

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O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data
da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal
tenha se dado em audiência, em cartório ou por mandado.
STJ. 3ª Seção. REsp 1349935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso
repetitivo) (Info 611).

2016

Citação por hora certa é constitucional

É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal.


STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado
em 1º/8/2016 (repercussão geral) (Info 833).

1.6. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil

Tendo em conta as Sumulas dos Tribunais Superiores acerca dos institutos de direito processual penal,
assinale a alternativa correta.

A) A citação por edital, que indica o dispositivo da lei penal, mas não transcreve a denúncia, é nula.

B) Tratando-se de habeas corpus, o julgamento por Tribunal Colegiado é nulo, se não houver prévia
intimação do impetrante da pauta de julgamento, mesmo que inexista pedido expresso.

C) Em caso de recurso exclusivo do acusado, vedada restará a imposição de medida de segurança pelo
Tribunal.

D) A pronúncia é causa suspensiva da prescrição, ainda que o Tribunal venha desclassificar o crime.

E) A homologação da transação penal impede que o Ministério Público ofereça denúncia, ainda que o
beneficiado tenha descumprido suas cláusulas.

Gab. C

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia

Nos termos do Código de Processo Penal, é correto afirmar que

A) não se admitirá a intimação por despacho na petição em que for requerida.

B) adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, dia e hora para seu
prosseguimento, intimando-se as partes por edital.

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C) verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e
procederá à citação por edital.

D) verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e
procederá à citação com hora certa.

E) quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante edital.

Gab. D

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil

Assinale a opção correta em relação à citação e à intimação no processo penal.

A) Os prazos são contados da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória.

B) É válida a citação por edital de réu preso na mesma comarca do juízo processante quando este não
tem ciência do fato.

C) O processo ficará suspenso caso o réu seja citado pessoalmente e, injustificadamente, deixe de
comparecer em juízo.

D) A intimação do membro do Ministério Público, do assistente de acusação e do defensor do réu é


pessoal.

E) É nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, mas não transcreve nem resume a
inicial.

Gab. E

1. Ano: 2021 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2021 - PC-MG - Delegado
de Polícia
Está CORRETO ao se afirmar que:

a) O advogado deverá ser intimado da data da audiência designada perante o juízo deprecado.
b) No do rito dos crimes funcionais, não se admite manifestação da defesa antes do juízo prelibação da
inicial acusatória.
c) Nos casos afetos à lei antitóxicos, o interrogatório do réu deve ser realizado ao final da instrução
criminal.
d) É defeso ao juiz dar prosseguimento ao julgamento do feito, estando pendente o cumprimento de carta
precatória expedida para inquirição de testemunhas arroladas pela defesa.

2. Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de
Polícia

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P.W., citado por edital, não compareceu ao processo nem constituiu advogado. Diante disso, o juiz
suspendeu o processo e o prazo prescricional, bem como determinou a produção antecipada de provas
consideradas urgentes. Fundamentado na ausência de P.W., o juiz decretou a sua prisão preventiva,
objetivando a instrução do processo até final julgamento. Diante do exposto, assinale a alternativa
correta.

a) O juiz se equivocou ao suspender o processo e o prazo prescricional, pois a citação editalícia, como
modalidade de citação ficta, permite o trâmite regular do feito.

b) O fato de o acusado não ter comparecido após a citação editalícia não autoriza o juiz a decretar a
prisão, dado que são necessários outros requisitos.

c) O juiz agiu corretamente ao decretar a prisão, posto que somente dessa forma conseguirá dar
andamento regular ao processo.

d) O juiz se equivocou ao determinar a produção antecipada das provas, pois o acusado deverá primeiro
ser interrogado para, depois, possibilitar-se a produção dessas provas.

e) O juiz agiu corretamente ao suspender o processo e o prazo prescricional, mas deverá nomear defensor
dativo que acompanhe o pedido de liberdade.

3. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: DPE-PE. Prova: Defensor Público). Tendo como referência
as disposições legais do Código de Processo Penal sobre citações e intimações, assinale a opção
correta.

a) Estando o réu no estrangeiro, em local sabido, a sua citação será feita por carta rogatória, não havendo
necessidade de suspensão do prazo prescricional.
b) Ainda que citado por edital, em caso de posterior comparecimento do acusado, deverá ele ser citado
pessoalmente, sob pena de nulidade.
c) No caso de citação por edital, se o acusado não comparecer e não constituir advogado, o processo
poderá prosseguir seu curso normal, desde que para ele seja nomeado defensor público.
d) É válida a citação por edital que mencione o dispositivo da lei penal que fundamenta a imputação ao
acusado, embora não transcreva o conteúdo da denúncia.
e) Estando completa a citação por hora certa, caso o acusado não apresente resposta escrita no prazo
legal, o processo e o prazo prescricional serão suspensos.

4. (Ano: 2018. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). Sobre o procedimento
processual penal, verifica-se o seguinte:

a) O Ministério Público possui prazo em dobro para interpor apelação criminal.


b) Em caso de revelia do acusado regularmente citado, presumir-se-ão verdadeiros os fatos narrados na
denúncia.
c) Admite-se a citação por hora certa no processo penal.
d) Ocorre emendatio libelli quando o juiz entende cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida
na acusação.
e) No processo penal não se aplica o princípio da identidade física do juiz.

5. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). No que se refere à
comunicação dos atos processuais, assinale a alternativa correta.

a) A citação por procuração é aceita desde que o procurador tenha poderes especiais para tanto.
b) Existem três formas de citação: a real, a ficta e a editalícia.

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c) A ausência de citação é causa de nulidade absoluta no processo, mas a inobservância das formalidades
da citação gera nulidade relativa do ato.
d) Ao verificar que o réu se oculta para não ser citado, dar-se-á a citação por edital.
e) No caso de citação do militar, além do mandado de citação, que deverá ser cumprido por oficial de
justiça, também é necessária a notificação do chefe da repartição pública em que o militar estiver
lotado.

6. (Ano: 2018. Banca: FUMARC. Órgão: PC-MG. Prova: Delegado de Polícia Substituto). Sobre
citação no processo penal, é CORRETO afirmar:

a) O processo penal poderá prosseguir, mesmo que o acusado não tenha sido pessoalmente citado.
b) Sempre será o primeiro ato de comunicação do denunciado no processo penal.
c) Estando em lugar incerto e não sabido, será citado por hora certa.
d) Estando o acusado no estrangeiro, será citado por edital.

7. (Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: PJC-MT. Prova: Delegado de Polícia). Quanto à fluência
dos prazos no processo penal, assinale a opção correta.

a) Para a defensoria pública, os prazos contam-se da data do recebimento dos autos, com vista naquele
órgão, e não da aposição no processo do ciente de seu membro.
b) O prazo para a interposição de apelação pelo assistente de acusação, habilitado ou não, será de quinze
dias a contar do término do prazo do MP.
c) Tanto para o MP quanto para a defensoria pública, os prazos contam-se em dobro.
d) Notadamente nos prazos de comunicação, a regra é a fluência do prazo a partir da juntada do mandado.
e) Para efeitos de contagem de prazo, considera-se intimado o representante do MP por meio de
publicação na imprensa oficial ou por via de mandado judicial.

8. (Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). Com referência a
citação e intimação no processo penal, assinale a opção correta.

a) A citação do réu preso poderá ser cumprida na pessoa do procurador por ele constituído na fase
policial.
b) As intimações dos defensores públicos nomeados pelo juízo devem ser realizadas mediante
publicação nos órgãos incumbidos da publicidade dos atos judiciais da comarca, e não os havendo,
pelo escrivão, por mandado ou via postal.
c) Os prazos para a prática de atos processuais contam-se da data da intimação e não da juntada aos autos
do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
d) Em função dos princípios da simplicidade, informalidade e economia processual, é admissível a
citação por edital e por hora certa nos procedimentos sumaríssimos perante juizado especial criminal.
e) No procedimento comum, não se admite a citação ficta nem tampouco a contumácia do réu.

9. (Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: PC-PE. Prova: Delegado de Polícia). Acerca das alterações
processuais assinaladas pela Lei n.º 12.403/2011, do instituto da fiança, do procedimento no âmbito
dos juizados especiais criminais e das normas processuais pertinentes à citação e intimação,
assinale a opção correta.

a) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, será decretada a revelia
eo processo prosseguirá com a nomeação de defensor dativo.
b) Em homenagem ao princípio da ampla defesa, será sempre pessoal a intimação do defensor dativo
ou constituído pelo acusado.

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c) O arbitramento de fiança, tanto na esfera policial quanto na concedida pelo competente juízo,
independe de prévia manifestação do representante do MP.
d) Nos procedimentos previstos na Lei n.º 9.099/1995, em se tratando de ação penal pública
condicionada à representação e não havendo conciliação na audiência preliminar, caso o ofendido
se manifeste pelo não oferecimento de representação, o processo será julgado extinto de imediato,
operando- se a decadência do direito de ação.
e) No caso de prisão em flagrante, a autoridade policial somente poderá conceder fiança se a infração
penal for punida com detenção e prisão simples; nas demais situações, a fiança deverá ser
requerida ao competente juízo.

10. (Ano: 2015. Banca: FUNIVERSA. Órgão: PC-DF. Prova: Delegado de Polícia). A respeito da
citação no processo penal, assinale a alternativa correta.

a) Como regra, no processo penal, a citação inicial será feita por carta, com aviso de recebimento.
b) O CPP não acolhe o instituto da precatória itinerante.
c) Diversamente do que ocorre no processo civil, não se admite a citação por hora certa no direito
processual penal.
d) Se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, ficarão suspensos o
processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar a prisão preventiva do réu.
e) Se o réu, tendo sido citado ou intimado pessoalmente, deixar de comparecer justificadamente a um
ato processual, suspender-se-á a ação penal, visto que não se admite o instituto da revelia no processo
penal.

11. (Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). Segundo o Código de
Processo Penal, a citação do réu preso será feita
a) por hora certa.
b) por edital, independentemente de onde o réu se encontrar preso.
c) mediante requisição à autoridade prisional, dispensando-se o mandado.
d) pessoalmente.

12. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Quando o réu
estiver fora do território da jurisdição processante,

a) será citado mediante carta precatória.


b) será citado por hora certa.
c) será julgado à revelia.
d) deverá ser dispensado de comparecer nas audiências, devendo ser interrogado por videoconferência.
e) deverá solicitar que o processo seja remetido para a comarca de sua residência, a fim de que possa se
defender melhor dos fatos que lhe são imputados na denúncia.

13. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). No processo penal,
as intimações

a) serão sempre pessoais.


b) do defensor constituído serão feitas pelo órgão incumbido da publicidade.
c) não são obrigatórias quando se trata do Ministério Público.
d) são atos que, se desrespeitados, causam nulidade absoluta do processo.
e) serão pessoais, salvo se o réu estiver preso.

14. (Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia). Cara Grande,
funcionário da empresa privada X, foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 157, §
2º do Código Penal. Recebida a denúncia, foi determinada a sua citação pelo juízo criminal.

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Entretanto, o oficial de justiça não conseguiu cumprir a determinação judicial. Em certidão


lavrada, o meirinho registrou que o réu, na realidade, se ocultara para não ser citado. Nesse caso,
segundo o Código de Processo Penal, a citação de Cara Grande será determinada por

a) edital, no prazo de 30 dias.


b) hora certa, na forma estabelecida no Código de Processo Civil.
c) edital, no prazo de 15 dias.
d) meio do representante da empresa X, que noticiará a existência da ação penal ao réu.

15. (Ano: 2018. Banca: IBFC. Órgão: TRF - 2ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal Substituto). Assinale
a afirmativa correta:

a) A expedição da carta rogatória para a citação do acusado que se encontra no estrangeiro em lugar
sabido, não suspende o curso da prescrição.
b) A intimação das partes no processo penal será feita sempre pessoalmente na pessoa dos advogados
ou defensores e do ministério público.
c) As intimações, só serão feitas na imprensa oficial quando o advogado constituído ou o defensor
público não forem encontrados nos seus endereços de trabalho.
d) O acusado que, citado pessoalmente ou por edital, não comparecer nem constituir advogado, terá seu
processo suspenso, e o curso do prazo prescricional será interrompido.
e) O edital será válido quando constar a finalidade para a qual é feita a citação, sendo suficiente para
tanto o dispositivo da lei penal que se imputa ao citado.

16. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AP. Prova: Defensor Público). A citação

a) por mandado pode ser dispensada se for evidente que o réu sabe que está sendo processado
criminalmente.
b) será pessoal sempre que o réu estiver preso.
c) por edital suspende o processo e o prazo prescricional no momento da sua publicação no diário oficial.
d) por carta precatória confere prazo em dobro para a apresentação de resposta escrita à acusação.
e) por hora certa é exclusiva do processo civil, pois inexiste citação ficta no processo penal brasileiro.

17. (Ano: 2012. Banca: CESPE. Órgão: PC-AL. Prova: Delegado de Polícia). No que concerne aos
aspectos processuais das leis penais extravagantes e às inovações legais havidas no sistema
processual penal, julgue o item a seguir.

Verificando que o réu, maliciosamente, está se ocultando para se escusar da citação, poderá o oficial de
justiça proceder à citação por hora certa, observando as mesmas regras estabelecidas no Código
de Processo Civil.

( ) Certo.
( ) Errado.

GABARITOS

1 – C; 2 – B; 3 – D. 4 – C; 5 – C; 6 – A; 7 – A; 8 – C; 9 – C; 10 – D; 11 – D; 12 – A; 13 – B; 14 – B; 15
– E; 16 – B; 17 – Certo;

Ver art. 156 CPP; art. 341 CPP; art. 351 CPP; art. 353 CPP; art. 360 CPP; art. 361 CPP; art. 362 CPP;
art. 363 CPP; art. 366 CPP; art. 367 CPP; art. 368 CPP; art. 369 CPP; art. 366 STF. Ver Súmula 710
STF.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

2. PROCEDIMENTOS NO PROCESSO PENAL


2.1. PROCESSO
Inicialmente é importante termos a compreensão de que o processo é apenas uma das fases que
compõe a persecução penal, que é o conjunto de atividades desenvolvidas pelo Estado na busca da
investigação criminal com fins na apuração da responsabilidade penal do indivíduo, respeitando o devido
processo legal e os demais princípios constitucionais (contraditório; ampla defesa; duplo grau de
jurisdição, inércia, juiz natural, etc.).

Desta forma temos como fases da persecução penal:

• Investigação (fase pré-processual);


• Processo;
• Execução penal.

Investigação
(pré-processual)

Execução
PROCESSO

Nesse capítulo nosso estudo será voltado a análise da fase do processo.

2.2. FASES DO PROCESSO

Fase Fase Fase


Fase pré-processual Fase recursal
postulatória instrutória decisória

2.2.1. FASE PRÉ-PROCESSUAL (I.P, T.C OU P. I. C.)

Antes da fase processual propriamente, temos na persecução penal uma fase pré-processual em
que, via de regra, desenvolve-se e é materializada no inquérito policial. Contudo, conforme reforçamos
no primeiro módulo do nosso material, o IP não é o único meio de investigação criminal da fase pré-
processual, mas apenas um deles. Temos ainda, o Termo Circunstanciado (TC nas infrações de menor

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potencial ofensivo), o PIC – procedimento investigatório criminal (procedimento em que o MP realiza


atos de caráter investigatório), entre outros.

Nessa esteira, a fase pré-processual cuida-se do procedimento administrativo que antecede


o processo, ou seja, não faz parte propriamente do processo.

Cumpre ressaltarmos que a fase pré-processual será dispensável na hipótese do titular da ação
penal (vítima ou Ministério Público) já ter elementos suficientes para fundamentar a sua peça acusatória.

Art. 39, § 5. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem
oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a
denúncia no prazo de quinze dias.

Superada as considerações sobre a fase pré-processual, passaremos ao estudo da fase que já


compõe o processo, qual seja, a fase postulatória.

2.2.2. FASE POSTULATÓRIA

A fase postulatória abrange a peça acusatória (denúncia ou queixa-crime) e a peça defensiva


(resposta a acusação no rito ordinário). Não custa recordarmos que a peça acusatória deverá ser oferecida
por parte distinta do juiz, posto que o Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou o sistema acusatório
(o papel de acusar, defender e julgar são exercidos por pessoas distintas). Lembre-se, o juiz não pode
dar início, leia-se, deflagrar uma ação penal. Já não se admite mais a ideia do procedimento
judicialiforme8.

Procedimento Judicialiforme

8 O Procedimento Judicialiforme era previsto nos arts. 26 e 531 do Código de Processo Penal Brasileiro (CPPB), Decreto-Lei
3.689 de 1941.
O artigo 26 do CPPB dispõe que as contravenções penais podem ser iniciadas pelo auto de prisão em flagrante da autoridade
policial, ou de oficio pelo juiz ou delegado, através da abertura de uma portaria.
O artigo 531 do CPPB (alterado pela Lei 11.719/08) trazia em sua redação que o processo das contravenções teria forma
sumária, iniciando-se pelo auto de prisão em flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial ou pelo juiz
(autoridade judiciária), de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Este procedimento não foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988.
A Constituição República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, no art. 129, inciso I, dispõe que ação penal pública é
promovida privativamente pelo Ministério Público. É a instituição do sistema acusatório. Apenas o Ministério Público pode
dar início a ação penal pública, através da denúncia (art. 26 do CPPB). O réu tem o direito subjetivo público de receber esta
acusação formal e dessa forma exercer o direito de ampla defesa contra os fatos narrados pela denúncia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Judicialiforme

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CPP Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em flagrante
ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.

Esse procedimento não foi recepcionado pelo artigo 129, I, da CF/88, tendo em vista que
viola o sistema acusatório. No procedimento judicialiforme, o juiz poderia dar início a uma ação penal
de ofício independente de provocação de um órgão acusador terceiro.

Corroborando ao exposto, Alexandre Cebrian e Victor Eduardo 9:

Antes da promulgação da Constituição de 1988, existiam os chamados processos judicialiformes


em que o magistrado, mediante portaria, dava início à ação penal para apurar
contravenções penais (art. 26 do CPP) e crimes de homicídio ou lesão corporal culposos (art. 1
da Lei n. 4.611/65). É evidente que esses dispositivos não foram recepcionados pela
Constituição, posto que o art. 129, I, da Constituição Federal conferiu ao Ministério Público
a titularidade exclusiva para a iniciativa da ação nos crimes de ação pública.

Nesse mesmo sentido, o prof. Norberto Avena10 “veja-se que não foi recepcionado pela
Constituição Federal o denominado procedimento judicialiforme, previsto no art. 26 do CPP, no
qual se permitia que a ação penal pública nas contravenções penais fosse iniciada por auto de prisão em
flagrante ou por meio de portaria expedida pelo juiz ou pela autoridade policial”.

2.2.3. FASE INSTRUTÓRIA

A fase instrutória corresponde a fase processual em que são produzidas as provas requeridas
pelas partes (acusação e defesa) e também as determinadas pelo juiz de ofício (Art. 156, II CPP).

Nessa fase, vige o princípio da concentração dos atos processuais: em que a grande maioria
das provas serão produzidas na audiência de instrução, debates e julgamento.

CPP Art. 400 § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz
indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

No entanto, algumas provas podem ser produzidas fora da audiência. Exemplo, exame de corpo
de delito (prova irrepetível, normalmente produzida durante o inquérito policial).

No tocante ao exame de corpo de delito, este poderá ser feito em qualquer dia e qualquer hora.
Nesse sentido, o art. 161 do CPP, vejamos:

9 Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado). 1. Processo penal – Legislação – Brasil I.
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Lenza, Pedro. III. Título. IV. Série.
10 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

Com relação à essa fase, vale ressaltar uma inovação legislativa do ano de 2021. Porquanto, como
a grande maioria das provas serão produzidas na audiência de instrução, trata-se de novidade muito
importante para essa etapa. A Lei Mariana Ferri (Lei 14.245/2021) tem por objetivo coibir a prática de
atos atentatórios à dignidade da vítima, portanto, a lei retromencionada acrescentou, dentre outros
dispositivos, os arts. 400-A e 474-A do Código de Processo Penal, para incluir regras que visam zelar
pela integridade física e psicológica da vítima, in verbis:

“Art. 400-A. Na audiência de instrução e julgamento, e, em especial, nas que apurem crimes
contra a dignidade sexual, todas as partes e demais sujeitos processuais presentes no ato deverão
zelar pela integridade física e psicológica da vítima, sob pena de responsabilização civil, penal e
administrativa, cabendo ao juiz garantir o cumprimento do disposto neste artigo, vedadas:
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos
autos;
II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima
ou de testemunhas.”

Art. 474-A. Durante a instrução em plenário, todas as partes e demais sujeitos processuais
presentes no ato deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de responsabilização civil,
penal e administrativa, cabendo ao juiz presidente garantir o cumprimento do disposto neste
artigo, vedadas:
I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de apuração nos
autos;
II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade da vítima
ou de testemunhas.”

2.2.4. FASE DECISÓRIA

Após a apresentação das alegações finais das partes, o juiz sentencia, conforme seu livre
convencimento motivado (art. 93, IX, CF/88 – todas as decisões judiciais devem ser motivadas), dando
fim ao processo em primeira instância.

Pelo sistema do livre convencimento motivado, compete ao magistrado valorar com ampla
liberdade os elementos de prova constantes dos autos, desde que o faça motivadamente, com o que se
permite a aferição dos parâmetros de legalidade. É o sistema adotado, via de regra. Excepcionalmente,
no âmbito do Tribunal do Júri adota-se o sistema da íntima convicção – trata-se do sistema é aquele
segundo o qual o juiz aprecia o fato livremente, sem precisar fundamentar sua decisão.

2.2.5. FASE RECURSAL

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Após a fase decisória, teremos, eventualmente, a fase recursal. Ocorrerá eventualmente porque
não se trata de fase obrigatória do processo, mas que acontecerá somente no caso de inconformismo de
uma das partes ou de ambas.

Assim, a parte inconformada com a sentença poderá interpor recurso buscando a modificação
daquela decisão, sob o fundamento do princípio do duplo grau de jurisdição (princípio constitucional
implícito).

O princípio do duplo grau de jurisdição é princípio constitucional implícito, que garante ao


acusado o direito de recorrer a um tribunal de jurisdição superior. Noutros termos, todo indivíduo,
julgado criminalmente, goza da dupla análise do seu caso, geralmente pelo juiz singular de primeiro
grau, seguido de um colegiado de segundo grau. Ingressa no âmbito dos direitos e garantias individuais
pelo disposto no art. 5.º, § 2.º, da Constituição Federal, associado ao preceituado pela Convenção
Americana dos Direitos Humanos (art. 8.º, 2, h).

2.3. PROCEDIMENTOS
Preliminarmente, podemos dizer que se designa como PROCESSO o instrumento para a aplicação
do direito material, enquanto PROCEDIMENTO é o modo pelo qual os atos processuais devem ser
cumpridos, a não observância dos procedimentos pode até invalidar todo o processo. Assim, nota-se que
estão intimamente relacionados, no entanto, eles não se confundem. Nesse contexto, o procedimento
pode ser entendido como sinônimo de rito.

2.3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS

CPP Art. 394. O procedimento será comum ou especial.

Nos termos do art. 394 do CPP, o procedimento poderá ser COMUM ou ESPECIAL. Nessa
linha, se o legislador não prevê nenhum procedimento especial para determinado crime, o procedimento
a ser adotado será o comum. Denota-se que a adoção do procedimento comum acontecerá de forma
subsidiária, leia-se, caso não seja hipótese de incidência dos procedimentos especiais é que será aplicado
o procedimento comum.

Vejamos de forma ESQUEMATIZADA:

PROCEDIMENTO ESPECIAL PROCEDIMENTO COMUM


Previsto para hipóteses específicas Subsidiário

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CPP: Júri, Crimes Funcionais. CPP: Ordinário e Sumário


Leis especiais: drogas, falência, etc. Lei 9.099/95: Sumaríssimo

E quais são os critérios para se definir o procedimento comum? Vejamos.

2.4. PROCEDIMENTO COMUM


2.4.1. CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO PROCEDIMENTO COMUM

O procedimento comum poderá ser ordinário, sumário ou sumaríssimo.

Procedimento
COMUM

Ordinário Sumário Sumaríssimo

O legislador elencou critérios para definir qual o procedimento a ser adotado, se o comum
ordinário, sumário ou sumaríssimo.

Vejamos:

CPP, Art. 394, § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:

I - Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior
a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;

II - Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4
(quatro) anos de pena privativa de liberdade;

III - Sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.

ESQUEMATIZANDO:

PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO


ORDINÁRIO SUMÁRIO SUMARÍSSIMO
Trata-se do procedimento É o procedimento destinado à É o procedimento cabível em
adequado para a apuração de apuração de crimes cuja relação às infrações de menor
crimes cuja sanção máxima sanção máxima cominada seja potencial ofensivo, como tal
cominada for igual ou superior inferior a quatro anos de pena definidas as contravenções
a quatro anos de pena privativa privativa de liberdade (art. penais e os crimes a que a lei
de liberdade (art. 394, §1°, I) 394, § 1°, II), excluindo-se, comine pena máxima não
porém, as que devam ser superior a dois anos, cumulada
apuradas por meio do rito ou não com multa (art. 394, § 1°,
sumaríssimo. III). Cuida- se, em verdade, do
rito adequado à apuração das

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IMPO – infração de menor


potencial ofensivo.

Pena máxima ≤ 2 anos


(Infrações penais de menor potencial
Pena máxima < 4 anos (>2 ofensivo – todos os crimes com pena
Pena máxima ≥ 4 anos
anos) máxima até 2 anos e todas as
contravenções penais, não importa a
pena).
Ex. Furto qualificado Ex. Embriaguez ao volante Ex. Maus tratos
(Reclusão de 2 a 8 anos) (Detenção de 6 meses a 3 anos) (Detenção de 2 meses a 1 ano).

É importante destacarmos que para a definição do procedimento devem ser levadas em conta
ainda a existência do concurso material, as qualificadoras, bem como as causas de aumento e de
diminuição de pena, porque influenciam no montante da pena máxima em abstrato.

Assim, leva-se em consideração para fixação do quantum da pena:

• Concurso material: deverá se observar a soma das penas. No caso do concurso


formal será considerado o aumento de pena. Desse modo, o concurso de crimes
influenciará na fixação do procedimento, seja na hipótese de concurso material, formal
ou crime continuado.
• Qualificadoras e privilégios: devem ser consideradas.
• Causas de aumento de pena: aumento no máximo.
• Causas de diminuição de pena: diminuir no mínimo.

Candidato, as agravantes e atenuantes também devem ser levadas em consideração? Não, não
devem ser consideradas (o juiz é o que decide o quantum).

Inaplicabilidade do procedimento comum sumaríssimo às infrações praticadas em violência


doméstica e familiar contra a mulher

O art. 41 da Lei Maria da Penha trouxe uma limitação da incidência do procedimento comum
sumaríssimo as infrações que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher. Nos termos do
art. 41 da Lei Maria da Penha, aos crimes que forem praticados com violência doméstica e familiar
contra a mulher, INDEPENDENTEMENTE da pena prevista, NÃO SE APLICA a Lei n. 9.099/95.
Vejamos:
Lei 11.340/06 Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

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Corroborando ao exposto, preleciona Norberto Avena11:

Trata-se da Lei Maria da Penha, estabelecendo seu art. 41 que aos crimes praticados com
violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei 9.099/1995,
independentemente da quantidade e natureza da pena prevista no tipo penal incriminador
(v.g., lesões corporais, ameaça, injúria etc.). Portanto, em relação a esta ordem de crimes, não
será utilizado o procedimento sumaríssimo, devendo sua verificação atender o procedimento
comum ordinário, se for o caso de infração cuja pena máxima privativa da liberdade cominada
seja igual ou superior a quatro anos de prisão (art. 394, § 1.°, I); o procedimento comum sumário,
se for hipótese em que o máximo da pena de prisão prevista seja inferior a quatro anos (art. 394,
§ 1.o, II); ou o procedimento especial adequado à espécie, v.g., rito do júri.

Observação: é importante ficarmos atento ao fato de que não é qualquer situação de violência
doméstica familiar que não será aplicado o procedimento do JECRIM, mas apenas contra mulher
(violência doméstica e familiar contra a mulher)! Violência exercida contra pai e filho não se enquadra
nesta situação. Desta feita, por exemplo, a lesão leve, as vias de fato, a ameaça que são infrações de
menor potencial ofensivo, se praticadas no âmbito familiar contra mulher, não sujeitarão o agressor
aos termos da Lei 9.099/95.

O preceito do artigo 41 da Lei 11.340/06 alcança toda e qualquer prática delituosa contra
a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção penal, como é a relativa a vias de fato.
(STF. HC. 106.212. Rel. Min. Marco Aurélio. J. 24/03/2011).

O artigo 41 só fala em “crimes”, em tese as contravenções estariam excluídas, mas o STF se


pronunciou afirmando que as contravenções também estão incluídas nestes termos.

Súmula 536, STJ. A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

O teor da súmula 536 do STJ reforça a vedação de incidência dos institutos despenalizadores
previstos na Lei dos Juizados Especiais Criminais na Lei Maria da Penha – os institutos despenalizadores
da Lei 9.099/1995, entre eles a transação penal e a suspensão condicional do processo, não se aplicam
a nenhuma prática delituosa contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, ainda que configure
contravenção penal.

11 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Aplicando-se, portanto, o procedimento sumário (art. 531 e 538 do CPP) para os casos de
violência doméstica e familiar contra mulher.

Cumpre ressaltarmos ainda que o art. 41 da Lei Maria da Penha já foi objeto de discussão sobre
a sua possível inconstitucionalidade. Contudo, o STF já se manifestou no sentido de sua
constitucionalidade.

O STF decidiu que este art 41 é constitucional e que, para a efetiva proteção das mulheres vítimas
de violência doméstica, foi legítima a opção do legislador de excluir tais crimes do âmbito de incidência
da Lei nº 9.099/95 (STF. Plenário. ADI 4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9/2/2012).

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2016 Banca: EXATUS Órgão: Ceron - RO Prova: EXATUS - 2016 - Ceron - RO - Suporte
Administrativo. No que tange a Lei nº 11.340/2006, assinale a alternativa correta:

A. É permitida a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas
de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o
pagamento isolado de multa.
B. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão definitiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade policial.
C. Caberá ao Poder Judiciário, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica
e familiar contra a mulher, requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de
assistência social e de segurança.
D. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/1995.

Conforme prevê o art. 41 da Lei Maria da Penha, aos crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
setembro de 1995. Desse modo, o gabarito é a letra D.

2.4.2. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

2.4.2.1. Oferecimento da peça acusatória

A peça acusatória poderá ser a denúncia do Ministério Público (no caso de ação penal pública)
ou a queixa-crime (no caso da ação penal privada).

E quais são os requisitos necessários na peça acusatória?

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Exposição do
fato criminoso

Rol das Qualificação do


testemunhas acusado

Classificação
do crime

• Exposição do fato criminoso (com circunstâncias): nos termos do art. 41 do CPP a denúncia
ou queixa-crime deve conter todos os dados para que seja possível entender o que se passou,
bem como todas as circunstâncias que envolveram o fato criminoso. A exposição do fato
criminoso imputado é importante inclusive para o posterior exercício do contraditório e
ampla defesa pelo acusado. Corroborando, Rogério Sanches explica “considerando que o
acusado se defende dos fatos contidos na inicial (e não da qualificação legal a eles
atribuída), a precisa exposição do ocorrido mostra-se fundamental, na medida em que
propicia ao réu o mais amplo exercício de sua defesa”.

• Qualificação do acusado (ou esclarecimentos): o réu deverá ser identificado ou prestar


esclarecimentos para que a essa identificação seja possível.

• Classificação do crime: na peça acusatória deverá constar expressamente qual o tipo penal
objeto da denúncia ou queixa-crime, por exemplo, art. 121 do CP (homicídio).

• Rol de testemunhas (sob pena de preclusão).

Especiais a queixa-crime:

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Procuração com
poderes especiais;

Menção do fato
criminoso
Nome do
querelado

• Procuração com poderes especiais;

Procuração com poderes especiais

No tocante a procuração com poderes especiais para propor queixa-crime, importante


mencionarmos a decisão do STJ no sentido de o que advogado só pode repassar por intermédio de
substabelecimento poderes que recebeu de seu cliente. Em síntese, se não recebeu poderes para propor
queixa-crime não pode substabelecer poderes neste sentido para outro advogado.

Vejamos:

Poderes especiais para advogado propor queixa-crime

Para que o advogado proponha queixa-crime em nome do seu cliente, ele precisa ter recebido
procuração com poderes especiais para praticar esse ato. Se o cliente outorga procuração sem
conferir poderes ao advogado para ajuizar queixa-crime, este advogado não pode oferecer
substabelecimento a outro advogado mencionando que este terá poderes para propor queixa-
crime. Ora, se o advogado originário não recebeu poderes para ajuizar queixa-crime, ele não
poderá substabelecer para outro advogado poderes para propor queixa-crime. Em palavras mais
simples, o advogado não pode substabelecer poderes que não recebeu. Apenas os poderes
originariamente outorgados podem ser transferidos. Assim, deve ser tida por inexistente a
inclusão, ao substabelecer, de poderes especiais para a propositura de ação penal privada, se eles
não constavam do mandato originário. Portanto, cabe reconhecer a nulidade da queixa-crime,
por vício de representação, tendo em vista que a procuração outorgada para a sua propositura
não atende às exigências do art. 44 do CPP. STJ. 6ª Turma. RHC 33.790-SP, Rel. originário Min.
Maria Thereza De Assis Moura, Rel. para Acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
27/6/2014 (Info 544).

• Nome do querelado;
• Menção do fato criminoso;

CPP Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

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2.4.2.2. Rejeição da peça acusatória

Nos moldes do art. 395 do CPP, a peça acusatória será rejeitada na hipótese de ser:
manifestamente inepta, faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal
ou ainda, se faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Vejamos:

A denúncia ou queixa será REJEITADA quando:

REJEITADA
Inepta Faltar pressuposto processual ou Faltar justa causa
condição para a ação

a) Rejeição
Após o oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa), o magistrado antes de proceder
com o recebimento desta e posterior citação do réu (para que este apresente resposta à acusação) deverá
analisar se não é caso de rejeição.

Cumpre destacarmos que nessa fase processual, conforme entendimento da doutrina, aplica-se o
princípio do in dubio pro societate (e não in dubio pro reo), e o que isso significa? Significa que na
dúvida, o magistrado deverá receber a peça acusatória.

Na fase pré-processual de recebimento ou não da denúncia, deve prevalecer a máxima ‘in


dubio pro societate’, oportunidade em que se possibilita ao titular da ação penal ampliar o
conjunto probatório. Não sendo o caso de rejeitá-la de início (art. 43 e incisos, CPP), deve ser
recebida a denúncia que descrever corretamente os fatos, imputar prática de crimes em tese,
qualificar o acusado e apresentar rol de testemunhas12.

Aplica-se o princípio do in dubio pro societate no momento do recebimento da denúncia 13

A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de autoria. A
certeza, a toda evidência, somente será comprovada ou afastada após a instrução probatória,
prevalecendo, na fase de oferecimento da denúncia o princípio do in dubio pro societate.

12http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.asp?pronunciamento=3202231
13CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio do in dubio pro societatee. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível
em: < https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e34376937c784505d9b4fcd980c2f1ce >.
Acesso em: 09/08/2020.

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Assim, pode-se afirmar que, no momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro
societate. STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 17/04/2018 (Info 898).

Nessa esteira, as hipóteses de rejeição da peça acusatória encontram-se previstas ao teor do art.
395 do CPP. Vejamos:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - For manifestamente inepta:

Conforme foi visto acima, o art. 41 do CPP prevê o conteúdo que deve ser exposto na peça
acusatória. Na eventual hipótese de não serem observados esses requisitos, fala-se em inépcia da inicial.
Assim, denúncia ou queixa inepta é aquela oferecida sem observância de seus requisitos legais previstos
no art. 41 e 44 do CPP.

Nesse sentido, preleciona Norberto Avena14:

A denúncia e a queixa serão ineptas quando não contiverem os seus requisitos essenciais, dentre
os quais se incluem a descrição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias e a
individualização do acusado ou referências pelos quais se possa identificá-lo (art. 41 do CPP).
Trata-se, como se vê, de questões de natureza processual.

Dessa forma, temos que a para que a peça acusatória (denúncia ou queixa-crime) seja recebida,
ela precisa observar todos os requisitos mínimos, de modo que se não estiverem presentes, a inicial
deverá ser REJEITADA, conforme prevê o art. 395, I do CPP.

É também considerada causa de rejeição da peça acusatória a falta de pressuposto processual


ou condição para o exercício da ação penal.

II - Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;

Rejeição da peça acusatória por falta de pressupostos processuais

Nos moldes do art. 395, II do CPP a denúncia ou queixa deverá ser rejeitada quando FALTAR
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal. E o que são os pressupostos
processuais?

14 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Pressupostos processuais são condições de existência e validade da relação processual, sendo


eles de caráter objetivo e subjetivo.

Pressupostos processuais de existência Pressupostos processuais de validade


- Demanda (peça acusatória): Ausência de vício ou defeito dos atos
Ex. Ação penal sem denúncia. processuais.
- Jurisdição (juiz com investidura) Ex. Nova denúncia sobre fato com coisa
Ex. Juiz aposentado. julgada material.

- Capacidade de ser parte


(personalidade).
Ex. Condomínio réu de crime ambiental.

Rejeição da pesa acusatória por falta de condições da ação

As condições da ação penal – como o próprio nome nos sugere, são condições que se exigem
para o exercício da ação penal, sem o preenchimento destas condições não há que se falar em
procedibilidade da ação penal, podendo ser elas genéricas ou específicas. Nessa esteira, condições
genéricas são aquelas exigidas para o processamento da persecução penal em todo e qualquer crime, já
as chamadas condições específicas, são exigidas apenas em casos/crimes específicos, por exemplo, a
condição representação da vítima no crime de ameaça.
Assim, condições gerais são as que devem se fazer presentes em todo e qualquer tipo penal
infringido, ao passo que, condições específicas são aquelas condições que devem estar presentes apenas
em determinadas ações penais.

Genéricas Específicas
a) Legitimidade da parte: - Representação do ofendido ou
Ex.1 MP oferece denuncia em crime de requisição do Ministro da Justiça (ação
ação privada. penal pública condicionada a
Ex.2 Querelante oferece queixa-crime representação).
contra adolescente.

b) Interesse de agir:
-Necessidade: Presumida (o direito de
punir depende do devido processo legal).
- Adequação: Somente a ação penal
condenatória é adequada para uma tutela
jurisdicional condenatória.

c) Justa causa para a ação penal


- Falta de prova da existência da infração
penal.
-Falta de indícios suficientes de
autoria/participação

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Por fim, é também causa de rejeição da peça acusatória a falta de justa causa para o exercício
da ação penal.

III - Faltar justa causa para o exercício da ação penal.

O prof. Norberto Avena15 define justa causa como sendo o “suporte probatório mínimo em que
se deve lastrear a acusação, e que obrigatoriamente deve estar presente, tendo em vista que a simples
instauração do processo penal já atinge o status dignitatis do imputado”. Desse modo, ausente esse
lastro probatório mínimo exigido, a peça deverá ser rejeitada.

Observação. A rejeição da peça acusatória acarreta apenas coisa julgada formal. Removido
o defeito, é possível oferecer nova peça acusatória, enquanto não extinta punibilidade (art. 107 do
CP).

Ex1. Rejeitada a denúncia por indício insuficientes de autoria e realizadas novas diligências
investigatórias, poderá o MP oferecer nova denúncia.

Ex2. Rejeita a queixa-crime por crime de ação penal pública, o MP poderá oferecer denúncia.

b) Recurso
Candidato, qual o recurso cabível contra a decisão que rejeita a denúncia ou queixa-crime?

CPP (Regra) Lei 9.099/95 (JECRIM)


Recurso em Sentido Estrito Apelação
CPP Art. 581. Caberá recurso, no Lei 9.099/95 Art. 82. Da decisão de
sentido estrito, da decisão, despacho ou rejeição da denúncia ou queixa e da
sentença: sentença caberá apelação (...)
I - que não receber a denúncia ou a
queixa;

2.4.2.3. Recebimento da peça acusatória: Ausência do art. 395, CPP (se a denúncia não tiver
motivo para ser rejeitada, será recebida).

a) Momento do recebimento

15 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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A primeira discussão atinente ao recebimento da peça acusatória, trata-se do momento. Qual seria
o momento efetivo do recebimento da peça acusatória? O questionamento não é tão simples, isto porque
existem duas correntes sobre o tema, para uma primeira corrente, o momento do recebimento é após o
oferecimento da denúncia, já uma segunda corrente entende que seria após a decisão de absolvição
sumária.

Assim:

1º corrente 2º corrente
Após o oferecimento da denúncia Após a decisão de absolvição sumária
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o Juiz
sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, designará dia e hora para a audiência, ordenando
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e a intimação do acusado, de seu defensor, do
ordenará a citação do acusado para responder à Ministério Público e, se for o caso, do querelante
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. e do assistente.

De acordo com a melhor doutrina, após a reforma legislativa operada pela Lei nº 11.719/08, o
momento adequado ao recebimento da denúncia é o imediato ao oferecimento da acusação
e anterior a apresentação de resposta a acusação, nos termos do art. 396 do CPP. (STJ. HC.
144.104/SP, 5º Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, Dje 02/08/2010).

Cumpre destacar que muito embora exista duas correntes na doutrina acerca da fundamentação
do recebimento da peça acusatória, a corrente majoritária mantém o entendimento que é necessária a
fundamentação.

b) Recurso do recebimento da peça acusatória


Ao contrário do que acontece no caso de rejeição da peça acusatória, não cabe recurso da
decisão que recebe a denúncia/queixa-crime. No entanto a jurisprudência tem aceito a impetração de
habeas corpus (não é recurso), objetivando o trancamento da ação penal, nas seguintes hipóteses:

• Atipicidade formal (ex. desobediência no sinal de parada de policiais) ou material (ex.


princípio da insignificância).
• Ausência de justa causa para a ação penal (ex. nenhum indício de autoria).
• Extinção da punibilidade (crime prescrito).

2.4.2.4. Citação

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CPP Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz,
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder
à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

Finalidade da citação
Até 2008 Após 2008
Audiência de interrogatório Oferecer resposta à acusação
Interrogatório era o primeiro ato da instrução Interrogatório é o último ato da instrução.

2.4.2.5. Resposta à acusação

O art. 396 do CPP dispõe que, nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias. Da leitura do artigo depreende-se que,
uma vez ajuizada a inicial acusatória, caberá ao juiz verificar se, eventualmente, não se perfazem
as situações mencionadas no art. 395 do CPP. Concorrendo qualquer das situações referidas nos
incisos I, II e III do art. 395, deverá ele rejeitar liminarmente a exordial. Caso contrário, deverá
receber a denúncia ou a queixa-crime e determinar a citação do acusado para apresentar
resposta, em dez dias16.

a) Conteúdo

Candidato, qual o conteúdo que pode ser alegado na resposta à acusação? Conforme explica
Norberto Avena, na resposta, poderá o acusado arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas (número de três, segundo se depreende do art. 2.º, parágrafo único, da Lei 4.898/1965),
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Assim, poderá:

• Arguir preliminares (nulidades, prescrição)


• Realizar a juntada de documentos (as partes podem juntar documentos em qualquer
momento do processo, salvo no júri que deverá ser 3 dias úteis ao julgamento).
• Proceder com especificação de provas.
• Apresentar rol de testemunhas, sob pena de preclusão.
• Juntada de justificações.

Nesse sentido, vejamos o teor do Código de Processo Penal:

16 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.

b) Prazo

O prazo de oferecimento de resposta a acusação será de 10 dias, conforme prevê o art. 396 caput
do CPP.

Súmula 710-STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada
aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.

Por oportuno, cumpre destacarmos que esse prazo se conta da intimação, e não da juntada aos
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. Destaca-se ainda que, se a intimação ocorrer em
dia não útil, entender-se-á feita no primeiro dia útil subsequente.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador. Julgue o próximo item, relativos a citação, intimação, nulidade,
interceptação telefônica e prazos processuais.

No processo penal, os prazos são contados, em regra, da data da intimação, e não da juntada aos autos
do mandado.

CERTO.

ERRADO.

Gab. Certo.

c) Obrigatoriedade

A resposta a acusação é obrigatória no âmbito do processo penal, e a sua não apresentação impõe
a nomeação de defensor dativo para ofertá-la, é o que prevê o § 2º do art. 396-A do CPP.

CPP Art. 396-A § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por
10 (dez) dias.

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d) Objetivo

Na prática, o objetivo da resposta a acusação é obter uma decisão de absolvição sumária (art.
397, CPP).

2.4.2.6. Oitiva do Ministério Público

No procedimento ordinário, não há previsão legal da manifestação do Ministério Público,


após a resposta a acusação e antes da decisão do juiz sobre eventual absolvição sumária. No entanto
a doutrina afirma que convém intimar o MP, prestigiando o contraditório, em analogia ao artigo 409 do
CPP (1º fase do procedimento especial do júri).

CPP Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.

2.4.2.7. Absolvição sumária

Após a apresentação da resposta à acusação e antes que se proceda com a audiência de instrução
e julgamento, o juiz poderá absolver sumariante o acusado, caso verifique no caso a existência manifesta
de causa excludente de ilicitude do fato; a existência manifesta de causa excludente de culpabilidade do
agente, salvo imputabilidade; que o fato narrado não constitui crime ou que já extinta a punibilidade do
agente.
A decisão de absolvição enfrenta o mérito da causa. Assim, se o juiz absolver sumariante o
acusado com base nas hipóteses previstas no art. 397 do CPP, teremos um juízo de certeza.

a) Art. 397 CPP


CPP Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;

Ex. Furto famélico – exemplo clássico de estado de necessidade (causa de exclusão da ilicitude).

II - A existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo


inimputabilidade;

Ex. Coação moral irresistível.

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Atente que este inciso afirma categoricamente que o inimputável (art. 26, caput, do CP) não
deverá ser absolvido sumariamente, tendo em vista que este sujeito deverá ter a imposição de uma
medida de segurança (sansão penal) que exige o devido processo legal, sendo necessário abrir instrução
probatória para permitir que este inimputável se defenda e possa, ao final, tentar uma absolvição própria
(sem medida de segurança). Lembrando que a absolvição impropria não ´´e possível no procedimento
ordinário e sumário.

É possível a absolvição sumária imprópria do inimputável?


Procedimento ordinário
1º Fase do júri
/ Sumário
Há outras teses
Única tese defensiva
Não defensivas
Sim Não
Audiência de instrução Absolvição sumária Audiência de
imprópria instrução

III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime;

Ex. furto de bagatela (atipicidade material).

IV - extinta a punibilidade do agente.

Ex. Prescrição.

b) Cognição sumária
A decisão de absolvição sumária é fundada em juízo de cognição sumária, o juiz decide antes de
designar audiência de instrução, em que a prova oral será produzida.

c) Grau de convencimento
Ao absolver sumariamente, o juiz deve ter um juízo de certeza, em caso de dúvida, o juiz não
deverá proceder à absolvição sumária, existe a vigência do princípio do “in dubio pro societate”.

d) Coisa julgada
A decisão de absolvição sumária tem natureza de sentença definitiva de mérito, portanto, faz
coisa julgada formal e material.

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Artigo. 8.4 Pacto de São José da Costa Rica: O acusado absolvido por sentença passada em
julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.

e) Recurso
Incisos I (excludente de ilicitude), II (excludente de culpabilidade) e III (atipicidade): Caberá
apelação.

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:

I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; .

Inciso IV (extinção da punibilidade): Caberá recurso em sentido estrito. A natureza da decisão


que extingue a punibilidade é declaratória e não absolutória.

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;

Observação. A aplicação dos artigos 395 a 398 do CPP será a todos os procedimentos penais de
primeiro grau. Desta forma o legislador afirma que os procedimentos comuns (ordinários, sumário e
sumaríssimo) e especiais (drogas, etc.) que tramitem em 1º grau caberá tais dispositivos.

CPP Art. 394, § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.

2.4.2.8. Rejeição da absolvição sumária

Na ausência das hipóteses de absolvição sumária, o juiz deverá designar audiência uma de
instrução debates e julgamento, devendo ser intimados o acusado (se preso deverá ser requisitado pelo
juiz para comparecer ao interrogatório), defensor, MP (e querelante e assistente, se houver), e o ofendido.

CPP Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do
querelante e do assistente.

2.4.2.9. Designação de audiência de instrução, debates e julgamento

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No procedimento ordinário o prazo será de 60 dias. Nesse sentido, vejamos o teor do art. 400
do CPP.

Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60


(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento
de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

No procedimento sumário o prazo será de 30 dias.

Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 30


(trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art.
222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento
de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao
debate.

2.4.2.10. Princípio da concentração dos atos processuais

Os atos processuais probatórios serão concentrados em uma única audiência.

CPP, Art. 400 § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir
as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

2.4.2.11. Indeferimento de provas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias

As provas que forem consideradas irrelevantes, impertinente ou protelatória poderão ser


indeferidas pelo juiz.

CPP, Art. 400 § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

• Prova irrelevante: não tem aptidão de influir no julgamento da causa


• Prova impertinente: não diz respeito ao objeto de discussão no processo
• Prova protelatória: pretende apenas retardar o processo.

2.4.2.12. Princípio da oralidade

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A partir das Leis 11.719/08 e 11.689/08, o CPP passou a dar preponderância à palavra falada em
relação à palavra escrita. A regra prevista até 2008 de alegações finais escritas foi alterada para debates
orais.

2.4.2.13. Princípio da identidade física do juiz

O art. 399, § 2°, do Código de Processo Penal consagrou o princípio da identidade física do juiz,
de modo que o “juiz” que presidiu a instrução deverá proferir sentença. Assim, o juiz que encerrar a
instrução probatória (como regra, com a realização do interrogatório do acusado), deverá sentenciar.

Art. 399 § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.

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Ano: 2011 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: STM Prova: CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário
- Área Judiciária – Específicos.

O processo penal brasileiro não adota o princípio da identidade física do juiz em face da complexidade
dos atos processuais e da longa duração dos procedimentos, o que inviabiliza a vinculação do juiz que
presidiu a instrução à prolação da sentença.

( ) Certo

( ) Errado

Com a alteração introduzida pela Lei 11.719/2008 ao Código de Processo Penal, tal princípio restou
consagrado em nível infraconstitucional por meio do art. 399, § 2°, estabelecendo que o juiz que presidiu
a instrução deverá proferir a sentença. Desse modo, o gabarito é ERRADO. O processo penal adota sim
de forma expressa o princípio da identidade física do juiz desde 2008.

Exceção: inobstante a nova regra prevista no art. 399, § 2°, do CPP – que nos traz o princípio da
identidade física do juiz, o referido princípio comporta exceções. Aplicando-se, por analogia, o artigo
132 do Código de Processo Civil “o juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide,
salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos
em que passará os autos ao seu sucessor”.

Assim, temos como exceção a observância do princípio da identidade física do juiz:

▪ Juiz tiver sido convocado;


▪ Juiz estiver licenciado;
▪ Juiz estiver afastado por qualquer outro motivo’
▪ Juiz tiver sido promovido;

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▪ Juiz se aposentar.

Em todos esses casos não será possível que o juiz que presidiu a instrução proferir a sentença.
Nesse sentido, corroborando ao exposto, explica Norberto Avena:

Apesar do caráter cogente aparentemente incorporado a essa norma, é evidente que, sob pena de
graves prejuízos à instrução criminal, à celeridade e economia processual e à efetividade do
processo penal, deve-se ressalvar de sua incidência situações excepcionais relacionadas à
impossibilidade temporária ou definitiva de permanecer o Juiz oficiando no processo, muito
especialmente aquelas em que tiver sido ele convocado para atuar junto aos tribunais, licenciado,
afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que o seu sucessor assumirá
o impulso e julgamento do processo criminal. Confirmando este entendimento, já decidiu o STJ
que “não há ofensa ao art. 399, § 2°, do CPP, que estatui que o juiz que presidiu a instrução
deverá proferir a sentença – identidade física –, na hipótese de juíza substituta tomar os
depoimentos das testemunhas de acusação e, posteriormente, ser sucedida pela juíza titular que
prosseguiu com a audiência, ouvindo as testemunhas de defesa e proferindo sentença de mérito
que condenou o impetrante. ”

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2012 Banca: FEMPERJ Órgão: TCE-RJ Prova: FEMPERJ - 2012 - TCE-RJ - Técnico de Controle
Externo - Técnico de Notificações. Sobre o princípio da identidade física do juiz no processo penal, é
correto afirmar que:

A. o Código de Processo Penal regula o tema de maneira suficiente e autônoma;


B. o juiz que presidiu o primeiro ato de instrução deve proferir a sentença;
C. o juiz que presidiu qualquer ato de instrução deve proferir a sentença;
D. pode ser mitigado nos casos de convocação, licença ou promoção do juiz que presidiu a instrução;
E. pode ser mitigado nos casos de cumulação de competências ou desempenho de atividade
extraordinária.

O princípio da identidade física do juiz comporta exceções, para tanto, recorrermos as situações previstas
no código de processo civil, em específico, art. 132 do CPC, o que dispõe que “o juiz, titular ou
substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por
qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor”. Diante do
exposto, o gabarito correto da questão é a letra D. O princípio pode ser mitigado.

2.4.2.14. Ordem dos atos processuais

▪ Declarações do Ofendido

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▪ Depoimento das Testemunhas (acusação e defesa, nesta ordem): Em caso de testemunha da


acusação a ser ouvida por carta precatória, é possível que ocorra a inversão da ordem (ex. testemunha
de defesa ouvida antes no juízo deprecante que a da acusação no juízo deprecado).
▪ Peritos
▪ Acareações
▪ Reconhecimento de pessoas e coisas
▪ Interrogatório

CPP Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das
testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto
no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao
reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.

2.4.2.15. Diligências

Caso, ao final da audiência de instrução, surja a necessidade de se apurar fatos revelados durante
a audiência, o juiz poderá determinar a realização de diligências, antes de sentenciar.

CPP. Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante
e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine
de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.

▪ Fatos supervenientes: somente será possível solicitar diligências referentes a fatos


descobertos em audiência (fatos substancialmente novos). Exemplo, em um crime de furto, o
ofendido informa ao juiz que há gravação de vídeo da ação criminosa, não juntada pelas partes,
em que é possível identificar o autor do fato.

▪ Iniciativa das partes ou o juiz determina de oficio: as diligências poderão ser


solicitadas pelas partes, mas o juiz também poderá determinar de oficio, fundado no princípio
da busca da verdade.

CPP Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento


da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.

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CPP Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz
de ofício:

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de


diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.

▪ Interrupção da audiência sem debates orais e sentença

Como regra, concluída a instrução probatória com o interrogatório do acusado, as partes farão
alegações finais orais e, em seguida, o juiz sentenciará.

Havendo, no entanto, a ordenação de diligências, o juiz concluirá a audiência sem as alegações


finais das partes, que serão apresentadas posteriormente à realização da diligência, em forma de
memoriais escritos.

CPP Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a


requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.

▪ Recurso

Não há previsão legal de recurso contra decisão que defira ou indefira as diligências requeridas.

Em caso de deferimento de diligência manifestamente protelatória, cabe, em tese, correição


parcial, devido ao error in procedendo que ensejou inversão tumultuária no processo.

Em caso de indeferimento de diligência necessária, após a sentença, deve-se alegar


cerceamento de defesa ou de acusação, em preliminar, nas razões de apelação.

2.4.2.16. Alegações finais

É o ato postulatório em que as partes analisam o conjunto probatório produzido, com o objetivo
de convencer o juiz quando às suas teses (condenação ou absolvição).

a) Conteúdo

- Arguição de nulidades (absolutas ou relativas).

- Análise dos elementos de informação produzidos na fase de investigações.

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- Análise da prova produzida sob o crivo do contraditório judicial.

- Dosimetria da pena nos termos do art. 68 do CP.

b) Adoção do princípio da oralidade, a partir da Lei 11.719/08.

CPP Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.

Até a Lei 11.719/08 Depois da Lei 11.719/08.


Escritos (antigo artigo 500, CPP). Como regra, orais, em audiência.

c) Ordem de apresentação e prazo


- Acusação: 20 minutos + 10 minutos

- Assistente da acusação (se houver): 10 minutos

- Defesa: 20 minutos + 10 minutos. (Pluralidade de acusados: O tempo será individual – 20 min


+ 10 min para cada acusado).

- Se houver assistente de acusação: 20 minutos + 20 minutos

CPP Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas
alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa,
prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.

§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez)


minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

d) Substituição das alegações orais por memoriais escritos

- Complexidade

- Pluralidade de acusados

- Diligências

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CPP Art. 403§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados,
conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de
memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.

CPP Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento


da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais

e) Não apresentação de alegações finais

• Na ação penal pública:


- MP: Encaminhamento dos autos ao PGJ (analogia do artigo 28, CPP).

- Defesa: Intimação do acusado para constituir novo defensor, sob pena de nomeação de
defensor dativo (peça obrigatória: irrenunciabilidade da defesa técnica).

• Na ação penal privada


- Querelante: Perempção (extinção da punibilidade).

CPP Art. 60 Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta
a ação penal:

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;

2.4.2.16. Sentença

A sentença será prolatada em audiência, como regra.

CPP Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão
oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela
defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.

Nos casos de complexidade, pluralidade de acusados e quando houver diligências, as alegações


finais serão apresentadas em memoriais escritos (5 dias) e a sentença deverá ser prolatada em 10 dias
posterior ao prazo de alegações finais.

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2.4.2.17. Registro de audiência

a) Ata de audiência

CPP Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo
juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos.

b) Registro de depoimentos

CPP Art. 405 § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado,
ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia,
digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das
informações

c) Desnecessidade de transcrição dos depoimentos audiovisuais

Art. 405 § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do
registro original, sem necessidade de transcrição.

Procedimento ordinário Procedimento sumário


Designação da audiência de instrução: Designação de audiência de instrução:
Até 60 dias Até 30 dias
Até 8 testemunhas Até 5 testemunhas
Há previsão expressa da fase de Ausência de previsão expressa da fase
diligências de diligências.
(Art. 402 CPP.) (Nada impede segundo a doutrina a
aplicação do art. 402 do CPP por
analogia.).

2.4.3. PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO

Nas lições de Norberto Avena, esse procedimento é “destinado à apuração de crimes cuja
sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos de pena privativa de liberdade (art. 394, § 1.º, II),
excluindo-se, porém, as que devam ser apuradas por meio do rito sumaríssimo”.

Quadro-Resumo das Distinções entre o procedimento Ordinário e o Sumário:

PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO

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Apuração de infrações penais com pena máxima Apuração de infrações penais com pena máxima
cominada igual ou superior a 4 anos (art. 394, § 1º, I). cominada inferior a 4 anos (art. 394, § 1º, II).
Obs.: Excluídas as infrações de menor potencial
ofensivo – procedimento sumaríssimo.
A audiência de instrução e julgamento deverá ser A audiência de instrução e julgamento deverá ser
realizada no prazo máximo de até 60 dias (art. 400). realizada no prazo máximo de até 30 dias (art. 531).

Poderão ser arroladas pela acusação e pela defesa até Poderão ser arroladas pela acusação e pela defesa até
8 testemunhas (art. 401). 5 testemunhas (art. 532).

Há previsão expressa de requerimento de diligências Não há previsão expressa de requerimento de


ao final da instrução (art. 402). diligências ao final da instrução.

Há previsão expressa de substituição de alegações Não há previsão expressa de substituição de


finais por memoriais (art. 403, § 3º). alegações finais por memoriais.
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

2.4.4. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: PREVISTO NA LEI Nº 9.099/95

A competência dos juizados não é constitucional, a CF apenas previu a criação dos juizados sem
prever a sua competência. A Lei 9.099/95, apresenta a denominada “justiça penal consensual”,
materializada nos institutos da composição dos danos civis, transação penal e suspensão condicional do
processo, todos previstos na Lei dos Juizados.

2.4.4.1. Objetivos do Procedimento Sumaríssimo

O Jecrim tem dois objetivos, que podem ser alcançados mesmo na Audiência Preliminar
presidida pelo juiz togado ou pelo juiz leigo:

- Reparação dos danos (composição civil);

- Aplicação de pena não privativa de liberdade (transação penal);

2.4.4.1. Etapas do Procedimento Sumaríssimo

I. Composição civil;
II. Transação penal;
III. Resposta à acusação;
IV. Recebimento da denúncia ou não recebimento da denúncia: apelação no prazo de 10 dias;
V. Audiência de Instrução e Julgamento;
VI. Sentença, dispensado o relatório - da sentença cabe apelação com prazo de 10 dias, e se for o
caso, podem ser opostos embargos de declaração no prazo de 5 dias; não cabe RESE.

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2.4.4.2. Etapas da audiência de Instrução e Julgamento

- Oitiva da vítima;

- Testemunhas de acusação e de defesa, nesta ordem. art. 34 da própria lei, até 3 testemunhas;

- Interrogatório do Réu;

- Debates orais, 20 minutos prorrogáveis por mais 10 minutos (rito sumário) e por convenção das
partes as alegações finais podem ser apresentadas por escrito;

Com relação às etapas da audiência, vale mencionar novamente a Lei Mariana Ferri (Lei
14.245/2021) que também acrescentou dispositivos na Lei nº 9.099, o art. 81 passa a vigorar acrescido
do seguinte § 1º-A, in verbis:

“Art. 81, § 1º-A. Durante a audiência, todas as partes e demais sujeitos processuais
presentes no ato deverão respeitar a dignidade da vítima, sob pena de
responsabilização civil, penal e administrativa, cabendo ao juiz garantir o
cumprimento do disposto neste artigo, vedadas:

I - a manifestação sobre circunstâncias ou elementos alheios aos fatos objeto de


apuração nos autos;

II - a utilização de linguagem, de informações ou de material que ofendam a dignidade


da vítima ou de testemunhas.”

2.5. Hora do Informativo

2021

O juiz tem poderes diante da omissão de alegações finais para oportunizar à parte a substituição
do causídico ou, na inércia, para requerer que a defensoria pública ofereça as alegações finais

Se o advogado discordar de alguma decisão do juiz da causa na condução do procedimento ele não pode
simplesmente se recusar a oferecer as alegações finais. A ampla defesa não engloba essa possibilidade.
Não há dúvida da importância da ampla defesa como elemento central de um processo penal garantista.
Todavia, esse princípio não tem o condão de legitimar qualquer atuação por parte da defesa.

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Se o advogado constituído, mesmo intimado para apresentar alegações finais, for omisso, o juiz tem
poderes de intimar o réu para que substituta o causídico. Se o réu, mesmo intimado, ficar inerte, o
magistrado poderá requerer que a Defensoria Pública ofereça as alegações finais.
STJ. 6ª Turma. RMS 47680-RR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 05/10/2021 (Info 715).

2020

São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem a
possibilidade de infrações penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo Juizado
Especial em casos de conexão ou continência

Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações
penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por
outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência, observados,
quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis.
STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001).

No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de prescrição da
pena máxima em abstrato cominada ao crime.

Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na
Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o
processo permanecer suspenso. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312. STF. Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001). No mesmo sentido: Súmula 415-
STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.

É constitucional a multa imposta ao defensor por abandono do processo, prevista no art. 265 do
CPP

É constitucional a multa imposta ao defensor por abandono do processo, prevista no art. 265 do CPP:
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais
sanções cabíveis.
A previsão da multa afigura-se compatível com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
A multa não se mostra inadequada nem desnecessária. Ao contrário, mostra-se razoável como meio
prévio para evitar o comportamento prejudicial à administração da justiça e ao direito de defesa do réu,
tendo em vista a imprescindibilidade da atuação do profissional da advocacia para o regular andamento
do processo penal.
A multa do art. 265 do CPP não ofende o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal ou a
presunção de não culpabilidade. Não há necessidade de instauração de processo autônomo e de
manifestação prévia do defensor, no entanto, é possível que ele, posteriormente, se justifique por meio
de pedido de reconsideração. Outra alternativa é a impetração de mandado de segurança.
STF. Plenário. ADI 4398, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020 (Info 993).

A OAB não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado réu em ação penal

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A Ordem dos Advogados do Brasil não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de
advogado réu em ação penal. Isso porque, no processo penal, a assistência é apenas da acusação, não
existindo a figura do assistente de defesa.
STJ. 5a Turma. RMS 63.393-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/06/2020 (Info
675). STJ. 6a Turma. REsp 1815460/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 23/06/2020.

O reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu depende da prévia


instauração de incidente de insanidade mental e do respectivo exame médico-legal nele previsto
Importante!!!

O art. 149 do CPP, ao exigir que o acusado seja submetido a exame médico-legal, não contempla
hipótese de prova legal ou tarifada.
A despeito disso, a partir de uma interpretação sistemática das normais processuais penais que regem a
matéria, deve-se concluir que o reconhecimento da inimputabilidade ou semi-imputabilidade do réu (art.
26, caput e parágrafo único do CP) depende da prévia instauração de incidente de insanidade mental e
do respectivo exame médico-legal nele previsto.
Vale ressaltar, por fim, que o magistrado poderá discordar das conclusões do laudo, desde que o faça
por meio de decisão devidamente fundamentada.
STJ. 6a Turma. REsp 1.802.845-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/06/2020 (Info 675).

Não há, no momento, decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU impedimento o


prosseguimento das ações penais que tramitam no Brasil contra o ex-Presidente Lula.

A defesa do ex-Presidente Lula formulou reclamação ao Comitê de Direitos Humanos da Organização


das Nações Unidas alegando que o processo penal que tramita contra ele no Brasil teria violado
disposições do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos. Ainda não há decisão final de mérito
do Comitê. A defesa impetrou habeas corpus no STF pedindo que a ação penal proposta contra ele fique
sobrestada até que haja um pronunciamento final do Comitê da ONU. A 2ª Turma do STF, contudo,
indeferiu o pedido de suspensão do julgamento da ação penal até pronunciamento final do Comitê de
Direitos Humanos da ONU. Segundo explicou o STF, a decisão do Comitê negou a concessão de
“medidas provisionais” em favor de Lula. Isso significa que o referido órgão não determinou a suspensão
de ações penais instauradas em desfavor do paciente. O comitê, em princípio, não reconheceu a prática
de ato imputável ao Estado brasileiro que pudesse vulnerar a ordem internacional. O Ministro Ricardo
Lewandowski afirmou que a deliberação final de mérito do Comitê da ONU, a depender do resultado
proclamado, poderá impedir, frustrar ou anular o os processos criminais que tramitam contra Lula. No
entanto, por ora, não há uma decisão impedindo o prosseguimento das ações penais.
STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).

Momento do interrogatório nas ações penais regidas pela Lei nº 8.038/90.

Promotor de Justiça condenado criminalmente pelo Tribunal de Justiça impetrou habeas corpus alegando
que o julgamento seria nulo por não ter observado o art. 400 do CPP, já que o interrogatório do acusado
não foi o último ato da instrução.

O Min. Relator Marco Aurélio indeferiu a ordem manifestando sua posição no sentido de que não se
deve aplicar a regra geral do art. 400 do CPP (interrogatório como último ato) considerando que, por se
tratar de Promotor de Justiça, julgado perante o Tribunal de Justiça, a norma aplicável seria a do art. 7º
da Lei nº 8.038/90, segundo a qual a audição do acusado é o primeiro ato do procedimento.

O Min. Alexandre de Moraes votou por indeferir a ordem com base em outro fundamento, alegando que
a defesa não demonstrou prejuízo, afirmando, portanto, que não haverá declaração de nulidade quando
não demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief).
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Obs: penso que o STF continue com o entendimento de que o interrogatório deve ser o último ato da
instrução, mesmo nos processos regidos pela Lei nº 8.038/90.
STF. 1ª Turma. HC 178252/ES, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).

2019

Em ação penal envolvendo réus colaborares e não colaboradores, o réu delatado tem o direito de
apresentar suas alegações finais somente após o réu que firmou acordo de colaboração premiada

O réu delatado tem o direito de apresentar suas alegações finais somente após o réu delator. Os réus
colaboradores não podem se manifestar por último (ou no mesmo prazo dos réus delatados) porque as
informações trazidas por eles possuem uma carga acusatória. O direito fundamental ao contraditório e à
ampla defesa deve permear todo o processo legal, garantindo-se sempre a possibilidade de a defesa se
manifestar depois do agente acusador. Vale ressaltar que pouco importa a qualificação jurídica do agente
acusador: Ministério Público ou corréu colaborador. Se é um “agente acusador”, a defesa deve falar
depois dele. Ao se permitir que os réus colaboradores falem por último (ou simultaneamente com os
réus delatados), há uma inversão processual que ocasiona sério prejuízo ao delatado, tendo em vista que
ele não terá oportunidade de repelir os argumentos eventualmente incriminatórios trazidos pelo réu
delator ou para reforçar os favoráveis à sua defesa. Permitir o oferecimento de memoriais escritos de
réus colaboradores, de forma simultânea ou depois da defesa — sobretudo no caso de utilização desse
meio de prova para prolação da condenação —, compromete o pleno exercício do contraditório, que
pressupõe o direito de a defesa falar por último, a fim de poder reagir às manifestações acusatórias. STF.
2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 27/8/2019 (Info 949)

As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da OAB não


vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor
dativo que atua no processo penal

O STJ fixou quatro teses a respeito desse tema: 1) As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente
pelos Conselhos Seccionais da OAB não vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da
remuneração a que faz jus o defensor dativo que atua no processo penal; servem como referência para o
estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o labor despendido pelo advogado. 2) Nas hipóteses
em que o juiz da causa considerar desproporcional a quantia indicada na tabela da OAB em relação aos
esforços despendidos pelo defensor dativo para os atos processuais praticados, poderá, motivadamente,
arbitrar outro valor. 3) São, porém, vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados
por defensor dativo, as tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública
e a seccional da OAB. 4ª) Dado o disposto no art. 105, parágrafo único, II, da Constituição da República,
possui caráter vinculante a Tabela de Honorários da Justiça Federal, assim como tabelas similares
instituídas, eventualmente, pelos órgãos competentes das Justiças dos Estados e do Distrito Federal, na
forma dos arts. 96, I, e 125, § 1º, parte final, da Constituição da República. STJ. 3ª Seção. REsp
1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/10/2019 (Tema 984 – recurso repetitivo)
(Info 659).

Não ocorre substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera admissibilidade da
acusação na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90

Se a ação penal for de competência do STF e STJ, ela deverá obedecer a um rito processual próprio
previsto na Lei nº 8.038/90. Na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90, o Tribunal se reúne para analisar a
denúncia oferecida, ocasião em que poderá: a) receber a denúncia (ou queixa). b) rejeitar a denúncia (ou
queixa): se estiver presente uma das hipóteses do art. 395 do CPP. Nesta segunda hipótese podemos

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dizer que o Tribunal decidiu pela não admissibilidade da acusação. c) julgar improcedente a acusação:
se estiver presente uma das situações do art. 397 do CPP. Imagine que o Ministro Relator apresentou
voto contrário à admissibilidade da acusação, sob o argumento de que não havia justa causa para o
exercício da ação penal (art. 395, III, do CPP). Ocorre que, depois dele, votou uma Ministra afirmando
que havia sim justa causa. Essa divergência inaugurada pela Ministra foi seguida pela maioria dos demais
Ministros e, com isso, a denúncia contra o acusado foi recebida e iniciou-se a ação penal. O Ministro
deverá ser substituído na Relatoria do processo? Não. Não ocorre substituição do Relator quando ele for
vencido quanto à mera admissibilidade da acusação na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90. Situação diversa
ocorre quando o Relator for vencido em questão de mérito, apta a produzir coisa julgada material, como
nos casos de absolvição sumária e de extinção da punibilidade, passíveis de serem reconhecidas na fase
do art. 6º da Lei nº 8.038/90 por força do art. 397 do CPP. O Ministro que proferir o primeiro voto
divergente sobre questão de mérito, condutor da tese vencedora, deve ser designado substituto na
relatoria do feito, ainda que o voto tenha sido proferido de forma antecipada, e que o Ministro na posição
subsequente ao Relator originário na ordem de julgamento venha a aderir posteriormente à tese do voto
divergente antecipado. STJ. Corte Especial. APn 849-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 07/08/2019 (Info 659).

No rito especial da Lei nº 8.038/90, a rejeição da denúncia é balizada pelo art. 395 do CPP e a
improcedência da acusação é pautada pelo disposto no art. 397 do CPP

.
O art. 6º da Lei nº 8.038/90 prevê que o Tribunal irá se reunir para analisar a denúncia ou queixa
oferecida, podendo: 1) receber a denúncia (ou queixa); 2) rejeitar a denúncia (ou queixa); 3) julgar
improcedente a acusação se a decisão não depender de outras provas.
Logo, o Tribunal, ao examinar se a denúncia tem ou não aptidão para ser recebida (hipótese 2 acima),
deverá se basear no art. 395 do CPP (que trata sobre as situações de rejeição da denúncia). Caso o
Tribunal entenda pela improcedência da acusação, essa decisão deve ser pautada pelo disposto no art.
397 do CPP (que trata sobre absolvição sumária). Ao rito especial da Lei nº 8.038/90 aplicam-se,
subsidiariamente, as regras do procedimento ordinário (art. 394, § 5º, CPP), razão pela qual eventual
rejeição da denúncia é balizada pelo art. 395 do CPP, ao passo que a improcedência da acusação
(absolvição sumária) é pautada pelo disposto no art. 397 do CPP. STJ. Corte Especial. APn 923-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019 (Info 657).

2.6. Já Caiu. Vamos Treinar?

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia

A) no procedimento ordinário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,


recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 15
(quinze) dias.

B) no caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento
pessoal do acusado ou do defensor constituído.

C) no caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir da publicação pela
imprensa.

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D) no procedimento sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente,


recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 15
(quinze) dias.

E) no caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir da ciência do acusado ou
do defensor constituído.

Gab. B

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia

Em relação ao juízo de admissibilidade da imputação, é correto afirmar que o magistrado

A) pode determinar a emenda da inicial, fixando prazo, sob pena de rejeição.

B) pode decotar as causas de aumento de penal manifestamente improcedentes.

C) deve rejeitar a inicial de forma integral, caso verifique qualquer incongruência.

D) deve deixar de receber a inicial de forma integral, caso verifique qualquer incongruência.

E) deve receber a denúncia de forma integral e decidir eventual incongruência quando da análise do
mérito.

Gab. B

1. (Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: PC-PE. Prova: Delegado de Polícia). Assinale a opção
correta acerca do processo penal e formas de procedimento, aplicação da lei processual no tempo,
disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal e ação civil ex delict, conforme a
legislação em vigor e o posicionamento doutrinário e jurisprudencial prevalentes.

a) No momento da prolação da sentença condenatória, não cabe ao juízo penal fixar valores para fins de
reparação dos danos causados pela infração, porquanto tal atribuição é matéria de exclusiva
apreciação do juízo cível.
b) Sendo o interrogatório um dos principais meios de defesa, que expressa o princípio do contraditório
e da ampla defesa, é imperioso, de regra, que o réu seja interrogado ao início da audiência de instrução
e julgamento.
c) É cabível a absolvição sumária do réu em processo comum caso o juiz reconheça, após a audiência
preliminar, a existência de doença mental do acusado que, comprovada por prova pericial, o torne
inimputável.
d) Lei processual nova de conteúdo material, também denominada híbrida ou mista, deverá ser aplicada
de acordo com os princípios de temporalidade da lei penal, e não com o princípio do efeito imediato,
consagrado no direito processual penal pátrio.
e) Nos crimes comuns e nos casos de prisão em flagrante, deverá a autoridade policial garantir a
assistência de advogado quando do interrogatório do indiciado, devendo nomear defensor dativo caso
o indiciado não indique profissional de sua confiança.

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2. (Ano: 2012. Banca: MS CONCURSOS. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia). Nos
procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito,
no prazo de 10 (dez) dias. Após recebida a resposta, o juiz deverá absolver sumariamente o
acusado quando verificar:

I - extinta a punibilidade do agente.


II - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime.
IV - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente.

Diante dessas informações, assinale a alternativa correta:

a) Somente as assertivas I e III estão incorretas.


b) Somente as assertivas II e III estão incorretas.
c) Somente a assertiva IV está incorreta.
d) Somente a assertiva I está incorreta.
e) Todas as assertivas estão incorretas.

3. (Ano: 2014. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-RO. Prova: Delegado de Polícia Civil). O
procedimento ordinário expressamente previsto no Código de Processo Penal possui
características que o diferenciam do procedimento especial previsto para os crimes dolosos contra
a vida. Dito isso, analise as proposições e assinale a alternativa que se adequa ao procedimento
ordinário.

a) Não há previsão legal para o recebimento da denúncia após a citação e apresentação da resposta
escrita.
b) É cabível o julgamento antecipado da lide.
c) Podem ser arroladas até cinco testemunhas pelo autor da ação para cada imputação formulada.
d) Não é aplicável o Princípio da Identidade Física do juiz.
e) O Ministério Público deve ser intimado após a apresentação da resposta escrita.

4. (Ano: 2014. Banca: ACAFE. Órgão: PC-SC. Prova: Delegado de Polícia). Ante as disposições
do Código de Processo Penal, analise as afirmações a seguir.

I O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.


II O procedimento será ordinário quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual
ou superior a 3 (três) anos de pena privativa de liberdade.
III O procedimento será sumário sempre que tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja
inferior a 3 (três) anos de pena privativa de liberdade.
IV O procedimento será sumaríssimo para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da
lei.

Assinale a alternativa correta.

a) Apenas I, II e III estão corretas.


b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas I e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

5. (Ano: 2019. Banca: CESPE. Órgão: TJ-BA. Prova: Juiz de Direito). Acerca dos procedimentos
processuais penais no Brasil, julgue os itens a seguir.

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I Nos crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígios, o exame do corpo de delito será
condição de procedibilidade para o exercício da ação penal.
II No procedimento sumário, o prazo para resposta à acusação é de cinco dias.
III Registro de depoimento tomado na audiência de instrução por meio audiovisual terá de ser
encaminhado às partes, sendo obrigatória a transcrição.
IV No procedimento por crime funcional, em caso de ilícito afiançável, o réu será notificado para
apresentar defesa preliminar por escrito no prazo de quinze dias.

Estão certos apenas os itens

a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

6. (Ano: 2019. Banca: MPE-PR. Órgão: MPE-PR. Prova: Promotor Substituto). Sobre absolvição
sumária no procedimento comum, segundo o Código de Processo Penal, esta é possível:

a) Se a denúncia for inepta ou houver existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato.
b) Se o fato narrado evidentemente não constitui crime ou estiver extinta a punibilidade do agente.
c) Se existir manifesta causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade penal decorrente de ser o agente menor de dezoito anos, quando deverá o feito ser
remetido ao juizado competente.
d) Se faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal.
e) Se existir dúvida sobre a materialidade do fato ou autoria do réu (“in dubio pro reo”).

7. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-MT. Prova: Juiz Substituto). Assinale a alternativa
correta.

a) Seguirá o rito do processo comum sumário aquele que tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.
b) Observado o princípio de correlação entre a acusação e a sentença, o juiz não pode dar nova
configuração do crime capitulado na denúncia, ainda que os fatos estejam descritos na referida peça
acusatória.
c) A ausência de Defensor constituído não intimado para audiência realizada por carta precatória em
outra Comarca gera nulidade do ato, ainda que ciente da expedição da referida deprecata.
d) Nos crimes afiançáveis de responsabilidade de funcionários públicos, investigados por inquérito
policial, oferecida a denúncia que atende os requisitos do art. 41 do CPP, com informações
suficientes sobre os fatos que configuram, em tese, delito especificado, o juiz pode receber a
denúncia, prescindindo da notificação prévia do acusado.
e) Na mutatio libelli deve ser dada oportunidade ao Ministério Público de oferecimento de aditamento à
denúncia, mas, deixando a Acusação de apresentar a referida peça processual, faculta ao Julgador
a prolação de sentença de acordo com a prova existente nos autos de elemento ou circunstância da
infração penal não contida na acusação.

8. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: MPE-PB. Prova: Promotor de Justiça Substituto). Nos termos
do Código de Processo Penal, o procedimento será comum ou especial. O procedimento comum
será ordinário,

a) sumário ou sumaríssimo.
b) ou extraordinário.

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c) do Tribunal do Júri ou sumário.


d) do Tribunal do Júri, sumário ou sumaríssimo.
e) ou das infrações penais de menor e médio potencial ofensivo.

9. (Ano: 2018. Banca: MPE-BA. Órgão: MPE-BA. Prova: Promotor de Justiça Substituto).
Assinale a alternativa incorreta.

a) Se o juiz entender, logo após o oferecimento da denúncia ou queixa, que houve a incidência de causa
de exclusão de ilicitude ou culpabilidade, poderá rejeitar a peça acusatória, com base no artigo 395,
II, do Código de Processo Penal (falta de condição da ação penal, qual seja, a prática de um fato
aparentemente criminoso).
b) Se o juiz se convencer da existência da causa de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade, após a
resposta do denunciado ou querelado, já tendo sido recebida a denúncia ou queixa, portanto, a
decisão será de absolvição primária.
c) Se o juiz decidir pela rejeição da denúncia ou queixa por entender que o fato narrado na peça acusatória
não constitui crime, consequentemente, estará prejudicada a possibilidade de propositura de ação
cível indenizatória.
d) Não impede a propositura da ação civil indenizatória, a decisão que julgar extinta a punibilidade do
agente.
e) Se o juiz julgar pela improcedência da ação penal pública ou privada por entender que o acusado agiu
acobertado pelo estado de necessidade putativo, tal sentença não impede ação indenizatória.

10. (Ano: 2017. Banca: FMP Concursos. Órgão: MPE-RO. Prova: Promotor de Justiça
Substituto). No que diz respeito ao tema “procedimentos”, é CORRETO afirmar:

a) De acordo com o Código de Processo Penal, a denúncia ou queixa será rejeitada quando a ação penal
ajuizada for manifestamente inepta, quando faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal, quando faltar justa causa para o seu exercício e quando se verificar a
existência de causa excludente da ilicitude do fato.
b) Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado, decisão que, em razão do
seu conteúdo, produzirá coisa julgada material, impedindo a formulação de nova acusação, ainda que se
obtenha prova nova.
c) Dentre as atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, está a de decidir, de ofício e “inaudita
altera parte”, sobre a extinção da punibilidade do agente, abrindo vista, posteriormente, ao Ministério
Público e à defesa para os requerimentos que julgarem pertinentes.
d) Todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados pelo Código de Processo
Penal, estarão sujeitos à análise de rejeição da acusação e de absolvição sumária.
e) Nos casos em que o representante do Ministério Público se recusar a propor a suspensão condicional
da pena, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao seu Procurador-Geral, aplicando-se, por analogia,
o art. 28 do Código de Processo Penal.

11. (Ano: 2017 Banca: FCC Órgão: DPE-SC Prova: FCC - 2017 - DPE-SC - Defensor Público
Substituto.
Sobre a revelia no processo penal, é correto afirmar:

a) Em caso de três tentativas frustradas de intimação em horário comercial no endereço fornecido pelo
réu, fica evidenciada a sua ocultação e à revelia deve ser decretada.
b) Se o réu regularmente intimado da audiência de instrução, debates e julgamento não comparecer sem
motivo justificado será considerado revel.
c) Se o réu citado não apresentar resposta à acusação será considerado revel, mas não presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pela acusação.
d) É inaplicável aos processos iniciados mediante o oferecimento de queixa.

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e) O réu assistido pela Defensoria Pública não poderá ser declarado revel, sob pena de violação do
princípio da ampla defesa.

12. (Ano: 2017. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-SP. Prova: Juiz Substituto). No procedimento
comum, após o oferecimento da resposta pelo acusado, o juiz deverá absolvê-lo sumariamente
quando

a) faltar justa causa para o exercício da ação penal ou verificar a existência manifesta de qualquer causa
excludente da culpabilidade.
b) verificar a existência manifesta de qualquer causa excludente da ilicitude do fato ou que o fato narrado
evidentemente não constitui crime.
c) a denúncia ou a queixa for manifestamente inepta ou não se convencer da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação.
d) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal ou verificar que extinta a
punibilidade do agente.

13. (Ano: 2016. Banca: TRF - 4ª REGIÃO. Órgão: TRF - 4ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal
Substituto). Assinale a alternativa correta.

a) De acordo com o Código de Processo Penal, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes,
proferir decisão fundamentada determinando que, em caráter excepcional, o interrogatório do réu
preso seja feito por sistema de videoconferência ou por outro recurso tecnológico de transmissão de
sons e imagens em tempo real, desde que tal medida seja necessária para atender a uma das
finalidades especificamente previstas no referido diploma legal.
b) Na audiência criminal, as perguntas às testemunhas são feitas diretamente pela acusação e pela defesa
e, por força do princípio acusatório, o juiz não pode complementar a inquirição.
c) Em nosso sistema processual penal, que segue o sistema acusatório puro, não pode o juiz determinar
de ofício a produção de quaisquer provas.
d) Prevalece no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o
princípio da indivisibilidade da ação penal também se aplica às ações penais públicas.
e) Da decisão do juiz singular que julgar procedente a exceção de suspeição, cabe recurso em sentido
estrito; da sentença que pronunciar o réu, cabe apelação.

14. (Ano: 2016. Banca: TRF - 4ª REGIÃO. Órgão: TRF - 4ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal
Substituto). Assinale a alternativa correta.

a) Na dicção do Superior Tribunal de Justiça, não há nulidade na decretação de medidas investigatórias


– como busca e apreensão, interceptação telefônica e quebra dos sigilos bancário e fiscal – para apurar
crimes autônomos, conexos ao crime material contra a ordem tributária, quando o crédito tributário ainda
pende de lançamento definitivo.
b) Na sentença, o juiz poderá dar ao fato que constitui objeto da denúncia capitulação legal diversa
daquela dada pela acusação, desde que isso não acarrete a aplicação de pena mais grave em relação
à que decorreria da capitulação legal original.
c) Ressalvados os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Penal e na legislação
esparsa, o procedimento comum ordinário será observado quando se tratar de crime cuja pena
privativa da liberdade máxima cominada seja igual ou superior a três anos.
d) É válida a interceptação telefônica realizada sem autorização judicial quando um dos interlocutores
consente em que ela seja tratada como escuta telefônica, como tal considerada a captação de conversa
feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores.
e) Quando o processo judicial tramitar em meio eletrônico, a petição eletrônica enviada para atender a
determinado prazo processual será considerada intempestiva se tiver sido transmitida após o horário de
encerramento do expediente normal da unidade judiciária competente, no último dia do referido prazo.

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15. (Ano: 2016. Banca: TRF - 3ª REGIÃO. Órgão: TRF - 3ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal
Substituto). Se, no curso da ação penal, o magistrado notar que a prescrição está prestes a ocorrer,
poderá:

a) Sentenciar, independentemente da apresentação dos memoriais defensivos;


b) Concentrar a oitiva das testemunhas de acusação e defesa em um único ato;
c) Determinar à defesa que apresente declarações escritas, no lugar de ouvir as testemunhas arroladas;
d) Declarar, desde logo, a extinção da punibilidade, pela prescrição em perspectiva.

16. (Ano: 2016. Banca: TRF - 3ª REGIÃO. Órgão: TRF - 3ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal
Substituto). Pensando na hipótese de, após a apresentação de resposta à acusação, o magistrado
se convencer da falta de justa causa para a ação penal, assinale qual hipótese é verdadeira:

a) O magistrado terá que deixar a ação correr, pois não lhe compete conceder habeas corpus contra si
próprio;
b) O magistrado deverá absolver sumariamente o acusado, sem especificar nenhum inciso do artigo 397
do Código de Processo Penal;
c) O magistrado poderá rejeitar a denúncia, dado que o primeiro recebimento, conforme parte da
doutrina, ocorre a título precário;
d) O magistrado deverá enviar os autos ao titular da ação, para que diga se concorda em retirar a
denúncia.

17. (Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: TJ-AM. Prova: Juiz Substituto). Em se tratando de
procedimento comum ordinário, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar
que

a) a punibilidade está extinta em razão da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em perspectiva.


b) o fato foi cometido em situação de manifesta inexigibilidade de conduta diversa.
c) estão ausentes indícios mínimos de autoria e materialidade do fato supostamente praticado.
d) o acusado é portador de doença mental, atestada por laudo médico oficial, e inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato.
e) o fato foi cometido em estrita obediência a ordem manifestamente ilegal.

18. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: DPE-SP. Prova: Defensor Público). Consta na denúncia que
Fernando da Silva teria, mediante ameaça, subtraído o celular da vítima Cláudia Alencar,
próximo a um ponto de ônibus. Ainda segundo a inicial, Fernando teria praticado a conduta
sozinho, e feito uso de arma de fogo. Consta, por fim, que fugira numa moto. Na audiência de
instrução, uma testemunha fez chegar ao conhecimento das partes que a moto utilizada por
Fernando era produto de furto. Encerrada a instrução, o Ministério Público aditou a denúncia,
acrescentando a ela a imputação pela suposta prática do delito de receptação. Diante disso, o Juiz
abriu vista à Defensoria Pública para ela se manifestar em 5 dias. Nessa manifestação, o Defensor
deverá

a) requerer a absolvição sumária do réu, por falta de justa causa para o aditamento.
b) mencionar que aguarda a defesa final para se manifestar, onde sustentará a continuidade delitiva entre
as condutas.
c) arrolar 03 (três) testemunhas, tal como autorizado pela art. 384, § 4º.
d) aceitar o aditamento e requerer a designação de novo interrogatório do réu, antes da apresentação de
memoriais defensivos.
e) requerer a rejeição do aditamento, pois não se trata de mutatio libelli, mas, sim, de imputação
autônoma.

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19. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: TJ-AL. Prova: Juiz Substituto). Considere as seguintes
assertivas:

I. Umas das diferenças previstas no Código de Processo Penal entre o rito ordinário e o sumário é a
previsão do prazo para a realização da audiência de instrução e julgamento.
II. O Ministério Público, o querelante, o assistente e o acusado poderão requerer diligências, desde que
tal necessidade decorra de circunstâncias e fatos apurados na instrução.
III. O prazo para alegações finais após o deferimento de diligências será de 3 dias.
IV. Adotando o procedimento do júri o método de inquirição direta, acusação e defesa, mas não os
jurados, poderão perguntar diretamente às testemunhas.
V. Conforme o STJ, a resposta preliminar prevista no artigo 514 do Código de Processo Penal para o
julgamento de crimes praticados por funcionários públicos é corolário da ampla defesa e não pode ser
afastada.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e V.
b) I, III e V.
c) III e IV.
d) I, II, IV.
e) II, IV e V.

20. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: TJ-DFT. Prova: Juiz de Direito). A respeito do processo e
do procedimento nos crimes de competência do juiz singular e do tribunal do júri, assinale a opção
correta.

a) No caso de citação por hora certa, a contagem do prazo para apresentação de defesa inicia-se na data
da juntada do mandado de citação ou na data da carta precatória ou de ordem.
b) Nos crimes de competência do juiz singular, caso a citação seja realizada por edital e o acusado não
compareça nem constitua advogado, o juiz deverá nomear defensor dativo para apresentar defesa no
prazo de dez dias.
c) Se for provido o recurso de apelação interposto contra sentença do tribunal do júri que aplicou pena
excessiva, o tribunal de apelação deverá retificar a pena.
d) A nulidade de sentença do tribunal do júri por falta de quesito obrigatório deve ser suscitada pela
defesa no momento de formação dos quesitos; não o fazendo, incidirá a preclusão.
e) Se, em resposta aos quesitos, os jurados reconhecerem, por unanimidade, que o acusado teve a
intenção de roubar e não de matar, o juiz presidente deverá desclassificar a conduta, dissolver o
júri e remeter os autos ao juízo singular.

21. (Ano: 2015 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2015 - MPE-SP - Promotor de
Justiça. Assinale a alternativa correta:

a) No procedimento ordinário, o Juiz de Direito, depois de receber a denúncia, determinará a citação do


réu para o oferecimento de defesa escrita, que não é, entretanto, obrigatória.
b) A inobservância do princípio da identidade física do juiz é causa de nulidade absoluta, mesmo em
face da promoção do magistrado que tenha presidido a instrução.
c) O advogado deverá ser intimado da data da audiência designada no juízo deprecado.
d) A pendência de cumprimento de carta precatória impede o julgamento do feito.
e) Todas as alternativas estão incorretas.

22. (Ano: 2009. Banca: FCC. Órgão: TJ-AP. Prova: Juiz). É INCORRETO afirmar:

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a) Na determinação da competência por conexão ou continência, no concurso de jurisdições da mesma


categoria, utiliza-se como critério principal o da preponderância do lugar da infração, a qual for
cominada a pena mais grave.
b) A pronúncia e causa interruptiva da prescrição, mas não haverá a interrupção em caso de
desclassificação do crime pelo Tribunal do Júri para outro de competência do juiz singular.
c) Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre
que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
d) Nos casos de prisão em flagrante pela prática de crime contra a economia popular ou de crime de
sonegação fiscal, a liberdade provisória somente poderá ser concedida mediante fiança, por decisão do
juiz competente e após a lavratura do auto de prisão em flagrante.
e) O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.

23. (Ano: 2014. Banca: CESPE. Órgão: TJ-DFT. Prova: Juiz de Direito Substituto). Tiago foi
processado pelos crimes de roubo e corrupção de menores. Citado, indicou advogado para
patrocinar sua defesa, não tendo, no entanto, sido apresentada resposta no prazo legal, o que levou
o juiz a nomear a DP para apresentar defesa. Na peça processual, foram arroladas oito
testemunhas, além da mãe e do pai do acusado, bem como apresentada documentação
comprovando que, no dia e hora dos fatos narrados na denúncia, o acusado estava trabalhando
em outro país. A resposta foi recebida e designada audiência de instrução e julgamento. Após a
colheita do depoimento da vítima e das testemunhas presentes, verificou-se a necessidade de oitiva
de testemunhas de acusação residentes em outro estado da Federação. Assim, procedeu-se ao
interrogatório do acusado. As partes requereram diligências e, após o cumprimento destas, abriu-
se vista a acusação e defesa, para o oferecimento de alegações finais por memoriais. Os autos foram
conclusos ao juiz substituto, visto que o titular, que presidira a sessão, estava de férias. A respeito
dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Convencido de que Tiago não tivesse concorrido para a prática dos crimes narrados na denúncia, o
juiz poderia tê-lo absolvido sumariamente quando do recebimento da resposta à acusação.
b) O juiz agiu corretamente ao realizar a oitiva das testemunhas de defesa e, em seguida, interrogar o
acusado antes de colhido o depoimento das testemunhas de acusação faltantes.
c) Ao receber a resposta à acusação, o juiz deveria ter determinado que a defesa adequasse seu rol de
testemunhas ao número legal.
d) O juiz substituto não poderá proferir a sentença, visto que não presidiu a instrução.
e) O juiz não poderia nomear a DP para patrocinar a defesa de Tiago, já que este possuía advogado
particular.

24. (Ano: 2014. Banca: MPE-PR. Órgão: MPE-PR. Prova: Promotor). Assinale a alternativa
incorreta:

a) O magistrado, de ofício, pode determinar a exclusão de pessoa do programa de proteção às vítimas e


testemunhas ameaçadas (Lei nº 9.807/99), sem prescindir de comunicação imediata ao Ministério
Público;
b) Se a vítima, logo depois de transitada em julgado a pronúncia por tentativa de homicídio, morre devido
aos ferimentos dos tiros mencionados na descrição fática da inicial acusatória, caberá aditamento
desta para imputar homicídio consumado;
c) Como desdobramento da autodefesa, o acusado possui capacidade postulatória autônoma,
consubstanciando-se na possibilidade de interpor recursos, impetrar HC e ajuizar revisão criminal;
d) Os crimes elencados na Lei nº 12.850/13 (organizações criminosas) e as respectivas infrações
conexas, por regra expressa da legislação especial, serão apurados mediante rito ordinário do
Código de Processo Penal;
e) A lista geral dos jurados, que é publicada anualmente, pode ser alterada de ofício pelo juiz presidente
ou mediante reclamação de qualquer do povo, até a data de sua publicação definitiva.

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25. (Ano: 2013. Banca: MPE-MS. Órgão: MPE-MS. Prova: Promotor de Justiça). Acerca dos
procedimentos criminais, considere as assertivas abaixo:

I. Há violação ao princípio da identidade física do juiz, expressamente previsto no direito processual


penal brasileiro, na hipótese de juiz substituto tomar os depoimentos das testemunhas de acusação e,
posteriormente, ser sucedido pelo juiz titular que toma os depoimentos das testemunhas de defesa e
profere sentença de mérito condenando o réu.
II. No processo comum, o acusado pode ser absolvido sumariamente quando o Ministério Público for
parte ilegítima para o exercício da ação penal.
III. No processo e julgamento dos crimes previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas), a ausência
de apreensão da droga não torna a conduta atípica se existirem outros elementos aptos a comprovarem
o crime de tráfico.
IV. A ação penal pela prática de crime falimentar (Lei nº 11.101/05) será proposta perante o juízo da
falência, que é universal, tendo, assim, competência para julgá-la.

São incorretas:

a) Somente as assertivas I, II e IV.


b) Somente as assertivas II e III.
c) Somente as assertivas II, III e IV.
d) Somente as assertivas I e III.
e) Todas as assertivas.

26. (Ano: 2014. Banca: MPE-MG. Órgão: MPE-MG. Prova: Promotor de Justiça). Sobre o
procedimento comum sumário, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Cabível quando a ação penal tiver objeto crime cuja sanção máxima cominada seja igual ou inferior
a 4 (quatro) anos.
b) A audiência de instrução e julgamento deverá ser realizada em até 30 (trinta) dias.
c) A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da suspensão da audiência.
d) Poderá ser aplicado nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o magistrado do juizado
especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes.

27. (Ano: 2014. Banca: FCC. Órgão: MPE-PE. Prova: Promotor de Justiça). No procedimento
comum,

a) incabível a rejeição da denúncia quando faltar justa causa para o exercício da ação penal, circunstância
que só pode conduzir à absolvição sumária
b) o acusado, na resposta, apenas poderá alegar tudo o que seja de interesse de sua defesa quanto ao
mérito da acusação.
c) caberá a absolvição sumária quando o juiz verificar a existência manifesta de qualquer causa
excludente da culpabilidade.
d) a parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, mas ao magistrado é
facultado ouvi-la como testemunha do juízo.
e) a sentença sempre pode ser proferida por juiz diverso do que tenha presidido a instrução.

28. (Ano: 2013. Banca: CESPE. Órgão: TJ-RN. Prova: Juiz). No que concerne aos procedimentos
em espécie, assinale a opção correta.

a) No procedimento relativo a processos da competência do tribunal do júri, caso o juiz não se convença
da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o
acusado deverá ser sumariamente absolvido.

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b) No rito do tribunal do júri, os jurados excluídos da formação do conselho de sentença, por


impedimento, suspeição ou incompatibilidade, não poderão ser considerados para a constituição do
número legal exigível para a realização da sessão de julgamento.
c) Na Lei n.º 9.099/1995, é prevista a possibilidade de fase prévia de composição civil entre as partes e,
caso obtida a conciliação nos crimes de menor potencial ofensivo de ação penal exclusivamente privada,
a sentença homologatória importará na impossibilidade de futuro exercício do direito de queixa, ainda
que o descumprimento do acordo seja constatado dentro do prazo decadencial.
d) Deve-se adotar o procedimento sumaríssimo, previsto na Lei n.º 9.099/1995, em relação aos crimes
de menor potencial ofensivo, ainda que praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher.
e) No procedimento ordinário, poderão ser inquiridas, durante a instrução processual, até oito
testemunhas arroladas pela acusação e oito testemunhas arroladas pela defesa, incluídas, nesse número,
as que não prestem compromisso.

29. (Ano: 2009. Banca: FUMARC. Órgão: DPE-MG. Prova: Defensor Público). Em relação aos
procedimentos, avalie as afirmativas abaixo:

I. Procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.


II. É considerado procedimento ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade.
III. Procedimento sumário é o que tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4
(quatro) anos de pena privativa de liberdade.
IV. Procedimento sumaríssimo destina-se a infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da
lei.
V. Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições dos
procedimentos previstos em legislação extravagante.

Pode-se afirmar que:

a) Todas as afirmativas estão corretas.


b) Todas as afirmativas estão incorretas.
c) Somente I, III e IV estão corretas.
d) Somente I, II e III estão corretas.
e) Somente III e IV estão corretas.

30. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-RJ. Prova: Juiz Substituto). Em processo que tramita
pelo rito comum ordinário, que conta com 3 (três) acusados e um assistente do Ministério Público
que faz uso da palavra, o tempo reservado ao defensor de cada acusado nos debates orais, como
regra, em minutos, é de

a) 30 (trinta).
b) 10 (dez).
c) 15 (quinze).
d) 20 (vinte).

GABARITO

1– D; 2 – C; 3 – B; 4 – D; 5 – A; 6 – B; 7 – D; 8 – A; 9 – C; 10 – D; 11 – B; 12 – B; 13 – A; 14 – A; 15
– B; 16 – C; 17 – B; 18 – E; 19 – D; 20 – C; 21 – E; 22 – B; 23 – B; 24 – A; 25 – A; 26 – A; 27 – D; 28
– C; 29 – C; 30 – A.

Ver art. 91 CP; art. 67 CPP; art. 185 CPP; art. 209 CPP; art. 212 CPP; art. 322 CPP;art. 366 CPP;

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Ver art. 383 CPP;


Ver art. 394 CPP;
Ver art. 395 CPP;
Ver art. 396 CPP;
Ver art. 396 – A CPP;
Ver art. 397 CPP;
Ver art. 400 CPP;
Ver art. 402 CPP;
Ver art. 403 CPP;
Ver art. 414 CPP;
Ver art. 415 CPP;
Ver art. 474 CPP;
Ver art. 492 CPP;
Ver art. 531 CPP;
Ver súmula 191 STJ;
Ver súmula 273 STJ;
Ver súmula 438 STJ.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

3. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
De acordo com o CPP, sabemos que o procedimento penal será comum ou especial. Conforme
já estudado, o Procedimento comum é o rito padrão do Código de Processo Penal para ser aplicado
residualmente quando não houver procedimento especial previsto em lei.

Nesse viés, os Procedimentos Especiais são previstos no CPP ou em leis especiais, e trazem
regras próprias de tramitação de acordo com as peculiaridades da infração penal.

Exemplos: Procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (arts. 513
a 518); Procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523); Procedimento relativo aos processos
de competência do tribunal do júri (arts. 406 a 497); Lei de Drogas (Lei 11.343/2006); Procedimento
dos crimes de competência originária dos tribunais (Lei 8.038/1990) etc.

Vale ressaltar que existem situações não submetidas a rito especial, mas que a lei
excepciona a regra geral do artigo 394 §1º do CPP, são exemplos:

• Infrações sujeitas à Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha): conforme já mencionado, não
se aplicam as disposições da Lei nº 9.099/95, independentemente da pena prevista (Lei nº
11.340/06, art. 41). Devem ser julgadas no juízo comum ou na vara especializada, se houver.

• Crimes previstos no (Estatuto do Idoso) cuja pena máxima não ultrapasse 04 (quatro)
anos: nesse caso deve ser aplicado o procedimento comum sumaríssimo da Lei nº 9.099/95 (Lei
nº 10.741/03, art. 94). IMPORTANTE: Na ADI 3.096, movida em face do art. 94 da Lei nº
10.741/03, o STF decidiu que o dispositivo deve ser interpretado em favor do idoso (maior
celeridade do rito), e não do autor do fato, razão pela qual os infratores não terão acesso aos
institutos despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais.

• Crimes falimentares: rito será o sumário, independentemente da pena máxima prevista (Lei
nº 11.101/05, art. 185).

• Infrações previstas na (Lei de Organizações Criminosas) e crimes conexos: será adotado o


rito ordinário, independentemente da pena máxima prevista (Lei nº 12.850/13, art. 22). Como
não há proibição expressa, a doutrina entende que continuam aplicáveis os institutos
despenalizadores da Lei nº 9.099/95, para os crimes com pena máxima não superior a 02 (dois)
anos (transação penal, suspensão condicional do processo).

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#VAMOSAPROFUNDAR

Sobre DUAS HIPÓTESES, em que há divergência doutrinaria:


OS CRIMES CONTRA AS LICITAÇÕES e ABUSO DE AUTORIDADE
1ª corrente: defende a aplicação do rito especial dos artigos 513 a 518, do CPP,
para os crimes contra as licitações e abuso de autoridade.
2ª corrente: deveria ser aplicado o rito comum para esses crimes, verificando a
pena para ver qual rito seria aplicado dentre o ordinário, sumario e sumaríssimo.
Para essa corrente:
• Ao contrário da antiga Lei de Abuso de Autoridade, a nova legislação (Lei
13.869/19) não apresenta um procedimento especial para os crimes nela
previstos, apenas indicando a aplicação natural do Código de Processo Penal e
da Lei 9.099/95 naquilo que couber, ou seja, de acordo com as regras desses dois
diplomas legais. Dessa forma, entende-se que os funcionários públicos
processados por Abuso De Autoridade, em regra, submetidos ao rito especial dos
crimes de responsabilidade de funcionário público, previsto no CPP; se pena
máxima abstrata for igual ou inferior a 2 (dois) anos (infrações de menor
potencial ofensivo), seriam submetidos ao rito sumaríssimo, nos termos do artigo
394, § 1º., III, CPP c/c Lei 9.099/95; se dotados de foro por prerrogativa de
função, seriam submetidos ao rito especial para os processos de competência
originária dos Tribunais (Leis 8.038/90 e 8.658/93). Dessa forma, os Tribunais
deverão aplicar, no que couber, os benefícios da Lei 9.099/95 aos seus
jurisdicionados em casos de infrações de menor potencial ofensivo.
• O rito processual, em regra, no caso dos Crimes Próprios Contra As Licitações
será o especial previsto para crimes funcionais. Entretanto, há exceções em que
esse rito não será aplicado, sendo esse entendimento retirado da Jurisprudência
e que podemos aproveitar na aplicação da nova Lei de Licitações: 1ª exceção:
em caso de concurso de crime próprio e crime comum, utilizará o rito comum
conforme a pena prevista; 2ª exceção: em caso de concurso de pessoas onde um
é funcionário público e o outro não; 3ª Exceção: Funcionário público que tem
prerrogativa de foro e pratica o crime no exercício da função.

3.1. PROCEDIMENTO PENAL E A NOVA LEI DE LICITAÇÕES

A revogada Lei nº 8.666/93, trazia em seu bojo um rito processual próprio. Por sua vez a Lei nº
14.133/21, não se ocupou em legislar sobre matéria processual penal.Com isso, gera-se um
questionamento de qual procedimento/rito processual deverá ser seguido nos crimes contra licitações e
contratos administrativos?

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Nessa toada, devemos ter em mente que a nova lei de Licitações trouxe em seu bojo crimes
classificados como próprios – mas não só esses. Neste caso, vejamos duas vertentes que podem ser
seguidas:

1ª corrente: aplica o rito processual previsto para crimes funcionais, artigos 513 a 518, do CPP.
2ª corrente: aplica o rito comum do CPP, segundo esse pensamento, deve ser aplicado o rito comum
para esses crimes, verificando a pena para ver qual rito seria aplicado dentre o ordinário, sumario e
sumaríssimo.
O rito processual que é mais aceito no caso dos crimes próprios é o especial previsto para crimes
funcionais dos artigos 513 a 518, do CPP. Entretanto, há exceções em que esse rito do CPP não será
aplicado, conforme vimos no aprofundamento do tópico anterior.

3.2. PROCEDIMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS


PÚBLICOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ARTS. 513 A 518 DO CPP)

Quando se trata dos crimes cometidos por funcionários públicos, estabelece o Código de
Processo Penal um procedimento diferenciado. Norberto Avena explica que “desde que o agente seja um
funcionário público ou a ele equiparado no exercício da função pública e que o delito esteja sendo praticado
contra a administração pública, tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios serão processados
segundo o rito especial ditado pelo Código de Processo Penal. É o caso das infrações previstas nos arts. 312 a
326 do CP e no 3.º da Lei 8.137/1990. Frise-se que, tratando-se de crimes cometidos por funcionários públicos,
ainda que nesta condição, contra particular, não há a incidência do rito especial. É, por exemplo, o caso da
conduta tipificada no art. 151, § 3.º, do CP. Do mesmo modo, crimes praticados por particulares contra a
administração pública (arts. 328 a 337 do CP) e crimes contra a administração da justiça (arts. 338 a 359 do
CP) também não seguem o rito especial em análise”.

3.2.2. Pontos relevantes sobre o procedimento especial dos crimes funcionais

▪ O procedimento não é aplicado àqueles que possuem foro por prerrogativa de função;
▪ Apenas para crimes afiançáveis.
▪ O prazo para apresentação da defesa prévia é de 15 dias.
▪ Atenção quanto aos momentos de apresentação de defesa (são 2 momentos):
I. Antes de recebida a denúncia, o funcionário público será notificado para apresentar
defesa prévia no prazo de 15 dias. (Não há citação!)

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II. O juiz decide se recebe ou não a denúncia. Caso ele a receba, o funcionário será
citado e deverá apresentar resposta a acusação (já que a denúncia foi oferecida) em
10 dias.

▪ Súmula 330 do STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 o Código de
Processo Penal - CPP, na ação penal instruída por inquérito policial.

▪ O STF, por sua vez, exige sempre a intimação prévia, exceto se o agente não for mais
funcionário público quando da denúncia.

▪ Enunciado 25 do CNCCCRIM exclui o rito especial para particulares que tenham agido em
concurso com o funcionário público: “Por ser privativa do servidor público, o particular
concorrente no crime de abuso de autoridade não faz jus à preliminar contestação prevista no
artigo 514, CPP”.
Não obstante o conteúdo do citado Enunciado 25, há doutrina minoritária que entende que o
particular terá sim, seja qual for o entendimento quanto ao rito, direito à “Resposta à Acusação”,
de acordo com os arts. 396 c/c 394, §4º, CPP. Defendem que a Lei 11.719/08, revogou
tacitamente o disposto no artigo 514, ao tratar inteiramente da matéria, determinando que esse
procedimento tivesse aplicação geral, sem qualquer limitação ou exceção, até mesmo com
relação a leis especiais (artigo 2º, § 1º, LINDB). Sobre o tema da revogação tácita do artigo
514, são os entendimentos de Pacelli e Aury Lopes Júnior, chegando este segundo a mencionar
uma “ordinarização do procedimento especial”.

3.3. PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI – PRINCÍPIOS


CONSTITUCIONAIS

São princípios do tribunal do júri previstos na Constituição Federal (art. 5°, inciso XXXVIII):

1. Plenitude de defesa;
2. Sigilo das votações;
3. Soberania dos veredictos;
4. Competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Nesse sentido, vejamos o texto constitucional:

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Art. 5º, XXXVIII, CF: é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS
APLICÁVEIS NO ÂMBITO
DO JÚRI

Competencia para
Plenitude de Sobenaria dos julgamento dos
Sigilo das votações
defesa Vereditos crimes dolosos
contra vida

3.3.1. PLENITUDE DE DEFESA

No Tribunal do Júri, a defesa técnica poderá se utilizar de argumentação extrajurídica (v.g. social,
sentimental, política criminal) para convencer os jurados de suas teses. Exatamente para ampliar o
entendimento, tendo em vista que a argumentação extrajurídica no lugar da jurídica, muitas vezes é mais
simpática ao entendimento dos jurados e convicente.

Sobre os princípios constitucionais aplicáveis no âmbito do Tribunal do Júri:

O primeiro deles que trata da plenitude de defesa, significa dizer que, nos processos de Júri, mais
que a ampla defesa, exigida em todo e qualquer processo criminal (art. 5, inc. LV, da CF), vigora
a plenitude de defesa. De tal forma que, no Júri, não apenas a defesa técnica, relativa aos
aspectos jurídicos do fato, pode ser produzida. Mais que isso, dada às peculiaridades do
processo e ao fato de que são leigos os juízes, permite-se a utilização de argumentação não
jurídica, com referências as questões sociológicas, religiosas, morais, etc. Ou seja, argumentos
que, normalmente, não seriam considerados fosse a julgamentos proferido por um juiz togado,
no Júri ganham especial relevância, podendo ser explorados à exaustão. (Cunha; Pinto, 2020, p.
1245).

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Nesse ponto, interessante e pertinente se faz a distinção entre o princípio da plenitude de defesa
– princípio típico e próprio do Tribunal do Júri e o princípio da ampla defesa – aplicável em todo o
processo penal, de modo geral.

A primeira diferença entre o princípio da ampla defesa e plenitude de defesa que podemos
apontar é seu âmbito de incidência. Enquanto a ampla defesa aplica-se para todos os processos
judiciais, a plenitude de defesa restringe-se aos processos de competência do Tribunal do Júri (crimes
dolosos contra a vida – consumados ou tentados). A plenitude de defesa materializa-se na defesa técnica
(defesa exercida pelo advogado) e a autodefesa (defesa própria do acusado).

No que concerne ao seu fundamento constitucional, o princípio da ampla defesa encontra


respaldo jurídico ao teor do art. 5º, LV CF, já a plenitudade de defesa é prevista no 5º, XXXVIII, CF.

Por fim, com relação aos argumentos lançados, ao fazer uso da ampla defesa, a defesa do
acusado somente poderá se utilizar de argumentos técnicos-jurídicos, já a plenitude de defesa, por ser
mais abrangente, admite a utilização de argumentos extrajurídicos.

Em resumo:

Ampla Defesa Plenitude de Defesa


Todos os processos judiciais. Apenas Tribunal do Júri.
Art. 5º, LV CF: aos litigantes, em Art. 5º, XXXVIII, CF: é reconhecida a
processo judicial ou administrativo, e aos instituição do júri, com a organização que
acusados em geral são assegurados o lhe der a lei, assegurados:
contraditório e ampla defesa, com os a) a plenitude de defesa;
meios e recursos a ela inerentes;
A defesa só poderá utilizar argumentos A defesa pode utilizar argumentos
técnicos-jurídicos. extrajurídicos.

Nessa linha, preceitua NUCCI (2020):

Assim, no processo criminal, perante o juiz togado, tem o acusado assegurada a ampla defesa,
isto é, vasta possibilidade de se defender, propondo provas, questionando dados, contestando
alegações, enfim, oferecendo os dados técnicos suficientes para que o magistrado possa
considerar equilibrada a demanda, estando de um lado o órgão acusador e de outro uma defesa
eficiente. Por outro lado, no Tribunal do Júri, onde as decisões são tomadas pela íntima
convicção dos jurados, sem qualquer fundamentação, onde prevalece a oralidade dos atos e a
concentração da produção de provas, bem como a identidade física do juiz, torna-se
indispensável que a defesa atue de modo completo e perfeito – logicamente dentro das limitações
impostas pela natureza humana. A intenção do constituinte foi aplicar ao Tribunal Popular um
método que privilegie a defesa, em caso de confronto inafastável com a acusação, homenageando
a sua plenitude. São vários os efeitos extraídos dessa diferença.

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No terceiro quesito – já na segunda fase do procedimento do Tribunal do Júri, o jurado responderá


à seguinte pergunta: “o jurado absolve o acusado”? Nesse momento, o jurado limitar-se-á a responder
SIM ou NÃO, isto porque as decisões dos jurados se submetem ao sistema da íntima convicção, de
modo que não fundamentará as razões de seu voto, motivo pelo qual poderão absolver o acusado pelas
razões extrajurídicas.

No âmbito dos processos de competência do Tribunal do Júri, conforme estudado na teoria geral
das provas, adotamos a íntima convicção do magistrado.

Trata-se do sistema que confere ao julgador total liberdade na formação de seu convencimento,
dispensando-se qualquer motivação sobre as razões que o levaram a esta ou àquela decisão,
sendo irrelevante a circunstância de encontrar-se ou não a prova nos autos. Embora a íntima
convicção não seja o sistema-regra do Código de Processo Penal, não foi abandonada
definitivamente em nosso direito, sendo agasalhada nos julgamentos afetos ao Tribunal do Júri,
caso em que o veredicto absolutório ou condenatório tem origem em um Conselho de Sentença,
integrado por pessoas do povo – os jurados17.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia.
No que concerne aos sistemas de avaliação das provas, o julgamento realizado pelos Juízes leigos
(jurados) no Tribunal do Júri é exemplo do que a doutrina classifica como sistema

A. da prova livre.
B. legal ou tarifado.
C. da íntima convicção.
D. da persuasão racional.
E. da livre convicção motivada.

No âmbito do Tribunal do Júri o CPP adota o sistema da íntima convicção. Assim, gabarito é a letra C.

3.3.2. SIGILO DAS VOTAÇÕES

Pelo princípio do sigilo das votações a ninguém é conferido o direito de conhecer o voto do
jurado. Os jurados não poderão revelar seu voto durante os trabalhos. E qual o fundamento para o
princípio do sigilo das votações? O segredo das votações é postulado que se origina da necessidade de
manter os jurados a salvo de qualquer fonte de coação, embaraço ou constrangimento, por meio da

17 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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garantia de inviolabilidade do teor de seu voto e do recolhimento a recinto não aberto ao público (sala
secreta) para o processo de votação.

Desse modo, a chamada “sala especial” aonde acontece a votação acaba por instrumentalizar a
observância desta garantia constitucional – o sigilo das votações.

Art. 486, CPP: Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz presidente mandará
distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo
7 (sete) delas a palavra sim, 7 (sete) a palavra não.

Art. 487, CPP: Para assegurar o sigilo do voto, o oficial de justiça recolherá em urnas separadas
as cédulas correspondentes aos votos e as não utilizadas.

SIGILO DAS
VOTAÇÕES

Incomunicabilidade
Sala Especial Votação Unânime
dos Jurados

3.3.2.1. Incomunicabilidade dos jurados

Durante o julgamento, bem como, no momento da votação, os jurados não poderão comunicar-
se entre si e/ou com outrem (Juiz, MP, advogados) sobre o processo (nos intervalos poderão conversar
sobre outros motivos), inclusive deverão ser advertidos sobre a necessidade de observância dessa
incomunicabilidade, sob pena de exclusão do conselho de sentença e multa.

CPP, Art. 466. § 1°. O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados,
não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o
processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código.

Candidato, a incomunicabilidade dos jurados no tocante a exposição do seu voto deve


permanecer mesmo após o término da sessão em plenário? Não, o entendimento da doutrina é no sentido
de que não restará prejudicada a incomunicabilidade dos jurados a posterior manifestação do jurado no
sentido de contar qual foi o seu voto, reiteramos, desde que isso se proceda POSTERIORMENTE.

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Jurado que fala “é um crime” durante a sessão de julgamento viola o dever
de incomunicabilidade, acarretando a nulidade absoluta da condenação

Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma
a existência de crime em plena fala da acusação. Caso concreto: durante os
debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça estava em pé na
frente dos jurados apresentando seus argumentos. Em determinado momento, o
Promotor fez uma pergunta retórica: “aí, então, senhores jurados, eu pergunto a
Vossas Excelências: qual foi a conduta que o réu aqui presente praticou?” Uma
das juradas acabou “soltando” a seguinte resposta: “é um crime”. O juiz
presidente do Júri imediatamente a advertiu dizendo: por favor, a senhora não
pode se manifestar. O advogado, contudo, na mesma hora requereu ao
magistrado que consignasse este fato na ata de julgamento. O juiz decidiu que
não houve quebra da incomunicabilidade e seguiu com o julgamento. O réu foi
condenado e a defesa recorreu alegando, entre outros argumentos, que houve
nulidade do julgamento por quebra da incomunicabilidade dos jurados. O STJ
anulou o júri. STJ. 6ª Turma. HC 436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 19/06/2018 (Info 630).

3.3.2.2. Sala Especial

A sala especial além de instrumentalizar a garantia do sigilo das votações, objetiva assegurar aos
jurados a tranquilidade necessária para votar, evitando a intimidação do acusado ou dos populares.

Nesse sentido, prevê o Código de Processo Penal:

Art. 485, CPP: Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério
Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-
se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação.

Desta forma não irão à sala secreta, o acusado e o público. Destaca-se que na sala secreta não se
admite a intervenção das partes de modo a perturbar a livre manifestação do Conselho de Sentença
durante a votação dos quesitos. Em caso de comportamento inconveniente, o juiz retirará a pessoa da
sala, é o que prevê o art. 485, §2º do Código de Processo Penal.

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Art. 485, §2º, CPP: O juiz presidente advertirá as partes de que não será permitida qualquer
intervenção que possa perturbar a livre manifestação do Conselho e fará retirar da sala quem
se portar inconvenientemente.

Candidato, e se não houver sala especial? Na hipótese de o fórum não possuir sala especial, o
CPP prevê que o juiz determinará a saída do público, permanecendo o juiz presidente, os jurados, o
Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça
(art. 485 caput c/c §1º, CPP).

Art. 485, §1º, CPP: Na falta de sala especial, o juiz presidente determinará que o público se
retire, permanecendo somente as pessoas mencionadas no caput deste artigo.

3.3.2.3. Votação Unânime

Até 2008 todos os jurados votavam e o juiz presidente abria todos os votos, desta forma se
houvesse unanimidade, todos os presentes saberiam disto. Acontece que, se todos os jurados
condenassem o acusado, por exemplo, este iria saber que todas aquelas pessoas o condenaram, causando
a inviolabilidade do sigilo dos votos do júri e gerando preocupação nos jurados para possíveis ações que
o sujeito pudesse proporcionar após solto.

Nessa esteira, a Lei n. 11.689 de 2008 altera esse cenário. A partir de 2008, após a intitulada
reforma processual penal, a partir do quarto voto no mesmo sentido a votação já será interrompida.

Vejamos de forma ESQUEMATIZADA:

Antes da Lei 11.689/08 A partir da Lei 11.689/08


Todos os 7 votos eram contados 4º voto no mesmo sentido: votação
interrompida.
Votação unânime: era possível conhecer o voto de Não é mais possível conhecer o voto de todos os
todos os jurados. jurados.
Violação ao sigilo das votações Respeito ao sigilo das votações

Art. 483, §1º, CPP: A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos
referidos nos incisos I (materialidade) e II (autoria) do caput deste artigo encerra a votação e
implica a absolvição do acusado.

Observe que a resposta negativa de 4 votos dos jurados nos quesitos de materialidade e de autoria
(somente nesses dois quesitos) acarreta a absolvição do acusado e encerramento das votações.

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No entanto para a doutrina havendo quatro votos, a votação deve ser interrompida em todos
os quesitos (e não apenas nos dois primeiros – materialidade e autoria), preservando-se o sigilo das
votações. Desta forma em qualquer quesito que houver votação de 4 votos negativos ou positivos, a
votação deve ser encerrada e passada adiante para o próximo quesito.

3.3.3. SOBERANIA DOS VEREDITOS

“Por ele, somente os jurados podem decidir pela procedência ou não da imputação. Na precisa
de lição de José Frederico Marques, a soberania deve ser entendida como “impossibilidade de os juízes
togados se substituírem aos jurados na decisão da causa” (Elementos de direito processual penal,
III/262). Em suma: um tribunal formado por juízes togados não pode modificar, no mérito, a
decisão do Júri popular”. (Cunha; Pinto, 2020, p. 1248).

A decisão dos jurados é soberana, isto é, nenhum juiz ou tribunal poderá reformar, no mérito,
a decisão do Conselho de Sentença. No entanto a anulação é admissível.

Corroborando ao exposto, preleciona Alexandre Cebrian e Victor Eduardo 18:

Consiste na proibição de que órgãos jurisdicionais de instância superior substituam por


outra a decisão proferida pelo tribunal popular (conselho de sentença), no tocante ao
reconhecimento da procedência ou improcedência da pretensão punitiva. O postulado não
tem incidência, portanto, sobre o teor da decisão do juiz-presidente, que, em caso de condenação
ou de absolvição imprópria, deve aplicar a pena ou medida de segurança que decorre do
veredicto.

A soberania, todavia, não impede que os tribunais de segundo grau ou os superiores anulem o
veredicto em decorrência de vício processual (reconhecimento de nulidade), nem que o veredicto
seja cassado por ser manifestamente contrário à prova dos autos, desde que, nessa última
hipótese, por apenas uma vez (art. 593, § 3°, do CPP). Em ambos os casos, ou seja, também
quando o tribunal decidir que a decisão dos jurados é divorciada da prova dos autos, nada mais
poderá fazer senão determinar que o acusado seja submetido a novo julgamento pelo júri,
garantindo, assim, que o litígio penal seja resolvido em definitivo pelo tribunal popular.

Vamos ESQUEMATIZAR?

Reforma Anulação
Erro in judicando Erro in procedendo
Mérito Procedimento (formal)

18Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado). 1. Processo penal – Legislação – Brasil I.
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Lenza, Pedro. III. Título. IV. Série.

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3.3.3.1. Recorribilidade das decisões do Tribunal do Júri

Embora as decisões do Conselho de Sentença não possam ser modificadas no mérito, é possível
a interposição de recurso das decisões do Tribunal do Júri.

Art. 593, III, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:

III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

No caso de nulidade posterior ao momento da pronúncia, será solicitada a anulação do júri.

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

Aqui em nada afeta a soberania dos vereditos, se impugna a sentença do juiz-presidente. Será
feita uma retificação, mas não anulação e não será necessário proceder novo júri.

c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança

Também um pedido de retificação, sem anulação do júri.

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Cumpre destacarmos que a possibilidade de interposição de recurso de Apelação nas hipóteses


vinculadas do CPP não viola o princípio da soberania dos vereditos, isto porque o pedido é para que
o Tribunal anule o Júri e não reforme a sentença dos jurados.

Matéria de competência do Juiz-Presidente Matéria de competência dos jurados


Cabe recurso ao Tribunal buscando a reforma Cabe recurso para o Tribunal buscando a
(modificação do mérito) anulação (Tribunal não pode invadir o mérito)
Ex. Erro no cálculo da pena. Ex. Decisão dos jurados manifestamente
contrária à prova dos autos.

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A determinação de realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri não contraria o


princípio constitucional da soberania dos vereditos quando a decisão for manifestamente
contrária à prova dos autos

A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser manifestamente contrária à prova dos autos,
não viola a regra constitucional que assegura a soberania dos veredictos do júri (art. 5º, XXXVIII,
c, da CF/88). Vale ressaltar, ainda, que não há contrariedade à cláusula de que ninguém pode ser
julgado mais de uma vez pelo mesmo crime. Ainda que se forme um segundo Conselho de
Sentença, o julgamento é um só, e termina com o trânsito em julgado da decisão. STF. 1ª Turma.
RHC 170559/MT, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 10/3/2020 (Info 969).

3.3.3.2. Revisão Criminal no âmbito do Tribunal do Júri

Cabe revisão criminal das decisões condenatórias transitadas em julgado, proferidas no Tribunal
do Júri.

Candidato, em caso de procedência da revisão criminal, o Tribunal deverá anular o Júri


ou poderá absolver o réu? Existem duas correntes, uma mais tradicional (deve ser adotada em
certames de MP, Tribunais ou Delegados) que afirma que deverá ser anulado o júri e submeter o réu a
novo julgamento, não sendo possível absolver desde logo, em razão da soberania dos vereditos. E uma
segunda corrente em que afirma ser possível absolver desde logo, nada impedindo que o tribunal faça
o juízo rescisório, tendo em vista que a soberania dos vereditos é uma garantia do acusado e neste caso
é mais benéfico para este a absolvição do que o novo júri (entendimento recente da doutrina e de alguns
julgados).

3.3.4. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO NOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA

“A competência do tribunal do júri é para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados
ou consumados. Essa competência é constitucional (eis que prevista no art. 5°, inciso XXXVIII, alínea
“d”, da Constituição Federal) e mínima (pode ser ampliada pela legislação infraconstitucional, não
podendo ser, porém, reduzida). Os crimes dolosos contra a vida são apenas aqueles previstos nos artigos
121 a 127 do Código Penal, daí porque não são competências do tribunal do júri os crimes de latrocínio
(Súmula n° 603 do STF), lesão corporal seguida de morte, estupro seguido de morte etc”. (ALVES,
2020, p. 288).

Em RESUMO:

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Crimes
dolosos contra
a vida

Homicídio Participação
Infanticídio Aborto
doloso no suicídio

São crimes dolosos contra a vida:


- Homicídio doloso (Homicídio Culposo [121, §3º, CP / Hom. Culp. Trânsito 302, CTB] → não);
- Participação no suicídio;
Obs.: com a alteração produzida no art. 122 do Código Penal em 2019, é importante ficarmos atento ao fato de que
surge na doutrina uma discussão sobre o fato de que não será da competência do Júri todas as formas de cometimento do
delito, por exemplo, as condutas relacionadas a automutilação – por ser crime contra a integridade física, não seria atribuição
do Tribunal do Júri. A questão ainda é bastante controversa, Fábio Roque defende que o art. 122 do CP, permaneceria em
sua integralidade como sendo da competência do Júri. Noutra banda, o prof. Rogério Sanches compreende não ser do Júri a
conduta relacionada a automutilação, sendo da competência do juiz singular. Conforme apontamos no início, trata-se de
questão controversa na doutrina e ainda não sedimentada, posto tratar-se de alteração legislativa recentíssima.

- Infanticídio;
- Aborto.

Art. 74, § 1º, CPP: Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts.
121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou
tentados.

3.3.4.1. Inafastabilidade e irredutibilidade da competência do júri para os crimes dolosos contra a


vida

Não é conferido ao legislador ordinário, nem mesmo ao poder constituinte derivado reformador
(por emendas constitucionais) o poder de afastar ou reduzir a competência do Júri para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida.

A competência dos crimes dolosos contra a vida pelo Tribunal do Júri é garantia constitucional
prevista ao teor do art. 5° da CF, e assim sendo, constitui-se em cláusula pétrea – não podendo ser objeto
de proposta tendente a abolir.

Nesse sentido, a Carta Magna:

Art. 60, § 4º, CF: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
os direitos e garantias individuais.

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3.3.4.2. Competência mínima: O legislador pode ampliar

Conforme visto acima, não é dado ao legislador o poder de afastar ou reduzir a competência do
Júri para julgamento dos crimes dolosos contra a vida, contudo o legislador ordinário poderá ampliar
a competência do Tribunal do Júri para além do julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Corroborando ao exposto, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto (2020):

A Constituição prevê o princípio da competência mínima para julgamento dos crimes dolosos
contra a vida. Diz-se mínima em virtude de que, no mínimo, os crimes dolosos contra a vida
devem ser julgados pelo Tribunal do Júri, nada impedindo que o legislador
infraconstitucional amplie tal competência para que outros delitos, de natureza diversa,
sejam também apreciados pelo povo.

Assim, temos que a competência instituída foi a competência mínima, posto que é dado ao
legislador a possibilidade de ampliar.

➢ CRIMES CONEXOS

O legislador inclusive já fez a ampliação supracitada, ampliando a competência do Tribunal do


Júri nas hipóteses dos crimes conexos.

Assim, os crimes conexos aos dolosos contra a vida também serão julgados pelo Tribunal do Júri.
Nesse sentido, o teor do Código de Processo Penal:

Art. 78, CPP: Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas
as seguintes regras:

I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,


prevalecerá a competência do júri.

Desta forma para a Constituição, o júri julga crimes dolosos contra a vida, e para legislação
ordinária o júri julga os crimes dolosos contra a vida e também os conexos ou continentes aos dolosos
contra a vida.

➢ MORTES DOLOSAS NÃO JULGADAS PELO TRIBUNAL DO JÚRI

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NÃO é da
Competência do
Tribunal do Júri

Foro por
Latrocínio Ato infracional Genocídio Prerrogativa de
Função

a) Latrocínio (crime contra o patrimônio). Art. 157, § 3º, II, CP. Em sendo o latrocínio
crime contra o patrimônio, e não contra a vida, o delito não é de competência do Tribunal do
Júri. Não obstante o entendimento, a questão já foi tão discutida que se tornou objeto de Súmula.
Desse modo, superando qualquer dúvida que restasse, o STF publicou a súmula 603 dispondo
que a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do
Tribunal do Júri.

Súmula 603, STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz


singular e não do Tribunal do Júri.

b) Ato Infracional (competência da Vara da Infância e Juventude). O ato infracional que


consiste em fato análogo ao crime não será de competência do Tribunal do Júri. Assim, por
exemplo, se houver um crime praticado por um maior em concurso de agentes com um ato
infracional praticado por adolescente, não haverá união de processos, ainda que exista conexão
ou continência, haverá separação obrigatória.

Art. 79, II, CPP: A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,
salvo: no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.

c) Genocídio: por não se tratar de crime contra a vida, mas de crime contra a humanidade
não é da competência do Tribunal do Júri. Candidato, é correto afirmarmos que em nenhuma
hipótese o crime de genocídio será de competência do Júri? Não, não é correto, isso porque se
o crime for praticado com morte dos membros do grupo, o tribunal do júri será competente para
julgar o crime de homicídio e o genocídio, operando-se uma conexão, tendo a competência do
Júri via atrativa.

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d) Foro por Prerrogativa de Função prevista na Constituição Federal: na hipótese do


acusado ser detentor de foro por prerrogativa de função e o crime tenha sido praticado durante
o exercício do cargo e relacionado às funções, a competência para o julgamento é do Tribunal.

Ex.: Homicídio cometido por Juízes e promotores, a competência é do Tribunal de Justiça e não
do júri. Lembrando que as autoridades que tiverem foro por prerrogativa de função previstos na
Constituição Estadual, em relação a estes prevalecerá o tribunal do júri (competência prevista na
Constituição Federal).

Conforme dito acima, devemos ficar atentos ao teor da Súmula 721 do STF, isso porque se o foro
por prerrogativa de função estiver previsto apenas e tão somente na Constituição Estadual, deverá
prevalecer a competência do Tribunal do Júri.

Vejamos:

Súmula 721-STF: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.

Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre


o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

A súmula de n. 721 permanece válida, sendo convertida posteriormente na SV 45.

3.3.5. PROCEDIMENTO BIFÁSICO

Procedimento
Bifásico

Sumário da Culpa Judicium Causae

Art. 394, § 3º CPP: Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento


observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.

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O procedimento do júri é um procedimento BIFÁSICO: composto por uma fase denominada de


judicium accusatione (ou sumário da culpa) e uma fase denominada de judicium causae. Sobre essas
duas fases, explica o prof. Norberto Avena19:

Persiste a divisão do procedimento em DUAS PARTES: a primeira, denominada judicium


accusatione ou sumário da culpa, abrangendo os atos praticados desde o recebimento da denúncia
até a pronúncia; e a segunda, chamada judicium causae, compreendendo os atos situados entre a
pronúncia e o julgamento pelo Tribunal do Júri. Por isso é que se diz que o rito do júri é
escalonado, bipartido.

1ª Fase: Sumário da culpa (Judicium Accusationis)

“A primeira fase é conhecida como fase da formação da culpa ou sumaria da culpa ou


instrução preliminar ou juízo de admissibilidade ou juízo de acusação (judicium accusationis). É
aquela que tramita exclusivamente perante o juiz-presidente do tribunal do júri.” (ALVES, 2020, p. 291).

A fase do sumário da culpa tem início com o oferecimento da peça acusatória, a qual, via de
regra, é a denúncia. Contudo, em caso de inércia do Ministério Público a peça acusatória passa a ser a
queixa-crime (ação penal privada subsidiária da pública). A fase termina com uma das quatro decisões:
pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação.

Assim:

Início: Oferecimento da peça acusatória: Como regra Denúncia, em caso de inércia do MP a


queixa subsidiária.

Fim: Uma das quatro decisões (pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação).

2ª Fase: Judicium Causae (Caso a decisão da 1º fase seja de pronúncia)

“Já a segunda fase é conhecida como fase do julgamento propriamente dito ou da acusação
em plenário ou juízo de mérito ou juízo da causa (judicium causae). Esta fase se desenvolve no
plenário do tribunal do júri, perante os jurados. O marco divisório entre essas duas fases é a decisão de
pronúncia”. (ALVES, 2020, P. 291).

Início: Preparação do processo para o julgamento em plenário (art. 422, CPP), após a decisão de
pronúncia.

Fim: Sessão de julgamento no Plenário do Júri.

19 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Em RESUMO:

1º Fase: Sumário da Culpa 2º Fase: Juízo da Causa


(Judicium Accusationis) (Judicium Causae)
Apenas o juiz togado (juiz sumariante) Presença do juiz-presidente e dos jurados
Juízo de admissibilidade: O juiz sumariante Decisão de Mérito
apenas julga admissível a acusação para (Condenação / Absolvição)
submeter o acusado a julgamento perante o
Tribunal do Júri.
Prazo de 90 dias O CPP não prevê prazo máximo para
encerramento.
Art. 412, CPP: O procedimento será concluído Se demorar mais de 6 meses causa de
no prazo máximo de 90 (noventa) dias. desaforamento.

3.3.5.1. Sumário da Culpa (Primeira fase do Procedimento Especial do Júri)

a) Juízo de Admissibilidade

O sumário da culpa é a primeira fase do procedimento especial do júri em que o juiz sumariante
tão somente julgará se a acusação é admissível. O juiz sumariante, portanto, apenas avaliará se há
certeza da existência do crime doloso contra a vida e se há indícios suficientes de autoria ou de
participação do acusado, não ingressando no mérito da acusação (não pode condenar) o acusado,
porque o juiz natural, nos crimes dolosos contra a vida, é o Conselho de Sentença.

b) Rito

• Oferecimento da Peça Acusatória

O procedimento do Júri tem início com o oferecimento da peça acusatória, sendo, em regra, a
denúncia – por se tratar os crimes dolosos contra a vida de crimes de ação penal pública incondicionada.
Em regra? Sim, pois é possível em caso de inércia do Ministério Público que seja ofertada queixa-crime
subsidiária (ação penal privada subsidiária da pública).

Conforme prevê o art. 406, § 2º do Código de Processo Penal, é conferido a acusação a


possibilidade de arrolar até 8 testemunhas nessa primeira fase do sumário da culpa. Já em plenário,
admite-se que sejam arroladas até 5 testemunhas.

Art. 406, § 2º CPP: A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na
denúncia ou na queixa.

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Sumário da culpa (1º fase) Plenário do júri (2º fase)


A TÉ 8 TESTEMUNHAS ATÉ 5 TESTEMUNHAS

• Rejeição ou recebimento da Peça Acusatória

Após o oferecimento da peça acusatória, abrem-se duas possibilidades ao magistrado, este poderá
receber a denúncia, se preenchidos todos os requisitos necessários ou rejeitá-la (art. 395, CPP – inépcia,
falta de pressuposto ou condição para a ação penal ou falta de justa causa para o exercício da ação penal).
Da decisão de rejeição da peça acusatória é cabível a interposição de recurso em sentido estrito
(art. 581 do CPP), já a decisão de recebimento é irrecorrível.
Assim:
Rejeição Recebimento
CABE RESE IRRECORRÍVEL

Art. 406, “caput”, CPP: O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado
para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Uma vez recebida a peça acusatória (denúncia ou queixa), o juiz ordenará a citação do acusado
para apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias. E se não for apresentada? Conforme prevê o
art. 408 do CPP, não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la
em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.

• Citação
Após receber a peça acusatória, o juiz procederá com a citação do acusado para apresentar
resposta à acusação. Assim, desde 2008 tem o objetivo de chamar o acusado ao processo para oferecer
resposta a acusação.

• Resposta à acusação

Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até
o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário (Art. 406, §3º,
CPP).

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• Manifestação do Ministério Público

Uma vez apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias (art. 409, CPP).

• Audiência de instrução, debates e julgamento

Art. 411, “caput”, CPP: Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do


ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta
ordem, bem como os esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas
e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate.

- Ofendido (se possível)

- Testemunhas (acusação e defesa, nesta ordem)

- Peritos

- Acareações

- Reconhecimento

- Interrogatório

- Ao final o juiz proferirá sentença.

• Alegações finais orais (em audiência)

Nessa fase, as alegações finais serão apresentadas, em regra, de forma oral. Será oportunizado a
acusação o tempo de 20 minutos com prorrogação de 10 minutos. Ao assistente de acusação, caso tenha,
será conferido o tempo de 10 minutos. Por fim, a defesa contará com 20 minutos, admitindo-se
igualmente, prorrogação de 10 minutos.
Em resumo:
- Acusação: 20 minutos + 10 minutos
- Assistente de acusação (se houver): 10 minutos
- Defesa: 20 minutos + 10 minutos
Obs. Se houver assistente de acusação: A defesa falará por 20 min + 20 min

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Art. 411, § 4º, CPP: As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à
acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).

§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um
deles será individual.

§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez)


minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

Observação. Poderá ocorrer a substituição das alegações orais por memoriais escritos nos casos
de complexidade, pluralidade de acusados e caso existam diligências para serem realizadas.

Nesse sentido, o art. 403, §3º, CPP “o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o
número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação
de memoriais”. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte,
a audiência será concluída sem as alegações finais (art. 404, CPP).

• Decisão (Pronúncia, Impronúncia, Absolvição Sumária ou Desclassificação)

A decisão do juiz sumariante será proferida em audiência (após os debates orais) ou no prazo de
10 dias.

Art. 411, §9º, CPP: Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez)
dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.

Ao final da 1ª fase do Júri, o juiz sumariante poderá tomar quatro decisões. E quais são elas?

Decisões ao final
da 1ª fase do Júri

Absolvição
Pronúncia Impronúncia Desclassificação
Sumária

- Pronúncia: decisão proferida quando há certeza da materialidade e indícios suficientes de


autoria e participação, pronunciando o acusado e dando início a segunda fase do júri.

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Assim, “quando houver indícios suficientes de autoria e prova de materialidade delitiva, a


decisão será de pronúncia, a qual submeterá o réu a julgamento em plenário (art. 413, caput, do CPP). ”
(ALVES, 2020, p. 293).

- Impronúncia: quando não se tem certeza da materialidade ou existência de indícios suficientes


de autoria e participação, deverá impronunciar.

- Desclassificação: o juiz pode entender que aquele delito não é doloso contra vida. Exemplo,
lesão corporal e não homicídio tentado. Encaminhando os autos ao juízo comum singular.

- Absolvição Sumária: tem natureza de sentença de mérito. Quando Juiz entende que o sujeito
não praticou o crime, o fato não existiu, ou há causa excludente de ilicitude ou culpabilidade (exceto
inimputabilidade, a não ser que seja a única tese defensiva) ou ainda se o juiz entende que o fato é
penalmente atípico (sujeito atira contra uma pessoa já morta).

Em resumo, ao final da primeira fase do Tribunal do Júri poderemos ter 4 decisões:

Pronúncia

Impronúncia

Desclassificação

Absolvição Sumária

➢ Impronúncia

A decisão de impronúncia é proferida na hipótese do magistrado não se convencer da materialidade


do fato ou da existência de indícios de autoria ou de participação. A decisão de impronúncia não há
enfrentamento da questão do mérito da demanda, de modo que, se posteriormente tivermos fundamento
suficiente, poderá ser formulada nova denúncia, se houver prova nova.

Art. 414, CPP: Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios


suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o
acusado.

Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova
denúncia ou queixa se houver prova nova.

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Natureza Jurídica

Candidato, qual a natureza jurídica da decisão de impronúncia? A impronúncia é uma decisão


interlocutória mista terminativa (também chamada pela doutrina de decisão “com força de definitiva”),
será proferida na hipótese do juiz sumariante não se convencer da materialidade do fato ou diante da
inexistência de indícios suficientes de autoria ou participação.

- Decisão Interlocutória: não aprecia o mérito (não há juízo de inocência).

- Mista: coloca fim a uma fase procedimental.

- Terminativa: coloca fim ao processo.

Cuidado: apesar de a natureza jurídica da impronúncia ser decisão interlocutória mista


terminativa, o Código de Processo Penal a denomina equivocadamente de “sentença”.

Art. 416, CPP: Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.

Coisa Julgada Formal

A decisão de impronúncia faz apenas coisa julgada formal, visto que é possível formular nova
denúncia se houver prova nova enquanto não prescrever o crime.

Art. 414, parágrafo único, CPP: Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.

Infrações Conexas
O juiz sumariante não deve julgar o mérito das infrações conexas quando impronunciar o
crime doloso contra a vida. Com a preclusão da impronúncia, o crime conexo será remetido ao juízo
competente.

Despronúncia

A despronúncia é a decisão em que a pronúncia anterior é transformada em impronúncia, em


virtude da interposição de recurso em sentido estrito – seja por ocasião do juízo de retratação ou por
provimento do recurso pelo Tribunal.

Conforme visto, da decisão de pronúncia cabe recurso em sentido estrito. Na hipótese de ser
realizado o juízo de retratação (art. 589, CPP) ou provido o RESE pelo Tribunal, entendendo pela

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hipótese de impronúncia, teremos o que a doutrina convencionalmente denominou de


DESPRONÚNCIA.

Juiz sumariante > Pronúncia – Recurso em Sentido Estrito – Tribunal > Impronúncia.

Exemplo: o juiz pronuncia o acusado, porém, este interpõe recurso em sentido estrito, e o
Tribunal entende que não há certeza da materialidade ou indícios suficientes de autoria e participação,
desta feita o tribunal irá impronunciar o acusado julgando de forma procedente o recurso ora interposto.
Esta impronuncia realizada em segunda instância pelo tribunal após julgar recurso advindo do 1º grau,
é chamada pela doutrina de despronúncia.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (Pág. 1010, 2020): 20

Há a chamada despronúncia quando a decisão anterior da pronúncia se transforma em


impronúncia. Isso pode ocorrer de duas formas: a) o acusado é pronunciado e interpõe recurso
em sentido estrito contra esta decisão (art. 581, IV, CPP); o juiz poderá, dentro do juízo de
retratação (art. 589. CPP) alterar sua decisão de pronúncia e, acatando os argumentos da defesa,
agora entender que era, realmente, o caso de impronúncia. Ocorrerá, então, uma despronúncia
em primeiro grau. b) a) o acusado é pronunciado e interpõe recurso em sentido estrito contra esta
decisão (art. 581, IV, CPP); o juiz não se retrata e encaminha os autos ao tribunal, que, apreciando
o recurso, dá-lhe provimento e entende que é o caso de impronúncia. Ocorrerá a despronúncia
em segundo grau.

Recurso
A decisão de impronúncia desafia recurso de apelação.

Art. 416, CPP: Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.

Para melhor guardamos a informação, vejamos o quadro esquematizado abaixo com uma dica de
memorização!

Recurso cabível
Pronúncia / Desclassificação Impronúncia / Absolvição sumária
(Consoante) (Vogal)
Recurso em sentido estrito Apelação

Candidato, o acusado tem interesse recursal de apelar contra a decisão de impronúncia?


Sim, o acusado impronunciado poderá apelar contra a decisão de impronúncia (coisa julgada formal -
Art. 414, p. único CPP-, o acusado pode ter uma nova denúncia caso haja novas provas) para obter a

20Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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absolvição sumária (coisa julgada formal e material, ou seja, ainda que haja novas provas, não será
possível novo processo ”non bis in idem”).

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2015 Banca: MPDFT Órgão: MPDFT Prova: MPDFT - 2015 - MPDFT - Promotor de Justiça
Adjunto. Examine as assertivas acerca do Tribunal do Júri e marque a INCORRETA:

A. Como a impronúncia não produz coisa julgada material, deve ser impugnada por recurso em
sentido estrito.
B. Os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para
comparecer na sessão plenária.
C. O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado e por 25 jurados, que serão sorteados dentre
os alistados.
D. Durante a sessão plenária do Tribunal do Júri, se não for absolutamente necessário, não se
permitirá o uso de algemas no acusado e as partes não poderão fazer referência a este tema, como
argumento de autoridade que beneficie ou prejudique o réu, sob pena de nulidade.
E. No caso de desclassificação pelos jurados, de tentativa de homicídio para lesão corporal
gravíssima, os autos não são remetidos ao juiz criminal competente, cabendo ao Juiz presidente do
Tribunal do Júri proferir sentença.

A decisão de impronúncia, de fato, só faz coisa julgada formal, o que significa dizer que enquanto não
ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
Contudo, o equívoco da questão é apontar que o recurso cabível da impronúncia é o RESE. Em verdade,
a decisão de impronúncia desafia o recurso de apelação. Desse modo, a questão errada e gabarito é a
letra A, já que o examinador pediu do candidato assinalasse a alternativa INCORRETA.

➢ Desclassificação

A desclassificação ocorre quando o juiz sumariante entender que não se trata de crime doloso
contra a vida.

Conforme estudamos no início deste conteúdo, o Tribunal do Júri possui competência apenas
para julgar os crimes dolosos contra a vida. Desse modo, uma vez iniciado o processo, caso o magistrado
posteriormente compreenda e se convença no sentido de que não se trata de crime doloso contra a vida,
procederá a desclassificação, posto que não possui competência para julgamento.

Corroborando ao exposto, Rogério Sanches Cunha e Ronaldo Batista Pinto:

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A decisão de desclassificação, prevista neste dispositivo, é cabível quando o juiz entender que o
delito apontado na acusação não se inclui dentre aqueles de competência do Tribunal do Júri.

Ex.: Na imputação de homicídio tentado (art. 121, c.c. art. 14, II, ambos do CP), o juiz sumariante
não constata o “animus necandi” (intenção de matar), procedendo à desclassificação para lesão corporal
(art. 129, CP).

Art. 419, “caput”, CPP: Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da
existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código (não doloso contra a
vida) e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.

Se uma comarca tem vara única, o juiz pode ser sumariante e competente para julgar os demais
casos criminais, neste caso se este desclassificar o crime, não remeterá os autos a outro juiz, tendo em
vista que ele também é competente.

Por fim, cumpre destacarmos que contra a decisão de desclassificação cabe RESE – recurso em
sentido estrito.

Ementatio Libelli
A desclassificação só será possível se o novo delito não for doloso contra a vida.

Ex.1: Homicídio ⟹ Lesão Corporal. O sujeito foi denunciado por homicídio, mas o crime era
de lesão corporal.

Ex.2: Morte com Embriaguez: Homicídio Doloso (Dolo Eventual) ⟹ Homicídio Culposo (Culpa
Consciente). Art. 302 § 2º, CTB. O sujeito foi denunciado por homicídio doloso, mas o crime era de
homicídio culposo. Cumpre lembrarmos que o Júri só tem competência para julgar os crimes
DOLOSOS. Assim, em se tratando de crime culposo, não terá competência/atribuição.

Se o novo delito (o juiz entende que o primeiro é doloso contra a vida, mas está equivocado na
denúncia, mas o segundo também é doloso contra a vida de fato) for doloso contra a vida: o juiz
sumariante procederá à “emendatio libelli” e realizará a pronúncia. Nesse sentido, o art. 418 do
CPP:

Art. 418, CPP: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da
acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.

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Ex.: Se o MP imputou Homicídio, é perfeitamente que o juiz sumariante aplique a ementatio


libelli e reconheça um outro crime doloso contra a vida como o Infanticídio, proferindo a pronúncia do
acusado. Não haverá aqui a desclassificação.

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto

Em relação ao procedimento relativo aos processos de competência do Tribunal do Júri, assinale a


alternativa correta.

A. O desaforamento não poderá ser determinado sob a alegação de excesso de serviço.


B. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado
fique sujeito a pena mais grave.
C. Encerrada a instrução probatória, ainda durante a primeira fase, as alegações serão orais,
concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 10 (dez) minutos,
prorrogáveis por mais 10 (dez).
D. O procedimento será concluído no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias.

Gab. B, conforme prevê o art. 418 do CPP. Entre as hipóteses que admitem o desaforamento temos o
excesso de serviço como causa ensejadora (art. 428, CPP); O prazo para as alegações orais é de 20
minutos prorrogáveis por mais 10 minutos (art. 411, §4º, CPP); O procedimento deverá ser concluído
no prazo máximo de 90 dias (art. 412, CPP).

Natureza Jurídica

A desclassificação é decisão interlocutória mista não terminativa.

- Decisão Interlocutória: não aprecia o mérito (não há juízo de inocência).

- Mista: coloca fim a uma fase procedimental.

- Não Terminativa: não coloca fim ao processo.

Conforme pontuamos assim, da decisão de desclassificação é cabível o recurso em sentido estrito


(RESE).

Desqualificação

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A desqualificação não deve ser confundida com a desclassificação. Na desclassificação, o juiz


sumariante identifica que não está diante de um crime doloso contra a vida. Já na desqualificação,
teremos a exclusão de qualificadoras. Assim, a desqualificação trata-se de supressão de qualificadora
imposta na inicial acusatória, é também denominada de “decote da qualificadora”.

Ex.: O Ministério Público oferece a denúncia imputando um homicídio qualificado. O juiz


sumariante, ao decidir, realiza a pronúncia do acusado por homicídio simples, excluindo a qualificadora.

A desqualificação é excepcional: só será cabível diante de qualificadora manifestamente


improcedente.

Em RESUMO:

Desclassificação Desqualificação
O juiz entende que não se trata de crime de O juiz sumariante, ao decidir, realiza a
competência do Tribunal do Júri, leia-se, não se pronúncia do acusado por homicídio simples,
trata de crimes dolosos contra a vida. excluindo a qualificadora.

Encaminhamento dos autos ao juízo competente


Preclusa a desclassificação, os autos devem ser encaminhados ao juízo competente

Desclassificação para crime não doloso contra a vida


1º Fase (sumário da culpa) 2º fase (judicium causae)
Remessa ao juízo competente Quem sentencia é o juiz presidente do júri
Art. 419, “caput”, CPP Art. 492, §1º, CPP.

Recurso
Candidato, qual o recurso cabível da decisão de desclassificação? Recurso em Sentido Estrito.

Art. 581, II, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença que
concluir pela incompetência do juízo.

Lembre-se dá dica! Das decisões que começam com vogal (Absolvição sumária – Impronúncia)
cabe recurso que também começa com vogal (apelação), e da decisão que começa com consoante
(Pronúncia / Desclassificação) caberá recurso que começa com consoante (Recurso em Sentido Estrito).
Agora ficou fácil, né? Rs.

➢ Absolvição sumária

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Das decisões que encerram a primeira fase do Júri temos também a absolvição sumária. E quando
será cabível? A absolvição sumária será cabível na hipótese de [1] estar provada a inexistência do fato;
[2] estar provado não ser o sujeito autor ou partícipe do fato; [3] o fato não constituir infração penal; ou,
por fim [4] estar demonstrada causa de isenção de pena ou exclusão do crime.
Nesse sentido, vejamos o Código de Processo Penal:

Art. 415, CPP: O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando:

I – provada a inexistência do fato;

Se o crime doloso contra a vida não existiu, juízo de certeza, o juiz irá proferir uma decisão de
absolvição sumária. Se houver dúvida o juiz deverá proferir decisão de impronúncia.

II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;

Se o juiz tiver certeza que o acusado não cometeu ou participou o crime, haverá absolvição
sumária.

III – o fato não constituir infração penal; (crime impossível).

Se o suposto crime doloso imputado pelo MP, não for fato penalmente típico, o juiz deverá
proferir também absolvição sumária. (Ex. Atirar em corpo morto).

IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime

Caso o juiz constate uma causa de isenção de pena ou exclusão do crime (excludente de ilicitude
ou de culpabilidade), também deverá proferir decisão de absolvição sumária.

Observação. Se existir uma causa de excludente de ilicitude ou culpabilidade na 1º fase do júri,


o juiz deverá ter certeza da existência para que haja absolvição sumária. No entanto se houver
apenas a fundada dúvida da existência de uma causa de excludente de ilicitude ou culpabilidade no
procedimento comum ou especiais (excluído o júri) nos termos do art. 386 do CPP, o acusado também
deverá ser absolvido.

Natureza Jurídica

A absolvição sumária é sentença de mérito, tratando-se de sentença absolutória.

Coisa julgada formal e material

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Tratando-se de sentença de mérito, a absolvição sumária faz coisa julgada formal e material.
Desta feita, não cabe novo processo nem mesmo no caso de nova prova.

Recurso
A decisão de absolvição sumária desafia o recurso de Apelação, é o que prevê o art. 416 do CPP.
Vejamos:

Art. 416, CPP: Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá


apelação.

Inimputável

O inimputável somente poderá ser absolvido sumariamente se essa for a única tese defensiva.

Art. 415, parágrafo único, CPP: Não se aplica o disposto no inciso IV (absolvição sumária) do
caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.

Quando o magistrado absolve o acusado sumariamente em virtude reconhecimento da


inimputabilidade, estamos diante da chamada absolvição sumária imprópria.

Absolvição Sumária Imprópria: O inimputável absolvido sumariamente no júri será submetido


a medida de segurança (internação ou tratamento ambulatorial).

Se houver outras teses (por exemplo legítima defesa), ele poderá ser submetido ao Tribunal do
Júri para tentar sua absolvição própria.

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2020 Banca: FCC Órgão: TJ-MS Prova: FCC - 2020 - TJ-MS - Juiz Substituto. Cabível a
absolvição sumária:

A. se demonstrada a existência de causa de exclusão do crime, mas unicamente no procedimento do


júri.
B. se provado, no procedimento comum, não ser o acusado autor ou partícipe do fato.
C. por inimputabilidade, em determinada situação, no procedimento do júri.
D. se demonstrada, no procedimento comum, a manifesta existência de qualquer causa excludente
da culpabilidade.
E. sempre que demonstrada, no procedimento do júri, a existência de causa de isenção de pena.
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Será admissível a absolvição sumária do acusado em caso de inimputabilidade, contudo somente quando
esta for a única tese defensiva. Dessa forma, correta a assertiva C, a qual menciona ser cabível a
absolvição sumária por inimputabilidade, em determinada situação, no procedimento do júri.

➢ Pronúncia

Cabimento

Quando houver certeza da existência do crime doloso contra a vida e indícios suficientes de
autoria ou de participação.

Art. 413, “caput”, CPP: O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

§ 1° A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da


existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o
dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras
e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

§ 2° Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção
da liberdade provisória. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

§ 3° O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da


prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto,
sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no
Título IX do Livro I deste Código.

Princípio do “in dubio pro societate”

Pelo princípio do “in dubio pro societate”, em determinadas fases do processo penal – como no
oferecimento da denúncia e na prolação da decisão de pronúncia – inverte-se a lógica: a dúvida não
favorece o réu, e sim a sociedade.

Para a pronúncia, a doutrina clássica e os entendimentos jurisprudenciais dominantes entendem


que basta um juízo de probabilidade quanto à autoria/participação, não se exigindo certeza, de modo
que havendo dúvidas, o réu deverá ser pronunciado. Em caso de dúvida, ao fim do sumário da culpa,
o juiz deve pronunciar. Há posição doutrinária e decisões de Tribunais Superiores sustentando ser
aplicável, também na fase da pronúncia, o brocardo “in dubio pro reo”.

Natureza jurídica

A pronúncia é decisão interlocutória mista não terminativa.

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- Decisão Interlocutória: não aprecia o mérito (a ser julgado pelo Conselho de Sentença).

- Mista: coloca fim a uma fase procedimental (sumário da culpa).

- Não Terminativa: não coloca fim ao processo (Sessão de Julgamento).

Conteúdo da pronúncia

O juiz não poderá falar de tudo na decisão de pronúncia, estará limitado a:

(1) Materialidade + autoria/participação


(2) Juízo de tipicidade - Capitulação jurídica (crime, exemplo homicídio) + Tipicidade
por Extensão (exemplo, tentativa, participação)
(3) Qualificadoras/causas de aumento de pena - Os privilégios e causa de diminuição de
pena, não deverão constar na decisão de pronúncia, salvo a especificação de “tentativa”
(diminuição de pena), que deverá se fazer presente.

Art. 413, § 1o, CPP: A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da (1) materialidade
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz (2)
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias (3) qualificadoras e as causas de aumento de pena.

Eloquência acusatória: Pronúncia com excesso de fundamentação

O juiz sumariante deve valer-se de termos sóbrios e comedidos com o fim de evitar indevida
influência no “animus judicandi” dos jurados, não podendo adentrar profundamente no mérito, sob pena
de nulidade (exemplo, “não há dúvidas de que o acusado é o autor do homicídio”), não sendo necessário
demonstração de prejuízo.

A invasão do mérito pelo juiz sumariante na decisão de pronúncia, se chama eloquência


acusatória, portanto, essa eloquência acusatória é a pronúncia com excesso de fundamentação que
importa a nulidade absoluta da pronúncia (STF – HC 95.260).

Pronúncia: nulidade por excesso de “eloquência acusatória”. 1. É inadmissível,


conforme a jurisprudência consolidada do STF, a pronúncia cuja
fundamentação extrapola a demonstração da concorrência dos seus
pressupostos legais (CPrPen, art. 408) e assume, com afirmações apodíticas e
minudência no cotejo analítico da prova, a versão acusatória ou rejeita
peremptoriamente a da defesa (v.g., HC 68.606, 18/06/91, Celso, RTJ 136/1215;
HC 69.133, 24/03/92, Celso, RTJ 140/917; HC 73.126, 27/02/96, Sanches, DJ
17/05/96; RHC 77.044, 26/05/98, Pertence, DJ 07/08/98). 2. O que reclama

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prova, no juízo da pronúncia, é a existência do crime; não, a autoria, para a qual


basta a concorrência de indícios, que, portanto, o juiz deve cingir-se a indicar. 3.
No caso, as expressões utilizadas pelo órgão prolator do acórdão confirmatório
da sentença de pronúncia, no que concerne à autoria dos delitos, não se revelam
compatíveis com a dupla exigência de sobriedade e de comedimento a que os
magistrados e Tribunais, sob pena de ilegítima influência sobre o ânimo dos
jurados, devem submeter-se quando praticam o ato culminante do judicium
accusationis (RT 522/361).

O prof. Eduardo Gonçalves21 destaca que “a eloquência só causa nulidade se decisão de


pronúncia for lida aos jurados ou eles tiverem de alguma forma conhecimento dela: para aferir a
eloquência acusatória e, consequente nulidade da decisão de pronúncia, há de se constatar se as
expressões utilizadas influíram no julgamento pelos jurados e, se efetivamente lidas na sessão de
julgamento. Só há nulidade quando referências da sentença de pronúncia são explicitadas pelo juiz
presidente durante o julgamento”.

Emendatio Libelli e Mutatio Libelli na primeira fase do júri

O juiz poderá aplicar a “emendatio libelli” na 1ª Fase do Júri.

Art. 418, CPP: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação,
embora o acusado fique sujeito a pena mais grave.

Ou seja, o juiz poderá dar ao fato outra capitulação jurídica, desde que seja também um crime
doloso contra a vida, tendo em vista que se não for doloso contra a vida, o juiz deverá desclassificar e
encaminhar os autos ao juízo competente. Ex.: Narração de infanticídio e capitulação por homicídio.

Igualmente, o juiz poderá aplicar a “mutatio libelli” na 1ª Fase do Júri, ao final da audiência da
instrução (antes da pronúncia, em regra).

Art. 411, §3º, CPP: Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no
art. 384 deste Código.

Ex.: O acusado é denunciado por homicídio simples. Durante a instrução, surge prova nova de
que o homicídio aconteceu mediante paga (crime mercenário). Finda a instrução, o Ministério Público
adita a denúncia para incluir a qualificadora da “paga”, aplicando-se a “mutatio libelli.

21 http://www.eduardorgoncalves.com.br/2017/09/voce-sabe-o-que-e-eloquencia-acusatoria.html

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Infrações conexas à pronúncia

Pronunciado o acusado pelo crime doloso contra a vida, o crime conexo será automaticamente
submetido ao Tribunal do Júri. Ex.: Homicídio e Furto Insignificante.

Ao decidir sobre a pronúncia, se o juiz verificar que há prova da materialidade e indícios da


autoria em relação ao homicídio, deverá pronunciar o acusado pelos dois delitos, ainda que o furto seja
insignificante (fato atípico). Apenas no Plenário é que a Defesa poderá sustentar que o furto
insignificante é fato atípico, absolvendo o acusado.

Por isso, não é possível a cisão na pronúncia: ainda que o crime conexo seja suscetível de
desclassificação ou absolvição sumária, pronunciado o acusado pelo crime doloso contra a vida.

Efeitos da pronúncia

a) Submissão do acusado a julgamento perante o tribunal do júri - Uma vez pronunciado, o


acusado será julgado pelo Tribunal do Júri.

b) Limitação da acusação em plenário: Correlação entre pronúncia e quesitação - Em plenário, a


acusação será limitada à imputação contida na pronúncia.

Pronúncia: Homicídio simples Quesitos: Homicídio simples

A qualificadora ou causa de aumento de pena não contida na pronúncia não poderá ser
quesitada.

Pronúncia: Homicídio simples Quesitos: Homicídio qualificado

Art. 482, p. único, CPP: Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e
distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária
precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações
das partes.

Recurso

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O recurso cabível contra a pronúncia é o Recurso em Sentido Estrito. Art. 581, IV, CPP: Caberá
recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença que pronunciar o réu.

Recurso cabível
Pronúncia / Desclassificação Impronúncia /Absolvição sumária
(Consoante) (Vogal)
Recurso em sentido estrito Apelação

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Prova: VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto. De
acordo com as regras processuais do procedimento relativo aos crimes dolosos contra a vida:

A. a fundamentação da sentença de pronúncia limitar-se-á à indicação de materialidade do fato e


demonstração efetiva da prova de autoria ou de participação.
B. observado o princípio in dubio pro reo o juiz deverá impronunciar o acusado se verificado apenas
indícios de autoria.
C. contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.
D. ocorrido o trânsito em julgado da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri determinará a
intimação do órgão do Ministério Público para oferecimento de libelo crime acusatório, podendo este
requerer diligências, arrolar no máximo cinco testemunhas que irão depor em plenário e, ainda, juntar
documentos.
E. o assistente da acusação não tem legitimidade para representar o pedido de desaforamento.

Gab. C. Conforme sintetizado no quadro-resumo acima, da decisão de impronúncia e absolvição sumária


cabe o recurso de apelação.

Desaforamento

- Conceito

Nas lições de Norberto Avena, “o desaforamento consiste no deslocamento do julgamento pelo


júri para Comarca distinta daquela onde tramitou o processo criminal, podendo ser determinado pelo
Tribunal competente a partir de requerimento de qualquer das partes (Ministério Público, querelante,
assistente de acusação ou defesa) e inclusive pelo juiz, mediante representação àquele Colegiado”.

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Compreendido que o desaforamento é esse deslocamento do julgamento de uma comarca para


outra distinta a fim de que seja julgado em outra comarca, questiona-se, qual seria a razão de ser do
desaforamento? Qual a necessidade desse deslocamento?

O Código de Processo Penal prevê ao teor do seu art. 427 e 428 os legitimados ao pedido de
desaforamento, bem como, as razões ensejadoras, ou seja, as hipóteses em que é possível o
desaforamento.

Nessa esteira, os motivos que autorizam o desaforamento são: interesse da ordem pública;
existência de dúvida sobre a imparcialidade do Júri; dúvida sobre a segurança do acusado, e, por
fim, excesso de serviço (quando o julgamento não for realizado no período de 6 meses).

Vejamos:

Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade
do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do
assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá
determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não
existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.

§ 1o O pedido de desaforamento será distribuído imediatamente e terá preferência de julgamento


na Câmara ou Turma competente.

§ 2o Sendo relevantes os motivos alegados, o relator poderá determinar, fundamentadamente, a


suspensão do julgamento pelo júri.

§ 3o Será ouvido o juiz presidente, quando a medida não tiver sido por ele solicitada.

§ 4o Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento,


não se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido
durante ou após a realização de julgamento anulado.

Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso
de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado
no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.

§ 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos,
diligências ou incidentes de interesse da defesa.

§ 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em


quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões
periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a
imediata realização do julgamento.

Cumpre recordarmos que a medida do desaforamento tem caráter excepcional, admitindo-se


somente nas hipóteses previstas em lei. Além disso, trata-se de circunstância que altera a competência
territorial.

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Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça
– Reaplicação. Procedimento incidental, o desaforamento consiste no deslocamento da competência de
uma comarca para outra, para que nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri, caso ocorra
alguma das hipóteses excepcionais previstas nos artigos 427 e 428, do Código de Processo Penal. Dentre
essas hipóteses, é incorreto afirmar:

A. São circunstancias que podem acarretar o desaforamento: se o interesse da ordem pública o


reclamar, houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado.
B. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço,
ouvidos o Juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 1 (um)
ano, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
C. Na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não
se admitirá o pedido de desaforamento, salvo, nesta última hipótese, quanto a fato ocorrido durante ou
após a realização de julgamento anulado.
D. Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em
quantidade que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas
previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal que determine a imediata realização
do julgamento.

Nos moldes do art. 428 do CPP, o desaforamento também poderá ser determinado, em razão do
comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder
ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia. Assim,
o prazo conferido pela legislação é de 6 meses, e não um ano, conforme propõe a assertiva B, gabarito
da questão – já que o examinador cobrou que o candidato assinalasse a questão incorreta.

- Hipóteses

(1) Interesse da ordem pública;


(2) Dúvida sobre a imparcialidade do júri; pode ocorrer de que os jurados sejam amigos do acusado,
percebe-se através das mídias sociais por exemplo.

A mera presunção de parcialidade dos jurados do Tribunal do Júri em


razão da divulgação dos fatos e da opinião da mídia é insuficiente para o
desaforamento do julgamento para outra comarca

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O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por


fatos objetivos e concretos a parcialidade do Conselho de Sentença. A simples
presunção de que os jurados poderiam ter sido influenciados por ampla
divulgação do caso pela mídia e a mera suspeita acerca da parcialidade dos
jurados não justificam a adoção dessa medida excepcional. STJ. 5ª Turma. HC
492964-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).

(3) Dúvida sobre a segurança pessoal do acusado; crime em cidade pequena, quando a escolta
policial é reduzida.
(4) Excesso de serviço: se o julgamento não é realizado em 6 meses.

Candidato, uma vez superada a causa ensejadora do desaforamento, é possível o retorno deste
processo para à comarca de origem? Admite-se o chamado reaforamento? O reaforamento consiste
no retorno à Comarca original, após a transferência, por desaforamento, do processo a ser julgado pelo
Tribunal do Júri, quando cessada a razão original determinante da modificação de competência.

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Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto
De acordo com as previsões legalmente estabelecidas (CPP, art. 427 e 428), é correto afirmar que o
desaforamento

A. pode ser determinado, se houver dúvida quanto à imparcialidade do Júri.


B. deve ser indeferido de pronto, se motivado unicamente por excesso de serviço do órgão judicial.
C. pode ocorrer, a fim de preservar a segurança pessoal da vítima e de seus familiares.
D. pode ser determinado de ofício pelo Juiz Presidente do Tribunal do Júri.
E. quando deferido, deve levar o julgamento para Comarca de outra região do Estado.

Gab. A, o desaforamento é cabível quando tivermos dúvidas sobre a imparcialidade do Júri.

- Competência
É o Tribunal quem tem competência para determinar o desaforamento.

- Iniciativa

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Ao analisarmos o art. 427 do CPP, contemplamos que são legitimas ao requerimento do


desaforamento:

(1) Ministério Público;

(2) Acusado;

(3) Assistente de Acusação;

(4) Querelante (ação penal privada subsidiária da pública);

(5) Juiz (oficio).

3.3.5.2. Segunda fase do procedimento do júri (judicium causae)

a) Preparação para o julgamento em Plenário

A preparação para o julgamento em Plenário inicia a 2ª fase do Procedimento do Júri.

Art. 421, CPP: Preclusa a decisão de pronúncia (ausência ou desprovimento do RESE), os autos
serão encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri.

b) Intimação das partes para indicar testemunhas, pleitear diligências e juntar


documentos.

Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do


órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo
de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de
5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.

As partes serão intimadas para:

- Apresentar rol de testemunhas. Apenas até o n° de 5 testemunhas nessa fase. (Na 1º fase,
conforme estudamos pode arrolar até 8).

- Requerer diligências

- Juntar documentos.

No tocante a juntada de documentos, as partes, em regra, podem juntar documentos em qualquer


fase do processo, contudo nessa segunda fase se o documento disser respeito ao fato julgado, este deverá
ser juntado em até 3 dias úteis antes do Plenário.

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Documento ou objeto somente pode ser lido ou exibido no júri se a parte


adversa tiver sido cientificada de sua juntada com até 3 dias úteis de
antecedência

Segundo o art. 479 do CPP: “Durante o julgamento não será permitida a leitura
de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com
a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.” O
prazo de 3 dias úteis a que se refere o art. 479 do CPP deve ser respeitado não
apenas para a juntada de documento ou objeto, mas também para a ciência da
parte contrária a respeito de sua utilização no Tribunal do Júri. Em outras
palavras, não só a juntada, mas também a ciência da parte interessada deve
ocorrer até 3 dias úteis antes do início do júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1637288-
SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 8/8/2017 (Info 610).

c) Ordenamento do Processo

Art. 423, CPP: Deliberando sobre os requerimentos de provas a serem produzidas ou exibidas
no plenário do júri, e adotadas as providências devidas, o juiz presidente:

I – ordenará as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que
interesse ao julgamento da causa;

II – fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do


Tribunal do Júri.

O relatório sucinto será entregue aos jurados no momento em que forem sorteados.

d) Designação do dia do Julgamento

Após as providências, o Juiz-Presidente designará dia para o julgamento. Lembrando que não há
prazo máximo para designação, no entanto se decorrido mais de 6 meses, pode haver desaforamento.

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e) Habilitação do Assistente

O assistente de acusação em processos comuns pode se habilitar a qualquer tempo até o trânsito
em julgado, no entanto para o júri deve requerer sua habilitação até 5 dias antes do Plenário.

Art. 430, CPP: O assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 (cinco)
dias antes da data da sessão na qual pretenda atuar.

f) Organização do Júri

ORGANIZAÇÃO
DO JÚRI

25 Jurados: 7 constituirão o
Juiz Presidente
Conselho de sentença

Juiz presidente + 25 jurados (7 constituirão o Conselho de Sentença).

Art. 447, CPP: O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25
(vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão
o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.

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Ano: 2012 Banca: NC-UFPR Órgão: TJ-PR Prova: NC-UFPR - 2012 - TJ-PR – Juiz. Como é composto
o Tribunal do Júri?

A. Um (01) Juiz togado que o preside, vinte e cinco (25) jurados que serão sorteados entre os
alistados, exigindo-se a presença de pelo menos quinze (15) para a instalação dos trabalhos.
B. Um (01) Juiz togado que o preside, quinze (15) jurados sorteados entre os vinte e cinco (25)
alistados, exigindo-se a presença de pelo menos sete (07) para a instalação dos trabalhos.

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C. Um (01) Juiz togado que o preside, sete (07) jurados sorteados entre os quinze (15) presentes na
abertura dos trabalhos, o réu ou réus, o representante do Ministério Público, ao menos um (01) Advogado
de defesa e o Escrivão.
D. Um (01) Juiz togado que o preside, sete (07) jurados sorteados entre os vinte e cinco (alistados),
o réu ou réus, o representante do Ministério Público, ao menos um (01) Advogado de defesa.

Gab. A, conforme prevê o art. 447 do CPP.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PB Prova: FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto.
O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado, seu presidente e por

A. sete jurados.
B. vinte e cinco jurados.
C. vinte e um jurados.
D. nove jurados.
E. quinze jurados.

Gab. B, conforme prevê o art. 447 do CPP.

• Requisitos para ser jurado

Não é toda e qualquer pessoa que poderá ser jurado, a legislação impõe requisitos para que o
indivíduo possa ser jurado, são eles: ser cidadão, ter idade mínima de 18 anos e possuir idoneidade
notória.

▪ Cidadão: Deve estar em pleno gozo de seus direitos políticos.


▪ 18 Anos: Até 2008 só era possível que o jurava fosse maior de 21 anos.
▪ Idoneidade notória: O sujeito deve ser reconhecido pela sociedade como pessoa
idônea.

Art. 436, CPP: O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores
de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade.

A doutrina estabelece ainda como requisito para ser jurado a condição:

- Alfabetizado: Tendo em vista que deverá ler o resumo e as cópias (pronúncia).

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- Não pode ser cego ou surdo: Durante os trabalhos as partes (defesa e MP), mostraram
documentos e explanam suas teses, desta forma é necessário que os jurados vejam e ouçam.

• Pessoas isentas do Júri

Algumas pessoas, por expressa autorização legal, estão isentas do Júri. Em regra, estarão isentos
aqueles indivíduos que já possuírem alguma relação com o serviço público. Nesse sentido, vejamos o
teor do art. 437 do CPP, o qual nos traz o rol das pessoas isentas do serviço do Júri.

Vejamos:

Art. 437, CPP: Estão isentos do serviço do júri:

I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;

II – os Governadores e seus respectivos Secretários;

III – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital
e Municipais;

IV – os Prefeitos Municipais;

V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública;

VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;

VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública;

VIII – os militares em serviço ativo;

IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa;

X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento.

• Lista de jurados

A cada ano, o juiz presidente alistará as pessoas para servirem como jurados no ano subsequente.
Conforme prevê o art. 426 do CPP, a lista geral será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro
de cada ano, e poderá ser alterada de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz
presidente até o dia 10 de novembro.

Vejamos:

Art. 426, “caput”, CPP: A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões,
será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais
afixados à porta do Tribunal do Júri.

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Candidato, qual o recurso cabível contra inclusão ou exclusão de determinado jurado na


lista? Dessa decisão que incluir ou excluir jurado da lista geral, caberá recurso em sentido estrito,
determinando o art. 586, parágrafo único, que o prazo da impugnação – apenas nesse caso – será de 20
dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados (que ocorre até o dia 10 de novembro).

→ Recurso em Sentido Estrito, no prazo de 20 dias, da publicação definitiva da lista de jurados.

Art. 581, XIV, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença
que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir.

Art. 581, p. único, CPP: No caso do art. 581, XIV (RESE de jurado na lista geral), o prazo será
de vinte dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.

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Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: MPE-SP Prova: VUNESP - 2018 - MPE-SP - Analista Jurídico do
Ministério Público. Em relação ao procedimento do júri, assinale a alternativa correta.

A. O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à
publicação da lista geral não será excluído em casos de comprovada necessidade.
B. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa
até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.
C. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do
Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias,
apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 8 (oito), oportunidade em
que poderão juntar documentos e requerer diligência.
D. Nos casos de desaforamento requerido por alguma das partes, poderá ser ouvido o juiz presidente,
caso o relator assim julgue necessário.
E. Excesso de serviço não justifica pedido de desaforamento.

Gab. B

• Fim do jurado profissional

Se o jurado foi sorteado e compôs o Conselho de Sentença nos 12 meses anteriores à publicação
da lista geral, quando for feita nova lista, ele não participará dela, por exemplo, o jurado que serviu o
júri em 2019 será excluído da lista de 2020, mas poderá voltar em 2021.

Nesse sentido, o CPP:

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Art. 426, §4º, CPP: O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses
que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído.

g) Sessão de julgamento

Instalação: 15 jurados

Para o início da sessão de julgamento, precisam estar presentes, pelo menos, 15 jurados. Serão
computados os jurados excluídos por impedimento ou suspeição.

Art. 462, CPP: Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz
presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados,
mandando que o escrivão proceda à chamada deles.

Art. 463, CPP: Comparecendo, pelo menos, 15 jurados, o juiz presidente declarará instalados
os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento.

§ 1° O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos.

§ 2° Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a


constituição do número legal.

Formação do conselho de sentença

Dos 25 jurados intimados, 7 jurados serão escolhidos.

• Sorteio:

Art. 467, CPP: Verificando que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados presentes,
o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença

• Recusas motivadas

As recusas motivadas têm fundamento nas causas de impedimento, suspeição e


incompatibilidade dos jurados, com base nos artigos 448 e 449, CPP as recusas motivadas serão
ilimitadas.

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• Recusas imotivadas

A recusa imotivada é aquela em que não há necessidade de apontar o motivo, cada parte tem
direito a três recusas peremptórias.

- 1º: Defesa: A defesa primeiramente fará a recusa. Aceitando aquele jurado, o juiz presidente
passará a perguntar para a acusação, se aceita ou recusa.

- 2º: Acusação

Art. 468, “caput”, CPP: À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente
as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados,
até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa.

• Estouro de urna22

O estouro de urna acontecerá quando não for possível a formação do Conselho de Sentença,
em razão das recusas (sejam motivadas ou motivadas).

Ex.: 15 jurados estão presentes para julgar 4 réus. Cada defensor recusa 3 jurados diferentes
(totalizando 12 recusas). Não haverá o número mínimo de 7 jurados para o Conselho de Sentença.

Se, em razão das recusas (motivadas e/ou imotivadas), não houver o número mínimo para
formação do conselho de sentença (7 jurados), o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido, após sorteados os suplentes necessários.

Art. 469, § 1º CPP: A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas,
não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença.

Portanto, no caso de pluralidade de acusados, em razão do estouro de urna, haverá separação


obrigatória de todos os jurados.

22 O chamado estouro de urna ocorre quando se torna impossível formar um conselho de sentença no plenário do júri por
insuficiência de jurados necessários para a instauração da sessão de julgamento. Ocorre dificilmente em casos onde, por
exemplo, presentes quinze jurados (art. 463, CPP), são iniciados os trabalhos e dispensados três jurados de forma imotivada,
por defesa e acusação respectivamente, e, além dos seis, são dispensados mais três por motivo de suspeição ou
impedimento. No exemplo, restariam apenas seis jurados e, sendo necessários sete, se tornaria impossível a realização do
julgamento.
< https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2168614/o-que-se-entende-por-estouro-de-urna-luana-souza-delitti>

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• Compromisso
Os jurados, conforme prevê o art. 472 do CPP, deverão prestar juramento. Assim,
nominalmente chamados pelo presidente, responderão: “Assim o prometo. ”

Art. 472, “caput”, CPP: Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com
ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos
a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a
vossa consciência e os ditames da justiça.

• Jurado recebe cópias da pronúncia e relatório do processo

Após prestarem seu compromisso, os jurados receberão cópias da pronúncia e o relatório do


processo.

Art. 472, parágrafo único, CPP: O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o
caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.

h) Instrução probatória em plenário

O sujeito normalmente será ouvido primeiramente com testemunhas e vítima, se possível, na fase
do inquérito policial, e da mesma forma também será ouvido na primeira fase do procedimento do júri.
Como os jurados cumprem o papel de juiz natural do processo do júri, estes deverão ter contato com a
prova oral produzida em juízo, e desta forma, a instrução probatória deverá ser renovada em plenário.

Art. 473, CPP: Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária
quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do
acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e
inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação.

Art. 474, CPP: A seguir será o acusado interrogado, se estiver presente, na forma estabelecida
no Capítulo III do Título VII do Livro I deste Código, com as alterações introduzidas nesta Seção.

• Declarações do ofendido (se possível, em virtude que se consumado a vítima estará morta).

• Testemunhas (Apenas até 5, na segunda fase do júri);

• Acareações;

• Reconhecimento de pessoas e coisas;

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• Peritos;

• Interrogatório (sempre ao final do procedimento).

• Participação dos jurados

Os jurados (destinatários da prova) poderão participar ativamente da produção da prova em


plenário, requerendo:

- Reperguntas (ofendido, testemunha e acusado) por intermédio do juiz-presidente; O juiz pede para que
o jurado escreva sua pergunta para que não atrapalhe e revele seu voto.

- Acareações, reconhecimentos e esclarecimento dos peritos;

- Leitura de peças.

Art. 473, § 2º, CPP: Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às testemunhas, por
intermédio do juiz presidente.

Art. 474, § 2º CPP: Os jurados formularão perguntas (ao acusado, no interrogatório) por
intermédio do juiz presidente.

Art. 473, § 3º ,CPP: As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de


pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram.

• Leitura de peças

A partir da Lei 11.689/08 (antes de 2008 poderia ser solicitada que o oficial de justiça lesse
qualquer peça em plenário), somente poderão ser lidas em plenário as seguintes peças:

- Provas colhidas por carta precatória; (ainda que a testemunha seja intimada a comparecer
em juízo, ela não será obrigada a prestar depoimento em comarca distinta de sua residência).

- Provas cautelares, antecipadas e não repetíveis (exemplo, laudo pericial ou interceptação


telefônica).

Art. 473, § 3º, CPP: As partes e os jurados poderão requerer acareações, reconhecimento de
pessoas e coisas e esclarecimento dos peritos, bem como a leitura de peças que se refiram,

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exclusivamente, às provas colhidas por carta precatória e às provas cautelares, antecipadas


ou não repetíveis.

• Uso de algemas

Em regra, não se permitirá o uso de algemas durante a sessão de julgamento, exceto:

a) Necessidade absoluta à ordem dos trabalhos;


b) Necessidade absoluta à segurança das testemunhas;
c) Necessidade absoluta à garantia da integridade física dos presentes.

Se o acusado demonstrar alguma atitude intimidatória, insinuação de agressão é possível que o


juiz determine o uso de algemas, com decisão fundamentada.

Art. 477, § 3º, CPP: Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que
permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à
segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.

• Debates

O Ministério Público e Defesa farão debates orais para convencer os jurados de suas teses.

• Tempo

Cada parte terá direito a 1h30. A réplica e a tréplica serão feitas em 1h, e em caso de mais de um
acusado, os tempos serão acrescidos em 1h.

Um acusado Pluralidade de acusados


Debates Debates
Réplica e tréplica Réplica e tréplica
(MP / Defesa) (MP / Defesa)
1h:30 1h 2h30 2h

Caso haja mais de um acusador ou defensor, deverá ocorrer um acordo entre os profissionais para
administração do tempo. Mão havendo acordo, o juiz dividirá o tempo de cada um.

• Réplica

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A réplica é uma faculdade (não obrigatória) do Ministério Público de usar a palavra para
contra-arrazoar as teses defensivas expostas nos debates orais. Não indo o Ministério Público à réplica,
a Defesa não poderá ir à tréplica.

• Tréplica

A tréplica é a faculdade da Defesa de usar a palavra, por último, para contra argumentar as
teses acusatórias.

Candidato a defesa pode inovar (tese nova) na tréplica? Existem três correntes, a 1º afirma
que não pode se inovar na tréplica, sob pena de violação ao contraditório. A 2º afirma que sim, pode
inovar na tréplica, em observância à plenitude de defesa. Enquanto que a 3º afirma que sim, mas o MP
deve ser ouvido depois, ou seja, a defesa poderá inovar, mas o MP terá o mesmo tempo da tréplica,
prestigiando o contraditório.

• Argumentos de autoridade

São argumentos utilizados para convencer os jurados no que não dizem respeito à prova dos
autos, nos quais não poderão ser utilizados como argumento de autoridade para beneficiar ou
prejudicar o acusado:

- Pronúncia/Acórdão em RESE; Ex. Invocar que na decisão de pronúncia há indícios suficientes


para indicar a autoria/participação do acusado.

- Uso de Algemas; Ex. O acusado está algemado, portanto é perigoso e merece ser condenado.
Da mesma forma que a defesa não pode afirmar que o acusado está humilhado, algemado
perante a sociedade, etc.

- Silêncio do acusado; Ex. O acusado tem a oportunidade de falar a verdade e se calou e “quem
cala consente”.

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- Falta de interrogatório do acusado por falta de requerimento. Ex. Da mesma forma que
qualquer das partes afirme que não pode condenar ou absolver pela ausência de interrogatório,
que não tenha havido requerimento.

Art. 478, CPP: Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências:

I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à


determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem
o acusado;

II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu


prejuízo

• Exibição e leitura de documentos em plenário

No plenário do júri existe uma exceção à regra de se juntar documentos a qualquer tempo do
CPP, o documento ou a exibição de objeto pode ser juntado até 3 dias úteis de antecedência, dando-
se ciência à parte contrária.

Art. 479, CPP: Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a
exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3
dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou qualquer


outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros,
croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato
submetida à apreciação e julgamento dos jurados.

Proibido Permitido
Matéria do fato daquele processo Assuntos correlatos

Ex. Reportagem de jornal ou televisão Ex. Reportagem sobre feminicídio.


(Datena / Linha direta) sobre aquele homicídio. Ex. Julgado do STF sobre motivo fútil.

• Acusado indefeso

Em caso de falta de defesa técnica (ex. suspenso da OAB) ou atuação deficiente do defensor
(ex. Usa a palavra por poucos minutos), o juiz-presidente julgará o acusado indefeso, dissolverá o
Conselho de Sentença, designará novo dia para julgamento e ordenará a constituição de novo defensor.

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Art. 497, V, CPP: São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri nomear defensor ao
acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, neste caso, dissolver o Conselho e designar
novo dia para o julgamento, com a nomeação ou a constituição de novo defensor.

• Sociedade indefesa

Se o Ministério Público negligencia aos jurados as provas dos autos, seja o seu pedido
condenatório, seja o seu pedido absolutório, o juiz declarará a sociedade indefesa. Será emitido oficio
ao PGJ para nomeação de outro Promotor para sustentar a acusação, em novo dia.

i) Esclarecimentos aos jurados

Art. 480, § 1º, CPP: Concluídos os debates, o presidente indagará dos jurados se estão
habilitados a julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos.

Se os jurados entenderam que ainda precisam de outros esclarecimentos, poderão acessar os autos
e os instrumentos do crime:

Art. 480, § 3º, CPP: Os jurados, nesta fase do procedimento, terão acesso aos autos e aos
instrumentos do crime se solicitarem ao juiz presidente.

Havendo diligência essencial ao julgamento que não puder ser realizada imediatamente, o juiz
presidente dissolverá o Conselho de Sentença e ordenará as diligências necessárias.

Art. 481, “caput”, CPP: Se a verificação de qualquer fato, reconhecida como essencial para o
julgamento da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz presidente dissolverá o
Conselho, ordenando a realização das diligências entendidas necessárias.

j) Quesitos

Os quesitos são as perguntas formuladas aos jurados sobre:

- Materialidade;

- Autoria ou participação;

- Eventual absolvição do acusado;

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- Causas de diminuição de pena;

- Causas de aumento de pena;

- Qualificadoras

Art. 482, CPP: O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado
deve ser absolvido.

Matéria de fato Matéria de Direito


(Ex. autoria) (Ex. dosimetria da pena)
Jurados Juiz presidente

• Formulação dos quesitos

Os quesitos devem ser formulados com proposições afirmativas, simples e distintas.

Art. 482, parágrafo único, CPP: Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples
e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária
precisão (...).

Em caso de mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries


distintas. Ex.: Primeiro existirá uma série de quesitos para o Homicídio e posteriormente uma série de
quesitos para o Estupro.

Art. 483, §6º, CPP: Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão
formulados em séries distintas.

• Fonte dos quesitos

Decisão de pronúncia (ou decisões posteriores que julgaram admissível a acusação).

Art. 482, parágrafo único, CPP: (...) Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos
da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação (ex.: acórdão em
RESE), do interrogatório e das alegações das partes.

• Leitura dos quesitos

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O juiz lerá os quesitos às partes e, a seguir, os explicará aos jurados.

Art. 484, CPP: A seguir (após formular os quesitos), o presidente lerá os quesitos e indagará das
partes se têm requerimento ou reclamação a fazer, devendo qualquer deles, bem como a
decisão, constar da ata.

Parágrafo único. Ainda em plenário, o juiz presidente explicará aos jurados o significado de
cada quesito.

O juiz deverá explicar aos jurados, tendo em vista que são leigos e deverão compreender o que
de fato significa cada quesito.

• Ordem dos quesitos

Art. 483, CPP: Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre:

I – a materialidade do fato;

II – a autoria ou participação;

III – se o acusado deve ser absolvido (O jurado absolve o acusado?);

IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa;

V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia


ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.

- Materialidade

Neste quesito questiona-se sobre a existência do crime. Não se refere em nenhum momento a
autoria.

Ex.: No dia x, às ... horas, a vítima ... foi atingida por disparos de arma de fogo?

Art. 483, §1º, CPP: A resposta negativa, de mais de 3 jurados, a qualquer dos quesitos referidos
nos incisos I (materialidade) e II (autoria/participação) do caput deste artigo encerra a votação e
implica a absolvição do acusado.

A partir do 4º voto (seja no sentido de sim ou de não) em relação ao inciso I e ao inciso II bem
como aos demais quesitos formulados, (entendimento estendido pela doutrina) o juiz deve encerrar a
abertura de votos e consignar a maioria, de maneira a preservar o sigilo das votações.

Se julgar um homicídio consumado, o primeiro quesito deve se desdobrar em dois:

(1) Lesões Corporais: Aconteceram ferimentos?

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(2) Nexo Causal: Os ferimentos foram a causa eficiente da morte?

- Autoria

Quesito em que se pergunta se o acusado praticou/participou do crime.

- Julgamento por autoria: Ex.: O acusado foi o autor dos disparos?

- Por outro lado, se for um julgamento de participação: Ex.: O acusado concorreu para o crime
emprestando a arma para o executor?

Art. 483, §1º, CPP: A resposta negativa, de mais de 3 jurados, a qualquer dos quesitos
referidos nos incisos I (materialidade) e II (autoria/participação) do caput deste artigo encerra a
votação e implica a absolvição do acusado

Código de processo penal Doutrina


Apenas os quesitos referentes a materialidade e Todos os quesitos devem ser abertos até se
à autoria devem ser abertos até se chegar à chegar à maioria (quatro votos), prestigiando o
maioria (quatro votos) sigilo das votações.

- Desclassificação para crime não doloso contra a vida

É possível que uma das teses defensivas não caracterize homicídio tentado, mas sim lesão
corporal leve, grave, gravíssima, neste caso o juiz fará o quesito da desclassificação logo após os quesitos
de materialidade e autoria, do contrário o quesito da desclassificação só virá depois do quesito de
absolvição.

Desclassificação
Tese principal Tese Subsidiária
Será a terceiro quesito Será o quarto quesito
- Materialidade - Materialidade
- Autoria - Autoria
- Desclassificação - Absolvição
- Absolvição - Desclassificação

Art. 483, § 4º CPP: Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do


juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2 o (segundo) ou 3
o (terceiro) quesito, conforme o caso.

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• Tentativa ou desclassificação para crime de competência do júri

No tópico anterior foi abordado a desclassificação de um crime que é de competência do júri para
um crime que não é de competência do júri, agora tratamos acerca da desclassificação de um crime do
júri para um crime de competência também do júri.

Art. 483, § 5º, CPP: Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou
havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal
do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo
quesito (autoria).

Neste caso o juiz formulará os seguintes quesitos:

- Materialidade

- Autoria

- Tentativa/Outro delito doloso contra a vida

- Absolvição

Ex.1: O acusado desferiu disparos de arma de fogo, somente não consumando o delito por circunstâncias
alheias à sua vontade?

Ex.2: Desclassificação de homicídio doloso para infanticídio.

• O jurado absolve o acusado?

Art. 483, §2º, CPP: Respondidos afirmativamente por mais de 3 jurados os quesitos relativos aos
incisos I (materialidade) e II (autoria) do caput deste artigo será formulado quesito com a
seguinte redação: O jurado absolve o acusado?

Todas as teses defensivas serão concentradas neste quesito (não haverá um quesito para cada tese
– se o defensor sustentar legitima defesa e coação moral irresistível, essas duas teses serão votadas neste
quesito. Antes de 2008, cada tese tinha seu quesito próprio, desta forma, era possível que 2 jurados
entendessem que houve legitima defesa e outros 2 jurados que houve coação moral irresistível).

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Destaca-se que este é um quesito obrigatório, ainda que a tese defensiva já tenha sido rejeitada
pelos jurados em quesito anterior (ex. autoria), ou a defesa não tenha requerido a absolvição (ex. apenas
a “queda” das qualificadoras).

Lembrando que o jurado é regido pelo Sistema da Íntima Convicção, podendo absolver o
acusado em razão de argumentos extrajurídicos.

• Causas de diminuição de pena

Art. 483, § 3º, inciso I, CPP: Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue,
devendo ser formulados quesitos sobre: causa de diminuição de pena alegada pela defesa.

Lembre-se também que o juiz incluirá nos quesitos apenas as causas de diminuição sustentadas
em plenário.

Ex.1: Homicídio privilegiado.

Ex.2: Participação de menor importância.

Ex.3: Semi-imputabilidade.

Reconhecido o homicídio privilegiado, estarão automaticamente prejudicados os quesitos


referentes às qualificadoras subjetivas (motivo torpe, motivo fútil etc.), no próximo quesito seria
votado tão somente as qualificadoras de motivo objetivo (quanto aos meios ou modos de execução do
crime).

• Qualificadoras e causas de aumento de pena

Art. 483, § 3º, inciso I, CPP: Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue,
devendo ser formulados quesitos sobre: circunstância qualificadora ou causa de aumento de
pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação.

Primeiro são votadas as qualificadoras e depois as causas de aumento, desde que somente as
constantes da pronúncia.

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• Falso testemunho em plenário

Se houver falso testemunho em plenário, será possível formular quesito específico.

Art. 211, CPP: Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez
afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial
para a instauração de inquérito.

Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento, o juiz, no caso
de proferir decisão na audiência (art. 538, § 2º), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença,
após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à
autoridade policial.

a. Desclassificação pelos jurados para crime não doloso contra a vida

Em caso de desclassificação dos jurados para crime de competência do juiz singular, quem
julgará será o juiz presidente do Tribunal do Júri.

Art. 492, §1º, CPP: Se houver desclassificação da infração para outra, de competência
do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida
(...)

Desclassificação para crime não doloso contra a vida


1º Fase (sumário da culpa) 2º fase (judicium causae)
Remessa ao juízo competente Quem sentencia é o juiz presidente do júri
Art. 419, “caput”, CPP Art. 492, § 1º, CPP

k) Sentença no tribunal do júri

Art. 492, CPP: Em seguida, o presidente proferirá sentença que:

I – no caso de condenação:

a) fixará a pena-base;

b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates;

c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri;

- 1ª Fase: O juiz considerará os termos do artigo 59, do Código Penal (fixação da pena - antecedestes,
circunstâncias, etc.) (os jurados não votam, pois, a questão é de direito);

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- 2ª Fase: O juiz considerará as agravantes e as atenuantes que tiverem sido alegadas nos debates
(os jurados não votam, pois, a questão é de direito, até 2008 eram quesitada para os jurados, agora
não mais);

- 3ª Fase: O juiz considerará as causas de aumento e de diminuição de pena reconhecidas pelos


jurados na votação.

• Prisão preventiva

Caso presentes os requisitos dos artigos 312 e 313, do CPP, o juiz poderá ordenar a prisão
preventiva do acusado, ao proferir o decreto condenatório. Cuidado. Não se trata de uma prisão
preventiva automática.

Art. 492, I, “e”, CPP: em caso de condenação, mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-
á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva.

• Execução provisória da pena: Pena igual ou superior a 15 anos de reclusão (Lei


13.964/19 – PAC).

Em caso de condenação, no júri, a pena igual ou superior a 15 anos de reclusão, o juiz


determinará a execução provisória da pena. Não há possibilidade legal para o juiz não fazer, é uma
consequência legal, a condenação já começa assim que o juiz determinar a pena igual ou superior a 15
anos.

Art. 492, I, “e”, CPP: (...) no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado
de prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos.

Pacote Anticrime

A Lei 13.964/19, intitulada de Pacote Anticrime inova ao criar hipótese de execução provisória
da pena em condenações no Tribunal do Júri à sanção igual ou superior a 15 anos de reclusão.

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Nesse sentido, explica Estácio Luiz e Pedro Tenório (2020), “a nova redação do art. 492, I, “e”,
prevê a obrigatoriedade de o juiz, ao proferir sentença superior igual ou superior a 15 anos de reclusão16
determinar a execução provisória das penas, sem prejuízo de conhecer eventual recurso”. Assim, pela
nova regra, o réu condenado por crime doloso contra a vida terá pena igual ou superior a 15 anos de
reclusão, mesmo tendo respondido a todo o processo em liberdade, deve ser preso em plenário do
Tribunal do Júri, iniciando imediatamente o cumprimento da pena (art. 492, I, “e”, do CPP).

• Não imposição da execução provisória da pena: Condenação temerária

Única possibilidade de o acusado não cumprir pena, caso o juiz tenha o condenado a prisão
igual ou superior a 15 anos.

Art. 492, § 3º, CPP: O presidente poderá, excepcionalmente, deixar de autorizar a execução
provisória das penas de que trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo, se houver questão
substancial cuja resolução pelo tribunal ao qual competir o julgamento possa plausivelmente
levar à revisão da condenação.

Se o acusado é condenado a pena igual ou superior a 15 anos, mas o juiz observar por exemplo
que era uma causa de legítima defesa, e a condenação seria manifestamente contrária a prova dos autos.
Percebendo tal situação e supondo que o Tribunal pode plausivelmente rever a questão, é perfeitamente
possível que o juiz deixe de executar a execução provisória da pena.

l) Apelação da sentença condenatória do Júri

• Regra: Efeito devolutivo e suspensivo

Em casos comuns o sujeito será preso após o julgamento da apelação no tribunal.

Art. 597, 1ª parte, CPP: A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo (...).

• Pena igual ou superior a 15 anos de reclusão: Não há efeito suspensivo

Neste caso o acusado começara a cumprir pena, antes mesmo de ser julgado a apelação pelo
tribunal.

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Art. 492, §4º, CPP: A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma
pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.

• Concessão de efeito suspensivo pelo tribunal

Se o tribunal verificar que o recurso não tem objetivo meramente de atrasar o cumprimento de
pena e levanta uma questão substancial que pode resultar na absolvição, anulação de sentença, novo
julgamento ou redução de pena, poderá reconhecer o efeito suspensivo.

Art. 492, §5º, CPP: Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir efeito suspensivo à
apelação de que trata o § 4º deste artigo (PPL ≥ 15 anos), quando verificado cumulativamente
que o recurso:

I - não tem propósito meramente protelatório;

II - levanta questão substancial e que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, novo
julgamento ou redução da pena para patamar inferior a 15 (quinze) anos de reclusão.

Atente que há uma crítica com relação a absolvição, o tribunal não pode modificar a decisão
dos jurados, tendo em vista a soberania dos vereditos.

• Requerimento do efeito suspensivo ao tribunal

Ainda que a condenação do júri será igual ou superior a 15 anos (o juiz determina execução
provisória da pena) e o juiz receba o recurso apenas no efeito devolutivo, mas não suspensivo, a parte
poderá requerer esse efeito suspensivo ao tribunal através de:

* Pedido incidental no recurso de apelação;

* Petição separada dirigida ao relator, instruída com:

- Cópia da sentença condenatória;

- Cópia das razões de apelação;

- Cópia das contrarrazões de apelação;

- Cópia das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia;

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- Prova da tempestividade;

Art. 492, §6º, CPP: O pedido de concessão de efeito suspensivo poderá ser feito incidentemente
na apelação ou por meio de petição em separado dirigida diretamente ao relator, instruída com
cópias da sentença condenatória, das razões da apelação e de prova da tempestividade, das
contrarrazões e das demais peças necessárias à compreensão da controvérsia.

3.4. HORA DO INFORMATIVO

2022

Não há nulidade na formulação de quesito a respeito do dolo eventual, quando a defesa apresenta
tese no sentido de desclassificar o crime para lesão corporal seguida de morte, ainda que a questão
não tenha sido discutida em plenário.

Caso adaptado: defesa alegou que o réu não praticou homicídio, mas sim lesão corporal seguida de
morte. O juiz formulou dois quesitos para abarcar a alegação defensiva: o primeiro perguntando se o
acusado quis o resultado morte (dolo direto) e o segundo se o, tendo os jurados respondido
negativamente, e o segundo se o acusado previu o resultado e assumiu o risco de produzi-lo (dolo
eventual).
A defesa impugnou o quesito do dolo eventual sustentando que em nenhum momento foi imputado ao
réu o cometimento homicídio mediante dolo eventual.
O STJ afirmou que não houve qualquer nulidade.
Para os delitos de homicídio e lesão corporal seguida de morte, há idêntica materialidade, qual seja, a
morte da vítima. Ainda, escoram-se em uma conduta com nexo de causalidade com o resultado morte.
Distinguem-se na tipificação, portanto, no ânimo da conduta. Haverá lesão corporal seguida de morte
se, e somente se, preenchidos dois requisitos:
1) evidenciado que o agente não quis a morte (não atuou com dolo direto de homicídio); ou 2) não
assumiu o risco de produzir o resultado (não atuou com dolo eventual).
STJ. 5ª Turma. AREsp 1883314-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 25/10/2022 (Info 757).

Se a tese adotada pelos jurados for plausível, ainda que frágil e questionável, a decisão deve ser
mantida, sobretudo porque os jurados julgam segundo sua íntima convicção.

O art. 563, inciso III, alínea d, do Código de Processo Penal deve ser interpretado de forma estrita,
permitindo a rescisão do veredicto popular somente quando a conclusão alcançada pelos jurados seja
teratológica, completamente divorciada do conjunto probatório constante do processo.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 482056-SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 02/08/2022
(Info 752).

O entendimento de que, em processos de competência do júri, o não oferecimento de alegações


finais na fase acusatória não é causa de nulidade do processo não se aplica na hipótese em que isso
não ocorre por deliberação do acusado.

Em regra, nos processos da competência do Júri Popular, o não oferecimento de alegações finais na fase
acusatória (iudicium accusationis) não é causa de nulidade do processo, pois o juízo de pronúncia é
provisório, não havendo antecipação do mérito da ação penal, mas mero juízo de admissibilidade
positivo ou negativo da acusação formulada, para que o Réu seja submetido, ou não, a julgamento

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perante o Tribunal do Júri, juízo natural da causa.


No caso concreto, contudo, foi reconhecida a nulidade:
João foi denunciado por homicídio doloso. Ao fim da instrução criminal, o Promotor apresentou
alegações finais requerendo a pronúncia. O advogado constituído foi intimado, mas deixou de apresentar
alegações finais. O réu compareceu na secretaria do juízo e solicitou a designação de um Defensor
Público para atuar em sua defesa considerando que declarou não ter condições financeiras. O juiz deixou
de remeter os autos à Defensoria Pública e pronunciou o réu.
Houve nulidade.
Incumbiria ao magistrado mandar intimar pessoalmente o acusado para constituir novo advogado ou,
não tendo eficácia essa providência, encaminhar os autos à Defensoria Pública. Essa providência ainda
mais se impunha pelo fato de o acusado ter comparecido a Juízo para dizer que não disponha de
condições financeiras para continuar com o patrocínio do defensor constituído, conforme certidão
inserida nos autos. Nesse cenário, a falta de alegações finais configura prejuízo ao acusado e, portanto,
implica nulidade.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 710306-AM, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do
TRF 1ª Região), julgado em 27/09/2022 (Info 751).

O executor do homicídio praticou o crime mediante emboscada; para que o mandante seja
responsabilizado por essa qualificadora, é necessário que os jurados sejam indagados se o
mandante sabia que o executor iria escolher esse meio para o homicídio.

Há nulidade no quesito que não questiona os jurados sobre a ciência dos mandantes do crime em relação
ao modus operandi pelos executores diretos - emboscada -, já que as qualificadoras objetivas do
homicídio só se comunicam entre os coautores desde que tenham ciência do fato que qualifica o crime.
STJ. 5ª Turma. REsp 1973397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022 (Info 748).

Embora seja necessária a quesitação aos jurados sobre a incidência de minorantes, a escolha do
quantum de diminuição da pena cabe ao juiz sentenciante, e não ao júri.

As causas de aumento e as causas de diminuição de pena precisam ser reconhecidas pelos jurados para
que possam ser levadas em consideração pelo juiz-presidente no momento da dosimetria da pena. Assim,
é necessária a quesitação aos jurados sobre as causas de aumento e de diminuição de pena, nos termos
do art. 483, IV e V, do CPP.
Vale ressaltar, contudo, que o júri não é perguntado sobre as frações de aumento ou diminuição
aplicáveis às majorantes ou minorantes por ele reconhecidas, mas somente sobre a incidência das
majorantes ou minorantes em si. Uma vez aplicadas estas pelos jurados, compete ao juiz presidente
eleger a fração cabível, na forma do art. 492, I, “c”, do CPP.
Assim, se o conselho de sentença (jurados) reconhecer a existência de causa de aumento ou de causa de
diminuição de pena, a definição do fração de aumento ou de diminuição é tarefa que cabe ao juiz togado
no momento da sentença.
STJ. 5ª Turma. REsp 1973397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022 (Info 748).

Se o TJ/TRF, ao julgar apelação contra condenação do júri, reconhece nulidade na quesitação da


qualificadora, bastará afastar essa qualificadora, não sendo necessária a realização de novo júri.

Caso hipotético: João foi denunciado por homicídio, com duas qualificadoras (motivo torpe e
emboscada). O réu foi condenado pelo Júri, que reconheceu as duas qualificadoras. João interpôs
apelação. Um dos argumentos da defesa foi o de que o quesito sobre a qualificadora da “emboscada” foi
mal redigido e que violou o art. 482, parágrafo único, do CPP considerando que estava muito confuso.
O Tribunal de 2ª instância concordou com o argumento da defesa neste ponto e reconheceu a existência
de vício unicamente neste quesito relacionado com a qualificadora da “emboscada”. Diante do
reconhecimento de que havia vício neste quesito, o Tribunal determinou que a qualificadora da
emboscada deveria ser afastada do cálculo da pena, mantendo-se, contudo, a condenação quanto aos

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demais termos. A defesa não concordou e interpôs recurso especial alegando que o Tribunal deveria ter
anulado o julgamento e determinado a realização de novo júri.
O STJ não concordou com a defesa.
Diversamente do que ocorre na hipótese de contrariedade entre o veredito e as provas dos autos (art.
593, § 3º, do CPP), o afastamento de qualificadora por vício de quesitação não exige a submissão dos
réus a novo júri.
STJ. 5ª Turma. REsp 1973397-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 06/09/2022 (Info 748).

Nos termos do art. 126, § 2º, da LEP, a remição de pena pelo estudo somente é possível quando o
curso for oferecido por instituição devidamente autorizada ou conveniada com o Poder Público
para esse fim.

A remição de pena em virtude de curso profissionalizante, realizado pelo apenado na modalidade à


distância (EaD), exige a apresentação de certificado emitido por entidade educacional devidamente
credenciada perante o Ministério da Educação (MEC).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 722388-SP, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do
TRF 1ª Região), julgado em 09/08/2022 (Info 748).

O reconhecimento da manifesta contrariedade entre o veredito condenatório e as provas dos autos


gera a cassação da sentença e submissão dos réus a novo júri, mas não sua absolvição imediata
pelos juízes togados.

Caso hipotético: João foi submetido ao tribunal do júri e condenado por homicídio. Ele interpôs apelação
alegando que a decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos, nos termos do art.
593, III, “d”, do CPP.
O Tribunal de Justiça concordou com a defesa e deu provimento ao recurso, determinando que o réu seja
submetido a novo julgamento pelo Júri
A defesa interpôs recurso especial alegando que o Tribunal de Justiça deveria ter absolvido João e não
simplesmente determinado a realização de novo julgamento.
O STJ não concordou. Isso porque o reconhecimento da manifesta contrariedade entre o veredito
condenatório e as provas dos autos gera a cassação da sentença e submissão dos réus a novo júri, mas
não sua absolvição imediata pelos juízes togados, na forma do art. 593, § 3º, do CPP: Art. 593 (...)§ 3º
Se a apelação se fundar no nº III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a decisão dos
jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 2069688/ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
21/06/2022 (Info 747).

Apesar da alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 492do CPP, é ilegal a execução
provisória da pena como decorrência automática da condenação proferida pelo Tribunal do Júri.

Pendente de julgamento no STF o Tema n. 1.068, em que se discute a constitucionalidade do art. 492, I,
do CPP, deve ser reafirmado o entendimento do STJ de impossibilidade de execução provisória da pena
mesmo em caso de condenação pelo tribunal do júri com reprimenda igual ou superior a 15 anos de
reclusão.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 714884-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/03/2022 (Info 730).

Quesitos complexos, com má redação ou com formulação deficiente, geram a nulidade do


julgamento do Tribunal do Júri, por violação ao art. 482, parágrafo único, do CPP.

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No caso concreto, o 2º quesito, relacionado à autoria, foi redigido nos seguintes termos:
“2º quesito: O acusado xxxxx, maior interessado na desocupação do imóvel, de igual sorte, tendo
determinado a morte da vítima, contribuiu decisivamente para a prática do crime?”
A intenção do legislador ao prever o parágrafo único do art. 482 do CPP é prevenir os chamados “vícios
de complexidade”. Assim, os quesitos devem ser redigidos em fórmula “simples”, não compostas, não
complexas, sem conotações, sobretudo, porque as respostas serão binárias, na base do “sim” ou “não”.
Ademais, em atenção ao direito penal do fato, o juiz presidente do tribunal do júri, ao formular quesitos
relativos à autoria delitiva, deve evitar inferências, pressuposições, adjetivações e estereotipagem,
concentrando-se apenas nos fatos concretos em julgamento.
O caráter do agente e motivos do crime não devem ser considerados para fins de formulação de quesitos
do júri, sob pena de ofensa aos princípios da presunção de inocência e do devido processo legal.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1883043-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 15/03/2022 (Info 730).

2021

O réu, pronunciado por homicídio, foi diplomado Deputado Federal e os autos subiram ao STF;
chegando lá, o Ministro determinou nova oitiva das testemunhas conforme o rito da Lei 8.038/90;
isso não significa que o STF tenha reconhecido a nulidade da pronúncia

A reinquirição de testemunha de defesa, na fase de diligências da ação penal originária, consoante o art.
10 da Lei nº 8.038/90, não implica a implícita declaração de nulidade da pronúncia, proferida quando
não havia prerrogativa de foro.
STJ. 5ª Turma. RHC 133694-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios da dignidade da


pessoa humana, da proteção à vida e da igualdade de gênero

Ao apreciar medida cautelar em ADPF, o STF decidiu que:


a) a tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da
dignidade da pessoa humana (art. 1o, III, da CF/88), da proteção à vida e da igualdade de gênero (art.
5o, da CF/88);
b) deve ser conferida interpretação conforme à Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do
CPP, de modo a excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa; e
c) a defesa, a acusação, a autoridade policial e o juízo são proibidos de utilizar, direta ou indiretamente,
a tese de legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-processual
ou processual penais, bem como durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de
nulidade do ato e do julgamento.
STF. Plenário. ADPF 779 MC-Ref/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/3/2021 (Info 1009).

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na


fase inquisitorial?

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase


inquisitorial?
• NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise aprofundada seja feita
somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer
lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
23/02/2021.
• SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito policial,
sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique a qualquer

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procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo da decisão de pronúncia
não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade da acusação (iudicium
accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da sociedade que
se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo
fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza,
necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica à
referida decisão. STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1609833/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 06/10/2020.

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária
à prova dos autos) se o júri absolver o réu?

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à prova
dos autos) se o júri absolver o réu? STJ: SIM (posição pacífica). STF: NÃO (posição majoritária).
A 3ª Seção do STJ firmou o entendimento de que a anulação da decisão absolutória do Conselho de
Sentença (ainda que por clemência), manifestamente contrária à prova dos autos, segundo o Tribunal de
Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público (art. 593, III,
“d”, do CPP), não viola a soberania dos veredictos. STJ. 5ª Turma. HC 560.668/SP, Rel. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 18/08/2020.
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º, do CPP,
não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa. Isso porque vigora a livre
convicção dos jurados. Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a
sentença absolutória de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica
nulidade da decisão a ensejar apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu com base na livre
convicção e independentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e
extraprocessuais. STF. 1ª Turma. HC 178777/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/9/2020 (Info
993).
Em face da reforma introduzida no procedimento do Tribunal do Júri (Lei 11.689/2008), é incongruente
o controle judicial, em sede recursal (art. 593, III, “d”, do CPP), das decisões absolutórias proferidas
com fundamento no art. 483, III e § 2º, do CPP. STF. 2ª Turma. RHC 192431 Segundo AgR/SP e RHC
192432 Segundo AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/2/2021 (Info 1007).
Na reforma legislativa de 2008, alterou-se substancialmente o procedimento do júri, inclusive a
sistemática de quesitação aos jurados. Inseriu-se um quesito genérico e obrigatório, em que se pergunta
ao julgador leigo: “O jurado absolve o acusado?” (art. 483, III e §2º, CPP). Ou seja, o Júri pode absolver
o réu sem qualquer especificação e sem necessidade de motivação. Considerando o quesito genérico e a
desnecessidade de motivação na decisão dos jurados, configura-se a possibilidade de absolvição por
clemência, ou seja, mesmo em contrariedade manifesta à prova dos autos. Se ao responder o quesito
genérico o jurado pode absolver o réu sem especificar os motivos, e, assim, por qualquer fundamento,
não há absolvição com tal embasamento que possa ser considerada “manifestamente contrária à prova
dos autos”. Limitação ao recurso da acusação com base no art. 593, III, “d”, CPP, se a absolvição tiver
como fundamento o quesito genérico (art. 483, III e §2º, CPP). Inexistência de violação à paridade de
armas. Presunção de inocência como orientação da estrutura do processo penal. Inexistência de violação
ao direito ao recurso (art. 8.2.h, CADH). Possibilidade de restrição do recurso acusatório. STF. 2ª Turma.
HC 185068, Rel. Celso de Mello, Relator p/ Acórdão Gilmar Mendes, julgado em 20/10/2020.
Observação: legítima defesa da honra. Caso a defesa lance mão, direta ou indiretamente, da tese
inconstitucional de legítima defesa da honra (ou qualquer argumento que induza à tese), seja na fase pré-
processual, processual ou no julgamento perante o tribunal do júri, estará caracterizada a nulidade da
prova, do ato processual ou até mesmo dos debates por ocasião da sessão do júri (caso não obstada pelo
Presidente do Júri), facultando-se ao titular da acusação recorrer de apelação na forma do art. 593, III,
“a”, do CPP. STF. Plenário. ADPF 779, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/03/2021.

2020

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Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária
à prova dos autos) se o júri absolver o réu?

Cabe apelação com fundamento no art. 593, III, “d”, do CPP (decisão manifestamente contrária à prova
dos autos) se o júri absolver o réu?
STJ: SIM (posição pacífica).
STF: NÃO (posição majoritária).

A 3ª Seção do STJ firmou o entendimento de que a anulação da decisão absolutória do Conselho de


Sentença (ainda que por clemência), manifestamente contrária à prova dos autos, segundo o Tribunal de
Justiça, por ocasião do exame do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público (art. 593, III,
“d”, do CPP), não viola a soberania dos veredictos.
STJ. 5a Turma. HC 560.668/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/08/2020.

A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º, do CPP,
não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa. Isso porque vigora a livre
convicção dos jurados.
Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença absolutória de
Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a ensejar
apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e
independentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais.
STF. 1a Turma. HC 178777/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/9/2020 (Info 993).

Na reforma legislativa de 2008, alterou-se substancialmente o procedimento do júri, inclusive a


sistemática de quesitação aos jurados. Inseriu-se um quesito genérico e obrigatório, em que se pergunta
ao julgador leigo: “O jurado absolve o acusado?” (art. 483, III e §2o, CPP). Ou seja, o Júri pode absolver
o réu sem qualquer especificação e sem necessidade de motivação.
Considerando o quesito genérico e a desnecessidade de motivação na decisão dos jurados, configura-se
a possibilidade de absolvição por clemência, ou seja, mesmo em contrariedade manifesta à prova dos
autos. Se ao responder o quesito genérico o jurado pode absolver o réu sem especificar os motivos, e,
assim, por qualquer fundamento, não há absolvição com tal embasamento que possa ser considerada
“manifestamente contrária à prova dos autos”.
Limitação ao recurso da acusação com base no art. 593, III, “d”, CPP, se a absolvição tiver como
fundamento o quesito genérico (art. 483, III e §2o, CPP). Inexistência de violação à paridade de armas.
Presunção de inocência como orientação da estrutura do processo penal. Inexistência de violação ao
direito ao recurso (art. 8.2.h, CADH). Possibilidade de restrição do recurso acusatório.
STF. 2a Turma. HC 185068, Rel. Celso de Mello, Relator p/ Acórdão Gilmar Mendes, julgado em
20/10/2020.

A mera presunção de parcialidade dos jurados do Tribunal do Júri em razão da divulgação dos
fatos e da opinião da mídia é insuficiente para o desaforamento do julgamento para outra comarca.

O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por fatos objetivos e
concretos a parcialidade do Conselho de Sentença. A simples presunção de que os jurados poderiam ter
sido influenciados por ampla divulgação do caso pela mídia e a mera suspeita acerca da parcialidade dos
jurados não justificam a adoção dessa medida excepcional.
STJ. 5ª Turma. HC 492.964-MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668).

Não se deve anular a condenação do réu no júri por ausência de defesa no caso em que o advogado
fez sustentação oral por apenas 3 minutos, sendo que, antes disso, o Ministério Público já havia
pedido a absolvição.

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Na sessão plenária do Tribunal do Júri, na fase de sustentações orais, o Ministério Público falou durante
1h e 30min e, ao final de sua exposição, pediu a absolvição do réu. Em seguida, o advogado constituído
fez sustentação oral apenas concordando com o Ministério Público e pedindo igualmente a absolvição.
A manifestação da defesa durou apenas 3 minutos. Mesmo com a manifestação do MP pedindo a
absolvição, os jurados decidiram condenar o réu. O STJ e o STF afirmaram que não houve nulidade por
ausência de defesa e mantiveram a condenação. O réu foi acompanhado pela sua defesa na sessão de
julgamento pelo Tribunal do Júri, tendo reiterado o mandato conferido ao seu advogado na interposição
da apelação. Assim, o próprio paciente não se insurgiu contra a atuação de seu advogado, tanto assim
que com ele permaneceu, inclusive para fins de apelação criminal. Além disso, no caso, não houve
ausência de defesa, de modo que não se pode falar em nulidade absoluta. Se houve nulidade, esta teria
sido apenas relativa, a qual depende da demonstração de efetivo prejuízo, o que não ocorreu. Consolidou-
se no âmbito dos Tribunais Superiores o entendimento de que apenas a absoluta falta de defesa constitui
nulidade absoluta da ação penal. Se a alegação é a de que a defesa foi insuficiente, o julgamento só
deverá ser anulado e ficar demonstrado o efetivo prejuízo. Isso porque a defesa insuficiente é hipótese
de nulidade relativa. Nesse sentido é a Súmula 523 do STF. Não se pode classificar como insatisfatória
a atuação do advogado, que exerceu a defesa de acordo com a estratégia que considerou melhor no caso.
STF. 2ª Turma. HC 164535 AgR/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970).

A determinação de realização de novo julgamento pelo Tribunal do Júri não contraria o princípio
constitucional da soberania dos vereditos quando a decisão for manifestamente contrária à prova
dos autos.

A anulação de decisão do tribunal do júri, por ser manifestamente contrária à prova dos autos, não viola
a regra constitucional que assegura a soberania dos veredictos do júri (art. 5º, XXXVIII, c, da CF/88).
Vale ressaltar, ainda, que não há contrariedade à cláusula de que ninguém pode ser julgado mais de uma
vez pelo mesmo crime. Ainda que se forme um segundo Conselho de Sentença, o julgamento é um só,
e termina com o trânsito em julgado da decisão. STF. 1ª Turma. RHC 170559/MT, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 10/3/2020 (Info 969).

2019

Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo Tribunal do
Júri.

Não é possível a execução provisória da pena mesmo em caso de condenações pelo Tribunal do Júri.
STF. 2ª Turma.HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/11/2019 (Info 960). Obs:
existe decisão da 1ª Turma em sentido contrário, ou seja, afirmando que “a prisão de réu condenado por
decisão do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso não viola o princípio constitucional da presunção
de inocência ou não-culpabilidade. ” (STF. 1ª Turma. HC 118770, Relator p/ Acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 07/03/2017). Vale ressaltar, contudo, que essa decisão da 1ª Turma foi tomada antes
do resultado das ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, julgadas em 7/11/2019.

Decisão do TJ que, em revisão criminal, absolve o réu sob a alegação de que a condenação é
contrária à evidência dos autos viola acórdão do STF que havia restaurado condenação proferida
pelo Tribunal do Júri

João foi denunciado por homicídio doloso. Foi condenado pelo Tribunal do Júri. Contra esta sentença,
a defesa interpôs apelação e o TJ deu provimento ao recurso, absolvendo o réu por entender que a decisão
dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos. Isso porque só havia uma única testemunha
contra o réu e o TJ entendeu que isso não seria suficiente para a condenação. Contra o acórdão do TJ, o
Ministério Público interpôs recurso extraordinário. O STF deu provimento ao recurso do MP para
restaurar o veredicto condenatório prolatado pelo Tribunal do Júri. Para o STF, analisar se um único

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depoimento é suficiente ou não para a condenação é uma matéria que cabe aos jurados no Tribunal do
Júri e que não pode ser reformado pelo TJ.
Ocorre que, em revisão criminal, o TJ voltou a absolver o réu utilizando novamente como fundamento
o argumento de que a condenação é contrária à evidência dos autos. Essa decisão do TJ na revisão
criminal viola aquilo que o STF decidiu no recurso extraordinário, razão pela qual deve ser julgada
procedente reclamação contra o acórdão do TJ. STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 25/6/2019 (Info 945)

Críticas ao princípio do in dubio pro societate na fase da pronúncia


Na fase de pronúncia deve-se adotar a teoria racionalista da prova, na qual não deve haver critérios de
valoração das provas rigidamente definidos na lei, no entanto, por outro lado, o juízo sobre os fatos deve
ser pautado por critérios de lógica e racionalidade, podendo ser controlado em âmbito recursal ordinário.
Para a pronúncia, não se exige uma certeza além da dúvida razoável, necessária para a condenação.
Contudo, a submissão de um acusado ao julgamento pelo Tribunal do Júri pressupõe a existência de um
lastro probatório consistente no sentido da tese acusatória. Ou seja, requer-se um standard probatório um
pouco inferior, mas ainda assim dependente de uma preponderância de provas incriminatórias. STF. 2ª
Turma. ARE 1067392/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/3/2019 (Info 935).

Existe divergência no STJ se a conduta do advogado ou Defensor Público de abandonar o plenário


do Júri pode configurar abandono do processo, ensejando a multa do art. 265 do CPP

O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou Defensor Público
não viola a autonomia da OAB e da Defensoria Pública

A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do CPP,
deve ser suportada pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação regressiva

A conduta do advogado ou Defensor Público de abandonar o plenário do Júri (como estratégia de


defesa) pode configurar abandono do processo, ensejando a multa do art. 265 do CPP?
• SIM. A 5ª Turma do STJ tem rechaçado a postura de abandonar o plenário do Júri como tática da
defesa, considerando se tratar de conduta que configura, sim, abandono processual, apto, portanto, a
atrair a aplicação da multa do art. 265 do CPP. STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 658).
• NÃO. Não constitui a hipótese do art. 265 do Código de Processo Penal o abandono de ato processual
pelo defensor do réu se este permaneceu na causa, tendo, inclusive, atuado nos atos subsequentes. STJ.
6ª Turma. RMS 51.511/SP, Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/08/2017.

O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou Defensor Público
viola a autonomia da OAB e da Defensoria Pública, que têm a competência legal de impor sanções
contra infrações disciplinares de seus membros?
NÃO. A punição do advogado, nos termos do art. 265 do CPP, não entra em conflito com sanções
aplicáveis pelos órgãos a que estão vinculados os causídicos, uma vez que estas têm caráter
administrativo, e a multa do Código de Processo Penal tem caráter processual. As instâncias judicial-
penal e administrativa são independentes. Além disso, o próprio texto da norma ressalva a possibilidade
de aplicação de outras sanções. O reconhecimento de que os advogados, membros do Ministério Público
e da Defensoria Pública exercem funções essenciais à Justiça não lhes outorga imunidade absoluta. STJ.
5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 13/08/2019 (Info 658).

A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do CPP,
deve ser suportada pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação regressiva
O Defensor Público atua institucionalmente, não sendo razoável responsabilizá-lo pessoalmente se atuou
em sua condição de agente representante do órgão da Defensoria Pública. Assim, as sanções aplicadas

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aos seus membros, nesse contexto, devem ser suportadas pela instituição, sem prejuízo de eventual ação
regressiva, acaso verificado excesso nos parâmetros ordinários de atuação profissional, com abuso do
direito de defesa. STJ. 5ª Turma. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo
Soares da Fonseca, julgado em 13/08/2019 (Info 658).

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na


fase inquisitorial?

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase


inquisitorial?

• NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise aprofundada seja feita
somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer
lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
informativos obtidos na fase inquisitorial. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.740.921-GO, Rel. Min.
Ribeiro Dantas, julgado em 06/11/2018 (Info 638).
STJ. 6ª Turma. HC 341.072/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/4/2016.

• SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito policial,
sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique a qualquer
procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo da decisão de pronúncia
não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade da acusação (iudicium
accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da sociedade que
se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo Juízo natural da causa. Constitui a pronúncia, portanto, juízo
fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de certeza,
necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se aplica à
referida decisão. STJ. 5ª Turma. HC 435.977/RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/05/2018. STJ.
6ª Turma. REsp 1458386/PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/10/2018.
Obs: prevalece, no STJ, a segunda posição, ou seja, de que é possível a pronúncia.

2018

Jurado que fala “é um crime” durante a sessão de julgamento viola o dever de incomunicabilidade,
acarretando a nulidade absoluta da condenação
Deve ser declarado nulo o júri em que membro do conselho de sentença afirma a existência de crime em
plena fala da acusação.
Caso concreto: durante os debates no Plenário do Tribunal do Júri, o Promotor de Justiça estava em pé
na frente dos jurados apresentando seus argumentos. Em determinado momento, o Promotor fez uma
pergunta retórica: “aí, então, senhores jurados, eu pergunto a Vossas Excelências: qual foi a conduta que
o réu aqui presente praticou? ” Uma das juradas acabou “soltando” a seguinte resposta: “é um crime”.
O juiz presidente do Júri imediatamente a advertiu dizendo: por favor, a senhora não pode se manifestar.
O advogado, contudo, na mesma hora requereu ao magistrado que consignasse este fato na ata de
julgamento. O juiz decidiu que não houve quebra da incomunicabilidade e seguiu com o julgamento. O
réu foi condenado e a defesa recorreu alegando, entre outros argumentos, que houve nulidade do
julgamento por quebra da incomunicabilidade dos jurados. O STJ anulou o júri. STJ. 6ª Turma. HC
436.241-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/06/2018 (Info 630).

Sustentação oral em tempo reduzido


Diante das peculiaridades do Tribunal do Júri, o fato de ter havido sustentação oral em plenário por
tempo reduzido não caracteriza, necessariamente, a deficiência de defesa técnica.
STJ. 6ª Turma. HC 365.008-PB, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 17/04/2018 (Info 627).

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Obs: existe decisão reconhecendo a ocorrência de nulidade pelo simples fato de a sustentação oral ter
sido feita em poucos minutos: STJ. 6ª Turma. HC 234.758-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado
em 19/6/2012. No entanto, entendo que a posição majoritária é no sentido que isso não conduz,
obrigatoriamente, à nulidade, conforme decidido no HC 365.008-PB.

Validade das alegações finais feitas nos debates orais e ausência de inovação dos fatos no plenário

A defesa sustentava a nulidade absoluta do processo, em razão da ausência das alegações finais por
abandono da causa pelo advogado. Sustentava, também, a violação ao devido processo legal, diante da
modificação da tese acusatória em plenário, sem que tivesse sido oportunizado o exercício do
contraditório. O STF entendeu não ter ocorrido nulidade processual, tendo em vista que, na audiência
de instrução, a defesa técnica postulou a impronúncia. Além disso, afirmou haver correlação entre o que
foi arguido pelo Estado-acusador em plenário e a pronúncia. Em outras palavras, o MP pediu a
condenação do réu justamente pelos fatos que constavam na pronúncia. STF. 1ª Turma. HC 129.263/RS,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902).

3.5. JÁ CAIU VAMOS TREINAR?

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: VUNESP Prova: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil

A respeito dos procedimentos especiais, previstos no Código de Processo Penal, assinale a alternativa
correta.

A) No procedimento dos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração pública, na
resposta à acusação, é possível arrolar, no máximo, 05 (cinco) testemunhas.

B) No procedimento dos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração pública,
antes do recebimento da denúncia, o acusado será notificado para apresentar resposta preliminar e, uma
vez não localizado, será intimado, por edital.

C) No procedimento dos crimes contra a honra, há previsão de audiência de conciliação, antes do


recebimento da queixa.

D) No procedimento dos crimes contra a honra, apresentada a exceção da verdade por parte do acusado,
o querelante será intimado para contestar, podendo arrolar até 08 (oito) testemunhas, sem prejuízo das
arroladas em sede de resposta à acusação.

E) No procedimento relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri não incide a regra
prevista no art. 395, do CPP, que permite a rejeição liminar da denúncia, no caso de inépcia, falta de
pressuposto processual ou justa causa para a ação penal.

Gab. C

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

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Ano: 2022 Banca: VUNESP Prova: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil

Sobre o procedimento comum ordinário, sumário e sumaríssimo (juizado especial criminal), é correto
afirmar que:

A) O princípio da identidade física do Juiz vigora apenas no procedimento comum ordinário.

B) O interrogatório, no procedimento do juizado especial criminal, é o primeiro ato da instrução


processual, sendo seguido das oitivas das testemunhas e alegações finais, tudo concentrado em uma
única audiência.

C) Nos procedimentos sumário e sumaríssimo, a citação do acusado dar-se-á também de forma ficta, por
hora certa e edital.

D) No procedimento ordinário e sumário, as alegações finais dar-se-ão, em regra, de forma escrita, sendo
de forma oral, em regra, apenas no procedimento sumaríssimo.

E) No procedimento sumaríssimo, em caso de complexidade, em sendo o feito remetido ao juízo comum,


prosseguirá sob o rito sumário.

Gab. E

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-RO - Delegado de Polícia

Acerca da aplicação dos institutos da Lei n.º 9.099/1995 aos crimes de trânsito, assinale a opção correta.

A) Admite-se proposta de suspensão condicional do processo em crime de embriaguez ao volante.

B) É cabível a transação penal nos crimes de embriaguez ao volante.

C) É cabível a composição civil extintiva da punibilidade no crime de participação em competição não


autorizada, em via pública, na direção de veículo automotor.

D) A ação penal do crime de lesão corporal culposa é pública incondicionada à representação do


ofendido.

E) O instituto da transação penal aplica-se, indistintamente, a todos os crimes de lesão corporal culposa.

Gab. A

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: IBFC Órgão: PC-BA Prova: IBFC - 2022 - PC-BA - Delegado de Polícia -
(Reaplicação)

No que diz respeito ao preceituado na Lei nº 9.099/1995, a qual disciplina os Juizados especiais
criminais, assinale a alternativa incorreta.

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A) A ação penal relativa ao crime de lesão corporal dolosa, em todas as suas modalidades, será pública
incondicionada, já o crime de lesão culposa, terá como correspondente a ação penal pública condicionada
à representação da vítima ou de seu representante legal

B) Na fase preliminar, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência deverá lavrar termo
circunstanciado e o encaminhar imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando as requisições dos exames periciais necessários

C) A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado

D) Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária

E) Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou
excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias

Gab. A

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil

Considerando o sistema de juizados especiais criminais, previsto na Lei n.° 9.099/1995, e a


jurisprudência do STJ e STF sobre a matéria, assinale a opção correta.

A) Tratando-se de crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação, a realização de


composição civil dos danos entre autor e vítima gera a extinção da punibilidade.

B) Admite-se transação penal para os crimes dolosos com pena máxima inferior ou igual a 2 anos e para
os delitos culposos, independentemente da sanção aplicada.

C) A sentença que homologa a transação penal faz coisa julgada material, e o descumprimento do acordo
deve ser resolvido por meio de execução na esfera cível.

D) O procedimento de apuração de infrações de menor potencial ofensivo não admite a realização de


exames periciais, haja vista a necessidade de brevidade na conclusão do processo.

E) A despeito da omissão legislativa, é permitida a realização de transação penal para os crimes de ação
penal privada, por se tratar de direito subjetivo do autor do fato.

Gab. E
Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil

Durante a pandemia, A, B e C foram encaminhados ao juizado especial criminal por terem praticado,
respectivamente: omissão de notificação de doença (art. 269 CP, pena de detenção, de seis meses a dois

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anos, e multa); fornecimento de remédio em desacordo com receita médica (art. 280 CP, pena de
detenção, de um a três anos, ou multa), e charlatanismo (art. 283 CP, pena de detenção, de três meses a
um ano, e multa). Nesse caso,

A) são cabíveis transação penal e suspensão condicional do processo para A, B e C.

B) é cabível transação penal somente para C.

C) é cabível transação penal para A, B e C.

D) é cabível suspensão condicional do processo apenas para C.

E) é cabível suspensão condicional do processo para A, B e C.

Gab. E

1. Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado de Polícia
Em matéria de procedimentos, especificamente acerca do rito especial do tribunal do júri, assinale a
alternativa correta.

a) A decisão de impronúncia, de acordo com a atual sistemática do Código de Processo Penal, é


classificada doutrinariamente como decisão interlocutória mista terminativa, produzindo coisa julgada
formal e material.

b) De acordo com o que dispõe o CPP, a absolvição sumária do réu, ao final da primeira fase do júri, é
cabível quando provada a inexistência do fato; provado não ser ele autor ou partícipe do fato; o fato não
constituir infração penal; ou se demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Até
mesmo o inimputável, em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado
(art. 26, caput, do CP), pode ser absolvido sumariamente, desde que esta seja a única tese defensiva.

c) Entende o Superior Tribunal de Justiça que a ausência de exame de corpo de delito inviabiliza a
pronúncia do réu, mesmo que presentes outros elementos de prova.

d) Dispõe o CPP que o desaforamento é cabível quando o interesse da ordem pública o reclamar ou
houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, por decisão do Tribunal,
a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou mediante representação do juiz
competente. O próprio acusado não tem legitimidade para requerê-lo.

e) O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a utilização da tese da legítima defesa da honra
durante julgamento perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do julgamento, e deu
interpretação conforme a Constituição ao art. 23, II e art. 25, do CP e ao art. 65 do CPP, de modo a
excluir a legítima defesa da honra do âmbito do instituto da legítima defesa. De acordo com o julgado,
no entanto, a vedação à utilização dessa tese não alcança a autoridade policial, durante o inquérito, ao
passo que este é mero procedimento administrativo, dispensável, destituído de contraditório, que não
tem o condão de viciar a ação penal.

2. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-BA. Prova: Delegado de Polícia). No que concerne aos
sistemas de avaliação das provas, o julgamento realizado pelos Juízes leigos (jurados) no Tribunal
do Júri é exemplo do que a doutrina classifica como sistema

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a) da prova livre.
b) legal ou tarifado.
c) da íntima convicção.
d) da persuasão racional.
e) da livre convicção motivada.

3. (Ano: 2012. Banca: MS CONCURSOS. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia). Concluídos
os debates, o Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser
absolvido. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo
que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua
elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. O Conselho de
Sentença será indagado sobre:

I - a materialidade do fato.
II - a autoria ou participação.
III - se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
IV - se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou
em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.

Diante dessas informações, assinale a alternativa correta:

a) Somente as assertivas I e II estão corretas.


b) Somente as assertivas III e IV estão corretas.
c) Somente as assertivas I, II e V estão corretas.
d) Somente as assertivas II, IV e V estão corretas.
e) Todas as assertivas estão corretas.

4. (Ano: 2011. Banca: FUMARC. Órgão: PC-MG. Prova: Delegado de Polícia). Sobre o tribunal
do júri é INCORRETO afirmar:

a) Nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes serão alistados de 300 (trezentos) a 700
(setecentos) jurados.
b) Se o interesse da ordem pública reclamar o juiz poderá, logo após o interrogatório do cusado,
determinar o desaforamento do julgamento.
c) O serviço de jurado é obrigatório e somente compreenderá maiores de 18 anos.
d) Os jurados poderão formular perguntas às testemunhas por intermédio do juiz-presidente.

5. (Ano: 2012. Banca: PC-SP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Quanto ao
procedimento do júri, é correto afirmar que

a) a competência material prevista na Constituição Federal de 1988 não pode ser ampliada pelo
legislador ordinário.
b) o libelo-crime acusatório e o desaforamento foram excluídos em recente reforma realizada no
procedimento
c) a pronúncia é uma decisão interlocutória mista não terminativa e pode ser impugnada mediante
interposição de recurso em sentido estrito, no prazo de 5 dias.
d) caso haja prova da inexistência do fato, o juiz deverá impronunciar o acusado, cabendo nesta hipótese
a interposição de recurso de apelação, no prazo de 5 dias.
e) não há prazo expressamente previsto em lei para o encerramento da primeira fase do procedimento
do júri.

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6. (Ano: 2019. Banca: CESPE. Órgão: TJ-PR. Prova: Juiz Substituto). A respeito do procedimento
de competência do tribunal do júri, assinale a opção correta.

a) O quesito que se refere à desclassificação do delito deve ser respondido antes do quesito genérico da
absolvição.
b) No excesso de linguagem em decisão de pronúncia, a nulidade poderá ser evitada com a determinação
do desentranhamento ou envelopamento da decisão.
c) Os jurados poderão requerer a leitura de peças que se refiram, exclusivamente, às provas colhidas por
carta precatória e às provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis.
d) A inércia da defesa para apresentar alegações finais, quando devidamente intimada, acarreta nulidade
processual se o juiz não nomear defensor para suprir a omissão.

7. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-MA. Prova: Defensor Público). Sobre o procedimento
previsto para o Tribunal do Júri, é correto afirmar:

a) Os dispositivos constitucionais da plenitude de defesa no Tribunal do Júri (art. 5° XXXVIII, a, CF) e


da ampla defesa para os processos em geral (art. 5°, LV, CF) possuem o mesmo significado e
conteúdo.
b) É possível, mediante lei complementar, suprimir competência atribuída constitucionalmente ao
Tribunal do Júri.
c) Caso não se convença da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou
de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado, o que implicará em coisa
julgada formal e material.
d) É nula a decisão que determina o desaforamento de processo de competência do Tribunal do Júri sem
audiência da defesa.
e) Ao julgar revisão criminal em face de decisão proferida pelo Tribunal do Júri, o órgão julgador é
impedido de realizar o juízo rescisório, pois incabível o reexame do mérito da causa em atenção à
soberania dos vereditos.

8. (Ano: 2018. Banca: MPE-BA. Órgão: MPE-BA. Prova: Promotor de Justiça Substituto). A
respeito do Procedimento do Tribunal do Júri, é correto afirmar que

a) não há previsão de dilação probatória para demonstrar as causas arguidas no pedido de desaforamento,
de modo que a prova deverá ser pré-constituída.
b) quando o pedido de desaforamento for reconhecido, portanto, deferido, e posteriormente cessarem os
motivos que o ensejaram, sem que tenha ocorrido o julgamento, a lei prevê o reaforamento.
c) caberá ao Juiz Presidente conceder até cinco minutos para cada aparte requerido, que serão acrescidos
ao tempo de quem estava com a palavra na oportunidade do requerimento.
d) o juízo de pronúncia é, essencialmente, um juízo de admissibilidade, no qual vigora o princípio in
dubio pro reo.
e) durante a sessão de julgamento do Tribunal do Júri, o Conselho de Sentença decidiu pela
desclassificação do crime de tentativa de homicídio para lesão corporal grave. Caso em que, deverá o
juiz encaminhar o processo para o juízo competente julgar.

9. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-SP. Prova: Juiz Substituto). Reconheceu o artigo 5°,
inciso XXXVIII, da Constituição Federal, a instituição do júri. Quanto a ela, é correto afirmar que

a) o efeito devolutivo da Apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da interposição.
b) constatando o Juiz Presidente haver dúvidas sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do
acusado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do
acusado, procederá de ofício o desaforamento, encaminhando os autos para julgamento em outra
comarca da mesma região, comunicando imediatamente ao Presidente do Tribunal de Justiça.

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c) são relativas as nulidades do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das
circunstâncias agravantes, bem como a falta de quesito obrigatório.
d) não torna nulo o julgamento ulterior pelo júri a participação de jurado que funcionou em julgamento
anterior do mesmo processo, embora cindido.

10. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-MT. Prova: Juiz Substituto). De acordo com as
regras processuais do procedimento relativo aos crimes dolosos contra a vida:

a) a fundamentação da sentença de pronúncia limitar-se-á à indicação de materialidade do fato e


demonstração efetiva da prova de autoria ou de participação.
b) observado o princípio in dubio pro reo o juiz deverá impronunciar o acusado se verificado apenas
indícios de autoria.
c) contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.
d) ocorrido o trânsito em julgado da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação
do órgão do Ministério Público para oferecimento de libelo crime acusatório, podendo este requerer
diligências, arrolar no máximo cinco testemunhas que irão depor em plenário e, ainda, juntar
documentos.
e) o assistente da acusação não tem legitimidade para representar o pedido de desaforamento.

11. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: MPE-PB. Prova: Promotor de Justiça Substituto). O
Tribunal do Júri é composto por um juiz togado, seu presidente e por

a) sete jurados.
b) vinte e cinco jurados.
c) vinte e um jurados.
d) nove jurados.
e) quinze jurados.

12. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: MPE-PB. Prova: Promotor de Justiça Substituto). Sobre o
desaforamento do julgamento pelo Tribunal do Júri, é correto afirmar que

a) na pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, não se


admitirá o pedido de desaforamento até o trânsito em julgado do recurso.
b) deferido o desaforamento, o julgamento será realizado em comarca de outra região para que cessem
os motivos que o justificaram.
c) a competência para apreciar o pedido é do tribunal de segundo grau, a requerimento do Ministério
Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz presidente.
d) poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puder ser
realizado no prazo de dezoito meses, contado do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
e) a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal, o local onde o acusado estiver
preso e a certeza da parcialidade do júri são as principais causas que justificam o desaforamento.

13. (Ano: 2018. Banca: CONSULPLAN. Órgão: TJ-MG. Prova: Juiz de Direito Substituto). No
tocante aos procedimentos atinentes aos crimes de competência do Tribunal do Júri, analise as
afirmativas a seguir.

I. Os jurados poderão formular diretamente perguntas ao ofendido e às testemunhas.


II. Durante a sessão de julgamento não é permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que
não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à
outra parte.
III. O desaforamento pode ser requerido se o interesse da ordem pública o reclamar ou se houver dúvida
sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado e, ainda, em razão do
comprovado excesso de serviço.

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IV. O Juiz, na fase do sumário da culpa, absolverá desde logo o acusado, quando provada a inexistência
do fato; provado não ser ele autor ou partícipe do fato; o fato não constituir infração penal;
demonstrada a inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei nº 2.848/1940, não
sendo está a única tese defensiva.

De acordo com o Código Processual Penal, estão corretas apenas as afirmativas

a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, III e IV.

14. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AM. Prova: Defensor Público). A utilização de algemas
pelo acusado preso, durante o seu julgamento perante o Tribunal do Júri,

a) não é arbitrária e deve ser adotada em face da presumida periculosidade do acusado que pratica crime
doloso contra a vida.
b) decorre da prisão processual, pois se presume que o acusado poderá fugir e colocar em risco a
integridade física de terceiros.
c) é medida excepcional, pois os jurados poderiam ser influenciados pelo fato de o acusado ter
permanecido algemado no transcurso do julgamento.
d) não significa colocar a defesa em patamar inferior, em razão da sua natureza técnica.
e) foi abolida no Plenário do Júri em razão do seu caráter degradante e por influenciar os jurados leigos.

15. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AM. Prova: Defensor Público). No procedimento
relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri, a intimação da decisão de pronúncia
será feita pessoalmente somente ao

a) acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público.


b) acusado que estiver preso, ao defensor nomeado e ao Ministério Público.
c) defensor nomeado ou constituído e ao Ministério Público.
d) acusado, ao defensor constituído e ao Ministério Público.
e) defensor nomeado e ao Ministério Público.

16. (Ano: 2014. Banca: ACAFE. Órgão: PC-SC. Prova: Delegado de Polícia). De acordo com a Lei
de Introdução ao Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.

a) O juiz da denúncia, ao classificar o crime, apenas quando consumado, não poderá reconhecer a
existência de causa especial de diminuição da pena.

b) O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, poderá reconhecer a existência de


causa especial de diminuição da pena.

c) O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, apenas quando tentado, não poderá reconhecer a existência
de causa especial de diminuição da pena.

d) Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo o Código Penal, só admite ação privada,
esta, salvo decadência intercorrente, poderá prosseguir nos autos daquela, desde que a parte legítima
para intentá- la ratifique os atos realizados e promova o andamento do processo.

e) Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo o Código Penal, só admite ação privada,
esta, salvo prescrição intercorrente, não poderá prosseguir nos autos daquela, desde que a parte
legítima para intentá-la ratifique os atos realizados e promova o andamento do processo.

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GABARITOS

1– B; 2 – C; 3 – E; 4 – B; 5 – C; 6 – C; 7 – D; 8 – A; 9 – A; 10 – C; 11 – B; 12 – C; 13 – B; 14 – C; 15
– A; 16 – D

Ver art. 155 CPP;


Ver art. 412 CPP;
Ver art. 415 CPP;
Ver art. 416 CPP;
Ver art. 420 CPP;
Ver art. 427 CPP;
Ver art. 447 CPP;
Ver art. 473 CPP;
Ver art. 474 CPP;
Ver art. 479 CPP;
Ver art. 483 CPP;
Ver art. 497 CPP;
Ver art. 586 CPP;
Ver súmula 206 STF;
Ver súmula 712 STF;
Ver súmula 713 STF.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

4. NULIDADES

Para melhor compreendermos o instituto das nulidades é imprescindível termos inicialmente uma
noção sobre tipicidade processual penal, posto que é a partir desta que poderemos vislumbrar ou não a
nulidade do ato processual.
Nessa esteira, falarmos em tipicidade processual é tratarmos das formalidades processuais que o
processo penal contempla. Uma vez verificado a inobservância destas formalidades previstas no
Ordenamento Jurídico (CF, Leis, Convenções Internacionais), estaremos diante de uma nulidade, a qual
poderá ser relativa ou absoluta, conforme estudaremos neste capítulo.

Para Fernando Capez, por exemplo, a nulidade conceitua-se como um vício processual
decorrente da inobservância de exigências legais, sendo capaz de invalidar o processo no todo
ou em parte1. Por sua vez, José Frederico Marques refere-se à nulidade como uma “sanção que,
no processo penal, atinge a instância ou o ato processual que não estejam de acordo com as
condições de validade impostas pelo Direito objetivo”. Já Mirabete adota posição eclética,
aduzindo que a nulidade é, sob um aspecto, vício, e, sob outro, sanção, podendo ser definida
como a inobservância das exigências legais ou como uma falha ou imperfeição que invalida ou
pode invalidar o ato processual ou todo o processo.

No âmbito do direito penal, para que uma conduta seja considerada crime ela precisa de
capitulação prévia em lei, fala-se em tipicidade penal. Trazendo essa mesma realidade para o campo do
processo penal, temos que os atos processuais também se encontram previamente dispostos na
Constituição Federal e também infraconstitucional, uma vez constatado a inobservância dos
procedimentos dispostos na legislação, estaremos diante de uma nulidade por violação a tipicidade
processual penal.

4.1. TIPICIDADE PROCESSUAL


Tipicidade processual são as formalidades dos atos processuais. Nessa esteira, no âmbito do
processo penal os atos deverão ser praticados em conformidade com a Constituição da República e com
as leis processuais penais.

Nessa esteira, corroborando ao exposto, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar (2016):

Tipicidade do ato processual é a qualidade consistente em sua prática em compasso com todas
as disposições constitucionais e legais que o regem. Atipicidade do ato processual penal ocorre
quando, ao revés, o ato é realizado sem a observância das exigências legais e/ou constitucionais.
A nulidade recairá sobre o ato processual atípico, isto é, será a sanção aplicada pelo juiz quando

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o ato processual for praticado em desconformidade com as leis processuais penais e/ou com a
Constituição Federal. Eis a importância de se distinguir tipicidade de atipicidade do ato
processual.

A observância, pelas partes e pelo juiz, dos tipos (modelos) previstos na lei processual penal
assegura à coletividade um processo penal justo, que respeita os direitos fundamentais do acusado,
especialmente da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LV, CF).

Desta feita a tipicidade dos atos processuais assegura ao Estado o seu interesse na condução de
um processo justo, sem vícios, que preserva os direitos fundamentais do acusado. Havendo
necessidade de um instrumento de coerção que objetive o cumprimento do modelo típico para a prática
dos atos processuais, sob pena de as normas processuais penais passem a funcionar como mera
recomendação.

Portanto, caso sejam descumpridas as normas processuais penais (tipos processuais), os atos
processuais (atípicos) poderão ser declarados nulos (defeituosos), gerando uma sanção processual
denominada nulidade, não produzindo efeitos e devendo ser refeitos.

As regras de nulidade buscam observar o princípio do devido processo legal (art. 5º, inciso LIV,
CF).

4.2. ESPÉCIES DE ATOS PROCESSUAIS

Espécies de
Atos
Processuais

Atos
Atos
Atos perfeitos meramente Atos nulos
inexistentes
irregulares

Em resumo:

(1) Atos perfeitos;

(2) Atos meramente irregulares;

(3) Atos nulos;

(4) Atos inexistentes.

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-Atos perfeitos: são aqueles praticados de acordo com o modelo (tipo) previsto em lei. São
existentes, válidos e eficazes. Não há nenhum defeito.

- Atos meramente irregulares: são aqueles dotados de irregularidades sem consequências


ou com consequências meramente extraprocessuais. Nessa linha, preceituam Fábio Roque e
Klaus Negri Costa (pag. 1150, 2020)23, o ato meramente irregular é aquele ato defeituoso, com
vício de pequena monta, insignificante, não gerando efeitos endoprocessuais, mas apenas
extraprocessuais, como uma multa ou a perda de uma oportunidade. Embora afronte a lei, atinge
sua finalidade. O ato é considerado existente, válido e eficaz.

Ex.: Utilização de abreviatura (art. 272, §3º, CPC) ou mera menção do tipo penal imputado na
citação por edital (Súmula 366, STJ). Sentença publicada sem que o juiz rubrique uma das
páginas. São existentes, válidos e eficazes.

- Atos nulos: Nos atos nulos, a falta de adequação ao modelo típico pode acarretar a
invalidação do ato processual (sanção processual de nulidade). O ato é existente, porém
inválido, todavia, o ato nulo produz efeitos até a declaração de sua nulidade. A partir da
declaração judicial de sua invalidade, a cessação de seus efeitos retroage ao momento da
prática do ato.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1151, 2020) 24:

Ato nulo é o ato que existe juridicamente, mas falta com respeito a uma formalidade legal, de
forma que poderá ser reconhecida sua invalidade, cessando seus efeitos. Como visto, são atos
processuais que existem e, apesar de ser inválidos, geram efeitos até que uma decisão judicial
reconheça a nulidade.

Ex.: Sentença sem fundamentação (nulidade absoluta - violação ao artigo 93, inciso IX, da C.F.).
Se ela determinar a prisão preventiva do acusado, ele será preso (o ato produzirá efeitos, com o
cumprimento do mandado de prisão), até o Tribunal declarar sua nulidade absoluta, por falta de
fundamentação, de modo que os efeitos da invalidação retroagirão ao momento da prolação.

23 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.
24 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e

atual, 2020.

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- Atos inexistentes: No ato inexistente, o vício é de tal gravidade que sequer pode ser
considerado ato processual (é um não-ato).

Ex.: Sentença sem dispositivo (sem conclusão) ou prolatada às 0h01 do dia da publicação da
aposentadoria do juiz. O ato inexistente não produz efeitos, independente de declaração. O
vício que gera a inexistência do ato não se convalida nem mesmo após o trânsito em julgado.

4.3. ESPÉCIES DE IRREGULARIDADES

ESPÉCIES DE
IRREGULARIDADES

Irregularidades que Irregularidades que


Irregularidades que
Irregularidade sem podem acarretar a acarretam a
produzem sanções
consequências invalidação do ato inexistência do ato
extraprocessuais
processual (nulidade) processual

Em resumo:

(1) Irregularidade sem consequências;

(2) Irregularidades que produzem sanções extraprocessuais: Não contaminam a validade do processo.

(3) Irregularidades que podem acarretar a invalidação do ato processual (nulidade);

(4) Irregularidades que acarretam a inexistência do ato processual.

- Irregularidades sem consequências: O ato processual foi praticado com violação à norma
processual, mas não há nenhuma consequência jurídica.

Ex.: Vedação de utilizar abreviaturas nos atos processuais.

- Irregularidades que produzem sanções extraprocessuais: O ato processual foi praticado com
violação à norma processual, mas a irregularidade não acarretará nulidade, mas apenas sanções
extraprocessuais. Ex.: Multa aplicada ao perito que não entrega o laudo no prazo (art. 277, parágrafo
único, “c”, CPP). O ato terá consequências extraprocessuais.

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- Irregularidade que pode acarretar a invalidação do ato processual (nulidade): A


irregularidade atenta contra o interesse público ou contra o interesse das partes, tornando o ato processual
nulo (inválido). Ex.1: Sentença sem motivação (artigo 93, inciso IX, da C.F.). Nulidade relativa, havendo
necessidade de demonstração do prejuízo.

Ex.2: Oitiva de testemunha sem observar o “Exame Direto e Cruzado” (art. 212, CPP), juiz pergunta
diretamente as testemunhas e não as partes que arrolaram.

- Irregularidade que acarreta a inexistência do ato processual: Aqui, a irregularidade é tão


grave que o ato processual se torna inexistente (é um não-ato).

Ex.1: Sentença sem dispositivo.

Ex.2: Sentença prolatada por não-juiz (depois de promovido ou removido).

4.4. ACEPÇÕES DA EXPRESSÃO “NULIDADE” (POLISSEMIA)

A expressão “nulidade” compreende mais de um sentido, tanto o defeito do ato processual


praticado com inobservância quanto a sanção processual aplicada contra o ato praticado em
contrariedade às normas processuais penais. Se determinada decisão é nula, ela é defeituosa, mas se
determinada decisão sofreu uma sansão processual denominada nulidade, significa dizer que a nulidade
é a punição processual imposta aquele ato defeituoso, e consistirá na invalidação e necessidade de
refazimento dos atos.

Diante do exposto, temos que a expressão NULIDADE ganha dupla acepção, ora tratada como
defeito, ora como sanção processual em virtude da inobservância das formalidades do ato.

Em resumo:

Nulidade
Defeito Sanção
O ato é defeituoso (praticado em Aplica-se a sanção processual de declaração
desconformidade com o modelo legal previsto de nulidade ao ato processual defeituoso.
na lei processual penal).

Neste sentido teremos a nulidade como defeito do ato processual e/ou sanção processual.

- Defeito do ato processual: Sob este prisma, a nulidade é a característica de ato processual
defeituoso, por não ter sido praticado em conformidade com as normais processuais penais.

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Ex.: A decisão que decreta prisão preventiva sem fundamentação será nula (defeituosa).

- Sansão processual: Sob esta ótica, a nulidade é a sanção processual aplicada ao ato processual
defeituoso (que foi praticado com o descumprimento das normais processuais penais), retirando sua
eficácia. Ex.: O juiz declarará a nulidade (sanção processual) da citação, se o oficial de justiça não ler o
mandado ao acusado.

Nessa linha, reforçando a explicação acima proposta, vejamos algumas posições doutrinárias
sobre a nulidade apresentar-se como defeito/vício ou sanção processual.

Vejamos:

• Nucci: nulidade “é o vício que contamina determinado ato processual, praticado sem
observância da forma prevista em lei, podendo levar à sua inutilidade e consequente
renovação”
• Mirabete: nulidade “é, sob um aspecto, vício, sob outro, sanção, podendo ser definida
como a inobservância de exigências legais ou uma falha ou imperfeição jurídica que
invalida ou pode invalidar o ato processual ou todo o processo”
• Pacelli: “a declaração de nulidade” é “a consequência jurídica da prática irregular do
ato processual, seja pela não-observância da forma prescrita em lei, seja pelo desvio de
finalidade surgido com a sua prática”.

4.5. ESPÉCIES DE NULIDADES

Espécies de
Nulidades

Nulidade Nulidade
Relativa Absoluta

4.5.1. NULIDADE ABSOLUTA

Segundo Norberto Avena, “a nulidade absoluta é vício que atinge normas de ordem pública,
como tais consideradas aquelas que tutelam garantias ou matérias tratadas direta ou indiretamente pela
Constituição Federal. O ato existe, porém, uma vez reconhecido o vício, jamais poderá ser considerado
válido e eficaz. Sendo insanável, não está sujeito à preclusão”.

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- Características: A nulidade absoluta é aquela em que há, como regra, violação a uma norma
constitucional ou a uma norma de ordem pública. Nesse tipo de nulidade, o prejuízo é presumido
(não há necessidade de demonstrar a ocorrência do prejuízo), podendo ser arguida a qualquer
momento, inclusive após o trânsito em julgado em benefício do réu (via revisão criminal ou HC). Atente
para o fato de que a nulidade absoluta não pode ser convalidada. Podem ser decretadas de ofício.

Em resumo:

Nulidade Absoluta
Violam normas de ordem Prejuízo é presumido Pode ser arguida a qualquer
pública momento
Podem ser decretadas de OFÍCIO pelo juiz.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SC Prova: VUNESP - 2018 - TJ-SC - Juiz Leigo. Tício, preso
preventivamente, responde à ação penal por crime de tráfico de drogas. Finalizada a instrução
processual, a Autoridade Judicial determinou a realização do interrogatório, por sistema de
videoconferência, para prevenir risco à segurança pública, dada a suspeita de Tício integrar organização
criminosa. No dia designado, o advogado de Tício acompanhou o ato, da sala de audiência do Fórum. O
advogado, nesse dia, não teve comunicação anterior ao interrogatório com Tício, já que o
estabelecimento prisional não tinha canais telefônicos para disponibilizar. Tício também não foi
acompanhado de defensor, na sala reservada no estabelecimento prisional. Logo no início do
interrogatório, Tício, indagado pelo Magistrado, respondeu que se sentia confortável para o ato, pois
manteve entrevista reservada com seu advogado, no dia anterior. Realizado o interrogatório,
apresentados os memoriais por parte da defesa, sem que se alegasse a ocorrência de qualquer vício
processual, o réu foi condenado. Em razões de apelação, a defesa de Tício não alegou qualquer nulidade,
postulando a absolvição por falta de materialidade delitiva e autoria. Contudo, o Tribunal, no julgamento
da apelação, de ofício, reconheceu a nulidade absoluta do interrogatório por afronta à ampla defesa, em
vista da ausência de defensor assistindo Tício, na sala reservada no estabelecimento prisional.
Com base na situação hipotética, assinale a alternativa correta.

a) As nulidades absolutas, em favor da defesa, não ensejam preclusão, podendo ser alegadas a
qualquer tempo.

b) Vigora no processo penal brasileiro o postulado “pas de nullite sans grief”, sendo dispensável a
comprovação do prejuízo.

c) O Tribunal de Justiça se equivocou em reconhecer a nulidade do interrogatório, pois não se


declara nulidade, de ofício.

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d) A anulação do interrogatório, pelo Tribunal de Justiça, implica anulação de toda a ação penal,
desde o recebimento da denúncia, uma vez que o processo é uma sequência de atos encadeados e
indivisíveis.

e) O interrogatório de réu preso pelo sistema de videoconferência é medida excepcional, cabível


somente no caso de fundada suspeita de que integre organização criminosa e, em vista disso, risco de
fuga durante o deslocamento.

Gab. A, conforme explicado acima e sintetizado em nosso quadro-resumo, as nulidades absolutas não estão
sujeitas à preclusão, podendo ser arguida em qualquer momento. No tocante a assertiva B, constatamos a sua
incoerência/erro em face ao princípio do prejuízo previsto ao teor do art. 563 do CPP. C, a nulidade absoluta pode
ser reconhecida de ofício.

Observação. A acusação e defesa podem arguir a nulidade absoluta até o trânsito em julgado da
sentença. Mas a acusação não pode arguir a nulidade absoluta após trânsito em julgado (proibição da
revisão criminal “pro societate”).

- Alegação da nulidade absoluta após o trânsito em julgado:

É possível a alegação da nulidade absoluta após o trânsito em julgado?


Sentença condenatória ou sentença absolutória Sentença absolutória própria
imprópria (Absolve o acusado)
(Absolve mas impõe uma medida de segurança)
Sim Não
HC ou Revisão criminal Não há instrumento processual adequado
(Vedação da revisão criminal “pro societate”)

- Alegação da nulidade absoluta nos tribunais superiores:

Somente será possível a alegação da nulidade absoluta perante os Tribunais Superiores, em sede
de recurso especial ou recurso extraordinário, se houver prequestionamento da matéria nos órgãos
jurisdicionais inferiores.

O fato de o direito penal lidar com ‘o direito humano e fundamental à liberdade do indivíduo’
não mitiga a observância ao ordenamento jurídico, motivo pelo qual mesmo as matérias
supostamente de ordem pública ou as alegadas nulidades absolutas não prescindem do
devido prequestionamento e da correta observância ao regramento legal para serem
conhecidas (STJ. AgRg na PET no REsp 1678519/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES
DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2020).

Mesmo assim, havendo risco à liberdade de locomoção, é possível que os Tribunais


Superiores não conheçam o recurso especial ou recurso extraordinário, mas concedam, de ofício,
a ordem de habeas corpus.

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Art. 654, §2º, CPP: Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência
de sofrer coação ilegal.

“1. Não se admite o recurso extraordinário quando os dispositivos constitucionais que nele se
alega violados não estão devidamente prequestionados. Incidência das Súmulas nºs 282 e
356/STF. (...) 6. Ordem de habeas corpus concedida de ofício para declarar extinta a
punibilidade do recorrente, em razão da consumação da prescrição da pretensão punitiva estatal”
(STF. 1ª Turma. Recurso Extraordinário 751.394/MG. Relator MIN. DIAS TOFFOLI, julgado
em 28/05/2013).

Nesse sentido, foi aprovada no ano de 2022 a Emenda Constitucional n.º 125, conhecida como
PEC da Relevância, que cria e regulamenta novo requisito para a admissão de Recurso Especial: a
demonstração da relevância das questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso. Trata-
se de requisito de admissibilidade recursal semelhante à repercussão geral exigida pelo STF aos recursos
extraordinários. Vejamos o artigo 105, §2º e§ 3º da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

§ 2º No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de direito


federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que a admissão do
recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele não conhecer com base nesse
motivo pela manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros do órgão competente para o
julgamento.

§ 3º Haverá a relevância de que trata o § 2º deste artigo nos seguintes casos:

I - ações penais;

II - ações de improbidade administrativa;

III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500 (quinhentos) salários mínimos;

IV - ações que possam gerar inelegibilidade;

V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar jurisprudência dominante o Superior


Tribunal de Justiça;

VI - outras hipóteses previstas em lei.

O dispositivo visa reduzir o número de processos a serem julgados pelo Superior Tribunal de
Justiça. Embora se entenda que o rol é exemplificativo se considerado o teor do inciso VI.

Desta feita é possível a arguição de nulidade absoluta a qualquer tempo, no entanto para que os
tribunais superiores reconheçam é necessário o prequestionamento da matéria. Caso não haja
prequestionamento, mas existindo risco de restrição da liberdade do acusado é possível a expedição do
HC de oficio.

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4.5.1.1. Hipóteses de nulidade absoluta

(1) Nulidades do art. 564 do CPP – Inconválidaveis.

Art. 564, incisos I, II e III, alíneas “a”, “b”, “c”, “f”, “i”, “j”, “k”, “l”, “m”, “n”, “o”, “p”.

Obs.: Esse rol de nulidades do artigo 564 do CPP é meramente exemplificativo.

(2) Violação da Constituição da República

A violação às normas constitucionais, ainda que não estejam previstas no artigo 564 do CPP
(exemplificativo), importarão a nulidade absoluta do ato processual.

(3) Violação de forma prescrita em Lei de Ordem Pública

A violação a normas de ordem pública, ainda que não estejam previstas no artigo 564 do CPP
(exemplificativo), importarão a nulidade absoluta do ato processual.

4.5.2. NULIDADE RELATIVA

A nulidade relativa é aquela em que há, como regra, violação a uma norma infraconstitucional
ou a uma norma de interesse preponderante das partes. Na nulidade relativa, o prejuízo suportado
pela parte deve ser comprovado.

As nulidades relativas só podem ser arguidas oportunamente (nos prazos do artigo 571, do
CPP), sob pena de preclusão e consequente convalidação da nulidade.

Nulidade Relativa
Violam normas de interesse Prejuízo deve ser comprovado Deve ser arguido em momento
preponderante das partes devido, sob pena de preclusão

Ex.: A incompetência territorial (competência relativa) deverá ser alegada pela Defesa na resposta à
acusação (art. 396-A, CPP), sob pena de preclusão. Assim, caso não alegada nesta peça, haverá a
prorrogação da competência, com a convalidação de uma nulidade relativa.

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(1) Nulidades do art. 564 do CPP – Convalidáveis

Artigo 564, III, “d”, “e”, segunda parte, ”g” e ”h”, e IV.

Art. 572, CPP: As nulidades previstas no art. 564, Ill, “d” e “e”, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas.

“Considerar-se-ão sanadas”, então serão nulidades relativas.

(2) Violação de forma prescrita em Lei cujo interesse seja da parte.

A violação a normas cujo interesse seja preponderantemente das partes, ainda que não estejam
previstas no artigo 564 do CPP (exemplificativo), importarão a nulidade relativa do ato processual.

Ex.: Súmula 155, STF: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha”.

Vejamos as principais diferenças entre a nulidade absoluta e nulidade relativa:

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA


O prejuízo é presumido O prejuízo deve ser comprovado
Violação a norma legal
Violação a norma constitucional
(infraconstitucional)
Deve ser arguida oportunamente, sob
Pode ser arguida a qualquer momento
pena de preclusão e convalidação.
Sujeita-se a preclusão, se não arguida na
Não está sujeita a preclusão primeira oportunidade em que falar nos
autos, convalidando-se.
Pode ser arguida mesmo após o
trânsito em julgado Não pode ser arguida após o trânsito em
(Ação rescisória ou HC), sempre em julgado
favor do acusado.
Violação a norma constitucional de Violação a norma de interesse
interesse público. preponderante das partes.
Art. 564, CPP (Não ressalvadas pelo Art. 564, III, “d”, “e”, “g”, “h” e inciso
art. 572, CPP). IV.

Candidato, a falta de defesa gera qual espécie de nulidade?

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Súmula 523, STF – No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Falta de defesa Deficiência de defesa


Nulidade absoluta Nulidade relativa
O prejuízo é presumido Há necessidade de demonstração de prejuízo
Violação a norma constitucional de ordem Violação a interesse preponderante da parte.
pública (direito à ampla defesa [defesa técnica]).

- Momento para alegação

A nulidade relativa deverá ser alegada no momento oportuno, previsto no artigo 571, do CPP,
sob pena de convalidação. (O ato relativamente nulo, se tornará perfeitamente válido.)

Art. 572, inciso I, CPP: As nulidades previstas no art. 564, Ill, “d” e “e”, segunda parte, g e h, e
IV (relativas), considerar-se-ão sanadas: se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo
com o disposto no artigo anterior (art. 571, CPP);

Observação. A redação do artigo 571, do CPP, é original de 1.941, portanto, há alguns


dispositivos legais ali mencionados (ex. artigo 500, do CPP, que previa as alegações finais no antigo
procedimento ordinário) que foram alterados na Reforma Processual Penal de 2008 (Leis 11.689/08 e
11.719/08) e, hoje, não encontram mais correspondência legal, por isso, há necessidade de se realizar
uma interpretação sistemática e cronológica com as leis posteriores que alteraram os procedimentos.

Art. 571, CPP: As nulidades (relativas) deverão ser arguidas:

I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o
art. 406.

O art. 406 não fala sobre as alegações finais do júri, atualmente esse tema é retratado pelo art.
411 § 4º do CPP. Desta feita a arguição de nulidade relativa que ocorrer durante o procedimento do júri
– 1º fase, deverão ser realizadas até as alegações finais do júri.

Ex.: Juiz não intimou a Defesa da expedição de carta precatória para ouvir testemunha em outra
comarca (Súmula 155, STF e Súmula 273, STJ). Não intimação das partes da expedição da carta
precatória é nulidade relativa e deverá ser arguida até as alegações finais da primeira fase do júri.

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II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos


especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o
art. 500 (alegações orais [art. 403, “caput”, CPP]ou memoriais escritos [art. 403, §3º, CPP]);

Há 12 anos não temos mais o art. 500 no CPP, porém esse artigo previa as antigas alegações
finais do procedimento comum ordinário, portanto esse dispositivo deverá ser interpretado conforme o
art. 403 caput do CPP e desta forma as alegações de nulidades relativas nas instruções criminais de
processos de competência do juiz singular, deverão ser arguidas até as alegações finais orais ou os
memoriais escritos art. 403 § 3º.

Ex.: Crime praticado por funcionário público (prevê defesa preliminar antes do oferecimento da
denúncia). O juiz não oportuniza a defesa preliminar (art. 514, CPP), em procedimento de crime
funcionais, quando o processo foi instruído com inquérito policial (Súmula 330, STJ).

V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e


apregoadas as partes (art. 447);

As nulidades relativas ocorridas depois da pronúncia, mas antes do plenário, deverão ser
arguidas logo após o anúncio do julgamento. Ex.: Juiz não intimou testemunha arrolada, em caráter
de imprescindibilidade, pela Defesa, na fase do art. 422, do CPP.

Em resumo, para o Júri, as nulidades relativas ocorridas na 1º fase deverão ser arguidas nas
alegações finais, no entanto, iniciada a segunda fase, as nulidades relativas após a pronúncia, deverão
ser arguidas logo após anunciado o julgamento.

VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e


dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500 (alegações finais);

Alegações de nulidade relativa quando houver foro por prerrogativas de função, terá como
momento oportuno o momento das alegações finais.

VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo
depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;

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As nulidades relativas ocorridas após a sentença, deverão ser arguidas nas razões do recurso
ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso no Tribunal em que as partes tenham sido
apregoadas. Ex.: Intimação da sentença do réu preso por edital (artigo 392, inciso I, do CPP).

VIII - as do julgamento em plenário (júri), em audiência (audiência de instrução) ou


em sessão do tribunal (ex. TJSP), logo depois de ocorrerem.

As nulidades relativas ocorridas no júri, em audiência de instrução ou em sessão do tribunal


deverão ser arguidas logo depois que ocorrerem, pedindo para constar em ata.

Ex.1: Falar do uso de algemas como de argumento de autoridade para prejudicar o réu (mandar
constar em ata).

Ex.2: Juiz perguntou diretamente à testemunha (desrespeitando o artigo 212, CPP – exame direto
e cruzado).

- Convalidação das nulidades relativas

Art. 572, CPP: As nulidades previstas no art. 564, III, “d” e “e”, segunda parte, g e h, e IV
(relativas), considerar-se-ão sanadas:

I - se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior

Art. 571 CPP. Ex: se a defesa não alega oportunamente a incompetência em razão da prevenção
– No caso momento das alegações finais. [Súmula 706, STF: “É relativa a nulidade decorrente da
inobservância da competência penal por prevenção”]);

II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim

Ato praticado de outra forma que a prevista em Lei, mas que tem seu fim atingido. Exemplo: o
juiz começa perguntando às testemunhas, violando o sistema do exame direto e cruzado – art. 212, CPP);

III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos

Exemplo: acusado não destitui defensor, que é seu amigo pessoal, apesar da atuação deficiente

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Súmula 523, STF – “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.

4.6. RECONHECIMENTO DAS NULIDADES

4.6.1. PRIMEIRA INSTÂNCIA

- O juiz poderá reconhecer nulidades absolutas e relativas de oficio: Em primeira


instância, as nulidades absolutas e relativas podem ser reconhecidas pelo juiz de ofício ou após
provocação.

Art. 251, CPP: Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

Art. 423, inciso I, CPP: (...) o juiz presidente: ordenará as diligências necessárias para sanar
qualquer nulidade (...).

Desta forma seja a nulidade absoluta ou relativa, o juiz tomará providências para sanar.

Candidato o juiz pode reconhecer a incompetência relativa de oficio?

1ª Corrente: Não:

Súmula 33, STJ: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. É assente neste
Sodalício Superior o entendimento de que "a competência territorial é matéria que gera nulidade
relativa, não devendo ser reconhecida de ofício, mas arguida em momento oportuno, por meio
de exceção de incompetência do Juízo, ou seja, no prazo de defesa", sendo que "tratando-se de
incompetência relativa, não tendo a defesa oposto a devida exceção, no prazo legal, resta
operada a preclusão, prorrogados e a competência firmada". (STJ. HC 51.101/GO, Rel. Min.
GILSON DIPP).

Essa súmula que foi originalmente prevista para o processo civil deverá ser aplicada também ao
processo penal.

2ª Corrente: Sim, A incompetência relativa sempre pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.

Art. 109, CPP: Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma
do artigo anterior.

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O artigo 109, CPP não distingue se a incompetência é absoluta ou relativa.

A Súmula 33, STJ, refere-se à competência relativa apenas no processo civil.

4.6.2. SEGUNDA INSTÂNCIA

É possível o reconhecimento de nulidades, observados os princípios da non reformatio in pejus


indireta e da reformatio in mellius.

Súmula 160, STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não
arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

Em resumo teremos:

(1) Acusação recorre arguindo nulidade contra o réu: Pelo princípio da devolutividade, o
Tribunal pode reconhecer nulidade contra o réu.

(2) Acusação recorre apenas do mérito: Por exemplo, a acusação só recorre da pena, mas não
alega nenhuma nulidade ou a acusação recorre da absolvição pedindo condenação, mas não
alegando nenhuma nulidade, o Tribunal não pode reconhecer nulidade contra o réu.

(3) Recurso exclusivo da defesa: O Tribunal pode reconhecer nulidade em favor do réu, ainda
que não haja alegação (princípio da reformatio in mellius – permite ao tribunal tomar uma
providência favorável ao acusado, ainda que não haja requerimento neste sentido).

(4) Recurso de ofício: (Reexame necessário). O Tribunal pode reconhecer qualquer nulidade,
inclusive contra o acusado.

4.7. PRINCÍPIOS QUE REGEM OS ATOS PROCESSUAIS

4.7.1. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE DAS FORMAS

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O ato processual tem sua forma prevista em lei, cuja inobservância pode acarretar a
nulidade. Todavia, o Princípio da Tipicidade das Formas tem sido mitigado pelo Princípio da
Instrumentalidade das Formas.

4.7.2. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS

A existência do modelo típico não é um fim em si mesmo. Se o ato processual, apesar de


viciado, atinge sua finalidade, a nulidade não deve ser reconhecida.

Ex.: Falta ou nulidade de citação, e o acusado comparecer (a finalidade de dar ciência da ação
penal e chamar ao processo para se defender foi atingida).

Art. 570, CPP: A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada,
desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz
para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando
reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.

4.7.3. PRINCÍPIO DO PREJUÍZO

De acordo com esse princípio, que é sintetizado pela expressão francesa pas de nullité sans grief,
é pressuposto inafastável para a invalidação de qualquer ato processual a ocorrência de efeitos
prejudiciais ao processo ou às partes, mostrando -se insuficiente, para o decreto de nulidade, a
simples imperfeição do ato.25

Não há nulidade sem prejuízo (pas de nullité sans grief). Somente a atipicidade processual
relevante, capaz de produzir prejuízo às partes, pode invalidar o ato. O princípio se aplica tanto às
nulidades relativas, quanto às nulidades absolutas.

Nulidade absoluta Nulidade relativa


O prejuízo é presumido O prejuízo deve ser comprovado

25Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado). 1. Processo penal – Legislação – Brasil I.
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Lenza, Pedro. III. Título. IV. Série.

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Explica Norberto Avena, “previsto no art. 563 do CPP, significa que não se decreta a nulidade
relativa e não se declara a nulidade absoluta sem que haja resultado prejuízo para qualquer das partes
(pas de nullité sans grief), sendo isto cabalmente demonstrado pela parte interessada”.

Nesse mesmo sentido, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1353, 2020) 26

Nenhum ato será considerado nulo se da nulidade não resultar nenhum prejuízo para as partes
(art. 563, CPP). É comumente chamado de pas de nullité sans grief, ou seja, se não há
nulidade/prejuízo, não haverá reclamação possível de ser feita. Desta feita, “o ato não será
repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte (1°, art. 282, CPC).

Desse modo, vejamos o teor do Código de Processo Penal:

Art. 563, CPP: Nenhum ato será declarado nulo, se dá nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa.

Art. 566, CPP: Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Ex.: Inversão da ordem de oitiva das testemunhas de acusação e de defesa.

Como #JáCaiu em Concurso

Ano: 2013 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: AGU Prova: CESPE - 2013 - AGU - Procurador Federal

Segundo o entendimento dos tribunais superiores, julgue os próximos itens, a respeito da prisão e das
provas no processo penal.

Alegações genéricas de nulidade processual, desprovidas de demonstração da existência de concreto


prejuízo para a parte, não podem dar ensejo à invalidação da ação penal. Trata-se, no caso, do princípio
pas de nullité sans grief.

Gab. CERTO. Uma vez inexistindo prejuízo, não se proclama a nulidade do ato processual, embora
produzido em desacordo com as formalidades legais. Assim, pelo princípio do pas de nullité sans grief
em se tratando de alegação de nulidade de ato processual, seu reconhecimento não é presumido, e
depende de efetiva demonstração do prejuízo.

4.7.4. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DOS ATOS PROCESSUAIS

26Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Pelo princípio da eficácia dos atos processuais, o ato judicial nulo permanece produzindo
efeitos enquanto não for declarada judicialmente a sua nulidade. Ex.: Se um acusado for condenado
sem defesa técnica, enquanto o Tribunal não declarar a nulidade absoluta do processo, ele estará sujeito
aos efeitos da condenação, como o recolhimento à prisão.

4.7.5. PRINCÍPIO DA RESTRIÇÃO PROCESSUAL À DECRETAÇÃO DA INEFICÁCIA

A invalidação do ato processual só pode ser decretada se houver instrumento processual


adequado e se o momento ainda for oportuno. Como a nulidade dos atos processuais não é automática
(princípio da eficácia dos atos processuais), ainda que o ato tenha sido praticado em desconformidade
com o modelo típico, esse vício somente poderá ser reconhecido se houver instrumento processual
idôneo, a ser manejado em momento oportuno, para o seu reconhecimento judicial.

Ex.1: Em caso de condenação por juízo absolutamente incompetente que transite em julgado:
Havendo risco à liberdade de locomoção (ex. pena privativa de liberdade), o acusado poderá alegar a
nulidade absoluta do feito em habeas corpus; não havendo risco à liberdade ambulatória (ex. pena
pecuniária), o acusado poderá alegar a nulidade absoluta do feito em revisão criminal;

Observação. A nulidade absoluta não poderá ser alegada após o trânsito em julgado, quando
prejudicar a acusação (vedação da revisão criminal “pro societate”).

4.7.6. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE (PRINCÍPIO DA CONSEQUENCIALIDADE)

Uma vez declarada a nulidade de um ato processual, os atos que dele dependam (ou dele
sejam consequência) também devem ser anulados. Ao tratar do tema, Norberto Avena explica, “este
princípio encontra-se disposto no art. 573, § 1.º, do CPP, segundo o qual a nulidade de um ato ocasiona
a nulidade dos que lhe forem consequência ou decorrência. Não é, portanto, a circunstância de serem
um ou mais termos do processo posteriores ao ato declarado nulo que os torna nulificados, mas sim o
fato de serem consequência ou decorrência daquele ato”.

Vejamos:

Art. 573, §1º, CPP: A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam consequência.

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Art. 573, §2º, CPP: O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende

Ex.: Reconhecida a nulidade da citação na sentença, toda a instrução processual deverá ser
declarada nula, como consequência lógica da invalidação do ato processual antecedente.

4.7.7. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

O ato processual que não depende do ato anterior declarado nulo, conserva-se válido. Com
previsão ao teor do art. 565, 2.ª parte, do CPP, significa que somente a parte prejudicada poderá alegar
a nulidade.

Vejamos:

Art. 281, CPC: Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele
dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam
independentes.

É um artigo do CPC aplicado ao processo penal, segundo a doutrina.

Ex.: A declaração de nulidade da tomada de depoimento das testemunhas diretamente pelo juiz
(violação ao artigo 212, do CPP) não anula as declarações do ofendido, tomadas anteriormente pelo
magistrado.

4.7.8. PRINCÍPIO DO INTERESSE

O princípio em estudo veda a arguição de nulidade pela parte que a ela deu causa, ou que para
ela tenha concorrido, e também àquela referente à formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse (art. 565 do CPP).27

Pelo princípio do interesse, ninguém pode arguir nulidade referente a formalidade que só
interesse à parte contrária. O princípio do interesse vem anunciado na segunda parte do art. 565 do CPP,
significa que a ninguém é dado suscitar nulidade que interesse à parte contrária. Em resumo, só pode
arguir nulidade a parte que possa extrair, de tal decreto de nulidade, algum proveito.

Nesse sentido, vejamos o teor do Código de Processo Penal:

27Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado). 1. Processo penal – Legislação – Brasil I.
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Lenza, Pedro. III. Título. IV. Série.

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Art. 565, CPP: Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que
tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.

Ex.: O advogado não pode ver reconhecida a nulidade em razão da ausência do promotor à
audiência de instrução, tendo em vista que a presença do promotor só é interesse da acusação.

Todavia, esse princípio não se aplica à nulidade absoluta (qualquer parte pode alegar ou o juiz,
reconhecer de ofício). Igualmente, o princípio não se aplica ao Ministério Público, que pode alegar
nulidade relativa em favor do acusado, porquanto não lhe interessa a condenação de inocente (função
constitucional de defesa da ordem jurídica – art. 127, “caput”, da C.F.). Portanto, o princípio do interesse
apenas se aplica à impossibilidade de a defesa alegar nulidades relativas que interessem tão somente à
acusação.

4.7.9. PRINCÍPIO DA LEALDADE

Ninguém pode arguir nulidade a que tenha dado causa.

A parte não poderá dar causa à prática de atos processuais defeituosos para, em caso de decisão
que lhe seja desfavorável, alegar, posteriormente, que a sua falta deve invalidar o processo.

Ex.: Promotor não pode ver reconhecida nulidade em razão de sua própria ausência à audiência
de instrução.

Art. 565, CPP: Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para
que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária
interesse.

4.8. ROL DAS NULIDADES – ART. 564, CPP.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz (absoluta);

• Incompetência

Art. 567, CPP: A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

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• Incompetência absoluta: nulidade absoluta; Ex. Juiz do trabalho condenando alguém


criminalmente.

• Incompetência relativa: nulidade relativa. Ex. Juiz territorialmente incompetente.

• Suspeição: nulidade absoluta.

•Impedimento: inexistência. Ex. Se o juiz é casado com a acusada, é uma situação de


impedimento, e a decisão do juiz será nula e inexistente.

Art. 252, CPP: O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que (...).

• Suborno (corrupção passiva, concussão ou prevaricação): nulidade absoluta.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

II - por ilegitimidade de parte (absoluta);

• Ação penal pública: Somente o Ministério Público;

• Ação penal privada: Somente o querelante ou representantes legais.

Desta feita caso o MP oferte queixa-crime ou o querelante ofereça denúncia será nulidade
absoluta, podendo ser alegada a qualquer tempo.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a


portaria ou o auto de prisão em flagrante (absoluta);

• Falta de denúncia ou de queixa: nulidade absoluta;


• Falta de representação, na ação penal pública condicionada: nulidade absoluta;

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Candidato é possível que o início da ação penal nas contravenções penais seja feito com
portaria ou auto de prisão em flagrante, consoante o art. 26 do CPP e o final da alínea “a”, inciso
III do art. 564 do CPP?

Art. 26, CPP: A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em
flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.

Não é possível o início da ação penal nas contravenções por intermédio de portaria ou auto de
prisão em flagrante, tais menções tratam do procedimento judicialiforme que não foi recepcionado pela
Constituição Federal (art. 129, I). Desta feita o final da alínea “a” do inciso III do art. 564 do CPP não
se aplica mais.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no
Art. 167 (absoluta);

Nos crimes não transeuntes, a falta de exame de corpo de delito acarreta a nulidade absoluta
do processo, exceto se houver prova testemunhal que supra a sua ausência.

Art. 158, CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Art. 167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:

c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador


ao menor de 21 anos (absoluta);

• Falta de nomeação de defensor ao acusado: nulidade absoluta.

Art. 261, CPP: Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado
sem defensor.

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Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta (...)

• Falta de nomeação de curador ao menor de 21 anos: derrogação pelo CC/2002, após 2002 a
parte final da alínea c, inciso III do art. 564 do CPP não se aplica mais.

Art. 5º, “caput”, CC: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada


(ação penal pública) e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
ação pública (ação penal privada subsidiária da pública) – (relativa);

• Falta de intervenção do MP na ação penal pública: nulidade absoluta (doutrina);

• Falta de intervenção do MP na ação penal privada subsidiária da pública: nulidade


relativa;

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça –
Matutina.

O Código de Processo Penal estabelece que a nulidade ocorrerá pela ausência da intervenção do
Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida,
quando se tratar de crime de ação privada.

Gab. ERRADO. A assertiva menciona a necessidade de intervenção e posterior causa de nulidade a


ausência de intervenção do MP quando se tratar de ação privada. Contudo, a legislação faz menção as
hipóteses de ação pública.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente (absoluta),
e os prazos concedidos à acusação e à defesa (relativa);

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•Falta de citação: nulidade absoluta; lembrando do art. 570 do CPP, ainda que não haja citação,
se o acusado entrar no processo ainda que para alegar a nulidade, a falta de citação será
convalidada, sanada.

• Falta de interrogatório, quando presente: nulidade absoluta. Violação a ampla defesa.

• Falta de interrogatório, quando revel: ato válido. O acusado foi devidamente citado, mas não
compareceu à audiência.

• Não concessão de prazos à acusação e à defesa (ou reduzi-los): nulidade relativa.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de


testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; (absoluta);

• Falta de decisão interlocutória mista não terminativa de pronúncia: nulidade absoluta. Não
há como o sujeito ir para júri sem pronúncia.

• Libelo: peça processual privativa do MP que continha a acusação que seria apresentada em
plenário, abolida com a Lei 11.689/08.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei
não permitir o julgamento à revelia (relativa);

• O acusado preso sempre deverá ser intimado pessoalmente;

• O acusado solto, se intimado e não comparecer, poderá ser julgado à revelia.

Art. 457, “caput”, CPP: O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado
solto, (...) que tiver sido regularmente intimado.

Art. 420, p. ú., CPP: Será intimado (da pronúncia) por edital o acusado solto que não for
encontrado.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

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III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos


estabelecidos pela lei (relativa);

• Com a extinção do libelo (2008), as testemunhas das partes são arroladas na fase do art. 422,
CPP.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri (absoluta);

• A falta de 15 jurados (estouro de urna) implica o desmembramento do processo para que cada
acusado seja julgado separadamente em nova data (art. 464. CPP).

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

a) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua


incomunicabilidade (absoluta);

• Falta de sorteio dos jurados no número legal (7): nulidade absoluta;

• Falta de incomunicabilidade dos jurados (conversarem sobre o fato): nulidade absoluta.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

b) os quesitos e as respectivas respostas (absoluta);

• Falta de um dos quesitos obrigatórios: nulidade absoluta;

• Falta de votação de qualquer dos quesitos: nulidade absoluta;

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

c) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento (absoluta);

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• Falta de Ministério Público e de defesa técnica no plenário do júri: nulidade absoluta

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

d) a sentença (absoluta);

• Falta de sentença: nulidade absoluta;

• Falta de relatório: nulidade relativa, exceto no JECRIM (o relatório é dispensado).

• Falta de fundamentação: nulidade absoluta (violação ao art. 93, IX, CF);

• Falta de dispositivo: ato inexistente;

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

e) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido (absoluta);

Súmula 423, STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso "ex-oficio",
que se considera interposto "ex-lege".

➢ Hipóteses de reexame necessário (recurso “ex-oficio”):

(1) Sentença que concede habeas corpus

(2) Decisão que concede reabilitação

(3) Absolvição em Crime contra a Economia Popular ou Crime contra a Saúde Pública

(4) Arquivamento do Inquérito em Crime contra a Economia Popular ou Crime contra a Saúde
Pública

(5) Sentença que concede o Mandado de Segurança.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

f) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de
que caiba recurso (absoluta);

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• Réu preso: a intimação da sentença será pessoal;

• Réu solto em lugar certo com defensor dativo : a intimação da sentença será pessoal;

• Réu solto em lugar certo com defensor constituído: a intimação da sentença será pessoal ou na
pessoa do defensor constituído;

• Réu solto em lugar incerto com defensor dativo: intimação por edital.

• Réu solto e defensor constituído (ambos) em lugar incerto: intimação por edital

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes

g) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quórum legal para o


julgamento (absoluta);

• O julgamento de tribunal com falta de quórum importa nulidade absoluta.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato (relativa);

• Se a formalidade omitida viola interesse público: nulidade absoluta; Ex.: Sentença sem
fundamentação (violação à Constituição – art. 93, inciso IX)

• Se a formalidade omitida viola interesse da parte: nulidade relativa; Ex.: Falta de intimação
das partes da expedição da carta precatória para ouvir testemunha;

Súmula 155, STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.

• Se a formalidade omitida é tão grave que acarreta a inexistência do ato: ato inexistente.
Ex.: Sentença sem assinatura.

Art. 381, inciso VI, CPP: A sentença conterá: a data e a assinatura do juiz.

Art. 564, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

V - em decorrência de decisão carente de fundamentação (Lei 13.964/19) – absoluta.

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• A decisão judicial sem fundamentação estará maculada de nulidade absoluta, hipótese trazida
pelo Pacote Anticrime.

4.9. DE OLHO NAS SÚMULAS

Súmula 708-STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do
único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.

Súmula 707-STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao
recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

Súmula 706-STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por


prevenção.

Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Súmula 361-STF: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se
impedido o que tiver funcionando anteriormente na diligência de apreensão.

4.10. INFORMATIVOS

2022

Não configura violação ao princípio do promotor natural a atuação do Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (GAECO) quando precedida de solicitação do Promotor de
Justiça a quem a investigação foi atribuída.

A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que a atuação do GAECO não viola o princípio do
promotor natural.
A atuação de promotores auxiliares ou de grupos especializados não ofende o princípio do promotor
natural, uma vez que, nessa hipótese, se amplia a capacidade de investigação, de modo a otimizar os
procedimentos necessários à formação da opinio delicti do Parquet.
Vale ressaltar, contudo, que, para que não haja ofensa ao princípio do promotor natural, o promotor a
quem distribuído livremente o feito deverá solicitar ou anuir com a participação ou ingresso do GAECO
nas investigações.
Na hipótese em exame, não há que se falar em violação do princípio do promotor natural, uma vez que
não houve designação casuística ou arbitrária do grupo especializado para sua atuação nos autos da
investigação. O Promotor de Justiça a quem a investigação foi atribuída solicitou a atuação do GAECO.

STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 147951/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 27/09/2022
(Info 751).

É nula, para fins de identificação criminal, a coleta compulsória de material orgânico não
descartado de pessoas definitivamente não condenadas.

208
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Caso adaptado: João era suspeito de ter praticado, juntamente com outras pessoas, roubo armado contra
um banco. A autoridade policial representou ao juiz pedindo para que fosse autorizada a coleta de
material genético dos suspeitos e a inclusão no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Segundo
argumentou o Delegado, a obtenção do material biológico no caso concreto mostra-se de extrema
relevância para as investigações, na medida em que os vestígios porventura coletados no local do crime
poderão ser confrontados com dados fidedignos, potencializando, assim, a identificação da autoria
desses fatos e, ainda, em eventuais situações posteriores. O juiz deferiu o pedido. O réu recorreu e o caso
chegou ao STJ.
O STF reconheceu a repercussão geral da arguição de inconstitucionalidade do art. 9º-A da LEP, que
prevê a inclusão e a manutenção de perfil genético de condenados por crimes violentos ou hediondos
em banco estatal (Tema 905).
Muito embora o tema penda de análise, há discussão relevante no STF sobre a violação a direitos da
personalidade na preservação de perfis biológicos de sentenciados e quanto à prerrogativa de os réus não
se autoincriminarem, conforme, inclusive, orientação da Corte Europeia de Direitos Humanos.
A infração no caso concreto não deixa vestígios, tampouco a autoridade policial noticiou de que forma
a providência restritiva traria utilidade às investigações.
Os precedentes do STJ no sentido de que a extração de saliva não representa método invasivo da
intimidade se referem a casos em que o material genético foi encontrado em objetos descartados – como
cigarros jogados no lixo ou copos de plástico utilizados e eliminados – ou quando a arrecadação do
elemento biológico é consentida.
Diante disso, o STJ, no caso concreto, declarar a nulidade da coleta compulsória de material genético do
recorrente e da inserção dos respectivos dados em banco estatal, além de determinar o desentranhamento
das informações biológicas dos autos de eventual investigação ou processo em andamento.
STJ. 6ª Turma. RHC 162703-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/09/2022 (Info 750).

Se o novo advogado, sem procuração, acompanha o réu no interrogatório e não pede o registro na
ata de sua condição de novo causídico (art. 266 do CPP), não há que se falar em nulidade caso as
intimações posteriores ainda sejam feitas em nome do primeiro advogado

É incabível a alegação de nulidade por ausência de intimação na hipótese em que novo causídico, ainda
que sem juntada de mandato, omitiu-se em registrar seu efetivo patrocínio em ata de audiência e,
sucessivamente, em novo prazo para alegações finais.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 2021072-RR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
13/09/2022 (Info 749).

Mesmo no processo penal não se admite a chamada nulidade de algibeira.

Caso concreto: a defesa técnica compareceu ao ato de oitiva de testemunha e não alegou nulidade.
Tampouco suscitou a suposta nulidade no recurso. Depois do trânsito em julgado, ajuizou revisão
criminal invocando a referida nulidade.
A jurisprudência dos Tribunais Superiores não tolera a chamada “nulidade de algibeira” - aquela que,
podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa após ciência do vício, não é alegada, como
estratégia, numa perspectiva de melhor conveniência futura.
Tal atitude não encontra ressonância no sistema jurídico vigente, pautado no princípio da boa-fé
processual, que exige lealdade de todos os agentes processuais.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 732642-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), julgado em 24/05/2022 (Info 741).

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Expressões ofensivas, desrespeitosas e pejorativas proferidas pelo magistrado na sessão de


julgamento contra a honra do réu podem configurar quebra de imparcialidade e causa de nulidade
absoluta.

Expressões ofensivas, desrespeitosas e pejorativas proferidas pelo magistrado na sessão de julgamento


contra a honra do jurisdicionado que está sendo julgado, podem configurar causa de nulidade absoluta,
haja vista que ofendem a garantia constitucional da imparcialidade, que deve, como componente do
devido processo legal, ser observada em todo e qualquer julgamento em um sistema acusatório.
Caso concreto: em julgamento de apelação da defesa contra condenação pelo crime do art. 217-A, caput,
do Código Penal, o Desembargador afirmou oralmente: “[...] Declarações da vítima, da criança, eu fiquei
horrorizado, eu não vi nada em que a vítima pudesse inventar! Uma criança, que foi num período entre
seis anos a onze anos, que ela sofreu esses abusos, que ela inventasse qualquer coisa para denegrir a
imagem de um suposto pai, porque nem pai podia ser... Uma pessoa dessas é um animal! Um animal!
[...] E eu fico lembrando da minha neta. Fico lembrando da minha neta! Uma criança de tenra idade, na
mão de um porco desse! Não me conformo! Não me conformo! Uma criança desse tipo [...] Absolver
um animal desse! Esse cara foi um animal! Pra mim, um animal!”.
O STJ reconheceu a parcialidade do magistrado e, como consequência, a nulidade do julgamento do
recurso de apelação. Diante disso, determinou novo julgamento sem a participação do Desembargador.
STJ. 6ª Turma. HC 718525-PR, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª
Região), julgado em 26/04/2022 (Info 734).

2021

Não é possível o fenômeno fishing expedition (ou pescaria/expedição probatória)

Os indícios de autoria antecedem as medidas invasivas, não se admitindo em um Estado Democrático


de Direito que primeiro sejam violadas as garantias constitucionais para só então, em um segundo
momento, e eventualmente, se justificar a medida anterior, sob pena de se legitimar verdadeira fishing
expedition.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RMS 62.562-MT, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
TJDFT), Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em 07/12/2021.

Havendo pedido expresso de sustentação oral, a ausência de intimação do advogado constituído


torna nula a sessão de julgamento

Havendo pedido expresso de sustentação oral, a ausência de intimação do advogado constituído torna
nula a sessão de julgamento.
Contudo, a nulidade deve ser arguída na primeira oportunidade em que a defesa tomar ciência do
julgamento, levando ao conhecimento por meio do recurso cabível, a ocorrência do vício e o efetivo
prejuízo, sob pena de preclusão.
STJ. 5 Turma. AgRg no HC 632.095/SP, Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/09/2021.

Principais conclusões jurídicas do STF a respeito da “Operação Jabuti”

Caso concreto: “OSD”, advogado acusado da prática de diversos crimes, celebrou acordo de colaboração
premiada com o MPF de 1ª instância, homologado pelo Juízo Federal de 1ª instância. O delator acusou
23 advogados de realizarem contratações “alegadamente fictícias”, entre os anos de 2012 e 2018,
relacionando o fato à suposta prática de crimes contra a Administração Pública, tais como corrupção
ativa e corrupção passiva e conectando esses fatos a autoridades detentoras de foro por prerrogativa de
função no STF, razão pela qual teria havido usurpação de competência da Corte para homologar o

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acordo. O Juízo Federal, após o recebimento da denúncia, teria determinado a realização de buscas e
apreensões criminais nos escritórios de advocacia e em endereços residenciais de diversos advogados
delatados.
A OAB/DF, OAB/SP, OAB/AL e OAB/RJ ajuizaram reclamação, no STF, contra a decisão que
homologou esse acordo de colaboração premiada. Os reclamantes alegaram, dentre outros argumentos,
que o MPF de 1ª instância não teria atribuição para firmar o acordo com o delator considerando que o
signatário estaria delatando autoridades com foro por prerrogativa de função, de sorte que estaria
havendo uma violação às atribuições da Procuradoria-Geral da República. Ademais, o juízo federal de
1ª instância não teria competência para homologar o acordo, por usurpar a competência do STF.
Principais conclusões do STF:
1) Os conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) possuem legitimidade para
ingressar com reclamação perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa dos interesses concretos
e das prerrogativas de seus associados, nos termos da expressa previsão legal.
2) No caso concreto, entendeu-se que os reclamantes não demonstraram a usurpação de competência do
STF. A despeito disso, o STF afirmou que se constatou que foram praticadas ilegalidades flagrantes e,
diante disso, a Corte reputou ser possível a concessão de “habeas corpus” de ofício em sede de
reclamação constitucional, nos termos do art. 193, II, do RISTF e do art. 654, § 2º, do CPP.
3) Compete à Justiça estadual processar e julgar fatos envolvendo entidades integrantes do denominado
“Sistema S”.
4) Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração de amplas, inespecíficas e desarrazoadas
medidas de busca e apreensão em desfavor de advogados pode evidenciar a prática de “fishing
expedition”.
5) Extrai-se do art. 394 e seguintes do CPP que a produção probatória após o oferecimento da denúncia
deve ocorrer em juízo, com as garantias do contraditório e da ampla defesa.
STF. 2ª Turma. Rcl 43479/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2021 (Info 1025)

A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva de nulidade o
processo judicial por si só, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu

Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados que participou das
investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito já que seu pai também teria
envolvimento com a organização criminosa.
Logo, o Delegado deveria ter se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se poderá opor
suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando
ocorrer motivo legal.”
Para o STJ, contudo, o descumprimento do art. 107 do CPP - quando a autoridade policial deixa de
afirmar sua própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do processo judicial, sendo necessária a
demonstração do prejuízo suportado pelo réu.
O inquérito é uma peça de informação, destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do MP. Vale
ressaltar, inclusive, que o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis irregularidades ocorridas no
inquérito policial não afetam a ação penal.
No caso concreto, dentre as provas que fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação
telefônica foi realizada com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu
contra o conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim, como não foi
demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação de nulidade da
condenação.
STJ. 5ª Turma. REsp 1942942-RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/08/2021 (Info 704)

O Poder Judiciário não pode impor ao MP a obrigação de ofertar ANPP

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O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não
persecução penal (ANPP).
Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.
Não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o reexame
de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do CPP, não sendo legítimo, em regra, que o Judiciário
controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim de impedir a remessa ao órgão superior no MP. Isso
porque a redação do art. 28-A, § 14, do CPP determina a iniciativa da defesa para requerer a sua
aplicação.
STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2021 (Info 1017).

O ajuizamento de duas ações penais referentes aos mesmos fatos, uma na Justiça Comum Estadual
e outra na Justiça Eleitoral, viola a garantia contra a dupla incriminação

O réu foi absolvido pela Justiça Eleitoral. Ocorre que, logo em seguida, foi denunciado, pelos mesmos
fatos, na Justiça Estadual. Isso não é possível.
A sentença da Justiça Eleitoral foi proferida no exercício de verdadeira jurisdição criminal, de modo que
o prosseguimento da ação penal na Justiça Estadual pelos mesmos fatos encontra óbice no princípio da
vedação à dupla incriminação, também conhecido como double jeopardy clause ou, como é mais comum
no direito brasileiro, o postulado do ne bis in idem (proibição da dupla persecução penal).
Embora não tenha previsão expressa na Constituição Federal de 1988, a garantia do ne bis in idem é um
limite implícito ao poder estatal, derivada da própria coisa julgada e decorrente de compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil. A Convenção Americana de Direitos Humanos e o Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, incorporados ao direito brasileiro com status supralegal,
tratam da vedação à dupla incriminação.
STJ. 5ª Turma. REsp 1847488-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/04/2021 (Info 719).

2020

Nulidade reconhecida por dois fundamentos: i) juiz, ao analisar a homologação de colaboração


premiada, fez diversas perguntas para reforçar a acusação; ii) juiz, depois das alegações finais,
determinou a juntada, de ofício, de documentos utilizados para condenar o réu

Paulo foi condenado pelo então Juiz Federal Sérgio Moro por crimes contra o sistema financeiro
nacional, no âmbito da operação que ficou conhecida como “Caso Banestado”.
A defesa pediu que o STF reconhecesse que o referido magistrado quebrou a imparcialidade e, portanto,
a sentença seria nula.
Houve um empate na 2a Turma do STF e, diante disso, prevaleceu a posição mais favorável ao réu.
Assim, foi declarada a nulidade da sentença condenatória proferida nos autos do processo penal, por
violação à imparcialidade do julgador.
O simples fato de o juiz ter feito a homologação dos acordos de colaboração ou mesmo ter realizado as
oitivas dos colaboradores não tem o condão de configurar, por si só, a quebra de sua imparcialidade para
o julgamento do réu ao qual imputados ilícitos no âmbito dos respectivos acordos.
Todavia, as circunstâncias particulares do caso concreto demonstram que o juiz se investiu na função
persecutória ainda na fase pré-processual, violando o sistema acusatório.
Ao se analisar as atas de depoimentos, percebe-se uma proeminência (um destaque) para a realização de
perguntas feitas pelo juiz ao interrogado. O papel do magistrado era apenas o de fazer o controle da
legalidade e voluntariedade do acordo de colaboração premiada. No entanto, o que se percebe pelas
perguntas realizadas é que o juiz ultrapassou a mera realização dessa função e atuou diretamente
reforçando a acusação.

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Logo, não houve mera supervisão dos atos de produção de prova, mas o direcionamento e a contribuição
do magistrado para o estabelecimento e para o fortalecimento da tese acusatória.
Além disso, ao final da instrução, depois das alegações finais, o magistrado ordenou a juntada de
documentos diretamente relacionados com os fatos criminosos imputados aos réus, sem pedido do
Ministério Público ou da defesa.
Depois, ao sentenciar, ele utilizou expressamente tais elementos para fundamentar a condenação.
Mesmo que se pudesse invocar, em tese, a possibilidade jurídica da produção de prova de ofício pelo
julgador com base no art. 156 do CPP, na situação dos autos, sequer é possível falar verdadeiramente
em produção probatória. Os documentos juntados não poderiam ter sido utilizados para a formação do
juízo de autoria e materialidade das imputações, uma vez encerrada a instrução processual.
STF. 2a Turma. RHC 144615 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 25/8/2020 (Info 988).

STF reconheceu, em habeas corpus impetrado por um dos delatados, a nulidade de acordo de
colaboração premiada em virtude de suspeita de que teria havido irregularidade na atuação do
Ministério Público nas tratativas feitas com o delato

A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte:


Luiz, auditor da receita estadual, estava sendo investigado por supostamente estar recebendo vantagem
indevida (“propina”) para reduzir tributos. Ele não sabia que estava sendo investigado. Determinado dia,
Luiz foi preso em flagrante por suposto crime sexual (estupro de vulnerável). Depois de preso, o
Ministério Público ofereceu a Luiz e sua irmã a possibilidade de fazer um acordo de colaboração
premiada. Eles aceitaram. No acordo, Luiz confessou crimes e delatou infrações penais que teriam sido
praticadas por outros colegas auditores da receita estadual. Com base nessas declarações prestadas por
Luiz e sua irmã, foi deflagrada a “Operação Publicano IV”, no final de 2015, tendo sido decretada a
prisão preventiva de diversos auditores da receita estadual. Em maio de 2016, o Ministério Público
constatou que Luiz descumpriu os termos do acordo de colaboração premiada. Isso porque, segundo o
Parquet, ele teria mentido e omitido fatos e cometido novos crimes após a celebração do acordo. Assim,
o acordo foi rescindido. Em fevereiro de 2017, foi realizado o interrogatório judicial de Luiz. Ele
declarou que a rescisão do acordo teria sido arbitrária. Acusou os Promotores “de manipular suas
declarações e ocultar todos os vídeos dos depoimentos que havia prestado extrajudicialmente”.
Posteriormente, o Ministério Público firmou com Luiz novo acordo de delação premiada, sob a condição
de que ele se retratasse das mencionadas acusações e ratificasse as declarações que fizeram parte do
acordo rescindido. O segundo acordo foi homologado pelo juiz sob o argumento de que seria apenas um
“termo aditivo” do primeiro. A defesa de Gilberto, um dos auditores delatados por Luiz, impetrou habeas
corpus alegando, dentre outros argumentos: a) a impossibilidade de se aditar acordo de colaboração
premiada rescindido; b) a relevância de o delator Luiz, na audiência realizada em fevereiro de 2017, ter
exposto supostas ilegalidades que teriam sido cometidas durante o primeiro acordo de colaboração
premiada.
A 2ª Turma do STF, por empate na votação, concedeu a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade
da utilização, como meio de prova, do segundo acordo de colaboração premiada firmado.
O colegiado reconheceu a ilicitude das declarações incriminatórias prestadas por Luiz e sua irmã.
O relator ressaltou que o estabelecimento de balizas legais para o acordo é uma opção do nosso sistema
jurídico, para garantir a isonomia e evitar a corrupção dos imputados, mediante incentivos desmesurados
à colaboração, e dos próprios agentes públicos, aos quais se daria um poder sem limite sobre a vida e a
liberdade dos imputados.
É preciso respeitar a legalidade, visto que as previsões normativas caracterizam limitação ao poder
negocial no processo penal.
No caso de ilegalidade manifesta (evidente) em acordo de colaboração premiada, o Poder Judiciário
deve agir para a efetiva proteção de direitos fundamentais.
O acordo de colaboração premiada é meio de obtenção de prova. Portanto, trata-se de instituto de
natureza semelhante, por exemplo, à interceptação telefônica.

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O STF reconheceu, várias vezes, a ilegalidade de atos relacionados a interceptações telefônicas. Logo,
não há motivo para afastar essa possibilidade em ilegalidades que permeiam acordos de colaboração
premiada.
STF. 2a Turma. HC 142205, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 25/08/2020 (Info 988).

STF determinou o desentranhamento do termo de colaboração premiada de Antônio Palocci do


processo penal que tramita contra Lula, cuja juntada aos autos teria sido promovida
indevidamente, de ofício, pelo ex-Juiz Sérgio Moro.

A defesa do ex-Presidente Lula impetrou habeas corpus no STF pedindo o desentranhamento do “Termo
de Colaboração de Antônio Palocci Filho”, cuja juntada aos autos foi promovida de ofício, pelo então
Juiz Federal Sérgio Moro. O STF entendeu que essa juntada foi ilícita e determinou o seu
desentranhamento. Os Ministros apontaram três circunstâncias envolvendo essa conduta que revelariam
a parcialidade do magistrado na condução do processo: Em primeiro lugar, o termo de colaboração foi
juntado quando a fase de instrução processual havia sido encerrada, de forma que as declarações sequer
estariam aptas a fundamentar a prolação da sentença. Em segundo, aconteceu cerca de três meses após
a decisão judicial que o homologara. Para os Ministros, essa demora parece ter sido cuidadosamente
planejada para gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições
presidenciais. Ato contínuo à juntada, foi determinado o imediato levantamento do sigilo, com clara
finalidade de que fosse dada publicidade às imputações dirigidas ao réu, sem que as circunstâncias
narradas no ajuste fossem relevantes para a ação penal em andamento. Em terceiro, o fato de a juntada
e o levantamento do sigilo terem ocorrido por iniciativa do próprio juiz, isto é, sem qualquer provocação
do órgão acusatório. A determinação da juntada desse termo de delação, nesses moldes, consubstancia
inequívoca quebra da imparcialidade.
STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).

A nulidade processual pela não abertura da fase de diligências configura nulidade relativa,
devendo ser arguida no momento oportuno e com a demonstração de efetivo prejuízo.

A falta de abertura de prazo, após o encerramento da instrução, para manifestação das partes acerca do
interesse na feitura de diligências complementares constitui nulidade relativa, cujo reconhecimento
pressupõe que o inconformismo seja veiculado em momento oportuno, ou seja, quando da apresentação
de alegações finais.
STF. 1ª Turma. HC 147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980).

2019

Não viola a SV 11 a decisão que mantém as algemas durante julgamento no júri de réu que integra
milícia, possui extensa folha de antecedentes criminais e foi transferido para presídio federal de
segurança máxima em virtude da sua alta periculosidade

É possível que o réu permaneça algemado durante o julgamento no Tribunal do Júri caso existam nos
autos informações fornecidas pela polícia no sentido de que o acusado integra milícia, possui extensa
folha de antecedentes criminais e foi transferido para presídio federal de segurança máxima justamente
em virtude da sua alta periculosidade.
Não se pode desconsiderar o que está nos autos do processo e aquilo que foi informado pela polícia. A
questão da periculosidade, ou não, do réu é assunto de polícia e não de juiz. Se a polícia informa que o
réu é perigoso, o juiz que, normalmente, entra em contato com o réu pela primeira vez, tem de confiar
na presunção de legitimidade da informação passada pela autoridade policial. Fora dos casos de abuso

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patente, é preciso dar credibilidade àquele que tem o encargo de zelar pela segurança pública, inclusive
no âmbito do tribunal.
Em casos assim, a decisão do juízo que mantém as algemas não viola a súmula vinculante 11.
STF. 1ª Turma. Rcl 32970 AgR/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente, pelos
mesmos fatos, em um Estado estrangeiro

O agente não pode responder à ação penal no Brasil se já foi processado criminalmente, pelos mesmos
fatos, em um Estado estrangeiro. O art. 5º do Código Penal afirma que a lei brasileira se aplica ao crime
cometido no território nacional, mas ressalva aquilo que for previsto em “convenções, tratados e regras
de direito internacional”. A Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) e o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de forma expressa a dupla persecução penal
pelos mesmos fatos. Desse modo, o art. 8º do CP deve ser lido em conformidade com os preceitos
convencionais e a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vedando-se a
dupla persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um importante alerta: a proibição de
dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser ponderada com a soberania dos Estados e com
as obrigações processuais positivas impostas pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o
Estado que “processou” o autor do fato violou os deveres de investigação e de persecução efetiva, o
julgamento realizado no país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo. Portanto, se houver a devida
comprovação de que o julgamento em outro país sobre os mesmos fatos não se realizou de modo justo
e legítimo, desrespeitando obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução pode ser
eventualmente ponderada para complementação em persecução interna. STF. 2ª Turma. HC 171118/SP,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019 (Info 959).

O advogado do réu delatado deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu


delator

O advogado de um réu deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu que com ele
responde o mesmo processo criminal?
REGRA: não. A presença da defesa técnica é imprescindível durante o interrogatório do réu por ela
representado, não quanto aos demais. Assim, é obrigatória a presença do advogado no interrogatório do
seu cliente. No interrogatório dos demais réus, essa presença é, em regra, facultativa.
EXCEÇÃO: se o interrogatório é de um corréu delator, a presença do advogado dos réus delatados é
indispensável. Neste caso, deve-se exigir a presença dos advogados dos réus delatados, pois, na
colaboração premiada, o delator adere à acusação em troca de um benefício acordado entre as partes e
homologado pelo julgador natural. Normalmente, o delator presta contribuições à persecução penal
incriminando eventuais corréus, razão pela qual seus advogados devem acompanhar o ato. Se o
advogado do corréu não comparece ao interrogatório do réu delator, haverá nulidade? Depende: • Se o
corréu foi delatado no interrogatório e seu advogado não compareceu: sim, haverá nulidade. • Se o corréu
não foi delatado no interrogatório: não. Isso porque não houve prejuízo. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 955).

Não há nulidade se o advogado de um réu foi intimado para o interrogatório dos demais corréus,
mas não compareceu

Não há nulidade se o advogado do réu “A” foi devidamente intimado para o interrogatório dos demais
corréus (“X”, “Y”, “Z”), mas decide não comparecer. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen
Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 950).

A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só,
nulidade processual

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A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só, nulidade
processual. Caso concreto: em ação penal originária que tramitava no TJ, o defensor foi intimado da
sessão de julgamento, mas deixou de comparecer e de fazer a sustentação oral; não há nulidade. Intimada
a defesa para a sessão de julgamento da ação penal originária, a ausência da sustentação oral prevista no
art. 12 da Lei nº 8.038/90 não invalida a condenação. STF. 1ª Turma. HC 165534/RJ, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 (Info 950).

É nulo o interrogatório travestido de entrevista realizado pela autoridade policial com o


investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem assistência de advogado e sem a
comunicação de seus direitos

É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o investigado, durante a busca e apreensão
em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia consulta a seu
advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu direito ao silêncio e de não produzir provas
contra si mesmo. Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”, havendo violação do direito
ao silêncio e à não autoincriminação. STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 11/6/2019 (Info 944).

A participação de magistrado em julgamento de caso em que seu pai já havia atuado é causa de
nulidade absoluta

A participação de magistrado em julgamento de caso em que seu pai já havia atuado é causa de nulidade
absoluta, prevista no art. 252, I, do CPP. STF. 2ª Turma. HC 136015/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 14/5/2019 (Info 940).

2018

Havendo mais de um advogado constituído, não há nulidade na intimação de apenas um deles que,
no entanto, já estava morto, mas cujo falecimento não foi comunicado ao juízo

Não há nulidade se o réu possui mais de um advogado constituído nos autos e a intimação para a sessão
de julgamento ocorre em nome de apenas um dos causídicos que, no entanto, já havia falecido, mas cuja
morte não tinha sido comunicada ao Tribunal.
Vale ressaltar que, neste caso, não havia pedido da defesa para que todos os advogados fossem intimados
ou para que constasse o nome de um causídico em específico nas publicações.
Assim, estando o réu representado por mais de um advogado, basta, em regra, que a intimação seja
realizada em nome de um deles para a validade dos atos processuais, salvo quando houver requerimento
expresso para que as publicações sejam feitas de forma diversa.
STJ. 5ª Turma. HC 270.534/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 07/03/2017.
STF. 1ª Turma. HC 138097/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 23/10/2018 (Info 921).

Cumpre esclarecer, no entanto, que, se, no processo estivesse atuando apenas um advogado, neste caso,
haveria nulidade:
A intimação do julgamento da apelação em nome do advogado falecido do réu, único causídico
constituído nos autos, configura cerceamento de defesa apto a ensejar a nulidade absoluta, já que
impossibilitou a interposição de recurso pela defesa.
STJ. 5ª Turma. HC 307.461/CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 14/08/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 301.274/CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 23/10/2018.

O simples fato de o juiz ser “duro” no interrogatório não implica quebra da imparcialidade

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A condução do interrogatório do réu de forma firme e até um tanto rude durante o júri não importa,
necessariamente, em quebra da imparcialidade do magistrado e em influência negativa nos jurados. STJ.
6ª Turma. HC 410.161-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/04/2018 (Info 625).

Indeferimento do pedido de incidente de falsidade formulado anos após a prova ter sido juntada
e depois da sentença condenatória

Não há nulidade na decisão que indefere pedido de incidente de falsidade referente à prova juntada aos
autos há mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurge somente após a prolação da sentença penal
condenatória, uma vez que a pretensão está preclusa. STJ. 5ª Turma. RHC 79.834-RJ, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

2017

Indeferimento do pedido de incidente de falsidade formulado anos após a prova ter sido juntada
e depois da sentença condenatória

Não há nulidade na decisão que indefere pedido de incidente de falsidade referente à prova juntada aos
autos há mais de 10 anos e contra a qual a defesa se insurge somente após a prolação da sentença penal
condenatória, uma vez que a pretensão está preclusa. STJ. 5ª Turma. RHC 79.834-RJ, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 07/11/2017 (Info 615).

4.11. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?


1. Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de
Polícia
Nos termos do Código de Processo Penal, é correto afirmar que
A) as omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais,
da portaria ou do auto de prisão em flagrante poderão ser supridas a todo o tempo, antes do oferecimento
da denúncia.
B) a nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser sanada até a citação do acusado,
implicando em ratificação dos atos processuais.
C) não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa.
D) a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação não será considerada sanada pelo
comparecimento do interessado.
E) a incompetência do juízo anula todos os atos, decisórios ou não, devendo o processo, quando for
declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

2. Ano: 2021 Banca: FAPEC Órgão: PC-MS Prova: FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado de
Polícia
Em relação às nulidades no Processo penal, tendo como parâmetro o Código de Processo Penal e a
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O Supremo Tribunal Federal entende que é indispensável que todo o conteúdo das conversas captadas
através de interceptação telefônica seja degravado (transcrito) e colocado à disposição da defesa, sob
pena de ofensa à paridade de armas e à ampla defesa e de consequente decretação de nulidade.
b) Para o Superior Tribunal de Justiça, é nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do Whatsapp
via Código QR para acesso via Whatsapp Web, como também são nulas todas as provas e os atos que
dela diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes independentes.

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c) Também é entendimento do STJ que, mesmo sem autorização judicial, é possível acessar dados de
aparelhos telefônicos apreendidos no interior de presídio (e utilizados por presos), inclusive em relação
ao aplicativo Whatsapp, não se podendo falar em ilicitude da prova angariada a partir desse
procedimento.
d) De acordo com o STJ, a falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio
é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do prejuízo.
e) Para o STJ, são nulas as provas obtidas por meio da extração de dados e de conversas privadas
registradas em correio eletrônico e redes sociais (v.g. Whatsapp e Facebook) sem a prévia autorização
judicial.

3. (Ano: 2018. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia Civil).
O código de processo penal elenca apenas um rol meramente exemplificativo, no que diz respeito às
nulidades. É caso de nulidade relativa à incompetência

a) Ratione materiae.
b) Ratione personae.
c) Competência funcional.
d) No júri, por falta de quesito obrigatório.
e) Territorial.

4. (Ano: 2017. Banca: FAPEMS. Órgão: PC-MS. Prova: Delegado de Polícia). Considere que:

[...] há na nulidade duplo significado: um indicando o motivo que torna o ato imperfeito, outro que deriva
da imperfeição jurídica do ato ou sua inviabilidade jurídica. A nulidade portanto, é, sob um aspecto,
vício, sob outro, sanção. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2015, p. 629. Sobre as nulidades no processo penal, assinale a alternativa correta.

a) A ausência de intimação do acusado e do seu defensor acerca da data da audiência realizada no juízo
deprecado gera nulidade, mesmo que tenha havido intimação da expedição da carta precatória.
b) É absoluta a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
c) A nulidade por falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da
rejeição da denúncia pode ser suprida com a nomeação de defensor dativo.
d) A nulidade por ilegitimidade do representante é insanável.
e) Alegações genéricas de nulidade processual, desprovidas de demonstração da existência de prejuízo
à parte, não podem dar ensejo à invalidação da ação penal.

5. (Ano: 2014. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-RO. Prova: Delegado de Polícia Civil).
No estudo das nulidades, a doutrina converge no sentido de reconhecer a aplicabilidade do princípio da
instrumentalidade das formas, a viabilizar o não reconhecimento da nulidade pelo juízo quando, em uma
análise prévia, verifica a incidência de medidas sanatórias (ou de convalidação), possibilitando a
preservação do ato viciado (praticado em desconformidade com o modelo legal) como válido. Qual é a
medida sanatória que supre a irregularidade da citação?

a) O suprimento
b) O comparecimento
c) A ratificação
d) A preclusão
e) A retificação

6. (Ano: 2013. Banca: UEG. Órgão: PC-GO. Prova: Delegado de Polícia).


Capitão Didi teve seus diálogos telefônicos, estabelecidos com Lekão do Cerrado, interceptados pela
autoridade policial, sem autorização judicial e sem consentimento de ambos. Tal fato desvelou a prática
do crime previsto no artigo 157, § 2º, I e II, do Código Penal. Após ameaça de sua esposa em abandonar
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o lar, Capitão Didi consentiu na divulgação dos seus conteúdos. Nesse caso, segundo o Superior Tribunal
de Justiça, a prova é:

a) nula, pois não houve prévia autorização judicial, nem tampouco os interlocutores tinham ciência de
tal artifício no momento dos diálogos interceptados.
b) válida, pois o consentimento de um dos interlocutores, mesmo posterior, tem o condão de legitimar o
ato.
c) nula, pois o consentimento de Capitão Didi se encontra viciado pela ameaça proferida de abandono
de lar pela sua esposa.
d) válida, pois é possível afirmar que Capitão Didi, caso soubesse previamente da interceptação
telefônica, manteria os mesmos diálogos travados com Lekão do Cerrado.

7. (Ano: 2009. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-RO. Prova: Delegado de Polícia).


Acerca do tema nulidades no processo penal, marque a alternativa INCORRETA.

a) É absoluta a nulidade por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
b) É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
c) É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do Júri sem audiência
da defesa.
d) A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada
a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
e) A teoria dos frutos da árvore envenenada foi acolhida pelo processo penal brasileiro.

8. (Ano: 2009. Banca: FUNIVERSA. Órgão: PC-DF. Prova: Delegado de Polícia).


A tarefa de aplicar o direito às situações concretas não é realizada aleatoriamente pelos órgãos estatais;
ao contrário, a atividade processual também é regulada pelo ordenamento jurídico, por meio de formas
que devem ser obedecidas pelos que nela intervêm. Nesse contexto, a regulamentação das formas
processuais, longe de representar um mal, constitui para as partes a garantia de uma efetiva participação
na série de atos necessários à formação do convencimento judicial e, para o próprio juiz, instrumento
útil para alcançar a verdade acerca dos fatos que deve decidir. Ada Pellegrini Grinover, Antonio
Scarance Fernandes e Antonio Magalhães Gomes Filho. As nulidades no processo penal (com
adaptações). Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta acerca das nulidades.

a) O Código de Processo Penal, para a apreciação das nulidades, adotou o critério formalista.
b) As irregularidades eventualmente detectadas no inquérito policial contaminam o processo, ensejando
a sua anulação.
c) Considerando que a citação do acusado para se ver processar é indispensável, o comparecimento do
réu a juízo não sana a falta ou defeito do ato.
d) É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
e) É nulo o auto de prisão em flagrante lavrado por uma autoridade policial em área diversa da sua zona
de atuação.

9. (Ano: 2018. Banca: MPE-BA. Órgão: MPE-BA. Prova: Promotor de Justiça Substituto).
Em relação ao tema nulidades em Processo Penal, analise as assertivas e identifique com V as
verdadeiras e com F as falsas.

( ) A falta ou a nulidade da citação são insanáveis.


( ) Segundo o princípio do interesse, nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa
ou para a qual tenha concorrido.
( ) A legislação pátria prevê as hipóteses de foro por prerrogativa de função tanto nas ações penais quanto
nas ações civis públicas por ato de improbidade administrativa, e a inobservância das regras
implica nulidade absoluta.

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( ) Tanto a falta da defesa quanto a sua deficiência constituem nulidade absoluta, pois em ambos os casos
há presunção de prejuízo para o réu.
( ) Segundo o princípio da causalidade, nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa.

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é

a) V F F V F
b) V V V F F
c) F V F V F
d) F F V V V
e) F V F F V

10. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: MPE-PB. Prova: Promotor de Justiça Substituto).
As nulidades relativas deverão ser arguidas

a) antes de iniciada a instrução criminal, para as ocorridas após o recebimento da denúncia.


b) ao final do julgamento pelo Tribunal do Júri, se ocorridas posteriormente à pronúncia.
c) nas razões de apelação, quanto às do julgamento em plenário ou em audiência.
d) nas razões de recurso, se verificadas após a decisão da primeira instância.
e) nas razões da carta testemunhável, se verificadas após a decisão de segunda instância.

11. (Ano: 2018. Banca: CONSULPLAN. Órgão: TJ-MG. Prova: Juiz de Direito Substituto).
Sobre as nulidades no processo penal, analise as afirmativas a seguir, marque V para as verdadeiras e F
para as falsas.

( ) O Juiz poderá, ao proferir sentença condenatória, aplicar a agravante da reincidência, ainda que ela
não tenha sido descrita na denúncia, não configurando ofensa ao princípio da correlação.
( ) A ausência de quesito obrigatório nos julgamentos do Tribunal do Júri é causa de nulidade absoluta.
( ) A ausência de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição
da denúncia constitui mera irregularidade sanável pela nomeação de defensor dativo.
( ) A nulidade decorrente da citação, por edital, de réu preso só será verificada se o denunciado estiver
custodiado no mesmo estado em que atuar o Juiz processante.
A sequência está correta em

a) V, V, F, V.
b) F, V, F, F.
c) F, F, V, V.
d) V, F, V, F.

12. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: TJ-CE. Prova: Juiz Substituto).
Acerca das questões probatórias e das nulidades processuais penais, assinale a opção correta, à luz da
doutrina e da jurisprudência dos tribunais superiores.

a) Na coleta de prova testemunhal, a inquirição das testemunhas pelo juiz antes da diligência das
perguntas formuladas pelas partes acarreta nulidade processual absoluta.
b) A prova pericial, pelo seu conteúdo técnico-científico, prevalece sobre as demais provas apresentadas
no âmbito da ação penal.
c) O exame do corpo de delito incide sobre os elementos constitutivos da materialidade do crime, de
forma que deve ser afastada majorante de uso de arma de fogo em crime de roubo se o artefato não tiver
sido apreendido e periciado.

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d) No âmbito do tribunal do júri, a alegação de nulidade na quesitação deve ocorrer logo em seguida à
leitura dos quesitos e à explicação dos critérios pelo juiz presidente do órgão, sob pena de preclusão.
e) A falta de advertência ao réu sobre o direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório
policial é causa de nulidade processual absoluta.

13. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: TJ-CE. Prova: Juiz Substituto).
Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores com relação ao processo penal e às nulidades
processuais, assinale a opção correta.

a) É desnecessária a oitiva da defesa para o desaforamento de processo em julgamento pelo tribunal do


júri, quando tal ato for recomendado em razão das graves repercussões sociais do processo.
b) As condições genéricas da ação penal são a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a
legitimidade da parte.
c) Admite-se a extinção antecipada da punibilidade do réu sob a justificativa de que a pena que seria
aplicada levaria inexoravelmente à prescrição da pretensão punitiva.
d) É nula a oitiva de testemunhas por carta precatória sem a presença do réu, mesmo que este,
devidamente intimado, não tenha requerido o seu comparecimento.
e) A liberdade provisória não pode ser concedida a acusados de tráfico de entorpecentes.

14. (Ano: 2018. Banca: MPE-BA. Órgão: MPE-BA. Prova: Promotor de Justiça Substituto).
Assinale a alternativa incorreta. Trata-se de espécie de nulidade relativa, no âmbito do processo penal:

a) Infringência à regra referente à fixação da competência pela prevenção.


b) Ausência da forma legal dos atos processuais
c) A não intimação das testemunhas arroladas para serem ouvidas em plenário do Tribunal do Júri.
d) Ausência da forma legal dos atos processuais.
e) Ausência de recurso de ofício, nas hipóteses cabíveis.

15. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: DPE-AM. Prova: Defensor Público).
Em matéria de nulidades e conforme o entendimento dos tribunais superiores, é correto afirmar que

a) a superveniência da decisão que decretou a prisão preventiva não tem o condão de afastar a análise
da tese de nulidade do flagrante baseada na violação da Súmula Vinculante n° 11 do STF.
b) o Superior Tribunal de Justiça não admite que os dados sigilosos obtidos diretamente pela Secretaria
da Receita Federal sejam repassados ao Ministério Público ou à autoridade policial, para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal, pois não precedida de autorização judicial.
c) é pacífico o entendimento acerca da imprescindibilidade da prévia instauração de inquérito ou ação
penal para a decretação da quebra do sigilo telefônico, uma vez que tal providência tem natureza de
medida cautelar preparatória, bastando a existência de indícios razoáveis de autoria ou participação em
infração penal punida com reclusão.
d) realizada após a resposta à acusação, a ratificação do recebimento da denúncia dispensa a expensão
de fundamentos exaurientes e plenos, mas não pode o magistrado limitar-se a expressões como "o
aduzido pela defesa confunde-se com o mérito" e que "para verificar tais preliminares seria exigido
deste Juízo uma análise perfunctória, o que não pode ocorrer nesta fase, já que seria adentrar em
sede meritória".
e) a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a priori e nunca a posteriori, que indiquem que
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil
e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados.

16. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: DPE-PE. Prova: Defensor Público).
A respeito de nulidade, julgue os itens a seguir.

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I A inobservância da regra de competência por prevenção gera nulidade absoluta por ofensa ao princípio
do juiz natural.
II A inexistência de oportunidade para a entrevista reservada entre o acusado e seu defensor no momento
que antecede a audiência de instrução é causa de nulidade relativa.
III Intimado o defensor, a não apresentação de defesa escrita na primeira fase do procedimento do júri
não ensejará nulidade.
IV A participação de pessoa como jurado em julgamento de processo no qual ela tenha exercido essa
mesma função anteriormente não gera nulidade.
Estão certos apenas os itens

a) I e IV.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

17. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia).
Sobre as nulidades, é correto afirmar:

a) para fins de convalidação dos atos processuais, as nulidades da sentença condenatória deverão ser
alegadas na execução da pena, sob pena de convalidação.
b) a preclusão não se aplica às nulidades por expressa disposição legal.
c) segundo o princípio da instrumentalidade das formas, não se anula um ato se, embora praticado em
desacordo com a forma prevista em lei, atingiu o seu fim.
d) a não intervenção do Ministério Público na ação privada subsidiária da pública gera nulidade absoluta.
e) o princípio do interesse aplica-se tanto às nulidades absolutas como às relativas.

GABARITO

1– C; 2– A; 3 – E; 4 – E; 5 – B; 6 – A; 7 – A; 8 – D; 9 – E; 10 – D; 11 – A; 12 – D; 13 – B; 14 – E; 15
– D; 16 – B; 17– C.

Ver art. 385 CPP;


Ver art. 564 CPP;
Ver art. 565 CPP;
Ver art. 568 CPP;
Ver art. 569 CPP;
Ver art. 570 CPP;
Ver art. 571 CPP;
Ver art. 572 CPP;
Ver art. 621 CPP;
Ver súmula 156 STF; 206 STF; 523 STF; 706 STF; 707 STF; e 438 STJ.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

5. SENTENÇA PENAL

5.1. ESPÉCIES DE DECISÕES JUDICIAIS

Despachos de mero Decisões interlocutórias Sentenças


expediente
Mera movimentação Podem ou não encerrar o Encerram o processo
processual processo
Sem conteúdo decisório Têm conteúdo decisório Têm conteúdo decisório
(Não julgam o mérito) (Julgam o mérito)

5.1.1. DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE

São provimentos judiciais de mera movimentação do processo, não possuindo conteúdo decisório
e podendo ser praticados pelos juízes ou por servidores (por delegação). Via de regra são irrecorríveis.
Ex.: Despacho que determina a intimação de testemunhas para a audiência de instrução.

Evidentemente se em um despacho de mero expediente o juiz ocasionar uma inversão


tumultuária no processo, é perfeitamente possível a interposição de correição parcial.

5.1.2. DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

As decisões interlocutórias têm conteúdo decisório, mas não julgam o mérito (não condenam e
não absolvem), podendo ou não extinguir o processo.

Decisões Interlocutórias
Simples Mistas terminativas Mistas não terminativas
Resolvem questões Tem conteúdo decisório e Extinguem uma fase do
controvertidas, mas não extinguem o processo procedimento
extinguem o processo.

• Decisões interlocutórias simples

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Solucionam questões controvertidas no processo, mas não extinguem e nem encerram uma
fase do procedimento. Ex.: Recebimento da denúncia, decreto de prisão preventiva, habilitação de
assistente do MP.

Pode caber recurso em sentido estrito, se a decisão estiver expressamente prevista no rol
taxativo do artigo 581, do CPP. Ex.: Cabe ReSE da decisão que decreta a prisão preventiva (art. 581,
inciso V, do CPP). Se a decisão não estiver no artigo 581, do CPP, ela será irrecorrível. Ex.: Decisão
de recebimento da denúncia. Excepcionalmente, caberá HC em caso de manifesto abuso (ex, denúncia
por fato prescrito).

• Decisão interlocutória mista terminativa (com força definitiva)

Decisões que extinguem o processo, porém sem julgar o mérito (não condenam, nem absolvem).
Ex.: Impronúncia; rejeição da denúncia por ausência de indícios de autoria, neste caso não se decreta a
inocência do acusado, (coisa julgada formal) podendo haver nova denúncia.

São também decisões que decidem procedimentos incidentais por exemplo, o indeferimento de
pedido de restituição de coisa apreendida ou a decisão que julga uma exceção de incompetência.

Pode caber recurso em sentido estrito, se a decisão estiver expressamente prevista no rol
taxativo do artigo 581, do CPP. Ex.: Cabe RESE da decisão que rejeita a denúncia (art. 581, inciso I, do
CPP).

Se a decisão não estiver no artigo 581, do CPP, caberá apelação (art. 593, inciso II, do CPP).

Art. 593, II, (2ª parte), CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: das decisões
definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos
no Capítulo anterior (RESE).

Ex.: Indeferimento de pedido de restituição de coisa apreendida.

• Decisão interlocutória mista não terminativa

Decisões que não extinguem o processo, mas encerram uma fase do procedimento. Não
julgam o mérito (não condenam, nem absolvem). Ex.: único exemplo nítido utilizado pela doutrina é a
Pronúncia.

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Pode caber recurso em sentido estrito, se a decisão estiver expressamente prevista no rol
taxativo do artigo 581, do CPP. Ex.: Cabe RESE da decisão de pronúncia (art. 581, inciso IV, do CPP).

5.1.3. DECISÕES DEFINITIVAS

• Decisões definitivas em sentido estrito (sentenças)

Julgam o mérito da pretensão punitiva veiculada em ação penal condenatória. Condenam


ou absolvem.

Cabe apelação.

Art. 593, inciso I, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: das sentenças definitivas de
condenação ou absolvição proferidas por juiz singular.

Exceção: Uma sentença na qual não caberia apelação é a de CRIMES POLÍTICOS. Ocorrre
que, recentemente, a Lei nº 14.197/2021 acrescentou o Título XII ao Código Penal, criando crimes contra
o Estado democrático de Direito. Os "crimes políticos", assim nomeados pela doutrina e pela
Constituição, retornam ao Código Penal. Desde então, existem posições jurídicas diversas acerca da
natureza jurídica e competência para julgamento desses crimes. Quando o debate for resolvido pelos
tribunais, nos conflitos positivos ou negativos de competência, e se ficar definido que ainda se tratam de
crimes políticos, estes têm competência originária à Justiça Federal.

Art. 109, IV, parte inicial, CF: Aos juízes federais compete processar e julgar: os crimes
políticos (...).

Para os crimes políticos cabe ROC (Recurso Ordinário Constitucional) no STF.

Art. 102, inciso III, alínea “b”, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe: julgar, em recurso ordinário: o crime político;

• Decisões definitivas em sentido amplo (decisões terminativas de mérito)

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Julgam o mérito de ação autônoma de impugnação (ex, habeas corpus e revisão criminal).
Também são decisões recorríveis por apelação:

Art. 593, II, (1ª parte), CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: das decisões definitivas,
ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo
anterior.

5.2. CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES

5.2.1. EM RAZÃO DO ÓRGÃO PROLATOR

Em razão do
Orgão Prolator

Decisões Decisões Decisões


subjetivamente subjetivamente subjetivamente
SIMPLES PLÚRIMA COMPLEXA

- Decisões subjetivamente simples: Proferida por um juiz singular. Ex.: Sentença proferida por juiz
criminal de primeiro grau.

- Decisões subjetivamente plúrima: Proferida por órgão colegiado homogêneo (colegiado formado
por juízes togados). Ex.: Acórdão de câmara criminal de Tribunal de Justiça ou Turma do STF.

- Decisões subjetivamente complexa: Proferida por órgão colegiado heterogêneo (colegiado formado
por juízes togados e leigos). Ex.: Sentença no Tribunal do Júri (Veredicto dos jurados leigos e Sentença
do juiz-presidente).

5.2.2. EM RAZÃO DO VÍCIO DA DECISÃO

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- Decisão suicida: O dispositivo é contrário à fundamentação. A decisão é nula e passível de embargos


de declaração (contradição).

Trata-se de denominação dada pela doutrina italiana à sentença que apresenta contradição
entre a fundamentação e a parte dispositiva. Assim, se o juiz desenvolve, na motivação, todo
um raciocínio tendente à condenação do réu (ele é confesso em juízo, foi reconhecido pelo
ofendido e pelas testemunhas, a res furtiva foi apreendida em seu poder, etc.), e, a despeito disso,
o absolve, parece evidente o equívoco dessa conclusão, acarretada por circunstâncias que não
importam (quem sabe, um erro no manejo do computador).28

Ex.: A fundamentação da sentença é no sentido condenatório, inclusive com dosimetria da pena,


mas o dispositivo absolve o acusado.

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2006 Banca: EJEF Órgão: TJ-MG Prova: EJEF - 2006 - TJ-MG – Juiz. Sentença “suicida”,
conforme doutrina, é aquela:

A. cuja parte dispositiva contraria as razões invocadas na fundamentação;


B. que não contém relatório;
C. que não indica o artigo de lei que deveria ser aplicado;
D. que não obedece ao critério trifásico para aplicação da pena.

Gab. A.

- Decisão vazia: A decisão não possui fundamentação, constituindo nulidade absoluta (violação ao
artigo 93, inciso IX, CF). Nesse sentido, Norberto Avena “são aquelas que não incorporam a necessária
fundamentação, infringindo o art. 93, IX, da CF e o art. 381, III e IV, do CPP. Trata-se de
pronunciamentos absolutamente nulos, sem a possibilidade de correção ou saneamento”.

- Decisão autofágica: O juiz reconhece a imputação, mas declara extinta a punibilidade (ex, perdão
judicial).

Como #JáCaiu em Provas de Concurso

Ano: 2010 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRE-BA Prova: CESPE - 2010 - TRE-BA - Analista
Judiciário - Área Judiciária. Texto associado. Com relação às nulidades e aos atos processuais, julgue
os itens seguintes.

A sentença que concede perdão judicial é denominada pela doutrina de sentença suicida.

28 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/07/17/o-que-se-entende-por-sentenca-suicida/

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Certo

Errado

A sentença que concede perdão judicial é denominada de sentença autofágica, e não suicida. A sentença
suicida é aquela em que a parte dispositiva contraria as razões invocadas na fundamentação. Desse modo,
gabarito ERRADO.

5.3. EQUÍVOCOS NAS DECISÕES JUDICIAIS

Os equívocos nas decisões judiciais podem ser de duas naturezas, o chamado error in
procedendo ou erro injudicando.

Equívocos nas decisões judiciais

Error in Error in
procedendo judicando

- Error in procedendo: é o erro no procedimento, aqui temos a inobservância do devido


processo legal. A decisão deve ser anulada e outra proferida em seu lugar. Ex.: Sentença prolatada antes
de a defesa apresentar alegações finais.

- Error in judicando: trata-se de erro de mérito (o juiz julgou mal). A decisão deve ser
reformada. Ex.: Sentença absolutória, quando havia provas suficientes para a condenação.

5.4. REQUISITOS DA SENTENÇA PENAL

Art. 381, CPP: A sentença conterá:

I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las;

É necessário obviamente que o nome da parte esteja na sentença, no entanto a segunda parte do
inciso, é muito criticado pela doutrina, afinal como pode se proferir uma sentença contra alguém, sem
sequer saber o nome. Situação em que o sujeito comete um homicídio e não está com seus documentos,
não sendo possível também, fazer sua identificação datiloscópica. Portanto, não é possível saber quem

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é de fato. Nessa hipótese sem saber o nome, o juiz apenas fará a identificação de suas características
pessoais.

II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;

O juiz deverá reproduzir os dados da denúncia/queixa e as teses defensivas trazidas pela defesa.

III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;

A necessidade de fundamentação vem do Art. 93, IX, CF/88.

IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;

Em especial na parte do dispositivo, o juiz deverá indicar os artigos dos crimes imputados.

V - o dispositivo;

A conclusão a qual o juiz chegou após todo o processo.

VI - a data e a assinatura do juiz

Chamada pela doutrina de autenticação.

Requisitos intrínsecos Requisitos extrínsecos


- Relatório - Autenticação (data e assinatura)
- Fundamentação
- Dispositivo

5.4.1. REQUISITOS INTRÍNSECOS

Requisitos
INTRÍNSECOS

Relatório Fundamentação Dispositivo

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5.4.1.1. Relatório

O relatório é o resumo do processo, em que são narrados os principais atos processuais,


notadamente a síntese da acusação e a e as teses defensivas. Tem como objetivo demonstrar que o juiz
teve contato pleno e direto com a causa a ser julgada.

A ausência de relatório acarreta nulidade relativa, tendo em vista que poderá ser sanada (art.
564, inciso IV, do CPP).

Art. 564, inciso IV, CPP: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: por omissão de formalidade
que constitua elemento essencial do ato.

Art. 572, CPP: As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas (...)

➢ Juizados especiais criminais

Nas sentenças dos Juizados Especiais Criminais é dispensado o relatório.

Art. 81, § 3º, Lei 9.099/95: A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de
convicção do Juiz.

Art. 2º, Lei 9.099/95: O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade,
informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a
conciliação ou a transação.

5.4.1.2. Fundamentação

O juiz deverá fundamentar a sentença, indicando os motivos de fato e de direito em que se baseia
a sua decisão.

Acerca das funções da motivação das decisões judiciais:

Função endoprocessual da motivação Função extraprocessual da motivação

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Permite as partes a possibilidade de impugnar a Permite à sociedade ter o controle das atividades
decisão e aos órgãos jurisdicionais de segundo do Poder Judiciário.
grau a possibilidade de avaliar a sua legalidade e
a sua justiça.

A sentença sem fundamentação (sentença vazia) padece de nulidade absoluta. Essa necessidade
de fundamentação da sentença decorre da adoção do sistema do livre convencimento motivado.

Art. 93, inciso IX, CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade(...)

Desta feita, todas as provas têm valor relativo, inclusive a confissão (não cabe à tese de que a
confissão é a rainha de todas as provas no nosso atual sistema), o juiz deverá analisar todas as provas do
processo, ainda que para as afastar, e somente as provas validamente constantes nos autos do processo
poderão ser valoradas pelo juiz (“o que não está nos autos não está no mundo”).

Candidato o juiz poderá levar em consideração, ao sentenciar, os elementos de informação


produzidos na fase da investigação criminal? Sim, desde que o juiz conjugue elementos de informação
da fase de investigação com a prova produzida em juízo, sob o crivo do contraditório.

Art. 155, “caput”, CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.

Os elementos do inquérito podem influir na formação do livre convencimento do juiz para a


decisão da causa quando complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do
contraditório em juízo. (STF. RHC 99057, Relator (a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda
Turma, julgado em 06/10/2009).

➢ Fundamentação per relationem (motivação aliunde).

Aquela em que o magistrado adota como fundamento de sua decisão a manifestação de uma das
partes ou uma decisão anterior. A doutrina entende que a fundamentação per relationem na:

Sentença Decisão interlocutória


Não é possível, sob pena de nulidade absoluta. É possível, desde que se utilize de outros
argumentos próprios.

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A técnica da fundamentação per relationem, na qual o magistrado faz referência à decisões


anteriores ou a pareceres do Ministério Público como razão de decidir, atende à exigência
constitucional prevista no art. 93, inciso IX (STJ. AgRg no AgRg no AREsp 1554863/RS,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/02/2020).

(...) É válida a utilização da técnica da fundamentação per relationem, em que o magistrado se


utiliza de trechos de decisão anterior ou de parecer ministerial como razão de decidir, desde
que a matéria haja sido abordada pelo órgão julgador, com a menção a argumentos
próprios”. (STJ. AgRg no AREsp 1594445/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 06/02/2020).

O STJ entende que é possível, portanto, a fundamentação per relationem, desde que, a referência
a outra decisão ou manifestação de uma parte, seja conjugada com elementos argumentativos próprios
daquele julgador.

5.4.1.3. Dispositivo

O dispositivo é a conclusão da sentença, em que o juiz condena (art. 387, CPP) ou absolve (art.
386, CPP) o acusado. O juiz deverá indicar os artigos de lei aplicáveis (art. 381, incisos IV e V, do CPP),
seja para condenar, seja para absolver, e a ausência de dispositivo equivale à inexistência de sentença.

O dispositivo é a única parte da sentença que faz coisa julgada (a fundamentação e o relatório
não fazem coisa julgada).

5.4.2. REQUISITO EXTRÍNSECO: AUTENTICAÇÃO

O juiz deverá datar e assinar a sentença. Vale destacar que a ausência de assinatura do juiz
equivale à inexistência de sentença.

5.5. SENTENÇA PENAL ABSOLUTÓRIA

5.5.1. MODALIDADES

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MODALIDADES

Absolvição
Absolvição Absolvição Absolvição
sumária
própria imprópria sumária
imprópria

5.5.1.1. Absolvição própria

O juiz julga improcedente o pedido condenatório, sem impor medida de segurança. O juiz
absolve o réu não reconhecendo nenhuma inimputabilidade.

5.5.1.2. Absolvição imprópria

O juiz reconhece a tipicidade e a ilicitude do fato criminoso, mas, em razão da inimputabilidade


do acusado, determina a sua absolvição e impõe medida de segurança (internação – reclusão, ou
tratamento ambulatorial – detenção).

5.5.1.3. Absolvição sumária

Agindo em juízo de cognição sumária (antes da instrução probatória) e com juízo de certeza, o
juiz absolve o acusado, nos casos dos artigos 397 (procedimento ordinário/sumário) e 415 (encerra a 1º
fase do júri), ambos do CPP.

5.5.1.4. Absolvição sumária imprópria

O juiz absolve sumariamente o acusado de crime doloso contra a vida, já na primeira fase do
procedimento do júri, aplicando-lhe medida de segurança, quando a inimputabilidade for a única tese
defensiva. Se houver outra tese defensiva além da inimputabilidade, por exemplo, a defesa traz também
a negativa de autoria, ou a tese de legitima defesa, o acusado não poderá ser absolvido sumariamente de
forma imprópria na 1º fase do procedimento do júri.

5.5.2. FUNDAMENTOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA

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Art. 386, CPP: O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

O juiz tem certeza de que o fato criminoso, na verdade, não existiu.

Ex.: Imputação de estupro (que não existiu) em que a vítima admite que apenas quis se vingar
do acusado que a repudiou (Síndrome da mulher de Potifar).

A sentença absolutória faz coisa julgada no juízo cível.

Art. 66, CPP: Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

Sempre que a inexistência material do fato criminoso for a razão da absolvição do acusado e isso
for reconhecido com juízo de certeza, não poderá a parte propor uma ação cível.

II - não haver prova da existência do fato;

Não há certeza se o fato criminoso, a rigor, existiu ou não.

Ex.: Imputação de estupro de vulnerável em que somente há a palavra da vítima criança, com
laudo psicológico atestando que ela fantasia fatos.

A sentença absolutória (com base no inciso II art. 386 do CPP) não faz coisa julgada no
juízo cível (é possível à vítima propor ação indenizatória e o juiz cível reconhecer a existência do fato e
a responsabilidade civil do acusado pelo mesmo fato).

Art. 66, CPP: Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

III - não constituir o fato infração penal;

O fato é penalmente atípico (formal ou material). O juiz absolverá o acusado com base neste
inciso III.

Ex.: Furto de uma caneta BIC (princípio da insignificância – atipicidade material). A sentença
absolutória não faz coisa julgada no cível (embora o fato seja penalmente atípico, pode ser um ilícito
civil).

Art. 67, inciso III, CPP: Não impedirão igualmente a propositura da ação civil a sentença
absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.

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IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;

O juiz tem certeza de que o acusado é inocente.

Ex.: A testemunha de defesa de um roubo admite que foi ela a autora do roubo, tendo sido
reconhecida pela vítima.

A sentença absolutória faz coisa julgada no juízo cível (juízo de certeza).

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal

Não há certeza se o acusado é culpado ou inocente.

Ex.: Imputação de roubo em que a vítima não reconhece o acusado, que fica em silêncio.

A sentença absolutória não faz coisa julgada no juízo cível (é possível à vítima propor ação
indenizatória e o juiz cível reconhecer a autoria do acusado pelo mesmo fato).

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22,
23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua
existência;

O juiz reconhece uma causa excludente da ilicitude (legitima defesa, estrito cumprimento do
dever legal e estado de necessidade) ou da culpabilidade (coação moral irresistível, inimputabilidade,
etc.).

Destaca-se que não há necessidade de juízo de certeza: basta que haja uma dúvida fundada.

Desta feita se houver certeza sobre excludente de ilicitude ou culpabilidade o juiz deverá
absolver o acusado, da mesma forma se houver uma dúvida fundada sobre excludente de ilicitude ou
culpabilidade, o juiz deverá também absolver o acusado. No entanto se houver uma dúvida mínima o
juiz condena o acusado com fundamento no princípio da indiciariedade.

Ex.1: O acusado praticou lesão corporal em legítima defesa.

Ex.2: O gerente do banco subtraiu dinheiro do cofre aos assaltantes por coação moral irresistível.

A sentença absolutória por excludente da ilicitude faz coisa julgada no juízo cível.

Art. 65, CPP: Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado
em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.

VII – não existir prova suficiente para a condenação

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A sentença condenatória exige absoluta certeza do julgador. Não havendo certeza (presunção
de inocência), deverá o juiz absolver, por falta de provas (in dubio pro reo).

A sentença absolutória não faz coisa julgada no juízo cível (juízo de incerteza).

Ex.: Imputação por furto em que as vítimas não reconheceram plenamente (acharam parecido),
não há testemunhas e o acusado usou seu direito ao silêncio.

Sempre que a coisa julgada criminal for baseada em juízo de dúvida, não faz coisa julgada no juízo cível.

5.5.3. EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA

Art. 386, parágrafo único, CPP: Na sentença absolutória , o juiz:


I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade.
II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas.
III - aplicará medida de segurança, se cabível (apenas após o trânsito em julgado).

Absolvição própria Absolvição imprópria


- Colocação do acusado preso em liberdade. - Imposição de medida de segurança
-Cessação das medidas cautelares (Após o trânsito em julgado).

5.5.3.1. Absolvição criminal e a “nova” Lei de Improbidade

A Lei nº 14.230/2021 que alterou a lei de improbidade (Lei nº 8.429/1992) com significativas
mudanças, e aproximou institutos do Direito Penal para o ramo do Direito Administrativo Sancionador.
Além disso, o legislador trouxe um entendimento doutrinário para letra da lei, no sentido de que a
absolvição criminal deve surtir efeitos na ação de improbidade, independentemente da causa de
absolvição. Vejamos de forma sintetizada os reflexos das inovações:

ANTIGA SISTEMÁTICA LEI 14.230/2021

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Para colocar fim a essa controvérsia, e na linha da aproximação com


Em decorrência do princípio da institutos do Direito Penal, o legislador trouxe a previsão expressa na
independência das instancias e lei no artigo 21, §4º da LIA, com seguinte redação:
pela previsão do art. 65, CPP,
apenas a sentença penal que "A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por
reconhecesse as excludentes de decisão colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo
ilicitude ali mencionadas bem comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no artigo
como a inexistência material do 386 do Decreto-Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
fato (interpretação a contrário Penal)".
sensu do artigo 66 do CPP)
poderiam fazer coisa julgada Por conseguinte, independentemente da causa e
no âmbito cível. independentemente do trânsito em julgado, a absolvição criminal
influencia diretamente na ação de improbidade, desde que a
Dessa forma, as demais causas absolvição discuta os mesmos fatos e a decisão seja confirmada pelo
de absolvição criminal prevista tribunal. As interpretações doutrinárias dizem que apesar de o
no artigo 386 do CPP, embora o legislador se refirir à confirmação por decisão colegiada, nada obsta
sujeito fosse absolvido na esfera que a sentença absolutória seja apenas em primeiro grau, notadamente
criminal, não surtiam efeitos na naqueles casos em que não há recurso por parte do autor da ação. Nesse
esfera da ação de improbidade viés, o § 3º do artigo 21 da 14.230/2021 estabelece que:
justamente pelo fato da
responsabilidade civil ser "As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de
independente da criminal. improbidade quando concluírem pela inexistência da conduta ou pela
negativa da autoria", sem fazer qualquer ressalva à decisão colegiada”.

5.6. SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA

A sentença penal condenatória é aquela que atesta a responsabilidade criminal do acusado,


reconhecendo a prática de um fato típico, ilícito e culpável. É necessário um JUÍZO DE CERTEZA

sobre a existência do crime e da autoria ou participação, em razão do princípio da presunção de


inocência.

Reconhecida a responsabilidade criminal do acusado, deverá o juiz impor uma pena (privativa
de liberdade, restritiva de direitos ou de multa).

Havendo certeza da autoria/participação do fato criminoso existirá uma sentença penal


condenatória.

Havendo dúvida ensejará uma sentença penal absolutória.

5.7. ETAPAS DA APLICAÇÃO DA PENA

O art. 59, “caput”, CP determina quatro etapas de aplicação da pena:

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1º: Escolher a espécie de pena a ser aplicada (pena privativa de liberdade ou multa)

2º: Dosar a Pena (critério trifásico – circunstancias judiciais / agravantes e atenuantes / causas de
aumento e diminuição de pena).

3º: Regime Inicial (fechado, semiaberto ou aberto)

4º: Substituição da PPL por Sursis ou PRD/multa.

Art. 59, CP: O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

1º Etapa: Escolha da espécie de pena (PPL ou multa)

- PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU MULTA .


Nessa etapa apenas se escolhe a pena se o preceito secundário previr cominação
alternativa (partícula “ou”) entre pena privativa da liberdade e de multa.

Ex.: Art. 137, “caput”, CP: Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena -
detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.

- SE O TIPO PENAL NÃO CONTIVER A EXPRESSÃO “OU MULTA”, NÃO SE APLICA ESTA

ETAPA.

Ex.: Art. 159, “caput”, CP: Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze
anos. Neste caso o juiz aplicará a pena privativa de liberdade e irá para a segunda etapa.

- SE O TIPO PENAL CONTIVER A EXPRESSÃO “E MULTA”, DEVEM SER APLICADAS AMBAS


AS PENAS .

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Art. 155, “caput” - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um
a quatro anos, e multa.

2º Etapa: Quantificação da pena (critério trifásico)

A dosimetria da pena segue o SISTEMA TRIFÁSICO (também chamado de critério Nelson


Hungria):

Art. 68, “caput”, CP: A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código
(1ª fase); em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes (2ª fase); por
último, as causas de diminuição e de aumento (3ª fase).

- 1ª FASE: CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (ART. 59, CP):

Art. 59, “caput”, CP: O juiz, atendendo à culpabilidade (1 - juízo de reprovabilidade), aos
antecedentes (2 – Não é a mesma coisa que reincidência), à conduta social (3 – concepção que
a comunidade tem daquela pessoa), à personalidade do agente (4 – laudo ou relatório que defina
a personalidade concreta), aos motivos (5), às circunstâncias (do crime) (6) e consequências
do crime (7), bem como ao comportamento da vítima (8 – quando o comportamento da vítima
influencia a conduta criminosa), estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime.

- 2ª FASE: AGRAVANTES (ART. 61 E 62, CP) E ATENUANTES (ART. 65 E 66, CP);

Ex.1: Agravante da reincidência;

Ex.2: Atenuante da confissão.

- 3ª FASE: CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO DE PENA .

Ex.1: Tentativa (art. 14, II, CP);

Ex. 2: Roubo majorado por arma de fogo (art. 157, §2º-A, CP).

3º Etapa: Regime inicial de cumprimento da pena

Acusado primário
Pena > 8 anos Pena > 4 anos até 8 anos Pena ≤ 4 anos
Fechado Semiaberto Aberto

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Acusado reincidente
Pena > 8 anos Pena > 4 anos até 8 anos Pena ≤ 4 anos
Fechado Fechado Semiaberto (se favoráveis as
circunstâncias judiciais).

Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

4º Etapa: Possibilidade de substituição da pena de prisão por pena restritiva de direito


ou sursis.

Pena restritivas de direitos SURSIS


(Art. 44, CP) (Art. 77, CP)
- Pena até 4 anos - Pena até 2 anos
- Primariedade - Primariedade
- Crime sem violência ou grave ameaça - Cabível em crimes com violência ou grave
- Circunstâncias judiciais favoráveis ameaça
- Circunstâncias judiciais favoráveis

Candidato cabe pena restritiva de direitos em caso de acusado reincidente? Somente se a


reincidência for genérica (não específica) e a medida for socialmente recomendável.

Art. 44, § 3º, CP: Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência
não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.

5.8. FIXAÇÃO DE VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS

O juiz fixará valor mínimo para a reparação dos danos suportados pela vítima.

Art. 387, IV, CPP: O juiz, ao proferir sentença condenatória fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido.

Ex.: O juiz criminal, ao condenar o réu por furto de uma bicicleta, também fixará o valor mínimo
para a reparação dos danos causados (ex. restituição do valor da bicicleta).

Cuida-se de valor mínimo: se a vítima quiser, poderá utilizar o título judicial (sentença
condenatória), para liquidação no juízo cível, a fim de apurar o dano efetivamente sofrido.

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Art. 63, p. único, CPP: Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser
efetuada pelo valor (mínimo) fixado (na sentença) (1) nos termos do inciso IV do caput do art.
387 deste Código sem prejuízo (ou) da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido
(2).

5.9. PRISÃO PREVENTIVA E MEDIDAS CAUTELARES.

O juiz, na sentença condenatória, poderá impor, manter ou revogar a prisão preventiva ou outra
medida cautelar diversa da prisão.

Art. 387, §1º, CPP: O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de
apelação que vier a ser interposta.

Não se trata de medida obrigatória: o juiz somente imporá ou manterá a prisão preventiva, se
presentes os requisitos do artigo 312, do CPP.

O acusado que respondeu ao processo preso, será mantido preso, exceto se desaparecerem os
motivos que ensejaram sua prisão, enquanto o acusado que respondeu ao processo solto, será mantido
solto, exceto se sobrevierem novos motivos que deem ensejo à decretação de sua prisão preventiva (art.
312, CPP).

5.9.1. DETRAÇÃO PENAL NO REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA

Ao definir o regime de cumprimento de pena, o juiz deverá computar o tempo de prisão


provisória, de prisão administrativa ou de internação.

Artigo 387, § 2º do CPP: O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação,


no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena
privativa de liberdade.

Ex.: Acusado primário foi processado por tráfico de drogas e condenado à pena de reclusão de 9
anos (a quantidade de pena exige o regime fechado). Cumpriu exatos 12 meses de prisão preventiva,
tempo que deverá ser computado pelo juiz, ao definir o regime inicial de cumprimento de pena. Ao
computar o ano de prisão preventiva do acusado primário, o juiz, ao invés de impor o regime fechado,

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deverá aplicar o regime semiaberto (9 anos de condenação – 1 ano de cumprimento de prisão preventiva
= 8 anos).

Art. 33, §2º, “b”, CP: As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios (...): o condenado
não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde
o princípio, cumpri-la em regime semiaberto.

5.9.2. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO: O JUIZ PODERÁ


CONDENAR?

1ª CORRENTE: NÃO, se o Ministério Público pedir absolvição, o juiz estará obrigado a


absolver, porque isso equivale ao não-exercício da pretensão acusatória, eventual condenação, neste
contexto, importaria violação ao sistema acusatório.

2ª CORRENTE: SIM (Majoritária), a própria lei autoriza ao juiz criminal a condenar


ainda que o Ministério Público opine pela absolvição.

Art. 385, CPP: Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória,
ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes,
embora nenhuma tenha sido alegada.

Não há condenação de ofício, porque o pedido de condenação é feito pela acusação na denúncia
(fase postulatória): o pedido de absolvição nas alegações finais não equivale à desistência da ação penal.

5.9.3. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO

A sentença deve guardar plena consonância com o fato descrito na peça acusatória
(imputação), sob pena de violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa e do sistema
acusatório.

O acusado se defende dos fatos narrados na peça acusatória e não da capitulação jurídica ali
tipificada.

No sistema processual pátrio, o agente se defende dos fatos a ele atribuídos e não da sua
capitulação jurídica. Nulidade não caracterizada. Ordem denegada” (STJ. HC 146.367/MG,
Rel. Ministro CELSO LIMONGI, SEXTA TURMA, julgado em 18/03/2010).

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Ao contrário do processo civil, em que o a sentença deve guardar correlação com o pedido, no
processo penal, a sentença deve guardar simetria com a causa de pedir, ou seja, com o fato criminoso
imputado.

5.9.4. EMENDATIO LIBELLI

Art. 383, “caput”, CPP: O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de
aplicar pena mais grave.

5.9.4.1. Requisitos

1. O fato está descrito na denúncia (não há fato novo);


2. O juiz atribui definição jurídica diversa;

5.9.4.2. Consequência: O juiz poderá aplicar pena mais grave

Fato Narrado na denúncia e capitulado pelo MP: estelionato (art. 171, “caput” do CP). Pena: 1 a
5 anos.

No entanto o juiz observa os mesmos fatos narrados na denúncia e entende se tratar de furto
mediante fraude (art. 155, § 4º, II, CP). Pena: 2 a 8 anos.

5.9.4.3. Hipóteses

a) Defeito de capitulação

O Ministério Público subsome o fato à tipo penal equivocado.

Ex.: Narração de subtração de valores por funcionário público, em razão da função, tipificada
no artigo 155, “caput”, do CP. E o Juiz condena por peculato mediante o equívoco do MP (art. 312, §1º,
CP).

b) Interpretação diversa
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O juiz faz interpretação diversa sobre o tipo penal capitulado.

Ex.: Subtração de valores por fraude eletrônica pela internet. MP tipifica como estelionato. Juiz
condena pelo furto mediante fraude.

c) Supressão elementar ou circunstância do tipo

A instrução probatória não comprova a existência de uma circunstância ou elementar do tipo.

Ex.: MP imputa um furto qualificado pelo emprego de chave falsa. Não se comprova a chave
falsa e o juiz condena por furto simples.

5.9.4.4. Fundamento

- Princípio iura novit curia (o juiz conhece o direito);

- “Narra mihi factum dabo tibi ius” (narra-me o fato e eu te darei o direito, quem define o tipo penal é o
juiz).

- O acusado, no processo penal, defende-se dos fatos imputados (e não da capitulação).

5.9.4.5. Momento

O juiz aplicará a “emendatio libelli” no momento da sentença.

Candidato, o juiz poderá aplicar a “emendatio libelli” no momento do recebimento da


denúncia? Não, de acordo com entendimento do STF:

Não é lícito ao Juiz, no ato de recebimento da denúncia, quando faz apenas juízo de
admissibilidade da acusação, conferir definição jurídica aos fatos narrados na peça
acusatória. Poderá fazê-lo adequadamente no momento da prolação da sentença, ocasião em
que poderá haver a emendatio libelli ou a mutatio libelli, se a instrução criminal assim o indicar
(STF. HC 87324, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 10/04/2007).

Se ocorrer de o juiz aplicar uma emendatio libelli no momento do recebimento da denúncia, é


plenamente possível que o MP interponha uma correição parcial por conta da inversão tumultuária no
processo.

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5.9.4.6. Cabimento

Caberá “emendatio libelli” tanto na ação pública quanto na ação privada.

5.9.4.7. "Emendatio" em segunda instância

É possível a aplicação da “emendatio libelli” em segunda instância.

Ex.: Denúncia capitula estelionato, juiz condena por estelionato, Tribunal, em recurso do MP em
relação à pena, aplica a “emendatio libelli” e condena por furto qualificado pela fraude.

Exceção: não caberá quando for recurso exclusivo da defesa (princípio da non reformatio in
pejus).

A emendatio libelli (art. 383 do CPP), também pode ser aplicada em segundo grau desde que nos
limites do art. 617 do CPP, que proíbe a reformatio in pejus” (STJ. HC 87.984/SC, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2008).

5.9.5. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Art. 383, § 1º, CPP: Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade
de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto
na lei (o MP deverá propor a suspensão condicional do processo).

Súmula 337, STJ: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do


crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”.

Ex.: O MP capitula na denúncia como furto qualificado pela fraude (pena mínima de 2 anos –
não cabe suspensão condicional do processo); o juiz aplica a “emendatio libelli” e define tratar-se de
estelionato (pena mínima de 1 ano), sendo possível a suspensão condicional do processo, mesmo depois
do término da instrução processual.

5.9.6. REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO COMPETENTE

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Art. 383, § 2º CPP: Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão
encaminhados os autos.

Classificação jurídica na denúncia: lesão gravíssima (art. 129, §2º, CP). Pena: 2 a 8 anos. Mas o
Juiz aplica a “emendatio libelli”, e antes de sentenciar, verifica que se trata de lesão leve (art. 129,
“caput”, CP). Pena: 3 meses a 1 ano (infração penal de menor potencial ofensivo). Desta feita a solução
será o juiz remeter os autos ao juízo competente (Juizado Especial Criminal).

Art. 384, “caput”, CPP: Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da
infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou
queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta (queixa) houver sido instaurado o
processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

5.9.7. MUTATIO LIBELLI

5.9.7.1. Fato não descrito na denúncia

A “mutatio libelli” exige que haja um fato (elementar ou circunstância – qualificadora ou causa
de aumento de pena) não descrito na peça acusatória descoberto durante a instrução probatória.

Ex.1: A denúncia narra um furto. A vítima e uma testemunha descrevem uma grave ameaça do
acusado durante a instrução (elementar do tipo do crime de roubo).

Ex.2: A denúncia narra um furto simples. Vítima e testemunhas narram escalada durante a
instrução (circunstância do tipo [qualificadora] do crime de furto).

Ex.3: A denúncia narra um roubo simples. Vítima e testemunhas narram emprego de arma de
fogo durante a instrução (circunstância do tipo [majorante] do crime de roubo).

5.9.7.2. Consequência

O órgão acusatório deverá para aditar a peça acusatória em 05 dias, e não poderá condenar
diretamente, como na “emendatio libelli”, sob pena de violação aos princípios da ampla defesa, do
contraditório e do sistema acusatório.

5.9.7.3. Recusa do Ministério Público em aditar

O juiz deverá encaminhar os autos ao Procurador-Geral de Justiça.

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Art. 384, § 1º, CPP: Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o
art. 28 deste Código.

Caso o PGJ entender que não é o caso de aditar a denúncia, o juiz deverá julgar conforme a
imputação originária (sem considerar o fato não descrito na peça acusatória).

5.9.7.4. Recurso em eventual rejeição do aditamento à peça acusatória

Recurso em sentido estrito (interpretação extensiva do art. 581, inciso I, CPP).

5.9.7.5. Procedimento

(1) O Ministério Público aditará a denúncia para incluir o fato novo, em 05 dias, podendo arrolar até
3 testemunhas além das já ouvidas.

(2) Manifestação do Defensor do acusado, em 05 dias, podendo arrolar até 3 testemunhas além das já
ouvidas.

(3) O juiz recebe o aditamento e designa nova audiência para ouvir as testemunhas e realizar novo
interrogatório.

(4) Após as alegações finais das partes, o juiz deverá sentenciar, ficando adstrito à acusação do
aditamento. (Não poderá considerar a imputação originária).

Art. 384, § 2º, CPP: Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o
aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação
da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de
debates e julgamento.

Art. 384, § 4º , CPP: Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.

5.9.7.6. Cabimento

Art. 384, “caput”, CPP: Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar
a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o
processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.

Só caberá ementatio libelli:

Código de processo penal Doutrina


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- Ação penal pública Caberá, também, em todas as modalidades de


- Ação penal privada subsidiária da pública ação privada.
1º Fase 2º Fase e prova oral.

5.9.7.7. Suspensão condicional do processo

Art. 384, §3º: Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo

Art. 383, § 1º, CPP: Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na
lei (o MP deverá propor a suspensão condicional do processo).

Súmula 337, STJ: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime


e na procedência parcial da pretensão punitiva”

Se houver mutatio libelli, é perfeitamente possível a Suspenção condicional do processo.

5.9.7.8. Remessa ao juízo competente

Art. 384, §3º: Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.

Art. 383, § 2º CPP: Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão
encaminhados os autos.

5.9.7.9. Segunda instância

Não cabe “mutatio libelli” na 2ª Instância, sob pena de violação ao Duplo Grau de Jurisdição,
o que importaria supressão de instâncias.

Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do Código
de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de
circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

ESQUEMATIZANDO
EMENDATIO LIBELLI MUTATIO LIBELLI

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Quando ocorre: quando o juiz, ao condenar ou


pronunciar o réu, altera a definição jurídica (a Quando ocorre: no curso da instrução processual,
capitulação do tipo penal) do fato narrado na peça surge prova de alguma elementar ou circunstância
acusatória, sem, no entanto, acrescentar qualquer que não havia sido narrada expressamente na
circunstância ou elementar que já não esteja descrita denúncia ou queixa.
na denúncia ou queixa.
Requisitos: Não é acrescentada nenhuma Requisitos: É acrescentada alguma circunstância
circunstância ou elementar ao fato que já estava ou elementar que não estava descrita originalmente
descrito na peça acusatória. na peça acusatória e cuja prova surgiu durante a
instrução.
É modificada a tipificação penal. É modificada a tipificação penal.
Exemplo:
Exemplo:
O MP narrou, na denúncia, que o réu praticou furto
O MP narrou, na denúncia, que o réu, valendo-se de
simples (art. 155, caput, do CP). Durante a
fraude eletrônica no sistema da internet banking,
instrução, os depoimentos revelaram que o acusado
retirou dinheiro da conta bancária da vítima,
utilizou-se de uma chave falsa para entrar na coisa
imputando-lhe o crime de estelionato (art. 171 do
furtada. Com base nessa nova elementar, que surgiu
CP). O juiz, na sentença, afirma que, após a
em consequência de prova trazida durante a
instrução, ficou provado que os fatos ocorreram
instrução, verifica-se que é cabível uma nova
realmente na forma como narrada pelo MP, mas
definição jurídica do fato, mudando o crime de furto
que, em seu entendimento, isso configura furto
simples para furto qualificado (art. 155, § 4º, III, do
mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP).
CP).
Previsão legal: arts. 383, caput, e 418 do CPP: Previsão legal: art. 384 do CPP:

Procedimento: Se o MP entender ser o caso de


mutatio libelli, ele deverá aditar a denúncia ou
queixa no prazo máximo de 5 dias após o
encerramento da instrução; esse aditamento pode
ser apresentado oralmente na audiência ou por
escrito; no aditamento, o MP poderá arrolar até 3
Procedimento: Se o juiz, na sentença, entender que
testemunhas; será ouvido o defensor do acusado no
é o caso de realizar a emendatio libelli, ele poderá
prazo de 5 dias. Nessa resposta, além de refutar o
decidir diretamente, não sendo necessário que ele
aditamento, a defesa poderá arrolar até 3
abra vista às partes para se manifestar previamente
testemunhas; o juiz decidirá se recebe ou rejeita o
sobre isso.
aditamento; se o aditamento for aceito pelo juiz,
Tal se justifica porque no processo penal o acusado
será designado dia e hora para continuação da
se defende dos fatos e como os fatos não mudaram,
audiência, com inquirição de testemunhas, novo
não há qualquer prejuízo ao réu nem violação ao
interrogatório do acusado e realização de debates e
princípio da correlação entre acusação e sentença.
julgamento.

Obs: se o órgão do MP, mesmo surgindo essa


elementar ou circunstância, entender que não é caso
de aditamento e o juiz não concordar com essa
postura, aplica-se o art. 28 do CPP.

Espécies de ação penal em que é cabível:


Espécies de ação penal em que é cabível:
ação penal pública incondicionada;
ação penal pública incondicionada;
ação penal pública condicionada;
ação penal pública condicionada;
ação penal privada subsidiária da pública. Obs:
ação penal privada.
somente o MP pode oferecer mutatio.
Emendatio libelli em 2º grau de jurisdição: Mutatio libelli em 2º grau de jurisdição:
É possível que o tribunal, no julgamento de um Não é possível, porque se o Tribunal, em grau de
recurso contra a sentença, faça emendatio libelli, recurso, apreciasse um fato não valorado pelo juiz,
desde que não ocorra reformatio in pejus (STJ HC haveria supressão de instância.
87984 / SC). Nesse sentido é a Súmula 453-STF.

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5.10. COISA JULGADA

Coisa julgada é a condição de imutabilidade de uma decisão judicial em face da qual não
caiba mais recurso.

Art. 6º, § 3º, LINDB: Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não
caiba recurso.

A coisa julgada poderá decorrer de:

- Esgotamento das vias recursais (ordinárias e/ou extraordinárias): não é mais possível recorrer.

- Não interposição de recurso: Se nenhuma das partes recorreram ao fim do prazo recursal.

5.10.1. FUNDAMENTO

O fundamento da coisa julgada é a segurança jurídica: os litígios não podem se eternizar.

5.10.2. DIREITO FUNDAMENTAL

A coisa julgada é um direito fundamental, assegurado por força constitucional.

Art. 5º, XXXVI, CF: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.

5.10.3. ESPÉCIES

a) Coisa julgada formal

A coisa julgada formal é a imutabilidade da sentença que se projeta dentro do processo


(dentro daquele processo o fato não será mais discutido). É possível a reabertura da apuração do mesmo
fato criminoso, desde que haja nova prova, mas somente em outro processo.

Ex.1: Impronúncia. A impronúncia só faz coisa julgada formal, visto que não impede novo
processo, desde que surjam novas provas.

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Ex.2: Rejeição da denúncia, por ilegitimidade de parte (vítima propõe queixa em crime de ação
penal pública, ex. furto). O MP poderá oferecer denúncia, com base nos mesmos fatos da queixa-crime
rejeitada.

b) Coisa julgada material

A coisa julgada material é a garantia da imutabilidade da sentença que se projeta para fora
do processo. O acusado não poderá ser processado novamente pelo mesmo fato criminoso, seja com a
reabertura do mesmo processo, seja em um novo processo, ainda que haja provas novas.

Ex.: Absolvição sumária (art. 397, CPP) – Ainda que surjam novas provas que confirmem a
autoria do crime, o acusado não poderá ser processado novamente pelo mesmo fato.

A coisa julgada material pressupõe a coisa julgada formal, isto é, todas as decisões imutáveis
cujos efeitos se projetem para fora do processo também serão imodificáveis dentro do processo em que
foram proferidas.

5.10.4. FUNÇÃO NEGATIVA DA COISA JULGADA

O processo criminal que tiver transitado em julgado não pode ser rediscutido (coisa julgada
material), com fundamento no princípio “ne bis in idem” processual: ninguém pode ser processado
criminalmente mais de uma vez pelo mesmo fato.

O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser novamente processado
pelos mesmos fatos.

Art. 8, item “4”, do Pacto de São José da Costa Rica: O acusado absolvido por sentença
passada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.

O acusado condenado ou absolvido impropriamente (com imposição de medida de segurança)


por sentença transitada em julgado poderá, ainda, propor revisão criminal para rescindir o trânsito
em julgado.

Art. 621, “caput”, CPP: A revisão dos processos findos será admitida (...).

5.10.5. COISA JULGADA E A REVISÃO CRIMINAL

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Candidato, a revisão criminal viola o ne bis in idem processual?

Não, a coisa julgada não impede a revisão criminal. Tendo em vista que apesar da coisa julgada
ser um direito fundamental que procura proteger o cidadão contra o poder punitivo estatal, a revisão
criminal é direito do condenado para rescindir a coisa julgada, somente podendo beneficiá-lo.

Não existe revisão criminal “pro societate” (para rever uma absolvição própria definitiva), logo,
o acusado não é processado criminalmente pela segunda vez pelo mesmo fato criminoso (ele não figurará
no polo passivo de uma ação penal condenatória). Ao contrário, na revisão criminal, o condenado é o
autor da ação (figurará no polo ativo de uma ação penal desconstitutiva), cuja finalidade é rescindir a
condenação definitiva.

5.10.6. COISA JULGADA ABSOLUTA VS COISA JULGADA RELATIVA

a) Coisa julgada absoluta (Coisa soberanamente julgada).

Decisão que não pode ser alterada em hipótese nenhuma.

Todas as sentenças de absolvição própria e extintivas da punibilidade que transitarem em


julgado. Não existe revisão criminal “pro societate”.

Diferentemente do que ocorre em relação às sentenças condenatórias, no caso de sentença


absolutória a imutabilidade é absoluta, não se admitindo, em hipótese alguma, a revisão criminal
“pro societate” (STJ. HC 339.635/ES, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2017).

b) Coisa julgada relativa

Decisão que, embora imodificável, poderá ser rescindida via revisão criminal.

Todas as decisões condenatórias ou absolutórias impróprias (medida de segurança).

“Embora se reconheça o caráter taxativo do art. 621, cabe revisão da sentença absolutória
imprópria, ou seja, da decisão em que foi imposta medida de segurança, já que esta nada mais
é que a sanção penal em sentido amplo” (MIRABETE, Júlio Fabrini. Código de processo penal
interpretado).

5.10.7. LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA

Candidato, qual parte da sentença (relatório, fundamentação e/ou dispositivo) transita em


julgado? O que transita em julgado é o dispositivo (parte conclusiva e decisória da sentença).
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A parte em que o juiz diz:

“Ante o exposto, julgo procedente a pretensão punitiva para condenar o acusado


X como incurso no artigo 155, §4º, inciso I, do Código Penal, às penas de 2
(dois) anos de reclusão, e de 10 dias-multa, no mínimo legal (...).

A Fundamentação e relatório: não fazem coisa julgada.

A coisa julgada protege o fato criminoso imputado e sentenciado no primeiro processo, não
acoberta a capitulação jurídica.

Ex.: Se o acusado foi absolvido, com trânsito em julgado, da subtração ocorrida em 22/07/2020,
na Rua tal, número x, em que o Ministério Público capitulou a conduta como furto, não poderá haver
nova denúncia pelo mesmo fato criminoso, agora, sob a rubrica do delito de roubo, caso surjam
provas novas de que a subtração foi praticada mediante grave ameaça.

5.10.8. LIMITES SUBJETIVOS DA COISA JULGADA

Os efeitos da coisa julgada serão limitados às partes (apenas o réu daquele processo é atingido).
Terceiros alheios àquele processo não serão atingidos pelos efeitos da coisa julgada.

Candidato, em caso de crime praticado em concurso de agentes, absolvido o réu A pela


prática do delito, é possível que o réu B seja, posteriormente, denunciado pelo mesmo fato e,
eventualmente, condenado? Sim, tendo em vista que o limite subjetivo da coisa julgada do primeiro
processo está circunscrito ao réu A.

A absolvição de um dos acusados, no caso de concurso de pessoas, pelo Tribunal do Júri,


não implica a dos demais, ainda que a imputação seja a mesma, tudo a depender, por obvio, das
provas produzidas contra cada um deles e desde que o veredicto popular condenatório não se
revele manifestamente contrário à prova dos autos, como se deu na espécie (STJ. HC
126.064/PB, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe
06/04/2009).

5.11. HORA DO INFORMATIVO

2022

Em caso de emendatio libelli é desnecessário o aditamento à denúncia.

É lícito ao juiz alterar a tipificação jurídica da conduta do réu no momento da sentença, sem modificar
os fatos descritos na denúncia, conforme a inteligência do art. 383 do CPP (emendatio libelli), sendo

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despicienda a abertura de prazo para aditamento, o que se exige na mutatio libelili do art. 384 do CPP.
Não constitui ofensa ao princípio da correlação entre a denúncia e a sentença condenatória o ato de
magistrado singular, nos termos do art. 383 do CPP, atribuir aos fatos descritos na peça acusatória
definição jurídica diversa daquela proposta pelo órgão da acusação.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 770256-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2022 (Info 761).

2020

Enunciado 25 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ

As obrigações pecuniárias (pena de multa, custas processuais e obrigação de reparar os danos) advindas
da sentença penal condenatória recorrível, não podem ser executadas antes do trânsito em julgado.

A sentença ou acórdão penal condenatório, ao fixar o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração (art. 387, IV, do CPP) poderá condenar o réu ao pagamento de danos
morais coletivos.

O réu que praticou corrupção passiva pode ser condenado, no âmbito do próprio processo penal, a pagar
danos morais coletivos. O ordenamento jurídico tutela, no âmbito da responsabilidade, o dano moral não
apenas na esfera individual como também na coletiva, conforme previsto no inciso X do art. 5º da
Constituição Federal e no art. 186 do Código Civil. Destaque-se ainda a previsão do inciso VIII do art.
1º da Lei nº 7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública).
STF. 2ª Turma. AP 1002/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2020 (Info 981).

2019

Havendo duas sentenças transitadas em julgado envolvendo fatos idênticos, deverá prevalecer a
que transitou em julgado em primeiro lugar

Importante!!!
Atualize o Info 616-STJ

Diante do duplo julgamento do mesmo fato, deve prevalecer a sentença que transitou em julgado em
primeiro lugar. Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo
condenado, por fatos idênticos, deve prevalecer a condenação que transitou em primeiro lugar. STJ. 6ª
Turma. RHC 69.586-PA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 27/11/2018 (Info 642).

É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio audiovisual, ainda
que não haja a sua transcrição

Importante!!! Mudança de entendimento!


Atualize o Info 638-STJ

É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio audiovisual, ainda que
não haja a sua transcrição. O § 2º do art. 405 do CPP, que autoriza o registro audiovisual dos
depoimentos, sem necessidade de transcrição, deve ser aplicado também para os demais atos da
audiência, dentre eles os debates orais e a sentença. O registro audiovisual da sentença prolatada
oralmente em audiência é uma medida que garante mais segurança e celeridade. Não há sentido lógico
em se exigir a degravação da sentença registrada em meio audiovisual, sendo um desserviço à celeridade.
A ausência de degravação completa da sentença não prejudica o contraditório nem a segurança do
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registro nos autos, do mesmo modo que igualmente ocorre com a prova oral. STJ. 3ª Seção. HC
462.253/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/11/2018 (Info 641).

É nula a sentença proferida de forma oral e degravada parcialmente sem o registro das razões de
decidir

É nula a sentença proferida de forma oral e degravada parcialmente sem o registro das razões de decidir.
Nas alterações promovidas pela Lei nº 11.719/2008 no art. 405 do CPP, não se estabeleceu a
possibilidade de se dispensar a transcrição de sentença penal registrada por meio audiovisual. Ao
contrário, manteve-se o art. 388 do CPP, que prevê a possibilidade da sentença “ser datilografada”,
admitindo-se, na atualidade, a utilização de outros meios tecnológicos similares, como por exemplo o
computador, para o seu registro escrito. Daí a inaplicabilidade do disposto no art. 405, §§ 1º e 2º, do
CPP - que permite a dispensa de transcrição de depoimentos - à sentença penal. STJ. 5ª Turma. HC
336.112/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/10/2017. STJ. 6ª Turma. HC 470.034-SC, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 09/10/2018 (Info 638).

2018

Cartório que não certificou o dia do recebimento da sentença

Havendo dúvida resultante da omissão cartorária em certificar a data de recebimento da


sentença conforme o art. 389 do CPP, não se pode presumir a data de publicação com o mero lançamento
de movimentação dos autos na internet, a fim de se verificar a ocorrência de prescrição da pretensão
punitiva. STJ. 6ª Turma.HC 408.736-ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
06/02/2018 (Info 619).

Havendo duas sentenças condenatórias envolvendo fatos idênticos, qual delas deverá prevalecer?

Diante do trânsito em julgado de duas sentenças condenatórias contra o mesmo condenado, por fatos
idênticos, deve prevalecer a condenação mais favorável ao réu. Não importa qual processo tenha
iniciado antes ou em qual deles tenha ocorrido primeiro o trânsito em julgado. O que irá prevalecer é a
condenação que foi mais favorável ao réu. STJ. 6ª Turma. HC 281.101-SP, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, julgado em 03/10/2017 (Info 616).

Obs: a 1ª Turma do STF possui um precedente em sentido contrário: Os institutos da litispendência e da


coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda sentença proferida, sendo
imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado. STF. 1ª Turma. HC 101131, Rel. Min.
Luiz Fux, Rel p/ Acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 25/10/2011.

5.12. JÁ CAIU EM CONCURSO. VAMOS TREINAR?

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia

Com relação à sentença, é correto afirmar que o Código de Processo Penal determina que

A) na decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de
reclusão, poderáo tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação, apenas quando verificado que o recurso
levanta questãosubstancial.

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B) a decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de
reclusão, comquatro ou mais condenados, terá efeito suspensivo.

C) a apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a
15(quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.

D) na decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de
reclusão, poderáo tribunal atribuir efeito suspensivo à apelação, apenas quando verificado que o recurso
não tem propósitomeramente protelatório.

E) apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou superior a
10 (dez)anos de reclusão não terá efeito suspensivo.

Gab. C

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia

João foi investigado, processado e julgado pelo fato de, em comunhão de ações e desígnios com outra
pessoa não identificada, ter receptado veículo automotor VW/Saveiro, placa SAV-1234/AM, contendo
diversos pares de calçados na caçamba, tudo pertencente à sociedade empresária AM Pé Descalço Ltda.
Após a instrução criminal, o magistrado julgou procedente a denúncia, condenando João pelo delito de
receptação. Posteriormente, surgiu a informação de que, em verdade, João teria tomado lugar de roubo,
mediante grave ameaça exercida com o emprego de arma de fogo contra o motorista e o ajudante da
VW/Saveiro, o que foi devidamente registrado em sede policial.
Diante desse cenário, é correto afirmar que
A) a condenação anterior pelo crime de receptação, ainda que indevida, impede o novo processo e o
julgamento pelo crime de roubo.
B) a condenação anterior pelo crime de receptação, por ser indevida, não impede o novo processo e o
julgamento pelo crime de roubo.
C) o crime de roubo é delito autônomo, que atingiu vítimas distintas, caracterizando novo delito e
permitindo o processo e o julgamento de João.
D) o surgimento de prova nova superveniente afasta os efeitos da coisa julgada material no presente
caso, permitindo o processo e o julgamento de João pelo crime de roubo.
E) operada a rescisão da coisa julgada, por ação específica, fica autorizado o processo e o julgamento de
João pelo crime de roubo.
Gab. A

1. Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órg ão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de
Polícia

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T.A. foi processado e julgado por infração ao art. 180, §1º, do Código Penal (receptação qualificada –
pena de reclusão de 3 a 8 anos e multa). Ao final, foi condenado a uma pena de 5 anos em regime
inicialmente fechado, justificada na reincidência específica. A sentença refutou a tese de insuficiência
probatória alegada pela defesa e deixou de apreciar pedido de desclassificação, acatando de forma
integral e remissiva os argumentos da acusação expostos nas alegações finais. A partir da narrativa,
assinale a alternativa correta.
Alternativas
A)A sentença de T.A. poderá ser anulada, pois a motivação deixa de apreciar pedido de desclassificação
formulado pela defesa.
B) A falta de valoração da prova ou ausência de apreciação de argumento invocado pela defesa de T.A.
é sanável a partir de embargos declaratórios.
C)A defesa de T.A. poderá alegar que a motivação per relationem acarreta a nulidade da sentença por
vício de fundamentação.
D)A falta de motivação é nulidade sanável, que pode ser reconhecida por meio de apelação, revisão
criminal ou mediante habeas corpus a ser manejado pela defesa de T.A.
E) É discricionariedade do juiz refutar os argumentos ou considerar as provas invocadas insuficientes,
não acarretando nulidade a simples ausência de valoração de prova produzida unilateralmente pela
defesa de T.A.

2. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Acerca das sentenças
e decisões em geral, afirma-se corretamente:

a) a possibilidade de o juiz dar ao fato definição jurídica diversa daquela constante da denúncia, prevista
no art. 383, do Código de Processo Penal, depende de requerimento do Ministério Público, titular
da ação penal.
b) sentença subjetivamente plúrima é a sentença proferida por mais de um órgão, composto por
julgadores de natureza diversa, como são as sentenças do tribunal do júri.
c) a sentença que extingue o processo sem julgamento do mérito é denominada sentença definitiva lato
sensu.
d) em caso de aditamento da denúncia, previsto no art. 384 do Código de Processo Penal, o juiz não
ficará adstrito na sentença aos termos do aditamento, podendo de forma fundamentada decidir de forma
diversa.
e) só fazem coisa julgada material as sentenças de mérito.

3. (Ano: 2016. Banca: CESPE. Órgão: PC-PE. Prova: Delegado de Polícia). Assinale a opção
correta acerca do processo penal e formas de procedimento, aplicação da lei processual no tempo,
disposições constitucionais aplicáveis ao direito processual penal e ação civil ex delict, conforme a
legislação em vigor e o posicionamento doutrinário e jurisprudencial prevalentes.

a) No momento da prolação da sentença condenatória, não cabe ao juízo penal fixar valores para fins de
reparação dos danos causados pela infração, porquanto tal atribuição é matéria de exclusiva
apreciação do juízo cível.
b) Sendo o interrogatório um dos principais meios de defesa, que expressa o princípio do contraditório
e da ampla defesa, é imperioso, de regra, que o réu seja interrogado ao início da audiência de instrução
e julgamento.
c) É cabível a absolvição sumária do réu em processo comum caso o juiz reconheça, após a audiência
preliminar, a existência de doença mental do acusado que, comprovada por prova pericial, o torne
inimputável.
d) Lei processual nova de conteúdo material, também denominada híbrida ou mista, deverá ser aplicada
de acordo com os princípios de temporalidade da lei penal, e não com o princípio do efeito imediato,
consagrado no direito processual penal pátrio.

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e) Nos crimes comuns e nos casos de prisão em flagrante, deverá a autoridade policial garantir a
assistência de advogado quando do interrogatório do indiciado, devendo nomear defensor dativo caso
o indiciado não indique profissional de sua confiança.

4. (Ano: 2014. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia). A sentença penal
condenatória corresponde ao ponto de convergência entre a prova da materialidade do fato e da
autoria com a culpabilidade, punibilidade e tipicidade da conduta PORQUE exaure, mediante o
contraditório e a ampla defesa, o conteúdo probatório relacionado à materialidade do fato e da
autoria.

Analisando a relação proposta entre as duas assertivas acima, assinale a opção CORRETA.

a) As duas assertivas são proposições verdadeiras e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
b) As duas assertivas são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da
primeira.
c) A primeira assertiva é uma proposição verdadeira e a segunda é falsa.
d) A primeira assertiva é uma proposição falsa e a segunda é verdadeira.
e) As duas assertivas são proposições falsas.

5. (Ano: 2009. Banca: CESPE. Órgão: PC-RN. Prova: Delegado de Polícia). De acordo com CPP,
assinale a opção correta com relação ao processo comum e à sentença.

a) O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicando previamente
o juiz, sob pena de multa, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.
b) O processo terá completada a sua formação quando o juiz receber a acusação, tendo-a por apta.
c) Na sentença condenatória, o juiz deve fixar valor para reparação integral dos danos causados pela
infração, considerando o pedido e as provas demonstradas a respeito do prejuízo sofrido.
d) O rito sumaríssimo é uma espécie do gênero procedimento especial, aplicável para as infrações penais
de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
e) Apenas com o trânsito em julgado de sentença absolutória é que o juiz deve ordenar a cessação das
medidas cautelares e provisoriamente aplicadas.

6. (Ano: 2009. Banca: CESPE. Órgão: PC-PB. Prova: Delegado de Polícia). Com base no CPP,
assinale a opção correta acerca da sentença penal.

a) Da sentença obscura, ambígua, contraditória ou omissa caberão embargos de declaração, no prazo de


cinco dias, a serem interpostos perante o tribunal competente.
b) O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, pode atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
c) Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na
acusação, o juiz deve baixar os autos, para que o MP a adite no prazo de três dias.
d) Caso o MP promova o aditamento da denúncia ou queixa, por força de mutatio libelli, o juiz é obrigado
a receber o aditamento, pois o MP é o titular da ação penal pública.
e) Nos crimes de ação pública, o juiz pode proferir sentença condenatória, ainda que o MP tenha pedido
a absolvição, mas não pode reconhecer agravantes que não tenham sido alegadas na denúncia, em face
do princípio da congruência.

7. (Ano: 2019. Banca: MPE-PR. Órgão: MPE-PR. Prova: Promotor Substituto). Sobre “emendatio
libelli”, “mutatio libelli” e nulidades processuais, analise as assertivas abaixo e assinale a
alternativa incorreta:

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a) Não há correlação entre o instituto da “emendatio libelli” e o princípio da complementariedade.


b) Não é aplicável a “mutatio libelli” em segundo grau de jurisdição.
c) Para decretação de nulidade, seja absoluta ou relativa, há necessidade de ter ocorrido prejuízo para a
acusação ou para a defesa.
d) A preclusão temporal é uma das formas de convalidação da nulidade relativa, ao lado de outras formas
de preclusão.
e) A ausência de citação não pode ser sanada, em nenhuma hipótese, por tratar-se de nulidade absoluta.

8. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-SP. Prova: Juiz Substituto). Quanto à sentença penal,
é correto afirmar que

a) havendo fundada dúvida sobre a existência de circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu
de pena, o fundamento legal para a absolvição será o da inexistência de prova suficiente para a
condenação.
b) encerrada a instrução probatória, se o juiz entender cabível nova definição jurídica do fato, em
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida
na acusação, prescindirá de abertura de vista ao Ministério Público para eventual aditamento da
denúncia, se não resultar em aplicação de pena mais grave.
c) preservada sua competência e sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar
pena mais grave.
d) o amplo efeito devolutivo dos recursos possibilita à segunda instância dar nova definição jurídica ao
fato delituoso em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na
denúncia ou queixa.

9. (Ano: 2018. Banca: IBFC. Órgão: TRF - 2ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal Substituto). Assinale
a assertiva correta a respeito da sentença penal:

a) A fundamentação da sentença penal tem por fim permitir o exame lógico da decisão, tanto pelos
sujeitos do processo, como pelos tribunais e a própria sociedade.
b) A motivação do juiz constante da fundamentação da sentença, tanto pode ser explícita quanto
implícita,haja vista que o que transita em julgado é apenas o dispositivo.
c) É válida a fundamentação da sentença penal que se limita a exarar: “está provado nos autos que a
imputação ministerial é verdadeira”, haja vista a força da máxima jura novilt curia para mostrar a
convicção do juiz.
d) É válida a fundamentação da sentença penal que se limita a consubstanciar reportes de ementas
diversas de jurisprudência dos tribunais nacionais, que nela são mencionadas como amparo ao
dispositivo da decisão.
e) Não viola o princípio da motivação das decisões judiciais, o recebimento puro e simples da denúncia,
haja vista que maiores considerações sobre os pressupostos processuais, a inépcia ou a justa causa, só
são exigidos quando da decisão sobre a resposta preliminar.

10. (Ano: 2018. Banca: FCC. Órgão: MPE-PB. Prova: Promotor de Justiça Substituto). Encerrada
a instrução probatória, se entender o Juiz cabível nova definição jurídica do fato, em consequência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na
acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia, no prazo de cinco dias. Não procedendo
o órgão do Ministério Público ao aditamento, o Juiz

a) julgará o processo e comunicará o fato à Corregedoria Geral do Ministério Público.


b) absolverá o acusado.
c) proferirá sentença com base nos fatos descritos na denúncia.
d) remeterá os autos ao substituto automático do órgão do Ministério Público.
e) remeterá os autos ao Procurador-Geral.

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11. (Ano: 2018. Banca: CONSULPLAN. Órgão: TJ-MG. Prova: Juiz de Direito Substituto).
Analise as afirmativas a seguir.

I. Segundo o Código de Processo Penal, a “emendatio libelli” exige que seja assegurada ao acusado vista
sobre a possível modificação da classificação jurídica do fato, para incidência de crime mais
gravemente apenado.
II. “Y” foi denunciado por tentativa de furto simples. Encerrada a instrução, a prova coligida aponta para
a prática de furto qualificado consumado, a exigir a providência do art. 384 do CPP (“mutatio
libelli”). O Promotor de Justiça oficiante recusou-se a aditar a denúncia e, remetidos os autos ao
Procurador Geral de Justiça, este avalizou a recusa. Neste caso, nada restará ao magistrado fazer, a não
ser proferir sentença pelo crime constante da inicial.
III. No caso de “mutatio libelli”, não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, o
assistente de acusação poderá fazê-lo, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o Juiz, na sentença,
adstrito aos termos do aditamento.
IV. É admissível a “mutatio libelli” em segundo grau de jurisdição.

Assinale a alternativa correta.

a) Todas as afirmativas estão incorretas.


b) A afirmativa II está integralmente correta e as afirmativas I, III e IV estão incorretas.
c) As afirmativas I, II e III estão integralmente corretas, mas a afirmativa IV está incorreta.
d) As afirmativas I e II estão integralmente corretas e as afirmativas III e IV estão incorretas.

12. (Ano: 2018. Banca: CESPE. Órgão: TJ-CE. Prova: Juiz Substituto). Considerando a doutrina
e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta, acerca da ação civil ex delict,
da competência, da jurisdição e dos processos incidentes.

a) A sentença que concede o perdão judicial depois de reconhecida a culpa do réu enseja reparação civil
ex delict.
b) A sentença absolutória do juízo criminal que declare a inexistência do fato ou que o réu não tenha
concorrido para o crime faz coisa julgada no juízo cível, obstando a reparação civil ex delict.
c) A distinção entre competência absoluta, que é improrrogável, e competência relativa, que é
prorrogável, decorre de expressa disposição legal.
d) As exceções de suspeição, de ilegitimidade da parte e de incompetência do juízo são exemplos de
exceções peremptórias que ocasionam a extinção do processo.
e) No processo penal, somente os juízes e os promotores de justiça poderão ser alvo de impugnações de
atuação por meio de exceção de suspeição.

13. (Ano: 2018. Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos). Órgão: MPE-MG. Prova: Promotor de
Justiça Substituto). Examine as alternativas abaixo, assinalando a CORRETA:

a) A intimação da parte adversa, uma vez opostos à sentença embargos de declaração, deve ocorrer em
qualquer hipótese, ainda que despidos de efeitos infringentes.
b) Ocorrendo a emendatio libelli, deve ocorrer, segundo entendimento pacífico, a intimação das partes.
c) A necessidade de aditamento à denúncia, para nela incluir elemento não contido, deve ocorrer ainda
que disso resulte nova definição jurídica menos grave.
d) Ao juiz se permite proferir sentença condenatória, em toda espécie de ação penal, mesmo que pedida
pela parte autora a absolvição.

14. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: TJ-RS. Prova: Juiz de Direito Substituto). O juiz, ao
proferir sentença condenatória,

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a) poderá deixar de indicar os motivos de fato e de direito em que se funda a decisão, caso não haja
divergência entre as partes.
b) se aditada a denúncia e, em sendo recebido referido aditamento, está adstrito na sua sentença aos
termos do aditamento, não podendo considerar a definição jurídica anterior contida na denúncia.
c) estabelecerá valor máximo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido.
d) mencionará as circunstâncias agravantes, desde que tenham sido estas requeridas na denúncia ou
mesmo em alegações finais.
e) decidirá de forma resumida sobre a manutenção da prisão preventiva.

15. (Ano: 2018. Banca: MPE-MS. Órgão: MPE-MS. Prova: Promotor de Justiça Substituto). Leia
os enunciados a seguir.

I. A condenação criminal transitada em julgado, enquanto perdurarem seus efeitos, independente de


fundamentação na sentença a respeito, acarreta a suspensão dos direitos políticos do condenado, ainda
que se trate de contravenção penal.
II. A condenação criminal transitada em julgado, por crime culposo, obsta o processo de naturalização
do estrangeiro.
III. Na hipótese de emendatio libelli por interpretação diferente, ocorrendo modificação de competência
do juízo, este não poderá proceder ao juízo de condenação ou de absolvição, devendo ter sua
fundamentação restrita à tipificação do crime, podendo haver impugnação por meio de apelação.
IV. A decisão do juiz em dar vista ao Ministério Público para fins de aditamento quando constatar a
possibilidade de nova definição jurídica do fato desafia recurso em sentido estrito.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente os itens I e III estão corretos.


b) Somente os itens II e IV estão corretos.
c) Somente os itens III e IV estão corretos.
d) Somente os itens I e II estão corretos.
e) Nenhum item está correto.

16. (Ano: 2017. Banca: MPE-SP. Órgão: MPE-SP. Prova: Promotor de Justiça Substituto). Faz
coisa julgada no cível:

a) a decisão que julga extinta a punibilidade do réu.


b) a sentença que reconhece ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.
c) o despacho que determina o arquivamento do inquérito policial.
d) a sentença absolutória que decide que o fato imputado não constitui crime.
e) a sentença absolutória em razão de insuficiência probatória.

17. (Ano: 2016. Banca: MPE-PR. Órgão: MPE-PR. Prova: Promotor Substituto). Ao pronunciar
o réu denunciado pela prática do crime de homicídio qualificado por meio cruel, o magistrado,
com esteio na mesma situação fática descrita na denúncia, confere nova capitulação ao fato,
reconhecendo a qualificadora de recurso que impossibilitou a defesa do ofendido. A providência
adotada pelo magistrado corresponde a:

a) Hipótese de violação do princípio da congruência;


b) Hipótese de emendatio libelli por defeito de capitulação;
c) Hipótese de emendatio libelli por interpretação diferente;
d) Hipótese de emendatio libelli por supressão de circunstância;
e) Hipótese de mutatio libelli.

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18. (Ano: 2016. Banca: FCC. Órgão: DPE-BA. Prova: Defensor Público). Sobre os institutos
jurídicos da mutatio libelli e emendatio libelli, é correto afirmar:

a) Havendo o aditamento da denúncia depois de admitida a emendatio libelli, cada parte poderá arrolar
até cinco testemunhas para serem ouvidas.
b) O princípio da congruência não permite que o juiz atribua definição jurídica distinta daquela descrita
na denúncia quando a nova tipificação prever pena mais severa.
c) Na hipótese do juiz reconhecer a emendatio libelli, poderá, caso a nova figura típica reflita hipótese
de furto qualificado tentado, oferecer a suspensão condicional do processo, mesmo que já encerrada a
instrução processual, caso o acusado preencha os requisitos previstos na Lei nº 9.099/95.
d) O reconhecimento da emendatio libelli perpetua a competência do prolator da decisão para a análise
da nova figura típica, independentemente da nova tipificação.
e) No caso do Ministério Público não aditar a denúncia após ser reconhecida nova definição jurídica do
fato em vista de provas existentes nos autos de elementos não contidos na denúncia, deverá o
Magistrado, de pronto, julgar improcedente a denúncia originalmente proposta.

19. (Ano: 2016. Banca: MPE-GO. Órgão: MPE-GO. Prova: Promotor de Justiça Substituto). A
sentença autofágica ou de efeito autofágico, como podemos observar em uma das Súmulas do STJ
é:

a) Aquela em que o juiz reconhece que o fato é típico e antijurídico, porém não culpável, ou seja, o crime
existe, mas não pode ser reprovado, não se aplicando pena ao réu.
b) Aquela em que o juiz reconhece a tipicidade formal do delito, mas observa a existência de
excludente(s) de antijuridicidade, absolvendo o réu, não existindo o crime.
c) Aquela em que o juiz reconhece o crime e a culpabilidade do réu, mas julga extinta a punibilidade
concreta.
d) Aquela em que o juiz reconhece a nulidade do processo sem julgamento do mérito, anulando os atos
processuais, determinando que se reinicie a instrução processual.

20. (Ano: 2016. Banca: FAURGS. Órgão: TJ-RS. Prova: Juiz de Direito Substituto). Sobre a
sentença em matéria criminal, considere as afirmações abaixo.

I - A sentença penal absolutória implica, obrigatoriamente, a concessão da liberdade do réu que tenha
respondido ao processo enquanto se encontrava preso preventivamente, bem como na cessação das
medidas cautelares diversas eventualmente aplicadas.
II - Ainda que tenham sido identificados no curso do processo os prejuízos sofridos pela vítima da
infração penal, a sentença condenatória não poderá fixar valores a título de reparação do dano,
pois essa atribuição é de competência exclusiva da jurisdição cível no âmbito da ação ex delict.
III - Em caso de sentença condenatória, o juiz poderá decidir sobre a imposição de prisão preventiva ou
medidas cautelares diversas ao réu que tenha respondido ao processo em liberdade, não sendo
necessário, todavia, que apresente fundamentos para a manutenção das medidas anteriormente
decretadas.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

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21. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: DPE-RN. Prova: Defensor Público Substituto). No que se
refere à classificação dos atos jurisdicionais, assinale a opção correta.

a) O ato processual pelo qual o juiz recebe a denúncia tem natureza jurídica de despacho de mero
expediente.
b) O ato jurisdicional que, apreciando o mérito da ação penal, aplica medida de segurança ao acusado é
qualificado como sentença absolutória própria.
c) Sentença subjetivamente plúrima é aquela que provém de um órgão colegiado homogêneo, como é o
caso dos tribunais de segundo grau de jurisdição.
d) Sentenças simples são as proferidas por um órgão monocrático ou singular, como no caso das
sentenças proferidas pelo juiz presidente do tribunal do júri.
e) A decisão que põe termo à primeira fase do rito do tribunal do júri tem natureza de decisão definitiva
stricto sensu.

22. (Ano: 2015. Banca: CESPE. Órgão: DPE-RN. Prova: Defensor Público Substituto). Com
relação aos institutos da emendatio e da mutatio libelli, da sentença e da coisa julgada, bem como
aos procedimentos comum e ordinário, aos juizados especiais cíveis e aos crimes dolosos contra a
vida, assinale a opção correta.

a) Situação hipotética: Mauro foi definitivamente condenado pela prática do crime de roubo simples por
sentença proferida por juízo estadual absolutamente incompetente. Posteriormente, ele foi
novamente condenado pelo mesmo fato, desta feita pelo juízo federal constitucionalmente
competente, mas agora a uma pena inferior à anteriormente imposta. Assertiva: Nesse caso,
segundo o entendimento do STJ, diante da existência de coisa julgada material, deverá prevalecer a
primeira condenação.
b) Situação hipotética: A DP, representando Jonas, ajuizou queixa-crime imputando ao querelado
Antônio a prática do delito de injúria. Todavia, o juiz rejeitou a exordial acusatória. Assertiva: Nesse
caso, para impugnar essa decisão, é cabível a interposição de recurso em sentido estrito.
c) Segundo a jurisprudência do STJ, não é possível a anulação parcial de sentença proferida pelo júri a
fim de determinar submissão do réu a novo julgamento somente em relação às qualificadoras, ainda
que a decisão dos jurados seja manifestamente contrária à prova dos autos apenas nesse particular.
d) A figura processual da mutatio libelli se presta à correção da equivocada capitulação jurídica dada ao
fato criminoso narrado na denúncia, incorretamente classificado pelo MP. Essa providência, ademais,
pode ser conduzida pelo próprio magistrado, sem que haja necessidade de aditamento ministerial
ou oitiva prévia da defesa, exceto no caso de a modificação ocasionar agravamento na pena do
acusado.
e) Situação hipotética: Paulo foi denunciado pelo crime de furto simples. Devidamente citado, ele ofertou
resposta à acusação, alegando não ter sido autor do crime e apresentando documentos. Assertiva:
Nessa hipótese, após a oitiva do MP e convencendo-se da procedência dos argumentos lançados pelo
acusado, poderá o juiz absolvê-lo sumariamente.

23. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: TJ-AL. Prova: Juiz Substituto). Referente a coisa julgada
penal, é correto afirmar:

a) Na superveniência de novos documentos que qualificam a infração penal anteriormente imputada ao


réu e pela qual se julgou extinta a punibilidade, é lícito o oferecimento de nova denúncia por tratar-
se de nova descrição fática, conforme já decidiu o STJ.
b) Não se admite a impetração de mandado de segurança para desconstituição de coisa julgada penal,
conforme já decidiu o STF.
c) Reconhecida a litispendência, se a segunda decisão conceber situação mais favorável ao réu, deverá
prevalecer sobre a primeira, conforme já decidiu o STF.
d) Não é atingido pela coisa julgada a decisão de absolvição ou extinção da punibilidade proferida por
juiz incompetente, conforme entendimento doutrinário.

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e) Por força do artigo 935 do CPC, que não permite o questionamento do fato ou autoria decididos pelo
juízo criminal, igualmente não se admite a discussão sobre a indenização após coisa julgada penal,
conforme já decidiu o STJ.

24. (Ano: 2015. Banca: FCC. Órgão: TJ-SC. Prova: Juiz Substituto). Com relação à sentença
penal, é correto afirmar:

a) Conforme a redação do CPP, ao final da instrução, se o juiz perceber a possibilidade de nova


classificação jurídica do fato em virtude de prova nos autos de circunstância ou elemento não contidos
na acusação, não havendo aditamento por parte do Ministério Público, deverá cumprir o
procedimento previsto no artigo 28 do CPP.
b) A intimação da sentença penal poderá ser feita tanto na pessoa do defensor quanto na do réu, caso
este esteja solto, por expressa disposição do artigo 397, II, CPP, mas os Tribunais Superiores
entendem que se a sentença penal for condenatória, ambos deverão ser intimados, e o prazo recursal
começará a fluir da primeira intimação.
c) Em contrarrazões de apelação, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência
de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na
acusação, o Ministério Público deverá propor o aditamento da denúncia no prazo de cinco dias. Se tal
situação ocorrer, o Tribunal deverá intimar o réu para oferecer nova contrarrazões em igual prazo.
d) Com a reforma processual promovida pela Lei no 11.719/08, consagrou-se a identidade física do juiz
no ordenamento processual penal brasileiro, e o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a
sentença (artigo 399, § 2o do CPP). O STJ tem confirmado a regra, e prestigiado o princípio,
pacificando o entendimento de que diante da ausência de outras normas específicas que
regulamentem a matéria, deve-se impedir qualquer tipo de mitigação ao dispositivo.
e) Conforme a redação do CPP, um dos efeitos da sentença condenatória de primeiro grau é a imediata
expedição de mandado de prisão, salvo se o juiz permitir ao réu que apele em liberdade. Neste caso,
deverá fundamentar sua decisão com base nas evidências dos autos.

25. (Ano: 2015. Banca: MPE-SP. Órgão: MPE-SP. Prova: Promotor de Justiça). Assinale a
alternativa que contém afirmação incorreta:

a) O juiz tem o dever de cientificar a vítima do teor da sentença.


b) A sentença que reconhece a inexistência do fato impede a propositura da ação civil para reparação do
dano.
c) Se o juiz entender que o réu é inimputável por perturbação da saúde mental, proferirá a sentença
absolutória imprópria.
d) A sentença penal absolutória, que reconhece a atipicidade do fato, não impede a propositura da ação
civil para reparação do dano.
e) A sentença homologatória da transação penal serve como título executivo no cível, para efeito de
reparação do dano.

26. (Ano: 2015. Banca: CEFET-BA. Órgão: MPE-BA. Prova: Promotor de Justiça Substituto).
Quanto à produção probatória e à coisa julgada no processo penal, assinale a alternativa
INCORRETA:

a) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
b) Segundo o Código de Processo Penal, a iniciativa probatória do juiz, em respeito ao sistema acusatório
e ao princípio da presunção de inocência, limitar-se-á à introdução de novas fontes de prova à
persecução penal em juízo, desde que não caracterize atividade probatória supletiva do ônus
processual da acusação.

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c) No processo de incidente de falsidade documental, qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada
em prejuízo de ulterior processo penal ou civil.
d) De acordo com a doutrina, no Código de Processo Penal, o vocábulo “indício” aparece ora no sentido
de prova indireta, ora no sentido de prova semiplena.
e) A decisão judicial que rejeita a inicial acusatória por inépcia formal não faz coisa julgada material.

27. (Ano: 2014. Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos). Órgão: DPE-MG. Prova: Defensor
Público). A respeito da decisão judicial e institutos correlatos, analise as afirmativas a seguir.

I. De acordo com a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, aplica-se em segunda


instância, a mutatio libelli prevista no artigo 384 do Código de Processo Penal.
II. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério
Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha
sido alegada.
III. O princípio da congruência é uma das garantias ao exercício do direito de defesa.
IV. Em razão da mutatio libelli, o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa,
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena
mais grave.

Estão CORRETAS as afirmativas

a) I e III apenas.
b) I e IV apenas.
c) II e III apenas.
d) II e IV apenas.

28. (Ano: 2014. Banca: FCC. Órgão: DPE-PB. Prova: Defensor Público). Em relação à sentença
no processo penal,

a) a sentença conterá a exposição sucinta da acusação, mas detalhada da defesa.


b) apenas no caso de sentença condenatória, a intimação da sentença será feita ao réu, pessoalmente, se
estiver preso.
c) o assistente será intimado na pessoa de seu advogado, mas o querelante necessariamente será intimado
pessoalmente da sentença condenatória.
d) o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil e no estrangeiro,
será computado para fins de determinação do regime inicial de pena privativa de liberdade.
e) apenas a defesa pode, no prazo de 2 (dois) dias, opor embargos de declaração, em razão de
obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão da sentença.

29. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: DPE-MS. Prova: Defensor Público). Com relação à
sentença penal, é correto afirmar que

a) deverá conter, obrigatoriamente, o nome completo das partes.


b) é sujeita a embargos de declaração, que no rito sumaríssimo devem ser opostos no prazo de 2 (dois)
dias.
c) fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, mas apenas se houver – por
exigência legal – expresso pedido da vítima nesse sentido.
d) poderá reconhecer nova definição jurídica do fato descrito na denúncia, sem que seja precedida de
aditamento, mesmo que aplique pena mais grave.

30. (Ano: 2014. Banca: TRF - 2ª Região. Órgão: TRF - 2ª REGIÃO. Prova: Juiz Federal). Em
processo penal:

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a) A “emendatio libelli” exige que seja assegurada ao réu vista sobre a possível modificação da
classificação jurídica do fato.
b) É admissível, em princípio, a “emendatio libelli” em segundo grau de jurisdição.
c) É admissível a “mutatio libelli” em ações penais exclusivamente privadas.
d) É admissível a “mutatio libelli” em segundo grau de jurisdição.
e) Todas as afirmações anteriores estão erradas.

31. (Ano: 2015. Banca: FUNIVERSA. Órgão: PC-DF. Prova: Delegado de Polícia). Com relação à
sentença no processo penal, é correto afirmar que

a) o réu não poderá apelar sem que tenha sido recolhido à prisão em caso de sentença penal condenatória
em que tenha sido decretada sua prisão preventiva, sob pena de deserção.
b) o juiz, ao prolatar sentença penal condenatória, poderá, segundo entendimento do STJ, fixar valor
mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido, desde que haja pedido expresso e formal nesse sentido.
c) ocorre a mutatio libelli quando o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou na
queixa, atribuir-lhe definição jurídica diversa.
d) é vedado ao juiz, em caso de ação penal pública, proferir sentença penal condenatória, caso o
Ministério Público tenha requerido a absolvição do réu em face do princípio da correlação ou
congruência.
e) o juiz que entender, por ocasião da prolação da sentença, que não há prova suficiente para a
condenação, deverá converter o feito em diligência para que o inquérito policial seja retomado.

GABARITOS

1– C; 2 – E; 3 – D; 4 – A; 5 – A; 6 – B; 7 – E; 8 – C; 9 – A; 10 – E; 11 – B; 12 – B; 13 – C; 14 – B; 15
– D; 16 – B; 17 – C; 18 – C; 19 – C; 20 – A; 21 – C; 22 – C; 23 – B; 24 – A; 25 – E; 26 – B; 27 – C; 28
– D; 29 – D; 31 – B.

Ver art. 28 CPP;


Ver art. 148 CPP;
Ver art. 155 CPP;
Ver art. 265 CPP;
Ver art. 363 CPP;
Ver art. 381 CPP;
Ver art. 382 CPP;
Ver art. 383 CPP;
Ver art. 384 CPP;
Ver art. 386 CPP;
Ver art. 387 CPP;
Ver art. 391 CPP;
Ver art. 392 CPP;
Ver art. 570 CPP;
Ver art. 594 CPP;
Ver súmula 18 STJ;
Ver súmula 267 STF;
Ver súmula 268 STF;
Ver súmula 453 STF.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

6. HABEAS CORPUS
6.1. CONCEITO E FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

O habeas corpus é ação autônoma de impugnação de natureza constitucional e constitui-se em


verdadeira garantia fundamental do cidadão. Tem por escopo tutelar a liberdade de locomoção do
indivíduo, sendo cabível em caso de constrangimento efetivo ou ameaça potencial do direito de ir e vir
deste (liberdade ambulatorial).

Com Dirley da Cunha Júnior29, pode-se dizer que o habeas corpus é “uma ação constitucional
de natureza penal destinada especificamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou
violada por ilegalidade ou abuso do poder”. Sua origem no Brasil está “no código de processo criminal
de 1832 (art. 340), vindo a ter assento constitucional com a Constituição de 1891”, que o previa, no §
22, do seu art. 72, “em termos amplos, circunstância que originou a famosa e sempre lembrada doutrina
brasileira do habeas corpus liderada por Ruy Barbosa, que o entendia como ação destinada a proteger
qualquer direito”.

Desse modo, importante recordarmos que quando de seu ingresso no Ordenamento Jurídico
Brasileiro, o habeas corpus não tutelava apenas a liberdade ambulatorial, mas outros direitos ficavam
sob o manto da proteção do habeas corpus. Assim, este instrumento era usado para a proteção de outros
direitos para além da liberdade de locomoção e assim surgiram três posicionamentos acerca da
interpretação da lei: o primeiro sustentava que a garantia deveria ser aplicada em todos os casos em
que um direito estivesse ameaçado; em sentido oposto, o segundo afirmava que o habeas corpus, por
sua natureza e origem histórica, era remédio destinado exclusivamente à proteção da liberdade de
locomoção; e, por fim, o terceiro posicionamento, adotado na época pelo Supremo Tribunal Federal,
propugnava incluir, na proteção do habeas corpus, não só os casos de restrição da liberdade de
locomoção, como também as situações em que a ofensa a essa liberdade fosse meio de ofender outro
direito. Esse último posicionamento passou a ser conhecido como "doutrina brasileira do habeas
corpus". Esta ampliação foi revista na reforma constitucional de 1926, retomando o conceito
tradicional de habeas corpus, o qual é mantido até os dias atuais30.

O Habeas Corpus encontra fundamento na Carta Magna ao teor do art. 5º, LXVIII, e também
ganhou proteção ao teor do Código de Processo Penal, o que prevê em seu art. 647 quando este será
cabível.

29 CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de direito constitucional. Salvador: JusPODIVM, 2008. p.749-750.
30 RODRIGUES, Geisa (2014). Ações Constitucionais. Rio de Janeiro: Forense. 35 páginas.

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Vejamos:

Art. 5º, LXVIII, CF: conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder.

Art. 647, CPP: Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência
de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar.

Corroborando ao exposto, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar (1622, 2020): 31

A Constituição do Brasil de 1988 prevê o habeas corpus como garantia fundamental afirmando
que será ele concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder (art. 5°, LXVIII). No
plano infraconstitucional, o Código de Processo Penal preconiza, em seu art. 647, que o habeas
corpus será dado “sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”.

Em resumo:

Fundamento Constitucional Fundamento Infraconstitucional


Art. 5º, LXVIII, CF: conceder-se-á "habeas- Art. 647, CPP: Dar-se-á habeas corpus sempre
corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar que alguém sofrer ou se achar na iminência de
ameaçado de sofrer violência ou coação em sofrer violência ou coação ilegal na sua
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
abuso de poder. disciplinar.

Além da proteção constitucional e infraconstitucional, há entendimento no sentido de que o


habeas corpus tem amparo normativo também na Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao teor
de seu art. 8°, o que discorre “Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais
competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou
pela lei”.

6.2. NATUREZA JURÍDICA

Candidato, qual a natureza jurídica do Habeas Corpus? Excelência, o HABEAS CORPUS tem
natureza jurídica de ação autônoma de impugnação, de natureza constitucional. Dessa forma,
importante destacarmos que embora esteja localizado no Título “Dos Recursos” no Código de Processo

31 Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.

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Penal, trata-se de fato, de uma ação autônoma de impugnação (HC, MS e Revisão Criminal). Não se tratando
de recurso, que pressupõe a continuação da mesma relação jurídica, no habeas corpus haverá uma nova
relação jurídico-processual.

Corroborando ao exposto, Norberto Avena32:

O habeas corpus é ação autônoma de impugnação, constitucionalmente estabelecida,


objetivando preservar ou restabelecer a liberdade de locomoção ilegalmente ameaçada ou
violada.

Apesar de previsto pelo Código de Processo Penal no Título II do Livro III, que trata dos recursos
em geral, não possui natureza recursal, o que se evidencia, inclusive, pela circunstância de que
pode ser impetrado a qualquer tempo (não está sujeito a prazos).

Recurso (ação penal) Habeas corpus


- Polo ativo: MP - Polo ativo: Réu
- Polo passivo: Acusado - Polo passivo: Autoridade coatora

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

(Ano: 2017. Banca: IBADE. Órgão: PC-AC. Prova: Delegado de Polícia Civil). Sobre habeas corpus
assinale a alternativa correta.

a) Não cabe habeas corpus contra ato de Delegado de Polícia.


b) O delegado de polícia não pode impetrar habeas corpus.
c) Para a doutrina, o habeas corpus, a revisão criminal e o mandado de segurança não são recursos e sim
ações autônomas de impugnação.
d) O habeas corpus não pode ser concedido de ofício pelo Juiz ou tribunal.
e) O habeas corpus contra ato de Delegado de Polícia deve ser julgado pelo Tribunal de Justiça.

Gab. C. Conforme explicamos acima, embora inserido no capítulo dos recursos, o habeas corpus não se
trata de recurso, mas sim de ação autônoma de impugnação.

No tocante ainda a distinção entre ação autônoma de impugnação e recurso, Fábio Roque e Klaus
Negri Costa (pag. 1313, 2020) 33 pontual algumas distinções, explicando porque o HC é considerado
acao autônoma de impugnação e não Habeas Corpus, vejamos:

• Um recurso pressupõe uma decisão recorrível, o que não é exigido pelo HC, que pode ser
impetrado mesmo que já tenha ocorrido trânsito em julgado da decisão.
• Um recurso é interposto contra decisão judicial, já o HC pode ser impetrado contra ato
restritivo à liberdade de locomoção oriundo de atos públicos ou particulares.

32Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.
33Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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• Um recurso é interposto em face de decisão judicial, enquanto que o HC pode ser


impetrado contra uma ameaça à locomoção, não necessariamente um ato judicial.
• Os pressupostos são distintos: um recurso exige tempestividade, enquanto que o HC pode
ser impetrado a qualquer momento.
• O recurso exige legitimidade, enquanto que o HC pode ser impetrado por qualquer do
povo, bastando haver violência ou coação à liberdade de locomoção.

6.3. CONDIÇÕES PARA A CONCESSÃO


A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que somente deverá ser concedido
o habeas corpus em caso de réu preso ou na iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições:

Uma vez conhecido o habeas corpus somente deverá ser concedido em caso
de réu preso ou na iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições:

(1) violação à jurisprudência consolidada do STF;

(2) violação clara à Constituição; ou

(3) teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.

STF. 1ª Turma. AgRg no HC 200.055, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em


14/06/2021.

6.4. INTERESSE DE AGIR

O habeas corpus exige que haja risco concreto à liberdade de locomoção. Desse modo, temos
que o interesse de agir do habeas corpus é a situação concreta de que alguém esteja sofrendo ou
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade ambulatorial em decorrência de ato ilegal ou
abuso de poder. Assim, não havendo tal risco, não há cogitar-se de habeas corpus.

Diante disso, não caberá habeas corpus:

(1) contra condenação por pena de multa (não pode haver restrição à liberdade de locomoção,
devido à proibição de conversão em privação de liberdade – O art. 51 do CP, passou a entender que a
multa tem natureza de dívida de valor, não sendo possível em caso de não pagamento da pena de multa
a conversão em pena privativa de liberdade).

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Como #JáCaiu em Provas de Concursos


Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal
- Delegado de Polícia – Regional.
É incabível habeas corpus em relação a decisão condenatória a pena exclusivamente de multa.

Certo
Errado

CERTO, por não haver na presente hipótese risco de restrição da liberdade ambulatorial, não é possível
falarmos em cabimento do habeas corpus.

(2) para trancar ação penal ou uma contravenção penal cuja única pena cominada seja a de multa.

Súmula 693, STF: Não cabe "habeas corpus" contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

(3) se já foi extinta a pena privativa da liberdade, também não cabe habeas corpus.

Súmula 695, STF: Não cabe "habeas corpus" quando já extinta a pena privativa de
liberdade.

(4) contra decisões em processo administrativo disciplinar.

Súmula 694, STF: Não cabe "habeas corpus" contra a imposição da pena de exclusão de militar
ou de perda de patente ou de função pública.

Prezado candidato, as súmulas apresentadas acima já foram diversas vezes objeto de prova.
Diante disso, reforçamos a importância de um estudo atencioso das referidas.

NÃO CABERÁ HABEAS CORPUS:

Para trancar ação penal ou Se já foi extinta a pena Contra decisões em processo
uma contravenção penal cuja privativa da liberdade, administrativo disciplinar
única pena cominada seja a também não cabe habeas
de multa corpus
Súmula 693, STF: Não cabe "habeas Súmula 695, STF: Não cabe "habeas Súmula 694, STF: Não cabe "habeas
corpus" contra decisão condenatória a corpus" quando já extinta a pena corpus" contra a imposição da pena de
pena de multa, ou relativo a processo privativa de liberdade. exclusão de militar ou de perda de
em curso por infração penal a que a patente ou de função pública.
pena pecuniária seja a única cominada.

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6.5. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

Não é possível falarmos em impetração de habeas corpus na hipótese de constrangimento gerado


por punições disciplinares militares e prisão administrativa.

NÃO CABE
Habeas Corpus

Punições disciplinares Prisão Administrativa


militares (Revogada)

Vejamos:

6.5.1. PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES

Não cabe habeas corpus para discutir o mérito de punições disciplinares aplicadas no âmbito
militar (princípios da hierarquia e da disciplina).

Art. 142, § 2º, CF: Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

“Não há que se falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se a concessão de habeas corpus,
impetrado contra punição disciplinar militar, volta-se tão-somente para os pressupostos de
sua legalidade, excluindo a apreciação de questões referentes ao mérito” (STF. RE 338840).

Desta forma, o STF entende que não cabe HC para rever o MÉRITO de uma punição
disciplinar militar, no entanto, se houver uma situação de ilegalidade, por exemplo, se a autoridade que
aplicou a punição é uma autoridade incompetente para tanto, nesta hipótese é possível a impetração de
habeas corpus para impugnar a legalidade dessa punição disciplinar.

Corroborando ao exposto, Norberto Avena34:

Esta impossibilidade de manejo do habeas corpus contra punições disciplinares, contudo, não é
absoluta, limitando-se às hipóteses em que se pretenda discutir o mérito da medida
restritiva da liberdade. Logo, nada impede a impetração quando presentes vícios formais que
destaquem a medida como ilegal, v.g., incompetência do detentor da patente que ordenou a
prisão disciplinar do militar, cerceamento de defesa e descumprimento de formalidades legais.

Nesse mesmo sentido, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar (1633, 2020): 35

34 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.
35 Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.

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Os enunciados normativos do art. 647, do CPP, e do § 2°, do art. 142, da Constituição do Brasil,
que vedam o manejo do habeas corpus contra punição disciplinar são adequados para os casos
em que se pretendam invadir o mérito do ato administrativo punitivo, pondo-se em risco a própria
hierarquia militar. Em outras palavras, se a punição disciplinar é aplicada dentro dos limites
legais e regulamentares, será descabida a propositura do habeas corpus. No entanto, no caso de
punições disciplinares que extrapolem os parâmetros do permitido à autoridade competente, com
cerceio indevido à liberdade de locomoção, deve ser ele adquirido.

Assim, devemos ficar atentos ao fato de que a vedação recai sobre o HC não ser rémedio
constitucional hábil a discutir o mérito da punição disciplinar militar. Contudo, admite-se quando o
objeto de discussão for a legalidade da punição.

6.5.2. PRISÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 650, § 2º, CPP: Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa
(...).

A prisão administrativa (antigo artigo 319, CPP), foi revogada com a Lei 12.403/11. No entanto,
observe que o artigo 650 do CPP ainda menciona o não cabimento do HC contra prisão administrativa,
desta forma, em prova objetiva (cobrança de letra de Lei) se houver assertiva neste sentido, está correta.
Apesar de não haver mais a prisão administrativa, ainda existe a previsão de não cabimento do HC para
tal.

6.6. LEGITIMIDADE ATIVA DO HABEAS CORPUS

Falarmos em legitimidade ativa para impetração do habeas corpus é tratarmos das pessoas
habilitadas a impetrar a ação constitucional – e aqui, importantíssimo a distinção entre impetrante e
paciente, isto porque o habeas corpus possui uma legitimidade mais ampla no tocante ao impetrante.
Explicamos, impetrante é a pessoa que ajuíza a ação e poderá ser qualquer pessoa – física ou jurídica,
com ou sem capacidade postulatória. Porém, paciente – pessoa em favor do qual a ação é ajuizada
somente pode ser pessoa física (não cabe HC em favor de pessoa jurídica).

No processo de habeas corpus, podem ser visualizados três sujeitos processuais: o impetrante,
o paciente e o impetrado. O impetrante ou autor é a pessoa que intenta a ação processual. O
paciente é a pessoa em favor de quem o habeas corpus é ajuizado. O impetrado, parte passiva ou

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demandado é a pessoa – autoridade ou não – responsável pelo ato apontado como lesivo à
liberdade de locomoção. (Pág. 1636, 2020).36

Em resumo, são sujeitos processuais do Habeas Corpus:

Impetrante Paciente Impetrado

Sobre a legitimidade – ativa e passiva, descreve Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar
(2016):

No processo de habeas corpus, podem ser visualizados três sujeitos processuais: o impetrante,
o paciente e o impetrado. O impetrante ou autor é a pessoa que intenta a ação processual. O
paciente é a pessoa em favor de quem o habeas corpus é ajuizado. O impetrado, parte passiva
ou demandado é a pessoa – autoridade ou não – responsável pelo ato apontado como lesivo à
liberdade de locomoção. O impetrante e o paciente podem coincidir na mesma pessoa. Não é
exigível ao impetrante a capacidade postulatória, vale dizer, não é obrigatório que quem
proponha a demanda seja advogado.

Noutra banda, preceitua Guilherme de Souza Nucci (2020) qualquer pessoa, física ou jurídica,
nacional ou estrangeira, pode impetrar habeas corpus, seja em seu próprio benefício, seja em favor de
outrem independentemente de possuir habilitação técnica para tanto (art. 654, CPP). Denomina-se
impetrante aquele que ajuíza a ação de habeas corpus e paciente, a pessoa em favor de quem a ordem
é solicitada, nada impedindo que ambos se concentrem no mesmo indivíduo. Para impetrar habeas
corpus não é necessário o patrocínio da causa por advogado. Aliás, o próprio Estatuto da Advocacia
(Lei 8.906/94), reconhecendo a importância desse remédio constitucional, estabelece que “não se inclui
na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou Tribunal”.

Em resumo:

Impetrante Paciente
Trata-se da pessoa que impetra o habeas corpus. É a pessoa em favor do qual o habeas corpus é
impetrado.
PJ pode ser impetrante. PJ não pode ser paciente.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - TJ-AM - Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador.

36 Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.

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Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a participação de Carlos
no crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária. A partir dessa situação hipotética e do
que dispõe a legislação, julgue o item seguinte.

Carlos poderá impetrar habeas corpus em seu próprio benefício, ainda que não seja advogado.

Certo

Errado

Gab. CERTO, o habeas corpus não exige capacidade postulatória para a sua impetração.

6.6.1. IMPETRANTE

Qualquer pessoa pode impetrar o habeas corpus, inclusive em favor de terceiros, bem como o
próprio acusado poderá impetrar pessoalmente (sem advogado), tendo em vista que não se exige a
capacidade postulatória (habilitação técnica – inscrição na OAB).

Corroborando ao exposto, explica Norberto Avena37:

Trata-se da pessoa que impetra o habeas corpus, podendo ser qualquer pessoa do povo em
favor de outrem e, inclusive, o próprio paciente em seu favor. Para a impetração do habeas
corpus, não se exige a presença de advogado.

Atente que o Ministério Público poderá impetrar HC, em favor do réu.

Art. 654, “caput”, CPP: O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor
ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.

O MP exerce a função constitucional de ser o titular da ação penal pública, porém, também a ele
incumbe a tutela dos interesses individuais disponíveis (Art. 127, caput, CPP), desta forma o MP é
responsável pela tutela da liberdade ambulatória do acusado, e neste sentido é perfeitamente possível
aplicação de HC pelo MP.

Destaca-se que a ordem de habeas corpus também pode ser deferida de ofício pelos juízes e
Tribunais.

Art. 654, §2º, CPP: Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem
de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal.

37 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Observe que ainda que não haja impetração de HC, os tribunais e juízes de forma legítima, de
oficio podem conceder uma ordem de habeas corpus.

6.6.2. PACIENTE

Paciente, por sua vez, é a pessoa física que sofre a restrição ou ameaça concreta à liberdade de
locomoção.

Quando o paciente, pessoalmente, impetrar o habeas corpus, teremos impetrante e paciente


reunidos na mesma pessoa.

É preciso enfatizarmos que a pessoa jurídica não pode ser paciente, mesmo nos crimes
ambientais, por não ser dotada de liberdade de locomoção.

Art. 21, Lei 9605/98: As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas
jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Não há previsão legal de pena privativa de liberdade para pessoas jurídicas, somente penas de
multa, restritiva de direitos ou prestação de serviços à comunidade.

Corroborando ao exposto, explica Norberto Avena38:

Apenas pessoas físicas podem ser pacientes no habeas corpus, não sendo admitida a
impetração do remédio heroico em favor de pessoas jurídicas. Isso porque, por definição
constitucional, o writ destina-se à proteção da liberdade de locomoção violada ou ameaçada, o
que não acontece com relação à pessoa jurídica. Necessário enfatizar que, ainda que tenha a Lei
9.605/1998, ao tratar dos crimes ambientais, estabelecido a possibilidade de responsabilização
penal da pessoa jurídica, nem assim será possível considerá-la paciente do habeas corpus, pois
não há, nesse caso, liberdade de locomoção a ser tutelada.

Diante do exposto, qualquer alternativa no sentido de apontar a pessoa jurídica como sendo
paciente do habeas corpus apresenta-se errônea.

6.6.3. LEGITIMIDADE PASSIVA

A legitimidade passiva no habeas corpus recai sobre a pessoa responsável pela lesão ou ameaça
de lesão à liberdade de ir e vir da pessoa física. Não é necessário que o sujeito passivo seja

38 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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autoridade pública ou pessoa com atribuições de poder público. Essa exigência é restrita ao
mandado de segurança. O cerceio indevido à liberdade de locomoção pode ser imputável à
autoridade policial, autoridade judiciária ou mesmo a particular (Pág. 1638, 2020). 39

Nessa esteira, a autoridade coatora é a pessoa responsável pela violência ou pela coação ilegal à
liberdade de locomoção. A autoridade coatora figura como impetrado. Corroborando ao exposto, Fábio
Roque e Klaus Negri:40

A pessoa apta a figurar no polo passivo da ação penal de habeas corpus é a chamada autoridade
coatora, que é a responsável pela violência ou pela coação ilegal no direito de ir e vir. Assim,
caso haja uma prisão em flagrante abusiva, será legitimado passivo o delegado de polícia em si,
e não a Polícia Civil ou a Polícia Federal, opor exemplo.

Ex.1: Em caso de prisão em flagrante fora das hipóteses do art. 302, CPP, a autoridade coatora
será o Delegado de Polícia que mantém o agente custodiado, até a audiência de custódia.

Ex.2: Em caso de prisão preventiva decretada em face de pessoa primária por furto simples de
bagatela, a autoridade coatora será o juiz de direito de primeiro grau.

A autoridade coatora pode ser agente do poder público ou particular.

Ex.: Diretor de hospital mantém pessoa presa no interior dele porque ela não pagou. Caberá HC
para libertá-la.

No que concerne a figura da autoridade coatora, importante ainda distinguirmos a autoridade


coatora e a figura do detentor.

Vejamos:

Autoridade Coatora Detentor


É o real responsável pela coação ou violência, É o sujeito que executa a ordem emitida, por
trata-se da ppessoa que emite a ordem. Ex.: exemplo, agente de polícia que cumpre a ordem
delegado de Polícia. emanada pelo Delegado de Polícia.
É o sujeito passivo do habeas corpus. Não será considerado o sujeito passivo do habeas
corpus, apenas executou a ordem emanada.

Candidato, é possível que o particular figure como sujeito passivo do habeas corpus?
Conforme explica o Ilustre Doutrinador Norberto Avena41, o coator (sujeito passivo do HC) pode ser
tanto uma autoridade quanto o particular. Isto ocorre porque a Constituição Federal, ao tratar do

39 Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.
40 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.
41 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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habeas corpus, estabeleceu a possibilidade de seu cabimento “sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder”. Ora, se, por um lado, apenas a autoridade pode abusar do poder que detém ou lhe é delegado,
por outro a ilegalidade pode ser cometida tanto pela autoridade quanto pelo particular. Exemplo:
Indivíduo que, por solicitação de parentes interessados em usufruir de seus bens, é internado,
injustificadamente, em clínica particular sob o fundamento de que se encontra em surto psicótico. Este
constrangimento à sua liberdade de locomoção, além de caracterizar evidente cárcere privado (art. 148
do CP), ainda enseja a impetração de habeas corpus para que seja restabelecida a sua liberdade de ir
e vir.

Diante do consignado, é afirmativa o questionamento acima, sim, é possível que o particular


figure como sujeito passivo do HC, isto porque qualquer pessoa – física ou jurídica, pública ou particular,
pode violar a liberdade ambulatorial do indivíduo.

6.7. ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS

Espécies de Habeas Corpus

Liberatório Preventivo Profilático Trancativo Substitutivo

6.7.1. LIBERATÓRIO

É o habeas corpus impetrado contra uma ordem ilegal já concretizada. Nas lições do professor
Norberto Avena42, o habeas corpus repressivo ou liberatório, é cabível na hipótese de já ter sido
consumado o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção. Nesse caso, concedida a ordem, será
expedido alvará de soltura com o intuito de restabelecimento da liberdade (art. 660, § 1°, do CPP).
Dessa forma, temos que o objetivo proposto no HC liberatório é fazer cessar um constrangimento ilegal
que já tenha se consumado.

Tem lugar quando alguém sofrer violência ou coação ilegal na liberdade de ir e vir, ou seja,
quando se pretende a restituição da liberdade a alguém que já se acha com esse direito violado 43.

42Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.
43Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

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Ex.: O juiz de primeira instância decreta a prisão preventiva do agente primário por furto de
bagatela.

Concedida a ordem, deve ser expedido o alvará de soltura (se a prisão já tiver sido realizada)
ou o contramandado de prisão (caso a prisão ordenada ainda não tenha sido efetivada).

Art. 660, § 1º CPP: Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo
se por outro motivo dever ser mantido na prisão.

Caso haja outro motivo para a manutenção da prisão (ex. outro mandado de prisão por sentença
transitado em julgado), o paciente continuará preso, porém, pelo outro processo.

6.7.2. PREVENTIVO

A impetração pode, por exemplo, acontecer preventivamente, para fazer cessar a ameaça de lesão
à liberdade. denominamos esse caso de habeas corpus preventivo, que enseja a emissão de
salvo-conduto, como dispõe o § 4° do art. 660, CPP.44

Trata-se de habeas corpus impetrado para prevenir uma ameaça concreta à liberdade de
locomoção. Ao tratar do habeas corpus preventivo, o prof. Norberto Avena45 define como sendo o
habeas corpus impetrado quando houver fundado receio de constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção. Dessa forma, temos que o objetivo deste é evitar que um constrangimento ilegal à liberdade
do sujeito se consume. Preventivo, como o próprio nome nos sugere, busca prevenir que o
constrangimento ilegal se concretize.

Justifica-se sempre que alguém se achar na iminência de sofrer a violência ou coação, isto é,
quando se pretende evitar que a ilegal restrição à liberdade se efetive, desde que haja fundado
receio de que irá ocorrer46.

Ex.: O juiz de primeira instância intima o investigado a comparecer no Instituto de Criminalística


para que seja colhido material gráfico para servir de parâmetro de confronto para exame grafotécnico,
sob pena de prisão preventiva.

Concedida a ordem, deve ser expedido o salvo-conduto.

Art. 660, § 4º, CPP: Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de
violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.

44 Curso de direito processual penal/ Nestor Távora, Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed. JusPodivm, 2020.
45 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.
46 Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador

Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

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Cumpre ressaltarmos que para a impetração do HC preventivo há necessidade de ameaça


concreta, iminente e plausível à liberdade de locomoção, não cabendo HC preventivo para riscos
hipotéticos.

6.7.3. PROFILÁTICO

Trata-se do habeas corpus impetrado para suspender um determinado ato processual.

Ex.: Habeas corpus para suspender audiência designada em ação penal por crime de bigamia –
art. 235, CP – (questão prejudicial que envolve o estado civil das pessoas), havendo ação civil discutindo
a anulação do primeiro casamento do acusado.

Art. 92, CPP: Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de


controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da
ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença
passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas
de natureza urgente.

Concedida a ordem, o Tribunal determinará o sobrestamento (suspensão, até que a questão


seja resolvida no juízo cível) do ato.

6.7.4. TRANCATIVO

É denominado de habeas corpus trancativo o HC impetrado para trancar um inquérito policial


ou uma ação penal instaurada sem justa causa.

Ex.1: Inquérito instaurado para apurar fato prescrito.

Ex.2: Ação penal tramitando sobre fato formalmente atípico.

Art. 651, CPP: A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao processo,
desde que este (processo) não esteja em conflito com os fundamentos daquela (ordem de HC) “a
contrário sensu”.

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Fazendo a interpretação a contrário sensu, se o HC tiver seus fundamentos contrários a


subsistência dessa ação penal ou inquérito policial, é perfeitamente possível a impetração de HC para
trancamento da investigação ou ação.

O trancamento do inquérito ou da ação penal, via HC, é absolutamente excepcional.

“A extinção da ação penal por falta de justa causa situa-se no campo da excepcionalidade.
Somente é cabível o trancamento da ação penal por meio do habeas corpus quando houver
comprovação, de plano, da ausência de justa causa, seja em razão da atipicidade da conduta
supostamente praticada pelo acusado, seja da ausência de indícios de autoria e materialidade
delitiva, ou ainda da incidência de causa de extinção da punibilidade”. (STJ. RHC 48.397/RJ,
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/09/2016).

Desse modo, contemplamos que a impetração de HC com finalidade de trancar inquérito policial
ou ação penal trata-se de medida excepcional, sendo admitida somente nos casos em que ficar evidente
a falta de justa causa. Nesse sentido:

A justa causa é prevista de forma expressa no Código de Processo Penal e constitui condição da
ação penal, consubstanciada no lastro probatório mínimo e firme, indicativo da autoria e da
materialidade.
A profundidade cognitiva para o reconhecimento ou não da justa causa na persecução penal deve
se dar de forma superficial, mediante prova pré-constituída, isto é, existindo suspeita fundada do
crime e de sua autoria, justifica-se a instauração do processo penal. Portanto, o trancamento da
ação penal por habeas corpus é medida excepcional.
Neste contexto, exige-se para tanto que, reste demonstrada, de forma inequívoca, a ausência de
indícios de autoria ou de materialidade, a violação dos requisitos legais exigidos para a denúncia,
a atipicidade da conduta ou a ocorrência de causa extintiva da punibilidade.
(...).
Não se admite, em regra, HABEAS CORPUS para 'trancar' inquérito policial. Isso porque o
Judiciário não pode paralisar o exercício regular da atividade policial e tampouco subtrair do
Ministério Público, titular da ação pública, a opinio delicti.
Cumpre esclarecer que a jurisprudência dos Tribunais Superiores apenas admite o trancamento
do inquérito policial ou de ação penal em hipóteses excepcionais, quando se constata, sem
o revolvimento de matéria fático-probatória, a ausência de indícios de autoria e de prova
de materialidade, a atipicidade da conduta e a extinção da punibilidade (...), (RHC
72.074/MG, Quinta Turma, DJe 19/10/2016), o que não corresponde ao caso em exame.
(Acórdão 1006225, 20170020055123HBC, Relatora: ANA MARIA AMARANTE, 1ª Turma
Criminal, data de julgamento: 23/3/2017; publicado no DJe: 31/3/2017).

Sobre o assunto, recentemente A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça aprovou a


Súmula 648, que traz o seguinte enunciado: "A superveniência da sentença condenatória prejudica o
pedido de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus".

#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA

Imagine a seguinte situação hipotética:

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O Ministério Público ajuizou ação penal contra João acusando-o da prática de determinado crime.

O juiz recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para responder a acusação.

João apresentou resposta escrita alegando que não havia justa causa e que, portanto, ele deveria ser
absolvido sumariamente.

O magistrado, contudo, rejeitou o pedido de absolvição sumária e determinou o início da instrução penal.

João ainda continuava inconformado. Existe algum recurso que ele possa interpor? Cabe algum recurso
contra a decisão do juiz que rejeita o pedido de absolvição sumária?

NÃO. Não existe recurso cabível na legislação para esse caso. Diante disso, a jurisprudência admite a
impetração de habeas corpus sob o argumento de que existe risco à liberdade de locomoção.

Desse modo, em nosso exemplo, a defesa de João impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo
o trancamento da ação penal por falta de justa causa.

O Desembargador negou o pedido de liminar e designou o dia 15/08 para o julgamento do habeas corpus
pela Câmara Criminal do TJ.

Ocorre que, antes disso, no dia 08/08, o juiz proferiu sentença condenando o réu.

Diante desse cenário, o que acontece com o julgamento do habeas corpus? O Tribunal de Justiça irá
apreciar o mérito do habeas corpus?

NÃO. A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas corpus no
se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa.

A sentença condenatória analisa a existência de justa causa de forma mais aprofundada, após a instrução
penal com contraditório e ampla defesa. Logo, não faz mais sentido o Tribunal examinar a decisão de
rejeição da absolvição sumária se já há uma nova decisão mais aprofundada. Será essa nova manifestação
(sentença) que precisará ser analisada.

Logo, o réu terá que interpor apelação contra a sentença condenatória, recurso de cognição ampla por
meio do qual toda a matéria será devolvida ao Tribunal, que terá a possibilidade de examinar de se a
condenação foi acertada, ou não.

Não é cabível examinar a inépcia da inicial acusatória, bem como a justa causa para ação penal, após a
prolação de sentença condenatória, porquanto todos os elementos da exordial acusatória, bem como da
conduta criminosa, foram amplamente debatidos pelas instâncias ordinárias, em cognição vertical e
exauriente.

STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 463.788/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/11/2018.

O pedido de trancamento do processo por inépcia da denúncia ou por ausência de justa causa para a
persecução penal não é cabível quando já há sentença, pois seria incoerente analisar a mera higidez
formal da acusação ou os indícios da materialidade delitiva se a própria pretensão condenatória já houver
sido acolhida, depois de uma análise vertical do acervo fático e probatório dos autos.

STJ. 6ª Turma. RHC 32.524/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 4/10/2016.

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E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também ficaria
prejudicado?

SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora por outro motivo: falta de
interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi alcançada em 1ª instância. Nesse
sentido:

A superveniência de sentença absolutória, na linha da orientação firmada nesta Corte, torna prejudicado
o pedido que buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa.

STJ. 6ª Turma. AgInt no RHC 31.478/SP, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 26/03/2019.

Essa foi a explicação da súmula.

Vejamos agora três situações correlatadas envolvendo habeas corpus.

Situação 1:

O juiz, a requerimento do MP, decretou a prisão preventiva de Pedro.

A defesa impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça alegando que não estavam presentes os
pressupostos da prisão preventiva. Logo, o advogado pediu, no habeas corpus, a revogação da prisão
preventiva. Esse foi o pedido do writ.

Antes que o habeas corpus fosse julgado, o juiz prolatou sentença condenando Pedro pelo crime e, na
oportunidade, manteve a prisão cautelar, negando o direito do réu de recorrer em liberdade.

Indaga-se: o habeas corpus fica prejudicado?

Depende:

· se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu dos mesmos fundamentos que havia
utilizado na decisão anterior: o habeas corpus NÃO fica prejudicado. O Tribunal terá que apreciar.

· se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu de outros fundamentos diferentes do
que já havia utilizado na decisão anterior: o habeas corpus fica prejudicado. Isso porque ainda que o
Tribunal entendesse que os argumentos utilizados na decisão não foram corretos, o magistrado já
mencionou outros fundamentos para a prisão, devendo esses novos argumentos serem também
impugnados. Ex: na decisão que decretou a prisão preventiva, o juiz afirmou que o réu estaria ameaçando
as testemunhas (prisão decretada por conveniência da instrução processual). Na sentença, o magistrado
manteve a prisão preventiva sob a alegação de que existiria risco concreto de o réu fugir caso ele fosse
solto (prisão para assegurar a aplicação da lei penal).

A sentença penal condenatória superveniente que não permite ao réu recorrer em liberdade, somente
prejudica o exame do recurso em habeas corpus quando contiver fundamentos diversos daqueles
utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva, o que não ocorreu no caso dos autos.

STJ. 5ª Turma. RHC 105.673/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/08/2019.

Situação 2: habeas corpus e concessão de suspensão condicional do processo

Imagine a seguinte situação hipotética:

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João foi denunciado pela prática do crime de descaminho (art. 334, caput, do CP).

O juiz recebeu a denúncia e designou audiência.

A defesa de Pedro impetrou habeas corpus no TRF pedindo o trancamento da ação penal por ausência
de justa causa.

O habeas corpus ficou no TRF aguardando ser julgado.

Antes que o writ fosse apreciado, chegou o dia da audiência.

Como a pena mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP ofereceu proposta de suspensão condicional do
processo. João, acompanhado de seu advogado, aceitou a proposta pelo período de prova de 2 anos.

Diante disso, indaga-se: com a suspensão condicional do processo, o habeas corpus que estava pendente
fica prejudicado ou o TRF deverá julgá-lo mesmo assim?

O Tribunal deverá julgar o habeas corpus. É a posição tranquila da jurisprudência:

O fato de o denunciado ter aceitado a proposta de suspensão condicional do processo formulada pelo
Ministério Público (art. 89 da Lei nº 9.099/95) não constitui empecilho para que seja proposto e julgado
habeas corpus em seu favor, no qual se pede o trancamento da ação penal. Isso porque o réu que está
cumprindo suspensão condicional do processo fica em liberdade, mas ao mesmo tempo terá que cumprir
determinadas condições impostas pela lei e pelo juiz e, se desrespeitá-las, o curso do processo penal
retomará. Logo, ele tem legitimidade e interesse de ver o HC ser julgado para extinguir de vez o processo.

STJ. 5ª Turma. RHC 41527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

Situação 3: habeas corpus e transação penal

Imagine agora a seguinte situação hipotética:

Pedro foi denunciado pela prática de lesões corporais dolosas.

O juiz recebeu a denúncia.

A defesa de Pedro impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo o trancamento da ação penal
por ausência de justa causa.

O habeas corpus ficou lá no TJ aguardando ser julgado.

Enquanto isso, foi designada audiência. No curso da audiência, o Ministério Público, melhor analisando
os fatos, entendeu que houve lesões corporais culposas, infração de menor potencial ofensivo, prevista
no art. 129, § 6º do Código Penal.

Assim, na própria audiência, o Promotor de Justiça pediu a desclassificação para lesões corporais
culposas, pleito que foi acolhido pelo juiz.

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Em seguida, o Promotor ofereceu proposta de transação penal, que foi aceita por João.

O juiz homologou o acordo de transação penal e tornou sem efeito a decisão de recebimento da denúncia.

A decisão que recebeu a denúncia foi anulada pelo juiz considerando que o benefício da transação penal
ocorre antes do início da ação penal.

Como você lembra, havia um habeas corpus tramitando no TJ e que ainda não havia sido julgado. Diante
disso, indaga-se: com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente fica
prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?

• STJ: SIM. Fica prejudicado.

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o
trancamento da ação penal.

STJ. 6ª Turma. HC 495148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info
657).

• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus.

A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente
impetrado.

A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a
legitimidade da persecução penal.

Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor
gravidade, a barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do
acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do
imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação.

Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou
determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça.

STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

Fonte:
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula 648 do STJ comentada. Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em: < https://www.dizerodireito.com.br/2021/04/sumula-648-do-stj-comentada.html>.
Acesso em: 26/01/2023

6.7.5. SUBSTITUTIVO

O HC substitutivo é aquele que substitui o recurso, tendo em vista que o rito para processamento
do HC é o sumaríssimo, desta forma, para se valer da facilidade do rito, é possível que ao invés a parte
interpor recurso adequado, impetra HC substitutivo.

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Candidato, é cabível o HC substitutivo de ROC? A partir de 2018, o STF voltou a admitir o


habeas corpus substitutivo de recurso ordinário constitucional:

“Por maioria de votos, o Tribunal Pleno assentou que é admissível, no âmbito desta Suprema
Corte, impetração originária substitutiva de recurso ordinário constitucional. O habeas
corpus destina-se, por expressa injunção constitucional (art. 5°, LXVIII), à tutela da liberdade
de locomoção, desde que objeto de ameaça concreta, ou efetiva coação, fruto de ilegalidade ou
abuso de poder” (STF. HC 152752, Relator: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado
em 04/04/2018).

O HC substitutivo de ROC, portanto, é aquele impetrado perante a superior instância em caso de


denegação da ordem pela instância inferior.

Ex.1: TJSP denega a ordem de habeas corpus. Ao invés de interpor ROC, perante o STJ, o
acusado impetra HC substitutivo de ROC perante o STJ.

Ex.2: STJ denega a ordem de habeas corpus. Ao invés de interpor ROC, perante o STF, o acusado
impetra HC substitutivo de ROC perante o STF.

6.8. HIPÓTESES LEGAIS DE CABIMENTO DO HC


A coação considerar-se-á ILEGAL e será cabível a Habeas Corpus
Quando Quando Quando Quando Quando não Quando o Quando
não alguém quem houver for alguém processo for extinta a
houver estiver ordenar a cessado o admitido a manifestame punibilidade.
justa preso por coação não motivo que prestar nte nulo;
causa; mais tempo tiver autorizou fiança, nos
do que competência a coação; casos em que
determina para fazê-lo; a lei a
a lei; autoriza;

As hipóteses de cabimento do habeas corpus estão previstas ao teor do art. 648 do CPP, o qual
nos trazem as circunstâncias em que a coação será considerada ilegal, e, consequentemente será cabível
habeas corpus.

Vejamos:

Art. 648, CPP: A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

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Nas lições de Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1340, 2020)47, justa causa compreende os
elementos mínimos necessários para que alguém seja investigado ou processado. Semanticamente, a
causa que autoriza o cerceamento da liberdade deve ser justa, mas não no sentido literal de (in)justiça,
mas de legalidade, de obediência aos ditames do ordenamento jurídico.

Assim, por exemplo, quando não houver nenhum indício de autoria e ainda assim for decretada
a prisão do sujeito, será cabível HC, por ausência de justa causa.

II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

Entre as hipóteses autorizadoras da impetração do habeas corpus, o legislador disciplinou que no


caso de o sujeito ficar preso por mais tempo que determine a lei, será cabível o HC. Imagine, por
exemplo, que determinado sujeito está preso temporariamente (a prisão temporária tem prazo de 5 dias
prorrogáveis por + 5 dias, salvo os crimes hediondos que possuem um prazo maior), se no 11º dia o
sujeito preso temporiamente ainda estiver com sua liberdade ambulatorial cerceada decorrente daquela
prisão, será cabível a impetração de Habeas Corpus.

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

Juiz de 1º instância determina a prisão de um deputado federal (foro por prerrogativa do STF).
Ora, um juiz de primeira instância não tem competência para determinar a prisão de um deputado federal.
Nesse caso, cabível a impetração do HC pelo fato de quem ordenou a coação não tinha competência para
tanto.

Corroborando ao exposto, Norberto Avena48:

Contempla-se aqui a hipótese em que a coação, apesar de prevista em lei e mesmo se atendidos
os seus requisitos legais, tenha sido determinada por autoridade incompetente para a prática do
ato. Exemplo: A decretação de prisão preventiva de um promotor de justiça por juiz de 1.o grau,
com violação manifesta das regras que disciplinam a competência em razão da função e o
privilégio de foro que assiste ao agente do Ministério Público.

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

No mesmo caso da prisão temporária, a partir do 11º dia não existe mais o motivo para
manutenção da prisão, cabendo impetração de HC.

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

Se eventualmente em um crime afiançável, a autoridade policial não aplique fiança.

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

47 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.
48 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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VII - quando extinta a punibilidade.

Sempre que estivermos diante de uma das causas extintivas de punibilidade (art. 107 CP), será
cabível HC.

6.9. COMPETÊNCIA

AUTORIDADE COATORA
A competência para o julgamento do habeas corpus dependerá de quem for a autoridade coatora
que proferiu a ordem ilegal.

6.9.1. AUTORIDADE POLICIAL

Se a ordem ilegal promanar da autoridade policial, o HC deve ser impetrado perante o juiz de
primeira instância.

6.9.2. JUIZ EM PRIMEIRA INSTÂNCIA

Se a ordem ilegal promanar do juiz de primeiro grau, o HC deve ser impetrado perante o
respectivo Tribunal.

Art. 108, inciso I, “d”, CF: Compete aos Tribunais Regionais Federais: os habeas corpus,
quando a autoridade coatora for juiz federal;

Juiz estadual Juiz federal Juiz eleitoral


Tribunal de Justiça T.R.F. T.R.E.

6.9.3. TRIBUNAL (TJ/TRF)

Se a ordem ilegal promanar do TJ ou do TRF, o HC deve ser impetrado perante o STJ.

Art. 105, inciso I, “c”, CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: processar e julgar,
originariamente: quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição;

6.9.4. Tribunal superior

Se a ordem ilegal promanar de Tribunal Superior (STJ, TSE, TST), o HC deve ser impetrado
perante o STF.

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Art. 105, inciso I, “c”, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda
da Constituição, cabendo-lhe: processar e julgar, originariamente: o habeas corpus, quando o
coator for Tribunal Superior.

6.9.5. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

- Presidente da República;
- Vice-Presidente da República;
- Senadores e Deputados Federais;
- Ministros do STF;
SUPREMO TRIBUNAL - PGR;
FEDERAL - Ministros de Estado;
- Comandantes das Forças Armadas;
- Ministros de Tribunais Superiores;
- Ministros do TCU;
- Chefes de missão diplomática em caráter permanente.
- Governadores de Estado e do DF;
- Desembargadores do TJ e do TJDFT;
SUPERIOR TRIBUNAL
- Membros dos TRFs, TREs e TRTs
DE JUSTIÇA
- Membros dos TCEs e do TCDFT;
- Membros dos TCMs;
- Prefeito;
TRIBUNAL DE
- Juízes de Direito;
JUSTIÇA
- Promotores de Justiça.
TRIBUNAL REGIONAL - Juízes federais (incluindo Militar e do Trabalho);
FEDERAL - Membros do MPU (Federal, Militar, Trabalho e MPDFT).

6.10. PROCEDIMENTO

6.10.1. PETIÇÃO INICIAL

Art. 654, § 1º, CPP: A petição de habeas corpus conterá:

a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem
exercer a violência, coação ou ameaça;

b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as


razões em que funda o seu temor;

c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.

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Atente que o HC exige uma prova pré-constituída, tendo em vista não existir uma fase de
instrução probatória.

6.10.2. ANÁLISE DA LIMINAR

Em caso de coação ilegal evidente, o juiz ou o Tribunal deverão, liminarmente, mandar


cessar o constrangimento.

Art. 660, § 2º, CPP: Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade
da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.

Não cabe novo habeas corpus à superior instância em caso de rejeição da liminar pelo relator.

Súmula 691, STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,
indefere a liminar.

Ou seja, se for impetrado um HC perante o STJ e o relator indefere a liminar, não caberá novo
HC no STF para impugnar a decisão do relator que indeferiu a liminar, só caberá novo HC, da decisão
da turma (decisão de mérito) do STJ que negar a liminar.

6.10.3. REJEIÇÃO LIMINAR DA ORDEM

Em caso de rejeição liminar da ordem, o relator encaminhará à turma ou à câmara para


deliberação.

Art. 663, CPP: As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente
entender que o habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao
tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito.

Se o relator entender que não é o caso de conhecimento do HC, ele não pode indeferir de plano
(monocraticamente), mas sim, deverá encaminhar o HC a turma ou a câmara a que pertence para
decidirem se é ou não o caso de rejeição.

6.10.4. APRESENTAÇÃO DO PRESO OU REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES

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O juiz ou Tribunal poderá mandar que o paciente seja lhe seja apresentado de imediato
para o ouvir sobre a prisão.

Art. 656, “caput”, CPP: Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e
estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e
hora que designar.

Caso não mande apresentar o preso, o Tribunal requisitará informações à autoridade coatora.

Art. 662, CPP: Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o presidente, se necessário,
requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando, porém,
qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a
petição.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2020. Banca: VUNESP Órgão: EBSERH Prova: VUNESP - 2020 - EBSERH – Advogado. No que
concerne ao regramento legal do habeas corpus previsto no CPP, é correto afirmar:

A. dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, inclusive nos casos de punição disciplinar.
B. recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
C. se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será definitivamente
arquivado.
D. a lei processual penal não prevê a possibilidade de os juízes e os tribunais expedirem de ofício
ordem de habeas corpus.
E. não cabe habeas corpus quando negada a liberdade sob fiança, mesmo que a lei autorize a
liberdade no caso concreto.

Gab. B, nos moldes do art. 656, CPP.

Observação. O Ministério Público ofertará parecer, em dois dias, nos habeas corpus em 2ª
instância.

Art. 1º, Decreto-Lei nº 552/69: Ao Ministério Público será sempre concedida, nos Tribunais
Federais ou Estaduais, vista dos autos relativos a processos de "habeas corpus" originários ou
em grau de recurso pelo prazo de 2 (dois) dias.

6.10.5. JULGAMENTO NA SESSÃO SEGUINTE

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Art. 664, “caput”, CPP: Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será
julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sessão
seguinte.

6.10.6. DECISÃO

Art. 664, parágrafo único, CPP: A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate,
se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate; no caso
contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.

Em caso de empate haverá concessão da ordem de Habeas Corpus.

Art. 660, § 1º, CPP: Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo
se por outro motivo dever ser mantido na prisão.

6.11. RECURSO

6.11.1. SENTENÇA QUE CONCEDE OU DENEGA HABEAS CORPUS

Da sentença, do juiz de primeiro grau, que CONCEDE OU DENEGA HABEAS CORPUS , caberá
recurso em sentido estrito.

Art. 581, inciso X, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou
sentença: que conceder ou negar a ordem de habeas corpus.

Em caso de concessão do habeas corpus por juiz de primeira instância, também haverá
reexame necessário (recurso de ofício).

Art. 574, inciso I, CPP: Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: da sentença que conceder habeas corpus.

6.11.2. ACORDÃO DENEGATÓRIO DO TRIBUNAL (TJ/TRF)

Em caso de acórdão de Tribunal (TJ/TRF) que denegue a ordem, cabe recurso ordinário
constitucional (ROC) para o STJ, no prazo de 5 dias.

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Art. 105, inciso II, “a”, CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: julgar, em recurso
ordinário: os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória.

Se o acórdão for concessivo da ordem, não caberá ROC.

6.11.3. ACÓRDÃO DENEGATÓRIO DE TRIBUNAL SUPERIOR (STJ)

Em caso de acórdão de Tribunal Superior que denegue a ordem, cabe recurso ordinário
constitucional (ROC) para o STF, no prazo de 5 dias.

Art. 105, inciso II, “a”, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: julgar, em recurso ordinário: o habeas corpus (...) decididos em única
instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão.

Se o acórdão for concessivo da ordem, não caberá ROC.

Lembrando que segundo o STF: É possível o HC substitutivo de ROC (HC 152752).

VAMOS REVISAR?
HABEAS CORPUS
BASE - Art. 5º, LXVIII, CF
CONSTITUCIONAL
BASE LEGAL - CPP - arts. 647 a 667
HISTÓRICO - CF de 1891 (remédio mais antigo)
• Não admite dilação probatória;
DICAS
• Exige prova pré-constituída (assim como no MS).
OBJETO - proteger a liberdade de locomoção.
→ Ativa
• É universal, sendo que qualquer indivíduo, nacional ou estrangeiro, independentemente
da capacidade civil, política ou profissional, de idade ou estadomental, tem legitimidade para
ingressar com HC, em benefício próprio ou alheio.
# Paciente: será a pessoa física beneficiada pela ordem.
LEGITIMIDADE • Pessoa jurídica pode impetrar HC em favor de pessoa física.
• Pessoa jurídica não pode ser paciente de HC.

→ Passiva
• É aquele que pratica a coação ou ilegalidade ao direito de locomoção do paciente
(autoridade coatora).
• Particular pode ficar como autoridade coatora (ex.: diretor de hospital particular)

- Preventivo: o risco à liberdade é iminente, objetivando-se a obtenção de salvoconduto.


ESPÉCIES - Repressivo: a liberdade de locomoção já está limitada, almejando-se a expediçãode alvará
de soltura.

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AÇÃO - Penal
LIMINAR - Sim
- NÃO, não é necessária capacidade postulatória (único remédio constitucional que
ADVOGADO
não precisa de advogado)
GRATUITO - Sim
PRAZO - Não há prazo!
- Foro por prerrogativa f nção estabelecido na CF (de acordo com a autoridade
COMPETÊNCIA
coatora ou paciente)
NÃO CABE ❌
- Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar
(Súmula nº 691, STF);
EXCEÇÃO: teratologia, flagrante ilegalidade ou abuso de poder (Info 868, STF)
- Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato
ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito
(Súmula nº 692, STF);
- Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processoem curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada (Súmula nº 693, STF);
- Não cabe o HC contra a pena de exclusão de militar ou perda de patente ou de função pública
(Súmula nº 694, STF);
- Não cabe HC quando já extinta a pena privativa de liberdade (Súmula nº 695, STF);
- contra decisão monocrática de Ministro do STF (Info 985);
- para discussão sobre a correta fixação da competência e se existe conexão entre oscrimes (Info
959, STF);
- em regra, contra decisão transitada em julgado (Info 892, STF);
EXCEÇÃO: ilegalidade flagrante
- para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 da Lei de Drogas (Info, 887, STF);
- para obter direito à visita íntima (Info 887, STF);
- não é meio processual adequado para se discutir direito de visita a preso (Infos 827e 792,
STF);
- para trancar processo de impeachment (Info 830, STF);
CABIMENTO - para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticadona direção
de veículo automotor (Info 819, STF);
X - contra decisão monocrática de Ministro do STJ (Info 862, STF);
NÃO CABIMENTO EXCEÇÃO: decisão teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou
manifestamente contrária à jurisprudência do STF
- contra decisão do Ministro do STJ que nega a liminar em ação cautelar (Info 872,STF);
- para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ (Info 858,
STF);
- para reexame dos pressupostos de admissibilidade dos recursos (Info 810, STF);
- contra decisão judicial que determinou a suspensão de CNH ou do direito de dirigir(Infos 631
e 550, STJ);
- para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito em julgadoda ação
originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal (Info837, STF);
- para excluir qualificadora que não era manifestamente improcedente (Info 711, STF);
- para discutir tipificação dos fatos (Info 702, STF);
- para rediscutir dosimetria da pena (HC 110152/MS, STF);
- O STF decidiu que não tem competência para julgar habeas corpus cuja autoridadeapontada
como coatora seja delegado federal chefe da Interpol no Brasil (Info 722, STF);
- para discutir a reparação civil fixada na sentença condenatória criminal (AgRg noAgRg no
REsp 1519523/PR, STJ);
- em favor de PJ, nem mesmo para trancamento de IP sem justa causa no qual seinvestiga
crime ambiental;
- contra o efeito extrapenal de perda do cargo advindo de sentença condenatóriatransitada
em julgado;
- contra a apreensão de veículos;
- para eventual pedido de reabilitação do paciente;
- para assegurar a preservação da relação de confidencialidade entre cliente eadvogado;

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- para pleitear a extração gratuita de cópias de processo criminal;


- para requerimento de aditamento da denúncia a fim de incluir outro acusado;
- contra a perda de direitos políticos;
- para garantir a proteção do direito de visita a menor cuja guarda se encontre sobdisputa
judicial;
para discussão de mérito administrativo de prisão em punições disciplinaresmilitares.
CABE
- Coletivo (Info 891, STF);
- contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas parcialmente oacordo de
colaboração premiada (Info 1004, STF).
- para tratar de questões processuais quando a liberdade do paciente estiverameaçada, ainda
que indiretamente (Info 985, STF);
- para questionar a imposição de medidas cautelares diversas da prisão (Infos 984 e888,
STF);
- para questionar medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha, consistente
na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar(Info 574, STJ);
- para impugnar decisão judicial que determinou a retenção de passaporte (Info 631,STJ);
- para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus delatadosapresentem
alegações finais somente após os réus colaboradores (Info 949, STF);
- para análise de afastamento de cargo de prefeito (Info 561, STJ);
- mesmo que o paciente tenha aceitado suspensão condicional do processo (Info 557,STJ);
- contra pena pecuniária passível de conversão em privativa de liberdade (HC122.563/MG);
- para questionamento da razoável duração do processo;
- para análise de legalidade de prisão em punições disciplinares militares;
- contra instauração de IP ou indiciamento, sem que haja justa causa para estes atos (HC
trancativo);
- contra o indeferimento de prova de interesse do investigado ou acusado;
- contra o deferimento de prova ilícita ou deferimento inválido de prova lícita;
contra a autorização judicial de quebra de sigilos – bancário, fiscal, telefônico, etc – em
procedimento penal.
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

6.12. DE OLHO NAS SÚMULAS


Súmula 648-STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido de trancamento da
ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus. IMPORTANTE! APROVADA EM 14/04/2021.

Súmula 695-STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
IMPORTANTE!

Súmula 694-STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de
perda de patente ou de função pública.

Súmula 693-STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Súmula 692-STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado
em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
VÁLIDA!

Súmula 690-STF: Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas


corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.

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Súmula 691-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado
contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar.

Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do
plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

Súmula nº 431, STF: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia
intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus. ”

Súmula 395-STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus
das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.

Súmula 344-STF: Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime
praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a recurso "ex officio".

Súmula nº 319, STF: “O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus
ou mandado de segurança, é de cinco dias.”

Súmula nº 299, STF: “O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo processo de


mandado de segurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno.”

Súmula nº 208, STF: “O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de
decisão concessiva de habeas corpus.”

6.13. HORA DO INFORMATIVO

2022

STF: habeas corpus não se presta para realizar novo juízo de reprovabilidade.

O pedido de destaque feito pelas partes, com base no inciso II do art. 4º da Resolução 642/2019 desta
Suprema Corte, não produz efeitos automaticamente, visto que submetido a deferimento ou
indeferimento pelo relator. O caso sob exame não possui a complexidade alegada pelo agravante e que
recomendaria o julgamento em ambiente presencial.
A jurisprudência desta Suprema Corte é firme no sentido de que “[o] magistrado não está obrigado a
aplicar a causa de diminuição prevista no § 4° do art. 33 da Lei 11.343/06 em seu patamar máximo
quando presentes os requisitos para a concessão de tal benefício, tendo plena autonomia para aplicar a
redução no quantum reputado adequado de acordo com as peculiaridades do caso concreto” (HC
99.440/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma).
Sendo apontados elementos concretos para a escolha da fração de redução na última etapa da dosimetria,
o que não se confunde com ausência de fundamentação, como no caso, não há falar em
desproporcionalidade da pena. É certo, ainda, que a lesividade concreta da droga apreendida constitui
motivo suficiente para que a redutora seja aplicada em patamar inferior ao grau máximo...
O habeas corpus não se presta para realizar novo juízo de reprovabilidade, ponderando, em concreto,
qual seria a pena adequada ao fato pelo qual foi condenado o paciente (vide HC 94.645/MT, Rel. Min.
Cármen Lúcia, Primeira Turma).

296
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Nos termos do inciso III do art. 44 do Código Penal, a substituição da reprimenda privativa de liberdade
por sanções restritivas de direitos será possível quando, além de o réu ter sido condenado com pena
inferior a 4 anos, “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”.
No caso, houve a valoração negativa da natureza dos entorpecentes na primeira fase da dosimetria,
porém a pena deixou de ser exasperada para não incorrer em bis in idem quando da aplicação da causa
especial de redução na terceira etapa de fixação da pena. Tal circunstância, porém, é suficiente e
adequada para impedir a referida substituição.
Agravo regimental a que se nega provimento. (HC 211266 AgR, Relator(a): Ricardo Lewandowski,
Segunda Turma, julgado em 09/03/2022, DJe-049 DIVULG 14-03-2022 PUBLIC 15-03-2022).

Não cabe habeas corpus para questionar passaporte vacinal/sanitário

O Habeas corpus não constitui via própria para impugnar Decreto de governador de Estado sobre adoção
de medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID-19 para que as
pessoas possam circular e permanecer em locais públicos e privados.
STJ. 2ª Turma. RDC no HC 700487-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 726).

2021

Se o habeas corpus discutia a quebra na cadeia de custódia da prova da materialidade, o que teria
ocorrido no momento do flagrante, a superveniência da sentença condenatória não faz com que
esse habeas corpus perca o objeto

A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar habeas corpus que analisa
tese defensiva de que teria havido quebra da cadeia de custódia da prova, ocorrida ainda na fase
inquisitorial e empregada como justa causa para a própria ação penal.
STJ. 6ª Turma. HC 653515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
em 23/11/2021 (Info 720).

É inadmissível a intervenção do assistente de acusação na ação de habeas corpus

É inadmissível a intervenção do assistente de acusação na ação de habeas corpus.


Isto porque, inexiste imposição legal de intimação do assistente do Ministério Público no habeas corpus
impetrado em favor do acusado. Ademais, como ele não integra a relação processual instaurada nessa
ação autônoma de natureza constitucional, também não possui legitimidade para recorrer de decisões
proferidas em habeas corpus, por não constar essa atividade processual no rol exaustivo do art. 271 do
Código de Processo Penal.
STF. 1ª Turma. AgRg no HC 203.737, Rel. Min. Carmem Lúcia, decisão monocrática em 31/08/2021.

.Não cabe HC para questionar decisão fundamentada que fixou guarda unilateral no âmbito de
ação de divórcio

A definição do regime de guarda, no âmbito de ação divórcio, não tem nenhuma repercussão,
propriamente, no direito de locomoção da criança, desde que preservado o direito de visita e, assim, a
convivência com o genitor com quem não resida.
Assim, o habeas corpus não se presta a imiscuir no modo como tais responsabilidades serão, a partir do
divórcio, partilhadas entre os pais.
Logo, o HC não é a via adequada para que um dos genitores discuta o específico propósito de manter ou
não o regime de guarda unilateral estabelecida em decisão judicial.

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STJ. 3ª Turma. HC 636.744/SP, Rel. Min. Marco Aurelio Belizze, julgado em 15/06/2021.

Não é cabível habeas corpus para impugnar ato normativo que fixa medidas restritivas para

Não é cabível habeas corpus para impugnar ato normativo que fixa medidas restritivas para prevenir a
disseminação da covid-19, por não constituir via própria para o controle abstrato da validade de leis e
atos normativos em geral.
STJ. 5ª Turma. PET no HC 655.460, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 657.184, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/05/2021.

O STF entendeu que é inconstitucional a tese da legítima defesa da honra e, por isso, não é possível
veicular tal tese em sede de habeas corpus

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF n. 779/DF, considerou inconstitucional a tese da


legítima defesa da honra, ainda que utilizada no Tribunal de Júri, não sendo possível dar guarida à
referida tese em sede de habeas corpus.
STJ. 5ª Turma. RHC 136.911-MT, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/03/2021.

2020

Cabimento de habeas corpus para tratar de questões processuais quando a liberdade do paciente
estiver ameaçada, ainda que indiretamente

Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que
para solucionar questões de natureza processual.
STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas
da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia,
alcançando-se o direito de ir e vir.
STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 30/6/2020 (Info 984).

Não cabe habeas corpus de ofício no bojo de embargos de divergência

Não cabe habeas corpus de ofício no bojo de embargos de divergência.


STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1697156/PR, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado em 07/04/2020.
STJ. 3 Seção. AgRg nos EAREsp 693.298/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, julgado em 28/10/2020.

A concessão de habeas corpus de ofício, no bojo de embargos de divergência, encontra óbice tanto no
fato de que o Relator não tem autoridade para conceder a ordem por meio de decisão monocrática,
desconstituindo, na prática, o resultado de acórdão proferido por outra Turma julgadora, como,
tampouco a Seção detém competência constitucional para conceder Habeas Corpus contra acórdão de
Turma do próprio Tribunal.

Não cabe HC contra decisão monocrática de Ministro do STF.

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Não cabe pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão
fracionário da Corte. Ex: não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão
preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado
606 da Súmula do STF.
Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do
plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964)
STF. Plenário. HC 170263, Rel. Edson Fachin, julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping).

Cabimento de habeas corpus para tratar de questões processuais quando a liberdade do paciente
estiver ameaçada, ainda que indiretamente.

Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que
para solucionar questões de natureza processual.
STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal
diversas da prisão.

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas
da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia,
alcançando-se o direito de ir e vir.
STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 30/6/2020 (Info 984).

É possível a impetração de habeas corpus e a interposição de recurso de forma concomitante?

O habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o recurso cabível contra o ato
impugnado, será admissível apenas se: a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou b)
se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do
paciente. Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das questões idênticas
deve ser reservado ao recurso previsto para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via
transversa, na liberdade individual.
STJ. 3ª Seção. HC 482.549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/03/2020 (Info 669).

Não cabe HC contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado
ou réu

Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de
investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da Súmula
do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma,
ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285
AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964).

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se


busca o trancamento da ação penal?

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o
trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente
fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?

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• STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de
habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min.
Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657).
• STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de acordo de
transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. A aceitação do
acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da
persecução penal. Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos
de menor gravidade, a barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos
fundamentais do acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos
fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de
aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações
em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

Não se conhece de habeas corpus impetrado contra decisão monocrática de Ministro do STJ que
nega liminar mantendo decisão do TJ que determinou a execução provisória da pena em caso de
condenação pelo Tribunal do Júri

Tribunal do Júri condenou o réu. Juiz-Presidente concedeu a ele o direito de recorrer em liberdade.
Em apelação, o Tribunal de Justiça manteve a condenação.
Contra esse acórdão, o réu interpôs, simultaneamente, recurso especial e extraordinário.
A decisão do TJ foi proferida na época em que o entendimento do STF era no sentido de ser cabível a
execução provisória da pena.
Diante disso, o TJ, logo depois de receber os recursos especial e extraordinário, determinou que o
condenado iniciasse imediatamente o cumprimento da pena.
Ocorre que logo depois, o STF alterou a sua posição e passou a proibir a execução provisória da pena
(ADC 43/DF, julgada em 7/11/2019).
A defesa do réu impetrou habeas corpus no STJ pedindo a liberdade imediata do condenado.
O Ministro Relator do STJ, monocraticamente, negou o pedido de liminar.
A defesa impetrou, então habeas corpus para o STF contra essa decisão do Ministro do STJ.
Cabe habeas corpus neste caso? Não. Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão
monocrática do Ministro do STJ. Aplica-se o raciocínio da súmula 691 do STF.
Exceções: a regra acima exposta pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se
mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do
STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus.
No caso concreto, o STF entendeu que havia alguma situação excepcional que poderia justificar a
concessão do habeas corpus de ofício? Não. A 1ª Turma do STF afirmou o seguinte: realmente,
atualmente, não cabe execução provisória da pena. Isso foi decidido na ADC 43/DF, julgada em
7/11/2019). No entanto, o caso concreto envolve uma condenação pelo Tribunal do Júri. Existem alguns
Ministros do STF que entendem que seria possível a execução provisória da pena nas condenações do
Tribunal do Júri. Isso porque, em razão da soberania dos vereditos, o Tribunal não pode reexaminar os
fatos decididos pelos jurados. A discussão sobre a possibilidade ou não de execução provisória das
condenações do Tribunal do Júri será definida pelo STF no Recurso Extraordinário 1235340, cujo relator
é o Ministro Luís Roberto Barroso e que está previsto para ser julgado ainda no ano de 2020. Logo,
como existe essa possibilidade de o STF adotar a execução provisória nas condenações envolvendo o
Júri, não se pode dizer que a decisão do Tribunal de Justiça tenha sido teratológica, flagrantemente ilegal,
abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia
conceder de ofício o habeas corpus.
STF. 1ª Turma. HC 175808/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 17/12/2019 (Info 964).

2019

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Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se existe
conexão entre os crimes

O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da competência,
bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado. STF. 1ª Turma. HC 151881
AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info 959).

Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena

Não é cabível revisão criminal para se pretender a rediscussão do mérito da condenação. Não cabe
revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão julgador na fixação da
pena. Não se aplica a minorante do arrependimento posterior (art. 16 do CP) no caso do crime do art. 20
da Lei nº 7.492/86, considerando que se trata de delito de natureza formal, que dispensa a ocorrência de
resultado naturalístico. Além disso, se a reparação do dano foi feita por terceira pessoa – sem que se
comprove que agiu em nome do agente – não se aplica o benefício do arrependimento posterior, que
exige pessoalidade e voluntariedade na reparação. STF. Plenário. RvC 5475/AM, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 6/11/2019 (Info 958).

Não cabe revisão criminal contra decisão que se limita a inadmitir recurso

Não cabe revisão criminal para impugnar decisão que se limita a inadmitir recurso. A decisão suscetível
de impugnação por meio de revisão criminal consiste no ato jurisdicional que impõe ou chancela
(confirma) o mérito de pronunciamento condenatório. Não cabe revisão criminal contra decisões
posteriores que, correta ou incorretamente, tenham inadmitido ou negado provimento a recursos, visto
que essas manifestações jurisdicionais não compõem o título condenatório. STF. Plenário. RvC 5480
AgR/AM, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 12.9.2019. (RvC-5480)

Cabe habeas corpus para questionar a decisão do magistrado que não permite que os réus
delatados apresentem alegações finais somente após os réus colaboradores

Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como na análise
da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por último as alegações finais,
se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve
liberdade de ir e vir. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949).

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do Ministro
do STF que negou seguimento ao habeas corpus

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do Ministro do STF
que negou seguimento ao habeas corpus. Fundamento: aplicação, por analogia, da regra do § 3º do art.
937 do CPC/2015. STF. 2ª Turma. HC 152676/PR, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 9/4/2019 (Info 937).

Obs.: A 1ª Turma do STF entende NÃO ser cabível, conforme informativo 959, STF.

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se


busca o trancamento da ação penal

A transação penal é um instituto que, por natureza e como regra, ocorre na fase pré-processual. Seu
objetivo é impedir a instauração da persecutio criminis in iudicio (persecução penal em juízo). Se a

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transação penal foi aceita, isso significa que não existe ação penal em curso. Como não existe ação penal
em curso, não se pode falar em habeas corpus para trancar a ação penal. Ela, repito, não existe. Logo,
não se revela viável, após a celebração do acordo, pretender discutir em ação autônoma (HC) a existência
de justa causa para ação penal. Trata-se de decorrência lógica, pois não há ação penal instaurada que se
possa trancar. STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
24/09/2019 (Info 657).

A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão de instância,
pode ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com base no art. 621, I, do CPP

O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença condenatória for contrária ao
texto expresso da lei penal”. É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que,
sem indicar nenhum dispositivo de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância
quanto a ausência de esgotamento da prestação jurisdicional. Isso porque a expressão “texto expresso da
lei penal” prevista no art. 621, I, do CPP é ampla e abrange também as normas processuais não estão
escritas. STJ. 3ª Seção. RvCr 4.944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/09/2019
(Info 656).

2018

Não cabe recurso contra a decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou indefere
liminar em HC

Não se admite agravo regimental contra decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou
indefere liminar em habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 4/9/2018 (Info 914).

Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja julgado pelo Plenário do STF (e
não pela Turma)

A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do STF (e não do
Plenário). Ex: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das Turmas do STF.
O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo
Plenário?
SIM. Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF.
Para fazer isso, o Relator precisa fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma
justificativa para que o caso seja levado ao Plenário?
NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma
discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC
143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897)

A superveniência da sentença condenatória faz com que o habeas corpus impetrado anteriormente
fique prejudicado

A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a análise do habeas
corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia.
Se, após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata
sentença/acórdão condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração do
título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão antes do julgamento não deverá ser
conhecido. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info
897).

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Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em julgado

É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado?


1ª) SIM. Foi o que decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
27/2/2018 (Info 892).
2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade
flagrante, o Tribunal poderá conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).

É possível a impetração de habeas corpus coletivo

O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo.


O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de
ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-
lo é o habeas corpus, individual ou coletivo.
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional
de conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus).
Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais
que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art.
580, ambos do CPP.
O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício.
O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja
estendida para todos que se encontram na mesma situação.
Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma
situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa.
Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes,
exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a
máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal
da efetividade da prestação jurisdicional.
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12
da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:
1) o Ministério Público;
2) o partido político com representação no Congresso Nacional;
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos 1 (um) ano;
4) a Defensoria Pública.
STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).

É cabível habeas corpus para questionar a imposição de medidas cautelares diversas da prisão

O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas
da prisão. STF. 2ª Turma. HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em
18/12/2017 (Info 888).

6.14. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?


1. Ano: 2022 Banca: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil
Tendo em conta as Sumulas dos Tribunais Superiores acerca dos institutos de direito processual penal,
assinale a alternativa correta.

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A) A citação por edital, que indica o dispositivo da lei penal, mas não transcreve a denúncia, é nula.
B) Tratando-se de habeas corpus, o julgamento por Tribunal Colegiado é nulo, se não houver prévia
intimação do impetrante da pauta de julgamento, mesmo que inexista pedido expresso.
C) Em caso de recurso exclusivo do acusado, vedada restará a imposição de medida de segurança pelo
Tribunal.
D) A pronúncia é causa suspensiva da prescrição, ainda que o Tribunal venha desclassificar o crime.
E) A homologação da transação penal impede que o Ministério Público ofereça denúncia, ainda que o
beneficiado tenha descumprido suas cláusulas.
GAB: C

__________________________________________

2. Ano: 2022 Banca: VUNESP - 2022 - PC-RR - Delegado de Polícia Civil


Sobre os recursos e o habeas corpus, é correto afirmar que:

A) Os recursos, em geral, e o habeas corpus são meios de impugnação de decisões, utilizados sempre
antes da preclusão, originando uma nova relação jurídica.

B) A apelação e o recurso especial são recursos de fundamentação livre, enquanto o recurso


extraordinário é de fundamentação vinculada.

C) O princípio do duplo grau de jurisdição, que consiste na possibilidade de reanálise da decisão judicial
por órgão diverso e hierarquicamente superior, é expresso na Constituição Federal, embora não seja
absoluto, pois há decisões irrecorríveis.

D) O princípio da disponibilidade dos recursos não se aplica ao Ministério Público, sendo vedado ao
órgão desistir de recurso ou renunciar a qualquer recurso, embora não seja obrigado a recorrer

E) O habeas corpus é cabível contra decisões proferidas em processo em curso por infração penal a que
a pena pecuniária de multa seja a única cominada.

GAB: D

__________________________________________

3. (Ano: 2021 Prova: FAPEC - 2021 - PC-MS - Delegado de Polícia


Sobre a ação popular, o habeas corpus e o habeas data, assinale a alternativa correta.

a) O STF entende cabível habeas corpus em processo de impeachment de Presidente da República.

b) Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

c) É cabível habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

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d) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.

e) O habeas data é o instrumento apto a tutelar o direito líquido e certo à obtenção de certidão.

GAB: B

__________________________________________

4. (Ano: 2021 Prova: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil)
Quanto à ação de ordem de habeas corpus, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por
não estar mais em causa a liberdade de locomoção.

b) Não cabe habeas corpus originário para o tribunal pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida
em habeas corpus ou no respectivo recurso.

c) Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do
relator que, em habeas corpus requerido a Tribunal Superior, indefere a liminar.

d) Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

e) Compete subsidiariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra


decisão de Juizados Especiais Criminais.

GAB.: E

__________________________________________

5. (2020 - VUNESP - EBSERH - VUNESP - 2020 - EBSERH – Advogado). No que concerne


ao regramento legal do habeas corpus previsto no CPP, é correto afirmar:

a) dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou
coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, inclusive nos casos de punição disciplinar.
b) recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente,
mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
c) se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será definitivamente
arquivado.
d) a lei processual penal não prevê a possibilidade de os juízes e os tribunais expedirem de ofício
ordem de habeas corpus.

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e) não cabe habeas corpus quando negada a liberdade sob fiança, mesmo que a lei autorize a
liberdade no caso concreto.

Gab. B. Conforme dito na questão, ao receber a petição de habeas corpus e estando o paciente preso, o
juiz, se julgar necessário, mandará que lhe seja apresentado imediatamente em dia e hora que designar,
conforme previsão expressa do artigo 656 do Código de Processo Penal.

Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe
seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar.

Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão contra o detentor, que será processado na
forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo.

____________________________________________

6. (2018 - VUNESP -TJ-MT - VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto). É correto afirmar
a respeito do habeas corpus que

a) é incabível para discutir o mérito de decisão administrativa que imponha sanções disciplinares a
integrante de corporação.
b) pode ser impetrado durante o inquérito policial baseado na dúvida sobre os indícios de autoria e
de materialidade do crime.
c) não é admissível a sua impetração em face de ato de particular.
d) é admissível como recurso cabível para desafiar decisão do Tribunal do Júri que seja contrária às
provas dos autos.
e) não pode ser concedido de ofício pelos juízes ou tribunais no curso do processo.

Gab. A. A exceção está na Constituição Federal quando diz que não caberá habeas corpus em relação
a punições disciplinares militares, conforme art. 142, §2º. Ou seja, não se aplica às forças armadas, às
corporações militares do Estado, do DF e dos Territórios. Entretanto é importante ressaltar que pode
caber o habeas corpus para questionar a legalidade da punição disciplinar, um exemplo é a falta de
competência da autoridade que aplica a punição.

CF. Art. 142 § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.

____________________________________________

7. (2018 - VUNESP - TJ-MT - VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto). Com relação às
nulidades e aos recursos em geral, é correto afirmar que
a) da decisão que concede habeas corpus cabe recurso em sentido estrito.

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b) o juízo de delibação é o juízo de admissibilidade recursal feito pelo magistrado de primeiro grau
quanto aos pressupostos objetivos e subjetivos para análise de seu conhecimento.
c) ocorre a preclusão da arguição de nulidade verificada após a sentença de pronúncia se não
alegada até o final do julgamento perante o Tribunal do Júri.
d) a não interposição de recurso por parte do Ministério Público impede o recebimento de recurso
apresentado pelo assistente da acusação.
e) sobre a decisão que aprecia a unificação de penas cabe recurso com efeito meramente devolutivo.

Gab. A. Correta de acordo com o Art. 581, X, do Código de Processo Penal:

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;

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8. (2018 - CESPE / CEBRASPE - MPU - CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito).
Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a
ser julgada em consonância com a doutrina majoritária e com o entendimento dos tribunais
superiores acerca de provas no processo penal, prisão e liberdade provisória e habeas corpus.

Um cidadão foi indiciado por supostamente ter praticado crime contra a administração pública.
O próprio indiciado, que não possui formação universitária, impetrou habeas corpus por meio de
carta manuscrita. Nessa situação, é incabível o habeas corpus, devido à falta de capacidade
postulatória do impetrante.

( ) Certo

( ) Errado

Gab. Errado. Por estar em jogo a liberdade de locomoção, qualquer pessoa pode impetrar uma ordem
de habeas corpus, não sendo exigida capacidade postulatória. O remédio constitucional do habeas
corpus qualifica-se como típica ação penal popular, o que legitima o seu ajuizamento por qualquer
pessoa, qualquer que seja a instância judiciária competente. A propósito, o art. 654, caput, do CPP,
estabelece que o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
bem como pelo Ministério Público. Vê-se, portanto, que a legitimidade ativa para o ajuizamento
de habeas corpus reveste-se de caráter universal, o que torna prescindível, até mesmo, a outorga de
mandato judicial que autorize o impetrante a agir em favor de quem estaria sujeito, alegadamente, a
situação de injusto constrangimento em sua liberdade de locomoção física.

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9. (2018 - FGV - TJ-SC - FGV - 2018 - TJ-SC - Oficial de Justiça e Avaliador). Como forma
de garantir os direitos do réu e combater decisões judiciais, o Código de Processo Penal prevê,
além dos recursos legais, ações autônomas de impugnação, destacando-se o habeas corpus, que
também possui disciplina constitucional.
Sobre o habeas corpus, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é correto
afirmar que:

a) poderá a ordem de habeas corpus ser deferida de ofício pelo Tribunal de Justiça, verificando
existência de coação ilegal ao réu preso, ainda que em recurso único do Ministério Público;
b) caberá habeas corpus em busca de desconstituição de sentença condenatória em que foi aplicada
exclusivamente pena de multa;
c) dependerá de representação de advogado regularmente constituído nos autos a interposição
de habeas corpus;
d) caberá habeas corpus para combater exclusivamente a sanção de perda da função pública
imposta;
e) admite-se a produção de provas durante a instrução em sede de habeas corpus.

Gab. A. É o art. 654, § 2º do CPP que enuncia a situação exposta. Em outras palavras, os juízes e os
tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de HC quando no curso de processo verificarem
que alguém sofre (e nossa questão especificou o réu preso) ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público.

§ 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.

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10. (2018 - CESPE / CEBRASPE - TJ-CE - CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substituto). O habeas
corpus
a) abrange, na atualidade, qualquer ato constritivo à liberdade, direta ou indiretamente, mesmo que
não envolva a decretação da prisão.
b) não pode ser concedido contra decisão do tribunal do júri transitada em julgado.
c) não pode analisar questões extremamente complexas, especialmente porque seu procedimento é
sumário e de cognição limitada.
d) não é cabível nas hipóteses de punição disciplinar aplicada a militar, de acordo com os tribunais
superiores.

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e) é cabível contra qualquer sentença penal condenatória, inclusive aquelas que fixem somente a
pena de multa.

Gab. A. Atualmente a jurisprudência reconhece a ampliação da possibilidade de manejo do Habeas


Corpus, pois se possibilita um controle na legalidade das fases da persecutio criminis. O remédio ficou
elastecido para abranger qualquer ato constritivo, seja de forma direta ou indireta, imediata ou mediata,
à liberdade ambulatorial, ainda que se refira a decisões jurisdicionais não vinculadas à decretação da
prisão.

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11. (2018 - CESPE / CEBRASPE - EBSERH - CESPE - 2018 - EBSERH – Advogado). Julgue
o seguinte item, acerca do habeas corpus e de medidas coativas de prisão.
Não se admite a impetração de habeas corpus para atacar sentença cuja condenação se tenha
limitado a pena de natureza pecuniária.

( ) Certo

( ) Errado

Gab. Certo. Súmula 693 – STF:

Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a
que a pena pecuniária seja a única cominada.

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12. (2018 - VUNESP - TJ-RS - VUNESP - 2018 - TJ-RS - Juiz de Direito Substituto). Assinale
a alternativa correta.
a) O procedimento comum será ordinário, sumário ou especial.
b) Os processos que apuram a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as
instâncias apenas se houver réu preso.
c) O juiz terá o prazo de 5 dias para proferir a sentença caso conceda às partes prazo para a
apresentação de memoriais.
d) No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em
processo penal, é facultativa a citação do réu como litisconsorte passivo.
e) Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ainda que seja patente o
constrangimento ilegal causado.

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Gab. E. Correta, pois é o que observa a Súmula 693 do STF ao vedar a utilização do HC contra decisão
condenatória à pena de multa, ainda que seja patente o constrangimento. Isso porque a multa não ameaça
a liberdade; que seria o direito protegido pelo remédio.

____________________________________________

13. (2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia). O Código
de Processo Penal exige que a petição que visa a impetrar ordem de habeas corpus indique os
seguintes requisitos:
a) quem sofre a violência ou se encontra na iminência de sofrê-la e a descrição do constrangimento
que se alega, sendo facultativa a qualificação de quem propõe a medida.
b) a descrição da violência ou da ameaça de violência que se acredita existir, a identificação nominal
da autoridade que pratica ou irá praticar essa violência e os nomes de testemunhas que a comprovem.
c) a pessoa que está sofrendo o constrangimento, a autoridade coatora, a especificação da
modalidade de violência ou ameaça que justifique a medida e a assinatura e a identificação do
impetrante.
d) o ato ou fato que cause o constrangimento que justifique a impetração, o nome e o cargo da
autoridade que pratique a ilegalidade e o nome e a qualificação do impetrante, sendo vedada a impetração
por analfabeto.
e) a qualificação completa de quem sofre a violência ou a ameaça de coação e da autoridade que a
pratique, a descrição da ação arbitrária e os nomes de testemunhas que a comprovem.

Gab. C. A assertiva encontra respaldo legal no art. 654 do CPP, corresponde ao que está previsto no
§1º, alíneas “a", “b" e “c":

Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público.

§ 1º A petição de habeas corpus conterá:

a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou
ameaça;

b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu
temor;

c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das
respectivas residências.

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14. (2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia). O


cumprimento de um alvará de soltura clausulado expedido pela autoridade judiciária em sede
de habeas corpus significa que
a) o paciente deverá ser imediatamente solto, independentemente de qualquer outra cláusula ou
condição.
b) a soltura do paciente apenas poderá ocorrer depois de autorizada pelo juízo que havia
determinado a prisão objeto da impetração.
c) somente poderá ocorrer a soltura do paciente se ele aceitar submeter-se a medida cautelar diversa
da prisão.
d) o paciente deverá ser solto imediatamente, desde que não haja outro motivo legal para mantê-lo
preso.
e) o paciente será solto tão logo haja demonstração da justeza dos motivos alegados na impetração.

Gab. D. A assertiva está em consonância com a previsão processual, a afirmação corresponde à ideia
prevista no art. 660, §1º do CPP:

Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e
quatro) horas.

§ 1º Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na
prisão.

____________________________________________

15. (2018 - FCC - DPE-AP - FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público). Segundo a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é cabível habeas corpus
a) para aplicação de prisão domiciliar, mas vedado para afastar pena acessória de perda de cargo
público.
b) para trancar ação penal em caso de atipicidade da conduta, mas vedado para discutir ausência de
justa causa para a ação penal.
c) para reexame do regime inicial de cumprimento de pena, mas vedado para reexame de dosimetria
da pena.
d) em caráter preventivo, mas vedado contra decisão que denega liminar de maneira teratológica.
e) para revogar a prisão preventiva, mas vedado para revogação de fiança arbitrada.

Gab. A. Correta. Intelecção da Súmula 694 do STF ''Não cabe habeas corpus contra a imposição da
pena de exclusão militar ou de perda de patente ou de função pública''; com o Art. 648(CPP), e seus
incisos.
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Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

VII - quando extinta a punibilidade.

____________________________________________

16. (2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia
Civil).
Em determinada comarca de um estado da Federação, em razão de uma denúncia anônima e após
a realização de diligências, a polícia civil prendeu Maria, de dezoito anos de idade, que
supostamente traficava maconha em uma praça nas proximidades da escola pública onde ela
estudava. Levada à delegacia de polícia local, Maria foi autuada e indiciada. Depois de reunidos
elementos informativos suficientes, o delegado elaborou um relatório com a descrição dos fatos,
apontando os indícios de autoria. Com o encerramento das investigações, o inquérito policial foi
encaminhado à autoridade competente.

Considere que os seguintes fatos sejam adicionais à situação hipotética descrita no texto 1A2AAA.

Presa preventivamente, Maria teve pedido de liberdade provisória indeferido pelo juiz da
comarca, sob o fundamento de que ela havia confessado o delito no interrogatório policial e de que
a pena do crime, abstratamente considerada, é superior a quatro anos de reclusão. Cientificado
pessoalmente da decisão, o defensor público impetrou habeas corpus no tribunal de justiça.

Nesse caso, o habeas corpus

a) reparará a violação ao direito de ir e vir de Maria, direito esse de responsabilidade da autoridade


policial que não arbitrou fiança, o que configura coação ilegal, visto que a paciente foi mantida presa
por tempo superior ao permitido.
b) é inadmissível, devendo ser indeferido de plano, porque Maria confessou o delito.

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c) poderá ser acolhido, visto que a fundamentação apresentada para negar o pedido de liberdade
provisória foi insuficiente por não tratar dos requisitos legais para a manutenção da prisão preventiva.
d) constitui pretensão de natureza constitutiva, com vistas à concessão de salvo conduto.
e) constitui ação autônoma de natureza constitucional, razão por que tem por princípios a
celeridade, a formalidade e a gratuidade.

Gab. C. O item A está ERRADO. Tráfico de drogas é delito inafiançável, e, mesmo que coubesse a
fiança, esta não poderia ser arbitrada pela autoridade policial tendo em vista que a pena para o crime
varia de 05 a 15 anos. O item B também está ERRADO. A confissão em sede de IP não impede liberdade
provisória. Se não preenchidos os requisitos da preventiva o agente deve ser posto em liberdade. O item
D está ERRADO. Salvo conduto é expedido nos HC´S preventivos. Como a trafica já estava presa, no
caso de concessão de HC, é expedido o ALVARÁ DE SOLTURA. E o item E também ERRADO. HC
segue o princípio da informalidade.

____________________________________________

17. (2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia
Civil). Uma autoridade policial determinou a instauração de inquérito policial para apurar a
prática de suposto crime de homicídio. Entretanto, realizadas as necessárias diligências,
constatou-se que a punibilidade estava extinta em razão da prescrição.

Nessa situação,

a) é cabível recurso em sentido estrito com o objetivo de trancar o inquérito policial, mas somente
após a decisão que recebe a denúncia.
b) não há instrumento processual capaz de trancar o inquérito policial.
c) poderá ser impetrado habeas corpus com o objetivo de trancar o inquérito policial.
d) poderá ser impetrado mandado de segurança contra o ato da autoridade policial para trancar o
inquérito policial.
e) é cabível recurso de apelação com o objetivo de trancar o inquérito policial, mas somente em
caso de sentença penal condenatória.

Gab. C. Conforme os Arts. 647 e 648 do CPP:

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal
na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

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II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;

III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;

IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;

V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;

VI - quando o processo for manifestamente nulo;

VII - quando extinta a punibilidade.

Informativo 576 do STF: é possível o trancamento do IP por meio de HC quando for evidente
a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a ausência de elementos que indiquem a autoria
e materialidade do crime, ou seja, sem justa causa.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

7. MANDADO DE SEGURANÇA

7.1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL

O mandado de segurança está previsto na CF/88, e no âmbito infraconstitucional era previsto


pela Lei 1.533/1951 revogada pela atual Lei 12.016/2009 que está em pleno vigor, aplicando-se ainda
subsidiariamente as regras previstas pelo CPC (por exemplo em casos de imposição de multa diária à
própria autoridade coautora com base no Art. 461, § 4º e § 5º do CPC).

Desse modo, temos regramento atualmente a referida a Lei n. 12.016/2009 e CF, e


subisidiariamente, o CPC. Vejamos:

CF/88 Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Lembrando que o Mandado de Segurança é uma ação autônoma de impugnação, assim como
o habeas corpus e a revisão criminal.

Vejamos:

Ação
Autônoma de
Impugnação

Mandado de Revisão
Habeas Corpus
Segurança Criminal

- Habeas Corpus: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder” (CF, art. 5º, LXVII).

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- Revisão criminal: É a modalidade de ação impugnativa que tem por objetivo a desconstituição
da decisão judicial de caráter condenatória, após o seu trânsito em julgado, conforme expressa
previsão do artigo 621, e seguintes, do Código de Processo Penal:

CPP, art. 621. A revisão dos processos será admitida:

I – quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos:

II – quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;

III- quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize a diminuição especial da pena.

- Mandado de segurança: “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido


e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
do Poder Público” (CF, art. 5º, LXIX).

Para Guilherme de Souza Nucci, o habeas corpus é instituto correlato ao mandado de segurança;
ambos são ações constitucionais para tutelar direitos líquidos e certos, que foram conspurcados por
ilegalidades ou abusos de poder. Porém enquanto o habeas corpus visa à proteção da liberdade de
locomoção (art. 5º, LXVIII, CF), o mandado de segurança destina-se a todos os demais direitos líquidos
e certos (art. 5º, LXIX, CF), funcionando em caráter residual.

Ou seja, não cabendo o habeas corpus, quando não se discutir a liberdade de locomoção, podemos
utilizar o mandado de segurança.

7.2. NATUREZA JURÍDICA

Ação autônoma de impugnação, de rito sumário especial, com status constitucional (está presente
na CF, e existe um rito especial previsto em Lei).

Essa ação autônoma de impugnação se difere claramente de um recurso, neste último o processo
de comporta da seguinte forma:

Processo Decisão Recurso

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Enquanto na ação autônoma de impugnação:

Processo

Ação autônoma de impugnação

Candidato por que a nomenclatura “mandado de segurança” e não “ação de segurança”?


A expressão “mandado” reforça a ideia de imperatividade, que de fato é uma ação de mandamento, tendo
em vista trazer uma ordem, seja cautelar (fumus boni iuris + periculum in mora. Exemplo mandado de
segurança buscando a restituição de um veículo apreendido em face do risco de deterioração),
constitutiva (criação, modificação ou extinção de uma determinada situação jurídica. Exemplo
reconhecimento do direito da vítima de atuar como assistente de acusação) ou declaratória (declaração
de existência ou inexistência de relação jurídica. Exemplo, declaração ao direito do advogado a ter
acesso aos autos de inquérito, reconhecimento da extinção da punibilidade de um crime ambiental
praticado por pessoa jurídica, etc.).

7.3. DIREITO LÍQUIDO E CERTO

CF/88 Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;

Lei 12.016/09 Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por
parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

O direito líquido e certo é exatamente aquele que não gera dúvida quanto a sua existência,
passível de ser comprovado de plano, documentalmente, que dispensa dilação probatória. Lembrando
que a complexidade da causa não afasta a aplicação do mandado de segurança, apenas não será possível
dilação probatória:

Súmula 625 STF. Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado
de segurança.

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7.4. LEGITIMIDADE ATIVA

Quem possui legitimidade para o mandado de segurança? Qualquer pessoa, física ou jurídica,
nacional ou estrangeira, cujo direito líquido e certo tenha sido violado ou esteja ameaçado em razão de
ilegalidade ou abuso de poder no âmbito criminal o mandado de segurança poderá ser ajuizado pelo
acusado (pessoa física ou jurídica), MP, ofendido, querelante ou terceiros interessados.

No caso de vários interessados ou corréus, será aplicado o art. 1º, § 3º “quando o direito ameaçado
ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança.”.

7.5. LEGITIMIDADE PASSIVA

- Para a maioria a legitimidade passiva será da autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do poder público que praticou o ato ou deu a ordem, ou seja, o
responsável pela ilegalidade.

- Para outros o legitimado passivo será a pessoa jurídica de direito público que presente a
autoridade coatora.

- Uma terceira corrente afirma que tanto a autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
responsável pela ilegalidade quanto a pessoa jurídica de direito público.

- E ainda para Nestor Távora não há propriamente legitimidade passiva definida.

Lei 12.16/2009 Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela
lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira
reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta
integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.

No âmbito criminal o mandado de segurança, geralmente tem por legitimados passivos os atos
da polícia judiciária, juízes, Tribunais ou membros do MP.

Súmula 701 STF. No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra
decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.

Se o mandado de segurança ajuizado pelo MP está contra uma decisão proferida no processo
penal, necessita-se estabelecer o contraditório, sendo obrigatória a citação do réu para formação do

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litisconsorte passivo. Para alguns, afirma-se que o acusado que ajuíza mandado de segurança contra
decisão proferida em processo penal, deverá ser citado também a acusação, resguardando-se o
contraditório.

7.6. CABIMENTO

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

- Ato praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
poder público.

- Existência de direito líquido e certo.

- Ilegalidade ou abuso de poder

- Inexistir vedação: Não amparado por habeas corpus ou habeas data.

7.7. EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA

Decisão que indefere o pedido de habilitação como assistente da acusação


CPP, art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto,
constar dos autos o pedido e a decisão.

Para impedir quebra de sigilo bancário ou fiscal do investigado

Para trancar inquérito ou processo penal, se a infração não for cominada em pena privativa de
liberdade
Súmula 693 do STF. "Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou
relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada".

Em proteção à pessoa jurídica, nos crimes ambientais

Para garantir o direito de não se submeter à identificação criminal

Para garantir acesso do advogado aos autos do inquérito policial, em caso de negativa por parte
da autoridade policial (salvo quanto às diligências em andamento).

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Súmula vinculante 14 STF. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos


(Ano: 2021 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2021 - PC-MG - Delegado de
Polícia
Centenas de delegados civis do Estado ZW reuniram-se na sede do Sindicato dos Delegados local,
representante dos interesses dessa categoria. O sindicato está legalmente constituído e em funcionamento
há três anos.
Depois de longo período sem reajustes na sua remuneração, em assembleia geral convocada
especialmente para deliberar a respeito das medidas a serem adotadas pelos sindicalizados, decidiram
adotar providências concernentes a manifestações de rua, em frente à Assembleia Legislativa, de
maneira pacífica e organizada.
Ao ser comunicado sobre as reuniões acima, o Governador de Estado respondeu ao Sindicato dos
Delegados que as estava indeferindo, dando ordem expressa para que elas não fossem realizadas.
Dentre os remédios constitucionais abaixo, o adequado à iniciativa do Sindicato, para assegurar os
direitos dos filiados, sem necessidade de dilação e instrução probatórias, é:
a) Mandado de Segurança individual.
b) Mandado de Segurança coletivo.
c) Mandado de Injunção coletivo.
d) Ação Popular.

Gab: B

7.8. VEDAÇÕES AO USO


CF/88 Art. 5º LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;

Liberdade de locomoção Habeas Corpus

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Direito à informação Habeas Data

Segundo a CF/88 não caberá mandado de segurança se possível habeas corpus ou habeas data
(caráter residual).

Lei 12.016/2009 Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de


caução;

Se cabe recurso administrativo com efeito suspensivo n]ao há o que se falar em mandado de
segurança, já existe um meio próprio de impugnação.

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

Pela letra da Lei a contrário senso, se fosse uma decisão judicial sem efeito suspensivo, caberia
mandado de segurança, no entanto a jurisprudência é bem restritiva ao mandado de segurança quando é
cabível algum recurso, mesmo que sem efeito suspensivo, não admitindo, portanto, o Mandado de
Segurança, nesta hipótese.

Desta forma a Lei diz que não cabe Mandado de Segurança de decisão judicial que caiba recurso
com efeito suspensivo, mas a jurisprudência em regra tem inadmitido quando cabe recurso mesmo que
sem efeito suspensivo, salvo quando houver decisão teratológica (absurda) ou flagrante ilegalidade.

Súmula 267 do STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição.

Súmula 604 do STJ. Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a
recurso criminal interposto pelo Ministério Público.

O mandado de segurança não serve como sucedâneo recursal, daí porque não é cabível sua
impetração em casos em que há recurso próprio, previsto na legislação processual, apto a
resguardar a pretensão do impetrante, mesmo que sem efeito suspensivo, salvo a hipótese de
decisão teratológica ou flagrantemente ilegal, o que não restou demonstrado”. STJ Aglent no
MS 23.159/ DF, Rel. Minitra Maria Thereza 29/11/2017.
Conforme pacífica jurisprudência desta Supremas Corte, o mandado de segurança não configura
“via recursal“ para a reiteração da inconformidade do interessado contra ato jurisdicional. Por
isso, exige-se a demonstração de inequívoca teratologia, situação ausente na presente hipótese”
(STF AC 3401, Rel. Min. Rosa Weber, j. 03/11/2015).

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III - de decisão judicial transitada em julgado.

Súmula 268 STF. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.

Súmula 266 STF. Não cabe mandado de segurança contra Lei em tese.

Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o
desbloqueio de bens e valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar de não julgar
o mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. O procedimento adequado para a
restituição de bens é o incidente legalmente previsto para este fim. O instrumento processual
para impugnar a decisão que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a utilização de
mandado de segurança como sucedâneo do recurso legalmente previsto. STJ. 6ª Turma. REsp
1787449-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/03/2020 (Info 667).

7.9. COMPETÊNCIA

Atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
STF Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal
Federal; (Art. 102, I, d, CF/88).
Ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
STJ Marinha, do Exército e da Aeronáutica e do próprio STJ.
(Art. 105, I, b, CF/88).
TRF Ato de juiz federal ou do próprio TRF (art. 108, I, c, CF/88).
TJ Ato de juiz de direito e do próprio TJ.
Ato de autoridades federais em geral, excetuados os casos de competência dos tribunais
Juízes federais federais.
(Art. 109, VIII, da CF/88).
Juiz de direito Ato de autoridade sujeita a sua jurisdição.
Turmas Ato de juízes dos Juizados Especiais Criminais e da própria turma recursal.
recursais

Súmula 376 do STJ. Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.

Com relação com promotor de justiça no âmbito estadual e o procurador da república no âmbito
federal, há controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais, mas de modo geral, prevalece o entendimento
de que se a constituição estadual bem como a Lei de organização judiciária local nada mencionar, o
mandado de segurança contra ato praticado pelo promotor de justiça é julgado pelo juiz de direito, e no
âmbito federal o mandado de segurança contra ato praticado pelo procurador da república é julgado pelo
juiz federal.

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Se a constituição do estado ou a Lei de organização judiciaria mencionar que o mandado de


segurança contra ato praticado pelo promotor será julgado pelo tribunal de justiça assim, será, da mesma
forma o procurador da república, caso haja menção será julgado pelo TRF.

7.10. FORMA DE IMPETRAÇÃO

A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual (Arts. 319
e 320 do CPC), será apresentada em 2 vias com os documentos que instruírem a primeira, reproduzidos
na segunda e indicará, além da autoridade coautora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se
acha vinculada ou da qual exerce atribuições (art. 6º, caput, da Lei 12.016/2009).

No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou


estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de
terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em
cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá
cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição (art. 6º, §1º, da Lei 12.016/2009).

O mandado de segurança deverá ser impetrado por quem tem capacidade postulatória,
advogado/MP. Diferente do habeas corpus, que poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor
ou de outrem, bem como pelo MP (art. 654 CPP).

Lei 12.016/2009 Art. 6º § 2º Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria
coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação.

§ 3º Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da


qual emane a ordem para a sua prática.

Lei 12.016/2009 Art. 4º Em caso de urgência, é permitido, observados os requisitos legais,


impetrar mandado de segurança por telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de
autenticidade comprovada.

§ 2º O texto original da petição deverá ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis seguintes.

Observações:

Súmula 512 STF. Não cabe condenação em honorários advocatícios nas ações de mandado de
segurança.

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Súmula 105 STJ. Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários
advocatícios.

7.11. PRAZO

O prazo será de 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (art. 23 da
Lei 12.016/2009).

Lembrando que o prazo decadencial, não está sujeito à interrupção ou suspensão.

Súmula 632 do STF. É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança.

7.12. PROCEDIMENTO.

Distribuída a ação, poderá o juiz indeferir ou receber. Vejamos:

- Indeferir

Lei 12.016/2009 Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando
não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando
decorrido o prazo legal para a impetração.

Do indeferimento da inicial pelo juiz de 1º grau caberá apelação.

- Receber

Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via


apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as
informações;

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica


interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no
feito;

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III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante
e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida,
sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o
ressarcimento à pessoa jurídica.

Quando houver relevante fundamento e se do ato impugnado puder resultar ineficácia da medida,
o juiz poderá, liminarmente, determinar que se suspenda o ato que deu motivo a impetração. Da decisão
do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento.

Art. 7º § 1º Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá
agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
Código de Processo Civil.

§ 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos
tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza.

§ 3o Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a prolação da


sentença.

Os efeitos da liminar perdurarão até o momento em que prolatada a sentença, salvo se, antes,
restar cassada ou revogada.

Art. 8º Será decretada a perempção ou caducidade da medida liminar ex officio ou a


requerimento do Ministério Público quando, concedida a medida, o impetrante criar obstáculo
ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos
e as diligências que lhe cumprirem.

Sumula 405 do STF - denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do


agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão
contrária.

Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o
representante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez)
dias.

Decorrido o prazo fixado ao coator, com ou sem informações, o juiz dará vista ao MP, pelo
prazo de 10 dias, para parecer.

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Retornando-lhe os autos, com ou sem parecer do MP, o magistrado proferirá sentença no prazo
de 30 dias (art. 12, p. único). A sentença concessiva é executada provisoriamente, salvo nos casos em
que vedada a medica liminar (art. 14, § 3º).

7.12.1. PROCEDIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO NOS TRIBUNAIS


DE JUSTIÇA, TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E TRIBUNAIS SUPERIORES

- Se a competência para o processo e julgamento couber originariamente aos tribunais, do ato do


relator que indeferir a inicial caberá agravo para o órgão competente do tribunal que integre. (Art.
10, § 1º).

- Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do processo,
sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento (art. 16).

- Da decisão do relator que conceder ou denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão
competente do tribunal que integre.

7.13. RECURSOS

- SENTENÇA (CONCESSIVA OU DENEGATÓRIA DA SEGURANÇA ) – Apelação (art. 14 da Lei


12.016/2009): Sendo concessiva, cabe ao juiz enviar os autos ao tribunal ad quem para reexame da
sentença (recurso ex officio, previsto no art. 14 § 1º).

- Acórdão proferido pelos tribunais de justiça ou tribunais regionais federais:

C ONCESSIVA - Recurso especial para o STJ (art. 105, III, CF) ou recurso extraordinário para
o STF (art. 102, III, da CF), conforme seja lei federal ou direito constitucional o enfoque,
respectivamente.

D ENEGATÓRIO DA SEGURANÇA – Recurso ordinário constitucional para o STJ (art. 105, II,
b, da CF).

- Decisão proferida por tribunal superior (STJ, TSE, STM OU TST), à exceção do STF:

C ONCESSIVA - Recurso extraordinário para o STF, se presentes os requisitos legais.

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D ECISÃO DENEGATÓRIA – Recurso ordinário constitucional para o STF (art. 102, II, a, da
CF).

Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade


sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus.

VAMOS REVISAR?
MANDADO DE SEGURANÇA (MS)
BASE - Art. 5º, LXIX (individual) e LXX (coletivo), CF
CONSTITUCIONAL
BASE LEGAL - Lei nº 12.016/09
- MS Individual - CF de 1934 (ausente na CF de 37)
HISTÓRICO
- MS Coletivo - CF de 1988
- Ação residual (cabível quando não couber HC ou HD);
DICAS - Não admite dilação probatória;
- Exige prova pré-constituída (assim como no HC).
- proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
OBJETO quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
→ Ativa
- MS Individual
• detentor do direito líquido e certo, podendo ser qualquer pessoa física, jurídica,
alguns órgãos públicos com capacidade processual, agentes políticos, além de outrosentes
despersonalizados com capacidade processual.
- MS Coletivo
• partido político com representação no Congresso Nacional
LEGITIMIDADE • organização sindical
• entidade de classe
• associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados
Obs.: Os legitimados são mais restritos que os do MI coletivo (que também
abrange o Ministério Público e a Defensoria Pública).

→ Passiva
• autoridade coatora

- Preventivo: quando há temor de violação a direito líquido e certo.


ESPÉCIES
- Repressivo: quando já ocorreu violação a direito líquido e certo. Prazo decadencial
de 120 dias.
AÇÃO - Civil
LIMINAR - Sim
ADVOGADO - Sim
GRATUITO - NÃO
PRAZO - Decadencial = 120 dias - MS repressivo
- Foro por prerrogativa função estabelecido na CF (de acordo com a autoridade
COMPETÊNCIA
coatora ou paciente)

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- CONTRA
• Atos de gestão comercial praticados por administradores de EP, SEM e de
Concessionárias (art. 1º, § 2o, da Lei 12.016/09);
• Lei em tese (súmula nº 266, STF);
• Ato judicial passível de recurso ou correição (súmula nº 267, STF);
• Decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, da Lei 12.016/09; súmula nº
268,STF);
NÃO CABIMENTO • Ato que caiba recurso administrativo COM efeito suspensivo, independentemente
de caução (art. 5º, I, da Lei 12.016/09);
• Decisão judicial que caiba recurso COM efeito suspensivo (art. 5º, II, da Lei
12.016/09).

- PARA
• convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (súmula nº 460,
STJ).
Obs.: Cabe para a declaração do direito à compensação tributária (súmula nº 213,
STJ).

• Ação popular (súmula nº 101, STF);


MS NÃO
SUBSTITUI • Ação de cobrança (súmula nº 269, STF).

NÃO CABE NO • Condenação em honorários advocatícios (art. 25, Lei nº 12.016/09; súmula nº
512,STF; súmula nº 105, STJ);
PROCESSO DE MS
• Interposição de embargos infringentes (art. 25, Lei nº 12.016/09).
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

7.14. SÚMULAS

Súmula nº 101, STF: “O mandado de segurança não substitui a ação popular.”

Súmula nº 266, STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.”

Súmula nº 267, STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição.”

EXCEÇÃO: O STJ admite MS contra ato judicial passível de recurso se houver, no caso concreto, uma situação
teratológica, abusiva, que possa gerar dano irreparável e desde que o recurso previsto não tenha ou não possa
obter efeito suspensivo (STJ AgRg no MS 18.995/DF).

Súmula nº 268, STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.”

EXCEÇÃO: Súmula nº 269, STF: “O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.”
Súmula nº 429, STF: “A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso
do mandado de segurança contra omissão da autoridade.”
NÃO CONFUNDA:
ATO e existência de recurso administrativo com efeito suspensivo: impede (art. 5º, I, Lei nº 12.016/09)
OMISSÃO e existência de recurso administrativo com efeito suspensivo: não impede (súmula nº 429,
STF)

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Súmula nº 430, STF: “Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o
mandado de segurança.”

Súmula nº 510, STF: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.”

Súmula nº 512, STF: “Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de
segurança.”

Súmula nº 623, STF: “Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para
conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o pedido contra
deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de
seus membros.”

Súmula nº 624, STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de
mandado de segurança contra atos de outros tribunais.”

Obs.: O STF não dispõe de competência originária para processar e julgar MS impetrado contra ato de
outros Tribunais judiciários, ainda que se trate do STJ. Compete ao próprio STJ julgar os mandados de
segurança impetrados contra seus atos ou omissões.

Súmula nº 625, STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança.”

Obs.: Controvérsia sobre matéria de FATO impede a concessão do MS , ou seja, se os fatos não puderem
ser provados de modo cristalino, o MS será denegado.

NÃOCONFUNDA:

-controvérsia sobre matéria de DIREITO: não impede (súmula nº 625, STF)

-controvérsia sobre matéria de FATO: impede

Súmula nº 629, STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe da autorização destes.” Obs.: Não é necessária autorização dos associados
porque se trata de substituição processual, situação na qual a entidade defenderá, em nome próprio,
interesse alheio (de seus associados).

Súmula nº 630, STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando
a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.”

Súmula nº 632, STF: “É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado
de segurança.”

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Súmula nº 701, STF: “No mandado de segurança impetrado pelo ministério público contra decisão
proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.”

Súmula nº 105, STJ: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários
advocatícios.”

Súmula nº 213, STJ: “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
compensação tributária.”

Súmula nº 333, STJ: “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista ou empresa pública.”

Súmula nº 376, STJ: “Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato
de juizado especial.”

Súmula nº 460, STJ: “É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária
realizada pelo contribuinte.”

NÃOCONFUNDA:
- convalidar a compensação tributária: não cabe
- declarar o direito a compensação tributária: cabe
Súmula nº 604, STJ: “O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público.”

Súmula nº 628, STJ: “A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,
cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que
prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito
nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição
Federal.”

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

8. REVISÃO CRIMINAL
8.1. CONCEITO
A Revisão criminal é uma ação autônoma de impugnação (não é recurso, não continuando
dentro dos mesmos autos – nova ação), de natureza constitutiva (constitutiva negativa – desconstituir
a decisão anterior proferida) de competência originária dos tribunais, que tem como objetivo a
revisão de sentença condenatória ou absolutória imprópria (medida de segurança) com trânsito em
julgado nas hipóteses de erro judiciário.

Embora a revisão criminal encontre previsão legal no capítulo destinado aos recursos no Código
de Processo Penal, de forma semelhante ao habeas corpus, não se trata de recurso, mas ação autônoma
de impugnação.

Lembre-se sempre que a revisão criminal é analisada diretamente pelos tribunais. Sendo
necessário haver a coisa julgada para que haja o interesse em agir, do contrário, a decisão poderá
ser impugnada por meio de um recurso, sendo este o instrumento processual devido.
No caso de sentença absolutória própria, sob qualquer fundamento, o entendimento é de que
não cabe revisão criminal, ou seja, a revisão criminal não busca mudar o fundamento da absolvição.

8.2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL


CF/88 Art. 5º [...] LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.

Se houve absolvição própria, sob qualquer fundamento, não houve erro judiciário que leve ao
direito à indenização, não cabendo revisão criminal.
Lembre-se que não é possível ampliar a revisão criminal para hipóteses de proteção à sociedade:

Pacto de San José da Costa Rica Art. 8º [...] 4. O acusado absolvido por sentença passada em
julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.

Assim, se o réu tiver sido absolvido por falta de provas, em sentença transitada em julgado, ainda
que posteriormente surjam novas provas que sustentem a condenação, o acusado não poderá ser
submetido a novo julgamento pelos mesmos fatos.

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8.3. LEGITIMIDADE
Nos termos do art. 623 do CPP, a revisão criminal poderá ser pedida pelo próprio réu ou
procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
Asssim, possuem legitimidade para ajuizar a revisão criminal:

• Acusado;
• Defensor legalmente habilitado;
• Ministério Público (MP) em favor do acusado;
• Se a revisão criminal já estiver tramitando, pode ser nomeado um curador.

CPP Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver de ser
revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.

Obs.: No caso de morte do réu, o cônjuge, companheiro, ascendente, descendente e irmão


têm interesse na revisão criminal, seja para proteger a memória do réu, seja para proteger o patrimônio
da família.

Alguns destaques devem ser feitos:

- Como já mencionado anteriormente, é possível revisão criminal contra sentença definitiva


proferida por juiz criminal, mesmo que não tenha sido interposto recurso contra ela.

- Cabe revisão criminal também após o cumprimento da pena, pois o acusado pode pretender,
por exemplo, indenização pelo erro judiciário.

- Não cabe revisão criminal para modificar o fundamento de sentença absolutória própria.

8.4. HIPÓTESES DE CABIMENTO


O art. 621 do CPP nos traz as hipóteses em que será cabível o ajuizamento da revisão criminal,
trata-se de rol taxativo, o que significa dizer que não se admite em situações diversas das propostas no
art. 621 do CPP. Somente se admite nos casos ali delimitados. E quais são essas hipóteses?

• quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência
dos autos.
• quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;

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• quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Vejamos:

CPP Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência
dos autos.

Segundo Norberto Avena, “entende-se por contrária ao texto expresso da lei penal, para fins de
revisão criminal, não a decisão que interpretar determinado dispositivo em sentido oposto ao que entende
a maioria, mas sim aquela que contrariar os termos explícitos do direito objetivo ou interpretá-lo
de forma absurda, à revelia de qualquer critério ou margem de aceitabilidade”. Assim, temos que para
que seja cabível o ajuizamento da revisão criminal com base neste fundamento, é imprescindível que a
violação ao texto da lei penal seja frontal, não sendo cabível quando se referir a simples modo de
interpretação.

Súmula 343 do Supremo Tribunal Federal (STF). Não cabe ação rescisória por ofensa a literal
dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação
controvertida nos tribunais.

Dessa forma, caso se trate de questão controvertida entre os tribunais, não é cabível a revisão
criminal.

A segunda hipótese ensejadora da revisão criminal prevista no inc. I, do art. 621 do CPP é no
caso de a sentença penal condenatória ser contrária a evidência dos autos, e o que significa ser contrário
a evidência dos autos? É a decisão que ignora totalmente os fatos e provas produzidas no decorrer do
processo que levam a determinada conclusão (por exemplo, absolvição do acusado por ausência de
indícios de autoria) e a decisão vai em sentido contrário.

Para Norberto Avena, “contrário à evidência dos autos é tanto o julgamento condenatório que
ignora a prova cabal de inocência quanto o que se louva em provas insuficientes, ou imprecisas, ou
contraditórias, ou desprovidas do mínimo de razoabilidade para atestar a culpabilidade do sujeito que se
ache no polo passivo da relação processual penal”.

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CPP Art. 621. [...] II – quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;

Na hipótese de a sentença condenatória ter sido fundamentada com base em depoimentos,


exames ou documentos comprovadamente falsos, será cabível o ajuizamento da revisão criminal.

Nesse caso, deve-se demonstrar qual a falsidade que fundamentou a sentença e comprová-la na
própria revisão (tribunal) ou em procedimento de justificação (corre em primeiro grau de jurisdição).
Nesse sentido, preceitua Norberto Avena, “a prova da falsidade deverá acompanhar a petição de revisão,
sob pena de indeferimento in limine, não se podendo requerer seja feita a comprovação da falsidade no
curso da ação revisional, visto que esta medida não possui uma fase instrutória adequada a essa
finalidade. ”

CPP Art. 621 III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Seria o caso, por exemplo, de um réu que fosse condenado por homicídio e, posteriormente, a
suposta vítima fosse descoberta viva. Trata-se de prova nova que surgiu demonstrando a inocência do
acusado.

Julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL.


REVISÃO CRIMINAL. VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. HIPÓTESE QUE NÃO
CORRESPONDE AO ART. 621, I, DO CPP. 2. A revisão criminal não se presta, quando não
apresentada nenhuma prova nova apta a determinar o reexame da condenação, à nova avaliação
do conjunto probatório, para revogar o decreto condenatório pela inocência do acusado ou pela
insuficiência dos elementos que o fundamentam. Precedentes do STJ. 3. Recurso desprovido.
(REsp: 763283 SC 2005/0103906-2, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
15/12/2005, QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 06/02/2006 p. 305).

Para a interposição de revisão criminal, não é necessário advogado, pois o próprio acusado pode
interpor a peça, com possível nomeação de defensor posteriormente, inclusive para que este adeque o
pedido às hipóteses legais.

Não é necessário também que haja recolhimento à prisão.

Súmula 393 do STF Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à
prisão.

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8.5. PRAZO

O art. 622 do CPP prevê que a revisão criminal poderá ser requerida em qualquer tempo, antes
da extinção da pena ou após. Dessa forma, contemplamos que não há prazo processual para que a revisão
criminal seja ajuizada.
Nesse sentido, preceitua Norberto Avena:
Ao contrário do que ocorre com a ação rescisória cível, inexiste prazo para o ingresso da revisão
criminal, podendo ela ser ajuizada em qualquer tempo, mesmo depois de cumprida ou extinta de
qualquer modo a pena imposta ao réu (art. 622), até mesmo depois de sua morte. Essa
flexibilidade temporal com que se permite o ajuizamento da revisão justifica-se na circunstância
de que o seu objetivo é, primordialmente, evitar a consolidação de uma injustiça com a
subsistência da decisão condenatória.

Assim, diante do bem jurídico tutelado – liberdade do indivíduo, vislumbramos que o legislador
optou em não conferir um prazo para o manejo desse importante instrumento processual – a revisão
criminal.

8.6. COMPETÊNCIA

A competência para julgar revisão criminal é originária dos tribunais. Cada tribunal julga a
revisão criminal de seus próprios julgados.

No caso de juizados especiais, a competência é da turma recursal.

Quanto ao recurso extraordinário, se este não for conhecido, a revisão criminal deve ser julgada
pelo próprio tribunal de origem.

Desta feita se o recurso for conhecido e o objeto de impugnação da revisão criminal for analisado
pelo Supremo no julgamento do RE, a competência será do próprio STF. Se o Supremo não houver
analisado o objeto de impugnação, a competência será do tribunal de origem.

8.7. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO


Na ação revisional, não se considera o princípio in dubio pro reo. Nesse sentido, inclusive, o
Julgado do STF. Vejamos:

A revisão criminal, que constitui ação penal não condenatória, destina-se, em sua precípua
função jurídico-processual, a desconstituir a própria autoridade da coisa julgada. Nessa ação
revisional, incumbe ao autor que a promove o onus probandi, competindo-lhe fornecer ao

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juízo competente os elementos instrutórios indispensáveis à comprovação dos fatos


arguidos. É do peticionário, em sede revisional, o ônus de destruir a presunção de
veracidade e de certeza que decorre da sentença penal condenatória transitada em julgado.
(HC: 68437 DF, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 19/02/1991, PRIMEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJ 15-03- 1991 PP-02650 EMENT VOL-01612-03 PP-00463).

Enquanto não existe trânsito em julgado, o réu é presumidamente inocente. No entanto, após
o trânsito em julgado, inverte-se a situação e se presume a veracidade da acusação. Por esse motivo, o
ônus de destruir essa presunção cabe ao réu.

A revisão criminal não tem efeito suspensivo. Assim, se o réu estiver preso, continuará preso até
o final do julgamento. No entanto, no caso de decisões teratológicas (quando a decisão atacada pela
revisão é absurda, esdrúxula), a revisão criminal pode ser dotada de efeito suspensivo, determinando a
liberdade do réu, por exemplo, se estiver preso, até o julgamento da revisão criminal.

8.8. RESULTADO DA REVISÃO CRIMINAL


CPP Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da
infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.

Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão
revista.

A revisão não tem o condão apenas de absolver o réu como muitos imaginam, mas também
poderá ser utilizada para fins de alterar a classificação da infração, modificar da pena, ocasionar a
anulação do processo ou a própria absolvição.

Da mesma forma em que não se pode piorar a situação do réu no âmbito dos recursos (proibição
de reformatio in pejus), não se pode piorar sua situação em sede de revisão criminal.

Cumpre mencionar que a revisão criminal pode ser interposta a qualquer tempo. Contra a
decisão da revisão criminal, cabe embargos de declaração, recurso extraordinário e recurso
especial.

CPP Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma
justa indenização pelos prejuízos sofridos.

Pode-se valer da revisão criminal apenas para comprovação da inocência, por exemplo. No
entanto, se houver interesse, o tribunal poderá reconhecer direito à indenização.

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§ 1º Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a
condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se
o tiver sido pela respectiva justiça.

§ 2º A indenização não será devida:

a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio


impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
Apesar da previsão legal, esse ponto é muito criticado pela doutrina, pois o réu pode ter
confessado ou escondido uma prova por ter sido ameaçado, por exemplo.

b) se a acusação houver sido meramente privada.

Essa previsão também é criticada pela doutrina, uma vez que a ação meramente privada consiste
em uma ação que, inicialmente, deveu-se à iniciativa de particular, mas o processamento do feito se
deu por ação estatal, desta feita se foi o Estado que condenou cabendo assim indenização.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

(FCC/TJPI/2015) O direito à indenização em ação de revisão criminal:

a) deverá ser pleiteado em ação própria movida contra a fazenda pública da União ou do Estado.

b) deverá ser automaticamente reconhecido se o tribunal deferir ao pedido.

c) não será devido em ação penal pública.

d) não será devido se a condenação tiver se baseado em confissão do impetrante.

e) deverá ser expressamente requerido apenas nos casos de ação penal privada.

A- O direito à indenização é pleiteado na própria ação de revisão criminal.


B- O direito à indenização não é reconhecido automaticamente, depende de pedido.
C- O direito à indenização será devido em ação penal pública e privada, apesar da ressalva
prevista em Lei, para a ação penal privada.
D- Apesar das críticas da doutrina, o direito à indenização não será devido se a condenação tiver
se baseado em confissão do impetrante. A alternativa está correta tendo em vista que está em
conformidade com a Lei.
E- A lei não prevê que o direito à indenização seja expressamente requerido apenas nos casos de
ação penal privada, pois em qualquer ação existe a necessidade de requerimento.
Gab. D.

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8.9. INFORMATIVOS

2021

Em tese, seria cabível revisão criminal para aplicar o redutor do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006
aos condenados pelos crimes previstos no art. 273, § 1º-B, do CP
É cabível o manejo da revisão criminal fundada no art. 621, I, do Código de Processo Penal, para
aplicação da minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 nos crimes previstos no art.
273, § 1º-B, do CP. STJ. 3ª Seção. RvCr 5627-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
13/10/2021 (Info 714).
Essa decisão do STJ não tem mais relevância. Isso porque o STF decidiu de forma ligeiramente
diferente do STJ.

O STF afirmou que:

É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código Penal, com redação dada
pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no seu § 1º-B, I, que versa
sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária.
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa). STF. Plenário. RE 979962/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 24/3/2021 (Repercussão Geral – Tema 1003) (Info 1011).
Desse modo, a decisão do STJ acima explicada perde relevância porque não se aplica a pena do
art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/2006. Deverá ser aplicado o preceito secundário do art. 273, na
redação originária (reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).

A liminar em Revisão Criminal com base em violação a texto expresso de lei constitui medida
excepcional

A liminar em revisão criminal com base em violação a texto expresso de lei constitui medida
excepcional, somente se justificando quando a ofensa se mostre aberrante, cristalina, em respeito à
segurança jurídica decorrente da coisa julgada. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 5.560/DF, Rel. Felix
Fischer, julgado em 24/02/2021.

2020

A alteração da jurisprudência não autoriza o ajuizamento de revisão criminal

A alteração da jurisprudência não autoriza o ajuizamento de revisão criminal.


STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 609730/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/11/2020.

Ministro do STJ que apreciou o recurso especial pode, posteriormente, participar do julgamento
do outro recurso especial decorrente da revisão criminal

Não há impedimento ou suspeição de integrantes de Colegiado do STJ que apreciaram recurso especial
e, posteriormente, venham participar do julgamento de outro apelo raro oriundo de revisão criminal
ajuizada na origem.
STJ. 3ª Seção. AgRg na ExSusp 209-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 12/08/2020
(Info 678).
obre o tema:

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A regra do art. 252, inciso III, do Código de Processo Penal não admite interpretação ampliativa, razão
pela qual não há impedimento do Magistrado que atuou anteriormente no feito, porém, na mesma
instância (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 457696/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2019).

2019

Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão
julgador na fixação da pena
Não é cabível revisão criminal para se pretender a rediscussão do mérito da condenação.
Não cabe revisão criminal para questionar os critérios discricionários utilizados pelo órgão julgador na
fixação da pena.
Não se aplica a minorante do arrependimento posterior (art. 16 do CP) no caso do crime do art. 20 da
Lei nº 7.492/86, considerando que se trata de delito de natureza formal, que dispensa a ocorrência de
resultado naturalístico.
Além disso, se a reparação do dano foi feita por terceira pessoa – sem que se comprove que agiu em
nome do agente – não se aplica o benefício do arrependimento posterior, que exige pessoalidade e
voluntariedade na reparação.
STF. Plenário. RvC 5475/AM, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/11/2019 (Info 958).

Não cabe revisão criminal contra decisão que se limita a inadmitir recurso
Não cabe revisão criminal para impugnar decisão que se limita a inadmitir recurso.
A decisão suscetível de impugnação por meio de revisão criminal consiste no ato jurisdicional que impõe
ou chancela (confirma) o mérito de pronunciamento condenatório. Não cabe revisão criminal contra
decisões posteriores que, correta ou incorretamente, tenham inadmitido ou negado provimento a
recursos, visto que essas manifestações jurisdicionais não compõem o título condenatório.
STF. Plenário. RvC 5480 AgR/AM, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/9/2019 (Info 951).

A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão de instância,
pode ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com base no art. 621, I, do CPP

O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença condenatória for contrária ao
texto expresso da lei penal”.
É admissível a revisão criminal fundada no art. 621, I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum dispositivo
de lei penal violado, suas razões apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de
esgotamento da prestação jurisdicional.
Isso porque a expressão “texto expresso da lei penal” prevista no art. 621, I, do CPP é ampla e abrange
também as normas processuais não estão escritas.
STJ. 3ª Seção. RvCr 4944-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/09/2019 (Info
656).

Decisão do TJ que, em revisão criminal, absolve o réu sob a alegação de que a condenação é
contrária à evidência dos autos viola acórdão do STF que havia restaurado condenação proferida
pelo Tribunal do Júri

João foi denunciado por homicídio doloso. Foi condenado pelo Tribunal do Júri. Contra esta sentença,
a defesa interpôs apelação e o TJ deu provimento ao recurso, absolvendo o réu por entender que a decisão
dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos autos. Isso porque só havia uma única testemunha
contra o réu e o TJ entendeu que isso não seria suficiente para a condenação. Contra o acórdão do TJ, o
Ministério Público interpôs recurso extraordinário. O STF deu provimento ao recurso do MP para
restaurar o veredicto condenatório prolatado pelo Tribunal do Júri. Para o STF, analisar se um único

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depoimento é suficiente ou não para a condenação é uma matéria que cabe aos jurados no Tribunal do
Júri e que não pode ser reformado pelo TJ.
Ocorre que, em revisão criminal, o TJ voltou a absolver o réu utilizando novamente como fundamento
o argumento de que a condenação é contrária à evidência dos autos.
Essa decisão do TJ na revisão criminal viola aquilo que o STF decidiu no recurso extraordinário, razão
pela qual deve ser julgada procedente reclamação contra o acórdão do TJ.
STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/6/2019 (Info 945).

2017

Laudo pericial juntado quando estava pendente apenas agravo para destrancar recurso especial
é considerado prova nova para fins de revisão criminal

O laudo pericial juntado em autos de ação penal quando ainda pendente de julgamento agravo interposto
contra decisão de inadmissão de recurso especial enquadra-se no conceito de prova nova, para fins de
revisão criminal (art. 621, III, do CPP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1660333-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 6/6/2017 (Info 606).

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

9. TEORIA GERAL DOS RECURSOS


9.1. CONCEITO
Recurso é o instrumento processual voluntário de impugnação das decisões judiciais, com
previsão legal, utilizado antes da preclusão e na mesma relação jurídica processual, objetivando a
reforma ou a invalidação decisão impugnada.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1185, 2020):49

O recurso é um instrumento do processo penal por meio do qual a parte, voluntariamente e em


seu próprio interesse, dentro de um prazo legal, combate uma decisão judicial, valendo-se da
mesma relação processual e objetivando o esclarecimento, a integração, a invalidação ou a
reforma da decisão.

Ao analisarmos o conceito de recurso podemos extrair quais são as suas características:


voluntariedade (instrumento processual voluntário), previsão legal (com previsão legal, utilizado antes
da preclusão), mesma relação processual (mesma relação jurídica), objetivo de invalidação ou reforma.

Nessa esteira, vejamos as características de forma pontual abaixo.

9.2. CARACTERÍSTICAS

CARACTERÍSTICAS
DOS RECURSOS

Objetivo: Mesma
Previsão
Voluntariedade invalidação relaçáo
Legal
ou reforma processual

(I) VOLUNTARIEDADE

(II) PREVISÃO LEGAL

(III) OBJETIVO : INVALIDAÇÃO OU REFORMA ;

49Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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(IV) MESMA RELAÇÃO JURÍDICO -PROCESSUAL

9.2.1. VOLUNTARIEDADE

No tocante a característica “voluntariedade”, significa que o recurso é um instrumento


processual voluntário: só recorre quem quer recorrer, fica a critério da parte processual esta decisão –
recorrer ou não recorrer.

Candidato, uma vez que tenhamos analisado a voluntariedade como requisito do recurso,
podemos chegar à conclusão de que o reexame necessário (“recurso de ofício”) não é recurso, tendo em
vista que nesta situação é a lei que obriga (independentemente das partes) o juiz a remeter os autos a
uma superior instância para reanálise.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (Pág. 1187, 2020):50

O código de Processo Penal prevê algumas hipóteses do chamado “recurso de ofício”, que, como
será visto, não se trata de verdadeiro recurso, mas de condição necessária ao trânsito em julgado
de uma decisão. Conforme Greco Filho (Manual, 2012), não se pode dizer que o juiz “recorre da
própria decisão”, sendo que, na verdade, esta é que não transita em julgado ou não preclui sem
que antes seja examinada e confirmada pelo tribunal.

Por fim, dispõe o art. 574 caputs do CPP, “os recursos serão voluntários (...)”.

9.2.2. PREVISÃO LEGAL

Pelo requisito da previsão legal, temos que a interposição do recurso somente é admissível se
tivermos previamente previsão legal neste sentido, por exemplo, o cabimento da apelação encontra
previsão legal ao teor do art. 593 do Código de Processo Penal.

Em resumo, somente será possível interpor recurso contra uma decisão se ele for expressamente
previsto em lei federal.

Mas porque lei federal? O art. 22, I da Constituição Federal prevê que compete privativamente a
União legislar sobre direito processual penal. Vejamos:

Art. 22, inciso I, CF: Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial,
penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

50Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Ex.: Não há recurso previsto em lei para a decisão de recebimento da denúncia (art. 396, CPP).
Não havendo previsão legal neste sentido, não é cabível a interposição de recurso por ausência de um
dos requisitos do recurso, qual seja, previsão legal.

9.2.3. OBJETIVO: INVALIDAÇÃO OU REFORMA

A interposição do recurso tem por objetivo invalidar ou reformar a decisão ora impugnada. Desse
modo, a interposição do recurso tem por pressuposto um inconformismo com a decisão prolatada, seja
esse inconformismo total ou parcial.

- Error in procedendo: A decisão deve ser invalidada (anulada), quando o juiz não observa o rito
legal, as fórmulas legais previstas.

- Error in judicando: A decisão deve ser reformada, um erro de mérito, o juiz deveria decidir em
um sentido e acaba decidindo em outro.

O Ordenamento Jurídico contempla uma situação excepcional em que não teremos um erro
propriamente, e ainda assim, será cabível a interposição de recurso – é a hipótese dos embargos de
declaração.

- Exceção: Embargos de Declaração – O objetivo é integrar ou esclarecer a decisão impugnada


(eivada de omissão, contrariedade, obscuridade ou ambiguidade), e não invalidar ou reformar. Desse
modo, o fundamento prático dos embargos de declaração é uma omissão, contrariedade, obscuridade ou
ambiguidade – mas não um “error”.

9.2.4. MESMA RELAÇÃO JURÍDICO-PROCESSUAL

O recurso está inserido no contexto de mesma relação jurídica processual: cuida-se de um


desdobramento do direito de ação.

O requisito “mesma relação jurídica processual” é, inclusive, o que diferencia os recursos das
ações autônomas impugnativas (ex. habeas corpus, revisão criminal e mandado de segurança), em que
se cria nova relação jurídica processual.

Recurso Relação criminal


(Mesma relação jurídico - processual) (Nova relação jurídico-processual)
- Polo ativo: Ministério Público - Polo ativo: Réu
- Polo passivo: Acusado - Polo passivo: Estado.

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Ao analisar o quadro esquematizado acima, observe que no recurso o polo passivo é ainda do
acusado, a relação jurídica processual ainda é a mesma. Diferentemente das ações autônomas
impugnativas em que o acusado passa a ser o polo ativo, criando uma nova relação jurídica processual.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (Pág. 1187, 2020):51

O recurso é uma fase dentro da mesma relação processual, um desdobramento, uma nova etapa.
Não se instaura uma nova relação processual. Não há nova citação, mas simples intimação, o
que demonstra a anterior existência de um processo válido em curso.

Fundamentos do direito ao recuso


Além dos fundamentos constitucionais para a interposição do recurso, como, por exemplo, a
própria garantia ao duplo grau de jurisdição, é possível apontarmos fundamentos de outra ordem para o
cabimento do recurso, quais sejam: a falibilidade humana e o inconformismo de quem perde.

Fundamentos
do Direito ao
Recurso

Inconformismo natural
Falibilidade humana
de quem perde

9.2.4.1. Falibilidade humana

O juiz, por mais preparado que seja, é um ser humano falho como qualquer outro e, por isso,
pode errar. Além disso, o simples fato de o juiz saber que sua decisão poderá ser revista por órgão
superior serve de estímulo ao aprimoramento da atividade jurisdicional: a partir do momento em que o
juiz tem consciência de que sua decisão está submetida a reexame, isso o estimula a aprimorar suas
decisões, para evitar que sejam reformadas ou anuladas.

9.2.4.2. Inconformismo natural de quem perde

51Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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O ser humano naturalmente não se conforma quando há decisões contrárias aos seus interesses,
é sob esse prisma e fundamento que o Ordenamento Jurídico confere as partes do processo o direito de
recorrer daquela decisão.

9.3. PRINCÍPIOS NO ÂMBITO DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS

9.3.1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

O princípio do duplo grau de jurisdição é a possibilidade de reexame integral da decisão do juízo


“a quo” (matéria de fato - provas e de direito), a ser confiado por órgão jurisdicional diverso e de
hierarquia superior.

Nesse sentido, preleciona Fábio Roque e Klaus Negri Costa (2020): 52

Candidato, o princípio do duplo grau de jurisdição tem previsão expressa na Constituição


Federal, trata-se de princípio explicito?

Não, excelência. Estamos diante de um princípio implícito decorrente da norma constitucional –


art. 5°, LV da Constituição Federal o qual dispõe que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes”. Assim, contemplamos que se trata de princípio implícito.

Corroborando ao exposto, ensina Fábio Roque e Klaus Negri Costa (2020): 53

9.3.1.1. Requisitos

- Possibilidade de reexame integral da matéria de fato e de direito discutida em primeira instância


(incluindo a reavaliação das provas);

- Reexame a ser realizado por órgão jurisdicional diverso e de hierarquia superior.

9.3.1.2. Delimitação

52 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.
53 Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e

atual, 2020.

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O princípio do duplo grau de jurisdição não significa a “mera possibilidade de poder


recorrer”, mas sim a possibilidade de reexame integral da matéria (questões de fato e de direito).
Por isso, nem todos os recursos têm fundamento no princípio do duplo grau de jurisdição.

Apenas têm fundamento no princípio do duplo grau de jurisdição os recursos com a aptidão de
devolver a órgão jurisdicional diverso e de hierarquia superior o reexame integral da matéria de fato e
de direito discutida em primeira instância.

9.3.1.3. Recursos que materializam o duplo grau de jurisdição

O recurso que materializa o duplo grau de jurisdição é a apelação, em regra.

Art. 593, inciso I, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: das sentenças definitivas
de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular.

Há outros recursos que devolvem ao tribunal toda a matéria de fato e de direito, a exemplo do
ROC (Recurso Ordinário Constitucional) em crimes políticos54 para o Supremo Tribunal Federal.

Art. 102, inciso, inciso II, alínea “b”, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da Constituição, cabendo-lhe: julgar, em recurso ordinário: o crime político.

9.3.1.4. Recursos que não materializam o duplo grau de jurisdição

Há recursos que não têm fundamento no princípio do duplo grau de jurisdição, por exemplo,
embargos de declaração e recurso extraordinário.

- Embargos de Declaração: São julgados pelo mesmo juízo prolator da decisão impugnada.

- Recurso Extraordinário e Recurso Especial: não devolvem aos Tribunais Superiores à matéria
de fato e de prova, apenas impugnam eventuais violações diretas à Constituição da República ou
negativas de vigência à lei federal.

Súmula 7, STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

9.3.1.5. Princípio implícito na constituição e expresso no pacto de são José da costa rica

54A Lei nº 14.197/2021 acrescentou o Título XII ao Código Penal, criando crimes contra o Estado democrático de Direito.
Os "crimes políticos", assim nomeados pela doutrina e pela Constituição, retornaram ao Código Penal. Desde então, existem
posições jurídicas diversas acerca da natureza jurídica e competência para julgamento desses crimes. Quando o debate for
resolvido pelos tribunais, se ficar definido que ainda se tratam de crimes políticos, estes têm competência originária à
Justiça Federal.

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Conforme já introduzidos acima, o princípio do duplo grau de jurisdição é consectário do Devido


Processo Legal e da Ampla Defesa, e, portanto, é princípio implícito na Constituição Federal. Conforme
o entendimento majoritário da doutrina, decorre da norma constitucional do art. 5°, LV da CF.

Art. 5°. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Outra evidência é a estrutura do Poder Judiciário, que prevê juízos singulares e Tribunais, com
competência recursal. Além de se tratar de princípio implícito na CF, o duplo grau de jurisdição encontra
respaldo no Pacto de São José da Costa Rica, o qual prevê expressamente o Princípio do Duplo Grau de
Jurisdição, vejamos:

Art. 8º, 2, “h”, Pacto de São José da Costa Rica: Toda pessoa acusada de delito tem direito a que
se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo,
toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas direito de recorrer
da sentença para juiz ou tribunal superior.

Duplo grau de jurisdição


Constituição da república Pacto de São José da Costa Rica
(Norma constitucional) (Norma supralegal)
Princípio implícito Princípio expresso

9.3.1.6. Inaplicabilidade aos acusados com foro por prerrogativa de função

No que se refere ao princípio do duplo grau de jurisdição, importante destacarmos a sua não
aplicação aos acusados que possuírem foro por prerrogativa de função por questão de impossibilidade
até fática, posto que os referidos já são julgados pelo Corte Maior, em caso de inconformismo a quem
poderiam recorrer se já foram processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal? Desse modo,
temos que os acusados com Foro por Prerrogativa de Função não têm direito ao duplo grau de jurisdição
(RHC 79.785 e AP 470/MG – mensalão).

Ex.1: Deputados federais são processados criminalmente pelo STF (Ação Penal). Proferida a
decisão pelo STF, não há outro Tribunal de hierarquia superior para quem recorrer para devolver toda a
matéria de fato e de direito.

Ex.2: Juiz de Direito é processado criminalmente pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Proferida
a decisão pelo TJSP, não há previsão legal de um recurso à instância superior (STJ/STF) que permita o

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reexame integral da matéria de fato e de direito. Apenas será possível recorrer para a análise de violação
à Constituição (RE no STF) ou à lei federal (REsp no STJ).

Os acusados com foro por prerrogativa de Função podem recorrer, só não têm direito ao
duplo grau de jurisdição.

Ex.: O acusado com foro por prerrogativa pode recorrer para a análise de questão constitucional
(RE) ou por negativa de vigência de lei federal (REsp), mas não têm direito ao Duplo Grau de Jurisdição
(reexame integral da matéria).

9.3.1.7. Jurisprudência do STF sobre o duplo grau de jurisdição aos acusados com foro por
prerrogativa de função: Aplica-se o pacto de São José da Costa Rica.

1. Toda vez que a Constituição prescreveu para determinada causa a competência originária de
um Tribunal, de duas uma: ou também previu recurso ordinário de sua decisão (CF, arts. 102,
II, a; 105, II, a e b; 121, § 4º, III, IV e V) ou, não o tendo estabelecido, é que o proibiu.

2. Em tais hipóteses, o recurso ordinário contra decisões de Tribunal, que ela mesma não criou,
a Constituição não admite que o institua o direito infraconstitucional, seja lei ordinária seja
convenção internacional. As competências recursais dos Tribunais Superiores - o STJ (...) - estão
enumeradas taxativamente na Constituição, e só a emenda constitucional poderia ampliar.

3. À falta de órgãos jurisdicionais ad quem, no sistema constitucional, indispensáveis a viabilizar


a aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição aos processos de competência originária dos
Tribunais, segue-se a incompatibilidade com a Constituição da aplicação no caso da norma
internacional (Pacto de São José da Costa Rica) de outorga da garantia invocada (duplo grau de
jurisdição). STF. RHC 79785, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno,
julgado em 29/03/2000.

Desta forma entendeu o STF que quando há uma competência originária de um tribunal para
processar e julgar determinado recurso, nessa hipótese ou a constituição prevê expressamente que cabe
recurso ou se não o fizer é porque proibiu que houvesse recurso. E proibindo ainda que implicitamente
não poderá ser aplicado o Pacto de São José da Costa Rica, será uma decisão irrecorrível.

O Tribunal não pode conhecer de matéria não submetida ao juízo “a quo”, à exceção das
hipóteses de competência originária dos Tribunais, não se permite que o Tribunal faça o exame direto
pela primeira vez de fato não submetido à primeira instância, sob pena de supressão de instâncias.

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Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do Código
de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de
circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

A “mutatio libelli” não se aplica em segunda instância justamente para não incorrer em supressão
de instâncias, prestigiando o duplo grau de jurisdição.

9.3.2. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DOS RECURSOS

Como decorrência da característica da previsão legal, somente será possível interpor recurso
contra uma decisão se ele for expressamente previsto em lei federal.

Art. 22, inciso I, CF: Compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial,
penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Ex.: Não há recurso previsto em lei para a decisão de recebimento da denúncia (art. 396, CPP).
Diferente da rejeição da denúncia, em que o CPP prevê que caberá ReSE e para a Lei 9.099 caberá
apelação.

9.3.3. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE

Para cada decisão recorrível, somente um único recurso poderá impugná-la. Nesse sentido,
prelecionam Fábio Roque e Klaus Negri Costa (Pág. 1193, 2020):55, a regra é que cada decisão
proferida seja interposto um único recurso. Exemplo disso é a previsão do art.593, § 4°, CPP, que
dispõe que, quando cabível apelação, não poderá ser utilizado o recurso em sentido estrito, ainda que
somente de parte da decisão se recorra.

Art. 593, §4º, CPP: Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Ex.: O juiz, em sentença, condena o réu em relação a um crime (cabe apelação [art. 593, I, CPP])
e declara a prescrição (extinção da punibilidade – cabe RESE [art. 581, VIII, CPP]) quanto ao outro.

55Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Caberá apenas apelação, ainda que o Ministério Público apenas queira impugnar a extinção da
punibilidade

Exceção a unirrecorribilidade: Recurso Especial e Recurso Extraordinário

O acórdão do Tribunal que julga apelação e, concomitantemente, viola diretamente a


Constituição da República e nega vigência a lei federal desafiará recurso especial (STJ) e recurso
extraordinário (STF), a serem interpostos ao mesmo tempo.

Desse modo, temos dois casos específicos em que o princípio da unicorribilidadade é


flexibilizado ou relativizado, posto que a situação poderá ensejar a interposição de dois recursos ao
mesmo tempo.

Em resumo:

Exceção a
Unirrecorribilidade

Recurso Especial Recurso Extraordinário

9.3.4. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE

Assim, pelo princípio da fungibilidade admite-se que o juiz receba recurso equivocadamente
interposto como se fosse o recurso correto. Assim, admite-se o conhecimento do recurso que fora
interposto erroneamente, desde que não tenhamos má-fé por parte do recorrente e também inexista erro
grosseiro.

É a possibilidade do conhecimento (recebimento) de um recurso por outro. É também chamado


de “teoria do recurso indiferente”, “teoria do tanto vale”, “princípio da permutabilidade dos
recursos” ou “princípio da conversibilidade dos recursos”. (Pág. 1193, 2020)56

Nessa esteira, prevê o art. 579 do CPP:

56Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Art. 579, CPP: Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um
recurso por outro.

Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela
parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.

Em resumo, “o princípio da fungibilidade dos recursos significa que a interposição de um recurso


por outro, inexistindo má-fé, não impedirá que seja ele processado e conhecido como se fosse recurso
cabível (art. 579, caput e parágrafo único, do CPP)”. (ALVES, 2020, P. 393).

Contudo, importante destacarmos que para que se admita essa fungibilidade, é importante a
observância de determinados pressupostos/requisitos.

Desse modo, o princípio da fungibilidade pressupõe a ausência de má-fé: não pode haver
intempestividade ou erro grosseiro.

REQUISITOS

Ausência de má-fé Intempestividade Errro grosseiro

Requisitos para a aplicação da fungibilidade

(1) Boa-fé (tempestividade): o recurso errado deve ter sido interposto no prazo do recurso
correto. Se não foi observado o prazo previsto em lei para o recurso certo, não se aplica a
fungibilidade.
Ex.: Já decorreu o prazo de 5 dias para propor apelação. No 15º dia, a Defesa interpõe Recurso
Extraordinário (prazo de 15 dias), querendo que ele seja recebido como apelação
(fungibilidade).

(2) Dúvida objetiva: a fungibilidade exige dúvida objetiva sobre qual o recurso adequado. Em
caso de erro grosseiro, não se aplica a fungibilidade.

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Ex.: Interpor recurso em sentido estrito de sentença condenatória (ao invés de apelação). A
presente situação caracteriza caso de erro grosseiro e não será possível a aplicação do
princípio da fungibilidade.

9.3.5. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE

A interposição de um recurso depende da manifestação da vontade da parte.

Art. 574, “caput”, primeira parte, CPP: Os recursos serão voluntários (...).

Havendo decisão contrária aos interesses da parte, ela só recorre se quiser. Portanto, se as partes
não quiserem recorrer, poderão renunciar ao recurso. Mesmo para a Defensoria e para o Ministério
Público, os membros só recorrerão se assim quiserem.

Aposta a ciência de uma decisão com sucumbência total ou parcial à parte:

(1) Interposição do recurso adequado;

(2) Renúncia expressa ao recurso;

(3) Não interposição do recurso no prazo legal, com a consequente preclusão temporal e trânsito em
julgado.

Reexame necessário (recurso “ex officio”)

O reexame necessário é a remessa obrigatória de uma decisão, por lei, pelo juízo prolator,
independentemente de provocação das partes (ainda que as partes não interponham recurso). O juiz
deverá remeter a sua decisão à superior instância para que haja preclusão ou trânsito em julgado.

Súmula 423, STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso "ex-
oficio", que se considera interposto "ex-lege".

A natureza jurídica do reexame necessário não é de recurso propriamente, isto porque que lhe
falta a voluntariedade: trata-se de condição necessária à preclusão ou ao trânsito em julgado.

“O recurso de oficio, embora, a rigor, não seja recurso, quando imposto em lei, devolve a
instância superior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que decidiu a
sentença” (STF. HC 68922, j. 24/09/1991).

9.3.5.1. Hipóteses legais de reexame necessário

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(1) Sentença que concede Habeas Corpus: Apenas a SENTENÇA QUE CONCEDE O HC, a que
denega não cabe recurso de oficio. Lembrando que o acórdão que concede HC também não
caberá.

Art. 574, I, CPP: Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: da sentença que conceder habeas corpus.

(2) Decisão que concede reabilitação


Art. 746, CPP: Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.

A decisão que nega, não cabe recurso de ofício.

Sentença de absolvição sumária no júri (antes da reforma processual de 2008)?

Art. 574, II, CPP: Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que
deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: da que com absolver desde logo o réu fundamento
na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411.

A doutrina entende que o inciso II foi tacitamente revogado pela Lei 11.689/08, que mudou a
previsão legal da decisão de absolvição sumária (agora, no artigo 415, do CPP), nada mencionando,
naquele capítulo, sobre a necessidade de reexame necessário, desta forma, embora este inciso II do art.
472 esteja vigente, ele foi tacitamente revogado.

(3) Absolvição em Crime contra a Economia Popular ou Crime contra a Saúde Pública

Art. 7º, Lei 1521/50: Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em
processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.

Todas as decisões judiciais de absolvição em crime contra a economia popular e contra a saúde
pública, estão sujeitas a reexame necessário.

(4) Arquivamento do Inquérito em Crime contra a Economia Popular ou Crime contra a Saúde
Pública
Art. 7º, Lei 1521/50: Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em
processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.

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Todas as decisões judiciais de arquivamento em crime contra a economia popular e contra a


saúde pública, estão sujeitas a reexame necessário.

Candidato, é possível reexame necessário no tráfico de drogas (crime contra a saúde


pública)? Não se exige o reexame necessário, porque existe uma lei especial (Lei 11.343/06) na qual
silencia sobre o tema. E segundo a doutrina havendo Lei especial que não se menciona acerca do reexame
necessário, não se cogita em remessa obrigatória para juízo de instância superior.

(5) Sentença que concede o Mandado de Segurança


Art. 14, §1º, Lei 12.016/09: Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente
ao duplo grau de jurisdição.

Em caso de denegação do mandado de segurança, não caberá reexame necessário.

9.3.6. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE

Pelo princípio da disponibilidade, admite-se que as partes possam desistir do recurso já


interposto. Trata-se de consectário lógico do Princípio da Voluntariedade, posto que se a parte só recorre
se quiser, igualmente, a parte só mantém o recurso se quiser. Assim, uma vez interposto, é plenamente
admissível a sua desistência.

Corroborando ao exposto, Rogério Sanches e Ronaldo Batista (pág. 1569-70, 2020):

Por conta da voluntariedade dos recursos, é possível o sucumbente disponha do reexame, isto é,
abra mão do recurso, através da renúncia ou desistência. A renúncia ocorre antes da interposição
do recurso e antecipa o trânsito em julgado da decisão. Já a desistência ocorre depois de
interposto o recurso e impede seu conhecimento. É dada, assim, a possibilidade de qualquer parte
ou interessado no processo renunciar ou desistir de recurso interposto.

Vale destacar que o Princípio da Disponibilidade não se aplica ao Ministério Público, o qual é
regido pelo princípio da obrigatoriedade.

Nesse sentido, vejamos o regramento normativo:

Art. 576, CPP: O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

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No mais, cabe apenas alertarmos ao fato de que o MP poderá renunciar ao recurso, contudo, uma
vez interposto, não poderá desistir.

Em resumo:

Voluntariedade Disponibilidade
Possibilidade de renunciar Possibilidade de desistir
Antes da interposição Depois da interposição

9.3.7. PRINCÍPIO DA “NON REFORMATIO IN PEJUS”

Em caso de recurso exclusivo da defesa, não se admite a reforma da decisão para piorar a situação
do acusado.

Art. 617, CPP: O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383,
386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu
houver apelado da sentença.

Ex.1: Juiz aplica pena mínima ao condenar o réu. Apenas a Defesa recorre, pedindo a absolvição.
Ainda que o Tribunal entenda que a pena deveria ser maior, não poderá elevar a pena em recurso
exclusivo da defesa, em que não é possível reformar a sentença para piorar a situação do réu.

Ex.2: Juiz condena o réu reincidente, mas esquece de agravar a pena em razão da reincidência.
Só a defesa recorre, pedindo a absolvição. Neste caso, mesmo havendo um erro in judicando que, em
tese, exigiria a reforma da sentença, o Tribunal não poderá “corrigir” a sentença, elevando a pena do
acusado, porque se trata de recurso exclusivo da defesa.

Em resumo, uma vez sendo o recurso interposto exclusivo da defesa, não se admite agravar a
situação do condenado.

9.3.7.1. Recurso exclusivo da defesa.

O princípio da “non reformatio in pejus” apenas se aplica quando houver recurso exclusivo da
defesa.

Art. 617, CPP: O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383,
386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu
houver apelado da sentença.

Em caso de recurso de ofício ou recurso da acusação, é permitida a reforma que piore a


situação (não apenas agravar a pena, tendo em vista que a pena pode permanecer, mas o regime é
agravado, isso não pode acontecer) do acusado.

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Recurso exclusivo da defesa Recurso da acusação e/ou recurso de oficio


Não é possível a piora da situação do acusado O tribunal pode piorar a situação do acusado

9.3.7.2. Aplicabilidade no habeas corpus e na revisão criminal

O CPP assegura a aplicação do princípio da “non reformatio in pejus” na revisão criminal.

Artigo 626, parágrafo único, CPP: (Na revisão criminal). De qualquer maneira, não poderá ser
agravada a pena imposta pela decisão revista.

A doutrina também afirma que o princípio da “non reformatio in pejus” é aplicável ao


habeas corpus.

Ex.: O juiz arbitra fiança ao réu preso, que não paga. Defesa impetra HC no TJSP pedindo
liberdade provisória sem fiança. O desembargador não poderá decretar a prisão preventiva (piorando a
situação do réu).

9.3.7.3. Princípio da “non reformatio in pejus” e erro material

O Tribunal não poderá nem mesmo a corrigir de erro material que piore a situação do acusado,
em caso de recurso exclusivo da defesa.

“Se é certo que a fixação do regime inicial aberto para uma condenação por latrocínio (art. 157,
§ 3º, do Código Penal) com reprimenda de 18 (dezoito) anos de reclusão, caracteriza evidente
"erro material", não menos certo que, no caso concreto, houve o trânsito em julgado da sentença
sem que o órgão acusador opusesse embargos de declaração ou interpusesse recurso de
apelação”. Na esfera penal, prevalece o princípio do non reformatio in pejus que impede o
agravamento da situação do réu sem uma manifestação formal e tempestiva da acusação nesse
sentido. Inteligência da Súmula 160/STF. Nesse viés, seja por nulidade absoluta, seja por "erro
material", não se pode agravar (quantitativamente ou qualitativamente) a situação do réu sem
recurso próprio do acusador, sob pena de configurar indevida revisão criminal “pro
societate” (STJ. HC 176.320/AL. Relator: Ministro Jorge Mussi).

9.3.7.4. Súmula 160, STF.

O Tribunal, ao julgar o recurso, não poderá reconhecer nulidade desfavorável ao réu, se não tiver
sido expressamente arguida no recurso da acusação.

Súmula 160, STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não
argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

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Para que o Tribunal reconheça uma nulidade prejudicial ao réu, é necessário que a nulidade
tenha sido invocada expressamente no recurso da acusação ou que se trate de reexame necessário
(recurso “ex officio”). Não basta que a acusação tenha recorrido, tem de haver invocação de forma
expressa a nulidade ou que se trata de reexame necessário.

Ex.: Em caso de apelação do MP contra absolvição do acusado, o Tribunal não poderá


reconhecer a nulidade da citação do acusado, sem que haja alegação expressa do MP.

Em resumo:

Acusação não alegou nulidade prejudicial ao acusado


Recurso voluntário Reexame necessário
O tribunal não poderá reconhecer a nulidade O tribunal poderá reconhecer a nulidade.

9.3.7.5. Princípio da “non reformatio in pejus” indireta

Pelo princípio da non reformatio in pejus indireta, se a decisão impugnada, em recurso exclusivo
da defesa, for anulada (pelo tribunal “ad quem”), o juiz “a quo” que proferir nova decisão não poderá
piorar a situação do acusado.

Nesse sentido, preceitua Alexandre Cerebriam e Victor Eduardo57:

Apesar de não constar expressamente de texto legal, é pacífico que, se for anulada uma decisão
em decorrência de recurso exclusivo da defesa, no novo julgamento o juiz não poderá tornar a
situação do acusado mais gravosa do que aquela proferida na decisão inicial tornada sem efeito.
Trata-se de criação doutrinária e jurisprudencial que visa evitar que o réu possa receber pena
maior apenas por ter recorrido da primeira decisão.

Ex.: O juiz de 1ª instância condenou o acusado a pena de 4 anos, esquecendo-se de elevar a pena
em razão da reincidência do acusado. Somente a defesa recorre (o MP não recorre para o reconhecimento
da reincidência) e o Tribunal anula a sentença, por cerceamento de defesa (indeferimento de testemunha
de defesa arrolada). Os autos retornam à primeira instância para ouvir a testemunha de defesa. Ao
prolatar nova sentença, o juiz não poderá proferir condenação fixando pena maior que 4 anos (a pena na
primeira decisão), ainda que perceba que o acusado é reincidente, em razão do princípio da “non
reformatio in pejus” indireta.

Em resumo:

Tribunal anulou em recurso exclusivo da Tribunal anulou em recurso de ofício ou com


defesa recurso do MP

57Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

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O juiz, na segunda sentença, não poderá impor O juiz, na segunda sentença, poderá impor pena
pena maior maior.

A soberania relativa do veredito do conselho de sentença não permite o


agravamento da pena com base em novo julgamento pelo júri em
consequência de recurso exclusivo da defesa

Se a condenação proferida pelo júri foi anulada pelo Tribunal em recurso


exclusivo da defesa, isso significa que deverá ser realizado um novo júri, mas,
em caso de nova condenação, a pena imposta neste segundo julgamento não
poderá ser superior àquela fixada na sentença do primeiro júri. Em outras
palavras, se apenas o réu recorreu contra a sentença que o condenou e o Tribunal
decidiu anular a sentença, determinando que outra seja prolatada, esta nova
sentença, se também for condenatória, não pode ter uma pena superior à que foi
aplicada na primeira. Isso é chamado de princípio da ne reformatio in pejus
indireta, que tem aplicação também no Tribunal do Júri. A soberania do
veredicto dos jurados (art. 5º, XXXVIII, “c”, da CF/88) não autoriza a reformatio
in pejus indireta. STF. 2ª Turma. HC 165376/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 11/12/2018 (Info 927).

9.3.7.6. “Non reformatio in pejus” direta vs indireta

“Non reformatio in pejus” direta “Non reformatio in pejus” indireta


Ao julgar recurso exclusivo da defesa, o Quando o Tribunal anular (error in procedendo)
Tribunal não pode reformar (error in judicando) uma decisão, em recurso exclusivo da defesa, o
decisão para agravar a situação jurídica do juiz não pode agravar a situação jurídica do
acusado. acusado.

9.3.7.7. “Non reformatio in pejus” indireta no tribunal do júri

1º Júri: Jurados reconhecem o homicídio simples (o juiz condena à pena de 6 anos). Apelação exclusiva
da defesa (decisão manifestamente contrária à prova dos autos). Tribunal anula o primeiro júri e
designa novo júri.

2º Julgamento: Jurados reconhecem o homicídio qualificado (pena mínima de 12 anos).

Pode o juiz condenar o acusado à pena de 12 anos?

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1ª C: SIM – Prevalência do princípio da soberania dos veredictos (constitucional). - Se os jurados do


segundo júri reconheceram uma qualificadora não reconhecida no primeiro júri anulado, o juiz
presidente deverá impor a pena consonante com a decisão soberana dos jurados, prevalecendo a
soberania dos veredictos.

2ª C: NÃO – Prevalência do princípio da “non reformatio in pejus” indireta. - Ainda que os jurados
tenham reconhecido uma qualificadora não reconhecida no primeiro júri anulado, como a anulação
se deu em recurso exclusivo da defesa, está proibida a elevação da pena.

Atente que não será qualquer anulação de júri que segundo este entendimento proíbe uma
majoração da pena, será apenas nos júris anulados por recurso exclusivo da defesa.

1. Está pacificado na jurisprudência o entendimento de que, havendo novo julgamento provocado


por anulação do processo em recurso exclusivo da defesa, a sentença não pode ser mais gravosa
ao réu.

2. Não há sacrifício da soberania dos vereditos quando se impede que um segundo ou terceiro
julgamento agrave a situação do réu, uma vez que cabe ao Presidente do Tribunal do Júri a
competência exclusiva de fixar o quantum da pena, e, nesse particular, está vinculado à
regra proibitiva de julgamento in pejus.

3. Na hipótese, o paciente foi submetido a três julgamentos pelo Tribunal do Júri por ocorrência
de nulidades nos dois primeiros. A primeira apelação foi interposta apenas pela defesa, e, ao final
do terceiro julgamento, a pena imposta ao paciente foi maior do que a primeira. Reformatio in
pejus indireta configurada, pois, em recurso exclusivo da defesa, a situação do réu não pode ser
agravada.

4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para limitar o quantum da pena ao
arbitrado por ocasião do primeiro julgamento. (STJ. HC 139.621/RS, Rel. Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 24/05/2016, DJe 06/06/2016).

9.3.7.8. Princípio da reformatio in mellius

O Tribunal poderá melhorar a situação jurídica do réu, ao julgar um recurso exclusivo da


acusação ou ao julgar o recurso da defesa em que aquele ponto não tenha sido expressamente impugnado.
Como regra, o Tribunal está circunscrito ao objeto expressamente impugnado pelas partes no recurso
(efeito devolutivo do recurso). No entanto, aqui, trata-se de mitigação do efeito devolutivo recursal: o
Tribunal poderá apreciar matéria não impugnada pelas partes no recurso, quando isso for
favorável do acusado.

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Corroborando ao exposto, preceitua Alexandre Cerebriam e Victor Eduardo58:

Apesar de pequenas divergências, entende-se que, se o recurso for exclusivo da acusação


(Ministério Público ou querelante), o tribunal pode reconhecer e aplicar ao réu reprimenda
mais benéfica em relação àquela constante da sentença, na medida em que o art. 617 só
proíbe a reformatio in pejus. Ex.: réu condenado à pena de 1 ano de reclusão, que não recorre.
O Ministério Público apela visando aumentar a pena. O tribunal pode absolver o acusado por
entender que não existem provas suficientes. É a opinião de Tourinho Filho323 e de José
Frederico Marques324. Na jurisprudência, veja-se o seguinte julgado: “Processual penal.
Reformatio in mellius. Admissibilidade em doutrina. O recurso de apelação do Ministério
Público devolve ao Tribunal o exame de mérito e da prova. Nessas circunstâncias, se o tribunal
verifica que houve erro na condenação ou na dosimetria da pena, não está impedido de corrigi-
lo, em favor do réu, ante o que dispõe o art. 617, do CPP, que somente veda a reformatio in pejus,
não a reformatio in mellius. Argumentos de lógica formal não devem ser utilizados, na justiça
criminal, para homologar erros ou excessos. E não é razoável remeter-se, na hipótese, o
interessado para uma revisão criminal de desfecho provavelmente tardio, após cumprida a pena,
com prejuízos para o indivíduo e para o Estado: aquele pela perda da liberdade, a este pela
obrigação de reparar o dano (art. 630, do CPP). Recurso especial do Ministério Público
conhecido pela divergência jurisprudencial, mas improvido” (STJ — REsp 2.804/SP — 5a
Turma — Rel. Min. Assis Toledo — DJ 06.08.1990 — p. 7.347).

Ex.1: O juiz condena o acusado por furto simples (art. 155, “caput”, do Código Penal) à pena
mínima de 1 ano. Satisfeito, o réu não recorre. O MP recorre para aumentar a pena-base por ações penais
em curso. Em recurso exclusivo da acusação, o Tribunal rejeita o recurso do MP, mas reconhece o furto
privilegiado (art. 155, §2º, Código Penal), diminuindo a pena para quatro meses de detenção.

Ex.2: Em recurso exclusivo da defesa, o réu requer apenas a diminuição da pena, mas o Tribunal
aplica, de ofício, regime prisional inicial menos gravoso.

9.3.7.9. Princípio da colegialidade

A parte tem o direito de obter o julgamento de seu recurso por um órgão colegiado.

Em se tratando de apelação, recurso em sentido estrito e agravo em execução, a doutrina tem


afirmado não ser possível a técnica do julgamento monocrático, pelo relator: há necessidade de
apreciação do recurso pelo colegiado da Câmara ou da Turma.

58Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

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RESUMINDO

PRINCIPAIS PRÍNCÍPIOS RECURSAIS


Trata-se da possibilidade de um reexame integral (matéria de fato e de
direito) da decisão do juízo a quo, por órgão jurisdicional diverso do que a
proferiu e, em regra, de hierarquia superior na ordem judiciária.
Mitigações:
- Decisões interlocutórias simples: estas decisões, em regra, na esfera penal,
não comportam recurso (princípio da irrecorribilidade das decisões
DUPLO GRAU DE interlocutórias simples). Vale lembrar que quando uma interlocutória
JURISDIÇÃO simples comporta recurso, ela deve estar enquadrada no art. 581 do CPP
(RESE). Nada impede, contudo, que a decisão seja combatida por HC ou
MS.
- Mutatio libelli: Para o STF, na Súmula 453, o instituto da mutatio libelli
não será invocado na fase recursal, para que não ocorra supressão de
instância.
- Autoridades com foro por prerrogativa de função.

De acordo com o princípio da taxatividade, "para que seja possível o manejo


de um recurso, é preciso que o ordenamento jurídico o preveja
TAXATIVIDADE DOS expressamente: o rol não é exemplificativo, porém numerus clausus", não se
RECURSOS admitindo, no processo penal, "recurso inominado ou recurso de improviso.
A previsão legal é condição necessária para que a decisão seja recorrível, e
para que o recurso exista"

De acordo com o princípio da unirrecorribilidade das decisões, também


conhecido como unicidade ou singularidade recursal, cada espécie de
decisão judicial, em regra, comporta um único recurso, sendo ônus da parte
escolher o recurso adequado para que haja seu reexame.
UNIRRECORRIBILIDA Mitigações:
DE DAS DECISÕES - Recurso extraordinário e recurso especial: desde que presentes
fundamentos constitucionais e legais que autorizem as duas impugnações,
incumbe à parte interpor, simultaneamente, ambos os recursos.
- Embargos infringentes e de nulidade e recurso extraordinário e/ou
especial.
Não havendo erro manifesto ou má-fé na interposição de um recurso
equivocado, e atendido o prazo limite do recurso que seria cabível, a parte
não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro.
Na visão da doutrina, a má-fé, que impede a aplicação do referido princípio,
é presumida quando:
- Não for observado o prazo previsto em lei para o recurso adequado: para
FUNGIBILIDADE o STF, a má-fé será presumida quando o recurso apresentado goza de mais
prazo do que o recurso correto, e o recorrente se beneficiou do excesso.
- Não houver erro grosseiro: o erro grosseiro, que impede a aplicação do
princípio da fungibilidade, é aquele que evidencia completa e injustificável
ignorância da parte, isto é, havendo nítida indicação na lei quanto ao
recurso cabível e nenhuma divergência doutrinária e jurisprudencial,
torna-se absurdo o equívoco, justificando-se a sua rejeição.

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Assim como a parte é livre para recorrer ou não (voluntariedade), também


lhe é dado o direito de desistir do recurso que haja interposto.
Quanto ao ponto, muita atenção deve ser dispensada ao art. 576 do CPP,
segundo o qual o Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja
DISPONIBILIDADE
interposto, razão pela qual o princípio da disponibilidade não se aplica ao
Ministério Público. É dizer: o Ministério Público não estava obrigado a
recorrer (voluntariedade), contudo, caso tenha interposto um recurso, não
poderá dele desistir.
Pelo princípio da vedação da "reformatio in pejus’', pode-se dizer que, em
sede processual penal, no caso de recurso exclusivo da defesa ― ou em
virtude de habeas corpus impetrado em favor do acusado ―, não se admite
a reforma do julgado impugnado para piorar sua situação, quer do ponto de
vista quantitativo, quer sob o ângulo qualitativo, nem mesmo para corrigir
NON REFORMATIO IN eventual erro material.
PEJUS A vedação da reformatio in pejus não está restrita à quantidade final de pena,
porquanto não se trata de mero cálculo aritmético, mas sim de efetiva
valoração da conduta levada a efeito pelo sentenciado". Exemplo: se, no
acórdão, o Tribunal, ao analisar recurso exclusivo da defesa, afasta uma
qualificadora do furto e reconhece uma causa de aumento, ainda que a pena
final seja diminuída, haverá reformatio in pejus
Por ele, o recurso deve conter os fundamentos de fato e de direito que
embasam o inconformismo do recorrente, pois somente assim poderá a parte
contrária apresentar suas contrarrazões.
DIALETICIDADE
Súmula n° 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia,
não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

9.4. EFEITOS DOS RECURSOS

Efeitos dos
Recursos

Devolutivo Suspensivo Regressivo Extensivo

9.4.1. DEVOLUTIVO

O efeito devolutivo, é efeito comum a todos os recursos. Significa que a interposição reabre a
possibilidade de análise da questão combatida no recurso, mediante novo julgamento59.

Devolve à superior instância o conhecimento da matéria objeto do julgamento. Todos os recursos


têm esse efeito (exceto os embargos de declaração).

59Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).

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Ao julgar o recurso, o Tribunal está limitado à matéria expressamente impugnada (devolvida) no


recurso, observado o princípio da “reformatio in mellius” (neste caso poderá melhorar a situação
do réu, ainda que não impugnada no recurso, o tribunal fará de oficio).

Art. 599, CPP: As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em
relação a parte dele.

Ex.1: Se o réu for absolvido, o Ministério Público, ao apelar pedindo sua condenação, devolverá
ao Tribunal toda a matéria de fato e de direito envolvida naquele processo.

Ex.2: Se o acusado, denunciado por furto qualificado for condenado por furto simples, apelando
o MP apenas pelo reconhecimento da qualificadora, devolverá ao TJ apenas essa matéria.

Ex.3: Se o acusado foi condenado, mas imposto o regime aberto, apelando o MP apenas pela
imposição do regime fechado, devolverá ao TJ apenas parcialmente a matéria veiculada no feito.

Em resumo:

Recurso total Recurso parcial


A parte recorre de toda a sentença A parte recorre apenas de uma parte da
sentença.
Todas as questões poderão ser objeto de A análise do tribunal será circunscrita à
reexame pelo tribunal. matéria impugnada.
Ex. Parte apela de sentença condenatória Ex. Parte recorre apenas do regime de
pedindo a absolvição. cumprimento de pena imposta.

Art. 599, CPP: As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em
relação a parte dele.

9.4.2. SUSPENSIVO

O efeito suspensivo é a impossibilidade de a decisão impugnada produzir seus efeitos regulares


enquanto não apreciado o recurso interposto. Os efeitos da decisão impugnada somente começarão a ser
produzidas após o julgamento do recurso.

Significa que a interposição de determinado recurso impede a eficácia (aplicabilidade) da decisão


recorrida. Veja-se, porém, que a regra no processo penal é a não existência do efeito suspensivo.
Assim, um recurso somente terá tal efeito quando a lei expressamente o declarar60.

Recurso com efeito suspensivo Recurso sem efeito suspensivo

60Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
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A decisão recorrida não produz efeitos até o A decisão recorrida já produz seus efeitos
julgamento do recurso mesmo antes do julgamento do recurso.

Apelação de sentença condenatória/ Apelação de sentença Absolutória própria


absolutória imprópria
Tem efeito suspensivo Não tem efeito suspensivo
Os efeitos começarão apenas após o Os efeitos da sentença já são imediatos.
julgamento do recurso. (Não é preciso aguardar o julgamento do
recurso).
Art. 597, CPP: A apelação de sentença Art. 596, CPP: A apelação da sentença
condenatória terá efeito suspensivo (...) absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade (...)

Como regra, todos os recursos têm efeito suspensivo.

Art. 597, CPP: A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo (...).

- Exceções (recursos sem efeito suspensivo):

[1] Apelação de sentença absolutória própria e;

Art. 596, “caput”, CPP: A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em
liberdade.

[2] Apelação de sentença condenatória no júri a pena igual ou superior a 15 anos de reclusão).
NOVIDADE DO PACOTE ANTICRIME!

Art. 492, §4º, CPP: A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma
pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.

Neste caso o juiz irá impor o decreto de prisão já no plenário e executar provisoriamente a pena.

9.4.3. REGRESSIVO

O efeito regressivo é a devolução da matéria impugnada ao reexame do mesmo órgão


jurisdicional prolator. Trata-se do juízo de retratação.

Nas lições de Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1244, 2020):61

Também chamado de efeito iterativo ou diferido, traduz-se no retorno da matéria recorrida ao


órgão prolator da decisão para seu reexame, ou seja, o próprio órgão que proferiu a decisão
combatida terá uma “segunda chance” para reavaliá-la, podendo mantê-la ou, isto é, poderá ou

61Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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não se retratar – realizando o chamado juízo de retratação ou de confirmação. Caso o prolator


não se retrate, o recurso será encaminhado ao juízo “ad quem”.

Também chamado de efeito iterativo ou diferido, traduz-se no retorno da matéria recorrida ao


órgão prolator da decisão para o seu reexame, ou seja, o próprio órgão que proferiu a decisão combatida
terá uma segunda chance para reavaliá-la, podendo mantê-la, isto é, poderá se retratar – realizando o
juízo de retratação ou de confirmação.

(Obs. No efeito devolutivo, a devolução é a outro órgão jurisdicional, no efeito regressivo é ao


mesmo órgão).

Os recursos que têm efeito regressivo serão:

- Recurso em Sentido Estrito

- Agravo em Execução

- Carta Testemunhável

Ex.: Recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP) interposto contra decisão de rejeição da
denúncia.

Art. 589, CPP: Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com
os traslados que lhe parecerem necessários.

9.4.4. EXTENSIVO

Em caso de concurso de agentes, a decisão obtida por um réu se estende aos demais, desde
que não se baseie em motivos exclusivamente pessoais.

Art. 580, CPP: No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.

Ex.1: “A” e “B” estão sendo processados por um furto de um chocolate e foram condenados pelo
juiz de primeira instância. Apenas “A” interpõe recurso de apelação. “B” deixa transcorrer o prazo e a
condenação transita em julgado. O Tribunal de Justiça, julgando a apelação de “A”, reconhece o
princípio da insignificância, com sua absolvição por atipicidade da conduta (art. 386, inciso III, do CPP).
Como essa absolvição não foi baseada em motivos de caráter pessoal, mas na insignificância do furto
(fato penalmente atípico), os efeitos da absolvição serão estendidos a “B”.

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Ex.2: Caso apenas “A” tenha apelado, reconhecendo o Tribunal a falta de provas da autoria em
relação a “A”, absolvendo-o, essa absolvição não será extensível a “B”, que não recorreu, porque a
absolvição teve fundamento em motivos de caráter pessoal.

9.5. DIREITO INTERTEMPORAL


Candidato, qual será a lei aplicada na hipótese de que lei nova modifique o sistema recursal na
pendência de determinado processo em curso? Em caso de sucessão de leis processuais no tempo que
versam sobre recursos, qual se aplica?

- Lei “A”: Data do Fato

- Lei “B”: Data da Publicação da Decisão

- Lei “C”: Data da Interposição do Recurso

Aplica-se o recurso cabível na data da publicação da decisão. No Processo Penal, vige o Princípio
“tempus regit actum”. Publicada a decisão, surge o direito ao recurso. Na data da prática do crime,
apenas há a expectativa de exercer o direito de recurso.

Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (pag. 1247, 2020):62

A regra de ouro é a seguinte: aplica-se a lei vigente na data em que a decisão recorrível é
publicada. Ou melhor, o recurso rege-se pela lei do tempo em que foi proferida a decisão.

Ex.: Protesto por Novo Júri foi um recurso revogado pela Lei 11.689/08 em 09/08/2008. O fato
delituoso aconteceu em 10/03/2008 (ainda existia o Protesto por Novo Júri). A sentença publicada no
Plenário do Júri em 20/10/2011 (já não existia mais tal recurso), desta forma não caberá o protesto por
novo júri, porque, no momento da publicação da sentença, o recurso já havia sido revogado.

9.6. JUÍZO DE PRELIBAÇÃO (JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE)

9.6.1. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

62Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Antes de analisar o mérito do recurso (provimento ou desprovimento), o Tribunal realizará um


juízo de admissibilidade, ocasião em que deverá avaliar se estão presentes os pressupostos recursais. Se
os pressupostos recursais estiverem presentes, o recurso será conhecido pelo Tribunal.

A partir do momento em que o Tribunal conhece do recurso, ele poderá entrar na análise do
mérito para verificar se o recorrente tem razão (provimento) ou não (desprovimento).

Conhecido (quando estiverem presentes os pressupostos de admissibilidade) x provido (se o


tribunal entender que a parte tem razão).

9.6.2. DUPLA ANÁLISE

Em regra, há dupla análise dos pressupostos recursais: pelo juízo “a quo” e pelo juízo “ad quem”.

- Juízo “a quo”: juízo contra o qual se recorre.

- Juízo “ad quem”: juízo para o qual se recorre.

Ex.: No caso da apelação, o Juízo “a quo”: Juiz Criminal de 1º Grau e o juízo “ad quem”: Tribunal
de Justiça.

Juízo de admissibilidade Juízo de mérito recursal


Conhecimento do recurso Provimento do recurso
Quem realiza? Quem realiza?
Juízo “a quo” Provisório Só o juízo “ad quem”
Juízo “ad quem” Definitivo

9.6.3. EFEITO SUBSTITUTIVO

Conhecido o recurso pelo Tribunal, ainda que o Tribunal negue o recurso, o acórdão do Tribunal
substituirá a decisão impugnada.

Art. 1.008, CPC: O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão
recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

9.6.4. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Os pressupostos de admissibilidade dos recursos tratam-se dos requisitos necessários para que o
recurso ora interposto seja reconhecido (juízo de admissibilidade), podendo ser de duas naturezas:
objetivos e subjetivos.

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Os pressupostos objetivos dizem respeito ao cabimento, adequação, tempestividade, inexistência


de fato impeditivo ou extintividade e regularidade formal. Os subjetivos, por sua vez, são a legitimidade
e o interesse.
Corroborando ao exposto, Fábio Roque e Klaus Negri Costa (Pág. 1211, 2020): 63

Pressuposto é sinônimo de supor antecipadamente, de subentender, do que deve existir


antecipadamente para que possa gerar os efeitos esperados. Assim, um pressuposto recursal é
um requisito processual (tal qual o pressuposto processual) que deve estar presente para que o
recurso interposto seja conhecido. Ausentes os pressupostos recursais, o recurso não será
conhecido. A análise do preenchimento dos pressupostos recursais é chamada, também, de juízo
de admissibilidade ou juízo de prelibação (no sentido de ser prévio à análise do mérito do recurso
– que é o juízo de deliberação).

Vejamos de forma ESQUEMATIZADA:

Pressupostos de admissibilidade recursal


Objetivos Subjetivos
- Cabimento - Legitimidade
- Adequação - Interesse
- Tempestividade
- Inexistência de fato impeditivo
- Inexistência de fato extintivo
- Regularidade formal
Obs.: os requisitos acima apresentados precisam estar presentes para que o recurso seja conhecido, o
conhecimento e provimento não se confundem. O conhecimento diz respeito ao juízo de admissibilidade,
já o provimento corresponde a análise de mérito (conteúdo) da decisão impugnada.

9.6.5. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS

OBJETIVOS

Inexistência de Inexistência de Regularidade


Cabimento Adequação Tempestividade
fato impeditivo fato extintivo Formal

9.6.5.1. Cabimento

63Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa. Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed., rev., e ampl. e
atual, 2020.

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Cabimento é a previsão legal da existência de recurso contra aquela decisão. Nem todas as
decisões estão submetidas a recurso.

Ex.: O juiz indeferiu juntada de documento ou indeferiu pergunta em audiência (irrecorríveis).

No Processo Penal, vige o Princípio da Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias. Logo, em


regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis, salvo se previstas no art. 581, CPP (em que cabe
recurso em sentido estrito).

Embora as decisões interlocutórias sejam irrecorríveis, poderão ser arguidas em preliminar de


apelação.

Ex.: Nulidade do processo por cerceamento de defesa em razão de indeferimento de juntada de


documento relevante em audiência.

9.6.5.2. Adequação

A adequação é a utilização do instrumento correto para impugnar a decisão. Não basta existir um
recurso previsto em lei: é necessário usar o recurso correto para impugnar determinada decisão.

Ex.1: Qual o recurso adequado para sentença condenatória? Apelação.

Ex.2: Qual o recurso adequado para uma sentença obscura, contraditória ou omissa? Embargos
de Declaração.

- Princípio da fungibilidade

O pressuposto objetivo da adequação é mitigado pelo Princípio da Fungibilidade.

Art. 579, CPP: Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um
recurso por outro.

Lembrando que para que o princípio da fungibilidade seja reconhecido é necessário estar presente
a tempestividade (terá de ser arguido dentro do prazo legal) e que haja uma dúvida objetiva (em caso de
erro grave, também não será aplicado o princípio da fungibilidade).

9.6.5.3. Tempestividade

O recurso deve ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de preclusão temporal. O que
interessa para aferir a tempestividade é a data do protocolo (e não do despacho do juiz).

Súmula 438, STF: Não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo legal, embora
despachada tardiamente.

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- Razões extemporâneas

No Processo Penal, alguns recursos admitem que a interposição seja feita em uma data e as
razões recursais sejam feitas posteriormente (ex. apelação – Interposição: 5 dias; Razões: 8 dias).
Nestes casos, a tempestividade é aferida na data da interposição do recurso.

Logo, a apresentação de razões intempestivas é mera irregularidade, se o recurso tiver sido


interposto no prazo correto.

Ex.: Se o defensor interpuser o recurso de apelação no prazo de 5 dias e, ao ser intimado para
oferecer razões, apenas protocolizar as razões em 10 dias, o recurso será tempestivo.

- Contagem do prazo recursal

Os prazos recursais são prazos processuais: exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do fim.

Art. 798, CPP: Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.

§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.

§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil
imediato.

No processo penal, os prazos são contados em dias corridos (e não em dias úteis). Nessa esteira,
vejamos a diferença no tocante aos prazos do CPP e no CPP:

Prazos no CPP Prazos no CPC


Dias corridos Dias úteis
Art. 798, CPP: Todos os prazos correrão em Art. 219, CPC: Na contagem de prazo em dias,
cartório e serão contínuos e peremptórios, não se estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. somente os dias úteis.

- Início do prazo recursal (art. 798, § 5º, CPP)

Em regra, o prazo recursal começará a ser contado a partir da:

• (1) Intimação das partes.

Ex.: Sentença prolatada fora de audiência em que o juiz intima pessoalmente as partes.

• (2) Audiência ou sessão em que houve a decisão, se presente a parte.

Ex.1: Sentença prolatada na audiência uma ou na Sessão Plenária do Júri.

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• (3) Ciência dos autos.

Ex.: A publicação da sentença será feita na sexta-feira e o advogado toma ciência na quarta.

- Prazo em dobro

Apenas os defensores públicos têm direito ao prazo em dobro no processo penal.

Art. 44, inciso I, Lei Complementar 80/94: São prerrogativas dos membros da Defensoria
Pública da União: receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista,
intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa,
contando-se lhes em dobro todos os prazos.

Assim, não terão prazo em dobro, no processo penal, o defensor dativo e o Ministério
Público.

9.6.5.4. Inexistência de fato impeditivo

Alguns fatos poderão impedir o conhecimento do recurso, se acontecidos antes da interposição


do recurso:

• Renúncia ao direito de recorrer

• Preclusão

Fatos impeditivos estão presentes antes da interposição dos recursos.

- Renúncia ao direito de recorrer

A renúncia é a situação em que a parte abre mão do direito de recorrer, e ocorrer antes da
interposição do recurso.

Segundo o Princípio da Voluntariedade dos Recursos, ninguém é obrigado a recorrer sem a sua
vontade.

Candidato, o Ministério Público pode renunciar?

1ª Corrente (minoritária): NÃO! A renúncia ao recurso pelo Ministério Público importa violação
à indisponibilidade da ação penal pública.

2ª Corrente (majoritária): SIM! Nada impede que o Ministério Público, à vista de sua
independência funcional, esteja convencido da pertinência da sentença, mesmo que haja

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sucumbência. Ademais, considerando o Princípio da Voluntariedade dos Recursos, se o Ministério


Público não é obrigado a recorrer, também poderá renunciar.

Candidato, se o acusado renunciar ao recurso, pode a defesa técnica interpor? Sim, segundo
entendimento do STF:

Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência
do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este (defensor) interposta.

- Preclusão

A preclusão é a perda de uma faculdade processual, que pode se dá de forma:

Temporal: Não exercício da faculdade no prazo processual previsto. Ex.: Interposição de


apelação no 6º dia.

Lógica: Incompatibilidade entre ato processual já praticado e outro ato processual a praticar. Ex.:
Se o acusado renunciou ao ser intimado, não poderá interpor o recurso posteriormente (ainda que no
prazo).

Consumativa: A faculdade processual já foi exercida, não sendo possível exercê-la novamente.
Ex.: Acusado apela de 2 capítulos da sentença (afastar agravante da reincidência e pedir regime
semiaberto). No dia seguinte, “adita” a apelação para pedir a absolvição.

9.6.5.5. Inexistência de fato extintivo

- Desistência

Caso as partes desistam do recurso interposto, haverá a extinção anômala do recurso. Com a
desistência do recurso, o Tribunal não se pronunciará sobre o mérito do recurso, mantendo-se a decisão
de primeira instância. Lembrando que o Princípio da Disponibilidade não se aplica ao Ministério
Público.

Art. 576, CPP: O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

- Deserção (Falta de preparo)

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Se a parte não recolher as custas (falta de preparo), o recurso será deserto.

Fatos extintivos se fazem presentes após a interposição dos recursos.

Candidato, todos os recorrentes deverão recolher o preparo para recorrer? Não. A deserção
por falta de preparo só se aplica à ação penal privada (não se aplica à ação penal pública).

Observação. A deserção por falta de preparo só se aplica ao recurso do querelante.

Art. 806 § 2º, CPP: A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados
pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto.

Tanto o acusado (ação pública) quanto o querelado (ação privada) são considerados acusados,
não sendo possível condicionar o exercício de sua ampla defesa e do duplo grau de jurisdição ao
recolhimento do preparo. Logo, estarão isentos de preparo.

Desta feita a deserção só será aplicada em caso de sucumbência dos querelantes na ação penal
privada.

9.6.5.6. Regularidade formal

O recurso deve conter todas as formalidades exigidas em lei.

Ex.: Interpor recurso de apelação no JECRIM, sem juntar, no mesmo ato, as razões de apelação.
Nesse caso, teríamos a inobservância de uma regularidade formal.

Apelação no CPP Apelação na Lei 9.099/95 (JECRIM)


- Interposição: 5 Dias Interposição + Razões: 10 dias
- Razões: 8 Dias
Art. 600, “caput”, CPP: Assinado o termo de Art. 82, § 1º, Lei 9.099/95: A apelação será
apelação, o apelante e, depois dele, o apelado interposta no prazo de dez dias, contados da
terão o prazo de oito dias cada um para oferecer ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo
razões. réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

9.6.6. PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS

SUBJETIVOS

Legitimidade Interesse

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9.6.6.1. Legitimidade

Art. 577, “caput”, CPP: O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo
querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.

Ao analisarmos o art. 577 do CPP, contemplamos que são legitimados para interpor recurso o
Ministério Público, querelante, réu e o defensor.

Em resumo:

a) Ministério Público
b) Querelante
c) Réu
d) Procurador ou defensor

No âmbito do Processo Penal, o acusado tem capacidade postulatória autônoma para interpor
recursos. O defensor também tem legitimação autônoma para interpor recursos, ainda que o acusado não
deseje recorrer. Contudo, se o acusado não for inscrito na OAB ele só poderá interpor o recurso, mas
não poderá arrazoar o recurso, o juiz abrirá vistas para o seu defensor.

Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do
defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

- Legitimidade recursal, do assistente de acusação

a) Legitimidade restrita

A lei só permite que o assistente da acusação recorra em hipóteses restritas:

• RESE contra extinção da punibilidade;

• Apelação contra Impronúncia;

• Apelação contra Sentença Absolutória.

b) Legitimidade subsidiária: inércia do MP

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A legitimação recursal do assistente da acusação exige a inércia do Ministério Público, ou seja,


o assistente da acusação só poderia recorrer se o Ministério Público não recorrer, desta feita, enquanto
não transcorrer o prazo do MP, o assistente não poderá recorrer.

Art. 598, CPP: Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença
não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das
pessoas enumeradas no art. 31 (CADI), ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá
interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.

c) Recurso parcial do MP

Em caso de recurso parcial do Ministério Público, o Assistente de Acusação poderá recorrer


da parte não impugnada no recurso ministerial.

“O assistente de acusação tem legitimidade para recorrer quando o Ministério Público abstiver-
se de fazê-lo, como na hipótese dos autos, ou ainda, quando o seu recurso for parcial, não
abrangendo a totalidade das questões discutidas. Precedentes desta Corte” (STJ. REsp
828.418/AL, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/03/2007).

Ex.: O Ministério Público recorre apenas do regime de cumprimento de pena, enquanto o


Assistente da Acusação pretende o aumento da pena-base (na 1ª fase da dosimetria da pena).

d) Não há necessidade de prévia habilitação como assistente da acusação para recorrer

Ainda que a vítima (ou o CADI) não tenha se habilitado como assistente de acusação
durante o processo, antes da sentença, ela poderá recorrer, caso o MP não recorra.

Art. 598, “caput”, CPP: Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou
qualquer das pessoas enumeradas no art. 31 (CADI), ainda que não se tenha habilitado como
assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.

e) Prazo do recurso
Art. 598, parágrafo único, CPP: O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.

O prazo será maior tendo em vista que ele não está habilitado e ainda não conhece do processo.

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Ofendido não habilitado como Ofendido já habilitado como assistente


assistente da acusação da acusação antes da sentença
15 dias 5 dias
Início do prazo: Imediatamente após o transcurso do prazo do MP.

9.6.6.2. Interesse

Art. 577, parágrafo único, CPP: Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.

O interesse recursal deriva da sucumbência (para que haja interesse, deve haver sucumbência), e
a sucumbência é situação de desvantagem jurídica decorrente da decisão que se pretende impugnar.

Ex.: Promotor pediu a condenação, mas o juiz absolveu, desclassificou para crime tentado ou
afastou qualificadora.

Destaca-se ainda, que a sucumbência que torna admissível o recurso, poderá ser total ou parcial:

- Total: o juiz não atende ao pedido da parte (MP pede para condenar e o juiz absolve);

- Parcial: o juiz atende apenas a parte do pedido (MP pede para condenar e para impor o regime fechado;
o juiz condena, mas impõe o regime semiaberto).

- Sentença absolutória e interesse recursal da defesa

Se o juiz prolatar sentença absolutória, a defesa terá interesse em recorrer?

• Sentença de absolvição imprópria

A absolvição imprópria é aquela em que o juiz reconhece a inimputabilidade do acusado,


absolvendo-o, mas impondo uma medida de segurança (natureza de sanção penal).

A medida de segurança poderá ser internação ou tratamento ambulatorial: medidas que


restringirão a sua liberdade. Por haver restrição da liberdade, há interesse recursal da defesa.

• Sentença de absolvição própria

Em princípio, o acusado não tem interesse em recorrer de uma sentença de absolvição.


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Exceção: A defesa poderá recorrer da sentença absolutória própria, se o fizer com a finalidade
de mudar o fundamento da absolvição para fazer coisa julgada no juízo cível.

Ex.: O juiz “a quo” absolve com fundamento na ausência de provas (absolvição com base em
juízo de dúvida, ainda que transite em julgado, não impedirá a proposição da ação cível e reabertura da
instrução no juízo cível, art. 386, inciso VII, CPP) e o acusado recorre para pleitear a absolvição com
fundamento na inexistência do fato (art. 386, inciso I, CPP) ou certeza da não autoria (art. 386, inciso
IV, CPP).

Art. 66, CPP: Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser
proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

• Sentença condenatória e interesse recursal do MP

Ao Ministério Público incumbe a defesa dos interesses individuais indisponíveis.

Art. 127, “caput”, CF: O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

A liberdade é interesse individual indisponível, incumbindo ao Ministério Público a proteção


da liberdade de locomoção. Por isso, não interessa ao Ministério Público a condenação de inocentes.
Desta forma, o Ministério Público poderá recorrer de sentença condenatória, objetivando a absolvição
do acusado. Exigindo-se, contudo, a sucumbência do Ministério Público: aquilo que o promotor pediu
não foi acatado pelo juiz.

MP pediu absolvição e juiz condenou Juiz acolheu pedido de condenação do MP

O MP poderá recorrer pedindo absolvição O MP não poderá recorrer pedindo a


(Houve sucumbência) absolvição
(Não houve sucumbência)

- Divergência entre o interesse recursal do acusado e de seu defensor

Candidato, se o acusado e o defensor divergirem quanto ao interesse recursal, qual


prevalece?

1ª Corrente: DEFENSOR - O defensor tem conhecimento técnico, sabendo o que é melhor para
o réu, devendo sua vontade prevalecer sobre o interesse do acusado.

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2ª Corrente: Qualquer um que deseje recorrer, prevalecendo a vontade de quem tem o interesse
em recorrer. Considerando que cada um deles tem legitimidade autônoma e ambos têm capacidade
postulatória para recorrer, deve prevalecer a vontade de quem deseja recorrer.

Súmula 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do
defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II

10. RECURSOS EM ESPÉCIE

RECURSOS
EM ESPÉCIE

Recurso em Embargos de Carta


Apelação
Sentido Estrito Declaração Testemunhável

10.1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

10.1.1. CABIMENTO

O recurso em sentido estrito busca a reforma de decisões interlocutórias. No Processo Penal, vige
o princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias. Logo, em regra, as decisões
interlocutórias são irrecorríveis, salvo as hipóteses previstas no art. 581, CPP – em que cabe recurso
em sentido estrito. Assim, é equivocado pensarmos que qualquer decisão interlocutória é recorrível
mediante a interposição do RESE, em verdade, o cabimento do RESE restringe-se as hipóteses elencadas
no art. 581 do CPP.

Nessa linha, corroborando ao exposto, preleciona Norberto Avena64:

Embora o recurso em sentido estrito destine-se a impugnar decisões interlocutórias, seu


cabimento é restrito aos casos expressamente contemplados em lei. Portanto, não é possível
equipará-lo ao agravo de instrumento do processo civil e, a partir daí, compreender que pode ser
manejado contra qualquer decisão incidental no processo.

Em resumo:

Decisões interlocutórias
Regra Se a decisão estiver no rol do artigo 581, CPP
São Irrecorríveis Caberá recurso em sentido estrito
Ex. Recebimento da denúncia (art. 396, CPP) Ex. Rejeição da denúncia (art. 581, I, CPP)

64 Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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Candidato, cabe recurso em sentido estrito de despacho ou de sentença? Não. Trata-se de


impropriedade técnica do legislador. Os despachos: são irrecorríveis (não têm conteúdo decisório) e da
sentença cabe apelação nos moldes do art. 593, I, CPP. Vejamos:

Art. 581, “caput”, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença.

10.1.2. UTILIZAÇÃO RESIDUAL DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Para fins de averiguarmos a utilização do RESE, nos recorrermos de um critério residual. Assim,
somente caberá recurso em sentido estrito quando, contra a decisão impugnada, não couber apelação.

Art. 593 § 4º, CPP: Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Diante do exposto, temos que restará prejudicado a interposição do RESE quando for cabível o
curso de apelação.

Ex.: Revogação de prisão preventiva em sentença condenatória.

• Revogação de prisão preventiva: Cabe, em tese, ReSE (art. 581, inciso V, CPP).

• Sentença condenatória: Cabe apelação (art. 593, inciso I, CPP).

• Recurso cabível: Por ser uma sentença condenatória caberá apelação (princípio da unirrecorribilidade
+ artigo 593, §4º, do CPP), ainda que o MP esteja satisfeito com a condenação e só queira recorrer acerca
da revogação da prisão preventiva.

10.1.3. ROL TAXATIVO

Tradicionalmente, a doutrina afirma que o rol do artigo 581, do CPP é taxativo e, portanto, fora
do rol taxativo do artigo 581, do CPP, não caberá o recurso sentido estrito.

No entanto, mais recentemente, a doutrina tem passado a defender ser possível a


interpretação extensiva no recurso em sentido estrito, com fundamento no art. 3° do CPP.

Corroborando ao exposto, Pedro Coelho (pág. 739, 2020) explica:

Dizer que o art. 581 do CPP traz um rol exaustivo significa afirmar que caso a hipótese não esteja
ali prevista, não será possível utilizar o RESE, não sendo possível a utilização de analogia.
CUIDADO! Se analogia não é possível, acertadamente, a doutrina e jurisprudência têm admitido
a interpretação extensiva para os casos em que não haja previsão direta daquela situação no art.
581 do CPP, mas é compatível com o que fora previsto.

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Ex.: Decisão que indefere a imposição de medidas cautelares pessoais diversas da prisão do artigo
319, do CPP.

Decisão que indefere cautelares diversas da prisão: A lei não prevê recurso cabível. Mas da
decisão que indefere prisão preventiva: cabe ReSE (art. 581, V, CPP), desta forma a doutrina entende
que em vista que cabe ReSE da decisão que revoga ou que determina a prisão preventiva, caberá também
ReSE para decisão que defere ou indefere medida cautelar diversa da prisão.

10.1.4. JUÍZO DE RETRATAÇÃO NO RESE (EFEITO REGRESSIVO)

Interposto o ReSE, após prazo das contrarrazões, o juiz terá o prazo de dois dias para exercer o
juízo de retratação.

E em que consiste esse juízo de retratação, candidato? Consiste em o juiz que proferiu a decisão
impugnada mediante o RESE reconsiderar a sua decisão, revendo-a de modo a alterá-la.

Art. 589, CPP: Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que,
dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os
traslados que lhe parecerem necessários.

Diante do consignado, contemplamos que no RESE temos o chamado efeito regressivo – o qual
consiste na possibilidade do juiz que proferiu a decisão ora impugnada, retratar-se da mesma, revendo a
decisão.

10.1.5. RETRATAÇÃO DO JUIZ

Art. 588, parágrafo único, CPP: Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária,
por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais
lícito ao juiz modificá-la.

Se o recorrente interpões um ReSE e o juiz realiza o juízo de retratação, voltando atrás da sua
decisão, a consequência será que a outra parte (se essa decisão for passível de recurso – por exemplo
uma decisão de rejeição da denúncia, uma vez que o MP entre com um ReSE o juiz poderá se retratar e
receber a denúncia, no entanto a decisão de recebimento não desafia novo ReSE, e o acusado não poderá
provocar a superior instância por simples petição) só precisará fazer uma simples petição para que isso
seja remetido a superior instância, não sendo possível que o juiz realize novamente o juízo de retratação
para se retratar da retratação, tendo em vista que o juízo de retratação só poderá ser feito uma única vez.

10.1.6. AUSÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO

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O recurso em sentido estrito, em regra, não tem efeito suspensivo, ou seja, a interposição do
recurso não suspende os efeitos da decisão impugnada.

Ex.: O juiz revoga prisão preventiva do acusado (art. 581, inciso V, CPP), determinando sua
soltura. A interposição do recurso em sentido estrito pelo Ministério Público não suspende a decisão
impugnada (o acusado ficará solto até o julgamento do recurso pelo Tribunal).

Efeito suspensivo
Em regra, não possui efeito suspensivo Teremos efeito suspensivo, nas hipóteses de:
• Decisão que determina a perda da fiança;
• Decisão que julgar quebrada a fiança;
• Decisão que denega a apelação ou a julga
deserta;
• Decisão contra a pronúncia.

10.1.7. PRAZO

O ReSE deverá ser interposto em 05 dias e as razões apresentadas em 02 dias. Nesse sentido
é a redação do art. 588 do CPP. Vejamos:

Art. 588, CPP: Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o
escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em
seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.

No tocante ao prazo recursal do RESE, o professor Pedro Coelho (pág. 740, 2020) explica “tal
qual a Apelação, o RESE também deve ter a interposição realizada no prazo e 05 (cinco) dias, sendo as
razões apresentadas conjuntamente ou em separado. Caso essa segunda opção seja realizada, o
recorrente deverá ser novamente intimado para apresentação de razões no prazo de 02 (dois) dias.
Justamente por isso a doutrina costuma afirmar que o RESE obedece à lógica prazal de 5 +2”.

Em resumo:

Interposição Razões
05 dias 02 dias

Exceção: ReSE contra a decisão que inclui ou exclui jurado na lista geral: 20 dias

Art. 586, p. ú, CPP: No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte dias, contado da data da
publicação definitiva da lista de jurados.

Prazo de interposição do recurso em sentido estrito


Regra geral Inclusão/exclusão na lista geral de jurados

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05 dias 20 dias

10.1.8. HIPÓTESES DE CABIMENTO – ART. 581 DO CPP

- Rejeição da peça acusatória

Art. 581, I, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...) que não receber a denúncia
ou a queixa;

Uma vez apresentada a peça acusatória, abrem-se duas possibilidades, o magistrado poderá
recebê-la ou rejeitá-la. Na hipótese de rejeição da peça acusatória (por ser manifestamente inepta; por
faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou ainda, por faltar justa
causa para o exercício da ação penal), admite-se a interposição de RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO. E se a peça for recebida, qual será o recurso? Nesse caso, a decisão é irrecorrível.

Vejamos:

Rejeição da peça acusatória (Art. 395) Recebimento da peça acusatória (Art. 396).
RESE Irrecorrível

Lembrando que se a rejeição da peça acusatória for nos juizados especiais criminais caberá
recurso de apelação.

Em resumo:

CPP Lei 9.099/95 (JECRIM)


Recurso em sentido estrito Apelação (10 dias)
Art. 581, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, Art. 82, Lei 9.099/95. Da decisão de rejeição da
da decisão, despacho ou sentença que não receber a denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação
denúncia ou a queixa. (...)

- Incompetência do juízo

Art. 581, II, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...) que concluir pela
incompetência do juízo;

Ex.: Juiz de Recife/PR percebe, no meio do processo, que a competência é do juiz de Olinda/PR,
remetendo a esta comarca os autos. As partes poderão interpor ReSE desta decisão.

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- Julgar procedente as exceções, salvo a de suspeição

Art. 581, III, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...) que julgar procedentes
as exceções, salvo a de suspeição;

Art. 95, CPP Poderão ser opostas as exceções de:

I - suspeição;

II - incompetência de juízo;

III – litispendência;

IV - ilegitimidade de parte;

V - coisa julgada.

Se o juiz julgar improcedente: a decisão será irrecorrível.

Exceção julgada procedente Exceção julgada improcedente


Caberá ReSE Irrecorrível

Exceção de suspeição: quem julga é o Tribunal (por isso, não caberá ReSE).

- Pronúncia

Art. 581, IV, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...) que pronunciar o réu;

Recurso cabível
Pronúncia / Desclassificação Impronúncia / Absolvição sumária
(Consoante) (Vogal)
Recurso em sentido estrito Apelação

- Medidas cautelares pessoais

Art. 581, V, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...) que conceder, negar,
arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva
ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante.

Caberá ReSE nos casos:

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• Fiança

• Prisão preventiva

• Liberdade provisória

• Prisão em flagrante

Doutrina: caberá ainda ReSE contra decisão sobre medidas cautelares do art. 319, CPP (int.
extensiva).

- Extinção da punibilidade

Art. 581, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...):

VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;

IX – que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da


punibilidade;

- Decisão do juiz de primeira instância que concede ou nega habeas corpus

Art. 581, X, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...): que conceder ou negar a
ordem de habeas corpus.

Ex.: Decisão do juiz de primeiro grau que nega habeas corpus de investigado contra Delegado
pedindo o trancamento do inquérito policial instaurado por suposta atipicidade.

No caso de CONCESSÃO DO HC, será obrigatório o recurso de ofício (reexame necessário).

Decisão em HC de juiz de 1º grau Decisão em HC de Tribunal (TJ/TRF)


Denegando ou Concedendo
Caberá ReSE Caberá ROC no STJ
(Recurso Ordinário Constitucional)

- Anulação do processo

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Art. 581, XIII, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...): que anular o processo
da instrução criminal, no todo ou em parte.

Ex.: O juiz, após a resposta à acusação do réu (art. 396-A, CPP), declara a nulidade do processo
por vício na citação.

- Inclusão/Exclusão da lista geral de jurados

Art. 581, XIV, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...): que incluir jurado na
lista geral ou desta o excluir.

Atenção: O ReSE contra a lista geral de jurados tem prazo especial de 20 dias para a interposição.

Prazo de interposição
Regra Geral Inclusão/Exclusão na lista geral de jurados
05 dias 20 dias

- Denegar apelação ou julgar deserta

Art. 581, XV, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...): que denegar a apelação
ou a julgar deserta.

Ex. 1: Juiz denega apelação por intempestividade (interposição no 6º dia do prazo).

Ex.2: Juiz julga improcedente queixa-crime; querelante apela, mas não recolhe o preparo
(custas).

Denegação de apelação Denegação de recurso em sentido estrito


Cabe recurso em sentido estrito Cabe carta testemunhável

- Recusa à homologação de Acordo de Não Persecução Penal NOVIDADE DO PACOTE


A NTICRIME!

Art. 581, XXV, CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão (...): que recusar
homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta
Lei. ”

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- Indeferimento de produção antecipada de provas (Art. 366, CPP)

Da decisão do juiz que indefere a produção antecipada de provas, caberá ReSE. STJ,
EREsp 1.630.121/RN (j. 28/11/2018).

10.1.9. HIPÓTESES TACITAMENTE REVOGADAS

O artigo 581, CPP (redação de 1941) prevê, em alguns incisos, decisões interlocutórias proferidas
pelo juízo da execução penal.

Em 1984, a Lei de Execuções Penais passou a prever que as decisões do juízo da execução
serão recorríveis mediante agravo em execução (e não mais por recurso em sentido estrito).

Art. 197, LEP: Das decisões proferidas pelo Juiz (da execução criminal), caberá recurso de
agravo.

Conclusão: as hipóteses sobre decisões interlocutórias do juízo das execuções previstas no art.
581, CPP estão tacitamente revogadas (caberá agravo em execução).

✓ Suspensão condicional da pena (inciso XI) - Agravo em execução

✓ Livramento condicional (inciso XII) - Agravo em execução

✓ Unificação de penas (inciso XVII) - Agravo em execução

✓ Medida de segurança (incisos XIX, XX, XXI, XXII e XXIII) - Agravo em execução.

10.2. APELAÇÃO

10.2.1. CABIMENTO

Art. 593, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:

I- das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;

Decisões definitivas em sentido estrito (sentenças): absolvição (inclusive absolvição sumária


dos artigos 397 e 415, do CPP) ou condenação.

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Lembrando que somente as condenações ou absolvições proferidas por juiz singular serão
recorríveis via apelação.

Nas ações penais originárias dos Tribunais (foro prerrogativa de função), não caberá apelação
das decisões definitivas condenatórias ou absolutórias.

▪ CRIMES POLÍTICOS (Lei de Segurança Nacional – Lei 7170/83).

A competência originária para estes crimes será da Justiça Federal (art. 109, inciso IV, CF) e da
decisão do juiz federal que condena ou absolve o réu por crime político, não cabe apelação para o TRF,
mas sim Recurso Ordinário Constitucional (ROC) para o STF, que não avaliará somente a violação a
Constituição, mas sim a análise dos fundamentos fáticos, probatórios e jurídicos. Ex. caso do Adélio
Bispo que proferiu facadas quando Bolsonaro ainda era candidato.

Art. 102, inciso II, “b”, CF: Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: julgar, em recurso ordinário: o crime político.

Art. 593 II-das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior.

• Subsidiariedade: somente caberá a “apelação estepe” (inciso II) se não couber recurso em
sentido estrito.

• Decisões definitivas em sentido amplo (julgam o mérito de ação autônoma de impugnação, ex.
mandado de segurança contra delegado).

• Decisões com força de definitivas (decisões interlocutórias mistas terminativas): extinguem o


processo, sem decidir o mérito [sem condenar e sem absolver], ex. impronúncia).

Rejeição da peça acusatória Impronúncia


Cabe recurso em sentido estrito (art. 581, Cabe apelação (art. 593, inciso II, CPP)
inciso I, CPP)

Art. 593, III-das decisões do Tribunal do Júri

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia (ex. o MP lê documento juntado no dia do


júri);

Pedido: anulação.

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b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;

Os jurados afastam uma qualificadora por exemplo, e mesmo assim o juiz considera tal
qualificadora.

Art. 593, §1º, CPP: Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir
das respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.

c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;

O juiz esquece de impor uma agravante. O MP neste caso irá interpor recurso de apelação.

Art. 593, §2º, CPP: Interposta a apelação com fundamento no III, c, deste artigo, o tribunal
ad quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária prova dos autos.

Manifestamente: a decisão dos jurados não pode ter nenhum lastro probatório nos autos. Deve
haver uma contrariedade gritante, absurda para que caiba apelação.

Em caso de prova boa para ambas as partes: não cabe a apelação com este fundamento.

Art. 593, § 3º , CPP: Se a apelação se fundar no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se
convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-
á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo
motivo, segunda apelação.

Pedido: anulação (o réu será submetido a novo julgamento).

O Tribunal não poderá reformar a decisão dos jurados (soberania dos veredictos), deverá
anular o júri e designar novo.

Somente é possível uma única apelação com fundamento nesta alínea.

10.2.2. EFEITOS

A apelação possui tanto efeito devolutivo quanto suspensivo – em determinadas hipóteses,


contudo, não possui efeito regressivo.

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Efeito devolutivo Efeito suspensivo Efeito regressivo


Devolve a matéria já decidida Apelação poderá suspender ou NÃO POSSUI, não se admite
para reexame pelo órgão não os efeitos da decisão atacada, que o juiz volte atrás no
competente. dependendo essa definição da recurso de apelação através de
natureza da sentença. um juízo de retratação.

Devolutivo

A apelação é o recurso com efeito devolutivo mais amplo: permite ao Tribunal o reexame
integral das matérias discutidas na primeira instância, exceto aquelas já preclusas (ex. nulidades relativas
não arguidas oportunamente).

Conforme prevê o art. 599 do CPP, a apelação poderá ser tanto total quanto parcial.

APELAÇÃO TOTAL APELAÇÃO PARCIAL


A parte apela de toda a sentença A parte apela apenas de uma parte da sentença
Todas as questões poderão ser objeto de A análise do tribunal será circunscrita à matéria
reexame pelo tribunal. impugnada.
Ex. Defesa apela de sentença condenatória Ex. MP recorre apenas do regime de cumprimento
pedindo a absolvição. de pena imposto.

Nesse sentido, o Código de Processo Penal:

Art. 599, CPP: As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer
em relação a parte dele.

Suspensivo

As apelações de sentenças condenatórias e das sentenças absolutórias impróprias têm efeito


suspensivo (somente poderão ser executadas após o julgamento do recurso).

Art. 597, CPP: A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo (...).

Noutra banda, temos as APELAÇÕES SEM EFEITO SUSPENSIVO (a decisão será


executada antes do julgamento do recurso):

1 - Apelação de sentença absolutória própria;

Art. 596, “caput”, CPP: A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade.

2 - Apelação de sentença condenatória no júri a pena igual ou superior a 15 anos de reclusão).

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Art. 492, §4º, CPP: A apelação interposta contra decisão condenatória do Tribunal do Júri a uma
pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá efeito suspensivo.

O art. 492, §4º, CPP foi acrescido pelo Pacote Anticrime.

Regressivo

A apelação não tem o efeito regressivo (o juiz não pode se retratar). Somente três recursos têm
efeito regressivo no processo penal, são eles:

• Recurso em sentido estrito;


• Agravo em execução;
• Carta testemunhável.

Extensivo

CPP: No caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

10.2.3. PRAZO

O prazo para interposição da apelação é de cinco dias, sendo de oito dias o prazo para oferta das
razões recursais (art. 593 e art. 600, caput do CPP).
Desse modo, contemplamos que o recurso de apelação possui dois prazos processuais, um que
será para a interposição deste e outro para apresentação das razões recursais.
Vejamos o que dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 593, CPP: Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias (...)

Art. 600, “caput”, CPP: Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão
o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em
que o prazo será de três dias.

Em resumo:

Interposição Razões
Crimes Contravenções

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5 dias 8 dias 3 dias

O prazo para interposição das razões recursais quando se tratar de crimes é de 8 dias, contudo,
caso se trate de contravenção penal é de 3 dias. Assim, temos uma distinção.

Exceção: Recurso do assistente de acusação não habilitado.

Art. 598, parágrafo único, CPP: O prazo para interposição desse recurso (do assistente da
acusação) será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.

Prazo de interposição da apelação


Regra geral Apelação do assistente da acusação não habilitado
05 dias 15 dias

- Apelação no âmbito dos Juizados Especiais Criminais

Art. 82, § 1º, Lei 9099/95: A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência
da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

A apelação no âmbito do JECRIM – juizado especial criminal possui prazo de 10 dias, tanto para
a interposição quanto para a apresentação das razões, não havendo prazos distintos como acontece no
código de processo penal.

Em resumo:

Prazo da apelação
Juizados Especiais Criminais Código de Processo Penal
Interposição + Razões Interposição Razões
10 dias 5 dias 8 dias

10.2.4. ARRAZOAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA

Art. 600, § 4°, CPP: Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação,
que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde
será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação
oficial.

É possível arrazoar o recurso de apelação em segunda instância.

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- Impossibilidade no JECRIM:

Art. 82, § 1º, Lei 9.099/95: A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência
da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

10.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

A decisão judicial deve ser clara e precisa. Em caso de incerteza quanto à decisão judicial, as
partes poderão dissipar a dúvida pela interposição de embargos de declaração, que é um recurso
interposto para o julgamento do mesmo juízo que proferiu a decisão impugnada (não será remetido à
instância superior para julgamento por outro juízo).

10.3.1. CABIMENTO

Sentenças ou acórdãos obscuros, ambíguos, contraditórios ou omissos.

Art. 382, CPP: Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.

Art. 619, CPP: Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas,
poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua
publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.

Doutrina: os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão.

10.3.2. HIPÓTESES

- Obscuridade – Não for clara

- Ambiguidade – Dois ou mais sentidos

- Contradição – Na fundamentação o juiz segue um sentido (condenar) e no dispositivo altera


(absolve).

- Omissão – Faltar elemento essencial na sentença, não analisar se há circunstâncias judiciais por
exemplo (art. 59 CP).

Art. 382, CPP: Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare
a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.

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Art. 619, CPP: Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas,
poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua
publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.

10.3.3. PRAZO

CPP JECRIM (Lei 9.099/95)


02 dias (art. 382) 05 dias (art. 83, § 1º)
Escritos Orais

10.4. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

Art. 609, parágrafos únicos, CPP: Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos
dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613.

10.4.1. PRAZO

Conforme dispõe o art. 609, parágrafo único do CPP, o prazo para interposição dos embargos
infringentes e de nulidade são 10 dias.

10.4.2. CABIMENTO

- Decisões de segunda instância

Somente decisões colegiadas em segunda instância desafiam este recurso (acórdãos em apelação,
recurso em sentido estrito e agravo em execução).

- Decisões apenas desfavoráveis ao réu

Cuida-se de recurso exclusivo da defesa. Caso a decisão não unânime seja desfavorável à
acusação, não caberá este recurso.

Ex.: Dois desembargadores absolvem e apenas um condena.

- Decisões não unânimes

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Somente cabem embargos infringentes se o acórdão for não unânime.

Ex.: Dois desembargadores absolvem e apenas um condena.

Lembrando que em caso de votação unânime (3x0), não caberão os embargos.

- Recurso de fundamentação vinculada

Se a divergência, no acórdão, for parcial (sentença condenatória que impões regime


fechado e na apelação a defesa pede absolvição e regime semiaberto), os embargos serão restritos
à matéria objeto de divergência. Ou seja, se o tribunal por unanimidade rejeita a absolvição, não
poderá pedir a absolvição nos embargos infringentes, no entanto se o regime semiaberto é
rejeitado por 2x1, poderá pedir o semiaberto pelos embargos infringentes.

Sentença condenatória – Regime fechado


Defesa alega em apelação:
- Absolvição
- Regime semiaberto
Absolvição Regime semiaberto
Rejeitada por 3x0 pelo TJ Rejeitada por 2x1 pelo TJ.
A defesa não poderá pedir absolvição nos A defesa só poderá pedir regime semiaberto nos
embargos infringentes. embargos infringentes.

10.4.3. FLUXOGRAMA DOS EMBARGOS

Câmara criminal: composta por 5 desembargadores


Apelação / RESE / Agravo em exec. Embargos infringentes e de nulidade
Somente julgam Julgarão todos os 5 desembargadores. Fazendo
3 desembargadores com que os 2 desembargadores que não votaram
possam ser convencidos da tese da defesa.
Julgamento não unânime: Objetivo da defesa:
- Convencer os desembargadores 4 e 5 da tese da
(Tese do MP 2 x Tese da defesa 1) defesa
- Manter o desembargador 3 na tese da defesa.
- Desembargador 1 e 2: tese do MP:
- Desembargador 3: tese da defesa (Tese da defesa 3 x Tese do MP 2)

10.4.4. EMBARGOS INFRINGENTES X EMBARGOS DE NULIDADE

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Embargos infringentes Embargos de nulidade


Divergência dos desembargadores na matéria de Divergência dos desembargadores na matéria de
mérito nulidade
- Des. 1 e 2 votam para condenar o réu. - Des. 1 e 2 votam para rejeitar a prova ilícita.
- Des. 3 vota para absolver o réu. - Des. 3 vota para anular o processo

10.5. CARTA TESTEMUNHÁVEL

10.5.1. CABIMENTO

A carta testemunhável é cabível nas hipóteses em que o juiz denegar o recurso ou obstar o seu
seguimento para a instância superior.

Art. 639, CPP: Dar-se-á carta testemunhável:

I - da decisão que denegar o recurso;

II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo
ad quem.

10.5.2. INTERPOSIÇÃO E PRAZO

O recurso será interposto perante o escrivão ou ao secretário do Tribunal (e não ao juiz).

- Prazo de 48 horas seguintes ao despacho que denegar o recurso.

Art. 640, CPP: A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do tribunal,
conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que denegar o recurso.

10.5.3. SUBSIDIARIEDADE

Só cabe carta testemunhável, se não houver outro recurso cabível para “destrancar” o recurso
obstado.

A rigor, somente será cabível contra denegação de recurso em sentido estrito.

Ex.: MP interpôs RESE de revogação de preventiva. Juiz não quer mandar o RESE para o TJ
(evitar a reforma de sua decisão e a prisão do acusado). MP deve interpor carta testemunhável ao escrivão
da vara deste juiz.

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Denegação de apelação Denegação de RESE


Cabe recurso em sentido estrito Cabe carta testemunhável
Art. 581, inciso, XV, CPP Art. 640, CPP

10.6. CORREIÇÃO PARCIAL

A correição parcial trata-se de instrumento processual que serve para impugnar decisões judiciais
que, por erro ou abuso do juiz, importarem na inversão tumultuária dos atos processuais.

Art. 830, Regimento Interno TJSP: Tem lugar a correição parcial para a emenda de erro, ou
abusos que importarem a inversão tumultuária dos atos e fórmulas da ordem legal do
processo civil ou criminal, quando para o caso não houver recurso específico.

Corroborando ao exposto, Norberto Avena explica “trata-se da medida cabível contra ato do
magistrado que, por erro ou abuso de poder, acarreta inversão tumultuária de atos processuais,
dilatação abusiva de prazos ou paralisação injustificada de processos. Seu cabimento, em síntese, tem
em vista o error in procedendo, decorrente da ilegalidade praticada por juiz, condicionando-se o seu
uso, ainda, a que não exista recurso previsto em lei para a insurgência contra a decisão a ser
impugnada”.

Ex.1: Juiz indefere requisição de diligência do MP à autoridade policial.

Ex.2: Juiz rejeita arquivamento do MP e, ao invés de aplicar o art. 28, devolve o IP à Delegacia
determinando a realização de novas diligências.

Ex.3: Juiz não suspende processo de réu citado por edital (366,CPP), designando audiência.

10.6.1. SUBSIDIARIEDADE

Conforme explicado acima, a correição parcial somente terá lugar na hipótese de não termos
recurso específico para que a aquela decisão seja impugnada. Rege-se assim pela subsidiariedade,
somente será cabível se não houver outro recurso adequado.

10.6.2. RITO

O rito da correição parcial será o do agravo de instrumento (prazo de 15 dias).

Art. 831, Regimento Interno TJSP Observar-se-á, no processo de correição parcial, o rito do
agravo de instrumento (...).

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10.7. DE OLHO NAS SÚMULAS

Súmula 267-STJ: A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não
obsta a expedição de mandado de prisão.

Súmula 160-STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso
da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.

Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação,
ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.

Súmula 705-STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor,
não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

Súmula 709-STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra
a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

10.8. HORA DO INFORMATIVO

2022

Mesmo após a Lei 14.365/2022, não cabe sustentação oral no julgamento do agravo regimental no
agravo em recurso especial.

Não cabe sustentação oral no julgamento de agravo regimental no agravo em recurso especial, mesmo
após a inovação introduzida no Estatuto da OAB pela Lei nº 14.365/2022.
O art. 7º, § 2º-B, III, da Lei nº 8.906/94 garantiu ao advogado o direito de sustentação no agravo
regimental em sede de recurso especial, mas nada dispôs sobre o julgamento de agravo regimental no
agravo em recurso especial.
Portanto, não confunda:
• no Agravo Regimental no Recurso Especial (AgRg no REsp): cabe sustentação oral (art. 7º, § 2º-B,
III, da Lei nº 8.906/94);
• no Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial (AgRg no AREsp): não cabe sustentação oral.

STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no AREsp 2170433-PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
06/09/2022 (Info 752).

Quais são as possíveis consequências em caso de recurso manifestamente protelatório no processo


penal?

Não obstante na esfera penal não ser viável a fixação de multa por litigância de má-fé, é possível, até
mesmo antes do trânsito em julgado da condenação, a baixa dos autos à origem, independentemente da

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publicação do acórdão recorrido.


STJ. Corte Especial. EDcl nos EDcl no AgRg no RE nos EDcl no AgRg no AREsp 1442541/AC, Rel.
Min. Jorge Mussi, julgado em 12/4/2022 (Info 750).

Em crimes contra a dignidade sexual, é possível afastar, em caráter excepcional, o óbice da Súmula
7/STJ estritamente para a revaloração de prova ou de dados que estejam admitidos e delineados
no decisório recorrido de forma explícita.

Caso adaptado: o réu foi condenado por estupro de vulnerável, na forma consumada. O TJ deu parcial
provimento ao recurso da defesa para reconhecer a forma tentada, reduzindo a pena. O Ministério
Público interpôs recurso especial insistindo que houve estupro consumado. A defesa do réu apresentou
contrarrazões dizendo que o Parquet está pretendendo a revalorização da prova, razão pela qual o recurso
especial não deve ser conhecido, nos termos da Súmula 7 do STJ: “A pretensão de simples reexame de
prova não enseja recurso especial.”
Em crimes contra a dignidade sexual, é possível afastar, em caráter excepcional, o óbice da Súmula n.
7/STJ estritamente para a revaloração de prova ou de dados que estejam admitidos e delineados no
decisório recorrido de forma explícita.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1995795/SC, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info 747).

2021

Se existe preliminar e questão de mérito, o Tribunal, ao apreciar o recurso, deverá separar o


julgamento, proclamando inicialmente o resultado da preliminar e, sendo esta rejeitada, colhendo
os votos quanto ao mérito.

Há nulidade no acórdão que julga apelação sem a observância da formalidade de colher os votos em
separado sobre questão preliminar e de mérito, em razão da diminuição do espectro da matéria possível
de impugnação na via dos infringentes. Aplica-se o art. 939 do CPC para o julgamento de apelação
criminal. STJ. 5ª Turma. REsp 1.843.523/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021 (Info
688).

Requisitos para admissão da tutela provisória de urgência para conferir efeito suspensivo a
recurso que não o tem
A admissão da tutela provisória de urgência, para conferir efeito suspensivo a recurso que não o tem,
depende da presença, concomitante, de elementos que evidenciem a probabilidade de êxito da
insurgência e a demonstração do risco de lesão grave ou difícil reparação
STJ. 6 Turma. AgRg no HC 605.821/AM, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/05/2021.

Tribunal não pode aumentar a pena de multa em recurso exclusivo da defesa, ainda que, no mesmo
julgamento, reduza a pena privativa de liberdade
Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio in pejus”, a majoração
da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação de
recurso exclusivo da defesa, o tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena, contra
o condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final.
STF. 2ª Turma. RHC 194952 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/4/2021 (Info
1013).

Se existe preliminar e questão de mérito, o Tribunal, ao apreciar o recurso, deverá separar o


julgamento, proclamando inicialmente o resultado da preliminar e, sendo esta rejeitada, colhendo
os votos quanto ao mérito

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Há nulidade no acórdão que julga apelação sem a observância da formalidade de colher os votos em
separado sobre questão preliminar e de mérito, em razão da diminuição do espectro da matéria possível
de impugnação na via dos infringentes.
Aplica-se o art. 939 do CPC para o julgamento de apelação criminal.
STJ. 5ª Turma. REsp 1843523/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021 (Info 688).

Interposição de apelação em vez de RESE contra decisão que desclassificou crime: erro grosseiro
Caracteriza erro grosseiro a interposição de apelação contra decisão que desclassificou o crime
determinando a remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal. Logo, se a parte interpôs apelação, em
vez de RESE, não pode ser aplicado o princípio da fungibilidade.
STJ. 6ª Turma. REsp 611877-RR, Rel. originário Min. Og Fernandes, Rel. para acórdão Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 17/4/2012.
A decisão que desclassifica a conduta, declinando da competência para o julgamento do feito, deve ser
atacada por recurso em sentido estrito, sendo a utilização de recurso de apelação descabida e não passível
de aplicação do princípio da fungibilidade recursal, por se tratar de erro grosseiro.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 618970/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/02/2021.
Vale ressaltar que, se a desclassificação ocorre no momento do recebimento da denúncia, não cabe
RESE:
A decisão que desclassifica o delito por ocasião do recebimento da denúncia não é passível de
impugnação por meio de recurso em sentido estrito, por não estar prevista no rol taxativo constante do
art. 581 do CPP. Nada impede, no entanto, que, verificada a ausência de má-fé, o recurso em sentido
estrito interposto pelo Ministério Público seja recebido como correição parcial, meio idôneo para
combater atos e despachos do juiz quando não há previsão de recurso específico. Essa possibilidade visa
a evitar tumulto no processo e observa o princípio da fungibilidade.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1819339/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/05/2020.

Pedido de reconsideração não tem previsão na lei e não suspende os prazos

Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual vigente. Eles não
constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de impugnação atípicos. Por isso, não
suspendem prazos e tampouco impedem a preclusão. STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info 1005).

O art. 46 da LC 75/93 atribui competência exclusiva à Procuradoria-Geral da República para


oficiar nos processos em curso perante o STF.

O Min. Ricardo Lewandowski proferiu decisão monocrática determinando ao Juízo da 13ª Vara Federal
de Curitiba/PR que liberasse à defesa do ex-Presidente Lula acesso às provas colhidas na “Operação
Spoofing”. O Ministro autorizou que a defesa tivesse acesso, inclusive, às mensagens que foram
supostamente trocadas entre o então Juiz Sergio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava Jato e
que estavam com hackers suspeitos de invadir celulares. Os Procuradores da República que integram a
força-tarefa da “Operação Lava Jato” ingressaram com petição, em nome próprio e de terceiros, pedindo
a reconsideração da decisão do Ministro. O pedido não foi conhecido. O colegiado entendeu que os
membros do Ministério Público de primeiro grau não possuem legitimidade para postular na causa. O
art. 46 da LC 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União) atribui competência exclusiva à
Procuradoria-Geral da República para oficiar nos processos em curso perante o STF. Os trechos das
mensagens trocadas e que vieram a público não veicularam quaisquer comunicações de natureza pessoal
ou familiar nem expuseram a vida privada ou a intimidade de nenhum dos interlocutores, mas apenas
supostos diálogos travados por membros do Ministério Público entre si e com Sérgio Moro acerca de
investigações e ações penais em pleno exercício das respectivas atribuições e em razão delas. Para o
STF, essas conversas não estão cobertas pelo sigilo. A questão relativa à autenticidade ou ao valor
probatório de elementos colhidos pela defesa é tema a ser resolvido no bojo dos processos nos quais

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venham a ser juntados, mas não na reclamação, sabidamente de estreitos limites. STF. 2ª Turma. Rcl
43007 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info 1005).

Pedido de reconsideração não suspende prazo nem impede a preclusão.

Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual vigente. Eles não
constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de impugnação atípicos. Por isso, não
suspendem prazos e tampouco impedem a preclusão. STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info 1005).

2020

Republicação de decisão reabre prazo recursal

O prazo para a interposição de recurso flui a partir da última publicação da decisão a ser impugnada, de
modo que a republicação, mesmo que desnecessária ou feita por equívoco, acarreta a reabertura do prazo
recursal.
Isto porque, os princípios do moderno direito processual civil nitidamente privilegiam o conteúdo sobre
a forma, as normas substantivas sobre as adjetivas, conferindo normatividade expressa ao novo Princípio
da Prioridade da Decisão de Mérito.
Nessa linha, consolidou-se interpretar as normas sobre prazos a benefício da tempestividade, inclusive
para considerar haver publicidade na segunda publicação em caso de sua duplicidade

STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1691009/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em
19/10/2020.
STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1106102/SE, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, julgado em
19/02/2020.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1832858/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, julgado em 04/05/2020.

Não cabe mandado de segurança contra decisão do juiz de 1ª instância que defere ou indefere o
desbloqueio de bens e valores; cabe apelação.

Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o
desbloqueio de bens e valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar de não julgar o
mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. O procedimento adequado para a restituição de
bens é o incidente legalmente previsto para este fim. O instrumento processual para impugnar a decisão
que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a utilização de mandado de segurança como
sucedâneo do recurso legalmente previsto.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.787.449-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/03/2020 (Info 667).

2019

Depois do trânsito em julgado, defesa impetrou HC pedindo a anulação do acórdão do TJ; STJ
concedeu a ordem; TJ rejulgou e manteve a condenação; MP interpõe recurso especial para
aumentar a pena; STJ não pode majorar a pena porque isso seria reformatio in pejus indireta

Ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento da pena através de decisão em recurso
especial interposto pelo Ministério Público contra rejulgamento de apelação que não alterou reprimenda
do acórdão anterior, que havia transitado em julgado para a acusação e que veio a ser anulado por
iniciativa exclusiva da defesa. Exemplo: sentença condenou o réu a 10 anos de reclusão. Defesa apelou.
Tribunal de Justiça reduziu a pena para 9 anos. Essa decisão transitou em julgado para ambas as partes.
Defesa impetrou habeas corpus junto ao STJ, que concedeu a ordem para anular o acórdão do TJ por

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ausência de prévia intimação. TJ rejulgou a apelação e manteve a condenação, fixando a pena em 9 anos
(como na primeira vez). Contra este segundo acórdão o Ministério Público interpôs recurso especial.
STJ deu provimento ao Resp para aumentar a pena do réu para 10 anos (como na sentença). Essa decisão
do STJ violou o princípio da non reformatio in pejus indireta considerando que colocou o sentenciado
em situação pior do que aquela que ele tinha antes do habeas corpus. Desse modo, deve ser afastado o
acréscimo da pena (10 anos), restabelecendo-se o segundo acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça
no julgamento do recurso de apelação (9 anos). STJ. 3ª Seção. RvCr 4.853-SC, Rel. Min. Leopoldo de
Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 27/11/2019 (Info 663).

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do Ministro
do STF que negou seguimento ao habeas corpus?

Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do Ministro do STF
que negou seguimento ao habeas corpus?
1ª Turma do STF: NÃO.
É incabível sustentação oral em agravo regimental interposto contra decisão monocrática que
nega seguimento a habeas corpus. O art. 131, § 2º do Regimento Interno do STF veda expressamente
a possibilidade de sustentação oral em agravo interno e o art. 937, § 3º do CPC/2015 a admite unicamente
em ação rescisória, reclamação e mandado de segurança. STF. 1ª Turma. HC 151881 AgR/SP, Rel. Min.
Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info 959).

2ª Turma do STF: SIM.


Cabe sustentação oral no agravo regimental interposto contra a decisão monocrática do Ministro do STF
que negou seguimento ao habeas corpus. Fundamento: aplicação, por analogia, da regra do § 3º do art.
937 do CPC/2015. STF. 2ª Turma. HC 152676/PR, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ ac. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 9/4/2019 (Info 937).

O filho da vítima do homicídio, mesmo que não tenha sido assistente de acusação, tem legitimidade
para ajuizar reclamação contra decisão do TJ que absolveu o réu, se outro membro da família
havia sido assistente de acusação

Em regra, é incabível, por ilegitimidade ativa ad causam, o manejo de reclamação por quem não tenha
sido parte no processo subjetivo que tramitou perante o STF.
No entanto, em um caso específico, o STF abriu uma exceção para esse entendimento. Um dos filhos da
vítima do homicídio figurou no processo criminal como assistente de acusação.
O acusado foi condenado. Ocorre que, em revisão criminal, o réu foi absolvido pelo Tribunal de Justiça.
Diante disso, um outro filho da vítima, com a mesma advogada que assistiu a família durante o processo,
ajuizou reclamação no STF contra esse acórdão do TJ.
O STF reconheceu a legitimidade do autor da reclamação afirmando que se mostra inequívoco o
interesse da família da vítima no deslinde do caso. Não se pode, por excessivo apelo formal, afastar a
relação de pertinência subjetiva do autor da reclamação que, como filho da vítima, atua também na
qualidade de representante dos interesses da família.
Assim, o filho da vítima do homicídio, mesmo que não tenha sido assistente de acusação no curso da
ação penal, tem legitimidade para ajuizar reclamação contra decisão do Tribunal de Justiça que absolveu
o réu no julgamento de revisão criminal, alegando que esta decisão violou a autoridade de acórdão do
STF. STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/6/2019 (Info 945).

É cabível RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista no art. 366
do CPP

É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção antecipada de prova,
nas hipóteses do art. 366 do CPP. As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito estão previstas
no art. 581 do CPP, sendo esse um rol taxativo (exaustivo). No entanto, apesar disso, é admitida a

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interpretação extensiva dessas hipóteses legais de cabimento. Se você observar as situações ali
elencadas, verá que não existe a previsão de recurso em sentido estrito contra a decisão que indefere o
pedido de produção antecipada de provas. Apesar disso, será possível a interposição de RESE contra
essa decisão com base no inciso XVI do art. 581: “Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão,
despacho ou sentença: XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; ”
A decisão que indefere a produção antecipada de provas com base no art. 366 deve ser encarada, para
fins de recurso, como sendo uma decisão que “ordena a suspensão do processo” e, além disso, determina
se haverá ou não a produção das provas. Logo, enquadra-se no inciso XVI do art. 581 do CPP. STJ. 3ª
Seção. EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/11/2018 (Info 640).

2018

Excepcionalmente, se a Turma, ao condenar o réu, estiver com quórum incompleto, será possível
o cabimento dos embargos mesmo que tenha havido apenas 1 voto absolutório

Em regra, cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória proferida
pelas Turmas do STF, desde que 2 Ministros tenham votado pela absolvição. Neste caso, o placar terá
sido 3 x 2, ou seja, 3 Ministros votaram para condenar e 2 votaram para absolver. Excepcionalmente, se
a Turma, ao condenar o réu, estiver com quórum incompleto, será possível aceitar o cabimento dos
embargos infringentes mesmo que tenha havido apenas 1 voto absolutório. Isso porque o réu não pode
ser prejudicado pela ausência do quórum completo. STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 17/10/2018 (Info 920).

MP não tem direito a prazo em dobro no processo penal

O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias corridos
(não são dias úteis, como no CPC). O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para interpor
esse agravo?

• MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos
recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo
criminal é de 5 dias.

• Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da
Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria Pública interpor agravo regimental é de 10 dias.
STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902).

Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória proferida em
ação penal de competência originária das Turmas do STF se 2 Ministros votaram pela absolvição

Cabem embargos infringentes para o Plenário do STF contra decisão condenatória proferida em sede de
ação penal de competência originária das Turmas do STF.
O requisito de cabimento desse recurso é a existência de dois votos minoritários absolutórios em sentido
próprio.
Voto absolutório em sentido próprio: significa que o Ministro deve ter expressado juízo de
improcedência da pretensão executória.
STF. Plenário. AP 863 EI-AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18 e 19/4/2018; HC 152707/DF,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18 e 19/4/2018 (Info 898).

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Tempestividade do recurso interposto antes da decisão recorrida ter sido publicada

Não é extemporâneo recurso interposto antes da publicação do acórdão. Sob o ângulo da oportunidade,
a publicação do acórdão impugnado é elemento neutro, podendo a parte, ciente da decisão proferida,
protocolar o recurso.
Assim por exemplo, admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da
publicação do acórdão embargado e dentro do prazo recursal.
STF. 1ª Turma. HC 113826, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897).

Não cabimento de MS para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.

Como #JáCaiu em Provas de Concursos

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-AM Prova: FGV - 2022 - PC-AM - Delegado de Polícia
Contra a decisão que determina a soltura do acusado preso preventivamente é cabível o recurso em
sentido estrito. No entanto, tal recurso é despido de efeito suspensivo.
Caso se pretenda atribuir efeito suspensivo a esse recurso, é admissível o manejo de
A) agravo regimental.
B) correição parcial.
C) mandado de segurança.
D) ação cautelar inominada.
E) poder geral de cautela.
Gabarito: D

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-
PB - Delegado de Polícia Civil
No processo penal brasileiro, a revisão pro societate
A) permite que o réu seja indiciado e processado mais de uma vez pelo mesmo fato.
B) não é admitida, mesmo que o réu tenha sido absolvido injustamente por decisão já transitada em
julgado.
C) é admitida quando a sentença absolutória for proferida por juízo incompetente.
D) não admite o reexame de sentença que extingue a punibilidade com base em falsa certidão de óbito
do réu.
E) é assegurada devido à possibilidade do Poder Judiciário de rever os próprios atos de ofício quando
eivados de nulidade.
Gabarito: B

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Ano: 2021 Banca: NC-UFPR Órgão: PC-PR Prova: NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Delegado de
Polícia
S.R. foi acusado de prática do crime de extorsão (art. 158, CP). Embora tenha respondido todo o processo
sujeito à restrição de liberdade, foi absolvido por falta de provas (CPP, art. 386, inciso VII – não existir
prova suficiente para a condenação). Irresignado com a decisão, o Ministério Público apelou. Sobre a
apelação da sentença criminal absolutória, é correto afirmar:
A) Mesmo que haja recurso ordinário de apelação por parte da acusação, o réu absolvido, se estiver
preso, deverá ser colocado imediatamente em liberdade.
B) O réu somente poderá ser colocado em liberdade se não houver apelo do Ministério Público.
C) O recurso de apelação tem efeito suspensivo somente quando é interposto pelo Ministério Público.
D)O réu poderá ser colocado em liberdade somente quando houver o trânsito em julgado da sentença
absolutória.
E) A privação de liberdade, nesse caso, poderá ser substituída por medida cautelar diversa da prisão,
enquanto o recurso estiver pendente.
Gabarito A

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia Federal
Acerca de execução penal, de crimes de abuso de autoridade, de crimes contra a criança e o adolescente
e de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, julgue o item que se segue.
Caberá recurso de apelação contra decisão do juízo da execução penal que indeferir pedido de livramento
condicional ao apenado.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito: Errado.

10.9. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR?

1. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Na teoria geral dos
recursos fala-se em efeito iterativo ou diferido. Assinale a alternativa que contempla recurso ou
ação autônoma em que referido efeito está presente.

a) Apelação.
b) Revisão criminal.
c) Recurso extraordinário.
d) Mandado de segurança.
e) Recurso em sentido estrito.

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2. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Tício foi absolvido
da acusação de prática do crime de homicídio qualificado. Inconformado com a decisão, o
Ministério Público interpõe recurso de apelação por entender ser a decisão manifestamente
contrária à prova dos autos. Dado provimento ao recurso e submetido a novo julgamento pelo
Tribunal do Júri, Tício é agora condenado pela prática do crime de homicídio qualificado à pena
de 12 anos de reclusão. Com base em tais informações, afirma-se corretamente:

a) o efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri não é adstrito aos fundamentos da sua
interposição.
b) não se cogita a possibilidade de interposição de recurso de apelação quando houver injustiça no
tocante à aplicação da pena.
c) no caso das sentenças do júri, a apelação é recurso vinculado e não de fundamentação livre.
d) com base no princípio da ampla defesa, é possível que a defesa interponha recurso de apelação contra
a sentença condenatória pelo mesmo fundamento (decisão contrária à prova dos autos).
e) não era dado ao Tribunal de Justiça prover o recurso interposto pelo Ministério Público, violando
assim o direito fundamental da soberania dos vereditos do Tribunal do Júri.

3. (Ano: 2018. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Acerca do duplo
grau de jurisdição, é correto afirmar que

a) constitui afronta ao princípio do duplo grau de jurisdição a cogitação da existência de um sistema com
irrecorribilidade das decisões interlocutórias.
b) a possibilidade de interposição de recurso especial e extraordinário não é manifestação do duplo grau
de jurisdição.
c) o exame direto da matéria pelo Tribunal em recurso de apelação constitui supressão do primeiro grau
de jurisdição, mas não caracteriza violação do princípio do duplo grau de jurisdição.
d) a garantia do duplo grau de jurisdição vale tanto para o acusado como para o acusador.
e) a Constituição de 1988 assegurou expressamente referido princípio constitucional, dentre vários
outros, assim como a Convenção Americana de Direitos Humanos, que assegura a todos os acusados,
entre as garantias processuais mínimas, o direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

4. (Ano: 2018. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia Civil). Em relação aos
recursos e aos temas relativos ao processo penal, é INCORRETO afirmar:

a) Segundo entendimento jurisprudencial, a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a


assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
b) Segundo o STF, a apelação despachada pelo juiz no prazo legal não fica prejudicada pela demora da
juntada, por culpa do cartório.
c) Há jurisprudência do STF, no sentido de que o prazo do recurso ordinário, para o Supremo Tribunal
Federal, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de 8 (oito) dias.
d) Há entendimento jurisprudencial de que não fica prejudicada a apelação entregue em cartório no prazo
legal, embora despachada tardiamente.
e) De acordo como o STF é nulo o julgamento da apelação, se, após a manifestação nos autos da renúncia
do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.

5. (Ano: 2018. Banca: NUCEPE. Órgão: PC-PI. Prova: Delegado de Polícia Civil). De acordo com
a legislação processual penal caberá recurso, no sentido estrito da decisão, despacho ou sentença

a) quando o juiz de primeira instância concluir pela competência do juízo;


b) que julgar procedentes as exceções, salvo a de impedimento;
c) que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão
preventiva ou revogá-la, não conceder liberdade provisória ou não relaxar a prisão em flagrante;
d) que não receber a denúncia ou a queixa;

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e) quando o magistrado em sua sentença tenha decidido pela quebra da metade do valor da fiança
prestada.

6. (Ano: 2017. Banca: CESPE. Órgão: PJC-MT. Prova: Delegado de Polícia Substituto). Quanto
à fluência dos prazos no processo penal, assinale a opção correta.

a) Para a defensoria pública, os prazos contam-se da data do recebimento dos autos, com vista naquele
órgão, e não da aposição no processo do ciente de seu membro.
b) O prazo para a interposição de apelação pelo assistente de acusação, habilitado ou não, será de quinze
dias a contar do término do prazo do MP.
c) Tanto para o MP quanto para a defensoria pública, os prazos contam-se em dobro.
d) Notadamente nos prazos de comunicação, a regra é a fluência do prazo a partir da juntada do mandado.
e) Para efeitos de contagem de prazo, considera-se intimado o representante do MP por meio de
publicação na imprensa oficial ou por via de mandado judicial.

7. (Ano: 2017. Banca: FCC. Órgão: PC-AP. Prova: Delegado de Polícia). Sobre os recursos no
processo penal, é correto afirmar:

a) Por falta de capacidade postulatória, é vedada a interposição de recurso pelo réu.


b) Em caso de indeferimento de representação por prisão preventiva feita por autoridade policial, o
Delegado de Polícia poderá interpor recurso em sentido estrito.
c) É cabível protesto por novo júri em caso de condenação superior a 20 anos.
d) Os embargos infringentes e de nulidade são exclusivos da defesa.
e) O regime de celeridade e informalidade do Juizado Especial Criminal é compatível com a
impossibilidade de embargos de declaração nos casos submetidos à sua jurisdição.

8. (Ano: 2015. Banca: VUNESP. Órgão: PC-CE. Prova: Delegado de Polícia Civil de 1a Classe)
Qual o recurso cabível e em qual prazo deve ser manejado contra decisão denegatória de habeas
corpus proferida por uma vara criminal em primeiro grau de jurisdição?

a) Apelação; 5 dias.
b) Recurso em sentido estrito; 2 dias.
c) Recurso em sentido estrito; 5 dias.
d) Apelação; 2 dias.
e) Recurso em sentido estrito; 10 dias.

9. (Ano: 2014. Banca: FUNCAB. Órgão: PC-RO. Prova: Delegado de Polícia Civil). Com base nas
ponderações doutrinárias acerca da teoria geral dos recursos, aponte a alternativa que prevê as
características fundamentais dos recursos.

a) Alguns recursos criam uma nova relação processual, outros não, mas sempre têm por objeto a
impugnação de um ato judicial.
b) Todo recurso é voluntário, prolonga a mesma relação processual e impugna decisão judicial.
c) O recurso pode ser voluntário ou obrigatório, prolonga a mesma relação processual e impugna decisão
judicial.
d) O recurso pode ser voluntário ou obrigatório, cria uma nova relação processual e impugna decisão
judicial.
e) Todo recurso é obrigatório, cria uma nova relação processual e impugna decisão judicial.

10. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Cabe recurso de
ofício da sentença

a) que conceder habeas corpus.

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b) que absolver o réu por inexistência do crime.


c) de pronúncia.
d) de absolvição sumária.
e) que denegar habeas corpus.

11. (Ano: 2014. Banca: VUNESP. Órgão: PC-SP. Prova: Delegado de Polícia). Dentre os recursos
a seguir, aquele em que não é possível a desistência é:

a) apelação.
b) em qualquer recurso interposto pelo Defensor Público.
c) protesto por novo júri.
d) em qualquer recurso interposto pelo Ministério Público.
e) recurso em sentido estrito.

12. (Ano: 2012. Banca: FGV. Órgão: PC-MA. Prova: Delegado de Polícia). Apesar de predominar
na doutrina o entendimento de que o duplo grau de jurisdição não é um princípio constitucional
absoluto, o Código de Processo Penal contém uma série de dispositivos sobre este tema, já que os
recursos, juntamente com as ações autônomas de impugnação, possibilitam um amplo exercício
do direito de defesa. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.

a) Caberá recurso de apelação da decisão que pronunciar o réu.


b) O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Tribunal do Júri é adstrito aos fundamentos de sua
interposição.
c) De acordo com a jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça, cabe habeas corpus
questionando decisão que condene o réu exclusivamente à pena de multa.
d) A revisão criminal poderá ser requerida por procurador regularmente habilitado, mas não pelo próprio
réu.
e) Da decisão que não receber a denúncia ou queixa caberá agravo.

13. (Ano: 2011. Banca: FUMARC. Órgão: PC-MG. Prova: Delegado de Polícia). Sobre recursos
no processo penal é INCORRETO afirmar:

a) O recurso de agravo, previsto no art. 197 da LEP, tem efeito regressivo.


b) A apelação no juizado especial tem prazo de 10 dias.
c) No juizado especial a parte recorrente pode protestar por apresentar as razões de apelação perante a
turma recursal.
d) O prazo dos embargos de declaração no juizado especial é de 5 (cinco) dias.

14. (Ano: 2009. Banca: FUNIVERSA. Órgão: PC-DF. Prova: Delegado de Polícia). No processo
penal, os recursos regem-se, quanto à admissibilidade, pela lei vigente ao tempo em que a decisão
é proferida, a não ser que a lei disponha de modo diverso. A respeito dos recursos, assinale a
alternativa incorreta.

a) Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto
ex lege.
b) A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o
conhecimento da apelação por este interposta.
c) Por meio da revisão criminal, que poderá ser requerida em qualquer tempo, inclusive após a extinção
da pena, o condenado poderá recorrer quando descobrir novas provas de inocência.
d) A decisão que decretar a prescrição comporta recurso em sentido estrito.
e) Caberá recurso de apelação da decisão que pronunciar ou impronunciar o réu.

GABARITO

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1– E; 12 – B; Ver art. 593 CPP;


2 – C; 13 – C; Ver art. 598 CPP;
3 – B; 14 – E; Ver art. 609 CPP;
4 – C; Ver art. 42 lei 9099/95;
5 – D; ATENÇÃO Ver súmula 319 STF;
6 – A; Ver art. 370 CPP; Ver súmula 320 STF;
7 – D; Ver art. 574 CPP; Ver súmula 423 STF;
8 – C; Ver art. 575 CPP; Ver súmula 705 STF;
9 – B; Ver art. 576 CPP; Ver súmula 713 STF.
10 – A; Ver art. 577 CPP;
11 – D; Ver art. 581 CPP;

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Curso de direito processual penal. Nestor Távora; Rosmar Rodrigues Alencar – 15 ed. Salvador, Ed.
JusPodivm, 2020.

Processo Penal Didático. Klaus Negri Costa; Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodivm, 3ª ed.,
rev., e ampl. e atual, 2020.

Processo penal. Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:
MÉTODO, 2018.

Direito processual penal esquematizado/ Alexandre Cebrian Araújo Reis, Victor Eduardo Rios
Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016. – (Coleção esquematizado).
1. Processo penal – Legislação – Brasil I. Gonçalves, Victor Eduardo Rios. II. Lenza, Pedro. III. Título.
IV. Série.

Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal comentados por artigos / Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. – 4. ed. ver. e atual. – Salvador: JusPodivm,2020.

Código de Processo Penal Comentado / Nestor Távora, Fábio Roque Araújo – 11. ed. ver., ampl. e atual

Salvador: JusPodivm, 2020.

<www.buscadordizerodireito.com.br>. Site utilizado como fonte de pesquisa dos informativos


colecionados ao presente material.

<www.dizerodireito.com.br>. Site utilizado como fonte de pesquisa dos informativos colecionados ao


presente material.

<www.qconcursos.com.br>. Site e plataforma de questões utilizado como fonte de pesquisa das questões
já cobradas em concursos públicos.

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